universidade federal da bahia instituto de …‡Ão... · semelhantes ao sabão porque possuem uma...

45
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA ALBERTINO FREITAS SANTANA NETO OBTENÇÃO DE FORMULAÇÕES GALÊNICAS CONTENDO NANO E MICROCAPSULAS DE ÁCIDOS TRITERPÊNICOS Salvador 2015

Upload: vantuyen

Post on 10-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

ALBERTINO FREITAS SANTANA NETO

OBTENÇÃO DE FORMULAÇÕES GALÊNICAS CONTENDO NANO E MICROCAPSULAS DE ÁCIDOS TRITERPÊNICOS

Salvador

2015

ALBERTINO FREITAS SANTANA NETO

OBTENÇÃO DE FORMULAÇÕES GALÊNICAS CONTENDO NANO E MICROCAPSULAS DE ÁCIDOS TRITERPÊNICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia como requisito para obtenção do título de mestre em biotecnologia.

Orientadora: Dra. Lidércia C. R. Cavalcanti Co orientadora: Dra. Juceni Pereira de Lima David

Salvador 2015

SANTANA NETO, Albertino Freitas. Obtenção de formulações galênicas contendo nano e microcapsulas de ácidos triterpênicos.44 f. 2015. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

RESUMO

Os triterpenos constituem talvez o grupo mais importante dos terpenóides. Eles apresentam diversas propriedades medicinais, destacando-se os efeitos antinflamatórios, analgésicos, cardiovasculares e antitumorais.

O aumento da bioatividade destes ácidos pode apresentar um avanço na medicina como alternativa na terapia de diversas doenças. A inserção de novas tecnologias para produção fármacos é de essencial importância na química de produtos naturais, afim de tornar viável terapeuticamente algumas moléculas que possuem pouca expressão na natureza.

Nas últimas décadas, diferentes sistemas carreadores têm sido extensivamente estudados visando a liberação controlada do fármaco e o possível aumento da eficácia e seletividade das formulações. Tornando-os uma ótima estratégia para a aplicação de substâncias lipofílicas, para promover liberação homogênea do ativo.

A importância no desenvolvimento de formulações baseia-se no fato que raramente os ativos são administrados isoladamente, sendo frequentemente inseridos em uma formulação.

O objetivo deste trabalho foi à obtenção de formulações contendo nano e micro cápsulas a partir de ácidos triterpênicos.

Os lipossomas de ácidos triterpênicos foram obtidos através da técnica de extrusão utilizando seringas conectadas, apresentaram relativa estabilidade coloidal em relação a processos de agregação observada pelo Potencial zeta. Os tamanhos das partículas se encontram próximos a 1µm, tanto para os lipossomas contendo ácidos triterpênicos quanto para os puros, identificados pelo espalhamento de luz dinâmico (DLS), além da observação microscópica da morfologia e distribuição das microcápsulas as quais revelarem uma homogeneidade do diâmetro das vesículas e na distribuição na superfície na lâmina.

Quanto as formulações finais o pH compatível com o fisiologico informa ausência, ou pouca, interferência na a pele. Os produtos são estáveis e viáveis no estresse produzido frente ao teste centrifugação.

As formulações com os lipossomas possuem maior retenção de água, ampliando o poder de umectancia da formulação. Dentre as quais o emulsão com lipossomas de ácidos triterpênicos possui melhor espalhabilidade e também a melhor preservação do efeito antioxidante no produto final.

A encapsulação de ácidos terpênicos pode ser considerada viável e promissora, como também sua incorporação em formulações com finalidades farmacológicas e cosméticas. Palavras-chave: Lipossoma, Triterpênicos, Micro/nanotecnologia, Formulações.

SANTANA NETO, Albertino Freitas. Obtaining galenic formulations containing nano and microcapsules of triterpenic acids.44 f. 2015. Dissertation (Master degree) - Institute of Collective Health, Federal University of Bahia, Salvador, 2015.

SUMMARY

The triterpenes are perhaps the most important group of terpenoids. They have several medicinal properties, especially anti-inflammatory, analgesic, cardiovascular and anti-tumor effects.

The increased bioactivity of these acids may present an advance in medicine as an alternative in the therapy of various diseases. The insertion of new technologies for drug production is of essential importance in the chemistry of natural products, in order to make therapeutically viable some molecules that have little expression in nature.

In the last decades, different carrier systems have been extensively studied aiming the controlled release of the drug and the possible increase in the effectiveness and selectivity of the formulations. Making them an excellent strategy for the application of lipophilic substances, to promote homogenous release of the active.

The importance in the development of formulations is based on the fact that rarely the assets are administered alone and are often inserted into a formulation.

The objective of this work was to obtain formulations containing nano and microcapsules from triterpene acids.

The liposomes of triterpenic acids were obtained through the extrusion technique using connected syringes, presented relative colloidal stability in relation to the aggregation processes observed by zeta Potential. The particle sizes are close to 1μm for both triterpenic and pure acid-containing liposomes, identified by dynamic light scattering (DLS), as well as the microscopic observation of the morphology and distribution of the microcapsules, which reveal homogeneity of the diameter of the particles. Vesicles and on the surface distribution on the blade.

As for the final formulations the physiologically compatible pH informs the absence, or little, interference in the skin. The products are stable and viable in the stress produced against the centrifugation test.

Formulations with the liposomes have higher water retention, increasing the wetting power of the formulation. Among them, the emulsion with liposomes of triterpene acids has better spreadability and also the best preservation of the antioxidant effect in the final product.

The encapsulation of terpene acids can be considered viable and promising, as well as their incorporation in formulations with pharmacological and cosmetic purposes. Key words: Liposome, Triterpenes, Micro / nanotechnology, Formulations.

Sumário 1. Introdução 6

2. Fundamentação teórica 10 3. Objetivos 18 4. Metodologia 19 4.1. Obtenção dos ácidos triterpênicos

4.2. Obtenção do sistemas nano e micro encapsulados de ácidos

triterpênicos

19 19

4.3. Avaliação dos sistemas nano e micro encapsulados de ácidos

triterpênicos

21

4.3.1. Potencial Zeta 21

4.3.2. Espalhamento de luz Dinâmico(DLS) 21

4.3.3. Microscopia óptica 22

4.4. Obtenção das formulações galênicas: Emulsão e gel 22

4.4.1. Preparo da emulsão 22

4.4.1.1.Formulação de emulsão O/A 22

4.4.1.2. Técnica de preparo da emulsão 23

4.4.2. Preparo do gel 23

4.4.2.1 Formulação do gel 23

4.4.2.2 Técnica de preparo do gel 24

4.5 Veiculações das nano e microcápsulas de ácidos triterpênicos

nas formulações galênicas (emulsão e gel)

24

4.6 Avaliação das formulações galênicas 24

4.6.1 Características Organolépticas 24

4.6.2 Avaliação do pH 25

4.6.3 Ensaio de estabilidade acelerada por centrifugação. 25

4.6.4. Avaliação do poder de humectancia 25

4.6.5. Espalhabilidade 25

4.6.6. Determinação da atividade antioxidante 26

5. Resultados e Discussão 27

5.1 Potencial Zeta 27

5.2 Espalhamento de luz Dinâmico (DLS) 28

5.3 Microscopia óptica 30

5.4 Veiculações das nano e microcápsulas de ácidos triterpênicos

nas formulações galênicas (emulsão e gel)

32

5.5 Características organolépticas 32

5.6 Avaliação do pH 32

5.7 Ensaio de estabilidade acelerada por centrifugação 33

5.8. Avaliação do poder de umectante

5.9. Espalhabilidade

34 35

5.10 Determinação da atividade antioxidante 36

6. Considerações Finais 38

7. Referências 40

6

1. Introdução

1.1- Ácidos Triterpênicos

Os terpenos constituem uma grande família de metabólitos secundários,

compreendendo cerca de 30.000 estruturas, classificados de acordo com o número

de unidades isoprênicas, ou seja, de cinco carbonos, que vão se ligando entre si,

formando as seguintes classes: hemiterpenoides (C5), monoterpenoides (C10),

sesquiterpenoides (C15), diterpenoides (C20), triterpenoides (C30), tetraterpenoides

(C40) e politerpenoides (>C40) (DUBEY etal., 2003). O isopreno é produzido

naturalmente, mas não está envolvido diretamente na formação dos produtos

pertencentes a estas classes. As unidades bioquimicamente ativas de isopreno são

na realidade o dimetilalil pirofosfato (DMAPP) e o isopentenil pirofosfato (IPP). Os

monoterpenos e sesquiterpenoides são os principais constituintes dos óleos voláteis,

importantes comercialmente como componentes na fabricação de sabões,

detergentes, cosméticos e perfumaria, além de, nas plantas, serem atrativos dos

polinizadores. Os sesquiterpenos e diterpenos, em geral, apresentam funções

protetoras contra fungos e bactérias. Além disso, sesquiterpenos, tais como, ácido

abscisico, bem como, diterpenos, tal como, giberelina atuam como fitohormonios. Os

triterpenos e seus derivados esteroidais apresentam uma gama de funções como

proteção contra herbívoros, atuamna germinação das sementes e na inibição do

crescimento da raiz. Os terpenoides são compostos que ocorrem em todas as

plantas e compreendem uma classe de metabólitos secundários com uma grande

variedade estrutural apresentando importantes funções biológicas e fisiológicas e,

por isso, muitos são utilizados na área farmacêutica (NIERO; MALHEIROS, 2007)

Os esteroides representam uma importante classe de substâncias terpênicas

os quais são componentes dos lipídios de membrana e precursores de hormônios

esteroides em mamíferos, plantas e insetos. Outra classe importante de triterpenos

são as saponinas. Como o próprio nome indica, são prontamente reconhecidas pela

formação de espuma em certos extratos vegetais. Essas substâncias são

semelhantes ao sabão porque possuem uma parte solúvel (ose ou açucar) e outra

lipossolúvel (triterpeno). Nas plantas, as saponinas desempenham um importante

papel na defesa contra insetos e micro-organismos (PERES, 2004).

7

Os triterpenos constituem talvez o grupo mais importante dos terpenóides.

Eles apresentam diversas propriedades medicinais, destacando-se os efeitos

antinflamatórios, analgésicos, cardiovasculares e antitumorais. (NIERO;

MALHEIROS; 2007). A exemplo do ácido betulinico que é um triterpenóide

pentaciclico pertencente ao grupo dos lupanos (Figura 1) e ocorre em muitas

plantas, porém quase sempre encontrado em pequenas concentrações nas espécies

vegetais. É conhecido pelas suas propriedades antiinflamatórias, mas, que mais têm

sido estudadas nos últimos anos são as anticancerígenas. Através das investigações

decorridas descobriu-se o potencial citotóxico do ácido betulínico para as células de

melanomas cancerígenos, não só em ratos como mesmo em células humanas. O

triterpeno não só inibe o crescimento das células malignas, como provoca mesmo a

autodestruição, a sua morte “programada” (apoptose) (PEZZUTO, Patente

Americana nº 5 862 527, 1999, apud, SILVA, 2014).

Figura 1 – Ácido Betulinico e Oleanólico, respectivamente.

A sua grande especificidade para as células tumorais tem também outra

vantagem: não ataca as células saudáveis circundantes. Tendo em conta que os

atuais medicamentos existentes no mercado funcionam como um veneno, matando

e impedindo de se replicar qualquer tipo de células quer sejam malignas ou não, o

ácido betulínico adquire certa vantagem sobre estes medicamentos. (PEZZUTO,

Patente Americana nº 5 862 527, 1999, apud, SILVA, 2014).

O seu baixo custo, a sua fácil obtenção, a sua baixa toxicidade em

organismos vivos e as características únicas antitumorais tornam o ácido betulínico o

mais promissor triterpenóide a ser usado no tratamento do câncer.

Outro exemplo é o ácido oleanólico, um triterpenóide pentacíclico pertencente

ao grupo dos oleanos (Figura 1), também conhecido como ácido (3β)-hidroxioleano-

8

12-en-28-óico. Do ponto de vista de suas características biológicas, este triterpeno é

ativo contra câncer de pele (melanomas), porém exibe uma atividade inferior ao

ácido betulínico. Normalmente, este triterpeno ocorre em mistura com o ácido

ursólico em igual quantidade, assim, é sempre preferível à utilização do mais ativo,

no caso o ácido ursólico. No entanto, a obtenção de alguns derivados de são muito

mais ativos que o próprio ácido oleanólico. (SABINSA CORPORATION, 2000.

Acesso em 08.04.12, apud, SILVA, 2014).

Mesmo assim, o ácido oleanólico possui uma maior capacidade

anticancerígena que a maioria dos triterpenóides, e, como sendo relativamente fácil

de encontrar na natureza, apresenta relevante importância medicinal. (SPORN,

2000, apud, SILVA, 2014).

1.2- Nanotecnologia

O aumento da bioatividade destes ácidos pode apresentar um avanço na

medicina como alternativa na terapia de diversas doenças. A inserção de novas

tecnologias para produção fármacos é de essencial importância na química de

produtos naturais, afim de tornar viável terapeuticamente algumas moléculas que

possuem pouca expressão na natureza.

Nas últimas décadas, diferentes sistemas carreadores têm sido

extensivamente estudados visando a liberação controlada do fármaco e o possível

aumento da eficácia e seletividade das formulações. Para isso diferentes estratégias

têm sido propostas, visto que, sistemas nanométricos têm uma grande área

superficial. Tornando-os uma ótima estratégia para a aplicação de substâncias

lipofílicas, para promover liberação homogênea do ativo.

A nanotecnologia é um campo multidisciplinar que tem avançado rapidamente

nos últimos anos, encontrando aplicações nas mais diversas áreas, desde setores

de energia e eletrônica até a indústria farmacêutica. Tem o potencial de revolucionar

amplamente vários campos tecnológicos e científicos.

A nanotecnologia consiste na habilidade de manipular a matéria em escala

nanométrica, ou seja, uma escala que corresponde a 1 bilionésimo do metro, com o

objetivo de criar estruturas com uma organização molecular diferenciada. Diversas

pesquisas vêm demonstrando o grande potencial da nanotecnologia farmacêutica no

9

tratamento, prevenção e diagnóstico de inúmeras patologias (PEREIRA et al, 2006)

Carreadores coloidais de fármacos, incluindo as nanoemulsões, nanoesferas,

nanocápsulas, lipossomas e complexos lipídicos, têm atraído um crescente interesse

nos últimos 20 anos. Sendo utilizados como veículos para administração tópica de

fármacos lipofílicos por permitirem a otimização da velocidade de cedência e do

regime de dosagem das substâncias. (VERMA et al, 2003; SHIM et al 2004; CEVEC

et al, 2004).

As nanopartículas possuem algumas características vantajosas que fazem

delas carreadores promissores para aplicações tópicas, como a capacidade de

proteção a compostos lábeis contra degradação química, possibilidade de controle

da liberação da substância ativa e podem atua como agentes oclusivos. No caso de

repelente para aplicação tópica, a liberação imediata pode ser útil para melhorar a

penetração de uma substância e a liberação sustentada é importante para

substâncias ativas potencialmente irritantes em concentrações elevadas ou que

devam suprir a pele por um período prolongado de tempo (JENNING et al, 2000).

O estudo de nanoemulsões têm atraído considerável atenção no campo

industrial, incluindo cosméticos, produtos farmacêuticos e agroquímicos. Estas

emulsões são produzidas principalmente pelos sistemas modernos de emulsificação,

como microfluidização e submicron resultando em emulsões que podem ter um alto

potencial de aplicação em encapsulamento de ingredientes. Visto que a estabilidade

e outras características da emulsão, tais como tamanho e distribuição das gotas

desempenham um papel fundamental na retenção e teor de óleo na superfície do

produto (JAFARI et al, 2007).

As preparações semi-sólidas cutâneas são formuladas de modo a

promoverem a libertação local ou transdérmica das substâncias ativas; são

igualmente utilizadas devido à sua ação emoliente ou protetora. Apresentam aspecto

homogêneo e são constituídas por um excipiente, simples ou composto, no qual são

dissolvidas ou dispersas uma ou várias substâncias ativas, sendo que a composição

do excipiente pode ter influência na atividade da preparação. Os excipientes que se

utilizam podem ser substâncias de origem natural ou sintética e podem ser

monofásicos ou multifásicos. Deste modo, conforme a natureza do excipiente, a

preparação pode ter propriedades hidrófilas ou hidrófobas. Por outro lado, a

10

preparação pode conter outros excipientes apropriados, como agentes

antimicrobianos, antioxidantes, estabilizantes, emulsionantes, espessantes e

promotores da absorção. (Farmacopeia Portuguesa VIII, 2005)

A administração cutânea é uma via especialmente destinada à obtenção de

uma ação tópica, mais ou menos profunda, e só em casos particulares se recorre a

ela para se obter uma absorção sistémica do fármaco. (OLIVEIRA,l 2009).

Formulações diferenciadas, como por exemplo, a microencapsulação e a

nanoemulsão estão sendo desenvolvidas para reduzir a quantidade a ser aplicada,

aumentar a duração da sua eficácia, reduzindo a sua volatilização, simplificar o

manuseio de material e diminuir a taxa de degradação no meio ambiente.

2. Fundamentação teórica

2.1- Estudo fitoquímico Brasileiro

O Brasil, com a grandeza de seu litoral, de sua flora e, sendo o detentor da

maior floresta equatorial e tropical úmida do planeta, não pode abdicar de sua

vocação para os produtos naturais. (PINTO, 2002).

Nos últimos anos tem se verificado um grande avanço científico envolvendo

estudos quimicos e farmacologicos de plantas medicinais que visam obter

compostos com propriedades terapêuticas. Isso pode ser claramente observado pelo

aumento de trabalhos publicados nessa área tanto em congressos, como em

periódicos nacionais e internacionais. (CECHINEL FILHO, 1998).

Apesar desses avanços, a composição química e as atividades biológicas das

substâncias isoladas de plantas ainda são pouco conhecidas e exploradas,

principalmente das espécies brasileiras. Em 1987 foi estimado que de um total de

aproximadamente 60 mil espécies, somente 880 possuíam algum estudo fitoquímico

realizado (Ribeiro, 1987). Mesmo que este levantamento reflete dados de mais de 15

anos atrás, na última década, não houve uma mudança abrupta no conhecimento da

composição química da flora brasileira. Recentemente, um grupo de pesquisadores

efetuou um levantamento a respeito da química e farmacologia das substâncias e

extratos das espécies vegetais de ocorrência na caatinga brasileira. Os resultados

deste levantamento indicaram que houve pouco progresso no conhecimento químico

11

e biológico das espécies vegetais brasileiras. Dentre as 1981 plantas da caatinga

descritas no Herbário do Departamento de Biologia da UEFS, distribuídas em 84

famílias, somente cerca de 10 % delas possuíam algum tipo de estudo químico. E

somente 10 espécies possuíam estudos químicos e farmacológicos sistemáticos e

definitivos (David et al, 2002). Estes dados são mais um indício de que só

recentemente a comunidade científica tem intensificado estudos interdisciplinares,

no intuito de testar biologicamente as substâncias isoladas.

2.2- Testes biológicos

Uma grande área de estudo dos vegetais brasileiros e, principalmente

baianos, são os compostos com propriedades antioxidantes, estas substâncias

presentes na matéria prima vegetal são utilizados para proteção de cosméticos,

medicamentos e alimentos contra a decomposição oxidativa. Tem sido demonstrado

em diversos experimentos, que enzimas e metabólitos presentes em plantas

superiores (principalmente fenólicos) se protegem da ação oxidante através da

inibição da formação de radicais livres e pelo seqüestro dessas espécies

oxigenadas, como exemplo, os radicais peróxidos. (ANDERSON et al., 1991). Um

outro aspecto é que a descoberta de novas substâncias, de origem vegetal, com

atividade antioxidante pode vir a ter grande interesse científico e farmacêutico.

Atualmente, sabe-se que existe uma correlação entre esta atividade e a propriedade

que alguns antioxidantes apresentam de inibir o aparecimento de células

cancerígenas, além de retardar o envelhecimento das células em geral (FAURÉ et

al, 1990; Ho et al., 1994).

Grandes companhias farmacêuticas aliadas a Instituições de pesquisas de

países desenvolvidos têm grande interesse na busca de novas drogas

anticancerígeas a partir de fontes naturais (BALICK et al., 1996). A utilização de

Artemia salina como pré-screen de anticancerígenos, pode ser considerada como

um indicador confiável quanto a toxicidade de substâncias que se encontram nos

extratos orgânicos testados. Esta consideração encontra-se fundamentada em

estudos de bioensaios comparativos, com diversas substâncias reconhecidamente

citotóxicas, entre o teste de letalidade do camarão e testes in vitro efetuados com

12

linhagens de células cancerígenas (MEYER et al., 1990, ANDERSON et al, 1991).

Ficou demonstrado que o teste com A. salina é tão acurado quanto os testes

realizados com células cancerígenas, proporcionando assim um meio para seleção

de extratos que devam ser estudados para obtenção de novas substâncias

citotóxicas.

Deste modo, somente as substâncias puras, após elucidação estrutural,

seriam submetidas à avaliação in vitro da citotoxicidade, diminuindo-se custos e

permitindo que laboratórios químicos e biológicos trabalhassem com busca de novas

substâncias com atividade citotóxica. O protocolo do Método está descrito em Baker

et al., 1995.

2.3- Relevância clínica do estudo de antioxidantes de origem vegetal.

Nos últimos anos, evidências crescentes indicam que vários estados

patológicos como artrites reumáticas, asma, câncer, arteriosclerose, inflamações

intestinais, doenças degenerativas do sistema nervoso central, mal de Alzheimer, e

mal de Parkinson estão associados em parte com os efeitos deletérios que o

desequilíbrio entre fatores pró e antioxidantes (estresse oxidativo) e a produção

descontrolada de radicais livres pode provocar nos sistemas biológicos (Cuzzocrea,

2001; Müller, 1992). A busca por agentes capazes de interferir nos mecanismos de

envelhecimento celular e consequente desenvolvimento de diversas enfermidades

correlacionadas passou a ser uma das prioridades nos setores médico e

farmacêutico impulsionando esforços científicos nas áreas de química e

farmacologia de produtos naturais (Middleton, 2000). A doença de Alzheimer afeta

aproximadamente 4 milhões de pessoas unicamente nos Estados Unidos sendo

responsável pela maioria dos casos de demência na terceira idade (Hostettmann,

2003). Esta doença encontra-se associada com déficits dos diversos

neurotransmissores cerebrais, como a acetilcolina, a noradrenalina e a serotonina

(Bryne, 1998). Portanto a restauração da função colinérgica é a primeira etapa no

tratamento sintomático da doença de Alzheimer. Assim, inibidores da colinesterase,

os quais aumentam a função colinérgica central, são utilizados no tratamento desta

doença (Perry, 1999).

13

Em função das poucas alternativas de medicamentos utilizados no tratamento

do mal de Alzheimer, há um grande interesse pela descoberta de novos fármacos,

principalmente os de origem natural, que possam ser utilizados no tratamento desta

doença ou mesmo que sirvam de modelo para o desenvolvimento de novos

fármacos.

Os ácidos triterpênicos tais como ácido betulínico e oleanólico são

substâncias que ocorrem no reino vegetal e que têm atividades biológicas

conhecidas importantes. No Japão, por exemplo, são usados na terapia de câncer

da pele e as preparações contendo os dois são também recomendadas para evitar o

surgimento de melanonas. Além disso, o ácido betulínico apresenta atividade anti-

HIV em células linfócitas H9.

Estes ácidos terpênicos também são empregados em cremes e cosmésticos,

pois melhoram a saúde da pele e do cabelo, formando uma barreira de proteção

contra agressões externas. Desta forma, melhoram a elasticidade da pele e

restauram as fibras de colágeno, além de atenuarem as linhas de expressões, rugas

e manchas na pele. Apesar destes usos, estas substâncias são obtidas

comercialmente através de fontes naturais, pois, a síntese total torna inviável

economicamente.

2.4- Nanotecnologia

Um dos setores da nanotecnologia com maior potencial de aplicação são os

sistemas de carreamento e liberação de fármacos e vacinas para melhorar a sua

eficácia terapêutica.

O desenvolvimento de sistemas nanocarreadores pode ser considerado uma

interessante abordagem para explorar as propriedades deste composto na clínica.

Carreadores coloidais diferem entre si em função da sua composição, capacidade de

incorporar fármacos e aplicabilidade, mas a característica comum é o tamanho

submicrométrico de partícula. Entre os carreadores nanoestruturados com potencial

aplicação tópica destacam-se as nanopartículas lipídicas sólidas (NLS), as

nanoemulsões (NE) e as microemulsões (ME). Estes sistemas nanoestruturados são

constituídos por lipídios altamente purificados e misturas complexas de glicerídeos

14

apresentando tamanho de partícula variável. Entre suas principais características

incluem excelente estabilidade física.

2.5- Potencial Zeta

Nas nanoemulsões, as minúsculas dimensões das gotículas reduzem muito a

força da gravidade, evitando que haja a criação de sedimentos durante o

armazenamento do produto. O pequeno tamanho das gotículas também evita a

floculação. Evitando a floculação, o sistema mantém-se disperso, sem separação.

As gotículas também evitam a coalescência por não serem deformáveis e não

apresentarem alterações da superfície (NEVES, 2008). Uma forma de investigar a

relativa estabilidade coloidal dessas partículas é determinar o Potencial Zeta das

mesmas que, dependendo da sua intensidade, pode contribuir significativamente

nos processos de agregação ou não agregação (Maron et al, 2007).

A presença de uma carga superficial em partículas suspensas num líquido

afeta a distribuição de íons que estão numa região muito próxima da partícula, ou

seja, na interface entre a superfície da partícula e o meio de suspensão. O efeito

resultante é o acúmulo de íons de carga oposta à carga da superfície, na região que

cerca a partícula. Esses íons acabam formando uma “camada elétrica” que reveste a

partícula e a mesma é dividida em duas partes: uma camada interna, onde os íons

estão fortemente ligados à partícula, e uma camada externa, onde os íons se

difundem e estão fracamente ligados. A camada externa representa uma barreira de

proteção dentro da qual a partícula e os íons formam uma entidade com relativa

estabilidade iônica. Quando a partícula difunde no líquido, sob ação de uma

diferença de potencial na ordem de 150 V, os íons contidos dentro dessa barreira se

difundem juntamente com a partícula, o que não acontece com os íons externos à

barreira. O potencial que existe nesta barreira é denominado de potencial

eletrocinético, mais conhecido como Potencial Zeta. (Maron et al, 2007)

Potencial Zeta é, portanto, a diferença de potencial entre o meio de dispersão

e a camada externa. A magnitude deste potencial permite uma avaliação da

estabilidade das partículas em suspensão considerando que, se todas as partículas

apresentam um valor altamente positivo ou altamente negativo de Potencial Zeta,

15

elas irão repelir umas às outras evitando a agregação. No caso de valores de

Potencial Zeta muito baixos, próximos à zero, a ausência de carga superficial pode

favorecer, em alguns casos, interações entre partículas o que promove processos de

floculação ou agregação.

Quando um equilíbrio de forças é estabelecido, as partículas se movem em

direção ao eletrodo de carga oposta com velocidade constante. Essa velocidade da

partícula num campo elétrico é denominada de mobilidade eletroforética e, a mesma

depende da potência do campo elétrico, da constante dielétrica do meio, da

viscosidade do meio e do Potencial Zeta. (Maron et al, 2007).

Desta forma, o Potencial Zeta de partículas em suspensão é obtido pela

aplicação da equação de Henry:

onde UE é a mobilidade eletroforética, ε a constante dielétrica, ζ o Potencial Zeta, η

a viscosidade e f(ka) a função de Henry. Valores aproximados de 1,5 ou 1,0 são

assumidos para a função de Henry. Basicamente, nas determinações de Potencial

Zeta em meio aquoso de moderada concentração de eletrólito, o valor de 1,5 é

empregado. Nesta condição considera-se o modelo de Smoluchowski com partículas

de tamanhos em torno de 200 nm ou mais, dispersas em eletrólitos contendo uma

concentração de sal maior de que 10-3 M. Para partículas menores, dispersas num

meio de baixa constante dielétrica (geralmente meios não aquosos), o valor de 1,0 é

utilizado e o mesmo refere-se à aproximação de Huckel. (Maron et al, 2007).

2.6- Espalhamento de Luz Dinâmico (DLS)

Outra forma de avaliar a distribuição dos tamanhos das partículas é o

espalhamento de luz dinâmico ou DLS, uma das estratégias para determinação do

coeficiente de difusão (D) e raio hidrodinâmico (Rh) de uma partícula é o

espalhamento de luz dinâmico (DLS).

No DLS uma radiação eletromagnética conhecida é emitida sobre uma

solução de amostra com diluição infinita. Ao atingir as partículas ocorre uma

16

mudança do vetor elétrico da luz emitida que provoca o espalhamento da luz, sendo

este proporcional à concentração de partículas e ao tamanho destas, uma vez que

partículas menores espalham mais a luz em menores ângulos, e partículas maiores

em maiores ângulos, a observação da luz espalhada normalmente é feita a 90 º. A

intensidade de luz espalhada varia com o movimento Browniano das partículas,

sendo inversamente proporcional ao tamanho destas, assim partículas menores

apresentam uma maior frequência de variação da luz espalhada do que partículas

maiores. Essa movimentação das partículas na solução é determinada como

coeficiente de difusão e é inversamente proporcional ao Rh das partículas. (BERNE

e PECORA, 2000; CHU, 2007).

2.7- Lipossomas

Os lipossomas são estruturas que apresentam grande similaridades com as

membranas biológicas. As bicamadas lipídicas dos lipossomas no laboratório são

facilmente formadas, agitando-se com alta frequência os fosfolipídios em

suspensões aquosas, um processo que resulta na formação dos lipossomas,

vesículas fechadas, formadas por uma bicamada contínua de fosfolipídios

(Lehninger et al., 2000).

Tais bicamadas e os lipossomas têm sido estudados intensamente, pois suas

propriedades são muito semelhantes àquelas das membranas naturais. Por

exemplo, as bicamadas de fosfolipídios e as membranas naturais possuem alta

resistência elétrica; elas permitem que a água passe facilmente, mas não permitem

a passagem de cátions ou ânions.

As bicamadas são estruturas mais rígidas que as micelas, embora ambos

sejam sistemas altamente dinâmicos, havendo constantes intercâmbios entre os

monômeros fosfolipídicos em solução e aqueles que fazem parte da estrutura. Esta

rigidez pode ser avaliada pelo tempo de troca de monômeros entre os agregados e a

solução, que é da ordem de milisegundos para micelas e várias horas para

bicamadas de fosfolipídio. (Ridout et al., 1988).

A partir dos resultados químicos, das evidências da microscopia eletrônica e

da semelhança nas propriedades das membranas naturais com as bicamadas de

17

fosfolipídios sintéticos, Singer e Nicholson (1972) postularam uma teoria unificadora

da estrutura de membrana chamada de modelo do mosaico fluido. De acordo com o

modelo de mosaico-fluido de Singer e Nicholson, a matriz da membrana biológica é

uma bicamada de glicofosfolipídios na qual proteínas estão incorporadas em sua

superfície ou em seu interior (Singer e Nicholson, 1972).

Uma vantagem da aplicação de sistemas lipossomados, com relação a outros

sistemas transportadores de fármacos, é a sua elevada biocompatibilidade,

especialmente quando estes são formados de lipídeos pertencentes às famílias de

lipídeos naturais. Além disso, são sistemas altamente versáteis, cujo tamanho,

lamelaridade, superfície, composição lipídica, volume e composição do meio aquoso

interno podem ser manipulados em função dos requisitos farmacêuticos e

farmacológicos. (Frézardet al., 2005). Os lipossomos possuem a capacidade de

encapsular moléculas hidrofílicas no núcleo aquoso e moléculas hidrofóbicas na

região apolar das bicamadas e liberar estas moléculas dentro de determinadas

condições ambientais e energéticas.

A importância no desenvolvimento de formulações cosméticas em cremes ou

outras formulações baseia-se no fato que raramente os ativos são administrados

isoladamente, sendo frequentemente inseridos em uma formulação, combinados

com diversas substâncias inativas denominadas adjuvantes cosméticos ou

excipientes (ANSEL, 2007). A variação destes adjuvantes produz formas cosméticas

variadas, desde simples soluções até sistemas de liberação complexa (AULTON,

2005).

2.8- Formulação Galênica

As formas de apresentação dos cosméticos são fundamentais para a

atividade das substâncias ativas uma vez que é responsável por conferir peso,

volume e consistência apropriada ao cosmético, proporcionar a precisão na dose do

ativo, aumentar ou preservar a estabilidade físico-química e microbiológica dos

componentes ativos, promover perfis diferenciados de liberação, facilitar a adesão

ao tratamento, dentre outros (Ferreira, 2008).

As formas cosméticas básicas, desprovidas de atividade estética, são

18

conhecidas como bases galênicas. São preparações compostas de uma ou mais

matérias-primas, com fórmula definida, destinadas a serem utilizadas como veículos

de preparações farmacêuticas e ou cosméticas (ANVISA, 2007)

As emulsões são muito utilizadas como bases galênicas para incorporação de

ativos em cosméticos. São formas que apresentam boa aceitação pelo consumidor,

pois não são gordurosas, são de fácil aplicação e apresentam fácil espalhamento.

Uma emulsão é um sistema termodinamicamente instável sendo, portanto

necessário no desenvolvimento de sistemas emulsionados o estudo de sua

estabilidade (Alves,1999).

Uma nova formulação desenvolvida deverá ter estabilidade, que é a

capacidade que o produto tem num determinado período de tempo, do início ao final

de sua vida útil, e numa embalagem determinada, de manter as suas propriedades e

características que apresentava no momento em que finalizou a sua fabricação

através de um procedimento padronizado (D`León, 2001).

2.9- Estabilidade de formulações

Pelo perfil de estabilidade de um produto é possível avaliar seu desempenho,

segurança e eficácia, além de sua aceitação pelo consumidor. O estudo de

estabilidade fornece indicações sobre o comportamento do produto, em determinado

intervalo de tempo, frente a condições ambientais a que possa ser submetido, desde

a fabricação até o término da validade.

O estudo de estabilidade é um indicativo de que não ocorrerão problemas nas

formulações no decorrer do tempo de armazenamento e durante o uso do produto

pelo consumidor. Para a obtenção do sucesso estético, a forma cosmética deve

apresentar-se estável, o que torna a avaliação de sua estabilidade um fator

fundamental para os produtos.

3. Objetivos

Obter de formulações contendo nano e micro cápsulas a partir de ácidos

triterpênicos encontrados em plantas do semi-árido baiano dos gêneros Eriope que

19

são endêmicas na Bahia.

Objetivos Específicos

1. Obter os sistemas nano e micro encapsulados de ácidos triterpenicos;

2. Avaliar as características morfológicas nano e micro esferas contendo

os bioativos;

3. Realizar estudos de pré-formulação de bases galênicas para

associação com os ácidos triterpenicos e seus sistemas encapsulados;

4. Desenvolver formas galênicas de uso externo contendo os derivados

vegetais;

5. Avaliar as formas galênicas de uso externo contendo os bioativos e

seus sistemas carreadores.

4. Metodologia

4.1. Obtenção dos ácidos triterpênicos

Os ácidos triterpênicos foram cedidos pela Professora Juceni Pereira de Lima

David, os quais foram isolados de plantas do gênero Eriope.

Após a coleta das folhas e caule, foram secados em estufa a 40°C com

ventilação, moído (moedor tipo TECNAL) e submetidas à maceração por 48 horas

por quatro vezes consecutivas em metanol. O extrato metanólico bruto obtido após

concentração no evaporador rotatório, foi particionado com hexano e em seguida

com clorofórmio. Secados e obtidos a massa.

4.2. Obtenção dos sistemas nano e micro encapsulados de ácidos

triterpênicos

Os lipossomas foram obtidos pela técnica de extrusão constituído de duas

seringas tipo luer lock de capacidade para 60mL acopladas a um conector, a partir

da aplicação de pressão por meio de seringas conectadas.(Figura 2). Preparou-se

uma fase oleosa (microemulsão) contendo lecitina de soja granulada, palmitato de

Isopropila e ácido sorbico nas quantidades de 50g, 50g e 1g, respectivamente. Em

20 ml desta fase adicionou-se 4,4 ml de ácidos triterpênicos (ácido betulínico e

oleanólico) chegando a concentração de 5% de (Fase oleosa). A fase aquosa

20

composta de 10g de Hidroximetilpropilcelulose (HPMC), 0,1g de Sorbato de potássio

e quantidade suficiente de água destilada para 50mL. (WILLIMANN et al; 1992 -

ADAPTADO).

Figura 2 – Sistema de extrusão: seringas conectadas

A fase aquosa foi transferida para uma seringa tipo luer lock com capacidade

para 60mL e a fase oleosa acondicionada em outra seringa com as mesmas

especificações. As seringas foram acopladas com auxilio de um conector formando

um ângulo de 90 graus. Foi aplicada, alternadamente, uma pressão manual nos

êmbolos das seringas para a incorporação das fases. Este procedimento foi

reproduzido 110 vezes, até total homogeneização. O sistema obtido foi mantido sob-

refrigeração (10 °C) (JONES, 2003 – ADAPTADO).

As amostras foram filtradas a 0,45µm e armazenadas em Eppendorfs.a

temperatura ambiente (Figura 3).

21

Figura 3 – Eppendorfs com amostras dos lipossomas.

4.3. Avaliação dos sistemas nano e micro encapsulados de ácidos

triterpênicos

4.3.1. Potencial Zeta

Para a realização deste trabalho, as medidas foram feitas em triplicata,

alíquotas diluídas cerca de 250 vezes, empregando-se o Zetatrac (Micotrac), na

temperatura de 25°C. Com a medida do Potencial Zeta pode-se estimar a

estabilidade das dispersões coloidais.

4.3.2. Espalhamento de Luz Dinâmico(DLS)

Todas as amostras foram filtradas com filtro de membrana 0,45 μm de

porosidade para dentro de cubetas óticas. No Centro de tecnologias do Nordeste

(CETENE), as amostras foram então analisadas em um espectrômetro do

espalhamento de luz Brookhaven Instruments (goniômetro BI-200, correlator digital

AT BI-900), com laser de He-Ne (λ0 = 632,8 nm) como fonte de radiação. Para os

experimentos de DLS, o volume de espalhamento detectado pelo detector foi

minimizado com uma abertura de 0,4 mm, e também utilizou-se um filtro de

interferência entre o porta-amostras e a detecção do sinal na fotomultiplicadora. A

22

luz espalhada foi coletada a um ângulo de 90º entre a radiação incidente na amostra

e a radiação espalhada detectada (luz espalhada pelas partículas). As funções de

correlação temporal foram obtidas em um modo denominado multi-τ, usando-se 66

canais e analisadas utilizando-se o método dos cumulantes, disponibilizado pelo

fabricante do equipamento (software Bookhaven Instruments). As medidas de

intensidade de luz espalhada (Is) em função da temperatura foram realizadas

utilizando-se um banho externo acoplado, o qual permite variar a temperatura numa

faixa de 15 a 75˚ C. Dessa forma, as amostras de lipossomas foram aquecidas de

15 a 75˚ C seguindo uma rampa de 1˚ C/min com intervalos de 10 minutos a cada 2˚

C. As medidas foram obtidas no ângulo de 135˚, para maximizar a contribuição da

bicamada lipídica na luz espalhada.

A amostra de lipossomas dos ácidos triterpênicos (solução aquosa a 1%) foi

submetida sem diluições a medida de espalhamento dinâmico de luz utilizando-se o

equipamento Zetatrac (Micotrac) A amostra foi introduzida em uma cela de quartzo

de 1 cm de caminho óptico e as medições foram realizadas à temperatura ambiente

de 25 ºC. O equipamento possui dois lasers de diodo de 5 mW operando num

comprimento de onda de 780 nm.

4.3.3. Microscopia óptica

As amostras foram preparadas a temperatura ambiente e filtrados a 0,45 μm,

uma pequena alíquota de cada amostra concentrada foi depositada sobre uma

lâmina de vidro apropriada de 10x3 cm, uma porção considerável de água MilliQ foi

adicionada para dispersão da amostra e uma outra lâmina foi sobreposta.

Analisados em Microscópico óptico Olympus BX-43 e fotografados com camêra

Olympus PM20.

4.4. Obtenção das formulações galênicas: Emulsão e gel

4.4.1. Preparo da emulsão

4.4.1.1.Formulação de emulsão O/A

23

Fase oleosa:

Cera autoemulsionante 15 g

Vaselina liquida 2 g

Propilparabeno 0,015 g

Fase aquosa:

Propilenoglicol 2g

Metilparabeno 0.05 g

Água destilada q.s.p. 100 g

4.4.1.2. Técnica de preparo da emulsão

Para o preparo da fase aquosa, o metilparabeno foi pesado, adicionado em

60 mL de água destilada e levado para aquecimento em Becker de vidro (200 mL)

até 80ºC.

Para o preparo da fase oleosa, o álcool cetílico + estearato de glicerila +

estearato de PEG75 + Ceteth20 + Esteareth20 (Emulium Delta), o propilparabeno e

a vaselina líquida foram pesados separadamente. Posteriormente foram

acondicionados em um outro Becker de vidro (200mL), previamente tarado, e

levados para aquecimento até 75ºC.

A fase aquosa (a 80ºC) foi vertida sobre a fase oleosa (a 75ºC), sob agitação

constante e vigorosa. A agitação da preparação foi mantida até a temperatura

ambiente.

4.4.2. Preparo do gel

4.4.2.1 Formulação do gel

Carbômero ácido 1g

Metilparabeno 0,005g

Trietanolamina 0,6g

Água destilada q.s.p. 100g

4.4.2.2 Técnica de preparo do gel

24

Para o preparo do gel, é homogeneizado o metilparabeno na água

previamente medida, então é polvilhado o carbomêro sobre a água destilada em

repouso. Após total hidratação do carbomêro ácido, adiciona se a trietanolamina, só

então são agitados com auxilio de um mixer vigorosamente. Observa se a formação

da estrutura gelificada.

4.5. Veiculações das nano e microcápsulas de ácidos triterpênicos nas

formulações galênicas (emulsão e gel)

As nano e microcápsulas de ácidos triterpênicos foram incorporadas às

formulações galênicas pela técnica de espatulação, até total homogeneidade do

sistema, então acondicionados em recipientes plásticos, brancos e opacos, para

posteriores análises. (Figura 4)

Figura 4 – Técnica de espatulação em placa de vidro polido.

4.6. Avaliação das formulações galênicas

4.6.1 Características Organolépticas

Os caracteres organolépticos constituem o indicativo mais acessível para se

avaliar a qualidade de uma preparação semi-sólida e para detectar alterações. O

simples exame visual pode funcionar como um indicativo, por vezes perfeito, da

25

homogeneidade da preparação. (OLIVEIRA, 2009). As formulações foram avaliadas

quanto a cor, odor e aspecto.

4.6.2 Avaliação do pH

Para a determinação do pH, as amostras foram retiradas uma alíquota de 5

gramas. Em seguida levou-se essa solução ao pHmetro Micronal – Mod. B-474, de

forma a obter o pH característico da formulação.

4.6.3 Ensaio de estabilidade acelerada por centrifugação.

As amostras são centrifugadas a temperatura ambiente 25ͦC, durante 30

minutos a 3000 rpm e depois são analisadas, visualmente.

4.6.4. Avaliação do poder de humectancia

Analisar o poder de retenção da água apresentado pelas formulações e

relacioná-lo com a presença das nano e microcápsulas de ácidos triterpênicos (ácido

betulínico e ácido oleanólico). Uma das formas para fazê-lo é através da

determinação da perda de massa, atribuída à evaporação de água da fórmula.

Foi retirada uma alíquota de 2 gramas de cada amostra, em uma placa de

petri a temperatura ambiente, foram efetuadas pesagens diárias durante 50 dias,

anotando as respectivas massas, até estabilização do peso.

4.6.5. Espalhabilidade

O teste de espalhabilidade baseia-se na metodologia em que a resistência ao

movimento forçado é determinada por um dispositivo de espalhabilidade. O

dispositivo é formado por uma placa suporte de vidro (20 cm x 10 cm x 0,03cm) com

uma folha de papel milimetrado embaixo, onde foi colocado dentro de um circulo

com 1cm de diâmetro pré marcados sobre a placa de vidro. A placa molde foi

26

cuidadosamente retirada e sobre a amostra colocada uma placa de vidro e sobre

esta um peso pré-determinado (500g) por 5 minutos e após medição do diâmetro

formado. Este procedimento foi realizado em triplicata, registrando-se a cada

determinação a superfície abrangida. (BACHHAV, 2009 – Adaptado).

4.6.6. Determinação da atividade antioxidante

Para avaliar o potencial antioxidante do sistema lipossomado de ácidos

triterpênicos foi utilizado o método de sequestro de radicais livres por DPPH descrito

em Sousa, 2007; em espectrofotômetro de microplaca (BioRAD) com incubação a

25ºC. A leitura foi efetuada em comprimento de onda de 490 e 630nm para

avaliação da linearidade da ação anti-radicalar e seu potencial antioxidante.

Solubilizou 2,5g do sistema lipossomado de ácidos triterpênicos em metanol

que resultaram em concentrações de, 10; 5; 2,5 e 1,25 mg/ml. Soluções metanolicas

de ácidos triterpênicos foram utilizadas como controle para a comparação dos

resultados.

A placa de leitura foi divida em 4 colunas com 7 linhas. As amostras foram

distribuídas nas linhas da placa da seguinte maneira: ácidos triterpênicos, sistema

lipossomado de ácidos triterpênicos e o padrão Butilhidroxitolueno (BHT). Nas

colunas da placa representaram as concentrações das soluções metanolicas, e nas

linhas, as amostras.

Foi feita uma solução de DPPH 0,04% e adicionada nas cavidades da

microplaca. As determinações foram realizadas adicionando-se a cada poço da

microplaca 250 μL da solução de DPPH• e 50 μL de metanol para o controle, padrão

(BHT) e amostras. As leituras das absorbâncias foram realizadas no tempo 0min e

30min, em espectrofotômetro de microplaca (BioRAD) com incubação a 25ºC onde é

observado o decaimento da absorbância da amostra. As análises foram realizadas

em triplicatas.

27

5. Resultados e Discussão

5.1 Potencial Zeta

Os comportamentos eletrocinéticos de partículas em suspensão constituem

uma propriedade dinâmica das partículas como resposta à ação de um campo

elétrico aplicado. A presença de cargas na superfície externa e a sua magnitude

influenciam os processos dinâmicos das estruturas na suspensão. (MERTINS,

2008). Em geral, a agregação de partículas eletricamente carregadas é menos

provável do que as não carregadas devido à repulsão eletrostática.

Os resultados obtidos para as vesículas filtradas a 0,45 μm, para o Potencial

Zeta foi de -8,52 ± 3 mV. O valor negativo significa que as vesículas apresentam

superfície externa com predominância de cargas negativas, onde os íons K+ da

suspensão estão sendo atraídos pela carga superficial negativa dos lipossomas.

No caso de valores de Potencial Zeta muito baixos, próximos à zero, a

ausência de carga superficial pode favorecer, em alguns casos, interações entre

partículas o que promove processos de floculação ou agregação. De forma geral, a

fronteira entre suspensões estáveis e não estáveis é considerada como sendo o

valor de Potencial Zeta de ±30 mV. Sendo assim, suspensões com valores acima de

+30 mV, bem como com valores inferiores a -30 mV são consideradas estáveis. Já

as suspensões com valores entre -30 e +30 mV são instáveis, sendo o valor de 0

mV como o de maior instabilidade, o chamado ponto isoelétrico. Evidentemente essa

não é uma regra, considerando que partículas também podem ser preparadas com

materiais que proporcionam um impedimento estérico que desfavorece fenômenos

de agregação. Assim, as especificidades de cada sistema devem ser avaliadas para

conclusões a respeito de estabilidade. (Gonçalves, 2008).

Um valor de Potencial Zeta de -8,52 mV, pode ser considerado como um valor

crítico, pois está acima do limite inferior (-30 mV) definido como potencial de colóides

de estabilidade moderada, ou seja, o valor encontra-se dentro da faixa de -30 a +30

mV, onde os fenômenos de agregação são mais frequentes. (Zetasizer Nano Series,

2004.).

28

O valor de -8,52 ± 3 mV significa que os lipossomas podem apresentar

relativa estabilidade coloidal em relação a processos de agregação. A carga

superficial negativa proporciona pouca proteção iônica às partículas, devido a

proximidade do 0mV, porem a presença de um tenso ativo na formulação dos

lipossomas contribui para que uma partícula em difusão encontrar outra na

suspensão, e então se auto-repelirão devido à carga superficial e ao surfactante.

5.2 Espalhamento de luz Dinâmico (DLS)

O espalhamento dinâmico de luz (DLS) é uma técnica não invasiva para a

medição do tamanho de partículas, tipicamente com tamanho menor de 1 µm.

Partículas em suspensão apresentam um movimento denominado browniano. Se

essas partículas são iluminadas por um feixe de luz laser, ocorre o espalhamento da

luz. A intensidade da luz espalhada, detectada num ângulo determinado, varia numa

taxa dependente da velocidade de difusão da partícula, a qual, por sua vez, é

governada pelo seu tamanho. Dados do tamanho da partícula podem ser gerados a

partir da análise da variação na intensidade da luz espalhada (PECORA, 1985).

Figura 5 - Gráfico da distribuição do tamanho de partícula do lipossoma de ácidos triterpênicos

(solução aquosa à 1%) por espalhamento dinâmico de luz.

29

Tabela 1 – Percentuais da distribuição dos tamanhos das partículas de lipossomas

contendo ácidos triterpênicos.

Percentagem (%) Tamanho (µm)

10 0,423

20 0,483

30 0,535

40 0,590

50 0,654

60 0,748

70 0,923

80 1,369

90 2,300

95 3,58

Figura 6 - Gráfico da distribuição do tamanho de partícula do lipossoma puro

(solução aquosa à 1%) por espalhamento dinâmico de luz.

30

Tabela 2 – Percentuais da distribuição dos tamanhos das partículas de lipossomas

puros.

Percentagem (%) Tamanho (µm)

10 0,330

20 0,370

30 0,401

40 0,430

50 0,457

60 0,488

70 0,525

80 0,573

90 0,659

95 0,767

Observando os resultados, identificou-se que os tamanhos das partículas se

encontram próximos a 1µm, tanto para os lipossomas contendo ácidos triterpênicos

quanto para os puros (Figura 6), porém as amostras de lipossomas puros

apresentam 95% de suas partículas de tamanhos menores que 1µm (Tabela 2)

contra aproximadamente 70% dos lipossomas que contém os ácidos (Tabela 1).

Este fato pode ser devido à encapsulação dos ácidos triterpênicos, por conseguinte

um aumento do volume médio das partículas. Tal fato é positivo, pois é perceptível o

maior número de partículas está dentro da escala nanométrica.

5.3 Microscopia óptica

A microscopia óptica foi empregada para uma avaliação microscópica das

vesículas estudadas através de um microscópio óptico convencional. Numa análise

preliminar de lipossomas foi utilizado um Olympus BX-43 sob luz normal, para

observação direta, e sob luz polarizada. O microscópio dispõe de objetivas de 10X e

40X. As imagens foram registradas através de uma câmera fotográfica (Olympus

PM20), com controlador de tempo de exposição, acoplada ao microscópio.

31

A fim de preservar as características morfológicas e físico químicas as

amostras foram armazenadas sob refrigeração e então analisadas em microscópio

óptico em um aumento de 40 vezes. Foi observada a formação de vesículas forma

circular com superfície topográfica acentuada e diâmetro médio de 0,654 µm (Figura

7). Como os atributos dos lipossomas em sistemas in vitro e in vivo são fortemente

condicionadas a seu tamanho médio e a homogeneidade das formulações

lipossomal, estas foram determinados como controle de qualidade da produção.

Figura 7 - Fotomicrografia dos Lipossomas contendo Ácidos Triterpênicos em um aumento de 40

vezes.

A imagem revela uma homogeneidade do diâmetro das vesículas. Estes

lipossomas após serem depositados sobre a placa apresentaram uma morfologia

tipo esferas, aparentemente, estruturas achatadas, porém é visualizado um volume

no seu interior, observando também a ocorrência de bicamadas e/ou monocamadas

lipídicas.

O tamanho das vesículas bem como a sua distribuição em cada preparação é

de grande relevância, pois afeta de forma direta a biodistribuição e o tempo de

circulação dos lipossomas, assim como seu processo de captura pelas células do

sistema mononuclear fagocitário (SMF). A velocidade de liberação do princípio ativo

pode ser controlada pela manipulação tanto da composição da membrana

(influenciando a velocidade de degradação dos lipossomas) quanto do tamanho dos

32

lipossomas. Assim, lipossomas pequenos são capturados com menor eficiência que

lipossomas grandes e apresentam uma liberação mais prolongada (FRÉZARD et al.,

2005).

5.4 Veiculações das nano e microcápsulas de ácidos triterpênicos nas

formulações galênicas (emulsão e gel)

A técnica de espatulação produziu uma emulsão e um gel homogêneos e

uniformes, para o melhor desempenho das avaliações posteriores

5.5 Características organolépticas

Relativamente às características organolépticas verificou-se que quanto a cor

a adição dos lipossomas de ácidos triterpênicos modificaram as características

iniciais, amarelando a emulsão e tornando o gel opaco. Assim também a adição do

sistema lipossomado alterou o odor das formulações para característico. Quanto ao

aspecto em todos observamos total homogeneidade (Tabela 3).

Tabela 3 – Características organolépticas das formulações galênicas contendo ou

não lipossomas de ácidos triterpênicos (LAT) no tempo 0 dias.

Cor Odor Aspecto

Emulsão sem LAT* Branco Inodoro Homogêneo

Emulsão com LAT* Amarelado Característico Homogêneo

Gel sem LAT* Incolor Inodoro Homogêneo

Gel com LAT* Branco Característico Homogêneo

*LAT – Lipossomas de ácidos triterpênicos

5.6 Avaliação do pH

A determinação do pH de uma preparação para aplicação cutânea constitui

um parâmetro extremamente importante, uma vez que cada produto deve

apresentar pH compatível com a região do corpo onde se aplica. A pele tem

normalmente um pH médio de 5,5, embora este valor possa variar ligeiramente

33

consoante as diferentes zonas do corpo. O pH natural da pele provém das

secreções das glândulas apócrinas e endócrinas que conduzem à formação de uma

película de proteção sobre toda a superfície cutânea, designada de filme

hidrolipídico (OLIVEIRA, 2009).

Observando os resultados apresentados na Tabela 4, é perceptível que com a

adição dos lipossomas o pH se aproxima do 5,5, encontrado na pele. Assim é

permitido inferir que há ausência, ou pouca, interferência na fisiologia normal da

pele, preservando o filme hidrolipídico e ajudando na penetração cutânea do sistema

de liberação lipossomado de ácidos terpênicos.

Tabela 4 – Avaliação do pH das formulações galênicas contendo ou não LAT no

tempo 0 dias.

pH

Emulsão sem LAT 6,93

Emulsão com LAT 5,98

Gel sem LAT 7,02

Gel com LAT 6,20

*LAT – Lipossomas de ácidos triterpênicos

5.7 Ensaio de estabilidade acelerada por centrifugação

As técnicas de envelhecimento utilizadas para avaliar a estabilidade dos

produtos cosméticos têm de ser, muitas vezes, adaptadas ao tipo de amostra para

que seja possível detectar quaisquer alterações nas características da preparação.

Interessa, por isso, realizar ensaios de estabilidade num curto espaço de

tempo, pelo que se efetuam ensaios de estabilidade acelerada. Estes ensaios

permitem aumentar a velocidade das alterações físicas e/ou químicas do produto e

podem recorrer a diferentes métodos, tais como os testes mecânicos ou os que

utilizam condições de temperatura e umidade exageradas.

No método de centrifugação, a força gravitacional atua sobre o produto,

promovendo o movimento das suas partículas. A centrifugação gera estresse na

preparação porque são criadas condições que simulam um aumento da força da

34

gravidade, o que permite antecipar possíveis alterações de estabilidade. Estas

alterações podem ser observadas sob a forma de precipitados, ocorrência de

separação de fases, formação de sedimentos compactos (caking), coalescência,

entre outros. (Oliveira, 2009).

Observando a figura 8, pode-se inferir que mesmo com o estresse produzido

pela centrifuga, não ocorreu à separação de fases caracterizando que os produtos

são estáveis e viáveis.

Figura 8 - Ensaio de estabilidade acelerada por centrifugação.

5.8 Avaliação do poder de umectante

Foi realizada pesagens diárias das amostras, em placas de petri, sob

temperatura ambiente e umidade do ar de 70% aproximadamente. Os resultados

podem ser visualizados no gráfico abaixo:

Figura 9 - Representação gráfica da perda de massa por evaporação de água.

Massa (mg)

Tempo (dias)

Antes Depois

35

Observando o gráfico pode se inferir que todas as formulações sofreram

perda de massa durante o experimento, e só ao fim de 22 dias ocorreu uma

estabilização do peso das amostras. As formulações a base de geles registaram

perdas maiores, uma vez que contêm maior percentagem de água do que os cremes

e, além disso, não têm um agente umectante na sua composição.

Pode verificar-se que parece haver influência do LAT na capacidade de

retenção de água destas preparações, mesmo visualizando que praticamente os

gráficos são sobreponíveis referentes a presença de LAT ou não, na mesma base

galênica. As formulações com os lipossomas possuem suas linhas no gráfico

sempre abaixo da preparação correspondente sem nano e microcápsulas,

permitindo inferir que a perda de massa sempre irá ser menor, ou seja, a retenção

de água na formulação será maior, ampliando o poder de umectancia da formulação.

5.9 Espalhabilidade

O teste de espalhabilidade baseia-se na resistência ao movimento forçado.

Os resultados de espalhabilidade correspondem à relação entre a área de

espalhamento conseguido com a aplicação de força sobre o produto e o esforço

limite, relação esta que corresponde ao fator de espalhabilidade em mm2/g. Por

esforço limite entende-se o peso em gramas das placas a partir do qual o produto

não mais espalha mesmo quando se aplica mais esforço. (CZEPULA, 2006). Os

resultados estão apresentados na tabela 5.

Tabela 5 – Valores de espalhabilidade em centímetros.

Formulação Espalhabilidade (Diâmetro – 1cm) (cm)

Emulsão com LAT* 5,567

Emulsão sem LAT* 4,950

Gel com LAT* 5,083

Gel sem LAT* 5,083

*LAT – Lipossomas de ácidos triterpênicos

36

A partir dos valores, é perceptível que a emulsão com LAT possui uma

característica de espalhabilidade melhor que todas as outras formulações, também é

importante destacar que os dois geles apresentaram o mesmo valor, revelando que

o lipossoma não influencia nas suas características de espalhabilidade, diferindo do

que ocorreu nas emulsões.

5.10. Determinação da atividade antioxidante

O interesse do pesquisador por substâncias que tenham efeito antioxidante

comprovado provém do fato que essas substâncias geralmente têm ação

antienvelhecimento e anti-inflamatórias, uma vez que protegem o tecido cutâneo de

agressões geradas por radicais livres.

Em relação à avaliação da atividade antioxidante do sistema lipossomado,

obtiveram-se inicialmente resultados que, após análises, foi verificado a ocorrência

da proteção e estabilidade do potencial antioxidante nos sistemas. A quantidade de

Lipossoma com ácidos triterpênicos necessária para decrescer a concentração

inicial de DPPH em 50%, CE50, foi calculada a partir da equação da reta y = 3,1x +

34,633, obtendo-se um valor de 4,957 µg/mL.

Figura 10 - Atividade antioxidante dos lipossomas contendo ácidos triterpênicos comparado ao

padrão Butilhidroxitolueno (BHT).

37

Observou-se também a diferença na inclinação da reta pertencente ao

sistema particulado (Figura 10), este evento demonstra a capacidade de proteção

dos das moléculas de ácidos terpênicos por parte dos lipossomas, tornando-as mais

biodisponíveis, dando efetividade e prolongamento da ação anti oxidante.

A capacidade de sequestrar o radical DPPH exibida pelas amostras em

estudo está expressa em percentual de sequestro de radicais livres na figura 11.

Figura 11 - Percentagem de sequestro de Radicais Livres pelas amostras de lipossomas veiculados

ou não em diferentes bases galênicas.

Com base nesses resultados, todas as amostras possuem antioxidantes

doadores de hidrogênio, que são capazes de neutralizar o radical DPPH, entretanto,

esta ação é variada entre os cremes e géis. O controle positivo com BHT foi o que

apresentou maior capacidade de sequestrar o radical livre, chegando a 74% de

inibição do radical. Com relação às amostras, o creme com lipossoma de ácidos

terpênicos foi o que apresentou melhor atividade antioxidante, seguida do Gel com o

sistema de encapsulação, ambas com percentual de inibição superior a 50%. O Gel

sem Lipossoma também se apresentou bastante eficaz, tendo um percentual

superior a 50%.

A preservação do efeito sequestrador de radical livre dos lipossomas

contendo ácidos triterpênicos é visualizado na figura 11, visto que todas as amostras

possuem sua percentagem de sequestro em torno ou superior a 37,4%.

38

6 Considerações Finais

O presente trabalho demonstrou que os ácidos terpênicos de plantas do

gênero Eriope constitui matéria prima capaz de ser transportadas em sistemas

lipossomados.

A aplicação da nano e microencapsulação está cada vez sendo mais utilizada

para melhorar produtos farmacêuticos e cosméticos. Esta dissertação obteve

formulações galênicas contendo lipossomas de ácidos triterpênicos, as quais

demonstraram viabilidade e eficácia.

Os sistemas lipossomados contendo os ácidos terpênicos apresentaram-se

estáveis na escala micro e nanométricas, de distribuição e tamanho homogêneos e

maleáveis, que pode facilitar a penetração de ativos de maior peso molecular nas

membranas biológicas.

O pH das formulações encontram-se compatível com o da pele humana, o

qual é uma inferência para estudos de produtos terapêuticos e/ou cosméticos.

Possibilitando a sua utilização com finalidades tópicas.

Os ensaios de avaliação das bases galênicas evidenciaram que a emulsão

com ácidos triterpênicos expressou os melhores resultados de espalhabilidade e

umectancia, indicando ser o veículo mais adequado para o sistema. Assim conclui-

se que está formulação galênica possui as melhores propriedades para a absorção e

eficácia dos ativos encapsulados, além de apresentar a melhor biodisponibilidade e

preservação da integridade da pele.

Já é conhecido que os ácidos terpênicos possuem atividade anti radical livre.

Este efeito foi potencializado após o encapsulamento das moléculas e posterior

incorporação em bases galênicas.

Os resultados nas bases galênicas creme e gel com lipossoma de ácidos

terpênicos apresentaram a maior percentagem de inibição dos radicais livres.

Portanto, a encapsulação de ácidos terpênicos apresenta-se como uma técnica

considerada promissora para veiculação em produtos com finalidades

farmacológicas e cosméticas.

Alternativas biotecnológicas para melhoramento de tratamentos e

desenvolvimento de novos produtos cosméticos incluem compreensão das

39

tecnologias de encapsulamento, as quais são fundamentais para proteger e tornar

mais eficazes os bioativos vegetais.

O presente trabalho gerou como produto um depósito de patente.

40

7. Referências ALVES, M. P. Formas Farmacêuticas plásticas contendo nanocápsulas, nanoesferas e nanoemulsões de nimesulida: desenvolvimento, caracterização e avaliação da permeação cutânea in vitro. 2006. 166 p. Tese (Doutorado) Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas – Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre-RS. ANDERSON, J. E.; Goetz, C. M.; McLaughlin, J. L.; Suffness, M. A blind comparasion of simple bench-top bioassays and human tumour cell cytotoxicities and antitumour prescreens. Phytochemical Analysis 2: 107-111, 1991. ANVISA. Notivisa - Sistema de Notificação em Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Disponível em: . Acesso em 10 set. 2007. ANSEL, H. C.; Popovich, N. G.; Allen JR.; L. V. Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. . AULTON, M. E. Delineamento de Formas Farmacêuticas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

BACHHAV, Y. G.; Patravale, V. B. Microemulsion based vaginal gel of fluconazole:

Formulation, in vitro and in vivo evaluation. International Journal of Pharmaceutics.

Volume 365, Pag. 175–179, 2009. BAKER, J.T., Borris, R. P.; Carté, B.; Cordell, G. A.; Soerjato, D. D.; Cragg, G.; Gupta, M. P.; Iwu, M. M.; Madulid, D. R.; Tyler, V. E. Natural product drug discovery and development - new perspectives on international collaboration. Journalof Natural Products 58: 1325-1357, 1995. BALICK MJ, Elizabetsky E, Laird SA (1996) In Medicinal Plant Resources of the Tropical Forest, New York, Columbia BERNE, B. J. e Pecora, R. Dynamic light scattering with applications to chemistry, biology and physics. New York. 2000. CECHINEL FILHO, V. Estratégias para a obtenção de compostos farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais. Conceitos sobre modificação estrutural para otimização da atividade. Quim. Nova, Vol. 21, Supl. 1, 1998. CEVC, G. Lipid vesicles and other colloids as drug carriers on the skin. Advanced Drug Delivery Reviews, v. 56, p. 671-675, 2004. CHU, Benjamin. Laser light scattering: basic principles and practice. Dover Publications. New York. 2007. CZEPULA , A. I. S. Desenvolvimento de preparações semi-sólidas contendo extrato de Sphagneticola trilobata (L.) Pruski (Acmela brasiliensis, Wedelia paludosa) (asteraceae) e avaliação da atividade antiinflamatória tópica in vivo. Dissertação de Mestrado. Itajaí: UVI. 2006. DAVID, J. P., Silva, E. F., Moura, D. L., Guedes, M. L. S., Assunção, R. de J., David, J. M. Lignanas e triterpenos do extrato citotóxico de Eriope blanchetii. Química Nova 24: 730-734, 2001. DAVID, J. P.; Barreiros, A. L. B. S.; David, J. M. Antioxidantes de Fontes Naturais. In: Fitoterápicos Antiinflamatórios: Aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ed. Carvalho, J. C. T., São Paulo, Ed. Tecmed, p. 125-161, 2004. DAVID, J. P.; David, J. M. Plantas Medicinais. Fármacos derivados de Plantas. In: Farmacologia. Ed. Penildon Silva, 6ª ed. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara Koogan, p.134-145, 2002

41

D`LEON, L.F.P. Estudo de estabilidade de produtos cosméticos.Cosmetics e Toiletries.v. 13. n. 14. P. 54-64. 2001. FARMACOPEIA PORTUGUESA VIII. Lisboa: Ministério da Saúde, Infarmed; 2005. FAURÉ, M.; Lissi, E.; Torres, R.; Videla, L. A. Antioxidant activities of lignans and flavonoids. Phytochemistry 29: 3773-3775, 1990. FERREIRA, A. Guia Prático da Farmácia Magistral. 3. ed. São Paulo: Pharmabooks, 2008, v.1. FRÉZARD, F.; Schettini, D. A.; Rocha, O. G. F.; Demicheli, C. Lipossomas: propriedades físico-químicas e farmacológicas, aplicações na quimioterapia à base de antimônio. Quím. Nova vol.28 no.3 São Paulo Maio/Junho 2005. GONÇALVES, M.C.F. Desenvolvimento, Caracterização Físico-Química e Avaliação

Biológica de Quitossomas para a Liberação Cutânea de Melatonina. Dissertação de

Mestrado. Porto Alegre: UFRGS, 2008.

HO, C-T.; Ferraro, T; Chen, Q.; Rosen, R.T. e Huang, M-T. Phytochemicals in Teas and Rosemary and their Cancer- Preventive Properties.in: Food Phytochemicals for Cancer Prevention II. C-T. Ho; T. Osawa, M-T. 1994. JAFARI, S.M., He, Y., Bhandari, B.. Encapsulation of nanoparticles of dlimonene by spray drying: role of emulsifiers and emulsifying techniques. DryingTechnology, v.25, p. 1079-1089, 2007. JENNING, V.; Schäfer-Korting, M.; Gohla, S. Vitamin A-loaded solid lipid nanoparticles for topical use: drug release properties. Journal of Controlled Release, v.66, p.115-126, 2000. JONES, M. The History of Lecithin Pluronic Organogel. International Journal of Pharmaceutical Compounding. May 7(3): 180-2. 2003. LEHNINGER, A.L.; Nelson, D.L.; Cox, M.M. Princípios de Bioquímica. 2. ed. São Paulo: Sarvier, 2000. MARON, L.B.; Covas, C.P.; Silveira, N.P.; Pohlmann, A.; Mertins, O.; Tatsuo, L.N.; Sant’anna, O.A.B.; Moro, A.M.; Takata, C.S.; Araujo, P.S.; Costa, M.H.B. Journal of Liposome Research. 17, 155, 2007. MARSTON A., Kissling, J., Hostettmann, K. A rapid TLC bioautographic method for the detection of acetylcholinesterase and butyrylcholinesterase inhibitors in plants.Phytochemical Analysis v.13, p. 51-54, 1995. MERTINS, O. Estudos físico-químicos e estruturais de lipossomas compósitos de

fosfatidilcolina e quitosana. Tese de doutorado. Porto Alegre: UFRGS, 2008.

MEYER, B. N.; Ferrigni, N. R.; Putnam, J. E.; Jacobsen, L. B.; Nichols, D. E.; Namiki, M. Antioxidants/antimutagens in food. Journal of Nutrition, Boca Raton, v.29, n.4, p.273-300, 1990. MIDDLETON E, Drzewiecki G. Ascorbic acid protects against flavonoid oxidation: A possible mechanism of augmented flavonoid effects (Abstract). J Allergy Clin Immunol. 2000. NEVES, K. Nanotecnologia em cosméticos. Cosmetics & Toiletries, v. 20, jan-fev, p. 22, 2008. NIERO, R.; Malheiros, A. Principais Aspectos Químicos e Biológicos de Terpenos. In Cechinel Filho, V.; Yunes, R. A. Química de produtos naturais, novos fármacos e moderna farmacognosia, Editora Univali, 2007. OLIVEIRA, A. Z. M. Desenvolvimento de formulações cosméticas com ácido hialurônico - Dissertação de mestrado-Universidade de porto. Portugal. 2009.

42

Paraná, Curitiba, 2006. Disponível em: http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/1884/4631/1/Lapa_FR_2006_dissertacao_Mestrado.pdf. Acesso em: 16 fev. 2009. PECORA, R. Dynamic Light Scattering. ISBN 0306417901, Springer, 436p, 1985. PEREIRA, N., Carneiro, S., Silvestre, M., Teles, N.,Figuereido da Silva, J., Machado, C.M., Pereira, E.C., da Silva, N.H., Honda, N.K., Santos Magalhães, N.S. Nanoencapsulation of usnic acid: an attempt to improve antitumor activity and reduce hepatoxicity. Eur. J. Pharm. Biopharm. 64, 154–160, 2006. PERES, L.E.P. Metabolismo Secundário. Piracicaba-SP:ESALQ/USP, 2004. PERRY, E. K.; Pickering, A. T.; Wang, W. W.; Houghton, P. J.; Perry, N. S. L. J. Pharm. Pharmacol. 51: 527, 1999. PINTO, A. C.; Silva, D. H. S.; Bolzani, V. S.; Lopes, N. P.; Epifanio, R. A. Produtos naturais: atualidade, desafios e perspectivas. Quim. Nova, Vol. 25, Supl. 1, 45-61, 2002 RIBEIRO, J. F; ALMEIDA, S. P.; SILVA, J. A. Aproveitamento Alimentar de Espécies Nativas dos Cerrados: araticum, baru, cagaita e jatobá. Planaltina: EMBRAPA CPAC, 1987. RIDOUT, G., SANTUS, G. AND GUY, R. H. Pharmacokinetic considerations in the use of newer transdermal formulations. Clin. Pharmacokinet., Auckland, 15, 114-131, 1988. SHIM, J.; Kang, H. S.; Park, W-S.; Han, S-H.; Kim, J.; Chang, I-S. Transdermal delivery of mixnoxidil with block copolymer nanoparticles. Journal of Controlled Release, v. 97, p. 477-484, 2004. SILVA, Maria de Lourdes e . Obtenção de derivados químicos de produtos naturais empregando catálise convencional e enzimática – Tese de doutorado-Universidade Federal da Bahia. Brasil - 2012. Disponível em: http://www.repositorio.ufba.br:8080/ri/bitstream/ri/11655/1/Tese%20Maria%20de%20Lourdes%20Completa.pdf. Acesso em 29 jul. 2014. SINGER, S. J. and Nicholson, G. L. The fluid mosaic model of the structure of cell

membranes.Science, Washington, 720–731, 1972.

SOUSA, C. M. M.; Silva, H. R.; et al. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Brasil Quim. Nova, Vol. 30, No. 2, 351-355, 2007. VERMA, D. D.; Verma, S.; Blume, G.; Fahr, A. Particle size of liposomes influences dermal delivery of substances into skin. International Journal of Pharmaceutics, v. 258, p. 141-151, 2003. WILLIMANN, H, Walde, P, Luisi, P. L., Gazzaniga, A., Stroppolo, F. Lecithin organogel as matrix for transdermal transport of drugs. Journal of Pharmaceutical Sciences. Sep; 81(9):871-4. 1992. ZETASIZER NANO SERIES. User Manual. England: Malvern Instruments, 2004.