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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA MICHEL BRUM COUTINHO MAPEAMENTO GEOLÓGICO MULTIESPECTRAL DA BACIA CARBONÁTICA DE UNA-UTINGA BA E DAS MINERALIZAÇÕES DE Pb ASSOCIADAS Salvador 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA

MICHEL BRUM COUTINHO

MAPEAMENTO GEOLÓGICO MULTIESPECTRAL DA BACIA CARBONÁTICA DE UNA-UTINGA – BA E DAS

MINERALIZAÇÕES DE Pb ASSOCIADAS

Salvador 2010

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MICHEL BRUM COUTINHO

MAPEAMENTO GEOLÓGICO MULTIESPECTRAL DA BACIA CARBONÁTICA DE UNA-UTINGA – BA E DAS

MINERALIZAÇÕES DE Pb ASSOCIADAS

Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientador: Prof. Dr. Washington de Jesus Sant'Anna da Franca Rocha Co-orientador: Prof. MSc. Hailton Mello da Silva

Salvador 2010

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TERMO DE APROVAÇÃO

MICHEL BRUM COUTINHO

Salvador, 7 de dezembro de 2010

MAPEAMENTO GEOLÓGICO MULTIESPECTRAL DA BACIA CARBONÁTICA DE UNA-UTINGA – BA E DAS MINERALIZAÇÕES

DE Pb ASSOCIADAS

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

________________________________________________________________ 1° Examinador – Prof. Dr. Washington de Jesus Sant'Anna da Franca Rocha - Orientador Dept° Ciências Exatas, UEFS ________________________________________________________________ 2° Examinador – Prof. Dr. José Haroldo da Silva Sá Instituto de Geociências, UFBA ________________________________________________________________ 3° Examinador – Profª. Dra. Adriana Sanches Rocha Gomes Instituto Federal da Bahia - IFBA

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“Dedico este trabalho a minha esposa Natássia e aos meus sogros Ari e Angélica, pelo empenho e força em todos os momentos e por contribuírem por esta etapa em minha vida.”

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por me conceder a honra de

estar presente neste lugar que posso chamar de lar, onde tenho pessoas muito

queridas às quais dedico este trabalho e agradeço por contribuírem para este

momento.

Agradeço a minha esposa Natássia pelo apoio e força durante essa jornada,

pelo seu amor, carinho, companheirismo nestes 9 anos juntos; sem ela nada disso

estaria acontecendo.

Aos meus sogros Ari e Angélica, que são como pais para mim, pessoas que

admiro e tenho um enorme carinho e respeito, obrigado por todo apoio e confiança.

Aos meus pais Antônio e Luzia e a minha irmã Gabriela pelo amor e carinho

que sempre tiveram por mim.

Agradeço aos meus avós Agibel, Marlene e Zélia pelo carinho, por rezarem

sempre por mim.

Aos meus orientadores Washington e Hailton, pessoas fundamentais para a

conclusão deste trabalho, apoiando e aconselhando em momentos decisivos, além

de grande contribuição para o processamento das imagens.

Agradeço ao Prof. Dr, Aroldo Misi por todo apoio, aconselhamento e

contribuição em todo processo; aqui registro todo o meu respeito e admiração ao

grande mestre que é.

Ao Prof. Haroldo Sá pela ajuda, aconselhamentos durante a realização deste

trabalho. Agradeço a oportunidade de tê-lo como professor, exemplo de profissional

no qual pretendo me espelhar.

Agradeço aos companheiros da CPRM: Rogério Almeida, Nivia Pina; em

especial, Maisa Bastos Abram e Ioná Cunha Bahiense pelo apoio neste trabalho.

Aos geólogos Emanoel Apolinário, Gildete Cordeiro e Angélica Barreto pela

ajuda e ensinamentos que serão de grande ajuda em minha vida profissional.

Aos meus amigos da UFBA: Antônia Andrade, Antônio Jorge, Ádila

Fernandes, Caio Muller, Deivison Lucas, Asafe Krammer, Danilo Santos, Michele

Cássia e Paulo Ricardo.

A todos outros não citados, mas não menos importantes, meu muito obrigado

por participarem desta importante etapa em minha vida.

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RESUMO

O sensoriamento remoto é uma ferramenta utilizada para se obter informações de um

objeto sem que haja a necessidade de um contato físico. Através dos sensores (satélites)

localizados na orbita terrestre podemos captar diversos tipos de informação, sejam de zonas

de impacto ambiental, queimadas, desastres da natureza, entre outros. O sensor capta a parcela

refletida da Radiação Eletromagnética (REM) que interage com os alvos da paisagem (rochas,

vegetação, solo etc.) transformando esses dados obtidos em produtos como gráficos, tabelas e

principalmente imagens. Neste trabalho estudaremos as zonas mineralizadas de Pb-Zn na

Bacia de Utinga – BA analisando as litofácies contendo regiões sulfetadas onde se encontra a

mineralização e a crosta ferruginosa associada, além de caracterizar os principais métodos e

técnicas de sensoriamento remoto utilizados para mapear estas zonas. Este trabalho final de

graduação (TFG) utilizará as técnicas de sensoriamento remoto para mapear as zonas

mineralizadas de Pb-Zn na região de Nova Redenção – BA, com suporte em técnicas de

classificação de imagens de satélite LANDSAT sensor TM (Thematic Mapper),

demonstrando os benefícios de se utilizar o sensoriamento remoto como ferramenta para

suporte à prospecção mineral. Esta pesquisa poderá contribuir para o conhecimento sobre o

potencial deste tipo de mineralização na bacia estudada.

Palvras-chave: Sensoriamento remoto, zonas mineralizadas, mapeamento geológico,

informações e técnicas.

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SUMÁRIO

Lista de Figuras. ......................................................................................................................viii

Lista de Fotos.............................................................................................................................. x

Lista de Tabelas. ........................................................................................................................ xi

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13

1.1 Introdução............................................................................................................... 13

1.2 Objetivos ................................................................................................................ 13

1.3 Justificativa............................................................................................................. 14

1.4 Métodos e Etapas de Trabalho ............................................................................... 14

1.4.1 Levantamento Bibliográfico ........................................................................... 15

1.4.2 Utilização das Ferramentas de Sensoriamento Remoto .................................. 15

1.4.3 Pré-processamento das imagens de Satélite .................................................... 15

1.4.3.1 Georreferenciamento.................................................................................. 15

1.4.3.2 Correção Atmosférica ................................................................................ 16

1.4.3.3 Realce e Aumento de Contraste ................................................................. 16

1.4.3.4 Classificação Supervisionada..................................................................... 17

1.4.3.5 Análise dos Principais Componentes ......................................................... 17

1.4.3.6 Estudo de Campo ....................................................................................... 18

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................. 19

2.1 Sensoriamento Remoto .......................................................................................... 19

2.1.1 Princípios do Sensoriamento Remoto ............................................................. 20

2.1.2 Radiação Eletromagnética (REM) .................................................................. 21

2.1.3 Sensores de Aquisição de Dados .................................................................... 23

2.1.4 Breve Histórico do Sistema LANDSAT ......................................................... 23

2.1.5 Utilizações do Sensoriamento Remoto na Geologia ....................................... 24

2.1.6 Tipos de Classificação .................................................................................... 25

2.1.7 Análise Espectral para Prospecção Mineral .................................................... 25

CAPÍTULO 3 - GEOLOGIA REGIONAL .......................................................................... 26

3.1 Grupo Una .............................................................................................................. 26

3.1.1 Formação Bebedouro ...................................................................................... 27

3.1.2 Formação Salitre ............................................................................................. 28

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3.1.3 Unidades da Formação Salitre ........................................................................ 30

3.2 A Origem da Bacia Una-Utinga ............................................................................. 34

3.2.1 Estágios de evolução da Bacia Una-Utinga .................................................... 35

3.3 Modelo Metalogenético.......................................................................................... 39

3.3.1 Modelo do Tipo MVT ..................................................................................... 40

3.3.2 Modelo do Tipo IRLANDÊS .......................................................................... 40

CAPÍTULO 4 - CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E ESPECTRAL DA

MINERALIZAÇÃO DE NOVA REDENÇÃO .................................................................... 42

4.1 Caracterização Geológica ....................................................................................... 42

4.2 Análise Espectral .................................................................................................... 44

4.2.1 Pré-processamento das Imagens ..................................................................... 44

4.2.2 Processamento das Imagens ............................................................................ 45

4.2.3 Procedimentos adotados.................................................................................. 46

4.2.3.1 Determinação do Índice de Ferro ............................................................... 46

CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 56

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Lista de Figuras

Figura 1: Mapa de Localização da Bacia de Utinga, adaptado: MORAES FILHO (2001). .... 19

Figura 2: Esquema mostrando o processo de captura de informações pelo sensor ótico do

satélite. Fonte: IMG, 2010. ....................................................................................................... 21

Figura 3: Modelo esquemático mostrando uma onda eletromagnética com seus componentes.

Fonte: Jensen (2009). ................................................................................................................ 22

Figura 4: Espectro Eletromagnético completo com destaque na região do espectro visível.

Fonte: Sellerink (2010). ............................................................................................................ 22

Figura 5: Mapa Geológico simplificado com as principais unidades, destacando em azul claro

a unidade B e em azul escuro a unidade B1 (CPRM, 2004). ................................................... 27

Figura 6: Modelo deposicional para o Grupo Una. Guimarães & Pedreira (1990). ................. 28

Figura 7: Sequência estratigráfica com os ciclos deposicionais, Fonte: Misi & Silva (1996). 30

Figura 8: Glaciação Bebedouro-Jequitaí com presença de diamictitos de pequena espessura

que originam a Formação Bebedouro (DOMINGUEZ, 1993). ................................................ 35

Figura 9: Instalação da Plataforma carbonática da Formação Salitre (DOMINGUEZ, 1993) .

.................................................................................................................................................. 36

Figura 10: Estágio 7 mostrando a modificação sofrida na bacia devido a orogênese Brasiliana

(DOMINGUEZ, 1993). ............................................................................................................ 37

Figura 11: Estágio final com a consolidação da Bacia Una - Utinga (DOMINGUEZ, 1993). 38

Figura 12: Relação de temperatura e salinidade a partir de análise de inclusões fluidas com

pontos realizados em Nova Redenção, comparando com os principais depósitos do mundo.

Fonte: Gomes (1998). ............................................................................................................... 39

Figura 13: Mapa Geológico simplificado mostrando as zonas com mineralizações na área de

Nova Redenção (Moraes Filho & Leal, 1990). ........................................................................ 42

Figura 14: A esquerda a composição das bandas RGB 452; a direita a composição das bandas

RGB 457. .................................................................................................................................. 45

Figura 15: A esquerda o resultado à razão das bandas 3 pela 2 mostrando as concentrações nas

porções amareladas. Composição RGB banda 3/2, 7, 4; e a direita o resultado à razão das

bandas 5 pela 7 mostrando as concentrações nas porções mais azuladas. Composição RGB

banda 5, 4, 5/7........................................................................................................................... 47

Figura 16: PC1 das bandas 2,3,4,5 obtido pelo método de principais componentes de Crósta

(1993). Composição RGB Banda 7, PC1, 2. ............................................................................ 48

Figura 17: Resposta do processo de adição das Bandas 1 e 7 mostrando as áreas com

concentrações nas porções esbranquiçadas. Composição RGB banda 1+7, 2, 1. .................... 49

Figura 18: Resultado do processo de classificação não-supervisionada. ................................. 51

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Figura 19: Resultado do processamento da imagem através do método de MAXVER na

classificação supervisionada. .................................................................................................... 52

Figura 20: Comparação entre a classificação supervisionada e o mapa geológico simplificado

da região de Nova Redenção. ................................................................................................... 53

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Lista de Fotos

Foto 1: Calcários argilosos pertencentes a unidade C. Fonte: Lima (2010). ............................ 31

Foto 2: Calcário cinza-claro com estratificações plano paralelas da unidade B. Fonte: Lima

(2010)........................................................................................................................................ 32

Foto 3: Cavidade preenchida por minério. Fonte: CPRM (2010). ........................................... 33

Foto 4: Área apresentando gossans presente na unidade B1. Fonte: Lima (2010). .................. 43

Foto 5: Visão Panorâmica da zona mineralizada em Pb-Zn-Ag de Nova Redenção, Bacia de

Una-Utinga, setor Sete Lagoas. Fonte: Misi, 1996................................................................... 44

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Tabela das bandas do sensor TM do Satélite LANDSAT 5. Fonte: ENGESAT

(2010)........................................................................................................................................ 24

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

Segundo Jensen (2009), o Sensoriamento Remoto pode ser definido como sendo toda

e qualquer forma de se obter dados e informações de um determinado objeto sem que haja

contato físico com o mesmo.

O Sensoriamento Remoto pode ser utilizado para várias aplicações, desde aspectos

geológicos, geomorfológicos, características ambientais, monitoramento de atividades

humanas, uso e ocupação do solo, entre outros. Para este projeto de pesquisa, o foco do uso

do sensoriamento remoto será no mapeamento geológico e prospecção mineral.

A utilização desta importante ferramenta tem se mostrado bastante eficaz e de grande

contribuição na descoberta de regiões mineralizadas, como por exemplo, da Província

Aurífera Juruena Teles-Pires (SILVA & ABRAM, 2008), projeto desenvolvido pela CPRM.

Entre outros aspectos, iremos abordar algumas técnicas de processamento de imagens

de satélite LANDSAT, análises multiespectrais de imagens, com o objetivo de localizar e

mapear possíveis alvos mineralizados, além de verificar o modelo proposto a partir desse

processamento no campo.

1.2 Objetivos

Este trabalho tem com objetivo a aplicação do processamento de imagens de satélites

do tipo LANDSAT em estudos geológicos e de prospecção mineral na Bacia de Una-Utinga.

A partir de técnicas de sensoriamento remoto, pretende-se identificar feições espectrais

associadas às ocorrências minerais de chumbo e zinco e suas paragêneses minerais presentes

na região de estudo. Pretende-se ainda verificar, se a técnica pode contribuir para a exploração

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de novos depósitos e para validação do modelo temático a partir da classificação

supervisionada de imagens de satélite (Crósta, 1993).

Como objetivos específicos, pretende-se: (i) elaborar um modelo temático das

unidades litoestratigráficas através da classificação supervisionada; (ii) análise espectral das

imagens LANDSAT para verificação de possíveis alvos mineralizados de chumbo e zinco

com suas paragêneses minerais, a partir de parâmetros definidos em campo; (iii) validar o

modelo construído e determinar a eficácia da técnica para o mapeamento geológico e a

prospecção mineral.

1.3 Justificativa

O Brasil é um país com uma grande extensão territorial e, até o presente momento, o

mapeamento geológico existente que contemple todo seu território, é na escala de 1:1.000.000

(RADAMBRASIL, 1981; CPRM, 2004), o que não é suficiente para estudos mais detalhados,

como necessita a pesquisa mineral. Embora existam mapeamentos em escalas maiores em

determinadas regiões, estes são restritos a áreas muito restritas, em geral voltados a pesquisa

mineral, exploração de petróleo, prospecção de água subterrânea, entre outros.

Este trabalho procura demonstrar a importância da utilização de novas técnicas de

suporte ao mapeamento geológico, principalmente durante a fase pré-campo, na qual muitas

áreas não possuem um estudo detalhado e o mapeamento existente não permite a indicação de

alvos prioritários para um estudo aprofundado. Assim, o profissional poderá ir mais preparado

para campo, à medida que, com base numa programação mais objetiva e um maior

conhecimento dos contatos litológicos.

1.4 Métodos e Etapas de Trabalho

Para obter o resultado deste trabalho proposto, a metodologia que será abordada consiste:

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1.4.1 Levantamento Bibliográfico

Foram utilizados como base bibliográfica, o relatório do projeto desenvolvido pela

CPRM na área de Nova Redenção, além de artigos e trabalhos realizados nas mineralizações

de Pb-Zn, inclusive uma tese de doutorado e aqueles visando explicar a formação e evolução

da Bacia de Una-Utinga. Outros trabalhos que tiveram grande importância na pesquisa

bibliográfica foram artigos e trabalhos técnicos voltados para o Sensoriamento Remoto.

1.4.2 Utilização das Ferramentas de Sensoriamento Remoto

A utilização do Sensoriamento Remoto para determinação de possíveis alvos para um

estudo detalhado é de extrema importância, pois contribui para confirmar a presença de áreas

potenciais de exploração. Para isso, serão descritas, a seguir, as etapas realizadas em uma

rotina de processamento das imagens.

1.4.3 Pré-processamento das imagens de Satélite

A etapa de pré-processamento é de extrema importância, pois possibilita a máxima

extração de informações de uma imagem após seu tratamento. Esta etapa consiste em

melhorar algumas características, como correções, filtros, e processos de realce para obter

bons resultados.

1.4.3.1 Georreferenciamento

O georreferenciamento deve ser efetuado para corrigir alguns problemas de distorção

durante a captura da imagem pelo sensor. A imagem LANDSAT que foi utilizada neste

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trabalho foi obtida pela NASA (Agência Espacial Norte Americana) e através do Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) necessita que seja efetuada uma correção geométrica

para ajustar com precisão o posicionamento real da imagem que encontra-se deslocada com

relação justaposição da imagem.

1.4.3.2 Correção Atmosférica

Este tipo de correção é feita para remover distorções espectrais causadas pela interação

com a atmosfera (PERROTA, 2005). A interação com a atmosfera, seja ela através de nuvens,

vapor d’água ou gases em suspensão, promove uma adição de informação à imagem

provocando a distorção espectral. Para corrigir este fator, é feita a subtração dessas distorções

em cada banda da imagem analisando zonas da imagem contendo nuvens ou corpos d’água

que podem ser utilizados como marcadores para remoção dos valores adicionados. Nesta

correção, foram utilizados os corpos d’água presentes na imagem, marcando-os através da

ferramenta de região de interesse do software ENVI 4.7 para gerar o gráfico estatístico e

verificar os valores DN a serem removidos nas diferentes bandas da imagem.

1.4.3.3 Realce e Aumento de Contraste

O processo de realce é feito para melhorar algumas características de imagem,

principalmente o contraste e a qualidade visual da imagem (MOREIRA, 2003). Isto é feito

através de ampliação do espalhamento dos níveis de cinza presentes em cada banda espectral

da imagem do intervalo comprimido deste espalhamento. Ao aplicarmos esse processo,

ajustamos os valores de níveis de cinza em cada banda da imagem para obter-se uma boa

distribuição desses valores, a fim de uma melhor visualização da imagem.

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1.4.3.4 Classificação Supervisionada

A classificação é o método utilizado para identificar e distinguir diferentes marteriais

superficiais contidos na imagem (CRÓSTA, 1993). O processo de classificação de imagens é

muito utilizado em diversas áreas e tem como principal objetivo a separação de zonas a partir

da diferenciação dos padrões espectrais presentes na imagem.

São duas as categorias de classificação de imagem: não-supervisionada e

supervisionada.

A classificação não-supervisionada é utilizada para separar diferentes classes

espectrais através de forma automática sem a necessidade de um conhecimento prévio da área

estudada ou da imagem utilizada.

A classificação supervisionada, que será feita neste trabalho, permitirá a separação de

zonas com diferentes respostas espectrais e possibilitará a correlação com as unidades

litoestratigráficas da área de estudo.

Faremos processamentos de classificação supervisionada e não-supervisionada, a

partir dos procedimentos propostos por Perrota (2005), com o objetivo de montar um modelo

geológico que será validado em campo para melhorar os limites e contatos geológicos da

região de estudo.

1.4.3.5 Análise dos Principais Componentes

Esta etapa compreende na determinação da extensão de correlação de informações

presente nas diversas bandas da imagem. Para tal, analisa-se a aproximação da intensidade de

cada pixel presente nas bandas da imagem correlacionando-os para que se efetue a remoção

de informações repetidas.

A seleção dos principais componentes é uma técnica desenvolvida por Crosta &

McMoore (1989) e se baseia na compressão de dados espectrais, evitando repetição dos dados

correlacionados entre as bandas (Franca-Rocha, 2005).

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1.4.3.6 Estudo de Campo

Etapa fundamental na aferição do trabalho de Sensoriamento Remoto desenvolvido.

Nesta etapa há a checagem, no campo, de todo trabalho desenvolvido no laboratório para

avaliação da eficácia, precisão e exatidão das técnicas de geoprocessamento utilizadas. Sem

esta etapa não é possível avaliar o trabalho desenvolvido no laboratório.

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CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Bacia de Utinga está situada na região da Chapada Diamantina, área central do

Estado da Bahia, e inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu. Possui uma área de

aproximadamente 5.026 km² e uma pequena porção desta, integra o Parque Nacional da

Chapada Diamantina (MMA e IBGE, 2006).

Figura 1: Mapa de Localização da Bacia de Utinga, adaptado: MORAES FILHO (2001).

2.1 Sensoriamento Remoto

Segundo Jensen (2009) refere-se à capacidade de obter informações sobre um

determinado objeto sem um contato direto com o mesmo. MacGraw (2009) entende que o

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Sensoriamento Remoto é toda atividade de observação e captura de dados de um objeto de

forma remota (Figura 2).

Para um melhor entendimento do Sensoriamento Remoto, serão abordados os

fundamentos e principais aplicações deste na Geologia e os tipos de processamentos digitais

utilizados para auxiliar no mapeamento e prospecção mineral.

2.1.1 Princípios do Sensoriamento Remoto

O Sensoriamento Remoto tem como princípio fundamental, a captura de energia solar

refletida em um determinado objeto. Quando a energia eletromagnética incide sobre um

objeto, a energia é divida em partes, podendo ser absorvida, refletiva ou transmitida. A porção

refletida pode ser capturada por um sensor através dos diversos componentes ópticos

presentes, além de filtros e detectores (JENSEN, 2009) produzindo dados sobre os objetos

com os quais interagiu.

Este sinal captado pelos sensores é convertido em sinais elétricos e registrado pelo

sensor, o qual transmite às estações terrestres, que por sua vez os transforma em produtos

gráficos, tabelas e, principalmente, imagens. Um importante tipo de imagem gerada a partir

do Sensoriamento Remoto são as imagens de satélite, as quais constituem uma ferramenta

básica no desenvolvimento do presente trabalho.

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Figura 2: Esquema mostrando o processo de captura de informações pelo sensor ótico do

satélite. Fonte: IMG, 2010.

2.1.2 Radiação Eletromagnética (REM)

A Radiação Eletromagnética (REM) é a energia captada pelos sensores instalados nos

diversos tipos de equipamentos, como satélites orbitais, através do qual qualquer objeto em

uma temperatura superior a 0°K emite ou absorve energia (NOVO, 1989).

Segundo Weng (2009), a REM é um tipo de energia em forma de ondas que se

propaga através dos meios e sofre processos de modificação devido a sua interação com os

alvos, sendo sua principal fonte de emissão o Sol.

A onda eletromagnética é composta por dois campos flutuantes: um elétrico e outro

magnético (Figura 3). Estes campos são ortogonais entre si e perpendiculares em relação à

direção de deslocamento da onda (JENSEN, 2009).

Energia refletida pelos

alvos e captada pelos

sensores

Energia

emitida

pelo Sol

Satélite com

sensor ótico

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Figura 3: Modelo esquemático mostrando uma onda eletromagnética com seus componentes.

Fonte: Jensen (2009).

Estas ondas podem ser classificadas a partir de componentes como comprimento de

onda e freqüência. O comprimento de onda corresponde à distância entre os valores repetidos

em um padrão de onda. Já a frequência, que é uma relação inversa com o comprimento de

onda, são o número de ciclos por segundo que passam por um ponto fixo, que geram o que

chamamos de espectro eletromagnético (Figura 4).

Figura 4: Espectro Eletromagnético completo com destaque na região do espectro visível.

Fonte: Sellerink (2010).

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2.1.3 Sensores de Aquisição de Dados

Existem diversos sensores para aquisição de dados no Sensoriamento Remoto. Estes

são classificados quanto a sua fonte de radiação, ao princípio de funcionamento e ao tipo do

produto (MOREIRA, 2003).

Os sensores classificados com relação à fonte de radiação são denominados de ativos

ou passivos. Os sensores ativos são aqueles que possuem uma fonte de radiação própria, não

dependendo de uma fonte de iluminação externa. Exemplos destes sensores são:

RADARSAT, ENVISAT, RISAT. Sensores passivos são aqueles que não possuem uma fonte

de radiação própria. Nestes, a fonte de incidência de energia é a luz do Sol, a exemplo dos

sensores: TM, ETM+, SPOT, MSS, ASTER.

Com relação ao princípio ao princípio de funcionamento. Estes sensores podem ser

imageadores e não-imageadores. Os sensores imageadores geram como resultados produtos

na forma de imagens, enquanto os sensores não-imageadores resultam em dados gráficos ou

tabelas obtidas por radiômetros e espectrorradiômetros (MOREIRA, 2003).

Com relação ao tipo de produto gerado, que podem ser através de gráfico, tabelas e o

mais utilizado, que são as imagens.

Entre estes sensores imageadores, destacam-se os sensores TM e ETM+ do Sistema

LANDSAT que serão objeto de estudo desse trabalho.

2.1.4 Breve Histórico do Sistema LANDSAT

O Programa LANDSAT (LAND Remote Sensing SATellite) teve seu início em 1972

com desenvolvimento de um projeto pela Agência Espacial Americana (NASA) para

imageamento e coleta de dados dos recursos naturais da superfície terrestre (MOREIRA,

2003). O primeiro satélite a ser lançado com objetivo de mapeamento foi o satélite ERTS-1,

que posteriormente seria denominado de LANDSAT-1. Na concepção do LANDSAT foram

lançados em órbita mais de 6 satélites. No início, utilizou-se o sensor MSS (Multispectral

Scanner Subsystem) dos satélites LANDSAT- 1, 2 e 3, mas em 1984, a NASA colocou o

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sensor TM (Thematic Mapper) em órbita, pois já possuía melhorias em relação ao seu

antecessor, o sensor MSS.

Tabela 1: Tabela das bandas do sensor TM do Satélite LANDSAT 5. Fonte: ENGESAT

(2010).

2.1.5 Utilizações do Sensoriamento Remoto na Geologia

O avanço da tecnologia desde o lançamento do primeiro satélite e o desenvolvimento

de novas técnicas para utilização de imagens de satélite com o objetivo de observar

informações dos recursos naturais da superfície terrestre, cada vez mais recorrentemente,

imprimiu um salto qualitativo no estudo geológico. Podemos observar isso em trabalhos

realizados por Silva & Abram (2008), Franca-Rocha (2001), entre outros, os quais visam à

descoberta de novos alvos para exploração mineral.

O uso das imagens de satélite aplicadas à geologia tem se mostrado uma ferramenta

muito eficaz contribuindo de diversas formas à avaliação de áreas e indicação de mais

detalhes no mapeamento geológico, através da melhora de contatos e zonas mineralizadas;

estudos dos aspectos fisiográficos e determinação de zonas de cobertura vegetal.

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24

2.1.6 Tipos de Classificação

O processo de classificação de imagens de satélite é uma técnica empregada para

distinguir e identificar diferentes informações presentes em uma imagem (CROSTA, 1993).

O objetivo da classificação é agrupar informações semelhantes que irão compor um

mapa temático. A partir de dados espectrais obtidos na imagem, é possível determinar as

classes de treinamento através de algoritmos de classificação (MOREIRA, 2003).

A classificação de imagens digitais pode ser: supervisionada, quando se utilizam

parâmetros já conhecidos na imagem para determinação das classes de treinamento; e não-

supervisionada, quando há o uso de algoritmos em que não necessitam o conhecimento prévio

das informações contidas na imagem.

A classificação utilizada neste trabalho para auxiliar na determinação das

mineralizações de Pb-Zn da região de Nova Redenção – BA será a do tipo supervisionada

através do método MAXVER (Maximum Likelihood Enhanced Neighbor), a exemplo de

Franca-Rocha (2005).

2.1.7 Análise Espectral para Prospecção Mineral

O processo de análise espectral tem se mostrado bastante eficaz na exploração mineral.

Diversos trabalhos realizados, como os de Franca-Rocha (2005), Lima (2003) para

determinação de zonas mineralizadas utilizaram esta técnica para auxiliar nos trabalhos

subseqüentes (SOUZA FILHO & CRÓSTA, 2003).

A utilização de processamentos envolvendo as técnicas de razão de bandas, adição de

bandas, classificação e estudo espectral através das assinaturas espectrais da imagem mostram

bons resultados e auxilia na investigação de grandes áreas para determinar possíveis alvos de

pesquisa detalhada.

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25

CAPÍTULO 3 - GEOLOGIA REGIONAL

3.1 Grupo Una

O Grupo Una, juntamente com o Grupo Bambuí, representam coberturas sedimentares

do Cráton de São Francisco e pertencem ao Supergrupo São Francisco (MISI & SILVA,

1996). Sua origem é resultado de um grande evento de sedimentação carbonática durante a

evolução da Bacia do Espinhaço-São Francisco (DOMINGUEZ, 1993) (Figura 5).

! Cidades

Rios e Drenagens

Permanente

Intermitente

Rodovias

Pavimentada

Em Pavimentação

Não Pavimentada

Unidades litológicas

Depósitos Aluvionares

Coberturas Lateríticas

Unidade B1

Unidade B

Fm. Bebedouro

Fm. Morro do Chapéu

Fm. Caboclo

Fm. Tombador

Granitóides

Corpos Máficos

Ortognaisses

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Figura 5: Mapa Geológico simplificado com as principais unidades, destacando em azul claro

a unidade B e em azul escuro a unidade B1 (CPRM, 2004).

O Grupo Una é dividido em duas formações: Fm. Bebedouro e Fm. Salitre. A

primeira, de origem glaciogênica, é constituída por metassedimentos silico-argilosos, lentes

conglomeráticas de metagrauvacas com granulometria variando de seixos a matacões (MISI

& SILVA, 1996). Já a formação Salitre é composta por rochas carbonáticas contendo

dolomitos, calcarenitos, calcilutitos e níveis silicificados.

3.1.1 Formação Bebedouro

Compreende uma matriz fina contendo seixos e blocos provenientes de outras

formações depositadas anteriormente, a exemplo das Formações Caboclo, Tombador e rochas

do embasamento com uma granulometria bastante variada e transportadas por processos de

carreamento do material durante o degelo (Figura 6) (GUIMARÃES & PEDREIRA, 1990).

A matriz é composta por clorita, sericita, quartzo e calcita e os fragmentos de rochas

são principalmente de gnaisses, granitos, pegmatitos, rochas básica (MISI & SILVA, 1996)

pertencentes às formações anteriores ao evento glaciogênico.

Evidências como seixo pingado, formas facetadas e presença de estrias apontam para

um ambiente glacial (MONTES, 1977 apud MISI & SILVA, 1996).

O topo desta formação é constituído por lentes de quartzito arcoseano médio contendo

pirita disseminada (MISI & SILVA, 1996).

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Figura 6: Modelo deposicional para o Grupo Una. Guimarães & Pedreira (1990).

3.1.2 Formação Salitre

A Formação Salitre teve sua origem a partir da deposição de uma extensa plataforma

carbonática sobre o Cráton do São Francisco durante o Neoproterozóico. Após a deposição da

Formação Bebedouro, durante o período de deglaciação, houve o aumento do nível do mar

associado com a subsidência do Cráton, permitindo a instalação dos carbonatos que dariam

origem à Formação Salitre.

Segundo Guimarães & Pedreira (1990), essa Formação é caracterizada por uma

sequência de calcários cinza-claro, bem estratificados e com textura variável, que pode ser

tanto fina, representada pelos calcilutitos, ou mesmo grossa, associada aos calcirruditos, além

da presença de níveis dolomíticos e silicificados.

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Misi (1979) propôs uma divisão informal, não atribuindo nomes as unidades, e esta

será utilizada neste trabalho. Misi as nomeou como unidades da base para o topo: C

(constituída por calcários dolomíticos vermelhos e argilosos e dolomitos), B e B1, formados

respectivamente por calcários cinza-claro laminados e estratificados, e dolarenitos silicosos e

oolíticos no topo. A unidade A é constituída por siltitos, argilitos calcíferos e margas, tendo

acima, na unidade A1, cacilutitos pretos e calcários oolíticos.

Quadro 1 – Unidades lito-estratigráficas definidas nos trabalhos realizados pela UFBA e pela

CPRM (MISI & SILVA, 1996).

UNIDADES (1) UNIDADES (2) AMB. DEP. DOMINANTE CICLOS (1) CICLOS (2)

A1

Irecê

Intermarés R T Jussara sup.

Jussara med. E inf.

A Irecê

Submarés T R Gabriel

B1

Lapão

Supramarés R R Nova América

Sarandi

B Irecê Intermarés T T

? Jussara sup.

T T Jussara med. E inf.

C - Lacustre T -

(1) = Projetos Chumbo-Zinco no Bambuí e Depósitos Minerais da Chapada Diamantina (PPPG/BNDE/FINEP)

(2) = Projetos Bacia de Irecê I e II (CPRM/SME)

T = Transgressivo

R = Regressivo

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3.1.3 Unidades da Formação Salitre

A formação Salitre é constituída essencialmente por material carbonático e sua

sequência deposicional é descrita por Misi (1979), como pode ser observado na Figura 7.

Figura 7: Sequência estratigráfica com os ciclos deposicionais, Fonte: Misi & Silva (1996).

Unidade C

A unidade C corresponde às porções basais da Formação Salitre. Constituída por

dolomitos e calcários dolomíticos vermelhos e argilosos (Foto 1) (MISI & SILVA, 1996).

Caracterizada pela presença de agregados minerais de oxidados de cobre. Essa unidade tem

uma grande abrangência lateral, estendendo-se por quase toda borda leste da bacia.

A unidade C não foi mapeada nos trabalhos anteriores realizados na Bacia de Una-

Utinga, como no de Guimarães & Pedreira (1990) e outros. Segundo Misi (op. cit.), é possível

que esta tenha sido englobada em outra unidade superior.

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Foto 1: Calcários argilosos pertencentes a unidade C. Fonte: Lima (2010).

Unidade B

Fácies constituída por calcários cinza-claro (Foto 2), ocorrendo também calcários

dolomíticos com laminação e níveis interestratificados com leitos argilosos (MISI & SILVA,

1996). Intercalações de calcários pretos, oolíticos também são observadas nesta unidade.

Na Bacia de Una-Utinga é representada por calcilutitos finos a grossos, intercalações

dolomíticas silicificadas e calcilutitos com laminação plano-paralela (MISI, op. cit.). Outros

autores como Souza et al. (1993), concordam que esta unidade é constituída por calcissiltitos

com laminação plano-paralela e lamitos algais francamente ondulados.

Segundo Misi (op. cit.), a deposição desta unidade é um resultado de uma

sedimentação profunda indicativa de uma transgressão marinha com tendência regressiva, que

marca uma mudança de nível do mar pela deposição de material mais fino e laminações do

tipo plano-paralela.

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Foto 2: Calcário cinza-claro com estratificações plano paralelas da unidade B. Fonte: Lima

(2010).

Unidade B1

Esta unidade é representada por dolomitos silicosos, dolomitos oolíticos e dolutitos,

com nódulos e lentes de sílica (MISI & SILVA, 1996). Nesta unidade em particular, ocorrem

a presença de barita e de pirita, com galena e esfalerita subordinadas. Esta é a porção onde

ocorrem as mineralizações de Pb-Zn, que são o foco de estudo deste trabalho (Foto 3).

Estruturas sedimentares caracterizadas por exposição sub-aérea dos sedimentos em

clima árido denomidadas como “teepee” são observadas, bem como presença de brechas

intraformacionais que indicam a solubilização de sulfatos (MISI, op. cit.).

As mineralizações de Pb-Zn associadas a esta unidade são bem marcadas e observadas

nos diversos trabalhos realizados na área por Guimarães & Pedreira (1990), Misi (1979) e

outros.

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Foto 3: Cavidade preenchida por minério. Fonte: CPRM (2010).

Unidade A

Caracterizada pela sedimentação predominante de siltitos, argilitos calcíferos e margas

de coloração cinza-clara. Na Bacia Una-Utinga, ocorrem pelitos laminados e margas com

laminação plano-paralela (MISI & SILVA, 1996). Segundo Souza et al. (1993), esta unidade

é representada por uma sequência de calcarenitos finos a calcilutitos de cor cinza-escuro a

negra, intercaladas com margas, siltitos, arenitos imaturos e silex. Ainda segundo estes

autores, nota-se a constante alternância entre essas sequências carbonáticas e terrígenas.

Evidências observadas nesta unidade mostram principalmente material pelítico e de

granulação fina, que indicam um novo ciclo transgressivo-regressivo e aumento do nível do

mar (MISI, op. cit.).

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Unidade A1

Segundo Misi & Silva (1996), esta unidade é constituída por calcilutitos pretos e

calcários oolíticos e pisolíticos, ricos em matéria orgânica. Na Bacia Una-Utinga, esta unidade

corresponderia aos calcários oolíticos silicificados (GUIMARÃES E PEDREIRA, 1990).

3.2 A Origem da Bacia Una-Utinga

A Bacia de Una-Utinga formou-se a partir de uma sucessão de eventos tectônicos

durante a evolução do Cráton do São Francisco, que de acordo com Alkmim & Martins-Neto

(2001), posiciona-se na unidade litoestratigráfica denominada Supergrupo São Francisco.

O Supergrupo São Francisco é caracterizado pela deposição de sequências

essencialmente carbonáticas durante o Neoproterozóico, nas Bacias de Irecê (BA), Una-

Utinga (BA) e São Francisco (BA e MG).

O Supergrupo São Francisco é representado pelos Grupos Macaúbas (MG e BA),

Bambuí (MG e BA) e Una (BA), sendo este último alvo de estudo deste trabalho. O Grupo

Una é composto pelas Formações Bebedouro e Salitre. A Formação Bebedouro, que ocupa a

porção basal do grupo, é constituída predominantemente por diamictitos (DOMINGUEZ,

1993). Já a formação Salitre é composta por diversos litotipos de origem carbonáticas que

indicam um sistema de deposição marinho raso com ação de ondas, visto pelas evidências de

depósitos de planície de maré (BARBOSA et al., 1992, LEÃO et al., 1992, apud

DOMINGUEZ, 1993).

Para auxiliar o entendimento da origem da Bacia Una-Utinga será descrito de forma

sumária os estágios de evolução da Bacia São Francisco definidos por Dominguez (1993) a

partir do estágio V que se refere ao inicio da glaciação Bebedouro-Jequitaí.

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3.2.1 Estágios de evolução da Bacia Una-Utinga

Estágio V

A glaciação Bebedouro-Jequitaí se instala e se estende por todo Cráton do São

Francisco (Figura 8). O registro desta glaciação é representado principalmente por diamictitos

de pequena espessura. Segundo Karfunkel & Hoppe (1988, apud DOMINGUEZ, 1993) a

direção de transporte do gelo na Chapada Diamantina foi de nordeste para sudoeste, como

pode ser observado na Figura 10. Dados geocronológicos revisados por estes autores apontam

uma idade por volta de 1.0 Ga.

Figura 8: Glaciação Bebedouro-Jequitaí com presença de diamictitos de pequena espessura

que originam a Formação Bebedouro (DOMINGUEZ, 1993).

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Estágio VI

Ao final da glaciação Bebedouro-Jequitaí ocorre uma subida do nível do mar por

decorrência do degelo, invadindo o paleo-continente São Francisco e possibilitando a

deposição da maior parte do Grupo Bambuí e a Formação Salitre (DOMINGUEZ, 1993).

Uma grande e extensa plataforma carbonática se instala sobre o paleo-continente neste

período. Fatores como controle tectônico, clima, variações do nível do mar e posição

geográfica contribuíram para deposição da sequência carbonática da Rampa do Salitre (Figura

9).

Figura 9: Instalação da Plataforma carbonática da Formação Salitre (DOMINGUEZ, 1993) .

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Estágio VII

Os eventos compressivos promovidos pela orogênese Brasiliana geraram dobramentos

nas bordas da bacia e das coberturas (Figura 10). O Grupo Una foi relativamente poupado por

estar localizado nos blocos mais espessos do embasamento (DOMINGUEZ, 1993).

Figura 10: Estágio 7 mostrando a modificação sofrida na bacia devido a orogênese Brasiliana

(DOMINGUEZ, 1993).

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Estágio VIII

Durante o Fanerozóico, as coberturas mesozóicas se depositam sobre o Grupo Bambuí

e Una pela expansão da sedimentação da Bacia do Parnaíba (DOMINGUEZ, 1993). Como

pode ser observado na Figura 11, as coberturas sobrepõem a plataforma carbonática,

separando as Bacia Una-Utinga e Bacia de Irecê.

Figura 11: Estágio final com a consolidação da Bacia Una - Utinga (DOMINGUEZ, 1993).

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3.3 Modelo Metalogenético

Os estudos realizados na região de Nova Redenção apontam para dois possíveis

modelos metalogenéticos: IRLANDÊS e o MVT. Estudos de inclusões fluidas foram

realizados por Gomes (1998 e 2005), envolvendo medidas de salinidade e temperatura de

homogeneização inclusões fluidas primárias em esfalerita. Na Figura 12 é possível observar o

comportamento dos dados obtidos.

Figura 12: Relação de temperatura e salinidade a partir de análise de inclusões fluidas com

pontos realizados em Nova Redenção, comparando com os principais depósitos do mundo.

Fonte: Gomes (1998).

Para caracterização de um modelo metalogenético é necessário relacionar alguns

parâmetros, como: tipo da mineralização, rocha encaixante, ambiente tectônico, idade,

principais controles, textura e estruturas, temperatura, salinidade, origem do enxofre e dos

metais, mecanismo de precipitação, processos envolvendo a geração do sistema hidrotermal.

Os estudos realizados por Gomes (1998 & 2005) nos depósitos relacionados a

plataforma carbonática do Salitre utilizando vários destes parâmetros, demonstraram a

associação hidrotermal no depósito de Nova Redenção, mas sem possibilitar a correlação com

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um dos modelos clássicos, determinando apenas a relação de fonte-transporte-deposição do

depósito.

3.3.1 Modelo do Tipo MVT

O modelo do tipo MVT (Mississipi Valley Type) é caracterizado pela associação de

concentrações de Pb-Zn em sequências carbonáticas. Os principais minerais que constituem

esse tipo de depósito são a esfalerita, galena e pirita, podendo estar associados com outros

minerais como: barita, fluorita e calcopirita (DARDENNE, 1988).

Nesse modelo, a gênese das concentrações minerais seria a partir de soluções hidrotermais de

baixa temperatura que geram também processos de dolomitização e silicificação das rochas

encaixantes (DARDENNE, 1988).

Entre os principais depósitos formados por este modelo metalogenético estão:

Appalaches e Old Lead Belt, localizados nos Estados Unidos, Pine Point no Canadá, entre

outros. No Brasil, os principais depósitos comumente referidos na literatura como sendo do

tipo MVT são: Morro Agudo e Vazante, localizados no Estado de Minas Gerais, embora

existam controvérsias, principalmente devido às temperaturas dos fluidos obtidas a partir de

inclusões fluidas em esfalerita (MISI et. al., 2005)

3.3.2 Modelo do Tipo IRLANDÊS

O modelo do tipo IRLANDÊS (IRISH) é bem semelhante ao depósito do tipo SEDEX

e é considerado como uma transição entre os depósitos SEDEX com MVT. É caracterizado

por rochas carbonáticas com mineralizações do tipo stratabound, podendo ocorrer processos

de dolomitização e silicificação.

Os principais constituintes minerais presentes neste tipo de depósito são: esfalerita e

galena, podendo estar associados em menor proporção com calcopirita, pirita e barita

(ANGÉLICA, 2003).

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As diferenças com relação aos depósitos do tipo MVT são: i) temperaturas mais

elevadas dos fluidos mineralizantes (variando entre 70 a 250°C, enquanto o MVT apresenta

temperaturas inferiores a 150°C); ii) salinidades mais baixas do que os depósitos do tipo MVT

(contendo entre 10 e 25% de NaCl em peso contra uma variação de até 35% de NaCl nos

depósitos MVT).

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CAPÍTULO 4 - CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E

ESPECTRAL DA MINERALIZAÇÃO DE NOVA REDENÇÃO

4.1 Caracterização Geológica

As mineralizações presentes na área de estudo, encontram-se inseridas na Formação

Salitre, que é uma sequência carbonática e que constitui duas associações de litofácies (Figura

13). A primeira composta por dolarenitos aparentemente maciços, dolarenitos oolíticos,

estromatólitos laminares, dolarenitos estratificados e laminados oolíticos. A segunda

associação de litofácies é composta por calcarenitos/calcissiltitos/calcilutitos laminados e

estromatólitos laminares (MORAES FILHO & LEAL, 2001).

Figura 13: Mapa Geológico simplificado mostrando as zonas com mineralizações na área de

Nova Redenção (Moraes Filho & Leal, 1990).

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As mineralizações de Pb-Zn presentes nesta formação estão associadas a primeira

litofácie: dolarenitos. A principal paragênese mineral dessa mineralização é cerussita, galena,

esfalerita, pirita e limonita localizada na Fazenda Sete Lagoas e análises efetuadas revelaram

alto teores de Pb (8.000 ppm) e Zn (2.900 ppm) presentes na crosta ferruginosa “gossans”

(BOMFIM, 1990) (Foto 4).

Esta mineralização é caracteriza por corpos stratabound de galena e esfalerita, pirita,

cerussita a anglesita associados com quartzo, hematita e barita (MISI et. al., 2005).

Foto 4: Área apresentando gossans presente na unidade B1. Fonte: Lima (2010).

Os trabalhos efetuados pelo Programa de Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil

(PLGB) realizados nas Folhas de Lençóis, Utinga e Mucugê permitiram o cadastramento e

verificação de diversas ocorrências de sulfetos e barita, além de anomalias geoquímicas de Pb,

Zn e Ag (Misi & Silva, 1996). Por outro lado, estudos realizados pela CPRM na área de Nova

Redenção indicaram um grande potencial, resultando em corpos mineralizados contendo cerca

de 2,5 Mt com teores de 6,3% Pb, 0,5% Zn, 33 ppm Ag (Misi et. al., 1999).

A principal zona mineralizada na área de Nova Redenção está localizada no setor Sete

Lagoas que é caracterizada por uma elevação de dolarenitos e dolarenitos ooidais silificados

(Misi & Silva, 1996) (Foto 5).

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Foto 5: Visão Panorâmica da zona mineralizada em Pb-Zn-Ag de Nova Redenção, Bacia de

Una-Utinga, setor Sete Lagoas. Fonte: Misi, 1996.

4.2 Análise Espectral

Para apresentação dos dados, se faz necessário um tratamento das imagens para que esta

forneça uma resposta apropriada para interpretação. Para isso, é feito um processamento dos

dados e tratamento dos resultados para obter um resultado satisfatório. O processamento

digital de imagens, também conhecido como PDI, é essencial nesta etapa, é na utilização das

diversas técnicas para tratamento de imagens digitais que serão descritas a seguir, que se

baseia este trabalho.

Procedimentos como: a) tratamentos de realce e correções são efetuados para corrigir

incongruências na imagem e permitir uma melhor resposta visual; b) utilização de processos

de classificação da imagem para separação de feições com respostas espectrais semelhantes e

permitir a associação geológica analisada na imagem; c) processos de razão de bandas e

adição de bandas para auxiliar na resposta espectral da imagem; d) verificação de índices de

ferro e de silicificação para compreender os processos de formação da mineralização.

4.2.1 Pré-processamento das Imagens

Na etapa de pré-processamento da imagem, foram feitas correções para que a imagem

estivesse em condições de ser operada. A utilização de atenuadores e filtros que corrigissem a

imagem para que a mesma possa ser utilizada posteriormente. O uso do processo de correção

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atmosférica que tem como principal objetivo a extração da interferência na aquisição da

imagem causada pela presença de partículas e gases, foi realizada subtraindo pixels de baixo

valor DN através da técnica de DOS (dark object subtration).

4.2.2 Processamento das Imagens

Para uma melhor visualização da imagem, foram testados vários tipos de composições

RGB da composição natural e outros, onde os melhores resultados foram nas composições

dos canais RGB 4,5,2 e 4,5,7 que obtiveram melhores contrastes para separação das classes de

treinamento (Figura 14).

Figura 14: A esquerda a composição das bandas RGB 452; a direita a composição das bandas

RGB 457.

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4.2.3 Procedimentos adotados

4.2.3.1 Determinação do Índice de Ferro

O ferro tem um importante papel no auxilio para localizar as zonas mineralizadas, pois

estas se apresentam associadas com material sulfetado, principalmente com a pirita, que é um

sulfeto de ferro. Para obtenção do índice de ferro presente na imagem, serão utilizadas

algumas técnicas como descrito por Rocha (2001).

Razão de Bandas

A utilização de processamento com razão de bandas vem sendo aplicada há algum

tempo na prospecção mineral. O conceito é a divisão de uma banda com maior reflexão, por

outra de maior absorção. O resultado é uma imagem com maior diferença de reflectância entre

as bandas (ROCHA, 2001).

O uso da razão da banda 3 pela banda 1 ou 2, acentua a presença de óxido de ferro na

imagem. Já a razão da banda 5 pela banda 7, acentua a relação de minerais argilosos. Outro

tipo de razão de bandas é para aumento da relação de vegetação, presente através da banda 4,

pela banda 3 ou 2.

No processamento foram realizados diversos testes com a imagem, a fim de obter os

melhores resultados para o tratamento da mesma. Nesta etapa foram utilizadas as razões da

Banda 3 pelas Bandas 1 e 2. Os resultados com a Banda 2 revelaram melhores resultados,

fazendo-se assim sua utilização (Figura 15).

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Figura 15: A esquerda o resultado à razão das bandas 3 pela 2 mostrando as concentrações nas

porções amareladas. Composição RGB banda 3/2, 7, 4; e a direita o resultado à razão das

bandas 5 pela 7 mostrando as concentrações nas porções mais azuladas. Composição RGB

banda 5, 4, 5/7.

Análise por Principais Componentes

Outra técnica utilizada para determinação do índice de óxido de ferro é a técnica

conhecida como Técnica de Crósta, ou Análise por Principais Componentes. Sua base é na

eliminação de redundâncias e repetições presentes nas diversas bandas da imagem pela

correlação dos dados (CRÓSTA, 1993). Nesta técnica, utilizam-se as bandas que resultam em

um melhor contraste. A banda 7 foi removida pela sua grande amplitude e absorção dos

minerais de argila. Já a banda 1 foi retirada do processo, porque não mostrou bons resultados

em comparação a banda 2. Como pode ser visto, o melhor resultado foi entre as bandas 3 e 2

no PC 1. Na Figura 16 observa-se o contraste resultante deste processamento.

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Figura 16: PC1 das bandas 2,3,4,5 obtido pelo método de principais componentes de Crósta

(1993). Composição RGB Banda 7, PC1, 2.

Índice de Silicificação

O índice de silicificação é uma técnica utilizada para auxiliar na associação dos veios

de quartzo com as mineralizações de Pb-Zn, como demonstrado por Franca Rocha (2001). A

utilização de um processo de adição de bandas é aplicada na verificação de áreas com

concentrações de minerais de quartzo. A adição entre as bandas 1 e 7 compreende uma

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cobertura de toda banda de reflectância do espectro, acentuando em tons mais esbranquiçados,

as áreas em concentração de minerais de quartzo (Figura 17).

Figura 17: Resposta do processo de adição das Bandas 1 e 7 mostrando as áreas com

concentrações nas porções esbranquiçadas. Composição RGB banda 1+7, 2, 1.

Classificação Não-Supervisionada e Supervisionada

Nesta etapa foram utilizadas técnicas de classificação não-supervisionada para estimar

as classes de treinamento presentes na imagem. As classes de treinamento são variações de

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padrões espectrais presentes na imagem que demonstram um comportamento espectral

semelhante. Este processo foi realizado utilizando a técnica ISODATA (CRÓSTA, 1993) para

estimar as classes de treinamento (Figura 18).

As zonas geradas a partir da classificação não-supervisionada evidenciadas na Figura

18 apresentam uma divisão irregular, sem uma separação coerente e até mesmo sem uma

definição clara de continuidade das unidades. Ocorre uma mistura das classes nas unidades, o

que não permite uma boa separação com esta técnica, mas esta auxilia na determinação de

zonas com diferentes respostas espectrais.

A partir da classificação não-supervisionada aplicada na imagem da área estudada

foram definidas zonas relacionadas às diferentes unidades-alvos aflorantes representadas com

cores:

Fm. Caboclo – Vermelho

Vegetação densa – Verde

Unidade B (Fm. Salitre) – Azul claro e Magenta

Fm. Bebedouro – Amarelo

Fm. Tombador – Ocorre uma mistura de classes na região SW da figura, não sendo portanto,

bem definidas.

Unidade B1 (Fm. Salitre) – Mistura das classes: Azul escuro e Verde musgo, indicando uma

indefinição na sua delimitação.

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Figura 18: Resultado do processo de classificação não-supervisionada.

Para obter um resultado satisfatório no mapeamento das zonas mineralizadas, foi

utilizado o processo de classificação supervisionada através do método de MAXVER

“Maximum Likelihood” (CRÓSTA, 1993) através das áreas de treinamento criadas pelas

semelhanças espectrais associadas aos padrões litológicos e dados obtidos em campo (LIMA,

2010). Para utilização desta técnica é necessário que se tenha um bom conhecimento da

imagem e da região estudada para que seja possível distinguir zonas com mesma resposta

espectral e características litológicas semelhantes.

Fm. Caboclo

Fm. Caboclo ou Bebedouro

Unidade B

Unidade B

Vegetação

Unidade B1 ou C

Unidade B1 ou Fm. Tombador

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O objetivo desta técnica resulta num mapa temático criado a partir das áreas de

treinamento. Existem vários tipos de classificação e o método de MAXVER traz melhores

resultados.

Após o processo de classificação, como resultado, o mapa temático visto na Figura 19

mostra a diferença do uso desta técnica em comparação com a classificação não-

supervisionada.

Figura 19: Resultado do processamento da imagem através do método de MAXVER na

classificação supervisionada.

Unidade B1

Unidade B

Unidade C

Fm. Caboclo

Fm. Tombador

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Comparando o resultado da classificação supervisionada com relação ao mapa

geológico é possível observar uma boa separação das classes-alvos com relação às unidades

litológicas.

Figura 20: Comparação entre a classificação supervisionada e o mapa geológico simplificado

da região de Nova Redenção.

O resultado obtido pela classificação supervisionada mostrou-se bastante satisfatório,

como pode ser observado na Figura 20. A separação das classes das unidades da Fm. Salitre, a

Fm. Bebedouro, Fm. Tombador, Fm. Caboclo foi bem sucedida com destaque na delimitação

dos corpos mineralizados da Unidade B1 da Fm. Salitre.

As técnicas de Sensoriamento Remoto mostraram-se uma boa ferramenta para

utilização na determinação de possíveis alvos para se realizar um estudo mais detalhado e

verificação em campo para comprovar os resultados obtidos no processamento das imagens

de Satélite.

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CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo principal deste trabalho foi de utilizar a ferramenta de Sensoriamento

Remoto, a fim de auxiliar no mapeamento geológico e integração de dados em SIG.

As mineralizações de Pb-Zn de Nova Redenção estão associadas a unidade B1 da

Formação Salitre, onde foi possível mapeá-la e separá-la como classe espectral através das

técnicas de Sensoriamento Remoto.

O resultado da classificação supervisionada utilizando o método de MAXVER

mostrou-se bastante eficaz na separação das unidades, no qual se pôde identificar a unidade

mineralizada B1. As respostas dos outros processos de análise espectral, como a determinação

das zonas com concentração de óxidos de ferro, zonas silicificadas e análises de principais

componentes corroboram o resultado obtido no modelo de classificação supervisionada.

A separação das unidades foi realizada de forma satisfatória, mas ainda possui níveis

de mistura como pode ser observado na Figura 19. Aquisição de mais dados para sustentar a

classificação auxiliaria no melhoramento da classificação. Um novo processo de coleta

sistemática de dados em campo pode melhorar a confiança dos dados obtidos e uma validação

do modelo também pode ser realizada em campo.

A utilização da ferramenta possibilitou a determinação das zonas mineralizadas

presentes na Unidade B1 da Formação Salitre, bem como a determinação de zonas com

concentrações de óxidos de ferro através do processamento de razão de bandas e

concentrações de zonas silicificadas através do processamento de adição de bandas.

Os processos formadores desta mineralização através de estudos de inclusões fluidas

indicaram a ação de processos hidrotermais, mas não foi possível determinar um modelo

clássico para o depósito de Nova Redenção, visto que os dados obtidos não se adéquam aos

modelos do tipo MVT e IRLANDÊS por diferenças na temperatura de homogeneização e

salinidade (GOMES, 1998 & 2005).

A utilização da ferramenta de Sensoriamento mostrou-se de grande auxílio no

reconhecimento das zonas podendo ser aplicado este método para outras áreas facilitando na

identificação de possíveis zonas mineralizadas.

Este procedimento pode ser empregado nas etapas de pré-campo para delimitar e

indicar possíveis alvos para mapeamento de detalhe e principalmente colaborar no

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mapeamento geológico, visto podemos melhorar os contatos entre as unidades e até separar

possíveis litofácies.

A etapa de campo tem importância fundamental em qualquer trabalho prospectivo,

tanto para determinação e confirmação de alvos pré-selecionados através das técnicas de

Sensoriamento Remoto, quanto para validação do modelo obtido por estas técnicas e por isso

não se pode suprimi-la.

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