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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA Relatório Final Trabalho de Graduação II - ES952 A Estudo de Propulsão Eletrohidrodinâmica Autor: Renato Cesar Pagotto Orientador: Prof. Dr. Luiz Otávio Saraiva Ferreira Campinas, 22 de junho de 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

Relatório Final

Trabalho de Graduação II - ES952 A

Estudo de Propulsão Eletrohidrodinâmica

Autor: Renato Cesar Pagotto

Orientador: Prof. Dr. Luiz Otávio Saraiva Ferreira

Campinas, 22 de junho de 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

Relatório Final

Trabalho de Graduação II - ES952 A

Estudo de Propulsão Eletrohidrodinâmica

Autor: Renato Cesar Pagotto

Orientador: Prof. Dr. Luiz Otávio Saraiva Ferreira

Curso: Engenharia de Controle e Automação

Trabalho de Graduação II (ES952 A) apresentado à Comissão de Graduação da

Faculdade de Engenharia Mecânica, como requisito para a obtenção do título de

Engenheiro de Controle e Automação.

Campinas, 2013

S.P. – Brasil

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i

Agradecimentos

Este trabalho não poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas às quais

presto minha homenagem:

Prof. Dr. Luiz Otávio Saraiva Ferreira, o qual me guiou ao longo deste trabalho,

inclusive nos momentos mais difíceis e me ensinou algumas lições para a vida.

A todos os professores e PEDS da FEM que forneceram conhecimento teórico e

prático os quais, sem estes o trabalho não poderia ter sido concluído.

Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa e Prof. Dr. Niederauer Mastelari, coordenador e

coordenador associado do curso de Engenharia de Controle e Automação.

Eng. Elétrico Aguinaldo, funcionário do laboratório de mecatrônica da FEM, que me

ajudou em situações as quais estavam muito difíceis de serem resolvidas.

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Índice

Resumo 1

Lista de Figuras 2

Lista de Tabelas 3

Nomenclatura 4

Abreviações 5

Capítulo 1 Introdução 6

Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 7

2.1. Introdução aos circuitos magnéticos 7

2.2. Perdas de magnetização 9

2.2.1 Perdas por histerese 9

2.2.2 Perdas por correntes parasitas 11

2.3 Circuitos Magnéticos com Excitação Senoidal 12

2.4 Motor de indução 13

2.5 Princípio de funcionamento do Motor Linear de Indução 15

2.6 Vantagens dos motores Lineares 17

2.7 Classificação do MLI 18

2.7.1 Quanto ao Uso 18

2.7.2 Quanto à geometria 19

2.8 Modelo Equivalente do Motor linear de Indução 20

2.9 Parâmetros do MLI 23

2.9.1 Velocidade Síncrona 23

2.9.2 Escorregamento 24

2.9.3 Velocidade do Cursor 24

2.9.4 Potência eletromagnética desenvolvida 24

2.9.5 Força inicial de impulsão eletromagnética 24

2.9.6 Força de atração normal inicial 25

2.10 Parâmetros do MLI em regime permanente de operação 25

2.10.1 Força de propulsão em regime permanente 25

2.10.2 Força normal em regime permanente 26

2.11 Identificação dos parâmetros 26

2.11.1 Ensaio do motor em vazio 27

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2.11.2 Ensaio com cursor bloqueado 27

2.12 Análise das forças do sistema: propulsão e levitação 28

2.13 Adaptação do MLI para MHD 29

2.13.1 Modelo de velocidade constante 29

2.13.2 Distribuição de velocidades e efeitos de borda 29

Capítulo 3 Procedimento Expertimental 30

3.1 Detalhes da construção do motor 30

3.2 Acionamento do Motor Linear de Indução 34

3.3 Construção da Bancada de Testes 34

Capítulo 4 Resultados e Discussões 40

Capítulo 5 Conclusões 43

Referências Bibliográficas 44

Anexos 46

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Resumo

Pagotto, Renato Cesar, Estudo de propulsão Eletrohidrodinâmica, Faculdade de

Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, Trabalho de Graduação

II (ES952–A), 1º semestre de 2013, 47 pp.

Busca-se com este trabalho apresentar um estudo relacionado ao motor linear de

indução, apresentando suas características físicas e de construção, além de sua

modelagem matemática. O enfoque principal é na força de deslocamento horizontal ou de

propulsão do sistema. A identificação dos parâmetros do sistema é a parte mais

importante, pois assim é possível prever seu funcionamento. Ao conhecer o motor linear

de indução o presente texto visa fazer um teste de conceito com um motor construído com

materiais, em geral sucateados, disponíveis no laboratório da FEM (Faculdade de

Engenharia Mecânica - Unicamp). Inicialmente o cursor do motor (a parte que se move) é

feito de um material condutor, o alumínio. Este estudo visa futuramente substituir a placa

condutora por um tubo de água salgada (que é ligeiramente condutora) e avalia-se o seu

comportamento. Isto caracterizaria um sistema de propulsão eletrohidrodinâmica, ou como

alguns autores citam: magnetohidrodinâmica. Caso haja um bom desempenho pode-se

estudar técnicas e formas de aplicação em veículos aquáticos. Para isso é necessário um

conhecimento amplo em circuitos elétricos e sistemas magnéticos.

Palavras Chave: Motor linear de indução, Motor de indução, Circuitos magnéticos,

Propulsão eletrohidrodinâmica, Trabalho de Conclusão de Curso, Trabalho de Graduação.

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Lista de Figuras

Figura 2.1. Toróide exemplificando magnetização por bobinas elétricas. 8

Figura 2.2. Representação da Lei de Ampére. 9

Figura 2.3. (a) Curvas de Histerese. (b) Ciclo de histerese. 10

Figura 2.4. Perdas por correntes parasitas através de um material laminado. 12

Figura 2.5. (a) Formas de onda. (b) Diagrama fasorial. 13

Figura 2.6. (a) À esquerda rotor do tipo gaiola de esquilo. (b) À direita rotor do tipo bobinado.

14

Figura 2.7. Motor de indução trifásico. 14

Figura 2.8. Método de obtenção do MLI. 15

Figura 2.9. MLI constituído por vários levitadores magnéticos. 16

Figura 2.10. Levitador: material ferromagnético em azul, bobinas na região em vermelho e a placa (cursor) em branco.

16

Figura 2.11. Linhas de campo magnético de um levitador tipo “E” e um levitador tipo “U”.

17

Figura 2.12. Ilustração dos tipos de MLI com relação à geometria. 20

Figura 2.13. (a)Circuito equivalente do MLI.(b) Diagrama fasorial do motor. 21

Figura 2.14. Circuito equivalente para teste experimentais no MLI. 27

Figura 2.15. Características das forças de propulsão e levitação. 28

Figura 3.1. Dimensões do levitador magnético utilizado no estator do MLI. 29

Figura 3.2. Características físicas do material magnético do núcleo. 30

Figura 3.3. Estator do motor construído. 32

Figura 3.4. Ligação elétrica do motor. 33

Figura 3.5. Transformador ligado na rede. 35

Figura 3.6. Medição do campo magnético do núcleo. 35

Figura 3.7. Forma de onda do fluxo magnético B na parte superior do núcleo

magnético.

36

Figura 3.8. Equipamentos de medição de tensão e corrente. 36

Figura 3.9. Célula de carga utilizada [9]. 37

Figura 3.10. Ponte de Wheatstone interna da célula de carga. 37

Figura 3.11. Circuito amplificador diferencial. 39

Figura 3.12. Circuito amplificador diferencial na placa impressa. 39

Figura 4.1. Fluxo magnético que atravessa o núcleo magnético. 41

Figura 4.2. Cursor pendurado por barbante. 41

Figura 4.3. Cursor bem próximo do estator. 41

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Lista de Tabelas

Tabela 3.1. Cores dos pinos de entrada e saída do conector da célula de carga. 38

Tabela 3.2. Resistência e tensão entre os terminais do conector. 38

Tabela A.1. Condutividade elétrica da água do mar à pressão atmosférica. 45

Tabela A.2. Propriedades mecânicas e térmicas da água do mar à salinidade de

35 g/kg e à pressão atmosférica.

45

Tabela A.3. Densidade ρ da água do mar a pressão atmosférica. 46

Tabela A.4. Densidade ρ da água do mar a 0 °C e salinidade 35 g/kg. 46

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Nomenclatura

Letras Latinas

H Intensidade de campo magnético [A/m]

I Corrente [A]

B Densidade de fluxo magnético [Wb/m2]

N Número de espiras

L Comprimento [m]

F Força [N]

D Fator de Indutância [H]

P Perdas de potência [W/Kg]

V Volume do núcleo [m3]

F Frequência de excitação [Hz]

W Densidade de energia no núcleo magnético [W/m3]

K Constante relacionada ao núcleo magnético

V Tensão [V]

E Tensão Induzida [V]

R Resistência [Ω]

X Reatância [Ω]

L Indutância [H]

J Unidade imaginária (número complexo)

Z Impedância equivalente [Ω]

A Fator de conversão

M Número de fases

K Fator de enrolamento

G Entreferro [m]

U Velocidade [m/s]

S Escorregamento

O Número de onda [m-1]

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Letras Gregas

Permeabilidade magnética do meio [H/m]

Τ Passo polar [m]

Φ Fluxo magnético [Wb]

Λ Fluxo magnético controlado [H.A]

Ω Frequência angular de excitação [Hz]

Ɣ Comprimento de onda [m]

Subscritos

H Histerese

Max Máximo

E Corrente parasita (eddy currente loss)

1 Referente ao estator

2 Referente ao cursor/rotor

M Magnetização

S Síncrona “inicial”

Na Normal “inicial”

X Propulsão

P Regime permanente

0 Refere-se ao ensaio vazio do motor

B Refere-se ao ensaio motor bloqueado

Ɣ Comprimento de onda

Abreviações

MLI Motor Linear de Indução

MHD MagnetoHidroDynamic (magnetohidrodinâmico)

Fmm Força Magneto Motriz

AC Alternate Current (Corrente alternada)

Femm Finite Element Methods Magnetics

RMS Root Mean Square

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1. Introdução

A propulsão é o ato de impelir um corpo para frente, ou seja, através de uma força

impulsionar um corpo. Por exemplo, a propulsão de carros e caminhões é normalmente

gerada por um motor de combustão interna. No corpo humano para andar ou correr é

necessário um trabalho conjunto entre ossos e músculos para se gerar esse movimento.

Uma maneira de se gerar uma propulsão é através de motores elétricos. O estudo

de campos magnéticos possibilitou a criação destes tipos de máquinas que convertem

energia elétrica em energia mecânica. Eles nos geram movimentos e forças que facilitam

muito nossa vida cotidiana e têm muitas aplicações industriais. Podemos citar infinitas

aplicações dos motores elétricos como, por exemplo: Esteiras, robôs industriais,

brinquedos, aparelhos de som, discos rígidos, furadeiras, máquinas de lavar e até mesmo

os trens magnéticos (MAGLEVS). Neste trabalho será apresentado um destes motores, o

motor linear de indução que é uma máquina assíncrona que transforma corrente elétrica

em movimento de translação diretamente, sem a necessidade do uso de sistemas

mecânicos como engrenagens ou polias, comumente visto em máquinas rotativas comuns.

Para se estudar este tipo de sistema é necessário um conhecimento amplo da teoria

de circuitos magnéticos e noções de motores rotativos.

Normalmente os motores lineares de indução são utilizados para gerar movimentos

em uma placa condutora (ou cursor). Porém têm crescido a atenção em um tipo especial

deste motor: o motor magnetohidrodinamico (MHD) linear de indução, que substitui o

cursor convencional por um tubo com fluído condutor (Ex. água salgada). A inovação deste

texto é a substituição da placa condutora por um tubo com água salgada (levemente

condutora) e avaliar o seu comportamento.

Nos MHD’s, a corrente é induzida no fluído assim como eram induzidas nos rotores

convencionais de motores rotativos ou lineares. Não há necessidade de conversores CC-

CA, os enrolamentos do estator servem para intensificar a tensão nos terminas e reduzem

as correntes de armadura. Não há necessidades de eletrodos e conexões pesadas para

corrente contínua. As vantagens nos mostram que se deve estudar este tipo de máquina,

pois, ela pode ser um sistema poderoso de conversão de energia elétrica em mecânica [10].

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2. Revisão Bibliográfica

2.1. Introdução aos circuitos magnéticos

Em máquinas elétricas, os circuitos magnéticos são formados apenas por um

material ferromagnético (como em transformadores) ou por materiais ferromagnéticos e ar,

como em máquinas rotativas. Nessas máquinas o campo ou fluxo magnético são gerados

a partir de corrente elétrica que atravessa bobinas no material ferromagnético (pode se

considerar bobinas como fios de cobre enrolados em torno de algo). Os materiais

ferromagnéticos compreendem um pequeno grupo de substâncias encontradas na

natureza, que ao serem colocadas na presença de um campo magnético se imantam

fortemente, e o campo magnético delas é muitas vezes maior que o campo que foi

aplicado. O ferro, o níquel, o cobalto e as ligas que são formadas por esses elementos

químicos formam o grupo dos materiais ferromagnéticos [1].

Através da Lei de circuito de Ampére, a intensidade de campo magnético H [A/m]

pode ser obtida pela seguinte Equação [1].·.

(2.1)

Onde dl é um elemento de comprimento e Σi são as correntes que entram e saem na

região de estudo. Perceba que ao redor de um fio único condutor onde se percorre uma

corrente pode-se usar a regra da mão direita para se determinar o sentido da intensidade

de campo magnético.

A intensidade de campo magnético é relacionada à densidade de fluxo magnético B

através da Equação 2.2.

(2.2)

Onde, μ é a característica do meio chamada de permeabilidade do meio. Ela pode ser

obtida da seguinte relação: , onde μ0 é a permeabilidade do espaço livre (vácuo ou

ar) e corresponde ao valor de 4π10-7 e μr é a permeabilidade relativa do meio,

normalmente obtido de gráficos, pois a relação B/H não é linear. Gráficos de B por H serão

apresentados na seção “2.2.1. Perdas por histerese” [2].

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Para exemplificar estes conceitos, considere abaixo uma estrutura chamada toróide,

representada pela Figura 2.1.

Figura 2.1. Toróide exemplificando magnetização por bobinas elétricas [1].

Através da Equação 2.1 chega-se a relação (2.3):

(2.3)

Ni é chamada de força magneto motriz (fmm). N é o número de voltas ou espiras do

fio, e i é a corrente que passa por ele. Define-se o fluxo magnético ϕ através de um

material como sendo a integral da densidade de fluxo magnético B multiplicado por um

elemento de área dA [1].

(2.4)

No caso do toróide acima, pode se considerar o fluxo como sendo B multiplicado

pela área A da seção, já que a área é constante ao longo de toda circunferência de raio r.

Vale lembrar duas coisas de extrema importância: 1- Existem perdas de

magnetização, que serão citadas logo abaixo. 2 - Em circuitos magnéticos é muito comum

a presença de entreferro (ou do inglês, air gap), no meio de um material ferromagnético. O

entreferro é uma fina camada normalmente de ar, ou de outros gases alocada entre duas

paredes do núcleo magnético. A densidade B do fluxo no material e no entreferro pode ser

considerada a mesma.

Dado um condutor entre pólos (Norte/Sul) magnéticos conduzindo corrente

conforme a Figura 2.2. É introduzido ao leitor um conceito conhecido como a Lei de

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Ampére que relaciona a Força F gerada por uma densidade de fluxo magnético B. Através

da Equação (2.5) [2].

Figura 2.2. Representação da Lei de Ampére [2].

(2.5)

O último conceito a ser apresentado nesta seção é o conceito de fator de indutância,

representado pela letra D. Ele relaciona a indutância do circuito magnético com o número

de espiras. Ele é uma informação comumente encontrada em folhas de dados de núcleos

magnéticos.

(2.6)

A Equação 2.6 é utilizada para encontrar este fator. L é a indutância do sistema

núcleo-bobina e N é o número de espiras do enrolamento [7].

2.2. Perdas de Magnetização

Segundo Nasar A. S. e Boldea I. [2], tradicionalmente os materiais magnéticos

apresentam dois tipos de perdas: Perdas de histerese e perdas por correntes parasitas.

2.2.1. Perdas por histerese

Considere uma bobina com núcleo inicialmente desmagnetizado como, por

exemplo, o toróide da Figura 2.1. Agora se aplica uma corrente alternada i nos terminais da

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bobina. Se a intensidade de fluxo magnético H aumenta conforme se aumenta conforme a

corrente i aumenta, a densidade de fluxo B se comportará de acordo com a curva “a” da

Figura 2.3(a). O ponto “a” é onde se tem o pico da corrente senoidal. Agora, se a

intensidade de fluxo intensidade de fluxo magnético cair, descreverá a trajetória “abc” da

Figura 2.3(a). Quando H chega a zero, o núcleo retém uma densidade de fluxo Br

conhecida como densidade residual de fluxo. Quando H começa a cair conforme cai a

corrente, chega-se um momento onde se anula Br, para esse valor a intensidade de fluxo

Hc é conhecida como Força coercitiva do núcleo magnético. Quando a corrente i chega ao

pico negativo, estamos no ponto “e”. O ciclo se repete inversamente através de “efga’ ”.

Após isso o ciclo se repete até chegar em “ a’’ ”. Note que “a”, “a’ “ e “a’’ “ são bem

próximos. Chegamos ao momento em que um ciclo será sempre repetido como mostra a

Figura 2.3(b) [1].

Figura 2.3. (a) Curvas de Histerese. (b) Ciclo de histerese [1].

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Conhecendo-se o conceito de histerese, considere que no ciclo de histerese a

corrente i gera energia que flui através da fonte até o núcleo. Parte dessa energia é

retornada a fonte e parte dela é perdida na forma de calor.

Segundo Sen, P. C. [1], energia Ph perdida é dada pela Equação 2.7.

(2.7)

Onde, Vnúcleo representa o volume do núcleo magnético. Wh é a densidade de

energia no núcleo, ou seja, a área do ciclo B-H da curva de histerese e f é a frequência de

oscilação da corrente. A Equação 2.7 pode ser reescrita.

(2.8)

A constante neste caso Kh depende do material ferromagnético e do volume no

núcleo, Bmáx é a máxima densidade de fluxo, e n varia de 1,5 a 2,5, normalmente assumido

o valor de 2.

2.2.2. Perdas por correntes parasitas

As perdas por correntes parasitas são causadas por correntes elétricas induzidas

chamadas de “redemoinhos”. Elas tendem a fluir em um lugar fechado, como o material

magnético. As perdas por correntes parasitas por corrente senoidal, sem levar em conta a

saturação do material é dado pela Equação 2.9 [3].

(2.9)

Onde Ke depende do material e da espessura das lâminas que formam esse

material, Bmax representa a máxima densidade de fluxo e f é a frequência.

Para reduzir perdas por correntes parasitas, o material magnético é laminado, ou

seja, ele é dividido em várias pequenas folhas de material magnético com mesma

orientação como mostra a Figura 2.4.Nesta figura, ie corresponde a corrente parasita

induzida no núcleo magnético. Chama-se de fator de empilhamento a razão entre volume

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formado pelo material magnético e pelo volume total do núcleo, este fator é importante

para termos precisão do valor de da densidade de Fluxo B [3].

Figura 2.4. Perdas por correntes parasitas através de um material laminado [3].

Pode se considerar as perdas totais do núcleo magnético como sendo:

(2.10)

2.3. Circuitos magnéticos com excitação senoidal

Em máquinas elétricas AC, assim como em uma infinidade de outras aplicações, a

tensão e o fluxo magnético variam senoidalmente com o tempo. Este fato é de extrema

importância, pois o motor linear de indução é uma máquina elétrica AC. Assuma que o

fluxo ϕ(t) que atravessa o toróide da Figura 2.1 varie senoidalmente com o tempo, logo [1]:

(2.11)

Onde, ϕmax é a amplitude do fluxo no núcleo, ω = 2πf é a frequência de oscilação angular e

f é a frequência da rede.

De acordo com a lei de Faraday a tensão através do núcleo é:

(2.12)

A tensão induzida para um núcleo com N voltas de espira é encontrada substituindo-

se a Equação 2.11 na Equação 2.12 [1].

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13

(2.13)

O valor RMS da tensão induzida é dada pela Equação 2.14. A tensão RMS também

é conhecida como tensão eficaz [1].

(2.14)

Note que o fluxo ϕ muda senoidalmente, enquanto a tensão induzida e varia

cossenodalmente. A Figura 2.5(a) mostra as formas de onda de e(t) e ϕ e a Figura 2.5(b)

seus diagramas fasoriais.

Figura 2.5. (a) Formas de onda. (b) Diagrama fasorial [1].

Através desta introdução sobre circuitos magnéticos será mais fácil introduzir o

conceito de motor de indução.

2.4. Motor de indução

O motor de indução é provavelmente o motor mais utilizado no mundo. Ele é uma

máquina que consiste por um rotor e um estator. O estator é constituído por um material

ferromagnético e é a parte fixa do motor. É nele onde se colocam bobinas e se produz

campo magnético capaz de induzir uma corrente no rotor. O rotor é a parte do motor que

fica em movimento, no caso de um motor de rotação pode-se ter de dois tipos de rotores.

O primeiro, conhecido como gaiola de esquilo, é composto por barras de material condutor

que se localizam em volta do conjunto de chapas do rotor, curto-circuitadas por anéis

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metálicos nas extremidades. O rotor bobinado é composto de um enrolamento trifásico

distribuído em torno do conjunto de chapas do rotor. Estes tipos de rotores são mostrados

na Figura 2.6 [2].

Figura 2.6: (a) À esquerda rotor do tipo gaiola de esquilo. (b) À direita rotor do tipo

bobinado [2].

Entre o rotor e o estator tem-se um espaço comumente preenchido de ar, o

entreferro, este é necessário, pois elimina atritos do motor, porém no entreferro é

necessária uma força magnetomotriz (fmm) Ni maior. O motor de indução é classificado

como uma máquina AC assíncrona, ou seja, sua velocidade em regime permanente não é

sincronizada pela frequência de excitação da fonte de corrente. A Figura 2.7 representa um

motor de indução trifásico rotativo ou torcional.

Figura 2.7. Motor de indução trifásico [2].

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2.5. Princípio de funcionamento do Motor Linear de Indução

O motor linear de indução pode ser definido como um sistema que transforma sinais

elétricos em movimentos de translação: Força e velocidade linear. O motor linear de

indução opera do mesmo modo que o motor rotativo convencional. Através da Figura 2.8,

pode se perceber que o estator do motor rotativo foi cortado e aberto em um motor linear.

Perceba que a única mudança foi a direção do movimento.

Figura 2.8. Método de obtenção do MLI [3].

O funcionamento do motor linear baseia-se no deslocamento de um campo

magnético que induz correntes numa peça condutora. Da interação desse campo com

estas correntes resulta o aparecimento de uma força no sentido de propagação do campo.

Se o elemento gerador do campo se encontrar fixo no espaço será a peça condutora a

deslocar-se. Inversamente, se a peça condutora se encontrar bloqueada, será o elemento

gerador do campo a deslocar-se.

Nos sistemas de voo eletromagnético associa-se a levitação magnética á utilização

de motores de indução linear. Suponha-se então um sistema constituído por certo número

de levitadores, mas alimentados por um sistema polifásico de forma a criar-se um campo

viajante (magnético) como o que está representado na Figura 2.9. Nota-se que os

levitadores neste caso têm o papel de estator e a superfície a ser levitada é chamada de

cursor. O cursor tem o papel do rotor em máquinas lineares. O cursor é normalmente feito

com materiais condutores como o cobre ou alumínio.

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Figura 2.9. MLI constituído por vários levitadores magnéticos [5].

A Figura 2.10 mostra uma seção transversal do sistema onde estão representados

os sentidos das correntes induzidas em uma placa de metal, que é nosso cursor. A altura

“h” de levitação depende da fmm do primário (estator), da condutividade da placa e do seu

peso. A placa fica então estática e suportada em levitação pelo campo magnético do

estator.

Figura 2.10. Levitador: material ferromagnético em azul, bobinas na região em vermelho e

a placa (cursor) em branco [4].

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Como foi optado em estudar em profundidade o MLI constituído pela associação de

vários levitadores eletromagnéticos (como se fossem vários estatores em série), o modelo

do levitador é de extrema importância. Segundo Rodrigues A. L. e Oliveira R. A. D.[4] um

modelo de levitador que apresenta um bom desempenho é o em formato de “U”.

Na Figura 2.11 é apresentado um comparativo feito através da análise de elementos

finitos, utilizando o software “femm”, entre o levitador em formato de “U” e o levitador em

formato de “E”. Os parâmetros como largura, comprimento, corrente, bobinas etc., são

iguais, porém o levitador em formato de “E” possui um material ferromagnético a mais,

concentrado no centro. Os levitadores normalmente são formados pelo empilhamento de

várias chapas ferromagnéticas, para evitar perdas por correntes parasitas. O cursor (a

placa a ser levitada) é feita de um material condutor.

Figura 2.11. Linhas de campo magnético de um levitador tipo “E” e um levitador tipo “U”.

Observando a Figura acima, percebe-se que o cursor é submetido à maior região de

campo magnético no estator em forma de “U”, ou seja, este perfil é mais eficiente.

2.6. Vantagens dos motores lineares

O motor linear quando comparado com um motor de indução rotativo convencional

apresenta as seguintes vantagens [5]:

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Eles suprimem praticamente o atrito, as vibrações e a poluição sonora.

Reduzida manutenção e grande confiabilidade.

Transforma diretamente a energia elétrica em energia mecânica sem qualquer

contato mecânico.

A construção é extremamente facilitada devida à sua forma geometricamente plana,

não havendo a necessidade rolamentos de apoio, a exceção dos motores em disco.

Há uma maior rapidez na dissipação do calor pelo fato de apresentar uma geometria

mais simples, o que permite o seu dimensionamento com, densidades e corrente no

estator mais elevadas.

A quase inexistência de órgãos mecânicos intermédios diminui as inércias, o que

reduz os tempos de aceleração e desaceleração, melhorando a fluidez de

funcionamento.

A supressão dos elementos mecânicos da cadeia cinemática aumenta a rigidez.

2.7. Classificação da LMI:

O MLI pode ser classificado devido à sua utilização ou devido a sua forma

geométrica [5].

2.7.1. Quanto ao uso

Máquina de potência: os motores lineares de potência são motores que devem

desenvolver uma potência elevada e uma velocidade também elevada com a menor

quantidade de perdas. Estes motores são geralmente destinados á tração elétrica.

O seu rendimento é definido como sendo a potência mecânica desenvolvida por

unidade de potência elétrica consumida. Esta é a definição clássica de rendimento.

Máquina de energia: este tipo de máquinas tem por finalidade desenvolver elevadas

energias cinéticas á custa de grandes velocidades. O rendimento das máquinas de

energia é definido como sendo a energia cinética desenvolvida por unidade de

potência elétrica consumida.

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Máquinas de força: as máquinas de força são essencialmente vistos como

acionamentos de baixa velocidade. A eficiência deste tipo de máquinas é definida

como a força mecânica que produzem por unidade de potência consumida.

2.7.2. Quanto à geometria

Estator curto: Quando o cursor é de tamanho superior ao estator.

Estator longo: Quando o estator é de tamanho superior ao cursor.

Estator móvel: O estator se move ao invés do cursor.

Cursor móvel: Neste caso é o cursor que se move.

Simples estator: Considera-se um “único” estator na parte inferior do rotor.

Duplo estator: É importante referir que este tipo de motor a sua força mecânica é

proporcional ao quadrado da corrente de alimentação do estator. Isto significa que,

sem saturação magnética, a força desenvolvida por um MLI de duplo estator tem um

valor quatro vezes superior á força desenvolvida por um MLI de estator simples (isto

considerando que a corrente de alimentação de um MLI de duplo estator é o dobro

da corrente de alimentação de um MLI de simples estator).

Simples estator com circuito magnético: com um circuito ferromagnético por cima do

estator de modo a que o fluxo magnético se feche por ele e diminua a dispersão das

linhas de fluxo.

A Figura 2.12 ilustra a classificação quanto à geometria.

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Figura 2.12. Ilustração dos tipos de MLI com relação à geometria [5].

2.8. Modelo equivalente do motor linear de indução

O motor linear de indução plano pode ser representado por um circuito equivalente,

por fase e por estator, semelhante ao utilizado para representar o motor de indução

rotativo convencional como mostra a Figura 2.13(a). Vale lembrar que L2’ e R2’ são as

impedâncias do cursor (ou rotor no caso rotativo) visto pelo lado do estator. Na figura

2.13(b) tem-se o diagrama fasorial do motor para facilitar possíveis cálculos futuros [3].

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Figura.2.13: (a)Circuito equivalente do MLI.(b) Diagrama fasorial do motor [3].

De maneira sintetizada, os diferentes parâmetros que se apresentam no circuito, são:

V1: Tensão nominal por fase.

E: Tensão induzida por fase no enrolamento de estator.

R1: Resistência de perdas. Representa a resistência dos enrolamentos do estator,

por fase. É esta a resistência responsável pelas perdas na bobina do estator e por

efeito de Joule.

X1 ou jω1L1σ: Reatância de fugas do estator, por fase. Este reatância representa o

fluxo magnético de dispersão do estator. Como o fluxo é de dispersão, não chega a

atravessar o cursor. Ou seja, são as perdas devido a fluxo magnético não

aproveitado.

R1m: É a resistência responsável pelas perdas no material ferromagnético devido às

correntes parasitas e histerese magnética das chapas ferromagnéticas do estator.

Estas perdas são “visíveis” devido ao aquecimento do estator.

X1m ou jω1L1m: Conhecida como reatância de magnetização. Em uma máquina

elétrica convencional é necessário alguma força magnetomotriz para que o fluxo se

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difunda por todo o circuito magnético. A reatância de magnetização representa a

quantidade de corrente perdida para “magnetizar” todo o circuito magnético.

X2 ou jω2L2σ’: Reatância de fugas do cursor, vista pelo estator, por fase.

R2’: Resistência equivalente do cursor vista pelo estator, por fase. Representa as

perdas por efeito de joule no cursor por fase. Esta resistência depende do

escorregamento do motor (O escorregamento será citado mais adiante).

I1: Corrente do estator vista do lado primário.

I2’: Corrente induzida no secundário vista do lado do primário.

As equações que definem esse modelo em regime permanente são obtidas através das

leis das malhas e dos nós de Kirchhoff:

(2.15)

(2.16)

; (2.17)

(2.18)

Onde, Z1m é a impedância equivalente dos bipolos R1m e X1m em série.

No circuito equivalente para “transmitirmos” os parâmetros do cursor para o estator,

utiliza-se um fator de conversão “a”, que pode ser calculado através da Equação 2.19. Este

fator a será utilizado na hora de encontrar experimentalmente os parâmetros do motor [2].

(2.19)

Onde, k1 é fator de enrolamento com N1 espiras conectadas em série por fase. k2

seria o fator de enrolamento do cursor. N2 = τ/4 espiras conectadas em série por fase se

for um cursor do tipo bobinado ou τ se for um motor do tipo gaiola de esquilo. O valor de

m1 representa o número de fases no estator e m2 número de barras por pares de pólos. O

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tipo de cursor é adaptado ao motor linear. Assim, pode-se definir a resistência do cursor

vista pelo lado do estator:

(2.20)

E de forma análoga a indutância através da Equação 2.16:

(2.21)

2.9. Parâmetros da MLI

2.9.1. Velocidade síncrona

Segundo Nasar A. S. e Boldea I.[3], a velocidade síncrona linear do campo viajante

pode ser definida como:

(2.22)

Onde Us é a velocidade síncrona linear [m/s] do motor, ou seja, seria a velocidade

ideal do motor sem carga. τ é passo polar [m], ou seja, a distância de dois pólos

magnéticos do motor e f é a frequência [Hz] de excitação;

É importante notar que a velocidade linear não depende do número de pólos e sim

da largura do passo polar. O passo polar é a distância entre um pólo magnético e outro.

2.9.2. Escorregamento

O escorregamento de máquinas de indução pode ser definido como a diferença

entre a velocidade síncrona e a velocidade real do cursor, expressa em porcentagem. O

escorregamento s do MLI pode ser definido da mesma forma que na máquina rotativa [3].

(2.23)

Onde, Us é a velocidade síncrona linear [m/s] e U é a velocidade do cursor [m/s].

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2.9.3. Velocidade do cursor

Através das Equações 2.22 e 2.23, podemos obter a velocidade do cursor.

(2.24)

Concluindo, a velocidade do cursor pode ser controlada através da frequência de

alimentação, ou por construção, à custa do passo polar.

O sentido de translação do campo, que determina o sentido de translação do cursor

através do estator, depende da sequência das tensões e das ligações das três fases, que

na prática poderá ser invertido, invertendo as ligações de duas fases quaisquer do estator

com a linha de alimentação.

2.9.4. Potência eletromagnética desenvolvida

A potência eletromagnética desenvolvida pelo motor de indução linear trifásico é

dada ela Equação 2.25 é o produto do impulso inicial eletromagnético Fx e da velocidade

síncrona linear.

(2.25)

Que também pode ser escrita como

(2.26)

2.9.5. Força inicial de impulso eletromagnético

Através das Equações 2.25 e 2.26, a força de impulsão eletromagnética inicial:

(2.27)

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Um ponto importante é não confundir a propulsão que á a força de translação do

motor em regime permanente com o impulso necessário para o motor começar a operar. A

eficiência, fator de potência, potências ativas e reativas podem ser calculadas como em

máquinas rotativas comuns.

2.9.6. A Força de atração normal inicial.

A força de atração normal de um MLI pode ser dada pela Equação 2.28 [3].

(2.28)

Onde, ge e ts são parâmetros relacionados a geometria do motor. I01 é a corrente de

perdas em RMS. E L1m é a indutância de Magnetização. A partir desta força conseguimos

definir a potência ativa Peg do sistema.

(2.29)

Esse efeito pode ser considerado no circuito ao colocar a resistência Reg em série

com R1m e jω1L1m. A Equação desta resistência é mostrada abaixo.

(2.30)

2.10. Parâmetros da MLI em regime permanente de operação

2.10.1. Força de propulsão em regime permanente

A força de propulsão em regime permanente Fx de acordo com Nasar A. S. e Boldea

I.[3] é dada pela Equação 2.31.

(2.31)

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O pico da força de propulsão obtida derivando –se a equação 2.31.

(2.32)

Onde τ é o passo polar, R2’ é a resistência do cursor vista do lado do estator, s é o

escorregamento, ω1 é a frequência angular de oscilação da rede, Lsc é aproximadamente

por L1σ + L2σ’, λ1 é aproximadamente L1σ i1 + λ1m , λ2’ = L2σ’ i2’ + λ1m e L1mI0m= λ1m e L1 =L1σ +

L1m. λ representa o fluxo controlado do sistema.

2.10.2. Forças normais em regime permanente

A força de propulsão em regime permanente Fnap de acordo com Nasar A. S. e

Boldea I. [3] é dada pela Equação

(2.33)

O pico da força de propulsão obtida derivando–se a Equação 2.34.

(2.34)

O detalhamento destas equações pode ser encontrado na bibliografia [3].

2.11. Identificação dos parâmetros

Os parâmetros R1, X1, R2, X2, Xm e Rm do circuito equivalente podem ser

determinados por um teste de cursor bloqueado e um teste sem carga. Usualmente é feito

um novo circuito equivalente para estes devidos testes, baseado no motor rotativo

convencional [2].

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Figura 2.14. Circuito equivalente para teste experimentais no MLI [2].

2.11.1. Ensaio do motor em vazio

Neste teste, é imposta uma tensão V1 no motor e é deixado sem carga no cursor. A

potência P0, tensão V0 e corrente I0 de entrada são medidas por fase. O escorregamento é

quase nulo nesta situação. Assim podemos calcular parâmetros como:

(2.35)

(2.36)

2.11.2. Ensaio com o cursor bloqueado

Neste ensaio bloqueia-se o cursor. Logo o escorregamento é unitário. E é reduzida

a tensão aplicada nos terminais do motor e proporcionalmente a corrente aplicada através

das bobinas do estator. A potência de entrada, tensão e corrente são guardadas e

reduzidas aos valores por fase. Estes parâmetros são respectivamente Pb, Ib e Vb. Neste

teste negam-se as perdas ferromagnéticas, ou seja o laço a esquerda do circuito da Figura

2.14 desconsiderado. Os parâmetros que podem ser encontrados:

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(2.37)

(2.38)

A resistência R1 pode ser obtida através de um multímetro. É comum colocar uma

tensão de entrada menor neste ensaio. Não há método simples para obter X1 e X2’. O valor

total de Xe é normalmente dividido igualmente entre X1 e X2’.

2.12. Análise das Forças do sistema: propulsão e levitação.

Deve se notar que no motor linear de indução, há dois tipos de forças

predominantes. A Força de propulsão do motor (ou do inglês, Drag Force) e a força de

levitação (ou do inglês, Lift Force). O gráfico destas duas forças em relação a velocidade

está representado na figura 2.15. Perceba que existe um ponto de velocidade ótimo onde a

força de propulsão é maior. Perceba também que a grandes velocidades a força de

propulsão tende a diminuir e a de levitação aumentar.

Figura 2.15. Características das forças de propulsão e levitação [8].

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2.13. Adaptação do MLI para o MHD

Deve-se notar que neste tipo de sistema é comum usar estator duplo no motor, para

gerar um campo magnético induzido maior no fluído. Também deve se notar que o fluído

possui condutividade muito menor que a de um metal. Os autores Dudzinsky S. J., e Wang

T.C. [10], explicam que há dois tipos de modelos de MHD: o de velocidade constante e o de

velocidade variável. Será analisado o modelo mais simples: velocidade constante.

2.13.1. Modelo de velocidade constante

Para este modelo é considerado um fluído de trabalho com densidade constante e

pressurizado antes de entrar nos canais por onde escoa [10].

É definida uma constante oƔ, dada por (2.39), que representa o número de onda.

(2.39)

Onde, Ɣ é o comprimento de onda (distância entre um pico e outro do fluxo

magnético). A velocidade síncrona do fluído é dada por:

(2.40)

2.13.2. Distribuição de velocidade e efeitos de bordas

Existem perdas de atrito do fluído com a borda, principalmente no caso em que o

fluido apresenta turbulência. Essa perda é representada na forma de potência consumida.

Esta potência perdida é muito maior que as perdidas em motores convencionais. É

necessário então possuir um conhecimento sobre fluídos e número de Reynolds para

adaptar o protótipo.

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3. Procedimento experimental

3.1. Detalhes da construção do motor

Para a construção do motor foram utilizados os seguintes materiais:

Seis núcleos magnéticos de ferrite com as dimensões apresentadas na Figura 3.1 e

características apresentadas na Figura 3.2.

Aproximadamente 2.7 Kg de fio de cobre esmaltado parâmetro 16 AWG.

Doze carretéis de plástico (adaptados) de dimensões internas 25,4mm x 25,4mm x

31,7mm e 30,8mm x 30,4mm x 31,7mm de dimensões externas.

Estanho para solda.

Fita isolante.

Lima, alicates, estilete, etc.

Cursor: uma placa de alumínio de dimensões: 245mm x 90mm x 10mm.

Transformador trifásico.

Célula de carga de 3 Kg.

Circuito diferencial: Formado por um CI 741(Amplificador operacional) 2 resistores

de 100KΩ e 2 resistores de 1KΩ .

Barbante.

Os núcleos magnéticos de ferrite foram utilizados para a construção estator do

motor. Sabe-se que o núcleo magnético em formato de “U” possui um melhor desempenho

neste tipo de sistema, pois se aproveitam melhor as linhas de campo magnético.

Figura 3.1. Dimensões do levitador magnético utilizado no estator do MLI [7].

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As curvas referentes às características físicas do material do núcleo magnético

(ferrite) estão dispostas na Figura 3.2. e foram obtidas do “datasheet” do núcleo. O gráfico

superior corresponde as perdas Pp do material pela frequência de trabalho f. Este gráfico

mostra que ao aumentar a frequência de trabalho, aumenta-se exponencialmente as

perdas do núcleo (gráfico log-log), para dadas densidades de fluxo, ou temperaturas, mas

apesar disso a potência dissipada de miliWatts é pequena. Lembrando que pela lei de

Faraday, a frequência influência na tensão induzida do sistema. A curva do lado esquerdo

representa a de densidade de fluxo magnético pela intensidade de campo (B-H). Desta

curva pode-se obter a permeabilidade relativa do meio μr, lembrando da Equação 2.2. A

densidade de campo magnético cai com a temperatura. E finalmente os gráficos da

permeabilidade relativa (nomeada aqui μi) pela temperatura do material. Nesta curva nota-

se que pode ocorrer a saturação do material se a temperatura do núcleo passar de 180 °C.

Com o núcleo saturado não há qualquer tipo de campo magnético associado ao sistema. O

ideal deste núcleo é trabalhar com valores próximos referentes a uma temperatura de 23

°C, uma permeabilidade de 2300H/m e uma densidade de fluxo magnético de 5100 Gauss

ou Wb/m2 [7].

Além do núcleo magnético, doze carretéis de plástico foram adquiridos para se

enrolar o fio de cobre esmaltado formando a bobina do sistema. O carretel foi adaptado

para que possua a altura de 31.7mm.

O fio de cobre (16AWG) foi escolhido qualitativamente considerando-se a área da

seção transversal de 1.31mm2, corrente máxima suportada de 22A em aplicações comuns

e resistência de 12.9Ω/Km. Como o fio é esmaltado e tem uma grande elevação de

temperatura neste tipo de elevação será considerada uma corrente de 10A máxima, pois

pode haver derretimento de esmalte e comprometer o protótipo. Percebeu–se que não é

possível enrolar um fio com maior área transversal, como o 12 AWG, que foi testado, pois

bobinadeiras não têm torque para enrolar tal fio e outros processos formam um

enrolamento de baixa qualidade. Apesar de fios com maiores áreas transversais admitirem

maior corrente e consequentemente maior fluxo magnético induzido no cursor.

A quantidade de espiras é diretamente proporcional parâmetro D (fator de

indutância) do sistema, encontrado através da Equação 2.5. Com fio de diâmetro ou área

transversal menor, consegue-se colocar mais espiras no carretel e assim maior será a

indutância do sistema núcleo-bobina.

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Cada carretel foi preenchido com 130 espiras, o máximo que coube no carretel a fim

de se obter o máximo fluxo magnético possível. O modelo do motor pode ser visto na

Figura 3.3. Seu acionamento será discutido logo na seção 3.2.

Figura 3.2. Características físicas do material magnético do núcleo [7].

A corrente e frequência do motor podem ser variadas para analisar o seu

comportamento. As dimensões e especificações do motor linear construído são as

seguintes:

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1) Corrente elétrica máxima: 10 A; Corrente utilizada: 4A.

2) Tensão de trabalho máxima: 220 VAC; Tensão utilizada: 24V ;

3) Frequência de trabalho máxima: 400 Hz; Frequência utilizada: 60Hz;

4) Número de fases: 3;

5) Número de levitadores: 6;

6) Número de bobinas: 12. Sendo duas para cada levitador;

7) Número de espiras por bobinas: 130; 260 por núcleo; 520 por fase.

8) Comprimento total do estator: 330 mm aproximadamente;

9) Largura do estator: 150 mm aproximadamente;

10) Passo Polar: 115 mm;

11) Tipo de ligação: estrela (Y);

12) Arrefecimento: Por convecção Natural;

Figura 3.3. Estator do motor construído.

Ao colocar as bobinas em série no mesmo núcleo, teve se que utilizar a regra da

mão direita a fim de se fazer o fluxo magnético ir de um lado a outro do levitador. Se

estivessem sido ligadas de maneira equivocada, o fluxo magnético teria sido cancelado no

meio do núcleo. O esmalte presente no fio esmaltado é isolante, para soldarmos em série

ou fazermos medições foi necessário remover o mesmo.

O cursor é simplesmente uma placa de alumínio (condutora). Depois de o motor ser

testado, pode ser feito um teste de conceito com um tubo de água salgada como cursor, e

analisar seu comportamento.

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3.2. Acionamento do motor Linear de indução

O acionamento do motor será feito conforme a Figura 3.4. Este acionamento é

trifásico com fase neutra, ou seja, três fases de mesma tensão (Fase A, Fase B e Fase C)

defasadas de 120° e uma fase neutra.

Figura 3.4. Ligação elétrica do motor [4].

Um transformador trifásico de relação de espiras de 220V/24V (fase - fase) foi

utilizado para abaixar a tensão da rede e consequentemente nos fornecer tensões e

correntes apropriadas para o MLI. A frequência da alimentação é de 60Hz. Além do

transformador têm-se outras maneiras de ligar o motor como, por exemplo, usando um

inversor de frequência, que é um equipamento de alto custo com o qual pode se

determinar tensão, corrente e frequência de saída. Com ele pode-se controlar rotação e

torque de motores rotativos, podendo ser adaptado em motores lineares para controlar

velocidade se multiplicarmos por um fator de 2π, desde que os motores tenham

características similares.

Deve se tomar cuidado para não queimar o fio (extrapolando a corrente máxima

permitida) usando resistores cerâmicos ou algum circuito protetor.

3.3. Construção da bancada de testes

Na bancada de testes além do motor acionado pelo transformador, têm-se

equipamentos de medição, como: multímetro, gaussímetro e um osciloscópio e uma célula

de carga.

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O multímetro é utilizado para medir a resistência dos fios, correntes e tensões. O

osciloscópio para fazer medições que requerem medida de tempo e o gaussímetro é um

instrumento que mede a densidade de campo magnético (B). A célula de carga é usada

para medir a força do cursor condutor com o motor em funcionamento. As imagens a

seguir ilustram a bancada de testes montada. A figura 3.5 representa o transformador

ligado na rede de tensão 220VAC, e o motor ligado em estrela (Y) no transformador.

Figura 3.5. Transformador ligado na rede.

Figura 3.6. Medição do campo magnético do núcleo.

A Figura 3.6. mostra a medida do campo magnético do núcleo utilizando um

gaussímetro. Este equipamento foi ligado ao osciloscópio e assim pode-se ver a forma de

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onda senoidal da densidade de fluxo magnético, como mostra a Figura 3.7. A relação entre

tensão e fluxo neste gaussímetro é dada por 1Volt, equivale a 1Tesla.

Figura 3.7. Forma de onda do fluxo magnético B na parte superior do núcleo magnético.

A Figura 3.8 mostra a utilização de equipamentos como o amperímetro (esquerda) e

o multímetro (direita) utilizados, respectivamente, para medir corrente e ver tensão e

resistência.

Figura 3.8. Equipamentos de medição de tensão e corrente.

Uma célula de carga (Figura 3.9) irá nos mostrar o esforço gerado pelo campo

magnético emitido das bobinas. Para isso o cursor será pendurado através de um barbante

e então será mostrada no osciloscópio a força aplicada na célula de carga com o cursor

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fora do estator e com um cursor sobre o estator. A célula de carga será alimentada por um

circuito amplificador diferencial, que serve para amplificar o sinal de saída (esforço medido)

da célula de carga em cem vezes como mostra a Figura 3.10.

Figura 3.9. Célula de carga utilizada [9].

Utilizando a folha de dados da célula de carga, identificaram-se quais eram os cabos

de alimentação, de sinal e a configuração interna dos quatro sensores de força internos

(células extensiométricas). A configuração interna é uma ponte de Wheatstone, conforme

mostra a Fig.3.10. Utilizando o multímetro, descobriu-se a resistência dos quatro resistores

internos [9].

Figura 3.10. Ponte de Wheatstone interna da célula de carga.

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Com auxílio de um multímetro, mediu-se o valor R dos quatro resistores internos. A

identificação dos cabos de alimentação e de sinal encontra-se na Tabela 3.1, e os valores

dos resistores, na Tabela 3.2.

Tabela 3.1. Cores dos pinos de entrada e saída do conector da célula de carga.

Pino Cor Tipo Alimentação

PIN 1 Azul Excitação +

PIN 2 Branco Sinal -

PIN 3 Vermelho Excitação +

PIN 4 Preto Sinal -

PIN 5 Amarelo Escudo

Tabela 3.2. Resistência e tensão entre os terminais do conector.

Pino 1 Pino 2 Resistência

(Ω) Tensão

(V) Corrente

(I)

Local na

ponte

Azul Branco 284,0 0 0 A-C (R1)

Azul Vermelho 284,0 0 0 A-B (Rx)

Preto Branco 289,4 2,5 0,0086 D-C (R2)

Preto Vermelho 289,4 2,5 0,0086 D-B (R3)

Azul Preto 378,0 Excitação A-D Vermelho Branco 383,0 Saída B-C

Na figura 3.11, a célula de carga é representada pelos resistores R3, R4, R5 e R6,

formando a ponte de Wheatstone. O parâmetro R5 representa um potenciômetro que

muda sua resistência quando uma força é aplicada na célula de carga. Quando não há

força, as tensões V1 e V2 são nulas. Quando há uma força há uma diferença de tensão.

As informações mais detalhadas sobre a célula de carga encontram-se em sua folha de

dados [9].

A Figura 3.11 mostra o diagrama esquemático da célula de carga ligada ao circuito

amplificador diferencial. A diferença nas tensões de entrada V1 e V2, multiplicadas por um

ganho que depende das resistências R1 e R2 resultam na tensão de saída Vo. A equação

associada a esse circuito é dada por:

(3.1)

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Objetivo deste circuito é amplificar o sinal de da célula de carga em cem vezes para

obtermos um sinal de maior quantidade.

Figura 3.11. Circuito amplificador diferencial.

A Figura 3.12. nos mostra o circuito amplificador feito em placa impressa. Com isso

finalizou-se a construção do modelo e bancada de teste.

Figura 3.12. Circuito amplificador diferencial na placa impressa.

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4. Resultados e discussões

Nesta seção serão apresentados alguns parâmetros já identificados do motor. A

resistência por fase do estator do motor linear medida com o multímetro vale R1= 1.8 Ω .

A indutância do sistema núcleo bobina pode ser calculada através da equação 2.6.

O fator de indutância D vale 4500nH. Por núcleo, temos uma indutância [9]:

Como uma fase possui dois conjuntos núcleo-bobinas, temos uma indutância por

fase do estator de L1= 0,00234H.

A saída em (Y) do transformador forneceu ao estator (sem cursor) uma tensão fase-

neutra de aproximadamente 15V. A corrente passada por fase do transformador foi de

3,45A.

Através do osciloscópio foi checada a defasagem do fluxo magnético gerado no

sistema que também foi medido conforme mostra a figura abaixo:

Figura 4.1: Densidade de fluxo magnético que atravessa o núcleo magnético.

O pico de fluxo magnético de 400mV equivale a 400mT, que também vale 4000G.

Foi medida a saída da célula, sem carga e com carga. Sem carga, obteve-se uma

tensão de saída de aproximadamente Vo = 0V, pois a ponte estava inicialmente em

situação de equilíbrio. Na situação de equilíbrio, conforme a Fig.3.10, tem-se que as

resistências R1 = R3 e que Rx = R2. Ao se colocar uma carga de aproximadamente 3Kg,

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obteve-se uma tensão de 60 mV, pois desequilibrou-se a ponte, ou seja, mudou-se o valor

da resistência Rx. Assim, a resolução da célula de carga (com o circuito) é de 3000g/60mV

= 50g/mV, ou ainda, cada 1mV corresponde a 50 gramas.

A massa do cursor de alumínio é de aproximadamente 594g. Foi pendurado o

cursor com barbantes (considerado massa desprezível) conforme mostra a Figura 4.2.

Figura 4.2. Cursor pendurado por barbante.

A tensão dada, pela célula de carga, foi de 10,5mV. Ao fazer a conversão 525g. O

que pode ter sido ocasionado por imprecisão do equipamento, perdas por calor, geradas

ao deixar o circuito ligado, ou ainda falta de precisão visual.

Foi aproximado (cerca de 2 mm) o cursor do estator como mostra a Figura 4.3.

Nessa condição houve um alívio de massa, ou seja, a tensão vista no osciloscópio diminui

de aproximadamente 10,5mV para aproximadamente 10mV.

Figura 4.3. Cursor bem próximo do estator.

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O que significa, que houve um alívio de 25g de carga aproximadamente. Para se

aliviar totalmente a carga e termos o cursor levitando seria necessário um alivio de pelo

menos 594g, correspondente à massa total do cursor. Através do gráfico da figura 2.15,

estima-se que a força de impulsão seja cinco vezes menor, ou seja, de aproximadamente

5g.

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5. Conclusões

O sistema criado consegue gerar campo magnético através dos núcleos de ferrite.

Esse campo magnético é transformado em uma leve força no cursor como previsto. A força

de propulsão neste caso foi muito pequena. O ferrite é um material excelente para a

construção de transformadores e motores de alta frequência: grande capacidade de

densidade de fluxo (B) e capacidades de operação em alta frequências fazem com que

esses elementos sejam essenciais no mundo moderno, onde rendimento é palavra chave.

A frequência é importante, pois ela influência na tensão induzida E do motor e

consequentemente nos parâmetros do primário e do secundário. Com um inversor de

frequência é possível variar a frequência de excitação do motor, melhorando a perforance

do ferrite.

Existe um problema relacionado à saturação do ferrite, o material já está operando

com 4000G. Ao verificar a Figura 3.2, percebe-se que o ferrite está no limite de sua

saturação então não se conseguirá aumentar muito mais seu campo magnético e nem a

força exercida. Uma sugestão de melhoria seria a mudança do núcleo magnético de ferrite

por um de aço laminado que apresenta uma permeabilidade em torno de cinco vezes

maior que a do ferrite e consequentemente com a mesma corrente geraria uma densidade

de campo magnético B cinco vezes maior. A laminação evitaria perdas por correntes

parasitas no núcleo o que melhoraria o desempenho. O aumento da corrente utilizada

aumentaria também a densidade de fluxo magnético e a força induzida no cursor. Um

cursor de alumínio com menor peso, aproveitando melhor as linhas de fluxo aumentaria o

desempenho do sistema. O circuito amplificador diferenciador apresentou muito ruído e

baixa precisão. O uso de componentes de melhor qualidade proporcionaria diferentes

resultados. Se a célula de carga tivesse uma resolução menor a medição seria mais

precisa. Espera-se que após feita essas modificações consiga-se fazer o motor operar

adequadamente com cursor de alumínio e assim poderão ser feitos os testes com cursor

bloqueado e com cursor livre, a fim de se identificar todos os seus parâmetros. Com estes

parâmetros pode se calcular a velocidade e a força do motor teóricas e depois compará-las

com os resultados obtidos da medição experimental. Houve grande dificuldade na

obtenção dos equipamentos sucateados.

Para adaptar o sistema criado em um sistema de propulsão eletrohisdrodinâmico é

necessário colocar um tubo com fluído no lugar do cursor. Segundo Dudzinsky S. J. e

Wang, T. C.[10], deve-se prever que vai haver perdas nas paredes do tubo por onde o

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fluído escoa. Existe um efeito de borda que também aumentam as perdas, o fluído pode

conter “ar”. Nestas condições é necessário uma excitação de corrente maior do que para

uma máquina rotativa ou linear. Por causa da dificuldade em conseguir fonte de excitação

grande o suficiente para propulsionar água salgada, normalmente se utiliza fluído metal

líquido para testar esse tipo de sistema. As propriedades da água salgada se encontram

no Anexo I, a título de curiosidade.

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Referências Bibliográficas

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Sons, 1996. Cap.1: Magnet Circuits, Cap 5: Induction (Asynchronous) Machines.

[2] Nasar A. S., Theory and Problems of Eletric Machines and Eletromechanics. 2ed.

McGraw Hill, 1998. Cap.1: Magnetic Circuits, Cap. 5: Polyphase Induction Motors.

[3] Nasar A. S. e Boldea I., Linear Electric Actuators and Generators. 1ed. Cambridge.

University Press. 1997. Cap. 1: Magnetic Circuit, Fields and Forces, Cap.

2:Introduction to Linear Electric Actuators and Generators, Cap. 3:.Linear Induction

Actuators.

[4] Rodrigues A. L. e Oliveira R. A. D., Desenho e Construção de um Motor Linear de

Indução de Baixa Velocidade. Lisboa: Faculdade de Ciências e Tecnologia,

Universidade Nova de Lisboa (Artigo).

[5] Jardim R. A. G., Dimensionamento de um modelo Protótipo de de um veículo de

Levitação Magnética, com motores ineares de indução Trifásicos. Lisboa:

Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa (Trabalho de

graduação).

[6] http://www.kayelaby.npl.co.uk/general_physics/2_7/2_7_9.html, National Physical

Laboratory., Kaye & Laby , Table of Physical & Chemical Constants – Acessado

em 31/01/2013.

[7] Thornton Eletrônica e LTDA. Catálogo de ferrite. 1ªed. 2008. Website:

www.thornton.com.br. E-mail: [email protected]

[8] Hill, R. J., teaching Electrodynamic Levitation Theory, IEEE transactions on education,

Vol. 33, No. 4, November 1990 (Artigo).

[9] PW4MC3: single point load cell Datasheet.

[10] Dudzinsky S. J.,Wang T.C., MHD induction Generators, The Rand Corporation , Santa

Monica California, June 1968 (Artigo).

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Anexo I

Deve-se conhecer as propriedades da água salgada, pois ela é de extrema

importância para nosso futuro sistema de propulsão eletrohidrodinâmica. A água salgada

possui uma alta condutividade, porém menor do que materiais condutores como alumínio,

cobre, etc. O objetivo é avaliar como a água salgada irá se comportar e se o sistema irá

funcionar futuramente. Se a água for impulsionada adequadamente, este sistema pode ser

utilizado em grande escala por submarinos, navios e etc.

De acordo com o website do Laboratório Nacional de Física dos Estados Unidos[7],

seguem nas tabelas a seguir, as seguintes propriedades da água salgada do mar.

Tabela A.1. Condutividade elétrica da água do mar à pressão atmosférica [7].

Temperatura

[°C]

Salinidade [g/Kg]

20 25 30 35 40

Condutividade [S/m]

0 1.745 2.137 2.523 2.906 3.285

5 2.015 2.466 2.909 3.346 3.778

10 2.300 2.811 3.313 3.808 4.297

15 2.595 3.170 3.735 4.290 4.837

20 2.901 3.542 4.171 4.788 5.397

25 3.217 3.926 4.621 5.302 5.974

Na profundidade de 4000m da superfície da água (a 0 °C e salinidade de 35g/ kg) a

condutividade é 6% maior do que na superfície da água. A condutividade média dos

oceanos (excluindo oceanos e mares rasos) é de 3.27 S/m.

Tabela A.2. Propriedades mecânicas e térmicas da água do mar à salinidade de 35 g/kg e

à pressão atmosférica [7].

Propriedade 0 °C 20 °C

Viscosidade Dinâmica 1.88 × 10−3 Pa s 1.08 × 10−3 Pa s

Viscosidade cinemática, ν 1.83 × 10−6 m2 s−1 1.05 × 10−6 m2 s−1

Condutividade térmica 0.563 W m−1 K−1 0.596 W m−1 K−1 Difusividade térmica, κ 1.37 × 10−7 m2 s−1 1.46 × 10−7 m2 s−1 Número de Prandtl , ν/κ 13.4 7.2 Capacidade de calor específico, C 3985 J kg−1 K−1 3993 J kg−1 K−1

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Coeficiente de expansão térmica Pressão = 0.1 MN m−2 52 × 10− 6 K− 1 250 × 10−6 K−1 Pressão = 100 MN m−2 244 × 10− 6 K− 1 325 × 10−6 K−1 Razão das capacidades de calor específico, Cp /Cv

1.000 4 1.010 6

Velocidade do som 1449 m s−1 1522 m s−1 Compressibilidade 4.65 × 10−10 Pa−1 4.28 × 10−10 Pa−1 Temperatura de Solidificação − 1.910 °C Temperatura de ebulição 100.56 °C

Tabela A.3. Densidade ρ da àgua do mar a pressão atmosférica [7].

Temperatura

[°C]

Salinidade [g/Kg]

20 25 30 35 40

(ρ/kg m−3 − 1000)

0 16.04 20.06 24.08 28.10 32.14

5 15.84 19.78 23.73 27.68 31.64

10 15.31 19.18 23.07 26.96 30.86

15 14.48 18.30 22.13 25.97 29.82

20 13.39 17.17 20.96 24.75 28.56

25 12.07 15.82 19.57 23.34 27.12

Em oceanografia os dados trabalhados são sempre expressos em termos de 1000(S − 1) onde S é a densidade relativa da água a 4 °C. Valores da densidade podem ser obtidos adicionando 0.03 aos valores da tabela.

Tabela A.4. Densidade ρ da água do mar a 0 °C e salinidade 35 g/kg [7].

Pressão/MPa 0 20 40 60 80 100

(ρ/kg m−3 − 1000) 28.10 37.44 46.37 54.92 63.12 71.02

È interessante que a água que será trabalhada deverá estar à temperatura

ambiente, ou seja, aproximadamente 20 °C e uma salinidade de 40g/Kg, o que, através da

tabela acima nos fornece uma salinidade de 5,974 S/m. Apesar da condutividade média

dos oceanos serem 3,27 S/m.