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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS-PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA MONOGRAFIA Ensaios Preliminares para Validação do Método Famacha em Condições de Semi-Árido Paraibano Gustavo Beserra Solano 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS-PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

Ensaios Preliminares para Validação do Método Famacha em Condições de Semi-Árido Paraibano

Gustavo Beserra Solano

2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS-PB

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

Ensaios Preliminares para Validação do Método Famacha em Condições de Semi-Árido Paraibano

Gustavo Beserra Solano Graduando

Prof. Maurício Machado de Araújo

Patos Março de 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS-PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Gustavo Beserra Solano Graduando

Monografia submetida ao curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário. ENTREGUE EM _____/_____ /_____ MÉDIA:_______ BANCA EXAMINADORA

__________________________________ _______ Prof. Maurício Machado de Araújo NOTA

__________________________________ _______ Profª DSc. Ana Célia Rodrigues Athayde NOTA

__________________________________ _______ Prof. DSc. Wilson Wolflan Silva NOTA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS-PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Gustavo Beserra Solano Graduando

Monografia submetida ao curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário. APROVADO EM ____ /____ /____ EXAMINADORES:

Prof. Maurício Machado de Araújo

Profª. DSc. Ana Célia Rodrigues Athayde

Prof. DSc. Wilson Wolflan Silva

5

AGRADECIMENTOS

Cheguei ao final de uma árdua batalha, onde pude vivenciar o sabor de

experiências: lutas e trabalhos, vitórias e fracassos, alegrias e tristezas, mas desejo

expressar o meu carinho com os que merecem também, a alegria do momento.

� A Deus, pelo dom da vida, e por ter me concedido tudo que tenho até hoje, bem

como ter iluminado o meu caminho durante minha jornada estudantil;

� A meus pais e irmãos, que através de palavras, não consigo transmitir o carinho e a

compreensão que recebi de vocês durante os momentos difíceis desta jornada, pois foram

vários os obstáculos. Mas vocês estavam sempre ao meu lado, fortalecendo-me e lutando

em busca de meus ideais, por isso a vocês dedico não só esta conquista, mais o que sou,

com a mais profunda admiração e respeito;

� A minha esposa Fayruse, que no meio desta caminhada entrou em minha existência,

me apoiando em todos os aspectos, especialmente partilhando do seu carinho e amor;

� Aos meus colegas e amigos, merecendo todo ápice aos eternos companheiros de

república: Keison (cabeção), Jocineisson (neissin), Mateus (faísca), Diego (fumaça), Ítalo

(zé da xanha), Fabiano (krrego), George (bocão), Flávio (urso), João (banana), Érisson

(detefon), Saulo (buxudo) e Pirajá Neto (pira) que compartilharam comigo, sorrindo nos

momentos felizes, compreendendo-me nas minhas incompreensões e teimosias, assim

como o apoio nos anos de estudos e expectativas do cotidiano acadêmico, social e familiar.

A vocês o meu sincero obrigado e meu abraço, pelo reconhecimento de suas contribuições

no meu sucesso;

� Aos professores e funcionários, dando ênfase maior ao prof. Maurício (orientador)

e profª. Dsc. Ana Célia (co-orientadora) pela orientação para êxito desta monografia, como

também ao prof. Wolflan por participar da banca examinadora;

� Merecem destaque também, meus companheiros acadêmicos: Vinícius, Thaís e

Werlaneide, que não mediram esforços para me ajudar no processo de aprendizagem

monográfico, totalizando uma somatória de grande relevância;

� Por fim, a todos vocês familiares e amigos, que direto ou indiretamente

contribuíram para colocarem em minhas mãos, as ferramentas com as quais abri meus

horizontes rumo à satisfação plena de meus ideais profissionais e humanos, o meu

reconhecimento e admiração. Obrigado!

6

SUMÁRIO

Pág.

RESUMO.................................................................................................................... 9

ABSTRACT................................................................................................................ 10

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 11

2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 13

2.1 Panorama Mundial e Nacional das Helmintoses gastrintestinais................ 13

2.2 Impacto econômico causado pelas parasitoses.............................................. 14

2.3 Aspectos clínicos das principais infecções parasitárias dos caprinos.......... 14

2.4 Principais tratamentos contra parasitas gastrintestinais............................. 16

2.5 Método Famacha.............................................................................................. 17

3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 20

3.1 Caracterização da área.................................................................................... 20

3.2 Animais utilizados............................................................................................ 20

3.3 Local de realização do experimento e período de execução......................... 21

3.4 Exames realizados............................................................................................ 21

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................... 23

5. CONCLUSÕES..................................................................................................... 26

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 27

7. ANEXOS................................................................................................................ 33

7

LISTA DE FIGURAS

Pag.

Figura 1: Anemia em ovinos de acordo com a coloração da mucosa conjuntiva ocular e volume globular (VG) pelo método do microhematócrito (Fonte: VIEIRA et al., 2006)...............................................................

18

Figura 2: Cartão de análise para o método Famacha (Fonte: MALAN & VAN WYK, 1992)........................................................................................

19

Figura 3: Animais utilizados no experimento, da fazenda Nupeárido, UFCG-CSTR, Campus de Patos-PB (Fonte: Laboratório de Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos, DPAD)....................................

20

Figura 4: Coleta de fezes......................................................................................

22

Figura 5: Coleta de sangue...................................................................................

22

Figura 6: Realização do OPG (Fonte: Gordon & Whitlock, 1939)......................

22

Figura 7: Leitura de hematócrito (Fonte: Matos & Matos, 1988)........................

22

Figura 8: Exame da mucosa ocular, de acordo com o método Famacha (Fonte: Malan & Van Wyk, 1992)....................................................................

22

8

LISTA DE TABELAS

Pág. Tabela 1: Número de ovos por grama de fezes (OPG), grau Famacha estimado

e percentual médio de hematócrito em cabras da raça Moxotó no Semi-Árido paraibano no mês de janeiro.............................................

23

Tabela 2: Número de ovos por grama de fezes (OPG), grau Famacha estimado e percentual médio de hematócrito em cabras da raça Moxotó no Semi-Árido paraibano no mês de fevereiro.........................................

23

Tabela 3: Número de ovos por grama de fezes (OPG), grau Famacha estimado e percentual médio de hematócrito em cabras da raça Moxotó no Semi-Árido paraibano no mês de março..............................................

24

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RESUMO

SOLANO. GUSTAVO BESERRA. Ensaios Preliminares para Validação do Método Famacha em Condições de Semi-Árido Paraibano. Patos, UFCG. 2008, 35p. (Monografia submetida ao Curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário). As helmintoses gastrintestinais se constituem no principal fator limitante para a produção de caprinos em todo o mundo, especialmente nas regiões tropicais, onde os prejuízos econômicos são mais acentuados. O objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização do método Famacha como estratégia auxiliar no controle de parasitas em caprinos do semi-árido paraibano. Além do acompanhamento clínico foram determinados valores do Hematócrito e OPG, para avaliar a relação existente entre os exames. Foram utilizadas 30 cabras da raça moxotó avaliadas mensalmente por um período de 90 dias. As cabras que apresentaram mucosa de grau Famacha 3, não necessitariam serem vermifugadas diante dos dados apresentados pelo OPG e Hematócrito. O método Famacha, embora também indicado para uso em caprinos, requer pequenas adaptações para sua melhor aplicabilidade. Palavras-Chave: Hematócrito, OPG, pasto, caprinocultura.

10

ABSTRACT

SOLANO. GUSTAVO BESERRA. Preliminary Essays to the Validation of Famacha Method in Semi-Arid Paraibano Conditions. Patos, UFCG. 2008, 35p. (Monograph submitted to Veterinary Medicine course as partial requirement for obtaining Veterinarian degree). The gastrintestinal helmintiases occupy prominence place among the factors that limit the farming goat in the entire world, specially on tropical regions, where the economical losses are more accentuated. The objective of this work was evaluate the utilization of Famacha method as an auxiliary strategy on the control of parasites in goats in semi-arid paraibano. Moreover the clinical assistance, values of Hematocrit and OPG were determinate to evaluate the relation between the exams. They were used 30 moxotó female goats monthly evaluated for 90 days. The female goats that presented degree 3 of mucous in accordance Famacha method, do not need be vermifuge in accordance with the Hematocrit and OPG values. The Famacha method, although too indicated for use in goats, needs little adaptation to be best administered. Key-words: Hematocrit, OPG, helmintiases, farming goat.

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1. INTRODUÇÃO

A espécie caprina encontra-se difundida por todo o mundo, exceto nas regiões

polares, contabilizando aproximadamente 743,3 milhões de animais segundo dados do

FAOSTAT (2005), com os rebanhos distribuídos principalmente, nas regiões tropicais e

áridas.

O Brasil, segundo dados do ANUALPEC (2005), possui um rebanho caprino

estimado em aproximadamente 9.593,798 cabeças, sendo que o Nordeste concentra um

efetivo de 7.417,960 (93%). A Caprinocultura nesta região do país assume um papel

relevante na sua economia por apresentar o maior rebanho e por ser uma atividade

sustentável devido ao aproveitamento dos seus produtos e subprodutos. Para o homem

rural, principalmente a população de baixa renda, a carne caprina é a principal fonte de

proteína animal.

Não se detendo apenas na demanda do consumidor por carnes com qualidades

organolépticas melhores, uma grande preocupação está em obter carne isenta, ou com o

mínimo possível de resíduos de produtos químicos (VIEIRA et al., 2005; JACKSON et al.,

1992 e WALLER et al., 1995). Herd (1996) adverte que os produtos de origem animal

podem conter resíduos de compostos químicos que foram administrados aos animais, além

de contaminarem o solo ao serem eliminados com as excreções dos animais.

Entre os parasitas que infectam pequenos ruminantes estão os pertencentes às

classes Nematoda, Cestoda e Trematoda (COSTA et al., 1986). Os principais gêneros

parasitas de caprinos são: Haemonchus, Trichostrongylus, Strongyloides, Moniezia,

Cooperia, Oesophagostomum, Skrjabinema, Trichuris e Cysticercus (COSTA et al.,1987;

FORTES, 1997).

Os fatores ambientais têm grande influência sobre a composição e a regulação da

população parasitária (STROMBERG, 1997), principalmente sobre estádios larvares no

pasto, inclusive sobre a predominância de uma ou mais espécies em determinadas regiões

(BEVERIDGE et al.,1989). Em países de clima tropical a temperatura e a umidade são

consideradas os mais importantes fatores responsáveis pelo desenvolvimento de ovos e

larvas no ambiente (VALCARCEL et al.,1999).

Infecções por nematóides gastrintestinais em caprinos têm sido investigado em

diferentes regiões do mundo (MILLER et al., 1998), porém, poucos estudos de

astrintestinais de caprinos no semi-árido paraibano têm sido realizados (SILVA et

12

epidemiologia de nematóides gastrintestinais de caprinos no semi-árido paraibano têm sido

realizados (SILVA et al., 1998).

Em virtude da disseminação de populações de endoparasitos resistentes aos anti-

helmínticos (MELO et al., 1998), surgiu um novo enfoque de controle da verminose,

através do método “famacha”, que consiste em vermifugar o menor número de animais o

possível e com menor freqüência.

Este método baseia-se no princípio da relação existente entre a coloração da

mucosa conjuntiva ocular e os valores do hematócrito (grau de anemia), permitindo

identificar os animais capazes de suportar uma infecção por Haemonchus contortus (VAN

WYK et al.,1997). São medicados apenas os animais que apresentam sintomas clínicos

acentuados de verminose, deixando sem tratamento aqueles que não apresentam anemia

clínica. Desta forma, persistirá no meio ambiente uma população sensível aos anti-

helmínticos, ou seja, que não sendo exposta ao tratamento anti-helmíntico, não sofrerá

pressão de seleção.

Entretanto, a limitação do método “famacha” é com a sua aplicabilidade, uma vez

que se adapta apenas para animais infectados com nematódeos hematófagos, como é o caso

do Haemonchus contortus.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização do método Famacha como

estratégia auxiliar no controle do parasitas hematófagos em cabras criadas em regime semi-

extensivo, naturalmente infectadas, do semi-árido paraibano. Além do acompanhamento

clínico, foram determinados valores de hematócrito e ovos por grama de fezes (OPG).

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Panorama Mundial e Nacional das Helmintoses gastrintestinais

A administração de sub-dosagens, a persistência da utilização de anti-helmínticos

com o mesmo princípio químico, o momento errado da everminação e a falta de medidas

adequadas de manejo, ocorrem por deficiência de informações técnicas adequadas e que

sejam disponibilizadas aos pecuaristas; o que tem contribuído para um rápido

desenvolvimento da resistência anti-helmíntica (RODRIGUES, 2005).

Segundo estudos da FAO (2003), 55% dos países membros da Organização

Internacional de Epizootias (OIE) admitem ter problemas de resistência de endo e

ectoparasitos pelos nematóides em ruminantes; 22% destes países apresentam duas ou mais

espécies de parasitos com resistência.

O Brasil possui grande extensão territorial, oferece ótimas condições para a criação

de caprinos e está colocado entre os dez países possuidores dos maiores rebanhos dessa

espécie no mundo (CASTRO, 1984), apesar dos problemas com manejo zootécnico,

sanitário e condições climáticas que favorecem o desenvolvimento de diferentes

parasitoses (SANTOS et al., 1994; CASTRO et al., 1984).

Em levantamento realizado com caprinos da região serrana do estado do Rio de

Janeiro verificou-se maior prevalência de helmintos do gênero Haemonchus (96,43%),

seguido por Cooperia (84,30%), Strongylóides (53,33%) e Trichostrongylus (18,10%),

sendo a maior concentração desses quatro gêneros observada na faixa etária de 12 meses

(BOMFIM & LOPES, 1994).

Os principais gêneros de helmintos parasitos de caprinos e ovinos na região

semiárida da Paraíba são: Haemonchus, Trichostrongylus, Strogylóides, Moniezia,

Cooperia, Oesophagostomum, Skjabinema, Trichuris e Cisticercus (SANTOS et al., 1994;

ATHAYDE et al., 1996). Surtos epizoóticos de Haemoncose e Estrongiloidose caprina no

semi-árido paraibano vêm aumentando os índices de morbidade e mortalidade do efetivo

caprino (ATHAYDE et al., 1996).

Costa et al., (1983), registram que cabras apresentavam contagens de ovos de

nematóides gastrintestinais aumentados três semanas antes do parto e uma semana após a

parição. Do ponto de vista qualitativo, a cabra abriga helmintos que são igualmente

encontrados em outros ruminantes, em especial nos ovinos (KERBOEUF, 1989).

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Embora os anti-helmínticos sejam utilizados em todas as espécies domésticas, o

maior mercado é certamente o de ruminantes, aonde as cifras chegam a milhões

anualmente numa tentativa de reduzir os efeitos do parasitismo (URQUHART, 1998).

2.2 Impacto econômico causado pelas parasitoses

As parasitoses são destaques entre os que limitam a produção caprina, sendo

responsabilizadas por elevadas perdas econômicas, devido à redução no consumo de

alimentos, perda de peso, crescimento retardado, baixa fertilidade, queda na produção de

leite e nos casos de infecções maciças, mortalidade acentuada (VIEIRA et al., 1991).

Os benefícios da utilização de medicamentos antiparasitários estão intimamente

ligados à contabilidade de uma propriedade. Quando esta tecnologia é utilizada de maneira

correta, fundamentada em conceitos epidemiológicos, todos os envolvidos da cadeia

produtiva ganham em produtividade, qualidade e lucratividade (ECHEVARRIA et al.,

1999; VIEIRA & CAVALCANTE, 1999). Pesquisadores alertam que se continuar com a

utilização de fármacos de forma não criteriosa, muito em breve terminarão completamente

as fontes de controle químico causando significativo prejuízo para produtores que

dependem desta atividade (VAN WYK et al., 1997; MOLENTO & PRICHARD, 1999).

2.3 Aspectos clínicos das principais infecções parasitárias dos caprinos

Santos et al., (1994) desenvolveram trabalhos no Núcleo de Pesquisas para o

Desenvolvimento do Trópico do Semi-árido/ UFCG e através de freqüência mensal da

fauna de helmintos pela técnica de Skerman & Hillard (1996), relacionada com os fatores

climáticos, da região semi-árida paraibana concluíram que o Haemonchus contortus foi o

parasita mais prevalente do abomaso, o Strongyloides papilosus e Cooperia curticei do

intestino delgado, Oesophagostomum columbianum e o Tricuris globulosa do intestino

grosso.

O parasitismo se apresenta como a causa primária de redução do potencial

produtivo do animal, porem torna-se difícil estabelecer o real valor do prejuízo gerado,

especialmente quando em infecções sub-clínicas. As infecções parasitárias podem afetar a

ingestão alimentar, a digestibilidade e mais uma variedade de processos fisiológicos que se

manifestam de várias formas (MCLEOD, 1995).

15

Nos casos hiperagudos de haemoncose caprina ocorre morte súbita por gastrite

hemorrágica. A forma agúda desenvolve edema, dos quais ocorrem com mais freqüência a

forma submandibular e ascite. Aparecendo também sinais de letargia, fezes escuras e

anemia (FREITAS, 1997). Esta anemia é decorrente dos hábitos alimentares (hematófagos)

desses parasitas e da inoculação de substância anticoagulante no local onde se fixam,

provocando grandes perdas de sangue, maiores do que a quantidade ingerida pelo verme

(FORTES, 1993). A haemoncose crônica se associa com a perda de peso e fraqueza não

observando os sinais de anemia ou edema.

O haemonchus é considerado um dos parasitas mais patogênicos, por ocasionar

morte súbita de animais, mesmo sem sintomatologia e ocorre durante todo o ano

(MATTOS et al., 1999).

Nas estrongiloidoses os sinais se evidenciam através de perturbações

gastrintestinais, broncopulmonares e cutâneas (FORTES, 1993). As cutâneas, na maioria

das vezes, passam despercebidas e se apresentam como uma dermatite devido à irritação

provocada pela penetração das larvas (FORTES, 1993). As perturbações

broncopulmonares, em conseqüência da migração das larvas pelos pulmões, são pouco

evidentes e desaparecem em poucos dias. As desordens gastrintestinais são as mais

evidentes, comuns e graves. O quadro de sinais decorre da grande infecção e apresenta

febre, cólica intestinal, diarréia, timpanismo e, às vezes disenteria mucosangüinolenta

(FORTES, 1993).

Como geralmente ocorrem infecções mistas é impossível conhecer os sinais

provocados pelo Trichostrongylus, com exceção quando são realizados experimentos com

infecções puras. Os animais parasitados sofrem perda de apetite e peso, emagrecimento,

diarréia e não raramente, em infecções maciças, morte. Pequenos números de larvas não

causam sinais aparentes (FORTES, 1993).

Os sinais clínicos mais comuns decorrentes de parasitas do gênero Cooperia são a

diarréia, anorexia e enterite. A necropsia revela inflamação catarral do duodeno com

exsudato fibrinoso necrótico, hemorragias e espessamento da parede intestinal (FORTES,

1993).

No gênero Trichuris, suas infecções leves passam despercebidas. Nas infecções

elevadas ocorrem anemia e baixa de hemoglobina. Vômito, diarréia persistente, fezes com

catarro sanguinolento e emagrecimento são observados (FORTES, 1993).

16

Diarréia, fezes com pus, sangue, perda de peso e emagrecimento são os sinais

clínicos observados do gênero Oesophagostomum. As formas adultas são responsáveis por

efeitos mais leves que as larvas. Em infecções maciças, observa-se anemia devido à

diminuição de eritrócitos. Há uma acentuada eosinofilia (FORTES, 1993).

2.4 Principais tratamentos contra parasitas gastrintestinais

Embora os anti-helmínticos sejam utilizados em todas as espécies domésticas, o

maior mercado é certamente o de ruminantes, no qual são gastos milhões numa tentativa de

reduzir os efeitos do parasitismo. Os principais grupos de anti-helmínticos atualmente em

uso contra nematóides, trematóides e cestóides são os: imidazotiazóis, tetraidropirimidinas,

benzimidazóis, pró-benzimidazóis, avermectinas, milbemicinas, organofosforados,

salicianilidas e fenóis substituídos, usados terapeuticamente ou profilaticamente de acordo

com a ocorrência da doença e com os tipos de parasitas presentes (URQUHART et al.,

1998).

Considerando a resistência aos anti-helmínticos as descrições na literatura são mais

numerosas para ovinos e caprinos, onde se observa até a resistência simultânea entre

classes de drogas (COLES, 1997; VAN WYK et al., 1997).

O processo de desenvolvimento da resistência pode ser rápido, haja vista o registro

feito por Shoop (1993), com a ocorrência de resistência a ivermectina em apenas cinco

anos após a sua introdução na África do Sul.

Na tentativa de minimizar o problema parasitário vêm sendo conduzidos vários

controles integrados, dentre eles o uso de fitoterápicos com efeitos anti-helmínticos

(HERD, 1996 e VIEIRA, 2005) o ultimo autor também se refere ao uso de homeopáticos e

de controle biológico através de fungos predadores das fases pré-parasitárias.

A fitoterapia surge como alternativa para aumentar os lucros da criação, reduzindo

o uso de anti-helmintos convencionais (VIEIRA, 1999). A validade científica dos

fitoterápicos é uma etapa inicial obrigatória para a utilização correta de plantas medicinais

ou de seus compostos ativos. Os testes in vitro permitem uma avaliação da existência de

propriedades anti-helmínticas nos extratos vegetais, constituindo, desta maneira, uma etapa

preliminar à caracterização dos possíveis compostos ativos presentes nos vegetais,

possibilitando a criação de novas alternativas para o controle das parasitoses (COSTA et

al., 2002).

17

A vulnerabilidade dos produtos químicos diante da capacidade de sobrevivência

dos parasitas faz com que eles tenham tempo de uso pré-determinado. No entanto,

acredita-se que a aplicação de extratos vegetais possa causar um desenvolvimento bem

mais lento da resistência, além de normalmente atingir somente espécies alvo, serem

biodegradáveis, não causarem a poluição ambiental e diminuírem drasticamente o

problema dos resíduos. Muitas pesquisas têm buscado desenvolver produtos baseados em

substâncias naturais, que tenham a capacidade de interferir nos processos biológicos dos

parasitas, como reguladores de crescimentos e também no comportamento alimentar

(CHAGAS, 2004).

2.5 Método Famacha

Embora existam vários métodos laboratoriais e clínicos para diagnóstico

parasitário, muito destes são de baixa precisão. O teste mais aplicado, porém com

significativa margem de variação é o que determina a quantidade de ovos por grama de

fezes (OPG), realizado antes e/ou após o tratamento. Os testes de migração, eclodibilidade

e desenvolvimento de larvas, hematócrito e as técnicas sorológicas (pepsinogênio, gastrina,

anticorpos anti-parasitos) devem ser utilizados sob condições laboratoriais, sabendo-se

também de suas limitações.

Entretanto, existe uma forma de se avaliar um animal/rebanho por meio de

informações que correlacionam dados clínico-laboratoriais. Malan & Van Wyk (1992)

observaram a correlação entre a coloração da conjuntiva ocular, o valor do hematócrito e a

incidência do parasita hematófago, Haemonchus contortus. Estas colorações foram

preestabelecidas com auxílio de computação gráfica, representando cinco graus de anemia,

incluindo pequenas variações para cada grau, de confiabilidade superior a 95%.

Foi então que surgiu o método Famacha, com o propósito de vermifugar o menor

número de animais o possível e com menor freqüência, devido à alta disseminação de

populações de endoparasitos resistentes aos anti-helmínticos (MELO et al., 1998). Este

método identifica clinicamente animais resistentes, resilientes e sensíveis às infecções

parasitárias, otimizando o tratamento de forma seletiva em situações reais no campo, sem a

necessidade de recursos laboratoriais.

Usando-se a metodologia Famacha serão medicados apenas os animais que

apresentarem sintomas clínicos acentuados de verminose, deixando sem tratamento aqueles

18

que não apresentarem anemia clínica. Desta forma, persistirá no meio ambiente uma

população sensível aos anti-helmínticos, ou seja, que não sendo exposta ao tratamento anti-

helmíntico, não sofrerá, portanto, pressão de seleção. Além de acarretar uma menor

pressão de seleção, retardando aparecimento de resistência anti-helmíntica, o método reduz

os custos com aquisição de anti-helmínticos, bem como a contaminação por resíduos

químicos no meio ambiente e nos alimentos de origem animal (MELO et al., 1998).

O exame é feito comparando-se as diferentes tonalidades da mucosa conjuntiva

ocular com as existentes em um cartão guia ilustrativo (figura 2), que auxilia na

determinação do grau de anemia dos animais. Com base nesse exame, deverão ser

vermifugados apenas os animais que apresentam anemia clínica por verminose (graus

Famacha 3, 4 e 5), ficando sem receber medicação aqueles que não mostram sintomas

clínicos, isto é, os que forem classificados nos graus 1 e 2 (figura 1).

CATEGORIAS COLORAÇÃO DA CONJUNIVA* HEMATÓCRITO (%) CONDUTA CLÍNICA**

1 Vermelho robusto 30 Não vermifugar

2 Vermelho rosado 25 Não vermifugar 3 Rosa 20 Vermifugar 4 Rosa pálido 15 Vermifugar 5 Branco 10 Vermifugar

Figura 1: Anemia em ovinos de acordo com a coloração da mucosa conjuntiva ocular e volume globular (VG) pelo método do microhematócrito (Fonte: VIEIRA et al., 2006); * O avaliador deve ser treinado para estimar corretamente a coloração e evitar a divergência de interpretação no momento do exame clínico; ** A indicação do tratamento antiparasitário no cartão é baseada unicamente na coloração da conjuntiva.

19

Figura 2: Cartão de análise para o método Famacha (Fonte: MALAN & VAN WYK, 1992). Bath & Van Wyk (2001) utilizaram o método Famacha durante o período de 1998 a

1999 avaliando 10 rebanhos em diferentes regiões da África do Sul. Estes autores

observaram uma redução entre 38 e 96%, com média de 58,4% na utilização e nos custos

com dosificações. No Brasil, dados preliminares revelaram que, após a utilização deste

método durante um período de 120 dias (março a junho de 2000), foi possível reduzir em

79,5% as aplicações com medicação antiparasitária em ovinos (MOLENTO & DANTAS,

2001).

Outra vantagem é que o sistema de identificação dos animais a serem vermifugados

é simples, pouco oneroso e fácil de ser transmitido, inclusive para pessoas com baixo nível

de escolaridade. Entretanto, a limitação do método “famacha” é com a sua aplicabilidade,

uma vez que se adapta apenas para animais infectados com nematódeos hematófagos,

como é o caso do Haemonchus contortus.

20

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Caracterização da área

A pesquisa foi realizada no Núcleo de Pesquisa para o Trópico Semi-árido

(NUPEÁRIDO) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), situada no

município de Patos - PB a 07° 0’ 25’’ de latitude sul e 37° 16’ 41’’ de longitude oeste, a

uma altitude de 242 metros. A região apresenta um clima semi-árido, com uma estação

chuvosa de janeiro a maio, onde ocorre mais de 90% das chuvas e uma estação seca. A

temperatura média anual é de 30,6°C (mínima de 28,7°C e máxima de 32,5°C), havendo

pouca variação durante o ano. A vegetação é predominantemente arbustiva composta pelas

espécies Jurema (Mimosa nigra), Mandacaru (Cereus iamacaru) e Cactáceos como o

Xiquexique (Palocereus gounelli) e o Facheiro (Pilosocereus glacensis).

3.2 Animais utilizados

Foram utilizadas 30 cabras da raça Moxotó (figura 3), com idade média de doze

meses, criadas em sistema semi-extensivo, alimentadas com pastagem nativa e mistura

mineral, naturalmente infectadas por nematóides gastrintestinais. Não receberam qualquer

medicação anti-helmíntica há pelo menos seis meses antes do experimento. Os animais

escolhidos foram marcados com brincos e/ou colares numerados para sua identificação.

Figura 3: Animais utilizados no experimento, da fazenda Nupeárido, UFCG-CSTR, Campus de Patos-PB (Fonte: Laboratório de Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos, DPAD).

21

3.3 Local de realização do experimento e o período de execução

As análises de Ovos por Grama de Fezes (OPG) foram realizadas no Laboratório

de Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos (DPAD). O Hematócrito foi realizado no

laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário. Estes dois laboratórios pertencem

a Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária (UAMV) do Centro de Saúde e Tecnologia

Rural (CSTR) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). O período de

execução da pesquisa foi de 02 de janeiro a 31 de março de 2008.

3.4 Exames realizados

O presente trabalho é parte de um estudo preliminar a cerca da Validação do

Método Famacha em condições de semi-árido paraibano. Os exames se concentraram no

trimestre úmido (Janeiro, Fevereiro e Março), em três dias (D0: 14/01/08, D30: 15/02/08 e

D60: 15/03/08) com intervalo de trinta dias a cada observação.

Foram coletadas amostras de fezes às 6:00hs. As coletas de sangue foram realizadas

às 6:00, 12:00 e 18:00hs por dia, de acordo com a metodologia descrita por MATOS &

MATOS, 1988. O método Famacha (figura 8), foi utilizado os três dias e em todos os

horários da coleta de sangue. As coletas e análises foram realizadas em todas as cabras.

O método Famacha se deu pela inspeção da conjuntiva dos animais, realizado

através da comparação de diferentes tonalidades, de vermelho-robusto até o branco pálido

da conjuntiva, representada com os números de 1 a 5 e comparados com o cartão guia

desenvolvido para utilização no campo (figura 2). A indicação de tratamento pelo cartão é

baseada unicamente na coloração da conjuntiva e quanto maior o grau Famacha maior a

urgência do tratamento.

As fezes, coletadas diretamente da ampola retal (figura 4), foram acondicionadas

em sacos plásticos estéreis, identificados e encaminhados ao laboratório de Doenças

Parasitárias dos Animais Domésticos do DMV/CSTR para a determinação do número de

ovos por grama de fezes - OPG (figura 6), segundo GORDON & WHITLOCK (1939).

As amostras de sangue foram colhidas da veia jugular externa (figura 5), por meio

de tubos BD Vacutainer (Becton & Dickinson, Reino Unido) com anticoagulante (EDTA).

Após a colheita, os tubos foram enviados ao laboratório para a determinação do percentual

de hematócrito - volume globular (figura 7).

22

Figura 4: Coleta de fezes.

Figura 5: Coleta de sangue.

Figura 6: Realização do OPG (Fonte: G Gordon & Whitlock, 1939).

Figura 7: Leitura do hematócrito (Fonte: - Matos & Matos, 1988).

Figura 8: Exame da mucosa ocular, de acordo com o Método Famacha (Fonte: Malan & Van Wyk, 1992).

23

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As seqüências de avaliações clínicas demonstraram o grau de sanidade dos caprinos

através da coloração da conjuntiva ocular, comparando-se com o OPG e o Hematócrito,

que pode ser visto nas tabelas 1, 2 e 3. Este acompanhamento nos permite obter

informações importantes quanto ao período de maior infestação parasitária no decorrer do

experimento. Ao determinar criteriosamente a inclusão dos animais em categorias

diferenciadas, auxiliou na definição de quais animais necessitariam serem vermifugados ou

não.

Tabela 1: Número de ovos por grama de fezes (OPG), grau Famacha estimado e

percentual médio de hematócrito em cabras da raça Moxotó no Semi-Árido

paraibano no mês de janeiro.

OPG Famacha Hematócrito (%) Animais observados

0 – 500 3 31,87 (+/- 2,50) 26,67%

501 -1000 2-3 31,57 (+/- 3,83) 23,33%

1001 - 1500 3-4 27,70 (+/- 4,50) 30,00%

A partir de 1501 4 24,95 (+/- 2,50) 20,00%

Tabela 2: Número de ovos por grama de fezes (OPG), grau Famacha estimado e

percentual médio de hematócrito em cabras da raça Moxotó no Semi-Árido

paraibano no mês de fevereiro.

OPG Famacha Hematócrito (%) Animais observados

0 – 500 3 32,93 (+/- 2,68) 33,33%

501 - 1000 3 33,76 (+/- 4,83) 23,33%

1001 - 1500 3-4 27,89 (+/- 3,17) 10,00%

A partir de 1501 4 24,00 (+/- 3,17) 23,33%

24

Tabela 3: Número de ovos por grama de fezes (OPG), grau Famacha estimado e

percentual médio de hematócrito em cabras da raça Moxotó no Semi-Árido

paraibano no mês de março.

OPG Famacha Hematócrito (%) Animais observados

0 – 500 3 31,50 (+/- 1,33) 13,33%

501 - 1000 3 31,92 (+/- 4,50) 43,33%

1001 - 1500 3-4 24,41 (+/- 4,00) 13,33%

A partir de 1501 4 21,44 (+/- 1,30) 30,00%

Baseando-se no conjunto de observações: Famacha – Hematócrito – OPG, de todos

os períodos, observou-se que no D0, 20,00% das cabras deveriam ser tratadas, no D30,

23,33% e no D60, 30,00%. Este aumento provavelmente se deu pela quantidade de chuvas

no decorrer do experimento, já que ambientes úmidos possuem enormes cargas de

parasitos, infestando o pasto e conseqüentemente infectando os animais (URQUHART et

al., 1998 ).

Mesmo com contagens de OPG acima de 1.300, alguns animais não apresentaram

sinais de anemia. Segundo Molento et al (2004) este fato sugere, a capacidade de alguns

animais poderem suportar altas cargas parasitárias, os quais são denominados animais

resilientes.

Ao comparar o método Famacha com o OPG e o Hematócrito das cabras, observou-

se que a maioria dos animais que apresentaram mucosa de grau 3, encontravam-se com o

OPG igual a 500, e o Hematócrito em média de 32,10%, demonstrando assim, não ser

necessário tratamento, pois os valores de OPG e do volume globular estão nas

normalidades para esta espécie. Resultados estes, também observados por Holman e Dew

(1963) ao conduzirem um experimento com 50 caprinos, relataram que a média do volume

globular para animais sadios é de 28,66% +/-4.57. Para Lewis (1997), ao estudar o

eritrograma de seis caprinos, obteve como resultado uma média de 34,00% para o volume

globular normal. De acordo com Jain (1993), os valores normais de volume globular para

caprinos são de 22 a 38%. Bezerra (2005) ao verificar o perfil hematológico de 143 cabras

leiteiras clinicamente sadias criadas no cariri paraibano constatou o valor globular em

torno de 27% +/- 3 para estes animais, sendo o mesmo, semelhante aos resultados obtidos

neste trabalho.

25

Não sendo, portanto, validado o método Famacha, que sugere vermifugar animais a

partir do grau 3. Dados estes também observados por Molento (2004), que ao avaliar o

método Famacha como parâmetro clínico individual em pequenos ruminantes conclui que

a coloração da conjuntiva ocular dos caprinos sadios tem menos intensidade quando

comparada a ovinos sadios.

Como o experimento foi realizado nos meses de janeiro a março de 2008, fatores

ambientais podem ter interferido na avaliação dos animais, pois houve um aumento de

10% (D0 ao D60) de cabras precisando de tratamento, segundo dados das tabelas 1 e 3.

Neste caso, sugere-se que, nas estações de maior risco parasitário, levando em

consideração as peculiaridades de cada região, o rebanho seja monitorado semanalmente,

visando assim evitar queda na produção e possíveis mortes.

Para Vatta et al., (2001) a aplicação do método Famacha para caprinos deve-se

levar em consideração alguns critérios específicos como foi observado neste experimento,

a correlação entre os valores do Hematócrito e a coloração da conjuntiva nesta espécie,

pode apresentar diferença significativa em relação aos dados do OPG.

Este experimento trata-se da primeira etapa de um projeto maior que objetiva

adaptar o método Famacha para a realidade do semi-árido, tendo em vista a necessidade de

sofrer pequenas adaptações.

26

5. CONCLUSÃO

Ao verificar a relação do método Famacha com o OPG e o volume globular, nas

condições do semi-árido nordestino, conclui-se que:

- Os animais só deverão ser tratados quando apresentarem o grau 4 do método

Famacha;

- Devido à falta de informações que venha a corroborar ou até mesmo discordar dos

dados apresentados, novas pesquisas deverão ser realizadas;

- Diante dos dados observados verificou-se que o método Famacha, realmente

necessita sofrer uma pequena adaptação para caprinos em ambiente semi-árido paraibano.

27

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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33

7. ANEXOS

1a Coleta – 14.01.2008

FAMACHA VOLUME GLOBULAR ANIMAIS OPG

1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª 01 1.300 4 4 4 23 28 26 02 1.400 3 3 3 28 32 33 03 1.300 3 4 3 29 27 26 04 3.100 4 4 4 21 22 24 05 1.500 3 3 3 31 33 32 06 3.400 4 4 4 23 23 29 07 2.000 4 4 4 21 27 23 08 800 3 3 3 29 30 32 09 800 3 3 3 35 39 36 10 1.100 3 3 3 24 22 23 11 1.300 3 3 3 27 25 30 12 500 3 3 3 31 35 35 13 500 3 3 3 33 36 34 14 500 3 3 3 31 30 30 15 500 3 3 3 32 32 32 16 500 3 3 3 33 36 34 17 2.600 4 4 4 28 27 27 18 600 2 2 2 34 32 29 19 500 3 3 3 30 29 29 20 700 3 3 3 29 31 29 21 1.600 4 4 4 22 27 25 22 500 3 3 3 31 34 34 23 600 3 3 3 29 27 32 24 700 3 3 3 33 36 34 25 600 3 4 3 32 27 28 26 1.800 4 4 4 27 27 26 27 1.500 3 4 3 28 26 28 28 500 3 3 3 28 27 29 29 1.400 3 3 3 28 32 32 30 1.500 4 4 4 23 24 23

34

2a Coleta – 15.02.2008

FAMACHA VOLUME GLOBULAR ANIMAIS OPG

1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª 01 1.700 4 4 4 27 25 27 02 500 3 3 3 36 35 30 03 2.100 3 3 3 24 24 20 04 1.900 4 4 4 25 27 24 05 500 3 3 3 31 33 30 06 500 3 3 3 33 34 31 07 500 3 3 3 33 34 30 08 1.000 3 3 3 32 37 35 09 700 3 3 3 39 39 40 10 1.000 3 3 3 29 30 28

11 800 3 3 3 29 30 30 12 500 3 3 3 38 36 34 13 500 3 3 3 30 36 33 14 1.100 3 3 3 30 32 30 15 500 3 3 3 36 33 35 16 900 3 3 3 37 28 32 17 6.500 4 4 4 20 19 22 18 500 3 3 3 36 28 34 19 5.000 4 4 4 25 28 27 20 1.100 3 4 3 27 25 36 21 600 3 3 3 33 32 30 22 3.200 4 4 4 26 24 26 23 500 3 3 3 29 31 28 24 900 3 3 3 38 36 35 25 1.200 4 4 4 27 26 33 26 1.500 4 4 4 22 24 27 27 2.500 4 4 4 28 25 23 28 700 3 3 3 31 36 30 29 500 3 3 3 33 34 34 30 3.100 4 4 4 21 24 19

35

3a Coleta – 15.03.2008

FAMACHA VOLUME GLOBULAR ANIMAIS OPG

1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª 01 1.500 4 4 4 26 24 28 02 900 3 3 3 32 30 32 03 1.800 4 4 4 20 24 22 04 2.300 4 4 4 20 23 19 05 1.000 3 3 3 30 32 32 06 800 3 3 3 29 33 30 07 1.800 4 4 4 22 20 24 08 1.000 3 3 3 32 28 29 09 800 3 3 3 35 34 37 10 900 3 3 3 28 24 30 11 1.100 3 3 3 28 27 30 12 600 3 3 3 34 33 38 13 500 3 3 3 32 35 34 14 800 3 3 3 30 31 29 15 500 3 3 3 33 30 35 16 700 3 3 3 34 32 33 17 4.100 4 4 4 19 20 22 18 500 3 3 3 32 29 35 19 2000 4 4 4 22 20 23 20 900 3 3 3 28 24 29 21 1.200 4 4 4 22 19 20 22 2.600 4 4 4 20 21 24 23 500 3 3 3 32 29 33 24 800 3 3 3 36 38 34 25 1000 4 4 4 24 20 25 26 1.600 4 4 4 20 21 23 27 1.900 4 4 4 22 26 21 28 600 3 3 3 32 36 33 29 700 3 3 3 30 35 31 30 2.300 4 4 4 20 22 19