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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA A IMPORTÂNCIA DA CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA E COMPORTAMENTAL DAS PRAGAS DE MADEIRA NAS JURISPRUDÊNCIAS E NAS RELAÇÕES COMERCIAIS HELOISA HELENA KUABARA Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana. 12/2010 unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS RIO CLARO

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA

A IMPORTÂNCIA DA CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA E COMPORTAMENTAL DAS PRAGAS DE MADEIRA NAS JURISPRUDÊNCIAS E NAS RELAÇÕES COMERCIAIS

HELOISA HELENA KUABARA

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana.

12/2010

unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA

A IMPORTÂNCIA DA CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA E COMPORTAMENTAL DAS

PRAGAS DE MADEIRA NAS JURISPRUDÊNCIAS E NAS RELAÇÕES COMERCIAIS

HELOISA HELENA KUABARA

ORIENTADOR Prof. Dr. Antonio Tadeu de Lelis

Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana.

12/2010

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais (em doces memórias) por mostrar o valor da honra, do caráter, da

lealdade, do estudo e do conhecimento.

A lembrança da querida professora Célia Regina Russo, mesmo que afastada dos

nossos abraços, por ter provar que portas fechadas podem ser reabertas e que sempre

teremos em que nos apoiar e a todos os professores, mestres e educadores que passaram

pela minha vida ajudando a formar quem eu sou.

A cada um dos meus verdadeiros amigos que todos os dias transformam a minha

jornada em uma leve caminhada cheia de paz e felicidade e que se eu tentar citar seus

nomes poderia cometer alguma injustiça.

E aos profissionais que acreditam em um trabalho sério, honesto e árduo e que

buscam no conhecimento as bases para o sucesso.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Lelis por todo o apoio e fé depositados no meu trabalho e em mim, por

impedir que o desespero se transformasse em desequilíbrio. Por dar os conselhos que só

os grandes mestres conseguem com a ternura de um grande amigo.

Agradeço a todos os nossos professores por um dia apostarem nesse curso e pela

iniciativa importante a tantos profissionais da área de controle de vetores e pragas urbanas.

Ao Sergio Bocalini que através da Associação das Empresas Controladoras de

Pragas de São Paulo forneceu dados valiosos para este trabalho.

A Silvia Mancilha, advogada, mãe de jovens escoteiros que ajudou a revisar esse

trabalho como profissional, como leiga em entomologia e até na parte da formatação do

trabalho.

A Eliete Mencaci, advogada, que me permitiu acesso irrestrito a biblioteca da

associação de classe, em busca de informações correlatas.

Ao meu primo Massahiro por passar horas destrinchando um mundo alheio a sua

vida profissional e passar algumas dicas sempre importantes.

Ao meu amigo Fernando Martins, que entre suas viagens a trabalho e lazer

aproveitou seus momentos para ler o meu trabalho e dar suas opiniões como leigo na área.

Aos advogados, estudantes e professores de direito que passaram valiosas horas

conversando sobre o tema abordado e passaram informações importantes sobre leis,

decretos, resoluções e portarias.

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“Enquanto perguntamos de onde o cupim vem, eles se perguntam

de onde veio o homem” (Marcos Potenza)

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RESUMO

Este trabalho apresenta a importância da caracterização biológica e comportamental

das pragas de madeira em casos de relações comerciais, nos tribunais de justiça ou em

níveis administrativos e como esses fatores poderiam influenciar os julgamentos e até

mesmo a operação de algumas empresas controladoras de pragas.

Foram analisadas 10 jurisprudências do Estado de São Paulo que apuram a

responsabilidade nas relações civis sem determinar o tipo de inseto e a biologia da forma

necessária, as vezes baseadas no depoimento de leigos, sem ponderar entre a realidade e

as lendas sobre as infestações de cupins.

A pesquisa documental foi realizada em bibliotecas, no web site oficial do Tribunal

de Justiça do Estado de São Paulo, Fundação PROCON e fórum de discussões do web

site Jus Navigandi, além de outras fontes disponíveis. Entrevistas informais foram feitas

com profissionais de direito, representantes de associações de empresas controladoras,

especialistas e pesquisadores da área.

Foram identificados pontos críticos na legislação vigente que possibilitam a

contratação e atuação de profissionais não especializados ou de empresas irregulares

deixando os contratantes desorientados e causando perdas financeiras ou danos a saúde.

Embora os casos não sejam numerosos nos últimos 10 anos, talvez parte deles

tivesse diferentes caminhos ou nem teriam se iniciado se uma perícia fosse elaborada por

um ENTOMÓLOGO URBANO, retirando dos tribunais casos que poderiam ser facilmente

mediados por juizados especiais ou em níveis administrativos.

Palavras-chave: Cupins, Entomólogo, Tribunais, Responsabilidade, Legislação

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ABSTRACT

This paper discusses the importance of the biological and behavioral characterization

of the wood-infesting pests on various cases of commercial relationships, at legal courts or

administrative levels, and how these factors could influence the court rulings and even on

the daily operations of such companies.

It analyzed the 10 jurisprudences on the State of São Paulo that verify the liability on

the civil relationships without determining the insect type and biology of the necessary form,

who end up judged based on the deposition by lay people, without weighting the truth

versus the legends that surround termite infestations.

The documental research was conducted on specific libraries, official website for the

Court of State of São Paulo, Procon Foundation and Jus Navigandi discussion forum and

other available sources. Informal interviews were conducted with law professionals and

representatives from the plague control associations, and with specialists and researchers.

It identified some crictical points on the current legislation that might open ways to

hiring non specialized personnel or to allow the compannies to unproperly train its

employees, leaving the consumers disoriented and causing financial losses or health

damages.

Although the lawsuits are not numerous on the last decade, maybe part of them

could have had different rulings or could not even being started in the first place, if all initial

reports were elaborated by urban entomologists, clearing the courtrooms of cases that

could be easily handled by special courts or administrative measures.

Key words: Termites, Entomologists, Courts, Liability, Legislation

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

TABELA 1: COMPARATIVO DA TAXONOMIA DE TRÊS GRUPOS DE BIOTERIORADORES DE MADEIRA................ ................................................................. 10

Gráfico 1 : Distribuição, por tipologia, dos 49 casos de reclamações fundamentadas contra empresas controladoras de pragas na Fundação PROCON entre os anos de 2004 e 2009......................................................................................................................................32 Gráfico 2 : Classificação simples dos 11 registros encontrados no forum do sítio eletrônico Jus Navigandi........................................................................................................................33

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 10

1.1 PRINCIPAIS BIODETERIORADORES DE MADEIRAS............................................. 10

1.1.1 Fungos ................................................................................................................................. 10

1.1.2 Brocas .................................................................................................................................. 11

1.1.3 Cupins .................................................................................................................................. 11

1.1.3.1 Cupins de madeira seca (Kalotermitidae) ........................................................................... 11

1.1.3.2 Cupins subterrâneos (Rhinotermitidae) .............................................................................. 12

1.1.3.3 Cupins arborícolas (Termitidae)......................................................................................... 13

1.1.3.4 Cupins de gramados (Termitidae) ...................................................................................... 14

1.2 CONTROLE DE CUPINS ...................................................................................................... 15

1.2.1 Controle da infestação de cupins de madeira seca ou brocas ................................................. 15

1.2.2 Controle da infestação de cupins subterrâneos ...................................................................... 16

1.2.3 Controle da infestação de cupins arborícolas ........................................................................ 16

1.2.4 Controle da infestação de cupins de gramados ...................................................................... 17

1.3 GARANTIA........................................................................................................................... 17

2 JUSTIFICATIVA...................................................................................................................... 18

3 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 19

4 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................................... 20

5 ESTUDO DE CASOS ................................................................................................................ 22

5.1 Discussões dos casos ............................................................................................................... 25

6 ÓRGÃOS DE DEFESA DO CONSUMIDOR ............................................................................ 31

7 RESPONSABILIDADE TÉCNICA ........................................................................................... 34

8 DISCUSSÃO ............................................................................................................................. 37

REFERÊNCIAS............................................................................................................................ 38

GLOSSÁRIO ................................................................................................................................ 41

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1 INTRODUÇÃO

A falta de suporte técnico-científico ao Judiciário sobre as infestações de cupins

levam a processos que muitas vezes se arrastam por anos. Tais julgamentos são ainda

dificultados pela má fé de algumas pessoas, pela complexa biologia dos cupins e pela

abundância de informações incorretas distribuídas nos meios de comunicação.

Nota-se também, em alguns casos julgados, aparente superficialidade das

informações apresentadas e a jurisprudência definida sem o uso de um perito em

entomologia urbana capacitado tecnicamente para elaborar um relatório preciso.

Este trabalho analisa 10 processos judiciais envolvendo problemas com

biodeterioradores de madeira, apresenta base para novos estudos relacionados e

pretende servir como orientação ao poder judiciário auxiliando-o nos julgamentos de

casos dessa natureza.

Algumas características sobre os biodeterioradores de madeiras estão descritas

para facilitar o entendimento das discussões.

1.1 PRINCIPAIS BIODETERIORADORES DE MADEIRAS

Os insetos que se alimentam de madeira são chamados de xilófagos (do grego:

xylon = madeira, phagein = comer), segundo Lelis et al. (2001). Dentre os

biodeterioradores podemos destacar três grupos distintos e as principais diferenças.

TABELA 1: COMPARATIVO DA TAXONOMIA DE TRÊS GRUPOS DE BIOTERIORADORES DE MADEIRA

Cupins Brocas Fungos

Reino Animalia Animalia Fungi Filo Arthropoda Arthropoda --

Classe Insecta Insecta --

Ordem Isoptera Coleoptera --

Família -- -- --

Gênero -- -- --

Espécie -- -- -- FONTE: O autor (2010)

1.1.1 Fungos

Os fungos são organismos que necessitam de compostos orgânicos como fonte de

alimento. Disseminam-se por meio de esporos e no caso de madeira podem causar

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manchas mais conhecidas como bolor e podridão. Para que ocorra a deterioração por

fungos alguns fatores como teor de umidade, temperatura e pH devem ser específicos a

cada grupo de fungos (Lelis et al., 2001)

1.1.2 Brocas

As brocas são insetos coleópteros (koleus=estojo, pteron=asas), xilófagos,

frequentemente confundidos com cupins por expelirem resíduos das peças atacadas.

Entretanto, como mostra a tabela 1, pertencem a ordens diferentes.

Não são insetos sociais, mas geralmente são gregários, com ciclo biológico

normalmente longo, podendo ter hábitos diurnos ou noturnos. Infestam árvores e

palmeiras vivas ou mortas, plantas e sementes diversas, madeiras (secas ou verdes) e

derivados, dentre outros materiais (Zorzenon, informação pessoal, 20101).

Os danos são orifícios circulares de cerca de um mm de diâmetro, pó fino ou de

granulometria variada, expelidas pelas larvas e deixadas junto aos furos (Zorzenon, 2006)

O controle é similar ao de cupins de madeira seca.

1.1.3 Cupins

Os cupins constituem a ordem Isoptera. São todos insetos sociais, constituindo

colônias com diferentes tipos de indivíduos: reprodutores, operários e soldados. Os

conhecidos "siriris" ou "aleluias", que aparecem em determinadas épocas do ano,

revoando em torno das luminárias de nossas casas e das ruas, são os reprodutores

maduros, que saem das colônias mães para fundar novas colônias. Há diversos hábitos

de nidificação entre as espécies e dependendo do local ou substrato onde a colônia se

desenvolve os cupins são chamados, por exemplo, de: cupins-de-madeira-seca, cupins-

subterrâneos ou cupins arborícolas (Lelis et al., 2001).

1.1.3.1 Cupins de madeira seca (Kalotermitidae)

Os cupins de madeira seca possuem colônias pequenas (cerca de 1000 indivíduos)

e que se desenvolvem exclusivamente das peças de madeira da qual se alimentam

(madeira seca). Segundo Zorzenon (2006), suas fezes, granulosas como areia grossa,

não devem ser confundidas com os resíduos oriundos da atividade das brocas (insetos da

ordem Coleoptera).

1 Francisco Zorzenon é professor do curso de Entomologia Urbana nas aulas sobre Brocas e pragas em arborização

urbana.

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A espécie mais representativa desse grupo é Cryptotermes brevis, que em geral é

uma espécie antropófila.

São características da infestação os orifícios circulares, com 3 a 4 mm de diâmetro

e bordas uniformes muitas vezes, fechados com uma película semelhante à cera. Há

deposição de resíduo na forma de montículos, abaixo dos orifícios, com textura bem

granulada. Quando examinado sob lupa, mostrando partículas de tamanho mais ou

menos uniforme, formato cilindróide com pontas arredondadas, e 6 estrias longitudinais

(Milano, 1995).

Nas áreas urbanas geralmente, ataca peças e objetos de madeira manufaturados

pelo homem e madeiras das estruturas como forros, rodapés, batentes, etc. É uma

espécie das mais destrutivas de monumentos históricos. Peças de pano, como cortinas,

ou livros em contato com peças infestadas também podem ser danificadas. (Costa-

Leonardo, 2002).

Madeiras ou móveis podem ser infestados a partir da proximidade com as peças

infestadas (nesse caso, por infestar peças pequenas como quadros e móveis o transporte

e disseminação da praga são facilitados pela ação humana) e através de revoadas a

partir de seus alados (Costa-Leonardo et al., 2007).

1.1.3.2 Cupins subterrâneos (Rhinotermitidae)

O grupo chamado de “cupins subterrâneos” reúne várias espécies-praga inclusive

que não necessariamente tem hábitos subterrâneos, um agrupamento aceito inclui o

Coptotermes gestroi, Heterotermes spp.

Raramente produzem orifícios na superfície das peças atacadas;

Constroem galerias com aspecto de solo em paredes, tetos, interior de armários,

caixas de tomadas de luz e interruptores, e encanamentos; (Milano, 1998)

Há uma ampla variedade de materiais que têm sido danificados por C. gestroi, tais

como madeira das estruturas, papel, papelão, cabos elétricos e telefônicos, plásticos,

reboco, couro, tecidos, isopor, metal, borracha, betume, gesso e árvores vivas (Fontes,

1999). Alguns desses materiais não celulósicos, como plástico, borracha, metal, entre

outros, não são usados para a alimentação dos cupins e sim são danificados quando o

inseto está a procura de madeira ou de produtos celulósicos. Produtos que tem

componentes celulósicos podem e são muitas vezes incorporados à dieta desses insetos.

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Segundo Costa-Leonardo (2002) as madeiras mais severamente afetadas são as

de menor densidade, porém nada impede a infestação em madeiras consideradas

nobres. C. gestroi também é encontrado em árvores urbanas e por consumir

principalmente o cerne frequentemente estas aparentam saúde até que intempéries as

tombem. Por vezes os túneis construídos por esses cupins são visíveis no tronco dessas

árvores, abaixo da casca ou por entre rachaduras existentes no tronco.

Os cupins penetram pelas raízes das árvores e podem infestar tanto árvores jovens

como adultas. Geralmente as árvores infestadas não são sadias, por diversas razões ex.:

sofreram podas erradas, têm pouco solo disponível ao seu redor, estão afetadas pela

poluição do ambiente urbano, etc.; mas isso não é uma regra geral, uma vez que existem

relatos de plantas aparentemente saudáveis atacadas por esses insetos (Zorzenon,

2009).

Nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, é muito comum a infestação de

arbustos ornamentais em jardineiras de edifícios, mas C. gestroi já foi encontrado em

diversas árvores urbanas tais como: sibipiruna, tipuana, quaresmeira, paineira,

guapuruvu, jacarandá mimoso, ipê, álamo, abacateiro, figueira, palmeira, eucalipto, falsa

seringueira, acácia, abacateiro, cássia, alecrim, alfeneiro, pinheiro, choupo, pata de vaca,

espatódea, mamorana-da-terra-firme e angico branco. Também já foram observadas

raízes de plantas arbustivas, como por exemplo, cróton de jardins, sendo consumidas

pelo inseto. É fácil detectar a passagem desse cupim pelas madeiras ou objetos, pois ele

deixa marcas características por meio da deposição de pequenas goras de fezes e adição

de solo. (Costa-Leonardo, 2002)

A espécie Heterotermes tenuis é considerada praga agrícola e urbana no Brasil,

onde já foi encontrada danificando diversas culturas, plantas vivas e até mesmo

gramíneas das pastagens, e ainda costuma infestar casas e edificações, onde consome

madeiras e derivados celulósicos (Araújo, 1958 apud Costa-Leonardo, 2002).

1.1.3.3 Cupins arborícolas (Termitidae)

Nasutitermes corniger é considerado um cupim-praga, principalmente no Estado de

São Paulo. É bastante comum a ocorrência de ninhos em árvores próximas a casas que

apresentam problema de ataque de N. corniger, contudo nem sempre os túneis de

comunicação podem ser vistos, pois a conexão de ataque pode ocorrer por meio do solo.

Muitas vezes, os cupins nidificam no madeiramento do telhado ou do forro das casas e

seus túneis escuros são facilmente visíveis na parede dessas edificações. A espécie

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destrói madeira dura ou mole, seca ou úmida, trabalhada ou não. (Bandeira et al., 1989,

1998 apud. Costa-Leonardo, 2002).

Microcerotermes sp. em São Paulo tem sido encontrado somente na região

litorânea. Em áreas naturais, se alimentam de plantas vivas nas quais se instalam e

também da vegetação próxima. Em áreas urbanas invadem as edificações pelo solo ou

por meio de túneis é comum a presença de ninhos arborícolas próximos a edificação

infestada, presença de túneis escuros e de soldados nasutos (N. corniger) com odor

específico e soldados mandibulados (Microcerotermes sp.).

Ambas as espécies destroem madeiras de telhado (vigas ou ripas), armários

embutidos, rodapés em madeira e nas áreas externas cercas, mourões, postes de

madeira, árvores vivas ou mortas.

Infestações por cupins subterrâneos ou arborícolas podem ter origem na

edificação, ou externamente a ela. Também não é incomum que ocorram infestações

mistas, com colônias internas e externas, independentes.

Em infestações de origem interna, operações de controle perimetrais podem

confinar e piorar a infestação, assim como operações internas, se parciais, podem levar a

infestação a disseminar. Em infestações de origem externa, controles perimetrais podem

não resultar em proteção plena, e operações internas podem resultar apenas em uma

ilusão de prevenção contra futura invasão (Milano, 2002).

1.1.3.4 Cupins de gramados (Termitidae)

Infestam diversas espécies de gramíneas e sua estratégia principal consiste em

cortar as pontas da grama.

São visíveis o amarelecimento e seca em reboleiras no gramado e dificuldade de

rebrota, corte nas pontas da grama e em algumas ocasiões montes de terra achatados

(Potenza, 2006)

Os danos são basicamente para o paisagismo e bastante comuns em áreas

urbanas.

Tratamentos usuais consistem em infiltração de calda no solo e se possível

substituição do gramado. Também é possível realizar o tratamento com infiltração em alta

pressão diretamente nos olheiros.

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1.2 CONTROLE DE CUPINS

Conhecimento da biologia geral do cupim infestante, como de qualquer praga, é

imprescindível para se obter sucesso em qualquer intervenção, seja de caráter preventivo

ou curativo (Fontes, 1995).

Entender a complexidade do universo urbano pode ser decisivo para que se

obtenha o controle da infestação por cupins (Fontes, 1995)

Durante a elaboração do orçamento para a execução de um serviço de controle de

cupins, conhecerem detalhadamente a estrutura de custos (tanto diretos, quanto

indiretos) necessários para a condução do serviço é importante. Os serviços de controle

de cupins são freqüentemente intensivos em termos de mão-de-obra e consumo de

defensivos químicos. Assim, estabelecer estratégias consistentes e inteligentes, e um

orçamento com base numa análise realista da situação, é fundamental. Muitas vezes, a

falsa ilusão de ganhar muito dinheiro com um serviço se esvai em pouco tempo, em

função do volume de solicitações de retorno. (Milano, 1998)

A combinação adequada das providências, para cada caso específico, determinam

a diferença entre as boas e as más estratégias. Uma boa estratégia é aquela que permite

resolver o problema de forma racional e inteligente, reduzindo o impacto ambiental, o

risco toxicológico e o custo da intervenção, ao mínimo necessário para obter o controle.

Uma estratégia mal formulada pode, também, superdimensionar as intervenções

necessárias para sanar o problema. Neste caso, muitas vezes o problema é resolvido,

porém a um custo toxicológico, ambiental e econômico acima do necessário. (Milano,

2002)

1.2.1 Controle da infestação de cupins de madeira seca ou brocas

Nos Anais da XII Reunião Itinerante de Fitossanidade do Instituto Biológico,

encontramos a publicação do pesquisador Marcos Roberto Potenza (2005) que diz: “Em

muitos casos não é necessário se desfazer de móveis, livros e outras peças por estarem

infestadas por cupim de madeira seca ou brocas. Para muitas das situações existe uma

solução, sendo na maioria das vezes menos onerosa que a reposição das peças

atacadas. Somente a retirada dos objetos infestados do local, não elimina a possibilidade

de existirem outros focos. O tratamento corretamente realizado elimina a infestação e

previne a reinfestação devido a ação residual dos inseticidas.”

As estratégias contra brocas e cupins de madeira seca envolvem,

fundamentalmente, a eliminação das populações existentes nos elementos infestados e,

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quando necessário, o tratamento preventivo em elementos sem evidências de ataque.

Isso implica em executar um conjunto de intervenções localizadas, de pequeno porte, em

elementos atacados ou suscetíveis de virem a sê-lo. (Milano, 1998)

1.2.2 Controle da infestação de cupins subterrâneos

Diversas metodologias são aceitáveis para controle dos cupins subterrâneos da

família Rhinotermitidae (Coptotermes e Heterotermes) como, por exemplo, a remoção dos

ninhos (de difícil localização e embora elimine grande parte dos cupins, não extingue o

problema), tratamento das madeiras no local da infestação através de pincelamento /

pulverização nas peças expostas, insuflação de pó inseticida nos conduítes e outros

pontos estratégicos onde não pode haver inseticida líquido, barreira química aplicada no

solo no entorno da edificação ou iscagem em pontos infestados e monitoramento geral.

No caso de cupins subterrâneos, tratamentos convencionais localizados,

executados apenas nos elementos atacados, normalmente contribuem para expandir a

infestação, em vez de eliminá-la. A quantidade de cupins mortos nos tratamentos

localizados é irrisória, em frente ao tamanho total da colônia, e os indivíduos

remanescentes vão buscar novas fontes de alimento em outros pontos, geralmente dentro

da mesma edificação.

Devido ao grande porte das populações de cupins subterrâneos, à sua alta

voracidade e capacidade de movimentação pela edificação, e à grande dificuldade, ou

mesmo impossibilidade em alguns casos, de localização dos ninhos responsáveis pela

infestação, as estratégias contra estes cupins geralmente envolvem uma, ou a

combinação das seguintes providências:

a) Remoção das colônias (quando possível);

b) Criação de barreiras químicas que impeçam seu acesso à alvenaria

(quando existem evidências de infestação proveniente de ninhos subterrâneos);

c) Criação de restrições à movimentação dos cupins pelo interior da

alvenaria (quando existem evidências que isto está ocorrendo); e

d) Criação de restrições ao acesso dos cupins a fontes de alimento.

1.2.3 Controle da infestação de cupins arborícolas

O controle de cupins em árvores começa no diagnóstico da infestação e depois o

procedimento de perfuração e injeção de calda cupinicida no tronco. O uso de calda

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bordalesa para impedir a proliferação de fungos e a obliteração do orifício para evitar o

apodrecimento também são necessários. Quando o ninho é visível, pode-se fazer a

remoção (Zorzenon, 2009).

1.2.4 Controle da infestação de cupins de gramados

Para controle de cupins em gramados, recomenda-se a aplicação de produtos em

volumes adequados sob a área atacada, obedecendo a um sistema de quadrantes para

garantir correta dispersão da calda na área afetada.

1.3 GARANTIA

“O termo garantia pode dar a impressão errônea a alguns profissionais, ou aos

clientes (...)” (Milano, 2002)

O trabalho de controle de pragas é uma atividade-meio. Ou seja, o profissional de

controle aplica todo o seu conhecimento teórico e prático na solução do problema, com o

objetivo de eliminar a infestação e prevenir sua recidiva ou novas invasões. Porém, lida

com um agente biológico, com uma complexidade de variáveis ambientais (estrutura e

condições físicas do ambiente estrito onde se realiza sua ação, e variáveis presentes nos

entornos desse local, imediatos ou distantes) e com toda uma complexidade cultural

(práticas culturais relativas à utilização do local onde realiza o trabalho de controle). Nem

sempre (aliás, muitas vezes) o controlador de pragas tem êxito ao tentar interferir em

determinadas condições ou práticas culturais. Claro que isso não o exime da

responsabilidade de diagnosticar esses problemas e apontá-los ao seu cliente, na forma

de comunicação escrita (relatório, proposta de serviço, etc.) e oral. Na prática, porém

encara-se o controle de pragas como uma atividade-fim (com o objetivo de gerar um

resultado 100% eficaz e seguro), o que é impossível de se obter (Oliveira-Costa, 2007).

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2 JUSTIFICATIVA

Alguns casos previamente analisados tentam apurar responsabilidades sem

determinar sequer o tipo de inseto e por vezes são julgados com base em depoimentos

de leigos, sem diferenciar espécies ou ponderar entre a realidade e as lendas que

envolvem as infestações de cupins.

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3 OBJETIVOS

Analisar as jurisprudências e outros dados sobre infestações de pragas de madeira

no Estado de São Paulo desde o ano 2000 e determinar a importância da caracterização

da biologia e o comportamento dos cupins em cada caso. Demonstrar a importância de se

ter um profissional especializado no assunto. Visa ainda identificar de modo simples quais

as principais diferenças entre alguns tipos de cupins e outros insetos xilófagos

possibilitando ou não a atribuição de responsabilidades.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

Para melhor andamento do projeto, diversos temas foram trabalhados

simultaneamente, uma vez que não dependiam de ordem para desenvolvimento.

A pesquisa bibliográfica foi realizada pela internet em bases de dados científicos e

em bibliotecas comuns em busca de livros sobre os assuntos abordados. Para simplificar

o entendimento sobre pragas que infestam madeiras, fator fundamental no julgamento de

situações que envolvem leigos é apresentada mais adiante, uma breve descrição das

espécies mais comuns no meio urbano.

A pesquisa documental foi realizada nas bibliotecas de direito, onde não foram

encontrados casos registrados e foram pesquisados o dicionário jurídico, alguns

ensinamentos jurídicos e a legislação vigente, no sítio eletrônico oficial do Tribunal de

Justiça do Estado de São Paulo, onde foram encontrados 229 citações, fórum de

discussões do portal Jus Navigandi, com 11 relatos e sítio da fundação de defesa do

consumidor com 49 casos, sendo analisados casos a partir do ano 2000.

Foram entrevistados informalmente 20 profissionais da área de direito e

representantes de associações da área de controle de pragas, além de especialistas e

pesquisadores.

Questionários foram aplicados via internet a advogados e estudantes de direito e

profissionais da área com o objetivo de levantamento de dados preliminares. Esses

formulários foram disponibilizados pelo sítio eletrônico

http://www.formassembly.com/2454 e após o registro dos dados, foram excluídos do

servidor. As respostas foram fornecidas por 35 pessoas.

As perguntas a seguir foram disponibilizadas pela internet e respondidas por

representantes de 36 empresas da área. A divulgação do questionário foi feita através de

redes sociais:

1. Sua empresa fornece proposta financeira por escrito contendo o

nome do produto a ser usado, concentração, local de aplicação e volume?

2. Os vendedores / orçamentistas têm meta a alcançar?

3. Os vendedores / orçamentistas têm especialização ou formação em

nível superior na área de atuação?

4. Quando o material a ser tratado está muito danificado, mas o cliente

não tem acesso fácil para visualização, vocês negam o serviço e alertam sobre os

fatos?

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5. Quanto tempo você oferece como garantia?

6. Qual é a formação acadêmica do seu responsável técnico?

7. Seu responsável técnico possui especialização na área reconhecida

pelo MEC?

8. Você compreende e atende todos os parâmetros relatados na CVS

09/00? (somente para o Estado de São Paulo)

9. Você compreende e atende todos os parâmetros relatados na RDC

52/09?

10. Nos últimos 10 anos sua empresa esteve envolvida em algum

processo civil, criminal, trabalhista ou teve algum registro em órgãos de defesa do

consumidor?

Perguntas disponibilizadas na internet e respondidas por 12 profissionais e alunos

da área de direito. A divulgação foi através de redes sociais e alunos.

1. Você já se deparou com algum caso envolvendo o tema cupins?

2. Possui acesso a profissionais especialistas em entomologia que

possam emitir laudos técnicos sobre pragas urbanas?

3. Onde você buscaria dados sobre a documentação, materiais,

equipamentos e técnicas utilizadas pelas empresas controladoras de pragas?

4. Você conhece a legislação vigente específica para empresas

controladoras de pragas que define as informações mínimas contidas nos

documentos?

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5 ESTUDO DE CASOS

Em consulta livre realizada no sítio eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado de

São Paulo com as palavras-chave “cupim”, “cupins”, “descupinizadora”, “dedetizadora” e

“controle de pragas”, com resultados diretos foram de 182, 333, 235, 34 e zero

ocorrências.

Após cuidadosa leitura do material divulgado, triagem dos materiais de interesse e

que não correram em segredo de justiça, foram resumidos alguns documentos que

servirão como base para a discussão geral.

Embora as informações estejam disponíveis para livre consulta, este trabalho não

visa fomentar recursos ou qualquer outro tipo de apelação os casos aqui não serão

identificados.

CASO 01: Esquadrias em madeira e venezianas adquiridas foram instaladas em

imóvel e o autor do processo alega que as peças revelaram-se inadequadas para o seu

fim, apresentando defeitos ocultos e/ou não aparentes, caracterizando a existência de

vícios redibitórios.

Argumenta que a deterioração dos materiais não ocorreu em razão de

comportamento culposo do autor que teria adotado todas as providências necessárias em

relação ao acondicionamento e tratamento dos produtos

O autor apenas juntou aos autos laudo produzido unilateralmente por um

engenheiro contratado para esse fim, noticiando a existência de manchas e pequenos

furos nas peças de madeira, produzidos por insetos do tipo "broca" ou "cupim", e abertura

excessiva entre algumas paletas. Segundo relatado na jurisprudência, nem mesmo o

referido laudo é conclusivo no sentido de que as anormalidades constatadas sejam

decorrentes de defeito ou de má qualidade do produto entregue pela ré.

Caso 02 - Móvel comercializado - Cerceamento de defesa (apelação) Apela a ré

(empresa), sustentando a nulidade da referida sentença, por ocorrência de cerceamento

de defesa, face à ausência de dilação probatória para a produção da prova pericial.

Alega, no recurso, que não havia cupins no sofá, “mas uma broca, que é um fungo bem

diferente do cupim e, ao contrário deste, não se alastra pelos móveis da casa”.

A ré afirma que o autor fez reclamação a respeito da existência de cupins no sofá e

que, atendendo à reclamação do consumidor, procedeu a novo tratamento da madeira

empregando o melhor produto do mercado para descupinização.

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Entretanto, a ré afirma que seus técnicos não constataram a existência de

infestação de cupins.

No acórdão, o juiz relator discute: “Se não havia cupins, como justificar a aplicação

do produto químico em toda a madeira do sofá? Se não havia cupins não seria mais fácil

demonstrar ao consumidor este fato? Cupins em atividade deixam vestígios perceptíveis

a olho nu. Por que a aplicação do melhor produto do mercado se não havia cupins, como

insiste a ré? Os sofás estavam infestados por cupins. É uma praga que se alastra pelos

móveis e pelo madeiramento da casa”.

Ainda nos termos do relato, não há prova de que havia cupins no sofá. O fato de a

ré ter feito novo tratamento cautelar na madeira do produto não pode ser-lhe imputado

como má-conduta, nem de reconhecimento de que havia cupins.

A observação no texto diz que ao contrário, se a ré resolveu tratar a madeira, o fez

para cumprir a exigência do § 1o, do artigo 18, do Código de Defesa do Consumidor

(CDC) que traz o seguinte texto: “Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou

não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os

tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o

valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes

do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as

variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das

partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,

alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de

eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.”

Caso 03 - Móveis antigos comercializados no interior paulista: Esse caso refere-se

a um lote de peças antigas adquiridas por um grupo de restauradores e que

posteriormente seriam revendidas a terceiros. Os compradores alegam ter sido

enganados e tentam recorrer ao CDC. Alega, porém, o juiz que o CDC não se aplicaria ao

caso por não se tratar de relação com o consumidor final e cita "que os móveis, desde o

início, indicavam vestígios da presença de cupins, o que é perfeitamente previsível em

relação aos móveis de antigüidade, e que, em relação aos outros, o prazo prescricional é

aquele de quinze dias, contados da tradição, nos termos do artigo 178, parágrafo 2o, do

Código Civil de 1.916." Nesse caso deixa de ser referência o CDC e passa a ser o próprio

Código Civil mesmo que esteja em desacordo com a realidade atual.

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Caso 04 - Prefeitura processando construtora: A prefeitura de um município da

região metropolitana de São Paulo processa uma construtora por entregar um imóvel com

infestação de cupins. No memorial descritivo da obra se cita o aproveitamento de alguns

tarugos "na medida do possível". Algumas citações da prova oral (depoimentos) afirmam

que o local era uma fábrica de móveis e que os problemas com cupins sempre teriam

existido, alegam ainda que se o problema "já existia, não devia ser perceptível, e se não

era perceptível à autora, não poderia ser à ré". Que, como acima visto, não foi obrigada a

substituir integralmente a estrutura. Pelo contrário. Daí porque não se pode dar por mal

executado o contrato.

Caso 05: Agrupamento de casos similares: Queda de árvores - Em alguns casos

analisados, munícipes processam a administração pública municipal em decorrência de

queda de árvores plantadas no passeio público sobre bens móveis ou imóveis e até

mesmo pessoas. A defesa da municipalidade nesses casos era de que se tratava de

casos de força maior sem possibilidade de controle por agentes externos.

Caso 06 – Odor característico de serviço de descupinização força a quebra de

contrato de locação entre outros. A empresa controladora foi acusada de causar danos

maiores do que a presença de cupins, obrigando a contratante a se desfazer de móveis e

rescindir o contrato de locação que estava em nome de terceiros (sublocação). Ocorre

que o produto utilizado no ano de 2002, conforme assumiu a ré, continha enxofre em sua

formulação e foi diluído em querosene. Ainda nesse processo, a ré reconhece ter feito

uma pulverização da calda ao invés da injeção e infiltração. Consta nos autos que a o

laudo técnico emitido afirmava sobre a composição química do produto e sobre as

características normais de técnicas de aplicação, porém a perícia não contemplou os

danos aos móveis constatando apenas que existia odor e que parte dos móveis (cobrados

pelo autor da ação) eram de aço.

Caso 07 – Forro desaba após execução de serviço. Uma empresa controladora

realizou o serviço de descupinização e garantiu por 03 (três) anos o extermínio de cupins

(palavras do acórdão). Poucos meses depois da execução do serviço, o forro desaba. A

empresa disse que realizou apenas a pulverização, embora seus orçamentistas tenham

informado que deveriam ser feitos furos para permitir a penetração do produto.

Caso 08 – Um mês após a celebração do contrato, o locatário informa que seus

móveis foram danificados em razão da preexistência de cupim e que o imóvel se tornara

imprestável para o uso normal e pede ressarcimento sobre suas perdas.

Consta do contrato a vistoria feita pelo locatário, que recebera o imóvel em perfeito

estado.

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De acordo com os documentos juntados trata-se de cupim subterrâneo, localizado no

imóvel e nas proximidades, como por exemplo, em árvore existente na calçada, na qual

havia ninho da espécie. A alegação por parte do locador é de que houve uma vistoria

prévia que comprovaria que o imóvel fora entregue em condições de habitabilidade.

Caso 09 – Condomínios. Em situações de imóveis com um terreno e várias

unidades e onde seus usuários dividem parte das áreas e tem autonomia em outras se

estabelece um complexo sistema de responsabilidades. No caso analisado observamos

um proprietário que entra com ação contra o condomínio argumentando danos no

madeiramento do telhado, calhas e infiltrações devido a presença de cupins subterrâneos.

Foram estabelecidas diversas vistorias e provas periciais mostram indícios de infestação

em caixas de antenas, caixões perdidos e outras áreas, inclusive outras unidades

autônomas.

Caso 10 – “Golpe do cupim”. Esse é um procedimento conhecido e citado por

muitos no ramo da prestação de serviços de controle de pragas urbanas. Trata-se de um

orçamento que menciona o uso de certa quantia de calda inseticida e após a execução do

serviço, a alegação em contrato, do uso de volume muito maior incorrendo em cobrança

abusiva (nesse caso, 29 vezes maior). Constou na sentença que o aditamento seria

abusivo, uma vez que “a tarefa a ser desempenhada não demandava grandes aparatos

técnicos ou qualificação específica de profissionais para a realização dos serviços. Além

do mais, o material químico se encontra facilmente no mercado, sendo inegável o caráter

abusivo pela desproporcionalidade ante a simplicidade da obrigação”.

5.1 Discussões dos casos

Caso 01 - Nesse caso em especial, o autor relata vício oculto em materiais

adquiridos e recorre a um laudo de um engenheiro, não necessariamente agrônomo ou

ambiental. Não há no documento mencionado a identificação da espécie ou mesmo

citações de artigos científicos que possam sugerir a culpa do fornecedor ou do

consumidor.

Desconsidera a principal característica que diferencia a infestação por cupins de

madeira seca da infestação por cupins subterrâneos e menciona que nem o laudo emitido

por engenheiro contratado para esse fim seria conclusivo.

Se a infestação fosse de cupins subterrâneos o problema poderia ser do imóvel

onde as peças foram instaladas ou armazenadas e não caberia a responsabilidade da

empresa ré.

Caso 02 - Nesse caso o objetivo do recurso era apelar contra o cerceamento da

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defesa. O móvel teria sido vendido com infestação de cupins. Ao relatar a ocorrência e

para atender o CDC na exigência do 1º, do artigo 18 (do vício) a empresa realizou um

tratamento com um produto que alegava ser o melhor do mercado, mesmo sem encontrar

sinais de infestação. A autora do processo alega que se não havia infestação, por que a

empresa teria realizado tal procedimento? E que o próprio procedimento teria sido uma

aceitação de culpa. Mas não foi produzida qualquer prova pericial técnica provando haver

ou não infestação no referido móvel e a alegação de que “broca é um fungo diferente do

cupim” compara três distintas famílias da taxonomia conforme a tabela previamente

apresentada.

Nesse caso, fica clara a inobservância sobre uma das bases da ciência que é a

taxonomia. As pragas citadas no caso, pouco se assemelham na classificação sendo que

o fungo não possui qualquer similaridade com os insetos xilófagos e os danos geralmente

apresentados.

Quimicamente existem grandes diferenças entre os produtos de venda livre ao

consumidor e os domissanitários de uso exclusivo profissional e que segundo a legislação

vigente a venda desses produtos é restrita e seu uso é regulado por diversas normas,

portarias e resoluções, portanto, para a realização do serviço deveria ter sido contratada

uma empresa controladora de pragas devidamente regulamentadas o que não é

mencionado no relato da jurisprudência.

Caso 03 - Nesse caso, o mais provável é que se trate de cupins de madeira seca

ou brocas nos móveis. Se considerarmos a hipótese de uma infestação por cupim

subterrâneo a infestação local poderia ter se alastrado para as peças armazenadas.

Novamente a perícia não foi mencionada, deixando uma possibilidade de falhas de

entendimento. Subentende-se que tanto restauradores quanto fornecedores tenham

ciência da biologia dos grupos de xilófagos e que não tenham divergido de que o cupim

era de madeira seca e que a única questão era a aplicabilidade do Código Civil ou do

Código de Defesa do Consumidor.

Caso 04 - Resta saber mais uma vez qual é a espécie em questão. Porque se

falamos de cupins de madeira seca, já sabemos que a retirada das peças infestadas seria

suficiente para controlar as perdas econômicas futuras, mas, se ao contrário o caso for

sobre cupins subterrâneos a construtora não tem metodologia não onerosa para limitar a

infestação durante a obra, sendo nesse caso, necessária uma revisão do contrato.

Em geral as contratações por entidades governamentais dependem de processos

licitatórios que devem ser bem analisados. Por contratar as empresas que oferecem o

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serviço pelo menor preço as prestadoras de serviços devem se cercar de meios para

incluir novos serviços no contrato ou evitar prejuízos.

A única dúvida no segundo caso seria definir se a contratada assumiu os riscos ao

realizar a obra sem consultoria especializada e vistoria minuciosa ou se a infestação

independe do material aproveitado ou da obra realizada.

Caso 05 - No ponto de vista legal, temos que nos referir a Carta Magna

(Constituição Federal de 1988) que nos fornece algumas bases de conduta e já ensinava

Yussef Cahali (1984) que "as árvores plantadas ou existentes nas vias públicas integram

o patrimônio urbanístico da cidade; competem às autoridades municipais a sua

fiscalização e conservação, cuidando dos cortes oportunos para evitar que a queda de

galhos, ou da própria árvore, possa causar danos aos particulares. Essa obrigação

insere-se na regra geral: quem tem a obrigação de guarda em relação a uma árvore é

responsável pelos danos causados pela queda de seus galhos resultante de

apodrecimento", concluindo que "no plano da responsabilidade civil do Estado, a

jurisprudência tem-se mostrado rigorosa nessa atribuição do dever de indenizar a cargo

da entidade pública, em razão de tais eventos".

Afirma ainda que "A causa geradora do dano poderá ser representada por uma

atividade lícita, normal, da Administração Pública, como por um ato anormal, ilícito de

seus agentes; para a determinação da responsabilidade civil do Estado, reclama-se,

porém a existência de um nexo causal entre o dano e a atividade ou omissão da

Administração Pública, ou de seu nexo com o ato do funcionário, ainda que lícito, ainda

que regular. Estabelecendo o liame causal, a decorrência do dano à causa da atividade

ou omissão da Administração Pública, ou de seus funcionários, surge daí o dever de

indenizar" (op. cit.).

E é justamente sob a alegação de caso fortuito ou força maior (ventos ou chuvas

fortes) que administradores públicos tentam se isentar das responsabilidades. Daí vem a

importância de um trabalho sério de avaliação da saúde da arborização urbana como um

todo.

No ano de 2009, Francisco Zorzenon, procurou estabelecer fórmulas para projetar

um risco matemático de queda de árvores em função das agressões físicas e biológicas

por ela sofridas.

Citados sempre como principal motivo da queda das árvores, os cupins podem não

ser tão algozes quanto descrito por leigos.

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Outros fatores podem e devem ser analisados com atenção como a poda drástica,

realizada principalmente para a manutenção da rede elétrica aérea, corte de raízes que

alteram as bases de fixação e enfraquecem a árvore, em geral esse corte favorece a

integridade dos passeios públicos. Com o mesmo objetivo de paisagismo e conservação

do passeio público também podemos citar as caixas de plantio subdimensionadas e com

substratos inadequados.

Nesse caso, caberia a administração pública fiscalizar e monitorar a totalidade da

arborização urbana para impedir que empreiteiras realizem cortes nas raízes e garantir

que ao construir caixas de plantio utilize medidas adequadas a saúde das plantas e

impedir que mantenedores de redes realizem podas drásticas para preservar a fiação

aérea, além é claro de zelar pela saúde da árvore como um todo.

Caso 06 - Nesse caso, a perícia foi realizada com o objetivo de determinar o valor

da indenização e se haveria respaldo para a quebra do contrato de locação.

A empresa controladora de pragas urbanas utilizou metodologia incorreta

(conforme confessou nos autos) e desconsiderou a viabilidade técnica do serviço.

Existem diversos produtos registrados para o controle cupins e brocas sendo muitos com

pouquíssimo odor e baixo nível de toxicidade. É verdade, porém, que na época do

serviço, fossem disponíveis e amplamente comercializados produtos com toxicidade

aguda e muito odor, sem que fosse a única opção disponível.

Uma inspeção detalhada talvez fornecesse dados suficientes para que a

prestadora de serviços fosse responsabilizada também no caso da quebra de contrato da

locação e não só dos estragos causados aos móveis, assumindo toda a responsabilidade

técnica e civil.

Caso 07 - A dúvida sobre esse serviço ficou sobre as informações transmitidas e a

técnica aplicada. Se o madeiramento do forro estava tão danificado ao ponto do prestador

de serviços que identificou a presença de cupins alegar na prova oral que a madeira “se

dissolvia nas mãos”, por que uma empresa não alerta o contratante sobre a necessidade

dos reparos? Induz a idéia de que o anseio comercial foi maior do que a responsabilidade

técnica, assunto discutido mais adiante.

Caso 08 – Nesse caso e em outros similares, inclusive de compra e venda de

imóveis, é importante ressaltar, como fez o próprio relator, que os cupins subterrâneos

são capazes de proporcionar grandes estragos em tempos curtos. Na vistoria prévia tanto

para locação quanto para compra e venda de imóveis, não existem ainda vistorias

técnicas especializadas em localizar infestações de qualquer tipo nas construções de

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qualquer tipo (comerciais ou residenciais). Também se deve lembrar que a ação desse

tipo de cupim costuma ser silenciosa e quando notada em muitos casos os danos são

grandes, sendo plausível a idéia de que a infestação tenha se tornado visível somente

após a mudança, mas que já existisse anteriormente. Resta saber se é possível atribuir

culpa a qualquer uma das partes como solicita este e outros casos parecidos.

Caso 09 – A construção de imóveis muitas vezes gera espaços vazios, sem acesso

como o caso dos caixões perdidos que comumente abrigam restos de obras servíveis a

alimentação e ao abrigo de pragas. A dispersão dos cupins nas estruturas de concreto

pode seguir através de fissuras, rachaduras, áreas de acomodação de canos e

condutores elétricos, poços verticais entre outros. Não se pode afirmar que a infestação

tenha começado em algum ponto específico ou determinar a idade da colônia com

exatidão. A entomologia em geral tem demonstrado que o grupo pode aumentar ou

diminuir dependendo de variáveis como temperatura, umidade, alimento e abrigo e ainda

existem muitos fatores a estudar. Dessa forma informações superficiais não deveriam ser

usadas para atribuir responsabilidades em qualquer situação.

Caso 10 - Apesar de se tratar realmente de um ato doloso ao direito civil e oriundo

de uma tentativa de golpe houve desconhecimento ante o relato, pois embora para a

conclusão da tarefa não sejam necessários grandes aparatos mecânicos, elétricos ou

eletromecânicos, empresas sérias buscam atualizações constantes em entomologia e

outras pragas urbanas, através de cursos de especialização, atualização e pesquisas em

instituições sérias, fatores que tem custo variável e resultado imensurável que aumenta a

qualidade e a segurança dos serviços prestados. Sobre os produtos, saneantes de venda

livre são muito diferentes dos de uso profissional, cuja venda é restrita a entidades

especializadas.

O artigo 317, do CC, autoriza a revisão judicial dos contratos, caso haja

desequilíbrio contratual ou desproporção da contraprestação.

Além do mais, segundo as regras do Código de Defesa do Consumidor (artigo 5i,

inciso IV), é considerada nula a obrigação quando consideradas iníquas, abusivas,

cláusulas que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou seja,

incompatíveis com a boa-fé e a equidade.

Em outro caso com o mesmo tema, o orçamento inicial previa tratamento

localizado. O contrato foi aditado em 20 vezes ao incluir a barreira química, que alega a

autora do processo não ter sido realizada. Não foi realizada qualquer perícia para

comprovar a existência ou não do serviço. A conclusão do juiz foi de que ao pedir

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cheques emprestados para efetuar o pagamento, a contratante aceitou a entrega do

serviço e, portanto sua viabilidade técnica.

Talvez se houvesse uma perícia, a autora poderia provar a inexistência da barreira

química ou falhas técnicas na execução do serviço no seu todo como constantemente

temos visto.

Em todos os casos exemplificados, fica clara a necessidade de um perito, que

talvez tivesse influenciado os rumos da jurisprudência. O uso da prova oral redigida por

leigos pode agravar ainda mais a situação por não conseguir discernir entre realidade e

ficção em operações para controle de pragas.

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6 ÓRGÃOS DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Segundo as informações institucionais do sítio eletrônico do PROCON, acessado

em 12 de maio de 2010, a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor tem por

objetivo elaborar e executar a política de proteção e defesa dos consumidores do

Estado de São Paulo. Para tanto conta com o apoio de um grupo técnico multidisciplinar

que desenvolve atividades nas mais diversas áreas de atuação.

Criada pela Lei nº 9.192, de 23 de Novembro de 1995, e Decreto nº 41.170, de

23 de setembro de 1996, a Fundação PROCON é uma instituição vinculada à Secretaria

da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo e tem personalidade

jurídica de direito público, com autonomia técnica, administrativa e financeira.

Entre os anos de 2004 e 2009, anualmente foram disponibilizadas listas de todas

as empresas cujas reclamações foram consideradas fundamentadas e qual foi a situação

de atendimento ou não. Não há relatos detalhados sobre cada tipo de reclamação,

podendo haver classificação errônea ou imperfeita por parte do órgão.

O gráfico a seguir apresenta as reclamações por tipologia em números absolutos e

não tem qualquer relação com o número total de clientes insatisfeitos, pois muitas vezes

esses se calam, por diversos motivos ou até por descrédito nos órgãos de defesa do

consumidor, proporcionando a impunidade aos maus prestadores de serviços.

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Gráfico 1 : Distribuição, por tipologia, dos 49 casos de reclamações fundamentadas contra empresas controladoras de pragas na Fundação PROCON entre os anos de 2004 e 2009.

O Jus Navigandi é uma revista eletrônica de assessoria jurídica informal onde são

publicadas matérias para esclarecimento da população e também onde o leitor pode

encontrar o profissional específico para o seu caso. Existe um fórum onde as pessoas

expõem suas situações reais e tentam obter orientações sobre seus direitos. Em números

absolutos de fevereiro até dezembro de 2009, foram descritas principalmente as

seguintes situações com empresas controladoras de pragas urbanas:

No próximo gráficor, foram classificados como responsabilidade civil os casos de

serviços que geraram danos materiais de qualquer espécie, a quebra de contrato está

sobre empresas que deixaram de prestar assistência técnica após um período de tempo

ou mesmo antes do término do serviço e o vício oculto os serviços que não atingiram os

resultados esperados.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Vício de

qualidade

Cobrança abusiva

/ indevida

Orçamento não

cumprido ou fornecido / impreciso /

incompleto / serviço não solicitado

Dúvida sobre

cobrança / valor / reajuste / contrato

/ orçamento

Dano material /

pessoasl, decorrente do

serviço

Serviço não

concluído / fornecimento

parcial

Serviço não

fornecido (entrega

instalação, não cumprimento da oferta / contrato)

Garantia,

descumprimento do prazo

PROCON

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Gráfico 2 : Classificação simples dos 11 registros encontrados no forum do sítio eletrônico Jus Navigandi

0

1

2

3

4

5

6

7

Responsabilidade civil

Quebra de contrato

Vicio oculto

Jus Navigandi

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7 RESPONSABILIDADE TÉCNICA

Alguns casos relatados levantam questões quanto a responsabilidade técnica e

como ela tem sido interpretada pelos legisladores.

A Resolução de Diretoria Colegiada, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária,

conhecida como RDC 52/09 define como responsável técnico o “profissional de nível

superior ou de nível médio profissionalizante, com treinamento específico na área em que

assumir a responsabilidade técnica, mantendo-se sempre atualizado, devidamente

habilitado pelo respectivo conselho profissional, que é responsável diretamente: pela

execução dos serviços; treinamento dos operadores; aquisição de produtos saneantes

desinfestantes e equipamentos; orientação da forma correta de aplicação dos produtos no

cumprimento das tarefas inerentes ao controle de vetores e pragas urbanas; e por

possíveis danos que possam vir a ocorrer à saúde e ao ambiente;”

A portaria estadual do Centro de Vigilância Sanitária, conhecida como CVS 09/00,

até 2008 usava o texto: “Toda empresa que atue neste setor deverá ter Responsável

Técnico, legalmente habilitado, para o exercício das funções relativas aos aspectos

técnicos do Serviço de Controle de Vetores e Pragas Urbanas, podendo ser os seguintes

profissionais: biólogo, farmacêutico, químico, engenheiro químico, engenheiro agrônomo,

engenheiro florestal, médico veterinário e outros profissionais que possuam nas

atribuições do conselho de classe respectivo, competência para exercer tal função.” E

ainda em outro artigo “O Responsável Técnico responde pela aquisição, utilização e

controle dos produtos desinfestantes domissanitários utilizados.”

Em dezembro de 2008, por força mandado de segurança, a redação foi alterada

pela CVS 33 que revoga disposições em contrário, para o seguinte: “Técnico legalmente

habilitado, responsável pela qualidade, eficácia e segurança dos serviços prestados, sua

supervisão, treinamento dos funcionários e aquisição de produtos desinfestantes

domissanitários.

O Técnico legalmente habilitado deve ter amplo conhecimento para uma atuação

responsável, incluindo informações referentes a toxicologia, hábitos e características dos

vetores e pragas urbanas, equipamentos e métodos de aplicação, produtos composição e

uso, considerando que o controle de pragas tem pôr finalidade evitar os danos

ocasionados pelas pragas sem riscos à saúde do usuário do serviço, do operador e sem

prejuízo ao meio ambiente.”

Em consulta ao departamento jurídico da Associação dos controladores de vetores

e pragas urbanas (APRAG) a informação transmitida é de que o responsável técnico

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responde solidariamente ao proprietário da empresa por danos civis e criminais realizados

por imperícia ou ação dolosa.

A RDC e a CVS não determinam um número máximo de empresas pelas quais um

profissional possa se responsabilizar, nem tempo a dedicar, tampouco determinam a área

ou ao menos o nível de formação do profissional, pois essas atribuições cabem aos

conselhos de classe.

A quantidade de empresas pelas quais um profissional pode se responsabilizar

tecnicamente é determinada pelos conselhos e variam de três a “quantas o profissional

quiser” (informações obtidas por telefone em um conselho de classe em 12/01/2010), mas

em evento realizado em 12 de agosto de 2010, nas dependências do Conselho Regional

de Química, IV Região, SP, com o tema: Responsabilidade Técnica, representantes dos

conselhos de química, biologia e engenharia e arquitetura mencionaram esforços para

limitar a responsabilidade técnica a duas empresas no máximo.

Sem amplas análises de mercado, é impossível determinar o valor pago aos

responsáveis técnicos, mas supõe-se que sejam insuficientes para suprir as

necessidades regulares de uma família, criando um mercado informal apelidado pelas

associações de “Zé Canetinha” que é um profissional que assume a responsabilidade

técnica na forma de locação de diploma, muitas vezes não cumprindo cotas mínimas de

horas nas referidas empresas, segundo Antonio Marco França, presidente da Federação

das Associações dos Controladores de Vetores e Pragas Sinantrópicos (FEPRAG).

Algumas profissões citadas até mesmo na CVS 09/00 não aparentam possuir

qualquer afinidade técnica na formação do profissional. A responsabilidade técnica é

considerada por muitas empresas como formalidade desnecessária, especialmente por

um universo de empresas sem registros conforme a legislação vigente, caso que por si só

permite um estudo aprofundado e polêmico.

Entramos ainda na discussão dos técnicos de ensino médio que claramente não

possuem acesso a cursos de especialização reconhecidos, sendo sua principal fonte de

conhecimento os cursos ministrados por indústrias de pesticidas, distribuidores e

associações, que nem sempre fornecem todo o conhecimento necessário ao exercício da

função, podendo comprometer a qualidade dos serviços, a segurança a saúde e a

segurança ambiental.

Talvez em alguns casos exista o nível de conhecimento suficiente, mas o que

notamos em conversas pessoais com proprietários de empresas e até mesmo com

pessoas que assumem responsabilidade técnica é que se trata de um processo de

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locação de diplomas, onde o profissional recebe um pagamento mínimo e comparece a

empresa esporadicamente ou ainda nem se apresenta.

Não são conhecidos no Estado de São Paulo, cursos específicos para a formação

de responsáveis técnicos na área ou exigidos pela fiscalização, porém existem cursos de

pós-graduação nas áreas de entomologia urbana e entomologia médica que são os que

mais atendem as necessidades das empresas controladoras de pragas.

Em questionamentos informais realizados pela internet para 36 proprietários,

sócios ou responsáveis por controladoras de pragas e sem a necessidade de qualquer

identificação, quase 70% dos que responderam não possuem responsáveis em tempo

integral ou pelo menos meio período por contratação autônoma ou através da

consolidação das leis trabalhistas dentro da sede da empresa ou em campo. É importante

ressaltar que essa amostragem não é significativa se considerarmos empresas

regularizadas e clandestinas de controle de pragas.

Dados informados pela empresa Analise setorial PHC Foco informam que segundo

o Ministério do Trabalho, existem cerca de 1.300 empresas no Brasil. Este levantamento

não leva em consideração as empresas que não possuem como CNAE (Classificação

Nacional de Atividades Econômicas) atividade principal o controle de pragas (exemplo:

uma empresa de desentupimento ou de limpeza).

Além destas empresas, este levantamento do CNAE não leva em consideração as

empresas ilegais e os aplicadores individuais ("Zé bombinhas e Zé bombões").

A PHC Foco estima que existam no Brasil cerca de 1.300 empresas formais e

outras 1.700 informais e somando o grupo dos ilegais, esse número chegaria facilmente a

6000 empresas. (informações transmitidas por mensagem eletrônica em 25/08/2010 por

AS Suporte Ynara [[email protected]]

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8 DISCUSSÃO

Pode-se afirmar que o mundo que envolve os biodeterioradores de madeira é

grande e complexo. Somente um trabalho sério entre pesquisadores e difusores de

conhecimento será capaz de delimitar as lendas da realidade, possibilitando resultados

efetivos no combate ao desconhecimento e falsas interpretações.

Basta pesquisar em qualquer sítio eletrônico de buscas por palavras como “cupim”,

“dedetizadora”, “descupinizadora” que milhares de citações serão encontradas em poucos

segundos. Na maioria dos casos são empresas querendo divulgar seus trabalhos para

angariar clientes e a facilidade das cópias da internet ajuda a divulgar muitas informações

erradas que foram aceitas pela população leiga e parecem difíceis de serem esquecidas

ou reformuladas.

É bom ressaltar que boa parte dessas empresas não é legalizada e que as vezes

são ex-funcionários de empresas controladoras de pragas urbanas que ao serem

demitidos optaram por trabalhar na clandestinidade.

Não é possível afirmar quantas empresas totalmente regularizadas existem no

Estado de São Paulo ou quantas são dirigidas por pessoas que buscam lucro fácil em

detrimento do direito alheio. Algumas empresas conseguem a licença sanitária em um

ano e no ano seguinte já não se preocupam com a renovação desse documento

passando décadas apresentando um papel sem valor aos clientes que desconhecem as

exigências da lei.

Nas relações de comércio, móveis e imóveis comercializados com infestações,

existem duas possibilidades distintas, sendo a peça infestada por cupins de madeira

seca, geralmente são disseminados pelo transporte de peças, ou a coincidência da

infestação por cupins subterrâneos se manifestar exatamente após a habitação ou

reforma do imóvel, a aquisição de um novo mobiliário ou mesmo da existência de uma

infestação antiga que se expandiu para alguma área visível.

Somente com o trabalho sério de um perito especialista em entomologia urbana é

que se poderiam definir com segurança quais foram as causas da infestação e se existe

alguma forma de se atribuir alguma responsabilidade a qualquer das partes.

Embora os processos não sejam numerosos na última década, talvez uma

significativa parcela tivesse destinos diferentes ou talvez nem existissem se uma perícia

fosse realizada antes do início do processo, desonerando o Judiciário de casos facilmente

solucionáveis em Juizados Especiais Cíveis ou mediações administrativas.

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REFERÊNCIAS

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______, Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Diário Oficial da República Federativa

do Brasil, Brasília, DF, 12 de setembro de 1990

______, Resolução de Diretoria Colegiada nº 52 de 22 de outubro de 2009, Diário Oficial

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(Mestrado em sanidade vegetal, segurança alimentar e o ambiente) – Instituto Biológico,

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<http://www.biologico.sp.gov.br/pos_graduacao/teses_2009/zorzenon.php>

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GLOSSÁRIO

Ação de dano: Direito processual civil. É a proposta pelo lesado contra o levante

pelos danos morais e/ou patrimoniais que culposamente lhe foram causados, comissiva

ou omissivamente, pleiteando o reconhecimento do dano e a sua reparação in natura, ou

seja, a reconstituição do statu quo ante e, se impossível for, o pagamento de uma

indenização consistente em certa soma em dinheiro, cujo valor deverá ser estabelecido

por lei, pelo consenso entre as partes ou pelo juiz.

Acórdão: Direito processual civil e direito processual penal. Decisão prolatada por

órgão colegiado, ou melhor, por tribunal superior, tomada por veto dos magistrados que o

compõem.

Bem estar: Direito civil. 1. Conjunto de haveres suficientes para a comodidade de

vida de uma pessoa. 2. Benefício ou utilidade promovidos para uso de uma pessoa.

Dilação probatória: Direito civil é o prazo concedido igualmente a ambos os

litigantes para a produção de provas ou execução de diligências necessárias à prova do

pedido de contestação.

Jurisprudência: Teoria geral do direito. 1. Ciência do direito. 2. Direito processual.

a) Conjunto de decisões judiciais uniformes ou não; b) conjunto de decisões uniformes de

juízes e tribunais sobre uma dada matéria.

Nexo causal: O nexo de causalidade relaciona-se com o vínculo entre a conduta

ilícita e o dano, ou seja, o dano deve decorrer diretamente da conduta ilícita praticada

pelo indivíduo, sendo conseqüência única e exclusiva dessa conduta. O nexo causal é

elemento necessário para se configurar a responsabilidade civil do agente causador do

dano.

Perito: Direito processual. 1. Aquele que é designado pelo magistrado para, em

uma demanda, efetuar exame em vistoria. 2. Experto. 3. Órgão auxiliar da administração

da justiça, que ajuda a formar o convencimento de juiz quando a prova de fato dependa

de conhecimento técnico.

Vicio: 1. Direito civil. A) Defeito do negócio jurídico que o torna anulável; b)

imperfeição ou falha apresentado no objeto da relação jurídica; c) deterioração. 2. Direito

administrativo. Irregularidade do ato administrativo. 3. Direito comercial. Avaria. 4. Lógica

jurídica. O que invalida um pensamento (Renouvier). 5. Medicina legal. A) Deformidade;

b) Defeito

Vicio oculto: 1. Direito do consumidor. Defeito do produto que não pode ser

percebido com a diligência ordinária do consumidor, que, então, terá direito de

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reclamação dentro do prazo decadencial de trinta dias, se não durável, ou noventa dias,

se durável, computado no instante em que evidenciar a falha. Mas se tal vício lesar a

incolumidade física do consumidor, o prazo prescricional será de cinco anos, contado do

conhecimento do dano e da identificação da autoria. 2. Direito civil. Vício rebiditório.

Vício da coisa: Direito civil. Defeito próprio, inerente ou intrínseco da coisa, em

razão do qual ela pode deteriorar-se. É aquele vício que decorre da própria natureza do

objeto.

Vício rebiditório: Direito civil. Falha ou defeito oculto, existente na coisa alienada,

objeto de contrato comutativo ou de doação gravada com encargo, não comum a

congêneres, que a torna imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminui sensivelmente

o valor, de tal modo que o ato negocial não se realizaria se esse defeito fosse conhecido,

dando ao adquirente ação para redibir o contrato ou para obter abatimento do preço.