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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO MESTRADO EM GEOGRAFIA JOSIELLE SAMARA PEREIRA PEDOGÊNESE E MORFOGÊNESE NA SUPERFÍCIE DE SÃO JOSÉ DOS AUSENTES (RS) NO QUATERNÁRIO TARDIO: EVIDÊNCIAS EM PALEOFUNDO DE VALE NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS TOUROS Francisco Beltrão 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO

PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO – MESTRADO EM GEOGRAFIA

JOSIELLE SAMARA PEREIRA

PEDOGÊNESE E MORFOGÊNESE NA SUPERFÍCIE DE SÃO JOSÉ DOS

AUSENTES (RS) NO QUATERNÁRIO TARDIO: EVIDÊNCIAS EM PALEOFUNDO

DE VALE NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS TOUROS

Francisco Beltrão

2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO

PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO – MESTRADO EM GEOGRAFIA

JOSIELLE SAMARA PEREIRA

PEDOGÊNESE E MORFOGÊNESE NA SUPERFÍCIE DE SÃO JOSÉ DOS

AUSENTES (RS) NO QUATERNÁRIO TARDIO: EVIDÊNCIAS EM PALEOFUNDO

DE VALE NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS TOUROS

Francisco Beltrão

2017

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre em Geografia, na linha de pesquisa “Dinâmica, Utilização e Preservação do Meio Ambiente” do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Francisco Beltrão/PR. Orientador: Prof. Dr. Julio Cesar Paisani

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Dedico àqueles que sempre me apoiam, torcem por

mim e são meu porto seguro:

aos meus amados pais

Marilde Meurer Pereira e Luiz Rudimar Pereira

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade a mim concedida para a realização desta

pesquisa e por ter estado ao meu lado em todo o momento.

A meus pais Marilde Meurer Pereira e Luiz Rudimar Pereira, por estarem ao

meu lado, pelo apoio e por sempre terem acreditado e confiado em mim. Obrigada

pelo incentivo que me dão e por fazerem de mim, a pessoa que sou hoje. Minha

gratidão jamais poderá ser demonstrada com palavras. Amo vocês.

Ao meu namorado Elvis Rabuske Hendges, pelo amor, carinho,

compreensão, incentivo e por sempre estar ao meu lado. Seus ensinamentos no

ramo das geotecnologias, sua total dedicação e paciência em me ensinar a usar os

programas como o Spring e sua ajuda técnica durante a realização de alguns mapas

foram de suma importância.

Agradeço, também, às minhas amigas e aos meus parentes, em especial, a

minha nona Odilha Frata Pereira, pela preocupação em saber se estava tudo indo

bem durante o andamento desta pesquisa e por terem compreendido alguns

momentos de ausência de minha parte.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Julio Cesar Paisani, por ter me mostrado os

primeiros passos da pesquisa científica, bem como por seu apoio, dedicação e sua

atenção especial nas correções e sugestões para a realização deste trabalho.

Também reconheço que seus ensinamentos ajudaram a me descobrir dentro dessa

ciência tão ampla: a Geografia.

Minha gratidão à Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de

Francisco Beltrão, especialmente ao programa de Pós Graduação em Geografia,

pela oportunidade em realizar esta pesquisa e pela infraestrutura oferecida. Ao

CAPES, pelo auxílio financeiro através da concessão da bolsa de pós-graduação

(mestrado), para a dedicação exclusiva à pesquisa.

À Prof. Dr. Marga Eliz Pontellie e à Prof. Dr. Rafaela Harumi Fujita pelos

aprendizados durante suas disciplinas, pelo auxílio nos trabalhos de campo, pelas

sugestões na qualificação, pelo aceite em ser membro da banca de defesa e,

também, por estarem sempre disponíveis quando dúvidas surgiam. Ao Prof. Dr.

Roberto Verdum, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por

aceitar e participar da banca de defesa. A Flávia Jorge de Lima, pelos ensinamentos

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em micromorfologia. Aos mestres e professores, obrigada por terem contribuído em

meu aprendizado.

Aos meus colegas do Grupo de Pesquisa Gênese e Evolução de Superfícies

Geomórficas e formações superficiais: Bruna de Almeida, Flávia, Andressa, Sani,

Alana, Simone, Fabiano, Mayara, Daniella, Leonel, Dayane, Bruna Bagio, pois

contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho, inclusive nos

momentos de descontração e risadas.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente fizeram parte desta minha

formação, muito obrigada.

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“Não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o sol”.

Provérbio Chinês

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RESUMO

Muitos trabalhos foram realizados na superfície de Palmas(PR)/Água Doce(SC) buscando entender a evolução da paisagem geomorfológica dessa área relacionada aos fenômenos de pedogênese e morfogênese, contribuindo assim, aos estudos quaternários. Entretanto, algumas dúvidas ainda persistem para o entendimento no quadro evolutivo da dita área e uma delas é em identificar se os fenômenos reconhecidos se apresentam em uma escala local ou regional. Por outro lado, há poucos trabalhos referentes ao estudo do Quaternário Continental no Estado do Rio Grande do Sul. É nesse contexto que o presente trabalho está inserido, bem como visa responder à dúvida elencada e também contribuir para a reconstrução paleoambiental continental do sul do Brasil. Assim sendo, a presente pesquisa tem como objetivo reconhecer a ocorrência de fenômenos de pedogênese e morfogênese na Superfície de São José dos Ausentes (RS) no Quaternário Tardio, através de evidências em registros estratigráficos de paleofundo de vale de segunda ordem hierárquica e busca, desse modo, entender o quadro evolutivo do vale de segunda ordem hierárquica. A abordagem metodológica utilizada envolveu o uso conjunto de critérios lito-, pedo-, alo- e cronoestratigráficos na caracterização dos materiais da seção pedoestratigráfica, sendo realizado trabalho de campo e análises laboratoriais. Na seção estratigráfica estudada, foram reconhecidos 30 horizontes estratigráficos, distribuídos em três sequências coluviais, sendo elas: superior pedogeneizada; intermediária; e basal, e uma sequência pedogenética hidromórfica localizada na base da seção. A integração dos resultados mostrou que durante o Último Interestadial (> 25.000 anos AP), no paleofundo de vale havia solo hidromórfico e fluxos de água hipodérmicos em seu eixo de drenagem, similares àquelas encontradas na Superfície de Palmas/Água Doce, correspondendo à fase de predomínio da pedogênese. Posteriormente, houve a atuação contínua da morfogênese, gerada pela intercalação entre os processos de movimento de massa sutis e escoamento superficial. Os primeiros eventos da morfogênese foram pontuais e responsáveis, e ocorreram entre o final do Último Interestadial e o Último Máximo Glacial. Durante o Último Máximo Glacial a morfogênese passou a ser comandada pelo escoamento superficial. Entre >25.000 a >19.150 anos AP a sedimentação de unidades coluviais gerou os níveis pedoestratigráficos correspondentes à sequência coluvial basal. A partir de 19.150 anos AP a sedimentação perdeu intensidade e passou a predominar a erosão, promovendo estabelecimento de incisão erosiva linear (paleovoçoroca) que truncou a sequência coluvial basal e parte do nível hidromórfico. Logo após, a morfogênese retorna a registrar sedimentação comandada pelo escoamento superficial. Em decorrência foram geradas as unidades coluviais referentes à sequência coluvial intermediária. Tal fase durou entre <7.940 a >4.860 anos AP equivalendo ao Holoceno Médio. Após 4.860 anos AP a morfogênese continuou atuando dando origem à sequência coluvial superior, porém esta perdeu vigor através da atuação da pedogênese, favorecendo assim, a melanização da referida sequência. Nessa fase o paleofundo de vale de segunda ordem passou a ser plenamente colmatado e reafeiçoado, constituindo uma morfologia similar à encosta suavemente inclinada para o eixo de baixa ordem hierárquica moderna. Palavras-chaves: Evolução do Relevo, Estratigrafia, Quaternário Continental, Colúvio, Paleossolo Hidromórfico.

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ABSTRACT

PEDOGENESIS AND MORPHOGENESIS ON THE SURFACE OF SÃO JOSÉ DOS AUSENTES (SOUTH OF BRAZIL) AT THE LATE QUATERNARY: EVIDENCE ON

THE VALLEY PALEODEPTH AT THE RIO DOS TOUROS HYDROGRAPHIC BASIN

A significant number of studies has investigated the surface of Palmas (Paraná state)/Água Doce (Santa Catarina state), in the south of Brazil, aiming at understanding the evolution of its geomorphologic landscape in relation to the phenomena of pedogenesis and morphogenesis and, therefore, contributing with studies of the quaternary. It remains unclear, however, if the recognized phenomena are present on a local or a regional scale. Additionally, few studies have considered the continental quaternary in the Southern state of Rio Grande do Sul. Within this context, the present work attempts to identify the abovementioned scale as well as to contribute to the continental paleoenvironmental reconstruction of the South of Brazil. More specifically, the objective of this study is to recognize the occurrence of pedogenesis and morphogenesis phenomena on the surface of São José dos Ausentes (Rio Grande do Sul state) at the Late Quaternary, based on evidence from stratigraphic records of valley paleodepth of second-order hierarchy, in and attempt to understand the evolutionary picture of the second-order hierarchy valley. The methodological approach involved the use of a set of litho-, pedo-, allo- and chronostratigraphic criteria to characterize the materials from the pedostratigraphic section, as well as fieldwork and laboratory analyses. Thirty (30) stratigraphic horizons were recognized in the studied stratigraphic section, and they were distributed in three colluvial sequences – upper pedogenized; middle; and basal colluvial – and one pedogenetic hydromorphic sequence located at the base of the section. The integration of the results revealed that during the Late Interstadial (> 25,000 years BP), at the valley paleodepth, there were hydromorphic soil and hypodermic water flows on its drainage axis, similar to those found of the surface of Palmas/Água Doce, corresponding to the pedogenesis predominance phase. Afterwards, there was continuous action of the morphogenesis, generated by the alternation between processes of subtle mass-movement and surface runoff. The first morphogenesis events were punctual and responsible, and occurred between the end of the Last Interstadial and the Last Glacial Maximum. During the Last Glacial Maximum, the morphogenesis began to be governed by surface runoff. From >25.000 to >19.150 years BP, the sedimentation of colluvial units generated the pedostratigraphic levels equivalent to the basal colluvial sequence. From 19.150 years BP onwards, the sedimentation lost intensity and erosion predominated, promoting the installation of linear erosive incisions (paleogully) that truncated the basal colluvial sequence and part of the hydromorphic level. Soon after that, the morphogenesis again registers sedimentation governed by surface runoff. As a consequence, the colluvial units related to the intermediate colluvial sequence were generated. This phase lasted from <7.940 to >4.860 years BP, corresponding to the mid-Holocene. After 4.860 years BP, the morphogenesis continued to act, originating the upper colluvial sequence, however it lost vigor by the action of the pedogenesis, thus favoring melanization of the sequence. At this phase, the second order valley paleodepth became completely collimated and remobilized, constituting a morphology similar to the slope slightly inclined to the modern low-order hierarchy axis. Keywords: Evolution of the Relief, Stratigraphy, Continental Quaternary, Colluvium, Hydromorphic Paleosols.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Localização da área de estudo no Sudeste de Santa Catarina e Nordeste

do Rio Grande do Sul.................................................................................................19

Figura 2.1: Superfícies individualizadas na região Nordeste do Estado do Rio Grande

do Sul e Sudeste de Santa Catarina..........................................................................21

Figura 2.2: Figura 2.2: Mapa geológico da área de estudo. ......................................23

Figura 2.3: Paisagem da área de estudo, município de Bom Jesus - RS (A) e São

Joaquim - SC (B)........................................................................................................25

Figura 2.4: Domínio Morfoestrutural, Região Geomorfológica e Unidade

Geomorfológica da área de estudo............................................................................26

Figura 2.5: Sistema hidrográfico da área de estudo, destacando a Bacia Hidrográfica

do Rio dos Touros......................................................................................................28

Figura 2.6: Climograma de Bom Jesus (RS) e São Joaquim (SC) das médias de

precipitação e temperatura registradas no período de 30 anos (1961-

1990)..........................................................................................................................30

Figura 3.1: Exemplo da classificação aloestratigráfica de depósitos fluviais lacustres

(modificado de N.A.C.S.N., 1983)..............................................................................42

Figura 3.2 - Superfícies geomórficas identificadas entre o Sudoeste do Paraná e

Noroeste de Santa Catarina e suas formações superficiais. (A) Contexto

mesoregional das superfícies geomórficas. (B) Superfícies geomórficas designadas

de remanescentes de superfícies aplainadas por Paisani et al. (2008). (C)

Formações superficiais representativas da superfície

geomórficas................................................................................................................44

Figura 4.1: Localização da seção estratigráfica SJA1................................................51

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Figura 4.2: Representação gráfica da arquitetura dos materiais identificados na

seção estratigráfica SJA1. As cores individualizam as principais sequências

estratigráficas. 1: Alterita de Riolito; 2: Sequência pedogenética hidromórfica; 3:

Sequência coluvial basal; 4: Sequência coluvial intermediária; 5: Sequência coluvial

superior pedogeneizada; 6: Crosta de Ferro; 7: gramíneas.......................................53

Figura 5.1: Contexto Geomorfológico de paleofundo de vale de Segunda Ordem

Colmatado na superfície de São José dos Ausentes. (A) Relevos residuais contendo

caos de blocos de riolito. (B) Disposição lateral do relevo até o fundo de vale

colmatado. (C) Seção estratigráfica transversal ao fundo de vale colmatado.

Destacam-se sequência coluvial indiferenciada e paleossolo hidromórfico no eixo do

fundo de vale..............................................................................................................60

Figura 5.2: Seção estratigráfica SJA1, transversal ao eixo do canal de drenagem de

2ª ordem colmatado (paleocanal) do sistema hidrográfico do Rio dos Touros. Foto da

seção estratigráfica (A). Arquitetura da seção estratigráfica com a definição dos

horizontes (B1: Alterita de Riolito; 2: Sequência pedogenética hidromórfica; 3:

Sequência coluvial basal; 4: Sequencia coluvial intermediária; 5: Sequência coluvial

superior pedogeneizada; 6: Crosta de Ferro; 7: gramíneas.......................................61

Figura 5.3: Foto de detalhe do horizonte 28RCg8 correspondente ao riolito

alterado.......................................................................................................................68

Figura 5.4: Distribuição e classificação dos horizontes estratigráficos da SJA1

disposta em seção colunar composta representativa dos registros estratigráficos do

paleocanal. Nomenclatura textural baseada em Ghibaudo (1992) (A) e a Diagrafia

granulométrica de seus materiais (B).........................................................................69

Figura 5.5: Micrografias dos horizontes AC, CA, 3Cb, 12Cb, 16Cb e

19Cb...........................................................................................................................72

Figura 5.6: Conteúdo de δ13C e Carbono Total nos horizonte A, AC, CA, 3Cb, 6Cb,

10Cb, 14Cb, 16Cb, 18Cb, 21Cg1b, 25Cg5b, 26Cg6b da seção pedestratigráfica

SJA1...........................................................................................................................88

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Figura 5.7: Seção estratigráfica SJA, com a identificação dos horizontes 3Cb, 14Cb,

19Cb e 25Cg5b e suas respectivas idade. 1: Alterita de Riolito; 2: Sequência

pedogenética hidromórfica; 3: Sequência coluvial basal; 4: Sequência coluvial

intermediária; 5: Sequência coluvial superior pedogeneizada; 6: Crosta de Ferro; 7:

gramíneas...................................................................................................................91

Figura 6.1 - Esboço da sequencia temporal de eventos de pedogênese e

morfogênese no paleofundo de vale de segunda ordem (Seção SJA1) - Superfície

de São José dos Ausentes (RS)................................................................................97

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LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1: Principais caracteristicas micromorfológicas dos horizontes AC, CA, 3Cb,

12Cb, 16Cb e 19Cb....................................................................................................71

Tabela 5.2– Idades 14C e Luminescência Oticamente Estimulada (LOE) dos

horizontes 25Cg5b (sequência pedogenética hidromórfica), 3Cb (sequência coluvial

superior), 14Cb e 15Cb (sequência coluvial basal)....................................................92

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LISTA DE QUADROS

Quadro 5.1: Características morfopedológicas dos materiais da Seção

SJA1...........................................................................................................................63

Quadro 5.2- Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma

de Raio-X para as frações areia e silte dos horizontes AC e CA (Sequencia Coluvial

Superior). ...................................................................................................................79

Quadro 5.3 - Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma

de Raio-X para as frações areia e silte dos horizontes 3Cb, 6Cb e 14Cb (Sequencia

Coluvial Intermediária)................................................................................................79

Quadro 5.4 - Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma

de Raio-X para as frações areia e silte dos horizontes 16Cb e 20Cb, sequencia

coluvial inferior, e 25Cg4b, paleossolo hidromórfico..................................................80

Quadro 5.5 - Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma

de Raio-X para a fração argila dos horizontes AC e CA (Sequencia Coluvial

Superior).....................................................................................................................82

Quadro 5.6 - Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma

de Raio-X para a fração argila dos horizontes 3Cb, 6Cb e 14Cb (Sequencia Coluvial

Intermediária).............................................................................................................84

Quadro 5.7- Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma

de Raio-X para a fração argila dos horizontes 16Cb e 20Cb (Sequencia Coluvial

Inferior).......................................................................................................................85

Tabela 5.8 - Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma

de Raio-X para a fração argila do horizonte 25Cg5b (Paleossolo

hidromórfico)...............................................................................................................85

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................17

1.1 Objetivos.............................................................................................................20

1.1.1 Objetivo geral....................................................................................................20

1.1.2 Objetivos específicos.........................................................................................20

2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.......................................................21

3 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................31

3.1 O Período Quaternário.......................................................................................31

3.1.1 Aspectos gerais.................................................................................................31

3.1.2 Mudanças climáticas.........................................................................................32

3.1.3 Geomorfologia e o estudo do Quaternário para o entendimento da evolução da

paisagem....................................................................................................................34

3.1.3.1 Colúvio e Alúvio..............................................................................................36

3.1.3.2 Paleossolo......................................................................................................37

3.1.3.3 Critérios estratigráficos para a interpretação do quadro evolutivo da

paisagem....................................................................................................................40

3.2 Breve revisão sobre os estudos do Quaternário continental no Sul do

Brasil..........................................................................................................................43

3.3 Processos geomorfológicos balizadores para a compreensão de

paleoprocessos coluviais........................................................................................46

3.3.1 Ambiente de encosta e erosão..........................................................................46

3.3.2 Hidrologia em encosta.......................................................................................47

3.3.3 Movimento de massa........................................................................................48

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................50

4.1 Trabalho de campo.............................................................................................51

4.1.1 Descrição dos registros estratigráficos..............................................................51

4.2 Análises Laboratoriais.......................................................................................54

4.2.1 Análise granulométrica......................................................................................54

4.2.2 Micromorfologia.................................................................................................55

4.2.3 Determinação mineralógica das frações argila, silte e areia.............................56

4.2.4 Composição isotópica do carbono....................................................................56

4.2.5 Datação por Luminescência e C14.....................................................................57

5 RESULTADOS........................................................................................................59

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5.1 Caracterização estratigráfica de paleocanal de Segunda Ordem Hierárquica

Colmatado - Seção SJA1.........................................................................................59

5.1.1 Arquitetura deposicional e caracterização física dos materiais.........................59

5.2 Seção colunar dos registros estratigráficos e diagrafia

granulométrica..........................................................................................................68

5.3 Análise Micromorfológica..................................................................................71

5.4 Mineralogia das frações Areia, Silte e Argila...................................................78

5.5 Composição dos Isótopos Estáveis do Carbono............................................87

5.6 Geocronologia dos registros estratigráficos...................................................89

6 EVOLUÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO PALEOFUNDO DE VALE DE SEGUNDA

ORDEM HIERÁRQUICA NA SUPERFÍCIE DE SÃO JOSÉ DOS AUSENTES

(RS)............................................................................................................................93

7 CONCLUSÃO.........................................................................................................98

REFERÊNCIAS........................................................................................................102

APÊNDICE A...........................................................................................................113

APÊNDICE B...........................................................................................................116

APÊNDICE C...........................................................................................................119

APÊNDICE D...........................................................................................................121

APÊNDICE E............................................................................................................123

APÊNDICE F............................................................................................................126

APÊNDICE G...........................................................................................................128

APÊNDICE H...........................................................................................................120

APÊNDICE I.............................................................................................................132

APÊNDICE J............................................................................................................134

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17

1 INTRODUÇÃO

O conhecimento humano em geomorfologia não se limita somente ao

reconhecimento das formas de relevo e suas respectivas tipologias, mas se

empenha, também, em reconhecer seus processos geradores, bem como busca

compreender toda a dinâmica estrutural a ele relacionada. Estudar a paisagem do

ponto de vista geomorfológico se tornou essencial para a compreensão dos eventos

que levaram à formação de diferentes formas de relevo ao longo do período

Quaternário (Ross, 2010).

O período Quaternário se caracteriza por ser o mais recente da era geológica,

marcado por intensas variações climáticas globais, e desestabilizou os cenários

ambientais, afetando diretamente a superfície terrestre. Esse período se constituiu

como sendo de grande importância para os estudos geomorfológicos, pois nele se

desenvolveu muito do que hoje representam as paisagens da superfície terrestre

(Moura, 1994).

Dessa forma, o estudo relacionado à análise estratigráfica dos depósitos

quaternários tem sido cada vez mais importante para a compreensão evolutiva da

paisagem, pois permite entender a dinâmica relacionada à gênese e à evolução das

diferentes formas de relevo durante o passado geológico mais recente, fato que

possibilita a reconstituição de atividades geologicamente passadas (Suguio, 1999;

Lima et al., 2010). E são basicamente os depósitos quaternários que estão

presentes na superfície das paisagens terrestres, onde a sociedade humana tem

atuado e transformado ao longo do tempo histórico.

Nos últimos 50 anos, os estudos geomorfológicos no Brasil tiveram grande

expansão, objetivando entender os eventos que levaram à evolução das diferentes

paisagens ao longo do Quaternário, de modo que se podem citar trabalhos como:

Bigarella et al., (1965); Moura & Mello (1991); Mello s/d; Sallun et al., (2007);

Etchebehere (2002); entre outros. No caso especificamente da região Sul do Brasil,

algumas pesquisas estão sendo realizadas nos Estados de Santa Catarina (SC) e

do Paraná (PR) relacionadas à caracterização estratigráfica: Paisani (1998); Mello et

al., (2003); Paisani (2004a); Paisani et al., (2005); Paisani et al., (2008); Paisani et

al., (2012 a e b); Guerra (2012); Paisani et al., (2013 a e b), Fachin (2013) e Lima

(2016).

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No Planalto das Araucárias, especificamente na superfície geomórfica de

Palmas/Água Doce localizada no Sudoeste do Paraná e Noroeste de Santa

Catarina, vêm sendo desenvolvidas, a cerca de oito anos, pesquisas a respeito da

formação e evolução da paisagem geomorfológica dessa área. Tal planalto é

caracterizado por uma paisagem com formas de relevo composta por uma sucessão

de remanescentes de superfícies aplainadas e organizadas em escadaria de leste

para oeste (Paisani et al., 2008). Ao longo dessas superfícies foram identificadas

oito remanescentes de superfícies aplainadas, e estudadas nos últimos anos a fim

de entender a evolução de tal paisagem geomorfológica (Paisani et al., 2012a).

Predominam, ao longo da superfície da Serra da Fartura (SC), perfis de

intemperismo com diferentes espessuras de Nitossolos e Latossolos. Na superfície

de Palmas/Água Doce há depósitos de colúvio, colúvio-alúvio e alúvio, bem como

solos enterrados que vêm sendo revelados a partir do reconhecimento e da

caracterização das formações superficiais por meio de levantamento sistemático de

seções estratigráficas (Guerra & Paisani, 2012; Fachin, 2013; Oliveira, 2014). Tais

registros levam a pensar em uma área cuja evolução se deu por fases alternadas de

estabilidade e instabilidade na paisagem geomorfológica ao longo do período

Quaternário, relacionadas a fenômenos pedogenéticos e morfogenéticos. A

sequência estratigráfica de sedimentos e paleossolos revelaram, até o presente

momento, que os depósitos coluviais colmataram paleofundos de vales de baixa

ordem hierárquica a partir da transição Pleistoceno/Holoceno (EIM 2/1) e evidenciam

a ação da morfogênese na área durante a maior parte do Holoceno (> 1.000 anos

AP (Antes do Presente) - Paisani et al., 2013a).

No entanto, algumas dúvidas ainda persistem sobre a geodinâmica superficial

relacionada à área mencionada, sobretudo em identificar se os fenômenos

reconhecidos ao longo das superfícies se apresentam em uma escala local ou

regional. Para responder às dúvidas elencadas e também contribuir na reconstrução

paleoambiental continental do sul do Brasil, necessitou-se expandir para superfícies

geomórficas similares geograficamente à de Palmas/Água Doce para verificar se

registros estratigráficos encontrados na referida superfície são geneticamente e

cronologicamente correlacionáveis aos de outras superfícies e se possuem

evidência paleoambiental de cunho regional. Assim, os estudos de geomorfologia do

quaternário desenvolvidos pelo grupo de pesquisa “Gênese e Evolução de

Superfícies Geomórficas e Formações Superficiais (GESGFS)”, formado na

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Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus de Francisco

Beltrão, foram expandidos para outras superfícies nos Estados de Santa Catarina e

Rio Grande do Sul (RS) (Figura 1.1).

É nesse contexto que se insere o presente trabalho, que se fundamenta na

necessidade de verificar se os fenômenos de pedogênese e morfogênese das

superfícies de Palmas/Água Doce se expressam de forma local ou regional, através

da caracterização de materiais pedoestratigráficos de paleocanal de 2° Ordem

localizados na porção Nordeste do Estado Rio Grande do Sul, especificamente na

superfície de São José dos Ausentes (RS) (Pereira et al., 2016) (Figura 1.1). Para

balizar o trabalho formulou-se a hipótese de que de fato há registros estratigráficos

na Superfície de São José dos Ausentes (RS) de cunho regional, similares àqueles

encontrados para a superfície de Palmas/Água Doce.

Figura 1.1: Localização da área de estudo no Sudeste de Santa Catarina e Nordeste do Rio Grande do Sul.

Organização: Pereira, J. S., 2016.

No que corresponde à estrutura deste trabalho, apresentar-se-ão os objetivos

sendo eles o geral e os específicos e, na sequência, a revisão bibliográfica

abrangendo literaturas que foram estudadas durante o andamento da pesquisa. A

seguir apresenta-se a caracterização da área de estudo, abrangendo alguns

aspectos físicos, como localização, geologia, relevo, hidrologia, vegetação e clima.

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Posteriormente, são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para

se chegar aos objetivos deste trabalho. Após, encontram-se os resultados e a

conclusão da pesquisa.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

A presente pesquisa teve por objetivo geral reconhecer a ocorrência de

fenômenos de Pedogênese e Morfogênese na Superfície de São José dos Ausentes

(RS) no Quaternário Tardio com base nos materiais de paleofundo de vale da Bacia

Hidrográfica do Rio dos Touros.

1.1.2 Objetivos específicos

- Estabelecer uma seção pedoestratigráfica representativa dos fatos pedológicos e

geogenéticos da superfície em análise;

- Caracterizar a natureza física, química e cronológica dos materiais de seção

pedoestratigráfica representativa da superfície de São José dos Ausentes (RS).

- Compreender o quadro evolutivo do vale de segunda ordem hierárquica;

- Estabelecer a relação estratigráfica com os registros das superfícies geomórficas

de Palmas/Água Doce;

- Verificar a relação cronológica dos registros estratigráficos com variações

climáticas locais, regionais e globais.

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2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo se localiza na região Sul do Brasil, mais especificamente no

Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul e Sudeste do Estado de Santa Catarina.

Essa área apresenta superfícies geomórficas contidas no Planalto das Araucárias

(Almeida, 1956). De forma preliminar, nessa região foi possível reconhecer quatro

superfícies geomórficas: a) Superfície de Vacaria (RS)/Lages (SC) entre 900 a 1.000

m de altitude; b) Superfície de Bom Jesus (RS) entre 1.000 a 1.100 m; c) Superfície

de São José dos Ausentes (RS)/ São Joaquim (SC) entre 1.100 a 1.300 m; e d)

Superfície de Bom Jardim da Serra (SC)/Urubici (SC) acima de 1.300 m de altitude

(Pereira et al., 2016) (Figura 2.1).

Figura 2.1: Superfícies individualizadas na região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul e Sudeste de Santa Catarina.

Organização: Pereira, J. S., 2016.

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Em geral, a porção riograndense contém fundos de vales de baixo gradiente

hidráulico e a porção catarinense mostra-se fortemente dissecada pelos sistemas

hidrográficos tributários do rio Pelotas.O paleocanal de segunda ordem hierárquica

colmatado, que corresponde ao objeto de estudo do presente trabalho, está inserido

na superfície de São José dos Ausentes/São Joaquim (Pereira et al., 2016),

localizado no Estado do Rio Grande do Sul entre 1.100 a 1.200 m de altitude.

A área de estudo está inserida na porção Sul da Bacia Sedimentar do Paraná.

Essa bacia integra a porção centro-leste da América do Sul e cobre uma área

aproximada de 1.600.000 km², abrangendo os países: Brasil, Argentina, Paraguai e

Uruguai (Machado, 2005). Ela se define por ser uma bacia intracratônica,

caracterizada pela acumulação de rochas sedimentares e vulcânicas, que variam de

idade entre o Ordoviciano e o Cretáceo (Quintas et al., 1997). A área de estudo é

mantida por derrame de natureza intermediária a ácida (Fodor et al., 1989; Nardy et

al., 2002; Schenato et al., 2003), pertencente à Formação Serra Geral (Santa

Catarina, 1991) (Figura 2.2).

Como pode ser observado na figura 2.2 o supergrupo São Bento abrange

predominantemente a área, esse por sua vez, constitui-se por diferentes fácies

(Wildner et al., 2006 e 2014). Partes dos setores do Estado do Rio Grande do Sul e

de Santa Catarina estão contidas nas Fácies Paranapanema e Gramado. A primeira

se constitui de derrames basálticos granulares finos, melanocráticos, contendo

horizontes vesiculares espessos preenchidos por quartzo (ametista), zeólitas,

carbonatos, seladonita, sendo que no Rio Grande do Sul se encontra a maior

concentração das jazidas de ametista. Já, a Fácies Gramado corresponde a

derrames basálticos granulares finos a médio, predominam formas de lóbulos,

melanocráticos cinza, com horizontes vesiculares espessos e abundantes e

predominam zeolitas, carbonatos, apofilita e saponita, estruturas de fluxos e

pahoehoe, intercalações frequentes, com rochas sedimentares eólicas da Formação

Botucatu (Wildner et al., 2006 e 2014).

A Fácies Caxias também engloba parte dos setores do Estado do Rio Grande

do Sul, e nessa formação está situado o paleofundo de vale de segunda ordem

hierárquica como apresentado na figura 2.2.

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Figura 2.2: Mapa geológico da área de estudo.

Fonte: Mapas geológicos dos Estados de Santa Catarina (1: 500.000) e Rio Grande do Sul (1:750.000) (Wildner et al., 2006, 2014). Organização: Pereira, J. S., 2016.

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Tais fácies geológicas se caracterizam pelo predomínio de derrames de

composição intermediária a ácida, riolito e riodacitos, mesocrático microgranulares e

vitrofíricos, com textura esferulítica comum, contendo forte disjunção tabular no topo

dos derrames e maciço na porção central. Ela se apresenta com dobras de fluxo e

autobrechas frequentes, assim como vesículas preenchidas predominantemente por

calcedônia e ágata, fonte das mineralizações da região (Wildner et al., 2006). Na

porção de Santa Catarina, a Fácies Caxias recebe outro nome: Fácies Palmas

(Wildner et al., 2014).

A superfície geomórfica da área de estudo é predominantemente

caracterizada por Planaltos do Sul, do compartimento geomorfológico do Planalto

Meridional, neste setor encontram-se as terras mais altas deste planalto, e como já

foi mencionado anteriormente pertence ao Planalto das Araucárias (Almeida, 1956),

(Monteiro, 1963), (IBGE, 1986). O relevo se apresenta suave-ondulado a ondulado

(Figura 2.3), contendo platôs com abruptas encostas, terminadas em várzeas não

muito extensas, e planícies recortadas por vales fluviais (Figura 2.3) (Schlick, 2004).

De acordo com Ab’Saber (1969) na região do Rio Grande do Sul há cinco

superfícies geomórficas aplainadas, mais complexas do que as identificadas, por

exemplo, nos Estados de São Paulo e do Paraná, devido ao fato de que no Rio

Grande do Sul ocorrem superfícies de cimeira mais elevadas, localizadas

exatamente na área de formação da Bacia do Paraná, mais especificamente na

superfície de Vacaria (Ab’Saber, 1969). Essa superfície localiza-se na região

nordeste onde se encontra a área de estudo e trata-se de uma das mais altas

superfícies aplainadas encontradas nos planaltos do sul do Brasil.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (1986), o

local da área de estudo é classificado como Domínio Morfoestrutural das Bacias e

Coberturas Sedimentares da região geomorfológica Planalto das Araucárias, que se

subdividem em diferentes unidades geomorfológicas (Figura 2.4). O paleofundo de

vale estudado se encontra na unidade geomorfológica Planalto dos Campos Gerais,

próximo ao limite entre a transição da unidade geomorfológica Serra Geral.

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Figura 2.3: Paisagem da área de estudo, município de Bom Jesus - RS (A) e São Joaquim - SC (B).

Organização: Pereira, J. S., 2016.

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Figura 2.4: Domínio Morfoestrutural, Região Geomorfológica e Unidade Geomorfológica da área de estudo.

Fonte: Folha SH-22 Porto Alegre e parte das folhas SH-21 Uruguaiana e SI-22 Lagoa Mirim (IBGE, 1986). Organização: Pereira, J. S., 2016.

A Unidade geomorfológica Planalto dos Campos Gerais corresponde a 58,4%

da Região Geomorfológica Planalto das Araucárias e 22,7% do Domínio

Morfoestrutural das Bacias e Coberturas Sedimentares (IBGE, 1986). Essa unidade

apresenta ampla área elevada, onde se registra as maiores cotas altimétricas de

todo o domínio, sendo que as maiores cotas estão a leste, próximo ao contato com a

Unidade geomorfológica Serra Geral na ordem de 1.000 m e 1.200 m, onde também

se registram cotas superiores a 1.500 m. A oeste ocorrem as menores cotas

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altimétricas, estando em torno de 500 m. Essa Unidade se mostra espacialmente

descontínua, é separada por áreas de relevo mais dissecado e corresponde às

unidades geomorfológicas Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai. Ainda,

caracteriza-se a oeste por um relevo relativamente plano e conservado,

representado por superfícies de aplanamento desnudadas retocadas e degradadas.

A leste caracteriza-se por forma de relevo por dissecação diferencial traduzida por

profundos entalhamentos fluviais que se apresentam embutidos em linhas

estruturais (IBGE, 1986).

A Unidade Geomorfológica Serra Geral corresponde a 21,3% da região

geomorfológica Planalto das Araucárias e 8,3% do Domínio Morfoestrutural das

Bacias e Coberturas Sedimentares. Tal unidade constitui-se nos terminais abruptos

do Planalto dos Campos Gerais, a borda leste está representada por um relevo

escarpado com desníveis acentuados de até 1.000 m. A direção geral desse

escarpamento é norte-sul, corresponde a área conhecida como Aparados da Serra,

que se constitui nos relevos mais abruptos, com vales fluviais de grandes

aprofundamentos (IBGE, 1986).

No setor de Santa Catarina individualizou-se predominantemente as unidades

geomorfológicas Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai e também Planalto dos

Campos Gerais. O Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai corresponde a 21,3%

da região geomorfológica Planalto das Araucárias e 4% do Domínio Morfoestrutural

das Bacias e Coberturas Sedimentares que tem como principal característica e

individualidade a forte dissecação do relevo, com vales profundos e encostas em

patamares, sendo fortemente dissecado pelo rio Pelotas (Santa Catarina, 1991;

IBGE, 1986).

A drenagem do local estudado pertence ao sistema hidrográfico do Rio

Pelotas, cujo rio principal está situado na divisa entre os Estados de Santa Catarina

e Rio Grande do Sul (Peluso Junior, 1986). Esse sistema se constitui de uma bacia

marginal do tipo aberta, desenvolvida no extremo sul da margem continental

brasileira, resultante dos processos de abertura e expansão do Atlântico Sul durante

o Cretáceo (CPRM/SGB, 2007), sendo que o Rio Pelotas tem como um de seus

afluentes o Rio dos Touros (Figura 2.5).

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Figura 2.5: Sistema hidrográfico da área de estudo, destacando a Bacia Hidrográfica do Rio dos Touros.

Organização: Pereira, J. S., 2016.

O paleofundo de vale de segunda ordem está situado justamente no alto

curso da Bacia Hidrográfica do Rio dos Touros (Figura 2.5). Sua bacia possui um

perímetro correspondente a 146,52 km e uma área de aproximadamente 543 km²

(Cavazini et al., 1016). Essa bacia, segundo Cavazini et al. (2016) foi

compartimentada em três segmentos: alto, médio e baixo cursos. No alto curso, há o

predomínio de drenagens subdendríticas, paralelas e angulares. O médio curso é

onde se tem a maior densidade de drenagem e ocorre o padrão dendrítico e

retangular, podendo ser evidenciado a presença de curvaturas anômalas. Já, no

baixo curso apresenta densidade de drenagem baixa e há presença de padrões

subdendríticos e paralelos. A presença dos padrões descritos anteriormente aliada à

análise das propriedades da drenagem possibilitou evidenciar um forte controle

estrutural para a bacia do rio dos Touros, remetendo a um contexto de controle

estrutural marcado pela presença de lineamentos estruturais – fraturas/falhas

(Cavazini et al., 1016).

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A cobertura superficial que predomina na área de estudo, se classifica

conforme o Mapa de Solos do Brasil, como sendo de Cambissolos Húmicos

Distrófico e Neossolos Litólicos Eutrófico e Órtico (IBGE - EMBRAPA, 2001). Os

Cambissolos se referem a solos com menor profundidade e pouco desenvolvidos,

com horizonte B incipiente e húmico por apresentarem matéria orgânica com

horizonte A húmico. Já, Neossolos Litólico se caracterizam por serem também pouco

evoluídos pedogeneticamente, se apresentando rasos, sem horizonte B. Solos

distróficos se caracterizam por apresentar saturação por bases inferior a 50%,

portanto são solos bastante ácidos e Eutróficos se aplica a solos que apresentam

saturação por bases igual ou superior a 50% (EMBRAPA, 2006).

Em relação à vegetação da área de estudo, as formações que se encontram

predominantemente são a Floresta Ombrófila Mista (com Araucárias) caracterizada

por Montana, Alto Montana, vegetação secundária e Estepe (Campos do Sul do

Brasil) sendo constituída por Gramínea-lenhosas, e na faixa do Estado do Rio

Grande do Sul sua vegetação se denomina como Campos de cima da Serra,

também conhecido por Campos Sulinos (IBGE, 2004). Diante disso, o local do

paleofundo de vale estudado é caracterizado por vegetação representada por uma

grande paisagem de campo, com manchas de florestas de araucária e turfeiras

(MMA, 2009; Scherer & Lorscheitter, 2014).

Pelo fato de a região da área de estudo estar situada em uma altitude

elevada, ela está sujeita a invernos rigorosos, sendo comum a formação de geada

em determinada época do ano (Moreno, 1961). Dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o clima da região se apresenta como

Temperado, Mesotérmico Mediano, Superúmido. Isso se afirma na classificação

proposta por Geiger (1936) modificado de Koppen (1900) como clima Temperado

(Mota, 1953), sendo classificado como Cfb (C: clima mesotérmico temperado; f:

Clima úmido, com chuva bem distribuída durante o ano todo; b: verão temperado).

Essa é a classificação predominante da região (Kuinchtner & Buriol, 2001).

No que corresponde ao clima, a série histórica de pluviosidade e tempertarura

média para a área de estudo (Figura 2.6) se apresenta com temperatura inferior aos

20°C ao longo de todos os meses do ano, para ambas as localidades, e com

temperaturas médias próximas aos 10°C para os meses de junho e julho.

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Figura 2.6: Climograma de Bom Jesus (RS) e São Joaquim (SC) das médias de precipitação e temperatura registradas no período de 30 anos (1961-1990).

Fonte: EMBRAPA. Banco de dados climáticos do Brasil. Disponível em: https://www.cnpm.embrapa.br/projetos/bdclima/. Acesso: 08, outubro, 2015.

Tanto a baixa amplitude térmica verificada por conta das temperaturas anuais

amenas quanto as médias mensais pluviométricas, ambas também apresentam uma

regularidade ao longo do ano, sendo registrados dois picos de aumento desse índice

nos meses de janeiro a fevereito e nos meses de agosto a setembro, quando são

registrados mais de 160 mm, e no mês mais seco (abril) quando são registradas

precipitações que variam entre 103 mm e 112 mm.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 O Período Quaternário

3.1.1 Aspectos gerais

A maior parte das paisagens dos continentes atuais é de origem geológica

relativamente recente e os processos que as modificaram ainda continuam atuando.

A natureza constitui um sistema dinâmico, onde qualquer transformação altera todo

um conjunto de fatores e as que ocorrem nela se manifestam em diversas escalas

temporais (Suguio, 1999).

Para explicar a origem da divisão do tempo geológico deve-se remontar ao

ano de 1669, quando o pesquisador dinamarquês N. Steno estabeleceu a lei da

superposição de camadas. Para ele, as camadas sedimentares são depositadas

horizontalmente e essa sucessão possui um significado cronológico. Em 1760 G.

Arduíno, ao estudar e classificar litoestratificamente as rochas da Itália, utilizou o

termo Primário para as rochas mais antigas, seguidas pelas rochas do Secundário, e

atribuiu aos sedimentos cascalhosos, arenosos e argilosos muito fossilíferos ao

termo Terciário. Após, em 1833, foi introduzido o termo Quaternário referindo-se aos

depósitos marinhos superpostos aos sedimentos Terciários da bacia de Paris,

localizada na Europa, entretanto, a palavra Quaternário foi oficializada nesse mesmo

ano por H. Reboul, associando os depósitos sedimentares aos restos de animais e

vegetais predominantemente hoje viventes. Assim, se completou a escala do tempo

geológico. Posteriormente, os termos Primário, Secundário e Terciário foram

substituídos por Paleozoico, Mesozoico e Cenozoico (Suguio, 1999).

A Era Paleozoica caracteriza-se pela presença de um só continente, chamado

de Pangea. A Era Mesozóica se definiu pela fragmentação em subcontinentes da

antiga Pangea, formando outros continentes. A Cenozoica ou Terciária se

caracteriza pela movimentação independente de cada fragmento e pelas drásticas

mudanças ambientais, onde em algumas das porções continentais a mudança no

clima foi resultante da deriva para latitudes muito diferentes. O Terciário Superior se

caracteriza pelo início da formação dos continentes atuais (Salgado-Laboriau, 1994).

O Quaternária se caracteriza como sendo o período que representa a última

grande divisão do tempo geológico, ou seja, o período mais recente (Gibbard et al.,

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2010). Ele é constituído por duas épocas de tamanho desigual, sendo elas o

Pleistoceno e o Holoceno. Conforme a International Commission on Stratigraphy

(ICS, 2010) o Pleistoceno é a época mais antiga, com cerca de 2,59 milhões de

anos, e o Holoceno é a época mais recente do período Quaternário tendo início a

cerca de 11.700 anos AP. O Pleistoceno teve uma duração correspondente a cerca

de 180 vezes a do Holoceno.

No Pleistoceno, devido às intensas mudanças climáticas ocorridas, seria

possível reconhecer três subdivisões: Pleistoceno Superior, Médio e Inferior, e seus

limites variam conforme diferentes autores e seus países de origem, (Suguio, 1999).

Do ponto de vista geológico o Holoceno é um período muito pequeno, porém de

maior importância, pois se trata do período que abrangem o aparecimento do

homem moderno, as grandes civilizações, a história escrita e o intervalo de tempo

em que o homem adquiriu a tecnologia para intervir no ambiente natural (Salgado-

Labouriau, 2007).

O período Quaternário constitui a essência de todo estudo que busca o

conhecimento dos ambientas atuais e da evolução recente do planeta. De acordo

com Suguio (1999), durante esse período a superfície terrestre passou por intensas

transformações ambientais até chegar a seu estágio atual devido a mudanças em

seu regime hidrológico, provocadas por intensas variações climáticas.

3.1.2 Mudanças climáticas

Desde a formação do planeta o clima tem sofrido alteração ao longo das Eras

Geológicas, ou seja, o clima está em constante e permanente transformação. No

entanto, distinguem-se as mudanças climáticas que ocorrem na escala geológica de

tempo (em milhões de anos) daquelas de curta duração (em horas, semanas,

meses, anos, décadas ou séculos).

O período Quaternário registra diversas mudanças ambientais ocorridas ao

longo do tempo, provocadas por intensas variações climáticas, sendo que tais

mudanças se expressam diretamente nas formações superficiais. Devido ao fato de

o período Quaternário ser o mais recente no tempo geológico, as mudanças

climáticas ocorridas no Quaternário foram extremamente significativas para a origem

da paisagem atual e estão associadas a eventos glaciais e interglaciais, mas foram

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principalmente induzidas por grandes eventos globais de glaciação, pois esses

perduraram por mais tempo (Moura, 1994).

Estudos geológicos e geomorfológicos na primeira parte do século XX

mostram que durante o Quaternário houve, pelo menos, quatro ou cinco Idades do

Gelo (glaciação). Entretanto, novos métodos de pesquisa a partir da década de 1960

mostraram que houve um número maior de glaciações. Hoje se tem evidência de 16

ciclos glacial/interglacial em que uma fase fria, e longa, com cerca de 100 mil anos

de duração, é sucedida por uma fase quente e mais curta, com cerca de 20 mil anos

de duração. Dessa forma, a maior parte do Quaternário teve um clima frio e esteve

sujeita a glaciações extensas e durante 15% do tempo o clima fora semelhante ao

atual (Salgado-Labouriau, 2007).

As grandes alterações climáticas ocorridas no Holoceno se caracterizam pelo

início de uma fase interglacial (Suguio, 1999). Então, a maior parte do Quaternário

teve um clima frio e esteve sujeito a glaciações extensas e na menor parte o clima

fora semelhante ao do presente.

O Holoceno se caracteriza pelo início de uma fase interglacial (Suguio, 1999)

e evidencia-se que pode ser um novo período interglacial que será seguido por uma

nova glaciação, em aproximadamente 10 mil anos (Salgado-Labouriau, 2007).

Porém, a temperatura começou a subir lentamente por volta de 1.850 anos DC e

continua subindo até hoje. Alguns consideram esse aumento de temperatura como

mais uma oscilação natural do Holoceno, como a que ocorreu a 3.000 e 2.000 anos

AP. Outros creem que esse fato é devido a um efeito artificial provocado pelo

aumento da população humana, seus rebanhos, seus desmatamentos e a grande

poluição industrial. Outra grande hipótese seria que há cerca de 14.000 anos

encerrou a Grande Idade do Gelo do Quaternário e que agora começa um novo

período geológico extenso, quente, como foi o Mesozóico (Salgado-Labouriau,

2007).

Acredita-se que a paisagem geomorfológica foi esculpida durante a

intercalação dessas fases de resfriamento e aquecimento global, e que diferentes

processos atuaram e contribuíram para a evolução e enculturação da paisagem

geomorfológica (Suguio, 1999). A dinâmica responsável pela produção de

sedimento, remobilização e deposição exibe estreita relação com as mudanças

climáticas ocorridas no decorrer do Quaternário e que provocaram modificações nas

diferentes paisagens da superfície terrestre (Ribeiro et al., 2012).

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Os estudos da Última Glaciação e do Interglacial – em que se vive agora

(Holoceno) – permitem uma reconstrução boa do relevo e do meio ambiente, que

servem de modelo para a interpretação dos ciclos glaciais mais antigos, dos quais

pouco se conhece (Salgado-Labouriau, 2007).

As intensas mudanças climáticas ocorridas durante o Quaternário associadas

principalmente às fases glaciais apresentam alguns efeitos e consequências no

sistema terrestre que podem ser evidenciados. Nesse sentido, pode-se citar:

modificações nas zonas climáticas da Terra relacionadas à alteração de temperatura

e umidade em função das mudanças nas circulações atmosféricas e oceânicas;

regressões (recuo) e transgressões (avanço) dos oceanos sobre os continentes,

associadas às subidas e descidas do nível do mar, nesse caso os geólogos

concluem que atualmente o nível do mar aparenta estar subindo, e acreditam que

seja devido ao derretimento progressivo das geleiras causado pela atual fase

interglacial; expansão e retração da flora e fauna; mudanças na velocidade de

rotação ou na intensidade do campo gravitacional devido às distribuições de massas

na terra (Salgado-Laboriau, 1994).

3.1.3 Geomorfologia e o estudo do Quaternário para o entendimento da evolução da

paisagem

A geomorfologia é uma área importantíssima para o estudo Quaternário no

que diz respeito à interpretação evolutiva das diferentes formas de relevo existentes

na superfície terrestre (Suguio, 1999). Como já introduzido no tópico anterior, as

variações climáticas que afetaram a Terra durante o Quaternário influenciaram

profundamente a natureza e o ritmo dos processos geomorfológicos responsáveis

pela evolução e esculturação da paisagem. Nesse sentido, a paisagem

geomorfológica é resultado de eventos de alta ou baixa magnitude que se

desenvolveram durante momentos de instabilidade e estabilidade ambiental,

responsáveis pela ocorrência e variação nas taxas de atuação da pedogênese e

morfogênese (Moura, 1994).

Teoricamente, a pedogênese estaria relacionada ao período de estabilidade

na paisagem, momento de baixa taxa de morfogênese. Esse período corresponderia

a bioestasia, na conceituação de Erhat (1966), e seria longo suficiente para se

caracterizar por um período de equilíbrio dinâmico no qual os seres puderam atingir

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seu desenvolvimento máximo, sendo que o intemperismo químico atuou em maior

proporção, desenvolvendo solos espessos. Já, o momento de instabilidade da

paisagem tem extrema relação com os processos morfogenéticos, e correspondente

a resitasia segundo Erhat (1966), que se caracteriza quando há uma mudança na

vegetação e ocorre o desaparecimento da floresta devido uma ruptura do equilíbrio

climático e biológico.

Os últimos 15.000 anos AP, abrangendo o final do Pleistoceno e todo o

período do Holoceno, constituem o intervalo de tempo que mais se tem informações

para os estudos paleoambientais, pois quanto mais se remonta ao passado, menos

informações se tem (Salgado-Laboriau, 1994). As transformações da natureza se

processam em diferentes escalas temporais e não podem ser vistas a olho nu, assim

necessita-se recorrer a auxílios de equipamentos de precisão, pois é difícil

correlacionar as modificações com as que ocorreram a milhões de anos. Somente

os estudos referentes ao Quaternário são capazes de estabelecer um elo entre o

passado geologicamente pouco remoto com o presente e ter algum prognóstico

futuro, mesmo sendo extremamente complicado (Suguio, 1999).

Um dos avanços mais importantes referente aos estudos do Quaternário foi o

desenvolvimento do método de datação pelo carbono quatorze (C14), que traz a

idade dos depósitos sedimentares, com o início das investigações do fundo

oceânico, que seria um registro bastante extenso e quase contínuo de todo o

período (Moura, 1994). As investigações do fundo oceânico possibilitam fornecer as

mais completas informações referentes aos registros quaternários. Porém, esses

estudos não podem ser extrapolados para os depósitos continentais, concluindo que

muitas das paisagens continentais ainda necessitam ser estudadas (Moura, 1994).

Segundo Suguio (1999), os estudos de depósitos de origem quaternária

abrangem duas grandes metas. A primeira aborda que os estudos aplicados nas

ciências ambientais podem contribuir para o conhecimento cada vez mais

aprimorado do presente e do passado pouco remoto da natureza, compreendendo a

dinâmica natural que pode fornecer informações para que o homem possa ter uma

relação mais harmoniosa com a natureza e, desse modo, evitar problemas ao meio

ambiente como os que vêm ocorrendo. A segunda meta aborda o fato que os

estudos de depósitos antigos podem prever deflagrações futuras de fenômenos

naturais, induzidos ou não pelas intervenções sociais. A reconstituição de eventos

do passado geológico (Quaternário), pode fornecer elementos necessários para

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diagnosticar a ocorrência de fenômenos ou eventos que vierem a ocorrer no futuro e

causar consequências catastróficas.

Os fenômenos ocorridos no Quaternário estão evidenciados no relevo, porém,

já em estudos de períodos mais antigos que o Quaternário se tem dificuldade no que

diz respeito a suas correções, pois quanto mais retroceder ao passado menos

evidência se tem na paisagem. (Suguio, 1999). Uma questão que é essencial para o

entendimento das sequências evolutivas da paisagem geomorfológica quaternária é

o estudo dos registros estratigráficos que estão preservados nos depósitos

sedimentares, como colúvio e alúvio, assim como em paleossolos enterrados que

serão tratados a seguir. Esses registros preservam informações a respeito da

história evolutiva da paisagem (Moura & Silva,1998).

3.1.3.1 Colúvio e Alúvio

A terminologia colúvio e alúvio referem-se à classificação de sedimentos

gerados, respectivamente, em ambientes de encosta e fluvial e são empregados

também para classificar solos Alóctones, um material formado em um local,

transportado e depositado em outro por ação de processos morfogenéticos

(morfogênese), sendo que o meio ambiente encontrava-se instável e preservava

informações a respeito da história erosiva e deposicional de diferentes unidades de

relevo (Bigarella & Mousinho, 1965).

A fim de dar um conceito para colúvio, Thomas (1994) esclarece ser como

depósito detrítico, formado no sopé das encostas, transportado principalmente pela

ação da gravidade. Em contrapartida, Corrêa (2001) atribui ao termo colúvio

qualquer depósito sedimentar que se acumule ao longo de uma encosta em

decorrência do transporte gravitacional. Os depósitos de colúvios assumem um

significado considerável para o entendimento da evolução da paisagem atual, pois

documentam a recorrência de processos erosivos sobre o regolito (Moura & Silva,

1998). Em algumas áreas ocorrem sucessivas camadas superpostas de materiais

coluviais que atestam a evolução da paisagem pela recorrência de processos

degradacionais (erosivos) e agradacionais (acumulativos), que podem ser

posteriormente pedogeneizados (Bigarella & Mousinho, 1965). Os processos

relacionados a deposição de colúvios estão ligados diretamente a depósitos

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formados através de processos de movimento de massa e escoamento superficial

(Bigarella et al., 1994).

Já, os depósitos aluviais são detritos ou sedimentos clásticos de qualquer

natureza (arenoso, argiloso ou cascalhento), inconsolidados em leito de rios,

planícies de inundação ou na base de encostas com maior declividade (Guerra,

2001; Suguio, 1999). Os depósitos aluviais foram carregados e depositados pelos

cursos d’água e durante seu transporte foram retrabalhados apresentando, assim,

diferentes graus de seleção de seu material. Esses depósitos podem estar presentes

no ambiente de encosta juntamente com o depósito coluvial (Guerra, 2001). Os

processos relacionados ao depósito aluvial estão ligados diretamente ao

escoamento superficial.

Os depósitos sedimentares também podem ser classificados como colúvio-

alúvio, esse termo refere-se a uma junção de materiais vindos da encosta

transportados, principalmente, pela gravidade (colúvio) e materiais transportados

através de canais fluviais (alúvio), podendo ser caracterizados como um único

material (Moura e Silva, 1998).

3.1.3.2 Paleossolo

Os paleossolos estão ligados diretamente a solos autóctones e se referem ao

material localizado no mesmo lugar onde foram gerados (in situ). Os solos

autóctones se originam com a atuação de processos pedogenéticos (pedogênese),

por episódios de estabilidade na paisagem onde estavam propícios e são estáveis

para o desenvolvimento de solos in situ (Kraus, 1999). O estudo referente à

classificação e origem dos registros pedológicos encontrados na superfície terrestre

foi e ainda continua sendo cada vez mais importante para a estratigrafia e a

geomorfologia dos depósitos quaternários (Pierini & Mizusaki, 2007), pois neles se

preservam informações a respeito das mudanças climáticas e mudanças de

vegetação ocorridas durante esse período (Moura, 1994).

Com o passar do tempo os solos se modificam assim como as paisagens,

através de modificações ambientais provocadas por processos climáticos, eólicos,

hídricos, tectônicos, ou até mesmo antrópico. etc.. Então, esses solos são

originalmente preservados na paisagem pretérita, incorporando a sequência

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sedimentar ou vulcânica, e passam a se denominar paleossolos se referindo aos

solos do passado (Ladeira, 2010).

Os paleossolos se caracterizam como uma importante ferramenta para o

entendimento da origem e evolução das paisagens, pois guardam registros que são

essenciais para os estudos de reconstituição paleoambiental (Ladeira, 2010; Silva

2011). O estudo de solos antigos (paleossolos) se interessa em investigar tanto os

solos que foram soterrados em sequências sedimentares quanto os que persistiram

às mudanças de condições superficiais (Pierini & Mizusaki, 2007).

Os paleossolos encontrados nas diferentes paisagens da superfície terrestre

preservados a mais de 100 anos são importantes registros representativos que

podem trazer informação a respeito da temperatura, umidade ou precipitação,

composição química do ar, água ou solo e erupção vulcânica (Bradley & Eddy,

1989). Eles podem ser classificados em três formas, como: relictual, enterrado e

exumado, ambos formados em uma paisagem pré-existentes sob condições

paleoambientais diferentes das atuais. Paleossolos relictuais são solos que estão

expostos na superfície desde a sua formação, suas propriedades são resultantes da

soma dos processos pedogenéticos que esse solo sofreu, podendo ter

características poligenética. Paleossolos enterrados são solos que também se

formaram em um ambiente do passado, mas que foram enterrados por sedimentos

sendo que suas características foram preservadas pelo soterramento. E Paleossolo

exumado refere-se aos solos que foram enterrados por um determinado período e

que após foram expostos a uma nova pedogênese, resultante da atuação da erosão

dos materiais sobrepostos a ele (Andreis, 1981; Ruellan, 1971).

Os paleossolos, assim como solos modernos, estão distribuídos na paisagem

e apresentam diferenças de horizontes ou camadas sendo descritos conforme suas

características próprias (Resende et al., 2002). Os horizontes ou camadas são

categorizados por diferentes nomenclaturas atribuídos conforme suas propriedades

físicas (Brady & Weil, 2013). Para a designação dos diferentes horizontes ou

camadas do solo se usam letras maiúsculas, minúsculas e números arábicos. As

letras maiúsculas são usadas para designar horizontes ou camadas principais, as

minúsculas são usadas como sufixos para qualificar distinções específicas dos

horizontes ou camadas principais (IBGE, 2015).

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A seguir são apresentadas algumas nomenclaturas utilizadas com suas

características de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos

(EMBRAPA, 2006) e o Manual Técnico de Pedologia (IBGE, 2015):

• O - Horizonte ou camada superficial, de constituição orgânica, sobreposto a

alguns solos minerais, podendo estar ocasionalmente saturado com água;

• A - Horizonte mineral, orgânico, superficial ou em sequência a horizonte ou

camada O ou H, de concentração de matéria orgânica decomposta e perda

ou decomposição principalmente de componentes minerais (Fe, Al e argila).

• AB - Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de

horizonte A e algumas características de horizonte B (ou E).

• B - Horizonte subsuperficial de acumulação de argila, Fe, Al, Si, húmus,

CaCO3 , CaSO4 , ou de perda de CaCO3 , ou de acumulação de

sesquióxidos; ou com bom desenvolvimento estrutural.

• C - Horizonte ou camada mineral de material inconsolidado sob o solum,

relativamente pouco afetado por processos pedogenéticos, a partir do qual

o solum pode ou não ter se formado, sem ou com pouca expressão de

propriedades identificadoras de qualquer outro horizonte principal.

• R - Camada mineral de material consolidado, que constitui substrato

rochoso contínuo ou praticamente contínuo, a não ser pelas poucas e

estreitas fendas que pode apresentar.

• b - Horizonte enterrado.

• g – Glei: para designar solos formados por processo de gleizacão, que

desenvolvem cores cinzentas, azuladas, esverdeadas ou mosqueamento

bem expresso dessas cores, decorrentes da redução do ferro, por

condições de excesso de água (hidromorfismo).

• t - Acumulação de argila: usado exclusivamente no B para designar

relevante acumulação ou concentração de argila.

Os prefixos numéricos (2, 3, e assim sucessivamente) são usados para

designar descontinuidade litológica, no qual o 1 não é apresentado, como por

exemplo: A, Bt1 , 2Bt2 , 2BC, 3C1 , 3C2. Já os sufixos numéricos são usados para

subdivisão de horizontes principais em profundidade, como por exemplo: A1, A2,

Bt1, Bt2, Bt3 (IBGE, 2015).

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3.1.3.3 Critérios estratigráficos para a interpretação do quadro evolutivo da

paisagem

Os depósitos quaternários estão irregularmente distribuídos sobre o relevo, os

continentes e os fundos oceânicos, com variadas cronologias e espessura delgada

(Suguio, 1999). Esses depósitos se encontram distribuídos sob variadas formas de

relevo e apresentam estreita relação genética com as feições morfológicas da

paisagem (Mello, s.n). Assim, encontra-se a possibilidade de que a análise

estratigráfica de depósitos quaternários possa considerar diferentes padrões de

organização das paisagens, permitindo a interação entre a Geomorfologia e a

Estratigrafia (Madeira & Borghi, 1999).

De acordo com Paisani et al. (2004a,b) a análise estratigráfica serve como

instrumento essencial à interpretação das formações sedimentares. Além de

identificar forma, composição, distribuição, propriedades geofísicas e geoquímicas

desses sedimentos, também está ligada ao estudo de todas as características,

propriedades e atributos dos estratos, buscando a compreensão do ambiente de

origem e a sua história geológica.

Os depósitos quaternários preservam grande quantidade de informações a

respeito da história sedimentar. E com os estudos estratigráficos esses depósitos

podem contribuir para o entendimento de conceitos fundamentais, especialmente

quanto à relação entre o registro sedimentar e a natureza dos eventos e processos

deposicionais (Mello, s. n.). Dessa forma, para o estabelecimento da estratigrafia em

um determinado ambiente é necessário levar em consideração alguns critérios,

dentre eles: litoestratigráfico, morfoestratigráfico, pedoestratigráfico, aloestratigráfico

e cronoestratigráfico.

A abordagem litoestratigráfica, de acordo com o Código Brasileiro de

Nomenclatura Estratigráfica (Comissão Especial de Nomenclatura Estratigráfica -

SBG, 1986), define unidade litoestratigráfica pelo conjunto de rochas que se

distinguem e se delimitam com base em seus caracteres litológicos, independente

da sua história geológica ou de conceitos cronológicos. Sendo assim, os limites das

unidades litoestratigráficas correspondem às mudanças litológicas identificadas

(Petri et al., 1986), que compõem depósitos e formas de relevo na paisagem

(Hughes, 2010).

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A abordagem morfoestratigráfica tem se tornado uma ferramenta essencial ao

entendimento da dinâmica da paisagem no que diz respeito à evolução

geomorfológica (Suguio, 1999). Segundo Moura (1994) em 1962 Frye e Willman

sugeriram as unidades morfoestratigráficas como sendo unidades operacionais que

determinariam corpos sedimentares identificáveis pela forma como se apresenta na

superfície, podendo levar em consideração ou não a litologia ou a idade das

unidades adjacentes. No entanto, Meis & Moura (1984), consideram que esse

conceito subordinava a estratigrafia às formas de relevo e enfatizando que seria

necessária uma análise estratigráfica mais detalhada. Os autores sugeriram,

também, que o conceito de morfoestratigrafia fosse restringido a condições

possíveis para detectar e que apresentassem relação direta entre o depósito e a

topografia.

No que corresponde a abordagem pedoestratigráfica, o Código Norte-

Americano de Nomenclatura Estratigráfica de 1983 (N.A.C.S.N, 1983) define

unidades pedoestratigráficas como sendo corpos constituídos por horizontes

pedológicos. Esses horizontes são identificáveis pela cor, estrutura, acumulação de

matéria orgânica e outras propriedades do solo (Mendes, 1984). Assim, observa-se

que a distinção das unidades pedoestratigráficas é de acordo com a existência de

horizontes pedológicos diferenciados e distinguíveis (Moura, 1994). A reconstituição

dos episódios pedogenéticos no âmbito dos eventos deposicionais constitui

importante ferramenta para interpretações geomorfológicas, sendo a análise

pedoestratigráfica muito importante para a identificação e interpretação de

paleossolos inseridos na paisagem que estão geralmente enterrados por sedimentos

quaternários (Moura, 1994).

Levando em consideração as particularidades dos depósitos sedimentares

quaternários, podendo se referir a pequena espessura, a recorrência e a

similaridade de fácies e sua distribuição descontínua sob as formas do relevo, foi

introduzido pelo Código Estratigráfico Norte-Americano (N.A.C.S.N., 1983) a

categoria de unidades aloestratigráficas (Moura, 1994).

A perspectiva aloestratigráfica foi introduzida pela primeira vez nos estudos

do Quaternário brasileiro por Moura e Meis (1986) e aprimorada por Moura e Mello,

mais tarde, em 1991. Segundo esses autores a abordagem aloestratigráfica se

fundamenta na identificação de descontinuidades estratigráficas de âmbito regional

e cada unidade aloestratigráfica identificada representa um episódio sedimentar

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derivado de um evento de instabilidade na paisagem. A figura 3.1, apresenta uma

relação entre as classificações alo- e litoestratigráficas, onde quatro unidades

aloestratigráficas se encontram sobrepostas e definidas por descontinuidades

lateralmente traçáveis (desconformidades e solos enterrados) classificadas em um

ou duas unidades litoestratigráficas.

Figura 3.1: Exemplo da classificação aloestratigráfica de depósitos fluviais lacustres (modificado de N.A.C.S.N., 1983).

Fonte: Mello, 1997.

Em depósitos aluviais podem ser identificadas discordâncias erosivas nítidas,

ressaltadas ou não por variações litológicas. Já, em depósitos coluviais estão

associadas por linhas de seixos, porém, o reconhecimento de perfis de solos

superpostos constitui o melhor indicador de sua descontinuidade (Moura, 1994).

Já, a cronoestratigrafia, conforme o Código Brasileiro de Nomenclatura

Estratigráfica (Comissão Especial de Nomenclatura Estratigráfica - SBG, 1986)

corresponde ao estudo referente à idade de rochas e de camadas geológicas. São

conjunto de estratos que constituem uma unidade por conter as rochas formadas

durante determinado intervalo de tempo geológico. Essa abordagem tem como

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objetivo a organização sistemática da sucessão de estratos da Terra em unidades

cronoestratigráficas que correspondem a intervalos de tempo geológico (Petri et al.,

1986).

Os diferentes critérios estratigráficos citados acima possuem estreita relação

entre si, e poderão contribuir para o entendimento da evolução da paisagem da área

de estudo.

3.2 Breve revisão sobre os estudos do Quaternário continental no Sul do Brasil

Durante o Pleistoceno, no território brasileiro, dois conjuntos diferentes de

processos atuaram e submeteram a paisagem à degradação lateral em clima

semiárido (épocas glaciais) e à dissecação em clima úmido (épocas interglaciais)

(Bigarella, 1994). Durante o clima úmido desenvolveu-se um manto de

decomposição formado por alteração química provocando o desenvolvimento da

floresta (Bigarella et al. 1965). No Sul do Brasil o manto de intemperismo atinge uma

espessura de 5 a 15 metros e, em alguns casos até mais, como observado nas

proximidades de Londrina (PR). Na transição do clima úmido para o mais seco, a

floresta regride e é substituída por uma cobertura menos densa, do tipo cerrado ou

caatinga (Bigarella, 1994).

O grupo de pesquisa Gênese e Evolução de Superfícies Geomórficas e

Formações Superficiais da UNIOESTE, vem desenvolvendo pesquisas a respeito da

evolução da paisagem em área de ocorrência dos derrames vulcânicos da bacia do

Paraná no Sul do Brasil. Até o momento foram gerados resultados para o

entendimento da paisagem no Sudoeste (SW) do Paraná e Noroeste (NW) de Santa

Catarina. Ao longo desse Planalto identificaram-se oito superfícies, organizadas em

escadaria de leste para oeste, geradas simultaneamente pelo balanço entre

alteração química e erosão mecânica, durante o soerguimento da área, conforme

Paisani et al. (2008) (Figura 3.2). Essa área corresponde ao Terceiro Planalto

Paranaense, regionalmente conhecido como Planalto Basáltico da Bacia do Paraná

(Almeida, 1956) também denominado de Planalto das Araucárias.

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Figura 3.2 - Superfícies geomórficas identificadas entre o Sudoeste do Paraná e Noroeste de Santa Catarina e suas formações superficiais. (A) Contexto mesoregional das superfícies geomórficas. (B) Superfícies geomórficas designadas de remanescentes de superfícies aplainadas por Paisani et al. (2008). (C) Formações superficiais representativas da superfície geomórficas.

Fonte: Paisani et al., 2013.

Nessas superfícies é possível identificar diferentes formações superficiais, até

o momento sabe-se que as formações superficiais são compostas por solos gerados

in situ e sedimentos quaternários. Em relação aos solos autóctones muitas são as

pesquisas e trabalhos realizados a respeito desse tema no SW do Paraná e NW de

Santa Catarina (Rodriguez, 2011; Bragas, 2010). Conforme Pontelli et al. (2011), os

estudos a respeito da gênese dos perfis de solo no Planalto das Araucárias mostram

diferentes graus de evolução pedológica e características genéticas. Sobre aos

solos alóctones, estão diretamente ligados a processos erosivos e deposicionais.

Nesse sentido, ao longo das superfícies identificadas por Paisani et al. (2008, 2013),

encontram-se depósitos de colúvio, alúvio, colúvio-alúvio e paleossolos que se

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comportam como registros ambientais capazes de trazer melhor compreensão a

respeito da paisagem quaternária.

Os trabalhos estratigráficos foram baseados no reconhecimento e na

caracterização de seções estratigráficas (Paisani et al., 2012a) e evidenciados

através dos estudos estratigráficos com significativa atuação da pedogênese entre

41.000 e 25.000 AP, quando o sistema fluvial de baixa ordem hierárquica e o

ambiente de encosta se encontravam em equilíbrio dinâmico (Paisani et al. 2012a).

Ou seja, correspondem ao Pleistoceno Superior, dando origem aos Neossolos

Regolíticos com horizonte A húmicos nas encostas e Neossolos Flúvicos em fundos

de vales de segunda ordem hierárquica, sendo formados também horizontes Ab

enterrados encontrados na superfície de Palmas/Água Doce (Guerra & Paisani,

2013). Entre 25.000 e 11.000 AP a pedogênese ainda se instalou, porém de uma

forma regressiva, evidencia-se, também, o predomínio da morfogênese,

apresentando uma fase de instabilidade ambiental, responsável pela colmatação de

vales, pelo truncamento de paleossolos e pela formação das sequências

sedimentares (unidades coluviais).

A partir de 11.000 anos AP, correspondente ao início do Holoceno, ocorreu

intensa morfogênese das encostas e colmatação dos fundos de vale das bacias de

baixa ordem hierárquica influenciados, principalmente, pelo escoamento superficial e

pelo movimento de massa. Após 1.000 anos AP o cenário ambiental entou em uma

fase de estabilidade ambiental formando Neossolos rigoliticos com horizonte A

húmico (Paisani et al., 2012a).

São poucos os trabalhos referentes ao Quaternário Continental da área de

ocorrência dos derrames vulcânicos da Bacia do Paraná no Rio Grande do Sul.

Sabe-se que existiam extensas áreas de vegetação campestre sobre o Planalto

Norte Riograndense durante as épocas glaciais e Holoceno inferior, sendo essa

vegetação atribuída às condições glaciais frias e condições mais quentes e secas do

Holoceno superior. A expansão da Floresta de Araucárias sobre a vegetação

campestre teve início nesse Planalto em torno de 3.210 anos AP, indicando uma

mudança climática mais úmida, sem uma estação seca definida (MMA, 2009).

O presente trabalho buscou trazer mais informações a respeito da evolução

Quaternária no cenário ambiental Sul do Brasil, possibilitando uma integração com

os trabalhos já realizados até o presente momento.

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3.3 Processos geomorfológicos balizadores para a compreensão de

paleoprocessos coluviais

3.3.1 Ambiente de encosta e erosão

Entende-se por encosta os espaços situados entre os fundos de vales e os

topos da superfície crustal, os quais definem a amplitude do relevo, assim como seu

gradiente topográfico (Netto, 2007). As encostas estão presentes em qualquer

paisagem, e a análise de sua morfologia e dinâmica se comportam como um

importante indicador para o reconhecimento da sequência dos eventos que

operaram para o desenvolvimento da paisagem Bigarella et al. (1965). Por meio da

análise de seus materiais, as encostas podem trazer significativas informações a

respeito das condições ambientais prevalecentes durante sua elaboração e dos

processos que atuaram em seu desenvolvimento (Bigarella et al., 1965).

O mecanismo de evolução e esculturação das encostas dependem de dois

processos que são responsáveis pela evolução do relevo: pedogênese e

morfogênese. A pedogênese refere-se ao processo geoquímico de materiais

alterados e dos solos a partir do material parental, já a morfogênese corresponde ao

processo de modelamento do relevo através de fatores do clima como a chuva e a

temperatura (Christofoletti, 1980).

As formas geométricas das encostas vistas na paisagem podem ser

apresentadas como côncava, convexa ou retilínea, resultantes da ação de

processos erosivos ou deposicionais (Netto, 2007). As diferentes formas de

encostas têm sido indagadas para estabelecer cronologias locais que podem

também contribuir para uma explicação morfológica de extensas áreas (Bigarella et

al., 1965). Entre os topos e os fundos de vales, os sedimentos transitam por meio de

mecanismos associados à água, vento ou outros fatores físicos, e o grau de seu

fluxo superficial ou subsuperficial definem os mecanismos erosivo-deposicional

(Netto, 2007).

A erosão se comporta como um fenômeno natural que pode ocorrer em

qualquer paisagem. A encosta está condicionada a esse processo e ocorre quando

a superfície é desgastada e aperfeiçoada por processos físicos, químicos e

biológicos que modelam a paisagem (Suguio, 2003; Bigarella, et al. 2003).

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Os fatores controladores que são responsáveis por acelerar ou retardar as

taxas de erosão do solo podem ser subdivididos em erosividade por consequência

da chuva, erodibilidade proporcionadas pelas propriedades do solo, natureza da

cobertura vegetacional e características das encostas (Guerra, 2001).

A água se comporta como um dos principais fatores de atuação em encostas

nas regiões tropicais, pois condiciona tanto a erosão quanto o intemperismo, o

transporte e a deposição de sedimentos, sendo estes um dos principais elementos

responsáveis pelas mudanças morfológicas das encostas (Bigarella, 2003). Assim,

evidencia-se o fato de buscar entender melhor a dinâmica hidrológica em encostas.

3.3.2 Hidrologia em encosta

Conforme Paisani (1998), a água apresenta vários caminhos até chegar a seu

canal de drenagem. O escoamento da água se constitui por diferentes fluxos, que se

caracterizam como rotas de água nas encostas, podendo ser eles: escoamento

superficial hortoniano, saturado, subsuperficial e de base. O primeiro corresponde ao

escoamento superficial que decorre das situações em que a água da chuva supera a

capacidade de infiltração no solo e ela, então, é condicionada a escoar na superfície.

Dependente da quantidade de água e da velocidade e profundidade desse

escoamento pode ocasionar a erosão do solo, podendo gerar a erosão por fluxo

hortoniano (Dunne, 1978,1990). O escoamento saturado resulta do retorno da água

à superfície da zona saturada gerada em descontinuidade hidráulicas em

subsuperfície, ou seja, é o escoamento, na superfície, da água que saturou o solo. O

escoamento subsuperfcial refere-se à percolação lateral da água em pouca

profundidade dentro do solo, onde a água percola laminarmente na matriz do solo ou

nos macroporos. O escoamento de base resulta do deslocamento lateral da zona

saturada permanente (lençol freático), sendo responsável pela recarga contínua de

alguns cursos d’água (Dunne, 1978, 1990).

A hidrologia de encosta está diretamente associada a processos hidrológicos

que ocorrem nas encostas tendo como principal fator a erosão hídrica que se divide

em canalizada e não canalizada (Netto, 2007). A erosão hídrica refere-se a um

conjunto de fatores decorrentes da ação da água em condições não canalizadas e

canalizadas. A erosão hídrica não canalizada ocorre quando a água sob a superfície

do terreno não desenvolve um canal incisivo, podendo se apresentar como difusa e

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laminar. Caracteriza-se por difusa quando o escoamento é gerado entre tufos de

vegetação e sua recorrência pode gerar sulcos (início da erosão canalizada) e por

laminar quando a água percola laminarmente o solo (Guerra, 1999).

A erosão hídrica canalizada refere-se a um conjunto de processos de erosão

que ocorrem pela água corrente sob a superfície do terreno com o desenvolvimento

de um canal incisivo podendo gerar incisões como ravinas e voçorocas, dependendo

o grau de erosão (Guerra, 1999). Definem-se por ravinas os canais incisivos

apresentados com menor grau de incisão em relação a voçoroca, e um de seus

condicionantes é o escoamento superficial canalizado, enquanto as voçorocas são

um estágio mais avançado da incisão em ravinas (Oliveira, 1999).

3.3.3 Movimento de massa

Os movimentos de massa podem ser considerados como um dos principais

processos geomorfológicos modeladores da superfície terrestre (Selby, 1985) e

referem-se a um fator determinante nos processos sedimentares, relacionado à

instabilidade ambiental das encostas, e a força da gravidade tem papel fundamental

no transporte dos sedimentos (Selby, 1985). Guerra e Marçal (2006) caracterizam

movimento sendo o transporte do material contido na encosta, podendo ser ele

rochoso ou solo, onde a ação da gravidade apresenta um papel determinante,

podendo ser potencializado, ou não, pela ação da água.

Existem vários critérios para classificar os movimentos de massa. Para o

presente trabalho foi utilizado a classificação do IPT (Instituto de Pesquisas

Tecnológicas do Estado de São Paulo) e classificam os movimentos de massa

como: quedas, corridas, rastejos, escorregamentos/deslizamentos (transacionais e

rotacionais) (Fernandes & Amaral, 2011; Guimarães et al., 2008). Os processos

condicionantes do movimento de massa se definem conforme o grau de velocidade

do movimento, podendo ser lento ou rápido, e da composição do material

(Guimarães et al., 2008). As quedas de blocos estão relacionadas a quedas de

rochas por movimento extremamente rápido, condicionado à presença de

afloramentos rochosos em encostas muito íngremes, abruptas ou taludes de

escavação (IPT, 1989; Guimarães et al., 2008; Christopherson, 2012).

A corrida de massa refere-se a outro tipo de escoamento, processa-se de

forma rápida, são movimentos gravitacionais de massa, relacionados a eventos

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pluviométricos excepcionais. Mobilizam grandes quantidades de material (solos e

até blocos de rocha), sendo o seu escoamento ao longo de um ou mais canais de

drenagem, tendo comportamento líquido viscoso e alto poder de transporte (IPT,

1989).

O movimento de massa por rastejo refere-se a um tipo de escoamento por

movimento lento e contínuo que envolve grande massa de material, cujo

deslocamento ao longo do tempo é mínimo (mm a cm/ano). Esse processo pode

atuar sobre os horizontes superficiais do solo, horizontes de transição solo/rocha e

também em profundidades maiores como na rocha (IPT, 1989).

Os escorregamentos ou deslizamentos, ao contrário do rastejamento, se

caracterizam por movimentos rápidos, de curta duração, afetando parcialmente o

manto de alteração de uma vertente, apresentando planos de ruptura bem definidos,

sendo possível diferenciar o material deslizado e o material estável. Esse movimento

se comporta em dois tipos que se subdivide em função do mecanismo de ruptura,

geometria e material que mobilizam, podendo ser planal ou translacionais, circulares

ou rotacionais (IPT, 1989; Guimarães et al., 2008; Fernandes & Amaral, 2011;

Guerra, 2011; Christopherson, 2012).

O deslizamento planar ou translacional ocorrem em solos pouco

desenvolvidos e em área com alto grau de declividade, vinculado a uma

descontinuidade contida no interior do material. Esse deslizamento também pode

ocorrer associado a solos saprolíticos, saprolitos e rocha, o qual é condicionado por

um plano de fraqueza desfavorável à estabilidade, relacionado a estruturas

geológicas diversas (foliação, xistosidade, fraturas, falhas, etc.) (PTI, 1989;

Guimarães et al., 2008; Fernandes & Amaral, 2011; Guerra, 2011).

Já, os deslizamentos circulares ou rotacionais possuem um raio de alcance

relativamente menor que os deslizamentos translacionais, apresentam um plano de

ruptura bem definido e de forma côncava, sendo comum a ocorrência de uma série

de rupturas combinadas e sucessivas. A ocorrência desse tipo de movimento é

comum em áreas de solos bem desenvolvidos, pela presença de mantos de

alteração espessos e homogêneos. Também podem estar associados a depósitos

espessos, rochas sedimentares ou cristalinas fraturadas (IPT, 1989; Christopherson,

2012).

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para alcançar o objetivo da presente pesquisa que consiste em reconhecer a

ocorrência de fenômenos de Pedogênese e Morfogênese na Superfície de São José

dos Ausentes (RS) no Quaternário Tardio com evidências em paleofundo de vale de

segunda ordem hierárquica foram adotadas algumas técnicas. Primeiramente foi

realizado trabalho de campo de reconhecimento da área e seleção do local de

análise detalhada das formações superficiais. Na Superfície de São José dos

Ausentes (RS) identificaram-se registros estratigráficos aflorando em corte de

estrada (BR 285). Esses registros referem-se à seção estratigráfica transversal ao

eixo de paleofundo vale de segunda ordem hierárquica colmatado, cujas formações

superficiais registram os fenômenos de pedogênese e morfogênese dessas

superfícies, que serviu de fonte de dados para se chegar aos objetivos esperados.

Para o entendimento do quadro evolutivo dos registros estratigráficos da

seção estudada, adotou-se como abordagem metodológica o conjunto dos critérios

lito-, pedo-, alo- e cronoestratigráfico (Hugues, 2010), similarmente ao que vem

sendo feito para registros estratigráficos em paleofundos de vales de baixa ordem

hierárquica na Superfície de Palmas/Água Doce (Paisani et al., 2012a; 2014; 2016).

O critério litoestratigráfico foi utilizado para identificar as unidades coluviais. A

pedoestratigrafia possibilitou identificar a atuação da pedogênese. A aloestratigrafia

identificou as descontinuidades mais marcantes dos registros estratigráficos. Já, o

critério cronoestratigráfico buscou entender as fases cronológicas dos eventos de

pedogênese e morfogênese.

Ainda em campo, executou-se a coleta de amostras para, posteriormente à

realização das análises laboratoriais: granulometria; micromorfologia; datação por

luminescência; determinação mineralógica das frações argila, silte e areia; e

composição isotópica do carbono. Por fim, os resultados das análises foram

organizados e analisados a fim de alcançar os objetivos da presente pesquisa. Os

procedimentos metodológicos citados estão detalhados nos tópicos a seguir.

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4.1 Trabalho de Campo

4.1.1 Descrição dos registros estratigráficos

A descrição dos registros estratigráficos compreendeu na caracterização dos

materiais da seção estratigráfica designada de SJA1 (São José dos Ausentes 1), a

qual se localiza em corte de estrada na rodovia que liga os municípios de Bom Jesus

(RS) e São José dos Ausentes (RS) (Figura 4.1) cujas dimensões transversais da

seção são compatíveis com fundo de vale de segunda ordem hierárquica no sistema

de Strahler. Ela apresenta paleohorizonte hidromórfico enterrado por sedimentos

coluviais (Figura 4.2), que colmataram o fundo de vale e trouxeram importantes

informações a respeito da pedogênese e morfogênese na superfície.

Figura 4.1: Localização da seção estratigráfica SJA1.

Organização: Pereira, J. S., 2016.

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O levantamento iniciou-se com a limpeza da seção, após seguiu-se com o

reconhecimento de unidades e descontinuidades estratigráficas, utilizando-se

critérios litológicos seguidamente da aplicação da descrição morfológica pedológica

e nomenclatura pedoestratigráfica (Paisani et al., 2016). Em relação às unidades

litológicas, essas foram descritas com base em critérios já utilizados em trabalhos

anteriores por membros do grupo de pesquisa GESGFS (Paisani & Geremia, 2010;

Paisani et al., 2012b; Guerra, 2012, Fachin, 2013), sendo eles: a) individualização e

nomenclatura das unidades estratigráficas; b) geometria externa; c) contato entre

unidades; d) gradação; e) tipo de estratificação; f) presença e propriedade dos

clastos; g) bioturbação; h) cor, através da Carta de Munsell. Já, para os critérios

pedológicos foram considerados: a) cor, através da Carta de Munsell; b) estrutura; c)

consistência; d) resistência; e) porosidade; f) bioturbação; g) transição inferior e h)

presença de feições pedológicas.

Após o reconhecimento e a descrição das propriedades macroscópicas dos

materiais e a reprodução da arquitetura estratigráfica da seção (geometria externa)

em papel milimetrado na escala 1:20, houve a definição de locais de extração de

amostras (janelas) para as análises laboratoriais. Ao todo foram definidas sete

janelas distribuídas ao longo da seção estratigráfica (Figura 4.2). Foram coletadas

um total de 79 amostras deformadas, sendo: 74 amostras sequenciais da janela 1;

uma amostra da janela 3; duas da janela 4; uma da janela 5 e uma amostra da

janela 7. A janela 1 corresponde a guia das coletas e contou com amostragens a

cada 10 cm de profundidade, ao passo que nas demais as coletas foram realizadas

em unidades estratigráficas com limitações de distribuição lateral. O transporte e a

armazenagem dessas amostras foram em sacos plásticos transparentes, cada qual

com a sua identificação (janela e profundidade). As amostras deformadas foram

utilizadas para as análises laboratoriais referentes à granulometria, determinação

mineralógica das frações argila, silte e areia, e composição isotópica do carbono.

Ao longo da janela 1 coletaram-se, também, sete amostras indeformadas para

a análise micromorfológica e foram coletadas em caixinhas de cartolina sem tampa.

Realizaram-se, ainda, ao longo da seção, três coletas de materiais para a datação

por luminescência oticamente estimulada (LOE) para sedimentos ricos em quartzo,

utilizando-se de tubos de PVC e sacos plásticos preto. Para datação pelo método do

carbono quatorze (14C), foi coletada amostra de um dos horizontes enterrados de

paleossolo hidromórfico rico em raízes fasciculadas.

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Figura 4.2: Representação gráfica da arquitetura dos materiais identificados na seção estratigráfica SJA1. As cores individualizam as principais sequências estratigráficas. 1: Alterita de Riolito; 2: Sequência pedogenética hidromórfica; 3: Sequência coluvial basal; 4: Sequência coluvial intermediária; 5: Sequência coluvial superior pedogeneizada; 6: Crosta de Ferro; 7: gramíneas.

Organização: Pereira, J. S. & Paisani, J. C., 2016.

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4.2 Análises Laboratoriais

4.2.1 Análise granulométrica

A análise granulométrica consiste na determinação do tamanho das partículas

dos materiais, sendo elas: argila, silte, areia, grânulo e seixo, com o intuito de obter

a textura do material, para reconhecer as diferentes unidades estratigráficas

(litológicas e pedológicas) (Suguio, 1973; EMBRAPA, 1997).

Para o presente trabalho a granulometria serviu para construir diagrafias

granulométricas destinadas para reconhecer variações granulométricas sutis em

unidades aparentemente homogêneas em campo (Paisani, 2004c). Essa análise

resultou um total de 43 amostras deformadas. Foram 38 amostras da janela 1, 12

delas localizadas no material da sequência coluvial superior pedogeneizada de 0 a

120 cm de profundidade, 13 da sequência coluvial intermediária (140-170 cm, 170-

185 cm, 190 cm, 190-200 cm, 200 cm, 200-220 cm, 220 cm, 220-230 cm, 230-240

cm, 240-250 cm, 250-255 cm, 260-270 cm, 290-300 cm); oito amostras da

sequência coluvial basal (310-325 cm, 325-330 cm, 330-335 cm, 345-350 cm, 350-

370 cm, 370-380 cm, 385-395 cm, 395-405 cm); e cinco amostras da sequência

pedogenética hidromórfica (415-425 cm, 425-435 cm, 435-445 cm, 450-460 cm, 460-

470 cm) (Figura 4.2). Também, submeteram-se à análise duas amostras localizadas

ao longo da janela 4, correspondentes a níveis com restrição lateral da sequência

coluvial intermediária (200-250 cm de profundidade), uma amostra da janela 5

localizada na sequência pedogenética hidromórfica (350 cm); uma amostra da janela

3 referente a sequência coluvial basal (280cm) e uma amostra da janela 7 referente

a nível da sequência pedogenética hidromórfica (330cm).

Primeiramente as amostras coletadas para tais análises foram submetidas à

secagem, após procedeu-se quarteamento de amostra, peneiramento para a fração

grossa (>0,063 mm) e pipetagem para a fração fina (<0,063 mm) (Suguio, 1973;

Embrapa, 1997; Paisani, 1998), sendo realizadas no laboratório de Análises e

Formações Superficiais da UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão-PR.

A fração fina foi dividida em: silte grosso (<0,062 mm), silte médio, silte fino,

silte muito fino e argila. A fração grossa, após seca em estufa a 110°C, foi peneirada

e dividida em seixo, grânulo, areia muito grossa, areia grossa, areia média, areia fina

e areia muito fina.

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Os resultados granulométricos foram organizados em gráficos para

apresentar seus percentuais, agrupando, respectivamente, as frações silte e areia.

Em seguida foram plotados no triangulo textural, conforme Schaetzel e Anderson

(2005), para a obtenção das classes texturais de cada horizonte, e após foi realizado

a simplificação e agrupamento dessas classes texturais seguindo a nomenclatura

baseada em Ghibaudo (1992) para então a construção da seção colunar.

4.2.2 Micromorfologia

A micromorfologia é uma análise que permite identificar as relações litológicas

e pedológicas entre os materiais, assim como os processos e mecanismos

associados, trazendo informações a respeito da dinâmica genética e evolutiva dos

materiais (Castro, 2008). Essa técnica está sendo aplicada por membros do grupo

de pesquisa, dentre outras questões, para verificar paleoprocessos pedogenéticos

dos materiais fontes de colúvios, processos sedimentares e transformações pós-

deposicionais geradas pela retomada da pedogênese (Paisani & Pontelli, 2012;

Paisani et al., 2014; 2016). Nesse sentido, tal análise foi empregada no presente

trabalho para os mesmos fins.

A análise foi realizada em seis amostras indeformadas, previamente

coletadas em campo, dos níveis pedoestratigráficos encontrados nas seguintes

profundidades: 60-70 cm, 100-110 cm, 140-150 cm, 260-270 cm, 320-330 cm e 350-

360 cm (Figura 4.3). Os níveis correspondentes às duas primeiras profundidades

são representativas da sequência coluvial superior pedogeneizada, enquanto as

amostras entre as profundidades de 140 a 270 cm exemplificam os materiais da

sequência coluvial intermediária. Por fim, as amostras das demais profundidades

retratam os materiais da sequência coluvial basal.

As amostras foram impregnadas e laminadas por meio dos serviços do

Laboratório de Laminação da USP (SP), utilizando-se de recursos de projeto de

pesquisa fomentado pelo CNPq (Proc. 300902/2015-8). As descrições das lâminas

foram realizadas no Laboratório de Microscopia Ótica (Micromorfologia) da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus Francisco Beltrão, baseando-se

nos critérios e terminologias propostas por Stoops (2003).

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4.2.3 Determinação mineralógica das frações argila, silte e areia.

A determinação mineralógica das frações areia, silte e argila foram

determinadas por difratogrametria de raio-x. Essa análise se define por ser a mais

importante ferramenta para o estudo dos minerais do solo, principalmente os

presentes na fração argila, que se refere à identificação e caracterização dos

compostos cristalinos presentes (Resende et al., 2005).

Tal técnica foi realizada em um total de oito amostras. Seis delas localizadas

na Janela 1, nas profundidades: 50-60 cm, 100-110 cm (sequência coluvial superior

pedogeneizada), 140-150 cm, 200-210 cm (sequência coluvial intermediária), 310-

320 cm, 360-370 cm (sequência coluvial basal), 425-435 cm (sequência

hidromórfica) e uma da janela 4 em material coluvial da sequência basal (250 cm)

(Figura 4.3). Primeiramente as amostras foram preparadas no Laboratório de

Análises e Formações Superficiais da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,

campus de Francisco Beltrão, e encaminhadas para Laboratório de Mineralogia da

Universidade Federal de Viçosa. Essa determinação foi financiada com recursos da

bolsa de Demanda Social – CAPES.

O laboratório utiliza-se do difratômetro de raio-X marca Panalytical, modelo X

pert Pro, em exemplares desferrificados (ditionito-citrato) e orientados com

tratamento de aquecimento (temperatura ambiente, 350oC e 550oC) e saturação com

K, Mg e etilenoglicol. Os difratogramas foram confeccionados utilizando-se o

software Phillips X’Pert HighScore e interpretados, em gabinete na UNIOESTE,

seguindo o quadro de padrões apresentados por Brindley e Brow (1980, apud

Resende et al. 2005), bem como os pressupostos de Resende et al. (2005).

4.2.4 Composição isotópica do carbono

A composição isotópica do carbono tem sido aplicada para os estudos da

reconstrução paleoambiental no Sul do Brasil (Pessenda et al., 1996 e 2005;

Calegari, 2008; Paisani, 2013; 2014). A referida análise busca entender a

composição isotópica da vegetação na área de estudo permitindo, assim, a

interpretação da dinâmica passada relacionada à vegetação. Tal técnica é baseada

na diferença isotópica das plantas C3 e C4, e sua preservação na matéria orgânica

dos solos (MOS). As plantas do tipo C3 (árvores e arbustos) apresentam valores de

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δ13C que variam entre -20‰ e -32‰, com média de -27‰, enquanto as espécies C4

(gramíneas) se caracterizam por vegetação com valores de δ13C variam entre -9‰ e

-17‰, com média de -13‰ (Pessenda et al., 1996 e 2005).

A análise foi realizada pelo Laboratório de Isótopos Estáveis do CENA-USP

(Piracicaba, SP), conforme Pessenda et al. (2005), em 12 amostras deformadas.

Foram dez amostras localizadas ao longo da janela 1, sendo três da sequência

coluvial superior pedogeneizada (10-20 cm, 50-60 cm, 100-110 cm de

profundidade), três da sequência coluvia intermediária (140-150 cm, 200-210 cm,

230-240 cm), três da sequência coluvia basal (310-320 cm, 330-340 cm, 370-380

cm) e uma da sequência pedogenética hidromórfica (425-435 cm). Dada a

descontinuidade lateral das unidades pedoestratigráficas, submeteu-se uma amostra

da janela 4 referente a sequência coluvial basal (250 cm) e a outra da janela 5

correspondente a sequência hidromórfica (350 cm) (Figura 4.2). Essa análise foi

financiada com recursos da bolsa de Demanda Social – CAPES.

4.2.5 Datação por Luminescência e 14C

As datações por Luminescência e 14C são técnicas que consistem em

identificar a idade dos registros estratigráficos para compreender o espaço de tempo

decorrido no seu estabelecimento, bem como para estabelecer a cronoestratigrafia

dos eventos de erosão/deposição (Hughes, 2010; Sallun et al., 2007).

A datação pelo 14C é aplicada em materiais onde se encontra matéria

orgânica, geralmente que compõem paleossolos (Suguio, 1999 e 2003; Pessenda,

2005). Essa técnica tem sido utilizada para verificar a cronologia das mudanças

ambientais ao longo do Quaternário em diversos trabalhos do grupo de pesquisa

GESGFS, publicados por: Guerra (2012), Guerra e Paisani (2012), Paisani et al.

(2012a, 2013, 2014 e 2016) e Lima (2016) que estudaram seções estratigráficas

com a presença de paleossolos enterrados na Superfície de Palmas/Água Doce. A

referida análise foi realizada pelo Laboratório Beta Analytic Radiocarbon Dating –

USA, e a amostra selecionada para tal datação localiza-se no material

correspondente à sequência pedogenética hidromórfica (Figura 4.2).

Já, a datação pela LOE constitui um dos métodos que vem sendo aplicado

em diversos estudos referentes ao período Quaternário (Suguio et al.,1999). A idade

definida pela técnica de luminescência é a data na qual a amostra foi exposta a luz

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solar pela última vez. Ao serem transportados, os sedimentos sofrem

fotoesvaziamento pela luz solar, sobrando apenas o nível de luz residual. Logo

quando soterrado, o sedimento fica protegido da luz solar e a energia da radiação

ionizante ambiental se acumula nos minerais. Assim, a idade de sedimentação pode

ser determinada dividindo a dose acumulada desde o soterramento do sedimento

pela dose anual de radiação natural (Guedes et al., 2011).

Foram submetidas três amostras a essa determinação, uma localizada na

sequência coluvial basal próximo à janela 2 (360cm de profundidade), e as outras

duas correspondentes a sequência coluvial intermediária, uma delas localizada

próximo à janela 1 (160cm de profundidade), e a outra no material onde há indícios

do fenômeno de uma paleovoçoroca na janela 4 (380cm de profundidade) (Figura

4.2). A datação pela LOE foi realizada pelo laboratório de Datação Comércio &

Prestação de Serviços LTDA, em São Paulo (SP), em 15 grãos de quartzo, sendo

financiadas com recursos de projeto (CNPq – Proc. 441647/2014-6).

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59

5 RESULTADOS

5.1 Caracterização estratigráfica de paleocanal de Segunda Ordem Hierárquica

Colmatado - Seção SJA1

5.1.1 Arquitetura deposicional e caracterização física dos materiais

A seção estratigráfica SJA1 apresenta aproximadamente 30,70 m de

comprimento e 6 m de altura; está exposta em corte de estrada da BR285 nas

imediações do município de São José dos Ausentes (RS) (Figura 5.1). Ela apresenta

três sequências coluviais, respectivamente do topo para a base: sequência coluvial

superior pedogenizada, sequência coluvial intermediária e sequência coluvial basal;

e uma sequência pedogenética hidromórfica, que se refere ao paleossolo

hidromórfico localizado na base da seção.

Aplicando-se o critério pedoestratigráfico, foram reconhecidos 30 horizontes

ao longo dessas sequências, dos quais 3 são classificados como materiais

resultantes da pedogênese moderna (sequência coluvial superior pedogeneizada),

individualizados como horizontes A, AC e CA, 13 horizontes definidos como material

coluvial presentes na sequência coluvial intermediária, sendo eles: 2Cb, 3Cb, 4Cb,

5Cb, 6Cb, 7Cb, 8Cb, 9Cb, 10Cb, 11Cb, 12Cb, 13Cb, 14Cb, e sete deles compondo

a sequência coluvial basal: 15Cb, 16Cb, 17Cb, 18Cb, 19Cb e 20Cb, 21Cg1b. Por

fim, os outros seis níveis estratigráficos constituem o paleossolo hidromorfico flúvico,

sendo individualizados como horizontes 22Cg2b, 23Cg3b, 24Ccg4b, 25Cg5b,

26Cg6b e 27RCg7; além da alterita de riolito constituindo o horizonte 28RCg7

(Figura 5.2).

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Figura 5.1: Contexto Geomorfológico de paleofundo de vale de Segunda Ordem Colmatado na superfície de São José dos Ausentes. (A) Relevos residuais contendo caos de blocos de riolito. (B) Disposição lateral do relevo até o fundo de vale colmatado. (C) Seção estratigráfica transversal ao fundo de vale colmatado. Destacam-se sequência coluvial indiferenciada e paleossolo hidromórfico no eixo do fundo de vale.

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62

O horizonte A se refere ao horizonte superficial e contém 27 cm de

espessura, apresentando cor bruno muito escuro (10.YR 2/2) quando seco, e preto

(10.YR 2/1) quando úmido; com estrutura pedológica em blocos subangulares

moderada. Nesse horizonte há presença de grumos e raízes que, juntamente com a

cor, justificam o fato de tal horizonte se definir como A (Horizonte superficial de

constituição Organo-mineral) (Quadro 1).

Abaixo se individualizou o horizonte AC, caracterizado pela menor quantidade

de raízes em relação ao horizonte sobrejacente. Ele apresenta 40 cm de espessura

média, com cor bruno acinzentado muito escuro (10.YR 3/2) quando seco e úmido,

exibindo estrutura pedológica em blocos subangulares moderada. O horizonte CA é

subjacente ao horizonte AC, contêm 50 cm de espessura média, seu material se

apresenta também como muito argiloso igual ao horizonte A, porém no horizonte AC

se observa cor bruno amarelado escuro (10. YR 4/4) tanto seco quanto úmido, e

estrutura pedológica em blocos subangulares de moderada a forte.

Em geral, o conjunto da pedogênese moderna (horizontes: A, AC e CA)

apresentam contato gradual entre si, textura muito argilosa conforme a classificação

do triângulo textural tradicional (Schaetzl & Anderson, 2005) e presença de

fragmentos distribuídos, localmente de forma aleatória.

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63

Quadro 5.1: Características morfopedológicas dos materiais da Seção SJA1.

Horiz.

Espessura

média (cm)

Cor1

Textura2

Consistência3

Estrutura4

Outras características

Seco Úmido Seco Úmido Molhado

A 27 10.YR 2/2 10.YR 2/1 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs - Moderado Horizonte superficial, apresenta grumos, litorrelíqueas e raízes

AC 40 10.YR 3/2 10.YR 3/2 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs - Moderado Fragmentos de litorrelíquea

aleatórios

CA 50 10. YR 4/4 10. YR 4/4 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs - Moderado a

forte Fragmentos de litorrelíquea

aleatórios

2Cb 9 - - - - - - - Linha de pedra

3Cb 32 10. YR 5/6 10. YR 4/4 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs - Moderado a

forte Estrutura com tendência a

prismática

4Cb 25 10. YR 5/8 10. YR 4/6 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Gr a Bs - fraco Com pedras esparsas

5Cb 3 10. YR 4/6 10. YR 4/4 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Gr a Bs-fraco Linha de pedra

6Cb 25 10. YR 4/6 10. YR 4/4 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Gr a Bs-fraco Nível homogêneo com pedras

esparsas

7Cb 3 10. YR 4/6 10. YR 4/6 Fr Si Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs – Moderado

a fraco Linha de pedra

8Cb 20 10. YR 4/6 10. YR 4/6 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs – Moderado

a fraco Com pedras esparsas

9Cb 3 10. YR 4/6 10. YR 4/6 Fr Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs – Moderado

a fraco Linha de pedra

10Cb 33 10. YR 4/6 10. YR 4/6 Fr Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs – Moderado

a fraco Nível homogêneo

11Cb 14 10. YR 5/6 10. YR 4/6 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs - Moderado Linha de pedra

12Cb 37 10. YR 5/6 10. YR 5/6 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs - Moderado Homogêneo.

13Cb 3 10. YR 5/6 10. YR 5/6 Fr Si Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs – Moderado

a fraco Linha de pedra

14Cb 42 10. YR 5/6 10. YR 4/6 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs - Moderado Voçoroca

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15Cb 7 10. YR 5/6 10. YR 5/6 Fr Si Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs - Moderado a

fraco Linha de pedra

16Cb 20 10. YR 5/6 10. YR 4/6 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs - Moderado a

fraco Homogêneo

17Cb 6 10. YR 5/8 10. YR 5/8 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs - Moderado a

fraco Linha de pedra

18Cb 17 10. YR 5/8 10. YR 4/6 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Ma Homogêneo

19Cb 8 10. YR 5/8 10. YR 4/6 Ar Du Fr Lpe e Lpl Ma Linha de pedra

20Cb 40 10. YR 5/6 10. YR 4/6 Ar Ldu Mfr Lpe e Lpl Bs-Moderado Homogêneo

21Cg1b 25t 10. YR 5/8 10. YR 4/6 Ar Ldu Fr Lpe e Lpl Bs-fraca Presença de raízes fasciculadas

21Cg1b 25b 10. YR 5/4 10. YR 5/6 Ar Ldu Fi Lpe e Lpl Bs-fraca Lente laranja, presença de raízes pivotantes - Crosta de ferro (limite

inferior)

22Cg2b 3 - - - - - - - Linha de pedra

23Cg3b 10 10. YR 5/4 10. YR 5/6 Fr Ar Ldu Fr Lpe e Lpl Bs-fraca -

24Ccg4b 6 - - - - - - - Crosta de Ferro

25Cg5b 35 10. YR 5/4 10. YR 5/6 Ar Ldu Fi Lpe e Lpl Bs-fraca a Ma Crosta de ferro (limite superior)

25Cg5b

35 2.5 Y 7/3 2. 5 Y 6/4 Ar Ldu So Npe e Npl Ma

Conglomerado com matriz suportada, traço de raízes circulares e fasciculadas

milimétricas, com pedras esparsas

26Cg6b 53 2.5 Y 7/3 2. 5 Y 6/4 Fr Ldu Mfr Lpe e Lpl Ma Presença de raízes e seixo,

grânulo, quartzo.

27Cg7b 27 2.5 Y 7/3 2. 5 Y 6/4 Fr Are Ldu So Npe e Npl Ma

Conglomerado com matriz suportada, traço de raízes

fasciculadas milimétricas, com com pedras esparsas

t: topo; b:base; 1carta de Munsell;

2 Conforme diagrama triangular da USDA (Schaetzl & Anderson, 2005), Ar: Argiloso, Fr: Franco, Si: Siltoso; Are: Arenoso

3 Ldu:

Ligeiramente dura; Du: Dura; So: Solta; Fr: Friável; Mf: Muito friável; Fi: Firme; Npe: Não pegajosa; Npl: Não plástica; Lpe: Ligeiramente pegajoso; Lpl: Ligeiramente plástico;

4 Bs: blocos subangulares; Ma: maciça; Gr: granular; (-) não foi determinado a caracterização física do material.

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Os horizontes 2Cb e 3Cb correspondem aos horizontes localizados na parte

superior da sequência coluvial intermediária, sendo subjacente ao material do

horizonte CA. O horizonte 2Cb corresponde a lente delgada de aproximadamente 9

cm de espessura na porção central constituída por fragmentos líticos dispostos de

forma horizontal, constituindo linha de pedras descontínua lateralmente. O material

do horizonte 3Cb apresenta cor bruno amarelado (10YR 5/6) quando seco, e bruno

amarelado escuro (10YR 4/4) quando úmido, com textura argilosa e estrutura

pedológica em blocos subangulares moderado a forte com tendência prismática.

O horizonte 4Cb apresenta 25 cm de espessura média e passa a apresentar

predomínio de características herdadas de sedimentos gerados pelo fenômeno de

coluvionamento. Seu material se apresenta na cor bruno amarelado (10YR 5/8),

quando seco, e bruno amarelado escuro (10YR 4/6), quando úmido, sua textura é

igual aos dois horizontes sobrejacentes (argilosa), porém com estrutura pedológica

granular a blocos subangulares fraca, com cascalhos distribuídos de forma aleatória.

O horizonte 5Cb refere-se à linha de pedra com matriz suportada por

apresentar alta concentração de frações grossas como grânulos e seixos finos

descontínuos lateralmente. O horizonte 6Cb contém 25 cm de espessura média,

caracterizando-se como uma lente homogênea por apresentar baixa concentração

de grânulos. A cor de seus materiais se classifica como bruno amarelado escuro

(10YR 4/6 e 10 YR 4/4) quando seco e úmido, e sua textura é argilosa com estrutura

pedológica granular a blocos subangulares fraca.

O horizonte 7Cb corresponde a uma linha de pedra identificada descontínua

lateralmente, apresenta a mesma cor que o horizonte 6Cb (10YR 4/6) quando seco

e molhado, porém com textura e estrutura pedológica diferenciada, mostrando

textura franco siltoso argiloso e estrutura em blocos subangulares moderada a fraca.

O horizonte 8Cb apresenta 20 cm de espessura média e corresponde a uma lente

homogênea com a presença de pedras esparsas igual ao horizonte 6Cb. Ele tem a

mesma cor que o referido horizonte (10 YR 4/4), com textura argilosa e estrutura

igual ao horizonte 7Cb. O horizonte 9Cb refere-se à uma linha de pedra igual ao 7Cb

e possui as mesmas características físicas, porém com textura diferente sendo ela

Franco Argiloso.

O horizonte 10Cb corresponde a um nível homogêneo apresenta 33 cm de

espessura média, com cor igual aos horizonte 6Cb e 8Cb (10 YR 4/4), textura franco

argilosa e estrutura pedológica em blocos subangulares moderado a fraco. O

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horizonte 11Cb trata de linha de pedra com matriz suportada com espessura de 14

cm. Seu material apresenta cor bruno amarelado (10YR 5/6) quando seco e bruno

amarelado escuro (10YR 4/6), com estrutura moderada em blocos subangulares e

textura argilosa. O horizonte 12Cb, apresenta 37 cm de espessura média e refere-se

a um nível coluvial homogêneo, com textura argilosa e estrutura pedológica em

blocos subangulares moderado, apresentando cor predominante bruno amarelado

(10YR 5/6) quando seco e molhado, porém sua cor se mostra variegado com

manchas vermelhas em alguns locais, podendo ser identificadas como

concentrações de ferro associadas a processo de oxidação-redução (redox).

O horizonte 13Cb e 15Cb, correspondem a duas linhas de pedra e o horizonte

14Cb a um horizonte de nível homogêneo com a presença de pedras esparsas. O

material dos horizontes 13Cb e 15Cb apresentam as mesmas características sendo

cor bruno amarelado (10. YR 5/6) quando seco e molhado, textura franco siltoso

argiloso, e estrutura pedológica em blocos subangulares de moderada fraca

resistência. O horizonte 14Cb l apresentou cor bruno amarelado (10. YR 5/6) quando

seco e bruno amarelado escuro (10YR 4/6) quando úmido, com textura argilosa e

estrutura pedológica em blocos subangulares de moderada resistência. Seu material

demarca processo de colmatação de incisão erosiva com mais de 50 cm de

profundidade (voçoroca) estabelecida a partir dos materiais dos horizontes

subjacentes. Assim, a sequência coluvial inferior é nitidamente demarcada pelo

fenômeno de erosão linear e sugere uma paleosuperfície retrabalhada, cujo

remanescente superior são os horizontes 13Cb e subjacentes (Figura 5.2).

O horizonte 16Cb apresenta 20 cm de espessura média e corresponde ao

material coluvial homogêneo, apresenta cor igual ao horizonte 11Cb (10YR 5/6 seco

e 10YR 4/6 úmido) e estrutura pedológica em blocos subangulares de moderada a

fraca resistência. O horizonte 17Cb tem 6 cm de espessura e identifica-se como uma

linha de pedra com matriz suportada. Seu material apresenta cor bruno amarelado

(10YR 5/8) quando seco e úmido, estrutura em blocos subangulares moderado. O

horizonte 18Cb e 20Cb corresponde a um nível homogêneo e o horizonte 19Cb a

uma linha de pedra com matriz suportada, com cor bruno amarelado (10YR 5/8)

quando seco, bruno amarelado escuro (10YR 4/6) quando úmido e estrutura

pedológica em blocos subangulares. Tanto os horizontes 16Cb, 17Cb, 18Cb, 19Cb e

20Cb apresentam textura argilosa.

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O horizonte 21Cg1b é lente descontínua lateralmente com 25 cm de

espessura média e se encontra na base da sequência coluvial. Esse horizonte tem

cor bruno amarelado (10YR 5/8) quando seco e bruno amarelado escuro (10YR 4/6)

quando úmido no topo e cor bruno amarelado (10YR 5/4 e 10YR 5/6) quando seco e

úmido na base. O material contém textura argilosa com estrutura pedológica em

blocos subangulares de fraca resistência com a presença de raízes fasciculadas. Em

seu limite inferior se concentra crosta de ferro e percebe-se através da cor que mais

para base do horizonte o material se apresenta sutilmente mais claro que o material

localizado na base, sendo visto que subjacente a esse horizonte se encontra o

material hidromórfico individualizado. Entende-se que se trata de primeiro nível

hidromórfico lateralmente descontínuo, desaparecendo para o eixo do paleocanal

(Figura 5.2). Isso leva a pensar que se trata de material hidromórfico que foi

retrabalhado constituindo um colúvio.

Os horizontes 22Cg2b e 23Cg3b são lentes delgadas descontínuas

lateralmente. No caso do primeiro, seu material se destaca pela acumulação de

fragmentos líticos no tamanho de grânulos. Já, o segundo tem cor bruno amarelado

(10YR 5/4 e 10. YR 5/6) tanto seco quanto molhado, com textura franco argilosa e

estrutura em blocos subangulares de fraca resistência.

O material do horizonte 24Ccg4b foi individualizado como crosta de ferro de 6

cm de espessura que se estande lateralmente entre as bases dos horizontes 20Cb,

21Cg1b e 23Cg3b e demarca o limite superior da sequência hidromórfica basal.

Subjacente a crosta de ferro, se encontra o horizonte 25Cg5b que refere-se

ao primeiro horizonte localizado na parte superior da sequência hidromórfica

pedogeneizada. Seu material na base do horizonte se apresenta com cor bruno

amarelado (10YR 5/4 – seco e 10YR 5/6 - úmido) e próximo a seu limite inferior sua

cor se apresenta cinzento brunado claro (2.5Y 6/2) quando seco; e bruno amarelado

claro (2.5Y 6/3) quando úmido, com estrutura pedológica maciça e argilosa. A cor é

típica do fenômeno de redução de ferro caracterizando-o como material

hidromórfico. Nele se destaca a presença de raízes fasciculadas, cuja característica

permitiu individualizá-lo como paleohorizonte de solo hidromórfico enterrado.

O horizonte 26Cg6b contém 53 cm de espessura média e apresenta a

mesma cor que o material da parte inferior do horizonte 25Cg5b, sendo cinzento

brunado claro (2.5Y 6/2) quando seco e bruno amarelado claro (2.5Y 6/3) quando

úmido, com textura franco e estrutura pedológica maciça.

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O horizonte 27Cg7b apresenta 27 cm de espessura média, de cor amarelo

claro acinzentado (2.5Y 7/3) quando seco e bruno amarelado claro (2.5 Y 6/4)

quando úmido, com textura franco arenoso e estrutura pedológica maciça. Já, o

horizonte 28RCg8 refere-se ao riolito alterado (Figura 5.3).

Figura 5.3: Foto de detalhe do horizonte 28RCg8 correspondente ao riolito alterado.

Foto: Pereira, J. S., 2015.

5.2 Seção colunar dos registros estratigráficos e diagrafia granulométrica

Como já mencionado, a diagrafia granulométrica é aplicada para individualizar

as mudanças de tendências nas frações granulométricas dos materiais, podendo

servir como indicativo de descontinuidades entre horizonte ou camadas (Paisani,

2004c), e neste presente trabalho a supracitada técnica permitiu aferir as

descontinuidades texturais verificadas em campo.

Desse modo, o procedimento se deu através dos resultados granulométricos

dos materiais da seção SJA1 e foram analisadas amostras dos materiais

abrangendo os horizontes: A, AC e CA, 3Cb, 4Cb, 5Cb, 6Cb, 7Cb, 8Cb, 9Cb, 10Cb,

11Cb, 12Cb, 13Cb, 14Cb, 15Cb, 16Cb, 17Cb, 18Cb, 19Cb, 20Cb, 21Cg1b, 22Cg2b,

25Cg5b, 26Cg6b e 27Cg7b (Figura 5.4)

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Figura 5.4: Distribuição e classificação dos horizontes estratigráficos da SJA1 disposta em seção colunar composta representativa dos registros estratigráficos do paleocanal. Nomenclatura textural baseada em Ghibaudo (1992) (A) e a Diagrafia granulométrica de seus materiais (B).

Organização: Pereira, J. S. & Paisani, J. C., 2016.

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Através da diagrafia granulométrica (Figura 5.4) foi possível verificar que nos

materiais dos horizontes 27Cg7b e 26Cg6b (base da seção) a fração argila se

apresenta com teor baixo e com um valor em média de 10% e 30%. A fração silte

apresenta uma maior concentração nesse setor correspondente a 45% e 33%, em

seguida da fração areia que se mostra com 32% e 18%. Esses valores

granulométricos são compatíveis com a presença do paleossolo hidromórfico no

local, que baseado na classificação textural de Ghibaudo (1992) pode-se dizer que

se trata de lama com Fe reduzido.

Nos horizontes 25Cg5b e 23Cg3b, a argila aumenta seu percentual em

relação as outras frações presentes variando de 44% a 40%, cuja fração silte varia

de 35% a 38% e a fração areia de 17% a 14% em seu teor. No horizonte 21Cg1b a

argila já se encontra com um teor mais elevado, entre 50% a 53%, compatível com a

sua classificação como Lama sem redução de ferro. Nesse local tornam-se nítidas

tendências de variações granulométricas entre o paleossolo hidromórfico e a

sequência coluvial.

Entre os horizontes 20Cb e 14Cb, correspondendo aos materiais da

sequência coluvial basal, observa-se que a argila variou de 38% a 55%, o silte se

encontra entre 21% a 38% e a areia entre 10% a 20% apresentando somente um

pico no horizonte 15Cb com 28% em seu teor, compatível com acúmulo de

fragmentos líticos observados em campo. Do horizonte 14Cb ao 4Cb a argila variou

de 25 a 62%, apresentando sua maior concentração nos horizontes 4Cb, 6Cb e

11Cb, e sua menor concentração no horizonte 10Cb. A fração silte variou de 20% a

55%, enquanto a areia alterou de 10 a 20%. Observa-se em meio a algumas

profundidades entre os horizontes 20Cb ao 4Cb que há alguns picos das frações

grossas (areia, grânulo e seixo) e, consequentemente, em alguns desses pontos

diminuição da fração argila, confirmando, assim, a presença de linha de pedras que

estão distribuídas ao longo dos horizontes da seção, como no caso dos horizontes

5Cb, 7Cb, 9Cb, 13Cb e 19Cb.

No topo da seção, no que se refere aos horizontes A, AC e CA é nítida a

maior concentração da fração argila estando próximo a 60% em seu teor

seguidamente da fração silte, apresentando em média 25%, e a areia se encontra

entre 10 a 15% se classificando na nomenclatura de Ghibaudo (1992) como Lama e

Lama cascalhenta com matriz suportada quando há a presença de cascalhos em

determinados pontos. A análise da diagrafia granulométrica relevou compatibilidade

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entre as variações de tendência granulométrica com os níveis pedoestratigráficos

identificados por ocasião da descrição morfopedológica em campo.

5.3 Análise Micromorfológica

A análise micromorfológica foi realizada nos horizontes AC, CA, 3Cb, 16Cb,

12Cb e 19Cb (Figura 5.5), cujas principais características estão demostradas na

Tabela 5.1. A seguir será feita uma síntese dos principais aspectos

micromorfológicos partindo-se da base, horizonte 19Cb, para o topo da seção

estratigráfica.

Tabela 5.1: Principais caracteristicas micromorfológicas dos horizontes AC, CA, 3Cb, 12Cb, 16Cb e 19Cb.

aQz=quartzo, Fr= fragmento de rocha, Li=litorrelíquea, Pe= pedorrelíquea, Np=nódulo pedomórfico

reliquitual, I/M=ilmenita/magnetita. 1 < 20%,

2 < 50%,

3 ≥50%,

bamf=areia muito fina, af= areia fina,

am=areia media, ag=areia grossa, c

ba=bruno amarelado (10YR 5/8– Munsell Chart), be=bruno amarelado escuro (10YR 4/6 – Munsell Chart), bae=bruno acinzentado muito escuro (10.YR 3/2), – Munsell Chart),,

din=indiferenciada, m=cristalítica manchada/pontilhada, esp= cristalítica

estriada/paralela, esg= cristalítica granoestriada epa=porfírica aberta, pf=porfírica fechada espaço

duplo, fa=apedico, pédido com pedalidade fracamente (pt), moderadamente (pm) e fortemente (pf)

desenvolvida, gcv=cavitário, c=canal/câmara, p=planar,

hhci=hipocutan de impregnação,

hcd=hipocutan de depleção, qci=quasecutan de impregnação, qcd=quasecutan de depleção,

ntf=nódulo típico, nnf=nódulo nucleico, associação com matriz4, poro

5, grão

6, b= bioturbação.

Material Grosso Micromassa

Horizonte/

Profundidad

e (cm)

Composiçãoa

Tamanho

Predominanteb

Corc Fábric

a-

Matrizd

Distribuição

Relativae

Pedalidad

ef

Porosg Pedofeições

h

AC Qz3, I/M

2,

Np1, Pe

1

amf2, af

2,

am2

Bae I3, m

2

Pa3

Pm3, a

1 P

3, cv

2

Hci2 5 6

, b1,

nt1, nn

1

CA Qz3, I/M

2,

Np1, Pe

1

amf2, af

2,

am3

Be3

m3, i

1,

es1 Pa

3 a3, pt

1 P

3, cv

2

Hcd2

, Nt2

3Cb Qz3, I/M

2,

Np2, Li

1,

Pe2

amf2, af

2,

am2, ag

1 Ba

3 m

3

pa3, Pf

1 a3, pt

1 cv

3, P

2

hci2 5

, b1, nt

2,

nn1

12Cb Qz3, Fr

I/M2, Np

2,

Pe2

amf2, af

2,

am1, ag

2 Ba

3 m

3,

esg1 pa

3

pm3, a

2,

cv

3 , p

1

nt2, b

1

16Cb Qz3, Fr

1,

I/M2, Np

2,

Pe2

amf2, af

2,

am1, ag

2 Ba

3 m

3,

esg1

pa3, pf

1

a3, pt

1 cv

3, p

1

hci1 6

, hcd2 5 6

,

nt2, nn

1

19Cb Qz3, Fr

1,

I/M2, Np

2,

Pe2

amf2, af

2,

am1, ag

2 Ba3 m

3,

esp2,

in2,

pa3, pf

1 a

3 , pm

2 cv

3, P

1,

c1

hcd2, qci

1, nt

2,

nn1

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Figura 5.5: Micrografias dos horizontes AC, CA, 3Cb, 12Cb, 16Cb e 19Cb.

Organização: Pereira. J. S. & Paisani, J. C., 2016.

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73

O horizonte 19Cb, correspondente a sequência coluvial basal individualizado

como uma linha de pedra envolvida por matriz, cuja distribuição relativa dos

constituintes apresenta, em média, 30% de fração grossa, 50% de fração fina e 20%

de poros. A fração grossa é constituída, predominantemente, de quartzo na fração

areia muito fina, areia fina, areia média e areia grossa. Apresenta também

ilmenita/magnetita, nódulos mátricos intrusivos (herdados do material fonte), de

moderada a forte impregnação, e litorrelíquea (fragmento de rocha), sendo

observada a presença de geodo e fragmento lítico de riolito. As frações grossas se

encontram distribuídas de forma aleatórias e arredondadas, podendo ser

observadas, localmente, algumas frações com um alto grau de angulosidade, fato

que pode dar indícios de serem microlascas. Nesse horizonte se destaca a

distribuição relativa dos constituintes (DRC) porfírica aberta, e localmente intercalada

com profírica fechada singular, onde identificou-se microlaminações constituídas

pela fração areia grossa (Figura 5.5 A). Na lâmina analisada foram identificadas três

laminações vinculadas à organização da fraçào grossa, e podem indicar a

ocorrência de escoamento superficial (Bertrand e Texier, 1999).

A fração fina se encontra distribuída ao fundo matricial, apresenta orientação

predominante cristalítica manchada/pontilhada a paralela estriada mátrica e

localmente orientação indiferenciada. É composta por um material de cor bruno

amarelado oriundo da pedogênese na área fonte. Identificaram-se, ainda, manchas

laranjas, sendo interpretadas como pedorrelíqueas remanescentes de um processo

de degradação de horizonte B da área fonte. Tais feições correspondem a

pedorrelíquea de agregado, além de registrar pedorrelíguia tipo intercalação,

concentração de óxido de Fe ou Mg e nódulos (Figura 5.5 B).

Em relação aos poros, o que se percebe é uma predominância da porosidade

cavitária, seguido da fissural, com a presença de raros canais. Vinculado aos poros,

destaca-se a presença de hipocutans de depleção e quasicutans de impregnação.

Ao analisar o material, ainda pode-se destacar a dispersão da argila com quebra da

ligação do Ferro (Fe)/Argila (Ar) na matriz antes do estabelecimento dos poros

fissurais (Figura 5.5 A), isso indica periodicidade de saturação e dissecação através

da depleção de Fe, Mn e Argila (Schaetzl & Anderson, 2005).

O material do horizonte 19Cb é classificado como apédico e localmente

pédico e pode ser observado um desmantelamento do material por conta da

porosidade microcavitária apresentando grau de separação dos pedes moderada e

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74

parcialmente acomodados. Esse fato sugere que o material apresenta morfologia

preservada com baixo grau de pedogênese pós-deposicional.

O horizonte 16Cb também integra a sequência coluvial basal, porém

compreende nível delgado relativamente homogêneo devido ao predomínio de

matriz em relação à fração grossa. Seu material apresenta cerca de 20% de fração

grossa, 65% de fração fina e 15% de poros, e sua DRC foi classificada como

porfírica aberta e localmente porfírica fechada. Como no horizonte 19Cb a fração

grossa é constituída predominantemente por quartzo distribuído de forma aleatória e

bem selecionado, ilmenita/magnetita e localmente identificou-se a presença de

litorrelíquea (fragmento de rocha). Há presença de nódulos mátricos intrusivos,

herdados do material fonte, sendo eles predominantemente típicos de moderada a

forte impregnação e foram observados raros nódulos nucleicos de forte

impregnação. Registram-se pequenas laminações vinculados a fração grossa,

porém em menor quantidade que no material do horizonte 19Cb. A fração grossa se

mostrou mais angulosa, apresentando alguns grãos localmente de forma

arredondada.

Em relação à fração fina, a orientação plásmica predominante é cristalítica

manchada/pontilhada e localmente estriada de grão dentro de uma laminação.

Identificou-se a ocorrência de maior concentração de pedorrelíquea de agregados

do que lâmina anterior. O material se apresenta apédico, sendo localmente pédico

com grau de separação fraca e não acomodada. Foi observado hipocutan de

impregnação vinculado a grãos (Figura 5.5. C), podendo trazer a informação de que

o Fe era comum no material fonte, confirmando a ideia de um regime hídrico com

duas estações bem definidas. Localmente foi encontrado hipocutan de depleção

vinculados a grãos e poros. A porosidade predominante é a cavitária, e localmente

fissural, registra-se a presença de um fitólito de gramínea em meio ao poro.

Identificou-se pedorrelíquea fragmentada por uma fissura, onde a porosidade fissural

se estabeleceu em cima do material após a deposição (figura 5.5 D).

O horizonte 12Cb registra homogeneidade morfológica observada em campo,

cujo material integra a sequência coluvial intermediária. Tem cerca de 20% da fração

grossa, 60% da fração fina e 20% de poros, sendo sua DRC classificada como

porfírica aberta. A constituição da fração grossa, em geral, não se difere das

características dos horizontes 19Cb e 16Cb. O quartzo ainda é a fração que mais

predomina contendo distribuição aleatória e bem selecionada, os nódulos foram

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classificados também como mátricos, de moderada a forte impregnação, sendo eles

nódulos típicos. Nesse horizonte observaram-se fragmentos da fração grossa com

alterosplasmação e a presença de microartefatos. Não se identificou

microlaminações vinculadas a fração grossa.

Em relação à fração fina, a matriz se mostrou com orientação plásmica

manchada/pontilhada, e localmente granoestriadas. As pedorrelíqueas se

apresentaram em maior quantidade em relação às identificadas nos horizontes 19Cb

e 16Cb, individualizadas como pedorrelíqueas de agregado. A porosidade se

mostrou a mesma que os horizontes citados anteriores, sendo predominantemente

constituídos por cavidades seguidamente de fissuras. Identificaram-se sinais de

bioturbação, com a presença de uma raiz moderna com baixo grau de

decomposição (Figura 5.5. E).

O material se mostrou mais fragmentado em relação aos materiais dos

horizontes 19Cb e 16Cb, onde se observa localmente o desmantelamento do

material e a formação de agregados sendo separados pelos poros na matriz (Figura

5.5 F), classificado como pédico de moderada separação, e localmente apédico

(Stolt e Lindbo, 2010). Essa fragmentação pode trazer indícios de que o material

estivesse mais próximo a uma paleosuperfície, onde também se observa que as

laminações estão sendo desmanteladas. Foi possível identificar uma ausência de

depleção em condições pós-deposicional no material, e que de fato a matriz guarda

a depleção devido ao processo sindeposicional.

O horizonte 3Cb corresponde ao último horizonte localizado na parte superior

da sequência coluvial intermediária, e na análise micromorfológica seu material

apresentou, em média, 25% de fração grossa, 60% de fração fina e 15% de poros.

A fração grossa se constitui predominantemente de quartzo, ilmenita/magnetita,

nódulos mátricos intrusivos de moderada a forte impregnação e litorrelíquea. Os

quartzos se mostraram angulososm com distribuição aleatória, e bem selecionados.

A DRC foi classificada como porfírica aberta, e localmente intercalada com profírica

fechada singular e observam-se duas microlaminações distribuídas de forma

aleatória.

Em relação à fração fina, a orientação plásmica foi classificada como

manchada. Localmente, no material identificou-se hipocutan de impregnação em

poro fissural, apresentando localmente bioturbação. Os nódulos encontrados na

matriz são nódulo típico e alguns nucleicos com grão de quartzo, e pode-se observar

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menor quantidade de nódulos que nos materiais dos horizontes anteriores descritos.

Sua porosidade predominante é a cavitária, seguidamente da fissural. O material

apresentou predominantemente ausência de pedalidade, sendo visto localmente

pedalidade de fraca separação. O material do horizonte 3Cb é parecido com o do

horizonte 16Cb, assim pode-se evidenciar que entre esses dois horizontes de fato se

estabeleceu uma paleosuperfície onde se depositou acima o material do horizonte

3Cb.

O material do horizonte CA, encontrado na sequência coluvial superior,

mostra uma DRC classificada como porfírica aberta, e apresenta 15% de fração

grossa, 65% da fração fina e 20% de poros. A fração grossa não se diferencia das

características dos horizontes descritos anteriormente, sendo constituída

predominantemente por quartzo, com distribuição aleatória e bem selecionada, com

a presença de ilmenita/magnetita, nódulos mátricos intrusivos de moderada a forte

impregnação, porém os nódulos se apresentam em menor quantidade, sendo

classificados como típico. Assim como no horizonte 12Cb não foram identificadas

laminações.

A fração fina se apresenta com cor mais escura em relação ao material dos

horizontes mencionados anteriormente (19Cb, 16Cb, 12Cb e 3Cb), sendo

classificada como bruno amarelado escuro, com orientação manchada, localmente

indiferenciada e estriada. Observa-se uma menor quantidade de pedorrelíqueas e a

presença de hipocutan de depleção no material. Em relação aos poros, observa-se o

predomínio de poros fissurais seguidamente de cavitários, fato esse que se

diferencia dos outros horizontes descritos anteriormente. Em geral o material do

horizonte CA se classifica como apédico, e localmente pédico de moderada

separação e parcialmente acomodados, que estão relacionados a poros fissurais.

O material do horizonte AC, sendo esse horizonte localizado sobjacente ao

horizonte CA na sequência coluvial superior, demonstra DRC porfírica aberta, em

média apresenta 25% de fração grossa, 55% de fração fina e 20% de poros. A

fração grossa apresenta a mesma constituição dos horizontes descritos

anteriormente, porém há maior quantidade de quartzo e observou-se a presença de

alterorrelíquea. Os nódulos se apresentam como típico e localmente e verificaram-se

alguns nucléicos. Observou-se pedorrelíquia na forma nodular nucléica com forte

impregnação gerada na área fonte (Figura 5.5 G), indicativa de múltiplos ciclos de

condições de redox pelo qual o material fonte pode ter passado (Lindbo et al., 2010).

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A fração fina se distribui no fundo matricial, e seu material apresenta cor

diferente do horizonte CA sendo bruno acinzentado muito escuro. A orientação do

material se mostrou indiferenciada e localmente manchada e se observa zona de

depletacão plásmica. Identificou-se a presença de hipocutan de impregnação de

grão e ao longo das fissuras. Observou-se uma melanização do material nesse

horizonte, confirmando ao fato de estar se aproximando do horizonte A. O material

do horizonte AC é pédico de moderada separação e parcialmente acomodados e

localmente apédico. A porosidade também não se difere do horizonte CA, sendo a

porosidade fissural que predomina, seguidamente da cavitária. Há microagregados

se formando ao longo das porosidades e neles se verificou também sinais de

bioturbação.

Através da análise micromorfológica pode-se dizer que, no geral, o material

das matrizes dos níveis pedoestratigráficos analisados (19Cb, 16Cb, 12Cb, 3Cb, CA

e AC) são similares no que se refere ao material fonte. Pelas características de seus

constituintes mátricos, pode-se inferir que correspondiam a material fonte de mesma

fase pedogenética progressiva. A sedimentação coluvial misturou materiais com

diferentes graus de pedogênese/intemperismo, data a presença de fragmentos

líticos e nodulações, dentre outras microfeições.

Outro aspecto que leva a pensar em mesma fonte pedológica para o material

coluvial dos níveis pedoestratigráficos são microfeições que indicam recorrentes

ciclos de saturação e dissecação na área fonte. Esse fato também é um componente

paleoambiental, pois indica regime climático com estações bem definidas. A

depleção (perda de material) é um fenômeno efêmero durante as fases de

sedimentação dos níveis pedoestratigráficos, e foi mais pronunciada na sequência

coluvial superior e através da pequena pedalidade na sequência coluvial superior

sugere retomada da pedogênese progressiva em condições ambientais (climáticas e

edáficas) modernas.

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78

5.4 Mineralogia das frações Areia, Silte e Argila

A mineralogia das frações areia, silte e argila foi realizada para verificar os

produtos do intemperismo dos materiais fontes dos colúvios responsáveis pelos

horizontes representativos dos principais níveis estratigráficos das sequências

coluviais superior (AC e CA), intermediária (3Cb, 6Cb e 14Cb), inferior (16Cb e

20Cb) e do paleossolo hidromórfico enterrado (25Cg4b) da sequência

pedoestratigráfica estudada. Os difratogramas de raio-x obtidos em amostras dos

horizontes AC, CA, 3Cb, 6Cb, 14Cb, 16Cb, 20Cb e 25Cg4b estão sistematizados

nos Apêndices A a J, enquanto que seus principais reflexos se encontram nos

quadros 5.2, 5.3, 5.4.

A difração de raio-x das frações areia e silte dos horizonte AC e CA,

sequência coluvial superior revelou os minerais primários apatita, anatásio,

feldspatos indiferenciados, feldspato potássico, feldspato sódico ou cálcico,

magnetita-magemita, muscovita, plagioclásios, piroxênio e quartzo (Quadro 5.2).

Igualmente registrou os óxidos e hidróxidos de ferro: hematita, lepidocrocita e

goethita; bem como os argilominerais caulinita, dickita e serpentina (Quadro 5.2)

também presentes, exclusivamente, na fração silte do horizonte CA.

Os horizontes da sequência coluvial intermadiárias, horizontes 3Cb, 6Cb e

14Cb, apresentaram composição mineralógica nas frações areia e silte similar ao da

sequência superior. Registra-se apenas vermiculita desordenada, e em pouca

quantidade, na fração silte do horizonte 3Cb (Quadro 5.3). Igualmente, percebe-se

similaridade dos constituintes com os níveis pedoestratigráficos da sequência

coluvial inferior e o paleossolo hidromórfico, com cristobalita na fração areia do

horizonte 16Cb (Quadro 5.4). Por outro lado, na fração silte do horizonte 25Cg4b

ocorrem dois picos de baixa cristalidade, e baixa quantidade, nos espaçamentos de

12,97 e 8,70 Å (Quadro 5.4). O primeiro caso pode corresponder a uma

interestratificação esmectita-caulinita, enquanto que o segundo caso pode indicar

apenas a esmectita desestruturada (Resende et al., 2005).

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79

Quadro 5.2- Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma de Raio-X para as frações areia e silte dos horizontes AC e CA (Sequência Coluvial Superior).

Pico Horizontes Minerais

AC CA

Areia Silte Areia Silte

2 Ɵ1 Å

2 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å

a 14,17 6,24 14,39 6,15 14,43 6,13 14,13 6,26 Le

b - - 23,08 3,85 23,42 3,79 23,06 3,85 F

c 24,31 3,66 24,22 3,67 24,42 3,64 - - FNa/Ca

d - - 25,46 3,49 - - - - Qz

e - - 28,00 3,18 28,61 3,15 27,95 3,19 FNa/Ca

f - - 29,38 3,04 29,42 3,03 Mu/F/Pl

g 31,24 2,86 30,98 2,88 31,23 2,86 30,93 2,89 FK/Pi

h - - - - - - 38,60 2,33 Ca/Da

i - - - - - - 41,64 2,16 Se/Go

j 42,90 2,10 42,64 2,12 42,86 2,10 42,60 2,12 M

k - - - - 44,94 2,01 - - Mu

l 46,30 1,96 46,12 1,96 46,29 1,95 46,06 1,97 Ap/Da

m 47,29 1,92 47,08 1,92 47,21 1,92 47,04 1,93 Le

n 49,86 1,82 49,68 1,83 49,87 1,82 49,60 1,83 Qz

o 52,35 1,74 - - 52,38 1,74 - - Le

p 53,88 1,70 53,66 1,70 53,83 1,70 53,63 1,70 At

q 59,16 1,56 58,91 1,56 59,06 1,56 58,84 1,56 Qz

r 64,88 1,43 64,66 1,44 64,85 1,43 64,60 1,44 He 1Ângulo de incidência da radiação.

2Espaçamento das reflexões (distância entre os planos atômicos

dos minerais). *

Pico menor, ou pior cristalizado, cujo ângulo de incidência não foi identificado pelo software. – Mineral não identificado. Ap:Apatita. F: Feldspatos indiferenciados. FK:Feldspato potássico. FNa/Ca: Feldspato Sódico ou cálcico. Pi:Piroxênio. An: Anidrita (CaSO4). Ca: caulinita. At:Anatásio (TiO2). Qz:Quartzo. M:Magnetita-Magemita. Pl:Plagiocásios. Mu:Muscovita [KAl2(AlSi3O10)(OH)2]. Le:Lepidocrocita (yFeO(OH). Go:Goethita [αFeO(OH)]. . He:Hematita (Fe2O3). Da:Dickita [Al2Si2O5(OH)4]. Se:Serpentina (Mg3Si2O5(OH)4.

Quadro 5.3 - Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma de Raio-X para as frações areia e silte dos horizontes 3Cb, 6Cb e 14Cb (Sequência Coluvial Intermediária).

Horizontes Minerais

Pico 3Cb 6Cb 14Cb

Areia Silte Areia Silte Areia Silte

2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å

a 14,13 6,18 13,93 6,35 14,03 6,30 14,00 6,32 * - 13,96 6,34 Le

b * - * - * - * - 21,96 4,04 * - FNa/Ca

c 23,43 3,79 23,01 3,86 * - 23,04 3,85 * - 23,14 3,84 F

d 24,35 3,65 24,14 3,68 24,14 3,68 24,17 3,68 24,26 3,66 24,19 3,67 FNa/Ca

e * - * - * - * - * - 25,37 3,50 Qz

f 28,29 3,15 27,92 3,19 27,92 3,19 25,43 3,19 28,13 3,17 27,98 3,18 FNa/Ca

g * - 29,29 3,04 * - 29,41 3,03 * - 29,37 3,04 Mu/F/Pl

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80

h 31,28 2,85 30,90 2,89 30,90 2,89 30,94 2,89 31,11 2,87 30,96 2,88 FK/Pi

i * - 35,18 2,55 * - * - * - * - Vm

j * - * - * - * - * - 38,55 2,33 Ca/Da

k * - 41,60 2,17 * - 41,60 2,17 * - * - Go/Se

l 42,92 2,10 42,57 2,12 42,54 2,12 42,61 2,12 42,75 2,11 42,62 2,12 M

m * - * - 44,83 2,02 * - * - 44,66 2,02 Mu

n 46,37 1,95 46,02 1,97 46,02 1,97 46,08 1,96 46,23 1,96 46,08 1,96 Ap

o 47,29 1,92 47,00 1,93 47,01 1,93 47,04 1,92 47,22 1,92 47,07 1,92 Le

p 49,92 1,83 49,59 1,83 49,56 1,83 49,61 1,83 49,79 1,83 49,65 1,83 Qz

q * - * - * - 50,70 1,80 * - * - Qz

r 52,38 1,74 * - 52,28 1,74 * - * - * - Le

s 53,93 1,69 53,60 1,70 53,61 1,70 53,62 1,70 53,79 1,70 53,64 1,70 At

t 59,29 1,56 58,83 1,56 58,81 1,56 58,86 1,56 59,00 1,56 58,87 1,56 Qz

u 64,88 1,43 64,59 1,44 64,56 1,44 64,62 1,44 64,78 1,43 64,63 1,44 He 1Ângulo de incidência da radiação.

2Espaçamento das reflexões (distância entre os planos atômicos

dos minerais). *

Pico menor, ou pior cristalizado, cujo ângulo de incidência não foi identificado pelo software. – Mineral não identificado. Ap:Apatita. F: Feldspatos indiferenciados. FK:Feldspato potássico. FNa/Ca: Feldspato Sódico ou cálcico. Pi:Piroxênio. An: Anidrita (CaSO4). Ca: caulinita. At:Anatásio (TiO2). Qz:Quartzo. M:Magnetita-Magemita. Pl:Plagiocásios. Mu:Muscovita [KAl2(AlSi3O10)(OH)2]. Le:Lepidocrocita (yFeO(OH). Go:Goethita [αFeO(OH)]. He:Hematita (Fe2O3). Da:Dickita [Al2Si2O5(OH)4]. Se:Serpentina (Mg3Si2O5(OH)4.Vm:Vermiculita.

Quadro 5.4 - Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma de Raio-X para as frações areia e silte dos horizontes 16Cb e 20Cb, sequência coluvial inferior, e 25Cg4b, paleossolo hidromórfico.

Horizontes Minerais

Pico 16Cb 20Cb 25Cg4b

Areia Silte Areia Silte Areia Silte

2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å

a * - * - * - * - * - 6,81 12,97 E/Ca (?)

b * - * - * - * - * - 10,16 8,70 E

c * - 13,98 6,33 * - 14,00 6,32 * - 14,09 6,28 Le

d * - * - * - 21,78 4,07 * - 21,86 4,06 FNa/Ca

e * - 23,04 3,86 * - 23,00 3,86 * - 23,06 3,85 F

f 24,32 3,65 24,17 3,68 24,35 3,65 24,12 3,68 24,44 3,64 24,19 3,67 FNa/Ca

g * - * - * - 25,40 3,50 * - 25,46 3,49 Qz

h 28,09 3,17 27,95 3,19 28,03 3,18 27,91 3,19 28,23 3,16 27,96 3,19 FNa/Ca

i * - * - * - 29,29 3,04 * - 29,37 3,04 Mu/F/Pl

j 31,04 2,88 30,93 2,89 31,02 2,88 30,88 2,89 31,14 2,87 30,95 2,88 FK/Pi

k * - 41,58 2,17 * - * - * - * - Go/Se

l 42,73 2,11 42,60 2,12 42,79 2,11 42,55 2,12 42,87 2,10 * - M

m 44,83 2,02 * - 44,80 2,02 * - * - * - Mu

n 46,30 1,96 46,02 1,97 46,19 1,96 46,01 1,97 46,22 1,96 46,08 1,96 Ap

o 47,18 1,92 47,05 1,93 47,21 1,92 46,97 1,93 47,29 1,92 47,05 1,93 Le

p 49,76 1,83 49,61 1,83 49,79 1,83 49,57 1,83 49,82 1,83 49,64 1,83 Qz

q 52,24 1,74 * - 52,26 1,74 * - * - * - Le

r 53,74 1,70 53,62 1,70 53,75 1,70 53,58 1,70 53,87 1,70 53,63 1,70 At

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s 59,94 1,56 58,84 1,56 59,00 1,56 58,81 1,56 59,05 1,56 58,87 1,56 Qz

t 63,38 1,46 * - * - * - * - * - Cr

u 64,68 1,43 64,59 1,44 64,67 1,44 64,56 1,44 64,86 1,43 64,59 1,44 He 1Ângulo de incidência da radiação.

2Espaçamento das reflexões (distância entre os planos atômicos

dos minerais). *

Pico menor, ou pior cristalizado, cujo ângulo de incidência não foi identificado pelo software. – Mineral não identificado. Ap:Apatita. F: Feldspatos indiferenciados. FK:Feldspato potássico. FNa/Ca: Feldspato Sódico ou cálcico. Pi:Piroxênio. An: Anidrita (CaSO4). E/Ca: possível interestratificação Esmectita/Caulinita (?). E:Esmectita. Ca: caulinita. At:Anatásio (TiO2). Qz:Quartzo. Cr:Cristobalita. M:Magnetita-Magemita. Pl:Plagiocásios. Mu:Muscovita [KAl2(AlSi3O10)(OH)2]. Le:Lepidocrocita (yFeO(OH). Go:Goethita [αFeO(OH)]. . He:Hematita (Fe2O3). Da:Dickita [Al2Si2O5(OH)4]. Se:Serpentina (Mg3Si2O5(OH)4.

Analisando tais resultados, como era de se esperar, os minerais primários são

comuns aos derrames vulcânicos ácidos encontrados na porção noroeste do Rio

Grande do Sul (Pedron, 2007). Por outro lado, na superfície de Palmas/Água Doce

plagioclásio, feldspato potássico e argilominerais, dentre outros ainda não

identificados, também estão presentes em níveis hidrotermais de riolitos (Chmyz,

2013). Como na colina fonte dos materiais coluviais que colmataram o fundo de vale

estudado é mantida por remanescente de riolito são e riolito hidrotermalizado, pode-

se pensar na mistura desses constituintes durante o processo de remoção e

sedimentação no fundo de vale. Os óxidos e hidróxidos de ferro (hematita,

lepidocrocita e goethita) encontrados, tanto na fração areia quanto na fração silte,

podem resultar de remanescentes de alteromorfos, ou do nível hidrotermal, ou

concreções ferruginosas geradas pela pedogênese.

De todo modo, destaca-se a presença de minerais primários relativamente

resistentes ao intemperismo na fração areia dos níveis pedoestratigráficos, tais

como: quartzo, anatásio, muscovita, apatita, magnetita-magemita e piroxênio;

juntamente com minerais menos resistentes ao intemperismo como: plagioclásios e

feldspatos (Schaetzl & Anderson, 2005). Tem-se como hipóteses para tal fato duas

situações da dinâmica entre pedogênese e morfogênese na área fonte dos

sedimentos: o material fonte deriva de solo pouco evoluído do ponto de vista

pedogeoquímico, ou houve contínua remoção até os níveis do saprolito, ou ambas

as situações.

No que se refere à fração argila, o difratograma de raio-x do horizonte AC,

com amostra natural, revelou os picos “a”, “c” e “f” que expressam a recorrência da

difração de uma partícula grande e bem cristalizada (Quadro 5.5). O espaçamento

de 12,25 Å sugere se tratar de Esmectita-Na (Brindley e Brown, 1980 apud Resende

et al., 2005). Com tratamentos de Mg, Mg+Gl e K registra-se pouca variação no pico,

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contração e expansão parcial, havendo contração/colapso parcial com saturação de

K e aquecimento à 550oC (pico “b”). Tal comportamento da difração de raio-x sugere

maior estabilidade no mineral e expressa a presença de intercalação de polímeros

hidróxi-Al nas entrecamadas (Kämpf e Klamt, 1978; Teske et al., 2013). Assim, o

pico “a” foi interpretado como EHE (esmectita com hidróxi entrecamadas – Azevedo

et al., 2012). O hidróxi-Al entrecamadas pode estar promovendo uma recorrência do

reflexo do mineral quase regular (d, d/2, d/3,... – Resende et al., 2005), como se

observa pelos picos “c” e “f” (Quadro 5.5). Caso fosse interestratificações de ilita-

vermiculita (I-V) ou vermiculita-ilita (V-I) poderia apresentar espaçamento entre 11 e

13 Å, bem como registraria contração a 10 Å, em 350o C, e manutenção de 14 Å

com tratamentos de K e Mg (Mafra et al., 2002). Pelo fato dos difratogramas não

registrarem picos entre 4,8 e 4,3 Å, entende-se que há ausência de gibbsita (Inda et

al., 2010; Teske et al., 2013).

De fato os argilominerais 2:1 com hidróxi-Al entrecamadas assumem

característica antigibbsídico pois fixam o Al entre as camadas, inibindo a formação

do Al(OH)3 livre (Ker e Resende, 1990). Registra-se com baixa cristalidade goethita

(pico “d”), caulinita (“e”) e clorita (“h”) (Quadro 5.5). A caulinita com alta cristalidade

geralmente ocorre no espaçamento de 14 2Ɵ e reflexão de 7,2 a 7,1 Å(Ker e

Resende, 1990; Inda et al., 2010; Pedron et al, 2012; Teske et al., 2013). Sua

ausência nesses intervalos, e ocorrência apenas na amostra de argila natural entre a

3,58 Å, aponta para sua maior desordem e menor quantidade (Pedron et al., 2012).

Entre os minerais primários tem-se feldspato potássico, ou piroxênio, como indicam

os picos bem cristalizados no espaçamento de 2,88 a 2,89 Å (pico “g”), obtidos nas

amostras de argila natural até o tratamento com K + aquecimento a 550o C.

Quadro 5.5 - Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma de Raio-X para a fração argila dos horizontes AC e CA (Sequência Coluvial Superior).

Horizonte AC

Pico Tratamentos Minerais

Natural Mg Mg+Gl K K+350 K+550

2 Ɵ2 Å

3 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å

a1 7,21 12,25 7,05 12,53 7,13 12,39 7,12 12,39 7,09 12,45 * - EHE

b * - * - * - * - * - 11,22 7,88 EHE

c1 14,29 6,19 14,19 6,24 14,24 6,21 14,13 6,26 14,22 6,22 * - EHE

d 21,69 4,09 21,33 4,16 21,66 4,1 21,69 4,09 * - * - Go

e 24,87 3,57 * - * - * - * - * - Ca

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f1 28,96 3,08 28,85 3,09 28,82 3,09 28,88 3,09 28,88 3,09 * - EHE

g1 30,96 2,88 30,90 2,89 30,93 2,89 30,95 2,88 30,93 2,88 31,04 2,88 FK/Pi

h 44,07 2,05 43,97 2,05 44,05 2,05 * - 43,99 2,05 * - Cl

Horizonte CA

a1 7,09 12,46 6,98 12,65 7,08 12,47 7,16 12,33 7,01 12,6 * - EHE

b * - * - * - * - * - 10,13 8,72 EHE

c1 14,34 6,17 14,06 6,29 14,26 6,20 14,29 6,19 14,16 6,25 * - EHE

d 21,48 4,13 21,36 4,15 21,21 4,18 21,56 4,12 23,01 3,86 * - Go

e 23,21 3,83 23,16 3,84 23,14 3,84 23,14 3,84 23,01 3,86 * - Tr

f 24,86 3,58 * - * - * - - - * - Ca/Cl/Vm

g1 28,89 3,08 28,86 3,09 28,88 3,09 28,92 3,08 28,81 3,09 * - EHE

h1 30,99 2,88 30,90 2,89 30,95 2,88 30,97 2,88 30,81 2,90 31,02 2,88 FK/Pi

i 44,13 2,05 * - 44,01 2,05 44,00 2,05 43,95 2,05 * - Cl 1Pico de uma partícula grande e bem cristalizada com largura do pico à meia altura (Resende et al.,

2005). 2 Ângulo de incidência da radiação.

3Espaçamento das reflexões (distância entre os planos

atômicos dos minerais). *

Pico menor, ou pior cristalizado, cujo ângulo de incidência não foi

identificado pelo software. – Mineral não identificado. EHE: Esmectita com Hidróxi Entrecamadas. Ca:Caulinita. Cl: Clorita. Vm:Vermiculita.Go: Goethita. Tr: Trimidita (SiO2). FK: Feldspato potássico. Pi:Piroxênio.

Uma composição similar é encontrada no horizonte CA, porém registra-se

trimidita (óxido de silício) no pico “e” e indistintamente caulinita, clorita e vermiculita,

com baixa cristalidade, e ocorrência, no pico “f” (Quadro 5.5). É possível que esse

pico represente a caulinita parcialmente cloritizada (Kämpf e Klamt, 1978), sendo

que foi previamente identificada no horizonte AC com 3,57 Å. Assim, os minerais

constituintes da fração argila dos níveis pedoestratigráficos da sequência coluvial

superior (horizontes AC e CA) apresentam entre si elevado grau de similaridade,

com destaque para EHE como predominante na fração argila.

Em relação a sequência coluvial intermediária, embora a mesma não se

mostre melanizada, revelou que o horizonte 3Cb também apresenta EHE e

respectivas recorrências do mineral com reflexos quase regulares, picos “a”, “c/d”,

“h” (Quadro 5.6). Baixos reflexos sugerem ocorrência de goethita, trimidita e clorita,

respectivamente nos picos “e”, “f” e “g/j”. Nesse nível pedoestratigráfico também é

encontrado feldspato potássico ou piroxênio, pico “i”. Essa constituição mineralógica

é comum aos horizontes 6Cb e 14Cb, representativos do centro e base da

sequência coluvial intermediária (Quadro 5.6). Percebe-se, até aqui, que não há

significativas diferenças na mineralogia da fração argila entre as sequências

coluviais intermediária e superior, mesmo esta última se mostrando melanizada.

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Quadro 5.6 - Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma de Raio-X para a fração argila dos horizontes 3Cb, 6Cb e 14Cb (Sequência Coluvial Intermediária).

Horizonte 3Cb

Pico Tratamentos Minerais

Natural Mg Mg+Gl K K+350 K+550

2 Ɵ2 Å

3 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å

a1 7,03 12,55 7,01 12,60 7,04 12,55 7,15 12,36 7,35 12,01 * - EHE

b1 * - * - * - * - * - 9,95 8,88 EHE

c1 14,09 6,25 14,14 6,25 13,99 6,32 14,10 6,28 * - * - EHE

d1 14,24 6,21 * - 14,05 6,23 14,32 6,18 14,25 6,21 * - EHE

e 21,35 4,16 21,20 4,19 21,38 4,15 21,41 4,14 * - * - Go

f 23,08 3,85 23,01 3,86 23,07 3,85 23,19 3,83 23,09 3,85 * - Tr

g 24,77 3,59 * - * - 24,76 3,59 * - * - Ca/Cl/Vm

h 28,86 3,09 28,79 3,10 28,87 3,09 28,92 3,08 28,87 3,09 29,19 3,05 EHE

i1 30,92 2,89 30,84 2,89 30,86 2,89 30,97 2,88 30,93 2,89 30,71 2,91 FK/Pi

j 43,83 2,06 * - 43,85 2,06 * - 43,96 2,05 * - Cl

Horizonte 6Cb

a1 7,08 12,47 7,07 12,49 7,50 12,35 7,19 12,28 7,27 12,15 * - EHE

b * - * - * - * - * - 10,14 8,71 EHE

c1 14,21 6,23 14,11 6,27 14,31 6,18 14,23 6,22 14,21 6,22 * - EHE

d * - 21,33 4,16 21,40 4,15 21,73 4,08 * - * - Go

e 23,19 3,83 23,10 3,84 23,14 3,84 23,20 3,83 23,14 3,84 * - Tr

f1 28,84 3,09 28,89 3,09 28,94 3,08 28,95 3,08 28,83 3,09 29,43 3,03 EHE

g1 30,92 2,89 30,97 2,88 31,04 2,88 31,00 2,88 30,93 2,89 31,03 2,88 FK/Pi

h * - * - 44,02 2,05 * - 43,92 2,05 * - Cl

Horizonte 14Cb

a1 7,07 12,49 7,02 12,58 7,06 12,50 7,13 12,39 7,19 12,28 * - EHE

b 14,12 6,26 14,16 6,25 14,03 6,30 14,25 6,21 14,28 6,19 * - EHE

* - * - * - * - * - 10,16 8,70 EHE

c1 21,20 4,18 21,46 4,13 21,45 4,14 21,38 4,15 * - * - Go

d 23,06 3,85 23,10 3,84 23,01 3,86 23,18 3,83 23,18 3,83 * - Tr

e 28,87 3,09 28,82 3,09 28,79 3,10 28,95 3,08 28,90 3,08 * - EHE

f1 30,92 2,89 30,87 2,89 30,86 2,89 30,86 2,89 31,00 2,88 31,07 2,87 FK/Pi

g * - 43,95 2,05 43,95 2,05 43,99 2,05 44,00 2,05 * - Cl 1Pico de uma partícula grande e bem cristalizada com largura do pico à meia altura (Resende et al.,

2005). 2 Ângulo de incidência da radiação.

3Espaçamento das reflexões (distância entre os planos

atômicos dos minerais). *

Pico menor, ou pior cristalizado, cujo ângulo de incidência não foi identificado pelo software. – Mineral não identificado. Ca:Caulinita. Cl: Clorita. Vm:Vermiculita.Go: Goethita. Tr: Trimidita (SiO2). F: Feldspatos indiferenciados. FK: Feldspato potássico. PI:Piroxênio.

A sequência coluvial inferior, representada pelos níveis pedoestratigráficos

16Cb e 20Cb, bem como o paleossolo hidromórfico, horizonte 25Cg5b, apresentam

constituintes na fração argila similares aos das sequências coluviais superior e

intermediária. Nesses níveis pedoestratigráficos registra-se a clorita como principal

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argiomineral, embora ela esteja desordenada e com baixa ocorrência (Quadro 5.7,

5.8).

Quadro 5.7- Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma de Raio-X para a fração argila dos horizontes 16Cb e 20Cb (Sequência Coluvial Inferior).

Horizonte 16Cb

Pico Tratamentos Minerais

Natural Mg Mg+Gl K K+350 K+550

2 Ɵ2 Å

3 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å

a1 7,09 12,45 7,09 12,45 7,11 12,42 7,12 12,40 * - * - EHE

b1 14,25 6,21 14,12 6,26 14,23 6,22 14,25 6,21 14,31 6,18 * - EHE

c 21,33 4,16 21,35 4,16 21,47 4,13 21,41 4,15 * - * - Go

d * - 23,09 3,85 23,16 3,84 23,09 3,85 23,15 3,84 Tr

e 24,69 3,60 * - * - * - * - * - Cl/Vm

f1 28,96 3,08 28,87 3,09 28,79 3,10 28,87 3,09 28,95 3,08 29,69 3,00 EHE

g1 30,98 2,88 30,91 2,89 30,94 2,88 30,95 2,88 30,98 2,88 31,18 2,86 FK/Pi

h * - 43,99 2,05 * - 44,00 2,05 44,07 2,05 * - Cl

Horizonte 20Cb

a1 7,07 12,50 6,98 12,65 6,97 12,67 7,15 12,35 * - * - EHE

b1 14,25 6,21 14,19 6,23 14,19 6,23 14,16 6,25 14,28 6,20 EHE

c1 21,38 4,15 21,27 4,17 21,35 4,16 21,63 4,10 * - * - Go

d * - 23,04 3,85 22,99 3,86 23,21 3,83 23,17 3,83 * - Tr

e 24,75 3,59 * - * - * - * - * - Ca/Cl/Vm

f 28,84 3,09 28,78 3,10 28,82 3,09 28,91 3,08 28,89 3,09 * - EHE

g 30,95 2,88 30,87 2,89 30,88 2,89 30,97 2,88 30,96 2,88 * - FK/Pi

h 43,89 2,06 43,99 2,05 43,96 2,05 44,10 2,05 44,12 2,05 * - Cl 1Pico de uma partícula grande e bem cristalizada com largura do pico à meia altura (Resende et al.,

2005). 2 Ângulo de incidência da radiação.

3Espaçamento das reflexões (distância entre os planos

atômicos dos minerais). *

Pico menor, ou pior cristalizado, cujo ângulo de incidência não foi identificado pelo software. – Mineral não identificado. Ca:Caulinita. Cl: Clorita. Vm:Vermiculita.Go: Goethita. Tr: Trimidita (SiO2). F: Feldspatos indiferenciados. FK: Feldspato potássico. PI:Piroxênio.

Tabela 5.8 - Espaçamentos e reflexões mais significativos obtidos no Difratograma de Raio-X para a fração argila do horizonte 25Cg5b (Paleossolo hidromórfico).

Horizonte 25Cg5b

Pico Tratamentos Minerais

Natural Mg Mg+Gl K K+350 K+550

2 Ɵ2 Å

3 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å 2 Ɵ Å

a1 7,05 12,53 7,13 12,38 7,13 12,39 7,09 12,45 * - * - EHE

b * - * - * - * - * - 9,62 9,18 EHE

c1 14,55 6,30 14,20 6,23 14,05 6,30 14,20 6,23 14,27 6,20 * - EHE

d 21,29 4,17 21,45 4,14 21,40 4,15 21,71 4,09 20,67 4,29 * - Go

e * - * - * - 23,07 3,85 23,18 3,83 * - Tr

f * - 24,23 3,67 24,21 3,67 24,05 3,70 24,19 3,67 * - F

g 28,88 3,09 28,99 3,07 28,91 3,08 28,81 3,09 28,86 3,09 * - EHE

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h1 30,94 2,88 30,99 2,88 30,96 2,88 30,90 2,89 30,94 2,89 30,44 2,93 FK/Pi

i1 43,90 2,06 44,10 2,05 44,09 2,05 43,95 2,05 43,89 2,06 * - Cl

1Pico de uma partícula grande e bem cristalizada com largura do pico à meia altura (Resende et al.,

2005). 2 Ângulo de incidência da radiação.

3Espaçamento das reflexões (distância entre os planos

atômicos dos minerais). *

Pico menor, ou pior cristalizado, cujo ângulo de incidência não foi

identificado pelo software. – Mineral não identificado. F: Feldspatos indiferenciados. FK: Feldspato

potássico. PI:Piroxênio. Cl: Clorita. Go: Goethita. Tr: Trimidita (SiO2).

Enfim, analisando os resultados do DRX da fração argila constata-se que

EHE é dominante em todos os níveis pedoestratigráficos da sequência coluvial, bem

como do paleossolo hidromórfico. Isso mostra que tal argilomineral 2:1 com hidróxi-

entrecamadas (2:1HE) foi gerada em condições ambientais similares entre o

ambiente de encosta (ortomórfico) e do fundo de vale (hidromórfico). Ele apresenta

maior estabilidade pedogeoquímica (Kämpf & Klamt, 1978), relativamente maior que

da caulinita (Almeida et al., 2012), tendo sido gerado no material fonte e

permanecido “inalterado” após sua remoção e sedimentação no fundo de vale.

Na literatura ainda há dificuldades em definir os fatores ambientais que levam

a formação do 2:1HE (Almeida et al., 2012), por outro lado, acredita-se que são

indícios de solos poligenéticos (Kämpf, & Klamt, 1978; Inda et al., 2010). Contudo, é

um processo que pode iniciar ainda na fase de desenvolvimento do saprolito

(alteroplasmação) e que pode se manter com o estabelecimento do solo

(pedoplasmação), haja vista que os argilominerais 2:1 são formados no estágio de

intemperismo da rocha (Paisani & Geremia, 2010).

No caso das efusivas ácidas do sul do Brasil argilominerais 1:1,como gibbsita

e caulinita, estão presentes desde a fase de alteroplasmação (Clemente e Azevedo,

2007). Igualmente, são reconhecidos argilominerais 2:1HE e 1:1, como caulinita

cristalizada, e com quantidade significativa, horizonte A de Neossolo na mesma

superfície geomorfológica da área (Pedron et al., 2012). Na área de estudo não se

percebe essa tendência, registrando-se 2:1HE e uma inexpressiva presença de

caulinita desordenada. Isso leva a pensar que o material da área fonte gerou 2:1HE

desde a fase de alteroplasmação, e constituía um solo jovem (Curi et al., 1984),

possivelmente da categoria dos Cambissolos. De fato, a presença de clorita

desestruturada, e em baixa quantidade, encontrada nos níveis pedoestratigráfico é

indício de alteroplasmação. Igualmente, os feldspatos Na e Ca nas frações areia e

silte dos níveis pedoestrigráficos também sugerem baixo grau de evolução

intempérica e pedogenética para os materiais da área fonte.

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A presença de goethita e lepdocrocita nas frações areia e silte dos níveis

pedoestratigráfico, sobretudo da goethita com baixa cristalidade, e quantidade, nas

frações argila, pode indicar as condições ambientais à época de formação do

material da área fonte. Esses hidróxidos, sobretudo a goethita, sugerem que havia

boa distribuição de chuvas, pequena evapotranspiração, baixas temperaturas, teores

elevados de matéria orgânica, meio ácido e restrição de drenagem (Ker e Resente,

1990). Trata-se de condições ambientais próximas das condições modernas,

estabelecidas nos últimos 1.500 anos (Behling et al., 2004). De fato, em relação à

umidade, a ausência de ferrihidrita aponta para condições hídricas relativamente

úmidas na área fonte (Kämpf e Schwertmann, 1983) e recorrentes após a

sedimentação do material no fundo de vale.

5.5 Composição dos Isótopos Estáveis do Carbono

A análise da composição isotópica do carbono se procedeu nos horizontes A,

AC, CA, 3Cb, 6Cb, 10Cb, 14Cb, 16Cb, 18Cb, 21Cgb, 25Cgb, 26Cgb. O carbono

total dos referidos horizontes da seção pedoestratigráfica variou de 3,45 a 0,23

(Figura 5.6). Observa-se um maior valor nos horizontes próximos ao topo referente

ao A e AC com um valor de 3,45 e 2,35 respectivamente. Observou-se um

decréscimo do horizonte AC ao CA caindo o valor para 0,83. A partir do horizonte

CA em direção a base da seção o valor se mantém sem grande variação estando

entre 0, 83 e 0,23.

Os valores do δ13C dos horizontes pedoestratigráficos variaram de -12,90 a -

23,72 (Figura 5.6). Nos horizontes mais superfícies os valores se mostraram menos

negativos, A (-12,90), AC (-14,92) e CA (-18,02). A partir do horizonte 3Cb em

direção a base da seção os valores apresentaram-se com valores mais negativos,

se mantendo acima de -20,77 no qual pode ser observado no horizonte 3Cb ,

chegando a -23,62 no horizonte 26Cg6b, sendo este o valor mais negativo.

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Figura 5.6: Conteúdo de δ13C e Carbono Total nos horizonte A, AC, CA, 3Cb, 6Cb, 10Cb, 14Cb, 16Cb, 18Cb, 21Cg1b, 25Cg5b, 26Cg6b da seção pedestratigráfica SJA1.

Organização: Pereira, J. S. & Paisani, J. C. 2016.

Os valores da razão isotópica dos níveis estratigráficos mais superfícies,

sendo eles A e AC, apontam para o predomínio de uma vegetação C4 (gramíneas),

pois se observa um valor isotópico mais negativo que -17 (Pessenda et al., 1996;

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2005). O horizonte CA já mostra mistura de vegetação C4 com C3 (arbustos e

arbórea), visto que seu valor se apresenta mais elevado que -17. Observa-se a partir

do horizonte 3Cb até o 14Cb valores isotópicos que caracterizam uma vegetação

predominante C3, pois apresenta razão isotópica entre -22 a -20. Entre os horizontes

15Cb e 21Cgb predomina vegetação de plantas C3, uma vez que os valores

isotópicos estão mais negativos que -22. Assim, pode-se dizer que a o paleossolo e

a sequência coluvial inferior apresentam composição isotópica de plantas C3,

enquanto a sequência intermediária de mistura de C3 e C4, com nítida mudança de

tendência isotópica entre os horizontes 16Cb e 14Cb. Ao passo que a sequência

coluvial superior, melanizada, mostra-se com predomínio de plantas C4,

similarmente a constituição moderna, caracterizada por campos com composição

herbácea-arbustiva.

5.6 Geocronologia dos registros estratigráficos

As idades dos registros estratigráficos foram estabelecidas através da

datação por luminescência oticamente estimulada e 14C. A primeira análise realizou-

se em três locais da seção SJA1 que correspondem ao material coluvial localizado

nos horizontes 3Cb, 14Cb e 15Cb. O horizonte 3Cb corresponde ao penúltimo

horizonte da sequência coluvial intermediária em sua parte superior. O horizonte

14Cb corresponde ao material que colmatou paleoincisão erosiva (paleovoçoroca)

que individualiza o limite entre as sequências coluviais basal e intermediária (Figura

5.7). Já, a datação por 14C foi estabelecida no horizonte 25Cg5b localizado na

sequência pedogenética hidromórfica (Figura 5.7).

A matéria orgânica datada do horizonte 25Cg5b, pelo método 14C, apresentou

cronologia de 27.980 ± 2.650 anos AP, entre 31.890 a 31.400 cal. (Tabela 5.2).

Embora seu horizonte superior A tenha sido removido pela erosão mecânica, a essa

idade é importante, pois mostra a que o paleossolo hidromórfico esteve funcional, no

fundo de vale de segunda ordem sob condições hídricas úmidas. No caso dos

paleofundos de vales de baixa ordem do Planalto de Palmas/Água Doce, os solos

hidromórficos se mantiveram funcionais entre 41.640 anos AP (44.130 a 45.580 cal.)

a 23.800 anos AP (28.060 a 29.080) (Paisani et al., 2014), justamente coincide com

o regime paleoambiental do Último Interestadial.

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Os grãos de quartzo do horizonte 15Cb apresentaram idade média de 19.150

± 2.650 anos AP pela luminescência óticamente estimulada - LOE (Tabela 5.1).

Considerando a margem de erro, pode-se pensar que a sequência coluvial basal,

níveis pedoestratigráficos 21Cg1b a 15Cb se estabeleceram entre 21.800 a 16.500

anos AP. Tal intervalo é compatível com o período paleoambiental conhecido como

Último Máximo Glacial. No planalto de Palmas/Água Doce há níveis coluviais

individuais nesse período, mostrando erosão/sedimentação episódica vinculada a

movimentos de massa sutis em alguns paleofundos de vales de baixa ordem

(Paisani et al., 2016). De todo modo, o registro estratigráfico e a cronologia sugerem

substanciais modificações ambientais na área que promoveram o inicio da

colmatação do fundo de vale estudado em coincidência com o estabelecimento do

período do Último Máximo Glacial.

Já os grãos de quartzo do horizonte 14Cb apresentaram idade média de

7.940 ± 810 anos AP, obtidos pela LOE. A idade dessa unidade foi fundamental para

se compreender o quadro evolutivo do fundo de vale, pois demarca a cronologia da

retomada da sedimentação, após período de ausência desse fenômeno e do

desenvolvimento de incisão erosiva a partir de uma paleosuperfície. Tomando-se por

base a idade do horizonte 15Cb, percebe-se que entre 19.150 ± 2.650 e 7.940 ± 810

anos AP houve estabilização na sedimentação, desenvolvimento de paleosuperfície

e subsequente intensificação da erosão mecânica. Essa sequência de fatos

geomórficos coincide com o final do Último Máximo Glacial e se estendeu até o

Holoceno Inferior. Já, a retomada da sedimentação, ocorreu a partir do Holoceno

Médio em direção ao presente. Os grãos de quartzo do horizonte 3Cb, nível superior

da sequência coluvial intermediária, apresentaram idade média de 4.860 ± 675 anos

AP, sugerindo que tal sequência coluvial se desenvolveu plenamente durante o

Holoceno Médio, podendo ter se estendido pelo Holoceno Superior.

Enfim, a geocronologia do registro pedoestratigráfico pelos métodos do 14C e

da LOE abrangeram o Quaternário Tardio, em específico o período entre o final do

Último Interestadial e o Holoceno Médio.

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Figura 5.7: Seção estratigráfica SJA, com a identificação dos horizontes 3Cb, 14Cb, 19Cb e 25Cg5b e suas respectivas idade. 1: Alterita de Riolito; 2: Sequência pedogenética hidromórfica; 3: Sequência coluvial basal; 4: Sequência coluvial intermediária; 5: Sequência coluvial superior pedogeneizada; 6: Crosta de Ferro; 7: gramíneas.

Organização: Pereira, J. S. & Paisani, J. C., 2016.

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Tabela 5.2– Idades 14C e Luminescência Oticamente Estimulada (LOE) dos horizontes 25Cg5b (sequência pedogenética hidromórfica), 3Cb (sequência coluvial superior), 14Cb e 15Cb (sequência coluvial basal).

14C

Horizonte Prof. (cm) Cód.Lab. Idade (anos 14

C AP) Idade (anos cal. 14

C AP)* δ

13C (‰)

25Cg5b 420524 27.980±130 31.890 a 31.400 -24.1

Luminescência Oticamente Estimulada (LOE)

Horizonte Prof.

(cm)

Cód.Lab. Th (ppm) U (ppm) K (%) Dose Anual

(µGy.ano-1

)

P (Gy) Idade

(anos A.P.)

3Cb 160 4524 19,758 ±

0,711

6,623 ±

0,632

1,079 ±

0,156

4.240 ± 380 20,6 4.860 ± 675

14Cb 380 4525 19,675 ±

0,636

6,049 ±

0,217

0,477 ±

0,069

3.390 ± 175 26,6 7.940 ± 810

15Cb 170 4571 12,095 ±

0,435

3,914 ±

0,401

0,749 ±

0,109

2.820 ± 250 54,0 19.150 ±

2.650

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6 EVOLUÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO PALEOFUNDO DE VALE DE SEGUNDA

ORDEM HIERÁRQUICA NA SUPERFÍCIE DE SÃO JOSÉ DOS AUSENTES (RS)

Os resultados da arquitetura do registro estratigráfico, da descrição

morfopedológica, da diagrafia granulométrica, da mineralogia das frações areia, silte

e argila, da micromorfologia, da composição isotópica do carbono e das idades dos

materiais com base nos métodos de 14C e luminescência óticamente estimulada -

LOE permitem apresentar quadro evolutivo local do paleofundo de vale de segunda

ordem hierárquica. Igualmente, permite reconstituir os momentos de pedogênese e

morfogênese na área situado na Superfície de São José Dos Ausentes (RS) e

estabelecer correlação com eventos similares na superfície de Palmas/Água Doce e

eventos paleoclimáticos regionais e globais.

A arquitetura do registro estratigráfico revelou que o paleofundo de vale

apresentava morfologia suavemente côncava em seu eixo central, similar aos eixos

de fundos de vales modernos encontrados na área de estudo em que não ocorrem

canais incisivos. Os eixos de drenagem modernos são dominados por solos

hidromórficos e fluxos de água hipodérmicos, constituindo áreas de brejo similares

àquelas encontradas na superfície de Palmas/Água Doce (Paisani et al., 2014). Tal

aspecto é importante, pois mostra que durante dado período a rede de drenagem de

baixa ordem setorial exibia baixa energia de transporte fluvial e que o ambiente de

encosta estava em estado de equilíbrio dinâmico (Paisani et al., 2012), entenda-se

como bioestasia na conceituação de Erhat (1967) favorecendo os processos de

espessamentos dos solos tanto nas encostas quanto no fundo de vale, processo de

pedogênese progressiva conforme Johnson et al. (1990).

Embora o período fosse favorável ao espessamento dos solos nas encostas

no entorno do fundo de vale analisado, a mineralogia dos materiais e a

micromorfologia sugerem que se tratava de solos jovens e relativamente rasos,

possivelmente da categoria dos Cambissolos. A presença dominante de goethita

permite inferir que o regime climático era relativamente úmido com boa distribuição

de chuvas, pequena evapotranspiração, baixas temperaturas, teores elevados de

matéria orgânica, meio ácido e restrição de drenagem, como aponta. De fato, a

composição isotópica do carbono dos níveis pedoestratigráficos remanescentes

dessa fase (horizontes 26Cg6b a 15Cb) sugere a presença de plantas C3, padrão de

fotossíntese comum em arbustos e árvores. Nessas condições o fundo de vale em

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análise desenvolveu solo hidromórfico devido à contínua manutenção de umidade

(Figura 6.1).

A manutenção das condições de umidade “fossilizaram” raízes no horizonte

25Cg5b, e promoveram a quantidade de carbono suficiente para aplicação da

datação pelo método do 14C. No registro estratigráfico há ausência de horizonte A,

truncado posteriormente pela erosão, cuja cronologia deveria de ser mais jovem que

aquela obtida para o horizonte 25Cg5b, simplesmente por ter estado sobreposto a

referido horizonte. De todo modo, na discussão dos resultados da geocronologia

ficou claro que a condição de equilíbrio dinâmico no local analisado ocorreu em

concordância com o período do Último Interestadial (entre 60.000 a 25.000 anos cal.

AP) e apresenta correlação estratigráfica com os registros obtido nos paleofundos

de vale de baixa ordem da superfície de Palmas/Água Doce (Paisani et al., 2014;

2016). A umidificação climática à época foi de cunho regional, como demonstrada os

referidos registros estratigráfico e por dados palinológicos (Behling et al., 2004;

Paisani et al., 2014).

Subsequente a esse período, houve desequilíbrio na paisagem, bioresistasia

ou pedogênese regressiva, em que os processos de erosão mecânica nas encostas

começaram a se sobressair e promover a colmatação do fundo de vale. Os níveis

pedoestratigráficos 21Cg1b, 22Cg2b e 23Cg3b delgados e truncados posteriormente

pela erosão, documentam que pela ocorrência de movimento de massa discretos

nas encostas levaram sedimentos para o fundo de vale ainda em condições

ambientais relativamente úmidas (Figura 6.1). Esse fenômeno deve ter sido na

transição entre o final do Último Interestadial e o Último Máximo Glacial, quando

ainda persistiam a hidromorfia no fundo de vale, pois as descrições

morfopedológicas em campo apontam condições redox no horizonte 21Cgb. Por

outro lado o desenvolvimento de crosta de ferro (horizonte 24Ccg4b) em sua base

sugere situação de sazonalidade hídrica nesse período de transição (Figura 6.1).

Na superfície de Palmas/Água Doce esse fenômeno gerou registros

pedoestratigráficos com até três níveis de horizontes Ab (pedocomplexo), sobre

colúvios gerados por sedimentação episódica no transcurso na pedogênese antes

de 24.000 anos AP (Paisani et al., 2014).

No Último Máximo Glacial a morfogênese passou a ser comandada pelo

escoamento superficial, gerando sedimentos em leitos delgados com diferentes

intensidades de retrabalhamento, ora com o predomínio de matriz ora com

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predomínio de fração grossa (linha de pedras), como documentam a análise

morfopedológica e micromorfológica. Registros desses últimos retrabalhamentos são

os níveis pedoestratigráficos caracterizados por linhas de pedras (horizontes 17Cb e

15Cb) (Figura 6.1). Essa fase perdurou entre >25.000 a >19.150±2.650 anos AP.

(Figura 6.1). Em paleofundos de vales de baixa ordem da superfície de Palmas/Água

Doce foram registrados, de forma não sistemática, raros movimentos de massa

discretos até cerca de 18.000 anos AP (Guerra e Paisani, 2012; Paisani et al., 2016;

Lima, 2016).

A partir de 19.150±2.650 anos AP a sedimentação perdeu intensidade e

passou a predominar a erosão, como documenta a incisão erosiva linear

(paleovoçoroca) que truncou os níveis pedoestratigráficos 15Cb a 20Cb (Figura 6.1).

Essa fase foi responsável pelo retrabalhamento do nível pedoestratigráfico 15Cb e

durou entre <19.150±2.650 a >7.940±810 anos AP. Correlacionando com os

eventos paleoambientais globais, corresponde a transição do Último Máximo

Glacial/Holoceno até o final do Holoceno Inferior. Os indícios da paleovegetação

dessa fase ficaram registradas nos materiais da sequência pedoestratigráfica

intermediária (horizontes 14Cb e 6Cb), os quais guardam em seus materiais o sinal

paleoambiental da área fonte dos sedimentos nessa fase. Percebe-se que havia a

mistura de vegetação C3 com C4, fenômeno indicativo de vegetação mais aberta

decorrente de mudança do regime hídrico local para mais seco.

Na superfície de Palmas/Água Doce o fenômeno de erosão linear também foi

documentado em paleofundos de vales de 2ª ordem, bem como no hollow de

paleocabeceiras de drenagem (Paisani et al., 2016; Lima, 2016). Nessa superfície

foram encontrados até três gerações de incisões lineares (paleovoçorocas), a

primeira estabelecida no intervalo de <24.460 a>16.750 anos AP, a segunda entre

<16.750 a >6.800 anos AP e a terceira no espaço de tempo de <6.800 a >4.600

anos AP (Paisani et al., 2016). Considerando as margens de erro das idades obtidas

para o registro estratigráfico dos materiais da seção em análise, pode-se pensar que

o fenômeno de erosão linear é cronologicamente correlato à segunda geração de

paleovoçoroca encontrada em paleocabeceira de drenagem da superfície de

Palmas/Água Doce.

Após essa fase de predomínio da erosão mecânica em detrimento da

sedimentação, morfogênese retorna a registrar sedimentação igualmente

comandada pelo escoamento superficial, gerando sedimentos em leitos delgados

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com diferentes intensidades de retrabalhamento, ora com o predomínio de matriz,

ora com predomínio de fração grossa (linha de pedras). A sequência coluvial

intermediária foi gerada nessa fase (horizontes 14Cb a 2Cb) e durou entre o

intervalos de <7.940±810 a >4.860±675 anos AP (Figura 5.11), período equivalente

ao Holoceno Médio. As microfeições de pedalidade do nível 12Cb sugerem que

pode ter havido pausa na morfogênese, com a atuação da pedogênese nesse

intervalo, mas não se pode precisar neste momento. Com a contínua retirada do

solo na área fonte os corestones do front de intemperismo passaram a aflorar na

superfície e a se desmantelar gerando os modernos caos de blocos de riolito (Figura

5.1A).

A morfogênese continuou atuando após 4.860±675 anos AP gerando a

sequência coluvial superior que foi pedogenizada (melanizada) formando os

horizontes A, AC e CA. Pelos dados paleoambientais regionais, acredita-se que

essa fase de pedogênese deve ter iniciado a cerca de 1.500 anos AP, quando se

estabeleceu plenamente no âmbito regional a cobertura florestal destacada pela

presença de Araucárias (Behling et al., 2004). Por outro lado, o sinal isotópico do

carbono da sequência superior aponta paulatina substituição de plantas C3 por C4,

com predomínio desta última até as condições ambientais modernas.

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7 CONCLUSÃO

O presente trabalho teve por objetivo reconhecer a ocorrência de fenômenos

de pedogênese e morfogênese na Superfície de São José dos Ausentes (RS)

durante o Quaternário Tardio baseado em registros estratigráficos encontrados em

paleofundo de vale de segunda ordem hierárquica. Igualmente, visou correlacionar

referidos registros com eventos similares na superfície de Palmas/Água Doce, bem

como com eventos paleoambientais em escala regional. Para atingir tal objetivo

empregou-se a abordagem metodológica que envolveu o uso conjunto de critérios

lito-, pedo-, alo- e cronoestratigráficos na caracterização dos registros

estratigráficos, consistindo basicamente na(s): a) descrição da seção estratigráfica

em campo; b) análises laboratoriais, como granulometria, micromorfologia,

mineralogia da fração argila, composição isotópica do carbono e datações pelos

métodos de carbono quatorze 14 (C) e luminescência oticamente estimulada (LOE).

A descrição de campo possibilitou reconstituir a arquitetura do registro

pedoestratigráfico do paleofundo de vale de segunda ordem. Foram reconhecidos

30 horizontes, distribuídos em três sequências coluviais e uma sequência

pedogenética hidromórfica. Três horizontes foram classificados como pertencentes

a sequência coluvial superior pedogeneizada, sendo individualizados como

horizontes A, AC e CA. Estão presentes 13 horizontes na sequência coluvial

intermediária (2Cb, 3Cb, 4Cb, 5Cb, 6Cb, 7Cb, 8Cb, 9Cb, 10Cb, 11Cb, 12Cb, 13Cb,

14Cb), sete horizontes compõem a sequência coluvial basal (15Cb, 16Cb, 17Cb,

18Cb, 19Cb e 20Cb, 21Cg1b) e seis níveis pedoestratigráficos constituem o

paleossolo hidromórfico (22Cg2b, 23Cg3b, 24Ccg4b, 25Cg5b, 26Cg6b e 27RCg7).

A análise de diagrafia granulométrica relevou compatibilidade entre as variações de

tendência granulométrica com os níveis pedoestratigráficos identificados por

ocasião da descrição morfopedológica em campo.

A análise micromorfológica foi realizada nos horizontes AC, CA, 3Cb, 16Cb,

12Cb e 19Cb, cujos materiais de suas matrizes mostram-se similares sugerindo se

tratarem de materiais oriundos na mesma fonte e fase pedogenética. A

sedimentação coluvial misturou níveis pedológicos da área fonte com diferentes

graus de pedogênese/intemperismo, data a presença de fragmentos líticos e

nodulações, dentre outras microfeições. As microfeições indicaram recorrentes de

ciclos de saturação e dissecação na área fonte, sendo esses um componente

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paleoambiental, pois indicam regime climático com estações bem definidas. A

depleção (perda de material) e fraca pedalidade é um fenômeno mais importante na

sequência coluvial superior sugerindo retomada da pedogênese em condições

ambientais (climáticas e edáficas) modernas.

A análise da mineralogia das frações areia, silte e argila foi realizada nos

níveis pedoestratigráficos AC e CA, 3Cb, 6Cb, 14Cb, 16Cb, 20Cb e 25Cg5b. Ela

mostrou que Esmectita com Hidróxi Entrecamadas (EHE) é dominante em todos os

níveis pedoestratigráficos, cuja formação foi comandada sobre regime geoquímico

similar entre o ambiente de encosta (ortomórfico) e do fundo de vale (hidromórfico).

Devido a maior estabilidade pedogeoquímica desse argilomineral, acredita-se que

tenha sido gerado no material fonte dos sedimentos entrados no paleofundo de vale

e permanecido “inalterado” após sua remoção e sedimentação. A presença de

goethita e lepdocrocita nas frações areia e silte dos níveis pedoestratigráfico,

sobretudo da goethita com baixa cristalidade e quantidade nas frações argila, pode

indicar que havia boa distribuição de chuvas, pequena evapotranspiração, baixas

temperaturas, teores elevados de matéria orgânica, meio ácido e restrição de

drenagem. Tais condições ambientais são próximas das condições modernas,

estabelecidas nos últimos 1.500 anos. A ausência de ferrihidrita confirma tal fato, o

qual aponta para condições hídricas relativamente úmidas na área fonte e recorrente

após a sedimentação do material no fundo de vale.

A análise isotópica do carbono, se procedeu nos horizontes A, AC, CA, 3Cb,

6Cb, 10Cb, 14Cb, 16Cb, 18Cb, 21Cg1b, 25Cg5b, 26Cg6b e revelou que o

paleossolo hidromórfico e a sequência coluvial basal apresentam composição

isotópica de plantas C3 (arbustos e arbórea), enquanto a sequência intermediária

tem mistura de plantas C3 e C4 (gramíneas). A sequência coluvial superior,

melanizada, mostra-se com predomínio de plantas C4, similarmente à constituição

moderna, caracterizada por campos.

As idades dos registros estratigráficos foram estabelecidas pelos métodos do

14C para o nível 25Cg5b e luminescência oticamente estimulada (LOE) para grãos

de quartzo dos materiais dos horizontes 15Cb, 14Cb e 2Cb. As idades variaram

entre 27.980 ± 2.650 anos AP (31.890 a 31.400 anos cal. AP) a 4.860 ± 675 anos AP

e mostraram que o registro estratigráfico se estabeleceu durante o Quaternário

Tardio, no intervalo entre os eventos paleoambientais globais do Último Interestádio

e o Holoceno Médio.

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A integração dos resultados possibilitou reconstituir as fases de pedogênese e

morfogênese no fundo de vale de 2ª ordem, amostral dos fenômenos da

geodinâmica superficial da Superfície de São José Dos Ausentes (RS). Igualmente,

possibilitou reconhecer eventos similares na Superfície de Palmas/Água Doce e

eventos paleoclimáticos regionais e globais.

Os registros estratigráficos do paleofundo de vale mostraram que durante o

Último Interestadial (> 25.000 anos AP) havia solo hidromórfico e fluxos de água

hipodérmicos em seu eixo de drenagem, configurando na paisagem como área de

brejo similar àquelas encontradas na atualidade tanto na área de estudo quanto na

superfície de Palmas/Água Doce. Em tal fase a paisagem esteve em equilíbrio

dinâmico, com dominante atuação da pedogênese, sob condições paleoambientais

similares a moderna, embora predominasse vegetação de plantas C3 no fundo de

vale quanto nas encostas.

Posterior a esse período houve a atuação da morfogênese atuando de

maneira contínua, geradas pela intercalação entre dois processos envolvidos,

movimento de massa e escoamento superficial. O movimento de massa foi

responsável pela sedimentação do fundo de vale ainda em condições ambientais

úmidas, responsável pelo truncamento do material hidromórfico caracterizado como

paleossolo enterrado, esse fenômeno deve ter sido na transição entre o final do

Último Interestadial e o Último Máximo Glacial.

Durante o Último Máximo Glacial a morfogênese passou a ser comandada

pelo escoamento superficial. Entre >25.000 a >19.150 anos AP a sedimentação de

unidades coluviais estabeleceu os níveis pedoestratigráficos 23Cg3b a 15Cb. A

partir de 19.150±2.650 anos AP a sedimentação perdeu intensidade e passou a

predominar a erosão, como se observa através da incisão erosiva linear

(paleovoçoroca) que truncou material coluvial da seção estratigráfica. Essa fase de

erosão tem correlação cronológica com a segunda geração de incisões lineares

documentadas na superfície de Palmas/Água Doce, tendo durado entre <19.150 a

>7.940 anos AP se estendendo até o final do Holoceno Inferior.

Após essa fase de erosão mecânica, a morfogênese retorna a registrar

sedimentação comandada pelo escoamento superficial. Em decorrência, foram

geradas unidades coluviais referentes aos níveis pedoestratigráficos 14Cb a 2Cb.

Tal fase durou entre <7.940 a >4.860anos AP equivalendo ao Holoceno Médio.

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Após 4.860 anos AP a morfogênese continuou atuando, dando origem a

sequência coluvial superior, porém perdeu vigor favorecendo a melanização no

material propiciando a formação dos horizontes A, AC e CA. Nessa fase o

paleofundo de vale de segunda ordem hierárquica passou a ser plenamente

colmatado e reafeiçoado, deixando na paisagem uma morfologia similar à encosta

suavemente inclinada para o eixo de baixa ordem hierárquica moderno.

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APÊNDICE A

Difratogramas de Raio-X das frações areia dos horizontes AC, CA, 3Cb, 6Cb, 14Cb, 16Cb, 20Cb e 25Cg4b

Horizonte AC

Horizonte CA

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114

Horizonte 3Cb

Horizonte 6Cb

Horizonte 14Cb

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115

Horizonte 16Cb

Horizonte 20Cb

Horizonte 25Cg4b

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116

APÊNDICE B

Difratogramas de Raio-X das frações silte dos horizontes AC, CA, 3Cb, 6Cb, 14Cb, 16Cb, 20Cb e 25Cg4b

Horizonte AC

Horizonte CA

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117

Horizonte 3Cb

Horizonte 6Cb

Horizonte 14Cb

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118

Horizonte 16Cb

Horizonte 20Cb

Horizonte 25Cg4b

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APÊNDICE C

Difratogramas de Raio-X das frações argila do horizonte AC

Tratamento – K + 550oC

Tratamento – K + 350oC

Tratamento – K

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Tratamento – Mg + Gl

Tratamento – Mg

Natural

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APÊNDICE D

Difratogramas de Raio-X das frações argila do horizonte CA

Tratamento – K + 550oC

Tratamento – K + 350oC

Tratamento – K

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122

Tratamento – Mg + Gl

Tratamento – Mg

Natural

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APÊNDICE E

Difratogramas de Raio-X das frações argila do horizonte 3Cb

Tratamento – K + 550oC

Tratamento – K + 350oC

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Tratamento – K

Tratamento – Mg + Gl

Tratamento – Mg

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125

Natural

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APÊNDICE F

Difratogramas de Raio-X das frações argila do horizonte 6Cb

Tratamento – K + 550oC

Tratamento – K + 350oC

Tratamento – K

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Tratamento – Mg + Gl

Tratamento – Mg

Natural

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APÊNDICE G

Difratogramas de Raio-X das frações argila do horizonte 14Cb

Tratamento – K + 550oC

Tratamento – K + 350oC

Tratamento – K

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Tratamento – Mg + Gl

Tratamento – Mg

Natural

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APÊNDICE H

Difratogramas de Raio-X das frações argila do horizonte 16Cb

Tratamento – K + 550oC

Tratamento – K + 350oC

Tratamento – K

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Tratamento – Mg + Gl

Tratamento – Mg

Natural

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APÊNDICE I

Difratogramas de Raio-X das frações argila do horizonte 20Cb

Tratamento – K + 550oC

Tratamento – K + 350oC

Tratamento – K

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Tratamento – Mg + Gl

Tratamento – Mg

Natural

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APÊNDICE J

Difratogramas de Raio-X das frações argila do horizonte 25Cg4b

Tratamento – K + 550oC

Tratamento – K + 350oC

Tratamento – K

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Tratamento – Mg + Gl

Tratamento – Mg

Natural