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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS EMILIA ALICE FONSECA RICARDI EMOÇÕES, SENSAÇÕES E AFEIÇÕES DO CONSUMIDOR BRASILEIRO PELO CAFÉ CAMPINAS 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

EMILIA ALICE FONSECA RICARDI

EMOÇÕES, SENSAÇÕES E AFEIÇÕES DO CONSUMIDOR

BRASILEIRO PELO CAFÉ

CAMPINAS

2016

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EMILIA ALICE FONSECA RICARDI

EMOÇÕES, SENSAÇÕES E AFEIÇÕES DO CONSUMIDOR

BRASILEIRO PELO CAFÉ

Dissertação apresentada à Faculdade de

Engenharia de Alimentos da Universidade

Estadual de Campinas, como parte dos

requisitos exigidos para obtenção do título

de Mestra em Alimentos e Nutrição na área

de concentração de Consumo e Qualidade

de Alimentos.

Orientador: PROFESSOR DOUTOR JORGE HERMAN BEHRENS

Coorientadora: DOUTORA ALINE OLIVEIRA GARCIA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA EMILIA ALICE FONSECA RICARDI E ORIENTADA PELO PROF. DR. JORGE HERMAN BEHRENS

CAMPINAS

2016

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BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Prof. Dr. Jorge Herman Behrens

Orientador

____________________________________________ Prof. Dr. Flavio Schmidt

Membro Titular

Universidade Estadual de Campinas

____________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Eugênio Spers

Membro Titular

Escola Superior de Propaganda e Marketing

___________________________________________ Profa. Dra. Maria Aparecida Azevedo Pereira da Silva

Membro Suplente

Universidade Federal de Sergipe

____________________________________________ Dra. Regina Lúcia Firmento de Noronha

Membro Suplente

RN Consultoria e Capacitação em Análise Sensorial

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos.

Aos meus pais, por sempre me apoiarem nos meus estudos, o que foi

essencial para chegar até aqui.

Ao meu filho Davi, por tornar esta jornada ainda mais emocionante.

Ao meu companheiro, pelo carinho e suporte para concluir este trabalho.

À minha família: irmãos, sobrinhos, primos, tios e amigos, que sempre me

incentivam e torcem por mim.

Ao prof. Jorge Behrens, por toda a orientação e dedicação, que desde o

primeiro dia foi de muita atenção e aprendizado, obrigada.

À Aline Garcia, pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Alimentos, pela

coorientação, contribuindo para completar o estudo com parcerias e qualidade.

À Banca Examinadora, pela paciência e retorno fundamental das correções.

Aos voluntários do projeto: professoras de inglês que realizaram a tradução do

EsSence Profile, aos provadores da ADQ, provadores treinados e funcionárias

do Ital, e também a todos os consumidores que manifestaram suas emoções.

Às Colegas de pós-graduação e nossa auxiliar Adriana. Com a ajuda constante

de vocês minha trajetória foi mais tranquila e feliz.

A todas as empresas de café que forneceram as amostras dos cafés e todos os

materiais que possibilitaram concluir este estudo com sucesso.

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RESUMO GERAL

O café é um dos produtos de consumo mais relevante para o Brasil, o maior

produtor mundial, e onde está presente em 95% dos lares. Hoje o mercado de

café no Brasil é considerado em transformação, com consumidores ampliando

a experimentação e valorizando produtos de melhor qualidade. Este cenário

destaca a importância de entender as preferências do consumidor e avaliar a

qualidade de cafés brasileiros. O presente estudo teve, primeiramente, o

objetivo de desenvolver um glossário de termos de emoções utilizados por

consumidores brasileiros para qualificar a experiência de tomar café, além da

tradicional avaliação da aceitabilidade. Para tanto, foram selecionadas sete

amostras de marcas líderes de café no País, sendo quatro amostras de café

tradicionais, dois superiores e um gourmet, de acordo com a classificação do

Estado de São Paulo. Um total de 36 termos de emoções foi levantado e

utilizado pelo método CATA (Check-All-That-Apply), juntamente com a escala

hedônica, na avaliação dos cafés por 124 consumidores. A análise de

agrupamentos revelou um grupo de consumidores que preferem cafés mais

fortes, de torra escura, um segundo grupo que prefere cafés de torra média, e

um terceiro grupo que aceita indistintamente diferentes tipos de cafés. Em

comum, os grupos associaram emoções positivas com os cafés mais preferidos

e emoções negativas com aqueles cafés menos aceitos. O segundo objetivo do

trabalho foi obter o perfil sensorial descritivo das sete amostras de cafés. Para

a definição do perfil sensorial e qualidade das amostras, foram realizadas a

Análise Descritiva Quantitativa (ADQ) com equipe treinada de avaliadores, e a

Classificação de Qualidade com julgadores do Instituto de Tecnologia de

Alimentos (ITAL), respectivamente. Os resultados da ADQ, de forma geral,

definiram os cafés gourmet e um dos superiores com maior intensidade de

aroma adocicado e acidez, o que geralmente caracteriza cafés destas

categorias. Os cafés tradicionais apresentaram perfis muito semelhantes entre

si, sem diferenças significativas (p>0,05) em relação ao corpo, viscosidade,

adstringência, aroma/sabor torrado e cor da bebida, atributos característicos

dos cafés tradicionais. A avaliação da qualidade dos cafés mostrou

consonância com a ADQ, porém, de acordo com as normas de identidade de

classificação, houve exceções quanto ao café gourmet, que foi avaliado como

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um café superior, e um dos cafés tradicionais, que alcançou a nota de um café

superior. Por fim, avaliou-se a relação da aceitabilidade, com os termos de

emoções e o perfil sensorial dos produtos por Análise Fatorial Múltipla,

mostrando que cafés tradicionais são mais bem aceitos, levando a emoções

positivas, em detrimento dos cafés especiais, menos “fortes”, que

proporcionam experiências menos positivas.

Palavras-chave: café, análise sensorial, consumidor, qualidade, emoção.

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ABSTRACT

Coffee is one of the most relevant consumer products in Brazil, the world's top

producer and where coffee is present in 95% of the dwellings. Coffee market is

changing and Brazilian consumers are seeking for novelties and best quality

products. This scenario highlights the importance of assessing consumer

preferences and the quality of Brazilian coffees. A glossary of emotion terms

based on the Brazilian consumer´s experience with coffee was developed in

order to complement the traditional assessment of acceptance. Seven samples

of leading brands of coffee were chosen, being four of them classified as

traditional coffees, two as superior and the last one as gourmet coffee,

according to the current legislation. A total of 36 emotion terms composed the

Brazilian coffee emotions glossary constituted a CATA (Check-All-That-Apply)

questionnaire, which together to the hedonic scale, were applied to 124

consumers. Cluster analysis revealed three segments of consumers based on

individual preferences. The first cluster preferred dark roasted coffees; the

second cluster preferred the medium roast coffees and a third cluster showed

no clear preference. Positive emotions were associated with higher acceptance

products whereas coffees of lower acceptability were associated with negative

emotions. Furthermore, descriptive sensory profile and the quality rating of the

seven coffees were determined by Quantitative Descriptive Analysis (QDA) and

the expert panel of the Instituto de Tecnologia de Alimentos, respectively. The

QDA results showed that the gourmet and one of the superior coffees were

more intense in sweet aroma and acidity, which generally characterizes fine

coffees. Traditional coffees showed very similar profiles and no significant

differences (p> 0.05) regarding body, viscosity, astringency, roasted

flavor/aroma and color of the beverage. The blind expert panel assessment

showed consonance with the QDA results. However the gourmet coffee was

rated as a superior coffee, as well as one of the traditional coffees exhibited a

superior rate. Finally, Multiple Factor Analysis (MFA) showed the association of

acceptance, emotions and the sensory profile of the products, corroborating that

the traditional coffees were well accepted by consumers, eliciting positive

emotions, although fine coffees led to less positive experiences.

Keywords: coffee, Sensory Science, consumer, quality, emotion.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................... 10

2. OBJETIVOS ....................................................................................... 12

3. CAPÍTULO 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................... 13

3.1 O Café: importante commodity mundial ................................. 13

3.2 O Processamento do Café..................................................... 14

3.3 O Consumo e o Mercado ....................................................... 17

3.4 Qualidade da bebida de café ................................................. 18

3.5 Emoções e o Consumo ........................................................ 20

3.6 Metodologias de Análise Sensorial ........................................ 24

4. CAPÍTULO 2 “Tomar café me faz sentir...”: qualificando o consumo de

café por meio de emoções ..................................................................... 30

5. CAPÍTULO 3 Emoções, Perfil sensorial e Qualidade classificando

cafés brasileiros ..................................................................................... 50

6. DISCUSSÃO GERAL ......................................................................... 72

7. CONCLUSÃO GERAL ....................................................................... 73

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 75

ANEXOS ................................................................................................ 80

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1. INTRODUÇÃO GERAL

O café é um dos mais valiosos produtos primários comercializados

no mundo. O seu processo produtivo e comercialização proporcionam milhões

de empregos e o maior parque cafeeiro do mundo localiza-se no Brasil, mais

precisamente, no Estado de Minas Gerais. A importância do café na economia

mundial é superada, em valor, apenas pelo petróleo. Mesmo ainda sendo

considerado uma commodity, o café vem ganhando status de especialidade no

mercado internacional em razão das exigências cada vez maiores dos

consumidores (SINDICAFÉ-MG, 2014).

O Brasil também é um dos maiores consumidores mundiais de café

(em sacas), superado apenas pelos Estados Unidos. Nas últimas décadas o

consumo interno brasileiro vem aumentando, devido principalmente à pesquisa,

que vem melhorando cultivares e incrementando a produtividade. Isso amplia a

oferta de melhores grãos, permitindo à indústria aprimorar a qualidade tanto

dos cafés tradicionais quanto dos superiores e gourmet (ABIC, 2014).

Por outro lado, ainda há problemas com a qualidade do café no

País. Em 1989 a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) criou o

“Selo de Pureza” com o objetivo de monitorar a qualidade das marcas locais de

café e, sobretudo, inibir as adulterações dos produtos. O programa contribuiu

com o mercado e continua combatendo fraudes de cafés com alto teor de

impurezas (ABIC, 2014). Mais recentemente, regulamentos técnicos publicados

nas resoluções SAA30 e SAA31 de 2007, e SAA19 de 2010, da Secretaria de

Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, contribuem para definir

padrões mínimos de qualidade para o café torrado em grão e torrado e moído

(SÃO PAULO 2007a, SÃO PAULO 2007b, SÃO PAULO 2010).

A qualidade do café depende da habilidade técnica da separação

pós-colheita dos frutos. O processo de secagem deve ser iniciado no mesmo

dia da colheita para reduzir o risco de contaminação e evitar a fermentação

indesejável (ILLY & VIANI, 2005). O beneficiamento pode conferir maior

qualidade ao café, pois alguns defeitos podem ser eliminados nas etapas

subsequentes da classificação física (VEZARO, 2010). É durante a torrefação

que as propriedades sensoriais do café serão desenvolvidas e toda a qualidade

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da matéria-prima pode ser prejudicada se este processo não for conduzido

adequadamente (MENDES, 2001).

Os consumidores brasileiros têm procurando produtos com melhor

qualidade. Este cenário representa uma mudança importante de padrão de

compra e a Abic (2014) vem reforçando sua tese de que é preciso estimular o

consumo de café investindo mais em marketing, diferenciação e inovação de

produtos, utilizando-se de recursos da publicidade para orientar, educar e

difundir conhecimentos sobre o café e suas qualidades.

Neste sentido, estudos sensoriais com consumidores podem auxiliar

a qualificar a experiência e as percepções dos brasileiros, uma vez que as

técnicas de análise sensorial fornecem importantes informações sobre as

características dos produtos (LAWLESS & HEYMANN, 2010). Além disso,

como os alimentos impactam na maneira como os consumidores se sentem,

estudos que relacionam emoções à experiência de consumo tem sido uma

tendência na área de Ciência Sensorial. A medição de emoções é um avanço

no sentido de qualificar a experiência de consumo de um alimento, ajudando a

conectar a ciência sensorial, o marketing e desenvolvimento de novos

produtos, unindo estas áreas com uma linguagem em comum (KING &

MEISELMAN, 2010).

Pelo exposto, o objetivo do presente estudo foi primeiramente

desenvolver um glossário de emoções utilizado por consumidores brasileiros

para qualificar a experiência de tomar café. Para tanto, foram selecionadas

amostras de marcas líderes de café comercializadas no Brasil, das quais

também foram obtidos o perfil sensorial descritivo e a aceitabilidade. Por fim,

buscou-se a associação entre aceitabilidade, atributos sensoriais e as emoções

relacionadas à experiência com os produtos.

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2. OBJETIVOS

Desenvolver uma lista de emoções a ser utilizada por consumidores

brasileiros para qualificar a experiência de tomar a bebida de café;

Obter o perfil sensorial descritivo de cafés comercializados no

mercado brasileiro e classificados em tradicional, superior e gourmet;

Avaliar a qualidade do café comercial através de testes sensoriais

com provadores treinados, seguindo padrões de qualidade da

legislação;

Analisar a relação entre perfil sensorial descritivo, a classificação de

qualidade da bebida, a aceitabilidade e as emoções eliciadas pelo

café.

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3. CAPÍTULO 1: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 O Café: importante commodity mundial

O café é uma das commodities mais comercializadas em todo o

mundo. Produzido em mais de 60 países, pode representar mais de 50% de

suas receitas de exportação e fornece um meio de subsistência para mais de

125 milhões de pessoas no mundo. É uma bebida universalmente popular, com

consumo de mais de 600 bilhões de xícaras por ano (ICO, 2014).

A importância do café na economia mundial é superada em valor

apenas pelo petróleo. Mesmo ainda sendo considerado commodity, o café vem

ganhando status de especialidade no mercado internacional, em razão das

exigências cada vez maiores dos consumidores (SINDICAFÉ-MG, 2014).

Cada período da história do consumo do café é chamado de “onda”.

A primeira, após a segunda guerra mundial, foi caracterizada pela alta

produção e baixo preço, sem priorizar a qualidade. No segundo período (1960

a 1990) as cafeterias passaram a oferecer um café com melhor qualidade e

expandiu-se o uso das máquinas de café espresso. Hoje, o terceiro período

destaca o café especial, degustado por seu aroma, variedade, origem e forma

de preparo (GRÃO GOURMET, 2014).

Mercados estabelecidos, como América do Norte, Europa e Japão,

são responsáveis por aproximadamente 50% do consumo mundial do produto.

Desenvolver mercados para os diversos tipos de café, promovendo o seu

consumo, são importantes contribuições para alcançar uma equilibrada e

sustentável economia cafeeira mundial (ICO, 2014).

O Brasil é o maior produtor mundial de café e o segundo maior

consumidor (em sacas), atrás dos Estados Unidos. Em termos de consumo per

capita, o país se posiciona entre o 7º e 8º lugar, patamar semelhante de países

como Itália e França. Nas últimas décadas o consumo interno de café no Brasil

aumentou (Figura 1), porém, a partir de 2012 o cenário é estável, totalizando

em média o consumo de 20 milhões de sacas de 60 kg por ano (ABIC, 2016).

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Figura 1. Evolução do consumo interno de café no Brasil (Fonte: ABIC, 2016).

Em 2015 o consumo per capita no País foi de 4,9 quilos (kg) de café

torrado e moído, o equivalente a 81 litros/habitante/ano. Estima-se que as

vendas do setor de torrado e moído em 2015 tenha alcançado R$ 7,4 bilhões

(ABIC, 2016).

3.2 O Processamento do Café

A qualidade do café valoriza comercialmente o produto e depende

do manejo de variáveis presentes desde a lavoura até a forma de preparo da

bebida pelo consumidor. No Brasil, a colheita é feita predominantemente por

derriça, colhendo-se frutos com diferentes características de maturação, cor,

densidade e teor de umidade (AZEVEDO, 2013).

Por outro lado, é de extrema importância para a qualidade do café

que haja predominância de grãos maduros, no mínimo de 80% (MENDES,

2005) e, portanto, a derriça pode comprometer a qualidade final da bebida.

A qualidade do café depende da habilidade técnica da separação

pós- colheita dos frutos em sadios, frescos, maduros, imaturos, sobremaduros,

semi-secos e seco. O processo de secagem deve ser iniciado no mesmo dia da

colheita para reduzir o risco de contaminação e evitar a fermentação

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indesejável. Dois diferentes métodos são usados para o preparo e para a

secagem dos frutos de café: a via seca e a via úmida (ILLY & VIANI, 2005).

Cada método de transformação das cerejas de café em grãos tem

impacto direto sobre a qualidade e o custo. O objetivo é remover os resíduos

da colheita e eliminar as camadas da cereja para obter-se o grão, chamado de

café verde. O método úmido exige mais investimento e cuidado, o que resulta

em um café de perfil mais aromático e menor amargor. A polpa é separada do

grão por fricção antes de seguir para a etapa de secagem. Já os cafés

processados por via seca passam por um processo mais rápido e barato, com

a secagem das cerejas ao ar livre por três semanas a um mês. Neste método a

polpa não é removida antes da secagem, o que leva à perda de aromas. As

cerejas já secas são debulhadas para que as camadas externas dos grãos

sejam removidas. Há também o método chamado semisseco, que é a

combinação dos métodos úmido e seco. No processo as cerejas maduras são

separadas das verdes, a polpa é removida mecanicamente, e os grãos são

secos em leitos suspensos para evitar contaminação (NESPRESSO, 2016).

É durante a torrefação que as propriedades sensoriais do café serão

desenvolvidas e toda a qualidade da matéria-prima pode ser prejudicada se

este processo não for conduzido adequadamente (MENDES, 2001). Na

torrefação ocorrem reações químicas que conferem ao café o sabor e aroma

característico, sendo as mais importantes, a reação de Maillard (escurecimento

não enzimático), degradação de Strecker, degradação de proteínas,

polissacarídeos, ácidos clorogênicos e trigonelina (AZEVEDO, 2013).

A torrefação influência diretamente as características apresentadas

pelo café, refletindo no aroma, acidez, corpo e sabor da bebida (Figura 2). Um

café ligeiramente torrado apresenta acidez descrita por experts como fina, bem

desenvolvida e facilmente percebida. Por outro lado, as bebidas de café

fortemente torrado são pouco ácidas, de tal maneira que o gosto amargo se

sobressai na bebida (VEZARO, 2010).

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Figura 2. Relação do grau de torra dos grãos de café com a intensidade dos

atributos de aroma, acidez, corpo e sabor e a qualidade da bebida (VEZARO,

2010).

As principais espécies de café produzidas no mundo são a arábica

(Coffeaarabica), que representa mais de 60% da produção mundial, e o robusta

ou conillon (Coffeacanephora) (ICO, 2014).

A espécie do café é um fator considerado fundamental na definição

de qualidade (VEZARO, 2010). O café da espécie arábica apresenta aroma e

sabor mais intensos, amargor e acidez balanceados e notas de aroma

achocolatado e amendoado, considerados característicos de café. Já o robusta

é mais amargo, com notas amadeiradas e terrosas que lembram cereais. A sua

acidez é mais baixa e o conteúdo de sólidos solúveis é maior (MENDES, 2005).

Os principais produtores do grão de café no mundo concentram-se

na América do Sul (Brasil e Colômbia), na América Central (Guatemala e Costa

Rica) e na Ásia (Vietnã). Essa multiplicidade de produtores deve-se à extensa

faixa apta à produção de café no mundo, que se estende do Trópico de Câncer

ao de Capricórnio. A variação de condições climáticas e de estilo de tratos

culturais propicia a produção de blends de características peculiares

(SINDICAFÉ-MG, 2014). Blend é a denominação dada para as misturas de

dois ou mais tipos de cafés com características complementares, como por

exemplo, acidez com doçura, muito encorpado com pouco encorpado, entre

outras (VEZARO, 2010). O Brasil e Vietnã são países com potencial de

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crescimento da produção de café. O mundo hoje depende do Brasil para a

produção do café arábica e do Vietnã para o robusta (ABIC, 2014).

3.3 O Consumo e o Mercado

No Brasil há poucos estudos sobre o consumo de café fora do lar.

Vegro (2006) apontou como é expressivo este consumo na Grande São Paulo,

de aproximadamente 25 milhões de xícaras por dia, somando o café na forma

coado/filtrado e espresso.

O consumo de café fora do lar segue crescendo, representando

atualmente cerca 36% do consumo total da bebida (ABIC, 2014). Além dos

tradicionais canais de vendas, como restaurantes, padarias e bares, as

cafeterias vêm ganhando espaço entre as preferências dos consumidores

brasileiros (FIESP, 2010). Por outro lado, também é expressivo o crescimento

de mercado de máquinas domésticas para o preparo da bebida do café. O

consumo de cafés porcionados em sachês e cápsulas, bem como de café

torrado em grão para uso em máquinas profissionais, alcançam níveis de

crescimento acima de 20% ao ano (ABIC, 2014).

No estudo de Vegro (2006) os consumidores de café coado e

expresso, 32,8% e 37,5% respectivamente, declararam predileção por um café

com forte aroma. O aroma suave foi apreciado por pouco mais de 22% dos

entrevistados, independentemente do modo de preparo.

Quando se trata de café industrializado, a Itália e Alemanha são os

maiores exportadores mundiais, sendo a Alemanha o maior comprador de café

brasileiro verde em grãos (SINDICAFÉ-MG, 2014). Em 2013 o Brasil importou

um volume de café industrializado que totalizou US$ 32,8 milhões, enquanto as

exportações alcançaram apenas US$ 15,7 milhões do produto torrado e moído

(ABIC, 2014). Assim, verifica-se um desequilíbrio na balança comercial do café

no País, mas, por outro lado, abrem-se oportunidades para as indústrias locais

investirem em inovação e qualidade.

O café continua sendo um produto acessível para os brasileiros,

principalmente considerando o custo por xícara após a preparação. Nos últimos

20 anos a indústria do café não conseguiu repassar os custos adequadamente,

e a matéria prima teve queda de qualidade. Entre Janeiro/2008 e Janeiro/2014

o aumento do café tradicional variou de R$10,15/kg para R$12,65/kg nas

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prateleiras dos supermercados, um acréscimo de 24,6%, valor abaixo da

inflação do período (ABIC, 2014).

O ritmo de crescimento do consumo interno de café no Brasil leva a

ABIC a reforçar a sua tese de que é preciso estimular o consumo investindo

mais em marketing, diferenciação e inovação de produtos, utilizando-se de

recursos da publicidade para orientar, educar e difundir conhecimentos sobre o

café e suas qualidades. De fato o comportamento dos consumidores tem sido o

de ampliar a experimentação, valorizando produtos de melhor qualidade,

certificados e sustentáveis (ABIC, 2016). Importante ressaltar que o

consumidor é quem define o que é um café de qualidade, de acordo com os

seus hábitos e preferências.

3.4 Qualidade da bebida de café

A avaliação da qualidade do café no Brasil para a comercialização é

iniciada com o café verde, por provadores profissionais. Neste processo os

grãos são torrados levemente, moídos, e o pó é submetido a uma infusão como

a qual é realizada a prova de xícara, em que os provadores profissionais

descrevem qualitativamente a bebida e cujos parâmetros são padrões de

comercialização do café verde (BRASIL, 2003).

A dimensão mais importante da qualidade do café é o seu sabor.

Assim, os cafés são avaliados pelo aroma e sabor em cada etapa de sua

fabricação. O principal objetivo da degustação do café, chamada de cupping, é

avaliar o perfil sensorial com base em aroma, sabor, corpo e acidez. No

cupping primeiramente os grãos são avaliados visualmente, e em laboratório

são torrados, imediatamente moídos e infundidos em água em ebulição

(temperatura controlada). O degustador aspira ao aroma do café, que é

essencial na avaliação da bebida. Depois de deixar o café descansar por

alguns minutos, a “crosta" da superfície da xícara é rompida. O aroma do café

é aspirado novamente, antes da degustação. Com auxílio de uma colher o

degustador aspira rapidamente o café pela boca. O objetivo é pulverizar o café

uniformemente sobre o paladar e avaliá-lo antes de cuspir (ICO, 2014).

A SCAA (Specialty Coffee Association of America) é a maior

associação de comerciantes de café do mundo, com membros que

representam mais de 40 países e todos os segmentos da indústria de cafés

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especiais. A SCAA possui recomendações de qualidade através de comitê de

normas, que com base em testes científicos, definiu faixas de valores para

avaliação de qualidade do café. Atualmente, a SCAA tem padrões para água,

café verde, torrefação, cupping e preparo do café (SCAA, 2016), que são

referências em todo o mundo, inclusive no Brasil.

As resoluções SAA30 e SAA31, de 23/06/2007, e a resolução

SAA19, de 05/04/2010 são normas do Estado de São Paulo que definem a

identidade e padrões mínimos de qualidade para o café torrado em grão e

torrado e moído. A Figura 3 mostra que a nota de qualidade global mínima

recomendável é de 4,5. Para que o café seja classificado como gourmet

considera-se o intervalo de pontuação entre 7,3 e 10,0 da escala de qualidade;

cafés superiores são classificados entre 6,0 e 7,2 e entre 4,5 a 5,9 os cafés

tradicionais (SÃO PAULO 2007b, SÃO PAULO 2007a, SÃO PAULO 2010).

Figura 3: Escala de Qualidade Global para Cafés (SÃO PAULO 2007a, SÃO

PAULO 2007b, SÃO PAULO 2010).

O objetivo das resoluções do Estado de São Paulo é evitar que

cafés com defeitos e baixa qualidade sejam comercializados. Assim, são

normas que avaliam defeitos e não qualidade, como é o caso das normas da

SCAA.

Um estudo sobre aceitabilidade de bebidas de café com diferentes

classificações quanto à qualidade global (tradicional, superior e gourmet), e

avaliação dos hábitos de consumo, teve como objetivo avaliar a aceitabilidade

do consumidor quanto a seis amostras de café dos tipos tradicional, superior e

gourmet, preparados por percolação. Os resultados indicaram que o

consumidor prefere um café com características mais rústicas, de maior

amargor e menor acidez. Assim, pode-se inferir que a preferência do

consumidor está diretamente ligada aos costumes e hábitos de consumo de

Escala de Qualidade Global

0 4,5 6,0 7,3 10

Não recomendável para fornecimento Cafés

Tradicionais Cafés

Superiores Cafés Gourmet

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

muito ruim ruim regular bom muito bom

Péssimo Excelente

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20

cafés mais presentes no mercado, que é o próprio tradicional (JUNQUEIRA &

GARCIA, 2011).

Em estudo semelhante sobre hábito de consumo da bebida do café,

e a importância da informação sobre sua qualidade global, não houve diferença

significativa (p > 0,05) entre seis amostras quanto à aceitabilidade de modo

global. O estudo concluiu que o hábito de consumo influencia o grau de

aceitação, e mesmo o consumidor tendo gostado de café de qualidade

sensorial superior, do ponto de vista técnico, ele ainda prefere uma café de

perfil mais tradicional (BALAU, 2013).

Nos primeiros contatos com o café, o indivíduo pode considerá-lo

desagradável por seu amargor característico. Com a exposição contínua ao

café, seja pelo hábito familiar ou por pressão social, o consumidor desenvolve

gosto e o hábito pela bebida (PRESCOTT, 2012).

Uma pesquisa realizada pela Internet com 924 pessoas,

principalmente das classes B/C da região sudeste e sul, avaliou o hábito de

consumo de café e a importância da informação sobre a qualidade percebida.

Constatou-se que 35,5% dos entrevistados concordaram totalmente que vale a

pena pagar mais caro por cafés com alegações diferenciais, tais como

gourmet, orgânico e sustentável. Os autores sugerem que um trabalho

educativo do consumidor sobre a qualidade do café pode estimular uma

mudança no perfil de compra e incentivar o uso de informações contidas na

embalagem. Apenas 6% dos entrevistados disseram atentar-se para as

informações de rótulo, sendo os selos da ABIC e as marcas são as mais

consideradas (MUÑOZ & GARCIA, 2013).

Por fim, o conceito de qualidade de classificadores profissionais de

café e de associações como a Abic podem diferir de expectativas e valores

importantes para diferentes segmentos de consumidores, tanto que, do ponto

de vista da Ciência Sensorial e do marketing, deve-se consultar o consumidor

sobre o que ele espera de um produto e, então, definir quais são os atributos

de qualidade que satisfazem os seus desejos e expectativas.

3.5 Emoções e o Consumo

O estudo das respostas emocionais relacionadas a alimentos vem

se tornando uma importante área de investigação. O interesse crescente nesta

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área deve-se ao potencial das respostas emocionais de fornecer informações

importantes sobre os produtos, que vão além das tradicionais variáveis

sensoriais e de preferência. Apesar da importância das emoções para a

indústria de alimentos, pouco se conhece ainda sobre como o alimento em si é

associado emocionalmente com consumidores. Mesmo assim, a busca por

soluções aliadas ao contexto de desenvolvimento de produtos deve continuar,

pois valida as conclusões dos estudos relacionados ao tema e permite a

aplicação e a contribuição desta ferramenta à indústria (JIANG et. al., 2014).

Em teoria, é possível distinguir três diferentes comportamentos

afetivos: (1) as atitudes, que incluem uma avaliação (por exemplo, “Eu gosto de

bife"), (2) as emoções, que são breves, intensas, e focadas em uma referência

(por exemplo, “O comentário me deixou com raiva"), e (3) o humor, que é mais

duradouro, construído gradualmente, e não focado em uma referência (por

exemplo, “Eu estou feliz") (KING & MEISELMAN, 2010).

Hirschman & Stern (1999) argumentaram que os consumidores

exibirão uma gama pessoal de emoções que será acionada em resposta a

eventos de maior ou menor impacto, desde uma perda pessoal até a exposição

à publicidade ou encontro com um vendedor. Estas respostas emocionais

serão filtradas através de atividades cognitivas (p.e., mudança de atitude) e

resultarão em um amplo conjunto de comportamentos tais como, compras por

impulso e busca por variedade. Quais comportamentos específicos serão

realizados dependerá de normas culturais sobre o que é apropriado para sua

idade, sexo, raça e situação socioeconômica.

Com o objetivo de avaliar as emoções associadas aos alimentos,

King & Meiselman (2010) desenvolveram o EsSence Profile®, uma lista de

termos descritores de emoções selecionados e validados com consumidores.

Foram realizados 16 experimentos, com testes presenciais e pela Internet,

somando 5.159 participantes. As etapas foram: (a) teste para seleção inicial de

termos, através do método CATA; (b) Aceitação global, com escala hedônica, e

(c) Definição da lista de emoções com escala de intensidade (5 pontos).

A Tabela 1 apresenta a lista dos 39 termos descritores de emoções

e estados emocionais do EsSense Profile®. Os resultados mostraram que altos

níveis de aceitabilidade estão relacionados com emoções consideradas mais

relevantes, porém, diferenças entre as emoções nem sempre se

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correlacionaram com diferenças de aceitabilidade. Um grande número de

termos de emoções mostrou ser necessário para caracterizar, de forma mais

completa, as respostas emocionais em relação aos alimentos. As intensidades

das emoções também aumentam com maior frequência de uso do produto, e

diferentes categorias de alimentos requerem modificações da lista de

descritores de emoções específicas (KING & MEISELMAN, 2010).

Tabela 1: Lista de termos descritores de emoções do EsSence Profile (KING &

MEISELMAN, 2010).

Active Glad Pleasant

Adventurous Good Polite

Affectionate Good-natured Quiet

Agressive Guilty Satisfied

Bored Happy Secure

Calm Interested Steady

Daring Joyful Tame

Disgusted Loving Tender

Eager Merry Understanding

Energetic Mild Warm

Enthusiastic Nostalgic Whole

Free Peaceful Wild

Friendly Pleased Worried

Recentemente pesquisadores italianos publicaram o EmoSemio, um

questionário desenvolvido com o objetivo de descrever emoções específicas e

resolver algumas limitações encontradas em estudos sobre emoções

relacionadas ao consumo de alimentos. O experimento foi realizado a partir da

(1) seleção de produtos representativos dentro da categoria considerada

(creme de avelã); (2) desenvolvimento de um questionário específico, baseado

em entrevistas individuais conduzidas com versão modificada do método rede

e análises semióticas; e (3) respostas de aceitabilidade e emoções aplicando

os questionários EmoSemio e EsSence Profile. As conclusões do estudo

afirmam que emoções positivas e negativas estão relacionadas ao grau de

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aceitação do produto. Apesar do EsSence Profile possuir uma lista com mais

termos que o EmoSemio, há termos redundantes para os italianos, como quiet,

calm, peaceful, e além disso, faltaram termos para descreverem algumas

emoções. O estudo destaca que as sentenças do EmoSemio tiveram melhor

desempenho que os adjetivos do EsSence, devido ao maior poder de

discriminação e redução de ambiguidade. A recomendação é que mais estudos

sejam realizados aplicando o EmoSemio com diferentes categorias de

produtos, testando sua confiabilidade e adequação (SPINELLI et al., 2014).

Bhumiratana e colaboradores (2014) desenvolveram um glossário de

emoções para identificar e descrever os sentimentos relacionados à

experiência de se beber café com consumidores norte-americanos.

Inicialmente foram realizados focus groups para geração dos termos de

emoções. Em seguida, seis amostras de café foram testadas com 94

consumidores, usando o questionário de 86 termos gerados na primeira etapa,

sendo 39 termos do EsSence Profile®. A análise de regressão dos dados

resultou em uma lista de 44 termos capazes de discriminar respostas

emocionais de cada amostra, sendo que seis grupos de consumidores foram

identificados. A partir dos resultados, a experiência de beber café foi explicada

em duas dimensões de emoções: a positiva - negativa e a de alta - baixa

energia. Foi identificado um grupo de emoções que descreveu o estado mental

em alerta, com as palavras motivated, in-control, productive, clear-minded,

termos não identificados em escalas anteriores. Os resultados apontaram a

correlação entre altos escores de aceitação e de emoções evocadas pela

experiência do consumo de café. Os consumidores não só demonstraram

diferenças de preferência em relação às amostras, como também diferentes

respostas emocionais em relação às bebidas. A conclusão é que um produto

complexo como o café necessita de estudo específico para definir um glossário

de emoções que descreva como diferentes perfis sensoriais de cafés podem

eliciar respostas emocionais. Como recomendação, a lista desenvolvida no

estudo deve ser aplicada em futuros estudos de emoções com consumidores,

de diferentes culturas e perfis demográficos, para identificar a influencia destes

fatores nas percepções sobre o café.

Assim, entender a relação entre a percepção sensorial e as

emoções eliciadas no consumo constitui um avanço significativo no

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entendimento do comportamento dos consumidores em relação a um dos

produtos mais tradicionais do hábito alimentar no Brasil: o café.

3.6 Metodologias de Análise Sensorial

As análises sensoriais são fundamentais para a avaliação de

produtos de consumo, através dos sentidos humanos (visão, olfato, paladar,

tato e audição). Os resultados de avaliações sensoriais ajudam no

desenvolvimento de novos produtos, nas avaliações da garantia da qualidade e

da satisfação do consumidor, em suma, do sucesso do produto no mercado

(ASTM, 2014). A Tabela 2 resume as três classes de testes sensoriais e seus

diferentes objetivos, além de critérios distintos de seleção dos participantes.

Tabela 2. Classificação dos métodos de avaliação sensorial (adaptada de

LAWLESS & HEYMANN, 2010).

Classe Objetivo Tipo de teste Seleção dos Provadores

Discriminativos

Verificar se há

diferença entre os

produtos

Analítico

Por acuidade

sensorial;

orientados para o

método; podem ser

treinados.

Descritivos

Como produtos

diferem em

características

sensoriais

específicas

Analítico

Por acuidade

sensorial e

motivação;

treinados ou

altamente

treinados.

Afetivos Aceitabilidade e

Preferência Hedônico

Por tipo de produto;

não treinados

(consumidores).

3.6.1. Análise Sensorial Descritiva

Os métodos de descrição sensorial, também conhecidos como

caracterização sensorial ou perfil de produto, são cada vez mais usados na

indústria de alimentos. A análise sensorial descritiva faz a ligação entre

diferentes áreas de pesquisa, desenvolvimento de novos produtos e a ciência

do consumidor (VARELA & ARES, 2014).

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A análise descritiva é uma metodologia sensorial que fornece

informações qualitativas e quantitativas dos produtos, baseadas na percepção

de um determinado grupo de indivíduos. O termo produto é usado em amplo

sentido, podendo-se tratar de um produto comercial, um ingrediente ou um

protótipo (BEHRENS, 1998).

A análise sensorial descritiva é recomendada para descrever mais

profundamente a bebida do café, pois permite a escolha de atributos

previamente definidos (NEBESNY & BUDRYN, 2006).

Dentre as técnicas descritivas destaca-se a Análise Descritiva

Quantitativa® (ADQ) que identifica, define e quantifica atributos sensoriais

através de uma equipe selecionada e treinada de provadores (LAWLESS &

HEYMANN, 2010).

As etapas da ADQ são: 1) pré-seleção da equipe de avaliadores, de

acordo com poder discriminativo e sensibilidade, além da disponibilidade dos

membros; 2) levantamento dos atributos que evidenciam as características

sensoriais dos produtos, podendo-se utilizar o método rede (Repertory Grid

Method), para que os provadores avaliem individualmente as similaridades e

diferenças das amostras. As listas de atributos são agrupadas para a definição

dos termos descritores; 3) desenvolvimento consensual do vocabulário

descritivo, com as definições e referências qualitativas e quantitativas dos

atributos; 4) provadores são treinados na avaliação dos atributos, aprendendo

as definições e considerando as referências; 5) seleção final da equipe, quando

os provadores avaliam as amostras em mais de duas repetições, e os dados

obtidos são avaliados por Análise de Variância (ANOVA). Os provadores são

selecionados com base em sua capacidade discriminatória, reprodutibilidade e

consenso com a equipe sensorial (BEHRENS, 1998).

A equipe final de provadores selecionados avalia todas as amostras,

em repetições, e os dados podem ser analisados por ANOVA, o modelo

estatístico mais apropriado para avaliar os resultados de um teste descritivo.

Além disso, podem ser usadas técnicas multivariadas, como a Análise de

Componentes Principais (ACP) (STONE & SIDEL, 2004).

A terminologia dever ser objetiva, compreensível e aplicável no

contexto do estudo em questão. Devem ser evitados termos técnicos,

subjetivos, muito específicos ou estéticos. A terminologia desenvolvida com

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consumidores é a que melhor representa as características de um produto, tal

como são percebidas pelo mercado em geral (LAWLESS & HEYMANN, 2010).

Mesmo as abordagens descritivas sendo amplamente usadas para

levantar os perfis sensoriais, estas se deparam com algumas limitações, como

a dificuldade de medir percepções. Estas considerações levaram os cientistas

sensoriais a desenvolverem métodos mais rápidos de avaliação, os quais são

adequados para situações onde abordagens mais tradicionais são limitadas

(VARELA & ARES, 2014).

3.6.2. Check-All-That-Apply (CATA) ou ”Marque tudo o que corresponde”

O método Check-All-That-Apply (CATA) tem sido usado nos últimos

anos para obter-se rapidamente perfis de produtos através da percepção de

consumidores, em vez de equipes treinadas.

Aos consumidores é apresentada uma lista de atributos, e são

solicitados a indicarem as palavras/frases que descrevam adequadamente sua

avaliação da amostra. Os termos podem incluir atributos sensoriais, respostas

emocionais e/ou hedônicas, intenções de compra, posicionamento do produto,

ou outros termos que o consumidor possa associar com a amostra.

Recomenda-se recrutar entre 50 e 100 consumidores, número usual em testes

afetivos em nível laboratorial, e a ordem de apresentação dos termos na lista

CATA deve ser casualizada entre os participantes. Para a análise dos dados,

recomenda-se o uso de estatística univariada baseada no teste qui-quadrado

ou análises multivariadas. Em uma mesma sessão, o consumidor pode

responder um questionário CATA e avaliar a aceitabilidade de produtos,

obtendo-se assim dados que relacionam resultados hedônicos e descritivos.

Nas perguntas CATA os termos propostos não contem escalas, sendo,

portanto, uma tarefa mais fácil para o consumidor (MEYNERS & CASTURA,

2014).

Um estudo utilizou o CATA para auxiliar o desenvolvimento de

sobremesas lácteas de chocolate formuladas com diferentes concentrações de

açúcar e cacau. A avaliação incluiu 70 pessoas, que responderam uma lista de

18 termos sensoriais, além da aceitação global. As amostras também foram

avaliadas por um painel de provadores treinados, utilizando-se a mesma lista

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com os 18 termos sensoriais. Foram encontradas diferenças significativas

(p<0,05) nas frequências dos termos do CATA usados para descrever as nove

sobremesas, sugerindo que este método foi capaz de detectar diferenças nas

percepções dos consumidores. Os perfis sensoriais gerados pelo CATA com

consumidores e avaliadores treinados foram semelhantes, sugerindo

concordância entre as duas avaliações (ARES et al., 2010).

Em um estudo com refrescos de laranja em pó, Ares e

colaboradores (2011) verificaram que o uso do método CATA foi capaz de

discriminar significativamente as amostras, tanto quanto as escalas de

intensidade. Os autores destacaram que o nível de dificuldade percebida na

aplicação do teste depende do grau de atenção do consumidor.

Por meio do método CATA, Lado e colaboradores (2010) analisaram

seis cultivares de morangos, observando que os consumidores foram capazes

de levantar o perfil sensorial das amostras, ainda que não tenha sido percebida

diferença significativa (p>0,05) entre as notas de impressão global. Apesar do

CATA não utilizar escalas, foi possível posicionar as amostras levando em

consideração a percepção dos atributos. Quando comparado com outras

técnicas descritivas, o CATA foi o mais fácil para a compreensão e execução

da avaliação pelos consumidores.

3.6.3. Associação de Palavras

A Associação de Palavras é uma técnica projetiva tradicional da

psicologia que vem sendo amplamente utilizada em estudos com consumidores

em Ciência Sensorial. Nela, é fornecido um estímulo ao entrevistado (por

exemplo, imagem, objeto físico, conceito, etc.), e solicita-se que ele associe

livremente palavras que lhe venham à sua mente. A Associação de Palavras é

metodologia de rápida aplicação, simples e útil para explorar as percepções

gerais do consumidor (ARES & DELIZA, 2010; ROININEN et. al., 2006).

Em um estudo com sobremesas lácteas foram convidados dois

grupos de 100 consumidores para levantar informações mais relevantes sobre

as embalagens e os rótulos dos produtos usando a Associação de Palavras e a

Listagem Livre. As técnicas foram úteis, eficientes e rápidas para determinar as

características mais importantes para o consumidor. Técnicas estatísticas

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multivariadas aplicadas aos dados possibilitam ainda a identificação de grupos

de consumidores que tomam suas decisões de compra a partir de diferentes

características de embalagem (ARES & DELIZA, 2010).

Por meio do método Associação de Palavras, Guerrero e

colaboradores (2010) avaliaram percepções sobre a palavra “tradicional” no

contexto de alimentos em seis diferentes países da Europa. Com os resultados

obtidos, foram criados mapas conceituais, destacando que os países do sul da

Europa tendem a associar o conceito ''tradicional” com herança, cultura e

história, e as regiões nórdicas e central concentraram-se em questões como

conveniência, saúde e adequação.

Hernández-Carrión e colaboradores (2014) usaram o método

Associação de Palavras com consumidores, para explorar o conceito sobre

amostras de milk-shake de caqui com alto teor de antioxidantes naturais.

Nesta etapa os entrevistados não provaram as amostras, e sim recebiam a

seguinte frase: “Caqui é uma fruta com alto teor de antioxidantes naturais” e foi

solicitado que completassem com as primeiras quatro palavras, descrições,

associações, pensamentos ou sentimentos em relação ao milk-shake de caqui.

Foram geradas 313 palavras, reunidas em oito dimensões. Os termos positivos

foram os mais citados, como refrescante e saudável e a aceitabilidade de milk-

shakes foi boa, refletindo experiência sensorial positiva dos consumidores.

3.6.4 Métodos Afetivos

Os métodos afetivos avaliam a aceitação ou preferência dos

consumidores por um ou mais produtos. São testes que têm a finalidade de

determinar qual produto é o mais apreciado, e quais são as características

sensoriais que direcionam a preferência de um público-alvo. A preferência é a

expressão do apelo de um produto versus o outro, avaliada por comparação

direta. Já a aceitação é uma medida escalar de quanto o provador gosta ou

não de um produto. A partir da comparação estatística das médias de

aceitação de dois ou mais produtos, pode-se inferir sobre a preferência

(STONE & SIDEL, 2004).

Os métodos afetivos são aplicados em estudos de consumidores,

desenvolvimento de produtos e otimização da qualidade. O tipo de local do

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teste impacta diretamente nos resultados do estudo afetivo, sendo os

principais: a) testes realizados em laboratório, b) testes aplicados em locais de

grande fluxo de consumidores, chamados de testes de localização central, e c)

testes realizados em domicílios (MEILGAARD et. al., 2007).

Entre os métodos afetivos, as escalas hedônicas são as mais

utilizadas e as que produzem resultados mais informativos, dado ao seu caráter

quali-quantitativo. A escala hedônica de 9 pontos (1 = Desgostei muitíssimo e 9

= Gostei muitíssimo), a mais tradicional, assume que a preferência do

consumidor pode ser categorizada em respostas baseadas em “gostar” ou

“desgostar” (STONE & SIDEL, 2004). Pesquisas indicam que 9 categorias

proporcionam boa discriminação e seus dados são estáveis em diferentes

condições experimentais. Os espaços entre as categorias da escala são

considerados constantes, o que confere propriedades de intervalo, além da

associação de números que permite analisá-los através de métodos

estatísticos paramétricos. A análise de variância ANOVA indica diferenças

entre as médias das amostras, e o teste de médias de Tukey indica quais pares

de médias diferem (O’MAHONY, 1986).

Há também escalas de 7 ou 5 pontos, porém o seu uso é mais

limitado. Estudos indicam que a escala hedônica não estruturada (intervalo) de

9 cm produz dados similares aos da escala estruturada de 9 pontos. Porém,

dados de escalas de intervalo são considerados contínuos e, portanto mais

aderentes aos pressupostos de métodos estatísticos paramétricos como a

ANOVA (STONE & SIDEL, 2004).

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4. CAPÍTULO 2

”TOMAR CAFÉ ME FAZ SENTIR...”: QUALIFICANDO O CONSUMO DE

CAFÉ POR MEIO DE EMOÇÕES.

Emilia Ricardi, Barbara Carioca, Elisa Rodrigues, Tatiane Ribeiro, Aline de

Oliveira Garcia, Jorge Behrens.

Este artigo será submetido ao FOOD QUALITY AND PREFERENCE

Resumo

O mercado de café no Brasil e no mundo está em transformação e os

consumidores estão cada vez mais exigentes quanto à qualidade dos produtos

e a satisfação que eles proporcionam. O objetivo deste estudo foi desenvolver

um glossário de termos de emoções utilizados por consumidores brasileiros

para qualificar a experiência de tomar café. Primeiramente, foi realizado o

levantamento de termos de emoções de consumidores brasileiros relacionados

ao café através da técnica qualitativa de Associação de Palavras. Um total de

138 termos foi gerado e após a categorização foram selecionados 26 termos de

emoções, somados a outros 10 termos oriundos do EsSense Profile®.

Posteriormente, 124 consumidores de café participaram de um teste afetivo

com sete cafés de marcas líderes no mercado nacional, complementado pelo

método CATA (Check-all-that-apply) com os 36 termos do glossário

desenvolvido. Os resultados mostraram segmentação da preferência dos

consumidores em função do perfil sensorial das bebidas, com a qualificação da

experiência a partir das emoções eliciadas. Em geral, emoções positivas

qualificam os cafés mais preferidos, e emoções negativas, aqueles cafés

menos apreciados.

Palavras-chave: emoção, café, consumidor, CATA, associação de palavras,

aceitabilidade.

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Introdução

O café é um dos mais valiosos produtos primários comercializados

no mundo. Mesmo ainda sendo considerado uma commodity, o café vem

ganhando status de especialidade no mercado internacional em razão das

exigências cada vez maiores dos consumidores, que buscam produtos com

características específicas e preços acessíveis, fazendo com que os países

produtores busquem manter a competitividade no mercado (SINDICAFÉ-MG,

2014).

O café é um produto presente em 95% dos lares brasileiros. Nas

últimas décadas o consumo interno brasileiro vem aumentando, como

resultado do melhoramento de cultivares, oferta de melhores grãos, e

aprimoramento da qualidade dos cafés (ABIC, 2014).

Por outro lado, ainda há problemas com a qualidade do café no

País. Em 1989 a Associação Brasileira da Indústria de Café criou o “Selo de

Pureza” com o objetivo de inibir adulterações dos produtos. O programa

contribuiu com o mercado e continua combatendo fraudes (ABIC, 2014). Mais

recentemente, regulamentos técnicos publicados nas resoluções SAA30 e

SAA31 de 2007, e SAA19 de 2010, da Secretaria de Agricultura e

Abastecimento do Estado de São Paulo, contribuem para definir padrões

mínimos de qualidade para o café torrado em grão e torrado e moído (SÃO

PAULO 2007a, SÃO PAULO 2007b, SÃO PAULO 2010).

Os consumidores brasileiros têm procurando produtos com melhor

qualidade, um cenário que representa uma mudança importante de padrão de

compra e a Abic (2014) vem reforçando sua tese de que é preciso estimular o

consumo de café investindo em marketing, diferenciação e inovação de

produtos.

Neste sentido, estudos do consumidor podem auxiliar a qualificar

percepções e experiência de consumo, uma vez que as técnicas de análise

sensorial fornecem informações importantes sobre as características dos

produtos (LAWLESS & HEYMANN, 2010).

Além disso, como os alimentos impactam na maneira como os

consumidores se sentem, os pesquisadores incluíram o estado emocional

como uma variável determinante nas escolhas dos alimentos. A medição de

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emoções é um avanço no sentido de qualificar a experiência de consumo,

ajudando a conectar a ciência sensorial, o marketing e desenvolvimento de

novos produtos, unindo estas áreas com uma linguagem em comum (KING &

MEISELMAN, 2010).

Com o objetivo de avaliar as emoções associadas aos alimentos, foi

desenvolvido o EsSence Profile®, uma lista de 39 termos de emoções

selecionados e validados com consumidores. Um grande número de termos de

emoções mostrou ser necessário para caracterizar, de forma mais completa, as

respostas emocionais em relação aos alimentos. As intensidades das emoções

também aumentam com maior frequência de uso do produto, e diferentes

categorias de alimentos requerem modificações da lista de descritores de

emoções específicas (KING & MEISELMAN, 2010).

Recentemente pesquisadores italianos publicaram o EmoSemio, um

questionário desenvolvido com o objetivo de descrever emoções específicas e

resolver algumas limitações encontradas em estudos sobre emoções. As

conclusões do estudo afirmam que emoções positivas e negativas estão

relacionadas ao grau de aceitação do produto. Apesar do EsSence Profile®

possuir uma lista com mais termos que o EmoSemio, há termos redundantes

para os italianos, e além disso, faltaram termos para descrever as emoções. O

estudo destaca que as sentenças do EmoSemio tiveram melhor desempenho

que os adjetivos do EsSence, devido ao maior poder de discriminação e

redução de ambiguidade (SPINELLI et al., 2014).

Bhumiratana e colaboradores (2014) publicaram um léxico de

emoções para identificar e descrever os sentimentos relacionados à

experiência de se beber café com consumidores norte-americanos. O estudo

resultou em uma lista de 44 termos capazes de discriminar respostas

emocionais. Os resultados apontaram a correlação entre altos escores de

aceitação e de emoções evocadas pela experiência do consumo de café. Os

consumidores não só demonstraram diferenças de preferência em relação às

amostras, como também diferentes respostas emocionais em relação às

bebidas. A conclusão é que um produto complexo como o café necessita de

estudos para definir um glossário que descreva respostas emocionais eliciadas

no consumo de café.

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Diante da importância do café na cultura e nos hábitos de consumo

do Brasil, este trabalho produziu um glossário de emoções associadas ao

consumo de café a partir das respostas de consumidores brasileiros. O mesmo

foi posteriormente utilizado em um estudo sobre a aceitabilidade de produtos

de marcas líderes no mercado local, de forma a qualificar a experiência

sensorial a partir da resposta emocional do consumidor.

Materiais e Métodos

Aspectos Éticos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da

Universidade Estadual de Campinas (parecer nº41474815.2.0000.5404) e os

participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)

(Anexo 2)

Cafés

Foram selecionados sete cafés brasileiros (Tabela 1), considerando

as marcas líderes1 de mercado e a representatividade da classificação do

produto no mercado, quais sejam, quatro cafés tradicionais, dois superiores e

um gourmet.

As amostras de cada café foram fornecidas pelos próprios

fabricantes, embaladas a vácuo (250g ou 500g) e do mesmo lote de fabricação.

O armazenamento foi realizado na embalagem original, em freezer (-18ºC),

para preservar suas características sensoriais ao longo do tempo de análise.

A preparação dos cafés foi feita por percolação, na proporção de

80g de pó para 1 litro de água, com uso de filtro de papel e água filtrada

aquecida entre 92 - 95ºC. Garrafas térmicas convencionais foram usadas para

manter a temperatura das amostras por até 2 horas.

1DATAMARK: Base de dados mercadológicos, disponível somente no âmbito

institucional (FEA/Unicamp), 2013

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Tabela 1: Cafés brasileiros selecionados para o estudo.

Amostras* Denominação de rótulo Legenda

Tradicional 1 Forte TRAD1

Tradicional 2 Extraforte TRAD2

Tradicional 3 Tradicional TRAD3

Tradicional 4 Tradicional TRAD4

Superior 1 Superior SUP1

Superior 2 Superior SUP2

Gourmet Gourmet Gourmet

* Classificação oficial (SÃO PAULO 2007a, SÃO PAULO 2007b, SÃO PAULO 2010).

Associação de Palavras

Sessenta consumidores de café (frequência de consumo de pelo

menos uma vez por semana), de ambos os sexos, sem restrição de idade,

foram recrutados na Universidade Estadual de Campinas. Para “aquecimento”

foi explicado o objetivo do teste e aplicado um questionário com perguntas

sobre hábitos de consumo de café. Foi também apresentado um vídeo sobre o

consumo de café de aproximadamente 3 minutos. Para o teste, os

entrevistados se serviram de uma bebida de café tradicional, de uma marca

líder de mercado, torra média, porém não incluída entre as amostras

posteriormente avaliadas. Em seguida, se dirigiram até uma cabine individual

para a tarefa de associação de palavras, à qual foram solicitados a escrever

em uma ficha as cinco primeiras palavras que lhe viessem à mente frente ao

estímulo: “Tomar café me faz sentir...”. O teste teve a duração de

aproximadamente 20 minutos.

Todos os termos fornecidos pelos participantes foram tabulados e

três pesquisadores analisaram os mesmos de forma independente, agrupando-

os em categorias de acordo com a sua interpretação pessoal. Por fim, os

pesquisadores se reuniram e convergiram para uma lista consensual, de

acordo com procedimento sugerido por Guerrero e colaboradores (2010).

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35

Tradução do EsSence Profile®

A tradução dos 39 termos originais em língua inglesa do EsSence

Profile® (KING & MEISELMAN, 2010) contou com a colaboração voluntária de

cinco indivíduos bilíngues nas línguas inglesa e portuguesa. Primeiramente,

três indivíduos traduziram de forma independente a lista dos termos do inglês

para o português. Em seguida, o quarto voluntário consolidou as três traduções

em apenas uma lista. Por fim, o quinto voluntário realizou a retro tradução para

o inglês, de acordo com o procedimento descrito por VIDIGAL e colaboradores

(2014).

CATA (Check-All-That-Apply)

As emoções levantadas pelo método de Associação de Palavras,

adicionadas dos termos traduzidos do EsSence Profile® formaram a lista CATA

(MEYNERS & CASTURA, 2014) de emoções apresentada aos consumidores,

juntamente com a ficha de aceitação, para cada uma das sete amostras. A

ficha foi estruturada no sistema Fizz Sensory Software 2.47B (Biosystèmes,

Couternon, França), que realizou a randomização dos termos da lista entre os

provadores. Entre as fichas do mesmo consumidor não foi possível casualizar

os termos de emoções e, assim, foi solicitado que o provador realizasse a

leitura variando a sequencia das palavras a cada amostra avaliada, a fim de

explorar ao máximo os termos apresentados.

Teste de Aceitação

Cento e vinte e quatro consumidores de café (frequência de

consumo de pelo menos uma vez por semana), de ambos os sexos, sem

restrição de idade, foram recrutados para avaliarem as sete amostras de café

(Tabela 1). O teste de aceitação foi realizado na Faculdade de Engenharia de

Alimentos (FEA) da Unicamp e no Centro de Ciência e Qualidade de Alimentos

(CCQA) do Instituto de Tecnologia de Alimentos de Campinas (ITAL), em salas

organizadas para degustação. Foram preparadas mesas individuais, e não

cabines, com o objetivo de proporcionar um local em que as pessoas se

sentissem à vontade e também tivessem privacidade para as suas avaliações.

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36

As amostras de café (aprox. 50 ml) foram servidas em copos

descartáveis de papel, codificados com números aleatórios de três dígitos,

seguindo um delineamento de blocos completos balanceados (MACFIE et al.,

1989). Foi oferecido copo de água à temperatura ambiente e biscoito água e

sal para auxiliar a limpeza do palato entre as amostras, além de açúcar

refinado e adoçante para que o provador pudesse adoçar as amostras de

acordo com as suas preferências. A aceitação global foi medida em escala

hedônica estruturada de 9 pontos (9 = gostei muitíssimo e 1 = desgostei

muitíssimo (LAWLESS & HEYMANN, 2010). A ficha e avaliação dos cafés é

apresentada no Anexo 1.

Estatísticas

Com os dados de aceitação, inicialmente foi realizada uma Análise

Hierárquica de Agrupamentos (AHA) com a finalidade de revelar segmentos de

consumidores em função de suas preferências, seguida do método K-médias

para refinar a distribuição de consumidores dentro dos agrupamentos (HAIR et

al., 1998). Com as frequências dos termos de emoções escolhidos pelos

respondentes na avaliação de cada amostra, através do CATA, foi construída

uma tabela de dupla entrada (emoções x amostras) que, por sua vez, foi

utilizada na Análise de Correspondência (CA). Todas as análises foram

realizadas através do Software XLStat® versão 2013.4.02 (Addinsoft, NY,

USA).

Resultados e Discussão

Associação de Palavras

Optou-se por servir café aos participantes na tarefa de Associação

de Palavras após a realização de pré-testes, nos quais se observou que, em

presença da bebida, 100% das palavras levantadas eram termos de emoções.

Na ausência de café, apenas 50% das palavras foram termos de emoções,

enquanto as demais se referiam a outras associações como café da manhã,

amanhecer, amigo, etc. Além disso, o pré-teste contribuiu para avaliar as

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37

dúvidas dos respondentes ao preencher o questionário de hábitos de consumo,

a duração e adequação da infra-estrutura do ambiente do teste.

Um total de 138 termos foi gerado a partir das respostas dos

entrevistados na Associação de Palavras. Após a categorização chegou-se a

35 categorias e foi estabelecido o critério mínimo de 5% de frequência de

observação de uma categoria para que a mesma fosse incluída na lista final de

termos de emoção, seguindo procedimento sugerido por Ares e colaboradores

(2015). Assim a lista final do levantamento de emoções relacionadas ao café

contou com 26 palavras (Tabela 2).

Tabela 2: Termos descritores de emoções obtidos na Associação de Palavras.

Acordado (a) Esperto (a)

Aliviado (a) Estimulado (a)

Animado (a) Feliz

Aquecido (a) Pensativo (a)

Atento (a) Prazer

Bem Relaxado (a)

Bem estar Revigorado (a)

Bom humor Saciado (a)

Concentrado (a) Satisfeito (a)

Confortável Saudade

Descontraído (a) Saudável

Disposto (a) Sociável

Energizado (a) Tranquilo (a)

Tradução do EsSence Profile®

A Tabela 3 apresenta a tradução para o português brasileiro dos 39

termos de emoção do método EsSence.

É interessante notar que há termos do EsSence que, quando

traduzidos, têm significados muito parecidos (p.e. joyful, happy e glad; mild e

calm), ou os correspondentes na língua portuguesa não são usados no Brasil

para qualificar experiências com alimentos (p.e., tender e tame), o que

demonstra diferenças linguísticas.

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38

Tabela 3: Termos descritores de emoções do método EsSence Profile®

(originais e traduzidos em português brasileiro)

EsSence Original Tradução

Active Ativo(a)

Adventurous Aventureiro(a)

Affectionate Carinhoso(a)

Aggressive Agressivo(a)

Bored Entediado(a)

Calm Calmo(a)

Daring Ousado(a)

Disgusted Enojado(a)

Eager Ávido(a)

Energetic Energético(a)

Enthusiastic Entusiasmado(a)

Free Livre

Friendly Amistoso(a)

Glad Contente

Good Bem

Good-natured Bondoso(a)

Guilty Culpado(a)

Happy Feliz

Interested Interessado(a)

Joyful Alegre

Loving Amoroso(a)

Merry Divertido(a)

Mild Tranquilo(a)

Nostalgic Nostálgico(a)

Peaceful Em paz

Pleased Satisfeito(a)

Pleasant Agradável

Polite Educado(a)

Quiet Quieto(a)

Satisfied Saciado(a)

Secure Confiante

Steady Estável

Tame Desinteressado(a)

Tender Meigo(a)

Understanding Compreensivo(a)

Warm Caloroso(a)

Whole Completo(a)

Wild Selvagem

Worried Preocupado(a)

O EsSense foi originalmente desenvolvido como uma lista aplicável

a diferentes tipos de alimentos (KING & MEISELMAN, 2010), mas trabalhos

posteriores argumentam que as emoções são diretamente relacionadas à

experiência particular com cada tipo de alimento, o que obviamente reduz e

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especifica o vocabulário relacionado (KING & MEISELMAN, 2010; SPINELLI et

al., 2014; BHUMIRATANA, 2014).

Questionário Final

Para completar a lista obtida na associação de palavras, foram

considerados os termos do EsSence Profile que contribuíram significativamente

para qualificar a experiência com o café no estudo Bhumiratana (2014):

ativo(a), entediado(a), enojado(a), energético(a), livre, bem, culpado(a), alegre,

divertido(a), em paz, satisfeito(a), agradável, saciado(a), compreensivo(a),

caloroso(a), selvagem e preocupado(a).

Porém, os termos energético, caloroso, alegre e em paz, foram

considerados semelhantes a termos levantados na Associação de Palavras.

Assim, estes foram agrupados nos seguintes termos, respectivamente:

energizado, aquecido, feliz e tranquilo. Além disso, três termos são comuns

entre o levantamento da Associação de Palavras e aos termos EsSence

Profile® significativos no estudo Bhumiratana (2014): bem, saciado(a) e

satisfeito(a). Assim, a lista final de termos de emoções utilizados na lista CATA

do estudo é formada de 36 termos, apresentados na Tabela 4.

Tabela 4: Lista de termos de emoções utilizados no questionário CATA

Termos levantados associação de palavras Termos EsSence*

Acordado(a) Esperto(a) Agradável

Aliviado(a) Estimulado(a) Ativo(a)

Animado(a) Feliz Compreensivo(a)

Aquecido(a) Pensativo(a) Culpado(a)

Atento(a) Prazer Divertido(a)

Bem Relaxado(a) Enojado(a)

Bem estar Revigorado(a) Entediado(a)

Bom humor Saciado(a) Livre

Concentrado(a) Satisfeito(a) Preocupado(a)

Confortável Saudade Selvagem

Descontraído(a) Saudável

Disposto(a) Sociável

Energizado(a) Tranquilo(a)

*Termos do EsSence Profile significativos no estudo de Bhumiratana (2014)

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Teste de Aceitação

Os resultados do teste de aceitação das sete amostras de café são

mostrados na Tabela 5. A análise de agrupamentos revelou três grupos de

consumidores, em função das preferências pelos diferentes tipos de cafés.

Tabela 5: Aceitação global dos cafés pelos três segmentos de consumidores.

Amostra Agrupamentos * **

1 (n=39) 2 (n=31) 3 (n=54)

Tradicional 1 6,4Aa 5,1 AB b 6,4C a

Tradicional 2 7,2Aa 4,0 B b 7,6 Aa

Tradicional 3 6,3Aa b 5,3 AB b 6,8 ABC a

Tradicional4 6,4A b 5,9 A b 7,2 AB a

Superior 1 4,7Cc 6,2 A b 7,6 Aa

Superior 2 6,2AB ab 5,5 A b 6,7 BC a

Gourmet 5,2BC b 5,8 A b 7,2 ABC a

*Letras maiúsculas iguais na mesma coluna: não há diferença estatística significativa entre as

médias das amostras no agrupamento (p>0,05).

**Letras minúsculas iguais na mesma linha: não há diferença estatística significativa entre as

médias dos agrupamentos (p>0,05).

O primeiro grupo, 32% dos consumidores, preferiu o café tradicional

extraforte (média 7,2), em detrimento do café superior 1 e do gourmet (4,7 e

5,2, respectivamente). Já o segundo grupo, 25% dos consumidores, mostrou-

se mais crítico na avaliação dos cafés, pois a aceitação variou entre 6,2 e 4,0

na escala hedônica, e a preferência desse grupo foi por cafés com perfil

tradicional a superior, em detrimento do extraforte. Por fim, o terceiro e maior

grupo formado por aproximadamente 43% dos consumidores, apesar das

diferenças estatisticamente significativas entre os escores de aceitação

variando entre 6,4 e 7,6, não demonstrou tendência clara de preferência em

função do perfil da bebida, aceitando assim amostras de perfis diferentes.

Para os grupos 1 e 2, o café gourmet apresentou médias 5,2 e 5,8

respectivamente, mostrando baixa aceitação dos consumidores em relação a

um café considerado de qualidade superior por experts de café. No estudo de

Villanueva & Silva (2009) com vinhos tintos varietais, a maioria dos

consumidores não avaliou as bebidas da mesma forma que os especialistas,

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41

ou seja, houve discrepância entre as avaliações indicando que consumidores

não necessariamente têm o mesmo padrão de avaliação – técnico ou estético –

adotado por especialistas.

Estudos com consumidores brasileiros demonstraram, em geral, a

preferência local por cafés tradicionais, cuja torra dos grãos é mais intensa e a

bebida resultante mais encorpada (VEGRO, 2006; JUNQUEIRA & GARCIA,

2011), em detrimento de cafés mais suaves. Porém, mudanças recentes nos

hábitos de consumo locais, notadamente o consumo fora do lar, a proliferação

das cafeterias e as novas tecnologias de preparo da bebida (p.e., as máquinas

domésticas e as cápsulas de café moído), têm levado os brasileiros a

procurarem produtos com perfis diferenciados, motivados pelo aumento de

renda e a busca por novas experiências sensoriais (FIESP, 2010). Pesquisas

recentes demonstram que esse segmento de consumidores é formado,

sobretudo, por jovens até 25 anos, residentes nos grandes centros urbanos e

de classes sociais mais afluentes (EUROMONITOR, 2015).

CATA (Check-all-that-apply)

A Tabela 6 resume o número de termos escolhidos pelos

consumidores no CATA para qualificar a experiência com as sete amostras de

cafés degustadas. Nota-se que os cafés que tiveram a maior aceitação em

cada grupo foram qualificados por um maior número de termos escolhidos,

diferentemente dos cafés de menor aceitação.

O glossário de termos de emoções desenvolvido neste trabalho,

assim como no EsSense Profile e EmoSemio, possui mais termos positivos do

que negativos, isto poderia explicar a maior riqueza de uso de termos quando a

experiência do consumidor é também positiva, ao passo que em uma situação

inversa ele encontra menos termos que descrevam o seu desagrado. King &

Meiselman (2010) argumentam que o ato de comer por si só já é prazeroso e o

consumo elicia emoções positivas, o que restringe a presença de emoções

negativas nos glossários até agora desenvolvidos. .

As frequência de uso de cada termo de emoção na avaliação das

amostras é apresentado no Anexo 3 e mostra que todos os termos da lista

CATA foram utilizados, evidenciando que o glossário apresentado aos

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consumidores foi eficientemente utilizado. Os termos que mais se destacaram

com frequências acima de 5% foram: aquecido (Grupos 1, 2 e 3); acordado e

estimulado (Grupo 2) e satisfeito, bem e disposto (Grupo 3).

Tabela 6: Número total de termos de emoção escolhidos por grupo e por

amostra.

Amostras Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

TRAD1 250 127 316

TRAD2 279 105 385

TRAD3 266 128 313

TRAD4 244 141 373

SUP1 153 166 352

SUP2 241 155 316

GOURMET 193 141 330

TOTAL 1626 963 2385

A análise de correspondência (CA) aplicada a cada agrupamento

revelou a associação entre as amostras e os termos de emoções selecionados

pelos provadores no CATA. A Figura 1 mostra o mapa perceptual gerado na

CA relativo ao Grupo 1, que explica cerca de 68% da informação original em

duas dimensões. Este grupo, como mostra a Tabela 3, preferiu os cafés

tradicionais e o SUP2 em detrimento dos cafés SUP1 e Gourmet. Observa-se

claramente a maior associação entre as amostras de maior aceitação e

emoções positivas como feliz, energizado, animado e saciado. Já em relação

aos cafés superiores e gourmet, que tiveram menor aceitação, há associação

com termos de caráter neutro (p.e., pensativo, compreensivo) ou negativo,

como entediado, enojado, culpado e preocupado, o que demostra o desagrado

do grupo com esses produtos.

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43

Figura 1: Mapa perceptual da análise de correspondência de termos de

emoção e amostras no grupo 1 (N= 39).

Com relação ao segundo grupo de consumidores (Figura 2), entre os

cafés de maior aceitação estão os superiores, um dos tradicionais (TRAD4) e o

Gourmet, associados com emoções positivas como energizado, revigorado,

animado, bem estar, prazer e saudável. Entre os cafés menos preferidos

destaca-se o Tradicional 2 (extraforte) isolado dos demais e associado a

emoções neutras como aliviado e compreensivo, ou negativas, como enojado,

preocupado e culpado.

Importante ressaltar que este segundo grupo tem perfil mais jovem

(Tabela 5), que se mostrou mais exigente, avaliando as amostras com baixa

aceitação. Os jovens (de 16 a 25 anos) têm demonstrado aumento de interesse

por cafés, principalmente nas grandes metrópoles, por conta dos conceitos das

cafeterias e inovações (EUTOMONITOR, 2015). Isso pode refletir o aumento

de exigência na avaliação deste grupo em relação às amostras apresentadas.

acordado(a) agradável

aliviado(a) animado(a)

aquecido(a)

atento(a)

ativo(a) bem

bem estar bom humor compreensivo(a)

concentrado(a)

confortável

culpado(a)

descontraido(a)

disposto(a)

divertido(a)

energizado(a)

enojado(a)

entediado(a) esperto(a)

estimulado(a)

feliz

livre

pensativo(a)

prazer

preocupado(a)

relaxado(a)

revigorado(a)

saciado(a)

satisfeito(a)

saudade saudável

selvagem

sociável

tranquilo(a)

TRAD 1

TRAD 2

TRAD 3

TRAD 4

SUP 1

SUP 2

GOURMET

-0,6

-0,4

-0,2

-1E-15

0,2

0,4

-0,6 -0,4 -0,2 -1E-15 0,2 0,4 0,6 0,8 1

F2 (

18

,15

%)

F1 (49,79 %)

CLUSTER 1

(eixos F1 e F2: 67,94 %)

Colunas LinhasEmoções Amostras

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44

O mapa perceptual apresentado na Figura 2 demonstra a

associação entre os diferentes cafés e os termos de emoção do grupo 2, sendo

que cerca de 58% da informação original é nele representada.

Figura 2: Mapa perceptual da análise de correspondência de termos de

emoção e amostras no grupo 2 (N= 31).

Por fim, o mapa perceptual referente ao grupo 3 (Figura 3), que é o

maior grupo de consumidores, mostra a forte associação entre as amostras e

termos positivos de emoção reforçando a boa aceitabilidade de todos os

produtos. Termos negativos como enojado, entediado, preocupado e outros

neutros como aliviado, selvagem, entediado, e preocupado, estão mais

distantes dos produtos, demonstrando que não foram qualificadores da

experiência dos consumidores.

O mapa perceptual apresentado na Figura 3 demonstra a

associação entre os diferentes cafés e os termos de emoção do grupo 3, sendo

que cerca de 50% da informação original é nele representada.

acordado(a) agradável aliviado(a) animado(a)

aquecido(a)

atento(a)

ativo(a)

bem

bem estar

bom humor

compreensivo(a) concentrado(a)

confortável

culpado(a)

descontraido(a)

disposto(a)

divertido(a)

energizado(a)

enojado(a) entediado(a)

esperto(a)

estimulado(a)

feliz

livre pensativo(a)

prazer

preocupado(a)

relaxado(a)

revigorado(a) saciado(a)

satisfeito(a)

saudade

saudável

sociável

tranquilo(a)

TRAD 1 TRAD 2

TRAD 3

TRAD 4

SUP 1

SUP 2

GOURMET

-1,07

-0,67

-0,27

0,13

0,53

-0,8 -0,4 0 0,4 0,8

F2 (

20

,10

%)

F1 (38,67 %)

CLUSTER 2

(eixos F1 e F2: 58,77 %)

Colunas LinhasEmoções Amostras

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Figura 3: Mapa perceptual da análise de correspondência de termos de

emoção e amostras no grupo 3 (N= 54).

King & Meiselman (2010) e Bhumiratana e colaboradores (2014)

afirmaram que níveis similares de aceitabilidade não implicam necessariamente

no uso dos mesmos termos de emoções pelos consumidores. No presente

estudo, no Grupo 3, os cafés Tradicional 2 e Superior 1 foram os mais bem

aceitos apresentando aceitação média 7,6, porém, como mostra a Figura 3,

esses cafés se associaram com diferentes emoções.

Uma das conclusões mais relevantes de trabalhos sobre emoções e

consumo de alimentos é que somente uma pequena parte dos termos de

emoção está altamente correlacionada com a aceitabilidade, enquanto a

maioria deles complementa a avaliação dos produtos (KING & MEISELMAN,

2010; GUTJAR et al., 2014).

A palavra saudade é única na língua portuguesa, e associa-se a

lembranças positivas, quando se sente falta de algo importante para o

indivíduo. Nos grupos 1 e 3 este termo está relacionado às amostras de boa

acordado(a)

agradável aliviado(a)

animado(a)

aquecido(a)

atento(a) ativo(a)

bem bem estar

bom humor compreensivo(a)

concentrado(a)

confortável

culpado(a)

descontraido(a)

disposto(a)

divertido(a) energizado(a)

enojado(a)

entediado(a)

esperto(a)

estimulado(a) feliz

livre

pensativo(a)

prazer

preocupado(a)

relaxado(a)

revigorado(a)

saciado(a)

satisfeito(a)

saudade

saudável

selvagem sociável

tranquilo(a)

TRAD 1

TRAD 2

TRAD 3

TRAD 4

SUP 1

SUP 2

GOURMET

-0,3

-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

-0,52 -0,42 -0,32 -0,22 -0,12 -0,02 0,08 0,18 0,28 0,38

F2 (

23

,15

%)

F1 (27,69 %)

CLUSTER 3

(eixos F1 e F2: 50,83 %)

Colunas LinhasEmoções Amostras

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aceitação, e no grupo 2 foi um termo menos usado pelos consumidores, talvez

pela característica com 90% de pessoas com idade até 29 anos (Tabela 5).

Tabela 5: Caracterização dos grupos de consumidores participantes do teste

de aceitação dos cafés.

Grupos (%)

1 2 3

Idade < 20 13 32 13

20 a 29 67 58 58

30 a 49 20 6 26

>50 0 3 2

Gênero Feminino 54 58 67

Masculino 46 42 33

Tipo de Café Tradicional 39 40 39

Extraforte 30 23 29

Solúvel 12 11 13

Superior 6 11 7

Gourmet 13 16 11

Frequencia <2 vezes/semana 5 19 6

de Consumo 3 - 6 vezes/semana 26 16 9

1 vez ao dia 13 6 19

2 vezes ao dia 23 16 19

>3 vezes ao dia 33 42 48

Escolaridade Ensino médio - 3 4

Ensino Superior Incompleto 49 73 35

Ensino Superior Completo 19 3 9

Pós-graduação 32 20 52

Conclusão

Foi desenvolvido um glossário de termos de emoção associados ao

café baseado nas respostas de consumidores brasileiros contendo 36 termos,

dos quais há termos já evidenciados em estudos com consumidores de outros

países, além de saudade, uma palavra de forte conteúdo emocional presente

apenas na língua portuguesa.

Este estudo também evidenciou segmentos de consumidores com

padrões de preferência distintos. Embora haja atualmente no mercado

brasileiro produtos com diferentes perfis sensoriais, ainda é expressiva a

preferência de consumidores por cafés tradicionais, ou seja, aqueles de torra

mais intensa, que resulta em uma bebida mais escura, encorpada e

usualmente descrita como “forte”.

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O glossário de termos de emoção permitiu a complementação do

teste de aceitação, mostrando que cafés de maior aceitação eliciam mais

frequentemente emoções positivas e, por outro lado, quando o produto não

atende as expectativas do consumidor, emoções neutras ou negativas surgem.

Por fim, os resultados mostram que as emoções são capazes de qualificar a

experiência sensorial, destacando preferências e rejeições.

Uma fraqueza observada neste estudo e também em estudos

prévios é a presença majoritária de termos positivos, em detrimento de

descritores de emoções negativas e, neste sentido, recomenda-se que futuros

trabalhos aprimorem este glossário, embora o principal argumento sobre a

predominância de emoções positivas seja que o próprio consumo reflita, além

de uma escolha, uma situação de prazer.

A recomendação é que o instrumento desenvolvido deve ser

aplicado em grande amostragem no Brasil, em diferentes localidades, para que

os resultados possam ser considerados pelo setor cafeeiro, em relação às

percepções, preferências e emoções entre os tipos de cafés e segmentos dos

consumidores.

Finalmente, como o mercado de café no Brasil está em

transformação, futuras pesquisas sobre a relação entre emoções e

aceitabilidade devem também considerar diferentes contextos de consumo da

bebida, por exemplo, dentro e fora do lar, diferentes formas de preparo (p.e. o

espresso, as máquinas, cápsulas e o café solúvel) que não foram abordadas

no estudo, mas que diferenciam os hábitos e preferências dos consumidores.

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5. CAPÍTULO 3

EMOÇÕES, PERFIL SENSORIAL E QUALIDADE CLASSIFICANDO

CAFÉS BRASILEIROS.

Emilia Ricardi, Aline Oliveira Garcia, Jorge Herman Behrens.

Este artigo será submetido ao FOOD RESEARCH INTERNATIONAL

Resumo

O objetivo deste estudo foi obter o perfil sensorial descritivo e classificação de

qualidade de sete cafés de marcas líderes do mercado brasileiro, classificadas

como tradicional, superior e gourmet. Complementando o estudo, a

aceitabilidade e as emoções associadas ao consumo das bebidas foram

relacionadas ao perfil sensorial dos produtos. A Análise Descritiva Quantitativa

revelou que, de forma geral, os cafés gourmet e um dos superiores

apresentaram maior intensidade de aroma adocicado e acidez, o que

geralmente caracteriza cafés destas categorias, diferentemente dos cafés

tradicionais, que apresentaram perfis muito semelhantes entre si (p>0,05) em

relação ao corpo, viscosidade, adstringência, aroma/sabor torrado e cor da

bebida. A avaliação da qualidade dos cafés por especialistas, de acordo com

as normas de identidade de classificação vigentes, foi confirmada, tendo como

exceções o café gourmet, que foi avaliado como um café superior, e um café

tradicional, que alcançou a nota de um café superior. Não houve diferença

significativa (p>0,05) entre os escores médios de aceitabilidade dos sete cafés,

porém sua relação com os termos de emoções avaliados pelo método CATA

(Check-all-that-apply) e os perfis sensoriais dos produtos, revelada por Análise

Fatorial Múltipla, mostrou que cafés tradicionais são mais bem aceitos pelos

consumidores, levando a emoções positivas, em detrimento dos cafés

especiais, menos “fortes”, que proporcionam experiências menos positivas.

Palavras-chave: café, Análise Descritiva Quantitativa, qualidade, emoção.

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Introdução

O café é um dos mais valiosos produtos primários comercializados

no mundo e o maior parque cafeeiro do mundo está no Brasil (SINDICAFÉ-MG,

2014). Nas últimas décadas o consumo interno de café no Brasil vem

aumentando, devido principalmente à pesquisa, que vem melhorando cultivares

e incrementando a produtividade. Isso amplia a oferta de melhores grãos,

permitindo à indústria aprimorar a qualidade tanto dos cafés tradicionais quanto

dos superiores e gourmet. Hoje, o café é um produto presente em 95% dos

lares brasileiros (ABIC, 2014).

Apesar do investimento em pesquisa e tecnologia, ainda há

problemas de qualidade do café no País. Em 1989 a Associação Brasileira da

Indústria de Café (Abic) criou o “Selo de Pureza” com o objetivo de monitorar

as marcas de café e inibir as adulterações dos produtos (ABIC, 2014). Nos

anos 2000 a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São

Paulo definiu padrões mínimos de qualidade para o café torrado em grão e

torrado e moído para classificação dos produtos em superior, gourmet e

tradicional (SÃO PAULO 2007a, SÃO PAULO 2007b, SÃO PAULO 2010).

O processamento do café pode ser dividido em duas fases: o

processamento do café cru e a torrefação dos grãos para o preparo da bebida.

A qualidade do café depende da habilidade técnica da separação pós-colheita

dos frutos. O processo de secagem deve ser iniciado no mesmo dia da colheita

para reduzir o risco de contaminação e evitar a contaminação microbiológica

(ILLY & VIANI, 2005). É durante a torrefação que as propriedades sensoriais da

bebida serão desenvolvidas e toda a qualidade da matéria-prima pode ser

prejudicada se este processo não for conduzido adequadamente (MENDES,

2001). Na torrefação ocorrem várias reações químicas que conferem ao café o

sabor e aroma característicos, sendo as mais importantes, a reação de Maillard

(escurecimento não enzimático), degradação de Strecker, degradação de

proteínas, polissacarídeos, ácidos clorogênicos e trigonelina (AZEVEDO,

2013).

O consumidor brasileiro prefere tradicionalmente um café “forte”. Um

estudo de Vegro (2006) argumenta que aproximadamente 35% dos

consumidores de café coado e expresso, ou seja, as formas de preparo mais

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usuais no País, declararam predileção por um café com forte aroma, em

detrimento de cafés de aroma mais suave, apreciados por pouco mais de 22%

dos consumidores. Mais recentemente, um estudo sobre aceitabilidade de

bebidas de café com diferentes classificações quanto à qualidade global

(tradicional, superior e gourmet), corroborou o fato de o consumidor local

preferir um café com características mais rústicas, de maior amargor e menor

acidez. Assim, pode-se inferir que a preferência do consumidor está

diretamente ligada aos costumes e hábitos de consumo de cafés mais

presentes no mercado, que é o próprio café classificado como tradicional

(JUNQUEIRA & GARCIA, 2011).

A dimensão mais importante da qualidade do café é, de fato, o

sabor. Por essa razão, o principal objetivo da degustação do café, chamada de

cupping, é avaliar o perfil sensorial com base principalmente em aroma, sabor,

além do corpo e acidez da bebida (ICO, 2014). Neste sentido, as resoluções

SAA19, SAA30 e SAA31, do Estado de São Paulo, apresentam parâmetros

para classificar os cafés de acordo com notas de avaliação sensorial (Figura 1).

A nota de qualidade global mínima recomendável é 4,5. Para que o café seja

classificado como gourmet considera-se o intervalo de pontuação entre 7,3 e

10,0 da escala, enquanto cafés superiores são classificados entre 6,0 e 7,2, e

os cafés tradicionais entre 4,5 a 5,9 (SÃO PAULO 2007b, SÃO PAULO 2007a,

SÃO PAULO 2010).

Figura 1: Escala de Qualidade Global para Cafés (SÃO PAULO 2007a, SÃO

PAULO 2007b, SÃO PAULO 2010).

Os sistemas de classificação, desde a sua concepção, têm por

objetivo facilitar a comercialização de alimentos em nível mundial através de

grades de qualidade atribuídas por especialistas em normas legislativas

nacionais e/ou internacionais. No entanto, os sistemas de classificação têm

sido criticados, pois além da variação metodológica, os julgamentos de experts

Escala de Qualidade Global

0 4,5 6,0 7,3 10

Não recomendável para fornecimento Cafés

Tradicionais Cafés

Superiores Cafés Gourmet

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

muito ruim ruim regular bom muito bom

Péssimo Excelente

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podem ser tendenciosos, principalmente quando as avaliações não seguem as

boas-práticas de análise sensorial e os padrões de qualidade se baseiam em

defeitos e não em atributos específicos que descrevem o produto e são

esperados pelo consumidor (FERIA-MORALES, 2002). Neste sentido, os

métodos de sensoriais descritivos modernos são cada vez mais usados na

indústria de alimentos, pois seus resultados servem a diferentes áreas, como

pesquisa & desenvolvimento de novos produtos, controle de qualidade e a

ciência do consumidor (STONE & SIDEL, 2004; VARELA & ARES, 2014).

Dentre as técnicas descritivas destaca-se a Análise Descritiva

Quantitativa (ADQ) que identifica, define e quantifica atributos sensoriais

através de uma equipe selecionada e treinada de provadores (LAWLESS &

HEYMANN, 2010). Além disso, os dados de uma ADQ podem ser

correlacionados a resultados de testes afetivos permitindo a definição de

atributos-chave de qualidade e modelos preditivos de aceitação.

Nos últimos anos novos estudos têm mostrado que a aceitabilidade

e o consumo relacionam-se com as emoções eliciadas pela experiência do

consumidor com os alimentos (KING & MEISELMANN, 2010). As emoções,

tanto em diversidade quanto em intensidades, são dependentes da frequência

de uso do produto – o quanto faz parte das preferências e hábitos do indivíduo

- e diferentes categorias de alimentos geram emoções específicas (KING &

MEISELMAN, 2010; SPINELLI et al., 2014).

Bhumiratana e colaboradores (2014) desenvolveram um glossário de

emoções para identificar e descrever os sentimentos relacionados à

experiência de se beber café. Os resultados apontaram forte correlação entre

altos escores de aceitação e escores de emoções evocadas pela experiência

do consumo da bebida e a análise de regressão dos dados resultou em uma

lista de 44 termos capazes de discriminar respostas emocionais ao café. Os

resultados apontaram a correlação entre altos escores de aceitação e de

emoções evocadas pela experiência do consumo de café. Os consumidores

não só demonstraram diferenças de preferência em relação às amostras, como

também diferentes respostas emocionais em relação às bebidas. A conclusão

do estudo é que um produto complexo como o café necessita de estudo

específico para definir emoções que descrevam como diferentes perfis

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sensoriais de bebidas de café podem eliciar respostas emocionais nos

consumidores.

Pelo exposto, surgem questionamentos sobre a relação entre o perfil

sensorial, a aceitabilidade e as emoções sentidas pelo consumidor ao tomar

café e, assim, este trabalho objetivou o levantamento do perfil sensorial

descritivo de cafés classificados em tradicional, superior e gourmet de marcas

líderes de mercado no Brasil, e sua relação com a aceitação e as emoções

associadas à degustação das bebidas.

Materiais e Métodos

Aspectos Éticos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da

Universidade Estadual de Campinas (parecer nº41474815.2.0000.5404) e os

participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)

(Anexo 2).

Cafés

Foram selecionados sete cafés brasileiros (Tabela 1), considerando

as marcas líderes de mercado2 e a representatividade da classificação no

mercado, quais sejam, quatro cafés tradicionais, dois superiores e um gourmet.

As amostras de cafés foram fornecidas pelos próprios fabricantes,

sendo as embalagens a vácuo (250g ou 500g), e todas do mesmo lote de

fabricação. O armazenamento foi realizado na embalagem original, em freezer

(-18ºC), para preservar suas características sensoriais ao longo do tempo de

análise.

Nos testes realizados as amostras foram servidas em copos

descartáveis de papel (teste de consumidor), xícaras de porcelana branca

(ADQ) e com fundo preto (avaliação da qualidade), na quantidade de

aproximadamente 50ml e codificadas com números de três dígitos

aleatoriamente escolhidos.

2DATAMARK: Base de dados mercadológicos, disponível somente no âmbito

institucional (FEA/Unicamp), 2013

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Tabela 1: Cafés comerciais selecionados para o estudo.

Amostras* Denominação de rótulo Legenda

Tradicional 1 Forte TRAD1

Tradicional 2 Extraforte TRAD2

Tradicional 3 Tradicional TRAD3

Tradicional 4 Tradicional TRAD4

Superior 1 Superior SUP1

Superior 2 Superior SUP2

Gourmet Gourmet Gourmet

*Classificação oficial (SÃO PAULO 2007a, SÃO PAULO 2007b, SÃO PAULO 2010).

Na ADQ e no teste de aceitação (consumidor), a preparação dos

cafés foi feita por percolação, na proporção de 80g de pó por litro de água. E

na avaliação da qualidade por especialistas, foram usados 100g de pó por litro

de água. Utilizou-se filtro de papel, água filtrada aquecida entre 92 - 95ºC,

garrafas térmicas convencionais para armazenar as bebidas e manter a

temperatura por até 2 horas.

Análise Descritiva Quantitativa® (ADQ)

A ADQ foi realizada no Laboratório de Ciência Sensorial e Estudos

do Consumidor da FEA-Unicamp, que conta com cabines individuais dotadas

de iluminação branca, além da climatização do ambiente (aprox. 25ºC),

cumprindo as seguintes etapas:

Pré-seleção de candidatos a avaliadores

Realizada através de testes triangulares (MEILGAARD et. al., 2007)

com amostras de café de diferentes perfis, como tradicional, extraforte, solúvel,

superior e gourmet. Foram pré-selecionados 23 avaliadores, que acertaram

pelo menos 67% ou dois terços de seis testes triangulares em sequência

crescente de dificuldade.

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Terminologia Descritiva

Foi aplicado o Método Rede (STONE & SIDEL, 2004) que consistiu

em apresentação de todos os possíveis pares de amostras aos avaliadores,

solicitando-se que os mesmos descrevessem as similaridades e diferenças em

aparência, aroma, sabor e sensações bucais produzidas pelas amostras.

Por fim, a equipe de avaliadores reuniu-se e decidiu em consenso a

lista de atributos e suas definições.

Treinamento e Seleção da Equipe

Os avaliadores participaram de pelo menos quatro sessões de

treinamento durante as quais foram definidas amostras de referência para

todos os atributos. O treinamento também objetivou a medição da intensidade

dos atributos através de uma escala intervalar não estruturada de 9cm com os

termos de intensidade (p.e., forte/fraco ou nenhum/forte) ancorados em seus

extremos.

Para avaliar a eficiência do treinamento e selecionar a equipe final

de avaliadores foram escolhidos três cafés que cobriam o espectro de

atributos. Esses produtos foram avaliados em triplicata. As amostras foram

apresentadas monadicamente, seguindo um delineamento de blocos completos

balanceados.

Os dados obtidos foram analisados por ANOVA e foram

selecionados avaliadores que apresentaram capacidade de discriminar as

amostras (pFamostra<0,50), repetibilidade dos resultados (pFrepetição>0,05),

além de consenso com a equipe (interação amostra x provador p>0,05)

(STONE & SIDEL, 2004).

Doze avaliadores foram selecionados e analisaram as sete amostras

de café (Ficha Anexo 4), em três repetições Nos testes, foi oferecido biscoito

cream cracker, água filtrada ou água mineral com gás, para a limpeza do

palato, e as amostras foram apresentadas monadicamente, seguindo um

delineamento de blocos completos balanceados.

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Classificação das bebidas de café

A classificação dos sete cafés foi realizada no Centro de Ciência e

Qualidade de Alimentos (CCQA), do Instituto de Tecnologia de Alimentos de

Campinas (ITAL). Os testes foram realizados no Laboratório de Análises

Físicas, Sensoriais e Estatísticas (LAFISE), em cabines individuais dotadas de

iluminação vermelha, além da climatização do ambiente (aprox. 25ºC).

Uma equipe de oito julgadores foi selecionada de acordo com a

disponibilidade e acuidade sensorial (sensibilidade e discriminação) para

avaliar diferentes tipos de café. O treinamento nos atributos foi realizado

através da avaliação de amostras referências de café, sendo repetido

anualmente para confirmar a seleção final dos avaliadores.

A terminologia descritiva utilizada (Anexo 5) contemplou os atributos

fragrância, aroma característico da bebida, defeitos da bebida, acidez,

amargor, sabor característico da bebida, sabor residual, adstringência, corpo e

qualidade global (HOWELL, 1998; LINGLE, 1986).

A equipe avaliou as amostras em triplicata, sendo 3 amostras por

sessão, totalizando 7 sessões. Foi entregue uma referência (R) de café

superior, em pó (avaliação de aroma) e em bebida. Cada amostra de café

também foi servida em pó e em bebida, de forma monádica (Ficha Anexo 6).

O programa Compusense versão 5.6 (Compusense Inc., Guelph,

Canadá) foi usado em todas as avaliações. O balanceamento de apresentação

das amostras foi feito de acordo com os avaliadores da sessão, em blocos

completos casualizados.

CATA (Check-All-That-Apply)

As emoções levantadas (Capítulo 2) formaram a lista CATA

(MEYNERS & CASTURA, 2014) apresentada a 124 consumidores de café,

juntamente com a ficha de avaliação de aceitação (Anexo 1), para cada uma

das sete amostras.

A ficha foi estruturada no sistema Fizz Sensory Software 2.47B

(Biosystèmes, Couternan, França), que realizou a randomização dos termos

entre os consumidores. Entre as fichas do mesmo consumidor não foi possível

casualizar os termos de emoções e, assim, foi solicitado que o provador

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realizasse a leitura variando a sequencia das palavras a cada amostra

avaliada, a fim de explorar ao máximo os termos apresentados.

Estatísticas

Os dados da ADQ e da avaliação da qualidade dos cafés foram

analisados por ANOVA, seguida de teste de médias de Tukey (HSD) ao nível

5% de significância, pelo uso do programa estatístico SAS versão 8.6 (The

SAS Institute, NJ, USA) e XLStat® versão 2013.4.02 (Addinsoft, NY, USA),

respectivamente. Também foi realizada a Análise de Componentes Principais,

pelo software Xlstat®.

A frequência dos termos escolhidos no CATA foi calculada no

sistema Fizz Sensory Software 2.47B. Com as frequências dos termos

escolhidos em cada amostra foi construída uma tabela de dupla entrada que,

por sua vez, foi utilizada na Análise de Correspondência (CA) realizada pelo

software XLStat®.

Para relacionar os atributos avaliados na ADQ, com a avaliação da

qualidade, e os termos de emoção no CATA, foi realizada a Análise Fatorial

Múltipla (MFA) (LÊ, 2014) pelo programa XLStat®.

Resultados e Discussão

Análise Descritiva Quantitativa® (ADQ)

Através do método rede foram levantados aproximadamente 100

termos descritivos, dos quais 15 foram inicialmente selecionados pela equipe.

Após as primeiras sessões de treinamento, os avaliadores entraram em

consenso em 11 termos descritores finais e suas respectivas definições e

referências, como apresentada Tabela 2.

Na análise dos resultados, foi verificado que o atributo aroma ácido

não discriminou as amostras (p>0,05), assim o mesmo não foi considerado. Ao

final foram analisados 10 termos descritores.

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Tabela 2: Atributos descritivos dos cafés avaliados na Análise Descritiva

Quantitativa.

Descritor Definição Referências

Cor Marrom Cor característica de café percolado, observada da superfície até o fundo da xícara.

Claro: 25g de café torrado e moído (Tradicional Melitta)/1L de água, servido 30ml em xícara branca de porcelana. Escuro: 100g de café torrado e moído (Extraforte Canecão)/1L de água, servido 30ml em xícara branca de porcelana.

Viscosidade Aparente

Tempo de escoamento do líquido na parede da xícara

Pouco: 25g de café torrado e moído (Tradicional Melitta)/1L de água, servido 30ml em xícara branca de porcelana. Muito: 100g de café torrado e moído (Extraforte Canecão)/1L de água, servido 30ml em xícara branca de porcelana.

Aroma Torrado

Associado ao grão de café torrado (Mendes, 2005)

Fraco: 6g de café arábica em grãos com torra baixa (200°C/ 9 minutos), sendo aprox. 4 grãos macerados na hora, no pilão. Forte: 10g de pó de café torrado e moído (Extraforte Canecão)

Aroma Adocicado

Refere-se ao odor adocicado de café

Nenhum Forte Bala de café Riclan (Pocket Coffe +Cremosa), pedaço de 0,30g a 0,40g

Aroma ácido Associado ao ácido cítrico

Nenhum Forte: Solução de 5ml de limão rosa/ 25 ml água

Gosto Ácido Associado ao ácido cítrico

Nenhum Forte: café preparado com ácido cítrico (60g de café Tradicional Melitta/1L de água com ácido cítrico a 0,03%)

Gosto Amargo

Associado à cafeína (Mendes, 2005)

Fraco: solução aquosa de cafeína 0,05% Forte: café preparado com cafeína (60g de café Tradicional Melitta/1L de água com cafeína a 0,1%)

Adstringência Associada à sensação de “amarrar” a língua, como uma secura na boca.

Pouco: solução ácido tânico 0,6g / 1L de água Muito: solução ácido tânico 1,4g / 1L de água

Residual Amargo

Gosto amargo que permanece por um tempo após a ingestão do produto (Azevedo, 2013)

Fraco: 30g de café (Tradicional Melitta)/1L de água Forte: 100g de café (Extraforte Canecão)/1L de água

Sabor Torrado

Associado ao grau de torra do grão do café (Azevedo, 2013)

Fraco: 30g de café (Tradicional Melitta)/1L de água Forte: 100g de café (Extraforte Canecão)/1L de água

Corpo Associada à sensação de preenchimento e permanência da bebida na boca.

Pouco: 100mL de Néctar de Pêssego Del Vale / 300mL de água Muito: 200mL de Néctar de Pêssego Del Vale / 200mL de água

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A Tabela 3 apresenta a intensidade dos atributos e a caracterização

das similaridades e diferenças entre os sete cafés avaliados. De forma geral,

os cafés gourmet e SUP2 destacaram-se significativamente (p<0,05) dos

demais, apresentando menor intensidade de aroma torrado, adstringência,

amargor, viscosidade, corpo, cor, e maior intensidade de aroma adocicado e

acidez, que são características esperadas para cafés especiais. Segundo

provadores profissionais do setor cafeeiro, um café de qualidade - considerado

um café especial - é aquele que possui aroma suave, sabor adocicado e pouco

amargor (MENDES, 2005).

Tabela 3: Médias dos atributos sensoriais dos cafés obtidas na Análise

Descritiva Quantitativa (ADQ).

Atributos TRAD1 TRAD2 TRAD3 TRAD4 SUP1 SUP2 Gourmet DMS*

Cor 6,5a 5,4b 5,7ª,b 5,5b 5,1b,c 4,1d 4,4c,d 0,9 Viscosidade Aparente

5,9a 5,2a 5,5a 5,1a,b 5,4a 4,1c 4,1b,c 1,0

Aroma Adocicado

1,9b,c 2,2b,c 2,4b,c 1,7c 2,3b,c 3,7a 2,9ª,b 1,2

Aroma Torrado

5,3a,b 5,5a 5,4a,b 5,3a,b 5,1a,b 4,2b,c 3,7c 1,3

Adstringência 4,1a 3,3a,b 3,8ª,b 3,7a,b 3,4a,b 2,9a,b 2,6b 1,4 Gosto Ácido 2,3b 2,6b 2,8b 2,7b 3,3a,b 4,5a 3,4ª,b 1,4 Sabor Torrado

5,7a 5,8a 5,4a,b 5,5a,b 5,1a,b 4,4b 4,3b 1,3

Gosto Amargo

5,2a 5,3a 4,8a,b 5,4a 4,8a,b 3,5c 3,8b,c 1,2

Residual Amargo

4,5a 4,1a,b,c 4,3a,b 4,7a 4,1a,b,c 2,9c 3,0b,c 1,4

Corpo 4,9a 4,2ª,b 4,2ª,b 4,4a,b 4,1a,b 4,0a,b 3,6b 0,0

*Diferença mínima significativa de acordo com o teste de Tukey (HSD). Médias em uma

mesma linha seguidas de letras minúsculas iguais não diferem estatisticamente (p>0,05).

Os cafés classificados como tradicionais apresentaram perfis muito

semelhantes, sem diferenças significativas (p>0,05) em relação ao corpo,

viscosidade, adstringência e aroma/sabor torrado, além da cor da bebida. É

interessante notar que os cafés TRAD1 e TRAD2 (forte e extraforte

respectivamente), apresentaram maior intensidade desses atributos entre os

cafés tradicionais, o que sugere o efeito da torrefação dos grãos e

possivelmente de blends com café conillon sobre as características dessas

bebidas. Também é interessante notar que os cafés denominados superiores

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61

(SUP1 e SUP2) apresentaram diferenças significativas (p<0,05) quanto à

aparência (cor e viscosidade), aroma adocicado e gosto amargo.

(a)

(b)

Figura 1: Análise de Componentes Principais dos resultados obtidos na ADQ:

(a) representação das amostras e (b) representação dos atributos nos dois

primeiros componentes principais (F1 e F2).

GOURMET

SUP 2

SUP 1

TRAD 4

TRAD 3

TRAD 2

TRAD 1

-1

-0,5

0

0,5

1

-15 -10 -5 0 5 10

F2 (

5,2

5 %

)

F1 (85,74 %)

cor marrom

visc aparente

aroma adocicado

aroma torrado

adstringência

gosto ácido

sabor torrado

gosto amargo

residual amargo

corpo

-1

-0,75

-0,5

-0,25

0

0,25

0,5

0,75

1

-1 -0,75 -0,5 -0,25 0 0,25 0,5 0,75 1

F2 (

5,2

5 %

)

F1 (85,74 %)

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62

A Figura 1 apresenta o gráfico dos dois primeiros componentes

principais obtidos da análise de componentes principais (ACP) sobre os dados

da ADQ.

Cerca de 91% da variância original é explicada e o primeiro

componente (F1), que representa 85,7% da variância dos dados, separa os

cafés SUP2 e Gourmet, similares e caracterizados principalmente pelo gosto

ácido e aroma adocicado à esquerda. Entre os demais cafés, à direita, o

TRAD1 destaca-se pelo corpo, viscosidade aparente, cor e adstringência

corroborando, assim, com os resultados mostrados na Tabela 3.

Pela ACP fica clara a similaridade dos cafés comercializados no

mercado brasileiro, independentemente da classificação oficial e denominações

mercadológicas (p.e., extraforte, forte e tradicional). Novamente, o perfil

sensorial dos produtos parece ser uma decisão do fabricante de forma a

satisfazer um padrão de preferência do mercado (VEGRO, 2006) para atender

as expectativas de diferentes segmentos de consumidores.

Classificação das bebidas de café

De acordo com as normas técnicas de identidade de qualidade de

café, as classificações tradicional (TRAD1, TRAD3 e TRAD4) e superior (SUP1

e SUP2) foram confirmadas, tendo como exceções o café gourmet, que foi

avaliado com a nota global de 6,0, portanto, um café superior, e o café TRAD2

que alcançou a nota de um café superior, ou seja, 6,0. Destaca-se nesta

avaliação o café SUP2, com médias significativamente superiores (p>0,05) de

aroma, sabor e corpo, sendo que os demais cafés pouco se diferenciaram. A

Tabela 4 apresenta os resultados da avaliação da qualidade.

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Tabela 4: Médias* dos atributos e índice de Qualidade Global dos cafés de

acordo com a avaliação dos julgadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos

Atributos TRAD1 TRAD2 TRAD3 TRAD4 SUP1 SUP2 GOURMET

Fragrância 5,6c 6,0abc 5,6c 5,7bc 6,2a 6,3a 6,1 ab

Aroma da bebida

5,7c 6,0abc 5,7c 5,8bc 6,2ab 6,3a 6,1abc

Defeitos 3,8ab 3,4bcd 4,0a 3,7abc 3,3cd 3,0d 3,6abcd

Acidez 3,7 b 3,8ab 3,6b 3,8b 3,9ab 4,2a 3,8ab

Amargor 4,7ab 4,4bc 4,8a 4,7ab 4,4bc 4,1c 4,4bc

Sabor 5,7c 6,0abc 5,7c 5,9bc 6,2ab 6,4a 6,0abc

Sabor Residual 5,6 c 6,0abc 5,7c 5,8bc 6,2ab 6,4a 6,0abc

Adstringência 3,8ab 3,5abc 3,9a 3,6abc 3,4bc 3,2c 3,6abc

Corpo 6,1a 6,4a 6,3a 6,3a 6,5a 6,5 a 6,2a

Qualidade Global

5,5 c 6,0 ab 5,5 c 5,8 bc 6,1 ab 6,3 a 6,0 ab

*Teste de Tukey (HSD).Médias em uma mesma linha seguidas de letras minúsculas diferentes

são estatisticamente diferentes (p<0,05).

A Figura 2 apresenta o gráfico dos dois primeiros componentes

principais obtidos da análise de componentes principais (ACP) sobre os dados

da avaliação de qualidade. Nele, cerca 97% da variância original é explicada e

o primeiro componente (F1), que representa 92,7% da variância dos dados,

separa os cafés TRAD 1, 3 e 4, similares em amargor, defeitos e adstringência,

dos cafés TRAD 2, SUP1 e SUP2 que se destacaram pelo aroma, sabor,

acidez e fragrância. Nota-se que o café gourmet distancia-se dos demais

produtos. Considerando o primeiro componente (F1), o gourmet obteve perfil

próximo do SUP2.

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(a)

(b)

Figura 2: Análise de Componentes Principais dos resultados obtidos na

avaliação da qualidade por especialistas: (a) representação das amostras e (b)

representação dos atributos nos dois primeiros componentes principais (F1 e

F2).

SUP 1

SUP 2

TRAD 2

GOURMET

TRAD 4

TRAD 3

TRAD 1

-4

-2

0

2

4

-4 -2 0 2 4 6

F2 (

4,8

9 %

)

F1 (92,68 %)

Fragrancia

Aroma da bebida

Defeitos Acidez

Amargor

Sabor

Sabor Residual

Adstringência

Corpo

Qualidade Global

-1

-0,75

-0,5

-0,25

0

0,25

0,5

0,75

1

-1 -0,75 -0,5 -0,25 0 0,25 0,5 0,75 1

F2 (

4,8

9 %

)

F1 (92,68 %)

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65

Em linhas gerais, a avaliação dos especialistas complementa a da

equipe da ADQ, pois demonstra novamente a diferenciação do café SUP2 e a

similaridade do perfil sensorial dos demais cafés, indicando que as principais

empresas do mercado estão optando por uma padronização de qualidade

sensorial, principalmente dos cafés tradicionais. Surpreendentemente, o café

gourmet também se aproxima do perfil dos tradicionais e isto pode ocorrer em

função da escolha do fabricante em oferecer um produto de acordo com a

preferência geral do mercado (VEGRO, 2006; EUROMONITOR, 2015).

Teste de Consumidor

A avaliação da aceitação global não evidencia diferença

significativa entre os produtos (p<0,05), sendo que os escores médios

situaram-se entre 6,1 e 6,6 na escala hedônica de 9 pontos, entre as “gostei

ligeiramente” e “moderadamente”.

Tabela 5: Escores médios de aceitação global das amostras de café avaliados

por consumidores da bebida (N=124).

Amostra Aceitação global*

TRAD 1 6,1

TRAD 2 6,6

TRAD 3 6,3

TRAD 4 6,6

SUP 1 6,3

SUP 2 6,2

Gourmet 6,2

*Não há diferença significativa entre as médias (p › 0,05)

Para relacionar os resultados da ADQ, da avaliação da qualidade, da

aceitabilidade e os termos de emoções do CATA foi realizada a Análise Fatorial

Múltipla (AFM) cujo gráfico é mostrado na Figura 3.

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(a)

(b)

Figura 3: Análise Fatorial Múltipla dos resultados da ADQ, da avaliação da

qualidade, da aceitação e das emoções (CATA): (a) representação das

amostras e (b) representação dos atributos e da aceitação nos dois primeiros

componentes principais (F1 e F2).

GOURMET

SUP1

SUP2

TRAD1

TRAD2

TRAD3

TRAD4

-2

-1

0

1

2

3

-3 -2 -1 0 1 2 3

F2 (

27

,07

%)

F1 (37,92 %)

aceitação

cor marrom

viscosidade aparente

aroma adocicado

aroma torrado

adstringência

gosto ácido

sabor torrado

gosto amargo

residual amargo

corpo

Fragrancia

Aroma da bebida

Defeitos

Acidez

Amargor

Sabor

Sabor Residual

Adstringência

Corpo

Qualidade Global

acordado(a)

agradável

aliviado(a)

animado(a)

aquecido(a)

atento(a)

ativo(a)

bem

bem estar

bom humor

compreensivo(a)

concentrado(a)

confortável

culpado(a)

descontraido(a)

disposto(a)

divertido(a)

energizado(a)

enojado(a)

entediado(a)

esperto(a)

estimulado(a) feliz

livre

pensativo(a)

prazer

preocupado(a)

relaxado(a)

revigorado(a)

saciado(a)

satisfeito(a)

saudade

saudável

selvagem

sociável

tranquilo(a)

-1

-0,75

-0,5

-0,25

0

0,25

0,5

0,75

1

-1 -0,75 -0,5 -0,25 0 0,25 0,5 0,75 1

F2 (

27

,07

%)

F1 (37,92 %) ACEITAÇÃO ADQ QUALIDADE EMOÇÕES

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67

A AFM gerou uma configuração geral considerando os quatro

conjuntos de dados selecionados e que explicam, em duas dimensões, 65% da

variação total do conjunto. Nota-se que a representação dos resultados da

ADQ e da avaliação da qualidade é semelhante às ACP representadas nas

Figuras 1 e 2 e, de fato, a AFM derivou incialmente as duas dimensões

representadas com esses dados, ajustando em seguida à aceitação e as

emoções avaliadas no CATA.

Pela Figura 3 (a) notam-se dois grupos de cafés representados no

F1, quais sejam, os cafés superiores e o gourmet à esquerda, e os tradicionais

à direita. A segunda dimensão (F2) separa os cafés tradicionais em dois

grupos, ou seja, TRAD1 e TRAD3, no quadrante superior direito, e TRAD2 e

TRAD4 no quadrante inferior direito e é interessante notar que estes dois

últimos produtos são comercializados com a mesma marca, porém com a

denominação extraforte (TRAD2) e tradicional (TRAD4).

A Figura 3 (b) mostra a relação conjunta dos atributos. Os cafés

superiores e o gourmet, sobretudo o SUP2, caracterizam-se por serem mais

aromáticos, relacionado ao aroma adocicado, fragrância e ácidos, e

consequentemente maior índice de qualidade global na avaliação dos

especialistas. Por outro lado, os cafés TRAD 1 e TRAD3 apresentam maior

adstringência, amargor, viscosidade, corpo, sabor e aroma de torra.

Os cafés TRAD2 e TRAD4, por sua vez, não fortemente

relacionados a atributos sensoriais e de fato, observando as Tabelas 3 e 4,

seus perfis sensoriais e índices de qualidade, além de semelhantes, são

intermediários aos dois outros grupos de cafés. Porém, o que os caracteriza

marcadamente é associação com emoções positivas (p.e., feliz, aquecido,

tranquilo, satisfeito, bem, agradável e saudade) e o vetor da aceitabilidade. A

Tabela 5 mostra que esses cafés obtiveram escores de aceitabilidade maiores

que os demais, embora as diferenças não sejam estatisticamente significativas

(p>0,05).

Analisando, ainda, a relação entre aceitabilidade e emoções,

verifica-se que os cafés superiores e o gourmet situam-se opostos ao vetor de

aceitação e a experiência dos consumidores com esses produtos foi qualificada

por menos termos de emoções e, sobretudo, com termos negativos como

entediado, culpado e selvagem.

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Já os cafés TRAD1 e TRAD 3, que usam alegações de rótulo como

fortes, além dos atributos sensoriais já mencionados, foram associados a

termos de emoções como atento, acordado, energizado, concentrado e prazer.

Autores afirmam que a qualificação da experiência sensorial através

de emoções depende do quanto o produto agrada e atinge as expectativas do

consumidor, ou seja, produtos de boa aceitação eliciam respostas emocionais

positivas com termos como prazer e felicidade, e quando a experiência é

negativa ou quando o produto não atende às expectativas, expressam-se

estados negativos como culpado, enojado, entediado, etc. (KING &

MEISELMAN, 2010; EDWARDS et. al 2013; SPINELLI et al., 2014;

BHUMIRATANA, 2014).

Conclusão

O presente trabalho evidenciou diferenças e similaridades entre

produtos concorrentes no mercado de café brasileiro. Embora haja

diferenciação do perfil sensorial, da denominação comercial, e classificação

dos produtos segundo a legislação vigente, parece haver uma tendência a um

conjunto de atributos comuns, principalmente entre os cafés tradicionais.

A análise fatorial múltipla (AFM) mostrou-se uma técnica estatística

multivariada potente para revelar a relação entre o perfil sensorial, a

aceitabilidade e as emoções eliciadas no consumo do café, pois não apenas

demonstrou o senso comum da indústria de café sobre o comportamento do

consumidor, ou seja, a preferência por cafés tradicionais, mas também a

relação do café “forte” com atributos como amargor, corpo, cor, sabor/aroma

torrado e emoções como acordado, atento e energizado. Outra revelação da

AFM é que cafés de perfil mais fino (superior e gourmet) distanciam-se da

preferência do mercado justamente por não apresentarem os atributos

esperados de um café “forte”, o que leva a uma experiência desinteressante e

desperta no consumidor emoções negativas como tédio e culpa.

Futuros estudos sensoriais sobre cafés no Brasil devem considerar

as transformações pelas quais o mercado local vem passando ao longo dos

últimos anos, ou seja, a busca dos consumidores por cafés de melhor

qualidade, motivados por novas tecnologias de preparo da bebida e a

proliferação das cafeterias e das butiques de café. Novos hábitos surgem e

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com eles novos produtos e consequentemente novas preferências e

segmentação do mercado.

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72

6. DISCUSSÃO GERAL

Através do levantamento de termos de emoções de consumidores

brasileiros, relacionados ao café, e para completar a lista, considerando os

termos significativos do EsSence Profile® (KING & MEISELMAN, 2010)

presentes nos resultados de Bhumiratana (2014), foi possível definir um

glossário de emoções para qualificar a experiência de tomar a bebida de café.

A aplicação desta lista pelo método CATA (Check-all-that-apply) associada à

medida de aceitação (escala hedônica), demonstrou que o consumidor tende a

usar termos positivos, e em maior variedade, para qualificar experiências

satisfatórias e, inversamente, a usar termos neutros ou negativos quando a

experiência é insatisfatória.

O perfil sensorial descritivo e a classificação de qualidade das sete

amostras de cafés, obtidos através da Análise Descritiva Quantitativa (ADQ) e

Classificação de Qualidade com especialistas, respectivamente, mostraram

que os resultados da ADQ, de forma geral, definiram os cafés gourmet e SUP2

com maior intensidade de aroma adocicado e acidez. Já os cafés tradicionais

apresentaram perfis muito semelhantes entre si, sem diferenças significativas

(p>0,05) em relação ao corpo, viscosidade, adstringência, aroma/sabor torrado

e cor da bebida.

A classificação dos cafés, de acordo com as normas de identidade

em superior, gourmet e tradicional (SÃO PAULO 2007a, SÃO PAULO 2007b,

SÃO PAULO 2010) foram confirmadas, tendo como exceções o café Gourmet,

que foi avaliado com a nota global de 6,0, portanto, um café superior, e o café

TRAD2 que alcançou a nota de um café superior. O café SUP2 teve destaque

nesta avaliação, com médias significativamente superiores (p>0,05) de aroma,

sabor e corpo, sendo que os demais cafés pouco se diferenciaram.

As médias de aceitabilidade das sete amostras de cafés não

mostraram diferença significativa entre si. Porém, os termos de emoções,

avaliados pelo método CATA (Check-all-that-apply), classificaram as amostras

independente dos tipos tradicional, superior e gourmet.

Ao relacionar os resultados do CATA de emoções, os resultados de

aceitação global, perfil sensorial das amostras e avaliações de qualidade por

Análise Fatorial Múltipla, observou-se o agrupamento das amostras de acordo

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com os perfis e a classificação dos cafés: em superiores e gourmet, os

tradicionais 1 e 3 - com características de cafés mais torrados - e os

tradicionais 2 e 4, que são do mesmo fabricante, líder de mercado.

7. CONCLUSÃO GERAL

Foi desenvolvido um glossário contendo 36 termos de emoções associados

ao consumo de café, baseado nas respostas de consumidores brasileiros e

termos significativos do EsSence Profile® (KING & MEISELMAN, 2010)

presentes nos resultados de Bhumiratana (2014), dos quais há termos já

evidenciados em estudos com consumidores de outros países, além da

palavra saudade, uma palavra de forte conteúdo emocional presente

apenas na língua portuguesa.

Este estudo também evidenciou segmentos de consumidores com padrões

de preferência distintos. Embora boa parte dos consumidores aprecie

indistintamente cafés de perfis sensoriais diferentes, há aqueles que

tendem a preferir cafés especiais - de torra média, mais aromáticos,

adocicados e ácidos, ou os de torra mais intensa, que resulta em uma

bebida mais escura, encorpada e usualmente descrita como “forte”. Isto é

um reflexo das transformações que vem ocorrendo nos últimos anos no

mercado brasileiro de café.

O glossário de termos de emoções permitiu a complementação do teste de

aceitação, mostrando que cafés de maior aceitação eliciam mais

frequentemente emoções positivas e, por outro lado, quando o produto não

atende as expectativas do consumidor, emoções neutras ou negativas

surgem. Por fim, os resultados mostram que o glossário desenvolvido foi

capaz de qualificar eficientemente a experiência sensorial, destacando

preferências e rejeições.

Embora haja diferenciação do perfil sensorial e mesmo da denominação

comercial e classificação dos produtos segundo a legislação vigente, parece

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haver uma tendência a um conjunto de atributos comuns, principalmente

entre os cafés tradicionais. As alegações como forte e extraforte talvez

estejam mais relacionadas à cultura do consumidor do que as

características sensoriais do produto por si somente.

A análise fatorial múltipla (MFA) mostrou-se uma técnica estatística

multivariada potente para revelar a relação entre o perfil sensorial, a

aceitabilidade e as emoções eliciadas no consumo do café, pois não

apenas demonstrou a preferência por cafés tradicionais, um senso comum

da indústria sobre o comportamento do consumidor, mas também a relação

do café “forte” com atributos como amargor, corpo, cor e sabor/aroma

torrado e emoções como acordado, atento e energizado. Outra revelação

da MFA, é que cafés classificados como superior e gourmet distanciam-se

da preferência do mercado, justamente por não apresentarem os atributos

esperados de um café “forte”, o que leva a uma experiência desinteressante

e desperta no consumidor emoções negativas como tédio e culpa.

Futuros estudos sensoriais com consumidores de café devem aprimorar o

glossário apresentado, através do levantamento de termos que qualifiquem

não apenas experiências positivas, mas igualmente experiências negativas,

embora o principal argumento sobre a predominância de emoções positivas

seja que o próprio consumo reflita, além de uma escolha, uma situação de

prazer.

Finalmente, como o mercado de café no Brasil está em transformação,

futuras pesquisas sobre a relação entre emoções e aceitabilidade devem

também considerar diferentes contextos de consumo da bebida, por

exemplo, dentro e fora do lar, diferentes formas de preparo (p.e., o

espresso, as máquinas e capsulas) que não foram abordadas no estudo,

mas que diferenciam os hábitos e preferências dos consumidores.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO 1

Ficha Teste do Consumidor

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ANEXO 2

Termo de Consentimento - Associação de Palavras

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Café: percepções, preferências e emoções dos consumidores brasileiros. Emilia Alice Fonseca Ricardi

Número do CAAE:41474815.2.0000.5404

Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo.

Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.

Justificativa e objetivos:

O comportamento e as exigências dos consumidores de café estão em transformação. Surgem questionamentos sobre o comportamento dos consumidores brasileiros em relação ao café, e as emoções podem qualificar a experiência relacionada aos diferentes estímulos causados pelo produto. Desta forma, o objetivo desta pesquisa é avaliar a aceitabilidade de cafés e as emoções associadas à degustação das bebidas, avaliando preferências e hábitos dos consumidores de café.

Procedimentos:

Participando do estudo você está sendo convidado a descrever quais emoções são evocadas ao tomar o café, através de uma listagem de palavras.

O teste tem duração aproximada de 15 minutos e não será necessário beber a bebida de café, e também não será necessário o seu deslocamento para outro local.

Desconfortos e riscos:

Você não deve participar deste estudo se tiver algum tipo de restrição ou aversão ao consumo café. Excetuando o descrito acima, não há riscos previstos decorrentes da participação nesta pesquisa.

Benefícios e ressarcimentos:

As suas respostas, juntamente com as dos demais participantes, ajudarão aos pesquisadores a identificarem quais são as emoções dos consumidores que qualificam o ato de tomar café.

Esclarecemos que sua participação é voluntária, não havendo nenhum tipo de ressarcimento, por se tratar de uma pesquisa acadêmica. Não haverá também nenhuma forma de reembolso, porque você não terá nenhum gasto com o estudo.

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Sigilo e privacidade:

Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação prestada será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Após a coleta de dados, os resultados serão codificados e na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado.

Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com a pesquisadora responsável: Emilia Alice Fonseca Ricardi, Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, Departamento de Alimentos e Nutrição; Rua Monteiro Lobato, 80, Campinas – SP; CEP 13083-862; tel (19) 3521-4070; e-mail: [email protected].

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; tel (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail: [email protected].

Consentimento da participação da pessoa como sujeito

Eu,

__________________________________________________________________, após ter sido esclarecido sobre a natureza da pesquisa “Café:

Percepções, Preferências e Emoções dos consumidores brasileiros”, seus objetivos, métodos, benefícios previstos e riscos potenciais, aceito participar

como voluntário.

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo

CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.

Local:__________________________________________ Data:___/___/___

Pesquisador responsável: ______________________________________________________

Emilia Alice Fonseca Ricardi Mestranda

FEA-Unicamp-Depto. Alimentos e Nutrição

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Termo de Consentimento – Consumidor

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Café: percepções, preferências e emoções dos consumidores brasileiros. Emilia Alice Fonseca Ricardi

Número do CAAE:41474815.2.0000.5404

Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo.

Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.

Justificativa e objetivos:

O comportamento e as exigências dos consumidores de café estão em transformação. Surgem questionamentos sobre o comportamento dos consumidores brasileiros em relação ao café, e as emoções podem qualificar a experiência relacionada aos diferentes estímulos causados pelo produto. Desta forma, o objetivo desta pesquisa é avaliar a aceitabilidade de cafés e as emoções associadas à degustação das bebidas, avaliando preferências e hábitos dos consumidores de café.

Procedimentos:

Participando do estudo você está sendo convidado a provar seis amostras de café e deverá indicar em uma escala o quanto você gostou ou não gostou de cada uma. Além disso, haverá um formulário solicitando que indique quais emoções está sentindo ao provar cada amostra.

O teste tem duração aproximada de 30 minutos e não será necessário seu deslocamento para outro local.

Durante o teste será feita uma pausa para o preenchimento de um questionário para o levantamento do perfil dos voluntários. Nesse questionário não haverá nenhuma pergunta que permita sua posterior identificação.

Desconfortos e riscos:

Você não deve participar deste estudo se tiver algum tipo de restrição ou aversão ao consumo café. Excetuando o descrito acima, não há riscos previstos decorrentes da participação nesta pesquisa.

Benefícios e ressarcimentos:

As suas respostas, juntamente com as dos demais participantes, ajudarão aos pesquisadores a entenderem como diferentes tipos de cafés afetam a aceitabilidade, preferências e emoções dos consumidores brasileiros.

Esclarecemos que sua participação é voluntária, não havendo nenhum tipo de ressarcimento, por se tratar de uma pesquisa acadêmica. Não haverá

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também nenhuma forma de reembolso, porque você não terá nenhum gasto com o estudo.

Sigilo e privacidade:

Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação prestada será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Após a coleta de dados, os resultados serão codificados e na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado.

Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com a pesquisadora responsável: Emilia Alice Fonseca Ricardi, Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, Departamento de Alimentos e Nutrição; Rua Monteiro Lobato, 80, Campinas – SP; CEP 13083-862; tel (19) 3521-4070; e-mail: [email protected].

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; tel (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail: [email protected].

Consentimento da participação da pessoa como sujeito

Eu,

__________________________________________________________________, após ter sido esclarecido sobre a natureza da pesquisa “Café:

Percepções, Preferências e Emoções dos consumidores brasileiros”, seus objetivos, métodos, benefícios previstos e riscos potenciais, aceito participar

como voluntário.

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo

CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.

Local:__________________________________________ Data:___/___/___

Pesquisador responsável: ______________________________________________________

Emilia Alice Fonseca Ricardi Mestranda

FEA-Unicamp-Depto. Alimentos e Nutrição

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Termo de Consentimento – Equipe ADQ

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Café: percepções, preferências e emoções dos consumidores brasileiros. Emilia Alice Fonseca Ricardi

Número do CAAE:41474815.2.0000.5404

Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo.

Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.

Justificativa e objetivos:

O comportamento e as exigências dos consumidores de café estão em transformação. Surgem questionamentos sobre o comportamento dos consumidores brasileiros em relação ao café, e as emoções podem qualificar a experiência relacionada aos diferentes estímulos causados pelo produto. Desta forma, o objetivo desta pesquisa é avaliar a aceitabilidade de cafés e as emoções associadas à degustação das bebidas, avaliando preferências e hábitos dos consumidores de café.

Procedimentos:

Participando do estudo você está sendo convidado a participar da equipe de levantamento do perfil sensorial das amostras de café por meio da metodologia Análise Descritiva Quantitativa®.

Os testes serão realizados em aproximadamente 15 sessões, com duração média de 1h30min cada, sendo uma a duas sessões semanais, ao longo de até 4 meses. Os testes serão realizados nos laboratórios de Serviços de Alimentação e Análise Sensorial do Departamento de Alimentos e Nutrição (FEA/Unicamp).

Desconfortos e riscos:

Você não deve participar deste estudo se tiver algum tipo de restrição ou aversão ao consumo café. Excetuando o descrito acima, não há riscos previstos decorrentes da participação nesta pesquisa.

Benefícios e ressarcimentos:

As suas respostas, juntamente com as dos demais participantes, ajudarão aos pesquisadores a identificar diferentes perfis sensoriais de cafés brasileiros.

Esclarecemos que sua participação é voluntária, não havendo nenhum tipo de ressarcimento, por se tratar de uma pesquisa acadêmica. Não haverá também nenhuma forma de reembolso, porque você não terá nenhum gasto com o estudo.

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Sigilo e privacidade:

Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação prestada será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Após a coleta de dados, os resultados serão codificados e na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado.

Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com a pesquisadora responsável: Emilia Alice Fonseca Ricardi, Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, Departamento de Alimentos e Nutrição; Rua Monteiro Lobato, 80, Campinas – SP; CEP 13083-862; tel (19) 3521-4070; e-mail: [email protected].

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; tel (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail: [email protected].

Consentimento da participação da pessoa como sujeito

Eu,

__________________________________________________________________, após ter sido esclarecido sobre a natureza da pesquisa “Café:

Percepções, Preferências e Emoções dos consumidores brasileiros”, seus objetivos, métodos, benefícios previstos e riscos potenciais, aceito participar

como voluntário.

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo

CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.

Local:__________________________________________ Data:___/___/___

Pesquisador responsável: ______________________________________________________

Emilia Alice Fonseca Ricardi Mestranda

FEA-Unicamp-Depto. Alimentos e Nutrição

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Termo de Consentimento – Equipe Teste de Qualidade (ITAL)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Café: percepções, preferências e emoções dos consumidores brasileiros. Emilia Alice Fonseca Ricardi

Número do CAAE:41474815.2.0000.5404

Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo.

Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.

Justificativa e objetivos:

O comportamento e as exigências dos consumidores de café estão em transformação. Surgem questionamentos sobre o comportamento dos consumidores brasileiros em relação ao café, e as emoções podem qualificar a experiência relacionada aos diferentes estímulos causados pelo produto. Desta forma, o objetivo desta pesquisa é avaliar a aceitabilidade de cafés e as emoções associadas à degustação das bebidas, avaliando preferências e hábitos dos consumidores de café.

Procedimentos:

Participando do estudo você está sendo convidado a participar da equipe de provadores treinados para a classificação das amostras de café.

Os testes serão realizados em 6 sessões, sendo duas por semana, com duração média de 1h cada, realizadas em sua totalidade no Centro de Ciência e Qualidade de Alimentos (CCQA) do Instituto de Tecnologia de Alimentos de Campinas (ITAL).

Desconfortos e riscos:

Você não deve participar deste estudo se tiver algum tipo de restrição ou aversão ao consumo café. Excetuando o descrito acima, não há riscos previstos decorrentes da participação nesta pesquisa.

Benefícios e ressarcimentos:

As suas respostas, juntamente com as dos demais participantes, ajudarão aos pesquisadores a identificar diferentes classificações de cafés brasileiros.

Esclarecemos que sua participação é voluntária, não havendo nenhum tipo de ressarcimento, por se tratar de uma pesquisa acadêmica. Não haverá também nenhuma forma de reembolso, porque você não terá nenhum gasto com o estudo.

Sigilo e privacidade:

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Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação prestada será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Após a coleta de dados, os resultados serão codificados e na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado.

Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com a pesquisadora responsável: Emilia Alice Fonseca Ricardi, Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, Departamento de Alimentos e Nutrição; Rua Monteiro Lobato, 80, Campinas – SP; CEP 13083-862; tel (19) 3521-4070; e-mail: [email protected].

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; tel (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail: [email protected].

Consentimento da participação da pessoa como sujeito

Eu,

__________________________________________________________________, após ter sido esclarecido sobre a natureza da pesquisa “Café:

Percepções, Preferências e Emoções dos consumidores brasileiros”, seus objetivos, métodos, benefícios previstos e riscos potenciais, aceito participar

como voluntário.

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo

CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.

Local:__________________________________________ Data:___/___/___

Pesquisador responsável: ______________________________________________________

Emilia Alice Fonseca Ricardi Mestranda

FEA-Unicamp-Depto. Alimentos e Nutrição

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ANEXO 3

Frequência dos termos de Emoções – por grupos de consumidores e

amostras

Grupo 1

TRAD1 TRAD2 TRAD3 TRAD4 SUP1 SUP2 GOURMET TOTAL (%)

(N) 250 279 266 244 153 241 193 1626

(%) 15% 17% 16% 15% 9% 15% 12%

aquecido(a) 9 9 13 16 11 11 11 80 5%

Bem 10 15 14 10 5 11 8 73 4%

satisfeito(a) 8 14 14 14 8 8 7 73 4%

tranquilo(a) 10 9 11 16 10 9 8 73 4%

Agradável 12 15 10 14 4 11 6 72 4%

atento(a) 13 14 10 6 8 10 11 72 4%

estimulado(a) 12 15 7 9 6 13 6 68 4%

pensativo(a) 11 7 7 7 9 12 12 65 4%

bem estar 10 10 14 12 2 9 7 64 4%

Confortável 12 10 8 13 4 10 6 63 4%

acordado(a) 8 12 9 10 7 8 8 62 4%

concentrado(a) 14 5 10 11 6 9 5 60 4%

disposto(a) 6 15 14 11 2 5 7 60 4%

ativo(a) 10 9 12 6 6 10 6 59 4%

energizado(a) 9 14 11 4 6 9 4 57 4%

relaxado(a) 6 6 11 13 3 6 3 48 3%

revigorado(a) 5 12 8 4 2 9 5 45 3%

entediado(a) 6 3 4 6 10 4 11 44 3%

esperto(a) 9 6 7 6 4 7 4 43 3%

Prazer 10 8 11 6 2 3 3 43 3%

Feliz 8 12 9 6 0 4 3 42 3%

animado(a) 6 9 9 5 2 6 4 41 3%

bom humor 6 9 8 9 0 5 4 41 3%

saciado(a) 3 7 6 4 2 6 3 31 2%

Sociável 6 5 5 4 4 6 1 31 2%

preocupado(a) 6 2 1 3 6 4 6 28 2%

enojado(a) 3 1 3 2 7 4 6 26 2%

descontraído(a) 2 6 2 3 1 8 2 24 1%

Livre 3 0 8 3 2 4 4 24 1%

aliviado(a) 4 2 2 3 3 5 2 21 1%

divertido(a) 4 8 2 1 0 2 4 21 1%

Saudade 4 4 2 2 1 5 0 18 1%

compreensivo(a) 0 1 3 2 3 2 6 17 1%

Saudável 1 4 1 2 1 2 2 13 1%

Selvagem 2 1 0 0 3 2 5 13 1%

culpado(a) 2 0 0 1 3 2 3 11 1%

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Grupo 2

TRAD1 TRAD2 TRAD3 TRAD4 SUP1 SUP2 GOURMET TOTAL (%)

(N) 127 105 128 141 166 155 141 963

(%) 13% 11% 13% 15% 17% 16% 15%

acordado(a) 9 7 10 6 11 7 6 56 6%

estimulado(a) 5 6 6 4 12 12 9 54 6%

aquecido(a) 3 8 8 11 6 6 3 45 5%

enojado(a) 7 10 7 2 4 6 6 42 4%

disposto(a) 8 3 3 6 8 8 5 41 4%

Confortável 8 4 6 5 9 4 4 40 4%

pensativo(a) 4 10 4 5 7 5 5 40 4%

energizado(a) 4 3 4 5 9 10 4 39 4%

atento(a) 5 5 9 7 4 2 5 37 4%

saciado(a) 4 3 6 4 8 7 5 37 4%

ativo(a) 10 1 3 4 5 9 4 36 4%

Bem 3 1 4 10 7 3 8 36 4%

Agradável 3 0 5 6 7 6 8 35 4%

revigorado(a) 3 1 3 7 8 8 4 34 4%

relaxado(a) 7 4 4 5 6 3 4 33 3%

tranquilo(a) 5 5 4 9 3 2 5 33 3%

satisfeito(a) 4 1 3 7 7 4 6 32 3%

preocupado(a) 4 5 7 3 3 6 2 30 3%

entediado(a) 7 6 4 2 3 3 4 29 3%

bem estar 3 0 6 4 4 5 5 27 3%

concentrado(a) 4 2 1 7 3 3 6 26 3%

animado(a) 2 2 4 3 3 4 4 22 2%

descontraído(a) 2 4 2 2 2 4 4 20 2%

prazer 1 0 4 2 4 5 3 19 2%

bom humor 0 0 3 3 5 3 4 18 2%

esperto(a) 1 1 0 1 5 5 4 17 2%

sociável 1 1 0 3 3 2 5 15 2%

feliz 2 1 2 2 1 3 2 13 1%

livre 1 0 1 2 3 1 2 10 1%

selvagem 3 3 1 0 1 2 0 10 1%

aliviado(a) 2 2 2 0 2 0 0 8 1%

culpado(a) 0 3 1 0 0 3 1 8 1%

saudável 1 1 0 0 1 1 4 8 1%

compreensivo(a) 1 2 1 1 0 1 0 6 1%

saudade 0 0 0 3 1 1 0 5 1%

divertido(a) 0 0 0 0 1 1 0 2 0,2%

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Grupo 3

TRAD1 TRAD2 TRAD3 TRAD4 SUP1 SUP2 GOURMET TOTAL (%)

(N) 316 385 313 373 352 316 330 2385 %

(%) 13% 16% 13% 16% 15% 13% 14%

satisfeito(a) 9 18 21 15 19 16 19 117 5%

aquecido(a) 17 18 13 16 12 16 23 115 5%

Bem 10 15 13 17 21 16 21 113 5%

disposto(a) 12 18 18 17 19 12 15 111 5%

energizado(a) 14 13 17 17 18 8 14 101 4%

acordado(a) 16 15 14 16 15 11 13 100 4%

Agradável 13 15 8 19 19 9 17 100 4%

Confortável 15 16 8 14 17 17 13 100 4%

saciado(a) 15 15 12 12 12 15 11 92 4%

bem estar 12 15 9 16 14 10 14 ° 4%

estimulado(a) 13 15 14 14 17 7 9 89 4%

atento(a) 11 12 15 14 11 11 12 86 4%

concentrado(a) 13 13 14 9 10 13 13 85 4%

Prazer 12 11 13 16 15 9 9 85 4%

ativo(a) 11 11 15 10 15 11 11 84 4%

tranquilo(a) 6 15 7 16 9 17 11 81 3%

pensativo(a) 10 17 13 6 9 14 10 79 3%

animado(a) 10 12 7 12 15 8 7 71 3%

Feliz 9 16 8 13 8 9 8 71 3%

revigorado(a) 7 12 10 9 11 8 12 69 3%

Sociável 10 10 9 14 7 9 10 69 3%

esperto(a) 7 9 12 7 11 11 6 63 3%

relaxado(a) 5 12 6 16 6 10 7 62 3%

bom humor 6 7 8 8 7 2 11 49 2%

descontraído(a) 5 8 3 6 5 4 7 38 2%

Saudade 3 8 3 7 4 4 4 33 1%

preocupado(a) 8 5 6 1 3 4 2 29 1%

entediado(a) 5 4 2 4 1 9 2 27 1%

divertido(a) 4 8 2 4 3 2 2 25 1%

enojado(a) 8 0 2 6 3 4 2 25 1%

Livre 4 5 4 2 4 4 2 25 1%

Saudável 2 2 4 4 3 5 4 24 1%

compreensivo(a) 4 6 1 4 2 2 3 22 1%

Selvagem 4 2 1 6 2 4 2 21 1%

aliviado(a) 3 5 0 4 2 2 3 19 1%

culpado(a) 3 2 1 2 3 3 1 15 1%

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ANEXO 4

Ficha de Avaliação Análise Descritiva Quantitativa (ADQ)

Nome__________________________________________________ Data: ______

Amostra: _________ Repetição: 1 2 3

Por favor, prove a amostra de café e avalie os atributos listados abaixo, utilizando a escala correspondente. APARÊNCIA Cor Marrom Viscosidade Aparente AROMA Adocicado Ácido Torrado SABOR Adstringência Gosto Ácido Sabor Torrado Gosto Amargo Residual Amargo TEXTURA Corpo

Pouco Muito

Pouco Muito

Fraco Forte

Forte

Forte Nenhum

Nenhum

Nenhum Forte

Fraco Forte

Fraco

Fraco

Forte

Forte

Claro Escuro

Pouco Muito

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ANEXO 5

Terminologia Descritiva Avaliação da Qualidade

Fragrância: Percepção olfativa causada pelos gases liberados do café torrado

e moído, conforme os compostos aromáticos são inalados pelo nariz.

Fraco: quando a percepção dos gases liberados lembra o café velho, perda

de frescor.

Forte: quando a percepção dos gases liberados lembra o café fresco

altamente desejável, intenso.

Aroma Característico da bebida: Percepção olfativa causada pelos voláteis

liberados da bebida do café ainda quente, conforme são inalados pelo nariz e

por via retronasal durante sua degustação.

Fraco: quando a percepção dos voláteis lembra pouco o odor característico

de café e indesejável devido à presença de odores estranhos (remédio,

queimado, cinzas, resina).

Forte: quando a percepção dos voláteis lembra a odor característico de

bebida de café (nozes, cereal, malte, pão torrado, caramelo, chocolate)

recém-preparado e desejável.

Defeitos da bebida: Defeitos percebidos na degustação da bebida do café

produzida por impurezas e grãos defeituosos do café.

Nenhum: bebida suave, fina, delicada, característico de café, livre de

defeitos e impurezas.

Intenso: odor e sabor intenso de terra, mofo, rançoso, borracha, tabaco,

queimado, madeira, azedo, fermentado, conferidos pelos grãos defeituosos

e impurezas.

Acidez: Percepção causada por substâncias como ácido clorogênico, cítrico,

málico e tartárico que produzem gosto ácido.

Fraco: pouco ácido.

Forte: muito ácido.

Amargor: Percepção de gosto causada por substâncias como cafeína,

trigonelina, ácido cafeico e outros compostos fenólicos que produzem o gosto

amargo. Este gosto é considerado desejável até certo ponto. É afetado pelo

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grau de torrefação e pelo método de preparo da bebida. Quanto mais escuro o

ponto de torra, mais amargo é o café.

Fraco: pouco amargo.

Forte: muito amargo.

Sabor Característico da bebida: Sensação causada pelos compostos

químicos da bebida do café quando introduzida na boca.

Fraco: quando a percepção é de bebida com perda de sabor de café, e

com presença de sabor estranho do tipo, terra, fermentado, medicinal,

oxidado, borracha queimada, herbáceo, etc.

Forte: quando a percepção é de bebida com sabor característico de café e

livre de sabores estranhos, lembrando a caramelo, chocolate, nozes, pão

torrado.

Sabor Residual: Persistência da sensação de sabor após a ingestão da

bebida de café.

Fraco: quando a sensação residual é de queimado, indesejável

necessitando chupar uma bala para tirar o gosto residual.

Forte: quando a sensação residual é agradável, doce e ácida, limpa.

Corpo: É a percepção tátil de oleosidade, viscosidade na boca.

Fraco: Significa que a bebida é rala, aguada, faltando consistência.

Forte: Significa que a bebida é concentrada, viscosa.

Adstringência: é a sensação de secura na boca deixada após a sua ingestão.

Fraco: Bebida suave, desce redondo.

Forte: Bebida muito áspera, adstringente, desce quadrado.

Qualidade Global: é a percepção conjunta dos aromas da bebida e de seu grau

de intensidade, sendo que quanto mais aromático, melhor a qualidade do café;

dos sabores característicos do café; de um amargor típico, mas não o resultante

da excessiva torra do grão (ou carbonização); da presença não preponderante do

gosto dos grãos defeituosos (verdes escuros, pretos, ardidos) ou de sua

inexistência, para o caso dos cafés gourmet; da inexistência do gosto

característico de grãos fermentados, podres ou preto-verdes; do equilíbrio e da

harmonia da bebida, tudo se traduzindo numa sensação agradável durante e após

a degustação.

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ANEXO 6

Ficha de avaliação da qualidade da bebida do café

Nome:...........................................................................Data:...../......./......