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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS ANDREA PELICIA ROSO O PERFIL INFLAMATÓRIO AGUDO NO PER-OPERATÓRIO DE RESSECÇÃO PULMONAR THE ACUTE INFLAMMATORY PROFILE IN THE PER-OPERATIVE PULMONARY SURGERY CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

ANDREA PELICIA ROSO

O PERFIL INFLAMATÓRIO AGUDO NO PER-OPERATÓRIO DE

RESSECÇÃO PULMONAR

THE ACUTE INFLAMMATORY PROFILE IN THE PER-OPERATIVE PULMONARY SURGERY

CAMPINAS

2017

ANDREA PELICIA ROSO

O PERFIL INFLAMATÓRIO AGUDO NO PER-OPERATÓRIO DE

RESSECÇÃO PULMONAR

THE ACUTE INFLAMMATORY PROFILE IN THE PER-OPERATIVE PULMONARY SURGERY

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA

ANDREA PELICIA ROSO E ORIENTADA PELO

PROF. DR. RICARDO KALAF MUSSI

CAMPINAS

2017

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências

Médicas da Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para a

obtenção do título de Mestra em Ciências.

Dissertation presented to the Faculty of Medical

Sciences of the State University of Campinas as

part of the requirements required to obtain the

title of master´s in Science.

O presente estudo obteve recurso financeiro concedido pela Fundação de Amparo a Pesquisa

do Estado de São Paulo, processo FAPESP: 2011/51873-9.

BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

ANDREA PELICIA ROSO

ORIENTADOR: RICARDO KALAF MUSSI

MEMBROS:

1. PROF. DR. RICARDO KALAF MUSSI

2. PROF. DR. IVAN FELIZARDO CONTRERA TORO

3. PROF. DR. EVALDO MARCHI

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Cirurgia da Faculdade de Ciências

Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca

examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 13/02/2017

Agradecimentos

Inicialmente gostaria de agradecer a Deus, por ter me acompanhado e me

fortalecido nos momentos em que mais precisei.

Agradeço ao meu orientador Prof. Kalaf, por toda paciência e disposição em

todos esses anos.

Agradeço à minha família, por todo amor a mim dedicado. Á minha mãe Sueli,

meu pai José, minhas irmãs Silvia e Fernanda, que mesmo distantes sempre

me incentivaram a buscar ser alguém melhor.

Agradeço ao setor de Farmacologia por ter me acolhido tão bem, em especial

ao Prof. Edson por ter me orientado no período em que o Prof. Kalaf esteve

fora; e à Glaucia, por todo carinho e amizade que foram construídos ao longo

desses anos.

Agradeço à Faculdade de Ciências Médicas e à Fapesp, pela oportunidade e

pelo crescimento profissional.

Agradeço aos pacientes que fizeram parte da pesquisa. Sem eles, nada disso

teria sido possível.

Agradeço à Raquel, por ter dado início a este trabalho e por ter me

acompanhado em parte desta caminhada.

Agradeço à Luciara, por ter-me apresentado ao Prof. Kalaf.

Agradeço a todos os profissionais que direta ou indiretamente auxiliaram neste

trabalho.

RESUMO

A ressecção pulmonar é uma alternativa terapêutica para remoção anatômica

de doenças benignas e malignas. Nestes procedimentos operatórios são vários

os fatores que podem interferir na resposta inflamatória. Este estudo teve

como objetivo analisar doentes no pré e pós-operatório de ressecção pulmonar

e mensurar os níveis de: leucócitos, plaquetas, fator de necrose tumoral (TNF-

α), interleucina 1 beta (IL-1β), interleucina 6 (IL-6), interleucina 8 (IL-8) e

interleucina 10 (IL-10), dados gasométricos, índice de oxigenação (IO),

frequência respiratória (FR), frequência cardíaca (FC), temperatura e oximetria

de pulso, no intuito de traçar um perfil inflamatório frente à ressecção pulmonar.

Foram realizadas seis coletas de sangue arterial para análise de gases

sanguíneos, sendo uma amostra no pré-operatório, pós-operatório imediato, 4,

8, 24 e 48 horas após a cirurgia e seis amostras de sangue venoso para

análise quantitativa dos mediadores inflamatórios. A contagem de leucócitos

mostrou elevação significativa nos tempos: pós-operatório imediato e em 4h

pós cirugia, em relação ao período pré-operatório. Concomitantemente, houve

aumento de lactato, FC, IL-6 e IL-8 no tempo de 4h pós-cirurgia. A contagem de

plaquetas mostrou diminuição significativa em 48h, associada ao aumento de

IL-1β e TNF-α. Foi observado aumento significativo da IL-10 no POI. É

esperado que a partir do conhecimento do perfil entre os níveis de mediadores

inflamatórios, possamos contribuir com objetivo de minimizar a mortalidade

pós-operatória e a redução da permanência na Unidade de Terapia Intensiva.

Palavras chaves: cirurgia, pulmão, interleucinas

ABSTRACT

Pulmonary resection is a therapeutic alternative for the anatomical removal of

benign and malignant diseases. In these operative procedures are several

factors that can interfere in the inflammatory response. The aim of this study

was to analyze patients in the pre- and postoperative period of pulmonary

resection and to measure the levels of: leukocytes, platelets, tumor necrosis

factor (TNF-α), IL-1β, IL-6, IL-8 and IL-10, Oxygenation index (IO), respiratory

rate (RF), heart rate (HR), temperature and pulse oximetry, in order to establish

an inflammatory profile against pulmonary resection. Six arterial blood samples

were collected for blood gas analysis, and a sample was preoperatively,

immediately postoperative, 4, 8, 24 and 48 hours after surgery, and six venous

blood samples were used for quantitative analysis of inflammatory mediators. It

is expected that from the knowledge of the profile between the levels of

inflammatory mediators, we can contribute with the objective of minimizing the

postoperative mortality, the reduction of the permanence in the Intensive Care

Unit.

Key Words: surgery, lung, interleukins

SUMÁRIO

1. Introdução.............................................................................................. 10

1.1. A ressecção pulmonar como terapêutica das doenças benignas e

malignas do pulmão...........................................................................10

1.2. Resposta inflamatória celular........................................................10

1.3. Resposta inflamatória humoral.....................................................11

1.4. A resposta inflamatória sistêmica no pré-operatório das

ressecções pulmonares.....................................................................16

1.5. Interferências no efeito cumulativo da resposta inflamatória local e

sistêmica no pós-operatório de cirurgia de ressecção pulmonar.......18

2. Objetivos.................................................................................................21

3. Casuística e Método................................................................................22

4. Resultados..............................................................................................24

4.1. Contagem Leucócitos...................................................................25

4.2. Potencial Hidrogeniônico (pH)......................................................26

4.3. Pressão Parcial de Gás Carbônico (PCO2)..................................27

4.4. Pressão Parcial de Oxigênio (PO2)..............................................28

4.5. Bicarbonato (HCO3)......................................................................29

4.6. Base Excess (BE).........................................................................30

4.7. Saturação de Oxigênio (SatO2)....................................................31

4.8. Lactato..........................................................................................32

4.9. Frequência Respiratória (FR).......................................................33

4.10. Frequência Cardíaca (FC)............................................................34

4.11. Temperatura..................................................................................35

4.12. Plaquetas......................................................................................35

4.13. Índice de Oxigenação...................................................................36

4.14. Interleucina-8 (IL-8) – Elisa...........................................................37

4.15. Interleucina-1 beta (IL1 beta); Interleucina-6 (IL-6); Interleucina-10

(IL-10); Fator de Necrose Tumoral alfa (TNFα) – Elisa.....................38

4.16. IL-1 beta........................................................................................41

4.17. IL-6................................................................................................42

4.18. IL-8................................................................................................43

4.19. IL-10..............................................................................................44

4.20. TNF-alfa........................................................................................45

5. Discussão................................................................................................46

5.1. Análise dos dados........................................................................47

6. Conclusão...............................................................................................52

7. Referências.............................................................................................53

8. Anexos....................................................................................................59

10

1. INTRODUÇÃO

1.1. A ressecção pulmonar como terapêutica das neoplasias

benignas e malignas do pulmão

A ressecção pulmonar no carcinoma brônquico está indicada nos

doentes com condições clínicas que possam suportar esta terapêutica cuja

lesão encontra-se nos estágios I, II e IIIa da classificação do Sistema TNM de

Classificação dos Tumores Malignos. Este sistema baseia-se na extensão

anatômica da doença, levando em conta as características do tumor primário

(T), as características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do

órgão em que o tumor se localiza (N), e a presença ou ausência de metástases

à distância (M), podendo alcançar sobrevida da ordem de até 80% em cinco

anos. Em relação às doenças benignas, as supurações crônicas, as lesões

bolhosas decorrentes do enfisema, as malformações congênitas e as lesões

tumorais benignas são as causas mais comumente tratadas pelas ressecções

pulmonares1.

1.2. Resposta inflamatória celular

A reação global e multifacetada do hospedeiro à lesão é denominada

inflamação. A resposta inflamatória às injúrias, apesar de complexa, manifesta-

se de maneira essencialmente estereotipada, caracterizada basicamente pela

reação de vasos sanguíneos, levando ao acúmulo de fluidos e células2.

O processo inflamatório, sob determinado ponto de vista, pode ser

encarado como um mecanismo de defesa do organismo e, como tal, atua

destruindo (fagocitose e anticorpos), diluindo (plasma extravasado) e isolando

ou sequestrando (malha de fibrina) o agente agressor, além de abrir caminho

para os processos reparativos (cicatrização e regeneração) do tecido afetado.

Entretanto, a inflamação pode ser potencialmente danosa, uma vez que em

sua manifestação pode lesar o próprio organismo, às vezes de forma mais

deletéria que o agente injuriante. A inflamação aguda é de curta duração, de

minutos, horas ou um a dois dias, dependendo do estímulo causal2.

O processo de migração neutrofílica a partir do espaço intravascular

para o interstício inflamado ocorre primariamente nos capilares pulmonares3.

Os leucócitos tornam-se ativados na circulação e alguns se alojam

11

dentro da microcirculação pulmonar. Nesta condição, migram para o interstício

pulmonar e aumentam a permeabilidade endotelial, levando ao edema tissular.

Os leucócitos nos pulmões respondem e contribuem para o processo

inflamatório na Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SARA)4, 5.

Os leucócitos incorporam e degradam bactérias, complexos imunes e

restos de células necróticas, e as suas enzimas lisossomais contribuem de

outras formas com a resposta defensiva do hospedeiro. Entretanto, leucócitos

podem prolongar a inflamação e aumentar o dano tecidual pela liberação de

enzimas, mediadores químicos e radicais livres, que são tóxicos para os

tecidos 4, 5.

Os neutrófilos contêm em sua membrana plasmática uma enzima, a

nicotinamida difosfato de adenosina (NADPH) oxidase, que reduz o O2 de

maneira univalente formando os radicais O2- e H2O2. Além disso, quando

ativados, os neutrófilos secretam a enzima mieloperoxidase (MPO) que catalisa

a formação de ácido hipocloroso (HOCL) a partir do peróxido de hidrogênio e

íon cloreto. O HOCl é um potente agente oxidante e cerca de 100 vezes mais

reativo que o H2O2. Pode mediar a citotoxicidade diretamente pela oxidação de

grupos sulfidrila, inativação de proteínas e degradação de aminoácidos, ou

indiretamente via ativação de proteases. Estas propriedades conferem aos

neutrófilos sua ação bactericida6.

Na vigência de uma resposta inflamatória, ao migrarem para os tecidos,

os monócitos se diferenciam em macrófagos, células altamente especializadas

na fagocitose de micro-organismos e outros corpos estranhos. São células que

secretam diversos mediadores, principalmente citocinas, como o fator de

necrose tumoral (TNF), interleucinas (ILs), fator ativador de plaquetas (PAF) e o

fator de macrófagos quimiotáxico para neutrófilos7.

1.3. Resposta inflamatória humoral

Citocinas são moléculas proteicas, glicosiladas ou não, que enviam

diversos sinais estimulatórios, modulatórios ou mesmo inibitórios para as

diferentes células do sistema imunológico. Tem função autócrina, agindo na

própria célula produtora; parácrina atuando em células próximas; e endócrina,

quando sua ação é à distância8.

12

As citocinas são secretadas por células da imunidade inata e adaptativa

que estimulam respostas diversas das células envolvidas na imunidade e

inflamação em duas fases distintas: de ativação da resposta imune adaptativa

onde há o estímulo para o crescimento e a diferenciação dos linfócitos, e a fase

efetora da resposta inata e adaptativa, quando ocorre a ativação de diferentes

células efetoras para eliminar micro-organismos e outros antígenos9. Algumas

citocinas produzidas após a estimulação de um agente agressor agem por

meio de receptores de membrana específicos, modulando a produção e

atividade de outras citocinas10, 11.

Quando pequenas quantidades de citocinas são liberadas nos tecidos,

predomina o efeito benéfico determinando uma ativação dos mecanismos de

defesa do organismo contra um agente agressor, mas quantidades excessivas

desses mediadores provocam efeitos deletéricos ao organismo10.

A ativação leucocitária sistêmica (mediada por citocinas) é uma

manifestação direta da resposta inflamatória generalizada e, quando excessiva,

pode levar à falência múltipla de órgãos como conseqüência de uma

exagerada resposta à síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS). Os

leucócitos tornam-se ativados na circulação e alguns se alojam dentro da

microcirculação pulmonar. Nesta condição, leucócitos migram para o interstício

pulmonar e aumentam a permeabilidade endotelial, levando ao edema

tissular12.

Persistente elevação de citocinas pró-inflamatórias nos pulmões com

supressão subsequente de o sistema imunitário está associada com um risco

aumentado para lesão pulmonar aguda (LPA)13.

A resposta inflamatória pode ser ativada de diferentes formas. A primeira

é o envolvimento dos macrófagos pulmonares residentes na lesão precoce, em

que a ativação destas células desencadeia a cascata inflamatória através da

liberação de TNF-α e outras citocinas pró-inflamatórias12.

O TNF-α é uma glicoproteina reguladora de diversas funções celulares,

sendo produzidas por macrófagos tendo como principal função: estimular o

recrutamento de neutrófilos e monócitos e ativar essas células para erradicar

microorganismos. Esta proteína medeia esses efeitos por várias ações sobre

as células do endotélio vascular fazendo com que ocorra a expressão de

moléculas de adesão que tornam a superfície endotelial adesiva aos leucócitos

13

e pode também induzir a apoptose em alguns tipos de células14. Tem-se

mostrado como elemento central de uma variedade de modelos de lesão

pulmonar aguda15. Também é atribuído a este mediador o potencial de

liberação de outras citocinas, aumento da permeabilidade vascular pulmonar e

ativação de neutrófilos 16.

Existem fortes evidências de que o TNF-α seja um fator desencadeante

do processo de isquemia e reperfusão e participa da patofisiologia de pulmões

submetidos a diferentes modelos inflamatórios e choque endotoxêmicos17.

O TNF-α é uma citocina pró-inflamatória em resposta a uma variedade

de processos patológicos. Alguns autores demonstraram que o TNF-α

compromete a barreira endotelial, produzindo edema pulmonar experimental.

Ao TNF-α é atribuído o potencial de liberação de citocinas, aumento da

permeabilidade vascular pulmonar e modulação do eventual recrutamento e

ativação de neutrófilos - células efetoras acreditadas à mediação da injúria de

reperfusão tardia12.

A principal atividade biológica do TNF-α é uma acentuada citólise e

citoestase em diferentes linhagens neoplásicas, tendo ação antitumoral

importantíssima. É o principal mediador na caquexia das neoplasias malignas.

Estimula a produção de IL-6 fazendo com que os hepatócitos produzam

proteínas da fase aguda da inflamação. Altas concentrações de TNF no sangue

de pacientes com septicemias correlacionam-se com a piora do prognóstico.

Em animais de laboratório, injeções de TNF, mesmo na ausência de bactérias,

levam a quadro semelhante ao choque séptico, sugerindo uma importante ação

deletéria quando sintetizado em quantidades excessivas8.

Monócitos e macrófagos são as principais fonte de IL-1, produzindo

principalmente IL-1β, enquanto os queratinócitos produzem IL-1α. Outros tipos

celulares podem produzir IL-1, como células endoteliais, fibroblastos, miócitos,

células de Langerhans e linfócitos B e T8.

As atividades principais da IL-1 incluem, a proliferação e ativação de

linfócitos B, neutrófilos, monócitos e macrófagos aumentando as atividades

quimiotáticas e fagocitárias. Estimula a adesão de leucócitos, aumenta a

expressão das moléculas de adesão pelas células endoteliais, inibindo a sua

proliferação, aumenta a atividade de coagulação, estimula hepatócitos a

produzirem proteínas na fase aguda da inflamação8.

14

A IL-1β ativa os neutrófilos e induz a ligação das moléculas de adesão

aos leucócitos e ao endotélio, causando um estado similar ao choque em

animais de experimentação. Originalmente descrita como molécula da febre,

ela identifica um portfólio de genes usualmente não expressos em indivíduos

saudáveis. Ela também eleva a expressão de outras citocinas tal como o TNF-

α, IL-6 e as moléculas de adesão12, 18, 19.

Durante a inflamação aguda, TNF-α e IL-1β são liberados nos primeiros

30 a 90 minutos após o fator agressor e convertidos para o segundo nível da

cascata inflamatória, além da ativação de moléculas de adesão que resultam

na iniciação da migração de células inflamatórias para os tecidos20.

A IL-1β atua no hipotálamo, exercendo a função de pirógeno endógeno,

origina ainda uma alça de inibição da sua própria produção, pois estimula a

liberação de Hormônio Liberador de Corticotrofina (CRH) pela hipófise

posterior. CRH atua na hipófise anterior fazendo com que haja liberação de

(Hormônio Adrenocorticotrópico (ACTH), o qual estimula a região fasciculada

do cortéx da adrenal, aumentando a produção de corticosteroides, os que irão

inibir a síntese primária de IL-1 e são responsáveis pela hiperglicemia em

pacientes diabéticos com processo infeccioso. Também atua aumentando a

atividade de osteoclastos e adipócitos, sendo o grande responsável pelo

emagrecimento e tendência a fraturas de pacientes com processos infecciosos

crônicos8.

Aumento dos níveis de IL-1β e IL-1α são descritos na patogênese da

SARA e subsequente fibrose pulmonar13.

A IL-6 é uma citocina que atua tanto na imunidade inata quando na

adaptativa. É sintetizada por fagócitos mononucleares, células do endotélio

vascular, fibroblastos e outras células em resposta a microorganismos e as

outras interleucinas. É fabricada por células T ativadas e possui diversas

ações21. Os estímulos para a sua síntese são IL-1 e TNF. A IL-6 é uma citocina

pleiotrópica que influencia respostas imunes específicas e reações

inflamatórias, sendo um dos maiores mediadores da fase aguda da inflamação.

Na imunidade inata estimula a síntese de proteínas da fase aguda pelos

hepatócitos contribuindo para os efeitos sistêmicos da inflamação chamada

resposta de fase aguda. Esta interleucina induz o fígado a sintetizar fatores de

coagulação8, 21. Consiste em exercer efeito sinérgico com a IL-1β e o TNF-α

15

para promover a ativação das células T, sem produzir outras citocinas22. Na

presença do estresse oxidativo no espaço aéreo e no sangue inicia uma

sequência de eventos precoces durante o processo inflamatório pulmonar. As

células inflamatórias são sequestradas na microcirculação e recrutadas na via

aérea, resultando na geração de mediadores como IL-8. Uma vez recrutadas,

as células inflamatórias tornam-se ativadas gerando espécies reativas6.

A presença do estresse oxidativo no espaço aéreo e no sangue inicia

uma seqüência de eventos precoces durante o processo inflamatório pulmonar.

As células inflamatórias são seqüestradas na microcirculação pulmonar e

recrutadas na via aérea, resultando na geração de mediadores como IL-8. Uma

vez recrutadas, as células inflamatórias tornam-se ativadas gerando espécies

reativas12.

A IL8 é produzida principalmente por monócitos/ macrófagos e em

menor quantidade por fibroblastos, células endoteliais, queratinócitos,

melanócitos, hepatócitos e condrócitos. Seus estímulos normalmente são a IL-

1, TNF-α e IFNg. Pode ser inibida por corticosteroides e ciclosporina A. É uma

quimiocina, aumenta a quimiocinese e é fator quimiotático. A principal ação da

IL-8 é o grande estímulo migratório para as células do sistema imune,

principalmente neutrófilos, determinando ainda um aumento da expressão de

moléculas de adesão por células endoteliais. Também ativa polimorfonucleares

neutrofílicos, aumentando o metabolismo oxidativo8.

Por fim tem-se como antagonista da resposta inflamatória a IL-10, que

inibi citocinas, tais como TNF-α e a IL-1β pelos macrófagos, inibe as funções

celulares acessórias dos macrófagos na ativação da célula T21.

A interleucina 10 (IL-10) é uma citocina anti-inflamatória. A IL-10 é

produzida principalmente por células CD8+ativadas. O efeito principal da IL-10

é inibir a síntese de outras citocinas, Pacientes com AIDS e linfoma de Burkitt

secretam grandes quantidades de IL-108.

O estudo de Armstrong e Milla23 em 1997 salientou a potencial

importância do desequilíbrio das citocinas pró-inflamatórias e antinflamatórias

na SARA, que pode ser refletida pela relação IL-10 e TNF-α nos pulmões.

Os níveis plasmáticos estão elevados em modelos animais de

endotoxemia e inibem a liberação de citocinas pró-inflamatórias - como IL-1β,

IL-6, TNF-α - a partir de monócitos e macrófagos, prevenindo assim o

16

subseqüente dano tissular12.

Em estudos clínicos envolvendo pacientes de SARA de diferentes

etiologias - sepse, politraumatizados e perfuração intestinal - obteve-se que

pacientes com SARA demonstraram níveis menores de IL-10 circulante e no

lavado broncoalveolar, além de elevação dos níveis de TNF-α24.

1.4. A resposta inflamatória sistêmica no pós-operatório das

ressecções pulmonares

O trauma cirúrgico é um fator causal bem conhecido levando a resposta

inflamatória local e sistêmica que resulta em elevação dos níveis circulantes de

IL-6 e IL-8, podendo desempenhar um papel importante no desenvolvimento de

complicações pós-operatórias25.

A realização de uma pneumonectomia implica em algumas alterações

fisiológicas que ainda não estão bem esclarecidas sob todos os aspectos. As

complicações respiratórias respondem por aproximadamente 15% e, neste

grupo, a mortalidade pode chegar a 30%26. Em vários aspectos a morbi-

mortalidade está correlacionada com a intensidade da resposta inflamatória

local e sistêmica.

A lesão pulmonar aguda (LPA), expressão direta da inflamação neste

órgão, quando intensa pode levar a insuficiência respiratória hipoxêmica aguda

comumente denominada Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA).

Por isso LPA e a SARA representam um espectro de lesões pulmonares, sendo

o termo SARA reservado para os pacientes com anormalidades mais graves do

intercâmbio gasoso27.

A linha divisória arbitrária entre a LPA e a SARA pode ter relevância

clínica, uma vez que os doentes com lesão pulmonar mais severa

frequentemente apresentam lesões simultâneas de outros orgãos. As doenças

agudas associadas com a lesão multissistêmica são denominadas Síndrome

da Disfunção Multiorgânica, a qual é atualmente a causa mais comum de

mortalidade nas unidades de terapia intensiva28.

Werland e col29 demonstram que a SARA, independentemente da

causa, está associada com um influxo de neutrófilos e de seus subprodutos

inflamatórios como a elastase e mieloperoxidase. Mais recentemente, foi

demonstrado que a IL-1β encontra-se aumentada nos pulmões de doentes com

17

SARA, e quando reduzida, apresenta melhora progressiva30. Estudos sugerem

que o mecanismo comum para o desenvolvimento da SARA é a ativação da

inflamação que pode ocorrer como resultado de eventos que se encontram em

grande parte localizado nos pulmões ou de origem sistêmica28.

Proposta em 1992 pelo American College of Chest Physicians, a SRIS é

um conceito que incorpora as respostas fisiológicas contra o estresse

operatório31.

Doentes submetidos à ressecção ampliada por câncer de pulmão são

potencialmente de alto risco no desenvolvimento de complicações pós-

operatórias que estão associadas a altas taxas de mortalidade devido a SRIS

pós-operatória32.

A SRIS pode ser caracterizada por duas ou mais condições clínicas

como: temperatura corporal maior que 38°C ou menor que 36°C, frequência

cardíaca maior que 90 batimentos por minuto, frequência respiratória maior que

20 movimentos por minuto ou PaCO2 menor que 32mmHg obtida na

gasometria arterial, contagem de glóbulos brancos acima de 12000 ou menor

que 4000/mm3 ou presença de 10% ou mais de formas imaturas leucocitárias

no sangue periférico9.

Segundo Iwasaki e col32, doentes com neoplasia avançada

apresentaram SRIS após a cirurgia. A duração desta resposta foi

significativamente associada com as complicações pós-operatórias. Fatores

pré-operatórios, incluindo altos níveis de leucócitos e presença de doença

obstrutiva crônica, mostraram uma correlação com a duração da resposta

inflamatória sistêmica. Além disso, o volume de perda sanguínea e transfusão

também foram associados com a intensidade da inflamação. A SRIS interferiu

diretamente na taxa de sobrevida destes doentes.

Takenaka e col31 mostraram que o estresse operatório é uma ruptura da

homeostase e, como resultado, várias complicações pós-operatórias podem

ocorrer. Portanto, a avaliação objetiva do estresse operatório é uma questão

importante na gestão pós-operatória. A técnica, o tempo operatório e o

sangramento trans-operatório têm sido usados como fatores que pode interferir

no índice de estresse e são associados com a ocorrência de complicações pós-

operatórias. No entanto, as respostas fisiológicas variam de forma

individualizada mesmo analisando parâmetros semelhantes, sugerindo que

18

estes fatores não são suficientes para predizer a ocorrência de complicações.

Estes autores ainda concluem que os níveis de IL-6 repercutem na duração da

estadia hospitalar em doentes submetidos à cirurgia torácica servindo como

sensível indicador da resposta inflamatória fisiológica.

1.5. Interferências no efeito cumulativo da resposta inflamatória

local e sistêmica no pós-operatório de cirurgia de ressecção

pulmonar

O tempo operatório e de ventilação monopulmonar são eventos

fisiopatológicos atribuídos a dois importantes fatores: a hipóxia, uma vez que

ocorre redução da superfície de troca gasosa33 e o fluxo sanguíneo para o

pulmão atelectasiado fica reduzido pelo mecanismo da vasoconstrição

pulmonar hipóxica, que se alia à ação da gravidade quando o procedimento

cirúrgico é realizado em decúbito lateral34.

A reoxigenação estudada por Misthos e col35 quando feita após uma

hora de ventilação monopulmonar deveria ser considerado uma possível causa

de complicações cardiovasculares devido à geração de estresse oxidativo

severo na reexpansão pulmonar.

A reexpansão/reperfusão se associa a disfunções microvasculares,

dilatação nas arteríolas e a uma série de outros eventos, dos quais se

destacam a infiltração de leucócitos e o extravasamento de proteínas

plasmáticas resultando edema pulmonar característico36.

A quimioterapia neoadjuvante estudada por Endo e col37, sugere que

um único ciclo de tratamento com cisplatina e docetaxel no pré-operatório pode

agravar a produção de citocinas inflamatórias durante o período intra e pós-

operatório quando comparados a doentes que se submetem a operação sem

quimioterapia anterior a operação.

A infusão de hemocomponentes sugere que a lesão pulmonar aguda

associada à transfusão (TRALI) seja causada por dois eventos independentes,

sendo um pela predisposição clínica do doente, tal como cirurgia, trauma e

infecção severa, que levaria à produção de mediadores inflamatórios, ativando

o endotélio pulmonar, resultando em seqüestro de neutrófilos para o pulmão e

o outro envolvendo a infusão de anticorpos específicos para neutrófilos

aderidos ao pulmão ou compostos lipofílicos, também capazes de ativar os

19

neutrófilos aderidos. Uma vez ativados, os neutrófilos liberam espécies radicais

de oxigênio e enzimas tóxicas que lesam as células endoteliais dos capilares

pulmonares, seguidos de rompimento capilar, exsudação de fluidos e proteínas

para dentro do alvéolo resultando em edema pulmonar38.

Em doentes ventilados com O2 a 100% por um período de quatro dias

notou-se a presença de alterações exsudativas agudas envolvendo congestão,

edema e a formação de membrana hialina nos espaços alveolares. Isso

demonstra claramente uma fase inicial exsudativa caracterizada por congestão,

edema alveolar, hemorragia dentro dos alvéolos e um exsudato de fibrina.

Posteriormente, ocorre uma fase proliferativa caracterizada por edema septal e

alveolar seguida por proliferação de fibroblastos39. Estas alterações se

correlacionaram diretamente com o tempo prolongado de ventilação mecânica

utilizando altas taxas de oxigênio40.

O edema pulmonar é a expressão mais evidente da lesão pulmonar

induzida pela ventilação mecânica (LPIV). O principal mecanismo da formação

do edema e da lesão pulmonar é o aumento da permeabilidade. Esta alteração

acontece tanto em células epiteliais (mais tardia) dos alvéolos quanto no

endotélio capilar (dentro de poucos minutos)41. As principais células envolvidas

na LPIV são os macrófagos, que rapidamente se acumulam no interstício e nos

alvéolos atingidos e produzem as citocinas que levam a uma reação em cadeia

da “cascata inflamatória”. Além de seus possíveis efeitos locais, as citocinas

inflamatórias são também detectadas no sangue em animais com LPIV. Com

isso, especula-se sobre um possível efeito sistêmico da LPIV39.

Outro fator importante na resposta inflamatória em cirurgia torácica é a

extensão tumoral. Segundo Iwasak e col32, a taxa de mortalidade no pós-

operatório de ressecção tumoral classificado pelo TNM em T3 ou T4 é

potencialmente elevada devido ao aumento do risco de complicações pré-

operatórias. Afirmam ainda, que a taxa de frequência e duração de SRIS foram

maiores envolvendo tumores no descritor T4. Isso pode ser reflexo da

manipulação cirúrgica ampla ou na propagação sistêmica do câncer.

Segundo Hayes e col42, a extensão da ressecção cirúrgica tem influência

na resposta inflamatória no pós-operatório, uma vez que obteve uma taxa de

SARA de 5,2% após lobectomia e de 4,9% após pneumonectomia e de LPA de

2,2% após lobectomia e de 1,9% após pneumonectomia e nenhum caso após

20

segmentectomia. Dados semelhantes foram obtidos por Waller e col43.

A ocorrência de isquemia decorrente da vasoconstrição hipóxica leva à

lesão celular. A reoxigenação/reperfusão de tecidos hipóxicos pode resultar em

dano celular ainda maior causado pela interação de radicais livres, fatores

endoteliais e neutrófilos e está relacionado diretamente com o tempo da

atelectasia44. Sugere-se ainda que o dano das célula endotelial pulmonar

reflete no aumento da permeabilidade vascular, hipertensão pulmonar e

formação de edema posterior a hipoxemia 45.

A resposta inflamatória individual geneticamente pré-estabelecida tem

sido sugerida. Estudo recente mostra que o código genético pode contribuir de

forma favorável ou não na evolução do doente no pós-operatório, porque a

variabilidade gênica codifica proteínas pró-inflamatórias. No entanto acredita-se

que estes dados não suportam o conceito que a variação genética pode ser um

importante determinante do risco pós-operatório 46.

Tem havido um crescente reconhecimento de uma complexa resposta

imune frente a agressões como septicemia ou trauma. Acredita-se que tais

processos induzam não só uma resposta inflamatória sistêmica, mas também

uma resposta compensatória. A formação de estresse oxidativo no pulmão e

ativação de neutrófilos são os principais fatores determinantes do

desenvolvimento de insuficiência respiratória após a lesão pulmonar aguda e

sepse.

Esses conceitos foram amplamente surgindo a partir de análises

meticulosas de citocinas no plasma. Pouco se sabe sobre a resposta imune

neste contexto.

Sabe-se que a cirurgia torácica mobiliza monócitos circulantes clássicos

e intermediários, e está associada com a libertação de citocinas em resposta a

estímulos inflamatórios. Uma possível causa da baixa sobrevida é que um

extenso aumento dos níveis de citocinas inflamatórias, induzidas pelo estresse

cirúrgico, podendo criar um ambiente mais favorável para o crescimento de

células tumorais. Este aumento de citocinas inflamatórias no pós-operatório

atua como fatores de crescimento ou reduz fatores antiangiogênicos.

Consequentemente, ele pode se tornar um fator de risco para a recorrência

tumoral.

21

2. OBJETIVOS

1- Avaliar o perfil das interleucinas e células inflamatórias no pré, pós-

operatório imediato (POi), 4, 8, 24 e 48 horas pós operatório da cirurgia de

ressecção pulmonar em indivíduos sem complicações pós-operatórias.

2- Comparar a sensibilidade e a confiabilidade de dois métodos (Elisa e

Multiplex) para mensuração de interleucinas no pós-operatório deste grupo de

doentes.

22

3. CASUÍSTICA E MÉTODO

O estudo foi realizado de forma prospectiva, intervencionista,

envolvendo 27 pacientes internados no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp,

pela Disciplina de Cirurgia Torácica, submetidos à ressecção pulmonar para

neoplasias (benignas e malignas), variando em segmentectomia, lobectomia ou

pneumonectomia.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da

Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, parecer Nº 933/2009, e obteve

recurso financeiro concedido pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado

de São Paulo, processo FAPESP: 2011/51873-9.

A população de doentes incluídos neste estudo foi de ambos os gêneros,

com idade de 29 a 80 anos, submetidos ou não a quimioterapia e/ou

radioterapia prévias, hemodinamicamente estáveis, sem uso drogas vasoativas

ou desordens metabólicas e eletrolíticas pré e pós-operatória, sem sedação

contínua ou intermitente pós-cirurgia.

Foram excluídos da pesquisa doentes que desenvolveram instabilidade

hemodinâmica pós-operatória, falência renal, embolia pulmonar,

broncopneumonia aspirativa e distúrbios ventilatórios graves. Todas as

cirurgias foram realizadas no período da manhã.

Os dados como gênero, raça, índice de massa corporal, tabagismo,

presença de doenças associadas, uso de corticóide ou broncodilatador, tipo de

neoplasia e estádio, tratamento coadjuvante com quimioterapia ou radioterapia,

presença de metástase, existência de complicações até 48 horas pós-cirurgia e

necessidade de antibioticoterapia foram coletados no prontuário do doente. Os

pacientes do presente estudo deveriam estar a no mínimo três meses sem

realização de quimioterapia e radioterapia prévias.

Com a equipe de anestesia foram obtidas as informações quanto ao

modo de administração da analgesia no intra e pós-operatório, o tipo de

intubação, o modo ventilatório, o tempo de ventilação mono pulmonar, o

volume corrente, a PEEP e a fração inspirada de oxigênio fornecida ao doente,

necessidade de drogas vasoativas, transfusão de hemoderivados e/ou infusão

de cristalóides, tempo de isquemia quando houver, tempo de cirurgia e o local

onde foi realizada a extubação.

23

Foram analisados radiogramas de tórax, índice de oxigenação e PEEP.

Outros dados do doente que foram analisados no período pré e pós-operatório

foram: leucócitos, plaquetas, TNF-α, IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, gasometria arterial

e venosa, índice de oxigenação, saturação periférica, FR, FC e temperatura.

O raio-X ântero-posterior foi solicitado e realizado segundo normas e

técnicas de rotina no pré e pós-operatório. O índice da saturação periférica foi

obtido através do oxímetro de pulso e a FR e FC foram obtidas através dos

dados oferecidos pelo monitor não invasivo adaptado no doente para avaliação

dos sinais vitais.

A coleta da gasometria arterial e venosa foi feita no pré-operatório, pós-

operatório imediato - POi (exatamente quando é reiniciada a ventilação

bipulmonar), 4, 8, 24 e 48 horas pós-operatória, através de uma amostra de

sangue arterial e venoso realizada pela equipe de enfermagem responsável

pelo doente e analisado no laboratório de gasometria do HC da Unicamp,

seguindo técnicas e normas do serviço. O índice de oxigenação também foi

obtido nos tempos citados acima através da seguinte conta: pressão arterial de

oxigênio (PaO2) dado pela gasometria, dividido pelo FiO2 fornecido ao doente.

Foram colhidas seis amostras de sangue venoso e arterial, pré-

operatório, no POi, 4, 8, 24 e 48 horas pós-operatório sendo uma alíquota para

quantificação de leucócitos e outra centrifugada e resfriada a -80° C, retirado o

plasma e mensurado os níveis de TNF-α, IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, usando o kit

Human TNF-alpha DuoSet R&D Systems Inc, Human IL-1 beta/IL-1F2 DuoSet

R&D Systems Inc, Human IL-6 DuoSet R&D Systems Inc, Human CXCL8/IL-8

DuoSet R&D Systems Inc, Human IL-10 DuoSet R&D systems Inc; e os kits

para análise no Multiplex (micro-ensaios).

As análises realizadas foram a estatística descritiva, posteriormente

aplicou-se o teste T pareado e análise de variância associada ao teste de

Bonferroni, considerando como significativo o valor de p< 0.05. O software

usado foi SPSS (Statistical Package Social Sciences) version 14.0.

24

4. RESULTADOS

Nossa casuística compreendeu 27 pacientes, com uma mediana de idade

de 63 anos, sendo 59% do sexo masculino. Na tabela 1 está demonstrada a

característica demográfica e os tipos de ressecção pulmonar.

Tabela 1: Características dos pacientes

Variáveis n= 27 %

Idade mediana (variação) 63 (29-80)

Gênero: masculino 16 59.3

Gênero: feminino 11 40,7

Tipo ressecção pulmonar

Segmentectomia 6 22.2

Lobectomia 17 62.9

Bilobectomia 3 11.1

Pneumectomia 1 3.7

25

4.1. Contagem Leucócitos

Na curva está descrita a média de leucócitos, obtidos através de exames

de sangue dos pacientes nos tempos: pré-operatório, intra-operatório, 04h pós-

operatório, 08h pós-operatório, 24h pós-operatório e 48h pós-operatório, onde

foi observada elevação significativa nos tempos: pós-operatório imediato e 04

horas pós-cirurgia em relação ao período pré-operatório.

103 x μl

103 x μl

26

4.2. Potencial Hidrogeniônico (pH)

Na curva está descrita a média de Ph, obtidos através de gasometrias

arteriais coletadas dos pacientes nos tempos: pré-operatório, intra-operatório,

04h pós-operatório, 08h pós-operatório, 24h pós-operatório e 48h pós-

operatório, onde foi observada diminuição significativa no tempo 04 horas pós-

cirurgia em relação ao período pré-operatório.

27

4.3. Pressão Parcial de Gás Carbônico (PCO2)

Na curva está descrita a média de PCO2, obtidos através de gasometrias

arteriais coletadas dos pacientes nos tempos: pré-operatório, intra-operatório,

04h pós-operatório, 08h pós-operatório, 24h pós-operatório e 48h pós-

operatório, onde foi observada elevação significativa no tempo 04 horas pós-

cirurgia em relação ao período pré-operatório.

28

4.4. Pressão Parcial de Oxigênio (PO2)

Na curva está descrita a média de PO2, obtidos através de gasometrias

arteriais coletadas dos pacientes nos tempos: pré-operatório, intra-operatório,

04h pós-operatório, 08h pós-operatório, 24h pós-operatório e 48h pós-

operatório, onde foi observada elevação significativa no tempo pós-operatório

imediato em relação ao período pré-operatório.

29

4.5. Bicarbonato (HCO3)

Na curva está descrita a média de HCO3. obtidos através de

gasometrias arteriais coletadas dos pacientes nos tempos: pré-operatório, intra-

operatório, 04h pós-operatório, 08h pós-operatório, 24h pós-operatório e 48h

pós-operatório. Não foi observada nenhuma alteração significativa para o HCO3

em relação ao período pré-operatório.

30

4.6. Base Excess (BE)

Na curva está descrita a média de BE, obtidos através de gasometrias

arteriais coletadas dos pacientes nos tempos: pré-operatório, intra-operatório,

04h pós-operatório, 08h pós-operatório, 24h pós-operatório e 48h pós-

operatório, onde foi observada diminuição significativa no tempo 04h pós-

cirurgia em relação ao período pré-operatório.

31

4.7. Saturação de Oxigênio (SatO2)

Na curva está descrita a média de SatO2, obtidos através de

gasometrias arteriais coletadas dos pacientes nos tempos: pré-operatório, intra-

operatório, 04h pós-operatório, 08h pós-operatório, 24h pós-operatório e 48h

pós-operatório, onde foi observada elevação significativa no tempo pós-

operatório imediato em relação ao período pré-operatório.

32

4.8. Lactato

Na curva está descrita a média de Lactato, obtidos através de

gasometrias arteriais coletadas dos pacientes nos tempos: pré-operatório, intra-

operatório, 04h pós-operatório, 08h pós-operatório, 24h pós-operatório e 48h

pós-operatório, onde foi observada elevação significativa no tempo pós-

operatório 04h pós-cirurgia em relação ao período pré-operatório.

Lactato

mmol/L

Lactato

mmol/L

33

4.9. Frequência Respiratória (FR)

Na curva está descrita a média de FR, obtida através de análises

clínicas realizadas nos pacientes nos tempos: pré-operatório, intra-operatório,

04h pós-operatório, 08h pós-operatório, 24h pós-operatório e 48h pós-

operatório, onde foi observada diminuição significativa no tempo pós-operatório

imediato em relação ao período pré-operatório.

rpm

34

4.10. Frequência Cardíaca (FC)

Na curva está descrita a média de FC, obtida através de análises

clínicas realizadas nos pacientes nos tempos: pré-operatório, intra-operatório,

04h pós-operatório, 08h pós-operatório, 24h pós-operatório e 48h pós-

operatório, onde foi observada elevação significativa no tempo 04h pós-cirurgia

em relação ao período pré-operatório.

bpm

35

4.11. Temperatura

Na curva está descrita a média de temperatura, onde foi observada

diminuição significativa no tempo pós-operatório imediato em relação ao

período pré-operatório.

4.12. Plaquetas

Na curva está descrita a média de plaquetas, onde foi observada

diminuição significativa no tempo 48h pós-cirurgia em relação ao período pré-

operatório.

ºC

μl

36

4.13. Índice de Oxigenação

Na curva está descrita a média do Índice de Oxigenação, onde não foi

observada nenhuma alteração significativa em relação ao período pré-

operatório.

37

4.14. Interleucina-8 (IL-8) - Elisa

Estão descritos abaixo os valores de IL8 obtidos através de análises em

duplicata de amostras congeladas no biofreezer a -80°C de soro do sangue dos

pacientes participantes da pesquisa, utilizando-se os kits Elisa, nos tempos:

pré-operatório, intra-operatório, 04h pós-operatório, 08h pós-operatório, 24h

pós-operatório e 48h pós-operatório. Dentre todas as interleucinas analisadas a

IL-8 apresentou diferença estatistica no pré operatório 1-2 (p= 0.007) em

relação ao período pós-operatório, enquanto nos outros momentos não

apresentou diferença estatística.

38

4.15. Interleucina-1 beta (IL1 beta); Interleucina-6 (IL-6);

Interleucina-10 (IL-10); Fator de Necrose Tumoral alfa (TNFα) - Elisa

As interleucinas: IL-1 beta, IL-6; IL-10 e o TNFα, também estão descritas

abaixo nas respectivas tabelas, e foram obtidas das rotinas que temos descrito.

Cabe ressaltar, que em cada uma é possível constatar um número considerável

de dados faltantes, entretanto, isso ocorreu na grande maioria das vezes,

devido ao fato dos kits Duo Set Elisa não terem conseguido identificar e/ou

marcar as interleucinas.

39

Análise Descritiva - ELISA (primeira medida)

3 8 27 4 3

24 19 0 23 24

40,6033 354,0163 16,9167 681,6475 456,1933

32,3500 337,0000 16,9100 268,9450 317,8100

43,68865 233,04728 7,17941 953,51515 538,12950

1,63 93,07 4,54 88,70 ,77

87,83 630,00 32,02 2100,00 1050,00

2 15 27 17 3

25 12 0 10 24

55,3050 304,0573 38,2552 471,2382 403,0267

55,3050 224,7400 26,6400 198,9500 157,3200

38,86966 184,01812 55,65415 656,09798 565,66828

27,82 88,42 4,47 56,08 1,76

82,79 630,00 306,14 2100,00 1050,00

2 20 27 14 3

25 7 0 13 24

55,9300 249,0400 63,5959 251,3857 322,8267

55,9300 222,8400 44,0700 107,9450 124,7800

31,09856 165,32024 86,99529 541,17796 455,38367

33,94 ,00 1,25 ,00 ,00

77,92 630,00 474,18 2100,00 843,70

2 19 27 13 3

25 8 0 14 24

73,9050 244,1700 51,7489 241,5100 414,1300

73,9050 205,1700 39,5800 70,0400 190,9100

55,62809 174,60421 67,71718 566,23832 558,76554

34,57 ,00 11,25 2,01 1,48

113,24 630,00 379,86 2100,00 1050,00

3 15 27 8 3

24 12 0 19 24

49,8867 216,5447 27,9256 408,9788 305,0967

19,8200 162,4800 23,6000 108,8150 98,1200

69,71522 213,62456 21,04130 709,82746 444,90142

,25 ,00 8,81 2,97 1,39

129,59 630,00 117,53 2100,00 815,78

2 11 27 7 3

25 16 0 20 24

11,0550 224,4200 20,2437 182,2457 33,7233

11,0550 188,0600 15,3400 88,4200 ,3800

15,63413 203,40406 27,99242 269,36519 58,08175

,00 12,09 ,29 38,39 ,00

22,11 630,00 151,38 790,51 100,79

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Tempos analisados

pré-operatório

pós-operatório

4 horas

8 horas

24 horas

48 horas

IL_1 beta - Elisa IL_6 - Elisa IL_8 - Elisa IL_10 - Elisa TNF alfa - Elisa

40

Análise des critiva - ELISA - 2a medida

3 5 27 5 3

24 22 0 22 24

49,3567 472,1720 15,7326 593,9980 417,3733

40,2500 500,4200 15,8900 163,8200 199,1000

46,82888 204,09828 6,33333 867,82128 556,57364

7,75 131,59 4,07 29,76 3,02

100,07 630,00 29,34 2100,00 1050,00

2 16 27 17 3

25 11 0 10 24

62,8200 274,9288 35,8074 476,2529 419,8300

62,8200 234,5400 26,5700 189,7200 208,6500

44,98613 162,49847 46,36900 660,04797 555,54651

31,01 65,52 3,27 44,53 ,84

94,63 630,00 256,59 2100,00 1050,00

2 21 27 14 3

25 6 0 13 24

58,9700 249,0895 56,3285 253,2750 363,1667

58,9700 218,6800 42,3300 95,7100 152,4500

37,06654 164,42518 75,34477 541,62922 502,80892

32,76 ,00 1,18 ,00 ,00

85,18 630,00 415,54 2100,00 937,05

2 19 27 11 3

25 8 0 16 24

73,8200 233,3000 52,6222 282,6318 392,7867

73,8200 205,8600 37,6100 58,9600 127,3900

47,33373 177,07765 85,62715 608,79677 572,66267

40,35 12,09 12,48 10,06 ,97

107,29 630,00 472,22 2100,00 1050,00

3 9 27 8 3

24 18 0 19 24

44,6400 312,1422 25,9200 376,3488 348,8100

23,9400 254,2700 23,4100 97,9300 94,6900

57,16368 215,42741 15,06077 709,69099 522,07205

,71 37,72 10,79 37,21 2,45

109,27 630,00 77,20 2100,00 949,29

3 9 27 8 5

24 18 0 19 22

7,9033 301,4789 18,1359 127,7100 20,4480

1,7600 224,1100 16,4000 71,2250 2,9400

11,97209 248,81736 21,07351 159,03184 40,32141

,25 28,91 ,09 25,75 ,51

21,70 630,00 114,36 513,18 92,51

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Valid

Missing

N

Mean

Median

Std. Deviation

Minimum

Maximum

Tempos analisados

pré-operatório

pós-operatório

4 horas

8 horas

24 horas

48 horas

IL_1 beta - Elisa IL_6 - Elisa IL_8 - Elisa IL_10 - Elisa TNF alfa - Elisa

41

4.16. IL-1 beta - Multiplex (Micro-ensaios)

Na curva está descrita a média de IL1 beta, onde não foi observada

nenhuma alteração significativa em relação ao período pré-operatório, embora

tenha existido um aumento no tempo 48h pós-cirurgia.

pg/ml

42

4.17. IL-6 Multiplex (Micro-ensaios)

Na curva está descrita a média de IL6, onde foi observada elevação

significativa no tempo 04h pós-cirurgia em relação ao período pré-operatório.

43

4.18. IL-8 Multiplex (Micro-ensaios)

Na curva está descrita a média de IL8, onde não foi observada nenhuma

alteração significativa, embora tenha existido um aumento no tempo 4h pós-

cirurgia em relação ao período pré-operatório.

44

4.19. IL-10 Multiplex (Micro-ensaios)

Na curva está descrita a média de IL10, onde foi observada elevação

significativa no tempo POI pós-cirurgia em relação ao período pré-operatório.

45

4.20. TNF-alfa Multiplex (Micro-ensaios)

Na curva está descrita a média de TNF alfa, onde não foi observada

nenhuma alteração significativa, embora tenha existido um aumento no tempo

48h pós-cirurgia em relação ao período pré-operatório.

46

5. DISCUSSÃO

O conhecimento sobre a resposta inflamatória no pós-operatório e a sua

repercussão sobre a função ventilatória e oxigenação é de extrema importância

para que possamos evitar ao máximo grandes distúrbios ocasionados por uma

inflamação de maior intensidade, podendo trazer consequências a curto, médio

e longo prazo.

Woods SJ e col47 indicam que as células parenquimatosas susceptíveis

são as células dentro dos pulmões que iniciam a resposta inflamatória ao

estiramento, seguido de comunicação para outros tipos de células, o que pode,

em seguida, propagar a cascata.

Diferentes redes existentes entre mediadores pró-inflamatórios e anti-

inflamatórios conduzem a respostas adequadas à infecção. O padrão de

citocinas liberado para o microambiente dita a direção da reação imune para o

tipo de reposta48.

Biomarcadores, incluindo citocinas, podem ajudar no diagnóstico,

prognóstico e previsão da resposta ao tratamento em uma ampla gama de

configurações de doença. A identificação de biomarcadores pode ajudar a

diagnosticar a doença, auxiliar no prognóstico e / ou prever o resultado do

tratamento49.

Uma alta concentração de neutrófilos é conhecida por promover a

progressão do tumor, e pode suprimir o efeito antitumoral de linfócitos. Deste

modo, um desequilíbrio de neutrófilos e linfócitos no sangue periférico pode ser

associado com o desenvolvimento do tumor50.

Ghanim B e col50 viram que marcadores inflamatórios elevados

forneceram informações prognósticas ruins em pacientes submetidos a

metastasectomia pulmonar para câncer colorretal. Eles tiveram evidência de

que, um estado do paciente pró-inflamatório, refletido pela alta fibrinogênio,

elevado PCR e altas pontuações inflamatórias, são fatores negativos no

prognóstico em pacientes submetidos à metastasectomia pulmonar curativo

para câncer colorretal.

Battista AP e col51 demonstraram que, após um TCE isolado, alterações

agudas nos níveis sistêmicos de citocinas e quimiocinas foram associadas a

desfecho desfavorável do paciente e morte.

Desta forma, o melhor conhecimento da resposta inflamatória permitiria

47

uma customização e personalização do tratamento. Um padrão distinto dos

níveis de citocinas medidos no início da sepse prediz a evolução da doença. As

primeiras horas cruciais na sepse determinam o curso da doença. Quando

associado com falência de órgãos e choque esta fase inicial é marcada por

uma intensa resposta inflamatória e perturbações dos sistemas: endócrino, de

coagulação, renal e cardiopulmonar. Em aqueles que sobrevivem à fase do

choque séptico no início, dentro de dias uma síndrome da resposta anti-

inflamatória compensatória pode ser desenvolvida. Mediada por inibidores da

resposta pró-inflamatória, a segunda fase é marcada por uma

imunossupressão e alto risco de infecção secundária. Portanto, o padrão de

citocinas tem uma grande promessa como biomarcadores de prognóstico da

doença e para a descoberta de novas terapias52.

5.1. Análise dos dados

Os dados gasométricos apresentaram reduções significativas para PH,

BE, e FR enquanto que PCO2, PO2, SatO2, e lactato apresentaram elevações

significativas em relação ao período pré-operatório. A contagem de leucócitos,

FR e FC também mostraram elevações significativas.

A queda do PH está associada à elevação do PCO2. Nota-se que as

alterações acontecem no pós-operatório de 04h. Isso acontece, provavelmente,

devido à reação tampão de equilíbrio ácido-básico. Quando o PCO2 aumenta

automaticamente os valores do PH caem para que o organismo retorne à

homeostase. A elevação do PCO2 pode ter ocorrido neste período por ter sido o

tempo subsequente à extubação, o que levou o paciente a reter um pouco mais

a PCO2.

Os valores de PO2 e da SatO2 também estão relacionados, ou seja, a

elevação de um provoca a elevação do outro, o que ocorreu no tempo pós-

operatório imediato, onde o paciente ainda encontrava-se em intubação

orotraqueal e ventilação mecânica invasiva. Enfatizando que os valores da FR

diminuíram nesse mesmo tempo, devido ao fato do paciente estar submetido à

ventilação mecânica.

A contagem de leucócitos mostrou elevação significativa em relação ao

período pré-operatório nos tempos: pós-operatório imediato e 04h pós-cirurgia.

Concomitantemente, houve o aumento do lactato no tempo 04h pós-cirurgia.

48

Estes valores sugerem que a resposta inflamatória pode ter sido maior nesses

momentos, o que resultou também o aumento da FC.

A temperatura mostrou diminuição significativa no POI, evento que está

diretamente associado às baixas temperaturas do centro cirúrgico.

A contagem de plaquetas mostrou diminuição significativa em 48h,

podendo sugerir uma piora do sistema de coagulação ou por sequestro para as

regiões cirúrgicas, associada ao aumento de IL1β e TNFα.

Com relação às análises das interleucinas, foi possível analisar através

dos kits Elisa somente a IL-8.

As inteuleucinas analisadas não conseguiram leitura pelos kits Elisa na

maioria dos tempos. Para a maioria das citocinas, a relativa falta de

sensibilidade e especificidade de medições individuais tem impedido a sua

utilidade para prever a trajetória clínica em pacientes.

O ensaio imunoenzimático Elisa é o método tradicional de quantificar

com exatidão os níveis de citocinas. No entanto, é limitado pelo fato de que

apenas uma citocina pode ser medida em um momento. No entanto, micro-

ensaios de proteínas têm evoluído recentemente como uma ferramenta

promissora para mensuração em amostras biológicas. Um micro-ensaio de

proteína é, em muitos aspectos, uma versão miniaturizada de um sanduíche

Elisa. A quantificação da abundância de citocinas por microarranjo envolve

tipicamente a captura de anticorpo num retículo de vidro revestido e a

incubação com uma amostra de soro. Tal como com o Elisa de sanduíche, a

especificidade do alvo é maximizada através da utilização de conjuntos

emparelhados de anticorpos de captura e detecção, que se ligam ao mesmo

antígeno através de epítopos separados. Em contraste com Elisa, os micro-

ensaios têm a capacidade de avaliar várias citocinas simultaneamente. Eles

requerem volumes de amostra menores do que o Elisa, são mais sensíveis e

têm um maior intervalo dinâmico. Estes fatores tornam micro-ensaios uma

alternativa mais barata e potencialmente favorável para a detecção em larga

escala de proteínas conhecidas49.

O uso do Multiplex (micro-ensaios) utiliza pequenas amostras e grande

escopo de detecção de biomarcadores, apresentando maior sensibilidade

quando comparado ao Elisa.

Selvarajah S e col49 viram que de forma decisiva, não foram encontradas

49

diferenças significativas entre os níveis séricos de citocinas detectados por

micro-ensaios e o Elisa, o "padrão-ouro" em imunoensaios, mostrando que as

duas técnicas são comparáveis.

Com o multiplex foi observado elevação significativa de IL6 em 4h pós-

cirurgia, elevação de IL8 no mesmo tempo, porém não significativa, aumento

significativo de IL10 no POI, e aumento de TNF alfa e IL1 beta em 48 h pós

cirurgia, não significativo, em relação ao período pré-operatório.

A IL-1β é uma citocina pró-inflamatória vital que medeia as funções

imunes e participa na resistência às infecções microbacterianas durante os

estágios iniciais da infecção53.

Ehrnthaller C. e col13 mostraram que a expressão de genes para IL-1α

encontrada foi cerca de três vezes mais rápida após o trauma (1h), enquanto

que a expressão de IL-1β alcançada foi significativa após 12 h, e persistiu até

24 h. Neste estudo eles sugerem que, compreender em escala genômica,

como um organismo responde ao trauma torácico fechado grave pode

contribuir para uma avaliação clínica melhor, colocando novas modalidades de

tratamento.

Katsuta e col.54 mostraram que o TNF-α e IL1-β eram significativamente

elevados nas 24 horas até 72 horas após esofagectomia. O TNF-α e IL1-β se

apresentaram responsáveis pela produção da interleucina 6 (IL-6). O aumento

da IL-6 no pós-operatório está associado com o tempo de duração da cirurgia e

perda de sangue no intra-operatório. Neste estudo observou-se que o

comprometimento pulmonar e a pneumonia após cirurgia esofágica foram

associados à capacidade de produção de monócitos aumentada de TNF-α e IL-

1β sugerindo que estes marcadores podem ser valiosos na avaliação pré-

operatória de pacientes que aguardam esofagectomia.

Waller e col.43 afirmaram que o TNF variou de 11 para 12 pg/ml no

período pré e pós-operatório de pneumonectomia, mas não foi significativa a

alteração no pré e pós-operatório da lobectomia. Já a interleucina 8 (IL-8)

variou de 50 a 56 pg/ml na pneumectomia e de 44 a 46 pg/ml na lobectomia

nos mesmos períodos.

Yim e col.25 concluiram que na lobectomia vídeo-assistida a reação pós-

inflamatória e anti-inflamatória foi menor comparada com a toracotomia. A

média de valores do TNF-α e IL 1β nos tempos pré-operatório, pós-operatório

50

imediato, 4, 8, 24 e 48 horas após a cirurgia não foram maiores que 10 pg/ml e

5 pg/ml respectivamente. Já as IL-6, IL-8 e interleucina 10 (IL-10)

apresentaram- se elevadas no pós operatório.

Battista AP e col51 encontraram acentuados aumentos na circulação de

IL-10 e alterações em todas as quimiocinas avaliadas dentro de 24 h de

internação hospitalar em pacientes pós traumatismo crânio encefálico. Este

estudo verificou que um número de citocinas periféricas e quimiocinas são

alteradas no período agudo após TCE isolado, moderado e severo. Estas

alterações estão associadas a resultados desfavoráveis para o paciente.

Craig e col.55 quantificaram a proteína C reativa (PCR) plasmática e IL-6

e concluíram que seu aumento ocorreu tanto na cirurgia video assistida quanto

na cirurgia aberta. A elevação pós-operatória foi observada após 4 horas de

cirurgia, o pico da concentração nas 48hs e o declínio foi mais evidente após

as 72h de pós-operatório.

A resposta da citocina IL-6 à cirurgia também mostrou uma menor

concentração de pico no grupo da cirurgia video-assistida, em comparação

com o grupo da cirurgia aberta convencional. Mas a IL-6 aumentou

rapidamente, tanto na cirurgia aberta quanto na fechada 4 h após a cirurgia. O

pico de IL-6 no grupo da cirurgia vídeo assistida apareceu mais cedo em

comparação com pico de IL-6 no grupo da cirurgia aberta, porém a

concentração da citocina foi maior no grupo da toracotomia. Este estudo

concluiu que a lobectomia pulmonar na cirurgia vídeo assistida está associada

a reduções das alterações peri-operatórias nas respostas de fase aguda. Este

achado pode ter implicações para a imunovigilância peri-operatória de tumores

em pacientes com câncer de pulmão55.

Amar e col.56 demonstraram que os níveis médios de PCR e IL-6 tiveram

aumento significativo no primeiro dia pós-operatório em comparação ao pré-

operatório e após anestesia, tanto nos pacientes que apresentaram

complicações pós-operatórias como aqueles que não apresentaram. A principal

conclusão deste estudo é que marcadores de inflamação como PCR ou IL-6

podem ajudar distinguir pacientes que estão em alto risco para maiores

complicações cardiopulmonares após a cirurgia torácica.

Szczesny e col.57 também concluiram que a concentração elevada de IL-

6 no soro é um bom marcador para o desenvolvimento de complicações pós-

51

operatórias.

Em pacientes sem complicações no pós-operatório a concentração de

IL-6 antes da cirurgia, no final da cirurgia, e nos dias 1, 3 e 7 pós-operatório foi

de 6,25 pg/ml, 70,5 pg/ml, 143,5 pg/ml, 61,5 pg/ml, e 21,5 pg/ml,

respectivamente. Diferenças das concentrações IL-6 entre os dois grupos

foram significativas no sétimo dia pós-operatório. Este estudo sugere que

concentrações elevadas de IL-6 e IL-1 no líquido pleural no período pós-

operatório são marcadores promissores precoces de complicações pós-

operatórias57.

Em nosso estudo percebemos que TNFα e IL1β apresentaram

comportamentos semelhantes, embora não significativos, com aumento em

48h pós-cirurgia. Talvez com uma maior amostragem fosse possível identificar

dados com diferenças estatísticas. Essas alterações devem nos chamar

atenção, observando que o paciente mesmo depois de 48h pós cirurgia

começa a apresentar elevação desssas citocinas, demonstrando que o risco de

uma resposta inflamatória mais agressiva pode vir a ser mais tardio.

As citocinas IL6 e IL8 tiveram aumentos em 4h pós-cirurgia, embora não

tenha se apresentado estatisticamente significante em IL8 em relação ao

período pré-operatório.

A IL10 em contrapartida apresentou aumento significativo no POI. Por

ser uma citocina anti-inflamatória, tendo por efeito principal inibir a síntese de

outras citocinas, ela já no período do intra-operatório apresenta elevações

significativas, já preparando o organismo e evitando que ele tenha uma reação

muito agressiva na produção de citocinas.

O presente estudo mostra o perfil inflamatório de doentes submetidos à

ressecção pulmonar sem complicações pós-operatórias e teve também por

finalidade contribuir na busca de alternativas mais específicas e adequadas

para o controle da resposta inflamatória aguda. Com este conhecimento, a

intervenção poderá ser mais específica àquela citocina que causa maior

prejuízo ao doente, como também ao tempo exato da intervenção.

52

6. CONCLUSÃO

1- Os dados permitiram a determinação de um perfil inflamatório humoral

no pós-operatório de ressecção pulmonar de pacientes sem complicações pós-

operatórias.

2- Apesar da confiabilidade do Elisa, o Multiplex mostrou ser um método

mais sensível para a determinação do perfil inflamatório humoral.

53

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59

8. ANEXOS

FICHA DE ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE MEDIADORES INFLAMATÓRIOS E FUNÇÃO VENTILATÓRIA E OXIGENAÇÃO NO PRÉ E

PÓS OPERATÓRIO DE RESSECÇÃO PULMONAR

Data:

Matrícula:

Paciente:

Idade: Sexo:

Pré-Operatório

Raça 1-Branca 2-Amarela 3-Parda 4-Negra

Tabagismo 1-Sim 2-Não 3-Ex tabag. tempo?

Maço/Ano:

Doenças Assoc.

1-DM 2-ICo 3-HAS 4-DPOC

5-IRC(Cr>1,5) 6-Outros

Uso corticóide pré

1-Sim 2-Não

Broncodilatador

1-Sim 2-Não

Neoplasia 1-CEC 2-Adeno 3-Peq. células 4-Outros

Quimioterapia 1-Sim 2-Não Dose Repetição

Intervalo

Radioterapia 1-Sim 2-Não Dose Repetição

60

Intervalo

Metástase 1-Cólon 2-Rim 3-Sarcoma 4- Outros

Rxt 1. Nenhuma Consolidação Alveolar (0)

2. Consolidação Alveolar de 1 quadrante (1)

3. Consolidação Alveolar de 2 quadrantes (2)

4. Consolidação alveolar de 3 quadrantes (3)

5. Consolidação Alveolar de 4 quadrantes (4)

Intra-Operatório

Tipo 1-Segmentectomia

2-Ressecão Cunha

3-Lobectomia 4-Bilobectomia

5-Pneumectomia 6-Tum. Mediastino

7-Toracectomia

Quantas costelas?

8- Broncoplastia 9-Outros

Local 1-Lobo superior 2-Lobo médio 3-Língula 4-Lobo Inferior

5-Mediastino a) anterior b) médio c) posterior

6-Pleura

Lado 1-Esquerdo 2-Direito 3-Bilateral

Analgesia 1-Peridural a)Com cateter b)Sem cateter

Bloqueio 1- Bloq. Intercostal

2- Subcut./musc. 3. Intrapleural

Intubação 1-Seletiva 2-Simples 3-Bloqueador

61

Tipo ventilação

1-PC 2-VC

Parâmetros Pré-op Intra-op Pós-imediato

VC= VC= VC=

Pi= Pi= Pi=

Platô= Platô= Platô=

Peep= Peep= Peep=

FR= FR= FR=

FC= FC= FC=

SatO2 perif.= SatO2 perif.= SatO2 perif.=

FiO2 pré= intra= pós=

ph= ph= ph= ANOTAR

pO2= pO2= pO2= PÁGINA 06

pCO2= pCO2= pCO2=

HCO3= HCO3= HCO3=

BE= BE= BE=

SatO2= SatO2= SatO2=

Na= Na= Na=

K= K= K=

Cl= Cl= Cl=

62

Ca= Ca= Ca=

Glicose= Glicose= Glicose=

Lactato= Lactato= Lactato=

PaO2/FiO2= PaO2/FiO2= PaO2/FiO2=

Mediadores Inflamatórios

Pré - OP POI 4h PO 8h PO 24h PO 48h PO

LeucócitosWBC

ILB 1

IL 6

IL 8

IL 10

TNFa

ph

pCO2

PO2

HCO3

BE

SatO2

% O2

Lactato

PaO2/FiO2

63

SatO2 perif.

FR

FC

ABT: antibiótico terapia; Adeno: adenocarcinoma; AINH: anti-inflamatório não hormonal; AVC: acidente vascular cerebral; BE: excesso de base; CEC: câncer extra-celular; CmH2O: centímetros de água; CTVA: cirurgia torácica vídeo assistida; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; F: feminino; FA: fibrilação atrial; FC: frequência cardíaca; FR: frequência respiratória; H: hora; HAS: hipertensão arterial sistêmica; HCO3 bicarbonato; IAM: infarto agudo do miocárdio ICC: insuficiência cardíaca congestiva; Ico: insuficiência coronariana; IL: interleucina IMC: índice de massa corporal; IOT: intubação oro traqueal; IRC: insuficiência respiratória crônica; IV: endo venosa; Leuco: leucócitos; M: masculino; MG: micrograma; Min: minuto; Ml: militros; N:não; O2: oxigênio; PaO2: pressão arterial de oxigênio; PCO2 : pressão de dióxido de carbono; Peq cels: pequenas células; PO: pós-operatório; POP: pré-operatório; RX: raio X; S: sim; SARA: síndrome da angustia respiratória no adulto; Sat O2 saturação arterial de oxigênio; SIRS: síndrome suficiência respiratória aguda sistêmica; T: temperatura; TEP: trombo embolismo pulmonar TNF: fator de necrose tumoral; TVP: trombose venosa profunda; VO: via oral.

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