universidade estadual de londrina · 2013-12-23 · neurologista henry head, do london hospital,...

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Universidade Estadual de Londrina CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL DE BAILARINAS DO MUNICÍPIO DE LONDRINA - PARANÁ Michele Daiana Francisco das Neves Michelle Rennée Martins de Oliveira LONDRINA – PARANÁ 2008

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Universidade Estadual de Londrina

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL

DE BAILARINAS DO MUNICÍPIO DE LONDRINA - PARANÁ

Michele Daiana Francisco das Neves Michelle Rennée Martins de Oliveira

LONDRINA – PARANÁ 2008

MICHELE DAIANA FRANCISCO DAS NEVES MICHELLE RENNÉE MARTINS DE OLIVEIRA

PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL DE BAILARINAS DO

MUNICÍPIO DE LONDRINA- PARANÁ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para sua conclusão. Orientador: Prof. Ms. Márcia Marques Dib

LONDRINA - PARANÁ

2008

MICHELE DAIANA FRANCISCO DAS NEVES MICHELLE RENNÉE MARTINS DE OLIVEIRA

PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL DE BAILARINAS DO

MUNICÍO DE LONDRINA - PARANÁ Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para sua conclusão.

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________

Prof. Ms. Márcia Marques Dib Universidade Estadual de Londrina

______________________________________

Prof. Ms. Catiana Leila Possamai Universidade Estadual de Londrina

______________________________________

Prof. Ms. Lucilia Kunioshi Utiyama Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 21 de Novembro de 2008

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a nossa orientadora Márcia Ms. Marques Dib, não só pela orientação

neste trabalho, mas, sobretudo pela sua amizade.

As professoras Ms. Catiana Leila Possamai e Ms.Lucilia Kunioshi Utiyama por

aceitar a participar da banca examinadora para a conclusão deste trabalho.

Agradecemos a todos que passaram por nossas vidas nesses quatro anos de

faculdade.

Agradecer muito a Deus por nos ter dado estes quatro anos de coragem e a nossos

familiares que com toda compreensão tiveram um papel fundamental para a

conclusão deste.

"O corpo diz o que as palavras não podem dizer." (Martha Graham)

NEVES, Michele Daiana Franciso das; OLIVEIRA, Michelle Rennée Martins de. Percepção da Imagem Corporal de Bailarinas do Munic ipio de Londrina-Parana 2008. 40 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso Bacharel em Educação Fisica – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.

RESUMO

O modelo de beleza imposto pela sociedade atual corresponde a um corpo magro em que na maioria das vezes não se consideram os aspectos relacionados com a saúde e as diferentes constituições físicas da população, apresentando maior incidência de distúrbios alimentares, distorção da imagem corporal e a insatisfação com a forma física em mulheres. O ballet clássico é uma arte conhecida pela beleza e performance dos praticantes. Schafle (1997), destaca que um dos fatores pode ser a preocupação em manter o peso ideal para permanecer dançando, sendo importante estar atento ao seu comportamento, com relação a sua imagem corporal alterada e tentativa para perder peso. O estudo teve como objetivo verificar a percepção da imagem corporal. A amostra foi composta por 15 adolescentes bailarinas da cidade de Londrina, onde foram submetidas a um questionário da Body Shape Questionnarie e a escala proposta por Stunkard et al (1983). O estudo caracterizou como pesquisa de campo, com caráter transversal, quantitativa. Os dados coletados no questionário foi transformado de forma descritiva, categorizando as respostas e classificando segundo os métodos utilizados na pesquisa obtendo os resultados através de porcentagem. Com os resultados demonstrou uma percepção de insatisfação da imagem corporal nas bailarinas, confrontando com os resultados de ausência de distorção da imagem corporal. Evidenciou que o questionário não seja o mais adequado para esta pesquisa. Dentre as insatisfeitas as por excesso foram que tiveram maior porcentagem. A generalização destes dados não é possível para a sociedade, já que o presente estudo ficou limitado a uma amostra pequena e restrita. A realização de outras pesquisas, feitas nessa mesma linha, correlacionando o IMC, a porcentagem de gordura (%G) e as medidas antropométricas, seria enriquecedora para essa discussão sobre a imagem corporal.

Palavras-chave: corpo, beleza, ballet, percepção, insatisfeita, imagem corporal

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Escala de silhuetas Stunkard ................................................................ 34

Gráfico 1 – Porcentagem de faixa etária ................................................................ 26

Gráfico 2 – Nível de distorção da imagem corporal................................................ 26

Gráfico 3 – Nível de satisfação e insatisfação..........................................................27

Gráfico 4 – Insatisfeita por excesso ou por magreza ............................................. 28

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BSQ Body Shape Questionnaire

IC Imagem Corporal

IMC Índice de Massa Corporal

SI Silhueta Ideal

SA Silhueta Atual

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11

2. REVISÂO DE LITERATURA.................................................................................13

2.1 Imagem Corporal............................................................................................... 13

2.1.1 Aspectos históricos da Imagem Corporal ....................................................... 13

2.1.2 Esquema corporal .......................................................................................... 13

2.1.3 Considerações fisiológicas e sociais da imagem corporal.............................. 15

2.1.4 A descoberta de si mesmo ............................................................................ 16

3. BALLET CLÁSSICO............................................................................................ 18

3.1 A dança ............................................................................................................. 18

3.1.1 Histórico do ballet clássico ............................................................................. 19

3.1.2 Peso x Imagem Corporal................................................................................ 20

4. METODOLOGIA ................................................................................................. 21

4.1 Caracterização do estudo...................................................................................21

4.2 Amostra ............................................................................................................. 21

4.3 Procedimentos .................................................................................................. 21

4.4 Instrumento ....................................................................................................... 22

4.5 Análise de dados............................................................................................... 24

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 25

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 29

REFERÊNCIAS....................................................................................................... 31

ANEXO I – Escala de Silhueta..................................................................................34

ANEXO II - Questionário sobre imagem corporal BSQ e silhuetas de Stunkard..... 35

APENDICE I – Solicitação de Autorização Adanac................................................. 38

APENDICE II – Solicitação de Autorização Colégio Portinari ................................. 39

APÊNDICE III – Termo de Consentimento.............................................................. 40

11

1 INTRODUÇÃO

O modelo de beleza imposto pela sociedade atual corresponde a um

corpo magro em que na maioria das vezes não se consideram os aspectos

relacionados com a saúde e as diferentes constituições físicas da população.

(RUSSO, 2005)

O corpo magro é um padrão estético adotado pela sociedade

moderna, com maior ênfase nas atividades que exigem este perfil, como por

exemplo, a ginástica desportiva, corridas (longa distância) e ballet (ADELMAN, 2003;

VILARDI et al 2001). Segundo os mesmos autores, estas exigências, bem como

comentários de treinadores e ou colegas, relacionados ao peso corporal, são

condições que podem desenvolver, nas adolescentes, os distúrbios alimentares que

podem levar ao emagrecimento ao extremo, a obesidade, ou a uma compulsão por

práticas de exercícios físicos contínuos, em grande volume e sem respeitar os

intervalos necessários para a recuperação do organismo, a vigorexia. Estes

problemas podem estar relacionados à distorção da imagem corporal.

O ballet clássico, desde o seu nascimento, na época da

Renascença, sempre foi sinônimo de beleza e perfeição. Esta concepção se baseia

no fato de que os grandes bailarinos clássicos apresentam “corpos perfeitos”, que

transmitem a impressão de que podem voar e nem tocar no solo (LABAN, 1978).

De certa maneira, isto realmente acontece no ballet clássico, os

saltos, os giros e a leveza dos bailarinos se assemelham o vôo de pássaros. Todo

ser tem uma necessidade inata de manifestar seus sentimentos das mais variadas

formas, a respeito disto, Laban (1978, p.140) afirma que: “o mundo silencioso da

ação simbólica, claramente revelado no Balé, é a resposta a uma necessidade

interna do homem.” O ballet proporciona às pessoas, a oportunidade de vivenciarem

o seu corpo e suas potencialidades, exaltando o que há de mais belo em cada um.

Hart (2003) alega que as mulheres apresentam maior incidência de

distúrbios alimentares e distorção da imagem corporal, a insatisfação com a forma

física além de motivar parte dos pensamentos para controle do peso (jejum, indução

12

de vômitos, laxantes, etc) ocasiona atitudes negativas em relação à imagem corporal

como a exclusão de roupas que acentuem as formas do corpo e evitar situações de

exposição do corpo (praia, piscina, vestiários).

Schafle (1997), destaca que um dos fatores pode ser a preocupação

em manter o peso ideal para permanecer dançando, sendo importante estar atento

ao seu comportamento, com relação a sua imagem corporal alterada e tentativa para

perder peso. Diante disto, qual é a percepção da imagem corporal das bailarinas do

município de Londrina-PR ?

OBJETIVO GERAL

Verificar a percepção da imagem corporal das bailarinas de

Londrina-PR.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Verificar a percepção da imagem corporal das bailarinas do Centro de Dança

e Artes Adanac e do Colégio Portinari da cidade de Londrina-PR;

• Comparar a Imagem Corporal da Silhueta Atual (SA) e a Imagem Corporal da

Silhueta Ideal (SI) verificando o nível de satisfação e insatisfação e

insatisfação por excesso ou insatisfação por magreza, com a Imagem

Corporal nas bailarinas do Centro de Dança e Artes Adanac e do Colégio

Portinari da cidade de Londrina-PR.

13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 IMAGEM CORPORAL

2.1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA IMAGEM CORPORAL

A história da imagem corporal iniciou-se no século XVI, na França,

com o médico e cirurgião Ambroise Paré, que percebeu a existência do membro

fantasma, caracterizando-o como a alucinação de que um membro ausente estaria

presente. Três séculos depois, Weir Mitchell, da Filadélfia (EUA), demonstrou que a

imagem corporal (sem se referir ao termo 'imagem corporal') pode ser mudada sob

tratamento ou em condições experimentais (GORMAN, 1965).

A escola francesa deixou sua contribuição com os estudos de

Bonnier, o qual, em 1905, descreveu um distúrbio em toda imagem corporal como

'esquematia' (distorção do tamanho das áreas corpóreas).

Na escola britânica que os estudos sobre imagem corporal

aprofundaram-se, tanto nos aspectos neurológicos, fisiológicos e psicológicos. O

neurologista Henry Head, do London Hospital, foi o primeiro a usar o termo

'esquema corporal' e também o primeiro a construir uma teoria na qual "cada

indivíduo constrói um modelo ou figura de si mesmo que constitui um padrão contra

os julgamentos da postura e dos movimentos corporais" (FISHER, 1990, p. 3).

2.1.2 ESQUEMA CORPORAL

Head demonstrou que qualquer alteração postural pode mudar o que

ele chamou de esquema corporal (schemata): "Qualquer coisa que participe do

movimento consciente de nossos corpos é somada ao nosso modelo corporal e

torna-se parte deste schemata" (GORMAN, 1965, p. 48).

Esquema corporal não é uma questão de tudo ou nada, mas de uma

construção progressiva em que novos elementos vão sendo acrescentados como

conseqüência da maturação e das aprendizagens que vão sendo realizadas. Esses

14

elementos com os quais constrói o esquema corporal são de naturezas distintas:

perceptivas, motoras, cognitivas e lingüísticas. A percepção nos oferece evidências

sobre os diferentes segmentos corporais, tanto os referentes o nosso próprio corpo

como ao corpo dos outros. O desenvolvimento cognitivo nos permite integrar todas

essas informações em uma representação coerente e integrada, dando lugar a uma

consciência de nós mesmos, no princípio, mais indiferenciada e sincrética e,

posteriormente mais refinada e individualizada. Um esquema corporal bem

estabelecido supõe conhecer a imagem do próprio corpo, saber que esse corpo faz

parte da identidade de uma pessoa. O processo de construção do esquema corporal

culminará dos 7 aos 12 anos, com a potencialização das representações mentais

sobre o espaço e o tempo (COOL et al 2004. p.137).

Mas a maior contribuição nesta área foi dada por Paul Schilder, pois

desenvolveu sua experiência tanto na neurologia quanto na psiquiatria, assim como

na psicologia. Schilder considera a imagem corporal um fenômeno multifacetado, em

suas investigações, analisou a imagem corporal não apenas no contexto do

orgânico, mas também na psicanálise e na sociologia (FISHER, 1990, p. 8).

Fisher (1990) diz que "a imagem corporal não é só uma construção

cognitiva, mas também uma reflexão dos desejos, atitudes emocionais e interação

com os outros". Mas uma de suas mais importantes reflexões consistiu na

introdução da idéia de que a imagem do corpo não possui apenas fatores

patológicos: os eventos diários também contribuem para sua construção.

Nesse ponto, a utilização do termo 'imagem corporal' começa a

surgir e com ela algumas considerações a respeito de qual seria o termo correto:

esquema ou imagem corporal. Houve uma predominância do termo 'esquema

corporal' na neurologia e de 'imagem corporal' nos meios da psicologia. Por isso a

confusão em saber qual dos dois é o mais apropriado. Alguns autores acreditam que

há realmente uma diferença entre ambos.

"esquema corporal é conotado como uma estrutura neuromotora que permite ao indivíduo estar consciente do seu próprio corpo anatômico, ajustando-o às solicitações de situações novas, e desenvolvendo ações de forma adequada" (RODRIGUES, 1987, p. 18).

15

Olivier (1995) também concorda com essa distinção e afirma que a

imagem do corpo constrói-se sobre o esquema corporal. Le Bouch (1972, p. 18)

afirma que "a ambigüidade introduzida por esta dupla terminologia cria a impressão

de que existiria, por um lado, um corpo neurológico, e, por outro lado, um corpo

espiritual e teria que se fazer esforço para unir os dois corpos".

De acordo com os autores Gallahue & Ozmun (2005) a imagem

corporal está relacionada à imagem interna que a criança tem de seu corpo ponto

até o qual essa imagem corresponde à realidade. A auto percepção da altura, do

peso, da forma e de certas características individuais afeta o modo como nos

comparamos aos outros. O estabelecimento de uma imagem corporal realista é

importante na infância e posteriormente, sendo essa imagem não-realista vinculada

a distúrbios alimentares.

Dessa maneira, sendo o ser humano um corpo uno, parece-nos

paradoxal que haja uma distinção como essa. O esquema corporal interpõe-se na

imagem corporal e vice-versa, formando um único conceito, não importando qual

deles usar.

2.1.3 CONSIDERAÇÕES FISIOLÓGICAS E SOCIAIS DA IMAGEM CORPORAL

Shontz (1990) afirma que a organização da imagem corporal não é

puramente neurológica nem mental. Acredita-se também que as emoções tenham

um papel importante no desenvolvimento da imagem corporal. Na verdade, há uma

interação entre os lados fisiológico, neural e emocional, além do fator social. Um

desses processos analisados separadamente tornaria a análise falha e incompleta.

Mudanças em um deles podem ocasionar conseqüências na experiência do corpo.

Possuímos a capacidade de mudar nossa imagem continuamente e

essa multiplicidade de imagens só pode ser conseguida pelas forças emocionais,

isso se deve à incorporação de diversas partes das imagens corporais dos outros e

à doação de nossas próprias imagens a eles. Aliado a isso, o fator emocional

aparece como peça-chave neste processo, pois podemos estabelecer uma relação

íntima com determinada pessoa, onde trocamos nossas imagens corporais. Sendo

está uma experiência de sentidos. Como nos diz Schilder (1999, p. 250), "primeiro,

16

temos uma impressão sensorial do corpo do outro. Esta impressão adquire seu

significado real através de nosso interesse emocional pelas diversas partes do

corpo".

É importante ressaltar também que, quando percebemos nossos

corpos ou partes dele, projetamos essas imagens para outros corpos e passamos a

ter curiosidade sobre outras partes que, até então, eram-nos obscuras. Na verdade,

fica difícil dizer qual corpo percebemos primeiro: o nosso ou o do outro. Deste modo,

podemos dizer que imagem é um fenômeno social, pois há um intercâmbio contínuo

entre nossa própria imagem e a imagem corporal dos outros.

2.1.4 A DESCOBERTA DE SI MESMO

Nosso corpo é, antes de tudo, nosso primeiro e maior mistério. Para

estarmos realmente presentes no mundo, é preciso reconhecer que somos um corpo

em sua imensidão de complexos processos que nos fazem ricos em sua consciência

e inconsciência desconcertantes e pragmáticas e em suas atitudes, que são sempre

corporais (RUSSO, 2005).

Construímos e destruímos discursos corporais que resultam em um

conhecimento de nossa vida. O corpo, então, é o lugar onde há a quebra da

simetria, onde tudo pode acontecer e acontece (BARROS, 2005).

Também construímos e destruímos nossa imagem corporal. É uma

sucessão de tentativas para buscar uma imagem e corpos ideais. E esse mundo de

imagens corporais que permeia nossas vidas está pleno de emoções. Jung (1997)

nos diz que as imagens precisam estar cheias de emoções para termos

numerosidade, ou seja, para nos identificarmos com tais emoções e assumirmos as

várias conseqüências que elas acarretam.

É importante ressaltar, ainda, que os fatores já citados que fazem

parte da imagem corporal só a tornam completa se todos estiverem unidos. Um fator

por si só seria incompleto e insuficiente. Schilder (1999, p. 311) nos fala que "nossa

imagem corporal só adquire suas possibilidades e existência porque nosso corpo

não é isolado. Um corpo é, necessariamente, um corpo entre corpos. Precisamos ter

outros à nossa volta".

17

Mas, então, qual seria o conceito de imagem corporal mais próximo

da realidade? Muitos autores elaboraram suas visões com base em experiências

empíricas. Cash e Pruzinsky (2005) elaboraram sete afirmações que melhor

abrangem o conceito de imagem corporal. São elas:

• Imagem corporal refere-se às percepções, aos pensamentos e aos

sentimentos sobre o corpo e suas experiências. Ela é uma experiência

subjetiva.

• Imagens corporais são multifacetadas. Suas mudanças podem ocorrer em

muitas dimensões.

• As experiências da imagem corporal são permeadas por sentimentos sobre

nós mesmos. O modo como percebemos e vivenciamos nossos corpos relata

como percebemos a nós mesmos.

• Imagens corporais são determinadas socialmente. Essas influências sociais

prolongam-se por toda a vida.

• Imagens corporais não são fixas ou estáticas. Aspectos de nossa experiência

corporal são constantemente modificados.

• As imagens corporais influenciam o processamento de informações,

sugestionando-nos a ver o que esperamos ver. A maneira como sentimos e

pensamos o nosso corpo influencia o modo como percebemos o mundo.

• As imagens corporais influenciam o comportamento, particularmente as

relações interpessoais.

Schilder (1999) afirma que a imagem corporal, em seu resultado

final, é uma unidade. Mas essa unidade não é rígida, e sim passível de

transformações. A unidade a que se refere são todas as possibilidades de unir as

diversas relações e experiências que desenvolvemos ao longo de nossa vida,

buscando sentido através de uma totalidade corporal e imagética de nós mesmos

em constante transformação.

Desenvolver uma imagem corporal – a imagem do próprio físico que

pode ser a de um corpo adulto – é uma tarefa intelectual e emocional que é

mesclada a considerações nutricionais. Os adolescentes geralmente sentem-se

desconfortáveis com as alterações rápidas de seus corpos, e ao mesmo tempo,

18

querem ser como seus colegas mais perfeitos e ídolos culturais. Seu senso de valor

pode ser derivado dos sentimentos sobre seus próprios atributos físicos, uma

característica pessoal que os torna vulneráveis a distorções graves, caso se

desenvolva um distúrbio de alimentação. O desejo de alterar sua taxa de

crescimento ou suas proporções corporais pode levar os adolescentes a serem

explorados por interesses comerciais e se sujeitarem a manipulações dietéticas que

podem ter conseqüências negativas. O rápido ganho de peso que acompanha o

desenvolvimento das características sexuais secundárias fazem com que muitas

jovens restrinjam desnecessariamente a quantidade de alimentos que consomem

(MAHAN & ESCOTT-STUMP,2005).

O ato de construir discursos e imagens corporais de nós mesmos

resulta em desvelar a descoberta de imagens que nos permeiam de forma a nos

satisfazer no maior número de correlações sociais possíveis. Faz-nos perceber que

imagem corporal é a nossa totalidade como seres humanos. É a transcendência em

olhar interna e externamente e perceber que somos fruto de nossas atitudes (físicas,

mentais e emocionais) e, conseqüentemente, as imagens do corpo formam-se a

partir delas. E sendo totalidade podemos, enfim, abranger os conhecimentos de

estudiosos e nosso próprio modo de compreender sua significação, aumentando o

círculo.

3 BALLET CLÁSSICO

3.1 A DANÇA

“ Danza, dança, TANZ derivado da raiz TAN, que em sânscrito

significa “FUSÃO”. (NANI, 1995, p. 168). A dança é uma das mais antigas artes

criada e desenvolvida pelos homens. Sendo usada para expressar os mais variados

sentimentos como: alegria, dor, tristeza, espera, agradecimento, entre outros.

Pela linguagem do corpo você diz muitas coisas aos outros. É uma

linguagem que não mente, a dança permite um desenvolvimento da harmonia do

nosso ser através da harmonia dos nossos movimentos é um instrumento poderoso

de educação, pois lida ao mesmo tempo com as três dimensões universais: Tempo,

19

Espaço, Energia (WEIL, 1975).

Segundo Laban (1978, p. 67) “O corpo é nosso instrumento de

expressão por via do movimento”. O corpo age como uma orquestra, na qual cada

seção está relacionada com qualquer uma das outras e é uma parte do todo. A fim

de efetuar alguma modificação em nossa posição corporal, usamos a energia

muscular. O dispêndio de força e seus graus são proporcionais ao peso carregado

ou a resistência que se lhe oponha. O peso pode ser tanto da parte do corpo que

está sendo movida como o de um objeto a ser movido.

A resistência pode se originar do interior do próprio corpo, pelos

músculos antagonistas, ou do exterior, em objetos e/ou pessoas. A resistência pode

envolver uma tensão normal, forte ou fraca (LABAN, 1978).

Estimulado pela música, nosso corpo produz imagens comunicantes

entre si, e pode interpretar ritmos internos e externos (FUX, 1988).

O aprimoramento do ritmo favorece o desenvolvimento e melhora a

capacidade das pessoas de se relacionar com o mundo em constante

transformação, e isto ocorre por meio de um melhor conhecimento e aceitação de si

próprio e um melhor ajuste de sua conduta (LE BOUCH, 1972).

3.1.1 HISTÓRICO DO BALLET CLÁSSICO

O ballet clássico surgiu a partir da necessidade de se aprimorar o

gesto da técnica da dança, criando movimentos padronizados e uma nomenclatura,

elaborada no idioma francês.

Conforme afirma ACHCAR (1980, p.41), “O ballet clássico nasceu

com a Renascença, na corte dos Médicis. Assim o termo ballet veio do italiano

ballare que significa bailar ou dançar”.

No século XVIII, Pierre Beauchamps, criou as cinco posições dos

pés, que são posições de base que permitem ao bailarino movimentarem-se em

qualquer sentido, estas posições lhe dão a segurança e a estabilidade necessárias

para dançar. Partindo destas posições, o ballet, utilizando diferentes passos,

ligações, gestos e figuras, constitui-se uma forma de dança que não se limita às

dimensões da terra, pois se utiliza constantemente de movimentos e figuras no ar. O

20

ballet constitui-se também da fusão outras artes, como a música, a pintura e a

poesia (ACHCAR, 1980).

Achcar (1980), afirma que assim como toda arte, o ballet desenvolve

capacidade de perceber as formas e linhas, nas suas proporções harmônicas e

equilibradas.

O ballet utiliza praticamente em sua totalidade, a imaginação, pois

muitas coreografias representam uma estória, uma lenda, ou estão inseridas num

contexto, e cabe ao bailarino interpretá-la, para isto ele precisa liberar sua

imaginação, sua criatividade, melhorando assim sua autoconfiança (ACHCAR,

1980).

É através da subjetividade do ser, em sua dimensão histórica, que

este expressa e manifesta sua iniciativa e segurança, revelam o significado da

vivência corporal, suas dificuldades e necessidades, através de uma simbologia

própria que contém o aspecto afetivo e emocional externado pela comunicação

verbal. (NANI, 1995)

3.1.2 PESO X IMAGEM CORPORAL

O ballet clássico é uma arte conhecida pela beleza e performance

dos praticantes. Na modalidade, critérios técnicos e pedagógicos são exigidos no

decorrer do seu processo de ensino-aprendizagem. Os estados de humor são uma

constante no desenvolvimento desses profissionais, principalmente em meio a

tantas influências de pais, técnicos e professores que podem motivar ou criar um

ambiente de pressões e cobranças rígidas que influenciam de inúmeras formas as

características pessoais de quem o pratica.

Devido à pressão para ter um corpo perfeito para um esporte, o que

para muitos esportes (por exemplo: ginástica, trilha, natação, mergulho, remo, dança

e patinação) significa magreza para desempenho e aparência, a realização de dietas

não realista e distúrbios alimentares são comuns. Programas de redução de peso

podem envolver elementos de risco (MAHAN & ESCOTT-STUMP 2005). Para

alguns jovens atletas, atingir pesos leves de modo não realista pode prejudicar o

crescimento e o desenvolvimento.

21

4 METODOLOGIA

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

O estudo caracterizou-se por uma pesquisa de campo, de natureza

básica, objetivando gerar novos conhecimentos úteis, sem aplicação prática

prevista. Também teve caráter transversal, podendo ser considerada uma pesquisa

quantitativa quanto a abordagem do problema e os resultados através de

porcentagem (Gil, 1991). A amostra foi selecionada de forma intencional com

adolescentes de 13 a 16 anos, praticantes de ballet clássico com mínimo de 1 ano

de prática, selecionado duas escolas particulares, na cidade de Londrina-PR,

aplicando um questionário de múltiplas escolhas e utilizando da escala de silhueta.

4.2 AMOSTRA

A amostra foi composta por 15 (quinze) adolescentes do sexo feminino,

todas praticantes de ballet clássico com mínimo de 1 (um) e Maximo de 9 (nove)

anos de prática, a idade variou de 13 a 16 anos, com média de 14,5 anos e um

desvio padrão de ± 1,12 anos. Alunas de duas escolas particulares de ballet, sendo

oito bailarinas da Escola de Dança e Artes Adanac e sete bailarinas do Colégio

Portinari ambas localizada na cidade de Londrina no estado do Paraná. Ambas as

escolas priorizavam a prática duas vezes por semana, com duração de uma hora

diária.

4.3 PROCEDIMENTOS

Anteriormente a aplicação do questionário, foi encaminhado a

coordenação de ambas as escolas de dança um ofício para a solicitação e o

consentimento da aplicação do estudo junto as alunas bailarinas.(APÊNDICE I e II)

Após a solicitação aceita pelas escolas, ocorreu a apresentação das

pesquisadoras junto as alunas de ballet, fornecemos alguns esclarecimentos sobre a

22

pesquisa que estava sendo realizada e esclarecemos que todas informações seriam

mantidas em sigilo e que seriam utilizadas apenas para fins da pesquisa. As

bailarinas por serem menor de 16 anos foram solicitadas que entregasse aos pais ou

responsáveis, a autorização do termo de consentimento de participação da coleta de

dados e utilização dos mesmos para análise conforme o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) de pesquisas envolvendo seres humanos segundo as

Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos

(Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996) do Conselho Nacional de Saúde.

(APÊNDICE III). Ficou estipulado que na próxima aula de ballet, deveriam devolver

assinado às pesquisadoras.

Na aula seguinte a pesquisadoras retornaram as escolas de ballet

para aplicar o questionário junto aquelas alunas que obtiveram a autorização de sua

participação no termo de consentimento.

Foi entregue um questionário para cada bailarina no ambiente de

sala de aula após o término das aulas em ambas as escolas. Não houve

interferência do avaliador nem da professora nas respostas.

4.4 INSTRUMENTO

Utilizou a escala de silhueta proposta por Stunkard et al (1993)

(ANEXO I), validada por Stunkard, Sorensen e Schulsinger (1983), num estudo

sobre imagem corporal em indivíduos de diversas etnias. A escala de silhueta tem

apresentado boa reprodutibilidade (THOMPSON; GRAY, 1995). O método da

silhueta (STUNKARD; SORENSEN; SCHULSINGER, 1983) é comumente usado

para avaliar distorções na imagem corporal do indivíduo. Tem sido usado

amplamente em pesquisas de imagem corporal para quantificar a diferença entre um

ideal individual subjetivo e a percepção atual da imagem corporal (THOMPSON;

GRAY, 1995; THOMPSON et al., 1990; WILLIAMSON et al., 1993).

Essa escala consiste em nove silhuetas (diferentes para homens e

mulheres), onde a amostra escolhe o número da silhueta que considera semelhante

23

a sua aparência corporal real (Percepção da Imagem Corporal Real) e também o

número da silhueta que acredita ser mais condizente a sua aparência corporal ideal

(Percepção da Imagem Corporal Ideal), esta escala de nove imagens representa um

continuum desde a magreza (silhueta 1) ate a obesidade severa (silhueta 9). Para a

avaliação da satisfação corporal subtraiu-se da aparência corporal real a aparência

corporal ideal, podendo variar de menos 8 até 8. Se essa variação fosse igual a

zero, o individuo era classificado como satisfeito com sua aparência e se diferente

de zero classifica-se como insatisfeito. Caso a diferença fosse positiva considerou-

se uma insatisfação pelo excesso de peso e, quando negativa, uma insatisfação

pela magreza.

Esse conjunto de silhuetas fez parte do questionário que lhe foram

entregues, as bailarinas assinalaram a pergunta sobre a imagem corporal que elas

consideravam como atual, e assinalar a outra figura na qual a pergunta era qual

imagem ela considerava como ideal.

Também aplicou o questionário da Body Shape Questionnarie

(validado por Cooper et AL, 1987), contendo trinta e quatro questões (ANEXO

II)sobre seus hábitos diários. O BSQ foi traduzido por Cordás e Neves (1999), e

validado para uma população de universitários brasileiros por Di Pietro (2002).

E um questionário auto-aplicável da Body Shape Questionnaire -

BSQ, sendo seis opções de respostas: 1- nunca, 2-raramente, 3- às vezes, 4-

freqüentemente, 5- muito freqüente, 6-sempre. Com este questionário mede-se o

grau de preocupação com a forma do corpo, a auto depreciação devido à aparência

física e à sensação de estar gorda. Segundo Cordas e Neves (1999), o questionário

distingue dois aspectos específicos da imagem corporal: a exatidão da estimativa do

tamanho corporal e os sentimentos em relação ao corpo (insatisfação ou

desvalorização da forma física). De acordo com as respostas marcadas, o valor do

número correspondente à opção feita é computado como ponto para a questão (por

exemplo: nunca vale um ponto). A classificação dos resultados é feita pelo total de

pontos obtidos e reflete os níveis de preocupação com a imagem corporal. Obtendo

resultado menor ou igual a 80 pontos, é constatado um padrão de normalidade e tido

como ausência de distorção da imagem corporal. Resultado entre 81 e 110 pontos é

classificado como leve distorção de imagem corporal; entre 111 e 140 é classificado

24

como moderada distorção da imagem corpora e acima de 140 pontos a classificação

é de presença de grave distorção da imagem corporal.

4.5 ANÁLISE DOS DADOS

Para a análise dos dados referentes ao questionário, as pesquisadoras

buscaram-se transformar os dados brutos de modo conseguir categorizar as

respostas quanto à pontuação, segundo a classificação da body shape

questionnarie.

A análise da silhueta aconteceu entre a subtração da imagem corporal

atual e a imagem corporal ideal, onde dados obtidos foram classificados como

variação positiva, negativa e sem variação (igual a zero), com esses resultados

buscou-se responder os objetivos proposto na pesquisa.

25

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No gráfico 1, é apresentado a faixa etária das bailarinas.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

13 anos 14 anos 15 anos 16 anos

Gráfico 1. Porcentagem de faixa etária

Onde 49% se encontram na idade de 13 anos, 26% na idade de 13 a

14 anos e 25% se encontra na idade de 16 anos.

26

O gráfico 2 mostra os resultados obtidos no questionário da

Body Shape Questionnarie - BSQ.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

ausência leve moderada grave

Gráfico 2 – Nível de distorção da imagem corporal

Foi verificado que 60% das bailarinas apresentaram uma ausência

de distorção de imagem corporal, 26.6% com leve distorção da imagem, 6.6 %

dentro do nível moderado e 6.6 % do nível de satisfação grave.

27

Quanto a satisfação e insatisfação corporal, utilizando a subtração

entre a silhueta atual (SA) e silhueta ideal (SI), podemos verificar no gráfico 3.

Gráfico 3 – nível de satisfação e insatisfação

Quanto ao grau de satisfação podemos observar que

apenas 20% se consideram como satisfeita, sendo muito superior o resultado de

insatisfeita que é de 80%. Por se tratar de bailarinas e sendo ainda adolescentes,

onde a construção do esquema corporal ainda esta terminando de se formar,

buscam uma melhora e se preocupam com sua imagem, juntamente com essa

característica estão envolvidos fatores sociais e culturais, a cobrança dos

professores, que repassam aos alunos a visão dos modelos de bailarinas dos

grandes ballet’s contribuindo assim, direta e indiretamente, para o reforço da

insatisfação corporal. O reforço dado pela mídia em mostrar corpos atraentes faz

com que uma parte de nossa sociedade se lance na busca de uma aparência física

idealizada. (RUSSO, 2005)

Entre as insatisfeitas foi subtraída a diferença entre a silhueta atual

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Satisfeita Insatisfeita

28

(SA) e silhueta ideal (SI), verificado as insatisfeitas pelo excesso onde a diferença foi

positiva, e as insatisfeitas pela magreza quando o resultado da diferença foi

negativo.

Gráfico 4 – Insatisfeitas por excesso ou magreza

Fica evidenciado que as bailarinas com insatisfação pelo excesso

são superiores com 60% e as insatisfeitas por magreza foi de 20%.

Segundo Nunes et al (2001) olhar-se como uma obesa sem ser,

implica uma distorção cognitiva que pode ser explicada por algum tipo de

aprendizado imposto a um grupo por pressão psicossocial e cultural. O fato de a

população feminina ser a mais afetada sublinha a influência da cultura da magreza a

ponto de encorajar e, provavelmente, manter comportamentos alimentares normais

e práticas inadequadas de controle de peso, como também excesso de treinamento,

levando a distorção da sua própria imagem.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Insatisfeita excesso Insatisfeita magreza

29

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados obtidos neste estudo e com base no

referencial teórico consultado, podemos verificar que nas bailarinas estudadas nesta

pesquisa, ocorreu uma ausência de distorção da imagem corporal segundo o

questionário. De modo contraditório a esse resultado, 80% das bailarinas se

consideram como insatisfeitas com sua imagem corporal quando utilizada as

respostas da escala de silhueta. Como diz Becker (1999) essa imagem corporal

negativa pode determinar o aparecimento de baixa auto-estima, depressão, ou seja,

sofrimento.

E entre as bailarinas insatisfeitas, a percepção das insatisfeitas por

excesso, são as com mais porcentagem nos resultados, ou seja as que gostaria de

ter sua imagem ideal menor do que a sua imagem atual. Ocorrendo uma mesma

porcentagem de 60% de insatisfeita por excesso confrontando com o resultados de

60% citados na ausência de distorção da imagem corporal segundo o questionário

da body shape questionnarie.

Ficando evidenciado que o questionário utilizado para esta

classificação de imagem corporal para as bailarinas, não é o mais indicado, isso

devido os resultados discrepantes quando em comparação com a imagem corporal

aceita pelas bailarinas, estudos demonstram que este questionário esta

correlacionado a transtornos e distúrbios alimentares.

Contudo, podemos observar que a percepção da imagem corporal

nestas bailarinas é consideradas como insatisfeitas segundo a Silhueta de Stunkard

et al, isso pode ser explicado pela faixa de idade imatura, onde o esquema corporal

esta em formação e a cobrança e a influência da mídia, professores, amigas e

sociedade é um fato ocorrente entre elas. Com isso deve-se requer a atenção aos

professores ante ao comportamento das alunas, oferecer ou recomendar

acompanhamento de nutricionista, psicólogo, médico, educador físico e avaliação

física para que as bailarinas não venham desencadear uma imagem corporal

negativa e futuramente transtornos de comportamento alimentar.

30

A generalização destes dados não é possível para a sociedade, já

que o presente estudo ficou limitado a uma amostra pequena e restrita.

A realização de outras pesquisas, feitas nessa mesma linha,

correlacionando o IMC, a porcentagem de gordura (%G) e as medidas

antropométricas, seria enriquecedora para essa discussão sobre a imagem corporal,

já que, mesmo nessa pequena amostra, foi possível notar alguns relevantes

significados com a percepção de insatisfação com a imagem corporal ocorreu entre

as bailarinas.

Os valores, conceitos e criações de novas imagens estarão sempre

associados aos valores culturais da sociedade na época da pesquisa. Esse

processo passará por constantes modificações, o que faz acreditar que daqui para

frente pode-se deparar com outras construções de beleza corporal, outros valores

de satisfação com a imagem e outros significados para as práticas corporais.

31

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WEIL, Pierre. O corpo Fala: A Linguagem Silenciosa da Comunicação não verbal . Petrópolis: Vozes, 1975.

34

Anexo I

Figura 1 - Escala de Silhueta

35

ANEXO II

Questionário sobre imagem corporal BSQ e silhuetas de Stunkard et al

Idade: _____Peso: ______ Altura: _____ Quanto tem po de prática no ballet : ___________

Questionário sobre a imagem corporal

Gostaríamos de saber como você vem se sentindo em relação à sua aparência nas últimas quatro semanas. Por favor, leia cada questão e faça um círculo apropriado. Use a legenda abaixo:

1. Nunca 4. Freqüentemente 2. Raramente 5. Muito freqüentemente 3. Às vezes 6. Sempre

Por favor, responda a todas as questões.

Nas últimas quatro semanas:

1. Sentir-se entediada faz você se preocupar com sua forma física? 1 2 3 4 5 6

2. Você tem estado tão preocupada com sua forma física a ponto de sentir que deveria fazer dieta?

1 2 3 4 5 6

3. Você acha que suas coxas, quadril ou nádegas são grande demais para o restante de seu corpo?

1 2 3 4 5 6

4. Você tem sentido medo de ficar gorda (ou mais gorda)? 1 2 3 4 5 6

5. Você se preocupa com o fato de seu corpo não ser suficientemente firme?

1 2 3 4 5 6

6. Sentir-se satisfeita (por exemplo após ingerir uma grande refeição) faz você sentir-se gorda?

1 2 3 4 5 6

7. Você já se sentiu tão mal a respeito do seu corpo que chegou a chorar?

1 2 3 4 5 6

8. Você já evitou correr pelo fato de que seu corpo poderia balançar? 1 2 3 4 5 6

9. Estar com mulheres magras faz você se sentir preocupada em relação ao seu físico? 1 2 3 4 5 6

10. Você já se preocupou com o fato de suas coxas poderem espalhar-se quando se senta?

1 2 3 4 5 6

11. Você já se sentiu gorda, mesmo comendo uma quantidade menor de comida?

1 2 3 4 5 6

12. Você tem reparado no físico de outras mulheres e, ao se comparar, sente-se em desvantagem? 1 2 3 4 5 6

13. Pensar no seu físico interfere em sua capacidade de se concentrar em outras atividades (como por exemplo, enquanto assiste à televisão, lê ou participa de uma conversa)?

1 2 3 4 5 6

36

14. Estar nua, por exemplo, durante o banho, faz você se sentir gorda? 1 2 3 4 5 6

15. Você tem evitado usar roupas que a fazem notar as formas do seu corpo? 1 2 3 4 5 6

16. Você se imagina cortando fora porções de seu corpo? 1 2 3 4 5 6

17. Comer doce, bolos ou outros alimentos ricos em calorias faz você se sentir gorda?

1 2 3 4 5 6

18. Você deixou de participar de eventos sociais (como, por exemplo, festas) por sentir-se mal em relação ao seu físico?

1 2 3 4 5 6

19. Você se sente excessivamente grande e arredondada? 1

2

3

4

5

6

20. Você já teve vergonha do seu corpo? 1 2 3 4 5 6

21. A preocupação diante do seu físico leva-lhe a fazer dieta? 1 2 3 4 5 6

22. Você se sente mais contente em relação ao seu físico quando de estômago vazio (por exemplo pela manhã)?

1 2 3 4 5 6

23. Você acha que seu físico atual decorre de uma falta de autocontrole?

1 2 3 4 5 6

24. Você se preocupa que outras pessoas possam estar vendo dobras na sua cintura ou estômago?

1 2 3 4 5 6

25. Você acha injusto que as outras mulheres sejam mais magras que você?

1 2 3 4 5 6

26. Você já vomitou para se sentir mais magra? 1 2 3 4 5 6

27. Quando acompanhada, você fica preocupada em estar ocupando muito espaço (por exemplo, sentado num sofá ou no banco de um ônibus)?

1 2 3 4 5 6

28. Você se preocupa com o fato de estarem surgindo dobrinhas em seu corpo?

1 2 3 4 5 6

29. Ver seu reflexo (por exemplo, num espelho ou na vitrine de uma loja) faz você sentir-se mal em relação ao seu físico?

1 2 3 4 5 6

30. Você belisca áreas de seu corpo para ver o quanto há de gordura? 1 2 3 4 5 6

31. Você evita situações nas quais as pessoas possam ver seu corpo (por exemplo, vestiários ou banhos de piscina)?

1 2 3 4 5 6

32. Você toma laxantes para se sentir magra? 1 2 3 4 5 6

33. Você fica particularmente consciente do seu físico quando em companhia de outras pessoas?

1 2 3 4 5 6

34. A preocupação com seu físico faz-lhe sentir que deveria fazer exercícios?

1 2 3 4 5 6

37

35. Marque a figura que você considera sua imagem atual ?

36. Marque a figura que você considera como a ideal para o seu corpo? (a que você gostaria)

38

APENDICE I

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA 1. CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

Campus Universitário - Cx. Postal 6001 - CEP 86051-990 - Londrina-PR Fone: (43) 3371 4000 Fax: (43) 3328 4440

Londrina, de OUTUBRO de 2008.

Solicitação à Coordenação do Centro de Dança e Artes Adanac

Prezado(a) Vimos através desta, solicitar a V. As. conceda o Plano de Trabalho de Conclusão do Curso de Educação Física (TCC) da Universidade Estadual de Londrina UEL, com exigência para a formação acadêmica, das alunas Michele Daiana F. das Neves e Michelle Rennée M. de Oliveira. Sendo que o estudo será aplicado um questionário, nas alunas do sexo feminino, praticantes de ballet, com idades de 12 a 18 anos, no Colégio Portinari , Av: Juscelino Kubitschek, Av, 122, Centro, Londrina-Pr.

Sem mais para o momento

Atenciosamente Prof. Má rcia Dib

Escola de Dança e Artes Adanac

Responsável

39

APÊNDICE II

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

2. CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

Campus Universitário - Cx. Postal 6001 - CEP 86051-990 - Londrina-PR Fone: (43) 3371 4000 Fax: (43) 3328 4440

Londrina, de OUTUBRO de 2008.

Solicitação à Coordenação Colégio Portinari

Prezado(a) Vimos através desta, solicitar a V. As. conceda o Plano de Trabalho de Conclusão do Curso de Educação Física (TCC) da Universidade Estadual de Londrina UEL, com exigência para a formação acadêmica, das alunas Michele Daiana F. das Neves e Michelle Rennée M. de Oliveira. Sendo que o estudo será aplicado um questionário, nas alunas do sexo feminino, praticantes de ballet, com idades de 12 a 18 anos, no Colégio Portinari , Av: Juscelino Kubitschek, Av, 122, Centro, Londrina-Pr.

Sem mais para o momento

Atenciosamente Prof. Má rcia Dib

Colégio Portinari

Responsável

40

APÊNDICE III

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

3. CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

Campus Universitário - Cx. Postal 6001 - CEP 86051-990 - Londrina-PR Fone: (43) 3371 4000 Fax: (43) 3328 4440

Londrina, de outubro de 2008.

TERMO DE COMPROMISSO LIVRE E INFORMADO

Estamos realizando uma pesquisa intitulada “ Percepção da Imagem Corporal de Bailarinas do Município de Londrina – Paraná” para o plano de trabalho de conclusão do Curso de Educação Física (TCC) da Universidade Estadual de Londrina UEL, com exigência para a formação acadêmica, das alunas Michele Daiana F. das Neves e Michelle Rennée M. de Oliveira. Esta investigação tem por objetivo verificar a percepção e satisfação da imagem corporal das bailarinas da Funcart de Londrina-Pr. Esse estudo será realizado em uma única etapa, com obtenção de um questionário auto aplicado. Dessa forma, solicitamos aos senhores que assinem este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, a participar desta pesquisa que constará da aplicação de um questionário na Escola de Dança Funcart da cidade de Londrina.

Faz-se necessário esclarecer que será mantido o sigilo e a privacidade de identidade dos participantes, mediante a assinatura do presente Termo (abaixo) e ressaltar que o participante terá a liberdade de se recusar a participar da pesquisa ou retirar seu Consentimento, sem qualquer tipo de penalização.

Certo de contar com sua colaboração para a concretização desta investigação, agradecemos antecipadamente a atenção dispensada e colocamo-nos à sua disposição para quaisquer esclarecimentos([email protected]/[email protected]) ou fone: (43) 3337-2441 ou 3029-2356).

_____________________________ ____________________________ Michele Daiana das Neves Michelle Rennée de Oliveira

_______________________________________ Nome: Assin atura/Responsável