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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIA GALBA DI MAMBRO
XXX SEMANA DE HISTÓRIA
AS FACES DE CLIO E OS DESAFIOS DA HISTÓRIA
18 À 22 DE NOVEMBRO DE 2013
ÍNDICE
1. A MONARQUIA PLURICONTINENTAL PORTUGUESA: ELITES,
PRÁTICAS SOCIAIS E ECONOMIA. SÉCULOS XVI-XVIII.................................3
2. CINEMA, HISTÓRIA E POLÍTICA........................................................................7
3. DIREITA, AUTORITARISMO E MEMÓRIA......................................................12
4. POR UMA HISTÓRIA SOCIAL DA POLÍTICA.................................................21
5. TRAJETÓRIAS E INSTITUIÇÕES POLÍTICAS NO BRASIL
REPUBLICANO (1889-1945).......................................................................................24
6. HISTÓRIA URBANA E INTERDISCIPLINARIDADE: POSSIBILIDADES E
METODOLOGIA..........................................................................................................30
7. O CATOLICISMO EM MINAS GERAIS: NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE
A HISTÓRIA DA IGREJA..........................................................................................34
8. PATRIMÔNIO CULTURAL: ENTRE MEMÓRIA E HISTÓRIA....................36
9. CULTURA ASSOCIATIVA E A FORMAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO NO
BRASIL, SÉC. XIX E XX: PROBLEMAS, DESAFIOS E ABORDAGENS..........40
10. POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM FONTES MANUSCRITAS: O
DOCUMENTO HISTÓRICO COMO TESTEMUNHA DO PASSADO................44
11. HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA EM PERSPECTIVA...................................50
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1. A MONARQUIA PLURICONTINENTAL PORTUGUESA: ELITES,
PRÁTICAS SOCIAIS E ECONOMIA. SÉCULOS XVI-XVIII –
COORDENADOR(ES): Hugo André Flores Fernandes Araújo e Renato de Souza
Alves
19/11 – TERÇA-FEIRA
Refletindo sobre relações de poder em uma sociedade sertaneja: o termo de Pigui-
MG na primeira metade do século XVIII.
Izabella Fátima Oliveira de Sales (Mestre - UFJF)
O presente trabalho pretende realizar alguns apontamentos sobre o processo de
constituição de elites em regiões de fronteira, tomando como foco o contexto do termo
de Pitangui-MG, na primeira metade do século XVIII.
Tal proposta, nos remete ao problema relativo à natureza do poder que se
estabelecia entre metrópole e colônia, na medida em que a distinção do indivíduo na
sociedade dependia da sua condição de constituir espaços de barganha com a Coroa, o
que- na América Portuguesa- se fazia especialmente através da ocupação de postos
militares e do exercício de cargos no governo da municipalidade.
Sendo assim, o conceito de Monarquia Pluricontinental se faz essencial para
compreendermos a dinâmica de hierarquização da sociedade pitanguiense,
especialmente porque contribui para relativizarmos a dicotomia entre sertão e litoral,
bárbaro e civilizado.
No que tange aos aspectos metodológicos, utilizaremos uma abordagem micro-
analítica a fim de tentarmos compreender as estratégias traçadas pelos primeiros
habitantes do termo de Pitangui no sentido de se distinguir socialmente. Para isso,
observaremos indícios das ações dos indivíduos nas diferentes esferas sociais, tomando
como referência fontes como inventários, requerimentos enviados ao Conselho
Ultramarino e listas de pagamento de quintos referentes à região.
O Senado da Câmara de São Paulo e as tensões de poder no controle da mão de
obra indígena de 1611 a 1653.
Miguel Luciano Bispo dos Santos (Graduando – Universidade Gama Filho)
A proposta da pesquisa está voltada em analisar atuação da Câmara de São Paulo
em torno das tensões geradas pelo controle da mão-de-obra indígena entre os poderes
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locais (representada pela Câmara Municipal), poderes centrais (representada pelos
funcionários régios) e as ordens religiosas (representada pelos padres jesuítas) no
planalto de Piratininga, no período compreendido entre 1611 e 1653. Logo, tratarei das
relações de poder entre a metrópole portuguesa e sua colônia brasileira, assim como a
complexa rede de relações sociais dos homens bons que dirigiam a Câmara no período
já delimitado.
A pesquisa tem como corpus documental primordial as seguintes fontes: Atas da
Câmara Municipal de São Paulo; Registro Geral da Câmara Municipal de São Paulo;
Inventários e Testamentos; por últimos, os livros “A Nobiliarquia paulistana” (1777), de
Pedro Taques de Almeida Paes Leme e “A Genealogia Paulistana” de Luís Gonzaga da
Silva Leme, publicada em 1903. A nossa proposta metodológica é realizar comparação
entre os discursos das fontes, relacionar o texto ao contexto social e histórico de sua
produção, fazendo o uso da análise semântica. Partimos da premissa que um documento
é sempre portador de um discurso que, assim considerado, “não poder ser considerado
como algo transparente”.
Consideremos que a pesquisa esteja inserida na renovação e desenvolvimento da
historiografia sociopolítica do “Brasil-Colônia”, que evidencia que o mundo co lonial
não era “passivo” e obediente do mando da Coroa, mas uma célula atuante a quais
vários micropoderes se faziam representar.
Os Tribunais da Relação no Brasil entre a Bahia e o Rio de Janeiro: um estudo
comparativo
Nara Maria de Paula Tinoco (Graduanda – UFJF)
Propomos na presente comunicação a formalização de algumas reflexões sobre a
instauração das Relações no Brasil. Instituição está de grande importância para o estudo
da lógica hierárquica portuguesa. Partindo assim de um estudo comparativo entre os
períodos de instauração do Tribunal da Relação na Bahia e as primeiras praticas de
justiça na Colônia, analisando também a instauração do Tribunal da Relação do Rio de
Janeiro e a sua atuação até a vinda da Família Real. Estudaremos a partir do
funcionamento das duas instituições comparando a abordagem feita por dois autores em
obras clássicas sobre os Tribunais da Relação da Bahia e do Rio de Janeiro.
As atividades dos tribunais consistiam na resolução de conflitos,
estabelecimento de normas do cotidiano entre as populações e a ainda insipiente
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ocupação do território, tratando também. Dos conflitos indígenas e da formação e
regulamentação de normas de Guerra Justa.
Entre outros aspectos, propomos um estudo sistêmico e comparativo, sobre a
abordagem dada ao assunto por parte destes dois autores: Arno Wehling e Stuart
Schwartz. Lançando mão de apontamentos e informações para outros estudos, partindo
de aspectos que poderiam oferecer informações sobre as relações entre poderes locais
(Câmaras) e (os poderes centrais), quando se trata do contexto da formação da Relação
do Rio de Janeiro. Deve se observar que a criação dos tribunais está relacionada aos
pedidos dos vassalos ao Rei por uma justiça mais eficaz, sendo que a região do ouro,
(sofreu) o aumento da sua população e de conflitos. Sua formação teve o caráter de um
órgão superior e intermediário entre a Casa da Suplicação e Mesa de Consciência e
Ordens, privilegiando ainda a sua função como órgão consultivo conjunto ao Conselho
Ultramarino e ao Vice Rei, seja arbitrando entre as disposições dos poderes de outras
instituições, seja tratando de situações surgidas das próprias ordenações e do direito
português.
Os juízes ordinários de Vila do Carmo: perfil e atuação na primeira metade do
século XVIII
Mariane Alves Simões (Mestranda – UFJF)
O objetivo do trabalho é analisar os juízes ordinários de Vila do Carmo (atual
cidade de Mariana) na primeira metade do século XVIII, assim como fazer
apontamentos sobre suas atuações. Para tanto, utiliza-se como fontes primárias a
documentação enviada e recebida pelo Conselho Ultramarino, órgão da monarquia
portuguesa para a administração colonial, referente à justiça e aos homens que
ocuparam esses cargos nessa localidade, bem como os inventários post mortem e os
testamentos desses juízes. Também se pretende utilizar como fonte as Ordenações
Filipinas, compilação jurídica que resultou da reforma do código manuelino,
especialmente o Titulo LXV: Dos Juízes Ordinários e de Fora, do Livro I.
A questão central é fazer uma discussão a respeito desse cargo camarário e
analisar o perfil social dos homens que assumiram esses postos tão importantes para
uma melhor reflexão sobre a execução judicial nessa região. O trabalho também busca
contemplar a negociação em torno da aplicação dessa justiça em primeira instância,
abrindo espaço para à discussão sobre centralidade régia.
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Assim, a comunicação pretende elucidar aspectos importantes sobre a just iça
colonial e as autonomias locais nas Minas setecentistas, questões referenciais para uma
melhor reflexão sobre os equilíbrios de poder da época moderna.
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2. CINEMA, HISTÓRIA E POLÍTICA – COORDENADOR(ES): Carlos Eduardo
Pinto de Pinto e Wallace Andrioli Guedes
20/11 – QUARTA-FEIRA
Cuidado, película quente! A disputa pela liberação de Rio, 40 graus
Carlos Eduardo Pinto de Pinto (Doutor – UFF)
A realização de Rio, 40 graus por Nelson Pereira dos Santos, em 1955, é
considerada um marco na história das representações cinematográficas do Rio de Janeiro.
O filme deixou para trás a imagem de Paraíso nos Trópicos, em prol de uma representação
mais realista, que enfocava a favela e seus moradores. Contudo, a consagração se deve
também aos percalços de sua exibição. Antes de conseguir chegar aos cinemas, o filme se
tornou o centro irradiador de um debate político em torno do impacto causado pela sua
proibição. Ironicamente, o Brasil vivia o décimo ano do denominado Período Democrático
(1946-64) e a proibição ao filme definiu claramente o caráter autoritário da política cultural
do momento, tornando vago e impreciso o conceito de democracia.
A recepção ao filme apresenta ótima oportunidade para o deslindamento de seu
espaço de comunicação – compreendido como a “realização” da obra no circuito exibidor,
assumindo-se que os sentidos se criam por meio da fruição. Através da análise de trechos
do filme, de críticas cinematográficas e de discursos deflagrados por sua proibição, se
percebe que a representação da favela acabou por se tornar o eixo em torno do qual se
distinguem dois olhares: Menezes Cortes, autor da proibição, seguiu uma linha de
interpretação que encarava a favela como um problema político e policial. Já Nelson P. dos
Santos, e os defensores de seu filme, percebiam nela a essência da nacionalidade e a força
revolucionária da cultura popular. Um agravante fundamental do embate é a filiação de
Nelson e de sua equipe ao PCB, que estava na ilegalidade desde 1947. Entre os motivos
alegados por Menezes Cortes, estava o “teor” comunista do filme.
Enfim, nessa disputa, onde estava a cidade? Por certo, entre um extremo e outro,
amarrada às tramas da cultura e esgarçada nas disputas po líticas. Empreender a busca por
essa localização é o objetivo último do trabalho.
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Germinal: cinema como fonte documental
Dirceu Ferreira Barbuto (Graduado – UFJF)
O objetivo do trabalho é delinear as possíveis relações que podem ser
estabelecidas entre História e Cinema. Para tal, o objeto será o filme Germinal de
Claude Berri (Bélgica/França/Itália, 1993), por apresentar um debate importante sobre
as condições sociais dos trabalhadores em plena consolidação do capitalismo industrial
na Europa e o processo de alienação e exploração do trabalho.
Germinal é uma adaptação para o cinema do clássico do escritor francês Émile
Zola, que denunciou as condições desumanas em que viviam os mineiros – homens,
mulheres e crianças – do norte da França no século XIX. A história ambientada em um
vilarejo cuja economia gira em torno da exploração das minas de carvão, acompanha a
trajetória da família Maheu. Em paralelo, o filme mostra também a vida dos burgueses –
proprietários das minas – que desfrutam de todo o luxo e conforto que a civilização
daquela época permitia e também do total descaso em relação ao mundo que existia
além de seus portões.
“Germinal” refere-se ao processo de gestação e maturação dos movimentos
grevistas – a obra literária é do período que marca o surgimento da Internacional
Comunista, por isto existem menções a Marx e Engels e também ao anarquismo – e de
uma atitude mais ofensiva por parte dos trabalhadores das minas de carvão em relação à
exploração de seus patrões.
A imagem cinematográfica é uma representação do mundo social. Dessa forma,
o filme descrito para o nosso propósito será analisado a partir da metodologia utilizada
por Marc Ferro sobre cinema, além do suporte de livros e artigos que envolvem o
assunto. Buscamos também fazer um paralelo entre a Revolução Industrial da Inglaterra
com a ocorrida na França, mostrando as especificidades do caso francês. Para obtermos
uma análise relevante, torna-se necessário o conhecimento dos antecedentes da
Revolução Industrial presentes na película.
Acreditamos que um filme, como qualquer outra manifestação humana, mantém
relações de interdependência com outras esferas, sejam elas políticas, econômicas,
sociais e culturais. Em Germinal, a descrição da rotina extenuante, do tratamento
desumano dado aos operários e da degradante condição de vida deles, evidencia a
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relevância da questão social dentro de qualquer concepção político-econômica da
sociedade, não importando o local ou época em que se observa.
Enfim, nossa proposta é o tratamento do filme como documento histórico,
buscando desvelar os diversos aspectos que envolvem o contexto de sua produção.
Título: Pra frente Brasil e Missing: representações das ditaduras latino-americanas
no início da década de 1980
Wallace Andrioli Guedes (Doutorando – UFF)
O presente trabalho busca comparar os filmes “Pra frente Brasil” (1982/1983),
de Roberto Farias, e “Desaparecido – Um grande mistério” (1982), de Costa-Gavras, a
partir de suas semelhanças temáticas e relações com a censura cinematográfica
brasileira. Ambas as obras abordam o desaparecimento de cidadãos comuns durante as
ditaduras civil-militares latino-americanas, mas há algumas diferenças importantes nos
caminhos escolhidos por seus respectivos diretores para narrar suas histórias. Enquanto
o primeiro – ao acompanhar a saga de um homem de classe média que, tido por
terrorista, é sequestrado por um grupo de extrema-direita que passa a torturá- lo
barbaramente enquanto sua família busca notícias de seu paradeiro, tendo como pano de
fundo a Copa do Mundo de futebol de 1970 – parece eximir o regime ditatorial
brasileiro da culpa pelos desaparecimentos, torturas e mortes de adversários políticos, o
segundo – que, baseado em livro homônimo de Thomas Hauser, narra a história real de
um escritor norte-americano desaparecido nos dias posteriores ao golpe de Estado que
levou as Forças Armadas ao poder no Chile – é mais explícito em seu ataque à ditadura
militar liderada por Augusto Pinochet. Interessa aqui discutir até que ponto tais
diferenças se dão exclusivamente pelo contexto de produção de cada filme – uma vez
que “Pra frente Brasil” foi realizado com apoio da Embrafilme (empresa estatal
responsável pela produção cinematográfica do país no período) num momento em que a
censura e o arbítrio ainda eram realidade no Brasil, enquanto “Desaparecido” é um
longa-metragem norte-americano, produzido longe da violência do regime chileno –, ou
são também resultados de escolhas políticas de seus diretores, Roberto Farias e Costa-
Gavras.
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Juan de Los Muertos: Do Cinema Trash ao Cinema Político Latino Americano
Marina da Rocha Marins (Graduada – UFF)
Em uma espécie de sátira aos filmes de zumbi hollywoodianos, Juan de Los
Muertos ganha espaço pela irônia e peculiaridade, pois trata-se de um filme cubano que
faz referência à sociedade socialista de Cuba criticando o modelo socialista instaurado
por Fidel na Revolução Cubana de 1959. O filme explora diversos gêneros do cinema,
os quais o trabalho pretende utilizar, como o trash que se caracteriza por um filme de
baixo orçamento e ruim em termos estéticos; o político, onde se critica nas entrelinhas o
modelo político e econômico vigente há mais de 50 anos no país e, além desses dois
gêneros, há também um subgênero, o Zumbi, do qual o trabalho se apropria a fim de
explicar suas origens e raízes até chegar nas telas do cinema atual. Além disso, o
trabalho propõe analisar o cinema político latino americano onde encontramos espaço
propício para a divulgação de ideais políticos dentro do cinema desde a década de 60
quando o viés político invadiu a sétima arte na tentativa de impor uma frente de
resistência ao imperialismo norte-americano. Para isso, o trabalho se apropria de fontes
como o site do governo de Cuba
(http://www.cubagob.cu/otras_info/historia/transito.htm); entre artigos acadêmicos
(CASTELLANO, Mayka “Quero ser Mojica Marins”: O circuito de produção trash
independente. Contracampo, Niterói, nº 21, p. 146-159, 2010; LIMA, Monica Cristina
Araujo “Representação Política e Memória no Documentário Latino-Americano,
Argentina e Chile nos 60 e 70” Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em América
Latina (PROLAM-USP), Pós-Doutoranda no Departamento de História da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP; ACKERMANN Hans-W; GAUTHIER
Jeanine. The Ways and Nature of the Zombie. The Journal of American Folklore.
Vol.104. No 414 (Autumn, 1991) p. 466-494; RODRIGUES, Lívia Fusco. O
envelhecimento precoce do Novo Cinema Latino Americano. Trabalho de Conclusão de
Curso Pós Graduação em Critica de Cinema São) e outros sites e blogs de pesquisa
informal.
Cineasta e “outro de classe” no documentário de Eduardo Coutinho: questões de
ética, política e estética a partir de Cabra marcado para morrer (1964/1984)
Juliana Muylaert Mager (Mestranda - UFF)
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Nos anos 1950/60 cinema e política ocuparam o centro dos debates e produções
do cinema brasileiro, neste momento, a câmera foi vista por artistas e intelectuais do
país como instrumento no projeto de construção de uma arte popular e revolucionária.
Em 1962, imbuído dos ideais de sua geração, Eduardo Coutinho iniciava o projeto de
um filme para o Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE no qual buscava reencenar a
trajetória de João Pedro Teixeira líder camponês da Paraíba assassinado por
latifundiários. Em 2 de abril de 1964, as filmagens foram interrompidas devido ao
Golpe Militar ocorrido no dia anterior, o material foi apreendido e a equipe perseguida.
Duas décadas depois, em 1981, Coutinho retomou o projeto agora na forma de
um documentário baseado em entrevistas com os atores do primeiro filme. Concluído
em 1984, o segundo Cabra marcado para morrer, articulando várias camadas da
memória, retomava a narrativa da traumática interrupção do filme, que simbolizava as
marcas do próprio golpe na história do país.
De acordo com Jean-Claude Bernardet em Cabra estão os elementos da
emergência de uma nova relação entre “os cineastas e o povo […] ]que[ não atua apenas
na temática, mas também na linguagem” (BERNARDET, 2003, p. 9). Assim, este filme
marcou o surgimento de uma nova estética calcada no direto e a crise de uma relação
com o povo presente não apenas no cinema brasileiro, mas no discurso e na prática
política das esquerdas dos anos 1950/70 no país.
Dessa maneira, pretende-se nesse trabalho, com base na análise das diferenças
entre o primeiro e o segundo Cabra, articular as mudanças na postura política de
Coutinho nesse intervalo de vinte anos com as transformações na estética
cinematográfica do diretor no mesmo período. A partir dessas análises, busca-se,
observando as relações do cinema com a história política do país durante esses vintes
anos, compreender o lugar e importância de Coutinho no debate sobre os papéis do
cinema nacional e sua relação com a política.
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3. DIREITA, AUTORITARISMO E MEMÓRIA – COORDENADOR(ES):
Leandro Pereira Gonçalves e Pedro Ivo Tanagino
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A Batalha da Praça da Sé: o Brasil em verde e vermelho.
Vinícius da Silva Ramos (Graduado – UERJ)
Este trabalho tem por objetivo discutir as possibilidades de diferentes formas de
transmissão de um mesmo acontecimento, dependendo do interesse de cada periódico, e
do que cada público alvo espera ler.
Referimo-nos à chamada “Batalha da Praça da Sé”, o confronto entre
integralistas e membros da Frente Única Antifascista em São Paulo e de que forma ela
foi tratada por O Globo, Correio da Manhã e A Pátria. As partes dos jornais utilizadas
foram as páginas policiais que fizeram alguma menção ao fato, principalmente no dia 9
de outubro de 1934; afinal a circulação de jornais às segundas-feiras -8 de outubro- era
rara na época.
Como um fato pode ser tratado de forma tão diversa? Como as acusações sobre a
autoria de um crime podem variar tanto? Como os fatos parecem distorcidos a cada
página que se adentra dos diferentes jornais? Este trabalho busca compreender melhor
esse fenômeno e desnudá- lo como possível nos limites desta pesquisa.
Registros do Integralismo fluminense na Revista Anauê!
Marcia Regina da Silva Ramos Carneiro (Doutora – UFF)
Milena Dutra Medeiros (Graduanda – UFF)
A Ação Integralista Brasileira foi um importante movimento de abrangência
nacional nos anos 1930. Durante o período de sua existência, o movimento foi levado a
todos os cantos do país através de seus periódicos. Entre jornais e revistas, conta-se que
os integralistas publicaram mais de três mil informativos, desde jornais de núcleos
locais até Revistas nacionais que se dedicavam à “alta cultura”. A Revista Anauê! foi
um dos periódicos mais importantes do movimento integralista. Com sua publicação
iniciada em janeiro de 1935, a Anauê! acompanhou, desde então, toda a trajetória da
AIB, levando aos leitores-militantes notícias de todo o Brasil.
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Esta pesquisa tem por objetivo mapear as referências contidas na revista Anauê!
sobre o movimento na Província do Rio de Janeiro, como era tratado pelos integralistas
o antigo Estado do Rio. A partir de sua capital, Niterói, os fluminenses eram
comandados pelo Chefe Provincial Raymundo Padilha. No entanto, localmente, podem
ser percebidas, através da várias referências contidas na Anauê!, a força dos dirigentes
locais e certa autonomia dos municípios fluminenses em relação ao poder vindo da
capital.
Como espaço de “construção de memórias”, a Anauê! será analisada nesta
perspectiva, como meio de divulgação, popularização e perpetuação da Doutrina do
Sigma, com apoio de imagens, textos curtos e notícias pontuais.
Como metodologia de trabalho, buscaremos empreender a pesquisa da sua
principal fonte, a Revista Anauê!, estabelecendo comparações com outros periódicos no
tratamento das notícias e quanto ao uso de imagens e outras formas de divulgação do
movimento. Sobre as referências teóricas, estas se apoiarão nos estudos de Antonio
Gramsci acerca do contexto de ascensão do fascismo italiano. Também, sobre a
elaboração da mitologia política integralista presentes na Anauê!, seguiremos os
caminhos apontados por Cassirer em sua análise sobre a construção do Mito do Estado.
A Marcha Integralista sobre a Capital da República
Guilherme Jorge Figueira (pós-graduado em Direito da Propriedade Intelectual –
UCAM)
Em 1937, a Acção Integralista Brasileira – AIB (1932-1937) chegava ao ápice
em números absolutos de militantes, alcançado a cifra de um milhão de adeptos
segundo dados oficiais do movimento. O líder Integralista Plínio Salgado na tentativa de
demonstrar a força dos camisas-verdes organizou um evento cívico que ficou conhecido
pela historiografia como “Marcha dos 50 mil”. Através de carreatas, comboios e
comitivas os Integralistas de diversas partes do Brasil estiveram presentes com seus
diferentes símbolos, ostentados por idosos, mulheres, jovens e crianças, marchando e
cortando as ruas do Rio de Janeiro, antiga Capital da República, demonstrando sua
presença na defesa do Brasil e saudando o então presidente Getúlio Vargas na maior
manifestação em toda história do Sigma, pouco tempo antes de deixar de existir com a
decretação do Estado Novo (1937-1945) e o fim dos partidos políticos. Através de
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fontes documentais, o presente trabalho tem como objetivo breve análise do último
evento de vulto realizado pelo movimento Integralista.
Ação Integralista Brasileira: Um partido revolucionário militarizado de direita no
Brasil entreguerras
Pedro Ivo Dias Tanagino
20/11 – QUARTA-FEIRA
Nazismo em Juiz de Fora na década de 30 e 40
Roberto José Rosa Gouvêa (Graduando – UFJF)
O presente trabalho procura mostrar a existência de uma célula do Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães em Juiz de Fora, a sua abrangê ncia,
seus membros, e uma reflexão do porquê o mesmo não teve repercussão na cidade, uma
vez que a mesma possuía um grande número de cidadãos alemães. A base deste artigo é
um processo de crime contra a existência da república brasileira por Viktor Schwaner e
sua mulher, por propaganda contra o interesse nacional.
Estado Novo para crianças: propaganda varguista na revista ‘O Tico-Tico’ (1937-
45)
Conrado Jenevain Braga (Graduando – UFJF)
O presente trabalho tem como objetivo a análise da propaganda varguista na
revista infantil "O Tico-Tico", que circulou no Brasil durante 56 anos, de 1905 a 1961.
O estudioso dos quadrinhos Moacy Cirne afirma que não é possível que haja uma
leitura inocente e nem livros ingênuos, nem mesmo para o público infantil. Através da
análise de casos bastante explícitos de propaganda varguista encontrados em "O Tico-
Tico", busca-se, apoiando-se no argumento de outros autores e na reflexão do papel da
imprensa no Estado Novo, desmitificar a positiva imagem didático-pedagógica que
gozou a revista no senso comum dos brasileiros durante o século XX, principalmente
entre aqueles que foram leitores de "O Tico-Tico" quando crianças.
O trabalho se estrutura em três tópicos. Inicialmente, foi feita uma
contextualização do período estudado, ou seja, o Estado Novo, bem como uma breve
reflexão a respeito do papel do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão
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criado em 1939. Em um segundo momento há um breve panorama histórico a respeito
da revista "O Tico-Tico". Por fim, antes da conclusão final, há uma apresentação dos
principais casos de propaganda varguista encontrados nas edições de "O Tico-Tico" que
circularam durante o Estado-Novo.
Para a realização de tal pesquisa, diversos números da revista "O Tico-Tico"
foram estudados através do mecanismo de consulta de periódicos digitalizados da
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Como fontes secundárias, foram lidas obras
essencialmente voltadas para a temática dos quadrinhos, uma vez que uma das
principais características de "O Tico-Tico" era o destaque para este tipo de publicação.
Por fim, é importante ressaltar que não foram encontrados trabalhos anteriores que
relacionassem a figura de Getúlio Vargas à revista "O Tico-Tico", de modo que este
artigo, embora modesto, possa representar um esforço inicial no estudo de um
importante mecanismo de propaganda utilizado pelo Estado Novo em seu processo de
legitimação.
O Estado Novo e a Segunda Guerra Mundial: Uma análise da conjuntura política
interna e externa
Wesley Venâncio (Graduando – UFJF)
Tendo consciência da vasta bibliografia produzida sobre o período do Estado
Novo nosso objetivo com o presente trabalho é uma análise das posições políticas do
líder da nação Getúlio Vargas frente a um quadro tão complexo como o da Segunda
Guerra Mundial, no qual teve que se posicionar externamente em relação ao conflito ao
lado dos americanos ou alemães, decisão essa que postergou ao limite em busca de tirar
vantagens econômicas para o país, e também tendo que lidar com graves dissidências
internas dentro de seu governo entre grupos que possuíam posicionamentos divergentes
ante o conflito e diferentes projetos para o futuro do país no pós-guerra. Além disso, as
vozes das ruas através de manifestações como a dos estudantes em 1942 exigiram uma
posição mais firme do governo em relação ao conflito, o aumento dos ataques dos
opositores ao regime também formou um quadro no qual Getúlio Vargas através de seus
discursos e ações governamentais buscou um equilíbrio e negociou entre os interesses
divergentes que haviam se acentuado devido à guerra.
Para tal objetivo utilizaremos além da bibliografia disponível teremos o recurso
de algumas fontes primárias como determinados discursos de Getúlio Vargas ao longo
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do período de guerra, algumas notícias do jornal Correio da Manhã também serão
importantes para ilustrar algumas crises que o governo tinha que contornar durante o
período e também a análise de dois panfletos de grupos opositores ao governo, a saber,
a Carta aos Brasileiros de Armando Salles e o Manifesto dos Mineiros, documentos que
comprovam que mesmo dentro de um governo ditatorial, determinados grupos
opositores se aproveitaram da conjuntura do momento para lançar seu grito de protesto
em busca da reabertura democrática.
24 de agosto de 1954: a morte de Getúlio Vargas e a sua repercussão na mídia
jornalística
Geovane Batista da Costa (Graduando – UFJF)
Getúlio, era um homem que deixava intrigado e estarrecido os liberais, a
população apaixonada que o seguia, e o mundo internacional, que expressava a
dificuldade de compreender a sua personalidade e sua incontestável liderança. Getúlio
era uma pessoa que reunia em si mesmo, sentimentos de amor, medo, ódio, simpatia.
Era enfim, uma personalidade que não comportava unanimidade, ou amava-o ou o
odiava, e, por isso, em sua vida, adquiriu muitos adversários e inimigos.
A mídia, quase que por unanimidade, não gostava do seu governo, e, este
trabalho tem como objetivo tentar observar como a morte do presidente Getúlio Vargas,
que ocorreu na madrugada do dia 24 de agosto do ano de 1954, foi repercutida e
propagada na mídia jornalística deste mesmo ano já que nessa época eles eram (e ainda
são) fontes de informação e também formadores da opinião pública.
A metodologia usada neste trabalho é de tentar observar, de uma maneira geral,
através das notícias e manchetes, como a morte de Vargas, a persona Vargas e a
população foi vista pelos jornais assim que ele se suicidou, mas antes, teremos uma
breve história de como eles surgiram e qual era a posição frente ao governo getulista.
Fora escolhido seis jornais cariocas, já que nessa época, o Rio de Janeiro ainda era a
capital federal brasileira, que são o Jornal do Brasil, o Diário Carioca, a Última Hora, O
Dia, A Noite e o Correio da Manhã, sendo estes escolhidos devido ao grande público
que alcançavam.
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21/11 – QUINTA-FEIRA
A formação da intelectualidade antiliberal na segunda década da Primeira
República
Allony Rezende de Carvalho Macedo (Mestrando – UFJF)
A proclamação da República no Brasil foi seguida de decepção por parte de
setores importantes da sociedade, englobando civis e militares. No pós-primeira Guerra,
em um cenário de desgaste dos sistemas político-culturais, o Brasil foi atingido por uma
ambição pedagógica que pretendia modernizar o sistema político e a sociedade liberal-
excludente, a partir de técnicos e de uma elite renovada. Dentre vários atores e grupos
políticos, se colocava à frente dessa busca por transformação uma intelectualidade
antiliberal que começava a ganhar destaque ainda na década de 1910.
Este trabalho procura ir além da exploração das ideias desse grupo. O que se
buscará é fazer uma ligação entre experiência e atuação política desses intelectuais, tão
empenhados na crítica e na busca da “republicanização” da república brasileira. Para
isso, além da análise dos discursos das fontes -- os primeiros livros publicados por
figuras como Alberto Torres e Oliveira Vianna, ainda na década de 10 --, o artigo terá
como alvo a trajetória desses autores, dentro de um cenário político-cultural já
conturbado por acontecimentos internacionais e nacionais, como as eleições de 1910. O
objetivo é entender o universo semântico no qual estes autores/atores estão inseridos e
que fornece a eles instrumentos para a análise da realidade que presenciam. Para o
estudo das fontes trabalharemos com o conceito de cultura política e com a história dos
conceitos, com a finalidade de tentar compreender as leituras que estes homens criavam
sobre o passado que os impulsionavam a projetar questões e agir para o futuro, ou seja,
seus espaços de experiência e horizontes de expectativa.
O apelo integralista do pós-guerra à união de uma liga pan-latina
Nuno Simão Ferreira (Doutorando – FLUL)
A presente proposta visa ser apresentada em formato de publicação e não em
conferência devido a não poder estar presente fisicamente no Brasil. Ressalvo, no
entanto, o meu empenho em poder participar em actividades que tenham a ver com o
âmbito temático do grupo de investigação “Direitas, Memória e História” da
Universidade Federal de Juíz de Fora, uma vez que sou seu membro externo.
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Em termos cronológicos o tema é balizado pelos anos imediatos ao pós-I Guerra
Mundial até 1921.
A metodologia do trabalho visa adoptar a análise heurística e hermenêutica da
observância necessária às fontes históricas e à respectiva bibliografia científica.
Verificamos que com o advento do fascismo em Itália, Homem Cristo Filho,
muito provavelmente o primeiro fascista português em termos de s istematização
ideológica, tornou-se nos anos 20, um partidário entusiasta de Mussolini. Sentimento
esse que era partilhado pelos integralistas da primeira geração integralista, tais como
António Sardinha e Alberto de Monsaraz.
A organização integralista seguia o modelo das ligas do período precedente da I
Guerra Mundial, com uma direcção inamovível e um conjunto de organismos locais e
provinciais sob o estrito controlo da direcção e sem mecanismos electivos. É de realçar
que os dirigentes da primeira geração integralista nunca esconderam a desconfiança
perante as massas e o populismo e, por isso, não cederam em termos organizativos às
pressões fascizantes de alguns sectores mais jovens dos anos 20, ligados nomeadamente
aos meios universitários e das juntas escolares integralistas, sobretudo a de Lisboa.
Daí que possamos entender que os únicos dois elementos destacados da primeira
geração integralista, que aderiram aos ímpetos fascizantes foram Rolão Preto e Alberto
de Monsaraz, tornando-se nos anos 30 dirigentes destacados do grande movimento
fascista português, o Nacional-Sindicalismo.
As fontes históricas a utilizar são:
- Integralismo Lusitano, “Instruções de organização aprovadas pela Junta Central” in A
Monarquia, Ano V, nº896, 20 de Abril de 1921;
- Espólio de Alberto de Monsraz, “Integralismo Lusitano/ Pour l’ordre traditionnel
latin”, 1 de Setembro de 1921;
- Espólio de António Sardinha, Correspondência de Alberto de Monsara para António
Sardinha, pasta nº149.
- Hipólito Raposo, Dois Nacionalismos: L’Action Française e o Integralismo Lusitano.
Conferência feita na Liga Naval Portuguesa, em 23 de Março de 1925, Lisboa, Livraria
Férin, 1929.
Eis os objectivos orientadores:
- Explicar o conceito de Pan-Latinismo.
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- Explicar como é que o Integralismo Lusitano sendo um movimento nacionalista e de
cultura do enraizamento passa a apoiar a ideia de pan- latinidade.
- Relacionar o apelo à pan- latinidade do Integralismo Lusitano com a figura de Homem
Cristo Filho.
- Retratar a visão da direita radical portuguesa acerca de Mussolini.
O integralistas no Golpe de 1964
Leandro Pereira Gonçalves (Doutor – PUC-SP)
Em 1946, Plínio Salgado regressou ao Brasil após exílio em Portugal, no entanto
trouxe a cultura portuguesa como continuidade de inspiração. Como discurso político,
passou a ser um defensor da democracia cristã, reflexo do momento e da habilidade de
Plínio. O integralista passou a defender com veemência uma proposta democrática no
novo ambiente que o Brasil vivia após o Estado Novo getulista; no entanto, a
antidemocracia foi a base desse novo pensamento construído em Portugal através do
modelo de sucesso que possuía no poder de António de Oliveira Salazar, um ditador que
sobreviveu à queda do autoritarismo europeu e que não estava caracterizado no ro l do
fascismo continental. Com uma proposta nacionalista e basicamente católica, Salazar
inspirou Plínio que passou a defender os interesses lusitanos no Brasil, inclusive em
relação às particularidades do país, como nas guerras coloniais. O integralismo do pós-
guerra buscou a criação de uma política democrata cristã inspirada na mensagem
natalina do Papa Pio XII que discursou contra o fascismo e o comunismo; passando,
assim, a defender uma organização basicamente espiritual para a sociedade. A proposta
da comunicação está em uma análise pautada nas relações de Plínio Salgado com os
conservadores portugueses no período ditatorial militar, quando o Partido de
Representação Popular foi extinto e o integralista entrou nas fileiras da Aliança
Renovadora Nacional (ARENA), para continuar sua política nacionalista com ações
lusitanas, proposta que seguiu até o ano de sua morte, em 1975.
O Ufanismo da Ditadura Civil-Militar e sua Apropriação pela UPPES
Diego da Silva Ramos (Mestrando – UERJ)
O trabalho tem por objetivo explorar e mostrar de que maneira, um sindicato
conhecido dentre sua categoria como conservador, utilizou durante o período da
ditadura civil-militar (no caso da pesquisa, 1968 até 1978) brasileira a ideia de
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“ufanismo”. Para tanto, são examinadas as fontes produzidas pela instituição (jornais
semestrais) e da mesma forma, são problematizados a partir destas leituras alguns
conceitos comuns. A história de fundação e construção de um sindicato docente num
Brasil assolado por uma ditadura civil-militar e o aprofundamento no exame do
comportamento colaboracionista da UPPE e a contextualização deste comportamento
com a conjuntura política da época, serão também pontos explorados no trabalho.
O golpe civil-militar de 1964 e a imprensa juizforana: uma análise do 'Diário
Mercantil' e do 'Diário da Tarde'
Carolina Martins Saporetti (Graduada – UFJF)
Este artigo se propõe a análise das notícias publicadas sobre o golpe civil-militar
de 1964 em dois periódicos que circulavam neste período em Juiz de Fora, o “Diário
Mercantil” e o “Diário da Tarde”. Tendo como objetivo observar a posição desses
jornais perante a recepção do golpe de 1964 e quais informações os juizforanos tinham
acesso pela imprensa.
Para a realização desta pesquisa foram utilizados os números publicados pelo “Diário
Mercantil” e pelo “Diário da Tarde” no ano de 1964. Ambos pertenciam ao Grupo
Associados, do empresário Assis Chateaubriand. A escolha desses jornais se ocorreu
devido: a disponibilidade e organização desses em arquivos da cidade, a circulação
ininterrupta recorte temporal delineado para o estudo e, às características específicas de
cada um embora fizessem parte da mesma empresa. Esses jornais estão disponíveis no
Arquivo Histórico da Cidade de Juiz de Fora e no Setor de Memória da Biblioteca
Murilo Mendes, o acesso é gratuito em ambos os locais.
Então, através desses periódicos foram analisadas quais informações os juizforanos
tinham acesso, e como esses jornais se posicionaram diante da censura. Por se tratar de
impressos que eram veiculadas diariamente as matérias que foram selecionadas para
esta pesquisa referem-se às de cunho político e social, possibilitando um estudo mais
singular desses periódicos e o alcance do proposto neste artigo.
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4. POR UMA HISTÓRIA SOCIAL DA POLÍTICA – COORDENADOR(ES):
Sérgio Hamilton da Silva Barra e Silvana Mota Barbosa
19/11 – TERÇA-FEIRA
Da Igreja à Constituinte: a religião e a formação da estrutura política do Brasil
Imperial
Eliene da Silva Nogueira (Graduanda – UFJF)
O trabalho teve por objetivo analisar os aspectos religiosos presente na formação
da estrutura política brasileira. Para isso, foi feita uma análise de como a influência
religiosa aparece nos debates políticos da elaboração da Constituição Brasileira. Dessa
forma, foi analisada a Constituição de 1824, a primeira constituição promulgada pelo
Imperador D. Pedro I, e os Anais da Constituinte de 1823, que nos permite estudar o
discurso e as questões políticas apresentadas pelos deputados da Assembleia Nacional
Brasileira, do período citado acima.
Phenix Dramática, o teatro da moda (1868-1893)
Raquel Barroso Silva (Doutoranda – UFJF)
Entre os anos de 1868 e 1893 existiu, no Rio de Janeiro, a empresa teatral mais
duradoura do século XIX, a Companhia Phenix Dramática. Dentre as companhias
teatrais cariocas do período, a mais famosa e, sem dúvida, a mais criticada pelos
letrados da Corte foi a Phenix. Jacinto Heller, empresário da Companhia, foi diversas
vezes apontado nos jornais como o grande vilão do estado degradante ao qual chegara o
“teatro nacional” na Corte. A Phenix ocupou o teatro homônimo até 1881 e teve sempre
grande concorrência de público graças a adoção de um repertório majoritariamente
ligeiro, composto principalmente por paródias de operetas francesas. Por outro lado, a
Phenix foi uma das principais responsáveis pela revitalização da atividade dramática no
Rio de Janeiro após alguns anos de relativa estagnação da mesma. Mesmo sabendo o
receituário do sucesso, optou por mesclar comédias originais de dramaturgos brasileiros
em seu repertório. Essas menos apelativas ao mágico e ao farsesco, mas que não se
aproximavam muito daqueles dramas de casaca que ocuparam os palcos do Ginásio
Dramático em seus primeiros anos de funcionamento.
Na presente comunicação pretendo trazer à luz a história desta companhia
buscando recuperar seu repertório e as referências que a ela eram feitas nos jornais do
período. A análise e cruzamento das informações colhidas nos jornais, como as críticas
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teatrais e os comentários presentes nas colunas pagas nos trouxe um panorama amplo de
opiniões a respeito dos usos da arte dramática em um contexto político e social marcado
por transformações. Além dos jornais a bibliografia pertinente, bem como os
memorialistas da nossa história teatral, nos ajudou a contar a história e tentar
compreender as escolhas dos homens e mulheres que fizeram esta companhia.
Perfil da diplomacia portuguesa na virada do século XVIII para o XIX
Debora Cristina Alexandre Bastos e Monteiro de Carvalho (Doutoranda – UFJF)
A comunicação abordará o perfil dos Homens de Estado que compuseram o
quadro de diplomatas portugueses em finais do século XVIII e inícios do XIX. Alguns
estudos abordam esse tema, dentre eles o realizado pela historiadora Ana Rosa Coclet
da Silva que traz à tona os estadistas Luso-Brasileiros no mesmo período. Como base
para este artigo, será utilizado também o estudo prosopográfico dos diplomatas
portugueses realizado pelo professor Nuno Gonçalo Monteiro e por Pedro Cardim.
Muitas foram as monarquias europeias, inclusive de Portugal, que mesclaram as ideias
das Luzes com as bases absolutistas. No período foco desta comunicação os diplomatas,
em geral, eram herdeiros de um perfil intelectual e de uma atuação prática que teve seu
início no reinado de D. José I, durante as reformas incitadas pelo Marquês de Pombal.
Estas fortemente influenciadas pelos diagnósticos da situação portuguesa foram
elaboradas a partir da experiência do estrageiramento, buscando romper o ciclo de
“atraso” mental e econômico do Estado Português. Essa experiência do estrangeirado
orientou a formação do homem público, na medida em que assumia como função a
missão de reformar o Estado. Tal geração de intelectuais acreditava na ação
transformadora da razão na sua condição de portadores da missão do esclarecimento e
da difusão das “verdades úteis”. A formação desses homens nasceu da necessidade de
adequação da ordem social vigente às novas demandas deste século, mesclando a lógica
das Luzes aos traços de continuidade do Antigo Regime. É importante ressaltar que o
perfil do quadro diplomático nem sempre fora o mesmo, bem como nem sempre se teve
um quadro diplomático oficial. Diante disso, a intenção nesta comunicação é
demonstrar que tais homens foram formados para ocupar altos cargos públicos, dentre
eles os relacionados à diplomacia.
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Carrancas, Sedição e os Caramurus. A repercussão pelas páginas do Astro de
Minas
Rumennig Douglas Weitzel Teodoro (Graduando – UFJF)
O período regencial brasileiro teve na imprensa um ativo difusor dos múltiplos
projetos de nação de vários grupos políticos da época. Dentre eles destacamos os
exaltados, liberais e caramurus. Neste trabalho, problematizaremos como o grupo
político caramuru, defensor de um projeto nacional mais centralizado, nos moldes do
primeiro reinado, fora representado pelas páginas de um periódico moderado, o “Astro
de Minas”. O objetivo é compreender como esse jornal reportou os planos dos
caramurus para nação e traçar uma linha de análise que envolve os caramurus com dois
episódios acontecidos na província de Minas Gerais durante o ano de 1833: a Sedição
de Ouro Preto e a Revolta de Carrancas.
A Sedição caracterizou-se pela ocupação e a tomada do governo da capital da
província. O processo sedicioso acabou culminando com a fuga dos políticos que
compunham o governo local para região de São João Del Rei, a fim de estabelecer um
novo governo que fizesse frente aos sediciosos. No mesmo ano ocorrera na região de
Carrancas, freguesia de São Tomé das Letras, uma insurreição de cativos conhecida
como a Revolta de Carrancas. Caracterizada pela sua brutalidade, a revolta dos escravos
da família Junqueira assinalou-se como um movimento que levou o medo às regiões do
entorno e a população local. Tanto no processo sedicioso como na revolta escrava, os
homens considerados como culpados estavam de alguma forma sendo associados aos
caramurus.
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5. TRAJETÓRIAS E INSTITUIÇÕES POLÍTICAS NO BRASIL
REPUBLICANO (1889-1945) – COORDENADOR(ES): Priscila Musquim Alcântara
de Oliveira e Vítor Fonseca Figueiredo
19/11 – TERÇA-FEIRA
A relação do empresariado com o Estado no contexto do Estado Novo brasileiro e
português – 1930-1945: algumas aproximações
Priscila Musquim Alcântara (Doutoranda – UFJF)
O presente trabalho tem como objetivo analisar, por meio de uma perspectiva
comparada, a relação do empresariado, tanto no Brasil quanto em Portugal, levando em
conta o contexto do corporativismo dos regimes Varguista e Salazarista, buscando
identificar traços em comum na dinâmica desses grupos.
A pesquisa analisa, portanto, os contextos históricos do Estado Novo português e
brasileiro no período delimitado. Com base em uma análise bibliográfica, busca
aproximações na trajetória de setores empresariais desses dois países, no sentido do
fortalecimento desse grupo enquanto ator social, as arenas de atuação junto ao governo
e o modo como a questão social foi encarada pelo setor no Brasil e em Portugal. A
análise é feita com base na comparação da literatura a respeito do Estado Novo e do
Corporativismo em Portugal e no Brasil.
Atores, instituições e a origem do Regime de Bem-Estar no Brasil
Oleg Abramov J. (Doutorando – UFJF)
O trabalho se filia ao campo de pesquisa do universo das políticas públicas de
recorte social no Brasil em perspectiva comparada no tempo.
Valendo-se de uma dimensão teórica singular, que relaciona teorias que
enfatizam o papel dos atores – com destaque para a dos Recursos de Poder – com as que
operam sob o prisma das instituições – especialmente o Neoinstitucionalismo Histórico
e a Teoria Histórica Comparativa de Theda Skocpol –, o objetivo do trabalho será
empreender uma análise bibliográfica a fim de produzir uma reflexão contextual da
agenda social de âmbito federal desenvolvida no período que vai de 1889 até 1945, com
destaque para os anos dos governos Vargas.
O período compreendido pela Primeira República pode ser tido como a pré-
história do Bem-Estar no Brasil. Nessa época são gestadas as condições em termos de
instituições parciais e, especialmente, de constituição de atores, que exerceram
influência no período seguinte. Na Era Vargas, a emersão de novos atores sociais e a
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“modernização” do Estado criam as condições em meio às quais são produzidos os
primeiros aparatos articulados de âmbito federal que configuraram a primeira
formatação do Regime de Bem-Estar no Brasil.
História oral, memória e história do tempo presente: debate conceitual e de
sentidos
Gislene Edwiges de Lacerda (Doutoranda – UFRJ)
Gianne Maria M. Chagastelles (Doutoranda – UFRJ)
Este texto propõe a inclusão das fontes orais como corpus da pesquisa
acadêmica, problematizando o estudo sobre as percepções e lembranças que são
legitimadas como indícios, tanto pelo valor informativo, quanto pelo valor simbólico.
Esta abordagem incorpora elementos e perspectivas ausentes em outras práticas
históricas como a subjetividade e as diferentes apropriações do cotidiano. Na história
oral, o objeto de estudo do historiador é reconstituído através da atualização das
lembranças dos entrevistados; assim, os desdobramentos teóricos que apoiam esta
prática levam em consideração a relação entre história e memória, cuja dinâmica
sustenta as identidades individuais e coletivas. O ato de lembrar pressupõe
possibilidades múltiplas de elaboração das representações e de reafirmação das
identidades construídas na dinâmica da história. Nessa relação da memória com a
história, existem várias formas de interseção entre ambas, como aquela em que a
história funciona como alimento da memória e paralelamente a memória pode ser
tomada como uma dos indícios de informação para a construção da história. Memória e
História do Tempo Presente possuem relações bem estreitas, em especial, pelo potencial
da memória que suscita o testemunho como fonte. Surge um desafio central que
consiste em relacionar presente e passado, estabelecendo as definições de tempo de um
passado recente. O passado precisa ser sentido tanto como parte do presente quanto
separado dele. Desta forma, percebemos que a memória interessou aos historiadores do
tempo presente por apontar para uma solução para o problema, já que, como afirma
Henry Rousso, a memória em seu sentido essencial da palavra é a presença do passado.
Assim, na perspectiva da história oral como metodologia, pretendemos abordar um
debate conceitual e de sentidos sobre a relação entre história oral, memória e história do
tempo presente.
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Estratégias e Articulações do Partido Comunista Brasileiro/PCB com o movimento
operário em Minas Gerais (1955-1970)
Camila Gonçalves Silva Figueiredo (Doutoranda – UFJF)
A presente comunicação refere-se ao projeto de doutorado em andamento que
propõe análises sobre as estratégias e articulações do Partido Comunista Brasileiro/PCB
com os movimentos de esquerda, mais especificamente com o movimento operário e
com a liga camponesa. O foco desta proposta recai sobre o estado de Minas Gerais entre
1955 e 1970. A escolha do tema se deve ao interesse pessoal e a ausência de estudos
desta natureza, em especial para uma área fora do eixo Rio-São Paulo, já muito
pesquisado pela historiografia. Já a seleção temporal objetiva a análise das variações
estratégicas do partido conforme mudanças nas conjunturas e orientações partidárias
nacionais e internacionais, inclusive pela influência da fragmentação das esquerdas no
mundo. Com base na “Nova História Política”, em interface com o campo da “História
do Tempo Presente”, utilizaremos conceitos como esquerda, poder e estratégia A
pesquisa se pautará na documentação disponível no Arquivo Público Mineiro e no
Arquivo Nacional.
20/11 – QUARTA-FEIRA
A Primeira República e a questão social: a luta dos operários do Alto da Serra.
Pedro Paulo Aiello Mesquita (Mestre – UFJF)
O trabalho que se propõe apresentar é produto das pesquisas da dissertação “A
Formação Industrial de Petrópolis; trabalho, sociedade e cultura operária”, defendida na
Universidade Federal de Juiz de Fora em 2012.
Para a XXX Semana de História, proponho um debate a respeito da ação dos
operários têxteis da Companhia Cometa, em Petrópolis, no contexto político da Primeira
República (1889-1930), especificamente no ano de 1918.
O objetivo é perceber o período político em questão no que tange à ação operária
marcada pela combatividade em prol da luta por direitos e condições de trabalho pouco
contempladas pela agenda pública naquele momento.
Para tanto, enfatizamos o proletariado da Companhia Cometa como exemplo
dessa conjuntura, tendo a hipótese que sua combatividade ilustra a perspectiva de ação
social em meio às vicissitudes da superestrutura jurídico-política observada.
As fontes utilizadas na pesquisa consistem em jornais contemporâneos (Tribuna
de Petrópolis e Jornal de Cascatinha) e atas da diretoria de fábrica.
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O passado como narrativa: anos 1930, no Rio Grande do Norte, História de uma
campanha
Helicarla Morais (Doutoranda – UFRJ)
No ano de 1930, um grupo de políticos e intelectuais ligados às forças
oligárquicas, liderado por José Augusto Bezerra de Medeiros, é forçado a sair do Rio
Grande do Norte, instalando-se no Rio de Janeiro, então Capital Federal. Esses homens
organizaram uma resistência ao regime de interventorias no RN. Por meio da escrita,
realizaram um processo de reintegração e reapropriação em relação ao lugar de origem,
movidos por um sentimento de injustiça materializado em artigos de jornais e livros
publicados ao longo de décadas. Pretende-se analisar aqui a versão do passado
produzida por esses homens, mobilizando categorias como memória, ressentimento e
cultura política, atentando para a produção da escrita e da memória como elemento
fundamental na compreensão da leitura do passado e de uma identidade que esse grupo
desejava fixar. O principal objeto da análise empreendida aqui é História de uma
campanha: notas, fotografias e documentos do último pleito político norte-rio-
grandense, 1934-1935, livro de Edgar Barbosa, publicado em 1936, inaugurador de uma
bibliografia produzida por esse grupo, na qual tomam para si a condição de
historiadores dos acontecimentos da década de 1930 no Rio Grande do Norte e de seus
desdobramentos, contando uma história impulsionada pelo ressentimento em relação ao
passado, criando heróis, mitos e inimigos. A compreensão do processo de construção
dessa memória que se torna “a história” do Rio grande do Norte no pós-1930 é o
principal interesse dessa proposta, questão atravessada pela relação entre ressentimento,
memória e política, pois o ressentimento em relação ao passado foi o primeiro
mobilizador das ações desse grupo, tornando-se uma categoria de leitura de mundo na
escrita desses políticos e intelectuais. Objetivamos, então, compreender os mecanismos
de percepção e de construção da escrita mobilizados no processo de rememoração,
escritura e transformação desse passado em narrativa.
A Comissão de Verificação de Poderes no Parlamento Brasileiro (1898-1930)
Vítor Fonseca Figueiredo (Doutorando – UFJF)
Este estudo visa analisar um dos mecanismos institucionais adotados pelo
sistema republicano brasileiro durante a Primeira República (1889-1930). O foco das
pesquisas é a “Comissão Verificadora de Poderes da Câmara dos Deputados”. Criada
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com objetivos técnicos e políticos, a Comissão Verificadora possuía a missão de
analisar os diplomas apresentados pelos deputados após as eleições. Tal documento
facultava aos eleitos o direito de assento no parlamento. Todavia, o grande número de
fraudes eleitorais e a emissão de diplomas além do número legal de deputados
demandavam a averiguação de todos os diplomas tidos como ilegais. Esta pesquisa,
portanto, analisa o sistema político republicano e federalista brasileiro em diversas
dimensões: o campo das eleições, das fraudes, das disputas federais e oligárquicas e da
legislação institucional e eleitoral que possibilitou a manutenção do sistema republicano
oligárquico brasileiro por 41 anos. O objetivo primacial do estudo é a análise da
Comissão de Verificação de Poderes como um instrumento político por parte das
principais oligarquias brasileiras. Este estudo de doutorado, desenvolvido no âmbito da
Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF e financiado pela CAPES conta com a
utilização de uma vasta quantidade de fontes documentais, sobretudo Atas e Anais da
Câmara dos Deputados e documentos de origem privados como cartas. Estas fontes têm
sido analisadas com um viés qualitativo e relacionadas de modo a possibilitar uma
melhor compreensão da importância desta comissão no jogo político oligárquico
brasileiro.
A atuação de Raymundo Padilha na tentativa de reorganização da Ação
Integralista Brasileira no período do Estado Novo
Alexandre Luís de Oliveira (Mestrando – UFJF)
O presente trabalho tem como foco a analise da trajetória política de Raymundo
Padilha a frente da Ação Integralista Brasileira entre os anos de 1938 a 1945, momento
em que o Integralismo foi posto na ilegalidade pela ação das políticas do Estado Novo e
como consequência disso, Plínio Salgado, líder do Integralismo foi enviado para seu
exílio em Portugal. Padilha atuou como um elo entre Salgado e os membros do
Integralismo no Brasil, na tentativa de reorganizar o Integralismo. Os objetivos desta
análise apontam para a tentativa de compreender como ocorreu essa interação entre
Salgado e Padilha e quais foram os resultados dessa tentativa de reorganizar o
Integralismo. Como metodologia, utiliza-se a análise de redes e de trajetórias, para
analisar a inserção de Padilha e a dinâmica de sua interação com Plínio e outros
integralistas, bem como com agentes do governo, durante esse período. A base de fontes
da presente analise se dá pela utilização das várias cartas trocadas entre Salgado e
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Padilha que se encontram arquivadas no Arquivo Público Municipal de Rio Claro em
São Paulo, além de uma bibliografia sobre o assunto. A pesquisa compõe o segundo
capítulo da dissertação do mestrado em andamento.
Uma nova visão da atuação do Brasil nas relações militares com os Estados Unidos
(1934-1945)
Giovanni Latfalla (Doutorando – IUPERJ)
Durante a Era Vargas, Brasil e EUA, devido à conjuntura agressiva internacional
dos anos 30, tornaram-se militarmente aliados. Esta aproximação foi iniciada pelo
Brasil, em 1934, antes do início da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente, os EUA, não
demonstraram muito interesse, devido a sua política isolacionista. Inclusive os
americanos não destinavam muitos recursos para a área de Defesa em comparação com
nações como a Alemanha e a URSS.
Entretanto, com a aproximação da guerra, por volta de 1938, os EUA tornam-se
realistas, e mais preocupados com suas defesas. É neste contexto que os americanos
passam a procurar o apoio do Brasil, considerado por eles como vital para a defesa
continental.
Nas negociações, diferente do que habitualmente se pensa, não houve
subserviência brasileira às pretensões americanas. As discussões foram tensas e cheias
de dúvidas de ambas as partes, pois, os americanos queriam enviar milhares de soldados
para ocupar o nordeste brasileiro, seja através de um acordo, ou invadindo a região.
Inclusive, elaboraram planos relacionados aos seus objetivos. O Brasil foi um duro
negociador, não aceitando todas as imposições americanas, e defendeu firmemente a
manutenção de sua soberania.
Um dos objetivos do trabalho é fazer um levantamento histórico das relações
militares estabelecidas entre o Brasil e EUA, que na historiografia apresenta muitas
lacunas, principalmente relacionadas a atuação do Brasil. Outro é a identificação das
condições político conjunturais que determinaram a adoção de certas estratégias por
cada um dos países no processo de negociação.
A metodologia qualitativa será realizada através da análise de fontes primárias,
como ofícios, memorandos, portarias, cartas, existentes em arquivos, e secundárias, com
a análise da bibliografia pertinente ao assunto, as quais permitirão uma nova abordagem
sobre o tema escolhido.
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AS FACES DE CLIO E OS DESAFIOS DA HISTÓRIA
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6. HISTÓRIA URBANA E INTERDISCIPLINARIDADE: POSSIBILIDADES E
METODOLOGIA – COORDENADOR(ES): Luciana Verônica Silva Moreira
19/11 – TERÇA-FEIRA
A cidade do primeiro Renascimento: idealização de um modelo, projeção a partir
da realidade
Lorraine Pinheiro Mendes (Mestranda – UFJF)
A cidade ideal aparece como o resultado de uma nova forma de se compreender
a cidade e o próprio homem no Renascimento. O ambiente urbano passa a ser
valorizado, é onde as interações sociais acontecem, é o lugar onde a racionalidade do
homem se manifesta visivelmente. Logo, deveria ser análoga a essa razão, ao homem e
ao seu corpo. Uma das inovações da arquitetura consistiu no prelúdio do que chamamos
de planejamento urbano, que inaugura uma relação entre arquitetura e o espaço urbano
como um todo. Não somente os edifícios e suas estruturas deveriam ser projetados, a
cidade deveria ser pensada como um organismo uno em que cada parte desempenha
uma função: prédios, pessoas, relações de poder e hierarquia. A cidade deveria ser
pensada como um corpo político onde suas estruturas influenciam o comportamento de
seus habitantes. Ao arquiteto caberia a função de planejá- la e desta forma assumir o
controle não somente estrutural, mas também coordenar todas as atividades urbanas
realizáveis a partir de tal projeto, a ele era atribuída a totalidade do conhecimento. A
cidade deveria abandonar, assim como a cultura de um modo geral, os costumes e o
empirismo medievais e se tornar adequada ao homem do Renascimento. Desta forma a
cidade ideal é uma expressão da racionalidade e das aspirações filosóficas desse
homem. Sua beleza e harmonia não desejadas prioritariamente, mas sim frutos diretos
de sua funcionalidade.
A partir dos projetos de cidades ideais provenientes de tratados renascentistas,
tenho como objetivo dessa comunicação refletir sobre como a realidade urbana e
política das cidades do primeiro Renascimento contribuiu para a necessidade de se
pensar uma nova estrutura de urbanização. Para tanto utilizo-me de tratados,
principalmente o do arquiteto sienense Francesco di Giorgio Martini, tema do meu
projeto de mestrado, e de bibliografia especializada. Assim, tem-se a possibilidade de
uma análise dos tratados em relação à sociedade e considerá- los tanto como o produto
de uma mentalidade quanto como gerador de uma forma de pensar.
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A formação do espaço urbano da Vila de Entre-Rios pela perspectiva dos estudos
semióticos: os discursos na memória fotográfica e impressa (1861 a 1939).
André Luiz Reis Mattos (Mestre – USS)
José D`Assumpção Barros afirma que “o século XX foi, de certa maneira, o
“século da urbanização”, impulsionado pelo processo de industrialização e pelas
intensas mudanças nas instituições sociais, induzindo os pesquisadores das Ciências
Humanas da atualidade, a buscarem apreender “a complexidade dos vários tipos de vida
social que [podem] ser abrigados nas diversas modalidades de formações urbanas.”
Este trabalho é um aprofundamento da pesquisa empreendida na dissertação de
mestrado, onde a Vila de Entre-Rios foi o objeto de estudo, considerando-se na
oportunidade a fotografia como fonte historiográfica, analisada enquanto a sua condição
de testemunho ou documento testemunho para a elaboração de uma narrativa histórica.
A Vila de Entre-Rios, atualmente cidade de Três Rios/RJ, experimentou no seu
período inicial de constituição como município do Vale do Paraíba do Sul no Estado do
Rio de Janeiro, na última metade do século XIX, as intervenções oriundas de diversos
fatores sociais, políticos e econômicos, fundamentais para a apreensão do processo de
constituição de um sistema de símbolos urbanos partilhados pelos grupos sociais locais,
interpretados enquanto vivências e representações compreendidas como códigos,
valores, discursos e saberes que deram sentido as ações dos sujeitos históricos da
sociedade entrerriense nas suas formas de intervenção na organização do espaço urbano,
recriado e organizado em função do modelo de sociedade em construção.
Roland Barthes em seus conceitos da semiologia aplicada aos estudos da cidade
afirma que esta é entendida como “um discurso, e esse discurso é verdadeiramente uma
linguagem: a cidade fala a seus habitantes, falamos nossa cidade, a cidade em que nos
encontramos, habitando-a simplesmente, percorrendo-a, olhando-a.”
O objetivo geral da pesquisa proposta é discutir as relações entre história,
memória fotográfica e impressa, com vistas à caracterização da imagem/discurso da
cidade que foi elaborada a partir da fala dos seus leitores, especialmente os fotógrafos e
os agentes da imprensa, no período histórico da formação do espaço urbano da Vila de
Entre Rios, depois distrito de Entre-Rios, entre 1861 a 1938.
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O Drama da Sarmento: memória e cotidiano operário de São João Nepomuceno
entre 1956 e 1969.
Stéffano Muniz Figueiredo Costa (Graduado – UFJF)
Pode-se dizer que, apesar da sutileza de sua existência, o apito da fábrica
Companhia Fiação e Tecidos Sarmento – doravante CFTS – regeu a vida e a rotina de
todo sanjoanense. A sirena marcava o tempo do trabalho, o tempo do lazer, o tempo do
operário. A prosperidade e desenvolvimento gerados pelo suor dos operários da fábrica
renderam à cidade a alcunha carinhosa de “Cidade Garbosa”. Cidade conhecida pela
força no ramo têxtil, São João Nepomuceno desenvolveu-se em torno de sua fábrica
mais importante, que empregava um grande número de operários. É sabido que o Brasil
das décadas de 50 e 60 passava por uma forte efervescência política na qual pululavam
greves e movimentos operários gigantescos nos grandes centros. Por sua vez, o golpe de
1964, tal qual uma navalha, podou a execução de quaisquer manifestações subversivas à
ordem (im)posta pelo regime militar. Mas, neste ínterim, não se sabe como se
comportaram os operários da CFTS quando se deparavam com alguma situação limite
no ambiente de trabalho ou relacionada à Companhia. Essa lacuna sugere a necessidade
de melhor compreensão do cotidiano operário em contextos pouco visitados pela
historiografia, tais como o citado anteriormente. A possibilidade de diálogo entre a
pesquisa e os sujeitos que se pretendem investigar – os operários da Companhia – torna
inteligível o cotidiano operário em São João Nepomuceno. Neste sentido, lançar-se-á
mão, para elaboração da apresentação, de fontes orais, registros em atas do sindicato
têxtil das décadas de 1950 e 1960, bem como jornais que cubram o período proposto
para análise compreendido entre 1956 e 1969. Para atingir a singularidade do objeto, a
produção seguirá princípios metodológicos qualitativos, privilegiando a relação
dialógica entre compreensão histórica e os significados dos sujeitos envolvidos. Focar-
se-á num estudo com os sujeitos, e não apenas sobre ou para os sujeitos, abandonando-
se impulsos “positivistas” de objetividade e/ou neutralidade.
Viver e morar no subúrbio no início do século XX na visão dos cronistas e
escritores
Luciana Verônica Silva Moreira (Doutoranda – UFJF) O estudo das cidades, sua história e a de seus habitantes tem recebido especial
atenção de historiadores e pesquisadores do urbano que escolhem diferentes abordagens
e metodologias. Este trabalho estabelece a interdisciplinaridade entre história e literatura
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como ferramenta para melhor compreender as dinâmicas urbanas e principalmente
suburbanas possíveis de serem apreendidas através dos cronistas e escritores que
viveram ou escreveram sobre o subúrbio. O aporte teórico de Angel Rama que em
Cidade das Letras se propõe a pensar a cidade latina americana desde sua criação como
cidade ordenada, passando à cidade letrada, cidade escriturária, cidade modernizada,
cidade politizada e cidade revolucionada será de fundamental importância. Com base
nos escritos de Lima Barreto, Machado de Assis, Arthur Azevedo e Tristão de Athayde,
além de outros cronistas que escreveram sobre o viver o morar nas cidades e nos
subúrbios no início do século XX, este trabalho pretende verificar as possibilidades de
aproximação entre a literatura e a história para o estudo do cotidiano dos centros
urbanos em formação.
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7. O CATOLICISMO EM MINAS GERAIS: NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE
A HISTÓRIA DA IGREJA – COORDENADOR(ES): Marcella de Sá Brandão
19/11 – TERÇA-FEIRA
O morrer na Juiz de Fora Oitocentista
Leandro Gracioso de Almeida e Silva (Graduado – UFJF)
Este trabalho tem como objetivo central avaliar quais foram as transformações
políticas, sociais e culturais que permitiram a criação do primeiro Cemitério Público da
cidade de Juiz de Fora em meados o século XIX. Sob forte influência do contexto
higienista com ascensão do saberes médicos, Juiz de Fora também seria influenciada
por estes ideais trazidos da Europa. Como justificativa principal para criação de espaços
adequados para se fazer os sepultamentos, surge durante o período colonial a carta régia
nº. 18 de 14 de Janeiro de 1801 que se posicionava contra o sepultamento no interior
das igrejas, posteriormente durante o Império do Brasil, a crítica foi retomada com
decreto imperial de 1825 que mantinha posição contrária a prática tão resistente de se
sepultar os mortos dentro das igrejas, neste decreto se considerava que o hábito era anti-
higiênico, bem como pautado em lendas e superstições. O medo causado por epidemias
que assolavam todo o Império inclusive a cidade de Juiz de Fora incentivaria debates na
Câmara Municipal desta, para que enfim se criasse um espaço fúnebre que daria melhor
destino aos mortos, alegava-se nestes debates ademais das questões higiênicas, a falta de
espaço para se realizar novos sepultamentos dentro da antiga Matriz. Esta transformação
na sociedade juizforana pôde melhor ser compreendida valendo-se de prerrogativas da
História Cultural e das Mentalidades, autores que se dedicaram ao estudo da morte
como Philippe Ariès e Michel Vovelle presentes nesta corrente historiográfica
contribuíram na análise deste trabalho, também foram utilizadas para embasamento
desta pesquisa fontes primárias sendo estas a documentação disponível no Arquivo
Histórico da Prefeitura de Juiz de Fora, a documentação produzida pela Igreja Católica e
a imprensa juizforana do período.
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Os Redentoristas e a afirmação da imagem de Nossa Senhora Aparecida. (Brasil,
segunda metade do século XIX)
José Leandro Peters (Doutorando – UFJF)
A construção da memória sobre a imagem de Nossa Senhora Aparecida é um
projeto eclesiástico da segunda metade do século XIX. A Igreja propôs nesse período
divulgar a imagem de Aparecida como uma virgem abrasileirada, chegando a propor, já
no século XX, a sua adoção como símbolo nacional. A proposta católica foi aceita pelo
Estado que, abraçou o projeto e, em 1931, elevou Aparecida à condição de padroeira do
país. Portanto, a composição da memória sobre essa imagem foi proposta pela Igreja e
apoiada pelo Estado, mas foi colocada em prática, em grande parte, pelos padres da
Congregação Redentorista que assumiram o controle do santuário na última década do
oitocentos. Assim analiso neste trabalho como se organizou e atuou na região de
Aparecida esse grupo de religiosos, compreendendo-os não como os únicos promotores
da memória da imagem, mas como os principais, que colocaram em prática um projeto
da Igreja abraçado pelo Estado.
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8. PATRIMÔNIO CULTURAL: ENTRE MEMÓRIA E HISTÓRIA –
COORDENADOR(ES): Yussef Daibert Salomão de Campos
20/11 – QUARTA-FEIRA
Ensino de História e Educação Patrimonial: refletindo sobre a temática étnico-
racial e a diversidade cultural.
Thaise Sá Freire Rocha (Graduanda – UFJF)
No presente trabalho, objetivamos apresentar algumas reflexões sobre a temática
étnico-racial e a diversidade cultural tendo como ponto de partir das experiências
vivenciadas no desenvolvimento do projeto de extensão “Compartilhando experiências:
a educação patrimonial e a socialização do saber” do MAEA/UFJF, que desde o ano
2001 vem trabalhando com os alunos das comunidades rurais da Zona da Mata mineira.
Busca-se com o programa de Educação Patrimonial, sensibilizar o público para a
valorização do legado cultural indígena e negro na região, utilizando como suporte o
patrimônio arqueológico local. A intenção é enfatizar as diferenças culturais, a partir da
arqueologia, demonstrando a necessidade de conhecermos a cultura de nossos
“ancestrais”, seja no âmbito biológico ou cultural. De acordo com as abordagens e
atividades desenvolvidas durante o programa no que tange a ancestralidade, cultura,
tecnologia e a participação dos indígenas e africanos na história do nosso país,
percebemos o quanto o tema ainda é cercado de preconceito e estereótipos. Refletindo
sobre essas visões, percebemos que no espaço escolar ela é compartilhada tanto por
professores quanto por alunos, o que nos possibilita repensarmos o ensino de História
no Brasil, onde os próprios livros didáticos muitas vezes ainda compartilham uma visão
histórica eurocêntrica que acaba por reafirmar alguns estereótipos. A partir disso, busca-
se fazer uma analise do papel das escolas e dos currículos que são estabelecidos aos
professores de história, no diz respeito ao papel do índio e dos negros africanos na
história do nosso país.
A memória traduzida em monumento: O Deutsche Mark
Cynthia Filipino (Graduada – UFJF)
O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre o pedido de Tombamento
do Monumento em comemoração aos 100 anos da chegada dos alemães em Juiz de
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Fora, denominado “Marco Comemorativo do Centenário da Imigração Alemã em
Juiz de Fora”, situado na Praça do Imigrante Alemão no bairro Borboleta, levantando
debates em temas como identidade, memória e patrimônio. Desde a Antiguidade
Romana, o Monumentum, tende a corresponder às obras comemorativas de arquite tura
ou escultura. Pode-se dizer que esses “monumentos” como, troféus, pórticos, estátuas e
etc. são materiais herdados do passado, legados à memória coletiva.
Foi durante o século XX que temas como preservação, memória e identidade
vieram a ser valorizados e se tornaram importantes objetos de estudo. As noções de
patrimônio cultural vão sendo construídas e transformadas ao longo do tempo. Hoje, é
consenso geral que a divisão de bens culturais entre material e imaterial é falsa,
conceitualmente enganosa. O conceito de bem material chama atenção muito mais para
aspectos não simbólicos dos objetos concretos produzidas pelo homem. Essa
conceituação não se preocupa com os acontecimentos, as emoções e seus significados.
Já o conceito de bem imaterial não define a complexidade dos bens culturais a que
pretende preservar. De maneira prosaica, a imaterialidade foi resumida a
impossibilidade de tocar. Não é difícil verificar que os bens materiais possuem em si
uma carga simbólica muito grande e é essa carga simbólica a riqueza que referencia um
bem cultural como único, singular.
O Deutsche Mark é a materialização da memória de um povo em um
determinado espaço e tempo. Idealizado por agentes da comunidade alemã de Juiz de
Fora que vieram anos depois pedir seu tombamento como bem material municipal, o
Marco não carrega apenas seu lado físico com placas onde se encontra inscrito datas e
nomes importantes. Ele tem muitas histórias e ele remete a muitas outras histórias de
um povo, de uma época, de um lugar. Ele é um monumento à memória imigrante, que
dá sentido histórico a existência da comunidade alemã hoje na região.
Assim, o processo de Tombamento do bem em questão, livros relacionados ao
tema da imigração na cidade, entrevistas com a comunidade alemã e jornais de Juiz de
Fora serão largamente utilizados, a fim de identificar o Marco Alemão neste contexto de
discussão da importância da proteção do patrimônio cultural local.
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Memórias de família: a reconstrução da memória do bairro São Pedro
Vitória Marques Bergo (Graduanda – UFJF)
As memórias vividas por cada geração são “pontos de amarração” da História de
uma cidade, da História de um bairro ou de qualquer outra região em que se estabelece
localmente formas de sociabilidade, conforme defende Ecléa Bosi. Desta maneira, a
memória construída por cada geração sobre seu meio estaria ligada às lembranças mais
íntimas dos indivíduos, mas que se perpetuam, conforme Halbwachs, através da
memória coletiva. A memória coletiva é também construção histórica, portanto, torna-se
necessário dar voz à grupos sociais e à personagens que não são priorizados na
Historiografia corrente, mas que também tiveram papel primordial nas relações
passadas.
Visto a importância do uso da fonte oral, pela reconstrução de memórias que
compõem a História dos grupos sociais e que muitas vezes se ocultam em meio à
História Oficial, o objetivo deste trabalho é apresentar uma possível reconstrução da
memória do bairro São Pedro, situado na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, através
dos relatos de dois dos antigos moradores do bairro.
Assim, utilizando a metodologia de História Oral o trabalho pretende trazer uma
breve leitura das memórias contadas e vividas por indivíduos que fizeram parte de
momentos marcantes na criação e no desenvolvimento do Bairro São Pedro.
Pretende-se também perceber como os discursos difundidos pela História Oficial
chegam a compor as memórias individuais. Através dos depoimentos dos dois
moradores sobre a fundação do Bairro São Pedro são compreendidos eventos e
processos históricos marcantes no desenvolvimento da cidade de Juiz de Fora e no
contexto vivido no Brasil, como a vinda dos imigrantes alemães para o país, a
implantação da Universidade Federal de Juiz de Fora, a construção da Estrada União &
Indústria, o crescente processo de urbanização regional.
Acervo Dormevilly Nóbrega – Problematizações, técnicas e soluções abordadas ao
longo da triagem
Álvaro Saluan da Cunha (Graduando – UFJF)
Este artigo aborda a constituição histórica e tipológica do Acervo Dormevilly
Nóbrega, seu conteúdo e a metodologia de trabalho empregada ao longo do
processamento técnico do material para a sua conservação e as diversas soluções
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propostas para tanto, com enfoque nos documentos de papel. O artigo foi escrito com
base na minha experiência durante o estágio de capacitação profissional, supervisionada
por profissionais das áreas de Biblioteconomia e Restauração, no próprio acervo,
situado no Museu de Arte Murilo Mendes. Além da experiência obtida no acervo,
utilizei como referência o Dicionário de Acervo Bibliográfico e alguns trechos das
cartas patrimoniais.
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9. CULTURA ASSOCIATIVA E A FORMAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO NO
BRASIL, SÉC. XIX E XX: PROBLEMAS, DESAFIOS E ABORDAGENS –
COORDENADOR(ES): Mateus Fernandes de Oliveira Almeida e David Lacerda
19/11 – TERÇA- FEIRA
Associativismo em Juiz de Fora: artes, ofícios e identidade étnica na primeira
metade do século XX
Amanda de Oliveira Almeida (Graduada – CES-JF)
Este trabalho tem por objetivo analisar o mutualismo em Juiz de Fora e como ele
era articulado pelos agentes envolvidos. Para tanto serão analisadas duas associações de
socorro-mútuo, que são dois modelos de mutuais que se revelaram na primeira metade
do século XX. Apesar de ambas serem oriundas de um mesmo fenômeno social, elas
apresentam particularidades que demandam uma análise diferenciada para cada
momento. Estas associações se cruzam e passam a ser uma única instituição. Com a
fusão entre as duas mutuais, a história de uma passa a ser continuidade da outra. A
Associação Beneficente Irmãos Artistas e a Associação Cultural Beneficente Anita
Garibaldi se unem para manter a tradição da cultura associativa. Foram utilizados vários
tipos de fontes, tanto primárias como também bibliográficas. No arcabouço das fontes
primárias foram utilizados os estatutos das associações em destaque, documentos
diversos como convites e livros de registro, jornais, fotografias e o processo de
tombamento do imóvel que abrigou a sede das duas associações privilegiadas neste
trabalho.
A formação, legitimação e ação do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora/MG
na primeira metade do século XX
Luisa de Mello Correard Pereira (Mestranda – UFJF)
A trajetória dos trabalhadores metalúrgicos se destaca no processo da formação
da classe operária no Brasil, sendo um dos setores principais que conduziram a história
sindical brasileira no século XX. A categoria esteve presente nos principais eventos
políticos e assumiu papel decisivo no movimento operário, sobrevivendo e fortalecendo
sua identidade mesmo nas mais adversas situações político-econômicas.
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Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é estudar a formação do Sindicato dos
Metalúrgicos de Juiz de Fora/MG, com especial atenção para seu processo de
legitimação dentro do contexto do Estado corporativo em construção; e para sua ação
política e social, dentro e/ou fora dos limites impostos pelo sindicalismo corporativo.
Para tanto, o trabalho é feito a partir de pesquisas no Arquivo Histórico do
Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas de Juiz de Fora. Nesse arquivo,
há documentos que remontam à formação do sindicato, e registros de suas atividades até
a década de 90, divididos entre os departamentos Administrativo, Jurídico, Cultural e
Financeiro.
A análise cuidadosa desta valiosa fonte primária, aliada à uma bibliografia
pertinente, nos ajudará a compreender o papel deste sindicato para a formação da
indústria e da sociedade juiz- forana, e também abrir a perspectiva para se compreender
a formação do sindicalismo brasileiro e a importância deste para a construção da
cidadania brasileira.
20/11 – QUARTA-FEIRA
Troca de Saberes nas Associações de Artesãos do Vale Do Jequitinhonha - Minas
Gerais.
Juliana Pereira Ramalho (Doutoranda – UFOP)
O artesanato do Vale do Jequitinhonha tem sido referenciado pela mídia e até
mesmo pelos próprios moradores do Jequitinhonha como uma das manifestações
culturais mais expoentes e características da cultura da região. Porém, todas as
transformações contemporâneas vivenciadas também na região têm ocasionado algumas
transformações no trabalho artesanal no sentido amplo, ou seja, nas diversas etapas que
constituem o que poderíamos chamar de momentos de produção do artesanato. Estes
momentos têm sofrido interferências do contexto de globalização, da modernização com
seus diversos agentes que se inseriram na região, bem como a maneira como os artesãos
passaram a pensar as relações com seu próprio ofício e também com aqueles que fazem
usufruto de suas peças. No entanto, há que se ressaltar também que as modificações são
acompanhadas de um movimento de preservação e de transmissão de certos valores
tradicionais que marcam o fazer artesanal possibilitado especialmente pelas associações
dos artesãos que se encontram espalhadas ao longo do Vale do Jequitinhonha. Este
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AS FACES DE CLIO E OS DESAFIOS DA HISTÓRIA
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trabalho, portanto, visa discutir a importância das associações dos artesãos ceramistas e
entalhadores no processo de transmissão e organização do saber artesanal no Vale do
Jequitinhonha, assim como problematizar os desafios enfrentados por estas
organizações na comunidade local e regional. A pesquisa foi realizada através de
trabalho de campo e de entrevistas com vinte e dois artesãos ceramistas e entalhadores
do alto, baixo e médio Jequitinhonha. Apesar de ficar evidente a fraca credibilidade das
associações locais entre os artesãos, estas ainda se constituem em um lócus essencial no
processo de transmissão, preservação e difusão do saber artesanal enquanto um saber
que caracteriza como tradicional identitário do Vale do Jequitinhonha.
Opinião e espaço público na França e no Brasil: um estudo comparativo
Dievani Lopes Vital (Mestrando – UFJF)
Delimitação do tema: Tanto na derrocada do Ancien Régime na França quanto
na desestruturação do sistema político- imperial no Brasil, a formação e a mobilização
da opinião pública pelos intelectuais marginalizados teve papel precípuo no descrédito
das autoridades tradicionais e na crítica do status quo vigente, possibilitando em cada
contexto a emergência de espaços politizados de crítica e de contestação a partir dos
espaços de sociabilidade já existentes, representados pela imprensa e pelas demais
formas não institucionalizadas de associação.
Objetivos: Busca-se comparar a expansão do espaço público na França de fins
do Setecentos com aquela ocorrida em finais do Império do Brasil. A temática proposta
procura ressaltar o estado de desenvolvimento da imprensa periódica e a expansão das
formas de sociabilidade intelectuais em ambos os países nos períodos mencionados.
Metodologia: São tomadas as considerações elaboradas pelo teórico Jürgen
Habermas para o qual a opinião pública moderna e o “espaço público político”
nasceram da proliferação dos impressos e das formas de sociabilidade do século XVIII.
Os conceitos operatórios de “opinião pública” e de “sociabilidade” tornam-se assim
basilares na análise dos contextos daquelas sociedades, que experimentavam profundas
transformações em suas estruturas políticas.
Revisando a “esfera pública”: Uma proposta de pesquisa a partir da história
conceitual.
Renato de Ulhôa Canto Reis (Graduado – UFJF)
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O conceito de “público” é uma categoria fundamental dentro da linguagem
política. Para François-Xavier Guerra, não se trata apenas de “um qualificativo neutro e
cômodo de um ‘espaço’ ou de uma ‘esfera’ que se opõe sempre, implícita ou
explicitamente, ao campo do privado”, “público” é tanto o sujeito quanto o objeto da
política. Este conceito perpassa diversos períodos históricos e está relacionado aos
aspectos políticos e culturais de uma dada sociedade. Ao mesmo tempo, possui uma
carga semântica plural, cuja historicidade muitas vezes não é levada em conta. Nossa
proposta é realizar um estudo comparado sobre os principais autores que se dedicaram a
pensar a esfera pública a partir de uma perspectiva histórica. Assim, pretendemos
apontar, num primeiro momento, as principais contribuições de dois autores em
especial, Jürgen Habermas e François-Xavier Guerra, procurando explicitar as
principais contribuições de cada um para a discussão sobre a esfera pública. Num
segundo momento, iremos destacar as principais críticas relacionadas a estes autores e
os limites impostos por suas análises, buscando complementar as discussões que
envolvem a definição da concepção de esfera pública a partir de seus comentadores.
Após essa explanação esperamos ser possível propor, num terceiro momento, uma
abordagem para o conceito de “público” que leve em conta a sua articulação
contingente, a sua historicidade, tentando captar através das contribuições da história
dos conceitos a semântica plural e, como aponta Elías J. Palti, essencialmente
incompleta de um sistema conceitual.
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10. POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM FONTES MANUSCRITAS: O
DOCUMENTO HISTÓRICO COMO TESTEMUNHA DO PASSADO –
COORDENADOR(ES): Edriana Aparecida Nolasco e Sirleia Maria Arantes
20/11 – QUARTA-FEIRA
A Realidade dos Quintos: potencialidades e limitações de fontes tributárias das
Minas Gerais sete e oitocentista.
Rodrigo Castro Rezende (Doutor – UFF)
O objetivo do presente artigo é analisar as listas dos Quintos Reais por um viés
das potencialidades e limitações existentes ao se escolher uma metodologia quantitativa.
Neste sentido, estas listas são umas das melhores fontes para o estudo populacional
mineiro do século XVIII. Há uma variedade de informações que podem ser retiradas
dessa documentação: condição social, sexo, alfabetização, títulos honoríficos, posse de
escravos, tamanho da família, entre outros.
Analiso as listas dos Quintos Reais produzidas em dois momentos distintos da
história de Minas Gerais: 1718-1724 e 1804. O primeiro conjunto de listas foi
fomentado com a intenção de tributar a população mineira, através do número de
escravos. Além disso, encontra-se dividida em códices no Arquivo Público Mineiro, em
Belo Horizonte. O segundo teve como escopo a tentativa de se fazer o levantamento da
população mineira, foi confeccionado de forma avulsa e localizado no Arquivo
Nacional, na cidade do Rio de Janeiro. Assim, há uma diferença entre as duas fontes,
pois aquela era tributária, enquanto que essa era censitária.
As fontes de 1718-1724 abarcam regiões mais esparsas de Minas Gerais, sendo
estas: Ribeirão da Onça (Códice 1019), Guarapiranga (Códice 1022), São João del Rei
(Códice 1023), São Bartolomeu (Códice 1025), Itaverava (Códice 1026), Vila do Carmo
(Códice 1027), Vila Rica (Códice 1028), Itatiaia (Códice 1030), Baependi (Códice
1031), Bento Rodrigues e Gama (Códice 1033), Brumado (Códice 1034), Nossa
Senhora da Conceição da Vila do Carmo (Códice 1036), Congonhas e Ouro Branco
(Códice 1037), Pitangui (Códice 1038) e Antônio Dias (Códice 1039).
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AS FACES DE CLIO E OS DESAFIOS DA HISTÓRIA
18 À 22 DE NOVEMBRO DE 2013
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Ao passo que as de 1804 se centralizam na Comarca de Ouro Preto: Abre
Campo, Calambau, Camargos, Catas Altas, Congonhas do Campo, São Gonçalo, Padre
Faria, Água Limpa, Taquaril, Nossa Senhora das Dores, Nazaré, Ouro Preto, Passagem
de Mariana, Pissarrão, Remédios, Santo Antônio da Casa Branca, Santo Antônio de
Itatiaia, São Bartolomeu e São Caetano.
A sede de distinção: os requerimentos de honras e mercês como estratégia de
articulação política.
Helvécio Pinto do Nascimento (Doutor – IFSUDESTEMG)
Tem-se se observado em recentes pesquisas o uso considerável dos
requerimentos de títulos, honras e mercês dos súditos ou cidadãos, dependendo do
período analisado, aos integrantes da dinastia de Bragança como uma forma de entender
o funcionamento da lógica politica e administrativa da Coroa portuguesa ao longo do
século XVIII e também no XIX. Esta fonte permite ainda recuperar as iniciativas dos
requerentes que, não raras vezes, pressionavam a Coroa para terem seus pedidos
deferidos. No contexto separatista os camaristas mineiros selaram um acordo com o
Regente e um dos elementos que permeou esta pactuação foi a “generosidade” de d.
Pedro I em conceder honras e mercês, como uma estratégia de consolidação da sua
liderança política em meio às dificuldades que marcaram as negociações que resultaram
na Independência do Brasil. Assim, o propósito desta comunicação é avaliar o potencial
desta fonte como um importante recurso para a análise do mosaico que compõe o
mundo político.
A Conta do Rendimento da Lavra da Passagem (1796-1817)
Rafael de Freitas e Souza (Doutor – IFSUDESTEMG)
O documento manuscrito objeto de análise trata-se da Conta do Rendimento da
Lavra da Testamentaria do Reverendo Cônego José Botelho Borges e encontra-se
apenso ao seu testamento redigido a 12 de abril de 1788.
A citada Conta traz a escrituração contábil diária da conhecida Mina da
Passagem situada na cidade de Mariana de todas as despesas efetuadas neste
empreendimento entre os anos de 1795 e 1817 como, por exemplo, aquisição de
escravos, medicamentos, vestuário, ferramentas, alimentos, pólvora, madeiras,
pagamentos a feitores, clérigos, carpinteiros e cirurgiões.
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AS FACES DE CLIO E OS DESAFIOS DA HISTÓRIA
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Após a transcrição ipsis literis do documento procedemos à análise dos itens
listados na referida Conta da referida lavra.
Através dos dados fornecidos pelo documento busca-se, especificamente, conhecer a
dinâmica interna de uma típica lavra aurífera no que tange aos recursos humanos e
materiais necessários ao seu pleno funcionamento: instrumentos de trabalho,
alimentação, vestuário de trabalho, doenças ocupacionais, cuidados dispensados aos
escravos mineiros enfermos, ferramentas, rede de fornecedores diversos, dentre outros
aspectos relativos ao mundo do trabalho na mineração aurífera em Minas Gerais no
final do século XVIII e duas primeiras décadas do século seguinte, fase marcada pelo
decréscimo da extração aurífera.
21/11 – QUINTA-FEIRA
A História contada e escrita por quem vive a história.
Claudia Carvalho Gaspar Cimino (Mestranda – UFJF)
Este artigo faz a apresentação do meu projeto de pesquisa, que tem como objeto
de estudo a Cia. Têxtil Ferreira Guimarães, cuja história também fez parte da minha
trajetória de vida e experiência profissional. Busca desenvo lver uma reflexão sobre esta
relação do fazer histórico, levando em conta o tempo presente, a memória e o olhar do
historiador.
Nas reflexões sobre a historiografia contemporânea, as fontes são textos de
diversos autores e historiadores, entre eles, Marc Block, Bartles, Darlton, Halbwachs,
Koselleck, Henry Rousso, Jorn Rusen, Weinhardt e Hayden White. A metodologia
segue a elaboração da análise bibliográfica, levantamento de dados e conceitos,
relacionando-os e confrontando-os na averiguação das linhas de pensamento que se
intercalam nesta construção histórica.
Os debates da historiografia e a evolução do conceito de História ao longo do
tempo demonstram os diferenciados enfoques sobre a definição do ofício, assim como
do termo História, questionamentos estes que ainda são amplamente discutidos até os
dias atuais. A questão da interdisciplinaridade da história, que passou a abranger
assuntos e métodos relacionados a outras áreas, como as ciências sociais, a
antropologia, a psicologia e a literatura, aparece com frequência nessas discussões em
busca de uma nova abordagem para os caminhos da história.
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AS FACES DE CLIO E OS DESAFIOS DA HISTÓRIA
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Assim, o objetivo deste trabalho é tecer algumas considerações sobre o fazer
historiográfico e pensar os desafios da historiografia no século XXI, analisando a escrita
da história e a relação temporal existente com o historiador. Busca relativizar a noção da
história do tempo presente e a cientificidade do ofício do historiador, assim como a
relação entre conceitos de história e memória. Não pretende, contudo, chegar a uma
conclusão sobre o assunto, apenas construir uma interação entre alguns dos textos e
pensamentos de historiadores, almejando poder contribuir de alguma forma para a
reflexão historiográfica atual.
Os registros de batismo e as redes de parentesco espiritual dos livres de cor para
São João del-Rei (1790-1799)
Sirleia Maria Arantes (Doutoranda – UFMG)
Na pesquisa historiográfica pode-se utilizar as fontes eclesiásticas,
particularmente os registros de batismo, para apreender a composição das família s, a sua
dinâmica e o índice de natalidade. Para além, pode-se também analisar as redes de
parentesco espiritual, estabelecidos entre os livres de cor na vila de São João del-Rei.
Uma vez que o parentesco espiritual diferentemente do consanguíneo se configura a
partir de escolhas feitas pelo indivíduo ou por pessoas do seu círculo de vivência,
podendo ocorrer, segundo as Constituições Primeiras do Acerbispado da Bahia, com o
sacramento do batismo e da confirmação. Pensa-se o parentesco a partir do sacramento
do batismo, uma vez que, durante o rito do batismo, há necessidade da presença dos
padrinhos considerados “pais espirituais” dos batizandos. Tal rito fortalece os laços
parentais entre a criança, os pais e os padrinhos. Assim, o parentesco espiritual não se
circunscreve apenas ao âmbito religioso, pois, para boa parte dos estudos que tratam
dessa temática, o ato de apadrinhar reforça os laços de solidariedade, as re lações sociais
e a troca de favores. A rede social é formada pelos laços que unem um grupo de
indivíduos, com ou sem diferenças sociais (BARNES, 1954), ou seja, “um conjunto de
relações interpessoais concretas que vinculam indivíduos a outros indivíduos”
(BARNES, 2010, p. 180). Nessa perspectiva, a análise das redes sociais se torna mais
que meramente uma ferramenta, tornando possível vislumbrar a interação entre as
pessoas, pois, a partir de uma abstração inicial, observa-se “a maior parte possível da
informação sobre a totalidade da vida social da comunidade” (BARNES, 2010, p. 179).
A análise de redes sociais utiliza duas unidades de análise: as ego-networks, em que a
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rede parte de um indivíduo; e as redes sociais totais, com vários ego-networks.
(BARNES, 2010, p. 179), e para isso utiliza-se o software Pajek.
Fontes históricas em análise: O Resgate da História das Famílias e das Cidades
Andréa Christina Silva Panaro Caldas (Mestre – Universidade Salgado de Oliveira)
O presente artigo tem como tema a utilização das fontes históricas para
desvendar enigmas da fundação de cidades e reconstruir histórias das famílias. Seu
objetivo é demonstrar como os arquivos históricos ajudaram a reconstruir a história da
família Vieira de Rezende, consolidadora da fundação de Cataguases – MG, tema da
Dissertação de Mestrado do autor e da cidade de Santo Antônio de Pádua, que teve a
data e o autor de sua fundação mudados a partir da documentação encontrada. Este
artigo realizou um diálogo entre a História Social e do Cotidiano. Porém para poder
responder a certas questões relacionadas a problemática proposta, foi necessário o
intercâmbio com conceitos da História Cultural e Política. Este artigo pautou-se na
metodologia da microanálise com contextualização social.
Para que as questões centrais relacionadas pudessem ser respondidas foi possível contar
com uma grande quantidade de documentação existente tanto em arquivos e coleções
particulares (inventários, cartas, notas fiscais, registro de terras, fotografias, convites,
diários) quanto em arquivos públicos dos municípios da região de Cataguases e Santo
Antônio de Pádua e também no Rio de Janeiro.
Justificações: um olhar sobre o cotidiano
Edriana Aparecida Nolasco (Mestranda – UFSJ)
As fontes cartoriais tem possibilitado ao historiador descortinar realidades que
ilustram o cotidiano no qual o que estava em jogo era a capacidade de estabelecer redes
de sociabilidade firmada nas relações de poder. Entre os documentos cartorários, as
Justificações, ainda “pouco exploradas”, nos fornecem indicativos importantes no que
se referem à luta pelos “direitos” dos agentes envolvidos, e, sobretudo, a preocupação
em proteger e salvaguardar bens e herdeiros.
As razões pelas quais se faziam as Justificações eram inúmeras, portanto elas
não se fecham numa análise específica. Em vista de sua diversidade, abarcam uma série
de situações, tais como dívidas, tutelas, legitimação e reconhecimento de herdeiros,
entre outras. Tais documentos são responsáveis por ratificar dados da vida pessoal de
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testadores e inventariados, bem como de herdeiros, ou seja, de todos os agentes
envolvidos, seja em alguma demanda creditícia ou familiar. Desta forma, as
Justificações contêm em si elementos que fornecem subsídios para pesquisas nas
diversas e principais áreas da história. De modo específico, contribuem sobremaneira
para o desenvolvimento de pesquisas nos estudos sobre a família, a infância, as
mulheres etc.
Assim, nosso objetivo é demonstrar que as justificações são importantes
instrumentos de pesquisa na medida em que auxilia o historiador a perceber
mecanismos pessoais utilizados para a consecução de direitos familiares e sociais. E
ainda, comprovar que tais fontes nos permitem elucidar o cotidiano vivido para além
das instituições de poder manifesta na realidade. Desta forma, estes documentos não
podem ser percebidos apenas como um apêndice nas pesquisas históricas, mas devem
ser considerados como fundamentais no sentido de ratificar hipóteses no
desenvolvimento da pesquisa.
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11. HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA EM PERSPECTIVA –
COORDENADOR(ES): Renata Rufino e Luiz César de Sá Júnior
21/11 – QUINTA-FEIRA
Romantismo e niilismo russo como espaço de compreensão das ideias literárias de
Dostoievski
Jimmy Sudário Cabral (Doutor – UFJF)
O olhar de Dostoiévski para a civilização moderna foi impregnado de um pathos
religioso que o colocou dentro da grande constelação de pensadores românticos do
século XIX. A engenharia social moderna tornou-se um dos alvos de sua agressiva
crítica religiosa, e sabemos que a visita de Dostoiévski a Londres confirmou todos os
seus pressentimentos sobre os horrores da industrialização e do « progresso » ocidental.
A partir da abordagem de duas de suas obras após o exilio na Sibéria, Notas de Inverno
sobre Impressão de Verão e Memórias do Subsolo, demonstraremos como sua obra
traduz uma postura religiosa que reconheceu na « cidade moderna » a casa das novas
ideologias do racionalismo, do materialismo e do utilitarismo, e, neste sentido, seus
escritos manifestaram a tradução de uma forma trágica de cristianismo, que procurou
resistir à desintegração materialista advogada por todo elenco de pensadores herdeiros
da filosofia hegeliana e do utilitarismo racionalista inglês, sintetizados e absorvidos
pelos radicais russos, seus contemporâneos.
História e Literatura na Modernidade de Machado de Assis e Fiódor Dostoiévski
Diego Schaeffer (Mestrando – UFJF)
O presente trabalho busca uma reflexão com base nos autores Fiódor
Dostoiévski e Machado de Assis, e como estes marcam a Modernidade em seus
respectivos países. Focando na afirmação da personalidade e da consciência individuais
e na formação de redes tradicionais de sociabilidade, gerando tensões e incertezas:
aspectos por vezes recusados, porém sempre presentes nesses contextos históricos e
interpretados através dos romances “O Idiota” de Dostoiévski e “Dom Casmurro”, de
Machado.
Destarte, o ponto chave para este trabalho é o diálogo de ambos com a
Modernidade Ocidental na condição de representantes de uma “Modernidade
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Periférica”: buscando então definir o conceito de Modernidade através da obra “Tudo
que é sólido desmancha no ar: A aventura da modernidade”, de Marshall Berman.
O plágio e suas funções na literatura brasileira do século XIX
Jean Bastardis (Doutorando – UFRJ)
No presente trabalho procura-se demonstrar como o plágio literário foi
atualizado pela crítica na construção de uma literatura brasileira fundamentada sobre
argumentos como a inspiração autônoma do autor e a originalidade da produção literária
brasileira. Pautado na discussão da bibliografia referente à história literária brasileira,
essa comunicação procura tornar compreensível o processo de formação discursiva da
literatura brasileira, que se delineou durante boa parte do século XIX, tendo como pano
de fundo a valorização da produção original e autoral de obras literárias.
A literatura, como espaço de ação de indivíduos inspirados, conformou uma
série de regras segundo as quais a originalidade ocupava lugar especial na atribuição
estética dispensada aos produtos culturais. Esse ponto é investigado no recurso à
produção crítica romântica responsável pelos primeiros tratamentos da questão literária
no Brasil. A análise desse material embasa os apontamentos relacionados à
compreensão da obra literária como resultante do trabalho individual inspirado,
procurando compreender como esse argumento atuou na conformação da produção
literária no Brasil.
Outro aspecto daquela definição foi a contraposição entre a produção brasileira e
as demais produções, como a portuguesa e francesa. Apresentam-se algumas reflexões
relativas ao funcionamento desses esquemas de classificação no caso brasileiro,
buscando nos escritos voltados à análise da produção literária do século XIX a chave de
compreensão do contexto de sua definição. Artigos veiculados em periódicos gerais ou
especializados compõem a documentação examinada nesse momento da pesquisa com o
objetivo de direcionar as reflexões que a estruturam. Nesse percurso, algumas
ocorrências de plágio mais atuais serão evocadas para demonstrar características
importantes para a análise dessa prática que é, muitas vezes, classificada como crime.
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Por uma história literária mais crítica: revisitando a obra de Wilson Martins
Renata Rufino da Silva (Doutoranda – UFRJ)
Esse trabalho se propõe a fazer uma breve leitura da contribuição de Wilson
Martins para a historiografia e crítica literárias. Mais conhecido por suas críticas de
rodapé em periódicos de grande circulação, como O Estado de São Paulo, e tendo sido,
em geral, pouco estudado nos cursos de Letras, a história literária de Martins se difere
da maior parte dos manuais de historiografia literária brasileira, pois, entre outras
coisas, defende uma aproximação com a crítica, o privilégio de critérios estéticos para
sua construção como também refuta a “tirania cronológica”. Martins estabeleceu
igualmente uma visão particular sobre um movimento chave da história cultural
brasileira, o modernismo, assim como acreditava que Monteiro Lobato deveria ter sido,
“em perspectivas ideias”, o “chefe natural” desse movimento. No que se refere à crítica,
Martins envolveu-se em diversas querelas, especialmente com Afrânio Coutinho, pela
sua defesa da prática do rodapé e crítica aos ensaios de cunho mais acadêmico.
O Centauro no jardim: a condição judaica expressa na obra de Moacyr Scliar
através do hibridismo da figura mitológica
Raíssa Varandas Galvão (Mestranda – UFJF)
O trabalho em questão analisa o livro “O Centauro no Jardim”, de Moacyr
Scliar, enquanto pertencente a uma tradição da literatura judaica, no qual Scliar procura
analisar o posicionamento do judeu perante a questão da sua própria identidade,
refletindo a respeito do modo como ele se vê e se sente na situação de exílio. Como
filho de imigrantes judeus, é possível inferir que o escritor sentia-se marcado pela
memória legada de seus pais, herdeiro de uma condição que lhe foi transmitida através
das gerações e da qual não conseguiu fugir, encontrando na escrita a forma de pensar tal
herança.
O protagonista da obra, ao ser apresentado como um centauro, é interpretado
como metáfora para a condição do judeu enquanto sujeito da diáspora. Assim como o
centauro possui uma natureza híbrida (metade humano e metade cavalo) o judeu
apresenta uma identidade divida entre sua judeidade e a cultura assimilada do país de
exílio. Como suporte para a análise do centauro de Scliar enquanto metáfora foram
utilizados o livro “O Homem Desenraizado” de Tzvetan Todorov, no qual o autor
disserta sobre sua experiência como exilado na França, rea lizando uma reflexão sobre a
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sua condição de pertencer a duas culturas e duas sociedades ao mesmo tempo e a obra
“Bodenlos- uma autobiografia filosófica”, de Vilém Flusser, no qual o filósofo defende
a ideia do exilado como um “homem sem fundamento”, como “heimatlos”, palavra
normalmente dirigida de modo pejorativo aos judeus e que expressa o indivíduo que não
tem nacionalidade, apátrida, logo, sem raízes, mas que para Flusser assume um caráter
positivo, uma vez que, nessa situação, o homem liberta-se da pátria, dessacralizando-a e
possibilitando uma ação criadora.
Morte do inimigo, vida da ficção: sobre “HhHH”
Luiz César de Sá Júnior (Doutorando – UFRJ)
É hoje predominante a perspectiva de que a literatura contemporânea – e
particularmente aquela interessada por reconstituições históricas – passa por um
processo de repactuação, detectado na formulação de novas poéticas e de um novo
quadro de negociação entre autor e leitor. Tem-se exercido crítica feroz contra
dispositivos expressivos banalizados, como a visão panorâmica do narrador legada pelas
literaturas do século XIX, ao mesmo tempo em que o engajamento do autor com os
temas de sua predileção são cada vez mais exibidos na própria trama dos exercícios de
ficção, numa modalidade que resgata a retórica da posição banalizada a que foi
confinada desde ao menos o século passado. Gostaria de me reportar a esses
movimentos sobretudo por meio da leitura de HhHH (“Himmlers Hirn heißt
Heydrich”), romance de Laurent Binet que trata da Operação Antropoide, missão
concebida nos anos 1940 para assassinar Reinhard Heydrich, oficial nazista conhecido
como “o carrasco de Praga”.