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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA TESE DE DOUTORADO SÍNTESE DE NOVOS ADUTOS AROMÁTICOS DE MORITA-BAYLIS-HILLMAN: HIBRIDAÇÃO MOLECULAR COMO FERRAMENTA PARA OBTENÇÃO DE DROGAS LEISHMANICIDAS TICIANO PEREIRA BARBOSA João Pessoa PB - Brasil Dezembro /2010

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA NATUREZA

    DEPARTAMENTO DE QUMICA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM QUMICA

    TESE DE DOUTORADO

    SNTESE DE NOVOS ADUTOS AROMTICOS DE MORITA-BAYLIS-HILLMAN: HIBRIDAO MOLECULAR COMO FERRAMENTA PARA OBTENO DE

    DROGAS LEISHMANICIDAS

    TICIANO PEREIRA BARBOSA

    Joo Pessoa PB - Brasil

    Dezembro /2010

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA NATUREZA

    DEPARTAMENTO DE QUMICA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM QUMICA

    TESE DE DOUTORADO

    SNTESE DE NOVOS ADUTOS AROMTICOS DE MORITA-BAYLIS-HILLMAN: HIBRIDAO MOLECULAR COMO FERRAMENTA PARA OBTENO DE

    DROGAS LEISHMANICIDAS

    Ticiano Pereira Barbosa

    Tese apresentada ao Centro de Cincias Exatas e da Natureza da Universidade Federal da Paraba como requisito para a obteno do ttulo de Doutor em Qumica, rea de concentrao em Qumica Orgnica.

    Orientador: Mrio Luiz Arajo de Almeida Vasconcellos

    Joo Pessoa PB Brasil Dezembro/2010

  • 3

    B238s Barbosa, Ticiano Pereira. Sntese de novos adutos aromticos de Morita-Baylis-

    Hillman: hibridao molecular como ferramenta para obteno de drogas leishmanicidas / Ticiano Pereira Barbosa.- Joo Pessoa, 2010.

    129f. : il. Orientador: Mrio Luiz Arajo de Almeda Vasconcellos Tese (Doutorado) UFPB/CCEN

    1. Qumica Orgnica. 2. Adutos de Morita-Baylis-Hillman. 3. Hibridao molecular. 4. Atividade leishmanicida.

    UFPB/BC CDU: 547(043)

  • iii

    Ficha cataloga de aprova

  • iii

    oDEDICATRIA

    A Ana Flvia; esposa, amiga e companheira.

  • iv

    EPGRAFE

    No quero ser lembrado pelo que fiz, deixei de fazer ou mesmo pelas

    atitudes que tomei. Prefiro ser lembrado pelo Ser Humano que sou, pois

    as minhas aes e atitudes so apenas reflexos do meu carter.

    Ticiano Pereira Barbosa

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Ao Pai da vida, razo de minha existncia.

    Ao amigo e professor Mrio Vasconcellos, pela orientao, oportunidade e confiana

    depositadas em minha pessoa.

    A minha esposa, Ana Flvia, companheira e amiga nos momentos de alegria e de

    tristeza, pela compreenso durante os perodos de ausncia em razo das minhas

    atividades.

    Aos meus pais Petronilo e Neneca por todos os anos de dedicao, educao e

    amor aos filhos.

    A professora Mrcia Rosa de Oliveira e sua mestranda Francianne Medeiros

    Amorim, pela colaborao e realizao dos ensaios em Leishmania amazonensis e

    Leishmania chagasi.

    Aos colegas do LASOM, Edilson Bezerra, Suervy, Fbio, Cludio Jnior, Saulo

    Capim, Hermesson, Yen, Natlia e Sara.

    Aos professores da Ps-Graduao pelos conhecimentos e exemplos transmitidos

    com afinco e a todos os colegas da Ps-Graduao pelo companheirismo durante as

    disciplinas.

    A Vicente Carlos, Kristerson Reinaldo e a Professora Juliana, pelos espectros de

    RMN.

    A todos aqueles que fazem parte da minha vida e de alguma forma contriburam ou

    torceram pela realizao deste trabalho e do meu sucesso.

  • vi

    RESUMO

    Ttulo: Sntese de novos adutos aromticos de Morita-Baylis-Hillman: Hibridao molecular como metodologia para obteno de drogas Leishmanicidas.

    Descrevemos neste trabalho a sntese de sete novos adutos aromticos de

    Morita-Baylis-Hillman, as metodologias empregadas e a avaliao da atividade

    Leishmanicida in vitro contra Leishmania amazonensis e Leishmania chagasi. Este

    trabalho foi idealizado a partir do conceito de hibridao molecular, unindo o

    Salicilato de metila, frmaco conhecido por suas propriedades analgsicas e

    antiinflamatrias e a poro comum de adutos de MBH previamente avaliados contra

    espcies de Leishmania. Inicialmente, foi realizada a sntese do 2-acriloiloxi

    benzoato de metila (48), um acrilato indito na literatura, em 71% de rendimento,

    que serviu de aceptor de Michael para a sntese dos adutos de MBH. Oito aldedos

    aromticos foram utilizados nas reaes de MBH e os produtos desejados foram

    obtidos em rendimentos satisfatrios: Benzoato de 2-{2-[(4-nitrofenil)-hidroxi-metil]-

    acriloiloxi}-metila (49), 70%; Benzoato de 2-{2-[(3-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-

    metila (50), 61%; Benzoato de 2-{2-[(2-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (51),

    74%; Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-4-il-metil)-acriloiloxi]-metila (52), 67%;

    Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-3-il-metil)-acriloiloxi]-metila (53), 60%; Benzoato de

    2-{2-[(4-bromofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (55), 52%; Benzoato de 2-[2-

    (Hidroxi-naftalen-2-il-metil)-acriloiloxi] metila (56), 65%. Todos os adutos foram

    caracterizados atravs dos mtodos fsicos de Infravermelho e Ressonncia

    Magntica Nuclear (RMN1H e RMN13C). Propusemos tambm a formao de um

    anel indoliznico (65) como produto majoritrio formado in situ a partir do aduto

    Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-2-il-metil)-acriloiloxi]-metila (54), que no foi isolado,

    mas caracterizado por Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas.

    Todos os adutos obtidos no trabalho apresentaram atividade Leishmanicida, com

    CI50 menores que 60,0 M, sendo o aduto 51 aquele que apresentou a menor CI50,

    tanto em L. amazonensis como em L. chagasi, ambas com valores menores que 15

    M.

    Palavras chave: Adutos de Morita-Baylis-Hillman, Hibridao molecular e Atividade

    Leishmanicida.

  • vii

    ABSTRACT

    Title: Synthesis of new aromatic Morita-Baylis-Hillman adducts: Molecular hybridization as a tool to obtaining Leishmanicidal drugs.

    We described herein the synthesis of seven new aromatic Morita-Baylis-Hillman

    adducts, the methodologies and the evaluation of the in vitro Leishmanicidal activity

    against Leishmania amazonensis and Leishmania chagasi. This work was conceived

    from the concept of molecular hybridization, uniting Methyl salicylate, a drug known

    for its anti-inflammatory and analgesic properties, and a common moiety of the MBH

    adducts previously evaluated against Leishmania species. Initially, the synthesis of

    methyl 2-(acryloyloxy) benzoate (48), a new acrylic ester, was performed in 71%

    yield, which was used as a Michael acceptor for the MBH adducts synthesis. Eight

    aromatic aldehydes were used in the MBH reactions and the desired products were

    obtained in satisfactory yields: methyl 2-[2-(hydroxy(4-nitrophenyl)methyl)acryloyloxy]

    benzoate (49), 70%; methyl 2-[2-(hydroxy(3-nitrophenyl)methyl)acryloyloxy] benzoate

    (50), 61%; methyl 2-[2-(hydroxy(2-nitrophenyl)methyl)acryloyloxy] benzoate (51),

    74%; methyl 2-[2-(hydroxy(pyridin-4-yl)methyl)acryloyloxy] benzoate (52), 67%;

    methyl 2-[2-(hydroxy(pyridin-3-yl)methyl)acryloyloxy] benzoate (53, 60%; methyl 2-[2-

    ((4-bromophenyl)(hydroxy)methyl)acryloyloxy] benzoate (55), 52%; methyl 2-[2-

    (hydroxy(naphthalen-2-yl)methyl)acryloyloxy] benzoate (56), 65%. All the adducts

    were characterized by physical methods as infrared and Nuclear Magnetic

    Ressonance (1HNMR and 13CNMR). We also proposed the formation of an indolizine

    (65) as a major product formed in situ from the adduct methyl 2-[2-(hydroxy(pyridin-2-

    yl)methyl)acryloyloxy] benzoate (54), which was not isolated, but characterized by

    Gas Chromatography coupled to Mass Spectrometry. All the adducts obtained in this

    work showed Leishmanicidal activity with IC50 lower than 60,0 M, and the adduct 51

    showed the lowest IC50, both in L. amazonensis and L. chagasi, with values below 15

    M.

    Keywords: Morita-Baylis-Hillman adducts, Molecular Hybridization and

    Leishmanicidal activity.

  • viii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Nmero de novos medicamentos desenvolvidos entre 1975 e 2004 (Disponvel em: . Acessado em: 25 de setembro de 2010). .................................................................... 3

    Figura 1.2 Formas amastigotas de Leishmania spp., fagocitadas por macrfagos. (Disponvel em:. Acessado em: 1 de outubro de 2010). ........................................................................ 8

    Figura 1.6 Distribuio das principais espcies de Leishmania causadoras da LTA no Brasil. ..................................................................................................................... 9

    Figura 1.7 LTA, leso ulcerada, nica, arredondada, com bordas elevadas, infiltradas e com fundo granuloso. ............................................................................. 10

    Figura 1.8 LTA, leso cutnea com aspecto ectimide, localizada no punho e com hiperemia e infiltrao nas bordas. ............................................................................ 10

    Figura 1.9 LTA, Forma cutnea difusa Polimorfismo lesional (Leses em placa infiltrada, com ulcerao, tubrculos em face, orelha e membro superior. Tempo de doena 3 anos). ......................................................................................................... 11

    Figura 1.10 LTA, Forma cutnea difusa Polimorfismo lesional (Leses em placa infiltrada com deformidades nas extremidades. Tempo de doena 11 anos). .......... 11

    Figura 1.11 Leishmaniose mucocutnea, paciente apresentando placa ulcero-crostosa abrangendo lbios e mento. ....................................................................... 12

    Figura 1.12 Raposa: reservatrio silvestre da L. chagasi. ........................................ 14

    Figura 1.13 Marsupial didelfdeo: reservatrio silvestre da L. chagasi. .................... 14

    Figura 1.14 Fase aguda da Leishmaniose visceral. ................................................. 15

    Figura 1.15 Criana no perodo de estado da Leishmaniose visceral. ..................... 15

    Figura 1.16 Criana no perodo final da Leishmaniose visceral. .............................. 16

  • ix

    Figura 1.17 Quadro comparativo da evoluo clnica da Leishmaniose visceral17. .. 16

    Figura 1.18 Mapa com pases endmicos de casos de LC. (Disponvel em: . Acessado em: 10 de outubro de 2010). ...................................................................................................... 17

    Figura 1.19 Mapa com regies endmicas (em amarelo) de casos de LV em pases do novo e velho mundo. (Disponvel em: < http://www.who.int/leishmaniasis/leishmaniasis_maps/en/>. Acessado em: 10 de outubro de 2010). ...................................................................................................... 18

    Figura 1.20 Mapa Casos de Leishmaniose visceral no Brasil. Fonte: BRASIL. Ministrio da sade. Secretaria de Vigilncia em Sade. (Disponvel em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/2_lv_casos_14_10_10.pdf>. Acessado em: 14 de outubro de 2010. ...................................................................................... 19

    Figura 1.21 Casos de Leishmaniose tegumentar americana no Brasil. Fonte: BRASIL. Ministrio da sade. Secretaria de Vigilncia em Sade. (Disponvel em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/casos_lta_br_gr_uf_1990_2008.pdf>. Acessado em: 14 de outubro de 2010. ...................................................................... 20

    Figura 1.22 bitos em decorrncia da Leishmaniose visceral no Brasil. Fonte: BRASIL. Ministrio da sade. Secretaria de Vigilncia em Sade. (Disponvel em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/5_lv_obitos_14_10_10.pdf>. Acessado em: 10 de outubro de 2010. ...................................................................................... 21

    Figura 1.23 Estrutura Qumica do Stibogluconato de sdio (Pentostan). .............. 22

    Figura 1.24 Estrutura Qumica do antimoniato de N-metil glucamina (Glucantime). .................................................................................................................................. 23

    Figura 1.25 Estrutura Qumica da Anfotericina B. .................................................... 24

    Figura 1.26 Estrutura Qumica da pentamidina. ....................................................... 24

    Figura 1.27 Estrutura qumica da miltefosina. .......................................................... 25

    Figura 1.28 Estrutura qumica do cido integerrincico. ........................................... 28

    Figura 1.29 Conformaes propostas por Hoffmann e Rabe para o aduto antes da eliminao do DABCO. ............................................................................................. 30

    Figura 1.30 Espectro de massas (ESI-MS) da reao de MBH utilizando benzaldeido (3 equiv.), acrilato de metila (1 equiv.) e DABCO (1 equiv.) aps 10 minutos de reao. .................................................................................................... 34

    Figura 1.31 Espectro de massas (ESI-MS/MS) da reao de MBH utilizando benzaldeido (3 equiv.), acrilato de metila (1 equiv.) e DABCO (1 equiv.) e metanol como solvente. .......................................................................................................... 35

    Figura 1.32 Adutos de MBH com maior atividade contra Plasmodium falciparum testados por Kundu. .................................................................................................. 36

  • x

    Figura 1.33 Adutos de MBH com atividade antimalrica testados por Narender. ..... 36

    Figura 1.34 Adutos de MBH com atividade moluscicida contra Biomphalaria glabrata. .................................................................................................................... 37

    Figura 1.35 Aduto de MBH com maior atividade leishmanicida contra Leishmania amazonensis e seu bioisstero no clssico............................................................. 38

    Figura 1.36 Etapas hierrquicas no processo de descoberta racional de frmacos, com base em uma abordagem fisiolgica. (NCE = nova entidade qumica). ............ 41

    Figura 1.37 Estrutura qumica do salol. .................................................................... 42

    Figura 1.38 Estrutura qumica do acetilsalicilato de quinina. .................................... 43

    Figura 1.39 Estrutura qumica dos AINES cidos: Ibuprofeno, Cetorolac e Cetoprofeno. .............................................................................................................. 43

    Figura 3.1 Adutos de MBH estruturalmente semelhantes com atividade Leishmanicida com a poro alcolica do ster acrlico em destaque. ..................... 50

    Figura 3.2 Adutos de MBH propostos neste trabalho. .............................................. 51

    Figura 3.3 Anlise retrossinttica de um aduto de MBH proposto no trabalho. ........ 52

    Figura 4.1 CCDA aps 3 horas de reao do 4-nitrobenzaldedo com 48. .............. 57

    Figura 4.2 Estrutura qumica da dioxanona formada na reao entre o composto 48 e o 4-nitrobenzaldedo. .............................................................................................. 59

    Figura 4.3 CCDA aps 2 horas de reao do 4-nitrobenzaldedo com 48, utilizando t-BuOH/H2O como solvente. ..................................................................................... 61

    Figura 4.4 Espectro de massas (ESI-MS) da reao de MBH utilizando benzaldeido (3 equiv.), acrilato de metila (1 equiv.) e DABCO (1 equiv.) e 2-naftol (3 equiv.) como fonte de prtons. ....................................................................................................... 66

    Figura 4.5 Interao entre o alcxido e o nitrognio positivo do grupo nitro, distncia entre os tomos igual a 3.1 Angstrom. ...................................................................... 70

    Figura 4.7 Cromatograma da reao do acrilato 48 com a piridina-2-carboxaldedo. .................................................................................................................................. 75

    Figura 4.8 Ciclo redox do grupo nitro. ...................................................................... 81

  • xi

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1.1 Nmero de publicaes sobre a reao de MBH de 1991 a 2010. ......... 28

    Tabela 3.1 Adutos propostos neste trabalho e seus respectivos coeficientes de partio calculados. ................................................................................................... 53

    Tabela 4.1 Tempos de reao e rendimentos dos adutos 49, 50 e 51 seguindo a metodologia iniciala. .................................................................................................. 59

    Tabela 4.2 Tempos de reao e rendimentos dos adutos 49, 50 e 51 utilizando o salicilato de metila como fonte de prtonsa. .............................................................. 66

    Tabela 4.3 Rendimentos e tempos de reao para os adutos 49, 50 e 51 utilizando excesso do acrilato 48.. ............................................................................................. 69

    Tabela 4.4 Tempo e rendimento da reao de obteno do aduto 51. ..................... 71

    Tabela 4.5 Tempos de reao e rendimentos dos adutos 52, 53 e 54. .................... 72

    Tabela 4.6 Dados espectroscpicos dos adutos 52 e 53. ......................................... 72

    Tabela 4.7 Tempos de reao e rendimentos dos adutos 55 e 56. .......................... 73

    Tabela 4.8 Dados espectroscpicos dos adutos 55 e 56. ......................................... 74

    Tabela 4.9 Valores de CI50 dos adutos avaliados in vitro contra L. amazonensis e L. chagasi. ..................................................................................................................... 80

  • xii

    LISTA DE ESQUEMAS

    Esquema 1.1 Reao de Morita-Baylis-Hillman, esquema geral. ............................. 26

    Esquema 1.2 Reao de empregada por Morita, uso de tricicloexilfosfina como catalisador. ................................................................................................................ 26

    Esquema 1.3 Dimerizao de Rauhut e Currier utilizando alcenos ativados. .......... 29

    Esquema 1.4 Primeiro Ciclo Cataltico Proposto por Hoffmann/Hill e Isaacs para a Reao de Morita Baylis-Hillman. ............................................................................. 30

    Esquema 1.5 Mecanismo proposto por McQuade, mostrando a formao do hemiacetal durante a transferncia de prton no estado de transio. ..................... 31

    Esquema 1.6 Proposta de McQuade para a formao do Aduto de MBH e a dioxanona a partir do produto (17). ........................................................................... 32

    Esquema 1.7 Formao de co-produtos da reao de MBH utilizando Fenil vinil cetona como alceno ativado. ..................................................................................... 32

    Esquema 1.8 Transferncia de prton realizada pelo metanol para a formao do aduto de MBH. .......................................................................................................... 33

    Esquema 1.9 Esquema geral da reao de MBH entre nitroalcenos aromticos conjugados e formaldedo. ........................................................................................ 38

    Esquema 1.10 Preparao das novas entidades qumica hbridas entre AINES e o p-aminofenol. ............................................................................................................. 44

    Esquema 4.1 Reao de esterificao do salicilato de metila para gerar o seu estr acrlico. ...................................................................................................................... 55

    Esquema 4.2 Reao de MBH entre o 2-acriloiloxi benzoato de metila e nitro benzaldedos. ............................................................................................................ 57

    Esquema 4.3 Reao de MBH entre o 2-acriloiloxi benzoato de metila e o 4-nitrobenzaldedo, utilizando solvente prtico (t-BuOH/H2O). ..................................... 60

    Esquema 4.4 Equilbrio cido-base entre a gua e o DABCO e clculo da energia livre de Gibbs. ........................................................................................................... 61

    Esquema 4.5 Mecanismo de reao de Hidrlise bsica do acrilato 48. .................. 62

    Esquema 4.6 Equilbrio cido-base entre o metanol e o DABCO............................. 64

    Esquema 4.7 Mecanismo de reao de solvlise bsica do acrilato 48 pelo metanol. .................................................................................................................................. 64

  • xiii

    Esquema 4.8 Mecanismo simplificado da reao de transesterificao do acrilato 48 com o salicilato de metila. ......................................................................................... 65

    Esquema 4.9 Metodologia de otimizao da reao de MBH para os adutos 49, 50 e 51. ............................................................................................................................. 68

    Esquema 4.10 Segunda etapa do mecanismo da reao de MBH proposto por McQuade. .................................................................................................................. 69

    Esquema 4.11 Metodologia para a reao de MBH para obteno dos adutos 52, 53 e 54. .......................................................................................................................... 71

    Esquema 4.12 Metodologia para a reao de MBH para obteno do aduto 55. .... 72

    Esquema 4.13 Metodologia para a reao de MBH na obteno do aduto 56. ....... 73

    Esquema 4.14 Mecanismo de reao para a formao da indolizina a partir de um aduto de MBH. .......................................................................................................... 76

    Esquema 4.15 Formao da indolizina (65) a partir do hemiacetal (64) ou do aduto de MBH (54). ............................................................................................................. 77

    Esquema 4.16 Fragmentaes e respectivas m/z da indolizina proposta (65). ........ 78

    Esquema 4.17 Formao do fragmento de m/z 261. ................................................ 78

    Esquema 4.18 Rearranjo de McLafferty para a formao do on base do aduto 54. 79

    Esquema 4.19 Formao do on de m/z 121 a partir de um rearranjo de McLafferty sofrido pelo on de m/z 151. ...................................................................................... 79

  • xiv

    LISTA DE ESPECTROS

    Espectro 1. Espectro de RMN13C-APT(CDCl3, 50MHz) do 2-acriloiloxi benzoato de metila (48). .............................................................................................................. 107

    Espectro 2. Expanso do espectro de RMN13C-APT(CDCl3, 50MHz) do 2-acriloiloxi benzoato de metila (48) na regio de 121,0 a 166,0 ppm. ...................................... 107

    Espectro 3. Espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) do 2-acriloiloxi benzoato de metila (48). .............................................................................................................. 108

    Espectro 4. Espectro de RMN1H(CDCl3, 200MHz) do 2-acriloiloxi benzoato de metila (48) na regio entre 5,90 e 8,20 ppm. .................................................................... 108

    Espectro 5. Espectro de Infravermelho do 2-acriloiloxi benzoato de metila (48) em cm-1. ........................................................................................................................ 109

    Espectro 6. Espectro de RMN13C-APT (CDCl3, 50MHz) da 2,6-di(4-nitrofenil)-5-metileno-1,3-dioxan-4-ona(58). ............................................................................... 109

    Espectro 7. Espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) da 2,6-di(4-nitrofenil)-5-metileno-1,3-dioxan-4-ona(58). .............................................................................................. 110

    Espectro 8. Expanso do espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) da 2,6-di(4-nitrofenil)-5-metileno-1,3-dioxan-4-ona(58) na regio entre 6,4 e 8,6 ppm. ............ 110

    Espectro 9. Espectro de RMN13C-APT (CDCl3, 50MHz) da Benzoato de 2-{2-[(4-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (49). ........................................................ 111

    Espectro 10. Espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-{2-[(4-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (49). ........................................................ 111

    Espectro 11. Expanso do espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-{2-[(4-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (49) na regio entre 4.0 e 7.2 ppm. ................................................................................................................................ 112

    Espectro 12. Expanso do espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-{2-[(4-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (49) na regio entre 7.2 e 8.3 ppm. ................................................................................................................................ 112

    Espectro 13. Espectro de Infravermelho do Benzoato de 2-{2-[(4-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (49) em cm-1. ...................................................................... 113

    Espectro 14. Espectro de RMN13C-APT (CDCl3, 50MHz) da Benzoato de 2-{2-[(3-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (50). ........................................................ 113

    Espectro 15. Espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-{2-[(3-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (50). ........................................................ 114

    file:///C:/Users/Ticiano/Desktop/Verso%20da%20Qualificao.docx%23_Toc278929786file:///C:/Users/Ticiano/Desktop/Verso%20da%20Qualificao.docx%23_Toc278929786

  • xv

    Espectro 16. Expanso do espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-{2-[(3-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (50) na regio entre 7,00 e 8,40 ppm. ................................................................................................................................ 114

    Espectro 17. Expanso do espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-{2-[(3-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (50) na regio entre 5,76 e 6,72 ppm. ................................................................................................................................ 115

    Espectro 18. Espectro de Infravermelho do Benzoato de 2-{2-[(3-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (50) em cm-1. ...................................................................... 115

    Espectro 19. Espectro de RMN13C-DEPT (CDCl3, 100MHz) da Benzoato de 2-{2-[(2-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila(51). ......................................................... 116

    Espectro 20. Expanso do espectro de RMN13C-DEPT (CDCl3, 100MHz) da Benzoato de 2-{2-[(2-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (51) na regio de 120,0 a 155,0 ppm. ................................................................................................. 116

    Espectro 21. Espectro de RMN1H (CDCl3, 400MHz) da Benzoato de 2-{2-[(2-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (51). ........................................................ 117

    Espectro 22. Expanso do espectro de RMN1H (CDCl3, 400MHz) da Benzoato de 2-{2-[(2-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (51) na regio entre 7,1 e 8,1 ppm. ................................................................................................................................ 117

    Espectro 23. Espectro de Infravermelho do Benzoato de 2-{2-[(2-nitrofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (51) em cm-1. ...................................................................... 118

    Espectro 24. Espectro de RMN13C-APT (CDCl3, 50MHz) da Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-4-il-metil)-acriloiloxi]-metila (52). ...................................................... 118

    Espectro 25. Espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-4-il-metil)-acriloiloxi]-metila (57). ................................................................... 119

    Espectro 26. Expanso do espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-4-il-metil)-acriloiloxi]-metila (52) na regio entre 6,07 e 7,44 ppm. ................................................................................................................................ 119

    Espectro 27. Expanso do espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-4-il-metil)-acriloiloxi]-metila (52) na regio entre 7,44 e 8,6 ppm. ................................................................................................................................ 120

    Espectro 28. Espectro de Infravermelho do Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-4-il-metil)-acriloiloxi]-metila (52) em cm-1. ...................................................................... 120

    Espectro 29. Espectro de RMN13C-APT (CDCl3, 50MHz) da Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-3-il-metil)-acriloiloxi]-metila (53). ...................................................... 121

    Espectro 30. Espectro de RMN1H(CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-3-il-metil)-acriloiloxi]-metila (53). ................................................................... 121

  • xvi

    Espectro 31. Expanso do espectro de RMN1H(CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-3-il-metil)-acriloiloxi]-metila (53) na regio entre 7,8 e 8,7 ppm. .. 122

    Espectro 32. Expanso do espectro de RMN1H(CDCl3, 200MHz) da Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-3-il-metil)-acriloiloxi]-metila (53) na regio entre 5,6 e 6,8 ppm. .. 122

    Espectro 33. Espectro de Infravermelho do Benzoato de 2-[2-(hidroxi-piridin-3-il-metil)-acriloiloxi]-metila (55) em cm-1. ...................................................................... 123

    Espectro 34. Espectro de RMN13C-APT (CDCl3, 50MHz) do Benzoato de 2-{2-[(4-bromofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (55). ..................................................... 123

    Espectro 35. Espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) do Benzoato de 2-{2-[(4-bromofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (55). ..................................................... 124

    Espectro 36. Expanso do espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) do Benzoato de 2-{2-[(4-bromofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (55). ........................................... 124

    Espectro 37. Espectro de Infravermelho do Benzoato de 2-{2-[(4-bromofenil)-hidroxi-metil]-acriloiloxi}-metila (55) em cm-1. ...................................................................... 125

    Espectro 38. Espectro de RMN13C-DEPT (CDCl3, 50MHz) do Benzoato de 2-[2-(Hidroxi-naftalen-2-il-metil)-acriloiloxi] metila (56). .................................................. 125

    Espectro 39. Expanso do espectro de RMN13C-DEPT (CDCl3, 50MHz) do Benzoato de 2-[2-(Hidroxi-naftalen-2-il-metil)-acriloiloxi] metila (56), na regio de 123 135 ppm. .............................................................................................................. 126

    Espectro 40. Espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) do Benzoato de 2-[2-(Hidroxi-naftalen-2-il-metil)-acriloiloxi] metila (56). ................................................................ 126

    Espectro 41. Expanso espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) do Benzoato de 2-[2-(Hidroxi-naftalen-2-il-metil)-acriloiloxi] metila (56) na regio entre 5,42 e 7,2 ppm. . 127

    Espectro 42. Expanso do espectro de RMN1H (CDCl3, 200MHz) do Benzoato de 2-[2-(Hidroxi-naftalen-2-il-metil)-acriloiloxi] metila (56) na regio entre 7,2 e 8,06 ppm. ................................................................................................................................ 127

    Espectro 43. Espectro de Infravermelho do Benzoato de 2-[2-(Hidroxi-naftalen-2-il-metil)-acriloiloxi] metila (56) em cm-1. ...................................................................... 128

    Espectro 44. Espectro de massas (70 eV) do Salicilato de metila. ........................ 128

    Espectro 45. Espectro de massas (70 eV) do Acrilato 48. ..................................... 128

    Espectro 46. Espectro de Massas (70 eV) da indolizina obtida na tentativa de sntese do aduto 54. ................................................................................................ 129

    Espectro 47. Espectro de Massas (70 eV) do aduto 54. ........................................ 129

  • xvii

    LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS

    - Alfa

    ADMET - Absoro, distribuio, metabolismo, excreo e toxicidade

    AINES Antiinflamatrios no-esteroidais

    - Beta

    CCDA - Cromatografia de Camada Delgada Analtica

    CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    COX-2 Ciclo-oxigenase - 2

    - Deslocamento qumico

    d Dubleto

    DABCO - 1,4 - diazabiciclo [2.2.2]octano

    dd - Duplo dubleto

    ddd Duplo dubleto duplo

    DMSO - Dimetilsulfxido

    ESI-MS - Espectrometria de Massas com Ionizao Electrospray

    eV Eletronvolt

    FioCruz - Fundao Oswaldo Cruz

    GRE Grupo Retirador de Eltrons

    Hz Hertz

    HM Hibridizao molecular

    CI50 Concentrao que inibe 50% do crescimento de uma populao

    IUPAC - Unio internacional de qumica pura e aplicada (do ingls, International

    Union of Pure and Applied Chemistry)

    J Constante de acoplamento

    KBr Brometo de potssio

    kcal - kilocalorias

    kg - kilogramas

    Log P - Coeficiente de partio

    LC - Leishmaniose Cutnea

    LM Leishmaniose Mucosa

    LTA - Leishmaniose Tegumentar Americana

    LV - Leishmaniose Visceral

  • xviii

    LVA - Leishmaniose Visceral Americana

    m multipleto

    MBH - Morita-Baylis-Hillman

    MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia

    m/z Razo massa carga

    OMS Organizao Mundial de Sade

    P&D Pesquisa e Desenvolvimento

    pKa Logaritmo negativo da constante de ionizao de um cido

    ppm partes por milho

    QSAR - Relao Quantitativa Estrutura-Atividade

    RMBH Reao de Morita-Baylis-Hillman

    RMN Ressonncia Magntica Nuclear

    s Singleto

    SAR - Structure Activity Relationship (Relao estrutura-atividade)

    Sb+5 - Antimoniais pentavalentes

    SDS - Dodecil sulfato de sdio

    sex sexteto

    SIDA Sndrome da Imunodeficincia Adquirida

    sl Singleto largo

    SP - Substncia prottipo

    t - tripleto

    TMS Tetrametilsilano

  • xix

    SUMRIO DEDICATRIA .......................................................................................................... iii

    EPGRAFE ................................................................................................................. iv

    AGRADECIMENTOS .................................................................................................. v

    RESUMO.................................................................................................................... vi

    ABSTRACT ............................................................................................................... vii

    LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ viii

    LISTA DE TABELAS ................................................................................................. xi

    LISTA DE ESQUEMAS ............................................................................................ xii

    LISTA DE ESPECTROS .......................................................................................... xiv

    1. INTRODUO ........................................................................................................ 2

    1.1 Investimentos para Doenas Negligenciadas. ....................................................... 2

    1.2. Leishmanioses .......................................................................................................... 4

    1.2.1 Agentes etiolgicos: ............................................................................................... 4

    1.2.2 Ciclo de vida dos parasitas .................................................................................... 6

    1.2.3 Formas clnicas da infeco ................................................................................... 8

    1.2.4 Perfil epidemiolgico mundial e nacional ............................................................. 17

    1.3 Reao de Morita-Baylis-Hillman .......................................................................... 25

    1.3.1 Propostas e aspectos mecansticos da reao .................................................... 29

    1.3.2 Adutos de Morita-Baylis-Hillman e atividade biolgica ......................................... 35

    1.4 A Qumica Medicinal ................................................................................................ 39

    1.5 A Hibridao Molecular ............................................................................................ 42

    1.5.1 A hibridao molecular como ferramenta para o combate da leishmaniose.........45

    2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 48

    2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 48

    2.2 Objetivos Especficos .............................................................................................. 48

    3. ESTRATGIA SINTTICA ................................................................................... 50

    4. RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................ 55

    4.1 Preparao do 2-acriloiloxi benzoato de metila (48) .............................................. 55

    4.2 Preparao dos Adutos Hbridos de MBH .............................................................. 56

    4.2.1 Preparao dos adutos 49, 50 e 51 ..................................................................... 56

    4.2.2 Tentativa de otimizao da reao de MBH para os adutos 49, 50 e 51 utilizando

    uma mistura de terc-Butanol/gua como solvente prtico. ........................................... 59

    4.2.3 Tentativa de otimizao da reao de MBH para os adutos 49, 50 e 51 utilizando

    uma metanol como solvente prtico .............................................................................. 62

    4.2.4 Tentativa de otimizao da reao de MBH para os adutos 49, 50 e 51 utilizando

    Salicilato de metila como fonte protnica ...................................................................... 64

  • xx

    4.2.5 Otimizao dos adutos 49, 50 e 51 utilizando excesso do acrilato 48 e menor

    quantidade de DABCO. ................................................................................................ 68

    4.2.6 Preparao dos adutos 52, 53 e 54 utilizando em solvente aprtico. ................... 71

    4.2.7 Preparao dos adutos 55 e 56. .......................................................................... 72

    4.2.8 Discusso sobre a reao do acrilato 48 e piridina-2-carboxaldedo. ................... 74

    5. CONCLUSES E PERSPECTIVAS ..................................................................... 84

    6. EXPERIMENTAL .................................................................................................. 86

    6.1 Materiais e Mtodos ................................................................................................. 86

    6.2 Preparao do 2-acriloiloxibenzoato de metila (48) ............................................... 87

    6.2.1 Dados Espectroscpicos do 2-acriloiloxibenzoato de metila (48) ......................... 88

    6.3 Procedimento geral para obteno dos adutos de Morita-Baylis-Hillman 49, 50,

    51, 55 e 56. ...................................................................................................................... 88

    6.4 Tentativa de otimizao da reao dos adutos 49, 50 e 51 utilizando terc-

    Butanol/gua (6:4) como solvente. ............................................................................... 89

    6.5 Tentativa de otimizao da reao dos adutos 49, 50 e 51 utilizando

    Metanolcomo solvente. .................................................................................................. 89

    6.6 Otimizao da reao dos adutos 49, 50 e 51 utilizando salicilato de metila como

    solvente e fonte protnica. ............................................................................................ 89

    6.7 Otimizao da reao dos adutos 49, 50 e 51 utilizando um maior excesso do

    acrilato 48. ...................................................................................................................... 90

    6.8 Otimizao da reao do aduto 56 utilizando um maior excesso do acrilato 48 e

    o salicilato de metila como fonte protnica. ................................................................ 90

    6.9 Procedimento para reao de obteno dos adutos 57, 58 e 59, utilizando

    diclorometano como solvente a temperatura ambiente. ............................................. 90

    6.10 Caracterizao espectroscpica do composto (1,3-Dioxanona) e dos Adutos de

    Morita-Baylis-Hillman ..................................................................................................... 91

    6.10.1 Composto 5-metileno-2,6-bis(4-nitrofenil)-1,3-dioxan-4-ona............................... 91

    6.10.2 Aduto 49 ............................................................................................................ 92

    6.10.3 Aduto 50 ............................................................................................................ 92

    6.10.4 Aduto 51 ............................................................................................................ 93

    6.10.5 Aduto 52 ............................................................................................................ 94

    6.10.6 Aduto 53 ............................................................................................................ 94

    6.10.7 Aduto 55 ............................................................................................................ 95

    6.10.8 Aduto 56 ............................................................................................................ 95

    6.10.1 Atividade leishmanicida contra Leishmania amazonensis e Leishmania chagasi.

    ..................................................................................................................................... 96

    7. REFERNCIAS ..................................................................................................... 99

    8. ESPECTROS ...................................................................................................... 107

  • 1

    1. Introduo

  • 2

    1. INTRODUO

    Em sua trajetria durante a vida, o homem experimenta diferentes situaes e

    sensaes. Todas elas, mesmo aquelas que aparentam ser demasiadamente

    prejudiciais, servem para que ele suba mais um degrau durante a evoluo da

    conscincia.

    A cincia, referindo-me especificamente Qumica, atravs de suas

    concepes tericas, da observao e da sua experimentao prtica, d ao homem

    subsdios para que ele entenda um pouco da sua prpria natureza. O trabalho em

    um laboratrio no mais do que a materializao de uma mente que se questiona

    e tambm questiona o mundo, tentando compreend-lo para quem sabe poder dar

    certa contribuio para o progresso de todos. uma idia que se concretiza, porm,

    s ter valia se for empregada em benefcio coletivo.

    Nosso trabalho nasceu de tentativas e erros, o que nos ajudou muito em

    nossa formao intelectual e tambm moral. Descobrimos o quo esquecidos so

    aqueles que apresentam um quadro infeccioso de Leishmaniose. Pudemos perceber

    a falta de investimentos e de pesquisas para tratamentos menos dolorosos e mais

    eficientes por parte da Indstria Farmacutica, que visa o lucro em grande parte dos

    casos. Sendo assim, pudemos dar uma pequenssima contribuio aos que desejam

    ajudar aqueles que so acometidos por tal enfermidade.

    1.1 Investimentos para Doenas Negligenciadas.

    O desenvolvimento tecnolgico e cientfico cada vez mais traz conforto e

    melhor qualidade de vida para humanidade, pelo menos para uma parcela dela. No

    que diz respeito sade mundial e ao surgimento de novas e eficientes terapias

    contra as mais diversas doenas, o desenvolvimento cientfico de novas drogas tem

    sido parcial e conivente com a indstria farmacutica, quando se trata de

    investimentos em pesquisa, em no contemplar terapias para doenas

    caractersticas de pases em desenvolvimento, as chamadas doenas

    negligenciadas.

    Tais doenas como a Malria, a Febre amarela, a Dengue, a Leishmaniose, a

    Esquistossomose e a Doena de Chagas, ocorrem de forma endmica1 em vrios

  • 3

    pases em desenvolvimento e muitas vezes so esquecidas pelos rgos de

    pesquisa e desenvolvimento de novas drogas. Outro ponto importante para se

    destacar o fato de que o pblico alvo, pertencente aos pases em

    desenvolvimento, no representa uma parcela significante nos lucros das Indstrias

    farmacuticas, uma vez que as pessoas acometidas pelas chamadas Doenas

    negligenciadas so, na grande maioria, de classes sociais menos favorecidas e de

    baixo poder aquisitivo.

    Corroborando com este panorama, podemos perceber na Figura 1.1 que

    entre os anos de 1975 e 2004 que 1.556 novos medicamentos foram desenvolvidos,

    sendo que apenas 21 foram destinados ao combate de doenas negligenciadas,

    uma porcentagem de somente 1,3%2.

    Figura 1.1 Nmero de novos medicamentos desenvolvidos entre 1975 e 2004 (Disponvel em: . Acessado em: 25 de setembro de 2010).

    Nos Estados Unidos da America (EUA), por exemplo, se encontram as

    maiores indstrias farmacuticas do mundo. Para se ter uma idia, no ano de 2007,

    a receita destas indstrias chegou soma de 315 bilhes de dlares. Em 2008, as

    grandes indstrias americanas despenderam algo em torno de 65 bilhes de dlares

    em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos medicamentos. No mesmo ano,

    aproximadamente 2.900 novas drogas estavam em andamento nas pesquisas,

    porm, 750 delas eram antineoplsicas, 312 para doenas do corao, 150 para

    diabetes, 109 para Sndrome de Imunodeficincia Adquirida (SIDA) e vrias outras

    para Alzheimer e doenas senis3.

  • 4

    No Brasil, os investimentos em relao s doenas negligenciadas foram

    iniciados pelo Ministrio da Sade (MS) em 2003, com o primeiro edital temtico em

    tuberculose, seguido pelos editais de dengue (2004) e hansenase (2005) todos

    editais nacionais que seguiram definies das oficinas de prioridades realizadas em

    Braslia, DF. Em 2006, priorizaram-se investimentos em doenas negligenciadas,

    com o incio do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento em Doenas

    Negligenciadas no Brasil, no mbito da parceria do MS com o Ministrio da Cincia

    e Tecnologia (MCT). Nova oficina de prioridades em doenas negligenciadas foi

    realizada em 2008, visando lanamento de edital na rea. Por meio desse programa,

    foram lanados dois editais temticos que financiaram 140 projetos com um

    investimento total de R$ 39 milhes4.

    Com o incremento de investimentos em doenas negligenciadas e de

    publicaes na rea, surgiu a demanda de transformar os conhecimentos

    produzidos em produtos para a populao acometida por doenas negligenciadas.

    Com esse objetivo, o Ministrio da Sade, e a Fundao Oswaldo Cruz (Fiocruz),

    realizaram, em 2008, um encontro com representantes de diversas instituies e

    pases, para definir estratgia de pesquisa translacional em doenas negligenciadas,

    de forma a transformar resultados de pesquisas em aplicaes mdicas para

    atender populao brasileira. A partir do encontro, foi elaborado um documento,

    entregue ao Ministro da Sade Jos Gomes Temporo, visando criao efetiva do

    Programa Translacional do Brasil em Doenas Negligenciadas.

    1.2. Leishmanioses

    1.2.1 Agentes etiolgicos:

    As Leishmanioses so doenas parasitrias causadas pelas diversas

    espcies do protozorio Leishmania spp., que pertencem ordem Kinetoplastidae,

    famlia Trypanosomatidae5. So microorganismos unicelulares que se apresentam

    em duas formas celulares, a primeira denominada amastigota (Figura 1.2).

    As formas amastigota apresentam formato redondo ou oval, possuindo

    dimetro entre 2 e 3 m e um ncleo de localizao excntrica. So encontradas no

  • 5

    interior dos fagolisossomos das principais clulas fagocticas dos mamferos, os

    macrfagos.

    Figura 1.2 Formas amastigotas de Leishmania spp., fagocitadas por macrfagos. (Disponvel em:

  • 6

    chagasi, L. mexicana, L. amazonensis, L. venezuelensis, L. tropica, L. major, L.

    aethiopica, L. braziliensis, L. guyanensis, L. panamensis e L.peruviana.

    1.2.2 Ciclo de vida dos parasitas

    Como j dito, a Leishmania spp. existe em duas formas celulares e em seu

    ciclo de vida no foi identificado nenhuma fase sexual6. As formas promastigotas so

    encontradas no intestino do vetor, a fmea de vrias espcies do mosquito do

    Gnero Lutzomyia, pertencente Ordem Dptera, Famlia Psychodidae e Subfamlia

    Phlebotominae. So tambm conhecidos como flebotomneos e popularmente como

    mosquito-palha, birigui, tatuquira, etc. Quando adultos, os mosquitos vetores esto

    prontamente adaptados para viverem em diversos ambientes, entretanto, na fase

    larvria desenvolvem-se em ambientes terrestres midos, ricos em matria orgnica

    e de baixa incidncia luminosa. Ambos os sexos necessitam de carboidratos,

    geralmente extrados de frutos, como fonte energtica, porm as fmeas se

    alimentam principalmente de sangue para o desenvolvimento de seus ovos7.

    Figura 1.4 Vetor da Leishmaniose (Lutzomyia longipalpis) durante o repasto sanguneo. (Disponvel em: < http://en.wikipedia.org/wiki/Lutzomyia>. Acessado em: 29 de setembro de 2010).

    O ciclo de vida da Leishmania spp. se inicia quando o mosquito fmea, no

    momento do repasto sanguneo, utilizando sua probscide, lacera os vasos

    sanguneos do hospedeiro vertebrado infectado e as formas amastigotas, contidas

    no interior dos macrfagos, so sugadas para o intestino do vetor juntamente com o

  • 7

    sangue consumido (item 1 da Figura 1.5). Os principais tipos de hospedeiros

    vertebrados da Leishmania spp. so mamferos como os roedores, espcies de

    candeos, marsupiais, primatas ou mesmo um ser humano. No intestino do inseto

    vetor, as formas promastigotas passam por um processo denominado

    metaciclognese, que o processo pelo qual estas formas param a fase reprodutiva

    e tornam-se infectantes (promastigotas metacclicas). As formas reprodutivas, no

    infectantes (procclicas), prendem-se parede do tubo digestivo do inseto vetor.

    Durante a metaciclognese, as promastigotas sofrem modificaes bioqumicas em

    sua superfcie, perdendo assim sua capacidade de adeso ao epitlio do intestino

    mdio do flebtomo. Como resultado, as promastigotas metacclicas destacam-se,

    migrando para a faringe e cavidade bucal, de onde elas so transmitidas ao

    hospedeiro vertebrado, durante o prximo repasto sanguneo.6

    Durante um novo repasto sanguneo (Item 5 da Figura 1.5) as formas

    promastigotas adentram na pele do vertebrado e as promastigotas precisam

    sobreviver aos mecanismos inatos de defesa do hospedeiro. As mudanas

    bioqumicas ocorridas durante a metaciclognese conferem as promastigotas uma

    resistncia aumentada lise pelo sistema complemento. Substncias presentes na

    saliva dos flebotomneos tambm favorecem a infeco. Depois de serem

    fagocitadas pelo macrfagos do hospedeiro vertebrado, as promastigotas sofrem

    diferenciao para a forma amastigota. Aps este estgio de diferenciao ocorre

    intensa multiplicao das amastigotas no interior do macrfago at resultar na

    ruptura da membrana plasmtica e consequente liberao dos parasitas, que sero

    novamente fagocitados por outros macrfagos como tambm se disseminaro

    atravs da circulao sangunea.6

    O processo de ruptura da parede celular do macrfago infectado leva a

    liberao de partculas antignicas que sero apresentadas ao sistema imune,

    gerando a resposta especfica. Aquelas formas promastigotas que no forem

    internalizadas sero destrudas no meio extracelular pela resposta inata e as

    partculas antignicas produzidas neste processo tambm podero ser utilizadas

    pelas clulas apresentadoras de antgeno no processo de reconhecimento

    antignico. provavelmente neste momento que caractersticas como intensidade e

    qualidade da resposta imune so definidas, influenciando assim a evoluo da

    doena para cura espontnea.6

  • 8

    Havendo ento um novo repasto pelo mosquito vetor em um hospedeiro

    vertebrado infectado, reinicia-se o ciclo de vida do parasita.

    Figura 1.5 Modelo esquemtico do ciclo de vida das espcies de Leishmania spp.(Adaptado de: < http://www.dpd.cdc.gov/DPDx/html/Leishmaniasis.htm>. Acessado em: 1 de outubro de 2010).

    1.2.3 Formas clnicas da infeco

    As formas clnicas conhecidas da Leishmaniose so denominadas:

    Leishmaniose tegumentar americana (LTA) e Leishmaniose visceral (LV).

    A LTA uma forma clnica da infeco, no contagiosa, causada por

    diferentes espcies da Leishmania spp., que acomete pele e mucosas.

    Primariamente, uma infeco zoontica, afetando outros animais que no o ser

    humano, o qual pode ser envolvido secundariamente, tornando-a uma doena com

    caractersticas antropozoonticas.

    Nas Amricas, so atualmente reconhecidas 11 espcies dermotrpicas de

    Leishmania causadoras de doena humana e oito espcies descritas, somente em

    animais. No entanto, no Brasil j foram identificadas sete espcies, sendo seis do

  • 9

    subgnero Viannia e uma do subgnero Leishmania. As trs principais espcies so:

    L. (V.) braziliensis, L.(V.) guyanensis e L.(L.) amazonensis e, mais recentemente, as

    espcies L. (V.) lainsoni, L. (V.) naiffi, L. (V.) lindenberg e L. (V.) shawi foram

    identificadas em estados das regies Norte e Nordeste. A distribuio das principais

    espcies de Leishmania spp. responsveis pela transmisso da LTA no Brasil

    mostrada na Figura 1.68.

    Figura 1.6 Distribuio das principais espcies de Leishmania causadoras da LTA no Brasil.

    Classicamente, a LTA se manifesta sob duas formas: Leishmaniose cutnea

    (LC), que pode ser de forma localizada ou difusa, e a Leishmaniose mucosa (LM),

    tambm denominada de mucocutnea.

    A Leishmaniose cutnea apresenta uma lcera tpica e indolor, que se

    desenvolve num perodo de 1 a 3 meses aps a picada do mosquito vetor8. A lcera

    costuma localizar-se em reas expostas da pele; com formato arredondado ou

    ovalado; mede de alguns milmetros ate alguns centmetros; base eritematosa,

    infiltrada e de consistncia firme; bordas bem delimitadas e elevadas; fundo

    avermelhado e com granulaes grosseiras. A infeco bacteriana associada pode

    causar dor local e produzir exsudato seropurulento que, ao dessecar-se em crostas,

    recobre total ou parcialmente o fundo da lcera. Adicionalmente a infeco

    secundria pode causar eczema na pele ao redor da lcera, modificando seu

    aspecto (forma ectimide). As Figuras 1.7 e 1.8 mostram como se apresentam estas

    manifestaes clnicas no homem9.

  • 10

    Figura 1.7 LTA, leso ulcerada, nica, arredondada, com bordas elevadas, infiltradas e com fundo granuloso.

    Figura 1.8 LTA, leso cutnea com aspecto ectimide, localizada no punho e com hiperemia e infiltrao nas bordas. J a forma cutnea difusa constitui uma forma clinica rara, porm grave, que

    ocorre em pacientes com anergia e deficincia especifica na resposta imune celular

    a antgenos de Leishmania. Inicia de maneira insidiosa, com leso nica e m

    resposta ao tratamento; evolui de forma lenta com formao de placas e mltiplas

    nodulaes no ulceradas recobrindo grandes extenses do corpo, geralmente,

    causando deformidade em alguns membros como mos e ps. No Brasil, a doena

    e causada pela L. (L.) amazonensis. As Figuras 1.9 e 1.10 mostram exemplos de

    casos clnicos da doena9.

  • 11

    Figura 1.9 LTA, Forma cutnea difusa Polimorfismo lesional (Leses em placa infiltrada, com ulcerao, tubrculos em face, orelha e membro superior. Tempo de doena 3 anos).

    Figura 1.10 LTA, Forma cutnea difusa Polimorfismo lesional (Leses em placa infiltrada com deformidades nas extremidades. Tempo de doena 11 anos).

  • 12

    Estima-se que 3 a 5% dos casos de LC desenvolvam leso mucosa.

    Clinicamente, a LM se expressa por leses destrutivas localizadas nas mucosas das

    vias areas superiores. A forma clssica de LM secundria leso cutnea. Na

    maioria dos casos, a LM resulta de LC de evoluo crnica e curada sem tratamento

    ou com tratamento inadequado. Pacientes com leses cutneas mltiplas, leses

    extensas e com mais de um ano de evoluo, localizadas acima da cintura, so o

    grupo com maior risco de desenvolver metstases para a mucosa. Acomete com

    mais freqncia o sexo masculino e faixas etrias usualmente mais altas do que a

    LC, o que provavelmente se deve ao seu carter de complicao secundria.

    Acredita-se que a forma mucosa da leishmaniose seja, geralmente, causada

    por disseminao hematognica das Leishmanias inoculadas na pele para as

    mucosas nasal, orofaringe, palatos, lbios, lngua, laringe e, excepcionalmente,

    traquia e rvore respiratria superior. Mais raramente, podem tambm ser atingidas

    as conjuntivas oculares e mucosas de rgos genitais e nus. As leses de pele,

    prximas aos orifcios naturais, tambm podem, por contiguidade, invadir as

    mucosas. Em 1% dos casos de forma mucosa, a manifestao pode ser s na

    laringe. Na Figura 1.11 mostrado um exemplo de Leishmaniose mucocutnea9.

    Figura 1.11 Leishmaniose mucocutnea, paciente apresentando placa ulcero-crostosa abrangendo lbios e mento.

    A LTA uma doena que acompanha o homem desde a antiguidade,

    existindo relatos e descries encontrados na literatura desde o sc. I d.C.10,11. Nas

    Amricas, foram encontradas cermicas pr-colombianas, datadas de 400 a 900

    anos d.C., feitas pelos ndios do Peru, que apresentam mutilaes de lbios e

  • 13

    narizes, caractersticas da espndia, hoje conhecida como a forma mucosa da

    Leishmaniose.12 A doena capaz de produzir, alm das suas manifestaes

    clnicas, um grande efeito psicolgico e social na vida do paciente, transformando-se

    em um verdadeiro estigma para aqueles que so acometidos por tal quadro clnico,

    sendo muitas vezes excludos da sociedade.

    Outra manifestao clnica causada por espcies do protozorio a

    Leishmaniose visceral (LV), ou calazar, uma doena crnica grave, potencialmente

    fatal para o homem, cuja letalidade pode alcanar 10% quando no se institui o

    tratamento adequado. causada por espcies do gnero Leishmania, pertencentes

    ao complexo Leishmania (Leishmania) donovani. No Brasil, o agente etiolgico a

    L. chagasi, espcie semelhante L. infantum encontrada em alguns pases do

    Mediterrneo e da sia.13

    Na Amrica do Sul, o conhecimento da doena data de 1913, quando Migone,

    em Assuno, no Paraguai, descreve o primeiro caso em necropsia de paciente

    oriundo de Boa Esperana, Corumb - MS.14 Posteriormente, em 1934, a partir de

    um estudo realizado por Penna15 para o diagnstico e distribuio da febre amarela

    no Brasil, 41 casos positivos para o protozorio foram identificados em lminas de

    viscerotomias praticadas post-mortem. Esses indivduos eram oriundos das regies

    Norte e Nordeste.

    Tanto no Brasil como nas Amricas, encontramos o co domstico (Canis

    familiaris) como sendo o principal reservatrio da L. chagasi em ambientes rurais e

    urbanos.5,16 J em ambientes silvestres, como matas e florestas, os reservatrios

    que se destacam so as raposas (Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous) e os

    marsupiais (Didelphis albiventris). No Brasil, raposas infectadas foram encontradas

    nas regies Nordeste, Sudeste e Amaznica (Figura 1.12). Os marsupiais

    didelfdeos (Figura 1.13) foram encontrados infectados no Brasil e na Colmbia.17

  • 14

    Figura 1.12 Raposa: reservatrio silvestre da L. chagasi.

    Figura 1.13 Marsupial didelfdeo: reservatrio silvestre da L. chagasi.

    De modo didtico, a LV pode ser dividida em trs diferentes estgios,

    considerando a evoluo clnica da doena. So eles: perodo inicial, perodo de

    estado e perodo final.

    O perodo inicial caracterizado pelo incio da sintomatologia, que pode variar

    de paciente para paciente, mas na maioria dos casos inclui febre com durao

    inferior a quatro semanas, palidez cutneo-mucosa e hepatoesplenomegalia. O

    estado geral do paciente est preservado, o bao geralmente no ultrapassa a 5 cm

    do rebordo costal esquerdo (Figura 1.14). Esta fase da doena, tambm chamada

    de aguda por alguns autores.17

  • 15

    Figura 1.14 Fase aguda da Leishmaniose visceral.

    A segunda fase, o perodo de estado, caracteriza-se por febre irregular,

    geralmente associada a emagrecimento progressivo, palidez cutneo-mucosa e

    aumento significativo da hepatoesplenomegalia. Apresenta um quadro clnico

    arrastado geralmente com mais de dois meses de evoluo, na maioria das vezes

    associado a comprometimento do estado geral (Figura 1.15).

    Figura 1.15 Criana no perodo de estado da Leishmaniose visceral.

  • 16

    Caso no seja feito o diagnstico e tratamento, a doena evolui

    progressivamente para o perodo final, com febre contnua e comprometimento mais

    intenso do estado geral. Instala-se a desnutrio, com cabelos quebradios, clios

    alongados e pele seca (Figura 1.16). Outras manifestaes importantes incluem

    hemorragias (epistaxe, gengivorragia e petquias), ictercia e ascite. Nestes

    pacientes, o bito geralmente determinado por infeces bacterianas e/ou

    sangramentos17.

    Figura 1.16 Criana no perodo final da Leishmaniose visceral. De acordo com a Figura 1.17, podemos perceber, de maneira comparada, as

    relaes entre as manifestaes clnicas da doena e cada uma das fases de sua

    evoluo17.

    Figura 1.17 Quadro comparativo da evoluo clnica da Leishmaniose visceral17.

  • 17

    1.2.4 Perfil epidemiolgico mundial e nacional

    Todo ano, estima-se um nmero entre 1,5 e 2 milhes de crianas e adultos

    apresentam os sintomas da Leishmaniose, sem contar a incidncia da infeco

    quando est se apresenta de maneira subclnica, ou assintomtica, onde esses

    nmeros podem oscilar ente 2 e 4 milhes de pessoas no mundo. Em torno de 90%

    dos casos da forma cutnea de Leishmaniose ocorrem em pases como o

    Afeganisto, Pakisto, Sria, Arbia saudita, Arglia, Iran, Brasil e Peru, enquanto

    que 90% dos casos de LV ocorrem na ndia, Bangladesh, Nepal, Sudo e Brasil18.

    As Figuras 1.18 e 1.19 mostram a distribuio geogrfica da Leishmaniose em

    alguns Pases que apresentam regies endmicas.

    Figura 1.18 Mapa com pases endmicos de casos de LC. (Disponvel em: . Acessado em: 10 de outubro de 2010).

    Pases endmicos

  • 18

    Figura 1.19. Mapa com regies endmicas (em amarelo) de casos de LV em pases do novo e velho mundo. (Disponvel em: < http://www.who.int/leishmaniasis/leishmaniasis_maps/en/>. Acessado em: 10 de outubro de 2010).

    De acordo com o perfil geogrfico mundial, a doena ainda permanece

    inserida na pobreza, como uma doena negligenciada. Dentre os quase dois milhes

    de novos casos anuais, aproximadamente 1.500.000 casos so atribudos a LC e

    cerca de 500.000 so da LV, no caso desta ltima, o nmero de bitos pode chegar

    a 50.000 anuais19.

    O Ministrio da Sade do Brasil, anualmente, divulga o nmero de casos

    registrados de vrias doenas, entre elas, a Leishmaniose. Para se ter uma idia do

    nmero de casos da LTA e da LV, podemos observar as Figuras 1.20 e 1.21 que

    mostram os nmeros referentes s duas ltimas dcadas. J a Figura 1.22 destaca

    o nmero de bitos ocorridos em pacientes com LV do ano 2000 ao ano de 2009.

    De acordo com os dados divulgados, no Brasil, assim como no panorama

    mundial, h sempre um grande nmero de casos de Leishmaniose a cada ano.

    Entretanto, as formas clnicas da doena no apresentam uma proporo numrica

    equivalente de casos. O nmero de casos de LTA sempre muito maior, chegando

    a uma proporo de pelo menos 10 casos da doena para cada caso de LV em

    determinados anos no nosso pas. Porm, importante observar que a maior parte

    dos casos de LV ocorre em estados do Nordeste, devendo-se ento dar um maior

    enfoque a esta forma da doena nessa regio do pas. J a LTA ocorre com maior

    incidncia tanto em estados do Nordeste como estados do Norte do pas.

  • 19

    Figura 1.20. Mapa de Casos de Leishmaniose visceral no Brasil. Fonte: BRASIL. Ministrio da sade. Secretaria de Vigilncia em Sade. (Disponvel em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/2_lv_casos_14_10_10.pdf>. Acessado em: 14 de outubro de 2010.

  • 20

    Figura 1.21 Casos de Leishmaniose tegumentar americana no Brasil. Fonte: BRASIL. Ministrio da sade. Secretaria de Vigilncia em Sade. (Disponvel em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/casos_lta_br_gr_uf_1990_2008.pdf>. Acessado em: 14 de outubro de 2010.

  • 21

    Figura 1.22 bitos em decorrncia da Leishmaniose visceral no Brasil. Fonte: BRASIL. Ministrio da sade. Secretaria de Vigilncia em Sade. (Disponvel em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/5_lv_obitos_14_10_10.pdf>. Acessado em: 10 de outubro de 2010.

  • 22

    Apesar da forma visceral da doena ser aquela que pode levar ao bito, no

    devemos negligenciar ainda mais a LTA por no ser letal. Como mostrado nos

    dados do Ministrio da Sade, grande o nmero de casos de pessoas acometidas

    pela LTA, sendo assim, devemos tambm dar ateno a esse tipo da infeco por

    causar muitas vezes deformaes no corpo, transformando-se em um verdadeiro

    estigma social para os portadores da doena.

    1.2.5 Repertrio teraputico para o tratamento das leishmanioses

    A partir do ano de 1940, os derivados antimoniais pentavalentes (Sb+5) foram

    introduzidos na teraputica, desde ento, os mesmos tm sido considerados como

    drogas de primeira escolha no tratamento dessa protozoose. Existem no mercado

    atualmente duas formulaes de Sb+5 disponveis: Estibogluconato de sdio (Figura

    1.23) e o antimoniato de N-metil glucamina (Figura 1.24), no parecendo existir

    diferenas quanto a eficcia teraputica destas formulaes. No Brasil, a nica

    formulao disponvel o antimoniato de N-metil glucamina, que vem sendo

    distribuda pelo Ministrio da Sade em ampolas de 5 ml, contendo 405mg de Sb+5

    (1 ml = 81mg de Sb+5). As ampolas devem ser armazenadas em local fresco e ao

    abrigo da luz, para evitar problemas na estabilidade do medicamento.

    Figura 1.23 Estrutura Qumica do Stibogluconato de sdio (Pentostan).

  • 23

    Figura 1.24 Estrutura Qumica do antimoniato de N-metil glucamina (Glucantime).

    No Brasil, apesar de no existir documentao da presena de cepas de L.

    chagasi resistentes in vitro aos antimoniais, recomenda-se o tratamento da

    leishmaniose visceral com a dose de 20mg de Sb+5 kg/dia, com aplicao

    endovenosa ou intramuscular, por no mnimo 20 e no mximo 40 dias, utilizando-se

    o limite mximo de 2 a 3 ampolas/dia do produto com bons ndices de cura17. Nos

    casos de LTA, as doses dos antimoniais pentavalentes so administradas de forma

    semelhante9.

    Embora sejam drogas de primeira escolha para o tratamento, elas se

    mostram txicas, nem sempre efetivas, e na LV so usadas em esquemas

    prolongados. O principal efeito colateral do Glucantime sua ao sobre o aparelho

    cardiovascular, sendo desaconselhvel sua utilizao durante os dois primeiros

    trimestres de gravidez13.

    Existem propostas de mecanismos de ao para os antimoniais

    pentavalentes, uma delas que eles se ligam a grupos sulfidrilas em protenas dos

    parasitas. Algumas evidncias sugerem que a forma pentavalente do antimoniato

    reduzida a forma trivalente in vivo antes de se ligar aos grupos sulfidrila. Antimoniais

    trivalentes inibem a fosfofrutocinase, enzima importante para o desenvolvimento e

    crescimento dos parasitas20.

    Como drogas de segunda escolha, no arsenal teraputico contra as

    Leishmanioses, so oferecidas a Anfotericina B (Figura 1.25) e as pentamidinas

    (Figura 1.26), quando o tratamento com antimoniais no proporciona resposta

    satisfatria.

    O desoxicolato de Anfotericina B e um antibitico polinico, da classe dos

    macroldeos, com excelente atividade in vitro na destruio de Leishmania intra e

    extracelular. Seu uso limitado por suas reaes adversas, principalmente no que

    diz respeito aos danos causados na funo renal21.

  • 24

    Figura 1.25 Estrutura Qumica da Anfotericina B.

    Recentemente, novas formulaes da anfotericina B (anfotericina B

    lipossomal e anfotericina B disperso coloidal) tornaram-se disponveis

    comercialmente. A Anfotericina B Lipossomal apresenta menor toxicidade e maior

    eficcia, porm, custo elevado, impossibilitando o seu uso na rotina do servio. Est

    sendo indicada aos pacientes graves de leishmaniose visceral, que desenvolveram

    insuficincia renal ou toxicidade cardaca durante o uso do Glucantime e de outras

    drogas de escolha no obtendo melhora ou cura clnica. Para o tratamento de

    leishmaniose visceral, a dose recomendada de 1,0 a 1,5 mg/Kg/dia durante 21

    dias, ou como alternativa a dose de 3,0 mg/Kg/dia durante 10 dias17.

    O O

    NH

    NH2

    NH

    NH2

    Figura 1.26 Estrutura Qumica da pentamidina. .

    A pentamidina usada principalmente na Europa e frica. Sua eficcia

    inferior a dos antimoniais pentavalentes e anfotericina B e seus efeitos colaterais

    maiores. A dose utilizada de 4mg/kg/dia em dias alternados no total de 15 doses,

    no devendo ultrapassar a 2g como dose total. Seus efeitos colaterais mais

    comumente encontrados so anorexia, astenia, nusea, dor abdominal, hipoglicemia

    prolongada, taquicardia e outras arritmias, insuficincia renal em 25% dos pacientes,

    geralmente reversvel e pancreatite que pode levar ao aparecimento de diabetes

    mellitus, em 10 a 15% dos casos17.

  • 25

    A mais recente droga na teraputica contra a Leishmaniose a miltefosina

    (Figura 1.27), a primeira droga de uso oral para o tratamento da Leishmaniose.

    Sendo assim, abre-se um porta para um tratamento mais eficaz, menos doloroso e

    que pode ser administrado pelo prprio paciente. A droga foi bem sucedida em

    casos de LV na ndia, onde foi aprovada em 2002 e na Colmbia em 2005, onde

    mostrou uma eficcia de cura em mais de 90% dos casos de LC causados por L.

    panamensis, mas no mostrou grande eficcia em casos na Guatemala, causados

    por L. brasiliensis18. Existem poucos efeitos adversos tais como vmito e diarria.

    NH3C

    CH3H3C

    OP

    O-O

    O(CH2)5

    Figura 1.27 Estrutura qumica da miltefosina. Recentemente, resultados de um estudo de fase 2 de um creme para

    combater LC causada por L. major mostrou-se bastante eficaz, com mais de 90% de

    taxa de cura em 20 dias de tratamento tpico. No futuro, esta poder ser uma

    excelente alternativa para combater as leses, uma vez que muitos tratamentos so

    feitos de maneira dolorosa, com injees intralesionais.22

    1.3 Reao de Morita-Baylis-Hillman

    Em sntese orgnica, a construo de estruturas qumicas mais complexas

    atravs da formao de ligaes carbono-carbono uma das etapas fundamentais e

    necessrias. Alm disso, o desenvolvimento de estratgias sintticas para a

    construo de estruturas a partir de ligaes carbono-carbono continua sendo um

    dos mais desafiadores esforos empregados pelos qumicos orgnicos.

    Vrias reaes de formao de ligaes carbono-carbono foram

    desenvolvidas e suas aplicaes sintticas em qumica orgnica esto bem

    documentadas. Entre as mais importantes podemos citar: a reao aldlica, reao

    de Reformatsky, rearranjos de Claisen, reaes de Friedel-Crafts, Diels-Alder,

    Grignard, Wittig, Heck, acoplamento de Suzuki entre outras.23

  • 26

    Fazendo parte deste grupo de reaes, uma estratgia sinttica prtica, e

    recente, para a aquisio de molculas mais complexas a partir da formao de

    ligaes carbono-carbono o emprego da reao de Baylis-Hillman, que data de

    1972,24 quando o qumico britnico Anthony B. Baylis e o qumico alemo Melville E.

    D. Hillman relataram a reao de alcenos ativados, tais como steres -

    insaturados, amidas, nitrilas e cetonas, com uma variedade de aldedos e catalisada

    por aminas tercirias bicclicas como o DABCO, quinuclidina ou indolizina (Esquema

    1.1). O produto da reao foi um aduto polifuncionalizado, o que de interesse para

    sntese orgnica.

    R

    O GREGRE

    R

    OH

    N

    NN N

    +

    DABCO

    ABH

    cat. =

    Indolizina Quinuclidina

    cat.

    R = H, Alquila ou Arila

    GRE = Grupo retirador de eltrons (COOR, CN, et.)

    ABH = Aduto de Baylis-Hillman

    Esquema 1.1 Reao de Morita-Baylis-Hillman, esquema geral.

    A reao tambm conhecida como Morita-Baylis-Hillman (MBH), pois houve

    a contribuio do qumico japons Ken-ichi Morita quando no uso de

    tricicloexilfosfina como catalisador (Esquema 1.2) ao invs de aminas tercirias.25

    R

    O GREGRE

    R

    OHP

    +

    R = Alquila ou Arila GRE = CN ou CO2CH3

    Esquema 1.2 Reao de empregada por Morita, uso de tricicloexilfosfina como catalisador.

    A reao de MBH foi definida como uma reao que resulta na formao de

    uma ligao carbono-carbono entre a posio de um alceno ativado e um eletrfilo

    contendo um carbono sp2 deficiente de eltrons sobre a influncia de um catalisador,

  • 27

    particularmente aminas tercirias, tendo como produto molculas

    polifuncionalizadas.26 Recentemente, essa reao foi tambm definida como uma

    combinao one pot das reaes de Michael, aldol (Michael ou alquilao) e

    eliminao de maneira sucessiva. Sendo assim, essa uma reao com trs

    componentes envolvidos na formao da ligao carbono-carbono, a posio do

    alceno ativado, o eletrfilo e o catalisador.27

    Alm disso, uma reao que atende muito bem os requisitos para se

    desenvolver uma estratgia sinttica eficiente, uma vez que ela apresenta as

    seguintes caractersticas experimentais:28

    Na maioria dos casos, no h necessidade de solventes. Quando so

    necessrios, os mais usados so: metanol, diclorometano, tetraidrofurano e

    dioxana, sem tratamento prvio, ou secagem. A gua tambm utilizada

    quando o aldedo solvel;

    Temperatura: a maioria das reaes ocorre temperatura ambiente, sem que

    este fator afete a seletividade da reao, no caso da verso assimtrica;

    Atmosfera: tambm no h necessidade de atmosfera inerte, sendo

    recomendada apenas a troca de atmosfera quando o aldedo muito sensvel

    ao oxignio atmosfrico;

    No caso de necessidade de ultrassom, equipamentos simples do tipo Cleaner,

    utilizados na limpeza de instrumentos, funcionam bem, e para irradiao

    microondas, um equipamento domstico suficiente;

    Escala: pode variar de 1 mmol at 0,5 mol;

    Catalisador: utilizado na proporo de 10 a 30%, podendo ser recuperado.

    Rendimentos qumicos: embora no sejam muito altos (~70%), na maioria dos

    casos o aldedo recuperado quase quantitativamente, podendo ser

    reciclado. Os adutos costumam ser estveis frente s tcnicas rotineiras de

    purificao, como por exemplo, coluna cromatogrfica presso normal ou

    reduzida;

    Considerada como qumica verde, uma vez que todos os tomos dos

    reagentes se encontram incorporados ao produto, portanto, com total

    economia de tomos.

  • 28

    Apesar de ser conhecida desde 1972, foi apenas dez anos depois, em 1982,

    que se fez uma das primeiras aplicaes desta reao para a sntese de molculas

    provenientes de produtos naturais, quando Drewes e Emslie29 utilizaram um aduto

    de Baylis-Hillman como intermedirio sinttico para a sntese do cido

    integerrincico (Figura 1.28), um monoterpeno de origem natural encontrado em

    vrias espcies de plantas, como por exemplo, Senecio jacobaea. O cido

    integerrincico constitui uma poro cida de vrios alcalides pirrolizidnicos

    encontrado na natureza. No ano seguinte, em 1983, Hoffmann e Rabe30 publicaram

    a sntese racmica de outro composto proveniente de produtos naturais, o cido

    mikancico, que um monoterpeno dicarboxilado encontrado em alcalides de

    espcies de Senecio sp. (famlia Asteraceae).

    OH

    CO2H

    CO2H

    c. Integerrincico

    Figura 1.28 Estrutura qumica do cido integerrincico.

    A cada ano, o crescente nmero de artigos publicados sobre metodologias e

    aplicaes da reao de MBH enriquece o tema. Na tabela 1 podemos perceber o

    aumento significativo do nmero de publicaes sobre a reao entre os anos de

    2001 e 2010 em relao aos anos de 1991 e 2000.

    Tabela 1.1 Nmero de publicaes sobre a reao de MBH de 1991 a 2010.

    Ano N de Publicaes Ano N de Publicaes

    1991 3 2001 94

    1992 7 2002 135

    1993 10 2003 117

    1994 13 2004 158

    1995 13 2005 168

    1996 11 2006 212

    1997 14 2007 232

    1998 34 2008 206

    1999 43 2009 240

    2000 55 2010 185

    Fonte: SciFinder (Chemical Abstract), acessado em 15 de outubro de 2010.

  • 29

    1.3.1 Propostas e aspectos mecansticos da reao

    Como dito, a reao de MBH utilizando fosfinas como catalisador conhecida

    desde 1968, entretanto, importante perceber que em 1963, Rauhut e Currier26,

    descreveram a dimerizao de alcenos ativados catalisada por fosfinas (Esquema

    1.3). Talvez tenha sido a partir desta patente que Morita percebeu a possibilidade da

    construo de novas molculas utilizando um aldedo como eletrfilo.

    GRE GRE

    GRE

    PR3

    GRE

    PR3

    PR3

    GRE

    GRE

    PR3

    GRE

    GRE

    PR3

    GRE

    GRE

    GRE

    GRE

    R = Alquila ou Arila

    GRE = CN ou CO2CH3

    -+

    -

    +

    -

    +

    Dmero

    (I)

    (II)

    (III)

    (IV)

    Esquema 1.3 Dimerizao de Rauhut e Currier utilizando alcenos ativados.

    A reao descrita por Rauhut e Currier envolve uma adio, do tipo Michael,

    da fosfina (I) ao sistema -insaturado (II), gerando um zwitterion (III). Segue-se

    ento uma nova adio de Michael entre a posio ao GRE do zwitterion e a

    posio de um novo alceno ativado, gerando um novo zwitterion (IV), que sofre um

    prototropismo seguido de eliminao para liberar a fosfina e formar o dmero. 32

    Em 1983, com a publicao de Hoffmann e Rabe,30 as propostas

    mecansticas da reao de MBH ganham espao entre as publicaes sobre o tema.

    Neste trabalho, os autores propem dois estados conformacionais (2 e 3) possveis

    para o zwitterion (1), antes da eliminao do DABCO.

  • 30

    N+

    N

    O

    H

    O

    H

    Ph

    OMe

    HH

    N+

    N

    CHPh

    H COOMe

    O

    HH

    N+

    N

    CHPh

    H

    MeOOC

    O

    1 2 3

    Figura 1.29 Conformaes propostas por Hoffmann e Rabe para o aduto antes da eliminao do DABCO.

    A proposta mecanstica de Hoffmann e Rabe foi acrescentada de dados

    cinticos realizados por Hill e Isaacs33 (Esquema 1.4). A primeira etapa da reao

    envolve uma adio de Michael da amina terciria (5) ao alceno ativado (6) gerando

    um intermedirio zwitterionico (7). Em uma segunda etapa, ocorre uma adio

    aldlica de (7) ao aldedo (8) gerando um segundo intermedirio zwitterionico (9).

    Numa terceira etapa h transferncia de prton intramolecular de (9) formando (10).

    Numa quarta e ltima etapa ocorre a eliminao da amina terciria, devolvendo-a ao

    ciclo cataltico e gerando o aduto de MBH (11). Estudos cinticos realizados por Hill

    e Isaacs (kH/kD= 1.03 0.1, usando acrilonitrila como aceptor de Michael para a

    reao de MBH), mostraram que a etapa determinante da velocidade da reao de

    Morita-Baylis-Hillman corresponde ao ataque nucleoflico do azaenolato (7) ao

    aldedo (8) (Etapa II).

    NR35

    CN

    6

    Etapa I

    Etapa II R1CHO

    8

    R1

    O

    CNH

    NR3

    9

    Etapa III

    R1

    OH

    NR3

    10

    Etapa IV

    N

    7

    C

    C N

    R

    R

    R

    R1

    OH

    CN

    11

    N

    KH/KD= 1.03 0.1

    Esquema 1.4 Primeiro ciclo cataltico proposto por Hoffmann/Hill e Isaacs para a reao de Morita-Baylis-Hillman.

  • 31

    Entretanto, em 2005, em estudo realizado pelo grupo de pesquisas liderado

    pelo McQuade, foi proposto um mecanismo envolvendo um estado de transio de

    seis membros formado por um intermedirio do tipo hemiacetal (16). Eles

    demonstraram que em solventes aprticos a reao de segunda ordem para o

    aldedo (13) (mostrando um efeito isotpico cintico significante, kH/kD= 5.2 0.6 em

    DMSO) e de primeira ordem para o acrilato de metila e o DABCO34. (Esquema 1.5).

    Esquema 1.5 Mecanismo proposto por McQuade, mostrando a formao do hemiacetal durante a transferncia de prton no estado de transio.

    Com base nessas observaes, a proposta de McQuade agora apontava para

    a etapa de transferncia de prton, sugerindo esta etapa (k4) como determinante da

    velocidade da reao. A proposta de McQuade mostra as duas primeiras etapas

    como sendo as mesmas propostas por Hill e Isaacs. Na terceira etapa ocorre a

    adio a um segundo equivalente do aldedo (13) gerando um intermedirio do tipo

    hemiacetal (15). A etapa determinante da reao (etapa lenta) seria a transferncia

    de prton intramolecular que ocorre num estado de transio de seis membros (16),

    diferente do modelo proposto por Hill e Isaacs. Em seguida, ocorre a eliminao da

    amina e, subsequentemente, a formao do produto (17), que posteriormente

    convertido no aduto de Morita-Baylis-Hillman.

    Alm disso, a proposta de McQuade explica o fato de serem obtidas

    dioxanonas (18) como co-produtos da reao de Morita-Baylis-Hillman.35-39 Essas

    dioxanonas so formadas a partir de uma reao de transesterificao

  • 32

    intramolecular sofrida pelo intermedirio (17), formando um anel de seis membros.

    (Esquema 1.6).

    O

    O Ar

    O

    OH

    Ar O

    O Ar

    O

    Ar

    O

    O Ar

    OH

    17

    + MeOH

    18Aduto de MBH

    Esquema 1.6 Proposta de McQuade para a formao do Aduto de MBH e a dioxanona a partir do produto (17).

    Outro ponto importante para se destacar, em relao ao desfavorecimento da

    reao, quando a reao se processa com a utilizao da Fenil vinil cetona (19)

    como o aceptor de Michael para o DABCO. Em trabalho realizado por Shi e

    colaboradores40, os produtos formados na reao entre a Fenil vinil cetona e

    aldedos aromticos na presena de DABCO e DMF como solvente no foram os

    adutos esperados para a reao de MBH. Duas espcies de co-produtos foram

    formados, sendo um deles resultado de uma nova adio 1,4 de Michael ao aduto

    por outra molcula do alceno ativado (20), bem como o dmero do alceno ativado

    (21), como j havia sido verificado por Rauhut e Currier (Esquema 1.7).

    R

    O O

    OOH

    R

    O

    O

    O+DABCO

    DMF, 20 C

    +

    19 20 21

    Esquema 1.7 Formao de co-produtos da reao de MBH utilizando Fenil vinil cetona como alceno ativado.

    Recentemente, um detalhado estudo computacional envolvendo o mecanismo

    da reao de Morita-Baylis-Hillman foi feito por Aggarwal e colaboradores 41. Durante

    o estudo eles observaram que em ausncia de um solvente prtico, como o metanol,

    a desprotonao da posio alfa a etapa determinante da velocidade e ocorre

    atravs de um estado de transio cclico (16), como mostrado no Esquema 1.5,

    corroborando os dados experimentais obtidos por McQuade. Em contrapartida,

    quando a reao se processa utilizando metanol como solvente para a reao, eles

  • 33

    observaram um caminho reacional ligeiramente menos energtico na etapa lenta,

    onde o metanol serve de carreador para a transferncia do prton do carbono para o

    oxignio (22), como mostrado no Esquema 1.8.

    Neste estudo computacional foram calculadas as respectivas energias dos

    estados de transio com solvente aprtico e com metanol, chegando-se aos

    valores de 28,7 kcal/mol no primeiro caso (16) e 25,8 kcal/mol no segundo (22), que

    foi um pouco menos energtico que o estado de transio proposto por McQuade.

    Ar

    OH O

    OMeAduto de MBH

    - MeOH- NMe3

    Esquema 1.8 Transferncia de prton realizada pelo metanol para a formao do aduto de MBH.

    Em 2009, um estudo realizado na Universidade Estadual de Campinas

    (UNICAMP), coordenado pelos professores Fernando Coelho e Marcos Eberlin42,

    investigou o mecanismo da reao de MBH utilizando como ferramenta de anlise a

    tcnica de espectrometria de massas com ionizao por eletronebulizao (ESI-MS).

    A utilizao da tcnica permitiu aos pesquisadores a possibilidade de caracterizar

    intermedirios importantes da reao de MBH. Por ser rpida e de alta sensibilidade,

    a tcnica de ESI-MS permitiu que intermedirios sintticos da reao, com curta

    durao de formao, fossem transferidos de maneira eficiente da soluo de

    reao para a fase gasosa. A tcnica utilizada pelos autores proporcionou

    fotografias instantneas e coerentes da composio inica de cada soluo de

    reao analisada, funcionando assim como um interessante mtodo de

    caracterizao de ons (pescador de ons). A tcnica de ESI-MS mostrou-se uma

    ferramenta importante para a soluo de estudos mecansticos e suas proposies.

  • 34

    Utilizando acrilato de metila e benzaldedo como reagentes e