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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA GUILHERME BRAGA PEREIRA BRAZ Crotalária: herbicidas seletivos e não seletivos e reação a nematoides Maringá 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

GUILHERME BRAGA PEREIRA BRAZ

Crotalária: herbicidas seletivos e não seletivos e reação a nematoides

Maringá

2016

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ... · BIOGRAFIA GUILHERME BRAGA PEREIRA BRAZ, filho de Antonio Joaquim Braga Pereira Braz e Vera Lúcia Pereira Braz, nasceu

GUILHERME BRAGA PEREIRA BRAZ

Crotalária: herbicidas seletivos e não seletivos e reação a nematoides

Tese apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Agronomia do Departamento de

Agronomia, Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Estadual de Maringá, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Doutor em Agronomia.

Área de concentração: Proteção de Plantas

Orientador: Prof. Dr. Rubem Silvério de

Oliveira Jr.

Co-orientador: Prof. Dr. Jamil Constantin

Co-orientadora: Prof. Dra. Carlene Ann Chase

Maringá

2016

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)

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FOLHA DE APROVAÇÃO

GUILHERME BRAGA PEREIRA BRAZ

Crotalária: herbicidas seletivos e não seletivos e reação a nematoides

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Agronomia do Departamento

de Agronomia, Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Maringá, como

requisito para a obtenção do título de Doutor em Agronomia.

Aprovado em 13 de Janeiro de 2016.

COMISSÃO JULGADORA

________________________________

Prof. Dra. Cláudia Regina Dias-Arieira

________________________________

Prof. Dr. Alessandro Guerra da Silva

________________________________

Pesquisador Dr. Henrique Debiasi

____________________________

Prof. Dr. Jamil Constantin

(Co-orientador)

____________________________

Prof. Dr. Rubem Silvério de Oliveira Jr.

(Orientador)

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i

Ofereço a Deus que nunca me deixou só, mesmo nos momentos mais difíceis, sempre me

enviando um sinal de qual seria o melhor caminho a percorrer ao longo desta jornada.

Agradeço por ter me fornecido saúde, força de vontade e fé para vencer todas as etapas

deste projeto.

Aos meus pais, Antonio Joaquim Braga Pereira Braz e Vera Lúcia Pereira Braz, por quem

tive e tenho vontade e força para lutar, pois são minha inspiração de vida. Muito obrigado

por acreditarem em mim.

A minha amada esposa, Camila Jorge Bernabé Ferreira Braz, que esteve ao meu lado em

todos os momentos, sempre me fornecendo apoio acima do necessário para que pudesse

ter êxito ao realizar minhas atividades. Muito obrigado por ter aceitado ser minha

companheira de vida.

Aos meus irmãos, Rafael Braga Pereira Braz e Lucas Braga Pereira Braz, que sempre me

apoiaram nos momentos difíceis e de sucessos. Sei que a presença deles em minha vida é

fundamental.

DEDICO.

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ii

Não sei ao certo como é o paraíso, mas sei que quando morrermos e chegar o tempo de

Deus nos julgar, Ele não perguntará quantas coisas boas você fez em sua vida. Antes,

ele perguntará quanto AMOR você colocou naquilo que fez (Madre Teresa de Calcutá).

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iii

AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual de Maringá (UEM) e ao Programa de Pós-graduação em

Agronomia (PGA), pela oportunidade de realização do Curso de Doutorado.

Ao meu amigo e orientador Dr. Rubem Silvério de Oliveira Jr., que me transmitiu

segurança e conhecimento necessário para a realização desta obra. Palavras não são o

suficiente para expressar o profundo agradecimento que sinto pela oportunidade a mim

conferida.

Ao meu amigo e co-orientador Dr. Jamil Constantin, que contribuiu muito para o meu

crescimento profissional e pessoal durante estes anos de convívio. As lições vivenciadas

durante estes anos, bem como a ética profissional, serão levadas e transmitidas ao longo

de minha carreira.

A Dra. Carlene Ann Chase, por ter me recebido com tanto carinho durante o período de

estágio na Universidade da Flórida.

Aos professores Dr. Alessandro Guerra da Silva e Dra. Cláudia Regina Dias-Arieira, e ao

Pesquisador Dr. Henrique Debiasi, por se disporem a participar da banca examinadora

deste trabalho, além de terem estado presentes e contribuído na minha formação

profissional.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo auxílio

financeiro por meio das bolsas de estudos concedidas tanto no Brasil, para realização do

Doutorado, como nos Estados Unidos, para a realização no Estágio no Exterior (Bolsa

sandwich).

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo

auxílio financeiro para condução de pesquisas e custeio de publicações.

Ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), pelo envio de sementes

para condução dos experimentos realizados na Universidade da Flórida.

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iv

A toda minha família, personificando este agradecimento na imagem da minha sobrinha

Valentina Braz, que a cada momento de convivência faz brotar uma imensa alegria em

meu coração.

Aos amigos membros do Núcleo de Estudos Avançados em Ciência das Plantas Daninhas

da Universidade Estadual de Maringá (NAPD/UEM), Alessandra Francischini,

Alexandre Gemelli, André Colevate, André Cuba, Antonio Neto, Denis Biffe, Diego

Alonso, Diovan Santos, Eliezer Gheno, Fabiano Rios, Felipe Fornaza, Felipe Morota,

Gines Ortega, Hudson Takano, Hugo Dan, Jethro Osipe, João Arantes, João Padovese,

Leandro Reis, Leonardo Pasquini, Lucas Padovese, Luís Franchini, Murilo Pasquini,

Naiara Guerra, Osvaldo Tessarollo, Ricardo Raimondi, Rodrigo Baladeli, Rudy Segati,

Tiago Bonacin, Vinícius Barizon, Vinicius Polesel, pela amizade e companheirismo

durante este período e indispensável colaboração nos trabalhos desenvolvidos.

Aos amigos André Biscaia, Damion Groves, Javier Lopez, Lilianne Ribeiro, Moshik

Dooron, Zack Black, por todo apoio e companheirismo durante minha estadia na

Universidade da Flórida.

À secretária do Programa de Pós-graduação em Agronomia, Érika Cristina T. Sato, pelo

atendimento profissional e competente durante este período de convivência.

Aos funcionários do Departamento de Agronomia/UEM, Milton Lopes da Silva e Luis

Machado Homem, pela presteza e apoio na condução dos experimentos.

E a todos que de alguma maneira contribuíram para a conclusão deste trabalho, expresso

Muito obrigado!

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v

BIOGRAFIA

GUILHERME BRAGA PEREIRA BRAZ, filho de Antonio Joaquim Braga

Pereira Braz e Vera Lúcia Pereira Braz, nasceu no município de Rio Verde, estado de

Goiás, aos 11 dias do mês de setembro do ano de 1988.

Em fevereiro de 2006, iniciou o curso de Engenharia Agronômica na

Universidade de Rio Verde – FESURV. Durante o período de graduação, participou de

projetos de pesquisa na área da Ciência das Plantas Daninhas e Fisiologia Vegetal, sob a

orientação dos Professores Dr. Sérgio de Oliveira Procópio e Dr. Gustavo Adolfo Pazetti

Ordoñez. Graduou-se em Engenharia Agronômica em 08 de janeiro de 2010.

Em março de 2010, iniciou o curso de Pós-Graduação em Agronomia em nível

de Mestrado, área de concentração em Proteção de Plantas, na Universidade Estadual de

Maringá (UEM), sob orientação do professor Dr. Rubem Silvério de Oliveira Júnior e co-

orientação do professor Dr. Jamil Constantin. Obteve o título de mestre em Agronomia

em 08 de fevereiro de 2012.

Em março de 2012, iniciou o curso de Pós-Graduação em Agronomia em nível

de Doutorado, área de concentração em Proteção de Plantas, na Universidade Estadual de

Maringá (UEM), sob orientação do professor Dr. Rubem Silvério de Oliveira Júnior e co-

orientação do professor Dr. Jamil Constantin. Durante o período de fevereiro de 2014 a

janeiro de 2015, realizou estágio pelo Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior

(PDSE/CAPES) na Universidade da Flórida, sob orientação da professora Dra. Carlene

Ann Chase.

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vi

SÚMARIO

RESUMO ....................................................................................................................... viii

ABSTRACT ...................................................................................................................... x

INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................. 1

CAPÍTULO 1 .................................................................................................................... 3

Plantas daninhas como hospedeiras alternativas para Pratylenchus brachyurus ............. 3

RESUMO ...................................................................................................................... 3

ABSTRACT .................................................................................................................. 3

Introdução .................................................................................................................. 5

Material e Métodos .................................................................................................... 7

Resultados e Discussão ............................................................................................ 10

Conclusões ............................................................................................................... 15

Referências Bibliográficas ....................................................................................... 16

CAPÍTULO 2 .................................................................................................................. 18

Seleção de herbicidas visando ao uso em sistemas cultivados com crotalária ............... 18

RESUMO .................................................................................................................... 18

ABSTRACT ................................................................................................................ 18

Introdução ................................................................................................................ 20

Material e Métodos .................................................................................................. 22

Resultados e Discussão ............................................................................................ 26

Conclusões ............................................................................................................... 39

Referências Bibliográficas ....................................................................................... 40

CAPÍTULO 3 .................................................................................................................. 43

Alternativas para o controle químico de plantas voluntárias de Crotalaria spectabilis em

diferentes modalidades de aplicação ............................................................................... 43

RESUMO .................................................................................................................... 43

ABSTRACT ................................................................................................................ 43

Introdução ................................................................................................................ 45

Material e Métodos .................................................................................................. 47

Resultados e Discussão ............................................................................................ 51

Conclusões ............................................................................................................... 59

Referências Bibliográficas ....................................................................................... 60

CAPÍTULO 4 .................................................................................................................. 62

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vii

Seletividade de herbicidas aplicados em pós-emergência da crotalária ......................... 62

RESUMO .................................................................................................................... 62

ABSTRACT ................................................................................................................ 62

Introdução ................................................................................................................ 64

Material e Métodos .................................................................................................. 66

Resultados e Discussão ............................................................................................ 70

Conclusões ............................................................................................................... 77

Referências Bibliográficas ....................................................................................... 78

CAPÍTULO 5 .................................................................................................................. 80

Susceptibilidade diferencial de espécies de crotalária ao nematoide Belonolaimus

longicaudatus .................................................................................................................. 80

RESUMO .................................................................................................................... 80

ABSTRACT ................................................................................................................ 81

Introdução ................................................................................................................ 82

Material e Métodos .................................................................................................. 85

Resultados e Discussão ............................................................................................ 89

Conclusões ............................................................................................................. 101

Referências Bibliográficas ..................................................................................... 102

CONSIDERAÇÕES GERAIS ...................................................................................... 105

CONCLUSÃO GERAL ................................................................................................ 106

ANEXOS ...................................................................................................................... 108

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viii

RESUMO

BRAZ, G.B.P., M.Sc. Universidade Estadual de Maringá (UEM), janeiro de 2016,

Crotalária: herbicidas seletivos e não seletivos e reação a nematoides. Orientador:

Prof. Dr. Rubem Silvério de Oliveira Jr.; Co-orientador: Prof. Dr. Jamil Constantin; Co-

orientadora: Prof. Dra. Carlene Ann Chase.

Entre os principais problemas que afetam a produção agrícola no Cerrado brasileiro,

destacam-se as plantas daninhas e os nematoides, que comprometem a produtividade de

diversas culturas. Algumas espécies de plantas daninhas apresentam potencial de

hospedar estes fitoparasitas. A Crotalaria spectabilis (Família: Fabaceae) é amplamente

cultivada nesta região, principalmente pelo efeito supressivo na população de nematoides,

além de outros benefícios como fixação de nitrogênio e elevada produção de biomassa.

O potencial de supressão de cada espécie do gênero Crotalaria sob nematoides ainda é

pouco conhecido, havendo dúvidas sobre qual a melhor espécie para utilização para estes

fins. Por estar em fase de inserção, informações a respeito dos tratos culturais que devem

ser realizados durante o ciclo da crotalária ainda são escassas. Dentre os tratos culturais

necessários está o controle de plantas daninhas que convivem com a espécie. O cultivo

da crotalária implica na possibilidade de que possam ocorrer fluxos de emergência destas

plantas em espécies cultivadas em sucessão. O presente estudo teve como objetivos

principais avaliar: quais plantas daninhas apresentam-se como hospedeiras do

Pratylenchus brachyurus, bem como o efeito supressivo de espécies de crotalária sob este

nematoide; a susceptibilidade de espécies de crotalária e acessos destas provenientes de

diferentes países ao Belonolaimus longicaudatus; herbicidas que possam ser aplicados

em pré e pós-emergência de C. spectabilis para serem utilizados com diferentes

finalidades (controle de plantas voluntárias e seletividade). Os resultados do presente

trabalho permitiram concluir que: em ordem crescente, P. oleracea, A. viridis e S.

rhombifolia consistiram nas espécies de plantas daninhas com maior número de P.

brachyurus por sistema radicular. Excluindo-se a C. juncea, todas as demais espécies de

crotalária apresentaram-se como boas opções para o manejo em áreas infestadas com P.

brachyurus. Foi verificada grande variação na suscetibilidade ao sting nematode entre os

diferentes acessos de C. spectabilis. C. breviflora não consiste em boa espécie para ser

utilizada no manejo em áreas infestadas por B. longicaudatus. Os acessos de C.

ochroleuca e C. juncea suprimiram a população do sting nematode. As melhores opções

visando ao controle de plantas voluntárias de C. spectabilis em pré-emergência consiste

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ix

na aplicação de atrazine e diuron (ambas as doses), além de flumioxazin e fomesafen,

ambos aplicados em dose cheia. Para aplicações em pós-emergência, excluindo diuron e

fomesafen na menor dose, todos os demais tratamentos apresentaram eficácia no controle

de crotalária. Os herbicidas aplicados em pós-emergência imazethapyr (79,5 g ha-1),

bentazon (576 g ha-1), flumiclorac (em aplicação sequencial), além da associação entre

clethodim + quizalofop podem ser utilizados para o manejo de plantas daninhas na cultura

da C. spectabilis.

Palavras-chave: Crotalaria spectabilis, controle de plantas voluntárias, seletividade de

herbicidas, fitonematoides.

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x

ABSTRACT

BRAZ, G.B.P., M.Sc., Universidade Estadual de Maringá (UEM), January 2016.

Crotalaria: selective and nonselective herbicides and reaction to nematodes. Adviser: Prof. Dr. Rubem Silvério de Oliveira Júnior; Co-adviser: Prof. Dr. Jamil

Constantin; Co-adviser: Prof. Dra. Carlene Ann Chase.

Among the main problem that affects the agricultural production in Brazilian Savanna,

cited the weeds and nematodes, which compromises the yield of several crops. Some

weed species show potential to host these phytoparasitic. Crotalaria spectabilis (Family:

Fabaceae) had increased in cultivated area in this region, mainly by the suppressive effect

over nematodes populations, besides other benefits as nitrogen fixation and high biomass

production. The suppression potential of each species of Crotalaria genus on nematodes

is still little known, having doubts about the best species to be used for this purpose. By

being in insertion phase, information about of the cultural practices that must be

performed during the showy crotalaria cycle still scarce. Among the cultural practices

necessary is the weed control that lives with these species. The cultivation of showy

crotalaria results in the possibility of occur emergency flows of these plants species in

crops sowed in succession. The present study had as main objectives evaluates: which

weeds showed as hosts to Pratylenchus brachyurus, as well the suppressive effect of

Crotalaria species over this nematode; the susceptibility of Crotalaria species and

accessions from different countries to Belonolaimus longicaudatus; herbicides that can

be applied in pre and postemergence of C. spectabilis to be used with different purposes

(control of volunteer plants and selectivity). The results of this study showed that: in

ascending order, P. oleracea, A. viridis and S. rhombifolia consisted in the weed species

with higher total numbers of P. brachyurus by roots. Excluding C. juncea, all the other

species of Crotalaria genus presented themselves as good options for management in

areas infested with P. brachyurus. It was verified large variation in the susceptibility to

sting nematode among different accessions of C. spectabilis. C. breviflora does not

consist in a good species to be used in the management of areas infested by B.

longicaudatus. The accessions of C. ochroleuca and C. juncea suppressed the sting

nematode population. The best options aiming the control of volunteer plants of showy

crotalaria in preemergence consists in the application of atrazine and diuron (both doses),

besides the flumioxazin and fomesafen, both in higher doses. For postemergence

applications, excluding diuron and fomesafen in lower dose, all the other treatments

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xi

showed effectiveness in the control of showy crotalaria. The herbicides applied in

postemergence imazethapyr (79.5 g ha-1), bentazon (576 g ha-1), flumiclorac (sequential

application), besides the associations between clethodim + quizalofop can be used in the

weed management of C. spectabilis crop.

Keywords: Crotalaria spectabilis, control of voluntary plants, selectivity of herbicides,

phytonematodes.

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INTRODUÇÃO GERAL

Nas últimas décadas, o Brasil vem ocupando posição de destaque no cenário de

produção agrícola mundial, sendo este setor fundamental para a sustentabilidade econômica

nacional. Para que houvesse a expansão agrícola que visualizamos hoje no Brasil, alguns fatores

foram determinantes, tais como políticas de Estado e a possibilidade de competição dos

produtos nacionais com o mercado externo. Além dos fatores políticos e econômicos, a

possibilidade de cultivo em novas regiões, até então inexploradas, consistiu em passo

determinante para o aumento da produção agrícola nacional. Neste contexto, ressalta-se o bioma

Cerrado, que hoje é considerado o celeiro brasileiro, com a maior parte da produção agrícola

nacional.

Apesar dos benefícios existentes na produção de culturas no Cerrado, existe nestas

regiões uma série de gargalos limitando a obtenção de elevadas produtividades de diversas

espécies exploradas economicamente. Os gargalos estão relacionados tanto ao solo, como a

baixa fertilidade natural e problemas de natureza física (compactação), quanto às culturas, como

manejo inadequado de pragas, plantas daninhas e doenças. Com relação aos fatores limitantes

para a produção agrícola referente às culturas, dois problemas pertinentes à fitossanidade, as

plantas daninhas e os nematoides têm sido de grande relevância.

As plantas daninhas causam enormes prejuízos aos produtores, pois quando não

manejadas, estas espécies interferem com a cultura por meio da competição por água e

nutrientes, pela liberação de substância alelopáticas, hospedagem de pragas e doenças, e maior

dificuldade na colheita. Estas ações em conjunto causam depreciação na qualidade do produto

e redução na produtividade da cultura. As medidas necessárias para buscar o controle da

comunidade infestante implicam também em aumento nos custos de produção.

Assim como as plantas daninhas, os nematoides também interferem no

desenvolvimento das culturas, sendo que em áreas infestadas por estes parasitas a produção é

reduzida drasticamente. As reduções na produtividade pela ação dos nematoides está

relacionado ao dano que é promovido no sistema radicular das plantas, pela indução à formação

de nodulações ou lesões necróticas nas raízes, o que limita a absorção de água e nutrientes pelas

plantas. Mesmo com os enormes problemas causados por estes agentes fitoparasitas, por vezes

os estudos com estas espécies foram negligenciados, sendo que o aumento na busca de

desenvolver soluções para este problema ocorreu somente na última década.

Uma das alternativas mais utilizadas no manejo de áreas infestadas com nematoides

tem sido o cultivo da crotalária, especialmente após a colheita das culturas de verão. O cultivo

de crotalária tem aumentado expressivamente na região do Central do Brasil, criando a

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necessidade de se realizar tratos culturais nas lavouras para assegurar a produção de massa e

grãos desta espécie. Nesse aspecto, o manejo da comunidade infestante consiste em um dos

principais entraves para a produção de crotalária, pois além das plantas daninhas típicas que

interferem com a cultura, há problemas de competição com plantas voluntárias de espécies

cultivadas em sucessão, sendo o principal exemplo a soja. A presença destas espécies

infestantes nas áreas semeadas com crotalária consiste em amplo prejuízo, pois, além da

competição, a maioria destas espécies apresenta-se como hospedeiras de nematoides, o que

reduz a eficiência da crotalária no manejo destes fitoparasitas.

Em função dos prejuízos provocados pelas plantas daninhas nesta cultura, é importante

o desenvolvimento de medidas de controle, sendo o método químico o que apresenta maior

potencial de utilização, já que a crotalária é cultivada em áreas extensas, o que torna inviável

determinados métodos de controle, como o mecânico por meio de capinas manuais. No Brasil

não há nenhum herbicida registrado para crotalária, o que dificulta a recomendação no controle

de plantas daninhas e cria a necessidade de se avaliar a seletividade de herbicidas para esta

espécie. Por outro lado, espera-se que os herbicidas que eventualmente possam vir a ser usados

para o manejo de plantas daninhas em crotalária não afetem o potencial de controle de

nematoides que a cultura apresenta.

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3

CAPÍTULO 1

Plantas daninhas como hospedeiras alternativas de Pratylenchus brachyurus

RESUMO – Uma das ações indiretas exercidas pelas plantas daninhas na interferência sob

espécies cultivadas é o potencial de hospedar agentes causadores de enfermidades. O nematoide

das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) vem causando uma série de danos em diversas

culturas no Brasil. Para o manejo deste fitoparasita, o cultivo de diferentes espécies de

crotalárias tem sido empregado. O objetivo deste trabalho foi avaliar a hospedabilidade de

plantas daninhas para P. brachyurus, bem como o efeito de supressão de diferentes espécies de

crotalária. Para isso, foi instalado um experimento em casa de vegetação no delineamento

inteiramente casualizado em arranjo fatorial (2x17), com seis repetições. O primeiro fator

consistiu na presença ou ausência da inoculação do nematoide. O segundo correspondeu a

dezessete espécies vegetais, sendo onze plantas daninhas, quatro crotalárias (C. breviflora, C.

juncea, C. ochroleuca e C spectabilis) e duas variedades de soja, as quais serviram como

testemunha (hospedeiras de P. brachyurus). A inoculação do nematoide das lesões radiculares

não influenciou a altura de plantas e massa seca de parte aérea das diferentes espécies avaliadas.

Portulaca oleracea, Amaranthus viridis e Sida rhombifolia foram as espécies com maior

número de nematoides por sistema radicular, e apenas a S. rhombifolia apresentou

comportamento semelhante a testemunha (variedade de soja BMX Potência RR®). Com relação

ao número de nematoides por grama de raiz, os maiores valores foram observados para A.

viridis, seguido por P. oleracea. Excluindo-se a C. juncea, todas as demais espécies de

crotalária apresentaram-se como boas opções para o manejo em áreas infestadas com P.

brachyurus.

Palavras-chave: Interferências indiretas de plantas daninhas, fitonematoides, nematoide das

lesões radiculares.

Weeds as alternative hosts of Pratylenchus brachyurus

ABSTRACT – One of the indirect effects performed by the weeds in the interference over

crops is the potential to host disease causative agents. The lesion root nematodes (Pratylenchus

brachyurus) have been causing a series of damages in several crops in Brazil. For the

management of this plant parasitic, the cultivation of different species of Crotalaria have been

used. The objective of this study was to evaluate the host status of weeds to the P. brachyurus,

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as well as the suppressive effect on its by the different species of Crotalaria genus. An

experiment was installed over greenhouse conditions in completely randomized design, in

factorial arrangement (2x17), with six repetitions. The first factor consisted in the presence or

absence of the nematode inoculation. The second compromised seventeen plant species, where

eleven were weeds; four were crotalaria species (C. breviflora, C. juncea, C. ochroleuca and C

spectabilis); and two soybean varieties, which were used as checks (hosts of P. brachyurus).

The inoculation of the lesion nematodes does not influenced the plant height and aboveground

dry mass of the different species evaluated. Portulaca oleracea, Amaranthus viridis and Sida

rhombifolia consisted in the species with higher number of nematodes by root system, and only

S. rhombifolia showed similar behavior to the check (soybean variety BMX Potência RR®). In

relation to the number of nematodes by gram of root, the higher values were observed for A.

viridis, followed by P. oleracea. Excluding C. juncea, all the other species of Crotalaria genus

consisted as good options for the management in areas infested by P. brachyurus.

Keywords: Indirect weed interference, phytonematodes, root lesion nematode.

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5

Introdução

Desde o início da agricultura e da pecuária, as plantas que infestavam espontaneamente

as áreas de ocupação humana e que não tinham utilização, eram consideradas indesejáveis e

recebiam o conceito de plantas daninhas (CURY et al., 2012). Nos ecossistemas agrícolas, a

comunidade infestante frequentemente leva vantagem competitiva sobre as plantas cultivadas

com interesse econômico. Isso ocorre porque as plantas daninhas apresentam características

como elevada taxa de crescimento, grande capacidade reprodutiva e elevada capacidade de

exploração de nutrientes do solo, assegurando a sobrevivência em locais perturbados (CURY

et al., 2012).

A convivência das plantas daninhas com a espécie de interesse econômico causa

diversos prejuízos, estando estes relacionados à ação direta da comunidade infestante, como

competição por recursos (água, nutrientes, luz, espaço físico), alelopatia, intoxicação de

animais, e ainda, pela ação indireta, por atuarem como hospedeiras de pragas e doenças

(KOZLOWSKI et al., 2002). Entre os diferentes agentes causadores de doenças que as plantas

daninhas podem hospedar, destacam-se os nematoides, que são microrganismos multicelulares

que colonizam as plantas promovendo danos como a destruição do sistema radicular, formação

de nodulações ou lesões necróticas nas raízes, limitando a absorção de água e nutrientes

(RITZINGER e FANCELLI, 2006).

As plantas daninhas podem se comportar de maneira distinta com relação a

hospedabilidade dos nematoides, podendo esta ser mensurada pelo cálculo do fator de

reprodução (FR). Quando uma planta daninha apresenta FR de nematoides superior a 1, isto

implica que a sua presença resulta na multiplicação dos nematoides, levando ao aumento da

população do parasita. De maneira análoga, quando o FR é inferior a 1, a planta daninha em

questão apresenta barreiras ao processo de infecção do nematoide, fazendo com que a

população deste parasita seja reduzida. Algumas espécies de plantas daninhas apresentam

liberação de substâncias químicas (alelopatia) que podem influenciar no desenvolvimento dos

nematoides (MELLO et al., 2006).

Entre os principais nematoides que tem causado prejuízos em áreas agrícolas no Brasil,

destaca-se o nematoide das lesões radiculares (P. brachyurus), que se caracteriza por ser

polífago, endoparasita migratório, promovendo a destruição das células do sistema radicular

das plantas atacadas. Poucos trabalhos foram desenvolvidos para avaliar o potencial das plantas

daninhas em hospedar o P. brachyurus, porém, para outras espécies de nematoides há maior

número de relatos.

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Em espécies frutíferas é muito comum a ocorrência de nematoides, sendo que estes

podem estar associados às plantas daninhas presentes no pomar, pois o manejo da comunidade

infestante neste tipo de cultivo é dificultado pelo limitado controle cultural exercido pelas

espécies arbóreas. Em trabalho realizado no Estado do Paraná, verificou-se a presença de

nematoide, espécie Meloidogyne mayaguensis, associado a plantas daninhas (picão-preto e

caruru) em pomares de goiabeira (CARNEIRO et al., 2006). No cultivo de goiaba, o problema

com nematoides formadores de galha é comum, sendo relatada em outro trabalho a espécie M.

enterolobii associado tanto à goiabeira como às plantas daninhas (ALMEIDA et al., 2011).

O nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis) é outro que apresenta ampla

distribuição no Brasil, em função de apresentar vários hospedeiros que são cultivados em quase

todas as regiões. Foi relatada a ocorrência deste nematoide em diversas plantas daninhas como

Euphorbia heterophylla, Bidens pilosa, Commelina diffusa, Portulaca oleracea e Parthenium

hysterophorus (INSERRA et al., 1989). Estas plantas daninhas são de grande ocorrência em

culturas anuais no Brasil, o que faz com que o R. reniformis consiga manter sua população ativa

no período de entressafra.

Em outro trabalho realizado para avaliar a suscetibilidade de diferentes espécies de

plantas daninhas (21 no total) ao nematoide de cisto da soja (Heterodera glycines), os autores

concluíram a especificidade deste quanto ao hospedeiro, onde em nenhuma das plantas

daninhas foram encontradas fêmeas do nematoide (DIAS et al., 1995). Para o H. glycines, os

machos após atingirem o estágio adulto abandonam as raízes, sendo as fêmeas que apresentam

capacidade infectiva. Desta forma, a presença das fêmeas de H. glycines nas raízes de uma

espécie vegetal indica potencial da mesma em hospedar o nematoide de cisto da soja.

Em função da escassez de informações quanto ao potencial de plantas daninhas em

hospedar P. brachyurus, torna-se necessário a realização de estudos com este objetivo, visto

que os resultados poderão auxiliar na criação de práticas para o manejo do nematoide. Neste

contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar quais espécies de plantas daninhas

apresentam-se como hospedeiras do nematoide das lesões radiculares, bem como o potencial

efeito nematicida de quatro espécies de crotalária.

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Material e Métodos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Centro de Treinamento em

Irrigação (CTI) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) (23º24’12’’S e 51º56’24’’O e

altitude de 560 m). O período de condução dos ensaios foi de 08/01/2015 a 08/04/2015.

Para assegurar que não houvesse a presença de outros nematoides no solo utilizado na

condução do experimento, foi realizada a esterilização deste material, por meio da solarização

(GHINI, 1997). Inicialmente, o solo foi peneirado e colocado sobre lona plástica, fazendo uma

camada de 20 cm de altura, sendo posteriormente levemente umedecido sem deixar encharcar.

Após este procedimento, o solo foi coberto por lona plástica transparente, afim de elevar-se a

temperatura interna pela exposição ao sol. Após seis semanas nesta condição, o solo foi

descoberto e utilizado no preenchimento das unidades experimentais, as quais consistiam em

vasos com capacidade para 6 dm3. A análise de solo revelou as seguintes características

químicas e físicas: pH em água de 5,30; 3,30 cmolc de H+ + Al+3 dm-3; 0,90 cmolc dm-3 de Ca+2;

0,40 cmolc dm-3 de Mg+2; 0,29 cmolc dm-3 de K+; 17,00 mg dm-3 de P; 10,00 g dm-3 de C; 568

g kg-1 de areia grossa; 171 g kg-1 de areia fina; 56 g kg-1 de silte e 205 g kg-1 de argila (textura

franco argilo-arenoso).

O experimento foi conduzido em arranjo fatorial (2x17), sendo os níveis do primeiro

fator constituídos pela inoculação do nematoide (P. brachyurus) ou ausência desta. Os níveis

do segundo fator foram constituídos das espécies vegetais avaliadas, totalizando dezessete

tratamentos (Tabela 1). O critério utilizado na escolha das espécies para o experimento foi de

acordo com a importância relativa que cada uma apresenta como infestante. Adicionalmente,

também foram avaliadas quatro espécies de crotalária, com o objetivo de verificar o

comportamento de nematoide em cada uma delas. Foram acrescidas também duas variedades

de soja que serviram de testemunha para assegurar que a inoculação tivesse sido realizada

corretamente, visto que esta espécie é reconhecidamente suscetível ao nematoide das lesões

radiculares (INOMOTO et al., 2006). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente

casualizado (DIC), com seis repetições.

A semeadura de todas as espécies foi realizada no mesmo dia (29/12/2014),

posicionando as sementes a 1-2 cm de profundidade em cada vaso. Após a semeadura das

espécies os vasos foram irrigados diariamente com lâminas variando de 5 a 10 mm. Após a

emergência das plantas daninhas, efetuou-se o desbaste, deixando-se duas plântulas por vaso.

Os vasos foram mantidos livres da presença de plantas daninhas que não fossem as avaliadas

no tratamento.

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Tabela 1. Relação das espécies avaliadas no experimento. Maringá, PR – 2015. Nome comum Nome científico Família

Crotalária Crotalaria breviflora

Fabaceae

Crotalária Crotalaria juncea

Crotalária Crotalaria ochroleuca

Crotalária Crotalaria spectabilis

Fedegoso Senna obtusifolia

Soja (M 6210 IPRO®) Glycine max

Soja (BMX Potência RR®) Glycine max

Picão-preto Bidens pilosa Asteraceae

Beldroega Portulaca oleracea Portulacaceae

Caruru-de-mancha Amaranthus viridis Amaranthaceae

Guanxuma Sida rhombifolia Malvaceae

Trapoeraba Commelina benghalensis Commelineaceae

Corda-de-viola Ipomoea grandifolia Convolvulaceae

Capim pé-de-galinha Eleusine indica

Poaceae Capim-carrapicho Cenchrus echinatus

Capim-braquiária Brachiaria decumbens

Capim-marmelada Brachiaria plantaginea

O inóculo de P. brachyurus utilizado foi proveniente de vasos cultivados com sorgo

no município de Rio Verde – GO. Para obtenção dos nematoides, em laboratório, as raízes de

sorgo infectadas foram lavadas, cortadas em pedaços de aproximadamente um centímetro e

trituradas pela técnica do liquidificador, aliada a centrifugação em solução de sacarose,

seguindo o método de Coolen e D`Herde (1972). Na suspensão obtida, foi estimado o número

de espécimes do nematoide por mililitro com o auxílio de microscópio óptico e lâmina de

Peters, sendo realizada a contagem em quatro amostras, adotando-se o valor médio entre estas.

No décimo dia após a semeadura das plantas daninhas realizou-se a inoculação dos

nematoides nas diferentes espécies. Para isso, foram realizados dois orifícios a 2 cm de

profundidade no solo e distanciados de 1 cm do colo de cada plântula. Em cada um deles,

adicionou-se 10 mL da suspensão de nematoides, previamente calibrada, perfazendo uma

população inicial (Pi) de 1000 nematoides por plântula, num total de 2000 espécimes por vaso.

Aos 90 dias após a inoculação (DAI) foram realizadas avaliações afim de se verificar

o efeito dos nematoides sobre o desenvolvimento das plantas. Para a avaliação de altura de

plantas, mediu-se a altura desde a superfície do solo contido no vaso até a inserção da última

folha completamente expandida, sendo esta medição realizada apenas para as espécies

dicotiledôneas, exceto pela corda-de-viola (I. grandifolia). Para determinar a massa seca de

parte aérea das plantas (MSPA), estas foram retiradas cuidadosamente dos vasos, e a parte aérea

separada do sistema radicular, fazendo a secagem deste material em estufa de circulação forçada

de ar, na qual as plantas permaneceram durante o período de 72 horas em temperatura média

de 65°C, sendo posteriormente realizada a pesagem para a obtenção da MSPA.

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Nos vasos em que foi realizada a inoculação dos nematoides também foi avaliada a

massa fresca das raízes (MFR) e população do nematoide. Os sistemas radiculares foram

lavados em água corrente, as raízes sobrepostas em papel absorvente até a eliminação do

excesso de água, em seguida foram pesadas e obteve-se a MFR.

Para obtenção da população de nematoides (raiz), as raízes foram cortadas e trituradas

por 30 segundos com o auxílio de um liquidificador, segundo a técnica de Coolen e D`Herde

(1972). Em seguida, a população final (Pf) de P. brachyurus foi quantificada na suspensão de

cada parcela (repetição do tratamento) com o auxílio de lâmina de Peters e microscópio de

objetiva invertida. Após obtenção dos dados, determinou-se o número total de P. brachyurus

(raiz) (TN), número de P. brachyurus por grama de raiz (NGR) e o fator de reprodução (FR),

dividindo-se a Pf pela Pi, conforme Oostenbrink (1966).

As análises estatísticas foram realizadas com o programa computacional Sisvar

(FERREIRA, 2011). Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F. Quando

foram observados efeitos significativos procedeu à comparação das médias pelo teste de

Fisher’s LSD (p≤5%).

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Resultados e Discussão

Na Tabela 2 estão apresentados os resultados para as avaliações de massa seca de parte

aérea e altura de plantas para as diferentes espécies submetidas à inoculação do nematoide das

lesões radiculares. Para ambas as variáveis analisadas, não foram observadas diferenças entre

as plantas que se desenvolveram na presença do nematoide e as livres destes fitoparasitas. As

diferenças encontradas estão relacionadas apenas ao desenvolvimento diferencial que cada uma

das espécies avaliadas apresenta.

Tabela 2. Efeito do nematoide das lesões radiculares (P. brachyurus) sobre massa seca da parte

aérea (MSPA) e a altura de plantas (AP) sob diferentes espécies vegetais aos 90 dias após a

inoculação. Maringá, PR – 2015.

Espécie MSPA (g) AP (cm)

Com1 Sem Com Sem

Crotalaria breviflora 35,29 Aefg 41,56 Aefg 75,00 Ad 73,91 Ac

Crotalaria juncea 83,09 Acd 86,32 Acd 206,00 Aa 200,16 Aa

Crotalaria ochroleuca 87,80 Abcd 86,28 Acd 183,00 Ab 183,58 Aa

Crotalaria spectabilis 40,70 Aef 41,45 Aefg 115,50 Ac 112,66 Ab

Senna obtusifolia 25,34 Afgh 28,63 Afgh 57,66 Adef 64,00 Acde

Glycine max (M 6210 IPRO®) 27,38 Afgh 24,64 Agh 53,00 Af 53,25 Ade

Glycine max (BMX Potência RR®) 28,82 Afgh 31,71 Afgh 47,25 Af 57,08 Acde

Bidens pilosa 34,16 Aefg 41,06 Aefg 127,25 Ac 125,91 Ab

Portulaca oleracea 5,63 Ah 5,03 Ah 24,75 Ag 26,58 Af

Amaranthus viridis 7,68 Agh 8,93 Ah 55,25 Aef 51,83 Ae

Sida rhombifolia 36,40 Aef 32,05 Aefgh 72,25 Ade 70,33 Acd

Commelina benghalensis 62,27 Ade 60,07 Ade - - - -

Ipomoea grandifolia 37,49 Aef 42,09 Aefg - - - -

Eleusine indica 53,07 Aef 55,33 Aef - - - -

Cenchrus echinatus 102,75 Abc 102,79 Abc - - - -

Brachiaria decumbens 115,91 Ab 124,90 Aab - - - -

Brachiaria plantaginea 153,12 Aa 147,29 Aa - - - -

CV (%) 44,58 17,35 1 Com - Plantas submetidas à inoculação do nematoide; Sem - Plantas não submetidas à inoculação do nematoide.

Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo

teste Fisher’s LSD (p≤0,05).

Resultados já descritos na literatura também corroboram com os obtidos no presente

trabalho no que diz respeito ao efeito dos nematoides nestas variáveis analisadas

(FURLANETTO et al., 2008). Uma possível explicação para este comportamento, com o que

é visualizado em plantas que se desenvolvem a campo em áreas infestadas por nematoides é

que em casa de vegetação as condições de crescimento das plantas são ótimas, não havendo

limitação de recursos. Nas lavouras, o dano provocado pelo nematoide ao sistema radicular,

associado a um período de déficit hídrico, tende a comprometer o desenvolvimento da parte

aérea da cultura e por isso são comumente visualizadas plantas com porte reduzido.

Comparando o desenvolvimento vegetativo das quatro espécies de crotalária, fica

evidente que as com maior porte de plantas são C. juncea e C. ochroleuca, seguida por C.

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spectabilis. A C. breviflora foi a que apresentou menor altura e massa seca de parte aérea.

Tendo em vista que estas espécies são utilizadas como culturas de cobertura em áreas infestadas

por nematoides, a maior quantidade de biomassa produzida é benéfica para as áreas em que são

cultivadas, pois quando decomposto, este material vegetal pode liberar substâncias que atuaram

na supressão da população dos fitoparasitas.

Na Tabela 3 estão apresentados os resultados referentes às avaliações de

hospedabilidade de diferentes espécies vegetais ao nematoide das lesões radiculares (P.

brachyurus). Os maiores valores de massa fresca de raiz (MFR) foram observados para o capim

pé-de-galinha (E. indica), seguidos por trapoeraba (C. benghalensis), duas espécies de

crotalária (C. juncea e C. ochroleuca) e a variedade de soja BMX Potência RR®.

Tabela 3. Massa fresca de raiz (MFR), total de nematoides por sistema radicular (TN), número

de nematoides por grama de raiz (NGR) e fator de reprodução (FR) de P. brachyurus aos 90

dias após a inoculação em diferentes espécies vegetais. Maringá, PR – 2015. Espécie MFR (g) TN NGR FR

Crotalaria breviflora 52,69 efgh 0,00 d 0,00 d 0,00 d

Crotalaria juncea 140,48 b 4316,66 a 32,50 cd 2,16 a

Crotalaria ochroleuca 116,56 bc 0,00 d 0,00 d 0,00 d

Crotalaria spectabilis 91,54 cdef 0,00 d 0,00 d 0,00 d

Senna obtusifolia 28,91 ghi 0,00 d 0,00 d 0,00 d

Glycine max (M 6210 IPRO®) 48,40 efghi 3017,33 b 65,28 c 1,51 b

Glycine max (BMX Potência RR®) 105,27 bcd 3750,00 ab 38,42 cd 1,88 ab

Bidens pilosa 48,78 efghi 26,33 d 0,51 d 0,01 d

Portulaca oleracea 3,04 i 358,16 d 145,35 b 0,18 d

Amaranthus viridis 7,75 hi 1403,50 c 212,84 a 0,70 c

Sida rhombifolia 65,17 defg 4313,33 a 67,67 c 2,16 a

Commelina benghalensis 150,84 ab 0,00 d 0,00 d 0,00 d

Ipomoea grandifolia 93,36 cde 18,33 d 0,23 d 0,01 d

Eleusine indica 195,42 a 0,00 d 0,00 d 0,00 d

Cenchrus echinatus 31,16 ghi 0,00 d 0,00 d 0,00 d

Brachiaria decumbens 44,99 fghi 0,00 d 0,00 d 0,00 d

Brachiaria plantaginea 75,18 cdefg 0,00 d 0,00 d 0,00 d

CV (%) 53,41 85,94 122,39 85,85

Médias seguidas pela mesma letra nas colunas, não diferem entre si pelo teste Fisher’s LSD (p≤0,05).

O volume de raiz que uma espécie vegetal possui tem relação direta com o

comportamento populacional dos nematoides, visto que um sistema radicular maior apresenta

capacidade superior de exploração do solo e desta forma aumenta-se a possibilidade do

fitoparasita alimentar-se da raiz e multiplicar sua população. Apesar disto, do ponto de vista

prático, uma das medidas adotadas para se reduzir os danos provocados pelos nematoides é a

utilização de produtos que conferem maior desenvolvimento radicular, pois plantas com

maiores volumes de raízes tendem a apresentar menor sensibilidade aos danos provocados por

estes parasitas (STARR et al., 2007). Ressalta-se, porém que, além do aspecto físico relacionado

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ao volume total de raízes, fatores relacionados à morfologia (composição do tecido das raízes)

e à fisiologia (liberação de compostos de defesa) da planta também serão determinantes para

que haja ou não o processo de infecção do nematoide.

Entre as dezessete espécies vegetais avaliadas, oito apresentaram nematoides

recuperados quando procedida a extração do sistema radicular (Tabela 3). Os maiores números

de nematoides por sistema radicular (TN) foram observados para C. juncea, S. rhombifolia e a

variedade de soja BMX Potência RR®, seguido pela variedade M 6210 IPRO®. A. viridis foi

outra planta daninha que apresentou elevado número de nematoides extraídos das raízes. Para

P. oleracea, B. pilosa e I. grandifolia, houve a recuperação de um baixo número de nematoides,

especialmente para as duas últimas espécies. Não foram recuperados nematoides nas outras

plantas daninhas avaliadas, bem como nas outras três espécies de crotalária (C. breviflora, C.

ochroleuca e C. spectabilis).

Outra variável analisada foi o número de nematoides por grama de raiz (NGR), que

serve como indicativo para avaliar a densidade populacional do parasita no interior do sistema

radicular. A vantagem desta variável é que em seu cálculo são englobados tanto a massa fresca

de raiz (MFR) quanto o número total de nematoides por sistema radicular (TN), e desta forma

representa uma estimativa mais concisa em relação ao comportamento de hospedeira de uma

planta para o nematoide.

O maior valor de número de nematoides por grama de raiz (NGR) foi observado no

tratamento com cultivo de A. viridis, seguido por P. oleracea (Tabela 3). Estes resultados

demonstram a importância de se avaliar o NGR, uma vez que observando apenas os dados do

TN, estas duas espécies não se destacaram como aquelas com potencial de hospedar maior

número de nematoides. A explicação para estes resultados está relacionada à massa do sistema

radicular de ambas as espécies, que é bem menor quando comparada à das plantas em que foram

observados maiores valores de nematoide total - TN (C. juncea e S. rhombifolia).

Para o número total de nematoides de C. juncea, observa-se que esta espécie apresenta

um dos maiores valores para a variável, porém, quando é analisado o NGR, são registrados os

menores valores entre as plantas que apresentaram nematoides recuperados. O fato pode ser

explicado pela grande massa de raiz que esta espécie de crotalária apresenta, fato que

possibilitou uma maior multiplicação dos nematoides. Apesar de C. juncea não ter apresentado

resultados que a credenciam como cultura de cobertura para o manejo em áreas infestadas por

P. brachyurus como as outras espécies deste gênero avaliadas, é importante destacar que já foi

comprovada a sua eficiência na supressão de outros nematoides (INOMOTO et al., 2008).

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C. juncea e S. rhombifolia apresentaram os maiores valores de FR, não diferindo

estatisticamente da variedade de soja BMX Potência RR® (Tabela 3). Um exemplo para melhor

entendimento do que o FR representa é o seguinte, em uma área infestada com P. brachyurus

e em que há predominância de S. rhombifolia na composição da comunidade infestante, após

90 dias da emergência desta planta daninha, a população do nematoide poderá aumentar em

valores próximos a 2,16 em relação a população inicial. Evidentemente, há outras variáveis que

vão influenciar o comportamento populacional do nematoide, bem como dificilmente haverá

área em que há apenas a presença de uma espécie daninha.

A soja M 6210 IPRO® apesar de ter apresentado FR significativamente menor do que

da C. juncea e S. rhombifolia, quando comparado com a outra variedade desta oleaginosa

apresentou valores similares. Estes resultados demonstraram que em termos de manejo varietal

visando a semeadura em áreas infestadas por P. brachyurus, ambas as variedades de soja vão

apresentar comportamento semelhante, não sendo resistentes ao fitonematoide.

A. viridis apresentou FR igual a 0,70, o que implicaria em dizer que é uma espécie que

reduz a população de nematoides no solo. Apesar disto, estes dados devem ser analisados com

cuidado, pois entre todas as espécies avaliadas, foi a que apresentou maior número de

nematoides por grama de raiz. Isso ocorreu devido ao baixo desenvolvimento das raízes de A.

viridis em condições de casa de vegetação, o que subestimou o potencial desta espécie em

hospedar os nematoides, fato que no campo não é comumente observado. Este comportamento

observado para A. viridis com relação a hospedabilidade de P. brachyurus também pode ser

atribuído a P. oleracea.

Em trabalho descrito na literatura, foi relatado que o capim-braquiária (B. decumbens)

é uma espécie hospedeira do nematoide das lesões radiculares, apresentando FR igual a 1,8

(DIAS-ARIEIRA et al., 2009). Estes dados não corroboram com o presente trabalho, onde para

a mesma espécie vegetal não foi recuperado nenhum nematoide no processo de extração. Uma

possível explicação para esta divergência está relacionada a metodologia utilizada em ambos

os trabalhos. No presente não foi quantificada a população de nematoides no solo e no

desenvolvido por Dias-Arieira et al. (2009) foi realizada a extração das raízes e do solo. Isto

fica mais evidente quando se observa a proporção de nematoides provenientes das raízes e do

solo na composição da população final, onde uma fração de 87,44% foi recuperada do ambiente

edáfico.

Outra possível explicação para ter sido verificada a divergência nos resultados do

presente experimento e o supracitado está relacionada a variabilidade de biótipos existente

dentro de uma mesma espécie. Na literatura já foi relatada para o gênero Brachiaria sp. um

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biótipo que se portou como suscetível ao P. brachyurus e outro que se apresentou como

moderadamente resistente, pertencendo ambos a mesma espécie vegetal (QUÉIROZ et al.,

2014).

Entre as diferentes espécies de crotalária, excluindo-se a C. juncea, todas as outras

apresentaram potencial para serem utilizadas na supressão do nematoide das lesões radiculares.

Os dados observados no presente trabalho para estas espécies corroboram com os descritos por

Inomoto et al. (2006), onde além de apresentarem-se como plantas não hospedeiras de P.

brachyurus, C. breviflora e C. spectabilis também foram antagonistas para o nematoide de

galhas (Meloidogyne javanica).

Com os resultados observados neste trabalho, fica ainda mais evidente a importância

de se controlar as plantas daninhas, visto que além dos danos causados pela matocompetição,

estas podem atuar como hospedeiras de nematoides. Mesmo em áreas cultivadas com culturas

como C. spectabilis, onde normalmente não são adotadas medidas de controle de plantas

daninhas, é fundamental que se adote algum manejo sobre a comunidade infestante, visto que

estas poderão hospedar os fitoparasitas e comprometer o objetivo do cultivo da espécie de

cobertura.

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Conclusões

A inoculação do nematoide das lesões radiculares não influenciou a altura de plantas

e massa seca de parte aérea das diferentes espécies avaliadas.

Em ordem crescente, P. oleracea, A. viridis e S. rhombifolia consistiram nas espécies

de plantas daninhas com maior número total de nematoides por sistema radicular, sendo apenas

a S. rhombifolia semelhante à testemunha (variedade de soja BMX Potência RR®).

Com relação ao número de nematoides por grama de raiz, os maiores valores foram

observados para A. viridis, seguido por P. oleracea.

Excluindo-se a C. juncea, todas as demais espécies de crotalária apresentaram-se como

boas opções para o manejo em áreas infestadas com P. brachyurus.

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CAPÍTULO 2

Seleção de herbicidas visando ao uso em sistemas cultivados com crotalária

RESUMO – O crescimento da área plantada com Crotalaria spectabilis tem ocorrido por

diversos fatores, destacando-se o potencial de redução de nematoides, fixação de nitrogênio e

elevada produção de biomassa. Ao se tornar espécie semeada como cultura, faz-se necessário

o controle de plantas daninhas que convivem com a crotalária. Por outro lado, seu cultivo

implica na possibilidade de que possam ocorrer fluxos de emergência destas plantas em

espécies cultivadas em sucessão. O objetivo deste trabalho foi de avaliar o potencial de

utilização de herbicidas aplicados em pré e pós-emergência de C. spectabilis para diferentes

finalidades (controle de plantas voluntárias e seletividade). Foram instalados três experimentos

em casa de vegetação (dois com herbicidas aplicados em pré-emergência – em solos de classes

texturais distintas; e um experimento com herbicidas de pós-emergência). Os resultados dos

experimentos com herbicidas aplicados em pré-emergência permitiram concluir que:

amicarbazone, atrazine, diuron, metribuzin, prometryn, fomesafen e sulfentrazone

apresentaram eficácia para o controle de C. spectabilis em solo argiloso. Além destes,

flumioxazin e isoxaflutole também apresentaram potencial para serem usados no controle de

crotalária, em solos de textura franco argilo-arenosa. Com relação a aplicação de herbicidas em

pós-emergência, atrazine, diuron, prometryn, flumioxazin, fomesafen, lactofen, saflufenacil,

amonio-glufosinate e glyphosate podem ser utilizados visando ao controle químico de C.

spectabilis. Os herbicidas chlorimuron-ethyl, diclosulan, imazethapyr, pyrithiobac-sodium,

trifloxysulfuron-sodium, clomazone, pendimethalin, S-metolachlor e trifluralin aplicados em

pré-emergência e imazethapyr, pyrithiobac-sodium, flumiclorac, bentazon e clethodim

aplicados em pós-emergência causaram baixos níveis de injúrias às plantas, e apresentam

potencial para o desenvolvimento de novas pesquisas visando ao seu uso seletivo no cultivo de

C. spectabilis.

Palavras-chave: seletividade, controle de plantas voluntárias, rotação de culturas, Crotalaria

spectabilis.

Screening of herbicides targeting the use in crop systems cultivated with showy crotalaria

ABSTRACT – The increase in the planted area with Crotalaria spectabilis have occurred by

several factors, highlighting the potential to reduce the nematodes, nitrogen fixation and the

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high production of biomass. Becoming a sort sown as a crop, it is necessary control the weed

that coexists with the showy crotalaria. The change in the use of the showy crotalaria creates

the possibility of this specie become a weed. The aim of this study was to evaluate the potential

use of herbicides applied in pre-emergence and post of the C. spectabilis for different purposes

(control of volunteer plants and selectivity). Three experiments were installed in greenhouse

(Two with herbicides applied in pre-emergence – soils with distinct textural classes; and one

experiment with herbicides applied in post). The results of the experiments with herbicides

applied in pre-emergence showed that: amicarbazone, atrazine, diuron, metribuzin, prometryn,

fomesafen and sulfentrazone showed efficacy for preemergence control of C. spectabilis in clay

soil. Besides these, flumioxazin and isoxaflutole showed potential too to be used in the control

of showy crotalaria in soils with loam texture. In relation to the postemergence herbicides,

atrazine, diuron, prometryn, flumioxazin, fomesafen, lactofen, saflufenacil, amonio-glufosinate

and glyphosate can be used aiming the chemical control of C. spectabilis. The herbicides

chlorimuron-ethyl, diclosulan, imazethapyr, pyrithiobac-sodium, trifloxysulfuron-sodium,

clomazone, pendimethalin, S-metolachlor and trifluralin applied in pre-emergence, and

imazethapyr, pyrithiobac-sodium, flumiclorac, bentazon and clethodim applied in

postemergence caused low levels of injury to C. spectabilis plants, being necessary the

development of new researches to ensure the selectivity of these products.

Keywords: selectivity, control of volunteer plants, crop rotation, Crotalaria spectabilis.

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Introdução

Historicamente, a grande aceitação do monocultivo pelos produtores rurais ocorre em

função da escolha de culturas as quais oferecem maior lucratividade no momento de

comercialização do produto final, o que faz com que a sustentabilidade do sistema agrícola seja

um aspecto secundário no planejamento da rotação das espécies a serem cultivadas. Do ponto

de vista agrícola, este tipo de prática compromete negativamente diversos fatores do ambiente

de produção, pois reduz a diversificação dos organismos que compõem a microfauna do solo,

aumenta a pressão de pragas, doenças e plantas daninhas para a cultura semeada continuamente,

além de reduzir o residual dos produtos fitossanitários (GASPARIM et al., 2005;

ZABLOTOWICZ et al., 2006).

Além dos prejuízos gerados pelo monocultivo, quando se compara este com os

sistemas nos quais são utilizadas práticas de diversificações de culturas, como a consorciação

e a rotação, constatam-se também efeitos negativos para o ambiente edáfico. Pois nos sistemas

conservacionistas verificam-se benefícios como maior exploração do perfil do solo (espécies

com sistema radicular de profundidades distintas), maior ciclagem de nutrientes no solo, além

de formação de palhada para o sistema de plantio direto (BALESDENT et al., 2000). Ao optar-

se pela prática da rotação de culturas, previamente, é necessário observar alguns fatores como

o potencial que as espécies rotacionadas apresentam em hospedar as mesmas pragas,

fitonematoides e patógenos, existência de efeitos alelopáticos de uma cultura para a que se

semeia em sucessão, bem como o risco de uma espécie se tornar planta daninha no cultivo

seguinte (PEIXOTO et al., 2007; BRAZ et al., 2013).

Entre as culturas que apresentaram acréscimo na área cultivada visando à rotação de

culturas em áreas semeadas com soja, milho, cana-de-açúcar e algodoeiro, a crotalária (C.

spectabilis) tem se destacado, principalmente em função de sua capacidade de redução da

infestação de fitonematoides, da fixação de nitrogênio e da elevada produção de biomassa. A

crotalária é uma leguminosa anual de crescimento lento, sendo uma planta subarbustiva de porte

mediano (0,60 a 1,50 m), possuindo raiz pivotante profunda, capaz de romper camadas

compactadas (BARRETO e FERNANDES, 2001). A baixa velocidade inicial de crescimento e

o porte baixo desta espécie propiciam o cultivo em maior densidade de plantas por área

(CARVALHO et al., 2003), por outro lado, propiciam a emergência e o desenvolvimento de

plantas daninhas ao longo do ciclo que reduzem a produtividade desta espécie.

Por ser uma espécie que ainda está em fase de inserção nos sistemas de produção,

aspectos referentes ao cultivo da crotalária necessitam ser ajustados para que a presença desta

espécie não cause nenhum prejuízo ao sistema agrícola no qual será inserida. Entre estes fatores

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estão os relacionados à necessidade do controle de plantas daninhas nas áreas cultivadas com

crotalária, pois se não adotadas práticas de manejo, será uma cultura na qual haverá aumento

nos propágulos da comunidade infestante, além da interferência na própria cultura.

Adicionalmente, há também a necessidade de buscar alternativas para o controle de plantas

voluntárias de crotalária em cultivos sucedâneos, para evitar que a espécie se torne uma planta

daninha.

Para aprimorar estas práticas, é necessária a realização de estudos visando à seleção

de herbicidas para ambas as finalidades (controle de plantas voluntárias de crotalária e

seletividade para essa espécie), pois após ajustado este tipo de informação, a inserção de uma

nova cultura dentro de um sistema de produção se torna menos arriscada. Trabalhos de seleção

de herbicidas para culturas as quais estão sendo inseridas em novos sistemas consistem na

triagem de herbicidas de diferentes mecanismos de ação avaliados em várias doses (screening

de herbicidas). A partir dos resultados, os herbicidas são posicionados para a finalidade de

acordo com o potencial demonstrado por cada princípio ativo (MONQUERO, 2005).

De maneira semelhante à crotalária, a cultura do milheto teve um acréscimo na área

plantada em função do potencial de redução de fitonematoides, e trabalhos foram realizados

buscando herbicidas que se apresentassem seletivos para o milheto (Pennisetum glaucum), bem

como outros que apresentassem eficácia no controle da espécie (DAN et al., 2011). Exemplos

de trabalho de screening de herbicidas para diversas culturas estão disponíveis na literatura, tais

como para mamona (Ricinus communis) e crambe (Crambe abyssinica) (MACIEL et al. 2011;

OLIVEIRA NETO et al., 2011a). Para C. spectabilis há poucos relatos deste tipo de pesquisa,

verificando-se apenas alguns trabalhos de controle desta espécie realizados nos Estados Unidos

onde a mesma é classificada como planta daninha (WILLS e McWHORTER, 1981; MADDOX

et al., 2001).

A partir deste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o potencial de

utilização de herbicidas aplicados em pré e pós-emergência de C. spectabilis para diferentes

finalidades (controle de plantas voluntárias e seletividade).

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Material e Métodos

Três experimentos foram conduzidos em casa de vegetação, cujas coordenadas

geográficas são 23º24’12’’S e 51º56’24’’O e altitude de 560 m. Os Experimentos 1 e 2 (E1 e

E2) consistiram na avaliação de herbicidas aplicados em pré-emergência de C. spectabilis (E1

– solo de textura argilosa; E2 – solo de textura franco argilo-arenosa), enquanto que no

Experimento 3 (E3), as aplicações foram realizadas em pós-emergência da espécie. O período

de condução do E1 e E2 foi de 03/04/2012 a 10/05/2012, e do E3 de 27/10/2012 a 14/12/2012.

Experimentos 1 e 2 (E1 e E2) – Herbicidas aplicados em pré-emergência

As unidades experimentais foram compostas por vasos de 3 dm3. Cada experimento

foi conduzido em uma classe textural de solo, sendo estes classificados como argiloso e franco

argilo-arenoso. As características físico-químicas do solo do E1 eram: pHH2O = 5,3; 17,05 g dm-

3 de M.O.; 520 g kg-1 de areia; 100 g kg-1 de silte e 380 g kg-1 de argila. As características físico-

químicas do solo do E2 eram: pH (H2O) = 6,2; 22,46 g dm-3 de M.O.; 680 g kg-1 de areia; 80 g

kg-1 de silte e 240 g kg-1 de argila.

O delineamento utilizado em ambos os experimentos foi o inteiramente casualizado,

adotando-se quatro repetições. Os experimentos foram instalados em arranjo fatorial (19x3) +

1. O primeiro fator correspondeu a diferentes herbicidas aplicados em pré-emergência da

crotalária (Tabela 1); e o segundo fator às doses de cada herbicida, equivalentes a 100, 50 e

25% da maior dose recomendada para as culturas para as quais estes produtos apresentam

registro (Dose na Tabela 1 equivale a 100%). O tratamento adicional consistiu em testemunha

sem herbicida, que serviu de comparação para as avaliações visuais de fitointoxicação.

A semeadura da C. spectabilis foi realizada no dia 03/04/2012, posicionando as

sementes a 1-2 cm de profundidade da superfície do solo, distribuindo 15 sementes por vaso.

Entre a semeadura e a aplicação dos herbicidas em pré-emergência, o solo presente nas unidades

experimentais foi umedecido. O motivo para se realizar a semeadura do mesmo número de

sementes por vaso está relacionado às avaliações de estande. Após a semeadura da crotalária,

os vasos foram irrigados diariamente com lâminas diárias variando entre 5 e 10 mm, e mantidos

livres da presença de outras plantas.

As aplicações foram realizadas em pré-emergência, imediatamente após a semeadura

da crotalária. Para todas as aplicações foi utilizado um pulverizador costal de pressão constante

à base de CO2, equipado com barra munida de três pontas tipo jato leque XR-110.02, espaçadas

de 50 cm entre si, sob pressão de 2,0 kgf cm-2. Estas condições de aplicação proporcionaram

uma taxa de aplicação equivalente a 200 L ha-1. No momento da aplicação, as condições

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climáticas foram: temp. média = 25°C; UR média = 80%; velocidade do vento média = 0,8 km

h-1, estando o solo úmido em todas as unidades experimentais.

Tabela 1. Relação de tratamentos avaliados em aplicações em pré-emergência visando à

seleção de herbicidas para serem utilizados em sistemas cultivados com C. spectabilis. Maringá,

PR – 2012. Tratamento Dose (g ha-1)* Mecanismo de ação

Chlorimuron-ethyl 20

Inibidores da ALS

Diclosulan 35,28

Flumetsulan 120

Imazethapyr 106

Pyrithiobac-sodium 84

Trifloxysulfuron-sodium 7,5

Flumioxazin 60

Inibidores da PROTOX Fomesafen 375

Sulfentrazone 600

Clomazone 800 Inibidores da síntese de carotenoides

Isoxaflutole 60

Pendimethalin 1500

Inibidores da divisão celular S-metolachlor 1728

Trifluralin 2250

Amicarbazone 280

Inibidores do Fotossistema II

Atrazine 2500

Diuron 2000

Metribuzin 480

Prometryn 1000 * Maior dose registrada para uso nas culturas para as quais o herbicida é registrado (Rodrigues e Almeida, 2011).

As avaliações realizadas foram estande (número de plantas por vaso) e porcentagem

de fitointoxicação aos 7 e 28 dias após a emergência (DAE), usando escala percentual de 0%

(representando efeito nulo dos herbicidas sobre as plantas) a 100% (morte total das plantas).

Além disso, determinou-se a massa seca da parte aérea das plantas aos 28 DAE, sendo esta

obtida após a secagem das plantas em estufa de circulação forçada de ar, na qual as plantas

permaneceram durante o período de 72 horas em temperatura média de 65°C.

Experimento 3 (E3) – Herbicidas aplicados em pós-emergência

As unidades experimentais foram compostas por vasos de 3 dm3. Para o preenchimento

dos vasos, foi utilizado solo de textura argilosa, apresentando as seguintes características físico-

químicas: pH (H2O) = 5,8; 17,05 g dm-3 de M.O.; 520 g kg-1 de areia; 100 g kg-1 de silte e 380

g kg-1 de argila.

A semeadura da C. spectabilis foi realizada no dia 27/10/2012, posicionando as

sementes a 1-2 cm de profundidade da superfície do solo, distribuindo aproximadamente 20

sementes por vaso, efetuando-se o raleio das plântulas após a emergência, mantendo seis plantas

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por unidade experimental. Após a semeadura, os vasos foram irrigados diariamente com

lâminas diárias variando entre 5 e 10 mm, e mantidos livres da presença de outras espécies.

O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, adotando-se quatro

repetições por tratamento. O experimento foi instalado em arranjo fatorial (21x3) + 1, onde o

primeiro fator correspondeu a diferentes herbicidas aplicados em pós-emergência da crotalária

(Tabela 2), e o segundo fator correspondeu a três doses de cada herbicida, equivalentes a 100,

75 e 50% da dose recomendada para as culturas para as quais estes produtos apresentam registro

(Dose na Tabela 2 equivale a 100%). O tratamento adicional consistiu em testemunha sem

herbicida que serviu de comparação para as avaliações visuais de fitointoxicação.

Tabela 2. Relação de tratamentos avaliados em aplicações em pós-emergência visando à

seleção de herbicidas para serem utilizados em sistemas cultivados com C. spectabilis. Maringá,

PR – 2012. Tratamento Dose (g ha-1)* Mecanismo de ação

Chlorimuron-ethyl1 20

Inibidores da ALS

Imazethapyr2 106

Nicosulfuron2 60

Pyrithiobac-sodium3 112

Trifloxysulfuron-sodium3 7,5

Flumiclorac4 60

Inibidores da PROTOX

Flumioxazin5 25

Fomesafen6 250

Lactofen2 150

Saflufenacil5 35

Mesotrione5 192 Inibidores da síntese de carotenoides

Tembotrione7 100,8

Atrazine5 2500

Inibidores do Fotossistema II

Bentazon5 720

Diuron2 2000

Prometryn2 1000

2,4 D-amina2 1209 Mimetizadores da auxina

Aminocyclopyrachlor2 60

Glyphosate2 1944 Inibidores da EPSPS

Clethodim5 96 Inibidores da ACCase

Amonio-glufosinate7 500 Inibidores da GS * Maior dose registrada para uso nas culturas para as quais o herbicida é registrado (Rodrigues e Almeida, 2011). 1 Adicionado Assist - 0,05 % v.v-1; 2 Sem adição de adjuvantes à calda; 3 Adicionado Iharol - 0,5 % v.v-1; 4

Adicionado Assist - 0,2 % v.v-1; 5 Adicionado Assist - 0,5 % v.v-1; 6 Adicionado espalhante adesivo 0,2 % v.v-1; 7

Adicionado Aureo - 0,2 % v.v-1.

As aplicações foram realizadas em pós-emergência no dia 19/11/2012, quando as

plantas de crotalária estavam em estádio de duas a quatro folhas (maioria com três folhas),

apresentando altura variando entre 6 e 8 cm. O equipamento utilizado para as aplicações, bem

como as suas regulagens (pressão, número de pontas, tipo de ponta e taxa de aplicação) foram

os mesmos descritos nos experimentos anteriores. No momento da aplicação, as condições

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climáticas foram: temp. média = 26°C; UR média = 78%; velocidade do vento média = 0,8 km

h-1, estando o solo úmido em todas as unidades experimentais.

As avaliações realizadas foram porcentagem de fitointoxicação aos 3, 7 e 28 dias após

a aplicação (DAA), usando escala percentual de 0% (representando efeito nulo dos herbicidas

sobre as plantas) a 100% (morte total das plantas). Aos 28 DAA, determinou-se a massa seca

da parte aérea das plantas, sendo esta obtida a partir dos mesmos procedimentos utilizados para

os experimentos com herbicidas aplicados em pré-emergência.

Análise Estatística

As análises estatísticas foram realizadas com o programa computacional Sisvar

(FERREIRA, 2011). Os dados de todos os experimentos foram submetidos à análise de

variância. Quando houve significância entre os fatores ou entre os níveis de cada fator, aplicou-

se o teste de Scott-Knott (p≤0,05). A comparação entre os tratamentos e a testemunha sem

herbicida foi realizada pelo teste Dunnett (p≤0,05).

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Resultados e Discussão

Experimentos 1 e 2 (E1 e E2) – Herbicidas aplicados em pré-emergência

Na Tabela 3 estão apresentados os resultados das avaliações de intoxicação e estande

de plantas de C. spectabilis após estas serem submetidas a desenvolvimento em solo de textura

argilosa (E1) com aplicação prévia de herbicidas em pré-emergência. Inicialmente (7 DAE),

verifica-se que os herbicidas que proporcionaram maiores restrições ao crescimento das

plântulas de crotalária foram os que apresentam como mecanismo de ação a inibição da enzima

protoporfirinogênio oxidase (PROTOX), juntamente com os inibidores do Fotossistema II

(FSII), todos utilizados na maior dose (D100). Observa-se ainda, que os inibidores FSII

(amicarbazone, atrazine, diuron, metribuzin e prometryn) tiveram menor redução na

porcentagem de fitointoxicação se comparados aos inibidores da PROTOX quando aplicados

em menores doses (D75 e D50).

Na última avaliação de fitointoxicação, realizada 28 DAE, verificou-se que os

melhores tratamentos visando ao controle em pré-emergência de C. spectabilis em solo argiloso

consistiram nos inibidores do FSII, juntamente com fomesafen e sulfentrazone, visto que estes

tratamentos, quando aplicados em dose cheia (D100), apresentaram eficiência superior a

90,00%, além de causarem grande redução no estande de plantas (Tabela 3).

Quando se compara o efeito das diferentes dosagens aplicadas, verifica-se que o único

herbicida a não ter sua eficácia comprometida pela utilização de doses mais baixas foi atrazine,

o qual apresentou desempenho semelhante no controle de crotalária em todas as doses

avaliadas.

Os tratamentos que apresentaram potencial de uso seletivo para C. spectabilis em solo

de textura argilosa, aplicados em pré-emergência foram: chlorimuron-ethyl, imazethapyr,

trifloxysulfuron-sodium, pendimethalin e S-metolachlor. Estes herbicidas, além de terem

proporcionado baixos níveis de fitointoxicação, não comprometeram o estande de plantas.

Os herbicidas diclosulan, pyrithiobac-sodium, clomazone e trifluralin são outros

herbicidas com potencial de utilização na crotalária, pois apesar de terem proporcionado

injúrias superiores às visualizadas nos tratamentos citados acima, também não comprometeram

o estande de plantas. Por se tratar de herbicidas aplicados em pré-emergência, diversas

características do ambiente edáfico podem influenciar na atividade residual dos produtos, sendo

necessário realizar estudos de ajuste de doses de cada herbicida para o tipo de solo aplicado,

levando-se em consideração a textura, pH, teor de matéria orgânica e umidade do solo

(OLIVEIRA JR. e BRIGHENTI, 2011).

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Tabela 3. Fitointoxicação (%) e estande (número de plantas por vaso) de C. spectabilis aos 7 e

28 DAE em função da aplicação de diferentes herbicidas em pré-emergência em solo de textura

argilosa (E1). Maringá, PR – 2012.

Tratamentos % de fitointoxicação (7 DAE) % de fitointoxicação (28 DAE)

D100 D50 D25 D100 D50 D25

Chlorimuron 29,25 Ab* 19,75 Bd 12,25 Bd 26,25 Ad* 22,50 Af 20,50 Ad

Diclosulan 38,00 Ab* 27,50 Ad* 16,25 Bd 38,75 Ac* 29,50 Ae* 16,00 Bd

Flumetsulan 35,50 Ab* 27,50 Ad* 18,00 Bd 37,75 Ac* 31,75 Ae* 18,25 Bd

Imazethapyr 4,75 Ad 3,75 Ae 1,25 Ad 9,25 Ad 5,00 Af 3,25 Ad

Pyrithiobac 28,25 Ab* 24,25 Ad* 9,75 Bd 39,50 Ac* 27,00 Be* 21,75 Bd

Trifloxysulfuron 22,50 Ac* 13,25 Ae 8,00 Ad 21,50 Ad 11,75 Af 11,25 Ad

Flumioxazin 83,75 Aa* 26,25 Bd* 10,50 Cd 73,00 Ab* 25,00 Be* 18,00 Bd

Fomesafen 97,25 Aa* 90,75 Ab* 47,50 Bb* 98,50 Aa* 97,50 Aa* 33,75 Bc*

Sulfentrazone 91,50 Aa* 70,00 Bc* 34,75 Cc* 93,00 Aa* 52,50 Bd* 25,00 Cc*

Clomazone 35,50 Ab* 27,50 Ad* 25,00 Ac* 28,75 Ac* 28,75 Ae* 31,25 Ac*

Isoxaflutole 30,00 Ab* 29,25 Ad* 33,00 Ac* 41,25 Ac* 35,50 Ae* 39,25 Ac*

Pendimethalin 35,75 Ab* 20,00 Bd 12,00 Bd 33,25 Ac* 18,75 Bf 12,00 Bd

S-metolachlor 18,25 Ac 18,75 Ad 11,75 Ad 20,75 Ad 17,00 Af 12,50 Ad

Trifluralin 33,25 Ab* 20,25 Bd 10,25 Bd 32,50 Ac* 26,25 Ae* 16,25 Ad

Amicarbazone 98,25 Aa* 72,50 Bc* 32,00 Cc* 99,75 Aa* 82,50 Bb* 38,75 Cc*

Atrazine 99,00 Aa* 99,00 Aa* 99,00 Aa* 99,75 Aa* 99,75 Aa* 99,75 Aa*

Diuron 98,50 Aa* 99,50 Aa* 53,50 Bb* 99,75 Aa* 100,00 Aa* 28,75 Bc*

Metribuzin 93,50 Aa* 83,25 Ab* 38,75 Bc* 100,00 Aa* 99,75 Aa* 64,50 Bb*

Prometryn 99,00 Aa* 63,75 Bc* 25,00 Cc* 99,25 Aa* 67,00 Bc* 20,00 Cd

Testemunha 0,00 0,00

CV (%) 22,06 23,97

Tratamentos Estande (7 DAE) Estande (28 DAE)

D100 D50 D25 D100 D50 D25

Chlorimuron 10,25 Aa 9,50 Aa 11,75 Aa 10,50 Ba 9,25 Ba 12,50 Aa

Diclosulan 8,00 Ab 7,75 Ab 9,50 Aa 8,25 Ab 8,00 Aa 9,75 Aa

Flumetsulan 10,25 Aa 9,25 Aa 8,50 Aa 10,25 Aa 8,75 Aa 9,50 Aa

Imazethapyr 8,50 Ab 10,25 Aa 10,25 Aa 8,75 Ab 10,00 Aa 10,50 Aa

Pyrithiobac 8,50 Ab 10,25 Aa 9,00 Aa 8,50 Ab 10,25 Aa 9,00 Aa

Trifloxysulfuron 10,00 Aa 10,00 Aa 9,00 Aa 10,25 Aa 10,25 Aa 8,75 Aa

Flumioxazin 1,25 Bc* 3,75 Bc* 9,00 Aa 1,25 Bc* 3,50 Bb* 8,25 Ab

Fomesafen 1,25 Bc* 0,75 Bd* 6,75 Ab 1,00 Bc* 0,25 Bc* 6,50 Ab

Sulfentrazone 1,75 Bc* 6,00 Ab 7,75 Ab 2,00 Cc* 5,25 Bb* 8,00 Ab

Clomazone 7,25 Bb 9,75 Aa 5,75 Bb 8,50 Ab 9,75 Aa 5,75 Bb

Isoxaflutole 7,25 Ab 8,00 Ab 6,75 Ab 7,25 Ab 8,25 Aa 6,50 Ab

Pendimethalin 8,75 Ab 10,25 Aa 10,50 Aa 8,50 Ab 10,50 Aa 10,50 Aa

S-metolachlor 11,50 Aa 10,00 Aa 8,00 Bb 10,50 Aa 9,50 Aa 8,25 Ab

Trifluralin 7,75 Ab 7,50 Ab 8,75 Aa 8,75 Ab 8,00 Aa 9,25 Aa

Amicarbazone 1,00 Bc* 2,25 Bd* 8,50 Aa 0,25 Bc* 1,00 Bc* 6,75 Ab

Atrazine 1,00 Ac* 1,00 Ad* 0,50 Ad* 0,25 Ac* 0,25 Ac* 0,25 Ac*

Diuron 1,25 Ac* 0,50 Ad* 3,25 Ac* 0,25 Ac* 0,00 Ac* 2,25 Ac*

Metribuzin 4,25 Ac* 4,75 Ac* 6,75 Ab 0,00 Ac* 0,25 Ac* 1,75 Ac*

Prometryn 0,50 Bc* 3,00 Bc* 7,75 Ab 0,75 Bc* 2,50 Bb* 6,50 Ab

Testemunha 9,25 9,25

CV (%) 28,79 27,14

*Diferem da testemunha pelo teste Dunnett (p≤0,05). Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e

seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo teste Scott-Knott (p≤0,05).

Os dados de massa seca das plantas de C. spectabilis que se desenvolveram em solo

de textura argilosa (E1) com aplicação prévia de herbicidas em pré-emergência estão

apresentados na Tabela 5. Verifica-se que as reduções no acúmulo desta variável tiveram

relação inversa com os níveis de intoxicação observados nas plantas de crotalária.

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28

Amicarbazone, atrazine, diuron, metribuzin, prometryn, fomesafen e sulfentrazone foram os

tratamentos que causaram maiores reduções no acúmulo de massa seca de crotalária. Alguns

tratamentos, mesmo sem apresentar controle efetivo (>80,00%), também foram capazes de

reduzir significativamente o acúmulo de massa desta espécie. Esta redução no desenvolvimento

das plantas de C. spectabilis resulta em menor potencial de competição com outras espécies

cultivadas, uma vez que a necessidade de aquisição de recursos do meio será menor (FIALHO

et al., 2012).

Em termos de seletividade, destacaram-se chlorimuron-ethyl, imazethapyr,

trifloxysulfuron-sodium, clomazone, pendimethalin, S-metolachlor e trifluralin, pois nas três

doses utilizadas, estes foram os únicos tratamentos aplicados em pré-emergência da C.

spectabilis que não apresentaram reduções de massa seca das plantas em relação à testemunha

sem herbicida, em ambos os solos.

Na Tabela 4 estão apresentados os dados das avaliações de fitointoxicação e estande

do E2, no qual os herbicidas foram aplicados em pré-emergência da C. spectabilis em solo de

textura franco argilo-arenosa. Os inibidores da PROTOX e do FSII foram os herbicidas que

proporcionaram os maiores sintomas de injúrias às plantas de crotalária (ambas avaliações, 7 e

28 DAE), especialmente quando aplicados nas maiores doses, causando reduções também no

número de plantas por vaso.

Quando se compara os Experimentos 1 e 2, verifica-se que a fitointoxicação inicial de

C. spectabilis foi semelhante em ambos os solos, quando se utilizou os herbicidas nas maiores

doses, exceto para o isoxaflutole que apresentou redução nos níveis de intoxicação superior a

40,00% quando aplicado no solo de textura franco argilo-arenoso em relação ao argiloso

(Tabelas 3 e 4).

A redução observada neste tratamento com aplicação de isoxaflutole (60 g ha-1) em

solo argiloso pode ser explicada pelas características físico-químicas do produto. O isoxaflutole

é considerado um pró-herbicida, onde posteriormente a sua aplicação, é rapidamente convertido

em metabólito diquetonitrila, que é a molécula biologicamente ativa no controle de plantas

daninhas. A sorção deste herbicida tem correlação com o teor de argila e carbono orgânico no

solo, verificando-se maior persistência na medida em que se elevam estes dois componentes no

solo (INOUE et al., 2009). Os menores níveis de intoxicação observados no experimento

conduzido com solo argiloso em relação ao de textura franco argilo-arenosa podem estar

relacionados ao fato da quantidade de herbicida presente na solução do solo ser menor, em

função do isoxaflutole estar adsorvido à argila.

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Tabela 4. Fitointoxicação (%) e estande (número de plantas por vaso) de C. spectabilis aos 7 e

28 DAE em função da aplicação de diferentes herbicidas em pré-emergência em solo de textura

franco argilo-arenosa (E2). Maringá, PR – 2012.

Tratamentos % de fitointoxicação (7 DAE) % de fitointoxicação (28 DAE)

D100 D50 D25 D100 D50 D25

Chlorimuron 31,25 Ad* 15,00 Be 16,25 Bd 31,75 Ac* 8,25 Bd 9,25 Bd

Diclosulan 23,25 Ad 18,75 Ae 11,75 Ad 23,00 Ad 12,50 Ad 5,00 Ad

Flumetsulan 50,00 Ac* 34,00 Bd* 20,00 Bd 51,75 Ab* 27,50 Bc 10,50 Bd

Imazethapyr 7,50 Ae 6,25 Ae 7,50 Ad 2,50 Ad 1,25 Ad 1,25 Ad

Pyrithiobac 52,50 Ac* 31,75 Bd* 18,75 Bd 35,00 Ac* 23,25 Ac 8,00 Bd

Trifloxysulfuron 35,00 Ad* 25,00 Ae* 8,75 Bd 16,75 Ad 3,75 Ad 0,00 Ad

Flumioxazin 92,00 Aa* 100,00 Aa* 28,75 Bc* 90,00 Aa* 99,25 Aa* 7,50 Bd

Fomesafen 99,50 Aa* 98,75 Aa* 93,50 Aa* 100,00 Aa* 82,50 Aa* 95,25 Aa*

Sulfentrazone 99,75 Aa* 67,50 Bb* 40,00 Cc* 99,50 Aa* 43,00 Bc* 21,00 Cc

Clomazone 28,75 Ad* 25,00 Ae* 21,25 Ad 10,75 Ad 6,75 Ad 7,75 Ad

Isoxaflutole 73,75 Ab* 38,75 Bd* 39,25 Bc* 95,25 Aa* 38,00 Bc* 27,25 Bc

Pendimethalin 38,00 Ac* 30,50 Ad* 20,75 Ad 54,00 Ab* 34,25 Bc* 14,75 Cd

S-metolachlor 26,25 Ad* 25,50 Ae* 17,50 Ad 10,00 Ad 12,25 Ad 10,00 Ad

Trifluralin 31,25 Ad* 14,50 Be 15,00 Bd 25,00 Ad 2,50 Bd 2,50 Bd

Amicarbazone 96,75 Aa* 73,75 Bb* 70,75 Bb* 100,00 Aa* 93,75 Aa* 88,00 Aa*

Atrazine 98,50 Aa* 91,00 Aa* 97,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa*

Diuron 99,75 Aa* 62,00 Bb* 28,75 Cc* 100,00 Aa* 66,25 Bb* 38,75 Cc*

Metribuzin 94,00 Aa* 50,00 Bc* 27,50 Cc* 98,25 Aa* 86,75 Aa* 52,00 Bb*

Prometryn 99,25 Aa* 61,25 Bb* 15,00 Cd 99,50 Aa* 59,00 Bb* 6,25 Cd

Testemunha 0,00 0,00

CV (%) 22,67 29,26

Tratamentos Estande (7 DAE) Estande (28 DAE)

D100 D50 D25 D100 D50 D25

Chlorimuron 11,00 Aa 9,50 Aa 9,00 Aa 10,75 Aa 10,25 Aa 8,50 Aa

Diclosulan 9,00 Aa 10,75 Aa 10,75 Aa 9,00 Aa 10,75 Aa 10,50 Aa

Flumetsulan 8,50 Aa 7,25 Aa 9,50 Aa 8,50 Aa 7,00 Ab 10,00 Aa

Imazethapyr 8,75 Aa 7,50 Aa 8,50 Aa 9,50 Aa 7,50 Ab 9,00 Aa

Pyrithiobac 9,75 Aa 8,75 Aa 9,00 Aa 9,75 Aa 8,75 Ab 9,00 Aa

Trifloxysulfuron 11,75 Aa 9,25 Aa 9,75 Aa 10,75 Aa 8,25 Ab 10,25 Aa

Flumioxazin 0,50 Bb* 0,00 Bc* 3,25 Ac* 0,50 Ac* 0,75 Ad* 3,00 Ab*

Fomesafen 0,50 Ab* 0,25 Ac* 1,25 Ac* 0,00 Ac* 0,25 Ad* 0,75 Ac*

Sulfentrazone 0,25 Bb* 4,75 Ab 6,25 Ab 0,50 Bc* 4,50 Ac* 4,75 Ab*

Clomazone 11,00 Aa 9,50 Aa 9,00 Aa 10,75 Aa 9,25 Ab 9,50 Aa

Isoxaflutole 10,25 Aa 12,00 Aa 10,00 Aa 5,75 Bb* 12,25 Aa 10,00 Aa

Pendimethalin 10,50 Aa 8,75 Aa 9,25 Aa 10,25 Aa 9,25 Ab 9,00 Aa

S-metolachlor 11,75 Aa 9,75 Aa 9,00 Aa 12,00 Aa 10,50 Aa 11,00 Aa

Trifluralin 10,75 Aa 9,25 Aa 11,50 Aa 10,50 Aa 9,00 Ab 11,50 Aa

Amicarbazone 2,25 Bb* 2,25 Bb* 5,25 Ab 0,00 Ac* 1,50 Ad* 2,50 Ab*

Atrazine 0,50 Ab* 3,00 Ab* 1,00 Ac* 0,00 Ac* 0,00 Ad* 0,00 Ac*

Diuron 0,25 Bb* 1,75 Bc* 4,50 Ab 0,00 Bc* 1,25 Bd* 3,25 Ab*

Metribuzin 2,75 Cb* 7,25 Ba 12,00 Aa 0,75 Bc* 0,75 Bd* 10,00 Aa

Prometryn 0,25 Bb* 3,00 Bb* 8,75 Aa 0,25 Cc* 3,00 Bc* 8,50 Aa

Testemunha 8,50 10,00

CV (%) 18,71 28,25

*Diferem da testemunha pelo teste Dunnett (p≤0,05). Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e

seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo teste Scott-Knott (p≤0,05).

Os inibidores da ALS (diclosulan, pyrithiobac-sodium, imazethapyr, chlorimuron-

ethyl, trifloxysulfuron-sodium), juntamente com clomazone, S-metolachlor e trifluralin

exerceram baixos níveis de injúrias às plantas de crotalária quando aplicados em solo de textura

franco argilo-arenosa, consistindo em opções que podem ser estudadas para serem utilizadas no

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manejo da comunidade infestante em pré-emergência desta espécie. Os dados das avaliações

de fitointoxicação aos 28 DAE da crotalária demonstram que as melhores alternativas químicas

para o controle em pré-emergência de C. spectabilis em solo de textura franco argilo-arenosa

são amicarbazone, atrazine, metribuzin, diuron, prometryn, isoxaflutole, flumioxazin,

fomesafen e sulfentrazone.

Um fator importante a ser destacado com relação ao potencial de utilização de alguns

tratamentos no controle de plantas daninhas em crotalária é que para assegurar a seletividade

do herbicida, seria necessária a aplicação deste em doses muito baixas, o que pode não ser

interessante do ponto de vista de manejo, pois a eficácia do produto pode ser comprometida, já

que cada princípio ativo apresenta eficiência sobre plantas daninhas em determinadas

concentrações no solo (SPADER e VIDAL, 2000).

Com relação aos dados de massa seca do E2, assim como para o E1, verificou-se que

os herbicidas responsáveis pelas maiores reduções no acúmulo de massa das plantas de

crotalária quando comparados à testemunha sem aplicação, foram aqueles que proporcionaram

sintomas mais acentuados de intoxicação (Tabela 5).

Tabela 5. Massa seca de plantas de C. spectabilis (g por vaso) aos 28 DAE em função da

aplicação de diferentes herbicidas em pré-emergência. Maringá, PR – 2012.

Tratamentos

Massa seca

E1 – Textura argilosa E2 – Textura franco argilo-arenosa

D100 D50 D25 D100 D50 D25

Chlorimuron 0,51 Aa 0,49 Aa 0,65 Aa 1,51 Ab 2,15 Ab 1,70 Ab

Diclosulan 0,20 Ab* 0,28 Ab 0,39 Ab 1,53 Bb 2,47 Aa 2,48 Ab

Flumetsulan 0,37 Aa 0,23 Ab 0,34 Ab 0,71 Bc* 0,51 Bc* 1,68 Ab

Imazethapyr 0,53 Aa 0,70 Aa 0,67 Aa 2,50 Aa 2,64 Aa 3,30 Aa

Pyrithiobac 0,21 Ab 0,34 Aa 0,36 Ab 0,78 Bc* 1,31 Bb 2,14 Ab

Trifloxysulfuron 0,49 Aa 0,60 Aa 0,43 Aa 2,08 Ab 1,76 Ab 2,36 Ab

Flumioxazin 0,05 Bb* 0,18 Bb* 0,54 Aa 0,04 Bd* 0,01 Bc* 0,90 Ac

Fomesafen 0,01 Ab* 0,01 Ab* 0,27 Ab 0,00 Ad* 0,05 Ac* 0,06 Ad*

Sulfentrazone 0,12 Ab* 0,13 Ab* 0,30 Ab 0,02 Bd* 0,57 Bc* 1,28 Ac

Clomazone 0,46 Aa 0,46 Aa 0,82 Ba 2,55 Aa 2,39 Aa 2,12 Ab

Isoxaflutole 0,10 Ab* 0,21 Ab 0,21 Ab 0,06 Ad* 0,77 Ac* 0,80 Ac*

Pendimethalin 0,39 Aa 0,63 Aa 0,58 Aa 1,12 Ac 1,60 Ab 1,93 Ab

S-metolachlor 0,56 Aa 0,46 Aa 0,45 Aa 3,04 Aa 2,09 Bb 1,69 Bb

Trifluralin 0,41 Aa 0,39 Aa 0,52 Aa 2,60 Aa 3,18 Aa 3,47 Aa*

Amicarbazone 0,01 Ab* 0,02 Ab* 0,27 Ab 0,00 Ad* 0,03 Ac* 0,12 Ad*

Atrazine 0,01 Ab* 0,01 Ab* 0,01 Ac* 0,00 Ad* 0,00 Ac* 0,00 Ad*

Diuron 0,01 Ab* 0,00 Ab* 0,04 Ac* 0,00 Ad* 0,20 Ac* 0,40 Ad*

Metribuzin 0,00 Ab* 0,01 Ab* 0,06 Ac* 0,02 Bd* 0,19 Bc* 0,91 Ac

Prometryn 0,02 Bb* 0,09 Bb* 0,34 Ab 0,01 Bd* 0,52 Bc* 2,31 Ab

Testemunha 0,64 2,07

CV (%) 66,00 44,08

*Diferem da testemunha pelo teste Dunnett (p≤0,05); Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e

seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo teste Scott-Knott (p≤0,05).

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As plantas de crotalária que se desenvolveram em solo de textura franco argilo-arenosa

(E2) apresentaram maior acúmulo de massa seca em comparação às presentes no solo de textura

argilosa (E1). Nos tratamentos em que não foram aplicados herbicidas (Testemunha), foi

observado acúmulo de massa seca 3,3 vezes maior das plantas de crotalária presentes no solo

de textura franco argilo-arenosa em relação às que se desenvolveram em solo argiloso (Tabela

5). O melhor desenvolvimento da C. spectabilis no solo de textura franco argilo-arenosa pode

estar relacionado às propriedades químicas deste solo, uma vez que este apresenta maior teor

de carbono orgânico e pH mais adequado para que o crescimento de plantas em comparação

com o solo de textura argilosa. Além disso, fatores relacionados à textura do solo como

resistência à penetração, capacidade de retenção de água, disponibilidade de O2 podem ter

proporcionado um ambiente mais favorável ao desenvolvimento da crotalária neste tipo de solo

(franco argilo-arenosa).

Experimento 3 (E3) – Herbicidas aplicados em pós-emergência

Os maiores níveis de intoxicação inicial (3 DAA) de C. spectabilis em função dos

tratamentos aplicados em pós-emergência foram verificados para herbicidas cujo mecanismo

de ação é a inibição da PROTOX, com destaque para o saflufenacil aplicado na maior dose (35

g ha-1), que proporcionou melhor desempenho no controle de crotalária nesta primeira

avaliação, tanto quando a comparação foi realizada entre herbicidas, como para as três doses

avaliadas deste princípio ativo (Tabela 6).

Com relação ao desempenho no controle de plantas voluntárias pela utilização dos

herbicidas em maiores doses, o amonio-glufosinate foi o tratamento com maior resposta ao

incremento da dose aplicada, havendo melhoria no controle de C. spectabilis próxima a 90,00%.

Este aumento no controle imposto pelo amonio-glufosinate está relacionado ao seu mecanismo

de ação, que causa a inibição da enzima glutamina sintase, desencadeando um acelerado

acúmulo de NH4+ intracelular. A associação deste acúmulo de NH4

+ com a ruptura da estrutura

do cloroplasto resulta na inibição da fotossíntese e consequente morte das células da planta

(FLECK et al., 2001). Desta forma, quanto maior a quantidade de herbicida depositada no

tecido foliar, maiores serão os sintomas de intoxicação apresentados pela crotalária.

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Tabela 6. Fitointoxicação (%) aos 3 e 7 DAA em função da aplicação de diferentes herbicidas em pós-emergência da C. spectabilis. Maringá, PR

– 2012.

Tratamentos % de fitointoxicação (3 DAA) % de fitointoxicação (7 DAA)

D100 D75 D50 D100 D75 D50

Chlorimuron 3,75 Ad 0,00 Ag 0,00 Ag 40,00 Ad* 30,00 Bd* 38,75 Ad*

Imazethapyr 1,25 Ae 0,00 Ag 0,00 Ag 6,25 Af 6,25 Af 5,00 Ag

Nicosulfuron 2,50 Ae 0,00 Ag 0,00 Ag 38,75 Ad* 40,00 Ac* 23,25 Bf*

Pyrithiobac 0,00 Ae 0,00 Ag 0,00 Ag 23,75 Ae* 17,50 Ae* 18,75 Af*

Trifloxysulfuron 1,25 Ae 0,00 Ag 0,00 Ag 30,00 Ae* 28,00 Ad* 26,25 Af*

Flumiclorac 40,00 Ac* 31,25 Bd* 21,25 Ce* 51,25 Ac* 35,75 Bc* 21,75 Cf*

Flumioxazin 85,50 Aa* 80,75 Ba* 73,00 Cb* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 96,25 Aa*

Fomesafen 78,75 Ab* 77,00 Ab* 68,75 Bb* 99,50 Aa* 93,75 Aa* 83,25 Bb*

Lactofen 83,25 Ab* 67,50 Bc* 53,75 Cc* 100,00 Aa* 98,50 Aa* 98,75 Aa*

Saflufenacil 89,00 Aa* 83,75 Ba* 79,00 Ca* 100,00 Aa* 99,00 Aa* 99,25 Aa*

Mesotrione 0,00 Ae 0,00 Ag 0,00 Ag 42,50 Ad* 43,75 Ac* 37,50 Ad*

Tembotrione 0,00 Ae 0,00 Ag 0,00 Ag 45,75 Ac* 42,50 Ac* 42,50 Ad*

Atrazine 6,00 Ad 7,50 Af 6,75 Af 100,00 Aa* 98,25 Aa* 98,50 Aa*

Bentazon 6,00 Ad 3,75 Af 6,75 Af 48,75 Ac* 27,50 Bd* 5,00 Cg

Diuron 0,00 Ae 0,00 Ag 0,00 Ag 96,75 Aa* 55,00 Bb* 31,25 Ce*

Prometryn 1,25 Ae 1,25 Ag 0,00 Ag 99,50 Aa* 98,25 Aa* 82,50 Bb*

2,4 D-amina 35,00 Ac* 30,00 Bd* 23,75 Ce* 62,50 Ab* 48,75 Bb* 41,25 Bd*

Aminocyclopyraclor 38,75 Ac* 31,25 Bd* 28,75 Bd* 62,50 Ab* 55,00 Bb* 51,25 Bc*

Glyphosate 0,00 Ae 0,00 Ag 0,00 Ag 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa*

Clethodim 2,50 Ae 0,00 Ag 0,00 Ag 5,50 Af 6,50 Af 6,25 Ag

Amonio-glufosinate 40,00 Ac* 21,25 Be* 18,75 Be* 98,50 Aa* 96,00 Aa* 83,75 Bb*

Testemunha 0,00 0,00

CV (%) 15,77 9,26

*Diferem da testemunha pelo teste Dunnett (p≤0,05). Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo teste

Scott-Knott (p≤0,05).

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33

Inicialmente (3 DAA), os herbicidas que possuem ação sistêmica causaram os menores

níveis de fitointoxicação. Neste caso, a falta de sintomas visuais de injúrias nas plantas de

crotalária deve ser vista com cuidado, visando se relacionar o comportamento à seletividade

dos tratamentos, já que estes produtos necessitam de um tempo maior para poderem atingir o

ápice de ação na planta.

Aos 7 DAA, observou-se acima de 80,00% de injúria nas plantas de crotalária, nos

tratamentos nos quais foram aplicados herbicidas inibidores da PROTOX, assim como com

amonio-glufosinate, glyphosate, atrazine e diuron, sendo este último apenas quando aplicado

na maior dose. Os elevados níveis de injúria impostos pelos herbicidas que possuem ação de

contato estão relacionados à morfologia das plantas de crotalária quando estas foram

submetidas à aplicação dos tratamentos; como o estádio de aplicação foi de três folhas

verdadeiras, as plantas ainda possuíam pouca deposição de cera na epiderme das folhas, o que

faz com que a dessecação fosse mais pronunciada em comparação com plantas em estádios de

desenvolvimento mais avançados. Fato que pode ser comprovado ao analisar os dados de

controle observados para o flumioxazin, e os descritos na literatura, onde os autores trabalhando

com doses de até 60 g ha-1 do referido herbicida, sobre plantas adultas (pleno florescimento) de

C. spectabilis, observaram níveis de injúria inferiores a 40,00% (INOUE et al., 2012).

Os herbicidas chlorimuron-ethyl, nicosulfuron e trifloxysulfuron-sodium (inibidores

da ALS); mesotrione e tembotrione (inibidores da síntese de carotenoides); e 2,4 D-amina e

aminocyclopyrachlor (mimetizadores da auxina), apesar de terem exercido elevados níveis de

fitointoxicação, visando à utilização no manejo de plantas voluntárias, não tiveram bom

desempenho no controle desta espécie de crotalária (Tabela 6). Mesmo assim, as injúrias

provocadas pelas doses avaliadas nestes tratamentos também não os credenciam como

potenciais herbicidas seletivos para C. spectabilis, visto que o nível de inibição no

desenvolvimento comprometeria a exploração agrícola desta leguminosa.

Aos 7 DAA, os tratamentos que causaram menores injúrias às plantas de crotalária em

aplicações realizadas em pós-emergência foram imazethapyr, clethodim, pyrithiobac-sodium e

bentazon, em ordem decrescente de seletividade para esta variável resposta analisada.

Na última avaliação de fitointoxicação (28 DAA), os herbicidas atrazine, flumioxazin,

lactofen, saflufenacil, glyphosate e amonio-glufosinate, independente da dose aplicada,

controlaram todas as plantas de crotalária que receberam a aplicação destes tratamentos,

demonstrando serem boas alternativas para o manejo desta espécie quando infestando outras

culturas (Tabela 7).

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Tabela 7. Fitointoxicação (%) aos 28 DAA e massa seca de plantas (g por vaso) em função da aplicação de diferentes herbicidas em pós-emergência

da C. spectabilis. Maringá, PR – 2012.

Tratamentos % de fitointoxicação (28 DAA) Massa seca

D100 D75 D50 D100 D75 D50

Chlorimuron 52,50 Ac* 40,00 Bc* 33,75 Be* 2,04 Ac* 2,81 Ac* 3,09 Ad*

Imazethapyr 7,50 Af 1,25 Ad 0,00 Ag 8,13 Aa 7,50 Aa 7,14 Ab

Nicosulfuron 50,00 Ac* 48,75 Ac* 37,50 Be* 1,60 Bc* 1,92 Bd* 3,13 Ad*

Pyrithiobac 41,25 Ad* 32,50 Ac* 22,50 Bf* 3,87 Ab* 3,94 Ab* 4,52 Ac*

Trifloxysulfuron 47,50 Ad* 40,00 Ac* 33,75 Ae* 1,05 Ad* 1,26 Ad* 1,74 Ae*

Flumiclorac 28,25 Ae* 8,75 Bd 4,00 Bg 3,93 Bb* 4,42 Bb* 6,45 Ab*

Flumioxazin 100,00 Aa* 100,00 Aa* 99,50 Aa* 0,00 Ad* 0,00 Ae* 0,00 Ag*

Fomesafen 99,50 Aa* 75,00 Bb* 65,00 Bc* 0,01 Ad* 0,69 Ae* 1,26 Af*

Lactofen 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 0,00 Ad* 0,00 Ae* 0,00 Ag*

Saflufenacil 100,00 Aa* 97,50 Aa* 84,50 Bb* 0,00 Ad* 0,00 Ae* 0,47 Ag*

Mesotrione 61,25 Ac* 55,00 Ac* 52,50 Ad* 0,43 Ad* 1,12 Ad* 0,83 Af*

Tembotrione 55,00 Ac* 45,00 Ac* 43,75 Ae* 0,83 Ad* 1,11 Ad* 1,40 Af*

Atrazine 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 0,00 Ad* 0,00 Ae* 0,00 Ag*

Bentazon 33,75 Ad* 9,25 Bd 6,25 Bg 2,75 Ac* 3,67 Ab* 3,43 Ad*

Diuron 100,00 Aa* 43,75 Bc* 35,75 Be* 0,00 Cd* 1,67 Bd* 2,79 Ad*

Prometryn 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 0,00 Ad* 0,00 Ae* 0,00 Ag*

2,4 D-amina 65,00 Ac* 36,25 Bc* 37,50 Be* 1,99 Ac* 2,70 Ac* 2,50 Ae*

Aminocyclopyraclor 76,25 Ab* 65,00 Bb* 58,75 Bd* 0,78 Cd* 2,35 Bc* 3,54 Ad*

Glyphosate 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 0,00 Ad* 0,00 Ae* 0,00 Ag*

Clethodim 0,00 Af 0,00 Ad 0,00 Ag 8,36 Aa 7,60 Aa 8,26 Aa

Amonio-glufosinate 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 0,00 Ad* 0,00 Ae* 0,00 Ag*

Testemunha 0,00 8,34

CV (%) 12,83 33,91

*Diferem da testemunha pelo teste Dunnett (p≤0,05). Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo teste

Scott-Knott (p≤0,05).

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O fomesafen, quando aplicado na maior dose (250 g ha-1), apresentou a mesma

eficiência dos tratamentos descritos acima, porém, quando se aplicou 187,5 g ha-1 deste

herbicida, os níveis de controle de C. spectabilis foram insatisfatórios, verificando-se que esta

redução no controle em relação à avaliação anterior (7 DAA) foi ocasionada pela presença de

plantas rebrotadas.

Com relação ao desempenho do diuron, verifica-se que a aplicação de 2000 g ha-1,

causou a morte de todas as plantas de C. spectabilis, entretanto, para a menor dose deste

herbicida (1500 g ha-1), os níveis de controle foram bem inferiores ao necessário para se

alcançar nível satisfatório (46,25%). Estes dados indicam que ao se optar pela utilização do

diuron no controle de plantas voluntárias desta espécie de crotalária, é imprescindível que se

garanta a deposição correta da quantidade de princípio ativo recomendada no momento da

aplicação, pois a redução de ¼ da dose deste herbicida fez com que os níveis de controle fossem

reduzidos em valores acima de 50,00% (Tabela 7).

O 2,4 D-amina aplicado isoladamente apresenta baixa eficiência no controle de

crotalária, seja visando ao controle de plantas voluntárias (estádios iniciais de desenvolvimento)

ou adultas (manejo pré-semeadura das culturas). Em trabalho descrito na literatura, a aplicação

deste herbicida em doses de até 3350 g ha-1 sobre plantas de crotalária em pleno florescimento

promoveu controle inferior a 70,00% (OLIVEIRA NETO et al., 2011b). Para que a utilização

do 2,4 D-amina no manejo de C. spectabilis apresente eficácia, é fundamental proceder à

mistura deste com outros herbicidas, pois alguns produtos em associação com o 2,4 D-amina

apresentam sinergismo, o que resultará em acréscimo nos níveis de controle da espécie

(TAKANO et al, 2013).

As plantas de C. spectabilis que receberam aplicação em pós-emergência dos

herbicidas imazethapyr e clethodim (todas as doses); flumiclorac e bentazon (D75 e D50); e o

pyrithiobac-sodium (D50) foram as que apresentaram menores níveis de injúrias na avaliação

final de intoxicação. Ainda na Tabela 7 estão apresentados os dados de massa seca das plantas

de C. spectabilis aos 28 DAA dos herbicidas. De maneira análoga ao observado nos

experimentos realizados com herbicidas em pré-emergência, as maiores reduções no acúmulo

de massa seca foram observadas nos tratamentos que exerceram maiores injúrias as plantas de

crotalária.

Alguns tratamentos não apresentaram potencial nem para serem utilizados no controle

de plantas voluntárias de crotalária, nem para serem posicionados no manejo de plantas

daninhas nesta cultura (seletivos). Apesar disto, vale destacar que a supressão imposta por estes

herbicidas na C. spectabilis (redução no acúmulo de massa seca), pode reduzir a competição

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destas plantas voluntárias com as culturas nas quais se desenvolvem, em função do porte

reduzido das plantas.

Seleção de herbicidas para utilização em sistemas cultivados com C. spectabilis

Na Tabela 8 foram sumarizados os resultados encontrados nos três experimentos,

apresentando os herbicidas que podem ser posicionados para o controle de plantas voluntárias

de C. spectabilis quando infestantes das principais culturas de interesse agrícola no Brasil. A

inclusão de determinado herbicida nesta tabela para recomendação em uma cultura está

relacionada ao nível de controle exercido, que deve ser igual ou superior a 80,00%, conforme

recomendações da Sociedade Brasileira de Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD, 1995) para

ser considerado satisfatório. Atualmente, este valor é adotado pelo Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA) para fins de registros de herbicidas no Brasil.

Tabela 8. Herbicidas com potencial para serem utilizados em diferentes culturas visando ao

controle de plantas voluntárias de C. spectabilis. Maringá, PR – 2012.

Cultura1

Modalidade de aplicação

Pré-emergência Pós-emergência

Textura argilosa Textura franco argilo-arenosa

Algodoeiro

diuron**

fomesafen**

prometryn*

diuron*

fomesafen***

isoxaflutole*

prometryn*

amonio-glufosinate2***

diuron*

flumioxazin***

glyphosate2***

Cana-de-açúcar

amicarbazone*

atrazine***

diuron**

metribuzin**

sulfentrazone*

amicarbazone***

atrazine***

diuron*

flumioxazin**

isoxaflutole*

metribuzin**

sulfentrazone*

atrazine***

diuron*

saflufenacil***

Feijoeiro flumioxazin** fomesafen*

Milho amicarbazone*

atrazine***

amicarbazone***

atrazine***

isoxaflutole*

amonio-glufosinate2***

atrazine***

glyphosate2***

Soja metribuzin**

sulfentrazone*

flumioxazin**

metribuzin**

sulfentrazone*

amonio-glufosinate2***

fomesafen*

glyphosate2***

lactofen***

Trigo metribuzin** metribuzin** - 1 Não ultrapassar as doses recomendadas para a cultura na bula da formulação comercial utilizada. 2 Registrado

para cultura geneticamente modificada com inserção do gene que confere resistência ao herbicida recomendado. *

Recomendado apenas na maior dose avaliada no trabalho; ** Recomendado nas duas maiores doses avaliadas no

trabalho; *** Recomendado em todas as doses avaliadas no trabalho.

Com relação aos herbicidas que apresentaram potencial para serem seletivos a C.

spectabilis, na Tabela 9 foram sumarizados os resultados encontrados em todos os

experimentos, apresentando os herbicidas que podem ser avaliados visando à recomendação

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para o manejo da comunidade infestante na cultura da C. spectabilis. A inclusão de determinado

herbicida nesta tabela foi relacionada ao nível de fitointoxicação exercido, que deve ser igual

ou inferior a 25,00%, além de não ter afetado as variáveis estande e acúmulo de massa seca

(apenas para os Experimentos 1 e 2), visto que ambas são indicativos de que o produto quando

aplicado em pré-emergência não irá comprometer o desenvolvimento inicial da cultura. Para a

inclusão dos tratamentos aplicados em pós-emergência da crotalária como possíveis herbicidas

a serem estudados em experimentos de seletividade, considerou-se o nível de fitointoxicação

exercido, devendo este ser igual ou inferior a 25,00%, em pelo menos uma das doses avaliadas,

além da posterior recuperação das injúrias provocadas pelos herbicidas às plantas.

Tabela 9. Herbicidas que apresentaram potencial de serem utilizados para o manejo de plantas

daninhas na cultura da C. spectabilis. Maringá, PR – 2012. Modalidade de aplicação

Pré-emergência Pós-emergência

Textura argilosa Textura franco argilo-arenosa

Chlorimuron

Imazethapyr

Trifloxysulfuron-sodium

Pendimethalin

S-metolachlor

Trifluralin

chlorimuron

diclosulan

imazethapyr

pyrithiobac-sodium

trifloxysulfuron-sodium

clomazone

S-metolachlor

trifluralin

imazethapyr

pyrithiobac-sodium

flumiclorac

bentazon

clethodim

É importante destacar que como nos experimentos realizados com herbicidas aplicados

em pré-emergência (E1 e E2) houve variação da textura do solo (consequentemente das demais

características do ambiente edáfico), houve também variação nos herbicidas que apresentaram

potencial para serem seletivos, sendo necessário realizar estudos de dose-resposta para cada

tipo de solo com o objetivo de assegurar a seletividade de cada herbicida.

Os herbicidas que apresentaram maior seletividade às plantas de C. spectabilis quando

aplicados em pós-emergência foram imazethapyr e clethodim, visto que as injúrias provocadas

por estes tratamentos não ultrapassaram valores equivalentes a 10,00%. Bentazon e flumiclorac,

apesar de quando aplicados na D100 terem proporcionado elevados níveis de fitointoxicação,

nas outras duas doses avaliadas (D75 e D50), proporcionaram baixos níveis de injúrias. Com

relação ao pyrithiobac-sodium, este exerceu poucas injúrias às plantas de crotalária apenas

quando aplicado na menor dose (D50). Apesar desta dose de pyrithiobac-sodium ser

equivalente a 50,00% da dose de registro para o algodoeiro, quando se verifica dados de

trabalhos de controle disponíveis na literatura acerca da utilização deste princípio ativo verifica-

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se que na D50 (pyrithiobac-sodium - 56 g ha-1), o produto apresenta eficácia no manejo de

várias espécies de plantas daninhas dicotiledôneas (BRAZ et al., 2011; BRAZ et al., 2012).

Amicarbazone, atrazine, diuron, metribuzin, prometryn, fomesafen e sulfentrazone

apresentaram eficácia para o controle pré-emergente de C. spectabilis em solo argiloso. Além

destes, para solos de textura franco argilo-arenosa, flumioxazin e isoxaflutole também

apresentaram potencial para serem usados no controle de crotalária antes da sua emergência.

Com relação aos herbicidas aplicados em pós-emergência que podem ser utilizados visando ao

controle químico de C. spectabilis, destacam-se atrazine, diuron, prometryn, flumioxazin,

fomesafen, lactofen, saflufenacil, amonio-glufosinate e glyphosate.

Os herbicidas chlorimuron-ethyl, diclosulan, imazethapyr, pyrithiobac-sodium,

trifloxysulfuron-sodium, clomazone, pendimethalin, S-metolachlor e trifluralin aplicados em

pré-emergência e imazethapyr, pyrithiobac-sodium, flumiclorac, bentazon e clethodim

aplicados em pós-emergência causaram baixos níveis de injúrias às plantas de C. spectabilis, e

apresentam potencial para serem avaliados em programas de seleção de herbicidas para C.

spectabilis.

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Conclusões

Amicarbazone, atrazine, diuron, metribuzin, prometryn, fomesafen e sulfentrazone

apresentaram eficácia para o controle pré-emergente de C. spectabilis em solo argiloso. Além

destes, para solos de textura franco argilo-arenosa, flumioxazin e isoxaflutole também

apresentaram potencial para serem usados no controle de crotalária antes da sua emergência.

Com relação aos herbicidas aplicados em pós-emergência que podem ser utilizados

visando ao controle químico de C. spectabilis, destacam-se atrazine, diuron, prometryn,

flumioxazin, fomesafen, lactofen, saflufenacil, amonio-glufosinate e glyphosate.

Os herbicidas chlorimuron-ethyl, diclosulan, imazethapyr, pyrithiobac-sodium,

trifloxysulfuron-sodium, clomazone, pendimethalin, S-metolachlor e trifluralin aplicados em

pré-emergência e imazethapyr, pyrithiobac-sodium, flumiclorac, bentazon e clethodim

aplicados em pós-emergência causaram baixos níveis de injúrias às plantas de C. spectabilis, e

apresentam potencial podem ser considerados em programas de seleção de herbicidas seletivos

para C. spectabilis.

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CAPÍTULO 3

Alternativas para o controle químico de plantas voluntárias de Crotalaria spectabilis em

diferentes modalidades de aplicação

RESUMO – Com a inserção da crotalária como planta antagonista em áreas com histórico de

infestação de fitonematoides, a ocorrência de plantas voluntárias desta espécie passou a ser

comum, tornando-se necessária a adoção de medidas para o seu manejo. Assim, o presente

trabalho teve por objetivo avaliar alternativas de herbicidas aplicadas em diferentes

modalidades (pré e pós-emergência) que possam ser utilizadas no controle de Crotalaria

spectabilis. Dois experimentos (PRÉ e PÓS) foram conduzidos em campo adotando-se

delineamento blocos ao acaso, em arranjo fatorial (8x2)+1, com quatro repetições. A variável

avaliada nos experimentos foi porcentagem de controle em diferentes períodos após a aplicação

dos tratamentos, sendo realizado também estande de plantas no experimento com herbicidas

aplicados em pré-emergência. Atrazine e diuron, aplicados em pré-emergência, consistiram nos

melhores tratamentos visando ao controle de plantas voluntárias de C. spectabilis, não sofrendo

influência da dose aplicada. Além destes, flumioxazin e fomesafen (60 e 375 g ha-1,

respectivamente) também consistiram em boas alternativas para o controle de crotalária nesta

modalidade de aplicação. Para os herbicidas pós-emergentes, excluindo o diuron (1500 g ha-1),

todos os demais tratamentos apresentaram eficácia no controle de C. spectabilis em aplicações

realizadas em plantas no Estádio I (2 a 4 folhas). Para o segundo estádio de aplicação (6 a 8

folhas), além do diuron (ambas as doses), o fomesafen aplicado na menor dose (187,5 g ha-1),

também não apresentou eficácia no controle de crotalária.

Palavras-chave: rotação de culturas, manejo de herbicidas, crotalária.

Alternatives for the chemical control of voluntary plants of Crotalaria spectabilis in different

modalities of application

ABSTRACT – With the insertion of the showy crotalaria as antagonistic plant in areas with

high infestation of nematodes, the occurrence of voluntary plants of this species became

common, being necessary to adopt actions to its management. Thus, the current study aimed to

evaluate the alternatives of herbicides applied in different modalities of application (pre and

postemergence) that can be used to the control of Crotalaria spectabilis. Two experiments (PRE

and POST) were conducted in field adopting the randomized blocks design, in a factorial

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arrangement (8x2)+1, with four replications. The variable evaluated in the experiments was the

percentage of control at different times after treatments application, being performed an

evaluation of plant stand in the experiment with herbicides applied in preemergence. Atrazine

and diuron, applied in preemergence, consisted in the best treatments to control voluntary plants

of C. spectabilis, and were not influenced by the dose applied. Despite these, flumioxazin and

fomesafen (60 and 375 g ha-1, respectively), also consisted in good alternatives for control of

showy crotalaria in this modality of application. For the postemergence herbicides, excluding

diuron (1500 g ha-1), all the other treatments showed efficacy in the control of C. spectabilis for

applications performed in plants in Stage I (2 to 4 leaves). For the second stage of application

(6 to 8 leaves), despite diuron (both doses), fomesafen applied at the lowest dose (187.5 g ha-

1), did not show also efficacy to control showy crotalaria.

Keywords: crop rotation, herbicides management, showy crotalaria.

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Introdução

A adoção de sistemas conservacionistas de manejo do solo como o sistema de plantio

direto (SPD) consiste em alternativa para contribuir com a sustentabilidade econômica e

ambiental dos agroecossistemas, principalmente em solos de extrema fragilidade, visto que

estes sistemas possibilitam a manutenção e melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos

do solo (SILVA et al., 2000). Neste contexto, a utilização de adubos verdes na rotação de

culturas em áreas de plantio direto é fundamental, pois traz uma série de benefícios como

mobilização de nutrientes e consequente redução dos gastos com fertilizantes minerais,

proteção do solo contra erosão, aumento no rendimento das culturas, além do controle de

nematoides e plantas daninhas, por meio da liberação de compostos alelopáticos oriundos das

plantas utilizadas na adubação verde (SEVERINO e CHRISTOFFOLETI, 2001; KAPPES et

al., 2011).

Dentre as plantas utilizadas para fins de adubação verde, as que integram a família

Fabaceae são largamente cultivadas por apresentarem elevada disponibilização de nitrogênio

para os cultivos em sucessão (ERASMO et al., 2004). As espécies do gênero Crotalaria são

leguminosas de clima tropical, cujo uso como adubo verde é amplamente preconizado face o

seu rápido crescimento, grande potencial de produção de biomassa, ciclagem de nutrientes, fácil

decomposição e eficiente fixação biológica de nitrogênio (DOURADO et al., 2001; KAPPES

et al., 2012). No Brasil algumas espécies de crotalária têm sido semeadas em áreas infestadas

por nematoides, com destaque para a C. spectabilis, que é considerada eficiente no manejo dos

nematoides das lesões radiculares e formadores de galha (WANG et al., 2002; MORRIS e

WALKER, 2002).

Em função da C. spectabilis apresentar desenvolvimento inicial lento e porte mediano,

comparada às outras espécies do gênero, sua semeadura tem sido recomendada com população

de plantas por hectare elevada (CARVALHO et al., 2003). Do ponto de vista de manejo de

nematoides, este maior adensamento contribui para o aumento na possibilidade de o fitoparasita

se alocar próximo ao sistema radicular da crotalária, por haver maior número de plantas por

área. Por outro lado, a distribuição de maior quantidade de sementes contribui para o aumento

no banco de sementes no solo, o que pode resultar em maior frequência de emergência de

plantas voluntárias de crotalária em culturas semeadas em sucessão.

Além disso, outros fatores que fazem com que seja comum a ocorrência de plantas

voluntárias de C. spectabilis em culturas semeadas em sucessão são a deiscência espontânea,

perda de sementes debulhadas das vagens antes da colheita ou no momento que se procede esta

operação, e a desuniformidade de maturação das vagens apresentada pela espécie. Nas áreas

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em que não se procede à colheita da crotalária, por vezes também não é realizada a eliminação

destas plantas antes da produção das vagens, fato que também contribui para o aumento do

banco de sementes do solo.

A permanência das plantas voluntárias de C. spectabilis nas lavouras pode acarretar

em prejuízos para o desenvolvimento inicial das culturas, em função da interferência inicial.

Desta forma, torna-se importante a busca por informações referentes à utilização de herbicidas

para o controle de plantas voluntárias de crotalária, visto que estas ainda são escassas, não

havendo produtos registrados para este uso em diferentes culturas no Brasil.

Parte dos trabalhos disponíveis sobre o controle de C. spectabilis estão relacionados à

eliminação de plantas adultas (florescidas), visto que o manejo nesse estádio também se

constitui em entrave nas áreas agrícolas em que se cultiva esta espécie. Entre as opções relatadas

como eficientes para o controle de plantas adultas de crotalária, destacam-se associações de

glyphosate com os herbicidas 2,4-D-amina, flumioxazin ou metsulfuron-methyl (OLIVEIRA

NETO et al., 2011; INOUE et al., 2012). Nos Estados Unidos, onde a espécie é considerada

planta daninha, há informações para o controle de plantas em estádios de desenvolvimento

iniciais, incluindo dados sobre a utilização de herbicidas em pré-emergência, onde foram

testados os princípios ativos diuron, atrazine, fomesafen, lactofen e paraquat (MADDOX et al.,

2001).

Diante deste contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficiência de alguns

herbicidas utilizados em diferentes espécies cultivadas em rotação com a C. spectabilis, visando

sua aplicabilidade no controle de plantas voluntárias desta espécie.

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Material e Métodos

Dois experimentos foram conduzidos a campo no Centro de Treinamento em Irrigação

(CTI) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), localizado no município de Maringá, PR,

cujas coordenadas geográficas são 23º23’59,23’’S e 51º57’00,79’’O e altitude de 501 m. O

Experimento 1 (E1) consistiu na avaliação de herbicidas aplicados em pré-emergência da C.

spectabilis, ao passo que no Experimento 2 (E2), as aplicações foram realizadas em pós-

emergência. O período de condução dos experimentos foi de 03/01/2014 a 14/03/2014.

O solo da área experimental apresentava pH em H2O = 6,0, 16,0 g dm-3 C; 52 g kg-1

de areia; 218 g kg-1 de silte e 730 g kg-1 de argila. Antes da implantação do experimento a área

estava em pousio, apresentando elevada infestação de plantas daninhas. Por este motivo,

procedeu-se à dessecação da comunidade infestante por meio de duas aplicações de herbicidas,

sendo a primeira realizada sete dias antes da semeadura (27/12/2013) com a aplicação do

herbicida glyphosate (1458 g i.a. ha-1), e a segunda realizada no dia 03/01/2014, com a aplicação

de paraquat (600 g ha-1) com adição à calda de Agral® 0,5% v.v-1.

Segundo a classificação de Köppen, o clima para a localidade é do tipo Cfa,

mesotérmico úmido, com chuvas de verão e de outono e verão quente, as precipitações

observadas durante a condução do experimento encontram-se na Figura 1.

Fonte: INMET - Instituto Nacional de Meteorologia – Campus Sede UEM – Maringá – PR.

Figura 1. Dados de precipitação pluvial (mm) durante o período de condução dos

experimentos. Maringá, PR – 2014.

Experimento 1 (E1) – Herbicidas aplicados em pré-emergência

A semeadura foi realizada no dia 03/01/2014, com o auxílio de uma matraca,

distribuindo-se 25 sementes de C. spectabilis por ponto, realizando-se 25 pontos por parcela.

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

1/1 8/1 15/1 22/1 29/1 5/2 12/2 19/2 26/2 5/3 12/3

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

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As parcelas possuíram 2,5 m de largura e comprimento de 4,0 m, totalizando área igual a 10,0

m2. Foram excluídos nas avaliações 0,25 metros de cada extremidade da parcela, o que totalizou

área útil equivalente a 7,0 m2.

O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso, em arranjo fatorial (8x2)+1,

totalizando dezessete tratamentos e quatro repetições. O primeiro fator correspondeu aos

diferentes herbicidas aplicados em pré-emergência da C. spectabilis. O segundo fator consistiu

na aplicação de duas doses de cada herbicida, correspondente a 100 e 50% da dose de registro

para cada cultura as quais os produtos comerciais apresentam recomendação (RODRIGUES e

ALMEIDA, 2011). Além disso, um tratamento adicional composto por testemunha sem

aplicação de herbicida foi incluído (Tabela 1). Na seleção dos herbicidas e doses para a

composição do experimento, foram considerados os resultados obtidos no Capítulo II deste

trabalho.

A aplicação dos herbicidas em pré-emergência foi realizada imediatamente após a

semeadura da crotalária (10h30 às 11h20). No momento da aplicação o solo encontrava-se com

baixa umidade, a temperatura do ar era de 27oC, a umidade relativa do ar em 65%, céu com a

presença de nuvens e ventos de 0,8 km h-1. Para todas as aplicações foi utilizado um

pulverizador costal de pressão constante à base de CO2, equipado com barra munida de quatro

pontas tipo jato leque XR-110.02, espaçadas de 50 cm entre si, sob pressão de 2,0 kgf cm-2.

Estas condições de aplicação proporcionaram o equivalente a 200 L ha-1 de calda.

Tabela 1. Relação de tratamentos herbicidas aplicados em pré-emergência visando ao controle

de C. spectabilis. Maringá, PR – 2014.

Tratamentos Dose (g ha-1)

D100* D50

Flumioxazin 60 30

Fomesafen 375 187,5

Sulfentrazone 600 300

Isoxaflutole 60 30

Atrazine 2500 1250

Diuron 2000 1000

Metribuzin 480 240

Prometryn 1000 500

Testemunha sem herbicida e sem capina - * D100 - Maior dose registrada para uso nas culturas para as quais o herbicida possui registro (RODRIGUES e

ALMEIDA, 2011); D50 - 50% da dose de registro.

Para as avaliações de controle, utilizou-se como referência a infestação de plantas de

crotalária existente nas parcelas da testemunha sem herbicida e sem capina. As avaliações de

porcentagem de controle foram realizadas aos 7, 14 e 28 DAE (dias após a emergência da C.

spectabilis), usando escala visual, 0-100%, onde 0% significa ausência de sintomas e 100%

morte total das plantas (SBCPD, 1995). Além disso, nestas mesmas datas procedeu-se à

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avaliação de estande, realizando a contagem do número de plantas de crotalária presentes em

um quadro amostral de 0,5 x 0,5 m (0,25 m2), arremessado aleatoriamente em três pontos

distintos dentro de cada unidade experimental, apresentando os dados médios equivalentes a

um ponto.

Experimento 2 (E2) – Herbicidas aplicados em pós-emergência

Para verificar o efeito sobre diferentes estádios de aplicação, foram realizadas duas

semeaduras de C. spectabilis na parcela, cada uma em área correspondente da metade a unidade

experimental, sendo a primeira no dia 03/01/2014 e a segunda dez dias após (13/01/2014). Em

ambas as semeaduras, a operação foi realizada a lanço, distribuindo-se quantidade equivalente

a 10 kg ha-1, onde posteriormente a incorporação foi feita com o auxílio de uma enxada,

recobrindo as sementes com uma camada de 2 cm de solo. As parcelas apresentavam 2,5 m de

largura e comprimento de 4,0 m, totalizando área de 10,0 m2. Foram excluídos nas avaliações

0,25 metros de cada extremidade da parcela, o que totalizou área útil equivalente a 7,0 m2.

O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso, em arranjo fatorial (8x2)+1,

totalizando dezessete tratamentos e quatro repetições. O primeiro fator correspondeu aos

diferentes herbicidas aplicados em pós-emergência da C. spectabilis. Os níveis do segundo fator

foram constituídos pelas doses de cada herbicida, correspondente a 100 e 75% da dose de

registro para cada cultura para as quais os produtos comerciais apresentam recomendação

(RODRIGUES e ALMEIDA, 2011). Além disso, foi adicionado tratamento que serviu como

testemunha, não procedendo a aplicação de nenhum herbicida (Tabela 2). Destaca-se que na

seleção dos herbicidas e doses para a composição do experimento foram considerados os

resultados obtidos no Capítulo II deste trabalho.

Tabela 2. Relação de tratamentos herbicidas aplicados em pós-emergência visando ao controle

de C. spectabilis. Maringá, PR – 2014.

Tratamentos Dose (g ha-1)

D100* D75

Flumioxazin1 25 18,75

Fomesafen2 250 187,5

Lactofen 150 112,5

Saflufenacil1 35 26,25

Atrazine1 2500 1875

Diuron 2000 1500

Amonio-glufosinate3 500 375

Glyphosate 1944 1458

Testemunha sem herbicida e sem capina - * D100 - Maior dose registrada para uso nas culturas para as quais o herbicida possui registro (RODRIGUES e

ALMEIDA, 2011); D75 - 75% da dose de registro. 1 Óleo mineral (Assist®) 0,5% v.v-1; 2 Espalhante adesivo

(Iharaguen®) 0,2% v.v-1; 3 Óleo vegetal (Aureo®) 0,2% v.v-1.

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A aplicação foi realizada em pós-emergência das plantas de crotalária no dia

25/01/2014 (8h30 às 9h20). No momento da aplicação o solo encontrava-se úmido, a

temperatura do ar era de 25oC, a umidade relativa do ar em 68%, céu com a presença de nuvens

e ventos de 0,6 km h-1. As plantas de crotalária do estádio denominado I apresentavam de duas

a quatro folhas verdadeiras, enquanto que as do segundo estádio (Estádio II) encontravam-se

com seis a oito folhas verdadeiras. O equipamento utilizado para as aplicações, bem como as

suas regulagens (pressão, número de pontas, tipo de ponta) foram os mesmos utilizados para o

Experimento 1, proporcionando volume de calda de 200 L ha-1.

Para as avaliações de controle, utilizou-se como referência a infestação das plantas de

crotalária existentes nas parcelas da testemunha sem herbicida e sem capina. As avaliações de

porcentagem de controle foram realizadas aos 7, 14, 28 e 48 DAA (dias após a aplicação),

usando-se escala visual, 0-100%, onde 0% significa ausência de sintomas e 100% morte total

das plantas (SBCPD, 1995) para ambos os estádios de aplicação (Estádio I e II). Nas avaliações

de controle, as notas foram conferidas apenas às plantas que receberam a aplicação dos

tratamentos, não sendo consideradas aquelas emergidas após esta operação.

Análise Estatística

Os dados de ambos os experimentos, após serem tabulados, foram submetidos à análise

de variância. As análises estatísticas foram realizadas com o programa computacional Sisvar

(FERREIRA, 2011). Quando houve significância entre os fatores ou entre os níveis de cada

fator, aplicou-se o teste de Scott-Knott (p≤0,05). A comparação entre os tratamentos e a

testemunha sem herbicida foi realizada pelo teste Dunnett (p≤0,05).

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Resultados e Discussão

Experimento 1 (E1) – Herbicidas aplicados em pré-emergência

Na primeira avaliação de controle, realizada aos 7 DAE das plantas de C. spectabilis

na testemunha sem herbicida, verificou-se elevada eficácia de atrazine e diuron quando

aplicados nas doses “cheias” (D100). Para os tratamentos aplicados na meia dose (D50), só

foram observados níveis de controle satisfatórios nas parcelas que receberam o herbicida

diuron, apesar de este tratamento não diferir do atrazine aplicado a 1250 g ha-1 (Tabela 3). Além

destes tratamentos supramencionados, o flumioxazin quando aplicado em dose cheia também

exerceu níveis de controle satisfatórios (> 80,00%) sobre a crotalária, não diferindo em termos

de desempenho dos herbicidas fomesafen e sulfentrazone.

Tabela 3. Porcentagens de controle de C. spectabilis em função da aplicação de diferentes

herbicidas em pré-emergência. Maringá, PR – 2014.

Tratamentos

% de controle de C. spectabilis

7 DAE 14 DAE 28 DAE

D1001 D50 D100 D50 D100 D50

Flumioxazin 85,75 Ab* 59,00 Bb* 88,75 Ab* 64,50 Bb* 79,50 Ab* 53,75 Bb*

Fomesafen 74,50 Ab* 49,50 Bb* 79,50 Ab* 40,75 Bc* 72,50 Ab* 25,00 Bc*

Sulfentrazone 75,75 Ab* 30,00 Bc* 79,50 Ab* 25,00 Bd* 55,00 Ac* 10,00 Bd

Isoxaflutole 31,25 Ad* 17,50 Ac 48,25 Ac* 25,00 Bd* 42,50 Ad* 6,25 Bd

Atrazine 95,50 Aa* 72,00 Ba* 99,25 Aa* 96,25 Aa* 100,00 Aa* 98,25 Aa*

Diuron 98,50 Aa* 85,75 Aa* 100,00 Aa* 97,25 Aa* 100,00 Aa* 98,50 Aa*

Metribuzin 17,50 Ad 12,75 Ac 30,00 Ad* 13,75 Ad 18,75 Ae 8,00 Ad

Prometryn 46,25 Ac* 16,00 Bc 61,25 Ac* 21,25 Bd 38,75 Ad* 11,25 Bd

Testemunha 0,00 0,00 0,00

CV % 20,24 18,55 19,24 1 D100 - Maior dose registrada para uso nas culturas para as quais o herbicida possui registro (RODRIGUES e

ALMEIDA, 2011); D50 - 50% da dose de registro. *Diferem da testemunha pelo teste Dunnett (p≤0,05). Médias

seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo teste

Scott-Knott (p≤0,05).

Com relação ao efeito da utilização das diferentes doses destes herbicidas aplicados

em pré-emergência no controle inicial (7 DAE) de plantas voluntárias de crotalária, verifica-se

que apenas para os herbicidas diuron, metribuzin e isoxaflutole, o incremento de dose do

princípio ativo aplicado não resultou em acréscimo nos níveis de controle. Para os demais

tratamentos, a utilização da dose “cheia” resultou em aumento médio de 30,00% no controle,

com destaque para o sulfentrazone, que quando aplicado a 600 g ha-1 proporcionou 45,00% a

mais de controle em relação a sua meia dose.

Aos 14 DAE, verifica-se que para ambas as doses avaliadas, atrazine e diuron

consistiram nos herbicidas com melhores níveis de controle pré-emergente sobre C. spectabilis,

obtendo média geral entre estes tratamentos superior a 98,00%. Os herbicidas inibidores da

PROTOX (flumioxazin, fomesafen e sulfentrazone), quando aplicados na D100, conseguiram

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impor bons níveis de controle sobre C. spectabilis, havendo grande redução na eficácia destes

tratamentos quando aplicados em metade da dose (D50), especialmente para fomesafen e

sulfentrazone que tiveram redução média na eficácia próxima a 58,00%.

Os níveis de controle verificados nos tratamentos prometryn e isoxaflutole, apesar de

não estarem dentro do patamar que assegura a eficácia aceitável de herbicidas, em termos

práticos consiste em importante auxílio para o manejo de plantas daninhas nas culturas nas

quais os mesmos possam ser utilizados, visto que exercem intoxicação das plantas de crotalária

que pode deixar estas mais sensíveis a aplicações de herbicidas em pós-emergência ou mesmo

ao controle cultural imposto pelo sombreamento imposto pela espécie cultivada (BRAZ et al.,

2014).

Na avaliação de controle final, realizada aos 28 DAE, não foram observadas plântulas

de C. spectabilis emergidas nas parcelas que receberam a aplicação das maiores doses de

atrazine e diuron, estando os níveis de controle iguais a 100% (Tabela 3). Destaca-se ainda

nesta avaliação o desempenho dos herbicidas flumioxazin e fomesafen, ambos aplicados em

dose cheia, 60 e 375 g ha-1, respectivamente, visto que apesar de não ter apresentado elevada

eficácia, proporcionaram níveis de controle próximos ao padrão considerado satisfatório (80%).

Nos resultados dos experimentos conduzidos no Capítulo II, foi demonstrado o potencial dos

herbicidas metribuzin, sulfentrazone e prometryn em controlar C. spectabilis em aplicações

realizadas em pré-emergência. Vale destacar que o principal fator de não terem sido observados

resultados parecidos neste trabalho está relacionado à classe textural do solo, visto que o

presente trabalho foi conduzido em solo de textura muito argilosa e o referido trabalho em solo

de textura franco argilo-arenosa.

Outra importante variável a ser analisada em estudos realizados com herbicidas pré-

emergentes é o estande de plantas, visto que estes herbicidas influenciam diretamente na

emergência das espécies que se apresentam sensíveis a estes. Apesar de, aos 7 DAE, o

flumioxazin ter apresentado níveis de controle inferiores aos dos herbicidas atrazine e diuron,

com relação ao número de plantas emergidas, verifica-se que estes tratamentos aplicados em

dose cheia (100%) são semelhantes (Tabela 4). Isto demonstra que mesmo que os sintomas de

intoxicação sejam maiores nas plantas de crotalária que se desenvolveram em solo com a

presença de atrazine e diuron, com relação à redução no potencial de interferência pela

diminuição do número de indivíduos emergidos (menor estande), estes tratamentos se

assemelham ao flumioxazin.

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Tabela 4. Estande (número de plantas em 0,25 m2) de C. spectabilis emergidas em função da

aplicação de diferentes herbicidas em pré-emergência. Maringá, PR – 2014.

Tratamentos 7 DAE 14 DAE 28 DAE

D1001 D50 D100 D50 D100 D50

Flumioxazin 3,75 Ac* 7,00 Ab* 3,50 Ab* 4,75 Ab* 3,25 Bb* 7,00 Ab*

Fomesafen 7,00 Bb* 11,25 Aa* 6,25 Ab* 7,50 Ab* 3,75 Bb* 8,25 Ab*

Sulfentrazone 7,00 Bb* 14,00 Aa 4,25 Bb* 11,25 Aa* 7,50 Ba* 14,50 Aa

Isoxaflutole 11,75 Aa 15,00 Aa 11,50 Aa* 12,75 Aa 8,25 Aa* 11,25 Aa*

Atrazine 2,50 Bc* 8,50 Ab* 0,50 Ac* 2,25 Ac* 0,00 Ac* 0,75 Ac*

Diuron 0,75 Bc* 5,25 Ab* 0,00 Ac* 1,00 Ac* 0,00 Ac* 0,75 Ac*

Metribuzin 14,50 Aa 14,25 Aa 11,50 Aa* 14,00 Aa 10,75 Aa* 12,75 Aa

Prometryn 8,50 Bb* 14,25 Aa 6,00 Bb* 12,25 Aa* 7,25 Ba* 11,50 Aa*

Testemunha 17,50 17,50 17,25

CV % 31,87 33,91 31,36 1 D100 - Maior dose registrada para uso nas culturas para as quais o herbicida possui registro (RODRIGUES e

ALMEIDA, 2011); D50 - 50% da dose de registro. *Diferem da testemunha pelo teste Dunnett (p≤0,05). Médias

seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo teste

Scott-Knott (p≤0,05).

Excluindo-se os herbicidas metribuzin e isoxaflutole (aplicados nas duas doses); e

prometryn e sulfentrazone (apenas quando aplicados na D50), todos os demais tratamentos

causaram redução na emergência de C. spectabilis na primeira avaliação de estande de plantas.

Aos 14 DAE, verifica-se que os resultados das avaliações de controle estão

diretamente relacionados ao número de plantas emergidas, onde os melhores tratamentos

visando ao manejo químico de crotalária, atrazine e diuron, proporcionaram uma redução no

estande equivalente a no mínimo 85,00%. Esta redução no número de plantas emergidas de C.

spectabilis proporcionada pelos herbicidas aplicados em pré-emergência demonstra que estes

produtos podem ser utilizados não apenas em áreas onde a espécie encontra-se interferindo com

a cultura, mas também em locais destinados a pecuária, visto que as sementes produzidas pela

crotalária são tóxicas a animais (WILLS e McWHORTER, 1981).

Na avaliação final de estande, realizada aos 28 DAE, verificou-se que todos os

herbicidas, quando utilizados em suas maiores doses, causaram redução na emergência de

plântulas de crotalária em relação à testemunha sem herbicida. Quando aplicados em meia dose,

metribuzin e sulfentrazone apresentaram número de plantas semelhante à testemunha.

Visando prevenir a emergência de plantas voluntárias de C. spectabilis pela utilização

de herbicidas em pré-emergência de diferentes culturas, as melhores opções visando ao controle

desta espécie são atrazine e diuron, independente da dose aplicada. Além destes tratamentos,

flumioxazin e fomesafen (60 e 375 g ha-1, respectivamente) também apresentaram eficácia

visando ao controle desta leguminosa.

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Experimento 2 (E2) – Herbicidas aplicados em pós-emergência

Aos 7 DAA dos herbicidas em pós-emergência da C. spectabilis, para plantas que

receberam a aplicação dos herbicidas em estádio de desenvolvimento mais precoce (2 a 4

folhas) (EI), constata-se que, excluindo o tratamento com diuron, todos os demais apresentaram

elevada eficácia no controle desta espécie, não havendo influência da dose utilizada (Tabela 5).

Mesmo não tendo alcançado níveis de controle satisfatórios, o acréscimo de 25% da dose de

diuron propiciou um aumento de supressão próximo a 23,00%.

Tabela 5. Porcentagens de controle de C. spectabilis (Estádio I - 2 a 4 folhas) em função da

aplicação de diferentes herbicidas em pós-emergência. Maringá, PR – 2014.

Tratamentos

% de controle de C. spectabilis

7 DAA 14 DAA

D1004 D75 D100 D75

Flumioxazin1 98,25 Aa* 91,00 Ab* 94,50 Aa* 87,25 Ab*

Fomesafen2 95,25 Aa* 89,25 Ab* 87,25 Ab* 76,50 Bc*

Lactofen 98,00 Aa* 96,75 Aa* 95,75 Aa* 96,50 Aa*

Saflufenacil1 97,75 Aa* 97,50 Aa* 95,75 Aa* 92,00 Aa*

Atrazine1 98,75 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa*

Diuron 71,25 Ab* 47,50 Bc* 78,75 Ac* 19,50 Bd*

Amonio-glufosinate3 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa*

Glyphosate 100,00 Aa* 99,75 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa*

Testemunha 0,00 0,00

CV (%) 6,71 6,17

Tratamentos

% de controle de C. spectabilis

28 DAA 48 DAA

D100 D75 D100 D75

Flumioxazin1 98,25 Aa* 98,00 Aa* 97,50 Aa* 94,25 Aa*

Fomesafen2 96,50 Aa* 94,00 Aa* 95,00 Aa* 92,50 Aa*

Lactofen 98,25 Aa* 99,00 Aa* 98,25 Aa* 98,25 Aa*

Saflufenacil1 99,00 Aa* 98,75 Aa* 98,25 Aa* 98,50 Aa*

Atrazine1 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa*

Diuron 92,50 Aa* 67,50 Bb* 93,00 Aa* 46,25 Bb*

Amonio-glufosinate3 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa*

Glyphosate 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa*

Testemunha 0,00 0,00

CV (%) 5,31 7,73 1 Óleo mineral (Assist®) 0,5% v.v-1; 2 Espalhante adesivo (Iharaguen®) 0,2% v.v-1; 3 Óleo vegetal (Aureo®) 0,2%

v.v-1. 4 D100 - Maior dose registrada para uso nas culturas para as quais o herbicida possui registro (RODRIGUES

e ALMEIDA, 2011); D75 - 75% da dose de registro. *Diferem da testemunha pelo teste Dunnett (p≤0,05). Médias

seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo teste

Scott-Knott (p≤0,05).

Na segunda avaliação de controle (14 DAA), destacam-se os herbicidas atrazine,

glyphosate e amonio-glufosinate, onde estes consistiram nos únicos a causar a morte de todas

as plantas de C. spectabilis presentes em todas as unidades experimentais. Além destes, os

herbicidas inibidores da PROTOX apresentaram bons níveis de controle quando utilizados em

aplicações mais precoces sobre plantas de crotalária. Nesta avaliação, os únicos tratamentos em

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que se mostrou viável a utilização de maiores doses visando obter níveis de controle superiores

foram fomesafen e diuron.

A partir dos 28 DAA, o diuron quando aplicado na maior dose (D100), também passou

a apresentar eficácia no controle de C. spectabilis (aplicações realizadas no Estádio I),

demonstrando que diferentemente dos outros tratamentos avaliados, para atingir o ápice de

controle, o referido herbicida necessita de um maior período de ação (Tabela 5). Apesar de ter

havido um aumento nos níveis de controle para a utilização do diuron na D75, verifica-se que

este não foi capaz de impor eficácia no manejo desta leguminosa. Uma possível explicação para

a visualização dos menores níveis de controle com a utilização do diuron em pós-emergência

está relacionada ao fato de não ter sido adicionado adjuvante à calda de aplicação deste

herbicida.

Na última avaliação de controle de C. spectabilis para plantas que receberam aplicação

em EI, verifica-se que das dezesseis opções herbicidas avaliadas, quinze delas apresentaram

elevada eficácia no manejo químico desta espécie (Tabela 5). Atrazine, glyphosate e amonio-

glufosinate, apesar de não terem diferido dos demais tratamentos, apresentam como benefício

a morte de todas as plantas, o que indica em termos práticos que estas não seriam capazes de

atingir o estádio reprodutivo, fato que contribui para não haver o aumento no banco de sementes

de crotalária no solo.

Para o herbicida diuron fica evidente a necessidade de se garantir que a aplicação seja

realizada de maneira correta, depositando o herbicida no alvo biológico de maneira eficiente,

visto que uma redução de 25,00% da dose aplicada foi capaz de comprometer toda a eficácia

apresentada pelo princípio ativo quando utilizado na maior dose. Entre os vários fatores que

podem interferir para que um herbicida atinja sua máxima eficiência, um dos fundamentais é

garantir que haja a deposição correta do produto (GAZZIERO et al., 2006).

Na Tabela 6 estão apresentados os resultados das quatro avaliações de controle após a

aplicação dos herbicidas em pós-emergência da crotalária sobre plantas em estádio de

desenvolvimento mais avançado (6 a 8 folhas) (EII). Semelhante aos resultados da avaliação de

controle inicial para plantas que receberam aplicação dos herbicidas no Estádio I, quando os

tratamentos foram utilizados na D100, apenas diuron não apresentou eficácia no controle de

crotalária.

Quando se observa os resultados de controle aos 7 DAA para os herbicidas aplicados

na D75, verifica-se que houve uma ligeira queda nos níveis de controle se compara as plantas

do Estádio II com as do Estádio I. Analisando o patamar mínimo desejável de eficácia para

herbicidas (80,00%), constata-se nesta primeira avaliação de controle que lactofen, atrazine,

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glyphosate e amonio-glufosinate foram os tratamentos que atingiram estes níveis no EII; para

as plantas que receberam aplicação no EI os herbicidas flumioxazin, fomesafen e saflufenacil

também apresentavam eficácia no controle inicial de crotalária.

Tabela 6. Porcentagens de controle de C. spectabilis (Estádio II - 6 a 8 folhas) em função da

aplicação de diferentes herbicidas em pós-emergência. Maringá, PR – 2014.

Tratamentos

% de controle de C. spectabilis

7 DAA 14 DAA

D1004 D75 D100 D75

Flumioxazin1 85,25 Aa* 78,75 Ab* 82,25 Ab* 77,75 Ab*

Fomesafen2 91,00 Aa* 78,50 Ab* 71,75 Ab* 61,50 Ac*

Lactofen 91,25 Aa* 89,50 Aa* 81,25 Ab* 81,50 Ab*

Saflufenacil1 90,00 Aa* 77,75 Ab* 83,75 Ab* 75,75 Ab*

Atrazine1 96,00 Aa* 96,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa*

Diuron 37,50 Ab* 22,50 Bc* 40,50 Ac* 16,50 Bd*

Amonio-glufosinate3 95,50 Aa* 93,25 Aa* 98,75 Aa* 100,00 Aa*

Glyphosate1 95,00 Aa* 97,25 Aa* 100,00 Aa* 99,00 Aa*

Testemunha 0,00 0,00

CV (%) 11,35 10,05

Tratamentos

% de controle de C. spectabilis

28 DAA 48 DAA

D100 D75 D100 D75

Flumioxazin1 94,00 Aa* 91,25 Aa* 88,50 Ab* 87,25 Aa*

Fomesafen2 92,00 Aa* 79,25 Bb* 86,00 Ab* 74,50 Ab*

Lactofen 90,75 Aa* 96,25 Aa* 84,75 Ab* 93,25 Aa*

Saflufenacil1 96,50 Aa* 93,25 Aa* 94,25 Aa* 90,75 Aa*

Atrazine1 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa* 100,00 Aa*

Diuron 55,00 Ab* 53,75 Ac* 36,25 Ac* 31,25 Ac*

Amonio-glufosinate3 99,50 Aa* 100,00 Aa* 99,50 Aa* 100,00 Aa*

Glyphosate1 100,00 Aa* 99,25 Aa* 100,00 Aa* 99,75 Aa*

Testemunha 0,00 0,00

CV (%) 7,66 11,22 1 Óleo mineral (Assist®) 0,5% v.v-1; 2 Espalhante adesivo (Iharaguen®) 0,2% v.v-1; 3 Óleo vegetal (Aureo®) 0,2%

v.v-1. 4 D100 - Maior dose registrada para uso nas culturas para as quais o herbicida possui registro (RODRIGUES

e ALMEIDA, 2011); D75 - 75% da dose de registro. *Diferem da testemunha pelo teste Dunnett (p≤0,05). Médias

seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo teste

Scott-Knott (p≤0,05).

Aos 14 DAA, os tratamentos capazes de exercer os melhores níveis de controle em

pós-emergência das plantas de crotalária foram atrazine, glyphosate e amonio-glufosinate.

Quando aplicados na dose cheia (D100), os herbicidas inibidores da PROTOX não diferiam

quanto ao desempenho no controle da leguminosa, entretanto, para a utilização na menor dose

de cada herbicida (D75), verifica-se que o fomesafen foi inferior aos demais, apresentando

controle aproximadamente 15,00% menor que flumioxazin, lactofen e saflufenacil.

A eficácia demonstrada pelo glyphosate, amonio-glufosinate e herbicidas inibidores

da PROTOX consiste em informação importante para os sistemas de produção agrícola, pois

indica que há alternativas para o controle químico de C. spectabilis na principal cultura com a

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qual a espécie será rotacionada, a soja, havendo herbicidas para serem posicionadas para o

manejo em variedades convencionais e transgênicas, sejam estas RR® ou LL®.

Em avaliação realizada aos 28 DAA, o diuron aplicado nas duas doses e o herbicida

fomesafen na dose de 187,5 g ha-1, foram os únicos tratamentos que não atingiram pelo menos

80,00% de controle sobre as plantas de crotalária quando utilizados em pós-emergência (Tabela

6). Destaca-se que para o fomesafen, houve diferença no desempenho entre as duas doses

avaliadas, possibilitando-se atingir eficácia no controle de crotalária pela aplicação da dose

cheia deste herbicida (D100).

Na avaliação de controle final, constata-se que mais de 80,00% dos tratamentos

testados (13 de 16) foram eficazes no manejo químico em pós-emergência de C. spectabilis,

em aplicações realizadas sobre plantas com 6 a 8 folhas verdadeiras (Estádio II).

Diferentemente do primeiro estádio de aplicação avaliado, onde apenas a menor dose de diuron

não apresentou eficácia no controle da leguminosa, para o Estádio II, adiciona-se a este o diuron

na dose cheia (2000 g ha-1) e o herbicida fomesfen na menor dose (187,5 g ha-1).

Comparando os dois estádios em que as plantas de crotalária receberam a aplicação

dos herbicidas, verifica-se que há tendência de estas apresentarem-se mais tolerantes aos

herbicidas em aplicações realizadas mais tardiamente, onde a média de controle entre todos os

tratamentos na avaliação final demonstrou números de 94,48 e 85,37% para o Estádio I e II,

respectivamente. Estas diferenças podem estar relacionadas à maior capacidade de metabolismo

ou a menor absorção em função do aumento de deposição de cutícula nas folhas em estádios de

desenvolvimento mais avançado (BRAZ et al., 2013).

Visando ao controle de crotalária em aplicações realizadas em pós-emergência em

plantas com 2 a 4 folhas (EI), excluindo o diuron na menor dose, todos os demais tratamentos

apresentaram eficácia no controle desta espécie. No segundo estádio de aplicação (6 a 8 folhas),

além do diuron, agora em ambas as doses, o herbicida fomesafen (187,5 g ha-1), também não

apresentou eficácia no controle de C. spectabilis.

Análise dos herbicidas para serem utilizados no controle de plantas voluntárias de C.

spectabilis

Com relação aos herbicidas aplicados em pré-emergência, fica evidente que, em solos

de textura argilosa, as melhores alternativas consistem nos herbicidas inibidores do

fotossistema II, atrazine e diuron. Apesar de no presente trabalho os demais tratamentos não

terem atingido eficácia satisfatória para os credenciarem como herbicidas para o manejo de

plantas voluntárias de C. spectabilis, é necessário que trabalhos em solos de diferentes texturas

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sejam realizados, visto que houve comportamento distintos entre os resultados obtidos no

presente experimento e os conduzidos em casa de vegetação em solo franco-arenoso (Capítulo

II). Esta precaução em não se excluir opções que possam ser posicionadas no manejo destas

plantas voluntárias torna-se mais importante ainda quando se verifica que não há atualmente

produto registrado no Brasil para o manejo desta espécie.

Herbicidas como flumioxazin e fomesafen, aplicados em pré-emergência, apesar de

não terem proporcionados níveis de controle acima do satisfatório (> 80,00%), exerceram

grande influência no desenvolvimento das plantas de C. spectabilis, deixando-as sob fortes

sintomas de intoxicação, além de terem causado grande redução na emergência de plantas desta

espécie.

Para os herbicidas pós-emergentes observa-se que aplicações em estádios de

desenvolvimento da C. spectabilis mais precoces propicia melhor controle dos herbicidas. Para

atrazine, glyphosate e amonio-glufosinate este comportamento não foi tão evidente dentro dos

dois estádios de aplicação avaliados, ficando mais claro para os herbicidas inibidores da

PROTOX, juntamente com diuron. Somando-se os resultados obtidos em ambos os

experimentos, verifica-se que o principal herbicida, dentre aqueles avaliados, para o manejo de

plantas voluntárias de C. spectabilis é provavelmente atrazine, pois este foi capaz de impor

elevada eficácia, independente da dose ou modalidade de aplicação empregado.

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Conclusões

As melhores opções visando ao controle de plantas voluntárias de C. spectabilis em

pré-emergência consiste na aplicação dos herbicidas atrazine e diuron, sejam estas realizadas

com 100 ou 50% das doses recomendadas (2500 e 2000 g ha-1, respectivamente). Outros

herbicidas que podem ser utilizados com este objetivo foram flumioxazin (60 g ha-1) e

fomesafen (375 g ha-1).

Excluindo o diuron aplicado na menor dose (1500 g ha-1), todos os demais herbicidas

apresentaram eficácia no controle de C. spectabilis em aplicações realizadas em plantas no

Estádio I (2 a 4 folhas). Para o segundo estádio de aplicação (6 a 8 folhas), além do diuron, o

herbicida fomesafen aplicado na menor dose (187,5 g ha-1), também não apresentou eficácia no

controle de crotalária.

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CAPÍTULO 4

Seletividade de herbicidas aplicados em pós-emergência da crotalária

RESUMO – Proceder ao manejo de plantas daninhas é fundamental para reduzir/eliminar a

interferência da comunidade infestante com a cultura. O método de controle químico, por meio

da aplicação de herbicidas, consiste no mais utilizado com esta finalidade em áreas de produção

de larga escala. Informações sobre a seletividade de herbicidas para C. spectabilis são escassas,

sendo estas de suma importância para o manejo desta espécie como cultura. O objetivo deste

trabalho foi avaliar a seletividade de herbicidas aplicados em pós-emergência da crotalária. Um

experimento a campo foi conduzido em delineamento de blocos casualizados com dez

tratamentos e quatro repetições. As avaliações realizadas foram relacionadas com parâmetros

de seletividade de herbicidas a cultura: intoxicação, estande, altura, incidência de luz no solo

(entrelinha), área foliar, matéria fresca e seca. Os herbicidas imazethapyr, flumiclorac,

bentazon, além da associação entre clethodim + quizalofop podem ser utilizados para o manejo

de plantas daninhas na cultura da C. spectabilis. Para pyrithiobac-sodium ainda se faz

necessário um melhor ajuste da dose visando conferir menores efeitos negativos sobre o

desenvolvimento desta espécie.

Palavras-chave: fitointoxicação, culturas de cobertura, manejo de plantas daninhas, Crotalaria

spectabilis.

Selectivity of herbicides applied in post-emergence of showy crotalaria

ABSTRACT – Procced the weed control is essential to reduce/eliminate the interference of the

weeds over the crop. The chemical control, by herbicides application, consists in the most used

with this aiming in large-scale grain producer’s areas. Information about the selectivity of

herbicides to C. spectabilis are scarce, which are critical to the management of this species as

crop. The objective of this study was to evaluate the selectivity of herbicides applied in post-

emergence of showy crotalaria. The experiment was conducted in randomized complete block

design with ten treatments and four repetitions. The evaluations performed were related to

selectivity of herbicides parameters: intoxication, number of plants, height, light incidence, leaf

area, fresh and dry matter. The herbicides imazethapyr, flumiclorac, bentazon, despite the

association between clethodim + quizalofop can be used for the weed management in C.

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spectabilis crop. For pyrithiobac-sodium, still needed to improve the adjustment of rate aiming

to confer less negative effects over the development of this species.

Keywords: phytointoxication, cover crop, weed management, Crotalaria spectabilis.

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Introdução

A mudança no sistema de cultivo de determinada espécie vegetal, na qual a mesma

passa a ser semeada em grandes áreas, torna necessária a realização de um maior número de

práticas culturais, pois o incremento na área plantada proporciona mudanças nas interações

entre fauna e flora, fazendo com que haja aumento na pressão de pragas e doenças pela maior

oferta de hospedeiro. Por este motivo, quando há a inserção de uma nova cultura, é importante

também realizar estudos visando a criação de alternativas para o manejo fitossanitário da

espécie.

O manejo fitossanitário de uma cultura corresponde aos cuidados que devem ser

tomados com três principais fatores bióticos que afetam o desenvolvimento vegetal: os

organismos causadores de doenças, os insetos e invertebrados parasitas, além das plantas

daninhas que interferem no ciclo da cultura. As plantas daninhas causam prejuízos às culturas

pelo conjunto de ações denominada interferência, onde estas podem ser diretas e indiretas

(GHANIZADEH et al., 2014). Entre as formas indiretas que as plantas daninhas afetam uma

espécie cultivada, cita-se o potencial de hospedar pragas e doenças, demonstrando que estas

apresentam ampla relação com os outros fatores bióticos que comprometem as plantas

(MOURELOS et al., 2014).

A Crotalaria spectabilis teve um aumento em seu cultivo na região central do Brasil

principalmente pelo controle imposto sobre diferentes espécies de nematoides, além de

disponibilização de nitrogênio no solo por meio da fixação biológica para culturas semeadas

em sucessão (ROSA et al., 2013). Apesar deste crescimento em área plantada, informações

sobre a tolerância da C. spectabilis à interferência imposta pelas plantas daninhas ainda são

escassas. Na literatura é possível encontrar que algumas das diferentes espécies de crotalária

apresentam grande potencial de supressão de plantas daninhas, sendo este efeito atribuído

principalmente ao sombreamento do solo e grande produção de biomassa (TIMOSSI et al.,

2011). Além disso, para algumas espécies deste gênero, efeitos alelopáticos suprimindo o

desenvolvimento da comunidade infestante já foram relatados (COLLINS et al., 2008),

demonstrando o cultivo de crotalárias pode consistir em importante alternativa no manejo de

plantas daninhas resistentes a herbicidas.

Para assegurar que as plantas daninhas não afetem o desenvolvimento da crotalária, a

adoção de estratégias visando ao controle da comunidade infestante é imprescindível, onde

diferentes métodos podem ser utilizados para reduzir/eliminar a interferência imposta por estas.

O controle químico, por meio da aplicação de herbicidas, consiste no mais utilizado com esta

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finalidade em diferentes culturas, onde a adoção deste em conjunto com métodos culturais de

manejo de plantas daninhas aumentam a eficiência no controle destas (RONCHI et al., 2010).

Uma das principais questões que precisam ser esclarecidas ao posicionar um

determinado herbicida para uma cultura é a seletividade, uma vez que os danos provocados

pelos produtos podem ser superiores à interferência exercida pelas plantas daninhas. A

seletividade de herbicidas pode ser influenciada por diversos fatores como o estádio que a

cultura se apresenta, o material genético que esta possui (tolerância diferencial) e condições

edafoclimáticas no momento da aplicação, entre outros.

Atualmente, não existe nenhum herbicida registrado para o controle de plantas

daninhas em áreas cultivadas com crotalária no Brasil. A validação de produtos para serem

utilizados nesta cultura fica restrita pela falta de interesse de empresas em se registrar herbicidas

para uso específico em crotalária, visto que não é uma cultura que apresenta amplo retorno

econômico, além de o custo de registro de uma molécula ser elevado. Apesar disto, para fins

científicos alguns trabalhos já foram desenvolvidos avaliando a tolerância da C. spectabilis a

diferentes herbicidas. Em trabalhos visando avaliar a seleção de espécies fitorremediadoras para

herbicidas com elevada atividade residual, ficou demonstrado que a C. spectabilis suporta

baixas doses dos herbicidas trifloxysulfuron-sodium e diclosulan, entretanto a elevação da dose

compromete o acúmulo de biomassa da espécie (PROCÓPIO et al., 2004; MONQUERO et al.,

2013).

A partir deste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a seletividade de

herbicidas aplicados em pós-emergência na C. spectabilis.

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Material e Métodos

O ensaio foi realizado na Fazenda Experimental de Iguatemi (FEI) pertencente à

Universidade Estadual de Maringá, localizada no distrito de Iguatemi, município de Maringá,

PR, cujas coordenadas geográficas são 23º23’59,23’’S e 51º57’00,79’’O e altitude de 501 m.

O período de condução do experimento foi de 25/02/2013 a 27/05/2013. Segundo a

classificação de Köppen, o clima para a localidade é do tipo Cfa, mesotérmico úmido, com

chuvas de verão e de outono e verão quente.

Os dados de precipitação pluvial durante todo o período de condução do experimento

estão demonstrados na Figura 1.

Fonte: INMET – Instituto Nacional de Meteorologia – Campus Sede UEM – Maringá – PR.

Figura 1. Dados de precipitação pluvial (mm) durante o período de condução do experimento

de seletividade de herbicidas aplicados em pós-emergência da C. spectabilis. Maringá, PR –

2013.

Antecedendo a instalação do ensaio, realizou-se a coleta de solo na área experimental

para a realização da análise físico-química, obtendo-se os seguintes valores: pH (CaCl2) 5,9;

1,3 cmolc dm-3 de H+ + Al+3; 2,1 cmolc dm-3 de Ca+2; 0,9 cmolc dm-3 de Mg+2; 0,3 cmolc dm-3

de K+ 34,0 mg dm-3 de P; 1,40% de Mat. Org.; 72,50% de areia; 6,00% de silte; e 21,50% de

argila (textura franco-argilo-arenosa).

No preparo do solo foi realizada uma operação de gradagem leve visando eliminar

algumas plantas daninhas emergidas na área no dia 10/01/2013. Antes da semeadura, a área foi

dessecada por meio de duas aplicações de herbicidas, sendo a primeira realizada dez dias antes

da semeadura (15/02/2013) com a aplicação do herbicida glyphosate (1440 g i.a. ha-1), e a

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

25/2 4/3 11/3 18/3 25/3 1/4 8/4 15/4 22/4 29/4 6/5 13/5 20/5 27/5

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

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segunda realizada no dia da semeadura (25/02/2013), com a aplicação do herbicida paraquat

(400 g ha-1) com adição à calda de Agral® 0,2% v.v-1.

A adubação de semeadura consistiu na aplicação de 320 kg ha-1 do formulado 8-20-18

(N-P-K) no sulco de plantio. A semeadura da C. spectabilis foi realizada no dia 25/02/2013,

utilizando-se para tal operação uma semeadora de precisão manual, adotando-se densidade de

35 sementes por metro linear e espaçamento de 0,45 m entre linhas, posicionando as sementes

a 3 cm de profundidade da superfície do solo. A emergência das plântulas de crotalária ocorreu

no dia 05/03/2013.

O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados com quatro repetições,

avaliando-se dez tratamentos. Os tratamentos consistiram nos herbicidas que apresentaram

potencial seletivo para crotalária selecionados no Capítulo 2, além de uma testemunha sem

herbicida que serviu de comparação para as avaliações visuais de fitointoxicação (Tabela 1).

Cada unidade experimental foi composta por sete linhas de crotalária, com quatro metros de

comprimento. Foi desconsiderado, nas avaliações, 0,50 m de cada extremidade das parcelas,

totalizando área útil de 6,45 m2.

Tabela 1. Tratamentos avaliados no ensaio de seletividade de herbicidas aplicados em pós-

emergência sobre C. spectabilis. Maringá, PR – 2013. Tratamentos Dose (g ha-1)

Bentazon1 720

Bentazon1 576

Imazethapyr 106

Imazethapyr 79,5

Imazethapyr + bentazon 106 + 480

Flumiclorac2 60

Flumiclorac2 / flumiclorac2 30 / 30

Pyrithiobac-sodium3 84

Clethodim + quizalofop1 96 + 100

Testemunha capinada (sem herbicida) -

/ Indica aplicação sequencial (Intervalo de 10 dias); + Indica mistura em tanque. 1 Assist® (0,5 % v.v-1); 2 Assist®

(0,2 % v.v-1); 3 Iharol® (0,5 % v.v-1).

A aplicação dos tratamentos foi realizada em pós-emergência no dia 22/03/2013

(17h55 a 18h45), quando as plantas de crotalária estavam em estádio de duas a quatro folhas

(maioria com quatro folhas), apresentando altura variando entre 6 e 8 cm. No momento da

aplicação, as condições climáticas encontradas foram: temp. média = 24°C; UR média = 85%;

velocidade do vento média = 0,4 km h-1, estando o solo úmido em todas as unidades

experimentais. No tratamento onde estava prevista a aplicação sequencial de flumiclorac, a

segunda foi realizada 10 dias após a primeira (17h00 a 17h15 no dia 01/04/2013), quando as

plantas apresentavam de quatro a seis folhas (maioria com cinco folhas) e altura variando entre

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10 e 12 cm (Estádio das plantas presentes na testemunha sem herbicida). No momento desta

aplicação, as condições climáticas encontradas foram: temp. média = 24°C; UR média = 75%;

velocidade do vento média = 0,8 km h-1, estando o solo úmido. As aplicações foram realizadas

com um pulverizador costal à base de CO2, munido de pontas XR110.02, mantido à pressão de

35 lb pol-2, resultando em volume de calda equivalente a 200 L ha-1.

Todas as parcelas foram capinadas durante todo o período de condução do

experimento, para eliminar o efeito da interferência das plantas daninhas sobre o

desenvolvimento da crotalária, deixando as plantas expostas apenas ao efeito dos herbicidas.

Além disso, para realizar o controle de algumas pragas que incidiram sobre a cultura, foi

realizada uma aplicação do inseticida Tracer® (50 ml p.c. ha-1) no dia 18/04/2013, não sendo

adicionado nenhum adjuvante a calda de aplicação.

Foram realizadas avaliações de fitointoxicação das plantas de crotalária aos 7, 14, 21,

28 e 35 dias após a primeira aplicação dos herbicidas – DAA (24, 31, 38, 45 e 52 dias após a

emergência – DAE), por meio de escala visual, 0-100%, onde 0% significa ausência de

sintomas e 100% morte total das plantas (SBCPD, 1995). Além disso, nestas mesmas datas,

foram realizadas avaliações de fitointoxicação adotando escala visual (1-9, em que 1 significa

ausência de sintomas e 9 a morte total das plantas), considerando apenas os sintomas

observados nas folhas novas (EWRC, 1964).

Aos 35 DAA (52 DAE) procedeu-se à avaliação de estande, realizando a contagem do

número de plantas de crotalária presentes em quatro metros lineares, apresentando os dados

médios equivalentes a um metro linear. Realizou-se também uma avaliação de altura aos 48

DAA (65 DAE), medindo-se a altura da planta desde o nível do solo até a inserção da última

folha completamente expandida, sendo realizada dez amostras por parcela.

Aos 48 DAA, avaliou-se a incidência de luz na entrelinha das plantas de crotalária, por

meio de luxímetro (Minipa, modelo MLM-1011), realizando-se duas amostragens por unidade

experimental. Nesta mesma data, procedeu-se à coleta de cinco plantas por parcela, destacando

as folhas e fazendo a contagem do número destas por planta, sendo os dados apresentados em

número de folhas por planta. Foi também realizada avaliação de área foliar (cm²) a partir do

material coletado para a contagem do número de folhas, sendo esta feita por meio do aparelho

LI 3100 area meter.

Além destas avaliações, aos 48 DAA determinou-se a massa verde da parte aérea das

plantas, e posteriormente massa seca de folhas, caule e parte aérea total, sendo estes dados

obtidos após a secagem dos materiais vegetais em estufa de circulação forçada de ar, na qual

estas permaneceram durante o período de 72 horas em temperatura média de 65°C.

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As análises estatísticas foram realizadas com o programa computacional Sisvar

(FERREIRA, 2011). Os dados após serem tabulados, foram submetidos à análise de variância.

Quando houve significância, aplicou-se o teste de Scott-Knott (p≤0,10).

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Resultados e Discussão

Aos 7 DAA dos herbicidas em pós-emergência da crotalária, verifica-se que o

tratamento responsável por causar maiores níveis de injúrias foi aquele com a aplicação de

pyrithiobac-sodium, consistindo em sintomas de amarelecimento intenso mesmo nas novas

folhas emitidas pelas plantas (Tabela 2). Com relação à dose aplicada, verifica-se que para

bentazon, imazethapyr e flumiclorac, o acréscimo de princípio ativo aplicado proporcionou

maiores sintomas de fitointoxicação.

Tabela 2. Intoxicação e estande de plantas (1 metro linear) em função da aplicação de

herbicidas em pós-emergência da C. spectabilis. Maringá, PR – 2013.

Tratamentos (g ha-1) Fitointoxicação

7 DAA 14 DAA 21 DAA

Bentazon1 720 1,504 – 11,25 d 1,00 – 9,25 e 1,00 – 12,00 d

Bentazon1 576 1,25 – 3,75 e 1,00 – 4,00 f 1,00 – 7,50 e

Imazethapyr 106 2,75 – 11,25 d 2,75 – 21,75 c 1,50 – 23,00 c

Imazethapyr 79,5 2,00 – 6,25 e 2,00 – 16,25 d 1,25 – 15,00 d

Imazethapyr + bentazon 106 + 480 3,00 – 17,50 c 3,00 – 28,75 b 1,00 – 32,50 b

Flumiclorac2 60 4,00 – 23,75 b 1,00 – 15,50 d 1,00 – 23,00 c

Flumiclorac2 / flumiclorac2 30 / 30 3,00 – 13,75 d 3,25 – 16,25 d 2,00 – 17,50 d

Pyrithiobac-sodium3 84 3,75 – 28,75 a 3,75 – 44,00 a 2,00 – 45,75 a

Clethodim + quizalofop1 96 + 100 1,00 – 0,00 f 1,00 – 0,00 f 1,00 – 0,00 e

Testemunha - 1,00 – 0,00 f 1,00 – 0,00 f 1,00 – 0,00 e

CV (%) 23,03 29,91 33,70

Tratamentos (g ha-1) Fitointoxicação

Estande 28 DAA 35 DAA

Bentazon1 720 1,00 – 13,75 b 1,00 – 2,50 d 16,18 a

Bentazon1 576 1,00 – 8,75 b 1,00 – 2,00 d 16,31 a

Imazethapyr 106 1,00 – 15,00 b 1,00 – 11,25 c 16,68 a

Imazethapyr 79,5 1,00 – 5,00 c 1,00 – 4,25 d 17,50 a

Imazethapyr + bentazon 106 + 480 1,00 – 27,50 a 1,00 – 22,50 b 14,68 a

Flumiclorac2 60 1,00 – 12,50 b 1,00 – 10,50 c 13,81 a

Flumiclorac2 / flumiclorac2 30 / 30 1,00 – 6,25 c 1,00 – 3,75 d 17,06 a

Pyrithiobac-sodium3 84 1,00 – 31,25 a 1,00 – 31,25 a 16,87 a

Clethodim + quizalofop1 96 + 100 1,00 – 0,00 d 1,00 – 0,00 d 17,37 a

Testemunha - 1,00 – 0,00 d 1,00 – 0,00 d 18,37 a

CV (%) 33,26 41,71 16,92

/ Indica aplicação sequencial (Intervalo de 10 dias); + Indica mistura em tanque. 1 Assist® (0,5 % v.v-1); 2 Assist®

(0,2 % v.v-1); 3 Iharol® (0,5 % v.v-1). 4 Notas de fitointoxicação nas folhas novas (EWRC, 1964). Médias seguidas

por letras distintas diferem pelo teste Scott-Knott (p≤0,10).

Um fator importante a ser destacado para a utilização do bentazon é que as injúrias

provocadas foram visualizadas apenas nas folhas mais velhas (que receberam aplicação do

herbicida). O único tratamento que não provocou nenhum sintoma de injúria às plantas de C.

spectabilis, ao longo de todas as avaliações de fitointoxicação, foi o composto pela associação

entre clethodim e quizalofop, estando as plantas em condição visual semelhante à testemunha

sem herbicida. Esta tolerância aos herbicidas inibidores da ACCase pelas dicotiledôneas está

relacionada a diferença de tamanho da enzima ACCase que estas espécies apresentam, uma vez

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que a presente no cloroplasto é maior que a do citosol, o que confere capacidade superior de

metabolizar estes herbicidas. Nas monocotiledôneas, ambas as enzimas da ACCase possuem

tamanhos semelhantes (HOWARD e RIDLEY, 1990).

Na segunda avaliação de fitointoxicação, realizada 14 DAA, verifica-se tendência de

redução/estagnação nas injúrias provocadas pelos herbicidas de ação de contato (bentazon e

flumiclorac), enquanto que para os produtos de ação sistêmica (imazethapyr e pyrithiobac-

sodium), houve aumento nos níveis de intoxicação nas plantas de crotalária. O tratamento

composto pela mistura entre bentazon e pyrithiobac-sodium também teve aumento nos sintomas

de intoxicação em relação à primeira avaliação, apresentando acréscimo médio de 10% aos 14

DAA.

Com relação ao flumiclorac, nesta avaliação de fitointoxicação (14 DAA) fica evidente

a importância do parcelamento da dose em aplicações sequenciais para este herbicida visando

aumentar a seletividade. Quando aplicado em dose única (flumiclorac – 60 g ha-1), o herbicida

causou níveis de injúria 10,00% superior à sua meia dose.

Além desta maior tolerância da C. spectabilis ao flumiclorac em aplicações

sequenciais, outro benefício da utilização deste herbicida em aplicações parceladas está

relacionado a eficácia no manejo de plantas daninhas, havendo comprovações que este produto

apresenta maior eficácia quando utilizado desta maneira, como demonstrado para diferentes

espécies de guanxuma, além de Euphorbia heterophylla (OLIVEIRA JR. et al., 2006,

CONSTANTIN et al., 2007).

A terceira avaliação de fitointoxicação (21 DAA) consistiu na última em que se

observou injúrias provocadas pelos herbicidas nas folhas novas emitidas pelas plantas de

crotalária (Tabela 2). Os maiores níveis de intoxicação foram observados nas plantas que

receberam aplicação do pyrithiobac-sodium (84 g ha-1), constatando-se amarelecimento

pronunciado nas folhas, além de redução no porte.

Aos 28 DAA, os tratamentos que impuseram maiores injúrias as plantas de crotalária

foram pyrithiobac-sodium aplicado isolado e a mistura entre os herbicidas imazethapyr +

bentazon. Para reduzir os sintomas de fitointoxicação destes tratamentos faz-se necessário o

estudo de diferentes doses, ou no caso da associação entre herbicidas (imazethapyr + bentazon),

avaliar diferentes proporções desta mistura.

Na última avaliação de fitointoxicação, realizada aos 35 DAA, os resultados foram

semelhantes aos das anteriores, podendo-se observar que os tratamentos que apresentaram

maior seletividade para esta variável foram bentazon (ambas as doses), imazethapyr (79,5 g ha-

1), flumiclorac (aplicação sequencial) e a associação entre os herbicidas inibidores da ACCase,

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visto que nas plantas que receberam a aplicação destes, os sintomas de intoxicação foram

baixos. Os herbicidas aplicados em pós-emergência da crotalária não causaram a morte de

plantas, visto que na avaliação de estande, não foram constatadas diferenças entre os

tratamentos e a testemunha sem herbicida (Tabela 2). Este comportamento era esperado em

função de todos os herbicidas avaliados no presente experimento terem passado por triagem

inicial (Capítulo 2), onde demonstraram potencial para serem utilizados no manejo de plantas

daninhas na crotalária.

Todos os herbicidas aplicados em pós-emergência cujo espectro de controle são as

espécies dicotiledôneas influenciaram a altura de plantas de C. spectabilis (Tabela 3). As

menores alturas de plantas foram registradas nos tratamentos com aplicação de flumiclorac na

dose cheia (60 g ha-1), pyrithiobac-sodium (84 g ha-1), além da associação entre imazethapyr e

bentazon.

Tabela 3. Altura de plantas (cm), incidência de luz (lux cm-2), número de folhas (por planta) e

área foliar (cm2 por planta) de C. spectabilis em função da aplicação de herbicidas em pós-

emergência. Maringá, PR – 2013. Tratamentos (g ha-1) Altura Incidência de luz

Bentazon1 720 43,35 c 225,12 a

Bentazon1 576 49,08 b 224,12 a

Imazethapyr 106 45,72 c 180,37 b

Imazethapyr 79,5 46,07 c 152,25 b

Imazethapyr + bentazon 106 + 480 35,52 d 186,25 b

Flumiclorac2 60 37,92 d 245,00 a

Flumiclorac2 / flumiclorac2 30 / 30 45,75 c 159,87 b

Pyrithiobac-sodium3 84 34,65 d 210,87 a

Clethodim + quizalofop1 96 + 100 54,87 a 141,37 b

Testemunha - 55,02 a 169,87 b

CV (%) 16,62 35,36

Tratamentos (g ha-1) Número de folhas Área foliar

Bentazon1 720 20,45 b 2093,61 b

Bentazon1 576 24,95 b 2350,51 b

Imazethapyr 106 35,00 a 2351,07 b

Imazethapyr 79,5 36,05 a 2581,81 a

Imazethapyr + bentazon 106 + 480 33,40 a 2163,49 b

Flumiclorac2 60 24,35 b 2195,59 b

Flumiclorac2 / flumiclorac2 30 / 30 26,20 b 2358,09 b

Pyrithiobac-sodium3 84 24,80 b 1749,60 b

Clethodim + quizalofop1 96 + 100 25,60 b 2804,98 a

Testemunha - 25,50 b 3060,62 a

CV (%) 47,23 21,06

/ Indica aplicação sequencial (Intervalo de 10 dias); + Indica mistura em tanque. 1 Assist® (0,5 % v.v-1); 2 Assist®

(0,2 % v.v-1); 3 Iharol® (0,5 % v.v-1). Médias seguidas por letras distintas diferem pelo teste Scott-Knott (p≤0,10).

Os dados de incidência de luz nas parcelas cultivadas com crotalária submetidas a

diferentes tratamentos em pós-emergência demonstram o efeito dos herbicidas no dossel da

planta (Tabela 3). Para esta variável, valores mais baixos indicam menor incidência de luz no

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solo da entrelinha, o que está associado à maior área coberta pela arquitetura foliar.

Implicitamente, valores mais elevados de incidência de luz em comparação com os registrados

na testemunha capinada demonstram maior efeito negativo dos herbicidas no dossel das plantas

de crotalária tratadas por herbicidas.

Verifica-se que os maiores valores de incidência de luz nas entrelinhas foram

observados nos tratamentos com aplicação de produtos de ação de contato (excluindo-se a

aplicação sequencial de flumiclorac), bem como nas parcelas onde foi aplicado o pyrithiobac-

sodium. Apesar de nas avaliações de fitointoxicação não terem sido visualizados níveis

elevados de injúrias provocados pelo bentazon, verifica-se que este herbicida alterou o dossel

da planta, visto que nestas parcelas a passagem de luz foi superior. Esta maior passagem de luz

resultante de alterações provocadas pelos herbicidas na arquitetura das plantas de crotalária irão

influenciar no controle cultural da comunidade infestante, uma vez que o sombreamento na

entrelinha será menor e consequentemente haverá maior possibilidade de se verificar fluxos de

emergência das plantas daninhas.

Com relação ao número de folhas por planta, verifica-se que todos os tratamentos que

apresentaram em sua composição o herbicida imazethapyr, as plantas apresentaram maior

número de folhas (Tabela 3). Os demais herbicidas não influenciaram esta variável, verificando-

se números de folhas por planta semelhantes aos da testemunha sem herbicida.

A área foliar das plantas de crotalária foi influenciada pelos herbicidas aplicados em

pós-emergência, sendo que de nove tratamentos avaliados, em sete esta variável foi afetada

negativamente. Apenas o imazethapyr, quando aplicado na menor dose, e a associação entre os

graminicidas não afetaram a área foliar das plantas de C. spectabilis, apresentando valores

semelhantes ao da testemunha sem herbicida (Tabela 3).

Ao correlacionar os dados de número de folhas e área foliar, observa-se que apesar de

nos tratamentos com utilização do imazethapyr, as plantas terem apresentado maior número de

folhas, o que implicaria na possibilidade de se observar um incremento na área foliar, isto não

ocorreu. Ao se dividir os dados de área foliar pelo número de folhas por planta registrados na

testemunha capinada, verifica-se valor aproximado de 120 cm2 por folha, sendo que na média

dos três tratamentos com utilização de imazethapyr, o valor foi de 67 cm2 por folha.

Na Tabela 4 estão expostos os valores de acúmulo de massa pelas plantas de crotalária

quando submetidas a aplicação de diferentes herbicidas em pós-emergência. Assim como para

a altura final de plantas, os herbicidas que apresentam como espectro de controle as espécies

dicotiledôneas também afetaram o acúmulo de massa verde e seca das plantas de C. spectabilis,

estando todas com menores valores em relação a testemunha sem herbicida. A associação entre

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clethodim e quizalofop não afetou estas variáveis, demonstrando ser seletiva para o manejo de

plantas daninhas monocotiledôneas na crotalária.

Tabela 4. Acúmulo de massa verde e seca (g) por planta de C. spectabilis submetida à aplicação

de herbicidas em pós-emergência. Maringá, PR – 2013. Tratamentos (g ha-1) Massa verde Massa seca

Bentazon1 720 94,01 b 15,88 b

Bentazon1 576 119,54 b 18,85 b

Imazethapyr 106 101,13 b 16,86 b

Imazethapyr 79,5 122,64 b 20,20 b

Imazethapyr + bentazon 106 + 480 99,06 b 16,95 b

Flumiclorac2 60 99,05 b 17,15 b

Flumiclorac2 / flumiclorac2 30 / 30 114,89 b 19,18 b

Pyrithiobac-sodium3 84 80,85 b 13,42 b

Clethodim + quizalofop1 96 + 100 144,80 a 23,53 a

Testemunha - 161,59 a 28,70 a

CV (%) 30,42 24,04

Tratamentos (g ha-1) Massa seca de caule Massa seca de folhas

Bentazon1 720 5,00 b 10,88 c

Bentazon1 576 6,95 b 11,90 c

Imazethapyr 106 7,35 b 9,51 c

Imazethapyr 79,5 7,42 b 12,78 c

Imazethapyr + bentazon 106 + 480 5,41 b 11,54 c

Flumiclorac2 60 5,39 b 11,76 c

Flumiclorac2 / flumiclorac2 30 / 30 7,17 b 12,00 c

Pyrithiobac-sodium3 84 4,36 b 9,06 c

Clethodim + quizalofop1 96 + 100 9,25 a 14,28 b

Testemunha - 10,57 a 18,13 a

CV (%) 33,93 23,07

/ Indica aplicação sequencial (Intervalo de 10 dias); + Indica mistura em tanque. 1 Assist® (0,5 % v.v-1); 2 Assist®

(0,2 % v.v-1); 3 Iharol® (0,5 % v.v-1). Médias seguidas por letras distintas diferem pelo teste Scott-Knott (p≤0,10).

Entre as quatro variáveis relacionadas ao acúmulo de massa pelas plantas de crotalária,

apenas a massa seca de folhas teve comportamento diferenciado das demais, podendo notar que

os maiores valores foram visualizados nas plantas que não receberam aplicação de herbicidas.

Apesar disto, as plantas submetidas à aplicação da mistura entre os inibidores da ACCase

apresentaram maiores valores de massa seca de folhas em relação às tratadas pelos outros

herbicidas.

Em função de ser semeada como cultura de cobertura, reduções na biomassa produzida

pelas plantas de crotalária não são desejáveis, uma vez que é este material vegetal que traz

benefícios para o sistema de rotação ao qual a espécie é inserida. A maior quantidade de

biomassa implica em ganhos de matéria orgânica no solo, maior disponibilização de nutrientes

que foram extraídos pela crotalária, além de efeito alelopático sobre plantas daninhas e outras

espécies que estão presentes na área de cultivo.

Uma das ações exercida pelas plantas daninhas no processo de interferência é a

competição por recursos necessários ao crescimento e desenvolvimento vegetal, sendo

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comumente observadas reduções na massa seca da cultura como efeito desta ação. Um exemplo

pode ser dado a partir de dados de trabalho realizado com a cultura do sorgo, verificando-se

acúmulo de massa seca 41,80% menor em plantas que se desenvolveram ao longo de todo ciclo

sob interferência da comunidade infestante comparado com as que livre desta convivência

(RODRIGUES et al., 2010).

Dados como estes demonstram o potencial que a comunidade infestante possui em

reduzir o desenvolvimento de culturas, observando-se que apesar de os herbicidas aplicados em

pós-emergência (espectro de controle são as espécies dicotiledôneas) provocarem reduções na

massa seca das plantas de crotalária, ainda sim estas são menores que as oriundas da

matocompetição. Além disso, com a utilização dos herbicidas é observado como benefício

principal a diminuição/eliminação das plantas daninhas, fato que auxilia na sustentabilidade do

sistema agrícola.

Implicações práticas dos resultados de seletividade de herbicidas

Na Tabela 5 está apresentado um resumo do comportamento das variáveis-respostas

em função da aplicação dos diferentes herbicidas em pós-emergência da crotalária. Na

formulação deste resumo, além dos resultados obtidos na análise estatística, adotou-se

porcentagem de 20,00% sobre o valor da variável-resposta observado na testemunha capinada,

onde tratamentos que proporcionaram alterações superiores a esta porcentagem foram

considerados não seletivos. De maneira geral, os herbicidas que apresentam espectro de

controle de plantas daninhas dicotiledôneas (folhas largas) afetaram maior número de variáveis

em comparação com o tratamento em que foi aplicado herbicidas cujo foco de controle são as

espécies monocotiledôneas (associação entre clethodim + quizalofop).

O imazethapyr aplicado na dose de 79,5 g ha-1 apresentou-se como o tratamento mais

seletivo para crotalária (excluindo clethodim + quizalofop), afetando apenas uma das oito

variáveis-respostas analisadas. Além deste, o flumiclorac em aplicações sequenciais (30 / 30 g

ha-1) e o imazethapyr isolado na maior dose (106 g ha-1) consistiram no segundo grupo de

tratamentos latifolicidas que afetaram um menor número de variáveis-respostas, apresentando-

se seletivos para 75,00% destas. Outros tratamentos que merecem ser destacados são bentazon

(ambas as doses aplicadas) e o imazethapyr na maior dose (106 g ha-1), que de oito variáveis

respostas, apresentaram-se seletivos para cinco.

Os herbicidas flumiclorac (60 g ha-1) e pyrithiobac-sodium (84 g ha-1) em aplicações

isoladas, juntamente com a associação entre imazethapyr e bentazon (106 + 480 g ha-1)

apresentaram pouca seletividade para a crotalária, e afetaram pelo menos 50,00% das variáveis-

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respostas analisadas. Para estes herbicidas é fundamental o estudo de novas doses ou formas de

aplicação (sequenciais/parceladas) visando buscar seletividade para serem utilizados no manejo

de plantas daninhas na crotalária. Um exemplo disso pode ser dado para o pyrithiobac-sodium,

tendo em vista sua utilização em doses mais baixas (42 g ha-1) em algumas propriedades no

estado do Mato Grosso, com o objetivo de controlar plantas voluntárias de soja em cultivos de

crotalária.

Tabela 5. Resumo do efeito dos tratamentos sobre as variáveis avaliadas no experimento de

seletividade de herbicidas aplicados em pós-emergência da C. spectabilis. Maringá, PR – 2013.

Tratamentos (g ha-1) Fito (DAA)4

EST ALT IL NF AF MS 7 35

Bentazon1 (720) S5 S S S NS S NS NS

Bentazon1 (576) S S S S NS S NS NS

Imazethapyr (106) S S S S S S NS NS

Imazethapyr (79,5) S S S S S S S NS

Imazethapyr + bentazon (106 + 480) S NS S NS S S NS NS

Flumiclorac2 (60) NS S S NS NS S NS NS

Flumiclorac2 / flumiclorac2 (30 / 30) S S S S S S NS NS

Pyrithiobac-sodium3 (84) NS NS S NS NS S NS NS

Clethodim + quizalofop1 (96 + 100) S S S S S S S S

/ Indica aplicação sequencial (Intervalo de 10 dias); + Indica mistura em tanque; 1 Assist® (0,5 % v.v-1); 2 Assist®

(0,2 % v.v-1); 3 Iharol® (0,5 % v.v-1). 4 Fito (DAA) – Fitointoxicação; EST – Número de plantas; ALT – Altura de

plantas; IL – Incidência de luz; NF – Número de folhas; AF – Área foliar; MS – Massa seca de parte aérea. 5 S –

Seletivo para a variável avaliada (verde); NS – Não seletivo para a variável avaliada (vermelho).

Mesmo os tratamentos que afetaram menor número de variáveis-respostas, causaram

reduções na massa seca de parte aérea, demonstrando que a utilização destes herbicidas poderá

comprometer a produção de biomassa pelas plantas de crotalária. Tendo em vista que

atualmente não há herbicidas registrados para utilização em plantações de crotalária no Brasil,

torna-se passível a indicação em pós-emergência desta cultura o imazethapyr (79,5 g ha-1),

bentazon (576 g ha-1), flumiclorac (em aplicação sequencial), além da associação entre

clethodim + quizalofop visando ao manejo de plantas daninhas. Ressalta-se ainda que, para

áreas destinadas à produção de sementes de crotalária, é necessário avaliar se estes herbicidas

afetam a produção destas (quantidade), bem como os fatores relacionados à qualidade

(germinação e vigor).

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Conclusões

Para pyrithiobac-sodium ainda é necessário um melhor ajuste da dose visando conferir

menores efeitos negativos sobre o desenvolvimento da crotalária.

Os herbicidas aplicados em pós-emergência imazethapyr (79,5 g ha-1), bentazon (576

g ha-1), flumiclorac (em aplicação sequencial), além da associação entre clethodim + quizalofop

podem ser utilizados para o manejo de plantas daninhas na cultura da C. spectabilis.

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CAPÍTULO 5

Susceptibilidade diferencial de espécies de crotalária ao nematoide Belonolaimus

longicaudatus

RESUMO – Um dos mais importantes fitonematoides no mundo é o sting nematode

(Belonolaimus longicaudatus). A rotação de culturas é uma importante prática para reduzir

problemas causados por nematoides, e as plantas do gênero Crotalaria sp. já demonstraram ser

tolerantes a estes fitoparasitas. Espécies e acessos de crotalária provenientes de diferentes

localidades podem apresentar comportamento distinto em relação à sensibilidade aos

nematoides. O objetivo deste estudo foi avaliar a susceptibilidade de diferentes espécies de

crotalária ao nematoide B. longicaudatus. Dois experimentos foram instalados em casa de

vegetação no delineamento de blocos casualizados em arranjo fatorial com cinco repetições; o

primeiro experimento (E1) avaliou acessos de C. juncea e o segundo (E2) foi conduzido com

acessos das espécies C. breviflora, C. ochroleuca e C. spectabilis. Para o E1, o primeiro fator

correspondeu a onze acessos de C. juncea; e para o E2 a trezes acessos das diferentes espécies

de crotalária (3 – C. ochroleuca, 9 – C. spectabilis e 1 – C. breviflora). Em ambos experimentos

foi adicionado um tratamento com semeadura de milho para testemunha (hospedeira do sting

nematode). Para ambos os experimentos, o segundo fator foi a inoculação de B. longicaudatus

(Com e sem). PI 322377 foi o único acesso a apresentar maior número de nematoides do que o

melhor tratamento no experimento realizado com C. juncea. Apesar disto, todos os acessos de

C. juncea suprimiram as populações de sting nematode para menor do que 13 indivíduos por

100 cm3 de solo, o que foi significativamente menor que os 60 nematoides/100 cm3 obtidos no

milho. C. breviflora não consiste em uma boa espécie para ser utilizada no manejo de B.

longicaudatus. Para C. spectabilis o comportamento na supressão deste fitoparasita foi muito

diferente entre os tratamentos, mesmo para acessos que vieram do mesmo centro de origem.

No E2, os acessos de C. ochroleuca demonstraram melhor efeito na supressão de populações

de B. longicaudatus entre as três espécies de crotalária avaliadas.

Palavras-chave: cultura de cobertura, controle cultural, Crotalaria breviflora, Crotalaria

juncea, Crotalaria ochroleuca, Crotalaria spectabilis.

Differential susceptibility of crotalaria species to the nematode Belonolaimus longicaudatus

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ABSTRACT – One of the most important plant-parasitic nematodes in the world is the sting

nematode (Belonolaimus longicaudatus). Crop rotation is an important practice to reduce the

problems caused by nematodes, where plants of Crotalaria genus have proven tolerant to its.

Species and accessions of Crotalaria plants from different locations may have distinct behavior

with respect to sensibility this plant parasitic. The objective of this study was to evaluate the

susceptibility of different species of Crotalaria genus to the nematode B. longicaudatus. Two

experiments were installed in a greenhouse in randomized complete block design in factorial

arrangement with five repetitions; where the first experiment (E1) evaluated C. juncea

accessions and the second (E2) was conducted with accessions of the species C. breviflora, C.

ochroleuca and C. spectabilis. For the E1, the first factor corresponded to eleven accessions of

C. juncea; and for the E2 thirteen accessions of different Crotalaria species (3 – C. ochroleuca,

9 – C. spectabilis and 1 – C. breviflora), where in both experiments was added one treatment

that was sown corn as check (host to the sting nematode). The second factor was the inoculation

of the B. longicaudatus (With and without). PI 322377 was the only accession that had higher

number of nematodes than the best treatment for C. juncea experiment (E1). Despite this, all of

the C. juncea accessions suppressed the sting nematode populations to less than 13 individuals

per 100 cm3 of soil, which were significantly lower than the 60 nematodes /100 cm3 obtained

with corn. C. breviflora did not consists as good species to be used in the management of B.

longicaudatus. For C. spectabilis the behavior in suppress this plant parasitic was very different

among treatments, even for accessions that came from the same center of origin. For E2, the

accessions of C. ochroleuca demonstrated best effect to suppress populations of B.

longicaudatus among the three species evaluated.

Keywords: cover crop, cultural control, Crotalaria breviflora, Crotalaria juncea, Crotalaria

ochroleuca, Crotalaria spectabilis.

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Introdução

O gênero Crotalaria pertence à família Fabaceae e possui mais de 600 espécies que

são originadas de diferentes localidades do mundo, sendo a maioria de regiões tropicais

(LEWIS et al., 2005). A nomenclatura utilizada para este gênero vegetal originou-se do som

emitido pelas vagens quando estas encontram-se maduras, sendo similar ao som emitido pelo

chocalho das cobras que pertencem ao gênero Crotalus sp. Espécies que pertencem ao gênero

Crotalaria sp. apresentam porte herbáceo ou arbustivo, caule lenhoso e como característica

marcante o formato e coloração das flores, onde a corola é predominantemente amarela e depois

da polinização são formados frutos do tipo vagem (FLORES e MIOTTO, 2005).

Comercialmente o cultivo de crotalárias visando a lucratividade é reduzido se

comparado com outras espécies da família Fabaceae, como soja, feijoeiro e amendoim, em

função da produtividade por unidade de área ser baixa. Além disso, algumas espécies de

crotalária apresentam em sua composição determinadas substâncias que podem ser tóxicas

quando ingeridas, e desta forma não podem ser utilizadas para fins alimentícios tanto para

homens quanto animais (STEGELMEIER, 2011). Em alguns países, como Índia e Bangladesh,

por ser uma cultura fibrosa, há também a exploração de crotalária na indústria têxtil (COOK e

SCOTT JR., 1998).

Apesar de economicamente não ser uma espécie atrativa para os agricultores, em

relação aos benefícios que o cultivo das crotalárias trazem ao sistema em que são inseridas,

consiste em um dos gêneros de plantas que se apresenta como mais vantajoso. O cultivo destas

espécies permite a redução da população de nematoides, diminuição na emergência de plantas

daninhas (barreira física e liberação de compostos alelopáticos), ciclagem de nutrientes, fixação

de nitrogênio, elevada produção de biomassa (aumento nos níveis de matéria orgânica) e

redução da compactação do solo (MACHADO et al., 2007). Quando inseridas em sistemas de

consorciação ou rotação de culturas, os benefícios para o ambiente edáfico são elevados,

permitindo à espécie cultivada em sucessão à crotalária acréscimo na produtividade (CECCON

et al., 2014).

Entre as barreiras que dificultam a produção agrícola de várias culturas no mundo

pode-se citar os nematoides. Mesmo nos sistemas em que são utilizadas todas as tecnologias

disponíveis para a agricultura, as reduções de produtividade causada pelas infestações de

nematoides são altas, visto que comparativamente, a eficácia dos nematicidas é menor do que

de outras classes de produtos químicos desenvolvidas para o manejo de fatores bióticos que

afetam a produção. Possivelmente, um dos fatores que contribuem para a baixa eficácia destes

produtos é a posição que os nematoides ocupam em relação a cultura, tendo em vista que a

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maioria destes indivíduos atacam o sistema radicular das plantas, sendo mais difícil garantir

que as aplicações atinjam o alvo biológico.

Belonolaimus longicaudatus, denominado sting nematode, consiste em um dos

fitonematoides mais importantes no mundo (HIXSON et al., 2005). No Estado da Flórida

(EUA), é comum a ocorrência deste fitoparasita infestando campos que são utilizados para a

plantação de uma grande variedade de culturas (CROW e HAN, 2005). Inicialmente, os danos

provocados por este fitonematoide são localizados (reboleiras), verificando-se inibição do

crescimento das plantas e sintomas de clorose foliar, e eventualmente estes danos podem se

estender para a área inteira. O sting nematode causa injúrias na ponta das raízes, diminuindo a

absorção de água e nutrientes pelas plantas (NOLING, 2012). No Brasil, não há relatos da

presença do B. longicaudatus, sendo esta espécie incluída na lista de pragas quarentenárias A1

(MAPA, 2015).

O controle cultural é talvez o mais sustentável método para o manejo de

fitonematoides, mas sua adoção requer um planejamento cuidadoso. O objetivo do controle

cultural de nematoides é limitar a proliferação e disseminação e dar a cultura melhores

condições de desenvolvimento. Neste contexto, a mais importante ferramenta é a rotação de

culturas com espécies pobres ou não hospedeiras em áreas nas quais os fitonematoides já estão

presentes (CROW et al., 2001). O cultivo de crotalárias pode ser um fator-chave, visto que a

eficácia na supressão de diferentes espécies de nematoides já foi reportada, sendo estas endo

ou ectoparasitas (WANG et al., 2002). Quando se observa as várias espécies deste gênero de

plantas (Crotalaria sp.), é possível que um nematoide específico possa apresentar diferenças

no potencial de infestação, sendo mais suscetível para uma espécie e resistente para outra.

Uma espécie que pode ser utilizada na rotação de culturas com objetivo de reduzir a

densidade populacional de determinados nematoides é a C. juncea. Esta é uma leguminosa

tropical nativa da Índia que tem sido utilizada como cultura de cobertura por apresentar rápida

produção de biomassa e habilidade de fixar nitrogênio atmosférico. A C. juncea consiste em

espécie com baixo ou potencial ausente de hospedar vários fitonematoides, incluindo os

formadores de galha e o reniforme (WANG et al., 2001, 2002). Quando incorporada no solo,

esta espécie libera compostos a partir de seus resíduos que são tóxicos a estes fitoparasitas

(WANG et al., 2004; HINDS et al., 2013).

Além da C. juncea que é a mais conhecida espécie pertencente a este gênero, outras

espécies como C. spectabilis, C. ochroleuca e C. breviflora podem também ser utilizadas nos

sistemas agrícolas como culturas de cobertura. A C. spectabilis é uma leguminosa anual

caracterizada pelo desenvolvimento inicial lento, porte arbustivo (0,6 a 1,5 m), sistema radicular

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pivotante e capacidade de romper camadas compactadas do solo, sendo muito efetiva na

supressão de nematoides no solo (ERASMO et al., 2004).

A C. ochroleuca apresenta ciclo anual e crescimento determinado. A relação entre

caule e folhas na composição da biomassa de parte aérea é alta e a altura de plantas desta espécie

fica entre C. juncea e C. spectabilis, atingindo 1,5 a 2 metros. A C. breviflora, assim com as

outras espécies deste gênero é uma leguminosa de ciclo anual, sendo cultivada nas entrelinhas

de culturas perenes em função do pequeno porte e por não apresentar hábito trepador, sendo

uma pobre hospedeira de nematoides.

A susceptibilidade diferencial ao sting nematode de variedades ou genótipos de uma

cultura em particular já foi reportada anteriormente para grama-bermuda (Cynodon spp.)

(PANG et al., 2011a, 2011b). Apesar de as características que conferem tolerância aos

fitonematoides serem geneticamente determinadas, o grau de tolerância pode variar ou ser

influenciado pelas condições ambientais. Desta forma, crotalárias provenientes de diferentes

regiões de cultivo podem apresentar uma habilidade diferencial em suprimir o sting nematode.

Para testar esta hipótese, o objetivo deste estudo foi avaliar a susceptibilidade de diferentes

acessos de espécies do gênero Crotalaria ao sting nematode.

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Material e Métodos

Dois experimentos foram conduzidos em casa de vegetação localizada nas

dependências da Universidade da Flórida em Gainesville, cujas coordenadas geográficas são

29º38’12,06’’N e 82º21’42,93’’O e altitude de 28 m. O Experimento 1 (E1) consistiu na

avaliação da hospedabilidade de diferentes acessos de C. juncea ao nematoide B. longicaudatus,

enquanto que no Experimento 2 (E2), as espécies avaliadas foram C. breviflora, C. ochroleuca

e C. spectabilis. O período de condução do E1 foi de 01/04/2014 a 05/07/2014, e do E2 de

02/06/2014 a 23/08/2014.

Experimento 1 – C. juncea

O experimento foi conduzido utilizando-se o delineamento em blocos casualizados em

arranjo fatorial (12x2) com cinco repetições. O primeiro fator consistiu em onze acessos de C.

juncea provenientes do USDA-ARS Plant Genetic Resources Conservation Unit, Griffin, GA,

mais uma cultivar de milho (Tabela 1). O milho foi utilizado como testemunha suscetível ao

sting nematode para avaliar a eficácia de inoculação, uma vez que é considerada uma espécie

com alto fator de reprodução deste nematoide (HUANG e BECKER, 1997). O segundo fator

correspondeu à presença ou ausência da inoculação do nematoide.

Tabela 1. Relação de acessos de C. juncea avaliados no Experimento 1. Gainesville, FL – 2014. Acesso País de origem Variedade

PI 207657 Sri Lanka (LK) -

PI 219717 Myanmar (MM) -

PI 250485 Índia (IN) K679

PI 250486 Índia (IN) K680

PI 250487 Índia (IN) K681

PI 314239 Rússia (RU) COL NO 524

PI 322377 Brasil (BR) IRI 2473

PI 337080 Brasil (BR) H&L 0468

PI 391567 África do Sul (ZA) T’ai-yang-ma

PI 426626 Paquistão (PK) Sanni

PI 468956 Estados Unidos (US) Tropic Sun

Experimento 2 – C. breviflora, C. spectabilis e C. ochroleuca

O experimento foi conduzido utilizando-se o delineamento em blocos casualizados em

arranjo fatorial (14x2) com cinco repetições. O primeiro fator consistiu em diferentes acessos

de três espécies do gênero Crotalaria (3 – C. ochroleuca, 9 – C. spectabilis e 1 – C. breviflora)

provenientes do USDA-ARS Plant Genetic Resources Conservation Unit, Griffin, GA, mais

uma cultivar de milho (Tabela 2). Neste experimento, o milho também foi utilizado como

testemunha suscetível ao sting nematode para avaliar a eficácia de inoculação, devido ao mesmo

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motivo citado anteriormente. O segundo fator correspondeu à presença ou ausência da

inoculação do nematoide.

Tabela 2. Relação de acessos das diferentes espécies do gênero Crotalaria sp. avaliados no

Experimento 2. Gainesville, FL – 2014. Acesso / Nome científico País de origem Variedade

PI 274767 / C. ochroleuca África do Sul (ZA) Phillipsii

PI 543869 / C. ochroleuca Tanzânia (TZ) -

PI 407529 / C. ochroleuca Zaire (CD) -

PI 238268 / C. spectabilis Austrália (AU) -

PI 240413 / C. spectabilis Austrália (AU) -

PI 316944 / C. spectabilis Brasil (BR) -

PI 316945 / C. spectabilis Brasil (BR) -

PI 337081 / C. spectabilis Brasil (BR) H&L 0468

PI 217908 / C. spectabilis Índia (IN) -

PI 249683 / C. spectabilis Índia (IN) I.W.853

PI 346295 / C. spectabilis Índia (IN) -

PI 244597 / C. spectabilis África do Sul (ZA) -

C. breviflora Brasil (BR) -

Avaliações e análise estatística

Para ambos os experimentos, as unidades experimentais consistiram em vasos com

volume de 11,4 Litros, sendo estes preenchidos com solo coletado da área orgânica da Plant

Science Research and Education Unit (PSREU), localizada próxima ao município de Citra (FL).

O solo apresentava textura arenosa (97% de areia), pH de 7,4, e 0,72% de matéria orgânica

(M.O.). Previamente a instalação dos experimentos, o solo foi pasteurizado por aquecimento

durante uma semana em uma estufa de circulação forçada de ar, mantendo temperatura

constante de 61°C, sendo realizado este procedimento para eliminar a presença de todos

nematoides.

O inóculo de sting nematode foi coletado a partir de plantas de morango cultivadas em

Dover, Flórida (28°00’56,38”N, 82°14’00,26”O, altitude 24 m). Estas plantas encontravam-se

em estádio reprodutivo e foram coletadas com solo circundado o sistema radicular,

transplantadas para vasos de 3,8 Litros e mantidas em casa de vegetação para serem utilizadas

posteriormente nos procedimentos de extração dos nematoides.

Em função do número limitado de sementes de cada acesso, inicialmente estas foram

semeadas em bandejas (8 de abril para E1 e 2 de junho para E2) posicionadas a 1 cm de

profundidade. Quinze dias depois da semeadura, realizou-se o transplante para os vasos, sendo

colocada uma plântula por unidade experimental. Todas as plantas daninhas que emergiram nos

vasos foram eliminadas para garantir que o efeito sobre os nematoides fosse causado apenas

pela planta prevista em cada tratamento. Os aspectos das plântulas de cada espécie de crotalária

quando nos estádios inicias de desenvolvimento podem ser visualizados na Figura 1. Os vasos

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foram irrigados diariamente e adubados semanalmente com o adubo Neptune’s Harvest Fish &

Seaweed Fertilizer (Nitrogênio 1,70%; Fósforo 3,40% e Potássio 0,68%).

Figura 1. Aspectos das plântulas das diferentes espécies do gênero Crotalaria sp. – C.

breviflora (A), C. spectabilis (B), C. ochroleuca (C) e C. juncea (C). Gainesville, FL – 2014.

O inóculo de sting nematode foi extraído do solo cultivado com morango pelo método

de decantação e peneiramento proposto por Flegg (1967), sendo este quantificado pela

contagem de nematoides em cinco alíquotas de 10 mL em uma lâmina de contagem (Hawksley

and Sons Limited, Lancing, Sussex, UK). O inóculo continha fêmeas, machos e juvenis, não

sendo quantificada a porcentagem de cada fração. Este procedimento foi realizado para ambos

experimentos. Vinte e cinco dias após a semeadura foi realizada a inoculação dos nematoides.

Quatro buracos (1 cm de diâmetro x 2,5 cm de profundidade) foram feitos inserindo um lápis

no solo ao lado de cada planta a ser inoculada no vaso. Dez mililitros de suspensão contendo

200 sting nematode foram distribuídos igualmente entre os quatro furos, que foram então

fechados.

Para medir o efeito do sting nematode nas plantas de crotalária, foram realizadas

avaliações de altura de plantas, estádio de desenvolvimento, área foliar, massa seca de parte

aérea, e massa seca de raiz. A avaliação de altura foi realizada medindo-se a distância entre a

base do solo até o meristema apical da planta aos 0, 15, 30 e 60 dias após a inoculação (DAI).

Adicionalmente, o estádio de desenvolvimento das plantas foi avaliado por meio da contagem

de folhas completamente expandidas aos 15 e 60 DAI.

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Aos 60 DAI, a parte aérea das plantas foi cuidadosamente removidas dos vasos,

separadas em caule e folhas e colocadas em uma estufa de circulação forçada de ar,

permanecendo por 72 horas em temperatura média de 65°C, para a obtenção da massa seca de

cada material. A área foliar de cada planta de crotalária foi mensurada usando-se medidor de

área modelo LI-3100 (LICOR, Lincoln, NE), sendo os resultados expressos em cm2 por planta.

Para a obtenção da massa seca de raiz, foram seguidos os mesmos procedimentos de obtenção

da massa seca da parte aérea. Aos 60 dias após a inoculação, os nematoides foram extraídos a

partir de uma sub-amostra de 100 cm3 de solo de cada vaso, utilizando o método de flotação

centrífuga (JENKINS, 1964) e a densidade de população quantificada por meio da contagem

do número de indivíduos em cada amostra com um microscópio óptico.

Para os resultados de altura de plantas, as médias foram comparadas através do

intervalo de confiança (p≤0,05) conforme Payton et al. (2000). O critério decisório foi que se

os limites superior e inferior das médias não se sobrepõem assume-se que as médias daquelas

populações são estatística e significativamente diferentes. Para as outras variáveis, os dados

foram submetidos a análise estatística pelo teste F utilizando o procedimento PROC GLM do

SAS versão 9.0 (SAS Institute Inc., Cary, NC) (SAS, 2002). Quando houve significância entre

os fatores ou entre os níveis de cada fator, aplicou-se o teste de Fisher (LSD) (p≤0,05).

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Resultados e Discussão

Experimento 1 – C. juncea

Não foram verificadas diferenças na altura de plantas que foram ou não inoculadas

entre os acessos de C. juncea (Tabela 3). Na primeira avaliação de altura (realizada no mesmo

dia em que a inoculação foi realizada), o acesso PI 391567 (África do Sul) apresentou maior

altura de plantas, mas não foi significativamente distinto dos acessos PI 322377 (Brasil), PI

250485 (Índia) e PI 250487 (Índia). Acessos de C. juncea com diferentes alturas de plantas

podem oferecer aos produtores a possibilidade de escolher o material com as características

desejadas. Por exemplo, alguns agricultores preferem cultivares de porte menor em função de

serem plantas mais fáceis para realizar a incorporação no solo em comparação com as maiores.

Tabela 3. Altura de plantas de diferentes acessos de C. juncea em função da inoculação do

sting nematode. Gainesville, FL – 2014.

Acessos País de origem Altura (cm)

0 DAI 15 DAI 30 DAI 60 DAI

PI 207657 Sri Lanka 8,51 ± 1,37 25,11 ± 3,12 71,13 ± 6,78 110,74 ± 11,41

PI 219717 Myanmar 9,93 ± 1,20 25,29 ± 3,23 59,14 ± 7,99 102,36 ± 7,04

PI 250485 Índia 11,23 ± 1,50 31,14 ± 3,95 75,50 ± 8,66 107,44 ± 10,39

PI 250486 Índia 10,98 ± 1,17 23,96 ± 2,62 75,27 ± 7,07 123,25 ± 11,67

PI 250487 Índia 11,57 ± 1,82 25,05 ± 3,69 72,24 ± 8,44 112,01 ± 7,87

PI 314239 Rússia 9,30 ± 0,66 24,00 ± 2,49 58,43 ± 9,12 93,21 ± 7,96

PI 322377 Brasil 11,84 ± 1,47 24,19 ± 2,83 70,03 ± 7,74 127,76 ± 12,90

PI 337080 Brasil 9,43 ± 1,63 21,46 ± 3,53 63,49 ± 7,53 118,77 ± 13,43

PI 391567 África do Sul 12,41 ± 1,29 28,41 ± 2,74 71,18 ± 6,68 151,51 ± 12,85

PI 426626 Paquistão 10,19 ± 1,03 20,28 ± 2,70 50,61 ± 7,59 113,03 ± 11,86

PI 468956 Estados Unidos 8,49 ± 0,62 15,69 ± 0,75 39,73 ± 2,47 115,88 ± 8,99

Inoculação do nematoide Altura (cm)

0 DAI 15 DAI 30 DAI 60 DAI

Com1 10,13 ± 0,55 23,79 ± 1,63 62,44 ± 4,18 115,86 ± 4,89

Sem 9,55 ± 0,69 22,66 ± 1,53 59,57 ± 4,15 114,73 ± 6,66 1 Com – Plantas submetidas à inoculação do nematoide; Sem – Plantas não submetidas à inoculação do nematoide.

Intervalo de confiança (p≤0,05).

As avaliações de altura e massa fresca de plantas para os diferentes acessos de C.

juncea são importantes para o entendimento do potencial de uso como cultura de coberturas e

adubos verdes. Maiores valores de biomassa consistem em melhor cobertura do solo e maior

possibilidade de supressão nas populações de nematoides, pois depois do cultivo da crotalária

como cultura de cobertura, o efeito nematicida pode continuar por meio da liberação de

aleloquímicos a partir dos resíduos vegetais submetidos a decomposição (WANG et al., 2002).

Aos 15 DAI, a média de altura de os acessos de crotalária apresentou um incremento

médio próximo a 132%. Isto foi particularmente mais evidente nos acessos PI 391567 (África

do Sul) e PI 250485 (Índia), que apresentaram maior crescimento em comparação com outros

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tratamentos. Na avaliação realizada aos 30 DAI, PI 207657 (Sri Lanka), PI 391567 (África do

Sul), PI 322377 (Brasil), PI 250485, PI 250486 e PI 250487 (os três últimos provenientes da

Índia) apresentaram maior altura de plantas. Comparando com os demais tratamentos, estes

acessos tiveram incremento na altura em uma taxa de 2,85 em relação à avaliação de 15 DAI,

enquanto que os acessos com menores alturas apresentaram uma taxa de 2,49.

A variação de altura entre os acessos corrobora com outros resultados presente na

literatura que demonstraram que materiais de porte menor tendem a ser de dia neutros e que os

mais altos de dia curto (CHO et al., 2015). Os maiores valores de massa seca de parte aérea e

massa seca de raiz foram encontrados no acesso PI 468956, cultivar desenvolvida pelo

Departamento de Agricultura dos Estados Unidos em parceria com a Universidade do Havaí,

que recebe o nome de “Tropic Sun” (ROTAR e JOY, 1983). O maior incremento na massa seca

deste tratamento em comparação com os outros acessos está relacionado ao maior período

vegetativo que esta cultivar permaneceu, tendo em vista que o fotoperíodo em Gainesville na

ocasião que foi conduzido o experimento era maior que o necessário para estimular o

florescimento da Tropic Sun, sendo esta cultivar uma planta de dias curtos (ABDUL-BAKI et

al., 2001; CHO et al., 2015).

Na última avaliação (60 DAI), as plantas com maiores alturas foram observadas no

acesso proveniente da África do Sul (Tabela 3). Além deste tratamento, os acessos PI 250486

(Índia) e PI 322377 (Brasil) também tiveram plantas mais altas; enquanto que no tratamento PI

314239 (Rússia) foram observadas as menores alturas. Ressalta-se que a inoculação com sting

nematode não apresentou nenhum efeito sobre a altura de plantas, quando comparado a média

de todos acessos que foram submetidos ou não ao desenvolvimento com nematoide presente no

vaso.

Na primeira avaliação de estádio de plantas (15 DAI) não foi observada diferença entre

plantas que foram inoculadas com sting nematode daquelas sem inoculação (Tabela 4). Com

relação aos diferentes acessos de C. juncea, apenas os acessos provenientes do Sri Lanka e

Estados Unidos (PI 207657 e PI 468956, respectivamente) apresentaram desenvolvimento mais

lento, apresentando menor número de folhas completamente expandidas. Aos 60 DAI, as

plantas dos acessos PI 250486 (Índia), PI 314239 (Rússia), PI 337080 (Brasil), que foram

submetidas à inoculação do B. longicaudatus apresentavam menor número de folhas em relação

as que se desenvolveram na ausência deste fitoparasita no solo.

Não foram observadas diferenças no acúmulo de massa seca de parte aérea e folhas

entre os tratamentos com ou sem inoculação do nematoide para qualquer acesso de crotalária

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(Tabela 5). Comparado aos outros acessos de C. juncea, PI 468956 (Estados Unidos) produziu

maior volume de massa seca, para ambas as variáveis analisadas.

Tabela 4. Estádio de desenvolvimento de diferentes acessos de C. juncea submetidos ou não a

inoculação do sting nematode. Gainesville, FL – 2014.

Acessos País de origem

Estádio de desenvolvimento

15 DAI 60 DAI

Com1 Sem Com Sem

PI 207657 Sri Lanka 4 Fol. 4 Fol. 26 – 34 Fol.* 26 – 34 Fol.*

PI 219717 Myanmar 4 – 6 Fol. 4 – 6 Fol. 24 – 30 Fol.* 24 – 30 Fol.*

PI 250485 Índia 4 – 6 Fol. 4 – 6 Fol. 20 – 26 Fol.* 20 – 26 Fol.*

PI 250486 Índia 4 – 6 Fol. 4 – 6 Fol. 24 – 30 Fol.* 26 – 30 Fol.*

PI 250487 Índia 4 – 6 Fol. 4 – 6 Fol. 30 – 40 Fol.* 30 – 40 Fol.*

PI 314239 Rússia 4 – 6 Fol. 4 – 6 Fol. 22 – 28 Fol.* 24 – 30 Fol.*

PI 322377 Brasil 4 – 6 Fol. 4 – 6 Fol. 26 – 34 Fol.* 26 – 34 Fol.*

PI 337080 Brasil 4 – 6 Fol. 4 – 6 Fol. 24 – 30 Fol.* 26 – 32 Fol.*

PI 391567 África do Sul 4 – 6 Fol. 4 – 6 Fol. 34 – 42 Fol.* 34 – 42 Fol.*

PI 426626 Paquistão 4 – 6 Fol. 4 – 6 Fol. 28 – 36 Fol.* 28 – 36 Fol.*

PI 468956 Estados Unidos 4 Fol. 4 Fol. 36 – 40 Fol. 36 – 40 Fol. 1 Com – Plantas submetidas à inoculação do nematoide; Sem – Plantas não submetidas à inoculação do nematoide. * Plantas em estádio reprodutivo.

Tabela 5. Massa seca de parte aérea e folhas (g) por planta de diferentes acessos de C. juncea

submetidos a inoculação do sting nematode. Gainesville, FL – 2014.

Acessos País de origem Massa seca de parte aérea Massa seca de folhas

Com1 Sem Com Sem

PI 207657 Sri Lanka 8,56 Aef 10,53 Ade 2,87 Ade 3,95 Acde

PI 219717 Myanmar 8,86 Aef 8,72 Aef 3,61 Acde 3,81 Acde

PI 250485 Índia 6,66 Af 7,75 Aef 2,03 Ae 2,67 Ade

PI 250486 Índia 10,22 Adef 9,42 Adef 3,48 Acde 3,34 Acde

PI 250487 Índia 12,00 Acde 9,59 Adef 4,48 Abcd 3,77 Acde

PI 314239 Rússia 6,22 Af 5,59 Af 1,84 Ae 1,80 Ae

PI 322377 Brasil 14,52 Abcd 11,10 Acde 5,60 Abc 3,95 Acde

PI 337080 Brasil 16,51 Abc 13,79 Abcd 5,77 Abc 5,38 Ac

PI 391567 África do Sul 17,92 Ab 15,43 Abc 6,66 Ab 4,99 Acd

PI 426626 Paquistão 15,66 Abc 15,92 Ab 6,15 Ab 7,83 Ab

PI 468956 Estados Unidos 26,65 Aa 24,71 Aa 14,30 Aa 14,17 Aa

CV (%) 29,19 37,42 1 Com – Plantas submetidas à inoculação do nematoide; Sem – Plantas não submetidas à inoculação do nematoide.

Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo

teste Fisher’s LSD (p≤0,05).

Na Tabela 6 estão apresentados os resultados de massa seca de caule e área foliar.

Assim como para os resultados de massa seca de parte aérea, não foram observadas diferenças

no acúmulo de massa no caule em função da inoculação do nematoide. Novamente, PI 468956

(Estados Unidos) foi o tratamento que apresentou maiores valores de massa entre os diferentes

acessos avaliados. Corroborando com os resultados de massa, o maior valor de área foliar foi

observado no acesso PI 468956 (Estados Unidos), seguido pelos tratamentos PI 426626

(Paquistão), PI 391567 (África do Sul), PI 322377 (Brasil) e PI 337080 (Brasil).

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Embora todas as plantas que não foram inoculadas com sting nematode

numericamente tiveram maior massa de raízes aos 60 DAI em comparação com os tratamentos

inoculados, para apenas três acessos de C. juncea esta diferença foi estatisticamente

significante, PI 219717 (Myanmar), PI 426626 (Paquistão) e PI 468956 (Estados Unidos), como

pode ser observado Tabela 7. O maior volume de massa de raízes foi produzido por PI 468956

(Estados Unidos), com valores intermediários para os acessos PI 219717 (Myanmar), PI 426626

(Paquistão), PI 322377 (Brasil) e PI 337080 (Brasil).

Tabela 6. Massa seca de caule (g) e área foliar (cm2) por planta de diferentes acessos de C.

juncea submetidos a inoculação do sting nematode. Gainesville, FL – 2014.

Acessos País de origem Massa seca de caule Área foliar

Com1 Sem Com Sem

PI 207657 Sri Lanka 5,00 Acd 5,32 Adef 498 Ade 575 Acd

PI 219717 Myanmar 4,58 Ad 4,40 Aef 556 Ade 624 Acd

PI 250485 Índia 3,96 Ad 4,67 Aef 347 Ae 458 Ad

PI 250486 Índia 6,14 Acd 5,56 Adef 605 Ade 550 Acd

PI 250487 Índia 6,20 Acd 4,57 Aef 630 Acde 551 Acd

PI 314239 Rússia 3,69 Ad 3,07 Af 389 Ae 318 Ad

PI 322377 Brasil 7,49 Abc 6,00 Acde 915 Abcd 637 Acd

PI 337080 Brasil 9,40 Ab 8,20 Aabc 1071 Abc 965 Ac

PI 391567 África do Sul 9,40 Ab 9,40 Aab 932 Abcd 710 Acd

PI 426626 Paquistão 9,00 Ab 7,40 Abcd 1297 Ab 1515 Ab

PI 468956 Estados Unidos 12,60 Aa 10,60 Aa 2570 Aa 2716 Aa

CV (%) 30,57 39,83 1 Com – Plantas submetidas à inoculação do nematoide; Sem – Plantas não submetidas à inoculação do nematoide.

Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo

teste Fisher’s LSD (p≤0,05).

Em relação à massa de raiz, notavelmente, os acessos que apresentam sistemas

radiculares maiores podem beneficiar o manejo de nematoides, tendo em vista que haverá um

maior volume de solo explorado e, desta forma, a possibilidade de interação entre as plantas e

nematoides será maior. A razão para a massa de raiz de plantas inoculadas ser menor que as

não inoculadas em vários acessos, apesar de aparentemente apresentar tolerância ao processo

de infecção do sting nematode, é desconhecida.

Todos os acessos de C. juncea suprimiram a densidade populacional de sting nematode

em pelo menos 78% quando comparados com o milho, que serviu como testemunha suscetível

(Tabela 7). Os melhores resultados foram obtidos com os acessos PI 219717 (Myanmar), PI

250487 (Índia), PI 314239 (Rússia), PI 391567 (África do Sul), PI 426626 (Pasquistão) e PI

468956 (Estados Unidos), nos quais não houve recuperação de sting nematode nos vasos

inoculados.

Maiores números de sting nematode foram encontrados nos acessos provenientes do

Brasil. Na literatura estão disponíveis alguns trabalhos que indicam que a C. juncea no Brasil

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não é efetiva na supressão de alguns nematoides ectoparasitas, como Helicotylenchus dihystera

e Mesocriconema ornatum (ROSA et al., 2004; LIMA et al., 2009). Por este motivo, alguns

produtores brasileiros preferem utilizar outras culturas de cobertura deste mesmo gênero como

C. spectabilis, C. breviflora e C. ochroleuca.

Tabela 7. Massa seca de raiz (g) por planta e número de nematoides (por 100 cm3 de solo) em

diferentes acessos de C. juncea submetidos a inoculação do sting nematode. Gainesville, FL –

2014.

Acessos País de origem Massa seca de raiz Número de nematoides

(100 cm3 de solo) Com1 Sem

PI 207657 Sri Lanka 0,65 Ab 2,17 Ad 4,0 bc

PI 219717 Myanmar 1,48 Bb 4,67 Ab 0,0 c

PI 250485 Índia 0,49 Ab 1,52 Ad 3,4 bc

PI 250486 Índia 0,72 Ab 2,30 Acd 3,8 bc

PI 250487 Índia 0,95 Ab 1,58 Ad 0,0 c

PI 314239 Rússia 0,42 Ab 1,68 Ad 0,0 c

PI 322377 Brasil 1,90 Ab 3,50 Abcd 12,8 b

PI 337080 Brasil 0,95 Ab 2,97 Abcd 7,8 bc

PI 391567 África do Sul 1,12 Ab 2,43 Abcd 0,0 c

PI 426626 Paquistão 1,19 Bb 4,46 Abc 0,0 c

PI 468956 Estados Unidos 5,11 Ba 8,52 Aa 0,0 c

Milho Estados Unidos - - 60,0 a

CV (%) 76,96 151,96 1 Com – Plantas submetidas à inoculação do nematoide; Sem – Plantas não submetidas à inoculação do nematoide.

Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo

teste Fisher’s LSD (p≤0,05).

O efeito supressivo da C. juncea sobre o sting nematode pode estar relacionado à

presença de alcaloides pirrolizidínicos (Pas) no tecido destas plantas (THODEN et al., 2009).

Os níveis de Pas nas sementes de C. juncea são geralmente baixos em comparação com C.

spectabilis, mas apesar disto, verifica-se que há uma grande variação entre acessos provenientes

de diferentes países nesta espécie, podendo se encontrar valores de 0,8 μmol/g com PI 391567

(África do Sul) a até 3,8 μmol/g para o PI 426626 (Paquistão) (JI et al., 2005). Embora, estas

análises tenham sido feitas com extratos de sementes e os resultados não poderem ser

extrapolados para raízes, já foi determinado que há presença de Pas em diferentes órgãos

(raízes, caules e folhas) de plantas imaturas de C. juncea (cultivar “Tropic Sun”), porém quando

comparado com as sementes, os Pas encontram-se em menor concentração (COLEGATE et al.,

2012).

Aparentemente, os Pas responsáveis pelo efeito nematicida da C. juncea são junceína,

tricodesmina e isohemijunceína, visto que a monocrotalina, uma PA tóxico encontrado em C.

spectabilis, não é produzido por C. juncea (JI et al., 2005). No entanto, é importante mencionar

que “Tropic Sun” possui mais de 15 alcaloides diferentes em sua composição (COLEGATE et

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al., 2012) e a supressão dos nematoides por esta espécie pode estar relacionado ao efeito

combinado de vários destes compostos.

A supressão do sting nematode pelo PI 322377 (Brasil) não foi eficiente como os

melhores tratamentos (12,8/100 cm3 de solo comparado com zero) e o outro acesso proveniente

deste país também suportou baixas densidades populacionais do fitoparasita (7,8 /100 cm3 de

solo) embora não tenha diferido estatisticamente dos melhores tratamentos.

O sting nematode afetou o estádio de desenvolvimento e massa seca da raiz dos

diferentes acessos da C. juncea quando são comparadas as plantas submetidas e as não

submetidas à inoculação do nematoide. Todos os acessos de C. juncea suprimiram o sting

nematode, apresentando números muito inferiores em relação a testemunha suscetível (milho),

sendo PI 322377 (Brasil) o único acesso a apresentar maior número de nematoides quando

comparado aos melhores tratamentos.

Experimento 2 – C. breviflora, C. spectabilis e C. ochroleuca

Diferenças para altura de plantas foram observadas entre as espécies de crotalária e

também entre os acessos de uma mesma espécie em avaliação realizada no dia em que foi feita

a inoculação dos nematoides (Tabela 8). O acesso de C. ochroleuca proveniente da África do

Sul (PI 274767) apresentou nesta primeira avaliação, altura em média 70% menor em

comparação com os outros dois biótipos desta espécie. As diferenças na taxa de crescimento

(altura) entre os acessos de C. ochroleuca podem ocorrer em função de uma série de fatores

como a interação genótipo ambiente, tendo em vista que mesmo em experimento conduzido em

condições de casa de vegetação, o comprimento do dia pode ter apresentado influência no

desenvolvimento da planta. Além disso, esta diferença pode ser explicada simplesmente como

uma característica inerente do genótipo, podendo este apresentar menor taxa de crescimento

comparado com os demais.

Para C. spectabilis, apenas PI 249683 (Índia) e PI 244597 (África do Sul) apresentaram

menor altura de plantas entre todos os acessos desta espécie. Em relação ao efeito do sting

nematode na altura de plantas, destaca-se que não foram observadas diferenças nesta variável

nas avaliações realizadas.

Aos 15 DAI, resultados semelhantes aos da primeira avaliação foram observados, onde

o acesso de C. ochroleuca proveniente da África do Sul (PI 274767), continuou a apresentar

menor altura em relação aos outros biótipos desta espécie (Tabela 8). Analisando a altura média

das plantas entre as três diferentes espécies de crotalária, pode se observar que, em ordem

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crescente, C. spectabilis, C. breviflora e C. ochroleuca, apresentaram maior valores para esta

variável.

Tabela 8. Altura de plantas de diferentes acessos de espécies de crotalária em função da

inoculação do sting nematode. Gainesville, FL – 2014.

Acessos / Espécie País de origem Altura (cm)

0 DAI 15 DAI 30 DAI 60 DAI

PI 274767 / C. ochroleuca ZA 6,41 ± 0,38 19,88 ± 0,94 43,89 ± 1,70 70,28 ± 5,17

PI 543869 / C. ochroleuca TZ 25,20 ± 3,79 56,61 ± 8,09 87,76 ± 7,73 121,03 ± 15,89

PI 407529 / C. ochroleuca CD 22,60 ± 4,14 49,72 ± 8,04 75,72 ± 5,83 114,30 ± 10,78

PI 238268 / C. spectabilis AU 10,22 ± 0,67 23,81 ± 3,14 53,69 ± 2,95 73,57 ± 5,86

PI 240413 / C. spectabilis AU 11,75 ± 0,92 26,19 ± 2,87 52,08 ± 2,89 72,98 ± 4,73

PI 316944 / C. spectabilis BR 12,29 ± 1,06 22,22 ± 2,54 48,47 ± 2,67 68,74 ± 6,16

PI 316945 / C. spectabilis BR 11,93 ± 1,36 22,38 ± 2,05 47,84 ± 2,63 69,34 ± 4,49

PI 337081 / C. spectabilis BR 11,27 ± 1,08 22,81 ± 2,35 48,79 ± 3,44 64,78 ± 5,37

PI 217908 / C. spectabilis IN 11,04 ± 1,27 23,52 ± 2,88 44,05 ± 2,70 60,40 ± 4,69

PI 249683 / C. spectabilis IN 7,77 ± 0,85 16,18 ± 1,64 39,71 ± 2,11 55,83 ± 5,05

PI 346295 / C. spectabilis IN 11,68 ± 1,13 22,61 ± 2,68 46,61 ± 4,34 58,80 ± 7,19

PI 244597 / C. spectabilis ZA 7,92 ± 0,97 15,44 ± 1,38 38,83 ± 3,08 55,62 ± 5,49

C. breviflora BR 14,28 ± 1,30 27,97 ± 2,54 51,75 ± 2,37 67,95 ± 6,34

Inoculação do nematoide Altura (cm)

0 DAI 15 DAI 30 DAI 60 DAI

Com1 12,51 ± 1,24 28,30 ± 3,50 53,54 ± 4,12 78,47 ± 6,61

Sem 13,31 ± 1,49 30,21 ± 4,04 56,56 ± 4,16 76,27 ± 5,87 1 Com – Plantas submetidas à inoculação do nematoide; Sem – Plantas não submetidas à inoculação do nematoide.

Intervalo de confiança (p≤0,05).

Nas duas últimas avaliações (30 e 60 DAI), os resultados foram muito semelhantes em

relação ao comportamento entre espécies e aos acessos dentro de uma única espécie. Analisando

a taxa de crescimento de cada acesso (dividindo o valor da altura de planta da última avaliação

pelo da primeira), pode se concluir que apesar do acesso de C. ochroleuca PI 274767 (África

do Sul) apresentar menor altura em relação aos outros dois, para este biótipo, a taxa de

crescimento foi duas vezes maior que para os outros acessos (PI 543869 e PI 407529). Entre as

três espécies de crotalária, a que apresentou menor taxa de crescimento foi C. breviflora, fato

que pode ser explicado pelo florescimento precoce das plantas nas condições em que o

experimento foi conduzido.

Os resultados das avaliações de estádio de plantas estão apresentados na Tabela 9. Aos

15 DAI, apenas o acesso PI 244597 (África do Sul) de C. spectabilis apresentou diferenças no

estádio de desenvolvimento quando comparado às plantas que foram submetidas à inoculação

do sting nematode e as que não foram. Assim como nas avaliações de altura de plantas, para os

acessos de C. ochroleuca foi observado aos 15 DAI que o biótipo PI 274767 (África do Sul)

teve menor número de folhas em comparação com os outros dois tratamentos desta espécie. Em

relação ao efeito do sting nematode, cerca de 57% dos casos as plantas que não foram

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submetidas a inoculação do B. longicaudatus apresentaram maior número de folhas que as

outras que se desenvolveram com a presença do fitoparasita.

Na segunda avaliação de estádio de plantas, realizada aos 60 DAI, apenas em dois dos

treze tratamentos foram observadas diferenças no número de folhas entre as plantas submetidas

ou não à inoculação do sting nematode (PI 543869/C. ochroleuca – Tanzânia e PI 316945/C.

spectabilis – Brasil). Embora o acesso de C. spectabilis PI 249683 (Índia) ter apresentado o

mesmo número de folhas para as duas condições, é importante destacar que as plantas que se

desenvolveram livres da presença do fitoparasita iniciaram o florescimento mais cedo.

Tabela 9. Estádio de desenvolvimento de diferentes acessos de espécies de crotalária

submetidos ou não a inoculação do sting nematode. Gainesville, FL – 2014.

Acessos / Espécie País de

origem

Estádio de desenvolvimento

15 DAI 60 DAI

Com1 Sem Com Sem

PI 274767 / C. ochroleuca ZA 10 – 15 Fol. 15 – 20 Fol. 180 – 185 Fol. 180 – 185 Fol.

PI 543869 / C. ochroleuca TZ 20 – 25 Fol. 45 – 50 Fol. 125 – 130 Fol. 265 – 270 Fol.

PI 407529 / C. ochroleuca CD 25 – 30 Fol. 30 – 40 Fol. 185 – 190 Fol. 185 – 190 Fol.

PI 238268 / C. spectabilis AU 10 – 15 Fol. 10 – 15 Fol. 125 – 130 Fol. 125 – 130 Fol.

PI 240413 / C. spectabilis AU 10 – 15 Fol. 10 – 15 Fol. 125 – 130 Fol. 125 – 130 Fol.

PI 316944 / C. spectabilis BR 10 – 15 Fol. 15 – 20 Fol. 110 – 115 Fol. 110 – 115 Fol.

PI 316945 / C. spectabilis BR 10 – 15 Fol. 15 – 20 Fol. 110 – 115 Fol. 120 – 125 Fol.

PI 337081 / C. spectabilis BR 15 – 20 Fol. 15 – 20 Fol. 120 – 125 Fol. 120 – 125 Fol.

PI 217908 / C. spectabilis IN 15 – 20 Fol. 20 – 25 Fol. 140 – 145 Fol. 140 – 145 Fol.

PI 249683 / C. spectabilis IN 10 – 15 Fol. 10 – 15 Fol. 65 – 70 Fol. 65 – 70 Fol.*

PI 346295 / C. spectabilis IN 15 – 20 Fol. 15 – 20 Fol. 155 – 160 Fol.* 155 – 160 Fol.*

PI 244597 / C. spectabilis ZA 5 – 10 Fol. 10 – 15 Fol. 75 – 80 Fol. 75 – 80 Fol.

C. breviflora BR 25 – 30 Fol. 25 – 30 Fol. 175 – 180 Fol.* 175 – 180 Fol.* 1 Com – Plantas submetidas à inoculação do nematoide; Sem – Plantas não submetidas à inoculação do nematoide. * Plantas em estádio reprodutivo.

Nas condições que o experimento foi conduzido, apenas três acessos atingiram estádio

de florescimento, dois de C. spectabilis provenientes da Índia (PI 249683 e PI 346295) e a C.

breviflora. Tendo em vista que estas espécies poderão ser incluídas em sistemas de rotação

como culturas de cobertura, é importante verificar o potencial destas plantas de produzirem

estruturas reprodutivas, pois após cultivos sucessivos, o incremento no banco de sementes do

solo pode tornar algumas destas espécies uma planta daninha (SOLTANI et al., 2011).

Os resultados das avaliações de massa seca de parte aérea das diferentes espécies de

crotalária indicam que, em ordem crescente, C. breviflora, C. ochroleuca e C. spectabilis,

apresentaram maiores massas, sendo as diferenças entre C. breviflora e C. ochroleuca pequenas

(Tabela 10). Em geral, o sting nematode não teve influência no acúmulo de massa seca de parte

aérea, observando-se apenas duas exceções, uma delas a planta que se desenvolveu livre da

presença do fitoparasita apresentou maior massa (PI 543869/C. ochroleuca – Tanzânia) e na

outra ocorreu o contrário (PI 240413/C. spectabilis – Austrália).

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Em função destas espécies serem utilizadas como culturas de cobertura ou com

propósitos de adubação verde, é importante verificar as plantas que apresentam maior acúmulo

de massa de parte aérea. Materiais que tiverem melhor desenvolvimento desta parte da planta

são desejáveis, pois a maior quantidade de palhada incorporada no solo trará benefícios para o

ambiente pelo incremento de matéria orgânica, criando uma barreira física para prevenção de

emergência de plantas daninhas e ainda, pela liberação de compostos alelopáticos

(MONTEMURRO et al., 2013).

Tabela 10. Massa seca de parte aérea e folhas (g) por planta de diferentes acessos de espécies

de crotalária submetidos a inoculação do sting nematode. Gainesville, FL – 2014.

Acessos / Espécie País de

origem

Massa seca de parte aérea Massa seca de folhas

Com1 Sem Com Sem

PI 274767 / C. ochroleuca ZA 18,04 Ade 15,39 Aef 8,26 Ae 7,88 Af

PI 543869 / C. ochroleuca TZ 19,27 Bbcde 31,76 Aa 7,20 Be 12,83 Abcd

PI 407529 / C. ochroleuca CD 21,33 Aabcde 21,57 Abcde 9,07 Ade 8,97 Aef

PI 238268 / C. spectabilis AU 24,87 Aab 22,89 Abc 15,44 Aab 14,15 Abc

PI 240413 / C. spectabilis AU 25,95 Aa 19,59 Bcdef 15,90 Aa 12,29 Bbcd

PI 316944 / C. spectabilis BR 25,52 Aa 21,79 Abcd 16,38 Aa 14,57 Ab

PI 316945 / C. spectabilis BR 23,42 Aabcd 22,17 Abcd 15,52 Aa 14,81 Ab

PI 337081 / C. spectabilis BR 24,32 Aabc 26,90 Aab 16,16 Aa 17,87 Aa

PI 217908 / C. spectabilis IN 22,54 Aabcde 20,44 Acdef 15,12 Aab 13,41 Abcd

PI 249683 / C. spectabilis IN 16,96 Ae 16,44 Adef 11,50 Acd 11,35 Acde

PI 346295 / C. spectabilis IN 18,66 Acde 16,25 Adef 12,39 Abc 11,39 Acde

PI 244597 / C. spectabilis ZA 20,98 Aabcde 15,30 Af 13,58 Aabc 10,58 Adef

C. breviflora BR 21,88 Aabcde 19,58 Acdef 8,36 Ae 8,26 Af

CV (%) 22,16 19,57 1 Com – Plantas submetidas à inoculação do nematoide; Sem – Plantas não submetidas à inoculação do nematoide.

Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo

teste Fisher’s LSD (p≤0,05).

Os resultados de massa seca de folhas apresentaram similaridade com a avaliação de

massa seca de parte aérea das plantas de crotalária, uma vez que os acessos de C. spectabilis

consistiram naqueles com maior acúmulo de massa nestes órgãos da planta em comparação

com C. ochroleuca e C. breviflora (Tabela 10). Novamente, o sting nematode não apresentou

qualquer efeito claro na massa de folhas das plantas que foram submetidas a inoculação deste

fitoparasita.

Na Tabela 11 também estão apresentados os resultados da avaliação de massa seca de

caule das plantas pertencentes ao gênero Crotalaria sp. Ao contrário dos dados de folhas e parte

aérea, para o caule maiores valores de massa seca foram visualizados nos acessos de C.

ochroleuca, seguidos por C. spectabilis e C. breviflora. Para esta variável, a ordem de maiores

valores é similar aos resultados da última avaliação de altura de plantas, realizada aos 60 DAI.

Analisando a relação entre caule e folhas na composição da massa seca de parte aérea

das diferentes espécies de crotalária é possível notar que os acessos de C. ochroleuca

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apresentam maiores valores (1,06), seguidos por C. breviflora (0,67) e C. spectabilis (0,55). A

relação caule/folhas é importante para estimar a taxa de degradação da palhada, pois em geral

quanto maior a porcentagem de caule na composição da biomassa, mais longo é o tempo de

mineralização, visto que este tecido da planta é composto por lignina, celulose e uma menor

concentração de nitrogênio comparado com as folhas, o que resultará em uma redução na

velocidade de decomposição do material (VARELA et al., 2014). A relação entre caule e folhas

não foi influenciada pela presença do sting nematode.

Tabela 11. Massa seca de caule (g) e área foliar (cm2) por planta de diferentes acessos de

espécies de crotalária submetidos a inoculação do sting nematode. Gainesville, FL – 2014.

Acessos / Espécie País de

origem

Massa seca de caule Área foliar

Com1 Sem Com Sem

PI 274767 / C. ochroleuca ZA 9,78 Aabc 7,51 Acd 2303,38 Aefg 2682,18 Ade

PI 543869 / C. ochroleuca TZ 12,07 Bab 18,93 Aa 1539,08 Bg 2856,82 Acd

PI 407529 / C. ochroleuca CD 12,26 Aa 12,60 Ab 1874,55 Afg 1971,10 Aef

PI 238268 / C. spectabilis AU 9,43 Aabc 8,74 Ac 4245,23 Aa 3728,70 Aab

PI 240413 / C. spectabilis AU 10,05 Aabc 7,30 Acd 4302,06 Aa 3234,33 Bbcd

PI 316944 / C. spectabilis BR 9,14 Abcd 7,22 Acd 4082,88 Aab 3566,53 Aabc

PI 316945 / C. spectabilis BR 7,90 Acde 7,36 Acd 3777,96 Aabc 3532,54 Aabc

PI 337081 / C. spectabilis BR 8,16 Acde 9,03 Ac 3760,64 Aabc 4223,89 Aa

PI 217908 / C. spectabilis IN 7,42 Acde 7,03 Acd 3439,55 Abc 3117,66 Abcd

PI 249683 / C. spectabilis IN 5,46 Ae 5,09 Ad 2578,10 Adef 2521,68 Ade

PI 346295 / C. spectabilis IN 6,27 Ade 4,86 Ad 3034,77 Acde 2705,18 Ade

PI 244597 / C. spectabilis ZA 7,40 Acde 4,72 Ad 3278,22 Acd 2636,55 Ade

C. breviflora BR 8,08 Acde 7,08 Acd 1688,82 Ag 1528,11 Af

CV (%) 28,51 21,11 1 Com – Plantas submetidas à inoculação do nematoide; Sem – Plantas não submetidas à inoculação do nematoide.

Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo

teste Fisher’s LSD (p≤0,05).

As avaliações de área foliar dos diferentes acessos das espécies de crotalária

corroboram com os resultados de massa seca de folhas, onde maiores valores foram verificados

para os biótipos de C. spectabilis (Tabela 12). Apesar de os acessos de C. ochroleuca

apresentarem maior número de folhas em relação aos de C. spectabilis, os resultados de massa

seca de folhas e área foliar indicaram que esta segunda espécie (C. spectabilis) apresentaram

maiores valores para estas variáveis. Este fato pode ser explicado pela diferença no formato das

folhas, uma vez que as da C. ochroleuca apresentam trifólios com folíolos lanceolados e as

folhas de C. spectabilis são obovadas simples mais largas no ápice (Figura 2).

O sting nematode não apresentou influência na área foliar de plantas de crotalária na

maioria dos casos, uma vez que nos treze acessos que foram avaliados, apenas em duas

situações diferenças entre as plantas submetidas ou não a inoculação deste fitoparasita foram

encontradas (PI 543869 / C. ochroleuca – TZ e PI 240413 / C. spectabilis – AU).

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Uma variável importante para se mensurar o efeito do sting nematode em plantas é a

massa de raiz, visto que esta é a principal parte da planta afetada pelo fitoparasita (Tabela 12).

Apenas em um tratamento (PI 543869 / C. ochroleuca – TZ) o efeito do sting nematode foi

verificado na redução da massa seca de raiz. Para os demais tratamentos, não foi observado

efeito nas raízes inoculadas pelo B. longicaudatus, uma vez que as diferenças para esta variável

só ocorreram entre as diferentes espécies de crotalária, apresentando maior massa de raiz, em

ordem crescente, C. breviflora, C. ochroleuca e C. spectabilis.

Figura 2. Diferenças anatômicas entre as folhas de C. breviflora (A), C. spectabilis (B) e C.

ochroleuca (C). Gainesville, FL – 2014.

Em geral, os melhores resultados visando à supressão da população do sting nematode

utilizando uma das diferentes espécies de crotalária como cultura de cobertura foi alcançado

pelos três acessos de C. ochroleuca (Tabela 12). Para C. spectabilis, o comportamento na

supressão deste fitoparasita foi muito diferente entre os tratamentos, mesmo para acessos que

vieram do mesmo país, como pode ser visualizado para os três materiais provenientes do Brasil,

visto que dois deles (PI 316945 e PI 337081) tiveram números de nematoides semelhantes aos

da testemunha suscetível (milho).

Apesar da eficácia no controle de outras espécies de nematoide já ter sido reportada

para C. breviflora (MACHADO et al., 2007), para o sting nematode, este material vegetal não

apresentou boa supressão para ser utilizado como planta antagonista visando à redução nos

problemas causados pelo B. longicaudatus, visto que os números de nematoides encontrados

foram similares aos do milho.

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100

Tabela 12. Massa seca de raiz (g) por planta e número de nematoides (por 100 cm3 de solo) em

diferentes acessos de espécies de crotalária submetidos a inoculação do sting nematode.

Gainesville, FL – 2014.

Acessos / Espécie País de origem Massa seca de raiz Número de nematoides

(100 cm3 de solo) Com1 Sem

PI 274767 / C. ochroleuca ZA 4,70 Acd 4,67 Abcd 0,00 c

PI 543869 / C. ochroleuca TZ 2,78 Be 5,16 Aabcd 0,00 c

PI 407529 / C. ochroleuca CD 6,28 Aabc 5,28 Aabc 4,20 bc

PI 238268 / C. spectabilis AU 5,78 Aabc 4,66 Abcd 4,60 bc

PI 240413 / C. spectabilis AU 6,84 Aa 5,22 Aabcd 4,40 bc

PI 316944 / C. spectabilis BR 6,73 Aa 5,23 Aabcd 9,20 bc

PI 316945 / C. spectabilis BR 5,95 Aabc 5,99 Aab 28,60 ab

PI 337081 / C. spectabilis BR 6,62 Aab 6,65 Aa 15,00 ab

PI 217908 / C. spectabilis IN 5,64 Aabcd 5,59 Aabc 0,00 c

PI 249683 / C. spectabilis IN 4,93 Abcd 4,78 Abcd 4,80 bc

PI 346295 / C. spectabilis IN 7,33 Aa 5,63 Aabc 5,00 bc

PI 244597 / C. spectabilis ZA 7,16 Aa 5,67 Aabc 0,00 c

C. breviflora BR 3,86 Ade 3,52 Ad 25,20 ab

Milho US - - 42,40 a

CV (%) 26,49 121,34 1 Com – Plantas submetidas à inoculação do nematoide; Sem – Plantas não submetidas à inoculação do nematoide.

Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e seguidas por letras minúsculas na coluna diferem pelo

teste Fisher’s LSD (p≤0,05).

Um fator importante a ser observado é que, entre os treze materiais de plantas do

gênero Crotalaria sp., dez deles diferiram da planta utilizada como hospedeira suscetível para

B. longicaudatus, demonstrando que a maioria destes, quando cultivados, podem contribuir

para a diminuição na população em áreas com grande infestação do fitoparasita. Além disso,

estas plantas também auxiliaram no manejo de outras espécies de nematoides, visto que em

várias áreas mais de uma espécie de nematoide é encontrada compondo a fauna do solo.

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101

Conclusões

Experimento 1

Sting nematode não afetou a altura, massa seca da parte aérea e área foliar das plantas

de C. juncea. No entanto, este fitonematoide afetou o estádio de crescimento e massa seca da

raiz dos diferentes acessos desta espécie de crotalária.

PI 322377 (Brasil) foi o único acesso a apresentar maior número de nematoides quando

comparado com os melhores tratamentos. Apesar disto, todos os acessos de C. juncea

suprimiram o sting nematode, apresentando números muito inferiores em relação ao milho

(testemunha suscetível).

Experimento 2

Foi verificada grande variação na susceptibilidade ao sting nematode entre os

diferentes acessos de C. spectabilis, mesmo para aqueles provenientes do mesmo país. Para esta

espécie, os melhores acessos visando à supressão do sting nematode foram PI 217908 e PI

244597, provenientes da Índia e África do Sul, respectivamente.

C. breviflora não consiste em uma boa espécie para ser utilizada no manejo em áreas

infestadas por B. longicaudatus, visto que esta espécie apresentou resultados similares à

testemunha suscetível (milho).

Os acessos de C. spectabilis PI 337081 e PI 316945 (Brasil), e o único biótipo de C.

breviflora avaliado foram os únicos tratamentos a apresentar maior número de nematoides,

apresentando valores semelhantes as plantas de milho (testemunha suscetível).

Os acessos de C. ochroleuca apresentaram o melhor potencial para reprimir a

população do sting nematode quando comparadas as três diferentes espécies de crotalária deste

experimento.

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102

Referências Bibliográficas

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CONSIDERAÇÕES GERAIS

As plantas daninhas podem se portar como hospedeiras alternativas para o nematoide

das lesões radiculares (P. brachyurus), demonstrando mais um motivo relevante para se

proceder ao controle das plantas daninhas, incluindo também áreas cultivadas com crotalária,

já que nestas os nematoides teriam como “abrigo” as espécies que compõem a comunidade

infestante.

Há diferenças entre as espécies de crotalária quanto à hospedabilidade dos nematoides,

sejam estes endoparasitas migratórios (P. brachyurus) ou ectoparasitas (B. longicaudatus).

Observa-se ainda que, para o B. longicaudatus, acessos de uma mesma espécie de crotalária

provenientes de diferentes países apresentam tolerância diferencial à presença do fitoparasita.

De maneira geral, sumarizando os resultados dos experimentos realizados com P. brachyurus

e B. longicaudatus, as espécies C. ochroleuca e C. spectabilis foram as que apresentaram

melhor desempenho na supressão destes fitonematoides.

Com relação ao desempenho dos herbicidas visando ao controle de plantas voluntárias

de C. spectabilis, verifica-se por mecanismo de ação que as melhores opções são: inibidores da

PROTOX, inibidores do Fotossistema II, inibidores da EPSPS e inibidores da GS. As exceções

a estes são flumiclorac e bentazon (inibidores da PROTOX e Fotossistema II, respectivamente),

que apresentaram seletividade para esta espécie.

Os mecanismos de ação com princípios ativos que proporcionaram menores injúrias

às plantas de crotalária (C. spectabilis) foram: inibidores divisão celular, inibidores da ALS e

inibidores da ACCase. Estes resultados podem servir de indicativos prévios na busca de

informações sobre princípios ativos que ainda não foram avaliados quanto à seletividade de

herbicidas para esta espécie leguminosa.

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CONCLUSÃO GERAL

a) Plantas daninhas como hospedeiras de Pratylenchus brachyurus

Em ordem crescente, P. oleracea, A. viridis e S. rhombifolia consistiram nas espécies

de plantas daninhas com maior número total de nematoides por sistema radicular, sendo apenas

a S. rhombifolia semelhante à testemunha (variedade de soja BMX Potência RR®). Com relação

ao número de nematoides por grama de raiz, os maiores valores foram observados para A.

viridis, seguido por P. oleracea.

b) Herbicidas para o controle de plantas voluntárias de crotalária

As melhores opções visando ao controle de plantas voluntárias de C. spectabilis em

pré-emergência consiste na aplicação dos herbicidas atrazine e diuron, seja estas realizadas com

dose cheia ou meia dose. Outros herbicidas que podem ser utilizados com este objetivo foram

flumioxazin e fomesafen, ambos aplicados em dose cheia, 60 e 375 g ha-1, respectivamente.

Excluindo o diuron aplicado na menor dose (1000 g ha-1), todos os demais apresentaram

eficácia no controle de C. spectabilis em aplicações realizadas em plantas com 2 a 4 folhas.

Para o estádio de aplicação mais avançado (6 a 8 folhas), além do diuron, o herbicida fomesafen

aplicado na menor dose (187,5 g ha-1), também não apresentou eficácia no controle de

crotalária.

c) Seletividade de herbicidas para o controle de plantas daninhas em crotalária

Os herbicidas aplicados em pós-emergência imazethapyr (79,5 g ha-1), bentazon (576

g ha-1), flumiclorac (em aplicação sequencial), além da associação entre clethodim + quizalofop

podem ser utilizados para o manejo de plantas daninhas na cultura da C. spectabilis. Para

pyrithiobac-sodium ainda se faz necessário um melhor ajuste da dose visando conferir menores

efeitos negativos sobre o desenvolvimento desta espécie.

d) Susceptibilidade diferencial de espécies de crotalária aos nematoides Pratylenchus

brachyurus e Belonolaimus longicaudatus

P. brachyurus não afetou as variáveis altura e massa seca de parte aérea das plantas de

crotalária submetidas à inoculação deste nematoide. Excluindo-se a C. juncea, todas as demais

espécies de crotalária apresentaram-se como boas opções para o manejo em áreas infestadas

com P. brachyurus.

B. longicaudatus não afetou a altura, massa seca da parte aérea e área foliar das plantas

de C. juncea. No entanto, este fitonematoide afetou o estádio de crescimento e massa seca da

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raiz dos diferentes acessos desta espécie de crotalária. PI 322377 (Brasil) foi o único acesso a

apresentar maior número de nematoides quando comparado com os melhores tratamentos.

Apesar disto, todos os acessos de C. juncea suprimiram o sting nematode, apresentando

números muito inferiores em relação ao milho (testemunha suscetível).

Foi verificada grande variação na suscetibilidade ao sting nematode entre os diferentes

acessos de C. spectabilis, mesmo para aqueles provenientes do mesmo país. Para esta espécie,

os melhores acessos visando à supressão do sting nematode foram PI 217908 e PI 244597,

provenientes da Índia e África do Sul, respectivamente. C. breviflora não consiste em uma boa

espécie para ser utilizada no manejo em áreas infestadas por B. longicaudatus. Os acessos de

C. ochroleuca apresentaram o melhor potencial para reprimir a população do sting nematode

quando comparadas as três diferentes espécies de crotalária deste experimento.

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ANEXOS

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Crotalaria spectabilis: um novo hospedeiro para Sclerotinia sclerotiorum

Resumo: Crotalaria spectabilis Roth tem sido cultivada no Brasil para adubação verde e/ou

controle de fitonematoides (INOMOTO et al., 2008). Em junho de 2013, na Região Sul, Estado

do Paraná, em campos experimentais foi observado em plantas de C. spectabilis lesões

necróticas, com aspecto aquoso, em hastes, pecíolos e vagens, atingindo 18,6 % de incidência,

ocasionando murcha e a morte das plantas. Sobre as áreas necróticas e adjacentes foi observado

crescimento micelial branco vigoroso, com formação de grande número de escleródios de

formato esférico a cilíndrico e irregulares, coloração negra e comprimento variando de 2,0 a

7,5 mm. Escleródios foram coletados, desinfestados, superficialmente em NaCLO, lavados em

água destilada-esterilizada e transferidos para o substrato de cultivo batata-dextrose-agar

(BDA), em placa-de-Petri, colocando três escleródios por placa de Petri. As placas de Petri

foram mantidas em câmara de crescimento, a 18±1oC e fotoperíodo de 12 horas de luz

fluorescente. Observou-se a formação de colônia micelial, de coloração branca, a partir de todos

os escleródios, seguido, após 13 dias, de formação de grande número de escleródios com as

mesmas características descritas acima. Foram obtidos cinco isolados puros. De acordo com as

características morfológicas foi identificado o fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary

(Kohn, 1979). Para confirmação da espécie fúngica, a partir de micélio produzido em BDA,

extraiu-se o DNA e as regiões ITS1 – 5,8S rDNA – ITS2 (467 pb) que foram amplificadas com

os primers ITS5 e ITS4 e sequenciadas. Uma pesquisa no BLAST na base de dados do GenBank

mostrou que os isolados CN24, CN26, CN28, CN30 and CN32 (GenBank Accession No.

KJ572534 to KJ572538) apresentaram 100% de homologia com os acessos KF859933.1 e

AB898682.1, identificando S. sclerotiorum como agente causal da doença. Em casa de

vegetação, cada isolado foi inoculado em 15 plantas de C. spectabilis, com 40 dias de idade.

Discos de micélio do fungo (6,0 mm) produzido em meio BDA foram colocados na haste

principal da planta e fixados com filme plástico (parafilm). Em seguida as plantas foram

aspergidas com água esterilizadas em cobertas com sacos plásticos por três dias. Após cinco

dias as plantas reproduziram os mesmos sintomas observados no campo para todos os isolados.

Os experimentos foram repetidos mostrando resultados similares. Após 13 dias houve a

formação de escleródios nas regiões das necroses, com características semelhantes às descritas

acima. Além de C. spectabilis, outras espécies de crotalária, C. juncea, C. retusa e C. striata

também já foram relatadas como hospedeira de S. sclerotiorum. Os isolados estão mantidos na

coleção de fungos fitopatogênicos do Laboratório de Fitopatologia do Departamento de

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110

Agronomia da Universidade Estadual de Maringá. Pelo o que se sabe este foi o primeiro relato

de S. sclerotiorum infectando C. spectabilis em nível mundial.

Palavras-chave: mofo-branco, hospedeira alternativa, crotalária.

Crotalaria spectabilis: a new host of Sclerotinia sclerotiorum

Abstract: Crotalaria spectabilis Roth has been grown in Brazil for green manure and/or

phytonematode control (INOMOTO et al., 2008). In June 2013, necrotic lesions were observed

in C. spectabilis plants found in experimental fields located in Brazil’s southern state of Paraná.

These lesions featured a watery aspect and were found in stems, petioles and pods, reaching

incidence of 18.6 %, resulting in plant wilting and death. Vigorous whitish mycelium growth

was observed over necrotic and adjacent areas, forming a large number of irregular spherical-

to cylinder-shaped sclerotia, black in color and ranging between 2.0 to 7.5 mm in length.

Sclerotia were collected, disinfected superficially in NaCLO, rinsed in distilled-sterile water

and transferred to potato-dextrose-agar (PDA) growth medium in Petri dishes, with three

sclerotia per Petri dish. The Petri dishes were kept in a growth chamber at 18±1oC and 12-hour

cycles of fluorescent light. The formation of a mycelial colony, white in color, was observed in

all sclerotia, followed by the formation of a large number of sclerotia after 13 days, featuring

the same characteristics as described above. Five pure isolates were obtained. Fungus

Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary (Kohn, 1979) was identified based on morphological

characteristics. To confirm the fungal species, DNA was extracted from mycelium produced in

PDA, regions ITS1 – 5.8S rDNA – ITS2 (467 pb) were amplified using primers ITS5 and ITS4,

and sequenced. A BLAST query in the GenBank database showed that isolates CN24, CN26,

CN28, CN30 and CN32 (GenBank Accession Nos. KJ572534 to KJ572538) showed 100%

homology with accessions KF859933.1 and AB898682.1, thus identifying S. sclerotiorum as

the causal agent of the disease. In a greenhouse, each isolate was inoculated in 15 plants of C.

spectabilis, at 40 days old. Mycelial discs of the fungus (6.0 mm) produced in PDA medium

were placed on the main stem of the plant and fixed with plastic film (Parafilm). Next, the plants

were with sprayed with sterile water and covered with plastic bags for three days. After five

days, the plants had reproduced the same symptoms observed in the field for all isolates. The

experiments were repeated, showing similar results. After 13 days, sclerotia formed in the

necrotic areas, featuring similar characteristics as those described above. In addition to C.

spectabilis, other crotalaria species (C. juncea, C. retusa and C. striata) have been reported as

hosts of S. sclerotiorum as well. The isolates are kept in the phytopathogenic fungi collection

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111

at the Phytopathology Laboratory of the Agronomy Department of Maringá State University.

This is believed to be the first report worldwide of S. sclerotiorum infecting C. spectabilis.

Keywords: withe mold, alternative host, showy crotalaria.

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112

Tabela 1. Principais características químicas dos herbicidas utilizados nos experimentos

conduzidos na tese (Adaptado de OLIVEIRA JR. et al., 2015). Maringá, PR – 2015.

Herbicida (Produto formulado/Empresa) t1/2

(dias)

Koc

(mL g-1) pKa

Solubilidade em

água (mg L-1)

Inibidores da enzima acetolactato sintase (ACCase )

clethodim (Select 240 EC/Arysta) 3 16,5 4,1 5520

quizalofop-p-ethyl (Targa 50 EC/Arysta) 60 510 1,25 0,3

Inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS)

chlorimuron-ethyl (Classic/Dupont) 40 110 4,2 450

diclosulan (Spider 840 WG/Dow

AgroSciences) 540 90 4,09 124

flumetsulan (Scorpion/Dow AgroSciences) 60 356 4,6 5600

imazethapyr (Pivot/BASF) 75 22 2,1 e 3,9 1400

nicosulfuron (Sanson 40 SC/ISK) 21 20 4,3 7500

pyrithiobac-sodium (Staple 280 CS/Ihara) 60 9 2,34 760

trifloxysulfuron-sodium (Envoke/Syngenta) 5 a 15 29 a 574 4,76 5016

Inibidores da fotossíntese (FSII)

amicarbazone (Dinamic/Arysta) 18 a 24 23-37 nd2 4600

atrazine (Atrazina Nortox 500 SC/Nortox) 60 165 1,7 33

bentazon (Basagran 480/BASF) 20 34 3,3 500

diuron (Karmex/Milênia) 90 480 nd 42

metribuzin (Sencor 480/Bayer) 45 60 1,0 1100

prometryn (Gesagard 500 SC/Syngenta) 60 400 4,09 33

Inibidores da enzima protoporfirinogenio oxidase (PROTOX)

flumiclorac-pentyl (Radiant 100/Sumitomo) 1 a 6 30 nd 0,189

flumioxazin (Flumyzin 500/Sumitomo) 11,9-17,5 889 nd 1,79

fomesafen (Flex/Syngenta) 100-150 60 2,7 50

lactofen (Cobra/Bayer) 3 10000 nd 0,1

saflufenacil (Heat/BASF) 20 9 a 56 4,41 2100

sulfentrazone (Boral 500 SC/FMC) 180 a 250 17,5 a 43 6,56 110

Inibidores da síntese de carotenoides

clomazone (Gamit/FMC) 24 300 nd 1100

isoxaflutole (Provence 750 WG/Bayer) 0,5 a 4 93 a 131 nd 6,8

mesotrione (Callisto/Syngenta) 32 14 a 390 3,12 15000

tembotrione (Soberan/Bayer) 30 66 3,18 28300

Inibidores da enzima enol-piruvil-shiquimato-fosfato sintase (EPSPS)

glyphosate (Roundup Original/Monsanto) 47 24000 2,6; 5,6 e 10,3 15700

Inibidores da enzima glutamina sintetase (GS)

amonio-glufosinate (Finale/Bayer) 7 100 2 1370000

Inibidores do crescimento inicial

pendimethalin (Herbadox/BASF) 44 17200 nd 0,275

S-metolachlor (Dual Gold/Syngenta) 15 a 50 200 nd 488

trifluralin (Trifluralina Nortox Gold/Nortox) 45 7000 nd 0,3

Mimetizadores da auxina

2,4-D amina (DMA 806 BR/Dow

AgroSciences) 10 60 2,8 900

aminocyclopyrachlor (DPX-MAT28/Dupont) 31 24 4,6 3130 1 Fonte dos dados: VENCILL (2002); BASF (2009); OLIVEIRA JR. e REGITANO (2009); TARARA et al.

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