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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA MARIA CAMPOS ROMERO RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE A PARTIR DA ANÁLISE DA NORMA NTE E.080:2000 DO PERU E DA TÉCNICA UTILIZADA ATUALMENTE EM CONSTRUÇÕES NO ESTADO DA BAHIA Salvador 2013

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA

ESCOLA POLITÉCNICA

MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA

MARIA CAMPOS ROMERO

RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE A

PARTIR DA ANÁLISE DA NORMA NTE E.080:2000 DO PERU E DA

TÉCNICA UTILIZADA ATUALMENTE EM CONSTRUÇÕES NO ESTADO

DA BAHIA

Salvador

2013

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

MARIA CAMPOS ROMERO

RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE A

PARTIR DA ANÁLISE DA NORMA NTE E.080:2000 DO PERU E DA

TÉCNICA UTILIZADA ATUALMENTE EM CONSTRUÇÕES NO ESTADO

DA BAHIA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em

Engenharia Ambiental Urbana da Escola

Politécnica da Universidade Federal da Bahia na

área de pesquisa Produção do Ambiente

Construído, como requisito parcial para obtenção

do título de Mestre.

Orientadora: Profª Drª Rita Dione Araújo

Co-Orientador: Prof. Dr. Sandro Fábio César

Salvador

2013

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R763 Romero, Maria Campos

Recomendações para a construção com tijolo de adobe a partir da

análise da norma NTE E.080:2000 do Peru e da técnica utilizada

atualmente em construções no estado da Bahia / Maria Campos

Romero. – Salvador, 2013.

204 f. : il. color.

Orientador: Prof. Doutora Rita Dione Araújo Cunha

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola

Politécnica, 2013.

1. Materiais de construção. 2. Sustentabilidade das construções.

3. Recursos naturais – Conservação. I. Cunha, Rita Dione Araújo. II.

Universidade Federal da Bahia. III. Título.

CDD : 691

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MARIA CAMPOS ROMERO

RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE A

PARTIR DA ANÁLISE DA NORMA NTE E.080:2000 DO PERU E DA

TÉCNICA UTILIZADA ATUALMENTE EM CONSTRUÇÕES NO ESTADO

DA BAHIA

Dissertação para obtenção do grau de mestre em Engenharia Ambiental Urbana.

Salvador, 26 de julho de 2013.

Banca Examinadora:

Profª Drª Rita Dione Araújo Cunha ___________________________

Universidade Federal da Bahia - UFBA

Prof.Dr. Sandro Fábio César __________________________________

Universidade Federal da Bahia - UFBA

Profª Drª Dayana Bastos Costa _________________________________

Universidade Federal da Bahia - UFBA

Prof. Dr. Asher Kiperstok ______________________________________

Universidade Federal da Bahia - UFBA

Prof. Dr. Fernando Barth _______________________________________

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

Dedico este trabalho particularmente ao meu pai (in memoriam),

pelo incentivo aos estudos durante toda a minha vida e a minha

família e amigos pelas colaborações e compreensão.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, em primeiro lugar, pela realização deste trabalho, pela força, coragem e

determinação que recebi e pela presença constante em minha vida.

A minha família e, em particular, ao meu pai (in memoriam), minha mãe e minhas irmãs

pelo apoio, amor e paciência.

Aos meus orientadores, Rita e Sandro, pela ajuda no decorrer da pesquisa.

A vida e aos meus grandes amigos, pelo incentivo à realização de mais uma etapa.

A todos os construtores baianos que colaboraram com a pesquisa, pelo carinho, atenção,

gentileza e solidariedade e pela construção de uma amizade que significa muito para

mim.

Obrigada a todos.

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"Na vida, todos somos semeadores. Uns semeiam flores e

descobrem belezas, perfumes e frutos. Outros semeiam

espinhos e se ferem nas suas pontas agudas. Ninguém vive

sem semear, seja o bem, seja o mal. Felizes são aqueles

que, por onde passam, deixam sementes de amor, de

bondade, de afeto."

Divaldo Pereira Franco

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

ROMERO, Maria Campos. Recomendações para a construção com tijolo de adobe a partir da

análise da norma NTE E.080:2000 do Peru e da técnica utilizada atualmente em construções

no estado da Bahia. 204 f. il. 2013. Dissertação (Mestrado) – Pós-Graduação em Engenharia

Ambiental Urbana, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.

RESUMO

Os recursos naturais estão se esgotando, como consequência das graves agressões ao meio

ambiente. A busca por soluções que possam promover a preservação ambiental é um grande

desafio a ser enfrentado. Utilizar materiais de construção sustentáveis, ao invés dos

industrializados, é uma maneira de reduzir os danos ambientais. Um tipo de material

construtivo adequado à autoconstrução, que gera menos resíduos e pode minimizar os efeitos

do uso desenfreado e abusivo dos recursos naturais, é a terra. O tijolo de adobe feito de terra

crua pode, se utilizado em larga escala, contribuir para o desenvolvimento sustentável na

construção civil. O objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que

utiliza o tijolo de adobe como material construtivo, tomando como base as recomendações da

norma NTE E.080:2000 – Adobe, do Peru, baseando-se também na técnica adotada por

construtores que utilizam este material no estado da Bahia. A estratégia de pesquisa é o

levantamento de dados a partir do estudo de campo realizado em cidades da Bahia.

Inicialmente, são apresentadas a técnica construtiva que utiliza tijolo de adobe, com as etapas

para a sua fabricação, e a norma peruana utilizada no estudo. Em seguida, são analisados os

processos construtivos adotados pelos construtores baianos, em comparação com o que

preconiza a norma do Peru e com o que indica a bibliografia a respeito do tema, bem como a

situação atual destas obras. Por fim, são feitas as recomendações para a construção com tijolo

de adobe, a fim de garantir proteção e conservação eficientes à alvenaria executada com este

material que propicie segurança e durabilidade às edificações.

Palavras Chave: Tijolo de Adobe. Autoconstrução. Desenvolvimento Sustentável.

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ROMERO, Maria Campos. Recommendations for building with adobe brick from the analysis

of the NTE E.080: 2000 Peru standard and the technique currently used in constructions in the

state of Bahia. 204 pp. ill. 2013. Thesis (Master) – Post-Graduate in Urban Environmental

Engineering, Polytechnic School, Federal University of Bahia, Salvador, 2013.

ABSTRACT

Natural resources are being exhausted as a result of severe damage to the environment. The

search for solutions that may promote environmental preservation is a challenge to be faced.

Using sustainable instead of processed building materials is a way to reduce environmental

damage. A type of construction material suitable for self construction that produces less waste

and can minimize the effects of the unrestrained use and abuse of natural resources, is earth.

The adobe brick made of raw earth, if used on a large scale, can contribute to sustainable

development in civil construction. The objective of this research is to develop

recommendations for the construction that uses adobe brick as building material, based on the

recommendations of the NTE E.080:2000 – Adobe standard from Peru, and also based on the

technique adopted by builders who use this material in the state of Bahia. The research

strategy is a survey data from the field study conducted in cities of Bahia. Initially, a

construction technique that uses adobe brick with steps for its manufacture and the Peruvian

standard used in the study are presented. Then the constructive processes adopted by builders

in Bahia are analyzed, compared with what the standard of Peru proposes and what the

bibliography on the subject indicates, as well as the current status of these works. Finally,

recommendations are made for building with adobe brick, in order to ensure effective

protection and conservation of masonry done with this material that provides safety and

durability to buildings.

Keywords: Adobe Brick. Self Construction. Sustainable Development.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Construções em adobe na cidade de Ban (Irã).................................................. 25

Figura 2 – Muralha da China.............................................................................................. 25

Figura 3 – Construções em pedra e adobe em Ait Benhaddou no sul de Marrocos......... 26

Figura 4 – Tipos de construções com terra, destacando adobe, taipa de pilão e pau a

pique.................................................................................................................................... 27

Figura 5 – Confecção de vedação vertical com taipa de pau a pique................................. 28

Figura 6 – Construção com taipa de pilão ......................................................................... 29

Figura 7 – Casa de tijolo de adobe em Sete Lagoas-MG.................................................... 31

Figura 8 – Creche na Alemanha com abóbada em tijolos de adobe................................... 34

Figura 9 – Exemplos de Construções em Adobe no distrito de Aveiro............................. 35

Figura 10 – Casa em Adobe construída em 2002 em Portugal........................................... 35

Figura 11– Centro histórico de Córdoba-Espanha ............................................................. 36

Figura 12 – Casa no Ecovillage Amayuelas na zona rural................................................. 36

Figura 13 – Mesquita em tijolo de adobe em Timbuktu no Mali....................................... 36

Figura 14 – New Gourna Village no Egito obra do arquiteto Hassan Fathy..................... 37

Figura 15 – Templo budista em Jiaohe na China................................................................ 38

Figura 16 – Construção em adobe Instituto de Tecnologia da Índia................................. 39

Figura 17 – Execução de reboco à mão na Índia................................................................ 39

Figura 18 – Conjunto habitacional Taos, no Novo México-EUA.................................... 40

Figura 19 – Palácio dos Governadores em adobe, Santa Fé-Novo México-EUA............. 40

Figura 20 – Construção moderna de alto padrão em adobe nos EUA............................... 41

Figura 21 – Ruínas zapotecas no sítio arqueológico de Monte Alban, no estado de

Oxaca, no México............................................................................................................... 41

Figura 22 – Huaca de La Luna no Peru: Interior de pirâmide em adobe............................ 42

Figura 23 – Casa em tijolo de adobe em Cuzco no Peru.................................................... 42

Figura 24 – Construções Coloniais em Salvador-BA......................................................... 44

Figura 25 – Construções Coloniais em Tiradentes-MG..................................................... 44

Figura 26 – Construindo paredes de adobe no Eco Village Piracanga em Itacaré

Bahia.................................................................................................................................. 47

Figura 27 – Teste da queda da bola com a terra................................................................. 59

Figura 28 – Teste do rolo.................................................................................................... 60

Figura 29 – Teste da fita..................................................................................................... 60

Figura 30 – Teste do vidro com visualização das partículas da terra sendo decantadas e

indicações do cálculo das porcentagens de cada componente da terra.............................. 62

Figura 31– Diagrama de classificação dos solos através do Teste do vidro...................... 62

Figura 32 – Diagramas indicativos do uso do solo através do Teste do vidro.................. 63

Figura 33 – Conjunto das bolas dos solos após secagem................................................... 64

Figura 34 – Teste da pressão com os dedos........................................................................ 64

Figura 35 – Escavação do terreno para coleta do solo para o tijolo de adobe................... 66

Figura 36 – Repouso da massa........................................................................................... 67

Figura 37 – Amassamento da massa com os pés................................................................ 67

Figura 38 – Maromba para fabricação de tijolos................................................................ 68

Figura 39 – Colocação da massa na fôrma......................................................................... 69

Figura 40 – Massa sendo desenformada............................................................................. 69

Figura 41 – Fôrma para um só tijolo................................................................................... 69

Figura 42 – Fôrma para produção de múltiplos tijolos de adobe....................................... 69

Figura 43 – Secagem inicial dos tijolos à sombra.............................................................. 70

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Figura 44 – Secagem dos tijolos ao sol............................................................................... 70

Figura 45 – Empilhamento de seis tijolos sobre um tijolo previamente imerso em

água..................................................................................................................................... 72

Figura 46 – Tijolo partido ao meio após imersão em água por 4 horas............................. 72

Figura 47 – Colocação de peso de um adulto sobre o tijolo............................................... 73

Figura 48 – Municípios onde se encontram as edificações do estudo no mapa da

Bahia................................................................................................................................... 87

Figura 49 – Edificação da cidade de Banzaê executada pelo construtor “A”................. 89

Figura 50 – Edificação 1 da cidade de Rio de Contas executada pelo construtor “B”....... 95

Figura 51 – Edificação 2 da cidade de Rio de Contas executada pelo construtor “C”..... 103

Figura 52 – Edificação da cidade de Camaçari executada pelo construtor “D”................. 109

Figura 53 – Edificação 1 da cidade de Santa Terezinha executada pelo construtor “E”... 116

Figura 54 – Edificação 2 da cidade de Santa Terezinha executada pelo construtor “F”.. 122

Figura 55 – Edificação do construtor “A” em Banzaê- Ba: (a) Fachada principal; (b)

Fachada lateral.................................................................................................................... 136

Figura 56 – Edificação do construtor “B” em Rio de Contas-Ba: (a) Fachada principal;

(b) Fachada lateral.............................................................................................................. 136

Figura 57 – Edificação do construtor “C” em Rio de Contas-Ba: (a) Fachada principal;

(b) Fachada lateral.............................................................................................................. 137

Figura 58 – Edificação do construtor “D” em Camaçari-Ba: (a) Fachada principal; (b)

Fachada lateral................................................................................................................ 137

Figura 59 – Edificação do construtor “E” em Santa Terezinha-Ba: (a) Fachada

principal; (b) Fachada lateral......................................................................................... 137

Figura 60 – Edificação do construtor “F” em Santa Terezinha: (a) Fachada principal;

(b) Fachada lateral......................................................................................................... 138

Figura 61– Ampliação feita na casa de Banzaê executada com alvenaria de tijolos

cerâmicos e telhas cerâmicas industrializadas (parte antigacom telhas de olaria)............. 138

Figura 62 – Parte dos fundos da casa de Santa Terezinha que foi ampliada usando

tijolos cerâmicos............................................................................................................ 139

Figura 63 – Casa 1 de Rio de Contas, (Construtor “B”): (a) Piso no interior da casa feito

com cimentado com aplicação de pó xadrez em cores variadas; (b) Rachadura no

piso...................................................................................................................................... 140

Figura 64 – Piso cimentado com aplicação de cerâmica inclusive no rodapé da parede

de adobe na casa de Rio de Contas, (Construtor “C”)...................................................... 140

Figura 65 – Edificação de Camaçari, (Construtor “D”): (a) Piso cimentado com

mosáico constituído de pedaços de cerâmica; (b) Rachadura no piso cimentado.............. 141

Figura 66 – Fresta no piso cimentado da casa de Banzaê, (Construtor “A”)..................... 141

Figura 67 – Piso cimentado com alguns furos e fissuras na edificação realizada pelo

construtor “F” em Santa Terezinha.................................................................................... 142

Figura 68 – Alvenarias rebocadas e pintadas na casa de Bamzaê, (Construtor “A”)......... 143

Figura 69 – Alvenarias rebocadas e pintadas na casa 1 de Rio de Contas, (Construtor

“B”)..................................................................................................................................... 143

Figura 70 – Vista do interior da casa de Santa Terezinha, (Construtor “E”) com

alvenarias rebocadas e pintadas.......................................................................................... 143

Figura 71 – Alvenaria sem reboco na edificação de Camaçari, (Construtor “D”)............. 144

Figura 72 – Casa de Santa Terezinha, (Construtor “E”): (a) Rachadura na parede da sala

provocada por colocação de prego; (b) Reboco constituído por terra e cimento

destacado da parede............................................................................................................ 145

Figura 73 – Edificação de Santa Terezinha, (Construtor “F”): reboco composto por

terra e cimento destacado da parede................................................................................... 145

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Figura 74 – Edificação de Camaçari (Construtor “D”): (a) Rachadura na parte inferior

da parede provocada por infiltração de água acumulada nas folhas da planta existente

do lado de fora; (b) planta situada na frente da fachada principal..................................... 145

Figura 75 – Casa de 1 pavimento de Rio de Contas (Construtor “C”): (a) Rachadura na

parede da copa; (b) Rachadura na parede da sala.............................................................. 146

Figura 76 – Casa de 2 pavimentos de Rio de Contas (Construtor “B”): (a) Cerâmica

aplicada no piso e nas paredes do box do sanitário; (b) Cerâmica aplicada no piso e

nas paredes do sanitário até altura de 1,80m...................................................................... 146

Figura 77– Bancada da pia com aplicação de cerâmica nas proximidades da saída de

água até a altura de 40cm, na edificação 2 de Santa Terezinha (Construtor “F”).............. 147

Figura 78 – Casa de Banzaê (Construtor “A”): (a) Infiltração de água no reboco de

cimento e solo na área de banho do sanitário; (b) Infiltração aparente na parte externa

da casa no local correspondente à parede do sanitário....................................................... 147

Figura 79 – (a) Esquadrias de madeira e vidro na casa de Rio de Contas do construtor

“B”; (b) Janela de madeira na casa de Rio de Contas do construtor “C”; (c) Porta de

madeira da fachada principal da edificação de Camaçari.................................................. 149

Figura 80 – (a) Rachadura na base da abertura de janela na casa de Banzaê; (b)

Rachadura na base da abertura de janela na casa de Rio de Contas do construtor “C”..... 150

Figura 81– (a) Esquadria com contra verga na casa do construtor “B” em Rio de

Contas; (b) Esquadria com contra verga na edificação do construtor “D” em Camaçari 150

Figura 82 – Casa de Banzaê (Construtor “A”): Cobertura composta por telha de olaria

na parte original e por telha industrializada na ampliação da casa.................................. 151

Figura 83 – Casa de Camaçari ( Construtor “D”): (a) Parte da cobertura composta por

telhado verde; (b) Parte da cobertura composta por telha ecológica (tetrapak)................. 151

84 – Edificação de Santa Terezinha ( Construtor “F”): Cobertura composta por telha de

fibrocimento (eternit).......................................................................................................... 151

Figura 85 – Casa de Banzaê (Construtor “A”): (a) Bolor na alvenaria de adobe próximo

ao telhado causado por infiltração de água de chuva; (b) Madeira do telhado

apodrecida. pela ação da água de chuva que desce pelas frestas do

telhado................................................................................................................................. 152

Figura 86 – Detalhe da elevação da parede a partir da fundação de pedra......................... 158

Figura 87 – Detalhe da elevação da parede acima da fundação de tijolo cerâmico........... 158

Figura 88 – Cinta de concreto magro coroando a fundação............................................... 159

Figura 89 – Camada impermeabilizante sobre fundação de tijolo cerâmico e pedra antes

da instalação da parede de adobe........................................................................................ 160

Figura 90 – Encontro entre a alvenaria de adobe e a fundação e piso assentado acima do

nível do terreno................................................................................................................... 160

Figura 91 – Terra retirada das valas de fundação para ser executado o piso..................... 161

Figura 92 – Calçamento de cimento instalado em todo o perímetro da casa de Banzaê... 162

Figura 93 – Parede com rodapé utilizado na casa de Rio de Contas (Construtor “B”),

para proteger a base da alvenaria contra as águas derivadas de limpeza............................ 162

Figura 94 – Detalhe da junção entre 2 tijolos de uma fiada no meio do tijolo da fiada

anterior na edificação de Camaçari (Construtor “D”)........................................................ 163

Figura 95 – Primeiras fiadas de alvenarias de adobe.......................................................... 164

Figura 96 – Levantando alvenarias com tijolo de adobe.................................................... 165

Figura 97– Execução de viga de concreto armado com tijolos de adobe tipo canaleta..... 165

Figura 98 – Viga de amarração de madeira coroando as paredes....................................... 166

Figura 99 – Interface esquadria e parede de adobe............................................................. 167

Figura 100 – Porta e janela de madeira assentadas em casa de Viçosa-Ceará................... 167

Figura 101– Exemplo de casa de tijolo de adobe com aberturas com distâncias 168

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adequadas entre elas e a quina da casa...............................................................................

Figura 102 – (a) Detalhe de verga em madeira; (b) Detalhe de verga em concreto........... 168

Figura 103 – Detalhe de peitoril em concreto..................................................................... 169

Figura 104 – Rasgos nas paredes com instalações elétricas............................................... 169

Figura 105 – Caixa para interruptor na parede................................................................... 169

Figura 106 – Execução do madeiramento do telhado em casa de tijolos de adobe.......... 170

Figura 107 – Edificação de Camaçari: (a) Telhado com calha e tubulação para

condução das águas de chuva; (b) Tanque para captação e armazenamento das águas

provenientes do telhado...................................................................................................... 171

Figura 108 – Cobertura de telha de olaria na casa de Banzaê............................................ 172

Figura 109 – Cobertura com telhado verde na edificação de Camaçari............................ 172

Figura 110 – Massa para reboco sendo misturada.............................................................. 172

Figura 111 – Aplicação do reboco na parede..................................................................... 172

Figura 112 – Palma de onde se extrai a goma.................................................................... 173

Figura 113 – Reboco composto por bolas de terra projetadas na alvenaria na Argélia.... 174

Figura 114 – Colocação de malha de aço para reduzir os problemas causados pela

incompatibilidade entre reboco de cimento e parede de adobe.......................................... 175

Figura 115 – Aplicando reboco na alvenaria de tijolos de adobe....................................... 176

Figura 116 – Paredes pintadas com tinta à base de goma de palma, cola branca e terra

na edificação de Rio de Contas do construtor “B”............................................................. 177

Figura 117 – Edificação de adobe com alvenarias pintadas em Piedade do Paraepeba-

MG...................................................................................................................................... 178

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Qualidades e limitações do tijolo de adobe como material de construção... 32

Quadro 2 – Normas para construção com terra e com tijolo de adobe no mundo.......... 48

Quadro 3 – Classificação granulométrica do solo........................................................... 55

Quadro 4 – Identificação do tipo de terra por análise táctil-visual.................................. 58

Quadro 5 – Tipo de solo e técnica construtiva adequada verificada pelo teste da fita.... 61

Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru

e da Bibliografia............................................................................................................. 74

Quadro 7 – Obras, cidades, construtores e atividade desempenhada pelo construtor..... 82

Quadro 8 – Recomendações, características construtivas adotadas pelo construtor

“A” e avaliação............................................................................................................. 90

Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações

e avaliação.................................................................................................................... 96

Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”,

recomendações e avaliação............................................................................................. 104

Quadro 11 – Características construtivas adotadas pelo construtor “D”,

recomendações e avaliação.............................................................................................. 110

Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”,

recomendações e avaliação.............................................................................................. 117

Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”,

recomendações e avaliação.............................................................................................. 123

Quadro 14 – Avaliação quanto ao atendimento às recomendações à norma peruana e

à bibliografia obtidas pelos construtores na Bahia com média aproximada das

pontuações atingidas....................................................................................................... 133

Quadro 15 – Tempo de construção das edificações........................................................ 135

Quadro 16 – Estado de conservação das edificações...................................................... 136

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABCTERRA- Associação Brasileira dos Construtores com Terra – SP

ABMTENC- Associação Brasileira de Materiais e Tecnologias Não Convencionais

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASTM - American Society for Testing and Materials

BIS - Bureau of Indian Standards

BTC - Bloco de Terra Comprimida

CID - Construction Industries Division

CRATerre - Centre de Recherche et d’Application - Terre

EBAA - Earth Building Association of Australia

ENA - Rede de Ecovilas das Américas.

HABIS - Grupo de Pesquisa em Habitação e Sustentabilidade

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INDECOPI - Instituto Nacional de Defensa de la Competencia y de la Protección de la

Propiedad Intelectual

IPB - Instituto de Permacultura da Bahia

IPEC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado

IPEMA- Instituto de Prmacultura e Ecovilas da Mata Atlântica

MOPT - Ministerio de Obras Públicas y Transportes

ONU- Organização das Nações Unidas

SA - Standards Australia

SENCICO- Servicio Nacional de Normalización, Capacitación e Investigación para la

Industria de la Construcción

SNZ - Standards New Zealand

TSE - Turkish Standard Institution

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................. 20

1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 21

1.2.1 Objetivo geral....................................................................................................... 21

1.2.2 Objetivos específicos............................................................................................ 21

1.3 JUSTIFICATIVA...................................................................................................... 21

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA............................................................................ 22

1.5 ESTRTURA DA PESQUISA.................................................................................... 23

2. O TIJOLO DE ADOBE........................................................................................... 24

2.1 A TERRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO............................................. 24

2.2 O TIJOLO DE ADOBE COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO ...................... 30

2.3 QUALIDADES E LIMITAÇÕES DO TIJOLO DE ADOBE.................................. 31

2.4 CONSTRUÇÕES COM TIJOLO DE ADOBE NO MUNDO.................................. 33

2.4.1 Construções com tijolo de adobe na Europa...................................................... 33

2.4.2 Construções com tijolo de adobe na África........................................................ 36

2.4.3 Construções com tijolo de adobe na Oceania..................................................... 37

2.4.4 Construções com tijolo de adobe na Ásia........................................................... 38

2.4.5 Construções com tijolo de adobe nas Américas................................................. 39

2.4.6 Construções com tijolo de adobe no Brasil........................................................ 43

2.5 NORMA PARA CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE DO PERU............. 51

2.6 O SOLO PARA CONFECÇÃO DO TIJOLO DE ADOBE..................................... 54

2.6.1. Tipo de solo mais apropriado para o tijolo de adobe....................................... 56

2.6.2 Testes expeditos para o solo................................................................................. 56

2.6.3 Correção do solo para o adobe............................................................................ 65

2.7 CONFECÇÃO DO TIJOLO DE ADOBE................................................................ 65

2.7.1 Coleta do solo ....................................................................................................... 65

2.7.2 Preparação do solo para a massa........................................................................ 66

2.7.3 Amassamento do barro........................................................................................ 67

2.7.4 Fôrmas .................................................................................................................. 68

2.7.5 Dimensões do tijolo............................................................................................... 69

2.7.6 Secagem do tijolo.................................................................................................. 70

2.7.7 Testes expeditos para o tijolo............................................................................... 71

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3 MÉTODO DE PESQUISA........................................................................................ 80

3.1 ESTRATÉGIA DO ESTUDO................................................................................... 80

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA......................................................................... 81

3.2.1 Pesquisa Bibliográfica.......................................................................................... 81

3.2.2 Coleta de dados do estudo de campo.................................................................. 81

3.2.2.1 Identificação das edificações com tijolo de adobe executadas nos últimos

20 anos no estado da Bahia........................................................................................ 81

3.2.2.2 Entrevista semiestruturada com construtores baianos......................................... 82

3.2.2.3 Visitas às obras com verificação das manifestações patológicas........................ 83

3.2.2.4 Entrevista com os usuários das edificações......................................................... 83

3.2.3 Análise dos dados do estudo de campo............................................................... 83

3.2.3.1 Análise da técnica de construção com tijolo de adobe adotada por cada

construtor baiano com base na recomendações da norma Peruana NTE E.080:2000 e

da bibliografia com avaliação quanto ao atendimento às mesmas............................ 84

3.2.3.2 Análise da situação atual das edificações e das manifestações

patológicas.................................................................................................................... 85

3.2.4 Apresentação dos Resultados ............................................................................. 86

4 OBJETO DE ESTUDO............................................................................................ 87

4.1 ANÁLISE DA TÉCNICA DE CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE

ADOTADAPOR CADA CONSTRUTOR BAIANO COM BASE NAS

RECOMENDAÇÕES DA NORMA PERUANA NTE E.080:2000 E DA

BIBLIOGRAFIA E AVALIAÇÃOQUANTO AO ATENDIMENTO ÀS MESMAS... 88

4.2 SITUAÇÃO ATUAL DAS EDIFICAÇÕES DO ESTUDO.................................... 134

4.2.1 Tempo de construção das edificações.............................................................. 134

4.2.2 Situação de conservação das edificações............................................................ 135

4.2.3 Edificações reformadas ou ampliadas................................................................ 138

4.2.4 Situação do piso................................................................................................... 140

4.2.5 Situação das alvenarias, reboco e pintura.......................................................... 142

4.2.6 Situação das esquadrias....................................................................................... 148

4.2.7 Situação da cobertura.......................................................................................... 150

4.2.8 Síntese da situação atual das edificações............................................................ 152

5 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS........................................................................ 154

5.1 RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE...... 154

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5.1.1 Cuidados Prévios............................................................................................. 154

5.1.2 Fundação.......................................................................................................... 158

5.1.3 Piso...................................................................................................................... 161

5.1.4 Alvenarias........................................................................................................... 163

5.1.5 Esquadrias.......................................................................................................... 166

5.1.6 Instalações Elétricas e Hidráulicas................................................................... 169

5.1.7 Cobertura......................................................................................................... 170

5.1.8 Reboco................................................................................................................ 172

5.1.9 Pintura............................................................................................................... 176

6 CONCLUSÕES........................................................................................................... 179

6.1 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS....................................................... 180

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 182

APÊNDICE 1- ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM CONSTRUTORES.... 192

APÊNDICE 2- FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES DO

ESTUDO......................................................................................................................... 199

APÊNDICE 3- CREDENCIAIS DOS CONSTRUTORES ENTREVISTADOS......... 203

APÊNDICE 4- CARTA DE AUTORIZAÇÂO DO SENCICO – PERU...................... 204

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18

1 INTRODUÇÃO

Qualquer atividade humana gera desequilíbrio no ecossistema. Os recursos naturais vêm se

esgotando por causa das ações do homem e preservá-los é fundamental. Soluções que

promovam a sustentabilidade em todos os setores da sociedade precisam ser encontradas, o

que constitui um grande desafio.

De acordo com Alexandria e Lopes (2008), por menor que seja a ação do homem, os impactos

sobre o meio ambiente são iminentes, o que exige mudanças de atitudes e hábitos. Estes

autores, afirmam ainda, que o homem precisa encontrar um modelo sustentável de

desenvolvimento que atenda às suas necessidades sem ferir os princípios da natureza.

Os impactos ao meio ambiente causados pela construção civil, que particularmente é o setor

da sociedade que mais consome recursos naturais, fizeram com que o mundo dedicasse

especial atenção à preservação dos recursos naturais e à questão do déficit habitacional que

assola principalmente os países em desenvolvimento, e no Brasil, em particular, chega à casa

dos 5,6 milhões de habitações de acordo com relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) de 2010 (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO – MG, 2010).

Durante séculos a construção em terra foi a principal forma construtiva em vários países no

mundo. As regiões de clima quente e seco sempre foram as mais adequadas às construções

com terra crua pelo fato destas regiões possuírem um baixo índice pluviométrico e por terem

temperaturas elevadas quase todo o ano. Nestes locais, de acordo com Bussoloti (2008), as

edificações com terra são mais indicadas por conferirem conforto térmico ao interior do

ambiente construído.

A terra crua, utilizada como material de construção ao invés de produtos industrializados,

propicia a redução de resíduos na obra pelo fato deste material ser reciclável, além de ser

economicamente favorável, minimizar os impactos sobre o meio ambiente e contribuir para

um desenvolvimento sustentável.

Dentre as técnicas que usam a terra crua como matéria básica para a confecção de vedações

verticais nas edificações, destaca-se a do tijolo de adobe, objeto deste estudo. Segundo

Campbell e Pryce (2005), o tijolo de adobe remonta à era do Neolítico; por volta de 10.000 a.

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C. Para Mesquita (2007), um dos principais motivos para o uso destes tijolos, foi a

possibilidade de se moldar o material. A trabalhabilidade, a abundância da matéria-prima e a

facilidade de execução do tijolo foram fatores que tornaram esta solução interessante e assim

ultrapassasse as fronteiras e se disseminasse pelo mundo inteiro atendendo a necessidade de

habitar do homem.

O aproveitamento de materiais abundantes e de baixo impacto ambiental como o tijolo de

adobe pode promover um desenvolvimento sustentável na construção civil, além de propiciar

uma redução no custo final da obra em comparação com uma edificação que utiliza materiais

industrializados. De acordo com Arini (1995), a construção que usa a terra em tijolos de solo

prensado apresenta um custo menor do que a executada com materiais industrializados,

apresentando uma redução de 35% sobre o custo final da obra.

Em busca de soluções sustentáveis para a construção civil, nas últimas décadas muitos países

no mundo passaram a adotar técnicas de baixo impacto ambiental promovendo debates

juntamente com ações que promovessem as construções com terra. Dessa forma o sucesso

deste tipo de edificações durante vários séculos permitiu que soluções como estas para a

construção civil fossem implementadas recentemente no mundo, buscando sempre o

aprimoramento da técnica para que fossem minimizados os riscos e desvantagens que

pudessem representar aos seus usuários.

Normas e regulamentos para construções com terra surgiram, portanto, em diversos países

com a finalidade de incentivar o uso da terra como material construtivo, em larga escala, além

de procurar atenuar as desvantagens do uso deste material como: baixa resistência, menor

durabilidade e alta permeabilidade.

Em países como o Peru, a normalização para edificações com terra e em particular, com o

tijolo de adobe, já é uma realidade há mais de duas década. Este é um país com tradição em

construção com terra como no caso do Brasil, além de possuir características similares ao

nosso país em relação à economia, ao clima e à cultura do povo, por isso, a norma peruana

NTE E.080 (SENCICO, 2000) para edificações com tijolo de adobe faz parte deste estudo.

As atitudes que promovem a preservação dos recursos naturais vêm crescendo a cada ano e

adquirindo adeptos por parte da população preocupada com o futuro de nosso planeta, e

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20

acabaram por favorecer também o aumento do número de arquitetos, engenheiros e

autoconstrutores no mundo todo, interessados em construir com terra. No estado da Bahia não

é diferente, esta busca pela utilização da terra como material construtivo tem resultado em

obras de edificações do tipo por todo o estado, principalmente na zona rural e em regiões de

clima semiárido.

O resultado final deste estudo consistiu na elaboração de recomendações para a construção

com o tijolo de adobe envolvendo os aspectos mais relevantes da norma peruana NTE E.080

(SENCICO, 2000), da bibliografia especializada e da forma como alguns construtores

realizaram suas obras com tijolo de adobe na Bahia. Estas recomendações foram elaboradas

para que a construção de uma edificação com tijolo de adobe fosse simples, rápida, durável e

que possibilite a autoconstrução.

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

O crescimento econômico de qualquer país deve levar em consideração preocupações com o

equilíbrio ambiental. No Brasil, em particular, onde parte da população não possui habitação

própria, estudos no sentido de encontrar alternativas ambientalmente saudáveis para a

construção civil são oportunos e necessários.

Com o advento de novos rumos tomados pela arquitetura nas últimas décadas no mundo, em

busca de soluções mais sustentáveis, a técnica da construção com terra passou a atrair a

atenção de profissionais do ramo da construção civil.

No caso da Bahia um movimento no sentido da busca por sustentabilidade na construção civil

vem tomando corpo. A procura por construir moradia de baixo custo, preservando os recursos

naturais e utilizando materiais de construção de fácil acesso, foram fatores que impulsionaram

autoconstrutores, arquitetos e engenheiros a adotarem o tijolo de adobe nas suas obras nos

últimos anos no estado. Baseada na análise das técnicas construtivas adotadas pelos

construtores baianos e também na análise das indicações da norma do Peru e da bibliografia, a

pesquisa procura responder às seguintes perguntas:

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21

1- Quais as recomendações para construções com tijolo de adobe que podem oferecer

condições para aumentar a proteção das alvenarias contra as intempéries e promover uma

maior durabilidade das edificações?

2- Quais as estratégias utilizadas pelos construtores no estado da Bahia ao adotarem a técnica

do tijolo de adobe nas suas edificações?

3- Para a construção com a técnica do tijolo de adobe quais cuidados devem ser observados?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Elaborar recomendações para a construção com tijolo de adobe que possam propiciar uma

construção segura e durável.

1.2.2 Objetivos específicos

. Analisar as técnicas para a construção com tijolo de adobe adotadas por construtores no

estado da Bahia nas últimas duas décadas.

. Avaliar as técnicas utilizadas na Bahia com base nas recomendações da norma peruana NTE

E.080 - Adobe (SENCICO, 2000) e nas indicações da bibliografia especializada.

. Analisar a situação atual das edificações do estudo apontando as manifestações patológicas

existentes.

1.3 JUSTIFICATIVA

A Bahia é um estado que possui tradição em construção com tijolo de adobe, haja vista as

edificações erguidas no período colonial que existem por todo o estado, como por exemplo,

no Centro Histórico da cidade de Salvador, capital do estado. Entretanto, com o passar dos

anos construções com esta técnica foi dando lugar àquelas que utilizam materiais

industrializados como o tijolo cerâmico ou tijolo queimado e o cimento por exemplo. Os

motivos do quase total abandono da técnica que utiliza o tijolo de adobe como material

construtivo são diversos e um deles ainda é o preconceito em relação à técnica pelo fato de se

achar que a casa de barro atrai o inseto “barbeiro” transmissor da doença de chagas. Outro

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22

motivo é o de relacionar a edificação de terra à construção destinada a pessoas de baixo poder

aquisitivo.

A normalização para a construção de edificações com terra contribui para desmistificar e

oferecer credibilidade e segurança aos futuros usuários das mesmas, além de incentivar o uso

de materiais alternativos, ao invés dos industrializados, na construção civil.

A escolha pela análise da norma NTE E.080 do ano de 2000 elaborada no Peru e pertencente

ao Servicio Nacional de Normalización, Capacitación e Investigación para la Industria de la

Construcción (SENCICO), se deve ao fato deste ser um país com tradição em construção com

terra, além de possuir algumas regiões com características climáticas similares às do Brasil e

da Bahia. Esta norma peruana serve bem ao propósito de balizar as recomendações para as

etapas construtivas com o tijolo de adobe, juntamente com a análise do que foi executado nas

edificações da Bahia apresentadas neste estudo.

Uma das características similares entre o Peru e o estado da Bahia é o clima tropical de

algumas localidades peruanas, com regiões semiáridas, que são as mais adequadas às

construções com adobe, por estas regiões apresentarem temperaturas elevadas quase todo o

ano e índice pluviométrico baixo. A população, tanto do Peru quanto do Brasil e em

particular da Bahia, pratica estas técnicas construtivas que são passadas de geração em

geração, possibilitando a autoconstrução de suas habitações.

Um estudo sobre construções com tijolo de adobe é relevante porque o uso deste material em

edificações poderá atender às necessidades de moradia de parte da sociedade, principalmente

em regiões onde o clima for adequado a este tipo de edificação.

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A opção por pesquisar o aspecto tecnológico das construções com tijolo de adobe, coletando

informações relevantes que contribuíssem para uma melhor preservação das alvenarias

envolvendo materiais alternativos, fez com que os aspectos referentes ao comportamento

estrutural não fossem considerados neste estudo.

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23

As análises das normas de outros países não fizeram parte deste estudo devido à dificuldade

em se obter a autorização para a divulgação destas normas pelos órgãos responsáveis, o que

contribuiu para que fosse usada somente a norma peruana, cuja autorização se encontra no

apêndice 4.

Os construtores entrevistados foram seis, por motivo de falta de interesse por parte de outros

construtores contatados em responder ao questionário e, por isso, não fazem parte do estudo.

1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA

No primeiro capítulo deste trabalho a introdução apresenta o tema ao leitor, justificando e

proporcionando conhecimento sobre o problema analisado. Este capítulo contém também os

objetivos a serem alcançados e a delimitação da pesquisa. Em seguida apresenta-se o

referencial teórico que é formado por conceitos, história, normas e experiências sobre a

técnica construtiva com tijolo de adobe Brasil e no mundo. É apresentada ainda neste capítulo

a norma para a construção com tijolo de adobe do Peru, em seguida, as considerações sobre o

solo para o tijolo de adobe e sobre as etapas para a confecção do mesmo e por fim, é

apresentado um quadro resumo contendo as recomendações da norma peruana e da

bibliografia especializada para a técnica do tijolo de adobe. O terceiro capítulo apresenta a

metodologia utilizada na pesquisa. O quarto capítulo se refere ao objeto de estudo, onde são

apresentadas as edificações com tijolo de adobe, realizadas recentemente na Bahia, com

análise das estratégias de construção utilizadas por cada construtor mediante o que preconiza

a norma do Peru e o que recomenda a bibliografia. No quinto capítulo são apresentadas as

recomendações tecnológicas para a construção com tijolo de adobe a partir das estratégias dos

construtores baianos e das recomendações da norma peruana e da literatura, visando a

durabilidade e a preservação das edificações. Por fim, no sexto e último capítulo apresentam-

se as conclusões da pesquisa.

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24

2 O TIJOLO DE ADOBE

Neste capítulo é apresentada a revisão bibliográfica constituída por informações relevantes

sobre o tema que servem de suporte à pesquisa. Um quadro resumo com as normas e

regulamentos citados durante o texto é apresentado e no final do capítulo é ilustrado um

quadro resumo com as recomendações, tanto da norma peruana NTE E.080 (SENCICO,

2000), quanto da bibliografia especializada para a construção com tijolo de adobe.

2.1 A TERRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO

Materiais de construção de terra crua, ou seja, produzidos com solo, têm esta designação por

não passarem pelo processo de cozimento ou queima. Este tipo de material construtivo foi e

ainda é muito utilizado nos mais variados tipos de edificações, como igrejas, mesquitas,

palácios, fortificações e habitações.

De acordo com Santiago (2001), aproximadamente 1/3 da população do mundo habita em

edificações de terra crua, locais como: Peru, Índia, China, Espanha, França, Inglaterra,

Portugal, Egito, Brasil e Estados Unidos, dentre outros, adotam este material construtivo para

executar edificações. Em regiões de clima quente e seco, de acordo com Mink (2008), a terra

crua tem sido o material predominante nas construções.

Com o passar dos anos a pedra, muito utilizada na antiguidade, foi aos poucos dando mais

espaço ao tijolo de terra crua nas construções devido à trabalhabilidade, abundância de

matéria-prima e a facilidade de transporte, tornando esta solução mais viável. Correia (2006)

salienta que as construções com terra crua são altamente duráveis, atravessando períodos da

pré-história até os dias atuais.

As mais antigas construções em terra são as da região da Mesopotâmia, a carência de pedra no

local foi um fator que incentivou o uso da terra como material construtivo. No antigo Egito, a

terra como material de construção, foi também muito utilizada por causa da presença de rios e

consequentemente da argila. De acordo com Bussoloti (2008), as condições do clima seco

nestas regiões também favoreceram as construções em terra por estas conferirem conforto

térmico às habitações. Na Figura 1 é apresentada a cidade de Ban no Irã, região de clima seco

onde este tipo de construção foi adotado em larga escala.

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Figura 1 – Construções em adobe na cidade de Ban (Irã)

Fonte: Assis (2008)

De acordo com Patrone et al. (2004), a construção em terra foi a principal forma construtiva

em vários países na Ásia e no Oriente Médio durante muitos séculos devido ao seu fácil

manuseio e baixo custo. A grande muralha da China, construída durante a China Imperial, é

um exemplo de construção com terra crua com mais de dois mil anos de existência (Figura 2).

Figura 2 – Muralha da China

Fonte: Guia Geográfico: China (2011).

Os astecas, relata Bussoloti (2008), empregaram essa técnica construtiva, em suas pirâmides

confeccionadas com toneladas de terra batida. Segundo Alexandria e Lopes (2008), este tipo

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de material construtivo, por ser disponível em larga escala na superfície terrestre, foi utilizado

em todos os continentes, nos mais diversos climas, culturas e civilizações, confirmando dessa

forma a diversidade de seu emprego, funções e formas que pode ter. As construções em terra

geraram casas que há séculos estão de pé demonstrando assim o seu potencial como

construção durável. Em Ait Benhaddou no Marrocos, onde o clima é árido existem algumas

edificações que utilizaram o adobe como elemento construtivo, como mostra a Figura 3.

Figura 3 – Construções em pedra e adobe em Ait Benhaddou no sul de Marrocos

Fonte: Trindade (2008)

Uma construção com terra pode ser produzida de diferentes formas que normalmente

dependem do tipo de solo com o qual se vai construir, da técnica que vai ser empregada e das

características sócio-culturais dos construtores. No diagrama formulado pelo grupo francês

Centre de Recherche et d’Application - Terre (CRATerre) são apresentadas 12 maneiras de se

construir com terra crua, como mostra a Figura 4.

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Figura 4 – Tipos de construções com terra, destacando adobe, taipa de pilão e pau a pique

Fonte: Adaptado de CRATerre (apud BAYER, 2010)

De acordo com Iglesias (1993), o maior desafio das construções em terra, consiste em

eliminar o preconceito que associa os materiais de construção industrializados à obras de alto

escalão social enquanto que a arquitetura de terra muitas vezes é vista como precária e

símbolo de pobreza. Muitas edificações que utilizaram a terra como principal material de

construção, porém, sobrevivem desde tempos remotos até os atuais demonstrando a

durabilidade e eficácia deste material.

As técnicas construtivas que utilizam a terra crua variam de acordo com o clima, cultura e

características do solo de cada região. No caso do Brasil foram os portugueses que trouxeram

a técnica de construção com terra como, por exemplo, a taipa de mão ou pau a pique; a taipa

de pilão e o tijolo de adobe, que segundo Lopes (2002), também foram as mais utilizadas em

Portugal.

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28

As técnicas da taipa de pau a pique e de pilão herdadas dos colonizadores, de acordo com

Tinoco e Araújo (2007), ainda são adotadas em diversas regiões do Brasil devido as suas

qualidades como: a capacidade que o barro possui em armazenar o calor durante o dia e

perdê-lo lentamente à noite conferindo ao interior do ambiente construído uma temperatura

uniforme; a de economizar energia na sua produção; a de ser totalmente reciclável e favorável

ao meio ambiente.

A taipa de pau a pique, conhecida também como taipa de mão, taipa de sopapo ou barro

armado é denominada por Neves (2005) por técnica mista. A técnica construtiva da taipa de

mão de acordo com Pisani (2007) foi muito utilizada na arquitetura no período colonial.

Exemplares de construções com esta técnica, atualmente, são geralmente encontradas nas

zonas rurais do país.

Por ser uma técnica construtiva de baixo impacto ambiental e por ser a terra um material

abundante e de fácil obtenção, nas últimas décadas a taipa passou a ser empregada na

construção de habitações de pessoas preocupadas com o meio ambiente.

Esta técnica consiste em executar um entramado, que é uma estrutura de ripas de madeira ou

bambu que serve de suporte para o barro que é amassado, geralmente com os pés e depois

jogado a sopapos neste entramado. Na Figura 5 é apresentada a execução de uma vedação

vertical com a técnica da taipa de pau a pique ou taipa de mão.

Figura 5 – Confecção de vedação vertical com taipa de pau a pique

Fonte: Senda Viva: tecendo redes [20--]

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A taipa de pilão, de acordo com Weimer (2005), é uma técnica construtiva milenar encontrada

em todos os continentes. No Brasil foi amplamente empregada durante o período colonial e é

utilizada até hoje, por se tratar de uma técnica relativamente simples e de fácil apropriação

popular.

Segundo Eijk (2005), nesta técnica é executada uma estrutura autoportante em terra apiloada

formando um conjunto monolítico. A técnica consiste em despejar a terra umedecida entre

dois tabuleiros ou fôrmas de madeira, a qual em seguida é socada com um pilão. Este

apiloamento se faz por camadas de aproximadamente 10 cm a 15 cm para conferir uma

melhor uniformidade na compactação. Quando a terra atinge a altura da fôrma, as tábuas são

elevadas e continua o mesmo procedimento até a altura desejada da parede. As fôrmas podem

ser reutilizadas inúmeras vezes. Na Figura 6 é apresentada a execução de uma parede com a

técnica da taipa de pilão.

Figura 6 – Construção com taipa de pilão

Fonte: Arquitetura Unimar (2010)

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30

2.2 O TIJOLO DE ADOBE COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO

O tijolo de adobe é constituído basicamente por silte, areia e argila com proporções variáveis

de acordo com o tipo de solo característico de cada região onde se confecciona o tijolo. A

técnica do tijolo de adobe consiste em moldar em formas a terra umedecida e depois

desenformar e secar os blocos ao sol ou à sombra.

O tijolo de terra crua é um material de construção usado há milhares de anos, sendo um dos

primeiros materiais de construção que o homem fabricou. De acordo com Campbell e Pryce

(2005), este tijolo existia desde antiguidade, quando o homem se tornou sedentário, o que o

levou a sentir a necessidade de habitar e desenvolver assim a construção de sua moradia.

Na Bíblia (BÍBLIA ELETRÔNICA, 1999), nos livros do Antigo Testamento, ou seja, antes

da era cristã, são encontradas referências a tijolos tanto de barro cozido como de terra crua

feitos a partir do barro amassado com os pés. Segundo Gutierrez (1972), o adobe como

sistema de construção, pode ser descrito como a superposição de blocos de barro, que se unem

entre si com uma argamassa similar a sua constituição interna.

A resistência do tijolo de adobe pode ser verificada pela permanência no tempo de algumas

construções antigas feitas com este material. Porém, alguns cuidados devem ser tomados

como prevenir a infiltração por capilaridade da água do solo através de construção de

fundações apropriadas que isolem a umidade que vem da terra, e proteger também das chuvas

com o aumento dos beirais da cobertura fazendo com que as águas caiam mais distante das

paredes.

A manutenção das paredes em adobe nas construções deve ser feita periodicamente no sentido

de eliminar as frestas que podem aparecer, com o fim de evitar o alojamento de insetos como

o Triatoma infestans, popularmente conhecido como barbeiro transmissor da doença de

Chagas, de acordo com Rocha (2002).

Uma das maiores vantagens do uso do tijolo de adobe ao invés do tijolo cerâmico reside no

fato de que, para a fabricação deste último, o consumo energético utilizado é alto e envolve

várias etapas como a de secagem; seguida da queima; e depois do resfriamento e todas estas

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etapas consomem muita energia. Além do fator energia, os danos causados com extração de

matéria-prima (argila) para a confecção de tijolo cerâmico geram impactos ambientais.

Já o tijolo de adobe não utiliza a queima do produto e é um material totalmente reciclável não

gerando entulho durante a construção nem mesmo no ato de demolição da edificação pois

este material volta novamente a fazer parte do meio ambiente. Segundo Minke (2008), a

energia empregada na produção do tijolo de adobe representa apenas 1% da energia usada na

fabricação do concreto ou de tijolos cerâmicos. A Figura 7 mostra uma casa de tijolos de

adobe em Sete Lagoas no estado de Minas Gerais.

Figura 7 – Casa de tijolo de adobe em Sete Lagoas-MG

Fonte: Google Imagens (2012)

2.3 QUALIDADES E LIMITAÇÕES DO TIJOLO DE ADOBE

As qualidades do uso do tijolo de adobe nas construções são diversas, de acordo com Minke

(2008) e Faria (2002), tais como: o baixo consumo energético onde pouca energia é necessária

para a confecção do mesmo; ser um recurso renovável, abundante; não necessitar de mão de

obra especializada para a sua produção; ser um eficaz isolante térmico e acústico e por tudo

isso ser um material favorável ao meio ambiente.

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32

Apesar das inúmeras vantagens, o tijolo de adobe, entretanto, possui limitações de uso como

a degradação do material na presença de água. No Quadro 1 são apresentadas algumas

qualidades do uso do deste material em edificações e também suas limitações.

Quadro 1 – Qualidades e limitações do tijolo de adobe como material de construção

Fonte: Minke (2008) e Faria (2002)

Uma das grandes qualidades do tijolo de adobe é o conforto térmico que este material

proporciona ao interior do ambiente da edificação, conferindo uma temperatura e umidade

praticamente constante durante o ano inteiro, sendo assim adequado a climas com

temperaturas elevadas. O tijolo de adobe em uma alvenaria além de proporcionar conforto

térmico garante também um bom isolamento acústico, de acordo com Minke (2008).

De acordo com Simões (2009), a arquitetura deve promover a diminuição da sensação de

desconforto que climas extremos imprimem sobre o homem, produzindo edificações tão

confortáveis como os espaços ao ar livre em climas suaves.

Uma edificação com tijolo de adobe tem uma outra importante qualidade que é a de poder

ser executada através de autoconstrução, por mão de obra não especializada assessorada por

profissional da área, propiciando assim que a população mais carente possa habitar em

moradia construída por ela própria.

QUALIDADES LIMITAÇÕES

Redução com os custos de produção.

Redução com custo de transporte de material

industrializado.

Disponibilidade de material de construção.

Reutilização ilimitada.

Diminuição da contaminação do meio

ambiente por resíduos de obra.

Economia de energia.

Adequado à autoconstrução.

Pode ser executado por mão de obra não

especializada.

Conforto térmico no interior do ambiente

construído.

Isolamento acústico.

Desintegração do material na presença de água.

Manutenção constante do revestimento para

evitar frestas.

Retração por evaporação da água da mistura.

Não padronização do produto final.

Falta de melhoramentos técnicos.

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33

2.4 CONSTRUÇÕES COM TIJOLO DE ADOBE NO MUNDO

Construções com tijolo de adobe existem por todo o mundo, principalmente em áreas com

clima quente e com baixo índice pluviométrico, por causa deste tipo de edificação favorecer

um conforto térmico ao interior do ambiente e não ser aconselhável em locais de chuvas

intensas e constantes devido à permeabilidade deste material. Por ser um material acessível e

de baixo impacto ambiental, de acordo com Walker (2003), existe um empenho a nível

mundial em promover a utilização desta técnica e em elaborar uma normalização para a

construção com tijolo de adobe em vários países do mundo.

2.4.1 Construções com tijolo de adobe na Europa

O interesse na arquitetura de terra vem crescendo nos últimos anos na Europa segundo

Steingass (2003) devido principalmente, ao aumento do interesse por uma construção

ambientalmente correta e mais saudável, em particular em zonas ruarais.

Na Alemanha, por conta do fim da segunda guerra mundial surgiram muitos refugiados que

não possuíam abrigo, o que provocou a construção de habitações populares em terra crua

devido à escassez de material industrializado usando para isso mão de obra local. Este país foi

um dos primeiros a elaborar normas e padrões para a construção com terra datados entre 1947

e 1956. De acordo com Fernandes (2013) na década de oitenta esse tipo de construção foi

impulsionada pela legislação que surgiu para regulamentar as construções com terra.

Atualmente, neste país existe um moderno regulamento de construção com terra o Lehmbau

Regeln: Begriffe-Baustoffe-Bauteile do ano de 1999, desenvolvido pela Associação

Dachverband Lehm.

A Alemanha hoje segue pesquisando e aprimorando as técnicas de construção em terra,

favorecendo o desenvolvimento desta técnica construtiva não só na Europa, mas em outros

países. Um exemplo de construção recente neste país com tijolo de adobe é apresentado na

Figura 8.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

34

Figura 8 – Creche na Alemanha com abóbada em tijolos de adobe

Fonte: Minke (2008)

Na França foi criado em 1979 o centro de pesquisa denominado Centre de Recherche et

d’Application - Terre (CRATerre) que apoia atividades de construção com terra no mundo

inteiro, desenvolvendo suas atividades principais nos campos da conservação e gestão dos

patrimônios arquitetônicos em terra e valorização da diversidade cultural tendo em vista uma

melhor utilização dos recursos materiais e humanos criando melhores condições para que as

comunidades que atende tenham acesso à habitação. As atividades desenvolvidas pelo

CRATerre são na sua maioria em parceria com as organizações internacionais e locais,

conduzindo e privilegiando as dinâmicas de desenvolvimento sustentável em projetos de

longo prazo.

Em Portugal de acordo com Varum et al. (2008), as construções em adobe foram implantadas

em sua maioria na região de Aveiro onde tiveram seu auge na primeira metade do século XX,

como mostra a Figura 9. Atualmente neste país muitos arquitetos estão lançando mão da terra

como material de construção. Um exemplo de construção recente em adobe é apresentada na

Figura 10.

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35

Figura 9 – Exemplos de Construções em Adobe no distrito de Aveiro

Fonte: Varum et al. (2008)

Figura 10 – Casa em Adobe construída em 2002 em Portugal

Fonte: Tagomori; Cavallaro (2011)

Na Espanha, em 1992, foi publicado um documento de orientação para a construção de terra

emitido pelo Ministerio de Obras Públicas y Transportes (MOPT) com título: Bases Para el

Diseño y Construcción con Tapia. O adobe é uma das técnicas de construção em terra mais

utilizadas neste país, tendo como exemplos edificações de classe baixa e alta como casas na

zona rural e grandes monumentos. Outras edificações em adobe encontram-se no centro

histórico da cidade de Córdoba (Figura 11). Atualmente na Espanha existem exemplos de

casas em adobe como o Ecovillage Amayuelas em Palência destinadas a turistas na zona

rural, como mostra a Figura 12.

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36

Figura 11– Centro histórico de Córdoba-Espanha Figura 12 – Casa no Ecovillage Amayuelas na zona rural

Fonte: Dobrar Fronteiras (2009) Fonte: Abrazo House, [ 20--]

Na Itália foram elaboradas a Lei nº 378 de 24 de dezembro 2003 (ITÁLIA, 2004) e a lei L.R.

2/06 com o título: Legge regionale nº 2 del 16 gennaio 2006 (REGIONE PIEMONTE, 2006),

as quais regulamentam as construções com terra crua.

2.4.2 Construções com tijolo de adobe na África

No Egito, existem exemplos de construção com adobe como o Ramesseum, erguido no

século I a.C. e pelo continente africano as mesquitas quase em sua totalidade foram

construídas em adobe, como a mesquita em Timbuktu no Mali que é apresentada na Figura

13.

Figura 13 – Mesquita em tijolo de adobe em Timbuktu no Mali

Fonte: Dreamstime (2009)

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37

Atualmente, o arquiteto Hassan Fathy, que atua no Cairo se dedicou ao estudo das

construções rurais de sua região, em adobe, tendo, como um de seus principais trabalhos, o

projeto de construção da New Gourna Village, em Burkina Fasso contendo habitações de

baixo custo, mesquita escola, mesquita, supermercado e teatro, toda em adobe, reerguendo a

antiga vila e devolvendo-a ao povo beduíno (Figura 14).

Figura 14 – New Gourna Village no Egito obra do arquiteto Hassan Fathy

Fonte: Unesco (2011)

2.4.3 Construções com tijolo de adobe na Oceania

Walker e Morris (1998) afirmam que, após a segunda guerra mundial, por escassez de

materiais construtivos, foi construída no continente uma série de edificações com terra

estabilizada, com o apoio da Canterbury University. Atualmente, a partir da década de 80,

com a crescente procura da população por construções favoráveis ao meio ambiente e mais

sustentáveis, o número de edificações com terra na Nova Zelândia vem aumentando a cada

ano, porém as chuvas e os abalos sísmicos constante representavam um problema para este

tipo de construção.

Todos estes fatores fizeram com que surgissem, na Nova Zelândia, normas para garantir a

segurança e a durabilidade destas edificações. Foram publicadas, então, pelo órgão Standards

New Zealand (SNZ) três normas que representam o primeiro conjunto de normas específicas

para edificações com terra no mundo que são: a NZS 4297(SNZ, 1998), a NZS 4298 (SNZ,

1998) e a NZS 4299 (SNZ, 1999). Estas normas englobam as técnicas de construção em terra,

como o adobe, a taipa de pilão, o tijolo prensado dentre outros materiais.

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38

Na Austrália, de acordo com Walker (2003), foi publicado o Earth building book Draft Code

05/01 (EBAA, 2001) contendo diretrizes de projeto com propostas alternativas para adobe e

construção com terra batida, pelo o órgão Earth Building Association of Australia (EBAA).

O autor ainda afirma foi publicado o Manual de Construções de Terra o HB 195 (SA, 2002),

pelo órgão Standards Australia (SA), contendo recomendação para o projeto de edificações

de um e de dois pavimentos, com o uso de estabilizante em parede e pisos de terra.

2.4.4 Construções com tijolo de adobe na Ásia

A cidade de Jericó de 8000 a.C., construída no Neolítico e situada em Israel, é destacada por

Correia (2006) como sendo uma das cidades mais antigas da história. Nesse período, as

construções em adobe tinham formato circular evoluindo com o tempo, passando a ser

construídas em formato retangular, ainda em adobe, com fundação em pedra. A Bíblia destaca

o uso de terra, em algumas passagens como esta: “Tira água para o tempo do cerco; reforça as

tuas fortalezas; entra no lodo, pisa o barro, pega na fôrma para os tijolos” em Naum, 3:14

(BÍBLIA ELETRÔNICA, 1999).

A China, segundo Correia (2006), possui um vasto patrimônio construído em terra, na parte

ocidental do país. Em Jiaohe, encontram-se vestígios de um monumento budista, sendo sua

porção inferior edificada com terra compactada, e o topo realizado com adobes, como mostra

a Figura 15.

Figura 15 – Templo budista em Jiaohe na China

Fonte: Google Imagens (2010)

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39

Na Turquia, foram elaboradas, pela Turkish Standard Institution (TSE), três normas para a

construção com adobe a TS 537 (TSE, 1985), a TS 2514 (TSE, 1985), e a TS 2515 (TSE,

1985) que contemplam o adobe e o adobe estabilizado com cimento.

Na Índia construções com tijolo de adobe e taipa são bastante comuns e fazem parte da

cultura do povo indiano por serem estas técnicas acessíveis ao povo. Neste país foram criadas

normas para este tipo de edificação para conferir uma maior segurança e durabilidade às

mesmas.

Com a finalidade de promover e tornar estas construções seguras e duráveis, o órgão

regulador da Índia o Bureau of Indian Standards (BIS) publicou as normas para construção

com terra a IS 2110 (BIS, 1980), a IS 1725 (BIS, 1982) e a IS 13827 (BIS, 1993), revisada em

2003.

A Figura 16 ilustra uma construção em adobe na Índia, o Instituto de Tecnologia da Índia e

na Figura 17 é apresentada uma demonstração de aplicação de reboco em casa de adobe com

as mãos.

Figura 16 – Construção em adobe Instituto de Tecnologia Figura 17 – Execução de reboco à mão na Índia

da Índia

Fonte: Nilbberth (2013) Fonte: Recriar com você (2012)

2.4.5 Construções com tijolo de adobe nas Américas

Nos Estados Unidos existem duas normas para a construção com terra. O Estado do Novo

México criou o seu próprio código de edificações para adobe e terra batida a norma

NMAC14.7.4 (CID, 2004) emitida pelo Construction Industries Division (CID). A outra

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40

norma é a E2392 M-10 (ASTM, 2010) publicada pela organização internacional American

Society for Testing and Materials (ASTM).

A arquitetura de terra aparece nas Américas em zonas rurais e urbanas em edificações

individuais e coletivas. As construções em adobe estão presentes em quase todas as culturas

pré-colombianas. Na América do Norte, como afirma Correia (2006), as construções em terra

são intensamente presentes nos Estados Unidos como Taos citada por Faria (2002), como a

mais velha casa de apartamentos do mundo, no Novo México, situada em reserva pertencente

a nativos americanos, cujos ancestrais construíram as aldeias em adobe conservadas até hoje,

(Figura 18). Uma outra construção em adobe o Palácio dos Governadores em Santa Fé no

Novo México é apresentada na Figura 19.

Figura 18 – Conjunto habitacional Taos, no Novo México-EUA

Fonte: Faria (2002)

Figura 19 – Palácio dos Governadores em adobe, Santa Fé-Novo México-EUA

Fonte: Skyscrapercity (2009)

Outros exemplos de edificações deste tipo são as das missões franciscanas, existentes no

sudeste do país, realizadas em adobe no século XVII e as grandes propriedades rurais em

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adobe, que ilustram a literatura norte-americana do século XIX. A arquitetura em terra

atualmente aparece em todo o sudoeste americano. Um exemplo de construção deste tipo é

ilustrado na Figura 20. No México, destacam-se as Zapotecas de 800 a.C, realizadas em terra,

com coberturas planas (Figura 21).

Figura 20 – Construção moderna de alto padrão em adobe nos EUA

Fonte: Dethier (1993)

Figura 21 – Ruínas zapotecas no sítio arqueológico de Monte Alban, no estado de Oaxaca, no

México

Fonte: Enciclopédia Viva (2011)

Na Argentina atualmente a utilização de adobes é comum em Santiago del Estero, devido

principalmente à escassez de chuva e às altas temperaturas. No Uruguai, podem ser

encontradas edificações em terra onde as mais comuns são as de tijolos de adobe, taipa,

terra-palha, de bloco de terra comprimida (BTC) e torrão de terra.

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42

No Peru, como em vários países da América do Sul, a população tem o hábito de construir

com terra principalmente em zonas rurais. O Peru é um país que fica entre serras, com

diferentes regiões onde se encontram os mais variados tipos de clima, inclusive o clima

tropical e possui algumas regiões áridas e semiáridas com temperaturas elevadas e pouca

chuva. A população peruana comumente constrói, utilizando a técnica do tijolo de adobe que

confere ao interior do ambiente construído temperaturas amenas.

Um exemplo de construção em adobe no Peru, destaca Correia (2006), são as Huacas, como a

Huaca de La Luna, formando pirâmides monumentais, dispersas por todo o país, como ilustra

a Figura 22. Um exemplo de construção recente com tijolo de adobe em Cuzco no Peru é

apresentado na Figura 23.

Figura 22 – Huaca de La Luna no Peru: Interior de pirâmide em adobe

Fonte Wikimedia (2007)

Figura 23 – Casa em tijolo de adobe em Cuzco no Peru

Fonte: Google Imagens (2011)

O Peru possui quatro normas para a construção com adobe, três delas a NTP 331.201

(INDECOPI, 1978), a NTP 331.202 (INDECOPI, 1978) e a NTP 331.203 (INDECOPI,

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43

1978), se referem ao adobe estabilizado com asfalto e foram emitidas pelo Instituto Nacional

de Defensa de la Competencia y de la Protección de la Propiedad Intelectual (INDECOPI); a

outra norma que contém disposições para edificações de adobe sem estabilização a NTE

E.080 (SENCICO, 2000), pertence ao órgão público Servicio Nacional de Normalización,

Capacitación e Investigación para la Industria de la Construcción (SENCICO).

2.4.6 Construções com tijolo de adobe no Brasil

O Brasil é um dos maiores expoentes da arquitetura em terra na América do Sul, desde a

chegada dos colonizadores europeus que aqui introduziram essa técnica. Ainda hoje, a

arquitetura em terra no Brasil é utilizada e encontra-se em processo de desenvolvimento,

particularmente nas regiões centro oeste e nordeste do país, onde o clima é mais favorável a

este tipo de construção.

A construção com terra, de acordo com Silva (2011), foi trazida para o Brasil pelos

portugueses, os abrigos dos índios que aqui viviam eram feitos basicamente de palha e

folhagens. Desde a época em que o Brasil foi colonizado até os dias atuais, de acordo com

Silva (2000), as casas de terra sempre estiveram relacionadas à ideia de miséria, falta de

salubridade e condições subumanas de moradia, porém, à medida que se conhece melhor o

padrão construtivo que é possível alcançar com o uso dessas técnicas, chega-se a conclusão

que boa parte da imagem de pobreza atribuída à estas casas é preconceituosa.

Atualmente arquitetos do Brasil e do mundo dedicam atenção especial à aplicação das

técnicas de construção com terra de acordo com Silva (2000) e nos países de Primeiro Mundo

essas técnicas são consideradas de vanguarda, porém ainda há problemas em relação a

aceitação destas por grande parte da população, sobretudo na zona urbana.

Neves (1995) afirma que as técnicas de construção de terra, que representam quase toda a

arquitetura colonial, foram trazidas por portugueses e africanos, e que não se têm provas da

adoção da terra, como material construtivo por parte dos índios. Dessa forma, o adobe, o pau-

a-pique e a taipa surgiram por influência dos imigrantes portugueses e dos africanos, os quais

já utilizavam a terra, como material de construção. Segundo Katinsky (1994), o tijolo é

utilizado no nordeste brasileiro desde a chegada dos portugueses no século XVI, tanto nas

casas urbanas como nas de engenho.

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44

Afirma Reis Filho (1987) que os materiais utilizados na época colonial eram a madeira, o

barro ou a argila, dependendo da disponibilidade do local e que as casas coloniais mais

simples eram as feitas de adobe, pau-a-pique ou taipa, nas edificações de classes mais altas o

barro era utilizado em forma de tijolo e, eventualmente, se usava a pedra.

As construções brasileiras, feitas em adobe representam um notável patrimônio em diversas

cidades que tiveram seu apogeu nos tempos coloniais, como por exemplo Salvador, Ouro

Preto e Tiradentes (Figura 24 e Figura 25).

Figura 24 – Construções Coloniais em Salvador-BA Figura 25 – Construções Coloniais em Tiradentes-MG

Fonte: Rodrigues (2002) Fonte: Rodrigues (2002)

De acordo com Bayer (2010), a Associação Brasileira dos Construtores com Terra

(ABCTERRA) que possui sede em São Paulo, a Associação Brasileira de Materiais e

Tecnologias Não Convencionais (ABMTENC) com sede no Rio de Janeiro e a rede Terra

Brasil, são entidades que vêm debatendo sobre o uso da terra como material construtivo, para

ser adotado em habitação de interesse social, de forma sustentável favorecendo a preservação

do patrimônio histórico em terra existente no Brasil. Com o mesmo fim, foi criada em 2006 a

PROTERRA, que se trata de uma rede Ibero-americana de cooperação técnica que promove a

arquitetura e construção com terra na Ibero-américa, através de atividades de capacitação,

transferência de tecnologia, com geração de publicações.

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46

Outras instituições, têm-se destacado no panorama nacional, como o Instituto de

Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC), o Instituto de Prmacultura e Ecovilas da Mata

Atlântica (IPEMA), e o Instituto de Permacultura da Bahia (IPB), as quais, abordam ainda os

princípios vinculados à permacultura onde desenvolve áreas produtivas, de forma sustentável,

respeitando o equilíbrio dos ecossistemas.

O conceito de ecovila como movimento ecológico, político, espiritual e social, de acordo com

Bissolotti (2004), foi sistematizado em 1995 no período da Conferência sobre as Ecovilas e

Comunidades Sustentáveis – Modelos para o Século XXI em Findhorn, Escócia, como uma

resposta à necessidade de mobilizar o planeta em direção a uma sociedade sustentável,

conforme se discutiu na Eco 92 do Rio de Janeiro.

Nas ecovilas são desenvolvidas técnicas simples e viáveis que não necessitam de grandes

conhecimentos tecnológicos para a aplicação popular e são executados modelos de construção

de habitações populares de baixo custo utilizando materiais locais e promovendo o conforto

dos habitantes das edificações. A arquitetura ecológica desenvolvida nas ecovilas visa à

integração harmônica do ambiente construído ao ambiente natural. As técnicas de construção

com tijolo de adobe, pau-a-pique e taipa de pilão são geralmente adotadas nestes locais.

A permacultura desenvolvida nas ecovilas busca sempre utilizar os recursos locais e de baixo

custo encontrando soluções sustentáveis, práticas, de fácil implantação e viáveis na produção

de alimentos saudáveis, procurando, para este fim manter a fertilidade do solo; a otimizar o

uso dos espaços e facilitar a redução das desigualdades.

Segundo Bôlla (2012), existem no Brasil quatorze ecovilas cadastradas na Rede de Ecovilas

das Américas (ENA), e três delas estão na Bahia a Fundação Terra Mirim, em Simões Filho

(BA); a Comunidade Solaris, em Ilhéus (BA) e o Eco Village Piracanga em Itacaré (BA),

apresentado na Figura 26.

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47

Figura 26 – Construindo paredes de adobe no Eco Village Piracanga em Itacaré Bahia

Fonte: Brasilecoconstrucao (2009)

No Brasil ainda não existem normas relativas à construção em terra, porém, já foram

elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), normas para o solo

estabilizado com cimento, ou solocimento, como: NBR 8492 (ABNT, 1984), NBR10834

(ABNT, 1994), NBR10835 (ABNT, 1994), NBR10836 (ABNT, 1994), NBR12024 (ABNT,

2012) e NBR12025 (ABNT, 2012) e a norma para tijolo cerâmico maciço a NBR 6460

(ABNT, 1993).

A Caixa Econômica Federal, atualmente no Brasil, faz o financiamento de construções que

adotam práticas sustentáveis em diversos locais no país, possibilitando, dessa forma, que

futuramente grupos de técnicos possam assessorar a população carente para que haja

comunhão entre as edificações e o meio ambiente.

Síntese das normas para a construção com tijolo de adobe

Em relação às normas e regulamentos para a construção com terra, as referentes ao tijolo de

adobe foram elaboradas em seis países no mundo, a saber: Peru, Estados Unidos da América,

Índia, Turquia, Itália e Nova Zelândia, e no Brasil foram elaboradas apenas normas para o

bloco de solo cimento.

No Quadro 2, a seguir, são apresentadas as normas e regulamentos para a construção com

terra citadas anteriormente no item 2.4, indicando o país de origem, o ano de publicação, o

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órgão emissor e o título das mesmas. Os países onde foram elaboradas as normas para a

construção com tijolo de adobe estão em negrito.

Quadro 2 – Normas para construção com terra e com tijolo de adobe no mundo (continua)

PAÍS

NORMA/

REGULAMENTO

ANO

ORGÃO

EMISSOR

TÍTULO

BRASIL NBR 8492 1984 ABNT Tijolo Maciço de Solo-Cimento -

Determinação da resistência à

compressão e da absorção de água.

Método de ensaio.

BRASIL NBR10834 1994 ABNT Bloco vazado de solo-cimento sem

função estrutural - Especificação.

BRASIL NBR10835 1994 ABNT Bloco vazado de solo-cimento sem

função estrutural - Forma e dimensões -

Padronização.

BRASIL NBR10836 1994 ABNT Bloco vazado de solo-cimento sem

função estrutural - Determinação da

resistência à compressão e da absorção

de água - Método de ensaio.

BRASIL NBR12024 2012 ABNT Solo-cimento - Moldagem e cura de

corpos de prova cilíndricos -

Procedimento.

BRASIL NBR12025 2012 ABNT Solo-cimento - Ensaio de compressão

simples de corpos de prova cilíndricos -

Método de ensaio Rio de Janeiro, 2012.

PERU NTP 331.201 1978 INDECOPI Elementos de suelo sin cocer: adobe

estabilizado con asfalto para muros:

Requisitos.

PERU NTP 331.202 1978 INDECOPI Elementos de suelos sin cocer: adobe

estabilizado con asfalto para muros:

Metodos de ensayo.

PERU NTP 331.203 1978 INDECOPI Elementos de suelos sin cocer: adobe

estabilizado con asfalto para muros:

Muestreo y recepcion.

PERU NTE E. 080 2000 SENCICO Adobe.

E.U.A. NMAC 14.7.4 2004 CID New Mexico Earthen Buildings

Materials Code.

E.U.A. E2392 M-10 2010 ASTM Standard Guide for Design of Earthen

Wall Building Systems.

ÍNDIA IS 2110 1980 BIS Code of practice for in-situ construction

of walls, in building soil-cement.

ÍNDIA IS 1725 1982 BIS Specification for soil based blocks used

in general building construction.

ÍNDIA IS 13827 1993 BIS Improving earthquake resistance of

earthen buildings – Guidelines.

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49

Quadro 2 – Normas para construção com terra e com tijolo de adobe no mundo (conclusão)

PAÍS

NORMA/

REGULAMENTO

ANO

ORGÃO

EMISSOR

TÍTULO

TURQUIA TS 537 1985 TSE Cement Treated Adobe

Bricks.

TURQUIA TS 2514 1985 TSE Adobe Blocks and

Production Methods.

TURQUIA TS 2515 1985 TSE Adobe Buildings and

Construction Methods

NOVA

ZELÂNDIA

NZS 4297 1998 SNZ Engineering design of earth

buildings.

NOVA

ZELÂNDIA

NZS 4298 1998 SNZ Materials and workmanship

for earth buildings.

NOVA

ZELÂNDIA

NZS 4299 1999 SNZ Earth buildings not

requiring specific design.

ITÁLIA Legge nº 378 2004 ITÁLIA Disposizioni per la tutela e

la valorizzazione

dell’architettura rurale.

ITÁLIA L.R. 2/06 2006 REGIONE

PIEMONTE

Norme per la valorizzazione

delle costruzioni in terra

cruda.

AUSTRÁLIA Draft Code 05/01 2001 EBAA Earth building book.

AUSTRÁLIA SA HB 195 2002 AS The Australian Earth

Building Handbook

ESPANHA MOPT: 1992 1992 MOPT Bases Para el Diseño y

Construcción con Tapial.

FRANÇA CRATerre: 1979 1979 CRATERRE Construire en terre.

ALEMANHA DACHVERBAND

LEHM: 1999.

1999

DACHVERBAND

LEHM

Lehmbau Regeln: Begriffe;

Baustoffe; Bauteile.

Braunschweig.

Fonte: Própria autora

As normas para a construção com tijolo de adobe no mundo geralmente indicam requisitos e

critérios para o produto (o tijolo de adobe) e para a construção com este material. A seguir são

apresentados alguns detalhes das normas para esta técnica existentes no mundo:

No Peru: as normas peruanas NTP 331.201 (INDECOPI, 1978); NTP 331.202 (INDECOPI,

1978); NTP 331.203 (INDECOPI, 1978); se referem ao bloco de adobe estabilizado com

asfalto. A norma NTP 331.201 (INDECOPI, 1978) estabelece os requisitos dos produtos e os

critérios para os ensaios e fabricação do produto; a norma NTP 331.202 (INDECOPI, 1978)

estabelece critérios para a seleção do solo; e a norma NTP 331.203 (INDECOPI, 1978) se

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refere aos requisitos dos produtos. A norma NTE E.080 (SENCICO, 2000), objeto deste

estudo é apresentada no item seguinte (2.5), e se refere ao tijolo de adobe sem estabilização.

Nos Estados Unidos da América: a norma NMAC 14.7.4 (CID, 2004) trata do tijolo de adobe,

do bloco de terra comprimida e da taipa estabelecendo critérios para a seleção do solo,

requisitos dos produtos e para os ensaios. A E2392 M-10 (ASTM, 2010) se refere ao tijolo de

adobe, à taipa e ao cob, estabelecendo critérios para a seleção do solo, para os ensaios, para a

fabricação do produto, para a construção e para o desenho.

Na Índia: a norma IS 13827 (BIS, 1993) trata do tijolo de adobe e da taipa e estabelece os

requisitos dos produtos e critérios para a construção.

Na Turquia: as normas TS 2514 (TSE, 1985) e TS 2515 (TSE, 1985) tratam do tijolo de

adobe sem estabilização e a TS 537 (TSE, 1985) do tijolo de adobe estabilizado com cimento.

Estas normas estabelecem os requisitos dos produtos e os critérios para os ensaios; fabricação

do produto e para a construção.

Na Itália: as lei italianas: Legge nº 378 (ITALIA, 2004) e L.R. 2/06 (REGIONE

PIEMONTE, 2006) se referem à construções com tijolo de adobe, taipa e bloco de terra

comprimida, porém ,tratam-se de leis que carecem de caráter técnico para que possam ser

aplicadas no processo construtivo das edificações com terra.

Na Nova Zelândia: as normas NZS 4297 (SNZ , 1998); NZS 4298 (SNZ , 1998) e NZS 4299

(SNZ , 1999) tratam do tijolo de adobe, da taipa e do bloco de terra comprimida. As normas

NZS 4297 (SNZ, 1998) e NZS 4299 (SNZ , 1999) estabelecem critérios para a construção e o

desenho. A norma NZS 4298 (SNZ, 1998) estabelece os requisitos dos produtos e os critérios

para a seleção do solo; ensaios; fabricação do produto e para a construção.

No Brasil as normas para o bloco de solo cimento são: NBR 8492 (ABNT, 1984); NBR10834

(ABNT, 1994); NBR10835 (ABNT, 1994); NBR10836 (ABNT, 1994); NBR12024 (ABNT,

2012) e NBR12025 (ABNT, 2012) são normas brasileiras que tratam do bloco de solo

cimento. As normas NBR 8492 (ABNT, 1984); NBR10836 (ABNT, 1994); NBR12024

(ABNT, 2012) e NBR12025 (ABNT, 2012) estabelecem os critérios para os ensaios. A norma

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NBR10834 (ABNT, 1994) estabelece os requisitos dos produtos e os critérios para a seleção

do solo. A norma NBR10835 (ABNT, 1994) estabelece os requisitos dos produtos.

Além das normas brasileiras para o bloco de solo cimento, dentre as normas para a construção

com tijolo de adobe existentes no mundo, as que podem servir como base para a elaboração

de normas no Brasil para este tipo de construção são: a norma do Peru NTE E. 080

(SENCICO, 2000); as duas normas dos Estados Unidos: NMAC 14.7.4 (CID, 2004) e E2392

M-10 (ASTM, 2010); a norma da Índia IS 13827 (BIS, 1993); as três normas da Turquia: TS

537 (TSE, 1985), TS 2514 (TSE, 1985) e TS 2515 (TSE, 1985) e a norma da Nova Zelândia

NZS 4298 (SNZ, 1998). Estas normas internacionais citadas apresentam recomendações para

a fabricação do tijolo de adobe, além de diretrizes para a edificação que podem nortear as

normas brasileiras para a construção com este material.

2.5 NORMA PARA CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE DO PERU

A norma peruana NTE E.080-Adobe do ano de 2000 emitida pelo SENCICO, que contém

disposições para edificações de adobe sem estabilização, apresenta especificações referentes

à: requisitos para a edificação; seleção do solo; dimensões do tijolo de adobe; os requisitos

para a fabricação do tijolo; testes de resistência do tijolo de adobe; além de diretrizes para a

fundação; piso; alvenaria; esquadrias; cobertura; reboco e pintura.

Requisitos para a edificação: a norma NTE E.080-Adobe (SENCICO, 2000) relata que a

edificação de adobe sem estabilização ou estabilizado deve ter desenho baseado nos

princípios da mecânica e se limitarão a um piso ou até dois pisos, a depender da intensidade

sísmica do local da construção. Esta norma indica ainda que a planta deve ter forma tendendo

à simetria (forma mais próxima do quadrado), e que o terreno deve possuir um sistema de

drenagem adequado do solo.

Segundo a referida norma, não se deve construir com adobe em locais com solos granulares

soltos; em solos coesivos moles; nem em locais com argilas expansivas, ou em zonas sujeitas

a inundações, deslizamentos de terra ou em solos com instabilidade geológica e a depender da

relação ente altura da parede e espessura da mesma devem ser colocados reforços que

melhorem a o comportamento da estrutura.

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Seleção do solo: de acordo com a citada norma, o solo adequado ao adobe não deve ser

orgânico e deve apresentar os seguintes percentuais: 10% a 20% de argila; 15% a 25% de silte

e 55% a 70% de areia.

Dimensões do tijolo de adobe: a referida norma relata que os adobes podem ser quadrados ou

retangulares ou em caso de encontro de paredes com ângulos diferentes de 90o podem ter

formas específicas. Esta norma preconiza ainda que as dimensões do tijolo de adobe devem

seguir as seguintes proporções:

a) Para formas retangulares o comprimento (C) deve ser aproximadamente o dobro da

largura (L), (C = 2xL).

b) O comprimento (C) deve ser aproximadamente 4 vezes maior que a altura (h), (C =

4xh).

c) A altura (h) deve ser de no mínimo 8 cm, quando possível.

Requisitos para a fabricação do tijolo: de acordo com a citada norma, o tijolo de adobe deve

ser maciço e só se permite furos perpendiculares as faces de assentamento (faces maiores) e

furos não podem ter área maior que 12% da área total destas faces. O tijolo, segundo a norma,

deverá estar livre de materiais estranhos, frestas, rachaduras ou outros defeitos que possam

afetar a sua resistência ou durabilidade.

Para a confecção do tijolo de adobe, a norma NTE E.080 (SENCICO, 2000) indica que, o solo

seja molhado e sejam retiradas as pedras maiores que 5 mm e outros elementos estranhos, e

que em seguida o solo seja mantido em repouso por 24 horas, após este período moldar os

tijolos, retirá-los das formas e secá-los à sombra.

Testes de resistência do tijolo: a norma em questão preconiza que ao ser realizado teste de

resistência à compressão do tijolo de adobe em laboratório o valor mínimo seja de 1,2 Mpa

(12 kg/cm²).

Fundação: Segundo esta norma peruana, a fundação de uma edificação de tijolo de adobe não

deve estar assentada em locais propensos a inundações, em solos soltos, em solos coesivos

moles; em argilas expansivas, ou em áreas sujeitas à deslizamentos de terra ou com

instabilidade geológica.

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A fundação, ainda de acordo com esta norma, deve evitar o contato do solo com a alvenaria

de adobe e deve ter uma profundidade mínima de 60 cm a partir do nível do natural do terreno

e uma largura mínima de 40 cm, e os materiais indicados para a fundação são a alvenaria de

pedra ou o concreto ciclópico.

Piso: esta norma peruana recomenda que o piso evite o contato do solo com a alvenaria de

adobe e que tenha uma altura mínima de 20 cm acima do nível do terreno e ainda afirma que

todo o perímetro da edificação deve ser calçado.

Alvenaria: a norma em questão preconiza que os tijolos de adobe devem estar completamente

secos antes de serem usados nas alvenarias e que sejam assentados em fileiras sucessivas

sobrepondo um tijolo de uma fileira a partir do meio do tijolo da fileira anterior, ou seja, as

juntas verticais entre os tijolos não ficam em uma mesma linha reta; as junta devem ser

preenchidas completamente sem deixar frestas.

A espessura da parede, segundo esta norma peruana, é determinada em função da altura livre

da mesma (para paredes de espessura entre 30 cm e 50 cm a altura da mesma deve estar entre

2,40 m e 4,0 m). A distância máxima da alvenaria entre os apoios verticais (pilares ou

paredes perpendiculares) deve ser de 12 vezes a espessura da parede. No caso de edificação

de mais de um piso, a norma relata que, conectando o piso do pavimento superior com a

alvenaria de adobe e coroando a parede do piso superior é obrigatório que haja uma viga

(cinta de amarração) onde nela será fixada adequadamente o telhado, esta viga de amarração

tem finalidade de receber as cargas provenientes do telhado. Esta norma afirma ainda que a

utilização de pilares de concreto armado como estrutura de apoio de alvenarias de adobe deve

ser empregada nos casos onde a espessura da parede não seja maior que 25cm.

Segundo essa norma, a argamassa de assentamento deve ser feita com terra e pode ser

adicionada a ela: areia, cal, cimento, asfalto, ou mesmo a palha e a proporção de cada material

que compõe a massa vai depender das características granulométricas dos agregados e das

características específicas de outros componentes que podem ser usados. Sobre a quantidade

de água adequada a ser adicionada à argamassa, a norma afirma que deve ser aquela suficiente

para dar trabalhabilidade à massa.

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Esquadrias: as aberturas de esquadrias, de acordo com esta norma, devem estar centralizadas

nas paredes; a largura máxima de portas e janelas deve ser de 1/3 do comprimento da parede

entre os apoios verticais (pilares ou paredes perpendiculares); e a distância ente a borda da

esquadria até o apoio vertical mais próximo não deve ser menor que 3 vezes, nem maior que

5 vezes a espessura da alvenaria.

Cobertura: o telhado, de acordo com a norma em questão, deve ser fixado adequadamente à

alvenaria de adobe através de uma viga (cinta de amarração) e deve possuir beirais.

Reboco: a norma NTE E.080 (SENCICO, 2000) indica que o reboco que recobre as alvenarias

deve ser resistente à umidade.

Pintura: assim como o reboco, esta norma indica que a pintura das alvenarias deva ser

também repelente à água.

2.6 O SOLO PARA CONFECÇÃO DO TIJOLO DE ADOBE

Para se adotar um tipo de solo como sendo apropriado a uma determinada construção,

segundo Santiago (2001), é necessário que se saiba principalmente o que vai se construir, qual

a técnica que irá ser utilizada e as características do local onde vai ser instalada a obra. A

autora afirma ainda que geralmente todo solo que possua boa coesão serve bem à construção.

Jungblut (1993) aponta que as propriedades necessárias para que um tipo se solo sirva à

construção dependem também das necessidades da moradia e do clima local.

Os solos indicados para uso na construção devem ser retirados do subsolo a uma profundidade

de 40 cm, por estarem estes livres de matéria orgânica, entretanto nas zonas áridas ou semi-

áridas é possível aproveitar o solo da superfície.

O solo é formado basicamente por: areia, silte e argila; cada um destes componentes possuem

características próprias e em função da quantidade predominante no solo e segundo Faria

(2002), estas características determinarão a técnica de construção mais adequada para ser

utilizada. A argila é a partícula mais fina e tem a propriedade de se contrair por redução do

teor de umidade. A areia com partículas maiores contribui para dar maior resistência à

compressão. O silte tem tamanho de partícula intermediário entre as duas anteriores, e

características mais semelhantes as da argila ou as da areia, a depender dos tamanhos

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predominantes dos grãos. McHenry (1984) afirma que o solo mais indicado para a construção

de paredes deve conter quatro elementos: areia grossa, areia fina, silte e argila.

O solo possui como propriedades mais relevantes para o uso na construção: a composição

granulométrica, a plasticidade, a retração, a umidade e o grau de compactação. Em relação à

composição granulométrica Neves et al. (2005) relatam que as dimensões do grão como

pedregulho, areia (grossa, média e fina), silte e argila influenciam no comportamento do

mesmo na construção.

A composição granulométrica é determinada por meio de dois ensaios, um para as partículas

maiores (pedregulho e areia), em que utiliza-se o processo do peneiramento e para as

partículas mais finas, o da sedimentação. A classificação granulométrica do solo e a

caracterização de cada faixa são definidas pela NBR 6502 (ABNT, 1995), como mostra o

Quadro 3.

Quadro 3 – Classificação granulométrica do solo.

Dimensão dos grãos

d (mm)

Classificação das partículas

Características principais

2 < d < 20

PEDREGULHO

elemento inerte e resistente.

0,06 < d < 2

AREIA

elemento inerte, sem coesão.

0,002 < d < 0,06

SILTE

sem coesão, diminui a

resistência da areia.

d < 0,002

ARGILA

possui forte coesão, sem

estabilidade volumétrica,

expande na presença da

água; apresenta propriedades

físicas e químicas bastantes

variadas, segundo sua

origem. Fonte: ABNT (1995)

Quanto à plasticidade, o solo é classificado como sólido, líquido ou plástico, efetuando-se

ensaios de limite de liquidez e de limite de plasticidade. A diferença entre limite de liquidez e

limite de plasticidade reside na quantidade e no tipo de argila presente no solo e define o

índice de plasticidade.

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56

Os processos de retração e expansão que aparecem quando há variação de umidade, de

acordo com Neves et al. (2005), têm relação com a quantidade e tipo de argila presentes no

solo. Nas alvenarias executadas com terra, as fissuras causadas por esse tipo de movimentação

favorecem a entrada de água o que pode provocar a ocorrência de patologias.

Para cada tipo de solo e força de compactação existe uma umidade ótima de compactação

determinada em laboratório, como apontam Neves et al. (2005), para se obter o melhor

adensamento o que proporciona menor porosidade conferindo maior durabilidade e resitência

mecânica.

2.6.1 Tipo de solo mais apropriado para o tijolo de adobe

Para se obter um tipo de solo apropriado para o tijolo de adobe, além de cada solo exigir uma

análise específica, alguns autores indicam a composição ideal para este fim, de acordo com

Velloso et al. (1985), a composição granulométrica da mistura do solo para o adobe mais

indicada é de quantidades de argila e silte entre 9% e 3% do peso. Em relação aos três

elementos do solo Hernández e Márquez (1983) afirmam que a porcentagem mais apropriada

para os adobes é de em torno de 50% de areia, 30% de silte, e 20% de argila.

Cada tipo de solo, a depender da sua composição, pode ser caracterizado como arenoso ou

argiloso. É importante que, na confecção da mistura do solo a ser utilizada, seja verificada a

necessidade ou não da correção do solo com areia. A preparação do solo em alguns casos,

segundo Lopes e Ino (2003), é feita não somente com solo e água, mas também com a adição

de fibras vegetais ou com adição de minerais como cal ou cimento, aditivos que têm a função

estabilizar o solo, aumentando a resistência ao mesmo tempo que reduz a retração.

2.6.2 Testes expeditos para o solo

De acordo com McHenry (1984) a melhor prática para o teste de determinação do solo para os

tijolos de adobe é fazer alguns tijolos com este solo e testá-los, porém, os diversos estudos do

solo podem determinar qual o mais indicado para a produção do adobe, principalmente

determinando o tipo de estabilização do solo que se vai fazer para se chegar a uma melhor

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qualidade do tijolo. Um apoio laboratorial pode também ser realizado, Faria (2002) relata os

principais ensaios de laboratório para a caracterização do sol para o tijolo de adobe:

a) ensaios de determinação do teor de umidade natural do solo e da massa específica

aparente do solo em estado solto;

b) determinação da concentração de nutrientes e metais no solo;

c) determinação da distribuição granulométrica;

d) determinação do limite de liquidez e limite de plasticidade ou, ensaios de

consistência;

e) determinação do limite de contração;

f) ensaio de absorção do azul de metileno.

Existem alguns testes com o solo empíricos ou de nível expedito que o construtor leigo pode

realizar no próprio local da obra. Estes testes são de procedimento rápido e possibilitam uma

avalição do solo em curto prazo.

Neves et al. (2005) afirmam que independente do tipo de solo verificados em ensaios de

laboratório, o conhecimento popular na arte de construir com terra pode indicar decisões,

mesmo empíricas, tão eficazes quanto à quantificação analisada em ensaios normalizados,

feitos em laboratório. Os testes de campo, que resultam de uma combinação entre o saber

popular e o conhecimento técnico, são, por vezes, as únicas provas que se podem fazer para

selecionar a terra e executar a obra de edificação.

A realização de testes expeditos com a terra é importante, de acordo com diversos autores

como: Araújo (2007); Houben e Guillaud (1994); Minke (2008); CRATerre (1979); Rigassi

(1995); Keable (1996); Hernández e Márquez (1983), dentre outros. Nestes testes é feita a

avaliação das propriedades da terra, sendo possível verificar a sua textura e o seu

comportamento para que se possa estabelecer a técnica construtiva mais apropriada. Alguns

exemplos de testes expeditos com a terra são os testes: da queda da bola; do rolo; da fita; do

vidro ou da sedimentação, das bolas de vários pontos do terreno e da pressão com os dedos.

Neves et al. (2005) indicam que antes da execução dos mesmos, realizem-se os testes táctil-

visuais tais como: o do tato; do tamanho das partículas; do brilho e da cor, descritos a seguir:

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Teste do tato: esfrega-se entre os dedos um pouco de terra seca e observa sua textura: a areia

arranha, o silte é macio como talco e a presença de argila é verificada umedecendo um pouco

da terra e formando uma bola. Quanto mais argila tiver, mais facilmente a bola será moldada,

como mostra o Quadro 4.

Quadro 4 – Identificação do tipo de terra por análise táctil-visual

CLASSIFICAÇÃO

TEXTURA E APARÊNCIA DO SOLO

AREIA

Textura granular. Pode-se visualizar o tamanho

dos grãos. Flui livremente se está seca

TERRA ARENOSA

Textura granular, porém com suficiente silte e

argila para observar sua coesão. Predominam

as características da areia

TERRA SILTOSA

Textura fina. Contém uma quantidade

moderada de areia fina e uma pequena

quantidade de argila. Suja os dedos como

talco. Em estado seco, tem uma aparência

compacta. Pulveriza com facilidade.

TERRA ARGILOSA

Textura fina. Quando está seca, fratura-se em

torrões resistentes; em estado úmido, é plástico

e se agarra aos dedos. É difícil de pulverizar.

TERRA ORGÂNICA

Textura esponjosa. Odor característico de

matéria orgânica que é mais acentuado ao

umedecer ou aquecer. Fonte: Neves et al. (2005)

Teste do tamanho das partículas: a amostra de terra seca é espalhada em uma superfície

plana e, com as mãos, separa-se os grãos visíveis a olho nu. Se houver mais partes visíveis

(areia ou pedregulho) do que o material fino (silte e argila), a terra é arenosa ou pedregosa,

caso contrário é siltosa ou argilosa.

Teste do brilho: se faz amassando o material fino com água, até formar uma bola compacta

do tamanho da mão e cortá-la pela metade. Superfícies muito brilhantes indicam terra

argilosa; com pouco brilho, terra siltosa; opacas, terra arenosa.

Teste da cor: as cores claras e brilhantes indicam solos inorgânicos; cores marrom escuro,

verde oliva ou preta, caracterizam solos orgânicos os quais não são adequados ao adobe. De

acordo com Lengen (2008), os solos de cor branca (arenosa) ou negra (gordurosa) não são

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adequados para a confecção de adobes, já os de cor castanha ou vermelha servem, e os

amarelos claro são os mais indicados para este fim.

Após os testes mencionados anteriormente, executam-se ensaios para determinar a

composição do solo e verificar qual a técnica de construção mais adequada para o mesmo, de

acordo com Neves et al. (2005), que são descritos a seguir:

Teste da queda da bola: utiliza-se o barro o mais seco possível que em seguida é umedecido

o suficiente e faz-se uma bola de 4 centímetros de diâmetro, a mesma em seguida cai de uma

altura de 1,5 metro sobre superfície plana. As terras arenosas se espalham, esfarelam no chão

e, as argilosas possuem maior coesão (Figura 27).

Figura 27 – Teste da queda da bola com a terra

Fonte: Neves et al. (2005)

Teste do rolo: Este teste verifica se o solo é adequado à construção com taipa. Com uma

porção de terra umedecida formar um rolo com 20 centímetros de comprimento e 2,5

centímetros de diâmetro em uma superfície plana. Deve-se deslizar o rolo até a borda de uma

mesa deixando a sua extremidade em balanço e observar a ruptura. Se o cordão for rompido

com menos de 8 centímetros, a argila é insuficiente para utilização na construção; se o

comprimento for entre 8 centímetros e 12 centímetros, a quantidade de argila é ideal; acima

de 12 centímetros, há argila em excesso ( Figura 28).

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Figura 28 – Teste do rolo

Fonte: Neves et al. (2005)

Teste da fita: Tomar uma porção de terra umedecer e fazer um cilindro de diâmetro de um

cigarro. A seguir, amassá-lo formando uma fita de 3 a 6 milímetros de espessura e com o

maior comprimento possível. Se for possível formar uma fita de 25 a 30 centímetros de

comprimento, a terra é muito argilosa; se formar uma fita de 5 a 10 centímetros, a terra é

argilo siltosa, arenosa ou areno argilosa; se não for possível fazer a fita, há bastante silte ou

areia e pouca argila (Figura 29).

Figura 29 – Teste da fita

.

Fonte: Neves et al. (2005)

Com a realização deste teste, o da fita, pode-se associar as técnicas construtivas mais

adequadas aos tipos de solo ensaiados. No Quadro 5, Neves et al. (2005) apresenta esta

associação:

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Quadro 5 – Tipo de solo e técnica construtiva adequada verificada pelo teste da fita

Fonte: Adaptado de Neves et al. (2005)

Teste do vidro ou da sedimentação: Tomar uma porção de terra seca e destorroada e colocá-

la em um recipiente cilíndrico, liso e transparente, preenchendo 1/3 do mesmo. Em seguida

acrescenta-se água até 2/3 de sua altura e um pouco de sal, que atua ajudando na separação

das partículas do solo. Tampar o vidro e agitá-lo, e deixá-lo em repouso por uma hora. A

seguir, agitar novamente e deixá-lo em repouso sobre superfície horizontal por um tempo.

Pedregulhos e areia, por serem mais pesados, decantam primeiro na base do recipiente,

seguidos do silte e, por último, da argila. Na presença de matéria orgânica, a mesma flutua

próximo à superfície (Figura 30).

TESTE DA FITA

TIPO DE TERRA

TÉCNICA

CONSTRUTIVA

Fita curta ou não se

consegue fazer a fita

Arenosa;

areno-siltosa;

areno-argilosa;

silto-argilosa

Tijolo prensado, adobe e terra

compactada

Fita curta

Siltosa

Utilização mais difícil que as

terras anteriores, mas possível

com o uso de aglomerante.

Fita curta a longa

Argilosa com pedregulho;

argilo-arenosa;

argilo-siltosa

Possível usar para a terra

compactada ou tijolo

prensado, com aglomerante.

Fita longa

Argilosa

Possível usar para a

fabricação de adobe com

adição de fibras e

barreamento de técnicas

mistas.

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Figura 30 – Teste do vidro com visualização das partículas da terra sendo decantadas e indicações do cálculo das porcentagens de cada componente da terra

Fonte: Neves et al. (2005)

Calcula-se em seguida as porcentagens de cada elemento (areia, silte e argila) e caracteriza-se

o solo baseado no diagrama da Figura 31, e vê-se o tipo de construção a que eles servem, de

acordo com os diagramas da Figura 32.

Figura 31– Diagrama de classificação dos solos através do Teste do vidro

Fonte: Neves et al. (2005)

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63

Figura 32 – Diagramas indicativos do uso do solo através do Teste do vidro

Zonas para BLOCOS DE ADOBE e TAIPA Solos apropriados que não precisam de

estabilizantes Fonte: Neves et al. (2005)

De acordo com o diagrama à esquerda, pode-se concluir que as percentagens ideais das

partículas do solo para a produção de blocos de adobe estão em torno de: areia de 35% a

75%; silte de 0% a 60%; argila de 8% a 27%, e para a execução da taipa estão por volta de:

areia de 46% a 78%; silte de 0% a 48%; argila de 8% a 25%. Dessa forma o solo que serve à

taipa é também adequado à tijolos de adobe.

No diagrama à direita podemos notar que os solos apropriados para o adobe sem necessidade

do uso de estabilizantes têm como percentagens ideais das partículas: areia de 40% a 80%;

silte de 0% a 40%; argila de 20% a 35%.

Teste das bolas de vários pontos do terreno: De acordo com Mitidieri et al. (1987), a

escolha do solo para a construção deve ser feita através de amostras retiradas a uma

profundidade maior que 40 cm e recomendam um teste rápido para escolha do solo adequado

à construção com taipa, o qual consiste em retirar quatro amostras de diferentes pontos de um

mesmo terreno, umedecê-las com água e fazer bolas com as mãos e deixar secar, a bola que

apresentar menor número de fissuras indica, o solo mais apropriado para a construção (Figura

33).

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Figura 33 – Conjunto das bolas dos solos após secagem

Fonte: Adaptado de Araújo (2007)

Teste da pressão com os dedos: Gieth et al. (1994) recomendam este teste que consiste em

colocar um pouco da amostra de solo na palma da mão, adicionar água até obter uma mistura

coesa sem que prenda na mão e formar uma bola. Aplicando-se uma leve pressão com os

dedos, constata-se o comportamento da amostra. Se a bola se esfarelar, o solo é muito

arenoso. Se não se romper após uma forte pressão dos dedos, o solo é muito argiloso; e se

acontecer o rompimento após forte pressão, o solo possui com teor de areia e argila adequados

à construção de adobe (Figura 34).

Figura 34 – Teste da pressão com os dedos

Fonte: Adaptado de Neves et al. (2005)

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2.6.3 Correção do solo para o adobe

A correção do solo se faz para contornar os efeitos das propriedades da argila como variação

de volume que pode ocasionar fissuras na construção com terra crua. Para isso, podem ser

acrescentadas substâncias estabilizadoras ao solo. Segundo Faria (2002) os tipos de

estabilização do solo podem ser classificados em quatro categorias:

Estabilização por cimentação: é feito com uso do cimento, a cal (virgem ou hidratada); ou

mesmo os dois juntos;

Estabilização por armação: feito com fibras ou grãos, porém a resistência do material reduz,

enquanto aumenta a sua leveza e durabilidade;

Estabilização por impermeabilização: processo onde se envolve as partículas de argila com

uma camada impermeável de asfalto (betume); óleo de coco, ou ainda seivas oleaginosas; ou

látex para que os compostos fiquem mais estáveis e livres da ação da água;

Estabilização por tratamento químico: feito com a cal ou outros elementos de baixo custo

como soda cáustica e a urina de gado.

2.7 CONFECÇÃO DO TIJOLO DE ADOBE

2.7.1 Coleta do solo

A camada superficial do solo, algo em torno de 40 cm de profundidade no terreno é chamada

de terra vegetal por conter matéria orgânica, não sendo indicada para a construção. O solo

mais adequado para este fim se encontra abaixo desta camada. A Figura 35 ilustra uma coleta

do solo.

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66

Figura 35 – Escavação do terreno para coleta do solo para o tijolo de adobe

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)

2.7.2 Preparação do solo para a massa

O teor de umidade ideal da massa para o adobe, segundo Faria (2002), é a trababilidade e

plasticidade do barro, onde o mesmo deve ter uma consistência que permita moldar o tijolo de

modo a preencher a fôrma por inteiro e retirá-lo sem que deforme muito. A terra, mais

indicada para o tijolo de adobe, é pouco argilosa e muito arenosa e deve ser peneirada para o

seu destorroamento e homogeneização e adicionada a água até formar uma mistura plástica.

Segundo Lengen (2008) o traço ideal para o adobe está em torno de oito partes de areia, para

quatro partes de argila, para quatro partes de água. A quantidade de areia deve ser em torno do

dobro de argila e a quantidade de água deve ser de um terço da massa total de terra

(areia+argila).

Corrêa et al. (2006) citam que a quantidade de água a ser acrescentada na mistura do solo está

em função do tipo de solo a ser utilizado, onde quanto mais argiloso, maior necessidade de

água e que a estabilização do solo com areia é eficiente para os solos argilosos

proporcionando melhor qualidade dos adobes, diminuindo assim a perda na produção por

ocorrência de trincas e fissuras.

Qualquer local que tenha um clima com períodos de uma ou mais semanas sem chuva é

adequada para a fabricação e uso do tijolo de adobe, segundo McHenry (1984), que afirma

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ainda que os misturadores mecânicos de custo pouco elevado são uma boa solução para

produzir grande quantidade de material, porém, o processo de mistura manual da massa

também pode ser feita. Este mesmo autor recomenda que o local da operação de manufatura

de tijolo de adobe deve ser planejado com cuidado, de modo a evitar muita movimentação do

material e dos tijolos confeccionados.

2.7.3 Amassamento do barro

A tradição dos construtores de terra ratificada tecnicamente por Minke (2008) defende a

necessidade do amassamento do barro e depois a colocação do mesmo em repouso por 48

horas para melhor homogeneização da umidade, e após este repouso, antes da moldagem dos

tijolos, o mesmo deve ser amassado vigorosamente, para se evitar que as lâminas de argila se

agrupem, o que provocaria a redução da resistência mecânica dos tijolos. Ferreira e Silva

(2009) indicam que a mistura de solo e água deva ser amassada e deixada em repouso por 24

horas. Já Gieth et al. (1994) indica deixar a mistura em repouso por um período de 12 horas,

preferencialmente durante a noite.

O amassamento do barro é feito tradicionalmente com os pés descalços, mas pode ser feito

por animais; ou mecanicamente em máquinas chamadas marombas. O processo que utiliza a

maromba para a mistura do material de solo, de acordo com Corrêa et al. (2006) confere

melhor resistência aos adobes, por proporcionar maior homogeneização da mistura (Figuras

36, 37 e 38).

Figura 36 – Repouso da massa Figura 37 – Amassamento da massa com os pés

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)

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Figura 38 – Maromba para fabricação de tijolos

Fonte: Faria (2002)

De acordo com McHenry (1984), quando os tijolos são produzidos artesanalmente por duas

pessoas, pode-se chegar a uma produção de 300 a 400 tijolos por dia e se for com três pessoas

e equipamento mecânico, pode-se chegar a uma produção de cerca de 2.000 tijolos por dia.

Em seguida ocorre a colocação do barro com as mãos nas fôrmas de madeira ou metálicas,

para depois serem desenformados e os tijolos secados ao sol, ou à sombra, como afirma

McHenry (1984). De acordo com Corrêa et al. (2006), a produção de tijolos de adobe em

local coberto possibilita a perda gradual de água, contribuindo para melhor qualidade do

adobe.

2.7.4 Fôrmas

As fôrmas podem ter as mais variadas formas e tamanhos, desde as menores, para a confecção

de meio tijolo até as maiores para múltiplos tijolos. De acordo com McHenry (1984), uma

fôrma para múltiplos tijolos tem a vantagem da produção de grande quantidade dos mesmos

simultaneamente, a desvantagem é que pode diminuir a qualidade dos mesmos por conta de

imperfeições que poderão surgir devido a colocação da fôrma em terreno com diferença de

nível, porém, um maior número de tijolos por fôrma necessita de uma preparação mais

cautelosa do solo que uma fôrma menor (Figura 39 e Figura 40).

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Figura 39 – Colocação da massa na fôrma Figura 40 – Massa sendo desenformada

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006) Fonte: Abreu (2009)

As fôrmas podem ser confeccionadas em madeira ou metal, ser retangulares ou quadradas e

devem possuir agarradeiras que são apoios laterais para as mãos nos extremos para facilitar a

produção e a desforma, como as apresentadas na Figura 41 e Figura 42.

Figura 41 – Fôrma para um só tijolo Figura 42 – Fôrma para produção de múltiplos tijolos de adobe

Fonte: Abreu (2009) Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)

2.7.5 Dimensões do tijolo

Aponta a literatura diante de análise de diversas pesquisas com este material, que para que o

tijolo de adobe possua uma resistência à compressão e à flexão satisfatórias além do tipo de

solo de que é constituído e as condições e tempo de cura do tijolo as dimensões ideais

também são importantes para a qualidade final do tijolo. Corrêa et al. (2006) afirmam que a

interação entre os fatores tamanho, correção e cura contribui para o desempenho final do

tijolo de adobe. Estes autores defendem que menor espessura proporciona blocos de melhor

resistência à compressão, pois de acordo com estes o tijolo muito robusto acaba por demorar

de secar ficando sujeito ao aparecimento de fissuras.

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70

Segundo McHenry (1984), o tijolo ideal deve ter duas vezes o comprimento pela largura.

Diversas pesquisas indicam altura maior que 5 centímetros e menor que 10 centímetros para

uma secagem homogênea e mais rápida, além de conferir melhor resistência à compressão ao

tijolo e recomendam ainda as dimensões ideais aproximadas do tijolo de adobe onde a largura

seria aproximadamente igual a duas vezes a altura (h) e o comprimento (C)

aproximadamente igual a duas vezes a largura (L) ou seja: L=2 x h e C= 2 x L.

2.7.6 Secagem do tijolo

Para a secagem dos tijolos de adobe ser mais eficiente, o mais indicado é fazê-la em períodos

de estiagem para que seque ao sol ou à sombra, porém, se for feita em época chuvosa, deve-se

tomar algumas precauções como a de proteger os tijolos da chuva. Ferreira e Silva (2009),

afirmam que a secagem deve ser feita primeiramente à sombra e após oito dias ao sol, sobre

estrados. Segundo estes autores tanto à noite quanto na presença de chuvas os tijolos devem

ser cobertos com uma lona plástica (Figura 43 e Figura 44).

Figura 43 – Secagem inicial dos tijolos à sombra Figura 44 – Secagem dos tijolos ao sol

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)

De acordo com Oliveira (2005), as condições climáticas determinam o tempo ideal de

secagem, o qual pode variar dependendo da intensidade do sol (temperatura), largura dos

tijolos e umidade do ar, e ainda acrescenta que é aconselhável virar os tijolos com frequência

durante o período de secagem para que a mesma seja homogênea, evitando, retrações

diferenciais e consequentemente, deformação dos tijolos. Segundo McHenry (1984) a

secagem inicial do adobe, em clima quente de verão, leva de dois a três dias e, no inverno

dura algumas semanas.

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Corrêa et al. (2006), citam que o local de cura ideal para o adobe deve ser coberto, por

proporcionar perda gradual de umidade e maior uniformidade na secagem, evitando a

contração e o aparecimento de trincas, que diminuem a resistência e o aproveitamento da

produção.

Dessa forma pode-se concluir que as condições do clima determinam o tempo de secagem, no

período quente e seco, as condições para a secagem são mais satisfatórias que no período

chuvoso, porém outros fatores interferem no tempo de cura dos tijolos como as dimensões dos

mesmos e a umidade do ar no local, assim quanto menos espesso e menor o adobe, mais

rápido ele cura.

2.7.7 Testes expeditos para o tijolo

De acordo com Soares, Silva e Pinheiro (2008), para a verificação da resistência do tijolo

alguns tipos de testes de compressão simples e de resistência à flexão podem ser feitos em

laboratório, seguindo as normas brasileiras de tijolo maciço de barro cozido, tais como a NBR

6460 (1983); e para tijolos de solo cimento como: NBR 8492 (ABNT, 1984), NBR10834

(ABNT, 1994), NBR10835 (ABNT, 1994), NBR10836 (ABNT, 1994), NBR12024 (ABNT,

2012) e NBR12025 (ABNT, 2012).

De acordo com a norma NBR 7171 (ABNT, 1992), substituída pelas normas NBR 15270-1

(ABNT, 2005) e NBR 15270-2 (ABNT, 2005), 1 MPa é o limite mínimo de resistência para

blocos cerâmicos utilizados em paredes de vedação. Este valor de resistência foi obtido em

ensaio do grupo de pesquisa da UFC, Soares, Silva e Pinheiro (2008), que realizaram testes

com tijolos de adobe após a secagem dos blocos, primeiramente deixados à sombra por sete

dias e depois virados e colocados ao sol por mais sete dias seguindo metodologia de

Battistelle (2002).

O construtor pode realizar testes práticos de campo (testes expeditos) com os tijolos de adobe

depois do período de secagem. De acordo com Lengen (2008), os tijolos podem ser testados

no local da obra, para a verificação da qualidade, e se são adequados para serem empregados

na construção, através de testes simples como o de empilhamento de tijolos; imersão do tijolo

em água, colocação de peso de um adulto sobre o tijolo.

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Empilhamento de tijolos: faz-se empilhando seis destes tijolos de adobe sobre um deles que

ficou previamente imerso em água durante 4 horas e apoiado em outros dois. Se este aguentar

o peso sem quebrar por no mínimo um minuto está qualificado para a obra, como afirma

Lengen (2008) (Figura 45).

Figura 45 – Empilhamento de seis tijolos sobre um tijolo previamente imerso em água

Fonte: Adaptado de Lengen (2008)

Imersão do tijolo em água: Lengen (2008) indica também o teste com imersão do tijolo em

água que consiste em imergir o tijolo de adobe em água por 4 horas e depois quebra-lo e

verificar, no seu interior, a espessura da superfície molhada que não deve ultrapassar um

centímetro (Figura 46).

Figura 46 – Tijolo partido ao meio após imersão em água por 4 horas

Fonte: Adaptado de Lengen (2008)

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Colocação de peso de um adulto sobre o tijolo: Pode-se verificar a qualidade de um tijolo de

adobe colocando-se este apoiado sobre outros dois, fazendo um adulto de aproximadamente

70 quilos pisar sobre ele. Se não houver a quebra deste tijolo ele pode ser usado na construção

(Figura 47).

Figura 47 – Colocação de peso de um adulto sobre o tijolo

Fonte: Adaptado de Lengen (2008)

Síntese das recomendações para a construção com tijolo de adobe

O Quadro 6, a seguir apresenta um resumo com as recomendações da norma NTE E.080

(SENCICO, 2000) do Peru e da bibliografia para a construção com tijolo de adobe.

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74

Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (continua)

CARACTERÍSTICAS

DA CONSTRUÇÃO

R E C O M E N D A Ç Õ E S

NORMA NTE E.080 DO PERU

BIBLIOGRAFIA

CARACTERÍCAS DA

EDIFICAÇÃO

A edificação com tijolos de adobe deve possuir

1 piso ou até 2 pisos a depender da intensidade

sísmica do local. Deve ter planta baixa com

forma tendendo à simetria (forma mais

próxima do quadrado). O terreno deve possuir

sistema de drenagem adequado. Não deve ser

construído em locais com solos granulares

soltos; em solos coesivos moles; nem em

locais com argilas expansivas, ou em zonas

sujeitas a inundações, deslizamentos de terra

ou em solos com instabilidade geológica.

A edificação deve possuir de 1 a 2 pavimentos. A planta baixa deve ter um

formato, o mais próximo possível do quadrado; deve-se construir sempre em

terreno plano, ligeiramente elevado; não se deve construir em ladeiras muito

íngremes, nem em zonas alagadiças, (SILVA, 2000).

SELEÇÃO DO SOLO

O solo para o tijolo de adobe não deve ser

orgânico e deve apresentar os seguintes

percentuais: 10% a 20% de argila; 15% a 25%

de silte e 55% a 70% de areia.

O solo apropriado deve ser retirado a uma profundidade de 40 cm (ARAÚJO,

2007). O solo deve possuir quantidade de argila igual a 20% e areia entre 40% a

55%, (MARTINEZ, 1979). Em relação aos 3 elementos componentes do solo a

porcentagem mais apropriada para os adobes é de em torno de 50% de areia, 30%

de silte, e 20% de argila, (HERNÁNDEZ; MÁRQUEZ, 1983).

TESTES COM O

SOLO

Não faz referência.

Testes expeditos podem ser feitos com o solo como por exemplo: da queda da

bola; do rolo; da fita; do vidro ou da sedimentação, das bolas de pontos diversos

do terreno e da pressão com os dedos, (ARAÚJO, 2007); (NEVES et al., 2005);

(HOUBEN; GUILLAUD, 1984); (MINKE, 2008); (CRATerre, 1979); (RIGASSI,

1995); (KEABLE, 1996); (HERNÁNDEZ; MÁRQUEZ, 1983).

Testes táctil-visuais como: o do tato; do tamanho das partículas; do brilho e da

cor, podem ser feitos antes de realização dos testes expeditos, (NEVES, et al.,

2005).

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75

Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (continuação)

CARACTERÍSTICAS

DA CONSTRUÇÃO

R E C O M E N D A Ç Õ E S

NORMA NTE E.080:2000 DO PERU

BIBLIOGRAFIA

DIMENSÕES DO

TIJOLO

O comprimento (C) deve ser aproximadamente

o dobro da largura (L), (C = 2 x L). O

comprimento (C) deve ser aproximadamente 4

vezes maior que a altura (h), (C = 4 x h). A

altura (h) deve ser de no mínimo 8 cm.

O tijolo deve ter duas vezes o comprimento (C) pela largura (L), (C= 2 x L)

(MCHENRY, 1984). Menor espessura (altura) proporciona aos tijolos melhor

resistência à compressão, (CORRÊA et al., 2006). Diversas pesquisas indicam

altura maior que 5 cm e menor que 10 cm para uma secagem homogênea e mais

rápida do tijolo, além de conferir ao mesmo melhor resistência à compressão e

recomendam ainda as dimensões ideais aproximadas do tijolo de adobe onde a

largura seria aproximadamente igual a duas vezes a altura (h) e o comprimento(C)

aproximadamente igual a duas vezes a largura (L), ou seja: L=2 x h e C= 2 x L.

REQUISITOS PARA A

FABRICAÇÃO DO

TIJOLO

O tijolo deve ser maciço e estar livre de

materiais estranhos, frestas, rachaduras ou

outros defeitos que possam afetar a sua

resistência ou durabilidade. Só se permite

furos perpendiculares às faces de assentamento

(faces maiores) e os furos não podem ter área

maior que 12% da área total destas faces. Para

a confecção do tijolo devem ser retiradas as

pedras maiores que 5 mm e outros elementos

estranhos do solo, em seguida é feito o

amassamento do barro e mantido em repouso

por 24 horas, depois são moldados os tijolos, e

retirados das formas e secos à sombra.

A terra deve ser peneirada para o seu destorroamento e homogeneização e

adicionada água. O teor de umidade ideal da massa é o que confere

trabalhabilidade e plasticidade ao barro, que permita moldar o tijolo de modo a

preencher a fôrma por inteiro e retirá-lo sem que deforme muito, (FARIA, 2002).

A estabilização do solo com areia é eficiente para os solos argilosos por

proporcionar a diminuição de ocorrência de trincas e fissuras, (CORRÊA et al.,

2006). A mistura de solo e água deve ser amassada e deixada em repouso

por 24 horas, (FERREIRA; SILVA, 2009). Antes da moldagem dos tijolos, a

massa deve ser amassada vigorosamente, para que as lâminas de argila não se

agrupem novamente, evitando assim a redução da resistência mecânica dos tijolos,

(Tradição dos construtores de terra ratificada tecnicamente por Minke (2008). A

secagem deve ser feita primeiramente à sombra e, após 8 dias, ao sol,

(FERREIRA; SILVA, 2009). As condições do clima definem o tempo ideal de

secagem, o qual pode variar dependendo da temperatura local, das dimensões dos

tijolos e da umidade do ar. É indicado virar os tijolos com frequência durante o

período de secagem para que a mesma seja homogênea, (OLIVEIRA, 2005). O

tempo de secagem inicial do adobe, em clima quente de verão, é de dois a três dias

e no inverno algumas semanas, (Mc HENRY, 1984). O local de cura deve ser

coberto para proporcionar uma uniformidade na secagem, (CORRÊA et al., 2006).

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Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (continuação)

CARACTERÍSTICAS

DA CONSTRUÇÃO

R E C O M E N D A Ç Õ E S

NORMA NTE E.080:2000 DO PERU

BIBLIOGRAFIA

TESTE COM O

TIJOLO

Teste de laboratório: Ao ser realizado o teste

de resistência à compressão do tijolo o valor

mínimo deve ser de 1,2 Mpa (12 kgf/cm²)

Testes de laboratório podem ser feitos seguindo as normas brasileiras de tijolo

maciço de barro cozido como a NBR 6460 (ABNT, 1983) e para tijolos de solo

cimento como: NBR8492 (ABNT, 1984); NBR10834 (ABNT, 1984); NBR10835

(ABNT, 1984); NBR10836 (ABNT, 1984); NBR12024 (ABNT, 2012) e

NBR12025 (ABNT, 2012), dentre outras, por não haver uma norma específica

para os tijolos de terra crua. Segundo a norma NBR 7171 (ABNT, 1992), o limite

mínimo de resistência para blocos cerâmicos é de 1 Mpa. Testes expeditos podem

ser realizados com o tijolo como, por exemplo: teste do empilhamento de tijolos;

da imersão do tijolo em água e da colocação de peso e pressão de um adulto sobre

o tijolo, (LEGEN, 2008).

FUNDAÇÃO

A fundação não deve estar assentada em locais

propensos a inundações, em solos soltos, em

solos coesivos moles; em argilas expansivas,

ou em áreas sujeitas a deslizamentos de terra

ou com instabilidade geológica. Deve-se evitar

o contato do solo com a alvenaria de adobe. A

fundação deve ter uma profundidade mínima

de 60 cm a partir do nível do natural do terreno

e uma largura mínima de 40 cm, e os materiais

indicados para confecção da mesma são a

alvenaria de pedra ou o concreto ciclópico.

Para se executar a fundação, geralmente se faz a escavação de valetas que são

apiloadas no fundo para receberem alvenarias de pedra ou de tijolo cerâmico em

toda a extensão das paredes. As fundações devem possuir geralmente uma largura

de uma vez a duas vezes a espessura da parede, dependendo da altura da

construção e da qualidade do terreno, e a sua profundidade mínima deve ser de 40

cm, (LOURENÇO, 2005). Deve ser utilizada cinta de concreto magro coroando a

fundação para evitar que a umidade da terra que sobe por capilaridade atinja as

paredes (MITIDIERI et al., 1987). Para a fundação deve ser usada sapata corrida

de pedra e de tijolos cerâmicos, protegida com camada impermeabilizante.

(GIETH et al., 1994).

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Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (continuação)

CARACTERÍSTICAS

DA CONSTRUÇÃO

R E C O M E N D A Ç Õ E S

NORMA NTE E.080:2000 DO PERU

BIBLIOGRAFIA

PISO

O piso deve evitar o contato do solo com a

alvenaria de adobe e estar a uma altura mínima

de 20 cm acima do nível do terreno e todo o

perímetro da edificação deve ser calçado.

O piso deve ser assentado a no mínimo de 20 cm a 30 cm acima do nível do

terreno,( ARAÚJO, 2007). Usa-se para o piso comumente a pavimentação com o

chão batido com posterior aplicação de cimentado. Outra opção de material é o

cimento queimado que confere ao piso uma espécie de endurecimento e

vitrificação, tornando-se um melhor repelente de água, (LENGEN, 2008)

ALVENARIA

Os tijolos de adobe devem estar

completamente secos antes de serem usados

nas alvenarias e assentados em fileiras

sucessivas sobrepondo um tijolo de uma fileira

a partir do meio do tijolo da fileira anterior. A

argamassa de assentamento dos tijolos deve ser

feita com terra e pode ser adicionada a ela:

areia, cal, cimento, asfalto, ou mesmo palha. A

espessura da parede é determinada em função

da altura livre da mesma (para paredes de

espessura entre 30 cm e 50 cm a altura da

mesma deve estar entre 2,40 m e 4,0 m). No

caso de edificação de mais de um piso deve

haver viga no topo da parede do pavimento

inferior e também coroando a parede do piso

superior (viga de amarração).

Pilares de concreto armado devem ser usados

como estrutura das alvenarias de adobe quando

a espessura da parede for menor que 25 cm.

A massa de assentamento dos tijolos deve conter terra e pode ser composta de 10

partes de areia lavada, 2 partes de pasta de cal e 1 parte de barro; a cal na massa é

usada para reter a umidade, transmitindo menos umidade aos tijolos. Uma viga de

amarração deve coroar as paredes (MCHENRY, 1984). Esta viga pode ser de

concreto ou madeira, se for adotada a cinta de concreto podem ser utilizados

tijolos de adobe do tipo canaleta onde será instalada a ferragem e despejado o

concreto. As paredes de adobe deverão possuir uma altura de no máximo 3,5 m e

um comprimento livre de no máximo 5 m, para se evitar tombamentos

(LOURENÇO, 2005). Deve-se ter o cuidado de recobrir com a massa qualquer

fresta na parede. As tubulações hidráulicas devem ser aparentes evitando-se

colocá-las no interior das paredes (BAYER, 2010). As paredes devem ser

protegidas contra as infiltrações de águas provenientes do solo ou das chuvas.

Deve-se aumentar ao máximo os beirais dos telhados, cobrir as alvenarias com

reboco composto de terra, areia e cal; pintá-las com um composto à base de cal.

Em relação a umidade proveniente do solo, a parede pode ser protegida através da

instalação de um material impermeabilizante entre a fundação e a alvenaria, que

pode ser uma cinta de concreto ou betume, por exemplo. Executar um chapisco

de impermeabilização com 50 cm de altura a partir do piso na base das alvenarias

externas e internas. (LOPES; INO, 2003).

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78

Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (continuação)

CARACTERÍSTICAS

DA CONSTRUÇÃO

R E C O M E N D A Ç Õ E S

NORMA NTE E.080:2000 DO PERU

BIBLIOGRAFIA

ESQUADRIAS

As aberturas devem estar centralizadas nas

paredes; a largura máxima de portas e janelas

deve ser de 1/3 do comprimento da parede

entre os apoios verticais (pilares ou paredes

perpendiculares). A distância ente a borda da

esquadria até o apoio vertical mais próximo

não deve ser menor que 3 vezes, nem maior

que 5 vezes a espessura da alvenaria.

Em uma edificação de adobe a distância entre aberturas de esquadria e entre uma

abertura e a quina da construção deve ser de no mínimo 1 metro, (SILVA, 2000).

Deve-se instalar verga que fica entre o marco e a parede, coroando as esquadrias

com a finalidade de prevenir deformações nos marcos devido às cargas da parte de

cima das aberturas, (MCHENRY, 1984). As vergas podem ser feitas de materiais

como concreto ou madeira, e podem ser executadas também nas bases das

aberturas (contra verga). A verga tem função de sustentação das fiadas de tijolos

acima das aberturas de esquadrias.

COBERTURA

O telhado deve possuir beirais e deve ser

fixado adequadamente à alvenaria de adobe

através de uma viga (cinta de amarração).

Os beirais do telhado devem ser ampliados ao máximo. A colocação de calhas no

beiral para receberem as águas e transportá-las para longe das paredes, evita que

estas águas, provenientes da cobertura, respinguem na base das paredes em seu

exterior, (ARAÚJO, 2007). Em se tratando de habitação popular, uma cobertura

de telha cerâmica fabricada artesanalmente em olaria próxima ao local da

construção é a mais indicada devido ao baixo custo das mesmas e da redução de

custos com transporte, além de cumprir de modo satisfatório as suas funções de

proteger a habitação das intempéries, e conferir conforto térmico ao interior da

edificação.

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Quadro 6 – Recomendações para a construção com tijolo de adobe da norma do Peru e da Bibliografia (conclusão)

CARACTERÍSTICAS

DA CONSTRUÇÃO

R E C O M E N D A Ç Õ E S

NORMA NTE E.080:2000 DO PERU

BIBLIOGRAFIA

REBOCO

O reboco que recobre as alvenarias deve ser

resistente à umidade.

A argamassa do reboco para uma parede de adobe deve ser constituída de

materiais com características semelhantes às do adobe para melhor aderência à

parede. O traço da mistura pode ser de 3:1:1 (3 partes de terra; 1parte areia grossa

e 1 parte de cal) . O reboco deve ser reparado ou substituído periodicamente,

(RODRIGUES, 2004). A argamassa do reboco pode também ser estabilizada com

materiais hidrófugos, para a sua impermeabilização, em Portugal é comum a

adição de azeite, sebo de porco ou carneiro, ou sangue de boi, à argamassa do

reboco para este fim. Na Argélia é comum o uso de um reboco, feito com bolas de

terra que são projetadas na parede. Para evitar o abrigo de insetos deve-se cobrir

com argamassa qualquer fresta ou buracos nas paredes, e proceder sempre que

necessário a manutenção do reboco da edificação, (ARAÚJO, 2007).

PINTURA

A pintura das alvenarias deve ser repelente de

água.

Deve-se utilizar na pintura das paredes tinta a base de cal, adicionando-se à

mistura cola plástica ou produto semelhante , com o fim de propiciar uma melhor

aderência da tinta ao reboco, (ARAÚJO, 2007). Para redução de custos, a pintura

a base de cal é a mais indicada. O uso tinta constituída por uma mistura de goma

de palma, planta abundante em região de clima semiárido e sem custo, adicionado

à cal confere melhor aderência e impermeabilidade da tinta ao reboco. (LENGEN,

2008). Fonte: Própria autora

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3 MÉTODO DE PESQUISA

Neste capítulo é apresentado o método de pesquisa adotado para atingir os objetivos

propostos. É realizada primeiramente uma abordagem sobre a estratégia do estudo e em

seguida é apresentado o delineamento da pesquisa contendo as etapas da mesma.

3.1 ESTRATÉGIA DO ESTUDO

A estratégia de pesquisa foi o levantamento de dados a partir do estudo de campo realizado

em seis edificações com tijolo de adobe distribuídas em quatro cidades do estado da Bahia. O

estudo envolve entrevistas, visitas às edificações, onde houve registro fotográfico e

observação direta, seguida das análises dos processos construtivos adotados por construtores

baianos visando à elaboração das recomendações para a construção com tijolo de adobe. As

análises têm como referência a norma NTE E.080 do Peru (SENCICO, 2000) e a bibliografia

levantada.

A presente pesquisa classifica-se como qualitativa, por ter como parâmetro de análise a norma

peruana; a interpretação dos dados obtidos no levantamento bibliográfico sobre a técnica de

construção com tijolo de adobe e entrevistas com construtores que utilizam este material em

edificações na Bahia nos últimos vinte anos.

No estudo qualitativo a amostragem adotada deve permitir analisar o problema de forma

ampla e o critério numérico não é necessário para determinar a sua representatividade, de

acordo com Minayo (1994). Dessa forma, a amostra das seis edificações deve atender aos

objetivos da pesquisa, propiciando a coleta de informações relevantes para a análise do

fenômeno. A representatividade dos sujeitos no contexto deve ser considerada na pesquisa

qualitativa.

A amostragem deste estudo é intencional e por acessibilidade baseada em Vergara (2003),

pois, a amostra é composta por um grupo escolhido de edificações com tijolo de adobe e não

foram usadas análises estatísticas no estudo. As edificações com tijolo de adobe, localizadas

em regiões diversificadas no estado da Bahia foram identificadas a partir das entrevistas com

os construtores.

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81

O estudo resulta na elaboração de recomendações para a construção de edificações com tijolo

de adobe que possibilite um sistema construtivo eficaz embasado na norma do Peru, na

bibliografia especializada e nas experiências de construtores com formação profissional ou

não na Bahia.

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Nesta pesquisa foram analisadas as edificações com tijolo de adobe erguidas na Bahia nas

últimas duas décadas, a partir das informações obtidas através de entrevistas com os seus

construtores. Dessa forma, foram identificados alguns construtores baianos e suas obras com

tijolo de adobe e, em seguida, realizada uma abordagem desta técnica e das características

construtivas adotadas por cada construtor. As etapas que envolveram a pesquisa são descritas

a seguir.

3.2.1 Pesquisa Bibliográfica

A revisão da literatura foi desenvolvida com base na norma NTE E.080 do ano 2000 do Peru,

na bibliografia de livros, periódicos, artigos, teses, dissertações, normas técnicas e em

consultas às páginas da internet.

3.2.2 Coleta de dados do estudo de campo

A coleta de dados do estudo de campo envolveu a identificação das edificações com tijolo de

adobe no estado da Bahia; entrevistas aplicadas aos seus construtores; visitas às obras com a

realização de registro fotográfico e observação direta, onde foram identificadas as

manifestações patológicas existentes e entrevistas com os moradores destas edificações.

3.2.2.1 Identificação das edificações com tijolo de adobe executadas nos últimos

20 anos no estado da Bahia

Nesta etapa foram identificados os construtores baianos que construíram edificações com

tijolo de adobe no estado nas últimas duas décadas, por meio de informações obtidas com

pessoas do ramo da construção e com as entidades e organizações não governamentais como

o Instituto de Permacultura da Bahia (IPB) que realiza cursos sobre esta técnica no estado.

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82

Em seguida, foram identificadas as localidades destas obras. Os construtores entrevistados

foram seis, dentre eles há uma arquiteta e um engenheiro civil formados em universidades da

Bahia e quatro autoconstrutores. Estes construtores foram identificados no texto pelas letras

A; B; C; D; E e F e suas credenciais se encontram no apêndice 3. As localidades no estado da

Bahia onde se encontram estas edificações são: Banzaê (uma edificação); Rio de Contas (duas

edificações); Camaçari (uma edificação) e Santa Terezinha (duas edificações), perfazendo

um total 4 localidades e 6 obras, como mostra o Quadro 7.

Quadro 7 – Obras, cidades, construtores e atividade desempenhada pelo construtor

OBRA

LOCAL

CONSTRUTOR

ATIVIDADE QUE

DESEMPENHA

1

BANZAÊ A ARQUITETURA

2

RIO DE

CONTAS B BIOCONSTRUÇÃO

3

RIO DE

CONTAS C CONSTRUÇÃO EM

GERAL

4

CAMAÇARI D ENGENHARIA

CIVIL

5

SANTA

TEREZINHA E CONSTRUÇÃO EM

GERAL

6

SANTA

TEREZINHA F CONSTRUÇÃO EM

GERAL Fonte: Própria autora

A edificação da cidade de Banzaê executada pelo construtor “A” é uma residência de um

pavimento com área de 44,72m², construída no ano de 2006. A edificação de Rio de Contas

do construtor “B” é uma residência de dois pavimentos com área de 202 m², executada no

ano de 2012. A outra edificação de Rio de Contas do construtor “C” é uma residência de

um pavimento com área de 71,50 m² realizada em 1996. Na cidade de Camaçari a edificação

do construtor “D” é um espaço escolar de um pavimento com área de 33,84 m² , construída

em 2008. Em Santa Terezinha a edificação do construtor “E” é uma residência com área de

85,80 m² realizada no ano de 1997. Por fim, a outra obra em Santa Terezinha do construtor

“F” é um um bar de um pavimento com área de 65,72 m² realizada no ano de 1999.

3.2.2.2 Entrevista semiestruturada com construtores baianos

Nesta etapa, foram realizadas entrevistas com os construtores baianos, identificados para o

estudo, abordando o processo construtivo adotado por cada um nas seis obras. Foram

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83

elaboradas perguntas para a entrevista semiestruturada, a qual é apresentada no apêndice 1,

onde cada construtor foi consultado a respeito da obra que executou. Após o período das

entrevistas iniciou-se o estudo de campo onde houve o registro fotográfico das construções.

As entrevistas foram realizadas por meio de e-mail com os construtores que possuíam acesso

à internet como os construtores “A”; “B” e “D” e pessoalmente com os outros construtores

“C”; “E” e “F”. As entrevistas serviram para diagnosticar o método construtivo adotado por

cada construtor. Além das entrevistas, foi realizada a análise de apenas um documento, o

único existente, com o resultado do teste de resistência do tijolo utilizado na casa de Banzaê

executada pelo construtor “A” realizado na Escola Politécnica da Universidade Federal da

Bahia.

Todos os construtores, de acordo com os relatos dos mesmos, ao adotarem a técnica do tijolo

de adobe, tinham como objetivos principais construírem com baixo custo, que possibilitasse a

autoconstrução e utilizasse materiais sustentáveis.

3.2.2.3 Visitas às obras com verificação das manifestações patológicas

Foi realizada a verificação da situação atual das edificações com idade de construção variando

de 1 a 17 anos, por meio de visitas às seis edificações. O registro fotográfico e a observação

direta serviram para identificar as manifestações patológicas existentes nas edificações e

analisar a condição atual das mesmas em relação à durabilidade da obra e à integridade das

alvenarias de tijolos de adobe.

3.2.2.4 Entrevista com os usuários das edificações

Foi realizada nesta etapa entrevista com os usuários das seis edificações e para isso foi

utilizado um formulário contendo perguntas que foram respondidas pelos mesmos e tópicos

para nortear a pesquisa no local da edificação. Este formulário se encontra no Apêndice 2.

3.2.3 Análise dos dados do estudo de campo

Foi realizada a análise das características construtivas adotadas por cada construtor em sua

obra e a análise das manifestações patológicas verificadas nas edificações mediante os dados

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obtidos no estudo de campo com as entrevistas aos construtores, observação direta das

edificações e registros fotográficos envolvendo aspectos como: características da edificação;

tipos de solo adequado ao adobe; preparo do tijolo; confecção das fundações, pisos e

alvenarias; melhoria da proteção em relação às intempéries (ventos e chuvas), confecção do

reboco e pintura das paredes; execução das esquadrias e condições das instalações elétricas e

hidráulicas.

3.2.3.1 Análise da técnica de construção com tijolo de adobe adotada por cada construtor

baiano com base nas recomendações da norma peruana NTE E. 080:2000 e da

bibliografia e avaliação quanto ao atendimento às mesmas

A análise dos dados obtidos no estudo de campo envolveram a comparação da técnica

construtiva adotada por cada construtor com o que recomenda a norma peruana NTE E.080

(SENCICO, 2000) e a bibliografia especializada e a posterior constatação do atendimento

total, parcial ou o não atendimento a estas recomendações em relação a cada item

correspondente às características construtivas.

As variáveis deste estudo são as características construtivas tais como: características da

edificação; solo adotado; características do tijolo; fundação; piso; alvenarias; esquadrias;

cobertura; reboco; pintura.

Como critérios para esta análise foram conferidas pontuações de 1 a 5 (um a cinco) para

melhor conhecer o nível de atendimento, por parte de cada construtor baiano, em relação às

indicações para a técnica do tijolo de adobe preconizadas pela norma do Peru e pela literatura.

A pontuação referente ao atendimento total às recomendações foi de 5 ( cinco) pontos; para o

atendimento parcial às recomendações foi de 2 a 4 (dois a quatro) pontos e para o não

atendimento às mesmas foi de 1 (um) ponto.

Os valores das pontuações atingidas pelo construtor em cada item relacionado às

características construtivas foram somados e encontrados o valor médio para o atendimento às

recomendações para: características da edificação; seleção do solo; testes com o solo;

dimensões do tijolo de adobe; requisitos para a fabricação do tijolo; testes como o tijolo;

fundação; piso; alvenaria; esquadrias; cobertura; reboco e pintura, totalizando 13 (treze)

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85

características construtivas. Este valor médio para o atendimento a estas recomendações,

referente a cada construtor, foi encontrado dividindo-se o somatório das pontuações obtidas,

pelo número de itens das características construtivas.

Com o intuito de possibilitar a compreensão desta análise foi elaborado um quadro resumo

referente a cada construtor contendo as características construtivas praticadas pelo mesmo, as

recomendações da norma peruana e as indicações da bibliografia e a constatação do nível de

atendimento às recomendações mediante a pontuação atingida, perfazendo um total de seis

quadros resumo, um para cada construtor.

Por fim, foi elaborado um quadro resumo contendo o nível de atendimento às recomendações

referente aos seis construtores baianos com a média aproximada da pontuação atingida por

cada um.

3.2.3.2 Análise da situação atual das edificações e das manifestações patológicas

A análise da situação atual das edificações do estudo envolve dados referentes ao tempo da

construção; à situação de conservação das edificações; às reformas ou ampliações; à situação

do piso; à situação das alvenarias, das esquadrias, do reboco e da pintura; e à situação da

cobertura.

Foi realizada a análise das manifestações patológicas das edificações através dos dados

obtidos com o registro fotográfico e a observação direta para diagnosticar a condição das

edificações em relação à durabilidade da obra e à integridade das alvenarias de tijolos de

adobe. Os critérios utilizados para identificar o estado de conservação das edificações foram:

Ruim – edificação sem reboco parcialmente deteriorada, apresentando erosão, infiltração, ou

rachadura nas paredes que comprometem a estrutura da construção.

Regular – edificação com reboco e pintura na maioria das paredes, apresentando erosão,

infiltração, ou rachadura que podem comprometer a estrutura da construção.

Bom – edificação com reboco e pintura na maioria das paredes, apresentando erosão,

infiltração ou rachadura que não comprometem a estrutura da construção.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

86

3.2.4 Apresentação dos Resultados

Nesta etapa final foram elaboradas recomendações para a construção com o tijolo de adobe

baseadas em todos os dados obtidos, envolvendo as características construtivas desde os

primeiros cuidados na obra até a execução da fundação, piso, alvenaria, esquadrias,

instalações, reboco, cobertura e pintura.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

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4 OBJETO DE ESTUDO

Neste capítulo é realizada uma análise das técnicas utilizadas pelos construtores baianos com

base no que preconiza a norma NTE E.080-Adobe do Peru (SENCICO, 2000) e o que indica a

literatura especializada e conferida uma avaliação para o atendimento total, parcial ou não

atendimento a estas recomendações. Posteriormente é apresentada a situação das edificações

do estudo atualmente, envolvendo dados referentes ao tempo da construção; à situação de

conservação das edificações; às reformas ou ampliações; à situação do piso; à situação das

alvenarias, das esquadrias, do reboco e da pintura e à situação da cobertura, onde são

apontadas as manifestações patológicas existentes.

As localidades no estado da Bahia onde se encontram as edificações que fazem parte deste

estudo, Banzaê, Rio de Contas, Camaçari e Santa Terezinha, são apresentadas no mapa do

estado na Figura 48.

Figura 48 – Municípios onde se encontram as edificações do estudo no mapa da Bahia

Fonte: Base cartográfica disponível em: <http://www.mapasparacolorir.com.br/mapa/estado/ba/estado-bahia-

municipios.jpg>. Acesso em: 13 de jul. 2012.

Edição: Própria autora.

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88

Banzaê e Rio de Contas estão localizadas em regiões de clima semiárido, Santa Terezinha

possui clima sub úmido a seco e em Camaçari o clima é classificado como úmido. É

importante salientar que as construções com adobe são mais adequadas a locais onde chove

pouco e as temperaturas são elevadas durante quase todo o ano, como em zonas áridas e

semiáridas.

O construtor identificado pela letra “A” realizou a obra da cidade de Banzaê; o construtor “B”

uma das edificações de Rio de Contas; o construtor “C” a outra obra de Rio de Contas; o

construtor “D” executou a edificação de Camaçari; o construtor “E” realizou uma das

edificações de Santa Terezinha e o construtor “F” executou a outra obra de Santa Terezinha.

4.1 ANÁLISE DA TÉCNICA DE CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE ADOTADA

POR CADA CONSTRUTOR BAIANO COM BASE NAS RECOMENDAÇÕES DA

NORMA PERUANA NTE E.080:2000 E DA BIBLIOGRAFIA E AVALIAÇÃO

QUANTO AO ATENDIMENTO ÀS MESMAS

Para ilustrar o texto que contém a análise comparativa entre a técnica construtiva adotada por

cada construtor baiano e as indicações da norma peruana e da bibliografia foram elaborados

seis quadros, um para cada construtor, contendo as recomendações, a técnica adotada pelo

construtor e a avaliação quanto ao atendimento às mesmas. Por fim, foi elaborado um quadro

resumo contendo a média da avaliação obtida por cada um deles.

Os critérios para a avaliação quanto ao atendimento às indicações da norma peruana e da

bibliografia envolveram uma pontuação referente ao nível deste atendimento variando de 1 a

5 para cada característica construtiva como é apresentado a seguir:

Pontuação (5): para o caso em que atendimento é total às recomendações.

Pontuação (de 2 a 4): para o caso em que o atendimento é parcial às recomendações.

Pontuação (1): para o caso em que não há atendimento às recomendações.

As treze características construtivas adotadas pelos construtores na Bahia se referem às

características da edificação; à seleção do solo; aos testes com o solo; às dimensões do tijolo

de adobe; aos requisitos para a fabricação do tijolo; aos testes como o tijolo; além de como

foram executados: fundação; piso; alvenaria; esquadrias; cobertura; reboco e pintura.

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A edificação de Banzaê do construtor “A” é uma residência de um pavimento com área de

44,72m² (5,45m x 8,20m) composta originalmente por dois quartos, uma sala, uma copa, uma

cozinha e um sanitário, iniciada em março de 2006 e concluída maio deste mesmo ano

(duração da obra três meses) e custou aproximadamente R$ 5.000,00 (cinco mil reais)

financiados pela prefeitura de Banzaê (Figura 49).

Figura 49 – Edificação da cidade de Banzaê executada pelo construtor “A”

Fonte: Própria autora

No Quadro 8 são apresentadas as características construtivas adotadas pelo construtor “A” e

as recomendações da norma NTE E.080-Adobe do Peru (SENCICO, 2000) e da literatura

especializada. O nível de atendimento a estas recomendações e a pontuação atingida pelo

construtor “A” em relação a cada item referente às características construtivas também são

apresentados.

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Quadro 8 – Recomendações, características construtivas adotadas pelo construtor “A” e avaliação (continua)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E.080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR A

LOCAL DA OBRA:

BANZAÊ

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

CARACTERÍSTICAS DA

EDIFICAÇÃO

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa com forma tendendo à

simetria.

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa deve ter um formato, o

mais próximo possível do

quadrado.

1 Pavimento. Forma

retangular; área aprox.45m²

(5,45mx8,20m).

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

SELEÇÃO

DO SOLO

O solo deve apresentar: 10%

a 20% de argila; 15% a 25%

de silte e 55% a 70% de

areia.

Solo retirado a uma

profundidade de 40 cm

(ARAÚJO, 2007).

Porcentagem apropriada em

torno de 50% de areia, 30%

de silte, e 20% de argila,

(HERNÁNDEZ ;

MÁRQUEZ, 1983).

Para o tijolo: solo retirado a

40 cm de profundidade (solo

argiloso, corrigido com areia

média).

ATENDE TOTALMENTE

( 5 )

TESTES COM

O SOLO

Não faz referência.

Realizar testes expeditos: da

queda da bola; do rolo; da

fita; da sedimenta- ção, das

bolas de vários pontos do

terreno e da pressão com os

dedos, (ARAÚJO 2007),

(NEVES et al. 2005)

Não foi feito teste de

laboratório com o solo.

Foram feitos os testes

expeditos: do rolo; do vidro

ou da sedimentação e o da

pressão com os dedos.

ATENDE TOTALMENTE

( 5 )

DIMENSÕES

DO TIJOLO

O comprimento deve ser o

dobro da largura. O

comprimento deve ser 4

vezes a altura.

O comprimento deve ser o

dobro da largura,

(MCHENRY, 1984).

8 x 20 x 32 cm

NÃO ATENDE

( 1 )

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91

Quadro 8 – Características construtivas adotadas pelo construtor “A”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E.080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR A

LOCAL DA OBRA:

BANZAÊ

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

REQUISITOS PARA

FABRICAÇÃO DO

TIJOLO

Amassar o barro e mantê-lo

em repouso por 24 horas,

depois moldar os tijolos e

secá-los à sombra.

Amassar o barro e deixa-lo

em repouso por 24 horas,

(FERREIRA; SILVA, 2009).

As condições do clima e as

dimensões dos tijolos

definem o tempo ideal de

secagem, (OLIVEIRA,

2005).

A mistura de traço 1:5 (1 de

areia :5 de barro) foi

amassada e não houve tempo

de repouso da massa, os

tijolos foram moldados e

secos por 2 dias ao sol e

depois 15 dias à sombra.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

TESTES COM

O TIJOLO

Ao ser realizado teste de

laboratório, a resistência à

compressão do tijolo deve ser

de no mínimo 1,2 Mpa.

Limite mínimo da resistência

para blocos cerâmicos NBR

7171 (ABNT, 1992) = 1

Mpa. Realizar testes

expeditos com o tijolo de

adobe como: o do

empilhamento de tijolos; o da

imersão do tijolo em água e o

da colocação de peso e

pressão de um adulto sobre o

tijolo, (LEGEN, 2008).

Teste de laboratório

realizado na Escola

politécnica da UFBA: a

resistência à compressão foi

de 2,0 Mpa. Foi feito 1 teste

expedito do peso e pressão

de uma pessoa sobre o tijolo.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

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92

Quadro 8 – Características construtivas adotadas pelo construtor “A”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E.080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR A

LOCAL DA OBRA:

BANZAÊ

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

FUNDAÇÃO

Evitar o contato do solo com

a alvenaria de adobe. A

profundidade mínima de 60

cm e largura mínima de 40

cm. Os materiais indicados:

alvenaria de pedra ou o

concreto ciclópico.

Utilizar cinta de concreto

magro coroando a fundação,

(MITIDIERI et al., 1987).

Profundidade mínima de 40

cm e largura de uma vez a

duas vezes a espessura da

parede de adobe ,

(LOURENÇO, 2005).

Materiais indicados:

alvenaria de pedra ou de

tijolos cerâmicos.

Profundidade de 50 cm;

largura de 40 cm com cinta

de concreto magro acima da

fundação e antes da parede.

Material: Pedras, solo e

cimento.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

PISO

Altura mínima de 20 cm

acima do nível do terreno e

todo o perímetro da

edificação deve ser calçado.

Deve ser assentado a no

mínimo de 20 cm a 30 cm

acima do nível do terreno,

(ARAÚJO, 2007).

Cimentado sobre contrapiso

de concreto magro, acima do

nível do terreno 10 cm com

calçamento de 50 cm de

largura em todo o perímetro

da casa.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

93

Quadro 8 – Características construtivas adotadas pelo construtor “A”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E.080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR A

LOCAL DA OBRA:

BANZAÊ

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

ALVENARIA

Para paredes de espessura

entre 30 cm e 50 cm a altura

da mesma deve estar entre

2,40 m e 4,0 m. Argamassa

de assentamento dos tijolos

deve ser feita com terra.

Edificação de mais de um

piso deve possuir viga de

amarração. Pilares de

concreto armado devem ser

usados quando a espessura da

parede for menor que 25 cm.

As paredes devem possuir

altura de no máximo 3,5 m

(LOURENÇO, 2005).A

massa de assentamento deve

conter terra. Uma viga de

amarração deve coroar as

paredes (MCHENRY, 1984).

Paredes com 25 cm de

espessura (externas e

internas) e altura de 2,60m.

Argamassa de assentamento

a mesma composição do

tijolo. Viga de amarração

feita de bloco de tijolo com

concreto e ferragem no topo

das paredes. As instalações

elétricas e hidráulicas foram

embutidas nas paredes.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

ESQUADRIAS

As aberturas de esquadrias

devem estar centralizadas nas

paredes. A distância ente a

borda da esquadria até o

apoio vertical mais próximo

não deve ser menor que 3

vezes, nem maior que 5

vezes a espessura da

alvenaria.

Instalar verga coroando as

esquadrias e pode ser

instalada também contra

verga (peitoril) (MCHENRY,

1984). Distância mínima

entre aberturas de esquadria e

entre uma abertura e a quina

da construção deve ser de 1

metro, (SILVA, 2000).

Verga instalada em cima das

esquadrias, feita de solo

cimento, sem contra verga

(peitoril). Distância entre a

quina da construção e a

esquadria mais próxima é de

30 cm.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 3 )

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

94

Quadro 8 – Características construtivas adotadas pelo construtor “A”, recomendações e avaliação (conclusão)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E.080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR A

LOCAL DA OBRA:

BANZAÊ

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

COBERTURA

O telhado deve possuir

beirais e deve ser fixado

adequadamente à alvenaria

de adobe através de uma viga

de amarração.

Os beirais devem ser

ampliados ao máximo. Deve-

se colocar calhas no beiral

(ARAÚJO, 2007). O uso de

telha cerâmica de olaria local

é indicado.

O telhado possui beiral de 80

cm sem calha com telha

cerâmica de olaria.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

REBOCO

O reboco que recobre as

alvenarias deve ser resistente

à umidade.

O reboco com materiais de

características semelhantes às

do adobe (ARAÚJO, 2007).

O reboco pode conter

materiais hidrófugos, para

impermeabilização, como:

betume, goma de palma,

látex, cal e óleos vegetais.

Reboco nas paredes externas

e internas onde foram

aplicadas 2 camadas com

traço 1:1:15 ( 1 parte de cal

:1 de cimento: 15 de

terra).Reboco com cimento e

solo em sanitário, cozinha e

área de serviço.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

PINTURA

A pintura das alvenarias deve

ser repelente à água.

Utilizar pintura a base de cal,

com cola plástica ou produto

similar, (ARAÚJO, 2007), ou

goma de palma e cal para

maior impermeabilidade e

aderência da tinta ao reboco.

(LENGEN, 2008).

Pintura realizada em 2

demãos nas paredes externas

e internas com tinta feita de

mistura de cal, goma de

palma e terra (a terra foi

usada para dar cor à tinta).

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

MÉDIA DAS PONTUAÇÕES ( Total = 54) /13 = 4,15 Fonte: Própria autora

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

95

A edificação da cidade de Rio de Contas do construtor “B” é uma residência de dois

pavimentos com área construída de 202 m² (projeção em planta baixa: 14,72m x 12,50m),

composta por três quartos, duas salas, uma cozinha, dois sanitários, uma varanda e uma

garagem, iniciada em janeiro de 2012 e concluída agosto de 2012 (duração da obra oito

meses) e custou aproximadamente R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) referentes ao custo com

materiais de construção industrializados, financiados pelo proprietário da edificação. Este alto

custo da obra se deve ao fato da edificação possuir dois pavimentos, onde os pilares e vigas

de concreto armado foram executados para suportarem até três pavimentos, além de serem

empregados materiais de fino acabamento em alguns compartimentos da casa (Figura 50).

Figura 50 – Edificação 1 da cidade de Rio de Contas executada pelo construtor “B”

Fonte: Própria autora

O Quadro 9 a seguir apresenta as características construtivas adotadas pelo construtor “B”,

as recomendações da norma NTE E.080-Adobe do Peru (SENCICO, 2000) e da literatura

especializada e o nível de atendimento a estas recomendações com a pontuação atingida pelo

mesmo construtor em relação a cada característica construtiva.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

96

Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continua)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E.080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR B

LOCAL DA OBRA:

RIO DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

CARACTERÍSTICAS DA

EDIFICAÇÃO

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa com forma tendendo à

simetria.

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa deve ter um formato, o

mais próximo possível do

quadrado.

2 pavimentos. Planta aprox.

quadrada; área aprox. 202 m²

(14,72 x 12,50 m).

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

SELEÇÃO

DO SOLO

O solo deve apresentar: 10%

a 20% de argila; 15% a 25%

de silte e 55% a 70% de

areia.

Solo retirado a uma

profundidade de 40 cm

(ARAÚJO, 2007).

Porcentagem apropriada em

torno de 50% de areia, 30%

de silte, e 20% de argila,

(HERNÁNDEZ ;

MÁRQUEZ, 1983).

Para o tijolo: solo retirado a

40 cm de profundidade, a

maior parte (30 m³) solo

argiloso (80% de argila) e (6

m³) e a parte menor de solo

arenoso (70% de areia) foi

feita a correção com areia

fina e fibras.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

TESTES COM

O SOLO

Não faz referência.

Realizar testes expeditos: da

queda da bola; do rolo; da

fita; da sedimentação, das

bolas de vários pontos do

terreno e da pressão com os

dedos, (ARAÚJO, 2007);

(NEVES et al. 2005)

Não foi feito teste de

laboratório com o solo.

Foram feitos os testes

expeditos: da queda da bola;

do rolo; do vidro ou da

sedimentação; das bolas de

vários pontos do terreno e o

da pressão com os dedos.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

DIMENSÕES

DO TIJOLO

O comprimento deve ser o

dobro da largura. O

comprimento deve ser 4

vezes a altura.

O comprimento deve ser o

dobro da largura,

(MCHENRY, 1984).

10 x 13 x 33 cm

NÃO ATENDE

( 1 )

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

97

Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E.080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR B

LOCAL DA OBRA:

RIO DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

REQUISITOS PARA

FABRICAÇÃO DO

TIJOLO

Amassar o barro e mantê-lo

em repouso por 24 horas,

depois moldar os tijolos e

secá-los à sombra.

Amassar o barro e deixa-lo

em repouso por 24 horas,

(FERREIRA; SILVA, 2009).

As condições do clima e as

dimensões dos tijolos

definem o tempo ideal de

secagem, (OLIVEIRA,

2005).

A mistura umedecida de

traço 5:3:2,5 (5 de terra

argilosa : 3 de terra arenosa :

2 e meio de pó de serra com

palha de arroz) foi amassada

e ficou em repouso por 5

dias, depois os tijolos foram

moldados e secos por 6 dias

ao sol.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

TESTES COM

O TIJOLO

Ao ser realizado teste de

laboratório, a resistência à

compressão do tijolo deve ser

de no mínimo 1,2 Mpa.

Limite mínimo da resistência

para blocos cerâmicos NBR

7171 (ABNT, 1992) = 1

Mpa. Realizar testes

expeditos com o tijolo de

adobe como: o do

empilhamento de tijolos; o da

imersão do tijolo em água e o

da colocação de peso e

pressão de um adulto sobre o

tijolo, (LEGEN, 2008).

Não foi feito teste de

laboratório. Foram feitos 3

testes expeditos: o do

empilhamento de vários

tijolos; o da imersão do tijolo

em água e o do peso de uma

pessoa sobre um tijolo.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

98

Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E.080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR B

LOCAL DA OBRA:

RIO DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

FUNDAÇÃO

Evitar o contato do solo com

a alvenaria de adobe. A

profundidade mínima de 60

cm e largura mínima de 40

cm. Os materiais indicados:

alvenaria de pedra ou o

concreto ciclópico

Utilizar cinta de concreto

magro coroando a fundação,

(MITIDIERI et al., 1987).

Profundidade mínima de 40

cm e largura de uma vez a

duas vezes a espessura da

parede de adobe,

(LOURENÇO, 2005).

Materiais indicados:

alvenaria de pedra ou de

tijolos cerâmicos.

Profundidade de 80 cm;

largura de 40 cm. Material: Alvenaria de pedra com

pilares de concreto.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

PISO

Altura mínima de 20 cm

acima do nível do terreno e

todo o perímetro da

edificação deve ser calçado.

Deve ser assentado a no

mínimo de 20 cm a 30 cm

acima do nível do terreno,

(ARAÚJO, 2007).

Cimentado, situado acima do

nível do terreno 60 cm.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

99

Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E.080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR B

LOCAL DA OBRA:

RIO DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO AO

ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

ALVENARIA

Para paredes de espessura

entre 30 cm e 50 cm a altura

da mesma deve estar entre

2,40 m e 4,0 m. Argamassa

de assentamento dos tijolos

deve ser feita com terra.

Edificação de mais de um

piso deve possuir viga de

amarração. Pilares de

concreto armado devem ser

usados quando a espessura

da parede for menor que 25

cm.

As paredes devem possuir

altura de no máximo 3,5 m

(LOURENÇO, 2005). A

massa de assentamento deve

conter terra. Uma viga de

amarração deve coroar as

paredes (MCHENRY,

1984).

Paredes com espessura de

19 cm externas e 19 cm

internas e altura de 3,0 m.

Pilares de concreto nas

quinas e nos vãos de parede

com espaçamento máximo

entre eles de 3,50 m. A

argamassa de assentamento

com mesmo traço da massa

usada na confecção dos

tijolos 5:3:2,5 ( 5 partes de

terra argilosa para 3 partes

de terra arenosa para 2

partes e meia de pó de serra

com palha de arroz). Viga

de amarração de concreto

no topo das paredes. As

instalações elétricas e

hidráulicas foram embutidas

nas paredes.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

100

Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR B

LOCAL DA OBRA:

RIO DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

ESQUADRIAS

As aberturas de esquadrias

devem estar centralizadas nas

paredes. A distância ente a

borda da esquadria até o

apoio vertical mais próximo

não deve ser menor que 3

vezes, nem maior que 5

vezes a espessura da

alvenaria.

Instalar verga coroando as

esquadrias e pode ser

instalada também contra

verga (peitoril) (MCHENRY,

1984). Distância mínima

entre aberturas de esquadria e

entre uma abertura e a quina

da construção deve ser de 1

metro, (SILVA, 2000).

Verga de madeira em cima

de cada esquadria com contra

verga (peitoril) de pedra.

Distância de 1,35 m entre a

quina da construção e a

esquadria mais próxima.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

COBERTURA

O telhado deve possuir

beirais e deve ser fixado

adequadamente à alvenaria

de adobe através de uma viga

de amarração.

Os beirais devem ser

ampliados ao máximo. Deve-

se colocar calhas no beiral

(ARAÚJO, 2007). O uso de

telha cerâmica de olaria local

é indicado.

Telhado com telha de

plástico possui beiral de 60

cm sem calha.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

101

Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR B

LOCAL DA OBRA:

RIO DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

REBOCO

O reboco que recobre as

alvenarias deve ser resistente à

umidade.

O reboco deve ser constituído

de materiais com

características semelhantes às

do adobe (ARAÚJO, 2007). O

reboco pode conter materiais

hidrófugos, para a sua

impermeabilização, como:

betume, goma de palma,

látex, cal e óleos vegetais.

Reboco nas paredes externas e

internas. Nas externas foi

aplicada 1camada com traço

3:3:3:2:1 (3 de terra argilosa :

3 de areia fina : 3 de palha de

arroz picada : 2 de estrume de

cavalo fermentado : 1 parte de

cinza ) e toda água a ser

acrescentada foi substituída

por 100 ml de óleo vegetal e

goma de palma. Nas paredes

internas foram aplicadas 2

camadas de massa idêntica à

usada nas paredes externas e

toda água a ser acrescentada

foi substituída por goma de

palma. Paredes do sanitário

revestidas com cerâmica até a

altura de 1,80 m e acima desta

altura reboco de cob (terra,

areia e palha), cozinha com

aplicação de cerâmica na parte

em que se trabalha com água.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

102

Quadro 9 – Características construtivas adotadas pelo construtor “B”, recomendações e avaliação (conclusão)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR B

LOCAL DA OBRA:

RIO DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

PINTURA

A pintura das alvenarias deve

ser repelente à água.

Utilizar pintura a base de cal,

com cola plástica ou produto

similar, (ARAÚJO, 2007). A

goma de palma pode ser

adicionada à cal para conferir

maior impermeabilidade e

aderência da tinta ao reboco.

(LENGEN, 2008).

Pintura nas paredes com tinta

constituída de terra, goma de

palma e cola branca aplicada

em 4 de mãos.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

MÉDIA DAS PONTUAÇÕES (Total = 58) / 13 = 4,46 Fonte: Própria autora

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

103

A edificação da cidade de Rio de Contas do construtor “C” é uma residência de um

pavimento com área construída de 71,50 m² (6,50m x 11 m); composta por três quartos, uma

sala, uma cozinha e um sanitário, iniciada em outubro de 1996 e concluída dezembro de 1996

(duração da obra dois meses) e custou aproximadamente R$ 3.000,00 (três mil reais)

financiados pelo proprietário da edificação (Figura 51).

Figura 51 – Edificação 2 da cidade de Rio de Contas executada pelo construtor “C”

Fonte: Própria autora

As características construtivas adotadas pelo construtor “C”, juntamente com as

recomendações da norma peruana e da bibliografia e o nível de atendimento a estas

recomendações com a pontuação atingida por este construtor em relação a cada item referente

às características construtivas são apresentados no Quadro 10.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

104

Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”, recomendações e avaliação (continua)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR C

LOCAL DA OBRA:

RIO DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

CARACTERÍSTICAS DA

EDIFICAÇÃO

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa com forma tendendo à

simetria.

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa deve ter um formato, o

mais próximo possível do

quadrado.

1 pavimento. Planta

retangular; área aprox72

m²(6,50m x 11 m).

ATENDE

PARCIALMENTE

(4)

SELEÇÃO

DO SOLO

O solo deve apresentar: 10%

a 20% de argila; 15% a 25%

de silte e 55% a 70% de

areia.

Solo retirado a uma

profundidade de 40 cm

(ARAÚJO, 2007).

Porcentagem apropriada em

torno de 50% de areia, 30%

de silte, e 20% de argila,

(HERNÁNDEZ;

MÁRQUEZ, 1983).

Para o tijolo: solo retirado a

40 cm de profundidade, solo

arenoso sem necessidade de

correção.

ATENDE

TOTALMENTE

(5)

TESTES COM

O SOLO

Não faz referência.

Realizar testes expeditos: da

queda da bola; do rolo; da

fita; da sedimentação, das

bolas de vários pontos do

terreno e da pressão com os

dedos, (ARAÚJO, 2007);

(NEVES et al., 2005)

Não foi feito teste de

laboratório nem testes

expeditos com o solo por já

conhecer que o solo era

arenoso e adequado à

construção por haver casas já

construídas com o mesmo

tipo de solo nas

proximidades da obra.

ATENDE

PARCIALMENTE

(2)

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

105

Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR C

LOCAL DA OBRA: RIO

DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

DIMENSÕES

DO TIJOLO

O comprimento deve ser o

dobro da largura. O

comprimento deve ser 4

vezes a altura.

O comprimento deve ser o

dobro da largura,

(MCHENRY, 1984).

15 x 25 x 35 cm

NÃO ATENDE

(1)

REQUISITOS PARA

FABRICAÇÃO DO

TIJOLO

Amassar o barro e mantê-lo

em repouso por 24 horas,

depois moldar os tijolos e

secá-los à sombra.

Amassar o barro e deixa-lo

em repouso por 24 horas,

(FERREIRA; SILVA, 2009).

As condições do clima e as

dimensões dos tijolos

definem o tempo ideal de

secagem, (OLIVEIRA,

2005).

O solo umedecido foi

amassado e ficou em repouso

por 1 dia, depois os tijolos

foram moldados e secos por

5 dias ao sol.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

TESTES COM

O TIJOLO

Ao ser realizado teste de

laboratório, a resistência à

compressão do tijolo deve ser

de no mínimo 1,2 Mpa.

Limite mínimo da resistência

para blocos cerâmicos NBR

7171(ABNT, 1992) = 1

Mpa. Realizar testes

expeditos com o tijolo de

adobe como: o do

empilhamento de tijolos; o da

imersão do tijolo em água e o

da colocação de peso e

pressão de um adulto sobre o

tijolo, (LEGEN, 2008).

Não foi feito teste de

laboratório. Foi feito 1 teste

expedito: o do peso de um

adulto sobre um tijolo que

fica apoiado em 2 nas

extremidades.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 2)

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

106

Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR C

LOCAL DA OBRA:

RIO DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

FUNDAÇÃO

Evitar o contato do solo com

a alvenaria de adobe. A

profundidade mínima de 60

cm e largura mínima de 40

cm. Os materiais indicados:

alvenaria de pedra ou o

concreto ciclópico

Utilizar cinta de concreto

magro coroando a fundação,

(MITIDIERI et al., 1987).

Profundidade mínima de 40

cm e largura de uma vez a

duas vezes a espessura da

parede de adobe,

(LOURENÇO, 2005).

Materiais indicados:

alvenaria de pedra ou de

tijolos cerâmicos. .

Profundidade de 50 cm;

largura de 30cm.

Materiais utilizados: Pedras

com argamassa.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 3 )

PISO

Altura mínima de 20 cm

acima do nível do terreno e

todo o perímetro da

edificação deve ser calçado.

Deve ser assentado a no

mínimo de 20 cm a 30 cm

acima do nível do terreno,

(ARAÚJO, 2007).

Cimento com areia e pedras,

situado acima do nível do

terreno 30 cm.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

107

Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR C

LOCAL DA OBRA:

RIO DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

ALVENARIA

Para paredes de espessura

entre 30 cm e 50 cm a altura

da mesma deve estar entre

2,40 m e 4,0 m. Argamassa

de assentamento dos tijolos

deve ser feita com terra.

Edificação de mais de um

piso deve possuir viga de

amarração. Pilares de

concreto armado devem ser

usados quando a espessura da

parede for menor que 25 cm.

As paredes devem possuir

altura de no máximo 3,5 m

(LOURENÇO, 2005). A

massa de assentamento deve

conter terra. Uma viga de

amarração deve coroar as

paredes (MCHENRY, 1984).

Paredes com espessura de 30

cm e altura de 2,80 m. A

argamassa de assentamento

dos tijolos é a mesma da com

que foram confeccionados os

tijolos (só o solo adicionado

à água). Não há pilares e nem

viga de amarração no topo

das paredes. As instalações

elétricas e hidráulicas foram

embutidas nas paredes.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

ESQUADRIAS

As aberturas de esquadrias

devem estar centralizadas nas

paredes. A distância ente a

borda da esquadria até o

apoio vertical mais próximo

não deve ser menor que 3

vezes, nem maior que 5

vezes a espessura da

alvenaria.

Instalar verga coroando as

esquadrias e pode ser

instalada também contra

verga (peitoril) (MCHENRY,

1984). Distância mínima

entre aberturas de esquadria e

entre uma abertura e a quina

da construção deve ser de 1

metro, (SILVA, 2000).

Verga de madeira sobre a

esquadria, sem contra verga

(peitoril). Distância entre a

quina da construção e a

esquadria mais próxima é de

60 cm.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 3 )

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

108

Quadro 10 – Características construtivas adotadas pelo construtor “C”, recomendações e avaliação (conclusão)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR C

LOCAL DA OBRA:

RIO DE CONTAS

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

COBERTURA

O telhado deve possuir

beirais e deve ser fixado

adequadamente à alvenaria

de adobe através de uma viga

de amarração.

Os beirais devem ser

ampliados ao máximo. Deve-

se colocar calhas no beiral

(ARAÚJO, 2007). O uso de

telha cerâmica de olaria local

é indicado.

Telhado com telha de olaria,

com beiral de 40 cm de

largura sem calha.

ATENDE

PARCIALMENTE

(3)

REBOCO

O reboco que recobre as

alvenarias deve ser resistente

à umidade.

O reboco deve ser

constituído de materiais com

características semelhantes às

do adobe (ARAÚJO, 2007).

O reboco pode conter

materiais hidrófugos, para a

sua impermeabilização,

como: betume, goma de

palma, látex, cal e óleos

vegetais

Reboco nas paredes externas

e internas da edificação

constituído de mistura de

terra, cal e cimento aplicado

em apenas 1 camada. Foi

realizada aplicação de

cerâmica nas paredes do

sanitário, cozinha e área de

serviço.

ATENDE

TOTALMENTE

(5)

PINTURA

A pintura das alvenarias deve

ser repelente à água.

Utilizar pintura a base de cal,

com cola plástica ou produto

similar, (ARAÚJO, 2007). A

goma de palma pode ser

adicionada à cal para conferir

maior impermeabilidade e

aderência da tinta ao reboco.

(LENGEN, 2008).

Nas paredes externas foi

realizada pintura com tinta à

base de cal em 2 demãos e

nas interna aplicada a mesma

mistura com adição de pó de

tinta na cor desejada.

ATENDE

PARCIALMENTE

(4)

MÉDIA DAS PONTUAÇÕES (Total = 45 ) /13 = 3,46 Fonte: Própria autora

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

109

A edificação da cidade de Camaçari do construtor “D” é um espaço escolar de um

pavimento com área construída de 33,84 m² (7,20m x 4,70m) composta por uma sala,

iniciada em setembro de 2008 e concluída em outubro de 2008 (duração da obra um mês

aproximadamente) e custou em torno de R$ 12.000,00 (doze mil reais) financiados pelo

proprietário da edificação (Figura 52).

Figura 52 – Edificação da cidade de Camaçari executada pelo construtor “D”

Fonte: Própria autora

No Quadro 11 são apresentadas as características construtivas adotadas pelo construtor “D”,

juntamente com as recomendações da norma do Peru e da bibliografia e o nível de

atendimento a estas recomendações com a pontuação atingida pelo mesmo em relação a cada

característica construtiva.

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

110

Quadro 11 – Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (continua)

,

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR D

LOCAL DA OBRA:

CAMAÇARI

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

CARACTERÍSTICAS DA

EDIFICAÇÃO

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa com forma tendendo à

simetria.

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa deve ter um formato, o

mais próximo possível do

quadrado.

1 pavimento. Planta

retangular; área aprox. 34 m²;

(7,20 m x 4,70 m)

ATENDE

PARCIALMENTE

(4 )

SELEÇÃO

DO SOLO

O solo deve apresentar: 10%

a 20% de argila; 15% a 25%

de silte e 55% a 70% de

areia.

Solo retirado a uma

profundidade de 40 cm

(ARAÚJO, 2007).

Porcentagem apropriada em

torno de 50% de areia, 30%

de silte, e 20% de argila,

(HERNÁNDEZ;

MÁRQUEZ, 1983).

Para o tijolo: solo retirado a

40 cm de profundidade (solo

argiloso, corrigido com solo

arenoso).

ATENDE

TOTALMENTE

(5)

TESTES COM

O SOLO

Não faz referência.

Realizar testes expeditos: da

queda da bola; do rolo; da

fita; da sedimentação, das

bolas de vários pontos do

terreno e da pressão com os

dedos, (ARAÚJO, 2007);

(NEVES et al., 2005)

Não foi feito teste de

laboratório com o solo.

Foram feitos os testes

expeditos: do rolo; do vidro

ou da sedimentação; da

queda da bola; da pressão

com os dedos e das bolas de

vários pontos do terreno.

ATENDE

TOTALMENTE

(5)

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

111

Quadro 11 – Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR D

LOCAL DA OBRA:

CAMAÇARI

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

DIMENSÕES

DO TIJOLO

O comprimento deve ser o

dobro da largura. O

comprimento deve ser 4

vezes a altura.

O comprimento deve ser o

dobro da largura,

(MCHENRY, 1984).

12 x 18 x 28 cm

NÃO ATENDE

(1)

REQUISITOS PARA

FABRICAÇÃO DO

TIJOLO

Amassar o barro e mantê-lo

em repouso por 24 horas,

depois moldar os tijolos e

secá-los à sombra.

Amassar o barro e deixa-lo

em repouso por 24 horas,

(FERREIRA; SILVA, 2009).

As condições do clima e as

dimensões dos tijolos

definem o tempo ideal de

secagem, (OLIVEIRA,

2005). 1 a 2 pavimentos.

Planta baixa deve ter um

formato, o mais próximo

possível do quadrado.

A mistura de traço 1:3 (1 de

solo argiloso : 3 de solo

arenoso) foi amassada e não

houve tempo de repouso da

massa, os tijolos foram secos

por 7 dias à sombra.

ATENDE

PARCIALMENTE

(4)

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

112

Quadro 11– Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR D

LOCAL DA OBRA:

CAMAÇARI

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

TESTES COM

O TIJOLO

Ao ser realizado teste de

laboratório, a resistência à

compressão do tijolo deve ser

de no mínimo 1,2 Mpa.

Limite mínimo da resistência

para blocos cerâmicos NBR

717 (ABNT, 1992) = 1 Mpa.

Realizar testes expeditos com

o tijolo de adobe como: o do

empilhamento de tijolos; o da

imersão do tijolo em água e o

da colocação de peso e

pressão de um adulto sobre o

tijolo, (LEGEN, 2008).

Não foi feito teste de

laboratório. Foram feitos 2

testes expeditos: o do

empilhamento de vários

tijolos e o do peso de uma

pessoa sobre um tijolo.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 3 )

FUNDAÇÃO

Evitar o contato do solo com

a alvenaria de adobe. A

profundidade mínima de 60

cm e largura mínima de 40

cm. Os materiais indicados:

alvenaria de pedra ou o

concreto ciclópico.

Utilizar cinta de concreto

magro coroando a fundação,

(MITIDIERI et al., 1987).

Profundidade mínima de 40

cm e largura de uma vez a

duas vezes a espessura da

parede de adobe ,

(LOURENÇO, 2005).

Materiais indicados:

alvenaria de pedra ou de

tijolos cerâmicos.

Profundidade de 60 cm;

largura de 40 cm.

Material: Alvenaria de pedra

com argamassa de cimento.

ATENDE

PARCIALMENTE

(4)

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

113

Quadro 11– Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR D

LOCAL DA OBRA:

CAMAÇARI

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

PISO

Altura mínima de 20 cm

acima do nível do terreno e

todo o perímetro da

edificação deve ser calçado

Deve ser assentado a no

mínimo de 20 cm a 30 cm

acima do nível do terreno,

(ARAÚJO, 2007).

Cimentado com mosaico

formado por pedaços de

cerâmica, situado acima do

nível do terreno 20 cm.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

ALVENARIA

Para paredes de espessura

entre 30 cm e 50 cm a altura

da mesma deve estar entre

2,40 m e 4,0 m. Argamassa

de assentamento dos tijolos

deve ser feita com terra.

Edificação de mais de um

piso deve possuir viga de

amarração. Pilares de

concreto armado devem ser

usados quando a espessura da

parede for menor que 25 cm.

As paredes devem possuir

altura de no máximo 3,5 m

(LOURENÇO, 2005). A

massa de assentamento deve

conter terra. Uma viga de

amarração deve coroar as

paredes (MCHENRY, 1984).

Paredes com espessura de 20

cm e altura de 250 cm. A

argamassa de assentamento

dos tijolos é a mesma dos

tijolos acrescentado a cal.

Nas primeiras fiadas das

alvenarias os tijolos de adobe

foram constituídos de massa

de solo acrescida de óleo

vegetal queimado para

impermeabilizar. Há pilares

de madeira e outros feitos de

tijolos de adobe e há viga de

amarração de madeira no

topo das paredes. As

instalações elétricas não

foram embutidas nas paredes.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

114

Quadro 11– Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR D

LOCAL DA OBRA:

CAMAÇARI

AVALIAÇÃO QUANTO AO

ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

ESQUADRIAS

As aberturas de esquadrias

devem estar centralizadas

nas paredes. A distância ente

a borda da esquadria até o

apoio vertical mais próximo

não deve ser menor que 3

vezes, nem maior que 5

vezes a espessura da

alvenaria.

Instalar verga coroando as

esquadrias e pode ser

instalada também contra

verga (peitoril)

(MCHENRY, 1984).

Distância mínima entre

aberturas de esquadria e

entre uma abertura e a quina

da construção deve ser de 1

metro, (SILVA, 2000).

Verga de madeira em cima

de cada esquadria com

contra verga (peitoril) de

madeira. Distância de 1

metro entre a quina da

construção e a esquadria

mais próxima

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

COBERTURA

O telhado deve possuir

beirais e deve ser fixado

adequadamente à alvenaria

de adobe através de uma

viga de amarração.

Os beirais devem ser

ampliados ao máximo.

Deve-se colocar calhas no

beiral (ARAÚJO, 2007). O

uso de telha cerâmica de

olaria local é indicado.

Parte da cobertura com

telhado verde com beiral de

1 metro de largura com

calha. Outra parte da

cobertura com telhas

ecológicas (tetrapak) com

beiral de 1,20m com calha.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

REBOCO

O reboco que recobre as

alvenarias deve ser resistente

à umidade.

O reboco deve ser

constituído de materiais com

características semelhantes

às do adobe (ARAÚJO,

2007). O reboco pode conter

materiais hidrófugos, para a

sua impermeabilização,

como: betume, goma de

palma, látex, cal e óleos

vegetais.

Mistura de solo com cal e

goma de palma aplicada em

2 camadas sobre algumas

das paredes externas e

internas. Reboco

apenas em algumas paredes

com mesma massa dos

tijolos acrescido de cal e

goma de palma.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

115

Quadro 11– Características construtivas adotadas pelo construtor “D”, recomendações e avaliação (conclusão)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR D

LOCAL DA OBRA:

CAMAÇARI

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

PINTURA

A pintura das alvenarias deve

ser repelente à água.

Utilizar pintura a base de cal,

com cola plástica ou produto

similar, (ARAÚJO, 2007). A

goma de palma pode ser

adicionada à cal para conferir

maior impermeabilidade e

aderência da tinta ao reboco.

(LENGEN, 2008).

Pintura em 2 demãos com

tinta composta de terra, cal e

cola branca . Aplicada

selagem com goma de palma

nas paredes sem reboco.

ATENDE

TOTALMENTE

(5)

MÉDIA DAS PONTUAÇÕES (Total = 55) /13 = 4,23 Fonte: Própria autora

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

116

A edificação da cidade de Santa Terezinha do construtor “E” é uma residência com área

construída de 85,80 m² (6,50m x 13,20m) com um pavimento, composta originalmente por

três quartos, uma sala, uma cozinha e um sanitário, iniciada em março de 1997 e concluída em

maio de 1997 (duração da obra dois meses) e custou aproximadamente R$ 4.000,00 (quatro

mil reais) financiados pelo proprietário da edificação (Figura 53).

Figura 53 – Edificação 1 da cidade de Santa Terezinha executada pelo construtor “E”

Fonte: Própria autora

As características construtivas adotadas pelo construtor “E”, as recomendações da norma

peruana e da bibliografia e o nível de atendimento a estas recomendações com a pontuação

atingida por este construtor em relação a cada item referente às características construtivas são

apresentados no Quadro 12.

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

117

Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”, recomendações e avaliação (continua)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR E

LOCAL DA OBRA:

SANTA TEREZINHA

AVALIAÇÃO QUANTO AO

ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

CARACTERÍSTICAS DA

EDIFICAÇÃO

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa com forma tendendo à

simetria.

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa deve ter um formato,

o mais próximo possível do

quadrado.

1 pavimento. Planta

retangular; área

aprox..86m² (6,50m x

13,20m).

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

SELEÇÃO

DO SOLO

O solo deve apresentar:

10% a 20% de argila; 15% a

25% de silte e 55% a 70%

de areia.

Solo retirado a uma

profundidade de 40 cm

(ARAÚJO, 2007).

Porcentagem apropriada em

torno de 50% de areia, 30%

de silte, e 20% de argila,

(HERNÁNDEZ;

MÁRQUEZ, 1983).

Para o tijolo: solo retirado

a 40 de profundidade solo

arenoso sem necessidade

de correção.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

TESTES COM

O SOLO

Não faz referência.

Realizar testes expeditos:

da queda da bola; do rolo;

da fita; da sedimentação,

das bolas de vários pontos

do terreno e da pressão com

os dedos, (ARAÚJO 2007);

(NEVES et al., 2005)

Não foi feito teste de

laboratório com o solo.

Não foram feitos testes

expeditos por já se

conhecer o solo como

arenoso e adequado à

construção.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 2 )

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

118

Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR E

LOCAL DA OBRA:

SANTA TEREZINHA

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

DIMENSÕES DO TIJOLO

O comprimento deve ser o

dobro da largura. O

comprimento deve ser 4

vezes a altura.

O comprimento deve ser o

dobro da largura,

(MCHENRY, 1984).

15 x 20 x 30 cm

NÃO ATENDE

( 1 )

REQUISITOS PARA

FABRICAÇÃO DO

TIJOLO

Amassar o barro e mantê-lo

em repouso por 24 horas,

depois moldar os tijolos e

secá-los à sombra.

Amassar o barro e deixa-lo

em repouso por 24 horas,

(FERREIRA; SILVA, 2009).

As condições do clima e as

dimensões dos tijolos

definem o tempo ideal de

secagem, (OLIVEIRA,

2005).

A mistura de solo e água foi

amassada e não houve tempo

de repouso da massa, os

tijolos foram moldados e

secos por 15 dias ao sol.

ATENDE

PARCIALMENTE

(3)

TESTES COM

O TIJOLO

Ao ser realizado teste de

laboratório, a resistência à

compressão do tijolo deve ser

de no mínimo 1,2 Mpa.

Limite mínimo da resistência

para blocos cerâmicos NBR

7171 (ABNT, 1992) = 1

Mpa. Realizar testes

expeditos com o tijolo: o do

empilhamento de tijolos; o da

imersão do tijolo em água e o

da colocação de peso e

pressão de um adulto sobre o

tijolo, (LEGEN, 2008).

Não foi feito teste de

laboratório com o tijolo. Foi

feito 1 teste expedito: o do

peso de uma pessoa sobre um

tijolo.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 2 )

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

119

Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR E

LOCAL DA OBRA:

SANTA TEREZINHA

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

FUNDAÇÃO

Evitar o contato do solo com

a alvenaria de adobe. A

profundidade mínima de 60

cm e largura mínima de 40

cm. Os materiais indicados:

alvenaria de pedra ou o

concreto ciclópico.

Utilizar cinta de concreto

magro coroando a fundação,

(MITIDIERI et al., 1987).

Profundidade mínima de 40

cm e largura de uma vez a

duas vezes a espessura da

parede de adobe ,

(LOURENÇO, 2005).

Materiais indicados:

alvenaria de pedra ou de

tijolos cerâmicos.

Profundidade de 50 cm;

largura de 30 cm.

Material: Alvenaria de pedra

com argamassa de cimento.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 3 )

PISO

Altura mínima de 20 cm

acima do nível do terreno e

todo o perímetro da

edificação deve ser calçado.

Deve ser assentado a no

mínimo de 20 cm a 30 cm

acima do nível do terreno,

(ARAÚJO, 2007).

Cimentado com aplicação

posterior de cerâmica,

situado acima do nível do

terreno 25 cm.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

120

Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR E

LOCAL DA OBRA:

SANTA TEREZINHA

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

ALVENARIA

Para paredes de espessura

entre 30 cm e 50 cm a altura

da mesma deve estar entre

2,40 m e 4,0 m. Argamassa

de assentamento dos tijolos

deve ser feita com terra.

Edificação de mais de um

piso deve possuir viga de

amarração. Pilares de

concreto armado devem ser

usados quando a espessura da

parede for menor que 25 cm.

As paredes devem possuir

altura de no máximo 3,5 m

(LOURENÇO, 2005). A

massa de assentamento deve

conter terra. Uma viga de

amarração deve coroar as

paredes (MCHENRY, 1984).

Paredes com espessura de 25

cm e altura de 260 cm. A

argamassa de assentamento

dos tijolos é a mesma com a

qual foram produzidos os

tijolos (só o solo adicionado

à água). Há pilares feitos de

tijolos de adobe e não há viga

de amarração no topo das

paredes. As instalações

elétricas não foram

embutidas nas paredes, as

hidráulicas foram embutidas.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

ESQUADRIAS

As aberturas de esquadrias

devem estar centralizadas nas

paredes. A distância ente a

borda da esquadria até o

apoio vertical mais próximo

não deve ser menor que 3

vezes, nem maior que 5

vezes a espessura da

alvenaria.

Instalar verga coroando as

esquadrias e pode ser

instalada também contra

verga (peitoril) (MCHENRY,

1984). Distância mínima

entre aberturas de esquadria e

entre uma abertura e a quina

da construção deve ser de 1

metro, (SILVA, 2000).

Verga de madeira colocada

em cima de cada esquadria,

sem contra verga (peitoril).

Distância de 1 metro entre a

quina da construção e a

esquadria mais próxima.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

121

Fonte: Própria autora

Quadro 12 – Características construtivas adotadas pelo construtor “E”, recomendações e avaliação (conclusão)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR E

LOCAL DA OBRA:

SANTA TEREZINHA

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

COBERTURA

O telhado deve possuir

beirais e deve ser fixado

adequadamente à alvenaria

de adobe através de uma viga

de amarração.

Os beirais devem ser

ampliados ao máximo. Deve-

se colocar calhas no beiral

(ARAÚJO, 2007). O uso de

telha cerâmica de olaria local

é indicado.

Telhado composto de

madeiramento e telha de

cerâmica industrializada com

beiral de 40 cm de largura

sem calha.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 3 )

REBOCO

O reboco que recobre as

alvenarias deve ser resistente

à umidade.

O reboco deve ser

constituído de materiais com

características semelhantes às

do adobe (ARAÚJO, 2007).

O reboco pode conter

materiais hidrófugos, para a

sua impermeabilização,

como: betume, goma de

palma, látex, cal e óleos

vegetais.

Reboco constituído de areia,

terra, cal e cimento na

proporção 3:2:1:0,5 (3 de

areia : 2 de terra : 1 de cal :

meia parte de cimento)

aplicado em 1 camada sobre

as paredes externas e

internas. Aplicação de

cerâmica nas paredes nas

áreas próximas às saídas de

água.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

PINTURA

A pintura das alvenarias deve

ser repelente à água.

Utilizar pintura a base de cal,

com cola plástica ou produto

similar, (ARAÚJO, 2007). A

goma de palma pode ser

adicionada à cal para conferir

maior impermeabilidade e

aderência da tinta ao reboco.

(LENGEN, 2008).

Pintura em 2 demãos nas

paredes externas e internas

com tinta em pó à base de cal

da marca hidracor.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

MÉDIA DAS PONTUAÇÕES (Total = 45) /13 = 3,46

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122

A edificação da cidade de Santa Terezinha do construtor “F” é um espaço onde funciona um

bar de um pavimento com área construída de 65,72m² (5,30m x 12,40m) composto por uma

varanda, um salão, uma cozinha, uma dispensa para alimentos, um depósito de engradados e o

sanitário fica situado do lado de fora da construção. Foi iniciada em dezembro de 1998 e

concluída março de 1999 (duração da obra três meses) e custou aproximadamente R$

3.000,00 (três mil reais), financiados pelo proprietário da edificação (Figura 54).

Figura 54 – Edificação 2 da cidade de Santa Terezinha executada pelo construtor “F”

Fonte: Prórpia autora

O Quadro 13 a seguir apresenta as características construtivas adotadas pelo construtor “F”

juntamente com as recomendações da norma NTE E.080-Adobe do Peru (SENCICO, 2000) e

da bibliografia e o nível de atendimento a estas recomendações com a pontuação atingida por

este construtor em relação a cada característica construtiva.

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123

Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”, recomendações e avaliação (continua)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR F

LOCAL DA OBRA:

SANTA TEREZINHA

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

CARACTERÍSTICAS DA

EDIFICAÇÃO

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa com forma tendendo à

simetria.

1 a 2 pavimentos. Planta

baixa deve ter um formato, o

mais próximo possível do

quadrado.

1 pavimento. Planta

retangular; área aprox. 66 m²

(5,30m x 12, 40m).

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

SELEÇÃO

DO SOLO

O solo deve apresentar: 10%

a 20% de argila; 15% a 25%

de silte e 55% a 70% de

areia.

Solo retirado a uma

profundidade de 40 cm

(ARAÚJO, 2007).

Porcentagem apropriada em

torno de 50% de areia, 30%

de silte, e 20% de argila,

(HERNÁNDEZ;

MÁRQUEZ, 1983).

Para o tijolo: solo retirado a

40 cm de profundidade (solo

arenoso), sem necessidade de

correção.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

TESTES COM

O SOLO

Não faz referência.

Realizar testes expeditos: da

queda da bola; do rolo; da

fita; da sedimentação, das

bolas de vários pontos do

terreno e da pressão com os

dedos, (ARAÚJO, 2007);

(NEVES et al., 2005)

Não foi feito teste de

laboratório com o solo. Não

foram feitos testes expeditos

com o solo por já se conhecer

o solo como arenoso e

adequado à construção por

ter outras construções nas

proximidades da obra.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 2 )

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHA ESCOLA POLITÉCNICA …‡ÃO MARIA C. ROMERO_0.pdfO objetivo desta pesquisa é elaborar recomendações para a construção que utiliza o tijolo de adobe

124

Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR F

LOCAL DA OBRA:

SANTA TEREZINHA

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

DIMENSÕES

DO TIJOLO

O comprimento deve ser o

dobro da largura. O

comprimento deve ser 4

vezes a altura.

O comprimento deve ser o

dobro da largura, (MCHENRY,

1984).

10 x 10 x 25 cm

NÃO ATENDE

( 1 )

REQUISITOS PARA

FABRICAÇÃO DO

TIJOLO

Amassar o barro e mantê-lo

em repouso por 24 horas,

depois moldar os tijolos e

secá-los à sombra.

Amassar o barro e deixa-lo em

repouso por 24 horas,

(FERREIRA; SILVA, 2009).

As condições do clima e as

dimensões dos tijolos definem o

tempo ideal de secagem,

(OLIVEIRA, 2005).

A massa de solo e água foi

amassada e colocada em

repouso por 1 dia e depois

os tijolos foram moldados

e secos por 4 dias ao sol.

ATENDE

PARCIALMENTE

(4)

TESTES COM

O TIJOLO

Ao ser realizado teste de

laboratório, a resistência à

compressão do tijolo deve ser

de no mínimo 1,2 Mpa.

Limite mínimo da resistência

para blocos cerâmicos NBR

7171 (ABNT, 1992) = 1 Mpa.

Realizar testes expeditos com o

tijolo de adobe como: o do

empilhamento de tijolos; o da

imersão do tijolo em água e o da

colocação de peso e pressão de

um adulto sobre o tijolo

(LEGEN, 2008).

Não foi feito teste de

laboratório. Foi feito teste

expedito do peso de uma

pessoa sobre um tijolo.

ATENDE

PARCIALMENTE

(2)

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125

Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR F

LOCAL DA OBRA:

SANTA TEREZINHA

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

FUNDAÇÃO

Evitar o contato do solo com

a alvenaria de adobe. A

profundidade mínima de 60

cm e largura mínima de 40

cm. Os materiais indicados:

alvenaria de pedra ou o

concreto ciclópico.

Utilizar cinta de concreto

magro coroando a fundação,

(MITIDIERI et al., 1987).

Profundidade mínima de 40

cm e largura de uma vez a

duas vezes a espessura da

parede de adobe ,

(LOURENÇO, 2005).

Materiais indicados:

alvenaria de pedra ou de

tijolos cerâmicos

Profundidade de 60 cm;

largura de 40 cm.

Material: Alvenaria de tijolos

de adobe.

ATENDE

PARCIALMENTE

(2)

PISO

Altura mínima de 20 cm

acima do nível do terreno e

todo o perímetro da

edificação deve ser calçado.

Deve ser assentado a no

mínimo de 20 cm a 30 cm

acima do nível do terreno,

(ARAÚJO, 2007).

Cimentado, situado acima do

nível do terreno 40 cm.

ATENDE

TOTALMENTE

( 5 )

ALVENARIA

Para paredes de espessura

entre 30 cm e 50 cm a altura

da mesma deve estar entre

2,40 m e 4,0 m. Argamassa

de assentamento dos tijolos

deve ser feita com terra.

Edificação de mais de um

piso deve possuir viga de

amarração. Pilares de

concreto armado devem ser

usados quando a espessura da

parede for menor que 25 cm.

As paredes devem possuir

altura de no máximo 3,5 m

(LOURENÇO, 2005). A

massa de assentamento deve

conter terra. Uma viga de

amarração deve coroar as

paredes (MCHENRY, 1984).

Paredes com espessura de 15

cm e altura de 250 cm. A

argamassa de assentamento

dos tijolos é a mesma dos

tijolos (só o solo adicionado

à água). Há pilares feitos de

tijolos de adobe e não há

viga de amarração no topo

das paredes. As instalações

elétricas e hidráulicas são

embutidas nas paredes.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

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126

Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”, recomendações e avaliação (continuação)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR F

LOCAL DA OBRA:

SANTA TEREZINHA

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

ESQUADRIAS

As aberturas de esquadrias

devem estar centralizadas nas

paredes. A distância ente a

borda da esquadria até o

apoio vertical mais próximo

não deve ser menor que 3

vezes, nem maior que 5

vezes a espessura da

alvenaria.

Instalar verga coroando as

esquadrias e pode ser

instalada também contra

verga (peitoril) (MC

HENRY, 1984). Distância

mínima entre aberturas de

esquadria e entre uma

abertura e a quina da

construção deve ser de 1

metro, (SILVA, 2000).

Verga de madeira instalada

em cima de cada esquadria,

sem contra verga (peitoril).

Distância de 1,20 m entre a

quina da construção e a

esquadria mais próxima.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

COBERTURA

O telhado deve possuir

beirais e deve ser fixado

adequadamente à alvenaria

de adobe através de uma viga

de amarração.

Os beirais devem ser

ampliados ao máximo. Deve-

se colocar calhas no beiral

(ARAÚJO, 2007). O uso de

telha cerâmica de olaria local

é indicado.

Telhado composto de

estrutura de madeira com

telha do fibrocimento

(eternit) possuindo beiral de

30 cm de largura sem calha.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 3 )

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127

Quadro 13 – Características construtivas adotadas pelo construtor “F”, recomendações e avaliação (conclusão)

CARACTERÍSTICAS

CONSTRUTIVAS

RECOMENDAÇÕES DA

NORMA NTE E. 080:2000

DO PERU

RECOMENDAÇÕES

DA BIBLIOGRAFIA

CONSTRUTOR F

LOCAL DA OBRA:

SANTA TEREZINHA

AVALIAÇÃO QUANTO

AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES

REBOCO

O reboco que recobre as

alvenarias deve ser resistente

à umidade.

O reboco deve ser

constituído de materiais com

características semelhantes às

do adobe (ARAÚJO, 2007).

O reboco pode conter

materiais hidrófugos, para a

sua impermeabilização,

como: betume, goma de

palma, látex, cal e óleos

vegetais.

Reboco constituído de areia,

terra argilosa e cimento na

proporção de 3:1:0,5 (3

partes de areia : 1 de terra

argilosa : meia parte de

cimento) aplicada em 1

camada sobre as paredes

externas e internas. Nas áreas

úmidas as paredes receberam

aplicação de cerâmica nos

locais próximos às saídas de

água.

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

PINTURA

A pintura das alvenarias deve

ser repelente à água.

Utilizar pintura a base de cal,

com cola plástica ou produto

similar, (ARAÚJO, 2007). A

goma de palma pode ser

adicionada à cal para conferir

maior impermeabilidade e

aderência da tinta ao reboco.

(LENGEN, 2008).

Pintura aplicada em 2

demãos nas paredes externas

e internas com tinta em pó à

base de cal (hidracor).

ATENDE

PARCIALMENTE

( 4 )

MÉDIA DAS PONTUAÇÕES (Total = 44) /13 = 3,38 Fonte: Própria autora

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128

Assim como recomenda a norma NTE E.080 do ano de 2000 do Peru (SENCICO, 2000), as

edificações com tijolo de adobe executadas pelos construtores baianos não passam de 2

pavimentos o que também é indicado pela bibliografia a respeito do tema. Quanto à forma da

planta baixa só o construtor “B” da edificação de Rio de Contas adotou a forma

aproximadamente quadrada que é a mais indicada para construções com tijolos de adobe por

permitir uma maior estabilidade da construção.

O solo adotado por todos os construtores para fazer os tijolos foi arenoso ou corrigido com

areia, o qual possuía, de acordo com os relatos dos mesmos, percentagem de areia em torno

do dobro da percentagem de argila, o que é recomendado pela norma do Peru e pela literatura

especializada, por conferir ao tijolo depois de seco maior resistência e propiciar que a

quantidade de trincas ou fissuras sejam reduzidas.

Em quase todas as construções do estudo não foi acrescentado à massa para o tijolo outro

material, além do solo e água. Apenas na edificação de Rio de Contas do construtor “B”

(Quadro 9), foram adicionadas fibras vegetais à massa do solo para o tijolo visando maior

leveza do bloco para a execução das paredes do segundo pavimento e na obra de Camaçari do

construtor “D” (Quadro 11), o óleo vegetal queimado foi somado à massa para confecção dos

tijolos das primeiras fiadas. Ações como estas que propiciem a diminuição de cargas sobre a

parede ou que impeçam que a umidade proveniente do solo atinja as alvenarias de tijolos de

adobe são recomendadas para aumentar a durabilidade e a assegurar a integridade das

mesmas.

Os testes expeditos para o solo, indicados pela bibliografia, pelo menos três deles: o do rolo, o

da sedimentação e o da pressão dos dedos, foram realizados por metade dos construtores: os

construtores “A” (Quadro 8), “B” (Quadro 9) e “D”( Quadro 11). Os construtores “C”

(Quadro 10) , “E” (Quadro 12) e “F” (Quadro 13), não realizaram estes testes porque o solo

usado para os tijolos já era adotado na região e constatado sua eficácia para esta técnica,

porém os testes de campo deveriam ser executados por estes construtores para se obter uma

maior segurança quanto à adequação do solo à construção com adobe.

As dimensões do tijolo adotadas por cada construtor foram variadas: construtor “A”: (8 x 20

x 32 cm); construtor “B”: (10 x 13 x 33 cm); construtor “C”: (15 x 25 x 35 cm); construtor

“D”: (12 x 18 x 28 cm); construtor “E”: (15 x 20 x 30 cm) e construtor “F”: (10 x 10 x 25cm).

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129

O que se verifica é que não há uma padronização das dimensões para o tijolo de adobe,

porém, diversas pesquisas com este material mostram que tijolos muito robustos demandam

mais tempo de secagem, o que pode provocar fissuras, diminuindo a resistência do mesmo.

Sugere-se dimensões menores para o tijolo seguindo as orientações da norma do Peru e da

bibliografia, as quais indicam que o comprimento (C) (maior dimensão) seja

aproximadamente o dobro da largura (L) e que a largura seja aproximadamente o dobro da

altura (h) (menor dimensão), o que não foi seguido por nenhum dos construtores baianos.

Quanto à fabricação dos tijolos, tanto a norma peruana como a bibliografia indicam que a

massa para a confecção dos mesmos, após o amassamento, seja mantida em repouso por no

mínimo 1 dia, porém, os construtores “A” (Quadro 8), “D” (Quadro 11), e “E” (Quadro 12),

não deixaram a massa repousar por tempo algum. Entretanto, o repouso da massa de um dia

para o outro, seguido de um novo amassamento antes de ser colocada nas formas, proporciona

uma melhor homogeneização da massa, conferindo consequentemente uma maior resistência

aos tijolos.

O tempo de secagem dos tijolos foi variado de construtor para construtor: um utilizou 17

dias, alguns por volta de 4 a 7 dias, e outros por 15 dias. Constata-se que a depender de

fatores como temperatura ambiente, condições de cura (ao sol ou à sombra) e dimensões do

tijolo este tempo ideal de secagem pode variar. De acordo com os relatos de todos os

construtores entrevistados no estudo, os tijolos, após a secagem, apresentaram qualidade

adequada, o que aponta que a diferenciação do tempo de secagem adotados por cada um deles

foi determinado pelas condições de cura e dimensões do tijolo. Entretanto, como indica a

norma peruana, sugere-se secar os tijolos à sombra para proporcionar uma perda gradual de

umidade e consequente redução de fissuras, como fizeram os construtores “A” (Quadro 8) e

“D” (Quadro 11).

A resistência à compressão mínima, verificada em testes de laboratório, indicada para os

tijolos de adobe na norma do Peru é de 1,2 Mpa. O construtor “A” (Quadro 8) realizou o teste

resistência à compressão do tijolo utilizado na edificação de Banzaê, no laboratório da Escola

Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde o resultado obtido foi de 2,0

Mpa, acima portanto do mínimo recomendado pela norma citada.

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130

Quanto aos testes expeditos (testes de campo) com os tijolos, todos os os construtores baianos

executaram pelo menos um deles: o do peso de uma pessoa sobre um tijolo. Diversos autores

recomendam que os testes sejam realizados somente quando os tijolos estiverem

completamente secos. Como são realizados no local da obra de maneira simples, rápida e

fácil os testes expeditos dão uma resposta imediata sobre a qualidade dos tijolos,

proporcionando ao construtor, que não tem condições de fazer testes de laboratório, uma

segurança maior na hora de construir.

Em quase todas as edificações do estudo as fundações são de alvenaria de pedra como

indicado pela norma do Peru e pela bibliografia especializada, com exceção da edificação

executada pelo construtor “F” (Quadro 13), que realizou a fundação com alvenaria de tijolos

de adobe, o que não é indicado por permitir a infiltração da umidade do solo que atingindo as

paredes de adobe da construção pode provocar a desintegração dos tijolos.

As profundidades das fundações, nas edificações, variam entre 40 cm e 80 cm o que é

recomendado pela norma e pela literatura, entretanto, a largura mínima de 40 cm indicada

pela norma peruana não foi executada pelos construtores “C” (Quadro 10) e “E” (Quadro 12),

os quais adoraram a largura de 30 cm para a fundação das suas edificações.

Tanto na norma do Peru quanto na literatura há referências sobre o cuidado em proteger as

paredes de adobe da umidade proveniente do terreno com a colocação de algum tipo de

material impermeabilizante entre a fundação e a parede. Dentre as edificações do estudo as

que utilizaram algum artifício visando este tipo de proteção foram: a de Banzaê do construtor

“A” (Quadro 8), o qual instalou cinta de concreto magro entre a fundação e a parede de adobe

e a de Camaçari do construtor “D” (Quadro 11), que adicionou óleo vegetal queimado à

massa dos tijolos das primeiras fiadas das alvenarias, logo acima da fundação, a fim de

proteger a parede da umidade do solo que sobe por capilaridade.

Por indicação da norma do Peru e da bibliografia, os pisos devem estar acima do nível do

terreno para evitar que as águas que correm no mesmo atinjam as paredes de adobe, para

tanto, recomendam uma altura de no mínimo 20 cm e os materiais do piso podem ser

diversos, porém estes devem evitar que a umidade do solo alcance as paredes. Nas edificações

pesquisadas foram utilizados pisos cimentados e em quase todas estas obras a altura mínima

indicada de 20 cm foi adotada, com exceção do construtor “A” (Quadro 8) que instalou o piso

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131

a 10 cm acima do solo em sua edificação, porém, realizou em todo o perímetro da edificação

um calçamento de cimento com largura de 50 cm para preservar as paredes das águas que

circulam no terreno, o que é recomendado pela norma peruana para garantir uma melhor

proteção das mesmas.

A literatura recomenda que as paredes de adobe devam possuir uma altura de no máximo 3,5

metros para evitar tombamentos de acordo com Lourenço (2005). Quanto à espessura das

paredes se for menor que 25 cm, segundo a norma do Peru, pilares devem ser usados como

estrutura nas edificações. Dentre as obras pesquisadas apenas a de Banzaê e a de Rio de

Contas de 1 pavimento não possuem pilares, as paredes são portantes (espessura de 25 cm na

casa de Banzaê e de 30 cm na casa de Rio de Contas do construtor “C” estando ambas,

portanto de acordo com a norma peruana. Todos os construtores adotaram em suas obras uma

altura e espessura de parede dentro da faixa recomendada pela norma peruana e pela literatura

especializada.

Tanto na norma do Peru como na bibliografia ratificada por McHenry (1984) é indicado que

seja executada uma viga de amarração coroando as paredes. Esta viga de amarração distribui

de maneira uniforme as cargas do telhado sobre as paredes de adobe, além de amarrá-las

prevenindo contra as forças horizontais do telhado. Apenas nas edificações dos construtores

“A” (Quadro 8); “B” (Quadro 9) e “D” (Quadro 11) foram instaladas vigas de amarração.

Na execução de uma parede de adobe a argamassa usada para unir os tijolos deve ser feita

com os mesmos materiais (solo e areia) usados na confecção dos mesmos como indicam a

norma do Peru e a bibliografia, o que foi seguido por todos os construtores entrevistados. A

argamassa para a união dos tijolos sendo constituída basicamente com o mesmo material dos

blocos garante a aderência entre eles.

As esquadrias de todas as edificações do estudo possuem verga indicada pela literatura

defendida por McHenry (1984), e são normalmente de madeira. As aberturas de esquadrias, de

acordo com a norma peruana, devem estar centralizadas nas paredes e segundo a bibliografia devem

reservar uma distância mínima de pelo menos 1 metro para a quina da construção como

recomenda Silva (2000), o que ocorre em quase todas as construções. Apenas os construtores

“A” (Quadro 8) e “C” (Quadro 10) não seguiram estas recomendações, pois adotaram

distâncias de 30 cm no primeiro caso e de 60 cm no último. Esse espaçamento mínimo de um

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132

metro entre aberturas de esquadrias e a quina da edificação é o indicado para que este trecho

possua mais massa de tijolos, não permitindo que rachaduras que possam ocorrer nas

proximidades da quina atinjam as aberturas provocando o colapso de parte da parede.

Segundo a norma e a literatura, os telhados devem possuir beiral o mais avantajado possível

para conduzir as águas de chuva para longe das paredes. O uso de calha no telhado é

aconselhado para evitar que as águas de chuva provenientes do mesmo ao tocarem o chão

respinguem na base das paredes. Dentre as obras estudadas, as realizadas pelos construtores

“C” (Quadro 10); “E” (Quadro 12) e “F” (Quadro 13) possuem largura de beiral inferior a 50

cm, o que não é indicado e apenas na edificação de Camaçari do construtor “D” foi instalada

calha no telhado.

A telha cerâmica foi adotada em três obras a do construtor “A” em Banzaê; a do construtor

“C” em Rio de Contas e a do construtor “E” em Santa Terezinha e nas outras três a cobertura

foi composta por telhado verde e telha ecológica (tetrapak) na edificação de Camaçari do

construtor “D”, por telha de plástico na edificação de 2 pavimentos em Rio de Contas do

construtor “B” e por telha de fibrocimento na edificação do construtor “F” em Santa

Terezinha. Entretanto, para uma construção em que se pretende uma redução de custos com

telhado, sem abrir mão do conforto térmico no interior da edificação, a telha cerâmica

produzida em olaria mais próxima do local da obra, ou mesmo o telhado verde, por serem

mais acessíveis, não envolvendo gastos com transporte do material e de custo mais baixo são

tipos de cobertura mais indicados.

Quanto ao reboco as indicações da norma NTE E.080 do Peru (SENCICO, 2000) e da

literatura são para que a massa seja à base de terra para que haja melhor aderência às paredes,

podendo ser acrescentado a esta mistura materiais hidrófugos como cal, betume, óleos, dentre

outros com a finalidade de conferir melhor impermeabilização às paredes rebocadas. Rebocos

constituídos de massa com terra como base foram utilizados por todos os construtores

promovendo dessa forma uma compatibilidade entre os tijolos e o reboco para melhor

aderência entre eles. Materiais como goma de palma, acrescentados à mistura de terra para o

reboco, como foi adotado pelo construtor “B” de Rio de Contas e pelo construtor “D” de

Camaçari, funcionam como elementos impermeabilizantes do reboco preservando as paredes

conta a umidade.

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133

Em relação à pintura das paredes a norma peruana indica que a tinta seja repelente à água e a

literatura recomenda uma mistura de tinta composta por materiais de baixo custo como cal,

por exemplo, acrescentada a materiais impermeabilizantes como colas ou outros materiais

similares, para melhor impermeabilização.

Em quase todas as edificações pesquisadas foi comum o uso de tinta à base de cal, com

exceção da casa de Rio de Contas do construtor “B” que usou uma mistura de tinta contendo

goma de palma, cola branca e terra. A goma de palma, material acessível e de custo quase

nulo, também foi utilizada, além da cal, na mistura de tinta na casa de Banzaê do construtor

“A” e como material impermeabilizante, aplicada nas alvenarias da edificação de Camaçari do

construtor “D”, proporcionando às paredes melhor repelência à água e maior durabilidade.

No Quadro 14, a seguir, é apresentada a avaliação de cada construtor baiano quanto ao nível

de atendimento às indicações da norma peruana e da bibliografia com a média aproximada

das pontuações atingidas.

Quadro 14 – Avaliação quanto ao atendimento às recomendações à norma peruana e à bibliografia

obtidas pelos construtores na Bahia com média aproximada das pontuações atingidas

CONSTRUTORES/

LOCAL DA OBRA

AVALIAÇÃO QUANTO AO ATENDIMENTO ÀS

RECOMENDAÇÕES DA NORMA PERUANA NTE

E.080:2000 E DA BIBLIOGRAFIA E MÉDIA DA

PONTUAÇÃO

A

BANZAÊ

ATENDE PARCIALMENTE: (4,15) aprox.= 4

B

RIO DE CONTAS

ATENDE PARCIALMENTE: (4,46) aprox.= 4

C

RIO DE CONTAS

ATENDE PARCIALMENTE: (3,46) aprox.= 3

D

CAMAÇARI

ATENDE PARCIALMENTE: (4,23) aprox.= 4

E

SANTA TEREZINHA

ATENDE PARCIALMENTE: (3,46) aprox.= 3

F

SANTA TEREZINHA

ATENDE PARCIALMENTE: (3,38) aprox.= 3

Fonte: Própria autora

O Quadro 14, acima, mostra que, em relação ao atendimento às recomendações, todos os

construtores baianos atingiram um nível de atendimento parcial. Dos construtores

entrevistados, apenas os construtores “A” (Quadro 8), “B” (Quadro 9) e “D” (Quadro 11)

possuíam conhecimento da bibliografia relacionada à tecnica do tijolo de adobe, porém não

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134

tiveram acesso à norma peruana NTE E.080 (SENCICO, 2000), dessa forma, os mesmos

obtiveram um nível de atendimento às recomendações, tanto da referida norma quanto da

bibliografia, quase completo.

Os construtores “C” (Quadro 10), “E” (Quadro 12) e “F” (Quadro 13) não possuíam

conhecimento da bibliografia especializada, bem como da norma peruana, as suas edificações

foram executadas com base no conhecimento popular sobre esta técnica. Estes construtores

atenderam a maioria das recomendações que constam no estudo, porém, atenderam menos

indicações em relação aos construtores que detiam conhecimento da bibliografia sobre o tema.

Para se executar esta técnica de forma que proporcione uma maior segurança e durabilidade à

obra, entretanto, o construtor deve conhecer e adotar das indicações para a técnica do tijolo

de adobe contidas em normas e regulamentos e também na literatura especializada.

4.2 SITUAÇÃO ATUAL DAS EDIFICAÇÕES DO ESTUDO

4.2.1 Tempo de construção das edificações

A edificação do construtor “A” na cidade de Banzaê foi construída há sete anos, a edificação

de dois pavimentos de Rio de Contas do construtor “B” foi finalizada há um ano; a casa de

um pavimento de Rio de Contas do construtor “C”, há dezessete anos; a de Camaçari do

construtor “D” foi edificada há quatro anos; a edificação de Santa Terezinha realizada pelo

construtor “E”, há dezesseis anos e a outra edificação de Santa Terezinha executada pelo

construtor “F” foi construída há quatorrze anos. Metade das edificações do estudo, portanto,

possui mais de dez anos de idade.

O tempo de construção da maioria destas edificações indica que a durabilidade de uma casa

com alvenarias de tijolos de adobe pode ser alta e ultrapassar muitos anos de existência, desde

que seja construída observando os cuidados necessários para uma edificação deste tipo e se

façam os reparos sempre que for preciso de modo a permitir uma preservação maior e mais

duradoura. O Quadro 15 ilustra o tempo de construção das edificações.

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135

Quadro 15 – Tempo de construção das edificações

EDIFICAÇÃO

TEMPO DE

CONSTRUÇÃO

Do construtor “A” em Banzaê

7 anos

Do construtor “B” em Rio de Contas

1 ano

Do construtor “C” em Rio de Contas

17 anos

Do construtor “D” em Camaçari

4 anos

Do construtor “E” em Santa Terezinha

16 anos

Do construtor “F” em Santa Terezinha

14 anos Fonte: Própria autora

4.2.2 Situação de conservação das edificações

O critério usado para identificar o estado de conservação das edificações foi baseado na

descrição a seguir:

Estado de conservação Ruim – edificação sem reboco parcialmente deteriorada, apresentando

erosão, infiltração, ou rachadura nas paredes que comprometem a estrutura da construção.

Estado de conservação Regular - edificação com reboco e pintura na maioria das paredes,

apresentando erosão, infiltração, ou rachadura que podem comprometer a estrutura da

construção.

Estado de conservação Bom - edificação com reboco e pintura na maioria das paredes,

apresentando erosão, infiltração ou rachadura que não comprometem a estrutura da

construção.

Das edificações do estudo quase todas apresentam um estado de conservação bom como é

ilustrado no Quadro 16 e nas Figuras 55, 56, 57, 58, 59 e 60. Dentre as construções

pesquisadas apenas a casa do construtor do construtor “C” de Rio de Contas apresenta um

estado de conservação regular por apresentar rachaduras nas paredes que podem

comprometer a estrutura da casa, como será mostrado no item 4.2.5.

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136

Quadro 16 – Estado de conservação das edificações

EDIFICAÇÃO

ESTADO DE

CONSERVAÇÃO

Do construtor “A” em Banzaê

Bom

Do construtor “B” em Rio de Contas

Bom

Do construtor “C” em Rio de Contas

Regular

Do construtor “D” em Camaçari

Bom

Do construtor “E” em Santa Terezinha

Bom

Do construtor “F” em Santa Terezinha

Bom Fonte: Própria autora

Figura 55 – Edificação do construtor “A” em Banzaê- Ba: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral

(a) (b)

Fonte: Própria autora

Figura 56 – Edificação do construtor “B” em Rio de Contas-Ba: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral

(a) (b)

Fonte: Própria autora

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Figura 57 – Edificação do construtor “C” em Rio de Contas-Ba: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral

(a) (b)

Fonte: Própria autora

Figura 58 – Edificação do construtor “D” em Camaçari-Ba: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral

(a) (b)

Fonte: Própria autora

Figura 59 – Edificação do construtor “E” em Santa Terezinha-Ba: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral

(a) (b)

Fonte: Própria autora

Figura 60 – Edificação do construtor “F” em Santa Terezinha: (a) Fachada principal; (b) Fachada lateral

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(a) (b)

Fonte: Própria autora

4.2.3 Edificações reformadas ou ampliadas

Apenas duas das edificações foram reformadas e ampliadas: a casa do construtor “A” de

Banzaê e a do construtor “E” de Santa Terezinha. Em ambas houve uma ampliação da

edificação onde foram acrescentados mais cômodos à casa originalmente construída. Porém, o

material utilizado nas alvenarias destes novos cômodos foi o tijolo cerâmico, que de acordo

com os moradores das casas, foi adotado pela praticidade e rapidez na execução da obra.

No caso da edificação de Banzaê a telha cerâmica industrializada foi usada na cobertura

destes novos cômodos. Na Figura 61 e Figura 62 são apresentados os setores das residências

de Banzaê e de Santa Terezinha que sofreram reforma com ampliação.

Figura 61– Ampliação feita na casa de Banzaê executada com alvenaria de tijolos

cerâmicos e telhas cerâmicas industrializadas (parte antigacom telhas de olaria)

Fonte: Própria autora

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Figura 62 – Parte dos fundos da casa de Santa Terezinha

que foi ampliada usando tijolos cerâmicos

Fonte: Própria autora

Nestas duas edificações que sofreram ampliação foram utilizados materiais industrializados,

porém se fossem utilizados o tijolo de adobe e a telha de olaria, o custo da obra seria

reduzido, além de serem materiais sustentáveis e de baixo impacto ambiental.

Os tijolos de adobe ou mesmo as telhas de olaria, produzidos em local próximo à obra, evitam

custos com transporte destes materiais. Quanto à rapidez na execução dos tijolos de adobe o

uso de máquinas para a sua confecção como a “maromba”, apresentada no item 2.7.3, a qual

pode ser alugada, representa uma solução que contribuiria para a rapidez na fabricação, pois

três pessoas trabalhando com esta máquina produzem em torno de dois mil tijolos por dia. O

que envolveria um tempo maior seria a secagem dos tijolos, mas, para contornar esta questão

bastaria estabelecer um cronograma prévio visando este período, onde se executaria

simultaneamente outras etapas da obra. O uso da telha de olaria, por ser mais leve que a

industrializada, contribui para diminuir as cargas do telhado sobre as paredes.

Um outro incentivo ao uso tanto do tijolo de adobe quanto da telha de olaria é a redução

considerável no custo final da obra, além do fato de que o uso do tijolo de adobe em

substituição ao tijolo cerâmico industrializado confere um maior conforto térmico ao interior

do ambiente construído de acordo com Minke (2008).

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140

4.2.4 Situação do piso

O material utilizado no piso das edificações pesquisadas foi o cimentado, porém em pisos

cimentados, por vezes, devido à acomodação do terreno e por não serem instaladas juntas de

dilatação quando na execução do piso, apresentam algumas manifestações patológicas como

fissuras ou buracos, os quais reduzem a sua durabilidade e permitem a infiltração de água.

Na edificação de Rio de Contas do construtor “B” houve a aplicação de pó xadrez no

cimentado para colorir o piso, em outros casos ocorreu a aplicação de cerâmica por opção dos

usuários das edificações como na obra do construtor “C” de Rio de Contas; na edificação do

construtor “D” de Camaçari e na obra do construtor “E” de Santa Terezinha (Figuras 63; 64 e

65).

Figura 63 – Casa 1 de Rio de Contas, (Construtor “B”) : (a) Piso no interior da casa feito com cimentado

com aplicação de pó xadrez em cores variadas; (b) Rachadura no piso

(a) (b)

Fonte: Própria autora

Figura 64 – Piso cimentado com aplicação de cerâmica inclusive no rodapé

da parede de adobe na casa de Rio de Contas, (Construtor “C”)

Fonte: Própria autora

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141

Figura 65 – Edificação de Camaçari, (Construtor “D”): (a) Piso cimentado com mosáico constituído de pedaços

de cerâmica; (b) Rachadura no piso cimentado

(a) (b)

Fonte: Própria autora

Em duas das edificações a do construtor “A” de Banzaê e a do construtor “F” de Santa

Terezinha foi conservado o piso cimentado original, onde foram verificadas algumas fissuras

e frestas. Nas Figuras 66 e 67 são ilustrados os pisos destas edificações.

Figura 66 – Fresta no piso cimentado da casa de Banzaê, (Construtor “A”)

Fonte: Própria autora

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142

Figura 67 – Piso cimentado com alguns furos e fissuras na edificação

realizada pelo construtor “F” em Santa Terezinha

Fonte: Própria autora

4.2.5 Situação das alvenarias, reboco e pintura

Nas edificações pesquisadas não foram feitos reparos nas alvenarias e nos rebocos, apenas

pinturas foram feitas com o propósito de melhorar a aparência das mesmas, entretanto, a

durabilidade das alvenarias de adobe é maior quando estas são reparadas sempre que

necessário.

Quando as alvenarias são bem executadas, observando os cuidados com a escolha do solo, os

requisitos para a fabricação e secagem dos tijolos, bem como a realização de um reboco

constituído de material idêntico ao dos tijolos para uma melhor aderência e é executada

pintura com tinta constituída de material que permita a sua fixação ao reboco, a preservação

da integridade das paredes é mais duradoura.

Em quase todas as edificações as alvenarias foram rebocadas e pintadas com exceção da obra

do construtor “D” de Camaçari. Nas Figuras 68; 69 e 70 são apresentadas as alvenarias de

algumas das edificações do estudo.

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143

Figura 68 – Alvenarias rebocadas e pintadas na casa de Bamzaê, (Construtor “A”)

Fonte: Própria autora

Figura 69 – Alvenarias rebocadas e pintadas na casa 1 de Rio de Contas, (Construtor “B”)

Fonte: Própria autora

Figura 70 – Vista do interior da casa de Santa Terezinha, (Construtor “E”)

com alvenarias rebocadas e pintadas

Fonte: Própria autora

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144

Em algumas alvenarias da construção de Camaçari executada pelo construtor “D” não foi

aplicado reboco na parte externa das paredes só na parte interna, porém externamente estas

foram seladas com goma de palma, o que garantiu um bom desempenho em relação à

preservação das mesmas como mostra a Figura 71.

Figura 71 – Alvenaria sem reboco na edificação de Camaçari, (Construtor “D”)

Fonte: Própria autora

Dentre as obras pesquisadas houve destacamento do reboco apenas na edificação de Santa

Terezinha do construtor “E” e na outra edificação, desta mesma cidade, realizada pelo

construtor “F”, onde o cimento foi utilizado, mesmo que em pouca quantidade na massa do

reboco. Foram verificadas, entretanto, algumas manifestações patológicas como, fissuras,

infiltrações, bolor e rachaduras nas alvenarias das edificações das duas obras Santa

Terezinha; na casa de Rio de Contas do construtor “C”; na obra de Camaçari e na casa de

Banzaê, porém, em apenas uma delas a de Rio de Contas de construtor “C”, as rachaduras

podem representar um risco à estrutura da edificação (Figuras 72; 73; 74 e 75).

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145

Figura 72 – Casa de Santa Terezinha, (Construtor “E”): (a) Rachadura na parede da sala provocada por

colocação de prego; (b) Reboco constituído por terra e cimento destacado da parede

(a) (b)

Fonte: Própria autora

Figura 73 – Edificação de Santa Terezinha, (Construtor “F”): reboco

composto por terra e cimento destacado da parede

Fonte: Própria autora

. Figura 74 – Edificação de Camaçari (Construtor “D”): (a) Rachadura na parte inferior da parede

provocada por infiltração de água acumulada nas folhas da planta existente do lado

de fora; (b) planta situada na frente da fachada principal

(a) (b)

Fonte: Própria autora

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146

Figura 75 – Casa de 1 pavimento de Rio de Contas (Construtor “C”): (a) Rachadura na parede da copa;

(b) Rachadura na parede da sala

(a) (b)

Fonte: Própria autora

Nas áreas úmidas como sanitário e cozinha, as alvenarias de tijolos de adobe e o piso

receberam aplicação de cerâmica, para melhor impermeabilização, em quase todas as

edificações, apenas a edificação de Banzaê executada pelo construtor “A” a opção por não

utilizar a cerâmica no piso ou nas alvenarias foi para diminuir custos. Houve aplicação de uma

massa de reboco composta por cimento e terra nestes locais. Esta mistura, entretanto, não foi

adequada, pois ocorreu infiltração de água na parede da área de banho. Nas Figuras 76; 77 e 78 são

apresentadas áreas úmidas como sanitário e cozinha em algumas das edificações.

Figura 76 – Casa de 2 pavimentos de Rio de Contas (Construtor “B”) : (a) Cerâmica aplicada no piso e nas

paredes do box do sanitário; (b) Cerâmica aplicada no piso e nas paredes do sanitário até altura de 1,80m

(a) (b)

Fonte: Própria autora

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147

Figura 77– Bancada da pia com aplicação de cerâmica nas proximidades da saída de

água até a altura de 40cm, na edificação 2 de SantaTerezinha (Construtor “F”)

Fonte: Própria autora

Figura 78 – Casa de Banzaê (Construtor “A”) : (a) Infiltração de água no reboco de cimento e solo na área de

banho do sanitário; (b) Infiltração aparente na parte externa da casa no local correspondente à

parede do sanitário

(a) (b)

Fonte: Própria autora

A aplicação de materiais impermeabilizantes nas alvenarias de adobe nas áreas sujeitas ao uso

frequente de água é imprescindível para conservar a integridade destas mesmas. O uso de

cerâmica nas alvenarias e pisos em locais úmidos como sanitário, cozinha e área de serviço

representa uma alternativa eficiente para impermeabilização garantindo uma melhor

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148

preservação. Apesar de se tratar de um material industrializado e envolver gastos maiores este

material garante a integridade das paredes de adobe nestes locais. Sugere-se aplicar a

cerâmica pelo menos nas proximidades das saídas de água.

Em quase todas as edificações foi realizada pintura à base de cal, com exceção da casa do

construtor “B”, onde foi utilizada uma mistura de tinta composta de terra, goma de palma e cola

branca. Nas demais edificações, além da cal, a mistura de tinta foi composta de terra ou pó de tinta

para colorir ou os dois elementos juntos, tanto nas paredes internas como nas externas.

Sugere-se pintar as paredes de adobe com tinta a base de cal ou tinta porosa para propiciar que

a parede “respire” e não favoreça o aparecimento de bolhas na pintura.

Atualmente as pinturas nas alvenarias das edificações pesquisadas se faz por questões

estéticas e as tintas utilizadas na maioria dos casos são à base de cal, nos demais casos é

usada a tinta latex. A pintura em uma alvenaria de adobe que foi previamente rebocada e

devidamente curada tem a função de aumentar a durabilidade das mesmar preservando a sua

integridade protegendo-a das intempéries além de esteticamente conferir uma melhor

aparência à edificação.

4.2.6 Situação das esquadrias

As esquadrias de portas e janelas nas edificações do estudo exercem com eficiência as

funções de permitir a entrada de luz natural e ventilação, de acesso ao interior da edificação e

de segurança contra intrusos em todas as edificações estudadas. As esquadrias, em todas as

construções do estudo, são de madeira ou de madeira e vidro. Alguns tipos de esquadrias das

edificações são apresentados na Figura 79.

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149

Figura 79 – (a) Esquadrias de madeira e vidro na casa de Rio de Contas do construor “B”; (b) Janela de madeira

na casa de Rio de Contas do construor “C”; (c) Porta de madeira da fachada principal da edificação de Camaçari

(a) (b)

(c)

Fonte: Própria autora

Em quase totas as edificações pesquisadas há uma distância mínima de pelo menos um metro

entre as aberturas de esquadrias ou entre as aberturas e a quina da construção, como é

recomendado para construções com tijolo de adobe, excetuando as obras do construtor “A” de

Banzaê e a do construtor “C” de Rio de Contas, onde estas distâncias são inferiores à

recomendada.

Algumas rachaduras foram verificadas na base das abeturas das esquadrias de janelas em duas

das edificações pesquisadas, a de Banzaê e a de Rio de Contas do Construtor “C”, porém estas

rachaduras não representam risco à construção como mostra a Figura 80. A instalação de

contra verga (peitoril) na base das aberturas de janelas é indicada para previnir este tipo de

rachadura, como a que foi executada pelo construtor “B” na casa de Rio de Contas e pelo

construtor “D” na casa de Camçari (Figura 81).

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150

Figura 80 – (a) Rachadura na base da abertura de janela na casa de Banzaê; (b) Rachadura

na base da abertura de janela na casa de Rio de Contas do construtor “C”

(a) (b)

Fonte: Própria autora

Figura 81– (a) Esquadria com contra verga na casa do construtor “B” em Rio de Contas;

(b) Esquadria com contra verga na edificação do construtor “D” em Camaçari

(a) (b)

Fonte: Própria autora

4.2.7 Situação da cobertura

Os tipos de coberturas das edificações pesquisadas foram telha de olaria, telha cerâmica

industrializada, telha de plástico, telhado verde, telhas ecológicas (tetrapak) e telha de

fibrocimento (eternit). Alguns exemplos de cobertura são apresentados nas Figuras 82; 83 e

84.

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151

Figura 82 – Casa de Banzaê (Construtor “A”): Cobertura composta por telha de olaria

na parte original e por telha industrializada na ampliação da casa

Fonte: Própria autora

Figura 83 – Casa de Camaçari ( Construtor “D”): (a) Parte da cobertura composta por telhado verde;

(b) Parte da cobertura composta por telha ecológica (tetrapak)

(a) (b)

Fonte: Própria autora

Figura 84 – Edificação de Santa Terezinha ( Construtor “F”): Cobertura

composta por telha de fibrocimento (eternit)

Fonte: Própria autora

Não foram detectados problemas relevantes com os telhados das construções do estudo,

apenas algumas avarias causadas por águas de chuva provenientes do telhado que causaram

infiltrações nas alvenarias e danos em algumas madeiras do telhado como são apresentadas na

Figura 85.

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152

Figura 85 – Casa de Banzaê (Construtor “A”): (a) Bolor na alvenaria de adobe proximo ao telhado

causado por infiltração de água de chuva.; (b) Madeira do telhado apodrecida pela ação da

água de chuva que desce pelas frestas do telhado

(a) (b)

Fonte: Própria autora

Apesar dos problemas detectados, os variados tipos de cobertura utilizados nestas construções

não descumpriram a função de proteger as alvenarias e garantir a integridade das mesmas.

Nas edificações onde não há frestas no telhado, onde o beiral possui largura superior a 50 cm

ou mesmo naquelas onde o telhado possui calha os danos foram bastante reduzidos.

4.2.8 Síntese da situação atual das edificações

Em relação às condições atuais das edificações pesquisadas, os dados obtidos através do

contato com os construtores baianos, do registro fotográfico e com os usuários das obras, dão

um diagnóstico sobre como estas edificações se mantém conservadas.

Os proprietários que moram ou trabalham nas edificações do estudo relataram que ficaram

satisfeitos com a obra, afirmando que há conforto térmico no interior da edificação. A

desagregação de pequenas partes do reboco, as rachaduras ou infiltrações de água na parede

de adobe, não foram reparadas ainda pelos usuários, apesar destes reparos serem indicados

como forma de garantir uma melhor preservação das edificações, entretanto, nestas obras são

realizadas pinturas nas alvenarias regularmente, por questões estéticas e para melhor

preservação das mesmas.

O bom estado de conservação apresentado por quase todas as edificações, com exceção da

obra de Rio de contas do construtor “C” que apresentou um estado de conservação regular,

mostra que as estratégias adotadas pelos construtores baianos, as quais atenderam a maioria

das recomendações da norma do Peru e da bibliografia especializada, contribuíram para este

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153

fato. É, portanto importante ressaltar que para uma maior preservação da edificação e redução

das manifestações patológicas, o construtor deve atender às recomendações necessárias, bem

como os usuários realizarem os reparos sempre que ocorrerem patologias na construção.

É relevante salientar que a edificação de dois pavimentos da cidade de Rio de Contas

apresentou menos patologias e o seu realizador, o construtor “B”, atingiu a média mais alta

em relação ao nível de atendimento às recomendações. Estes fatos indicam que, quanto maior

for o nível de atendimento às recomendações para esta técnica, mais eficiente será a execução

da construção proporcionando uma redução na ocorrência de patologias.

O atendimento às recomendações contidas tanto na norma NTE E.080 do Peru (SENCICO,

2000) como na bibliografia especializada, além da realização de reparos nas construções

sempre que for preciso, pode proporcionar uma maior durabilidade às mesmas, fazendo com

que estas atinjam muitos anos de existência.

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154

5 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS

Neste capítulo são apresentadas as recomendações para a melhoria tecnológica das alvenarias

de uma construção com tijolo de adobe baseadas nos métodos construtivos adotados pelos

construtores na Bahia, tomando como base também o que é indicado da norma NTE E.080-

Adobe do Peru (SENCICO, 2000) e no que literatura referente ao tema recomenda.

Busca-se, a partir de todas as informações obtidas na pesquisa, elaborar recomendações para

cada etapa construtiva que permitam executar uma edificação com esta técnica que seja

segura e durável e que estas indicações possam ser viáveis e melhor assimiladas pelo

construtor comum. As recomendações são para as seguintes etapas construtivas: Cuidados

prévios da obra; Fundação; Piso; Alvenarias; Esquadrias; Instalações (elétrica e hidráulica);

Cobertura; Reboco e Pintura. As recomendações estão apoiadas na norma para edificação com

tijolo de adobe do Peru citada anteriormente; na bibliografia especializada e nas respostas

obtidas com as entrevistas aos construtores da Bahia.

5.1 RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO COM TIJOLO DE ADOBE

5.1.1 Cuidados Prévios

Antes de começar a construção de uma edificação com tijolo de adobe alguns cuidados devem

ser levados em consideração para que a obra se realize de forma segura e eficaz e para

garantir que o tijolo que será produzido apresente qualidade técnica, funcional e estética.

Para a construção com tijolo de adobe recomenda-se alguns cuidados para que a habitação

seja durável, protegida das intempéries e proporcione conforto ao usuário. Silva (2000) lista

algumas recomendações para estas construções:

a) Deve-se construir sempre em terreno plano, ligeiramente elevado. Não se deve construir

em ladeiras muito íngremes, nem em zonas alagadiças;

b) A planta baixa da casa deve ter um formato, o mais próximo possível do quadrado para

garantir maior estabilidade à construção;

c) Deve-se manter uma distância mínima de um metro entre portas e janelas e também para as

quinas da casa;

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d) Deve-se proteger contra as chuvas utilizando telhados com beirais largos.

Recomenda-se que a edificação de tijolos de adobe possua no máximo dois pavimentos e que

haja uma drenagem adequada do terreno como preconiza a norma peruana NTE E.080

(SENCICO, 2000). A drenagem deve ser feita com a colocação de calhas ao ar livre

possibilitando que as águas de chuva sejam para elas encaminhadas e que estas sejam

instaladas o mais longe possível das alvenarias de adobe e ainda executar um canal para

escoamento de água entre a base das paredes e as calhas. É importante prever também que o

piso da construção seja instalado de 20 cm a 30 cm acima do nível do terreno e que a

cobertura da edificação possua beiral o mais avantajado possível.

Para cada etapa da obra outras recomendações são relevantes com o propósito de garantir

segurança e bem estar ao usuário além de poder prolongar a vida útil da construção, como as

que são apresentadas a seguir.

Recomenda-se que o local reservado para a produção dos tijolos de adobe seja

cuidadosamente planejado para que a terra a ser utilizada fique próxima à área de trabalho

evitando assim deslocamentos e movimentos demasiados dos tijolos produzidos. A fabricação

dos tijolos deve ser feita em uma área coberta, ventilada, com piso cimentado e com um ponto

de água próximo.

Deve-se reservar um espaço para o local onde será preparada a mistura de barro chamado de

“pisadeiro”, cimentando o piso para impermeabilizá-lo, evitando que a mistura do barro entre

em contato com o solo.

Recomenda-se que, antes de começar a obra, seja realizada uma limpeza da vegetação

existente no terreno, seguida de uma raspagem da camada superficial do solo para a retirada

de qualquer vestígio de vegetação, incluindo raízes. Procede-se então a marcação do gabarito

da obra, como em qualquer outra construção, demarcando com fios amarrados em estacas, a

localização das paredes da edificação, utilizando esquadro nas quinas, para garantir a

obtenção de ângulos retos entre as mesmas. Este esquadro formando um triângulo retângulo é

feito de lados com múltiplos de 3; 4 e 5 como por exemplo: 30cm; 40cm e 50cm.

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A produção dos tijolos de adobe começa com a confecção das fôrmas para a modelagem dos

tijolos. O tamanho das fôrmas irá determinar, o tamanho e peso dos tijolos produzidos, dessa

forma geralmente adota-se fôrmas maiores para a base da alvenaria e menores para o topo da

mesma.

Recomenda-se o uso de fôrmas lisas como as metálicas, plásticas ou de madeira revestida

internamente com fórmica, para um desmolde mais fácil e que haja abas laterais na fôrmas

para proporcionar um melhor o manuseio das mesmas. As formas podem ser para um único

tijolo ou para dois ou mais tijolos.

Recomenda-se que os tijolos sejam produzidos em uma bancada, com altura adequada, para

que fique confortável ao operário. Deve-se prever uma área aberta para secagem ao sol ou à

sombra, uma área coberta para proteger os tijolos das intempéries e uma área fechada para o

armazenamento dos tijolos prontos. Depois de desenformados os tijolos devem ser colocados

em estrados de madeira para a proteção contra a umidade do solo.

Recomenda-se que o tijolo possua altura maior que 5 centímetros e menor que 10 centímetros

para proporcionar uma secagem homogênea e mais rápida. As dimensões ideais são: largura

aproximadamente igual a duas vezes a altura (h) e comprimento (C) aproximadamente igual a

duas vezes a largura (L), ou seja, L= 2xh e C= 2xL, como indicam a norma NTE E.080 do

Peru (SENCICO, 2000) e a bibliografia. Se os tijolos forem em sua maioria pequenos a

construção será mais lenta e consumirá mais argamassa de assentamento, entretanto, se forem

grandes a secagem será lenta provocando fissuras com mais facilidade diminuindo assim a sua

resistência.

É relevante lembrar que o período climático adequado para a construção deve ser observado

de acordo com as estações climáticas da região procurando-se trabalhar com o tijolo de adobe

geralmente em períodos de estiagem.

Recomenda-se um tipo de solo arenoso para a confecção dos tijolos de adobe composto de

aproximadamente 55% a 70% de areia 15% a 25% de silte e 10% a 20% de argila. A terra

deve ser extrarída da camada do solo livre de matéria orgânica, geralmente encontrada a partir

dos 40 cm de profundidade.

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Recomenda-se realizar pelo menos quatro testes expeditos com o solo como: o das bolas de

vários pontos do terreno, para conhecer qual o melhor solo; o do rolo, o da sedimentação e o

da pressão nos dedos, indicados por Araújo (2007); Neves et al. (2005); Houben e Guillaud

(1994); Minke (2008); Rigassi (1995); Keable, (1996) e Hernández e Márquez (1983), e

descritos no item 2.6.2. É indicado que antes da realização destes testes sejam realizados os

testes táctil-visuais como o da cor e do tato, relatados também no mesmo item.

Obtendo-se o solo adequado ao tijolo de adobe, este deve ser destorroado e peneirado com

peneira de 4 mm para melhor homogeneização de acordo com Oliveira (2005). Para a

produção da massa dos tijolos usar terra com percentagem de areia em torno do dobro da

percentagem de argila e usar água suficiente para conferir trabalhabilidade à massa. Despeja-

se o material seco sobre uma superfície plana, e acrescenta-se a água. Mistura a massa e

deixa repousar por 1 dia, como recomendam a norma peruana e a bibliografia especializada.

Após este período faz-se o amassamento da mistura que pode ser feita com os pés ou se

utilizando de máquina como a maromba, levando dessa forma à coesão da massa. Pode-se

ainda adicionar estabilizantes como cal ou óleo vegetal, sendo que os estabilizantes secos são

adicionados ao solo seco, enquanto que os úmidos são incorporados à terra molhada, nas

proporções que melhor convierem, conforme as características da massa do barro.

Coloca-se a massa umedecida na fôrma, preenchendo-a completamente, em seguida

desfôrma-se o tijolo com cuidado. Deve-se molhar a fôrma e espalhar cinza ou areia na

mesma para que o próximo tijolo não crie aderência a ela.

Recomenda-se, para a secagem dos tijolos, que se faça primeiramente à sombra por 8 dias e

depois por mais 8 dias ao sol, sobre estrados de madeira, sendo virados a cada dia para secar

homogeneamente. Deve-se evitar que os tijolos, durante o período de cura, sejam atingidos

por chuva. Por fim armazenar os tijolos em locais secos e cobertos. Alguns autores

recomendam deixá-los por mais 14 dias armazenados para secarem completamente, para só

então serem usados na construção. Faria (2002) indica um período total de aproximadamente

30 dias para a cura completa do tijolo. É importamte ressaltar, entretanto, que o tempo de

secagem pode variar de acordo com o clima local e com as dimensões do tijolo.

Recomenda-se que sejam feitos pelo menos três testes expeditos com o tijolo depois de seco,

como o do empilhamento de tijolos; o da imersão do tijolo em água e o do peso de um adulto

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sobre o tijolo, indicados por Lengen (2008) e descritos no item 2.7.7. Se for realizado teste de

laboratório, o valor mínimo da resistência à compressão do tijolo deve ser de 1,2 Mpa, como

recomenda a norma peruana.

É importante que sejam feitas algumas amostras de tijolo com diferentes tipos de terra e

quantidades de estabilizantes, antes da construção, com o propósito de se testar estes

exemplares até que se chegue a um resultado de tijolo eficiente e de qualidade adequado à

construção e reproduzi-lo em quantidade para a obra.

5.1.2 Fundação

Para se executar a fundação de uma construção em adobe, normalmente se inicia com a

retirada da vegetação existente no local da obra e em seguida é feita a colocação de piquetes

com o auxílio de linha de pedreiro e esquadro. Procede-se então a escavação de valetas que

são apiloadas no fundo para receberem normalmente alvenarias de pedra ou de tijolo cerâmico

em toda a extensão das paredes, de acordo com a disponibilidade do material, como é

ilustrado na Figura 86 e Figura 87.

Figura 86 – Detalhe da elevação da parede a partir Figura 87 – Detalhe da elevação da parede acima

da fundação de pedra da fundação de tijolo cerâmico

Fonte: Abreu (2009) Fonte: Abreu (2009)

Recomenda-se que a fundação possua largura igual, ou até duas vezes a espessura da parede

de adobe, dependendo da altura da construção e da qualidade do terreno e que a profundidade

mínima seja de 40 centímetros, como indica Lourenço (2005).

A norma do Peru e a bibliografia fazem referências ao cuidado com a proteção das paredes de

adobe contra a umidade proveniente do solo instalando-se algum material impermeabilizante

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entre a fundação e a parede. Mitidieri et al. (1987) sugerem a utilização de uma cinta de

concreto magro coroando a fundação para evitar que a umidade da terra atinja as paredes,

como a que foi executada pelo construtor “A” na fundação da casa de Banzaê (Figura 88).

Figura 88 – Cinta de concreto magro coroando a fundação

Fonte: Barbosa (2003)

Podem ser feitos outros tipos de impermeabilização como, por exemplo, usar betume, óleo

vegetal ou mesmo colocar plástico ou material similar entre a fundação e a parede de adobe

sempre com a finalidade de não permitir que a umidade do solo suba por capilaridade e atinja

as paredes de adobe, como fez o construtor “D” na edificação de Camaçari, onde foi

adicionado óleo vegetal queimado à massa dos tijolos das primeiras fiadas das paredes acima

da fundação. Gieth et al. (1994) recomendam para a fundação o uso de sapata corrida de

pedra e de tijolos cerâmicos, protegida com camada impermeabilizante como mostra a Figura

89.

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Figura 89 – Camada impermeabilizante sobre fundação

de tijolo cerâmico e pedra antes da instalação

da parede de adobe

Fonte: Fundação DAM (1988)

Recomenda-se, que após a finalização da fundação, o piso da construção seja implantado

acima do nível do terreno para evitar o desgaste das paredes por águas que correm no mesmo,

(Figura 90). Uma drenagem eficiente destas águas também se faz necessário para garantir a

integridade das paredes.

Figura 90 – Encontro entre a alvenaria de adobe e a fundação

e piso assentado acima do nível do terreno

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)

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5.1.3 Piso

Na ocasião da escavação das valas da fundação após a limpeza do terreno, a terra resultante

desta escavação pode ser colocada no interior do perímetro da obra para que seja executado o

piso como mostra a Figura 92. O piso de uma casa de adobe comumente é constituído de

pavimentação com o chão batido com posterior aplicação de cimentado, o qual pode ser

realizado com a terra resultante da escavação da fundação acrescida de brita, cimento e água.

Figura 91 – Terra retirada das valas de fundação para ser executado o piso

Fonte: Brasilecoconstrucao (2009)

O cimentado, porém, com o tempo, quase sempre apresenta rachaduras devido a deformações

por acomodação do terreno ou por dilatações e retrações sofridas pelo piso. Estas rachaduras

permitem a entrada de água e que acaba por danificar ainda mais o piso. A instalação de

juntas de dilatação no cimentado reduz o risco de rachaduras resultantes das dilatações e

retrações.

O cimento queimado, onde o cimentado é coberto por palha que é incinerada em seguida, de

acordo com Lengen (2008), provoca uma espécie de endurecimento e vitrificação do piso,

conferindo a este melhor resistência à agua.

Recomenda-se que a fundação seja elevada do nível do terreno e o piso seja assentado no

mínimo de 20 centímetros a 30 centímetros acima deste nível, como ocorreu com os pisos

realizados em quase todas as edificações do estudo, para evitar que águas de chuva, que

correrem no terreno, invadam a edificação.

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A norma NTE E.080 do Peru (SENCICO, 2000) recomenda que seja executado em todo o

perímetro da edificação um calçamento de cimento cuja finalidade é a de garantir uma melhor

proteção das alvenarias de adobe contra as águas que circulam no terreno, como o que foi

realizado pelo construtor “A” na casa de Banzaê cuja largura é de 50 centímetros (Figura

93).

Figura 92 – Calçamento de cimento instalado em todo o perímetro da casa de Banzaê

Fonte: Própria autora

No interior da edificação, a base das paredes de adobe deve ser protegida contra as águas

resultantes de limpeza com a instalação de um rodapé de altura entre 6 centímetros e 10

centímetros, como o executado pelo construtor “B” na casa de Rio de Contas (Figura 91).

Figura 93 – Parede com rodapé utilizado na casa de Rio de Contas (Construtor “B”),

para proteger a base da alvenaria contra as águas derivadas de limpeza

Fonte: Própria autora

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5.1.4 Alvenarias

Na execução das alvenarias é importante observar o alinhamento, o prumo e o nivelamento

das mesmas para evitar problemas futuros como rachaduras e trincas ou até mesmo

tombamentos. Para isso alguns equipamentos simples devem estar presentes no levantamento

das paredes como o esquadro, o prumo e o nível.

Os tijolos de adobe só devem ser usados na execução das alvenarias somente quando

estiverem completamente secos. A colocação dos tijolos deve ser feita permitindo a

amarração das fiadas, onde o tijolo é assentado a partir da metade do tijolo da fiada anterior

como preconiza a norma NTE E.080 do Peru (SENCICO, 2000), com o propósito de

assegurar uma melhor amarração das camadas dos tijolos e evitar trincas na alvenaria (Figura

94).

Figura 94 – Detalhe da junção entre 2 tijolos de uma fiada no meio do tijolo

da fiada anterior na edificação de Camaçari (Construtor “D”)

Fonte: Própria autora

Lourenço (2005) afirma que as paredes de adobe devem possuir uma altura de no máximo 3,5

metros e um comprimento livre de no máximo de 5 metros para se evitar tombamentos. A

norma peruana recomenda que pilares sejam usados como estrutura das alvenarias de adobe

quando a espessura da parede for menor que 25 centímetros. Os pilares são necessários, neste

caso, pois suportam a carga proveniente da cobertura, já que paredes com espessuras

inferiores a 25 centímetros podem tombar com a referida carga diretamente sobre elas. Estes

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pilares podem ser de tijolos de adobe, de madeira ou de concreto armado a depender da carga

que irá suportar.

Recomenda-se que a argamassa utilizada no assentamento dos blocos tenha como base o

mesmo material utilizado na preparação do tijolo, para que haja melhor aderência entre o

tijolo e a massa, ou seja, a massa deve conter solo, como os tipos de massa adotados pelos

construtores entrevistados.

Quando o adobe recebe a massa de assentamento ele absorve a umidade da mesma e secará

mais lentamente. Tijolos úmidos perdem a força de compressão e podem sofrer rupturas

devido ao peso da parede acima deles. O uso de cal na massa de assentamento pode ajudar

neste sentido, pois, este material retém a umidade transmitindo menos umidade aos tijolos.

Um traço da massa de assentamento que pode ser utilizado é o indicado por Oliveira (2005)

com o traço de 10:2:1 (10 partes de areia lavada, 2 partes de pasta de cal e 1 parte de barro).

Na Figura 95, é ilustrada uma alvenaria de adobe com as primeiras fiadas.

Figura 95 – Primeiras fiadas de alvenarias de adobe

Fonte: Silva et al. (2006)

Recomenda-se que, na fase de assentamento dos tijolos de adobe, haja um cuidado em

recobrir com a massa qualquer fresta na parede que possa vir a abrigar o “barbeiro”

transmissor da doença de Chagas. Na Figura 96 é ilustrada a execução de alvenaria de tijolos

adobe.

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Figura 96 – Levantando alvenarias com tijolo de adobe

Fonte: Brasileconstrucao (2011)

Recomenda-se, como é indicado pela norma peruana e pela bibliografia, executar uma viga de

amarração coroando as paredes, a qual possui as funções de distribuição uniforme das cargas

do telhado sobre as alvenarias e de amarração do topo da parede contra as forças horizontais

do telhado.

A viga de amarração pode ser de concreto ou madeira. Se for adotada a cinta de amarração de

concreto podem ser utilizados tijolos de adobe do tipo canaleta onde é colocada a ferragem e

despejado o concreto, como a que foi usada pelo construtor “A” na casa de Banzaê. Na Figura

97 é ilustrada a execução de uma viga de concreto com barras de ferro em tijolo de adobe tipo

canaleta e na Figura 98 uma construção com viga de madeira.

Figura 97– Execução de viga de concreto armado com tijolos de adobe tipo canaleta

Fonte: Etchebarne (2003)

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Figura 98 – Viga de amarração de madeira coroando as paredes

Fonte: Brasilecoconstrucao (2009)

Recomenda-se que a alvenaria de tijolos de adobe seja protegida contra as infiltrações de

águas, sejam provenientes do solo ou das chuvas, para conservarem a sua integridade, como

indica a bibliografia. Em relação às chuvas, além do aumento dos beirais dos telhados, as

paredes devem ser cobertas por reboco composto de terra, areia e cal e ainda serem pintadas

com um composto à base de cal para garantir maior proteção contra as intempéries.

Recomenda-se, em relação à umidade proveniente do solo, que a parede de adobe seja

protegida através da utilização de cinta de concreto, ou que sejam utilizados materiais

impermeabilizantes como sacos plásticos e betume entre a fundação e a parede de adobe.

É recomendado que as alvenarias sejam reparadas quando na ocorrência de desgaste por

infiltrações de água, erosão, aparecimento de trincas e frestas, os quais, podem causar danos

às paredes. Um reparo sempre que necessário garante uma maior durabilidade e preservação

das construções.

5.1.5 Esquadrias

As esquadrias tem a função de possibilitar a ventilação, a iluminação natural e conferir

segurança contra intrusos além de preservar os habitantes da edificação das intempéries. As

aberturas que receberão as esquadrias devem ser executadas na ocasião do levantamento das

paredes quando se colocam os marcos e contra marcos nos quais serão fixadas as portas e

janelas (Figura 99).

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Figura 99 – Interface esquadria e parede de adobe

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006).

As interfaces entre parede e marco têm que garantir a fixação das janelas e das portas. De

acordo com Silva et al. (2006) os caixilhos devem ser instalados com pregos e chumbados

com argamassa de cimento e areia (Figura 100).

Figura 100 – Porta e janela de madeira assentadas em casa de Viçosa-Ceará

Fonte: Abreu (2009)

A madeira é comumente usada para se fazer os marcos e as próprias esquadrias. Janelas e

portas de madeira podem ser fabricadas artesanalmente ou compradas em carpintarias da

região, porém, as janelas feitas somente com madeira e sem vidro tornam os ambientes

escuros quando estas se encontram fechadas.

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É recomendado que as aberturas de esquadrias sejam centralizadas na parede, como preconiza

a norma peruana e que possuam um espaçamento mínimo de um metro entre as aberturas de

esquadrias e entre a quina da edificação e a esquadria mais próxima como indica Silva

(2000), o que confere uma segurança maior contra o tombamento de parte da parede entre as

aberturas por ocorrência de alguma rachadura entre elas (Figura 101).

Figura 101– Exemplo de casa de tijolo de adobe com aberturas

com distâncias adequadas entre elas e a quina da casa

Fonte: Brasilecoconstrucao (2009)

Recomenda-se instalar verga coroando a esquadria, indicada pela bibliografia, cuja finalidade

é de prevenir deformações nos marcos devido às cargas da parte de cima das aberturas. A

verga tem a função de sustentação das fiadas de tijolos situados acima das aberturas e pode

ser feita de materiais como o concreto ou madeira, por exemplo, podendo ser empregada

também na base da esquadria como contra verga (peitoril) (Figura 102 e Figura 103).

Figura 102 – (a) Detalhe de verga em madeira; (b) Detalhe de verga em concreto

(a) (b)

Fonte: Abreu (2009)

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Figura 103 – Detalhe de peitoril em concreto

Fonte: Abreu (2009)

Recomenda-se, para aumentar a proteção das esquadrias contra as intempéries, construir

varandas nos trechos da edificação que possuem esquadrias, como forma de salvaguardar

também as alvenarias das águas de chuva nestes locais.

5.1.6 Instalações Elétricas e Hidráulicas

As instalações elétricas são executadas fazendo-se rasgos na alvenaria de adobe com uso de

talhadeira e martelo onde serão colocados os eletrodutos, preenchendo-se depois o espaço

com massa de adobe ou com argamassa de assentamento de tijolos (Figura 104 e Figura 105).

Figura 104 – Rasgos nas paredes com instalações elétricas Figura 105 – Caixa para interruptor na parede

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)

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O eletruduto pode também ser inserido em tijolos de adobe confeccionados com curvaturas ou

orifícios para abrigar os canos. Os quadros gerais das instalações elétricas são chumbados

com argamassa de adobe e cal ou de cimento e areia, variando de construção para construção.

O cimento, entretanto, deve ser evitado, pois com o tempo, pode haver uma incompatibilidade

entre materiais nestes locais.

Recomenda-se que em uma construção de tijolos de adobe as instalações hidráulicas não

sejam embutidas nas paredes, evitando assim, que qualquer vazamento na tubulação atinja o

interior da alvenaria causando a desintegração dos tijolos, podendo consequentemente causar

o desmoronamento da parede.

5.1.7 Cobertura

O tipo de cobertura mais comum em uma edificação de adobe é a constituída por telha

cerâmica e a estrutura que suporta o telhado normalmente é de madeira com cumeeira, terças,

frechais, caibros e ripas. O madeiramento deve ser executado com muita cautela de maneira

que permita sustentar com segurança o material acima dele (Figura 106).

Figura 106 – Execução do madeiramento do telhado em casa de tijolos de adobe

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)

Uma cobertura eficiente deve proteger as vedações verticais em adobe das intempéries de

modo a não permitir que as águas de chuva possam danificá-las, para isso os beirais do

telhado devem ser ampliados ao máximo como é recomendado pela norma peruana NTE

E.080 (SENCICO, 2000) e pela bibliografia.

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Recomenda-se que os telhados possuam beiral com no mínimo 80 centímetros de largura e

que seja usada calha para captar as águas provenientes do telhado evitando, dessa forma, que

estas águas, atingindo o chão, respinguem na base das paredes provocando danos às mesmas.

As calhas devem possuir tubulação para o encaminhamento das águas de chuva a um local

distante da construção e se possível para um tanque de captação para aproveitamento posterior

das mesmas por parte dos usuários da edificação, como o que foi utilizado pelo construtor

“D” em Camaçari (Figura 107).

Figura 107 – Edificação de Camaçari: (a) Telhado com calha e tubulação para condução das águas de chuva;

(b) Tanque para captação e armazenamento das águas provenientes do telhado

(a) (b)

Fonte: Prória autora

Recomenda-se o uso de uma cobertura de telha cerâmica fabricada artesanalmente em olaria

mais próxima do local da construção, devido ao seu baixo custo e da redução de gastos com o

transporte. Este tipo de telha ainda cumpre de modo satisfatório as suas funções de proteger a

habitação das intempéries, e conferir conforto térmico ao interior do ambiente construído.

Outros tipos de cobertura podem também ser utilizados como algumas das verificadas nas

edificações do estudo. Além da telha de olaria, pode ser adotada a telha cerâmica

industrializada ou o telhado verde ou mesmo a telha ecológica (tetrapak), para conferir

conforto térmico ao interior da edificação (Figura 108 e Figura 109).

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Figura 108 – Cobertura de telha de olaria na Figura 109 – Cobertura com telhado verde na edificação casa de Banzaê de Camaçari

Fonte: Prória autora

5.1.8 Reboco

O reboco é um revestimento que tem a função de proteger a alvenaria do intemperismo

preservando-a da ação das chuvas e dos ventos evitando a degradação da mesma. Uma outra

função importante do reboco é a de cobrir quaisquer fissuras nas alvenarias prevenindo assim

contra o abrigo de insetos como o “barbeiro” (Triatoma infestans), transmissor da doença de

Chagas.

Recomenda-se que, para uma edificação de tijolos de adobe, a massa do reboco seja a base de

terra, como indica a bibliografia especializada, para que haja melhor aderência às paredes

evitando a desagregação (Figura 110 e Figura 111).

Figura 110 – Massa para reboco sendo misturada Figura 111 – Aplicação do reboco na parede

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)

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Recomenda-se uma massa do reboco constituída terra, areia grossa e cal. A terra garante uma

melhor aderência à alvenaria de adobe e a cal confere à massa uma resistência maior,

reduzindo a quantidade de fissuras, além de ser um material hidrófugo (impermeabilizante).

Um traço de massa composto de materiais de baixo custo recomendado é o de 3:1:1 ( 3 partes

de terra, para 1 parte areia grossa, para 1 parte de cal ), esta massa de reboco além de aderir

com facilidade à parede de adobe porque contém terra, a presença da cal na massa funciona

como material impermeabilizante, como indicam a norma NTE E.080:2000 do Peru e a

bibliografia.

Gieth et al. (1994) sugerem que sejam utilizados o saibro e a cal na proporção de 8:1 ( 8

partes de saibro para 1 parte de cal). Lengen (2008) indica o uso de terra, areia grossa e cal

apagada com o traço de 3:1:1 (3 partes de terra; 1parte areia grossa e 1 parte de cal apagada).

A cal apagada, segundo o autor, obtém-se misturando 2 partes de cal viva com 1 parte de

goma de palma. A goma de palma é extraída cortando-se a palma em pequenos pedaços e

enchendo um recipiente como um barril, por exemplo, colocando-se água no recipiente até

encher o mesmo e deixando descansar por uma semana. Após este período coa o material em

peneira extraindo assim a goma de palma que será acrescida à cal viva na proporção citada

acima. Essa mistura para o reboco, de acordo com Lengen (2008), confere uma melhor

impermeabilização às alvenarias. Na Figura 112 é apresentada a palma, planta de onde se

extrai a goma.

Figura 112 – Palma de onde se extrai a goma

Fonte: Google Imgens (2012a)

Recomenda-se aplicar reboco com no máximo 1,5 centímetro de espessura em duas camadas

nas alvenarias internas e três nas externas tendo o cuidado de só aplicar uma nova camada de

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reboco se a anterior estiver completamente seca, e em seguida proceder a pintura com tintas a

base de cal.

À massa do reboco pode ser acrescentado um material hidrófugo como: cal, betume e material

de origem vegetal ou animal como: goma de palma, látex, óleo vegetal, sangue de boi, sebo de

animal, urina e cinzas, dentre outros, com a finalidade de conferir melhor impermeabilização

às paredes rebocadas.

Um outro tipo de reboco para as alvenarias de adobe é encontrado em algumas edificações no

Sul da Argélia, o qual é constituído por bolas de terra que são jogadas na parede aderindo às

mesmas como é ilustrado na Figura 113.

Figura 113 – Reboco composto por bolas de terra projetadas na alvenaria na Argélia

Fonte: Recriar com você (2012)

Recomenda-se que a base das alvenarias de adobe seja protegida contra a ação das águas que

correm no terreno ou mesmo contra aquelas provenientes do telhado e que respingam no chão.

Lopes e Ino (2003) indicam para este fim executar na base das paredes um chapisco com

cimento e areia até uma altura de 50 centímetros. A colocação de calhas nos beirais dos

telhados para receberem as águas de chuva é também uma forma de evitar os respingos nas

bases das paredes.

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Segundo Silva et al. (2006), quando o cimento for utilizado na massa do reboco deve-se

instalar uma malha de aço na alvenaria para reduzir os problemas causados por

incompatibilidade entre os materiais da parede de adobe e do reboco evitando assim a

desagregação da massa do parâmetro vertical (Figura 114).

Figura 114 – Colocação de malha de aço para reduzir os problemas causados

pela incompatibilidade entre reboco de cimento e parede de adobe

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS (apud SILVA et al., 2006)

Recomenda-se que nas área úmidas da edificação como sanitário, cozinha e área de serviço

seja aplicado material cerâmico sobre a alvenaria, pelo menos nas áreas próximas às saídas de

água, para garantir uma maior impermeabilização da mesma. Nestes casos, para que haja

aderência da cerâmica à parede de adobe, é nesessário que a massa do reboco contenha terra

para aderir ao tijolo e ao mesmo tempo seja constituída de cimento para aderir à cerâmica.

Aplica-se então sobre a parede de adobe um primeiro reboco com terra, areia e cimento e

quando este estiver curado realiza um segundo reboco constituído de argamassa para o

assentamento da cerâmica com cimento e areia.

Quando executado de forma eficiente o reboco garante a integridade das alvenarias e confere

uma maior durabilidade à edificação além de proteger os usuários da mesma de doenças

causadas por insetos. Oliveira (2005) defende que além desses cuidados pode-se adicionar à

mistura do reboco uma quantidade necessária de enxofre, que funciona como repelente desses

insetos. É indicado que se faça, sempre que necessário, a manutenção da edificação cobrindo

quaisquer frestas ou furos que porventura apareçam nos rebocos, evitando assim que estes

sirvam de abrigo para os insetos (Figura 115).

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Figura 115 – Aplicando reboco na alvenaria de tijolos de adobe

Fonte: Brasileconstrucao (2011)

5.1.9 Pintura

A função principal da pintura, em uma edificação de adobe, é a de aumentar a

impermeabilidade das alvenarias conferindo às mesmas uma maior durabilidade evitando que

as intempéries danifiquem a superfície, melhorando a salubridade da edificação, além de

propiciar uma estética agradável.

Recomenda-se que tanto as alvenarias externas como as do interior da edificação recebam

pintura para aumentar a proteção das mesmas. A aplicação da tinta na parede deve ser

realizada somente quando o reboco estiver completamente curado para evitar a formação de

bolhas e consequente desagregação da mesma.

Recomenda-se para uma edificação de adobe que a mistura para a pintura contenha cal para

melhor aderência da tinta ao reboco e que seja acrescentado materiais impermeabilizantes

como colas, goma de palma, ou outro produto similar, para conferir à parede pintada melhor

repelência à água. Araújo (2007) indica o uso da cal na mistura de tinta para diminuir custos e

sugere a adição de cola plástica ou material semelhante.

Pode ser utilizada a goma de palma, que se trata de um material acessível e de custo quase

nulo, como componente da mistura de tinta para a pintura como a que foi realizada na casa de

Banzaê do construtor “A”, na edificação de Rio de Contas do construtor “B” e na edificação

de Camaçari do construtor “D”, com a finalidade de impermeabilizar as alvenarias conferindo

uma melhor resistência à água e uma maior durabilidade às mesmas (Figura 116).

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Figura 116 – Paredes pintadas com tinta à base de goma de palma,cola branca e terra

na edificação de Rio de Contas do construtor “B”

Fonte: Própria autora

Para conferir cor à tinta podem ser adicionados à mistura para a pintura, corantes naturais

como a própria terra, por exemplo, ou corantes industrializados como o pigmento em pó

conhecido popularmente por pó “xadrez”.

Recomenda-se o uso de tintas hidrofugantes e porosas, de modo a permitir a liberação do vapor para

o exterior das paredes. O uso de tintas que formam uma espécie de filme como a acrílica, para a

pintura de uma parede de adobe, não é recomendado, pois, este tipo de tinta faz com que a

alvenaria perca a sua principal característica que é a de “respirar”, provocando o aparecimento

de bolhas. Além das tintas à base de cal, as tintas látex são comumente utilizadas na pintura

de alvenarias de adobe na zona rural do país.

Uma mistura para pintura indicada por Bayer (2010) para a produção 20 litros de tinta é

composta por 1 quilo cola branca adicionada a 5 litros de água, em seguida adiciona-se 8

quilos de cal hidratada, agitando sempre até a homogeneização da mistura e para colorir

acrescenta-se de 200 a 500 gramas de pigmento.

A manutenção constante de uma edificação com tijolos de adobe é recomendada cobrindo-se

quaisquer frestas que surjam e realizando a renovação da pintura sempre que necessário

(Figura 117).

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Figura 117 – Edificação de adobe com alvenarias pintadas em Piedade do Paraepeba-MG

Fonte: Casa abril (2012)

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6 CONCLUSÕES

O presente estudo mostra que as estratégias adotadas pelos construtores na Bahia, nas últimas

duas décadas, atenderam à maior parte das recomendações da norma NTE E.080 do Peru

(SENCICO, 2000) e da bibliografia especializada, o que pode ser constatado no bom estado

de conservação apresentado por quase todas as edificações. Uma melhor preservação das

edificações, com redução das manifestações patológicas, é conseguida, portanto, quando o

construtor atende às recomendações técnicas necessárias.

O estudo mostra que metade dos construtores que detiam o conhecimento da bibliografia

especializada, os construtores “A”, “B” e “D”, obtiveram um nível quase completo de atendimento às

recomendações, tanto da norma peruana quanto da bibliografia. A edificação na cidade de Rio de

Contas realizada pelo construtor “B”, que dentre todos foi o que atendeu a um maior número

das recomendações que constam no estudo, apresentou menos manifestações patológicas, o

que indica que a redução na ocorrência de patologias é resultado de uma maior observância

aos cuidados necessários que promovam a eficácia na maneira de construir.

A outra metade dos construtores se baseou apenas no conhecimento popular sobre a técnica

do tijolo de adobe para executar as obras, caso dos construtores “C”,”E” e “F”, os quais

atenderam a um número menor de recomendações da norma do Peru e da literatura

especializada e suas edificações apresentaram uma quantidade maior de manifestações

patlógicas.

Em uma edificação com tijolos de adobe, para que haja uma redução na ocorrência de

manifestações patológicas, um conhecimento maior e a adoção das indicações para esta

técnica contidas em normas e regulamentos, bem como na bibliografia especializada, se faz

necessário.

Apesar da possibilidade de ocorrerem algumas manifestações patológicas nas construções, no

decorrer do tempo como: erosão, fissuras, trincas, infiltrações, bolor e rachaduras, além da

adoção das recomendações necessárias, o estudo reforça a necessidade de reparos sempre que

forem detectadas estas patologias, para que não se convertam em danos maiores que possam

provocar um risco à edificação.

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As vantagens do uso do tijolo de adobe como material construtivo são inúmeras, destacando o

reduzido custo final da obra, além deste ser um material que utiliza pouca energia na sua

fabricação e por conferir conforto térmico ao interior da edificação, o que contribui para

minimizar os impactos sobre o meio ambiente.

O resgate da técnica do tijolo de adobe na construção civil é uma solução viável, por ser esta

uma técnica simples com alto potencial de sustentabilidade, inserida na cultura arquitetônica

do país, podendo ser executada com materiais locais e com mão de obra não especializada.

Esta técnica construtiva propicia o sistema de autoconstrução, podendo ser aplicada em

conjuntos habitacionais utilizando o sistema de mutirão.

O tijolo de adobe como um material de construção carece, porém, de normalização e de novos

estudos no Brasil para tornar-se um produto mais resistente, mais durável e mais confiável.

Esta técnica, se for apoiada por uma normalização, poderá ser adotada pelo construtor com

mais segurança, além de fornecer subsídios para futuros projetos de programas de habitação

popular. Dessa maneira, estas medidas podem contribuir para reduzir o preconceito em

relacionar construção com terra a pobreza e miséria no estado e no país.

Embora as ações dos construtores baianos sejam pontuais, há uma aceitação cada vez maior,

por parte da população preocupada com a preservação dos recursos naturais, em adotar este

tipo de construção mais favorável ao meio ambiente.

Estudos científicos com o tijolo de adobe devem avançar no Brasil, com o propósito de

conduzirem a uma normalização desta técnica, como fez o Peru. A expectativa é que este

material possua qualidade técnica para que possa ser largamente empregado na construção

civil, reduzindo o preconceito em relação a sua aplicação nas edificações.

6.1 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Ao buscar elaborar recomendações para a edificação de tijolo de adobe, surgiram, durante o

estudo, questões que podem ser desenvolvidas em futuras pesquisas, tais como:

- Construção de protótipo de edificação com tijolo de adobe baseada nas recomendações

propostas e avaliação de desempenho da mesma;

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- Estudo sobre as patologias das construções com tijolo de adobe;

- Proposta de normalização para a construção com tijolo de adobe no Brasil.

- Avaliação da resistência do tijolo de adobe com e sem estabilização.

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192

APÊNDICE 1

ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM CONSTRUTORES

1.IDENTIFICAÇÃO DO CONSTRUTOR:

Nome: (Colocar o nome que poderá ser substutído depois por uma letra caso o construtor

prefira)..............................................................................................LETRA: ( ........... )

Formação profissional:................................................................................................................

.....................................................................................................................................................

Atividade que desempenha:....................................................................................

......................................................................................................................................................

......................................................................................................................................................

Conhece outro construtor, seja ele profissional ou não, que realiza ou já realizou construção

com tijolo de adobe na Bahia? (Favor citar o nome e se possível o contato: Telefone e/ ou e-

mail do mesmo)............................................................................................................................

......................................................................................................................................................

.....................................................................................................................................................

Por que escolheu construir com tijolo de adobe? Assinalar uma ou mais.

( ) Baixo custo ( ) Possibilidade de autoconstrução

( ) Uso de materiais sustentáveis ( ) Outros motivos. Especificar.....................................

.................................................................................................................................................

2.OBRA COM TIJOLO DE ADOBE: (Anexar fotos da construção)

a) Qual a função da edificação?: ( Residencial; Comercial; outros).........................................

b) Qual a área construída?:......................... m²

c) Qual a forma que a edificação mais se assemelha?

( ) Quadrada ( ) Retangular ( )Outra Especificar.......................................................

d) Quantos pavimentos tem a edificação?

( ) Apens 1 pavimento ( ) 2 pavimentos ( )Mais de 2 pavimentos. Especificar..........

d) Local da construção: .........................................................................................

e) Mês e ano do início da obra:.............. Mês e ano do término da obra...............

f) Outra técnica construtiva além do tijolo de adobe foi aplicada na construção?

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193

( ) Sim ( ) Não

Se a respospa for Sim, qual, porquê e para que foi usada?:.......................................................

...................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

g) Quanto custou a obra aproximadamente ( em reais)...............................................................

h) Quem financiou a obra?:

Proprietário ( ) Outros ( ) Especificar..................................................................................

.....................................................................................................................................................

3.CARACTERÍSTICAS DO MATERIAL EMPREGADO:

a) O Solo:

Origem do solo: ( Relatar se o solo usado para a fabricação do tijolo de adobe é do proprio

local da obra ou se é de outro local. Caso seja de outro local dizer a distância deste até a obra,

e se teve algum custo com este material e relatar o valor em reais (Ex: Solo retirado da cidade

tal que fica tantos Km da obra e o custo com o material foi de tantos reais )..............................

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

Foi feito algum teste de laboratório com o solo?

( ) Sim ( ) Não

Se a resposta foi Sim, qual ou quais testes foram feitos e

onde?:............................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

Foi feito algum tipo de teste empírico com o solo?

( ) Sim ( ) Não

Se a resposta foi Sim, qual ou quais destes testes foram feitos:

( ) Teste da queda da bola ( ) Teste do rolo ( ) Teste da resistência da bola

( ) Teste da fita

( ) Teste do vidro ou da sedimentação ( ) Teste das bolas de vários pontos do terreno

( ) Teste da pressão com os dedos ( ) Outros: Especificar ..............................................

................................................................................................................................................

................................................................................................................................................

Foi constatado que o solo é do tipo:

( ) Arenoso (possuía maior quantidade de areia do que de argila) Qual a percentagem de

areia?...............%

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194

( ) Argiloso (possuía maior quantidade de argila do que de areia) Qual a percentagem de

argila?...............%

Foi feita alguma correção no solo:

( ) Sim ( ) Não

Se a resposta foi Sim, o que foi adicionado ao solo para ser feita a correção:

( ) Areia Qual tipo: fina; média ou grossa?........................................................................

( ) Cimento ( ) Cal ( ) Betume

( ) Fibras Qual: .....................................................................................................................

( ) Outros Qual:......................................................................................................................

.................................................................................................................................................

b) O tijolo de adobe:

Dimensões (Especificar quais as dimensões do tijolo.( Ex 8x15x30cm)

.........x.........x.........cm

Qual o traço da mistura utilizada para a confecção do tijolo de adobe?( Ex: 8 partes do solo;

4 partes de areia...............(fina ; média ; grossa?) e 4 partes de água)

.............................................................................................................................................

A mistura foi amassada e depois ficou em repouso por quanto tempo (em dias) antes de ser

colocada nas formas?

( ) Metade do dia ( )1 dia ( )2 dias

( )Mais que dois dias( ........).dias ( ) Não houve tempo de repouso da massa

Qual foi o tempo de secagem (em dias) e como se procedeu? ( Ex: O tempo total de secagem

foi de 20 dias sendo que 10 dias primeiramente à sombra e depois 10 dias ao

sol)?...............................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

Foi feito algum teste de laboratório com o tijolo?

( ) Sim ( ) Não

Se a resposta foi Sim, qual ou quais testes foram feitos e

onde?:............................................................................................................................................

......................................................................................................................................................

......................................................................................................................................................

Se foi feito teste de resistência em laboratório com o tijolo ( relatar qual ou quais e o (s)

resultado (s) obtido (s).................................................................................................................

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195

......................................................................................................................................................

......................................................................................................................................................

Foi feito algum tipo de teste empírico com o tijolo?

( ) Sim ( ) Não

Se a resposta foi Sim, qual ou quais destes testes foram feitos:

( ) Teste do empilhamento de varios tijolos sobre um tijolo anteriormente imerso em água

apoiado por outros dois na extremidade.

( ) Teste da imersão por horas em água e depois parti-lo e ver o quanto a umidade penetrou

no tijolo

( ) Teste do peso e pressão de uma pessoa sobre um tijolo

( ) Outros. Especificar..................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

c) Fundação:

De que material ou materiais foi feita a fundação?......................................................................

.......................................................................................................................................................

A que profundidade a base da fundação está abaixo do nível do terreno em centímetros?

......................cm

Qual a largura da fundação em centímetros?........................cm

Possui cinta de concreto ou outro tipo de material impermeabilizante para impedir que a

umidade do solo atinja as paredes?..................... Se a resposta for sim especificar de que

material..................................................................................................................................

......................................................................................................................................................

d) O Piso :

De que material ou materiais foi feito o piso?.............................................................................

.......................................................................................................................................................

A que altura o piso está acima do nível do terreno em centímetros? ..............................cm

e) Alvenaria:

Qual a espessura das alvenarias externas e internas em centímetros? Externas................cm

Internas..............cm

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196

Qual a altura das alvenarias em centímetros? ..............cm.

Qual o maior comprimento de parede entre dois apoios verticais ( pilares ou paredes

perpendiculares) em centímetros?..................cm

Qual o traço da massa de assentamento dos tijolos (Ex: Ex: 8 partes do solo; 4 partes de

areia...............(fina ; média ; grossa?); 2 partes de cal( ou outros) e 4 partes de

água)..............................................................................................................................................

......................................................................................................................................................

Foi feita viga de amarração no topo das paredes para suportar as cargas do telhado?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja Sim; qual o material da viga? (Ex: Madeira; concreto; outros)...................

......................................................................................................................................................

Foram colocados pilares para suportar as cargas do telhado?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja Sim; só foram colocados nas quinas da edificação, ou em mais

locais?...........................................................................................................................................

De que material foram feitos os pilares? (Ex: Madeira; concreto;

outros)Especificar.........................................................................................................................

Qual a distância máxima entre os pilares em metros?............................m

Foi feito chapisco com algum material ou foi feito outro procedimento para impermeabilizar

a base das paredes externas para proteger dos respingos de chuva?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja Sim; até que altura da base das paredes foi executada esta

impermeabilização em centímetros?..............................cm

f) Esquadrias:

Foi colocada verga em cima de cada esquadria?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja Sim; qual o material das vergas? (Ex: Madeira; concreto; outros)............

....................................................................................................................................................

Foi colocado peitoril nas janelas?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja Sim; qual o material dos peitoris? (Ex: Madeira; concreto; outros)

....................................................................................................................................................

Qual a largura da abertura da esquadria ( a maior delas) em metros?...................................m

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Qual a distância entre a quina da construção e a esquadria mais próxima em metros?............m

g) Instalações :

As instalações elétricas foram embutidas nas paredes?

( ) Sim ( ) Não

As instalações hidráulicas foram embutidas nas paredes?

( ) Sim ( ) Não

Foi feito um reboco especial impermeabilizante ou um revestimento nas paredes com azulejos

ou outro material em áreas úmidas como sanitário, cozinha e área de

serviço?Especificar.......................................................................................................................

.....................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

h) Reboco :

Foi feito reboco nas paredes externas da edificação?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja Sim; qual o traço da massa do reboco? (Ex: 8 partes do solo;

4 partes de areia...............(fina ; média ; grossa?); 2 partes de cal( ou outros) e 4 partes de

água).............................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

Quantas camadas de reboco foram aplicadas nas paredes externas?

( ) Apens 1 camada ( ) 2 camadas ( ) 3 camadas ( ) Mais de 3. Especificar.................

Foi feito reboco nas paredes internas da edificação?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja Sim; qual o traço da massa do reboco? (Ex: 8 partes do solo;

4 partes de areia...............(fina ; média ; grossa?); 2 partes de cal( ou outros) e 4 partes de

água)

.......................................................................................................................................................

......................................................................................................................................................

i) A Cobertura:

O telhado foi feito com que material? ( Ex:Telha cerâmica industrializada; Telha cerâmica de

olaria(artesanal); telha de fibrocimento; palha; outros)

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198

Especificar.....................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

O telhado possui beiral?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja Sim; qual a largura do beiral em centímetros? .......................cm

O beiral possui calha para receber as águas do telhado?

( ) Sim ( ) Não

j) Pintura :

Foi feita a pintura nas paredes externas da edificação?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja Sim; qual a tinta usada na pintura? (Ex: Cal; Tinta acrílica; Tinta Latex;

mistura com cola; outros) Especificar.........................................................................................

.......................................................................................................................................................

Quantas demãos da tinta foram aplicadas nas paredes externas?

( ) Apens 1 demão ( ) 2 demãos ( ) 3 demãos ( ) Mais de 3. Especificar.................

Foi feita a pintura nas paredes internas da edificação?

( ) Sim ( ) Não

Caso a resposta seja Sim; qual a tinta usada na pintura? (Ex: Cal; Tinta acrílica; Tinta Latex;

mistura com cola; outros) Especificar...........................................................................................

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199

APÊNDICE 2

FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES DO ESTUDO

1.Nome do proprietário.........................................................................................................

2. Endereço da construção...................................................................................................

...............................................................................................................................................

3.Quantas pessoas habitam a edificação?

( ) Homens ( ) Mulheres

Idades......................... Idades.........................

4.Renda Familiar

( ) 1 Salário Mínimo ( ) Entre 2 e 4 Salários Mínimos

( ) Entre 5 e 10 Salários Mínimos ( ) Mais de 10 Salários Mínimos

5. Nível de instrução do proprietário:....................................................................................

6. Principais atividades realizadas na habitação.....................................................................

...............................................................................................................................................

7.Quantos cômodos possui a edificação:

( ) Sala ( ) Quartos ( ) Cozinha ( ) Copa

( ) Sanitário ( ) Varanda ( ) Outros......................................................

8. Tempo da construção desde que foi concluída.........................................................

9. Houve reforma ou ampliação?

( ) Não

( ) Sim Especificar....................................................................................................................

....................................................................................................................................................

10. De quanto em quanto tempo se faz o reparo das paredes de adobe?......................................

11. Estado de conservação da edificação

( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom

Ruim – edificação sem reboco parcialmente deteriorada, apresentando erosão, infiltração, ou

rachadura nas paredes que comprometem a estrutura da construção.

Regular - edificação com reboco e pintura na maioria das paredes, apresentando erosão,

infiltração, ou rachadura que podem comprometer a estrutura da construção.

Bom - edificação com reboco e pintura na maioria das paredes que apresenta erosão,

infiltração ou rachadura que não comprometem a estrutura da construção.

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12.Em relação ao conforto térmico no interior da edificação?

( ) Faz muito calor ( ) Faz calor moderado ( ) Não faz calor ( ) Faz frio

13.Qual o nível de satisfação do habitante da residência?

( ) Insatisfeito ( ) Satisfeito ( ) Muito satisfeito

14.A drenagem das águas que correm no terreno apresenta ou apresentou algum problema?

( ) Não

( ) Sim Especificar....................................................................................................................

...............................................................................................................................................

15.Quais as patologias verificadas nas alvenarias?

( ) Erosão Locais:.................................................................................................................

( ) Umidade Locais:.................................................................................................................

( ) Infiltração Locais:..............................................................................................................

( ) Bolor Locais:.................................................................................................................

( ) Trincas Locais:.................................................................................................................

( ) Fendas Locais:.................................................................................................................

( ) Insetos Locais:.................................................................................................................

( ) Apodrecimento de peças Locais:....................................................................................

( ) Não foram verificadas patologias

16. A fundação é constituída de que material?

..............................................................................................................................................

17. A fundação apresenta ou apresentou algum problema?

( ) Não

( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................

.............................................................................................................................................

18. O piso é constituído de que material?

..............................................................................................................................................

19. O piso apresenta ou apresentou algum problema?

( ) Não

( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................

.............................................................................................................................................

20. A alvenaria é constituída de que material?

..............................................................................................................................................

21. A alvenaria apresenta ou apresentou algum problema?

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( ) Não

( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................

.............................................................................................................................................

22. As esquadrias são constituídas de que material?

..............................................................................................................................................

23. Qual as dimensões das janelas.

Da sala.........................m Do quarto...............................m Da cozinha ...........................m

Do sanitário........................m

24. As esquadrias apresentam ou apresentaram algum problema?

( ) Não

( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................

.............................................................................................................................................

25. As instalações elétricas são embutidas na parede?

( ) Sim

( ) Não

26. As instalações elétricas apresentam ou apresentaram algum problema?

( ) Não

( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................

.............................................................................................................................................

27. As instalações hidráulicas são embutidas na parede?

( ) Sim

( ) Não

28. As instalações hidráulicas apresentam ou apresentaram algum problema?

( ) Não

( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................

...................................................................................................................................................

29. A cobertura é constituída de que material?

.................................................................................................................................................

30. A cobertura possui beiral?

( ) Não

( ) Sim com largura de ..............cm

31.A cobertura possui calha?

( ) Não

( ) Sim

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32.Caso possua calha a água de chuva proveniente do telhado é lançada a que distância da

alvenaria da edificação?......................cm

33. A cobertura apresenta ou apresentou algum problema?

( ) Não

( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................

34. O reboco é constituído de que material?

..............................................................................................................................................

35. O reboco apresenta ou apresentou algum problema?

( ) Não

( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................

.............................................................................................................................................

36.A pintura é constituída de que material?

..............................................................................................................................................

37. A pintura apresenta ou apresentou algum problema ?

( ) Não

( ) Sim Especificar o problema..................................................................................................

....................................................................................................................................................

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APÊNDICE 3

CREDENCIAIS DOS CONSTRUTORES ENTREVISTADOS

CONSTRUTOR “A”: Arquiteta formada pela Faculdade de Arquitetura da Universidade

Federal da Bahia (UFBA) no ano de 1981, pós graduada em Políticas Públicas. Atividade que

desempenha: Arquitetura e Pesquisa materiais não convencionais para desenvolvimento de

projetos regionalizados.

CONSTRUTOR “B”: Permacultor. Atividade que desempenha: Bioconstrução, ministra

cursos e Oficinas de Permacultura. (Planeja asentamento humano sustentavel).

CONSTRUTOR “C”: Autoconstrutor. Atividade que desempenha: Construção em geral.

CONSTRUTOR “D”: Engenheiro Civil formado pela Faculdade de Engenharia Civil da

Universidade Católica do Salvador (UCSal) no ano de 1992. Atividade que desempenha:

Engenharia Civil.

CONSTRUTOR “E”: Autoconstrutor . Atividade que desempenha: Construção em geral.

CONSTRUTOR “F”: Autoconstrutor . Atividade que desempenha: Construção em geral.

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APÊNDICE 4

CARTA DE AUTORIZAÇÂO DO SENCICO – PERU