universidade estadual de santa cruz daniele de · pdf filede toxoplasma gondii através...

55
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE SANTANA ROCHA IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DE Toxoplasma gondii EM LEITE DE OVELHAS CRIADAS NO SUL DA BAHIA ILHÉUS - BAHIA 2013

Upload: voque

Post on 01-Feb-2018

219 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

DANIELE DE SANTANA ROCHA

IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DE Toxoplasma gondii EM LEITE DE OVELHAS

CRIADAS NO SUL DA BAHIA

ILHÉUS - BAHIA

2013

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

DANIELE DE SANTANA ROCHA

IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DE Toxoplasma gondii EM LEITE DE OVELHAS

CRIADAS NO SUL DA BAHIA

ILHÉUS – BAHIA

2013

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de

Santa Cruz como exigência para obtenção do título de

Mestre em Ciência Animal.

Área de concentração: Ciência Animal

Orientador: Prof. Dr. George Rego Albuquerque

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

iii

DANIELE DE SANTANA ROCHA

IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DE Toxoplasma gondii EM LEITE DE OVELHAS

CRIADAS NO SUL DA BAHIA

Ilhéus – BA, 29/07/2013

_______________________________________

George Rego Albuquerque – DSc

DCAA/UESC

_______________________________________

Alexandre Dias Munhoz – DSc

DCAA/UESC

_______________________________________

Walter Flausino – DSc

DPA/UFRRJ

ILHÉUS – BAHIA

2013

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

iv

R672 Rocha, Daniele de Santana.

Identificação molecular de Toxoplasma gondii em leite de ovelhas criadas no sul da Bahia / Dani- ele de Santana Rocha. – Ilhéus, BA: UESC, 2013. xv, 54f. : il.; anexos. Orientador: George Rego Albuquerque. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Inclui referências.

1. Ovelhas – Doenças - Bahia. 2. Leite – Con- taminação. 3. Sorologia veterinária. 4. Toxoplas- mose. 5. Reação em cadeia de polimerase. I. Título. CDD 636.31

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

v

“Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém.”

(Romanos 11:36)

“Senhor não quero que os meus olhos percam o brilho do primeiro amor por Ti.”

(Aline Barros)

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

vi

AGRADECIMENTOS

O primeiro agradecimento faço ao Senhor, por sempre estar me abençoando e

proporcionando saúde e sabedoria para trilhar caminhos que me farão chegar

onde desejo. Cada vitória agradeço a Ti. ''Aquele que não ama não conhece a

Deus; porque Deus é amor" (1 João 4:8)

Aos meus pais Ivanete Cirilo de Santana e Vanderlino de Souza Rocha pela

educação, formação do caráter, além do apoio, da confiança, torcida e orações.

Em especial à minha mãe por segurar a minha mão até os dias de hoje.

Ao meu sobrinho Samuel Cerqueira Rocha, por todos os sorrisos,

demonstrações de amor e por fazer de mim seu porto seguro. Por sua vida,

que fortalece os meus dias e me faz querer ser exemplo de vitória e boa

conduta. Por despertar em mim um amor que eu ainda não sabia que seria

possível existir, e por tamanha cumplicidade.

Ao meu irmão Danilo de Santana Rocha e minha cunhada Ana Mara Cerqueira

Rocha por me darem o melhor presente que recebi na vida. Além das orações,

torcida, vibração e apoio.

À Marly Santos Silva, pela torcida e orações. E por ter me dado o prazer de ter

uma irmã, Ana Cecília.

À minha família pelo carinho e atenção, e pelas reuniões em que eu pude estar

presente.

Ao meu orientador Professor Dr. George Rego Albuquerque, por TUDO. Pela

confiança no meu desempenho, por apostar em mim e me proporcionar

diferentes trabalhos e aprendizados. Pela atenção e cobrança que me fizeram

crescer profissionalmente todos os dias. Obrigada por ser um pai acadêmico e

nunca me deixar desamparada.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

vii

Ao Prof. Alexandre Dias Munhoz, por toda ajuda, esclarecimento e

preocupação com o meu trabalho.

Aos meus amigos acadêmicos, que SEMPRE torceram por mim, me

incentivaram, ensinaram e contribuíram para o meu crescimento, além do

companheirismo, alegria e respeito. Em especial Luciana Guimarães, Rodrigo

Bezerra, Carlos Mendonça, Valter Almeida, Fábio Carvalho, Mônia Souza,

Hannah Thame, Joana Oliveira e Luciana Teixeira.

A Roberta Moura, por sua amizade, pela alegria nos trabalhos e pela

contribuição e ajuda na condução desse trabalho.

Aos meus amigos “de casa”, por compreenderem os momentos de ausência,

pela amizade verdadeira e extremamente sincera que sempre proporcionaram

a mim. Especialmente Juliana Silveira e Elionay Senna.

Aos bolsistas de Iniciação Científica, que foram os melhores que alguém

poderia ter tido no Mestrado, por toda ajuda, disponibilidade e interesse em

participar e colaborar com esse trabalho. A ajuda de Pedro Alcântara, Taiane

Dórea, Emilli Anjos, Luana Nogueira e Michele Brito foi de extrema importância.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, pela disponibilidade e

prestação de serviços durante todo o curso. Em especial, Eduardo Góes Viana.

Aos funcionários do Hospital Veterinário, pelo apoio, carinho, pela paciência e

atenção. Em especial, Joilson, Josiene, Fabiana e Luana.

À Müller Ribeiro Andrade e Luis Fernando Pita Gondim, pela colaboração no

final da execução desse trabalho.

À Sofia Aline Amaral, pela companhia no laboratório e nos momentos de lazer,

pela troca de experiências no trabalho e na vida e por toda ajuda.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

viii

Aos proprietários das fazendas estudadas por terem acreditado na importância

deste projeto e disponibilizarem alguns animais para estudo, permitindo a

realização da coleta de sangue e leite de suas ovelhas, material utilizado para

a realização deste trabalho.

Aos animais que fizeram parte desse trabalho, por possibilitar a ocorrência do

mesmo. Meu respeito e gratidão eterna.

Muito obrigada!

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

ix

IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DE Toxoplasma gondii EM LEITE DE OVELHAS

CRIADAS NO SUL DA BAHIA

RESUMO

Objetivou-se com o presente trabalho verificar a possibilidade de eliminação de DNA

de Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na região

Sul da Bahia e correlacionar com os estágios agudo e crônico da infecção pelo

protozoário. Para este fim foram utilizadas 185 ovelhas lactantes, criadas

extensivamente em 13 propriedades, distribuídos em seis municipios. Foi utilizada a

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para a pesquisa de DNA de T. gondii nas

amostras de leite. Para a detecção de anticorpos anti-T. gondii IgM e IgG, foi utilizado

o Teste de Hemaglutinação Indireta (HAI) e Reação de Imunofluorescência Indireta

(RIFI), respectivamente, ambos com ponto de corte de 1:64. Foi possível determinar a

presença de DNA do parasito em 9,7% (18/185) dos animais estudados. Anticorpos

IgM e IgG anti-T. gondii estavam presentes na proporção de 18,3% (34/185) e 31,9%

(59/185), respectivamente. Houve correlação entre a eliminação do protozoário no leite

e a presença de IgM em 16,7% (3/18) e de IgG em 38,9% (7/18), e não houve

associação em 44,4% (8/18) dos animais analisados. A elevada ocorrência de

soropositivos e presença do parasito no leite, permite concluir que o parasito está

presente na população ovina do sul da Bahia, e existe a possibilidade de infecção

através do consumo de leite in natura.

Palavras-chave: Leite. Ovelha. PCR. Sorologia. Toxoplasmose.

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

x

MOLECULAR IDENTIFICATION OF Toxoplasma gondii IN EWE’S MILK

RAISED IN THE SOUTHERN BAHIA

ABSTRACT

This study aimed to verify the possibility of elimination of Toxoplasma gondii DNA in

milk of naturally infected sheep in southern Bahia region and correlate with the acute

and chronic stages of infection by the protozoan. For this purpose were utilized 185

lactating ewes, raised extensively in 13 properties located in six municipalities.

Polymerase Chain Reaction ( PCR ) was used for the detection of T. gondii DNA in

milk samples and for the detection of anti-T . gondii IgM and IgG was used the indirect

hemagglutination test ( IHA) and Immunofluorescence Assay (IFA ), respectively, both

with a cutoff 1:64. It was possible to determine the presence of parasite DNA in 9.7%

(18 /185) of the animals studied. IgM and IgG antibodies anti -T. gondii were detected

18.3 % (34 /185) and 31.9 % (59 /185), respectively. There was a correlation between

the elimination of the parasite in the milk and the presence of IgM in 16.7 % ( 3/18 )

and IgG in 38.9 % ( 7/18 ) , and no association was verified in 44.4% ( 8/18 ) of animals

analyzed . The high occurrence of seropositive and presence of the parasite in milk

allows the conclusion that the parasite is present in the sheep population of southern

Bahia, and there is the possibility of infection through the consumption of fresh milk.

Keywords: Milk. Ewes. PCR. Serology. Toxoplasmosis.

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1. Esquema da estrutura celular de Toxoplasma gondii com

suas organelas (AJIOKA et al., 2001) ..................................

19

2. Taquizoíto de T. gondii em células de exsudato peritoneal

de um camundongo (DUBEY et al., 1998) ...........................

20

3. Esquema de divisão assexuada de T. gondii por

endodiogenia (modificado de FERGUSON et al., 2009) .....

20

4. Cisto tecidual de T. gondii em cérebro de camundongo,

contendo centenas de bradizoítos (DUBEY et al., 1998).....

21

5. Diferença morfológica entre taquizoíto (esquerda) e

bradizoíto (direita) de T. gondii (modificado de DUBEY et

al, 1998) ...............................................................................

22

6. Oocistos de T. gondii. (A) Oocisto não esporulado. (B)

Oocisto esporulado com dois esporocistos (setas indicam

a presença de quatro esporozoítos no esporocisto da

direita) (DUBEY et al., 1998) ...............................................

23

7. Ciclo biológico de T. gondii (modificado de DUBEY et al.,

1998) ....................................................................................

25

8. Rebanho ovino da raça Santa Inês e SRD .......................... 32

9. Coleta de sangue de ovelha mediante punção da veia

jugular externa .....................................................................

33

10. Resultado para a presença de DNA de Toxoplasma gondii

através da PCR. (MM) Marcador molecular; (POS)

Amostras positivas; (NEG) Amostras negativas; (CN)

Controle negativo; (CP) Controle positivo ............................

36

11. Resultado para anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii

através da RIFI. (A) Animal soronegativo para a diluição

1:64; (B) Animal soropositivos para a diluição testada ........

36

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

xii

12. Resultado para anticorpos IgM anti-Toxoplasma gondii

através do HAI. (A) Animal soropositivo para as três

diluições testadas (1:64; 1:128; 1:256); (B) Animal

soronegativo para ambas diluições testadas .......................

37

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

xiii

LISTA DE TABELA

Tabela Página

1. Pesquisas de anticorpos anti-Toxoplasma gondii em

ovinos no Brasil, nos últimos 10 anos ..................................

29

2. Distribuição da pesquisa de anticorpos IgG anti-

Toxoplasma gondii em ovelhas lactantes nos municípios

no sul da Bahia ....................................................................

37

3. Distribuição da pesquisa de anticorpos IgM anti-

Toxoplasma gondii em ovelhas lactantes nos municípios

no sul da Bahia ....................................................................

37

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

xiv

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

DNA Ácido Desoxirribonucléico

ELISA “Enzyme Linked Imuno Sorbent Assay”

HAI Hematoaglutinação

IgG Imunoglobulina G

IgM Imunoglobulina M

IFI Imunofluorescência Indireta

LAT Teste de Aglutinação em Látex

MAT Teste de Aglutinação Modificada

PBS Solução Fosfato Salina

PCR Reação em Cadeia da Polimerase

RIFI Reação de Imunofluorescência Indireta

rpm rotações por minuto

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

xv

SUMÁRIO Pág.

Resumo............................................................................................... viii

Abstract.............................................................................................. ix

Lista de figuras .................................................................................. x

Lista de tabela ................................................................................... xii

Lista de abreviações e siglas........................................................... xiii

1. INTRODUÇÃO………….……………………………………………… 16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..………………………………………... 18

2.1. Histórico de Toxoplasma gondii .......................................................... 18

2.2. Morfologia e biologia de Toxoplasma gondii ....................................... 18

2.2.1. Taquizoítos........................................................................................... 19

2.2.2. Bradizoítos .......................................................................................... 21

2.2.3. Oocistos ............................................................................................. 22

2.3. Ciclo biológico de Toxoplasma gondii.................................................. 23

2.4. Transmissão de Toxoplasma gondii..................................................... 25

2.5. Presença de Toxoplasma gondii no leite ............................................. 26

2.6. Toxoplasmose em ovinos .................................................................... 27

2.6.1. Distribuição da toxoplasmose ovina .................................................... 28

2.6.2. Patogenia da toxoplasmose ovina ....................................................... 28

2.6.3. Diagnóstico da toxoplasmose ovina .................................................... 30

3. OBJETIVOS ........................................................................................ 31

3.1. Objetivo geral ...................................................................................... 31

3.2. Objetivos específicos .......................................................................... 31

4. METODOLOGIA ............................................................................... 32

4.1. Área de estudo e período de coleta ................................................... 32

4.2. População de estudo e coleta de amostras ........................................ 32

4.3 Sorologia ............................................................................................. 33

4.3.1. Hemaglutinação Indireta (HAI) ........................................................... 33

4.3.2. Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) ................................... 34

4.4. Identificação genética do leite ............................................................. 34

4.4.1. Extração de DNA de amostras de leite ............................................... 34

4.4.2. Amplificação do DNA de Toxoplasma gondii por PCR ....................... 34

5. RESULTADOS .................................................................................... 36

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

xvi

6. DISCUSSÃO ....................................................................................... 38

7. CONCLUSÃO ..................................................................................... 41

REFERÊNCIAS ................................................................................... 42

ANEXOS ............................................................................................. 50

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

17

1. INTRODUÇÃO

A ovinocultura é uma atividade econômica explorada em todo o mundo,

sob as mais diversas características bioclimatológicas (LEITE, 2004). No Brasil

o rebanho ovino apresenta um pouco mais de 17 milhões de animais, sendo

que 57,2% do rebanho total concentra-se na região Nordeste com 10.112.726

milhões (BRASIL, 2011). Nessa região, a ovinocultura representa uma

alternativa para oferta de carne, leite e derivados, proporcionando melhores

condições de vida da população rural (LEITE; SIMPLICIO, 2005). Somado a

isso, a carne ovina apresenta sabor diferenciado e características nutricionais

desejáveis, como baixo teor de gordura e alto valor proteico, o que contribui

para o consumo e consequentemente a produção (CUENCA et al., 2008).

A Bahia é o segundo maior produtor nacional, com um efetivo de

3.072.176 ovinos (BRASIL, 2011). Após a crise da monocultura do cacau, a

ovinocultura surgiu como uma alternativa para diversificação e consorciação de

culturas agrossilvopastoris do sul da Bahia, revelando um crescimento nesse

setor (ALVARES, 2005). Entretanto, a produção desses animais no clima

quente e úmido também pode favorecer a ocorrência de adversidades tanto em

aspectos produtivos (NEIVA et al., 2004) e também sanitários (GUIMARÃES et

al., 2013), contribuindo para o aumento na incidência de enfermidades. Dessa

forma, é de importância os estudos sobre doenças que influenciam na

produtividade do rebanho, a exemplo da toxoplasmose.

Toxoplasma gondii é um protozoário que parasita diversos hospedeiros

animais e também humanos, causando toxoplasmose. Esse parasito já foi

relatado em diversos animais de produção (TENTER et al., 2000), como

suínos, ovinos, caprinos e aves, o que demonstra seu potencial de infecção

para a população humana através do consumo de carne contaminada crua ou

mal cozida. O leite in natura não está entre as principais vias de transmissão do

parasito para outros animais e seres humanos, porém já foi confirmado casos

de toxoplasmose humana através do consumo de leite não pasteurizado de

cabras (CHIARI; NEVES, 1984).

A presença de T. gondii no leite apesar de pouco descrita, tem sido

relatada em diversas espécies animais, tais como cabras (VITOR et al., 1991),

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

18

cadelas (BRESCIANI et al., 2001), gatas (POWELL et al., 2001) e camelas

(ISHAG et al., 2006).

A toxoplasmose ovina merece atenção especial por causar distúrbios

reprodutivos, tais como má formação fetal, nascimento de cordeiros fracos e

principalmente abortamentos (BUXTON et al., 2007), acarretando em um

impacto econômico. Estudos sobre a presença do parasito em leite de ovinos

são escassos, porém já foi detectado a presença de seu DNA em amostras de

animais naturalmente infectados (FUSCO et al., 2007; CAMOSSI et al., 2011),

demonstrando a possibilidade de ingestão através do consumo in natura.

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Histórico de Toxoplasma gondii

Toxoplasma gondii é um protozoário que foi encontrado e descrito quase

que concomitantemente em 1908 por Nicolle e Manceaux, na Tunísia enquanto

pesquisavam sobre leishmaniose em um roedor africano, o Ctenodactylus

gundi (NICOLLE; MANCEAUX, 1908 apud FERGUSON et al., 2009), e por

Splendore, no Brasil que o identificou em um coelho (Oryctolagus cuniculus)

(SPLENDORE, 1908). Ambos acreditaram se tratar de uma forma particular de

Leishmania. No ano seguinte, Nicolle e Manceaux notaram que haviam

descoberto um novo organismo e o denominou Toxoplasma gondii (NICOLLE;

MANCEAUX, 1909), baseado na sua morfologia (toxo = arco, plasma = forma)

e no hospedeiro encontrado.

A toxoplasmose humana foi relatada no Brasil na década de 20 por

Torres (1927 apud DUBEY et al., 2012), em uma criança de dois dias de idade

que apresentava espasmos musculares generalizado. A necropsia revelou

lesões correspondentes à infecção por T. gondii, tais como meningoencefalite,

miocardite e miosite, além da presença do parasito em cortes histológicos de

diversos órgãos.

Em ovinos, a toxoplasmose foi descrita primeiramente em 1942, por

Olafson e Monlux (DUBEY, 2008), e, desde 1954 T. gondii é descrito como

agente causador de problemas reprodutivos nessa espécie, especialmente

abortamentos (BUXTON, 1990). Esses prejuízos reprodutivos geram impactos

econômicos, e por esse motivo a toxoplasmose ovina merece destaque.

2.2. Morfologia e biologia de Toxoplasma gondii

Toxoplasma gondii é um parasito eucarioto intracelular que parasita

diversos tecidos, células nucleadas e líquidos orgânicos de diferentes animais

homeotérmicos (LEVINE, 1961; DUBEY, 1998), o que demonstra sua baixa

especificidade. Estruturalmente (Figura 1), apresenta organelas que exercem

diferentes funções, porém a presença de uma organela que auxilia na invasão

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

20

e manutenção na célula hospedeira, denominada roptria, o difere dos demais

protozoários (SMITH, 1995).

Figura 1. Esquema da estrutura celular de Toxoplasma gondii com suas

organelas (AJIOKA et al., 2001).

O mecanismo de invasão é rápido e ativo, pois dura alguns segundos e

tem início quando a porção anterior do parasito reconhece a célula hospedeira

e adere a esta com firmeza. Em seguida ocorre contração e protrusão do

conóide, promovendo a movimentação do parasito e secreção de micronemas

e outros produtos provenientes das roptrias. Após a invasão, todos esses

produtos permanecerão no vacúolo parasitóforo que o envolve e o protege

(MORISAKY et al., 1995; BLACK; BOOTHROYD, 2000).

Esse parasito apresenta três formas, potencialmente infectantes para

seus hospedeiros intermediários e definitivos: taquizoítos em colônias

celulares, bradizoítos contidos em cistos teciduais e esporozoítos em oocistos

esporulados (DUBEY et al., 1998).

2.2.1. Taquizoítos

Os taquizoítos (Figura 2) apresentam-se na forma de meia lua e medem

aproximadamente 2x6μm. São encontrados no período agudo da infecção, na

forma livre ou proliferativa dentro da célula hospedeira. Penetram na célula

pelo mecanismo de penetração ativa da membrana, tornando-se rodeado por

um vacúolo parasitóforo, que o envolve e protege dos mecanismos de defesa

do hospedeiro (DUBEY, 2004).

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

21

Figura 2. Taquizoíto de T. gondii em células de exsudato peritoneal de um

camundongo (DUBEY et al., 1998).

A multiplicação de taquizoítos ocorre de forma assexuada e de maneira

rápida por endodiogenia (Figura 3), ou seja, divisões binárias repetidas que

promovem a ruptura da célula hospedeira. Após um determinado número de

divisões, estes se diferenciam em bradizoítos (DUBEY, 2004).

Esta forma é muito sensível às condições ambientais, sendo facilmente

destruído fora do hospedeiro por desidratação e variações de osmolaridade,

além de apresentar também menor resistência à tripsina ou pepsina.

Taquizoítos são mortos por pasteurização e aquecimento (DUBEY, 1998;

TENTER et al., 2000). Desempenham papel importante na transmissão vertical

de T. gondii pela placenta, transfusão de sangue (TENTER et al., 2000), ou

pelo leite (CHIARI;NEVES, 1984).

Figura 3. Esquema de divisão assexuada de T. gondii por endodiogenia

(modificado de FERGUSON et al., 2009).

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

22

2.2.2. Bradizoítos

Depois de sucessivas divisões, taquizoítos diferenciam-se em

bradizoítos que formarão os cistos teciduais (Figura 4), se apresentam de

tamanho variável (5 a 70 μm) e podem conter centenas de bradizoítos (JONES;

DUBEY, 2010). Cistos crescem intracelularmente, tornam-se imunologicamente

inertes e permanecem se multiplicando lentamente por endodiogenia. Os

bradizoítos estão presentes em infecções crônicas e são também chamados de

cistozoítos (DUBEY, 1998; DUBEY, 2008).

Figura 4. Cisto tecidual de T. gondii em cérebro de camundongo, contendo

centenas de bradizoítos (DUBEY et al., 1998).

Bradizoítos diferem ligeiramente de taquizoítos pela localização do

núcleo que está situado na direção posterior final, enquanto que em taquizoítos

é centralizado (Figura 5), além de serem mais delgados e menos suscetíveis à

destruição pelas enzimas proteolíticas (DUBEY et al., 1998; DUBEY, 2004).

Cistos teciduais podem se desenvolver em diversos órgãos, incluindo

pulmões, fígado e rins, porém eles apresentam maior prevalência em olhos e

tecidos musculares e nervosos, incluindo musculaturas esquelética e cardíaca

e cérebro, devido ao acesso restrito de anticorpos a esses locais, e podem

persistir durante a vida do hospedeiro (DUBEY et al., 1998), ou ainda serem

transmitidos através do leite (PETTERSEN, 1984) .

Esta forma é relativamente resistente à digestão gástrica e mudanças de

temperatura permanecendo infeccioso sob refrigeração (1 a 4ºC) por até três

semanas e congelamento entre -1 e -8ºC por mais de uma semana. Porém,

muitos são inativados a temperaturas de -12ºC ou menor, por 24 horas e em

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

23

temperatura de aquecimento à 67ºC. Alguns cistos podem permanecer

infecciosos, se o processo de cozimento da carne for desigual, como por

exemplo, com o uso de microondas (DUBEY, 1998; TENTER et al., 2000).

Um estudo realizado por Warnekulasuriya et al. (1908) demonstra que o

procedimento comercial de cura não destrói todos os parasitos presentes na

carne, podendo permanecer alguns ainda viáveis. Dessa forma, os cistos são

importantes no ciclo de vida do T. gondii, pois hospedeiros carnívoros podem

ser infectados pela ingestão de carne infectada (DUBEY, 2008).

Figura 5. Diferença morfológica entre taquizoíto (esquerda) e bradizoíto

(direita) de T. gondii (modificado de DUBEY et al, 1998).

2.2.3. Oocistos

Os oocistos (Figura 6) são produtos da reprodução sexuada do parasito

em um processo denominado gametogonia, que ocorre no interior das células

do epitélio intestinal dos felídeos, os hospedeiros definitivos e se apresentam

de forma esférica, medindo aproximadamente 10 a 12 μm de diâmetro

(DUBEY, 2004). São excretados em milhões através das fezes (DUBEY, 1998)

sem potencial de infecção e no solo os oocistos sofrem um processo de

esporulação, que depende de temperatura, umidade e oxigenação favoráveis

para tornarem-se infectantes em até 21 dias. Oocistos esporulados contêm

dois esporocistos, com quatro esporozoítos cada (TENTER et al., 2000).

O período de eliminação de oocistos e a quantidade eliminada pelos

felídeos dependem da forma ingerida de T. gondii. No caso da ingestão de

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

24

taquizoítos ou oocistos o período pré-patente é maior, cerca de treze a dezoito

dias sendo que menos de 50% dos gatos eliminam oocistos, porém após a

ingestão de cistos teciduais ou bradizoítos, a eliminação ocorre entre três e dez

dias e quase todos os gatos eliminam oocistos (DUBEY, 2008; JONES;

DUBEY, 2010). Um único gato pode eliminar mais de 100 milhões de oocistos

no ambiente, isso ocorre principalmente após uma infecção primária por T.

gondii. A eliminação de oocistos após a reinfecção com T. gondii é rara, assim

como a re-eliminação pelo felino (DUBEY, 2004).

Os oocistos podem permanecer viáveis no ambiente em condições

favoráveis por até 18 meses, devido à presença de uma parede dupla, sendo,

portanto uma forma de resistência e de disseminação ambiental desse parasito

(TENTER et al., 2000).

Os oocistos são resistentes a agentes químicos e físicos da água,

aplicados atualmente nas estações de tratamento, incluindo a cloração, o

tratamento de ozônio e os raios ultravioletas (JONES; DUBEY, 2010). Oocistos

junto com as fezes dos gatos no ambiente podem contaminar água ou

alimentos e servir de fonte de infecção pós-natal dos animais herbívoros

durante a alimentação (da SILVA et al., 2006).

Figura 6. Oocistos de T. gondii. (A) Oocisto não esporulado. (B) Oocisto

esporulado com dois esporocistos (setas indicam a presença de quatro

esporozoítos no esporocisto da direita) (DUBEY et al., 1998).

2.3. Ciclo biológico de Toxoplasma gondii

Somente na década de 60, após a descoberta de que as fezes dos gatos

continham um estágio capaz de infectar hospedeiros intermediários, o ciclo de

vida de Toxoplasma gondii foi esclarecido. Posteriormente foi descoberto que

os estágios eram provenientes da reprodução sexual no intestino dos felídeos

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

25

(TENTER et al., 2000). Esse parasito possui ciclo de vida heteroxeno

facultativo (Figura 7) com duas fases distintas: a fase sexuada ou gametogonia

que ocorre exclusivamente no intestino de seus hospedeiros definitivos e a fase

assexuada que ocorre em quaisquer hospedeiros (DUBEY, 1998).

A gametogonia ocorre após sucessivas esquizogonias ou merogonias,

que originam cerca de cinco tipos morfologicamente distintos. Essa reprodução

enteroepitelial dará origem aos gametas masculinos e femininos no intestino

delgado dos felinos. O gameta masculino, denominado microgameta,

apresenta dois flagelos que permitem sua locomoção para penetrar o gameta

feminino ou macrogameta. Após fecundação, há a formação do ovo ou zigoto e

da parede do oocisto que, ao atingir a maturidade, rompe as células do epitélio

intestinal, sendo liberado para o meio ambiente junto com as fezes. No

ambiente ocorre esporogonia, multiplicação assexuada que torna o oocisto

infectante, contendo dois esporocistos com quatro esporozoítos cada (DUBEY;

FRENKEL, 1972; DUBEY, 1998).

O desenvolvimento extra-intestinal ou assexuado é composto de duas

fases. Na primeira, os taquizoítos realizam sucessivas endodiogenias gerando

duas células filhas, que rompem a célula mãe e se disseminam através do

sangue ou linfa pelo organismo do hospedeiro, caracterizando a fase aguda da

doença, que pode culminar com o aparecimento de sintomas clínicos. A

segunda fase ocorre nos taquizoítos de última geração, após o sistema imune

atuar no parasito, a partir daí o mesmo se refugia dentro das células por um

processo de diferenciação para bradizoítos, resultando na formação de cistos

teciduais. Dentro do cisto, estes se multiplicam lentamente por endodiogenia

permanecendo em estado de latência (DUBEY et al., 1998).

Apenas os felídeos exercem o papel de hospedeiros definitivos e

intermediários do parasito. Após serem ingeridos, cistos teciduais têm sua

parede digerida por enzimas proteolíticas do estômago e do intestino delgado,

liberando os bradizoítos, que penetram a lâmina própria do intestino e se

diferenciam em taquizoítos. Em algumas horas, T. gondii pode se difundir para

os tecidos extra-intestinais. Já os bradizoítos que permanecem nas células

epiteliais do intestino delgado se desenvolvem em várias gerações e depois

realizam a multiplicação sexuada (DUBEY, 2004).

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

26

Figura 7. Ciclo biológico de T. gondii (modificado de DUBEY et al., 1998).

2.4. Transmissão de Toxoplasma gondii

Existem duas vias principais de transmissão do parasito que podem

causar infecção por T. gondii e ocorrem com a participação das três formas

infectantes: a primeira via é a horizontal, através da ingestão de oocistos

esporulados presentes em água ou alimento contaminados, ou pela ingestão

de cistos teciduais encontrados em carne ou vísceras crua ou mal cozida; a

segunda via é a vertical, por taquizoítos circulantes através da placenta durante

a primo-infecção aguda materna (TENTER et al., 2000; DUNCANSON et al.,

2001).

Outras vias de transmissão de T. gondii podem ocorrer e, embora com

menor frequência, podem ser citadas e consideradas de importância:

transplante de órgãos ou medula, ocorrendo transferência do parasito para o

doador, ou reativação da infecção pela susceptibilidade, transfusão sanguínea

(TENTER et al., 2000), por via venérea (MORAES et al., 2010), ou através do

leite in natura (RIEMANN et al., 1975) com taquizoítos.

A infecção em humanos tem relação principalmente com o estilo de vida

do indivíduo, que representa um papel importante na forma como o parasito é

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

27

adquirido. Hábitos alimentares como consumo de carne crua ou mal cozida, ou

leite não pasteurizado aumentam as chances de ingestão de cistos teciduais e

taquizoítos, respectivamente tornando-se uma importante fonte de infecção,

enquanto que, para vegetarianos a maior fonte de infecção encontra-se em

legumes e vegetais contaminados com oocistos esporulados (FERGUSON,

2009).

2.5. Presença de Toxoplasma gondii no leite

A presença de T. gondii em leite tem sido questionada, pois até o

momento existem poucos estudos relacionados a esse tipo de transmissão.

Sabe-se que a prevalência da toxoplasmose é maior em animais mais velhos,

visto que estes possuem maior chance de contato com o parasito pelo tempo

de exposição (GUIMARÃES et al., 2013), a exemplo de fêmeas reprodutoras.

Animais lactantes podem eliminar o parasito através do leite na forma de

taquizoítos (CHIARI; NEVES, 1984) ou cistos teciduais (PETTERSEN, 1984), e

estes serem ingeridos pelos filhotes ou outros animais. Alguns parasitos podem

ser destruídos ao chegarem ao estômago, já outros podem penetrar a mucosa

oral (CHIARI; NEVES, 1984) e provocar a enfermidade e se desenvolver

formando cistos (DUBEY, 1998).

Na zona rural o leite e seus derivados são importantes fontes de

alimento e, na maioria das vezes, o seu consumo é realizado na forma não

pasteurizada (LEITE; SIMPLÍCIO, 2005), aumentando o risco de infecção por

T. gondii. Somado a isso, tem-se indivíduos tolerantes à lactose bovina e, por

esse motivo fazem uso do leite de pequenos ruminantes em substituição ao de

vacas (BRITO, 2006).

Experimentalmente, já foi demonstrada a eliminação de T. gondii pelo

leite em algumas espécies, tais como, cabras (VITOR et al., 1991), cadelas

(BRESCIANI et al., 2001), gatas (POWELL et al., 2001) e camelas (ISHAG et

al., 2006). Estudos realizados com camundongos revelam que a eliminação

pelo leite do parasito não ocorre apenas no período agudo da infecção, através

de taquizoítos, mas também na fase crônica pela excreção de cistos teciduais

(PETTERSEN, 1984; COSTA, LANGONI, 2010).

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

28

A eliminação do agente pelo leite em infecções naturais foram relatadas

em pequenos ruminantes, tais como cabras (CHIARI; NEVES, 1984), e ovelhas

(FUSCO et al., 2007; CAMOSSI et al., 2011). Para essas espécies há

preocupação devido à possibilidade de infectar humanos, como já foi relatado

em diversos estudos (SACKS et al., 1982; CHIARI; NEVES, 1984; RIEMANN et

al., 1975; HIGA et al., 2010).

Na Itália, Fusco et al. (2007) avaliaram a presença de T. gondii no leite

de 117 ovelhas naturalmente infectadas, e encontraram 3,4% de amostras

positivas. No Brasil, Camossi et al. (2011) detectaram DNA do parasito em

5,03% das 139 amostras avaliadas. Apesar de não ser considerada uma das

principais vias de transmissão, esses estudos destacam a existência da

possibilidade de infecção pela ingestão do leite in natura.

2.6. Toxoplasmose em ovinos

Ovinos são considerados hospedeiros intermediários de T. gondii, e a

infecção nessa espécie tem sido relatada desde 1957 (HARTLEY; MARSHALL,

1957 apud BUXTON, 1990). O Brasil conta com mais de 17 milhões de

animais, sendo que 57,2% da produção nacional ocorre na região Nordeste,

com 10.112.726 milhões (BRASIL, 2011), porém acredita-se que esses

números estão subestimados, devido a produção familiar em propriedades não

cadastradas.

A infecção toxoplásmica em ovinos é particularmente importante, por

causar problemas reprodutivos (PEREIRA-BUENO et al., 2004) e

consequentes perdas econômicas na produção. As desordens reprodutivas vão

desde má formação fetal, natimortos, nascimento de cordeiros fracos, até

abortamentos, considerada a principal consequência da infecção (BUXTON et

al., 2007).

A prevalência de T. gondii em pequenos ruminantes geralmente é

elevada devido à contaminação contínua de oocistos presentes nas pastagens

(DUBEY, 2004). Os estudos envolvendo diagnóstico de T. gondii na espécie

ovina geralmente estão limitados ao levantamento epidemiológico e avaliação

de fatores de risco associados à infecção, não diferenciando os estágios agudo

e crônico da infecção (CAMOSSI et al., 2011).

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

29

2.6.1. Distribuição da toxoplasmose ovina

Por ser uma zoonose cosmopolita, a toxoplasmose está presente no

mundo inteiro. Estudos de prevalência nessa espécie em diversos países

demonstram sua susceptibilidade ao parasito. No Brasil, ocorre variação de 7%

no Paraná (de MOURA et al., 2007) a 59% em Pernambuco (COSTA et al.,

2012) na prevalência de anticorpos anti-T. gondii nos últimos anos (Tabela 1).

2.6.2. Patogenia da toxoplasmose ovina

Toxoplasma gondii tem capacidade de colonização em diferentes órgãos

no período crônico da infecção, principalmente cérebro, olho, musculatura

esquelética e cardíaca, ou ainda em vísceras como pulmões, fígado, rins e

placenta (DUBEY, et al., 1998; TENTER et al., 2000 BUXTON et al., 2007).

Geralmente os abortos em ruminantes estão relacionados com outros

agentes, a exemplo de Brucella spp, Salmonella spp. e Campylobacter spp.

(HURTADO et al., 2001). A espécie ovina é susceptível ao aparecimento de

sintomas da toxoplasmose, principalmente os de caráter reprodutivo (BUXTON,

1990), deixando, portanto de ser assintomática como na maioria dos casos.

A severidade da infecção está relacionada ao tempo de gestação, pois

quanto mais cedo ocorre, maiores são as consequências (BUXTON et al.,

2007). Quando o parasito se instala nos placentomas provoca lesão pela

multiplicação acentuada, levando à reação inflamatória e necrose da placenta.

Devido ao processo gestacional o sistema imunológico é suprimido e, mãe e

filho tornam-se vulneráveis, não havendo resposta contra o parasito (BUXTON

et al., 2007).

As infecções que ocorrem até o 40º dia de gestação pode ocorrer morte

embrionária e reabsorção fetal, entre 40 e 120 dias maceração fetal,

mumificação ou abortamento, e após 120 dias pode gerar natimortos ou

nascimentos de cordeiros fracos (AHMED et al., 2008), ou ainda filhotes

clinicamente normais (BUXTON; INNES, 1995). A resposta imunológica do feto

é iniciada por volta do entre 60º-70º dia de gestação, e ainda assim não

garante proteção suficiente contra o parasito até o nascimento (BUXTON;

FINLAYSON, 1986).

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

30

Tabela 1. Pesquisas de anticorpos anti-Toxoplasma gondii em ovinos no Brasil,

nos últimos 10 anos.

Referência Ano Estado Método N° animais

analisados

% animais

positivos

da Silva et al. 2003 Pernambuco IFIª 173 35,3%

Meireles et al. 2003 São Paulo ELISAb 200 31,0%

Ogawa et al. 2003 Paraná IFI 339 54,6%

Figliuolo et al. 2004 São Paulo IFI 597 34,7%

Silva; de La Rue 2006 Rio Grande do Sul LATc 144 30,5%

Clementino et al. 2007 Rio Grande do

Norte

ELISA 102 29,4%

de Moura et al. 2007 Paraná IFI 157 7%

Romanelli et al. 2007 Paraná IFI 305 51,5%

Ragozo et al., 2008 São Paulo MATd 495 24,2%

Soares et al. 2009 Rio Grande do

Norte

IFI 409 20,7%

Soccol et al. 2009 Paraná ELISA 167 25,7%

Pinheiro et al. 2009 Alagoas IFI 432 32,9%

Ueno et al. 2009 Distrito Federal IFI 1028 38,2%

Lopes et al. 2010 São Paulo IFI 488 54,0%

Filho et al. 2010 Pará HAIe 315 44,29%

Bispo et al. 2011 Pernambuco IFI 124 48,4%

Camossi et al. 2011 São Paulo MAT 139 50,4%

da Silva et al. 2011 São Paulo IFI 602 10,96%

Langoni et al. 2011 São Paulo IFI 382 18,6%

Costa et al. 2012 Pernambuco IFI 97 59,0%

Mendonça et al. 2013 Sergipe IFI 932 28,2%

Guimarães et al. 2013 Bahia IFI 795 30,2%

ªIFI = Reação de Imunofluorescência Indireta; bELISA = Enzyme Linked Imuno Sorbent

Assay; cLAT = Teste de Aglutinação em Látex; dMAT = Teste de Aglutinação

Modificada; eHAI = Hemaglutinação Indireta.

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

31

2.6.3. Diagnóstico da toxoplasmose ovina

Os sinais clínicos da toxoplasmose geralmente são inespecíficos, e, por

esse motivo, seu diagnóstico clínico é considerado difícil, sendo necessária a

utilização de técnicas laboratoriais para confirmação (da COSTA et al., 2007).

O isolamento do parasito pode ser realizado através do ensaio biológico em

camundongos ou cultura celular que proporcionam ainda seu crescimento

(DEROUIN et al., 1987).

A detecção de anticorpos ainda é considerada a forma mais eficaz, pois

possibilita o controle da toxoplasmose, visto que o quadro clínico da infecção

pode ser confundido com outras doenças (da SILVA et al., 2002). Os exames

sorológicos objetivam a identificação de anticorpos específicos anti-T.gondii, e

avaliam a infecção. Os mais utilizados são Método de Aglutinação Direta

(MAD) (da SILVA et al., 2002), Ensaio Imunoenzimático (ELISA) (MEIRELES et

al., 2003), Teste de Aglutinação do Látex (LAT) (SILVA; de LA RUE, 2006),

Teste de Aglutinação Modificada (MAT) (RAGOZO et al., 2008),

Hemaglutinação Indireta (HAI) (FILHO et al., 2010) e Imunofluorescência

Indireta (IFI) (GUIMARÃES et al., 2013).

O diagnóstico molecular confirma a presença do parasito através da

detecção de seu DNA (ABU-DALBOUH et al., 2012) em diversos tecidos ou

secreções animais. A Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) amplifica o

material genético do agente a ser pesquisado (SINGH, 1997), facilitando a sua

visualização. Contudo, essa técnica possui um custo elevado, o que restringe a

sua utilização.

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

32

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Determinar a possibilidade de eliminação de Toxoplasma gondii em leite

de ovelhas infectadas naturalmente no sul da Bahia e correlacionar com os

estágios agudo e crônico da infecção pelo parasito.

3.2. Objetivos Específicos

1. Identificar a presença de DNA de Toxoplasma gondii, através da Reação em

Cadeia da Polimerase (PCR) em amostras de leite de ovelhas criadas na

região Sul da Bahia;

2. Correlacionar a presença de DNA no leite com os anticorpos das classes de

IgM e IgG anti-Toxoplasma gondii em amostras de sangue de ovelhas criadas

na região Sul da Bahia.

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

33

4. METODOLOGIA

4.1. Área de estudo e período de coleta

O estudo foi realizado entre agosto de 2012 a junho de 2013. A área

selecionada para a coleta das amostras foi a microrregião de Ilhéus - Itabuna,

estado da Bahia. A Bahia é o terceiro maior estado brasileiro com uma área

total de 564.839.850 Km² e composta por 417 municípios divididos em 06

mesorregiões. A microrregião de Ilhéus–Itabuna é composta por 41 municípios.

4.2. População de estudo e coleta de amostras

Este estudo envolveu 185 ovelhas lactantes, de 13 propriedades

agrícolas cadastradas na Cooperativa de Produtores de Caprinos e Ovinos do

Sul da Bahia (COOPERVINO), distribuídas nos seis municípios de maior

população. O rebanho foi composto basicamente por animais da raça Santa

Inês ou sem raça definida (Figura 8). A idade dos animais foi estimada através

da cronologia dentária.

Figura 8. Rebanho ovino de raça Santa Inês e SRD.

As amostras de sangue dos animais selecionados foram coletadas

mediante punção da veia jugular externa (Figura 9), utilizando-se agulhas

descartáveis acopladas em tubos à vácuo sem anticoagulante. Para obtenção

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

34

dos soros, os tubos foram centrifugados a 1600g por 10 minutos,

acondicionados em microtubos e congelados a -20ºC até que os testes

sorológicos fossem realizados.

Figura 9. Coleta de sangue de ovelha mediante punção da veia jugular

externa.

As amostras de leite dos animais selecionados foram coletados no

volume de aproximadamente 10mL, mediante ordenha manual de ovelhas

lactantes, acondicionados e encaminhado ao Laboratório de Parasitologia

Veterinária da Universidade Estadual de Santa Cruz, sendo armazenados a

-20ºC até o momento da sua utilização. A realização do estudo foi aprovado

pelo comitê de ética (CEUA-UESC 031/09).

4.3. Sorologia

4.3.1. Hemaglutinação Indireta

Para pesquisa de anticorpos IgM contra T. gondii foi utilizada o Teste de

Hemaglutinação Indireta (HAI), considerando o ponto de corte de 1:64 (FILHO

et al., 2010). Os soros foram diluídos com a solução de 2-mercaptoetanol e

posteriormente foi adicionada a solução de hemácia, seguindo instruções do kit

comercial (Imuno-HAI Toxoplasmose Wama Diagnóstica®). Em seguida, a

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

35

placa foi incubada a 37ºC por uma hora. A leitura da reação foi realizada na

própria placa.

4.3.2. Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI)

Para pesquisa de anticorpos IgG contra T. gondii foi utilizada a Reação

de Imunofluorescência Indireta (RIFI), considerando ponte de corte de 1:64

(FIGLIUOLO et al., 2004). Os antígenos foram produzidos utilizando taquizoítos

de T. gondii da cepa RH, adicionados à lâminas de imunofluorescência e

armazenados a -20ºC até a sua utilização. Os soros diluídos em PBS (Solução

Fosfato Salina) e adicionados aos poços, incubadas e lavadas. Posteriormente,

foi adicionado o conjugado anti-ovino IgG FITC (SIGMA, F7634, St. Louis, MO,

USA), novamente incubadas e lavadas.

A leitura das lâminas foi realizada utilizando o microscópio com sistema

de epifluorescência (OLYMPUS, BX 51). Foi considerada positiva a reação com

completa fluorescência na periferia dos taquizoítos em 50% ou mais da lâmina.

4.4. Identificação de Toxoplasma gondii nas amostras de leite

4.4.1. Extração do DNA de amostras de leite

No laboratório de Parasitologia Veterinária foi retirado um volume de

200µl para a realização da extração do DNA utilizando o Kit Easy-DNA®

(Invitrogen). Após a realização da extração, as amostras de DNA foram levadas

ao Laboratório de Genética Animal, quantificadas em espectrofotômetro com

comprimento de onda de 260nm e padronizadas para 50 ng/μL de DNA. A

integridade do DNA foi avaliada em gel de agarose 1%, com coloração de

brometo de etídeo (0,5 μg/mL), fotodocumentados e estocado a -20°C até a

execução da PCR.

4.4.2. Amplificação do DNA de Toxoplasma gondii por PCR

A amplificação de DNA de T. gondii foi realizada utilizando o método

descrito por Homan et al. (2000). Primers Tox4

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

36

(3’CGCTGCAGGGAGGAAGACGAAAGTTG5’) e Tox5

(3’CGCTGCAGACACAGTGCATCTGGATT5’) foram usados, resultando em um

fragmento com 529 bp (Genebank N0AFI46527) do DNA de T. gondii. O PCR

foi desenvolvido utilizando 4μl do DNA extraído e adicionado a 21μl de uma

mistura de 3,0mM de cada iniciador, 1,0 mM de dNTPs, 1,0 mM de MgCl2 e

0,2U de Taq DNA polimerase. A amplificação do DNA do parasito foi feita em

35 ciclos em um termociclador, usando as seguintes condições: 5 minutos a

94°C para desnaturação em um ciclo único, seguindo-se 35 ciclos de um

minuto a 94°C para desnaturação, um minuto a 60°C para anelamento e um

minuto a 72°C para extensão da Taq DNA Polimerase, seguido por uma

extensão final de 7 minutos a 72°C. Os produtos de cada PCR foram então

submetidos à eletroforese em gel de agarose à 2%, corados com brometo de

etídio e fotodocumentados. Foi utilizado DNA de taquizoíto de T. gondii como

controle positivo, e água ultra pura como controle negativo da PCR.

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

37

5. RESULTADOS

A presença de DNA de Toxoplasma gondii ocorreu em 9,7% (18/185)

das amostras de leite através da PCR (Figura 10). Foi possível correlacionar

sua eliminação com a presença de anticorpos IgM e IgG anti-T. gondii em

16,7% (3/18) e 38,9% (7/18), respectivamente, e não houve associação em

44,4% (8/18) dos animais analisados.

Figura 10. Resultado para a presença de DNA de Toxoplasma gondii através

da PCR. (MM) Marcador molecular; (POS) Amostras positivas; (NEG) Amostras

negativas; (CN) Controle negativo; (CP) Controle positivo.

Foram encontrados anticorpos IgG contra T. gondii através da RIFI

(Figura 11) em 33% (61/185) dos animais analisados e IgM em 18,3% (34/185)

pela HAI (Figura 12). Todas as propriedades apresentaram pelo menos um

animal sororeagente para os anticorpos analisados (Tabelas 2 e 3).

Figura 11. Resultado para anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii através da

RIFI. (A) Animal soronegativo para a diluição 1:64; (B) Animal soropositivo para

a diluição testada.

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

38

Figura 12. Resultado para anticorpos IgM anti-Toxoplasma gondii através do

HAI. (A) Animal soropositivo para as três diluições testadas (1:64, 1:128;

1:256); (B) Animal soronegativo para ambas diluições testadas.

Tabela 2 – Distribuição da pesquisa de anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii

em ovelhas lactantes nos municípios no sul da Bahia.

Município Reativos a T. gondii (IgG)

Não reativos a T. gondii (IgG)

Total

n % N % n %

Canavieiras 1 6,7 14 93,3 15 8,1 Ibicaraí 7 41,2 10 58,8 17 9,2 Ilhéus 20 38,5 32 61,5 52 28,1 Itacaré 22 62,9 13 37,1 35 18,9 Itapé 6 17,1 29 82,9 35 18,9

Uruçuca 5 16,1 26 83,9 31 16,8

Total

61

33

124

67

185

100

Tabela 3 – Distribuição da pesquisa de anticorpos IgM anti-Toxoplasma gondii

em ovelhas lactantes nos municípios no sul da Bahia.

Município Reativos a T. gondii (IgM)

Não reativos a T. gondii (IgM)

Total

n % N % n %

Canavieiras 0 0 15 100 15 8,1 Ibicaraí 5 29,4 12 70,6 17 9,2 Ilhéus 13 25 39 75 52 28 Itacaré 8 22,8 27 77,2 35 19 Itapé 7 20 28 80 35 19

Uruçuca 1 3,2 30 96,8 31 16,7

Total

34

18,3

151

81,7

185

100

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

39

6. DISCUSSÃO

A presença de DNA de T. gondii foi detectada em 9,7% (18/185) das

amostras de leite de ovelhas analisadas. Até o momento não foram realizados

estudos para essa espécie na região Nordeste, porém esse resultado foi

semelhante ao encontrado por Bezerra et al. (2012) em cabras criadas em

Pernambuco (6,87%). Em ovinos, estudos realizados na Itália e no Brasil

identificaram a presença de DNA do parasito em 3,4% (FUSCO et al., 2007) e

5,03% (CAMOSSI et al. 2011), respectivamente.

Langoni et al. (2011) demonstraram que a positividade de T. gondii em

ovinos é mais baixa em Botucatu, local estudado por Camossi et al. (2011),

com valor de 18,6%. Guimarães et al. (2013) revelam que ovinos da Bahia,

local desse estudo, são mais expostos à infecção por T. gondii, com valor de

30,2%. Estes resultados evidenciam que os animais de Botucatu são menos

infectados por T. gondii que os da Bahia, justificando a diferença obtida nos

PCRs. O sul da Bahia possui características climáticas de umidade,

temperatura e precipitação pluviométrica estáveis durante todo ano e ideais ao

parasito. Além de ter uma extensa população de felídeos domésticos e

selvagens o que favorece o estabelecimento e proliferação de T. gondii.

A associação entre a presença de anticorpos IgM anti-T. gondii e o DNA

do parasito no leite ocorreu em 16,7% (3/18) dos animais testados. Fêmeas

com infecção aguda possuem taquizoítos circulantes no organismo e estes

podem ser eliminados através do leite, o que pode ter ocorrido com os animais

desse estudo, como já foi descrito em caprinos por Chiari e Neves (1984).

A presença concomitante de anticorpos IgG anti-T. gondii e o DNA do

protozoário no leite esteve presente em 38,9% (7/18) dos animais estudados.

Segundo Pettersen (1984), camundongos fêmeas infectadas

experimentalmente com T. gondii excretam cistos teciduais em seu leite. O

resultado obtido nesse estudo demonstra a possibilidade de eliminação do

parasito no leite das ovelhas cronicamente infectadas. Além disso, fêmeas tem

uma queda da imunidade durante a gravidez (ROBERTS, et al., 2001),

principalmente no período de periparto podendo ocorrer a reativação dos cistos

teciduais em taquizoítos gerando a contaminação do leite (CAMOSSI et al.,

2011).

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

40

No presente estudo 44,4% (8/18) dos animais apresentaram DNA de T.

gondii em seu leite com resultado negativo para ambos testes sorológicos.

Anticorpos IgM são encontrados poucos dias após a infecção e decaem

rapidamente, e em casos raros os anticorpos IgG não podem ser detectáveis

no início da infecção (MONTOYA, 2002; GRAS et al., 2004). A possibilidade é

que esses animais tiveram suas amostras de sangue coletadas no período

inicial, porém de transição da infecção, e por esse motivo, seus títulos de IgM

haviam decaído e de IgG ainda não apresentavam suficientemente elevados

para reagir ao teste utilizado.

A prevalência de anticorpos contra T. gondii em ovinos no Brasil varia de

7% no Paraná (de MOURA et al., 2007) a 59% em Pernambuco (COSTA et al.,

2012). Dos trabalhos realizados no Nordeste para a pesquisa de IgG,

resultados similares foram encontrados por Clementino et al. (2007) no Rio

Grande do Norte (29,4%), Mendonça et al. (2013) em Sergipe (28,2%),

Guimarães et al. (2013) na Bahia (30,2%) e Pinheiro Jr. et al. (2009) em

Alagoas (32,9%). Entretanto, foi superior aos valores encontrados por Soares

et al. (2009) no Rio Grande do Norte (20,7%) e inferior aos encontrados por da

Silva et al. (2003) em Pernambuco (35,3%).

Os resultados similares podem ser justificados pela semelhança

climática, tipo de criação familiar e extensiva entre as regiões estudadas. Com

relação aos valores superiores encontrados, pode-se afirmar que Soares et al.

(2009) estudaram animais do município de Mossoró (Rio Grande do Norte),

que possui clima semiárido com baixa umidade e temperaturas elevadas,

condições que afetam a presença de T. gondii. Quanto ao artigo de Silva et al.

(2003), que teve um resultado superior, foi utilizado um ponto de corte de 1:16

pode ter influenciado na maior ocorrência de animais positivos quando

comparado a este estudo, pois soros menos diluídos possibilitam a detecção

de anticorpos anti-T. gondii.

A diferença na ocorrência entre os anticorpos IgM e IgG são esperados,

Sedlak e Bartova (2006) encontraram resultados de IgM e IgG,

respectivamente, de 2,4% e 25,9% em cães, e 2,8% e 44,1% em gatos. Até o

momento não foram encontrados estudos que especifiquem a pesquisa de IgM

em soros de ovinos, dessa forma não existe a possibilidade de confrontar com

o resultado de 18,3% obtido nesse estudo.

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

41

A prevalência menor de anticorpos IgM quando comparada a

prevalência de IgG (33%) é justificada pelo tempo de produção e a meia vida

desses anticorpos. IgM é a classe de anticorpo detectada primeiramente,

aproximadamente até o 14º dias após a infecção por T. gondii e, após esse

período declina rapidamente à níveis indetectáveis, demonstrando uma meia

vida mais curta. Diferentemente, o IgG pode ser detectado após o 14º dia da

infecção e persiste por um tempo indefinido, apresentando uma meia vida mais

longa (MONTOYA, 2002; GRAS et al., 2004).

Dentre os municípios estudados, Canavieiras apresentou a menor

positividade (0% e 6,7%) na pesquisa de IgM e IgG, respectivamente. Apesar

dos municípios estarem localizados na mesma microrregião, a diferença de

soropositividade entre eles pode ter ocorrido devido ao desmatamento

acentuado da Mata Atlântica em Canavieiras, entre os anos de 2010 e 2011

(PIRES, 2012), elevando as temperaturas médias e reduzindo a umidade, o

que interfere nas condições ambientais favoráveis para a manutenção de

oocistos (GUIMARÃES et al., 2013), principal forma de contaminação para

ovinos (DUBEY et al., 2012).

Nesse estudo a determinação da infecção natural por T. gondii foi

constatada. Em propriedades rurais o leite é muito utilizado como fonte

alimento para famílias devido ao seu alto valor proteico, dessa forma seu

cosumo é economicamente importante (CAMOSSI et al., 2011) e em grande

parte de forma in natura. Não existe até o presente momento associação entre

a toxoplasmose clínica humana e a ingestão do leite de ovelhas, o que já foi

descrito para cabras (CHIARI; NEVES, 1984), com isso torna-se importante a

realização de mais estudos sobre o tema.

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

42

7. CONCLUSÃO

A elevada ocorrência de amostras de leite positivas para Toxoplasma

gondii em animais naturalmente infectados, permite concluir que existe uma

preocupação com a possibilidade de transmissão através do consumo de leite

in natura cru e seus derivados não-pasteurizados. É de relevância para a

saúde pública, visto que nas zonas rurais o leite é fonte de alimento para a

subsistência, e geralmente é consumido sem pasteurização ou fervura.

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

43

REFERÊNCIAS ABU-DALBOUH, M.A.; ABABNEH, M.M.; GIADINIS, N.D.; LAFI, S.Q. Ovine and caprine toxoplasmosis (Toxoplasma gondii) in aborted animals in Jordanian goat and sheep flocks. Tropical Animals Health Production, v.44, p.49–54, 2012. AJIOKA, J. W., FITZPATRICK, M. J., REITTER, C. P. Toxoplasma gondii genomics: shedding light on pathogenesis and chemotherapy. Expert Reviews in Molecular Medicine, v.6, p.1-19, 2001. AHMED, Y.F.; SOKKAR, S.M.; DESOUKY, S.M.; SOROR, A.H. Abortion Due to Toxoplasmosis in Small Ruminants. Global Veterinaria, v.2, n.6, p.337-342, 2008. ALVARES, C.T.G. Efeito de dois protocolos de sincronização de Estro na eficiência reprodutiva de ovelhas deslanadas criadas sob o clima tropical úmido. 2005. 60 f. Tese (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Itapetinga (BA), 2005. BEZERRA, M.J.G.; KIM, P.C.P.; de MORAES, E.P.B.X.; SOUZA NETO, O.L.; ALBUQUERQUE, P.P.F.; da SILVA, J.G.; ALVES, B.H.L.S.; MOTA, R.A. Detecção de Toxoplasma gondii no leite de cabras no Estado de Pernambuco, Brasil. XVII Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária, Anais..., 2012. BISPO, M.S.; FAUSTINO, M.A.G.; ALVES, L.C.; SALCEDO, J.H.P.; SOUZA, C.H.; SOUSA, D.P.; LIMA, M.M. Frequência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii em propriedades de criação de caprinos e ovinos no estado de Pernambuco. Ciência Animal Brasileira, v.12, n.2, p.291–297, 2011. BLACK, M.W.; BOOTHROYD, J.C. Cycle of Toxoplasma gondii. Microbiology and Molecular Biology Reviews, v.64, n.3, p. 607- 623, 2000. BRASIL, 2011. IBGE. Censo Agropecuário. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pecua/default.asp?t=2&z=t&o=24&u1=1&u2=1&u3=1&u4=1&u5=1&u6=1&u7=1>. Acesso em: 12 mar. 2013. BRESCIANI, K.D.S.; TONIOLLO, G.H.; COSTA, A.J.; SABATINI, G.A.; MORAES, F.R. Clinical, parasitological and obstetric observations in pregnant bitches with experimental toxoplasmosis. Ciência Rural, v.31, n.6, p.1039-1043, 2001. BRITO, M.A. A ovinocultura leiteira no Brasil. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária, v.12, n.39, p.66-69, 2006. BUXTON, D. Ovine toxoplasmosis: a review. Journal of the Royal Society of Medicine, v.83, n.8, p.509–511, 1990.

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

44

BUXTON, D.; FINLAYSON, J. Experimental infection of pregnant sheep with Toxoplasma gondii: Pathological and immunological observation on the placenta and foetus. Journal of Comparative Pathology, v.96, n.3, p. 319-333, 1986. BUXTON, D.; INNES, E. A. A commercial vaccine for ovine toxoplasmosis. Parasitology, v.110, S11-S16, 1995. BUXTON, D.; MALEY, S.W.; WRIGHT, S.E.; RODGER, S.; BARTLEY, P.; INNES, E.A. Toxoplasma gondii and ovine toxoplasmosis: New aspects of an old story. Veterinary Parasitology, v.149, n. 1-2, p.25–88, 2007. CAMOSSI, L.G.; GRECA-JÚNIOR H.; CORRÊA, A.P.; RICHINI-PEREIRA, V.B.; SILVA, R.C.; da SILVA, A.V., LANGONI, H. Detection of Toxoplasma gondii DNA in the milk of naturally infected ewes. Veterinary Parasitology, v.177, n.3-4, p.256-261, 2011. CHIARI, C.A.; NEVES, D.P. Toxoplasmose humana adquirida através da ingestão de leite de cabra. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.79, n.3, p.337-340, 1984. CLEMENTINO, M.M.; SOUZA, M.F.; ANDRADE NETO, V.F. Seroprevalence and Toxoplasma gondii-IgG avidity in sheep from Lajes, Brazil. Veterinary Parasitology, v.146, n.3-4, p.199–203, 2007. COSTA, V.M.; LANGONI H. Detection of Toxoplasma gondii in the Milk experimentally infected Wistar female rats. Journal Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, v.16, n.2, p.368-374, 2010. COSTA, D.G.C.; MARVULO, M.F.V.; SILVA, J.S.A.; SANTANA, S.C.; MAGALHÃES, F.J.R., LIMA FILHO, C.D.F., RIBEIRO, V.O.; ALVES, L.C.; MOTA, R.A.; DUBEY, J.P.; SILVA, J.C.R. Seroprevalence of Toxoplasma gondii in domestic and wild animals from the Fernando de Noronha, Brazil. Journal of Parasitology, v.98, n.3, p. 679-680, 2012. CUENCA, M.A.G.; MARTINS, E.C.; dos SANTOS, A.S.; MUNIZ, E.N.; SANTOS, R.P.C.; GONZÁLES, E.O. Caracterização do Consumo das Carnes Caprina e Ovina na Cidade de Salvador, BA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Caprinos e Ovinos Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 19p., 2008. da COSTA, T.L.; da SILVA, M.G.; RODRIGUES, I.M.X.; BARBARESCO, A.A.; AVELINO, M.M.; de CASTRO, A.M. Diagnóstico Clínico e Laboratorial da Toxoplasmose. NewsLab, v.85, n.4, p.88-104, 2007. da SILVA, A.V. CUTOLO, A.A.; LANGONI, H. Comparação da Reação de Imunofluorescência Indireta e o Método de Aglutinação Direta na detecção de anticorpos anti-Toxoplasma em soros de ovinos, caprinos, caninos e felinos. Arquivo do Instituto Biológico, v. 69, n.1, p. 7-11, 2002.

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

45

da SILVA, A.V.; CUNHA, E.L.P.; MEIRELES, L.R.; GOTTSCHALK, S.; MOTA, R.A.; LANGONI, H. Toxoplasmose em ovinos e caprinos: estudo soroepidemiológico em duas regiões do Estado de Pernambuco, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.1, p.115–119, 2003. da SILVA, F.W.S.; ALVES, N. D.; AMÓRA,S. S. A.; TEXEIRA, F. H. V.; ACCIOLY, M. P.; CARVALHO, C. G.; NÓBREGA,R. M.; FILGUEIRA, K.D.; FEIJÓ, F. M. C. . Toxoplasmose: uma revisão. Ciência Animal, v.16, n.2, p.71-77, 2006. da SILVA, R.C., LANGONI, H., SU, C.; da SILVA, A. V. (2011). Genotypic characterization of Toxoplasma gondii in sheep from Brazilian slaughterhouses: new atypical genotypes and the clonal type II strain identified. Veterinary Parasitology, v.175, n.1-2, p.173–177, 2011. de MOURA, A.B.; OSAKI, S.C.; ZULPO, D.L.; MARANA, E.R.M. Ocorrência de anticorpos contra Toxoplasma gondii em suínos e ovinos abatidos no município de Guarapuava, PR, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.16, n.1, p.54–56, 2007. DEROUIN, F.; MAZERON, M.C.; GARIN, Y.J. Comparative study of tissue culture and mouse inoculation methods for demonstration of Toxoplasma gondii. Journal of Clinical Microbiology, v.25, n.9, p.1597-1600, 1987. DUBEY, J.P. Advances in the life cycle of Toxoplasma gondii. International Journal for Parasitology, v.28, n.7, p.1019-1024, 1998. DUBEY, J.P. Toxoplasmosis – a waterborne zoonosis. Veterinary Parasitology, v.126, n.1-2, p. 57–72, 2004. DUBEY, J.P. The History of Toxoplasma gondii—The First 100 Years. The Journal of Eukaryotic Microbiology, v. 55, n. 6, p. 467–475, 2008. DUBEY, J.P.; FRENKEL, J.K. Cyst-induced toxoplasmosis in cats. Journal of Protozoology, v. 19, n.1, p. 155-177, 1972. DUBEY, J.P.; LINDSAY, D.S.; SPEER, C.A. Structures of Toxoplasma gondii Tachyzoites, Bradyzoites, and Sporozoites and Biology and Development of Tissue Cysts. Clinical Microbiology Reviews, v. 11, n.2, p. 267-299, 1998. DUBEY, J.P.; LAGO, E.G.; GENNARI, S.M.; SU, C.; JONES, J.L. Toxoplasmosis in humans and animals in Brazil: high prevalence, high burden of disease, and epidemiology. Parasitology, v.139, n.11, p.1375-1424, 2012. DUNCANSON, P.; TERRY, R.S.; SMITH, J.E.; HIDE, G. High levels of congenital transmission of Toxoplasma gondii in a commercial sheep flock. International Journal for Parasitology, v. 31, n.14, p. 1699-1703, 2001.

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

46

FERGUSON, D. J. P. Toxoplasma gondii: 1908-2008, homage to Nicolle, Manceaux and Splendore. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 104, n. 2, p. 133-148, 2009. FILHO, E.B.; RAMOS, O.S.; FREITAS, J.A. Inquérito sorológico de Toxoplasma gondii em ovinos na microrregião castanhal, Pará, Brasil. Arquivo do Instituto Biológico. v.77, n.4, p.707-710, 2010. FIGLIUOLO, L.P.; KASAI, N.; RAGOZO, A.M.; de PAULA V.S.; DIAS, R.A.; SOUZA, S.L.; GENNARI, S.M. Prevalence of anti-Toxoplasma gondii and anti-Neospora caninum antibodies in ovine from São Paulo State, Brazil. Veterinary Parasitology, v. 123, n. 3-4, p. 161-166, 2004. FUSCO, G.; RINALDI, L.; GUARINO, A.; PROROGA, Y.T.; PESCE, A.; GIUSEPPINA, M. CRINGOLI, G. Toxoplasma gondii in sheep from the Campania region (Italy). Veterinary Parasitology, v.149, n.3-4, p.271-274, 2007. GRAS, L.; GILBERT, R.E.; WALLON, M.; PEYRON, F.; CORTINA-BORJA, M. Duration of the IgM response in women acquiring Toxoplasma gondii during pregnancy: implications for clinical practice and cross-sectional incidence studies. Epidemiology and Infection, v.132, n.3, p.541–548, 2004. GUIMARÃES, L.A.; BEZERRA, R.A.; ROCHA, D.S.; ALBUQUERQUE, G.R. Prevalence and risk factors associated with anti-Toxoplasma gondii antibodies in sheep from Bahia state, Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.22, n.2, p.1-5, 2013. HARTLEY, W.J.; MARSHALL, S.C. Toxoplasmosis as a cause of ovine perinatal mortality. New Zealand Veterinary Journal, v.5, p.119-24, 1957. HIGA, L.T., ARAÚJO, S.M., TSUNETO, L., CASTILHO-PELLOSO, M., GARCIA, J.L., SANTANA, R.G.; FALAVIGNA-GUILHERME, A.L. A prospective study of Toxoplasma-positive pregnant women in southern Brazil: a health alert. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v.104, n.6, p.400–405, 2010. HOMAN, W.L.; VERCAMMEN, M.; DE BRAEKELEER, J. Identification of a 200 to 300 fold repetitive 529 bp DNA fragment in Toxoplasma gondii, and its use for diagnostic and quantitative PCR. International Journal for Parasitology, v. 30, p. 69-75, 2000. HURTADO, A.; ADURIZ, G.; MORENO, B.; BARANDIKA, J.; GARCÍA-PÉREZ, A.L. Single tube nested PCR for the detection of Toxoplasma gondii in fetal tissues from naturally aborted ewes. Veterinary Parasitology, v.102, p.17–27, 2001. ISHAG, M.; MAGZOUB, E.; MAJID, M. Detection of Toxoplasma gondii in the milk of experimentally infected lactating she camels. Journal of Animal and Veterinary Advances, v.5, n.6, 456-458, 2006.

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

47

JONES, J.L.; DUBEY, J. P. Waterborne toxoplasmosis – Recent Developments. Experimental Parasitology. v.124, n.1, p.10–25, 2010. LANGONI, H., GRECA, H., GUIMARÃES, F.F., ULLMANN, L.S., GAIO, F.C., UEHARA, R.S., ROSA, E.P., AMORIM, R.M.; da SILVA, R.C. Serological profile of Toxoplasma gondii and Neospora caninum infection in commercial sheep from São Paulo State, Brazil. Veterinary Parasitology, v.177, n.1-2, p. 50–54, 2011. LEITE, E.R. Ovinocaprinocultura no Nordeste: organização e crescimento. 2004. Disponível em: <http://www.embrapa.br/imprensa/artigos/2000/artigo.2004-12-7.2538681592/>. Acesso em: 12 mar. 2013. LEITE, E.R.; SIMPLÍCIO, A.A. Importância Econômica da Produção de Caprinos e Ovinos no Nordeste Brasileiro. 2005. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/CaprinoseOvinosdeCorte/CaprinosOvinosCorteNEBrasil/index.htm>. Acesso em: 12 mar. 2013. LEVINE, N.D. Protozoan parasites of domestic animals and of man. Minnesota: Burgess Pubushing Company, p.325-337, 1961. LOPES,W.D.Z.; dos SANTOS, T.R.; da SILVA, R.S.; ROSSANESE, W.M.; de SOUZA, F.A.; RODRIGUES, J.F.; de MENDONÇA, R.P.; SOARES, V.E.; da COSTA, A.J. Seroprevalence of and risk factors for Toxoplasma gondii in sheep raised in the Jaboticabal microregion, São Paulo State, Brazil. Research in Veterinary Science, v.88, n.1, p.104–106, 2010. MEIRELES, L.R.; GALISTEO JR, A.J.; de ANDRADE JR., H.F. Serological survey of antibodies to Toxoplasma gondii in food animals from São Paulo state, Brazil. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.40, n.6, p.267-271, 2003. MENDONÇA, C.A.D.; BARROS, S.L.B.; GUIMARÃES, V.A.A.; FERRAUDO, A.S.; MUNHOZ, A.D. Prevalence and risk factors associated to ovine toxoplasmosis in northeastern Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.22, n.2, p.230-234, 2013.

MONTOYA, J.G. Laboratory diagnosis of Toxoplasma gondii infection and toxoplasmosis. The Journal of Infectious Diseases, v.185, n.1, p.73-82, 2002.

MORAES, E.P.B.X.; FARIA, E.B.; BATISTA, A.M.; FREITAS, A.C.; SILVA, J.C.R.; ALBUQUERQUE, P.P.F.; MOTA, R.A. Detecção de Toxoplasma gondii no sêmen de ovinos naturalmente infectados. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.30, n.11, p.915-917, 2010. MORISAKI, J. H., HEUSER, J. E.; SIBLEY, L. D. Invasion of Toxoplasma gondii occurs by active penetration of the host cell. Journal of Cell Science, v. 108, p. 2457-2464, 1995.

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

48

NEIVA, J.N.M.; TEIXEIRA, M.; TURCO, S.H.N.; OLIVEIRA, S.M.P.; MOURA, A.A.A.N. Efeito do Estresse Climático sobre os Parâmetros Produtivos e Fisiológicos de Ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.3, p.668-678, 2004. NICOLLE, C.; MANCEAUX, L. Sur une infection à corps de Leishman (ou organismes voisins) du gondi. Comptes Rendus Hebdomadaires des Séances de L'Académie des Sciences, v.147, p. 148-369, 1908. NICOLLE, C.; MANCEAUX L. Sur une protozoaire nouveau du gondii, Toxoplasma. Archives de L’institut Pasteur de Tunis, v.2, p.216-218, 1909. OGAWA, L.; NAVARRO, I.T.; FREIRE, R.L.; de OLIVEIRA, R.C.; VIDOTTO, O. Ocorrência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii em ovinos da microrregião de Londrina no Estado do Paraná. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.24, n.1, p.57-62, 2003. PEREIRA-BUENO, J.; QUINTANILLA-GOZALO, A.; PÈREZ-PÈREZ, V.; ÁLVAREZ-GARCÍA, G.; COLLANTES-FERNÁNDEZ, E.; ORTEGA-MORA, L. M. Evaluation of ovine abortion associated with Toxoplasma gondii in Span by different diagnostic techniques. Veterinary Parasitology, v.121, p.33-43, 2004. PETTERSEN, E.K. Transmission of toxoplasmosis via milk from lactating mice. Acta Pathologica, Microbiologica et Immunologica Scandinavica, v.92, n.3, p.175-176, 1984. PINHEIRO JR, J.W.; MOTA, R.A.; OLIVEIRA, A.A.F.; FARIA, E.B.; GONDIM, L.F.P.; da SILVA, A.V.; ANDERLINI, G.A. Prevalence and risk factors associated to infection by Toxoplasma gondii in ovine in the State of Alagoas, Brazil. Parasitology Research, v.105, n.1, p.709–715, 2009. PIRES, M.T. Mata Atlântica tem maior desmatamento em Minas e Bahia. 2012. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/mata-atlantica-tem-maior-desmatamento-em-minas-e-bahia>. Acesso em 07/07/2013. POWELL, C.C.; BREWER, M.; LAPPIN, M.R. Detection of Toxoplasma gondii in the milk of experimentally infected lactating cats. Veterinary Parasitology, v.102, n. 1-2, p.29-33, 2001. RAGOZO, A.M.A; YAI L.E.O.; OLIVEIRA, L.N.; DIAS, R.A.; DUBEY,J.P.; GENNARI, S.M. Seroprevalence and isolation of Toxoplasma gondii from sheep from São Paulo state, Brazil. Journal Parasitology, v.94, n.6, p.1259–1263, 2008. RIEMANN, H.P.; MEYER, M.E.; THIES, J.H.; KELSO, G.; BEHYMER, D.E. Toxoplasmosis in an infant fed unpasteurized goat milk. Journal of Pediatrics, v. 87, n.4, p.573-576, 1975.

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

49

ROBERTS, C.W.; WALKER, W.; ALEXANDER, J. Sex-Associated Hormones and Immunity to Protozoan Parasites. Clinical Microbiology Reviews, v.14, n.3, p.476–488, 2001. ROMANELLI, P.R.; FREIRE, R.L.; VIDOTTO, O.; MARANA, E.R.M.; OGAWA, L.; DE PAULA, V.S.O.; GARCIA, J.L.; NAVARRO, I.T. Prevalence of Neospora caninum and Toxoplasma gondii in sheep and dogs from Guarapuava farms, Paraná State, Brazil. Research in Veterinary Science, v.82, n.2, p.202–207, 2007. SACKS, J.J.; ROBERTO, R.R.; BROOKS, N.F. Toxoplasmosis infection associated with raw goat’s milk. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.248, n.14, p.1728-1732, 1982. SEDLAV, K.; BARTOVA, E. The prevalence of Toxoplasma gondii IgM and IgG antibodies in dogs and cats from the Czech Republic. Veterinarni Medicina, v.51, n.12, p.555–558, 2006. SILVA, K.L.M.V.; de La RUE, M.L. Possibilidade da transmissão congênita de Toxoplasma gondii em ovinos através de seguimento sorológico no município de Rosário do Sul, RS, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.3, p.892–897, 2006. SINGH, B. Molecular methods for diagnosis and epidemiological studies of parasitic infections. International Journal for Parasitology, v.27, p.1135-1145, 1997. SMITH, J.E. A ubiquitous intracellular parasite: the cellular biology of Toxoplasma gondii. International Journal of Parasitology, v. 25, n. 11, p. 1301-1309, 1995. SOARES, H.S.; AHID, S.M.M.; BEZERRA, A.C.D.S.; PENA, H.F.J.; DIAS, R.A.; GENNARI, S.M. Prevalence of anti-Toxoplasma gondii and anti-Neospora caninum antibodies in sheep from Mossoró, Rio Grande do Norte, Brazil. Veterinary Parasitology, v.160, n.3-4, p.211–214, 2009. SOCCOL, V.T.; de CASTRO, E.A.; GAZDA, T.L.; GARCIA, G.; RICHARTZ, R.R.T.B.; DITTRICH, R.L. Ocorrência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii em ovinos. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.18, n.1, p.69-70, 2009. SPLENDORE, A. Un nuovo protozoa parassita de' conigli. incontrato nelle lesioni anatomiche d'une malattia che ricorda in molti punti il Kala-azar dell' uomo. Nota preliminare pel. Revista da Sociedade Scientifica. v.3, p.109–112, 1908. TENTER, A.M.; HECKEROTH, A.R.; WEISS, L.M. Toxoplasma gondii: from animals to humans. International Journal for Parasitology, v. 30, n.12-13, p. 1217-1258, 2000.

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

50

TORRES, C.M. Sur une nouvelle maladie de l’homme, characterisee par la presence d’un parasite intracellulaire, tres proche du Toxoplasma et de l‘Encephalitozoon, dans le tissue musculaire cardiaque, les muscles du squelette, le tissu cellulaire souscutane et le tissue nerveux. Comptes rendus des séances de la Société de Biologie, v.97, p.1778–1781, 1927. UENO, T.E.H.; GONÇALVES, V.S.P.; HEINEMANN, M.B.; DILLI, T.L.B.; AKIMOTO, B.M.; SOUZA S.L.P. DE; GENNARI, S.M.; SOARES, R.M. Prevalence of Toxoplasma gondii and Neospora caninum infections in sheep from Federal District, central region of Brazil. Tropical Animal Health and Production, v.41, n.4, p.547–552, 2009. VITOR, R.W.A.; PINTO, J.B.; CHIARI, C.A. Eliminação de Toxoplasma gondii através de urina, saliva e leite de caprinos experimentalmente infectados. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.43, n.2, p.147-154, 1991. WARNEKULASURIYA, M.R.; JOHNSON, J.D.; HOLLIMAN, R.E. Detection of Toxoplasma gondii in cured meats. International Journal of Food Microbiology , v.45, n.3, p. 211-215, 1998.

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

51

ANEXOS

1. Protocolo para Hemaglutinação Indireta

1. Diluir os soros-teste com o 2-mercaptoetanol no ponto de corte 1:64 em uma

placa separadamente;

2. Adicionar à placa de fundo “V”, 25µl dos soros-controles positivo e negativo

em diferentes poços (os controles não precisam ser diluídos);

3. Adicionar à placa de fundo “V”, 25µl da diluição dos soros-teste

separadamente;

4. Adicionar aos controles e aos soros-teste 25µl da solução de hemácia;

5. Agitar a placa por 2-3 minutos;

6. Incubar a placa a 37ºC, em repouso por 1 hora;

7. Visualizar o resultado na própria placa.

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

52

2. Protocolo para Reação de Imunofluorescência Indireta

1. Lavar as lâminas sensibilizadas em PBS por 5 minutos;

2. Secar as lâminas em temperatura ambiente ou estufa a 37ºC;

3. Diluir o soro no ponto de corte 1:64;

4. Adicionar 10L da diluição dos soros-teste, controles positivo e negativo nas

lâminas;

5. Incubar a 37ºC por 30 minutos, em câmara úmida;

6. Lavar as lâminas duas vezes com PBS por 5 minutos

7. Secar as lâminas a temperatura ambiente ou estufa a 37ºC;

8. Adicionar 10L do conjugado diluído (1:400) em cada poço e proteger da luz;

9. Incubar a 37ºC por 30 minutos, em câmara úmida, protegendo da luz;

10. Lavar as lâminas duas vezes com PBS por 5 minutos (protegendo da luz);

11. Secar as lâminas a temperatura ambiente ou estufa a 37ºC (protegendo da

luz);

12. Adicionar uma gota de glicerina entre os poços e cobrir com lamínula;

13. Fazer a leitura em objetiva de 40x no microscópio com lâmpada de

mercúrio de alta pressão USH102 e filtro de seleção de comprimento de onda

de 450 nm.

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

53

3. Protocolo para Extração de DNA com o kit comercial Easy-DNA®

(Invitrogen), protocolo nº8 (adaptado)

3.1. Isolamento de DNA (1º dia)

1. Conservar a proteinase (Protein Degrader) à -20ºC. *Caso esta esteja turva

aquecer a 37º por 5 minutos.

2. Preparar o Mix em um microtubo contendo:

TE ------------------------------------------------------- 320µl

Solução A ----------------------------------------------- 20µl

Solução B ----------------------------------------------- 10µl

Proteinase ------------------------------------------------ 5µl

3. Adicionar 200µl da amostra do leite ao tubo com o mix e levá-lo ao banho-

maria overnight (12-20h) a 60°C.

3.2. Isolamento de DNA (2º dia)

1. Adicionar 300µl da solução A e 120µl da solução B e levar ao vortex até a

amostra ficar uniforme e viscosa (10seg – 1min)

2. Adicionar 750µl de clorofórmio e levar ao para vortex (1min) até diminuir a

viscosidade (caso o sobrenadante não esteja claro fazer banhos de clorofórmio

por 2-3 vezes)

3. Centrifugar por 10min a 4ºC na velocidade máxima e transferir a fase aquosa

superior para outro microtubo

3.3. Precipitação do DNA

1. Adicionar 1ml de álcool a 100% (-20ºC) à fase superior clara, levar ao vortex

e incubar em gelo durante 30 min.

2. Centrifugar por 10-15min a 4ºC, na velocidade máxima e remover o álcool

com uma pipeta de Pasteur.

3. Adiciona 500µl de álcool a 80% (-20ºC) e misturar invertendo o tubo por 2-3

vezes.

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

54

4. Centrifugar por 3-5min a 4ºC, na velocidade máxima e remover o álcool com

uma pipeta de Pasteur.

5. Centrifugar por 1-3min a 4ºC, na velocidade máxima e remover o resíduo de

álcool. Secar por 5min.

6. Adicionar ao pellet 49µl microlitros de TE e 1µl de RNase e incubar a 37ºC

por 30min.

7. Armazenar o DNA pronto para uso a -20ºC.

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DANIELE DE · PDF filede Toxoplasma gondii através do leite de ovelhas infectadas naturalmente na ... lactating ewes, ... ( IHA) and Immunofluorescence

55

4. Protocolo para amplificação de DNA em Reação em Cadeia da

Polimerase (PCR)

1. Para cada amostra analisada adicionar os seguintes itens e respectivos

volumes:

Água miliq ..................................................6,8μl

Taq ............................................................0,2μl

Tampão da Taq ...........................................6μl

Primer direto e reverso ................................3μl (cada)

MgCl2 ...........................................................1μl

dNTP ............................................................1μl

DNA extraído ................................................4μl

2. Colocar as amostras no termociclador;

3. Utilizar 40ml de água e 0,8g de agarose para fazer o gel de agarose à 2%;

4. Adicionar o marcador molecular, o controle positivo (taquizoítos de T. gondii),

controle negativo (água ultra pura) e as amostras a serem testadas;

5. Submeter o gel de agarose à eletroforese;

6. Corar com brometo de etídio por 20 minutos;

7. Fotodocumentar.