avaliaÇÃo ambiental da microbacia do cÓrrego …

116
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - ICET PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO EMBAUVAL E INFLUÊNCIA DA ETE DO CONDOMÍNIO RESIDENCIAL TERRA NOVA EM VÁRZEA GRANDEMT THAYANA ALVES MATTOS CUIABÁ-MT DEZ/2014

Upload: others

Post on 07-Jan-2022

5 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - ICET

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS

AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO

EMBAUVAL E INFLUÊNCIA DA ETE DO CONDOMÍNIO

RESIDENCIAL TERRA NOVA EM VÁRZEA GRANDE– MT

THAYANA ALVES MATTOS

CUIABÁ-MT

DEZ/2014

Page 2: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

THAYANA ALVES MATTOS

AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO

EMBAUVAL E INFLUÊNCIA DA ETE DO CONDOMÍNIO

RESIDENCIAL TERRA NOVA EM VÁRZEA GRANDE– MT

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

graduação em Recursos Hídricos do Instituto de

Ciências Exatas e da Terra da Universidade

Federal de Mato Grosso, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em Recursos

Hídricos, área de concentração: gestão e

planejamento de recursos hídricos.

Orientadora: Prof. Dra. Margarida Marchetto

CUIABÁ-MT

DEZ/2014

Page 3: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

i

Page 4: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

ii

AGRADECIMENTOS

A minha família, pelo apoio e amor incondicional de sempre.

Ao Gian Pietro Benevento pela companhia, parceria e por me ajudar sempre quando

requerido tanto nas visitas a campo como na elaboração dos mapas.

A minha orientadora Prof.ª Dr.ª Margarida Marchetto que admiro muito por ter me

orientado e apoiado.

Ao Departamento de Água e Esgoto - DAE de Várzea Grande por permitir desenvolver

o estudo na Estação de Tratamento de Efluentes do Condomínio Terra Nova.

Ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de

Mato Grosso.

Page 5: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

iii

DEDICATÓRIA

Ao meu filho Luigi Mattos Benevento,

pois me proporcionou ser mãe de uma

criança que cada dia que passa me encanta

ainda mais com os seus risos, caretas de

mau humor e trocas de carinho e amor.

Page 6: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

iv

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................19

2. OBJETIVOS ..............................................................................................................21

2.1 Objetivo Geral.........................................................................................................21

2.2 Objetivos Específicos..............................................................................................21

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................22

3.1 Esgoto.......................................................................................................................22

3.1.1 CARACTERÍSTICAS DO ESGOTO..................................................................22

3.2 Tratamento de Efluentes Líquidos........................................................................26

3.2.1 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO...............................................................27

3.2.1.1 Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente – RAFA.............................................29

3.2.1.2 Decantadores....................................................................................................31

3.2.1.3 Lodos Ativados .................................................................................................31

3.2.1.4 Lagoas de Estabilização...................................................................................33

3.2.1.5 Filtro Biológico Aerado Submerso...................................................................34

3.2.1.6 Desinfecção ......................................................................................................34

3.2.1.6.1. Radiação Utravioleta .....................................................................................35

3.3 Lodo.........................................................................................................................36

3.3.1 TRATAMENTO DE LODO PROVENIENTE DE ESTAÇÃO DE

TRATAMENTO DE ESGOTO.......................................................................................36

3.3.1.1 Adensamento de Lodo........................................................................................36

Page 7: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

v

3.3.1.2 Digestão Anaeróbia ......................................................................................... 36

3.3.1.3 Desidratação do Lodo ..................................................................................... 37

3.3.1.4 Secagem do Lodo ............................................................................................. 37

3.3.2 DISPOSIÇÃO FINAL DO LODO ...................................................................... 38

3.4 Legislação ............................................................................................................... 39

3.4.1 CONSELHO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS (CEHIDRO) ............ 39

3.4.2 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 357/2005 ............................................................. 40

3.4.3 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 430/2011 ............................................................. 41

3.4.4 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 375/2006 ............................................................. 43

3.4.5 LEI 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012 .............................................................. 43

3.5 Microbacia Hidrográfica ...................................................................................... 45

3.5.1 FISIOGRAFIA .................................................................................................... 46

3.5.1.1 Área de Drenagem ........................................................................................... 46

3.5.1.2 Forma da Bacia ............................................................................................... 46

3.5.1.3 Índice de Circularidade ................................................................................... 47

3.5.1.4 Índice de Declividade e Altitude ...................................................................... 47

3.5.1.5 Densidade de Drenagem (Dd) ......................................................................... 48

3.5.1.6 Ordem dos Cursos D’água e Razão de Bifurcação ......................................... 48

3.5.1.7 Extensão Média de Escoamento Superficial ................................................... 49

3.5.1.8 Declividade Total do Curso Principal ............................................................ 49

3.5.1.9 Comprimento da Rede de Drenagem............................................................... 50

Page 8: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

vi

3.5.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA - IQA ................................................... 50

3.5.2.1 Cálculo de IQA ................................................................................................ 50

3.5.3 VEGETAÇÃO, EROSÃO, RESÍDUO, ÁGUA, HABITAÇÃO (VERAH) ....... 52

3.5.3.1 Definição dos Aspectos - VERAH .................................................................... 52

4. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 55

4.1 Caracterização da Área de Estudo....................................................................... 55

4.1.1 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTE DO CONDOMÍNIO

RESIDENCIAL TERRA NOVA ................................................................................... 56

4.1.2 MICROBACIA DO CÓRREGO EMBAUVAL ................................................. 59

4. 2 Metodologia ........................................................................................................... 63

4.2.1. AMOSTRAGEM ............................................................................................... 63

4.2.2. ENTREVISTAS ................................................................................................ 65

4.2.3 GEOPROCESSAMENTO ................................................................................. 66

4.2.3.1 Demilitação da Microbacia e Curso D’Água.................................................... 67

4.2.3.2 Fisiografia da Microbacia................................................................................. 67

4.2.4 DIAGNÓSTICO DA MICROBACIA COM A UTILIZAÇÃO DO VERAH ..67

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 70

5.1 Estação de Tratamento de Efluente do Condomínio Residencial Terra Nova 70

5.2 Análise Fisiográfica da Microbacia do Córrego Embauval............................... 82

5.3 Diagnóstico Geral da Microbacia do Córrego Embauval Utilizando o VERAH

– Vegetal, Erosão, Resíduo, Água e Habitação.. ........................................................ 85

5.3.1 VEGETAÇÃO ...................................................................................................... 85

Page 9: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

vii

5.3.2 EROSÃO ............................................................................................................. 88

5.3.3 RESÍDUO ............................................................................................................ 90

5.3.4 ÁGUA .................................................................................................................. 92

5.3.5 HABITAÇÃO ...................................................................................................... 99

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 101

7. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................. 104

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 105

Page 10: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Ordem dos cursos.............................................................................................49

Figura 2. Vista superior do condomínio Residencial Terra Nova, Várzea Grande,

MT...................................................................................................................................55

Figura 3. Desenho esquemático da ETE do condomínio Residencial Terra Nova..........57

Figura 4. Vista parcial de unidade integrantes do tratamento preliminar e estação

elevatória, ETE do condomínio Residencial Terra Nova................................................57

Figura 5. Vista parcial da caixa de areia da ETE do condomínio Residencial Terra

Nova.................................................................................................................................58

Figura 6. Vista superior da grade a montante da caixa de areia, ETE do condomínio

Residencial Terra Nova...................................................................................................58

Figura 7. Vista superior do córrego (detalhado em vermelho) Embauval, Várzea Grande

– MT................................................................................................................................60

Figura 8. Delimitação da Microbacia do córrego Embauval...........................................61

Figura 9. Mapa geológico da Microbacia do córrego Embauval.....................................61

Figura 10. Pedologia da Microbacia do córrego Embauval............................................63

Figura 11. Localização dos pontos de amostragem – P3, P4 e P5 no córrego

Embauval.........................................................................................................................68

Figura 12. Vista parcial interna do RAFA da ETE do condomínio Residencial Terra

Nova, mostrando a tubulação de alimentação do

reator................................................................................................................................71

Figura 13. Valores de pH obtidos na entrada e saída do sistema de tratamento..............71

Page 11: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

ix

Figura 14. Concentrações de DBO5 e DQO do efluente bruto e efluente

final..................................................................................................................................73

Figura 15. Concentrações dos nutrientes no efluente bruto e final..................................74

Figura 16. Concentrações de sólidos totais, fixos, voláteis e sedimentáveis nos

efluentes...........................................................................................................................75

Figura 17. Turbidez do efluente bruto e final..................................................................77

Figura 18. Vista de resíduos sólidos gerados da ETE do condomínio Residencial Terra

Nova dispostos no solo....................................................................................................78

Figura 19. Vista da tubulação de emissário do efluente tratado do condomínio

Residencial Terra Nova...................................................................................................79

Figura 20. Vista do córrego afluente do córrego Embauval e receptor do efluente do

condomínio......................................................................................................................80

Figura 21. Afloração do efluente do condomínio no solo...............................................80

Figura 22. Tubulação de lançamento de efluente final do condomínio Residencial Terra

Nova no córrego Embauval.............................................................................................81

Figura 23. Água no canal de água pluvial.......................... ............................................81

Figura 24. Canal de água pluvial.....................................................................................82

Figura 25. Diagrama Unifilar..........................................................................................83

Figura 26. Classificação da ordem do córrego Embauval...............................................84

Figura 27. Espécies frutíferas e Mamonas.......................................................................86

Figura 28. Uso e ocupação do solo da Microbacia do córrego Embauval......................87

Figura 29. Erosão ao redor do córrego Embauval...........................................................89

Figura 30. Vista de Ravinas.............................................................................................89

Figura 31. Vista de Sulcos...............................................................................................89

Page 12: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

x

Figura 32. Formação de meandros no córrego Embauval...............................................90

Figura 33. Disposição de lixo em terrenos baldios..........................................................91

Figura 34. Resíduos sólidos dispostos inadequadamente na Microbacia do córrego

Embauval.........................................................................................................................91

Figura 35. Disposição inadequadamente de resíduos sólidos..........................................92

Figura 36. Disposição inadequadamente de resíduos sólidos..........................................92

Figura 37. Tubulações sob o córrego Embauval.............................................................93

Figura 38. Residências à margem do córrego Embauval................................................93

Figura 39. Mosaico de imagens de residências ribeirinhas...........................................100

Figura 40. Prédio construído em cima do canal do córrego Embauval.........................100

Page 13: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características qualitativas de esgoto doméstico fresco e velho.....................23

Tabela 2. Características físicas, químicas e biológicas de efluentes sanitários.............26

Tabela 3. Eficiências obtidas de acordo com o nível de tratamento................................28

Tabela 4. Características dos sistemas de lodos ativados................................................32

Tabela 5. Custos com a disposição final do lodo oriundo de esgoto...............................38

Tabela 6. Padrões de qualidade para mananciais superficiais de água doce classe 2......41

Tabela 7. Dimensões de algumas unidades que compõe o sistema de tratamento do

condomínio Residencial Terra Nova...............................................................................59

Tabela 8. Variáveis físico-químicas e biológicas analisadas...........................................65

Tabela 9. Valores médios encontrados nos pontos analisados do sistema de

tratamento........................................................................................................................71

Tabela 10. Resultados das variáveis físicas, químicas e biológicas dos pontos no córrego

Embauval nos mês de maio, agosto e setembro de 2013.................................................94

Tabela 11. Resultados das variáveis físicas, químicas e biológicas dos pontos no córrego

Embauval nos mês de outubro, dezembro de 2013 e janeiro de 2014.............................95

Tabela 12. Média dos valores citados nas Tabelas 10 e 11.............................................97

Page 14: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Concentrações nos efluentes para diferentes processos de tratamento...........28

Quadro 2. Pesos para variáveis de qualidade da água....................................................51

Quadro 3. Avaliação da qualidade da água no estado do Mato Grosso..........................52

Quadro 4. Resultados da fisiografia da Microbacia do córrego Embauval.....................85

Quadro 5. Avaliação da qualidade da água na Microbacia do córrego Embauval em

Várzea Grande.................................................................................................................98

Page 15: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

xiii

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APHA American Public Health Association

APP Área de Preservação Permanente

AWWA American Water Works Association

CETESB Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental do

Estado de São Paulo

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

DAE Departamento de Água e Esgoto

DBO5 Demanda Bioquímica de Oxigênio em 5 dias

DQO Demanda Química de Oxigênio

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

L Litro

MT Mato Grosso

mg Miligrama

NBR Norma brasileira de regulamentação técnica

NTK Nitrogênio Total Kjeldahl

NMP Número Mais Provável

OD Oxigênio Dissolvido

OMS Organização Mundial de Saúde

pH Potencial Hidrogeniônico

PROSAB Programa de Pesquisa em Saneamento Básico

PT Fósforo total

Page 16: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

xiv

Q Vazão

RAFA Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente

SS Sólidos em Suspensão

SAEP Serviço de Água e Esgoto de Pirassununga

SIG Sistema de Informações Geográficas

TDH Tempo de detenção hidráulica

U Coeficiente de Uniformidade

UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket

uT Unidade de Turbidez

VG Várzea Grande

Page 17: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

xv

RESUMO

MATTOS, Thayana Alves, Avaliação Ambiental da Microbacia do Córrego

Embauval e Influência da ETE do Condomínio Terra Nova em Várzea Grande–

MT. Cuiabá, 2014. 116 p., Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em

Recursos Hídricos, Universidade Federal de Mato Grosso.

Sérios problemas ambientais são advindos de alguns tipos de uso e ocupação

inadequada do solo. Exemplo disso são as estações de tratamento de efluentes que tem a

finalidade de reduzir a carga contaminante ou poluente de esgotos, a um nível

compatível com o corpo receptor, ou seja, de modo que o efluente final tratado possa ser

despejado sem provocar a degradação da água e sem gerar riscos à saúde do homem.

Entretanto, em muitos casos, esta função não é atendida. Assim, o objetivo deste

trabalho foi realizar o diagnóstico ambiental da Microbacia Hidrográfica do córrego

Embauval, afluente do rio Cuiabá, dando ênfase aos possíveis impactos que podem ser

ocasionados nela em virtude do lançamento do efluente doméstico do condomínio

Residencial Terra Nova no manancial superficial. O estudo é relativo aos meses de

maio, agosto, setembro, outubro e dezembro de 2013 e janeiro 2014. Para o

desenvolvimento do referido diagnóstico, a Microbacia foi caracterizada através de

análises laboratoriais de amostras de água do corpo d’ água além da utilização do

Sistema de Informações Geográficas - SIG. Foram coletadas amostras de efluente bruto

e tratado da estação de tratamento de esgoto - ETE, amostras do córrego Embauval

próximo a sua nascente, montante e a jusante do lançamento do efluente tratado. As

variáveis analisadas foram: pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO5), demanda

química de oxigênio (DQO), sólidos totais, sólidos totais fixos, sólidos totais voláteis,

sólidos sedimentáveis, nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal, nitrogênio total kjeldahl,

fósforo total, coliformes totais e coliformes termotolerantes. Os resultados analíticos da

água do córrego Embauval mostraram que o Índice de Qualidade da Água – IQA nos

três pontos é Ruim, apresentado resultados que não atendem a qualidade especificada

para corpos d’ água de água doce de classe 2. Na Microbacia as áreas de preservação

permanente foram ocupadas por residências, grande parte das habitações que estão

locadas a beira do córrego lançam seus esgotos sem tratamento no meio ambiente, há

disposição de resíduos sólidos em terrenos baldios e nos mananciais superficiais. A ETE

estudada apresentou problemas operacionais necessitando adequação, mas esta alcançou

eficiência no tratamento de DBO5 e DQO de 85%.

Palavras chave: Efluentes domésticos, IQA, sustentabilidade, gestão de recursos

hídricos.

Page 18: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

xvi

ABSTRACT

MATTOS, Thayana Alves, Environmental of Watershed of Embauval Stream

Assessment and ETE Earth Condo Influence in New Lowland Grande-MT.

Cuiabá, 2014. 114 p, Master (MSc.) - Graduate Program in Water Resources, Federal

University of Mato Grosso.

Serious environmental problems are arising from some types of use and

inappropriate land use. Examples are wastewater treatment plants which aims to

reduce the contaminant or pollutant load of wastewater to a level compatible with the

receiving body, or so that the final treated effluent can be discharged without causing

the degradation of water and without any risk to human health. However in many

cases, this function is not answered. The objective of this study was the

environmental assessment of Watershed River stream Embauval, tributary of the Rio

Cuiabá, emphasizing the potential impacts that may be caused in it by virtue of the

release of wastewater from Newfoundland Residential condominium in surface

source. The study is for the months of May, August, September, October and

December 2013 and January 2014. For the development of this diagnosis, Watershed

was characterized by laboratory analysis of water samples from the body of water

than the use of Geographic Information System - GIS. Raw wastewater samples were

collected and treated in the sewage treatment plant - ETE, Embauval stream samples

near its source, upstream and downstream of the release of treated effluent. The

variables analyzed were: pH, biochemical oxygen demand (BOD5), chemical oxygen

demand (COD), total solids, fixed total solids, total volatile solids, sediments, nitrate,

nitrite, ammonia, nitrogen full kjeldahl, total phosphorus , total coliforms and fecal

coliforms. The analytical results of Embauval stream water showed that the Water

Quality Index - IQA the three points Bad, presented results that do not meet the

specified quality for bodies of freshwater water class 2. Watershed in the permanent

preservation areas were occupied by residences, most of the units that are leased to

stream edge release their untreated sewage into the environment, there is disposal of

solid waste in vacant lots and surface waters. TEE studied had operational problems

requiring adequacy, but this achieved efficiency in the treatment of BOD5 and COD

of 85%.

Keywords: Domestic Wastewater, IQA, sustainability, water resources management.

Page 19: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

19

1. INTRODUÇÃO

O processo de urbanização no mundo acelerou extremamente nos últimos cem

anos, concentrando a população nas cidades. Eclodindo-as em função de diversos

fatores. As cidades são resultados das transformações sociais, culturais e do modo de

produção de sua população.

Em sua grande maioria, nos países subdesenvolvidos, a urbanização ocorre à

custa de graves problemas socioambientais (SILVA, 2007), podendo incluir:

crescimento do número de favelas, aumento dos assentamentos informais, ocupação de

áreas de preservação permanente, disposição inadequada de resíduos sólidos, falta de

infraestrutura, degradação da qualidade das águas superficiais e subterrâneas, entre

outros.

A demanda pela água aumentou com a crescente população urbana. Ela tornou

insumo imprescindível à produção e recurso estratégico para o desenvolvimento

econômico (WOLKMER, 2013), e com isso, surgiram os problemas quali-quantitativos

com a mesma.

A conservação das suas características depende das condições naturais e

antrópicas das bacias hidrográficas, onde ela está inserida. Ou seja, se determinada

bacia hidrográfica sofreu alguma degradação pela ação do homem, a sua qualidade

natural será alterada não sendo mais igual ao seu estágio inicial.

A utilização crescente dos recursos hídricos têm resultado problemas, não só

de carência, como principalmente, de degradação de sua qualidade (MOTA, 1995).

Diante de situações que deterioram a qualidade de mananciais superficiais e

subterrâneos, como, disposição final de efluentes domésticos e industriais in-natura em

corpos hídricos, deposição inadequada de lixo no meio ambiente, uso indiscriminado de

defensivos e fertilizantes agrícolas, desmatamentos, entre outras, houve-se a

necessidade de maiores exigências com relação à conservação e ao uso racional dos

recursos hídricos (BRAGA et al., 2003).

No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

2008), 47,8% dos municípios não possuem coleta de esgoto sanitário, 32% só coletam e

20,2% coletam e tratam. Nos domicílios apenas 33,5% tem serviços de coleta de esgoto.

O efluente doméstico que é originário predominantemente das habitações,

possui substâncias que exercem ação deletéria nos corpos de água. A matéria orgânica

Page 20: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

20

presente no efluente provoca a redução de oxigênio dissolvido, causando a morte de

peixes e outros organismos aquáticos, os nutrientes causam a eutrofização e muitos

microrganismos provocam doenças de veiculação hídrica (BRAGA et al., 2003).

As características dos esgotos domésticos urbanos variam de acordo com os

costumes, hábitos e situação socioeconômica da população de cada região. Diante do

potencial de degradação, há necessidade de tratar os efluentes líquidos gerados e

acompanhar o tratamento através de medidas de variáveis físicas, químicas e biológicas,

utilizados no monitoramento para determinar a eficiência do tratamento nas estações de

tratamentos de esgotos. Segundo Almeida e Almeida (2005), é possível tratar o esgoto a

qualquer grau que se deseje para torná-lo utilizável para qualquer fim, o que irá permitir

tal feito, é a tecnologia a ser empregada.

Uma das opções amplamente empregada para o tratamento de efluentes é o

emprego de microrganismos. O tratamento biológico consiste na decomposição da

matéria orgânica presente, através da utilização de microrganismos. Ele pode ser

dividido em aeróbio e anaeróbio. No tratamento biológico aeróbio, os microrganismos,

mediante processos oxidativos, degradam as substâncias orgânicas, que são assimiladas

como "alimento" e fonte de energia (BARCELLOS, 2014). Já no anaeróbio, os

microrganismos irão tratar o efluente na ausência de oxigênio livre.

O objetivo deste trabalho foi realizar o diagnóstico ambiental da Microbacia

Hidrográfica do córrego Embauval afluente do rio Cuiabá, identificando os possíveis

impactos que podem ser ocasionados nela em virtude do lançamento do efluente

doméstico do condomínio Residencial Terra Nova no manancial superficial, no período

de estiagem e período chuvoso, e caracterizar a Microbacia através de análises

laboratoriais e a utilização de Sistema de Informações Geográficas - SIG.

Page 21: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

21

2. OBJETIVOS

2.1.Objetivo Geral

Avaliação da ação antrópica na Microbacia Hidrográfica do córrego Embauval na

cidade de Várzea Grande - MT.

2.2.Objetivos Específicos

• Determinar os dados fisiográficos da Microbacia do córrego Embauval;

• Avaliar a eficiência da Estação de Tratamento de Esgoto - ETE do

condomínio Residencial Terra Nova;

• Estimar a potencialidade de poluição dos esgotos lançados no trecho do

córrego Embaúval do ponto montante ao ponto jusante do lançamento do efluente final

do condomínio Residencial;

• Determinar o Índice da Qualidade da Água do córrego Embauval;

• Comparar a qualidade do efluente tratado do condomínio e a água do córrego

Embauval com os padrões estabelecidos pelas Resoluções CONAMA nº 357/2005 e nº

430/2011, respectivamente.

Page 22: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

22

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

No item 3.1 serão apresentadas as particularidades dos efluentes líquidos

sanitários bem como a comparação das características das águas residuárias

apresentadas por diferentes autores. Na sequência, item 3.2 foram detalhados os

sistemas usados para o tratamento dos efluentes líquidos. No item 3.3, foi apresentada a

base legal, legislação pertinente em vigência e por fim no item 3.4 serão abordadas as

ferramentas que podem ser utilizadas para caracterizar a Microbacia Hidrográfica.

3.1.Esgoto

Esgoto sanitário é o despejo líquido constituído de esgotos doméstico e

industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial. O esgoto doméstico é resultante

do uso da água para higiene e necessidades fisiológicas humanas (NBR 9648 ABNT,

1986).

Também chamado de dejeto, o esgoto é grande gerador de poluição e de

transmissão de doenças. Quando lançado diretamente no meio ambiente sem tratamento,

gera odor forte, além de conter bactérias nocivas à saúde humana (SAEP, 2014).

O esgoto é o despejo dos diversos usos da água. O esgoto doméstico também

chamado como sanitário, provem principalmente de residências e edificações públicas e

comerciais e representa uma parcela significativa dos esgotos gerados (SAEP, 2014).

De acordo com Sperling (1996) o esgoto doméstico é proveniente das

residências, do comércio e das repartições públicas. A taxa de retorno é de 80 % da

vazão da água distribuída.

3.1.1. CARACTERÍSTICAS DO ESGOTO

Neste subitem serão expostas as particularidades geralmente encontradas nos

esgotos sanitários estudados levando em considerações variáveis físicas, químicas e

biológicas.

Page 23: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

23

- Temperatura

A temperatura em geral dos esgotos sanitários, é pouco superior à das águas de

abastecimento e normalmente está acima da temperatura do ar, à exceção dos meses

mais quentes de verão, onde varia de 20º a 25ºC (QASIM, 1985, apud SPERLING,

2005).

A temperatura influi na taxa de qualquer reação química, que aumenta com sua

elevação, salvo os casos onde a alta temperatura produza alterações no catalisador ou

nos reagentes. Em se tratando de reações de natureza biológica, a velocidade de

decomposição do esgoto aumenta de acordo com a temperatura, sendo a faixa ideal para

atividade biológica contida entre 25 e 35ºC, sendo ainda 15ºC a temperatura abaixo da

qual as bactérias formadoras do metano tornam inativas na digestão anaeróbia

(JORDÃO e PESSOA, 1995).

- Cor, Turbidez e Odor

De acordo com as características do esgoto é possível determinar em qual

estágio de decomposição ele se encontra. Na Tabela 1 identificaram-se algumas destas

características no esgoto velho e no esgoto fresco:

Tabela 1. Características qualitativas de esgoto doméstico fresco e velho.

Variáveis Esgoto Fresco Esgoto Velho

Cor Acinzentada Preta

Turbidez Alta turbidez, devido a presença de

sólidos em suspensão

Baixa turbidez

Odor Odor de mofo razoavelmente

suportável

Odor de ovo podre, insuportável,

proveniente da formação de gás

sulfídrico.

Fonte: Silva (2013).

- Sólidos

Os sólidos são compostos por substâncias dissolvidas e em suspensão, de

composição orgânica ou inorgânica. Os sólidos dissolvidos são aquelas substâncias ou

partículas com diâmetros inferiores a 1,2 µm e os sólidos em suspensão as que

possuírem diâmetros superiores (GIORDANO, 2013).

Page 24: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

24

Os sólidos além de serem classificados de acordo com a solubilidade, eles

podem ser analisados conforme a sua composição, podendo ser fixos e voláteis. Os

sólidos fixos possuem composição inorgânica e os sólidos voláteis de composição

orgânica (GIORDANO, 2013).

Cerca de 70% dos sólidos no esgoto são de origem orgânica. A matéria

inorgânica é formada principalmente pela presença de areia e de substâncias minerais

dissolvidas (FUNASA, 2004).

Jordão e Pessoa (1995) classificam a matéria sólida presente nas águas

residuárias. Esta classificação é em função das dimensões das partículas (sólidos em

suspensão, sólidos coloidais ou sólidos dissolvidos), em função da sedimentabilidade

(sólidos sedimentáveis, sólidos flutuantes ou flotáveis), em função da secagem em altas

ou médias temperaturas (sólidos totais, sólidos fixos ou sólidos voláteis).

- Nitrogênio e Fósforo

As concentrações das formas de nitrogênio e fósforo no esgoto doméstico

variam de localidade para localidade. Estes nutrientes presentes no esgoto bruto e nos

efluentes de vários processos de tratamento podem gerar a eutrofização nos mananciais.

A eutrofização pode causar danos aos corpos receptores, problemas estéticos e

recreacionais; condições anaeróbias no fundo do corpo d’água; eventuais condições

anaeróbias no corpo d’água como um todo; maior dificuldade e elevação nos custos de

tratamento da água; toxicidade das algas; redução na navegação e capacidade de

transporte, entre outros (SPERLING, et al., 2009).

As faixas de valores das concentrações do nutriente nitrito, nitrato, nitrogênio

amoniacal e nitrogênio total de acordo com Sperling (2005) são respectivamente

(mg/L): ≈ 0; 0 a 1; 20 a 35; 35 a 60.

- Microrganismos

Segundo Nuvolari (2003) os microrganismos presentes no esgoto sanitário

como bactérias, fungos, protozoários, vírus e algas são os mais importantes.

Os organismos patogênicos chegam aos corpos hídricos através de lançamentos

de efluentes sanitários e podem causar doenças de veiculação hídricas. Em áreas com

baixo grau de saneamento, estes organismos causam milhares de mortes anualmente

(METCALF e EDDY, 2003). Dada à impossibilidade de detecção da grande variedade

de organismos encontrados nos efluentes sanitários e a facilidade de medição dos

Page 25: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

25

coliformes (totais e termotolerantes), estes são utilizados como principais indicadores de

poluição por organismos patogênicos nos corpos hídricos.

- DBO5 E DQO

A DBO5 corresponde à fração biodegradável dos compostos presentes na

amostra, que é mantida cinco dias a uma temperatura constante de 20°C. A medida da

concentração de matéria orgânica biodegradável neste ensaio resulta indiretamente,

através de dados de consumo de oxigênio ocorrido na amostra ou em suas diluições,

durante o período de incubação (PIVELI, 2013).

A DQO é uma variável utilizada para quantificar o oxigênio necessário para

oxidação da matéria orgânica de uma amostra por meio de um agente químico, como o

dicromato de potássio sob condição ácida e quente. O aumento da concentração de

DQO no corpo d’água deve-se principalmente a despejos de origem industrial

(CETESB, 2014).

A DQO é muito útil quando utilizada conjuntamente com a DBO5 para

observar a biodegradabilidade de despejos. Sabe-se que o poder de oxidação do

dicromato de potássio é maior que a realizada pela ação de microrganismos, exceto

raríssimos casos como hidrocarbonetos aromáticos e piridina (PIVELI, 2013). Na DBO5

mede-se apenas a fração biodegradável, quanto mais este valor se aproximar da DQO

significa que mais facilmente biodegradável será o efluente.

Em esgotos sanitários a relação entre DQO e DBO5 varia de 1,7 a 2,4

(SPERLING, 1996).

- DQO/DBO ≤ 3 = baixa fração biodegradável;

- DQO/DBO ≥ 3 = elevada fração inerte elevada.

- pH

É o Potencial hidrogeniônico, ele representa a concentração de íons hidrogênio

H+ dando uma indicação sobre a condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade do

esgoto.

Os processos de oxidação biológica normalmente tendem a reduzir o pH.

Segundo Metcalf e Eddy (2003) o pH de esgotos sanitários está faixa de 6,0 A 9,0.

Na Tabela 2 é apresentada a composição típica e a classificação dos esgotos

sanitários brutos em relação às características físicas, químicas e biológicas de acordo

com Metcalf e Eddy (2003):

Page 26: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

26

Tabela 2. Características físicas, químicas e biológicas de efluentes sanitários.

Variáveis Esgoto Forte Esgoto Médio Esgoto Fraco

DBO5,20 (mg/L) 400 220 110

DQO (mg/L) 1.000 500 250

Nitrogênio Total (mgN/L) 85 40 20

Nitrogênio Amoniacal (mgN/L) 50 25 12

Fósforo Total (mg/L) 15 8 4

Sólidos Totais (mg/L) 1.200 720 350

Sólidos Sedimentáveis (mL/L.h) 20 10 5

Coliformes Totais (NMP/100mL) - 107-10

8 -

Coliformes Termotolerantes

(NMP/100mL)

- 106-10

7 -

Fonte: Adaptado de Metcalf e Eddy (2003).

3.2.Tratamento de Efluentes Líquidos

O tratamento das águas residuárias tem como função remover os contaminantes

presentes, de modo que atinja a qualidade desejada ou padrão de qualidade vigente para

quando lançá-las no corpo hídrico ou fazer a disposição no solo, não provoque impactos

ambientais.

Para Metcalf e Eddy (2003) o principal objetivo do tratamento de esgotos é

proteger, de maneira econômica e socialmente aceitável o meio ambiente e a saúde

pública.

De acordo com Philippi (2004) um sistema de tratamento de efluentes é

constituído por uma série de operações e processos que são empregados para a remoção

de substâncias indesejáveis da água ou para sua transformação em outras formas

aceitáveis. Os processos de tratamento são reunidos em grupos distintos, a saber:

processos físicos, processos químicos e processos biológicos.

O tratamento de esgoto é usualmente dividido nos seguintes níveis:

- Tratamento preliminar

Utiliza mecanismos físicos como peneiramento e sedimentação para remover

sólidos grosseiros e areia. Para este nível geralmente são utilizados grades e

desarenadores (GONÇALVES e SILVA, 2014).

Page 27: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

27

- Tratamento primário

Tratamento que remove os sólidos em suspensão sedimentáveis (lodo primário

bruto) ou material flutuantes como óleos e graxas (SOUSA, 2007). Este tratamento é do

tipo físico.

- Tratamento secundário

Neste tratamento ocorre principalmente a degradação biológica de compostos

carbonáceos, nele são removidos sólidos não sedimentáveis, matéria orgânica não

sedimentável e eventualmente nutrientes.

No processo ocorre a decomposição de carboidratos, óleos, graxas e proteínas à

compostos mais simples, como por exemplo: CO2, H2O, NH3, H2S e outros, dependendo

do tipo de processo. O tratamento a nível secundário pode ser realizado pelas lagoas de

estabilização, lodos ativados, fossas sépticas e filtros biológicos (SOUSA, 2007).

- Tratamento terciário

O tratamento terciário tem como principal função remover principalmente

nutrientes como fósforo e nitrogênio e patógenos. O tratamento terciário pode ser

realizado através de filtração, cloração ou ozonização para a remoção de bactérias,

absorção por carvão ativado, e outros processos de absorção química para a remoção de

cor, redução de espuma e de sólidos inorgânicos tais como: eletrodiálise, osmose

reversa e troca iônica (KURITA, 2014).

3.2.1. TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO

Os lançamentos de efluentes em áreas muito sensíveis podem estar sujeitos a

padrões mais restritivos e exigir sistemas de tratamento ainda mais eficientes que o

tratamento secundário e a remoção de nutrientes (SANTOS, 2002). Estes processos

envolvem o “polimento de efluentes”, o que elimina ainda mais a DBO5, sólidos

suspensos e tóxicos tais como metais pesados. Conforme Braz (2005) os processos mais

usados são os seguintes:

• Filtração em meio granular;

• Adsorsão com carvão ativado;

• Tratamento químico;

Page 28: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

28

• Extração de ar;

• Cloração.

Os níveis de redução de carga poluente que podem ser alcançados por alguns

destes processos combinados com os processos convencionais são apresentados no

Quadro 1.

Quadro 1. Concentrações nos efluentes para diferentes processos de tratamento.

Processo de tratamento

Concentração média por variável

SS

mg/L

DBO5

mg/L

NTK

mg/L

NH3-N

mg/L

PO4-P

mg/L

Turb.

uT

Lodo ativado 20 30 15 - 35 15 - 25 4 - 10 5 - 15

Lodo ativado + filtração 4 – 6 < 5 - 10 15 – 35 15 - 25 4 - 10 0.3 - 5

Lodo ativado + filtração +

adsorção com carvão

< 3 < 1 15 – 30 15 - 25 4 - 10 0.3 - 3

Lodo ativado: nitrificação -

denitrificação + filtração

< 5 – 10 < 5 - 10 3 – 5 1 - 2 < 1 0.3 - 3

Fonte: Adaptado de Metcalf e Eddy (2003)

As tendências atuais de tratamento de esgotos sanitários residem na inclusão

primeiramente de uma etapa de tratamento anaeróbio (PIVELI, 2013). No tratamento

anaeróbio está sendo muito utilizado o reator conhecido como UASB (Upflow

Anaerobic Sludge Blanket) ou RAFA (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente).

Os sistemas mistos são compostos por tratamento preliminar, reator UASB e

posteriormente, são complementados por outros processos alternativos, como:

• Lodos ativados

• Lagoas aeradas mecanicamente

• Lagoas de estabilização

• Filtros biológicos aeróbios

• Tratamento físico-químico

Na Tabela 3 foi feita comparação das eficiências de remoção de poluentes, de

alguns tipos tratamento, considerando os parâmetros de remoção de matéria orgânica

(DBO5), nitrogênio total, fósforo total e coliformes termotolerantes.

Page 29: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

29

Tabela 3. Eficiências obtidas de acordo com a tecnologia empregada.

Tipos de Tratamento DBO5

(%)

Coliformes

Termot. (Unid.)

Nitrogênio

Total (%)

Fósforo Total

(%)

Tratamento primário

convencional

30 - 35

≈ 1

< 30

75 - 90

RAFA 60 - 75 ≈ 1 < 60 < 35

RAFA + biofiltro aerado

submerso

83 - 93

1 - 2

< 60

< 35

Lagoa facultativa 75 - 85 1 - 2 < 60 < 35

Lagoa+lagoa de maturação 80 - 85 3 - 5 50 – 65 >50

Lodos ativados

convencional

85 - 93

1 - 2

< 60

< 35

Tanque séptico + filtro

anaeróbico

80 - 85

1 - 2

< 60

< 35

Filtro biológico percolador

de alta taxa

80 - 90

1 - 2

< 60

< 35

Fonte: Adaptado de Sperling (2006).

Em um estudo de Chernicharo (2000), foram identificadas as seguintes

características dos esgotos tratados pelos processos de tratamento por UASB seguido de

Filtro:

• Processo com reator UASB seguido de Filtro Biológico de Alta Taxa. Os

esgotos tratados apresentam DBO5 e SS (sólidos em suspensão) inferiores a 30 mg/L. O

excesso de lodo produzido é da ordem de 25 a 30 g SS / hab.dia.

• Processo com reator UASB seguido de Filtro Biológico Aerado Submerso.

Os esgotos tratados apresentam DBO5 inferior a 20 mg/L e SS (sólidos em suspensão)

inferior a 30 mg/L. O excesso de lodo produzido é da ordem de 25 a 30 g SS / hab.dia.

3.2.1.1.Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente - RAFA

Segundo Jordão e Pessôa (1995), as principais partes de um RAFA são:

Câmara de digestão: local onde se encontra o leito de lodo, localizando-

se na parte inferior do reator;

Page 30: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

30

Separador trifásico: fisicamente caracteriza a zona de decantação e a

câmara de coleta de gases, em que separa a fase sólida da câmara de

digestão da parte líquida e gasosa;

Zona de sedimentação: o esgoto quando penetra pela abertura da parte

superior alcança os vertedores de superfície, os quais retornam pela

abertura das paredes para a zona de transição e de digestão. A parte

líquida é recolhida.

O reator anaeróbio de fluxo ascendente possui a vantagem de ocupar menor

espaço. Quando bem operado obtêm eficiência média de 70% de remoção de Demanda

Bioquímica de Oxigênio (DBO5) e 65% de remoção de Demanda Química de Oxigênio

(DQO). Segundo Jordão e Pessoa (2005) o efluente doméstico tratado por este tipo de

unidade apresenta uma DBO inferior a 120 mg/L, valores esses influenciados pelo

tempo de detenção hidráulico.

Foram observadas em estudos realizados neste tipo de reator, eficiências

maiores do que a citada no parágrafo anterior. Lettinga em 1981 obteve remoção de

DQO de 75% operando o reator a 20ºC (VERSIANI, 2005). Já a Companhia de

Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (CETESB) no município de

Sumaré conseguiu remoção de DQO de 72% e de DBO5 de 81% (BARIJAN, 1995 apud

GASPAR, 2003).

Segundo Chernicharo, Van Haandel e Cavalcanti (1999), para o bom

funcionamento do reator anaeróbio, a operação das unidades do tratamento preliminar e

da vazão de esgoto deve estar correta. Para remoção dos sólidos grosseiros e da areia

presentes no esgoto bruto, deve-se estabelecer uma rotina operacional que possibilite a

limpeza das grades e caixas de areia com uma frequência adequada. No caso de esgotos

domésticos, a operação de grades deve ser no mínimo, diária e das caixas de areia uma

vez a cada uma ou duas semanas, o que irá determinar a frequência será a quantidade de

areia presente no efluente (VAN HAANDEL e LETTINGA, 1984).

No RAFA, o descarte do lodo excedente deve ser feito periodicamente, caso

contrário seu acúmulo no interior do reator poderá provocar a perda excessiva de

sólidos para o compartimento de decantação.

A entrada excessiva de sólidos nos compartimentos de decantação usualmente

resulta em uma maior perda de sólidos juntamente com o efluente líquido, deteriorando

a sua qualidade. É importante adotar uma frequência adequada para o descarte do lodo,

pois assim, a perda de sólidos no efluente final será menor, e consequentemente o

Page 31: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

31

efluente será de melhor qualidade (CHERNICHARO, VAN HAANDEL,

CAVALCANTI, 1999).

3.2.1.2.Decantadores

Os decantadores removem sólidos sedimentáveis, em suspensão na água

residuária. Podem ser utilizados no início do sistema ou como unidades de depuração

final, após processos físico-químicos ou biológicos. Os sólidos removíveis podem ser de

natureza orgânica ou inorgânica e, dependendo de sua função no processo, podem ser

denominados primários, secundários, ou até terciários. Os decantadores podem ser

quadrados, retangulares e circulares, com remoção do lodo por meios mecânicos e

hidráulicos (PHILIPPI et al., 2004).

3.2.1.3.Lodos Ativados

O processo de lodos ativados pode ser definido como um sistema no qual uma

massa biológica que cresce é continuamente recirculada e colocada em contato com a

matéria orgânica do despejo líquido afluente ao sistema, em presença de oxigênio

(PHILIPPI et al., 2004). Esses sistemas são bastante compactos, eles podem operar

continuamente ou de forma intermitente, e quase não produzem maus odores, insetos ou

vermes. O lodo é sedimentado e o efluente passa para o tanque de aeração; o lodo

contendo microrganismos aeróbios cresce e é recirculado, mantendo uma alta

velocidade de degradação da matéria orgânica (ITACRETO, 2013).

O oxigênio é normalmente proveniente de bolhas de ar, injetado através de

difusores dentro da mistura lodo/líquido, sob condições de turbulência, ou por aeradores

mecânicos de superfície. O processo possui uma unidade de separação de sólidos, de

onde o lodo separado é continuamente retornado ao tanque de aeração para se misturar

aos efluentes, como também é descartado quando em excesso (SPERLING, 2007). O

custo de implantação deste tipo de reator é elevado devido ao grau de mecanização e

tem alto custo operacional devido ao consumo de energia para movimentação dos

equipamentos.

A grande concentração de lodo biológico mantido no tanque de aeração

permite que o processo de tratamento ocorra em um período de tempo curto, se

comparada com o processo natural de depuração que ocorre num corpo de água

(SPERLING, 2007).

Page 32: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

32

No processo de lodos ativados há a redução da matéria orgânica afluente e de

coliformes. De acordo com o seu funcionamento poderá ter a remoção de nutrientes

(fósforo e nitrogênio).

No reator de lodos ativados ocorre a nitrificação em pequeno percentual, a

amônia é oxidada formando nitrato. Quando no reator possui zonas anóxicas, ocorre a

desnitrificação, se não possui, a desnitrificação irá ocorrer no decantador secundário. O

decantador irá auxiliar na redução de nitrogênio para formas menos complexas.

Segundo Sperling (2007), sob determinadas temperaturas e um determinado

tempo de detenção do lodo no decantador secundário, uma situação favorável passa a

ser criada para a ocorrência de desnitrificação no próprio tanque de sedimentação.

Como resultado os nitratos formados no reator são reduzidos a nitrogênio gasoso no

decantador. Isto implica na produção de pequenas bolhas de N2 que se aderem ao lodo.

Logo, percebe-se que parte da remoção de nitrogênio pode ser atribuída a

desnitrificação. Outra parte do nitrogênio afluente é incorporada à biomassa e deixa o

reator no descarte de lodo.

Nos sistemas de lodos ativados, quando tem uma zona anaeróbia seguida de

uma aeróbia a remoção de fósforo é alta. Na primeira zona há um estresse das bactérias

que resulta na liberação de fósforo nesta zona. Após tal, na zona aeróbia ocorre uma

grande assimilação do fósforo disponível, superior aos requisitos metabólicos normais

das bactérias. Ao se remover o lodo biológico excedente, está removendo bactérias com

elevados teores de fósforo (SPERLING, 2007).

Na Tabela 4 são apresentadas as principais características dos sistemas de

lodos ativados com idade do lodo convencional e aeração prolongada.

Tabela 4. Características dos sistemas de lodos ativados.

Item geral Item específico Idade do lodo

Convencional

Idade do lodo

Aeração prolongada

Eficiência de

remoção (%)

DBO 85 - 93 93 – 98

Nitrogênio 30 - 40 15 – 30

Fósforo 30 - 45 10 – 20

Coliformes 60 - 90 65 – 90

Fonte: Sperling, 1996a.

Page 33: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

33

3.2.1.4.Lagoas de Estabilização

As lagoas de estabilização podem ser aeróbias, anaeróbias ou facultativas.

Tratam-se de tanques escavados na terra, processo em que as bactérias e as algas atuam

no tratamento. Neste sistema de tratamento é requerido grandes áreas, pois a velocidade

de oxidação da matéria orgânica é baixa. Os custos de operação, construção e

manutenção são reduzidos. As lagoas de estabilização apresentam três tipos básicos:

anaeróbias entre 4m a 5m de profundidade; facultativas, com profundidade entre 1,5m a

3m; e as de maturação, com 0,8m a 1,5 m de profundidade (SPERLING, 2006).

Segundo Sperling (2006), em lagoas anaeróbias a eficiência na remoção de

matéria orgânica pode atingir até 60. Nas lagoas facultativas a remoção está ligada ao

tempo de detenção hidráulico e taxa de aplicação superficial, podendo atingir valores

em torno de 70 a 90, nas lagoas de maturação ocorre a remoção, mas em pequeno

percentual pois a degradação da matéria orgânica é mais difícil de ser realizada,

podendo atingir valores em torno de 20.

Nas lagoas os processos de estabilização do material orgânico pelas bactérias

(sejam aeróbias ou anaeróbias) geram CO2. A água com o gás CO2 forma H2CO3, ácido

fraco que tende a acidificar o efluente. Contrário à estabilização, a fotossíntese consome

CO2 e, dessa forma, leva a um aumento do pH. Na lagoa de maturação, a geração de

CO2 é reduzida, devido à baixa carga orgânica. Devido a atividade fotossintetizante há

maior consumo de CO2, e devido a baixa turbidez, a penetração da luz solar na coluna

líquida é facilitada. A penetração da radiação ultravioleta faz com que os organismos

patogênicos sejam destruídos.

De acordo com Arceivala (1981) a remoção de nitrogênio pode ocorrer pela

volatilização e assimilação da amônia e de nitratos pelas algas, sedimentação do

nitrogênio orgânico particulado e nitrificação-desnitrificação.

Nas lagoas de maturação devido os valores de pH serem elevados ocorre

redução significativa de nutrientes. O nitrogênio pode ser removido fisicamente da fase

líquida por dessorção, através do desprendimento de gás amônia, NH3. Quanto a

remoção de fósforo será significativa mediante a precipitação de sais insolúveis de

fosfato, tais como a apatita (Ca10(OH)2(PO4)6) e a estruvita (Mg(NH4)PO4)

(CAVALCANTI, et al. 2000).

Nas lagoas de maturação a remoção pode variar de acordo com a profundidade

da lagoa e elevação do pH, sendo esta a principal responsável pela remoção do fósforo.

Page 34: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

34

Em lagoas rasas a remoção de fósforo pode aproximar-se de 90% (VAN HAANDEL e

LETTINGA, 1984).

Em lagoas de maturação a redução de coliformes é maior do que nas outras

lagoas de estabilização. A baixa taxa de oxidação, associada à alta taxa de produção

fotossintética de oxigênio dissolvido, leva à prevalência da fotossíntese sobre a

oxidação bacteriana. Assim, as lagoas de maturação (polimento) ao invés de estabilizar

o material orgânico, removem patógenos (CAVALCANTI, et al. 2000).

3.2.1.5.Filtro Biológico Aerado Submerso

O Biofiltro Aerado Submerso (BAS) é uma tecnologia para tratamento de

efluentes que utiliza microrganismos de crescimento aderido, sendo amplamente

empregado para remoção de matéria carbonácea e nitrogenada. Entre as vantagens

apresentadas por esse sistema está a compacidade, o aspecto modular, a rápida entrada

em regime, a resistência aos choques de cargas e a resistência às baixas temperaturas do

esgoto (SEITENFUS et al., 2007).

Os filtros biológicos aerados submersos são utilizados por mais de 50 anos.

Antigamente eram utilizados como materiais suportes pedra, coque, ripas de madeiras e

material cerâmico e o ar comprimido eram introduzidos através de tubos perfurados sob

o meio de contato. Com o passar do tempo houve o desenvolvimento dos difusores de ar

e material de contato feito de plástico. Nos filtros aerados as bolhas de ar erodem o

biofilme e previnem a colmatação do meio filtrante. A turbulência também assegura o

bom contato entre o substrato e os microrganismos (RUSTEN, 1984).

3.2.1.6.Desinfecção

O processo de descontaminação mais comum é a cloração, mas podem ser

utilizados o ozônio, dióxido de cloro e radiação ultravioleta. Em geral, realiza-se a

desinfecção após o tratamento secundário, conseguindo alcançar níveis mais elevados

de redução de patógenos, após a remoção da DBO5 e SS, pois com a presença de

matéria orgânica o desinfetante terá que primeiramente agir como oxidante necessitando

dosagens elevadas. Tipicamente, as dosagens de cloro para desinfecção de efluentes são

dez vezes maiores que aquelas necessárias para tratamento de água potável (KIELY,

1998).

Page 35: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

35

3.2.1.6.1. Radiação Ultravioleta

A fonte primária de radiação ultravioleta é o sol, mas também pode ser emitida

por lâmpadas incandescentes e fluorescentes, solda elétrica, maçarico de plasma e

equipamentos a laser (DANIEL, 1993).

O tubo da lâmpada é preenchido com vapor de mercúrio a baixa pressão e gás

inerte, geralmente o argônio (DI BERNARDO, 1993). A intensidade da radiação

emitida dissipa-se à medida que a distância aumenta.

Nas lâmpadas de baixa pressão, a emissão é essencialmente de luz

monocromática com comprimento de onda de 253,7 nm e são muito usadas como fonte

de radiação UV (AQUA AMBIENTE, 2004). De acordo com Bolton (1999) e König

(2001), as lâmpadas de média pressão são de potência mais elevada, emitem radiação

em uma escala larga de comprimento de onda na faixa germicida de 200 a 300 nm.

Na desinfecção de água de consumo humano e de águas residuárias realizada por

radiação ultravioleta, são utilizadas principalmente, as lâmpadas de baixa pressão e de

média pressão de vapor de mercúrio (DANIEL, 2001).

A literatura mostra que efluentes de UASB e Biofiltro de Aeração Submersa –

BAS têm concentrações de coliformes fecais da ordem de 106 e 10

5 NMP/100mL.

(SPERLING E CHERNICHARO, 2000; GONÇALVES, 2000; SANT’ANA et al.,

2003).

Em um estudo realizado por Gonçalves et al. (2000), foi utilizada a associação

em série de um reator UASB e BAS na ETE experimental da Universidade Federal do

Espírito Santo. A remoção de coliformes fecais não foi superior a três unidades

logarítmicas. Com efluente bruto com média geométrica de 2,5 x 107 NMP/100 mL, a

concentração de coliformes fecais no UASB foi 1,9 x 106 NMP/100 mL e no BAS 3,1 x

105

NMP/100 mL.

É importante destacar que o número de microrganismos em um sistema ou lugar

pode mudar continuamente, segundo HADAS et al. (2004).

No estudo de Sant’Ana et al. (2003), a desinfecção por ultravioleta em uma ETE

composta por UASB e BAS garantiu limite de coliformes fecais no efluente tratado de

1.000 NMP/100 mL. Assim, concluíram que a configuração proposta para um reator

UV com lâmpadas emersas constitui uma opção eficiente e de baixo custo para a

desinfecção de efluentes de ETE que utilizam UASB + BAS (SILVA, 2007).

Page 36: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

36

3.3.Lodo

Em alguns tipos de tratamento de efluentes, há a produção de uma massa de

sólidos, os quais podem ser denominados de lodo primário ou secundário.

Com o crescimento urbano acelerado, a produção de lodo gerado nas Estações

de Tratamento de Esgoto aumentou. Em 2010, estimativas apontavam uma produção

nacional de 150 a 220 mil toneladas de matéria seca por ano, considerando que o

tratamento de esgoto atingia apenas 30% da população urbana (PEDROZA et al., 2010).

Em média, estima-se que cada ser humano produza cerca de 120g de sólidos

secos diários lançados nas redes de esgoto (METCALF E EDDY, 1991, apud

NUVOLARI et al., 2013). Embora ele represente em média 1% a 2% do volume total

do esgoto tratado, seu gerenciamento é bastante complexo e demanda custos elevados

(ANDREOLI apud MAZIVIERO, 2011).

3.3.1. TRATAMENTO DE LODO PREVENIENTE DE ESTAÇÃO DE

TRATAMENTO DE ESGOTO

O tratamento de esgoto por processo biológico resulta em dois tipos de

resíduos: o efluente líquido que é devolvido ao meio ambiente e o lodo (primário e

secundário) que é um material pastoso com grande concentração de microrganismos,

sólidos orgânicos e minerais (NUCCI et al., 1978).

3.3.1.1. Adensamento do Lodo

Etapa em que acontece a redução do volume do lodo. A redução do volume, ou

seja, retirada da água ocorre nos Adensadores e nos Flotadores. O adensamento é o

processo para aumentar o teor de sólidos do lodo e, consequentemente, reduzir o seu

volume. Desta forma, as unidades subsequentes, tais como a digestão, desidratação e

secagem, beneficiam-se desta redução (KURITA, 2014).

3.3.1.2.Digestão Anaeróbia

Na digestão ocorre a estabilização de substâncias instáveis e da matéria

orgânica presente no lodo fresco. Ela é realizada para destruir ou reduzir os

microrganismos patogênicos; estabilizar total ou parcialmente as substâncias instáveis e

Page 37: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

37

matéria orgânica presentes no lodo fresco; reduzir o volume do lodo através dos

fenômenos de liquefação, gaseificação e adensamento; dotar o lodo de características

favoráveis à redução de umidade e permitir a sua utilização, quando estabilizado

convenientemente, como fonte de húmus ou condicionador de solo para fins agrícolas.

A estabilização de substâncias instáveis e da matéria orgânica presente no lodo fresco

também pode ser realizada através da adição de produtos químicos (KURITA, 2014).

3.3.1.3.Desidratação do lodo

A desidratação de lodo é realizada com objetivo de elevar o teor de sólidos

geralmente acima de 20%, de modo a reduzir o volume a ser transportado. Pode ser feita

via natural ou mecanizada. Pode utilizar tais equipamentos: centrífuga, filtro prensa ou

belt press (KURITA, 2014).

3.3.1.4.Secagem do lodo

A secagem do lodo pode ser feita com o uso de secador térmico. A secagem

térmica do lodo é um processo de redução de umidade através de evaporação de água

para a atmosfera com a aplicação de energia térmica, podendo-se obter teores de sólidos

da ordem de 90 a 95%. Com isso, o volume final do lodo é reduzido significativamente.

A secagem natural pode ser feita em leitos de secagem ou lagoas de lodo.

Os leitos de secagem de lodo são de desidratação parcial do lodo, ao ar livre ou

cobertos, utilizados para pequenos volumes e, no caso de lodo biológico, para digerir

aeróbica ou anaerobicamente (PHILIPPI et al., 2004).

Os leitos de secagem são estruturas compostas de tijolos, dispostos dois a dois

e com juntas preenchidas com areia grossa. Sob os tijolos, são dispostas camadas de

areia grossa e britas de granulometrias crescentes em direção ao fundo, uma laje

impermeável de onde o líquido que infiltra é drenado e retornado à entrada da ETE. O

lodo é disposto sobre os tijolos, secando por infiltração de água no leito e por

evaporação ao sol. Os leitos são alimentados sob a forma de rodízio, a partir de canais

com comportas. Podem ser esperados teores de sólidos no lodo desidratado superiores a

30% (PIVELI, 2013).

Os leitos de secagem são utilizados principalmente em pequenos sistemas. A

área de leitos necessária é relativamente grande, da ordem de 0,1 m2 por habitante. O

custo de sua estrutura, as dificuldades operacionais com a remoção do lodo desidratado

Page 38: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

38

e a presença excessiva de águas de chuva podem inviabilizar o seu uso, principalmente

em grandes sistemas de tratamento.

3.3.2. DISPOSIÇÃO FINAL DO LODO

Os processos que englobam a disposição final de 90% do lodo produzido no

mundo são: incineração, disposição em aterros e uso agrícola. A Tabela 5 apresenta

dados comparativos de custos da disposição final de lodo de acordo com Andreoli et al.,

(2006):

Tabela 5. Custos com a disposição final do lodo oriundo de esgoto

Disposição Final Custo (US$/t)

Oceânica 12 a 50

Aterros Sanitários 20 a 60

Incineração 55 a 250

Agricultura 20 a 125

Fonte: Andreoli et al., (2006)

Antes de sua destinação final, na unidade gerenciadora, o lodo deverá ser

armazenado em local coberto para evitar encharcamento e diminuir o problema de odor.

O local deve possuir piso de concreto armado ou asfalto, impermeabilizado de modo a

evitar a infiltração do lodo no solo e estruturas de coleta de chorume e de águas pluviais

(SPERLING, 2001 apud GODOY, 2013).

A Resolução CONAMA 375/2006, seção VIII, preconiza que a estocagem do

lodo numa propriedade deve ser feita em local com declividade máxima de até 5%, com

distância mínima de segurança de rios, poços, lagos, minas e afins que varia de 15 a

100m e por período máximo de 15 dias. Também proíbe que a estocagem seja feita

diretamente sobre o solo. O manuseio e carregamento de caminhões na área de

estocagem poderão ser feitos com pás carregadeiras de rodas ou retroescavadeiras com

caçambas frontais (BRASIL, 2006 apud GODOY, 2013).

Page 39: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

39

3.4. Legislação

A cobrança pelo uso da água e emissão de efluentes está mudando a gestão das

indústrias, departamento de água e esgoto, entre outros. Essa mudança de

comportamento exige maior controle operacional além de novas tecnologias de

tratamento.

O meio ambiente é o foco de proteção, e as determinações visam a não

contaminação dos recursos naturais, protegendo-os de toda má utilização e detrimento

de sua qualidade para o mesmo fim.

Para que o efluente líquido seja lançado no corpo receptor, a qualidade dele

deve obedecer às legislações ambientais. No estado de Mato Grosso deve ser obedecida

a Resolução CONAMA n° 357 de 17 de março de 2005 e a Resolução CONAMA n°

430 de 13 maio de 2011, como padrões de qualidade para o corpo receptor e para o

lançamento de efluente, respectivamente.

3.4.1. CONSELHO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS (CEHIDRO)

Mato Grosso possui o Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Ele é um órgão

colegiado integrante do Sistema Estadual de Recursos Hídricos que reúne órgãos

governamentais, sociedade civil e usuários, e que tem como meta discutir a gestão dos

recursos hídricos no Estado, para otimizar a sua utilização e também evitar o surgimento

de conflitos futuros (MATO GROSSO, 2013).

Foi instituído pela Lei Estadual nº 6.945, de 05 de novembro de 1997 e

regulamentado atualmente pelo Decreto nº 2.707, de 28 de julho de 2010 tendo

atribuições consultivas, deliberativas, normativas e recursais. O CEHIDRO encontra-se

ativo desde o ano de 2003, sendo anteriormente regulamentado pelos Decretos nº 3.952,

de 06 de março de 2002 e nº 6.822, de 30 de novembro de 2005, revogados pelo

Decreto atual.

Conforme a Resolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos CEHIDRO

Nº 29, de 24 de setembro de 2009, é estabelecido critérios técnicos referentes à outorga

para diluição de efluentes em corpos hídricos superficiais de domínio do Estado de

Mato Grosso. A Resolução Nº 39, de 11 de novembro de 2010 altera a Resolução nº 29.

Page 40: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

40

No Art. 1º a Resolução n° 29 estabelece critérios técnicos a serem observados

na análise dos processos de outorga para fins de diluição de efluentes em corpos

hídricos superficiais de domínio do Estado de Mato Grosso.

Deverá ser considerada também a Lei nº 6.945, de 05 de novembro de 1997, que

dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos.

O Decreto 336, de 06 de junho de 2007, regulamentou o regime de outorga de

águas no Estado do Mato Grosso;

A Resolução CEHIDRO nº 27 de 09 de julho de 2009, estabeleceu critérios

para a emissão de outorga superficial de rios de domínio do Estado de Mato Grosso;

A Resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) nº 91 de 05

de novembro de 2008, dispõe sobre procedimentos gerais para o enquadramento dos

corpos de água superficiais e subterrâneos.

3.4.2. RESOLUÇÃO DO CONAMA N° 357/2005

A Resolução nº 357, de 17 de marco de 2005 do Conselho Nacional do Meio

Ambiente - CONAMA dispõe sobre a classificação dos corpos d’água e diretrizes

ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de

lançamento de efluentes, e da outras providencias.

Está em vigor, desde o dia 17 de março de 2005, a Resolução n° 357 do

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que, ao revogar a Portaria 020/86,

reclassificou os corpos d’água e definiu novos padrões de lançamento de efluentes.

A Resolução do CONAMA nº 357/05 dividiu as águas do território nacional

em águas doces (salinidade ≤ 0,05%), salobras (0.05% < salinidade <3,0%) e salinas

(salinidade ≥ 3,0%). Em função dos usos previstos, há 13 classes (águas doces: classe

especial e 1 a 4; águas salobras: classe especial e 1 a 3; águas salinas: classe especial e 1

a 3). Cada classe corresponde a um agrupamento de usos com requisitos em termos de

qualidade da água (SPERLING, 2009).

A Tabela 6 possui alguns dos padrões de qualidade que devem ser obedecidos

para os mananciais superficiais de água doce da Classe 2.

Page 41: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

41

Tabela 6. Padrões de qualidade para mananciais superficiais de água doce classe 2.

Variáveis Unidade Água Doce – Classe 2

Nitrogênio Amoniacal (pH < 7,5) mgN/L 3,7

Nitrogênio Amoniacal (7,5 < pH < 8,0) mg/L 2

Nitrogênio Amoniacal (8,0 < pH < 8,5) mgN/L 1

Nitrogênio Amoniacal (pH > 8,5) mgN/L 0,5

Nitrato mgN/L 10

Nitrito mgN/L 1

Sólidos Sedimentáveis mL/L.h < 1

Fósforo Total (ambiente lótico e

tributário de ambiente intermediário)

mgP/L 0,1

Coliformes Termotolerantes NMP/100 mL 1000

pH - 6 a 9

DBO5 mg/L Remoção mínima de 60%

Sólidos Dissolvidos Totais mg/L 500

Oxigênio dissolvido mg/L > 5

Óleos e Graxas mg/L Virtualmente Ausente

Turbidez uT 100

FONTE: Resolução CONAMA nº 357/05.

Nota: A tabela apresenta apenas as variáveis que serão analisadas neste trabalho, para uma listagem

completa, consultar a Resolução CONAMA nº 357/05.

Os padrões de qualidade das classes definidas na Resolução nº 357 estão de

certa forma inter-relacionados. Ambos foram determinados com intuito de preservar a

qualidade no corpo d’água.

A Resolução prevê com base na Lei de Crimes Ambientais (nº 9605/1998)

pena de prisão para os administradores de empresas e Responsáveis Técnicos que não

observarem os padrões das cargas poluidoras.

Atualmente o Estado de Mato Grosso não possui nenhum corpo d’água

enquadrado. Assim sendo, enquanto não estiverem aprovados os respectivos estudos e

propostas de enquadramentos, as águas doces situadas dentro deste estado deverão ser

consideradas como classe 2, conforme preconiza o art.42, da respectiva resolução.

Page 42: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

42

3.4.3. RESOLUÇÃO DO CONAMA N° 430/2011

A Resolução CONAMA nº 430 de 13 de maio 2011 dispõe sobre as condições

e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução n° 357, de 17

de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados

diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às

condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas

aplicáveis.

A Resolução estipula que os efluentes que serão lançados em corpos d’água

necessitam se adequar em algumas variáveis de avaliação dos poluentes. Estas

variáveis, por exemplo, o nível de DBO5 a 20ºC, a temperatura, o pH, materiais

sedimentáveis, concentração de várias substâncias nocivas, metais, óleos e graxas,

podem ser caracterizados como alguns dos parâmetros que são requisitados e avaliados

em uma fiscalização de cumprimento da legislação.

Empresas e outros estabelecimentos que despejam efluentes, tanto em corpos

d’água quanto em sistemas de esgotos públicos, são eles obrigados ao cumprimento da

legislação ambiental brasileira. Indústrias e empresas que possuem sistemas de

tratamento de seus efluentes são obrigadas a reduzir o nível de DBO5 a 20ºC no mínimo

de 60% de DBO5 sendo que este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de

estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas do

enquadramento do corpo receptor.

Os padrões de lançamento estabelecidos na Resolução CONAMA nº 357, na

prática são difíceis de ser mantidos, pois as fontes poluidoras não são controladas

efetividade levando-se em consideração apenas a qualidade do corpo receptor. O inter-

relacionamento entre os dois padrões se dá no sentido de que o atendimento aos padrões

de lançamento deve garantir, simultaneamente, o atendimento aos padrões do corpo

receptor (SPERLING et al., 2009).

Page 43: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

43

3.4.4. RESOLUÇÃO DO CONAMA Nº 375/2006

A Resolução do CONAMA nº 375 de 29 de agosto de 2006, define critérios e

procedimentos, para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de

tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, e dá outras providências.

Ela impõe restrições locacionais e aplicações no solo. Determina que o lodo

seja tratado e disposto corretamente. No Art. 24 responsabiliza pela qualidade do solo e

das águas em áreas onde é feito a aplicação do lodo de esgoto ou produto derivado, o:

I - o gerador do lodo de esgoto ou produto derivado;

II - a UGL que encaminhar o lodo de esgoto ou produto derivado para

aplicação no solo;

III - o proprietário da área de aplicação;

IV - o detentor da posse efetiva;

V - o técnico responsável;

VI - o transportador; e

VII - quem se beneficiar diretamente da aplicação.

Para a redução de agentes patogênicos e atratividade de vetores, dispõem a

descrição de processos que devem ser realizados.

3.4.5. LEI Nº 12.651 DE 25 DE MAIO DE 2012

O novo Código Florestal dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as

Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428,

de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e

7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de

2001; e dá outras providências.

Logo abaixo são expostos alguns dos casos citados no Art. 4o , em que são

consideradas Áreas de Preservação Permanentes, em zonas rurais ou urbanas:

I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,

excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima

de:

a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de

largura;

Page 44: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

44

b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50

(cinquenta) metros de largura;

c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200

(duzentos) metros de largura;

d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos)

a 600 (seiscentos) metros de largura;

e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior

a 600 (seiscentos) metros;

II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura

mínima de:

a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20

(vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;

b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de

barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença

ambiental do empreendimento;

IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer

que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;

V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a

100% (cem por cento) na linha de maior declive;

VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

VII - os manguezais, em toda a sua extensão;

VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo,

em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;

IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100

(cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva

de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em

relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou

espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais

próximo da elevação;

X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que

seja a vegetação;

XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima

de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.

Page 45: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

45

§ 1o Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de

reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de

cursos d’água naturais.

§ 4o Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1

(um) hectare, fica dispensada a reserva da faixa de proteção prevista nos incisos II e III

do caput, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa, salvo autorização do

órgão ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.

§ 5o É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural familiar, de que

trata o inciso V do art. 3o desta Lei, o plantio de culturas temporárias e sazonais de

vazante de ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios

ou lagos, desde que não implique supressão de novas áreas de vegetação nativa, seja

conservada a qualidade da água e do solo e seja protegida a fauna silvestre.

§ 6o Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida, nas

áreas de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a prática da aquicultura e a

infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que:

I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de recursos

hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de acordo com norma dos Conselhos

Estaduais de Meio Ambiente;

II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de gestão de

recursos hídricos;

III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente;

IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR.

3.5. Microbacia Hidrográfica

Microbacia Hidrográfica segundo Cruciani (1976) é a área de formação

natural, drenada por um curso d’água e seus afluentes, a montante de uma seção

transversal considerada, para onde converge toda a água da área considerada.

De acordo com os autores Lima (2008) e Faustino (1996), o conceito de

Microbacia é: para o primeiro ela é considerada como sendo “bacias pequenas de 1ª a 3ª

ou até 4ª ordens”; e o segundo, atribui a nomenclatura de Microbacia por esta possuir

“área de drenagem inferior a 100 Km ²”, conforme sintetizam Teodoro et al. (2007).

Page 46: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

46

As Microbacias podem ser analisadas utilizando ferramentas múltiplas como:

fisiografia, o Método VERAH, o Método de Análise do Índice de Qualidade da Água

(IQA).

3.5.1. FISIOGRAFIA

A análise fisiográfica tem por princípio o entendimento das condições de

gênese e evolução das paisagens que apresentam estreita associação com os processos

pedogênicos, o que possibilita o reconhecimento dos tipos de solos associados a cada

paisagem (MORAES et al., 2008).

Os dados fisiográficos podem ser obtidos por meio de mapas, aerofotos,

imagem de satélite, para obtenção de áreas, comprimentos, declividades e coberturas do

solo (SILVEIRA, 2004).

3.5.1.1. Área de Drenagem

É a área plana (projeção horizontal) inclusa entre os seus divisores

topográficos. A área de uma bacia é o elemento básico para o cálculo das outras

características físicas. É normalmente obtida por planimetria ou por pesagem do papel

em balança de precisão (CARVALHO et al., 2006).

3.5.1.2.Forma da Bacia

A forma superficial da bacia é uma das características mais difíceis de serem

expressas em termos quantitativos. Ela tem efeito sobre o comportamento hidrológico

da bacia, como por exemplo, no tempo de concentração (Tc), ou seja, determina maior

ou menor tempo necessário que a água leva dos limites da bacia para chegar à saída da

mesma (exutório) (LAZARI, 2004).

Para determinar a forma das bacias são utilizados alguns índices, que estão

relacionados com as formas geométricas conhecidas, são eles:

a) Coeficiente de compacidade (Kc): é a relação entre o perímetro da bacia

e o perímetro de um círculo de mesma área que a bacia.

Page 47: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

47

O Kc é sempre um valor > 1 (se fosse 1 a bacia seria um círculo perfeito).

Quanto menor o Kc (mais próximo da unidade), mais circular é a bacia, menor

o Tc e maior a tendência de haver picos de enchente.

b) Fator de Forma (Kf): é a razão entre a largura média da bacia e o

comprimento do eixo da bacia (da foz ao ponto mais longínquo da área).

Quanto menor o Kf, mais comprida é a bacia e portanto, menos sujeita a picos

de enchente, pois o Tc é maior e, além disso, fica difícil uma mesma chuva intensa

abranger toda a bacia.

3.5.1.3.Índice de Circularidade

O Índice de Circularidade (Ic) representa a relação entre a área total da bacia

(A) e a área de um círculo (Ac) de perímetro igual ao da área total da bacia, que, na

expansão real, melhor se relaciona com o escoamento fluvial.

Classificação do índice (MÜLLER, 1953 e SCHUMM, 1956):

Ic = 0,51

Representa um nível moderado de escoamento, não contribuindo na

concentração de águas que possibilitem cheias rápidas.

Ic > 0,51

A bacia tende a ser mais circular, favorecendo os processos de inundação

(cheias rápidas).

Ic < 0,51

A bacia tende a ser mais alongada favorecendo o processo de escoamento.

3.5.1.4.Índice de Declividade e Altitude

As declividades determinadas são referentes aos cursos d’água da rede de

drenagem e às vertentes. É necessário traçar o perfil longitudinal para detectar trechos

com declividades diferentes (SILVEIRA, 2004).

Page 48: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

48

A declividade média das vertentes pode ser calculada para uma bacia

hidrográfica pela seguinte relação:

Onde: ∆I é a diferença de altitude padrão entre duas curvas de nível;

wί = largura entre duas curvas de nível;

= a área entre as curvas de nível; A=área total da bacia;

n= número de intervalos de curva de nível.

3.5.1.5.Densidade de Drenagem (Dd)

Expressa a relação entre o comprimento total (Km) dos cursos d’água de uma

bacia e a sua área total de drenagem (Km²) (CARVALHO et al., 2006).

Para avaliar Dd, deve-se marcar em fotografias aéreas, toda a rede de

drenagem, incluindo os cursos efêmeros, e depois medi-los com o curvímetro. Duas

técnicas executando uma mesma avaliação podem encontrar valores um pouco

diferentes.

Classificação da densidade de drenagem de acordo com Carvalho et al, (2006):

Bacias com drenagem pobre → Dd < 0,5 km/km²

Bacias com drenagem regular → 0,5 ≤ Dd < 1,5 km/km²

Bacias com drenagem boa → 1,5 ≤ Dd < 2,5 km/km²

Bacias com drenagem muito boa → 2,5 ≤ Dd < 3,5 km/km²

Bacias excepcionalmente bem drenadas → Dd ≥ 3,5 km/km²

3.5.1.6.Ordem dos Cursos D’água e Razão de Bifurcação (Rb):

De acordo com Carvalho et al., (2006), adota-se o seguinte procedimento para

classificação da ordem dos cursos d’água:

1) os cursos primários recebem o numero 1;

2) a união de 2 de mesma ordem dá origem a um curso de ordem superior; e

3) a união de 2 de ordem diferente faz com que prevaleça a ordem do maior.

Quanto maior Rb média, maior o grau de ramificação da rede de drenagem de

uma bacia e maior a tendência para o pico de cheia.

Page 49: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

49

Na Figura 1 é mostrado o exemplo de classificação das ordens de mananciais

superficiais:

Figura 1. Ordem dos cursos

Fonte: Kunerak. apud State University of New York College of Environmental Science and Forestry.

3.5.1.7.Extensão Média de Escoamento Superficial

Este parâmetro constitui uma indicação da distância média do escoamento

superficial da água de chuva, expressa pela fórmula, (CARVALHO et al, 2006):

I = A/ 4.ƩL

Sendo:

A = a área da bacia;

L = o somatório de todos os canais e tributários da bacia.

3.5.1.8.Declividade Total do Curso Principal

É a relação entre a diferença das altitudes na nascente e na foz do curso d’água

principal da bacia e seu comprimento total.

A velocidade de escoamento da água de um rio depende da declividade dos

canais fluviais (CARVALHO et al., 2006). Quanto maior a declividade, maior será a

velocidade de escoamento. Assim, os hidrogramas de enchente serão tanto mais

pronunciados e estreitos, indicando maiores variações de vazões instantâneas.

S1 = ΔH/L

ΔH: variação da cota entre os dois pontos extremos

L: comprimento em planta do rio

Page 50: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

50

3.5.1.9.Comprimento da Rede de Drenagem

É o somatório das extensões equidistantes desde a linha do divisor de águas ao

primeiro afluente na bacia.

3.5.2. ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA – IQA

A água contêm diversos componentes, os quais provêm do próprio ambiente

natural ou foram introduzidos a partir de atividades humanas.

Para caracterizar uma água, são realizadas análises de variáveis físicas,

químicas e biológicas. Elas são indicadores da qualidade e podem indicar impurezas

quando alcançam valores superiores aos estabelecidos para determinado uso.

O Índice de Qualidade da Água foi criado em 1970, nos Estados Unidos, pela

National Sanitation Foundation. Após 1975 começou a ser utilizado pela Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB.

A criação do IQA conforme a Cetesb, baseou-se numa pesquisa de opinião

junto a especialistas em qualidade de águas, que indicaram as variáveis a serem

avaliadas, o peso relativo e a condição com que se apresenta cada variável, segundo

uma escala de valores “rating”.

O índice de qualidade da água (IQA) é um número simples que expressa a

qualidade geral da água em certo local e tempo, baseado em várias variáveis de

qualidade da água. O objetivo de um índice é transformar dados de qualidade da água

em informação que pode facilmente ser entendida e utilizada pela população (DEUS et

al., 1999 apud VOLSCHAN et al., 2003).

3.5.2.1.Cálculo de IQA

Para determinar o IQA são utilizadas nove variáveis, sendo elas: turbidez,

temperatura, oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, DBO5, nitrogênio total,

fósforo total, resíduo total e pH.

O critério de cada profissional foi estabelecido para cada variável, curvas de

variação da qualidade das águas de acordo com o estado ou a condição de cada variável

(CETESB).

O IQA é calculado pelo produtório ponderado das qualidades de água

correspondentes às variáveis que integram o índice.

Page 51: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

51

IQA: Índice de Qualidade das Águas, um número entre 0 e 100;

qi: qualidade do i-ésimo variável, um número entre 0 e 100, obtido da “curva

média de variação de qualidade”,

wi: peso correspondente ao i-ésimo variável, um número entre 0 e 1, atribuído

em função da sua importância para a conformação global de qualidade, sendo que:

n: número de variáveis que entram no cálculo do IQA.

Os pesos (w) das variáveis utilizadas no cálculo estão expostos no Quadro 2, os

quais foram fixados em função da sua importância para a conformação global da

qualidade da água (Quadro 2):

Quadro 2. Pesos para variável de qualidade da água.

Variável de Qualidade da Água Peso (w)

Oxigênio dissolvido (OD) 0,17

Potencial hidrogeniônico – pH 0,12

Coliformes termotolerantes 0,15

Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO5,20 0,10

Temperatura da água 0,10

Nitrogênio total 0,10

Fósforo total 0,10

Turbidez 0,08

Resíduo total 0,08

Fonte: Adaptado de BRASIL. Agência Nacional de Águas-ANA.

Os valores do IQA são classificados em faixas, que variam entre os estados

brasileiros. No estado de Mato Grosso - MT, os índices aplicados são estabelecidos

conforme Quadro 3:

Page 52: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

52

Quadro 3. Avaliação da qualidade da água no estado do Mato Grosso.

Faixas de IQA Avaliação da Qualidade

da Água 91-100 ÓTIMA

71-90 BOA

51-70 RAZOÁVEL

26-50 RUIM

0-25 PÉSSIMA

Fonte: Adaptado de BRASIL. Agência Nacional de Águas-ANA. Portal da Qualidade das Águas.

3.5.3. VEGETAÇÃO, EROSÃO, RESÍDUO, ÁGUA E HABITAÇÃO

(VERAH)

A metodologia do VERAH realiza o diagnóstico ambiental da Microbacia

utilizando os aspectos de vegetação, erosão, resíduos, água e habitação (OLIVEIRA et

al., 2008) com o propósito de detectar problemas ambientais gerados pelo uso do solo

com a perspectiva de corrigi-los e/ou evitá-los. Esta metodologia foi criada pelo Prof.

Dr. Antonio M. dos Santos Oliveira e, para sua aplicação deve-se delimitar a

Microbacia e em seguida fazer o levantamento dos temas no local para assim ter-se o

diagnóstico.

A vegetação, erosão, resíduos, água e habitação devem ser correlacionados

para identificar e priorizar os problemas existentes relacionados a cada tema. Com o

diagnóstico realizado finalizar indicando recomendações com a finalidade de minimizar

os impactos negativos causados pela antropização.

Oliveira et al., (2008) apud Guedes (2002) consideram o ambiente da

Microbacia uma porção do meio que pode ser delimitada e diagnosticada em separado,

mantendo íntegras as relações dos aspectos.

3.5.3.1. Definição dos Aspectos - VERAH

Vegetação: É o grupo de vegetais que existem em um determinado espaço

geográfico. Ela pode ser composta por plantas de diferentes características e em

situações geográficas bastante variadas ou plantas do mesmo táxon.

Page 53: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

53

O tipo de vegetação é determinado principalmente pelo tipo de clima,

ressaltando que esta regra aplica-se somente a vegetações naturais ou nativas. No Brasil,

os principais tipos de vegetação são: Floresta Amazônica, Cerrado, Mata Atlântica,

Caatinga, Pantanal, Campos Sulinos, Mangues, Matas de Araucárias (RODRIGUES,

2013).

Erosão: É um processo de deslocamento de terra ou de rochas de uma

superfície, podendo ocorrer por ação de fenômenos da natureza ou do ser humano. No

que se refere às ações da natureza, pode citar as chuvas como principal causadora da

erosão. Ao atingir o solo, em grande quantidade, provoca deslizamentos, infiltrações e

mudanças na consistência do terreno, deslocando volumes de terra. O vento, a variação

de temperatura e composição química do solo também causam erosões (FONSECA,

2009).

A ação antrópica de retirar a cobertura vegetal do solo diminui a absorção da

água pelas raízes das plantas e os vazios de ar no solo, tornando-o compactado. Por

efeito da compactação do solo, ocorre a diminuição dos macroporos, tornando o solo

erodível, pois são estes os poros responsáveis pela infiltração da água (MEURER,

2004).

Devido a estas ações pode ocorrer o aparecimento de ravinas e voçorocas.

Voçoroca é a evolução do processo erosivo intenso causado pela concentração de

enxurradas em depressões mal protegidas que acumulam grandes volumes de água a

uma alta velocidade.

De acordo com Bertoni e Lombardi Neto (1990), elas são profundas quando

têm mais de 5m de profundidade; médias, de 1 a 5m; e pequenas, menores de 1m. Pela

área da bacia, são consideradas pequenas quando a área de drenagem for menor do que

2 hectares; médias, de 2 a 20 hectares, e grandes, maiores de 20 hectares. Outra forma

de erosão são as ravinas, estas são de menores profundidades do que as voçorocas.

Resíduos Sólidos: são todos os restos sólidos ou semi-sólidos das atividades

humanas ou não-humanas, que embora possam não apresentar utilidade para a atividade

fim de onde foram gerados, podem virar insumos para outras atividades.

Grande parte dos resíduos é produzida nos grandes centros urbanos,

originários, principalmente, de residências, escolas, indústrias e construção civil.

Água: É uma substância química essencial para todas as formas de vida. Ela é

encontrada em oceanos, geleiras, aquíferos, rios, vapor d’água, nuvens. A água é

essencial para os humanos e para as outras formas de vida. Age como reguladora de

Page 54: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

54

temperatura, dilui os sólidos e transporta nutrientes e resíduos por entre os vários órgãos

(VIDA ANIMAL, 2013).

Habitação: No dicionário on line de português, habitação é o termo utilizado

para o lugar em que se habita; casa, lugar de morada; residência, vivenda; domicílio:

habitação ampla e confortável.

A função primordial da habitação é a de abrigo, protegendo o ser humano das

intempéries e de intrusos (ABIKO, 1995). Com o passar do tempo o homem passou a

utilizar materiais disponíveis em seu meio, tornando o abrigo cada vez mais elaborado.

Na evolução do homem, de coletor para produtor, este passa não apenas a

produzir sua própria existência, mas também um espaço adequado e ajustado às suas

novas necessidades. A relação passiva mantida até então, entre homem e natureza, muda

e, ao longo da história, o meio ambiente sofrerá, de forma permanente (CARLOS,

1992).

De acordo com Alfonsin e Fernandes (2003), a habitação desempenha três

funções: social, ambiental e econômica. A função social é o de abrigar as pessoas. Na

função ambiental é importante que estejam assegurados os princípios básicos de

infraestrutura, saúde, educação, transportes, lazer, etc., além de determinar o impacto da

habitação sobre os recursos naturais disponíveis. Com relação a economia ela oferece

novas oportunidades de geração de emprego e renda, mobiliza vários setores da

economia local e influencia os mercados imobiliários e de bens e serviços.

Page 55: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

55

4. MATERIAL E MÉTODOS

Primeiramente será apresentada a descrição da área de estudo, da Microbacia

do córrego Embauval e o condomínio Residencial Terra Nova. Os dados apresentados

no estudo referem-se a escala real, obtidos através de imagens de satélites, visitas em

campo e análises laboratoriais. Em seguida, será apresentada a estação tratamento de

efluentes (ETE) do condomínio Residencial Terra Nova com o fluxograma das unidades

de tratamento.

4.1. Caracterização da Área de Estudo

O estado de Mato Grosso abriga as nascentes de três bacias hidrográficas

consideráveis no país: a Amazônica, a do Tocantins e a do Paraguai. A bacia o Paraguai

banha o Estado de Mato Grosso. Neste estado a sua denominação é conhecida como

Bacia do Alto Paraguai. Na Bacia do Alto Paraguai está inserida a Bacia do Rio Cuiabá

e nesta bacia encontra-se a cidade de Várzea Grande (SALOMÃO e FIGUEIREDO,

2009).

O município de Várzea Grande está situado na região conhecida como

“Baixada Cuiabana”, que expressa a forma de relevo caracterizado pela “Depressão

Cuiabana”, totalizando uma área de 36.493km² (SANTOS, 2013).

O trabalho foi conduzido na Microbacia do córrego Embauval e na Estação de

Tratamento de Esgotos – ETE do condomínio Residencial Terra Nova. O referido

condomínio está localizado na Estrada da Guarita S/N, Bairro Vinte e Três de Setembro,

Várzea Grande-MT, à margem direita do córrego Embauval nas coordenadas

geográficas a 15° 38' 8.27" latitude sul, 56° 8' 17.66" longitude oeste e possui população

residente de 2456 pessoas.

A vista superior do condomínio Residencial Terra Nova no ano de 2009 está

apresentada na Figura 2, o condomínio está delimitado em vermelho. As lagoas de

estabilização existentes na Figura 2 pertencem à um frigorífico construído ao lado do

condomínio.

Page 56: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

56

Figura 2. Vista superior do condomínio Residencial Terra Nova, Várzea Grande, MT.

Fonte. Google Earth (ago/2013).

4.1.1. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DO CONDOMÍNIO

RESIDENCIAL TERRA NOVA

O condomínio Residencial Terra Nova começou a ser ocupado dia 21 de maio

de 2009, atualmente possui 614 casas.

Para tratar os efluentes produzidos no condomínio foi construída uma estação

de tratamento pela empresa Rondobens. De acordo com o projeto a estação foi projetada

pela empresa Acquavix e atualmente é operada pelo Departamento de Água e Esgoto de

Várzea Grande DAE/VG.

Conforme o memorial de cálculo do projeto da estação de tratamento de esgoto

do condomínio, a ETE foi dimensionada para tratar uma vazão média de 5 L/s (18 m³/h)

de efluente líquido.

No condomínio, os efluentes líquidos gerados são conduzidos por redes

coletoras para a estação de tratamento. No total foram executadas em torno de 614

ligações domiciliares de esgoto, sendo estas, executadas em tubulação de PVC de

diâmetro de 100 mm.

Page 57: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

57

A tecnologia empregada para tratar os efluentes líquidos gerados no

condomínio Residencial é Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFA), seguido por

Filtro Biológico Aerado Submerso e Decantador Secundário. Após o Decantador

Secundário, o efluente é encaminhado para a desinfecção no Reator Utravioleta. O

fluxograma do processo é apresentado na Figura 3.

Figura 3. Desenho esquemático da ETE do condomínio Residencial Terra Nova.

Fonte. Thayana Mattos.

Conforme a Figura 3, o efluente antes de alcançar o RAFA, passa por

tratamento preliminar. O tratamento preliminar é constituído por uma caixa de areia,

caixa de gordura e gradeamento médio.

Figura 4. Vista parcial de unidade integrantes do tratamento preliminar e da estação elevatória,

ETE do condomínio Residencial Terra Nova.

Fonte: Thayana Mattos (set/2013).

Page 58: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

58

A unidade desarenadora é do tipo canal com limpeza manual, cuja areia

removida é acondicionada em caçambas para posterior destinação final (Figura 5).

Figura 5. Vista parcial da caixa de areia, ETE do condomínio Residencial Terra Nova.

Fonte: Thayana Mattos (set/2013).

O gradeamento é composto por uma grade média, instalada a montante da

caixa de areia e por um cesto na estação elevatória de esgoto bruto (Figura 6).

Figura 6. Vista superior da grade a montante da caixa de areia, ETE do condomínio Residencial

Terra Nova.

Fonte: Thayana Mattos (set/2013).

Page 59: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

59

O material sólido retido nas grades é removido periodicamente de forma

manual e o efluente é recalcado para o RAFA. A estação elevatória recebe também o

lodo proveniente da lavagem dos filtros biológicos e decantador secundário, o qual é

encaminhando juntamente com o esgoto pré-tratado para o RAFA.

O lodo em excesso de todo o sistema (RAFA + FILTRO) é eliminado por

descarga hidráulica para o leito de secagem. A descarga do RAFA é realizada a cada 30

dias. Para a desidratação do lodo, foram construídos 2 leitos de secagem. Os resíduos

sólidos como: lodo desidratado, resíduos gradeados e areia são dispostos no solo ao

redor da ETE.

Na Tabela 7 são demonstradas as dimensões dos reatores do sistema de

tratamento.

Tabela 7. Dimensões de algumas unidades que compõem o sistema de tratamento do

condomínio Residencial Terra Nova.

Unidade de Tratamento Diâmetro (m) Área (m²) Volume (m³)

RAFA 7,90 48,92 172,80

Filtro Aeróbio Submerso 3,27 - 24,86

Decantador 4,72 - -

Fonte: Projeto da ETE elaborado pela empresa Aquavix.

A ETE possui um queimador para a queima do biogás produzido. A operação

do sistema de queima de acordo o projeto é de forma constante e de ignição manual,

acompanhado de dispositivo de segurança tipo corta-chama, chamado de selo hídrico.

O efluente tratado é lançado no córrego Embauval, através de tubulação de

PVC de diâmetro de 150 mm e extensão em torno de 384 metros. O emissário passa

pelas ruas do Bairro 24 de Setembro até o córrego canalizado Embauval.

4.1.2. MICROBACIA DO CÓRREGO EMBAUVAL

A ETE do condomínio Residencial Terra Nova está localizada na Microbacia

do córrego Embauval. Este é receptor do efluente final da ETE e afluente do Rio

Cuiabá.

Page 60: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

60

Na Figura 7, possui um caminho em vermelho indicando o percurso do córrego

Embauval, nela é possível visualizar desde a sua nascente até o exutório no Rio Cuiabá.

Figura 7. Vista do percurso do córrego (detalhado em vermelho) Embauval, Várzea Grande -

MT.

Fonte: Google Earth (set/2013).

Para avaliar o sistema de tratamento de efluentes foram realizadas análises do

efluente bruto e tratado da Estação de Tratamento de Esgotos do condomínio

Residencial Terra Nova.

Para a caracterização da Microbacia foram utilizados dados primários, sendo

que, neste caso, foram produtos de técnicas de geoprocessamento, tendo como

instrumento identificador de análise a imagem de satélite e sua classificação por meio

de chaves de identificação e análises laboratoriais da água do córrego Embauval.

O critério utilizado para delimitação foi o limite superior das vertentes que se

dirigem para o curso d’água principal.

A Figura 8 apresenta a delimitação da Microbacia do córrego Embauval.

Page 61: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

61

Figura 8. Delimitação da Microbacia do córrego Embauval. Fonte: Fonte: Thayana Mattos (set/2013).

A geologia da Microbacia do córrego Embauval é classificada em Subunidade

5 e Depósitos Aluvionares (Figura 9).

Figura 9. Mapa geológico da Microbacia do córrego Embauval.

Fonte: Adaptado de SIG Cuiabá (2006).

Page 62: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

62

O Grupo Cuiabá é representado por rochas metamórficas de baixo grau de

metamorfismo, que apresentam variedade litológica em ambiente de deposição e/ou

tectônico (LUZ et al., 1982).

Luz et al., (1982) reconheceram no Grupo Cuiabá nove subunidades

litoestratigráficas, sendo que a área em estudo possui a subunidade 5.

A subunidade 5 (NPcu5) é constituída por filitos e filitos sericíticos, cinza

prateados a esverdeados, com intercalações e lentes de metaconglomerados, metarenitos

e metarcóseos. São frequentes veios de quarto paralelos e oblíquos a foliação.

Os depósitos Aluvionares são compostos por areia, areia quartzosa, cascalho,

silte, argila e localmente turfa. É um ambiente continental fluvial (SIG CUIABÁ, 2006).

A pedologia tem como objetivo o estudo dos solos. O mapa de solos possibilita

separar áreas para os diversos fins, além de fornecer subsídios para programas especiais

de conservação de solos e preservação do meio ambiente através de informações sobre

as características químicas, físicas, mineralógicas e ambientais dos solos (RESENDE et

al., 1995).

Conforme informação geoambiental disponível em SIG CUIABÁ (2006), a

cobertura pedológica na região da Microbacia hidrográfica em estudo caracteriza-se por

possuir solos Concrecionários Cambicos e solos Concrecionários Podizólicos (Figura 10).

Page 63: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

63

Figura 10. Pedologia da Microbacia do córrego Embauval.

Fonte: Thayana Mattos (set/2013).

Ambos os solos são definidos como minerais, drenados, com presença de

concreções de ferro ao longo do perfil em quantidade maior que 50% por volume. O

solo Concrecionário Cambico é profundo, aparece sob vegetação de Cerrado, cujo

relevo de ocorrência é suave ondulado. Já os solos Concrecionários possuem

profundidade mediana (SIG CUIABÁ, 2006).

4.2. Metodologia

4.2.1. AMOSTRAGEM

Page 64: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

64

Para avaliar o desempenho do sistema de tratamento de efluentes e o corpo

hídrico receptor, foram coletadas amostras simples na entrada e saída da Estação de

Tratamento de Esgotos, na nascente, montante e jusante do lançamento do efluente

tratado no córrego Embauval, nos meses: maio, agosto, setembro, outubro e dezembro

de 2013. No mês de janeiro de 2014 foram coletadas amostras apenas do manancial,

pois a ETE encontrava-se alagada, não sendo possível realizar a coleta.

Os pontos de amostragem foram:

- Efluente Bruto (EB) - P1; Efluente Tratado (ET) - P2; Jusante do Lançamento

(JL) – P3; Montante do Lançamento (ML) – P4; Próximo a Nascente (N) – P5.

Após as coletas, as amostras foram acondicionadas em recipiente térmico com

gelo e encaminhadas para o Laboratório Control Análises de Água e Efluentes LTDA

em Cuiabá, MT.

As análises físico-químicas e biológicas das amostras foram realizadas de

acordo com métodos preconizados no Standard Methods for Examination of Water and

Wastewater, 22th ed. 2012.

In loco foi feita a aferição da temperatura das amostras. As variáveis realizadas

em laboratório foram: DBO, DQO, fósforo, NTK, pH, sólidos totais, sólidos fixos,

sólidos voláteis, sólidos sedimentáveis, coliformes totais, coliformes termotolerantes,

oxigênio dissolvido, nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal, fósforo e turbidez.

No efluente bruto e tratado do condomínio Residencial Terra Nova foram feitas

todas as variáveis mencionadas anteriormente exceto nitrito. O nitrito não possui valores

expressivos no efluente sanitário. As formas predominantes são o nitrogênio orgânico e

a amônia, os quais conjuntamente formam o NTK (SPERLING, et al., 2009).

Para a determinação de oxigênio dissolvido, foi coletada amostra de efluente

final e do manancial superficial (montante e jusante) e adicionados os reagentes para a

complexação do oxigênio ainda em campo, posteriormente a titulação foi realizada no

laboratório pelo Método de Winkler Modificado Pela Ázida.

A coleta das amostras para coliformes totais e coliformes termotolerantes foi

realizada em frascos esterilizados em autoclave à 121ºC por 20 minutos, de vidro com

capacidade de 100 mL.

Os resultados analíticos obtidos foram comparados com os valores

preconizados pela Resolução CONAMA nº 357/2005 (Artigo 34) e pela Resolução

CONAMA nº 430/2011, com o objetivo de verificar se as variáveis estão dentro dos

padrões aceitáveis pelas legislações mencionadas.

Page 65: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

65

Os resultados do manancial foram também utilizados para determinar o Índice

de Qualidade da Água (IQA – CETESB), para verificar em qual classificação este se

enquadra.

Na Tabela 8 são relacionados as variáveis físicas, químicas e biológicas

analisados, as unidades adotadas e os métodos analíticos aplicados para caracterização

das amostras coletadas no condomínio Residencial Terra Nova e no córrego Embauval.

Tabela 8. Variáveis físico-químicas e biológicas analisadas.

VARIÁVEIS UNIDADE MÉTODO

Temperatura ºC Termômetro Analógico

pH - Potenciométrico

DQO mg/L Colorimétrico/Refluxo fechado

DBO mg/L Incubação 20º C, 5 dias – Winkler

Modificado pela Ázida

Sólidos Totais mg/L Gravimetria

Sólidos Totais Fixos mg/L Gravimetria

Sólidos Totais Voláteis mg/L Gravimetria

Sólidos Sedimentáveis mL/L.H Cone Inmhoff

Sólidos Dissolvidos Totais mg/L Gravimetria

Nitrato mg N /L Redução por Hidrazina

Nitrito mg N /L Colorimétrico

Nitrogênio Amoniacal mgN /L Fenato

Nitrogênio Total Kjeldahl mg N /L Titulométrico

Fósforo mg P/L Ácido Ascórbico

Turbidez Ut Nefelométrico

Oxigênio Dissolvido mg/L Titulométrico/Wintler Modificado pela

Ázida

Coliformes Totais NMP/100 mL Tubos Múltiplos

Coliformes Termotolerantes NMP/100 mL Tubos Múltiplos

4.2.2. ENTREVISTAS

Para obter maiores informações sobre a estação de tratamento de esgoto e a

Microbacia foram feitas entrevistas. Na ETE o operador apontou problemas

operacionais na ETE que aconteciam durante o estudo realizado. Na Microbacia foram

realizadas entrevistas com os moradores das casas localizadas ao redor do córrego

Page 66: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

66

Embauval próximo ao ponto de lançamento do efluente tratado do condomínio

Residencial Terra Nova.

Os moradores relataram a problemática do mau odor existente na localidade

em virtude dos lançamentos de esgotos, as ações de tamponamento do emissário do

condomínio Residencial Terra Nova, as inundações do córrego Embauval em anos

antecedentes e a qualidade da água do manancial anterior a poluição.

4.2.3. GEOPROCESSAMENTO

Foram utilizadas técnicas de geoprocessamento para a elaboração de mapas

temáticos acerca da caracterização da área de estudo (Microbacia), assim como mapa

para interpretação de imagem onde o produto final encontra-se representado pela

classificação de imagem da Microbacia do córrego Embauval.

As técnicas de geoprocessamento foram utilizadas com o objetivo principal de

realizar o mapeamento temático para interpretação do uso do solo e cobertura vegetal na

Microbacia e, dessa forma, realizar o diagnóstico ambiental geral da Microbacia. Fez-se

também necessário utilizar esta técnica para proceder delimitação da Microbacia e para

a elaboração dos mapas de caracterização geral (a partir de shapes fornecidos pelo

sistema SIG Cuiabá), bem como o mapa dos bairros que compõem a área em estudo.

O trabalho foi realizado por meio do uso de combinações de hardware,

software, dados, metodologias e recursos humanos, integrados de forma a permitir a

produção e análise das informações geográficas.

4.2.3.1.Delimitação da Microbacia e Cursos D´Água

Para delimitar a área da Microbacia e, consequentemente, os mapas que

expressam a caracterização da área em estudo, foi utilizado o Modelo Numérico de

Terreno (MNT), Shuttle Radar Topography Mission-SRTM – disponível na EMBRAPA

(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), carta nº. SD21ZC, elaborada em escala

1:10.000, e após delimitação georreferenciada.

Após a delimitação da Microbacia, foram vetorizados os rios, criando-se

shapes, por meio do SIG, disponibilizado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente –

SEMA/SIMLAM Técnico- Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento

Ambiental do Estado de Mato Grosso.

Page 67: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

67

Para a elaboração do Mapa de Uso e Ocupação do Solo foi feito o diagnóstico

por meio da classificação da imagem, compondo as seguintes classes: 1) Alta Densidade

de Habitação; 2) Média Densidade de Habitação e 3) Baixa Densidade de Habitação.

Neste mesmo mapa foram identificadas as áreas que possuem solo exposto, vegetação

rasteira, vegetação arbórea, mosaico de vegetação rasteira e arbórea e a localização de

lagoas de estabilização.

No entorno do córrego, verificou-se a existência de habitações construídas em

áreas impróprias para sua edificação, localizadas em áreas de APP, verificando, ao

longo desses pontos delimitados, a existência de construção térrea, com predominância

ao uso residencial. Esta situação foi apresentada por meio de fotografias digitalizadas.

4.2.3.2.Fisiografia da Microbacia

Após a delimitação da área da Microbacia, obteve as seguintes características

fisiográficas: área da bacia ou área de drenagem, perímetro, coeficiente de

compacidade, fator de forma, índice de circularidade, declividade, altitude, densidade de

drenagem, ordem dos cursos d’água e, ainda, a classificação do curso d’água conforme

o seu tipo de escoamento.

Os dados foram obtidos com o auxílio do SIG. A precisão na definição dos

valores depende da escala do mapa utilizado. Para o presente estudo, a área do projeto

foi delimitada na base cartográfica escala 1:10.000 e apresentada em escala 1:36.000.

4.2.4. DIAGNÓSTICO DA MICROBACIA COM A UTILIZAÇÃO DO

VERAH

Primeiro foram feitas visitas a campo, observando os principais pontos de

interesse ao longo do curso do córrego Embauval. Para a coleta de amostras, foram

definidos os locais que representariam melhor a qualidade da água.

Na Figura 11 é apresentado o desenho esquemático dos pontos de amostragem

no córrego Embauval.

Page 68: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

68

Figura 11. Localização dos pontos de amostragem – P3, P4 e P5 no córrego Embauval.

Fonte. Google Earth (set/2013).

Os pontos P5, P4 e P3 foram estabelecidos pontos para amostragem da água,

por representar em P5 a área mais próxima da nascente principal do córrego. O P4

encontra-se à montante e o P3 está a jusante do lançamento dos efluentes do

condomínio Residencial Terra Nova.

A área próxima ao P5 representa a porção mais urbanizada da Microbacia, com

a presença de comércios e habitações. Os pontos P4 e P3 já sofreram com inundações.

Nestes pontos o índice de ocupações irregulares em áreas de preservação permanente é

alto.

Quanta a vegetação da microbacia, verificou a situação atual da área de entorno

do córrego Embauval mediante a anotação da existência de espécies de árvores nativas,

frutíferas, invasoras ou ainda a supressão da mesma, para elaborar o diagnóstico e

caracterização da cobertura vegetal.

No tema erosão, as visitas a campo consistiram em descrever as ocorrências

erosivas no entorno do principal manancial superficial, ocasionadas pela água da chuva,

desde o P5 até o P3, utilizando GPS, câmera digital para o registro de imagens e

caderneta.

Page 69: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

69

Quanto aos resíduos, o diagnóstico abordou, os resíduos sólidos domésticos

produzidos pelas residências e comércios locais, bem como foram pontuadas as

deposições de resíduos da construção civil na área de entorno do córrego Embauval,

sendo feito registros fotográficos.

Para a água do corpo hídrico, as variáveis utilizadas foram exemplificadas no

subitem “4.2.1 AMOSTRAGEM” deste trabalho.

O último tema, habitação, foi diagnosticado por meio da classificação de

imagem, compondo as seguintes classes distintas: Alta Densidade de Habitação; Média

Densidade de Habitação e Baixa Densidade de Habitação. A campo verificou-se a

existência de habitações que se encontram constituídas em áreas impróprias para sua

edificação, a predominância ao uso comercial no P5 e residencial no P4 e P3. Essas

porções mapeadas foram apresentadas por meio de fotografias digitalizadas.

Page 70: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

70

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo aborda os resultados obtidos com base no diagnóstico realizado

na Microbacia do córrego Embauval e na Estação de Tratamento de Efluentes do

condomínio Residencial Terra Nova. Serão apresentados os seguintes aspectos: o

Diagnóstico do Sistema de Tratamento de Efluente do condomínio Residencial Terra

Nova; a Análise Fisiográfica da Microbacia; e o Diagnóstico Geral da Microbacia, por

meio da classificação visual de imagem, visitas em campo e análises laboratoriais.

5.1.Estação de Tratamento de Efluente do Condomínio Residencial Terra

Nova

Devido alguns problemas ocorridos na estação de tratamento do condomínio

Residencial como: a danificação da bomba de recalque, falta de energia elétrica na ETE,

alagamento das unidades de tratamento preliminar pelo esgoto afluente, a amostragem

não foi realizada de forma contínua do mês de maio de 2013 ao mês de janeiro de 2014.

A vazão de efluente atualmente encaminhada à ETE é em torno de 3,5 L/s.

Segundo o operador nesta ETE o efluente gerado é diferenciado do efluente das outras 5

ETEs que já trabalhou, pois possui grande quantidade de gordura, sabão e sólidos.

Devido a isso, a limpeza das grades, caixa de areia e caixa de gordura é realizada

diariamente, enquanto em outros locais é semanalmente. Ele explica que os motivos que

levam o efluente adquirir estas características são: a cultura e o poder aquisitivo que os

moradores do residencial possuem.

O material gorduroso presente no efluente que não é totalmente removido na

caixa de gordura segue para as outras unidades de tratamento. Na Figura 12 foi possível

verificar que as tubulações dentro do reator estão sujas externamente, contendo material

graxo. O operador relatou que após a limpeza das tubulações, em um período de dois a

três dias elas voltam a apresentar a situação anterior.

Page 71: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

71

Figura 12. Vista parcial interna do RAFA da ETE do condomínio Residencial Terra Nova,

mostrando a tubulação de alimentação do reator.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Na Tabela 9 são apresentados os valores médios obtidos das variáveis

analisadas nos pontos de amostragem referente aos meses maio, agosto, setembro,

outubro e dezembro de 2013.

Tabela 9. Valores médios encontrados para variáveis físico-químicas e biológicas de 5

coletas de amostras da ETE do condomínio Residencial Terra Nova.

Variáveis Analisadas Efluente

Bruto

Efluente

Final

Eficiência de

Remoção (%)

Temperatura 29,7 30,8 -

pH 6,79 7,13 -

DQO (mg/L) 856 126 85

DBO5 (mg/L) 509 76 85

Nitrogênio Total Kjeldahl (mg N/L) 41,22 8,68 -

Nitrato (mg N/L) 1,69 0,39 -

Fósforo Total (mg/L) 9,34 2,39 -

ST (mg/L) 509 613 -

STF (mg/L) 286 362 -

STV (mg/L) 223 252 -

SS (mL/L.H) 2 12 -

Turbidez (uT) 195 202 -

Oxigênio Dissolvido (mg/L) - 3,3 -

Coliformes Totais (NMP/100ml) * 6,2 x 107 1,2 x 10

3 99,998

Coliformes Termotolerantes (NMP/100ml)* 6,0 x 106 1,4 x 10

2 99,97

*Média Geométria

Page 72: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

72

No sistema os resultados de pH aferidos nas coletas variaram entre 6,39 a

7,67, como pode ser visualizado na Figura 13. Os valores encontrados no esgoto bruto

estão dentro da faixa recomendada por Metcalf e Eddy (2003) de 6,0 a 9,0 para esgotos

sanitários.

Figura 13. Valores de pH obtidos na entrada e saída do sistema de tratamento.

Os menores valores foram obtidos no efluente bruto, devido a maior

concentração de matéria orgânica presente e, consequentemente maior produção de

ácidos fazendo com que o Potencial Hidrogeniônico abaixe. A medida que o efluente

sofre o tratamento a tendência é de aumentar o pH.

A eficiência média do tratamento na remoção de DBO5 e DQO foi 85%. A

eficiência do sistema foi boa apesar do filtro não estar com o sistema de aeração

funcionando. A eficiência obtida seguiu a indicada por Sperling (2006), de 83 a 93%

para tratamentos feitos por meio de UASB e biofiltro de aeração submersa

A eficiência de remoção da DBO5 foi superior ao mínimo preconizado na

legislação CONAMA nº 430/2011, de 60%. Ressalte-se que a legislação informa que a

concentração de DBO5 do efluente final por mais que alcance a remoção de 60%, não

deve implicar em alterações no manancial superficial que façam ultrapassar os padrões

de qualidade impostos para a sua classe.

Para o lançamento de efluentes é indispensável que se faça o estudo de

autodepuração do manancial, para identificar quanto que o mesmo consegue suportar de

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Maio Ago Set Out Dez

Val

ore

s d

e p

H

Coletas (2013)

Efluente Bruto

Efluente Final

Page 73: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

73

matéria orgânica, e determinar o tempo e a distância para que as condições anteriores ao

lançamento se reestabeleçam.

Na Figura 14 são apresentadas as concentrações obtidas de DBO5 e DQO no

sistema de tratamento de efluentes.

Figura 14. Concentrações de DBO e DQO do efluente bruto e efluente final.

De acordo com Chernicharo (2000), para o tratamento realizado por reator

UASB seguido de Filtro Biológico Aerado Submerso, os esgotos tratados apresentaram

DBO5 inferior a 20 mg/L.

A média obtida da concentração de DBO5 no efluente tratado foi 76 mg/L,

número superior ao valor conseguido por Chernicharo (2000). Talvez a diferença dos

valores, se deve a não operação eficiente da ETE, aos constantes problemas

operacionais e o não funcionamento do sistema de aeração dos Filtros Biológicos

Submersos. Outro fato também incorre que Chernicharo (2000), operou em escala

piloto, em que as condições na concentração do efluente são mais favoráveis e não há

interferência de chuvas.

No último mês analisado, a concentração de DQO no efluente bruto foi muito

superior aos meses anteriores, indicando nesta amostragem, que o sistema precisaria de

maior demanda de oxigênio para o tratamento dele, devido a composição deste efluente.

Os resultados dos nutrientes analisados (fósforo total e nitrato) encontram-se

dentro da faixa de valores típicos de efluente doméstico bruto, classificada por Metcalf e

Eddy (2003).

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Maio Ago Set Out Dez

Co

nce

ntr

açõ

es

de

DB

O e

DQ

O (

mg/

L)

Coletas (2013)

DBO Ef. Bruto

DBO Ef. Final

DQO Ef. Bruto

DQO Ef. Final

Page 74: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

74

Na Figura 15 são demonstradas as concentrações de nitrogênio total kjeldahl,

nitrato e fósforo total na ETE.

Figura 15. Concentrações dos nutrientes no efluente bruto e final.

A concentração média de fósforo total 9,34 mg/L está de acordo com a

concentração normalmente encontrada no esgoto sanitário de 4 a 12 mg/L (SPERLING,

2005).

Van Haandel e Marais (1999) observaram que as concentrações de fósforo total

usualmente encontrada no Brasil são baixas, devido a baixa percentagem de

tripolifosfato de sódio contido nos detergentes e a grande quantidade de sabões a base

de ácidos graxos de cadeia longa.

No efluente final a média das concentrações foi 2,39 mg/L. Quando comparado

com outros tipos de tratamentos de efluentes, exemplo: lagoas de estabilização (lagoas

de maturação - polimento), a remoção conseguida de fósforo não é alta, devido as

unidades dimensionadas de tratamento do condomínio serem utilizadas para a remoção

principalmente de matéria orgânica (tratamento secundário) e microrganismos, não

havendo uma unidade específica para a remoção de nutrientes.

É importante ter um tratamento bom de nitrogênio e fósforo, pois ambos são

causadores da eutrofização dos corpos d’água, impactando a biota aquática e tornando o

meio oligotrófico, ou seja, grande concentração de fósforo.

Page 75: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

75

A relação de matéria orgânica e nutrientes recomendada para um eficiente

tratamento biológico é de 100:5:1 (DBO5:N:P, respectivamente) (KURITA, 2014). É

importante o controle da relação de matéria orgânica e nutriente, pois a falta de

nutrientes N / P pode ocasionar a formação de flocos dispersos e crescimento de

bactérias filamentosas, o que prejudica a eficiência do tratamento do efluente.

Segundo Kurita (2014) a adição de nutrientes (produtos a base P e/ou N) pode

ser necessário para garantir a performance do processo de tratamento biológico.

A relação obtida no efluente bruto do condomínio Residencial Terra Nova foi

de 58,4:4,4:1. Para a DBO5 obtida do efluente não há a necessidade de adição de

nutrientes para melhorar o tratamento biológico, pois, a relação indicou alta

concentração de nutrientes, principalmente de fósforo.

Os resultados obtidos de sólidos no efluente bruto e no efluente final do

condomínio Residencial Terra Nova estão demonstrados nos gráficos, Figura 16.

Figura 16. Concentrações de sólidos totais, fixos, voláteis e sedimentáveis nos efluentes.

No mês de maio e outubro, a concentração de sólidos totais, sólidos totais fixos

e sólidos totais voláteis no efluente final foi maior do que a obtida na entrada do

sistema. Nos outros meses a concentração inicial não foi muito superior ao do efluente

final.

Page 76: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

76

Na primeira campanha, após coletar as amostras o operador fez a descarga de

lodo do reator anaeróbio de fluxo ascendente para o leito de secagem, pois já fazia um

mês que não realizava este procedimento. No tratamento realizado pelo RAFA (UASB)

há produção de sólidos (lodo) agregado na forma de grânulos ou flocos.

Para que os sólidos produzidos não saiam no efluente final ou mesmo

prejudique a desinfecção no canhão de ultravioleta, deve ser feita a descarga de lodo do

RAFA e a retro-lavagem dos filtros biológicos em períodos pré-estabelecidos conforme

o projeto de maneira que a concentração deles não seja muito alta. Períodos estes que

não podem ser tão pequenos para não afetar o funcionamento destas unidades,

eliminando demasiadamente as bactérias que formam os flocos ou grânulos, como

também grandes, fazendo com que o efluente final apresente concentrações muito altas

de sólidos.

Para obter boa remoção dos sólidos, o Reator RAFA requer dispositivos bem

dimensionados para que ocorra separação eficiente dos sólidos e líquidos. Observou nos

meses agosto, setembro e outubro maiores concentrações de sólidos sedimentáveis no

efluente final. Talvez a causa, seja, o mau dimensionamento do defletor ou o grande

período para a realização da descarga de fundo do lodo do reator RAFA ou o filtro

biológico que procede ao RAFA. Este não está funcionando o sistema de aeração.

A média de sólidos sedimentáveis do efluente final está acima de 1 mL/L.H,

estabelecido pela Resolução CONAMA nº 430/2011.

Das concentrações de sólidos totais obtidas, a maior parcela delas é pertencente

aos sólidos totais fixos, os quais são provenientes de compostos inorgânicos. Esta

situação é controversa ao exposto pela FUNASA (2004), a qual indica que geralmente

no esgoto doméstico cerca de 70% dos sólidos no esgoto são de origem orgânica

(sólidos totais voláteis). Tal resultado indica que o efluente apresenta quantidades de

areia e substâncias minerais maiores que a matéria orgânica e que o operador não estava

errado ao afirmar que o efluente gerado neste condomínio possui muitos sólidos, como

areia, plásticos, entre outros.

Os valores de turbidez (Figura 17) estão relacionados com as concentrações de

sólidos em suspensão. Quanto maior a presença de sólidos suspensos no efluente, maior

será a turbidez. No efluente bruto nos meses analisados o maior valor encontrado foi

257 uT e no efluente final de 582 uT, ambos obtidos em outubro. A variação entre os

valores foi de 106 e 527 uT do efluente bruto e do efluente final, respectivamente.

Page 77: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

77

Figura 17. Turbidez do efluente bruto e final.

Os resultados de oxigênio dissolvido-OD obtidos no efluente tratado, nos

meses maio, agosto, setembro, outubro e dezembro de 2013, foram: 3,2 mg/L; 4 mg/L;

3 mg/L; 3,5 mg/L e 3 mg/L, respectivamente.

Em tratamento aeróbio a concentração de oxigênio no efluente final pode

variar em virtude da concentração de DBO, pois demandará maior ou menor

concentração de oxigênio para oxidar a matéria orgânica existente no efluente.

O oxigênio dissolvido do efluente tratado tem grande importância quando é

realizado o lançado do esgoto em corpos hídricos, podendo prejudicar o

desenvolvimento da biota existente no corpo d’água.

Considerando que o córrego Embauval é bastante antropizado, o efluente

tratado do condomínio Residencial Terra Nova deveria apresentar concentração mínimo

de oxigênio dissolvido de 5 mg/L, por mais que o córrego já apresente concentração

inferior a 5 mg/L. Pois o valor mínimo determinado pela Resolução CONAMA nº

357/2005 para o corpos d’água de classe 2 é de 5 mg/L. Assim se o efluente da ETE

conseguisse alcançar tal concentração, o condomínio não seria mais um contribuidor

para a degradação do córrego Embauval.

Com relação às concentrações de Coliformes Totais e Coliformes

Termotolerantes no efluente bruto, o primeiro variou de 4 x 107 a 4,5 x 10

8 NMP/100

mL, já no segundo de 1,8 x 106 a 3,3 x 10

7 NMP/100mL.

0

100

200

300

400

500

600

700

Mai Ago Set Out Dez

Co

nce

ntr

açõ

es

de

Tu

rbid

ez

(uT)

Coletas (2013)

Efluente Bruto

Efluente Final

Page 78: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

78

No efluente final a maior concentração obtida de Coliformes Totais e

Termotolerantes foi de 1,4 x 103 e 1,5 x 10

2 NMP/100mL, respectivamente. Removendo

aproximadamente de 4 a 3 unidades logarítmicas em cada um deles no tratamento do

esgoto.

No sistema a unidade responsável pela eliminação de microrganismos é o

canhão de ultravioleta. A sua eficiência é diretamente influenciada pela quantidade de

sólidos no efluente, os quais interferem disseminação dos raios ultravioletas.

Foi possível verificar através da média aritmética dos resultados das variáveis

físicas, químicas e da média geométrica das variáveis biológicas do afluente gerado no

condomínio Residencial Terra Nova que este possui composição típica dos esgotos

sanitários “médio”, utilizando a classificação de Metcalf e Eddy (2003).

Os resíduos sólidos como: lodo desidratado, resíduos gradeados, gordura e

areia são dispostos incorretamente no solo ao redor da ETE, sem tratamento adequado

(Figura 18), impactando o meio ambiente.

Antes da disposição final do lodo é importante que faça a estabilização das

substâncias instáveis e matéria orgânica de acordo com a Resolução CONAMA nº 375.

Esta mesma Resolução define critérios para o armazenamento, transporte, tratamento e

disposição final do lodo de esgoto sanitário, bem como as responsabilidades dos

geradores de lodos sanitários.

Figura 18. Vista de resíduos sólidos gerados da ETE do condomínio Residencial Terra Nova

dispostos no solo.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Para melhorar a eficiência da desinfecção do tratamento do efluente, foram

substituídas as lâmpadas ultravioletas antigas por lâmpadas novas.

Page 79: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

79

Apesar de ter uma pessoa responsável pela operação e feitas melhorias no

reator de desinfecção, foram constatados alguns problemas no sistema de tratamento de

efluente. O biogás produzido no tratamento anaeróbio deveria ser queimado, mas

devido a problemas no queimador, tal procedimento não está sendo realizado.

Constatou-se também que o sistema de aeração dos filtros está com problemas, não

funcionando durante o período deste estudo.

O efluente final da estação deveria ser encaminhado por tubulação para o

córrego Embauval. Mas devido os moradores das residências construídas próximas do

local de lançamento, terem tampado a saída da tubulação, o efluente aflora do solo e

escoa pela superfície do terreno dirigindo-se para outro córrego de menor tamanho, que

fica ao lado do condomínio Residencial Terra Nova, o qual deságua a alguns metros no

córrego Embauval. Em virtude deste problema o ponto de amostragem Jusante do

Lançamento é localizado após a junção do afluente receptor do efluente final com o

córrego Embauval.

Figura 19. Vista da tubulação de emissário do efluente tratado do condomínio Residencial

Terra Nova. Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Na Figura 19 é possível ver o emissário que sai da ETE em direção ao córrego

Embauval. A tubulação passa por cima de um córrego afluente do córrego Embauval,

receptor do efluente do condomínio Residencial Terra Nova.

Page 80: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

80

Figura 20. Vista do córrego afluente ao córrego Embauval e receptor do efluente do

condomínio.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Figura 21. Afloração do efluente do condomínio no solo.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

No mês de outubro de 2013, o Departamento de Água e Esgoto de Várzea

Grande responsável pela operação da ETE, desobstruiu a tubulação que os moradores

haviam tampado (Figura 22).

Page 81: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

81

Figura 22. Tubulação de lançamento de efluente final do condomínio Residencial Terra Nova

no córrego Embauval.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Ao visitar o local em que o efluente aflorava no solo no mesmo mês

(outubro/2013), identificou-se que a mesma situação continuava a acontecer. Talvez

seja devido ao tamponamento da tubulação, a pressão do líquido tenha desconectado

alguma junção. Diante desta situação o ponto Jusante do Lançamento continuou na

mesma localização, já que parte da vazão do efluente final da ETE continua indo para o

córrego afluente ao córrego Embauval.

A afloração do efluente ocorre ao lado do local destinado para o lançamento da

água pluvial.

Figura 23. Água no canal de água pluvial.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Page 82: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

82

Figura 24. Canal de água pluvial.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

As Figuras 23 e 24 referem-se ao canal destinado para água pluvial. Nelas não

deveria escorrer água, pois o registro fotográfico foi feito no período de estiagem,

portanto não havia chovido. A água que sai pela manilha deveria ser drenada para a

estação de tratamento de esgoto para ser tratada.

A moradora de uma das casas que fica em frente ao ponto de lançamento do

efluente no córrego Embauval, afirmou, que o efluente que deságua no córrego provoca

mau cheiro e que os moradores iriam tampar novamente a tubulação.

5.2.Análise Fisiográfica da Microbacia do Córrego Embauval

O projeto do sistema de tratamento de efluentes do condomínio Residencial

Terra Nova, descreve que o córrego possui comprimento de 6910 metros. Esta

informação é errônea, de acordo com Lima (2001), 6.910 metros é o comprimento do

Rio Cuiabá da Passagem da Conceição ao exutório do córrego Embauval, como pode

ser visto na Figura 25.

Page 83: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

83

Figura 25. Diagrama Unifilar.

Fonte: Adaptado Lima (2001).

O córrego Embauval possui comprimento total em torno de 2.166 metros. Ao

analisar a Figura da Microbacia do córrego Embauval, verifica-se que este conta com

poucos afluentes.

Page 84: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

84

Figura 26. Classificação da ordem do córrego Embauval.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

De acordo com a Figura 26 o córrego Embauval possui apenas um afluente,

assim a Microbacia é classificada como pertencente a 2ª ordem.

A Microbacia do córrego Embauval apresenta uma área de drenagem de 1,92

km², com um perímetro de 5,47 km, sendo que o comprimento do rio principal é

aproximadamente de 2,166 km. As altitudes da Microbacia variam entre 195m

(máxima) obtida no divisor de água próximo a nascente principal, e 149m (mínima) no

ponto mais baixo no exutório no rio Cuiabá.

Levando-se em consideração o resultado do coeficiente de compacidade (1,10),

fator de forma (0,44) e ordem da Microbacia (2ª), pode-se afirmar que em condições

naturais a Microbacia do córrego Embauval não é tão susceptível a enchentes e possui

drenagem considerada boa (1,5 ≤ Dd < 2,5 km/km²). Ressalva-se que não é descartada a

possibilidade de inundações, pois o coeficiente de compacidade não é muito superior a 1

e o índice de circularidade é próximo de 1. De acordo com Müller (1953) e Schumm

(1956) quando o Ic for superior a 0,51 a bacia tende a ser mais circular, favorecendo os

processos de inundação.

Page 85: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

85

No Quadro 4 serão apresentados os resultados principais referentes as

características físicas da Microbacia do córrego Embauval.

Quadro 4. Resultados da fisiografia da Microbacia do córrego Embauval.

Características Físicas Unidades Resultados

Comprimento do Rio Principal Km 2,166

Comprimento Axial Km 2,08

Perímetro da Bacia Km 5,47

Área de Drenagem Km² 1,91

Coeficiente de Compacidade (Kc) - 1,10

Fator de Forma (Kf) - 0,44

Índice de Circularidade (Ic) - 0,81

Declividade Média da Bacia % 1,8

Ordem da Bacia - 2ª

Densidade de Drenagem (Dd) Km/Km² 1,30

Extensão Média do Escoamento Superficial Km 0,19

Altitude Máxima m 195

Altitude Nascente m 189

Altitude Mínima m 149

5.3.Diagnóstico Geral Da Microbacia Do Córrego Embauval Utilizando o VERAH

- Vegetação, Erosão, Resíduo, Água e Habitação

5.3.1. VEGETAÇÃO

A ocupação ao redor do córrego Embauval, além de provocar a problemática

da degradação da qualidade da água, com o lançamento dos efluentes domésticos,

suprime a vegetação que estava ao redor do manancial. A proteção dos mananciais visa

entre outros, garantir a qualidade e quantidade de água para a população humana e

animais. As matas ciliares funcionam como filtros naturais. De acordo com o Código

Florestal nº 12.727 de 17 de outubro de 2012 no artigo 3º, as áreas de preservação

permanente têm função ambiental de preservar os recursos hídricos, a biodiversidade,

Page 86: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

86

de manter a estabilidade geológica, o fluxo gênico de fauna e flora, de proteger o solo e

assegurar o bem-estar das populações humanas. Portanto, sua manutenção contribui

para garantir a vida de todos os seres, de forma integrada.

Por meio do processo de urbanização ocorrido pela ocupação desordenada,

espécies nativas foram desmatadas e substituídas por árvores frutíferas (mangueiras,

bananeiras, cajueiros, coqueiros) e espécies de vegetação secundária, como a conhecida

Mamona (Ricinus communis), descaracterizando a vegetação nativa própria da região

(Figura 27).

Figura 27. Espécies frutíferas e Mamonas.

Fonte. Thayana Mattos (ago/2014).

Na Figura 28, verifica-se que apesar de constatar residências ao redor do

córrego Embauval, estas não estão em toda a sua extensão. É possível visualizar na

Figura que ao redor do manancial superficial possui grande parcela de vegetação

arbórea e rasteira.

Page 87: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

87

Figura 28. Uso e Ocupação do solo da Microbacia do córrego Embauval.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

As áreas classificadas como de alta densidade populacional são constituídas

pelos condomínios residenciais instalados na região.

Existe um frigorífico em funcionamento inserido na Microbacia. Para o

tratamento dos efluentes do empreendimento são utilizadas lagoas de estabilização,

conforme localização demonstrada na Figura 28. As lagoas de estabilização encontram-

se em Área de Preservação Permanente, por estarem localizadas muito próximas do

córrego Embauval.

No estudo realizado por Lima (2001), das treze sub-bacias estudadas

pertencentes aos municípios de Cuiabá e Várzea Grande, a Microbacia do córrego

Embauval compôs o grupo daquelas que possuíam menor índice de urbanização,

naquela ocasião.

Por meio da Figura 28 é possível observar que apesar da Microbacia ter sido

considerada por Lima (2001) como de menor índice de urbanização naquela ocasião,

atualmente, em boa parte de sua área total a densidade populacional é classificada em

alta e média, resultando nestes locais em perdas da vegetação e, principalmente, das

Page 88: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

88

matas ciliares ao longo dos mananciais superficiais e consequentes perturbações e

alterações na qualidade desses corpos receptores.

O processo de uso e ocupação do solo da Microbacia do córrego Embauval tem

gerado impactos ambientais negativos, constituindo um passivo ambiental, fruto da

urbanização mal planejada, que inclui a degradação e/ou destruição de APPs de

nascentes e cursos d’água, poluição do solo e recursos hídricos, erosão das margens dos

córregos, disposição indevida de resíduos no meio ambiente e comprometimento da

qualidade habitacional.

Uma das diretrizes ambientais do Plano Diretor de Várzea Grande (LEI N.º

3.112/2007) é a criação do Parque Ambiental do córrego Embauval para evitar a maior

degradação ambiental, revitalizá-lo e resgatar o lazer para a comunidade. Essa medida

ainda não foi implantada, a sua implantação permitiria a preservação da qualidade do

meio ambiente.

5.3.2. EROSÃO

Grande parcela das margens do córrego Embauval quando não ocupada por

habitações possui vegetação rasteira, geralmente esta é formada por capim (Figura 29).

A vegetação rasteira possui raízes menores que a vegetação arbórea (presente

principalmente na confluência do córrego Embauval com o Rio Cuiabá). Devido a este

fator, a quantidade de água que infiltra no solo é menor, fazendo com que uma parcela

maior do volume de água escoe pelo solo erodindo-o em alguns locais, principalmente

naqueles em que a inclinação do terreno é maior.

Page 89: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

89

Figura 29. Erosão ao redor do córrego Embauval.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Na Microbacia, uma grande parcela das ruas não é pavimentada e estão em

locais íngremes. As laterais delas se encontram em processos erosivos, com ravinas e

sulcos (Figuras 30 e 31). Assim, os sedimentos provenientes destes processos erosivos

são carreados para os corpos d’ água.

Figura 30. Vista superior de Ravinas Figura 31. Vista superior de Sulcos

Fonte. Thayana Mattos (ago/2014).

Page 90: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

90

Nas áreas foi retirada a vegetação arbórea principalmente próxima ao

manancial, os processos erosivos existentes, ocasionam em alguns trechos assoreamento

e formação de meandros no córrego Embauval (Figura 32).

Figura 32. Formação de meandro no córrego Embauval.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

5.3.3. RESÍDUO

A retirada da vegetação da Microbacia, a canalização do córrego Embauval e a

impermeabilização do solo causada pela urbanização, impedem a água da chuva de

infiltrar no solo e de recarregar os mananciais subterrâneos, provocando

transbordamentos do córrego Embauval e enchentes. Tal situação é agravada quando

verificado o descarte do resíduo sólido doméstico (lixo) e também na prática de

acondicionar os resíduos da construção civil ao longo do córrego Embauval, bem como nos

terrenos baldios próximos ao corpo d’água.

A disposição de resíduos é presenciada por toda a Microbacia, terrenos baldios,

córregos em frentes as casas e condomínios.

Mesmo a prefeitura colocando placas proibindo a disposição inadequada de

lixo em locais impróprios, a população não se importa e desobedece a Lei nº 1.386/94

(Figura 33).

Page 91: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

91

No diagnóstico da Microbacia, foram encontrados especificamente, os resíduos

sólidos domésticos produzidos pelas residências e comércios locais, bem como foram

pontuadas as deposições de resíduos da construção civil na Área de Entorno do córrego

Embauval, como mostra a fotografia da Figura 34.

Figura 33. Disposição de lixo em terrenos baldios.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Figura 34. Resíduos sólidos dispostos inadequadamente na Microbacia do córrego Embauval.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Page 92: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

92

A disposição incorreta dos resíduos sólidos feita pela população não ocorre

apenas nos terrenos desocupados e baldios, ela está presente também no córrego

Embauval e em seu afluente, os quais poderão chegar ao Rio Cuiabá.

Os resíduos comumente encontrados são: plásticos (sacolas, pet), papelão,

restos de construção civil (cimento, tijolos), madeira (compensado), utensílios

domésticos (cadeira, bacias), podas de árvores, entre outros (Figuras 35 e 36).

Figura 35 e 36. Disposição inadequada de resíduos sólidos.

Fonte. Thayana Mattos (ago/2014).

A prática de dispor resíduos sólidos no meio ambiente foi presenciada não

apenas nesta Microbacia, mas em muitas outras localizadas no município de Várzea

Grande e Cuiabá, provocando sérios impactos ambientais, como a poluição das águas

subterrâneas e superficiais e do solo prejudicando a biota. Os resíduos acumulam água

propiciando o desenvolvimento de mosquitos transmissores da dengue, além de causar

poluição visual.

5.3.4. ÁGUA

Muitos moradores ribeirinhos são contra os condomínios residenciais que estão

instalados na proximidade, lançarem seus efluentes no córrego Embauval. Segundo os

referidos moradores, os efluentes provocam mau cheiro, devendo ter outro destino final.

As contestações dos moradores divergem do que eles mesmos fazem.

Page 93: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

93

As Figuras 37 e 38 mostram casas construídas ao redor do córrego Embauval, e

em boa parte delas, possui tubulações de águas residuárias voltadas para o córrego. É

importante ressalvar que os moradores não podem ser julgados por tal situação, pois

muitos não sabem que os efluentes provocam impactos ambientais e doenças e/ou não

têm condições financeiras de construir um sistema de tratamento para o efluente gerado

em sua residência.

Figura 37. Tubulações sob o córrego

Embauval.

Figura 38. Residências à margem do córrego

Embauval. Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Essa problemática é muito conhecida por todo o Brasil, onde grande parcela da

população não tem assistência à saúde de boa qualidade, saneamento básico

(abastecimento de água, drenagem e coleta e tratamento de esgoto) e infraestrutura em

geral. Diante desta situação muitos são obrigados a lançarem seus esgotos no meio

ambiente, pois não têm alternativa.

Na Tabela 10 e 11 são apresentados os resultados analíticos das amostragens

realizadas nos meses de maio, agosto, setembro, dezembro de 2013 e janeiro de 2014,

dos pontos Nascente (P5), Montante do Lançamento (P4) e Jusante do Lançamento (P3)

do córrego Embauval.

Page 94: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

94

Tabela 10. Resultados das variáveis físicas, químicas e biológicas dos pontos no

córrego Embauval nos mês de maio, agosto e setembro de 2013.

Variáveis Maio Agosto Setembro

P5 P4 P3 P5 P4 P3 P5 P4 P3

pH 7,10 7,29 7,20 6,76 7,29 7,48 7,42 7,53 7,27

Coliformes Totais

(NMP/100mL)

2,4x

10²

9,2x 10³ 8,4x 10³ 1,7x10² 4,6x10² 3,3x10² 2,2x 102 3,4x 102 1,5x 103

Coliformes

Termot.

(NMP/100mL)

3,3x

101

4,8x 10² 6,3x 10² 1,8x10¹ 3,7x10¹ 2,0x10¹ 1,1x10¹ 1,8x10¹ 2,7x10²

DBO5,20 mg/L) 17 21 23 15 20 24 10 12 20

DQO (mg/L) 43 48 51 47 52 74 30,5 36,3 52,3

Fósforo Total

(mg/L)

0,52 1,15 1,36 0,46 1,23 2,45 0,42 1,26 2,45

Oxigênio

Dissolvido (mg/L)

4,4

4,4

2,0

2,0

1,4

1,0

5,6

5,2

2,4

Nitrato (mg/L) 0,13 0,18 0,27 0,55 0,82 0,96 0,10 0,14 0,15

Nitrito (mg/L) 0,46 0,57 0,77 0,57 1,82 1,45 0,20 0,44 0,35

Nitrogênio

Amoniacal (mg/L)

1,37

2,0

2,20

1,57

2,51

2,62

1,09

1,66

2,04

NTK (mg/L) 3,40 3,20 4,33 3,40 4,90 5,50 3,20 3,87 5,30

Temperatura (ºC) 30,6 30,8 30,7 30,3 30,4 30,5 29,7 28,7 28,5

Turbidez (UNT) 50 77 79 36 42 41 110 30 34

Sólidos Totais

(mg/L)

210 414 330 296 296 246 372 134 132

Sólidos Fixos

(mg/L)

120 280 185 202 160 170 164 54 72

Sólidos Voláteis

(mg/L)

90 134 145 94 136 76 208 80 60

Sólidos Sediment.

(mL/L.H)

<0,1

<0,1

<0,1

<0,1

<0,1

<0,1

<0,1

<0,1

<0,1

Page 95: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

95

Tabela 11. Resultados das variáveis físicas, químicas e biológicas dos pontos no

córrego Embauval nos mês de outubro, dezembro de 2013 e janeiro de 2014.

Variáveis Outubro Dezembro Janeiro

P5 P4 P3 P5 P4 P3 P5 P4 P3

pH 7,45 6,92 7,13 6,71 6,95 6,27 7,09 6,97 7,09

Coliformes

Totais

(NMP/100mL)

3,3x 102

2,1x 103

3,7x 103

4,7 x10³

8,1 x10³

4,0 x10³

1,4 x10²

7,0 x10²

4,8 x10²

Coliformes

Termot.

(NMP/100mL)

1,8x10¹

1,1x10²

1,4x10²

1,2 x10²

1,8 x10²

2,1 x10²

1,8 x10¹

6,1 x10¹

2,0 x10¹

DBO5,20 mg/L) 21 31 28 13,5 15 28 16,5 17,5 21

DQO (mg/L) 45 73 71 26,8 27,7 42,2 28,6 36 29

Fósforo Total

(mg/L)

0,21 0,57 0,31 0,12 0,15 0,24 0,50 0,53 0,66

Oxigênio

Dissolvido

(mg/L)

6,0

6,0

4,6

6,4

6,4

6,2

5,5

5,8

5,6

Nitrato (mg/L) 0,18 0,92 0,36 0,10 0,09 0,11 0,37 0,40 0,46

Nitrito (mg/L) 0,16 0,95 1,20 0,44 0,45 0,63 1,13 1 0,97

Nitrogênio

Amoniacal

(mg/L)

0,09

1,75

2,59

2,8

2,9

4,8

1,27

1,68

4,87

NTK (mg/L) 0,26 2,80 3,46 5,0 4,2 6,7 3,0 3,15 6,78

Temperatura

(ºC)

29 30,1 30,5 27 26 25 27 26 27

Turbidez (UNT) 86 483 248 106 72 134 86,9 96 94,5

Sólidos Totais

(mg/L)

112 574 352 238 230 140 294 236 182

Sólidos Fixos

(mg/L)

72 406 284 148 144 112 142 166 28

Sólidos Voláteis

(mg/L)

40 168 68 90 86 28 152 70 154

Sólidos

Sediment.

(mL/L.H)

<0,1

18

4

<0,1

<0,1

<0,1

2

<0,1

6

Page 96: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

96

Em relação às concentrações de oxigênio dissolvido no meio aquático, verifica-

se que há um decaimento dos seus teores no sentido nascente-jusante e, observa-se que

os valores com exceção do mês de dezembro e janeiro, encontram-se pelo menos um

dos pontos com valor abaixo dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA nº

357, atingindo níveis de OD próximo a 1 e 2 mg/l no período de estiagem, o que

demonstra condições bastante restritivas à biota aquática.

O oxigênio dissolvido é utilizado pelos microrganismos para oxidar a matéria

orgânica presente na água (DBO5) (FIORUCCI e FILHO, 2005). Neste caso, a DBO5

apresenta concentrações crescentes no sentido nascente-jusante, e em todas as

amostragens as concentrações são acima de 5 mg/L (valor máximo permitido pela

Resolução). Assim, quanto maior o grau de poluição, menores são os níveis de

oxigênio.

Os teores de nutrientes apresentados na forma de NTK, Nitrato, Nitrito,

Nitrogênio Amoniacal e Fósforo Total revelam a poluição no manancial, que pode ser

provocada pelos despejos de esgotos domésticos e resíduos sólidos. Os valores dos

nutrientes foram menores na nascente, mas apenas o Nitrato apresentou concentração

em todos os pontos abaixo dos limites estabelecidos pela Resolução.

O fósforo obteve valores maiores que 0,1 mg/L em todos os locais, já o nitrito

apenas em três amostragens os resultados foram superiores a 1 mg/L e nitrogênio

amoniacal duas amostragens.

Em relação ao pH, o valor mínimo foi de 6,76 e o máximo de 7,53, sendo que

os limites, segundo a Resolução CONAMA, variam de 6 a 9 para rios de classe 2,

apresentando-se dentro dos padrões permitidos.

Quanto aos teores de Sólidos e Turbidez os valores não são muito baixos,

indicando que há uma forte alteração que pode ser atribuída às condições precárias no

processo de uso e ocupação que facilitam o carreamento de material em suspensão para

dentro do córrego, devido à supressão da vegetação de suas margens, associado aos

processos erosivos.

A temperatura da água variou entre 25 e 30,8 ºC, sendo que o menor valor foi

atingido no mês de dezembro, onde se registrou chuva.

Verificam-se baixas concentrações de Coliformes Totais e Termotolerantes.

Em todos os pontos amostrados os valores de Coliformes Termotolerantes estão dentro

do limite da Resolução CONAMA nº 357.

Page 97: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

97

A Tabela 12 apresenta as médias aritméticas obtidas dos resultados

demonstrados nas Tabelas 10 e 11. Para os Coliformes Totais e Coliformes

Termotolerantes foi utilizada média geométrica.

Tabela 12. Médias dos valores citados nas Tabelas 10 e 11.

Variáveis Média

Nascente - P5 Montante - P4 Jusante - P3

pH 7,00 7,06 6,87

Coliformes Totais

(NMP/100mL)

2,4 x 10² 1,6 x 10³ 3,8 x 10³

Coliforme Termotolerantes

(NMP/100mL)

1,7 x 10¹ 5,8 x 10² 1,1 x 10²

DBO5,20 (mg/L) 15,25 17,8 24,25

DQO (mg/L) 32,16 38,7 44,5

Fósforo Total (mg/L) 0,36 0,89 0,85

Oxigênio Dissolvido (mg/L) 5,46 5,48 4,76

Nitrato (mg/L) 0,24 0,33 0,50

Nitrito (mg/L) 0,64 0,80 0,85

Nitrogênio Amoniacal

(mg/L)

1,70 2,18 4,01

NTK (mg/L) 3,28 3,68 5,69

Temperatura (mg/L) 27,9 27,3 27,3

Turbidez (mg/L) 87,8 109 110

Sólidos Totais (mg/L) 404 273 196

Sólidos Fixos (mg/L) 215 178 106

Sólidos Voláteis (mg/L) 189 95 90

Sólidos Sedimentáveis

(mL/L.H)

0,73 1,6 2,4

Comparando a média obtida dos resultados da Nascente, Montante e Jusante,

as variáveis pH, Nitrato e Coliformes Termotolerantes estão de acordo com os limites

preconizados na Resolução CONAMA nº 357/2005.

A DBO5 e o Fósforo em todos os pontos analisados no córrego Embauval

obtiveram valores que ultrapassaram no período analisado, os respectivos limites: ≤ 5

mg/L e 0,1 mg/L estabelecidos na Resolução nº 357.

Page 98: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

98

Nitrogênio Amoniacal para pH ≤ 7,5 a concentração máxima permitida é de 3,7

mg/L. Na tabela 12, a média da Jusante apresentou valor de 4,01 mg/L, indicando

desconformidade com este nutriente.

A média da Turbidez no ponto Nascente atendeu o padrão de qualidade

exigido, mas nos outros dois pontos os números foram um pouco superiores aos

estipulados para águas doce de classe 2.

Os resultados de DQO, DBO e Oxigênio Dissolvido indicam grande

quantidade de matéria orgânica presente no manancial. No geral, o córrego Embauval,

não se enquadrada na Classe 2 de Água Doce. Algumas variáveis analisadas atendem a

Classe 2, outros a Classe 3 e outros apenas a Classe 4.

Os resultados de IQA obtidos nos três pontos monitorados demonstram que a

qualidade na Nascente, já se configura como uma qualidade ruim (Quadro 5), e isto

decorre da vulnerabilidade encontrada no uso e ocupação do solo, que se caracteriza

pela presença da retirada da vegetação, ocupação das áreas de APP e lançamentos de

esgotos sanitários no manancial.

Quadro 5. Avaliação da qualidade da água na Microbacia do córrego Embauval em

Várzea Grande.

Pontos Valor do

IQA

Avaliação da Qualidade

da Água

Parâmetro em

MT

Nascente 39,6 RUIM 26-50

Montante 35,4 RUIM 26-50

Jusante 31,9 RUIM 26-50

No local denominado neste estudo de Nascente, o córrego já se encontra

canalizado, e logo acima, passam ruas e avenidas e possui edificações (residências e

comércios) sobre ele. Neste local há ocupação por moradias ao redor do córrego

Embauval que lançam seus efluentes domésticos no manancial, mas o número destas

habitações é menor do que nos outros dois pontos, o que justifica os resultados serem

inferiores. À medida que se dirige à Jusante, a contribuição de esgoto aumenta de forma

a piorar a qualidade da água do corpo hídrico.

Page 99: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

99

5.3.5. HABITAÇÃO

Conforme levantamento em campo, a Microbacia se apresenta com

predominância de área residencial e comercial. O comércio se concentra principalmente

no bairro Centro, em que a economia comercial encontra-se representada por pequenos

comércios varejistas, como bares, mercados de secos e molhados, lojas de vestuário,

lojas de eletrodomésticos, entre outros etc.

A Microbacia do córrego Embauval possui os mesmos problemas

socioambientais encontrados em outras Microbacias do município de Várzea Grande e

Cuiabá. Em alguns trechos do córrego Embauval, possui residências construídas ao seu

redor. Os dejetos gerados nas residências, como dito anteriormente, são lançados no

manancial superficial sem tratamento, além disso, a vegetação nativa tem sido removida

para locar as casas. Quanto aos resíduos observou-se que há disposição destes em

terrenos baldios e beiras do córrego.

O desmatamento praticado pela população, com o objetivo de facilitar a

ocupação, aumenta o volume de escoamento superficial da água de chuva e água servida

oriundas das habitações já instaladas aumentando a energia de escoamento, provocando

erosão ao longo do leito do corpo hídrico. A canalização do córrego aliado a estes

fatores aumentam a susceptibilidade de inundação de algumas áreas. Conforme relatos

de alguns moradores no período chuvoso, o nível da água do córrego canalizado

aumenta de certa forma, que por vezes, invade algumas casas que se encontram às

margens do corpo hídrico.

O processo de ocupação faz com que a APP funcional deixe de existir,

descaracterizada, principalmente, pela ausência do solo hidromórfico úmido, pela baixa

qualidade da água, pelo reduzido índice de vegetação e pela descontrolada ocupação em

área protegida legalmente.

Próximo ao córrego, grande parte das casas são pertencentes às pessoas mais

humildes, de poder aquisitivo mais baixo (Figura 39). Observa-se que não são apenas as

pessoas humildes que constroem suas casas em lugares irregulares, conforme pode ser

visto na Figura 40, um prédio construído por cima do canal do córrego Embauval.

Page 100: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

100

Figura 39. Mosaico de imagens de residências ribeirinhas.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Figura 40. Prédio construído em cima do canal do córrego Embauval.

Fonte. Thayana Mattos (set/2013).

Para as faixas destinadas à APP faz-se necessário a remoção e posterior

reassentamento da população que habita, de forma imprópria, essas áreas. Os terrenos

próximos às margens do corpo d’água com histórico de inundação não devem ser

ocupados, mantendo, a vegetação e, nessas áreas propícias à inundação, haverá de ter

usos que resultem em taxas mínimas de ocupação.

A partir do ponto P5 – Nascente até abaixo do P3 – Jusante, é recomendado

fazer a revitalização, pela qual será possível a recuperação e posterior conservação, por

meio de implementação de ações integradas e permanentes, que promovam o uso

sustentável dos recursos naturais, a melhoria das condições socioambientais, o aumento

da quantidade e da qualidade da água para usos múltiplos.

Page 101: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

101

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de evolução urbana verificado na Microbacia do córrego Embauval

baseou-se em um modelo ilegal e informal, favorecendo a ocupação desordenada.

Assim, surgiram os impactos relacionados à supressão de vegetação das áreas verdes e

APPs, as quais se constituíram em áreas de ocupação irregular, resultando em condições

ambientais bastante restritivas.

Os coeficientes fisiográficos indicaram que em condições normais a

Microbacia não é susceptível a enchentes, não tendo tendências a inundações. Esse

aspecto físico foi alterado em decorrência da acelerada ocupação urbana de maneira

irregular, contribuindo com o aumento da vazão pluvial. Aliado a isto, a canalização do

córrego Embauval, a retirada da vegetação e a impermeabilização de algumas áreas

provocam conforme a intensidade das precipitações, inundações em porções mais

baixas.

Em geral, a Microbacia do córrego Embauval, encontra-se bastante impactada,

devido a falta de saneamento básico, ocupação das áreas de preservação permanente

principalmente por habitações, disposição de resíduos sólidos no meio ambiente e

lançamento de efluentes de indústrias, comércios, residências e condomínios

residenciais nos mananciais superficiais.

A ocupação desordenada resultou também, no aumento dos processos erosivos

das margens do córrego, na deterioração da qualidade da água. Promovendo a

degradação ambiental da Microbacia com consequente impacto na qualidade de vida da

população.

O Índice da Qualidade da Água do córrego Embauval nos três pontos

monitorados evidenciam que a qualidade da água é ruim, causada principalmente pelos

inúmeros lançamentos de esgotos sanitários ao longo de todo o trecho do manancial.

Os resultados das análises laboratoriais da água do córrego Embauval, como:

pH, coliformes termotolerantes e nitrato, atenderam em todas as amostragens os limites

exigidos pela Resolução CONAMA nº 357, para águas de classe 2. A turbidez, não

atendeu o valor máximo desta Resolução, nos períodos que houve precipitações. A

chuva neste caso foi fator limitante, pois carreou sedimentos, sólidos das superfícies da

Microbacia para o córrego Embauval.

Page 102: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

102

A DBO5, o fósforo e o oxigênio dissolvido, foram os que apresentaram os

piores resultados. A DBO5 e o fósforo, em todas as amostragens de todos os pontos

obtiveram resultados em desacordo com a legislação, já o oxigênio dissolvido obedeceu

ao preconizado na Nascente no mês de setembro e na Nascente e Montante do mês de

Outubro. Outras variáveis que não atenderam os padrões de qualidade em todas as

amostragens foram nitrito e nitrogênio amoniacal.

Conforme mencionado anteriormente, o estudo indica que o córrego Embauval

encontra-se bastante impactado, em consequência, das ações antrópicas presenciadas na

Microbacia.

Os resultados de DBO5, DQO, oxigênio dissolvido no córrego Embauval,

apresentaram piores na Jusante quando comparados com a Montante. Devido o

lançamento do esgoto do condomínio Residencial Terra Nova não ser realizado apenas

em um local, em virtude do problema com o emissário, é difícil confirmar, que as

características qualitativas do córrego agravaram em decorrência apenas do esgoto

tratado do condomínio, pois neste trecho, há lançamentos de esgotos sanitários in-

natura das casas construídas ao redor do canal. Mas verificou que neste trecho, em

geral, a concentração de nutrientes de matéria orgânica aumentaram.

De acordo com a literatura citada, o tratamento apenas do RAFA pode alcançar

eficiências quando bem operado de DQO e DBO5 em torno de 75% e 81%,

respectivamente. Na ETE do condomínio Residencial Terra Nova, a obtida por todo o

sistema no período analisado foi de 85% para DBO5 e DQO. Ao comparar estes valores,

a eficiência da ETE poderia ser maior, pois além do RAFA, existem as unidades

preliminares de tratamento e os filtros biológicos de aeração submersa.

É importante verificar não só apenas a eficiência global do sistema, mas as

concentrações do efluente tratado das variáveis analisadas. No estudo realizado por

Chernicharo (2000), o efluente tratado proveniente de reator RAFA seguido de Filtro

Filtro Biológico Aerado Submerso apresentou DBO5 inferior a 20 mg/L, já a média das

concentrações de DBO5 do efluente tratado do condomínio Residencial Terra Nova foi

de 76 mg/L. Resultado este muito superior ao do estudo.

Alguns problemas evidenciados na estação de tratamento de esgoto quanto à

operação, como na manutenção da estrutura física das unidades de tratamento devem ser

sanados, ressalvando que os resíduos sólidos provenientes da estação também devem ser

tratados e ter disposição final ambientalmente correta conforme legislação em vigor

Page 103: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

103

Levando em consideração a Resolução CONAMA nº 430/2011, no efluente

final, apenas os sólidos sedimentáveis não obedeceram ao limite máximo determinado

por ela. A média dos valores de pH encontra-se dentro da faixa de 6 a 9 estabelecida

pela legislação e a eficiência de remoção de DBO5 foi superior ao mínimo recomendado

de 60%.

Page 104: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

104

7. RECOMENDAÇÕES

No sistema de tratamento de efluentes, aconselha-se tomar algumas

providências, como:

- Fazer a manutenção periódica do sistema de aeração dos filtros, pois este não

está em bom funcionando, prejudicando o tratamento do esgoto;

- As águas provenientes das lavagens de roupas entre outras coisas, que estão

sendo encaminhadas para o canal pluvial devem ser tratadas, juntamente com o esgoto

sanitário encaminhado à ETE;

- Fazer a manutenção periódica do emissário do efluente final para o córrego

Embauval, pois este é constantemente obstruído pelos moradores e logo após a saída na

ETE, parte do efluente aflora da terra dirigindo-se para o afluente do córrego Embauval;

- Dispor o lodo seco do leito de secagem em locais adequados como aterro

sanitário ou fazer o seu tratamento para ser utilizado como adubo dos jardins do próprio

condomínio.

- Fazer a manutenção periódica das bombas, evitando que o sistema de

tratamento preliminar fique alagado.

Quanto a Microbacia, é recomendada a recuperação e revitalização da mesma.

Retirar os resíduos sólidos presentes nos terrenos baldios e no entorno do córrego

Embauval, fazer campanhas para a sensibilização da população mostrando os impactos

ambientais que podem ser evitados.

Dentro de uma visão integrada e holística, é possível obter ganhos que visem a

um planejamento sustentável, como: socioeconômico, ambiental, e tecnológicas, com

impactos positivos na melhoria da qualidade de vida da população. Após, é importante

fazer o monitoramento contínuo, proporcionando medidas preventivas das áreas de

proteção, promovendo uma fiscalização efetiva, que sensibilizem a comunidade quanto

aos danos ambientais e inúmeros prejuízos à qualidade de vida da população.

Page 105: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

105

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIKO, A. K. Introdução à gestão habitacional. São Paulo, EPUSP. Texto técnico da

Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil,

TT/PCC/12. 1995.

ABNT – Associação Brasileira De Normas Técnicas. Norma Brasileira. NBR 9648.

Estudo de concepção de sistemas de esgoto. Rio de Janeiro. 1986.

ALFONSIN, B. M.; FERNANDES, E. A lei e a ilegalidade na produção do espaço

urbano. Belo Horizonte, 2003.

ALMEIDA, R.A.; ALMEIDA, N.A.M. Remoção de coliformes do esgoto por meio de

espécies vegetais. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 7, n. 03, p. 308 – 318. 2005.

ANDREOLI, C.V. et al. Alternativas de uso de resíduos do saneamento. Rio de

Janeiro: Abes, 2006. 417 p.

AQUA AMBIENTE. Tratamento Água Ultravioleta. 2004. Disponível em:<

http://mariorebola.com/home/wp-content/uploads/2011/09/AquaAmbiente-Tratamento-

de-%C3%81guas-por-Ultravioleta.pdf>. Acesso: 23 de agosto de 2014.

ARCEIVALA, S. J. et al. Wastewater treatment and disposal. Marcel Dekker, New

York. (1991).

BACCARO, C. A. D. As unidades morfológicas e a erosão nos chapadões do

Município de Uberlândia, 1994.

BARCELLOS, C. H.; CARVALHO, A. R. P. Tratamento biológico de efluentes.

Disponível em:

<http://www.kurita.com.br/adm/download/Tratamento_Biologico_de_Efluentes.pdf>.

Acesso: 29 de julho 2014.

BARROS, A.M.; ADALBERTO, R.H., CARDOSO, O.R.F.A.; FREIRE, F.A.; SOUZA

JUNIOR J.J.; RIVETE M.; LUZ D.S.; PALMEIRA R.C.B.; TASSINARI C.C.G. Folha

Page 106: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

106

SD.21 Cuiabá, Projeto RADAMBRASIL. Levantamento de Recursos Naturais. Rio

de Janeiro, Ministério das Minas e Energia. v. 26, p.25-192. 1982.

BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ícone, 1990

BOLTON R. J. Calculation of ultraviolet fluence rate distributions in a annular reactor:

Significance of refraction and reflection. Water Research. v. 34, n. 13, p. 3315-3324,

2000.

BRAGA, B.; HESPANHOL, I.; Introdução à engenharia ambiental, 2 th ed., Prentice

Hall, 2003.

BRASIL. Agência Nacional de Águas - ANA. Portal da qualidade das águas. 2009a.

Disponível em: <http://pnqa.ana.gov.br/IndicadoresQA/IndiceQA.aspx#_ftnref10>.

Acesso em: 24 set. 2013.

BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL.

Programa de Integração Nacional. Folha SE.21 Corumbá e parte da Folha SE.20. V.27.

Rio de Janeiro, 1982. (452p.)

BRASIL. Resolução CONAMA n.° 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a

classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem

como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras

providências.

BRASIL. Resolução CONAMA n° 375 de 29 de agosto 2006. Define critérios e

procedimentos, para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de

tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, e dá outras providências.

BRASIL. Resolução CONAMA nº. 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as

condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº.

357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.

BRASIL. Lei Nº 12.651 de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação

nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de

1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de

Page 107: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

107

setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67,

de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.

BRAZ, C. H. C. Curso de tratamento de esgoto doméstico sanitário. Biosane

Serviços LTDA-ME. 2005.

CARLOS, A. F. A. A cidade. São Paulo: Contexto, 1992.

CARVALHO, D. F., SILVA, L. D. B. Bacia hidrográfica. Hidrologia. Cap. 3.

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 2006

CAVALCANTI, P. F.F., VAN HAANDEL, A., KATO, M. T., SPERLING, M. V.,

LUDUVICE, M. L, MONTEGGIA, L. O. Pós-tratamento de efluentes anaeróbios

por lagoas de polimento. FINEP/PROSAB. Rio de Janeiro. 2000.

CEHIDRO. Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Disponível em:

<http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=52&Ite

mid=97>. Acesso em 3 de set. de 2013.

Mato Grosso. Recursos Hídricos. Disponível em:

<http://www.mt.gov.br/editorias/meio-ambiente/cehidro-discute-criacao-de-mais-dois-

comites-de-bacia-no-estado/114695>. Acesso: 22 de outubro 2013.

CETESB – Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de

São Paulo. Cartilha institucional. Disponível em:

<http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/agua/aguas-

superficiais/aguasinteriores/variaveis/aguas/variaveis_quimicas/fosforo_total.pdf>.

Acesso em: 02 jul 2013.

CETESB – Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de

São Paulo. Demanda química de oxigênio. Disponível em:

<http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/agua/aguas-superficiais/aguas-

interiores/variaveis/aguas/variaveis_quimicas/demanda_quimica_de_oxigenio.pdf>.

Acesso em: 20 dez 2014.

Page 108: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

108

CHERNICHARO, C.A. Pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios.

Programa de Pesquisa em Saneamento Básico – PROSAB. FINEP/CNPq/Caixa

Econômica Federal. Rio de Janeiro, 2000.

CHERNICHARO, C. A. L.; VAN HAANDEL, A.C; CAVALCANTI P.F.F.

Tratamento de esgoto sanitário por processo anaeróbio e disposição controlada no

solo. ABES/FINEP/PROSAB, Rio de Janeiro, Brasil, 436 p. 1999.

CRUCIANI, D.F. Hidrologia. USP, ESALQ, Piracicaba, São Paulo, 1976.

DANIEL, L. A. Desinfecção de esgoto com radiação ultravioleta: fotorreativação e

obtenção de parâmetros cinéticos. 164p. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de

São Carlos, São Carlos/SP, 1993.

DANIEL, L. A. (Coord.). Processos de desinfecção e desinfetantes alternativos na

produção de água potável. Rio de Janeiro: RiMa, 2001.

DANIEL L. A; CAMPOS, J.R. Fundamentos e aspectos de projeto de sistemas de

desinfecção de esgoto sanitário com radiação ultravioleta. Revista DAE-SABESP, n.

163, p.5-11, 1992.

DI BERNARDO L. Métodos e técnicas de tratamento de água. In: Radiação

ultravioleta VII. Rio de Janeiro: ABES, 1993. p. 486-498. cap. 4, Desinfecção.

DICIONÁRIO. Dicionário On Line De Português. Disponível em: <

http://www.dicio.com.br/habitacao/>. Acesso: 15 de agosto de 2013.

ESPINOSA, L. M.; STEPHENSON, T. Grease biodegradation: is bioaugmentation

more effective than natural populations for start-up? Water Science and

Technology, v. 37, n 5-6, p. 303-308, 1996.

FAUSTINO, J. Planificación y gestión de manejo de cuencas. Turrialba: CATIE,

1996. 90p.

FIORUCCI, A. R.; FILHO, E. B. A importância do oxigênio dissolvido em

ecossistemas aquáticos. Química e Sociedade. 2005.

Page 109: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

109

FONSECA, A. do C. Geoquímica dos solos. In: GUERRA, A. J. T.; SILVA, A. S;

BOTELHO, R. G. M.. Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.

FUNASA – FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Manual de saneamento.

Ministério da Saúde. Brasília, 2004.

GASPAR, P.M.F. Pós-tratamento de efluente de reator UASB em sistema de lodo

ativado visando a remoção biológica do nitrogênio associada à remoção físico-

química do fósforo. Tese de D. Sc, USP, São Paulo, SP, Brasil, 2003.

GIORDANO, G. Tratamento e controle de efluentes industriais. Departamento de

Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente – UERJ. Disponível em:

http://72.29.69.19/~nead/disci/gesamb/doc/mod7/2.pdf. Acesso em: 12 jul. 2013.

GODOY, L. C. A logística na destinação final do lodo de esgoto. Faculdade de

Tecnologia de Americana. Americana/SP, v.2, n. 1, 2013

GONÇALVES, R. F. et al. Associação de um reator UASB e biofiltros aerados

submersos para tratamento de esgoto sanitário. In: Pós-tratamento de efluentes de

reatores anaeróbios. Coletânea de Trabalhos Técnicos – Volume 1. Vitória: PROSAB,

2000.

GONÇALVES, R. F.; SILVA, G. M. Níveis de tratamento de esgoto. Universidade

Federal do Espírito Santo. Programa de Pós- Graduação em Engenharia Ambiental.

Disponível em: <

https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=9&cad=rja&

uact=8&ved=0CFoQFjAI&url=http%3A%2F%2Fwww.ct.ufes.br%2Fppgea%2Ffiles%

2FArquivos28%2FSistema_de_esgotos_4_(n%25C3%25ADveis_de_tratamento).ppt&e

i=qQT3U77sKMf-yQSlyYLABw&usg=AFQjCNGUx-

cq6QMapvzAqkNOLL_2525YyA&sig2=lZuBw8B4pRBvS5eUgE-ZyA>. Acesso em:

21 de agosto de 2014.

GUEDES, R.C.M. Avaliação do método de educação ambiental VERAH. 107f.

Dissertação (Mestrado em Análise Geoambiental) - Centro de Pós-Graduação e

Pesquisa, Universidade Guarulhos. Guarulhos, 2002.

Page 110: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

110

HADAS, O.; CORRADINI, M. G.; PELEG, M. Statistical analysis of the fluctuating

counts of fecal bactéria in the water of lake Kinneret. Water Research, n.38, p. 78-

88, 2004.

ITACRETO, Disponível em: http://www.itacreto.com.br/index_arquivos/Page644.htm,

Acesso em: 10 jul. 2013.

JORDÃO, E.P. e PESSOA, C.A. Tratamento de esgotos domésticos. Associação

Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES, 3ª. ed. 1994.

JORDÃO, E. P. e PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. Rio de Janeiro:

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES, 3. ed. 1995.

KIELY, G. Environmental engineering, 1 Ed. Boston, McGraw-Hill International

Editions. 1998.

KUNERAK. Kit de sensibilização sobre o rio Kunene. Disponível

em:<http://www.kunenerak.org/pt/rio/hydrology/principles+of+hydrology/surface+wate

r/stream+order.aspx.> Acesso em: 31 de julho de 2014

KURITA. Soluções em Engenharia de Tratamento de Água. Etapas de um tratamento

de Efluente Disponível em:

<http://www.kurita.com.br/adm/download/Etapas_do_Tratamento_de_Efluentes.pdf.>

Acesso em: 31 julho 2014.

LAZARI, J. A. P. Hidrologia e drenagem – Hidrografia. OCH da Água. ST 306,

Campinas-SP, 2004. Centro Superior de Educação Tecnológica-Universidade Estadual

de Campinas, CESET-UNICAMP. Disponível em:

<http://www.ceset.unicamp.br/~joaquiml/ST%20306/hidrografia-bacia.doc>. Acesso

em: 30 ago. 2013.

LIMA, Eliana B. N. R. Modelagem integrada para gestão da qualidade da água na

bacia do rio Cuiabá. 2001. Tese (Doutorado em Ciências em Engenharia Civil) -

Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, COPPE, Rio de Janeiro, 2001.

Page 111: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

111

LIMA. W. P. Hidrologia florestal aplicada ao manejo de bacias hidrográficas.

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Departamento de Ciências

Florestais. Piracicaba-SP: USP, 2008.

LOBO, M. G. Avaliação da desinfecção de água por reator utilizando radiação

ultravioleta. Dissertação de pós-graduação apresentada à Universidade da Região de

Joinville. 2008

MÜLLER, V.C. A quantitative geomorphology study of drainage basin

characteristic in the Clinch Mountain Area. New York: Virginia and Tennesse. Dept.

of Geology. n. 3, p. 30, 1953.

MARCHETTO, M. Remoção de nutrientes de efluentes de reator anaeróbio

utilizando reatores microaerado e com aeração intermitente seguidos de flotação

por ar dissolvido. Escola de Engenharia de São Carlos, 2001.

MARCHETTO, M.; Gianotti, E. P.; Campos, J.R.; Pires, R. C.; Moraes, E. M. Estimate

of denitrifying microbiota in tertiary sewage treatment and kinetics of the

denitrification process using different sources of carbon- Braz. J.

Microbiol. vol.34 no.2 São Paulo Apr./June 2003. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-

83822003000200003

MARCHETTO, M.; Campos, J. R.; Reali, M. A. P. Remoção de fósforo de efluente de

reator anaeróbio em reator com aeração intermitente seguido por flotação por ar

dissolvido Engenharia Sanitária e Ambiental; 8(1/2):77-83, jan./jun.2003

MATO GROSSO. SEMA, Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Resolução

CEHIDRO n° 29, de 24 de setembro de 2009. Estabelece critérios técnicos referentes

à outorga para diluição de efluentes em corpos hídricos superficiais de domínio do

Estado de Mato Grosso. Diário Oficial do estado de Mato Grosso, Cuiabá, Publicada no

D.O.E. em 25 de ago. de 2009.

MATO GROSSO. Secretaria de Estado do Meio Ambiente-SEMA. Recursos Hídricos:

Enquadramento dos corpos d’água em classes. Publicado em 30/09/2010, com

atualização em 03/04/2012. Jornalista: JAKOBI, S. C. G. Disponível em:

<http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=49&I

temid=268>. Acesso: 10 de junho 2013.

Page 112: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

112

MATO GROSSO. Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA. Relatório

ambiental, 2006. Disponível em: <http://www.sema.mt.gov.br>. Acesso em: 10 junho

2013.

MAZIVIERO, G.T. Avaliação do potencial citotóxico, genotóxico e mutagênico de

lodo de esgoto por meio dos sistemas – teste allium cepa e tradescantia pallida.

2011. 106f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas). UNESP/Rio

Claro/SP/2011.

METCALF E EDDY. Wastewater engineering. 4ª Ed., New York: MacGraw-Hill,

2003.

MEURER, E. J. Fundamentos de química do solo. Porto Alegre: Gênesis, 2004.

MORAES F.T., JIMENEZ-RUEDA, J.R. 2005b. Fisiografia da região do planalto de

Poços de Caldas, MG/SP. Rev. bras. geociências. v.38 n.1 São Paulo mar. 2008

MOTA, S.; Preservação e conservação de recursos hídricos. 2 th ed., ABES:Rio de

Janeiro, 1995.

MÜLLER, V. C. A quantitative geomorphology study of drainage basin

characteristic in the Clinch Mountain Area. New York: Virginia and Tennesse. Dept.

of Geology. n. 3, p. 30, 1953.

NUCCI, N.L.R.; COSTA e SILVA, R.J.; ARAÚJO, J.L.B. Tratamento de esgotos

municipais por disposição no solo e sua aplicabilidade no Estado de São Paulo. São

Paulo: Fundação Prefeito Faria Lima - Centro de Estudos e Pesquisas de Administração

Municipal, 1978. 70p.

NUVOLARI, A. Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reuso agrícola.

Edgard Blucher: São Paulo, 2003.

OLIVEIRA, A. M. S.; ANDRADE, M. R. M.; SATO, S. E.; QUEIROZ, W.

Diagnóstico ambiental de microbacia urbana: Método VERAH. GUARULHOS:

Laboratório de Geoprocessamento, Universidade Guarulhos, 2008. 16p.

Page 113: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

113

PEDROZA, M.M. et al. Produção e tratamento de lodo de esgoto – uma revisão.

Revista Liberato. v.11, n.16, p. 89-188, jul/dez. 2010. Disponível em: Acesso em: 22

julho 2014.

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

- IBGE, 2008. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB.p

df>. Acesso em: 19 de agosto de 2013.

PHILIPPI, A. J.; ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. 1.

ed. Barueri: Manole, 2004. 1045p.

PIVELI, R. P. Tratamento de esgotos sanitários. Disponível em: <

http://www.ctec.ufal.br/professor/elca/APOSTILA%20-

%20TRATAMENTO%20DE%20ESGOTOS.pdf>. Acesso em: 15 de jun. 2013.

QASIM, S. R. Wastewater treatment plants: planning, desing and operation. New

York: Holt, Rinehart and Winston, 1985.

RESENDE, M.; CURI, N.; REZENDE, S. B. DE; CORRÊA, G. F. Pedologia: base

para distinção de ambientes. Viçosa: NEPUT, 304p. 1995.

RODRIGUES, R. Tipos de vegetação. Disponível em:

http://www.brasilescola.com/brasil/os-tipos-vegetacao.htm. Acesso em: 16 de set. 2014

RUSTEN, B. Wastewater treatament with aerated submerged biological filters.

Journal WPCF. 56(5):424 – 31. Maio 1984.

SAEP - Serviço de Água e Esgoto de Pirassununga. O que é esgoto? Disponível em:

<http://www.saep-

piras.com.br/Panasonic.php?modulo=segmentos&pagina=oqueeoesgotoflex> Acesso:

29 de julho 2014.

SALOMÃO, F. X. T.; FIGUEIREDO, D. M. Bacia do rio Cuiabá: uma abordagem

socioambiental. Cuiabá: Entrelinhas; EdUFMT, 2009.

SANT’ANA, T. D. C., OLIVEIRA, F. F., RUBIM, K. T., ZANDONADE, E.,

KELLER, R.; GONÇALVES, R. F. Desempenho de um reator UV simplificado com

Page 114: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

114

lâmpadas emersas na desinfecção de efluente de ETEs pequenas. IN: SEMINÁRIO

ESTADUAL SOBRE SANEAMENTO E MEIO AMBIENTE. Anais. Joinville, 2003.

SANTOS, A. B. F.; Avaliação ambiental da microbacia do córrego três barras

como subsídio para elaboração de um prognóstico na área de influência da avenida

parque em Cuiabá – MT. Programa de Pós Graduação em Engenharia de Edificações

e Ambiental. Universidade Federal de Mato Grosso. Cuiabá/MT. 2013.

SANTOS, M.O.R.M. O impacto da cobrança pelo uso da água no comportamento

do usuário. Tese de Doutorado em Ciências em Engenharia Civil, Universidade Federal

do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2002.

SCHUMM, S.A. Evolution of drainage systems and slopes in badlands of Perth

Amboy. Geological Society of America Bulletin, n. 67, p. 597-646, 1956.

SEITENFUS, N., ORTIGARA, A. R. C.; BENTO, A. P., SCARATTI, D., SEZERINO,

P. H. Biofiltro aerado submerso como alternativa de tratamento do efluente do

Núcleo biotecnológico da unoesc campus de Videira. Evidência, Joaçaba, v. 7, n. 1,

p. 25-36, jan./jun. 2007.

SIG CUIABÁ. Sistema de Informação Geográficas de Cuiabá, Várzea Grande e

Entorno. Volume 1. Ministério de Minas e Energia, Secretaria de Geologia, Mineração

e Transformação Mineral, Goiânia, CPRM, 2006.

SILVA, C. E. Tratamento de resíduos e impactos ambientais. Caracterização

qualitativa dos esgotos. Universidade Federal de Santa Maria-UFMG/CT/HDS.

Disponível em: <http://jararaca.ufsm.br/websites/ces/download/A1.pdf>. Acesso 10

agosto de 2013.

SILVA, K. O. A periferização causada pela desigual urbanização brasileira. Revista

Urutágua – Revista acadêmica multidisciplinar. Nº 11. Maringá. 2007

SILVA, S, S. Aplicação de radiação UV para desinfecção de efluentes da associação

de reator UABS e biofiltro aerado submerso. Dissertação apresentada à Escola de

Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. 2007.

Page 115: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

115

SILVEIRA, A. L. L. Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica. In: TUCCI, Carlos E. M.;

SILVEIRA, André L. L. et al. (Orgs.). Hidrologia: ciência e aplicação. 3. ed. Porto

Alegre: Editora da UFRGS/ABRH, 2004.

SOUSA, A. C. Avaliação do funcionamento de uma estação de tratamento de

esgoto doméstico e desenvolvimento de um novo método para determinação de

DQO usando espectrometria NIR e quimiometria. Tese de Doutorado em Química

Analítica pela Universidade Federal da Paraíba. 2007.

SPERLING, V. M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. In:

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgoto. 3a ed. Minas Gerais:

Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental – UFMG, v.1, 452 p, 2005.

SPERLING, V. M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. In

Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 3. ed. Belo Horizonte:

UFMG, 2006, 452p.

SPERLING, V. M. Princípios básicos do tratamento de esgotos - Princípios do

tratamento biológico de águas residuárias. Belo Horizonte, UFMG, 1996. v.2.

SPERLING, V. M., et al. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias.

In: Lodo de esgotos: tratamento e disposição final. 3. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2007.

484p.

SPERLING, V. M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. In:

Lodos ativados. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental – UFMG, 1997.

v.4. 4415 p.

SPERLING, V. M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. In:

Lagoas de Estabilização. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2006. 196p.

SPERLING, V. M.; NETO, C. O. A.; JÚNIOR, I. V.; FLORÊNCIO, L. Impacto dos

Nutrientes do Esgoto Lançado em Corpos de Água. 1. ed. Rio de Janeiro. 2009.

SPERLING, V. M.; CHERNICHARO, C. A. L. A comparison between wastewater

treatment processes in terms of compliance with effluent quality standards. In:

Page 116: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO …

116

ANAIS, XXVII CONGRESSO INTERAMERICANO DE INGENIERIA SANITARIA

Y AMBIENTAL, AIDIS, Porto Alegre, 3-8 Dezembro 2000.

TEODORO, V. L. I. ; TEXEIRA, D.; COSTA, D. J. L.; FULLER, B. B. O conceito de

bacia hidrográfica e a importância da caracterização morfométrica para o

entendimento da dinâmica ambiental local. Revista Uniara, n.20, 2007.

USEPA (United States Environmental Protection Agency). Watewater technology fact

sheet Ultraviolet disinfection. Washington DC., 1999.

VAN HAANDEL et al (2000). Pós-tratamento de efluente anaeróbio através de

sistemas wetlands constituídos. In: Pós- tratamento de efluentes de reatores

anaeróbios. Coletânea de Trabalhos Técnicos – Volume 1, Vitória: PROSAB.

VAN HAANDEL, A.C.; LETTINGA, G. Tratamento anaeróbio de esgotos: um

manual para regiões de clima quente. 1984.

VARZEA GRANDE. LEI N.º 3.112/2007. Institui o Plano Diretor do Município de

Várzea Grande e dá outras providências.

VERSIANI, B.M.. Desempenho de um reator UASB submetido a diferentes

condições operacionais tratando esgotos sanitários do campus da UFRJ.

Dissertação de pós-graduação de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

88f., 2005. Rio de Janeiro/RJ.

VIDA ANIMAL. Água. Disponível em:

http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/agua.htm. Acesso 02 de setembro de

2013.

VOLSCHAN JR, I.; J, E. P; VIANA, Z. P. Avaliação do comprometimento da

qualidade da água da bacia do rio Guandu (RJ) e a validade de aplicação do IQA.

Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental No. 22; V Feira Internacional

de Tecnologias de Saneamento Ambiental, Joinville, 14-19 set. 2003.

WOLKMER, M. F.; PIMMEL, F. N. Política nacional de recursos hídricos:

governança da água e cidadania ambiental. Florianópolis, n. 67, p. 165-198, dez.

2013.