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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS MARIA ALCILENE ALEXANDRE DANTAS DA SILVA COMPOSIÇÃO QUÍMICA E AVALIAÇÃO TERMO-OXIDATIVA DO ÓLEO DAS SEMENTES DE Couroupita guianensis Aubl. POR MÉTODOS DE OXIDAÇÃO ACELERADA JOÃO PESSOA PB 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

MARIA ALCILENE ALEXANDRE DANTAS DA SILVA

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E AVALIAÇÃO TERMO-OXIDATIVA

DO ÓLEO DAS SEMENTES DE Couroupita guianensis Aubl.

POR MÉTODOS DE OXIDAÇÃO ACELERADA

JOÃO PESSOA – PB

2011

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MARIA ALCILENE ALEXANDRE DANTAS DA SILVA

Composição química e avaliação termo-oxidativa

do óleo das sementes de Couroupita guianensis Aubl.

por métodos de oxidação acelerada

JOÃO PESSOA – PB

2011

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MARIA ALCILENE ALEXANDRE DANTAS DA SILVA

Composição química e avaliação termo-oxidativa

do óleo das sementes de Couroupita guianensis Aubl.

por métodos de oxidação acelerada

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia

de Alimentos, Centro de Tecnologia,

Universidade Federal da Paraíba, em

cumprimento aos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Ciência

e Tecnologia de Alimentos.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Gouveia de Souza

JOÃO PESSOA – PB

2011

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S586c Silva, Maria Alcilene Alexandre Dantas da.

Composição química e avaliação termo-oxidativa do óleo das sementes de Couroupita guianensis Aubl. por métodos de oxidação acelerada / Maria Alcilene Alexandre Dantas

da Silva. -- João Pessoa, 2011. 81f. : il.

Orientador: Antonio Gouveia de Souza Dissertação (Mestrado) – UFPB/CT

1. Tecnologia de Alimentos. 2. Couroupita guianensis Aubl. (couroupita e/ou abricó de macaco). 3. Estabilidade

oxidativa. 4. PDSC. 5. PetroOXY. 6. Rancimat.

UFPB/BC CDU: 664(043)

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Dedico:

A Deus, fonte inesgotável de Sabedoria, e por ser o Senhor da minha vida.

Aos meus pais, Cícero e Francisca pelo amor incondicional.

Ao meu amado Fernando, por todo amor e companheirismo.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Senhor e Salvador, Jesus Cristo; pois, “todas as coisas foram feitas por intermédio

dele, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez” (João 1.3).

Ao meu amado esposo, Fernando, pela dedicação e companheirismo sempre, para que essas

etapas fossem vencidas.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Antonio Gouveia de Souza, pela orientação, confiança,

paciência e apoio para viabilização deste trabalho.

A professora, Dra. Suzene Izídio, pela indicação do fruto estudado e disponibilização do

Laboratório de Recursos Econômicos e Fitoquímica, do Departamento de Biologia (UFRPE).

À amiga “mana”, Ângela Tribuzy, pelos incentivos e ajuda incondicional, mostrando acima

de tudo o amor ao próximo.

A professora, Dra. Antonia Lúcia, pelas orientações e compreensões nos momentos mais

críticos enfrentados...

À Universidade Federal da Paraíba, em especial, aos professores, técnicos e amigos que

fazem parte da equipe do Laboratório de Biocombustíveis (LACOM/UFPB), e do programa

de pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGCTA/UFPB) pelas

contribuições direta e indireta, bem como pelos ensinamentos de forma significativa para

concretização desse trabalho.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) – Campus

Vitória, em especial à Direção, na pessoa da professora Velda Martins, e toda a Coordenação,

pela liberação para conclusão deste trabalho e apoio necessário à realização desta pesquisa.

Aos meus colegas professores do IFPE, pelo apoio direto e indireto, necessários à superação

dos desafios de quem luta em busca do aperfeiçoamento do conhecimento.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho,

MUITO OBRIGADA!

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RESUMO

Couroupita guianensis Aubl, conhecida popularmente como couroupita e/ou abricó de

macaco, é uma planta nativa da Região Amazônica, porém adaptável às demais regiões

brasileiras. É uma espécie da família Lecitidáceae, da qual pertence também a castanha do

Brasil. C. guianensis é bastante utilizada na Região Norte do Brasil nos tratamentos da

hipertensão e de processos antiinflamatórios, em geral, na forma de chás e infusões. A

composição centesimal das sementes de couroupita determinada neste trabalho forneceu 33,7

% de lipídeos, 26,6% de proteínas, 8,0 % de umidade e 6,9 % de cinzas. Dentre os minerais

avaliados, os mais abundantes nas sementes foram o boro (18,20 mg.100-1

g), seguido pelo

sódio (8,88 mg.100-1

g), ferro (5,93 mg.100-1

g) e zinco (4,94 mg.100-1

g). O teor de selênio

(0,16 mg.100-1

g) foi ligeiramente superior aos reportados para castanha churu e castanha do

Brasil conforme literatura consultada. O óleo extraído das sementes através do processo de

extração mecânica alcançou um rendimento de 27 % m/m e a identificação feita através de

cromatografia gasosa revelou um percentual de insaturação de 85,6 % com predominância do

ácido linoleico (78,0 %), seguida do ácido oléico (8,8 %). A avaliação das propriedades

físico-química do óleo revelou um índice de acidez de 1,7% em ácido oléico, índice de

peróxido de 2,0 mEq.Kg-1

, índice de iodo (Wijs) de 121,6 g I2 100 g-1

; colocando o óleo bruto

dentro das especificações brasileiras exigidas para óleos destinados ao uso alimentar. A

análise térmica do óleo determinada através de TG/DTG apresentou três etapas de

decomposição, com o primeiro evento ocorrendo em 246º C, mostrando ser um óleo de

relativa estabilidade térmica apesar do alto índice de insaturação. A avaliação da estabilidade

oxidativa do óleo determinada pela técnica Rancimat mostrou um considerado período de

indução (PI = 4,7h), pela técnica Calorimetria Exploratória Diferencial pressurizada (PDSC),

indicou um tempo de indução oxidativa (OIT = 1,3h) e pela técnica petroOxy um período de

indução (PI = 2,2 horas), valores esperados para um óleo com elevado percentual de ácido

linoleico.

Palavras chave: Couroupita guianensis, estabilidade oxidativa, PDSC, PetroOXY e

Rancimat.

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ABSTRACT

Couroupita guianensis Aubl., popularly known as couroupita and/or apricot monkey, is

a plant native to the Amazon region, but adaptable to other Brazilian regions. It is a species of

the Lecitidáceae family, of which the Brazil nut also belongs. C. guianensis sufficiently is

used in the Region North of Brazil in the treatments of the hipertention and antiinflammatory

processes in general, in the form of teas and infusions. The centesimal composition of the

seeds of couroupita determined in this work supplied 33,7% of lipids, 26,6% of proteins,

8,0% of humidity and 6,9% of ashes. Among the minerals studied, the most abundant were

boron (18,20 mg.100-1

g), followed by sodium (8,88 mg.100-1g

), iron (5,93 mg.100-1

g) and

zinc (4,94 mg.100-1

g). The selenium content (0,16 mg.100-1

g) was slightly higher than those

reported for Churu and Brazil nuts. The extracted oil of the seeds through the cold pressing

mechanical extraction reached a 27% income w/w. Identification made by gaseous

chromatography (GC) revealed a percentage of unsaturation of 85,6% with advantage of the

linoleic acid (78,0%), followed of the oleic acid (8,8%). Evaluation of physico-chemical

properties oil showed an acid value of 1,7% (% oleic acid), peroxide value of 2,0 mEq.Kg-1

,

iodine value (Wijs) of 121,6 g g I2 100 g-1

; putting crude oil into the Brazilian specifications

required for oils intended for food use. Thermal analysis of the oil determined by TG/DTG

showed three stages of decomposition, with the first event occurring at 246° C, showing to be

an oil of considerable thermal stability despite the high degree of unsaturation. The evaluation

of oxidative stability of oil determined by the Rancimat technique showed an induction period

(PI) considered of 4,7 h; by technique Pressurized Differential Scanning Calorimetry (PDSC),

indicated an oxidative induction time (OIT) of 1,3 h and technical petroOxy an induction

period of 2,2 h, expected values for oil with a high percentage of linoleic acid.

Key words: Couroupita guianensis Aubl., oxidative stability, PDSC, PetroOXY and

Rancimat.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 3.1. Consumo Mundial de Óleos Vegetais em 2010-2011 ............................... ... 21

FIGURA 3.2. Produção mundial das principais oleaginosas (Copra, algodão, dendê,

amendoim, colza, soja e sementes de girassol) ........................................ ... 21

FIGURA 3.3. Produção, consumo e estoque final dos principais óleos vegetais produzidos

mundialmente no período de 2006 a 2012 conforme dados da USDA ....... 22

FIGURA 3.4. Produção brasileira dos principais óleos vegetais no período 2006-2007. ... 23

FIGURA 3.5. Couroupita guianensis: (a) Árvore, flor e frutos; (b) Fruto semiaberto (não

maduro) e Fruto maduro sem as cascas (polpa); (c) Polpa e sementes de

alguns frutos ................................................................................................ 25

FIGURA 3.6. Etapa de iniciação da oxidação de lipídeos para o ácido linoleico. .............. 27

FIGURA 3.7. Etapa de iniciação da oxidação de lipídeos para o ácido oleico ................... 27

FIGURA 3.8. Etapa de propagação da oxidação de lipídeos para o ácido linoleico ........... 28

FIGURA 3.9. Curva de avaliação da estabilidade oxidativa. .............................................. 29

FIGURA 4.1. Obtenção do óleo das sementes de C. guianensis por extração mecânica em

prensa hidráulica marca Ribeiro ................................................................... 38

FIGURA 4.2. Fluxograma de obtenção e das análises realizadas para caracterização das

sementes e óleo de Couroupita guianensis ................................................... 39

FIGURA 4.3. Equipamento Rancimat para determinação da estabilidade oxidativa ......... 49

FIGURA 4.4. Esquema do ensaio de estabilidade à oxidação pelo equipamento Rancimat 49

FIGURA 4.5. Aparelho PetroOxy usado para determinar o período de indução das

amostras de óleo vegetal ............................................................................... 50

FIGURA 5.1. Espectros de absorção na região do infravermelho do óleo de C. guianensis

obtido por extração mecânica a frio e sem refino ......................................... 59

FIGURA 5.2. Espectros de RMN 1H do óleo C. guianensis obtido por extração mecânica 61

FIGURA 5.3. Curvas e dados TG e DTG do óleo C. guianensis obtido por extração

mecânica a frio em atmosfera de ar sintético, na razão de aquecimento de

10 °C.min-1

.................................................................................................... 62

FIGURA 5.4. Curvas isotérmicas a 110ºC do comportamento oxidativo do óleo de C.

guianensis obtido por extração mecânica a frio. a) Rancimat; b) PetroOxy;

c) PDSC. ....................................................................................................... 65

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LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1. Resumo de alguns trabalhos científicos sobre métodos acelerados de

avaliação da estabilidade oxidativa de óleos ............................................... 34

TABELA 5.1. Valores médios das medidas físicas do fruto íntegro, polpa e sementes de

Couroupita guianensis .................................................................................. 51

TABELA 5.2. Composição centesimal média das sementes de C. guianensis ................... 53

TABELA 5.3. Composição mineral com base em 100 g da semente de C. guianensis ...... 54

TABELA 5.4. Composição em ácidos graxos (g.100-1

g de ácido graxo total) do óleo

extraído das sementes de C. guianensis por prensagem mecânica a frio e

não refinado .................................................................................................. 56

TABELA 5.5. Características físico-químicas do óleo extraído por prensagem mecânica a

frio e não refinado das sementes de C. guianensis ....................................... 57

TABELA 5.6. Intensidades relativas de absorbância na região do infravermelho do óleo

de C. guianensis extraído por prensagem mecânica ..................................... 60

TABELA 5.7. Avaliação da estabilidade oxidativa a 110ºC do óleo extraído de C.

guianensis, por prensagem mecânica das sementes, através de métodos de

oxidação acelerada. ....................................................................................... 64

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 3.1. Características de algumas oleaginosas do Brasil quanto a sua produção . 19

QUADRO 3.2. Evolução do Consumo Mundial de Óleos Vegetais para Alimentos e

Biodiesel, 2001/02 a 2010/11 (em milhões de toneladas e porcentagem). ... 23

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 14

2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 17

2.1. GERAL ................................................................................................................... 17

2.2. ESPECÍFICOS ....................................................................................................... 17

3. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 18

3.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE ÓLEOS VEGETAIS ............................................... 18

3.1.1. Óleos vegetais e seus constituintes químicos ............................................ 18

3.1.2. Fontes de óleos como matéria-prima para a indústria ............................... 18

3.1.3. Importância econômica das oleaginosas.................................................... 20

3.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE Couroupita guianensis ........................................... 23

3.3. DETERIORAÇÃO QUÍMICA DE ÓLEOS E GORDURAS ................................ 26

3.3.1. Mecanismos da oxidação lipídica .............................................................. 26

3.4. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE TÉRMICA E

OXIDATIVA .............................................................................................. 29

3.4.1. Métodos de avaliação dos produtos primários da oxidação ...................... 30

3.4.1.1. Calorimetria exploratória diferencial pressurizada – PDSC ....... 31

3.4.1.2. PetroOXY .................................................................................... 31

3.4.2. Métodos de avaliação dos produtos secundários da oxidação ................... 32

3.4.2.1. Rancimat ...................................................................................... 33

3.4.3. Análise Térmica ........................................................................................ 36

4. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 37

4.1. MATÉRIA-PRIMA ................................................................................................ 37

4.2. BENEFICIAMENTO DOS FRUTOS E SEMENTES... ....................................... 37

4.3. ANÁLISES FÍSICAS DOS FRUTOS E SEMENTES ......................................... 37

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4.4. EXTRAÇÃO DO ÓLEO ........................................................................................ 38

4.5. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS SEMENTES ............................ 39

4.5.1. Determinação de umidade ........................................................................ 39

4.5.2. Determinação de proteína .......................................................................... 40

4.5.3. Determinação de lipídeos .......................................................................... 40

4.5.4. Determinação de cinzas ............................................................................. 40

4.5.5. Determinação de carboidratos ................................................................... 41

4.5.6. Determinação de minerais ......................................................................... 41

4.6. PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS DO ÓLEO ......................................................... 41

4.6.1. Preparação dos ésteres metílicos .............................................................. 41

4.6.2. Identificação e quantificação dos ésteres metílicos dos ácidos graxos ..... 42

4.7. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO ......................................... 42

4.7.1. Determinação do índice de iodo ................................................................ 42

4.7.2. Determinação do índice de acidez ............................................................. 43

4.7.3. Determinação do índice de peróxido ......................................................... 44

4.7.4. Determinação do índice de saponificação ................................................. 45

4.7.5. Teor de umidade ........................................................................................ 45

4.7.6. Determinação do Índice de refração .......................................................... 46

4.7.7. Determinação da viscosidade .................................................................... 46

4.8. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO ÓLEO POR

ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NA REGIÃO DO

INFRAVERMELHO ............................................................................................. 47

4.9. ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

NUCLEAR DE HIDROGÊNIO E DE CARBONO (1H e

13C) DO ÓLEO........ 47

4.10. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE TÉRMICA POR TG ............................... 48

4.11. CARACTERIZAÇÃO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA ............................. 48

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4.11.1. Análise da estabilidade oxidativa do óleo por PDSC .............................. 48

4.11.2. Análise da estabilidade oxidativa do óleo por Rancimat ......................... 48

4.11.3. Análise da estabilidade oxidativa do óleo por PetroOXY ....................... 49

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 51

5.1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS FRUTOS E SEMENTES ........................... 51

5.2. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DAS SEMENTES ............................................. 52

5.3. COMPOSIÇÃO MINERAL DAS SEMENTES .................................................... 54

5.4. PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS DO ÓLEO ......................................................... 55

5.5. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO ......................................... 57

5.6. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO ÓLEO POR

ESPECTROSCOPIA VIBRACIONAL NA REGIÃO

DO INFRAVERMELHO ...................................................................................... 59

5.7. ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

NUCLEAR DO HIDROGÊNIO E CARBONO (1H E

13C) DO ÓLEO ............... 60

5.8. CARACTERIZAÇÃO DA ESTABILIDADE TÉRMICA DO ÓLEO ................. 61

5.9. CARACTERIZAÇÃO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA DO ÓLEO ............. 64

6. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 68

7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 70

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos especial atenção tem sido dada à crescente demanda por óleos

vegetais, pois a maior parte dos óleos e gorduras seja para consumo humano ou para fins

industriais, é atualmente derivada de plantas, significando que a exploração deste setor

representa um importante papel para o desenvolvimento econômico da produção agrícola

(LAGO; FREITAS, 2006; RAMADAN et al., 2006).

Neste contexto, um dos setores que mais tem crescido em termos de pesquisas sobre

plantas, tem sido o das oleaginosas. Estudos sobre a distribuição de ácidos graxos de sementes

oleaginosas têm sido induzidos por interesses econômicos e taxonômicos (AJAYI et al. 2007;

SANTOS; SALATINO, 1998; YADAV et al., 2011), pois, além delas suprirem ampla fatia da

indústria alimentícia, muitas espécies produzem óleos que podem ser utilizados em grande

diversidade de produtos da indústria farmacêutica e química, sobretudo como biocombustível

na substituição do petróleo (CARLSSON, 2009; AZAM et al, 2005;).

Considerando as extensivas aplicações dos ácidos graxos como produtos industriais,

estudos têm sido conduzidos para melhoramento genético e aumento da produtividade das

culturas convencionais, bem como a investigação de muitas novas espécies oleaginosas como

potenciais fontes de óleos vegetais desejáveis para usos na indústria (AJAYI et al, 2007;

CANNEL, 1989; PRINCEN, 1983).

Corroborando a busca de novas plantas oleaginosas com potenciais aplicações, percebe-

se uma crescente preocupação, por parte da sociedade, por hábitos alimentares mais

saudáveis, entre esses hábitos destaca-se a procura do consumo de óleos comestíveis ricos em

triacilgliceróis insaturados em oposição ao uso da gordura animal. Sabe-se que a ingestão de

óleo rico em ácidos graxos insaturados está relacionada a uma produção no organismo do

bom colesterol, High Density Lipoprotein (HDL), enquanto a dieta rica em óleo com ácidos

graxos saturados promove o efeito inverso, e que o consumo excessivo de gorduras,

principalmente a saturada, de origem animal ou vegetal, é um fator preponderante no

desenvolvimento de doenças cardiovasculares (AMARAL et al., 2003, CUNHA et al., 2006;

RIBEIRO; SHINTAKU, 2004).

Devido à importância para a saúde humana, os ácidos graxos essenciais e muitos

produtos baseados em ácidos graxos polinsaturados estão no mercado. Porém, cresce

continuamente a demanda no mercado para a maioria destes e as atuais fontes são

consideradas insuficientes para satisfazer esta procura (ALONSO; MAROTO, 2000).

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No panorama mundial, o Brasil é um dos países mais privilegiados em termos de

biodiversidade vegetal, distribuída em diferentes regiões e ecossistemas, com muitas dessas

espécies ainda inexploradas (SAMPAIO et al., 2005). E, tendo em vista que a industrialização

de oleaginosas constitui-se em uma das mais importantes atividades do agronegócio brasileiro

pela utilização dos seus produtos na formulação de alimentos, cosméticos, fármacos e ainda

como combustível biodegradável, estudos mais completos de espécies não convencionais

tornam-se necessários para estas serem estabelecidas como novas fontes oleaginosas (LAGO;

FREITAS, 2006),

Couroupita guianensis Aubl., é uma árvore originária da Floresta Amazônica,

pertencente à família das Lecitidáceas, da qual pertence também a castanha do Brasil. É

popularmente utilizada no Norte do Brasil na forma de chás e infusões no tratamento da

hipertensão, tumores, dores e processos inflamatórios (SANZ-BISET et al., 2009). Apesar de

ser uma planta amazonense típica de solos brejosos, desenvolve-se, muito bem em terrenos

secos, aprecia o calor, a umidade e tolera o encharcamento o que lhe propicia a condição de

ser usada em outras regiões do país (LORENZI, 2000; SOBRINHO, 1999).

Os frutos têm formato arrendondado que chegam a pesar mais de 3 kg, contendo cerca

de 100 a 300 sementes. São popularmente chamados de “abricó de macaco” ou castanha de

macaco no Brasil, e “Cannon ball” na Guiana Inglesa. Sua polpa e sementes são comidas por

roedores, galinhas, porcos selvagens e macacos. (SCHOENBERG, 1983; TSOU; MORI,

2002; LORENZI, 2000). É uma espécie tropical com elevado teor de óleo nas sementes com

grande possibilidade de ser aproveitada como fonte de ácidos graxos essenciais. As sementes

contêm aproximadamente 30% de óleo composto principalmente de ácido linoleico (80%)

(LAGO et al., 1987; ANDRADE et al., 1999).

Sendo natural da flora amazônica, essa espécie de fruto poderia ser mais bem

aproveitada, tendo em vista suas sementes apresentar uma composição química privilegiada

em termos quantitativos (elevado teor de óleo e ácido graxo essencial), o que poderia

promover esta espécie ao status de uma planta oleaginosa apta a ser cultivada no Brasil.

Porém, ainda não é reconhecida como uma espécie de importância para a exploração

econômica, constatando-se a necessidade de dados complementares quanto à composição

química do fruto, sementes e de estudos da estabilidade termo-oxidativa do óleo de suas

sementes.

Segundo CHEIKH-ROUHOU et al. (2007), a disponibilidade de dados sobre a fração

lipídica bem como da estabilidade termo-oxidativa dessa fração facilitaria a estimativa de vida

de prateleira e a determinação da qualidade do óleo. Pois, o uso dos óleos vegetais para

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diversos fins tem levado à necessidade de se avaliar melhor a sua qualidade e o seu grau de

resistência, principalmente sua estabilidade ao armazenamento e aos processos térmicos que

podem provocar a perda da qualidade nutricional e funcional (REDA; CARNEIRO, 2007).

Vários métodos foram desenvolvidos para avaliar a qualidade de óleos e/ou gorduras.

Entretanto, os métodos mais tradicionais apresentam algumas desvantagens quando utilizados

para estimar a qualidade quando comparados aos métodos termoanalíticos. Estes submetem a

amostra a condições que aceleram o processo de oxidação normal, são mais vantajosos do que

os métodos convencionais porque eles são mais precisos e sensíveis e requerem uma menor

quantidade de amostra e os resultados são obtidos mais rapidamente (HASSEL, 1976;

SANTOS et al., 2002).

Portanto, esta dissertação objetivou caracterizar as sementes quanto ao valor nutricional,

além de avaliar a estabilidade térmica e oxidativa de seu óleo por meio de métodos

termoanalíticos, a fim de viabilizar o aproveitamento da espécie na indústria alimentícia,

química e/ou farmaceutica, tornando possível a utilização dos componentes agrícolas na

produção de lipídeos, farelos ou tortas, de forma eficaz e condizente com a potencialidade

econômica do Brasil.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Esta pesquisa objetivou a caracterização físico-química, química, bem como, a

avaliação da estabilidade oxidativa do óleo extraído das sementes de Couroupita guianenses,

pela utilização de diferentes métodos de oxidação acelerados, contribuindo, assim, para

viabilizar seu aproveitamento na indústria alimentícia, química e/ou farmacêutica.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Determinar a composição centesimal das sementes;

Quantificar os minerais presentes nas sementes por Espectrômetro de Emissão Ótica

com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES);

Extrair o óleo das sementes por processo mecânico, extração a frio, e avaliar o

rendimento;

Preparar os ésteres metílicos para identificação e quantificação do perfil lipídico do óleo

das sementes por cromatografia gasosa;

Analisar o óleo por parâmetros físico-químicos tais como: índices de iodo, ácidos

graxos livres, índice de peróxido, índice de saponificação, teor de umidade;

Caracterizar o óleo por Espectroscopia na Região do Infravermelho e Ressonância

Magnética Nuclear (RMN) de 13

C e 1H;

Estudar o perfil de decomposição térmica do óleo por Termogravimetria dinâmica,

visando determinar sua estabilidade térmica;

Avaliar a estabilidade oxidativa do óleo pelas técnicas de Calorimetria Exploratória

Diferencial Pressurizada (PDSC), Rancimat e PetroOXY.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE ÓLEOS VEGETAIS

3.1.1. Óleos vegetais e seus constituintes químicos

Os lipídeos são constituídos de componentes glicerídicos e não glicerídicos, assim como

também, dos produtos oriundos da sua oxidação. Os componentes glicerídicos são produtos

da condensação entre glicerol e ácidos graxos, compostos que contêm uma cadeia alifática e

um grupo ácido carboxílico (ARAÚJO, 2004).

Os demais constituintes aparecem em proporções menores, geralmente inferiores a 5%,

os quais podem afetar significativamente as propriedades químicas e físicas dos óleos e

gorduras como apresentar ação pró ou antioxidante, ser fortemente odorífero, ter sabor

acentuado ou ser altamente colorido (MORETTO; FETT, 1998; REDA; CARNEIRO, 2007).

Os ácidos insaturados são mais reativos e mais suscetíveis a termo oxidação, pois,

contêm uma ou mais ligações duplas no seu esqueleto carbônico. Devido ao impedimento

espacial para o empacotamento, as interações de van der Waals entre ácidos graxos

insaturados são relativamente fracas, e, portanto, esses ácidos ocorrem mais no estado líquido,

a temperatura ambiente (ARAÚJO, 2004).

O isômero trans formado nos processos de hidrogenação, fritura e durante o refino de

óleos apresenta maior linearidade na cadeia que o isômero cis, o que resulta em um

empacotamento mais forte das moléculas e em ponto de fusão mais elevados. Isso explica as

diferenças nas propriedades dos isômeros cis e trans, inclusive no que se refere às

propriedades termodinâmicas (LARQUÉ et al, 2001).

3.1.2. Fontes de óleos como matéria-prima para a indústria

Os óleos são muito importantes na alimentação diária, pois são ricos em diversos

nutrientes, como compostos bioativos, vitamina E, fitoesteróis, carotenoides e fenóis,

amplamente conhecidos pelas funções antioxidativa que desempenham nos organismos além

de serem fontes de ácidos graxos essenciais (THERIAULT et al., 1999; SALDEEN;

SALDEEN, 2005).

Muitos estudos têm tomado curso sobre a influência dos ácidos graxos provenientes de

oleaginosas na dieta e têm evidenciado que o consumo de ácidos graxos monoinsaturados e

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polinsaturados vão desde a redução do colesterol ruim (LDL), até reforçar o sistema

imunológico, prevenindo e agindo contra doenças como câncer, diabetes e doenças

cardiovasculares, pois, são presursores de um conjunto de substancias com atividades

fisiológicas e farmacológicas (MENSINK; KATAN, 1989; DREON et al., 1990;

JONNALAGADDA et al., 1996).

Óleos e gorduras também conferem consistência e características de fusão específicas

aos produtos que os contém, atuando como meio de transferência de calor durante o processo

de fritura, contribuindo para o sabor, palatabilidade dos alimentos e para a sensação de

saciedade após a alimentação. Alguns lipídeos são excelentes agentes emulsificantes em

sistemas alimentícios (REDA; CARNEIRO, 2007).

A despeito dos óleos terem importância quanto ao valor nutricional, industrial e

farmacêutico, tem crescido a pesquisa e a produção por frutas e sementes oleaginosas, tanto

para a indústria oleoquímica como para a alimentícia, que absorvem a maioria dos óleos

obtidos de fontes naturais (AZAM et al., 2005; RAMADAN et al., 2006).

Vários parâmetros definem a aplicação de uma oleaginosa, tais como produtividade,

subsídios agrícolas, políticas sociais agregadas, impactos ambientais etc. Do ponto de vista

químico, a natureza e a composição percentual das cadeias graxas são parâmetros de interesse.

Em todas as regiões do Brasil existem culturas com vocações agrícolas que podem ser

consideradas como matéria prima para os diversos fins, incluindo os objetivos do programa

do biodiesel (ABDALLA et al., 2008). No Quadro 3.1 são apresentadas algumas

características das principais oleaginosas do Brasil.

Quadro 3.1: Características de algumas oleaginosas do Brasil quanto a sua produção.

Espécie Teor de

óleo (%)

Origem

do óleo

Meses de

colheita

Rendimento

(t óleo/ha)

Ciclo p/ máxima

eficiência

Babaçu 66 Amêndoa 12 0,1-0,3 7 anos

Coco 55-60 Fruto 12 1,3-1,9 7 anos

Dendê 22 Amêndoa 12 3,0-6,0 8 anos

Girassol 38-48 Grão 3 0,5-1,9 Anual

Canola 40-48 Grão 3 0,5-0,9 Anual

Amendoim 40-43 Grão 3 0,6-0,8 Anual

Soja 18 Grão 3 0,2-0,4 Anual

Algodão 15 Grão 3 0,1-0,2 Anual

Fonte: SLUSZZ; MACHADO, 2006.

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3.1.3. Importância econômica das oleaginosas

A indústria de óleos vegetais tem ocupado um lugar estratégico no contexto da indústria

alimentícia, pois além de óleos e azeites, fabricam, também, diversos outros produtos voltados

ao mercado de alimentos, entre os quais estão: gorduras, margarinas, cremes vegetais,

lecitinas, tocoferol, proteínas que são alimentos utilizados diretamente na alimentação

humana e animal. A riqueza em lipídios e proteínas é a razão maior de grãos e sementes

oleaginosas terem vasta aplicação em sistemas alimentícios.

Muitas das espécies contêm uma alta proporção de ácidos graxos importantes

industrialmente tais como ácido linoleico e linolênico, além de conterem outros ácidos graxos

de interesse na indústria química e farmacêutica, os quais incluem sua utilização como

biocombustíveis renováveis, revestimentos protetores, lubrificantes, plásticos, plastificantes,

cosméticos, dispersantes, produtos farmacêuticos, detergentes, sabões, surfactantes, pesticidas

orgânicos, resinas entre outras aplicações (PRINCEN, 1983).

Até a década de 60, a gordura animal predominou como principal fonte de óleo para

consumo humano. Paralelamente, no setor das indústrias de alimentos o abastecimento do

óleo vegetal era garantido a partir do caroço de algodão e do amendoim. Já nas indústrias

químicas, a fonte oleaginosa era a mamona. A oferta de óleo vegetal foi ampliada com a

expansão do cultivo da palma e da soja no mundo. No caso da soja, o principal foco da

produção foi garantir o abastecimento de farelo para a produção de frango e suíno. Enquanto

que, a produção do óleo de palma foi vista como uma alternativa saudável a óleos

hidrogenados e matéria-prima para biocombustíveis. (OSAKI; BATALHA, 2008).

Conforme dados obtidos da USDA (United States Department of Agriculture), as

principais fontes de óleos utilizadas mundialmente são provenientes da palma, soja e canola, o

que repondem ao equivalente de 77% do consumo. O óleo de palma, ou óleo de dendê, é o

mais consumido com a representação de 32%. A produção é concentrada na Malásia e na

Indonésia, os quais respondem por 87% da oferta mundial. O óleo de soja é o segundo mais

importante ao representar 29%, com os Estados Unidos na liderança da produção do grão,

seguidos pelo Brasil e pela Argentina. O uso do óleo de canola responde por 16% do total

mundial e a União Europeia é a principal ofertante, seguida pela China e Canadá sendo esta

última a mais representativa em termos de produtividade e utilização na alimentação (Figura

3.1).

As principais oleaginosas alcançaram uma produção mundial de 449,33 milhões de

toneladas em 2010/2011, com destaque para os Estados Unidos com uma participação de

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92,41 milhões de toneladas de produção, seguido pelo Brasil com uma produção de 77,19

milhões de toneladas, ficando em 2º lugar na produção mundial (Figura 3.2).

Figura 3.1: Consumo Mundial de Óleos Vegetais em 2010-2011.

Fonte: Adapatado de dados da USDA (United States Department of Agriculture), 2011.

Figura 3.2: Produção mundial das principais oleaginosas (copra, algodão, dendê, amendoim,

colza, soja e sementes de girassol). Fonte: USDA 2011

Enquanto a produção de óleos foi 145,80 milhões de toneladas em 2010/2011, para

2011/2012 tem previsão de 151,53 milhões de toneladas, um aumento de 4% em relação ao da

temporada atual, conforme dados estimados pela USDA, 2011. O consumo, por sua vez foi de

145,06 milhões de toneladas (2010/2011), que deve crescer 3,6% e atingir 150,3 milhões de

toneladas em 2011/2012. Mudança mais expressiva é prevista para o estoque, que deve

manter a tendência decrescente, já registrada nas últimas temporadas, e ser reduzido em 8,6%.

Dessa forma, a quantidade de óleos vegetais disponível ao final da temporada deve ser de

apenas 10,1 milhões de toneladas, a menor dos últimos cinco anos (Figura 3.3).

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Figura 3.3: Produção, consumo e estoque final dos principais óleos vegetais produzidos

mundialmente no período de 2006 a 2012 conforme dados da USDA (United States

Department of Agriculture), 2011.

Esse crescente consumo de óleos vegetais pode está diretamente relacionado à crescente

produção de biodiesel o que traz modificações no mercado internacional de oleaginosas, ao

incorporar o segmento energético além do tradicional setor de alimentos. Segundo

BARBOSA (2011), a quantidade de óleo vegetal, no âmbito mundial, destinada ao biodiesel

passou de 10,6 milhões de toneladas em 2001/02 para 34 milhões de toneladas na temporada

2010/11. Em termos relativos, a representação mais que dobrou, de 11,7% para 23,4%,

opostamente ao declínio de 88,3% para 76,6% da parcela para alimentos (Quadro 3.2).

A emergência dos biocombustíveis se torna fator importante para os mercados agrícolas

em função do aumento na demanda por matérias-primas, especialmente grãos e oleaginosas.

O que tem despertado o interesse do governo, empresas privadas e das instituições de

pesquisa tanto no aperfeiçoamento dos processos de extração de óleos quanto na busca de

fontes alternativas destes (BARBOSA, 2011; LAGO; FREITAS, 2006).

O consumo de óleos vegetais, derivados da soja e de outras plantas, é esperado ter um

aumento expressivo devido à demanda por parte dos setores de alimentos e biocombustíveis.

Essa evolução ocorrerá, inicialmente, por melhoria nos sistemas de produção, aumento de

produtividade e do teor de óleo das oleaginosas atuais. Entretanto, a médio e longo prazo, o

incremento ocorrerá por incorporação de novas oleaginosas, com alta capacidade de produção

de óleo por unidade de área (COINFRA, 2007).

Atualmente, no Brasil, a principal fonte de óleo vegetal é a soja. O caroço de algodão,

girassol, mamona, palma e outros, participam com uma pequena parcela desse mercado

(Figura 3.4).

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Quadro 3.2: Evolução do consumo mundial de óleos vegetais1 para alimentos e biodiesel,

2001/02 a 2010/11 (em milhões de toneladas e porcentagem).

Ano Total (a) Alimentos (b) Industrial (c) (b/a) (c/a)

2001/02 91,06 80,42 10,6 88,3 11,7

2002/03 95,36 83,27 12,1 87,3 12,7

2003/04 100,5 86,9 13,7 86,4 13,6

2004/05 108,1 91,4 16,6 84,6 15,4

2005/06 114,8 94,4 20,5 82,2 17,8

2006/07 119,9 96,2 23,8 80,2 19,8

2007/08 125,8 99,7 26,1 79,2 20,8

2008/09 129,8 101,4 28,4 78,1 21,9

2009/10 137,8 106,4 31,4 77,2 22,8

2010/11 145,1 111,1 34,0 76,6 23,4 1Incluem-se os óleos de algodão, amendoim, canola, coco, girassol, soja, oliva, palma e palmiste. Fonte:

BARBOSA, 2011.

Figura 3.4: Produção brasileira dos principais óleos vegetais no período 2006-2007.

Fonte: NUNES, 2007.

3.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE Couroupita guianensis

Couroupita guianensis Aublet, é uma árvore originária da América do Sul (Floresta

Amazônica) pertencente à família das Lecitidáceas, a mesma da castanha do Brasil

(Bertholletia excelsa) (LORENZI, 2000).

O gênero Couroupita vem do nome popular “Kouroupitoumon”, como é conhecida na

Guiana Francesa, onde foi estudada pela primeira vez em 1775, pelo botânico francês, Jean

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Baptiste Christian Fusée Aublet. Conhecida popularmente como abricó-de-macaco, castanha

de macaco, cuia-de-macaco, amêndoa-dos-andes, entre outros nomes, é uma árvore excelente

para paisagismo, devido as suas vistosas e magníficas flores, que se agarram diretamente ao

tronco durante quase todo o ano, exalando um delicado aroma de rosas. Seu único

inconveniente, é o grande tamanho e peso dos frutos que podem causar acidentes na queda.

Apesar de ser planta amazônica de solos brejosos, desenvolve-se, muito bem em terrenos

secos do país, aprecia o calor, a umidade e tolera o encharcamento (LORENZI, 2000;

SOBRINHO, 1999).

A árvore pode alcançar 25m de altura, sendo a média de 8-15 m, com tronco de 30-65

cm de diâmetro. Apresenta ciclo de vida de forma perene. Multiplica-se por sementes, cujo

crescimento é rápido, sendo constituída por uma madeira leve e macia e, por isso, é muito

usada para a confecção de caixotes, brinquedos, construção de interiores, marcenaria,

embalagens leves, folhas faqueadas para compensados, raquetes, moldes de fundição,

artefatos leves etc. (SOBRINHO, 1999).

Os frutos (Figura 3.5) são grandes cápsulas globosas, de casca marrom e lenhosa, que

podem variar de tamanho e alcançar massa de 3 Kg ou mais e 20 cm de diâmetro ou mais; o

que lhe vale o nome em inglês de “cannon ball” tree (árvore bola-de-canhão). Sua casca é

utilizada na mata como cuia (recipiente que substitui a tigela), pelos mateiros, caçadores ou

habitantes do interior, para tomarem líquidos. Apesar de comestíveis, os frutos não são

apreciados, no entanto, eles servem de alimento aos macacos e animais domésticos. Contêm

uma quantidade de sementes de 80 a aproximadamente 300 sementes dependendo do tamanho

do fruto (LORENZI, 2000; SOBRINHO, 1999; TSOU; MORI, 2002).

C. guianensis é popularmente utilizada por pessoas nativa da Amazônia e de outros

estados da região Norte do Brasil em chás ou infusões para tratamento de hipertensão,

tumores, dores e processos anti-inflamatórios (SANZ-BISET et al., 2009). Estudos

relacionados a esta espécie tem evidenciado a presença de α-amirina, β-amirina, β-sitosterol,

taninos e cetoesteroides nas cascas (ANJANEYULU; RAO, 1998; ROW et al., 1966).

Dois estudos sobre óleos voláteis, oriundos das flores, determinaram as presenças

majoritárias de eugenol, linalool e (E,E)-farnesol (WONG; TIE, 1995; ANDRADE et al.,

2000). Um estudo sobre folhas, que caracterizou ésteres triterpenoídicos de ácidos graxos

como o palmitato de β-amirina (EKNAT; SHIVCHANDRAJI, 2002). Dois sobre os frutos

que caracterizaram constituintes indólicos (SEN et al., 1974; BERGMAN et al., 1995). Três

trabalhos que demonstraram elevado teor de óleo nas sementes (30,0%), com a presença de

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ácido graxo essencial linoleico (80,0%), tocoferóis, esteroides, açúcares e aminoácidos

(ANDRADE et al., 1999; LAGO et al., 1987 e DAVE et al., 1985).

(a)

(b)

(c)

Figura 3.5: Couroupita guianensis: (a) Árvore, flor e frutos; (b) Fruto semiaberto (não

maduro) e Fruto maduro sem as cascas (polpa); (c) Polpa e sementes de alguns frutos.

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3.3. DETERIORAÇÃO QUÍMICA DE ÓLEOS E GORDURAS

Oxidação lipídica é o termo geral utilizado para descrever uma sequência complexa de

alterações químicas resultantes da interação de lipídeos com oxigênio, em que ácidos graxos

esterificados em triacilgliceróis e fosfolipídeos decompõem-se, formando moléculas pequenas

e voláteis que produzem os aromas indesejáveis conhecidos como rancidez oxidativa.

É um fenômeno com implicação direta no valor comercial, valor nutritivo e tempo de

vida útil de óleos e gorduras, e consequentemente de todos os produtos que a partir desses são

formulados (alimentos, cosméticos, medicamentos etc.), com possível geração de compostos

nocivos. O processo de oxidação pode ser acelerado em temperaturas mais elevadas, tais

como aqueles experimentados durante a fritura, oxidação térmica, com aumento em ácidos

graxos livres, compostos polares, formação de espuma, alterações na cor e viscosidade de

óleos (SHAHIDI; ZHONG, 2004; SILVA et al., 1999).

3.3.1. Mecanismos da oxidação lipídica

A via de oxidação de ácidos graxos pode ser descrita por três etapas gerais: iniciação,

propagação e terminação.

Iniciação

Essa etapa descreve a abstração do hidrogênio de um ácido graxo para a formação de

um radical ácido graxo conhecido como radical alquil (L). Uma vez que o radical alquil é

formado, o radical livre é estabilizado pela deslocalização sobre a ligação dupla, resultando

em deslocamento da ligação dupla e, no caso de ácidos graxos polinsaturados, a partir da

formação de ligações duplas conjugadas. O deslocamento da localização pode produzir

ligações duplas nas configurações cis ou trans, sendo que há predominância da trans, causa

de sua maior estabilidade (MCCLEMENTS; DECKER, 2010).

A Figura 3.6 mostra as etapas de iniciação para a abstração de hidrogênio a partir do

carbono metilênico do ácido linoleico, com geração de dois isômeros pelo rearranjo da

ligação dupla. Quando o hidrogênio é abstraído do ácido oleico, o radical alquil pode ser

encontrado em três localizações diferentes (Figura 3.7). Estima-se que o ácido linoleico (18:2)

seja de 10 a 40 vezes mais susceptível à oxidação que o ácido oleico (18:1).

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Figura 3.6: Etapa de iniciação da oxidação de lipídeos para o ácido linoleico. Fonte:

(MCCLEMENTS; DECKER, 2010).

Figura 3.7: Etapa de iniciação da oxidação de lipídeos para o ácido oleico. Fonte:

(MCCLEMENTS; DECKER, 2010).

Propagação

A primeira etapa da propagação envolve a adição de oxigênio ao radical alquil. Os

radicais livres formados a partir do oxigênio triplete têm pouca energia, não causando a

abstração direta de hidrogênio. No entanto, os radicais livres de oxigênio podem reagir com o

radical alquil em uma taxa de difusão limitada. A combinação de radicais alquil com um dos

radicais do oxigênio triplete resulta na formação de uma ligação covalente. O outro radical do

oxigênio permanece livre. O radical resultante é conhecido como radical peroxil (LOO). A

energia elevada dos radicais peroxil permite que eles promovam a abstração do hidrogênio de

outra molécula.

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Como a ligação covalente carbono-hidrogênio de ácidos graxos insaturados é fraca,

essas substâncias são susceptíveis ao ataque de radicais peroxil. A adição de hidrogênio ao

radical peroxil resulta na formação de um hidroperóxido de ácido graxo (LOOH) e na

formação de novos radicais alquil em outros ácidos graxos. Portanto, a reação é propagada de

um ácido graxo para outro. Um esquema dessa via para duas moléculas de ácido linoleico é

mostrado na Figura 3.8. Logo, o oleato produzirá quatro hidroperóxidos e o linoleato, dois

(MCCLEMENTS e DECKER, 2010).

Figura 3.8: Etapa de propagação da oxidação de lipídeos para o ácido linoleico.

Terminação

Essa reação descreve a combinação de dois radicais para a formação de espécies não

radicais. Na presença de oxigênio, o radical livre predominante é o radical peroxil, uma vez

que o oxigênio será adicionado aos radicais alquil em taxas de difusão limitadas. Logo, sob

condições atmosféricas, as reações de terminação podem ocorrer entre radicais peroxil e

alcooxil. Em ambientes com pouco oxigênio (p. ex., óleos de fritura), podem ocorrer reações

de terminação entre radicais alquil, formando-se dímeros de ácidos graxos. Os polímeros de

ácidos graxos têm sido usados como indicadores da qualidade de óleos de fritura

(MCCLEMENTS; DECKER, 2010).

Como a oxidação, normalmente, ocorre muito lentamente na fase inicial, o tempo para

chegar a um aumento repentino na taxa de oxidação é referido como o período de indução

(Figura 3.9). O tamanho da fase lag, ou período de indução (PI), é muito importante, já que

esse é o período em que a rancidez não é detectada e a qualidade do óleo ou gordura é

elevada.

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Figura 3.9: Curva de avaliação da estabilidade oxidativa. Fonte: (SILVA et al., 1999).

Além dos produtos de hidroperóxidos de ácidos graxos já descritos, os radicais de

ácidos graxos podem passar por diversas outras reações, formando produtos como olefinas,

álcoois, ácidos carboxílicos, cetonas, epóxidos e produtos cíclicos. Os radicais alquil reagem

com os radicais hidrogênio e hidroxil, produzindo olefinas e álcoois. Como os radicais

alcooxil são altamente energéticos, eles podem abstrair hidrogênio de outras moléculas como

ácidos graxos insaturados ou antioxidantes, a fim de produzir álcoois de ácidos graxos. Os

radicais alcooxil também podem perder um elétron, sendo convertidos em cetona, ou podem

ligar-se a um carbono adjacente, a fim de formar um epóxido. Os radicais peroxil podem

reagir com ligações duplas dentro de um mesmo ácido graxo, produzindo produtos cíclicos

como endoperóxidos bicíclicos. Os aldeídos produzidos a partir da decomposição de ácidos

graxos são importantes em virtude de sua influêcia sobre o desenvolvimento de odores

indesejáveis além de interagirem com grupos sulfidril e aminas das proteínas alterando a

funcionalidade destas (MCCLEMENTS; DECKER, 2010).

3.4. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE TÉRMICA E OXIDATIVA

A estabilidade de um óleo é a resistência do mesmo a mudanças de ordem química, tais

como hidrólise, oxidação ou à desintegração física como mudanças na cor e viscosidade. A

avaliação do estado de oxidação de óleos e gorduras é uma determinação importante a nível

industrial para garantir a qualidade e consequentemente a aceitação por parte do consumidor

(SMOUSE, 1995).

Existem diferentes métodos para a avaliação da estabilidade oxidativa de óleos e

gorduras. Os testes de estabilidade em tempo real são usados para determinação da

estabilidade oxidativa nas condições normais de armazenamento ou de distribuição, e os

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testes de estabilidade acelerados avaliam a resistência à oxidação mediante condições de

envelhecimento acelerado.

Os testes de estabilidade em tempo real consomem muito tempo, uma vez que os

fenômenos naturais de oxidação são processos lentos, desenrolando-se frequentemente ao

longo de vários meses, o que os tornam por vezes incompatíveis com o controle de qualidade

a nível industrial.

Os testes acelerados são submetidos a condições padronizadas de oxidação acelerada, o

que incluem elevação de temperatura, adição de metais, aumento da pressão de oxigênio,

estocagem sob luz e agitação. Porém, o aquecimento é o meio mais utilizado e eficiente,

permitindo estimar de forma rápida a estabilidade oxidativa de óleos e gorduras ou a eficácia

“teórica” de um antioxidante, isolado ou em associação. Deste modo, os testes de estabilidade

acelerados assumem particular importância em rotinas analíticas (ANTONIASSI, 2001;

FRANKEL, 1993).

Porém, nenhum método se correlaciona de um modo perfeito com as modificações

sensoriais produzidas no decurso das reações de oxidação. Cada método fornece informações

sobre um estado particular do processo oxidativo, variável em função das condições aplicadas

e dos substratos lipídicos usados (FRANKEL, et al., 1994; SILVA et al., 1999).

3.4.1. Métodos de avaliação dos produtos primários da oxidação

Os hidroperóxidos lipídicos têm sido identificados como produtos primários da auto-

oxidação em que são produzidos nas etapas de iniciação e propagação desse processo. Por se

tratarem dos primeiros produtos de oxidação, eles podem aparecer precocemente na oxidação

de lipídeos. Entretanto, durante as etapas mais avançadas de oxidação, as concentrações

desses compostos diminuem, bem como suas taxas de formação que se tornam mais lentas

que as de decomposição.

Uma desvantagem do uso de produtos primários para medir a oxidação reside na

volatilidade desses produtos, o que faz com que eles não contribuam diretamente para aromas

e sabores indesejáveis. Além disso, sob certas condições (como temperaturas elevadas – óleos

de fritura ou conteúdo elevado de metais de transição), a concentração de produtos primários

pode apresentar pouco aumento liquido, pois suas taxas de decomposição são relativamente

altas. Isso produziria resultados enganosos já que um óleo muito rançoso pode apresentar

concentrações muito baixas de produtos primários da oxidação de lipídeos (FRANKEL, et al.,

1994; SILVA et al., 1999).

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31

Entre os métodos analíticos para avalição dos produtos primários da oxidação incluem-

se a Titulação Iodométrica (Índice de peróxido - IP); Método do Oxigênio Ativo (AOM) ou

teste de Swift; Teste de estufa de Schaal; Calorimetria exploratória diferencial (DSC);

Quimiluminescência; Espectrometria no UV; Infravermelho transformada de Fourier (FTIR),

entre outros (SHAHIDI; ZHONG, 2004; SILVA et al., 1999).

3.4.1.1. Calorimetria exploratória diferencial pressurizada – PDSC

A análise de PDSC é uma análise de calorimetria exploratória diferencial (DSC)

conduzida sob leve pressão, de até 500 psi que permite avaliar a estabilidade oxidativa de

ésteres de ácidos graxos A PDSC apresenta duas vantagens sobre a DSC: diminuição das

reações sensíveis à pressão (incluindo a volatização), e, com o aumento da pressão parcial nas

amostras, as reações de oxidação atmosférica são aceleradas, porque a evaporação da amostra

é minimizada (DUNN, 2000; HASSEL, 1976; LITWINIENKO, 2001).

A PDSC mede a liberação de energia da reação de oxidação ao invés de qualquer

produto químico específico de oxidação. É uma análise realizada diretamente na amostra

usando um fluxo de calor diferencial entre a amostra e o termopar de referência sob variação

de temperatura e pressão (LEVY, 1970; DUNN, 2006).

A PDSC se diferencia do Rancimat por ser mais rápida e conter a pressão como uma

variável a mais, possibilitando a execução do ensaio em temperaturas baixas e com pouca

quantidade da amostra, além de alta reprodutibilidade e versatilidade, podendo ser aplicada a

óleos de alta e baixa estabilidade oxidativa (KODALI, 2005).

Na PDSC, o sinal de interesse na determinação da estabilidade oxidativa é a temperatura

de oxidação OT (Oxidation Temperature), no modo dinâmico, ou o tempo de indução

oxidativa OIt (Oxidative Induction Time), no modo isotérmico. O tempo de indução oxidativa

(OIt) obtido por esta técnica representa o tempo para a ocorrência de um pico exotérmico,

característico da reação de oxidação, quando a amostra é submetida a uma pressão elevada de

oxigênio a uma temperatura específica.

3.4.1.2. PetroOXY

O método experimental, denotado como PetroOXY (ASTM D7545-PetroOXY),

também determina a estabilidade oxidativa através de um tempo de indução. O período de

indução (PI) oxidativa é, portanto, o tempo decorrido entre o início do teste e do tempo

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32

necessário para que a amostra absorva 10% da pressão de oxigênio disponibilizada para o

teste, indicando que a resistência à oxidação está diminuindo (NEUMANN et al., 2008).

O teste é realizado dentro de uma câmara selada, onde uma amostra de 5 mL é

pressurizada com oxigênio. Como a pressão é aumentada para 700 kPa, a temperatura no

interior também é aumentada até 110º C. Assim, a pressão aumenta até o momento em que

começa o processo de oxidação. Em seguida, o oxigênio começa a ser consumido e a pressão

começa a diminuir. Depois de uma queda de pressão de 10%, presume-se que a amostra esteja

oxidada.

Ao contrário do Rancimat, os resultados do método PetroOXY incluem todos os

voláteis e produtos de oxidação não volátil, proporcionando assim uma análise completa de

estabilidade da amostra oxidada (NEUMANN et al., 2008). Entre as vantagens do método

PetroOXY está a redução drástica do tempo de teste, pequeno volume de amostra, fácil

manuseio das amostras e rápido tempo de limpeza.

3.4.2. Métodos de avaliação dos produtos secundários da oxidação

Os produtos secundários da oxidação de lipídeos são compostos, que surgem da

decomposição de hidroperóxidos de ácidos graxos por reações de -clivagem. Essas reações

podem gerar centenas de compostos distintos, tanto voláteis como não voláteis, a partir da

oxidação de lipídeos nos alimentos, tais como, aldeídos, cetonas, álcoois, hidrocarbonetos,

ácidos orgânicos voláteis e compostos epóxi.

Como é impossível medir todos esses compostos ao mesmo tempo, estes métodos

costumam visar à análise de um composto individual ou de uma classe de compostos. Uma

das desvantagens desses métodos é que a formação de produtos secundários deriva da

decomposição de hidroperóxidos lipídicos. Portanto, em alguns casos (p. ex., em presença de

antioxidantes), as concentrações de produtos secundários podem ser baixas, enquanto as

concentrações de produtos primários são elevadas. Uma das vantagens desses métodos é que

eles avaliam muitos produtos da decomposição de ácidos graxos, os quais são responsáveis

diretos por odores e sabores indesejáveis em óleos rançosos e, portanto, têm elevada

correlação com a análise sensorial (SHAHIDI; ZHONG, 2004; SILVA et al., 1999).

Entre os métodos analíticos para avalição dos produtos secundários da oxidação tem-se,

anisidina; carbonilas; OSI (Rancimat e Oxidative Stability Instrument); cromatografia gasosa

(SHAHIDI; ZHONG, 2004; SILVA et al., 1999).

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33

3.4.2.1. Rancimat

O método Rancimat, (AOCS Cd 12b-92 ou EN 14112), foi desenvolvido como um

método acelerado para avaliação da estabilidade oxidativa cujas condições de trabalho são

semelhantes às do método do oxigênio ativo (AOM), embora neste caso se avaliem os

produtos secundários de oxidação em vez de se determinarem os produtos primários

(peróxidos) (PRESA-OWENS et al., 1995).

A análise baseia-se no registro das variações de condutividade da água destilada, na

qual se faz a coleta dos ácidos de baixo peso molecular (p. ex., ácido fórmico). Sendo a

presença dos ácidos orgânicos detectada pelo aumento da condutividade que é observado

através do período de indução (PI). Estes compostos são obtidos normalmente após iniciação

forçada da oxidação a uma temperatura de 110-130ºC e com corrente de ar ou de oxigênio.

Como consequência do método, apenas os produtos de oxidação altamente volátil são

detectados. Os produtos de oxidação não volátil permanecem despercebidos nos 110º C.

Portanto, os resultados obtidos são uma análise incompleta da estabilidade oxidativa da

amostra (DEMAN; DEMAN, 1984).

A Tabela 3.1 apresenta alguns trabalhos científicos sobre métodos acelerados de

avaliação da estabilidade oxidativa de óleos. Conforme exposto na tabela, a diversidade das

condições operacionais de ensaio (concentrações, tempo, temperaturas, diferenças de pressão

e composição gasosa) geram algumas dificuldades quanto à comparação dos dados publicados

na literatura no que diz respeito à avalição da estabilidade oxidativa dos óleos. Alguns autores

tentam estabelecer correlação entre os métodos, porém conforme observado por

ANTONIASSI (2001) há uma necessidade de padronização de metodologias e de condições

operacionais.

Como o processo oxidativo é um fenômeno muito complexo com geração de diversos

produtos finais, o grau de oxidação deve ser determinado em diferentes estados de

desenvolvimento do processo oxidativo. O uso de dois ou mais métodos de avaliação de

produtos de oxidação primária e secundária é altamente recomendado, pois cada método

fornece informações complementares sobre um estado particular do processo oxidativo,

variável em função das condições aplicadas e dos substratos lipídicos usados (em especial o

oxigênio), dos produtos primários (peróxidos) e secundários (compostos carbonílicos e

hidrocarbonetos) gerados (SILVA, et al., 1999).

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34

Tabela 3.1: Resumo de alguns trabalhos científicos sobre métodos acelerados de avaliação da estabilidade oxidativa de óleos

Óleo (s)

Método

utilizado Condições experimentais

Parâmetro

avaliado Resultados obtidos Referência

Pressão ou

fluxo Atmosfera

Temperatur

a

Buriti

Seringueira

Maracujá*

DSC

(5mg)

Rancimat

(5g)

20, 50 e 80

mL/min

20 L/h

DSC (O2

puro)

Rancimat

(Ar)

DSC (100

a 140º C)

Rancimat

(100º C)

Período de

indução

(PI)

Observaram que o aumento da temperatura a cada 10ºC das

isotermas diminuiu o PI quantificado pelo DSC. Que a variação

do fluxo de O2 estudado não teve influência direta sobre o PI

nas isotermas por DSC. Os resultados do PI pelo DSC e OSI

mostraram boa correlação.

PARDAUIL

et al., 2011

Milho

Milho c/

gene HGGT

Índice de

peróxido

Rancimat

(5g)

110mL/min Ar 60º C

(peróxido)

Rancimat

(100º C)

Índice de

peróxido

PI

Óleo bruto com níveis aumentados do tocol (gene HGGT)

permaneceu tão oxidável quanto o óleo sem o gene. A alta

concentração de tocotrienol exibiu discreta atividade

antioxidante na redução da formação de hidroperóxidos em

óleos brutos de milho.

DOLDE;

WANG,

2011

Oliva (4

variedades)

Milho; soja

Girassol*

PDSC (3

mg)

50 mL/min

3,5 Mpa

10º C.min-1

O2 300º C

Temperatu

ra de

oxidação

(OTT)

O OOT permitiu uma boa classificação dos diferentes tipos de

óleos, que foram ordenados quanto à estabilidade oxidativa em

ordem decrescente.

LÓPEZ-

BECEIRO et

al., 2011

B.

purpurea

Arroz*

Algodão*

DSC -

(5mg)

Rancimat

(2,5g)

50 mL/min.

20 L/h

DSC (O2

puro)

Rancimat

(Ar)

DSC (110

a 140º C)

Rancimat

(110ºC)

Período de

indução

(PI)

Observaram que o aumento da temperatura a cada 10ºC das

isotermas por DSC reduziu o PI quase pela metade. Os

resultados do PI pelo DSC e OSI mostraram boa correlação (r >

0,99).

ARAIN et

al., 2009

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Tabela 3.1: (Continuação) Resumo de alguns trabalhos científicos sobre métodos acelerados de avaliação da estabilidade oxidativa de óleos

Óleo (s)

Método

utilizado Condições experimentais

Parâmetro

avaliado Resultados obtidos Referência

Pressão ou

fluxo Atmosfera

Temperatur

a

Linhaça

Cártamo

Papoula

Rancimat

(3g óleo)

20 L/h Ar Rancimat

(110º C)

Período de

indução

Concluiram que não houve correlação entre a estabilidade

oxidativa, grau de insaturação, níveis de tocol (tocoferóis e

tocotrienóis) dos óleos e compostos fenólicos, apesar dos

compostos fenólicos serem conhecidos por contribuir para a

capacidade antioxidante total de óleos. Justificaram que a

atividade antioxidante não só depende do conteúdo fenólico

total, mas também do tipo de composto fenólico presente.

BOZAN;

TEMELLI,

2008

11 diferentes

óleos

comestíveis*

DSC

(5mg)

Rancimat

(2,0g)

60 mL/min.

20 L/h

DSC

(O2)

Rancima

t (Ar)

DSC

100ºC

Rancimat

(100ºC)

Periodo de

indução

(PI)

OSI

Mostraram que os PI determinados por DSC foram menores que

os obtidos por Rancimat na mesma temperatura de análise,

sugerindo que as diferenças encontradas podem estar

relacionadas a uma maior razão superfície de contato da amostra

com a atmosfera/volume de ar empregado, pois enquanto por

Rancimat tem-se 2g de amostra, o DSC usa somente 5mg.

VELASCO

et al., 2004

12 diferentes

óleos

comestíveis*

DSC

(5mg)

Rancimat

(2,5g)

50 mL/min.

20 L/h

DSC

(O2)

Rancima

t (Ar)

DSC (110

a 140º C)

Rancimat

(110ºC)

Periodo de

indução

OSI

Obtiveram boa correlação (P<0,0001) entre o PI determinado

pelo DSC e por Rancimat; concluindo que o DSC é uma

conveniente técnica para determinar a estabilidade oxidativa de

óleos.

TAN et al.,

2002

Canola*

PDSC 1400 kPa O2 120º C Índice de

peróxido

Período de

indução

A correlação linear tornou possível uma avaliação comparativa

das estabilidades oxidativas dos óleos estudados, mostrando que

o uso de PDSC isotérmica permitiu uma avaliação da

estabilidade mais rápida do que o uso téc convencionais.

KOWALSK

I et al., 1997

* óleo obtido em indústria ou comércio

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3.4.3. Análise Térmica

O consumo de óleos e gorduras, mesmo após terem sido submetidos a altas

temperaturas em processos de fritura é um procedimento comum, e que tem aumentado nos

últimos anos com a crescente demanda por alimentos de fácil preparação, destacando-se nesse

contexto os alimentos industrializados pré-fritos e fritos.

Esse uso cotidiano dos óleos vegetais tem levado a necessidade de se avaliar melhor o

seu grau de resistência, principalmente a sua estabilidade ao armazenamento e ao estresse

térmico. Questões como a que temperatura os óleos comestíveis se decompõem e que

produtos são formados quando submetidos ao aquecimento tem sido investigadas (ANS et al.,

1999; REDA; CARNEIRO, 2007).

A estabilidade térmica de um óleo ou produto qualquer é definida como a capacidade da

substância em manter suas propriedades, durante o processamento térmico, o mais próximo

possível de suas características iniciais. Entre os métodos de avaliação da estabilidade térmica

tem-se a Termogravimetria e Termogravimetria derivada (TG/DTG), que se baseia no estudo

da variação de massa de uma amostra, resultante de uma transformação física (sublimação,

evaporação, condensação) ou química (degradação, decomposição, oxidação) em função do

tempo ou da temperatura (MOTHÉ; AZEVEDO, 2002).

Atualmente, os métodos termoanalíticos estão recebendo uma atenção considerável.

Esses métodos submetem a amostra a condições que aceleram o processo de oxidação normal,

são mais vantajosos do que os métodos convencionais, porque eles são mais precisos e

sensíveis e requerem uma menor quantidade de amostra e os resultados são obtidos mais

rapidamente (SOUZA et al., 2004).

SANTOS; SOUZA (2007) avaliaram a estabilidade térmica de alguns óleos comestíveis

convencionais em que todos apresentaram decomposição térmica com três variações de

massa, correlacionando a primeira etapa de decomposição com a decomposição dos ácidos

graxos polinsaturados e que esta etapa é a mais importante para determinar a ordem de

estabilidade térmica de óleos vegetais.

FARIA et al., 2002, avaliaram a estabilidade térmica de óleos e gorduras de vegetais do

cerrado como um controle de qualidade e suas viabilidades industriais, usando TG, DTG e

DTA. As técnicas utilizadas nesse trabalho foram consideradas rápidas, eficientes e capazes

de avaliar com segurança a estabilidade térmica de óleos e gorduras vegetais.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. MATÉRIA-PRIMA

Frutos maduros de C. guianensis, foram coletados no chão de algumas praças públicas

da cidade de Recife, Estado de Pernambuco – Brasil, no período de setembro a março de

2010.

As análises físicas dos frutos e sementes foram realizadas no Laboratório de Recursos

Econômicos e Fitoquímica, do Departamento de Biologia da Universidade Federal Rural de

Pernambuco (UFRPE).

As análises físico-químicas das sementes e óleo foram realizadas nos Laboratórios de

Combustíveis e Materiais (Lacom), do Departamento de Química, Centro de Ciências Exatas

e da Natureza (DQ/CCEN), e no Laboratório do Departamento de Engenharia de Alimentos

(DTQA/CT), Centro de Tecnologia, todos localizados no Campus I da Universidade Federal

da Paraíba (UFPB).

4.2. BENEFICIAMENTO DOS FRUTOS E SEMENTES

Após coletados, os frutos foram colocados em sacos de polietileno e levados ao

laboratório, onde foram selecionados, separando-se aqueles visualmente sadios com relação à

aparência, com a finalidade de classificação e seleção para uma melhor uniformidade. Em

seguida, foram limpos de impurezas como areia, sendo beneficiados com o auxílio de faca

inox e martelo por meio de corte transversal para remoção das cascas.

As sementes foram removidas manualmente da polpa dos frutos, lavadas em água

corrente, secas em estufa (marca FANEN 515) a 50°C por 24h e armazenadas a 4ºC até o

momento do seu processamento.

4.3. ANÁLISES FÍSICAS DOS FRUTOS E SEMENTES

A biometria se caracteriza por medir comprimento, largura, espessura e peso dos frutos

e sementes. Para isto, tomou-se de forma aleatória uma amostra de 10 unidades de frutos,

devidamente selecionados, e, suas respectivas sementes para análises físicas individualizadas.

Foram determinados comprimento e diâmetro dos frutos inteiros com cascas utilizando

escala. Após medir o tamanho, segui-se a medição da massa do fruto íntegro (com cascas) e

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sem cascas (polpa do fruto) para avalição do rendimento de polpa por fruto utilizando uma

balança semi-analítica.

Foram determinados largura, comprimento, espessura e peso das sementes utilizando

paquímetro digital marca Starrett. Para obtenção da massa das sementes, por quilograma de

frutos, foram usadas balanças semi-analítica e analítica.

4.4. EXTRAÇÃO DO ÓLEO

O processo de obtenção do óleo das sementes de C. guianensis se deu por extração

mecânica. As sementes, previamente desidratadas, foram trituradas em liquidificador

doméstico até uniformidade da massa. Em seguida, essa massa foi prensada a frio

(temperatura ambiente), em prensa hidráulica marca Ribeiro (Figura 4.1) com pressão

máxima de aproximadamente 30 toneladas.

O óleo obtido foi posteriormente filtrado a vácuo, para eliminação de impurezas sólidas,

e acondicionado em vidro transparente, sendo submetido à temperatura de refrigeração para

sua maior conservação. O cálculo do rendimento em óleo bruto foi feito pela razão entre a

massa de óleo obtida na prensagem com relação à massa de semente seca utilizada na

extração.

Figura 4.1: Obtenção do óleo das sementes de C. guianensis por extração mecânica em

prensa hidraúlica marca Ribeiro.

A Figura 4.2 apresenta o fluxograma de todas as etapas das análises realizadas para

caracterização das sementes e óleo de C. guianensis. Todas as medidas analíticas foram

realizadas em triplicata.

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Figura 4.2: Fluxograma de obtenção e das análises realizadas para caracterização das

sementes e óleo de Couroupita guianensis.

4.5. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS SEMENTES

4.5.1. Determinação de umidade

As sementes de C. guianensis lavadas, selecionadas, homogeneizadas e trituradas foram

colocadas em cápsulas de alumínio, com massas previamente determinadas, ficando em estufa

(marca TECNAL, modelo TE 397/4) a 105ºC (± 5°C), até peso constante da amostra,

conforme método Ai 2-75 da AOCS (1998). Tal método baseia-se na quantificação da perda

de peso, ocorrida devido à perda de água por evaporação. As cápsulas contendo as amostras

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40

foram, então, resfriadas à temperatura ambiente, em dessecador, tendo sua massa novamente

determinada. Todas as determinações foram feitas em triplicatas.

4.5.2. Determinação de proteína

A determinação de proteínas foi realizada pelo método de Kjeldahl (991.20, AOAC

2000), no qual avaliou-se o teor de nitrogênio total de origem orgânica, utilizando-se 0,5 g de

amostra em tubo para digestão. O procedimento do método baseou-se na digestão da amostra

com ácido sulfúrico e mistura catalisadora contendo sulfato de cobre e sulfato de potássio

para acelerar a reação. Assim, todo o carbono e hidrogênio foram oxidados a gás carbônico e

água. O nitrogênio da proteína foi reduzido e transformado em sulfato de amônio. Destilou-se

a amostra digerida em meio básico pela adição de hidróxido de sódio 40%, para a liberação da

amônia. A amônia foi recolhida em solução de ácido bórico, formando borato de amônio. O

borato de amônio formado foi quantificado por titulação com ácido clorídrico padronizado

com carbonato de sódio. Utilizou-se o fator de conversão de 6,25 indicado para sementes

oleaginosas. Todas as determinações foram feitas em triplicatas. Neste procedimento foi

utilizado um digestor e destilador marca FANEN, modelo TE 0007 e TECNAL, modelo

TE036/1, respectivamente.

4.5.3. Determinação de lipídeos

O teor de lipídios foi determinado pelo método de extração a quente. Utilizou-se um

extrator de Soxhlet, com refluxo descontínuo de solvente hexano, por cerca de 6 horas,

método AOCS Bc 3-49, 1998.

4.5.4. Determinação de cinzas

O método empregado foi o da incineração em mufla, no qual toda a matéria orgânica foi

queimada. A amostra pesada em cadinho de porcelana foi previamente carbonizada em manta

aquecedora, em seguida colocada em mufla a 550ºC (marca FORNITEC, modelo 1557) para

completa incineração do material conforme metodologia Ba 5a-49, AOCS (1998). A diferença

entre a massa da amostra mais cadinho e a massa do cadinho forneceu a massa das cinzas da

amostra. Todas as determinações foram feitas em triplicatas.

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41

4.5.5. Determinação de carboidratos

Os carboidratos solúveis totais foram determinados utilizando-se o método descrito por

YEMN; WILLIS (1954), modificado por PASSOS (1996). O método consiste da reação, em

um tubo de ensaio com tampa de rosca, de 1,0 mL do extrato etanólico da amostra (1,0 g da

amostra dissolvida em 100 mL de etanol 80%, posteriormente filtrada, com retirada de uma

alíquota de 10,0 mL, para 100 mL de solução, com água destilada), com 2,0 mL de solução de

antrona (0,2 g de antrona em ácido sulfúrico concentrado, para 100 mL de solução), sendo

submetido ao resfriamento em banho de gelo, seguido de aquecimento em banho-maria

fervente, por 8 minutos, com posterior resfriamento em banho de gelo.

A leitura da absorbância das amostras foi feita em espectrofotômetro UV-visível (UV-

2550, Shimadzu) no comprimento de onda de 620 nm. A quantificação de carboidratos totais

foi feita comparando-se as absorbâncias das amostras às da curva padrão, obtida por

concentrações conhecidas de glicose (5, 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40 g), a partir de uma solução

padrão de glicose (100 g.mL-1

).

4.5.6. Determinação de minerais

Para a determinação dos minerais (macro e micronutrientes), as amostras foram abertas

por digestão em microondas segundo recomendações do método 985.01(AOAC, 2000).

Os minerais foram quantificados por Espectrômetro de Emissão Ótica com Plasma

Indutivamente Acoplado (ICP-OES). As análises realizadas no aparelho de ICP-OES serão

menos discutidas neste trabalho, por ter sido realizada em laboratório externo, com menor

acessibilidade e alto custo financeiro.

4.6. PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS DO ÓLEO

4.6.1. Preparação dos ésteres metílicos

Os ácidos graxos do óleo de C. guianensis foram transformados em ésteres metílicos de

acordo com a metodologia testada por MAIA; RODRIGUEZ-AMAYA (1993), adaptada a

partir dos métodos desenvolvidos por HARTMAN; LAGO (1973).

A etapa de saponificação foi realizada após pesagem das amostras do óleo em alíquotas

de 30-100 mg em tubos de ensaio. Em seguida, adicionoi-se 4 mL de hidróxido de sódio

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metanólico a 0,5N. A mistura foi submetida ao aquecimento em banho de água em ebulição

por cerca de 3 a 5 minutos, até dissolução dos glóbulos de gordura.

A esterificação das amostras foi feita após resfriamento dos tubos em água corrente,

adicionando-se 5 mL da solução esterificante (10g de cloreto de amônio dissolvido em 300

mL de metanol, acrescido de 15mL de ácido sulfúrico concentrado). Os tubos foram agitados

e, em seguida, levados novamente ao aquecimento em banho de água fervente por 5 minutos.

Após, resfriamento rápido em água corrente, adicionou-se 4 mL de solução saturada de

cloreto de sódio, sendo realizada agitação vigorosa por 30 segundos, com posterior adição de

hexano e agitação vigorosa por mais 30 segundos. As amostras foram deixadas em repouso

para a total separação das fases.

4.6.2. Identificação e quantificação dos ésteres metílicos dos ácidos graxos

A identificação e quantificação dos ésteres metílicos foram realizadas em duplicata por

cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massas (GC-MS), modelo GCMS-QP 2010

(Shimadzu), utilizando-se uma coluna Durabond DB-23 (J & W Scientific), com 30 m de

comprimento, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25 µm de espessura de filme. Foram aferidos

10 µL de amostra para 200 µL de solvente, numa proporção de 1:20. O gás de arraste

utilizado foi o hélio, em vazão de 3 mL.min-1

e volume de injeção de 1 µL, com modo de

injeção split e razão de divisão (split) de 1:50. A programação de temperatura da coluna

iniciou-se em 130ºC, e finalizou-se em 230ºC.

As temperaturas do injetor, do detector (espectrômetro de massas) e da interface do

detector foram de 230, 220 e 220ºC, respectivamente. A identificação dos ácidos graxos foi

feita por comparação do espectro de massas com os padrões existentes na biblioteca do

software (Mass Spectral Database NIST/ EPA/ NIH), sendo os percentuais dos ácidos graxos

determinados com base na área relativa de cada pico, em função da área total dos picos

identificados.

4.7. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO

4.7.1. Determinação do índice de iodo

O índice de iodo é a medida do grau de insaturação de um óleo ou gordura. É expresso

em termos da quantidade de halogênio absorvido e, convencionalmente, é expresso como o

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peso de iodo absorvido por 100 g da amostra (% iodo absorvido). Foi utilizado o método Cd

1-25 (AOCS, 1998) para determinar o grau de insaturação.

Foram pesados 0,25 g em frasco Erlenmeyer de 500 mL com tampa e adicionados 10

mL de ciclohexano. Foram acrescentados 25 mL da solução de Wijs. Promovida a

homogeinização, a mistura foi deixada em repouso ao abrigo da luz e a temperatura ambiente,

por 30 minutos. Decorrido o repouso, foram adicionados 10 mL da solução de iodeto de

potássio a 15% e 100 mL de água recentemente fervida e fria. Para a titulação foi usado uma

solução de tiossulfato de sódio 0,1 mol/L, até o aparecimento de uma fraca coloração amarela.

Aproximadamente, 1 a 2 mL de solução indicadora (amido 1%) foi adicionada. Prosseguindo,

assim, a titulação até o completo desaparecimento da cor azul. Uma determinação em branco

(sem amostra do óleo) foi realizada seguindo as mesmas condições.

O método de Wijs é aplicável a todos os óleos e gorduras normais que não contenham

ligações duplas conjugadas. Cada óleo possui um intervalo característico do valor do índice

de iodo. A fixação do iodo ou de outros halogênios se da nas ligações etilênicas dos ácidos

graxos. O cálculo para determinação do índice de iodo foi realizado de acordo com a equação

abaixo:

Índice de iodo = 12,69 x M x (B – S)

massa do óleo (g)

Em que:

B = volume de tiossulfato gasto na titulação do branco (mL)

S = volume de tiossulfato gasto na titulação da amostra (mL)

M = Molaridade da solução de tiossulfato de sódio (0,05 mol.L-1

)

4.7.2. Determinação do índice de acidez

Denomina-se grau de acidez a porcentagem de ácidos graxos livres que contém um

óleo, expresso em ácido oleico. O índice de acidez é o número de miligramas de hidróxido de

potássio necessário para neutralizar os ácidos graxos livres em 1 g de amostra de óleo. Foi

utilizado o método Cd 3d -63 (AOCS, 1998), para determinar o grau de acidez do óleo.

Para a determinação da acidez em ácido oléico, 2,0 g de cada amostra foram dissolvidos

com 25,0 mL de uma solução neutra de éter-álcool (2:1), com adição de duas gotas de

indicador fenolftaleína 1%, com posterior titulação da mistura com a solução de hidróxido de

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sódio 0,1 M, até o aparecimento da cor rósea persistente por 30 segundos. O cálculo para

determinação do índice de acidez foi realizado de acordo com a equação abaixo:

Índice de acidez = v x f x 100 x 0,282

massa do óleo (g)

Em que:

v = volume (mL) da solução de NaOH 0,1N gasto na titulação

f = fator de correção da solução de NaOH 0,1N

0,282 = equivalente grama do ácido oléico

4.7.3. Determinação do índice de peróxido

O índice de peróxido expressa a quantidade em milequivalentes de oxigênio ativo

contidos em um quilograma de óleo, calculado a partir do iodo liberado do iodeto de potássio,

operado nas condições indicadas no método proposto pela AOCS Cd 8-53, 1998.

Para determinar o índice de peróxido, 5,0 g de cada amostra de óleo foi dissolvido em

25 mL da solução de ácido acético-clorofórmio (3:2), com leve agitação, seguida da adição de

0,5 mL de solução saturada de iodeto de potássio (30,0 g de iodeto de potássio em 21,0 mL de

água destilada, preparada no mesmo dia da análise e conservada em frasco âmbar). A mistura

foi deixada em repouso ao abrigo da luz por exatamente um minuto, sendo adicionado em

seguida 30,0 mL de água destilada. Titulou-se a mistura com tiossulfato de sódio 0,1 N, em

constante agitação, até o quase desaparecimento da cor amarela, quando adicionou-se 0,5 mL

de solução de amido 1%, continuando a titulação até o completo desaparecimento da cor azul.

Foi realizada também uma prova em branco nas mesmas condições descritas. O cálculo para

determinação do índice de peróxido foi realizado de acordo com a equação abaixo:

Índice de peróxido = (A – B) x N x f x 1000

massa do óleo (g)

Em que:

A – B = diferença do volume (mL) de Na2S2O3

f = fator da solução de Na2S2O3 0,1N

N = normalidade da solução Na2S2O3

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4.7.4. Determinação do índice de saponificação

O índice de saponificação expressa à quantidade de miligramas de hidróxido de potássio

necessário para saponificar um 1g de amostra de óleo ou gordura. O método utilizado foi o

AOCS Cd 3-25, 1998. A amostra de 4,0 g de óleo, adicionada de 50,0 mL de solução de

hidróxido de potássio 4%, foi submetida ao aquecimento com refluxo, obtido pelo

acoplamento do erlenmeyer contendo a amostra a um condensador.

Deixou-se ferver suavemente até a completa saponificação da amostra

(aproximadamente uma hora). Após resfriar a amostra em banho de gelo, adicionou-se 1,0 mL

de solução de fenolftaleína, titulando-se com solução de ácido clorídrico 0,5 M até o

desaparecimento da cor rósea. O mesmo procedimento foi realizado com o branco. O cálculo

para determinação do índice de saponificação foi realizado de acordo com a equação abaixo:

Índice de saponificação = 56,1 x M x (V2 – V1)

massa do óleo (g)

Em que:

M = Molaridade da solução padronizada de ácido clorídrico (0,5 mol.L-1

)

V1 = Volume da solução de ácido clorídrico gasto na titulação da amostra de óleo (mL)

V2 = Volume da solução de ácido clorídrico gasto na titulação do branco (mL)

4.7.5. Teor de umidade

A quantidade de água existente no óleo foi determinada pelo método de Karl Fischer Ca

2e-84 da AOCS (1998). A análise constituiu-se numa titulação potenciométrica baseada na

oxidação do SO2 contido no reagente de Karl Fischer na presença de água existente na

amostra. O cálculo para determinação do teor de água foi realizado de acordo com a equação

abaixo:

% H2O = 100 x E x V

massa do óleo (g)

Em que:

E = Equivalente em água do reagente de Karl Fischer (g/mL)

V= Volume da solução de Karl Fischer gasto na titulação da amostra de óleo (mL).

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4.7.6. Determinação do Índice de refração

O índice de refração de um óleo está relacionado ao grau de saturação das ligações, com

seu teor de ácidos graxos livres, oxidação e tratamento térmico da amostra. Seguiu-se o

método oficial Cc 7-25 da AOCS (1998) em refratômetro de Abbé marca Analytik Jena, o

qual foi inicialmente ajustado com água destilada, segundo as instruções do fabricante, ao

índice de refração conhecido de 1,333.

Duas gotas da amostra de óleo filtrado foram colocadas sobre o prisma, sendo o

aparelho e a luz ajustados para se obter uma leitura o mais nítida possível. Entre cada leitura

os prismas foram limpos com acetona e secos com auxílio de papel-toalha. As leituras foram

realizadas a uma temperatura ambiente de cerca de 30ºC, sendo os valores de índice de

refração corrigidos à temperatura padrão de 40ºC, conforme a equação abaixo.

R’ + K (T’ – T) = R

Em que:

R = Leitura à temperatura T (˚C);

R‟ = Leitura à temperatura T‟ (˚C);

T = temperatura padrão (˚C);

T‟ = temperatura na qual a leitura de R‟ foi feita (˚C);

K = 0,000365 para gorduras e 0,0003885 para óleos.

4.7.7. Determinação da viscosidade

A viscosidade cinemática é uma propriedade que expressa à resistência oferecida pela

substância ao escoamento sob gravidade. Os viscosímetros capilares de vidro têm sido

largamente usados na determinação da viscosidade de vários fluidos. Neles o peso da coluna

do próprio fluido é a força que causa o escoamento no interior do capilar. O comprimento das

cadeias graxas, o grau de insaturação, assim como a possibilidade de interações moleculares,

em geral determina variações nos valores de viscosidade.

A viscosidade cinemática do óleo foi determinada utilizando um viscosímetro

cinemático manual, marca Julabo, modelo ME 18V, um capilar de vidro calibrado do tipo

Cannon Fenske em banho térmico a 40 ºC, seguindo a norma ABNT NBR 10441. De acordo

com a norma, a medida da viscosidade cinemática é obtida fazendo-se escoar, sob gravidade,

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uma quantidade controlada de óleo através de um viscosímetro de tubo capilar de vidro, sob

temperatura previamente fixada e mantida sob controle. O tempo necessário ao escoamento é

posteriormente corrigido conforme o fator do tubo. A viscosidade das amostras foi obtida

usando a Equação abaixo:

= K x t

Em que:

= viscosidade cinemática (mm2. s

-1);

K = constante capilar do viscosímetro (mm2. s

2);

t = tempo (s)

4.8. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO ÓLEO POR ESPECTROSCOPIA

VIBRACIONAL NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO

A espectroscopia no infravermelho mede a transição entre estados vibracionais que

ocorrem quando uma molécula absorve energia na região do infravermelho do espectro

eletromagnético. Os diferentes grupos funcionais e os seus tipos de ligações têm frequências e

intensidades de absorção distintas no infravermelho (SILVERSTEIN et al., 2006).

A caracterização estrutural das amostras de óleos foi realizada por espectroscopia de

infravermelho, sendo os espectros vibracionais registrados na região entre 4000 e 400 cm-1

,

por um espectrômetro de marca BOMEM, modelo MB Series–102, em disco de KBr (32 x 3

mm) de marca Spectra-Tech.

4.9. ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE

HIDROGÊNIO E DE CARBONO (1H E

13C) DO ÓLEO

Os espectros de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (1

H) e de carbono (13

C)

foram obtidos através de um espectrofotômetro da marca VARIAN-MERCURY, com

freqüência de 200 MHz, do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica (LTF) da Universidade

Federal da Paraíba (UFPB).

A espectroscopia de RMN é baseada na medida da absorção de radiação

eletromagnética na região de radiofrequência. Quando os núcleos magnéticos como ¹H são

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colocados em um forte campo magnético, seus spins se orientam a favor ou contra este. A

partir da irradiação com ondas de radiofrequência, a energia é absorvida e os núcleos são

promovidos de um estado de energia mais baixo para um mais alto. Essa absorção de energia

de radiofrequência é detectada, amplificada e apresentada como um espectro de ressonância

magnética nuclear (SILVERSTEIN et al., 2006; SKOOG et al. 2002).

4.10. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE TÉRMICA POR TERMOGRAVIMETRIA (TG)

A análise por Termogravimetria (TG) foi utilizada para estudar o perfil da estabilidade

térmica do óleo. As curvas termogravimétricas dinâmicas foram obtidas em uma

termobalança, marca Shimadzu, modelo EQ-028, utilizando fluxo de O2 de 20 mL.min-1

, na

razão de aquecimento de 10ºC min-1

, massa de 10,0 ± 0,5 mg em cadinho de alumina.

Verificou-se a variação de massa dos óleos em função da temperatura no intervalo de 25 a

600ºC.

4.11. CARACTERIZAÇÃO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA DO ÓLEO

4.11.1. Análise da estabilidade oxidativa do óleo por PDSC

As curvas PDSC das amostras de óleo foram obtidas em calorímetro exploratório

diferencial acoplado a uma célula de pressão, da TA Instruments DSC Q1000, sob atmosfera

de oxigênio e pressão de 203 psi (equivalente a 1400 kPa) no modo isotérmico a 110ºC.

Para isso, pesou-se 10 mg de óleo, em cadinho de alumina que foi colocado sob

atmosfera de oxigênio puro, com vazão de fluxo de 50 mL.min-1

e razão de aquecimento de

10ºC min-1

. Os valores do OIT (período de indução à oxidação) foram determinados pela

diferença do tempo onset e o tempo inicial (tempo em que a amostra atingiu a temperatura

isoterma de 110 ºC).

4.11.2. Análise da estabilidade oxidativa do óleo por Rancimat

O equipamento Rancimat marca Metrohm série 873 (Figura 4.3) foi utilizado para

avaliação da estabilidade oxidativa do óleo segundo metodologia AOCS Cd 12b-92.

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Figura 4.3: Equipamento Rancimat para determinaçao da estabilidade oxidativa

Neste método, 3,0 gramas da amostra são envelhecidas a 110 ºC, sob fluxo constante de

ar (10 L.h-1

). O rápido aumento da taxa de oxidação é expresso pelo aumento de

condutividade na água deionizada cujos voláteis são captados, sendo ocasionada pela

formação de peróxido e de voláteis. O período de indução (PI) foi determinado pela medida

da condutividade, conforme ilustra a Figura 4.4.

Os cálculos dos períodos de indução foram realizados com o auxílio do programa que

acompanha o equipamento (Software 873 - Rancimat). Os ensaios de estabilidade oxidativa

foram realizados em triplicata.

Figura 4.4: Esquema do ensaio de estabilidade à oxidação pelo equipamento Rancimat.

4.11.3. Análise da estabilidade oxidativa do óleo por PetroOXY

Para avaliação da estabilidade oxidativa utilizou-se equipamento PetroOXY série 873

da Petrotest (Figura 4.5) para determinação do período de indução.

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O princípio deste equipamento fundamenta-se na avaliação do consumo de oxigênio

ocasionado pelo processo de oxidação da amostra em condições específicas de temperatura.

No procedimento foi utilizado um volume de 5 mL da amostra, sob pressão de oxigênio

puro a 700 kPa, a temperatura ambiente. Ao estabilizar a pressão, a temperatura foi elevada

até 110ºC, no qual deu início ao processo de absorção do oxigênio pela amostra. O período de

indução oxidativa é dado como o tempo necessário para que a amostra absorva 10% da

pressão de oxigênio disponibilizada para o teste.

Figura 4.5: Aparelho PetroOxy usado para determinar o período de indução das amostras de

óleo vegetal.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS FRUTOS E SEMENTES

A biometria constitui-se de um importante instrumento para detectar a variabilidade

genética dentro de populações de uma mesma espécie, e as relações entre esta variabilidade e

os fatores ambientais, como também em programas de melhoramento genético. Sendo útil no

fornecimento de informações para a conservação de espécies e exploração dos recursos de

valor econômico, permitindo um incremento da busca racional e uso eficaz dos frutos

(GUSMÃO, 2006). As dimensões médias dos frutos e sementes de C. guianensis encontram-

se na Tabela 5.1.

Tabela 5.1: Valores médios das medidas físicas do fruto íntegro, polpa e sementes de

Couroupita guianensis.

Componente dimensional Média Valor mínimo Valor máximo

Diâmetro transversal do fruto íntegro (cm) 15,37 11,30 18,46

Diâmetro longitudial do fruto íntegro (cm) 15,52 11,46 18,70

Massa do fruto com cascas (g) 1900,00 1200,00 3400,00

Massa da polpa (g) 1150,00 600,00 1700,00

Massa de sementes úmidas/fruto (g) 125,00 70,00 200,00

Massa da semente (g) 0,20 0,16 0,22

Comprimento da semente (mm) 11,60 10,20 12,61

Largura da semente (mm) 10,08 9,32 10,99

Espessura da semente (mm) 4,86 4,10 5,33

Observa-se pela Tabela 5.1 que os diâmetros longitudinal e transversal de cada fruto

íntegro são semelhantes, caracterizando-se frutos de formato esféricos, o que faz com que o

mesmo seja popularmente conhecido como bola de canhão.

O tamanho do fruto variou entre 11,30 cm e 18,46 cm de diâmetro transversal e de

11,46 cm a 18,70 cm no longitudinal. SCHOENBERG (1983) citou para a mesma espécie

obtida no Horto Botânico do Rio de Janeiro, tamanho que variou entre 12,6 cm e 23,6 cm de

diâmetro transversal e de 12,2 cm a 23,4 cm no longitudinal, portanto, superior ao observado

neste trabalho.

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A polpa, sem as sementes, tem um rendimento médio de aproximadamente 55% em

relação ao peso total do fruto. Logo, constata-se ser um fruto com grande potencial de

aproveitamento, não somente pela presença de sementes oleaginosas, mas também por conter

grande quantidade de polpa disponível. As sementes se apresentam em forma oblonga,

coriácea e vilosa, envolta da polpa, com coloração castanha clara a escura. Os frutos contêm

em média 200 sementes dispostas ao longo de toda a polpa.

O comprimento das sementes variou de 10,20 a 12,61 mm, enquanto a largura e

espessura apresentaram valores de 9,32 a 10,99 mm e 4,10 a 5,33 mm, respectivamente. Para

a massa das sementes valores de 0,16 a 0,22 g por unidade/semente. SCHOENBERG (1983)

encontrara, para a mesma espécie, comprimento de semente que variou de 9,5 mm a 15 mm

em seu maior diâmetro, superior ao observado neste trabalho.

Em árvores de C. guianensis com elevado número de frutos, estes são menores, com

menor número de sementes. Provavelmente, devido à concorrência na polinização, assim

como, pela obtenção de substâncias nutrientes (SCHOENBERG, 1983). O número de

sementes por fruto pode variar de 82 a 300 em frutos maiores, e o tamanho das mesmas em

relação ao tamanho do fruto

5.2. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DAS SEMENTES

Conforme resultados da composição centesimal (Tabela 5.2), os componentes

majoritários para as sementes de C. guianensis foram lipídeos (33,7%) e proteínas (26,6%).

Esses resultados foram superiores aos reportados pelos autores ANDRADE et al. (1999),

DAVE et al. (1985) e LAGO et al. (1987) que analisando sementes de C. guianensis

provenientes da região amazônica, obtiveram valores de lipídeos e proteínas de 30,0% e 17,0;

32,0% e 19,0 e 29,4% e 23,8 respectivamente.

Quanto ao teor de umidade (8,0%), este foi inferior ao reportado por ANDRADE et al,

1999, (15%). No entanto, cinzas (6,9%), bem superior ao reportado pelo mesmo autor (3,0%).

Já para teor de carboidratos totais solúveis (3,6%) de C. guianensis obtido neste trabalho, foi

inferior ao reportado por ANDRADE et al. (1999), para a mesma espécie (4,02%).

Vale ressaltar ainda que o conteúdo de proteína de C. guianensis (castanha de macaco)

obtido neste trabalho foi bem superior ao teor de proteína reportados por ANDRADE et al.

(1999), em Lecitidáceas típicas da Amazônia como a castanha sapucaia (Lecythis usitata,

15,1g/100g), castanha churu (Allotoma lineata, 10,0g/100g) e castanha do Brasil (Bertholletia

excelsa, 13,6g/100g). No entanto, o conteúdo de lipídeos foi inferior ao da castanha sapucaia

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(Lecythis usitata, 35,0g/100g), castanha churu (Allantoma lineata, 40,0g/100g) e castanha do

Brasil (Bertholletia excelsa com 66,8g/100g).

Tabela 5.2: Composição centesimala média das sementes de C. guianensis.

Análise Valor (%)

Proteína (N x 6,25) 26,6±0,04

Lipídeos 33,7±0,59

Carboidratos solúveis totaisb

3,6±0,01

Umidade 8,0±0,28

Cinza 6,9±0,60 a Média de três determinações ± desvio-padrão;

b Carboidratos solúveis (glicose, frutose, sacarose)

Quando comparada com outras oleaginosas, as sementes de C. guianensis indicaram um

percentual de proteínas (26,6%) superior à semente de baru (23,9%), (TAKEMOTO et al.,

2001); amendoim (21,4%), castanha de caju (18,81%), (FREITAS; NAVES, 2010); amêndoas

da macadâmia (9,2%), (RIBEIRO, 2003); amêndoa de licuri (11,5%), (CREPALDI et al.,

2001); amêndoa de coquinho azedo (11,6%), (FARIA et al., 2008). Porém, inferior a soja

(35,8%) (BARCELOS et al., 2002), girassol (27,3%), algodão (32,3%), (KHALIL et al.,

1985).

O teor de lipídeos observado (33,7%) foi superior ao da soja (14,2-25,5%),

(DESHPANDE; DAMODARAN, 1990); semente de algodão (18-20%), (MORETTO; FETT,

1998; porém, inferior ao da semente de girassol (45,7-53,2%), (RAYMOND et al., 1991);

amendoim (48,5%), (NG et al, 2008); canola (43,2-44,7%), (LAJOLO et al., 1991); gergelim

(34,8-53,8%), (DASHAK et al., 1997); semente de baru (38,2%), (TAKEMOTO et al., 2001);

castanha de caju (42,06%), (FREITAS; NAVES, 2010); amêndoa de licuri (49,2%),

(CREPALDI et al., 2001); amêndoa de coquinho azedo (53,6%), (FARIA et al., 2008).

Por sua vez, o conteúdo de cinzas em sementes de C. guianensis (6,9%) foi maior que o

encontrado para semente de baru (2,70% a 2,85%) (TAKEMOTO et al., 2001), amendoim

(2,48%), castanha de caju (2,66%), macadâmia (1,16%), avelã (2,28%) (FREITAS; NAVES,

2010).

Considerando os percentuais de lipídios e proteínas obtidos neste experimento, as

sementes poderiam ser uma fonte alternativa de alimentação e/ou ração animal, exceto, se for

relatada a presença de substâncias tóxicas ou alergênicas nas mesmas.

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5.3. COMPOSIÇÃO MINERAL DAS SEMENTES

Os teores de minerais (macro e micronutrientes) das sementes C. guianensis são

apresentados na Tabela 5.3.

Pela literatura disponível e consultada não consta informação sobre a composição

mineral das sementes de C. guianensis. FREITAS; NAVES, 2010, relata que o conhecimento

da composição mineral de uma matéria-prima é importante, pois os minerais são

recomendáveis no combate às carências nutricionais e hipertensão arterial.

Tabela 5.3: Composição mineral com base em 100 g da semente de C. guianensis.

Mineral Valor (mg 100-1

g)

Alumínio (Al) 2,32

Arsênio (As) < 0,01

Bário (Ba) 1,87

Boro (B) 18,20

Chumbo (Pb) < 0,01

Cálcio (Ca) 0,48

Cobre (Cu) 2,90

Estanho (Sn) < 0,01

Estrôncio (Sr) < 0,01

Ferro (Fe) 5,93

Fósforo (P) 0,19

Magnésio (Mg) 0,82

Manganês (Mn) 0,91

Potássio (K) 0,80

Selênio (Se) 0,16

Sódio (Na) 8,88

Zinco (Zn) 4,94

Dentre os minerais avaliados, os mais abundantes nas sementes foram o boro (18,20

mg.100-1

g), seguido pelo sódio (8,88 mg.100-1

g), ferro (5,93 mg.100-1

g) e zinco (4,94

mg.100-1

g). O mineral ferro tem destaque pela importância na prevenção de carências

nutricionais de relevância em saúde coletiva, já o zinco e selênio, pelas funções enzimáticas e

reguladoras, como parte do sistema de defesa antioxidante do organismo.

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55

A essencialidade do boro para os seres humanos ainda não está bem estabelecida. Sabe-

se que é um elemento químico essencial para o crescimento de plantas e pode também ser

essencial para os animais e humanos; porém para os seres humanos ainda não existem dados

suficientes para que se estabeleça uma RDA. Há evidência em estudos com animais e

humanos que a privação de boro altera o funcionamento cerebral, além de reduzir a

composição, estrutura e força óssea (NIELSEN, 1994).

A determinação dos teores de selênio e bário foi incluída neste estudo, por causa de

considerações toxicológicas para espécies da mesma família que apresentaram elevados teores

desses minerais em sua composição química (ANDRADE et al.,1999).

Quando comparada com oleaginosas da mesma família, as sementes de C. guianensis

(castanha de macaco) indicaram um percentual equivalente de sódio (8,88 mg.100-1

g) a

castanha-sapucaia (Lecythis usitata, 8,9 mg.100-1

g). Teor de bário (C. guianensis, 1,87

mg.100-1

g) bem inferior aos reportados para a castanha do Brasil (Bertholletia excelsa, 151,0

mg.100-1

g); castanha-sapucaia (Lecythis usitata, 100,0 mg.100-1

g) e castanha churu

(Allantoma lineata, 28,0 mg.100-1

g). O teor de ferro (5,93 mg.100-1

g) foi ligeiramente

superior ao da castanha churu (A. lineata 5,0 mg.100-1

g), castanha-sapucaia (L. usitata 4,5

mg.100-1

g) e castanha do Brasil (B. excelsa 3,4 mg.100-1

g) (ANDRADE et al.,1999).

O teor de zinco (4,94 mg.100-1

g) foi ligeiramente inferior ao da castanha churu (A.

Lineata, 5,4 mg.100-1

g), porém superior ao da castanha-sapucaia (L. usitata, 3,5 mg.100-1

g) e

castanha do Brasil (B. Excelsa, 4,0 mg.100-1

g). O teor de selênio (0,16 mg.100-1

g) foi

ligeiramente superior ao da castanha churu (A. lineata 0,10 mg.100-1

g) e castanha do Brasil

(B. excelsa com 0,10 mg.100-1

g), porém inferior ao da castanha-sapucaia (L. usitata com 2,88

mg.100-1

g).

Para os minerais cálcio, potássio, magnésio, fósforo, os valores reportados neste

trabalho para as sementes foram bem inferiores aos reportados por ANDRADE et al., 1999,

para as castanha do Brasil, sapucaia e churu.

5.4. PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS DO ÓLEO

O óleo obtido das sementes de C. guianensis teve facilidade de extração por prensagem

mecânica, alcançando bom rendimento (27% m/m). A composição qualitativa e quantitativa

de ácidos graxos do óleo consta na Tabela 5.4.

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Tabela 5.4: Composição em ácidos graxos (g.100-1

g de ácido graxo total) do óleo extraído

das sementes de C. guianensis por prensagem mecânica a frio e não refinado.

Ácidos Graxos Valor

C 16:0 (Palmítico) 6,94

C 18:0 (Esteárico) 6,62

C 18:1 (Oléico) 8,82

C 18:2 (Linoléico) 78,08

C 18:3 (Linolênico) 0,39

Outros 0,85

Saturados 13,56

Monoinsaturado 8,82

Polinsaturados 76,77

No que se refere à composição em ácidos graxos (Tabela 5.4), o óleo das sementes de

C. guianensis apresentou percentual de insaturação de 85,6% m/m, com predominância do

ácido linoleico (76,3%), seguido pelo ácido oleico (8,8%).

Essa composição, em ácidos graxos mono e polinsaturado, é importante para a saúde,

uma vez que esses ácidos contribuem para a redução das frações de Lipoproteína de Baixa

Densidade (LDL) e de Muito Baixa Densidade (VLDL), responsáveis pelo aumento do

colesterol sérico.

O valor total obtido neste trabalho para insaturados totais (85,6% p/p) e ácido linoleico

(76,3%) foi relativamente inferior aos reportados para a mesma espécie por ANDRADE et al.,

1999 (88,4 e 80,0%); DAVE et al., 1985 (86,7 e 81,5%) e LAGO et al., 1987 (88,1 e 82,7%),

respectivamente para insaturados totais e ácido linoleico. No entanto, esta ligeira discrepância

é esperada para óleos, assim como, para qualquer outro constituinte químico de plantas, cujos

percentuais são afetados por condições climáticas, época de colheita e até mesmo metodologia

de obtenção.

Entretanto, os valores para os ácidos oleico (8,82%), esteárico (6,62%) e palmítico

(6,94%) obtidos neste trabalho, foram superiores aos reportados por esses mesmos autores

para a mesma espécie. ANDRADE et al. (1999), obtiveram valores de 8,32; 4,33 e 6,20%

respectivamente para oleico, esteárico e palmítico; enquanto DAVE et al. (1985), obtiveram

valores de 3,30; 3,40 e 6,30%, respectivamente para oleico, esteárico e palmítico; e, LAGO et

al. (1987) obtiveram valores de 5,41; 3,53 e 6,00% respectivamente para oleico, esteárico e

palmítico.

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Comparando o óleo das sementes de C. guianensis com óleos comerciais, o ácido

linoleico (76,38%) apresentou-se superior ao óleo de girassol (55-75%), canola (15-30%),

dendê (6,5-15%), soja (44-62%) e milho (34-62%). O ácido oléico foi inferior ao óleo de

girassol (14-35%), milho (24-42%), dendê (36-47%), canola (53-70%) e soja (19-30%)

(BRASIL, 1999; SHASHIDHARA; JAYARAM, 2010).

A composição química do óleo das sementes de C. guianensis tem boas características

nutricionais, uma vez que contém em média 85,6% m/m de ácidos graxos insaturados.

Portanto, a composição qualitativa e quantitativa em ácidos graxos, no óleo da semente de C.

guianensis, tem seus valores comparados com outros óleos vegetais comestíveis.

5.5. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO

A determinação das características físico-químicas de um óleo é importante por que

estabelece uma identidade para cada lipídeo através de propriedades específicas e também

possibilita uma estimativa da qualidade do mesmo. Na Tabela 5.5 estão relacionadas às

propriedades físico-químicas do óleo proveniente das sementes C. guianensis.

Tabela 5.5: Características físico-químicas do óleo extraído por prensagem mecânica a frio e

não refinado das sementes de C. guianensis.

Parâmetro Valor

Acidez (% C18:1) 1,73±0,3

Iodo - Wijs (g I2 100 g-1

) 121,60±1,19

Refração a 40º C 1,47±0,0

Índice de Saponificação (mg KOH g-1

) 166,75±0,5

Índice de peróxido (meq 1000 g-1

) 2,06±0,4

Viscosidade cinemática a 40 °C (mm2.s

-1) 30,9±0,5

Teor de água (Karl Fischer) (mg.Kg-1

) 495

Quanto aos parâmetros físico-químicos, a acidez expressa em ácido oléico do óleo de C.

guinanensis (1,73%), foi superior ao reportado por LAGO et al., 1987, (1,3%) e ANDRADE

et al., 1999, (1,4%) para a mesma espécie obtido por extração química. Esta acidez em ácido

oléico (1,73%) equivale a 0,34 mg KOH.g-1

, e, é inferior ao que a Legislação permite para

óleos prensados a frio e não refinados que é uma acidez de no máximo 4,0 mg KOH.g-1

(BRASIL, 2005).

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No que diz respeito aos parâmetros de qualidade para aceitabilidade de óleos vegetais, é

importante que os valores para o índice de acidez sejam os menores possíveis, uma vez que

elevados valores são indicativos de alterações pronunciadas, comprometendo a utilização dos

mesmos, sejam para fins alimentícios ou carburantes. O monitoramento da acidez dos óleos

vegetais também é usado como método auxiliar durante as fases de processamento, estocagem

e controle de qualidade dos mesmos (GALVÃO, 2007).

O índice de iodo do óleo extraído por prensagem mecânica das sementes foi de 121,6 g

I2.100 g-1

. Valor esperado para um óleo com elevado teor de ácido linoléico, como é o óleo de

C. guianensis. Porém, este valor foi inferior aos reportados por LAGO et al., 1987 (140,1 g

I2.100 g-1

) e ANDRADE et al., 1999 (142,0 g I2.100 g-1

) para o óleo da mesma espécie obtido

por extração química. Todavia, o valor de iodo determinado neste trabalho aproximou-se do

encontrado por DAVE et al. (1985), que foi de 126,1 g I2.100 g-1

.

O índice de iodo é um parâmetro usado para prever a presença de duplas ligações em

um éster de ácido graxo. Quanto maior o valor encontrado para este índice, maior o grau de

insaturação, servindo como indicativo de tendência à oxidação dos óleos vegetais.

O teor de peróxidos, 2,06 mEq.kg-1

(Tabela 5.5), atendem às exigências legais,

conforme legislação brasileira, para óleos prensados a frio e não refinados que é no máximo

15 meq.kg-1

(BRASIL, 2005). Portanto, os valores encontrados no óleo bruto de C. guianensis

indicam a eficácia do método de extração e também por tratar-se de um óleo de boa

qualidade, pois atendem às exigências legais para óleo, conforme legislação brasileira.

Comparando o índice de viscosidade do óleo de C. guianensis (30,9 mm2.s

-1) com

alguns óleos comerciais, este apresentou-se inferior em relação ao óleo de soja (32,93 mm2.s

-

1), girassol (40,05 mm

2.s

-1) e colza (45,60 mm

2.s

-1) SHASHIDHARA; JAYARAM, 2010. O

comprimento das cadeias graxas, o grau de insaturação, assim como a possibilidade de

interações moleculares, em geral determina variações nos valores de viscosidade.

Os ácidos graxos insaturados aparecem naturalmente na configuração cis, o que

dificulta o alinhamento destas moléculas, resultando em interações intermoleculares mais

fracas e consequentemente, menores viscosidade cinemática. Por conseguinte, os óleos

vegetais que apresentam maiores percentuais de polinsaturações tendem a mostrar menores

valores para viscosidade (HUI, 2006).

O índice de refração do óleo obtido neste trabaho (1,47) foi semelhante ao reportado por

LAGO et al., 1987, (1,468) e inferior ao reportado por ANDRADE et al., 1999, (1,48). Com

relação ao índice de saponificação (166,75 mg KOH g-1

), que é indicativo do peso molecular

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dos ácidos graxos, apresentou valor inferior ao reportado por DAVE et al., 1985 (185,7mg

KOH g-1

) para óleo da mesma espécie.

Algumas variações nas propriedades físico-químicas de um óleo podem estar

relacionadas a fatores como o clima, o solo, a tecnologia de extração e o estágio de maturação

da matéria-prima (APARÍCIO; LUNA, 2002).

5.6. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO ÓLEO POR ESPECTROSCOPIA

VIBRACIONAL NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO

Para uma melhor descrição dos constituintes do óleo de C. guianensis, empregou-se a

espectroscopia no infravermelho, cujos espectros estão ilustrados na Figura 5.1 e as suas

bandas mais significativas descritas na Tabela 5.5.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0

70

75

80

85

90

95

100

Tran

smitâ

ncia

(%)

numero de ondas (cm-1)

Figura 5.1: Espectros de absorção na região do infravermelho do óleo de C. guianensis

obtido por extração mecânica a frio e sem refino.

Observa-se, pela Figura 5.1, algumas absorções típicas dos triacilglicerídeos, como a

intensa absorção do estiramento da carbonila C=O em 1745 cm-1

e o sinal de intensidade

média próximo de 1200 cm-1

característico da deformação axial do grupo funcional σ C – O –

C do éster. Uma banda de cadeia alquílica entre 2930 - 2856 cm-1

referente à deformação

axial da ligação C-H (sp3-s), reforçada pelo sinal em torno de 1375 cm

-1 da deformação

angular simétrica C-H do grupo metila (CH3) e em 720 cm-1

referente à deformação angular

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assimétrica de σ(sp3-s) C-H fora do plano dos grupos (CH2)n típicos de cadeias longas de

hidrocarbonetos.

Consta ainda uma banda de absorção próxima a 1465 cm-1

equivalente à deformação

angular simétrica no plano do grupo metileno. (SKOOG et al., 2002; SILVERSTEIN, 2005).

O óleo não apresentou sinal entre 3000-3600 cm-1

, o que evidencia a ausência de ligações de

hidrogênio resultantes de umidade, glicerina ou ácidos graxos livres.

As freqüências de absorção, relativas às bandas nos espectros de infravermelho no óleo

de C. guianensis, foram semelhantes aos espectros de infravermelho dos óleos vegetais de

soja, milho, algodão que são óleos comestíveis (VASCONCELOS, 2009).

Tabela 5.6: Intensidades relativas de absorbância na região do infravermelho do óleo de C.

guianensis extraído por prensagem mecânica.

Bandas (cm-1

) 3417 3005 2931/2854 1745 1150 1375 1465/720

Grupos O-H =C-H CH C=O (CO)-O-C CH3 CH2/ (CH2)n

Atribuições* v v / as v v s/

Óleo - f f/M F M f f/M

* v (Deformação Axial); s (simétrica); as (assimétrica); (deformação angular no plano); (deformação angular

assimétrica fora do plano); F (Forte); f (Fraca); M (Média); os termos F, M e f referem-se à intensidade da

absorbância.

5.7. ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR (1H E

13C) DO

ÓLEO

A Figura 5.2 apresenta os espectros de RMN 1H do óleo de C. guianensis. Neste

trabalho, a espectroscopia de RMN 1H foi utilizada com o objetivo de investigar os

triacilglicerídeos presentes no óleo quanto aos diferentes ambientes químicos de seus prótons

representados.

Nos espectros de RMN 1H do óleo de C. guianensis (Figura 5.2) observou-se os sinais

característicos dos triacilglicerídeos, no intervalo de 4,0 a 4,4 ppm, representados por dois

duplo-dubletes dos hidrogênios do grupo H2C- do glicerol. Próximo a 5,3 ppm,

correspondente aos multipletes do hidrogênio HC- do glicerol e aos hidrogênios dos carbonos

olefínicos dos triacilglicerídeos. Analiticamente, esses sinais podem ser úteis para a

quantificação de insaturações (Índice de iodo).

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Figura 5.2: Espectros de RMN 1H do óleo C. guianensis obtido por extração mecânica.

Observa-se ainda um tripleto próximo a 0,9 ppm, correspondente aos hidrogênios do

H3C- metílicos. Em todos os espectros podem ser vistos os sinais dos hidrogênios metilênicos

–CH2-C=, respectivamente, e dos prótons da cadeia linear do (–CH2-) próximos a 2 e 1,3

ppm, dos hidrogênios metilênicos –CH2- na posição α- carbonila em 2,3 ppm (SILVERSTEIN

et al., 2006).

O espectro de RMN 1H do óleo de C. guianensis mostrou sinais característicos

semelhantes aos dos triacilglicerídeos de óleos vegetais convencionais analisados por RMN

1H (ADHVARYU et al., 2000; RODRIGUES FILHO, 2010).

5.8. CARACTERIZAÇÃO DA ESTABILIDADE TÉRMICA DO ÓLEO

A Termogravimetria foi utilizada para investigar a resistência do óleo das sementes de

C. guianensis à decomposição térmica. De acordo com a curva TG/DTG (Figura 5.3), é

possível observar a variação de massa do óleo relacionada com o aumento da temperatura,

combinada ao efeito da reação do oxigênio com os constituintes da fração lipídica.

O perfil termogravimétrico do óleo de C. guianensis apresentou três etapas de

decomposição térmica. A temperatura de decomposição inicial do óleo ocorreu na faixa de

246-414°C, provavelmente relacionada à decomposição dos ácidos graxos polinsaturados com

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perda de massa de 57,2%; a segunda etapa de decomposição foi a 414-492°C com perda de

massa de 35,0%, o que pode estar relacionada à decomposição de ácido graxo

monoinsaturado e a terceira etapa de decomposição ocorreu entre 492-625ºC, possivelmente

relacionada à decomposição dos ácidos graxos saturados com perda de massa e 7,6%.

Figura 5.3: Curvas e dados TG e DTG do óleo C. guianensis obtido por extração mecânica a

frio em atmosfera de ar sintético, na razão de aquecimento de 10°C.min-1

.

Como se pode observar pelas curvas TG/DTG o óleo bruto de C. guianensis apresentou

boa estabilidade térmica iniciando o processo em 246º C, temperatura maior que a usualmente

utilizada para fritura de alimentos (aproximadamente 180ºC).

Conforme o perfil de ácidos graxos do óleo teve-se em maior concentração o ácido

linoleico (78%), seguido de oleico (8,8%) o que resulta em aproximadamente 87% de ácidos

graxos insaturados. E, comparando este valor com os dois primeiros estágios da curva

TG/DTG (Figura 5.3), em que estes apresentaram perda de massa aproximadamente de 92%,

indicando que a Termogravimetria é um método confiável.

Este perfil de variação na massa do óleo bruto de C. guianensis assemelhou-se com os

perfis termogravimétricos de alguns óleos comestíveis convencionais estudados por

SANTOS; SOUZA (2007); SANTOS et al. (2002) e SOUZA et al. (2004), em que todos

apresentaram decomposição térmica com três variações de massa, correlacionando a primeira

etapa de variação de massa com a decomposição dos ácidos graxos polinsaturados.

TG

dTG

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63

A primeira etapa de decomposição térmica é a mais importante para determinar a ordem

da estabilidade térmica de óleos vegetais, sendo, entretanto, que, as propriedades termo

analíticas de óleos vegetais são dependente de sua composição química e podem ser mudadas

pela presença de antioxidantes. Por isso, o estudo do comportamento térmico de óleos é

importante, porque mostra até que temperatura os mesmos podem ser submetidos sem que se

inicie a decomposição de seus constituintes.

Conforme estudos termogravimétricos em óleos comestíveis dos autores SANTOS et al.

(2002), o óleo que apresentou maior resistência a estabilidade de decomposição térmica foi o

de milho adicionado de antioxidantes (cuja temperatura de decomposição inicial ocorreu na

faixa de 227,2ºC a 400ºC com perda de massa de 49,7%), seguido pelos óleos de girassol

(223,4ºC), soja (222,7ºC), arroz (221,5ºC), soja mais oliva (221,2ºC), girassol mais oliva

(214,0ºC), canola (209,6ºC) e oliva (196,0ºC).

SOUZA et al. (2004), em estudos termo analíticos com óleo de girassol contendo

antioxidante sintético e óleo de girassol sem antioxidante, observou que a primeira etapa de

decomposição térmica iniciou-se a 230ºC para o óleo contendo antioxidante e que este

apresentou maior estabilidade térmica que o óleo de girassol sem antioxidante, mostrando

assim que a resistência à estabilidade térmica pode ser influenciada pela presença de

antioxidantes.

Como a maioria dos óleos vegetais apresenta em sua composição maior proporção de

ácidos graxos insaturados, sendo que os ácidos graxos polinsaturados são mais susceptíveis

aos processos termo-oxidativos do que os monoinsaturados. SANTOS et al. (2002) em seus

estudos observou que os óleos comerciais comestíveis, com um menor grau de insaturação,

apresentou uma estabilidade térmica equivalente ou inferior aos outros com maior grau de

insaturação, indicando que outros fatores estão envolvidos na estabilidade térmica dos óleos

vegetais, principalmente quando expostos à inadequadas condições de armazenamento.

Óleos vegetais bruto são normalmente submetidos a processos de refinos para melhoria

da sua qualidade final, pois geralmente contêm certas impurezas como ácidos graxos livres

etc., que implicariam na estabilidade do produto. Entretanto, o óleo de C. guianensis que se

encontrou na forma bruta, apresentou maior estabilidade térmica (temperatura inicial de

decomposição aproximadamente a 246,1ºC), quando comparado aos óleos vegetais

convencionais estudados por SANTOS et al. (2002) e SOUZA et al. (2004). Isto pode ser

devido à presença de antioxidantes naturais e/ou baixíssima concentração do ácido linolênico,

que é um ácido graxo mais instável que o linoleico.

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64

SANTOS et al. (2011), estudando a estabilidade térmica, em atmosfera de ar, dos óleos

de castanha do Brasil (B. excelsea) extraídos por diferentes processos, obtiveram valores de

temperatura inicial de decomposição térmica para os óleos até a uma estreita faixa de 250°C,

e também valores percentuais semelhantes de perda de massa independentemente do processo

de extração. Logo, pode-se concluir que o óleo de castanha do Brasil (B. excelsea) apresentou

perfil de etapa inicial de decomposição semelhante ao encontrado neste trabalho para C.

guianesnis, espécie pertencente à mesma família da castanha do Brasil.

Portanto, o óleo da semente de C. guianesis quando comparado aos óleos convencionais

pode ser um óleo promissor em processos térmicos, como por exemplo, na fritura de

alimentos entre outros, além de ser uma ótima fonte de ácido graxo essencial da série -6,

precursor dos eicosanoides.

5.9. CARACTERIZAÇÃO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA DO ÓLEO

A estabilidade oxidativa do óleo das sementes de C. guianensis foi avaliada utilizando

atmosfera oxidante pelos métodos Rancimat, PetroOxy e PDSC. Os valores médios para PI e

OIT estão apresentados na Tabela 5.7. O comportamento oxidativo do óleo de C. guianensis

obtido pelos diferentes métodos de oxidação acelerado estão apresentadas na Figura 5.4.

Tabela 5.7: Avaliação da estabilidade oxidativa a 110ºC do óleo extraído de C. guianensis,

por prensagem mecânica das sementes, através de métodos de oxidação acelerada.

Técnica Parâmetro Tempo (h)

PDSC OIT 1,3

PetroOXY PI 2,2

Rancimat PI 4,7

Pela Tabela 5.5, os valores para períodos de indução obtidos por Rancimat foram

maiores que os obtidos por PetroOXY e PDSC. Conforme TAN et al. (2002), VELASCO et

al., (2004), ARAIN et al., (2009), a relação superfície-volume deve ser um fator importante a

ser considerado nos processos oxidativos, pois geralmente, oxigênio e óleo podem reagir de

forma mais eficiente quando se tem pequena quantidade de óleo, a uma maior razão superfície

de contato da amostra com a atmosfera/volume de ar empregado, o que explicaria o menor

valor de estabilidade oxidativa obtido na análise por PDSC quando comparado as amostras

colocadas em um tubo de ensaio para Rancimat e PetroOXY.

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65

0 2 4 6 8

0

50

100

150

200

µs/c

m

Tempo (h)

a) PI por Rancimat

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5800

820

840

860

880

900

920

Pre

ssâ

o (

kP

a)

Tempo (h)

b) PI por PetroOXY

20 40 60 80 100 1200

2

4

6

8

10

12

14

Flu

xo

de

ca

lor

(mW

)

Tempo (min)

c) OIT por PDSC

Figura 5.4: Curvas isotérmicas a 110ºC do comportamento oxidativo do óleo de C.

guianensis obtido por extração mecânica a frio. a) Rancimat; b) PetroOxy; c) PDSC.

Também deve ser ressaltada a composição gasosa em que as amostras são submetidas

em cada método. Enquanto que, em PDSC, a atmosfera utilizada foi oxigênio puro, no

Rancimat, se utilizou ar sintético, que é constituído de aproximadamente 21% de O2. Como os

processos oxidativos são acelerados quando se tem mais disponibilidade de oxigênio,

consequentemente na análise utilizando O2 puro (PDSC) o período de indução é alcançado

mais rapidamente do que por Rancimat. Essa tendência à oxidação cresce na medida em que

aumenta o grau de insaturação de óleos vegetais ocorrendo a diferentes velocidades, levando

em consideração a quantidade e posição das insaturações da cadeia graxa.

Quanto ao menor período de indução oxidativa obtido pelo método PetroOXY em

relação ao Rancimat, vale ressaltar que este fato pode ser atribuído a utilização da pressão de

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O2 no PetroOxy, como um componente a mais, acelerando o processo oxidativo e por

conseguinte reduzindo o tempo de análise. O PI obtido pelo PetroOxy também foi maior que

o valor obtido pelo PDSC. Ambas as técnicas utilizam pressão de O2, no entanto, na

realização das análises foram usadas pressões diferentes, de 700 Kpa e 1400 Kpa, para o

PetroOxy e PDSC, respectivamente. Levando-se em consideração este padrão de exposição

das amostras, sugere-se que o dobro da pressão de O2 aplicada no PDSC tende a aumentar a

relação de choques efetivos entre o oxigênio e os sítios propensos a oxidação levando a uma

diminuição no tempo de indução oxidativa para o óleo de C. guianensis.

FERRARI; SOUZA (2009), obtiveram valor de PI, utilizando Rancimat a 110ºC (fluxo

de ar a 10 L.h-1

) de 4,47 h em óleo bruto de girassol extraído por prensagem das sementes. O

óleo bruto de C. guianensis, neste estudo, obteve PI de 4,7 h, apresentando maior estabilidade

oxidativa quando comparado ao óleo bruto de girassol por Rancimat. Sendo que o óleo de

girassol apresentou composição de polinsaturados de aproximadamente 88%, com ácido

linoleico de 60-70%.

BOZAN; TEMELLI (2008), em avaliação da estabilidade oxidativa por Rancimat nas

mesmas condições deste estudo, obtiveram valores de PI para o óleo de papoula 5,56 h, e óleo

de cártamo 2,87 h, com concentração de ácido linoleico de 74,5 e 70,5% respectivamente. Os

mesmos concluíram que não houve correlação entre a estabilidade oxidativa e o grau de

insaturação dos ácidos graxos e os níveis de tocol (tocoferóis e tocotrienóis) dos óleos

estudados. Neste contexto esses resultados assemelham-se com os obtidos pelo Rancimat para

o óleo de C. guianensis.

Segundo ANTONIASSI (2001), a padronização das metodologias para determinação da

estabilidade oxidativa, se faz necessária, em função da grande quantidade de dados relatados

na literatura que foram obtidos em condições muito diversas, dificultando sua utilização até

para simples comparação. Isso, se pode confirmar ao verificar os resultados obtidos por

estudos realizados por PARDAUIL et al. (2011), DOLDE; WANG (2011), ARAIN et al.

(2009), TAN et al. (2002), entre outros, com diversos óleos vegetais utilizando condições

operacionais diferentes.

Alguns autores até tentam estabelecer correlação entre os métodos, visando

metodologias alternativas que avaliem a estabilidade oxidativa, com reprodutibilidade,

redução de tempo e de quantidade de amostra empregada. Entretanto, conforme RAMALHO

et al. (2011), em estudo utilizando os métodos Rancimat, PetroOXY e PDSC, estes relatam

que não há nenhuma correlação entre a avaliação da estabilidade oxidativa pelas técnicas

empregadas, em decorrência que no método PDSC, o que são medidos são os eventos

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entálpicos; no Rancimat, a condutividade de produtos voláteis de oxidação secundários e no

PetroOXY é medido a redução da pressão de oxigênio.

Portanto, essas técnicas de caracterização da estabilidade oxidativa refletem etapas

diferentes que ocorrem durante o processo oxidativo, e, por isso, não há uma equivalência

clara entre elas, sendo, na realidade complementares na explicação do processo oxidativo.

Contudo, os métodos de oxidação acelerados são úteis para verificar a ordem de estabilidade

de óleos para determinada aplicação, assim como, a influência da adição de antioxidantes

(SOUZA et al., 2002), além de serem práticos, com ausência de substâncias químicas tóxicas

e obtenção de resultados em menor tempo, indicando ser uma ótima alternativa em análises

rotineiras de óleos por indústrias de gorduras e alimentos, onde a principal técnica usada é

Rancimat.

A utilização de óleos vegetais para fins comestíveis, lubrificantes, combustíveis, dentre

outros, requer o conhecimento da estabilidade oxidativa e térmica desses óleos, uma vez que

esse conhecimento é importante para definir as condições e tempo de estocagem, e ainda

corroborar na determinação do uso de antioxidantes para melhoria desses parâmetros (TAN;

MAN, 2002).

Não foram encontrados na literatura resultados de estabilidade térmica e oxidativa para

o óleo das sementes de C. guianensis, sendo, portanto, este trabalho o primeiro a expor tais

resultados.

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6. CONCLUSÕES

De acordo com os resultados para composição centesimal das sementes de C.

guianensis, os componentes majoritários foram lipídeos (33,7%) e proteínas (26,6%).

Esses resultados foram superiores aos reportados na literatura para a mesma espécie.

Dentre os minerais avaliados, os mais abundantes nas sementes foram o boro (18,20

mg.100-1

g), seguido pelo sódio (8,88 mg.100-1

g), ferro (5,93 mg.100-1

g) e zinco (4,94

mg.100-1

g). O teor de selênio (0,16 mg.100-1

g) foi ligeiramente superior aos

reportados para castanha churu e castanha do Brasil conforme literatura consultada.

O óleo obtido das sementes de C. guianensis teve facilidade de extração por

prensagem mecânica a frio, alcançando bom rendimento (27% p/p) quando comparado

a oleaginosas convencionais.

No que se refere à composição em ácidos graxos, o óleo das sementes de C.

guianensis apresentou predominância em ácido linoleico (76,3%), seguido pelo ácido

oleico (8,8%). Portanto, a composição qualitativa e quantitativa em ácidos graxos, no

óleo da semente de C. guianensis, tem seus valores comparados com alguns óleos

vegetais comestíveis.

Os parâmetros físico-químicos obtidos para o óleo bruto das sementes de C.

guianensis encontraram-se dentro do recomendado, de acordo com a legislação

brasileira vigente para óleos prensados a frio e não refinados. Logo, os valores

encontrados no óleo bruto indicam a eficácia do método de extração e também e por

tratar-se de um óleo de boa qualidade.

As freqüências de absorção, relativas às bandas nos espectros de infravermelho e os

espectros de RMN 1H no óleo de C. guianensis, foram semelhantes aos espectros de

alguns óleos vegetais comestíveis.

O óleo bruto de C. guianensis apresentou boa estabilidade térmica iniciando o

processo de decomposição em 246º C. Quando comparado aos óleos vegetais

convencionais pode ser um óleo promissor em processos térmicos, como por exemplo,

na fritura de alimentos entre outros, além de ser uma ótima fonte de ácido graxo

essencial da série -6.

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O óleo bruto de C. guianensis, apresentou maior estabilidade oxidativa por Rancimat

quando obteve PI de 4,7 h quando comparado ao óleo bruto de girassol (PI de 4,47 h).

A utilização dos métodos acelerados de estabilidade oxidativa para o óleo de C.

guianensis contribui para uma melhor compreensão dos processos oxidativos sofridos

por este óleo quando exposto a altas temperaturas, tendo apresentado propriedades

termo-oxidativas semelhantes ou superiores as reportadas para óleos convencionais.

Portanto, o óleo de couroupita apresenta grandes possibilidades de aplicação tanto na

indústria alimentícia, química e/ou farmacêutica.

Os métodos de oxidação acelerada, utilizados neste trabalho para caracterização da

estabilidade oxidativa, refletem etapas diferentes que ocorrem durante o processo

oxidativo, e, por isso, não há uma equivalência clara entre eles, sendo, na realidade

complementares na explicação do processo oxidativo.

Os métodos acelerados Rancimat, PDSC e PetroOXY foram úteis para verificar a

estabilidade de óleos, sendo sua utilização prática e obtenção de resultados em menor

tempo quando comparados métodos convencionais.

Não foram encontrados na literatura resultados relaciondos a composição mineral,

estabilidade térmica e oxidativa para o óleo das sementes de C. guianensis, sendo, este

trabalho o primeiro a expor tais resultados.

Complementando este estudo e visando avaliar o potencial alimentício das sementes e

do óleo de C. guianensis, estudos posteriores devem ser realizados com esta espécie

em relação aos fatores tóxicos e antinutricionais.

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