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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ANA MARIA PORTO DA COSTA AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DE VIDA E SAÚDE DE MULHERES IDOSAS ADSCRITAS AO PROGRAMA MÉDICO DE FAMÍLIA DE NITERÓI - ILHA DA CONCEIÇÃO: UMA DISCUSSÃO A LUZ DAS POLÍTICAS PÚBLICAS Rio de Janeiro 2008

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

ANA MARIA PORTO DA COSTA

AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DE VIDA E SAÚDE DE MULHERES IDOSAS

ADSCRITAS AO PROGRAMA MÉDICO DE FAMÍLIA DE NITERÓI - ILHA DA

CONCEIÇÃO: UMA DISCUSSÃO A LUZ DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Rio de Janeiro

2008

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ANA MARIA PORTO DA COSTA

AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DE VIDA E SAÚDE DE MULHERES IDOSAS

ADSCRITAS AO PROGRAMA MÉDICO DE FAMÍLIA DE NITERÓI - ILHA DA

CONCEIÇÃO: UMA DISCUSSÃO A LUZ DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Rio de Janeiro

2008

Dissertação submetida ao corpo docente da Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários á obtenção do grau de Mestre em Saúde da Família.

Orientador: Luiz Guilherme Pessoa da Silva

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ANA MARIA PORTO DA COSTA

AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DE VIDA E SAÚDE DE MULHERES IDOSAS

ADSCRITAS AO PROGRAMA MÉDICO DE FAMÍLIA DE NITERÓI - ILHA DA

CONCEIÇÃO: UMA DISCUSSÃO A LUZ DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Dissertação apresentada à Universidade Estácio de

Sá como requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Saúde da Família

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Luiz Guilherme Pessoa da Silva Universidade Estácio de Sá

Profª. Drª. Monica de Assis Instituto Nacional do Câncer/UnATI-UERJ

Profª Drª Valéria Ferreira Romano Universidade Estácio de Sá

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Luiz Guilherme, que se mostrou um ser humano admirável e

inesquecível, que com respeito, firmeza, companheirismo e bom humor transformaram esta

árdua tarefa em uma experiência gratificante e enriquecedora.

À Aline, secretária do mestrado, pela gentiliza em me socorrer quando foi preciso e mesmo à

distância.

Aos meus colegas de mestrado, Claudia Rabelo, Márcia Augusta, Roberto Funchs e Pedro

Rocha pelo companheirismo, trocas e apoio.

À Marilza Miranda, coordenadora do Grupo Básico de Trabalho II do Programa Médico de

Família, pelo importante apoio em parte desta jornada.

À Denise Herbas, pelo apoio e ajuda na “garimpagem” das informações sobre o PMF - Ilha da

Conceição que constam deste trabalho.

À Rosidaile, pela grande disponibilidade e apoio.

Aos funcionários da Policlínica Comunitária da Ilha da Conceição, em especial à Elza e

Sheila, e as Auxiliares de Enfermagem do PMF, Neise, Daise, Ana Lucia e Vânia pelo apoio

durante o período de entrevistas.

Às entrevistadoras da pesquisa, Maria Cândida, Maria e Jaqueline, que com dedicação,

entusiasmo e sensibilidade realizaram a coleta de informações, principais ingredientes deste

trabalho.

Às professoras Valéria Romano e Mônica Assis pelas contribuições feitas na qualificação e

que ajudaram a compor esta tese.

Aos amigos Marcia e Haroldo Skaba, presentes em todos os momentos e sempre disponíveis.

Aos amigos Cristina, Carlos e Lucia pelo apoio ao cuidar de Gabriel em vários fins de semana.

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Ao Paulo, grande companheiro em todas as aventuras da vida em comum.

Aos meus filhos, Bruno, Caio e Gabriel, meus três melhores e maiores projetos.

Aos meus pais pelo apoio em todos os momentos da minha vida.

Às idosas da minha vida e, especialmente, àquelas do Programa Médico de Família de

Niterói, por compartilharem suas experiências fazendo da minha vida e do meu trabalho

cotidiano um enorme aprendizado.

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“Fica decretado que agora vale a verdade. Agora vale a vida, e de mãos dadas, trabalharemos todos pela vida verdadeira.......”. Os Estatutos do Homem Thiago de Mello

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DEDICATÓRIA

À minha família, pelo apoio e compreensão em todos os momentos.

À minha irmã Lucia Regina, com muito amor.

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ANG - Associação Nacional de Gerontologia

BPC - Benefício de Prestação Continuada

CNDI - Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos

DATAPREV - Serviço de Processamento de Dados da Previdência e Assistência Social

ECG – Eletrocardiograma

ESF - Estratégia de Saúde da Família

HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica

IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

IQV - Índice de Qualidade de Vida

LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social

MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

MEEN – Mini Exame do Estado Mental

MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social

NEPE – Núcleo de Educação Permanente

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PMF – Programa Médico de Família

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

PNI - Política Nacional do Idoso

PNSI - Política Nacional de Saúde do Idoso

PNSPI - Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

PSF – Programa de Saúde da Família

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RMV - Renda Mensal Vitalícia

SAU - Serviço de Atendimento ao Usuário

SBG - Sociedade Brasileira de Geriatria

SBGG - Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia

SESC - Serviço Social do Comércio

SUS - Sistema Único de Saúde

THD - Técnico de Higiene Dental

UBS – Unidade Básica de Saúde

UFF - Universidade Federal Fluminense

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RESUMO

Introdução: Este estudo faz uma revisão das políticas públicas voltadas à população idosa e analisa, sob este enfoque, as condições de vida e saúde de mulheres idosas adscritas ao Programa Médico de Família, na Ilha da Conceição, Niterói, RJ. Material e Métodos: Através de um inquérito domiciliar realizado entre os meses de agosto de 2007 a janeiro de 2008, foram entrevistadas 283 mulheres com 60 anos ou mais, selecionadas através de amostra aleatória simples. Para a avaliação das condições sócio-demográficas, recursos econômicos, recursos sociais, condição de saúde física, utilização dos serviços de saúde, saúde mental, atividades realizadas e necessidades/problemas da população estudada utilizou-se o questionário Brazil Old Age Schedule (BOAS), adaptado às necessidades deste estudo. Foram incluídas questões referentes ao conhecimento acerca das políticas públicas direcionadas ao indivíduo idoso. Resultados: A idade da população variou de 60 a 85 anos, sendo que 50% das entrevistadas se encontravam na faixa etária entre 60-69 anos, 43,8% eram viúvas e 65% tinham primário incompleto. Os arranjos familiares foram variados, predominando a composição de casal sem filho, 17,7%. Sessenta e dois por cento da amostra analisada ganha entre um e dois salários mínimos, 78% recebem pensão do marido, 38,9% recebem aposentadoria e 44,2% nunca trabalharam. A renda mensal de 21,2% das idosas estudadas é a única fonte de renda familiar e 41,3% ajudam na despesa da casa. A maioria, 97,9%, das entrevistadas refere pelo menos uma morbidade e 47,2% das idosas analisadas referem piora da condição de saúde nos últimos cinco anos. Os problemas de saúde mais prevalentes foram hipertensão arterial, reumatismo e incontinência urinária. O edentulismo (ausência de dentes) atinge 57,6% do grupo estudado. Grande parte, 79,8%, procura atendimento de saúde no Programa Médico de Família (PMF). Entre as dificuldades encontradas quanto a utilização dos serviços de saúde foram citados dificuldades de acesso ao serviço quando dele necessita, 40,3%, a demora na realização de exames clínicos, 50,9%, a demora na marcação de consultas com especialistas, 39,9%, a falta/irregularidade do medicamento no PMF, 38,9%, e o preço do medicamento na farmácia, 37,1%. A saúde está entre os maiores problemas e carências citadas pelo grupo analisado. A maioria das idosas entrevistadas (83,7%) sente-se satisfeitas em relação à vida e 56,6% têm expectativas para o futuro. Toda a amostra desempenha atividades no tempo livre, mas a maioria destas é desenvolvida no domicílio e no bairro. Atividades culturais e atividades físicas são pouco realizadas pelo grupo estudado. Questões referentes à saúde física e mental estão entre as principais carências e preocupações das idosas entrevistadas. O conhecimento sobre políticas públicas voltadas aos indivíduos idosos é uma realidade para 30% e, destas, 19,4% citaram o Estatuto do Idoso. Quanto aos direitos garantidos pelo Estatuto do Idoso, os mais conhecidos são passe livre e atendimento preferencial ao idoso. Conclusão: As condições de vida e saúde da população estudada ainda estão longe de ser a ideal e demonstram a maior vulnerabilidade das mulheres idosas seja nas condições sócio-demográficas, econômicas, de saúde e pelo desconhecimento das políticas públicas e direitos nelas contidos. Apesar do avanço que as políticas públicas brasileiras representam para a cidadania e a conquista do envelhecimento ativo percebe-se o distanciamento entre a prática e a teoria. O estudo de populações idosas pode nortear revisões das políticas vigentes, que deveriam considerar, como indicado nas Assembléias Internacionais sobre Envelhecimento, as questões de gênero como forma de contribuição para a conquista da equidade. Palavras-chave: envelhecimento, políticas públicas, inquérito populacional, gênero.

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ABSTRACT Introduction: This study reviews the public politics turned to the elder people and analyses, under this situation, the life and health qualities of the elder women on the programa Médico de Família, in Ilha do Governador, Niterói, RJ. Methods: In a domiciliary survey made between August 2007 and January 2008, 283 sixth (or more) years old women were interviewed through simple random samples. For the evaluation of the demographic-social conditions, economic resources, social resources, physical health conditions, use of the health services, mental health, activities e needs/problems of the studied population it was used the Brazil Old Age Schedule questionnaire, adapted top this studies needs. It were included questions about the elder individual public politics knowledge. Results: The population average ages has varied from 60 to 80 years old, known that 50% of the interviewed women had between 60 and 69 years old, 43,8% were widowers and 65% had not finished the primary school. The familiar groups were many, mainly the compositions of couple without kids, 17,7%. There was 62% of the analyzed samples earned between 1 and 2 minimum wages, 78% receiving husbands pension, 38,9% receiving retirement wages and 44,2% never worked. The mensal budget of 21,2% of the studied elder women is the only familiar earns and 41,3% helps in the house expenses. The majority, 97,9% of the interviewed has at least one disease and 47,2% has complaints about the health conditions decline in the last 5 years. The most frequent health issues were hypertension, rheumatism and urinary incontinence. The edentulous (teeth absence) were 57,6% of the studied group. A big part, 79,8% searches for health attendance in Programa Médico de Família (PMF). Under the difficulties found with the health services utilization were pointed the poor access when it’s needed, 40,3%, the long time in the clinic examination, 50,9%, the long time to the specialists consultancy scheduling, 39,9% the absence of medication in the PMF, 38,9%, the medicines prices at the drugstores, 37,1%. “Health” is between the biggest issues and needs by what it was said in the analyzed group. The majority of the interviewed elder women (83,7%) feel satisfied with their lives and 56,6% have expectations about the future. All the people interviewed in the group do activities in their free time, but the majority of these activities done inside home or in the neighborhood area. Cultural and physical activities are less practiced by the studied group. Mental and physical health questions are between the main need and worries of the interviewed elders. The elder people public politics is a reality for 30% e, 19,4% of these commented about the “Estatuto do Idoso”. Conclusion: The studied population’s life and health conditions are very far from the desired ones and the major vulnerability of the elder women, the demographic-social, economic, the health and the ignorance about the public policies in it contained. In spite of what the Brazilian’s public politics advances represents to the citizenship and the conquer of the active ageing process, there is a perceptive distance between theoretically and practical situations. The elder populations study can guide current political reviews, that should consider, as indicated in the Ageing International Assemblies, the questions of gender as a form of conquering the fairness. Key words: Ageing, Public policies, Population Survey, Gender.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Comparação da população residente total em 1980, 1991 e 2000, Brasil............25

Figura 2: Proporção de idosos por região, no período de 1990-2000, Brasil......................28

Figura 3: Crescimento da população com 80 e mais anos entre 1980 e 2025. Brasil.........30

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Projeção de crescimento da proporção da população de 60 anos ou mais de idade,

segundo o sexo, Brasil, 2000 – 2020...................................................................................29

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Aumento projetado da população de mais de 60 anos, em números absolutos e

percentuais, entre os anos de 1950 e 2025. Comparação entre vários países......................21

Tabela 2: Distribuição dos arranjos familiares da população brasileira, em famílias com

idosos, segundo PNAD 1996...............................................................................................33

Tabela 3: Distribuição das características sócio-demográficas da população estudada, PMF,

Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em2008.............................................................................81

Tabela 4: Distribuição dos recursos econômicos da população estudada, PMF, Ilha da

Conceição, Niterói, RJ, em 2008.........................................................................................83

Tabela 5: Distribuição da condição de saúde física da população estudada, PMF, Ilha da

Conceição, Niterói, RJ, em 2008.........................................................................................85

Tabela 6: Tabela 6: Distribuição da condição de saúde física da população estudada, PMF,

Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008............................................................................87

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Tabela 7: Distribuição da utilização dos serviços de saúde pela população estudada, PMF,

Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.............................................................................89

Tabela 8: Distribuição dos problemas relacionados a aquisição de medicamentos pela

população estudada, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.................................90

Tabela 9: Distribuição dos resultados relacionados a saúde mental (satisfação com a vida e

expectativas para o futuro) referido pela população estudada, PMF, Ilha da Conceição,

Niterói, RJ, em 2008...........................................................................................................91

Tabela 10: Distribuição das atividades realizadas pela população estudada no seu tempo livre,

PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008..................................................................93

Tabela 11: Distribuição das principais necessidades e problemas que afetam a população

estudada, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.................................................94

Tabela 12: Distribuição do conhecimento acerca do Estatuto do Idoso e os direitos nele

garantidos pela população estudada, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008......96

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SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES GERAIS.............................................................................17

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1. ENVELHECIMENTO, UM FENÔMENO MUNDIAL........................................19

2.2. BRASIL: COMO ESTAMOS ENVELHECENDO?.............................................23

2.3. FEMINILIZAÇÃO DO ENVELHECIMENTO....................................................38

2.4. POLÍTICAS PÚBLICAS NA ATENÇÃO AO IDOSO.......................................40

2.5. ATENÇÃO BÁSICA EM NITERÓI - O PROGRAMA MÈDICO DE FAMÍLIA

(PMF).................................................................................................................................66

3. JUSTIFICATIVA.................................................................................................71

4. OBJETIVOS

4.1. OBJETIVO GERAL................................................................................................72

4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................72

5. METODOLOGIA

5.1. DESENHO DO ESTUDO.......................................................................................73

5.2. CAMPO DE ESTUDO...........................................................................................73

5.3. POPULAÇÃO FONTE, POPULAÇÃO ALVO E CRITÉRIOS DE

INCLUSÃO........................................................................................................................74

5.4. TAMANHO E ESTRATÉGIA DE SELEÇÃO DA AMOSTRA DO

ESTUDO...........................................................................................................................75

5.5. INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO..................................................................75

5.6. COLETA DE DADOS..........................................................................................78

5.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA....................................................................................79

5.8. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES DE NATUREZA ÉTICA......................79

6. RESULTADOS...........................................................................................................80

7. DISCUSSÃO...............................................................................................................97

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................113

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................115

10. ANEXOS

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO..............................124

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS........................................................125

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1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

O processo de envelhecimento populacional, como um fenômeno mundial, vem

produzindo impacto variado às diferentes sociedades pelo mundo, gerando diferentes

expectativas e preocupações a cerca das possíveis repercussões desse processo para a

sociedade.

Para países como o Brasil, o envelhecimento populacional, apesar de recente, está

ocorrendo rapidamente e é acompanhado por grandes desigualdades sócio-econômicas,

culturais e de saúde, evidenciando o desafio a ser superado pela sociedade.

Refletindo a diversidade do país, observa-se a heterogeneidade do grupo de idosos,

onde as diferenças são marcantes e influenciam as condições de acesso a diferentes serviços.

Resultado das relações desiguais de gênero, as condições de vida de muitas mulheres

se refletem nas situações atuais de saúde, composição familiar, de renda, educação, de

trabalho e oportunidades que as diferencia dos homens idosos. Com maior expectativa de

vida, as mulheres que atualmente atingem 60 anos ou mais esperam viver por mais 22 anos.

Porém, este maior número de anos vividos deve ser acompanhado por respeito, dignidade e

significado (VERAS, 1994; CAMARANO, 2003).

É inegável que muito se avançou com relação às questões voltadas a população idosa

através das políticas públicas, reconhecendo o cidadão idoso como um novo ator social e o

envelhecimento, um direito fundamental. Porém, apesar das políticas internacionais

apontarem para a questão da feminização do envelhecimento, esta não foi considerada pelas

instituições brasileiras.

Nesse contexto, surgiu o interesse de avaliar uma população de idosas inseridas em

meu universo de atuação, o Programa Médico de Família de Niterói, no bairro Ilha de

Conceição, onde atuo desde 1993. Localizado ao norte do município de Niterói, no Estado do

Rio de Janeiro, o bairro apresenta uma população de 7795 indivíduos, com 13,8% de idosos.

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O bairro tem uma forte ligação com a indústria naval e pesqueira, além de uma grande

capacidade organizativa, que lhes permitiu alcançar relevantes conquistas sociais. Tem boa

infra-estrutura, saneamento básico cobrindo grande parte dos domicílios e assistência à saúde

realizada através de duas modalidades de atendimento; Programa Médico de Família (PMF),

na atenção primária, e Policlínica Comunitária, na atenção secundária, ambos integrados em

uma mesma estrutura. A Ilha da Conceição é o único bairro, em Niterói, totalmente coberto

pelo PMF.

Dada a alta prevalência de idosos, o presente estudo busca contribuir para a discussão

ao traçar um retrato das condições de vida e saúde de mulheres idosas moradoras da Ilha da

Conceição. Na busca por políticas públicas mais adequadas, pautadas no princípio da

equidade, conhecer o perfil das mulheres idosas torna-se relevante para implementação de

uma “política de inclusão”, onde a valorização, a inserção, a participação e o cuidado sejam

traduções da garantia de um envelhecimento digno.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ENVELHECIMENTO, UM FENÔMENO MUNDIAL

A longevidade é uma das grandes conquistas do século XX, resultado da diminuição

da fertilidade e mortalidade da população. No último século, a expectativa de vida aumentou

em aproximadamente 30 anos, anunciando um dos maiores desafios sociais da história

humana. (KALACHE et al., 1987; OMRAM, 2001; IBGE, 2002; VERAS, 2003;

CAMARANO, 2003; SANTOS-PRECIADO et al., 2003).

Em 1950, o número de idosos no mundo atingia cerca de 204 milhões de indivíduos.

Em 1998, esse contingente alcançava 579 milhões de pessoas; um crescimento de quase 8

milhões de pessoas idosas por ano. Projeções para 2050 indicam que a população idosa irá

atingir a marca de quase 2 milhões de pessoas. O número de centenários (100 anos ou mais)

aumentará 15 vezes, passando de aproximadamente 145.000 pessoas em 1999, para 2,2

milhões em 2050 (RAMOS, 2003).

Nos países ocidentais desenvolvidos o fenômeno do envelhecimento populacional se

iniciou ainda no século XIX como conseqüência da evolução social, tecnológica e econômica,

se intensificando principalmente após a II Guerra Mundial. Atingindo as populações urbanas e

rurais, a melhoria das condições de vida, trabalho e moradia traduziram-se pela urbanização

de cidades, melhores condições sanitárias, ambientais e nutricionais no trabalho e residências,

melhores oportunidades educacionais e de inserção ao mercado de trabalho e acompanharam

a redução da mortalidade (MOREIRA, 1998, GORDILHO et al., 2000, CAMARANO, 2002;

PEREIRA et al, 2003)

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Porém, apesar de ser comum a associação entre envelhecimento populacional e países

desenvolvidos, como os da Europa Ocidental e América do Norte, mais da metade das

pessoas com mais de 65 anos viviam em países do Terceiro Mundo em 1960. Entre o grupo

de idosos, contudo, poucos ultrapassavam os 85 anos de idade. (UNITED NATIONS, 1985;

HOOVER & SIEGEL, 1986; KALACHE et al., 1987).

O crescimento da população idosa nos países em desenvolvimento apresenta

características próprias. Uma particularidade é a rapidez com que a população envelhece,

inclusive entre o grupo dos mais idosos (maiores de 80 anos). Países tradicionalmente jovens,

como Nigéria, Brasil e Paquistão, irão ocupar o lugar de países que atualmente têm grande

número de idosos, como os países europeus. Observa-se, ao longo das últimas décadas, um

aumento vertiginoso da população idosa e, de acordo com os critérios atuais, oito países em

desenvolvimento estarão entre os onze países com as maiores populações de idosos em 2025

(Tabela 1). (KALACHE & GRAY, 1985; OMS, 2001).

Tabela 1- Aumento projetado da população de mais de 60 anos, em números absolutos e

percentuais, entre os anos de 1950 e 2025. Comparação entre vários países.

Fonte: ONU, Dies, The world aging situation, 1985 apud Veras (1994).

MILHÕES AUMENTO %

REGIÕES/ANO 1950 1975 2000 2025 1950-2025

CHINA 42,5 73,3 34,5 284,1 668 %

ÍNDIA 31,9 29,7 65,6 146,2 429 %

URSS 16,2 33,9 54,3 71,3 440 %

EUA 18,5 31,6 40,1 67,3 363 %

JAPÃO 6,4 13,0 26,4 33,1 517 %

BRASIL 2,1 6,2 14,3 31,8 1.514 %

INDONÉSIA 3,8 6,8 14,9 31,2 821%

BANGLADESH 2,6 3,3 6,5 16,8 646 %

NIGÉRIA 1,3 2,6 6,3 16,0 1.230 %

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Outro aspecto desse processo é que a redução da mortalidade não foi acompanhada

pela melhora nas condições de vida para grande parcela da população. Na verdade, a questão

do envelhecimento populacional nos países em desenvolvimento está atrelada a uma ampla

lista de questões sócio-econômicas não resolvidas, tais como a pobreza e a exclusão de

crescentes contingentes da população, resultando em uma sociedade com elevados níveis de

desigualdade. A mortalidade foi reduzida graças a medidas específicas de saúde pública,

porém, caracteriza-se por ser um processo de envelhecimento “artificial”. Apesar das más

condições de vida de grande parcela da população, muitos indivíduos sobrevivem

simplesmente porque foram imunizados para algumas doenças ou receberam tratamento

específico para outras. Esse fenômeno leva os países mais pobres, como o Brasil, a um duplo

encargo na área de saúde: convivem, de um lado, as doenças crônico-degenerativas e de outro,

mazelas próprias do subdesenvolvimento como a desnutrição infantil e doenças infecto-

parasitárias (KALACHE & GRAY, 1985).

A condição sócio-econômica e de acesso aos serviços de saúde influenciam na

expectativa de vida da população, variando entre países e entre regiões de um mesmo país. No

caso brasileiro, a diferença na expectativa de vida entre ricos e pobres chegava a 15 anos em

1997, refletindo a profunda divisão social e econômica existente e que foi acentuada nas

últimas décadas (RAMOS et al, 1987; ARANÍBAR, 2001).

A expectativa de vida também apresenta diferenças relacionadas ao gênero. A

expectativa de vida da mulher é maior que a dos homens, sobretudo nos países desenvolvidos;

uma diferença de 7,5 anos em 1980. Para os países menos desenvolvidos, essa diferença é

bem menor; cerca de 2,2 anos para o conjunto desses países, podendo chegar a ser invertida.

Esse é o caso do Paquistão, por exemplo, onde a expectativa de vida da mulher em 1980 era

de 50 anos comparada com 52 anos para o homem, reflexo das desigualdades entre gêneros

associado os fatores como acesso a cuidados médicos, alta mortalidade materna e diferenças

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quanto à disponibilidade de alimentos de acordo com o sexo das crianças (RAMOS et al,

1987).

Ocorrendo em nível sem precedentes, o processo de envelhecimento vem causando

transformações demográficas, epidemiológicas, culturais, sociais, econômicas e políticas,

tornando-se um desafio para o século XXI. Para os países em desenvolvimento, que ainda não

foram capazes de prover as condições necessárias às demandas trazidas pelo novo perfil

demográfico, o desafio é ainda maior e aponta para a urgência da mobilização de toda a

sociedade na definição de políticas públicas voltadas para a promoção de um envelhecimento

cidadão (OMRAM, 2001; IBGE, 2002; LIMA & VERAS, 2003 CAMARANO, 2003).

2.2 BRASIL: COMO ESTAMOS ENVELHECENDO?

Até 1970 o Brasil experimentou um processo de crescimento populacional acelerado.

Por meio da realização de campanhas sucessivas de educação médica, orientação para

controle da natalidade, melhoria das condições sanitárias, melhoria da atenção materno-

infantil com redução da mortalidade e melhorias gerais da assistência médica, entre outros

fatores, observou-se queda nas taxas de fecundidade, natalidade e, principalmente, da

mortalidade (KALACHE & GRAY, 1985; BRASIL, 2006).

O último censo populacional realizado demonstrou uma taxa de crescimento

populacional de 1,6% ao ano, no período de 1991 a 2000. A taxa de fecundidade total

apresentou redução de 15,4%, passando de 2,6 filhos por mulher, em 1991, para 2,2 filhos, em

2000, e a taxa de natalidade sofreu redução de 10,2% no mesmo período. A esperança de vida

ao nascer que era de 60,7 anos, em 1990, passou para 68,5 anos em 2000, correspondendo a

um aumento de quase oito anos de vida (IBGE, 2002).

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A comparação da pirâmide etária em diferentes períodos permite avaliar o

envelhecimento populacional como um processo dinâmico. Entre 1980 e 2000 percebe-se

uma diminuição na entrada da população mais jovem, de 0 a 4 anos, com incremento das

idades mais avançadas (Figura 1). Embora a fecundidade ainda seja o principal componente

da dinâmica demográfica brasileira, é a longevidade que vem progressivamente definindo a

evolução da população idosa (IBGE, 2002; BRASIL, 2006).

No processo de envelhecimento brasileiro, os idosos ainda constituem uma parcela

pequena da população total (8,55%), se comparado com a participação relativa deste grupo na

distribuição etária de vários países desenvolvidos aonde os idosos chegam a atingir 15-20%

da população. Contudo, é importante ressaltar que nestes países este crescimento aconteceu ao

longo de 150-200 anos, enquanto que no Brasil o processo ocorreu em menos de 50 anos

(VERAS, 1994).

Figura 1: Comparação da população residente total em 1980, 1991 e 2000, Brasil.

Fontes: Censo demográfico 1980. Dados gerais, migração, instrução, fecundidade, mortalidade. Brasil. Rio de Janeiro: IBGE,v. 1, t. 4, n.1, 1983; Censo demográfico 1991. Características gerais da população e instrução. Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, n..1, 1996; Censo demográfico 2000. Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE, p.89, 2001. 1 CD-ROM encartado.

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Segundo as projeções da OMS, entre 1950 e 2025, a população de idosos no Brasil

crescerá 16 vezes contra cinco vezes a população total. O número de idosos passou de três

milhões em 1960, para 7 milhões em 1975 e aproximadamente 17 milhões em 2003,

chegando a representar quase 10% da população. Estima-se que alcançará 34 milhões em

2020, colocando o País como a sexta maior população de idosos do mundo (IBGE, 2002;

RAMOS, 2003; VERAS, 2003; CAMARANO, 2004; BRASIL, 2005).

Para a população brasileira, idoso é o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos

sendo este limite utilizado pelas políticas públicas vigentes direcionadas à população idosa.

Este segmento é frequentemente dividido em 3 subgrupos: de 60 a 69 anos, 70 a 79 anos e os

maiores de 80, ou, “os mais idosos”. Atualmente, a maior proporção de idosos concentra-se

na faixa de 60 a 69 anos, constituindo um grupo de idosos mais jovem. Apesar de ser um

pequeno contingente, o grupo dos “mais idosos” tem sido o segmento que mais cresce. Em

1940 compreendiacerca de 10% da população idosa, passando em 2000 a responder por 13%.

Percebe-se que, além do crescimento da população idosa, esta também está envelhecendo

(ANDERSON, 1998; CAMARANO, 2004; PARAHYBA, 2005).

Contudo, o critério idade não pode ser o único parâmetro utilizado para caracterização

do segmento idoso. A avaliação dos indicadores sociais demonstra diferença bastante

expressiva por gênero, idade, educação, saúde, rendimento, região de residência, composição

familiar e atividade econômica, cuja análise permite traçar o perfil desse grupo e perceber, de

forma mais nítida, as conseqüências, mudanças, desafios e perspectivas que o envelhecimento

populacional traz consigo. A partir dessa avaliação, políticas públicas podem ser formuladas

para o melhor enfrentamento dessa nova realidade (PARAHYBA, 1998; CAMARANO,

1999; PEREIRA et al., 2002; CAMARANO, 2004; PARAHYBA, 2005).

Os idosos se distribuem geograficamente de forma irregular, apresentando uma grande

diferença entre as regiões do País. As regiões mais desenvolvidas, Sudeste e Sul, apresentam

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maiores índices de gerontes, 10,5% e 10,4% respectivamente, refletindo padrões de

envelhecimento típicos do mundo desenvolvido. Com menor índice de idosos, Centro-

Oeste,7,4%, e Norte urbano, 6% , apresentam ainda padrões típicos do Terceiro Mundo. O

Nordeste, com 9,2% de população idosa, reflete a conseqüência do êxodo rural ocorrido em

tempos passados (ANDERSON, 1998; OMS, 2001; CAMARANO, 2004; PARAHYBA,

2005). Em 2000, o índice de envelhecimento - número de pessoas idosas para cada 100

indivíduos jovens – no Brasil, foi de 19,77, variando de 9,77, na Região Norte, a 22,88, na

Sudeste. A Região Sul apresentou um índice de 22,60; a Nordeste, de 17,73; e a Centro-Oeste,

de 14,29 (IBGE, 2002).

Também se observa diferença entre os estados de uma mesma região. Os estados do

Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará e Paraíba, por exemplo, têm uma população idosa

que já representacerca de 10 a 11% do total da sua população. Uma particularidade pode ser

observada nos estados do Ceará e Paraíba, onde a pirâmide etária da população é

“artificialmente envelhecida”. O responsável pelo fenômeno é a migração da população de

jovens e adultos jovens para os centros mais desenvolvidos e populosos do país, em busca de

melhores oportunidades e qualidade de vida. A proporção de indivíduos na faixa etária de 0 a

14 anos nestes Estados é ainda elevada (CAMARANO, 1999; CAMARANO, 2004;

PARAHYBA, 2005).

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Figura 2- Proporção de idosos por região, no período de 1990-2000. Brasil.

Fonte: IBGE. Censo demográfico, 1991. Brasil

Diferenças também são encontradas entre as populações urbanas e rurais. A maior

parte da população idosa brasileira é urbana, representando 81% da população idosa em 2000,

com predomínio das mulheres. Os homens predominam nas áreas rurais refletindo o resultado

dos processos migratórios que contam com a maior participação das mulheres (ANDERSON,

1998; PEREIRA et al., 2002; CAMARANO et al, 2004)

Refletindo o panorama mundial, o processo de envelhecimento brasileiro também é

uma questão de gênero. As mulheres vêm atingindo maior expectativa de vida ao nascer desde

1950 e, atualmente, a maioria dos idosos brasileiros é do gênero feminino (Gráfico 1).

Em 1991 constituíam 5,7 milhões, passando para 8 milhões em 2000 e estimando-se

um total de 8,5 milhões de mulheres idosas em 2002. Com relação ao gênero masculino, em

1991 era um total de 4,9 milhões de homens idosos, passando para 6,5 milhões em 2000 e 6,9

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milhões em 2002 (ANDERSON, 1998; VERAS, 2000; PEREIRA et al, 2003; PEREIRA ET

AL, 2003; CAMARANO, 2004).

Gráfico 1- Projeção de crescimento da proporção da população de 60 anos ou mais de idade, segundo o sexo. Brasil – 2000 – 2020

Fonte: Projeto IBGE/Fundo de População das Nações Unidas UNFPA/BRASIL (BRA/98/POB). Sistema Integrado de Projeções e Estimativas Populacionais e Indicadores Sócio-demográficos. Projeção preliminar da população do Brasil por sexo e idade. 1980-2050, revisão 2000.

Com base nos dados dos últimos censos, o contingente feminino atinge 55% da

população idosa total e quanto mais idoso for o segmento, maior a participação das mulheres

(Figura 3) (ANDERSON, 1998; VERAS, 2003; PEREIRA et al, 2003 ; CAMARANO, 2004).

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Figura 3 - Crescimento da população com 80 e mais anos entre 1980 e 2025. Brasil

Fonte:IBGE

Atualmente, mulheres que atingem 60 anos ou mais tem uma expectativa média de

vida de mais 22 anos, enquanto os homens esperam viver mais 19 anos. Entre as explicações

para este fenômeno pode-se citar diferenças no consumo de álcool e tabaco entre os sexos,

que podem levar às doenças cardiovasculares e as neoplasias em maior proporção entre os

homens. Outra explicação é atitude feminina em relação à doença, pois, de forma geral, as

mulheres são mais atentas ao aparecimento de sintomas, têm um conhecimento melhor das

doenças e utilizam mais os serviços de saúde. Alguns autores acreditam que o maior número

de mulheres idosas está associado à morte prematura dos indivíduos do sexo masculino

devido a causas externas (acidentes e violências), uma vez que, no Brasil, tais eventos

vitimam os homens numa proporção quatro vezes maior do que as mulheres (KALACHE et

al, 1987; VERAS, 1994; RAMOS, 2003; CAMARANO, 2004; PARAHYBA, 2005).

Contudo, a expectativa de vida apresenta variações entre mulheres se considerado o

aspecto cor/raça. Ao se desagregar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que avalia

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alfabetização, expectativa de vida e renda per capita, e considerando o aspecto raça, a análise

demonstrou grande diferença entre a população negra e a população branca no ano de 1999.

O IDH para os negros coloca o Brasil na 108ª posição, em contraponto ao da população

branca, que ocupa a 49ª posição (SANT'ANNA & PAIXÃO apud BRASIL, 2006).

Enquanto a população negra espera viver até 64 anos, a expectativa de vida para a

população branca é de 70 anos. Mulheres afro-descendentes têm uma expectativa de vida de

66 anos, três anos a menos que a dos homens brancos, contrariando a tendência mundial de

que as mulheres vivem mais do que os homens. Em comparação com a expectativa de vida de

mulheres brancas esta diferença atinge cinco anos. As mulheres negras têm 25% a menos de

chance de chegar aos 75 anos de idade se comparado às mulheres brancas. Este resultado

reflete as desigualdades sociais existentes e interferem no processo de envelhecimento de

grupos distintos (BRASIL, 2006). <!ID433838-3>

A distribuição da população idosa por cor/raça demonstrou que há predominância dos

indivíduos de cor branca, seguida pela parda. Em 2000, dos 14,5 milhões de idosos, 8,8

milhões eram brancos, 4,4 milhões eram pardos e cerca de um milhão eram negros

correspondendo, respectivamente, a 60,7%, 30,7% e 7% da população idosa. (CAMARANO,

2004)

No que diz respeito ao estado civil, observou-se que entre 1940 e 2000, a proporção de

viúvas aumentou na população. Atualmente, a maioria dos homens (73%) vive com

companheira, enquanto apenas 37% das mulheres têm companheiro. Essas, em sua maioria

(48%) estão viúvas, contra 14% dos homens. Essa desproporção deve-se a dois fatores: maior

longevidade das mulheres e ao recasamento mais freqüente dos homens, em geral com

mulheres mais jovens, evidenciando normas sociais aceitas. Uma das causas dessa diferença

baseia-se na pobreza de informações sobre a sexualidade, muito ligada ao plano físico,

determinando maior discriminação contra as mulheres e destinando-as à solidão. O número de

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solteiros e separados pouco difere entre homens e mulheres, estando em torno de 6-7%

(CAMARANO, 2004; PERSEU-ABRAMO, 2007).

Esta realidade influencia os arranjos familiares onde os homens idosos, em sua maioria,

tendem a viver com esposa e/ou filhos e/ou outros parentes mesmo em idades mais avançadas.

Para as mulheres idosas a tendência é inversa, morando com filhos e/ou outros parentes ou

sozinhas. A idade mais avançada acompanha-se do aumento da proporção de idosas morando

sozinhas (Tabela 2) (CAMARANO, 1999; RAMOS, 2003; CAMARANO, 2004;

PARAHYBA, 2005).

Tabela 2: Distribuição dos arranjos familiares da população brasileira, em famílias com idosos, segundo PNAD 1996.

Distribuição dos tipos de Família Famílias com idosos

Casal sem filhos 19,31

Casal sem filhos e com outros 4,90

Casal com Filhos 17,43

Casal com Filhos e com Outros 13,34

Mulher Sozinha 12,27

Mulher Sozinha e com Outros 6,62

Mãe com Filhos 8,74

Mãe com Filhos e com Outros 6,36

Homem Sozinho 4,67

Homem Sozinho e com Outros 2,66

Pai com Filhos 2,44

Pai com Filhos e com Outros 1,26

Fonte dos dados brutos: IBGE, PNAD de 1996. Elaboração dos dados: IPEA.

Anderson et al (1998) constatam que a pobreza é uma característica da velhice no

Brasil. Pesquisa baseada no censo de 1980 demonstrou que quanto maior a idade do indivíduo

menor é sua renda. Enquanto cerca de 35% dos idosos entre 60 e 69 anos tinham uma renda

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média de meio salário mínimo este percentual atingia 50% dos idosos com 80 anos ou mais.

Comparando a renda per capita dos gerontes com a de indivíduos de 40 a 59 anos, observa-se

o maior empobrecimento do segmento idoso evidenciando a perda de rendimentos com a

aposentadoria e que se perpetua pela maior dificuldade em se conseguir nova atividade

remunerada nesta fase da vida. Apesar de ainda não se traduzir em um nível de renda

condigno, observa-se uma melhora da renda para a população idosa. No Brasil, em 1991,

52,1% da população idosa recebiam um salário mínimo, em 2000 eram 44,5% e em 2002,

passou para 42,8%. No Estado do Rio de Janeiro esses percentuais são menores em relação à

média nacional, com 35,2% em 1991, 26,8% em 2000 e 24,9% em 2002 (PEREIRA et al.,

2002).

Devido aos crescentes níveis de desemprego, é comum que os idosos assumam a

função de responsáveis pelo sustento familiar com a sua aposentadoria, refletindo-se pelo

aumento do número de idosos responsáveis pelo domicílio. Segundo os dados do IBGE,

referentes ao ano de 2002, quase seis milhões de idosos têm filhos e outros parentes sob sua

responsabilidade (PEREIRA et al., 2002; IBGE, 2002).

Importantes avanços foram observados nos níveis educacionais da população

brasileira como um todo entre 1940 e 2000. Para a população idosa houve um aumento

significativo na proporção de indivíduos alfabetizados, principalmente entre as mulheres.

Ainda assim, os homens idosos se encontram em melhor condição de alfabetização sendo que

em 2000, 37,5% das mulheres idosas eram analfabetas. O número médio de anos de estudo

também aumentou para a população idosa entre 1960 e 2000, mas os homens apresentam

maiores ganhos com a escolaridade (PEREIRA et al, 2003; CAMARANO, 2004; IBGE,

2004; PARAHYBA, 2005).

Estudos com base populacional têm demonstrado que, no Brasil, a grande maioria dos

idosos - mais de 85% - apresenta pelo menos uma enfermidade crônica sendo essa proporção

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maior entre as mulheres (75%) do que entre os homens (62%). Cerca de 15% dos idosos

apresentam associação de cinco patologias crônicas. As doenças de maior prevalência entre

idosos são hipertensão arterial (50%), artrite/reumatismo/problemas osteo-articulares (37,5%),

doenças do coração (19%), diabetes (10,3%), asma/bronquite (7,8%) e doença renal crônica

(6,8%). Esses mesmos estudos populacionais, embora ainda limitados em número,

demonstram que 4% a 6% dos idosos apresentam formas graves de dependência funcional;

7% a 10%, formas moderadas; 25% a 30%, formas leves. Entre 50% a 60% dos idosos seriam

completamente independentes (LIMA-COSTA et al, 2003; BRASIL, 2006). Com relação à

saúde mental, foi encontrado uma prevalência de 25% de casos de depressão entre idosos,

sendo mais freqüentes entre os que moram só (VERAS, 1994; ANDERSON, 1998).

As quedas representam o principal acidente que vitimizam os idosos devido à sua

maior vulnerabilidade. Brito, 2007, realizou trabalho que incluiu revisão bibliográfica

nacional e internacional acerca de quedas em idosos. Todos os trabalhos analisados

demonstraram que o risco de queda aumenta com a idade graças a fatores intrínsecos como

alterações típicas do envelhecimento (alterações de visão, audição, perda do equilíbrio,

alterações na marcha, distúrbios vestibulares, distúrbios proprioceptivos, sedentarismo,

deformidades nos pés, entre outras); a presença de patologias específicas (cardiovasculares,

neurológicas, endócrino-metabolicas, pulmonares); a utilização de determinados

medicamentos (ansiolíticos, anti-hipertensivos, polifarmácias, diuréticos); problemas de saúde

mental; fatores sócio-culturais (ser do sexo feminino; idade superior a 75 anos, viver

sozinho); baixa qualidade de vida e dependência nas atividades de vida diária. Os fatores

extrínsecos estão relacionados com o ambiente doméstico e público (barreiras arquitetônicas,

sistemas de transporte coletivos inadequados, criminalidade) A freqüência de quedas é maior

em mulheres quando comparada a homens da mesma faixa etária, tendo as mulheres duas

vezes mais chance de cair do que os homens. As mulheres também sofrem novas quedas em

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proporção superior. Sua complicação mais freqüente, facilitado pela maior prevalência de

osteoporose neste grupo, consiste em fraturas que ocorrem, principalmente, nas vértebras,

punho e colo do fêmur, sendo esta última a principal causa de hospitalização por queda. Na

ausência de qualquer ação de prevenção de quedas e prevenção ou tratamento da osteoporose,

estima-se que uma em cada duas mulheres aos 70 anos apresentará fratura de fêmur e, aos 80

anos, duas em três sofrerão fraturas (RODRIGUES & MENDES, 1994; FAISAL-CURY et

col, 2007). Cerca de metade dos idosos que sofrem esse tipo de fratura falece dentro de um

ano; a metade dos que sobrevive fica totalmente dependente do cuidado de outras pessoas,

aumentando os custos da atenção à saúde e retirando pelo menos um familiar da atividade

econômica ativa, por um longo período (BRASIL, 2006).

Embora não se disponha de dados estatísticos sobre incidência e prevalência de maus

tratos a pessoa idosa, sabe-se que a violência contra os idosos manifesta-se sob diferentes

formas e tem como conseqüências o comprometimento físico, emocional e/ou social, gerando

o aumento dos índices de morbidade e mortalidade (MELLO JORGE, 1979; JURGENSEN,

1993; MOHAN, 1993) Trabalho realizado por Apratto, 2007, com idosos na Ilha da

Conceição – Niterói demonstrou que a prevalência de violência psicológica é bastante

superior a violência física. As mulheres sofrem mais com a violência psicológica, 46,5%, e

apesar de sua prevalência diminuir com o avançar da idade, está presente em todas as faixas

etárias. A prevalência de violência física contra as mulheres foi pouco superior ao sexo

masculino, respectivamente 9,9% e 9,2%, e não foi verificada em maiores de 80 anos.

Levantamento das condições de saúde bucal da população brasileira, concluído em

outubro de 2003, avaliou 108.921 indivíduos, sendo 5.349 na faixa etária de 65 a 74 anos. Os

resultados mostraram que a saúde oral constitui um problema relevante de saúde pública: o

número médio de dentes permanentes cariados, perdidos ou obturados se eleva com a idade.

A necessidade de prótese total - dentadura - é identificada já entre os adolescentes. Entre os

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idosos o principal problema é a perda dental (quase 26 dentes extraídos, em média, por

pessoa). Menos de 8% dos idosos apresentam as gengivas sadias. Três em cada quatro idosos

não possuem nenhum dente funcional, sendo que mais de 36% precisam de pelo menos uma

dentadura. Apesar da perda total de dentes (edentulismo) ainda ser aceita pela sociedade como

algo natural, conseqüência do avanço da idade, este quadro reflete a falta de políticas

preventivas de saúde oral para a população desde a infância (BRASIL, 2004).

Neste cenário, o rápido crescimento da população idosa brasileira impõem vários

desafios ao envelhecimento saudável, principalmente para as mulheres. As políticas públicas

voltadas para o envelhecimento populacional devem considerar a importância de uma

abordagem integrada em diversos setores específicos: saúde, economia, mercado de trabalho,

seguridade social e educação, para que possam ser efetivas (CAMARANO & PAZZINATO,

2004).

2.3 FEMINIZAÇÃO DO ENVELHECIMENTO

A feminização da velhice não deve ser vista simplesmente como maior longevidade e

conseqüente aumento do número de mulheres idosas na população. O perfil sócio

demográfico das idosas resulta da complexidade das instituições sociais e do modo

sistemático como família, mercado e Estado interferem e diferenciam suas vidas (GOLDANI,

2004).

Através dos serviços públicos, legislação e políticas implementadas o Estado exerce

influência, direta ou indiretamente. A conquista da cidadania feminina foi um processo

recente e lento, que se originou dos movimentos feministas, no decorrer dos séculos XIX e

XX. Chamando a atenção para as questões femininas foram gradativamente produzindo

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mudanças conceituais importantes, na literatura, nas artes, na legislação e nas ciências

(GOLDANI, 2004; NEGREIROS, 2004).

A Constituição de 1934 concretiza os direitos políticos das mulheres com a instituição

do voto feminino. A formulação do Estatuto da Mulher Casada (Leis nº 4.121, de 1962 e nº

6.515, de 1977) permitiu que estas trabalhassem sem necessitar da autorização do marido e

até final da década de 70, os direitos trabalhistas das mulheres eram restritos porque o Estado,

como “proteção”, impedia sua entrada em alguns setores do mercado de trabalho. Na década

de 80, a mulher ainda era considerada dependente do marido, a quem se delegava a direção da

sociedade conjugal. Graças à participação ativa dos movimentos feministas na elaboração da

Constituição de 1988, a mulher ampliou seus direitos conquistando, entre outros, a igualdade

em relação ao marido e o reconhecimento de seus direitos reprodutivos (GOLDANI, 2004).

Contudo, a conquista de direitos não se traduziu em igualdade de condições sociais

para a maioria das mulheres. Permanecem profundas diferenças socioeconômicas, de

educação, nas condições de trabalho e acesso aos serviços de saúde, além das diferenças entre

sexo, raça e, também, entre o grupo de mulheres (GOLDANI, 2004).

Baseado-se em valores e normas aceitáveis e nem sempre explícitas, a sociedade

estabelece contratos sociais como formas de intercâmbio, envolvendo gênero e gerações

(NÉRI, 2001).

Os contratos de gênero refletem um consenso acerca do papel de homens e mulheres

na sociedade. Apesar de a emancipação feminina ter influenciado positivamente as relações

homem-mulher, elas não foram capazes de modificar os papéis de gênero. Ao contrário,

perpetuam-se através do papel “mulher dona de casa” e “homem provedor”, permanecendo

muito presentes e atuantes. Como um produto social, é aprendido, representado,

institucionalizado e transmitido ao longo de gerações, repercutindo até os dias atuais e

determinando um duplo padrão de envelhecimento. Enquanto os homens mais velhos são

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valorizados por suas conquistas no plano social e econômico, a mulher mais velha, mesmo em

iguais condições socioeconômicas, é desvalorizada pela perda de seus “encantos naturais”

(GOLDANI, 2004; NÉRI, 2001;NEGREIROS, 2004).

Os contratos intergeracionais, entre pais e filhos, firmam um acordo no qual os pais

darão suporte emocional e financeiro para os filhos e estes “retribuirão” com o mesmo apoio

quando os pais dele necessitarem. As modificações ocorridas no processo de produção

resultaram em sua reestruturação e, também, na precarização das relações de trabalho. Assim,

o aumento da instabilidade, salários mais baixos e aumento do desemprego acabaram por

forçar a entrada maciça das mulheres no mercado de trabalho e modificaram seu antigo papel

na família. Atrelado a isto, o aumento das taxas de separação e divórcio, a diversificação nos

arranjos familiares, as mudanças de valores e atitudes a respeito da responsabilidade filial

implicaram no “afrouxamento” das relações familiares, comprometendo o contrato

intergeracional. Estes fatores modificaram as relações familiares e a forma de cuidar de seus

membros, incluindo os mais idosos. O maior envolvimento social e afetivo das mulheres

produz influências variáveis sobre o processo de envelhecimento. Se por um lado exerce um

efeito protetor, essa característica pode influenciar negativamente a qualidade de vida de

mulheres idosas que, por imposições sociais, passam a assumir a prestação de cuidado aos

familiares, incluindo manter suas famílias com seus recursos de aposentadoria e pensão

(NOGALES, 1998; GOLDANI; 1999; NÉRI, 2001; CAMARANO et al, 2004;

CAMARANO, 2002; LIMA-COSTA, 2003; NEGREIROS, 2004; PEREIRA, 2006).

O fenômeno de feminização do envelhecimento, quando considerado as diferenças

culturais, sócio-econômicas, de saúde e de mudança de papéis das mulheres idosas dentro da

família, antes de ser uma conquista pode representar um fator agravante no processo de

envelhecimento populacional e devem ser considerados por futuras políticas públicas

(GOLDANI, 2004; NÉRI, 2001).

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2.4- POLÍTICAS PÚBLICAS NA ATENÇÃO AO IDOSO

Reconhecidamente o envelhecimento populacional trouxe grandes desafios para as

políticas públicas, principalmente nos países em desenvolvimento. (CAMARANO &

PASINATO, 2004).

A experiência do envelhecimento mundial propiciou o aparecimento de duas correntes

antagônicas que influenciaram o debate político e acadêmico. A visão predominante foi a de

associar o processo de envelhecimento com maior dependência e problemas sociais. Em 1994,

o Banco Mundial chega a considerar que um maior número de idosos na sociedade poderia

colocar em risco o futuro da economia mundial. Uma corrente oposta considera que o idoso

pode contribuir significativamente para o desenvolvimento econômico e social através da

permanência na atividade econômica mesmo quando aposentado, pelo trabalho voluntário,

através da contribuição no orçamento familiar, na provisão de acomodação, no cuidado com

netos, entre outros. As políticas resultantes dessa perspectiva são as que buscam a integração

das pessoas idosas a sociedade (LLOYD-SHERLOCK, 2002).

A preocupação com o fenômeno do envelhecimento e suas conseqüências entra na

pauta de discussão da Organização das Nações Unidas (ONU), em dois momentos distintos,

1982 e 2002. Do debate entre seus membros são elaborados dois documentos, denominados

Planos Internacionais de Ação, que se tornaram diretrizes para a formulação de políticas

públicas destinadas ao idoso (CAMARANO & PASINATO, 2004; SILVA, 2006).

A I Assembléia Mundial sobre Envelhecimento ocorreu em Viena, 1982.

Reconhecendo o idoso como um novo ator social, o primeiro Plano Internacional de Ação, o

Plano de Viena, foi estruturado com 66 recomendações referentes a sete áreas: saúde e

nutrição, proteção ao consumidor idoso, moradia e meio ambiente, família, bem-estar social,

previdência social, trabalho e educação. Como objetivo, esperava-se garantir a inclusão do

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idoso na vida social, cultural, econômica e política através de estratégias adequadas à

realidade de cada país e sob responsabilidade do Estado (ONU, 1982; CAMARANO &

PASINATO, 2004; BRASIL, 2005; SILVA, 2006)

A família foi reconhecida, em suas diferentes formas e estruturas, como o lugar

privilegiado de cuidado do idoso, devendo ser protegida de acordo com as tradições e

costumes de cada país. Com relação ao gênero, alertava para a tendência de feminização da

velhice e sinalizava para as possíveis implicações e impactos das diferenças de gênero no

processo de envelhecimento feminino (SILVA, 2006).

A manutenção de meios físicos e/ou financeiros era sugerida com a finalidade de

promover a independência e autonomia dos idosos. Para tanto, entre as principais medidas na

área social encontravam-se a provisão de pensões e aposentadorias (ONU, 1982;

CAMARANO & PASINATO, 2004; BRASIL, 2005).

No campo da saúde, enfatizava a ação preventiva, seja no combate aos efeitos do

envelhecimento prematuro, na educação para o bem-estar ou nos diagnósticos e tratamentos

em tempo de evitar complicações posteriores. Para a atenção mais adequada ao idoso

recomendava o treinamento de profissionais de saúde e de cuidadores formais ou informais.

Apesar da preocupação com a saúde do idoso, este plano continha uma forte tendência a

medicalização do envelhecimento (ONU, 1982; CAMARANO & PASINATO, 2004;

BRASIL, 2005; SILVA, 2006).

Em relação ao setor trabalho, defendia a postergação da aposentadoria, a adequação do

ambiente e das condições de trabalho às necessidades do idoso considerando que a garantia de

tratamento eqüitativo aos idosos no mercado de trabalho estava atrelada a desconstrução das

concepções etarístas sobre produtividade. Quanto à aposentadoria, sugeria a transição

cuidadosa entre a atividade laboral e a aposentadoria (ONU, 1982; SILVA, 2006).

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Infelizmente, o Plano Viena estava mais direcionado para populações idosas de países

desenvolvidos, onde a maioria dos gerontes era independente financeiramente. Neste período

histórico da ONU, temas como economia e política eram mais privilegiados do que questões

sociais e de direitos humanos (ALVES, 1995). Os idosos como uma parcela crescente da

população e dotada de recursos financeiros favoreceria a criação de novos nichos de mercado,

merecendo atenção diferenciada naquele momento (CAMARANO & PASINATO, 2004).

Para os países em desenvolvimento, principalmente, estas medidas implicaram em

aumento dos gastos públicos, especialmente na área social, comprometendo a implementação

das medidas por falta dos recursos necessários. Além disso, o trabalho preventivo em saúde

consistia um desafio para estes países onde, historicamente, o cuidado curativo era

privilegiado. Apesar das dificuldades, países como Venezuela (1999), Equador (1998), Brasil

(Constituição de 1988), Bolívia (1994) e Peru (1993) apresentaram avanços importantes no

desenvolvimento de políticas e programas especiais voltados para a população idosa, na

década de 90, influenciados pelas diretrizes do Plano de Viena (URIONA & HAKKERT,

2002; CAMARANO & PASINATO, 2004; BRASIL, 2005; SILVA, 2006).

Sob influência do I Plano de Ação, a ONU, na Assembléia Geral de 1991, adotou 18

princípios voltados para a pessoa idosa que foram agrupados em cinco grandes temas:

independência, participação, cuidados, auto-realização e dignidade. Recomendou a

implementação de políticas públicas voltadas para a garantia de acesso a direitos básicos

(alimentação, habitação, saúde, trabalho e educação), como forma de manter a autonomia

física e financeira do idoso, garantindo sua independência. Propôs a criação de locais de

socialização direcionados à integração dos gerontes por meio de trocas intergeracionais de

saberes e habilidades. A importância da família no cuidado e proteção ao idoso foi

confirmada, sendo que o cuidado familiar ou institucional deveria garantir as liberdades

fundamentais e os direitos humanos. O estímulo à auto-realização deveria ser efetivado

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através do acesso a recursos educacionais, culturais, espirituais e recreativos, facilitando o

desenvolvimento de potenciais do indivíduo idoso. A proteção ao idoso contra exploração e

maus-tratos foi recomendada como instrumento de dignidade e forma de garantir sua

segurança. Estes princípios também serviram como diretrizes para o desenvolvimento de

políticas públicas em vários países (CAMARANO & PASINATO, 2004).

Ainda na ONU, outro desdobramento do Plano de Viena foi a aprovação da

Proclamação sobre Envelhecimento na Assembléia Geral em 1992. Neste documento foram

definidos parâmetros para a construção de um marco conceitual sobre as questões do

envelhecimento. O documento 50/114, elaborado em 1995, conta com quatro dimensões para

a análise de uma “sociedade para todas as idades”: a situação dos idosos, o desenvolvimento

individual continuado, as relações multigeracionais e a inter-relação entre envelhecimento e

desenvolvimento social. Ao longo da década de 1990, a idéia de idosos como um grupo

dependente e vulnerável foi sendo substituído pela imagem de um grupo populacional ativo e

atuante. Além disso, questões relativas ao envelhecimento passaram a ser discutidas em

diferentes fóruns, como nas conferências mundiais sobre gênero, população, meio ambiente e

o ano de 1999 foi instituído com o Ano Internacional do Idoso (CAMARANO &

PASINATO, 2004).

Em um contexto mundial diferente, a II Assembléia Mundial sobre Envelhecimento

foi realizada na cidade de Madri, em 2002. Em sua pauta constava a discussão do impacto do

rápido envelhecimento mundial e a proposta de elaboração de políticas específicas para esse

grupo etário, levando em consideração o aspecto de multiplicidade de fatores que envolvem o

envelhecimento humano nos vários países. Assim, atenção especial foi dada às questões

relativas ao processo de envelhecimento nos países em desenvolvimento. Uma nova

declaração política e um novo Plano Internacional de Ação (Plano de Madri) foram

aprovados. A cooperação internacional e o trabalho intersetorial foram valorizados como

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forma de viabilizar a implementação da nova proposta (ALVES, 2001; CAMARANO &

PASINATO, 2004).

A elaboração do Plano de Madri foi norteada por três princípios básicos: participação

ativa dos idosos na sociedade, promoção do envelhecimento saudável e a criação de um

entorno propício e favorável ao envelhecimento. No que tange a participação ativa dos idosos

na sociedade, a ONU afirma que o envelhecimento, quando aceito como um êxito, permite o

aproveitamento da competência, experiência e dos recursos humanos dos grupos mais velhos

com naturalidade. Antes de ser um processo que esgote os recursos da sociedade, o

envelhecimento populacional pode representar um acúmulo de capital humano, econômico e

social servindo como um instrumento propulsor para bem estar da sociedade. Para tanto,

políticas públicas devem ser elaboradas e implementadas, permitindo a adequação das áreas

do trabalho, integração social e seguridade social (ONU, 2002).

A promoção do envelhecimento saudável estaria sujeito ao desenvolvimento de

políticas públicas capazes de promover melhorias na saúde da população desde a infância e

garantidas ao longo da vida, considerando em suas ações a importância de fatores ambientais,

econômicos, sociais, educacionais, dentre outros, no desenvolvimento de enfermidades e

incapacidades. No que se refere à atenção à saúde do idoso pelos serviços de saúde, o Plano

de Madri reafirma a necessidade de instrumentalização dos profissionais de saúde, através de

programas de capacitação nas áreas de geriatria, gerontologia e de serviços sociais, como

forma a atender adequadamente as necessidades dos gerontes (CHAIMOWICZ, 1997;

CAMARANO & PASINATO, 2004; SILVA, 2006).

O desenvolvimento de políticas voltadas para a família e a comunidade,

implementadas pelo Estado e sociedade civil, permitiria a construção de um maior acesso ao

ambiente físico, aos serviços e recursos assegurando um entorno propício e seguro ao

envelhecimento e à solidariedade intergeracional (CAMARANO & PASINATO, 2004).

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As diferenças de gênero e a maior longevidade das mulheres são referendadas na II

Assembléia Mundial sobre Envelhecimento, de forma prioritária, na perspectiva das políticas,

programas e legislação sobre envelhecimento principalmente quanto a habitação, ao sistema

de saúde e seguridade social. A Assembléia reconhece e encoraja a participação ativa das

mulheres no desenvolvimento social através do trabalho, ainda que não remunerado, como o

voluntariado, no cuidado dos membros da família, no trabalho doméstico ou voltado à

subsistência. Com relação aos homens idosos não há a mesma preocupação (ONU, 2002;

KNODEL & OFSTEDAL, 2003; CAMARANO & PASINATO, 2004; SILVA, 2006).

Alguns autores defendem que uma abordagem de gênero adequada deveria considerar

as necessidades específicas de homens e mulheres idosos e não uma maior valorização das

necessidades especiais das mulheres. O olhar unilateral da questão de gênero, antes de ser

uma vantagem, pode representar a perpetuação do rótulo de desvantagem das mulheres sobre

os homens, além de não contemplar questões que os afetem (KNODEL & OFSTEDAL, 2003;

CAMARANO & PASINATO, 2004). Na literatura, alguns trabalhos já demonstraram que os

homens experimentam mais dificuldades na aposentadoria do que as mulheres, evidenciando

que estes também têm necessidades próprias (KNODEL & OFSTEDAL, 2003; SIMÕES,

2004).

A Assembléia de Madri deliberou a responsabilidade de cada país pelo

desenvolvimento dos mecanismos necessários à promoção de um nível de bem-estar social

adequado à população idosa. Para tanto, a execução do plano deveria obedecer a uma

avaliação de prioridades nacionais, contar com políticas públicas voltadas para assistência

social, saúde e trabalho, entre outros, e contar com alocação de recursos (ONU, 2002).

No entanto, o Plano de Madri foi concebido como um plano único, desconsiderando as

diversidades regionais. Apesar da preocupação com os países em desenvolvimento, o plano

era composto por algumas recomendações que se balizava em modelos de países

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desenvolvidos que já contavam com programas de bem-estar social avançado (CAMARANO

& PASINATO, 2004).

A promoção de programas que permitisse uma proteção social básica aos

trabalhadores, compreendendo aposentadorias, pensões, benefícios por invalidez e atenção à

saúde, encontraram dificuldades de implantação nos países em desenvolvimento. Nestes,

apesar dos idosos apresentarem piores condições de vida e saúde, permanecem no mundo do

trabalho por mais tempo porque as políticas de seguridade social são inadequadas. Em alguns

países subsaarianos e do Sul da África, estima-se que 5% a 10% da população trabalhadora

está coberta pela seguridade social e, para estes, o valor do benefício é baixo. A vida ativa do

trabalhador é aumentada pela necessidade de subsistência, independente da condição de saúde

ou trabalho destes indivíduos que, quase sempre, permanecem na agricultura (OIT, 2001).

Países desenvolvidos enfrentam uma situação inversa; apesar da política de seguridade

social vigente ser adequada, com cobertura próxima de 100%, e a população apresentar boas

condições de vida, saúde e trabalho, a aposentadoria é compulsória. Nos Países da

Comunidade Comum Européia, por exemplo, a maior expectativa de vida e melhora nas

condições de saúde não se traduziu em aumento da vida ativa do trabalhador. Entre 1950 e

1990, a idade para aposentadoria foi reduzida em 6,3 anos enquanto a esperança de vida, na

idade da aposentadoria, aumentou em 6 anos. Enquanto 40,5% dos africanos com 64 anos e

mais de idade trabalham nos países desenvolvidos a proporção comparável está em torno de

10% (OIT, 2001).

Apesar das duas Assembléias Mundiais sinalizarem a postergação da aposentadoria

favorecendo maior vida útil do trabalhador, percebe-se que existem posturas diferentes.

Enquanto a Assembléia de Viena defendia o trabalho do idoso enquanto este pudesse, em

Madri, advogava-se pelo trabalho enquanto o idoso quisesse e pudesse fazê-lo

produtivamente. Se, por um lado, esta maior participação favoreceria as trocas

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intergeracionais no ambiente de trabalho, por outro, poderia repercutir negativamente se não

fosse acompanhada por outras estratégias que possam impedir a competição intergeracional

arraigada em preconceitos (SOUZA, 2006).

Levando em consideração as diferenças regionais entre as condições socioeconômicas

e culturais e os riscos que estas poderiam representar para a implementação das metas

definidas pelo Plano Madri, cinco comissões regionais¹ foram criadas para a elaboração de

documentos que respeitassem as diversidades existentes. Para a América Latina, por exemplo,

a principal preocupação recaiu sobre a proteção aos direitos humanos e na garantia de

manutenção das necessidades básicas da população idosa: acesso à renda, cobertura integral

dos serviços de saúde, educação e moradia em condições dignas (ONU, 2002; CAMARANO

& PASINATO, 2004).

Alguns pontos comuns nos documentos podem ser encontrados. Reforçam a

importância da participação dos idosos na sociedade, a importância da família como fonte de

segurança emocional e proteção e a chama a atenção para a questão dos cuidadores, formais

ou informais. Esta última adquiriu importância especial na região da Ásia, do Pacífico e na

África Subsaariana, dada a crescente mortalidade feminina por Aids, gerando famílias

formadas por avós e netos (CAMARANO & PASINATO, 2004).

_______________________________________

1. Órgãos regionais vinculados às Nações Unidas (Comissão Econômica para a Europa, Comissão Econômica e Social para a

Ásia e o Pacífico, Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, Comissão Econômica para a Ásia Ocidental e

Comissão Econômica para a África)

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Os Planos de Ações da ONU, Viena e Madri, os Princípios Norteadores do Tratamento

da Pessoa Idosa, elaborados pela Assembléia Geral da ONU, em 1991, e a Proclamação sobre

Envelhecimento pela Assembléia Geral da ONU, em 1992, são normas programáticas,

estipulando objetivos e sugerindo ações voltadas à pessoa idosa. Não são imediatamente

exeqüíveis, dependendo da colaboração e do comprometimento dos Poderes Públicos para sua

implementação. Contudo, tornam-se instrumentos de grande adaptabilidade e flexibilidade,

respeitando as várias compreensões e diferentes possibilidades dos Estados (SOUZA, 2006).

No Brasil, a implementação de políticas públicas voltadas às necessidades da

população idosa evoluiu lentamente. Apesar da criação das políticas de seguridade social estar

voltada para garantia de renda da população trabalhadora, estas foram as primeiras medidas

que, indiretamente, trouxeram algum beneficio à população idosa. A primeira legislação

social, de âmbito federal, que favoreceu diretamente o segmento idoso foi a Constituição de

1934 ao instituir a previdência em favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos

de acidentes de trabalho ou de morte. Na década de 60, a criação da Lei Orgânica da

Previdência Social garantiu cobertura previdenciária a todos os trabalhadores urbanos, que

passaram a ter direito a aposentadoria (OLIVEIRA et al, 1993; PASINATO, 2001; ALVES,

2001; CAMARANO & PASINATO, 2004).

Quanto a elaboração e implementação de políticas públicas voltadas especificamente

às necessidades da população idosa, as primeiras ações partiram da sociedade civil e

instituições científicas. Duas destas iniciativas, inspiradas em idéias européias, principalmente

francesas, tiveram impacto positivo sobre questões relativas ao envelhecimento. Na década de

60, frente ao envelhecimento de sua população, a Europa se preocupava em traçar estratégias

para dar enfrentamento ao ônus social do envelhecimento populacional (NERI, 2005).

Em 1961 foi fundada a Sociedade Brasileira de Geriatria (SBG), primeira sociedade

científica brasileira voltada para o campo do envelhecimento, que estimulou iniciativas e

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obras sociais de amparo a velhice e cooperou com instituições interessadas em atividades

educacionais, assistenciais e de pesquisas relacionadas a área de Geriatria e Gerontologia.

Contudo, somente em 1978 passou a acolher profissionais não médicos que trabalhavam na

área da velhice, diversificando e agregando novos saberes sobre o processo de

envelhecimento populacional, e formando a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia

(SBGG). Ainda nos anos 60, uma segunda iniciativa revolucionou o trabalho de assistência ao

idoso, que até àquele momento voltavam-se apenas para o atendimento asilar. Através do

trabalho do Serviço Social do Comércio (SESC) foram implementados programas de lazer, de

educação e de atividade física para idosos, de preparação para a aposentadoria e divulgação

científica sobre cuidados de saúde no envelhecimento, também inspirados nos moldes

europeus (CAMARANO & PASINATO, 2004; NERI, 2005; SOUZA, 2006).

As ações do governo federal voltadas à assistência ao idoso se iniciaram através da

Portaria 82, de 4 de julho de 1974, do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS),

limitando-se aos idosos carentes. Suas ações eram implementadas através de internações

custodias em instituições, da criação de benefícios não-contributivos (aposentadoria de

trabalhadores rurais maiores de 65 anos e a Renda Mensal Vitalícia – RMV – para idosos

necessitados) e de ações preventivas (CAMARANO & PASINATO, 2004).

Em 1976, o MPAS elaborou o documento “A política social para o idoso: diretrizes

básicas”. Entre os princípios norteadores encontravam-se a permanência do idoso na família;

criação de serviços médicos especializados e formação de recursos humanos para a atenção ao

idoso, incluindo atendimento domiciliar; revisão do sistema previdenciário e preparação para

a aposentadoria; revisão de critérios para concessão de subvenções a entidades que abrigam

idosos; coleta de informações e análises sobre a situação do idoso pelo Serviço de

Processamento de Dados da Previdência e Assistência Social (Dataprev) em parceria com a

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Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (BRASIL, 2002;

CAMARANO & PASINATO, 2004; SOUZA, 2006).

Em 1985, foi criada a Associação Nacional de Gerontologia (ANG), órgão técnico-

científico de âmbito nacional, que passou a desenvolver constante ação política e técnica junto

aos órgãos públicos, a entidades privadas e à comunidade em geral. Através da discussão

sobre as demandas criadas pelo processo de envelhecimento buscava sensibilizar os atores

envolvidos quanto à necessidade de adoção de medidas que garantissem a inclusão do idoso à

sociedade (MACHADO (s.d.) apud CAMARANO & PASINATO, 2004).

Até a década de 80, apesar da mobilização de instituições científicas e da sociedade, as

políticas do governo federal limitaram-se ao provimento de renda para a população idosa que

foi trabalhadora e de assistência social para idosos necessitados e dependentes. A proliferação

de leis em favor do segmento mais velho da população inaugura-se com a Constituição

Federal de 1988, quando envelhecer com dignidade passou a ser um direito fundamental. A

nova Constituição estabeleceu como princípios básicos a universalidade da cobertura e do

atendimento; uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e

rurais; seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; irredutibilidade

do valor dos benefícios; eqüidade na forma de participação no custeio; diversidade da base de

financiamento; caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão

quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do

Governo nos órgãos colegiados (BRASIL, 1988).

Esta significou um grande avanço para as políticas de proteção social aos idosos,

incorporando algumas orientações da Conferência de Viena (1982). A rede de proteção social,

até então vinculada apenas ao contexto social-trabalhista e assistencialista, passa a adquirir

uma conotação de direito de cidadania. Através da implementação de ações intersetoriais, de

iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, busca-se assegurar direitos relativos à saúde, à

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previdência e à assistência social (BRASIL, 1988; ALVES, 2001, CAMARANO &

PASINATO, 2004).

O direito universal e integral à saúde foi conquistado pela sociedade passando à

responsabilidade do Estado que, concomitantemente, deveria estabelecer políticas sociais e

econômicas voltadas para melhoria da qualidade de vida da população. A criação do Sistema

Único de Saúde (SUS), por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90 garantiu o acesso

universal e equânime a serviços e ações de promoção, proteção e recuperação, garantindo a

integralidade da atenção, voltado para as diferentes realidades e necessidades de saúde da

população e dos indivíduos. Sua regulamentação estabelece princípios e direciona a

implantação de um modelo de atenção à saúde que priorize a descentralização, a

universalidade, a integralidade da atenção, a eqüidade e o controle social, ao mesmo tempo

em que incorpora, em sua organização, o princípio da territorialidade para facilitar o acesso

das demandas populacionais aos serviços de saúde (BRASIL, 1988; BRASIL,1990; BRASIL,

2006).

A assistência social passa a ser garantida aos indivíduos que dela necessitarem,

independente de contribuição à seguridade social. Entre seus objetivos encontram-se a

proteção à família e ao idoso, a promoção da integração ao mercado de trabalho, a habilitação

e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência e garantia de benefício mínimo mensal aos

idosos que, individualmente ou através da família, não tenham como prover seu sustento

(BRASIL, 1988; ALVES, 2001; FERREIRA, 2004).

O texto constitucional dispensa especial destaque para a proteção ao idoso. O cuidado

e proteção do geronte tornam-se responsabilidade da família, sociedade e Estado que tem por

dever garantir a participação social do idoso, defender sua dignidade e bem-estar e garantir

seu direito à vida. Apesar da responsabilização do Estado ser um avanço, a família permanece

como a principal responsável pelo cuidado dos idosos para o qual os programas de amparo

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serão executados preferencialmente no âmbito familiar. Vista como a base da sociedade, o

texto constitucional estabelece que a família deva ser protegida pelo Estado através da

assistência a cada um dos membros que a integram, criando mecanismos para coibir a

violência no âmbito de suas relações (BRASIL, 1988; ALVES, 2001; FERREIRA, 2004).

Com relação ao gênero, o texto constitucional não trata a questão feminina de forma

diferenciada, mas traz avanços ao não aceitar a discriminação motivada por diferenças entre

sexos como, por exemplo, diferenças de salário, diferentes critérios de admissão e exercício

de funções (BRASIL, 1988; FERREIRA, 2004).

Outro avanço foi a instituíção da gratuidade nos transportes coletivos para maiores de

65 anos em todo o território nacional, facilitando o deslocamento de idosos para tratamento de

saúde e participação atividade educativa, esportiva e de lazer, entre outras, propiciando sua

integração a sociedade. Desde o início de década de 80, a gratuidade nos transportes coletivos

para idosos já era uma realidade para alguns municípios, como São Paulo (Lei 9.651/83) e

Aracaju (Decreto 59-83) (BRASIL, 1988; CAMARANO & PASINATO, 2004; FERREIRA,

2004).

Ao garantir o ensino obrigatório e gratuito a todos os indivíduos, o texto constitucional

assegura o direito a educação para o idoso, estimulando seu maior desenvolvimento.

Infelizmente, como citado anteriormente, o nível de escolaridade ainda é baixo principalmente

entre as mulheres mais idosas (BRASIL, 1988).

Não foram observados avanços no que se refere a aposentadoria. Esta permanece

compulsória, “presente tanto nos regimes de previdência dos servidores públicos quanto dos

privados, caracterizando uma discriminação do mercado de trabalho” para com os

trabalhadores que são retirados do mercado de trabalho mesmo que tenham condições para

permanecer na atividade profissional (CAMARANO & PASINATO, 2004).

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É inegável que a Constituição Federal de 1988 trouxe importantes avanços e

contribuições para o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas ao idoso. Porém, na

percepção de Machado, o texto desvaloriza a questão do envelhecimento quando define que a

criança e o adolescente merecem absoluta prioridade por parte da família, sociedade e Estado

para seu cuidado e proteção (Artigo 227 da Constituição de 1988). (MACHADO (s.d.) apud

CAMARANO & PASINATO, 2004).

Vários dispositivos constitucionais não específicos à proteção dos idosos foram

regulamentados ao longo da década de 1990. Em 1991, as Leis 8.212 e 8.213 regulamentaram

os novos Planos de Custeio e de Benefícios determinados pela Constituição. As mudanças

mais significativas foram: a concessão de pensão também ao homem em caso de morte da

esposa segurada; a introdução da aposentadoria proporcional por tempo de serviço à mulher; a

redução da idade para concessão de aposentadoria ao trabalhador rural, passando para 60 anos

o homem e 55 anos à mulher, e o estabelecimento de valores mínimos e máximos dos

benefícios concedidos para as clientelas urbanas e rurais (ALVES, 2001; CAMARANO &

PASINATO, 2004).

A Lei Orgânica da Assistência Social/LOAS, Lei nº 8.742, aprovada em dezembro de

1993, define a assistência social como direito do cidadão e dever do Estado e em suas ações

beneficia o idoso. Caracterizada por uma política de seguridade social não contributiva, volta-

se para a garantia de atendimento as necessidades básicas através de ações desenvolvidas de

forma intersetorial entre a sociedade e o setor público, envolvendo as três esferas de governo.

Tem por objetivos a proteção da família, à maternidade, à infância e adolescência e a velhice,

a integração ao mercado de trabalho, habilitação, reabilitação e inclusão social de portadores

de deficiência. Em relação ao idoso, regulamentou a concessão do Benefício de Prestação

Continuada (BPC) às pessoas maiores de 70 anos com renda familiar per capta inferior a um

quarto do salário mínimo, para prover o sustento do idoso caso este ou sua família não tenham

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condição econômica de fazê-lo.O BPC está desvinculado de qualquer outro benefício já

concedido a outro membro da família. Em 2004, o benefício teve a idade limite reduzida para

65 anos (LOAS, 1993; ALVES, 2001; CAMARANO & PASINATO, 2004).

Sob influência da Constituição Federal de 1988 e dos debates internacionais e

considerando apenas as questões referentes ao envelhecimento, foram elaboradas leis

ordinárias com o intuito de assegurar os direitos constitucionais aos indivíduos idosos.

Merecem destaque a Política Nacional do Idoso (PNI), em 1994, o Decreto nº 1948, em 1996

e o Estatuto do Idoso, em 2003 (FERREIRA, 2004).

A Política Nacional do Idoso (PNI), Lei 8.842/94 promulgada em 04 de janeiro de

1994, resultou de inúmeras discussões pelo país, nas quais participaram idosos ativos,

aposentados, professores universitários, profissionais da área de gerontologia e geriatria e

várias entidades representativas desse segmento. Objetivando promover a longevidade com

qualidade de vida busca garantir direitos sociais, cria condições para promoção da autonomia,

integração e participação efetiva do idoso na sociedade, considerando as diferenças

econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o

urbano. Cria o Conselho Nacional do Idoso, lista as competências das várias áreas e seus

respectivos órgãos e reafirma o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS

(Lei nº 8.842/94 e Decreto nº 1.948/96). Antes de ser uma política para os mais velhos, a PNI

beneficia também os que vão envelhecer (ALVES, 2001; CAMARANO & PASINATO,

2004; NERI, 2005; COM CIÊNCIA, 2007; SOUZA et al, 2006).

As diretrizes definidas pela PNI procuram viabilizar a cooperação intergeracional,

incentivar a participação dos idosos na formulação, implementação e avaliação das políticas,

planos e projetos através de organizações representativas; priorizar o atendimento aos idosos

por suas próprias famílias em detrimento ao atendimento asilar; promover a capacitação e

reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia, bem como apoiar

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estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento; priorizar o atendimento do

idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços; implementar um sistema de

informação que permita divulgar a política, os serviços, planos, programas e projetos

oferecidos e desenvolver mecanismos que favoreçam a divulgação de informações acerca dos

aspectos biopsicossociais do envelhecimento, em caráter educativo (BRASIL, 1994;

CAMARANO & PASINATO, 2004).

Apesar de definido pela PNI em 1994, implementação do Conselho Nacional dos

Direitos dos Idosos só aconteceu em 2002 e conta com a participação de organizações da

sociedade civil ligadas a área de envelhecimento na composição dos conselhos

(BRASIL,1994; CAMARANO & PASINATO, 2004).

Atualmente a coordenação e gestão da PNI é realizada pelo Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), com a participação dos Conselhos

Nacionais, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso. A implantação,

operacionalização e ações desenvolvidas no campo assistencial ocorrem de forma

descentralizada e resultam na integração e articulação de vários ministérios. Em 1997, o Plano

de Ação Governamental para Integração da Política Nacional do Idoso articulou os

Ministérios da Previdência e Assistência Social, da Educação, da Justiça, Cultura, do

Trabalho e Emprego, da Saúde, do Esporte e Turismo, Transporte, Planejamento e Orçamento

e Gestão, além de parcerias com Estados, Municípios e sociedade civil (CAMARANO &

PASINATO, 2004; COM CIÊNCIA, 2007).

Com relação ao que compete às entidades públicas, encontram-se importantes

obrigações como estimular a criação de locais de atendimento aos idosos, centros de

convivência, casas-lares, oficinas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros; apoiar a

criação de universidade aberta para a terceira idade e impedir a discriminação do idoso e sua

participação no mercado de trabalho (COM CIÊNCIA, 2007).

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Segundo a análise feita à época por membros do Ministério Público, a PNI apresentava

algumas deficiências como a falta de especificação da lei que permita criminalizar o

desrespeito ao direito do idoso como a discriminação, o preconceito, o desprezo e a injúria em

relação ao idoso, assim como para publicidades preconceituosas e outras condutas ofensivas;

o abandono do idoso em hospitais, clínicas, asilos e outras entidades assistenciais para a

punição de parentes das vítimas; falta de regulamentação criteriosa sobre o funcionamento de

asilos, sendo preciso que a lei especifique o que devem essas entidades disponibilizar para a

clientela, quem deverá fiscalizá-las e qual a punição para os infratores (JULIÃO, 2004; COM

CIÊNCIA, 2007).

Para viabilizar a implementação da PNI, a União promulgou o Decreto nº 1948, em 03

de julho de 1996, onde estão definidos as competências dos ministérios envolvidos com a

política e do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS. Defende a elaboração, pelas

instituições envolvidas, de proposta orçamentária, no âmbito de suas competências, para o

desenvolvimento de programas compatíveis com a PNI. Orienta para a capacitação de

recursos humanos no atendimento aos idosos, podendo para isso, firmar convênios com

instituições não-governamentais, governamentais e internacionais. Garante a assistência

asilar, pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, ao idoso que não tenha condições

de prover seu sustento ou cuja família não possa fazê-lo, não tenha família ou esteja em

situação de abandono. Também define a criação de modalidades não asilares para

atendimento da pessoa idosa; Centro de Convivência, Centro de Cuidados (Hospital Dia e

Centro Dia), Casa Lar, Oficina Abrigada de Trabalho, Atendimento Domiciliar e reconhece as

iniciativas da comunidade que visem à promoção e integração do geronte na família e na

sociedade (BRASIL, 1996).

O Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, sancionado em 1º de outubro de 2003, surge pela

necessidade de definir sanções penais e administrativas para o desrespeito aos direitos

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reconhecidos pela PNI. Considerado uma das mais importantes normas infraconstitucionais

para a proteção ao idoso, nele estão reconhecidos seus direitos individuais, sociais, civis,

políticos e econômicos servindo, também, como um instrumento de mobilização do governo e

da sociedade na busca da garantia de acesso a uma rede de serviços de proteção contempladas

nas diversas políticas sociais brasileiras: assistência social, saúde, transporte, justiça,

educação, cultura, trabalho e previdência. Composto por 118 artigos, está disposto em sete

títulos; disposições preliminares, os direitos fundamentais, as medidas de proteção, a política

de atendimento ao idoso, o acesso a justiça, os crimes e disposições finais e transitórias

(BRASIL, 2003; JULIÃO, 2004; NERI,2005; SOUZA, 2006).

O título I, Disposições Preliminares, define quem é idoso, reafirma sua condição de

cidadão, estabelece a condição de prioridade de seus direitos civis, políticos, individuais e

sociais, cuja garantia é de responsabilidade do Poder Público, da sociedade, da comunidade e

da família. A violação de direitos deve ser denunciada à autoridade policial ou Ministério

Público ou ao Conselho do Idoso, em nível Municipal, Estadual ou Nacional. Os Conselhos

também atuam como fiscalizadores do cumprimento do Estatuto (BRASIL, 2003; NERI,

2005).

No título II, Dos Direitos Fundamentais, o envelhecimento é assumido como um

direito personalíssimo sendo sua proteção um direito social. Para tanto, cabe ao Estado

elaborar e implementar políticas sociais públicas que propiciem um envelhecimento saudável

e em condições de dignidade. Enfatiza a proteção aos direitos fundamentais à vida, à

liberdade, ao respeito e à dignidade, ao alimento, à saúde, educação, a cultura, esporte e lazer,

a profissionalização e ao trabalho, a previdência e assistência social, à habitação e transporte

(BRASIL, 2003).

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Define a necessidade da intersetorialidade das ações desenvolvidas pela assistência

social e de acordo com os princípios e diretrizes previstos na PNI, no SUS e na LOAS,

reafirmando o BPC (BRASIL, 2003).

À área de saúde é conferido papel relevante, reafirmando a atenção integral ao idoso

pelo SUS, através de ações contínuas e de caráter articulado objetivando a prevenção,

promoção, proteção e recuperação da saúde, com atenção especial às doenças que afetam

preferencialmente os idosos. Os casos de suspeita ou confirmação de maus tratos contra

idosos passam a ser de notificação obrigatória pelo serviço de saúde que prestou o

atendimento (BRASIL, 2003; JULIÃO, 2004).

Para o atendimento ao idoso, os serviços de saúde devem adequar-se otimizando o

atendimento ambulatorial nas áreas de geriatria e gerontologia, estruturação de unidades de

referência para atendimento especializado ao idoso, capacitação de recursos humanos na área

do envelhecimento, orientação à cuidadores familiares e formação de grupos de auto-ajuda.

Os idosos internados passam a poder dispor de acompanhante, desde que autorizado pelo

profissional de saúde responsável, cabendo ao hospital garantir condições adequadas a esta

permanência. Aos idosos impossibilitados de se locomover, o Estatuto garante o atendimento

domiciliar, incluindo internação (BRASIL, 2003).

O Poder Público é responsabilizado pelo fornecimento gratuito de medicações,

especialmente as de uso contínuo, bem como órteses, próteses e outros recursos relativos ao

tratamento, habilitação e reabilitação da pessoa idosa (BRASIL, 2003).

A participação em atividades culturais e de lazer é estimulada mediante descontos de

pelo menos 50% do valor do ingresso, além de acesso preferencial aos respectivos locais.

Cabe ao Poder Público criar oportunidades de acesso, adequar os programas educacionais

destinados aos idosos, apoiar a criação de universidades abertas para a terceira idade e

incentivar publicações adequadas ao geronte. Buscando melhor compreensão do processo de

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envelhecimento, respeito e valorização do idoso, os currículos mínimos dos diversos níveis de

ensino e os meios de comunicação devem incluir conteúdos voltados ao processo de

envelhecimento (BRASIL, 2003).

Reafirma-se a gratuidade nos transportes coletivos municipais aos maiores de 65 anos,

já estabelecido na Constituição de 1988, bem como a reserva de 10% dos assentos para

idosos. Para os transportes interestaduais, a gratuidade ou desconto de 50% do preço da

passagem fica restrito aos idosos que comprovem renda mensal igual ou menor a 2 salários

mínimos (BRASIL, 2003).

Na tentativa de garantir a continuidade da atividade profissional, o Estatuto define a

criação e implementação de programas de profissionalização do idoso, aproveitando

potenciais e habilidades individuais, proíbe o estabelecimento de limite máximo de idade para

contratação e estimula a admissão de idosos por empresas privadas. A preparação para a

aposentadoria deve acontecer com antecedência mínima de 1 ano devendo contemplar o

estímulo a novos projetos de vida e esclarecer sobre direitos sociais (BRASIL, 2003).

O título III, Das Medidas de Proteção, prevê as medidas a serem adotadas em caso de

ameaça ou violação dos direitos dos idosos por ação ou omissão do Estado; por falta, omissão

ou abuso da sociedade, família, curador ou entidade de atendimento. Define ações de

encaminhamento à família ou curador mediante termo de responsabilidade; orientação, apoio

e acompanhamento temporários; requisição de tratamento de saúde; inclusão em programas

oficiais ou comunitários de auxilio, orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas

lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação e

abrigo em entidades (BRASIL, 2003; JULIÃO, 2004).

O Título IV, Da Política de Atendimento ao Idoso, define a co-responsabilidade das

instâncias públicas e privadas no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios. O Estatuto traz um aumento significativo das responsabilidades para entidades de

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atendimento ao idoso, regulamentando o funcionamento destas por meio de normas e sanções

administrativas que podem ser utilizadas em caso de descumprimento das previsões legais.

Desta forma, o Estado torna-se mais rigoroso ao formalizar convênios e concessões

garantindo o respeito aos direitos assegurados na legislação (BRASIL, 2003; JULIÃO, 2004).

O Título V foi dedicado à questão do Acesso à Justiça, em qualquer de suas esferas,

onde o idoso tem prioridade no trâmite de qualquer processo do qual figure como parte ou

interveniente. O Ministério Público tem o dever de proteger os interesses do geronte em

processos que visem à defesa dos interesses coletivos e individuais, abrindo ainda a

possibilidade deste figurar como substituto processual sempre que o idoso se encontre em

situação de risco (BRASIL, 2003).

Nos títulos VI e VII são tipificados as condutas criminosas contra o idoso, os quais

não eram previstos em nenhuma outra legislação. O título VI, Dos Crimes, identifica os tipos

de crimes contra os idosos e modifica inúmeras disposições penais, agravando as condutas

criminosas quando estas forem cometidas contra pessoa maior de sessenta anos. O título VII,

Disposições Finais e Transitórias, descreve inclusões no Código Penal que dizem respeito ao

idoso; estabelece as fontes de recursos públicos para o atendimento aos programas e ações

voltadas aos idosos; prescreve a inclusão de dados sobre os idosos nos censos demográficos;

condiciona a concessão do BPC, previsto na LOAS, ao nível de desenvolvimento

socioeconômico do país. Os crimes previstos no Estatuto do Idoso são de Ação Pública

Incondicionada, o que significa que o Ministério Público pode apresentar denúncia, mesmo

que o idoso, vítima, não queira representar contra o seu agressor (BRASIL, 2003; JULIÃO,

2004).

O Estatuto do Idoso foi a legislação que instrumentalizou o Ministério Público e o

Poder Judiciário para a cobrança do cumprimento do dever constitucional “de amparar as

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pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e

bem-estar, garantindo-lhes o direito à vida” (JULIÃO, 2004).

Em nível federal, outras políticas voltadas à população idosa foram desenvolvidas por

diferentes setores do governo com o intuito de implementar as ações prescritas pelas políticas

públicas voltadas ao idoso.

O Ministério da Saúde elaborou a Portaria Ministerial nº 1.395, que anuncia a Política

Nacional de Saúde do Idoso (PNSI) elaborada a partir da constatação, por parte do Ministério,

de que os altos custos envolvidos no atendimento médico a população idosa pelo SUS não

resultavam em real atendimento a esta população. Considerando que o principal problema que

pode afetar o idoso, em decorrência da evolução de enfermidades e do estilo de vida, é a perda

da capacidade funcional, isto é, perda das habilidades físicas e mentais necessárias para

realização de atividades básicas e instrumentais da vida diária, a PNSI pautou-se em dois

eixos norteadores; prevenção e promoção da saúde e atendimento multidisciplinar ao idoso

(BRASIL, 1999; BRASIL, 2006; CAMARANO & PASINATO, 2004; COM CIÊNCIA,

2007).

Para tanto, definiu responsabilidades institucionais nos vários níveis de governo e as

diretrizes essenciais à promoção do envelhecimento saudável; a manutenção da capacidade

funcional, a assistência às necessidades de saúde do idoso, a reabilitação da capacidade

funcional comprometida, a capacitação de recursos humanos especializados, apoio ao

desenvolvimento de cuidados informais e apoio a estudos e pesquisas sobre envelhecimento

(BRASIL, 1999).

A Portaria nº 399/GM de 22 de fevereiro de 2006 divulga o Pacto pela Saúde –

Consolidação do SUS, constituído por três componentes: Pactos pela Vida, em Defesa do

SUS e de Gestão. Frente às dificuldades de implementação do SUS, o pacto busca dar

respostas ao sistema de saúde através da avaliação anual com ênfase às necessidades de saúde

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da população, respeitando os aspectos regionais, e com base nos princípios regionais do SUS.

Suas ações devem ser desenvolvidas com foco em resultados e com explicitação dos

compromissos orçamentários e financeiros para viabilizar a conquista dos resultados

(BRASIL, 2006).

Entre os pontos de atuação do Pacto pela Vida encontra-se a implantação da Política

Nacional de Saúde da Pessoa Idosa como forma de alcançar a atenção integral à saúde do

idoso. Outro ponto que merece destaque é a consolidação e qualificação da atenção básica,

através da Estratégia de Saúde da Família (ESF), para ser o centro ordenador das redes de

atenção à saúde do SUS (BRASIL, 2006).

Sob influência do Pacto pela Saúde 2006 e pela necessidade de atualização da PNSI,

de 1999, é sancionada em 18 de outubro de 2006 a Política Nacional de Saúde da Pessoa

Idosa (PNSPI), Portaria GM/MS nº 2528 (BRASIL; 1999; BRASIL, 2006).

A PNSPI surge do entendimento das dificuldades enfrentadas pelo SUS, entre elas, a

implementação das diretrizes definidas pelas políticas públicas para a atenção a saúde do

idoso, em especial a PNSI. Tem por finalidade recuperação, manutenção e promoção a

independência e autonomia do geronte, através de ações coletivas e individuais.

Responsabiliza e define diretrizes para os órgãos e entidades do Ministério da Saúde cujas

ações se relacionem com a política e confere papel fundamental à atenção básica, através da

Estratégia de Saúde da Família (ESF), no cuidado ao idoso e ao suporte de suas famílias

(BRASIL, 2006).

A Subsecretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República elaborou, em

2005, o Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa, resultando

do trabalho conjunto do Governo Federal, Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos (CNDI)

e dos movimentos sociais. O objeto de atenção do plano é estabelecer ações que propiciem o

cumprimento do Estatuto do Idoso através do enfrentamento do “processo de exclusão social

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e o fenômeno de violência social” aos quais o idoso está exposto através de ações

intersetoriais (BRASIL, 2005).

Também se observam legislações estaduais e municipais, baseadas nas leis federais,

voltadas à população idosa e que apresentam diferenças regionais.

No âmbito do Estado do Rio de Janeiro, a Constituição Estadual definiu o

estabelecimento dos conselhos de defesa dos direitos dos idosos, sendo o primeiro instituído

em setembro de 2000, com a criação da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoas da

Terceira Idade (Lei 2200 de 1993) e do Núcleo Especial de Atendimento à Pessoa Idosa da

Defensoria Pública (Resolução DPGE n.80). Além disso, a legislação estadual permitiu a

cessão das áreas de recreação existentes nos colégios estaduais, nos finais de semana, para

grupos de terceira idade, legalmente formados ou que venham a se constituir, para utilizá-los

como espaço de lazer (Lei n.2593 de 1996), assegurou ao idoso (maior de 65 anos) o ingresso

gratuito em museus e casa de cultura de propriedade do Estado (Lei 2796 de 1997) e obrigou

os cinemas localizados no Estado a concederem aos maiores de 65 anos desconto de 50% na

compra de ingressos para a primeira sessão de exibição de filmes, em todos os dias da semana

(Lei 2454 de 1995). Para o setor saúde criou o ‘Programa de Vacinação para a Terceira

Idade’(Lei 2795 de 1997). Outras conquistas foram o uso gratuito de transportes coletivos

para maiores de 65 anos (Resolução Sectran 557 de 1992) e as legislações que obrigam a

prioridade no atendimento em caixas de supermercado, agências bancárias e repartições

públicas para maiores de 65 anos, no estado do Rio de Janeiro. A Lei Orgânica do Município

do Rio de Janeiro prevê a criação do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa

Idosa (art. 127) que, atualmente, está em fase de estruturação (ALVES, 2001).

O idoso é uma realidade cada vez mais presente no Brasil, representando parcela

crescente da população. É inegável que a elaboração e implementação de políticas públicas

voltadas especificamente para este grupo populacional constituem avanços capazes de

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acrescentar mais vida aos anos vividos. Mas, para que conquistem uma melhor qualidade de

vida, enquanto cidadãos devem ter seus direitos não só reconhecidos, mas também respeitados

pela sociedade, como regra e não como exceção (VERAS, 1994; JULIÃO, 2004; BORGES

apud CAMARANO, 2005; NERI, 2005).

2.5. ATENÇÃO BÁSICA EM NITERÓI – O PROGRAMA MÉDICO DE FAMÍLIA

(PMF)

Niterói é um município de porte médio, localizado na Região Metropolitana do Rio de

Janeiro, com uma população de 458.465 habitantes distribuída em uma área territorial de

132km2. É o quinto município mais populoso do estado, registrando uma taxa de urbanização

de 100%, bom nível de instrução de sua população e potencial de consumo elevado. Possui

um dos Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) mais altos do Brasil (0,821), ocupando

a primeira posição no estado e a décima quinta no país. Segundo o Índice de Qualidade de

Vida (IQV-UFF), elaborado pela Universidade Federal Fluminense, é considerada a quarta

cidade em qualidade de vida do País e a primeira do estado do Rio de Janeiro (MARTINS &

KNAUSS, 1997).

De forma geral, os moradores de Niterói usufruem uma extensa rede de equipamentos

de uso coletivo e de serviços. Em termos de infra-estrutura urbana, a cidade possui 65,74%

dos domicílios com rede de esgoto sanitário, 76,56% com água encanada e 86,02% com

recolhimento regular de lixo. Em relação à rede de saúde, pode-se afirmar que o município

possui um setor público com capacidade instalada acima da média nacional, sendo o segundo

do estado. Isso se deve, em parte, à herança da condição de capital do antigo estado do Rio de

Janeiro (APRATTO, 2007).

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Apesar das boas qualidades, a cidade ainda apresenta grandes desigualdades sociais

que também se refletem na área da saúde. Além disso, a extensa rede de serviços existentes

atrai parte da população residente em municípios vizinhos, aumentando a demanda por

serviços e interferindo na organização e gestão do sistema local de saúde.

Buscando reorientar o sistema de saúde, o município implementou, a partir de 1992, o

Programa Médico de Família - PMF. Inspirado na experiência de medicina familiar de Cuba,

o programa desenvolve suas ações na atenção básica por meio da implementação de ações de

promoção e prevenção em saúde e ações que propiciem a reabilitação.

Têm como objeto principal a assistência ao indivíduo, sua família e suas relações

socioambientais. As equipes básicas de trabalho são constituídas por médico e técnico de

enfermagem, que desenvolvem suas atividades em módulos (unidades de saúde) instalados na

comunidade atendida. A instalação de um módulo depende de alguns critérios:

a) representação local, através da associação de moradores;

b) delimitação geográfica da comunidade;

c) local comunitário com infra-estrutura básica para adequá-lo ao atendimento. (APRATTO,

1998).

As áreas cobertas pelo PMF são divididas em setores, ficando cada setor sob

responsabilidade de uma equipe básica. Um setor é constituído por cerca de trezentas famílias

ou mil e trezentas pessoas. Em média, a cada grupo de 20 equipes básicas forma-se um grupo

de supervisão multiprofissional constituída por profissionais de saúde da área médica

(especialistas em pediatra, gineco-obstetrícia, clínica geral, epidemiologia), de enfermagem,

serviço social e saúde mental. Essa equipe tem por função prestar assessoria técnica nas

respectivas especialidades, orientar referenciamento de usuários ao nível secundário e

terciário de atenção, realizar treinamento em serviço e educação continuada das equipes, indo

aos módulos semanalmente (APRATTO, 2007).

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As atividades das equipes básicas são divididas entre o atendimento em consultório e

atividade de campo, que incluem a realização de visitas domiciliares, visitas hospitalares e

ações de educação para a saúde. Semanalmente todas as equipes se reúnem para atividade de

capacitação e/ou para planejamento e avaliação das atividades desenvolvidas. As capacitações

tratam de aspectos que os profissionais demandam a partir das necessidades encontradas no

trabalho.

O trabalho de uma equipe básica se inicia com o cadastramento de todos os moradores

da área, utilizando fichas individuais e familiares que incluem informações socioeconômicas,

de moradia, de saneamento ambiental e de saúde e permitem traçar um perfil da população

atendida. As consultas são previamente agendadas e as visitas domiciliares são organizadas de

acordo com as demandas. Estas visitas têm por objetivo a busca ativa de pessoas que faltam às

consultas; orientação sobre medicação; educação para a saúde individual e familiar, assim

como o estabelecimento de contato permanente com a comunidade. As atividades de

educação junto à comunidade baseiam-se nas demandas observadas pelos profissionais e

trazidas pela comunidade, atendendo a grupos diversos; gestantes, adolescentes, doenças

crônicas não-transmissíveis, idoso, mulheres, entre outros. O encaminhamento para o nível

secundário de atenção é realizado através do sistema de referência e contra-referência,

encaminhadas ao Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) situado nas policlínicas e em

algumas unidades de saúde. O SAU tem por função a centralização e distribuição de vagas

para a população da área adscrita. A Central de Regulação tem a responsabilidade de autorizar

e distribuir vagas para internações e exames de alta complexidade (nível terciário).

Atualmente, o PMF conta com quatro grupos de supervisão, 108 equipes básicas e

150.000 pessoas cadastradas em 34 áreas consideradas de risco social e econômico,

alcançando a cobertura de 20% da população.

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O estabelecimento de vínculos e a criação de laços de compromisso e de

responsabilidade entre os profissionais de saúde e a população é o objetivo central proposto

pelo PMF (BRASIL, 1997). Nessa perspectiva, a família passa a ser o principal objeto de

atenção, espaço de construção das relações intra e extra-familiares, bem como o lugar para o

estímulo e desenvolvimento de ações que permitam uma melhoria das condições de vida.

Através da compreensão ampliada do processo saúde-doença, favorecido por este novo

modelo de atenção, intervenções de maior impacto e significação social tornam-se necessárias

de forma a dar conta das situações apresentadas no cotidiano das equipes. A realização de

visitas domiciliares periódicas e a presença da equipe básica na comunidade e no domicilio

rotineiramente, reforçam a vantagem desse modelo de atenção em relação ao tradicional

quanto ao enfrentamento dos problemas (BRASIL, 2002).

No âmbito da saúde do idoso, o PMF favorece o estreito contato com os idosos, suas

famílias, suas relações e seu modo de vida. A identificação e compreensão dessas relações

favorecem intervenções mais efetivas e possibilitam a discussão de questões próprias do

envelhecimento. Através das trocas de saberes entre os diferentes atores envolvidos neste

processo, o programa pode ter papel privilegiado no resgate da cidadania dos indivíduos

idosos.

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3. JUSTIFICATIVA

No Brasil, o envelhecimento populacional é um grande desafio, assim como para

outros países em desenvolvimento onde se perpetuam grandes desigualdades sociais. Reflexo

do panorama social, a população idosa é bastante heterogênea, apresentando diferenças

marcantes. As políticas públicas, definidas e implementadas desde a década de 90

asseguraram o reconhecimento do idoso como um indivíduo enquanto cidadão, garantindo

seus direitos e definindo responsabilidades por parte de outros atores sociais, além do próprio

idoso, no processo de resgate de sua cidadania.

Porém, apesar da ONU chamar a atenção sobre a necessidade de se considerar as

questões de gênero dentro das políticas públicas direcionadas aos gerontes, estas não foram

consideradas pelas políticas brasileiras

Como conseqüência das relações desiguais de gênero e da construção cultural do papel

das mulheres, estas apresentam-se em condições de vida e saúde que as diferenciam dos

homens idosos. Mulheres que atualmente atingem 60 anos ou mais esperam viver por mais 22

anos que, se aliado a condições muito desfavoráveis, pode se tornar um fator de risco para o

envelhecimento digno e com qualidade.

Considerando as questões de gênero, conhecer o perfil de vida e saúde de mulheres

idosas torna-se relevante para implementação de uma “política de inclusão”, onde a

valorização, a inserção, a participação e o cuidado a idosa sejam tradução da garantia de um

envelhecimento digno, principalmente das mulheres idosas.

O presente estudo busca contribuir para esta discussão, analisando mulheres idosas

moradoras da Ilha da Conceição, município de Niterói, Rio de Janeiro.

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4. OBJETIVOS

4.1. OBJETIVO GERAL

Analisar as condições de vida e saúde da mulher idosa, adscritas ao Programa Médico

de Família de Niterói, no bairro da Ilha da Conceição, discutindo os achados a luz das

políticas públicas vigentes voltadas à atenção ao idoso.

4.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar revisão das políticas públicas de atenção ao idoso.

Avaliar as condições sócio-econômicas, de saúde física, utilização dos serviços de

saúde, problemas recorrentes e principais carências, atividades diárias e conhecimento a cerca

das políticas públicas voltadas ao idoso.

Analisar a prática do cuidado à saúde da mulher idosa, na atenção primária, e suas

possibilidades como instrumento facilitador da implementação de políticas públicas voltadas

ao idoso.

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5. METODOLOGIA

5.1.DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo transversal, de base populacional,

desenvolvido no Programa Médico de Família (PMF), onde foram analisados dados de

entrevistas realizadas com 283 mulheres a partir de 60 anos adscritas ao Módulo Célia

Sanchez, no bairro da Ilha da Conceição, localizado na cidade de Niterói, Estado do Rio de

Janeiro, Brasil.

5.2.CAMPO DE ESTUDO

A Ilha da Conceição é um dos bairros mais antigos de Niterói, com uma população

de 7795 habitantes, dos quais, 13,76 % são idosos, demonstrando alto índice de

envelhecimento. O bairro tem uma forte ligação com a indústria naval, estabelecida no início

do século, com a instalação do estaleiro Lloyd Brasileiro, em terras da empresa ferroviária

Leopoldina Railway, e a empresa inglesa Wilson Sons, que realizava a extração de pedras e

produção de carvão para navios e locomotivas. Como legado dos moradores ferroviários e

operários navais, categorias historicamente combativas e organizadas sindicalmente até 1964,

o bairro tem grande capacidade organizativa e alcançou relevantes conquistas sociais.

Em 1958, a ilha foi unida ao continente, favorecendo sua ocupação e

desenvolvimento. Atualmente, a possibilidade da instalação do terminal pesqueiro do Rio de

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Janeiro e a reativação da indústria naval trouxe novo período de crescimento econômico para

o bairro.

Com boa infra-estrutura, tem saneamento básico cobrindo grande parte dos domicílios;

apresenta todas as ruas asfaltadas, duas linhas de ônibus e vans, que ligam o bairro ao centro,

dois clubes (Esporte Azul e Branco, fundado em 1926, e Esporte Clube Luzitano, fundado em

1935) e o Centro Social Urbano (CESU), templos religiosos, comércio com artigos de 1ª

necessidade (mercado, padaria, açougue, farmácias), comércio de artigos especializados para

a industria naval e pesqueira, fabricas de gelo, para abastecimento de barcos pesqueiros,

restaurantes, escola estadual e municipal, creche comunitária, serviço de saúde, uma DPO,

agência bancária e de correios, associação de moradores e, na orla, estaleiros e cais de barcos

pesqueiros, atualmente muito movimentado pelo fechamento do terminal praça XV.

A assistência a saúde da população é realizada através de duas modalidades de

atendimento; PMF-Módulo Célia Sanchez – na atenção primária - e Policlínica Comunitária –

na atenção secundária, estando ambos integrados em uma mesma estrutura, facilitando o

acesso e referência da população. Caracteriza-se por ser o único bairro em Niterói totalmente

coberto pelo PMF.

A territorialização é um dos pressupostos básicos do trabalho do PMF e, para fins de

cadastramento e acompanhamento das famílias pelas equipes, o bairro foi dividido em seis

micro-áreas denominadas setores 24, 25, 26, 27, 28 e 29.

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5.3.POPULAÇÃO FONTE, POPULAÇÃO ALVO E CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

A população alvo do estudo foi representada pelo conjunto de mulheres com 60 anos

ou mais, não institucionalizadas, residentes no bairro da Ilha da Conceição, município de

Niterói, Rio de Janeiro.

Como população fonte, optou-se pelo grupo de indivíduos desta faixa etária e sexo,

residentes e adscritos ao Módulo Célia Sanchez do Programa Médico de Família-PMF, no

bairro da Ilha da Conceição, Niterói.

Os critérios para a inclusão na pesquisa foram: mulheres de 60 ou mais anos, adscritas

ao PMF - Módulo Célia Sanchez e que concordem em participar da pesquisa, assinando o

termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 1).

5.4.TAMANHO E ESTRATÉGIA DE SELEÇÃO DA AMOSTRA DO ESTUDO

A amostra correspondeu a 48,3% da população de mulheres idosas da Ilha da

Conceição e foi elaborada a partir de uma malha amostral formada por todas as idosas das

micro-áreas 24, 25, 26, 27, 28 e 29, que compõem a área do Módulo Célia Sanchez, através de

uma seleção aleatória simples das idosas nos diversos setores.

5.5.INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO

Para a realização desta pesquisa foi utilizado o questionário Brazil Old Age Schedule

(BOAS) adaptado para a especificidade do estudo (Anexo 2). Trara-se de um questionário

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multidimensional desenvolvido para a população idosa que objetiva coletar informações

seguras sobre as principais características, necessidades e problemas da referida população.

Sua construção foi baseada em outros instrumentos de padrões aceitáveis de validade e

confiabilidade, como os questionários PAHO, Short-CARE e OARS, porém, apenas o módulo

de saúde mental foi validado no Brasil (VERAS, 1989).

O questionário é dividido em nove seções Cada seção específica pretende explorar,

com alguma profundidade, àreas consideradas importantes por causarem impacto nos padrões

de vida dos idosos.

As seções de I a VIII contém perguntas dirigidas ao entrevistado. Existem muitas

perguntas ao longo das seções que são subdivididas em perguntas relacionadas. Na seção IX

as perguntas são dirigidas ao entrevistador e devem ser respondidas ao final da pesquisa.

A seção I, Informações Gerais, se destina a obter informações sobre naturalidade,

sexo, idade, grau de instrução, estado conjugal, composição familiar do lar em que o idoso

vive e o nível geral de satisfação em relação à sua vida, fornecendo uma idéia geral da

situação pessoal e doméstica do idoso. Através da informação obtida as características

demográficas poderão ser relacionadas com possíveis problemas de saúde, alvo de

investigação da seção seguinte.

Na seção II, Saúde Física, constam perguntas com o objetivo de verificar a opinião do

entrevistado quanto ao seu atual estado de saúde, comparando-o com os últimos 5 anos de sua

vida e com outras pessoas de mesma faixa etária; seus maiores problemas de saúde e como

estes podem afetar seu padrão habitual de atividade e problemas específicos que afetam seu

padrão funcional.

O propósito da seção III, Utilização de Serviços Médicos e Dentários, é obter

informações quanto ao conhecimento, direito, uso e grau de satisfação do idoso em relação a

vários tipos de serviços médicos e odontológicos. Nele constam perguntas destinadas a

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verificar a ajuda ou assistência que o idoso pode conseguir, na área da saúde, de sua família

ou de outros, os tipos de ajuda e/ou apoio utilizado pelo idoso, seus hábitos de consumo de

medicamentos e dificuldades para adquirí-los. Há uma pergunta relativa à frequência com que

o idoso utilizou dos serviços médico e dentário nos últimos três meses. Os dados obtidos

permitirão uma auto-avaliação da condição de saúde do idoso, das instituições e serviços que

ele faz uso, dos problemas em ter atendidas suas necessidades médicas e dentárias e de

possíveis deficiências institucionais ou de programas que exigem atenção.

A seção IV, Atividades da Vida Diária (AVD), inclui perguntas indicativas do grau

relativo de autonomia funcional do idoso na execução das atividades do dia-a-dia, a

necessidade de assistência real ou potencial para estas atividades identificando a pessoa que

mais ajuda o entrevistado. Também constam perguntas que buscam verificar a participação

social desse idoso, em atividades domésticas e comunitárias, e o grau de satisfação com as

mesmas.

A seção V, Recursos Sociais, objetiva avaliar vários aspectos e dimensões de

satisfação do idoso nas suas relações com família e vizinhos, os tipos de ajuda e/ou assistência

recíprocas, o grau de interação familiar e comunitária e/ou de isolamento do idoso

entrevistado.

A seção VI, Recursos Econômicos, tem como propósito obter informações sobre a

situação de trabalho/aposentadoria do idoso. Para tanto, evidencia o tempo em que o idoso

esteve vinculado ao mercado de trabalho, sua condição atual frente ao mesmo, a regularidade

e a fonte de renda atual; o padrão de renda recebida, a participação dessa renda na

manutenção doméstica. Incluem-se perguntas relativas às condições de conforto doméstico e

ao tipo de ocupação do imóvel. Por fim, há perguntas que buscam a comparação de renda

atual com a dos anos anteriores e o grau de satisfação do idoso em relação às suas

necessidades básicas supridas por sua renda.

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A seção VII, Saúde Mental, esta voltada para a detecção de casos de depressão e

demência. As perguntas são estruturadas excluindo o entrevistador de fazer avaliações

pessoais. Para a indicação de casos suspeitos foram estabelecidos pontos de corte.

Na seção VIII, Necessidades e Problemas que Afetam o Entrevistado, as perguntas se

destinam a fornecer uma indicação mais específica dos tipos de necessidades que o idoso

experimenta em sua vida diária, a extensão em que essas necessidades se verificam, os

problemas que ele considera mais importantes e a relação entre as atitudes do idoso e as

condições objetivas em que ele vive.

Por fim, na seção IX, Avaliação do Entrevistador, buscam avaliar a confiabilidade das

informações obtidas do entrevistado, porém, não consta do presente estudo.

Ao instrumento foram incluídas questões referentes ao conhecimento de política e/ou

lei de proteção aos idosos.

5.6.COLETA DE DADOS

Os dados foram obtidos através da realização de entrevistas face a face, no período

de agosto de 2007 a janeiro de 2008, mediante aplicação do questionário. As entrevistas

foram conduzidas por uma equipe formada pela orientanda e duas assistentes sociais. Após

treinamento, onde foram discutidos os objetivos da pesquisa e características do instrumento,

foi realizado um estudo piloto com a aplicação de trinta questionários. O estudo piloto teve

por objetivo rediscutir o instrumento, homogeneizar o entendimento dos participantes e

desfazer possíveis dúvidas.

Após contato inicial com a entrevistadora, que explicou o objetivo da pesquisa e apresentou o

termo de consentimento, as entrevistas aconteceram em local reservado do domicílio,

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preservando-se a privacidade e o anonimato das entrevistadas. Os dados foram coletados a

partir e unicamente das informações fornecidas pelas entrevistadas.

5.7.ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados da pesquisa foram tabulados e analisados, de forma a obter prevalência, do

desfecho estudado, utilizando para a elaboração dos cálculos estatísticos o software EPI-

INFO 6.0.

5.8.CONSIDERAÇÕES PRELMINARES DE NATUREZA ÉTICA

Para a execução da presente investigação, o projeto foi apreciado e aprovado pela

Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade Estácio de Sá. Do mesmo modo foi

autorizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Niterói e aprovado pelo Núcleo de

Educação Permanente (NEPE) do Pólo de Capacitação em Saúde da Família da Fundação

Municipal de Saúde de Niterói, uma vez que respeitou os princípios éticos contidos na

Resolução nº196/1996 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa.

Por ocasião da apresentação dos resultados, nenhuma informação que atente contra o

anonimato das pacientes envolvidas nessa pesquisa foi divulgada ou veiculadas a quaisquer

dados que permitam a identificação e caracterização das mesmas como pessoas físicas.

Esse trabalho não apresenta riscos envolvidos devido ao fato da pesquisa ser

abastecida de informações prestadas pela própria paciente em ambiente tranqüilo.

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Foi pertinente a pesquisa em apreço a utilização de termo de consentimento livre e

esclarecido (Anexo1), a fim de caracterizar que as informações foram prestadas

espontaneamente pelos sujeitos da pesquisa.

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6. RESULTADOS

A amostra da população de idosas da lha da Conceição, constituída de 283

idosas revelou que, do ponto de vista sócio-demográfico, a maioria das entrevistadas

(49,5%) estão na faixa etária de idosas jovens (entre 60 e 69 anos). Com relação à

situação conjugal, a maior parcela refere ser viúva (43,8%) ou casada (43,1%).

Observa-se que a população estudada tem baixa escolaridade, com maior prevalência

de indivíduos com primário incompleto (65%). Apesar do baixo percentual (1,8%),

observa-se idosas com curso superior completo. A composição doméstica mostra a

diversidade do arranjo familiar, onde a maioria das idosas analisadas mora com pelo

menos uma pessoa. Nestes arranjos a presença de marido e /ou filhos é expressivo.

Um percentual menor, (17,3%), refere morar só (Tabela 3).

Tabela 3: Características sócio-demográficas de mulheres idosas, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.

Características Sócio-demográficas

Frequência absoluta

Frequência relativa IC 95%

Faixa etária 60 – 69 140 49,5% 43,5% - 55,5% 70 – 79 95 33,6% 28,1% - 39,4% Igual ou > 80 48 17% 12,8% - 21,9% Estado Civil Casado/companheiro 122 43,1% 37,3% - 49,1% Viúvo 124 43,8% 38% - 49,8% Divorciada/separada 18 6,4% 3,8% - 9,9% Solteira 19 6,7% 4,1% - 10,3% Escolaridade

Analfabeta 30 10,6% 7,3% - 14,8% Primário incompleto 184 65% 59,1% - 70,6% Primário completo 46 16,3% 12,2% - 21,1% 1º grau completo 8 2,8% 1,2% - 5,5% 2º grau completo 10 3,5% 1,7% - 6,4% Superior completo 5 1,8% 0,6 – 4,1%

Moradores do domicílio* Mora sozinho 49 17,3% 13,1% - 22,2% Marido/companheiro 50 17,7% 13,4% - 22,6% Marido e filhos(as) 29 10,2% 7% - 14,4% Filhos(as) 42 14,8% 10,9% - 19,5% Outros parentes 32 11,3% 7,9% - 15,6% Marido, filhos e outros 20 7,1% 4,1% - 12,3% Marido e outros 16 5,7% 3,3% - 9% Filhos e outros 45 15,9% 11,8% - 20,7%

*Esta pergunta permite mais de uma resposta

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A situação de trabalho, exposto na tabela 4, revela que a maioria das idosas

trabalhou durante toda a vida (55,4%), sendo que um pequeno percentual (13,4%)

mantém atividade profissional. Ao analisar a origem do sustento, dois aspectos se

destacam; a pensão/ajuda do marido é uma importante fonte de renda (76%) e a

própria aposentadoria (38,9%). Quanto à renda, 61,9% da população estudada

recebem até 2 salários mínimos e 24,2% das entrevistadas não têm renda própria.

Apesar da baixa renda do grupo analisado, 41,3% contribuem para as despesas da

casa e 21,2% é a única fonte de renda familiar. Vinte e três idosas recusaram-se a

informar a renda mensal.

Tabela 4: Distribuição dos recursos econômicos de mulheres idosas, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.

Recursos Econômicos Frequência absoluta

Frequência relativa IC 95%

Situação de trabalho Do lar 125 44,2% 38,3% - 50,2% Atualmente trabalha 38 13,4% 9,7% - 18% Não trabalha mais 119 42% 36,2% - 48% Origem do sustento* Do trabalho 39 13,8% 10% - 18,4% Da aposentadoria 110 38,9% 33,2% - 44,8% Pensão/ajuda do marido 215 76% 70,6% - 80,8% Ajuda de parentes e amigos 25 8.8% 5,8% - 12,8% Aluguéis/investimentos 11 3,9% 2% - 6,8% Benefício de Prestação Continuada 3 1,1% 0,2% - 3,1% Média da renda mensal Sem rendimento 63 24,2% 19,2% - 29,9% Até 1 SM 91 34,6% 28,8% - 40,7% Até 2 SM 70 27,3% 22% - 33,2%

Até 3 SM 18 6,9% 4,2% - 10,7% Até 4 SM 11 4,2% 2,1% - 7,4% Até 5 SM 3 1,2% 0,2% - 3,3% Mais que 5 SM 4 1,5% 0,4% - 3,9%

Gastos com a renda mensal* Usado só com gastos próprios 47 16,6% 12,5% - 21,5% Ajuda nas despesas da casa 117 41,3% 35,5% - 47,3% Única fonte de renda da família 60 21,2% 16,6% - 26,4% Ajuda parentes fora do domicílio 28 9,9% 6,7% - 14% * Esta pergunta permite mais de uma resposta

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Na tabela 5 e 6 se encontra a situação de saúde do grupo estudado. Duzentos e

setenta e sete entrevistadas (97,9%) referem pelo menos um problema de saúde, sendo a

hipertensão arterial a principal morbidade relatada (71%). Outros problemas relatados que se

destacam são as doenças ósteo-articulares (44,9%), incontinência urinária (36,4%),

dislipidemia (36%) e problemas de memória (27,9%).

Apesar da grande maioria dos respondentes referir problemas de saúde, 50,1% faz

uma avaliação positiva de sua condição de saúde atual. No que diz respeito à evolução do

quadro de saúde, 47,2% perceberam piora quando comparado aos últimos anos (Tabela 5).

Tabela 5: Distribuição da condição de saúde de mulheres idosas, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.

Condição de saúde física Frequência absoluta

Frequência relativa IC 95%

Auto-avaliação do estado de saúde Ótima 14 4,9% 2,7% - 8,2% Boa 128 45,2% 39,3% - 51,2% Ruim 124 43,8% 38% - 49,8% Péssima 17 6% 3,5% - 9,4% Comparada aos últimos 5 anos Melhor 42 14,9% 10,9% - 19,6% Mesma coisa 107 37,9% 32,3% - 43,9% Pior 133 47,2% 41,2% - 53,2% Problema de saúde referido* Hipertensão arterial 201 71% 65,4% - 76,2% Reumatismo 127 44,9% 39% - 50,9% Incontinência urinária 103 36,4% 30,8% - 42,3% Dislipidemia 102 36% 30,4% - 41,9% Problema de memória 79 27,9% 22,8% - 33,5% Tonteira 68 24% 19,2% - 29,4% Osteoporose 55 19,4% 15% - 24,5% Diabetes Mellitus 46 16,3% 12,2% - 21,1% Depressão 39 13,8% 10% - 18,4% Catarata 39 13,8% 10% - 18,4% Doença cardíaca 36 12,7% 9,1% - 17,2% IAM 11 3,9% 2% - 6,8%

AVC 9 3,2% 1,5% - 6% Outras 87 30,7% 25,4% - 36,5% * Esta pergunta permite mais de uma resposta Para a amostra analisada, os problemas de visão são mais prevalentes que os

problemas de audição. Enquanto 48% das entrevistadas fizeram uma auto-avaliação negativa

da condição visual, 75,6% avaliaram positivamente a condição auditiva.

A saúde oral mostrou ser um problema de saúde importante. Da população estudada,

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57,6% referem não ter mais dentes e apenas 2,8% relata ter todos os dentes. Entre a população

que refere ter dentes, 29,1% considera bom seu estado atual. Com relação a quedas, 22% das

idosas informam pelo menos uma queda nos últimos 3 meses (Tabela 6).

Tabela 6: Distribuição da condição de saúde de mulheres idosas, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.

Condição de saúde física Frequência absoluta

Frequência relativa IC 95%

Condição atual da visão Ótima 9 3,2% 1,5% - 6% Boa 138 48,8% 42,8% - 54,7% Ruim 124 43,8% 38% - 49,8% Péssima 12 4,2% 2,2% - 7,3% Condição atual da audição Ótima 44 15,5% 11,5% - 20,3% Boa 170 60,1% 54,1% - 65,8% Ruim 66 23,3% 18,5% - 28,7% Péssima 3 1,1% 0,2% - 3,1% Condição atual dos dentes Ótimo 4 1,4% 0,4% - 3,6% Boa 82 29,1% 23,8% - 34,8% Ruim 39 13,8% 10% - 18,4% Péssima 9 3,2% 1,5% - 6% Ausência de dentes Não faltam dentes 8 2,8% 0,4% - 3,6% Faltam poucos dentes 53 18,7% 12,8% - 23,7% Faltam muitos dentes 58 20,5% 14% - 26,4% Não tem dentes 163 57,6% 50,5% - 63,2% Queda nos últimos 3 meses Sim 62 22% 17,3% - 27,3% Não 220 78% 72,7% - 82,7%

Na tabela 7 e 8 encontra-se dados quanto a utilização dos serviços de saúde.

Grande parte das idosas analisadas procura atendimento público no PMF (79,8%) e

um percentual menor procura o serviço de saúde particular (28,6%). Oito idosas

referem não procurar serviço de saúde. Com relação as idosas que utilizam o serviço

público, 71% relatam alguma dificuldade ao procurar o serviço e expressa, como

maior problema, a dificuldade de atendimento quando necessita (40,3%). Oitenta e

duas idosas (29%) negam dificuldades. Ainda em relação a utilização do serviço

público, os maiores problemas encontrados são a demora na realização dos exames

clínicos solicitados (50,9%) e demora na marcação de consulta com especialista

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(39,9%) (Tabela 7).

Tabela 7: Distribuição da utilização dos serviços de saúde pelas idosas estudadas, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.

Utlização dos serviços de saúde Frequência absoluta

Frequência relativa IC 95%

Local para atendimento médico* Médico de família 225 79,8% 74,6% - 84,3% Serviço médico credenciado 54 19,1% 14,7% - 24,2% Médico/clinica particular 27 9,5% 6,4% - 13,6% Posto de saúde de outro local 18 6,4% 3,8% - 9,9% Outros (hospitais, ambulatórios e emergência) 30 10,6% 7,3% - 14,8% Dificuldades de acesso ao serviço de saúde* Dificuldade de acesso ao serviço 114 40,3% 34,5% - 46,3% Dificuldade de locomoção e transporte 32 11,3% 7,9% - 15,6% Depende de um cuidador 17 6% 3,5% - 9,4% Problemas financeiros 10 3,5% 1,7% - 6,4% Medo de ir ao médico 7 2,5% 1% - 5% Problemas ao utilizar o serviço de saúde* Demora na realização dos exames clínicos 144 50,9% 44,9% - 56,8% Demora na marcação de consulta com especialista 113 39,9% 34,2% - 45,9%

Demora na marcação de consulta 37 13,1% 9,4% - 17,6% Preço dos serviços médicos 33 11,7% 8,2% - 16% Não compreende o tratamento proposto 5 1,8% 0,6% - 4,1% Não compreende o problema de saúde 2 0,7% 0,1% - 2,5% * Esta pergunta permite mais de uma resposta

Em um grupo de baixa renda e com vários problemas de saúde, o acesso a

medicação é fator importante para viabilizar o tratamento. A tabela 8 mostra os

principais problemas para a aquisição dos medicamentos pela população do estudo: a

falta ou irregularidade da medicação dispensada pelo PMF (38,9%) e o preço do

medicamento (37,1%).

Tabela 8: Distribuição dos problemas relacionados a aquisição de medicamentos pelas idosas estudadas, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.

Utlização dos serviços de saúde Frequência absoluta

Frequência relativa IC 95%

Problemas na aquisição de medicamentos* Falta ou irregularidade do medicamento no PMF 110 38,9% 33,2% - 44,8% Preço do medicamento 105 37,1% 31,5% - 43% Depende de alguém para comprar ou pegar no PMF 7 2,5% 1% - 5% Falta ou irregularidade do medicamento em outras unidades da prefeitura 7 2,5% 1% - 5%

Dificuldade de obter receita de medicamentos controlados 4 1,4% 0,4% - 3,6%

Dificuldade de aquisição na farmácia convencional 3 1,1% 0,2% - 3,1% *Esta pergunta permite mais de uma resposta

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Grande parte das participantes da pesquisa, de uma maneira geral, está

satisfeitas com a vida, com expectativas e planos para o futuro. Pode-se observar que

77% da população estudada sente-se satisfeita com as relações intra-domiciliares. A

filha aparece como o cuidador mais provável (54,8%). Apesar do

marido/companheiro estar presente em vários arranjos familiares (tabela 1) ele é

apontado como cuidador por apenas 9,9% do grupo estudado (Tabela 9)

Tabela 9: Distribuição dos resultados relacionados a saúde mental (satisfação com a vida e expectativas para o futuro) referido pelas mulheres idosas, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.

Saúde Mental e Recursos Sociais Freqüência Absoluta

Freqüência Relativa

IC 95%

Satisfação em relação à vida em geral

Satisfeita 236 83,7% 78,8% - 87,8%

Insatisfeita 44 15,6% 11,6% - 20,4%

NS/NR 2 0,7% 0,1% - 2,5%

Expectativas para o futuro

Tem expectativas e pensa no futuro

160 56,6% 50,2% - 64%

Sem expectativas, mas não se refere expectativas negativas.

91 32,2% 26,7% - 37,9%

O futuro é descrito negativamente 32 11,3% 7,9% - 15,6%

Satisfação nas relações com as pessoas moradoras do domicílio

Sim 218 77% 71,7% - 81,8%

Não 22 7,8% 4,9% - 11,5%

Possível cuidador*

Filha 155 54,8% 48,8% - 60,7%

Outra pessoa da família 50 17,7% 13,4% - 22,6%

Filho 40 14,1% 10,3% - 18,7%

Esposo/companheiro 28 9,9% 6,7% - 14%

Pessoa de fora da família 28 9,9% 6,7% - 14%

Ninguém 20 7,1% 4,4% - 10,7%

*Esta pergunta permite mais de uma resposta

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Com relação as atividades desenvolvidas pela população estudada no tempo

livre, as mais prevalentes são aquelas restritas ao domicílio e/ou ao bairro. A leitura

é uma atividade pouco realizada, assim como viagens e freqüência ao cinema e ao

teatro. A prática de atividade física regular, questão importante na manutenção da

saúde e no envelhecimento ativo é pouco realizada pelo grupo estudado. Os

problemas de saúde são os que mais interferem no desenvolvimento das atividades

(13,8%) (Tabela 10).

Tabela 10: Distribuição das atividades realizadas por mulheres idosas no seu tempo livre, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.

Atividade de vida diária Frequência absoluta

Frequência relativa IC 95%

Atividades realizdas durante o tempo livre* Assiste à televisão 247 87,3% 82,8% - 90,9% Ouve rádio 146 51,6% 42,5% - 54,4% Vai à igreja (serviço religioso) 135 47,7% 41,8% - 53,7% Faz compras 110 38,9% 33,2% - 44,8% Recebe visitas 103 36,4% 30,8% - 42,3% Anda pelo bairro 91 32,2% 26,7% - 37,9% Sai para visitar amigos 87 30,7% 25,4% - 36,5% Sai para visitar parentes 85 30% 24,8% - 35,7% Costura, borda, tricota. 68 24% 19,2% - 29,4% Lê revistas e livros 52 18,4% 14% - 23,4% Pratica atividade física regularmente 44 15,5% 11,5% - 20,3% Lê jornal 40 14,1% 10,3% - 18,7% Sai para passeios longos (excursões) 27 9,5% 6,4% - 13,6% Freqüenta grupos ou cursos para idosos 22 7,8% 4,9% - 11,5% Faz alguma atividade para se distrair (jogos, jardinagem....). 19 6,7% 4,1% - 10,3%

Sai para encontro social e comunitário 16 5,7% 3,3% - 9% Vai ao cinema, teatro. 12 4,2% 2,2% - 7,3% Vai a jogos (esportes) 4 1,4% 0,4% - 3,6% Participa de associações políticas 1 0,4% 0% - 2% Outras atividades 65 23% 18,2% - 28,3% Problemas que interferem na realização de atividades*

Problemas de saúde 39 13,8% 10% - 18,4% Falta de motivação para fazer as coisas 14 4,9% 3,2% - 8,2% Problema com o custo 11 3,9% 2% - 6,8% Problema de transporte limitando o acesso aos lugares

2 0,7% 0,1% - 2,5%

Outras razões 9 3,2% 1,5% - 6%

* Esta pergunta permite mais de uma resposta

Entre as principais necessidades e problemas mais importante vivenciados

pelas entrevistadas, saúde volta a aparecer como o principal motivo no dia-a-dia das

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idosas, só ultrapassado pela preocupação com a família. Apenas 2 participantes

(0,7%) negam problemas cotidianos (Tabela 11).

Tabela 11: Principais necessidades e problemas que afetam as mulheres idosas, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.

Necessidades e problemas Frequência absoluta Frequência relativa IC 95%

Principais necessidades/carências atuais* Carência de saúde 114 40,3% 34,5% - 46,3% Carência econômica 61 21,6% 16,9% - 26,8% Carência de segurança 37 13,1% 9,4% - 17,6% Carência de companhia/contato pessoal 26 9,2% 6,1% - 13,2% Carência de transporte 3 1,1% 0,2% - 3,1% Problema mais importante do dia-a-dia Preocupação com filhos/netos 96 33,9% 28,4% - 39,8% Problema de saúde física ou mental 63 22,3% 17,6% - 27,6% Não relata problemas importantes 53 18,7% 14,4% - 23,8% Medo da violência 25 8,8% 5,8% - 12,8% Conflitos familiares 12 4,2% 2,2% - 7,3% Solidão 12 4,2% 2,2% - 7,3% Problema de moradia 4 1,4% 0,4% - 3,6% Dificuldade de transporte 1 0,4% 0% - 2% Outros problemas 15 5,3% 3% - 8,6%

*Esta pergunta permite mais de uma resposta

Com relação ao conhecimento que a população pesquisada tem acerca do

Estatuto do Idoso, observa-se que apenas 30% das idosas entrevistadas relatam

conhecer lei de proteção aos idosos e destes, só 19,4% referem-se ao Estatuto do

Idoso. Entre os direitos assegurados, os mais conhecidos estão o direito ao passe

livre (22,3%) e direito ao atendimento preferencial (10,2%). Observa-se que outros

direitos fundamentais da pessoa idosa são pouco conhecidos por aqueles que

poderiam deles se beneficiar (Tabela 12)

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Tabela 12: Conhecimento das mulheres idosas acerca do Estatuto do Idoso e direitos garantidos, PMF, Ilha da Conceição, Niterói, RJ, em 2008.

Lei de proteção aos idosos Freqüência Absoluta

Freqüência Relativa

IC 95%

Sim 86 30% 24,8% - 35,7%

Não 190 68% 56%-70,1%

Nome da lei

Conhece 55 19% 15% - 24,5%

Desconhece 31 11% 7,6% - 15,2%

Direitos que conhece*

Direito ao passe livre 63 22,3% 17,3% - 27,6%

Atendimento preferencial 29 10,2% 7% - 14,4%

Ser respeitado 17 6% 3,5% - 9,4%

Direito a saúde 16 5,7% 3,3% - 9%

Direito ao lazer 16 5,7% 3,3% - 9%

Gratuidade viagem interestadual 9 3,2% 1,5% - 6%

Gratuidade viagem intermunicipal 5 1,8% 0,6% - 4,1%

Direito a medicação 5 1,8% 0,6% - 4,1%

Não sofrer maus tratos 4 1,4% 0,4% - 3,6%

Amparo familiar 4 1,4% 0,4% - 3,6%

BPC 3 1,1% 0,2% - 3,1%

Direito a alimentação 1 0,4% 0% - 2%

Agilidade na justiça 1 0,4% 0% - 2%

Direito a meia entrada 1 0,4% 0% - 2%

Atendimento preferencial em serviço de saúde

1 0,4% 0% - 2%

* Esta pergunta permite mais de uma resposta

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7 DISCUSSÃO

Se ao longo do século XX o envelhecimento populacional significou uma grande

conquista, representará um imenso desafio para todos os países no decorrer do século XXI,

principalmente para os países em desenvolvimento onde persistem grandes diferenças sociais

(KALACHE et al., 1987; OMRAM, 2001; IBGE, 2002; VERAS, 2003; CAMARANO, 2003;

SANTOS-PRECIADO et al., 2003).

Diante da heterogeneidade da população idosa brasileira, conhecer características de

diferentes grupos pode auxiliar a reflexão sobre a equidade das políticas publicas. Com esta

motivação, nosso estudo se dedicou à análise das condições de vida e saúde das idosas da

comunidade da Ilha da Conceição, bairro de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.

O perfil sóciodemográfico da população analisada é, de modo geral, semelhante ao de

outros estudos que envolveram a população idosa (RAMOS, 1993; CAMARANO, 1999;

VERAS, 2003, LIMA-COSTA et al, 2003 ; CAMARANO, 2004; FELICIANO, 2004;

PARAYBA, 2005; ;PICCINI ET AL, 2006; PERSEU-ABRAMO, 2007; APRATTO, 2007).

Com uma população de 7795 habitantes, a Ilha da Conceição apresenta uma parcela de

idosos que corresponde a 13,76% da população do bairro. Destas, 57,31% é constituído por

mulheres idosas (n = 615 indivíduos) que, em sua maioria, apresentam idade variando entre

60 e 69 anos. Considerando o estado civil, o grupo pesquisado é constituído por um pequeno

predomínio das viúvas (43,8%) sobre as casadas (43,1%), diferindo da média brasileira onde

o número de viúvas é pouco maior (48%) e, notadamente, o de casadas é menor (37%)

(PERSEU-ABRAMO, 2007).

A baixa escolaridade é uma característica das idosas entrevistadas, onde 65% têm

menos de 4 anos de estudo. Apesar de o baixo nível educacional ser característico entre os

idosos brasileiros, principalmente as mulheres, esta prevalência é superior à encontrada pelos

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estudos de Feliciano, 2004, ao analisar idosas pobres no município de São Carlos, SP,

(36,1%), Parahyba et col, 2005, ao avaliar dados da PNAD 1998 e 2005 (44,3%), e Lima-

Costa et al, 2003, também usando dados da PNAD 1998 (47,1%). O baixo nível educacional

interfere diretamente no cuidado à saúde, comprometendo a prática do auto-cuidado e a

compreensão da condição de saúde, e dificultando o acesso à informação sobre saúde e sobre

direitos civis, refletindo-se em piores condições sanitárias para esta população (ANDERSON,

1998; BRASIL, 2006). Nesse sentido, reafirmamos a característica da condição inter-setorial

da área da saúde e a importância do investimento em outros segmentos que contemplem ações

que determinem melhores níveis de educação.

Apesar de não se traduzir em um nível de renda condigno, observa-se que a população

estudada apresenta renda mais elevada quando comparado com outras análises; a maioria das

idosas (61,9%) recebe até dois salários mínimos. Estudo da Fundação Perseu Abramo, em

2007, com idosos de centros urbanos em 204 municípios brasileiros, demonstrou que 45% das

mulheres idosas tinham renda de até 2 salários mínimos enquanto 60% dos homens recebiam

acima de 2 salários. Cabe ressaltar que o item renda considerou o somatório de todas as fontes

de renda da idosa; aposentadoria, pensão, trabalho, ajuda de parentes, aluguéis/investimentos

e outros, sendo influenciado, em alguns casos, pela adição de diferentes fontes elevando a

prevalência encontrada.

Chama atenção o percentual de idosas que recebem pensão (76%), sendo uma

importante fonte de renda para estas. Esta prevalência pode estar associada à oferta de

trabalho dentro do bairro, que sempre teve forte ligação com a indústria naval e pesqueira,

absorvendo a mão de obra masculina do local.

Apesar de 55,8% das idosas referirem atividade profissional durante sua vida, chama a

atenção que apenas 38,9% da amostra analisada se beneficie da aposentadoria. Entre estas, se

encontram idosas que nunca trabalharam, mas contribuíram como profissional autônomo,

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sugerindo a inserção das mulheres no mercado de trabalho informal. Feliciano et al, 2004,

encontrou entre a população de mulheres idosas pobres no interior de São Paulo prevalência

de aposentadoria muito superior, 70,3%. É inegável a importância que políticas de

aposentadorias e pensões representam para a população idosa, em especial as mulheres, mas a

implementação da legislação trabalhista para a população em geral deveria ser considerada

pelas políticas públicas como forma de garantir um envelhecimento mais digno.

Devido aos crescentes níveis de desemprego e novos arranjos familiares, é comum que

os idosos participem dos gastos da família ou assumam a função de responsáveis pelo

sustento familiar com sua aposentadoria (PEREIRA et al., 2002; IBGE, 2002). Entre a

população estudada, 61,9% das idosas contribuem de alguma forma para o sustento familiar.

Entre estas, 21,2% mantém a família unicamente com sua renda. Este resultado pode refletir o

período de desaceleração econômica vivido pela indústria naval da Ilha da Conceição na

década de 90, com aumento do desemprego local. Análise realizada pela Fundação Perseu

Abramo, 2007, demonstrou que 83% das idosas brasileiras contribuem para a renda familiar,

todavia, a distribuição da amostra pode ter influenciado no resultado. Entre as idosas

entrevistadas, 43% moravam nos centros urbanos da região sudeste, área onde se concentram

maior população e produção brasileira, mas também, áreas de maior desemprego e que

contribuíram para maior participação da renda dos idosos no sustento familiar (BRASIL,

2004).

Com relação ao trabalho, 13,4% das idosas estudadas continuam trabalhando, índice

superior ao encontrado por Araújo e Alves, 2000, ao analisar a amostra de idosas em diversas

fontes do IBGE, como a PNAD 1995/96/97, Pesquisa sobre padrões de vida, 1996/97 e

Pesquisa mensal de empregos, 1996 (5%). Feliciano, 2004, em amostra com idosas pobres do

município de São Carlos (10,6%) e estudo da Fundação Perseu-Abramo, 2007, considerando

apenas o grupo de idosas (13%) encontraram resultados muito próximos. Este dado pode ser

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reflexo da baixa renda de algumas idosas da Ilha da Conceição, da necessidade de sustento da

família e pelo trabalho informal. Analisando os resultados dos referidos estudos ao longo do

tempo, percebe-se um aumento progressivo do contingente de idosas trabalhadoras. Estes

resultados suscitam a questão da condição de trabalho e saúde deste grupo e da relação inter-

geracional construída no ambiente de trabalho, chamando a atenção para a necessidade de

políticas de inclusão e valorização desta mão de obra.

Estudos brasileiros demonstram que as mulheres idosas tendem a viver cada vez mais

com filhos e/ou outros parentes ou sozinhas (RAMOS, 2003; CAMARANO, 2004;

PARAHYBA, 2005). Em 1999, análise dos dados da PNAD 1996 demonstrou que os arranjos

familiares sem a presença do companheiro correspondiam a 33,99% (Tabela 2)

(CAMARANO, 1999). Acompanhando a evolução do panorama brasileiro, as idosas da Ilha

da Conceição vivem, em sua maioria, em arranjos familiares sem a presença do companheiro

(59,3%). Entre as idosas que vivem sozinhas, o percentual encontrado por nosso estudo

(17,3%) é superior ao estudo de Camarano, 1999, e de Feliciano, 2004, onde este percentual

ficou em torno 12,2% para ambos.

A existência de arranjos familiares diferenciados não se traduziu, nesta amostra, em

maior opção de cuidadores para as idosas onde, apesar de 78,8% referirem como possível

cuidador uma pessoa da família, destaque foi dado à filha (54,8%). O marido foi apontado por

apenas 9,9% das idosas. Estudo de Feliciano, 2004, demonstrou que 87,1% dos cuidadores

eram da família, porém, os filhos(as) correspondiam a 47,5% e o cônjuge, 39,6%. Deve-se

ressaltar duas diferenças entre os estudos. Primeiro, enquanto o dado utilizado pelo presente

estudo foi o provável cuidador, Feliciano, 2004, considerou quem efetivamente cuida.

Segundo, a elevada prevalência do cônjuge como cuidador no trabalho de Feliciano pode ter

sofrido interferência da participação da mulher como cuidadora, uma vez que estão foi

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considerada para ambos os sexos. Os dois estudos, porém, confirmam o importante papel que

a família desempenha neste cuidado.

Uma preocupação que este dado desperta baseia-se nas mudanças ocorridas na

sociedade, modificando as famílias e, conseqüentemente, o papel feminino; o número

crescente de divórcios e recasamentos, a contínua migração dos mais jovens em busca de

mercados mais promissores e o aumento no número de famílias em que a mulher exerce o

papel de chefe poderão colocar em risco o cuidado das idosas analisadas. Frente ao exposto, a

atenção primária desempenha papel importante na garantia de acesso à atenção a saúde do

idoso, tanto na atenção domiciliar quanto na capacitação do cuidador. Com relação à família,

mostra-se necessário a implementação de uma rede de apoio capaz de atender a população

idosa em diferentes situações, como Centro – Dia e o Hospital Dia, entre outros.

A análise das condições de saúde do grupo estudado mostra uma população que

acumula diferentes morbidades, percebe piora da sua condição de saúde ao longo do tempo e

aponta os problemas de saúde como principal carência, sendo fonte de preocupação recorrente

no seu dia-a-dia. A prevalência de idosas com pelo menos uma morbidade referida é elevada

(97,9%) e mostra-se superior ao estudo de Lima-Costa, 2003, baseado na análise de dados da

PNAD 1998, considerando apenas o grupo de mulheres idosas brasileiras, (74,5%). Porém, ao

se comparar nossos dados com pesquisa realizada por Feliciano, 2004, considerando idosas

pobres, encontramos resultados semelhantes e que sugerem associação de baixo nível

econômico com maior morbidade. Os estudos de Lima-Costa, 2003, e Feliciano, 2004,

demonstraram que mulheres idosas apresentam maior prevalência de morbidade com relação

ao sexo masculino, resultado também demonstrado por outros estudos (BRASIL, 2006).

A morbidade referida de maior prevalência entre o grupo de idosas pesquisado foi a

hipertensão arterial sistêmica (HAS), 71%, próximo ao resultado encontrado por Feliciano,

2004, 68,2%, analisando idosas de baixa renda. Ao se considerar o grupo de idosos, excluído

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o fator renda, os resultados encontrados são inferiores. Zaitune, 2006, encontrou prevalência

de 55,9%, para HAS entre idosas do município de Campinas, SP.

Em meio a um grupo com alta prevalência de HAS, chama atenção a baixa

prevalência de doença cardíaca, 12,7%, e de acidente vascular cerebral (AVC), 3,2%,

morbidades muito relacionadas à HAS. Estudo de Apratto, 2007, analisando o grupo de

idosos da Ilha da Conceição, encontrou prevalência mais elevada para doença cardíaca,

22,1%, e acidente vascular cerebral (AVC), 7,9%, sugerindo influência do sexo. Os dados de

Apratto, 2007, são semelhantes aos encontrados por Feliciano, 2004, ao analisar grupo de

idosos mais pobres, porém, quando este considera apenas as mulheres idosas, os resultados

são superiores aos encontrados por nosso estudo, respectivamente, 30,4% e 8,9%. O trabalho

de Lima-Costa, 2003, mostrou concordância com o estudo anterior, onde a prevalência de

cardiopatia, para mulheres idosas foi de 21%. As baixas prevalências de cardiopatia e AVC

entre as idosas da Ilha da Conceição podem estar associadas à implementação da atenção

básica em todo o bairro há sete anos, a política farmacêutica implementada pelo PMF desde

sua implementação (1993) e, mais recentemente, a política farmacêutica implementada pelo

Ministério de Saúde.

A prevalência de depressão na amostra analisada, 13,8%, é inferior aos estudos

realizados por Veras, 1994, em inquérito populacional no Rio de Janeiro, entre idosos, que

encontrou prevalência de 25%, e por Anderson, 1999, que encontrou prevalência de 27%.

(VERAS, 1994; ANDERSON, 1998). Os dois autores chamam atenção para o maior risco de

depressão entre idosos que moram sozinhos. Partindo desta afirmativa cabe ressaltar que,

embora 17,3% das idosas refiram viver sozinhas, as características locais apontam para a

permanência de filhos que vivem no mesmo bairro ou constroem suas casas no mesmo

terreno, mantendo a sociabilidade e a rede familiar de apoio, podendo esta ser uma das

justificativas para a baixa prevalência da referencia a depressão. Outros fatores que podemos

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citar são a não utilização de testes específicos de rastreamento para depressão neste estudo, a

não valorização dos sintomas pelo idoso e/ou família, considerando condição comum ao

envelhecimento, e falhas no diagnóstico pelos serviços de saúde. A implementação de ações

que propiciem a formação de redes de apoio e estimulem maior participação social dos idosos

podem contribuir positivamente na condição de saúde, principalmente dos que vivem

sozinhos.

Com relação às queixas referidas, chama atenção os problemas de memória (27,9%) e

tonteira (24%) sintomas comuns a diferentes morbidades. Queixas com causas mal definidas

podem traduzir problemas na realização do diagnóstico pelo serviço de saúde e/ou

desvalorização da queixa, que no caso de idosos pode ser considerado como condições

próprias do envelhecimento. Com referência a problemas de memória, deve-se analisar o

estudo de Apratto, 2007, que após teste de rastreamento (Mini Exame do Estado Mental-

MEEN) encontrou elevada prevalência de casos suspeitos de demência (17,1%) entre idosos

na Ilha da Conceição. Queixa comum entre idosos, a tonteira pode apresentar múltiplas causas

e é considerada fator de risco para quedas em vários estudos (BRASIL, 2006; BRITO, 2007;

DIAS et al.,2007; ALMEIDA, 2007).

Apesar de 52% das entrevistadas avaliarem sua condição de visão como boa, este

valor provavelmente encontra-se superestimado, assim como a baixa prevalência de catarata

(13,8%), pode estar subestimada. Prevalência superior para catarata foi encontrada em estudo

de Feliciano, 2004, com mulheres idosas (26,9%). Dias et al, 2007, em estudo de revisão da

literatura na área de oftalmologia, verificou que a incidência e prevalência de idosos com

déficits visuais é elevada, estando entre 20% a 50%. Apesar da maioria ser portadora de erros

de refração e catarata, ambos tratáveis, muitos idosos não procuram o serviço por não

perceberem que a deficiência visual interfere significativamente em sua qualidade de vida ou

acreditam ser comum ao envelhecimento. Nosso estudo evidenciou outro fator que pode estar

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interferindo nas prevalências encontradas; a falta de vagas para o referenciamento ao serviço

de oftalmologia no município de Niterói, um dos problemas de acesso enfrentados pela

população, que se reflete no cuidado a saúde. Vários estudos analisados por Dias et al, 2007,

sugerem o déficit visual em idosos como fator de risco importante para quedas e orientam

para a priorização de sua detecção e tratamento como objetivo de minimizar futuros riscos. A

associação de déficits visuais com distúrbios vestibulares e/ou do sistema nervoso central, as

perdas músculo-esqueléticas e uso de alguns medicamentos, além de também serem causas de

tonteira, aumentam ainda mais a instabilidade postural e o risco de quedas (ALMEIDA, 2007;

BRITO, 2007).

As quedas em idosos são consideradas um importante problema de saúde pública,

devido a sua prevalência, suas conseqüências e seus altos custos de tratamento e reabilitação.

De causa multifatorial e tendo a osteoporose como fator agravante, pode ter conseqüências

severas na qualidade de vida dos idosos, principalmente para as mulheres. A prevalência

encontrada em nosso estudo para o evento queda, considerando pelo menos uma queda nos

últimos três meses, foi de 22%. Entre a amostra da pesquisa, várias idosas referiram ter tido

mais de duas quedas no período. Entre as causas, as mais relatadas foram tonteira e

“tropeções” em objetos pelo chão, podendo estar associado a déficit visual.

Estudo de Siqueira et al., 2007, analisando amostra de idosos na área de abrangência

de unidades básicas de saúde de 41 municípios, incluindo Unidade Básica de Saúde (UBS) e

Programa de Saúde da Família (PSF), evidenciou prevalência de queda nos últimos 12 meses

de 34,8%, não apresentando diferenças entre UBS e PSF, e destas, 12,1% tiveram fratura

como conseqüência. Neste estudo, as quedas se mantiveram associadas ao sexo feminino,

idade avançada, sedentarismo, auto-percepção de saúde ruim e maior número de

medicamentos referidos para uso contínuo. Frente a este panorama, ressaltamos a importância

da implementação de ações que possam interferir nos fatores modificáveis para o risco de

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queda entre idosos e a qualificação e adequação dos serviços de saúde para o atendimento ao

idoso.

A incontinência urinária é um problema de saúde significante para os idosos,

considerada uma condição que os afeta em seus aspectos físicos e psicológicos. Com causas

variadas, como diabetes, problemas neurológicos, perda da cognição, instabilidade do

detrusor, uso de medicamentos, entre outros, apresenta prevalência estimada muito variada,

entre 8% e 37% da população idosa vivendo na comunidade, e acometendo duas vezes mais

as mulheres (SOLOMON, 1988; REIS, 2003; GUEDES, 2006). Apesar da população de

idosas da Ilha da Conceição apresentar prevalência compatível com a literatura (36,4%)

chama a atenção o fato de nenhuma das idosas referirem acompanhamento para diagnóstico

e/ou correção do problema, condição que pode contribuir negativamente para a qualidade de

vida deste grupo, contribuindo inclusive para o isolamento social.

Quanto à saúde oral, o presente estudo confirma dados encontrados no país quanto ao

edentulismo (perda total de dentes); quase 60% das idosas não têm mais dentes e para 17% a

condição destes foi considerada ruim/péssima. O dado de utilização de serviços dentários

demonstrou que 51,2% das idosas não procuram o dentista, enquanto 36,7% utilizam o

serviço particular. Ao contrário do que ocorre com serviço médico, a minoria, 10,6%, procura

o serviço público, possível reflexo da insuficiente oferta destes serviços na rede de saúde. No

decorrer das entrevistas observou-se que a renda é outro fator que compromete a saúde oral do

grupo pesquisado. A ausência de prótese dentária, o uso de apenas uma prótese (superior ou

inferior) e a utilização de próteses com problemas foi associado ao custo do tratamento.

Apesar da Política Nacional de Saúde do Idoso determinar, entre suas ações, o fornecimento

de próteses, esta não parece estar sendo implementada adequadamente. Contudo, antes de ser

um benefício aos idosos, fica claro a deficiência na implementação de políticas públicas

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direcionadas a saúde oral da população, desde o seu nascimento. Procura-se remediar as

conseqüências e continua-se a não interferir na causa do edentulismo.

A utilização dos serviços de saúde demonstra que a referência de atendimento a saúde

para a maioria das idosas entrevistadas (79,8%) é o serviço público de atenção primária, o

PMF – Ilha da Conceição. Uma parcela menor, 28,6%, utiliza serviços de plano de saúde ou

particulares, provável reflexo da baixa condição econômica da população pesquisada. Os

serviços de saúde de outras unidades públicas (17%) são pouco procurados uma vez que, em

Niterói, a rede ambulatorial não atende a demanda espontânea da população cadastrada pelo

PMF, salvo na condição de referenciamento. Também se verifica, entre os relatos das

entrevistadas, a busca por hospitais e emergências, locais pouco indicados ao primeiro

atendimento de demanda ambulatorial. Este dado pode estar associado a dificuldade de acesso

ao serviço de saúde ambulatorial.

Pesquisa realizada pelo IBGE, 2005, baseado na PNAD2003 encontrou dados de

utilização de serviços de saúde semelhantes, exceção feita à maior utilização de centros ou

postos de saúde (52,4%), porém, ressalta-se que a PNAD não faz referência ao Programa de

Saúde da Família. A maior adesão ao PMF pela amostra considerada pode estar associada à

baixa renda e a disponibilidade do serviço de saúde no bairro, que favorece o acesso.

Estudos brasileiros demonstram que o principal fator determinante da procura pelo

serviço de saúde é a necessidade do indivíduo, entendido como doença. Outros fatores

consistem em ser idoso, do sexo feminino, possuir mais de 74 anos, ter direito a serviço de

saúde privado, possuir melhor condição econômica ou morar em áreas de melhor padrão de

vida, favorecendo o acesso e a disponibilidade local de serviços de saúde (ANDERSON,

1998; PINHEIRO & TRAVASSOS, 1999; LIMA-COSTA et al., 2003). Assim, pelas

características da população analisada, mulheres idosas, de baixa renda e moradora em área de

fácil acesso físico e disponibilidade a serviço de saúde, é esperado que as idosas da Ilha da

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Conceição busquem mais o serviço de saúde. Todavia, 40,3% da amostra referiram não

conseguir o atendimento no serviço de saúde público quando deste necessita, criando uma

demanda reprimida que leva a busca por outros serviços. Na gênese do problema pode pesar a

ausência da “cultura preventiva” na sociedade, o desconhecimento da população quanto à

hierarquização dos níveis de assistência e/ou a falta de acolhimento dos profissionais de saúde

no encaminhamento das situações. Usuárias de serviços particulares relataram não ter

problemas ao procurar o serviço de saúde.

Outra dificuldade identificada na literatura se relaciona com o transporte do idoso até

o serviço de saúde, seja pela necessidade de acompanhante e/ou de transporte devido à

dificuldade de mobilização (LIMA-COSTA et al, 2003; VERAS, 2003). Este dado não parece

se refletir entre a população estudada, onde apenas 17,3% informaram problemas com

transporte. Possivelmente, duas situações ajudam a compreender este resultado; o primeiro foi

fruto do estudo de Apratto, 2007, com idosos da mesma comunidade e que encontrou alta

prevalência de idosos auto-suficientes (71,4%) e o segundo, as visitas domiciliares realizadas

periodicamente pelo PMF.

Análises também apontam para problemas de utilização do serviço de saúde,

dificuldades de acesso a serviços e medicamentos, comprometendo o tratamento de um grupo

que apresenta maiores índices de doenças (ANDERSON, 1998; PINHEIRO & TRAVASSOS,

1999; LIMA-COSTA et al, 2003, VERAS, 2003) (Tabela 7).

A operacionalização do sistema de referência e contra-referência se constitui um grande

desafio, uma vez que é necessário dispor de uma rede de serviços que possa receber os casos e

para quem se possa encaminhá-lo, determinando a qualidade e a resolutividade das ações

assistenciais (ONA, 2001). Em Niterói, a implementação do sistema de referência/contra-

referência ainda é um processo em construção, elaborado como forma de organizar o

encaminhamento das demandas de acordo com a complexidade da situação de saúde de seus

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usuários, otimizando a comunicação entre serviços e profissionais de saúde. Contudo, esse

sistema apresenta pontos de estrangulamento em algumas áreas, para as quais existem demandas

reprimidas. Apesar do sistema de referência e contra-referência se alinhar integralmente à

filosofia e princípios do SUS, ele ainda não permitiu conquistar a universalização do acesso

assim como a adequada hierarquização por complexidade dos casos assistenciais. Novamente,

as usuárias da rede de saúde particular relataram facilidade de acesso a exames e especialidades.

Um dos fatores que podem interferir no cuidado a saúde da população, principalmente

quando esta apresenta baixa renda e maior prevalência de doenças, é a aquisição de medicação.

O Estado tenta garantir a distribuição de medicamentos para o controle de doenças crônicas

através da sua dispensação pelas unidades de saúde pública ou pela venda a preços mais

acessíveis nas farmácias. Entretanto, a irregularidade do fornecimento da medicação pelo

serviço público, referido por 38,9% das entrevistadas, compromete o tratamento das doenças

crônicas mais prevalentes desse grupo. O preço das medicações é outro problema apontado

por 37,1% da amostra analisada, sem diferença entre as usuárias do serviço de saúde

particular.

Os resultados encontrados quanto à situação de saúde entre a população idosa

analisada apontam para a persistência da inadequação dos serviços na atenção integral a saúde

do idoso pela rede pública e particular, uma vez que a facilidade de acesso a consultas,

exames e especialidades experimentadas pelas usuárias dos serviços de saúde particulares não

garante atenção adequada a saúde do idoso. Possivelmente, a falta de adequação dos serviços

esteja associada a dificuldades de interação entre os diversos níveis de assistência, à

insuficiência de treinamento dos profissionais de saúde e/ou o não uso de protocolos voltados

à saúde do idoso, além de dificuldades frente ao referenciamento de casos para

parecer/diagnóstico e/ou tratamento em outros níveis de atenção.

A dimensão da sociabilidade é um importante indicador de qualidade da condição de

saúde do idoso e inclue as relações de convivência familiar e o estabelecimento de vínculos

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sociais, condicionando à melhor qualidade de vida e, consequentemente, maior capacidade de

sobrevivência (ARAÚJO & ALVES, 2000). No presente estudo, a maioria das idosas (77%)

refere relações familiares satisfatórias e todas referiram realizar atividades em seu tempo

livre, sendo a maioria destas realizadas no domicílio e/ou no bairro. Este resultado pode estar

associado a fatores como à baixa escolaridade, baixa renda, problemas de saúde, necessidade

de acompanhante e/ou ausência de atividades voltadas a este grupo na Ilha da Conceição,

apesar da existência de praças, dois clubes e do Centro Social Urbano (CSU). É importante

destacar que incentivar e implementar atividades de recreação e lazer constitui-se em

estratégia efetiva para a redução do isolamento, melhoria da inserção do idoso no meio social

e desenvolvimento de novas habilidades que pode refletir diretamente na melhora da auto-

estima e da condição de saúde. A implementação de Centros de Convivência, entre outros, são

alternativas prescritas pelas políticas públicas voltadas a inclusão social do idoso, mas que

estão sendo lentamente implementadas.

Apesar de 23% das idosas referirem relações familiares conflituosas, este dado deve

ser valorizado e utilizado como um fator de risco para violência, adoecimento e perda da

qualidade de vida das idosas analisadas. Torna-se necessário a elaboração de estratégias de

atuação para as equipes de PSF , conjuntamente com as equipes de supervisão e outros

setores, no enfrentamento do problema juntos as famílias envolvidas.

Infelizmente, a maioria das idosas entrevistadas desconhece políticas ou lei de

proteção ao indivíduo idoso. A baixa escolaridade, a falta de divulgação nos meios de

comunicação, a falta de atividades de socialização onde o tema cidadania poderia ser

discutido e vivenciado sob vários aspectos, interfere neste panorama. Entre as entrevistadas

que referiram conhecer a legislação, o passe livre e o atendimento preferencial ao idoso foram

os temas mais apontados, sendo o restante dos temas praticamente desconhecido. Com relação

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ao passe-livre, foi comum a descrição de situações de desrespeito pelos motoristas das

empresas de ônibus.

As políticas públicas nasceram da discussão do Estado e sociedade, incluídos os

indivíduos idosos, para a elaboração de metas que permitam uma vida digna aos gerontes.

Porém, frente ao panorama encontrado e não desconsiderando a importância das políticas

públicas junto à população idosa, cabe a pergunta sobre quais idosos participaram das

discussões. O grupo em maior desvantagem parece ser o menos beneficiado ao desconhecer

que tem direitos, viver em situação sócio-econômica e de saúde desfavorável e enfrentar

dificuldades no acesso aos serviços de saúde. Cabe a maior divulgação e reflexão a respeito

dos direitos dos idosos em todos os segmentos sociais.

A implementação do Programa de Saúde da Família constituiu um meio de reorganizar

a prática assistencial, em conformidade com a legislação do SUS, imprimindo nova dinâmica

aos serviços de saúde, estabelecendo uma relação de vínculo com indivíduo, família e

comunidade, na perspectiva do trabalho intersetorial. Assim, apresenta-se como um

instrumento importante, através da identificação e interferência em situações antes

despercebidas ao sistema de saúde através de ações de promoção e prevenção e do trabalho

inter-setorial, onde ainda se encontram muitos entraves. Porém, a integralidade da atenção à

saúde do idoso depende da implementação das ações definidas pelas políticas para a área de

saúde, evoluindo para além da distribuição de medicamentos. Considerando saúde em seu

sentido mais amplo, a implementação de políticas em todos os setores se faz urgente e

necessária.

Durante a revisão bibliográfica sobre a evolução das políticas públicas pode-se

perceber que a PNI, o Decreto nº 1948 de 1996 e o Estatuto do Idoso são documentos que se

complementam de forma a viabilizar um único objetivo, garantir a cidadania do idoso. Porém,

a implementação dessas políticas foi dificultada pela superposição de programas e projetos

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desarticulados entre diferentes níveis de governo, centralizando e segmentando as políticas

públicas. Fatores como a complexidade dos textos legais, propiciando diferentes

interpretações da lei, ou o desconhecimento de seu conteúdo podem estar influenciando este

processo. Segundo a Revista Com Ciência, 2007, a área de amparo à terceira idade é um dos

exemplos que mais chama atenção para a necessidade de ações intersetoriais, mas que são

desarticuladas entre si, tornando os idosos "vítimas" de projetos implantados sem qualquer

articulação pelos órgãos de educação, de assistência social e de saúde.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O envelhecimento populacional é um grande desafio para o Brasil, que deverá atingir,

em 2025, o 6º lugar entre os países de maior população idosa. Convivendo com grandes

desigualdades sociais, tenta minimizar as diferenças entre grupos populacionais díspares

através da elaboração e implementação de políticas de proteção.

É indiscutível a importância que as políticas públicas voltadas ao segmento idoso têm

ao incluí-lo à sociedade, garantir seus direitos e definir ações e responsabilidades na busca de

um envelhecimento cidadão. Na área da saúde, o Programa Médico de Família é um

instrumento importante na implementação de ações voltadas a saúde do idoso, facilitando o

acesso, ações de prevenção e promoção. Porém, as ações propostas pelas políticas públicas

ainda se processam lentamente, talvez influenciadas pelo desconhecimento do conteúdo

destas por vários segmentos, incluindo os próprios idosos, a proliferação de programas e

projetos e a dificuldade de implementar o trabalho intersetorial levando a desarticulação das

ações.

Considerando as diferenças de gênero, que balizaram as relações sociais e que ainda

continuam a dar frutos, as políticas públicas deveriam considerar esta questão como

instrumento de equidade. Vários estudos chamam atenção para a situação de vida das

mulheres idosas, mais numerosas, vivendo mais e em pior situação sócio-econômica, de saúde

e de oportunidades enquanto tentam se adequar a um novo papel familiar.

Contudo, as diferenças de gênero não devem ser consideradas com a intenção de

reconhecer e/ou manter a mulher em uma posição de fragilidade, mas como forma de respeito

e valorização das diferenças e dificuldades que homens e mulheres vivenciam no processo de

envelhecimento.

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Por fim, os problemas enfrentados pelo grupo dos idosos brasileiros também refletem

os problemas dos brasileiros de todas as idades, para os quais as políticas públicas ainda não

conseguiram dar respostas. Envelhecer com dignidade não deve ser visto como algo que se

conquiste aos 60 anos, mas deve ser fruto de uma vida onde os direitos básicos foram

garantidos.

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ANEXOS

Anexo 1 - Termo de consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,______________________________________________________________________,

identidade: ____________________________, declaro ter aceitado participar, como

voluntária, da pesquisa intitulada “AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DE VIDA E SAÚDE DE

MULHERES IDOSAS ADSCRITAS AO PROGRAMA MÉDICO DE FAMÍLIA DE

NITERÓI – ILHA DA CONCEIÇÃO. UMA DISCUSSÃO A LUZ DAS POLÍTICAS

PÚBLICAS DE SAÚDE”, que objetiva analisar as condições de vida e saúde de mulheres a

partir de 60. A referida pesquisa, bem como as entrevistas serão realizadas na clientela que

utiliza os serviços do Programa Médico de Família, Ilha da Conceição, Niterói.

Fui informada que a pesquisa manterá o caráter confidencial das informações ora

prestadas, mantendo o rigor de minha privacidade. As entrevistas serão realizadas em local

confortável e livre de interferências. Fui informada ainda de que poderei desistir de participar

a qualquer momento da pesquisa, retirando meu consentimento.

Em caso de dúvidas, poderei esclarecê-las através de contato telefônico com a Dra

Ana Maria Porto da Costa, pesquisadora responsável, pelo telefone (21) 2622-4348 ou através

do e-mail : [email protected]

Rio de Janeiro, _____de ___________________de 2007.

_____________________________________________________

Assinatura do Participante

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Anexo 2 – Questionário - Instrumento multidimensional de avaliação do idoso

Entrevistador:............................................. Início da entrevista:...................h.........................min

Data da Entrevista:..................................... Setor :............................

Nome do Entrevistado:....................................................................................................................................

Endereço:.........................................................................................................................................................

1.Idade:..............anos 2. Data de nascimento:........../........../..........

3. Nacionalidade:..............(1. Brasileira; 2. Outra) 3.a.Especificar:............................................

4.Naturalidade (estado onde nasceu) :..................................................

5.Grau de instrução:....................(1.analfabeto; 2. primario incompleto; 3. primário completo; 4. ginásio ou

1ºgrau completo; 5. 2º grau completo; 6. superior completo, 7. N.S./N.R.)

I .INFORMAÇÕES GERAIS

6. Atualmente qual é o seu estado conjugal?

1.Casado/morando junto 3. Divorciada / separada

2.Viúvo (a) 4.Nunca casou

7. A Sra. tem?

1.Esposo/companheiro 4. Irmãos(as)

2.Filhos(as) 5.Outros parentes

3.Netos(as) 6.Não tem família

8. Com quem a Sra. mora nesta casa?

1. Esposo(a) / companheiro(a) 6.Irmãos (as)

2.Filhas 7.Amigos

3.Filhos 8.Empregado

4.Netos 9.Outros parentes

5.Pais 10.Mora só

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9. Quais são os principais motivos de sua insatisfação com a vida?

1. Problema econômico 5.Conflito nos relacionamentos pessoais

2.Problema de saúde 6.Falta de atividades

3.Problema de moradia 7.Outro problema (especifique)

4.Problema de transporte 8.NS/NR

9.Satisfeita

Outro problema:...........................................................................................................................................

II .SAÚDE FÍSICA

Agora, eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre sua saúde

10. Em geral, a Sra. diria que sua saúde está:

1.Ótima 3.Ruim

2.Boa 4.Péssima

11. Em comparação com os últimos 5 anos, a Sra. diria que sua saúde hoje é:

1.Melhor 2.Mesma coisa 3.Pior

12. Atualmente a Sra. tem algum problema de saúde ?

1.Sim 2.Não

12a. Quais são os principais problemas de saúde que a Sra. está enfrentando?

1.Pressão alta 2.Esquecimento 3.Tonteira 4.Osteoporose

5.Diabetes 6.AVC 7.Tremor 8.Catarata

9.Colesterol alto 10.IAM 12.Depressão 13.Queixa

osteoarticular

14.Aumento de

peso

15.Doenças do

coração

16.Outros 17.Não se aplica

AVC- derrame; IAM- infarto agudo do miocárdio; Reumatismo-doença ósteo-articular

Outros:............................................................................................................................................................

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12b. Estes problemas de saúde atrapalham a Sra. de fazer coisas que precisa ou quer fazer?

1.Sim 2.Não 3.Não se aplica

12c. A Sra. esta recebendo acompanhamento profissional para todos os seus problemas de saúde ?

1.Sim 2.Não 3.Não se aplica

Se não, especifique o motivo:.........................................................................................................................

........................................................................................................................................................................

13. O Sra. recebe tratamento de fisioterapia (reabilitação) ou algum outro tratamento (medicação, homeopatia,

acupuntura...) para todos os problemas que estão sendo acompanhados ?

1.Sim 2.Não 3.Não se aplica

14. O(a) Sr.(a) teve alguma queda (tombo) nos últimos 3 meses ?

1.Sim 2.Não

14a. Quantas?.............................

14b. Qual foi o motivo?..................................................................................................................................

15. Em geral, a Sra. diria que sua visão está (com ou sem ajuda de óculos):

1.Ótima 4.Péssima

2.Boa 5.Usuário não enxerga

3.Ruim

16. Em geral, a Sra. diria que sua audição está (com ou sem ajuda de aparelhos):

1.Otima 3.Ruim

2.Boa 4.Péssima

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17. Em geral, qual é o estado dos seus dentes ?

1.Ótimo 3.Ruim

2.Bom 4.Péssimo

5. Não se aplica - sem dentes

18. Está faltando algum dos seus dentes ?

1.Não está faltando dente 3.A maioria dos dentes estão faltando

2.Poucos dentes estão faltando 4. Não se aplica - sem dentes

Com o passar da idade é bastante normal aparecerem alguns problemas de bexiga. Eu gostaria de lhe

fazer duas perguntas sobre este assunto.

19. Aconteceu com a senhora de perder um pouco de urina e se molhar acidentalmente; seja porque não deu

tempo de chegar ao banheiro ou quando está dormindo; ou quando tosse ou espirra, ou faz força?

1.Sim 2.Não

19a. Com que freqüência isso acontece? (ler as opções para a entrevistada)

1.Uma ou duas vezes por dia 4.Mais do que duas vezes por semana

2.Mais de duas vezes por dia 5.Uma ou duas vezes por mês

3.Uma ou duas vezes por semana 6.Mais de duas vezes por mês

7.Não se aplica

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III .UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS MÉDICOS E DENTÁRIOS

Agora, eu gostaria de lhe perguntar sobre os serviços médicos que a Sra. tem direito de usar.

20. Quando a Sra. está doente ou precisa de atendimento médico onde ou a quem a Sra. normalmente procura?

(ler as opções para a entrevistada)

1.Ninguém ou o entrevistado não

procura o médico há muito tempo.

4.Serviço médico credenciado pelo seu

plano de saúde

2.Médico de família. 5.Médicos/ Clínica particulares

3.Posto de saúde de outro local 6.Outros

Outros (especifique):....................................................................................................................................

20.a. Que dificuldades a Sra. encontra ao procurar um serviço de saúde? (ler as opções para a entrevistada)

1.Não precisa ir a médico 4.Dificuldade financeira para pagar

consulta

2.Dificuldade de locomoção/transporte 5.Porque tem medo de ir ao médico

3.Não consegue atendimento / não

consegue marcação ou marcação longa

6.Não tem ninguém para levar ou

depende de alguém

7.Nega dificuldades

Outra razão (especifique):.........................................................................................................................

21. A Sra. está satisfeita com o serviço de saúde que utiliza normalmente?

1.Sim 2.Não 3.Não utiliza/não precisa consultar

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21a. Em geral, quais os problemas que mais lhe desagradam quando a Sra. utiliza os serviços de saúde?

(ler as opções para a entrevistada)

1.O preço dos serviços médicos 5.Não entende seu problema de saúde

2. A demora para a marcação das consultas

com seu médico

6.A demora para a marcação das

consultas com especialista (médico ou

não)

3.A demora para realizar os exames

clínicos pedidos

7.Outros

4.Não entende o tratamento proposto 8.Nega problemas

Outros (especifique)......................................................................................................................................

22. Quando a Sra. necessita de tratamento dentário, onde ou a quem a Sra. normalmente procura?

1.Ninguém ou o entrevistado não procura o

dentista há muito tempo.

4. Serviço dentário credenciado pelo seu

plano de saúde

2. Serviço dentário de uma instituição

pública gratuita.

5. Emergência

3. Dentista particular 6. Outros

Outro (especifique)........................................................................................................................................

22a. A Sra. não procura um dentista há muito tempo porque não precisou ou porque tem dificuldade para ir ao

dentista? Qual dificuldade? (ler as opções para a entrevistada)

1.Porque não precisou 4.Dificuldade financeira para pagar

2.Dificuldade de locomoção/transporte 5.Porque tem medo de ir ao dentista

3. Não consegue atendimento / não

consegue marcação ou marcação longa

6.Porque não tem ninguém para levar ou

depende de alguém para levá-la

7. Nega dificuldade

Outra razão(especifique) ............................................................................................................................

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2.3. Que remédios a Sra. está utilizando atualmente? (anotar apenas o nome do medicamento)

1.Anti-hipertensivos 8.Analgésico

2.Anti-arrítimico 9.Anti-inflamatório

3.Insulina 10.Corticóides

4.Hipoglicemiante oral 11.Medicamentos cardiológicos

5.Anti-dislipidêmico 12.Outros medicamentos

6.Anti-depressivo 13.Não usa medicação

7.Benzodiazepínico

Não preencher este quadro.

23 a. Em geral quais são os problemas ou as maiores dificuldades que a Sra. tem para conseguir os remédios que

precisa tomar regularmente? (ler as opções para a entrevistada)

1.Preço do medicamento na farmácia 5.Falta/irregularidade do medicamento

no PMF

2.Desconhece a farmácia popular ou

farmácia da UFF

6.Falta /irregularidade do medicamento

em outras unidades de saúde da

prefeitura

3.Dificuldade em encontrar o remédio na

farmácia convencional

7.Dificuldade em obter a receita de

remédios controlados

4.Depende de alguém para comprar ou

pegar

8.Outro

9.Não usa medicação

Outro problema ou dificuldade (especifique).............................................................................................

24. No caso de a Sra. ficar doente ou incapacitada, que pessoa poderia cuidar da Sra.?

1.Ninguém 4.Filha

2.Esposo/companheiro 5.Outra pessoa da família

3.Filho 6.Outra pessoa de fora da família

7. Não tem quem cuide / ninguém

Outra pessoa de fora da família (indique qual):........................................................................................

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IV .ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA (AVD)

25. No seu tempo livre a Sra. faz (participa de) alguma dessas atividades: (ler as opções para a

entrevistada)

1. Ouve rádio 11.Pratica atividade física regularmente

2.Assiste a televisão 12.Faz compras

3.Lê jornal 13.Sai para visitar os amigos

4.Lê revistas e livros 14.Sai para visitar os parentes

5.Recebe visitas 15.Sai para passeios longos (excursão)

6.Vai ao cinema, teatro, etc 16. Vai a jogos (esportes)

7.Anda pelo seu bairro 17.Costura, borda, tricota

8.Vai à igreja (serviço religioso) 18.Faz alguma atividade para se distrair

(jogos de cartas, xadrez, jardinagem,etc.)

9. Sai para encontro social ou

comunitário

19.Frequenta grupos ou cursos para

idosos

10.Participa de associações políticas 20.Outros

Outros (especifique).......................................................................................................................................

25a. Qual é o principal motivo de sua insatisfação com as atividades que a Sra. desempenha no seu tempo livre?

(ler as opções para a entrevistada)

1.Problema com o custo

2.Problema de saúde que a impede de se engajar em uma atividade

3.Problema com falta de motivação em fazer coisas (tédio, aborrecimento)

4.Problema de transporte que limita seu acesso aos lugares que deseja ir

5.Outras razões

6.Satisfeita com as atividades que desempenha

Outros (especifique).......................................................................................................................................

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V . RECURSOS SOCIAIS

26.. A Sra. está satisfeita com o relacionamento que tem com as pessoas que moram com a Sra.?

1.Mora só 2.Sim 3.Não

27. Que tipo de ajuda ou assistência sua família oferece para a Sra.? (familiares que vivem ou que não vivem

com a entrevistada). (ler as opções para a entrevistada)

1.Dinheiro 3.Companhia/cuidado pessoal

2.Moradia 4.Outro tipo de cuidado/assistência

5.Não oferece ajuda

Outro (especifique)........................................................................................................................................ 28.

Que tipo de ajuda ou assistência a Sra. oferece para sua família? (ler as opções para a entrevistada)

1.Dinheiro 4.Cuidar de criança

2.Moradia 5.Outro tipo de cuidado/assistência

3.Companhia/cuidado pessoal 6. Não oferece ajuda

Outro (especifique)........................................................................................................................................

VI. RECURSOS ECONÔMICOS

29. Qual sua situação de trabalho atualmente?

1.Nunca trabalhou /do lar 2.Continua trabalhando* 3.Atualmente não

trabalha

* qualquer atividade remunerada

30. De onde a Sra. tira o sustento de sua vida? (ler as opções para a entrevistada)

1.Do seu trabalho 4.Da ajuda de parentes ou amigos

2.Da sua aposentadoria 5.De aluguéis, investimentos

3.Da pensão/ajuda do esposo 6.De outras fontes-outros benefícios –

LOAS, auxíolio doença..........

Outras (especifique).......................................................................................................................................

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31. Em média, qual é a sua renda mensal? (Somente a renda da idosa. Caso haja mais de uma fonte,

anote a soma destes valores). Atenção: valor líquido

Rendimento mensal: $...............................................

1.Sem rendimento próprio 5.Até 4 salários mínimos

2. Até 1 salário mínimo 6.Até 5 salários mínimos

3.Até 2 salários mínimos 7.Mais que 5 salários mínimos

4. Até 3 salários mínimos 8.Recusa dar informação

Não preencher este quadro.

32. Sobre sua renda mensal, atualmente:

1.É gasta apenas com suas necessidades

2.Ajuda nas despesas da casa

3.É a única fonte de renda da família

4.Ajuda parentes que não moram na casa – fillhos, sobrinhos, netos ............

5.Não tem renda própria – Não se aplica

32.a. Quantas pessoas, incluindo a Sra., vivem do seu rendimento? .................... pessoas

32b. Para suas necessidades básicas, o que a Sra. ganha:

1.Dá e sobra 3.Sempre falta um pouco

2.Dá na conta certa 4.Sempre falta muito

5. Não se aplica / sem rendimento

VII . SAÚDE MENTAL

33. Como a Sra se sente em relação a sua vida em geral?

1.Satisfeito 2.Insatisfeito 3.NS/NR

34. Quando a Sra. olha para o futuro, como a senhora se sente, o que espera para o seu futuro?

1. Menciona expectativas e pensa no futuro

2. Não menciona expectativas mas também não refere a nenhuma afirmação negativa

3.O futuro é descrito negativamente ou amedrontador ou insuportável

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VIII .NECESSIDADES E PROBLEMAS QUE AFETAM O ENTREVISTADO

35. Atualmente (da lista abaixo), quais são as suas principais necessidades ou carências? (ler as opções para

a entrevistada)

1.Carência econômica 5.Carência de segurança

2.Carência de moradia 6.Carência de saúde

3.Carência de transporte 7.Carência de alimentação

4.Carência de lazer 8.Carência de companhia e contato

pessoal

9.Nega carências

36. Eu gostaria que a Sra. me informasse qual o problema mais importante do seu dia-a-dia. Atenção: anote

apenas uma alternativa. (ler as opções para a entrevistada)

1.Não relata problemas importantes 6.Problemas familiares (conflitos)

2.Problema de saúde (deterioração da

saúde física ou mental)

7.Problemas de isolamento (solidão)

3.O medo da violência 8.Preocupação com filhos/netos

4.Problema de moradia 9.Outros problemas

5.Problema de transporte (dificuldades) 10.Nega problemas

Outros (especifique).......................................................................................................................................

37. Como idosa, a Sra. se sente respeitada pela sociedade? Justificar para qualquer das respostas

1.Sim 2.Não 3.NS/NR

Porque?........................................................................................................................................................................

..............................................................................................................................................................

38. Para finalizar, gostaria de saber se a senhora conhece alguma lei que proteja os direitos dos idosos?

1.Sim 2.Não

39.Qual?.........................................................................................................................................................

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40. A senhora sabe que direitos essa lei garante para sua vida?

1.Sim 2.Não 3.Não se aplica / não

conhece lei

40.a.Quais?.......................................................................................................................................................

.........................................................................................................................................................................

Obrigado por sua colaboração.

Término da entrevista:..............h...................min.

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