universidade estadual d e montes claros programa d e pós ...€¦ · capÍtulo 1 - dinÂmico de...

104
Universidade Estadual de Montes Claros Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Ciências Biológicas MATÉRIA ORGÂNICA PROVENIENTE DA VEGETAÇÃO RIPÁRIA E O PROCESSO DE DECOMPOSIÇÃO DE DETRITOS FOLIARES EM UM CÓRREGO DE CABECEIRA NO CERRADO Patrícia Raphaella Souto Correia Montes Claros, Minas Gerais. 2015

Upload: others

Post on 15-Jun-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

Universidade Estadual de Montes Claros

Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Ciências Biológicas

MATÉRIA ORGÂNICA PROVENIENTE DA VEGETAÇÃO RIPÁRIA E O

PROCESSO DE DECOMPOSIÇÃO DE DETRITOS FOLIARES EM UM

CÓRREGO DE CABECEIRA NO CERRADO

Patrícia Raphaella Souto Correia

Montes Claros, Minas Gerais.

2015

Page 2: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

Patrícia Raphaella Souto Correia

MATÉRIA ORGÂNICA PROVENIENTE DA VEGETAÇÃO RIPÁRIA E O

PROCESSO DE DECOMPOSIÇÃO DE DETRITOS FOLIARES EM UM

CÓRREGO DE CABECEIRA NO CERRADO

ORIENTADOR: Anderson Medeiros dos Santos

Montes Claros, Minas Gerais.

2015

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Montes Claros como requisito necessário para a conclusão do curso de Mestrado em Ciências Biológicas.

Page 3: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE
Page 4: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

Patrícia Raphaella Souto Correia

MATÉRIA ORGÂNICA PROVENIENTE DA VEGETAÇÃO RIPÁRIA E O PROCESSO DE DECOMPOSIÇÃO DE DETRITOS FOLIARES EM UM

CÓRREGO DE CABECEIRA NO CERRADO

APROVADA: 10 de Abril de 2015.

Prof. Dr. Anderson Medeiros dos Santos - UNIMONTES

Prof. Dr. Mauricio Mello Petrucio

Prof. Dr. Marcilio Fagundes

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Montes Claros como requisito necessário para a conclusão do curso de Mestrado em Ciências Biológicas.

Page 5: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

Dedico esse trabalho à minha

mãe, irmãos, amigos e Ellis

Chamone pela dedicação e

apoio em todos os momentos

difíceis.

Page 6: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

AGRADECIMENTOS

A Ellis por sempre estar ao meu lado nos bons e maus momentos, muito

obrigado por você existir.

A minha mãe e meus irmãos por sempre apoiarem minhas escolhas.

Aos meus amigos Karen, Saimo, Nathalle, Carol Siqueira e Adriana obrigado

por me ajudarem sempre que precisava.

Aos meus colegas de laboratório Renato, Aldenice e Maiara obrigado pelas

experiências compartilhadas.

Aos colegas de mestrado Maira, Francine, Josiane, Ozorino Neto, Renato,

Thomas e Sara que se tornaram amigos especiais.

A todos os outros amigos que, mesmo não convivendo todo dia, suas palavras ou

o simples ato de me ouvir, me ajudaram muito.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – PPGCB e a rede

Aquaripária, obrigada pela oportunidade de realizar um trabalho em nova área,

aumentando meus conhecimentos e experiências.

Ao meu orientador Prof. Dr. Anderson Medeiros, obrigado pelas experiências

compartilhadas.

A CAPES pela concessão da bolsa de mestrado.

Page 7: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

6

SUMÁRIO

RESUMO GERAL ------------------------------------------------------------------------------ 12

INTRODUÇÃO GERAL ----------------------------------------------------------------------- 13

OBJETIVO --------------------------------------------------------------------------------------- 15

REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------------- 16

CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE CABECEIRA

RESUMO ----------------------------------------------------------------------------------------- 21

ABSTRAT ---------------------------------------------------------------------------------------- 22

INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------- 23

OBJETIVO --------------------------------------------------------------------------------------- 25

METODOLOGIA ------------------------------------------------------------------------------- 26

Área de Estudo ----------------------------------------------------------------------------------- 26

Desenho Experimental -------------------------------------------------------------------------- 27

Fatores Abióticos -------------------------------------------------------------------------------- 29

Análises Estatísticas ----------------------------------------------------------------------------- 29 RESULTADOS ---------------------------------------------------------------------------------- 30 Fatores abióticos -------------------------------------------------------------------------------- 30 Aporte de matéria orgânica alóctone --------------------------------------------------------- 31 DISCUSSÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 33 Matéria orgânica alóctone e fatores abióticos ---------------------------------------------- 33 CONCLUSÃO ----------------------------------------------------------------------------------- 36 REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------------- 37 CAPITULO 2 - PROCESSO DE DECOMPOSIÇÃO DE DETRITOS FOLIARES ALÓCTONES EM UM RIO DE CABECEIRA

Page 8: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

7

RESUMO ----------------------------------------------------------------------------------------- 45

ABSTRAT ---------------------------------------------------------------------------------------- 46

INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------- 47

O processo de Decomposição ------------------------------------------------------------------ 47

Fatores abióticos que influenciam o processo de decomposição ------------------------- 48

Fatores bióticos que influenciam o processo de decomposição --------------------------- 49

OBJETIVO --------------------------------------------------------------------------------------- 50

METODOLOGIA ------------------------------------------------------------------------------- 51

Área de Estudo ----------------------------------------------------------------------------------- 51

Desenho Experimental -------------------------------------------------------------------------- 52

Experimento de Decomposição ---------------------------------------------------------------- 55

Comunidade de Macroinvertebrados --------------------------------------------------------- 56

Massa Remanescente (Peso Seco Livre de Cinzas) ----------------------------------------- 57

Fatores Abióticos -------------------------------------------------------------------------------- 57

Coeficientes de Decomposição ---------------------------------------------------------------- 58

Índice de Diversidade Beta --------------------------------------------------------------------- 58 Análises Estatísticas ----------------------------------------------------------------------------- 59 RESULTADOS ---------------------------------------------------------------------------------- 61 Fatores Abioticos -------------------------------------------------------------------------------- 61 Processo de decomposição de detritos foliares alóctones --------------------------------- 64 DISCUSSÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 72 Processo de decomposição de detritos foliares alóctones e fatores abióticos ---------- 72 CONCLUSÃO ----------------------------------------------------------------------------------- 80 REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------------- 81 ANEXOS ----------------------------------------------------------------------------------------- 98

Page 9: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

8

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1 - DINÂMICA DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE CABECEIRA

Figura 1: Representação do desenho amostral realizado no Córrego das Boleiras. Os

círculos na cor cinza representam os baldes do aporte vertical para o experimento de

entrada de matéria orgânica alóctone, e os quadrados pretos, representam os “litter

bags” utilizados no experimento de decomposição. ---------------------------------------- 27

Figura 2: Estimação da entrada de matéria orgânica alóctone proveniente da vegetação

riparia no Córrego das Boleiras através do aporte vertical. -------------------------------- 28

Figura 3: Média e erro padrão da Temperatura do ar coletados durante os meses de

Janeiro a Dezembro no Córrego das Boleiras no ano de 2012. --------------------------- 30

Figura 4: Média e erro padrão da Precipitação coletados durante os meses de Janeiro a

Dezembro no Córrego das Boleiras no ano de 2012. --------------------------------------- 31

Figura 5: Média e erro padrão da quantidade na entrada de matéria orgânica alóctone

coletada durante os meses de Janeiro a Dezembro de 2012. (A) Matéria Orgênica Total

(g.m-2), (B) Folhas (g.m-2), (C) Galhos (g.m-2) e (D) Estrutura Reprodutiva (g.m-2). ------

------------------------------------------------------------------------------------------------------ 32

CAPITULO 2 - PROCESSO DE DECOMPOSIÇÃO DE DETRITOS FOLIARES ALÓCTONES EM UM RIO DE CABECEIRA

Figura 1: Representação do desenho amostral realizado no Córrego das Boleiras. Os

círculos na cor cinza representam os baldes do aporte vertical para o experimento de

Page 10: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

9

entrada de matéria orgânica alóctone, e os quadrados pretos, representam os “litter

bags” utilizados no experimento de decomposição. ---------------------------------------- 52

Figura 2: Estimação da entrada de matéria orgânica alóctone proveniente da vegetação

riparia no Córrego das Boleiras através do aporte vertical. -------------------------------- 53

Figura 3: Confecção dos “litter bags” através da seleção das amostras provenientes dos

baldes (aporte vertical). Para cada ponto, foi selecionado o balde com maior peso em

folhas em cada fileira para o experimento de decomposição, sendo que cada ponto tinha

o total de três “litter bags”. ------------------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------------------------------------------------ 54

Figura 4: Incubação dos “litter bags” abaixo de seus respectivos pontos no Córrego das

Boleiras. ------------------------------------------------------------------------------------------- 56

Figura 5: Média e erro padrão da Temperatura do ar coletados durante os meses de

Janeiro a Dezembro de 2012 no Córrego das Boleiras. ------------------------------------ 61

Figura 6: Valores médios da Precipitação coletados durante os meses de Janeiro a

Dezembro de 2012 no Córrego das Boleiras. ------------------------------------------------ 62

Figura 7: Média e erro padrão dos parâmetros físico-químicos da água, coletados

durante os meses de Abril a Dezembro de 2012 no Córrego das Boleiras. (A) Vazão

(m3/s), (B) Velocidade da correnteza (m/s), (C) Temperatura (ºC), (D) Condutividade

(μS cm-1), e (E) Oxigênio dissolvido (mg/L-1). Devido à tromba d’água ocorrida nos

meses de Janeiro a Março, não foi possível medir os parâmetros da água. -------------- 63

Figura 8: Média e erro padrão dos coeficientes de decomposição (k) das amostras

coletadas durante os meses de Abril à Dezembro de 2012. Durante os meses de Janeiro,

Page 11: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

10

Fevereiro e Março, não foi possível obter os dados relacionados aos coeficientes de

decomposição devido à perda dos “litter bags” em decorrência de uma tromba d’água. -

------------------------------------------------------------------------------------------------------ 64

Figura 9: Influência dos fatores bióticos e abióticos sobre os coeficientes de

decomposição (k). (A) Abundância de invertebrados, (B) Riqueza de invertebrados, (C)

Condutividade e (D) Temperatura da água. -------------------------------------------------- 65

Figura 10: Média e erro padrão da riqueza de invertebrados associados a detritos

foliares alóctones em decomposição durante os meses de Abril a Dezembro de 2012 no

Córrego das Boleiras. Durante os meses de Janeiro a Março, não foi possível obter os

dados relacionados à comunidade de macroinvertebrados devido à perda dos “litter

bags” em decorrência de uma tromba d’água. ----------------------------------------------- 66

Figura 11: Média e erro padrão da abundância de invertebrados associados a detritos

foliares em decomposição durante os meses de Abril a Dezembro de 2012 no Córrego

das Boleiras. Durante os meses de Janeiro a Março, não foi possível obter os dados

relacionados à comunidade de macroinvertebrados devido à perda dos “litter bags” em

decorrência de uma tromba d’água. ----------------------------------------------------------- 67

Figura 12: Média e erro padrão dos grupos funcionais tróficos (GFT) dos invertebrados

encontrados associados ao processo de decomposição no Córrego das Boleiras durante

os meses de Abril a Dezembro de 2012. (A) Coletores – Filtradores, (B)

Fragmentadores, (C) Raspadores, (D) Coletores – Catadores e (E) Predadores. -------- 71

Page 12: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores médios dos parâmetros físicos– químicos da água amostrados nos

cinco pontos do Córrego das Boleiras entre os meses de Abril a Dezembro de 2012.

OBS: Devido à forte correnteza e aumento do nível do rio, causada pela tromba d’água,

não foi possível medir os parâmetros da água durante os meses de Janeiro, Fevereiro e

Março. --------------------------------------------------------------------------------------------- 98

Tabela 2: Abundância e grupo funcional trófico dos invertebrados amostrados nos

detritos foliares em decomposição no Córrego das Boleiras durante os meses de Abril a

Dezembro de 2012. R = raspador; CC = coletor-catador; CF = coletor-filtrador; P =

predador; F = fragmentador; A = adulto; L = larva. OBS: Devido à forte correnteza e

aumento do nível do rio, causada pela tromba d’água, não foi possível medir os

parâmetros da água durante os meses de Janeiro, Fevereiro e Março. ------------------ 99

Page 13: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

12

RESUMO GERAL

Dentre as diversas formações vegetais no Cerrado se destacam as florestas ou

vegetações ripárias que representam áreas de transição entre os ecossistemas terrestre e

aquático e são influenciadas pelo clima, geomorfologia e condições de solo. As zonas

ripárias são responsáveis pela integridade das bacias hidrográficas, já que elas

estabelecem funções hidrológicas importantes na manutenção dos riachos, contribuindo

para o aumento do volume de água do riacho, regulando a quantidade, armazenamento e

vazão da água mesmo em períodos de secas, estabilização das margens, além da

manutenção da qualidade da água. Nesse sentido, a dissertação aborda aspectos

relacionados à dinâmica de matéria orgânica alóctone em zonas riparias principalmente

voltados a decomposição desse material em um riacho de cabeceira no Cerrado. Este

documento foi dividido em dois capítulos. O primeiro, intitulado “Dinâmica de

matéria orgânica alóctone proveniente do aporte vertical em um córrego de

cabeceira”, busca investigar a variação da matéria orgânica alóctone em função dos

meses. O segundo capítulo, “Processo de decomposição de detritos foliares alóctones

em um rio de cabeceira”, buscar investigar a variação da riqueza e abundância de

invertebrados associados ao processo de decomposição ao longo dos meses e sua

importância para o processo de decomposição e os efeitos dos fatores abióticos e

bióticos sobre o processo de decomposição em um riacho de cabeceira no Cerrado.

Palavras - chaves: Cerrado, Vegetação Ripária, Manutenção de Riachos.

Page 14: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

13

INTRODUÇÃO GERAL

A diversidade de formas vegetacionais encontradas no Cerrado Brasileiro inclui

habitats característicos do Cerrado, com fisionomias savânicas representadas por sua

típica vegetação composta por troncos tortuosos, baixo porte, ramos retorcidos, cascas

espessas e folhas grossas (BATALHA, 2011). Além da sazonalidade climática e eventos

de fogo, os solos são também determinantes da composição e estrutura destas formações

vegetais, que comumente ocorrem em solos bem drenados, ácidos e com baixa

disponibilidade de nutrientes (alta concentrações de alumínio), o que os caracteriza em

baixa fertilidade (PINHEIRO & MONTEIRO, 2010; KLINGER & JACOMINE, 2009).

Dentre as diversas formações vegetais no Cerrado se destacam as florestas ou

vegetações ripárias, que representam pouco mais de 5% da área do bioma, porém

comportam mais de 30% das suas espécies vasculares, o que ressalta a importância

desta paisagem para o Cerrado (RIBEIRO, 2009).

As zonas ripárias representam áreas de transição entre os ecossistemas terrestre e

aquático, são influenciadas pelo clima, geomorfologia e condições de solo (CALLISTO

et al., 2012; NAIMAN et al., 2008). Formações ripárias ocorrem em solos bem

drenados ou estacionalmente inundáveis, com características distintas através do

gradiente de umidade e influencia fluvial, definindo terrenos mais encharcados até áreas

mais secas (BATALHA, 2011; CARVALHO & UIEDA, 2010; DAVIES, BUNN &

HAMILTON, 2008; RESENDE, KLINK & SCHIAVINI, 2003). As florestas ripárias se

caracterizam pela interface com diversos tipos de vegetação, incluindo florestas

tropicais úmidas, mesófiticas e cerrado, o que resulta em uma flora heterogênea com

forte expressão do componente arbóreo, distribuindo-se em microsítios determinados

Page 15: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

14

por umidade e luz (BARRELA et al., 2009; OLIVEIRA & FELFILI, 2008; BRAGA &

RESENDE, 2007; FELFILI, 1997). Comumente, a vegetação ripária apresenta

fitofisionomia de florestas decídua ou semi-decídua (BATALHA, 2011; LEITE, 2001).

As zonas ripárias são responsáveis pela integridade das bacias hidrográficas, já

que elas estabelecem funções hidrológicas importantes na manutenção dos riachos,

contribuindo para o aumento do volume de água do riacho, regulando a quantidade,

armazenamento e vazão da água mesmo em períodos de secas, estabilização das

margens, além da manutenção da qualidade da água (zona tampão) (SALEMI et al.,

2012; AB’SABER, 2009; BEGON, TOWSEND & HARPER, 2008; RASSAN et al.,

2006; SANZ & JALÓN, 2005). Diante das informações, existe uma clara

interdependência entre riachos e florestas ripárias, associado ao fluxo de energia através

da dinâmica e aporte alóctone de matéria orgânica vegetal e fornecimento de nutrientes

para toda biota aquática (CALLISTO et al., 2012; ALLAN & CASTILHO, 2007;

WANTZEN et al., 2008; TANK et al., 2010).

A produtividade dos trechos sombreados em córregos de cabeceira é fortemente

influenciada pela vegetação ripária, assim o metabolismo destes ecossistemas é

dependente da entrada de detritos foliares e outras fontes alóctones de matéria orgânica

particulada grossa (MOPG) (VANNOTE et al., 1980; GREGORY et al., 1991;

WHILES & WALLACE, 1997). Em riachos de pequena ordem, nos quais a entrada de

luz é reduzida, o aporte de matéria orgânica alóctone tem recebido atenção especial

quando se busca entender os fluxos de energia (GONÇALVES et al., 2013). Ao

entrarem no córrego, os detritos foliares são geralmente retidos até serem convertidos

em matéria orgânica particulada fina (MOPF) e matéria orgânica dissolvida (MOD) que

podem ser mais facilmente transportados (WALLACE, ROSS & MEYER, 1982;

CUMMINS et al., 1983; CUMMINS et al., 1989; ENCALADA et al., 2010). A

Page 16: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

15

decomposição está intimamente relacionada com a ciclagem de nutrientes nos

ecossistemas, fazendo com que os nutrientes assimilados pelos produtores primários

(formas orgânicas) tornem-se novamente disponíveis no ambiente (na forma

inorgânica), assim, os decompositores obtêm energia a partir da matéria orgânica morta

para respiração e conversão em biomassa (TOWNSEND, BEGON & HARPER, 2009).

Nesse sentido, a dissertação aborda aspectos relacionados à dinâmica de matéria

orgânica alóctone em zonas ripárias, principalmente voltados à decomposição desse

material em um riacho de cabeceira no Cerrado.

Este documento foi dividido em dois capítulos. O primeiro, intitulado

“Dinâmica de matéria orgânica alóctone proveniente do aporte vertical em um

córrego de cabeceira”, busca investigar a variação da matéria orgânica alóctone em

função dos meses. Os dados da precipitação e da temperatura do ar da área de estudo

foram obtidos através do site Agritempo e foram relacionados com a variação da

matéria orgânica ao longo dos meses. Assim, esse capítulo apresenta dados importantes

relacionados à dinâmica de matéria orgânica alóctone em regiões tropicais.

O segundo capítulo, “Processo de decomposição de detritos foliares alóctones

em um rio de cabeceira”, buscar investigar a variação da riqueza e abundância de

invertebrados associados ao processo de decomposição ao longo dos meses e sua

importância para o processo de decomposição, assim como busca investigar também a

abundancia de cada grupo funcional trófico. Os parâmetros físicos e químicos da agua

foram obtidos in situ, os quais foram avaliados quanto a sua importância para o

processo de decomposição. Assim, esse capítulo apresenta dados importantes quanto

aos efeitos dos fatores abióticos e bióticos sobre o processo de decomposição em um

riacho de cabeceira no Cerrado.

Page 17: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

16

REFERÊNCIAS

AB’SÁBER, A.N. (2009) O Suporte Geoecológico das Florestas Beiradeiras (Ciliares). In:

Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. (Eds. Rodrigues, R.R. & Leitão Filho,

H.D.F.), pp.15-26. Edusp, São Paulo.

ALLAN, J.D. & CASTILLO, M.M. (2007) Stream Ecology: Structure and function or running

waters. Springer, Dordrecht.

BARRELA, W.; PETRERE JR., M.; SMITH, S.W. & MONTAG, L.F.A. (2009) As Relações

entre Matas Ripárias, os Rios e os Peixes. In: Matas Ciliares: Conservação e

Recuperação. (Eds. Rodrigues, R.R. & Leitão Filho, H.D.F.), pp.187-208. Edusp, São

Paulo.

BATALHA, M.A. (2011) O cerrado não é um bioma. Biota Neotropical, 11(1).

BEGON, M.; TOWSEND, C.R. & HARPER, J.L. (2008) Ecologia, De Indivíduos a

Ecossistemas. Artmed, Porto Alegre.

BRAGA, F.M.S. & REZENDE, A.V. (2007) Dinâmica da vegetação arbórea da mata de galeria

do Catetinho, Brasília-DF. Cerne, Lavras, 13(2), 138-148.

CALLISTO, M.; MELO, A.S.; BAPTISTA, D.F.; GONÇALVES, J.F.JR.; GRAÇA, M.A.S. &

AUGUSTO, F.G. (2012) Future ecological studies of Brazilian headwater streams under

global-changes. Acta Limnologica Brasiliensia.

CARVALHO, E.M. & UIEDA, V.S. (2010) Input of litter in the forested and forested areas of

a tropical headstream. Brazilian of Biology, 70(2), 283-288.

CUMMINS, K.W.; WILZBACH, M.A.; GATES, D.M.; PERRY, J.B. & TALAIFERRO, W.B.

(1989) Shredders and riparian vegetation. BioScience, 39: 24-30.

CUMMINS, K.W.; SEDELL, J.R.; SWANSON, F.J.; MINSHALL, G.W.; FISHER, S.G.;

CUSHING, C.E.; PETERSON, R.C. & VANNOTE, R.L. (1983) Organic matter

budgets for stream ecosystems: problems with their evaluation. In: BARNES, J.R. &

Page 18: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

17

MINSHALL, G.W. (eds), Stream Ecology: Application and Testing of General Ecology

Theory. Plenum Press, New York: 299-353.

DAVIES, P.M.; BUNN, S.E. & HAMILTON, S.K. (2008) Primary Prodution in Tropical

Stream and Rivers. In: Tropical Stream Ecology. (Eds.Dudgeon, D.) pp. 24-37.

Elsevier, London.

ENCALADA, A.C.; CALLES, J.; FERREIRA, V.; CANHOTO, C.M. & GRAÇA, M.A.S.

(2010) Riparian land use and the relationship between the benthos and litter

decomposition in tropical montane streams. Freshwater Biology, 55: 1719-1733.

FELFILI, J.M. (1997) Diameter and height distributions in a gallery forest tree community and

some of its main species in central Brazil over a six-year period (1985-1991). Revista

Brasileira de Botânica, 20(2), 155-162.

GONÇALVES, J.F.J.; MARTINS, R.T.; OTTONI, B.M.P. & COUCEIRO, S.R.M. (2013).

Uma visão sobre a decomposição foliar em sistemas aquáticos brasileiros. In N.

Hamada, J. L. Nessimian, & R. Querino (Eds.), (pp. 1–41). Manaus.

GREGORY, S.V.; SWANSON, F.J.; MCKEE, W.A. & CUMMINS, K.W. (1991) An

Ecosystem Perspective of Riparian Zones. BioScience, 41(8), 540–551.

KLINGER, P. & JACOMINE, T. (2009) Solos sob Matas Ciliares. In: Matas Ciliares:

Conservação e Recuperação. (Eds. Rodrigues, R.R. & Leitão Filho, H.D.F.), pp.27-32.

Edusp, São Paulo.

LEITE, E.J. (2001) Spatial distribution patterns of riverine forest taxa in Brasília, Brazil. Forest

Ecology and Management, 140, 257-264.

NAIMAN, R.J.; LATTERELL, J.J.; PETTIT, N.E. & OLDEN, J.D. (2008) Flow variability and

the biophysical vitality of the river systems. Comptes Rendus Geoscience. 340, 629-

643. Neotropical Entomology, 337-340.

Page 19: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

18

OLIVEIRA, A.P. & FELFILI, J.M. (2008) Dinâmica da comunidade arbórea de uma mata de

galeria do Brasil Central em um período de 19 anos (1985-2004). Revista Brasileira de

Botânica, 31(4), 597-610.

PINHEIRO, M.H.O. & MONTEIRO, R. (2010) Contribution to discussions on the origin of the

cerrado bioma: Brazilian savanna. Brazilian Journal Biology, 70(1), 95-102.

RASSAN, D.W.; FLLOWS, C.F.; HAYR, R.D.; HUNTER, H. & BLOESCH, P. (2006) The

hydrology of riparian buffer zones; two case studies in a ephemeral and a perennial

streams. Journal of Hydrology. 325, 308-324.

RESENDE, J.C.F.; KLINK, C.A. & SCHIAVINI. (2003) Spatial Heteroneity and it influence

on Copaifera langsdoffii Desf. (Caesalpiniaceae). Brazilian Archives of Biology and

Technology.46(3), 405-414.

RIBEIRO, F. EMBRAPA. (2009) In: + 100 Árvores do Cerrado - Matas de Galeria: Guia de

Campo. (Eds. Silva Júnior, M.C. & Pereira, B.A.). Rede Sementes do Cerrado, Brasília-

DF.

SALEMI, L.F.; GROPPO, J.D.; TREVISAN, R.; DE MORAES, J.M.; LIMA, W.D.P. &

MARTINELLI, L.A. (2012) Riparian Vegetation and water yied: A synthesis. Journal

of Hydrolgy, 454-455, 195-202.

SANZ, D.B. & JALÓN, D.G.D. (2005) Characterisation of streamflow regimes in central

Spain, based on relevant hydrobiological parameters. Journal of Hydrolgy, 310, 266-

279.

TANK, J.L.; ROSI-MARSHALL, E.J.; GRIFFIYHS, N.A.; ENTREKIN, S.A. & STEPHEN,

M.L. (2010). A rewiew of allochthonous organic matter dynamics and metabolism in

streams. J. N. Am. Benthol. Soc., 290(1), 118-140.

TOWNSEND, C.; BEGON, M. & HARPER, J.L. (2009) Fundamentos em Ecologia. 3ª edição.

Artmed, Porto Alegre.

Page 20: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

19

VANNOTE, R.L.; MINSHALL, G.W.; CUMMINS, K.W.; SEDELL, J.R., & CUSHING, C.E.

(1980) River Continuum Concept. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences,

37(1), 130–137.

WALLACE, J.B.; ROSS, D.H. & MEYER, J.L. (1982) Seston and dissolved organic carbono

dynamics in a southern Appalachian Mountain stream. Ecology 63: 824-838.

WANTZEN, K.M.; YULE, C.M.; MATHOOKO, J.M. & PRINGLE, C.M. (2008) Organic

Matter Processing in Tropical Stream. In: Tropical Stream Ecology. (Eds.Dudgeon, D.)

pp. 44-60. Elsevier, London.

WHILES, M.R. & WALLACE, J.B. (1997) Leaf litter decomposition and macroinvertebrate

communities in headwater streams draining pine and hardwood catchments.

Hydrobiologia 353: 107-119.

Page 21: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

20

CAPÍTULO 1

DINÂMICA DE MATÉRIA ORGÂNICA

ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE

VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

CABECEIRA

Page 22: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

21

RESUMO

A dinâmica de matéria orgânica alóctone tem recebido atenção especial quando

se busca entender os fluxos de energia, já que em richos onde a entrada de luz é

reduzida, a principal fonte de energia é proveniente da matéria orgânica alóctone. O

presente trabalho busca investigar a variação da matéria orgânica alóctone em função

dos meses, baseando na hipótese de que haverá uma maior quantidade na entrada de

matéria orgânica alóctone durante o período chuvoso. O estudo foi realizado nos meses

de Janeiro a Dezembro de 2012 no Córrego das Boleiras, localizado no Parque Estadual

do Rio Preto. Foram feitos GLMs para verificar se a quantidade de matéria orgânica

alóctone variava em função dos meses. Todas as análises foram realizadas no programa

R e todos os gráficos construídos no programa Sigmaplot 11.0. Apesar da quantidade na

entrada de matéria orgânica total não apresentar variação significativa em relação aos

meses, foi observado uma maior queda de galhos no mês onde a precipitação

Analisando o comportamento na dinâmica de matéria orgânica alóctone foi possível

observar que durante o período chuvoso, principalmente nos meses de Novembro e

Dezembro uma queda na quantidade na entrada de matéria orgânica alóctone total,

como também nas categorias “Folhas” e “Estrutura Reprodutiva”.

Palavras - chave: Dinâmica de matéria orgânica alóctone, Córrego das Boleiras, Aporte

vertical, Parque Estadual do Rio Preto.

Page 23: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

22

ABSTRAT

The dynamics of allochthonous organic matter has received special attention

when seeking to understand the energy flows, as in richos where the light input is

reduced, the main source of energy comes from allochthonous organic matter. This

study aims to investigate the variation of allochthonous organic matter in terms of

months, based on the assumption that there will be a larger amount at the entrance of

allochthonous organic matter during the rainy season. The study was conducted during

January to December 2012 in Córrego das Boleiras, located in the Parque Estadual do

Rio Preto. GLMS has been made to verify that the amount of allochthonous organic

matter varied as a function of months. All analyzes were performed with R program and

all graphics built in Sigmaplot 11.0.Apesar program in the amount of total organic

matter input does not present significant change over the months, more falling branches

during the month was observed where rainfall Analyzing behavior in the dynamics of

allochthonous organic matter was observed that during the rainy season, especially in

the months of November and December a drop in the number in the input full

allochthonous organic matter, as well as in the "Leaves" and "reproductive structure".

Key - words: allochthonous organic matter dynamics, Córrego das Boleiras, vertical

Contribution, Parque Estadual do Rio Preto.

Page 24: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

23

INTRODUÇÃO

Para entender a dinâmica ecológica é necessário um bom conhecimento de como

a estrutura do sistema e as relações casuais entre os componentes determinam a

dinâmica das comunidades, entretanto, muitas dessas relações básicas que operam a

dinâmica das zonas ripárias, dos quais emergem padrões importantes, ainda não estão

claros, pois sua compreensão exige melhor entendimento dos processos ecológicos

envolvidos (ABELHO, 2001; TANK et al., 2010). A complexidade desses mecanismos

é devido ao elevado número de variáveis atuando no sistema, de efeitos e fenômenos

que ocorrem em diferentes escalas, além da combinação de fatores determinísticos e

estocásticos (TULLOS & NEUMANN, 2006).

Para a dinâmica da matéria orgânica e organização das comunidades aquáticas, a

regra não é diferente. Apesar de estudos terem revelado diversos aspectos fundamentais

sobre os processos ecológicos em riachos, o conhecimento adquirido ainda é incipiente

para se encontrar padrões e comportamentos nesses sistemas (ABELHO, 2 001;

HAGEN, WEBSTER, & BENFIELD, 2006; TANK et al., 2010), principalmente diante

das mudanças ambientais (SUTHERLAND et al., 2013).

Desde Birge & Juday (1926) os estudos vêm sugerindo que a matéria orgânica

alóctone é parte fundamental no metabolismo dos ecossistemas aquáticos e,

consequentemente, na organização das comunidades locais (CUMMINS et al., 1973;

O’CONNEL & YALLOP, 2002). A dinâmica de matéria orgânica em ecossistemas

lóticos vem despertando um grande interesse em muitos pesquisadores desde o estudo

pioneiro realizado por Fisher & Likens (1973). Esses trabalhos têm demonstrado que

em riachos com vegetação marginal bem desenvolvida, a principal fonte de energia é

proveniente da matéria orgânica de origem alóctone (FISHER & LIKENS, 1973;

Page 25: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

24

PETERSEN, CUMMINS & WARD,1989; GRIFFITH & PERRY, 1993; HENRY et al.,

1994; BENFIELD, 1997). Nesse sentido, principalmente em riachos de baixa ordem,

nos quais a entrada de luz é reduzida e o metabolismo heterotrófico é dominante, o

aporte de matéria orgânica alóctone tem recebido atenção especial quando se busca

entender os fluxos de energia (GONÇALVES et al., 2013).

Em riachos, as entradas de energia e matéria podem ocorrer de várias formas:

produção primária, entrada vertical via abscisão foliar ou queda de estruturas vegetais

das árvores (e.g., folhas, galhos), contribuições laterais da vegetação ripária no qual os

ventos, as chuvas e os alagamentos carregam a matéria orgânica para os cursos d’água,

matéria orgânica dissolvida na água e no solo e entradas a jusante (TANK et al., 2010).

Porém, somente as entradas verticais e laterais podem representar mais de 90% das

entradas alóctones em riachos de cabeceira (CAMPBELL et al., 1992), sendo

considerados vitais para a manutenção do funcionamento de riachos.

A matéria orgânica presente nos sistemas aquáticos é subdividida em: matéria

orgânica particulada grossa (MOPG), da qual fazem parte os troncos, galhos, folhas,

flores e frutos (partículas > 1 mm); matéria orgânica particulada fina (MOPF), originada

da abrasão física e da ação de micro e macro decompositores que transformam a MOPG

em partículas menores (entre 0,05 e 1 mm); e matéria orgânica dissolvida (MOD),

formada por compostos químicos refratários e excretos de algas e animais (ALLAN &

CASTILHO, 2007; ESTEVES & GONÇALVES, 2011).

Apesar de variar em função de diversos fatores como clima, vegetação, tipo de

solo, idade das árvores e características morfológicas dos riachos, a entrada vertical

representa a principal contribuição de matéria orgânica alóctone para os riachos no

Cerrado (GONÇALVES, FRANÇA & CALLISTO, 2006; FRANÇA et al., 2009).

Estima-se que 41-98% do total das entradas de matéria orgânica alóctone nos riachos

Page 26: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

25

são de origem vertical, enquanto que apenas 7-30% desse material seja de origem lateral

(ABELHO, 2001). Por isso, quantificar a entrada de matéria orgânica nos sistemas não

significa apenas reconhecer as entradas e saídas de energia, mas, sobretudo, obter

informações relacionadas à importância de vários recursos para o metabolismo dos

ecossistemas aquáticos.

No Brasil existem poucas informações sobre a dinâmica deste material orgânico

(designado por MO), apesar das grandes dimensões de nossas Bacias Hidrográficas e da

associação destas com a vegetação ripária. Existem publicações de pesquisas, algumas

realizadas nos Estados do Rio de Janeiro (REZENDE & MAZZONI, 2003), São Paulo

(HENRY et al.,1994; UIEDA E KIKUCHI, 1995; AFONSO, HENRY & RODELLA,

2000; CARVALHO & UIEDA, 2010) e Minas Gerais (GONÇALVES, FRANÇA &

CALLISTO, 2006; FRANÇA et al., 2009), que sugerem a existência de espécies

vegetais comuns às margens de riachos de diferentes biomas brasileiros. No entanto,

existe ainda uma necessidade de estudos que ampliem o conhecimento sobre o

funcionamento destes ecossistemas. Assim, o presente trabalho busca investigar a

variação da matéria orgânica alóctone em função dos meses, baseando na hipótese de

que haverá uma maior quantidade na entrada de matéria orgânica alóctone durante o

período chuvoso, partindo da predição que a ação dos ventos e das chuvas fortes

ocorridas durante esse período tende a remover uma maior quantidade de matéria

orgânica.

Page 27: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

26

METODOLOGIA

Área de Estudo

O estudo foi conduzido em um córrego de cabeceira chamado de “Córrego das

Boleiras”, localizado na porção norte da Serra do Espinhaço, dentro do Parque Estadual

do Rio Preto em uma altitude de 800m. A Serra do Espinhaço abrange uma área de

aproximadamente 1.100 km de extensão, que compreende desde a porção central de

Minas Gerais até o extremo norte da Bahia (ABREU et al., 2005). Em Minas Gerais,

estende-se por cerca de 550 km, sentido norte-sul, com altitudes superiores a 800 metros

(GIULIETTI et al., 1997). É um importante divisor das bacias hidrográficas do São

Francisco, Jequitinhonha e Rio Doce (SAADI, 1995).

O Parque Estadual do Rio Preto está situado na região alta do Vale do

Jequitinhonha, inserido no complexo da Serra do Espinhaço. O parque foi criado em

1994 (Decreto nº 35.611 de 01 de Junho de 1994), com o objetivo de proteger as

nascentes do Rio Preto, afluente da margem direita do Jequitinhonha. Possui uma área

total de 10.755 hectares localizados no município de São Gonçalo do Rio Preto, entre as

coordenadas 18°07’04” S - 43°20’42” W. A área do Parque abrange todas as nascentes

deste rio, desde a sua porção no limite ao Sul até o início do seu curso médio, a partir do

vilarejo de Santo Antônio (IEF, 2004).

A classificação climática de Köppen atualizada por Alvares et al. (2014), indica

que o regime climático da região é tipicamente tropical do tipo AW (com inverno seco).

Ocorrendo uma estação chuvosa de Novembro a Março, com uma média de

precipitação pluviométrica de 223.19 mm para o período, e a estação seca de Junho a

Agosto, com uma média de 8.25 mm no período (IEF, 2004).

Page 28: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

27

Desenho experimental

Este projeto está inserido na rede Aquaripária e o desenho experimental desse

trabalho segue o protocolo da mesma que se baseou no livro “Methods to Study Litter

Decomposition: A Practical Guide” (GRAÇA, BÄRLOCHER & GESSNER, 2005). As

coletas de matéria orgânica alóctone foram realizadas mensalmente, entre os meses de

Janeiro a Dezembro de 2012. Para a realização do experimento, foram selecionados

cinco pontos de coleta, com distância de aproximadamente 20 metros entre cada ponto

(Figura 1). Para estimar a entrada de matéria orgânica proveniente da vegetação ripária,

que cai diretamente sobre o rio (aporte vertical), foram dispostas em cada ponto três

fileiras, cada uma contendo seis baldes com 26 cm de diâmetro, suspensos a dois metros

do leito do riacho e perpendiculares ao curso d’água (Figura 2).

Figura 1: Representação do desenho amostral realizado no Córrego das Boleiras. Os

círculos na cor cinza representam os baldes do aporte vertical para o experimento de

entrada de matéria orgânica alóctone, e os quadrados pretos, representam os “litter

bags” utilizados no experimento de decomposição.

Page 29: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

28

Figura 2: Estimação da entrada de matéria orgânica alóctone proveniente da vegetação

riparia no Córrego das Boleiras através do aporte vertical.

Em cada mês as amostras provenientes dos baldes foram coletadas e

acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados. O material foliar dos

baldes foi pesado em campo com auxílio de uma balança analítica de precisão. As

amostras foram secas em estufa a 60 °C por 72 horas, e separadas em partes vegetativas

(galhos, folhas) e diásporas (flores, frutos) e pesadas para mensuração da contribuição

de cada categoria vegetal no compartimento estudado (aporte vertical).

Page 30: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

29

Fatores Abióticos

Os dados de precipitação e temperatura do ar para este estudo foram obtidos

através do site Agritempo: Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à

Agricultura (INMET) (<www.agritempo.gov.br/agritempo> acessado periodicamente

durante os meses de Janeiro à Dezembro de 2012), cuja estação se encontra no

município de Diamantina.

Análises Estatísticas

Para verificar se a quantidade de matéria orgânica alóctone e as categorias de

matéria orgânica (Folhas, Galhos e Estrutura Reprodutiva) variavam em função dos

meses, foram realizados modelos lineares generalizados (GLMs) utilizando

distribuições Normais, seguidas de ANOVA com teste F e nível de significância

considerando p<0.05. Uma vez que a variável “meses” é uma variável explicativa

qualitativa e possui mais de dois níveis, foram realizadas análises de contraste para

verificar quais níveis foram significativamente diferentes entre si. Todas as análises

foram realizadas no programa R[v.2.15.1] (R Core Team 2012). Todos os gráficos

foram construídos no programa Sigmaplot 11.0.

Page 31: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

30

RESULTADOS

Fatores abióticos

Os resultados da temperatura média do ar e da precipitação média, obtidos

através do site Agritempo: Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à

Agricultura (INMET) estão apresentados na Figura 3 e Figura 4 respectivamente.

Figura 3: Média e erro padrão da Temperatura do ar coletados durante os meses de

Janeiro a Dezembro no Córrego das Boleiras no ano de 2012.

Page 32: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

31

Figura 4: Média e erro padrão da Precipitação coletados durante os meses de Janeiro a

Dezembro no Córrego das Boleiras no ano de 2012.

Aporte de matéria orgânica alóctone

A entrada de matéria orgânica alóctone ocorreu de forma constante ao longo do

ano (Figura 5A), não havendo variação significativa (F= 1.5982 p=0.1032) em função

dos meses amostrados. Em relação às categorias, as folhas não variaram em função dos

meses (Figura 5B) (F= 1.5746 p=0.1103), já a estrutura reprodutiva (F=3.4472

p=0.0002399) e os galhos (F=2.3505 p=0.01015) variaram como mostram as Figuras

5C e 5D respectivamente. Ao final do experimento, as folhas contribuíram com 70% da

entrada direta de matéria orgânica, seguido dos galhos com 22% e material reprodutivo

com 7%. Dentre os resultados encontrados 1% da matéria orgânica foi composta por

fezes de animais e outras estruturas que não foram possíveis de serem identificadas

Page 33: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

32

Figura 5: Média e erro padrão da quantidade na entrada de matéria orgânica alóctone

coletada durante os meses de Janeiro a Dezembro de 2012. (A) Matéria Orgênica Total

(g.m-2), (B) Folhas (g.m-2), (C) Galhos (g.m-2) e (D) Estrutura Reprodutiva (g.m-2).

Page 34: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

33

DISCUSSÃO

Matéria orgânica alóctone e fatores abióticos

A entrada de matéria orgânica não foi diferente em relação aos meses e não foi

influenciada pela precipitação ou temperatura do ar. Estes resultados diferem dos

observados em outros estudos em vegetações ripárias, que apontam um pico de

produção durante a estação seca (FUNCH et al., 2002; SANTANA et al., 2010). A

distribuição não só espacial como também temporal da qualidade e da quantidade de

detritos depende da formação florestal presente na zona ripária (WEBSTER & MEYER

1997; REID et al., 2008). Portanto, a entrada alóctone pode variar de maneira acentuada

devido à fenologia da vegetação ripária, mecanismos de retenção da zona de transição

aquático-terrestre e do clima local (WANTZEN et al., 2008). A dinâmica de matéria

orgânica nos ecossistemas tropicais é muito variável devido à diversidade de espécies

decíduas e semi-decíduas que ocorre concomitantemente, além do mais, alguns estudos

indicam que a dinâmica de detritos em florestas tropicais pode ser sazonal em locais

com estação seca definida (FRANÇA et al., 2009; GONÇALVES & CALLISTO,

2013) ou relativamente constante ao longo do ano (NIN, RUPPENTAL &

RODRIGUES, 2009).

A quantidade de matéria orgânica produzida pela vegetação ripária varia

consideravelmente e depende de fatores como o clima, vegetação, tipo de solo, idade

das árvores e morfologia do riacho (HERNANDEZ, GALLARDO & SANTA

REGINA, 1992; ABELHO, 2001). Em regiões tropicais, a produção de serapilheira

Page 35: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

34

pode ocorrer de forma sazonal ou não sincrônica, onde a queda ocorre de maneira

relativamente uniforme ao longo do ano (ABELHO, 2001).

Alguns autores (SOUSA-SILVA et al., 2001; MIRANDA, VITÓRIA &

FUNCH, 2011) sugerem que ausência de eventos climáticos extremos (como frio

intenso prolongado) e a umidade relativa alta no interior da mata mesmo durante os

meses de seca, tornam as zonas ripárias do Cerrado um ambiente favorável, permitindo

que a vegetação seja perenifólia, possibilitando um aporte de matéria orgânica contínuo

sobre os córregos ao longo dos meses, como mostram os resultados. Esta produtividade

de matéria orgânica é afetada por fatores ambientais, como ação mecânica do vento e

das chuvas, e por respostas fisiológicas das plantas a variações ambientais (VALENTI,

CIANCIARUSO & BATALHA, 2008).

Neste estudo, “Folhas” foi à categoria de matéria orgânica com maior

contribuição no aporte vertical. A queda das folhas pode estar relacionada a uma

resposta natural ao estresse hídrico em que a planta é submetida e deve-se ao aumento

nos níveis endógenos de etileno e ácido abscísico, hormônios promotores da

senescência foliar nessas plantas (TAIZ & ZEIGER, 2009). Segundo Abelho (2001), a

composição da matéria orgânica depositada (serapilheira) pode variar de acordo com o

tipo de vegetação, mas de um modo geral as folhas constituem o maior componente,

compreendendo de 41-98% da serapilheira total. Alguns autores sugerem que o maior

aporte de folhas pode ser resultado da abscisão foliar, estimulada pelo déficit hídrico

provocado pela escassez de chuvas durante períodos secos (BORCHET, 1980; REICH

& BORCHET, 1984; THANK et al., 2010). Espécies do Cerrado, mesmo aquelas que

supostamente têm acesso à água do solo, sofrem restrições hídricas durante este período

(MORAES, PEREZ. & CARVALHO, 1989; PEREZ & MORAES, 1991; MORAES &

Page 36: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

35

PRADO, 1998), assim a queda das folhas pode ser uma estratégia para minimizar a

perda de água por transpiração (CIANCIARUSO et al., 2006; LIMA & ZAKIA, 2009).

Durante a estação chuvosa, a ação dos ventos e as fortes chuvas podem ter

ocasionado maior perda de material lenhoso pela vegetação, já que a maior entrada de

galhos ocorreu durante o mês de Novembro, período em que a precipitação atingiu o seu

valor máximo, durante o experimento. Estes resultados diferem dos observados em

outros estudos em vegetações ripárias, que apontam um pico de produção durante a

estação seca (FUNCH, FUNCH & BARROSO, 2002; SANTANA et al., 2010). De

acordo com Marimon Junior (2007), o principal fator da produção de serapilheira é o

caráter fenológico de suas principais espécies, o que pode estar relacionado às variações

no aporte encontrado entre os meses observados.

Page 37: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

36

CONCLUSÃO

Apesar da hipótese do estudo ter sido refutada, já que a quantidade na entrada de

matéria orgânica total não apresentou variação significativa em relação aos meses,

pode-se observar que a ação dos ventos e a intensidade das chuvas ocorridas no mês de

Novembro onde teve o maior pico de precipitação, causou uma maior remoção de

galhos durante esse mês. Durante o período chuvoso, principalmente nos meses de

Novembro (onde apresentou o maior valor de precipitação) e Dezembro (maior valor de

temperatura do ar) foi possível observar uma queda na quantidade na entrada de matéria

orgânica alóctone total, como também nas categorias “Folhas” e “Estrutura

Reprodutiva”.

Page 38: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

37

REFERÊNCIAS

ABELHO, M. (2001) From litterfall to breakdown in streams: a review. The Scientific

World, 1, 656– 680.

ABREU, P.A.A.; FRAGA, L.M.S. & NEVES, S.C. (2005) Geologia. In SILVA, A.C.;

PEDREIRA, L.C.V.S.F & ABREU, P.A.A. (eds.) Serra do Espinhaço

Meridional: paisagens e ambientes. Editora: O Lutador. Belo Horizonte, p. 17-

44.

AFONSO, A.A.O.; HENRY, R.; RODELLA, C.S.M. (2000) Allochthonous matter

input in two different stretches of a headstream (Itatinga, São Paulo, Brazil).

Brazilian Archives of Biology and Technology, 43: 335–343.

ALLAN, J.D. & CASTILHO, M.M. (2007) Stream Ecology: Structure and Function of

Running Waters. 2nd Edition. Springer, Dordrecht, Netherland. 436pp.

ALVARES, C.A.; STAPE, J.L.; SENTELHAS, P.C.; GONÇALVES, J.L. DE M. &

SPAROVEK, G. (2014) Köppen’s climate classification map for Brazil.

Meteorologische Zeitschrift, Vol. 22 (6): 711-728.

BENFIELD, E.F. (1997) Comparison of Litterfall Input to Streams. Journal of the North

American Benthological Society, 16(1), 104–108.

BIRGE, E.A. & JUDAY, C. (1926). The Organic Content of Lake Water. Bulletin of

the United States Fish Commission, 12, 515–519.

BORCHERT, R. (1980) Phenology and ecophysiology of tropical trees: Erythrina

poeppigiana O.F. Cook. Ecology 61: 1065–1074.

CAMPBELL, I.C.; JAMES, K.R.; HART, B.T. & DEVEREAUX, A. (1992).

Allochthonous coarse particulate organic material in forest and pasture reaches

Page 39: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

38

of two south-eastern Australian streams. II Litter processing. Freshwater

Biology, 27, 353–365.

CARVALHO, E.M. & UIEDA, V.S. (2010) Input of litter in deforested and forested

areas of a tropical headstream. Brazilian Journal of Biology, 70: 283-288.

CIANCIARUSO, M. V.; PIRES, J. S. R; DELITTI, W. B. C. & SILVA, E. F. L. P.

(2006) Produção de serapilheira e decomposição do material foliar em um

cerradão na Estação Ecológica de Jataí, município de Luiz Antônio, SP, Brasil.

Acta Botanica Brasilica 20(1): 49-59.

CUMMINS, K.W.; PETERSEN, R.C.; HOWARD, F.O.; WUYCHECK, J.C., & HOLT,

V.I. (1973). The Utilization of Leaf Litter by Stream Detritivores. Ecology,

54(2), 336–345.

ESTEVES, F.A.; GONÇALVES, J.F.JR. (2011) Etapas do Metabolismo Aquático, p.

119-124. In: ESTEVES, F.A. (Ed.). Fundamentos de Limnologia. 3a edição.

Interciência, Rio de Janeiro, Brasil.

FISHER, S.G., & LIKENS, G.E. (1973). Energy Flow in Bear Brook, New Hampshire:

An Integrative Approach to Stream Ecosystem Metabolism. Ecological

Monographs, 43(4), 421–439.

FRANÇA, J.S.; GREGÓRIO, R.S.; D’ARC DE PAULA, J; GONÇALVES, J.F.J.;

FERREIRA, F.A. & CALLISTO, M. (2009) Composition and dynamics of

allochthonous organic matter inputs and benthic stock in a Brazilian stream.

Marine and Freshwater Research, 60: 990-998.

FUNCH, L. S.; FUNCH, R. & BARROSO, G. M. (2002) Phenology of Gallery and

Montane Forest in the Chapada Diamantina, Bahia, Brazil. Biotropica 34(1): 40-

50.

Page 40: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

39

GIULIETTI, A.M.; PIRANI, J.R. & HARLEY, R.M. (1997) Espinhaço range region.

In: Davis, S.D., V.H. Heywood, O. Herrera-MacBryde, J. Villa-Lobos & A.C.

Hamilton 55(eds), Centres of plant diversity. A guide and strategy for their

conservation. The Americas. WWF/IUCN. Cambridge, Vol 3: 397-404.

GONÇALVES, J.F.J.; FRANÇA, J.S., & CALLISTO, M. (2006) Dynamics of

Allochthonous Organic Matter in a Tropical Brazilian Headstream. Brazilian

Archives of Biology and Technology, 49(6), 967–973.

GONÇALVES, J.F. J.; MARTINS, R.T.; OTTONI, B M.P. & COUCEIRO, S.R.M.

(2013) Uma visão sobre a decomposição foliar em sistemas aquáticos

brasileiros. In HAMADA, N.; NESSIMIAN, J. L. &. QUERINO, R. (Eds.), (pp.

1–41). Manaus.

GONÇALVES, J.F.J. & CALLISTO, M. (2013) Organic – matter dynamics in the

riparian zone of a tropical headwater stream in Southern Brasil. Aquatic Botany

109: 8 – 13.

GRAÇA, M.A.S.; BÄRLOCHER, F. & GESSNER, M.O. (2005) Methods to Study

Litter Decomposition: A Practical Guide (Eds.) 2005, X, 329 p.

GRIFFITH, M.B. & PERRY, S.A. (1993) Colonization and processing of leaf litter by

macroinvertebrate shredders in streams of contrasting pH. Freshwater Biology,

30(1), 93–103.

HAGEN, E.M.; WEBSTER, J.R. & BENFIELD, E.F. (2006) Are leaf breakdown rates

a useful measure of stream integrity along an agricultural landuse gradient?

Journal of the North American Benthological Society, 25(2), 330–343.

HENRY, R.; UIEDA, V.S.; AFONSO, A.A. & KIKUCHI, R.M. (1994) Input of

allochthonous matter and structure of fauna in a Brazilian headstream.

Page 41: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

40

Verhandlungen der Internationalen Vereinigung für theoretische und

angewandte Limnologie, 25, 1866–1870.

HENRY, R.; UIEDA, V.S.; AFONSO, A.A.O. & KIKUCHI, R.M. (1994) Input of

allochthonous matter and structure of fauna in a Brazilian headstream.

InternationaleVereinigung fürTheoretische und Angewandte Limnologie, 25:

1866–1870.

HERNANDEZ, I. M.; GALLARDO, J. F. & SANTA REGINA, I. (1992) Dynamic of

organic matter in forests subject to a Mediterranean semi-arid climate in the

Duero basin (Spain): litter production. Acta Oecologica, 13(1), 55–65.

INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS – IEF. (2004) Plano de Manejo, Parque

Estadual do Rio Preto. Encarte 2 - Analise da Região da unidade de

Conservação.

LIMA, W.P. & ZAKIA, M.J.B. (2009) Hidrologia de matas ciliares. In: RODRIGUES,

R.R.; LEITÃO FILHO, H.F.L (eds.). Matas ciliares: conservação e recuperação.

São Paulo, EDUSP/ Fapesp, 2. Ed.,319p.

MARIMON JUNIOR, B. H. (2007) Relação entre diversidade arbórea e aspectos do

ciclo biogeoquímico de uma floresta monodominante de Brosimum rubescens

taub. e uma floresta mista no leste mato-grossense. Brasília, Universidade de

Brasília, 274.Tese de Doutorado.

MIRANDA, L. A. P.; VITÓRIA, A. P. & FUNCH, L. S. (2011) Leaf phenology and

water potential of five arboreal species in gallery and montane forests in the

Chapada Diamantina; Bahia; Brazil. Environmental and Experimental Botany

70: 143–150.

MORAES, J.A.P.V. & PRADO, C.H.B.A. (1998) Photosynthesis and water relations in

Cerrado vegetation. Oecol. Brasilien. 4:45-63.

Page 42: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

41

MORAES, J.A.P.V.; PEREZ, S.C.J.G.A. & CARVALHO, L.F. (1989) Curso diário e

sazonal do potencial da água e da resistência estomática em plantas de um

Cerradão. Ann. Missou. Botanic. Gard. 27:13-23.

NIN, C.S.; RUPPENTAL, E.L. & RODRIGUES, G.G. (2009) Produção de folhiço e

fauna associada de macroinvertebrados aquáticos em curso d’água de cabeceira

em Floresta Ombrófila do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Acta

Scientiarum 31:263-271.

O’CONNELL, M. & YALLOP, M. (2002) Research needs in relation to the

conservation of biodiversity in the UK. Biological Conservation, 103(2), 115–

123.

PEREZ, S.C.J.G.A. & MORAES, J.A.P.V. (1991) Determinações de potencial hídrico,

condutância estomática e potencial osmótico em espécies dos estratos arbóreo,

arbustivo e herbáceo de um cerrado. Rev. Bras. Fisiol. Veg. 3:27-37.

PETERSEN, R.C.; CUMMINS, K.W. & WARD, G.M. (1989) Microbial and Animal

Processing of Detritus in a Woodland Stream. Ecological Monographs, 59(1),

21–39.

R CORE TEAM (2012) R: A language and Environment for Statistical Computing. R

Fundation for Statistical Computing, Viena, Austria.

REICH, P.B. & BORCHERT, R. (1984) Water stress and tree phenology in a tropical

dry forest in the lowlands of Costa Rica. Journal of Ecology 72, 61-74.

REID, D.J.; LAKE, P.S.; QUINN, G.P. & REICH, P. (2008) Association of reduced

riparian vegetation cover in agricultural landscapes with coarse detritus

dynamics in lowland streams. Marine and Freshwater Research 59:998-1014.

Page 43: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

42

RESENDE, F.C. & MAZZONI, R. (2003) Aspectos da alimentação de Bryconamericus

microcephalus (Characiformes, Tetragonopteridae) no riacho Andorinha, Ilha

Grande RJ. Biota Neotropica, 3: 1-6.

SAADI. A (1995) A geomorfologia da serra do espinhaço em minas gerais e de suas

margens. IGC/UFMG - Centro de Pesquisa Prof. Manoel Teixeira da Costa,

Belo Horizonte, Minas Gerais. GEONOMOS 3 (1): 41-63.

SANTANA, O. A.; ENCINAS, J. I.; SILVEIRA, F. L. S. & RIBEIRO, G. S. (2010)

Produção de serapilheira em floresta de galeria e floresta mesofítica na dolina da

garapa, Distrito Federal, Brasil. Cerne 16(4): 585-596.

SOUSA-SILVA, J.C.; RIBEIRO, J.F.; FONSECA, C.E.L. & SANTOS, N.B. (2001)

Germinação de sementes e emergência de plântulas de espécies arbóreas e

arbustivas que ocorrem em Matas de Galeria. p 379- 422. In: Cerrado:

caracterização e recuperação de Matas de Galeria. Planaltina, Distrito Federal.

SUTHERLAND, W.J.; FRECKLETON, R.P.; GODFRAY, H.C.J.; BEISSINGER,

S.R.; BENTON, T.; CAMERON, D.D.; CARMEL, Y.; COOMES, D.A.;

COULSON, T.; EMMERSON, M.C.; HAILS, R.S. ; HAYS, G.C; HODGSON

,D.J.; HUTCHINGS, M.J.; JOHNSON, D.; JONES,J.P.G.; . KEELING, M.J;

KOKKO, H.; KUNIN, W.E.; LAMBIN, X.; LEWIS, O.T.; MALHI, Y.;

MIESZKOWSKA, N.; MILNER-GULLAND, E.J.; NORRIS, K.;

PHILLIMORE, A.B.; PURVES, D.W.; REID, J.M.; REUMAN, D.C.;

THOMPSON, K.; TRAVIS, J.M.J.; TURNBULL, L.A.; WARDLE, D.A. &

WIEGAND, T. (2013) Identification of 100 fundamental ecological questions.

Journal of Ecology, 101, 58–67.

TAIZ, L., & ZEIGER, E. (2009) Fisiologia vegetal (4th ed., p. 819). Porto

Alegre:Artmed.

Page 44: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

43

TANK, J.L.; ROSI-MARSHALL, E.J.; GRIFFIYHS, N.A.; ENTREKIN, S.A. &

STEPHEN, M.L. (2010) A review of allochthonous organic matter dynamics

and metabolismo in streams. J.N.Am. Benthol. Soc., 290 (1): 118-140.

TULLOS, D.D.; & NEUMANN, M. (2006) A qualitative model for analyzing the

effects of anthropogenic activities in the watershed on benthic macroinvertebrate

communities. Ecological Modelling, 196(1-2), 209–220.

UIEDA, V.S. & KIKUCHI, R.M. (1995) Entrada de material alóctone (detritos vegetais

e invertebrados terrestres) num pequeno curso de água corrente na Cuesta de

Botucatu, São Paulo. Acta Limnologica Brasiliensia, 7: 105–114.

VALENTI, M. W.; CIANCIARUSO, M. V. & BATALHA, M. A. (2008) Seasonality

of litterfall and leaf decomposition in a cerrado site. Brazilian Journal of Biology

68(3): 459-465.

WANTZEN, K.M.; YULE, C.M.; MATHOOKO, J.M. & PRINGLE, C.M. (2008)

Organic matter processing in tropical streams. Pages 43-64 In D. Dudgeon,

editor. Tropical Stream Ecology. Elsevier, Amsterdam.

WEBSTER, J.R. & MEYER, J.L. (1997) Organic matter budgets for streams: a

synthesis. Journal of the North American Benthological Society 16:141-161.

Page 45: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

44

CAPITULO 2

PROCESSO DE DECOMPOSIÇÃO DE

DETRITOS FOLIARES ALÓCTONES EM UM

RIO DE CABECEIRA

Page 46: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

45

RESUMO

A decomposição da matéria orgânica é um processo fundamental para o fluxo de

energia, que envolve uma complexa interação de componentes bióticos e abióticos,

sendo responsável pela mineralização e disponibilização dos nutrientes para os

organismos aquáticos. O presente estudo busca investigar a variação na riqueza e

abundância de invertebrados associados ao processo de decomposição ao longo dos

meses de estudo e os efeitos dos fatores abióticos e bióticos sobre o processo de

decomposição em um riacho de cabeceira no Cerrado. O estudo foi realizado nos meses

de Janeiro a Dezembro de 2012 no Córrego das Boleiras, localizado no Parque Estadual

do Rio Preto. Foram realizados GLMs para verificar se os parâmetros físico-químicos

da água, riqueza e abundância dos invertebrados variavam em função dos meses.

Tambem foram verificados a influencia dos fatores abióticos e bióticos sobre os

coeficientes de decomposição. Todas as análises foram realizadas no programa R e

todos os gráficos construídos no programa Sigmaplot 11.0. Os fatores abióticos

mostroram ter uma forte influência sobre os invertebrados, já que durante o período

chuvoso houve uma diminuição na riqueza e abundância de invertebrados, como

também um maior índice de diversidade beta. Os coeficientes de decomposição foram

influenciados pela riqueza e abundancia de invertebrados, condutividade e temperatura

da água. Os resultados mostraram que os invertebrados são muito importantes tanto para

o processo de decomposição de detritos foliares alóctones quanto para a estruturação e

funcionamento dos ecossistemas aquáticos.

Palavras –chave: Decomposição, matéria orgânica alóctone, invertebrados, parâmetros

da água, grupos funcionais tróficos.

Page 47: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

46

ABSTRAT

The decomposition of organic matter is a fundamental process for the flow of

energy, which involves a complex interaction of biotic and abiotic components,

responsible for the mineralization and availability of nutrients for aquatic organisms.

This study seek to investigate the variation in richness and abundance of invertebrates

associated with the decomposition process over the months of study and the effects of

abiotic and biotic factors on the decomposition process in a headwater stream in the

Cerrado. The study was conducted during January to December 2012 in Córrego das

Boleiras, located in the Parque Estadual do Rio Preto. GLMS were performed to verify

that the physical - chemical parameters of water, wealth and abundance of invertebrate

varied depending on the month. They were also checked the influence of abiotic and

biotic factors on the coefficients of decomposition. All analyzes were performed with R

and all graphics built in Sigmaplot 11.0 software program. The seasonality of abiotic

factors showed a strong influence on the invertebrates, as during the rainy season there

was a decrease in richness and abundance of invertebrates, but also a greater beta

diversity index. Decomposition rates were influenced by the richness and abundance of

invertebrates, conductivity and temperature of the water, showing that invertebrates are

very important both for the process of decomposition of leaf litter as alien to the

structure and functioning of aquatic ecosystems and increasing temperature the

conductivity of the water and promotes the metabolism of decomposing organisms,

accelerating the leaf degradation.

Key words: decomposition, allochthonous organic matter, invertebrates, parameters of

water, trophic functional groups.

Page 48: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

47

INTRODUÇÃO

O processo de Decomposição

A decomposição é um processo ecológico fundamental para o fluxo de energia e

ciclagem de matéria orgânica nos sistemas lóticos (GALIZZI & MARCHESE, 2007).

Este processo é responsável pela mineralização e disponibilização dos nutrientes para os

organismos aquáticos, auxiliando na sua remobilização para a teia trófica (ALLAN &

CASTILLO, 2007). O processo de decomposição de matéria orgânica em regiões

tropicais ainda é pouco estudado e têm aumentado significativamente nos últimos anos

(MATHURIAU & CHAUVET, 2002; WANTZEN et. al., 2008; ARDÓN, STALLCUP

& PRINGLE, 2006; BASTIAN et al., 2007; ARDÓN & PRINGLE, 2008; ARDÓN,

PRINGLE & EGGERT, 2009) e no Brasil ainda estão em desenvolvimento

(WANTZEN & WAGNER, 2006; GONÇALVES et. al., 2006; GONÇALVES,

GRAÇA & CALLISTO, 2007; MORETTI, GONÇALVES & CALLISTO, 2007;

JANKE & TRIVINHO-STRIXINO, 2007; CUNHA-SANTINO & BIANCHINI, 2008;

CUNHA-SANTINO, BIANCHINI & OKAWA, 2010).

A decomposição da matéria organica é um processo continuo que envolve uma

complexa interação de componentes bióticos e abióticos (GONÇALVES, GRAÇA &

CALLISTO, 2006), no qual a matéria orgânica particulada é reduzida e transformada

em moléculas mais simples pela ação de fatores físicos, químicos e biológicos

(FARJALLA et al., 1999). Nos ecossistemas aquáticos, a decomposição é

tradicionalmente dividida em três fases (WEBSTER & BENFIELD, 1986). A primeira

fase é a lixiviação onde ocorre a remoção dos compostos solúveis, como proteínas,

aminoácidos, carboidratos e lipídeos resultando em rápida perda de massa foliar. A

segunda fase é o condicionamento onde ocorre a colonização microbiana e intensificam-

Page 49: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

48

se as modificações químicas e estruturais causadas pelas enzimas hidrolíticas dos micro-

organismos, levando a um aumento da palatabilidade e da qualidade nutricional do

detrito para os invertebrados. A última fase é a fragmentação, resultante da abrasão

física e consumo das folhas pelos invertebrados, principalmente os pertencentes ao

grupo trófico funcional fragmentador. Apesar de distintas, estas fases se sobrepõem

durantea decomposição da matéria orgânica (GESSNER, CHAUVET & DOBSON,

1999).

Fatores abióticos que influenciam o processo de decomposição

O processo de decomposição pode ser influenciado pelas condições ambientais,

como vazão, oxigênio dissolvido, teores de nutrientes dissolvidos na água e temperatura

(FRANKEN et al., 2005), como também pela concentração de nutrientes, compostos

secundários e estruturais presentes no detrito que podem alterar a atividade de

organismos decompositores (CANHOTO & GRAÇA, 1996), consequentemente

afetando o processamento das folhas, (BASTIAN et al., 2007), podendo até inibir o

consumo das mesmas, devido a sua toxicidade (GRAÇA, 2001).

Os fatores abióticos podem ser considerados controladores do processo de

decomposição, dentre eles: fatores físicos (p.ex. temperatura, pluviosidade; turbidez;

velocidade da água; FONSECA et al., 2012), químicos da água (p.ex. oxigênio

dissolvido; pH, alcalinidade, condutividade elétrica e nutrientes da água (ABELHO et

al., 2010; SRIDHAR et al., 2009; WANTZEN et al., 2008; GONÇALVES, GRAÇA &

CALLISTO, 2007; BÄRLOCHER & GRAÇA, 2005)) e composição química do detrito,

que se refere à qualidade do detrito (p.ex. polifenóis, taninos, lignina e celulose

Page 50: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

49

(EWERS et al., 2012; JABIOL & CHAUVET, 2012; HISABAE, SONE & INOUE,

2011; KOMINOSK et al., 2009; LEROY & MARKS, 2006; LECERF et al., 2005)).

Maiores concentrações de nutrientes na coluna d’água, provenientes da

lixiviação do solo e dossel (PARRON, BUSTAMANTE & MARKEWITZ, 2011),

também tendem a favorecer a perda de massa, uma vez que estes podem ser captados

pelos microrganismos decompositores para sua produção secundária (FERREIRA,

GULIS & GRAÇA, 2006; SUBERKROPP et al., 2010). As características químicas do

detrito também influenciam a perda de massa, uma vez que folhas com maior conteúdo

de compostos secundários e maior dureza irão produzir um detrito de baixa qualidade

(ARDÓN & PRINGLE, 2008). Este por sua vez irá dificultar o desenvolvimento de

microrganismos decompositores, reduzindo a palatabilidade e o incremento nutricional

para invertebrados detritívoros (LI, NG & DUDGEON, 2009; SCHINDLER &

GESSNER, 2009).

Fatores bióticos que influenciam o processo de decomposição

Os grupos de organismos que desempenham um importante papel na

transformação biológica da matéria orgânica dissolvida em matéria particulada fina são

os fungos, bactérias e macroinvertebrados (WALLACE & WEBSTER, 1996). A

relevância de cada grupo e os fatores que controlam a sua atividade e dominância ainda

não estão totalmente claros (BÄRLOCHER, 1992; GESSNER, CHAUVET &

DOBSON, 1999).

A comunidade microbiana tem papel vital no funcionamento de ecossistemas

aquáticos, através da transformação de detritos vegetais em energia para a teia trófica, e

mineralização dos nutrientes (SOLÉ et al., 2008; RIBBELETT, PALMER & COATS,

Page 51: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

50

2005; GESSNER & NEWELL, 2002). A comunidade de fungos aquáticos,

principalmente representado pelo grupo de hifomicetos, tem papel chave na

decomposição foliar, pois são capazes de promover a perda de massa do detrito através

de sua ação enzimática, que degrada compostos estruturais recalcitrantes (LECERF &

CHAUVET, 2008; GESSNER, CHAUVET & DOBSON, 1999; GESSNER &

CHAUVET, 1993). A incorporação da biomassa fúngica é responsável pela conversão

de matéria orgânica em CO2, além do aumento da palatabilidade, favorecendo a

colonização dos invertebrados aquáticos, que se alimentam do tecido foliar e dos

micélios dos fungos (WEBSTER et al., 2009; SRIDHAR & BARLÖCHER, 2000).

Os invertebrados aquáticos podem ser classificados em grupos tróficos

funcionais, como: coletores - filtradores, coletores - catadores, predadores, raspadores e

fragmentadores (MERRIT & CUMMINS, 1996). Além disso, o grupo dos

invertebrados aquáticos é importante na estrutura e funcionamento dos ecossistemas

aquáticos, onde sua distribuição é influenciada pelas características do sedimento,

morfologia das margens, profundidade da coluna d’água, vegetação ripária, competição

entre as diferentes espécies, natureza química do substrato e disponibilidade de recursos

alimentares (QUEIROZ, TRIVINO-STRIXINO & NASCIMENTO, 2000). O presente

estudo busca investigar a variação na riqueza e abundância de invertebrados associados

ao processo de decomposição ao longo dos meses e os efeitos dos fatores abióticos e

bióticos sobre o processo de decomposição em um riacho de cabeceira no Cerrado. A

Hipotese é de haverá um aumento na riqueza e abundancia de invertebrados durante a

estação seca, partindo da predição de que durante o período chuvoso ocorrerá a remoção

da fauna de invertebrados devido a perturbações físicas no substrato.

Page 52: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

51

METODOLOGIA

Área de Estudo

O estudo foi conduzido em um córrego de cabeceira chamado de “Córrego das

Boleiras”, localizado na porção norte da Serra do Espinhaço, dentro do Parque Estadual

do Rio Preto em uma altitude de 800m. A Serra do Espinhaço abrange uma área de

aproximadamente 1.100 km de extensão, que compreende desde a porção central de

Minas Gerais até o extremo norte da Bahia (ABREU, FRAGA & NEVES, 2005). Em

Minas Gerais, estende-se por cerca de 550 km, sentido norte-sul, com altitudes

superiores a 800 metros (GIULIETTI, PIRANI & HARLEY, 1997). É um importante

divisor das bacias hidrográficas do São Francisco, Jequitinhonha e Rio Doce (SAADI,

1995).

O Parque Estadual do Rio Preto está situado na região alta do Vale do

Jequitinhonha, inserido no complexo da Serra do Espinhaço. O parque foi criado em

1994 (Decreto nº 35.611 de 01 de Junho de 1994), com o objetivo de proteger as

nascentes do Rio Preto, afluente da margem direita do Jequitinhonha. Possui uma área

total de 10.755 hectares localizados no município de São Gonçalo do Rio Preto, entre as

coordenadas 18°07’04” S - 43°20’42” W. A área do Parque abrange todas as nascentes

deste rio, desde a sua porção no limite ao Sul até o início do seu curso médio, a partir do

vilarejo de Santo Antônio (IEF, 2004).

A classificação climática de Köppen atualizada por Alvares et al. (2014), indica

que o regime climático da região é tipicamente tropical do tipo AW (com inverno seco).

Ocorrendo uma estação chuvosa de Novembro a Março, com uma média de

Page 53: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

52

precipitação pluviométrica de 223.19 mm para o período, e a estação seca de Junho a

Agosto, com uma média de 8.25 mm no período (IEF, 2004).

Desenho experimental

Este projeto está inserido na rede Aquaripária e o desenho experimental desse

trabalho segue o protocolo da mesma que se baseou no livro “Methods to Study Litter

Decomposition: A Practical Guide” (GRAÇA, BÄRLOCHER & GESSNER, 2005). As

coletas de matéria orgânica alóctone foram realizadas mensalmente, entre os meses de

Janeiro a Dezembro de 2012. Para a realização do experimento, foram selecionados

cinco pontos de coleta, com distância de aproximadamente 20 metros entre cada ponto

(Figura 1). Para estimar a entrada de matéria orgânica proveniente da vegetação ripária,

que cai diretamente sobre o rio (aporte vertical), foram dispostas em cada ponto três

fileiras, cada uma contendo seis baldes com 26 cm de diâmetro, suspensos a dois metros

do leito do riacho e perpendiculares ao curso d’água (Figura 2).

Figura 1: Representação do desenho amostral realizado no Córrego das Boleiras. Os

círculos na cor cinza representam os baldes do aporte vertical para o experimento de

entrada de matéria orgânica alóctone, e os quadrados pretos, representam os “litter

bags” utilizados no experimento de decomposição.

Page 54: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

53

Figura 2: Estimação da entrada de matéria orgânica alóctone proveniente da vegetação

riparia no Córrego das Boleiras através do aporte vertical.

Em cada mês as amostras provenientes dos baldes foram coletadas e

acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados. O material foliar dos

baldes foi pesado em campo com auxílio de uma balança analítica de precisão. Em cada

fileira, o balde que apresentou maior peso em folhas (maior massa de matéria orgânica)

foi selecionado para o experimento de decomposição. As amostras selecionadas para o

experimento de decomposição foram alocadas em sacos denominados de “litter bags”

com tamanho de 15 x 20 cm e malha de 10 mm e incubadas dentro do rio (Fig.3). As

amostras que não foram utilizadas neste experimento foram secas em estufa a 60 °C por

Page 55: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

54

72 horas, e separadas em partes vegetativas (galhos, folhas) e diásporas (flores, frutos) e

pesadas para mensuração da contribuição de cada categoria vegetal no compartimento

estudado (aporte vertical). A média percentual de massa seca dessas amostras foi

utilizada para corrigir o peso seco inicial das amostras incubadas em “litter bags”

(utilizadas no experimento de decomposição).

Figura 3: Confecção dos “litter bags” através da seleção das amostras provenientes dos

baldes (aporte vertical). Para cada ponto, foi selecionado o balde com maior peso em

folhas em cada fileira para o experimento de decomposição, sendo que cada ponto tinha

o total de três “litter bags”.

Page 56: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

55

Experimento de decomposição

Os “litter bags” provenientes de cada fileira de baldes foram incubados abaixo

dos seus respectivos pontos (Fig. 4). Após o período de 30 dias de incubação, eles

foram retirados da água e armazenados em sacos plásticos devidamente identificados, e

transportados ao laboratório em caixas térmicas com gelo. Os detritos foliares foram

lavados cuidadosamente em água destilada sobre uma peneira com malha de 250 μm.

Os organismos decompositores provenientes da lavagem das amostras foram fixados em

álcool 80% para posterior identificação. Em seguida, foram selecionadas cinco folhas

do material foliar de cada “litter bag”. Em cada folha foi extraído um disco com o

auxílio de um furador de rolhas com abertura de 12 mm. O conjunto de discos obtidos

de cada amostra foi utilizado para determinação do peso seco livre de cinzas (PSLC).

Após este procedimento, o restante do material foliar mais as folhas que foram cortadas

de cada “litter bag” foram secos em estufa a 60°C por 72 horas e pesados, para

determinação do peso seco final.

Page 57: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

56

Figura 4: Incubação dos “litter bags” abaixo de seus respectivos pontos no Córrego das

Boleiras.

Comunidade de Macroinvertebrados

Os invertebrados associados os detritos foliares presentes nos “litter bags”

foram contabilizados em microscópio estereoscópio (Zeizz, modelo – Stemi DV4) ao

menor nível taxonômico possível, com auxílio de chaves de identificação: Merrit &

Cummins (1996); Mugnai, Nessimian & Baptista (2010); Pes, Hamada & Nessimian

(2005), Pérez (1988); e classificados quanto ao grupo funcional trófico (GFT), segundo

Merritt & Cummins (1996); Bouchard (2004); Cummins, Merrit & Andrade (2005);

Pérez (1988); Mugnai, Nessimian & Baptista (2010); Tomanova, Goitia & Helesic

(2006); Oliveira & Nessimian (2010); Shimano et al. (2012). Os taxa cujos organismos

pertenciam a mais de um grupo funcional foram repetidos entre as categorias tróficas.

Page 58: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

57

Massa remanescente (Peso Seso Livre de Cinzas)

Para determinação da massa seca remanescente, os conjuntos de cinco discos de

folhas foram previamente secos em estufa por 72 horas a 60 ºC (até atingir peso

constante) e pesados. Os discos foram incinerados a 500 ºC durante 4 horas em forno

mufla e em seguida pesados novamente. A diferença da massa inicial pela massa final

foi utilizada para determinar a massa seca do detrito orgânico (Graça, Bärlocher &

Gessner, 2005).

Fatores Abióticos

Os parâmetros físico-químicos da água como temperatura da água (°C), oxigênio

dissolvido (mg/L-1), condutividade (μS cm-1) e velocidade da correnteza (m/s) foram

medidos In situ com auxílio de um multi-analisador (YSI Pro 30). Os dados de

precipitação e temperatura do ar para este estudo foram obtidos através do site

Agritempo: Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à Agricultura

(INMET) (<www.agritempo.gov.br/agritempo> acessado periodicamente durante os

meses de Janeiro à Dezembro de 2012), cuja estação se encontra no município de

Diamantina.

Para determinar a vazão, medidas de largura e profundidade da coluna d´água

foram tomadas em cada ponto. A profundidade foi aferida nas margens direita e

esquerda e no centro do córrego, assim como a velocidade da correnteza medida com

auxílio de um fluxômetro (Geopacks). A vazão foi calculada através da seguinte

fórmula:

Page 59: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

58

Q = V x A

Onde:

Q= Vazão, dada em metros cúbicos por segundo (m3/s)

V= Velocidade da correnteza (m/s)

A= Área, obtida através do produto da largura do rio pela média dos valores de

profundidade (m2).

Coeficientes de Decomposição

Os coeficientes de decomposição foram medidos a partir do modelo

exponencial simples:

Wt = W0 x e –kt

Onde: Wt é o peso remanescente no tempo t (em dias), W0 é o peso inicial e k é o

coeficiente de decomposição (WEBSTER & BENFIELD, 1986). Os coeficientes

obtidos através do modelo foram classificados de acordo com Petersen e Cummins

(1974). Para detritos que apresentaram o coeficiente >0.010 dias-1, as taxas de

decomposição foram consideradas rápidas, 0.005-0.010 intermediarias e <0.005 lentas.

Índice de Diversidade Beta

O índice de diversidade beta é aplicado para medir a substituição de espécies ou

a mudança biótica ao longo de gradientes ambientais (WHITTAKER, 1972). Foi

Page 60: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

59

utilizado o índice de Whittaker, e este índice é apropriado para dados de presença e

ausência ao longo de gradientes ecológicos, este índice é chamado de βw.

βw= (S/α)-1

Onde (S) é o número total de espécies registrado no sistema de estudo, (α) é

número médio de espécies encontradas dentro da comunidade de amostras.

Análises Estatísticas

Para verificar se os parâmetros físicos e químicos da agua (oxigênio dissolvido,

velocidade da correnteza, temperatura, vazão e condutividade) variavam em função dos

meses, foram realizados modelos lineares generalizados (GLMs) utilizando

distribuições Normais, seguidas de ANOVA com teste F e nível de significância

considerando p<0.05. Uma vez que a variável “meses” é uma variável explicativa

qualitativa e possui mais de dois níveis, foram realizadas análises de contraste para

verificar quais níveis foram significativamente diferentes entre si.

Para avaliar a riqueza e a abundância dos invertebrados associados aos “litter

bags” ao longo dos meses, como também para verificar se os fatores abióticos

(temperatura da água, condutividade, oxigênio dissolvido, velocidade da correnteza e

vazão) e bióticos (riqueza e abundância de invertebrados) influenciavam os coeficientes

de decomposição (k), foram realizados GLMs. Foram utilizadas distribuições Normais,

seguidas de ANOVA com teste F e nível de significância considerando p<0.05. Foram

realizadas análises de contraste para verificar quais níveis foram significativamente

diferentes entre si. Todas as análises foram realizadas no programa R[v.2.15.1] (R

Page 61: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

60

CORE TEAM, 2012). Todos os gráficos foram construídos no programa Sigmaplot

11.0.

Page 62: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

61

RESULTADOS

Fatores Abioticos

Os resultados da temperatura média do ar e da precicpitação média obtidos

através do site Agritempo: Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à

Agricultura (INMET) está apresentado na Figura 5 e Figura 6 respectivamente.

Figura 5: Média e erro padrão da Temperatura do ar coletados durante os meses de

Janeiro a Dezembro de 2012 no Córrego das Boleiras.

Page 63: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

62

Figura 6: Valores médios da Precipitação coletados durante os meses de Janeiro a

Dezembro de 2012 no Córrego das Boleiras.

Em relação aos parâmetros da água, os maiores valores de vazão (Figura 7A),

velocidade da correnteza (Figura 7B) e condutividade (Figura 7D) foram atingidos

durante o mês de Novembro. Já o maior valor de oxigênio dissolvido (Figura 7E) foi

atingido no mês de Agosto e os maiores valores de temperatura da água (Figura 7C)

foram encontrados nos meses de Outubro e Dezembro. Os parâmetros físico-químicos

da água, obtidos durante o experimento estão descritos na Tabela 1. Devido à forte

correnteza e aumento do nível do rio causada por uma tromba d’água, não foi possível

medir os parâmetros da água durante os meses de Janeiro, Fevereiro e Março.

Page 64: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

63

Figura 7: Média e erro padrão dos parâmetros físico-químicos da água, coletados

durante os meses de Abril a Dezembro de 2012 no Córrego das Boleiras. (A) Vazão

(m3/s), (B) Velocidade da correnteza (m/s), (C) Temperatura (ºC), (D) Condutividade

(μS cm-1), e (E) Oxigênio dissolvido (mg/L-1). Devido à tromba d’água ocorrida nos

meses de Janeiro a Março, não foi possível medir os parâmetros da água.

Page 65: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

64

Processo de decomposição de detritos foliares alóctones

Durante os meses de Janeiro, Fevereiro e Março, não foi possível obter os

valores dos coeficientes de decomposição e dados relacionados à comunidade de

macroinvertebrados devido à perda dos “litter bags” em decorrência de uma tromba

d’água. De acordo com a classificação proposta por Petersen & Cummins (1974), o

coeficiente de decomposição para o Córrego das Boleiras pode ser considerado de um

modo geral, intermediário, a Figura 8 mostra os coeficientes médios obtidos ao longo do

período de estudo. Ao final do período de experimento de decomposição, a massa

remanescente foi de 77% (k= 0,074 dia -1).

Figura 8: Média e erro padrão dos coeficientes de decomposição (k) das amostras

coletadas durante os meses de Abril à Dezembro de 2012. Durante os meses de Janeiro,

Fevereiro e Março, não foi possível obter os dados relacionados aos coeficientes de

decomposição devido à perda dos “litter bags” em decorrência de uma tromba d’água.

Page 66: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

65

Os coeficientes de decomposição foram influenciados pela abundância

(F=6.4339, p=0.01235) (Figura (A) e riqueza de invertebrados (F=8.8437, p=0.003493)

(Figura 9B), pela condutividade (F=9.1618, p=0.002968) (Figura 9C) e temperatura da

água (F=4.9203, p=0.02824) (Figura 9D), mas não foi influenciada pela velocidade da

correnteza (F=0.2338, p=0.6295), oxigênio dissolvido (F= 1.9176, p=0.1684) e vazão

(F=1.1067,p=0.2947).

Figura 9: Influência dos fatores bióticos e abióticos sobre os coeficientes de

decomposição (k). (A) Abundância de invertebrados, (B) Riqueza de invertebrados, (C)

Condutividade e (D) Temperatura da água.

Page 67: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

66

Foram coletados 10.038 invertebrados nos “litter bags” associados aos detritos

foliares em decomposição durante o período de estudo. Dentre as classes amostradas, a

Insecta foi a mais abundante, representando cerca de 98% dos indivíduos amostrados.

Dentro dessa classe, foram observadas 32 famílias, as quais se destacam: Chironomidae

com 64% dos indivíduos amostrados, Lephohyphidae com 16,75%, Gripopterygidae

com 3,85%, Simuliidae e Hidroptilidae com 2,69% cada. A tabela 2 mostra a

abundância de cada taxa e seus respectivos grupos funcionais tróficos, encontrados na

área de estudo ao longo dos meses de 2012.

A riqueza (F= F=10.469 p<0,01) e a abundância (F= 13.613, p<0,01) de

invertebrados variaram significativamente em relação aos meses amostrados. O mês de

Outubro apresentou maior riqueza (Figura 10) e maior abundância (Figura 11) se

comparado aos demais meses amostrados.

Figura 10: Média e erro padrão da riqueza de invertebrados associados a detritos

foliares alóctones em decomposição durante os meses de Abril a Dezembro de 2012 no

Córrego das Boleiras. Durante os meses de Janeiro a Março, não foi possível obter os

dados relacionados à comunidade de macroinvertebrados devido à perda dos “litter

bags” em decorrência de uma tromba d’água.

Page 68: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

67

Figura 11: Média e erro padrão da abundância de invertebrados associados a detritos

foliares em decomposição durante os meses de Abril a Dezembro de 2012 no Córrego

das Boleiras. Durante os meses de Janeiro a Março, não foi possível obter os dados

relacionados à comunidade de macroinvertebrados devido à perda dos “litter bags” em

decorrência de uma tromba d’água.

Em relação a diversidade beta, os meses Abril-Maio apresentaram um índice de

7,42 e compartilharam 21 especies (Hetaerina sp., Cloeodes sp., Paracloeodes sp.,

Probezzia sp., Chironominae, Orthocladiinae, Tanipodinae, Stenochironomus sp.,

Xenelmis sp., Hexacylloepus sp., Hemerodromia sp., Tupiperla sp., Paragripopteryx

sp., Phylloicus sp., Tricorythopsis sp., Tricorythodes sp., Traveryphes sp., Leptohyphes

sp., Leptohyphidae sp1, Marilia sp., Chirostilbia sp.); Maio-Junho apresentaram um

índice de 5,16 e compartilharam 25 especies (Hetaerina sp., Cloeodes sp., Paracloeodes

sp., Bezzia sp., Probezzia sp., Sphaeromias sp., Chironominae, Orthocladiinae,

Page 69: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

68

Tanipodinae, Stenochironomus sp., Hexacylloepus sp., Hemerodromia sp., Tupiperla

sp., Paragripopteryx sp., Oxyethira sp., Metrichia sp., Neotrichia sp., Phylloicus sp.,

Tricorythopsis sp., Tricorythodes sp., Traveryphes sp., Leptohyphes sp., Leptohyphidae

sp1, Marilia sp., Chirostilbia sp).

Os meses Junho-Julho compartilharam 40 especies (Hydracarina, Aranae,

Hetaerina sp., Cloeodes sp., Paracloeodes sp., Bezzia sp., Sphaeromias sp.,

Atrichopogon sp., Chironominae, Orthocladiinae, Tanipodinae, Stenochironomus sp.,

Neoelmis sp., Hexacylloepus sp, Cylloepus sp, Hemerodromia sp, Tupiperla sp,

Paragripopteryx sp., Oxyethira sp., Metrichia sp., Neotrichia sp., Smicridea sp.,

Leptonema sp., Notalina sp., Phylloicus sp., Tricorythopsis sp., Tricorythodes sp.,

Traveryphes sp., Leptohyphes sp., Leptohyphidae sp1, Farrodes sp., Askola sp., Marilia

sp., Anacroneuria sp., Psephenus sp., Polycentropus sp., Polyplectropus sp.,

Wormaldia sp., Chirostilbia sp., Hydra sp.) apresentando um índice de 3,32, Julho-

Agosto tiveram um índice 3,27 compartilhando 37 especies (Hydracarina, Hetaerina

sp., Cloeodes sp., Paracloeodes sp., Bezzia sp., Sphaeromias sp., Atrichopogon sp.,

Chironominae, Orthocladiinae, Tanipodinae, Stenochironomus sp., Acanthagrion sp.,

Neoelmis sp., Xenelmis sp., Hexacylloepus sp, Cylloepus sp, Hemerodromia sp,

Tupiperla sp, Paragripopteryx sp., Oxyethira sp., Smicridea sp., Leptonema sp.,

Phylloicus sp., Tricorythopsis sp., Tricorythodes sp., Traveryphes sp., Leptohyphidae

sp1, Askola sp., Macrothemis sp., Marilia sp., Anacroneuria sp., Perilestes sp.,

Cyrnellus sp., Polycentropus sp., Polyplectropus sp., Wormaldia sp., Chirostilbia sp.).

Já os meses Agosto-Setembro compartilharam 38 especies (Hydracarina,

Hetaerina sp., Cloeodes sp., Paracloeodes sp., Bezzia sp., Probezzia sp., Atrichopogon

sp., Chironominae, Orthocladiinae, Tanipodinae, Stenochironomus sp., Neoelmis sp.,

Xenelmis sp., Hexacylloepus sp, Tupiperla sp, Paragripopteryx sp., Oxyethira sp.,

Page 70: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

69

Smicridea sp., Leptonema sp., Notalina sp., Phylloicus sp., Tricorythopsis sp.,

Tricorythodes sp., Traveryphes sp., Leptohyphes sp., Leptohyphidae sp1, Miroculis sp.,

Askola sp., Macrothemis sp., Marilia sp., Oligochaeta, Anacroneuria sp., Perilestes sp.,

Cyrnellus sp., Polycentropus sp., Polyplectropus sp., Wormaldia sp., Chirostilbia sp.)

tendo um índice de 3,38; Setembro-Outubro tiveram um índice de 3,15 e

compartilharam 37 especies (Hydracarina, Cloeodes sp., Paracloeodes sp., Bezzia sp.,

Probezzia sp., Chironominae, Orthocladiinae, Tanipodinae, Stenochironomus sp.,

Neoelmis sp., Xenelmis sp., Hexacylloepus sp, Tupiperla sp, Paragripopteryx sp.,

Oxyethira sp., Smicridea sp., Leptonema sp., Notalina sp., Phylloicus sp.,

Tricorythopsis sp., Tricorythodes sp., Traveryphes sp., Leptohyphes sp., Leptohyphidae

sp1, Hagenulopsis sp., Miroculis sp., Farrodes sp., Limnocoris sp., Marilia sp.,

Oligochaeta, Anacroneuria sp., Perilestes sp., Cyrnellus sp., Polycentropus sp.,

Polyplectropus sp., Chirostilbia sp., Bosmina sp.).

Os meses Outubro-Novembro apresentaram um índice de 9,00 compartilhando

26 especies (Hydracarina, Cloeodes sp., Chironominae, Orthocladiinae, Tanipodinae,

Stenochironomus sp., Laccodytes sp., Neoelmis sp., Cylloepus sp, Hemerodromia sp.,

Tupiperla sp, Paragripopteryx sp., Smicridea sp., Leptonema sp., Triplectides sp.,

Tricorythopsis sp., Traveryphes sp., Leptohyphidae sp1, Hagenulopsis sp., Farrodes

sp., Oligochaeta, Anacroneuria sp., Cyrnellus sp., Polyplectropus sp., Chirostilbia sp.,

Bosmina sp.) e Novembro-Dezembro compartilharam 13 especies (Hydracarina,

Cloeodes sp., Chironominae, Orthocladiinae, Tanipodinae, Neoelmis sp., Cylloepus sp,

Hemerodromia sp., Tricorythopsis sp., Traveryphes sp., Leptohyphidae sp1,

Oligochaeta, Anacroneuria sp.) apresentando um índice de 23,61.

Em relação aos grupos funcionais tróficos, os coletores – catadores foram

predominantes neste estudo apresentando uma abundância de 5.781 individuos,

Page 71: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

70

seguidos de predaores com 2.688, raspadores com 2.173, coletores – filtradores com

582 e fragmentadores com 481. A Figura 12 mostra a abundância de cada grupo

funcional ao longo dos nove meses de estudo no Córrego das Boleiras.

Page 72: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

71

Figura 12: Média e erro padrão dos grupos funcionais tróficos (GFT) dos invertebrados

encontrados associados ao processo de decomposição no Córrego das Boleiras durante

os meses de Abril a Dezembro de 2012. (A) Coletores – Filtradores, (B)

Fragmentadores, (C) Raspadores, (D) Coletores – Catadores e (E) Predadores.

Page 73: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

72

DISCUSSÃO

Processo de decomposição de detritos foliares alóctones e fatores abióticos

Os coeficientes de decomposição variaram em relação a abundância e riqueza de

invertebrados, a condutividade e temperatura da água. Foi observado em campo durante

o período chuvoso, o desprendimento de algumas amostras do substrato devido ao

aumento da correnteza fazendo com que elas ficassem soltas na coluna d’água. Também

foi observado durante esse período, acúmulos de areia sobre os “litter bags” o que pode

ter dificultado a lixiviação e o acesso dos organismos aos detritos incubados no rio.

A decomposição da matéria orgânica é um processo continuo que envolve uma

complexa interação de componentes bióticos e abióticos (GONÇALVES et al., 2006). A

sazonalidade de fatores ambientais também pode ser refletida nas taxas de

decomposição, uma vez que podem alterar as características do rio e da biota (RUEDA-

DELGADO, WANTZEN & TOLOSA, 2006). O aumento da vazão, relacionado a

eventos de precipitação, pode acelerar a perda de massa devido a uma maior abrasão

dos tecidos vegetais (GONÇALVES, GRAÇA & CALLISTO, 2006; CARVALHO &

UIEDA, 2009; NIU & DUDGEON, 2011). Além disso, uma maior turbulência aumenta

a concentração de oxigênio dissolvido na água, o que favorece a ação decompositora e a

reprodução de microrganismos (FERREIRA, GULIS & GRAÇA, 2006; MEDEIROS,

PASCOAL & GRAÇA, 2009), apesar de que neste estudo as variações na vazão, na

velocidade da correnteza e na concentração de oxigênio dissolvido não foram

suficientes para influenciar nos coeficientes de decomposição.

Page 74: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

73

O aumento da temperatura do ambiente ocasionado por insolação mais intensa

tende a acelerar o processamento da matéria orgânica, favorecendo o metabolismo dos

organismos (DANG et al., 2009) e a lixiviação de compostos secundários (ARDÓN &

PRINGLE, 2008). Outros estudos relacionados a decomposição em manguezais têm

mostrado que a temperatura pode ser um fator importante para a decomposição, onde

apenas alguns graus podem ser suficientes para aumentar a atividade metabólica da

comunidade de decompositores ou mesmo acelerar a degradação foliar,

consequentemente, acelerando o processo (SUBERKROPP & CHAUVET, 1995;

KRISTENSEN et al., 2008). Estudos evidenciam que o aumento da temperatura da agua

em riachos pode auemntar as taxas de decomposição microbiana (FERNANDES et al.,

2012; BOYERO et al., 2011b; DANG et al., 2009), decorrente do estimulo de reações

quimicas e atividade biologica (BROWN et al., 2004). Segundo estudos, os valores

elevados de condutividade eléctrica podem estar associados com uma elevada

concentração de nutrientes na água (MAILLARD & SANTOS, 2008), no qual permite

que os microrganismos decompositores obtenham os nutrientes necessários para

aumentar o seu metabolismo e acelerar a degradação foliar (ROSEMOND et al., 2002;

GAFNER & ROBINSON, 2007).

O grupo dos invertebrados aquáticos é importante na estrutura e funcionamento

dos ecossistemas aquáticos, onde sua distribuição é influenciada pelas características do

sedimento, morfologia das margens, profundidade da coluna d’água, vegetação ripária,

competição entre as diferentes espécies, natureza química do substrato e disponibilidade

de recursos alimentares (QUEIROZ, TRIVINO-STRIXINO & NASCIMENTO, 2000).

Os detritos (p.ex. folhas, galhos, troncos e outros materiais vegetais) acumulados no

leito dos ecossistemas lóticos (principalmente nos remansos) promovem a maior

disponibilidade de recursos alimentares para esses organismos, além de servir como

Page 75: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

74

abrigo contra a correnteza da água e predação (DOBSON & HILDREW, 1992). Além

disso, diversos estudos de decomposição foliar em sistemas aquáticos relataram a

importância dessa comunidade no processo (GRAÇA, 2001; GONÇALVES et al.,

2006; GONÇALVES, GRAÇA & CALLISTO, 2006; LANDEIRO et al., 2010).

No início do processo de decomposição, a composição química do material

alóctone dificulta o seu aproveitamento pelos herbívoros aquáticos, dessa forma,

portanto, a colonização inicial do detrito se dá pelos microorganismos decompositores

principalmente bactérias e fungos filamentosos, que serão os responsáveis pelas

primeiras lises do material vegetal possibilitando uma posterior colonização por

invertebrados fragmentadores (SPÄNHOFF & MEYER, 2004; GONÇALVES et al.,

2006). Nos trópicos a quantidade de invertebrados consumidores é consideravelmente

menor do que nas regiões temperadas, sendo a decomposição realizada principalmente

pelos micro-organismos (GONÇALVES, GRAÇA. & CALLISTO, 2007; LI, NG &

DUDGEON, 2009). Sendo assim, pode-se dizer que o coeficiente de decomposição é

resultado das complexas interações entre as características do ecossistema

(GONÇALVES, GRAÇA & CALLISTO, 2006; GONÇALVES et al., 2006),

características do detrito (MITRE, 2011) e do componente biológico (HIEBER &

GESSNER, 2002).

As influências da vegetação ripária na disponibilidade de recursos alimentares

(alóctones e autóctones) para os organismos aquáticos são potencialmente refletidas na

estrutura trófica da assembléia de invertebrados e na composição relativa de grupos

tróficos funcionais (GREGORY et al., 1991). Estas relações podem ainda ser

manifestadas nas taxas de crescimento, abundância e na estrutura da comunidade de

invertebrados consumidores que habitam um determinado córrego (TOWNSEND &

HILDREW, 1988; WALLACE et al., 1997; 1999). Desta forma, a abundância e a

Page 76: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

75

composição das assembléias de detritívoros em trechos sombreados são determinadas,

em grande parte, pela composição de espécies vegetais das zonas ripárias (VANNOTE

et al., 1980; CUMMINS et al., 1989).

Segundo Biasi et al. (2013) a fauna associada aos detritos é composta por grupos

predominantes, em especial os organismos da família Chironomidae. Mesmo não sendo

fragmentadores típicos, as larvas de Chironomidae são dominantes na maioria dos

ecossistemas aquáticos, possuindo muitos hábitos alimentares, incluindo trituradores

que podem influenciar deliberadamente o processo de perda de massa (MORETTI,

GONÇALVES & CALLISTO, 2007). A elevada presença destes organismos nos

detritos foliares é justificada pela estabilidade que os “litter bags” dispõem e a

disponibilidade de recursos, considerando que esses organismos são normalmente

encontrados em vários substratos e ambientes aquáticos (HEPP et al., 2008). De acordo

com alguns estudos, os Chironomideos podem ser responsáveis pela estruturação de

toda comunidade de invertebrados, devido a eles serem tolerantes a distúrbios e capazes

de colonizar detritos independente da sua qualidade e/ou tempo de decomposição

(GONÇALVES et al., 2006; CALLISTO, GONÇALVES & GRAÇA, 2007).

Uma maior abundância e riqueza de invertebrados durante o período seco

também é relatado em outros estudos realizados em córregos do Cerrado (BISBO &

OLIVEIRA, 1998; KIKUCHI & UIEDA, 1998; CALLISTO et al., 2004; VALENTE,

2008). Em sistemas lóticos, o aumento na velocidade da correnteza e volume da água

ocasionado pela ocorrência das chuvas causa a remoção de invertebrados, o que pode

ser considerado um dos principais fatores que determinam a variação temporal na

abundância e riqueza dos invertebrados (KIKUCHI & UIEDA, 1998; BISPO et al.,

2006). O menor índice de diversidade beta (3,15) foi encontrado durante o final do

Page 77: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

76

período de seca (Setembro-Outubro), indicando uma alta similaridade, ou seja, um

maior número de espécies compartilhadas (37).

Uma menor riqueza de invertebrados na estação chuvosa, também foi

encontrado em um trabalho de Callisto et al. (2004) em riachos na Serra do Cipó. Estes

autores afirmam que a maior velocidade da água causada pela ocorrência das chuvas,

leva ao desalojamento da fauna bentônica residente devido a distúrbios físicos no

substrato. O maior índice de diversidade beta (23,61) foi encontrado no período

chuvoso no qual corresponde aos meses Novembro-Dezembro que compartilharam

apenas 13 espécies, encontradas durante o experimento. Esse resultado sugere que a

ocorrência de chuvas causou um grande impacto sobre os invertebrados, favorecendo

aqueles mais adaptados aos distúrbios causados pelo período chuvoso.

Enchentes são consideradas um dos principais fatores de distúrbio abiótico em

córregos (STANLEY, POWERS & LOTTIG, 2010), contribuindo para a estruturação

da comunidade de invertebrados e suas adaptações a estes distúrbios (LYTLE & POFF,

2004; DEATH, 2010). Desse modo, muitos autores têm apontado que a comunidade de

invertebrados é mais resiliente do que resistente a enchentes (FRITZ & DODDS, 2004;

DEATH, 2010), o que pode explicar o aumento na riqueza e abundância dos

invertebrados, como também uma maior similaridade das espécies de invertebrados

durante os meses de Setembro - Outubro, que corresponde ao final da estação seca.

A composição da comunidade de acordo com as estratégias de alimentação de

cada grupo é um reflexo da disponibilidade de recursos e condições do ambiente em que

se encontram (KOMINOSKI, MARCZAK. & RICHARDSON, 2011), refletindo as

adaptações de cada espécie. A maior incidência foi de coletores catadores. Há indícios

de que a alimentação de coletores é facilitada na presença de fragmentadores (SHORT

& MASLIN, 1977; WALLACE & WEBSTER, 1996).

Page 78: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

77

Os invertebrados fragmentadores quebram a estrutura física dos detritos foliares

aumentando sua produção secundária e transformando-os em matéria orgânica

particulada fina, que é então disponibilizada para outros invertebrados aquáticos,

especialmente coletores (WANTZEN et al., 2002; BJELKE, BOHMAN &

HERRMANN, 2005; LEPORI, PALM & MALMQVIST, 2005), além de serem capazes

de assimilar carbono e outros nutrientes a partir da matéria orgânica e microrganismos

associados, os fragmentadores convertem uma porção dessa matéria para os tecidos dos

animais, desempenhando um papel fundamental na decomposição da matéria orgânica e

ciclagem de nutrientes (CUMMINS et al, 1973; SHORT & MASLIN, 1977;

WALLACE, ROSS, & MEYER, 1982; WALLACE & WEBSTER, 1996; GRAÇA,

2001; HIEBER & GESSNER, 2002). Desta forma, os organismos fragmentadores e

coletores - catadores são os maiores consumidores primários nos rios, constituindo-se

um elo entre a entrada da matéria orgânica e os predadores (CHESHIRE, BOYERO &

PEARSON, 2005).

Wantzen & Wagner (2006) encontraram Phylloicus sp. que pode ser considerado

como o único fragmentador verdadeiro encontrado em riachos do Cerrado, e isso é

relativamente raro, essa espécie é conhecida como um fragmentador seletivo nos

trópicos (GRAÇA et al., 2001; RINCÓN & MARTÍNEZ, 2006). No entanto, deve-se

reconhecer que a ecologia dos invertebrados de riachos no Cerrado é praticamente

desconhecida e que gêneros ou famílias podem diferir em sua ecologia trófica através

dos ecossistemas com estratégias generalistas possivelmente selecionadas mais

fortemente nos trópicos (por exemplo, CHESHIRE, BOYERO & PEARSON, 2005).

Alguns estudos sobre a diversidade de grupos funcionais de detritívoros atuando

no processo de decomposição em ambientes aquáticos no Cerrado indicam os coletores

como o grupo dominante (49 a 52%), seguido por predadores (29 a 42%), raspadores (4

Page 79: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

78

a 12%) e fragmentadores (1 a 5%) (WANTZEN & WAGNER, 2006, GONÇALVES et

al., 2006), concordando com os resultados obtidos neste trabalho. Estudos em zonas

tropicais demonstram demonstra que os fragmentadores são raros ou ausentes e, assim,

a decomposição de detritos vegetais nesses riachos seria influenciada principalmente

por micro-organismos (IRONS et al., 1994, DOBSON et al., 2002, GONÇALVES et

al., 2006; GONÇALVES, FRANÇA & CALLISTO, 2006), principalmente

Chironomidae (WANTZEN & WAGNER, 2006, GONÇALVES et al., 2012).

Estudos de decomposição foliar em sistemas aquáticos relataram a importância

da diversidade e a abundância de invertebrados fragmentadores (GRAÇA 2001;

GONÇALVES et al., 2006; GONÇALVES, GRAÇA, & CALLISTO, 2006;

LANDEIRO, HAMADA & MELO, 2008), representados por alguns grupos de insetos

(p. ex. Trichoptera, Plecoptera e Tipulidae) e crustáceos (p. ex. alguns Amphipodas,

Isopodas e Decapodas) (CUSHING & ALLAN, 2001). Segundo Merritt e Cummins

(1996), a ação do fragmentador é responsável pela transformação da MOPG em MOPF,

o que constitui uma importante fonte de alimento para outros organismos (p. ex.

coletores) (GRAÇA, 2001; BENFIELD, 2007). No entanto, os fragmentadores também

utilizam a matéria orgânica vegetal como substrato ou retalhar esse material para a

construção de seus abrigos (p. ex. Trichoptera – Calamoceratidae (PES, HAMADA &

NESSIMIAN, 2005; RICÓN & MARTÍNEZ, 2006; MORETTI et al., 2009).

Em ambientes tropicais, a temperatura mais elevada da agua provavelmente

beneficia a atividade microbiana em detrimento da atividade dos macroinvertebrados

fragmentadores (PETERSEN; CUMMINS & WARD, 1989; MATHURIAU &

CHAUVET, 2002; BOYERO et al., 2011a). Por esse motivo, é notória a escassez de

macroinvertebrados fragmentadores em riachos tropicais quando comparada a riachos

Page 80: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

79

temperados (BOYERO et al., 2011a, 2012; DUDGEON & GAO, 2011), o que condiz

com os resultados obtidos no estudo. Em córregos tropicais os fragmentadores são

descritos como um grupo de baixa abundancia (WANTZEN & JUNK 2000;

WANTZEN & WAGNER 2006, GONÇALVES, GRAÇA & CALLISTO, 2006),

provavelmente devido às limitações de fatores ambientais e baixa qualidade de detritos,

bem como por dificuldades de identificação das guildas tróficas e/ou pela carência de

estudos que demonstrem sua importância (BOYERO et al., 2012; BOYERO et al.,

2011a; MORETTI & LOYOLA, 2009; WANTZEN et al., 2008; GONÇALVES,

GRAÇA & CALLISTO, 2007). No entanto, apesar da relativa escassez de

representantes desta categoria funcional, estudos também têm demonstrado a

importância dos fragmentadores e da atividade da macrofauna de invertebrados em

geral no processamento do folhiço em riachos tropicais (CROWL et al., 2001;

CAMACHO et al., 2009; ENCALADA et al., 2010; DUDGEON & GAO, 2011).

Page 81: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

80

CONCLUSÃO

Os resultados relacionados aos invertebrados associados ao processo de

decomposição estão de acordo com a hipótese do trabalho, já que os maiores valores de

riqueza e abundância ocorreram no final do período seco (Outubro). A sazonalidade dos

fatores abióticos mostrou ter uma forte influência sobre os invertebrados, já que durante

o período chuvoso, em especial durante os meses de Novembro e Dezembro, houve uma

diminuição na riqueza e abundância de invertebrados, como também um maior índice

de diversidade beta (23,61), portanto, um número menor de espécies (13)

compartilhadas. Em relação aos grupos funcionais tróficos, os coletores-catadores foram

predominates neste estudo. Muitos estudos sobre a diversidade de grupos funcionais

atuando no processo de decomposição em ambientes aquáticos no Cerrado indicam os

coletores como o grupo dominante, já que tanto eles quanto os fragmentadores, que

mesmo apresentando uma abundância menor, são os maiores consumidores primários

nos rios e constituem um elo entre a entrada da matéria orgânica e os predadores.

Durante o período chuvoso pode-se observar também o maior pico de

precipitação, velocidade da correnteza, vazão e condutividade durante o mês de

Novembro e maiores de valores de temperatura da água nos meses de Outubro e

Dezembro e temperatura do ar no mês de Dezembro. Os coeficientes de decomposição

foram influenciados pela riqueza e abundancia de invertebrados, condutividade e

temperatura da agua, mostrando que os invertebrados são muito importantes tanto para

o processo de decomposição de tritos foliares alóctones quanto para a estruturação e

funcionamento dos ecossistemas aquáticos. E o aumento da temperatura da água e da

condutividade favorece o metabolismo dos organismos decompositores, acelerando a

degradação foliar.

Page 82: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

81

REFERÊNCIAS

ABELHO, M., MORETTI, M., FRANÇA, J. & CALLISTO, M. (2010) Nutrient

addition does not enhance leaf decomposition in a Southeastern Brazilian stream

(Espinhaço mountain range). Braz. J. Biol., 70(3), 747-754.

ABREU, P.A.A.; FRAGA, L.M.S. & NEVES, S.C. (2005) Geologia. In: SILVA,

A.C.; PEDREIRA, L.C.V.S.F & ABREU, P.A.A. (eds.) Serra do Espinhaço Meridional:

paisagens e ambientes. Editora: O Lutador. Belo Horizonte, p. 17-44.

ALLAN, J.D. & CASTILLO, M.M. (2007) Stream Ecology: Structure and

function of running Waters. Springer, Dordrecht.

ALVARES, C.A.; STAPE, J.L.; SENTELHAS, P.C.; GONÇALVES, J.L. DE

M. & SPAROVEK, G. (2014) Köppen’s climate classification map for Brazil.

Meteorologische Zeitschrift, Vol. 22 (6): 711-728.

ARDÓN, M. & PRINGLE, C.M. (2008) Do secondary compounds inhibit

microbial- and insect-mediated leaf breakdown in a tropical rainforest stream, Costa

Rica, Oecologia 155: 311-323.

ARDÓN, M.; PRINGLE, C.M. & EGGERT, S.L. (2009) Does leaf chemistry

differentially affect breakdown in tropical vs temperate streams? Importance of

standardized analytical techniques to measure leaf chemistry. Journal of the North

American Benthological Society 28(2): 440-453.

ARDÓN, M.; STALLCUP, L.A. & PRINGLE, C.M. (2006) Does leaf quality

mediate the stimulation of leaf breakdown by phosphorus in Neotropical streams?

Freshwater Biology, 51: 618-633.

Page 83: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

82

BÄRLOCHER, F. & GRACA, M.A.S. (2005) Total phenolics. In: GRAÇA,

M.A.S.; BÄRLOCHER, F. & GESSNER, M.O. 2005. Methods to Study Litter

Decomposition: a Practical Guide. (Eds Springer), 97-100.

BÄRLOCHER, F. (1992) Community organization. Bärlocher F. editor. In The

Ecology of Aquatic Hyphomycetes. Berlin, Germany: Springer-Verlag, p38–76.

BASTIAN, M.; BOYERO, L.; JACKES, B.R. & PEARSON, R.G. (2007) Leaf

litter diversity and shredder preferences in an Australian tropical rain-forest stream.

Journal of Tropical Ecology, 23, 219-229.

BENFIELD, E.F. (2007) Decomposition of leaf material, p. 711-720. In: F.R.

Hauer, F.R.; Lamberti, G.A. (Eds.). Methods in stream ecology. 2 ed. Academic Press,

San Diego, California, United States of America.

BIASI, C.; TONIN, A.M.; RESTELLO, R.M. & HEPP, L.U. (2013) The

colonization of leaf by Chironomidae (Diptera): The influence of chemical quality and

exposure duration in a subtropical stream. Limnologica,43: 427-433.

BISPO, P. C.; OLIVEIRA, L. G.; BINI, L. M. & SOUSA, K. G. (2006)

Ephemeroptera, Plecoptera and Trichoptera assemblages from riffles in mountain

streams of Central Brazil: environmental factors influencing the distribution and

abundance of immatures. Braz. J. Biol. 66: 611-622.

BISPO, P.C. & OLIVEIRA, L.G. (1998) Distribuição espacial de insetos

aquáticos (Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera) em córregos de cerrado do Parque

Ecológico de Goiânia, Estado de Goiás. pp. 175-189. In: Nessimian, J.L. & A. L.

Carvalho. E.(eds). Ecologia de Insetos Aquáticos. Series Oecologia Brasiliensis, vol V.

PPGE-UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil.

Page 84: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

83

BJELKE, U.; BOHMAN, I.M. & HERRMANN, J. (2005) Temporal niches of

shredders in lake littorals with possible implications on ecosystem functioning. Aquatic

Ecology 39: 41-53.

BOUCHARD, R.W.Jr. (2004) Guide to Aquatic Invertebrates of the Upper

Midwest. Identification Manual for Students, Citizen Monitors, and Aquatic Resource

Professionals. University of Minnesota.

BOYERO, L.; GESSNER, M.O.; BARMUTA, L.A.; FERREIRA, V.; GRAÇA,

M.A.S., DUDGEON, D.; BOULTON, A.J.; CALLISTO, M.; CHAUVET, E.;

HELSON, J.E.; BRUDER, A.; ALBARIÑO, R.J.; YULE, C.M.; ARUNACHAL,

A.M.M.; DAVIES, J.N.; FIGUEROA, R.; FLECKER, A.S.; RAMÍREZ, A.; DEATH,

R.G.; IWATA, T.; MATHOOKO, J.M.; MATHURIAU, C.; GONÇALVES, J.F.JR.;

MORETTI, M.S.; JINGUT, T.; LAMOTHE, S.; ERIMBA, C.M.; RATNARAJAH, L.;

SCHINDLER, M.H.; CASTELA, J.; BURIA, L.M.; CORNEJO, E.; VILLANUEVA,

V.D. & WEST, D.C. (2011b) A global experiment suggests climate warming will not

accelerate litter decomposition in streams but might reduce carbon sequestration.

Ecology Letters, 14, 289-294.

BOYERO, L.; PEARSON, L.G.; DUDGEON, D.; GRAÇA, M.A.S.;

GESSNER, M.O.; ALBARINO, R.J.; FERREIRA, V.; YULE, C.M.; BOULTON, A.J.;

ARUNACHALAM, M.; CALLISTO, M.; CHAUVET, E.; RAMÍREZ, A.; CHARA, J.;

MORETTI, M.S.; GONÇALVES, J.F.JR.; HELSON, J.E.; CHARÁ-SERRA, A. M.;

ENCALADA, A.C.; DAVIES, J.N.; LAMOTHE, S.; CORNEJO, A.; LI, A.O.Y.;

BURIA, L.M.; VILLANUEVA, V.D.; ZÚÑIGA, M.C. & PRINGLE, C.M. (2011a)

Global distribution of a key trophic guild contrasts with common latitudinal diversity

patterns. Ecology, 92(9), 1839-1842.

Page 85: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

84

BOYERO, L.; PEARSON, R.G.; DUDGEON, D.; FERREIRA, V.; GRAÇA,

M.A.S.; GESSNER, M.O.; BOULTON, A.J.; CHAUVET, E.; YULE, C.M.;

ALBARIÑO, R.J.; RAMÍREZ, A.; HELSON, J.E.; CALLISTO, M.;

ARUNACHALAM, M.; CHARÁ, J.; FIGUEROA, R.; MATHOOKO, J.M.;

GONÇALVES, J.F.JR.; MORETTI, M.S.; CHARÁ-SERNA, A.N.; DAVIES, J.N.;

ENCALADA, A.; LAMOTHE, S.; BURIA, L.M.; CASTELA, J.; CORNEJO, A. & LI,

A.O.Y. (2012) Global patterns of stream detritivore species richness: implications for

biodiversity loss in changing climates.Global Ecology and Biogeography,21, 134–141.

BROWN, J.H., GILLOLY, J.F., ALLEN, A.P., SAVAGE, V.M. & WEST, G.B.

(2004) Twoard a metabolic theory of ecology. Ecology, 85(7), 1771-1789.

CALLISTO, M.; GONÇALVES, J.F.Jr & GRAÇA, M.A.S. (2007).Leaf litter as

a possible food source for chironomids in headwater streams. Rev. Bras. Zool. 24,442-

8.

CALLISTO, M.; GOULART, M.; MEDEIROS, A.O.; MORENO, P. & ROSA,

C.A. (2004) Diversity assessment of benthic macroinvertebrates, yeasts, and

microbiological indicators along a longitudinal gradient in Serra do Cipó, Brazil.

Brazilian Journal of Biology 64(4): 743-755.

CAMACHO, R.; BOYERO, L.; CORNEJO, A.; IBÁÑEZ,A. & PEARSON,R.G.

(2009) Local Variation in Shredder Distribution can explain their Oversight in Tropical

Streams. Biotropica 41(5): 625-632.

CANHOTO, C. & GRAÇA, M.A.S. (1996) Decomposition of Eucalyptus

globules leaves and three native leaf species (Alnus glutinosa, Castanea sativa and

Quercus faginea) in a Portuguese low order stream. Hydrobiologia, v.333, p.79-85.

Page 86: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

85

CARVALHO, E.M. & UIEDA, V.S. (2009) Seasonal leaf mass loss estimated

by litter bag technique in two contrasting stretches of a tropical headstream. Acta

Limnol. Bras. 21(2): 209-215.

CHESHIRE, K; BOYERO, L. & PEARSON, R.G. (2005) Food webs in tropical

Australian streams: shredders are not scarce. Freshwater Biology, 50, 748–769.

CROWL, T.A.; MCDOWELL, W.H.; COVICH, A.P. & JOHNSON, S.L. (2001)

Freshwater shrimp effects on detrital processing and nutrientes in a tropical headwater

stream. Ecology 82(3): 775-783.

CUMMINS, K.W.; MERRITT, R.W. & ANDRADE, P.C.N. (2005) The use of

invertebrate functional groups to characterize ecosystem attributes in selected streams

and rivers in south Brazil. Studies in Neotropical Fauna and Environment, 40(1): 69-89.

CUMMINS, K.W.; PETERSEN, R.C.; HOWARD, F.O.; WUYCHECK, J.C. &

HOLT, V.I. (1973) The utilization of leaf litter by stream detri- tivores. Ecology, 54,

336–345.

CUMMINS, K.W.; WILZBACH, M.A.; GATES, D.M.; PERRY, J.B. &.

TALAIFERRO, W.B. (1989) Shredders and riparian vegetation. BioScience 39: 24-30.

CUNHA-SANTINO, M.B. & BIANCHINI, I. (2008) Carbon cycling potential

from Utricularia breviscapa decomposition in a tropical oxbow lake (São Paulo, Brazil).

Ecological Modelling, 218: 375-382.

CUNHA-SANTINO, M.B.; BIANCHINI, I & OKAWA, M.H. (2010) The fate

of Eichhornia azurea (Sw.) Kunth. Detritus within a tropical reservoir. Acta

Limnologica Brasiliensia, 22: 109-121.

CUSHING, C.E. & ALLAN, J.D. (2001) Streams: their ecology and life.

Academic Press, San Diego, Ca, USA. 366 pp.

Page 87: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

86

DANG, C.K.; SCHINDLER, M.; CHAUVET, E. &. GESSNER, M.O (2009)

Temperature oscillation coupled with fungal community shifts can modulate warming

effects on litter decomposition. Ecology 90(1): 122–131.

DEATH, R.G. (2010) Disturbance and riverine benthic communities: What has

it contributed to general ecological theory? River Research and Applications 26: 15-25.

DOBSON, M. & HILDREW, A.G. (1992) A test of resource limitation among

shredding detritivores in low order streams in southern England. Journal of Animal

Ecology, 61: 69-77.

DOBSON, M.; MAGANA,A.; MATHOOKO,J.M. & NDEGWA, F.K. (2002).

Detritivores in Kenyan highland streams: more evidence for the paucity of shredders in

the tropics? Freshwater Biology 47: 909-919.

DUDGEON, D. & GAO, B.W. (2011) The influence of macroinvertebrate

shredders, leaf type and composition on litter breakdown in a Hong Kong stream.

Fundamental and Applied Limnology (formerly Archiv für Hydrobiologie) 178: 147-

157.

ENCALADA, A.C.; CALLES, J.; FERREIRA, V.; CANHOTO, C.M. &

GRAÇA, M.A.S. (2010) Riparian land use and relationship between the benthos and

litter decomposition in tropical montane streams. Freshwater Biology 55: 1719-1733.

EWERS, C.; BEIERSDORF, A.; WIESKI, K.; PENNINGS, S.C. & ZIMMER,

M. (2012) Predator/Prey-Interactions Promote Decomposition of Low-Quality Detritus,

Wetlands.

FARJALLA, V.F.; MARINHO, C.C. & ESTEVES, F.A. (1999) Uptake of

oxygen in the initial stages of decomposition of aquatic macrophytes and detritus from

terrestrial vegetation in a tropical coastal lagoon. Acta Limnologica Brasiliensia, 11:

185-193.

Page 88: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

87

FERNANDES, I.; PASCOAL, C.; GUIMARÃES, H.; PINTO, R.; SOUZA, I. &

CÁSSIO, F. (2012) Higher temperature reduces the effects of litter quality on

decomposition by aquatic fungi. Freshwater Biology.

FERREIRA, V.; GULIS, V. & GRAÇA, M.A.S. (2006) Whole-stream nitrate

addition affects litter decomposition and associated fungi but not invertebrates.

Oecologia. 149: 718–729.

FONSECA, A.L.D.S.; BIANCHINI JR, I.; PIMENTA, C.M.M.; SOARES,

C.B.P. & MANGIAVACCHI, N. (2012) The flow velocity as driving force for

decomposition of leaves and twigs. Hydrobiologia.

FRANKEN, R.J.M.; WALUTO, B.; PEETERS, E.T.H.M.; GARDENIERS,

J.J.P.; BEIJER, J.A.J. & SCHEFFER, M. (2005) Growth of shredders on leaf litter

biofilms: the effect of light intensity. Freshwater Biology, 50, 459-466.

FRITZ, K.M. & DODDS, W.K. (2004) Resistance and resilience of

macroinvertebrate assemblages to drying and flood in a tallgrass prairie stream system.

Hydrobiologia 527: 99–112

GAFNER, K. & ROBINSON, C.T. (2007) Nutrient enrichment influences the

responses of stream macroinvertebrates to disturbance. Journal of North American

Benthological Society, vol.26, n.1, p.92-102.

GALIZZI, M.C. & MARCHESE, M. (2007) Decomposición de hojas de

Tessaria integrifólia (Asteraceae) y colonización por invertebrados em um cauce

secundário del río Paraná Medio. Interciencia,32, 535-540.

GESSNER, M.O. & CHAUVET, E. (1993) Ergosterol-to-Biomassa Conversion

Factors for Aquatic Hyphomycetes. Applied an Environmental Microbiology, 502-507.

Page 89: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

88

GESSNER, M.O. & NEWELL, S.W. (2002) Biomass, Growth Rate, and

Production of Filamentous Fungi in Plant Litter. Manual of Environmental in

Microbiology. 2ª ed., AMS Press, Washington, DC, P.390-408.

GESSNER, M.O.; CHAUVET, E. & DOBSON, M. (1999) A perspective on leaf

litter breakdown in streams. Oikos 85(2): 377- 384.

GIULIETTI, A.M.; PIRANI, J.R. & HARLEY, R.M. (1997) Espinhaço range

region. In: DAVIS, S.D.; HEYWOOD, V.H.; HERRERA-MACBRYDE, O.; VILLA-

LOBOS, J. & HAMILTON, A.C. 55(eds), Centres of plant diversity. A guide and

strategy for their conservation. The Americas. WWF/IUCN. Cambridge, Vol 3: 397-

404.

GONÇALVES JR; FRANÇA J.S.; MEDEIROS, A.O.; ROSA, C.A.;

CALLISTO, M. (2006) Leaf breakdown in a Tropical stream. Internat. Rev. Hydrobiol.

C. v. 91, p. 164-177.

GONÇALVES, J.F.; GRAÇA, M.A.S & CALLISTO, M. (2006) Leaf-litter

breakdown in 3 streams in temperate, Mediterranean, and tropical Cerrado climates.

Journal of the North American Benthological Society 25(2): 344–355.

GONÇALVES, J.F.; GRAÇA, M.A.S. & CALLISTO, M. (2007) Litter

decomposition in a Cerrado savannah stream is retarded by leaf toughness, low

dissolved nutrientes and a low density of shredders. Freshwater Biology 52: 1440-1451.

GONÇALVES, J.F.J.; FRANÇA, J.S. & CALLISTO, M. (2006) Dynamics of

Allochthonous Organic Matter in a Tropical Brazilian Headstream. Brazilian Archives

of Biology and Technology, 49(6), 967–973.

GONÇALVES, J.F.J.; REZENDE, R. DE S.; MARTINS, N.M., & GREGÓRIO,

R.S. (2012) Leaf breakdown in an Atlantic Rain Forest stream.Austral Ecology, 37(7),

807–815.

Page 90: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

89

GRAÇA, M.A.S. (2001) The Role of Invertebrates on Leaf Litter

Decomposition in Streams – A Review. International Review of Hydrobiology, 86 (4-

5): 383–394.

GRAÇA, M.A.S.; BÄRLOCHER, F.; GESSNER, M.O. (2005) Methods to

Study Litter Decomposition: A Practical Guide (Eds.) 2005, X, 329 p.

GREGORY, S.V.; SWANSON, F.J.; MCKEE, W.A. & CUMMINS, K.W.

(1991) An ecosystem perspective of riparian zones. BioScience 41: 540-551.

HEPP, L.U.; BIASI, C.; MILESI, S.V.; VEIGA, F.O. & RESTELLO, R.M.

(2008) Chironomidae (Diptera) larvae associated to Eucalyptus globulus and Eugenia

uniflora leaf litter in a subtropical stream (Rio Grande do Sul, Brazil). Acta

Limnologica Brasiliensia 20(4): 345-350.

HIEBER, M. & GESSNER, M.O. (2002) Contribution of stream detrivores,

fungi, and bacteria to leaf break down based on biomass estimates. Ecology 83(4):

1026–1038.

HISABAE, M; SONE, S. & INOUE, M. (2011) Breakdown and

macroinvertebrate colonization of needle and leaf litter in conifer plantation streams in

Shikoku southwestern Japan. J.For.Res, 16, 108-115.

INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS – IEF (2004) Plano de Manejo,

Parque Estadual do Rio Preto. Encarte 2 - Analise da Região da unidade de

Conservação.

IRONS, J.G.I.; OSWOOD, M.W.; STOUT, R.J. & PRINGLE, C.M. (1994)

Latitudinal pattems in leaf litter breakdown: is temperature really important!?

Freshwater Biology,32, 401–411.

JABIOL, J. & CHAUVET, E. (2012) Fungi are involved in the effects of litter

mixtures on consumption by shredders. Freshwater Biology.

Page 91: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

90

JANKE, H. & TRIVINHO-STRIXINO, S. (2007) Colonization of leaf litter by

aquatic macroinvertebrates: a study in a low order tropical stream. Acta Limnologica

Brasiliensia, vol. 19, (1)109-115.

KIKUCHI, R.M. & UIEDA, V.S. (1998) Composição da comunidade de

invertebrados de um ambiente lótico tropical e sua variação espacial e temporal.

Oecologia Brasiliensis, pp. 157-173. In:Nessimian, J.L. & A. L. Carvalho. E. (eds).

Ecologia de Insetos Aquáticos. Series Oecologia Brasiliensis, vol V.PPGE-UFRJ. Rio

de Janeiro, Brasil.

KOMINOSKI, J.S.; HOELLEIN, T.J.; KELLY, J.J. & PRINGLE, C.M. (2009)

Does mixing litter of different qualities alter stream microbial diversity and functioning

on individual litter species? Oikos, 118, 457-463.

KOMINOSKI, J.S.; MARCZAK, L.B. & RICHARDSON, J.S. (2011) Riparian

forest composition affects stream litter decomposition despite similar microbial and

invertebrate communities. Ecology 92(1):151 – 159.

KRISTENSEN, E.; BOUILLON, S.; DITTMAR, T. & MARCHAND, C. (2008)

Organic carbono dynamics in mangrove ecosystems: A review. Aquatic Botany, vol.89,

n. 2, p. 201-219.

LANDEIRO, V.L.; HAMADA, N. & MELO, A.S. (2008) Responses of aquatic

invertebrate assemblages and leaf breakdown to macroconsumer exclusion in

Amazonian ‘‘terra firme’’ streams. Fundamental and Applied Limnology, 172: 49-58.

LANDEIRO, V.L.; HAMADA, N.; GODOY, B.S. & MELO, A.S. (2010)

Effects of litter patch area on macroinvertebrate assemblage structure and leaf

breakdown in Central Amazonian streams. Hidrobiologia, 649: 355-363.

LECERF, A. & CHAUVET, E. (2008) Diversity and functions of leaf decaying

fungi in human-altered streams. Freshwater Biology. 53, 1658-1672.

Page 92: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

91

LECERF, A.; DOBSON, M.; DANG, C.K. & CHAUVET, E. (2005) Riparian

plant species loss alters trophic dynamics in detritus-based stream ecosystems.

Oecologia, 146, 432-442.

LEPORI, F.; PALM, D. & MALMQVIST, B. (2005) Effects of stream

restoration on ecosystem functioning: detritus retentiveness and decomposition. J. Appl.

Ecol. 42: 228-238.

LEROY, C.J. & MARKS, J.C. (2006) Litter quality, stream characteristics and

litter diversity influence decomposition rates and macroinvertebrates. Freshwater

Biology, 51, 605-617.

LI, A.O.Y.; NG, L.C.Y. & DUDGEON, D. (2009) Effects of leaf toughness and

nitrogen content on litter breakdown and macroinvertebrates in a tropical stream.

Aquatic Sciences, 71(1), 80-93.

LYTLE, D.A., & POFF, N.L. (2004) Adaptation to natural flow regimes.

TRENDS in Ecology and Evolution 19(2): 94-100.

MAILLARD, P. & SANTOS, N.A.P. (2008) A spatial-statistical approach for

modeling the effect of non-point source pollution on diferente water quality parameters

in the Velhas river watershed – Brasil. Journal of Environmental Management, vol. 86,

n.1, p.158-170.

MATHURIAU, C., & CHAUVET, E. (2002) Breakdown of Leaf Litter in a

Neotropical Stream. Journal of North American Benthological Society, 21(3), 384–396.

MEDEIROS, A.O.; PASCOAL, C. & GRAÇA, M.A.S. (2009) Diversity and

activity of aquatic fungi under low oxygen conditions. Freshwater Biology 54: 142-149.

MERRITT, R. W. & CUMMINS, K. W. (1996) An introduction to the aquatic

insects of North America. 3ª ed. Dubuque: Kendall/Hunt. 862 p.

Page 93: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

92

MITRE, S.K. (2011) Decomposição de detritos foliares alóctones e dinâmica de

nutrientes em sistema lótico no Cerrado. Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-

Graduação em Ecologia. Universidade de Brasilia.

MORETTI, M. & LOYOLA, R.D. (2009) Does Barypenthus concolor

Burmeister (Trichoptera: Odontoceridae) Select Particles of Different Sizes for Case

Building ? Neotropical Entomology, 34(2), 337-340.

MORETTI, M.; GONÇALVES, J.F. Jr. & CALLISTO, M. (2007) Leaf

breakdown in two tropical streams: Differences between single and mixed species

packs. Limnologica, 37: 250-258.

MORETTI, M.S.; LOYOLA, R.D; BECKER, B.; CALLISTO, M. (2009) Leaf

abundance and phenolic concentrations codetermine the selection of case-building

materials by Phylloicus sp. (Trichoptera, Calamoceratidae). Hydrobiologia, 630: 199-

206.

MUGNAI, R.; NESSIMIAN, J.L. & BAPTISTA, D.F. (2010) Manual de

identificação de macroinvertebrados aquáticos do estado do Rio de Janeiro. Technical

Books Editora Ltda. Rio de Janeiro.

NIU, S.Q. & DUDGEON, D. (2011) The influence of flow and season upon

leaf-litter breakdown in monsoonal Hong Kong streams. Hydrobiologia 663: 205–215.

OLIVEIRA, A.L.H. & NESSIMIAN, J.L. (2010) Spatial distribution and

functional feeding groups of aquatic insect communities in Serra da Bocaina streams,

southeastern Brazil. Acta Limnologica Brasiliensia,, vol. 22, no. 4, p. 424-441.

PARRON, L.M.; BUSTAMANTE, M.M.C & MARKEWITZ, D. (2011) Fluxes

of nitrogen and phosphorus in a gallery forest in the Cerrado of central Brazil.

Biogeochemistry 105: 89-104.

Page 94: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

93

PÉREZ, G.R. (1988) Guía para el estudio de los macroinvertebrados acuáticos

del Departamento de Antioquia. Colciencias Bogotá.

PES, A.M.O.; HAMADA, N. & NESSIMIAN, J.L. (2005) Chaves de

identificação de larvas para famílias e gêneros de Trichoptera (Insecta) da Amazônia

Central, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia, 49: 181-204.

PETERSEN, R.C. & CUMMINS, K.W. (1974) Leaf processing in a woodland

stream.Freshwater Biol. 4: 343-368.

PETERSEN, R.C.; CUMMINS, K.W. & WARD, G.M. (1989) Microbial and

Animal Processing of Detritus in a Woodland Stream. Ecological Monographs, 59(1),

21–39.

QUEIROZ, J.F.; TRIVINO-STRIXINO, S. & NASCIMENTO, V.M.C. (2000)

Organismos bentônicos bioindicadores da qualidade das águas da bacia do médio São

Francisco. Embrapa Meio Ambiente, 3:1-4.

R CORE TEAM (2012) R: A language and Environment for Statistical

Computing. R Fundation for Statistical Computing, Viena, Austria.

RIBBLETT, S.G.; PALMER, M.A. & COATS, D.W. (2005) The importance of

bacterivorous protists in the decomposition of stream leaf litter. Freshwater Biology, 50,

516-526.

RINCÓN, J. & MARTÍNEZ, I. (2006) Food quality and feeding preferences of

Phylloicus sp. (Trichoptera:Calamoceratidae). Journal of the North American

Benthological Society, 25: 209- 215.

ROSEMOND, A.D.; PRINGLE, C.M; RAMIREZ, A.; PAUL, M.J. & MEYER,

J.L. (2002) Landscape variation in phosphorus concentration and effects on detritos –

based tropical streams. Limnology and Oceanography, vol.47, n.1, p.278 – 289.

Page 95: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

94

RUEDA-DELGADO, G.; WANTZEN, K.M. & TOLOSA, M.B. (2006) Leaf-

litter decomposition in an Amazonian floodplain stream: effects of seasonal

hydrological changes. Journal of the North American Benthological Society 25(1): 233-

249.

SAADI. A (1995) A geomorfologia da serra do espinhaço em minas gerais e de

suas margens. IGC/UFMG - Centro de Pesquisa Prof. Manoel Teixeira da Costa, Belo

Horizonte, Minas Gerais. GEONOMOS 3 (1): 41-63.

SCHINDLER, M.H. & GESSNER, M.O. (2009) Functional leaf traits and

biodiversity effects on litter decomposition in a stream. Ecology 90(6): 1641–1649.

SHIMANO, Y.; SALLES, F.F.; FARIA, L.R.R.; CABETTE, H.S.R. &

NOGUEIRA, D.S. (2012) Distribuição espacial das guildas tróficas e estruturação da

comunidade de Ephemeroptera (Insecta) em córregos do Cerrado de Mato Grosso,

Brasil. Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, vol.102, no.2. p.187-196.

SHORT, R.A. & MASLIN, P.E. (1977) Processing of leaf litter by a stream

detritivore: effect on nutrient availability to collectors. Ecology, 58, 935 -938.

SOLÉ, M.; FETZER, I.; WENNRICH, R.; SRIDHAR, K.R.; HARMS, H. &

KRAUSS, G (2008) Aquatic hyphomycete communities as potential bioindicators for

assessing anthropogenic stress. Science of the Total Environmental, 389, 557-565.

SPÄNHOFF, B. & MEYER, E.I. (2004) Breakdown rates of wood in streams.

Journal of North American Benthological Society 23: 189-197.

SRIDHAR, K.R. & BARLOCHER, F. (2000) Initial Colonization, Nutrient

Supply, and Fungal Activity on Leaves Decaying in Streams. Applied and

Environmental Microbiology, 66(3), 1114-1119.

Page 96: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

95

SRIDHAR, K.R.; DUARTE, S.; CÁSSIO, F. & PASCOAL, C. (2009) The Role

of Early Fungal Colonizers in Leaf-Litter Decomposition in Portuguese Streams Impact

of Agricultural Runoff. Internat.Rev.Hydrobiol., 94(4), 399-409.

STANLEY, E.H.; POWERS, S.M. & LOTTIG, N.R. (2010) The evolving

legacy of disturbance in stream ecology: concepts, contributions, and coming

challenges. Journal of the North American Benthological Society 29(1): 67–83.

SUBERKROPP, K. & CHAUVET, E. (1995) Regulation of leaf breakdown by

fungi in streams: influences of water chemistry. Ecology, vol. 76, n.5, p.1433-1445.

SUBERKROPP, K.; GULIS, V.; ROSEMOND, A.D. &. BENSTEAD, J.P.

(2010) Ecosystem and physiological scales of microbial responses to nutrients in a

detritus-based stream: Results of a 5-year continuous enrichment. Limnology and

Oceanography 55(1): 149–160.

TOMANOVA, S.; GOITIA, E. & HELESIC, J. (2006) Trophic levels and

functional feeding groups of macroinvertebrates in neotropical streams. Hydrobiologia

556:251-264.

TOWNSEND, C.R. & HILDREW, A.G. (1988) Pattern and process in low order

acid streams. Verh. Internat. Verein. Limnol. 23: 1267-1271.

VALENTE, L.C. (2008) Estrutura e composição de assembléias de

macroinvertebrados bentônicos associados a acúmulos de folhas em riachos de

cabeceira, pertencentes à Cadeia do Espinhaço (MG). Belo Horizonte, Universidade

Federal de Minas Gerais, 66. Dissertação de Mestrado.

VANNOTE, R.L., MINSHALL, G.W.; CUMMINS, K.W.; SEDELL, J.R &

CUSHING, C.E. (1980.) The river continuum concept. Can. J. Fish. Aquat. Sci. 37:

130-137.

Page 97: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

96

WALLACE, J.B. & WEBSTER, J.R. (1996) The role of macroinvertebrates in

stream ecosystem function. Annual Review of Entomology, 41, 115 – 139.

WALLACE, J.B.; EGGERT, S.L.; MEYER, J.L. & WEBSTER, J.R. (1997)

Multiple trophic levels of a forest stream linked to terrestrial litter inputs. Science 277:

102-104.

WALLACE, J.B.; EGGERT, S.L.; MEYER, J.L. & WEBSTER, J.R. (1999)

Effects of resource limitation on a detrital-based ecosystem. Ecological Monographs.

69: 409-442.

WALLACE, J.B.; ROSS, D.H. & MEYER, J.L. (1982) Seston and dissolved

organic carbono dynamics in a southern Appalachian Mountain stream. Ecology 63:

824-838.

WANTZEN, K.M. & JUNK, W.J. (2000) The importance of stream-wetland-

systems for biodiversity: A tropical perspective. In: GOPAL, B.; JUNK, W.J. &

DAVIES, J.A. (eds) Biodiversity in Wetlands: Assessment, function and conservation,

11-34, Leiden, The Netherlands, Backhuys Publishers.

WANTZEN, K.M. & WAGNER, R. (2006) Detritus processing by invertebrates

shredders: neotropical-temperate comparison. Journal of the North American

Benthological Society 25(1): 216-232.

WANTZEN, K.M., YULE, C.M., MATHOOKO, J.M. & PRINGLE, C.M.

(2008) Organic Matter Processing in Tropical Stream. In: Tropical Stream Ecology.

(Eds.Dudgeon, D.) pp. 44-60. Elsevier: London, 43-64.

WANTZEN, K.M.; WAGNER, R.; SUETFELD, R. & JUNK, W.J. (2002) How

do plant-herbivore interactions of trees influence coarse detritus processing by shredders

in aquatic ecosystems of different latitudes? Verh. Internat. Verein. Limnol. 28: 1-7.

Page 98: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

97

WEBSTER, J.R. & BENFIELD, E.F. (1986) Vascular plant breakdown in

freshwater ecosystems. Annual Review. Ecological Systematics, 17: 567–594.

WEBSTER, J.R.; NEWBOLD, J.D.; THOMAS, S.A.; VALETT, H.M. &

MULHOLLAND, P.J (2009) Nutrient uptake and mineralization during leaf decay in

streams - a Model simulation. Internat. Rev. Hydrobiol., 94 (4), 372-390.

WHITTAKER, R.H. (1972) Evolution and Measurement of species diversity.

Taxon 21: 213-251.

Page 99: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

98

ANEXOS Tabela 1: Valores médios dos parâmetros físicos– químicos da água amostrados nos cinco pontos do Córrego das Boleiras entre os meses

de Abril a Dezembro de 2012. OBS: Devido à forte correnteza e aumento do nível do rio, causada pela tromba d’água, não foi possível

medir os parâmetros da água durante os meses de Janeiro, Fevereiro e Março.

Parâmetros ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ F p

Temperatura

da água (°C)

21,68 19,26 18,08 15,96 19,44 21,18 22,92 22,62 22,80 2004.7 <0,01

Oxigênio

dissolvido

(mg/L-1)

8,02 8,26 9,82 9,12 13,84 10,03 6,22 5,14 5,59 37.297 <0,01

Condutividade

(μS cm-1)

3,72 3,38 3,18 3,02 3,16 3,92

4,66 16,08 11,65 1668.8 <0,01

Velocidade da

correnteza

(m/s)

0,218 0,188 0,254 0,261 0,157 0,168 0,088 0,755 0,181 18.121 <0,01

Vazão (m3/s) 0,078 0,110 0,116 0,127 0,086 0,097 0,058 1,477 0,102 84.731 <0,01

Page 100: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

99

Tabela 2: Abundância e grupo funcional trófico dos invertebrados amostrados nos

detritos foliares em decomposição no Córrego das Boleiras durante os meses de Abril a

Dezembro de 2012. R = raspador; CC = coletor-catador; CF = coletor-filtrador; P =

predador; F = fragmentador; A = adulto; L = larva. OBS: Devido à forte correnteza e

aumento do nível do rio, causada pela tromba d’água, não foi possível medir os

parâmetros da água durante os meses de Janeiro, Fevereiro e Março.

Ordem Família Grupo Trófico Funcional

Abundância

Acari

Hydracarina P 67

Anelidae

Oligochaeta CC 126

Anthomedusae

Hydridae (Hydra sp.)

P 17

Aranae

- P 4

Coleoptera

Dytiscidae (Laccodytes sp.

(L))

P 4

Coleoptera

Elmidae (Cylloepus sp. (A))

R 5

Coleoptera

Elmidae (Cylloepus sp. (L))

CF 19

Coleoptera

Elmidae (Heterelmis sp.

(A))

R 1

Coleoptera

Elmidae (Hexacylloepus sp.

(A))

R 6

Coleoptera Elmidae (Hexacylloepus sp.

(L))

CC 30

Coleoptera

Elmidae (Neoelmis sp. (A))

R 11

Coleoptera

Elmidae (Neoelmis sp. (L))

CC 16

Coleoptera

Elmidae (Xenelmis sp. (A))

R 27

Coleoptera

Elmidae (Xenelmis sp. (L))

CC 7

Page 101: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

100

Ordem Família Grupo Trófico

Funcional Abundância

Coleoptera

Psephenidae (Psephenus sp. (L))

R 3

Coleoptera

Staphylinidae (Bledius sp. (L))

P 1

Crustacea Amphipoda (Dogielinotidae/Hyalella

sp)

F 2

Crustacea

Cladocera (Bosminidae/Bosmina

sp.)

CF 9

Diptera

Ceratopogonidae (Atrichopogon sp. (L))

P 10

Diptera

Ceratopogonidae (Bezzia sp. (L))

P 24

Diptera

Ceratopogonidae (Probezzia sp. (L))

P 11

Diptera

Ceratopogonidae (Sphaeromias sp. (L))

P 13

Diptera

Chironomidae (Chironominae)

CC 1.941

Diptera

Chironomidae (Orthocladiinae)

CC/R 1.628

Diptera

Chironomidae (Stenochironomus sp.)

F 131

Diptera

Chironomidae (Tanypodinae)

P 2.460

Diptera

Empididae (Hemerodromia sp.)

P 23

Diptera

Simulidae (Chirostilbia sp. (L))

CF 253

Ephemeroptera

Baetidae (Cloeodes sp. (L))

R 187

Ephemeroptera

Baetidae (Paracloeodes sp. (L))

CC 23

Ephemeroptera

Euthyplociidae (Campylocia sp. (L))

CC 3

Ephemeroptera

Leptohyphidae (Leptohyphes sp. (L))

CC 88

Ephemeroptera

Leptohyphidae (Leptohyphidae sp1)

CC 198

Page 102: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

101

Ordem Família Grupo Trófico

Funcional Abundância

Ephemeroptera

Leptohyphidae (Traveryphes sp.

(L))

CC 730

Ephemeroptera

Leptohyphidae (Tricorythodes sp.

(L))

CC 252

Ephemeroptera

Leptohyphidae (Tricorythopsis sp.

(L))

CC 542

Ephemeroptera

Leptophlebiidae (Askola sp. (L))

R 5

Ephemeroptera

Leptophlebiidae (Farrodes sp. (L))

R 10

Ephemeroptera Leptophlebiidae (Hagenulopsis sp.

(L))

R 10

Ephemeroptera

Leptophlebiidae (Miroculis sp.)

R 7

Heteroptera Hemiptera

Naucoridae (Limnocoris sp.

(L))

P 3

Megaloptera

Corydalidae (Corydalus sp. (L))

P 3

Odonata

Calopterygidae (Hetaerina sp. (L))

P 14

Odonata Coenagrionidae (Acanthagrion sp.

(L))

P 12

Odonata

Gomphidae (Phyllogomphoides

sp (L))

P 2

Odonata

Libellulidae (Elasmothemis sp.

(L))

P 1

Odonata

Calopterygidae (Hetaerina sp. (L))

P 14

Odonata Coenagrionidae (Acanthagrion sp.

(L))

P 12

Page 103: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

102

Ordem Família Grupo Trófico

Funcional Abundância

Odonata

Gomphidae (Phyllogomphoides

sp (L))

P 2

Odonata

Libellulidae (Elasmothemis sp.

(L))

P 1

Odonata

Libellulidae (Macrothemis sp.

(L))

P 4

Odonata

Perilestidae (Perilestes sp. (L))

P 14

Plecoptera

Grypopterygidae (Paragripopteryx

sp. (L))

F 227

Plecoptera

Grypopterygidae (Tupiperla sp. (L))

CC 144

Plecoptera

Perlidae (Anacroneuria sp.

(L))

P 29

Trichoptera

Calamoceratidae (Phylloicus sp. (L))

F 46

Trichoptera

Helicopsychidae (Helichopsyche sp.

(L))

R 7

Trichoptera

Hidrobiosidae (Atopsyche sp. (L))

P 1

Trichoptera

Hydropsychidae (Leptonema sp.

(L))

CF 115

Trichoptera

Hydropsychidae (Smicridea sp. (L))

CF 91

Trichoptera

Hydroptilidae (Metrichia sp. (L))

R 8

Trichoptera

Hydroptilidae (Neotrichia sp. (L))

R 13

Trichoptera

Hydroptilidae (Oxyethira sp. (L))

R 232

Page 104: Universidade Estadual d e Montes Claros Programa d e Pós ...€¦ · CAPÍTULO 1 - DINÂMICO DE MATÉRIA ORGÂNICA ALÓCTONE PROVENIENTE DO APORTE VERTICAL EM UM CÓRREGO DE

103

Ordem Família Grupo Trófico

Funcional Abundância

Trichoptera

Leptoceridae (Nectopsyche sp.

(L))

CC/F 4

Trichoptera

Leptoceridae (Notalina sp. (L))

F 30

Trichoptera

Leptoceridae (Oecetis sp. (L))

P 2

Trichoptera

Leptoceridae (Triplectides sp.

(L))

F 7

Trichoptera

Odontoceridae (Marilia sp. (L))

F 31

Trichoptera

Philopotamidae (Wormaldia sp.

(L))

CF 23

Trichoptera

Polycentropodidae (Cyrnellus sp. (L))

CF 19

Trichoptera

Polycentropodidae (Polycentropus sp.

(L))

CF/P 27

Trichoptera

Polycentropodidae (Polyplectropus sp.

(L))

CF 32