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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Ciências e Tecnologia Campus de Presidente Prudente PREFEITURA MUNICIPAL DE PRESIDENTE PRUDENTE SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA TOMADA DE DECISÃO MUNICIPAL Presidente Prudente, 2000

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Campus de Presidente Prudente

PREFEITURA MUNICIPAL DE PRESIDENTE PRUDENTE

SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA TOMADA DE

DECISÃO MUNICIPAL

Presidente Prudente, 2000

2

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Campus de Presidente Prudente

PREFEITURA MUNICIPAL DE PRESIDENTE PRUDENTE

SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA A TOMADA

DE DECISÃO MUNICIPAL

RELATÓRIO DE PESQUISA SUBMETIDO À AVALIAÇÃO

DO PROGRAMA DE POLÍTICAS PÚBLICAS DA FAPESP

Abril de 2000

3

Prefeitura Municipal de Presidente Prudente Mauro Bragato - Prefeito Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT Campus de Presidente Prudente Coordenação do Projeto Prof. Dr. Eliseu Savério Sposito Equipe de Pesquisadores da UNESP Profa. Ms. Encarnita Salas Martin Prof. Ms. Everaldo Santos Melazzo Prof. Ms. Raul Borges Guimarães Prof. Ms. Sérgio Braz Magaldi Auxiliares de Pesquisa Cláudio José de Souza Nildo Aparecido de Melo Rose Maria do Nascimento Colaboradores: Priscilla Bagli Reginaldo de Souza Consultora Dra. Sibele Maria Gonçalves Ferreira (UFMG/NESCON)

4

SUMÁRIO LISTA DE MAPAS ............................................................................... 5

LISTA DE QUADROS ......................................................................... 6

1. Apresentação ................................................................................. 7

2. Resultados alcançados .................................................................. 17

2.1. Amadurecimento teórico da equipe

Notas sobre a exclusão social .....................................................

17

2.2. Captação de base de dados

e organização de bancos de dados .............................................

23

2.3. Análise situacional através dos mapas ........................................ 35

2.4. A exclusão social através dos mapas .......................................... 37

2.5. A proposta do SIGI ....................................................................... 75

2.5.1. Princípios ........................................................................... 75

2.5.2. Finalidades ......................................................................... 76

2.5.3. Regras de Funcionamento ................................................. 76

2.5.4. Potencialidades .................................................................. 76

2.6. O Comitê Decisório ...................................................................... 78

2.7. Outros Resultados ...................................................................... 79

3. Dificuldades não superadas .......................................................... 81

4. Atividades de Bolsistas ................................................................... 84

5. Atividades de Consultores .............................................................. 85

BIBLIOGRAFIA ................................................................................... 87

5

LISTA DE MAPAS Mapa 1 – Cadastrados a procura de emprego ................................... 38 Mapa 2 – Imóveis precários até 70 m2 ................................................ 42 Mapa 2.1. – Imóveis precários ............................................................ 45 Mapa 2.2. – Imóveis até 70 m2 ............................................................ 47 Mapa 3 – 100 maiores proprietários de terrenos urbanos .................. 49 Mapa 4 – Cadastrados no Programa de Garantia de Renda Mínima 51 Mapa 5 – Exclusão escolar de crianças e jovens ............................... 54 Mapa 6 – Eventos sentinelas .............................................................. 57 Mapa 7 – Análise de acessibilidade por transporte coletivo ............... 60 Mapa 8 – Necessidade de asfalto ....................................................... 63 Mapa 9 – Nível de exposição por resíduos sólidos .......................... 65 Mapa 10 – Análise espacial da exclusão social ................................. 68

6

LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Síntese das características das bases e bancos de dados utilizados ........................................... 26 Quadro 2 – Relação entre habitantes e setores censitários segundo análise da exclusão ........................................... 70 Quadro 3 – Distribuição dos setores censitários por nota final ........... 73 Quadro 4 – Distribuição de notas de cada variável por setor ............ 74

7

1. APRESENTAÇÃO

“Na sociedade capitalista, os futuros individuais

dependem de projetos sociais, a grande maioria sonha

com futuros que só podem se realizar se houver apoio,

favorecimento, ajuda, compartilhamento, participação

de outros”.

Paul Singer (1998)

A história do envolvimento dos participantes deste grupo de pesquisa

junto à temática da exclusão e da desigualdade socioespacial, no contexto de

uma cidade média do interior paulista (a cidade de Presidente Prudente),

apresenta trajetórias e experiências distintas. A riqueza que decorre da

confluência dessas experiências diversas – nos planos da ação científica,

pedagógica, política e social – estarão sendo evidenciadas neste relatório. Não

poderia ser diferente, pois como será explicitado adiante, a dinâmica de

relacionamento entre universidade, governo e sociedade, na direção da

construção de políticas públicas de claro conteúdo e compromisso social, não

pode prescindir desse caráter multifacetário que, ao mesmo tempo em que

rompe com os limites burocráticos interinstitucionais, projeta a atividade de

pesquisa – e os seus agentes – para um estimulante espaço de diálogo e ação

que é, sobretudo, interdisciplinar, prático e participativo.

A condição acima não poderia ser atendida se não houvesse, primeiro,

uma “arena” que funcionasse como um ambiente catalisador dessas trajetórias,

experiências e perspectivas que cada um dos participantes desse projeto foi

acumulando nos seus respectivos processos de formação – como

pesquisadores, educadores e cidadãos. Em segundo lugar, aquela condição

também não seria atendida se não houvesse uma compreensão,

consensualizada no interior deste grupo, em torno de uma diretriz norteadora

de suas ações presentes e futuras. Tal norteamento se traduz resumidamente,

nos objetivos de se repensar, requalificar e redimensionar a relação

teoria/prática no âmbito da investigação dos processos socioespaciais,

considerando as manifestações da sociedade local, através de suas instâncias

8

e formas de organização, como parte integrante dos novos ensinamentos,

conhecimentos e da própria metodologia que decorre desta nova ótica, que

visa articular o pensar e o agir nos círculos acadêmicos vinculados às ciências

humanas e sociais no interior da universidade pública. Isto implica,

necessariamente, a redefinição e a reorientação das formas e processos de

organização, produção, divulgação e avaliação de dados, informações e,

portanto, dos resultados do trabalho de pesquisa.

O Laboratório de Geografia Humana (LAGHU), vinculado ao

Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da

UNESP, Campus de Presidente Prudente, já apontava como uma de suas

principais metas no início da década de 1990, quando passou por um profundo

processo de reestruturação e redinamização, a tarefa de reunir condições

técnico-materiais e organizacionais que garantissem o suporte para ações

integradas pesquisa/extensão. Isso não só se devia à relevância econômica,

social e política das sub-áreas e dos temas de interesse de pesquisa,

priorizados e abrigados pelo plano global de atividades e pelo novo Regimento

do Laboratório, mas sobretudo, pelas reais perspectivas de impacto social que

uma nova pauta científica do Laboratório passava a demandar e que desde

então, vem sendo sistematicamente debatida e internalizada nesta “arena”.

Assim, uma das principais “novidades” em termos de orientação e formato

introduzidas pelos novos responsáveis pelas ações do LAGHU, estava no

compromisso institucional que procurava requalificar este “ambiente” na

direção de uma maior proximidade com a sociedade local, medida pela

capacidade de interação com suas diferentes instâncias e segmentos

organizados, priorizando aqueles de natureza pública (estatal ou não).

Nos últimos anos, o LAGHU abrigou e deu suporte a projetos de

pesquisa cuja relevância e impacto social são evidentes1. A acumulação de

experiências sob o enfoque da análise e do enfrentamento de situações de

1 Destacamos as pesquisas realizadas com o suporte do Laboratório de Geografia Humana desde 1996: “Mapa dos Assentamentos Rurais no Brasil”, Bernardo M. Fernandes (org.); “Censo Educacional dos Assentamentos Rurais do Pontal do Paranapanema/SP”, Bernardo M. Fernandes (coord.); e, “Impacto Econômico das Unidades Universitárias da UNESP nos seus municípios-sede”, projeto de âmbito estadual, cuja etapa relacionada à Presidente Prudente realizou-se sob a coordenação do Prof. Dr. Antônio N. Hespanhol.

9

nítido contorno socioespacial, como as citadas (ver nota 1), vêm capacitando

os quadros de usuários, colaboradores e estagiários que participam das

atividades permanentes e temporárias do LAGHU. Desenvolvem-se assim,

experiências de atuação em áreas que são carentes em termos de formação

de recursos humanos qualificados e ao mesmo tempo, demandantes em

termos de novas oportunidades, potencialidades de investigação científica e

exercício profissional. Nesse sentido, pode-se afirmar que o LAGHU vem

conseguindo internalizar um conjunto de saberes e práticas que, aos poucos,

configuram e consolidam um perfil técnico-científico especializado e um modo

de atuação diferenciado, marcado por projetos cuja natureza e objetivos estão

intimamente associados às políticas públicas.

Em 1996, a vitória eleitoral de uma nova orientação programática que

assume o comando da administração municipal, conduz alguns segmentos e

grupos da Faculdade de Ciências e Tecnologia/UNESP de Presidente

Prudente, entre elas o Laboratório de Geografia Humana, a ampliar e a

intensificar seus laços com o novo governo do município.

A construção de uma experiência bem sucedida de trabalho conjunto

teve início. Partindo dos estudos que deram forma final a um projeto

coordenado pelo LAGHU, os primeiros resultados desta nova parceria

(LAGHU–UNESP/Prefeitura Municipal) permitiram que o poder público

divulgasse à sua população os limites e a distribuição espacial das áreas de

exclusão social da cidade2 (Mapa da Exclusão Social de Presidente Prudente,

1997). Avaliado pelo grupo de pesquisa do LAGHU como um importante

instrumento de planejamento das ações de governo, portanto, de orientação e

2 A proposta de Trabalho que resultou na elaboração do “Mapa da Exclusão Social de Presidente Prudente (1997)”, teve como elementos embasadores e delineadores: a metodologia de apuração, dimensionamento e análise da exclusão social, desenvolvida pela assistente social Aldaíza Sposati, docente do Departamento de Serviço Social da PUC/SP, e o documento produzido pela equipe responsável do LAGHU, em parceria com a Divisão de Estudos Socioeconômicos da Secretaria Municipal de Planejamento da Prefeitura Municipal de Presidente Prudente, então dirigida pelo economista e docente da FCT/UNESP, Prof. Everaldo S. Melazzo. Assim, este documento intitulado: “Proposta teórico-metodológica de análise socioespacial em gestão municipal”, reuniu os princípios e os procedimentos necessários para que a equipe coordenada pelo geógrafo e docente da FCT/UNESP e atual coordenador do LAGHU, Prof. Raul B. Guimarães, produzisse o resultado cartográfico final (Mapa da Exclusão Social de Presidente Prudente, 1997) e a nota técnica que o acompanha, intitulada: “A exclusão social em Presidente Prudente e seu processo de mapeamento”. Guimarães, R.B. (coord.). Presidente Prudente. LAGHU/FCT/UNESP, 1997. (mimeog)

10

instrução para a tomada de decisões no âmbito das políticas públicas, em

diferentes escalas, níveis de atuação e das competências das diferentes

secretarias municipais, o governo local não só encampou a proposta como

solicitou que sua conclusão e divulgação se fizesse ainda no período dos cem

primeiros dias de gestão – como forma de garantir sua efetividade enquanto

instrumento de suporte às suas ações futuras.

Com relação a este mapa e a sua metodologia, a equipe de autores

afirmava na nota técnica que relatava o seu processo de elaboração:

“(...) A construção do mapa foi resultado de

informações sobre infra-estrutura tais como a existência de

rede de esgoto e água encanada, a existência de coleta de

lixo e de características populacionais (escolaridade e renda).

Para isto, foram selecionadas variáveis existentes no Censo

Demográfico do IBGE de 1991 que pudessem expressar a

condição de vida das famílias residentes em Presidente

Prudente. Desta análise dos dados foram escolhidas sete

(07) variáveis: chefes de família com renda de até um (01)

salário-mínimo, chefes de família com nenhum ou com

menos de um ano de instrução, número total de analfabetos,

total de crianças de seis a catorze anos analfabetas,

domicílios com canalização interna de água, domicílios

ligados à rede geral de esgoto e domicílios com lixo jogado

em terreno baldio. Além destas variáveis, também foi utilizada

a distribuição da mortalidade infantil, obtida no Núcleo de

Estudos de Mortalidade da FCT/UNESP.

Os dados foram organizados num banco de dados

por setor censitário da cidade e, a partir daí, geradas tabelas

para cada uma das variáveis, ordenando-se os setores

censitários da situação de pior condição de vida à melhor

situação3”.

3 Guimarães, R. B. (coord.): “A exclusão social em Presidente Prudente e seu processo de mapeamento”, op.cit. p.02.

11

A repercussão deste trabalho pode ser medida através da sua utilização

como instrumento de suporte, quer para a implantação, reformulação ou para o

desenvolvimento de diferentes projetos levados a cabo pela Prefeitura

Municipal de Presidente Prudente (gestão 1997-2000), o que revela e

comprova sua eficácia e efetividade. Listamos abaixo, os Projetos municipais,

Campanhas, Conselhos, Serviços, órgãos e demais instâncias, entidades e

instituições da sociedade prudentina, que têm utilizado o “Mapa da Exclusão

Social” (1997) para instruir, subsidiar e promover suas ações.

1. Campanha “Volte Prá Ficar” (Ação Integrada - 1999).

Campanha de mobilização envolvendo várias Secretarias Municipais,

Conselhos, Ministério Público, Poder Judiciário, Redes Municipal e

Estadual de Ensino, UNESP, imprensa, Associações de Bairros,

Sindicatos, Central de Voluntários, educadores. Visando uma ação

integrada de combate à evasão e à exclusão escolar, esta

campanha procura dentre outros objetivos, detectar o perfil das

crianças e adolescentes que abandonam o ensino fundamental,

assim como os motivos que os levaram a esta situação, através de

levantamento nos próprios domicílios destes jovens.

2. “Rede Local de Atenção à Criança e ao Adolescente” (Projeto

integrado). Esta iniciativa procura superar a falta de articulação e

complementaridade entre os vários programas, serviços e

atendimentos prestados à criança e ao adolescente, pelos diferentes

órgãos públicos. Também procura implantar um sistema de controle

de qualidade dos serviços e atendimentos oferecidos.

3. Programa “Brasil Criança Cidadã – Projeto Vagalume”

(SMAS). Projeto que procura cadastrar crianças e adolescentes na

faixa etária de 7 a 14 anos que vivem da cata em lixões,

promovendo a imediata desvinculação destes com a atividade,

através de medidas que reforcem o vínculo escolar e as atividades

em oficinas.

12

4. “Programa de Garantia de Renda Mínima Familiar” (Secretaria

Municipal da Assistência Social - SMAS). Programa inserido no

plano de governo da atual administração, visa o enfrentamento da

pobreza e da situação de abandono de crianças e adolescentes,

assegurando-lhes o direito à educação. Em 1999, o programa

atendia a 391 famílias.

5. Projeto “Jovem Cidadão” (SMAS). Voltado para jovens de

baixa renda, na faixa etária de 12 a 18 anos, este projeto procura

oferecer oportunidades de aquisição de conhecimentos, habilidades

e comportamentos necessários a sua atuação como cidadãos e

futuros profissionais.

6. Projeto “Criança Cidadã” (SMAS). Atende crianças e jovens (7

a 14 anos) em situação de pobreza, através de atividades de

complementação da formação escolar (aquisição de habilidades,

atividades lúdicas, culturais, esportivas, melhoria da autoestima, das

relações entre os jovens e suas famílias e entre os jovens e a

escola). Visa também inibir o ingresso precoce dos jovens no

mercado de trabalho. Para tanto, o projeto conta com bolsas-escola

e bolsas-estudo.

7. Projeto “Combate ao Analfabetismo para Jovens e Adultos”

(Secretaria Municipal de Educação – SME). Visa identificar e

cadastrar a população de jovens (acima de 14 anos) e adultos que

não puderam efetuar estudos na idade regular, dando-lhes

oportunidades apropriadas ao desenvolvimento da capacidade de

aprender e assim poderem exercitar a cidadania. Também envolve

atendimento oftalmológico, doação de óculos e atividades (palestras,

cursos) voltados a temas da terceira idade.

8. Projeto “Central de Vagas de Educação Infantil” (SME).

Organização, sistematização e informatização de dados sobre

crianças e mães demandantes de vagas na rede municipal de

educação infantil (pré-escolas). Definição de critérios de priorização

de atendimento. Aumento da eficiência na capacidade de

diagnosticar e planejar o atendimento. Aumento significativo na

13

cobertura. Entre 1997 e 1999, mais de 2.800 vagas foram abertas na

rede de ensino infantil do município.

9. “Programa de Saúde da Família de Presidente Prudente –

PSFPP” (Secretaria Municipal de Saúde – SMS). Nesta iniciativa, o

Mapa da Exclusão Social foi, particularmente, um importante

instrumento utilizado para: a) definir as áreas urbanas prioritárias

(setores internos aos bairros e trajetos prioritários para os

atendimentos domiciliares) e b) dimensionar a população residente

que veio a se constituir no principal público-alvo do programa. Além

disso, dado o seu caráter intersetorial, o Mapa contribuiu para instruir

os executores do PSFPP na definição das ações emergenciais e

preventivas de saúde. Em 1999, 34% da população urbana total do

município era coberta pelo PSFPP.

10. O Mapa também foi utilizado por várias outras instituições e

fóruns da sociedade civil. Podemos ressaltar sua utilização como

instrumento didático no Curso de Serviço Social da Instituição Toledo

de Ensino de Presidente Prudente, bem como pelos Conselhos

Municipais (Conselho Municipal do Orçamento Participativo, da

Educação, da Assistência Social etc.), além de serem encontradas

referências do uso deste em dissertações de mestrado, monografias

de especialização e graduação.

A continuidade e o aprofundamento da parceria LAGHU/Prefeitura

Municipal, concretizou-se através do Termo Aditivo (1998) ao Convênio de

cooperação técnico-científica firmado entre a UNESP e a Prefeitura Municipal

(1997). Neste aditamento, detalharam-se as atividades conjuntas entre a

Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano do Município de

Presidente Prudente e o Laboratório de Geografia Humana da Faculdade de

Ciências e Tecnologia da UNESP4. Parceria que, portanto, preencheria uma

das condições exigidas pela FAPESP, aos projetos demandantes de

4 Termo aditivo ao convênio celebrado entre a Prefeitura Municipal de Presidente Prudente e a Universidade Estadual Paulista - UNESP. S.Paulo/Pres. Prudente, segundo semestre 1998.

14

financiamento no interior de sua nova linha de pesquisa (Programa Políticas

Públicas).

A redação do referido aditamento, expõe de forma clara:

“O presente Termo Aditivo tem como diretrizes: propiciar o

aprimoramento continuado de instrumentos para os diagnósticos e

ações de planejamento no âmbito municipal através de ações de

natureza técnico-científica de levantamento, tratamento e

sistematização de informações que possam ser georreferenciadas,

o que inclui o desenvolvimento de suas respectivas metodologias,

visando o suporte necessário às definições e tomadas de decisão

do governo municipal, no que diz respeito às suas políticas

públicas, orçamentária, ao seu plano cadastral multifinalitário, e ao

projeto de recenseamento geral do município.

Parágrafo Único

As diretrizes expostas acima estabelecem assim, os limites

para a execução do Projeto SISTEMA DE INFORMAÇÕES PARA

A TOMADA DE DECISÕES NO NÍVEL MUNICIPAL.

CLÁUSULA QUARTA

O Projeto Sistema de Informações para a Tomada de

Decisões no Nível Municipal caracteriza-se por:

I. Desenvolver aplicações em Sistemas de Informação

Geográfica através de formas diversas de aquisição e

saída de dados, avaliando a qualidade dos dados e

informações geográficas geradas (precisão dos

atributos e da posição, consistência lógica, resolução,

entre outros);

II. Resolver questões que exigem relações entre

estratos de informações, utilizando-se de dados

georreferenciados;

III. Implementar ferramentas de análise geográfica que

permitam a produção de modelos dinâmicos e

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prospectivos, prevendo cenários de organização e a

tomada de decisão no nível municipal.

Parágrafo Único

O Projeto Sistema de Informações para a Tomada de

Decisões no Nível Municipal, estrutura-se nas seguintes etapas ou

fases de execução:

I. Criação de interfaces entre banco de dados já

disponíveis e bases cartográficas digitais, tendo em

vista a organização e a gestão de um acervo de base

de dados geográficos (modelagem);

II. Manuseio e criação de aplicações a partir das

funções disponíveis em diferentes ‘softwares’.

CLÁUSULA QUINTA

Caberá à PREFEITURA repassar à UNESP, sob resguarda

exclusiva do LABORATÓRIO DE GEOGRAFIA HUMANA, a sua

Base Digital Planialtimétrica em arquivo DWG, assim como todas

as demais informações solicitadas e necessárias ao andamento do

Projeto Sistema de Informações para a Tomada de Decisões no

Nível Municipal, sem que incorram quaisquer ônus para a UNESP.

Parágrafo Único

Caberá à UNESP, através do LABORATÓRIO DE GEOGRAFIA

HUMANA, transferir e repassar as metodologias desenvolvidas,

assim como todos os produtos resultantes da execução do Projeto

Sistema de Informações para a Tomada de Decisões no Nível

Municipal exclusivamente à PREFEITURA, sem que incorram

quaisquer ônus a esta”.

Não há dúvida, portanto, da convergência que se estabelece entre as

ações do LAGHU e a sensibilidade da FAPESP, através do Programa Políticas

Públicas, para com a importância social e econômica que a integração de

fatores e recursos entre entidades e instâncias de natureza pública podem

projetar em termos de cidadania e melhoria das condições de vida da maioria

da população.

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Neste sentido é que, aprovado o projeto, a equipe de pesquisadores

encontrou campo propício para o desenvolvimento da proposta, cujos

resultados encontram-se organizados neste relatório da seguinte maneira: após

esta apresentação, que visa contextualizar o projeto, ressaltando sua origem e

seus objetivos, são descritos os resultados alcançados.

No capítulo 2 é apresentada breve discussão dos aportes teóricos da

investigação sobre qualidade de vida e exclusão/inclusão social. É detalhado o

esforço realizado pela equipe na captura das bases de dados necessárias ao

trabalho e realizada uma análise situacional da exclusão social em Presidente

Prudente através dos mapas gerados. Propõem-se também um modelo de

Sistema de Informação Geográfico Intersetorial.

Merece destaque a articulação interinstitucional alcançada entre a

equipe de pesquisadores e a equipe da Prefeitura Municipal de Presidente

Prudente, através do Comitê Decisório e diversos outros resultados alcançados

durante esta primeira fase, apresentado nos itens finais deste capítulo.

No capítulo 3, descreve-se as dificuldades não superadas, indicando

estratégias para saná-las, durante a segunda fase do projeto.

Por fim, nos capítulos 3 e 4 descreve-se e analisa-se as atividades dos

bolsistas e o trabalho da consultora do projeto.

17

2. RESULTADOS ALCANÇADOS

2.1. Amadurecimento teórico da equipe - Notas sobre a exclusão social

É razoavelmente significativo o número de trabalhos acadêmicos existentes

sobre a cidade de Presidente Prudente. A presença de três instituições de

ensino superior, com cursos de graduação e pós-graduação é um elemento

importante na geração de conhecimentos sobre diversos aspectos da realidade

onde estão inseridas, através de monografias, dissertações, teses e demais

tipos de relatórios de pesquisa.

A própria equipe de pesquisa responsável por este projeto conhece e até

mesmo produz diferentes tipos de investigações. Porém, o desafio proposto no

projeto “Sistema de Informação para a Tomada de Decisão Municipal”

exigiu um redirecionamento teórico e empírico para a sua condução, baseado

sobretudo na tentativa de um olhar integrador sobre diferentes mecanismos de

produção das desigualdades sociais, econômicas e ambientais no interior de

um espaço urbano determinado e mais, sobre as distintas e específicas

maneiras com que estas desigualdades aparecem no conjunto da cidade.

Para além da busca de dados e variáveis que pudessem exprimir de

maneira concreta e verossímil estas desigualdades, não poderíamos nos furtar

a uma incursão na literatura, cada vez mais volumosa, que trata destes

fenômenos e que nos inspiram de maneira direta e/ou indireta.

Assim, tão logo foi publicado, o estudo do PNUD/ONU (1996) sobre o

Índice do Desenvolvimento Humano dos municípios brasileiros (inspirado na

metodologia utilizada para a comparação entre países) despertou o interesse

na medida em que utiliza 3 indicadores de qualidade de vida (renda per capita,

anos de escolaridade e esperança de vida ao nascer) para gerar um indicador

síntese que possibilita a comparação entre as unidades espaciais.5

Este foi um estudo importante na trajetória desta pesquisa em particular, na

medida em que sinalizou o crescente interesse para a construção de

5 O IDH varia entre 0 e 1. Assim, municípios classificados entre 0 e 0,5 possuem IDH baixo, entre 0,5 e 0,8 IDH médio e entre 0,8 e 1 IDH alto. No caso de Presidente Prudente, o IDH é 0,76.

18

indicadores de qualidade de vida que possibilitassem a comparação entre

diferentes realidades.

O conhecimento herdado do trabalho de elaboração do Mapa da

Exclusão/inclusão social de 1997 também pôde ser reavaliado e aprofundado

durante este trabalho. Porém, já naquele momento reconhecíamos a

importância do trabalho percursor de Sposati (1996), mapeando a cidade de

São Paulo. De maneira participativa (na medida em que os dados foram

obtidos através da aplicação de questionários por agentes da pastoral familiar)

e utilizando-se de técnicas de produção de indicadores sociais bastante

acessíveis, demonstrou a necessidade de um conhecimento detalhado das

áreas urbanas, no sentido de desmascarar estas desigualdades e suas

características e principalmente, para evitar discurso homogeneizador e/ou

neutro sobre as diferenças territoriais. Neste trabalho, já comparece

nitidamente, a concepção de que situações de exclusão (seja

pessoal/individual, seja familiar) são decorrentes da superposição de carências

de diferentes naturezas, tais como baixa escolaridade, desemprego, condições

precárias de moradia e outras.

O trabalho de Nunes (1990) aponta justamente nesta direção ao analisar

as diferenças conceituais entre necessidades, carência e pobreza. Enquanto a

noção de necessidade remeteria a uma ambigüidade entre situações

contingenciais e situações de imperiosidade, o conceito de carência seria mais

preciso e remeteria à discussão das relações entre sujeitos que têm vontades

de determinados objetos, a partir de valores e estruturas sociais que informam

os desejos, as necessidades e seus julgamentos objetivos e subjetivos. Ou

seja, as carências somente poderiam ser julgadas a partir do conhecimento do

modo de vida e da estrutura social dos valores materiais e não materiais.

O conceito de pobreza, então, deve partir deste conhecimento prévio,

distinguindo aqueles que alcançam dos que não alcançam um padrão histórico

e socialmente aceito de bens materiais e simbólicos de cada sociedade.

Singer (1998) afirma que “é sem dúvida incomum uma pessoa estar

completamente excluída ou incluída do tecido social. A exclusão social deve

ser encarada como uma questão de grau” (p.63). Ao discutir as diferentes

teorias das causas da exclusão social, o fator econômico aponta-se como

19

determinante, reforçando assim não só a necessidade de conhecer suas

diferentes manifestações, mas fundamentalmente de encará-las como uma

situação relativa, onde a cada momento, se alteram as posições individuais

e/ou familiares.

Martins (1997), por sua vez, chama a atenção do que para ele constitui-se

o elemento mais importante nesta discussão: as novas formas de pobreza e de

miséria, nas quais a tônica não é apenas sua manifestação na forma de

privação, mas fundamentalmente a desigualdade de condições e perspectivas

para a sua superação.

Por isto mesmo é que este autor, fugindo do que considera “a fetichização

da idéia de exclusão”, a seu ver extremamente economicista, constrói e propõe

a noção de inclusão precária e instável. Na medida em que sempre existem

laços que unem os indivíduos ao mercado (em seu sentido mais amplo) é

preciso compreender a precarização cada vez mais intensa das relações

sociais, que acabam por privar os seres humanos de direitos, atingindo sua

cidadania.

A tradição dos estudos geográficos, que tomam como central o conceito de

segregação, possui uma forte relação com o nosso percurso de territorializar

variáveis e dados capazes de distinguir e diferenciar áreas segundo a

composição social e/ou econômica da população que ali reside.

Uma ampla discussão sobre este conceito pode ser encontrada em

Preteceille (1996), onde são analisadas as causas, os critérios de medição e as

possibilidades de apreensão das profundas diferenciações que assumem um

lugar de destaque nas cidades contemporâneas, nas quais as manifestações

territoriais das desigualdades alteram a própria divisão social do espaço.

Sachs (1998) é um dos autores que chama a atenção desta equipe de

pesquisa quando ao se destacar um de seus textos mais recentes6, torna-se

evidente a aproximação entre os fundamentos e proposições ali apresentados

e os princípios e objetivos que procuram ser consolidados nesta proposta de

construção de um sistema de informações.

6SACHS, Ignacy. O desenvolvimento enquanto apropriação dos Direitos Humanos.Estudos Avançados. São Paulo: USP, 12 (33), 1998, p.149-156.

20

O texto em questão defende a implementação da idéia de

“desenvolvimento enquanto apropriação de direitos”, como eixo estruturador

para o enfrentamento das situações de desigualdade entre nações e no interior

dos seus respectivos tecidos socioespaciais. O autor parte da consideração de

que o desenvolvimento deve ser encarado na sua “forma pluridimensional”, isto

é, como processo que ao fundir-se à idéia de democratização, aponta para

uma dinâmica jamais terminada de “exercício da cidadania com vistas à

expansão, à universalização e à apropriação efetiva dos direitos de primeira,

segunda, terceira e quarta gerações”, respectivamente: os “direitos políticos,

civis e cívicos”; os “direitos sociais, econômicos e culturais”; os “coletivos” e os

que garantem aos cidadãos “o acesso aos patrimônios públicos – histórico,

ambiental e econômico, assim como sua boa utilização”. O desenvolvimento é

então visto por Sachs (1998) como “projeto (norma)”, “caminho histórico” e

“processo de aprendizagem social”, que deve aplicar-se à todas as nações.

Para tanto, aposta na emancipação da sociedade civil organizada “enquanto

terceiro sistema auto-instituído de poder, ao lado do político e do econômico”.

Evocando a Declaração e o Programa de ação de Viena, adotados pela

Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos da ONU (junho de 1993), este

autor propugna por um aperfeiçoamento do “sistema de indicadores para

avaliar o progresso na realização dos direitos enunciados”, uma vez que

considera o IDH demasiadamente sintético e quantitativo. Como contrapartida,

crê na necessidade da elaboração de um “relatório comunitário” aprofundado

sobre a “condição humana”, trabalho de fôlego, que não obstante o seu desafio

e ousadia, seria de considerável utilidade e riqueza para a “formulação de

políticas públicas de desenvolvimento, centradas sobre a promoção das quatro

gerações dos direitos humanos”. Para tanto, deve-se “pesquisar país por país,

o estado de apropriação efetiva de cada direito, distinguindo-se a situação das

diferentes categorias sociais”.

Daí ser possível remeter a discussão para Santos7 (1987), quando o

geógrafo parte para a análise da “não-cidadania” e da “elaboração brasileira do

não-cidadão”. Esta última tem sua condição definida pela perversidade do

inventário social e pelo aumento da polarização e das desigualdades,

7 SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel, 1987.

21

características da nossa formação socioespacial. A pobreza de nossos

“modelos cívico e político”, está intimamente ligada à pouca importância dada

ao componente territorial por parte das elites que os formularam.

Por outro lado, as “revelações do espaço” permitem que se perceba e

que se entenda uma contradição que é básica. Ao mesmo tempo que o

processo de produção do espaço conduz a situações de alienação, de

“socialização invertida”, dividindo os homens conforme suas “capacidades de

usar o território”, a cidade, com todas suas possibilidades e

multidimensionalidades, pode conduzir a um aumento nos graus de

consciência. Portanto, a desalienação e a reconstrução da cidadania (no caso

brasileiro, a sua apropriação) se associam necessariamente ao “direito ao

entorno”, traduzido nos direitos de (locais de) trabalho, terra, moradia, serviços

públicos, espaços públicos, natureza, patrimônio histórico, cultural etc. O

componente territorial é, dessa forma, fundamental para o entendimento dos

contextos de desigualdade (de distribuição dos fixos, dos serviços, da

informação, de acesso aos mercados etc.).

Para Santos (1987), a promoção da consciência e da pauta de direitos

da cidadania, etapa necessária à construção de um “discurso territorial

cidadão”, passa pela qualificação e socialização da informação, pela

“publicização dos fixos” e por “ações de âmbito territorial” não-mercantis, isto é,

que incluam os lugares (e os homens) em “redes” que não sejam mediadas

exclusivamente pela lógica mercantil. A possibilidade de cidadania depende,

em grande medida, do território. Os caminhos e possibilidades de enxergar o

futuro e apresentar soluções, estão invariavelmente ligados a este ensinamento

de Santos (1987). Vale registrar aqui que, a exemplo da contribuição de Sachs

(1998), percebe-se grande familiaridade entre os princípios, finalidades, regras

de validação e funcionamento da proposição de sistema de informação que se

procura construir e os aportes de Milton Santos.

O amadurecimento teórico desta pesquisa não poderia deixar de

considerar também algumas referências e conceitos que se situam no campo

da metodologia de Planejamento. Não se pode estar ausente desta discussão

quando se pretende propor e implantar um sistema de informação para tomada

22

de decisões. Nesse sentido, justifica-se o suporte dado pela consultoria

especializada ao longo desta primeira fase do projeto8.

O aporte teórico-metodológico9 que passa a orientar as atividades desta

equipe no que diz respeito a uma determinada concepção e operacionalização

de processo de planejamento, considera em primeiro lugar: o caráter

estratégico da metodologia, tomada como instrumento facilitador, tanto da

organização dos trabalhos e atividades da equipe ligada ao projeto, quanto da

modelagem do próprio sistema de informação. Em segundo lugar, o caráter

participativo que perpassa esta concepção, dado que, ao internalizar os

princípios da transparência e da progressividade democrática, auxilia o sistema

a: compreender a diversidade de situações às quais se defronta, identificar os

problemas centrais, analisar tais problemas e elaborar propostas para

solucioná-los, resultando em ações coordenadas voltadas para a minimização

e/ou superação das situações de desigualdade e de exclusão socioespacial.

Portanto, é esse caráter estratégico compartilhado que procura orientar as

ações dos que participam de um processo permanente de planejamento tal

como este projeto propugna, levando à criação de laços que “promovem

compromissos” os quais, por sua vez, alvancam mudanças.

A idéia de que o planejamento é uma “ferramenta” fundamental não é

nova. Todavia, a concepção do “Planejamento Estratégico Situacional (PES)”

(Matus, 1978) considera que, quando se pretende alcançar objetivos

complexos, é melhor fazê-lo coletivamente. Daí a importância de um método

que possibilite a compreensão e o compartilhamento de uma mesma

linguagem que seja capaz de contribuir para a efetiva participação de todos os

envolvidos na formulação e na operacionalização do processo e de suas

partes10. Considera ainda, que planejar, precisa ser um processo permanente,

“para que se possa garantir direcionalidade às ações desenvolvidas, corrigindo

8 Ver item “Trabalho dos Consultores” neste relatório. 9 FERREIRA, Sibele M.G. “Conceitos fundamentais referentes ao planejamento”. B. Horizonte. NESCON/Fac. de Medicina – UFMG. s/d, mimeog. 07pp. MENDES, Eugênio Vilaça (coord.). Manual para elaboração de um plano de ação intersetorial e participativo para a construção de cidades saudáveis. Escola de Saúde de Minas Gerais da Fundação Ezequiel Dias para a Fundação W.K.Kellogg. Belo Horizonte, março de1997. 10 Ver item “Comitê Decisório” neste relatório.

23

rumos, enfrentando imprevistos e buscando caminhar em direção aos objetivos

que se quer alcançar”11.

Nesse sentido, um processo de planejamento com tais características,

considera que o coletivo de pessoas ou os indivíduos que dele participam,

devem ser tomados como “atores sociais”, na medida que controlam recursos,

apresentam estabilidade em termos de organização e, portanto, adquirem

capacidade de construir intervenções numa dada realidade. Todavia, os “atores

sociais” podem apresentar visões e projetos distintos. Daí a necessidade de se

construir um “espaço” que procure aglutinar e dar coerência às ações parciais

dos diversos atores sociais envolvidos. O resultado deste esforço pode ser

identificado, segundo esta concepção, nos conceitos de “situação” e de

“análise situacional”. Uma análise sobre determinada situação depende

necessariamente de “quem explica, para que explica, a partir de qual posição

explica e em face de quais outros explica”.

Partindo de tais considerações que problematizam as situações e não

apenas as descrevem, chega-se à “explicação situacional”, que se traduz no

“processo de conhecimento que leva os atores envolvidos a compreender o

modo como um problema é produzido, identificando quais são as causas do(s)

problema(s) e qual a relação entre elas”. A partir daí, pode-se caminhar na

direção da elaboração de plano(s) de ação. As palavras retiradas do próprio

texto de referência dizem muito em relação a um dado componente geográfico,

também presente nesta metodologia: “a compreensão desta sequência de

causas e de sua localização em espaços diferenciados de intervenção é

fundamental para o desenho de um plano de ação”12.

2.2. Captação de base de dados e organização de banco de dados

O quadro mais comum encontrado no setor público brasileiro, no que se

refere ao tratamento de dados e informações pode ser resumido da seguinte

maneira:

11 FERREIRA, Sibele M.G. “Conceitos fundamentais referentes ao planejamento”. op. cit. p. 02. 12 FERREIRA, Sibele M.G.“Conceitos fundamentais referentes ao planejamento”.op. cit. p. 05 (grifos da autora).

24

- falta de padronização dos dados coletados. Seja no que se refere aos

recortes temporais adotados, seja no que se refere à base espacial a

que o dado se refere, não se verifica grandes preocupações em

homogeneizar, compatibilizar, padronizar (até mesmo unidades de

medida) e organizar bases de dados que possam ser potencialmente

utilizadas;

- fragmentação e redundância das bases de dados. É comum

encontrarmos um quadro de dispersão de dados que deveriam estar

reunidos e articulados, ao mesmo tempo em que se verifica esforços

repetitivos na compilação de dados semelhantes ou até mesmo iguais

em locais e setores de um mesmo nível de administração;

- não sistematicidade da coleta, processamento e geração de produto

(informação), entre outros problemas.

Também predomina a abundância e diversidade de dados, significando

um custo – quase nunca quantificado, mas com certeza significativo – para sua

manutenção e recuperação.

Apesar dos problemas citados e procurando evitar um novo e alto custo

para a obtenção de dados primários, o grupo de trabalho decidiu,

estrategicamente, nesse primeiro momento de desenvolvimento do SIGI,

trabalhar exclusivamente os dados secundários disponíveis.

Como se pode visualizar no quadro a seguir, foram compilados no total

16 bases de dados abrangendo tanto aspectos socieconômicos quanto

ambientais da cidade de Presidente Prudente. Cabe destacar ainda que, em

sua maioria, estas bases de dados não apresentavam-se em meio eletrônico

(apenas cópias físicas) exigindo dispensar muito tempo na sua digitação.

Todas as bases de dados trabalhadas, independente de seu formato

original, foram tratadas e digitadas em banco de dados em formato digital

(Excel® e Dbase IV�), contendo somente as variáveis que consideramos, num

primeiro momento, relevantes para a análise situacional da exclusão social em

Presidente Prudente.

Os registros acessados corresponderam a: Trabalhos Acadêmicos,

Cadastros da Prefeitura Municipal de Presidente Prudente e Companhia

Prudentina de Desenvolvimento - Prudenco, FIBGE, Programa Sociais,

25

Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho e até do próprio Sistema de

Informação em fase de implementação. Temporalmente, estes dados

correspondem ao período de 1996 a 2000, sendo em sua maioria referentes a

este último ano.

Como critérios para a seleção dos dados a serem trabalhados,

considerou-se:

- os dados deveriam compor indicadores que exprimissem as condições

de vida dos habitantes de cada setor censitário da cidade de Presidente

Prudente;

- deveriam abranger aspectos sociais, econômicos e ambientais capazes

de evidenciar as desigualdades intra-urbanas, indicando carências e

necessidades de segmentos da população.

Outro critério adotado, poderia-se até dizer decisivo, relacionou-se à

acessibilidade aos dados. Alguns que haviam sidos incluídos em uma primeira

lista, não foram obtidos por falta de colaboração das fontes, de tempo e até

pessoal suficiente para tanto. Neste sentido, as fontes também serviram como

critério, pois estas auxiliaram no delineamento e levantamento das bases de

dados necessárias e disponíveis: limpeza de dados, padronização das formas

ortográficas, correção e complementação de endereços, grande volume de

registro na base, exclusão dos dados não referentes a área urbana. Para cada

banco de dados organizado pelo grupo, foi identificado o setor censitário de

cada registro, associando-o a seus respectivos endereço e bairro.

Quadro 1 – Síntese das características de bases e bancos de dados utilizados

BASE DE DADOS BANCO DE DADOS Base de dados/ Banco de dados

Fonte Formato original

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Formato final

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Período

Cobertura Asfáltica

PRUDENCO Companhia Prudentina de Desenvolvimento

Impresso (mapa)

Ruas sem pavimentação

Excel® e Dbase IV®

Setor Necessidade de asfalto (nota de 0 a 2)

178 setores censitários

2000

Transporte coletivo urbano

Spósito (1998) Impresso (Relatório de Pesquisa)

Linhas, Intervalos, Características e localização dos pontos

Excel� e Dbase IV

Setor Número de Linhas Atendimento a 200m

178 setores censitários

Julho de 1997

Cadastrado no Programa Renda Mínima

Programa de Renda Mínima Secretaria Municipal de Assistência Social/PMPP

Impresso Requerente Cônjuge Endereço Renda familiar Grupo Beneficiados Valor do Benefício

3139 famílias

Excel® e Dbase IV®

Setor Requerente Cônjuge Endereço Renda familiar Grupo Beneficiados Valor do Benefício

3023 famílias

01/02/2000

27

Continuação do quadro 1

BASE DE DADOS BANCO DE DADOS Base de dados/ Banco de dados

Fonte Formato original

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Formato final

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Período

Imóveis Residenciais Precários

Cadastro Técnico Imobiliário Secretaria do Planejamento/ PMPP

Impresso Referência Cadastral Proprietário Endereço Área do terreno Área construída Tipo de uso Valor do imposto Tipo de imóvel Ano Classe Valor venal do terreno e da construção

6327 Excel® e Dbase IV®

Setor Referência Cadastral Proprietário Endereço Área do terreno Área construída

5937 26/01/2000

Imóveis Residenciais até 70m²

Cadastro Técnico Imobiliário Secretaria do Planejamento/ PMPP

Impresso Proprietário Endereço Área construída Referência Cadastral Área do terreno

1075 Excel® e Dbase IV®

Setor Proprietário Endereço Área construída

1074 16/12/1999

28

continuação do quadro 1

BASE DE DADOS BANCO DE DADOS Base de dados/ Banco de dados

Fonte Formato original

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Formato final

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Período

Imóveis Residenciais Precários de até 70m²

SIGI – LAGHU Excel® e Dbase IV®

Setor Proprietário dos imóveis até 70m² Proprietários dos imóveis precários Endereço Área construída

1074 (imóveis de até 70m²) 5937 (imóveis precários)

Excel® e Dbase IV®

Setor Proprietário Endereço Área construída

280 Abril de 2000

Terrenos acima de 1000m²

Cadastro Técnico Imobiliário Secretaria do Planejamento/ PMPP

Impresso Referência Cadastral Proprietário Endereço Área do terreno Valor venal

2288 Excel® e Dbase IV®

Setor Referência Cadastral Proprietário Endereço Área do terreno

2288 16/12/99

29

BASE DE DADOS BANCO DE DADOS Base de dados/ Banco de dados

Fonte Formato original

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Formato final

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Período

Proprietários de áreas acima de 10000m²

SIGI – LAGHU Excel® e Dbase IV®

Setor Referência Cadastral Proprietário Endereço Área do terreno

2288 Excel® e Dbase IV®

Setor Proprietário Endereço Área dos terrenos

113 Abril de 2000

Lixo Mazzini (1997) Monografia de Bacharelado em Geografia (Impresso)

Setor Localização dos lixões ativos e já desativados Problemas Sanitários e ou Ambientais Ano de instalação

Excel® e Dbase IV®

Setor Localização dos lixões ativos e já desativados Problemas Sanitários e ou Ambientais Ano de instalação

178 setores censitários

1997

30

continuação do quadro 1 BASE DE DADOS BANCO DE DADOS

Base de dados/ Banco de dados

Fonte Formato original

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Formato final

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Período

Cadastrados a procura de emprego

Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho e FIBGE/PP

Access® Candidato Posto Data de cadastramento Data de requalificação Endereço Telefone Sexo Estado civil Escolaridade Cursos Idiomas Idade Tempo de desemprego Nacionalidade Número de dependentes Locais onde já trabalhou Datas de admissão e demissão Motivos da saída Experiência profissional Número de filhos Seguro desemprego

17893 pessoas

Excel® e Dbase IV®

Setor Candidato Endereço

15878 pessoas

24/04/97 a 06/01/2000

31

continuação do quadro 1 BASE DE DADOS BANCO DE DADOS

Base de dados/ Banco de dados

Fonte Formato original

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Formato final

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Período

Distribuição dos Habitantes

Contagem Populacional FIBGE/PP

Impresso Nome do distrito ou sub-distrito Setor Número de unidades visitadas Número de domicílios particulares (ocupados, não ocupados, uso ocasional, fechados, vagos) Número de unidades não residenciais Número de habitações em domicílios coletivos Total de questionários Número de moradores (total, homens, mulheres)

209 Excel® e Dbase IV®

Setor Número de habitantes Percentual por setor

178 setores censitários

1996

32

continuação do quadro 1 BASE DE DADOS BANCO DE DADOS

Base de dados/ Banco de dados

Fonte Formato original

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Formato final

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Período

Distribuição dos domicílios

Contagem Populacional FIBGE/PP

Impresso Idem anterior 209 Excel® e Dbase IV®

Setor Número de domicílios ocupados Percentual por setor

178 setores censitários

1996

Exclusão Escolar

Programa Volte para Ficar Secretaria Municipal da Educação/PMPP

Access� Setor Sujeito Sexo Escola Evasão Série Período Idade Endereço Nome dos pais Projetos

907 Excel® e Dbase IV®

Setor Sujeito Sexo Escola Evasão Série Período Idade Endereço Nome dos pais Projetos

907 1999/2000

33

continuação do quadro 1

BASE DE DADOS BANCO DE DADOS Base de

dados/

Banco de

dados

Fonte Formato

original

Variáveis

Disponíveis

Número

total de

registro

s

Formato

final

Variáveis

Disponíveis

Número

total de

registros

Período

SIM – Sistema de Informação de Mortalidade

Secretaria Municipal de Saúde/PMPP

Dbase IV® Dos�

Registro da DO Nome da mãe Endereço Bairro Setor censitário CRM do médico Data do óbito Estado civil Sexo Data de nascimento Idade Local de ocorrência Município de ocorrência Município de residência Causa básica

1100 Excel® e Dbase IV®

Registro da DO Nome da mãe Endereço Bairro Setor censitário CRM do médico Data do óbito Estado civil Sexo Data de nascimento Idade Local de ocorrência Município de ocorrência Município de residência Óbito até um ano de idade Óbito entre 10 a 18 anos por causa violentas

117 1998

34

continuação do quadro 1 BASE DE DADOS BANCO DE DADOS

Base de dados/ Banco de dados

Fonte Formato original

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Formato final

Variáveis Disponíveis

Número total de registros

Período

SINASC – Sistema de Informação de Nascidos Vivos

DIR 16/SES Dbase IV® DOS

Local do nascimento Estabelecimento de ocorrência Data de nascimento Sexo Peso Cor Apgar1 Apgar5 Tempo de gestação Tipo de gravidez Tipo de parto Quantidade de pré-natais Idade da mãe Instrução da mãe Filhos vivos Filhos mortos Endereço da mãe Bairro da mãe Setor censitário

2988 Excel® e Dbase IV®

Nascidos vivos

205 nascidos de risco

1998

35

2.3. Análise situacional da exclusão social em Presidente Prudente

Neste item, são discutidos os resultados alcançados por este projeto no

que se refere ao mapeamento das desigualdades sociais, econômicas e

ambientais, a partir das bases de dados acessadas e dos bancos de dados

elaborados para tal fim.

Assim, além de alguns comentários sobre o programa utilizado

(software), serão apresentados os mapas produzidos, incluindo um mapa

síntese, considerando como Mapa da Exclusão 2000. Cada um dos mapas

será seguido de:

- breve descrição do processo da organização do banco de dados

trabalhado; - identificação e análise das informações obtidas;

- e uma avaliação da potencialidade dessas informações enquanto

indicadores da exclusão social.

Esta abordagem, procura não apenas descrever o fenômeno sob

análise, mas também, situá-lo no contexto das políticas públicas em

andamento no Município de Presidente Prudente, ou seja, trata-se de uma

análise situacional que procura subsidiar um processo permanente de

formulação de propostas de intervenção, compartilhadas entre atores sociais

envolvidos no planejamento. Para tanto, deve-se responder às questões como:

Quais áreas da cidade deveriam receber maiores investimentos sociais? Em

que medida as políticas públicas implementadas estão de fato, resultando

numa mudança na situação de desigualdade social?

A partir das explicações compartilhadas entre os atores sociais

envolvidos13, torna-se possível a elaboração de um plano de ação, entendido

como uma forma de enfrentamento dos problemas em questão.

Como auxiliar da análise situacional, foram utilizados as ferramentas da

cartografia temática. Neste processo de construção coletiva, o papel do mapa

foi desencadear significados consensuados da realidade sobre a qual se quer

intervir.

13 Vide item 2.6 deste relatório a respeito dos atores sociais envolvidos neste projeto através do Comitê Decisório.

36

Um mapa per si não carrega significados, mas suscita diversas

possibilidades de leitura da realidade. Num nível mais elementar, a

cartografação é um auxiliar na identificação e localização dos fenômenos que

se quer compreender. Ela responde às perguntas “o que?” e “onde?”. Mas a

leitura do mapa não existe separada de uma elaboração intelectual e do juízo.

Assim, num segundo nível de leitura, o mapeamento permite a análise de

correlações entre duas ou mais variáveis, respondendo às perguntas “quem?”

e “como?”. Por fim, a cartografia temática possibilita um terceiro nível de

análise situacional, que é o da síntese, na qual os atores sociais envolvidos

compartilham da construção de tipologias e julgamentos de valor. Neste caso,

a análise situacional consegue responder às perguntas “por que?” e “para

que?”.

O mapeamento temático eletrônico tem sido usado cada vez mais como

uma ferramenta que possibilita e facilita sobremaneira a visualização e a

identificação rápida de fenômenos que apresentam um forte componente

territorial.

São vários os programas disponíveis no mercado que atendem a este

objetivo mais geral. O programa utilizado neste projeto é o MapInfo�. Ele

dispõe de recursos para efetuar redistribuição territorial, combinação e divisão

de objetos e coberturas. Pode-se também efetuar consultas a bancos de dados

remotos e realizar visualização múltipla de seus dados em três formatos: janela

de mapas, listagem e gráficos.

Tal programa foi escolhido em função de encontrar-se disponível para

utilização imediata no Laboratório onde este projeto se desenvolve. Outro

ponto importante a ser aqui ressaltado é que se trata de um programa

extremamente amigável para o usuário final, não apenas para a consulta de

mapas mas, sobretudo, para sua elaboração. Além disso, o MapInfo� exige

poucos recursos para sua implementação, uma vez que é de baixo custo e

utiliza pouca memória do computador, sendo capaz de trabalhar qualquer

banco de dados Dbase� compatível.

A partir do momento em que a base cartográfica está preparada, ou

seja, encontra-se com todos os setores e áreas já identificados, delimitados e

as diferentes tabelas dos fenômenos a serem mapeados estejam também

37

completas, o processo de georreferenciamento é simples e rápido, bastando

seguir os tutoriais do próprio programa.

A finalização do mapa, com títulos, legenda, créditos e outros elementos

também de faz sem qualquer tipo de dificuldade.

2.4. A exclusão social através de mapas

Neste tópico, são analisados cada um dos mapas produzidos,

entendidos como ferramentas necessárias para a elaboração de uma análise

situacional da exclusão dos diferentes setores censitários.

Cada um destes mapas seguiu os mesmos procedimentos de

construção tal como descrito no item anterior, possibilitando uma leitura

territorializada dos fenômenos escolhidos para indicar em diferentes

perspectivas, como se manifesta a exclusão social, econômica e ambiental em

Presidente Prudente. Fato importante a ser observado é que recorrentemente

as mesmas áreas comparecem de maneira destacada em todos (ou quase

todos) os mapas, demonstrando a complexidade do fenômeno sob análise, ou

seja, a exclusão se concretiza a partir de um conjunto de carências em um

mesmo território e população.

Esta conclusão certamente não poderia passar desapercebida ou ser

tomada como realidade de fácil identificação, uma vez que reforça a

necessidade de que qualquer ação sobre tais áreas ou populações deve ser

marcada pela integração de setores e projetos, para que resultem em

intervenção efetiva.

O mapa final (Análise Espacial da Exclusão Social) reflete esta

perspectiva: ao sintetizar o resultado de cada variável em cada setor censitário,

indica às áreas de atuação prioritárias para as políticas públicas de

enfrentamento da exclusão. Além disto, como todos os outros mapas também

podem ser tomados como instrumento para avaliar a evolução temporal dos

fenômenos/variáveis e mesmo os resultados/impactos de cada política pública

em particular.

38

39

Mapa 1 – Cadastrados à Procura de Emprego

As situações de desemprego, subemprego, precariedade das condições

e das relações de trabalho, são dentre todas as que atualmente neste país,

mais impactam e determinam as condições de exclusão. Por isto, um projeto

que procura sistematizar informações que permitem enfrentar as diferentes

situações de exclusão, não poderia deixar de lado dados sobre este fenômeno.

Entretanto, não há em Presidente Prudente, quaisquer informações

disponíveis e minimamente organizadas que, pelo menos, estime e procure

individualizar situações de demanda por trabalho e emprego14. A não ser o

cadastro do serviço criado pela Secretaria Estadual de Relações de Trabalho

do Estado de São Paulo (SERT) e escritório regional de Presidente Prudente.

Dentre todas as bases de dados utilizadas por este projeto, este

cadastro é o que apresenta o maior número de registros/ocorrências (mais de

16 mil). Isso por si só já é extremamente significativo, revelando a importância

e a emergência do problema da falta de oportunidades e da exiguidade que a

economia urbana local dispõe em termos de horizontes para a situação das

rendas provenientes do trabalho.

A base de dados obtida, registra diferentes variáveis para cada um dos

cadastrados à procura de emprego (vide quadro 1). Nesta primeira etapa do

projeto, optou-se por mapear apenas o setor censitário de residência de cada

desempregado, visando analisar sua distribuição espacial.

Com relação aos resultados expressos no mapa:

- a distribuição da demanda por trabalho e emprego no espaço urbano,

segundo os intervalos definidos no mapa, revela uma certa progressividade

negativa, do centro para as periferias norte e leste.

- a maior concentração de cadastrados ocorre no setor 166 (Conjunto

Habitacional Brasil Novo), na zona Norte da cidade, e no setor 158 (Jardim

Cambuci, Jardim Paraíso, Jardim Sumaré e Jardim Chácara Marisa), na

zona Leste da cidade.

14 Como as Pesquisas Mensais de Emprego (PME) do IBGE, para as regiões metropolitanas, ou a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada pelo convênio SEADE/DIEESE, para as RM de São Paulo, Belo Horizonte e Distrito Federal.

40

- as zonas norte, leste e o extremo oeste da cidade, apresentam 17 setores

em que o número de cadastrados é significativo (intervalo entre 200 e 400

cadastrados).

- há, por outro lado, um número expressivo de setores censitários em que

não se registra nem mesmo um cadastrado (vários setores da área central

da cidade e das zonas sul e oeste).

- a zona leste apresenta a maior concentração em termos negativos, isto é,

maior frequência de setores com números altos em termos de cadastrados

em busca de emprego/ocupação.

- os setores localizados na zona Oeste da cidade apresentam maior

homogeneidade: não se registra nenhum setor naquela área que se situe no

de mais baixa ocorrência (0 a 1) e no de maior ocorrência (de 300 a 664).

Com relação às dificuldades encontradas durante os trabalhos de

exploração, seleção, organização e sistematização da base de dados utilizada

para a produção do mapa “Cadastrados à Procura de Emprego”, observa-se

que o cadastramento pela SERT, não dispõe de informações a respeito dos

candidatos que foram convocados para entrevistas pela empresas que

participam do cadastro, tampouco daqueles que foram efetivamente

selecionados e contratados durante o período de cadastramento. Nestes

casos, os registros deveriam ter saído baixados e redirecionados, conformando

uma nova tabela de formulários que informassem mudança de situação.

Entretanto, este problema não invalida a utilização desta base de dados

para a construção de um indicador de exclusão social, uma vez que as

informações a partir daí produzidas, indicam claramente a desigualdade

existente entre os distintos setores, no que se refere às características da

população que ali reside.

A utilização futura das outras variáveis do Cadastro da SERT,

certamente refinará a caracterização do perfil desta população em cada setor,

por exemplo, com sua discriminação por sexo, faixa etária, escolaridade etc.

Cabe também ressaltar a possibilidade de cruzamento destas variáveis

com outras bases de dados disponíveis, como é o caso do Cadastro Geral de

Empregados e Desempregados (CAGED/Ministério do Trabalho), para o

41

município de Presidente Prudente, além das outras bases dos

serviços/programas organizados pela Prefeitura Municipal.

Estabelecemos desde já, o compromisso desta equipe de trabalho, de

continuar cooperando com os gestores do serviço da SERT, no sentido de

precisar e melhorar aquele sistema, uma vez que os dados ali armazenados,

mesmo que de forma pouco sistemática, podem vir a contribuir ainda mais

efetivamente no desvendamento e na análise das situações de exclusão. Além

disso, entende-se que um serviço público desta natureza, quando devidamente

estruturado e articulado às propostas de ação, que consideram os seus

gestores e as empresas de forma efetivamente participativa, pode vir a se

qualificar como importante instrumento para políticas públicas que estimulem a

abertura de maiores e melhores oportunidades de trabalho e geração de

rendas, o que nunca é demais registrar, vem ao encontro dos objetivos desse

projeto.

42

43

Mapa 2 – Imóveis precários de até 70 m2

A moradia é um excelente parâmetro para inferências sobre o padrão de

vida de cada família. Suas condições de habitabilidade relacionam-se

diretamente à renda familiar, inserção no mercado de trabalho e com as

possibilidades de acumulação (certeza de renda permanente para continuar

eventuais melhoramentos necessários na moradia), além de guardar estreito

relacionamento com as políticas públicas na área da habitação.

A base de dados utilizada para a análise da situação habitacional é o

Cadastro Imobiliário da Prefeitura Municipal. Trata-se de um conjunto de dados

abrangente e atualizado (o último recadastramento ocorreu em 1997/1998) que

permite diferentes tipos de investigação.

Nesta primeira fase do projeto, trabalhamos com duas variáveis básicas:

os imóveis residenciais considerados precários e os imóveis residenciais cuja

área construída não ultrapassa 70 m2. São considerados imóveis precários

aqueles que não apresentam os requisitos básicos de habitabilidade: piso,

banheiro interno ao domicílio, ausência de reboco e de fechamento de janelas

e portas e mesmo o tipo de material utilizado, particularmente a madeira,

dentre outros. O mapeamento destas duas variáveis, quando cruzadas entre si

ou mesmo separadamente, revela um padrão espacial de localização destes

imóveis relevante para a tomada de decisão sobre áreas prioritárias de

intervenção.

O primeiro mapa apresentado espacializa a localização dos imóveis

precários de até 70 m2 . Infere-se que existe uma concentração de tais imóveis

na zona norte da cidade, particularmente nos setores 166, 165 e 157, que

correspondem respectivamente aos bairros Conjunto Habitacional Brasil Novo,

Humberto Salvador e Parque Alexandrina. Ressalte-se que são setores que

nos últimos anos, receberam populações oriundas de programas de

desfavelamento e que os dois primeiros bairros foram originados de projeto de

lotes urbanizados realizados pelo poder público municipal.

Destaca-se ainda dois setores localizados na zona leste. Tanto no setor

75 (Jardim Itapura) quanto nos setores 45 e 19 (Vila Flores e Vila Líder) ainda

se encontra um elevado número de moradias precárias de até 70 m2.

44

Entretanto, ao contrário da zona norte, trata-se de bairros antigos e com

parcelamento do solo irregular.

No restante da área urbana existe uma grande diversidade de situações:

é possível encontrar nos setores mais próximos ao centro uma grande

quantidade de casas de madeira remanescentes ainda dos primeiros anos de

ocupação da cidade, como é possível encontrar na zona oeste os conjuntos

habitacionais produzidos ao longo dos anos 80 e 90, seja pela Prefeitura

Municipal, seja pelo Governo Federal ou seja ainda pelo Governo Estadual,

estes últimos verticalizados.

Para além destas particularidades necessárias de serem analisadas em

profundidade, o mapa constitui-se em um indicador dos setores que deveriam

ser objeto de propostas, sob a ótica da melhoria das habitações, ou seja, além

de dimensionar políticas habitacionais, permite também desenhar políticas

específicas no campo urbanístico e no campo dos direitos

individuais/familiares.

45

46

Mapa 2.1. Imóveis Precários

Do Cadastro Imobiliário da Prefeitura Municipal também foram utilizados

os dados dos imóveis residenciais considerados precários. Em sua maior parte

tratam-se de residências de madeira, em geral com estado de conservação

inadequado.

A concentração espacial deste dado é significativa em relação aos

setores onde mais se observam estes tipos de imóveis. Na zona norte os

setores 154 e 155 (Jardim Guanabara e Jardim São Francisco); na zona leste

os setores 19, 36, 45, 87 e 113 (Vila Flores, Vila Furquim, Vila Líder, Jardim

Brasília e Jardim Planalto); o setor 91 (Jardim Califórnia) na porção sul e na

zona oeste, o setor 123 (Jardim Monte Alto).

Na categoria imediatamente abaixo (entre 50 e 150 imóveis) chama a

atenção a presença maior da zona leste e mesmo de setores localizados na

periferia mais imediata ao centro, além do setor 157 (Parque Alexandrina).

Na medida em que define a localização dos imóveis precários

considerados precários, este indicador apresenta um grande potencial para a

formulação de políticas públicas e seu posterior acompanhamento. Aliado a

outros indicadores (tratados ou não neste relatório) indica situações de

exclusão social, econômica e ambiental a partir das características da

habitação.

47

48

Mapa 2.2. Imóveis de até 70 m2

Os imóveis residenciais de até 70 m2 possuem um interesse especial

neste trabalho, na medida em que a lei municipal garante a isenção total do

IPU (Imposto Predial Urbano) aos proprietários possuidores de um único imóvel

até esta faixa de área construída. Além disto, mesmo reconhecendo a

existência de uma forte tendência de diminuição da área média dos imóveis

produzidos pelo mercado ou produzidos pelas políticas públicas habitacionais,

trata-se de dados importante na qualificação do padrão do parque imobiliário

residencial.

A distribuição espacial destes dados indica um padrão relativamente

desconcentrado destes imóveis entre os setores. Mesmo em áreas próximas

ao centro e em áreas reconhecidamente de padrão elevado, como na porção

sul da cidade, verifica-se sua existência.

Entretanto, mais uma vez a leitura deste dado deve ser qualificada por

outras informações, pois é grande a diversidade de situações: enquanto nas

zona norte verifica-se sua maior ocorrência, em função dos programas de

desfavelamento já comentados, na zona oeste sua presença é devida aos

grandes conjuntos habitacionais e na zona leste devido ao padrão habitacional

de uma área já consolidada e antiga.

O mapa, portanto, abre a possibilidade de um refinamento nas

intervenções municipais voltadas à questão habitacional no sentido, sempre, de

melhorar a qualidade de vida nos diferentes setores e combater a exclusão

social. Potencialmente, existe a possibilidade/necessidade de agregar-se a

este mapa as características construtivas destas residências, ganhando assim

maior poder de informação.

49

50

Mapa 3 – 100 maiores proprietários de terrenos urbanos

Tendo como fonte também o Cadastro Imobiliário Municipal, os dados de

endereço dos proprietários de áreas urbanas não parceladas acima de 1000

m2, foram trabalhados no sentido de se transformarem num indicador de

controle e qualidade do conjunto de dados que visam caracterizar as áreas de

exclusão social, ou seja, parte-se do princípio que a propriedade de terrenos

desta dimensão, certamente indica uma situação de inclusão econômica para

seus proprietários. Para este relatório foram selecionados apenas os

proprietários de áreas acima de 10.000 m2, contínuas ou não.

O mapa mostra a concentração nas zonas central e sul (grupo de 3 a 8 e

mais de 8 proprietários). Isto significa em um primeiro momento que estes

grandes proprietários vivem ou mantém escritórios (para correspondência) nas

melhores áreas da cidade. A correlação bastante plausível aqui é que, a

detenção de patrimônio imobiliário na magnitude trabalhada, acaba por

significar a possibilidade de auferição de rendas elevadas e a conseqüente

inclusão social e econômica.

É importante salientar que no Brasil o patrimônio é mais concentrado

que a renda e que em Presidente Prudente a concentração da propriedade

fundiária aumentou nos últimos 20 anos o que, além do significado de poder

econômico, revela também poder político e social. De qualquer maneira,

encontra fundamento a idéia de que quem tem patrimônio, tem renda. E quem

tem renda escolhe os melhores lugares da cidade para viver.

51

52

Mapa 4 – Cadastrados do Programa de Garantia de Renda Mínima

O Programa de Renda Mínima Familiar integra a pauta social do

plano de governo da atual administração municipal (1997-2000) desde o início

de sua gestão. O Programa conta, desde o início de sua implantação em 1997,

com o suporte do “Mapa da Exclusão Social”, realizado por esta mesma equipe

de pesquisa associada ao Laboratório de Geografia Humana, em parceria com

a Prefeitura Municipal15. Aquele instrumento, embora ainda bem menos preciso

e detalhado em termos de resultados, quando confrontados com os que

apresentamos neste momento, possibilitou à equipe responsável pela

implantação e execução do programa (coordenada pela Secretaria Municipal

de Assistência Social – SAS), identificar as áreas da cidade com maior

adensamento de famílias que respondiam às necessidades de serem

cadastradas e atendidas com maior urgência.

Na base de dados dos cadastrados no Programa, consta um total de

3023 famílias, com seu respectivo endereço, renda, famílias beneficiadas, valor

do benefício e setor censitário de residência.

A distribuição da demanda por renda mínima no espaço urbano,

segundo os intervalos definidos no mapa, revela uma certa progressividade

negativa, do centro para as periferias norte e leste, particularmente

determinados setores censitários localizados no interior destas duas

respectivas áreas da cidade e que também apresentam resultados fortemente

negativos quando se consideram outras variáveis.

A zona leste da cidade apresenta maior concentração em termos

negativos, isto é, maior frequência de setores com números altos em termos de

famílias cadastradas que atendem o perfil exigido para o atendimento pelo

Programa de Renda Mínima.

Dos dados apresentados no mapa, pode-se inferir o seguinte. Como a

base cartográfica utilizada associa a distribuição do evento aos setores

censitários (IBGE), e, considerando que, de acordo com a metodologia do

IBGE, os setores apresentam homogeneidade em termos de número de

domicílios (cerca de 250) e em termos de percentuais populacionais, pode-se

15 Ver item Apresentação deste Relatório.

53

estimar que em muitos daqueles setores da cidade que apresentam o intervalo

“50 a 205” famílias cadastradas, entre um quinto e quase a totalidade das

famílias residentes encontram-se em situação de carência que justifica o

acesso ao programa.

Em vista dos resultados obtidos pelo mapeamento dos cadastrados no

Programa de Renda Mínima, conclui-se que a informação gerada apresenta

enorme potencial de uso para a análise da exclusão social. Inúmeras outras

variáveis podem ser correlacionadas com os dados das famílias cadastradas,

como é o caso do valor do benefício recebido pelas famílias, total de

beneficiados, além das condições de moradia e emprego.

54

55

Mapa 5 – Exclusão escolar de crianças e jovens

O mapeamento da exclusão escolar de crianças e jovens, foi efetuado

a partir da base de dados organizada pelo Programa “Volte Prá Ficar” . Este

programa organizou-se a partir da iniciativa do Conselho Municipal dos Direitos

da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar, pela Promotoria de Justiça da

Criança e do Adolescente, com o apoio das Secretarias Municipais de

Educação, Assistência Social e Cultura, Diretoria de Ensino e Faculdade de

Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita

Filho” (FCT/UNESP). Pretende reintegrar crianças, jovens e adultos à rede

oficial de ensino, somando esforços a várias outras iniciativas experimentadas

no nível local como: Programa de Renda Mínima para as famílias carentes,

catraca livre para os alunos, controle de freqüência e encaminhamento via

Conselho Tutelar, programas de educação continuada para professores,

classes de aceleração, recuperação e promoção por ciclo, dentre outras. Para

isso, realizou-se um amplo levantamento da população evadida, através das

listas de matrículas das escolas, de campanhas publicitárias que divulgaram

um número de telefone para informações anônimas sobre pessoas que

estivessem fora da escola e de um “arrastão” que contou com a participação de

mais de 400 voluntários para visitas domiciliares e caracterização deste

universo de evadidos.

Apesar de todas as iniciativas de contenção direta ou indireta da evasão

escolar já citadas, foram identificados 1236 crianças, jovens e adultos fora das

escolas. Em alguns casos, as matrículas efetuadas não eram sinônimo de

freqüências às aulas; em outros, a distância da educação formal remontava a

um tempo que não tinha sequer registro nos dados oficiais.

Deste total, por volta de 300 sujeitos não puderam compor o banco de

dados por erros de preenchimento nos formulários, duplicidade destes últimos,

entre outros problemas. Os 906 sujeitos restantes foram mapeados, levando-

se em conta os setores censitários do IBGE .

O mapa elaborado tornou evidente que a questão da exclusão escolar,

apesar de ser um fenômeno disperso pela cidade, apresenta uma maior

concentração em alguns setores. Este é o caso dos setores: 166 (Conjunto

Habitacional Brasil Novo); 155 (Vila Operária) na Zona Norte e setor 158

56

(Jardim Chácara Marisa, Jardim Paraíso, Jardim Cambuci, Jardim Sumaré), na

Zona Leste.

Apesar da grande repercussão da campanha Volte Prá Ficar, após

novo levantamento realizado pelo Projeto de Acompanhamento de jovens em

situação de exclusão escolar, verificou-se que apenas 15% efetuaram suas

matrículas em 2000, o que leva a crer que se está diante de uma parcela da

população refratária a estas iniciativas mais gerais de atendimento em larga

escala. Por esta razão, pode-se acreditar que o conceito de evasão torna-se

insuficiente para uma reflexão mais consistente deste fenômeno, pois o

problema não reside exclusivamente na evasão da escola. Se assim o fosse, a

população teria respondido positivamente ao chamado da campanha. A

resposta dada, em certa medida hostil, revela uma imbricada teia que não se

desfaz pela garantia de vagas, de transporte, de acesso à informação. O

afastamento do jovem em relação à escola parece ser mais profundo. Parece

denunciar uma incompatibilidade entre suas demandas e o que nossa

sociedade pode lhe oferecer, seja através da escola, seja através de outras

medidas de cunho social.

A exclusão escolar tem contornos ainda desconhecidos, inclusive para

os próprios jovens. É fundamental e urgente portanto, que se indague e se

conheça o significado do abandono escolar para estes sujeitos, o que estamos

procurando fazer cruzando estes dados com outras variáveis também

analisadas e com as estatísticas oficiais de matrícula e evasão por escola.

57

58

Mapa 6 - Eventos-sentinela em saúde

O conceito de evento sentinela foi introduzido na saúde por Rutstein et

alli.(1976). Refere-se a eventos que tendem a não ocorrer, quanto melhor

forem as condições de vida das famílias e/ou indivíduos. Ferramenta de análise

da epidemiologia, os eventos sentinela tem sido utilizados no processo de

planejamento e na formulação de políticas de saúde que procuram reverter

esta situação em termos de realocação de recursos e de avaliação da

qualidade dos serviços oferecidos à população (Pena: 1987).

Para Presidente Prudente foram considerados, pelo número de registros,

os seguintes casos: 1-nascidos vivos de risco; 2-óbitos de jovens entre 10 a 19

anos por causas violentas e 3-óbitos infantis.

No primeiro caso, os dados foram extraídos do SINASC (Sistema de

Informação de Nascidos Vivos) de 1998. Consideramos como nascidos de

risco, as crianças com baixo peso (menos de 2,5 kg) de mães menores de 20

anos com baixa escolaridade e que realizaram menos de 3 exames pré-natais.

Segundo Barata (1997), os nascidos vivos com tais características podem ser

considerados sinalizadores de um perfil sócio-econômico de baixo poder

aquisitivo e de situação de risco de mortalidade infantil.

Quanto aos óbitos de jovens por causas violentas, os dados foram

extraídos do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) de 1998. A escolha

destes dados se justifica pelo aumento crescente do problema no conjunto do

país, vitimando preferencialmente os grupos etários mais jovens, o que tem

provocado forte impacto nos anos potenciais de vida perdidos da população

brasileira (Minayo: 1995). Ainda que não se possa fazer uma transposição

mecânica do aprofundamento das desigualdades sociais para o clima de

conflito e desintegração social, não há como negar a sinergia que há entre

eles.

Os óbitos infantis também foram extraídos do Sistema de Informação de

Mortalidade - 1998. Não foi possível correlacionar tais dados com o total de

nascidos vivos de cada setor. Quando se completar esta tarefa, obter-se-á o

coeficiente de mortalidade infantil, indicador amplamente utilizado na análise de

condição de vida. Por ora, o mapeamento da distribuição dos dados de óbitos

59

infantis pode ser correlacionado com os outros eventos sentinelas trabalhados.

Verifica-se uma incidência dos dados nas mesmas áreas da cidade, o que

indica que a análise espacial dos eventos sentinela é uma rica fonte de

informações para a compreensão da desigualdade de condições de vida em

Presidente Prudente.

Dos óbitos ocorridos em Presidente Prudente em 1998, 177 totalizam os

casos de eventos sentinela considerados em nossa pesquisa. Observa-se uma

concentração destes casos na Zona Leste da cidade, particularmente nos

setores: 83 (Jardim Nova Planaltina - 10 eventos) e 158 (Jardim Chácara

Marisa, Jardim Sumaré, Jardim Paraíso e Jardim Cambuci - 5 eventos). Na

Zona Norte da cidade, o setor 166 (Conjunto Habitacional Brasil Novo),

destaca-se com 8 eventos.

60

61

Mapa 7 – Acessibilidade por transporte coletivo

O mapa da acessibilidade por transporte coletivo em Presidente

Prudente, foi elaborado a partir do trabalho de SPOSITO (1997). Dentre todos

os dados caracterizadores da qualidade do sistema de transporte por ônibus

em Presidente Prudente, foram utilizadas apenas o traçado e a frequência dos

veículos em cada linha, de maneira que seja auferida a distribuição espacial da

disponibilidade deste serviço de transporte. Além disto, foi criada uma faixa de

200 metros a partir do eixo de cada linha para que fosse possível visualizarmos

a acessibilidade dos usuários às linhas e pontos (microacessibilidade).

Para cada uma destas variáveis foi apurada uma nota, variando de 0 a

4, indicando os setores de acessibilidade considerada ótima, boa, regular, ruim

e péssima.

A desigualdade na acessibilidade por transporte coletivo na cidade de

Presidente Prudente é evidente. Há apenas um setor onde ela pode ser

considerada péssima (setor 173, Parque Residencial Damha). Entretanto, há

que se qualificar que trata-se de loteamento fechado, destinado a classes de

renda elevada, dados os preços fundiários ali vigentes.

A cidade apresenta um eixo norte sul de boa para ótima qualidade (Av.

Coronel Marcondes e Brasil) desde o setor 106 ao 41 e 117 (Jardim Aviação

até a Vila Formosa/Jardim Bongiovani) e um eixo leste-oeste (av. Manoel

Goulart), desde o setor 1 (centro) até o setor 98 (Jardim das Rosas). Há dois

outros que, mesmo periféricos, também apresentam esse grau de

acessibilidade, que são os setores: 167 (Parque Primavera) na zona norte e

79 (Vila Centenário/Vila Rainho) na zona leste.

Deve-se destacar também o setor 101, área onde situa-se o

Prudenshopping, que apresenta características de ótima acessibilidade. Esse

setor deve ser analisado a partir das mudanças na centralidade urbana que

vêm ocorrendo em Presidente Prudente.

A boa acessibilidade pode ser destacada nos setores 129,130, 131 a 133

e 137 (COHAB/CECAP, ao longo da Avenida Ana Jacinta) e setor 184 (Jardim

Meridional, ao longo da Rodovia Comendador Bonfiglioli).

A acessibilidade é considerada ruim em áreas periféricas à malha urbana,

setores 164,198, 165,150, 165, 153, 75 (Jardins Santa Fé, Morada do Sol,

62

Novo Bongiovani, Barcelona, Cobral, Regina, Itapura II; Parque São Matheus e

Conjunto Humberto Salvador). No entanto, há áreas interiores à malha urbana

que também têm acessibilidade ruim: os setores 19 (Vila Brasil); 11 (Vila Jesus

- a 500 metros do quadrilátero central da cidade ) e 134 (Jardim Santa Paula -

ao lado da COHAB).

Um outro “vazio” que chama a atenção é uma faixa, no sentido norte-sul,

nos setores 117, 119 e 120 (Jardins Bongiovani e dos Pioneiros) de

acessibilidade regular, circundada por áreas de boa acessibilidade.

Concluindo, a acessibilidade ao transporte é um item de elevada

importância na conformação da qualidade de vida e, em sua ausência, na

caracterização da exclusão. O acesso aos serviços públicos, as possibilidades

de lazer e mesmo ao mercado de trabalho, estão fortemente condicionados

pelo transporte público. As dificuldades em se movimentar acabam, em muitos

casos, transformando o indivíduo em “prisioneiro” de seu espaço mais

imediato.

63

64

Mapa 8 – Necessidade de asfalto

Os dados sobre cobertura asfáltica na área urbana, foram obtidos junto à

PRUDENCO – Companhia Prudentina de Desenvolvimento, empresa de

economia mista responsável por esta infraestrutura. Mesmo reconhecendo-se

que nem sempre o asfalto é a melhor solução de pavimentação, este dado foi

trabalhado uma vez que existe uma forte demanda popular por este benefício.

A questão é que trata-se da principal reivindicação de populações de bairros

não alcançados por este benefício e certamente, tomada como sinônimo de

qualidade de vida e inclusão social.

Assim, após mapeadas as ruas que não dispõem de asfalto e realizada

sua consolidação para cada setor respectivo, classificamos estes últimos em 3

categorias: alta, pequena e nenhuma necessidade de asfalto ou 2, 1 e 0

respectivamente.

A territorialização dessa variável permitiu observar que, em geral, onde a

malha aparece configurada de maneira contínua, não há necessidade de

asfalto. Nas áreas periféricas à malha urbana, a carência por asfalto é muito

grande, como acontece no setor 158 (Jardins Chácara Marisa, Sumaré,

Paraíso e Cambuci) na zona leste; setores 166 e 165 (Conjunto Habitacional

Brasil Novo, Humberto Salvador, Jardins Cobral e Novo Bongiovani) na zona

norte; e no extremo sudoeste da cidade, em parte do setor 188 (Conjunto

Habitacional Ana Jacinta).

Intermediando os extremos, estão às áreas com pouca necessidade de

asfalto, formando o desenho de um cinturão ao redor da cidade.

Quando se compara os dois mapas (acessibilidade por transporte urbano

e asfalto), as áreas mais carentes de asfalto são aquelas que têm os piores

índices de acessibilidade pelo transporte por ônibus, com duas exceções: o

setor 173 (Residencial Dahma) e o setor 161 (Parque Higienópolis)

loteamentos onde moram pessoas de alto poder aquisitivo, que se utilizam

preferencialmente do transporte individual .

Finalizando, pode-se dizer que as áreas de maior exclusão social,

definem-se também, de uma maneira geral além de outros indicadores, por

baixo grau de acessibilidade por transporte coletivo e com grande necessidade

de asfalto.

65

66

Mapa 9 – Nível de exposição aos resíduos sólidos

Quanto aos problemas sócio-ambientais, foram analisados os seguintes

aspectos: abastecimento de água, existência de rede de coleta de esgotos e

destinação final dos resíduos sólidos.

Pelo fato da cidade de Presidente Prudente apresentar uma cobertura

muito boa de rede de água (99%) e de rede de coleta de esgotos (95%),

considerou-se que esses aspectos não se constituíam em variáveis

significativas para o presente estudo.

A deposição final do lixo em Presidente Prudente sempre se deu de

maneira inadequada. As formas de deposição final utilizadas até hoje foram:

lixão (entendido aqui como um depósito de lixo a céu aberto sem qualquer

cuidado sanitário ou ambiental) e aterro controlado (depósito de lixo em que o

único cuidado é o recobrimento diário dos resíduos com uma camada de terra).

Ambas as formas são consideradas inadequadas, tanto do ponto de vista

sanitário como ambiental.

Os lixões (embora já não sejam utilizados há um bom tempo) assim

como os aterros controlados, são focos de proliferação de insetos e roedores,

além de serem uma fonte contínua de poluição do solo, das águas superficiais

e subterrâneas e do ar. Do ponto de vista sanitário, o aspecto principal a se

considerar é a presença de catadores, dentre eles um número significativo de

crianças.

Atualmente, considera-se que o tempo necessário para a decomposição

completa da matéria orgânica enterrada nos lixões é de aproximadamente 25

anos.

Com base nessas informações, a deposição final do lixo em Presidente

Prudente foi dividida em 3 fases.

A primeira vai até 1960, em que se considerou que já não há

conseqüências sanitárias ou ambientais significativas, uma vez que o lixo

depositado (orgânico e inorgânico), dadas suas características e quantidades,

provavelmente já desapareceu.

N segunda fase, de 1960-1980, em que considerou-se que já não há

qualquer implicação sanitária, mas sim ambiental, já que o lixo pode estar se

67

decompondo ainda e portanto, produzindo chorume que pode provocar a

poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas.

Na terceira fase, mais recente (Pós-80) levou-se em consideração o

fato de que o volume de lixo aumentou muito nos últimos anos devido à grande

quantidade de materiais descartáveis (plásticos, papéis, vidros e metais) e não

biodegradáveis, o que tem levado a uma diminuição da vida útil dos locais de

deposição e a uma busca, quase que permanente, por novas áreas.

O fato de sempre terem sido utilizadas áreas localizadas em fundos de

vale, voçorocas e nascentes, faz com que esses locais representem um risco

permanente de poluição e contaminação das águas subterrâneas e também

superficiais, através do chorume e de líquidos percolados.

O presente mapa é resultado da avaliação de 24 áreas utilizadas para a

deposição final do lixo em Presidente Prudente, desde 1923, levantados por

Mazzini(1997).

Foram atribuídos valores de 0 a 2 para cada setor censitário, considerando-

se diferentes as variáveis: inexistência de depósito de lixo no setor, existência de

depósito de lixo no setor vizinho, depósito de lixo utilizado antes de 1970, depósito

de lixo utilizado nos anos 80 e depósito de lixo utilizado nos anos 90.

Os valores atribuídos aos setores foram somados para se obter a nota final,

que variou de 0 a 12.

Pode-se observar que os setores 154 e 155, que abrangem os bairros

Vila Angélica, Jardim Guanabara e Vila Operária, e os setores 70, 73 e 39, que

correspondem aos bairros Parque Furquim, Vila Furquim, Jardim Santa

Filomena e Jardim Itapura, são os que apresentam maiores valores totais, o

que define essas áreas como de alto grau de exposição aos problemas

sanitários e ambientais a serem causados pela deposição inadequada do lixo.

Pode-se concluir que, do ponto de vista sanitário, trata-se de um indicador

importante para o estudo de exclusão social quando se considerta a fase em que o

local está sendo utilizado para a deposição do lixo. Após o encerramento de tais

atividades, pode-se dizer que há uma exposição insignificante da população,

mesmo a da vizinhança. Em relação à importância ambiental, esses locais vão

apresentar um risco permanente de explosões devido à produção de gases; além

disso, a decomposição do lixo pode levar à formação de poças de chorume com a

conseqüente poluição do ar, do solo, da vegetação e, possivelmente, das águas

superficiais e subterrâneas.

68

69

Mapa 10 – Análise espacial da exclusão social

Os procedimentos utilizados para a elaboração deste mapa, levaram em

consideração todas as onze variáveis trabalhadas. O resultado final também

assumiu a forma de uma nota para cada um dos setores censitários. Os seja, a

partir da distribuição espacial do conjunto de fenômenos, os setores censitários

foram classificados em ordem crescente segundo suas notas. Os resultados

obtidos foram, assim, segmentados por quartis. Obteve-se, então, os setores

situados do primeiro ao quarto quartil, avaliando-os com notas de 0 a 3.

O mapa síntese foi, desta forma, elaborado segundo os mesmos

procedimentos dos demais: organizados os setores e suas respectivas notas

para cada variável, foi possível reorganizá-los também em função do conjunto

das notas, segundo quartis. Utilizando-se das mesmas notas de 0 a 3, cada

setor foi classificado de acordo com o valor assumido pela nota final. Assim,

setores com nota igual a 0 (zero), foram considerados como setores de

inclusão; com nota igual a 1 (hum), setores de inclusão parcial; com nota igual

a 2 (dois), setores de exclusão parcial e, setores com nota igual 3 (três), os de

exclusão.

Esta classificação não tem por objetivo criar rótulos, ou mesmo

considerar que cada “bloco” de setores, de acordo com este sistema de notas,

seriam homogêneos internamente. Por outro lado, ressalta-se que tal

procedimento qualifica a diferenciação social, econômica e ambiental entre os

setores. Assim, percebe-se com facilidade que alguns setores apresentam-se

em melhores condições que outros.

A análise situacional do mapa possibilita realizar as seguintes

considerações:

- observa-se que existe uma significativa porção da área urbana

avaliada como área de inclusão (nota zero), onde as variáveis

analisadas não registram situações de risco, privação, precariedade

e exclusão, não obstante a não homogeneidade interna de cada

setor;

- os setores de inclusão parcial e de exclusão parcial (notas 1 e 2)

encontram-se dispersos. As situações intermediárias que

70

comparecem nestes setores acabam por dificultar não apenas uma

análise mais precisa, mas também e, possivelmente, as intervenções

necessárias sobres estes espaços. Somente a agregação de outras

variáveis e um trabalho de campo em cada setor, permitirão

desvendar e explicar as desiguais situações internas de cada um;

- as áreas prioritárias para o enfrentamento da exclusão social

localizam-se quase que integralmente nos limites periféricos norte e

leste da malha urbana, exceções feitas aos setores 91 (parte), 163 e

188. O padrão registrado fala por si: o desafio de compreender as

especificidades da exclusão em cada setor é tão ou mais importante

que a necessidade de estabelecer ações que elevem os patamares

mínimos de equidade, dignidade e cidadania.

Quadro 2 - Relação entre habitantes e setores censitários, segundo análise da exclusão

Nota Final

Classi

ficação dos Setores

Número

de Setores

Percentual de Setores

(em %)

População

(em nº absoluto)

Percentual População dos setores

(em %)

Média de

habitantes/Setor

Zero

Inclusão

87

49,2

74.434

44,2

855,5

1

Inclusão Parcial

42

23,7

40.330

23,9

960,2

2

Exclusão

Parcial

28

15,8

29.358

17,4

1.048,5

3

Exclusão

20

11,3

24.384

14,5

1219,2

TOTAL

177

100

168.510

100

952

Fontes: IBGE/PP; Sistema de Informação para tomada de decisão municipal (SIGI), 2000. Os instrumentos para uma análise situacional de qualidade não podem

deixar de considerar, ao lado da cartografação, medidas e técnicas de

quantificação. As ferramentas cartográficas e as informações georeferenciadas

71

devem ser pensadas e articuladas às medidas de apuração, análise, tendência

e controle que resultam dos tratamentos: estatístico, técnico-econômico,

sociométrico e ambiental.

Sumariando, mapa síntese pode ser considerado um

instrumento/ferramenta de planejamento. Além de seu caráter didático, a

territorialização do resultado combinado das onze variáveis, desempenha um

papel importante em termos estratégicos, uma vez que:

- revela as áreas/setores prioritários às ações e medidas de políticas

públicas de enfrentamento da exclusão social;

- permite o desenho de políticas desta natureza e com esses objetivos;

e, constitui-se em um instrumento de avaliação permanente do

impacto de tais políticas.

Quando se observa o Quadro 3 à luz dos resultados apresentados pelo

Mapa 10, pode-se pontuar o seguinte:

- uma parcela significativa da população prudentina reside em setores

cuja situação socioespacial apresenta condições de inclusão e de

inclusão parcial (notas 0 e 1, correspondendo a aproximadamente

68% do total populacional);

- o número de setores que correspondem à esta situação também é

significativo (129 dos 177 setores, o que corresponde à pouco mais

de 70%);

- não obstante uma situação geral aparentemente satisfatória, chama

a atenção o fato de que os setores mais excluídos (notas 2 e 3)

apresentam médias de habitantes/setor significativamente maiores

(1.048,5 e 1.219,2 hab./setor, respectivamente) em relação à média

hab./setor geral da cidade e às médias dos setores avaliados com as

notas 0 e 1. A distância entre a maior e a menor proporção hab./setor

é de aproximadamente 365 habitantes. Ou seja, os setores mais

excluídos possuem entre 90 e 100 famílias a mais, em média, do que

os setores considerados incluídos. Sem dúvida, esta informação

pode ser tomada como indicadora de situações de desigualdade.

- Do ponto de vista do alcance de tais informações, o que afinal nos é

revelado? As situações de exclusão socioespacial na cidade de

72

Presidente Prudente concentrar-se-iam em algumas poucas

áreas/setores cujo peso populacional não justificaria maiores

investimentos e medidas de intervenção? Ou, Presidente Prudente

ao reproduzir um padrão socioespacial característico do interior

paulista que, sabidamente é superior à média nacional, revela

acentuada segregação? Quanto às diferenciações internas aos

setores, o que eles dizem em relação às situações socioespaciais de

exclusão?

Somente a continuidade das investigações e a estruturação de um

sistema que apure, analise e organize as informações, poderá ajudar a

responder às questões acima formuladas.

Os Quadros 3 e 4 a seguir, permitem visualizar as onze variáveis

tomadas separadamente e em conjunto por setor censitário de acordo com a

distribuição cromática do Mapa 10. A principal diferença entre os Quadro 3 e 4,

diz respeito à apresentação dos resultados. Enquanto no Quadro 3 os setores

estão ordenados em ordem crescente (primeira coluna), no Quadro 4, os

setores são ordenados segundo sua nota final (entre 0 e 3).

73

Quadro 3 – Distribuição dos setores censitários por nota final Setor Desemp Exc.esc. sentinela Rend transp asfalto lixo imprec 70 m2 precisen G prop total

2 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 0 3 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 3 0 4 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 3 0 5 1 1 1 0 1 0 0 1 1 0 3 0

11 1 1 1 1 2 0 0 1 0 0 2 0 16 2 1 1 1 3 0 0 2 1 1 3 0 17 2 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 2 42 0 0 0 0 2 1 0 0 0 1 3 0 43 1 0 0 1 2 0 0 1 0 1 2 0 44 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 55 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 0 58 1 1 0 1 2 0 0 1 1 1 3 0

62 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 64 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 65 1 1 1 0 2 0 0 1 1 0 3 0 66 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 68 1 1 1 1 2 0 0 1 1 1 3 0 69 0 1 0 0 2 1 0 0 0 0 3 0 78 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 79 2 1 1 1 0 0 0 2 1 1 2 0 83 3 3 3 3 2 1 0 1 2 2 3 0 85 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 86 2 0 1 1 2 0 0 1 1 0 3 0 87 3 2 1 3 2 0 0 3 2 2 2 0 89 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 93 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 0 96 1 0 0 1 2 1 0 1 0 0 3 0 99 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0

103 1 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 0 104 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 108 1 1 1 1 2 0 0 1 1 2 3 0 111 2 0 1 2 2 0 0 1 1 0 3 0 119 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 2 0 127 1 1 0 1 2 0 0 0 0 0 2 0 128 1 2 1 2 2 2 0 1 1 0 3 0 133 1 1 1 1 2 0 0 0 1 0 3 0 134 1 2 1 1 3 0 0 1 2 1 3 0 142 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 144 1 1 0 2 2 0 1 2 1 1 3 0 145 1 1 1 1 2 0 1 1 1 0 3 0 146 1 0 0 1 2 0 1 1 1 0 3 0 147 1 0 0 0 2 0 0 1 1 0 3 0 149 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 152 0 0 0 0 2 0 0 1 0 0 3 0 156 2 2 0 3 2 1 0 1 1 1 3 0 161 1 0 1 1 2 1 0 1 0 0 2 0 169 1 0 0 0 3 2 0 0 0 0 3 0 170 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 0 173 1 1 0 1 3 0 0 0 0 0 3 0 182 1 1 0 1 2 1 0 0 1 0 3 0 186 1 1 0 1 2 0 0 1 2 1 3 0 189 1 1 1 1 2 1 0 0 1 1 3 0 190 1 1 1 1 2 1 0 0 1 1 3 0 191 1 1 0 1 2 2 0 0 2 1 3 0 192 1 1 0 1 2 2 0 0 2 0 3 0 193 1 0 0 1 2 2 0 0 1 0 3 0 195 1 1 1 2 2 0 0 1 1 0 3 0 196 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 0 197 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 0 198 2 2 1 3 2 2 1 1 2 0 3 0

6 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 1

10 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 1 12 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 3 1 22 1 1 0 1 1 0 0 1 0 1 3 1 25 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 3 0 26 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 1 27 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 1 29 1 0 0 1 2 0 0 1 1 0 3 1 30 0 0 0 0 2 0 0 1 1 0 3 1 31 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 2 1 32 1 1 1 1 1 0 0 1 1 0 2 1 33 1 0 0 1 1 0 0 1 0 0 2 1 34 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 1 38 3 2 2 2 1 0 0 2 1 1 3 3 47 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 49 1 1 1 1 1 0 0 1 0 0 3 1 50 1 0 1 1 1 0 0 1 0 1 2 1 52 1 1 0 0 1 0 0 0 1 0 2 1 56 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 1 59 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 1 61 2 1 2 1 1 0 1 2 1 1 2 2 67 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 71 2 1 1 2 2 0 0 2 1 0 3 1 90 2 2 1 1 2 0 0 3 2 1 2 3 92 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 94 1 1 0 1 1 0 0 1 1 0 1 1 98 1 1 0 1 1 0 0 1 1 1 3 1

105 2 1 1 2 1 0 0 0 0 2 2 1 106 1 1 0 1 1 0 0 1 1 0 2 1 109 1 1 1 1 2 0 0 1 1 0 2 1 114 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 116 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 3 1 117 1 1 1 1 1 0 0 1 1 0 1 1 120 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 129 2 1 1 1 2 0 0 0 1 2 3 1 135 2 1 1 2 2 0 0 1 2 1 3 1 136 1 1 1 2 1 0 0 1 1 1 3 1 137 1 1 0 1 1 0 0 0 1 0 3 1 139 2 1 1 1 2 1 0 1 1 1 3 1 150 2 2 1 1 2 0 1 1 1 0 2 1 153 1 1 1 1 2 1 0 2 1 0 3 1 159 1 1 0 1 2 0 0 2 1 0 3 1 15 3 1 1 1 1 0 0 2 1 1 2 2 18 2 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 2 20 1 1 1 1 1 0 0 2 1 0 2 2 21 1 1 1 1 1 0 0 1 1 0 2 2 23 1 1 1 1 1 0 0 2 1 1 2 2 24 1 1 1 1 2 0 0 2 1 1 3 2 28 2 1 1 1 2 0 0 1 1 1 3 2 35 2 1 1 1 2 0 0 2 1 0 3 2 46 2 0 0 1 2 0 0 1 1 0 3 2 48 2 2 1 1 2 0 0 2 1 0 2 2 57 1 2 0 1 2 0 0 2 1 1 3 2 60 2 1 2 1 1 0 1 2 1 1 2 2 63 2 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 2 72 1 1 1 2 3 1 3 1 1 0 3 2 74 1 0 0 0 2 0 0 1 3 3 3 2 75 1 0 1 0 2 0 0 1 0 0 3 2 80 3 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 2 81 3 2 1 2 2 0 0 2 2 1 3 2 95 2 1 1 1 1 0 0 1 1 0 3 2

100 1 1 1 1 2 0 0 2 1 1 3 2 101 1 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 2 102 1 1 1 1 2 0 0 2 1 1 2 2 112 3 2 1 3 2 1 0 1 1 2 3 2 121 2 1 1 2 1 1 0 1 1 1 2 2 122 2 1 1 1 2 0 0 2 2 0 2 2 125 2 1 0 1 2 1 0 1 1 0 3 2 130 2 2 1 1 2 0 0 1 2 1 3 2 132 1 1 1 1 1 0 0 0 2 1 3 2 138 3 2 1 1 2 1 0 1 2 0 2 2 141 1 2 1 2 2 0 0 2 1 0 3 2 151 2 2 1 2 2 1 0 1 1 1 3 2 164 3 2 2 2 2 1 0 1 2 0 2 2 168 1 1 0 1 2 0 0 0 1 0 3 2 172 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 2 181 1 1 0 1 2 0 0 1 2 0 3 2 183 2 2 0 1 2 0 0 2 2 0 3 2 185 2 1 1 1 2 0 0 0 2 0 3 2 187 1 1 0 1 2 1 0 0 2 0 3 2

1 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 14 3 2 2 2 1 0 0 2 1 1 2 3 19 3 2 1 3 2 0 1 3 2 1 3 3 36 2 1 1 1 2 0 0 3 1 0 3 3 37 1 1 1 1 2 0 0 0 1 1 3 3 39 1 0 0 1 2 0 3 1 1 1 3 3 40 2 2 1 2 2 0 0 2 2 0 3 3 41 2 1 1 1 2 0 1 2 1 0 2 3 45 3 2 3 3 2 0 0 3 2 3 3 3 70 3 1 1 1 2 1 3 2 1 1 3 3 73 2 2 1 3 2 0 3 1 2 1 3 3 82 1 1 0 1 2 0 0 1 0 0 3 3 84 1 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 3 88 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 3 91 2 2 1 1 2 0 0 3 2 2 2 3

110 3 2 1 3 2 0 0 2 2 1 2 3 113 2 2 1 3 2 0 2 3 1 0 3 3 123 3 2 2 3 1 0 1 3 2 2 3 3 126 3 2 2 2 2 0 0 0 1 1 3 3 131 2 1 1 1 1 0 0 1 1 1 3 3 140 3 2 1 2 2 0 0 1 2 1 3 3 143 2 2 1 2 2 0 0 2 1 1 3 3 148 2 2 1 2 2 0 1 2 2 2 2 3 154 2 2 0 3 2 1 3 3 1 0 3 3 155 3 3 2 3 2 0 3 3 2 1 3 3 157 3 2 2 3 2 1 1 2 2 3 3 3 158 1 3 2 3 2 2 0 1 2 2 3 3 160 2 2 1 2 2 0 2 2 1 1 2 3 163 3 2 1 3 2 0 0 1 2 0 3 3 165 3 3 2 3 2 2 1 1 3 3 2 3 166 3 3 3 3 2 2 1 1 3 3 3 3 167 1 1 1 2 0 1 0 1 0 1 3 3 184 2 1 1 1 1 0 0 1 1 0 3 3 188 1 1 2 2 2 1 0 0 2 1 2 3 194 2 1 1 1 2 0 0 2 2 1 3 3

74

Quadro 4 – Distribuição das notas de cada variável por setor

0, desemp Exc.esc. sentinela Rend transp asfalto lixo imprec 70 m2 precisen G prop total 1 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 0 3 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 3 0 4 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 3 0 5 1 1 1 0 1 0 0 1 1 0 3 0 6 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 1

10 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 1 11 1 1 1 1 2 0 0 1 0 0 2 0 12 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 3 1 14 3 2 2 2 1 0 0 2 1 1 2 3 15 3 1 1 1 1 0 0 2 1 1 2 2 16 2 1 1 1 3 0 0 2 1 1 3 0 17 2 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 2 18 2 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 2 19 3 2 1 3 2 0 1 3 2 1 3 3 20 1 1 1 1 1 0 0 2 1 0 2 2 21 1 1 1 1 1 0 0 1 1 0 2 2 22 1 1 0 1 1 0 0 1 0 1 3 1 23 1 1 1 1 1 0 0 2 1 1 2 2 24 1 1 1 1 2 0 0 2 1 1 3 2 25 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 3 0 26 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 1 27 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 1 28 2 1 1 1 2 0 0 1 1 1 3 2 29 1 0 0 1 2 0 0 1 1 0 3 1 30 0 0 0 0 2 0 0 1 1 0 3 1 31 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 2 1 32 1 1 1 1 1 0 0 1 1 0 2 1 33 1 0 0 1 1 0 0 1 0 0 2 1 34 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 1 35 2 1 1 1 2 0 0 2 1 0 3 2 36 2 1 1 1 2 0 0 3 1 0 3 3 37 1 1 1 1 2 0 0 0 1 1 3 3 38 3 2 2 2 1 0 0 2 1 1 3 3 39 1 0 0 1 2 0 3 1 1 1 3 3 40 2 2 1 2 2 0 0 2 2 0 3 3 41 2 1 1 1 2 0 1 2 1 0 2 3 42 0 0 0 0 2 1 0 0 0 1 3 0 43 1 0 0 1 2 0 0 1 0 1 2 0 44 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 45 3 2 3 3 2 0 0 3 2 3 3 3 46 2 0 0 1 2 0 0 1 1 0 3 2 47 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 48 2 2 1 1 2 0 0 2 1 0 2 2 49 1 1 1 1 1 0 0 1 0 0 3 1 50 1 0 1 1 1 0 0 1 0 1 2 1 52 1 1 0 0 1 0 0 0 1 0 2 1 55 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 0 56 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 1 57 1 2 0 1 2 0 0 2 1 1 3 2 58 1 1 0 1 2 0 0 1 1 1 3 0 59 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 1 60 2 1 2 1 1 0 1 2 1 1 2 2 61 2 1 2 1 1 0 1 2 1 1 2 2 62 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 63 2 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 2 64 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 65 1 1 1 0 2 0 0 1 1 0 3 0 66 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 67 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 68 1 1 1 1 2 0 0 1 1 1 3 0 69 0 1 0 0 2 1 0 0 0 0 3 0 70 3 1 1 1 2 1 3 2 1 1 3 3 71 2 1 1 2 2 0 0 2 1 0 3 1 72 1 1 1 2 3 1 3 1 1 0 3 2 73 2 2 1 3 2 0 3 1 2 1 3 3 74 1 0 0 0 2 0 0 1 3 3 3 2 75 1 0 1 0 2 0 0 1 0 0 3 2 78 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 79 2 1 1 1 0 0 0 2 1 1 2 0 80 3 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 2 81 3 2 1 2 2 0 0 2 2 1 3 2 82 1 1 0 1 2 0 0 1 0 0 3 3 83 3 3 3 3 2 1 0 1 2 2 3 0 84 1 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 3 85 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 86 2 0 1 1 2 0 0 1 1 0 3 0 87 3 2 1 3 2 0 0 3 2 2 2 0 88 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 3 89 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 90 2 2 1 1 2 0 0 3 2 1 2 3 91 2 2 1 1 2 0 0 3 2 2 2 3 92 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 93 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 0 94 1 1 0 1 1 0 0 1 1 0 1 1 95 2 1 1 1 1 0 0 1 1 0 3 2 96 1 0 0 1 2 1 0 1 0 0 3 0 98 1 1 0 1 1 0 0 1 1 1 3 1 99 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0

100 1 1 1 1 2 0 0 2 1 1 3 2 101 1 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 2 102 1 1 1 1 2 0 0 2 1 1 2 2 103 1 1 1 1 2 0 0 1 1 0 3 0 104 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 105 2 1 1 2 1 0 0 0 0 2 2 1 106 1 1 0 1 1 0 0 1 1 0 2 1 108 1 1 1 1 2 0 0 1 1 2 3 0 109 1 1 1 1 2 0 0 1 1 0 2 1 110 3 2 1 3 2 0 0 2 2 1 2 3 111 2 0 1 2 2 0 0 1 1 0 3 0 112 3 2 1 3 2 1 0 1 1 2 3 2 113 2 2 1 3 2 0 2 3 1 0 3 3 114 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 116 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 3 1 117 1 1 1 1 1 0 0 1 1 0 1 1 119 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 2 0 120 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 121 2 1 1 2 1 1 0 1 1 1 2 2 122 2 1 1 1 2 0 0 2 2 0 2 2 123 3 2 2 3 1 0 1 3 2 2 3 3 125 2 1 0 1 2 1 0 1 1 0 3 2 126 3 2 2 2 2 0 0 0 1 1 3 3 127 1 1 0 1 2 0 0 0 0 0 2 0 128 1 2 1 2 2 2 0 1 1 0 3 0 129 2 1 1 1 2 0 0 0 1 2 3 1 130 2 2 1 1 2 0 0 1 2 1 3 2 131 2 1 1 1 1 0 0 1 1 1 3 3 132 1 1 1 1 1 0 0 0 2 1 3 2 133 1 1 1 1 2 0 0 0 1 0 3 0 134 1 2 1 1 3 0 0 1 2 1 3 0 135 2 1 1 2 2 0 0 1 2 1 3 1 136 1 1 1 2 1 0 0 1 1 1 3 1 137 1 1 0 1 1 0 0 0 1 0 3 1 138 3 2 1 1 2 1 0 1 2 0 2 2 139 2 1 1 1 2 1 0 1 1 1 3 1 140 3 2 1 2 2 0 0 1 2 1 3 3 141 1 2 1 2 2 0 0 2 1 0 3 2 142 2 2 1 2 2 0 0 2 1 1 3 3 143 2 2 1 2 2 0 0 2 1 1 3 3 144 1 1 0 2 2 0 1 2 1 1 3 0 145 1 1 1 1 2 0 1 1 1 0 3 0 146 1 0 0 1 2 0 1 1 1 0 3 0 147 1 0 0 0 2 0 0 1 1 0 3 0 148 2 2 1 2 2 0 1 2 2 2 2 3 149 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 150 2 2 1 1 2 0 1 1 1 0 2 1 151 2 2 1 2 2 1 0 1 1 1 3 2 152 0 0 0 0 2 0 0 1 0 0 3 0 153 1 1 1 1 2 1 0 2 1 0 3 1 154 2 2 0 3 2 1 3 3 1 0 3 3 155 3 3 2 3 2 0 3 3 2 1 3 3 156 2 2 0 3 2 1 0 1 1 1 3 0 157 3 2 2 3 2 1 1 2 2 3 3 3 158 1 3 2 3 2 2 0 1 2 2 3 3 159 1 1 0 1 2 0 0 2 1 0 3 1 160 2 2 1 2 2 0 2 2 1 1 2 3 161 1 0 1 1 2 1 0 1 0 0 2 0 163 3 2 1 3 2 0 0 1 2 0 3 3 164 3 2 2 2 2 1 0 1 2 0 2 2 165 3 3 2 3 2 2 1 1 3 3 2 3 166 3 3 3 3 2 2 1 1 3 3 3 3 167 1 1 1 2 0 1 0 1 0 1 3 3 168 1 1 0 1 2 0 0 0 1 0 3 2 169 1 0 0 0 3 2 0 0 0 0 3 0 170 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 0 172 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 2 173 1 1 0 1 3 0 0 0 0 0 3 0 181 1 1 0 1 2 0 0 1 2 0 3 2 182 1 1 0 1 2 1 0 0 1 0 3 0 183 2 2 0 1 2 0 0 2 2 0 3 2 184 2 1 1 1 1 0 0 1 1 0 3 3 185 2 1 1 1 2 0 0 0 2 0 3 2 186 1 1 0 1 2 0 0 1 2 1 3 0 187 1 1 0 1 2 1 0 0 2 0 3 2 188 1 1 2 2 2 1 0 0 2 1 2 3 189 1 1 1 1 2 1 0 0 1 1 3 0 190 1 1 1 1 2 1 0 0 1 1 3 0 191 1 1 0 1 2 2 0 0 2 1 3 0 192 1 1 0 1 2 2 0 0 2 0 3 0 193 1 0 0 1 2 2 0 0 1 0 3 0 194 2 1 1 1 2 0 0 2 2 1 3 3 195 1 1 1 2 2 0 0 1 1 0 3 0 196 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 0 197 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 3 0 198 2 2 1 3 2 2 1 1 2 0 3 0

75

2.5. A proposta do SIGI

A difusão dos sistemas de informação geográficos é crescente nos

últimos anos. Esse intenso processo tem sido amplamente debatido em

congressos e jornadas técnicas relativas ao tema e provocado uma verdadeira

revolução conceitual e prática no manejo e análise da informação geográfica.

Segundo Sendra (1992), o SIG é uma sigla que pode estar se referindo

a coisas diferentes. Há definições relacionadas ao tipo de informação que se

baseia, ou seja, trata-se de uma base de dados computadorizada que contém

informação espacial. Outras definições insistem nas capacidades e funções de

que estão dotados os sistemas de informações geográficos: um sistema de

hardware, software e procedimentos elaborados para facilitar a obtenção,

gestão, manipulação, análise, modelagem, representação e saída de dados

espacialmente referenciados para resolver problemas complexos de

planificação e gestão.

A equipe de pesquisa do Sistema de Informação Geográfico Intersetorial

(SIGI), que está sendo desenvolvido em Presidente Prudente, entende que a

finalidade deste dispositivo é o de conceber um modelo estabelecido para

satisfazer necessidades de informações que respondam a um conjunto de

perguntas concretas e geradas nos diferentes níveis da realidade local.

2.5.1. Princípios

A - Garantir a disseminação e utilização das informações da forma mais ampla

possível.

B - Contribuir para a democratização da informação e a prática do

planejamento e da tomada de decisão participativos.

C - Criar mecanismos de gerenciamento permanente que envolvam os

usuários na definição, produção, divulgação e avaliação de informações a

respeito da eficácia, eficiência e efetividade das políticas públicas.

D - Contribuir para a capacitação e desenvolvimento técnico de quem participa

do Sistema, numa perspectiva intersetorial.

E – Respeito ao direito de privacidade do cidadão.

76

2.5.2. Finalidades

Apoiar e acompanhar o planejamento, a execução e a avaliação de

políticas públicas que enfrentem as várias situações de desigualdade

(econômica, social e ambiental) de condições de vida em Presidente Prudente.

2.5.3. Regras de Funcionamento

Trata-se de um sistema informatizado que:

A – Processa dados georreferenciados com diferentes níveis de

agregação/desagregação das informações.

B – Possui mecanismos de produção da informação claros, transparentes e de

fácil apreensão.

C – Garante o acesso das informações para quem gera os dados.

D – Possui um modelo de gerenciamento que assegura a consistência das

variáveis trabalhadas e avalia permanentemente sua eficácia para auferir

o grau exclusão social.

E – Assegura a atualização permanente das bases de dados.

2.5.4. Potencialidades

A metodologia em desenvolvimento aponta para um potencial de uso

futuro em outras realidades urbanas com perfil semelhante ao de Presidente

Prudente. Contribuições recentes sobre a dinâmica da urbanização brasileira

(estudos urbanos em geografia, sociologia, economia), têm mostrado a

ocorrência de um certo padrão de produção do espaço urbano que se realiza

em uma extensa faixa interna ao território do centro-sul brasileiro. As porções

oeste dos Estados do Sul do Brasil, assim como do Estado de São Paulo; os

territórios do Mato Grosso do Sul, do Triângulo Mineiro e o sul de Goiás

abrigam centros médios que, diferentemente das cidades dos entornos

metropolitanos (e evidentemente das suas sedes), mantêm dinâmicas

socioespaciais locais que ainda não estão completamente subordinadas às

determinações políticas e econômicas da metrópole nacional.

77

Nesse sentido, esta proposta de construção do SIGI prioriza fontes e

bases de dados secundárias que estão presentes e, sem maiores dificuldades,

são acessíveis em quaisquer das cidades de porte médio16 existentes nesta

faixa do território nacional. Quanto às fontes, destacam-se: as prefeituras, os

órgãos da administração direta e indireta nos seus diferentes níveis de atuação

(municipal, estadual, federal), prestadores de serviços públicos, universidades,

entidades de caráter público ligadas às sociedades locais, organizações não-

governamentais, entre outras. Quanto às bases de dados, cabe registrar uma

vasta gama de cadastros e de registros de serviços e atendimentos, tais como:

cadastros imobiliários, de emprego, de demanda e de uso de serviços públicos,

de programas sociais, de endereços, etc., inclusive de sistemas de informação

de âmbito nacional já implantados, como são os casos do SIM e do SINASC.

Assim, a concepção do SIGI deve considerar o seu potencial de

extensão e de difusão no território, ou seja, a sua adequabilidade em relação

às situações e dinâmicas socioespaciais que compartilham, pelo menos em

certo nível de agregação e abrangência, de características, circunstâncias e

dimensões comuns.

16 Está claro para esta pesquisa, que o aprofundamento da temática das cidades médias faz parte da pauta de investigações que deve continuar lastreando o amadurecimento teórico do grupo na segunda fase do projeto. Cabe ainda registrar, que o coordenador deste projeto e três dos membros desta equipe fazem parte de um grupo de pesquisa sediado na FCT/UNESP, P. Prudente (Grupo Acadêmico sobre a Produção do Espaço e suas Redefinições Regionais – GAsPERR), que coloca como prioritário na sua pauta de trabalho, o entendimento e o desvendamento de dinâmicas socioeconomicas e sociopolíticas em centros urbanos do Oeste paulista.

78

2.6. O Comitê Decisório

Desde sua concepção original, este projeto procura integrar a equipe de

pesquisadores à equipe parceira, no caso composta por funcionários e equipe

de governo da Prefeitura Municipal de Presidente.

Esta integração, além de atender a um dos requisitos do Programa

“Políticas Públicas”, atende também a uma estratégia de construir um Sistema

de Informação Geográfico Intersetorial, que seja efetivamente democrático,

participativo e que integre os gestores locais das Políticas Públicas em sua

concepção, implantação e operacionalização.

O trabalho com a equipe parceira iniciou-se com uma cooperação, no

sentido de busca e captura dos dados e variáveis considerados relevantes,

nesta primeira fase do projeto. Além disso, a equipe da Prefeitura

desempenhou papel ativo na organização e compatibilização da base digital

(Mapa de Presidente Prudente) para sua utilização no LAGHU.

A partir do momento em que cada produto parcial (mapas) foi sendo

gerado, a equipe de pesquisadores sentiu a necessidade de ampliar a equipe

parceira, incorporando membros da administração municipal diretamente

relacionados aos programas de enfrentamento da exclusão social. A vinda de

dois secretários do governo (Educação e Assistência Social), outros membros

de sua equipe e da responsável pelo Programa de Saúde, requalificou a equipe

parceira, na medida em que ampliou a capacidade do grupo de pesquisadores

no momento da análise situacional.

Para além disto, iniciou-se um processo de discussão entre as duas

equipes, na direção da constituição de um comitê permanente de gestão das

informações, da definição sobre quais indicadores dados poderiam ser

construídos e as regras e formas de operacionalização do Sistema de

Informação.

Este grupo que, consensuadamente, denomina-se Comitê Decisório, já

se reuniu duas vezes e passou a partir de então, a fazer parte do projeto nesta

primeira etapa, devendo continuar em sua segunda fase.

Na primeira reunião, foram apresentados e discutidos os mapas

produzidos, daí resultando o consenso sobre a necessidade urgente em

sistematizar dados e produzir informações que auxiliem no planejamento, na

79

intervenção e na avaliação das Políticas Públicas, inclusive aquelas já em

desenvolvimento

Na segunda reunião, os membros do comitê passaram a apontar e

avaliar os dados adicionais disponíveis em suas secretarias e sua

potencialidade para a construção de indicadores de exclusão social. Tais

dados, a serem incorporados pelo grupo de pesquisa em momento oportuno,

certamente ampliará o potencial do SIGI.

2.7. Outros resultados

Certamente que os resultados alcançados por este projeto até este

momento estão inteiramente dentro da proposta apresentada: foi possível

elaborar o conjunto de mapas que refletem as condições de desigualdade no

interior da cidade, apontando os setores de maior exclusão. A partir da análise

situacional realizada em conjunto com os membros do Comitê Decisório

alcançou-se um duplo objetivo: dar transparência ao trabalho e chamar à

participação alguns dos agentes ativos da formulação e implantação das

políticas públicas locais, bem como iniciar um processo conjunto de elaboração

do SIGI proposto, sensibilizando e compromissando tais agentes.

O resultado deste esforço, entretanto, somente será auferido no médio e

no longo prazos. Porém, alguns resultados já se fazem sentir e merecem ser

relatados.

Em primeiro lugar, percebe-se que houve a incorporação concreta do

projeto nas ações institucionais da Prefeitura Municipal. Além de terem se

apropriado do conjunto de mapas produzidos, disseminado-os e discutindo seu

conteúdo no interior de diferentes Secretarias (demonstrando, assim, a

existência concreta de um campo comum de preocupações), o projeto com

seus resultados já alcançados (os mapas e a análise situacional) foi incluído na

relação de atividades/programas em desenvolvimento pela Prefeitura Municipal

para sua inscrição no Prêmio Prefeito Criança 2000, da Fundação Abrinq.

Em segundo lugar, é importante ressaltar que da mesma maneira que

se verifica um impacto imediato no interior do campo das políticas públicas,

observa-se também um crescente interesse pelo lado acadêmico deste projeto.

A elaboração de artigos de divulgação, a inclusão de alunos estagiários junto

80

ao LAGHU em áreas afins ao projeto, o início da produção de trabalhos de

graduação em campos temáticos próximos e mesmo o aparecimento de

convites para a apresentação dos resultados em congressos, seminários e

jornadas científicas. Aqui é importante lembrar que atividades de divulgação

desta natureza não estão ocorrendo apenas no interior da Universidade mas

também junto a Conselhos Municipais e grupos de trabalho da Prefeitura, como

é o caso dos seminários de avaliação e planejamento da Campanha Volte pra

Ficar, da Secretaria Municipal da Educação.

81

3. DIFICULDADES AINDA NÃO SUPERADAS

O projeto proposto e em desenvolvimento apresenta uma série de

complexidades, nem sempre de fácil superação a curto prazo. Ressalte-se, em

primeiro lugar, o fato de tratar-se de um tipo de trabalho que envolve uma

necessária articulação teoria-prática, consubstanciada uma instrumentalização

de uma certa visão teórica dos processos de produção e territorialização das

desigualdades sociais, econômicas e ambientais. A multiplicidade de termos,

conceitos e categorias que tentam descrever estes processos, mesmo sendo

recentes os esforços nesta área de investigação, revelam o longo caminho

teórico ainda a ser percorrido.

Em segundo lugar, e em decorrência do ponto anterior, não é difícil se

dar conta de que, partir desta discussão teórica para o desenho, a modelagem,

a implementação e avaliação de políticas públicas não se resume a um

exercício meramente acadêmico ou neutro. Envolve não apenas um

conhecimento aprofundado de realidades específicas em seus diferentes

matizes, mas sobretudo envolver opções políticas sobre quais as melhores e

mais viáveis estratégias de combater à miséria e às desigualdades.

Os dois elementos apontados acima conformam o quadro mais geral

onde se situa o presente projeto. É necessário construir uma base comum a

partir da qual seja possível compartilhar objetivos e metas semelhantes entre a

equipe de trabalho/investigação e a equipe parceira, responsável em última

instância pelas ações e intervenções concretas sobre esta realidade.

Este compartilhar de perspectiva e objetivos se concretiza através da

superação do distanciamento que marca historicamente as relações, no caso

em questão, entre Universidade e Poder Público Municipal. Em que pese o fato

de se ter avançado na construção e consolidação de um estreitamento de

laços, através do Comitê Decisório e da discussão permanente com diversas

Secretarias Municipais, sabe-se que a incorporação definitiva da

sistematização de dados, utilização efetiva de informações para a tomada de

decisões e, em última instância, incorporação do SIGI em suas práticas

cotidianas, são obstáculos a serem superados.

O mesmo raciocínio é válido quando, tal como colocado no desenho do

SIGI proposto, ampliamos os parceiros necessários para que tenhamos um

82

produto efetivamente participativo e democrático, ou seja, um SIGI no qual

quem produz dados também se apropria de informações.

Como é do conhecimento geral, não existe uma verdadeira valorização

do trabalho sistemático de produzir e gerar dados e informações que possam

ser compatibilizados, articulados e mesmo cruzados para serem utilizados em

processos de tomada de decisão de maneira conseqüente, principalmente no

campo das políticas públicas de caráter social.

As questões explicitadas até o momento sugerem o esforço ainda a ser

empreendido não apenas por este trabalho específico, até que o SIGI encontre-

se funcionando no interior da PMPP, mas sobretudo o desafio de contribuir

para colocar em outro patamar de qualidade o planejamento e a gestão de

políticas públicas no Brasil.

Existem, entretanto, dificuldades de outras ordens não superadas e que

interferiram no andamento desta Fase I. A primeira delas refere-se ao

descompasso entre o volume de financiamento solicitado e os valores

liberados. A diminuição de mais de 40% entre o proposto e o aprovado

prejudicou concretamente a realização de algumas das atividades previstas,

tais como a diminuição do número de auxiliares de pesquisa, a não contratação

de estagiários para o trabalho de campo e mesmo a readequação dos

trabalhos de consultoria necessários.

Em segundo lugar e em decorrência direta do ponto anterior, ou seja, da

restrição financeira, houve a necessidade de suprimir a atividade do trabalho

de campo. Esta etapa do trabalho, prevista para ser realizada logo após a

elaboração do mapa síntese da exclusão social, tinha como objetivos centrais

validar os dados coletados a analisados e colaborar no reconhecimento do

peso específico de cada variável na composição final do referido mapa ou de

como se apresenta a exclusão social em cada área/bairro em particular.

O trabalho de campo com estes objetivos continua válido e permanece a

necessidade de realizá-lo. Por isto mesmo é que encontra-se previsto logo no

início da Fase II a ser pleiteada.

Em terceiro lugar, apontamos que as dificuldades inter institucionais já

relatadas representaram também uma dificuldade adicional de acesso a várias

outras bases de dados existente em diferentes pontos da Administração

Municipal e em outras instituições públicas. Como já ressaltado em parte

83

específica deste relatório, mesmo sabendo não ter sido aleatória a escolha dos

tipos de variáveis utilizadas, é inegável que várias outras também o poderiam

ser, desde que fossem superadas determinadas barreiras de acesso existentes

quase sempre pelo desconhecimento e/ou ausência de uma cultura

disseminada de coletar, organizar e processar dados e informações para o

planejamento municipal, além dos motivos já apontados.

Por fim, em quarto lugar, faz-se necessária uma referência aos

diferentes problemas enfrentados durante toda a Fase I na área das soluções

de informática, necessárias para a condução de um projeto desta natureza.

Como já observado, ao se lidar com grandes volumes de dados, com a

necessidade de conhecimentos específicos de determinados programas e

mesmo a elaboração da arquitetura e gerenciamento de bancos de dados, faz-

se necessário uma assessoria especificamente voltada para esta área. A

superação desta dificuldade está prevista para a Fase II do projeto, quando se

pretende inclusive ampliar as bases e bancos de dados e desenvolver um

protótipo de aplicativo que seja amigável e passível de utilização disseminada.

84

4. ATIVIDADES DE BOLSISTAS

Os 3 bolsistas solicitados e que trabalharam como “Auxiliares Técnicos”,

foram os seguintes: Cláudio José de Souza, Nildo Aparecido de Melo e Rose

Maria do Nascimento. Os três são graduados em Geografia pela UNESP de

Presidente Prudente, com experiências de pesquisas anteriores sobre

Presidente Prudente, nas áreas de percepção do espaço e qualidade de vida,

questão do desemprego e do mercado de trabalho formal e sobre novas

centralidades urbanas, respectivamente.

Os três bolsistas do projeto cumpriram todas as horas de trabalho

previamente acordadas e desenvolveram as seguintes atividades:

- leitura e discussão da bibliografia selecionada, para que houvesse um melhor

aproveitamento e entendimento do desenvolvimento do projeto;

- coleta e sistematização de dados e informações necessários para a

montagem dos bancos de dados, junto à Prefeitura Municipal, junto ao IBGE e

outros órgãos públicos, como também compilaram os dados previamente

existentes em diversos trabalhos acadêmicos selecionados;

- melhoramento da qualidade das informações a partir da correção de erros de

digitação, padronização da ortografia, padronização do formato final, atividades

estas essenciais para que o cruzamento das informações fosse possível. Esta

atividade demandou a maior parte do tempo de trabalho, particularmente no

que se refere à base digital de Presidente Prudente;

- treinamento para a utilização do software MapInfo�, para a elaboração dos

mapas;

- elaboração e correção dos mapas, quadros e tabelas presentes neste

relatório.

85

5. ATIVIDADES DE CONSULTORIA

Estava inicialmente prevista a vinda de 2 consultores, um que aportasse

conhecimentos em montagem de banco de dados de condições materiais de

vida e o segundo, em Sistemas de Informação. Este segundo foi a Dra. Sibele

Maria Gonçalves Ferreira, médica sanitarista da Faculdade de Medicina da

Universidade Federal de Minas Gerais, membro do NESCON (Núcleo de

Estudos de Saúde Coletiva e Nutrição), especialista em Sistemas de

Informação e consultora da OPAS (Organização Panamericana de Saúde) para

o assunto.

Já na primeira sessão de consultoria, foi possível verificar que a Dra.

Sibele estava plenamente capacitada para orientar o grupo em todas as etapas

necessárias para o desenvolvimento do projeto, inclusive na de montagem dos

bancos de dados.

Dessa forma, optou-se por trazê-la uma terceira vez (nos dias 21, 22 e

23/4), para que pudesse acompanhar tanto a finalização deste relatório, como

a elaboração do projeto para a Fase II. Esta alteração foi informada e

autorizada pela FAPESP.

As atividades e as datas de trabalho da consultora junto ao grupo foram

as seguintes:

- 10 e 11 de fevereiro/2000

A primeira sessão de trabalho com a consultora foi dedicada à

apresentação e discussão do projeto de pesquisa. O encaminhamento sugerido

pela consultora foi o de trabalharmos em conjunto a metodologia do

planejamento estratégico na formulação de um roteiro de trabalho para o grupo

e também pelas possibilidades que este aporte teórico proporcionaria no

sentido de construir um caminho de relacionamento com a Prefeitura Municipal,

valorizando a proposta de qualificação do processo de planejamento,

formulação de políticas públicas, intervenção e avaliação a partir da proposta

do SIG.

Foram também avaliados os dados e suas fontes, readequando-os

quando necessário. A consultora forneceu material teórico na área do

planejamento estratégico e sistemas de informação.

86

Na medida em que se trabalhou na perspectiva de um SIG intersetorial,

democrático e participativo, foi sugerido pela consultora a constituição de um

grupo de trabalho conjunto para a tomada de decisões sobre as informações a

serem geradas, o que veio a se constituir mais tarde através do Comitê

Decisório.

- 18 e 19 de março/2000

Na segunda sessão de trabalho com a consultora, o grupo já havia

preparado a primeira versão dos mapas temáticos. Este foi o primeiro assunto

abordado, em um processo de discussão que avaliou os dados trabalhados e a

qualidade da informação gerada para a elaboração da análise situacional da

exclusão social em Presidente Prudente. Foram sugeridas técnicas a serem

desenvolvidas no trabalho de campo, como a estimativa rápida (observação

direta e informante chave), para a validação das informações obtidas.

A segunda parte do trabalho foi dedicada integralmente à primeira

reunião do Comitê Decisório, que contou com a participação de membros do

governo municipal das Secretarias de Educação, Assistência Social e Saúde.

Além da apresentação dos mapas produzidos, houve um momento para a

discussão de seus significados em relação às políticas públicas em

desenvolvimento no município. Foi acordado que, a partir daquele momento,

cada Secretaria faria levantamento das suas necessidades específicas de

informação e dos dados disponíveis para tanto, que seriam colocados à

disposição do grupo de pesquisa.

- 21, 22 e 23 de abril

Na terceira sessão, ocorreu apresentação e discussão do trabalho final

com sugestões de aprimoramento e analisou-se o projeto de continuidade da

pesquisa para a Fase II.

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