universidade estadual do norte do … a reflexão sobre o tema e promover a cidadania a partir dos...

34

Upload: hoangkhuong

Post on 23-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ Campus de Cornélio Procópio

CENTRO DE LETRAS, COMUNICAÇÃO E ARTES

FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Para gostar de ler: identidade e sociedade

AutorAlaine Costa Nader Perusso

Escola de Atuação Escola Estadual João XXIII ­ Ensino Fundamental

Município da escola São Jerônimo da Serra

Núcleo   Regional   de Educação

Cornélio Procópio

Orientador Dr. Thiago Alves Valente

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual do Norte do Paraná

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Produção  Didático­pedagógica 

Unidade Didática

Relação Interdisciplinar  Disciplinas de História e Arte.

Público Alvo  Alunos da 6ª série A, período matutino, do Ensino 

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ Campus de Cornélio Procópio

CENTRO DE LETRAS, COMUNICAÇÃO E ARTES

Fundamental.

Localização  A   Escola   Estadual   João   XXIII   ­   Ensino   Fundamental 

situada na Rua João Pedro Proença, nº500.             CEP 

86270.000 – São Jerônimo da Serra.

Apresentação:                Visto que os alunos do Ensino Fundamental não 

possuem o hábito de ler, este trabalho tem como objetivo 

incentivar  a   leitura,   criando  estratégias  e   técnicas  que 

seduzam para o prazer de ler, buscando conhecimentos 

para  a   formação  do   senso   crítico  e  despertando  uma 

nova   consciência   sobre   a   importância   da   leitura, 

ampliando e transformando sua visão de mundo através 

da   leitura   literária.  O acesso aos mais  variados  textos 

possibilita aos alunos estabelecer relações em diferentes 

níveis, fornecendo requisitos para que consiga interpretar 

o   que   se   lê   e   possa   criar,   utilizando­se   dos 

conhecimentos adquiridos através dela. A obra  literária 

traz   uma   intertextualidade   percebida   nos   temas,   nas 

diferentes   épocas   e   nos   diálogos   constantes   entre 

obra/autor /leitor. E para a literatura infantil é atribuída a 

responsabilidade na formação da consciência de mundo 

das crianças e dos jovens.  O método a ser utilizado será 

o   Recepcional,   autoras   Bordini   e   Aguiar   (1988). 

Processa­se   em   cinco   etapas,   favorecendo   sempre   a 

interação entre o texto e o  leitor,  atribuindo sentido ao 

texto   e   viabilizando  a  quebra   da  mesmice  que  há   na 

constante   confirmação   de   expectativas.   Avaliação   do 

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ Campus de Cornélio Procópio

CENTRO DE LETRAS, COMUNICAÇÃO E ARTES

método deve ser uma leitura mais exigente que a inicial 

em termos estéticos e ideológicos.

Palavras­chave (3 a 5 palavras) Formação leitor; leitura; método Recepcional; prática escolar.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ Campus de Cornélio Procópio

CENTRO DE LETRAS, COMUNICAÇÃO E ARTES

ALAINE COSTA NADER PERUSSO

PARA GOSTAR DE LER: IDENTIDADE E SOCIEDADE

SÃO JERÔNIMO DA SERRA ­ PR2011

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ Campus de Cornélio Procópio

CENTRO DE LETRAS, COMUNICAÇÃO E ARTES

ALAINE COSTA NADER PERUSSO

PARA GOSTAR DE LER: IDENTIDADE E 

SOCIEDADE

Unidade   Didática   apresentada   ao   Programa   de Desenvolvimento   Educacional   da   Secretaria   de Estado da Educação do Paraná, sob orientação do professor Dr. Thiago Alves Valente.

SÃO JERÕNIMO DA SERRA ­ PR2011

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ Campus de Cornélio Procópio

CENTRO DE LETRAS, COMUNICAÇÃO E ARTES

UNIDADE 01

Para gostar de ler: identidade e sociedadeAlaine Costa Nader Perusso

Apresentação

         A sistematização desta unidade didática  tem como objetivo auxiliar  o 

professor   PDE   na   implementação   do   seu   projeto   em   sala   de   aula,   no   terceiro 

período do Programa Desenvolvimento de Educação.

              Visto que os alunos do Ensino Fundamental não possuem o hábito de ler, 

este trabalho tem como objetivo incentivar a leitura, criando estratégias e técnicas 

que seduzam para o prazer de ler, buscando conhecimentos para a formação do 

senso crítico e despertando uma nova consciência sobre a importância da leitura, 

ampliando e transformando sua visão de mundo através da leitura literária. O acesso 

aos mais variados textos possibilita aos alunos estabelecer relações em diferentes 

níveis, fornecendo requisitos para que consiga interpretar o que se lê e possa criar, 

utilizando­se dos conhecimentos adquiridos através dela. Embora todos os gêneros 

textuais sejam importantes, a obra literária traz uma intertextualidade percebida nos 

temas, nas diferentes épocas e nos diálogos constantes entre obra/autor /leitor. E 

para a literatura infantil é atribuída a responsabilidade na formação da consciência 

de mundo das crianças e dos jovens. 

A riqueza polissêmica da literatura é  um campo de plena liberdade para o leitor, o que não ocorre em outros textos. Daí provém o próprio prazer pela leitura, uma vez que ela mobiliza mais intensa e inteiramente a consciência do   leitor,   sem   obrigá­lo   a   manter­se   nas   amarras   do   cotidiano. Paradoxalmente,   por   apresentar   um   mundo   esquemático   e   pouco determinado, a obra literária acaba por fornecer ao leitor um universo muito mais  carregado de  informações,  porque  o  leva a  participar  ativamente  da construção dessas,  com isso  forçando­o a  reexaminar  concreta  (Bordini  & Aguiar, 1988, p.15).

2

O método recepcional considera a obra como uma seqüência de saberes, a obra é 

um cruzamento de conhecimentos de vários contextos históricos como aponta Aguiar 

(p.85) “Quanto mais leitura o indivíduo acumula, maior a propensão para a modificação de 

seus horizontes, porque a excessiva confirmação de suas expectativas produz monotonia 

que a obra difícil pode quebrar”. 

        Para se obter esse acúmulo de informação, o aluno deve ter contato com diferentes 

textos. Avaliação do método deve ser uma leitura mais exigente que a inicial em termos 

estéticos e ideológicos.

      Para as autoras:

A teoria da estética da recepção desenvolve seus estudos em torno da reflexão sobre  as   relações  entre  narrador­texto­leitor.  Vê  a  obra  como um objeto  verbal esquemático a ser preenchido pela atividade de leitura, que se realiza sempre a partir   de   um   horizonte   de   expectativas.   Roche   define   este   como   “soma   de comportamentos, conhecimentos e ideias pré­concebidas com que se depara uma obra no momento de sua aparição e segundo o qual é medida” (1980:10). Por esse caminho, a teoria tenta fechar o círculo entre a abordagem estrutural e sociológica. A obra literária é avaliada, a partir da teoria recepcional, através de descrições de componentes internos e dos espaços vazios a serem preenchidos pelo leitor. Faz­se,   então,   o   confronto   entre   o   texto   e   suas   diversas   realizações   na   leitura   e explicam­se estas se recorrendo às expectativas dos diferentes leitores ou grupos de leitores em sociedades históricas definidas. A obra é tanto mais valiosa quanto mais   emancipatória,   ou   seja,   quanto   mais   propõe   ao   leitor   desafios   que   as expectativas deste não previam. (p.31).

O método a ser utilizado será  o Recepcional, elaborado pelas autoras Maria da 

Glória Bordini e Vera Teixeira Aguiar (1988), pois atende às perspectivas das Diretrizes 

Curriculares da Língua Portuguesa.

Esse método se processa em cinco etapas, favorecendo sempre a interação entre 

o texto e o leitor, atribuindo sentido ao texto e viabilizando a quebra da mesmice que há 

na constante confirmação de expectativas:

1. Determinação do horizonte de expectativas; nesta primeira etapa, será realizada 

uma investigação junto aos alunos através do diálogo e trabalho em sala de aula 

para detectar  os horizontes de expectativas  indicados pelos seus preconceitos, 

estilo   de   vida,   valores,   crenças,   a   fim   de   prever   estratégias   de   ruptura   e 

transformação do mesmo.

3

2. Atendimento   do   horizonte   de   expectativas;   a   segunda   etapa   consiste   no 

atendimento  do  horizonte  de  expectativas,  em que  se  proporcionarão à   classe 

experiências com textos literários que os alunos apreciem e as atividades técnicas 

que já dominem e sentem satisfação em expor.

3. Ruptura do horizonte de expectativas; neste capítulo serão introduzidos textos e 

atividades  propostas  que  deverá   abalar   as  certezas  dos  alunos  em  ternos  de 

literatura   ou   de   vivência   cultural,   dando   continuidade   à   etapa   anterior; 

assemelhando­se no tema, tratamento, estrutura ou linguagem; para que o aluno 

mesmo ingressando em um campo desconhecido, sinta­se seguro para continuar 

participando do processo.

4. Questionamento   do   horizonte   de   expectativas;   nesta   quarta   etapa   de 

questionamento  do  material   literário   trabalhado,  quais   textos  exigiram um nível 

mais alto de reflexão, trouxeram um grau maior de satisfação. Farão análises e 

comparações das leituras realizadas, detectarão as dificuldades, e neste momento 

perceberão   que   o   conhecimento   e   a   vivência   que   adquiram,   facilitarão   na 

compreensão ainda maior dos textos. 

5. Ampliação   do   horizonte   de   expectativas;   última   etapa   em   que   os   alunos, 

conscientes de suas novas possibilidades de manejo com a literatura, partem para 

a busca de novos textos, que atendam as suas expectativas ampliadas no tocante 

a temas e composição mais complexos. Este método evolui em espiral, deixando 

os alunos mais conscientes com relação à literatura e a vida.

                     Este projeto será desenvolvido na 6ªsérie A do Ensino Fundamental, período 

matutino, em doze encontros, sendo sempre em duas aulas geminadas.

4

                     Terá cinco unidades de acordo com as etapas do método Recepcional, com 

abordagem em um tema especifico, contendo textos de fundamentação com sugestões 

de atividades a serem trabalhadas com os alunos.

           O tema escolhido para a realização desse trabalho foi a desigualdade social. Serão 

ofertados aos alunos textos de caráter estético literário, visando uma maior reflexão sobre 

atitudes   e   conceitos   na   busca   da   transformação   da   sociedade   contemporânea.   A 

desigualdade   social   é   elemento   cada   vez   mais   presente   em   nosso   cotidiano.   Este 

fenômeno   tem se  caracterizado   como  marco  dos  grandes  centros  urbanos,   que   são 

capazes   de   congregar,   em   uma   mesma   localidade,   diferentes   grupos   sociais   com 

interesse   econômicos,   políticos,   sociais   e   antagônicos.   O   objetivo   desta   prática   é 

incentivar   a   reflexão   sobre   o   tema   e   promover   a   cidadania   a   partir   dos   textos 

apresentados   sob   os   mais   variados   suportes,   pois   as   leituras   de   obras   literárias 

favorecem a sensibilização para os aspectos sociológicos e a formação do leitor crítico.

Unidade 1

     

           Nesta primeira etapa, os alunos serão convidados a apreciar aquilo que é de seu 

convívio, baseando­se que tudo que sabem e acreditam que não irá abalar o seu mundo, 

onde estão seguros daquilo que têm conhecimento. Será   iniciada com a projeção das 

imagens dos vídeos e das leituras dos textos. E a partir disso, o professor observará os 

comentários e as reações durante as atividades propostas, sugerindo que comentem o 

que mais lhe causou atenção, e que mais o tocou e o que mais lhe causou indignação. 

Isto acarretará  em um debate informal, oportunizando ao aluno uma participação mais 

efetiva na discussão. Esta motivação será feita através dos vídeos: Duas classes... Duas 

vidas  e  da  Desigualdade   social,   respectivamente.   Pretende   que   os  alunos  analisem, 

discutam e se posicionem quanto ao tema desigualdade social. 

1º ENCONTRO

         

           Os vídeos estão disponíveis em:    

(A) Duas classes... Duas vidas. Disponível em: 

5

< http://www.youtube.com/watch?v=Fk6ud_dua7M&NR=1&feature=fvwp > Acesso em 13 jun. 2011.

B) Desigualdade social. Disponível em: 

< http://www.youtube.com/watch?v=tLHBHjOij3k&feature=related> Acesso em 13 jun.2011.          

                 O professor pedirá  aos alunos que  leiam os textos  jornalísticos abaixo e que 

comentem com os colegas de sala de aula o que mais lhe chamou a atenção.

           Mas, antes disso, vamos recordar, professor.

           O que é mesmo uma notícia? E uma reportagem?

           A notícia tem compromisso com a veracidade dos fatos. Aborda com precisão e 

clareza os seguintes aspectos essências:

           * Qual é o fato e as pessoas nele envolvidos;

           * Como se deu o fato;

           * Onde e quando ocorreu?

           * Suas causas e consequências;

           * A sua finalidade.

           Nem sempre todos esses dados vão aparecer em uma notícia. Vai depender do 

assunto ou do evento a ser divulgado.

                      A   notícia   não   é   constituída   apenas   por   fatos   violentos,   tragédias, 

acontecimentos políticos ou da área econômica. Hoje em dia, esse tipo de notícia é 

frequente, mas ela não se restringe apenas a esses temas. Pode focalizar algo  já 

ocorrido, como também algo que vai acontecer ou que está acontecendo no momento.

                     A  reportagem caracteriza­se por formar um conjunto de matérias sobre um 

mesmo tema, aprofundando um fato ou um conjunto de fatos no tempo e no espaço; 

comparam­se acontecimentos de épocas passadas com os atuais, fatos semelhantes 

6

ocorridos em outras localidades; recorre­se a depoimentos dados por testemunhas ou 

a comentários feitos por personalidades.

ENSINAR e APRENDER: VOLUME 1 ­ Material produzido pelo CENPEC para O Projeto Correção de 

Fluxo da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 1988.

Professor  perceba   o   quanto   o   vídeo   aproxima   a   sala   do   cotidiano   e   os   textos documentam a realidade, motivando os alunos à aprendizagem e comunicação. 

        

Agora sim, os relatos jornalísticos.

                          Segunda geração dos excluídos

           Moradora do Morro do Carrapato, na Zona Leste de Londrina, a dona de casa 

Alexandra Aparecida Germinari,  22,  assiste   impotente os seis   filhos enfrentarem o 

mesmo problema que ela vivenciou quando, ainda na primeira série, largou a escola 

em função das constantes mudanças da família. “A gente não tinha onde morar vivia 

trocando de casa e, assim, acabei sem estudar”, contou ela, que não sabe nem ler e 

escrever. ”É meu filho mais velho que me ajuda com os bilhetes que as professoras 

mandam”, relatou.

           Aprisionada pela miséria, ela já manteve os três meninos mais velhos fora da 

escola,   por   um  ano,   quando   eles   se  mudaram  da  Zona   Sul   para  o   morro.   “Não 

consegui vagas e eles ficaram em casa. Por causa disso, também parei de receber a 

Bolsa­família”,   lamentou a mãe que vive apenas da renda obtida pelo  trabalho na 

reciclagem e conta com a ajuda mensal de um projeto social que leva alimentos aos 

moradores do bairro.

                     Sem comprovante de endereço e falta de acesso à documentação pessoal 

básica,   também   enfrenta   dificuldade   para   atender   a   burocracia   toda   vez   que   vai 

providenciar novas matrículas. “Na última vez pensei em até desistir, mas percebi que 

não era justo. Não quero que meus filhos fiquem sem trabalho por não saberem ler.” 

                     Incluída entre os moradores do Morro do Carrapato que se mudará para o 

Conjunto Vista Bela, construído pela Cohab na Zona Norte, Alexandra anseia pela 

7

mudança  para  uma  casa  de   “verdade”,  mas  preocupa­se   com a  possibilidade  de 

novamente  não  conseguir  vagas  para  os  meninos.   “Lá   não   tem escola,   terei  que 

procurar nos bairros vizinhos”, disse. 

                                       Na fila

                     Também na iminência de se mudar para o Vista Bela, Vilma de Oliveira 

Precioto, 38, teme pela vida escolar dos filhos mais novos, quando já ficou um tempo 

sem estudar quando a família foi para Borrazópolis (Norte) em busca de oportunidades 

de trabalho. “Pelo jeito, vai ser a mesma dificuldade não conseguir vagas”, antecipou a 

mãe, cuja filha mais velha, de 19 anos, parou de estudar sem ter concluído a quinta 

série. “Quem não tem estudo não consegue trabalho”, preocupou­se.

                     Responsável por cuidar de quatro netos, Maria Aparecida de Barros, 58, 

moradora do Jardim Santa Fé  (Zona Leste), enfrentou um verdadeiro calvário para 

obter vaga para o menino mais velho, de 10 anos, que ficou quase dois anos sem 

frequentar a escola por conta das mudanças constantes entre as casas da avó e do 

pai. “Fiquei na fila de espera em três colégios, mas não arrumei vaga. Acabei ficando 

sem a Bolsa­família  e começou a faltar  dinheiro para comprar comida,   remédios... 

Uma criança fora da escola traz muitos problemas.”

           A vaga só foi providenciada depois da interferência de voluntários de um projeto 

social. Feliz com o retorno do neto aos bancos escolares, ela espera que o menino 

consiga recuperar o tempo perdido e, assim, tenha um destino melhor que o dos avós. 

“Quando a gente é  nova,   fica mais  fácil  aprender.  Eu mesma sou muito  revoltada 

porque não sei   ler”,  contou.  Na casa onde mora o casal  de avós e quatro netos, 

apenas a menina mais velha, de 12 anos, é plenamente alfabetizada.  

AVANSINI.  Caroline.  Segunda geração dos excluídos.  Reportagem. Londrina PR,  Folha de Londrina, domingo, 24 abr. 2011.

 

Grupo é Responsável por Arrastões e costumam agir nos bairros da zona nobre 

da capital

8

           

      Uma quadrilha formada, na sua grande maioria, por filhos de pessoas de classe 

média  e  alta  na  zona  Leste  de  Teresina,  é  apontada como autora  do  assalto  na 

residência do Juiz Antônio de Paiva Sales e está  sendo  investigada pelos policiais 

lotados na delegacia do 12º Distrito, no bairro do Planalto Ininga.

           De acordo com os levantamentos feitos pela polícia, pelo menos três veículos – 

uma camionete, modelo L­200, cor preta, um Celta, um Clio um Gol (já apreendido) – 

estão sendo utilizados pelo bando nas suas ações criminosas na modalidade arrastão 

em residências e empresas. As informações são de que os indivíduos responsáveis já 

foram identificados e que as prisões preventivas já estão sendo providenciadas.

           Os constantes arrastões ocorridos nas residências da zona Leste, geralmente 

com o  uso  de veículos  nas   fugas,   levou a  polícia  a   fazer  um  levantamento  mais 

criterioso e descobriu que em alguns desses assaltos, os carros usados não eram 

produtos de furto ou roubo, devido a  inexistência de boletins de ocorrências neste 

sentido pelos proprietários, levando os policiais que estão trabalhando nestes casos a 

desconfiar  que os carros “quentes”  (legais)  e partiram para as suas  identificações, 

consequentemente, dos proprietários e usuários nos dias dos assaltos. Este trabalho 

levou os policiais a identificar alguns dos indivíduos e até  a apreender um veículo, 

modelo Gol, que teria sido usado em um desses assaltos.

Arrastão na casa do juiz

           O assalto aconteceu no dia 17 de fevereiro, no início da tarde. Os bandidos não 

só fizeram um “rapa” na residência do magistrado, como renderam e humilharam as 

pessoas que estavam na casa localizada na zona Leste de Teresina. Um policial do 

Rone,  que  não  estava  a  serviço,   também  foi   rendido  no  assalto  que   rendeu  aos 

bandidos joias, dinheiro, note book e ainda o computador que armazenava as imagens 

do circuito interno de TV.

OLIVEIRA, Apoliana. Grupo é responsável por arrastões e costumam agir nos bairros da zona nobre da  capital.  Notícia.  Teresina  PI.  Disponível  em:  <  http://180graus.com/geral/bando­de­jovens­de­classe­alta­e­investigado­na­zona­leste­411567.html> Acesso em 10 jun.2011. 

9

O professor organizará a turma em círculo, formando um grande grupo, trazendo 

questões pertinentes à desigualdade social, onde os alunos, com a discussão poderão 

perceber o grau elevado de complexidade que o tema proposto possui. Nesta análise 

surgirão temas como:

A) Vídeos: Fome, miséria, emprego, desemprego, lixo, doenças, riqueza,          luxo, 

dinheiro.

B) Jornal:   Bolsa­família,   vagas   nas   escolas,   assalto,   violência,   insegurança, 

analfabetismo.

Após o debate, a turma será divida em equipes para confeccionarem cartazes com 

desenhos representativos, que serão preenchidos por tirinhas coloridas contendo palavras 

que   expressarão   suas   opiniões,   sentimentos,   intolerâncias   e   esperanças.   Será   um 

momento  de   reflexão   sobre   como   podemos   adotar   práticas   sociais   para   amenizar   a 

desigualdade em nossa comunidade.

Pretende­se que a partir dessas atividades, os alunos se sintam motivados para o 

estudo do tema proposto.

Unidade II

           Depois da reflexão das questões pertinentes ao tema desigualdade social, e tendo 

despertado   o   interesse   dos  alunos  pela   temática,   passamos   para   próxima   etapa   do 

método. Os alunos serão convidados para audição da musica “O Meu Guri” de Chico 

Buarque de Holanda, depois serão solicitados a ouvirem a letra. Na sequência, lemos à 

letra   e   passaremos   a   discutir   as   impressões   nela   contida.   Após   as   discussões, 

convidaremos toda a turma para cantar. O mesmo procedimento será feito com a música 

“Rap da felicidade” de Cidinho e Doca. 

2º ENCONTRO

10

O Meu Guri Chico Buarque

O meu guri

Chico Buarque/1981

Quando, seu moço, nasceu meu rebento

Não era o momento dele rebentar

Já foi nascendo com cara de fome

E eu não tinha nem nome pra lhe dar

Como fui levando, não sei lhe explicar

Fui assim levando ele a me levar

E na sua meninice ele um dia me disse

Que chegava lá

Olha aí

Olha aí

Olha aí, ai o meu guri, olha aí

Olha aí, é o meu guri

E ele chega

Chega suado e veloz do batente

E traz sempre um presente pra me encabular

Tanta corrente de ouro, seu moço

Que haja pescoço pra enfiar

Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro

Chave, caderneta, terço e patuá

Um lenço e uma penca de documentos

Pra finalmente eu me identificar, olha aí

Olha aí, ai o meu guri, olha aí

Olha aí, é o meu guri

E ele chega

BUARQUE, Chico. Meu Guri. Disponível em: < http://www.vagalume.com.br/chico­buarque/o­meu­guri.html#ixzz1PT4VBRmi> Acesso em 15 jun. 2011.

Rap da Felicidade Cidinho e Doca

11

Eu só quero é ser feliz

Andar tranqüilamente

Na favela onde eu nasci

É... 

E poder me orgulhar

E ter a consciência 

Que o pobre tem seu lugar

Fé em Deus DJ

Eu só quero é ser feliz

Andar tranqüilamente 

Na favela onde eu nasci

É... 

E poder me orgulhar

E ter a consciência 

Que o pobre tem seu lugar

Mas eu só quero

É ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz

Onde eu nasci

Ham

E poder me orgulhar

E ter a consciência

Que o pobre tem seu lugar

Minha cara autoridade eu já não sei o que fazer

Com tanta violência eu sinto medo de viver

Pois moro na favela e sou muito desrespeitado

A tristeza e alegria que caminham lado a lado

Eu faço uma oração para uma santa protetora 

Mas sou interrompido a tiros de metralhadora

Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela

12

O pobre é humilhado, esculachado na favela

Já não aguento mais essa onda de violência

Só peço autoridades um pouco mais de competência.

Cidinho   ­   Doca.  O   Rap   da   Felicidade.   Disponível   em:   <   http://www.vagalume.com.br/mcs­cidinho­e­doca/rap­da­felicidade.html#ixzz1PNtvbHBX> Acesso em 14 jun. 2011.

Após ouvirem e refletirem sobre as músicas, será apresentado uma crônica, mais 

um gênero textual para aprofundamento sobre o tema.

           A crônica conta a história de dois amigos de infância que na fase adulta seguem 

rumos opostos em suas vidas. Mostra que ter identidade própria, descobrir quem somos é 

muito importante, e também ressalta a escola como fator que interfere positivamente na 

mudança na vida das pessoas. 

A crônica difere da notícia, e da reportagem porque, embora utilizando o jornal ou a 

revista   como   meio   de   comunicação,   não   tem   por   finalidade   principal   informar   o 

destinatário, mas reflete sobre o acontecido. Desta finalidade resulta que, neste tipo de 

texto, podemos ler a visão subjetiva do cronista sobre o universo narrado. Assim, o foco 

narrativo situa­se invariavelmente na 1ª pessoa.

Poeta do quotidiano, como alguém chamou ao cronista dos nossos dias, apresenta 

um discurso que se move entre a reportagem e a literatura, entre o oral e o literário, entre 

a narração impessoal dos acontecimentos e a força da imaginação. Diálogo e monólogo; 

diálogo com o leitor, monólogo com o sujeito da enunciação. A subjetividade percorre todo 

o discurso.

A crônica não morre depressa, como acontece com a notícia, mas morre, e aqui se 

afasta   irremediavelmente   do   texto   literário,   embora   se   vista,   por   vezes,   das   suas 

roupagens, como a metáfora, a ambiguidade, a antítese, a conotação, etc. 

A sua estrutura assemelha­se à de um conto, apresentando uma introdução, um 

desenvolvimento e uma conclusão.

13

Disponível em: <http://www.prof2000.pt/users/jmatafer/jornal/cronica.htm> Acesso em: 12 jul. 2011.

 

BANDIDOS E POLÍCIASMoacyr Scliar 

          

Os dois nasceram e se criaram na favela, os dois eram amigos e brincavam juntos 

e a brincadeira predileta era a de bandido e polícia. O problema sempre havia sido quem 

seria o que; a julgar pela televisão, o bonito era ser polícia, mas ali na favela eles não 

estavam certos disto. Ao contrário, os traficantes, os bandidos, muita vezes ajudavam a 

gente pobre. Por outro lado, eles viam tevê e na tevê, sim, os bandidos eram bandidos e 

os policiais eram policiais.

Por   fim,  decidiram entregar  a  questão  à   sorte;  era  no  par   ou   ímpar  que  eles 

decidiam quem representaria a transgressão. Nos tiroteios imaginários às vezes morria 

um, às vezes morria outro; eram amigos o bastante para aceitar o sacrifício em nome da 

lealdade.

Apesar  de   tudo  a  vida  acabou  por  separá­los.  Um deles  conseguiu   frequentar 

escola, aprendeu alguma coisa, e acabou — talvez lembrando as brincadeiras da infância 

—  entrando na polícia. O outro não quis estudar, arranjou um biscate aqui, outro ali, e 

terminou —  talvez lembrando as brincadeiras da infância —  juntando­se a um bando de 

traficantes.  Dinheiro   fácil  de ganhar,  muita  gente andava em busca de droga,  era só 

assegurar o abastecimento.

Ele se vestia  bem,  tinha mulheres,   tinha carro,  não podia se queixar  da sorte. 

Contudo, havia algo que o perturbava: um sonho, que voltava sempre e sempre. Neste 

sonho,  ele  se  mirava no espelho.  De  repente,  a  sua própria   imagem saía,  avançava 

contra   ele,   tentava   estrangulá­lo.   Acordava   trêmulo,   banhado   de   suor.   Um   dia   este 

pesadelo vai me matar, murmurava, com a sensação de que algo estava para acontecer.

E aconteceu. Uma noite, um garoto veio correndo avisar o bando; a polícia estava 

invadindo a favela. É grana que eles querem, gritou o chefe, puxando a arma.

“Vão é levar chumbo!”

 Espalharam­se. Na escuridão, ele corria entre as casinholas quando de repente 

viu­se   diante   de   um   vulto.   Pára   aí,   gritou   uma   voz,   que   ele   imediatamente 

14

reconheceu, era o seu amigo de infância, o garoto com quem brincava na favela. 

Poderia   correr   para   ele,   gritando,   sou   eu   ,   cara,   o   teu   amigo  — mas   nesse 

momento lembrou­se do sonho, da ameaça que durante tanto tempo o perseguira. 

Não hesitou, disparou toda carga do revólver contra o policial, que caiu.

           Foi até ele. Agonizante, o amigo o reconheceu:

            “Quem é mesmo o polícia, quem é mesmo o bandido?”, foi sua última pergunta. 

Uma pergunta para a qual nenhum dos dois tinha resposta.

Texto extraído do livro: LOPES, Vera, LARA, Anésia. TUDO DÁ TRAMA. Belo Horizonte: Editora Dimensão, 1977. Pág.128.

Em seguida será proposta aos alunos uma discussão em grande grupo sobre os 

questionamentos:

• Pobreza gera violência?

• Quais são os problemas que levam algumas crianças ao roubo?

• Até que ponto os pais são responsáveis pelas atitudes dos filhos? E a sociedade 

também é responsável?

• O que é felicidade?

• A escola é um fator que pode realmente mudar a vida de alguém?

3º ENCONTRO

           Utilizando a TV Multimídia, o professor iniciará a sua aula com leitura de imagens de dois vídeos onde os alunos assistirão cenas chocantes da violência urbana em nosso país. 

A) Cidinho ­ Doca. História de Tito. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=cV9mUoZYen4&feature=related> Acesso em 04 ago. 2011.    

B) PENSADOR, Gabriel. Violência Urbana no Brasil. Disponível em< http://www.youtube.com/watch?v=lpnpYEdEC0Q.> Acesso em 04 ago. 2011. 

 

15

           A partir disso, o professor perguntará aos alunos se já presenciaram cenas como 

as dos vídeos e se a resposta for positiva, o professor pedirá aos alunos que relatem os 

fatos.

            Sugere­se uma nova atividade. A turma será dividida em dois grupos, sendo que 

o primeiro ficaria responsável em dramatizar a música “Rap da Felicidade” de autoria de 

Cidinho e Doca, estilo musical atual, de finalidade crítica e apreciada pela maioria da 

sala.  O mesmo acontecerá  com o outro grupo, com a música de grande sucesso de 

Chico Buarque de Holanda “O meu guri”.  Após despertar o gosto por essa atividade, os 

alunos perceberão que elas dialogam entre si.  Em  fase disso,  será  proposto que os 

alunos formem duplas e elaborem paródias das músicas estudadas.

4º ENCONTRO

           O professor pedirá aos alunos que socializem suas narrativas com a turma. Após 

as apresentações,  os alunos serão encaminhados ao  laboratório de  informática onde 

passarão  ao   trabalho  de  edição  de  seus   textos  no   computador.  Digitarão  e   farão  a 

revisão de questões relacionadas ao formato de sua produção, ortografia, pontuação e 

vocabulário.  Depois que  finalizarem sua produção,   imprimirão cópias para que sejam 

expostas no mural da escola. 

UNIDADE III

            Com o objetivo de sensibilizar os alunos, serão projetadas imagens do fotógrafo 

documental Sebastião Salgado denunciando a fome no mundo, que fotografa somente em 

preto­e­branco,  pois  entende que essa   técnica  concentra  a  emoção  e  permite  que  a 

imagem seja interpretada pelo o que ela é. 

5º ENCONTRO

16

Sebastião   Salgado.  Fome   em   preto   e   branco.   Disponível   em: <http://obviousmag.org/archives/2010/08/a_fome_em_preto_e_branco_­_sebastiao_salgado.html>   Acesso em 25 jun. 2011.

17

Sebastião   Salgado.  Continente   esquecido.   Disponível   em:   <http://topicos.estadao.com.br/fotos­sobre­sebastiao­salgado/salgado­registra­continente­esquecido765dfb15­ef15­4941­8d0f­ce957c69e232> Acesso em 25 jun. 2011. 

                              E a tela “Os Retirantes” de Cândido Portinari, (1903­1962), será outra leitura 

explorada.

           Professor é importante repassar aos alunos as informações abaixo:

           

Em 1942, durante a estadia em Nova Iorque, Portinari vê uma obra que o impressiona, 

Guernica. A guerra vista por Pablo Picasso, duma forma cubista e sem a utilização das 

cores. O mundo, nesta época, está em guerra. Da Europa não param de chegar relatos 

dramáticos. A morte está em todo o lado. E no Brasil, o sofrimento é  provocado pela 

natureza. O nordeste é atingido por grandes secas que trazem consequências gravosas 

para   os   camponeses.   Famílias   inteiras   fugiam   da   seca   do   nordeste   à   procura   de 

emprego. Estas cenas marcaram a vida do menino e do pintor. Percebe­se bem isto na 

obra “Os Retirantes”, onde o pintor expressa a degradação de uma parcela significativa 

de brasileiros trabalhadores e sofredores. 

18

PORTINARI.   Cândido.  OS   RETIRANTES.   Disponível   em:   < http://www.proa.org/exhibiciones/pasadas/portinari/salas/portinari_retirantes.html>Acesso em 27 jun. 2011.

                     Os   Retirantes,   produzidos   em  1944,   expõe  o   sofrimento   dos  migrantes 

representados por pessoas magérrimas e com expressão que transmitem sentimentos de 

fome e miséria. Fugiam dos problemas provocados pela seca, pela desnutrição e pelos 

altos   índices  de  mortalidade   infantil   no  nordeste.  Contribuíram para  essa migração  a 

desigualdade social, no nordeste.

                     A tela retrata nove pessoas desnutridas. Dois homens adultos, duas mulheres 

adultas, cinco crianças. Um homem mais  idoso. Uma mulher que segura uma criança 

transmite um olhar de angústia e desespero. A mulher mais jovem de cabelos longos e 

negros transmite um enorme desgosto que retrata seu sofrimento. Segura uma trouxa 

19

branca que supostamente é de roupas e no braço direito, uma criança recém nascida. Ao 

seu lado, o seu marido, chapéu na cabeça, com uma mão segura a criança e com a outra 

mão segura um pedaço de pau, com uma trouxa de roupa. Há duas crianças, sendo que 

uma delas é um menino, pois está com a genitália à mostra. E esta mesma criança possui 

um abdômen avantajado, enfatizando as questões do saneamento básico e água tratada. 

No céu, há vários pássaros pretos retratando a morte. O pintor aproxima um pássaro ao 

cajado formando o desenho de uma foice representando a morte. No chão há  grande 

quantidade de pedras e ossos, mostrando a grande pobreza.

           Após a exploração da leitura das imagens, extraindo a idéia da linguagem humana 

e social, partimos para outra atividade, onde será proposto que façam à releitura da obra 

ou das fotos, refletindo suas observações e opiniões do mundo em que vivemos.

           Solicitaremos a colaboração da professora de Arte, para a confecção das molduras 

dos trabalhos, quanto à sua estética, para a exposição na Galeria de Artes da escola. 

            Como tarefa de casa, pediremos aos alunos que registrem em seus cadernos a 

biografia da escritora Lygia Bojunga Nunes.

6º ENCONTRO

           A biografia da autora será explorada e a TV Multimídia será utilizada como suporte 

técnico.  Dando continuidade ao processo, será apresentado à sala de aula, como função 

social  da  literatura o  livro  intitulado  Tchau  (1984),  de Lygia Bojunga Nunes, contendo 

quatro contos inseridos; sendo que um deles é a narrativa O bife e a pipoca. Par iniciar a 

professora   colocará   o   título   no   quadro,   lançando   os   questionamentos:   qual   seria   o 

assunto abordado no conto e também quais seriam as relações entre as palavras “bife” e 

“pipoca”?

                     Após várias hipóteses levantadas pelos alunos, à professora, como forma de 

motivar a turma para a leitura, lerá as duas primeiras partes.

           Serão distribuídos exemplares do conto para a sala e se fará uma roda de leitura 

do mesmo.

20

           Professor, um resumo sobre o conto.

                     Este conto estrutura­se em torno de dois garotos, colegas de escola, Tuca e 

Rodrigo, personagens pertencentes à realidade oposta. Tuca é morador de favela com 

mais dez irmãos, sendo a irmã mais velha responsável por eles. Trabalha lavando carros 

para ajudar nas despesas da casa. Filho de mãe alcoólatra e de um pai que abandonou a 

família. Aluno bolsista de uma escola particular onde também estuda Rodrigo, menino rico 

e filho único de uma família estruturada nos moldes convencional, pai e mãe. Apesar das 

personagens   possuírem   realidades   tão   contrastantes,   tão  diferentes,   constrói­se  uma 

amizade   sincera   e   com   muitas   revelações,   que   transpõe   a   todas   as   dificuldades 

encontradas.

           A amizade dos meninos inicia, quando Rodrigo explica a matéria, ao colega, que 

está encontrando dificuldade na aprendizagem.

           O conto é dividido em dez partes. Algumas contam o cotidiano dos personagens e 

outras partes são cartas que Rodrigo escreve a Guilherme, amigo que se mudou para 

Pelotas, Rio Grande do Sul, contando as novidades da escola e de seu amigo: Tuca.

           E outras partes são situações constrangedoras para ambos, visto que a realidade 

de cada um é muito diferente. 

                     Certo dia, Tuca convida o amigo para visitar a favela para comer pipoca, em 

retribuição   ao   convite,   Rodrigo   propõem   que   primeiro   almocem   juntos   em   seu 

apartamento e depois subirem o morro. É neste momento em que se percebe nitidamente 

a distância entre suas realidades. Ao chegar ao apartamento, Tuca vê a suntuosidade do 

ambiente e fica muito nervoso que deixa cair o bife no tapete. Em sua visita Rodrigo 

depara com a mãe do colega embriagada e trancada em um quarto. Episódio que gera 

conflito e encerra a amizade. Mas ao final do conto, o retorno do relacionamento amistoso 

em uma pescaria onde Tuca ensina Rodrigo a pescar. 

                     A autora expõe temas que intrigam o leitor: desigualdade social, alcoolismo, 

trabalho infantil, abandono dos filhos pelos pais. É uma narrativa que desperta na criança 

ou no adolescente o gosto pela leitura. É uma leitura instigante, provocativa envolvendo o 

leitor a uma realidade tão próxima a de muitas crianças de nosso país.

21

       O que é um conto?

É um texto curto que pertence ao grupo dos gêneros narrativos ficcionais. Caracteriza­se 

por ser condensado, isto é, por apresentar poucas personagens, poucas ações e tempo e 

espaço reduzidos.       

CEREJA. William Roberto; MAGALHÃES. Thereza Cochar.  Português: Linguagens.   São Paulo: Atual, 1998. 

7º ENCONTRO

O professor iniciará a sua aula conversando com os alunos sobre a frequência com 

que suas famílias leem ou escrevem cartas. Após os comentários, o professor pedirá a 

eles que leiam à carta que Rodrigo envia ao amigo Guilherme, onde relata sua angústia 

quando rompe a amizade com Tuca, extraída do conto “O bife e a pipoca”. 

Ao término da leitura da carta, o professor estimulará os alunos a tecer comentários 

a respeito do assunto e das inferências contidas na correspondência.    

Será   solicitado   aos   alunos   que   respondam   à   carta   enviada   ao   personagem 

Guilherme.

Professor,  não se esqueça de mostrar aos alunos os elementos presentes em 

todas as cartas: remetente, destinatário, local e data, evocação e desfecho.

                     Carta de amigo

Guilherme

Depois que você foi morar aí no Rio grande do Sul eu fiquei sabendo que

é uma coisa muito chata a gente viver sem um maior amigo por perto.

Mas aí apareceu o Tuca.

E sentou no mesmo lugar que você sentava.

E foi por causa dele que eu fiquei sabendo que eu quero ser professor.

E a gente ficou amigo.

22

E ele não tem pai nem ninguém pra ser transferido pro Sul.

Eu comecei a achar que a nossa amizade ia durar.

Mas não durou: hoje a gente brigou.

E o pior é que eu não entendi por quê.

Foi lá na favela onde ele mora.

E eu tive que descer aquele morro todinho assim: sem entender mais

nada.

Sem entender por que o Tuca, de repente, ficou com tanta raiva de

mim.

Sem entender por que aquele mundo de gente não pode viver feito à

gente e tem que viver lá na favela do jeito horrível que eles vivem.

Sem entender por que, com tanto colega na classe, foi logo acontecer

de eu ficar amigo é do Tuca.

E aí se acabou: não fiquei mais numa boa. Pra ser franco, eu fiquei na

pior.

Achei que só você ia me entender, por isso eu estou te escrevendo.

Mas já estou começando a achar que nem você vai compreender.

Paciência: vou mandar a carta assim mesmo.

Rodrigo

Após, os alunos serão convidados a socializarem suas cartas com a sala de aula, 

para que todos reflitam sobre a importância da amizade. Como a perda de amigos nos 

entristece e uma amizade sincera nos fortalece nas batalhas da vida. 

            Será exposto no pátio da escola um painel com formato de saquinho de pipocas, 

onde as cartinhas ficarão à mostra para apreciação de toda a escola.

           Como tarefa para o próximo encontro, será solicitada aos alunos que registrem em 

seus cadernos a biografia de Mark Twain. 

                     

           

UNIDADE IV

23

8º ENCONTRO

                     Para iniciar esta unidade, será abordada com os alunos a biografia do grande 

romancista americano solicitada como tarefa de casa. 

                     Mark Twain (1835­ 1910), que na verdade se chamava Samuel Langhorne 

Clemens.   Seu   pseudônimo   está   relacionado   com   a   profundidade   das   águas   do   rio 

Mississipi “marca de duas braças”. Foi o precursor do realismo norte­americano. Seus 

livros retratavam as paisagens, as peculiaridades e o folclore de seu povo. Twain teceu 

uma crítica bem humorada da sociedade da época. Extensa é a lista de obras publicadas 

por ele:  As aventuras de Tom Sawyer (1876), O príncipe e o mendigo (1882), Vida no  

Mississipi (1883), Um ianque na corte do Rei Arthur (1889), O Homem que Corrompeu 

Hadleyburg (1900) e muitas outras.

           O livro “O príncipe e o mendigo” (1882), foi o primeiro romance histórico de Twain. 

O autor escolheu como herói dessa história, o príncipe de Gales, Eduardo VI Tudor. No 

livro percebe­se uma crítica à rígida educação inglesa. As crianças eram criadas como 

pequenos   adultos,   com   muitos   compromissos   e   responsabilidades.   Educadas   para 

representar a nobreza. Twain valorizava a  infância e o seu modo particular de ver as 

coisas,   pregava   liberdade   à   criança.   Sua   obra   apresenta   um   conjunto   de   situações 

políticas, sociais, econômicas e culturais que são apresentadas pelas suas personagens e 

colocadas em discussão, através da visão crítica e realista apresentando características 

próprias, respeitando o mundo infantil integrada num contexto social e cultural surgindo na 

criança julgamento provocado pela linguagem crítica e realista da obra literária.

           Twain pensou em agradar à querida filha Susie e acertou em cheio ao escrever “O 

príncipe e o mendigo”. O livro possui todas as características de uma aventura dramáticas 

até  o seu final  emocionante. A historia  focaliza dois meninos  idênticos que trocam de 

roupa e de vida. Um, Edward Tudor, passando de príncipe de Gales para a mais completa 

pobreza e o outro, Tom Canty, um mendigo, que tomará decisões que envolvem milhares 

de vidas. Ao morrer o rei Henrique VIII,  a situação dos dois meninos poderá  tornar­se 

24

imutável.   Mas   ao   final   da   história,   os   dois   garotos   retomam   as   suas   verdadeiras 

identidades e o rei legítimo, Edward é coroado. 

           Será dado um prazo para que os alunos leiam este livro. Como a narrativa possui 

muitos   detalhes   do   século   XVI,   a   interdisciplinaridade   com   a   disciplina   de   História 

ampliará os conhecimentos e situações da época, na parte econômica, artística, religiosa 

do reinado de Henrique VIII. 

9º ENCONTRO

 

                     Após a leitura do livro, será utilizada mais uma ferramenta tecnológica, o Data 

show para a exibição do filme “O príncipe e o mendigo”, com duração aproximadamente 

de 129 min. Através do  filme, o professor ensina estratégias de  leitura,  e aplicam ao 

mesmo tempo, atividades que promoverão habilidade de interpretação e o despertar do 

gosto pela leitura. 

10º ENCONTRO

 

                     Neste momento, o professor pedirá  que a turma forme um círculo para que 

atividade lúdica seja aplicada, estimulando raciocínio lógico e o prazer pelo conhecimento. 

A dinâmica de grupo “fio condutor” estabelece que o material utilizado seja confeccionado 

pelo professor, onde vários fios de lã, de medidas diferentes, uns 50 cm, 80 cm outras 

com até 1m, muitas cores, serão emendados uns aos outros, formando um novelo. 

           A professora iniciará a história desenrolando o novelo e quando mudar a cor da lã 

transfere­se a outro narrador da história. Será uma estratégia utilizada para avaliar como 

procedeu a leitura do livro “O príncipe e o mendigo”, constatando através da participação 

o grau de interesse e curiosidade pela obra citada.

            Aproveitando a história da amizade e camaradagem dos personagens Edward e 

Tom,   os   alunos   participarão   de   atividade   reflexiva   e   confeccionarão   frases   para   a 

ornamentação do pátio da escola sobre o questionamento: 

25

“Se você fosse um príncipe ou uma princesa, o que faria para transformar a vida de 

um amigo”?

UNIDADE V

           O professor poderá sugerir a leitura de outras obras relacionadas ao tema: 

11º ENCONTRO 

1­ CUNHA. Marcelo Carneiro da, Antes que o mundo acabe.

           Daniel é um garoto normal, com uma vida normal. Tem uma namorada chamada 

Mim, e o Lucas é o seu melhor amigo. Mora com sua mãe e o padrasto, Antônio. Só que 

certo dia, uns envelopes começam a chegar, mudando a vida de todos. Os envelopes 

vêm de um fotógrafo e têm coisas para contar e mostrar.

  

2­ AMADO. Jorge, Os Capitães de areia.

 

               O romance Capitães de areia trata­se um grupo de crianças abandonadas, que 

vivem num trapiche no areal do cais de Salvador. O grupo é liderado por Pedro Bala, é 

composto por meninos que vivem às margens das convenções, praticam pequenos furtos 

para  sobreviverem.  Tornam­se  homens  muito   cedo.  Possuem vida   sexual,   roubam e 

enfrentam a polícia. Mas apesar disso, são meninos cheios de sonhos e heróis ao lutarem 

por justiça, dignidade e liberdade.

3­ DUMAS. Alexandre, O homem da máscara de ferro.

           O romance conta que a França estava sobre o reinado de Luís XIV, um monarca 

vaidoso e autoritário. Aramis ex­mosqueteiro do rei Luís XIII, pretendia livrar o país da 

tirania do herdeiro do trono. Ajudado por seu amigo Porthos, ele planejou a substituição 

26

de   Luís   XVI   por   Filipe,   seu   irmão   gêmeo.   Entretanto   Fouquet,   súdito   leal   ao   rei,   e 

D’Artagnan, capitão dos mosqueteiros, impediram o sucesso do plano. 

  

4­ GREEN. Roger Lancelyn, Robin Hood.

 

           Robert Fitzooth, filho de uma nobre normanda e de um nobre saxão, está prestes a 

casar com Marian quando recebe voz de prisão: sua identidade secreta fora descoberta. 

R era o sabotador que chefiava o bando de fora­da­lei que se refugiava na floresta de 

Sherwood,   na   Inglaterra.  Fiel   ao  Rei  Ricardo   I,  Coração  de  Leão,   que  partira   numa 

cruzada e desaparecera. Fitzooth era visto com desconfiança por João, irmão do rei, que 

usurpava o trono na ausência de Ricardo e pretendia a mão de Marian. A partir da voz de 

prisão, tem inicio uma serie de aventuras do herói que roubava dos ricos para distribuir 

aos pobres, e personificaram o ódio dos camponeses contra a opressão, a injustiça e a 

miséria. 

12º ENCONTRO

Será realizado um Café colonial para encerramento do projeto com apresentações 

das   paródias   pelos   alunos.   A   sala   será   ornamentada   com   mural   expondo   trabalhos 

produzidos neste período. Ocorrerá, também, um bingo literário e a cartela será um livro 

de   literatura,  concorrendo a  um prêmio ofertado pelo  Banco do Brasil.  Todo material 

adquirido   será   doado   à   biblioteca   da   escola.   Serão   convidados   a   participar   os 

professores, diretores, equipe pedagógica, APMF e os pais.  

AVALIAÇÃO

  

No Método Recepcional o leitor é o ponto principal e verifica­se que só obterá êxito, 

a partir do momento em que os alunos se sintam motivados e seguros a novas leituras, 

superando seus horizontes e expectativas. O método parte do próprio conhecimento dos 

alunos e a leitura literária tende a ficar cada vez maior quando o aluno é capaz de analisar 

27

textos literários nas entrelinhas. A literatura será  valorizada, à  medida que sua função 

formativa e o seu poder de formar cidadãos críticos e reflexivos se efetivem.

   REFERÊNCIAS                 AMADO. Jorge, Os Capitães de Areia. Rio de Janeiro: Record, 2004.

ANTUNES,   Irandé.  Aula   de   Português:  encontro   e   interação.   São   Paulo:   Parábola Editorial, 2003.

BORDINI,   Maria   da   Glória;   AGUIAR,   Vera   Teixeira   de.  A   Formação   do   Leitor: alternativas metodológicas. . Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.

BUARQUE,   Chico.  Meu   Guri.   Disponível   em:   <   http://www.vagalume.com.br/chico­buarque/o­meu­guri.html#ixzz1PT4VBRmi> Acesso em: 15 jun. 2011.

CEREJA.   William   Roberto;   MAGALHÃES.   Thereza   Cochar.  Português:   Linguagens. São Paulo: Atual, 1998. CIDINHO & DOCA.  História de Tito  Disponível  em: <  http://www.youtube.com/watch?v=cV9mUoZYen4&feature=related> Acesso em 04 ago.2011

CIDINHO   &   DOCA.  O   Rap   da   Felicidade.   Disponível   em:   < http://www.vagalume.com.br/mcs­cidinho­e­doca/rap­da­felicidade.html#ixzz1PNtvbHBX> Acesso em: 14 jun. 2011.

CUNHA. Marcelo Carneiro da, Antes que o Mundo Acabe. Porto Alegre: Editor Projeto, 2000.

Desigualdade   Social.   Disponível   em:   <  http://www.youtube.com/watch?v=tLHBHjOij3k&feature=related> Acesso em: 13 jun. 2011.

Duas   Classes...   Duas   Vidas.   Disponível   em:   <   http://www.youtube.com/watch?v=Fk6ud_dua7M&NR=1&feature=fvwp > Acesso em: 13 jun. 2011.

DUMAS. Alexandre, O Homem da Máscara de Ferro. São Paulo: Scipione, 2002.Ensinar e aprender: volume 1 ­ Material produzido pelo CENPEC para O Projeto Correção de Fluxo da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 1988.

AVANSINI.   Caroline.  Segunda   Geração   dos   Excluídos.  Reportagem.   Londrina   PR, Folha de Londrina, domingo, 24 abr. 2011.

28

GREEN. Roger Lancelyn, Robin Hood. São Paulo: Scipione, 2001.  

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina.  A Formação da Leitura no Brasil.  São Paulo: Editora Ática, 2009.

LOPES, Vera; LARA, Anésia. Tudo dá Trama. Belo Horizonte: Editora Dimensão, 1977.

NUNES, Lygia Bojunga. Tchau. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2008. 

OLIVEIRA,  Apoliana.  Grupo   é   Responsável  por  Arrastões  e  Costumam  Agir   nos Bairros   da   Zona   Nobre   da   Capital.  Notícia.   Teresina   PI.   Disponível   em:   < http://180graus.com/geral/bando­de­jovens­de­classe­alta­e­investigado­na­zona­leste­411567.html> Acesso em 10 jun. 2011.

O Príncipe e o Mendigo (filme). Downloaded from www. Allsubs.org. Legendas feitas por Bebef www. Titrari. ro. 129 min.

PENSADOR, Gabriel. Violência Urbana no Brasil. Disponível em< http://www.youtube.com/watch?v=lpnpYEdEC0Q.> Acesso em 04 ago. 2011. 

PARANÁ,   Secretaria   de   Estado   da   Educação.  Diretrizes   Curriculares   de   Língua Portuguesa para Educação Básica. Curitiba: SEED, 2008.

PORTINARI.   Cândido.  Os   Retirantes.   Disponível   em: <http://www.proa.org/exhibiciones/pasadas/portinari/salas/portinari_retirantes.html> Acesso em: 27 jun. 2011.

TWAIN, Mark. O Príncipe e o Mendigo. São Paulo: Scipione, 1998 ­ (Série Reencontro).