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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA – FOP DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA LEGAL E DEONTOLOGIA PIRACICABA 2009 FREQUÊNCIA DE TRAÇOS ANTROPOLÓGICOS NÃO-MÉTRICOS NA ARCADA DENTÁRIA DE BRASILEIROS NATOS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A IDENTIFICAÇÃO HUMANA PROJETO DE PESQUISA RACHEL LIMA RIBEIRO TINOCO

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMPFACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA – FOP

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA LEGAL E DEONTOLOGIA

PIRACICABA2009

FREQUÊNCIA DE TRAÇOS

ANTROPOLÓGICOS NÃO-MÉTRICOS NA ARCADA DENTÁRIA

DE BRASILEIROS NATOS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A

IDENTIFICAÇÃO HUMANA

PROJETO DE PESQUISA

RACHEL LIMA RIBEIRO TINOCO

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Introdução

� Subdivisões geográficas da humanidade:

– A divisão da humanidade em raças já rendeu amplas discussões,

a começar na zoologia, na década de 1860, com defensores

fervorosos da unicidade da raça humana.

– Após longos debates entre antropólogos e outros pesquisadores,

foi sugerida a adoção dos termos “etnia”, “ancestralidade”,

“descendência”, ou “origem geográfica”, embora o conceito

pretendido não tenha sofrido qualquer alteração.

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Introdução

� Subdivisões geográficas da humanidade:

– Existem várias formas de divisão étnica, com diferentes formas

de agrupar indivíduos semelhantes.

– Cuvier (1817) sugeriu simplificá-las para

• Caucasianos ou brancos

• Mongolianos ou amarelos

• Etiopianos ou negros

– Tal divisão evoluiu para “caucasóides”, “mongolóides” e

“negróides”.

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Introdução

� Cada grupo étnico traz suas características particulares, dentre

elas:

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• Índices cefálicos, índices faciais, índice nasal

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• Contorno sagital, abertura orbital, margem nasal inferior

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• Tamanho e forma do arco dentário

• Tamanho e forma dos elementos dentários

• Características não-métricas dos elementos dentários

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Introdução

� Entretanto, o grau de miscigenação alcançado em escala

mundial, tem tornado a população cada vez mais híbrida e de

difícil “classificação”.

� A pesquisa de etnia em antropologia não mais possui como

objetivo final a classificação, mais sim o estudo da evolução

humana, e suas variações biológicas.

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Revisão de Literatura

“Asiáticos do leste e do norte e nativos americanos

exibem maior elaboração morfológica que qualquer outro

grupo geográfico. Além do tão documentado incisivo em

forma de pá, ocupam primeiro lugar também em outros traços,

como desvio de sulco e sexta cúspide, mas demonstram

frequência extremamente baixa em relação ao tubérculo de

Carabelli.”

SCOTT & TURNER, 2004

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Revisão de Literatura

� Hsu et al (1997, 1999), avaliando uma amostra de adolescentes

chineses e outra de descendentes de europeus, registraram, na

primeira, pequena frequência do tubérculo de Carabelli, e

presença do mesmo em 72,54% dos caucasóides.

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Revisão de Literatura

� Irish (1998), analisando a morfologia dental de 976

descendentes africanos do sub-Sahara, concluiu que os

mesmos diferem de todos os outros grupos mundiais, exibindo

alta frequência de tubérculo de Carabelli, sétima cúspide no

primeiro molar inferior, entre outras características.

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Revisão de Literatura

� Rodríguez et al (2004), pesquisaram a presença de oito traços

coronários não-métricos em 100 jovens colombianos,

observando, no grupo mestiço analisado, um padrão

caucasóide, com pequena influência mongolóide.

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Revisão de Literatura

� Hanihara (2008), analisou a frequência de 15 traços

coronários, em 12 grupos geográficos, incluindo América do

Sul. Entretanto, nesta região, o autor contou apenas com

amostras de peruanos, bolivianos, chilenos e argentinos.

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Justificativa

� Assim como na genética, características antropológicas com

frequência definida na população local possuem valor pericial,

ainda que como critério complementar, para a identificação

humana. Nesta categoria se encontram os traços morfológicos

da arcada dentária.

� As frequências encontradas na literatura relativas à população

brasileira derivam de estudos da população sul-americana

como um só grupo.

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Objetivos

� Análise antropológica da morfologia dentária de brasileiros

natos, observando:

– prevalência de alguns traços antropológicos não-métricos;

– sua relação com os mesmos dados levantados por pesquisadores

em diferentes populações; e

– seu valor pericial como critério adicional na identificação

humana.

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Material e método

� Amostra pretendida

– 100 pacientes de centros de radiologia, limitados à cidade

de Niterói (RJ), para evitar distorções decorrentes de

variações regionais

– critérios de inclusão:

• brasileiros natos, com ascendentes brasileiros até 2º grau;

• faixa etária de 18 a 30 anos;

• ausência de relação de parentesco com outros participantes;

• presença de, no mínimo, dois dentes-alvo hígidos; e

• anuência na participação voluntária, através de TCLE.

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Material e método

� Coleta de dados

– dados pessoais: nome, sexo, idade e contatos

– reprodução das arcadas superior e inferior

• duplicação dos modelos em gesso já prontos, com gesso-

pedra tipo II

– registro dos traços

• exame em lente de aumento, quando necessário

• método nominal, dicotomizado

– “ausente” ou “presente”

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Material e método

– exame apenas do hemi-arco esquerdo

• quando o dente-alvo estiver ausente, cariado ou restaurado,

será analisado seu homólogo direito, limitando este tipo de

exame a 20% da amostra

• quando impossível avaliar o hemi-arco direito, o traço não

será avaliado naquele paciente, sendo marcada a opção

“nulo”

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Material e método

– traços a serem analisados

• incisivo em forma de pá (shoveling)

– dente-alvo: incisivo central superior

PRETTY & SWEET (2001)

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Material e método

– traços a serem analisados

• tubérculo de Carabelli (cúspide de Carabelli,

complexo de Carabelli)

– dente-alvo: primeiro molar superior

PRETTY & SWEET (2001)

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Material e método

− traços a serem analisados

• quinta cúspide (tubérculo distal acessório)

– dente-alvo: primeiro molar superior

SCOTT & TURNER (2004)

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Material e método

− traços a serem analisados:

• ausência de cúspide disto-palatina (quarta cúspide)

– dente-alvo: segundo molar superior

SCOTT & TURNER (2004)

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Material e método

– traços a serem analisados

• sexta cúspide (tuberculum sextum)

– dente-alvo: primeiro molar inferior

SCOTT & TURNER (2004)

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Material e método

– traços a serem analisados

• ausência de cúspide disto-vestibular

(molar inferior tetra-cuspidado)

– dente-alvo: segundo molar inferior

SCOTT & TURNER (2004)

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Cronograma

2009

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Entrega e aprovação do projeto ao CEP

Revisão de literatura

Coleta de dados

Análise de dados

Redação de resultados e discussão

Conclusão

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Referências BibliográficasBYERS, S.N. Attribution of Ancestry. In: ________. Introduction to Forensic Anthropology – A Textbook. Alan & Bacon: Boston

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Am J Phys Anthr, v. 77, n. 2, p. 271-8, Oct 1988.

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Referências Bibliográficas

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“O tamanho da sua vitória éproporcional ao tamanho do seu

sacrifício.”Daniel Ribeiro

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Muito obrigada.