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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS VIRTUAL DIANA XAVIER DE OLIVEIRA LEITURA DE CHARGES: DA DECODIFICAÇÃO À COMPREENSÃO ITAPORANGA-PB, DEZEMBRO-2013.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS VIRTUAL

DIANA XAVIER DE OLIVEIRA

LEITURA DE CHARGES: DA DECODIFICAÇÃO À COMPREENSÃO

ITAPORANGA-PB,

DEZEMBRO-2013.

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DIANA XAVIER DE OLIVEIRA

LEITURA DE CHARGES: DA DECODIFICAÇÃO À COMPREENSÃO

Artigo apresentado ao Curso de Letras a Distância, da

Universidade Federal da Paraíba como requisito para

obtenção do grau de Licenciado em Letras.

Professora Orientadora: Edileide de Sousa Godoi

.

ITAPORANGA-PB,

DEZEMBRO- 2013

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DIANA XAVIER DE OLIVEIRA

LEITURA DE CHARGES: DA DECODIFICAÇÃO À COMPREENSÃO

Artigo apresentado ao Curso de Letras a Distância, da Universidade Federal da

Paraíba como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Letras.

Data de aprovação: 05/11/2013.

Banca examinadora

_______________________________________________________________

Orientador: EDILEIDE DE SOUSA GODOI

_______________________________________________________________

Examinador: ENEIDA MARTINS

_______________________________________________________________

Examinador: ELIANA VASCONCELOS DA S. ESVAEL

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A minha mãe Joana Xavier de Oliveira, por

está sempre ao meu lado incentivando-me e

apoiando-me quando pensei em desistir

inúmeras vezes do curso de letras.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, minha fonte de vida.

Aos meus mestres, por serem mais que professores, educadores que nos orientaram para a

vida, transmitindo-nos o conhecimento e a certeza de que somos capazes. De modo especial,

destaco Edileide de Sousa Godoi, por sua paciência e sua grandiosa colaboração ao

compartilhar comigo seus conhecimentos que foram de suma importância para concluir com

êxito este trabalho e principalmente a realização deste meu sonho.

À Perpétua e Francisco, que sempre acreditaram em mim e disseram que eu era capaz e

venceria todos os obstáculos.

Ao pessoal do Pólo de Itaporanga, desde o pessoal de apoio à direção, por sempre me

atenderem muito bem e por serem peças fundamentais naquela instituição de ensino.

Aos meus amigos, que nos momentos mais difíceis sempre estiveram ao meu lado,

incentivando-me a continuar na realização de meu sonho, em especial a Francisca Paulino,

Maria do Socorro Fernandes, Maria da Conceição Nunes e aos colegas de curso, Gleiciane e

Idelson Lucena, por sua amizade.

A todos que direta ou indiretamente me fizeram parte de minha jornada, obrigada.

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A educação é um processo social, é

desenvolvimento. Não é a preparação para a

vida, é a própria vida.

John Dewey

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LEITURA DE CHARGES: DA DECODIFICAÇÃO À COMPREENSÃO

O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre a importância da leitura e o uso do

gênero textual charge, fazendo com que o aluno reflita nos textos verbais e não verbais

incluindo-o nas relações sociais e que ele se perceba como sujeito crítico e cidadão. Seu uso

como objeto de ensino nas escolas tem crescido e se tornado multidisciplinar, aliando ensino e

humor, tornando a compreensão leve e ajudando-os a interagir com o texto. Para tanto,

utilizaremos como fundamento as concepções de Bakhtin (1992) acerca da linguagem; além

do apoio teórico de Martins (1994), Discini (2005), PCN (1998), Kleiman (2004), Mouco

(2007), entre outros. Para a análise, utilizamos charges sobre educação, política e transporte

público, que são assuntos relevantes a todos os cidadãos, dentre os chargistas destacamos:

Cabral, Carvalho, Sponholz, e outros, que trabalham com temáticas populares e fazem críticas

sobre aspectos relevantes de modo que o leitor reflita, discuta, analise conceitos que estão

implícitos nelas. Ressaltamos que para o processo de formação de leitores é de extrema

importância que a leitura se faça presente também através da reflexão de assuntos do

cotidiano, e desta maneira, aumente o seu interesse pela leitura, despertando no leitor uma

visão mais crítica da sua própria realidade. Considerando que a charge é um gênero textual

bastante elaborado, vemos nele a possibilidade do trabalho de leitura na sala de aula que leve

em conta seus aspectos linguísticos e extralinguísticos.

Palavras-chave: Leitura. Gênero discursivo. Charge.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

SÉRIE 1 - Charges sobre educação -------------------------------------------------------21

SÉRIE 2- Charges sobre política ----------------------------------------------------------24

SÉRIE 3 - Charges sobre transporte público-----------------------------------------------27

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------------------10

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA--------------------------------------------------------------12

2. 1- Conhecimento de mundo----------------------------------------------------------------------14

2.2- Gênero discursivo-------------------------------------------------------------------------------14

2.2.1- Características da charge---------------------------------------------------------------------16

3- A IMPORTÂNCIA DE CHARGES NO COTIDIANO ESCOLAR---------------------17

4- METODOLOGIA ---------------------------------------------------------------------------------19

5- ANÁLISES DOS RESULTADOS --------------------------------------------------------------20

5.1- Séries- Educação --------------------------------------------------------------------------------21

5.2- Séries- Política ----------------------------------------------------------------------------------24

5.3- Séries- Transporte público ---------------------------------------------------------------------27

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------------------30

REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------------------31

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1. INTRODUÇÃO

Qual o poder da leitura na formação do ser humano? Será ela capaz de modificar a

vida e a maneira de viver do indivíduo?

Ao longo do tempo, um dos principais objetivos do ensino de língua portuguesa

consistia na codificação e decodificação da língua. Com a evolução da linguagem, foram

surgindo várias concepções e atualmente, segundo as Orientações das Diretrizes Curriculares

Nacionais (2006) a disciplina de língua portuguesa e literatura, devem ser orientadas por

práticas de oralidade, leitura e escrita. A proposta das Diretrizes Curriculares de Língua

Portuguesa, é que a escola propicie aos alunos o contato com os mais variados tipos de textos,

incluindo, a leitura de textos não verbais.

A prática da oralidade deve estar aliada à prática de leitura e escrita, trabalhando com

propostas de interlocução que motivarão atividades de produção e reflexão discursivas. A

palavra, ou mesmo, a imagem sempre acompanhou os homens em suas necessidades, fossem

necessidades de comunicação, ensino, critica, e até mesmo para, elevar ou reduzir o outro.

A escrita sempre obteve destaque perante aos outros meios de comunicação e isso

criou um déficit na leitura de imagens.

O trabalho com charge deve estar embasado em conceitos atuais, de atividades com

perspectivas interdisciplinares.

Mouco afirma que:

Existem charges que são apenas apresentadoras de uma situação engraçada

ou que procuram apenas fazer rir. Outras, entretanto, além de nos fazer rir,

nos fazem pensar sobre o tema ou realidade que apresentam. É este tipo de

humor gráfico que interessa aos professores para introduzir uma questão,

seja conceitual ou temática. Ao utilizar uma charge em sala de aula, é bem

possível que os alunos se sintam instigados a saber o porquê do professor

fazer aquilo. (2007, p.18)

Faz-se necessário que, a escola encurte as distâncias existentes entre a realidade do

educando, do seu ambiente escolar e da sociedade a qual ele pertence. Neste ponto, o desafio

é criar um senso crítico, com conhecimento global e permanente, para que ele possa elaborar

um saber em constante transformação e que sua capacidade crítico-reflexiva seja aguçada,

para desmistificar ideologias.

E neste momento, cabe ao professor despertar no aluno a busca pelo aprendizado e

fazendo-o compreender que ele sofre influências e influencia, tornando-se sujeito ativo dentro

da estrutura social.

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A proposta deste trabalho será a de destacar o importante papel da leitura e da

capacidade de interpretação que cada indivíduo possui, para que dentro do processo

educacional ele perceba e se conscientize do papel critico que exerce, dentro do seu espaço

escolar, bem como em seu lugar na sociedade, fazendo-o compreender que ele é agente

transformador e que suas ações exercem influencias diretas e indiretas no meio ao qual está

inserido.

Existem poucas referencias de pesquisa que revelam a relação entre a leitura de charge

e o desenvolvimento crítico, porém este artigo tentará apontar o quão fundamental se faz, ter

uma educação de ―base‖ fortalecida e intrínseca nos indivíduos, envolvendo a leitura e

compreensão, pois a mesma os fará pessoas capazes de decodificar os símbolos e

compreender o que há por trás de uma aparentemente simples e divertida charge.

Apresentar a leitura como ponto fundamental à formação educacional e a formação

crítica da leitura de charges que vai além da simples decodificação, apontando a leitura como

fonte de formação humana e transformação do cidadão e da sociedade; além de identificar as

formas como a leitura de charges podem interagir com o senso crítico do indivíduo,

verificando as possibilidades de crescimento educacional aliado à leitura.

A pesquisa teórica se faz relevante para o processo de aprendizagem, pois somos

influenciados e reproduzimos a prática de outros, porém deve-se ter o cuidado de não cair no

equívoco de julgar as colocações como certas ou erradas, sem apresentar uma contraproposta

e/ou abrir a discussão sobre determinada teoria (DEMO, 2004).

Mesmo para o confronto da teoria é necessário outra base teórica, pois sem ela caímos

na mediocridade científica (DEMO, 2004).A metodologia usada será fundamentada em

pesquisas bibliográficas de livros, revistas e publicações, entre outros. Será usada a

abordagem qualitativa, que consiste em uma elaboração, um processo de interpretação de

determinado problema em face de vários conceitos e quase sempre divergente e com

interferências do autor, visto que o olhar deste faz a ligação com a problematização e a fonte

teórica.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A leitura tem seu início no momento em que o indivíduo lança um olhar de indagação

ao que o cerca, tentando compreender o que ele é e onde ele está inserido, como as coisas

funcionam e como ele é capaz de modificá-las. Isto é o que chamamos de ―leitura de mundo‖,

e é neste primeiro momento que ele descobre o mundo e a si mesmo e passa a ter senso

crítico.

Nesse sentido, Martins corrobora:

Seria preciso, então, considerar a leitura como um processo de compreensão de

expressões formais e simbólicas, não importando por meio de que linguagem.

Assim, o ato de ler se refere tanto a algo escrito quanto a outros tipos de expressão

do fazer humano, caracterizando-se também como acontecimento histórico e

estabelecendo uma relação entre o leitor e o que é lido. (1994, p. 30)

A partir deste ponto, inicia-se o letramento, propriamente dito, onde é desenvolvida a

decodificação dos signos, existe ainda a carga de significações e vivencias que o individuo

trás e isso não pode, nem deve, ser ignorado, pois ler não é somente decodificar. Para se ter

um significado completo é necessário que se atribua sentido ao que foi lido. É necessário que

se entenda o que se quer ser transmitido, em como aquele texto pode influenciar sua vivencia,

tornando o leitor crítico, pensante, capaz de se posicionar frente às situações do cotidiano,

sejam elas: culturais, sociais e históricas.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, p. 53) temos que:

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do

significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o

assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do gênero,

do portador, do sistema de escrita, etc.

Neste aspecto, a leitura é um dos instrumentos fundamentais para a formação

intelectual, como também a formação do cidadão como um todo, na busca de seu

desenvolvimento humano, na busca de seus direitos e ampliando a diversidade social.

As salas de aulas estão repletas de decodificadores, mas é necessário formar leitores.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais afirmam que:

Para tornar os alunos bons leitores — para desenvolver, muito mais do que a

capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura —, a escola terá de

mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender) requer

esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo

que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los

confiantes, condição para poderem se desafiar a "aprender fazendo". (1998, p. 17).

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Percebe-se que toda a dinâmica escolar é centrada na leitura e compreensão, mas as

dificuldades de fazer essa compreensão não são devidamente sanadas e o aluno não é

estimulado a ampliar seu gosto literário, nem corrigir as falhas de interpretação que acarretam

o mau desempenho escolar, não somente na área de linguagem, mas no ensino como um todo,

pois para que ele se saia bem em matemática ou mesmo em história é necessário ler e

compreender o que foi lido. Essas dificuldades de compreensão afetam diretamente o

desempenho do aluno, acompanhando-o em toda a sua vivencia escolar.

Alfabetizar já não é suficiente. Existem muitos analfabetos funcionais, que são aqueles

capazes de ler e escrever, mas sem dar sentido ao que foi realizado, e por isso, torna-se

imprescindível desenvolver a capacidade de interagir com os diversos tipos de textos que

encontramos na sociedade, entendendo os significados das palavras nos seus mais variados

usos.

A escola deve inovar no modo de ensinar, utilizando atividades que proporcionem ao

aluno a reflexão sobre o texto, instigando os alunos à uma prática de leitura e de escrita, a fim

de formar cidadãos críticos, participantes e ativos na sociedade em que vivem. E cabe aos

professores fazer uso destas inovações em suas práticas docentes para alcançar tais objetivos.

Sobre isso os Parâmetros Curriculares Nacionais colocam:

[..]Se o objetivo é formar cidadãos capazes de compreender os diferentes textos com

os quais se defrontem, é preciso organizar o trabalho educativo para que

experimentem e aprendem isso na escola. Principalmente quando os alunos não têm

contatos sistemáticos com bons materiais de leitura e com adultos leitores, quando

não participarem de práticas onde ler é indispensável, a escola deve oferecer

materiais de qualidade, modelos de leitores proficientes e práticas de leitores

eficazes. "Cabe as instituições escolares proporcionar aos alunos diversos materiais

de apoio que possam desfrutar e avançar com eficácia o seu desenvolvimento na

leitura". (1998, p.12)

O hábito da leitura amplia os conhecimentos, faz com que a visão de mundo não se

torne limitada e a partir deste momento a relação com a realidade torna-se sólida e promove

um maior desenvolvimento da comunicação e do senso crítico.

Os professores devem considerar que uso de charges nas aulas de língua portuguesa

tem por objetivos a promoção da leitura e a interpretação de charges e cartuns, explorando a

linguagem verbal e a não verbal, além de distinguir ‗ícone‘, ‗índice‘ e símbolo‘,

estabelecendo os tipos de relações que esses signos representam, além de explicitar alguns dos

fatores de coerência, como a ‗intertextualidade‘ e ‗o conhecimento de mundo‘, como

elementos responsáveis pela produção dos sentidos.

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Para que se tenha uma boa leitura e interpretação é recomendável que os alunos

estejam sintonizados com os fatos políticos, econômicos, culturais que permeiam a vida em

sociedade.

2.1 -Conhecimento de mundo

Entendemos como conhecimento de mundo todas as experiências que vivenciamos ao

longo de nossa existência, tudo que vimos, ouvimos e lemos em nossa vida. Segundo Kleiman

(2009, p.22), o conhecimento de mundo é ―geralmente adquirido informalmente, através de

nossas experiências e convívio com a sociedade.‖ Com base nas palavras da autora podemos

inferir que o mesmo é adquirido pela experiência do dia a dia, geralmente ficam armazenados

em nossa memória e são divididos em quatro grupos:

Os frames, que não tem ordenação e representam rótulos. Ex: Natal, Páscoa,

Carnaval.

Os esquemas são armazenados na memória em sequência e com lógica. Ex:

Manual de DVD.

Os planos são os conhecimentos adquiridos para atingir metas, alvos. Ex:

Passar num concurso.

Os scripts, por fim são os conhecimentos sobre os modos de agir, dentro de

cada cultura. Ex: Praxes jurídicas, Ritos religiosos.

Além deste prévio conhecimento, o processo requer conhecimento dos modos textuais,

tais como as tipologias e gêneros textuais, por exemplo, ao se distinguir uma piada de uma

receita de bolo. Ainda há o conhecimento dito científico, aprendido nos livros e na escola.

(KOCH; TRAVAGLIA, 2001)

Na intertextualidade, que é um recurso pelo qual recorremos ao conhecimento prévio

de outros textos, existem os modos de forma, que repetem expressões, trechos e até o estilo de

certos autores. E a de conteúdo, onde os textos de variadas épocas, gêneros, áreas, se

misturam e dialogam entre si. (KOCH; TRAVAGLIA, 2001)

2.2- Gênero discursivo

Existe uma vasta diversidade de textos que ocorrem nos ambientes discursivos de

nossa sociedade, os quais nada mais são que materializações textuais linguísticas de discursos.

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Geralmente possuem estruturas estáveis, conforme Bakhtin (2003), disponíveis no intertexto

para serem atualizados nos eventos discursivos que ocorrem em sociedade; são divididos para

fim de análise em unidade composicional, unidade temática e estilo. São textos de qualquer

natureza, literários ou não. Modalidades discursivas que constituem as estruturas e as funções

sociais, utilizadas como formas de organizar a linguagem.

Tomando as palavras do próprio Bakhtin, definimos assim gênero discursivo:

O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e

únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana.

Esses enunciados refletem condições específicas e as finalidades de cada referido

campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem, ou seja, pela

seleção de recursos lexicais [...], mas acima de tudo, por sua construção

composicional. Todos esses três elementos – o conteúdo temático, o estilo, a

construção composicional – estão indissociavelmente ligados no todo do enunciado

e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo de

comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada

campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de

enunciados, os quais denominaram gêneros do discurso. (BAKTHIN, 2003, p.262)

Disponíveis num inventário de textos (arquitexto ou intertexto), criado historicamente

pela prática social, com ocorrência nos mais variados ambientes discursivos, que os usuários

de uma língua natural atualizam quando participam de uma atividade de linguagem, de acordo

com o efeito de sentido que querem provocar nos seus interlocutores.

Para Bidarra e Reis, ―Tudo o que é passível de significado é considerado um texto,

algo que vai desde o escrito, passando pela imagem até um objeto. Nessa nossa concepção,

quem o produziu, o fez com intenções e objetivos a serem atingidos.‖ (2013, pg. 153). Dessa

forma, podem ser considerados exemplos de gêneros textuais: Novelas, anúncios, convites,

atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comédias, contos de fadas, convênios,

crônicas, editoriais, ementas, ensaios, entrevistas, circulares, contratos, decretos, discursos

políticos, histórias, entrevistas, instruções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias e

etc.

E este fundamento é o que se aplica a charge. Este gênero textual nem sempre vem

acompanhado de linguagem verbal, contudo ela transmite o significado retratado pelo autor a

determinado fato contextual. Não há um sentido único, mas sim, inúmeras variações, que

podem ser oriundas daquilo que o autor pretendeu instigar e o que a percepção do leitor foi

capaz assimilar. (KLEIMAN, 2004).

Koch (2008) nos diz que a produção textual é uma atividade, ao mesmo tempo, verbal

e não verbal consciente e criativa e interacional.

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Por isso, um texto pode ser o resultado de um conjunto de operações com a finalidade

de atingir certos objetivos ou um processo interativo entre autor e leitor, onde a conclusão

ficara a cargo deste último. A experiência do leitor é indispensável para construir o sentido do

texto.

2.2.1 Características da charge

A charge é um texto, basicamente feito por desenho de caráter humorístico,

geralmente usando o mínimo de texto verbal. Trata-se de um tipo de texto muito importante

na mídia atual, graças à sua capacidade de fazer, de modo sintético, críticas político-sociais.

Cavalcanti (2012) nos diz que:

Engana-se quem imagina que a charge é apenas uma piada gráfica que utiliza a

linguagem visual em sua construção. Na verdade, é um texto opinativo e, impressa

nos jornais, é normalmente publicada no caderno de opinião em meio a cartas

argumentativas, editoriais, artigos de opinião, entre outros. (Pág.74)

A charge relata um fato ocorrido em uma época definida, em um determinado contexto

cultural, econômico e social e sua compreensão está ligado aos conhecimentos desses fatores

para ser entendida. Ela possui um importantíssimo papel como registro histórico. É temporal e

perecível. Sua afinidade é maior com os acontecimentos políticos e são críticas e

manifestações bem humoradas para assuntos verídicos e sérios. Por se tratar de imagem de

rápida leitura, é um texto atraente aos olhos do leitor e transmite múltiplas informações de

uma só vez. Para se formar leitores de texto chárgico existem pré-requisitos que vão deste a

estar bem informado acerca do tema abordado, como a ter visão crítica e humor, afinal, ali

está focalizada e sintetizada certa realidade e somente os que conhecem essa realidade

efetivamente entendem a charge.

A compreensão das charges, dos cartuns e de outras imagens é um processo que como

já mencionado, requer um dado conhecimento de mundo, que vem a ser ativado devido a

alguns tipos de relações, que são: as relações de semelhança (icônicas), as relações de

contiguidade (indiciais) e as relações simbólicas.

Esses termos foram utilizados primeiramente por Saussure e Charles, isso porque são

termos usados pela Semiótica - ciência geral dos signos. Saussure e Charles desenvolveram

estudos no final do século XIX e início do século XX. A obra de Saussure privilegia o signo

verbal, já a de Charles, os signos não verbais. Com base nas diferenças existentes na relação

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significante/significado, Peirce apresenta três tipos de signos: ícone, índice e símbolo.

(VALENTE, 1998)

O ícone traz sua relação motivacional criada pelo homem, seu enfoque é na

semelhança e se assemelha a metáfora. Ex: estátuas, fotos, mapas, cartuns e charges que se

referem a pessoas.

O índice tem a sua relação ligada ao nexo causal, ou seja, há uma relação de causa

entre o signo e o objeto, seu enfoque é na proximidade com a significação e remete a

metonímia, em que o sentido da palavra é transposto para a relação do objeto. Ex: ―fumaça‖

(―onde há fumaça, há fogo‖, já nos ensina a sabedoria popular), ―nuvens pretas‖ (índice de

―chuva‖), ―árvore florida‖ (índice de ―primavera‖).

E por fim, o símbolo, onde sua relação é analógica parcialmente motivada e seu uso

sofre variação entre significante e significado. Ex: Balança (Justiça); Espada (força); Cruz

(cristianismo); Bandeira branca (paz). Existe uso simbólico de cores, animais, forças da

natureza e etc. (VALENTE, 1998)

Atualmente já existe o uso de charges para avaliar a capacidade de interpretação dos

alunos nos exames escolares, o ENEM é um exemplo disso. Pensar a relação simbólica do

verbal com o não verbal nos leva a pensar a relação disso com o contexto sócio histórico. Não

dar para pensar a leitura de charges sem fazer essa relação, isso porque assim como os

símbolos vão significar diferentemente em determinados contextos a charge também

significam de acordo com situações sociais, históricas e políticas da sociedade.

3 - A IMPORTÂNCIA DE CHARGES NO COTIDIANO ESCOLAR

Existem diversos recursos que podem ser colocados à disposição dos leitores para que

se desperte a atenção e o interesse dos alunos. Na busca de ativar essa curiosidade, faz-se

necessário que as práticas pedagógicas em sala de aula devam ser inovadoras, divertidas e

lúdicas. E a interação das charges como gênero textual contribui para o trabalho interpretativo

de textos. A utilização do recurso visual é um dos grandes artifícios da linguagem textual do

uso da charge, pois ele além de atrativo se torna um instrumento capaz de captar a atenção do

aluno e despertar-lhe o gosto pela leitura. Alguns fatores são inerentes à charge, tais como: a

intertextualidade, a situacionalidade e a informatividade.

A partir das ideias de Bakhtin (2003) sobre os gêneros discursivos, podemos dizer que

a charge é um gênero discursivo da esfera jornalística, organizado por elementos verbais e não

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verbais. Tem por função primeira provocar o humor e o riso, recursos para atrair o leitor para

algo mais sério, revelado pela crítica que o chargista pretende veicular.

Mouco afirma que:

É importante destacar que a charge, além do seu caráter humorístico, e, embora pareça

ser um texto ingênuo e despretensioso, constitui uma ferramenta de conscientização,

pois ao mesmo tempo em que diverte, informa, denuncia e critica, constitui-se um

recurso discursivo e ideológico. (2007, p. 31).

Tal afirmação significa dizer que a charge não se limita apenas a provocar risos, mas

objetiva criticar e discutir uma dada situação da atualidade. Considerando tais reflexões

percebe-se que o leitor precisará estar sempre atualizado em relação aos acontecimentos

sociais, pois assim, compreenderá o que está implícito na informação deixada pelo autor.

A charge utiliza uma relação que na teoria deve pré existir entre autor e leitor, porém,

esta relação de identificação, vai ainda exigir que ele possua conhecimentos entre a imagem, o

escrito (se houver) e, é claro, o acontecimento atual. A charge requer interdisciplinaridade, e é

indiscutível que o ensino formador de mentes críticas e atuantes necessite passar pela

interdisciplinaridade.

O uso da charge em atividades interdisciplinares propicia ao docente, possibilidades

pedagógicas em diversas áreas do conhecimento. No texto verbal e não verbal, o

docente pode orientar projetos em redação, análise de discurso, elementos

gramaticais do texto, coesão, coerência, aprendizagem de novas expressões, palavras

e relação de temas pertinentes à comunidade da escola, com ênfase aos temas

transversais. (PESSOA, 2011, p. 26).

Desta forma, o ensino se torna interdisciplinar e o professor além de utilizar as charges

para contextualizar sua disciplina, deve também interagir com outras áreas aliando conceitos

de artes, literatura, história, física, geografia, sociologia e filosofia. A natureza interdisciplinar

deste gênero permite diversas possibilidades educacionais, que aliadas ao ensino de

linguagens só tendem a fortalecer o processo educacional destes alunos.

Mediante o exposto, fica evidente que ao se trabalhar com charges, os educandos se

sentirão mais motivados e curiosos, pois terão que recorrer ao conhecimento prévio de outros

textos e terão de saber os fatos históricos neles contidos, para alcançar a mensagem que foi

transmitida.

Conforme Romualdo (2000):

Se pensarmos em termos de conteúdo, uma charge ou uma caricatura podem ser muito

mais densas do que os outros textos opinativos, como uma crônica ou até mesmo um

editorial. O leitor pode, inclusive, deixar de ler estes e outros gêneros opinativos

convencionais, optando pela leitura da charge que, por ser um texto imagético e

humorístico, atrai mais sua atenção e lhe transmite mais rapidamente um

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posicionamento crítico sobre personagens e fatos políticos. (ROMUALDO, 2000, p.

15).

Isto significa que a charge é um gênero textual capaz de instigar a curiosidade e

despertar o gosto pela leitura, tornando desta forma o processo de ensino e aprendizagem mais

dinâmico e interativo.

4- METODOLOGIA

Este trabalho terá sua metodologia fundamentada em pesquisas bibliográficas, a serem

realizadas em livros, artigos, sites da internet e impressos tais como: revistas e jornais, entre

outros. Dessa forma, se caracterizará como uma pesquisa teórica, de cunho bibliográfico e

interpretativo, a qual se configura como um processo de ―pensar a realidade e de elaborar

conceitos e categorias de análise‖ (DEMO, 2004, p. 24).

A pesquisa teórica se faz relevante para o processo de aprendizagem, pois somos

influenciados e reproduzimos a prática de outros, porém deve-se ter o cuidado de não cair no

equívoco de julgar as colocações como certas ou erradas, sem apresentar uma contraproposta

e/ou abrir a discussão sobre determinada teoria (DEMO, 2004).

Como base dos estudos desta pesquisa, utilizaremos charges de autores que discutem a

atualidade e fatos do cotidiano da educação e política, como forma de conscientização e

crítica, formando assim um pensamento crítico, onde o aluno interprete as situações com o

seu próprio olhar.

O trabalho teórico contém alguns pontos centrais como: elaboração de quadros de

referências, compreensão das charges, apoio da produção vigente, reflexão elaborada e

conhecimentos prévios. Usar os questionamentos para agrupar teoria e prática, real e ideal

devem ser os objetivos primordiais do pesquisador.

A abordagem interpretativa baseia-se na hermenêutica (busca o significado de um

texto) e na fenomenologia (teoria gerada a partir dos dados coletados). Busca compreender o

fenômeno a partir dos próprios dados, das referências fornecidas pela população estudada e

dos significados atribuídos ao fenômeno pela população. Assume que a realidade é subjetiva e

socialmente construída. Utiliza os próprios dados para propor e resolver questões da pesquisa.

(MORESI, 2003)

Por fim, resta-nos indicar que utilizaremos da abordagem qualitativa, com

fundamentos descritivos e interpretativos, que consistem na elaboração crítica de conceitos e

teorias, em um processo de interpretação sobre determinado problema em face de vários

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conceitos divergentes ou não, com interferências do autor, visto que o olhar deste faz a

ligação com a problematização e a fonte teórica.

5-ANÁLISES DOS RESULTADOS

Iremos analisar algumas charges de assuntos pertinentes no dia a dia estudantil, de

assuntos ligados políticas públicas que interferem diretamente no bem estar social e assuntos

estes que não devem ser deixados de lado, para que desde cedo se crie uma postura ética e que

estes mesmos alunos revejam as suas posições e se coloquem como cidadãos conscientes e

exijam que seus direitos sejam garantidos.

O uso de charges favorece a leitura e a interpretação de texto, pois exploram

linguagens verbais e não verbais, usando a intertextualidade verbal e a não verbal, para dar

sentido a essa compreensão. Um dos objetivos de ensino com charges é a condensação de

informações em processos intertextuais que forçam o leitor a adquirir conhecimentos

atualizados. A charge conquista facilmente o leitor, por possuir leveza ao aliar imagem e

escrita, para transmitir uma informação. É um gênero textual que é muito utilizado como

material de apoio didático.

Trabalhar a leitura com o uso de charges é interessante porque proporciona ao leitor se

aproximar de um assunto do cotidiano apontando um sentido de incomodo e crítica, gerando

reflexão e debate, tornando essa construção crítica algo de muito positivo para a formação de

uma sociedade participativa e com o uso do humor, gerando prazer e diversão.

A charge não é uma piada, com linguagem visual, é um gênero textual opinativo, seus

maiores focos são críticas políticas, econômicas, esportivas e sociais. Ela tem o poder de unir

várias informações, inclusive procedentes de contextos extremamente diferentes, num

processo de intertextualidade que ocorre na linguagem verbal ou mesmo nas imagens.

A charge transmite informação envolvendo fatos atuais. É uma representação gráfica

de determinado assunto conhecido do leitor. Quanto à forma, elas representam figuras com

possibilidades existentes no mundo real e comumente são usados caricaturas e símbolos para

que o leitor reconheça e compreenda a mensagem transmitida. A ambientação da charge deve

conter detalhes que forneçam dados suficientes para a compreensão do leitor, tais como a

caracterização do ambiente e as marcas simbolizando o tema tratado. Podem ser constituídas

apenas por linguagem não verbal, no entanto é mais comum apresentarem linguagem verbal e

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não verbal ao mesmo tempo. A linguagem verbal geralmente aparece dentro de balões,

representando a fala ou o pensamento das personagens.

Iremos analisar uma sequência de charges, em eixos fundamentais para a nossa

sociedade: Educação, política e mobilidade urbana.

5.1 Séries – Educação

Charge I (Ivan Cabral, 2009)

Na charge I, há a fala do aluno, caracterizada pelo balão. A ideia transmitida é de

inversão de valores onde o aluno entrega um trabalho sobre ética e tenta ―comprar‖ a

professora com um presente, ou seja, ele não aprendeu nada sobre ética ao fazer o trabalho. A

fisionomia é de um cara esperto, que tenta ganhar vantagem, o famoso jeitinho brasileiro. A

professora tem uma feição de espanto, talvez pela pouca idade para que o menino já tenha

essa postura perante a vida ou mesmo incredulidade, quando o professor, que tanto se dedica

para transmitir conhecimentos, se vê numa situação desta, onde é colocado em xeque.

É perceptível ainda que a charge faz uma crítica a educação brasileira, tendo como

consequência a falta de ética dos brasileiros, trazendo a ideia de que esse comportamento

atravessa todas as idades, mas pode começa na escola. A ideia diante de um sistema

educacional falho do ―eu finjo que ensino e você finge que aprende‖ é marcado na charge

quando o aluno entrega uma redação sobre ética e falta com a mesma, ou seja, não aprendeu

nada. A grande questão é: Que outros enunciados e vozes atravessam essas já postas na

charge? Além da voz do aluno e do professor colocado de forma explicita, podemos retornar a

partir da charge a voz do sistema educacional (secretários da educação) e o próprio sistema

educacional do nosso país que é falho desde as suas bases. Uma cadeia de outros problemas

poderão ser revelados, a partir do tema proposto pela charge, como: ética, condições de

trabalho do professor, avaliação, etc.

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As charges atraem o leitor justamente por condensarem informações em poucas

palavras, favorecendo uma leitura rápida. A compreensão de uma charge, tendo em vista essa

condensação de informações, depende de um conjunto de dados e fatos contemporâneos no

momento em que se estabelece a relação discursiva entre o produtor e o receptor. Essas

informações presentes nas charges são relacionadas por meio da intertextualidade e da

polifonia, portanto, para o entendimento do gênero, o leitor deve recuperar as diversas vozes e

os diversos intertexto ali presentes.

Charge II (Ivan Cabral, 2009)

Na charge II Ivan Cabral, faz uma alusão entre salário e boletim, em que a

preocupação de ambos os personagens se mostra em suas feições, preocupações que tem o

mesmo nome, mas com sentidos totalmente diferentes. O professor, que já formado, que está

na posição de avaliador, pensa no seu pouco salário, sentado a beira da calçada, na sarjeta, já

o aluno, triste, preocupado com seu desempenho escolar, onde as notas marcadas em

vermelho, provavelmente lhe trarão problemas.

Nesta charge é perceptível a condensação de informações as quais listaremos abaixo:

1. Legenda: Nota baixa (uso de dualidade).

2. As personagens: Professor, já formado; aluno, com problemas de desempenho

escolar.

3. Balão de pensamento: As referencias à nota baixa são diferentes e distintas, mas

fazem os dois ficarem tristes.

4. Sentados na sarjeta: alusão a rua da amargura, sentido de desamparo e sofrimento.

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5. Capelo (chapéu de formatura): mostrando que mesmo sento graduado, o salário

ainda é uma tormenta para o professor.

6. Boletim com notas em vermelho: frisando o mau desempenho do aluno.

Para que haja compreensão desse texto é necessário que o leitor recupere os intertexto

e as informações acima listadas, e essas informações são contemporâneas à época e se

relacionam de forma criativa para estabelecer uma crítica bem humorada.

Sem o contexto, é impossível interpretar a charge e, com o distanciamento temporal

em relação ao fato, a charge vai perdendo sua capacidade de comunicação. A charge

é um tipo de registro da história que necessita para uma interpretação aberta estar

relacionada aos eventos políticos e culturais de seu tempo (NERY, 1998, p. 87).

A principal critica, deve-se ao fato de que os salários dos professores ainda são

indignos. Bakhtin (2003) considera que todo discurso construído na história da língua é

resultado de discursos anteriores e esse conjunto de discursos constrói a história.

Aqui percebemos a correlação entre o salário baixo e as notas dos alunos. Há uma

relação de causa e efeito proposta na charge. Quanto mais baixos os salários dos professores,

mas baixas as notas dos alunos. Isso significa que, professores mal pagos refletem diretamente

na forma de ensino-aprendizagem, e, consequentemente, no futuro do cidadão brasileiro, pois

a consequência de déficit de aprendizagem refletirá também em dificuldades futuras, que

podem levar a sarjeta. As marcas discursivas presentes na charge nos remete a uma memória

coletiva de que sem educação e aprendizagem eficiente não conseguiremos um bom emprego,

isso preocupa a todos. A crítica construída nesse gênero vem mostrar que a falta de estímulo

causada pelo mau salário do professor há um efeito que reflete no aluno e futuro cidadão,

contribuinte, brasileiro.

A próxima charge, ainda na série educação, trata especificamente da estrutura das

instituições de ensino público no Brasil.

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Charge III

Intertextualidade implícita ocorre quando o intertexto é exposto sem nenhuma menção

à fonte. Neste caso, existem duas possibilidades, ou seguir a direção argumentativa do

intertexto, apoiando-a ou endossando-a; ou colocá-lo em questão, argumentando em sentido

contrário. No caso de intertextualidade implícita, ou seja, com valor de subversão, a inferência

do intertexto é crucial para a construção de sentido. A charge acima apresenta

fundamentalmente esse tipo de intertextualidade, a começar pela legenda. O texto fonte, nesse

caso, é a própria legenda que se não for reconhecida, a compreensão é comprometida.

Na charge III, a menção ao novo acordo ortográfico em que há mudança na língua

portuguesa faz um paralelo com as mudanças na construção educacional da população menos

abastada. Tendo em vista que não houve melhorias ou investimentos na educação,

principalmente a de base. Falta ao governo medidas que tenham foco prático e que aliviem o

sofrimento dos estudantes e professores que estão sem condições, num sistema a beira de um

colapso. A crítica contra os que impõem mudanças sem que necessidades realmente

importantes para maioria da população sejam vistas é severa.

5.2- Séries - Política

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Charge IV

Esta charge faz uma critica sobre a mudança do sistema eleitoral brasileiro, onde os

cadastros passaram a ser computadorizados, com a digitalização da impressão digital dos

eleitores como forma de evitar a fraude. Mas a indignação da personagem, que precisa fazer o

registro de suas digitais, como se ele fosse algum criminoso, além da própria frase em que ele

afirma que os políticos que são os criminosos, mostram a insatisfação da população no poder

público brasileiro e na falta de credibilidade.

É necessário que o leitor possua algum conhecimento prévio do que significa a sigla

TRE (Tribunal Eleitoral Regional), que é o órgão competente que gerencia todo o sistema

eleitoral brasileiro, O leitor também deve estar atento para fatos do cotidiano, como a

convocação que tem sido feita para que ocorra o cadastramento, que ainda não foi realizado

em 100% do território nacional, mas já conta com uma grande quantidade de municípios

cadastrados. Fatos recentes como os casos de corrupção na câmara e senado do nosso país,

envolvendo ministros, senadores, deputados e outros tantos, só fazem crescer esse sentimento

de insatisfação e incredulidade no cenário político nacional. Temos um passado histórico de

graves e sequentes casos de corrupção no nosso país, que inevitavelmente faz crescer a

insatisfação, bem como diminui a vontade de ser participante do processo democrático do

nosso país.

Percebe-se pelas letras de forma que o chargista tenta chamar a atenção para ―ELES‖,

se referindo aos políticos brasileiros e, para ―NÓS‖, se referindo à população brasileira,

deixando enunciar que eles (políticos) comentem os crimes e nós é que pagamos o preço,

somos roubados por eles e ainda temos a obrigação de fazer o recadastramento, pois o não

cumprimento desse dever eleitoral implica em sanções para o eleitor não cadastrado.

A segunda charge, dessa serie também trata do tema política de nosso país, embora os

outros discursos, outras vozes sejam enunciados, atravessados no interior desta. Para o mestre

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russo Bakthin (2004) os discursos são sempre polifônicos, há um conjunto de outras vozes

que reiteram e significam no interior do discurso.

Vejamos a charge:

Charge V

Este texto, demanda a compreensão de seu leitor aos acontecimentos à situação

retratada e ao espaço geográfico ilustrado. A imagem de um morro nos direciona a

compreender que o fato ocorre na cidade do Rio de Janeiro.

É possível identificar o espaço geográfico retratado no texto, a partir da presença de

morros, representado as comunidades, como também a presença do Cristo Redentor. Outro

indício, que é a presença da polícia no local. Em 2011, o Brasil e o mundo assistiam ao

processo de pacificação de um dos morros mais violentos da cidade que era totalmente

dominado pelo tráfico de drogas. A comunidade foi tomada pela polícia e, ocupada pelos

militares. Esse tipo de conhecimento é acionado assim que o leitor se depara com o texto.

Porém, a discussão da charge, contempla outro fato, que é a visita do presidente norte-

americano Barack Obama. Verificamos que o foco do chargista é a visita do referido

presidente e a forma como o Brasil se prepara essa recepção, ou seja, as medidas de segurança

que são tomadas para a chegada do convidado. Notemos pela fala da personagem: ―Calma,

gente! É a visita do Obama‖... Vemos que há uma presença maciça das forças armadas

brasileiras, de forma exagerada, como se observa pela grande quantidade de tanques de

guerra. A crítica feita é relacionada à falta de segurança pública no dia a dia da população e o

exagero na segurança devido à presença de uma autoridade estadunidense.

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Charge VI

Nesta charge, dois amigos bebem na mesa do bar e um deles lê as notícias no jornal, e

ao falar para o amigo que os petroleiros irão entrar em greve, o outro, com cara de desanimo,

diz que o aumento dos combustíveis será em pouco tempo. Neste episódio, podemos fazer a

leitura de que alguns setores da nossa economia se ver atrelados ao governo e se mantém

frágeis e sem liberdade de ação, a Petrobrás, como bem sabemos, pertence ao Governo

Federal, e detém o controle sobre os combustíveis no Brasil, mas se os trabalhadores entram

em greve, que é um direito constitucional, há um colapso na demanda e a lei do mercado é a

de que pouca oferta eleva os preços.

A figura da fisionomia da segunda personagem de insatisfação, descontentamento,

além de certo desprezo é uma das grandes formas de criticar o governo, pois é como se ele

dissesse que não há solução.

Certamente o professor deve trazer aos seus alunos questões que eles possam discutir

o seu dia a dia, a interação que eles fazem com o mundo, mas essas questões já não são tão

distantes dos jovens, pois, cada dia eles estão mais atentos ao que se passa e cada dia mais

globalizados.

5.3- Séries - Transporte Público

Nas três charges escolhidas para análise, sobre o tema transporte público, notamos,

que a tônica é quase sempre a mesma, a super lotação dos coletivos urbanos, além do péssimo

serviço prestado pelas empresas.

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Charge VII (Lucas Carvalho)

Na charge VII o aluno, que está com a mochila nas costas, se arrisca ao viajar fora do

ônibus, pois é evidente que em qualquer momento ele poderá se acidentar, e, a legenda faz

uma alusão a este comportamento: ―Viva arriscando...‖ e a personagem ainda pede ao

motorista que espere, mas não é atendido.

Charge VIII

Na charge VIII, a lotação é tão grande que alguns passageiros vão pendurados do lado

de fora do ônibus, a crítica ainda é marcante pela frase que a personagem diz: ―Veja pelo lado

bom, aqui do lado de fora é mais fresquinho.‖ Ainda há a presença do cobrador do ônibus que

vem, mesmo sem qualquer acomodação, fazer a cobranças das passagens.

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Charge IX (Sponholz)

A charge exagera, mas mostra o que acontece nos grandes centros urbanos e nos traz a

mente as grandes manifestações que ocorreram em julho deste ano de 2013, que foram

iniciadas motivadas pela insatisfação dos transportes públicos, onde o slogan ―Não é só pelos

0,20 centavos‖ foi a marca registrada das manifestações. E a charge IX faz referencia aos

incentivos que o governo tem dado, com a redução do IPI (Imposto sobre produto

industrializado), que aquece as vendas de carros e consequentemente aumenta o volume de

carros nas ruas, aumentando o fluxo de carros e aumentando a lentidão no trânsito, gerando

demora na locomoção de quem necessita usar transporte, seja ele coletivo ou individual, mas

a classe que não possui acesso a ter seu próprio veículo automotivo sofre muito mais, pois

além da demora, existe o desconforto.

O direito de ir e vir são universais, mas, esse direito muitas vezes é tolhido, pela falta

de acesso á transporte público de qualidade, tendo em vista que grande parte da população faz

uso e depende dele.

A intertextualidade é um recurso produtivo em sala de aula para subsidiar a

competência argumentativa dos alunos a partir de relações lógico-discursivas

trazidas à tona pelo gênero charge, que tem em sua natureza, a capacidade de

abordar temas polêmicos como a política, a religião, os conflitos sociais etc.

(PEREIRA, 2006, p.102).

A análise das charges envolve conhecimento de mundo, senso crítico e envolvimento

com as questões, muitas vezes, quando o assunto não faz parte do dia a dia do leitor, não

desperta nele o interesse, é necessário que o professor busque assuntos que gerem além de

interesse, o senso crítico, de responsabilidade e de participação nas coisas pertinentes ao

coletivo, pois só assim formaremos cidadãos cada vez mais participativos e atuantes dentro da

nossa sociedade.

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6- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação desenvolve competências no indivíduo em que ele se torna capaz de

conciliar, de maneira harmônica, a construção do seu bem-estar individual junto ao bem estar

da coletividade, ao qual ele está inserido. E a prática educativa adota formas diversas,

capacitando o indivíduo a manifestar seus sentimentos, seus ideais e valores, sem impor sua

vontade.

A charge é um gênero textual recheado de recursos linguísticos que o professor pode

aproveitar para explorar o conhecimento dos alunos, pois além de trabalhar diretamente com a

prática de leitura de texto, ele ainda trabalha a leitura de mundo que surge mediante a

intertextualidade e os elementos implícitos na charge.

Sua principal característica é o humor, o uso de caricaturas e figuras desperta o

interesse dos alunos, e ao estudá-la, passam a desenvolver uma visão crítica a respeito dos

assuntos que as charges abordam, trabalhando assim, a linguagem de uma forma geral. Cabe

ao professor ter essa percepção ao mesclar teorias e práticas de leitura.

Pode parecer utópico, falar em consciência critica através de utilização de charges em

sala de aula, entretanto, seu uso possibilita que o aluno perceba a realidade da sociedade

contemporânea, e possa refletir sobre as condições em que vive em relação à saúde,

segurança, política, educação e etc. Dar ao aluno a oportunidade deter essa visão, é formar

cidadãos, mesmo que não tenhamos investimentos e políticas públicas eficientes, é necessário

dar o primeiro passo nessa direção, afinal alguma iniciativa deve ser tomada e a pratica se

constrói com teoria e ideais. O homem deve entender que ele é um ser social, capaz de

modificar seu caminho, por suas escolhas, seu esforço e sua persistência

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