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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA CURSO DE MESTRADO EVANDRO ANTONIO CAVARSAN UTILIZAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO NA PREVENÇÃO E ESTRATÉGIAS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS NO MUNICÍPIO DE CABRÁLIA PAULISTA SP MARINGÁ - PR 2007

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA – CURSO DE MESTRADO

EVANDRO ANTONIO CAVARSAN

UTILIZAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO NA PREVENÇÃO E ESTRATÉGIAS

DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS NO MUNICÍPIO DE CABRÁLIA

PAULISTA – SP

MARINGÁ - PR

2007

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ii

UTILIZAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO NA PREVENÇÃO E ESTRATÉGIAS

DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS NO MUNICÍPIO DE CABRÁLIA

PAULISTA – SP

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de

Maringá, com requisito parcial para a obtenção do

Grau de Mestre em Geografia, área de concentração:

Análise Regional e Ambiental.

Orientadora. Profa. Dr

a. Marta Luzia de Souza

MARINGÁ - PR

2007

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iii

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)

Cavarsan, Evandro Antonio

C377u Utilização do geoprocessamento na prevenção e

estratégias de combate a incêndios florestais no

município de Cabralia Paulista - SP / Evandro Antonio

Cavarsan. -- Maringá : [s.n.], 2007.

143 f. : il. color., figs., tabs.

Orientadora : Profª. Drª. Marta Luzia de Souza.

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de

Maringá. Programa de Pós-graduação em Geografia, 2007.

1. Incêndios florestais - Áreas de riscos. 2.

Defesa civil - Incêndios florestais. 3. Análise

ambiental - Geoprocessamento. 4. Núcleos de defesa

florestal - Planejamento. 5. Incêndios florestais -

Prevenção e controle. I. Universidade Estadual de Maringá. Programa de Pós-graduação em Geografia. II.

Título.

CDD 21.ed. 910.16349618

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iv

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pelo dom da vida,

Inteligência e as pessoas mais importantes de minha vida:

A memória do meu pai Lázaro, por tudo o que me ensinou

em todos os momentos.

A minha mãe Olinda, por ser esta mulher lutadora que sempre

buscou o melhor para seus filhos.

A minha irmã Elisângela, pela sua existência.

A minha esposa Estefânia e minha filha Maria Clara, pelo

carinho, apoio, compreensão e afeto em todos os momentos.

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v

AGRADECIMENTOS

À Profa. Dr

a. Marta Luzia de Souza pela orientação firme, e apoio contínuo

em todas as etapas deste trabalho, tendo muitas vezes sacrificado suas horas de

descanso para que esta pesquisa pudesse ser concluída, demonstrando assim um alto

grau de profissionalismo, amor ao ensino e ao conhecimento cientifico.

Aos Professores Dr. Edvard Elias de Souza Filho e. Dra Leonor Marcon da

Silveira pela atenção e sugestões durante a etapa de qualificação;

Ao Departamento de Geografia pelo espaço concedido durante a realização

deste trabalho, como também ao GEMA (Grupo de Estudos Multidisciplinares do

Ambiente) e a Secretária do Programa de Pós-Graduação Sra. Aparecida de Lima

Savi, pela educação e presteza nos atendimentos e a todos os funcionários do

Departamento de Geografia da UEM;

Ao Comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo e a Coordenadoria

Estadual de Defesa Civil - CEDEC, em especial ao Major PM Manoel Messias de

Mello;

Aos integrantes do Grupamento de Radio Patrulhamento Aéreo da Polícia

Militar, base de Bauru, Estado de São Paulo;

Ao Sr. Jacintho Zanoni Filho, Prefeito Municipal e aos Vereadores Câmara

Municipal da cidade e município de Cabrália Paulista, pela confiança e apoio em mim

depositado;

Aos integrantes do 4º Grupamento de Polícia Militar do município de

Cabrália Paulista, em especial ao seu Comandante, 3º Sgt PM Cláudio José Gimenez;

Aos Amigos e Técnicos da Secretaria Municipal de Agricultura e do

Departamento de Engenharia e da Prefeitura Municipal de Cabrália Paulista,

Engenheiro Agrônomo Amauri Gomes, Técnico Agrícola Rubens Cassini, Engenheiro

Civil Vicente Luis Ribas de Abreu, pelo apoio durante os trabalhos de campo;

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vi

Aos Amigos Danilo Aparecido Garbulio, Lílian Latorre e Renato Baragatti

Cassini, pelo apoio nas questões referentes à diagramação dos textos e imagens

utilizadas durante a realização desta pesquisa;.

Ao Amigo Prof. Álvaro José de Brito, ex-coordenador da Defesa Civil do

município de Bauru;

Aos Técnicos e Metereologistas do Instituto de Pesquisas Metereológicas-

IPMet, Campus da UNESP em Bauru e da Superintendência da Empresa Brasileira de

Infra-Estrututra Aeroportuária - INFRAERO em São Paulo, Capital;

Ao Departamento de Geografia e a Reitoria da Universidade do Sagrado

Coração – USC, em especial aos Professores Ms. José Carlos Rodrigues Rocha e Ms.

Ana Maria Penteado Bortolozzi ao Prof. Sebastião Clementino da Silva “Macalé” pelo

apoio, sugestões e incentivo durante a elaboração do projeto e desenvolvimento da

pesquisa;

A Direção Geral e ao Corpo Docente do Curso de Pedagogia do Instituto de

Ensino Superior de Bauru-IESB/PREVE, pelo incentivo e apoio a mim confiado em

todas as etapas do desenvolvimento desta pesquisa, sem o qual não teria conseguido.

Em especial ao Amigo e incentivador Prof. Ms. Laércio de Oliveira;

Ao Amigo e incentivador Prof. Dr, Lourenço Magnoni Junior, diretor da

Escola Técnica Agrícola “Astor de Mattos Carvalho” do Centro Estadual de Educação

Tecnológica Paula Souza em Cabralia Paulista.

Ao Sr. Nivaldo Roberto Bettoni, proprietário da Empresa EMBALET,

município de Cabrália Paulista e ao Sr. Joaquim Flávio dos Santos Camponez, por

terem contribuído e muito com informações e algumas das fotografias antigas que

ilustram esta pesquisa;

Enfim a todos aqueles que eu não tenha mencionado e que estiveram de

alguma forma contribuído para a realização desta pesquisa fazendo parte nessa minha

caminhada, a todos meu muito obrigado.

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vii

RESUMO

O objetivo dessa pesquisa foi a realização do mapeamento das áreas de riscos de

incêndios florestais, principalmente em função do uso e ocupação do solo do município

de Cabralia Paulista com o intuito de subsidiar a implantação de Núcleos de Defesa

Florestal. A área de estudo localiza-se na região centro-oeste do estado de São Paulo,

aproximadamente entre as latitudes 22º 37’ e 22º 56’S e longitudes 49º 31’ e 49º 45’W,

com altitude média de 511m. O município possui uma área superficial de 236Km²

inserido no segmento superior da bacia do rio Alambari, principal curso d’água que

drena a área do município. Para tanto foi utilizado o Geoprocessamento para a

elaboração dos vários produtos cartográficos onde pode-se destacar as cartas de Uso e

Ocupação do Solo, Hipsometria, e de Declividade que foram inseridas em um Banco de

Dados, deram origem as cartas de Risco de Incêndios Florestais de Localização dos

Futuros Núcleos de Defesa Florestal. Esses produtos cartográficos poderão subsidiar os

trabalhos desenvolvidos pela Defesa Civil em nível, local e regional. Uma vez que a

área de estudo tem como base de sua economia a indústria madeireira e atividades

voltadas à silvicultura. A área pesquisada é de interesse estratégico nacional para a

preservação ambiental. Esta dissertação também contribuirá para as pesquisas que estão

sendo realizados em municípios vizinhos que ainda não possuem levantamentos

geográficos desta natureza.

Palavras-chave: Geoprocessamento, Defesa Civil, Núcleos de Defesa Florestal,

Análise Ambiental.

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viii

ABSTRACT

The objective of this research was to map areas of the municipal district of Cabrália

Paulista under risk of wildfires, especially in regard of ground use and occupation,

aiming to aid the establishment of Forest Defense Base Camps. The studied area is

located in the central west region of São Paulo state, approximately at coordinates 22º

37’ and 22º 56’S (latitude) and 49º 31’ and 49º 45’W (longitude), and average altitude

of 511m. Cabrália Paulista has a surface area of 236km2 and is at the upper section of

Alambari river basin, the main watercourse that drains the area. To do so,

Geoprocessing was used to elaborate various cartographic products, including the

Ground Use and Occupation, Hypsometry and Slope Maps. These products were fed to

a data bank and created the Wildfire Risk Assessment and the Future Forest Defense

Base Camps Location Map. These cartographic products may aid local and regional

work developed by Civil Defense, given that the studied area has logging and forestry-

based activities as its basic economic income. The area is also seen as strategic from a

national viewpoint in regard to environmental preservation. This dissertation will also

contribute to research happening in other neighboring districts which still do not have

this type of geographic survey.

Keywords: Geoprocessing; Civil Defense, Forest Defense Base Camps, Environmental

Analysis.

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ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Incêndio Superficial.......................................................................... 38

Figura 02 Incêndio de Solo ou Subterrâneo ..................................................... 39

Figura 03 Incêndio de Copa.............................................................................. 39

Figura 04 Focos de Fogo................................................................................... 40

Figura 05 Partes da Chama................................................................................ 41

Figura 06 Triângulo de Fogo............................................................................. 43

Figura 07 Modelo painel indicativo ao grau de perigo de incêndio ................. 51

Figura 08 Localização da área de estudo........................................................... 61

Figura 09 Modelo de diagrama metodológico desenvolvido durante a

realização das primeiras etapas da pesquisa......................................

69

Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF

01......................................................................................................

71

Figura 11 Esquema do processo para obtenção de mapas de risco de

incêndios florestais............................................................................

74

Figura 12 Tronco de Peroba retirada pelos funcionários da Fazenda Fátima,

das Matas existentes no município de Cabralia Paulista em 1951....

78

Figura 13 Instalação inicial da Madeireira Cabralia, fevereiro de 1984............ 81

Figura 14 Vista aérea do Distrito Industrial e atuais instalações da Embalet e

Industria de Urnas Leomar................................................................

82

Figura 15 Temperaturas Máximas X Recordes Máximos e Mínimos para a

região de Bauru-SP 1962 à 2005.......................................................

85

Figura 16 Temperaturas Minimas X Recordes Máximos e Mínimos para a

região de Bauru-SP 1962 à 2005......................................................

86

Figura 17 Precipitação média acumulada em (mm), temperatura média na

região de Bauru – SP nos últimos 50 anos........................................

87

Figura 18 Gráfico de precipitação pluviométrica acumulada no período de

1985-2005.........................................................................................

88

Figura 19 Rede hidrográfica do Município de Cabrália Paulista – SP............ 91

Figura 20 Mapa Geológico do Município de Cabrália Paulista – SP............. 93

Figura 21 Carta Hipsométrica do Município de Cabrália Paulista – SP........... 96

Figura 22 Carta de Declividade do Município de Cabrália Paulista – SP......... 98

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x

Figura 23 Gráfico da evolução das áreas de vegetação natural remanescente

no município de Cabrália Paulista-SP...............................................

99

Figura 24 Gráfico da evolução das áreas de silvicultura, pinus sp e eucalipto

sp no município de Cabrália Paulista-

SP......................................................................................................

100

Figura 25 Mapa reconstituição da cobertura vegetal do Estado de São Paulo.. 102

Figura 26 Carta de uso e ocupação do solo da área de estudo e localização do

prováveis Núcleos de Defesa Florestal.............................................

104

Figura 27 Codificação dos atributos de análise existentes na área de estudo.... 106

Figura 28 Carta de Risco à Incêndios Florestais, município de Cabralia

Paulista..............................................................................................

109

Figura 29 Vista aérea das Instalações da Escola Agrícola............................... 111

Figura 30 Plantio de Laranja, ao fundo eucalipto sp e fragmantos residuais

de floresta no centro..........................................................................

113

Figura 31 Entrada do NDF 03, Fazenda Novo Estilo, pela Rod SP 225........... 115

Figura 32 Vista do futuro NDF 04, Sitio Nossa Senhora de Fátima, detalhe

de um dos açudes existentes na propriedade.....................................

116

Figura 33 Vista aérea parcial do Horto Florestal, nota-se a existência de

aceiros entre a pastagem e os pés de eucalipto sp e as divisões

internas compostas por talhões.........................................................

118

Figura 34 Fragmentos de floresta no interior das Quadras de eucalipto sp

detalhes dos aceiros...........................................................................

120

Figura 35 Vista do Represa’s Bar, ao fundo à esquerda parte do fragmento de

floresta...............................................................................................

121

Figura 36

Área remanescente de Vegetação Nativa, Fazenda Santo Antonio

do Alto............................................................................................

123

Figura 37 Vista da entrada do futuro NDF 09 – Fazenda Arizona.................... 124

Figura 37 Vista de um dos açudes do NDF 010, Recanto JB.......................... 126

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xi

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Produtos cartográficos coletados durante a realização da

primeira etapa do trabalho da pesquisa..........................................

76

Quadro 02 Direção dos ventos na área de estudo período de 2003 à

2005..............................................................................................

89

Quadro 03 Variáveis climáticas na área de estudo no período de 2003-

2005...............................................................................................

89

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Classe de Incêndios .......................................................................... 40

Tabela 02 Tipos de Incêndios ........................................................................... 41

Tabela 03 Análise da quantidade de precipitação.............................................. 50

Tabela 04 Interpretação do Grau de Perigo....................................................... 51

Tabela 05 Relação entre o tipo de cobertura vegetal e o risco de incêndios..... 75

Tabela 06 Área e porcentagem dos tipos de solos na área do município de

Cabralia Paulista – SP.......................................................................

94

Tabela 07 Tabela síntese dos dados coletados em campo na área de estudo..... 107

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xii

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS................................................................................ v

RESUMO...................................................................................................... vii

ABSTRACT.................................................................................................. viii

LISTA DE FIGURAS.................................................................................. ix

LISTA DE QUADROS................................................................................ xi

LISTA DE TABELAS................................................................................. xi

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 14

2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS................................................................... 18

2.1 Geoprocessamento.......................................................................................... 18

2.2 Sistemas de Informações Geográficas (SIG).................................................. 25

2.2.1 Aplicações de SIG em Incêndios Florestais................................................... 33

2.3 Conceitos e Definições de Incêndios Florestais............................................. 38

2.3.1 Índices de Risco de Incêndios........................................................................ 49

2.4 Exploração da Silvicultura............................................................................. 54

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................. 58

3.1 Material........................................................................................................... 59

3.1.1 Localização da área de estudo........................................................................ 59

3.1.2 Clima.............................................................................................................. 60

3.1.3 Hidrografia..................................................................................................... 60

3.1.4 Substrato Rochoso.......................................................................................... 62

3.1.5 Solo................................................................................................................ 62

3.1.6 Relevo............................................................................................................. 63

3.1.7 Cobertura Vegetal........................................................................................... 63

3.2 Método............................................................................................................ 67

4. ANÁLISES E DISCUSSÕES....................................................................... 77

4.1 Histórico de ocupação da área de estudo e infra-estrutura atual.................... 77

4.2 Atributos do Meio Físico............................................................................... 85

4.2.1 Clima.............................................................................................................. 85

4.2.2 Hidrografia..................................................................................................... 90

4.2.3 Substrato Rochoso......................................................................................... 92

4.2.4 Solos............................................................................................................. 94

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xiii

4.2.5 Relevo............................................................................................................. 95

4.2.6 Cobertura Vegetal........................................................................................... 99

4.3 Núcleos de Defesa Florestal........................................................................... 103

6 CONCLUSÕES............................................................................................. 127

REFERÊNCIAS............................................................................................ 131

APÊNDICE................................................................................................. 138

ANEXOS....................................................................................................... 141

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14

1 - INTRODUÇÃO

O objeto da presente pesquisa é o segmento superior da bacia do rio

Alambari, que engloba o município de Cabrália Paulista, que após a decadência da

cultura do café e da cultura do “bicho da seda” teve grande parte de sua área territorial,

no início da década de 1960 e início dos anos de 1970, tomada por empresas

interessadas em implantar áreas de silvicultura, principalmente o plantio de pinus sp. A

região onde se encontra localizado o Município de Cabrália Paulista atendia aos

atributos necessários, entre eles as condições climáticas e os solos apropriados para o

cultivo de pinus sp e eucalipto sp. Outro fator importante que influenciou a implantação

destas áreas de cultivo foi um grande incentivo por parte do Governo Federal, para a

instalação de empresas de silvicultura segundo Kronka et al (2002).

No início da década de 1980 várias empresas do ramo madeireiro e serrarias

instalaram-se na área do município com o intuito de explorar a reserva florestal aí

existente uma vez que a região de Cabrália Paulista era referência em reservas de pinus

sp. O perfil econômico do município que até então possuía característica

predominantemente agrícola, evoluiu para uma característica industrial principalmente

no ramo madeireiro.

Na zona rural do município de Cabrália Paulista existem, várias reservas

florestais remanescentes de áreas de vegetação original, que aliadas às áreas de

silvicultura, aumentam ainda mais o potencial florestal do município. O local torna-se

uma área de risco propícia para a ocorrência de incêndios florestais principalmente nas

áreas rurais podendo atingir os remanescentes de floresta. Aliado a esse fator mais de

50%, da economia do município gira em torno da indústria madeireira e da silvicultura.

A situação explicitada aumenta ainda mais a preocupação dos órgãos

governamentais e autoridades locais com respeito à segurança das áreas de silvicultura e

a preservação das áreas remanescentes de vegetação nativa, tais como Cerrado, Campos

Cerrado, Cerradão, Floresta Tropical Semidecidual (Mata Atlântica).

Diante do exposto anteriormente, o objetivo principal desta dissertação foi a

realização de um mapeamento de áreas de risco de incêndios florestais principalmente

em função do uso e ocupação do solo do município de Cabrália Paulista. Este

mapeamento visou identificar áreas potenciais para a futura implantação de Núcleos de

Defesa Florestal - NDFs, com o emprego do Geoprocessamento que permite

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15

desenvolver mecanismos de prevenção e combate a incêndios florestais por meio de

monitoramento digital.

No Estado de São Paulo existe um Plano de Prevenção e Combate a

Incêndios Florestais que tem como objetivo, por meio de um sistema de comunicação

integrado, adotar ações preventivas para impedir o surgimento de focos de incêndios

nos remanescentes florestais e otimizar os recursos existentes, sistematizando de forma

integrada e objetiva as informações de interesse, incluído a priorização das áreas

abrangidas por meio da identificação dos focos de incêndio em tempo real, mobilização

de recursos materiais e humanos a serem empregados para a realização do combate

como também treinamento de equipes locais.

A Coordenação Geral do Plano é desenvolvida por representantes da

Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), Coordenadoria de Licenciamento e de

Proteção aos Recursos Naturais (CPRN), Departamento Estadual de Proteção aos

Recursos Naturais (DEPRN), Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

(CETESB) e Instituto Florestal (IF), Secretaria de Segurança Pública (SSP), Corpo de

Bombeiros (CB), Companhia de Policia Ambiental e de Mananciais (CPAM) e

Grupamento Aéreo (GA) e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), que

realizam trabalhos de aspectos conceituais do Plano, além de estabelecerem prioridades,

estratégias de divulgação, reavaliação e o planejamento, de forma a buscar sempre uma

melhor eficiência nas ações de prevenção, de combate, de repressão e de emergência.

Desde 2002 a Coordenação do Plano, conta com o apoio importantíssimo

dos integrantes do Grupamento Aéreo equipados com helicópteros, que com bases nas

cidades de São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Santos e atualmente em Bauru, atuam

com todo o empenho de suas aeronaves, fazendo o transporte dos combatentes e

equipamentos, nas vistoria ao local das ocorrências. Apoio este que em sincronia com as

equipes em terra e as Instituições envolvidas no Plano acabam por dinamizar ainda mais

as ações de emergência e combate a incêndios florestais, trabalhando arduamente em

conjunto nas várias ocorrências.

Das ações já executadas neste contexto segue o relato de dois exemplos. No

ano de 2002 não apenas o Estado de São Paulo, mas o Brasil enfrentou o fenômeno El

Nino, além das comemorações da Copa do Mundo e das tradicionais Festas Juninas. No

dia 13 de junho de 2002 a Polícia Ambiental apreendeu 2.804 balões, sendo registrado

também neste ano que no Estado de São Paulo a média de temperatura esteve em torno

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16

de 26ºC, tendo sido considerada a mais elevada dos últimos 30 anos. Esta temperatura

proporcionou que o número de incêndios aumentasse consideravelmente ocasionando

uma perda da cobertura vegetal, até o mês de agosto em torno de 1.101,80 hectares,

diminuindo no mês de setembro e disparando no mês de outubro.

Neste período nas ocorrências de grande porte a utilização de aeronaves

específicas para o combate foi imprescindível, devido ao difícil acesso e/ou altitudes

elevadas, como por exemplo, ocorrências no município de São José do Barreiro, Parque

Nacional da Serra da Bocaina e Parque Estadual da Serra do Mar (SEMA, 2002).

No ano de 2003 a partir do mês de maio, foram registradas ocorrências de

incêndios devido a queda de balões estendendo-se até o mês de outubro, e foram

registrados 5.409 focos de incêndios e 7.709,72ha de áreas queimadas tendo sido

registrado um aumento de 21,3% no número de focos e 35% nas ocorrências de causa

criminosa e uma perda do remanescente da vegetação nativa em torno de 0,21% em

relação a 2001. O tipo de vegetação mais atingido foi a mata do tipo floresta tropical

semidecidua com 2.659,61ha, embora proporcionalmente o cerrado tenha sido o

ecossistema mais prejudicado com 26,65% de sua área destruída. Segundo dados do

Ministério do Meio Ambiente neste mesmo ano de 2003 foram identificadas em todo o

território brasileiro 900 áreas como sendo áreas de interesse estratégico prioritário para

a conservação do bioma Cerrado (IBGE, 2004).

O município de Cabrália Paulista está inserido dentro dessas áreas, uma vez

que possui significativas reservas compostas por áreas com fragmentos de florestas e

áreas com remanescentes de Cerrado (IBGE, op cit); fato este que foi amplamente

divulgado pela impressa local por meio do Jornal da Cidade de Bauru (2004) que se

encontra nos Anexos I e II.

Outra questão importante a ser considerada é a atuação da Defesa Civil, pois,

segundo Fernandes e Amaral (1996), os sistemas de emergência devem ser integrados

entre si. A efetiva redução de acidentes naturais como os incêndios florestais em áreas

rurais e urbanas podem ser atingidos com a efetiva participação intensiva da sociedade

através da sensibilização de seus lideres comunitários, por meio de informações e

treinamentos. Tais procedimentos têm sem dúvida um grande valor científico, uma vez

que a sua adoção faz com que ocorram ações preventivas por meio de treinamentos,

exercícios simulados de combate a incêndios podendo culminar com a elaboração e a

distribuição de manuais técnicos e de cartilhas de orientação.

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17

Ainda é necessário que os municípios desenvolvam seus próprios planos de

monitoramento já que os mesmos possuem peculiaridades e características próprias.

Esta pesquisa subsidiará a Coordenadoria de Defesa Civil do Município de Cabrália

Paulista, para que possa implantar seu próprio plano de monitoramento, prevenção e

combate aos incêndios florestais, com o auxílio do Geoprocessamento. Esse plano

poderá ser desenvolvido como projeto piloto e poderá ser implantado em outros

municípios do Estado de São Paulo.

Sendo que para tanto foi necessário cumprir com os seguintes objetivos:

- Realização de um mapeamento das áreas de risco de incêndios florestais em função do

uso e ocupação do solo com a elaboração de um banco de dados;

- Levantamento das características geográficas da área;

- Elaboração de cartas temáticas da hipsometria, declividade e uso do solo;

- Elaboração de uma carta temática com destaque para as potenciais áreas de risco de

incêndios florestais;

- Elaboração de uma carta temática de localização com destaque para as propriedades

relacionadas como futuros Núcleos de Defesa Florestal (NDFs).

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2 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Esta parte da dissertação trata dos fundamentos teóricos que subsidiaram a

pesquisa desenvolvida. Foram abordados aspectos relacionados aos fundamentos do

Geoprocessamento, Sistema de Informações Geográficas (SIG), aplicações de SIG em

incêndios florestais, conceitos e definições de incêndios florestais, índices de riscos de

incêndios florestais e exploração da silvicultura.

2.1 Geoprocessamento

Muitas pesquisas na Geografia e outras Ciências afins utilizam atualmente o

Geoprocessamento, pois ele é uma importante ferramenta para o desenvolvimento das

pesquisas em diversas áreas, sendo fundamental para a realização dos mais variados

trabalhos.

Em função disso, Rodrigues (1990), conceitua o Geoprocessamento como

sendo um conjunto de tecnologias de coleta, tratamento de informações espaciais,

desenvolvimento e uso de sistemas que as utilizam.

As diversas áreas (Geografia, Geologia, Hidrologia, Engenharias de Pesca,

Ambiental, e Florestal, entre outras) têm desenvolvido o tratamento e a utilização de

informações espaciais próprios, mas com procedimentos muito similares, sob um

arcabouço conceitual e metodológico único.

Nesse sentido Rodrigues (1990), ressalta que a coleta de dados é

provavelmente a parte mais importante do Geoprocessamento, uma vez que se baseia na

observação direta ou indireta de um mundo real. Conforme o mesmo caracteriza os

diferentes tipos de coletas de dados descritos a seguir:

- Levantamentos Ambientais – constituem-se em uma grande variedade de

levantamentos, correspondentes às inúmeras áreas de interesses ambientais e

incluem os objetivos, métodos de amostragens, entre outros. Nesse tipo de

coleta os métodos mais utilizados são os de Sensoriamento Remoto e

levantamento de campo;

- Levantamento de Relevo – este tipo tem por objetivo obter dados de

localização de pontos do terreno em duas ou três dimensões, podendo ser

caracterizado por uma grande variedade de métodos tais como: topográfico

tradicional, geodésico, aerofotogramétrico e por posicionamento;

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- Levantamentos de População: neste caso tem-se como objetivo a obtenção

de dados sobre as características dos indivíduos que constituem uma

determinada população. Pode-se envolver a coleta de dados de todos os

elementos de uma população, por meio do método censitário, ou somente da

parte mais representativa utilizando para tanto o método amostral.

Em função disso Rodrigues (1990), ressalta que o desenvolvimento da etapa

de coleta de dados inicia-se um novo processo conhecido como geocodificação, que

consiste em prover referências passíveis de tratamento automatizado, englobando os

domínios espaciais. Os pontos, linhas e áreas são associados a entes discretos, pontos

como indústrias, escolas, e alternativamente, a entes contínuos como uma reserva

florestal. As linhas, por exemplo, são associadas a entes como rodovias, vias de acesso e

linhas de transmissão de energia, e as áreas têm associação a entes como propriedades e

quadras, e podem apresentar unidades espaciais de área, podendo ser arbitrárias,

institucionais, nodais e naturais.

Nesse sentido ressaltamos que durante a realização das etapas posteriores,

segundo Rodrigues (op. cit.) irá ocorrer o tratamento de dados, ou seja, das informações

referentes aos dados coletados e codificados que serão submetidos a determinadas

operações, podendo envolver tanto sistemas de análise simples de dados, como sistemas

mais complexos e abrangentes. As metodologias referentes a este processo podem ser

agrupadas em:

- Manipulação de Dados: consiste nas operações que auxiliam determinadas

tarefas tais como: a “entrada” e a “saída” de dados, seu armazenamento,

recuperação e integração. Pode ser inteiramente dependente do esquema de

geocodificação. Os dados de sensores remotos, como as imagens de satélites,

podem ser manipulados por meio de técnicas de interpretação visual, ou com

o auxílio de sistemas de tratamento digital de imagens;

- Gerenciamento de Dados: engloba as operações de armazenamento,

manutenção e recuperação de dados. Esses dados podem ser tratados

seguindo uma abordagem hierárquica, de redes ou relacional;

- Modelos Digitais de Terreno (MDT): tais modelos podem ser denominados

como sendo modelos de elevação, podendo ser definidos como sendo

funções, lato sensu, onde um par de coordenadas no plano assumem o valor

de elevação do terreno naquele ponto. Pode o MDT ser utilizado na geração

de informações essenciais para a definição de áreas suscetíveis a utilização

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antrópica assim como, na identificação das condicionantes naturais. É

indicado principalmente para quem utiliza os Sistemas de Informações

Geográficas (SIG) como apoio na elaboração da Cartografia regulamentar;

-Mapeamento por Computador: consiste em operações digitais que

compreendem as representações gráficas de fenômenos, ou objetos, de

expressão espacial, tendo como princípio a associação de técnicas de

produção de gráficos por computador com o da Cartografia tradicional, tais

como os mapas de referência (topográficos) e os mapas temáticos.

Em função disso o Geoprocessamento, segundo Gomes (2002), pode ser

entendido como sendo conjuntos de programas de computadores cuja utilização está

associada a arquivos, procedimentos, equipamentos e documentações, informações estas

que tenham relação com as questões espaciais.

Para Silva (1999), o Banco de Dados é uma etapa fundamental do

Geoprocessamento. Pois aí se observa a complicada estrutura utilizada, percebe-se que

o mesmo tem como objetivo fundamental a provisão de uma visão abstrata dos dados, a

fim de que os usuários não tenham acesso a detalhes de como o banco de dado é

constituído e de como os dados são armazenados. Tais informações são ocultas e

conhecidas em determinados níveis de abstração.

Estes níveis estudados por Silva (op.cit.), foram divididos em baixos, físicos

e conceituais:

Os baixos são aqueles que descrevem ao usuário de que maneira os dados

são organizados, os usuários com pouca experiência não precisam se

preocupar com o detalhamento encontrado em tais níveis. No nível físico,

são descritas em detalhe as estruturas dos dados. No nível conceitual,

ocorrem a definição de quais dados serão ou não armazenados e qual a

relação estrutural entre eles. Neste nível é que os administradores de banco

de dados decidirão qual tipo de informações serão mantidas ou alteradas na

estrutura do referido banco. Tais dados necessitam estar protegidos de

acessos não autorizados e de ações que possam destruir, incluir ou alterar de

forma intencional ou acidental os dados e as informações constantes do

banco de dados.

É importante ressaltar que para Silva (1999), o mau uso dos dados é

classificado como intencional e acidental. Dentre as formas intencionais podemos

observar o seguinte: a ocorrência de leitura não autorizada de dados, culminando com a

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mudança de dados, ações estas que em muitas vezes podem terminar com a destruição

não autorizada do banco de dados, seja ela parcial ou total. As acidentais podem ocorrer

ou devido a perdas ocasionadas pelo mal funcionamento do banco ou através da má

distribuição desses dados em uma rede de computadores que pode apresentar anomalias

causadas por acessos simultâneos ao mesmo banco de dados. É necessário um sistema

de segurança eficiente que possa inibir tais ocorrências, preservando assim a integridade

do banco de dados bem como das informações contidas no mesmo.

Sendo assim, é aconselhável que os usuários que tenham acesso ao banco de

dados, sejam pessoas de máxima confiança da empresa ou órgão institucional, a fim de

que não ocorram danos no sistema operacional por manipulação inadequada do banco

de dados. O usuário pode ser o mesmo que manipula ou modifica o esquema desde que

sob supervisão direta de sua chefia. Tais autorizações dizem respeito aos seguintes

fatores, segundo Silva (op.cit.):

a) Leitura - é permitida a leitura dos dados e informações, mas não é

permitida a modificação e a alteração dos mesmos;

b) Entrada – é permitida a entrada de novos dados, desde que não sejam

modificados os já existentes;

c) Atualização – é permitida a modificação dos dados existentes, mas não a

sua eliminação;

d) Índice – é permitida a criação ou eliminação, mas somente no que diz

respeito aos índices;

e) Recurso – também é permitida a criação de novas relações ou interfaces;

f) Alteração – só permitem o acréscimo ou a eliminação de determinados

atributos em uma relação;

g) Redução – nesta operação é permitida a eliminação das relações.

Podendo-se compreender com base em estudos anteriores citados por Silva

(1999), que a tecnologia de bancos de dados utilizadas em SIG é constituída

classicamente por dados tabulares, ou seja, dados referentes às feições espaciais. Um

banco de dados é composto por uma coleção de dados integrados e inter-relacionados. O

Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD) consiste em um conjunto de

programas que tem a finalidade de acessar os dados pertencentes ao banco de dados.

Tem como seu principal objetivo criar um ambiente propício e eficiente a fim de retirar,

armazenar e atualizar os dados e informações contidas neste banco de dados. Mas, para

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que isso ocorra o SGBD deve enfrentar alguns desafios tais como: a redundância de

dados, inconsistência e dificuldade no acesso aos mesmos, sem contar o isolamento de

dados e a existência múltiplos usuários. O SGBD tem que se preocupar ainda com a

segurança e integridade dos dados.

Assim sendo salientamos que para Silva (op.cit.), no que diz respeito a

utilização e manipulação de sistemas, a questão da segurança dos dados passa a ser de

extrema importância, portanto, é necessário haver mecanismos que impeçam ações que

possam danificar ou inutilizar o banco de dados como, por exemplo, o usuário ter

acesso ou permissão para atualizar, apagar ou transferir dados. A integridade dos dados

existentes depende da inexistência de dados que não demonstrem os fenômenos

existentes no mundo real.

Tendo sido verificado na obra do autor citado acima a existência de vários

tipos de bancos de dados com as seguintes características:

a) Banco de Dados em Rede: este tipo de banco surgiu nos idos da década de

1960, e consiste em um modelo de rede onde os dados ficam acondicionados

como que em caixas, existindo uma variada coleção delas, que correspondem

aos vários tipos de registros. Já o relacionamento dos dados existentes é

representado por linhas que correspondem a estas ligações, uma associação

entre dois registros. A linguagem de manipulação de dados consiste

geralmente em comandos existentes na linguagem conhecida como

hospedeira linguagem esta que tem acesso à manipulação das variáveis do

banco de dados, assim como às variáveis declaradas localmente;

b) Banco de Dados Hierárquico: este modelo é similar ao modelo em rede,

uma vez que os dados e as relações são representados, respectivamente,

através de registros e ligações. A diferença entre eles é a seguinte: no modelo

hierárquico há organização dos registros como se fossem uma coleção de

árvores, já no modelo em rede as técnicas utilizadas são do modelo em

formato de grafos arbitrários. Outra característica deste tipo de banco de

dados é o relacionamento um-para-muitos e não muitos-para-muitos, ou seja,

todos os “filhos” devem estar ligados a algum “pai”. Por exemplo, caso se

deseje saber um determinado tipo de solo, o sistema deverá investigar todas

as possibilidades, podendo levar algum tempo, mas, se o solo for um “pai”, a

informação é respondida rapidamente. Este modelo não permite uma ligação

entre os mesmos tipos de registros, o que significa que, caso haja a

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necessidade de algum questionamento entre os dados, ocorrerá a necessidade

de subir e descer na árvore que compõe a base de dados;

c) Banco de Dados Orientado ao Objeto (BDOO): neste caso o modelo de

orientação a objeto encontra-se protegido através de um código de dados em

um único local conhecido como objeto. E as relações deste objeto com o

restante do sistema definiram-se como sendo um conjunto de mensagens,

podendo estes dados ter diferentes representações tidas como arbitrariamente

longas como, por exemplo, textos, dados de áudio, gráficos, imagens de

vídeo, entre outras. Tal característica fez com que este tipo de banco de

dados se tornasse muito popular, aumentando demasiadamente as pesquisas

em busca do desenvolvimento e a melhoria deste sistema, devido à

possibilidade de se ter um produto estruturado nas representações de

abstrações como ícones, coexistindo com os dados. Sua maior qualidade

funcional diz respeito à questão da “re-usabilidade”, ou seja, as rotinas

comuns são armazenadas em arquivos tipo biblioteca, permitido ao usuário

recuperar ou rever estas rotinas a qualquer momento. A linguagem utilizada

é diferente das linguagens tradicionais, fazendo com que este banco tenha

uma característica peculiar devido a três características inerentes ao BDOO:

o polimorfismo, o capsulamento e a herança.

- Polimorfismo: é a capacidade e a habilidade que o sistema tem de fazer

com que diferentes objetos respondam a uma mesma mensagem através de

diferentes caminhos;

- Capsulamento: é a capacidade que o sistema tem de se auto-proteger de

interferências externas, ou seja, proteger a si e a todos os dados que estejam

encapsulados;

- Herança: é a habilidade que este sistema possui de adquirir e recuperar a

funcionalidade de outros objetos, mesmo que estes tenham passado por um

processo de configuração, sendo que para atingir tal fim novas classes

devem ser criadas como sendo seus descendentes;

d) Banco de Dados Relacional: este tipo de banco é tido como sendo um dos

bancos mais novos: É uma coleção de tabelas, cada uma associada a um

único nome. Neste banco cada tabela possui uma determinada estrutura onde

uma linha representa um relacionamento entre determinados conjuntos de

valores, pois, neste caso, a tabela representa tais relacionamentos, existindo

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aí uma estreita correspondência entre os conceitos expressos nas tabelas e o

conceito matemático de relação. Pode ser operado com dois ou mais

arquivos ao mesmo tempo, utilizando-se de ligações estabelecidas por

campos comuns.

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2.2 Sistemas de Informações Geográficas (SIG)

Dentre as ferramentas utilizadas pelos técnicos envolvidos com as atividades

que requeiram utilização de informações espaciais georeferenciadas de interesse

geográfico, o emprego de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) se faz necessário.

Segundo Silva (1999), estudos realizados demonstram a existência no atual

mercado de uma centena de diferentes SIGs. Tais sistemas dependem exclusivamente

dos mapas em detrimento das relações que podem ser estabelecidas entre estes e os

SIGs. Vale lembrar que o objetivo primordial dos primeiros mapas era de auxiliar a

navegação na condução de operações de cunho militar, a exemplo dos romanos, que

atribuíam uma grande importância às atividades desempenhadas pelos medidores de

terras conhecidos como agrimensores, fazendo com que estes ocupassem importantes

cargos em seu governo.

Silva (1999) comenta em sua obra que em 1835, as técnicas de Cartografia,

juntamente com a teoria da Ciência Social e a responsabilidade sobre o meio ambiente,

transformaram-se em importante base para a elaboração de projetos de mapeamentos

temáticos. Nessa época outro fator de destaque que contribuiu e muito para a evolução

dos SIGs foi a Revolução Industrial.

Com o aumento da produção de artigos manufaturados, houve uma busca

ainda maior pela matéria-prima, ocasionando assim a migração ou êxodo rural em

direção aos grandes centros. O significativo aumento populacional das grandes cidades,

fez com que ocorresse um aumento também na expectativa de obras de infra-estrutura,

na área social como na urbana, principalmente no que se refere aos setores de

transportes, comunicação e no uso e ocupação do solo. A exemplo disso podemos citar,

em 1838, o Atlas elaborado pela Companhia de Estrada de Ferro Irlandesa como

instrumento de gestão das atividades de transporte e ampliação de linha. Esse trabalho é

tido como o primeiro SIG: Sistema constituído de vários mapas entre eles mapas de

população, transportes, linha de fluxo e tráfego, geológicos e topográficos. Esses mapas

eram utilizados de forma virtual em operações de sobreposição onde se observam os

diferentes atributos de determinadas posições espaciais, contribuindo assim para que a

empresa pudesse ter o controle das decisões a serem tomadas (SILVA, op.cit.).

Para Silva (1999) somente com o avanço das diversas áreas tecnológicas é

que, na década de 1940, aparecem os primeiros computadores eletrônicos, modificando

assim os padrões tidos como clássicos da Cartografia. Foram abertas enormes

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possibilidades de pesquisa e manipulação de grandes quantidades de dados,

principalmente dados espaciais, através de processos de cálculos matemáticos via

computador.

No final da década de 1950, vários profissionais de áreas diversas tais como

metereologistas, geofísicos e geógrafos, passaram a incorporar em suas atividades

mapas e demais produtos cartográficos gerados por computadores. Silva (1999)

comenta que nos estágios iniciais a representação gráfica era apresentada de maneira

bastante simplificada. Nessa época ocorreu um rápido avanço da análise espacial

atingindo o status de Ciência. Como exemplo, podemos citar um fato que aconteceu na

Suécia, quando após vários estudos nessa área no início da década de 1960, o estudioso

Hagelstrand desenvolve sua teoria a respeito da difusão espacial. Nesta mesma década,

após 1965, com o auxílio dessas teorias, o modelamento de dados censitários foi se

desenvolvendo de tal maneira que passou a fazer parte não apenas do meio acadêmico,

mas também da esfera governamental.

Enquanto isso, desde 1962, no Canadá, era desenvolvido no Canadian Land

Inventory, pelo pesquisador Tomlinson(1)

, o que podemos citar como sendo o primeiro

SIG da era contemporânea, denominado Sistema de Informações Geográficas

Canadense (Canadian Geographic Information System – Cgis). A principal

característica desse sistema foi ter sido projetado com a finalidade de atender não

apenas a uma aplicação específica; ele passa a ter uma abrangência maior no que diz

respeito a análise e interpretação de dados (SILVA, op.cit.).

Na revisão de literatura o autor citado acima comenta que a principal

aplicação do Cgis era o armazenamento de mapas em formato digital, com informações

a respeito do uso da terra em todo o Canadá. Possuía a capacidade não apenas de

armazenar, mas também de recuperar os dados, por meio de um processo de

reclassificação dos mesmos utilizando para isso uma operação conhecida como

mudança de atributos, tais como: reclassificar os atributos, mudar a escala de

apresentação, oferecer operações de superposição entre polígonos, criar novos

polígonos, fornecer listas de acordo com a necessidade dos usuários e apresentar

relatórios estatísticos. Consolida-se assim, a origem do Sistema de Informações

Geográficas como o conhecemos hoje.

______________________________________________________________________

(1)TOMLINSON, R. F e BOYLE, A. R. (1981) The state of development of systems for

handling national resources inventory data. Cartographica, v. 18, pp. 65-95.

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No ano de 1964, Silva (1999) explica que nos Estados Unidos, surgiu ainda

um protótipo do que seria considerado o primeiro SIG. Tal sistema tinha como meta a

análise dos problemas relacionados com os recursos naturais, sendo denominado de

MAIDS. Tal sistema não apenas armazenava e recuperava dados de um determinado

atributo, mas conseguia também produzir operações de superposição e operações

matemáticas e simulações. O sistema também era capaz de gerar relatórios em forma de

gráficos. Outro fator de destaque desse sistema era a forma mais versátil com que eram

realizadas as atualizações em seu banco de dados através de operações bem

simplificadas ao contrário dos demais.

E que de acordo com Silva (op.cit.) outro fator marcante na história dos SIGs

foi a publicação em 1969, por Ian MacHarg(2)

de um trabalho intitulado Design with

nature, no qual estabeleceu e formalizou o conceito de uso do Sistema para a análise de

aptidão e uso do solo através da sua capacidade analítica. O sistema poderia combinar e

comparar determinados tipos de dados mesmo os mais variados através de modelos

predeterminados, produzindo como síntese da análise vários produtos, dentre eles

gráficos e mapas.

Ainda segundo o autor, o Sistema proposto por MacHarg teve eficiência

comprovada em 1988, quando o próprio MacHarg viria a dizer na cidade de Atlanta

(EUA), na conferencia de Urisa:

“Nós temos que ver o computador como um equipamento que

pode ampliar, em termos quantitativos, nossas sensibilidades,

nossa sensitividade e nossos entendimentos, portanto afetar as

modificações feitas por nós sobre o meio ambiente, de modo

que possamos aumentar a saúde humana e a qualidade de vida”.

Para Silva (1999) nos anos de 1970 ocorre uma nova fase no

desenvolvimento dos SIGs, principalmente aqueles voltados para as questões relativas

ao planejamento e ao modelamento de situações, referentes as áreas urbanas, apesar de

que nessa época os objetivos eram considerados ainda como sendo modestos e a

modelagem geralmente era realizada de maneira simples. Dentre essas operações uma

que se tornou famosa em se tratando de modelamentos foi desenvolvido na Austrália,

ficando conhecida com o nome de TOPAZ (Technique for the Optimum Placement of

Activities in Zones).Foi aplicada com sucesso nos Estados Unidos e na Austrália, em

cerca de 40 áreas diferentes.

(2) MACHARG, W. e TOOD, R. (1966) A comprehensive highway route selection method,

prepared by the Delaware-Raritam Committee.

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Contudo ressalta Silva (op.cit.) que outro fator positivo nessa década foi

o surgimento das imagens de Sensoriamento Remoto, vindo a se tornar uma fonte

importantíssima de informações para os SIGs. Foram esses produtos incorporados, em

1972, juntamente com outros produtos derivados do processamento digital de imagens

de satélite com a finalidade de análises de dados espaciais. Um ano depois um novo

sistema gráfico foi produzido pela Intergraph, a fim de atender principalmente a

interesses militares, mas foi também utilizado como suporte para as administrações

governamentais. Esse sistema produzia um mapeamento automático interativo, ficando

conhecido como Nashiville.

Podemos compreender com base em Silva (1999) que a incorporação

definitiva dos SIGs em atividades diversas para a sociedade só aconteceu na década de

1980, devido a vários fatores, entre os quais o mais importante: a evolução tecnológica

da informática. Como exemplo podemos citar a utilização da plotagem eletrostática, do

scaner e das estações de trabalho. Tais incorporações deram um grande impulso na

tecnologia de banco de dados a exemplo da ESRI (Earth Research Institute), que

desenvolveu seu banco de dados com característica relacional comercial, enquanto o

produzido pela Intergraph era do tipo hierárquico.

Na década de 1990 ocorrem outras inovações nos SIGs tais como, a

arquitetura dos sistemas, os periféricos e os aplicativos passam a ser ligados em redes,

fazendo com que ao final dessa década ocorresse, uma poderosa capacitação de

produção gráfica, por meio do processamento de atributos oriundos das análises

espaciais com a crescente integração do usuário com os SIGs. Dessa relação pode ser

estabelecida funções junto aos mais variados setores da sociedade, tanto governamentais

quanto o privado, como uma poderosa ferramenta na área do planejamento, devido à

facilidade de uso dos seus aplicativos (SILVA, op.cit).

Nesse sentido ressaltamos a análise realizada em vários trabalhos por

Archela (2001), onde a mesma define SIG como sendo um sistema auxiliado por

computador para aquisição, armazenamento, manipulação, análise e visualização de

dados geográficos. E que tal sistema é a combinação de avanços da Cartografia Digital,

dos sistemas de manipulação de banco de dados e do Sensoriamento Remoto com o

desenvolvimento metodológico da análise geográfica, para produzir um conjunto

distinto de procedimentos analíticos que auxiliam no gerenciamento e na atualização

constante das informações disponíveis.

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Um conceito mais amplo do SIG, segundo estudos anteriores citados por

Archela (2001) é que além de software, um SIG compreende todo um conjunto de dados

gráficos e não-gráficos adequadamente armazenados em um ou mais bancos de dados,

organizados e estruturados com lógica para responder a questões pré-determinadas.

Deve-se ressaltar que não existe um modelo padrão, capaz de resolver todos o

problemas, executar todos os tipos de representação gráfica ou atender a todas as

necessidades dos técnicos e instituições que utilizam esses recursos. Quando da escolha

de um SIG, deve ser considerada a definição de objetivos, as necessidades do usuário e

a análise da estrutura organizacional da instituição na qual o mesmo será implantado.

Assim Archela (2001) ressalta que o SIG pode ser considerado como um dos

instrumentos de grande utilidade para o planejamento e gestão, uma vez que possibilita

avaliar tendências do crescimento urbano, definir os avanços de redes de infra-estrutura,

definir locais estratégicos para a instalação de postos de saúde, hospitais, creches,

escolas, áreas de lazer, áreas potenciais de ocupação residencial e industrial, avaliar a

porcentagem de cobertura vegetal natural e cultivada pelo homem em atividades de

reflorestamento (silvicultura), determinar a extensão de áreas industriais, residenciais,

agrícolas entre outros. E determinar áreas piloto que auxiliem na prevenção e combate a

incêndios florestais.

O SIG não é simplesmente uma ferramenta que pode ser utilizada na

realização de inventários de informações, pois Silva (1999) ressalta que ele pode ser

utilizado também para simular e testar modelos ou estimar determinadas situações, e

deve conter os seguintes componentes:

a) um sistema de aquisição de dados, que colete ou processe dados

espaciais derivados de mapas disponíveis, imagens de satélites, etc;

b) um sistema de armazenamento e recuperação que organize os dados

espaciais, de modo a permitir um rápido acesso pelo usuário para

subseqüente análise, bem como a atualização e correção do banco de dados

espaciais;

c) um subsistema de manipulação e análise de dados que realize uma

variedade de tarefas tais como produção de estimativas, modelos de

simulação, etc.;

d) um subsistema de relatórios de dados que seja capaz de apresentar

todo o banco de dados original, ou parte dele, bem como os dados

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manipulados, fornecendo uma saída de modelos espaciais na forma de

tabelas, mapas e figuras.

Sendo assim um Sistema “SIG” segundo Silva (1999) deve executar uma

série de programas que permitam obter superposições, transformações, desenho de

novos mapas e cálculos. Possibilita assim a tomada de decisões em diferentes níveis,

com grande objetividade e de maneira confiável, propiciando sempre a análise a partir

da informação geográfica, ou seja, aquela que diz respeito ao espaço ou que esteja

georeferenciada. Devem-se manter os dados primários em forma de conjunto

estruturado logicamente, de forma tabular, evitando assim a perda dos mesmos, pois só

e possível implementar um Sistema Geográfico de Informações Espaciais em regiões

que apresentam mapeamento concluído ou com cobertura de imagens de satélite.

Para Silva (op.cit.), são utilizados três grupos como sendo as principais

fontes de análise espacial de um SIG, aqui denominadas como funções:

1- Funções Locais: são compreendidas como sendo as classes simples, as

quais dão origem a valores no mesmo mapa, onde os múltiplos, em dois

ou mais mapas, podem ser visualizados nas formas: gráfica, imagem ou

tabular;

2- Funções de Vizinhança: estas funções estão dividas em duas modalidades

distintas: imediata função, cuja aplicação requer a geração de um Modelo

Digital de Elevação (MDE), a fim de se elaborar, por exemplo, mapas

de declividade. E a extensiva, que é aplicada principalmente para a

produção de mapas de corredores (tipo linear) ou faixas concêntricas

(tipo pontual), tomando como alvo determinadas características

espaciais, tais como estradas, vias de acesso, rios, habitações, etc.

3- Funções Zonais: também estão divididas em duas modalidades distintas:

inteiras, são utilizadas para a análise de dois ou mais mapas, sendo um

no formato de áreas contendo valores associados a uma planilha de

dados. Já as parciais são utilizadas em mapas que possuem categorias

qualitativas em formato poligonal em um mapa no formato de superfície

estatística contínua também conhecido como Modelo Digital de Elevação

(MDE).

Quanto as aplicações das técnicas de SIG em relação à modelagem

cartográfica, Gomes (2002) ressalta que as mesmas devem ter como características

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principais atender aos padrões estabelecidos por normas técnicas e legislação vigente,

na busca de uma forma mais eficaz do diagnóstico e da resolução de problemas.

Tais regras e normas, segundo a autora, são estabelecidas a fim de se

convencionarem os procedimentos relativos à Cartografia e podem ser encontradas na

Norma Cartográfica Brasileira, cuja denominação mais usual e genérica é atribuída a

qualquer documento de origem normativa, integrando assim a Coletânea Brasileira de

Normas Cartográficas, conforme consta no Decreto nº 89.817 de 20 de Junho de 1984.

A autora (GOMES, op.cit.) explicita que a modelagem cartográfica consiste

na utilização de modelos expressos em forma de combinação de mapas, estruturados no

encadeamento de regras de transformação espacial de dados geográficos mapeados,

tendo como principais características:

- A necessidade de ocorrer à adaptação do SIG como um conjunto de mapas

temáticos, onde se deve caracterizar um determinado setor da superfície

terrestre, devendo este ser organizado em camadas denominadas como layers

de informações associadas á área de estudo. Cada camada tem a função de

individualizar um atributo de maneira explícita como, por exemplo, espaço,

vegetação, rochas, solos, declividades do terreno, altimetria, etc. ou de

maneira implícita obtida através de análises lógicas de coincidência espacial,

de vizinhança, etc., disponíveis no SIG;

- A consideração que todo o seu projeto deve estar fundamentado em um

modelo de decisão, tendo como resultado a escolha de determinados locais

baseados em fatores mapeados espacialmente. Aplica-se para tanto a teoria

de decisão, que num contexto de SIG deve ser empregada de forma analítica

multicriterial ao nível espacial, tendo o objetivo de avaliação da

susceptibilidade.

Recentemente durante a realização do Mapeamento Dinâmico da Cobertura

Vegetal nas Montanhas Nurota no Uzbequistão, os autores Mumimov e Benedikt (2005)

com o objetivo de desenvolver um software especial baseado em Sistemas de

Informações Geográficas e em tecnologia de Sensoriamento Remoto, descreveram a

área de estudo a fim de se generalizar os vários tipos de técnicas de análise ambiental.

Os pesquisadores explicaram o estudo básico para o mapeamento das mudanças de

vegetação que foi executado com a avaliação das referidas imagens que foram

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analisadas utilizado o processamento digital de imagens ERDAS IMAGINE(3)

e demais

materiais tais como mapas, cartas topográficas, mapas temáticos de cobertura vegetal

(inventários florestais) e de uso do solo, que foram analisados por meio de interpretação

visual e em extensivos levantamentos de campo, por meio dos quais pode-se obter

informações importantíssimas a respeito das mudanças das áreas de vegetação sendo

que alguns dados foram extrapolados pela interpretação de imagens por causa da

impossibilidade de visitar alguns locais da área de estudo.

Este levantamento, segundo Mumimov e Benedikt (op.cit.), culminou no

desenvolvimento de um sistema interativo para o mapeamento dinâmico de uma

cobertura vegetal com base em imagens de satélites permitindo assim a elaboração de

mapas temáticos a partir de dados coletados tendo como objetivo analisar o impacto de

atividades econômicas na área de estudo podendo-se assim prever mudanças ecológicas

e geográficas para um longo período de controle e monitoramento ambiental. Esta é

uma importante ferramenta de capacitação dos pesquisadores e do governo na tomada

de decisões no que diz respeito ao monitoramento dos ecossistemas por meio de

medidas efetivas para superar as mudanças negativas em áreas de interesse ambiental. É

possível assim prever o desenvolvimento futuro a longo prazo por meio das análises

ambientais que podem contribuir para o desenvolvimento regional destas áreas, por

meio do acesso deste banco de dados podendo-se tornar uma ferramenta

importantíssima nas questões referentes ao Planejamento Ambiental.

_____________________________________________________________________________ (3)

Marca Registrada da plataforma de Geoprocessamento de ERDAS Inc.; Atlanta, GA, EUA.

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33

2.2.1 – Aplicações de SIG em Incêndios Florestais

Os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) têm se mostrado como

importantes aliados na prevenção e no combate aos incêndios, uma vez que aumentam a

eficiência do sistema de vigilância, tendo em vista que eles podem auxiliar na escolha

de locais para a instalação de torres de vigilância na região a ser monitorada

(PEZZOPANE et al., 2001). Como forma de otimização de custos foram analisados,

segundo o autor, critérios como a proximidade de rodovias e vias de acesso, pontos

mais elevados do terreno, topografia, condições climáticas, material combustível e tipo

de vegetação, critérios estes que fazem parte do banco de dados que podem ser

analisados pelos Sistemas de Informações Geográficas.

Esses critérios já são utilizados em pesquisas de manejo de incêndios

florestais como por exemplo, no Parque Nacional de Yosemite, EUA, desde 1990,

sendo que em 1996, foi incorporado a estas tecnologias um SIG denominado FIRE,

sistema este que integra dados espaciais de material combustível e topografia com dados

temporais, direção do vento e umidade do material combustível. A grande novidade no

funcionamento desse sistema é que ele pode predizer o comportamento dos incêndios

florestais no espaço e no tempo.

Loch (2001) defende a importância da realização periódica do inventário

florestal regional ou estadual a fim de se manter o controle contra os desmatamentos em

áreas florestais. Salienta também que tais atualizações do respectivo inventário podem

ser realizadas utilizando os vários tipos de sensores remotos tais como imagens de

satélite ( Landsat TM, SPOT e outros) e fotografias aéreas (coloridas ou preto e branco).

Esse inventário deve ser realizado num período de no máximo 10 anos, sob pena de se

perder o controle e a precisão das informações coletadas.

Lesage et al. (2001) destacam a importância do conhecimento do campo no

que diz respeito aos incêndios florestais, visto que é necessário muitas vezes tomar

decisões de como agir em poucos segundos. Tal preocupação teve início na França a

partir de 1970, quando os órgãos responsáveis pela defesa florestal começaram a se

preocupar com a elaboração de novos mapas com a finalidade de prevenir os incêndios,

mapas estes conhecidos atualmente como mapas de Defesa de Floresta Contra Fogo

(DFCI).

Os mapas foram concebidos segundo Lesage et al. (2001), a partir da

aplicação de SIGs desenvolvidos especificamente para esse fim, ou seja, a produção de

mapas impressos no formato analógico em escalas compatíveis de 1:25.000. Com o

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tempo, viu-se que o SIG que gerava os antigos mapas DFCI, apresentava duas

desvantagens: primeiro o alto custo na elaboração dos mapas, uma vez que cada

departamento (Estado) francês deveria disponibilizá-los em todos os veículos que

trabalham na área de monitoramento. Segundo que este mapas de um ano para outro

tornavam-se obsoletos. Sendo assim, o governo francês resolveu adotar um SIG que

pudesse oferecer tais produtos cartográficos em formato digital, criando-se o Sistema de

Informações Geográficas Aplicado a Segurança Civil (SIGASC).

Este novo sistema de acordo com Lesage et al. (op. cit.), veio suprir de

forma eficaz o problema apresentado pelo SIG anterior, contribuindo e muito com os

órgãos governamentais franceses incumbidos da defesa florestal. As aplicações do novo

SIG estão diretamente ligadas à silvicultura bem como à administração e manejo de

florestas, por meio de ações preventivas e operacionais no tocante à defesa florestal e

administração de emergências de origem florestal. Nesse SIG todas as aplicações só são

possíveis por meio da atualização criteriosa do conjunto de informações que compõem

um banco de dados. Tais atualizações são realizadas por uma equipe de técnicos

especialistas em SIG que compõem os grupos de trabalho baseados em cada

departamento francês, tendo como objetivo a coleta e a atualização de dados para que o

sistema possa gerar mapas diariamente atualizados em escalas regional e nacional.

O SIG, segundo Lesage et al. (2001), possui também informações

importantíssimas quanto à prevenção e combate a incêndios florestais tais como:

localização das unidades administrativas e operacionais, rede hidrográfica, uso da terra,

rede viária, localização dos Pontos de Defesa Florestal Contra Incêndio (PDFCI),

represas e açudes, variações climáticas, etc, informações estas que constam dos

inventários elaborados nos 15 departamentos franceses que integram a costa

mediterrânea da França.

Outro exemplo interessante da utilização dos SIGs na área florestal é o

sistema implantado no Canadá, que, segundo Lee et al. (2002), utiliza tecnologias dos

SIGs mas tem características específicas para a área florestal, denominado como

Sistema de Gerenciamento de Incêndio – system Fire Management (sFMS). Foi

projetado para apoiar as políticas públicas canadenses no que diz respeito aos incêndios

em áreas florestais. Esse sistema, que integra um programa em nível nacional consegue

prever e administrar em tempo real ou de hora em hora, alertando para situações

iminentes de incêndio que possa estar ameaçando determinada região.

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Neste caso o sistema FIRE elabora diversos produtos cartográficos: cartas de

comportamento do fogo, cartas de locais com possíveis probabilidades da ocorrência de

incêndios, estatísticas quanto à duração do incêndio, bem como cálculo da área que

pode ser atingida, podendo predizer quais os impactos que o incêndio poderá causar, ou

seja, qual a área queimada e até o percentual da emissão de gás-estufa na atmosfera. Os

resultados conseguidos são porque os dados climáticos também são incorporados ao

sistema tais como: temperatura, umidade relativa do ar, direção dos ventos, entre outros.

Tais dados são tabulados e posteriormente analisados por uma equipe de especialistas

que imediatamente decidem qual a melhor estratégia a ser empregada, a utilização ou

não de meios materiais, humanos e inclusive o uso ou não de aeronaves (LEE et al.

2002).

Contudo ressalta Lee et al (op.cit.) que também são utilizadas imagens de

satélite AVHRR bem como fotografias aéreas, que contribuem ainda mais com a análise

cartográfica da área atingida. Esses dados são disponibilizados também pela internet, o

que demonstra a preocupação do Canadá com as questões florestais. Há mais de 30 anos

a população canadense mantém uma relação de constante vigilância através de sistemas

operacionais, cada vez mais avançados, como é o caso do Sistema Canadense de

Monitoramento de Incêndio em Áreas Florestais – Canadian Wildland Fire Information

System (CWFIS).

Florenzano (2002) destaca que nas últimas décadas no Brasil ocorreu um

aumento expressivo das queimadas e que isso ocorre devido ao aumento da ocupação de

seu território, uma vez que o processo de povoamento do país ainda é muito latente.

Defende a importância da detecção e do monitoramento de queimadas e dos incêndios

florestais que acabam causando diversas implicações ecológicas, climáticas e

ambientais. A autora ressalta a importância da utilização das imagens de satélites para a

detecção dos focos de incêndios já que é possível detectá-los e localizá-los em tempo

real, em todo o território brasileiro, através de imagens AVHRR dos Satélites NOAA e

Landsat-5. As imagens de satélites aliadas ao SIG possuem uma utilidade

importantíssima no estudo e monitoramento do meio ambiente, podendo inclusive ser

utilizados durante as atividades de planejamento de cidades e regiões.

No trabalho dos pesquisadores Deppe e Paula (2003), estes defendem que o

controle adequado de incêndios passa a ser economicamente viável e necessário, uma

vez que contribui para a minimização de determinados efeitos e causualidades tais

como: as perdas econômicas e a degradação ambiental. Nesse trabalho os autores

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também demonstram que quanto aos incêndios há a vantagem da prevenção e do

controle; e comparando-se com outros desastres de natureza geológica e meteorológica

as ações de prevenção tornam-se muito mais eficazes.

Sendo assim, a importância da utilização dos Sistemas de Informações

Geográficas como ferramenta incorporada a sistemas de tomada de decisão são de

grande valia no que diz respeito à prevenção e ao combate de incêndios florestais. E que

em estudos realizados por Deppe e Paula (op.cit.), os autores proporcionaram o

desenvolvimento de um sistema denominado FIRES, os dados foram organizados em

um SIG, que, por sua vez, encontra-se integrado ao software Arc View GIS 3.2,

utilizando suas extensões Spatial Analyst e Network Analyst. O sistema combina assim a

habilidade da realização do cruzamento e a composição de informações armazenadas

em diferentes layers, facilitando a geração de informações de cunho estratégico. Esse

fato faz com que aumente e muito a capacidade de se identificarem falsos alarmes em

relação aos focos de calor uma vez que estes são detectados pelo sistema com auxilio de

técnicas de Sensoriamento Remoto, que por sua vez utilizam imagens NOAA/AVHRR.

Para que o sistema FIRES funcione, as imagens são analisadas juntamente

com o cruzamento de informações das localidades onde há a ocorrência de focos de

calor com dados a respeito do estado de vegetação, o que proporciona a análise dos

riscos de incêndio florestal, considerando-se também a proximidade ou não de rodovias.

Outra informação importante acrescentada ao sistema é a localização das unidades do

Corpo de Bombeiros, para que o mesmo execute uma integração total, por meio de um

cruzamento eficiente de dados, sejam eles fisiográficos, composto pelas redes de

drenagem e unidades de conservação ambiental, e dados logísticos, atuando assim como

suporte para definição de ações estratégicas e planos de monitoramento que visem as

ações de prevenção e combate. Tais ações tornam-se cada vez mais eficazes na extinção

imediata dos incêndios (DEPPE e PAULA, 2003).

Por outro lado o trabalho elaborado por Yadav et al. (2003) demonstra a

experiência dos impactos da silvicultura na população de Helebang no Nepal. São

apresentadas situações em que a comunidade passou a conviver de maneira direta com

as florestas, explorando de forma sustentável os recursos das florestas de pinus

existentes nas proximidades. A integração tornou-se importante. Segundo os autores,

antes da realização desse estudo 75% dos locais pesquisados estavam em situação

crítica. A administração das florestas passou para o controle direto das comunidades

representadas por grupos conhecidos como Bafios, só que no início eles não possuíam

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uma organização efetiva e não conseguiam conter os vários focos de incêndios

florestais.

Após essas experiências, os Bafios se organizaram e passaram a investir em

um Sistema de Proteção de Florestas, instituindo o primeiro grupo de guardas florestais

com a missão de patrulhar as áreas florestais. Outro problema enfrentado foi a

inexistência de um inventário da área de estudo com informações atualizadas a respeito

das atividades florestais e de vegetação existente, o que dificultou assim os trabalhos de

monitoramento e defesa florestal. Constatou-se uma necessidade de um apoio técnico,

pois, como foi detectado pelos pesquisadores, a ausência de um sistema eficiente de

monitoramento de incêndios ameaçava todo o empreendimento relativo às atividades

florestais tais como extração de resina do pinus, das folhas e da própria madeira. Tal

situação demonstrou claramente que a ausência de um SIG nessas situações pode

comprometer a sobrevivência de comunidades que estão intimamente ligadas a

atividades florestais, tendo-se aí não apenas um problema de cunho ambiental mas

também social.

Para Pinheiro e Kux (2005), durante a produção de mapas temáticos é

necessário informar a sua exatidão, mapas temáticos necessitam ter um alto grau de

confiabilidade, pois poderão ser utilizados como subsídios em ações referentes ao

Planejamento Ambiental e Prevenção de Incêndios. Os autores destacam a importância

dos trabalhos de campo associados à utilização de imagens de satélite, proporcionando

assim maior exatidão temática quando da interpretação visual de imagens, digitalizadas

na tela do computador. Ainda que para alguns pesquisadores a interpretação visível da

imagem e os procedimentos metodológicos utilizados, sejam considerados como

subjetivos, segundo os autores ainda são as melhores opções para o mapeamento de

áreas que estão constantemente sujeitas a processos de destruição, pois permitem

melhoria nas ações de gerenciamento de áreas no tocante a preservação dos

ecossistemas e dos maciços florestais remanescentes que mantêm a diversidade

biológica das áreas florestais ameaçadas no Brasil como Mata Atlântica, Cerrado e

outras áreas.

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2.3 - Conceitos e Definições de Incêndios Florestais

Os incêndios florestais normalmente começam por relâmpagos, queima de

entulhos, gases emitidos pelos escapamentos de máquinas e equipamentos, queimadas

com fins agrícolas, cigarros jogados negligentemente e incêndios criminosos.

Segundo Coelho (1999), na floresta pode ocorrer 04 tipos de incêndios,

caracterizados, como: incêndio superficial, de solo ou subterrâneo, de copa e focos de

fogo, demonstrados nas Figuras 01 a 04.

De acordo com Coelho (op.cit.), o primeiro tipo é o incêndio superficial

conforme podemos notar na Figura 01. Tem esse nome, pois caminha pela superfície do

solo e queima gramíneas, ramos e folhas, também incendeia toras e troncos que estão

em seu caminho. Este tipo de incêndio é considerado como sendo o mais comum.

Figura 01: Incêndio Superficial

Fonte: Aula Sobre Incêndios Florestais (Costa, 2002, Slide nº 03)

Como segundo tipo tem-se o incêndio de solo ou subterrâneo, como se pode

observar na Figura 02. Esse tipo queima a matéria orgânica (restos de vegetais) que se

encontram abaixo da superfície. Normalmente é um fogo de combustão lenta, sem

chamas (COELHO, 1999).

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Figura 02: Incêndio de Solo ou Subterrâneo

Fonte: Aula Sobre Incêndios Florestais (Costa, 2002, Slide nº 04)

Outro tipo muito comum de Incêndio, segundo Coelho (1999) é o incêndio

de copa. Tem essa denominação, pois caminha pelas copas das árvores, conforme pode-

se notar na Figura 03. Este tipo de incêndio ocorre geralmente em dias de muito vento e

com baixa umidade relativa do ar.

Figura 03: Incêndio de Copa

Fonte: Aula Sobre Incêndios Florestais (Costa, 2002, Slide nº 05)

Na interpretação da obra de Coelho (1999) o quarto e último tipo de incêndio

em florestas é conhecido como focos de fogo. São na verdade inícios de incêndios que

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ocorrem nas proximidades do incêndio principal, e geralmente são causados por

fagulhas ou folhas atiradas do incêndio principal. A menos que seja apagado a tempo,

cada foco pode transformar-se em um novo incêndio, agravando ainda mais a situação.

Figura 04: Focos de Fogo

Fonte: Aula Sobre Incêndios Florestais (Costa, 2002, Slide nº 06)

Os incêndios, segundo sua extensão, podem ser divididos em classes que vão

de A até E, ficando assim distribuídas (Tabela 01):

Tabela 01: Classes de Incêndios

CLASSES Extensão (m²)

A Área menor que 1.000

B 1.000 a 5.000

C 5.000 a 50.000

D 50.000 a250.000

E Área maior que 250.000

Fonte: Coelho (1999, p.06)

Quanto ao seu tipo, segundo Teie (1994), os incêndios podem ser

classificados de A até D, assim distribuídos (Tabela 02):

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Tabela 02: Tipo de Incêndios

CLASSES TIPOS

A Madeira e outros materiais combustíveis orgânicos

B Incêndios de petróleo e produtos derivados do petróleo

C Incêndios elétricos, aqueles que envolvem linhas elétricas

carregadas

D Incêndios de metais, aqueles que envolvem a combustão

de metais

Fonte: Teie (1994, p.64)

Segundo Coelho (1999) no que diz respeito a sua forma, os incêndios podem

ser caracterizados por partes (Figura 5) e descritos da seguinte maneira:

Figura 05: Forma de um incêndio

Fonte: Coelho (1999, p.06)

- Perímetro: é o atual limite do incêndio, é medido pela distância em torno

dos limites das chamas;

Flancos

Cabeça / Frente

Origem

Base / Cauda

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- Frente: é a parte do incêndio que se movimenta mais rápido. Um incêndio

pode ter duas ou mais frentes, quando o vento muda de direção, pois os

flancos ou a retaguarda podem dar origem a uma nova frente. Isso acontece

rapidamente e sem qualquer sinal que possa alertar o que vai acontecer;

- Retaguarda: é a parte do incêndio que se move mais lenta, ou seja, é a parte

de trás;

- Flanco: são os dois lados do incêndio entre a frente e a retaguarda. Os

flancos geralmente movem-se mais ou menos paralelos à direção do vento.

De acordo com a revisão de literatura na obra de Coelho (1999), o mesmo

ressalta que não há incêndios iguais, e uma regra básica que toda a equipe empenhada

em combater incêndios deve saber, principalmente o coordenador chefe de operações, é

que cada incêndio tem suas peculiaridades e que, mesmo acontecendo em locais

distintos, deve-se atentar para diversos fatores tais como: temperatura, umidade relativa

do ar, tipo de vegetação, topografia e direção dos ventos.

O fogo pode ser considerado como um inimigo potencial das florestas, tanto

naturais como plantadas, por ser uma força altamente destrutiva quando não controlado.

Quando utilizado de forma controlada, pode ser de grande utilidade para as atividades

florestais uma vez que em planos de prevenção o fogo pode ser utilizado para a redução

de material combustível no interior das florestas, como é utilizado em parques nacionais

nos Estados Unidos e em florestas localizadas na Espanha e França. E que ainda

existem grandes controvérsias sobre os possíveis danos que o fogo pode causar às

árvores do povoamento, sendo imprescindível o estudo do comportamento do fogo a

fim de se avaliar seu efeito sobre as árvores (SOARES, 2005).

Para tanto, Soares (2005), ressalta que é interessante entendermos que em se

tratando de incêndio florestal, este tem início através de um pequeno foco (fósforo

aceso, “bitucas” de cigarro, fagulhas, pequenas fogueiras, etc.). O fogo pode ser

conceituado como sendo um fenômeno físico resultante da rápida combinação entre

duas substâncias distintas, o oxigênio e uma substância qualquer (ex. palha, grama seca,

madeira, etc.), que com a produção de calor, luminosidade, evoluem para chamas

devido à ocorrência de combustão entre as substâncias envolvidas. Resulta daí uma

reação química por oxidação, tendo-se o que é conhecido como sendo o “Triângulo de

Fogo”, conforme demonstrado na Figura 06.

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Figura 06: Triângulo de Fogo

Fonte: Coelho (1999, p.01)

A redução ou exclusão de qualquer um desses elementos pode inviabilizar o

processo de combustão, extinguindo-se aí o foco que poderia resultar em um incêndio

de grandes proporções. De acordo com Soares (2005), um incêndio florestal superficial,

após iniciado pelas causas citadas anteriormente, tende inicialmente a se propagar para

todos os lados de forma aproximadamente circular.

Em um segundo momento sua forma é alterada pela ação do vento e da

topografia. Em função disso Soares (2005) ressalta que nessa fase o fogo já apresenta

forma definida, podendo ser divido nas seguintes partes: cabeça ou frente, flancos,

cauda e base. A cabeça ou frente é a parte que avança mais rapidamente seguindo a

direção do vento, e a cauda ou base se propaga em direção oposta ao vento e em menor

velocidade, podendo-se às vezes até se auto-extinguir. Os flancos se propagam seguindo

a direção perpendicular à frente do incêndio, ligando-se esta à cauda.

Em se tratando da propagação dos incêndios, vários fatores contribuem para

que ele se espalhe com mais velocidade, tais como: material combustível, a umidade

presente nesse material, as condições climáticas predominantes no local, a topografia e

o tipo de floresta. Existe uma diferença na ação de cada um destes fatores em virtude de

que para cada região e época do ano existem peculiaridades locais que devem ser

constantemente observadas, pois causam uma grande diferença no comportamento dos

incêndios. A observação atenta é considerada como sendo um passo básico na avaliação

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dos vários fatores ambientais a respeito do comportamento do fogo. Podem ser

utilizados como subsídios no planejamento das ações a serem efetuadas durante aos

trabalhos de prevenção e de combate aos incêndios (SOARES, 2005).

Dentre esses fatores podemos destacar os seguintes:

1- Dimensões da chama: a dimensão vertical das chamas produzidas durante os

incêndios é utilizada para estimar a intensidade do fogo (Batista, 1990 apud Soares,

2005). Existe aí uma certa dificuldade em se identificarem essas dimensões, as

principais dimensões obtidas são:

a) comprimento da chama: é a distância entre a ponta da chama e o solo ou

superfície do combustível restante, medida no meio da sua zona ativa. O

comprimento da chama pode ser estimado no próprio incêndio ou por meio de

fotografias, necessitando-se para isso de alguma referência no local que possa

servir de escala;

b) altura da chama: é a distância entre a ponta da chama e a superfície do solo ou

do material que está queimando, medida verticalmente em relação ao solo. A

estimativa da altura das chamas pode ser feita por meio da carbonização na

casca das árvores. Quando a inclinação das chamas é 45º ou mais, o

comprimento é praticamente igual à altura. Entretanto, se a inclinação for menor

que 45º, a altura será sempre menor que o comprimento;

c) profundidade da chama: é a distância, na base da chama, entre a margem

dianteira e a margem posterior.

Portanto, segundo Soares (2005) quando se usa a altura das chamas ao invés

do comprimento, para estimar a intensidade do fogo, quanto maior for o ângulo de

inclinação da chama em relação ao solo, menor será o erro da estimativa.

De acordo com Soares (2005) a obtenção dessas medidas, no entanto, não é

tão simples assim. A ponta da chama é uma referência muito instável, portanto faz-se

necessário obter uma média de várias observações durante um determinado período de

tempo, a fim de que ela possa ser representativa do comportamento do fogo.

2 - Intensidade do fogo: a intensidade do fogo segundo Soares (2005) é a taxa de

energia ou calor liberada por unidade de tempo e por unidade de comprimento da frente

de fogo. Numericamente é igual ao produto da quantidade de combustível disponível

pelo seu calor de combustão e pela velocidade de propagação do fogo, como demonstra

a equação de (Byram s/d apud Soares 2005).

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45

I = H.w.r

Sendo:

I = intensidade do fogo em kcal/ms

H= calor do combustível em kcal/Kg(+4.000 kcal/Kg)

w= peso do combustível disponível em Kg/m2

r= velocidade de propagação do fogo em m/s

Pode-se estimar a intensidade do fogo através de sua relação com o

comprimento médio das chamas. Traduz-se esta relação através da seguinte equação:

I=63,05 . hc2,17

Sendo:

I= intensidade do fogo em kcal/ms

hc= comprimento das chamas em m

Segundo Soares (2005) a intensidade do fogo, calculada por meio das equações

de Byram (Byram s/d apud Soares, 2005), tem demonstrado ser um parâmetro muito útil

na descrição do comportamento do fogo, além de servir como um índice de referência

para visualizar e comparar as taxas de energia liberadas por diferentes incêndios.

Devido ao fato de o combustível requerer certo tempo para queimar, a liberação de calor

não está limitada à parte mais avançada da frente do fogo, mas acaba se estendendo

retroativamente através de toda a zona onde está ocorrendo a combustão;

3- Velocidade de propagação: é a expressão usada para descrever a taxa segundo a qual

o fogo aumenta, tanto em área como em lineamento. Em estudos de comportamento do

fogo, um dos mais importantes parâmetros é a taxa de propagação linear do fogo, ou

velocidade de propagação, que pode ser medida em metros por segundo, metros por

minuto ou quilômetros por hora. Para isso podem ser utilizados modelos matemáticos,

que estimam a velocidade de propagação de incêndios. Outra forma de medir a

propagação do fogo pode ser também a medida direta através da cronometragem de uma

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distância pré-estabelecida e percorrida pelo fogo. Apesar de não ser um dos parâmetros

mais fáceis de medir um incêndio, a velocidade de propagação é muito importante na

previsão do comportamento do fogo (SOARES, 2005);

4 - Tempo de residência: o tempo de residência ou o intervalo de tempo em que a frente

de fogo permanece num determinado ponto é também um importante componente do

comportamento do fogo. Segundo Soares (2005) tal importância se deve ao fato de que

os danos causados à vegetação dependem não apenas da temperatura do fogo, mas

também ao tempo de exposição da vegetação a essa temperatura.

Na interpretação de Soares (op.cit.) pode-se constatar que o tempo de

residência pode ser mensurado diretamente ou estimado por meio de outros parâmetros,

sendo interessante o acompanhamento da variação da temperatura com pares térmicos

colocados na superfície do solo, determinando-se dessa forma o tempo de residência, ou

seja, o intervalo entre o aumento significativo da temperatura e o seu declínio aos níveis

anteriores. Pode ser medido também com o auxílio de um cronômetro, observando-se aí

o tempo gasto pela frente de fogo para passar por um ponto pré-determinado.

O tempo de residência segundo o autor pode ser calculado por meio da

velocidade de propagação do fogo e a profundidade (ou largura) da chama.

Profundidade da chama é a distância horizontal entre duas extremidades da chama.

Outra estimativa do tempo de residência pode ser realizada também com base no

tamanho médio das partículas de combustível. Tal relação pode ser entendida através da

seguinte equação:

tr= P/r

sendo,

tr= tempo de residência em segundos

P= profundidade

r= velocidade de propagação do fogo em m/s

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5- Calor por unidades de área e perdas de calor:

a) Calor por unidade de área: segundo Soares (2005) é o calor liberado por unidade de

área, podendo ser estimado por meio da observação da intensidade do fogo, dividindo-

se esta pela velocidade de propagação, ou seja:

Ha= I/r

sendo,

Ha= calor liberado em kcal/m2

I= intensidade do fogo em kcal/m.s

r= velocidade de propagação do fogo em m/s

b) Perdas de calor: entende-se como sendo o calor liberado pelo material que queima na

floresta não sendo ainda conhecido com precisão, mas seguramente é menor que os

valores apresentados anteriormente, pois a combustão em condições naturais não é

completa. Outras perdas de calor devem ser levadas em consideração quando se estima

o balanço de energia produzida pelos incêndios, tais como a perda por radiação e perda

pela presença de umidade (SOARES, 2005).

Alguns trabalhos, segundo Soares (op.cit.), indicam que a perda por radiação

pode chegar a cerca de 15% do valor máximo do calor de combustão do material

queimado. Levando-se em conta que essa perda ocorre devido à presença de água, do

teor de umidade do material combustível e calor de combustão pode-se estimar o calor

de combustão do material úmido através da seguinte equação:

Hw = Hd. [ 100-(U / 7) / 100 + U]

sendo,

Hw = calor de combustão do material úmido

Hd = calor de combustão do material seco

U= conteúdos de umidade em % de peso seco

Segundo o autor tendo em vista a presença de umidade no material

combustível, há a necessidade de calor para elevar a temperatura da água presente no

material combustível e aquecer o vapor d’água até a temperatura das chamas. Utiliza-se

para isso um valor menor do calor de combustão nos cálculos e trabalhos relacionados

com o comportamento do fogo, no que diz respeito às perdas de calor no processo de

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combustão do material florestal em condições naturais. Uma vez que a variação entre os

diversos tipos de combustíveis florestais não é muito grande, esse valor de calor de

combustão pode ser considerado como uma constante, cujo valor recomendado é de

4.000 kcal/Kg de material consumido.

6- Altura de crestamento: pode-se defini-la como sendo a altura média de secagem letal

da folhagem das árvores, que ocorre durante o incêndio (SOARES, 2005). Ou seja, é o

efeito imediato do fogo, sendo um importante parâmetro a ser utilizado para se

estimarem os danos causados pelo incêndio à floresta, bem como para se estabelecerem

condições ideais para a realização de uma queima controlada dentro da floresta.

E que de acordo com Soares (op.cit.) existe uma preocupação crucial sobre o

efeito de qualquer incêndio florestal, no que diz respeito à sobrevivência ou não das

árvores atingidas, pois em incêndios de copa ou mesmo superficiais de grande

intensidade normalmente ocorre a morte das árvores. Já incêndios de baixa, média ou

variável intensidade podem provocar apenas danos superficiais ou a morte parcial da

área florestal atingida. Normalmente acima da zona de combustão de um incêndio

superficial há uma faixa dentro da qual a folhagem é crestada e morta pelos gases

quentes que se elevam das chamas.

Contudo ressalta Soares ((op.cit.) que as experiências anteriores têm

demonstrado que pelo menos para coníferas, a principal causa da mortalidade é o

crestamento, ou destruição total da copa, ao invés dos danos ao tronco. As cicatrizes

deixadas pelo fogo na base do tronco podem facilitar a penetração de fungos ou insetos,

mas não afetam diretamente a sua sobrevivência. Para morrer por danos causados

apenas no tronco, uma árvore tem que ser completamente anelada (envolvida) pelo

fogo, e um incêndio suficientemente intenso para provocar esse anelamento fatalmente

será capaz de crestar toda a sua copa. Em alguns casos a morte por meio de anelamento

pode levar vários anos, enquanto pelo crestamento da copa o processo é bastante

rápido. Em outros casos, algumas espécies podem suportar a perda de grande parte da

copa por crestamento sem mortalidade embora a taxa de incremento seja

temporariamente reduzida.

Outro fator agravante ressaltado por Soares (2005) é que a temperatura

alcançada, a determinada altura, pela coluna de convecção acima do fogo, depende de

três fatores: a intensidade do fogo, a temperatura do ar e a velocidade do vento. Em

uma determinada intensidade de fogo, ventos fortes tendem a dissipar a coluna de

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convecção horizontalmente, reduzindo a altura de crestamento letal. A temperatura do

ar é outro fator importante, pois o acréscimo de calor necessário para matar a folhagem

depende natural e diretamente da temperatura inicial.

7 - Produção de calor: a produção de calor em altas temperaturas geradas pelos

incêndios florestais é classificada como importante componente do comportamento do

fogo e fator primário de dano, à vegetação, e ao próprio ecossistema local (SOARES,

2005). A temperatura da chama em um incêndio florestal pode atingir até 1250°C,

podendo essa temperatura ser ainda maior se medida no turbilhão de chamas de um

incêndio de alta intensidade. O material incandescente tem uma temperatura bem

menor, devido à formação de uma camada de cinzas sobre o combustível, que acaba

reduzindo o contato com o oxigênio, diminuindo-se assim a taxa de combustão e

conseqüentemente reduzindo a temperatura. Por exemplo, as temperaturas das brasas

são de aproximadamente 650°C, mas o tempo de exposição a esse material em um

incêndio é bem maior.

Como cada incêndio segundo Soares (op. cit.) tem características específicas,

as temperaturas registradas dependem de vários fatores, tais como a velocidade de

propagação, tipo de material combustível, época de queima, topografia, condições

climáticas, etc. A maioria das pesquisas registra temperaturas máximas entre 600 e

800°C, embora alguns possam ser inferiores a 300°C ou superiores a 1000°C, em

incêndios de baixa e alta intensidade, respectivamente, e nos casos específicos de

queima controlada a temperatura raramente ultrapassa os 500°C.

2.3.1 Índices de Risco de Incêndios

Os índices de riscos de incêndios são projeções matemáticas que refletem,

antecipadamente, a probabilidade de ocorrer um incêndio, que pode se propagar com

facilidade, de acordo com as condições climáticas e atmosféricas do dia em questão ou

da freqüência de um determinado período de dias. É importantíssimo para as ações de

cunho preventivo e pré-supressão de incêndios.

O autor Soares (2005) relacionou vários tipos de índices aplicados em vários

países como, por exemplo: os índices de Angstron utilizados na Suécia, os índices de

Telicyn e Nesterov empregados na ex União das Republicas Socialistas Soviéticas

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(URSS) e o índice de Monte Alegre, utilizado no Brasil. Esse índice é conhecido

também como Fórmula de Monte Alegre

A Fórmula de Monte Alegre é um índice que foi desenvolvido por meio de

dados da região central do Estado do Paraná. Sendo um índice também acumulativo,

tem como única variável a umidade relativa do ar, medida às 13 horas. E a sua equação

básica é a seguinte:

FMA= Σ ( 100 / Hi )

Sendo:

FMA: Fórmula de Monte Alegre

H= umidade relativa do ar (%), medida as 13 horas

n= número de dias sem chuva

Como apresenta característica acumulativa, esse índice está sujeito às

restrições de precipitação, como mostra a Tabela 03.

Tabela 03: Análise da quantidade de precipitação

Chuva do dia (mm) Modificação no cálculo

≤2,4 Nenhuma

2,5 a 4,9 Abater 30% da FMA calculada na véspera

e somar (100/H) do dia

5,0 a 9,9 Abater 60% da FMA calculada na véspera

e somar (100/H) do dia

10,0 a 12,9 Abater 80% da FMA calculada na véspera

e somar (100/H) do dia

> 12,9 Interromper o cálculo (FMA = 0) e

recomeçar o somatório no dia seguinte

Fonte: Índices de Risco de Incêndios Florestais (Soares 2005, p.05)

Para a interpretação do grau de perigo estimado pela FMA, é necessária uma

escala como mostra a Tabela 04:

n

i = 1

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Tabela 04: Interpretação do Grau de Perigo

Valor de FMA Grau de Perigo

≤1,0 Nulo

1,1 a 3,0 Pequeno

3,1 a 8,0 Médio

8,1 a 20,0 Alto

> 20,0 Muito Alto

Fonte: Índices de Risco de Incêndios Florestais (Soares 2005, p.05)

Segundo Soares (2005), após a determinação do Grau de Perigo por meio da

Fórmula de Monte Alegre, podem-se transferir os resultados para painéis coloridos

(Figura 07) colocados em pontos estratégicos, tais como estradas, rodovias, prédios

públicos a exemplo do que ocorre nas rodovias do Estado do Paraná onde tais painéis

são visíveis próximos às bases da Polícia Rodoviária Estadual. Eles alertam a população

sobre o perigo ou não de incêndios florestais, contribuindo e muito para com as ações

de prevenção de incêndios.

Figura 07: Modelo painel indicativo do grau de perigo de incêndio

Fonte: Coelho (1999, p.07)

Segundo Pezzopane et al. (2001) quando da realização de uma análise

espacial do risco de ocorrência de incêndios, deve ser considerado o fator cobertura do

solo, denominado como material combustível seguido pela análise do relevo da região

da área de estudo, neste caso o município de Viçosa em Minas Gerais. Nesse trabalho o

autor enfatiza que o vento é uma outra importante variável no estudo de incêndios

principalmente no que diz respeito a propagação e que a radiação solar também tem sua

importância. Uma vez que determina a disponibilidade energética contribuindo assim

para a redução da umidade do material combustível, principalmente em regiões com

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relevo acidentado. Sendo que neste trabalho a determinação do risco de incêndios em

toda a área de estudo foi em função da variação dos valores da FMA – Fórmula de

Monte Alegre.

Tendo sido esta caracterização espacial e temporal do material combustível,

seguida pela análise do relevo da região e risco de incêndio que baseados em

informações metereológicas, acabam possibilitando com maior rapidez a detecção de

áreas críticas, além de simulações e acompanhamento da evolução de um incêndio,

demonstrando sua grande utilidade na prevenção e combate dos mesmos.

É interessante frisar que na região da pesquisa da presente dissertação devido

a proximidade com o Estado do Paraná, o índice mais utilizado dentre os citados

anteriormente é a Fórmula de Monte Alegre. E dentre as diversas utilidades e

aplicações dos referidos índices de perigo de incêndios, podemos destacar vários

fatores que contribuem e muito para as atividades de prevenção e combate a incêndios

florestais, como o conhecimento do grau de perigo, uma vez que estes índices

permitem, diariamente, um conhecimento do grau de perigo a que está sujeita a área

florestal, ao estimar a probabilidade de ocorrência de incêndios, desde que exista uma

fagulha para iniciar a combustão.

Outro fator importantíssimo é que tais índices podem ser utilizados no

planejamento do controle de incêndios; à medida que os valores dos índices aumentam,

indicam que as medidas preventivas de pré-supressão ao fogo devem ser intensificadas.

E quando os índices indicam que não existe perigo ou que ele é pequeno, as medidas de

prevenção e prontidão podem ser reduzidas, diminuindo assim os custos operacionais e

de controle. Podemos também utilizar tais índices a fim de se adquirir a permissão para

queimas controladas, uma vez que, de acordo com o Código Florestal, as queimas

controladas só podem ser realizadas mediante a autorização dos órgãos competentes, no

caso o poder público. Um dos fatores fundamentais observados para a concessão de

permissão para a queima é o índice de perigo de incêndio. Em casos do índice apontar

para alto ou muito alto, tal permissão não será dada pois há probabilidade do fogo

escapar ao controle e se transformar em um incêndio incontrolável.

Podem-se estabelecer zonas de perigo, através do acompanhamento da

evolução de tais índices, visto que, durante certo tempo, em grandes regiões tal prática

permite estabelecer as zonas potenciais, as zonas potencialmente mais perigosas ou

propícias à ocorrência de incêndios conhecidos como zonas de risco. Os índices podem

ser utilizados na previsão do comportamento do fogo, pois estimam também a

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propagação e o potencial de danos, fornecendo uma boa idéia do comportamento do

fogo em caso de ocorrência de um incêndio, sendo limitado dependendo da situação.

Indica o que se deve esperar em termos de comportamento do fogo, podendo distinguir

seu grau de vulnerabilidade como, por exemplo, se o mesmo ocorrer em dia de perigo

médio ou muito alto.

Outro fator de relevância no estudo e utilização dos índices de risco de

incêndio, é que tal informação pode ser utilizada na divulgação dos meios de

comunicação a fim de que as pessoas que trabalham em áreas diretamente ligadas a

atividades florestais ou recreação possam ter conhecimento do grau de perigo de

incêndio. Acompanhados de outros esclarecimentos, tais informações podem contribuir

para a conscientização da população no tocante aos problemas que os incêndios podem

causar às florestas e à população local. Tais informações estão intrinsecamente ligadas

às questões de Planejamento e Ações de Defesa Civil, em caso de interdição ou

desocupação de determinada área de risco.

Para Nogueira (2002) dentre os vários procedimentos utilizados para a

redução dos casos de incêndio, a vigilância e a fiscalização são imprescindíveis em

qualquer ação de planejamento de proteção florestal uma vez que a melhor forma de se

combater um incêndio florestal é através de ações preventivas. Constituindo-se assim as

ações eficientes de vigilância, na primeira etapa para o sucesso do serviço de combate.

Neste trabalho tal afirmação é verdadeira uma vez que foi constatado que durante

situações em ações extremas que quanto mais cedo o foco de incêndio for detectado

menor será à frente do incêndio e consequentemente menor será a estrutura necessária

para debelá-lo.

Segundo Soares (2005) existe uma relação entre o fogo e a silvicultura que é

de vital importância para os profissionais que trabalham na área ambiental,

principalmente em atividades relacionadas com a operação e manejo florestal. É

importante lembrar que aliada à silvicultura existe uma preocupação em preservar

também os remanescentes florestais de matas nativas que em grande maioria acabam

convivendo harmoniosamente com as florestas plantadas.

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2. 4 Exploração da Silvicultura

Os pinheiros são comuns nas florestas de coníferas setentrionais, mas os

climas temperados e subtropicais contêm a maior diversidade de espécies e apresentam

também os melhores índices de crescimento. Esses pinheirais adquiriram grande

importância econômica no mundo, sendo as espécies Pinus taeda, Pinus elliotti, Pinus

palustris, Pinus echinata, Pinus sylvestrris, Pinus radiata as mais difundidas e

plantadas (LEÃO, 2000).

Nos países da Europa e América do Norte, a matéria-prima para a indústria

de papel são tradicionalmente espécies do gênero pinus sp e outras coníferas. No Brasil,

essas culturas foram iniciadas nos anos de 1929, com plantações da Companhia

Melhoramentos, no município de Caieiras, Estado de São Paulo. Várias espécies foram

testadas: Cryptomeria japonica Don, Cupressus lusitanica MillCunninghamia

lanceolata Hook. Esta última demonstrou ser a mais promissora devido à boa produção

(aos 28-30 anos alcançava 25m cúbicos por hectare) e também pelo seu bom

desenvolvimento (aos 29 anos, atingia uma altura de 24 a 26m). Além disso, por

apresentar poucas exigências quanto ao tipo de solo e regenerar-se facilmente, tornou-se

a espécie mais cultivada (LEÃO, 2000).

No Brasil segundo Leão (op.cit.) foram introduzidas cerca de cinqüenta

espécies diferentes de pinus sp, cada qual específica para determinada condição

ecológica e objetivo econômico. A mais comum é o Pinus elliotti Engelm, o slash pine,

cujo plantio foi incentivado pelo governo do Estado de São Paulo, por meio de seu

Serviço Florestal. Essas árvores nativas do Sul dos Estados Unidos, valiosas

principalmente devido à precocidade, foram amplamente difundidas. Aos dez anos de

idade, elas alcançam em média, 10m de altura e 17cm de diâmetro. Quando atingem o

porte adulto, chegam a ter 15 a 40m de altura e 60-100cm de diâmetro. Desenvolvem-se

bem no cerrado suportando a estação seca sem prejuízo; exigem irrigação apenas nos

primeiros anos, mas em muitos locais chegam a dispensá-la e concorrem

vantajosamente com as reservas nativas.

Há cerca de 20 anos, teve o início da exploração resinífera no país, destinada

a fornecer matéria-prima à industria farmacêutica. Por causa do alto teor de resina –

seiva que escorre da casca dos troncos e dos galhos inferiores – contido no pinus elliotti,

a espécie foi selecionada para extração desse material, em detrimento da substância

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obtida de outras espécies tropicais, que apresentavam baixa qualidade e,

consequentemente, pouca aceitação no mercado (LEÃO, 2000).

O Brasil chegou a ocupar uma posição de destaque no mercado mundial

nesse setor, classificando-se na década de 1980 como o segundo maior produtor.

Estima-se que das 75 mil toneladas de resina produzida anualmente, 70% originam-se

do Estado de São Paulo. Perto de 40 mil toneladas são industrializadas internamente nas

17 fábricas localizadas nas regiões Sul e Sudeste do país. Cerca de 15 mil toneladas são

exportadas in natura para Portugal, Índia e Argentina. E o restante cerca de 20 mil

toneladas, é exportado como derivados industrializados para a Índia e alguns países da

Europa( LEÃO, 1999).

O pinus sp, plantado no Sul do Brasil, principalmente nos Estados do Paraná

e Santa Catarina, além de servir como matéria-prima para a produção de celulose,

utilizado também na fabricação e produção de móveis, chapas e placas e vêm sendo

cortado com 20 a 25 anos, depois de passar por sucessivos desbastes. Várias espécies

tem sido cultivadas, todas exóticas, com destaque para o Pinus teada. Em meados de

1970 foram realizadas inúmeras experiências de se introduzir pinheiros tropicais no

Brasil. O Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais - IPEF , Órgão da ESALQ – Escola

Superior de Agronomia Luiz de Queiroz, em Piracicaba – SP, USP – Universidade de

São Paulo, foi um dos precursores no estudo deste assunto de maneira profunda (LEÃO

op.cit).

De acordo com Leão (2000) a expansão do plantio dessas árvores acabou

não se concretizando em virtude de razões ecológicas, uma vez que a grande maioria

das empresas, localizadas na região Sul do país, preferiu o plantio com espécies de

pinheiros provenientes de localidades de clima temperado, enquanto aquelas situadas

acima da linha do trópico de Capricórnio optaram por espécies com características

folhosas, como os eucaliptos, que apresentavam extraordinário crescimento em climas

mais quente.

Segundos estudos realizados por Andrade (1961); Figueri (1908) apud Leão

(2000) o eucalipto sp: é a espécie arbórea mais utilizada em reflorestamento no mundo,

sendo possível constatar que os primeiros eucaliptos sp plantados em solo paulista

foram provenientes da Austrália, país de onde os mesmos são nativos, tais tornaram-se

conhecidas na Europa por meio de dois ingleses o botânico David Nelson e o médico

Willian Anderson, que integraram as expedições do capitão Cook, realizadas entre 1776

e 1779. Anos mais tarde o botânico L. Heriter de Brutelle apud Leão (2000), utilizando

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as espécies existentes no herbário do Jardim Botânico de Kew, em Londres, descreveu

pele primeira vez esse importante gênero de plantas da família das mirtáceas, em Sertum

Anglicum. Tendo os resultados desta pesquisa sido publicados em Paris em 1788.

No Brasil, segundo Leão (2000) os primeiros exemplares da espécie

conhecida como eucalyptus Gigantea foram plantados em 1823 no Jardim Botânico do

Rio de Janeiro, pelo seu diretor frei Leandro do Sacramento. Esta espécie foi também

empregada pelo major Archer no reflorestamento das matas da Tijuca. Em 1875, o

fazendeiro Matias Velho plantou três mil exemplares em sua propriedade no município

de São Jose do Norte, no Rio Grande do Sul.

Sendo que somente em 1904 é que teve início o plantio intensivo do gênero

eucalipto sp no Brasil, através do agrônomo Edmundo Navarro, após a execução de

vários experimentos nos hortos de, localizados nos municípios de Jundiaí e Rio Claro,

no Estado de São Paulo. Cinco anos depois, era publicado o primeiro livro sobre o

assunto, “A Cultura do Eucalyptos”, com 156 páginas (LEÃO,op.cit.).

De acordo com estudos realizados por Leão (op.cit.) no início do Século XX,

a Companhia Paulista de Estradas de Ferro – Cia. Paulista decidiu instalar povoamentos

de árvores em alguns pontos do interior do Estado de São Paulo, inclusive na localidade

onde futuramente iria se constituir o município de Cabrália Paulista, cuja madeira seria

utilizada como combustível nas locomotivas, sendo também empregada na fabricação

de postes e dormentes utilizados nas linha férreas. Segundo os autores era uma forma de

rebater as críticas aos desmatamentos efetuados pela empresa quando da implantação de

ferrovias. Devendo-se a esta atividade como sendo o motivo primeiro da introdução do

eucalipto sp em larga escala no país.

Segundo Sampaio (1926 apud Leão 2000) as estatísticas de 1923 elaboradas

pela Cia. Paulista, demonstram que tinham implantado cerca de 8,5 mil hectares com

eucaliptos em oito hortos florestais, com quase nove milhões de árvores.

Na interpretação de Leão (2000), foi constatado que cerca de 144 espécies

diferentes de eucalipto sp foram introduzidas nos país por Navarro, chegando os hortos

da Cia. Paulista a ter 230 espécies no total, com cerca de 86 destas espécies sendo

amplamente cultivadas nos anos posteriores a atuação deste pesquisador. E que por

ocasião de sua morte em 1941, Navarro de Andrade havia plantado em terras da Cia.

Paulista, cerca de 24 milhões de árvores. Quando as máquinas movidas à lenha foram

substituídas pelas movidas a diesel nos anos de 1940, o eucalipto sp já estava difundido

em todo o interior paulista.

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Nos anos de 1960, segundo cálculos do Serviço Florestal do Ministério da

Agricultura apud Leão (2000), o Brasil, possuía 560 mil hectares reflorestados, dos

quais 447 mil situados no Estado de São Paulo. Nessa época houve uma substancial

mudança na política florestal do país com a instituição da legislação de incentivos

fiscais destinados ao reflorestamento, que vigorou até dezembro de 1987 e proporcionou

um extraordinário incremento dessa atividade.

Atividade esta que segundo Leão (2000) passou a ter inúmeras outras

utilizações constituindo a base da indústria de celulose de papel e painéis de madeira

implantada no país no período de 1960 á 1980. O corte dessas árvores ocorre aos sete

anos de idade, em um regime que permite até três rotações sucessivas e econômicas,

com ciclo de até 21 anos. Hoje, os plantios clonais possibilitam obter uma produtividade

nas florestas de até 50m3 /hectare/ano. Atualmente, de todas as árvores desse gênero

plantadas no mundo, quase a metade está no Brasil. Tendo em vista que no final do

Século XX o setor florestal brasileiro manteve um total de 4,6 milhões de áreas

plantadas com espécies de rápido crescimento tais como eucaliptos sp e pinus sp em

regime de produção. E que a qualidade da floresta, pode ter múltiplas funções. Nos anos

de 1990, o setor passou a dominar a tecnologia da produção, conscientizando de que

esta precisa ocorrer em harmonia com a natureza, preservando o ambiente. Sendo que

atualmente o grande desafio para os estudiosos e técnicos da área florestal está em

contornar os problemas sociais e políticos decorrentes da produção florestal, tornando as

populações que vivem em zonas de influência as principais beneficiárias do

desenvolvimento (LEÃO, op.cit.).

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58

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa foi desenvolvida por procedimentos metodológicos,

advindos de fragmentos de metodologias já aplicadas em outras pesquisas e que

subsidiaram a metodologia desenvolvida nessa pesquisa. Os procedimentos

metodológicos incluem desde a descrição do objeto da pesquisa; localização e atributos

do meio físico e/ou elementos da paisagem; até os métodos empregados na elaboração

das cartas temáticas, incluindo os materiais utilizados em campo e no laboratório.

Como área de estudo delimitou-se o segmento superior da bacia do rio

Alambari, recorte territorial definido pelo município de Cabrália Paulista, Estado de São

Paulo. Tendo em vista que em 2003 o Ministério do Meio Ambiente, incluiu o

município dentre as 900 áreas de interesse estratégico prioritárias para a conservação do

bioma Cerrado. Além disso, o município possue significativas reservas de vegetação

nativa “matas”, muitas delas inclusas na legislação federal como é o caso da Floresta

Estacional Semidecidual “Mata Atlântica”, em acordo com que dispõe o Artigo 3 do

Decreto Federal 750/1993, em consonância com a Resolução Conjunta SMA/IBAMA-

SP 01/1994 (BRASIL, 1994)

Na área estudada foram delimitados locais, principalmente propriedades

rurais, com expressiva cobertura vegetal ocupados por fragmentos florestados naturais

ou atividades específicas de silvicultura e culturas diversas. Tendo em vista que a área

de estudo possue atualmente 187 propriedades rurais com atividades diversificadas,

destas foram inicialmente visitadas e escolhidas 42 propriedades que apresentavam

características essenciais para a futura implantação de Núcleos de Defesa Florestal

(NDFs).

Dentre estas 42 propriedades foram selecionadas 10 como sendo áreas piloto

para a presente pesquisa, por apresentarem os critérios essenciais para um planejamento

estratégico de combate a incêndios florestais, segundo Vetorazzi e Ferraz (1998), que

são os seguintes: proximidade da propriedade de vias de acesso; estradas vicinais,

estradas pavimentadas e rodovias; para facilitar a acessibilidade para o apoio logístico;

pontos de captação de água (rios, lagos, açudes e represas).

Nas visitas as propriedades foram observados também a existência ou não de

dispositivos contra fogo e proteção das propriedades como aceiros e barreiras e a infra-

estrutura logística básica composta por: veículos, caminhões, caminhões pipa, tratores e

maquinários pesados dentre eles pode-se citar máquinas esteira, pás carregadeira e

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moto-niveladoras, foi observada também a existência de ferramentas manuais diversas

como: moto-serras, bombas costal, pinga-fogo, etc.

Ressalta-se também que foram observadas nessas propriedades áreas

disponíveis para construções que sirvam de abrigos para as equipes envolvidas na

coordenação e no combate a incêndios, além da existência ou não de brigadas de

incêndios equipadas com Equipamento de Proteção Individual (EPI), composto por:

capacetes, óculos de proteção, jaquetas de nomex, polainas e botas de couro. Foi

considerada também a disponibilidade de áreas para pouso e decolagens de aeronaves e

contato direto com a base da Defesa Civil localizada na sede do município por meios

próprios de comunicação tais como rádio, telefone, internet etc.

3.1 – Material

O segmento superior da bacia do rio Alambari que integra o município de

Cabrália Paulista foi o material, ou seja, o objeto de análise da presente pesquisa por

meio da caracterização geográfica, na qual foram enfatizadas nesta parte da dissertação

as principais características do meio físico dentre os principais atributos e/ou elementos

da paisagem.

3.1.1 – Localização da área de estudo

O município de Cabrália Paulista está localizado na região Centro Oeste do

Estado de São Paulo, entre as latitudes 22º 37’ e 22º 56’S e longitudes 49º 31’ e 49º

45’W, com altitude média de 511m. O município possui uma área superficial de

236Km² inserido na bacia hidrográfica do rio Alambari, principal curso d’água que

drena a área do município.

O município é servido pelas rodovias SP 225 e SP 293 que o coloca em

comunicação no sentido leste - oeste do Estado de São Paulo com as cidades de

Duartina (11Km), pela rodovia SP 293, Lucianópolis via Duartina (25Km) e Ubirajara

(35Km). No sentido oeste-leste pela rodovia SP 225 com as cidades de Piratininga

(25Km), Bauru (37Km) e Pederneiras (67Km), onde se encontra instalado o Porto

Intermodal da Hidrovia Tiête Paraná com acesso pela rodovia SP 225 e Agudos

(46Km), por meio da rodovia SP 225 e rodovia SP 300 Marechal Rondon em Bauru. No

sentido sul Paulistânia (25 km), Santa Cruz do Rio Pardo (53Km) e Ourinhos (90Km),

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pela rodovia SP 225 até Ourinhos onde se encontra a rodovia BR 153 com destino a

região sul do País o que proporciona grande facilidade de escoamento de mercadorias

para o Mercosul. O município encontra-se distante 350km da capital São Paulo sendo

que seu principal acesso é pela rodovia SP 280 - Castelo Branco distante 35Km da sede

do município no sentido Santa Cruz do Rio Pardo via rodovia SP 225 (Figura: 08).

3.1.2 – Clima

O clima predominante na área de estudo é o mesmo da região de Bauru-SP,

onde se encontra instalado o Instituto de Pesquisas Metereológicas – Ipmet da

Universidade Estadual Paulista – UNESP. Segundo Figueiredo e Sughara (1997), tem as

seguintes classificações:

1- Segundo Thornthwaite (Thornthwaite, 1931 apud Figueiredo e Sughara,

1997), o clima é: Sub-Umido (C), Mesotérmico (B’), com Pouca Umidade no Inverno

(w), e com a marcha anual da temperatura (c) concentrada em mais de seis meses no

ano. Classificação Climática: CB’cw.

2- Segundo Köppen (Köppen, 1948 apud Figueiredo e Sughara, 1997) foi

classificado como Quente sem estação seca, com temperatura média da estação quente

maior do que 22ºC. Classificação Climática: Cwa..

3.1.3 – Hidrografia

A Hidrografia do município de Cabrália Paulista corresponde à área drenada

principalmente pelo rio Alambari que tem sua nascente nas proximidades do distrito de

Brasília Paulista, município de Piratininga, é um afluente da margem direita do rio

Turvo e este por sua vez deságua no rio Paranapanema.

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Limites da Área de Estudo

Área Urbana

Vias de Acesso

Curvas de Nível

BASE: IBGE – Cartas do Brasil 1:50.000, 1972/1973

Figura 08: Localização da área de estudo Fonte: Adaptado pelo autor

Cabrália Paulista

0 200 400 km 0 20 40 km 0 500 1000 m

0 1000 2000 m

N

35º W

10º S

7523 KmN

655

74º W

34º S 51º W

25º S

45º W

20º S

49º31’ W

22º48’ S

Duartina

Lucianópolis

Paulistânia

Paulistânia/Agudos

Piratininga

49º49’ W

22º56’ S

São Paulo

7503

659 663 667 671 675 678 KmE

7513

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3.1.4 – Substrato Rochoso

Geologicamente a área de estudo pertence à unidade Geotectônica

denominada Bacia do Paraná que, segundo Almeida e Melo (1981), trata-se de uma

vasta superfície formada num grande geossinclinal pela deposição de sedimentos e

derrames de lavas basálticas, desde o Período Cretáceo da Era Mesozóica. Portanto, a

área assenta-se sobre litologias encontradas na Bacia do Paraná, pertencentes ao Grupo

Bauru. Esse é constituído por diversas formações predominantemente areníticas. Desse

modo, encontra-se na área de estudo as Formações Marília e a Adamantina.

3.1.5 – Solo

Os principais tipos de solos identificados na área de estudo foram: Latossolo,

Argissolo e Gleissolo. Esta identificação foi realizada em 1960 a partir de um

levantamento na escala 1:50.000, pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do

Estado de São Paulo - SAA, sendo que a nomenclatura utilizada na época foi atualizada

de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (1999) e

foi corroborada em campo. A seguir são descritas as principais características de cada

grupo de solos:

-Latossolo: são solos altamente intemperizados, profundos e bem drenados, constituídos

predominantemente por sesquióxidos, minerais de argila do tipo 1/1 (caulinita) e

quartzo. Os óxidos de ferro livre contribuem para a agregação das partículas de silte e

argila, fazendo com que esses solos, sejam bem arejados e friáveis, com ótimas

propriedades físicas. Entretanto, a baixa atividade das argilas silicatadas e dos óxidos de

ferro fazem com que sejam em geral deficientes em nutrientes. O perfil do solo

apresenta seqüência de horizontes A, B e C com pequena diferenciação entre eles. A

textura pouco varia com a profundidade, uma vez que não apresentam horizonte

superficial de acúmulo de argila. Os latossolos são divididos em subclasses, de acordo

com a cor e o teor de Fe2O3, textura do horizonte B, caráter álico e saturação com bases.

-Argissolos: compreendem solos com horizonte B textural e argila de atividade baixa,

conhecidos anteriormente como Podzólico Vermelho-Amarelo, parte das Terras Roxas

Estruturadas e similares, Terras Brunas, Podzólico Amarelo e Podzólico Vermelho

escuro.

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-Gleissolos: solos com horizonte glei, conhecidos como glei humido ou pouco humido,

hidromórfico cinzento ou glei tiomórfico. Compreendem uma classe de solo cuja

característica mais importante é a presença de horizonte glei a menos de 80cm de

profundidade, resultante de marcante processo de redução devido à proximidade do

lençol freático. Nesta categoria estão incluídos os solos glei pouco húmidos eutróficos e

distróficos. Esses solos apresentam uma camada superficial de material orgânico

(horizonte turfoso) inferior a 40cm de espessura, desenvolvem-se em planícies aluviais

onde é comum a ocorrência de extratos e apresentam grande diversidade textural,

ocorrendo desde arenosa até argilosa, predominando esta última.

3.1.6 – Relevo

O relevo na área de estudo, segundo Ponçano (1981), apresenta-se constituído

geomorfologicamente, escala regional, por colinas amplas, morrotes alongados e

espigões; descritos abaixo; com altitudes médias que variam de 500 a 640 metros do

fundo de vale até o topo do espigão:

- Colinas amplas: onde predominam interflúvios com área superior a 4 km², topos

extensos e aplainados e vertentes com perfis retilíneos a convexos. As drenagens neste

tipo de relevo são de baixa densidade, padrão subdentrítico com vales abertos e

planícies aluviais interiores restritas, com a presença eventual de lagoas perenes ou

intermitentes;

- Morrotes alongados e espigões: onde predominam interflúvios sem orientação

preferencial com topos angulosos e achatados, vertentes ravinadas com perfis retilíneos

com drenagem de média a alta densidade, padrão dentrítico e vales fechados.

3.1.7 – Cobertura Vegetal

A cobertura vegetal natural que recobria a área do município de Cabrália

Paulista anterior a 1854, segundo Kronka et al.(1993), era constituída, pela floresta

tropical subcaducifólia. No Inventário Florestal do Estado de São Paulo realizado em

1993, por este autor, foi constatada a existência de áreas remanescentes de cerrado,

campo cerrado, cerradão, vegetação de restinga ou várzea e floresta subcaducifólia

tropical (“Mata Atlântica”) tendo sido as áreas de Mata Atlântica confirmadas também

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pelo levantamento da Organização Não Governamental - ONG SOS Mata Atlântica em

2003.

E que de acordo com o Inventário Florestal do Estado de São Paulo

apresentado por Kronka et al (2005), o mesmo explica que os resultados das

fotointerpretações indicou um área de vegetação natural remanescente de 5.035.070

hectares para todo o Estado de São Paulo, área esta que corresponde à 20,3% de sua

superfície. E que para cada fitofisionomia, os resultados foram os seguintes: mata –

2.069.920 ha (8,3%); capoeira – 1.241.090 ha (4,99%); cerrado – 784.990 ha(3,16%);

cerradão – 105.390 ha (0,42%); campo cerrado – 143.390 ha (0,60%); campo – 43.870

ha (0,18%).

Nas formações florestais nativas existentes na área de estudo, foi observado

que o cerrado e a Mata Atlântica são os dois biomas que possuem ainda significativa

presença, seguidos pelas formações de campo cerrado, capoeira, floresta estacional

semidecidual também conhecida popularmente como “mata” e a vegetação de várzea.

Foram utilizados os estudos realizados por Cavassan (2000), Leão (2000) e

Kronka et al (2005) como subsídio para a definição e caracterização dos biomas e

formações descritos a seguir:

- BIOMA I:

- Cerrado: segundo Cavassan (2000) o cerrado ocupava, no início do século XX, cerca

de 18,2% da superfície do Estado de São Paulo. Atualmente encontra-se representado

por fragmentos da cobertura original no interior, sendo constituídos por áreas disjuntas,

ou seja áreas que apresentam as mesmas características geomorfológicas só que em

locais diferentes mas dentro da mesma área de estudo, sem indicadores de que pelo

menos num passado recente, esteve ligado à porção nuclear que abrange o Brasil

Central e menos de 10% desses fragmentos encontram-se protegidos na forma de

Unidades de Conservação Estadual.

Ocorrem ainda concentrações, destas coberturas de vegetação natural,

sobretudo nas regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Presidente Prudente,

tendo como característica geográfica a Depressão Periférica Paulista do Planalto

Cristalino Atlântico no limite sudeste de distribuição da maioria dos fragmentos de

cerrado. Conforme foi observado por Kronka et al (2005) a existência na região de

Bauru, onde está inserida a área de estudo, onde o Cerrado se apresenta com

característica florestal. Esta formação vegetal tem características peculiares próprias

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sendo universalmente conhecida como Savana (KRONKA et al, 2005) caracterizada por

dois estratos: um arborecente, de pequenas árvores tortuosas, espaçadas e dotadas de

cascas espessas, e outro baixo, formado por gramíneas, subarbustos e arbustos e quando

muito devastado, aproxima-se de um capinzal (campo-sujo); se mais preservado, é o

campo-cerrado. A flora é caducifólia (as folhas caem durante a estação seca, nos meses

de maio, junho e julho). Uma formação deste tipo bem-desenvolvida, densa e alta pode

abranger de 181 a 235 árvores por hectare.

Dentro deste bioma podemos destacar também:

- Cerradão: é caracterizado por formação vegetal constituída de três andares:

o primeiro apresenta espécies rasteiras ou de pequeno porte; o segundo arbustos

e pequenas formas arbóreas, não ultrapassando 5-6 m de altura e o terceiro,

arbóreo com árvores de 10-12 m (KRONKA et al, 2005);

- Campo Cerrado: é classificado como sendo um subtipo do cerrado com

predomínio de vegetação rasteira, principalmente gramíneas e pequenas árvores

e arbustos espaçados entre si (KRONKA et al, 2005);

- BIOMA II:

- “Mata” Floresta Estacional Semidecidual: floresta densa, sempre verde e diversificada

com árvores de até 20 metros de altura. Encontrada em trechos contínuos ao longo do

litoral e em pontos esparsos no interior do estado de São Paulo; também conhecida

como Mata Atlântica que era a densa floresta litorânea que impressionou os

colonizadores portugueses há quinhentos anos e foi intensamente explorada no decorrer

do tempo. Naquela época, eram 3,5 mil quilômetros de matas exuberantes numa faixa

contínua, com quase um milhão de quilômetros quadrados. Hoje, restam apenas

manchas isoladas nas unidades de conservação. A Mata Atlântica é considerada uma

das mais ricas do ponto de vista da diversidade biológica; caracteriza-se também por um

alto grau de endemismo, pois cerca de 70% das espécies das árvores que abriga são

exclusivas das zonas costeiras. (LEÃO, 2000);

Essa rica vegetação, segundo Leão (2000), foi sistematicamente arrasada por séculos de

exploração, tendo sido inicialmente utilizada para a extração do pau-brasil e depois com

as sucessivas derrubadas e queimadas, que possibilitaram o plantio da cana, café e

pastagens. Durante anos, a Mata Atlântica forneceu o combustível para engenhos de

açúcar, locomotivas e siderúrgicas, além de madeira de lei para consumo interno e

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exportação. O crescimento das principais cidades brasileiras exigiu a redução gradativa

de sua área, limitando-a locais praticamente inacessíveis. Sendo que a mesma também

ocorre em várias regiões do interior do Estado de São Paulo, tendo sido a mesma

devastada quase que totalmente, durante a ocupação do Oeste Paulista para o

desenvolvimento da cultura cafeeira principalmente no final do século XIX.

Segundo Leão (2000), em uma pesquisa utilizando imagens de satélite, em que se

considerou a existência dos fragmentos florestais com mais de quatrocentos hectares, o

autor mostrou que existe apenas 8,8% da cobertura original revestindo 9,5 milhões de

hectares. Dessas áreas remanescentes, 79% estão localizadas nos Estados de São Paulo,

Paraná e Santa Catarina; e que deste percentual somente 5% estão no Nordeste do país.

Sendo caracterizada como Mata de altitude localizada inicialmente sobre a longa cadeia

de montanhas paralela ao oceano Atlântico, desde o Rio Grande do Sul ao Rio Grande

do Norte. No Estado de São Paulo sua área nuclear está localizada nas Serras do Mar e

Serra da Mantiqueira. Fora dessas regiões, apresenta numerosas extensões interiores do

território paulista sob a forma de capões e matas ciliares, e expande-se ainda pela

Argentina, com muitas espécies comuns ao Brasil.

A Mata Atlântica pode ser dividida em dois tipos básicos: florestal pluvial montana,

que reveste as serras entre 800-1700 metros de altitude, e a baixo montana, entre 300-

800 metros aproximadamente, descritas da seguinte maneira segundo Leão (2000):

Floresta pluvial montana: localiza-se nos morros das serras do Mar e

Mantiqueira, onde as árvores alcançam 20 a 30 metros, sendo que algumas

espécies emergentes podem atingir até 40 metros, como o jequitibá-rosa

(Cariniana legalis), é o reino das quaresmeiras (Tibouchina sp.), mais abriga

ainda palmeiras e inúmeras outras espécies geralmente adornadas por plantas

epífitas e samambaias. Acima de 1100-1700 metros a floresta pluvial é

substituída pela mata baixa e menos densa, de aspecto seco, com árvores

tortuosas, esgalhadas e numerosos arbustos;

Baixo montana apresenta solo profundo, elevações arredondadas sucessivas

ao longo de vastas extensões, expandindo-se por Minas Gerais, Espírito Santo,

Rio de Janeiro e São Paulo, onde chega até perto do mar. Há uma estação seca,

mas nos vales o clima é bem úmido. A estrutura e composição das diversas

porções são variáveis, como as condições do ambiente. As árvores podem atingir

até 12 metros de altura, com menor densidade entre elas. Algumas espécies mais

características são o angico (Pipadenia macrocarpa), maçaranduba (Persea sp.)

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e o cedro (Cadrela fissilis). Nas zonas mais úmidas, elas podem atingir até 25

metros como o jequitibá (Cariniana esrellensis), e típicas são a garapa (Apuleia

leiocarpa), guarabu (Peltogyne sp.), murici (Byrsomina sp.), guapuruvu

(Schizolobium parahyba), jacaré (Piptadenia gonocantha) e vinhático-da-mata

(Plantymenia foliolosa) e as epífitas são raras.

- Capoeira: caracteriza-se como vegetação secundária da Floresta Estacional

Semidecidual resultante da exploração ou alteração de uma “mata primitiva”,

normalmente de porte menor e menos diversificada que a floresta original. Em locais

onde a alteração é mais intensa, apresenta inicialmente espécies pioneiras como a

imbaúba (Cecropía peltata) (KRONKA et al, 2005);

- Campo: vegetação rasteira composta por gramíneas e herbáceas, caracterizada pela

ausência de árvores de grande porte (KRONKA et al, 2005);

- Vegetação de Várzea: formação vegetal que ocorre ao longo dos cursos d’água,

apresenta árvores com copas que se destacam das demais e também árvores dominadas

(KRONKA et al, 2005);

3.2 – Método

Este trabalho foi realizado em várias etapas, empregando-se métodos e

técnicas específicas para cada etapa que configuraram a metodologia desenvolvida nesta

pesquisa.

As revisões bibliográficas sobre o tema foram realizadas durante tudo o

período de execução da pesquisa, destacando-se os autores específicos que foram

empregados na parte metodológica da pesquisa.

Esta dissertação foi estruturada seguindo-se basicamente três etapas

interligadas: o inventário (levantamento de dados existentes e produzidos), a análise

(elaboração de banco de dados e cartas temáticas) e a síntese dos resultados. A

seqüência metodológica está sintetizada em um modelo de diagrama (Figura 09) e

descrita da seguinte maneira:

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Etapa 1:

- Definição da escala de pesquisa (1:50.000), delimitação e digitalização da base

topográfica da área de estudo;

- Coleta de dados bibliográficos, segundo as normas da ABNT/NBR –

14724/2002, para o resgate histórico visando a fundamentação teórica do tema a

ser pesquisado e da área de estudo;

- Levantamento de produtos cartográficos como: cartas topográficas, mapas e

cartas temáticas diversas e imagens de satélites;

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70

- Elaboração de uma ficha de campo (Apêndice I); que foi elaborada utilizando os

procedimentos metodológicos propostos por Souza e Zuquete (1998), onde os

mesmos ressaltam que é necessário realizar coletas de dados em campo

elaborando-se para tal, uma Ficha de Campo, ficha esta que deve considerar as

características físicas e as peculiaridades locais obedecendo a critérios pré-

estabelecidos em campo, aliados aos objetivos da pesquisa, podendo ocorrer a

padronização de termos técnicos nas fichas que facilitam os levantamentos em

campo constituindo-se em uma ferramenta fundamental na criação de um banco

de dados digital;

- Realização de um sobrevôo sobre a área de estudo a fim de identificar o uso e a

ocupação atual da área com registros fotográficos de baixa altitude para auxiliar

na avaliação de propriedades com futuras possibilidades da implantação de

Núcleos de Defesa Florestal (NDFs);

- Caracterização geográfica da área com os detalhamentos dos futuros Núcleos de

Defesa Florestal (NDFs) com o uso das fichas de campo e aparelho de

navegação GPS (Global Positioning System).

Etapa 2:

- Elaboração da carta de localização dos futuros Núcleos de Defesa Florestal

(NDFs);

- Elaboração do banco de dados digital com a descrição de cada NDF, exemplo na

Figura 10, obtido do inventário (fichas de campo) das principais características

dos atributos meio físico como: o clima, a hidrografia, o substrato rochoso, o

solo, o relevo, a cobertura vegetal e a infra-estrutura, tendo sido cada um deles

analisado conforme metodologia específica.

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Figura 10: Tela do software ArcView , exemplo do banco de dados do NDF 1

No levantamento das variáveis climáticas da área foram realizadas pesquisas

bibliográficas no trabalho de Figueiredo e Sughara (1997), nos registros da Casa

de Agricultura/CATI de Cabrália Paulista e SEMA (2005) que forneceram dados

de precipitação e temperatura. No que diz respeito aos dados da umidade relativa

do ar e direção e velocidade dos ventos os mesmos foram fornecidos pelo

IPMet/UNESP (2007) e INFRAERO (2006). Por meio da análise destes dados

foi possível alimentar o banco de dados com as variáveis climáticas obtidas.

A caracterização da Hidrografia, do substrato rochoso, dos solos e do relevo foi

obtida por meio de pesquisa bibliográficas e cartográficas, em conjunto com a

observação “in loco” durante a realização dos trabalhos de campo.

No que diz respeito a cobertura vegetal (nativa e silvicultura), a mesma foi

obtida por meio da análise e interpretação de produtos cartográficos, mapas e

cartas temáticas, imagens de satélite e fotografias de baixa altitude.

Quanto ao elemento infra-estrutura o mesmo foi analisado “in loco” durante a

realização dos trabalhos de campo, foram observadas as características e

critérios essenciais já definidos anteriormente na revisão bibliográfica;

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- Elaboração das cartas temáticas digitais: hipsométrica, declividade, uso e

ocupação do solo e localização dos futuros Núcleos de Defesa Florestais e a

carta de risco de incêndios florestais, detalhadas a seguir:

Carta hipsométrica

Esta carta tem como objetivo definir e identificar as altitudes de uma

determinada área por meio das curvas de nível existentes, pois delimita a sua

maior e menor altitude. Durante a elaboração da mesma as curvas de nível foram

agrupadas em 05 classes, com cores diferentes as altitudes mais baixas de 500 a

540m (verde), acima de 540 a 580m (amarelo), acima de 580 a 600m (laranja),

acima de 600 a 620m (vermelho) e acima de 620 até 640 (vermelho escuro). A

eqüidistância foi definida em 20m, desta maneira tendo em vista a melhor

representação da área de estudo. Uma vez que de acordo com Mendonça (1999)

o estudo da hipsometria de uma determinada área possibilita a observação

altimétrica do relevo que está diretamente relacionado com a análise dos

processos de uso e ocupação do solo;

Carta de Declividade

A carta de declividade ou clinográfica consiste num instrumento de

representação da inclinação do terreno de uma determinada área. Este tipo de

documento cartográfico pode auxiliar na melhor utilização do terreno e como

ferramenta na prevenção e no combate a incêndios florestais.

Para elaboração dessa carta foram estabelecidas classes com cores diferenciadas

que melhor representassem a inclinação do terreno em relação ao plano

horizontal. As classes foram definidas em função da escala, da eqüidistância das

curvas de nível e do espaçamento entre elas seguindo a proposta feita pelo

Instituto Agronômico de Campinas – IAC (1991). A carta elaborada foi

representada por 05 classes em porcentagens: 0-3% (amarelo claro); 3-8%

(laranja); 8-12% (vermelho); 12-20% (rosa escuro) e >20% (roxo);

Carta de Uso e Ocupação do Solo e Localização dos Futuros Núcleos de Defesa

Florestais (NDFs)

Essa carta foi elaborada a partir da interpretação a imagem de satélite Landsat,

resolução 30m, (INPE, 2005), utilizando-se o método de análise proposto por

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Kronka et al (2005). Este método delimita os usos da área com tonalidades e

texturas diferenciados por cores que evidenciam os tipos de culturas, vegetação e

ocupação destacando-se também a localização dos dez NDFs a serem

implantados futuramente;

Carta de Risco de Incêndios Florestais

Esta carta foi elaborada segundo partes da metodologia proposta por Vetorazzi e

Ferraz (1998), para o mapeamento de risco em escala regional, onde os autores

ressaltam que o mapeamento de risco de incêndios em fragmentos florestais

pode ser realizado em duas escalas distintas: local ou regional. Nessa pesquisa

optou-se pela escala regional uma vez que o objetivo era analisar o município

como um todo. Para esse tipo de caso os autores apresentam o mapeamento de

risco em nível regional por meio do esquema proposto na (Figura 11). O produto

final obtido foi fundamentado na proposta metodológica dos autores até as fases

correspondentes aos: “mapa-base de riscos de incêndios para a região” e

“informações sobre a dinâmica e uso da terra”. As fases seguintes envolvem

variáveis meteorológicas que permitem o uso de índices de riscos de incêndios

florestais como a Fórmula de Monte Alegre, descrita na parte 2 da presente

dissertação.

Na carta de riscos a incêndios florestais da área estudada foram utilizadas 03

classes de riscos; representadas em cores como o verde (baixo), amarelo (médio)

e vermelho (alto), a escolha dessas cores foi análoga ao conceito semafórico. A

elaboração dessa carta foi pautada principalmente na cobertura vegetal; pois o

conhecimento do tipo de vegetação permite quantificar o tipo de material

combustível disponível para queima em um eventual incêndio. A delimitação

final das áreas de risco é decorrente dos pesos atribuídos aos diferentes tipos de

cobertura vegetal e sua distribuição areal (Tabela 05), que foram fundamentados

em Oliveira. (2002) e adaptados para a área pesquisada.

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Informações geocodificadas e

digitalizadas sobre os

Meios físico, biótico e antrópico da

região

Integração dos Planos de

Informações (PI`s) sobre a região

em um Sistema de Informações

Geográficas

Mapa-base de risco de incêndios

para a região

Incorporação de variáveis

meteorológicas e de informações

sobre a dinâmica e uso da terra

Mapas de risco para diferentes

situações ao longo da estação

seca

Figura 11: Esquema do processo de obtenção de mapas de risco de incêndios florestais Fonte: Extraído de Vetorazzi e Ferraz (p.113, 1998)

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Tabela 05: Relação entre o tipo de cobertura vegetal e o risco de incêndios

Distribuição Areal/ Tipo de Cobertura Vegetal Risco Peso

Áreas com plantios de eucaliptos sp, pinus sp, seringueira e

laranja

alto 3

Áreas com vegetação remanescente “mata nativa”, culturas

diversas (café, cana-de açúcar, ec.) e pastagens

médio 2

Áreas sem cobertura vegetal (estradas, solos exposto, etc) e

áreas em descanso (disponíveis para futuros plantios)

baixo 1

Fonte: adaptado pelo autor de Oliveira (2002)

Etapa 3:

- Análise dos resultados e elaboração final da dissertação.

Vale ressaltar que no desenvolvimento desta pesquisa na fase relacionada com a

elaboração das cartas temáticas foi utilizado simultaneamente mais de um software:

Arcview 3.3, AutoCad (2.6) e Spring (4.3.2). Devido à não disponibilidade de alguns

aplicativos do software Arcview 3.3 e a interface amigável em algumas funções entre ele

e os outros dois softwares utilizados foi possível o desenvolvimento das análises

realizadas. Optou-se também por padronizar a apresentação dos produtos cartográficos

elaborados em um único software, pois cada um deles apresenta algum tipo de

vantagem ou desvantagem quando o material é impresso, formato analógico, ou quando

ele fica somente no formato digital.

Os materiais básicos utilizados para subsidiar os métodos empregados foram:

- Diversos produtos cartográficos mostrados no Quadro 1;

- Aparelho Receptor GPS – Etrex Legend – Garmim;

- Scanner A4 e A0;

- Softwares: AutoCad (2.6) – digitalização da base topográfica digital;

ArcView (3.3) – montagem do banco de dados e elaboração das cartas

de

localização dos NDF, uso e ocupação e risco de incêndios florestais;

Adobe Photoshop (7.0.1) – manipulação de fotografias;

Spring (4.3.2) – elaboração das cartas de hipsometria e de

declividade.

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Produtos Cartográficos Fontes

Imagens de Satélite: Landsat TM (2005) INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)

São José dos Campos – SP (2005)

Carta Topográfica de Domélia: 1:50.000

Folha SF-22-Z-B-IV-1

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística) 1972 – 1973a

Carta Topográfica de Duartina: 1:50.000

Folha SF-22-Z-B-I-3

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística) 1973b

Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo:

1:500.000

IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do

Estado de São Paulo) – SP (1981)

Mapa Geológico do Estado de São Paulo:

Folha de Bauru – SP: 1:250.000

DAEE (Departamento de Águas e Energia

Elétrica) UNESP (Universidade Estadual Paulista)

São Paulo – SP (1997)

Mapa da fotointerpretação das diferentes

Fitofisionomias Vegetacionais do Estado de São

Paulo: (Figuras 43 e 53): 1:50.000

IF (Instituto Florestal)

São Paulo-SP (1993)

Quadro 01: Produtos cartográficos coletados durante a primeira etapa do trabalho de pesquisa

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4- ANÁLISES E DISCUSSÕES

Nesta parte da dissertação são apresentadas as análises e as discussões dos

resultados obtidos durante a realização da pesquisa. Com base nos dados coletados para

atingir os objetivos propostos foi elaborado um histórico de ocupação da área de estudo,

assim como a descrição dos principais atributos do meio físico, como o clima, a

hidrografia, o substrato rochoso, o relevo e a cobertura vegetal.

A pesquisa também abordou as características da infra-estrutura existente

que juntamente aos atributos do meio físico podem ser relacionados com a ocorrência

ou não de incêndios florestais e nas atividades de prevenção.

Foram elaboradas também cartas de uso e ocupação do solo e a de risco de

incêndios florestais, para subsidiar a indicação das 10 áreas pilotos para a implantação

da sede dos futuros Núcleos de Defesa Florestal – NDFs, sendo que para isso estas áreas

tiveram seus dados tabulados com base nas informações extraídas das fichas de campo

(modelo no Apêndice) e foram apresentadas na forma sintetizada em um quadro ao

longo do texto a fim de contribuir na descrição dos futuros NDFs ao longo das análises.

4.1 – Histórico da ocupação da área de estudo e infra-estrutura atual

O nascimento do Patrimônio do Mirante, atual Cabrália Paulista, teve sua

origem quando as ferrovias Noroeste do Brasil e Paulista competiam pela disputa do

bravio sertão compreendido entre os rios Tiête e Paranapanema, rumo a oeste do rio

Paraná. Assim em 1905, a Noroeste plantava na cidade de Bauru o marco de partida

em direção ao Mato Grosso e a Paulista em 1910, ambas, transpondo o rio Tiête,

alcançavam a povoação de Bauru. Fruto natural do progresso das vias férreas inúmeras

cidades iam surgindo ao longo dos trilhos de ferro. De outra parte, intrépidos e

destemidos bandeirantes modernos, antecipando-se à solução fácil e lógica do

desbravamento dos sertões, trazido pelo lastro das ferrovias iam semeando povoações

onde daí alguns anos, viria o transporte ferroviário colher os frutos da agricultura e da

pecuária e até mesmo da indústria. Filha desse espírito de aventura nasceu Cabrália

Paulista (IBGE, 1957).

Além dos rios Feio e Batalha, segundo IBGE (op.cit) terras desconhecidas e

incultas esperavam sua vez de civilização e progresso. Foi então que, pelo ano de 1915,

autêntico desbravador de sertões, Antônio Consalter Longo, proveniente de Agudos,

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radicou-se em vasta área de terreno à margem esquerda do rio Alambari, a 42Km de

Bauru, pertencentes originalmente ao Cel. Rodrigues Alves e juntamente com Manoel

Francisco do Nascimento, resolveram doar à Mitra Diocesana de Botucatu uma área de

vinte e dois alqueires e por meio de aforamento de datas, criar o Patrimônio do Mirante.

De acordo com IBGE (1957) em 1920, foi inaugurada a capela em louvor do

Senhor Bom Jesus, passando, a partir dessa data a chamar-se o lugar: Patrimônio do

Senhor Bom Jesus do Mirante. Ao lado da igreja, o Patrimônio ia crescendo e já em

1922 pela Lei nº 1893, de 16 de Dezembro, tornava-se distrito do Mirante, pertencente

ao município de Piratininga. Pelo Decreto nº 9775, de 30 de Novembro de 1938 o

distrito de Mirante passou a denominar-se Cabrália e em 30 de novembro de 1944, pelo

Decreto-lei nº 14.334, mudou novamente a denominação, passando a se chamar Pirajaí.

Em 24 de Dezembro de 1948, pela Lei nº 233, o então distrito de Pirajaí era elevado a

município, constituído do único distrito original, com o nome de Cabrália Paulista,

pertencendo à Comarca de Piratininga. Nesta época com a municipalização do

município vários fatores contribuíram para que a economia do mesmo se consolida-se

tais como o aumento das áreas de plantio do café no município, por meio do

desmatamento de grandes área de floresta no município de Cabrália Paulista como

pode-se notar na Figura12.

Figura 12: Tronco de Peroba retirado pelos Funcionários da Fazenda Fátima, das matas

existentes no município de Cabralia Paulista em 1951 Fonte: Arquivo pessoal do Sr. Joaquim Flavio dos Santos Camponez (2005)

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Aliado a introdução do “Bicho da Seda”, incentivado por empresas

multinacionais de origem chinesa tais como a BRATAC S/A, GUNSAN S/A e

SOSEDA S/A. O município de Cabrália Paulista, após a decadência da cultura do café e

da cultura do “Bicho da Seda”, teve grande parte de sua área territorial no final da

década de 1960 e início dos anos de 1970, tomada por empresas interessadas em

implantar inúmeras áreas de silvicultura, reflorestamento, principalmente de pinus sp

uma vez que a região onde se encontra localizado o Município de Cabrália Paulista,

atendia aos atributos necessários entre eles as condições climáticas e solos apropriados

para o cultivo de reflorestamento, outro fator importante que influenciou a implantação

destas florestas, no início dos anos de 1960 e 1970, foi um grande incentivo por parte do

Governo Federal (KRONKA et al, 1993).

Sendo que o grande fator de desenvolvimento florestal segundo Leão (2000),

foi a aprovação da legislação de incentivos fiscais de 1966, que possibilitou às empresas

abaterem até 50% do valor do imposto de renda devido, para aplicar em projetos de

reflorestamento, através da Lei 5106, de 02 de Setembro de 1966. Proporcionando

assim as condições necessárias para a produção de madeira de forma racional para as

diversas utilizações, incorporando ao processo produtivo terras até então consideradas

marginais para a agricultura.

Neste mesmo período segundo informações do Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento Florestal - IBDF, órgão federal criado em 1967 (IBDF, 1983, apud

Leão, 2000), encarregado de gerenciar o setor florestal na época, constatou que devido a

aprovação desta lei houve um crescimento da área de reflorestamento (silvicultura) no

país em torno de 100 a 250 mil hectares anuais no período de 1968 a 1973 e entre 1974

e 1982 elevou-se para 450 mil hectares anuais.

Segundo Leão (2000) o processo de ocupação do solo está aliado à expansão

dos níveis de consumo per capita de produtos florestais, condicionando-se assim a

criação de extensas florestas, vinculadas ao fornecimento de matéria-prima de baixo

custo para os segmentos estratégicos da economia brasileira. Surge então um grande

número de interessados nessa atividade que contando com os benefícios previstos na

legislação e aproveitando os recursos financeiros disponíveis, tornaram o ramo de

reflorestamento (silvicultura), uma operação de grande escala. Após dez anos da

aprovação da legislação de incentivos fiscais o Brasil era um dos quatro países que mais

promoviam plantios de árvores no mundo, depois da China, da extinta União Soviética e

dos Estados Unidos.

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Leão (op.cit), afirma que nesta época o IBDF, registrou que os projetos de

reflorestamentos atrelados a política fiscal vigente, totalizaram cerca de 6, 2 milhões de

hectares entre 1967 e 1986, sendo 52% com eucalyptus sp e 30% com pinus sp. Tendo

sido esta legislação sucessivamente formulada entre 1970 e 1974, esses benefícios

foram extintos pelo governo e substituídos por outros, menos atraentes às empresas.

Tal fato é confirmado através de estudos realizados por Kronka et al (2002).

Quando o autor cita que durante a realização do Mapeamento da Quantificação das

Áreas de Reflorestamento do Estado de São Paulo, foi constatado que durante os

períodos analisados entre os anos de 1962, 1971 e 1973, houve por parte do Governo

um incremento da ordem de 279.730 ha, representando na época um aumento de 79,3%

na área de reflorestamento de pinus sp do Estado de São Paulo, como foi o caso do

município de Cabrália Paulista que teve um incremento de 124.870 ha, representando na

época um aumento de 72,6% da área plantada, sendo que tal situação só ocorreu devido

aos incentivos fiscais para o reflorestamento (silvicultura). As análises referentes ao

período de 1999-2000, indicaram uma redução expressiva nestas áreas de

reflorestamento (silvicultura), principalmente na 7ª Região Administrativa do Estado de

São Paulo, Região de Bauru.

Das empresas que atuaram na região podemos destacar a Reflorestadora

Tilibra S/A, Reflorestadora Martins Machado S/A, Fazenda São Sebastião do Alambari,

Salmem, Bauru Diesel, Reflorestadora O.K., sendo que esta última com sede na cidade

de Itapetininga, Estado de São Paulo, possue também várias áreas de silvicultura no

Estado do Paraná.

No início da década de 1980 várias empresas do ramo madeireiro composta

por serrarias, tais como, a Madeireira Cabrália (Figura 13), Madepinus, Industrial

Madeireira JR Ltda, Ripinus Industria de Madeira Ltda, Serraria Malmonge Ltda foram

consideradas como sendo as pioneiras que se instalaram na área do município uma vez

que na região de Cabrália Paulista era referência em reservas de pinus sp. Tais empresas

se instalaram com o intuito de explorar a grande reserva florestal existente nesse

município. Produzindo de início matéria prima para a indústria de Lápis Johann Faber

& Faber Castel instalada no município paulista de São Carlos, o perfil do município

que até então possuía característica predominante agrícola evoluiu para uma

característica industrial principalmente no ramo madeireiro.

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Figura 13: Instalação inicial da Madeireira Cabrália (02/1984)

Fonte: Arquivo pessoal do Sr. Nivaldo Roberto Bettoni (2006)

Durante a década de 1980 surgiram outras empresas que passaram a produzir

outros artefatos de madeira voltados principalmente para o setor hortifrutigranjeiro, ou

seja, “caixas para frutas”, dentre elas podemos destacar a indústria de Embalagens

Colaço, Indústria de Embalagens para Frutas Regiane, Indústria de Embalagens para

Hortifrutigranjeiro ZK, Serraria Malmonge Madeireira Ltda. Também neste período

houve uma maior diversificação no setor madeireiro com o início da produção de

móveis e de urnas mortuárias com as empresas Indústria e Comércio de Móveis RJJ

Ltda, Comércio e Indústria de Urnas Leomar, Fábrica de Urnas Bignotto e Eucapinus

Indústria e Comércio Ltda, fazendo com que o município de Cabrália Paulista ficasse

conhecida como a Capital do “caixão” (urnas mortuárias) devido a quantidade de urnas

produzidas nestas empresas que eram enviadas para todos os cantos do Brasil bem como

até países da comunidade internacional incrementando ainda mais a economia do

município.

No final da década de 1980 e início dos anos de 1990 a fabricação de

“pallets” de madeira para a exportação começou ser amplamente produzido na área do

município através das empresas SG Indústria e Comércio de Embalagens de Madeira

Ltda e EMBALLET, sendo que esta última conquistou vários prêmios de importância

nacional na produção de “pallets” para a exportação atendendo empresas em todo o

território nacional, como pode ser notada a seguir na Figura 14.

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Figura 14: Vista aérea do Distrito Industrial e atuais instalações da Embalet e Indústria Leomar

Fonte: Arquivo pessoal do Sr. Nivaldo Roberto Bettoni (2006)

No final da década de 1990 empresas como a RIPASA S/A Celulose e Papel e

a LWARCEL Celulose e Papel S/A ambas do ramo de produção de celulose e papel

adquiriram fazendas na área do município impulsionando ainda mais o setor da

silvicultura introduzindo aí o eucalipto sp.

O município de Cabrália Paulista, conta com uma população de 4.656

habitantes conforme o último censo de 2000, para todo o município sendo 2.348

homens e 2.308 mulheres dos quais 3.992 habitantes ou 85% na área urbana e 664 na

zona rural (IBGE, 2000). A principal aglomeração urbana existente é a sede do

município, com 3.992 habitantes, seguindo pelo bairro Floresta com aproximadamente

100 habitantes distando 11km da sede e pelo bairro Jibóia com aproximadamente 30

habitantes, distando 15km da sede. E, conforme projeção do IBGE para o ano de 2005 o

município estaria em torno de 5.063 habitantes (IBGE, 2005).

A economia do município encontra-se atualmente voltada em sua maior

parte para o setor madeireiro estando assim distribuída: 05 indústrias de urnas

mortuárias, 03 indústrias de embalagens de madeira usadas para exportação “palets”, 05

empresas fabricantes de embalagens (caixas) para frutas, 02 empresas fabricantes de

móveis, 02 empresas da área metalúrgica, 01 empresa fabricante de aquecedores solares

e 01 empresa da área química, localizadas no Distrito Industrial do município, sendo

que uma destas empresas localiza-se no bairro Floresta. Elas empregam juntas

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aproximadamente 1.000 funcionários. Além destas encontra-se instalada uma filial da

Granja Céu Azul S/A com sua matriz localizada no município de Pereiras – SP, que

produz no município ovos, futuras matrizes de galináceos e frutas que são enviadas para

grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e outros.

Em Cabrália Paulista existem também grandes empreendimentos na área de

reflorestamento de pinus sp e eucalipto sp localizadas em fazendas pertencentes as

Empresas RIPASA S/A Celulose e Papel, LWARCEL Celulose e Papel Ltda ambas

com sede em Lençóis Paulista-SP. No município encontra-se também a área de

agropecuária bem desenvolvida com a criação de gado de corte, plantações de laranja,

produção de hortifrutigranjeiros, cultura de cana-de-açúcar para as usinas da região,

distribuídas, em 164 propriedades rurais sendo que 60% das mesmas são propriedades

com até 100 hectares onde são empregadas grande parte da mão de obra restante.

O município de Cabrália Paulista é servido pela Empresa de Ônibus

Rodoviário Ibitinguense em vários horários de Cabrália a Bauru e vice e versa e também

pela Empresa Expresso de Prata Ltda com dois horários de Cabrália Paulista para São

Paulo e vice e versa.

O município conta com duas agências bancárias e o comércio é bem

desenvolvido contando com lojas de vestuários e presentes em geral, vários

supermercados bem aparelhados, lojas de material de construção, de produtos

veterinários, vários bares e lanchonetes, restaurantes e uma churrascaria. O município

possui em sua sede, vários atrativos, entre eles bares, lanchonetes, 01 danceteria, com

capacidade para 1.000 pessoas, possue também 01 Conjunto Poli Esportivo “João de

Oliveira” com piscina, quadras, campo de bocha e lanchonete, 01 estádio de futebol de

campo “José Ghinelli’, 01 ginásio de esportes “João Pires”, 01 biblioteca pública e na

zona rural existe uma cachoeira no bairro Floresta e trilhas pelas matas e estradas

municipais que permitem a prática de turismo ecológico.

A sede municipal possue prédios de alvenaria tem seus logradouros públicos

bem arruados, sargeteados, asfaltados e iluminados eletricamente, estando a sede assim

constituída de um Centro Urbano e mais quatro conjuntos habitacionais: Jardim Nova

Mirante, Nova Cabrália, Núcleo Habitacional Antonia Orlato Madrigal I e II. Nesses

conjuntos habitacionais e no centro urbano 100% das residências são atendidas pelos

serviços de abastecimento de água, que provêm de minas existentes na região, o esgoto

e a coleta de lixo são prestados pelo município.

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A população de Cabrália Paulista é assistida no setor de Saúde com uma

Unidade Mista de Saúde e Pronto Socorro e vigilância sanitária, havendo na cidade 04

médicos, 05 dentistas e 02 farmacêuticos, 03 enfermeiras, 12 auxiliares de enfermagem.

O município possui 05 templos religiosos, sendo 04 cristãos e 01 espírita.

No que diz respeito a educação o município encontra-se bem estruturado nos

níveis que vão desde a educação infantil até o ensino fundamental e técnico. Pois conta

com as seguintes instituições de ensino: “Creche e Berçário Santa Maria Goretti” que

atende as crianças menores de 0 a 6 anos, e mais 04 escolas sendo uma escola estadual

“Senador Rodolfo Miranda” de ensino fundamental e médio com 1.200 alunos

matriculados, possui também duas escolas municipais, uma de ensino médio “Profa.

Ivani Cotobias Pimentel Maranho” com 500 alunos matriculados e uma de ensino

infantil “Profa. Maria de Jesus Pereira Camponês” com 170 alunos matriculados.

No município encontra-se instalada uma escola técnica agrícola “Astor de

Mattos Carvalho” mantida pela CETESPS – Centro de Educação Tecnológica Paula

Souza com 360 alunos matriculados, sendo que destes 93 são internos vindos de várias

cidades da região e inclusive de outros Estados, tais como Rondônia, Mato Grosso,

Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. Os cursos oferecidos nesta instituição de

ensino são: técnico agrícola, pecuária, florestal, administração, informática,

programação, contabilidade e ensino médio. A escola que possui toda a infra-estrutura

necessária para os internos localiza-se a 3km da sede do município.

No município há também 86 universitários que estudam em universidades da

região como Bauru, Garça, Marília e Santa Cruz do Rio Pardo.

O município conta com 01 Delegacia de Polícia, 01 Destacamento da Polícia

Militar e com a Defesa Civil que mantêm uma Brigada de Combate a Incêndios

Florestais que também desenvolve outras atividades na área social tais como,

campanhas, palestras e orientações, com temas diversos: drogas, educação ambiental,

segurança no trânsito entre outros. O município possui também a Casa da Agricultura,

órgão da Secretaria Estadual de Agricultura com técnicos e engenheiro agrônomo que

atendem os proprietários rurais.

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4.2 – Atributos do Meio Físico

Foram feitas as descrições dos principais atributos do meio físico, como o

clima, a hidrografia, o substrato rochoso, o relevo e a cobertura vegetal para subsidiar a

análise sobre a influência desses atributos na ocorrência ou não de incêndios florestais.

Clima

No Estado de São Paulo, o período mais crítico no que diz respeito a

incêndios florestais é o que está compreendido entre os meses de junho a outubro em

virtude dos seguintes fatores: época seca, os ventos atuam com maior intensidade e os,

agricultores, em geral, tem o hábito de promover queimadas em suas terras com o fim

de facilitar o preparo dos solos ou a reforma de pastagens (SÃO PAULO, 2006).

Tendo em vista que na área de estudo dentre as quatro estações do ano,

primavera, verão, outono e inverno, apenas duas o verão e o inverno é que possuem

características diferenciadas das demais, ou seja, bem definidas. Neste caso a variação

das temperaturas não é o fator determinante para diferenciar as estações, uma vez que

mesmo no inverno podem-se registrar temperaturas elevadas.

No que diz respeito à temperatura média no mês mais frio é inferior à 15°C

enquanto que no mês mais quente ultrapassa os 30°C, conforme podemos confirmar nas

Figuras 15 e 16 , onde são demonstradas as temperaturas máximas e mínimas na região

de Bauru, onde está inserida a área de estudo, no período de 1962 a 2005.

Figura 15: Temperaturas mMáximas x Recordes Máximo e Mínimo para a Região de

Bauru/SP (1962 a 2005) Fonte: Adaptado pelo autor, 01/2007, com base em Figueiredo e Sugahara (1997, p.10)

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Figura 16: Temperaturas Mínimas x Recordes Máximo e Mínimo para a Região de

Bauru/SP (1962 a 2005) Fonte: Adaptado pelo autor, 01/2007, com base em Figueiredo e Sugahara (1997, p.10)

Sendo que para Figueiredo e Sughara (1997) é a precipitação que diferencia

uma estação da outra, pois no inverno chove em média 5 (cinco) vezes menos do que no

verão conforme podemos notar na Figura 17 a seguir, onde são demonstradas a

precipitação média mensal acumulada em milímetros, nos últimos 50 anos, por estações

climáticas juntamente com a temperatura média na região de Bauru – SP, onde também

encontra-se o gráfico (Figura 17) com os registros de precipitação média acumulada

para a região onde está inserida a área de estudo nos últimos 50 anos.

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Figura 17 - Precipitação média acumulada em (mm), temperatura média na região de

Bauru/SP nos últimos 50 anos Fonte: Adaptado pelo autor, 01/2007, com base em Figueiredo e Sugahara (1997, p.10)

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Na Figura 18 constata-se que na região onde está inserida a área de estudo no

período de 1985 a 2005 a precipitação pluviométrica média foi de 1.353,9mm.

Destacam-se os anos de 1989 e 1993 como sendo os anos onde ocorreram uma maior

quantidade de precipitação pluviométrica. Nesse período foram registrados 1.693mm e

1.587mm respectivamente, sendo que as chuvas são regulares de outubro a março, como

podemos notar na Figura 17, ilustrada anteriormente.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

19851987

19891991

19931995

19971999

20012003

2005

Precipitação Acumulada (mm)

Figura 18: Gráfico da precipitação pluviométrica acumulada no período de 1985-2005 Fonte: Adaptado pelo autor com base nos Registros de precipitação pluviométrica Município de

Cabrália Paulista, SP, Casa da Agricultura/CATI (2005)

No que diz respeito ao comportamento dos ventos predominantes na área de

estudo, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária

INFRAERO (2006) e Instituto de Pesquisas Meterológicas da Universidade Estadual

Paulista-IPMet (2007), no período de 2003 a 2005, ocorreram na área de estudo a

predominância de ventos com direção Leste (E) – Sudeste (SE) ou seja (ESE),

conforme pode-se notar no Quadro 02. Os dados foram coletados e registrados na

Estação Metereológica de Superfície do Aeroporto – INFRAERO juntamente com os

dados coletados e registrados a cada cinco minutos na Estação Metereológica do

Instituto de Pesquisas Metereológicas – IPMet, ambos localizados na cidade de Bauru-

Precipitação

em milímetros

Anos

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89

SP, (Latitude: 22°21’30”S e Longitude 49°01’37W) nos períodos diurno das 06h05min

– 18h00 e noturno das 18h05min – 06h00.

2003 2004 2005

Direção do Vento

( º )

Diurno

(%)

Noturno

(%)

Diurno

(%)

Noturno

(%)

Diurno

(%)

Noturno

(%)

N:345,1-15º 8,1 4,1 6,5 2,7 7,7 4,0

NE: 15,1-75º 16,8 9,9 18,8 9,3 19,1 11,6

E:75,1-105º 12,9 6,4 21,4 14,7 19,7 14,1

SE:105,1-165º 36,4 58,1 29,2 55,9 28,8 53,9

S:165,1-195º 2,6 5,3 2,7 3,5 2,6 3,2

SW:195,1-255º 6,2 7,5 6,5 7,2 5,0 5,1

W:255,1-285º 3,4 1,9 3,9 2,2 3,1 1,3

NW:285,1-345º 13,6 6,8 11,0 4,5 14,1 6,7

Total: 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Quadro 02: Direção dos Ventos na área de estudo no período de 2003-2005 Fonte: Adaptado pelo autor com base nos Registros da INFRAERO (2006) e IPMet (2007)

As temperaturas médias anuais, a umidade relativa do ar e a velocidade

média dos ventos registradas na área pelo IPMet no período de 2003 a 2005, são

demonstrados no Quadro 03.

VARIÁVEIS

CLIMÁTICAS

2003 2004 2005 DIURNO NOTURNO DIURNO NOTURNO DIURNO NOTURNO

Temperatura (ºC) 23,6 20,0 23,0 19,4 23,6 20,1

Umidade

Relativa do Ar

(%)

75,0

86,6

76,9

88,4

76,8

88,4

Velocidade

Média dos

Ventos (m/s)*

2,2

1,9

2,6

2,5

2,6

2,5

*altura 15m

Quadro 03: Variáveis Climáticas registradas na área de estudo no período de 2003-2005 Fonte: Adaptado pelo autor com base nos Registros da INFRAERO (2006) e IPMet (2007)

Apresentando na área de estudo velocidades médias diárias de 08 km/h para

os ventos considerados como de fraca intensidade e 29,8km/h para os ventos

considerados como de forte intensidade em dias considerados normais, em situações

consideradas anormais os mesmos chegam a atingir de 80 à 120 Km/h (CAVARSAN,

2002)

Vale ressaltar que na área de estudo em alguns períodos entre os meses de

maio a outubro os ventos podem atingir de 30km/h (Grau 4) a 39km/h (Grau 5),

podendo fazer com que ocorra situações que merecem uma atenção redobrada dos

serviços de vigilância. Tendo em vista que nestas condições segundo Teie (1994), pode

ocorrer a inclinação de árvores e a ocorrência de poeira suspensa no ar, o autor enfatiza

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90

que ventos de Grau 4 podem contribuir para a queda de galhos e ocasionar a resistência

na locomoção das pessoas o que pode dificultar e muito os trabalhos das equipes de

terra envolvidas no combate à incêndios florestais, contribuindo assim com a

propagação mais rápida dos mesmos, situação esta que caso não haja controle pode

destruir grandes áreas de vegetação e até cidades inteiras que estejam próximas da área

atingida.

Hidrografia

A Figura 19, mostra os principais cursos d’água existentes na área de

estudo. O rio Alambari tem como seus afluentes da margem esquerda os córregos Água

dos Pombos ou da Arizona, da Concórdia, Santo Antonio, das Palmeiras, Água da

Floresta, do Barro Preto, da Restinga, Água do Paço, do Camponês, Água do Rubin;

São José da Corrente e o ribeirão da Jibóia. Em sua margem direita tem como seus

afluentes os ribeirões Água Branca e Preto. (IBGE, 1973)

Esses córregos são caracterizados por rios Tipo - II, conforme classificação

adotada no Estado de São Paulo pela CETESB, SÃO PAULO (2005), ou seja, rios que

não possuem largura maior que 10 metros, só que devido a abundância de nascentes

fazem com que o potencial hidráulico do município seja aproveitado pelos proprietários

rurais na construção de represas e açudes.

Em grande parte das propriedades rurais, alguns cursos d’água encontram-se

com trechos assoreados devido provavelmente a ausência de mata ciliar e aos tipos de

rochas e solos susceptíveis à processos erosivos da região. É importante ressaltar que os

rios e córregos do município de Cabrália Paulista, são importantes tributários da

margem direita no Médio Curso do Rio Paranapanema, pertencendo também ao

CBHMP - Comitê de Bacia Hidrográfica do Médio Paranapanema, CBHMP, SÃO

PAULO (2007).

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92

Substrato rochoso

O substrato rochoso da área de estudo é representado cartograficamente na

Figura: 20, onde pode-se notar a distribuição das Formações Adamantina e Marilia SÃO

PAULO (1997). Sendo que o mesmo é constituído principalmente de arenitos de

granulação fina e grossa. A Formação Marilia é constituída de arenitos de granulação

fina a grossa, compreendendo bancos maciços com tênues estratificações cruzadas de

médio porte, incluindo lentes e intercalações subordinadas de silitos, argilitos e arenitos

muito finos com estratificações plano-paralela e freqüentes níveis rudáceos com

presença comum de nódulos carbonáticos. A Formação Adamantina é constituída de

depósitos fluviais com predominância de arenitos finos a muito finos, podendo

apresentar cimentação e nódulos carbonáticos, com lentes de siltitos arenosos e

argilitos, ocorrendo em bancos maciços e estratificação plana paralela e cruzada de

pequeno a médio porte, ALMEIDA e MELO (1981).

As características do substrato rochoso e dos solos existentes na área de

estudo devido a sua constituição são muito susceptíveis a ocorrência de vários tipos de

feições erosivas (sulcos, ravinas e voçorocas) quando na presença de elevada

precipitação e ausência de cobertura vegetal. Essas condições podem acarretar a perda

do solo arável, a destruição de trechos das estradas vicinais e contribuir também com o

assoreamentos dos cursos d’água e o impedimento da ação das equipes do solo

envolvidas no combate à incêndios florestais.

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94

Solos

Na área de estudo existe o predomínio de três tipos de solos: o Latossolo

Vermelho Amarelo, o Argissolo Vermelho Amarelo e o Gleissolo. O levantamento dos

tipos de solos foi adaptado da Secretaria Estadual de Agricultura (1960) com a

utilização da nomenclatura atualizada da EMBRAPA (1999). Na Tabela 06 são

mostrados os tipos de solos, a área e a porcentagem de ocorrência de cada um deles, no

município de Cabrália Paulista.

O solo do tipo Latossolo Vermelho Amarelo Álico A moderado (Lva), ocorre

numa área aproximada de 139Km2, correspondendo a 58,90% do total da área de

estudo. O Argissolo Vermelho Amarelo a moderado - Agsva – textura arenosa média do

tipo abrupto ocorre em 37,71% da área, corresponde a 89km², e o Argissolo Vermelho

Amarelo a moderado – Agsvar - textura arenosa ocorre em 1,69%, corresponde a 4

Km², da área em estudo.

O solo do tipo Gleissolo ocorre em 1,69% da área e corresponde a 4km²

aproximadamente juntamente ao solo hidromórfico glei pouco humido distrófico

(HGPd), ocorrem principalmente nos fundos de vale ou seja, nas proximidades das

margens dos rios e córregos na área de estudo.

Tabela 06 : Área e porcentagem de ocorrência dos tipos de solos na área de estudo

SOLOS

ÁREA

Km 2

%

Lva 139 58,90

Agsva

89 37,71

Agsvar 4 1,69

HGPd 4 1,69

TOTAL 236,00 100,00

Fonte: Adaptação do Levantamento de Solos do Município de Cabrália Paulista-SP,

Secretaria Estadual de Agricultura (1960) e EMBRAPA (1999)

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95

Relevo

As características do relevo levantadas nesta pesquisa foram às relacionadas

à altimetria e a declividade.

A altitude do município de Cabrália Paulista é de 500 a 640m e a elaboração

da carta hipsométrica (Figura 21), possibilitou a observação da variação altimétrica do

relevo da área de estudo. Foram utilizadas cinco classes hipsométricas; onde as cores

mais claras caracterizam as regiões de menores altitudes, contidas até 500m ou seja,

próximo aos cursos d’agua, representada pela cor verde. Segue-se então uma sucessão

de tonalidades, das mais claras as mais escuras, determinando a transição das classes

hipsométricas estabelecidas, até o vermelho escuro que representa os locais mais

elevados da área (até 640m).

Esta carta pode posteriormente ser utilizada em estudos relacionados ao uso

e ocupação do espaço geográfico, tendo em vista que as altitudes estão associadas aos

tipos de solos, juntamente com o substrato rochoso e o clima possibilitam verificar a

forma mais adequada do uso do solo, podendo ser utilizada como importante ferramenta

em operações de combate a incêndios florestais, bem como em ações de planejamento

local.

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97

A carta de declividade representa as inclinações do relevo e foi elaborada

com base nas análises das variações topográficas mais representativas da área

pesquisada (Figura 22).

As declividades mais baixas da área são classificadas entre 0-3% e estão na

maioria das vezes presentes no topo das vertentes, ocorrendo também nos fundos de

vale, representam o relevo suave-ondulado. As declividades das classes de 3-8% e de 8-

12% ocorrem com maior freqüência na área de estudo e representam o relevo plano-

ondulado. Já as declividades de 12-20%, representam o relevo ondulado e >20% o

relevo acidentado, aparecendo este em locais restritos e dispersos, sempre próximos às

áreas de fundo de vale.

Esta carta pode ser posteriormente utilizada na prevenção e combate a

incêndios florestais tendo em vista que nas pesquisas realizadas por Lombardi (2001) o

mesmo ressalta que as áreas mais declivosas são consideradas de maior risco, uma vez

que a transferência de calor é facilitada no sentido do aclive, aumentando assim a

velocidade de propagação de incêndios.

Outra aplicação desta carta é que a representação cartográfica das

inclinações do relevo pode possibilitar a verificação da utilização e do aproveitamento

mais racional do terreno. Devido às características do substrato rochoso e dos solos da

área pesquisada essa carta permite ainda avaliar a possibilidade do surgimento de

feições erosivas por meio do arrasto de materiais inconsolidados (solos e fragmentos de

rochas) das áreas com maior declive.

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99

Cobertura Vegetal

Em 2005 foram realizados estudos pela Secretaria Estadual do Meio

Ambiente de São Paulo que culminaram na elaboração do Relatório de Qualidade

Ambiental do Estado de São Paulo para 2006 (SÃO PAULO, 2006).

A evolução das áreas de vegetação natural remanescente na área de estudo é

demonstrada na Figura 23, onde pode-se notar períodos de diminuição e aumento da

mesma, diminuição esta que se deu de forma mais acentuada principalmente durante a

década de 1980 do século XX, época em que ocorreu a exploração e o aumento do

plantio mais acentuado das áreas de reflorestamento silvicultura do município.

Observa-se também um significativo aumento das áreas de vegetação

registrado no período de 2001 a 2005, no município de Cabrália Paulista, esse fato se

deve à existência de 1.770 ha de área correspondente à vegetação natural remanescente,

que corresponde a 7,5% da área territorial do município que se deu devido aos projetos

de recuperação de áreas por meio do reflorestamento das mesmas com espécies nativas.

Como por exemplo, o caso do Projeto de Microbacias Hidrográficas desenvolvido pela

Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI, órgão subordinado à Secretaria

Estadual de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que juntamente com

as Prefeituras, Casas da Agricultura e a comunidade rural local desenvolvem ações para

a revitalização das matas ciliares dos córregos e nascentes.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

1962-1970 1971-1980 1981-1990 1991-2000 2001-2005

Figura 23: Gráfico da Evolução das áreas de Vegetação natural remanescente no

Município de Cabrália Paulista-SP Fonte: Adaptado pelo autor com base nos dados da Secretaria Estadual de Agricultura e CATI - Casa da

Agricultura de Cabrália Paulista –SP (SÃO PAULO,2006)

Períodos

Área

remanescente

de vegetação

nativa em

hectares

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100

No que diz respeito às áreas de silvicultura pode-se notar na Figura 24 que as

grandes áreas constituídas principalmente pelas culturas de pinus sp e eucalipto sp

tiveram no período de 1962 a 2005, uma evolução crescente sendo que o eucalipto sp

no período de 1962 a 1970 apresentava áreas inferiores a 300 hectares, e no período de

2000 a 2005 o mesmo teve um incremento para 2.100 hectares.

0

300

600

900

1200

1500

1800

2100

1962-1970 1971-1980 1981-1990 1991-2000 2001-2005

Pinus

Eucalipto

Figura 24: Evolução das áreas de Silvicultura, pinus sp e eucalipto sp no período de

1962-2005; Município de Cabrália Paulista –SP Fonte: Adaptado pelo autor com base nos dados da Secretaria Estadual de Agricultura e CATI - Casa da

Agricultura de Cabrália Paulista –SP (SÃO PAULO,2006)

É importante destacar que as espécies exóticas, mais utilizadas na

silvicultura na área de estudo são: o pinus sp e o eucalipto sp, nesse sentido Fernandes

(2007) ressalta que em pesquisas desenvolvidas na Estação de Pesquisas Florestais de

Rio Negro pertencente à Universidade Federal do Paraná foi constatado que as

variedades de pinus sp possue grau de inflamabilidade em torno de 115,7 a 172,3%. No

caso do eucalipto sp segundo Fernandes (2006), o mesmo possue um alto grau de

inflamabilidade média em torno de 200%, devido à composição química destas

espécies. O que aumenta e muito o perigo de incêndios. Tendo em vista que a presença

de óleos e resinas existentes nestes tipos de vegetação está diretamente associada a um

maior poder calorífico, podendo aumentar e muito durante o período do verão.

Contudo ressalta Fernandes (2006) que a espécie do eucalipto chega a ter

mais de mil variedades registradas possuem cerca de 21.000J/g (Joules por grama) de

Períodos

Área de

silvicultura em

hectares

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101

poder calorífico o que contribue para o aumento da inflamabilidade destas espécies, que

associadas a altas temperaturas podem ocasionar incêndios florestais.

Segundo dados do Instituto Floresta nos estudos realizados por Kronka et al

(1993) a ocupação desordenada do Estado de São Paulo, levou a destruição de grande

parte de sua cobertura vegetal original. O levantamento publicado em 1993, indicou que

somente 13,4% do território paulista ainda estavam revestidos por vegetação natural,

dos quais apenas 7,4% foram classificados como mata nativa. A vegetação classificada

como Mata Atlântica encontra-se protegida por Lei, conforme dispõe o Artigo 3º

Decreto Federal nº 750/1993, (BRASIL, 1994).

Áreas estas que segundo Ab’Saber (2003), devido a extensão de matas

tropicais costeiras, orográficas e de planalto ocorrem no interior do Estado de São

Paulo, acabando por refletir diferentes combinações de fatores. Como por exemplo

durante o ciclo do café anterior a implantação da silvicultura no município de Cabrália

Paulista os fazendeiros e trabalhadores sabiam identificar empiricamente os diferentes

tipos de matas existentes nos planaltos interiores e, sobretudo através de alguns

componentes arbóreos, identificando fertilidades e adequações dos solos que serviam de

suporte ecológico a determinados tipos de mata. E dentre estes tipos estavam as

formações remanescentes de Cerrado descritos por A’Saber (2003), como sendo uma

espécie de fênix dos ecossistemas brasileiros uma vez que esse tipo de vegetação

conseguiu a façanha ecológica de resistir às queimadas. Mas atualmente junto com os

outros ecossistemas brasileiros não resiste aos violentos artifícios tecnológicos

inventados pelos homens “ditos civilizados”.

Outro fator importante no que diz a respeito ao estudo da vegetação nativa

do Estado de São Paulo é a análise da ocupação do Oeste Paulista como pode-se notar

na Figura 25 onde é demonstrado como se deu a destruição da vegetação natural no

Estado de São Paulo, conforme os estudos realizados por Kornka et al (2005) no

período anterior à 1886 até 2000, quando da realização do Inventário da Vegetação

Natural do Estado de São Paulo. Observa-se que a maior destruição da cobertura vegetal

se deu no período compreendido entre o final do século XIX até meados do século XX.

Tendo em vista a expansão das estradas de ferro bem como da necessidade

de terras para o plantio do café, o que fez com que em menos de 50 anos a mata nativa

do Estado de São Paulo ficasse reduzida a índices baixíssimos em relação á outras

regiões brasileiras. Em estudos realizados por Leão (2000) e Kronka et.al.(2005), pode-

se constatar que o impacto ambiental causado por esta ocupação desordenada foi

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102

considerado como sendo de enormes proporções uma vez que após o declínio da cultura

do café a grande maioria das propriedades foram ocupadas por pastagens e em algumas

regiões pela cultura da cana de açúcar. Em outras como na área de estudo deram lugar

ao plantio de pinus sp e eucalipto sp, com fins industriais, sendo importantíssimo a

preservação destas áreas remanescentes de vegetação.

Figura 25: Mapa da reconstituição da Cobertura Vegetal do Estado de São Paulo Fonte: Extraído e adaptado pelo autor com base em Kronka et al. (2005, p.11)

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103

4.3 - Núcleos de Defesa Florestal

Após a realização dos trabalhados de campo, com o auxílio das fichas de

campo, da elaboração da carta de uso e ocupação e da carta de risco de incêndios foram

elencadas 10 áreas como sendo áreas piloto para futura implantação dos Núcleos de

Defesa Florestal-NDFs.

A carta de uso e ocupação elaborada mostra a delimitação das áreas com

expressiva cobertura vegetal ocupadas por fragmentos florestados naturais ou atividades

específicas de silvicultura ou culturas diversas, a área urbana do município e a

localização da sede dos futuros Núcleos de Defesa Florestal (NDFs), que foram

localizados após a análise da carta de risco de incêndios florestais, descrita e ilustrada

após a explanação da carta de uso e ocupação (Figura 26).

Nota-se na carta de uso e ocupação que além dos tipos de vegetação

descritos anteriormente, no ítem Cobertura Vegetal, uma parte expressiva da área do

município encontra-se ocupada por pastagens, seguida de áreas de silvicultura com

plantios de pinus sp, eucalipto sp e culturas de cana de açúcar e laranja. Em menor

escala ocorre o plantio de seringueira e remanescentes de cafezais.

Percebe-se também a extensa degradação das áreas de “mata natural”,

principalmente na porção sudoeste e centro da área de estudo, áreas essas que

correspondem à bacia do córrego São José do Corrente e em grande parte das áreas que

margeiam o rio Alambari. Esses locais, ou seja, as margens dos rios e córregos que

outrora eram ocupados por “matas” e vegetação de várzea foram durante a década de

1950 e 1960 utilizadas para o cultivo de arroz e atualmente encontram-se em algumas

partes desmatadas e em outras como áreas de pastagens. Esses fatores contribuem para a

ocorrência de feições erosivas e assoreamento dos cursos d’água; além dos bovinos e

eqüinos que utilizam a água dos mesmos para beber; formando no solo desprotegido

sulcos, conhecidos como “trilhas de gado” que facilitam também a ocorrência de outros

tipos de feições erosivas.

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105

A carta de risco de incêndios florestais foi elaborada principalmente com

base na carta de uso e ocupação do solo atual. Os autores Vetorazzi e Ferraz (1998),

ressaltam que os mapas de risco tem a função principal de auxiliar nos trabalhos de

prevenção de incêndios, entre eles as ações de monitoramento defendidas por Guerra e

Cunha (1996) quando dizem que o “...monitoramento é de importância fundamental em

qualquer ramo do saber em especial aqueles relacionados ao meio ambiente”, quando

explicam que o mesmo poder ser realizado utilizando recursos e sensores remotos

variados tais como: fotografias aéreas, imagens de satélite e de radar.

As cartas de risco de incêndios florestais também podem ser utilizadas como

instrumentos em ações de planejamento de estratégias de combate, pois elas utilizam

informações importantes sobre a existência e as condições de estradas (vias de acesso)

pontos de captação de água (rios, lagos, represas e açudes) registrados no banco de

dados, localização de núcleos urbanos e sedes de fazenda, etc. Informações estas que

quando reunidas em forma de documentos cartográficos, passam a ter essencial

importância nas ocorrências de incêndios uma vez que permite ao pessoal empenhado

em ações de combate possa organizar suas ações com maior rapidez e eficiência.

Na elaboração da carta de risco de incêndios florestais da área de estudo,

foram considerados os atributos do meio físico, descritos anteriormente, e algumas

variáveis sócio-ambientais destacando-se as que estão relacionados diretamente com a

probabilidade da ocorrência de incêndios entre eles: a cobertura vegetal existente, a

declividade do terreno, a proximidade com rodovias, o estado de conservação das

estradas vicinais, a proximidade da área urbana e a densidade demográfica. Em seguida

os principais atributos de análise; relevo, solo, hidrografia, cobertura vegetal, uso e

ocupação, vias de acesso, dispositivos contra fogo, equipamentos e infra-estrutura de

suporte logístico, locais para captação de água e comunicações; foram codificados

conforme é demonstrado na Figura 27.

Na seqüência da pesquisa e com base nos dados coletados e já codificados os

mesmos foram inseridos no banco de dados onde os mesmos foram sintetizados de

maneira sistematizada conforme se pode notar na Tabela 07, tabela esta que contribuiu

de forma eficaz na elaboração da carta de risco de incêndios.

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Relevo

Vprc – Vertentes com perfis retilíneos e

convexos

Itca - Interfluvios com topos extensos e

aplainados

Solo

Arg – Argissolo

Lv - Latossolo vermelho

Gl - Gleissolo

Hidrografia

RCLN – Rios, Córregos, Lagos e Nascentes

Cobertura Vegetal Natural

M – Mata atlântica - I

Cap – Capoeira - II

Cer - Cerrado - III

Cam - Campo - IV

Cpcer -Campo cerrado - V

Crra - Cerradão - VI

Vvz - Vegetação de várzea – VII

Uso e ocupação do solo

Euc – Eucalipto sp – I

Pi - Pinus sp - II

Cf - Café - III

Can – Cana de açúcar - IV

Lj - Laranja - V

Serg – Seringueira - VI

Past - Pastagem - VII

Psi - Piscicultura - VIII

Vias de Acesso

EVSP – Estrada Vicinal Sem Pavimentação

EVP - Estrada Vicinal Pavimentada

REP – Rodovia Estadual Pavimentada

ACSD – Acesso Sem Denominação

Dispositivos contra-fogo

Ac - Aceiros

Brr - Barreiras

Equipamentos e infra-estrutura de suporte

logístico

Tr - Trator - I

CP – Caminhão pipa - II

TrPD - Trator com plaina dianteira - III

CrP - Carreta pipa - IV

TO - Torre de observação - V

ME - Maquina esteira - VI

C - Caminhão - VII

Mt - Motocicleta - VIII

Fm - Ferramentas manuais – IX

Tomadas de água

RA - Reservatório de água

Rpa - Represas/açudes

RC - Rios/Córregos

Comunicações

Tel - Telefone fixo

CeR - Celular rural

Cel - Celular móvel

Rad - Radio PX/PY

I - Internet

Figura 27: Codificação dos atributos de análise existentes na área de estudo Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados extraídos das fichas de campo

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Page 109: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp041744.pdf · Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF 01 ... Figura 24

108

Com base na tabulação dos dados foram determinadas as classes de risco.

Sendo que neste caso especifico optou-se por 03 classes de risco classificadas como

risco: baixo, médio e alto. Observando-se a Figura 28 pode-se notar que o risco baixo

engloba as áreas com baixa probabilidade da ocorrência de incêndios, no risco médio

encontram-se áreas com probabilidade média de ocorrência de incêndios podendo-se

notar as áreas com risco alto são justamente os locais onde ocorrem a presença dos

remanescentes de vegetação nativa e as áreas de silvicultura onde predominam as

florestas resinosas de pinus sp e eucalipto sp, que ocupam uma extensão territorial de

grande importância na área de estudo.

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110

As descrições geográficas e da infra-estrutura de cada Núcleo de Defesa

Florestal proposto foram feitas da seguinte maneira:

NDF 01: limita-se com a área urbana da cidade de Cabrália Paulista, no Bairro

Restinga, onde se localiza a Escola Técnica Agrícola “Astor de Mattos Carvalho”, uma

unidade de formação do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza

(CEETPS), vinculado a Universidade Estadual Paulista (UNESP).

A sede do futuro NDF está localizada nas coordenadas do Sistema de Projeção UTM

(7513202mN, 672801mE), com a altitude média de 606m, com uma área de 19,5ha.

Tendo como principal via de acesso a rodovia estadual SP-293 Km 04, rodovia

pavimentada em muito bom estado, que liga Cabrália Paulista ao município de

Duartina.

O substrato rochoso é formado por rochas areníticas e o solo predominante é o tipo

Latossolo vermelho. As formas de relevo que predominam nesta área são vertentes com

perfis retilíneos a convexos, interflúvios sem orientação preferencial com topos

angulosos e achatados e com declividades em torno de 0-3%, 3-8% e 8-12%. No que diz

respeito a Hidrografia existem várias nascentes na área que juntamente com o córrego

da Restinga alimentam o rio Alambari.

Quanto ao uso do solo destaca-se a prática de culturas diversas tais como pastagens,

cana de açúcar, café e pinus sp e fragmentos residuais de floresta.

No levantamento referente aos equipamentos de proteção e dispositivos contra fogo foi

constatada a existência de aceiros e barreiras. No que diz respeito a equipamentos de

segurança contra incêndio o futuro NDF conta com uma ótima infra-estrutura, pois,

tendo em vista que a mesma possue brigada de incêndios equipada com EPI e

equipamentos de uso específico e coletivo podendo-se destacar a existência de: trator,

trator com plaina dianteira e caminhão.

Quanto à comunicação a escola possui, telefone fixo e internet. Apesar da inexistência

de represas e açudes dentro de seu perímetro a mesma conta com um reservatório de

água com capacidade para 17.000 litros, que pode em situação extremas ser utilizado no

abastecimento de caminhões pipa.

Outro fator importante é que na área existe um local que pode ser transformado em

campo de pouso para aeronaves, principalmente de helicópteros, a fim de dar suporte

aéreo às ações de combate a incêndios florestais. As instalações físicas da mesma

podem ser utilizadas também como Centro de Comando de Operações uma vez que

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existem alojamentos, refeitórios entre outros quesitos necessários a acomodação de

brigadas de incêndio envolvidas em ações de combate e futuramente a mesma pode ser

utilizada também como Centro de Formação de Brigadas em função da estrutura física e

pedagógica que a mesma apresenta.

Na avaliação quanto ao risco da ocorrência de incêndios foi considerada como alto

tendo em vista os seguintes fatores, a proximidade com a rodovia, sua localização

dentro de uma área de plantio de pinus sp, como se pode notar na Figura 29 e a sua

proximidade com a área urbana da cidade de Cabrália Paulista. Esses fatores contribuem

para que tal risco aumente substancialmente.

Figura 29: Vista aérea das Instalações da Escola Agrícola Fonte: Fotografado pelo autor durante sobrevôo realizado em 26/07/2005

NDF 02: esse futuro NDF poderá ser instalado no Sítio São Nicolau, com sede

localizada nas coordenadas do Sistema de Projeção UTM (7507545mN, 666895mE)

com altitude média de 572m, tem como principal via de acesso a estrada vicinal

municipal CBP-030, em bom estado de conservação, que liga Cabrália Paulista ao

Bairro Floresta, na área sudoeste do município.

A área dessa propriedade é de 294ha, encontrando-se a mesma assentada sobre rochas

areníticas friáveis e solos do tipo Latossolo vermelho e Argissolo.

Page 113: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp041744.pdf · Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF 01 ... Figura 24

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As características principais do relevo são as predominâncias de vertentes com perfis

retilíneos a convexos e interflúvios com topos extensos e aplainados com declividades

em torno de 0-3%, 3-8%, 8-12% e 12-20%. Na área existe nascentes que dão origem ao

ribeirão Jibóia que é um dos afluentes da margem esquerda do rio Alambari.

Quanto à cobertura vegetal natural existem os seguintes fragmentos residuais: de

Floresta, de Cerrado, de Cerradão e vegetação de várzea. No uso do solo atual destaca-

se a cultura de laranja.

Quanto aos dispositivos contra incêndio e proteção foi constatada a utilização de aceiros

em todos os limites da propriedade bem como entre a cultura de laranja e as áreas de

vegetação nativa. No que diz respeito a equipamentos a propriedade possue os

seguintes: trator, carretas pipa e caminhão. Quanto à infra-estrutura básica no local

existe uma represa, que têm potencial para abastecimento de caminhões pipa, inclusive

aeronaves. No que diz respeito aos meios de comunicação o futuro NDF apresenta

características bem positivas uma vez que possue, telefone fixo e internet.

A avaliação quanto ao risco de incêndios considera esta localidade enquadrada como

alto tendo em vista os seguintes fatores: potencial inflamável da cultura de laranja,

localização da propriedade nas proximidades de uma área de plantio de eucalipto sp,

como pode ser notado na Figura 39, proximidade do Bairro Floresta que é um Distrito

do Município de Cabrália Paulista, onde existem várias casas e chácaras, contribuindo

assim para que tal risco aumente substancialmente.

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Figura 30: Vista para o plantio de laranja e cerrado em primeiro plano.Ao fundo

eucalipto sp e fragmentos de floresta no centro Fonte: Fotografado pelo autor durante sobrevôo realizado em 26/07/ 2005

NDF 03: poderá ser instalado na Fazenda Novo Estilo, localizada na área rural do

município de Cabrália Paulista de propriedade da empresa RIPASA Celulose e Papel

S/A, a sede da fazenda encontra-se localizada nas coordenadas do Sistema de Projeção

UTM (7507363 mN, 671454 mE) com altitude média de 614m com uma área de

430,5ha. A sede do futuro NDF tem como principal via de acesso à rodovia estadual SP-

225 no Km269, rodovia pavimentada em muito bom estado que dá acesso ao Bairro

Corrente, na região sudoeste do município próximo a um posto de combustível. Essa

rodovia liga o município de Cabrália Paulista ao município de Paulistânia.

O substrato rochoso da área é formado por rochas areníticas friáveis e solos do tipo

Latossolo vermelho. As características principais do relevo são as predominâncias de

vertentes ravinadas com perfis retilíneos a convexos com declividades em torno de 0-

3% e 3-8%. No que diz respeito a Hidrografia existem, várias nascentes na área e o

córrego das Palmeiras que compõe a bacia de drenagem do rio Alambari.

Na cobertura vegetal existem fragmentos residuais de Floresta, de Cerrado, de Campo

Cerrado, de Cerradão e vegetação de várzea e no uso do solo atual destaca-se a prática

da silvicultura com a existência de uma grande área plantada com eucalipto sp.

Page 115: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp041744.pdf · Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF 01 ... Figura 24

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Quanto aos dispositivos contra incêndio foi constatado a existência de aceiros e as

barreiras contra-fogo, tanto nas margens da rodovia como entre as quadras de plantio

utilizam-se como aceiros os talhões, que se estendem por todo o perímetro da

propriedade. No tocante a equipamentos a propriedade conta com uma ótima infra-

estrutura, pois possue os seguintes equipamentos: trator, caminhão pipa, trator com

plaina dianteira, carreta pipa, caminhões e conta ainda com uma brigada de incêndios

equipada com EPI.

A comunicação também apresenta características bem positivas uma vez que possue,

telefone fixo, Internet e também pelo fato do Caminhão de Bombeiro da empresa

sempre ficar de prontidão na propriedade. Além destes meios existe a comunicação via

rádio entre os caminhões pipa, a sede da Fazenda, a Polícia Militar e a Defesa Civil de

Cabrália Paulista, o que facilita e muito o acionamento em casos extremos. Apesar da

inexistência de represas e açudes dentro de seu perímetro a mesma conta com um

reservatório de água com capacidade de 70.000 litros, que pode em situações extremas

ser utilizado no abastecimento de caminhões pipa.

A avaliação quanto à ocorrência de risco de incêndios foi considerada alto uma vez que

este NDF encontra-se localizado nas margens da rodovia estadual SP 225 seguido pela

área plantada de eucalipto sp, como se pode notar na Figura 31. Estes fatores acabam

contribuindo para que tal risco aumente substancialmente, tendo em vista que esta

rodovia é extremamente movimentada uma vez que é um dos acessos do estado de São

Paulo para a região sul do Brasil.

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Figura 31: Entrada do futuro NDF 03, Fazenda Novo Estilo, pela Rod. SP 225.

Observar a barreira contra fogo (aceiro) entre a cerca e os pés de eucalipto sp Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 13/07/2006

NDF 04: esse futuro NDF poderá ser instalado no Sítio Nossa Senhora de Fátima,

localizado na área rural do município de Cabrália Paulista, conhecida municipalmente

como Bairro Alambari. A sede do sítio encontra-se localizada nas coordenadas do

Sistema de Projeção UTM (7515730 mN, 665315 mE) com altitude média de 492m,

tem como principal via de acesso a estrada vicinal municipal CBP-040. A estrada está

em muito bom estado de conservação ligando o município de Cabrália Paulista ao

município de Duartina. A propriedade localiza-se nas proximidades do limite entre os

municípios de Cabrália Paulista e Duartina, com uma área de 8,7ha.

O substrato rochoso é formado por rochas areníticas friáveis e solos do tipo Argissolo e

Gleissolo. O relevo presente nesta área possui a predominância de vertentes com perfis

retilíneos a convexos e interflúvios com topos extensos e aplainados. A declividade

apresenta-se em torno em torno de 0-3%. Quanto à rede hidrográfica existem várias

nascentes que vão contribuir para o rio Alambari e as drenagens neste tipo de relevo são

de baixa densidade.

Quanto a cobertura vegetal existem fragmentos residuais de Campo e vegetação de

várzea e no que diz respeito ao uso do solo destaca-se a utilização da área para as

práticas de pastagens e piscicultura como pode ser notado na Figura 32.

Page 117: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp041744.pdf · Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF 01 ... Figura 24

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Foi constatada a existência de dispositivos contra incêndio do tipo aceiros. Quanto à

comunicação também apresenta características bem positivas uma vez que possue

telefone fixo e Internet. Existem na propriedade vários açudes que podem ser utilizados

no abastecimento de caminhões pipa, que podem ser empenhados no combate a

incêndios florestais nas áreas próximas inclusive podendo atuar no município de

Duartina.

Figura 32: Vista do futuro NDF 04, Sítio Nossa Senhora de Fátima, nota-se um dos

açudes existentes na propriedade Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 25/07/2006

A avaliação quanto ao risco de ocorrência de incêndios foi considerada como alto,

devido aos seguintes fatores, a proximidade desta propriedade com a estrada vicinal

seguida pela sua localização, ou seja, bem no limite entre os municípios de Cabrália

Paulista e Duartina, além da existência de um fragmento remanescente de floresta

semidecidua localizado à nordeste da propriedade.

NDF 05: poderá ser implantado na área denominada Horto Florestal, é de propriedade

do Governo do Estado de São Paulo, a área é um dos antigos Hortos Florestais criados

pela extinta Ferrovia Paulista S/A - FEPASA, no início do século XX, para suprir a falta

de madeira consumida pelas locomotivas bem como na utilização da mesma como

“dormentes”. Atualmente encontra-se sob responsabilidade da empresa RIPASA

Celulose e Papel S/A. A área é utilizada para a silvicultura no caso plantio de eucalipto

sp, e encontra-se localizado no limite territorial dos municípios de Cabrália Paulista e

Piratininga.

Page 118: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp041744.pdf · Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF 01 ... Figura 24

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A sede do Horto Florestal localiza-se nas coordenadas do Sistema de Projeção UTM

(7516494 mN, 677337 mE) com altitude média de 519m, tem como principal via de

acesso a estrada vicinal municipal CBP-010, que dá acesso ao Bairro Areia Branca. A

estrada vicinal encontra-se em muito bom estado de conservação e liga a região

nordeste do município de Cabrália Paulista ao município de Piratininga.

A área com 225ha está assentada sobre rochas areníticas e os solos são do tipo

Latossolo Vermelho e Argissolo. As características principais do relevo são a

predominância de vertentes ravinadas com perfis retilíneos a convexos e as declividades

ficam em torno de 0-3%. 3-8%, 8-12%, 12-20% e >20%. No que diz respeito a

Hidrografia são encontradas várias nascentes que vão se transformar em córregos dentre

eles o ribeirão da Água Branca, tributário da margem direita do rio Alambari.

Na cobertura vegetal natural remanescente da área existem fragmentos florestados das

seguintes formações: de Floresta “Mata”, Cerrado, Campo Cerrado e Cerradão. Quanto

ao uso do solo destaca-se a prática da silvicultura com a existência de uma grande área

plantada com eucalipto sp. Quanto aos dispositivos contra fogo foi constatada a

existência de aceiros e barreiras tanto nas margens da estrada vicinal como entre as

quadras de plantio que utilizam como aceiros os talhões que se estendem por todo o

perímetro da propriedade.

O Horto Florestal conta com brigada de incêndio equipada com EPI e uma ótima infra-

estrutura de equipamentos, pois possue os seguintes equipamentos: trator, caminhão

pipa, trator com plaina dianteira, carreta pipa, caminhões, motocicleta.

No que diz respeito à comunicação este futuro NDF possue telefone fixo e internet,

além destes meios existentes possui comunicação via rádio entre os caminhões pipa, a

sede da Fazenda, a Policia Militar e a Defesa Civil de Cabrália Paulista o que facilita e

muito o acionamento em casos extremos de ocorrências de incêndios.

Possui dentro de seu perímetro uma represa, que pode em situações extremas ser

utilizada no abastecimento de caminhões pipa. Outro fator importante é que sua área

pode ser transformada em campo de pouso, principalmente de helicópteros a fim de dar

suporte aéreo às ações de combate a incêndios florestais. Possue também uma viatura

Pick Up 4x4, que patrulha todo o perímetro desta propriedade diariamente. As futuras

instalações físicas deste NDF podem ser utilizadas como Centro de Comando de

Operações uma vez que existem também em sua sede alojamentos, refeitórios, entre

outros, necessários a acomodação das brigadas de incêndio envolvido em ações de

combate.

Page 119: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp041744.pdf · Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF 01 ... Figura 24

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Na avaliação quanto ao risco de incêndios foi considerada como alto tendo em vista os

seguintes fatores, o futuro NDF encontra-se localizado dentro de uma área plantada com

eucalipto sp, como se pode notar na Figura 33, a estrada vicinal CBP-010, corta a

propriedade aumentando o fluxo de pessoas e veículos, tendo em vista que o Horto

Florestal localiza-se nos limites dos municípios de Cabrália Paulista e Piratininga

fatores estes que acabam contribuindo para que tal risco aumente substancialmente.

Figura 33: Vista aérea parcial do Horto Florestal, observar a existência de aceiros entre

a pastagem, a plantação de eucalipto sp e as divisões internas compostas por talhões Fonte: Fotografado pelo autor durante sobrevôo realizado em 26/07/2005

NDF 06: Esse futuro NDF denominado Fazenda Nova América, está localizado na área

rural do município de Cabrália Paulista, é de propriedade da empresa

LWART/LWARCEL Celulose e Papel, a sede da fazenda está localizada nas

coordenadas do Sistema de Projeção UTM (7506641mN; 665028mE), com uma altitude

média de 586m e com 1.502,8ha. Tem como principal via de acesso a estrada vicinal

municipal CBP-367, Bairro Floresta, na região sudoeste do município, rodovia esta que

liga o município de Cabrália Paulista ao município de Paulistânia, outra alternativa de

acesso é pela rodovia estadual SP-225, rodovia esta que em muito bom estado e também

faz ligação entre o município de Cabrália Paulista com o município de Paulistânia.

Page 120: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp041744.pdf · Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF 01 ... Figura 24

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A área desta propriedade está assentada sobre rochas areníticas e areníticas friáveis e os

solos são do tipo Latossolo Vermelho e Argissolo. As características principais do

relevo são as predominâncias de vertentes ravinadas com perfis retilíneos a convexos e

declividades em torno de 0-3%, 3-8%, 8-12%, 12-20% e >20%. No que diz respeito a

rede hidrográfica existem várias nascentes que vão se transformar em córregos dentre

eles o córrego Santo Antonio, ribeirão da Jibóia e Água do Rubim todos afluentes da

margem esquerda do rio Alambari.

A cobertura vegetal natural remanescente da área é composta por fragmentos

florestados das seguintes formações: de Floresta “Mata”, Cerrado, Campo Cerrado e

Cerradão. O uso do solo da área destaca-se a silvicultura com a existência de grande

área plantada com eucalipto sp em praticamente toda a sua totalidade.

No que diz respeito aos dispositivos contra incêndio foi constatado a existência de

aceiros e as barreiras contra-fogo, localizados tanto nas margens da estrada vicinal

quanto nos limites da propriedade como entre as quadras de plantio utilizando-se como

aceiros os talhões das mesmas que se estendem por todo o perímetro da propriedade

inclusive nas proximidades da rodovia estadual SP-225.

A fazenda conta com uma ótima infra-estrutura, pois possue brigada de incêndio

equipada com EPI e conta os seguintes equipamentos: trator, caminhão pipa, trator com

plaina dianteira, carreta pipa, caminhões, motocicleta.

Os meios de comunicação existentes neste NDF são: telefone fixo e Internet e existe

também a comunicação via rádio entre a brigada de incêndios da propriedade, a Polícia

Militar e a Defesa Civil de Cabrália Paulista o que facilita e muito o seu acionamento

em casos extremos.

Existem também no perímetro da propriedade represas e açudes que podem em situação

extremas ser utilizados no abastecimento de caminhões pipa, uma vez que os mesmos já

permanecem no local de prontidão durante o ano todo.

Na avaliação quanto ao risco de incêndios foi considerada também como alto devido

aos seguintes fatores: este NDF encontra-se localizado dentro de uma área reflorestada

por eucalipto sp, existem consideráveis áreas com fragmentos florestados dentro das

áreas plantadas como se pode notar na Figura 34, próximo a essa propriedade existe

uma outra com plantio de laranja, além da proximidade da mesma com a rodovia

estadual SP 225. Esses fatores contribuem de forma direta para que o risco de incêndios

aumente substancialmente.

Page 121: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp041744.pdf · Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF 01 ... Figura 24

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Figura 34: Fragmentos de Floresta no interior das quadras de eucalipto sp detalhe

dos aceiros Fonte: Fotografado pelo autor durante sobrevôo realizado em 26/07/ 2005

NDF 07: o local desse futuro NDF é denominado Represa’s Bar limitando-se o mesmo

com o perímetro urbano da cidade de Cabrália Paulista, Bairro Alambari, localizado nas

coordenadas do Sistema de Projeção UTM (7516201mN, 671986 mE) com uma altitude

média de 507m e com uma área de 4,8ha. Tem como principal via de acesso uma

estrada vicinal em muito bom estado que foi construída no antigo leito da extinta

ferrovia que ligava Cabrália Paulista ao município de Piratininga.

A área é formada por rochas areníticas e o tipo de solo predominante é o Argissolo e

ocorre nesta área a existência também do Gleissolo. O tipo de relevo predominante são

as vertentes com perfis retilíneos a convexos e interflúvios com topos extensos e

aplainados com declividade em torno de 0-3% e 3-8%.

No que diz respeito a Hidrografia existem várias nascentes que inclusive dão origem a

uma represa existente nesta propriedade que posteriormente deságuam no rio Alambari,

tendo em vista que a mesma está localizada na margem esquerda desse rio, conforme

podemos notar na Figura 35.

Page 122: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp041744.pdf · Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF 01 ... Figura 24

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Figura 35: Vista da Represa’s Bar, ao fundo à esquerda parte do fragmento de floresta Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 13/07/2006

Quanto à cobertura vegetal natural existem fragmentos florestais compostos por

formações de Campo e vegetação de várzea. Quanto ao uso do solo destaca-se a cultura

de práticas diversas tais como, pastagem e eucalipto sp. Ressalta-se que esta

propriedade também é utilizada com fins recreativos tais como, camping, local de festas

etc.

Quanto aos dispositivos contra incêndio foi constatada a existência de aceiros em toda a

divisa da propriedade. Os meios de comunicação existentes também apresentam

características bem positivas uma vez que possue, telefone fixo e internet.

Outro fator importante é que as instalações físicas da mesma podem ser utilizadas como

Centro de Comando de Operações uma vez que existe uma boa infra-estrutura tais como

refeitórios, locais de reunião e área de camping que são necessárias para a acomodação

das brigadas de incêndio e demais equipes envolvidas em ações de combate. Podendo

também este NDF ser utilizado como ponto de abastecimento de caminhões e aeronaves

neste caso de helicópteros devido a existência de uma represa que possue as

características básicas para esta finalidade, assim como pode servir de ponto de

observação em situações tanto preventivas como durante as ações de combate a

possíveis incêndios.

Page 123: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp041744.pdf · Figura 10 Tela do sotware ArcVeiw com detalhe da tabela de dados do NDF 01 ... Figura 24

122

Na avaliação quanto ao risco de incêndios foi considerada como alto tendo em vista os

seguintes fatores: a inexistência de brigada de incêndios e equipamentos de uso

individual e coletivo, proximidade e localização deste NDF com á área de urbana da

cidade de Cabrália Paulista, grande fluxo de pessoas e veículos que trafegam na estrada

vicinal que dá acesso a propriedade e pela sua localização próxima de um fragmento

florestal composto por área remanescente de Floresta Semidecidual, localizado à

noroeste do futuro NDF.

NDF 08: Esse futuro NDF é denominado Fazenda Santo Antonio do Alto, encontra-se

localizado na zona rural do município de Cabrália Paulista a sede da fazenda tem

localização nas coordenadas do Sistema de Projeção UTM (7505771mN, 662488 mE),

altitude média de 548m e com 290,5ha de área, tem como principal via de acesso a

estrada vicinal municipal CBP-386, estrada esta que liga a cidade de Cabrália Paulista a

região sudoeste do município.

O substrato rochoso é formado por rochas areníticas friáveis e solos dos tipos: Latossolo

vermelho e Argissolo. O relevo característico desta área tem como predominância as

vertentes ravinadas com perfis retilíneos, onde predominam interflúvios sem orientação

preferencial com topos angulosos e achatados, com declividades em torno de 0-3%, 3-

8%, 8-12%, 12-20% e >20%. A rede hidrográfica é composta por várias nascentes que

vão alimentar os vários córregos dentre eles o córrego da Concórdia e Água do Rubim

ambos tributários da margem esquerda do rio Alambari.

No que se refere a cobertura vegetal natural existem grandes fragmentos florestais de

formação da Floresta semidecidual, Capoeira, Cerrado, Campo Cerrado, Cerradão e

vegetação de várzea. Fator este que faz com que seja de vital importância a implantação

desse NDF devido ao tamanho e a importância desta reserva o que faz com que haja

uma susceptibilidade à ocorrência de incêndio florestais. No uso do solo atual destaca-

se a pastagem com a criação extensiva de gado de corte.

Foi constatada a existência de aceiros e as barreiras contra-fogo em todo a perímetro da

propriedade. No que diz respeito a equipamentos a propriedade conta com uma ótima

infra-estrutura, pois possue os seguintes equipamentos: trator, trator com plaina

dianteira, carreta pipa e caminhões.

Possue também represas e açudes dentro de seu perímetro podendo as represas e os

açudes serem utilizados no abastecimento de caminhões pipa, em situações extremas.

Outro fator de destaque é que as instalações físicas do futuro NDF podem ser utilizadas

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como Centro de Comando de Operações uma vez que existem alojamentos, refeitórios

entre outros necessários à acomodação das brigadas de incêndio envolvidas em ações de

combate, tanto na área da fazenda como em áreas próximas a ela. Além disso, parte da

sua área poderá ser transformada em campo de pouso, principalmente de helicópteros a

fim de dar suporte aéreo as ações de logística, tais como, transporte de pessoal e de

equipamento bem como em ações direta de combate a incêndios florestais.

A comunicação também apresenta características bem positivas uma vez que possue,

telefone fixo e Internet. Na avaliação quanto ao risco da ocorrência de incêndios

florestais foi considerada como alto tendo em vista os seguintes fatores: a propriedade

possue uma das maiores áreas remanescentes de “mata nativa” e Cerrado do município

conforme pode ser notado na Figura 36. A fazenda não conta com brigada de incêndio

equipada e se encontra localizada distante da sede do município o que pode demorar no

envio de pessoal e equipamento, o que justifica a importância da instalação de um NDF

nesta propriedade.

Figura 36: Área remanescente de “mata nativa”, Fazenda Sto. Antonio do Alto Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 13/07/2006

NDF 09: esse futuro NDF poderá ser instalado na Fazenda Arizona, encontra-se

localizada na área rural do município de Cabrália Paulista, tendo sua sede localizada nas

coordenadas do Sistema de Projeção UTM (7507779 mN, 657722 mE), altitude média

de 536m e 569,6ha de área (Figura 37). A principal via de acesso à propriedade é a

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estrada vicinal municipal CBP-323 via Bairro Boa Vista, vicinal esta em ótimo estado,

que liga a cidade de Cabrália Paulista a região oeste de seu município.

A área encontra-se assentada sobre rochas areníticas friáveis e solos do tipo Latossolo

vermelho e Argissolo. As características principais do relevo são a predominância de

vertentes com perfis retilíneos a convexos e topos extensos e aplainados, interflúvios

sem orientação preferencial com topos angulosos e achatados, apresentando

declividades em torno de 0-3%, 3-8%, 8-12%. A rede hidrográfica existente é composta

por várias nascentes que vão alimentar os córregos Água dos Pombos e o Arizona, que

formam a rede de drenagem de 1ª ordem da margem esquerda do rio Alambari.

Quanto a cobertura vegetal natural existem fragmentos residuais, florestas, Cerrado e

Cerradão, e vegetação de várzea. No uso do solo destaca-se o plantio do eucalipto sp e

pastagens para a criação extensiva de gado de corte.

Figura 37: Vista da entrada do futuro DF 09 – Fazenda Arizona Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 13/07/2006

Conforme foi verificado in loco existem dispositivos contra incêndio sendo que os mais

utilizados são os aceiros, existentes em todo o perímetro da propriedade. No que diz

respeito a equipamentos a fazenda conta com uma infra-estrutura adequada, pois possui

os seguintes equipamentos: trator, carreta pipa, caminhões, bomba costal e ferramentas

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manuais. Além desses itens existem represas e açudes dentro de seu perímetro podendo

as mesmas ser utilizadas no abastecimento de caminhões pipa e aeronaves.

No que diz respeito aos meios de comunicação existentes esta fazenda também

apresenta características bem positivas uma vez que possue, telefone fixo e Internet.

Na avaliação quanto ao risco de incêndios também foi considerado como alto devido

aos seguintes fatores: quantidade de eucalipto sp plantado nesta propriedade, a

inexistência de brigada de incêndio equipada, localização da propriedade próxima a

grandes áreas remanescentes de mata nativa, distância significativa da mesma até a sede

do município. Esses fatores acabam contribuindo para que tal risco aumente

substancialmente.

NDF 10: esse futuro NDF poderá ser localizado no Recanto JB, encontra-se na área

rural de Cabrália Paulista que tem sua sede localizada nas coordenadas do Sistema de

Projeção UTM (7514100 mN, 674609 mE) com uma altitude média de 564m e uma

área de 193,8ha. A principal via de acesso é a estrada vicinal municipal CBP-020, via

Bairro Restinga, é uma estrada em bom estado de conservação, pois ela dá acesso a

região sudeste do município de Cabrália Paulista ao município de Piratininga. Esta

propriedade está localizada praticamente no limite entre estes dois municípios.

O substrato rochoso é formado por rochas areníticas e os solos predominantes são o

Latossolo vermelho e o Argissolo. As formas de relevo que predominam nesta área são

vertentes com perfis retilíneos e convexos e interfluvios sem orientação preferencial

com topos angulosos e achatados, com declividades em torno de 0-3%, 3-8%, 8-12%,

12-20% e >20%. Nesta área a rede hidrográfica é composta por várias nascentes que

alimentam o córrego da Restinga, que compõe a drenagem principal do rio Alambari.

Quanto à cobertura vegetal natural existem fragmentos florestais compostos por

formações de Floresta, Cerrado, Cerradão, além da vegetação de várzea. No uso do solo

atual destaca-se a prática de culturas diversas tais como áreas de plantio de eucalipto sp,

seringueira para extração do látex e pastagens para a criação de gado de corte.

Quanto aos dispositivos contra incêndio foi constatada a existência dos aceiros em toda

a área da propriedade. No que diz respeito a equipamentos a propriedade conta com

uma ótima infra-estrutura, pois possue os seguintes equipamentos: trator, trator com

plaina dianteira, caminhões, bomba costal e ferramentas manuais.

No local existem represas e açudes podendo os mesmos ser utilizados no abastecimento

de caminhões pipa que podem dar suporte às brigadas de incêndio envolvidas em ações

de combate a incêndios florestais, conforme pode ser visualizado na Figura 38. A

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comunicação da propriedade também apresenta características bem positivas uma vez

que possue, telefone fixo e Internet.

Na avaliação quanto ao risco de ocorrência de incêndios foi considerado como alto

tendo em vista os seguintes fatores: a propriedade possui áreas de plantio de eucalipto

sp e seringueira que são espécies arbóreas altamente inflamáveis, a inexistência de uma

brigada de incêndio equipada, a área está localizada próxima a uma área de plantio de

pinus sp fatores que somados acabam contribuindo para que tal risco aumente

drasticamente.

Figura 38: Vista de um dos açudes do futuro NDF 010 - Recanto JB Fonte: Fotografado pelo autor durante os trabalhos de campo em 20/07/2006

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5. CONCLUSÕES

Os resultados alcançados durante a realização desta pesquisa, permitiram

entender, que a partir da análise dos dados geográficos e das informações coletadas em

campo e dos produtos cartográficos produzidos durante a realização da mesma, que a

área de estudo representa um importante referencial no que diz respeito à necessidade

da implantação de Núcleos de Defesa Florestal – NDFs.

Núcleos estes que podem contribuir na prevenção e no combate de incêndios

florestais. Fazendo com que ocorra a necessidade da Defesa Civil local se articular

dentro da área de estudo de forma a dinamizar as ações de prevenção e estratégias de

combate a incêndios florestais; sejam elas na proteção de suas áreas remanescentes de

mata nativa ou na proteção da base econômica do município, nas áreas de silvicultura.

Novos planos de monitoramento poderão ser desenvolvidos com o auxílio

dos produtos cartográficos elaborados, cartas hipsométrica, declividade, uso e ocupação

do solo com a localização dos futuros NDFs e a de risco de incêndios florestais, durante

a realização da pesquisa.

Os produtos cartográficos elaborados foram as cartas: hipsométrica,

declividade, uso e ocupação do solo, riscos de incêndios florestais e a de localização dos

futuros núcleos de defesa florestal. Na carta hipsométrica se pode constatar que as

altitudes da área territorial do município de Cabrália Paulista, estão definidas entre 500

e 640m, na carta de declividade as ocorrências das maiores inclinações estão na ordem

de 12-20% e das menores de 3-8% e na carta de uso e ocupação dos solos são mostradas

as áreas com as principais atividades de silvicultura (eucalipto sp e pinus sp), áreas com

vegetação natural remanescente e por vezes degradada, áreas com os cultivos de

pastagens, cana-de-açúcar, laranja, seringueira e resquícios de cafezais, além da área

urbana.

Após a análise e interpretação destas cartas juntamente com as informações

do inventário das unidades básicas da paisagem foi possível elaborar a carta de risco de

incêndios florestais onde foram considerados vários fatores e variáveis agravantes entre

elas: a cobertura vegetal existente; a declividade do terreno, pois a transferência de calor

é facilitada no sentido do aclive; a proximidade com as vias de acesso; a conservação

das estradas vicinais; a proximidade com área urbana e a densidade demográfica.

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Para tanto foram utilizadas 03 classes de risco, baixo, médio e alto, da

probabilidade da ocorrência de incêndios florestais. Foi observado que as áreas de risco

alto são justamente as áreas onde ocorrem a presença dos remanescentes de vegetação

nativa e as áreas de silvicultura onde predominam as florestas resinosas de pinus sp e

eucalipto sp. Essas áreas ocupam áreas consideráveis da extensão territorial da área de

estudo.

A carta de risco de incêndios florestais elaborada demonstrou que grande

parte da área territorial do município de Cabrália encontra-se sob alerta de incêndio. Por

outro lado agora de posse de tais informações os órgãos governamentais encarregados

poderão ter parâmetros a fim de planejar as ações de prevenção e de estratégias de

combate com maior segurança.

Foi utilizada em partes a metodologia proposta por Vetorazzi e Ferraz (1998)

para a obtenção de cartas de risco de incêndios florestais, mas em trabalhos futuros na

região recomenda-se a incorporação das variáveis meteorológicas, que também foram

levantadas, para que esses dados possam dar subsídios à elaboração de cartas de risco de

incêndios florestas para diferentes situações ao longo da estação seca.

Outro ponto importante a ser ressaltado é que com a utilização dos produtos

cartográficos elaborados principalmente da carta de risco de incêndios florestais,

juntamente com as variáveis climáticas que podem ser inseridas ao banco de dados fará

com que ocorra a dinamização das ações das equipes encarregadas no planejamento e na

coordenação das ações de cunho operacional.

Essa carta pode ser utilizada também como instrumento importantíssimo

para as equipes encarregadas do planejamento e coordenação em ações de cunho

operacional tais como: na alocação e reposição de equipamentos necessários aos futuros

Núcleos de Defesa Florestal e as brigadas de combate a incêndios que estiverem

atuando na área. As informações importantes do banco de dados que podem ser

utilizadas referem-se sobre a existência e as condições das estradas (vias de acesso), a

existência de “tomadas d’agua” (pontos de captação de água) tais como: rios, lagos,

represas e açudes, bem como a existência de núcleos urbanos, sedes de fazenda, etc.

Essas informações podem ser inclusive utilizadas em operações que

necessitem a utilização de aeronaves, como também nas atividades de prevenção e em

ações de combate a incêndios florestais. Servindo ainda como subsídio para orientar as

atividades de vigilância tais como: manutenção de aceiros, conservação de estradas,

alocação de equipamentos em pontos estratégicos, etc.

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Finalmente foi elaborada a carta de localização dos futuros Núcleos de

Defesa Florestal, que também foram incorporados posteriormente na carta de uso e

ocupação para facilitar a visualização dos mesmos.

Durante a realização desta pesquisa pudemos notar que o propósito da

instalação de uma rede de NDFs, com o objetivo da prevenção e estratégias de combate

a incêndios florestais na área de estudo se faz necessária tendo em vista os seguintes

fatores: o município de Cabrália Paulista não possue guarnição estadual do Corpo de

Bombeiros, a guarnição mais próxima encontra-se instalada na cidade de Bauru,

distante 40Km da área de estudo e em épocas críticas do ano mesmo solicitada as vezes

não pode atender o município uma vez que o aumento na demanda de ocorrências no

município de Bauru impedem o deslocamento de equipes para Cabrália Paulista de

imediato. Outro fator a ser considerado é que mesmo que tais equipes sejam deslocadas

para a área de estudo a rodovia SP-225, que liga Bauru à Cabrália Paulista, por ser de

pista simples (mão dupla) e o único acesso regional para a região Sul do país, tem um

trânsito muito intenso o que torna mais demorado ainda a chegada do socorro.

Essas situações explicitam a necessidade da Defesa Civil local se articular

dentro da área de estudo de forma a dinamizar as ações de prevenção e estratégias de

combate a incêndios florestais, desenvolvendo seus próprios planos de monitoramento,

tendo em vista que cada localidade possue peculiaridades e características próprias.

Nesse ínterim o Geoprocessamento se torna uma ferramenta importante, pois auxilia e

muito na tomada de decisões em situações críticas.

Um fator muito positivo que ocorreu durante a pesquisa foi a instalação por

parte do Governo do Estado de São Paulo da base de Rádio Patrulhamento do

Grupamento Aéreo da Polícia Militar na cidade de Bauru. As aeronaves (helicópteros e

avião de asa fixa) poderão futuramente ser integradas nos planos municipais de combate

a incêndio, pois em casos da necessidade de apoio aéreo aumentará ainda mais o poder

de ação das equipes encarregadas do combate a incêndios florestais. Existindo-se aí a

possibilidade da integração de apoio aéreo durante as ações de combate e

monitoramento.

Baseado na pesquisa desenvolvida e nas informações atuais propõe-se que os

municípios vizinhos implantem planos de monitoramento e realizem estudos a respeito

de suas vulnerabilidades locais quanto a ocorrência de desastres naturais ou não dos

tipos: incêndios florestais, inundações, desabamentos, etc. podendo ser utilizado

também como instrumento na escolha de locais adequados para futuras instalações de

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torres de observação nas áreas em estudo; e que eles se mantenham integrados em uma

rede maior que pode ser implementada com a utilização mais intensa do

Geoprocessamento destacando-se o emprego e a utilização dos Sistemas de Informações

Geográficas (SIGs).

Esses planos podem ser desenvolvidos pelo Poder Público representado

pelas Prefeituras Municipais, pela Polícia Militar e a Defesa Civil, em conjunto com a

comunidade local e as instituições privadas fortalecendo assim ainda mais as

comunidades locais. Estes planos num futuro próximo poderão integrar um banco de

dados que proporcione aos Órgãos Governamentais, sejam eles municipais estaduais ou

federais, terem em mãos informações valiosíssimas no tocante aos trabalhos

desenvolvidos pela Defesa Civil no que diz respeito à Análise Ambiental.

Uma vez que pesquisas desta natureza irão implementar ainda mais os

trabalhos desenvolvidos pela Defesa Civil local e regional, servindo também como

subsídio para futuros trabalhos nesta área, tendo em vista que os municípios vizinhos

não possuem estudos detalhados a respeito desta questão.

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SEMA, Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais - DEPRN, São Paulo,

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em www.cetesb.sp.gov.br, acesso em 30 de Maio de 2005.

SÃO PAULO, Rios que compõem a Bacia Hidrográfica do Médio Paranapanema

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de Bacia Hidrográfica do Médio Paranapanema-CBHMP, disponível em

www.daee.sp.gov.br, acesso em 05 de Março de 2007.

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137

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www.floresta.ufpr.br, Acesso em 03 de Março de 2005.

SOUZA, M. L.; ZUQUETTE; L. V. A Utilização de Fichas de Campo Como Suporte

Básico para o Gerenciamento de Dados em um Processo de Mapeamento

Geotécnico, Anais do 9º Simpósio de Geologia de Minas Gerais – SBG Núcleo MG –

Bol.14 p.150-152, 1998.

TEIE, W. C., Manual do Bombeiro Sobre Combate a Incêndios Florestais, Griffin

Printing, Sacramento, Califórnia, USA, 295p. 1994.

VETTORAZZI, C. A. e FERRAZ, S. F., Uso de sistemas de informações geográficas

aplicados à prevenção e combate a incêndios em fragmentos florestais, p. 111-115,

Série Técnica IPEF, v. 12 nº 32, ESALQ/USP, Piracicaba, 1998.

YADAV, N. P. et al., Forest Management and Utilization Under Community

Forestry, in Journal of Forest and Livelihood nº 03, July, York University, York,

England, 2003.

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APÊNDICE

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139

FICHA DE CAMPO PARA INVENTÁRIO DAS UNIDADES BÁSICAS DE PAISAGEM,

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – MUNICIPIO DE CABRÁLIA PAULISTA - SP

Ponto nº:____ Data ________ Base Topográfica:_________________

Nome da Propriedade: _________________________________________________

Nome do Proprietário: __________________________________________________

Coordenadas: UTM N_____________UTM E___________________

Altitude: ________________________ Fotos:____________________________

Ponto de Referência: _________________________________________________

Principal Via de Acesso:_______________________________________________

Tipo de relevo:

( ) Vertentes com perfis retilíneos a convexos.

( ) Interflúvios com topos extensos e aplainados.

Outros:____________________________________________________________

Tipos de Solo:

( )Latossolo ( )Argissolo ( ) Gleissolos

Outros: ____________________________________________________________

Cobertura vegetal natural:

( )Mata ( )Capoeira ( )Cerrado ( )Campo ( )Campo Cerrado

( ) Cerradão ( )Vegetação de Várzea

Outros: _____________________________________________________________

Ocupação/Uso do solo:

Reflorestamento/Silvicultura:

( ) eucalipto ( ) pinus

Outros: ______________________________________________________________

Culturas:

( )Cana de Açúcar ( )Laranja ( )Seringueira ( ) Pastagem

Outros: _______________________________________________________________

Hidrografia:

( )Rios ( )Córregos ( )Lagos ( )Nascentes

Outros:__

_______________________________________________________________

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140

Existem Proteção/Dispositivos Contra Fogo:

( ) Sim ( ) Não

Quais:

( ) Aceiros ( ) Barreiras Contra-Fogo

( ) Outros: Especificar: _________________________________

Riscos de Incêndio:

( ) muito baixo ( ) baixo ( ) médio ( ) alto

( ) altíssimo

Equipamentos e infra-estrutura de suporte logístico:

( ) Trator ( ) Carreta Pipa ( ) Caminhão

( ) Represas/Açudes ( ) Torre de Observação ( ) Motocicleta

( ) Caminhão Pipa ( ) Maquina Esteira

( ) Trator com Plaina Dianteira

( ) Pessoal com equipamento

Coordenadas UTM das Represas/Açudes:

UTM N___________ UTM E___________

Comunicações:

( ) Telefone Fixo ( ) Celular Rural ( ) Celular Móvel

( ) Rádio ( ) Internet

Obs. Anotar números, nomes dos proprietários/administradores e freqüência de rádio

quando houver no campo abaixo.

Observações: ___________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

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ANEXOS

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142

Fonte: RODRIGUES, I. União Prioriza Cerrado em Bauru; Jornal da Cidade, Ano

XXXVII, nº 11.564, Bauru, p. 04, 2004.

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143

Fonte: RODRIGUES, I. União Prioriza Cerrado em Bauru; Jornal da Cidade, Ano

XXXVII, nº 11.564, Bauru, p. 04, 2004.

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