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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
GÉSSICA CAZUZA DE MEDEIROS
APROVEITAMENTO DE PARTES NÃO CONVENCIONAIS DE ALIMENTOS
EM UMA INSTITUIÇÃO SOCIAL DA CIDADE DE JOÃO PESSOA
João Pessoa
2016
1
GÉSSICA CAZUZA DE MEDEIROS
APROVEITAMENTO DE PARTES NÃO CONVENCIONAIS DE ALIMENTOS
EM UMA INSTITUIÇÃO SOCIAL DA CIDADE DE JOÃO PESSOA
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao curso de graduação em
Nutrição do CCS-UFPB como requisito para
obtenção do título de Bacharel em Nutrição.
Orientador (a): Dra. Maria da Conceição
Rodrigues Gonçalves
João Pessoa
2016
2
M488aMedeiros, Géssica Cazuza de.
Aproveitamento de partes não convencionais de alimentos em uma instituição social
da cidade de João Pessoa/ Géssica Cazuza de Medeiros. - - João Pessoa,2016.
48f.: il. –
Orientadora: Maria da Conceição Rodrigues Gonçalves.
Monografia (Graduação) – UFPB/CCS.
1.Aproveitamento integral de alimentos. 2.Partes não convencionais de alimentos.
3.Análise sensorial.
BS/CCS/UFPB CDU: 664(043.2)
3
GÉSSICA CAZUZA DE MEDEIROS
APROVEITAMENTO DE PARTES NÃO CONVENCIONAIS DE ALIMENTOS EM UMA INSTITUIÇÃO SOCIAL DA CIDADE DE JOÃO PESSOA
APROVADO EM ___/___/___
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________________________________
Profª. Drª Maria da Conceição Rodrigues Gonçalves Departamento de Nutrição/ CCS/UFPB
(Orientadora)
_________________________________________________________
Profª. Ms. Ilka Maria Lima de Araújo Departamento de Nutrição/ CCS-UFPB
(Examinadora)
________________________________________________________ Profª Ms. Sônia Cristina Pereira de Oliveira
Departamento de Nutrição/CCS-UFPB (Examinadora)
4
Dedico este trabalho a minha mãe,
Vilma Cazuza (in memoriam) e minha
avó Almira Maria (in memoriam),
também aos meus tios e meu avô
pelo incentivo e apoio ao longo da
graduação e por me ensinarem que o
conhecimento é primordial para a
construção do ser humano.
Obrigado por todo amor, cuidado e
confiança que tiveram por mim ao
longo desses anos.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pois Ele foi o responsável por essa vitória, me dando
força, perseverança, saúde e coragem, me colocando no caminho que meu
coração deseja.
À minha mãe Vilma Cazuza de Medeiros (in memoriam) e a minha
segunda mãe, minha avó, Almira Maria de Medeiros (in memoriam), que foram
um exemplo a ser seguido, a vocês quero dedicar essa conquista.
Aos meus tios Valdilene, Vânia, Valdemir e meu avô Luiz Cazuza por
terem preenchido o vazio deixado pela ausência de minhas mães, me
direcionando para o melhor caminho, obrigada pelo apoio, cuidado e amor que
recebi, também por acreditarem nos meus esforços.
Às minhas primas Daniely Marques e Dayla Marques pelo incentivo,
companheirismo e irmandade, e por se fazerem sempre presentes na minha
vida. A minha grande amiga Carla Ramaiane pelo companheirismo,
cumplicidade, confiança, carinho e por me fazer acreditar nos meus sonhos.
À minha família do EJC e colegas desse segmento que me levou para
mais perto de Deus, trazendo alegria, fé e amor para minha vida.
Às minhas amigas de graduação por todos os momentos de
aprendizagem, companheirismo, ajuda mutua e todas as alegrias que me
proporcionaram. Minhas amigas de apartamento que fizeram minha estadia
em João Pessoa ser mais fácil, não deixando os momentos de saudade de
casa me abalar.
À minha querida orientadora Maria da Conceição Rodrigues pela
acolhida, ensinamentos, oportunidade, orientação e confiança na realização
deste trabalho e a Sônia Cristina e Ilka Maria que se propuseram a estar
presente nesse momento. E a todos os professores da graduação.
Por último, mas essencial nessa pesquisa, agradeço a gestora da
entidade social que autorizou a realização desse estudo e a todos os
participantes.
À todos que de alguma forma contribuíram e acrescentaram algo a
minha vida, ao longo da minha vida acadêmica e pessoal.
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RESUMO
O desperdício de alimentos é um dos maiores problemas enfrentados pelo
Brasil. Uma maneira de minimizar essa situação é através da utilização de
partes não convencionais de alimentos na elaboração de novos produtos.
Segundo análises químicas algumas cascas de frutas possuem uma
quantidade de nutrientes superior às partes comestíveis, podendo ser uma
alternativa na complementação alimentar. O principal objetivo desse trabalho
foi promover o aproveitamento de partes não convencionais de alimentos em
uma instituição social da cidade de João Pessoa- PB. A amostra foi composta
por 52 indivíduos, adultos, de ambos os sexos. A coleta de dados foi aplicada
na própria instituição e incluía um questionário de avaliação com 14 perguntas
direcionado as merendeiras, capacitação sobre como aproveitar o alimento na
sua totalidade e confecção de duas preparações na qual se analisou a
quantidade de nutrientes e a aceitação pelos usuários através de uma escala
hedônica de 9 pontos, para o cálculo do Índice de Aceitabilidade do produto foi
adotada a expressão: IA (%) = A x 100/B, na qual, A= nota média obtida para o
produto, e B= nota máxima dada ao produto, através do programa estatístico
Microsoft Excel 2010. De acordo com os resultados, o índice de aceitabilidade
(%IA) do bolo da casca de abacaxi foi de 86% em relação aos atributos cor
(88,9%), aroma (83,3%), sabor (88,9%) e aparência (83,3%) e a média das
notas da escala hedônica foi 7,7, sendo superior ao %IA do bolo da casca de
banana que correspondeu 82% sendo a cor (83,3%), aroma (77,8%), sabor
(83,3%) e aparência (83,3%), a média das notas 7,4. Foi determinado o valor
nutricional das preparações, e observou-se que o bolo da casca de abacaxi
continha 5393,45 calorias, 10% de proteínas, 8,5% de lipídios, 87,4% de
carboidratos, 45,23 g de fibras totais, 846,52 mg de cálcio, 24,57 mg de ferro,
3,97 g de potássio e 401 g de vitamina A. A preparação do bolo de banana
apresentou 6318,68 calorias, 10,8% proteínas, 15% de lipídios, 78,4% de
carboidratos, 30,03 g de fibras totais, 1,77 g de cálcio, 24,57 mg de ferro, 19,88
g de potássio e 915,96 g de vitamina A. Conclui-se que um produto elaborado
através do aproveitamento integral de cascas pode ser bem aceito pelos
consumidores, possui alto valor nutricional, baixo custo constituindo-se uma
prática simples de ser realizada, desde que seja divulgada e esclarecida. A
capacitação foi uma ferramenta importante para desmistificar a utilização
dessas partes.
Palavras- chaves: aproveitamento integral de alimentos, partes não convencionais de alimentos, análise sensorial.
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ABSTRACT
Food waste is one of the biggest problems facing Brazil. One way to minimize this situation is by using non-conventional parts of food in the development of new products. According to chemical analyzes some fruit peels have a higher amount of nutrients to the edible parts, and can be an alternative in the food supplement. The main objective was to promote the use of unconventional pieces of food in a social institution in the city of João Pessoa-PB. The sample consisted of 52 individuals, adults of both sexes. Data collection was applied to the institution itself and included an evaluation questionnaire with 14 questions directed the school cafeteria, training on how to make the food as a whole and making two preparations which examined the amount of nutrients and acceptance by users through a hedonic scale of 9 points, to calculate the Acceptability product Index was adopted the expression: IA (%) = a x 100 / B, where a = average grade obtained for the product, and B = top marks given the product, using Microsoft Excel 2010. statistical Programme according to the results, the acceptability index (% IA) pineapple bark cake was 86% compared to the color attributes (88.9%), aroma ( 83.3%), taste (88.9%) and appearance (83.3%) and the average of the hedonic scale notes was 7.7, higher than the% AI banana peel cake corresponding 82% being color (83.3%), flavor (77.8%), flavor (83.3%) and appearance (83.3%), the average grade 7.4. It was determined the nutritional value of the preparations, and it was found that pineapple cake shell 5393.45 calories contained 10% protein, 8.5% fat, 87.4% carbohydrates, 45.23 g of fibers total, 846.52 mg of calcium, 24.57 mg of iron, 3.97 g of potassium, and 401 g of vitamin A. the preparation of banana cake presented 6318.68 calories, 10.8% protein, 15% lipids, carbohydrates 78.4%, 30.03 g of total dietary fiber, 1.77 g of calcium 24.57 mg of iron, potassium and 19.88 g 915.96 g of vitamin A. it is concluded that a product made through the full use of shells can be well accepted by consumers, it has high nutritional value, low cost constituting a simple practice to be carried out provided it is disclosed and explained. The training was an important tool to demystify the use of these parts. Keywords: full use of food, unconventional portions of food, sensory analysis
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Bolo da casca de abacaxi . ............................................................ 31
Figura 2 – Bolo da casca de banana .. .................................................................. 33
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Percentual de aceitação pelos avaliadores para o bolo da casca de
abacaxi .......................................................................................... 25
Tabela 2 - Média das notas atribuídas pelos provadores para cor, aroma, sabor,
aparência e índice de aceitabilidade (IA%) para o bolo da casca de
abacaxi. ................................................................................................... 26
Tabela 3 - Percentual de aceitação pelos avaliadores para o bolo da casca de
banana ............................................................................................ 27
Tabela 4 - Média das notas atribuídas pelos provadores para cor, aroma, sabor,
aparência e índice de aceitabilidade (IA%) para o bolo da casca de
banana ........................................................................................... 28
Tabela 5 - Respostas do questionário pré-oficina sobre aproveitamento integral
pelas merendeiras. .......................................................................... 29
Tabela 6 - Ficha de preparação e composição nutricional do bolo da casca de
abacaxi..... ....................................................................................... 30
Tabela 7 - Ficha de preparação e composição nutricional do bolo da casca de
banana ........................................................................................... 32
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LISTA DE SIGLAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
FAO Food and Agriculture Organization
LMR Limite Máximo de Resíduo
ONG Organização Não Governamental
PARA Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos
TACO Tabela Brasileira de Composição de Alimentos
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 14
2.1 DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS ............................................................... 14
2.2 APROVEITAMENTO INTEGRAL DE ALIMENTOS ................................... 15
2.3 VALOR NUTRICIONAL DE PARTES CONVENCIONAIS E NÃO
CONVENCIONAIS DE ALIMENTOS ............................................................... 16
2.4 TOXICICIDADE DOS AGROTÓXICOS EM ALIMENTOS .......................... 19
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................... 21
3.1 TIPO DE ESTUDO ..................................................................................... 21
3.2 AMOSTRAGEM ......................................................................................... 21
3.2.1 Critérios de inclusão ............................................................................. 21
3.2.2 Critérios de exclusão ............................................................................ 21
3.3 DESCRIÇÃO DO LOCAL DA PESQUISA .................................................. 22
3.4 INSTRUMENTO E PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ............... 22
3.4.1 Capacitação .......................................................................................... 22
3.4.2 Preparação das receitas.........................................................................23
3.4.3 Distribuição e análise sensorial das preparações ............................. 23
3.4.4 Composição nutricional das preparações .......................................... 24
3.5 ANÁLISE ESTATISTICA DOS DADOS ...................................................... 24
3.6 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ........................................................ 24
4 RESULTADOS .............................................................................................. 25
5 DISCUSSÃO ................................................................................................. 34
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 37
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 38
APÊNDICES .................................................................................................... 44
APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) .............. 44
APÊNDICE B - Carta de anuência autorizando a realização da pesquisa ....... 46
APÊNDICE C - Questionário pré- oficina: conhecimento sobre aproveitamento
integral pelas merendeiras .............................................................................. 47
ANEXOS .......................................................................................................... 49
ANEXO A - Ficha para avaliação sensorial ..................................................... 49
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1 INTRODUÇÃO
O desperdício de alimentos é um dos maiores problemas enfrentados pelo
Brasil, gerando um paradoxo em nosso país, onde, por ser um dos maiores
produtores e exportadores de produtos agrícolas no mundo, apresenta grande
parcela da sua população sem acesso a uma alimentação de qualidade e em
quantidade suficiente. Dessa forma, segundo Godim et al. (2005), a falta de
conhecimento a respeito do valor nutricional em partes não convencionais dos
alimentos, contribui para o desperdício de recursos alimentares essenciais a
promoção de uma alimentação mais saudável e barata.
O aproveitamento integral de alimentos é uma alternativa capaz de propiciar
às pessoas um melhor consumo nutricional, melhoria da economia relacionada
aos alimentos e a relação ecológica entre o homem e o meio ambiente em que
vive, uma vez que o aproveitamento tem como consequência a redução do lixo
(SILVA et al., 2005).
De acordo com Carvalho et al. (2006), alguns estudos epidemiológicos
realizados em animais comprovam que certos componentes de frutas e
hortaliças são eficazes na prevenção de doenças, como o câncer, tanto de
forma direta, como por meio de interações complexas com processos
metabólicos e moleculares do organismo. Como exemplo, o consumo
adequado de fibras dietéticas, que são consideradas alimentos com
propriedades funcionais, auxiliam na prevenção e no desenvolvimento da
obesidade, de hemorróidas, bem como, prevenção do câncer de cólon. Além
de que, os antioxidantes presentes nas partes não convencionais dos
alimentos, são substâncias capazes de neutralizar os oxidantes, e assim,
minimizar os processos de obstrução das artérias, e na formação de células
cancerosas no organismo.
Segundo Monteiro (2009), o consumo de partes dos vegetais como cascas
e sementes eleva a ingestão de fibras na dieta. Além disso, o uso dos
alimentos de forma sustentável reduziria a produção de lixo orgânico e traria
outros benefícios, como promover a segurança alimentar, aumentar o consumo
de vários nutrientes, prolongar a vida útil dos alimentos e beneficiar a renda
familiar (SILVA; RAMOS, 2009)
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Diante do exposto, justifica-se a realização deste trabalho para desmistificar
a utilização de determinadas partes de alimentos, uma vez que algumas delas
são desperdiçadas devido ao pouco ou nenhum hábito de consumo e a falta de
conhecimento de suas propriedades nutricionais, levando uma proposta de
alimentação de qualidade e economicamente viável.
Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo geral o aproveitamento de
partes não convencionais de alimentos em uma instituição social da cidade de
João Pessoa. Como objetivos específicos promover o aproveitamento integral
de alimentos, capacitar merendeiros no processo de manipulação do alimento
e, de conhecer os benefícios de uma alimentação saudável; despertar no
público trabalhado o conhecimento do aproveitamento de partes não
convencionais dos alimentos, mas, que são ricas em nutrientes essenciais para
a saúde; realizar análise sensorial das preparações com os usuários da
instituição; avaliar a composição nutricional das preparações por meio de
tabelas de composição de alimentos.
14
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS
Conceitualmente perda ou desperdício é alguma mudança na
viabilidade, comestibilidade, salubridade ou qualidade do alimento que o
impeça de ser consumido por pessoas, podendo ser igual ao produto colhido
menos o produto consumido (FILHO, 1996). Segundo Vaz (2006), desperdiçar
é o mesmo que extraviar; esse extravio poderia ser utilizado para beneficiar
pessoas carentes, uma empresa ou a própria natureza.
De acordo com Vilela, Lana e Makishima (2003) no Brasil, as perdas
começam na colheita continuando no transporte, na comercialização,
prosseguindo até os consumidores intermediários e finais. Dessa forma, o
desperdício parece fazer parte da cultura brasileira e, portanto, difícil de ser
alterado, podendo afetar a produção do País e resultar em perdas
significativas.
Muitos são os fatores que contribuem para o desperdício de alimentos.
As principais razões encontram-se na falta de conhecimento técnico, no uso de
máquinas inadequadas, de pessoal treinado e habilitado, no uso de práticas
inadequadas de produção e principalmente no desconhecimento de técnicas
adequadas de manuseio pós-colheita (CENCI, 2000).
O desperdício envolve perdas que variam desde alimentos que não são
utilizados, até preparações prontas, que não chegam a ser vendidas e/ou
servidas e ainda as que sobram nos pratos dos clientes e têm como destino o
lixo (CASTRO, et al., 2003). As perdas que ocorrem das partes dos alimentos
durante o seu preparo para o consumo, como talos, cascas, entre outras, são
imensas, causando grandes perdas de nutrientes por falta de conhecimento
(LIMA et al., 2008).
Anualmente, calcula-se que 1,3 bilhão de toneladas (aproximadamente
um terço) dos alimentos produzidos para o consumo humano no mundo se
perdem ou são desperdiçados. Nos países industrializados, a maior parte do
desperdício se produz durante o consumo, enquanto nos países em
desenvolvimento as perdas se produzem fundamentalmente nas etapas iniciais
e centrais da cadeia de suprimento (FAO, 2012).
15
O Brasil possui um alto índice de desperdício de alimentos, já que são
jogados no lixo o equivalente a R$ 12 bilhões em alimentos por ano, e essa
quantia seria suficiente para alimentar cerca de 30 milhões de pessoas ou oito
milhões de famílias durante um ano (MULLER, 2008).
O desperdício de alimentos promove ainda um impacto negativo no meio
ambiente em função da inadequada disposição do lixo alimentar no solo, tendo
consequências danosas como o odor gerado pela putrefação da matéria
orgânica e a formação do chorume, que normalmente encontra-se contaminado
e tem potencial para atingir rios e lençóis freáticos (SANTOS, 2008).
Uma maneira de combater o desperdício é o aproveitamento integral de
frutas e hortaliças, por meio da utilização de partes não convencionais, antes
desprezadas (cascas, talos, folhas e outros resíduos) na elaboração de novos
produtos. Estudos sobre aproveitamento de resíduos e elaboração de
subprodutos apresentam resultados relevantes quanto à redução do
desperdício de alimentos e o desenvolvimento de novas tecnologias, além de
proporcionar uma economia nos gastos com alimentação, diversificar nutrientes
e agregar valor nutricional às preparações (DAMIANI et al., 2011; SILVA;
RAMOS, 2009; VALENÇA; SANTANA; FREITAS, 2008). Essa alternativa
tecnológica utiliza o alimento de forma sustentável, reduz a produção de lixo
orgânico, beneficia a renda familiar e promove a segurança alimentar.
É fator fundamental para a redução do desperdício de alimentos a
educação de quem trabalha com esses produtos, bem como de quem os
consome. É preciso esclarecer a necessidade de cuidados especiais ao lidar
com alimentos e enfatizar ações que levem a jogar menos comida no lixo.
Oficinas culinárias, realizadas regularmente, privilegiam dois temas básicos: o
aproveitamento integral dos alimentos e novas receitas, principalmente de
alimentos não convencionais ou para produção de refeição a baixo custo
(GONÇALVES et al., 2005).
2.2 APROVEITAMENTO INTEGRAL DE ALIMENTOS
O Aproveitamento Integral de Alimentos (AIA) consiste na utilização total
do alimento e de todas as suas partes, sejam estes de origem vegetal ou
16
animal, sobretudo dos alimentos que são descartados mais comumente no
preparo de refeições para consumo humano (STEUER et al., 2013).
Este tem sido um assunto bastante abordado atualmente, por retratar a
utilização de partes consideradas não comestíveis, não saborosas ou pouco
aproveitáveis dos alimentos, que podem, segundo pesquisas recentes, conter
quantidades iguais ou maiores de nutrientes comparadas com a própria polpa.
Como exemplo, citam-se as folhas verdes de couve-flor, que mesmo sendo um
pouco mais rígidas que outras folhas, possuem teores maiores de ferro que a
couve manteiga, sendo também mais nutritivas que a própria couve-flor ou as
folhas de cenoura e beterraba (SOUZA et al., 2007).
O uso dos alimentos alternativos ainda é pouco utilizado em residências,
e esse número é bem menor em instituições públicas como escolas, creches e
outras entidades. Esse tipo de alimentação nos leva a uma complementação
na preparação das refeições, além de que tem custo baixo, alto valor nutritivo,
de paladar adaptado à região, e evita o desperdício desnecessário dos
alimentos (SOUZA; MAREGA, 2009).
O aproveitamento integral dos alimentos representa, atualmente,
importância econômica e nutricional, especialmente a nível domiciliar, onde o
desperdício de talos, folhas e cascas de vegetais é elevado. Utilizar estas
partes que seriam descartadas em novas preparações, ou incluí-las como novo
ingrediente pode reduzir o desperdício e contribuir para o aumento do consumo
de nutrientes importantes, como vitaminas e minerais (PEREIRA, 2003).
Diante deste panorama, cresce cada vez mais a importância dada ao
aproveitamento integral dos alimentos, seja pela economia financeira que esta
atitude promove, seja pelos benefícios nutricionais, uma vez que para a maioria
dos alimentos, as partes normalmente descartadas são mais ricas
nutricionalmente do que as comestíveis - caso dos talos e cascas de muitos
vegetais e frutas (OLIVEIRA,1993; GONDIM et al., 2005; SANTOS, 2001).
Sendo assim, o aproveitamento integral de alimentos é uma alternativa para
suprir as necessidades nutricionais, agregar valores no agronegócio e para
reduzir o lixo orgânico (OLIVEIRA et al., 2002).
2.3 VALOR NUTRICIONAL DE PARTES CONVENCIONAIS E NÃO
CONVENCIONAIS DE ALIMENTOS
17
As cascas de frutas desperdiçadas pela maioria da população
apresentam, segundo análises químicas, uma quantidade de nutrientes maior
em relação às próprias partes comestíveis. Elas podem contribuir com a
diminuição do desperdício de alimentos e como fonte alternativa de nutrientes
(GONDIM et al.,2005).
Monteiro (2009), com o incentivo ao melhor aproveitamento dos
alimentos, como dieta nutritiva e de baixo custo, avaliou o rendimento e as
composições de calorias, proteínas, carboidratos, lipídios, fibras, vitamina C,
ferro, cálcio, potássio e umidade das partes convencionais e não convencionais
de algumas frutas e hortaliças: abacaxi, abóbora, beterraba, brócolis, chuchu,
couve, couve-flor, manga, mamão, pepino e salsa. Os resultados
demonstraram que as partes não convencionais destes vegetais podem ser
consideradas como fonte alternativa de nutrientes [...], pois apresentaram
teores de fibras, vitamina C, minerais como ferro, cálcio e potássio próximos ou
superiores as partes convencionais, com exceção para fibra do talo da couve
flor e vitamina C para o talo da salsa.
O abacaxi é grande fornecedor de resíduos (casca e cilindro central), os
quais possuem em sua composição teores apreciáveis de vitaminas, açúcares,
fibra alimentar, entre outros constituintes, que podem ser utilizados na
alimentação humana, sendo que a casca possui maiores teores de fibra
alimentar do que o cilindro central e ainda, os dois tipos de resíduos podem ser
considerados como boa fonte de fibra alimentar (BOTELHO; CONCEIÇÃO;
CARVALHO, 2002).
Em casca de abacaxi, Larrauri et al. (1994) descrevem ter encontrado
teor de fibra em torno de 3,5 g/100g. Gondim et al., (2005) encontrou valor de
3,89 g/100g na casca do abacaxi, já na poupa foi encontrado 1g de fibra em
100g. Segundo os autores, esses índices tornam tal subproduto bastante
atrativo para a alimentação humana podendo ser utilizado, por exemplo, como
auxiliar no fornecimento de aminoácidos essenciais dado ao seu teor de
proteínas e, ainda, fonte alternativa de fibra para alimentação.
As fibras solúveis oferecem vários benefícios a saúde, pois auxiliam na
diminuição do colesterol e na concentração do açúcar no sangue, podendo
auxiliar no controle de Diabetes tipo 2 e as insolúveis ajudam nas funções
gastrointestinais, além de prevenirem o aparecimento de câncer de cólon; além
18
disso as fibras dietéticas oferecem benefícios adicionais em regimes com
dietas hipoenergéticas, pois permitem a sensação de saciedade com menor
energia (MARTINS, 1997).
Em estudo similar Storck et al. (2013), também analisaram maior
quantidade de fibras nas cascas comparadas à parte nobre do alimento.
Quanto ao cálcio e o ferro todas as frutas apresentaram maiores concentrações
em sua casca, para potássio também todas as frutas apresentaram maior
quantidade desse nutriente na casca, exceto a banana, maracujá e melão, já
para magnésio, exceto o maracujá todas frutas apresentaram maior
concentração na casca.
De acordo com Rocha et al. (2008), cascas, talos e folhas são boas
fontes de fibras e lipídios, tendo-se como exemplos as sementes de abóbora;
talos de brócolis, de couve, de espinafre; cascas de banana, de laranja, de
limão, de rabanete e folhas de brócolis.
Em um estudo realizado por Stefanello e Rosa (2012), analisando 9 tipos
diferentes de cascas de frutas maduras: ameixa, bergamota, goiaba, laranja
pêra, maçã, mamão, manga, pêra e uva, foi comparado as cascas de frutas
com as partes ditas comestíveis e observou-se que os teores de cinzas e de
fibras estão mais concentrados nas cascas das frutas do que na polpa, exceto
na ameixa. Em contrapartida, nas partes ditas comestíveis das frutas existe
maior concentração de carboidratos em todas as amostras.
Segundo Gondim et al. (2005), não é apenas a polpa da banana que
possui nutrientes e vitaminas, mas também a casca, a qual possui minerais que
desempenham uma função vital no desenvolvimento do corpo humano.
Resultados de diversas análises revelaram que as cascas são mais nutritivas
que sua parte comestível, no caso da banana, fornece valores superiores de
fibras, vitamina C e açúcares (CAPPELLARI, 2006). Algumas frutas
concentram o seu maior teor de antioxidantes nas sementes e cascas (GUO et
al, 2003).
As cascas de frutas apresentam características que a tornam excelentes
complementos na alimentação, pois são ricas em antioxidantes naturais
(OLIVEIRA et al., 2009; RINCÓN et al., 2005), fibra alimentar (SANTANA;
SILVA, 2008) e vitaminas (GONDIM et al., 2005).
19
2.4 TOXICIDADE DOS AGROTÓXICOS EM ALIMENTOS
Os Agrotóxicos são produtos ou componentes de processos físicos,
químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção
armazenamento de produtos agrícolas nas pastagens, nos ecossistemas e
também em ambientes urbanos, hídricos e industriais, sendo usado também
como sustâncias e produtos empregados como desfolhantes dessecantes e
estimuladores ou inibidores de crescimento (GRISOLIA, 2005).
A “Lei dos Agrotóxicos” nº 7.802, de 11 de julho de 1989, estabelece que
os agrotóxicos somente podem ser utilizados no país se forem registrados em
órgão federal competente, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos
responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura.
Em relação à contaminação dos alimentos, muitos agrotóxicos se
depositam nas cascas das frutas e legumes ou então agem sistematicamente
por toda a planta atingindo os frutos. A sanidade dos alimentos deve ser
atestada por meio de certificações que devem ser obtidas mediante análises
que podem denunciar resíduos de agrotóxicos não autorizados para
determinadas culturas. Para isso, os agrotóxicos devem sempre estar
registrados para uma cultura específica, pois sem o registro seu limite de
tolerância é indeterminado (STOPPELLI; MAGALHÃES, 2005).
No Brasil, o passo mais significativo para o monitoramento de resíduos de
agrotóxicos em alimentos foi a criação do PARA em 2001, com o objetivo de
avaliar os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos in natura que
chegam aos consumidores. As análises do PARA tem como parâmetro o Limite
Máximo de Resíduo (LMR) (ANVISA, 2010).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) apontou nas duas
etapas do relatório do Programa de Analise de Resíduos de Agrotóxicos em
Alimentos (PARA), que os alimentos monitorados apresentam inadequações,
como quantidade de resíduo de agrotóxicos acima do LMR ou presença de
agrotóxico não autorizado para a cultura analisada. Os alimentos com maior
porcentagem de inadequação na segunda etapa foram: abobrinha (48% das
amostras), alface (45%), uva (29%) e tomate (16%). Porém, na primeira etapa
as maiores inadequações foram para: pimentão (89%), cenoura (67%),
20
morango (59%), pepino (44%), alface (43%), abacaxi (41%), laranja (28%),
mamão (20%), arroz (16%) (BRASIL, 2013; BRASIL, 2014).
As cascas estão diretamente expostas a agrotóxicos e outros agentes
nocivos. Isso resulta em desvantagem do aproveitamento integral dos
alimentos, pois são substâncias que prejudica a saúde humana se for ingerida
constantemente e ao mesmo tempo são importantes no período de plantio
porque protege os alimentos contra pragas. Para reduzir o consumo desses
contaminantes é necessário higienizar adequadamente os alimentos antes do
consumo (STOPPELLI; MAGALHÃES, 2005).
Segundo a ANVISA (BRASIL, 2011) o processo de lavagem dos
alimentos contribui para a retirada de parte dos agrotóxicos, pois uma parte dos
agrotóxicos pode ser absorvida pelos tecidos internos da planta penetrando
pelas porosidades do alimento. A lavagem dos alimentos em água corrente só
poderia remover parte dos resíduos de agrotóxicos presentes na superfície dos
mesmos. Assim, uma vez contaminados com resíduos de agrotóxicos, estes
alimentos levarão o consumidor a ingerir esses resíduos. O emprego de
solução à base de hipoclorito de sódio não elimina os resíduos de agrotóxicos,
mas devem ser usadas para a higienização dos alimentos, para reduzir e/ou
eliminar a carga microbiana (BRASIL, 2014).
Estudos de Nakamura et al. (1993) e Abou-Arab (1999) mostraram que o
processamento térmico, quando aplicado, reduz significantemente os resíduos
de agrotóxicos organofosforados. Este dado é relevante quando se é permitido
aplicar tais alimentos em preparações térmicas.
Uma questão apontada por Varian (2006) são os malefícios à saúde
provocados pela toxidade encontrada em alimentos convencionais. Tal
externalidade atinge a saúde pública como um todo, aumentando gastos com
internações hospitalares e medicamentos contra as contaminações e suas
consequências
Um levantamento realizado por Borguini e Torres (2006) aponta que
grande parte dos consumidores de produtos orgânicos justifica o consumo
deste tipo de produto pela forte relação estabelecida entre os alimentos
orgânicos e a saúde.
21
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 TIPO DE ESTUDO
O estudo desenvolvido foi de caráter quantitativo e descritivo. Seguindo
ensinamentos de Richardson (1989), este método caracteriza-se pelo emprego
da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no
tratamento dessas através de técnicas estatísticas, desde as mais simples até
as mais complexas. O mesmo autor expõe que este método é frequentemente
aplicado nos estudos descritivos (aqueles que procuram descobrir e classificar
a relação entre variáveis), os quais propõem investigar “o que é”, ou seja, a
descobrir as características de um fenômeno como tal.
3.2 AMOSTRAGEM
A amostra do presente estudo foi composta por duas merendeiras de
uma Instituição Social da cidade de João Pessoa-PB, durante a etapa na qual
foram capacitadas para elaboração das receitas envolvendo partes não
convencionais de alimentos, e a análise sensorial dessas preparações foi
realizada com 50 usuários da instituição, não treinados, adultos, na faixa etária
de 18 a 55 anos, de ambos os sexos.
3.2.1 Critérios de inclusão
Os critérios utilizados para inclusão nessa pesquisa foram aceitação em
participar da mesma por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (APÊNDICE A), idade superior a 18 anos e que não estivessem
inseridos nos critérios de exclusão citados abaixo.
3.2.2 Critérios de exclusão
Foram excluídos desse estudo, indivíduos com idade inferior a 18 anos,
usuários em tratamento de quimioterapia ou radioterapia, aqueles que não
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, ou qualquer agravo
que implicasse na ausência dos participantes no momento da obtenção dos
dados.
22
3.3 DESCRIÇÃO DO LOCAL DA PESQUISA
A Casa Paraibana de Assistência aos Portadores de Câncer situa-se no
bairro da Torre na cidade de João Pessoa, Paraíba. É uma organização sem
fins lucrativos, que atende a aproximadamente 70 usuários, prestando
acolhimento a pacientes com câncer, seus acompanhantes, e pessoas
necessitadas, através de prestação de serviço jurídico, social, psicológico,
acupuntura, Yoga, oficinas de artesanato, fornecimento de refeições e albergue
diurno, além de distribuição de cestas básicas mensais, todos os serviços
oferecidos são realizados por voluntários e a ONG é mantida por doações.
Fazem parte do quadro de funcionários duas merendeiras responsáveis pelo
preparo das refeições, que inclui lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e
jantar. A pesquisa foi realizada mediante autorização da gestora pela
assinatura da Carta de Anuência (APÊNDICE B).
3.4 INSTRUMENTO E PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS
Para execução dos objetivos propostos, a coleta de dados foi aplicada em
um dia na própria instituição e dividida em três etapas que consistiram em:
questionário de avaliação com 14 perguntas (APÊNDICE C), a abordagem do
questionário incluía questões sobre o conhecimento sobre utilização de partes
não convencionais de alimentos, existência de preconceito a cerca da
utilização dessas partes, entendimento sobre o teor nutricional de cascas, em
seguida foi realizada uma capacitação com as mesmas, a segunda etapa
incluiu a preparação das receitas pelas merendeiras e o terceiro passo
envolveu a análise sensorial dessas preparações pelos usuários.
3.4.1 Capacitação
A capacitação das merendeiras ocorreu através de exposição dialogada
sobre o tema aproveitamento integral de alimentos, incluindo partes de
alimentos que podem ser utilizadas, teor nutricional presentes em cascas,
sementes e talos e sugestões de preparações com uso de partes não
convencionais de alimentos, e a respeito da correta higienização das cascas.
23
3.4.2 Preparação das receitas
Para realização do estudo foram elaboradas duas preparações: um bolo
de resíduo da casca de abacaxi e um bolo de casca de banana. Os frutos de
abacaxi (Ananas comosus) e de banana (Musa spp) foram adquiridos na feira
agroecológica “Equilíbrio de Ser”, localizada no bairro dos bancários no
município de João Pessoa-PB. Os demais ingredientes foram adquiridos em
um Hipermercado do bairro.
Para preparação das receitas, as cascas foram previamente
higienizadas em solução clorada a 2% por 15 minutos e lavadas em água
corrente. Os ingredientes utilizados para confecção do bolo de resíduo de
casca de abacaxi foram: ovos, açúcar cristal orgânico, farinha de trigo orgânica,
fermento em pó e o suco da casca de abacaxi. A técnica de preparo consistiu
em aferventar a casca de 2 abacaxis com água, por 20 minutos, em seguida
bateu-se no liquidificador a casca, e foi coado e reservado o liquido e o bagaço,
as claras foram transferidas para uma batedeira doméstica, se misturou as
gemas (4 unid), aos poucos, o açúcar (340g), a farinha de trigo (720g), e por
fim 4 xícaras (chá) do suco da casca de abacaxi e o fermento em pó (20g). Foi
assado em forno pré-aquecido de 150 a 180°C por 40 minutos. Para
preparação do bolo de casca de banana, as gemas (4 unid), o leite (960 mL),
margarina (38g), açúcar orgânico (510g), e 8 unidades de casca de banana
foram liquidificados. Em seguida acrescentou-se a farinha de trigo (720g), o
fermento em pó (20g) e as claras em neve. Foi levado ao forno pré-aquecido a
180°C por aproximadamente 1 hora. Ambas as preparações foram cortadas em
tamanhos iguais. As receitas foram preparadas juntamente com as
manipuladoras da instituição.
3.4.3. Distribuição e análise sensorial das preparações
Depois de prontas, as preparações foram distribuídas aos comensais da
instituição social para se avaliar a aceitação das amostras. A verificação da
aceitabilidade foi realizada em um único dia no refeitório da ONG, os bolos
foram analisados por 50 usuários, a partir do preenchimento de uma ficha
contendo uma escala hedônica estruturada de nove pontos, segundo a
metodologia de Dutcosky (2007) e Monteiro (1984), cujos extremos
24
correspondem a 9-gostei muitíssimo e 1- desgostei muitíssimo avaliando
aparência, cor, aroma e sabor, na ficha desse teste também continha faixas
etárias para análise do perfil dos participantes e intenção dos mesmos em
consumir outras vezes tais produtos.
Para realizar os testes, os provadores receberam juntamente com as
amostras, um copo descartável de 50 mL com água filtrada à temperatura
ambiente, para ingestão entre a degustação de um bolo e outro, para a limpeza
do palato a fim de assegurar a percepção adequada dos aspectos sensoriais.
3.4.4 Composição nutricional das preparações
Para determinar o valor nutricional das preparações foram utilizadas a
Tabela Brasileira de Composição de Alimentos Versão 4 – TACO (2011) e a
Tabela de Composição Química dos Alimentos – Guilherme Franco (2001). Os
itens que não foram encontrados nestas tabelas, tais como os valores das
cascas, utilizou-se estudos realizados por Gondin et al (2005). Foram obtidos
das preparações os seguintes valores nutricionais: valor energético, proteínas,
lipídios, carboidratos, fibras totais, cálcio, ferro, potássio e vitamina A.
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS
A avaliação dos dados da análise sensorial foi realizada pelo programa
estatístico Microsoft Excel 2010. Para o cálculo do Índice de Aceitabilidade do
produto foi adotada a expressão: IA (%) = A x 100/B, na qual, A= nota média
obtida para o produto, e B= nota máxima dada ao produto (MONTEIRO, 1984).
3.6 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA
O presente projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa do
Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba (CCS/UFPB)
atendendo a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Com
aprovação na reunião do dia 28 de abril de 2016.
25
4 RESULTADOS
O referente estudo teve a participação de 52 indivíduos, destes, 2
correspondiam as merendeiras que participaram da capacitação e 50 eram
usuários da instituição, do sexo masculino e feminino, com média de idade de
37 anos de idade que avaliaram a aceitabilidade das preparações.
TABELA 1: Percentual de aceitação pelos avaliadores para o bolo da casca de
abacaxi.
COR AROMA SABOR APARÊNCIA
9- Gostei extremamente 78% 80% 76% 79%
8- Gostei muito 16% 8% 10% 10%
7-Gostei
moderadamente
6% 10% 14% 10%
6- Gostei ligeiramente 0% 2% 0% 1%
5- Indiferente 0% 0% 0% 0%
4-Desgostei ligeiramente 0% 0% 0% 0%
3-Desgostei
moderadamente
0% 0% 0% 0%
2- Desgostei muito 0% 0% 0% 0%
1-Desgostei
extremamente
0% 0% 0% 0%
Aceitabilidade de acordo com escala hedônica de 9 pontos (Dutcosky (2007);
Monteiro (1984))
Segundo observa-se na tabela 1 a maioria das respostas dadas pelos
provadores na análise sensorial para os atributos testados foi superior a 6
indicando boa aceitação do bolo de casca de banana. Ao avaliarem o sabor a
nota 9 “gostei muitíssimo” foi predominante 76%, seguido pela nota 8 “gostei
muito” 10% e nota 7 “gostei moderadamente” correspondendo a 14%. Alguns
provadores mensuraram que o sabor estava excelente.
Na avaliação do atributo aparência 79% dos julgadores responderam
“gostei muitíssimo e 10% “gostei muito” e “gostei moderadamente”. Nos
atributos cor e aroma 78% e 80% dos participantes deram a nota máxima (9)
26
respectivamente, seguido pela nota 8 “gostei muito” demonstrando aceitação
de 16% na cor e 8% no aroma, a nota 7 indicando que os provadores
gostaram moderadamente perfaz os valores de 6% para o sabor e 10% para o
aroma.
TABELA 2: Média das notas atribuídas pelos provadores para cor, aroma,
sabor, aparência e índice de aceitabilidade (IA%) para o bolo da casca de
abacaxi.
Atributos Média % IA
Cor 8 88,9
Aroma 7,5 83,3
Sabor 8 88,9
Aparência 7,5 83,3
Geral 7,75 86
1= desgostei extremamente, 2= desgostei muito, 3= desgostei moderadamente, 4= desgostei ligeiramente, 5= indiferente, 6= gostei ligeiramente, 7= gostei moderadamente, 8= gostei muito, 9= gostei extremamente Fonte: Próprio autor
Na tabela 2 observa-se que em relação à média das notas dadas aos
quatro atributos cor, aroma, sabor e aparência, variaram entre 7,5 para aroma
e aparência e 8 para cor e sabor. O índice de aceitabilidade do aroma e
aparência obteve o mesmo valor que foi 83,3 % e cor e sabor tiveram
aceitabilidade de 88,9 %, de acordo com cálculo realizado através expressão:
IA (%) = A x 100/B, na qual, A= nota média obtida para o produto, e B= nota
máxima dada ao produto. Os valores encontrados indicam que a preparação
obteve boa aceitação pelos avaliadores, visto que O IA com boa repercussão
tem sido considerado ≥ 70%.
A amostra obteve uma média geral de 7,75 em e índice de aceitabilidade
de 86%.
27
TABELA 3: Percentual de aceitação pelos avaliadores para o bolo da casca de
banana.
Aceitabilidade de acordo com escala hedônica de 9 pontos (Dutcosky (2007); Monteiro
(1984))
Com os dados demonstrados na tabela 3 observa-se que o bolo da
casca de banana foi bem aceito pelos provadores. A avaliação do atributo
sabor se revelou satisfatória por apresentar 78% das respostas “gostei
extremamente”, seguido por 10% “gostei muito” e 6% “gostei moderadamente”
No quesito aparência houve predominância da nota 9 (gostei
extremamente) 84%, seguido de 6% para o item “gostei muito” e 4% “gostei
moderadamente” também houve 6% dos participantes que gostaram
ligeiramente dessa preparação.
Em relação a cor e aroma, 70% dos participantes da análise sensorial
gostaram extremamente (nota:9), seguido por 24% e 12% que deram nota 8 a
cor e aroma respectivamente. Ainda foram atribuídas notas 7 e 6. Apenas 2%
dos avaliadores foram indiferentes ao aroma.
COR AROMA SABOR APARÊNCIA
9- Gostei extremamente 70% 70% 78% 84%
8- Gostei muito 24% 12% 10% 6%
7-Gostei
moderadamente
2% 10% 6% 4%
6- Gostei ligeiramente 4% 6% 6% 6%
5- Indiferente 0% 2% 0% 0%
4-Desgostei
ligeiramente
0% 0% 0% 0%
3-Desgostei
moderadamente
0% 0% 0% 0%
2- Desgostei muito 0% 0% 0% 0%
1-Desgostei
extremamente
0% 0% 0% 0%
28
Tendo em vista as notas obtidas, os resultados mostraram-se
satisfatórios em todos os atributos, evidenciando uma excelente aceitação
deste.
TABELA 4: Média das notas atribuídas pelos provadores para cor, aroma,
sabor, aparência e índice de aceitabilidade (IA%) para o bolo da casca de
banana.
Atributos Média % IA
Cor 7,5 83,3
Aroma 7 77,8
Sabor 7,5 83,3
Aparência 7,5 83,3
Geral 7,4 82
1= desgostei extremamente, 2= desgostei muito, 3= desgostei moderadamente, 4= desgostei ligeiramente, 5= indiferente, 6= gostei ligeiramente, 7= gostei moderadamente, 8= gostei muito, 9= gostei extremamente
Em relação as médias das notas obtidas pelo bolo de banana, os
atributos cor, sabor e aparência obtiveram nota 7,5 com índice de
aceitabilidade de 83,3%, ao aroma foi atribuído media 7 com 77,8% (TABELA
4). O índice geral de aceitabilidade da preparação foi de 82% e a média 7,4.
Nota-se também que essa preparação obteve valor inferior no índice de
aceitabilidade (82%) quando comparado ao bolo de casca de abacaxi que
correspondeu a 86%.
Nota-se também que essa preparação obteve valor inferior no índice de
aceitabilidade (82%) quando comparado ao bolo de casca de abacaxi que
correspondeu a 86%.
Em relação à intenção de consumir novamente ambas as preparações
100% dos participantes responderam que sim.
29
TABELA 5: Respostas do questionário pré-oficina sobre aproveitamento
integral pelas merendeiras
QUESTIONÁRIO MERENDEIRA 1 MERENDEIRA 2
Você sabe o que é aproveitamento integral de
alimentos?
SIM SIM
Já preparou alguma receita utilizando cascas de
alimentos em sua vida doméstica ou em sua
instituição?
NÃO SIM
Na rotina da instituição se aproveita cascas,
sementes ou talos?
NÃO NÃO
Já recebeu alguma orientação sobre como os
alimentos podem ser aproveitados em sua
totalidade?
NÃO NÃO
Você tem algum conhecimento sobre o teor
nutricional de cascas, folhas, talos ou sementes de
alimentos?
NÃO SIM
Acredita ser possível a associação de uma
alimentação de baixo custo, de qualidade e que
contribua na redução do desperdício?
SIM SIM
Acredita que o aproveitamento integral pode trazer
benefícios do ponto de vista nutricional,
econômico e ambiental?
SIM SIM
Você possui algum preconceito em relação a
utilização de cascas, talos e sementes para o
consumo?
NÃO NÃO
Acredita que o teor nutricional de cascas, talos e
sementes podem ser semelhantes ou superiores a
poupa de alimentos?
SIM SIM
Acredita que os agrotóxicos constituem uma
desvantagem em relação ao aproveitamento de
cascas?
SIM SIM
Acredita ser capaz de aplicar na sua instituição as
receitas desenvolvidas na oficina incluindo outras
preparações?
SIM SIM
30
Acredita ser capaz de multiplicar o conhecimento
adquirido?
SIM SIM
Acredita que sua percepção a cerca da utilização
de partes não convencionais como alternativa para
o enriquecimento nutricional de preparações irá
mudar após a realização dessa oficina?
SIM SIM
Fonte: Próprio autor.
Segundo pode-se verificar na tabela 5 as merendeiras sabem o que
significa aproveitamento integral de alimentos, porém não aplicam na
instituição. Ambas não receberam orientação sobre a utilização integral dos
alimentos, e uma delas não tem conhecimento sobre o teor nutricional presente
nas partes não convencionais, mas acreditam que pode ser semelhante ou
superior a polpa. Observa-se também que as participantes acreditam que o
aproveitamento pode trazer benefícios do ponto de vista nutricional, econômico
e ambiental. Consideram que as receitas desenvolvidas na oficina podem ser
aplicadas na rotina da instituição e que possuem capacidade de multiplicar o
conhecimento adquirido na capacitação.
TABELA 6: Ficha de preparação e composição nutricional do bolo da casca de
Abacaxi.
Composição nutricional com base na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos Versão 4 – TACO (2011); Tabela de Composição Química dos Alimentos – FRANCO (2001) e GONDIM et al. (2005). Fonte: Próprio autor
INGRED GRAM KCAL
PROT
(g)
LIP
(g)
CARB
(g)
FIBRA
(g)
Ca
(mg)
Vit A
(mg)
Fe
(mg)
K
(mg)
Abacaxi 1700 884 6,8 3,4 239,9 17 306 85 8,5 1409,3
Casca de
abacaxi
300 211,65 4,35 1,65 44,85 11,67 229,32 - 2,13 857,61
Ovo 200 372 52 35,6 6,4 NA 168 316 6,4 600
Açúcar 340 1315,8 1,02 TR 338,3 NA 13,6 NA 0,34 20,4
Farinha de
trigo
720 2592 70,56 10,22 540,72 16,56 129,6 NA 7,2 1087,2
Fermento
químico
20 18 0,1 0,02 8,78 NA - NA - -
TOTAL 3280 5393,45 134,83 50,89 1178,95 45,23 846,52 401 24,57 3974,51
31
PREPARAÇÃO
Peso da preparação pronta: 1 200 kg Porção de 24 g
Calorias: 5393,45 Kcal Calorias: 107,86 Kcal
Proteínas (g/%): 134,83 g/ 10% Proteínas (g/%): 10,78 g/ 10%
Lipídios (g/%): 50,89/ 8,5% Lipídios (g/%): 9,16 g/ 8,6 %
Carboidratos (g/%): 1178,95/ 87,4% Carboidratos (g/%): 94,31g/ 87,4%
Fibras (g): 45,23 Fibras: 0,90 g
Cálcio: 846,52 mg Cálcio: 16,93 mg
Vitamina A: 401 mg Vitamina A: 8,02 mg
Ferro: 24,57 mg Ferro: 0,58
Potássio: 3974,51 mg Potássio: 79,49 mg
FIGURA 1: Bolo da casca de abacaxi
FONTE: Próprio autor
Com os dados demonstrados na tabela 6 observa-se que a preparação
1, 2 kg de bolo, possui 5393,45 kcal, 134,83 g de proteínas que correspondem
a 10%, 8,5% de lipídios, 87,4% de carboidratos e 45,23 g de fibras totais.
Quanto ao teor de cálcio, ferro e potássio a preparação apresenta 846,52 mg,
24,57 mg e 3974,51 mg respectivamente, além de 401 mg de vitamina A.
verifica-se o baixo percentual de lipídios em virtude da não utilização de
gordura vegetal ou hidrogenada na confecção do bolo.
32
TABELA 7: Ficha de preparação e composição nutricional do bolo da casca de
banana.
Composição nutricional com base na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos Versão 4 - TACO (2011);Tabela de Composição Química dos Alimentos – FRANCO(2001) e GONDIM et al. (2005). Fonte: Próprio autor
PREPARAÇÃO
Peso da preparação: 1 200 kg Porção de 24 g
Calorias: 6318,68 Kcal Calorias: 126,37 Kcal
Proteínas (g/%): 170,3 g / 10,8% Proteínas (g/%): 13,6 g / 10,8%
Lipídios (g/%): 104,7 g/ 15% Lipídios (g/%): 18,84 g/ 15%
Carboidratos (g/%): 1239,1/ 78,4% Carboidratos (g/%): 99,1g/ 78,4%
Fibras (g): 30,03 Fibras (g): 0,60
Cálcio: 1776,08 mg Cálcio: 35,52 mg
Vitamina A: 915,96 mg Vitamina A: 18,31
Ferro: 19,88 mg Ferro: 0,39 mg
Potássio: 5952,38 mg Potássio: 119,04 mg
INGRED GRAM KCAL
PROT
(g)
LIP
(g)
CARB
(g)
FIBRA
(g)
Ca
(mg)
Vit A
(mg)
Fe
(mg)
K
(mg)
Banana 500 445 6,5 1,5 114 7,5 75 50 1 1850
Casca de
banana
300 105,9 5,07 2,97 14,73 5,97 200 - 3,78 903
Ovo 200 372 52 35,6 6,4 NA 168 316 6,4 600
Açúcar 510 1973,7 1,53 TR 507,45 NA 20,4 NA 0,51 30,6
Margarina 38 226,48 TR 25,61 0 NA 2,28 175,56 0,03 7,98
Leite 960mL 585,6 34,56 28,8 47,04 - 1180,8 374,4 0,96 1473,6
Farinha de
trigo
720 2592 70,56 10,22 540,72 16,56 129,6 NA 7,2 1087,2
Fermento
químico
20 18 0,1 0,02 8,78 NA - NA - -
TOTAL 3248 6318,68 170,32 104,72 1239,12 30,03 1776,08 915,96 19,88 5952,38
33
FIGURA 2: Bolo da casca de banana
FONTE: Próprio autor
Em relação a composição nutricional da preparação pode-se verificar na
tabela 7, que o bolo da casca de banana obteve valores de proteínas igual a
10,8%, lipídios 15%, carboidratos 78,4%, fibras totais 30,03 g e valores de
minerais e vitaminas como o cálcio 1776,08 mg, o ferro 19,88 mg, o potássio
5952,38 mg e vitamina A 915,96 mg. Com a utilização da casca houve
aumento do teor de fibra na receita.
34
5 DISCUSSÃO
Pode-se observar que no presente estudo houve um alto índice de
aceitabilidade da preparação do bolo da casca de banana (86%) pelos
provadores, corroborando com Nunes e Botelho (2009), o qual em um estudo
da aceitação de bolo de banana sem a casca encontrou 94% de aceitação, e
do bolo de banana com casca 98,8%, o que demonstra que o uso integral de
alimentos é bem aceito nas preparações.
Resultado semelhante foi encontrado por Ferreira et al. (2008), que
analisou a aceitabilidade de bolo de banana com casca e obteve um valor de
97% de aceitação, demonstrando que utilizar a casca da banana em receitas
pode ser uma alternativa nutritiva e econômica, não alterando o sensorial das
preparações.
Teixeira, Meinert e Barbetta (1987), considera como 100%, o máximo de
pontuação alcançada (pontuação média igual a 9) e sugere, que para que um
produto seja aceito, em termos de suas propriedades sensoriais, é necessário
que obtenha um índice de aceitabilidade de no mínimo 70%. O presente estudo
obteve um índice de aceitação superior de 86% para o bolo da casca de
abacaxi e de 82% para o bolo da casca de banana indicando que as
preparações foram bem aceitas pelos provadores.
Os resultados dessa pesquisa foram inferiores a aceitabilidade da
preparação com casca de banana verificada por Vieira et al. (2013) com
participação de 40 crianças, para o bolo com casca de banana, a qual foi
observada a aceitabilidade entre 92,5% dos participantes, e em relação ao bolo
sem a casca, a aceitabilidade foi de 98%.
Silva e Ramos (2009) avaliaram sensorialmente dois tipos de doce de
banana prata. O doce A, feito apenas com a polpa, e doce B, com a casca e a
polpa da banana, alcançaram as médias 6,7 e 7,5, respectivamente, para o
atributo sabor, concordando com os resultados encontrados no estudo em
questão que foi de 7,5.
A casca de banana também obteve uma boa aceitação em um estudo
realizado por Ribeiro e Finzer (2010), no qual avaliou a aceitabilidade de cokies
elaborados com casca de banana e chocolate e cokies de casca de banana e
canela, o nível de aceitabilidade foi de 7,12 e 7,5 entre “gostei moderadamente”
35
indicando a possibilidade de esses produtos serem aceitos pelo mercado.
Corroborando com os resultados de aceitabilidade de nossos achados que foi
7,4.
Os resultados da aceitabilidade do bolo de casca de abacaxi do presente
estudo corroboram com os de Martin et al. (2012) que avaliaram a aceitação de
um bolo acrescido de suco de cascas de abacaxi, verificando-se um resultado
satisfatório, em relação ao atributo textura, a maioria dos provadores (44%)
gostou muitíssimo; 30% disseram gostar muito (nota 8) e 16% gostaram
regularmente (nota 7) o bolo positivamente quanto ao sabor. A nota 8 (gostei
muito) foi a predominante dentre as respostas dos avaliadores (38%) seguida
da nota 9 (gostei muitíssimo) (36%) e da nota 7 (gostei regularmente) (12%) A
avaliação do atributo aroma também se revelou satisfatória pelos provadores:
surgiram, em igual proporção (36%) as respostas gostei muitíssimo (nota 9) e
gostei muito (nota 8), seguidas de gostei regularmente (nota 7) (16%). Nossos
resultados foram para o sabor a nota 9 “gostei muitíssimo” 76%, nota 8 “gostei
muito” 10% e nota 7 “gostei moderadamente” 14%, no aroma 80% deram a
nota máxima (9), seguido pela nota 8 “gostei muito” 8% no aroma, a nota
7(10%).
Em relação à composição nutricional das preparações, os resultados
obtidos para o bolo da casca de banana podem ser comparados aos
encontrados por Casagrande (2009), no qual o bolo de casca banana obteve
valores de proteínas igual a 9,73%, lipídeos 29,78%, carboidratos 60,94%,
fibras totais 26,97g, e valores de minerais e vitaminas como o cálcio com
1409,56mg, o Ferro com 14,14mg e a Vitamina C com 46,18mg. Porém
observa-se diferença significativa quanto ao teor de lipídios dessa pesquisa
(15%), que foi inferior ao encontrado pelo autor supracitado e uma quantidade
maior de proteínas (10,8%), carboidratos (78,4%) e fibras (30,03g).
Em nossos achados, com a utilização das cascas de banana na
preparação, houve um aumento do teor de fibras 30,3g em 1,2 kg, foi verificado
por Hobold (2007), que em preparações para diabéticos a partir da casca da
banana, obteve em enroladinhos de banana uma quantidade de 7,2g de fibras,
em uma porção de 100g.
Quanto ao teor de fibras encontrado no bolo da casca de abacaxi
correspondendo a 45,23 g, Martin et al. (2012) encontrou resultados para fibras
36
insolúveis de (5,21±1,6). Já Pena e Waughon (2006) em resíduo fibroso gerado
na industrialização do suco do fruto encontrou o valor de (5,11%); Costa et al.
(2007) apontam teores ainda mais elevados em casca e bagaço de abacaxi,
com valores de fibra insolúvel e solúvel de 7,52% e 5,89%, respectivamente.
Na avaliação da composição centesimal da casca de abacaxi, Santos et. al.
(2010) destacam valores médios de 0,3% de lipídios, teor de proteínas de
1,08% e teor de fibras de 2,06%.
37
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho permitiu verificar que um produto elaborado através do
aproveitamento integral de alimentos, sobretudo de cascas de frutas, pode ser
bem aceito pelos consumidores. As receitas sugeridas constituíam-se produtos
de fácil preparação e obtiveram grande aceitabilidade, além de serem
economicamente viáveis, agregando nutrientes, através do acréscimo de fibras,
vitaminas e minerais que são descartados quando se despreza essas partes
A utilização de partes não convencionais de alimentos, na elaboração de
preparações, além de minimizar os resíduos gerados, aumenta o valor
nutricional das preparações. Essa proposta é uma medida simples, que ao ser
aplicada, pode contribuir com a diminuição do desperdício de partes nutritivas,
como as cascas utilizadas para preparação dos bolos nesse estudo.
O valor nutricional e aceitabilidade quanto ao aroma, cor, sabor e
aparência que as preparações apresentaram, sugere que estas possam ser
usadas na rotina da instituição a qual foi realizada a analise sensorial e
também como subsídio para pessoas carentes, além de ser uma prática
simples de ser realizada pela população em geral, desde que seja divulgada e
esclarecida.
É necessária a conscientização da importância do aproveitamento
integral de alimentos, como uma forma de se promover benefícios para toda
sociedade, sendo importante a capacitação realizada durante esse trabalho,
visto que se constitui um meio para multiplicação de conhecimento.
Espera-se que com a divulgação dos resultados da qualidade nutricional
das receitas aplicadas na pesquisa, a população adquira maiores
conhecimentos e confiabilidade a respeito do aproveitamento integral, para a
implantação nas demais instituições sociais e setores que servem alimentos a
população.
38
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44
APÊNDICES
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Prezado (a) Senhor (a)
Esta pesquisa é sobre “Aproveitamento integral de partes não
convencionais de alimentos em uma instituição social da cidade de João
Pessoa” e está sendo desenvolvida pelo pesquisador Géssica cazuza de
Medeiros aluna do Curso de Nutrição da Universidade Federal da Paraíba, sob
a orientação da Prof(a) Dra. Maria da Conceição Rodrigues Gonçalves.
Os objetivos do estudo são Promover o aproveitamento integral dos
alimentos em uma instituição social da cidade de João Pessoa-PB.
A finalidade deste trabalho é contribuir para um maior entendimento a
cerca da utilização de partes de partes não convencionais de alimentos como
estratégia para o combate ao desperdício de alimentos, capacitar merendeiros
cerca do valor nutricional dessas partes, propondo receitas de aproveitamento
integral e realizando análise sensorial para avaliar a aceitabilidade dessas,
calculando seu valor nutricional através de Tabela de Composição de
alimentos.
Solicitamos a sua colaboração para esse questionário, como também
sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos da
área de saúde e publicar em revista científica. Por ocasião da publicação dos
resultados, seu nome será mantido em sigilo. Informamos que essa pesquisa
pode trazer algum desconforto durante a análise sensorial, as merendeiras
podem sofrer exposição térmica.
Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto,
o(a) senhor(a) não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com
as atividades solicitadas pelo Pesquisador(a). Caso decida não participar do
estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá
nenhum dano, nem haverá modificação na assistência que vem recebendo na
Instituição.
Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer
esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.
45
Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido(a) e dou o
meu consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos
resultados. Estou ciente que receberei uma cópia desse documento.
______________________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa ou Responsável Legal
OBERVAÇÃO: (em caso de analfabeto - acrescentar)
Espaço para impressão
Dactiloscópica ______________________________________ Assinatura da Testemunha Contato do Pesquisador (a) Responsável:
Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar
para o (a) pesquisador (a) Géssica Cazuza de Medeiros
Endereço (Setor de Trabalho): DN – CCS/UFPB Telefone: (83) 9 9985-8652
Ou
Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal da Paraíba Campus I - Cidade Universitária - 1º Andar – CEP 58051-
900 – João Pessoa/PB
(83) 3216-7791 – E-mail: [email protected]
Atenciosamente,
___________________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável
___________________________________________
Assinatura do Pesquisador Participante
47
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO PRÉ-OFICINA: CONHECIMENTO SOBRE
APROVEITAMENTO INTEGRAL PELAS MERENDEIRAS
Prezado Senhor (a),
Este questionário tem como objetivo observar seu conhecimento sobre o
tema proposto. Diante disto, pedimos para que suas respostas sejam
sinceras, a fim de contribuir na avaliação desses dados.
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1 SEXO: F( ) M( )
1.2 IDADE:
1.3 CATEGORIA: GESTOR ( ) MANIPULADOR ( ) VOLUNTÁRIO ( )
2. VOCÊ SABE O QUE É APROVEITAMENTO INTEGRAL DE
ALIMENTOS?
( ) SIM ( ) NÃO
3. JÁ PREPAROU ALGUMA RECEITA UTILIZANDO CASCAS DE
ALIMENTOS EM SUA VIDA DOMÉSTICA OU EM SUA INSTITUIÇÃO?
( ) SIM ( ) NÃO
4. NA ROTINA DA INSTITUIÇÃO SE APROVEITA CASCAS, SEMENTES
OU TALOS?
( ) SIM ( ) NÃO
5. JÁ RECEBEU ALGUMA ORIENTAÇÃO SOBRE COMO OS ALIMENTOS
PODEM SER APROVEITADOS EM SUA TOTALIDADE?
( ) SIM ( ) NÃO
6. VOCÊ TEM ALGUM CONHECIMENTO SOBRE O TEOR NUTRICIONAL
DE CASCAS, FOLHAS, TALOS OU SEMENTES DE ALIMENTOS?
( ) SIM ( ) NÃO
7. ACREDITA SER POSSIVEL A ASSOCIAÇÃO DE UMA ALIMENTAÇÃO
DE BAIXO CUSTO, DE QUALIDADE E QUE CONTRIBUIA NA
REDUÇÃO DO DESPERDÍCIO?
48
( ) SIM ( ) NÃO
8. ACREDITA QUE O APROVEITAMENTO INTEGRAL PODE TRAZER
BENEFÍCIOS DO PONTO DE VISTA NUTRICIONAL, ECONÔMICO E
AMBIENTAL?
( ) SIM ( ) NÃO
9. VOCÊ POSSUI ALGUM PRECONCEITO EM RELAÇÃO A UTILIZAÇÃO
DE CASCAS, TALOS E SEMENTES PARA O CONSUMO?
( ) SIM ( ) NÃO
10. ACREDITA QUE O TEOR NUTRICIONAL DE CASCAS, TALOS E
SEMENTES PODEM SER SEMELHANTES OU SUPERIORES A
POUPA DE ALIMENTOS?
( ) SIM ( ) NÃO
11. ACREDITA QUE OS AGROTÓXICOS CONSTITUIEM UMA
DESVANTAGEM EM RELAÇÃO AO APROVEITAMENTO DE CASCAS?
( ) SIM ( ) NÃO
12. ACREDITA SER CAPAZ DE APLICAR NA SUA INSTITUIÇÃO AS
RECEITAS DESENVOLVIDAS NA OFICINA INCLUINDO OUTRAS
PREPARAÇÕES?
( ) SIM ( ) NÃO
13. ACREDITA SER CAPAZ DE MULTIPLICAR O CONHECIMENTO
ADQUIRIDO?
( ) SIM ( ) NÃO
14. ACREDITA QUE SUA PERCEPÇÃO A CERCA DA UTILIZAÇÃO DE
PARTES NÃO CONVENCIONAIS COMO ALTERNATIVA PARA O
ENRIQUECIMENTO NUTRICIONAL DE PREPARAÇÕES IRÁ MUDAR
APÓS A REALIZAÇÃO DESSA OFICINA?
( ) SIM ( ) NÃO
49
ANEXOS
ANEXO A - FICHA PARA AVALIAÇÃO SENSORIAL
Ficha para teste de escala hedônica – Aceitabilidade Geral
Data ___-___-___
Faixa etária: ( ) 17 – 29 anos ( ) 30 – 44 anos ( ) 45 anos – 55 ( )>55 anos
Amostra/Preparação: ________________________________________
Avalie a amostra utilizando a escala abaixo, para descrever o quanto você
gostou ou desgostou do produto. Dê a nota, de acordo com a escala, que
melhor reflita seu julgamento referente aos atributos: cor, aroma, sabor e
aparência.
9- Gostei extremamente
8- Gostei muito
7- Gostei moderadamente
6- Gostei ligeiramente
5- Indiferente
4- Desgostei ligeiramente
3- Desgostei moderadamente
2- Desgostei muito
1- Desgostei extremamente
Cor ________________ Aroma _____________ Sabor ______________
Aparência ______________
Você consumiria este produto? ( ) Sim ( ) Não Comentários:
___________________
Siga as orientações do pesquisador, antes de avaliar a amostra.