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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Edvaldo da Cruz TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO - TCE Detração Penal: Um estudo focado na Administração do presídio de Itajaí. Administração Geral ITAJAÍ - SC 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Edvaldo da Cruz

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO - TCE

Detração Penal: Um estudo focado na

Administração do presídio de Itajaí.

Administração Geral

ITAJAÍ - SC

2010

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EDVALDO DA CRUZ

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

DETRAÇÃO PENAL: UM ESTUDO FOCADO

NA ADMINISTRAÇÃO DO PRESÍDIO DE ITAJAÍ-SC.

Trabalho desenvolvido para o Estágio Supervisionado do curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Gestão da Universidade do Vale do Itajaí.

ITAJAÍ – SC, 2010

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Será que Seres Divinos como somos

devem viver assim perdidos? A busca pelo equilíbrio pessoal e metas Divinas, faz com que situações doentias sejam enxergadas de maneira clara e as oportunidades apareçam para que as empresas mudem o ambiente de trabalho ou as pessoas encontrem outros locais com sintonias similares. Agradeço a todos que compreenderem cada palavra acima e aos seres que iluminam esta vida terrena.

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EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário

Edvaldo da Cruz

b) Área de Estágio

Administração Geral

c) Supervisor de Campo

Maurilio Antonio da Silva

d) Orientador de Estágio

Prof. Geraldo José Medeiros Junior

e) Responsável pelos Estágios em Administração

Prof. Eduardo Krieger da Silva, MSc

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

a) Razão Social

Administração do Presídio Regional de Itajaí-SC

b) Endereço

Rua Pedro José João, s/n°, Nossa Senhora das Graças – Itajaí – SC

c) Setor de desenvolvimento de estágio

Administração

d) Duração de estágio

240 horas

e) Nome e cargo do supervisor de campo

Maurilio Antonio da Silva

Gerente do Presídio

f) Carimbo e visto da empresa

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DECLARAÇÃO

A organização Presídio Regional de Itajaí-SC declara, para devido fins, que

o estagiário Edvaldo da Cruz, acadêmico do curso de Administração do Centro de

Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade do Vale do Itajaí, cumpriu com a carga

horária prevista para o período 01/08/09 a 01/07/2010, seguiu o cronograma de

trabalho estipulado no projeto de Estágio e respeitou todas as normas internas.

Itajaí, 01 de Julho de 2010.

___________________________

Maurilio Antonio da Silva

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RESUMO

O problema de superlotação prisional e o descaso público com investimentos em projetos vêm causando durante séculos inúmeras preocupações sociais. A sociedade anseia por projetos que possibilitem ressocializar os detentos para só assim não retornarem a cometer os delitos. Dessa forma, o presente estudo tem por fim diagnosticar as possibilidades de elaboração de projetos e a aceitação dos presos, para a Administração Prisional de Itajaí investir em atividades favoráveis. Para o levantamento dos dados usou-se dois instrumentos: Entrevista com o Gerente do Presídio; e o Questionário aplicado aos detentos. Com o apoio da pesquisa teórica realizada, dedicou-se no levantamento dos dados necessários para melhor caracterizar os presos. Por intermédio de uma pesquisa de campo, foi possível conhecer o perfil dos detentos, no sentido de buscar adaptação a alguma área de trabalho, que se encaixe com as experiências dos mesmos. Desse modo, os resultados coletados foram de extrema importância para a Administração do Presídio, para a sociedade de Itajaí e para seus respectivos líderes sociais. Concluindo, os resultados aqui registrados permitiu ao pesquisador caracterizar o potencial não explorado, conhecendo os limites que norteiam o presídio, bem como comprometer-se sinceramente a comunidade de Itajaí e Região, buscando iniciativas que impeçam maus gastos públicos e mostrar soluções para o dilema de ociosidade na qual vivem milhares de detentos pelo Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Detração Penal, Trabalho interno prisional, Ressocialização dos presos.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Indicadores para a coleta e análise de dados.........................................18

Figura 1 – Hierarquia das Necessidades de A. Maslow.............................................23

Figura 2 – Níveis estratégicos....................................................................................24

Quadro 3 – Setores de trabalho dos presos internados de Santa Catarina...............37

Quadro 4 – Segurança Prisional Estadual.................................................................38

Quadro 5 – Processos sociais...................................................................................45

Quadro 6 – Estrutura Complementar Prisional..........................................................47

Figura 3 – Organograma DEAP por autoridades regionais.......................................50

Quadro 7 – Princípios da política do DEAP...............................................................51

Figura 3 – Organograma DEAP por departamentos..................................................50

Gráfico 1 – Faixa etária.............................................................................................55

Gráfico 2 – Grau de escolaridade.............................................................................56

Gráfico 3 – Detração Penal.......................................................................................58

Gráfico 4 – Experiência com Trabalho interno..........................................................58

Gráfico 5 – Trabalho interno no Brasil.......................................................................59

Gráfico 6 – Trabalho interno no Presídio de Itajaí.....................................................59

Gráfico 7 – Expectativas para o novo presídio..........................................................60

Gráfico 8 – Necessidade profissional........................................................................60

Gráfico 9 – Aperfeiçoamento profissional em outra área..........................................61

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LISTA DE TABELAS

Tabela: 1 – População de presos brasileiros que exercem trabalho

internamente...............................................................................................................35

Tabela: 2 – Presos internados de Santa Catarina......................................................37

Tabela: 3 – Experiências profissionais dos detentos.................................................57

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

1.1 Problema de pesquisa/Justificativa .............................................................. 13

1.2 Objetivos do trabalho..................................................................................... 14

1.3 Aspectos metodológicos ............................................................................... 15

1.3.1 Caracterização do trabalho de estágio .......................................................... 15

1.3.2 Contexto e participantes da pesquisa ........................................................... 16

1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados ....................................... 17

1.3.4 Tratamento e análise dos dados ................................................................... 18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 21

2.1 Administração ................................................................................................ 21

2.2 Escolas da Administração ............................................................................. 22

2.3 Funções Administrativas ............................................................................... 25

2.3.1 Planejar............................................ ............................................................. 26

2.3.2 Organizar ....................................................................................................... 26

2.3.3 Liderar e dirigir .............................................................................................. 26

2.3.4 Controlar ........................................................................................................ 27

2.4 Administração Pública ................................................................................... 28

2.5 Administradores do séc. XXI ......................................................................... 29

2.6 O processo de humanização prisional ......................................................... 31

2.7 Prisões Brasileiras ......................................................................................... 33

2.7.1 Sistema Prisional de Santa Catarina ......................................................... 37

2.7.2 Detração Penal e trabalho interno ............................................................. 42

2.8 Incentivos ao trabalho ................................................................................... 43

3 PROGRAMAÇÃO DO TRABALHO E PROGRAMA .......................................... 48

3.1 Caracterização da Organização .................................................................... 48

3.1.1 Órgãos reguladores ...................................................................................... 49

3.1.2 Poder Federal ................................................................................................ 51

3.1.3 Funções do DEAP ......................................................................................... 52

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3.1.4 Expectativas da nova instalação prisional de Itajaí ....................................... 54

3.2 Resultado da pesquisa .................................................................................. 55

3.3 Sugestões ....................................................................................................... 63

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 69

APÊNDICES .......................................................................................................... 72

Apêndice A – Questionário ..................................................................................... 73

Apêndice B – Perfil dos Presos .............................................................................. 75

Apêndice C – Relatório da Pesquisa de campo ..................................................... 76

Apêndice D – Localização do novo Presídio .......................................................... 80

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS .................................................................. 81

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INTRODUÇÃO

A política de mundial privatização de presídios apresentou-se como solução

no controle da crise do sistema penitenciário na década de 80, de países como

Estados Unidos, Inglaterra, França, e demais países desenvolvidos, em um contexto

de explosão da população carcerária, com altos gastos e degradação das condições

de alojamento.

A dura realidade do sistema penitenciário brasileiro e seu desenvolvimento

extremamente lento nos fazem questionar o que realmente este sistema mal

estruturado acrescenta aos penitenciários. Os delitos não cessam com a detenção

dos infratores, as prisões e o tratamento dispensado aos detidos são de tal forma

degradante e desumana, que em vez de recuperá-los para o convívio social, o preso

acaba se tornando cada vez mais especialista em crimes. Não há triagens nas

penitenciárias, o que submete detidos por delitos leves ao convívio com criminosos

ferozes, como verdadeiras “universidades do crime”.

Um olhar da Sociedade sobre si mesma como grupo depende de um olhar

de cada ser humano sobre si mesmo como indivíduo e com a superlotação é muito

mais difícil humanizar os presídios. É impossível proporcionar educação e trabalho,

pois os espaços estão ocupados com presos, cada dia em números catastróficos.

Cadeia se tornou sinônimo de passa tempo e castigos onde o estado e a sociedade

nada ganham em troca, apenas investe cegamente o dinheiro para manter o preso

como um rato, com abrigo, comida e cama.

O sistema administrativo penitenciário através do código penal brasileiro

assegura ao preso disciplinado um trabalho digno e valioso dentro da penitenciária

em que desenvolva atividades que tragam retorno próprio e social.

O homem que vive em sociedade realiza não só atitudes físicas e mentais,

mas, sobretudo que significam a liberdade e os direitos que ele tem.

Deste modo o Trabalho de Conclusão de Estágio terá como tema

diagnosticar as possibilidades de elaboração de projetos e a aceitação dos presos,

para a Administração Prisional de Itajaí. O devido uso da detração penal (mais

conhecido popularmente como 3x1) onde o preso trabalha 3 dias e tem direito a 1

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dia de redução da sua pena. Medidas que reduzam o tempo ocioso do preso na

cadeia.

Deste modo por meio da identificação de fatores que permitam o melhor

estudo para o bom andamento administrativo.

O País dispõe, na estrutura federal, do Fundo Penitenciário, criado em

1994, cuja execução orçamentária tem sido comprometida, entre outras razões, pela

falta de projetos encaminhados pelos governos estaduais. Estamos cientes da falta

de investimento não só na construção de presídios, mas também na Administração

Prisional que exerce um trabalho muito significante ao desenvolvimento do país.

1.1 Problema de pesquisa/ justificativa

A visão de um presídio é de um local indigno e que os bandidos cumprem

pena por delitos cometidos a sociedade. A questão é que raramente vemos o

presídio como uma organização complexa, que envolve administração severa e

competente e um sistema gerencial que funcione tal como qualquer outra empresa,

o que prova isso é os setores que devem ser bem divididos, existe um sistema de

depósitos, cozinha, selas, lavanderia, limpeza, uma série de funcionários, etc.

Conforme Marconi & Lakatos (1999) a pergunta da pesquisa destina-se a

justificar de forma clara e direta o potencial questionamento sobre um programa ou

processo que apresente falhas. A Administração atual do Presídio Regional de Itajaí

enfrenta sérios problemas cotidianos como o da superlotação e dificuldade de

ressocializar os presos. Atualmente busca novas soluções devido à obra no novo

presídio em andamento, as expectativas atuais são boas, sendo financiado pelo

estado de Santa Catarina e por verba do Governo Federal e apoio municipal. Que

tipo de projetos podem ser desenvolvidos pela Administração Prisional de

Itajaí visando aproveitar o benefício da detração penal?

A importância do desenvolvimento desse projeto para a Universidade do

Vale do Itajaí explica-se pelo fato de não ser conhecido um trabalho do gênero e

também pela carência de trabalhos relacionados ao tema, sendo assim um

instrumento de estudo para demais acadêmicos pesquisarem.

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Para a organização – Presídio Regional de Itajaí – onde o trabalho será

realizado, terá uma relevante importância no sentido de contribuir para a

caracterização dos presos, sendo fator de análise para projetos futuros e

planejamentos para prevenir a reincidência.

Este trabalho será muito importante ao acadêmico, pois o mesmo tem

interesse na área e sempre busca conhecimento sobre temas preocupantes para a

administração, trazendo a oportunidade de fazer uso de suas habilidades adquiridas

em sala de aula podendo ser usada na prática.

Quanto à viabilidade de tempo por parte do estagiário, bem como os custos

e o acesso as informações necessárias demonstram que a concretização da

pesquisa é viável ao acadêmico, os custos para esse estudo serão mínimos e o

mesmo dispõe de tempo para o bom andamento do projeto.

1.2 Objetivos do trabalho

Os objetivos do trabalho denotam quais os resultados que se procura

alcançar. O objetivo geral representa “o que” o estudo almeja, e os objetivos

específicos representam “como” alcançar. Roesch (2009) cita que os objetivos

orientam a revisão da literatura e a metodologia do projeto.

Este trabalho tem por objetivo geral; Diagnosticar e identificar possibilidades

de novos projetos que possibilitem à Administração Prisional de Itajaí, o devido uso

da detração penal. Este estudo é total relevância, pois trata de informações

importantíssimas e que os órgãos públicos vigentes desconhecem e não fazem uso.

Neste contexto acredita-se que os presídios devem ser melhor estudados,

com planejamento e buscando novas formas de ressocialização do preso, para que

os delitos cometidos não sejam cometidos novamente.

Roesch (2007) aconselha que a partir dos objetivos do projeto para delinear

o tipo de método que será mais adequado.

Os objetivos específicos são:

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Identificar benefícios da Detração Penal

Avaliar estratégias de ressocialização prevenindo a reincidência;

Identificar formas de planejamentos para o novo presídio, medindo a

capacidade prisional de oferecer trabalho interno no presídio;

Levantar dados para mensurar a capacitação dos presos bem como o

interesse dos mesmos em atividades internas;

Questionar sobre o absenteísmo em programas já desenvolvidos e que

não obtiveram sucesso no Presídio.

1.3 Aspectos Metodológicos

Este item traz a metodologia referente ao projeto em estudo, a coleta de

dados relevantes ao andamento do trabalho, bem como a sua análise e também os

procedimentos adotados para a pesquisa.

De acordo com Richardson (1999) a metodologia são as regras

estabelecidas para o método científico como a necessidade de observar, formular

hipóteses e elaboração de instrumentos.

1.3.1 Caracterização do trabalho de estagio

Este trabalho tem um cunho exploratório, ou seja, Investigação mais ampla

com o objetivo de proporcionar visão geral quando o tema escolhido é pouco

explorado. Roesch (2007) afirma que o estágio é a chance de aprofundar

conhecimentos e habilidades na área de interesse do acadêmico. Deste modo

optou-se pela área de Administração Geral.

O trabalho seguirá a Tipologia de Pesquisa-diagnóstico, pois o objetivo é

diagnosticar as possibilidades de novos projetos para o Presídio Regional de Itajaí e

estudar a aceitação dos presos. A autora ainda afirma que a Pesquisa-diagnóstico

propõe-se definir e levantar problemas explorando o ambiente e a situação atual.

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Essa pesquisa permitirá ao acadêmico uma visão mais aérea da organização,

caracterizando os problemas em potencial de mudanças satisfatórias.

Desta forma o trabalho terá como base para a análise, dados obtidos

através da junção dos métodos qualitativos e quantitativos (estratégia de pesquisa

quali-quanti) a fim de realizar uma investigação mais afundo e verificar a realidade

que enfrentará esta proposição de plano que baseia o trabalho.

1.3.2 Contexto e participantes da pesquisa

O Trabalho será realizado no Presídio Regional de Itajaí e os participantes

da pesquisa são compreendidos em:

Presos detentos: 600

Gerente do Presídio: 01

Na pesquisa quantitativa far-se-á uso de questionário aplicado aos 600

presos (usou-se uma média mensal devido à modificação diária da população

estudada). Através do uso das fórmulas citadas por Barbetta (2007), definiu-se o

tamanho da amostra a ser pesquisada, sendo:

Sendo:

n = tamanho da amostra;

N = tamanho da população;

n0= N x n0 n= 600 x 204 = n= 122.400 n= 152

N x n0 600 + 204 804

n0= 1 n0= 1 n0= 1 n0= 204

(E)² (0,07)² 0,005

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E0 = erro amostral tolerável (7%);

n0 = primeira aproximação para o tamanho da amostra.

Definido o tamanho da amostra, será utilizada a obtenção de dados através

de 240 questionários. Os questionários foram aplicados constando questões

relativas ao potencial profissional inexplorado dos presos e seus interesses por

novas atividades. Não se fará uso de pré-teste devido à imprevisibilidade e

rotatividade prisional.

O universo ou população de pesquisa refere-se a um grupo de pessoas ou

empresas que se faz interessante pesquisar dentro dos objetivos propostos no

estudo. Nos casos onde a população de pesquisa é em número não condizente com

a capacidade operacional de realização do estudo, Roesch (2009) afirma ser

necessário extrair uma parcela desta população para investigar, sendo utilizado o

processo de amostragem, cujo objetivo é construir um subconjunto representativo da

população segundo os interesses da pesquisa.

A amostra foi extraída de maneira que cada membro da população tenha a

mesma chance estatística de ser incluído na amostra (amostra probabilística).

Segundo Marconi e Lacatos (2002) a pesquisa deve conter duas técnicas:

Observação e Entrevistas objetivas.

Na pesquisa Qualitativa fez uso de entrevista com o Gerente do Presídio com

perguntas semiestruturadas pelo acadêmico.

1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados

O objetivo fundamental de uma pesquisa é descobrir respostas para

problemas através do emprego de procedimentos científicos. Assim, pode-se definir

ciência social como um processo que, empregando uma metodologia científica,

permite a obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade social. De

acordo com Roesch (2009) a fonte de dados tem natureza primaria ou secundária. A

coleta de dados terá como fonte informações obtida através de aplicação de

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questionários, estes que serão estruturados e transcritos com perguntas abertas e

fechadas entregues diretamente aos pesquisados.

A entrevista obteve informações através de uma conversa de natureza

profissional. Segundo a autora, Trata-se de uma situação interativa entre pessoas,

em que uma delas formula questões e as outras respondem sendo os dados

registrados pelo pesquisador.

1.3.4 Tratamento e análise dos dados

Para que o trabalho de conclusão do curso se concretize é indispensável

analisar e organizar os dados de uma pesquisa, tendo em vista que a organização, o

tamanho da amostra e os objetivos não saiam do foco. O autor Gil (2007) ressalta

que a análise de dados tem como objetivo organizar os dados de uma forma que se

possibilite o fornecimento das respostas desejadas para a resolução do problema

em questão.

Através do controle e do tratamento adequado a análise possibilita ao

pesquisador interpretar os dados coletados da melhor forma possível. Os dados

quali-quanti obtidos serão armazenados, afim de uma elaboração do plano de

avaliações, identificando oportunidades e fatores limitadores. A ausência de

informação quanto aos detentos propõe ao acadêmico um estudo mais aprofundado

para identificar as variáveis que possam ser diagnosticadas.

O quadro abaixo apresenta potenciais indicadores para o estudo:

OBJETIVOS (CATEGORIA) INFORMAÇÕES FONTE DE COLETA

Benefícios da Detração Penal e

redução da superlotação do

presídio;

TODOS CONHECEM O TEMA?

ACHA IMPORTANTE?

É POSSÍVEL?

QUESTINÁRIO

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Ressocialização e reincidência

EXPECTATIVA PROFISSIONAL?

TRABALHO INTERNO?

INTERESSE EM ATIVIDADES?

QUESTIONÁRIO

Novo presídio, capacidade

prisional e trabalho interno

CARACTERÍSTICAS?

EXPECTATIVAS?

INTERESSE EM PROJETOS?

ENTREVISTA

QUESTIONÁRIO

Capacitação e interesse em

atividades internas;

EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS?

AREA DE INTERESSE?

QUESTIONÁRIO

Absenteísmo em programas já

desenvolvidos.

JÁ PARTICIPOU DE ALGUM

PROGRAMA DE TRABALHO

INTERNO?

GOSTARIA DE TRABALHAR?

QUESTIONÁRIO

ENTREVISTA

Quadro 1 – Indicadores para a coleta e análise de dados. FONTE: Elaborado pelo acadêmico (2009).

De acordo com a fórmula para cálculo de amostras probabilísticas, sendo que

a pesquisa, por se tratar de pesquisa social, tem 93% de margem de confiabilidade e

7% de margem de erro como sugere Barbeta (2007).

Os referidos participantes da amostra (152 presos) receberão um questionário

cada, o questionário será de responsabilidade do Gerente prisional, já que o

acadêmico não poderá aplicar pessoalmente devido a leis que regem o setor. O

questionário contem perguntas diretas seguindo o método de resposta fechada,

neste caso a melhor forma para se obter respostas onde o inquirido pode optar por

uma resposta que se aproxima mais da sua opinião. O conjunto de questões deve

ser muito bem organizado e conter uma forma lógica para o entrevistado, evitando o

uso de estrutura (ou formato) demasiado confusa e complexa, ou ainda questões

demasiado longas.

A interpretação da análise descritiva da pesquisa se fez por métodos

específicos por tabela e gráficos como orienta Marconi (1999). Os resultados do

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levantamento serão apresentados para o Diretor do Presídio em forma de feedback

para que ajude na interpretação dos dados e também na resolução do problema de

pesquisa, e auxiliará a análise final.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta uma pesquisa bibliográfica a fim de fundamentar

teoricamente o assunto em estudo. Richardson (1999) afirma que o referencial

teórico tem por objetivo apresentar os estudos sobre o tema ou problema, que já

foram realizados por outros autores.

Assim, para dar suporte teórico à pesquisa, este capítulo apresenta uma

revisão bibliográfica com assuntos fundamentais para garantir credibilidade e

veracidade ao trabalho, agregando-lhe caráter científico.

2.1 Administração

O crescimento econômico e a concentração da produção industrial em alta

escala, proporcionou a Frederick Taylor formular uma nova ciência; Administração

Científica. Segundo Roesch (2009, p 23) “A partir das recomendações de Taylor,

uma série de técnicas se tornou universal, como a descrição de cargos,

planejamento de fluxos de trabalho, o controle sistemático de estoque”. Seu trabalho

se junta ao de muitos que na mesma época enfocaram-se para desenvolver

princípios e técnicas eficientes.

A descoberta teve ênfase nas tarefas, e em principio o pensamento de

Taylor voltou-se para o ORT – Organização Racional do Trabalho, segundo Oliveira

(2006) fundamenta na análise e fragmentações das tarefas, estudo do tempo e

movimentos e na especialização funcional.

É importante ressaltar que desde que o homem começou a se organizar

numa rede social, as sociedades realizam atividades administrativas feitas muitas

vezes na prática sem a preocupação técnicas dos processos. A palavra

administração vem do latim ad (junto de) e ministratio ( prestação de serviço, ação

de prestar serviço ou ajuda).

Com base neste critério, o ilustre professor da U.S.P., Maximiano (2000)

conceitua Administração como processo de tomada de decisões e realizar ações

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integrando quatro processos: Planejar, organizar, executar e controlar. Alguns

estudiosos afirmam que a administração provém desde a queda do império romano,

entre os séc. V e XV, período este conhecido como idade média onde o sistema

feudal se fazia notável. Segundo Nogueira (2007) ocorria neste período a ruralização

da sociedade, o enriquecimento da hierarquia social, a "clericalização" e modificação

mental da sociedade. Neste período a organização era meta de muitas entidades,

elementos importantes que antecedem a administração, ex; exércitos feudais, igreja

católica, corporações de ofício, feudos e o comércio em si influenciaram o

surgimento do capitalismo.

Henry Ford foi o revolucionário na área industrial, teve uma relevante

contribuição ao desenvolver e aperfeiçoar o sistema de trabalho em linhas de

montagem. O Ford “bigode preto” fabricado em larga escala e a baixo custo permitiu

a popularização dos automóveis na época, afirma Oliveira (2006).

2.2 Escolas da Administração

O francês Henry Fayol, pioneiro da Administração Clássica é considerado

junto com Taylor, um dos fundadores da Administração, popularizou ao mundo as

principais funções: Planejar, organizar, coordenar e controlar. Podemos dividir os

pais da Administração sendo Fayol como organização de empresas, Ford como

organização de processos produtivos e Taylor como eficiência operacional.

Na Teoria Clássica da Administração, Max Weber, um sociólogo alemão se

destaca como criador da sociologia da burocracia na década de 40. Segundo o

conceito popular, a burocracia é visualizada geralmente como uma empresa,

repartição ou organização onde o papelório se multiplica e se avoluma, impedindo

as soluções rápidas e eficientes. O termo é empregado também com o sentido de

apego dos funcionários aos regulamentos e rotinas, causando ineficiência à

organização. O leigo passou a dar o nome de burocracia aos defeitos do sistema.

Entretanto para Max Weber a burocracia é exatamente o contrário, é a

organização eficiente por excelência e para conseguir esta eficiência, a burocracia

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precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas devem

acontecer.

A Teoria das Relações Humanas, desenvolvida a partir de 1940, buscou um

foco maior nas pessoas ou grupos sociais, efetivamente surgiu com a experiência de

Hawthorne, realizadas por Elton Mayo e sua equipe. Segundo Oliveira (2006) os

aspectos sociológicos, psicológicos e emocionais influenciaram os estudos, bem

mais que as técnicas. Motivação, liderança, comunicação e dinâmica em grupo

influenciaram o bom andamento do estudo.

A Teoria Estruturalista surgiu por volta de 1950 como um desdobramento

dos autores voltados para teoria burocrática. Chiavenato (1999) afirma que ela

surgiu preocupada em integrar todas as teorias. Conceituou a Administração como

um sistema aberto.

A Teoria Neoclássica resume-se pela organização formal, expondo

princípios gerais da administração bem como as funções do administrador.

A Teoria do Comportamento Organizacional caracteriza-se pela teoria das

decisões e integração dos objetivos individuais e organizacionais.

A Teoria da Contingência aborda análises ambientais, abordagem de

sistemas abertos e seu imperativo tecnológico. Muito estudada e polêmica, por sua

vez, descreve o Administrador como sendo responsável diretamente pelo ambiente

da empresa sempre em expansão.

Dentre as inúmeras teorias que surgiram e as que ainda surgirão, o conceito

de administração vem a cada década se expandindo de forma global. Algumas

ideias ficaram marcadas e ainda geram discussão entre profissionais e acadêmicos

das inúmeras escolas de Administração do planeta.

Um exemplo a citar é a pirâmide de Hierarquia das Necessidades Humanas,

criada por Abraham Maslow (1908-1970) que foi um psicólogo americano,

considerando o pai do humanismo na psicologia, o estudioso, trouce ao mundo a

ideia de que a vida do Homem é estimulada por níveis sociais, em que as

necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de

nível mais alto:

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Figura 1 – Hierarquia das Necessidades de A. Maslow. FONTE: Elaborado pelo acadêmico (2009).

Necessidades Fisiológicas: São relacionadas às necessidades do

organismo, e são a principal prioridade do ser humano. Entre elas estão respirar e

se alimentar. Sem estas necessidades supridas, as pessoas sentirão dor e

desconforto e ficarão doentes.

Necessidades de Segurança: Envolve a estabilidade básica que o ser

humano deseja ter. Por exemplo, segurança física (contra a violência), segurança de

recursos financeiros, segurança da família e de saúde.

Necessidades Sociais: Com as duas primeiras categorias supridas, passa-

se a ter necessidades relacionadas à atividade social, como amizades, aceitação

social, suporte familiar e amor.

Necessidades de Status e Estima: Todos gostam de ser respeitados e

bem vistos. Este é o passo seguinte na hierarquia de necessidades: ser reconhecido

como uma pessoa competente e respeitada. Em alguns casos leva a exageros como

arrogância e complexo de superioridade.

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Necessidade de Auto Realização: É uma necessidade instintiva do ser

humano. Todos gostam de sentir que estão fazendo o melhor com suas habilidades

e superando desafios. As pessoas neste nível de necessidades gostam de resolver

problemas, possuem um senso de moralidade e gostam de ajudar aos outros. Suprir

esta necessidade equivale a atingir o mais alto potencial da pessoa.

2.3 Funções Administrativas

Todo Administrador assume uma variedade de papeis para estabelecer

metas e alcançar objetivos. Como vimos anteriormente nas escolas da

administração cada uma delas define a Administração ao seu modo. Silva (2007)

cita que a Administração lida com pessoas que executam os trabalhos ou serviços

para os quais foram contratadas. Podendo o administrador ser subordinados ou não,

respeitando os Níveis Hierárquicos representados no quadro abaixo:

Figura 2 – Níveis estratégicos. FONTE: Elaborado pelo acadêmico (2009).

O nível estratégico compreende os altos executivos da organização,

responsáveis pela definição dos objetivos e planos da empresa, e tomada de

decisões quanto às questões de longo prazo da empresa, como: sua sobrevivência,

crescimento e eficácia geral (BATEMAN, 1998, p. 30).

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O planejamento, no nível tático, é utilizado para traduzir os objetivos gerais e

as estratégias da alta diretoria em objetivos e atividades mais específicos.

(BATEMAN, 1998).

Já no planejamento operacional, o processo é de uma menor amplitude,

onde o foco é trabalhar junto aos funcionários não administrativos, implementando

os planos específicos definidos no planejamento tático. (BATEMAN, 1998).

2.3.1 Planejar

Escolher ou estabelecer a missão organizacional bem como seu propósito e

objetivos para atingi-los. Silva (2007) cita que o planejamento é o processo

administrativo, e determina antecipadamente o que um grupo de pessoas deve fazer

e quais as metas que devem ser atingidas. Para Daft (2005) também consiste em

decidir tarefas e o uso dos recursos necessários para o sucesso.

2.3.2 Organizar

Antes de se esclarecer o que se deve entender por estrutura organizacional,

convém salientar que a palavra organização também é usada como sinônimo de

empresas e diz respeito também ao numero elevado de tipos ou modelos de

estruturas organizacionais existentes na literatura administrativa. Robbins (2003)

argumenta que organização é a função que abrange as tarefas que serão

realizadas, quem são os responsáveis pelas execuções, a maneira que serão

agrupadas e o potencial líder que decidirá por todos.

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2.3.3 Liderar e dirigir

Muitas vezes é o fator diferencial de uma empresa, pois está diretamente

ligada a motivação dos funcionários. Oliveira (2006) identifica oito papeis

relacionados à função de liderar: Proa, porta voz, negociador, treinador, formador de

equipe, membro de equipe, solucionador de problemas técnicos e empreendedor.

Já Robbins (2003) afirma que liderança abrange motivação, seleção do canal

comunicativo mais eficaz e solução de conflitos entre os membros.

2.3.4 Controlar

Geralmente as organizações delinear meios para que se tenha certeza de

que o desempenho planejado seja realmente atingido. Conforme Silva (2007) o

administrador completa seu trabalho por meio do controle. Neste ponto, Daft (2005)

descreve controle como sendo uma função monitora de atividades, que mantém a

organização no trilho em direção a suas metas.

O controle é um fator importantíssimo na empresa, tanto que completa o

ciclo administrativo, devendo fazer parte de qualquer tipo de organização, seja ela

simples ou mais complexa.

O papel de monitorar fixa bem a função de controle, porque o termo monitorar é freqüentemente usado como sinônimo de controlar. O papel de lidar com distúrbios é categorizado sob o controle porque envolve transformar uma situação inaceitável em uma condição aceitável e instável. (OLIVEIRA, 2006, p.149)

Estas habilidades proporcionam aos gestores o poder de planejar,

organizar, dirigir e controlar qualquer tipo de organização. Serve como uma receita

de bolo e que mesmo o passar acelerado do tempo e das inovações, não

conseguem apagar essas velhas lições.

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2.4 Administração Pública

Como as demais ciências, a Administração evolui conforme a mente

humana se desenvolve. Os métodos de questão têm sido estudados conforme a

sociedade expõe suas buscas por novos estudos, o pensamento capitalista

relativamente instável e o beneficio de toda a sociedade é obtido pelo desenvolver

de novas formas de organizar-se por meio de iniciativas empreendedoras. Segundo

Oliveira (2006) uma cultura demanda longo tempo para se formar. O profissional de

administração vem se mostrando totalmente capaz e flexível para discutir novas

formas de gestão e efetivar mudanças contemporâneas na Sociedade cada dia mais

contingente. Nesta perspectiva segundo Meirelles:

Em sentido formal, a Administração Pública, é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços do próprio Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. Numa visão global, a Administração Pública é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. (MEIRELLES, 1994, p.60).

O fato da área privada se desenvolver mais que o setor público, influencia a

busca de fontes alternativas de administração de verbas públicas. No cenário de

descaso político em que muitos municípios brasileiros vivem, faz-se necessário a

profissionalização dos gestores e servidores públicos, pois administrar bens que

refletem no seio social pode representar sérios problemas caso não haja o melhor

aproveitamento dos recursos e investimentos.

A Administração pública busca unir o profissional de administração

relativamente treinado para com uma gestão que aperfeiçoe lucros e traga

confiabilidade nos processos decisórios e processos de mudanças sociais. Segundo

Kotler (1997) as empresas norte-americanas foram às pioneiras na prestação de

contas ao público, e a França foi pioneira na obrigatoriedade da elaboração do

balanço social. Nota-se que esses países tidos como desenvolvidos, desenvolveram

inúmeras ciências envolvendo o relacionamento humano e deram a metodologia da

Administração Pública para responder as necessidades humanas de um Estado

competente.

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2.5 Administradores do séc. XXI

Os primeiros e isolados discursos em prol de uma mudança de mentalidade

empresarial no Brasil foram notados em meados da década de 60. Praticamente

toda a organização passa por um processo de reestruturação em qualquer ponto de

sua existência, no setor público esse processo é mais preocupante devido ao curto

tempo de por planos em prática, muitas vezes se apresenta de forma sazonal e

muitas vezes imprevisível e errático.

Segundo o renomado autor Cury (2005) as mudanças estruturais e filosóficas

são extremamente importantes para que a cultura e as formas de estudo se façam

notórias. Vale lembrar que necessitam de um controle para que a construção de

objetivos seja compreendida por todos os membros. Isso prova que o processo de

comunicação é muito relevante para uma gestão competente e justa.

As complexas relações recíprocas entre a tecnologia e fatores sociais e culturais podem ser vista em nítidos contornos nos problemas das áreas subdesenvolvidas, que agora procuram industrializar-se. (NETO, 1986, p.151).

A logística se apresenta atualmente tão grande e complexa que seriamos

audaciosos em afirmar que ela apenas se enquadra na área Administração, como na

medida em que os sistemas de informações gerenciais evoluem assim como

softwares ultramodernos a alcance da maioria das pessoas, nota-se que a

Administração se tornou amplamente moderna. Uma nova cultura exige gestores

públicos compatíveis ao tamanho de seu crescimento. O renomado autor Drucker

(2001) em seus estudos julga que a internet está em evolução acelerada,

significativamente expressa que o Administrador deve estar ciente das mudanças e

das inovações. Nota-se que Isso é um diferencial para com os demais profissionais,

pois alguns preferem ou assumem o comodismo a que mudar as técnicas e filosofias

profissionais.

Os novos modelos de gestão podem causar significativo impacto na cultura

dos funcionários, por exemplo, os empowerment (delegação de autoridade); onde os

valores psíquicos do funcionário possibilitam delegar responsabilidades com

autonomia para que possam desempenhar suas tarefas e resolver sozinhos os seus

eventuais problema, isso está modificando e trazendo uma forte cultura nas

organizações possibilitando o alcance das mudanças. Oliveira (2006) afirma que

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deve-se inovar ou morrer. Essa preocupação na atual cultura de competição global

reflete coincidentemente na vida profissional dos indivíduos.

Técnicas de groupthink (pensamento grupal) onde membros de um grupo se

encontram pessoalmente e interagem através de técnicas simples, que não exigem

tecnologia de ponta, fazem a diferença nos processos decisórios e facilitam o

feedback empresarial. Chiavenato (2004) julga que quanto mais as empresas se

tornam globais e complexas, mais se ressalta o fator humano.

Atualmente empresas modelos recorrem ao governo federal para ajuda

financeira e pacotes de apoio para não atestarem falência. Questionar o porquê de

um lado do mundo pessoas ainda morrem de fome, e do outro lado milhares de

veículos são produzidos por hora é um dos questionamentos que um gestor público

deve afrontar. As ditas empresas verdes se tornaram a inovação mais notável no

séc. XXI, e isso é uma importante mudança cultural de consumo, merece muito

apoio diante da escassez de recursos naturais que presenciamos.

O surgimento de ONGs na sociedade é um fator chave para o

desenvolvimento da humanidade, muitas servem de exemplo de gestão e possuem

profissionais muito responsáveis e competentes. Também cabe ressaltar que nessa

evolução e mudança comportamental social, o administrador tem de estar preparado

para administrar empresas de capital aberto e não apenas de capital fechado como

antigamente. A bolsa de valores proporcionou uma mudança importantíssima na

cultura, as informações aos investidores são comuns nos sites das organizações.

Isso beneficia a sociedade, pois traz transparência ao mercado. Cabe imaginarmos

que num futuro não muito distante a “relação com investidores” seja possível na área

pública por parte dos poderes legislativos do nosso país. Karl Heinrich Marx na

década de 70 alertava o mundo para os possíveis problemas sociais;

O que fazer com os desempregados? Enquando se avoluma cada ano o número deles, não há ninguém para responder a essa pergunta; e quase podemos prever o momento em que os desempregados perderão a paciência e encarregar-se-ão de decidir seu destino, com suas próprias forças (MARX, 1971, p.29).

A forma de ver os empregados mudou, notamos que ao passar do tempo o

modelo fordista de comandar foi ficando cada vez mais empoeirado nas estantes de

livros antigos. Observamos também que a população vem buscando de seus lideres

mais transparência e ética. A “era dos microchips e dos leitores de código de barra”

e os diversos programas de gerenciamento evidenciam que as pessoas estão

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ficando rápidas de mais para modelos tradicionais de liderança e filosofias

organizacionais antigas.

2.6 O processo de humanização prisional

Desde os tempos mais remotos da humanidade, o que encontramos na nossa

trajetória histórica são grupos humanos, e não indivíduos isolados e, dentro desses

grupos, desde logo, regras de comportamento social. A vigência das regras

resultava do hábito e a sua obrigatoriedade estava assentada no temor religioso ou

mágico. Nessas formas primárias de comunidade, por óbvio, não existia um órgão

que exercesse a autoridade coletiva. Os grupos sociais se formavam e se regravam

com total ausência do Estado.

Foi no período iluminista que ocorreu o marco inicial para uma mudança de

mentalidade no que dizia respeito à pena criminal. Surgiram, na época, intelectuais

que marcariam a história da humanização das penas: Cesare Beccaria, em sua obra

intitulada “Dos Delitos e das Penas”, publicada em 1764; John Howard, que

escreveu a obra “O Estado das Prisões na Inglaterra e País de Gales”; o pensador

inglês Jeremias Bentham, idealizador do pensamento utilitarista, autor do “Tratado

das Penas e das Recompensas” (1791); Samuel Puffendorf, professor de Filosofia

do Direito na Alemanha; entre outros.

Nesta época, com a influência desses pensadores, com destaque especial

para Beccaria, começou a ecoar a voz da indignação com relação às penas

desumanas que estavam sendo aplicadas sob a falsa bandeira da legalidade.

No século XVIII, o filósofo inglês, Jeremy Bentham, deu visibilidade a um

projeto que marcaria a sociedade moderna: o Panóptico. Era um projeto

arquitetônico de vigilância total, baseado na inspeção. Dois edifícios circulares

concêntricos faziam parte da construção. No edifício exterior, ficariam as celas dos

internos. Estas celas que Segundo o filósofo Foucault (1999) são separadas entre si

e os prisioneiros, dessa forma, impedidos de qualquer comunicação, sendo que a

construção era aberta para a constante vigilância, sem que os presos dessem conta

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disso. Supomos então, uma espécie de olho invisível – à noite, com as luzes

projetadas nas celas, quem estava na torre se perdia na escuridão; e, durante o dia,

o sistema de biombos e persianas não permitia que os detentos percebessem os

vigias.

Este projeto serviu de estudo em um contexto de exercício do utilitarismo em

décadas posteriores. O sistema utilitário ideal, que coloca homens e mulheres a

serviço pleno do Estado, e sobre vigília 24 horas.

No século XX, as análises de Foucault sobre o Panóptico de Bentham

tornaram-se, desde o livro Vigiar e Punir, um paradigma dos sistemas sociais de

controle e vigilância total. O panoptismo, então, começou a ser entendido enquanto

instrumento de controle de um sistema que não absorve todas as pessoas. Existem

aquelas que escapam aos ideais de utilidade e são consideradas não-empregáveis.

A estas pessoas restam à tentativa de disciplinamento do corpo para o trabalho ou o

confinamento, puro e simples, para mantê-las fora do contato público.

Este disciplinamento individual caracteriza, então, o principal traço da

sociedade moderna, o que Foucault chamou de sociedade disciplinar. Foucault

propõe observar o Panóptico como um “local privilegiado para tornar possível a

experiência com homens e para analisar com toda certeza as transformações que se

pode obter neles um laboratório de poder que é exercido sobre e no corpo,

sujeitando-o, transformando-o, dobrando seu interior, docilizando sua alma.

A arquitetura da prisão, da escola, do hospital, do manicômio repousa suas

histórias nesses princípios. São efeitos ou são os princípios da sujeição. São

estruturas que dão suporte para a existência de determinados tipos de sujeitos ou

traços de subjetividades.

Podemos afirmar que o fracasso maior do sistema prisional antigo seja a ideia

de que a pena de morte signifique medo aos delinquentes sociais. Conclui-se desta

forma que na atualidade, o estado ainda busca meios de amedrontar os presos,

como exemplo disso, os países com maior capital, que podem investir em incentivos

de recuperação e projetos onde os detentos exerçam atividades que os possibilite

retornar a sociedade, sem sentir-se excluídos do selo social, mas o estado não

incentiva e não vê lucro.

Porém de uma forma muito positiva, mecanismo de trabalho interno privado,

vem proporcionando a milhões de presos uma segunda chance de se redimir diante

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dos erros cometidos. Cabe ao estado solucionar os problemas mais típicos: a

inoperabilidade dos presídios, a superlotação, e o fato de haver poucos presídios.

O Célebre ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, que ficou preso

por 25 anos e dizia que ninguém conhece verdadeiramente uma Nação até que

tenha estado dentro de suas prisões. Uma Nação não deve ser julgada pelo modo

como trata seus cidadãos mais elevados, mas sim, pelo modo como trata seus

cidadãos mais baixos.

2.7 Prisões Brasileiras

Foi em 1769 que a Carta Régia do Brasil determinou a construção da primeira

prisão brasileira, a Casa de Correção do Rio de Janeiro. Só alguns anos depois, a

Constituição de 1824 determinou que as cadeias tivessem os réus separados por

tipo de crime e penas e que se adaptassem as cadeias para que os detentos

pudessem trabalhar. No início do século 19 começou a surgir um problema que hoje

conhecemos muito bem nas cadeias: a superlotação, quando a Cadeia da Relação,

no Rio de Janeiro, já tinha um número muito maior de presos do que o de vagas.

Que o Brasil não é um exemplo de pais tratando-se de penitenciárias, isso

todo cidadão sabe. Nos pátios, sem nada para fazer os detentos, andam de um lado

para o outro durante horas. Alguns fumam, outros falam ao celular. As celas são

espaços pequenos onde fios descascados e goteiras são comuns porque a

manutenção é raríssima. A “cama” em geral é feita de cimento e um colchão de

cerca de cinco centímetros de espessura é colocado sobre ela.

A Lei de Execuções Penais prevê (artigo 88) que os prisioneiros sejam

mantidos em celas individuais de pelo menos seis metros quadrados. Mas como já

se viu aqui, em cadeias superlotadas isso não é cumprido em cadeia nenhuma do

Brasil. Problemas administrativos são comuns em algumas penitenciárias onde os

seus eventuais diretores (gerentes) às vezes são pressionados a sair de sua gestão

devido a fatores políticos.

Após alguns estudos focado na área Penal. O autor Alves (2003) caracteriza

que as unidades prisionais brasileiras são divididas em: Casa de Detenção, Custódia

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e Tratamento, Centro de Readaptação, Hospital de Custódia e Tratamento, Hospital

Penitenciário e Penitenciárias Compactas. Atualmente as principais detenções são

definidas como Centro de Detenção Provisória, Centro de Ressocialização e Colônia

Agrícola Industrial, além das prisões de segurança máxima.

A expressão “prisão provisória” abrange toda e qualquer prisão decretada

pelo Juiz Criminal, antecedendo o trânsito em julgado da sentença condenatória. A

função da mesma é proporcionar o máximo de segurança a população enquanto as

leis tramitam para que o penalizado possa pagar pelos delitos cometidos.

Conforme dados do Ministério da Justiça, o número de presos no Brasil

cresceu, entre 2000 e 2007, 81,53%, saltando de 232.755 internos para 422.590, Há

penitenciárias no Brasil onde os governos não oferecem sequer uniformes, embora

por lei o detento tenha direito a vestuário. Presos doentes com problemas na pele

(comum nos presídios pela falta de higiene) ou com doenças contagiosas convivem

no mesmo espaço. Nos Hospitais do Sistema Penitenciário nem sempre há vagas

suficientes para atender a todos e os casos de mais gravidade são priorizados.

Hospitais onde na maioria dos casos faltam remédios básicos, médicos e

enfermeiros.

Em algumas cadeias públicas e penitenciárias, os detentos passam o tempo

jogando futebol, onde deveriam também estar desenvolvendo outras atividades,

como tendo aulas de aprendizagem, já que boa parcela mal possui ensino

fundamental. Alguns presídios têm uma “sala de ginástica”, improvisada pelos

próprios detentos. Garrafas de água de cinco litros, cheias, amarradas em pedaços

de madeira (uma em cada ponta) servem para exercícios de levantamento de peso,

por exemplo. A maioria absoluta é formada por pessoas pobres, da classe baixa.

Um grande problema dentro das cadeias masculinas é o abuso sexual. Como

não há separação de tipos de criminosos nem do tempo de pena convivem juntos os

que praticaram crimes graves e com longas condenações e os “iniciantes” com

condenações menores. Obviamente, isto acaba se tornando um problema, dentro

dos presídios que a grande maioria dos delinqüentes aprimora sua “carreira

criminal”. Nos presídios femininos a situação não é muito diferente. Há um pouco

mais de organização e decoração do ambiente.

Há presídios de segurança máxima em quase todos os estados brasileiros e

se diferenciam dos “comuns” por ter maior vigilância, alguns com guardas,

cachorros, câmeras. Em 1890, o Código Penal já previa que presos com bom

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comportamento, após cumprirem parte da pena poderiam ser transferidos para

presídios agrícolas, o que é lei até hoje, mas também abrange uma parte ínfima dos

presos porque são poucos os presídios deste tipo no país.

Outra modalidade é o detento menor de idade, Segundo a Secretaria

Nacional dos Direitos Humanos, havia no Brasil, em 2007, 37.448 jovens cumprindo

medidas sócio-educativas, sendo que 10.451 cumpriam em regime fechado, ou seja,

em unidades para menores, privados de liberdade. Em 1996, dez anos antes, este

número era de 4.245 menores internos. A maioria dos internos estava lá por terem

cometido homicídio, latrocínio e assalto à mão armada. De acordo com o Centro

Educacional do Adolescente, da Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança

e do Adolescente, a reincidência é de 50% no país.

Segundo dados de 2007 da PFDC - Procuradoria Federal dos Direitos do

Cidadão, a população carcerária do Brasil era de 419,5 mil pessoas. As mulheres

somam 25,9 mil. Em 2008, 23,1 mil mulheres integraram o sistema penitenciário

nacional. O total de detentos foi de 401,2 mil. Estima que o custo de cada menor ao

Estado fosse de R$ 2.000,00 mil por mês. Estes dados alarmantes sensibilizaram

inúmeros estudiosos e pesquisadores na área, Gomes (1999) salienta que há de

destacar que os presos brasileiros não são separados por idades, infração, condição

processual, prova que a falência ou fracasso na pena precisam de medidas

alternativas. Esse fator compromete a caracterização e melhor controle do preso.

A situação atual sugere urgentemente mudanças emergenciais na

administração penitenciária brasileira, o futuro incerto das medidas tomadas pelos

encarregados públicos faz questionarmos o quanto evoluímos em algumas áreas e

em algumas ainda estamos em pendência.

Para compreendermos melhor as diretrizes criminosas probabilísticas do

Brasil, devemos fazer uso da estatística criminal. Para estudar melhor a situação

prisional brasileira, necessitamos das noções básicas para estatísticas, só assim

podemos revelar os focos criminógenos, os locais de maior risco criminal e

populações tendentes ao crime, isso com certeza é uma ferramenta importante para

a administração pública. Segundo Junior (1993) o objetivo da estatística criminal é

estudar conjuntos para tirar parâmetros que possibilitarão decisões e soluções para

questões relacionadas com o crime e a criminalidade e assim otimizar a

administração prisional.

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Infelizmente o Brasil investe muito pouco em pesquisa na área prisional.

Examinemos o caso de um país onde há mais pesquisa sobre o assunto, segundo a

SSP- Secretaria de Segurança Pública, os Estados Unidos possuem uma grande

população de presidiários - quase 2 milhões.

O país gasta cerca de US$ 50 bilhões por ano nesse campo. Cada preso,

custa ao Estado US$ 25 mil anuais, em média, isso representa R$ 4.116,66 gastos

mensalmente por cada preso, claro que esse número não supera o investimento na

a educação pública, ao contrário do Brasil que um preso custa mais que um

estudante público, por exemplo, um preso em Sergipe custa mensalmente R$

1.581,80 que o contribuinte paga para manter encarcerada uma única pessoa. Um

único aluno na escola pública, no entanto, custa apenas R$ 173,56. Segundo o

FNDE- Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, os repasses para as

escolas com baixo desempenho em 2007 vão de R$ 15 mil (escolas com até 99

alunos) a R$ 75 mil (mais de 3.999 estudantes).

Observa-se que há certas dificuldades para prevenção e incentivo a

educação, e isso é um fator relevante para que punições futuras não sejam

necessárias. Julião (2003), renomado pesquisador e com vasta experiência na área

prisional ressalta que nada menos que 76% dos presos estão ociosos nas cadeias

do país. Usaremos aqui alguns números de seu estudo para destacar os estados

brasileiros e seus respectivos trabalhadores:

Tabela 1 – População de presos brasileiros que exercem trabalho interno.

Estado N° de presos N° de presos que trabalham %

Acre 3.036 627 20,65

Alagoas 2.168 704 32,47

Amapá 1.925 501 26,02

Amazonas 3.507 689 19,64

Bahia 8.425 3.395 40,29

Ceará 12.676 348 2,74

Distrito Federal 7.712 2.004 25,98

Espírito Santo 6.244 917 14,68

Goiás 9.109 2.013 22,09

Maranhão 3.378 996 29,48

Mato Grosso 10.342 2.375 22,96

Mato Grosso do Sul 10.045 2.845 28,32

Minas Gerais 22.947 3.939 17,16

Pará 7.825 Não informado Não informado

Paraíba 8.633 1.511 17,50

Paraná 21.747 2.964 13,62

Pernambuco 18.888 1.707 9,03

Piauí 2.244 922 41,08

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37

Rio de Janeiro 22.606 1.649 7,29

Rio Grande do Norte 3.366 581 17,26

Rio Grande do Sul 26.683 11.063 41,46

Rondônia 5.805 2.563 44,15

Roraima 1.435 414 28,85

Santa Catarina 11.943 6.944 58,14

São Paulo 145.096 40.939 28,21

Sergipe 2.242 448 19,98

Tocantins 1.638 397 24,23

FONTE: DEPEN - Departamento Penitenciário Nacional. Dados de setembro de 2009.

No quadro acima, podemos afirmar que em algumas regiões mais

industrializadas e mais populosas (sul, sudeste e centro oeste) o percentual de

presos ociosos é pouco se comparado à região nordeste onde a população de

presos exercendo alguma atividade é menor. Os estados nacionais que mais se

destacam são SC, SP, MG, RS e os que exigem uma reforma mais alternativa são

RJ, PB e CE.

Para a Dra. Regina Célia Pedroso, professora da USP e da Mackenzie e para

o prof. Carlos Gil do programa de Mestrado da Universidade Municipal de São

Caetano do Sul- SP, em entrevista cedida a Revista Brasileira de Administração

(2009) a gestão penitenciária apresenta um desenvolvimento separado dos cursos e

das carreiras ligadas à profissão de Administrador, e os próprios Administradores

precisam ser envolvidos mais enfaticamente na questão.

Práticas modernas de administração de presídios e as parcerias público-

privadas (PPPs) são alternativas capazes de minorar esse problema secular em

nosso país.

2.7.1 Sistema Prisional de Santa Catarina

Segundo o site do DEAP- Departamento de Administração Prisional de Santa

Catarina existia no estado 12.602 detentos. Abaixo podemos visualizar a população

de presos divididos por sexos correspondentes:

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Tabela: 2 – Presos internados de Santa Catarina.

SEXO AMOSTRA

FEMININO 935

MASCULINO 11667

TOTAL 12.602

FONTE: Estatísticas DEAP- Departamento de Administração Prisional de Santa Catarina. Dados de 02/06/2009.

Nota-se que a amostra de presos masculinos (11.667) supera a feminina

(935), representando apenas 7% de mulheres em cumprimento da pena. Os homens

causam mais delitos do que as mulheres ao longo da história.

O estado conta com um programa muito eficiente chamado Laborterapia, este

programa está dividido entre trabalhos externos e trabalhos internos, conforme

representado no quadro abaixo:

TRABALHO EXTERNO

TRABALHO INTERNO

SETOR AMOSTRA SETOR AMOSTRA

Administração Direta 332 Apoio ao Estabelecimento

Penal

1360

Administração Indireta 35 Artesanato 1438

Empresa Privada 175 Atividade Rural 278

Outros 148 Outros 2104

TOTAL 690 TOTAL 5180

Quadro 3 – Setores de trabalho dos presos internados de Santa Catarina.

FONTE: Estatísticas DEAP- Departamento de Administração Prisional de Santa Catarina. Dados de 31/01/2007.

O termo laborterapia, historicamente, tem o caráter de um tratamento

psiquiátrico que mantém e exercita a capacidade produtiva do interno nas

instituições auxiliares. Segundo o mestre em Terapias Ocupacionais MAROTO

(1991), além da ocupação do tempo ocioso, pretende-se que os produtos das

oficinas sejam preferencialmente vendáveis de modo a contribuir com a manutenção

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institucional.

Estes dados são de extrema importância, pois mostram que o estado de

Santa Catarina tem uma digna responsabilidade social com os detentos e utiliza de

métodos convencionais de trabalho e conta também com o apoio de empresas

privadas. Os dados são de 2007, e supondo que os mesmos números de

trabalhadores fossem mantidos até 2009, isso representaria 46% da população

carcerária do estado em plena atividade de trabalho. Tendo isso como medida Julião

(2003) julga que o Ceará é o Estado onde os presos têm o maior percentual de

ociosidade, com apenas 2,74% desses exercendo alguma atividade.

Vejamos agora algumas informações divulgadas pelo P.R.E.P - PROJETO

DE REVITALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO PENAL - Relatório das Inspeções Realizadas

de dezembro de 2009:

EXISTÊNCIA DE VIGILÂNCIA ELETRÔNICA (Câmeras etc.):

Vale do Itajaí: 14,3%

Presídio Regional de Itajaí Não

Presídio Regional de Balneário Camboriú Não

Presídio Regional de Blumenau Sim

Presídio Regional de Rio do Sul Não

Unidade Prisional Avançada de Brusque Não

Unidade Prisional Avançada de Indaial Não

Unidade Prisional Avançada de Ituporanga Não

EXISTÊNCIA DE ASSISTENTE SOCIAL NO ESTABELECIMENTO:

Vale do Itajaí: 0%

Presídio Regional de Itajaí Não

Presídio Regional de Balneário Camboriú Não

Presídio Regional de Blumenau Não

Presídio Regional de Rio do Sul Não

Unidade Prisional Avançada de Brusque Não

Unidade Prisional Avançada de Indaial Não

Unidade Prisional Avançada de Ituporanga Não

EXISTÊNCIA DE ATIVIDADES EDUCACIONAIS NO ESTABELECIMENTO (supletivos, cursos de primeiro grau, atividades educativas):

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40

Vale do Itajaí: 28,5%

Presídio Regional de Itajaí Não

Presídio Regional de Balneário Camboriú Não

Presídio Regional de Blumenau Não

Presídio Regional de Rio do Sul Sim

Unidade Prisional Avançada de Brusque Não

Unidade Prisional Avançada de Indaial Não

Unidade Prisional Avançada de Ituporanga Sim

REGIÃO & UNIDADE PRISIONAL

FUGAS

MORTES

Total no Estado de Santa Catarina 371 39

I – Grande Florianópolis: 158 17

1 – Complexo Penitenciário de São Pedro de Alcântara

0 10

2 – Complexo Penitenciário da Capital 24 3

3 – Presídio Masculino de Florianópolis 19 1

4 – Presídio Feminino de Florianópolis 2 0

5 – Presídio Regional de Tijucas 5 2

6 – Colônia Penal Agrícola da Palhoça 0 0

7 – Casa do Albergado de Florianópolis 108 0

8 – Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico

0 1

II – Vale do Itajaí: 27 2

9 – Presídio Regional de Itajaí 15 0

10 – Presídio Regional de Balneário Camboriú

7 1

11 – Presídio Regional de Blumenau 1 0

12 – Presídio Regional de Rio do Sul 0 1

13 – Unidade Prisional Avançada de Brusque

0 0

14 – Unidade Prisional Avançada de Indaial

3 0

15 – Unidade Prisional Avançada de Ituporanga

1 0

III – Região Norte: 99 3

16 – Penitenciária Industrial de Joinville 32 1

17 – Presídio Regional de Joinville 63 2

18 – Presídio Regional de Jaraguá do Sul

- -

19 – Presídio Regional de Mafra - -

20 – Unidade Prisional Avançada de 4 0

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Porto União

IV – Região Sul: 30 10

21 – Penitenciária Sul (Criciúma) 3 3

22 – Presídio Regional de Tubarão 2 1

23 – Presídio Regional de Araranguá 17 2

24 – Presídio Regional de Criciúma 7 4

25 – Unidade Prisional Avançada de Laguna

0 0

26 – Unidade Prisional Avançada de Imbituba

1 0

V – Região Oeste: 29 4

27 – Penitenciária Agrícola de Chapecó 1 1

28 – Presídio Regional de Chapecó 0 0

29 – Presídio Regional de Concórdia 0 0

30 – Presídio Regional de Xanxerê 0 0

31 – Presídio Regional de Joaçaba 3 2

32 – Unidade Prisional Avançada de São Miguel do Oeste

24 1

33 – Unidade Prisional Avançada de Capinzal

1 0

34 – Casa do Albergado de Chapecó 0 0

VI – Planalto Serrano: 28 3

35 – Penitenciária Regional de Curitibanos

12 0

36 – Presídio Regional de Lages 0 1

37 – Presídio Regional de Caçador 15 2

38 – Unidade Prisional Avançada de Correia Pinto

1 0

Quadro 4 – Segurança Prisional Estadual. FONTE: Tribunal de Justiça de Santa Catarina - Corregedoria-Geral da Justiça - Núcleo III. Dados publicados em dezembro de 2009.

Conclui-se através dos dados, que aproximadamente metade dos

estabelecimentos prisionais de Santa Catarina possui vigilância eletrônica (19 de

38); dentista no estabelecimento (18 de 38); psicólogo no estabelecimento (18 de

38); assistente social na unidade (17 de 38); e atividade educacional (19 de 38). A

maior parte dos estabelecimentos conta com Conselho da Comunidade (24 de 38) e

com médico atendendo no próprio estabelecimento (22 de 38).

Já os dados mais preocupantes dizem respeito ao número reduzido de

unidades prisionais que contam com Conselho Disciplinar (apenas 14 das 38) e,

mormente, advogado dando atendimento dentro do estabelecimento (tão-somente 8

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dos 38, o que representa 21%). Ao fim o quatro, apresenta-se a quantidade de

fugas com e sem morte no estado de S.C., a unidade prisional de Itajaí teve 27

casos de fuga sem morte e 2 casos com morte. Este dado é concomitantemente

baixo se comparado com as demais regiões, sendo que Itajaí possui uma população

carcerária abundante.

2.7.2 Detração Penal e trabalho interno

Pensando em soluções para ressocializar os presos, inúmeros estudiosos

vêm pesquisando e se empenhando na luta de um estado justo e eficiente. Pode-se

afirmar que a luta pela dignidade carcerária vem dos primórdios, onde os escravos

sofriam as mais duras penas. A discussão do século XXI está voltada aos gastos

ineficazes e o insucesso do sistema prisional que não consegue suprir a fabrica do

crime.

Neste critério BARROS (1999, p. 363) julga:

Pena é a sanção, consistente na privação de determinados bens jurídicos, que o Estado impõe contra a prática de um fato definido na lei como crime. Esse bem jurídico de que o delinqüente se vê privado pode ser: a vida (no caso da pena de morte), a liberdade (se a pena é de prisão) ou o patrimônio (em caso de pena de multa ou confisco).

Conceitua-se detração penal como sendo, o cálculo de redução da pena

privativa de liberdade ou de medida de segurança aplicada ao final da sentença, do

período de prisão provisória, ou de internação para tratamento psiquiátrico em que o

sentenciado cumpriu anteriormente. Santos (2007) julga que a finalidade primordial

da prisão era de ser tanto um lugar de custódia, para impedir que o culpado pudesse

furtar-se ao castigo, ou o devedor ao pagamento de suas dívidas, como um lugar de

tortura.

É mais conhecido popularmente como 3x1 (onde o preso trabalha 3 dias e

tem direito a 1 dia de redução da sua pena). Conforme citado pelo autor Mirabete

(1997) que define computa-se, também, por razões humanitárias, o tempo em que o

condenado esteve internado em estabelecimento destinado ao desconto de medida

de segurança. do latim detractione é cortar, suprimir. Portanto, Detração é abater ou

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computar na pena privativa de liberdade o tempo de prisão preventiva ou provisória,

e o de internação em hospital ou manicômio.

Esse "desconto" se dá na pena definitiva aplicada e está prevista no artigo 42

do Código Penal Brasileiro. No século XX, as análises de Foucault sobre o

Panóptico de Bentham tornaram-se, desde o livro Vigiar e Punir, um paradigma dos

sistemas sociais de controle e vigilância total. Segundo Foucault (1987) a duração

da pena só tem sentido em relação a uma possivel correção, e uma utilização

econômica dos criminosos corrigidos. Essa afirmação busca questionar se a

correção pode trazer rentabilidade economia e social, muito questionado pelo autor

Gomes (1999) que cita que a lei assegura no art. 46 do Código Penal Brasileiro a

pena de prestação de serviços à comunidade que consiste na atribuição de tarefas

gratuitas ao condenado.

Este trabalho pode ser desenvolvido com entidades assistenciais

(Filantrópicas), Hospitais, Escolas, Orfantos, etc. Porém muito pouco sobre o

assunto se conhece e se pratica, também é importante ressaltar que este beneficio

pode ser desfrutado dentro da própria penitenciária e não só nas entidades locais.

Santos complementa:

De acordo com a exposição de motivos da LEP, no item 132 temos que “a remição é uma nova proposta ao sistema e tem entre outros méritos, o de abreviar, pelo trabalho, parte do tempo da condenação. Três dias de trabalho correspondem a um dia de resgate”. Já no item 134, temos que “para a concessão e a revogação deste benefício, depende da declaração judicial e audiência do Ministério Público.” (SANTOS, 2007, p.51).

O Estado tem papel fundamental para o desenvolvimento de novos

programas de trabalho carcerária. O trabalho interno é um dos importantes fatores

no processo de reajuste social do condenado, com remuneração equitativa, deve ser

equiparado às pessoas livres no concernente à segurança, higiene e direitos

previdenciários e sociais.

2.8 Incentivos ao trabalho

Muitos trabalhos podem ser realizados em uma penitenciaria, principalmente

quando a mesma oferece espaço como sendo o local de trabalho do preso, pode ser

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uma oficina, laboratório, lavoura, horta, e possivelmente uma micro-fábrica onde

produtos manuais possam ser confeccionados, algumas penitenciárias dos EUA

disponibilizam de editoras. Em questão a empresas privadas e de maior porte, deve-

se ter em mente e assegurar ao preso o direito de segurança individual, tendo um

profissional especializado em segurança do trabalho para amparar as atividades e

promover a dignidade humana.

Com isso a população em geral ganha em questões de segurança e o ex-

presidiário pode se desenvolver pessoalmente e se posicionar no mercado de

trabalho. O autor Mirabete (1997), um dos principais especialistas em Direito Penal

do Brasil, julga trabalho prisional como sendo um mecanismo de complemento do

processo de reinserção social prevendo a readaptação do preso, preparando-o para

uma profissão, não sendo doloroso e mortificante.

Sobre questões de comportamento humano o estudioso Edwin Locke,

psicólogo, (Chiavenato, 1999, p. 600) relata que, quando se tem um objetivo, este

influência no comportamento do indivíduo, fazendo com que se tenha uma grande

motivação. Usar de métodos (técnicas) individuais na maioria das vezes repercute

em um senso coletivo, o autor relaciona alguns:

Os métodos para motivar os indivíduos são:

1. Dinheiro; Influencia monetária é na maioria das vezes o melhor pretexto de troca.

2. Direcionamento dos objetivos; A liberdade de se direcionar diante dos fatos.

3. Participação nas decisões e nos objetivos estabelecidos; Percepção no senso

coletivo.

4. Desejo de novos cargos; Crescimento profissional.

Esses quatro fatores são proeminentes para que se obtenha a melhor

recuperação de um detento e prova que para ser concretizado, o empregador deve

estar ciente de que o preso não vem contendo infrações ou demais penalidades em

sua estada na prisão. Castro (2002) assegurara que cada indivíduo possui uma

determinada postura perante o grupo, quando é influenciado a produzir.

Os sentimentos submetem às atitudes, podendo ser afetada a produção se o

eventual indivíduo não se identificar com a hierarquia proposta, ou podendo ser

próspero, quando o mesmo se adéqua as normas hierárquicas do grupo.

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As opções por trabalho agrícola e industrial podem ser meticulosamente

estudadas, muitas vezes nos perguntamos: O trabalhador normal não levanta às 6h

da manhã, pega um metrô ou um ônibus lotado e bate ponto diariamente? Por que o

preso também não pode acordar cedo e trabalhar para pagar sua comida e a

estadia, que hoje é paga pelo Estado?

Nota-se que esta questão é muito relativa, pois existem fatores extremamente

inimagináveis como a superlotação e a falta de controle sobre a mão de obra

prisional, a hierarquia que será respeitada na adesão de qualquer atividade, seguirá

as normas penitenciárias de lei? Poderá cumprir com as normas do Código Penal

Brasileiro?

Muitas perguntas deste gênero são merecedoras de reuniões e congressos

pelo Brasil afora, devido a sua complexidade dos casos penais que exigem

discussão profissional e meticulosa. Na visão holística da administração podemos

mapear os processos necessários para a “meta trabalhista” se concretizar, desde

que este elo seja possível tendo início a motivação dos profissionais e ao fim a

própria gestão formalizada e respeitada por eles.

No pior dos casos podemos nos deparar com violências devido à

vulnerabilidade da contextura moral. Pois como afirma o autor Junior (1993) no

ambiente carcerário há pessoas que podem receber quaisquer influxos e não se

deixam influenciar, mas há os vulneráveis. Ao desempenhar qualquer tipo de

atividade, os vulneráveis devem ser caracterizados e diagnosticados precocemente

para evitar eventuais danos

O artesanato é o mais comum dos trabalhos, pois exige mínimos custos de

produção, maior demanda de oportunidades oferecidas pelo mercado, tendo sua

maior opção a confecção de objetos decorativos, porém oferece ao preso o mínimo

de qualificação profissional. Portanto devem e podem ser executados diante de

impossibilidades administrativas.

Vários questionamentos giram em torno da questão do trabalho interno,

devemos levar em conta a cultura de determinadas regiões, suas crenças e seus

métodos de ressocialização. A prisão, consequentemente, invés de devolver à

liberdade indivíduos corrigidos, acaba cada vez mais espalhando a população

delinquentes perigosos. “As prisões não diminuem a taxa de criminalidade: pode-se

aumentá-las, multiplicá-las ou transformá-las, a quantidade de crimes e de

criminosos permanece estável, ou, ainda pior, aumenta.” (FOUCAULT 1987 p. 221).

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Todo o fenômeno social envolve contato social e interação de um grupo de

pessoas com diferentes metas, porém com o mesmo objetivo; o bem estar social. A

Sociologia aplicada à administração é o ramo da sociologia que estuda a estrutura e

a dinâmica dos sistemas sociais denominados empresas, como afirma Neto (1986).

A Administração é uma ciência social, e é por isso que o administrativo e o

sociológico se apresentam estreitamente vinculados. Ser um articulador de

atividades em uma cadeia, ou penitenciária, é uma tarefa que exige uma ótima

capacidade de interagir e solucionar problemas corriqueiros. Compreender os

principais processos sociais é o ínfimo dever do Administrador.

Analisando o quadro abaixo podemos ter uma noção mais exata dos

principais processos sociais:

TIPO

REALIZAÇÃO

Cooperação Aproxima os indivíduos na ação conjunta ou no parcelamento das tarefas, visando o

objetivo proposto.

Competição Luta inconsciente contínua contra oponente não individualizado, objetivando bens

ecológicos e econômicos.

Conflito Luta consciente e intermitente pela conquista de status.

Acomodação Solução provisória do conflito.

Assimilação Solução definitiva do conflito.

Quadro 5 – Processos sociais. FONTE: CASTRO 2009, p 41.

No processo de cooperação, a importância do objetivo proposto é

indispensável para o bom andamento das atividades.

No processo de competição, o senso coletivo tem fator chave no sucesso da

organização.

No processo de conflito, o objetivo comum passa acima de qualquer vontade

coletiva.

No processo de acomodação, o conflito individual cessa mas é vulnerável a

qualquer indiferença.

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Já no processo de Assimilação, o conflito individual ou coletivo acaba,

havendo o consenso.

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3 PROGRAMAÇÃO DO TRABALHO E PROGRAMA

Neste item está apresentado o programa de trabalho a ser desenvolvido

considerando as etapas para a realização, o cronograma, com as datas e prazos

para conclusão das mesmas.

3.1 Caracterização da Organização

O Presídio Regional de Itajaí foi criado no ano de 1982, para abrigar 120

reeducados. Hoje está situado à Rua Pedro José João s/n – Bairro Matadouro, CEP

88302-098, se encontra hoje em um dilema, com capacidade para 198 detentos,

sendo 32 femininos e 166 masculinos. Conta atualmente com média de 662 presos,

um índice de 3,34 para cada vaga disponibilizada, estando entre os presídios mais

lotados do Brasil. As obras da penitenciária, projetada para 362 presos, começaram

em maio de 2008 e estão paralisadas desde agosto.

O presídio tem terceirização parcial, conta com 34 agentes penitenciários, são

praticadas algumas atividades de trabalho interno onde atuam 105 mulheres e 339

homens, conforme dados do formulário de inspeção de 21/01/2010. Vejamos

algumas características abaixo:

DESCRIÇÃO DE LOCAIS SIM NÃO

ÁREA DESTINADA PARA VISITA FAMILIAR X

ÁREAS DE BANHO DE SOL X

BIBLIOTECA X

ENFERMARIA X

ESPAÇO PARA PRÁTICA ESPORTIVA X

GABINETE ODONTOLÓGICO X

LOCAL APROPRIADO PARA ASSISTENCIA RELIGIOSA X

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VISITAÇÃO ÍNTIMA X

OFICINAS DE TRABALHO X

SALA DE ENTREVISTA COM ADVOGADO X

SALA DE AULA X

Quadro 6 – Estrutura Complementar Prisional. FONTE: Relatório online CNJ em 21/01/2010.

Observa-se que não há área de visitação sendo as mesmas realizadas nas

próprias celas, também observamos que não há local apropriado para assistências

religiosas, pois os cultos são feitos dentro das galerias, e as visitas intimas ocorre

dentro das celas.

Referente ao art. 5º, XLVIII, da Constituição da República e art. 82, § 1º, da lei

7.210/84, estão sendo atendidas as distinções quanto ao sexo dos apenados e não

conforme as idades dos mesmos.

O presídio conta com 05 unidades materno-infantil. O preso réu primário não

fica separado do condenado devido a falta de mais celas. Quanto a prestações de

assistências aos presos, observa-se a ausência de assistência Educacional devido a

ausência de salas e ausência de Assistência Religiosa devido ao não agendamento

de visitas semanais de entidades religiosas e falta de espaço para as atividades.

3.1.1 Órgãos reguladores

Nessa seção será apresentado os Órgãos reguladores responsáveis pelo

andamento e cumprimento das penas e de todo processo penal, entre as

autoridades, temos: o DEAP – Departamento de Administração Penal que tem como

principal atividade a gerência e a administração dos estabelecimentos penais no

Estado de Santa Catarina. Atualmente, sua sede está localizada em Florianópolis,

na Rua Ivo Silveira, nº 2320, Bairo Capoeiras .

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Caracteriza-se como Unidade de execução da SSPD - Secretaria de

Segurança Pública e Defesa do, que tem sob sua responsabilidade a coordenação

do Sistema Penitenciário de Santa Catarina.

Encarregado de planejar e executar as atividades de execução penal e

segurança. Na área de execução penal, atua no controle cadastral de todos os

presos do Estado, com arquivo centralizado e sistema informatizado de registros

inerentes à execução penal e à vida carcerária do preso, bem como, procedimentos

necessários para transferências de presos entre estabelecimentos do Estado e,

também entre os Estados da Federação, movimentação de presos para audiências

judiciais, atendimento médico, velório de parentes e cumprimento de alvarás de

soltura.

Na área de segurança, atua no controle e na implantação de normas e

procedimentos de segurança para os estabelecimentos penais. É responsável pelas

atividades operacionais de movimentação de presos para audiências, transferências

entre estabelecimentos e custódias hospitalares, além do apoio operacional em

atividades que exijam intervenção imediata na segurança dos estabelecimentos e

em operações especiais de segurança. Entre as principais atividades do DEAP,

podemos caracterizar algumas:

Supervisionar, coordenar e inspecionar os estabelecimentos penais;

Fazer cumprir as disposições da Lei de Execução Penal, responsabilizando-

se pela custódia, segurança e assistência tanto dos internos, pacientes,

quanto dos egressos do Sistema Penitenciário;

Oferecer assistência jurídica, psicológica, social, médica, odontológica,

religiosa e material, além de desenvolver a reintegração social por meio da

educação formal.

Execução da política estadual de assuntos penitenciários;

Classificação dos condenados;

Acompanhamento e fiscalização do cumprimento de penas privativas de

liberdade em regime de prisão albergue;

Formação profissional dos sentenciados e o oferecimento de trabalho

remunerado;

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Emissão de pareceres sobre livramento condicional, indulto e comutação de

penas;

Assistência às famílias dos sentenciados.

3.1.2 Poder Federal

O DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional é o órgão superior de

controle, destinado a acompanhar e zelar pela fiel aplicação da Lei de Execução

Penal e das diretrizes da política criminal emanadas do Conselho Nacional de

Política Criminal e Penitenciária. Sua finalidade é viabilizar condições para que se

possa implantar um ordenamento administrativo e técnico convergente ao

desenvolvimento da política penitenciária. Durante a execução de seu trabalho a

DEAP relaciona-se com outros órgãos e instituições governamentais nas esferas

federal, estadual e municipal. Deste modo, o serviço oferecido a sociedade torna-se

mais dinâmico e de maior qualidade:

Figura 3 – Organograma D.E.A.P. por Autoridades regionais. FONTE: Arquivo de estatísticas, 2010.

FEDERAL Ministério da Justiça

Secretaria Nacional de Segurança Publica

Departamento Penitenciário Nacional

ESTADUAL

Instituições Policiais Estaduais

Secretária da Saúde

Poder Judiciário

Ministério Publico

MUNICIPAL

Prefeituras Municipais

Secretarias Municipais de Saúde

Conselhos Comunitários

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Durante a execução de seu trabalho a DEAP relaciona-se com outros órgãos

e instituições governamentais nas esferas federal, estadual e municipal. Deste

modo, o serviço oferecido à sociedade torna-se mais dinâmico e de maior qualidade.

Os códigos de ética do DEAP foram estipulados em alguns princípios básicos:

1. Respeitar os direitos e dar tratamento digno e humanitário aos privados de liberdade;

2. Capacitar continuamente os servidores;

3. Estimular e facilitar a atuação da comunidade no cotidiano do sistema prisional, estabelecendo

parcerias;

4. Propiciar a efetiva ressocialização do privado de liberdade através da educação e pelo trabalho.

Quadro 7 – Princípios da política do DEAP FONTE: Arquivo de estatísticas, 2010.

Nota-se que os princípios do DEAP vão de acordo com as sínteses do

trabalho e que a qualificação e profissionalização dos detentos é meta desde os

órgãos municipais aos órgãos federais.

3.1.3 Funções do DEAP

Mesmo com uma estrutura bem projetada, o DEAP enfrenta problemas

comuns aos demais entes do sistema como a falta de verbas para realizar seu

trabalho, ainda assim, avanços significativos foram registrados nos últimos tempos.

Na obtenção de maior eficiência do sistema, desenvolveram-se ações afirmativas e

programas específicos dentro dos presídios. Algumas áreas se destacam:

Educação

Através de trabalhos supervisionados pelo DEAP, são oferecidos aos

privados educação formal e cursos de capacitação profissional. Deste modo, é

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possibilitado ao reeducando as condições de usufruir os benefícios da cultura,

respeitando e valorizando suas origens e os pontos positivos de sua história de vida

e proporcionar a sua formação integral como cidadão, como agente construtor de

seu conhecimento.

São desenvolvidas atividades complementares em parcerias com ONG’s,

entidades religiosas, Clubes de Serviços e iniciativa privada.

Jurídico

Visa proporcionar o atendimento jurídico (orientação e pedido judicial de

benefícios) da execução de pena privativa de liberdade dos cidadãos que não

possuem advogados e que se encontram nos estabelecimentos prisionais de Santa

Catarina.

Saúde

São oferecidos atendimento biopsicosocial, odontológico e saúde física e

mental, com serviço de urgência e emergência, aos privados de liberdade.

O atendimento é realizado por equipes compostas de profissionais da Saúde

e de privados de liberdade, estes devidamente capacitados para o desenvolvimento

do trabalho preventivo. Seu foco está na promoção à saúde dos encarcerados e no

fornecimento de medicamentos.

Figura 4 – Organograma do DEAP por departamentos FONTE: Arquivo de estatísticas, 2010.

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO PENAL – DEAP

DIRETOR

GEPEN GEAPO GEJUD GEROE

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GEPEN: Gerência de Execução Penal. GEAPO: Gerência de Apoio Operacional. GEJUD: Gerência Judiciária. GEROE: Gerência de Orientação e Apoio ao Egresso.

A administração penitenciária, parte integrante do processo da execução da

pena, objetiva tratar e assistir o preso e o internado, prevenindo o crime e

proporcionando-lhes a reintegração à convivência em sociedade.

Deve constituir a base de uma política penitenciária moderna, o respeito à

dignidade do homem, aos seus direitos individuais e coletivos e a crença no

potencial de aperfeiçoamento do ser humano.

3.1.4 Expectativas da nova instalação prisional de Itajaí

A população da cidade de Itajaí cresceu de forma acelerada bem como a

população regional do Vale do Itajaí. Muitos empreendimentos acompanharam esse

crescimento, porém a região onde está situado o presídio é uma área que

impossibilita a expansão para melhor alojar maior número de presos, estes que por

sinal, não param de crescer.

O novo presídio será construído no bairro da Canhanduba, nas proximidades

da BR-101. Conforme aprovado pelo Fundo Penitenciário Nacional, serão

destinados à construção do estabelecimento penal com capacidade para 352 vagas

inicialmente. No projeto já ficará prevista uma futura ampliação, chegando a 556

vagas. O Estado vai garantir uma contrapartida de R$ 3 milhões e os municípios de

Itajaí, Balneário Camboriú e Camboriú compraram o terreno para a construção da

penitenciária. O estado garante a construção em dois anos (2008 a 2010).

A expectativa das autoridades é otimista, pois desde 2003, o estado de Santa

Catarina recebeu mais R$26 milhões da União para a área de segurança pública,

são recursos dos Fundos Penitenciário Nacional e Segurança Pública.

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Lembrando que por se tratar de uma entidade pública, as missões e valores

da organização seguem o padrão nacional, prezando pela ética e desenvolvimento

humano uma vez que no Brasil, não há previsão para pena de morte, salvo nos

casos de guerra declarada. Sendo assim, a função social da pena privativa de

liberdade é que, durante o seu cumprimento, o (a) interno (a) possa ser readaptado

à sociedade, passando por uma reforma íntima de modo que possa evoluir como

pessoa e retorne ao convívio social melhor do que era antes do cometimento do

crime.

3.2 Resultados da pesquisa

Esta seção foi estruturada seguindo a ordem dos objetivos específicos pré-

estabelecidos para o estudo em questão: (1) Benefícios da Detração Penal e

redução da superlotação do presídio; (2) Ressocialização e reincidência; (3) Novo

presídio, capacidade prisional e trabalho interno; (4) Capacitação e interesse em

atividades internas; (5) Absenteísmo em programas já desenvolvidos.

O questionário foi entregue ao Gerente do Presídio Regional de Itajaí, para

assim ser aplicado aos presos detentos no período de 2 semana, sendo que o

acadêmico não pode manter contato algum com os mesmos. Sendo que a pesquisa,

por se tratar de pesquisa social, tem 93% de margem de confiabilidade e 7% de

margem de erro, obteve-se a amostra de 152 presos.

Neste questionário foram expressas questões objetivas designadas a

quantificar a característica dos presos, bem como seus conhecimentos e interesses

no trabalho interno e uso da Detração Penal levantando questões relevantes ao

conhecimento das autoridades e sociedade como um todo.

Deste modo buscando obter conhecimento do perfil dos presos, examinou-se:

(1) faixa etária, (2) sexo, (3) grau de escolaridade, (4) experiências profissionais, (5)

noção sobre detração penal, (6) experiências com trabalho interno, (7) expectativas

no trabalho interno, (8) cumprimento de alguma atividade no presídio de Itajaí, (9)

perspectiva funcional quanto ao novo presídio, (10) indigência de aperfeiçoar-se

profissionalmente, (11) pretensão de aprendizado em áreas distintas.

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Seguindo esse arquétipo, esta seção apresenta os resultados dessa

apuração. Logo a primeira aspiração foi de ter conhecimento da faixa etária dos

detentos:

Gráfico 1 – Faixa etária Fonte: Dados coletados da pesquisa.

Deste modo, foram dadas as opções de respostas, dentre as quais se

percebe como a maioria dos entrevistados, 56%, tem sua idade compreendida entre

18 e 30 anos, sucessivamente 29% encontra-se na faixa entre 31 e 40 anos,

seguindo assim, 10% de 41 a 50 anos, 5% com idade entre 51 e 60 anos, já as

opções de 61 a 70 anos e com mais de 70 anos não obtiveram resposta.

É percebido visivelmente na observação do Gráfico 1 que a maioria dos

entrevistados possuem menos de 30 anos, portanto sendo uma população

carcerária jovem. Se por ventura for somado o índice de 56% (possuidores de idade

entre 18 e 30 anos) com o percentual de 29% que corresponde às idades

compreendidas entre 31 e 40 anos, entende-se que 85% do público total, são

relativamente jovens, sendo detentores de idade inferior a 40 anos, idade suscetível

ao trabalho.

Com relação ao sexo dos entrevistados (gênero masculino e feminino),

percebe-se que a maioria dos respondentes pertence ao sexo masculino, no caso

53%, e 47% dos entrevistados são do sexo masculino. Nesse sentido, o público

feminino é dominante em meio ao complexo prisional.

Quanto ao grau de escolaridade (GRÁFICO 2), impressiona o número

significativo de questionados com grau de instrução de Ensino fundamental, detendo

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56% do total. Somando-se ao índice de ensino médio (33%) com o índice de Ensino

fundamental obtemos então 89% do total pesquisado com conhecimentos gerais

básicos, isso demonstra o quanto o grau de escolaridade é inexistente no largo da

penitenciária.

Gráfico 2 – Grau de escolaridade Fonte: Dados coletados da pesquisa.

Os demais resultados, Ensino superior incompleto (8%) e Ensino Superior

completo com 3% são demonstrativos de que uma parcela de presos possui

conhecimento técnico em alguma área.

De tal modo, entende-se que a escolaridade dos pesquisados é modesta,

entendendo-se assim que as pessoas questionadas possuem baixo nível de

persuasão e pouco esclarecida quanto a acontecimentos e fatos atuais. Levando em

conta é claro, que pessoas que gostam de estudar, são consideradas pessoas que

pensam no seu futuro e que estão preparadas para enfrentar exames, provas, testes

complicados.

Já a Tabela abaixo (tabela de frequência acumulativa), apresenta informações

referentes às experiências profissionais dos detentos, neste caso vale ressaltar que

o total de respostas que se lê (244 – 100%) foi obtido baseado no número de

respostas por questões, sendo as mesmas de múltiplas escolha já que podendo os

mesmos ter exercido mais de uma função profissional.

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Tabela 2 - Experiências profissionais dos detentos

POPULAÇÃO POR ÁREA DETENTOS %

Indústria 54 22%

Agricultura e pecuária 10 4%

Comércio 82 34%

Mecânica 14 5%

Pesca 16 7%

Construção civil 42 17%

Pública 3 1%

Transporte 14 6%

Têxtil 9 4%

Total 244 100%

Fonte: Dados da pesquisa.

Nota-se uma representativa participação dos analisados desempenhou

maiores funções profissional nas áreas destacadas em negrito, sendo Indústria

(22%) comércio (34%) e construção civil (42%), totalizando 73% da amostra.

Representa em si, a ocupação por atividades mais comuns dos grandes centros

urbanos e que exige menor grau de aprendizado.

As demais áreas tiveram apurações ínfimas ao foco da pesquisa, sendo

necessárias, portanto uma maior atenção para treinamentos e conhecimentos dos

detentos.

Não se pode passar despercebido as opção Têxtil (4%) e Pesca (7%) que

mesmo sendo áreas peculiares da região do Vale do Itajaí, representando dados

minúsculos quanto aos pesquisados.

As questões a seguir foram elaboradas a modo de mensurar com dados

quantitativos o conhecimento e a expectativa para com o lado pessoal profissional

dos presos. Usou-se de método Socrático, também conhecido como Maiêutica, que

é o método que consiste em parir idéias complexas a partir de perguntas simples e

articuladas dentro de um contexto.

As próximas duas questões referem-se à Detração Penal, examinado e

altercado na seção intitulada como 2.7 (Detração penal e trabalho interno). No

Gráfico 3, observa-se que apenas 11% dos detentos desconhecem o tema, os

demais 89% já ouviram falar do método.

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Gráfico 3 – Detração Penal Fonte: Dados coletados da pesquisa.

Conforme o Gráfico 4, uma fatia proeminente já desempenhou algum tipo de

trabalho interno (60%), nota-se, porém que 40% dos pesquisados nunca participou

de algum trabalho interno. Carecendo de mais informação e esclarecimento sobre o

trabalho prisional.

Gráfico 4 – Experiência com Trabalho interno Fonte: Dados coletados da pesquisa.

No Gráfico 5, praticamente todos os presos (99%) demonstraram acreditar

que é possível implantar o trabalho interno em uma unidade prisional brasileira,

seguindo de apenas 1% que discorda do assunto. O estudo deste tema foi notado

na seção intitulada como 2.6 (Situação Prisional Brasileira) e merece uma atenção

muito positiva para com o trabalho em estudo.

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Gráfico 5 – Trabalho interno no Brasil Fonte: Dados coletados da pesquisa.

No Gráfico 6, 99% da população carcerária responderam que estão dispostos a

efetuar algum tipo de trabalho dentro das instalações do Presídio de Itajaí. Este é

um resultado positivo pois evidencia que os presos não gostam de ficar ociosos e

estão abertos a formas de reinserção profissional.

Gráfico 6 – Trabalho interno no Presídio de Itajaí Fonte: Dados coletados da pesquisa.

No Gráfico 7, 82% da população carcerária responderam que estão

esperançosos a efetuar algum tipo de trabalho dentro das instalações do novo

Presídio de Itajaí. Apenas 18% se demonstraram sem esperança de desenvolver

algum tipo de trabalho interno no novo presídio, um número baixo e fácil de ser

incitado ao trabalho. Este é um resultado positivo, pois evidencia que a maioria dos

presos tem expectativas boas a respeito do presídio que está em construção.

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Gráfico 7– Expectativas para o novo presídio Fonte: Dados coletados da pesquisa.

Conforme o gráfico 8 abaixo, nota-se que a necessidade em aperfeiçoar a

experiência profissional é prioridade pra pelo menos 93% dos pesquisados, seguido

de apenas 7% que discordam. O baixo grau de escolaridade demostrado no Gráfico

2, faz juz a essa questão, justificando que na maioria das vezes o baixo nível escolar

nos cria necessidade em aperfeiçoar nossas necessidade e técnicas profissionais.

Gráfico 8– Necessidade profissional Fonte: Dados coletados da pesquisa.

Partindo para o final do questionário, os presos se depararam com uma

questão que geralmente nos faz refletir sobre os nossos ideais profissionais, estar

disposto a aceitar novos desafios é uma característica um quanto sugestiva para o

desenvolvimento pessoal e quanto ao deenvolvimento do intelecto profissional.

Na secão 2.5 (Paradigmas dos Administradores) vimos que os novos modelos

de gestão podem causar significativo impacto na cultura dos funcionários e da

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organização. Deste modo, no Gráfico 9, 93% dos pesquisados gostariam de exercer

algum trabalho interno no presídio, mesmo que em outra área de seu interesse.

Contra 7% dos mais acomodados que não demonstram interesse em outras áreas e

outras atividades optando assim pela ociosidade de tempo.

.

Gráfico 9 – Aperfeiçoamento profissional em outra área Fonte: Dados coletados da pesquisa.

Em suma, percebe-se que pelas respostas dos pesquisados, a maior parte

dos detentos conhece os meios de trabalho interno, já tiveram contato com

atividades internas e estão dispostos a exercer algum tipo de atividade que possa

lhes garantir uma qualificação profissional, tendo expectativas quanto ao presídio em

construção. Comumente é caracterizada a amostra como sendo: pessoas na maioria

homens, que possuem baixo nível de escolaridade e que realizou trabalhos gerais

na área comercial industrial e construção civil, estando disposto a exercer algum tipo

de trabalho mesmo sendo em outra área de seu interesse.

Referente a Entrevista com o Gerente do Presídio, sobre as novas instalações

do presídio, o gerente afirmou que tem boas expectativas, acreditando que o espaço

do novo presídio será muito importante para realizações de eventos e cursos que

possam oferecer dignidade aos detentos, o entrevistado julga que é muito difícil

realizar qualquer atividade com um ambiente superlotado, caso do atual presídio que

hoje ultrapassa o limite de vagas. Mesmo com as limitações de espaço, inúmeros

projetos já foram realizados internamente, e alguns com repercussão nacional como

no caso do projeto de curso de pescador profissional, através de convênio entre o

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Sindicato das Indústrias da Pesca de Itajaí (Sindipi) e o Conselho Nacional de

Justiça, e entre outros projetos que foram realizados com incentivo da iniciativa

privada. Um dos fatores limitadores para realizações das atividades é o

absenteísmo, como afirma o Sr. Maurilio, em muitos projetos os presos

demostravam vontade em aprender, mas com o passar do tempo se desafixavam,

desmotivavam-se com o passar do tempo. Outro fator que chama a atenção é os

dados sobre a causa da pena dos detentos, conforme analisado os relatórios e as

estatísticas internos, em média 90% dos presos chegam ao presídio diretamente

ligado ao tráfico de drogas, sendo em unanimidade usuários de entorpecentes.

Devemos ressaltar que o crack é tido pelo Sr. Maurilio como sendo uma epidemia,

um mal que predomina intensamente na região e no resto do nosso país. O Gerente

elogiou o acadêmico pela atitude de buscar soluções para paradigmas da

Administração e inteirou que mais de 75% dos presos hoje detidos no presídio são

reincidentes e já estiveram presos outras vezes em Itajaí.

3.3 Sugestões

A caracterização dos detentos foi possível após a pesquisa. Porém para

propor planos a organização o pesquisador diagnosticou a amostra (presos) e o

responsável pela Administração (Gerente do presídio) como sendo fator positivo

para o desenvolvimento de projetos na internidade do Presídio, sugerindo que:

1. PROBLEMA DE SUPERLOTAÇÃO: Este problema impede de efetuar

atividades internas, a unidade passou por algumas reformas após o período de

interdição, porém não encontra-se espaço para oficinas e nenhum local aberto para

os detentos confeccionarem quaisquer produto.

SUGESTÂO: Disponibilizar espaço para oficinas na nova unidade prisional.

Usar de ferramentas de estatística criminal levando em conta que a leva de presos

somente em Itajaí e Balneário Camboriú e Camboriú já ultrapassa 2.000 detentos, a

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opção de usar de estatísticas criminalísticas permite uma triagem dos presos,

separando devidamente os irrecuperáveis ou menos recuperáveis.

2. FALTA DE BIBLIOTECA E SALAS DE AULA: A falta de biblioteca

impossibilita o armazenamento de livros de cursos ou demais áreas que possam

auxiliar os detentos no conhecimento profissional, sendo que sem salas de aula, fica

impraticável qualquer tipo de curso.

SUGESTÃO: A ausencia de estrutura impossibilita o aprendizado, recorrer a

doações de livros pode ser uma saída para esse paradigma, acrescentando também

o espaço para salas de aula no novo presídio.

3. PROBLEMAS COM ABSENTEISMO: A falta de motivação e o

desinteresse por parte de alguns detentos é comum em muitos casos de trabalho

interno, para isso sugere-se que as metas sejam bem claras e apresentadas no

inicio de cada programa, o comprometimento é uma regra sadia que deve ser

seguida e respeitada, caso contrário deve ser punida.

SUGESTÃO: O Uso da Detração Penal.

Comprometimento é um conceito que descreve o vinculo organizacional do

indivíduo com uma instituição, usando o critério comportamental, segundo os 5

critérios de Bastos (1993) a administração do presídio poderá exercer um papel

hierárquico com mais responsabilidade:

Afetivo: o indivíduo se identifica com a organização e com os objetivos dela

e deseja manter-se como membro, de modo a facilitar a consecução desses

objetivos. O comprometimento afetivo é aquele associado à idéia de lealdade,

desejo de contribuir, sentimento de orgulho em permanecer na organização.

Calculativo ou instrumental: comprometimento como função das

recompensas e dos custos pessoais, vinculados à condição de ser ou não membro

da organização. O comprometimento seria fruto de um mecanismo psicossocial de

trocas e de expectativas entre o indivíduo e a organização, em aspectos como

salário, status e liberdade.

Sociológico: relação de autoridade e de subordinação. O comprometimento

do trabalhador se expressa no interesse em permanecer no atual emprego porque

percebe a legitimidade da relação autoridade/subordinação. Desta forma, os

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indivíduos levam para o trabalho tanto uma orientação para seus papéis de

subordinados, quanto um conjunto de normas que envolvem os modos corretos de

dominação.

Normativo: internalização de pressões normativas de comportamento.

Comportamental: manutenção de determinadas condutas e de coerência

entre seu comportamento e as suas atitudes. O comprometimento “pode ser

equiparado com sentimentos de auto-responsabilidade por um determinado ato,

especialmente se eles são percebidos como livremente escolhidos, públicos e

irrevogáveis”. Desta forma, as pessoas tornam-se comprometidas a partir de suas

próprias ações, formando um círculo de auto-reforçamento no qual cada

comportamento gera novas atitudes que levam a comportamentos futuros, em uma

tentativa de manter a consistência.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto aos objetivos deste trabalho, observa-se que foi possível caracterizar

os detentos averiguando possíveis benefícios da Detração Penal, os pesquisados

demostraram na pesquisa que conhecem o tema, acham importante e possível

efetuar alguma atividade no Presídio, sendo que uma parcela favorável já realizou

algum tipo de trabalho interno demostrando boas expectativas quanto a novos

projetos no novo Presídio de Itajaí.

Outro fator relevante é o fato dos detentos sentirem a necessidade de

aperfeiçoar as suas experiências profissionais, e estar aberto a novas propostas de

trabalho. O fato da maioria dos presos se sentir ociosos é um benefício que as

autoridades devem explorar e estipular metas e projetos.

Com base da pergunta-problema do estudo, acredita-se que os projetos mais

apropriados poderão ser aplicados após a construção do novo presídio, tendo este

maior espaço para atividades. No caso do presídio atual, somente projetos externos

serão melhores desenvolvidos, pois os recursos que são oferecidos são escassos e

impedem o aprendizado. Artesanato, seria a única opção, pois trabalhos

manufaturados exigem de estoque e produção em escala.

Uma representativa participação dos analisados desempenhou maiores

funções profissionais nas áreas urbanas, sendo Indústria, comércio e construção

civil. Representa em si, a ocupação por atividades mais comuns dos grandes

centros urbanos e que exige menor grau de aprendizado.

Este detalhe não passa despercebido pelas autoridades Federais e

Estaduais como o DEAP – Departamento de Administração Penal e o DEPEN –

Departamento Penitenciário Nacional que julgam o baixo grau de Ensino como

principal vilão. Esta afirmação se faz notada nesta pesquisa, que quanto ao grau de

escolaridade dos presos obteve-se 89% do total dos pesquisados com

conhecimentos gerais básicos, sendo o grau de escolaridade quase inexistente no

atual presídio. O perfil caracterizado pela pesquisa está disposto na seção

apêndices.

O fundamento da teoria ajudou muito o trabalho do pesquisador, concluindo-

se que a Administração Pública reflete no sistema, e se o sistema não vai bem,

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alguma mudança na mentalidade administrativa pública deve ser feito. Os

Administradores do sec. XXI estão voltados para uma visão holística, onde os

Stakeholders são observados e compreendidos na estratégia administrativa.

Entende-se que muito deve ser feito para melhorar ou diminuir o agravante da

situação prisional brasileira. O estimado trabalho apresentou os números estatísticos

que fazem do Estado de Santa Catarina um exemplo na questão prisional, o baixo

índice de fugas e a aplicabilidade de projetos de trabalho interno são esforços que

merecem todo respeito, contar com um programa muito eficiente chamado

Laborterapia faz a diferença em termos sociais, e possibilita o mínimo de dignidade

ao preso.

A metodologia do trabalho foi coerente com o foco em estudo, algumas

alterações tiveram de ser feitas conforme o andamento das atividades, como no

caso da margem de erro da pesquisa que era 4% e passou a ser 7%. A não

aplicação do pré-teste foi devido as paralizações do presídio, estando este

interditado pelo Ministério Público de Santa Catarina.

Quanto às conclusões do acadêmico, parte do pressuposto de que há um

grande desperdício de recursos financeiros na manutenção dos expedientes

necessários para o trabalho de preparação do apenado para o retorno ao convívio

social e não retorno à delinquência, No entanto, a terceirização em médio prazo,

apresenta-se como a saída mais viável de que se pode dispor para a recuperação

dos apenados de Itajaí. O sistema prisional brasileiro está regulamentado pela Lei

de Execuções Penais (LEP n.º.210 de 11/07/1984). A LEP determina como deve ser

executada e cumprida a pena de privação de liberdade e restrição de direitos. No

caso do Presídio de Itajaí, uma terceirização em médio prazo possibilitaria a

vinculação de uma estrutura de trabalho que pode ser otimizada pelo estado.

A pena, na visão utilitarista tem dois propósitos fundamentais: punir porque

pecou e punir para que não peque novamente, ou seja, deveria ter, segundo esta

visão, um caráter preventivo no sentido de evitar a prática de outras infrações

penais, para somente assim haver ressocialização.

Quanto às expectativas da Universidade, ter um projeto então inédito

possibilita ampliar o mundo de pesquisas acadêmicas, este projeto não só

descreveu como é “mundo” administrativo, como também ligou laços com a

Administração pública que perece de gestores competentes.

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Quanto às expectativas do Presídio de Itajaí, este projeto concebe um elo de

responsabilidade acadêmica para assuntos da ordem pública, foi possível

diagnosticar e caracterizar os presos e a organização como um todo. Serve de

ferramenta para consultas e planos futuros. Um projeto com uma linguagem

contemporânea e temas polêmicos quanto a gestão de pessoas.

Este trabalho representa uma conquista para o acadêmico, estudar meios de

diagnosticar problemas em uma organização é um processo minucioso e que exige

muito interesse por parte do pesquisador. A área pública é uma área que deve ser

estudada com cautela pois significa não só a gestão de recursos e pessoas, mas

também o feedback geral para a sociedade.

Quanto ao Objetivo principal deste trabalho, foi possível identificar

possiblidades de novos projetos, tanto no presídio atual (com certa precariedade),

quanto no futuro presídio, buscando incentivar a implantação do uso da Detração

Penal como antídoto para que o preso retorne ao crime:

Presídio atual:

Projetos externos.

Artesanato, como a única opção, pois trabalhos manufaturados exigem de

estoque e produção em escala.

Novo Presídio:

O fato da maioria dos presos se sentir ociosos será um benefício que as

autoridades devem explorar e estipular metas e projetos.

O acadêmico aconselha a terceirização em médio prazo, em forma de

licitação privada.

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APÊNDICES

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Este questionário foi elaborado a fim de realizar um estudo que complementa o Trabalho de

Conclusão de Curso - TCC, do Acadêmico em Administração, Edvaldo da Cruz, sob a

orientação do Professor Geraldo José Medeiros Junior. Por favor, responda as questões

a seguir, assinalando-as na opção que condiz com sua percepção ou a que mais se

aproxima da sua realidade atual.

1. Sua idade está compreendida entre: ( ) 18 a 30 anos ( ) 41 a 50 anos ( ) 61 a 70 anos ( ) 31 a 40 anos ( ) 51 a 60 anos ( ) mais de 70 anos 2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 3. Seu grau de escolaridade: ( ) Ensino fundamental ( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino superior ( ) Ensino médio ( ) Outro:_________________________

4. Assinale a área da profissão que já trabalhou: ( ) Indústria ( ) Agricultura e pecuária ( ) Comércio ( ) Mecânica ( ) Pesca ( )Construção civil ( )Pública ( ) Transporte ( ) Têxtil ( ) Outra:__________________ 5. Já ouviu falar em Detração Penal? (onde se trabalha 3 dias e ganha 1 dia de redução da pena). ( ) Sim ( ) Não 6. Já participou de algum programa de trabalho interno na prisão? ( ) Sim ( ) Não 7. Acha possível implantar o trabalho interno em uma unidade prisional brasileira? ( ) Sim ( ) Não 8. Você tem interesse em efetuar algum tipo de trabalho dentro do Presídio de Itajaí? ( )Sim ( ) Não Justifique:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9. Sobre o novo presídio de Itajaí, você tem expectativas de desenvolver algum tipo de trabalho interno nele? ( ) Sim ( ) Não Justifique:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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10. Você sente necessidade em aperfeiçoar a sua experiência profissional? ( ) Sim ( ) Não Justifique:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11. Gostaria de exercer um trabalho interno no Presídio de Itajaí, mesmo que em outra área de seu interesse? ( ) Sim ( ) Não Justifique:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Obrigado pela atenção dispensada em responder este questionário. Itajaí, setembro/2008.

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PRINCIPAL PERFIL DOS PRESOS DO PRESÍDIO REGIONAL DE ITAJAÍ

ADOLESCENTE

POSSUI ENSINO FUNDAMENTAL

TRABALHOU NO COMÉRCIO E INDÚSTRIA

QUER TRABALHAR NO NOVO PRESÍDIO

SENTE NECESSIDADE EM APERFEIÇOAR A

EXPERIENCIA PROFISSIONAL

PENA RELACIONADA AO TRÁFICO DE

DROGAS

TEM INTERESSE EM NOVAS ÁREAS

PROFISSIONAIS

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

RELATÓRIO DE PESQUISA DE CAMPO

JUNHO, 2010.

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INTRODUÇÃO

O seguinte relatório refere-se às visitas realizadas in loco pelo acadêmico

Edvaldo da Cruz estudante de Administração, da Universidade do Vale do Itajaí, na

unidade prisional de Itajaí nos meses de agosto e novembro de 2009, e março de

2010. Com o intuito de conhecer a Administração do Presídio, as devidas reuniões

realizaram-se na sala do Gerente prisional, Sr. Maurilio Antonio da Silva,

respondente como o Supervisor de campo do acadêmico, responsável pela

Administração do Presídio. O relatório de campo teve por finalidade os seguintes

objetivos: Discorrer com o Gerente sobre o novo presídio, a capacidade prisional

atual, a possibilidade de trabalho interno e o absenteísmo por parte dos detentos em

programas já desenvolvidos.

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RELATÓRIO DE ENTREVISTA COM O GERENTE DO PRESÍDIO REGIONAL DE ITAJAÍ

Questionado sobre as novas instalações do presídio, o gerente afirmou que

tem boas expectativas, acreditando que o espaço do novo presídio será muito

importante para realizações de eventos e cursos que possam oferecer dignidade aos

detentos, o entrevistado julga que é muito difícil realizar qualquer atividade com um

ambiente superlotado, caso do atual presídio que hoje ultrapassa o limite de vagas.

Mesmo com as limitações de espaço, inúmeros projetos já foram realizados

internamente, e alguns com repercussão nacional como no caso do projeto de curso

de pescador profissional, através de convênio entre o Sindicato das Indústrias da

Pesca de Itajaí (Sindipi) e o Conselho Nacional de Justiça, e entre outros projetos

que foram realizados com incentivo da iniciativa privada. Um dos fatores limitadores

para realizações das atividades é o absenteísmo, como afirma o Sr. Maurilio, em

muitos projetos os presos demostravam vontade em aprender, mas com o passar do

tempo se desafixavam, desmotivavam-se com o passar do tempo. Outro fator que

chama a atenção é os dados sobre a causa da pena dos detentos, conforme

analisado os relatórios e as estatísticas internos, em média 90% dos presos chegam

ao presídio diretamente ligado ao tráfico de drogas, sendo em unanimidade usuários

de entorpecentes. Devemos ressaltar que o crack é tido pelo Sr. Maurilio como

sendo uma epidemia, um mal que predomina intensamente na região e no resto do

nosso país. O Gerente elogiou o acadêmico pela atitude de buscar soluções para

paradigmas da Administração e inteirou que mais de 75% dos presos hoje detidos

no presídio são reincidentes e já estiveram presos outras vezes em Itajaí.

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CONCLUSÃO

Conclui-se que este relatório serviu para ressaltar a interpretação da análise

descritiva da pesquisa, mostrando o comprometimento da Administração do Presídio

para com o anseio de projetos de trabalho interno, auxiliou a concretizar os objetivos

do Trabalho de Conclusão do Curso de Administração do acadêmico Edvaldo da

Cruz, possibilitando ao pesquisador acrescentar dados inerentes a pesquisa de

campo (204 questionários aplicados aos detentos). Houve um intervalo na pesquisa,

o presídio foi interditado no dia 13 de novembro de 2009, o pedido de interdição

parcial do presídio de Itajaí partiu do Ministério Público de Santa Catarina,

retornando as atividades normais somente em maio de 2010, sendo assim uma

surpresa para o pesquisador que teve de interromper as avaliações.

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LOCALIZAÇÃO DO NOVO PRESÍDIO

FONTE: GOOGLE MAPS

ÁREA DO ATUAL PRESÍDIO ÁREA DE CONSTRUÇÃO DO NOVO PRESÍDIO

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ASSINATURAS DOS RESPONSÁVEIS

Estagiário

Edvaldo da Cruz

Supervisor de Campo

Maurilio Antonio da Silva

Orientador de Estágio

Geraldo José Medeiros Junior

Responsável pelos Estágios em Administração

Professor Eduardo Krieger da Silva, MSc