universidade do vale do itajaÍ graziela aparecida garcia

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ GRAZIELA APARECIDA GARCIA MARKETING SOCIAL: PLANO DE MARKETING PARA A MUDANÇA DO COMPORTAMENTO SOCIAL QUANTO A COLETA DE LIXO SELETIVA DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ Balneário Camboriú 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

GRAZIELA APARECIDA GARCIA

MARKETING SOCIAL: PLANO DE MARKETING PARA A MUDANÇA DO

COMPORTAMENTO SOCIAL QUANTO A COLETA DE LIXO SELETIVA DE

BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Balneário Camboriú

2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

GRAZIELA APARECIDA GARCIA

MARKETING SOCIAL: PLANO DE MARKETING PARA A MUDANÇA DO

COMPORTAMENTO SOCIAL QUANTO A COLETA DE LIXO SELETIVA DE

BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Balneário Camboriú

2010

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração – ênfase Marketing, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú.

Orientador: Prof. Manuel Carlos Pinheiro

da Gama, MSc.

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3

GRAZIELA APARECIDA GARCIA

MARKETING SOCIAL: PLANO DE MARKETING PARA A MUDANÇA DO

COMPORTAMENTO SOCIAL QUANTO A COLETA DE LIXO SELETIVA DE

BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em

Administração e aprovada pelo Curso de Administração – ênfase em Marketing da

Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário Camboriú.

Área de Concentração: marketing social

Balneário Camboriú, 25 de junho de 2010.

_________________________________

Prof. MSc. Manuel Carlos Pinheiro da Gama,

Orientador

___________________________________

Prof. MSc. Márcio Daniel Kiesel

Avaliador

___________________________________

Prof. MSc. Ricardo Titericz

Avaliador

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4

EQUIPE TÉCNICA

Estagiária: Graziela Aparecida Garcia

Área de Estágio: Administração e Marketing

Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder

Supervisor da Empresa: Rogério Kunzler

Professor orientador: Prof. Manuel Carlos Pinheiro da Gama

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5

DADOS DA EMPRESA

Razão Social: Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú; Secretaria Municipal do

Meio Ambiente

Endereço: Rua: Parque Natural Municipal Raimundo Gonçalves Malta,

CEP: 88.337- 470, Cidade: Balneário Camboriú - SC

Setor de Desenvolvimento do Estágio: Marketing

Duração do Estágio: 240 horas

Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Rogério Kunzler

Carimbo do CNPJ da Empresa: CNPJ: 83102285/0001-07

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6

AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

Balneário Camboriú, 25 de julho de 2010.

A Empresa Secretaria Municipal do Meio Ambiente, pelo presente instrumento,

autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados do

Relatório de Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular

Obrigatório, pela acadêmica Graziela Aparecida Garcia.

___________________________________

Rogério Kunzler

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7

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Prof. Manuel Carlos Pinheiro da Gama pela sua orientação e apoio

para a elaboração desta Monografia,

Aos Professores, Marcelo Ardigó, Alexandre Sá, Roberto Hering, Cristina, Ricardo

Boeing, pelas excelentes contribuições dadas ao longo do curso,

À Coordenação do curso, Professor Márcio, Lorena,

À minha mãe Terezinha M. Garcia,

Ao meu pai Adroaldo Garcia,

Ao meu Tio José Santos pereira, pelo apoio oferecido,

Aos meus colegas de curso,

Aos síndicos que, com muita noção de responsabilidade social, contribuíram

gentilmente para o desenvolvimento da pesquisa,

A Diretora Regional da empresa Coneville, Sr. Rosicléia Maestri,

Ao supervisor do estágio, Rogério Kunzler,

A coordenadora do Projeto Terra, Sra. Mara Zuleica Becker Lins,

As instituições participantes da pesquisa, SEMAM.

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8

RESUMO

Este estudo descreve a problemática do tratamento dos resíduos sólidos através da coleta

seletiva no município de Balneário Camboriú, destacando o papel e a responsabilidade

socioambiental de cada um dos atores no processo e as perspectivas para o futuro, com o

propósito de elaborar um planejamento de marketing social para o processo de coleta de lixo

seletiva de Balneário Camboriú, a partir da atitude consciente e individual de cada morador da

cidade em separar seu lixo. Considerando as características dos diferentes atores envolvidos

nesse processo, foi realizada uma revisão conceitual dos setores atuantes, na responsabilidade

social e sustentabilidade, uma análise atual da reciclagem de resíduos sólidos no Brasil. São

ainda conceituados: marketing, marketing social, das causas sociais e modelos de

planejamento de marketing. A metodologia da pesquisa baseia-se em pesquisa documental

produzidos por relatórios internos da Secretaria e da avaliação da empresa concessionária que

terceiriza o processo de coleta e destinação final. Complementada por entrevista de grupo

(Focus Group), com síndicos de condomínios da cidade e gestores das áreas de planejamento

da Secretaria do Meio Ambiente. Através dos resultados obtidos, foi elaborado um plano de

marketing social para aumentar, através da mudança de comportamento da população, o

volume. Desta forma o objetivo é de uma ação conjunta de todos os atores envolvidos no

processo bem como busca parcerias com empresas privadas, gerando ganhos qualitativos e de

eficácia para toda a sociedade.

Palavras chaves: coleta seletiva, sustentabilidade e marketing social

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ GRAZIELA APARECIDA GARCIA

9

ABSTRACT

This study describes the problem of solid waste treatment through selective collection in the

city of Balneario Camboriu, highlighting the role the environmental responsibility of each of

the actors in the process and prospects for the future, with the purpose of developing a social

marketing plan to the process of selective waste collection of Balneario Camboriu, from the

conscious attitude and each individual city dweller to separate their trash. Considering the

characteristics of the different actors involved in this process, we performed a conceptual

review of active sectors, social responsibility and sustainability, and an analysis of current

solid waste recycling in Brazil. Are still highly regarded marketing, social marketing,

marketing of causes and models of marketing planning. The research methodology is based

on documents produced by internal reports of the Secretariat and the evaluation of the

operating company that outsources the process of collection and disposal, Coneville.

Supplemented by interview group (Focus Group) with liquidators of condominiums, and

interview with the manager of the Coneville. Through the results, we designed a social

marketing plan to change the behavior of the population for to separate their trash in selective

form. The objective is a joint action by all actors involved in the process and seeks for

partnerships with private businesses, generating earnings quality and efficiency throughout

the company.

Keywords: selective collection, sustainability and social marketing

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10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 12

1.1 Problema de pesquisa ......................................................................... 14

1.2

1.2.1

Objetivo Geral .....................................................................................

Objetivos Específicos ..........................................................................

14

15

1.3 Justificativa da pesquisa....................................................................... 15

1.4. Contexto do Ambiente de Estágio ........................................................ 16

1.4.1.

1.4.1.1

1.4.1.2

1.4.1.3

1.4.1.4

1.4.2

1.4.3

1.4.4

Políticas Públicas nas Ações da Secretaria do Meio Ambiente ..............

Educação Ambiental: Projeto Terra Limpa.............................................

Recebimento de Resíduos Urbanos Tóxicos e Destinação Final ...........

Fiscalização ..........................................................................................

Auxilio a inclusão social ........................................................................

Empresa Ambiental Saneamento e Concessões Ltda, Coneville ...........

Dados da Coleta de Resíduos .................................................................

Associação dos Catadores ACATELI ......................................................

16

16

18

18

19

19

21

23

2

2.1

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................

O terceiro setor ....................................................................................

25

25

2.1.1 Ética e Responsabilidade Social ........................................................... 32

2.2 Responsabilidade Social do Governo .................................................... 38

2.3 Sustentabilidade ................................................................................... 44

2.4. O Contexto dos Resíduos Recicláveis ................................................... 48

2.4.1 O Comportamento Social quanto aos Resíduos Recicláveis ................... 50

2.5 Conceitos de Marketing ......................................................................... 56

2.6 Marketing das Causas Sociais Societal e Social .................................... 60

2.6.1

2.5.3

2.5.4

Plano de Marketing Social .....................................................................

Os quatro P`s do Marketing Social ........................................................

Posicionamento do Produto Social ........................................................

67

71

73

3 METODOLOGIA CIENTÍFICA ............................................................... 75

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11

3.1 Tipologia de pesquisa ............................................................................ 76

3.2 Sujeito do estudo ................................................................................... 76

3.3

3.4

Instrumentos de pesquisa ......................................................................

Limitações da Pesquisa .........................................................................

78

78

4 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS ....................................... 79

4.1 Pesquisa juntos aos síndicos ................................................................. 79

4.3 Entrevista com a Gerente Regional Rosicléia Maestri, da

Empresa Ambiental Saneamento e Concessões Ltda, Coneville ............

85

4.4

5

5.1

Análise dos dados levantados nas pesquisas ........................................

PROPOSIÇÃO DO PLANO DE MARKETING .......................................

Análise Ambiental .................................................................................

90

90

90

5.2

5.3

5.4

5.5

5.6

5.7

5.8

Oportunidades e ameaças dos atuantes do processo ............................

Objetivos do plano de marketing ...........................................................

Estratégias ...........................................................................................

Ações para implantação ........................................................................

Parcerias com entidades sociais ............................................................

Montante de investimento ......................................................................

Controle .................................................................................................

91

92

92

93

95

96

96

6

6.1

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................

Sugestões .............................................................................................

98

99

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 101

ANEXOS ................................................................................................ 107

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1 INTRODUÇÃO

A partir da década de 1970, ficaram cada vez mais evidentes as sérias modificações

ambientais, impostas pelo homem ao planeta Terra, muitas das quais têm aparecido,

de forma cada vez mais intensa no panorama social.

O consumismo irracional é apontado (RANDOW et al, 2008) como fator agravador

da degradação do ponto de vista ambiental, econômico e social. No momento da

perda de valor material, os produtos são descartados, transformados em resíduos e

podem provocar efeitos maléficos através de agentes físicos, químicos e biológicos.

As dificuldades de gestão desses resíduos aparecem em diversos momentos, desde

a geração da matéria-prima até o descarte final, surgindo à necessidade de um

sistema de gestão de resíduos socialmente integrados.

Esse consumo descontrolado e a produção de resíduos em larga escala, caracteriza

a sociedade de consumo desde o século passado e que avança neste inicio do

terceiro milênio, vêm interferindo no que diz respeito ao horizonte de tempo relativo à

vida humana no planeta. Segundo Zaneti (2003) esse perfil de sociedade não gera

somente resíduos sólidos (sobras, lixo) gera também resíduo no sentido social

(sombra: miséria, fome e exclusão). O autor ainda descreve que a situação extrema

de inclusão/exclusão, traduzida pela questão de como lidar com os resíduos, por um

lado, representa um problema que tende a agravar-se gerando a sobra de um

consumo exacerbado da modernidade e, por outro lado, significa profunda

desigualdade simbolizada pela sombra social.

O desenvolvimento sustentável é definido pela Comissão Mundial sobre meio

Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), no Relatório Brundtland, (ONU,1998), como

aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidades

de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades; pode também,

ser empregado com o significado de melhorar a qualidade de vida humana dentro

dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas.

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Vargas (2002, p.11) destaca que o “desenvolvimento sustentável pressupõe

participação, diálogo, respeito às diferenças, reconhecimento das capacidades e

uma visão integrada de suas várias dimensões econômicas, políticas cultural,

tecnológica e ambiental”.

Dessa forma a importância da educação ambiental, enquanto instrumento de

cidadania e transformação da sociedade, vem sendo cada vez mais utilizada para

levar o cidadão a refletir sobre seus valores e atitudes, e a uma mudança de atitude

perante a sociedade (KOHLE, 2003).

Corroborando com o conceito acima (PHILIPPI e PELICIONI, 2000), a educação

ambiental é um processo de educação política que possibilita a aquisição de

conhecimentos e habilidades, bem como a formação de atitudes que se transformam

necessariamente em práticas de cidadania, que garantam uma sociedade

sustentável.

De acordo com a Pesquisa Nacional sobre Saneamento Básico - PNSB 2000, em

torno de 70% das 159.000 toneladas diárias de resíduos sólidos coletadas no Brasil

destinam-se a lixões. Ou seja, 30% são reciclados. Grande parte desse percentual

de matérias que são reaproveitados, segundo Zaneti (2003) só acontece em

decorrência participação da atividade de recolhimento de materiais recicláveis por

parte dos chamados catadores, ou sucateiros. Ainda o autor, essa é uma prática que

possibilita transformá-los no aspecto econômico, sendo o meio de subsistência

dessa parcela da população de baixa renda, bem como, impulsionando os índices

de reciclagem de determinados materiais.

Segundo dados da pesquisa do Cempre (2009) o setor de reciclagem como um todo

movimenta hoje no país cerca de 10 bilhões de reais por ano, podendo crescer em

curto espaço de tempo alega a instituição, caso alguns gargalos sejam eliminados,

entre estes gargalos destaca-se a capacitação técnica como a política

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fiscal/tributária coerente, o incremento da participação popular: “A reciclagem é

como uma mola propulsora econômica nos processos, pois o conceito abrange

também diversos aspectos técnicos, e sociais da relação Homem e Meio Ambiente.

Entender a Importância da reciclagem é o primeiro passo, mas saber praticá-la é o

desafio maior” (CEMPRE, 2010).

A presente pesquisa discute uma questão de risco da modernidade: os resíduos

sólidos urbanos. Trata-se de uma investigação do comportamento da sociedade civil

de Balneário Camboriú no que diz respeito à percepção e participação da reciclagem

do lixo residencial. Uma pesquisa de marketing sócio-ambiental em busca de

identificar melhores práticas de informação e conscientização da população,

gerando embasamento teórico que podem vir a auxiliar nas decisões operacionais e

legais e possibilitam aos dirigentes e funcionários públicos obterem maiores chances

de alcançar a sustentabilidade.

1.1 Problema

Balneário Camboriú Caracteriza-se como uma cidade com uma extensão territorial

pequena e altamente povoada. Assim presume-se que a mesma ofereça grande

favorabilidade para a coleta seletiva dos resíduos residenciais. Uma vez que o

crescimento da população urbana bem como o modelo de desenvolvimento atual de

consumo e a cultura do desperdício, geram um problema ambiental e social.

Assim sendo o crescimento ecologicamente-sustentável das cidades, partindo da

coleta seletiva dos resíduos residenciais passa a ser um desafio para a

administração publica, portanto o problema de pesquisa a ser respondido pelo

presente projeto é: como conscientizar a população para a mudança do hábito

de descartar os resíduos para a forma seletiva?

1.2 Objetivo Geral

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15

Desenvolver um planejamento de marketing de forma a influenciar a consciência

ambiental dos cidadãos de Balneário Camboriú para que descartem os resíduos

residenciais de forma seletiva

1.2.1 Objetivos Específicos

Levantar o volume de resíduos que são descartados de forma seletiva;

Identificar os fatores motivadores na população que já utilizam o descarte seletivo;

Identificar pontos fortes e fracos como indicadores do planejamento de marketing.

1.3 Justificativa:

Na perspectiva da administração publica a importância da pesquisa se deve ao fato

de discutir um problema atual e bastante relevante quanto aos seus impactos sociais

econômicos e ambientais, relativos ao comportamento da população de Balneário

Camboriú quanto à separar os resíduos de forma seletiva.

Acredita-se ainda que o trabalho se justifique pela contribuição com a Secretaria do

Meio Ambiente de Balneário Camboriú para melhorar seu desempenho de gestão de

resíduos sólidos, em face às pressões no âmbito mundial e local com relação às

questões sócio-ambientais.

Em recente estudo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Instituto de

Estudos da Religião (ISER) foi constatado que a falta de saneamento ambiental

(coleta de lixo, rede de esgotos, tratamento de efluentes) é a maior preocupação dos

brasileiros que moram em cidades, com 18% das menções espontâneas na

pesquisa divulgada pelo Cempre (2007).

Para a acadêmica a presente pesquisa tem sua importância marcada na

possibilidade de vivenciar as questões amplamente discutidas na sua formação

superior em administração. Dessa forma correlacionará a teoria com a prática.

Finalmente, para a academia, o presente estudo torna-se importante por trazer uma

contribuição no conjunto de informações do entorno econômico e social onde a

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16

mesma esta inserida, bem como aborda um tema de alta relevância para o meio

acadêmico em geral.

1.4 Contexto do Ambiente de Estágio:

O presente estudo foi desenvolvido como prática de estágio tendo sido elaborado na

Secretaria do Meio Ambiente do Município de Balneário Camboriú (SC), que é

secretaria responsável pela fiscalização da coleta e destinação final dos resíduos

sólidos no município, tema foco deste trabalho

1.4.1 Políticas Públicas nas Ações da Secretaria do Meio Ambiente

A Secretaria do Meio Ambiente foi criada pela Lei Municipal nº 863/1989 e A

Secretaria do Meio Ambiente, localiza-se no Parque Ecológico Raimundo Malta, na

Rua Angelina s/n, na Cidade de Balneário Camboriú, e tem como representante o

Secretário Sr. Eng°. Andre Ritzmann.

A secretaria conta, atualmente, com vinte e oito colaboradores que respondem pela

execução dos serviços, como: planejamento, organização, execução e controle das

atividades empreendidas pelo Município na área do desenvolvimento ambiental,

promovendo medidas que proporcione boa qualidade de vida e do meio ambiente,

por meio de programas como:

Plantas que curam, Terra Limpa e administração do Parque Ecológico;

Fiscalização preventiva e proibitiva de ações que infringem a legislação de

proteção ambiental em nível federal, estadual e municipal;

Implantação da coleta seletiva de lixo no Município, contando com os pontos

estratégicos de coleta distribuídos na cidade, assim como, a participação de

hotéis, bares, restaurantes e condomínios.

1.4.1.1 Educação Ambiental: Projeto Terra Limpa

O Projeto Terra Limpa, de 1997, criado através de uma parceria entre a Secretaria

da Educação e a do Meio Ambiente, com o propósito de desenvolver ações focadas

em sensibilizar crianças, jovens e a comunidade para uma nova estética para a

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ GRAZIELA APARECIDA GARCIA

17

cidade turística e ao mesmo tempo promover a conservação e preservação do meio

ambiente, mudança de atitudes e retomada de valores, para proporcionar melhoria

de qualidade de vida à população.

A Rede Municipal de Ensino iniciou um processo de sensibilização para desenvolver

atitudes para a coleta do "lixo seletivo" através de palestras, slides e vídeos.

Gincana Ambiental na Rede Municipal de Ensino - com o objetivo de valorizar o

reaproveitamento do lixo reciclado, através de pontuação sobre a quantidade de

material recolhido e confecções de fantasias nas escolas. Campanhas de lixo

reciclável nas escolas, onde os materiais recolhidos pela campanha foram vendidos

e parte desse dinheiro, utilizado na compra de materiais escolares. Estimulo à

reutilização dos materiais que os alunos conviviam no meio escolar. Distribuição de

80 latões de 200 litros para coleta de material reciclável nas escolas e creches

municipais.

No ano de 1998, para o Projeto Coleta Seletiva e Tratamento de Resíduos Sólidos

foi aprovado em convênio com a Caixa Econômica Federal (Relatório da SEMAM)

através do qual, foram adquiridos dois caminhões para coleta, um bobycat (trator),

uma caminhonete S-10,162 containeres de 240 litros e 21containeres de 360 litros

para lixo comum, e foram confeccionadas camisetas e folders. Em 1998 coleta foi

estendida aos postos de gasolina, camelódromos e avenidas, além da Rede

Municipal de Ensino de Balneário Camboriú. No ano de 1999, o Projeto Terra Limpa

passou a ser desenvolvido em quinze escolas e creches municipais e estaduais com

a participação de monitores cuja função era a de executar e divulgar a Coleta

Seletiva entre os alunos e a comunidade. As equipes realizaram visitas às diretoras

das escolas e creches participantes para entrega do Projeto e materiais informativos,

como cartazes, folders e textos e atividades relacionadas aos conceitos de lixo,

lixão, aterro sanitário, usina de triagem, lixo misturado, reciclagem, mutirões de

limpeza do Rio Camboriú, pedágios, visitas domiciliares com entrega de folders

informativos, divulgando informações sobre lixo orgânico e inorgânico, periodicidade

na coleta seletiva do lixo reciclável, focalizando as atividades nas comunidades dos

bairros das Nações - Iate Clube e Vila Real, através do caminhão da SEMAM ,

Secretaria do Meio Ambiente. No ano de 2001, a Coleta Seletiva de Lixo foi

ampliada pela Secretaria do Meio Ambiente junto com a Secretaria da Educação,

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ GRAZIELA APARECIDA GARCIA

18

para todo o Município, enfatizou-se o objetivo de conscientizar para a necessidade

da preservação ambiental. O Projeto Terra Limpa passou a ser denominado “Terra

Limpa, na onda da Coleta Seletiva”.

No ano de 2004, além de Campanhas Ambientais, o Projeto Terra Limpa lançou o

CD “Tom Natural”, que aborda, em suas músicas, questões ambientais, destacando-

se, entre elas, a preservação do manguezal, a Mata Atlântica e o Hino dos Monitores

do Projeto Terra Limpa entre outras. Esse CD foi distribuído a todas as escolas

municipais e serviu desde então de recurso pedagógico para os educadores de

educação ambiental.

Nos anos seguintes as ações das secretarias deram continuidade às práticas

desenvolvidas nos anos anteriores, com o Projeto Terra Limpa. Incentivo a redução,

a reutilização e a reciclagem do lixo, a construção de uma sociedade sustentável,

socialmente mais justa e ecologicamente equilibrada são alguns valores e atitudes

dos fundamentos de educação ambiental que o Projeto Terra Limpa está

trabalhando na formação da consciência ambiental.

1.4.1.2 Recebimento de Resíduos Urbanos Tóxicos e Destinação Final

A secretaria se responsabiliza por receber e dar destino final adequado aos

materiais tóxicos que causam danos ainda maiores quando destinados aos aterros

sanitários, entre eles lâmpadas fluorescentes, óleos de cozinhas pilhas e baterias.

Uma parceria em com uma empresa que recebe o óleo de cozinha esta por ser

fechada, onde a empresa, em troca do recebimento do óleo recolhido em campanha

municipal e escolar, deve reverter em material escolar para o município.

1.4.1.3 Fiscalização

Entre as várias formas de fiscalização ambiental que a secretaria deve exercer,

conforme estudo teórico cabe a secretaria a responsabilidade da fiscalização da do

serviço prestado pela concessionária responsável pela coleta de resíduos urbanos.

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ GRAZIELA APARECIDA GARCIA

19

Uma das formas utilizadas para a fiscalização é um relatório entregue pela

Ambiental Saneamento e Concessões Ltda, Coneville, mensalmente à secretaria.

Nele está descrito todos os dados dos serviços prestados, demonstrativo financeiro,

e também a opinião pública a respeito da empresa, obtido através de telemarketing

ativo e receptivo.

1.4.1.4 Auxilio a inclusão social

Segundo um cadastramento realizado pela secretaria de Desenvolvimento e

Inclusão Social (2007), calcula-se que haja aproximadamente seiscentas (600)

pessoas que sobrevivem pela prática de coleta de resíduos recicláveis nas ruas de

Balneário Camboriú. Esse fato representa um grande número de resíduos que

devem ser destinados à reciclagem na cidade, porém não se tem dados concretos

do número que essas pessoas, os catadores recolhem. A gestora Rosicléia,

Coneville, estima que esses números devem ultrapassar os números de resíduos

que a empresa recolhe com os dois carros da coleta seletiva, demonstrados no

quadro acima.

A Secretaria do Meio Ambiente e a Secretaria de Desenvolvimento e Inclusão Social,

com ACIBALC – Associação Comercial e Industrial de Balneário Camboriú e

Camboriú, através do CONDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico, junto

com algumas pessoas que sobrevivem do lixo, estão se reunindo com o objetivo de

criar uma cooperativa de catadores de resíduos recicláveis com o nome de

COOPEMAR BC Ambiental . A diretoria já esta definida e o presidente é o Sr. Dárcio

Aurélio Caldeira assim com também já esta em andamento os papéis para constituir

a cooperativa, relatado por Rogério.

1.4.2 Empresa Ambiental Saneamento e Concessões Ltda, Coneville

O contrato de concessão da empresa Ambiental Saneamento e Concessões Ltda,

com nome fantasia de Coneville, com a Cidade de Balneário Camboriú foi assinado

no dia 29 de dezembro de 1997, com prazo de 20 anos. Em resumo das atividades

previstas, no período do contrato, são realizados os serviços de coleta de resíduos

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ GRAZIELA APARECIDA GARCIA

20

domésticos, recicláveis e de saúde, implantação e operação do aterro sanitário e

serviços gerais de limpeza.

A estrutura da empresa está composta por 270 funcionários, dez caminhões com

equipamento compactador, dois caminhões baú, dois caminhões caçamba, um

caminhão póli guindaste, dois tratores com pá carregadeira e uma capinadeira

mecânica. Mais uma Fiorino furgão, veículo de apoio (Courier), quatro motocicletas e

três escritórios: a sede está situada a Rua Canelinha, no bairro dos Municípios, tem

um escritório de relação com o usuário, à rua 1440 e um escritório operacional,

localizado à rua 1926, e tem com Gerente Regional a Sr. Rosicléia Maestri.

A Coneville é responsável pela coleta de lixo seletiva, coleta essa, feita em horários

e dias pré-determinados e no período diurno, com caminhões identificados, além do

um jingle personalizado que ecoa durante a passagem do carro, diferentemente dos

dias e horários da coleta orgânica.

Figura n.º1: caminhão da coleta seletiva. Fonte : Kunzler (2009).

Os serviços de limpeza são realizados diariamente no centro da cidade e três vezes

por semana nos bairros sendo coletados em lixo doméstico, na baixa temporada,

meses de março a novembro, 3.262 toneladas/mês e 109 toneladas/dia e, na alta

temporada, de dezembro a fevereiro, a quantidade de 4.920 toneladas/mês e 164

toneladas/dia. Quanto aos resíduos recicláveis, coletados semanalmente, na baixa

temporada, são retiradas 61 toneladas/mês com um aumento para 76 toneladas/mês

na alta temporada. O material recolhido é encaminhado à Usina de Triagem na

localidade da Várzea do Ranchinho onde a associação dos catadores de material

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ GRAZIELA APARECIDA GARCIA

21

reciclável (ACATELI) faz a seleção e vende aos intermediários da região, ou até

mesmo, diretamente às usinas que reaproveitam do material.

Em hospitais e postos de saúde, para os resíduos hospitalares, a coleta é diária, e,

em até três vezes por semana nos demais estabelecimentos de saúde como clínicas

odontológicas, médicas, veterinárias, estéticas, farmácias, laboratórios de análises

clínicas, estúdios de tatuagem e outros. Desde março de 2006, estes resíduos são

depositados no aterro sanitário da Canhanduba.

1.4.3 Dados da Coleta de Resíduos

Conforme senso IBGE 2009, a cidade de Balneário Camboriú, apresenta uma

estimativa de 102.081 habitantes, com uma área territorial de 46mil km², com uma

densidade demográfica de aproximadamente 4,5 hab/km². Porém, esse número não

representa a real concentração do município, porque uma grande região territorial,

que abrange as praias ao sul que são pouco habitadas, concentrando a grande

maioria de habitantes na região e praia central, com grande concentração de altos

edifícios, e nos bairros periféricos, estes caracterizados por maior número casas.

Contudo torna-se importante a pesquisa e apresentação de dados demográficos

para a coleta dos resíduos urbanos.

O volume total de resíduos urbanos coletados pela CONEVILLE no período de

temporada é em média de 6.150 toneladas/mês. Deste, 150 toneladas é destinada a

coleta seletiva, o restante é encaminhado ao aterro sanitário. Já nos meses fora de

temporada, o número de resíduos urbanos não triado diminui para 3.300

toneladas/mês, e destinados a coleta seletiva são, em média, 110 toneladas/ mês.

Conforme demonstra o quadro n.1:

Mês Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

Coleta de

resíduos(t) 5849 4504 4206 3583 3283 3178 3336 3338 3527 3326 3527 6176

Coleta

seletiva1(t) 57.64 45.55 56.02 60.26 57.64 60.26 60.26 57.64 6026 60.81 64.19 85.81

Coleta

seletiva2(t) 55.61 36.45 3776 41.31 53.46 51.0 51.0 51.0 51.0 38.88 38.68 56.895

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22

Quadro nº. 1: Relatório de Operações Referente a Coleta de Resíduos Urbanos. Fonte: Adaptado de Ambiental Saneamento e Concessões LTDA, (2009).

Observa-se, no quadro nº. 1, o aumento de resíduos coletados nos meses de

temporada, que é explicado pelo grande número de turistas que a cidade recebe nos

meses de verão (dez./jan./fev.).

Outros dados relevantes como a quantidade de lixo produzida por pessoa e suas

condição econômica também deve ser levado em consideração. O instituto Cempre

calcula que uma cidade produz em média de 1kg de resíduos sólidos urbanos por

habitante por dia, e este número pode aumentar em relação ao aumento da renda.

Por exemplo, a região metropolitana de Curitiba, apresenta uma média de 1,2

kg./hab/dia.

Em Balneário Camboriú essa média por habitante é calculada em 1,125kg/hab/dia,

em meses regulares e o município que tem como maior fonte econômica a

prestação de serviços, caracterizando aproximadamente 82% (IBGE 2009) de sua

renda. Além de ser voltada em grande parte para o turismo, por isso a grande

diferença dos resíduos coletados nos meses da temporada de verão conforme

dados apresentados no desenvolvimento.

Entretanto, a cidade de Balneário Camboriú por suas características geográficas e

de desenvolvimento urbano, não possui terreno que comporte um aterro sanitário,

por esse motivo os resíduos gerados pela cidade são depositados na cidade vizinha

de Itajaí. Definido por um acordo político e comercial, entre as duas cidades.

O aterro sanitário pertence à cidade vizinha, de Itajaí, e por isso pode estar volátil às

mudanças políticas, como já ocorreu em tempo passado, com a ocorrência de

ameaças causadas por desacordos políticos. No entanto, pode-se afirmar que

atualmente essa possibilidade é amenizada, pelo fato de a Coneville ser a empresa

que presta serviço para as duas Cidades, de Itajaí, onde se localiza o aterro sanitário

da Canhanduba, e Balneário Camboriú. E assim como é também a empresa

responsável pelo implemento e administração do aterro sanitário utilizado por ambas

as cidades.

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23

1.4.4 Associação dos Catadores ACATELI

A ACATELI Ambiental trata-se de uma associação fundada no ano de 2003, é

responsável pela separação dos resíduos advindos do serviço de coleta. A

associação é constituída por cidadãos dos municípios de Balneário Camboriú e

Camboriú com o apoio da prefeitura por meio da Secretaria do Meio Ambiente,

sendo uma conquista do programa Terra Limpa, desenvolvido pelo Órgão.

Atualmente, a ACATELI é presidida pela Sra. Maria Isabel Pereira, eleita em

assembléia geral pelos agentes ambientais, em 2008. A maioria dos sócios vem do

centro de apoio para dependentes químicos e não completaram o ensino

fundamental. A idade dos associados varia entre 18 e 55 anos e a média de renda

mensal é de 400 reais. Já a média de dependentes de cada associado é de três

pessoas, conforme dados coletados pelo acadêmico na própria organização.

O lixo coletado pelo serviço de coleta seletiva é encaminhado e prensado na Usina

de triagem de materiais recicláveis, ACATELI Ambiental. O material chega da coleta

seletiva, passa pela triagem que é realizada na esteira elétrica, escoa em bags

levado até a prensa, e então é enfardado para posterior comercialização com os

depósitos de sucatas. O espaço e os equipamentos que a ACATELI utiliza para

processar a triagem são cedidos pela da Prefeitura Municipal, condicionado a um

termo de Cessão e Uso com prazo estipulado de cinco anos, sob a aprovação da

Câmara de vereadores.

Os associados recebem parte dos diferentes materiais recolhidos na cidade pelo

serviço de coleta seletiva executado pela empresa Ambiental, entre eles:

Vidro picado nas diversas cores, de conserva, de litros e de vidraçarias;

Metais, que incluem em ferrosos, alumínio e outros;

Papéis que incluem jornais, papelão, revistas, papel branco, papel misto,

embalagens Tetra Pack;

Plásticos

PET (polietileno tereftalato), PEAD (polietileno de alta densidade), PEBD

(polietileno de baixa densidade), PP (polipropileno); bem como EPS (isopor),

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24

Pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes (esses, encaminhados para o posto de

coleta de seu respectivo fabricante).

Conforme Rogério Kunzler (Coordenador de Projetos Especiais do município de

Balneário Camboriú), a ACATELI Ambiental começou a operar com 35 associados,

mas com o passar do tempo e as dificuldades encontradas pelos associados na

gestão e no relacionamento interpessoal, houve uma diminuição no seu quadro e,

hoje, apenas oito membros trabalham na unidade de triagem. Sendo que no ano de

2009 a associação operava com 16 pessoas.

A associação divide os resíduos recicláveis que recebe com outra associação de

triagem existente no município de Camboriú. Essa destinação ocorre somente

quando essa esta com sua capacidade de triagem esgotada, tendo sempre a

preferência no recebimento.

Nessa perspectiva, o aumento da coleta de resíduos da coleta seletiva pode

enfrentar um possível gargalo na sua fase final, de triagem. Rogério, responsável

pela área na SEMAM, tem uma visão diferente nesse aspecto, diz que “se o lixo for

reciclável, não haverá falta de quem o queira, pois a associação de Camboriú tem

capacidade ociosa, assim como as cooperativas de catadores de resíduos de

cidades vizinhas como Itajaí e Itapema”.

Contudo, o presente trabalho visa dimensionar a percepção e disposição da

sociedade civil com relação à coleta de lixo para reciclagem. Identificar o nível de

conhecimento da população a respeito do tema, sua conscientização, dificuldades e

desafios, no que dizem respeito ao aumento da prática da separação dos resíduos

em sua origem, pela população. A identificação dos perfis dos atuantes no processo

de destinação resíduos sólidos para a reciclagem é importante para o

desenvolvimento das técnicas de marketing, definições de metas e objetivos, a

serem alcançados, pelas ações da Secretaria do Meio Ambiente.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo é apresentado o contexto dos conceitos e fundamentos que dão

sustentação ao presente projeto de pesquisa, além de contribuírem para o melhor

entendimento do tema desta pesquisa.

2.1 O Terceiro Setor

Tem crescido a importância do estudo das organizações do terceiro Setor

paralelamente crescente à relevância que as mesmas vêm ocupando como agente

sócio econômico em muitos países. Para Farah (2003, p.20), “ainda que os papéis

sejam polêmicos, as parcerias entre os diversos atores, Estado, empresas e

organizações do Terceiro Setor, têm aumentado e se constituem em uma

possibilidade inovadora de atuação sobre questões sociais”.

No Brasil o Terceiro Setor, descrito por Fischer e Falconer (1998), começa a partir

dos movimentos sociais que atuavam na resistência ao governo totalitário e, da

sociedade civil, a partir da iniciativa de reivindicar seus direitos. O papel do Estado

passa a ser substituído ou complementado, pelo terceiro setor no esforço de

estabelecer algum grau de equidade social. Com múltiplas tendências ideológicas,

de acordo com os autores, o movimento já nasceu com um componente de

politização que, praticamente, substitui o componente filantrópico, que deu origem

ao Setor nos Estados Unidos na década de 70.

Nos estudos para conceituação da sociedade por setores, segundo Hudson (1999),

convencionou-se dividir o conjunto das organizações em: Primeiro Setor: Estado ou

setor público; Segundo Setor: Iniciativa Privada; e Terceiro setor: Sociedade Civil

Organizada.

Segundo Kiel e Silveira (2007), o terceiro setor é caracterizado de forma articuladora

entre os outros dois setores; o meio termo entre o setor público, estado, e o setor

privado, mercado, devido ao caráter público de suas ações e o caráter privado de

seus agentes. A figura nº 2 apresenta as correlações existentes entre os três

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26

setores da sociedade, descrevendo todas as correlações que podem ocorrer, e

simboliza a dificuldade de se definir fronteiras:

Figura nº 2: Fronteiras entre os três setores Fonte: Adaptada de Hudson,1999,p.9.

As inter-relações observadas na figura representam a possibilidade do segundo

setor assumir compromissos voltados a demandas sociais, decorrente do raciocínio

da aplicação do conceito de responsabilidade social, o qual “impõe ao empresariado

uma nova maneira de realizar suas transações” (Ashley, 2003, p. 3).

A precisa definição do conceito terceiro setor, as características de perfil e fronteiras

para o grupo, ainda não foi alcançada, nem mesmo pelos próprios atores. O autor

ainda descreve pontualmente que o terceiro setor é formado por organizações cujo

objetivo principal é social, e ao contrário das organizações do primeiro setor, uma

vez que não distribuem lucros, e diferente das organizações do setor publico não

são sujeitas a controle político direto. Alguns autores definem o terceiro setor pelo

que elas não são: organizações não governamentais, daí a nomenclatura ONG.

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Farah (2003) revela que no Brasil, o estatuto legal reconhece as organizações sem

fins lucrativos, em quatro formatos distintos: fundações públicas ou privadas;

associações ou sociedades civis; cooperativas e cooperativas sociais. A diversidade

de modelos dificulta a definição do terceiro setor, no entanto, Hudson (2005),

algumas características são comuns:

Não têm fins lucrativos;

São formadas, total ou parcialmente, por cidadãos que se organizam de

maneira voluntária;

O corpo técnico, normalmente, resulta de profissionais que, em geral, se ligam à

organização por razões filosóficas e têm um forte compromisso com o

desenvolvimento social;

São organizações orientadas para a ação;

São flexíveis, inovadoras, rápidas e próximas às comunidades locais e

geralmente fazem um papel intermediário: ligam o cidadão comum com entidades

e organizações que podem participar da solução de problemas identificados.

Dependem de fundos, doações do publico em geral, governo, para financiar as

ações que prestam à comunidade.

Diante de uma grande variedade de formas de organizações do terceiro setor, cabe

delimitar o universo de estudo proposto para esse tópico inicial, com o objetivo de

compreender as organizações que tem a finalidade de melhorar ou fortalecer a

própria sociedade civil, objetivando superar discriminações, desigualdades

econômicas, de participação política e cultural ou para melhorar a qualidade de vida

da sociedade (FARAH, 2003). No contexto operacional do sistema, acredita-se que

as ONGs buscam reverter o cenário de caos social, com vista a atender as

necessidades da população de forma satisfatória, abrangendo o envolvendo de

indivíduos no esforço de voluntários.

Alguns pesquisadores chegam até a defender uma maior eficiência do Terceiro

Setor, em relação ao Estado, como argumenta Coelho (2000, apud FARAH, 2003,

p.21):

A produção do serviço ou bem público por essas organizações tem, geralmente, um custo mais baixo do que aqueles produzidos pelo

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mercado ou pelo setor público, o que torna positiva a relação custo/benefício (...) ”Portanto, seja pela escala de produção dos serviços, pela proximidade da comunidade, pelo baixo custo de produção ou ainda pela lógica privada dominante na sua criação e gestão, as organizações do Terceiro Setor aparentam deter condições de prestar serviços sociais relevantes apresentando uma positiva relação de efetividade.

Salamon (1998 Apud KIEL e SILVEIRA 2007) defendem que devido à convergência

das quatro crises: “Moderno, a crise do desenvolvimento nos países do terceiro

mundo, a crise do meio ambiente global; a crise do socialismo, e duas revoluções, a

revolução das comunicações e o crescimento mundial dos anos 60”; que resultou na

redução do papel do Estado nas áreas de bem-estar da sociedade mundial, assim

como contribuíram para a ascensão das atividades voluntárias.

A fase inicial de uma organização idealizada pela sociedade privada, normalmente

apresenta um elevado nível de idealismo, altruísmo, informalidade e improvisação

por parte dos seus gestores e fundadores. Porém “para que cresçam as ONGs

necessitam superar dificuldades que são próprias do crescimento como a

necessidade crescente de recursos, papéis confusos, dificuldade de diferenciar entre

a boa administração e a burocracia desnecessária” (HUDSON, 1999, p. 234).

Kiel e Silveira, (2007) as maiores dificuldades administrativas que o setor enfrenta

faz da administração uma tarefa desafiadora, corroborando com Salamon (1996

apud KIEL; SILVEIRA, 2007) que aponta a existência de quatro desafios críticos ao

terceiro setor, a serem superados:

Desafio da legitimidade: na busca pela definição do terceiro setor;

Desafio da eficiência: refere-se à necessidade do setor em demonstrar

capacidade e competência;

Desafio da Sustentabilidade: trata-se da dificuldade de subsistência tanto

financeiro quanto em relação aos voluntários pelas causas sociais;

Desafio da Colaboração: diz respeito à necessidade de participação do Estado,

do setor privado e das demais entidades do terceiro setor, que, ao contrário de

trabalharem em conjunto , devido à falta de recursos tornaram-se competitivas

entre si.

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29

Na mesma concepção, Hudson (1999, p.18) sustenta que é necessária uma visão

estratégica para enfrentar com sucesso o desafio de administrar sem receita e que é

hoje em dia, parte central das administrações do terceiro Setor. O autor relata

também outras características da administração do terceiro setor, ainda que nem

sempre exclusivas desse segmento:

Uma demanda de serviços ilimitada ou contida apenas pela minimização de

marketing e promoções do serviço;

Não ser diretamente responsáveis pela qualidade do serviço oferecido.

Estar atentas as diferentes expectativas dos financiadores e usuários.

Objetivos vagos: dificuldade de definição de meta diante de tantos gargalos, no

entanto, deve- se objetivar metas para serem cumpridas com prazo médio de três

anos.

Difícil monitoramento do desempenho: geralmente por serem voltados a índices

que dizem respeito à melhoria da qualidade de vida, ou preservação do meio

ambiente, por exemplo, monitorar a qualidade do serviço é muito difícil porque os

sujeitos sofrem várias influências, porém pode-se medir a abrangência ou

amplitude. Além de ser de difícil mensuração, é comum o esquecimento de

celebrar o sucesso.

As organizações do terceiro setor são igualmente responsáveis perante muitos

patrocinadores: muitas vezes alguns doadores individuais, ou entidades

financiadoras ou até mesmo os voluntários, podem ter interesses diferentes na

organização, porém esses não podem desviar o estilo e a cultura da entidade.

As estruturas administrativas são complexas: apesar de algumas estruturas

conseguirem se modernizar, as estruturas geralmente têm processos mais

burocráticos que as de mesmo tamanho no setor privado.

Os valores precisam ser cultivados: as pessoas que partilham dos mesmos

valores e idéias sobre os propósitos e estilos de operação na organização

produzem mais, e refletem em eficiência da organização.

Falta de resultado financeiro para determinar prioridades: dificuldade de

orientação para o que é prioridade e o que é investimento futuro, resultante da

dificuldade de projeção de fluxo de caixa.

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“As exigências dos financiadores acabam caracterizar as dimensões recursos e

marketing como de extrema importância na gestão organizacional, pois a gestão de

uma ONG requer quatro coisas: um plano, marketing, pessoas e dinheiro”.

(DRUCKER, 2001b, apud FARAH, p.22, 2003).

Em resposta a posição anterior que discute as dificuldades constitui naquilo que

Tenório (2001, apud FARAH, 2003) denominou o desafio da gestão, onde se

estabelecem ou se interpretam objetivos e se alocam recursos para atingir uma

finalidade previamente determinada. Dentro deste contexto, o autor reafirma a

importância da utilização, pelo gestor (ou gerente), das quatro funções gerenciais:

planejamento, organização, direção e controle. A função de planejamento talvez seja

a mais importante, justamente pela “forma de pensar o futuro da organização,

definindo o que fazer, como, quando e com que recursos” (TENÓRIO, 2001 apud

FARAH, 2003, p.23).

O mesmo autor ressalta que se torna necessária a profissionalização dos gestores

dessas organizações do terceiro setor na atual complexidade de sua atuação, e

responsabilidade frente à sociedade, porque a importância social e econômica que

as ONGs ocupam, faz destas organizações atores sociais fundamentais para a

operacionalização de política e ação social nas sociedades contemporâneas e a sua

gestão requer níveis de profissionalização.

Hudson (1999, p. 275), ressalta a importância da gestão profissional argumentando

que “a maior parte dos financiamentos vem de instituições como governos centrais e

locais, autoridades da saúde, fundações e empresas”, o que modifica a relação dos

financiadores com a organização e a obriga a dispor de instrumentos de gestão para

não só gerir eficazmente estes recursos e aperfeiçoar-los, mas também para prestar

contas dos resultados de suas atividades.

Muitas vezes pela falta de gestão transparente, alguns autores, expõem interesses

que questionam a índole das organizações de sociedade privada, como Gomes e

Moretti (2007) que indagam o real motivo do papel assistencialista das ONGs na

sociedade e os benefícios da categoria que podem ter impulsionado crescimento

acelerado que teve o setor. Ainda os autores questionam a existência um conjunto

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de interesses, já que esse setor dispõe de grande quantidade de verbas advindas do

Estado e também da sociedade privada, esses que, podem ter interesse de vincular

sua marca/nome com as ações das ONGs, o interesse público em trazer a

sociedade civil para perto dos governos e inclui também o interesse da sociedade

organizada, no entanto, motivada por perder seu status de segurança e comodidade

frente aos problemas sociais crescentes.

Kiel e Silveira (2007) defendem que o verdadeiro motivador é a responsabilidade

social, e esta possui várias vertentes, mas a que deu origem ao movimento e

também aquela que mantém ativo o setor é a gestora de qualidade de vida, com a

preocupação com o social e econômico da população. Hudson (1999, p.1) defende

que “a filosofia que permeia quase todos os aspectos do terceiro setor é o desejo

humano de ajudar outras pessoas sem a exigência de benefícios pessoais”.

A respeito do tema das sociedades privada organizadas, muitos autores, Serva

(1997), e Tenório (1997), Teodósio (2002), e Oliveira (2004 apud KIEL; SILVEIRA,

2007), quando, que se referem às maiores dificuldades encontradas pelo setor é a

obtenção de recursos, isso acontece devido principalmente ao caráter substantivo

de suas ações (promoção social), distantes do modelo econômico-financeiro

desejado pelos organismos financiadores. Dessa forma, Farah (2003), as

organizações do terceiro setor acabam por ter que disputar recursos com outras

instituições do mesmo gênero, seja com instituições do próprio estado, responsáveis

pelos mais diferentes objetivos de interesse da sociedade, ou ainda com meios de

comunicação quando se tratar de financiamento de empresas da iniciativa privada

que pretendem utilizar a ação social patrocinada na estratégia de marketing de seus

produtos e marcas.

Oliveira (2004 apud KIEL e SILVEIRA) conclui que o baixo impacto causado pelas

ações sociais, também dificulta a aparição das organizações na mídia, apesar de

estar presente há anos no cenário assistencial, ainda, pouco espaço têm.

Os mesmos autores complementam defendendo que: para dar maior transparência

na realização das ações sociais desenvolvidas e dos recursos aplicados, o terceiro

setor precisa divulgar o que faz para a opinião pública e o mercado. Ashley (2003)

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defende a divulgação do Balanço Social sendo um importante instrumento de

avaliação da responsabilidade social corporativa, assim como econômica e

financeira, porque a empresa “transparente” e eficiente adquire credibilidade e atrai

mais incentivo e investimentos.

A autora enfatiza que as organizações que contribuem para o desenvolvimento

sustentável dos povos, como as organizações do terceiro Setor que tentam contribuir

para a melhoria da qualidade de vida da sociedade, “assumem obrigações de

caráter moral, além das estabelecidas em lei, mesmo que indiretamente vinculadas a

suas atividades”, e relacionando aspectos éticos, coletivos, direcionados aos

ambientes interno e externo à organização. Nesse sentido, o próximo tópico a ser

abordado refere-se à ética e responsabilidade social (Ashley, 2003, p. 6).

2.1.1 Ética e Responsabilidade Social

Na perspectiva de Melo Neto & Froes (2001) para se falar de responsabilidade social

é necessário falar de ética, pois a prática da responsabilidade social se constrói a

partir de atitudes e comportamentos éticos. Sendo a ética, ou também chamada,

estudo e filosofia da conduta humana, a parte da filosofia que estuda a moralidade

dos atos humanos, com ênfase na determinação do que é certo e do que é errado,

Karkotli (2002).

De acordo com o Levy (2004) a ética empresarial é a junção da ação e do discurso,

assim como a base da Responsabilidade social, porque o a empresa que anuncia

essa prática deve decidir seu planejamento e desenvolvimento econômico, seguindo

uma coerência entre esses princípios e valores adotados pela empresa, ou seja,

valores nos quais a empresa sustenta acima de qualquer outro interesse em seu

plano estratégico.

Para Arruda, (2001 apud GADIOLI et al, p.5, 2005) discute a ética que a

empresarial como um conjunto de valores a serem estimulados dentro e fora da

empresa.O autor menciona que esses valores podem estar implícitos, ou não, para

que todos ajam seguindo dessa vertente, chamados também de código de ética.

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Ainda o autor acredita que na possibilidade de obter resultados rápidos, algumas

empresas adotam práticas que não respeitam o Código de Ética, como por exemplo,

agindo forma ilegal e utilizando artimanhas para vencer o concorrente, ou encantar o

cliente, demonstrando atitudes que partem de uma visão imediatista e vertente

antiética. O autor afirma que esse tipo de decisão empresarial não é isenta de

conseqüências, carregam um enorme poder de irradiação pelos efeitos que

provocam, ou seja, todos os envolvidos direta e indiretamente no processo, muitas

vezes, acabam por adotar atitudes de mesma índole, para com a empresa.

Reafirmando, a existência da irradiação antiética causada por ações de origem

antiética das organizações. Levy (2004) compreende a irradiação antiética,

lembrando que a empresa atrai para si uma grande quantidade de fatores humanos,

e os seres humanos conscientes ao que realizam, e participam , sofrem influência

com suas práticas, assim como os acionistas ou proprietários da empresa. Ressalta

ainda, que o conceito de ética empresarial não pode ser um valor acrescentado, por

que, responsabilidade empresarial é uma forma ética de conduzir os negócios da

empresa, tornando à parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social através

de valores intrínsecos da atividade econômica e empresarial. A empresa

responsável tem a capacidade de ouvir e conseguir incorporar no planejamento de

suas atividades buscando atender os interesses de todas as diferentes partes.

Ashley (2003) ressalta que a ética é a base para a responsabilidade social, e a ética

empresarial é a prática da teoria, então Responsabilidade social pode ser definida

como o compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade,

expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo,

ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo de forma pró-ativa e

coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação

de contas para com ela.

Para Furlanetto e Vieira (2005) os fatores financeiros e econômicos que eram os

principais objetivos das organizações, perdem sua importância para os pensamentos

sociais e humanos, que são os que têm importância devido à responsabilidade de

cada empresa de ter seu papel social e pessoal fortemente estabelecido, para uma

maior garantia de sucesso e sobrevivência.

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Gadioli et al, (2005) discute que as empresas como agentes em busca de soluções

para os problemas sociais, exigem um compromisso firme, não só governamental,

mas também individual, institucional e coletivo, para gerar transformações que

efetivamente tragam resultados positivos para toda a sociedade. A responsabilidade

social empresarial se apresenta como uma ferramenta para as empresas se

diferenciarem entre si.

O mesmo autor argumenta que hoje, reforçado pelo crescente processo de

globalização e privatização, os valores éticos são fatores fundamentais para o

sucesso mercadológico, isso é explicável no mercado capitalista, em que as

empresas fazem parte, e, onde, a concorrência é constante, é fator determinante de

sobrevivência e de destaque perante outras, sendo necessário mais que investir em

novas tecnologias, produzir mais e reduzir os custos.

Diversos autores entre eles Levy (2004), Melo & Froes (2001) ressaltam a

importante da diferença de responsabilidade social e Filantropia. Embora ambas

tenham em suas práticas atitudes e comportamentos éticos, a filantropia tem como

estimulo de um desejo individual, e sua pratica tem resultados superficiais e

emergenciais. A instituição e os autores acordam que a responsabilidade social tem

como estimulo o dever cívico, e sua prática busca estimular ao desenvolvimento do

cidadão, e fomentar a cidadania individual e coletiva, enquanto a filantropia não

passa de doações a responsabilidade social busca solucionar os problemas sociais.

Em Ashley (2003), adotar uma postura ética como estratégia de negócios inclui agir

de forma honesta com todos aqueles que têm algum tipo de relacionamento com ela,

também conhecidos como os stakeholders. A autora complementa que a

responsabilidade social corporativa está ligada às estratégias organizacionais, às

práticas em projetos sociais, de forma pró-ativa e coerentemente no que tange a seu

papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela, dentre

essas práticas destacam-se:

gerar valor para seus agentes internos – proprietários, investidores e

colaboradores para que, em primeiro, se justifiquem os recursos financeiros,

humanos e materiais utilizados pelo empreendimento;

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35

gerar valor para a sociedade, nela identificados: governo, consumidores e o

mercado como um todo, disponibilizando bens ou serviços adequados, seguros e

de algum significado para melhorar a vida das pessoas;

prestar informações confiáveis;

promover comunicação, eficaz e transparente para com colaboradores e agentes

externos;

recolher tributos devidos;

racionalizar, ao máximo, a utilização de recursos naturais e adotar medidas de

proteção e preservação do meio ambiente;

incentivar a participação de dirigentes e colaboradores, enquanto cidadãos, na

solução de problemas da comunidade;

formar parcerias com outros organismos, de governo e da sociedade civil, para

identificar deficiências e promover o desenvolvimento da comunidade onde está

instalada;

transacionar de forma ética em toda a cadeia de relacionamento e outras partes

interessadas como fornecedores, colaboradores, clientes, entidades associativas

e representativas, governos entre outros.

As empresas que valem de abuso econômico, que constrangem concorrentes que

exprimem idéias distintas, que desrespeitam seus funcionários, impondo-lhes

condições adversas de trabalho, que agridem o meio ambiente, que não priorizam a

qualidade na fabricação de produtos ou na prestação de serviços e usam

procedimentos ilícitos para obter vantagens a todo custo (como corrupção,

manipulação de balanços, formação de cartéis, etc) se afastam de sua verdadeira

função social (MATOS, 2001 apud GADIOLI et al, p.6, 2005).

O empresário que obtém um rápido ganho financeiro tirando vantagens de clientes,

fornecedores ou funcionários, segundo Karkotli (2002) pode apurar um lucro um

pouco mais alto, porém em curto período, mas a confiança que poderá perder no

processo, jamais voltará a ser instaurada em suas relações de negócios. Verifica-se,

nessa perspectiva, que os interesses desse tipo de empresa entra em conflito com

os interesses da coletividade. Vale aqui relembrar que, o relacionamento ético da

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36

organização com todas as partes interessadas resulta em reciprocidade no

tratamento, Levy (2004).

Uma das questões éticas em evidência nos dias de hoje é o controle social sobre a

agressão ao meio ambiente. Jonh (1994) acredita que as empresas que estão

sensíveis a esta realidade têm sua sobrevivência reforçada, pois existirá uma

procura crescente por aquelas não apenas voltadas para a produção e lucro, mas

que também estejam preocupadas com a solução de problemas mais amplos como

preservação do meio ambiente e bem-estar social. Para Gomes e Moretti (2007) a

crescente pressão dos clientes e da comunidade em favor de um ambiente mais

limpo e com menor desperdício significa que as organizações precisarão

desenvolver estratégias de projeto que levem em consideração os fatores

ambientais.

Segundo Gadioli et al (2005) o envolvimento de empresas com ações sociais

depende de suas disponibilidades em recursos humanos e financeiros. Contudo,

pequenas organizações podem aumentar seu envolvimento participando de

atividades em cooperação com outras, serviços voluntários, para a construção de

uma sociedade mais democrática e menos desigual, mais humana e menos injusta.

Scour (1998), os conceitos de Responsabilidade Social devem estar presentes na

missão e dessa forma este conceito ser divulgado entre os funcionários. Os líderes

da empresa devem enfatizar suas responsabilidades públicas e praticar a cidadania.

Os autores, Gadioli et al (2005) destacam que um dos fatores que pode ter

contribuído grandemente para a empresa considerar as relações com os

stakeholders internos e externos foi a introdução da gestão baseada na qualidade

total. Para eles, a qualidade total se apresentaria como um caminho ou um recurso

necessário à empresa que deseja acompanhar a trajetória de mudanças que estão

ocorrendo, o que significa assumir junto com a produtividade e o lucro,

responsabilidades sociais, éticas e ambientais.

Gaioto (2001 apud KARKOTLI, 2002) observa que a empresa capitalista só passa a

comportar-se de modo socialmente responsável quando sua continuidade está em

risco. O autor alega que o desempenho econômico é sua primeira responsabilidade,

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37

onde a responsabilidade social corporativa seria uma atividade pós-lucro, porque o

lucro é a razão da existência, assim como é necessário para subsistência da

corporação.

No entanto, não se pode afirmar que uma empresa tenha como responsabilidade

apenas a sua sobrevivência, Ashley (2003) defende que as empresas devem agir de

forma transparente e adotar uma postura ética perante seus stakeholdes. Levy

(2004) e Ashley (2003), entre outros autores, apóiam o ato de publicar o balanço

social como forma de demonstrar a postura transparente adotada pela empresa, pois

é um instrumento de gestão e de informação econômica, financeira e social, e

principalmente, um demonstrativo do desempenho das atividades, onde a empresa

torna públicas as ações sociais que empreende com os seus diversos parceiros:

empregados, comunidade, meio ambiente, entre outros. São demonstrações das

práticas de responsabilidade social.

De acordo com o Levy (2004), atualmente no Brasil não há lei que obrigue a

empresa ser socialmente responsável, porém resultados positivos para a sociedade

trazem para a empresa valorização da imagem institucional e da marca, maior

lealdade do consumidor, maior capacidade de recrutar e manter talentos,

flexibilidade, capacidade de adaptação e longevidade.

Gadioli et al (2005) afirma que a empresa cidadã agrega importante valor à sua

marca, além de contribuir para o desenvolvimento das comunidades carentes e da

sociedade. De acordo com os autores, o valor que pode ser vinculado à marca

nessas atitudes conjuntas justifica o porquê da responsabilidade social empresarial

estar relacionada com Marketing. Pode parecer uma estratégia para fortalecer a

marca da empresa, no entanto a empresa precisa incorporar a cultura de

responsabilidade social, com um comprometimento real e ético, acima de tudo, antes

de pensar no retorno que a marca receberá.

Karkotli (2002) considerara o termo responsabilidade social como uma forma de

atender as necessidades latentes da sociedade como forma de compromisso,

modismo ou meramente para a obtenção de lucro, a partir da vinculação da imagem

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38

da empresa a causas social. Seja qual for a intenção, é visível o interesse de

empresa por projetos sociais ou outro tipo de ação que beneficie o bem-comum.

Aqui é necessário fazer a distinção entre o que pretende e pode alcançar uma

empresa, e o que é definido como desenvolvimento sustentável. Para Karkotli

(2002), é entender as necessidades do presente sem comprometer a capacidade

das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades. Essa é uma

aspiração do conjunto da humanidade e as empresas participam desse processo

buscando a sua própria sustentabilidade.

2.2 Responsabilidade Social do Governo

Desde a visão liberal de Adam Smith, em que o mercado age como uma “mão

invisível” que regula o sistema e onde as empresas são coordenadas pelo mercado,

cabendo ao Estado a função de coordenar tal sistema, com leis que regulam o

processo de exploração e de acumulação do capital. Na visão de livre concorrência

entre as empresas, cabia a o Estado a função de garantir o direito de propriedade,

Gomes e Moretti (2007).

No Brasil, a política Nacional entre as décadas de 60, 70 e 80, mantinha presença

marcante do Estado como responsável pelos constantes processos sociais que

realizavam, com o objetivo de zelar pelo bem estar social. Furlanetto e Vieira (2005),

o tipo de modelo econômico vivido pelo país naquelas décadas era um modelo

paternalista que com a consolidação do capitalismo, deixa de ser satisfatório pelo

ponto de vista social, porque o estado formato econômico tem característica mais

liberal e menos assistencialista.

Nos anos 80 houve um aumento das práticas sociais por todo Brasil, e um

crescimento relevante no que diz respeito às questões sociais, referindo-se ao

cenário público federal e estadual e das organizações privadas, onde aspectos

oriundos das necessidades da sociedade fizerem com que estas organizações ou

órgãos refletissem para questões sociais. Para Drucker (1995 apud HIGUCHI;

VIEIRA, 2008) essas iniciativas sociais passarem a receber o apoio da iniciativa

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privada, está pelo fracasso do governo em cumprir suas obrigações sociais com

eficiência.

O s governos locais estão cada vez mais responsáveis, tanto na vida política como

na vida econômica, social, cultural e nos meios de comunicação. De acordo com

Santos JR. (2001) as cidades são vistas como atores sociais. Diante de novas

responsabilidades, os governos locais, motivados pelo esgotamento da capacidade

do poder central em lidar com problemas sociais regionais, buscam soluções na

formulação e no implemento de políticas voltadas para a melhoria da qualidade de

vida. Anderson (2005) acredita que diferente dos programas de filantropia que não

têm sustentabilidade, a introdução de programas de apoio à ONGs e cooperativas,

que desenvolvem iniciativas auto-sustentáveis e buscam a introdução na sociedade

daqueles que estão às margens dela.

Santos Jr. (2001), essa mudança de enfoque teórico que ocorreu com obtenção de

poder pelo município, deixou de ser uma problemática política, para outra, técnico-

administrativa de como construir bons governos. Os conceitos de planejamento

estratégico e de desenvolvimento local se concentram nos atores e conflitos sociais

em nível local, em busca pelos objetivos comuns ao interesse do desenvolvimento

econômico e social da cidade. Ainda o autor enfatiza o principal objetivo dos

governos locais, na função de agente de desenvolvimento econômico, com

educação e saúde e às políticas locais, para garantir a renda e o emprego dos

habitantes.

O papel do Estado em nível municipal abrange três áreas de mudanças de acordo

com Abrucio e Couto (1996 apud SANTOS JR., 2001):

A estrutura fiscal administrativa: política de responsabilidade fiscal;

As diferenças econômicas entre os municípios: competição movida pela

multiplicação do número de municípios;

A dinâmica típica do âmbito municipal: que aponta para a necessidade da

institucionalização de formas de negociação que incorporem, diretamente à

discussão, as áreas a serem atingidos pelas políticas municipais.

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Pinho e Santana (2002, apud SANTOS JR., 2001 p.101) resumem as áreas de

intervenção e as novas atribuições do governo municipal, segundo os analistas:

(...) políticas de responsabilidade fiscal, elevando a capacidade de

arrecadação própria; reconhecimento da sociedade civil organizada

como novo ator social, o que leva a institucionalização de

mecanismos de democracia direta como orçamento participativo,

conselhos municipais, fóruns de consulta, além de parcerias com o

setor privado; práticas gerenciais centradas na qualidade e no

exercício da participação; intervenções na área de abastecimento

envolvendo produção, circulação, comercialização e consumo; defesa

do meio ambiente; políticas de cunho redistributiva ou anticético para

garantir a renda e o emprego; reconhecimento que a industrialização

não é o único caminho para o desenvolvimento, mas que também a

agricultura, o comércio e o turismo podem ser considerados como

setores potenciais de geração de emprego e renda; abandono da

visão tradicional assistencialista substituída por políticas mais

consistentes de combate à exclusão social e à pobreza, e, sobretudo

um novo papel de agente de desenvolvimento local.

O autor argumenta que são pequenas as possibilidades de respostas das esferas

municipais de governo, já que a estrutura de empregos vincula-se à estrutura e à

política produtiva de cada país (política industrial, agrícola e comercial) e é

diretamente influenciada pela lógica das cadeias globais. Portanto, afirma Santos Jr.

(2001, p. 102) seria exigido “um papel ativo dos Estados nacionais na normatização,

regulamentação e articulação dos negócios privados, na perspectiva de um novo

modelo de desenvolvimento econômico e social”.

O novo modelo econômico local, e a nova visão do modelo econômico, que

substituiu o tradicional modelo paternalista, com políticas mais conscientes de

combate à exclusão social e à pobreza, acrescidos a participação popular, tem

colaborado para o papel do município como um agente do desenvolvimento

sustentável local.

Schenini e Nascimento (2002) quanto à gestão pública sustentável, os seus

participantes, sejam eles dirigentes, gerentes ou funcionários, enfrentam o problema

gerencial de achar e instalar as tecnologias apropriadas para suas diferentes

necessidades. Neste caso, as tecnologias voltadas para a administração pública são

um conjunto de conhecimentos que se aplicam as diversas atividades gerenciais

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41

visando maximizar benefícios, melhorias ou desempenho. Corroborando para uma

afirmação segura de que as tecnologias limpas da gestão pública sustentável são o

caminho para se alcançar o desenvolvimento sustentável.

Desde a Constituição Federal de 1988, a questão ambiental passou a fazer parte da

vida dos municípios brasileiros com maior ênfase. Segundo Teixeira, Netto e

Malheiros (2009) a nova legislação passou a responsabilizar os governos municipais

pela gestão do meio ambiente local, mensurado pela obrigação do estado e da

sociedade na garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. O mesmo

autor concorda com a decisão justificada devido ao seu complexo teor de direitos

que a questão aborda já que se trata de um bem de uso comum do povo que deve

ser preservado e mantido para as atuais e futuras gerações.

Souza (2003) defende alegando que a esfera local é a mais apropriada para ação

ambiental e de arranjos democráticos, pelo melhor tratamento dos problemas, por

meio de um governo mais sensível às demandas locais, maior proximidade e

conhecimento dos interesses e necessidades da comunidade, a proteção da

sociedade contra a excessiva centralização e concentração de poder, e as maiores

chances de participação pública no processo decisório.

Outro marco regulatório importante para a gestão ambiental municipal, segundo

Schneider (2000 apud TEIXEIRA; NETTO; MALHEIROS, 2009), é a Lei Federal

6.938, de 31 de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente,

criando o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, composto, dentre outros

órgãos, por entidades federais (órgãos setoriais), estaduais (órgãos seccionais) e

municipais (órgãos locais), envolvidos com o disciplinamento do uso dos recursos

ambientais e preservação da qualidade ambiental. No Artigo 23, a Constituição

delega competência comum para proteger o meio ambiente e combater a poluição

em qualquer de suas formas. Assim, Souza (2003), entende-se que tanto União,

Estados e Municípios são dotados de amplas competências ambientais.

As Leis Federais nº 9795/99 e nº 10.257/2007, a Lei 5.793/80 e o Decreto 14250-SC

normatizam as Políticas Nacionais de Educação Ambiental, estabelecem as regras

para entidades governamentais como o IBAMA, no nível federal, a FATMA, no

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estadual, e a FLORAM, no nível municipal (SCHENINI; NASCIMENTO, 2002). As

leis segundo Teixeira, Netto e Malheiros (2009) também definem responsabilidades

e hierarquias, estruturas e integração necessária entre os sistemas de educação e

ambiental. Lei nº 10.257/2007 que regulamenta o desenvolvimento urbano

sustentável, além da resolução 237/97 do CONAMA que estabelece que os

municípios devam estruturar-se em termos políticos, técnicos, tecnológicos e

operacionais e o dever de implementar os conselhos de meio ambiente para

conduzir licenciamento de atividades de impacto local , com caráter deliberativo e

participação social.

Os mesmos autores esclarecem que os SISMUMA, Sistema Municipal de Meio

Ambiente, são instituições de planejamento público a nível municipal que deve

incorporar noções e princípios de participação popular, governança ambiental e de

desenvolvimento sustentável, no processo de tomada de decisão. Para isso órgão

superior do sistema (SISMUMA) e as secretarias subordinadas ao mesmo, são

responsáveis por gerir os recursos ambientais, tais quais:

Aprovação e acompanhamento de políticas municipais de meio ambiente, com

caráter consultivo, deliberativo e normativo;

Conservação e preservação, execução, fiscalização ambiental, além da

fiscalização dos processos citados anteriormente;

Fiscalização de órgãos da administração direta no caso de instituições do

governo, e indireta, incluindo os demais organismos não-governamentais que

atuam no município e cujas ações podem interferir na apropriação e uso, e

também na conservação dos recursos ambientais.

Teixeira, Netto e Malheiros, (2009) relatam a pesquisa de Informações Municipais

(Munic-IBGE, 2008), que aponta apenas 18,7% dos municípios brasileiros possuirem

essa estrutura completa. Apenas 22,6% têm fundo de meio ambiente, 47,6% têm

conselho municipal de meio ambiente e 77,8% de municípios no país possuem

algum tipo de estrutura na área ambiental. De maneira geral, a pesquisa evidencia

que quanto maior o município em termos de população, maior a presença de

estrutura ambiental.

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Ainda os autores enfatizam os municipios e órgãos locais são fundamentais para

que ocorra a atuação integrada dos vários elementos que compõem os sistemas

nacionais e estaduais de meio ambiente. Assim, Philippi Jr. e Malheiros (2007), se

faz necessário que os municípios tenham seu sistema de meio ambiente

estruturado, adquirindo a capacidade de atuar sobre as questões que atingem sua

esfera local com eficiência como, por exemplo, no desenvolvimento do zoneamento

ambiental, estabelecendo padrões de uso e ocupação do solo, bem como na

execução do seu papel licenciador e fiscalizador de atividades com potencial

impacto ambiental e se adaptando continuamente as mudanças políticas, sem

impedir o desenvolvimento econômico, gerando maior sustentabilidade e cidadania.

Ao exemplo da elaboração participativa do orçamento municipal e do

desenvolvimento de experiências positivas no atual parâmetro econômico pela maior

interferência de uma parte da sociedade faz-se crer num desenvolvimento político,

necessário à sustentabilidade dessas ações. Essas mudanças devem-se, segundo

Teixeira, Netto e Malheiros (2009), ao processo de urbanização, o maior acesso à

informações, a expansão no acesso ao ensino formal, a elevação do nível de

discernimento e crítica, a existência de instrumentos de limitação do arbítrio dos

governantes (por intermédio do Ministério Público), tudo conspira contra o político e

o eleitor tradicionais, e de mesma forma projeta um modelo para a reforma da

administração pública. Castells (1999 apud TEIXEIRA; NETTO; MALHEIROS, 2009),

sugerem oito princípios necessários para a administração pública:

Dispor subsídiosariedade: a gestão administrativa deve situar-se, em relação a

cada problema ou tarefa, no âmbito o mais descentralizado possível;

Flexibilidade: há que se transitar de um estado decretador para um estado

negociador, de um estado controlador para um estado interventor. As unidades

administrativas de intervenção devem parecer-se cada vez mais com forças-

tarefas que possam se constituir para um propósito determinado e se reconverter

em outro tipo de organização ou de atividade, atendendo a necessidades

emergentes. A administração deve ir assumindo uma formação reticular e uma

geometria variável conforme a situação;

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Coordenação: sem ela, a extrema flexibilidade e descentralização dissolveriam o

estado. A coordenação deve estabelecer mecanismos de cooperação

permanentes;

Participação cidadã: que fornece legitimidade à ação do estado;

Transparência administrativa: informações ao público e mecanismos de controle

externo ao Poder Público, ancorados na sociedade;

Modernização tecnológica: uma administração nova, ágil, flexível,

descentralizada, participativa, deve fazer uso da tecnologia disponível para

garantir sua eficiência;

Profissionalização da administração pública;

Retroação na gestão: permite assegurar os efeitos da aprendizagem e da

correção de erros, de que necessita toda organização para estar em constante

adaptação ao ambiente.

Rosa, Tureta e Brito (2006) ressaltam as condições de saúde pública como mais um

problema social de são fortemente impactadas por condições que fogem ao alcance

do sistema de saúde, fazendo dele apenas um sistema de administração de

doenças. A saúde de uma localidade envolve de uma estratégia sustentável de

desenvolvimento econômico e prevenção de problemas sociais. Segundo Junqueira,

(1997) uma cidade saudável é aquela que tem em suas práticas constantes a

melhoria de seu meio ambiente físico e social, utilizando os recursos de sua

comunidade, com o objetivo de permitir aos seus cidadãos uma aptidão mútua em

todas as atividades humanas, que levem em conta a sua plena realização, para que

se promova a saúde pública, é necessário desenvolver exercícios de interação com

os demais setores da área social e ambiental, influenciar o conjunto das políticas

públicas, buscar parcerias com a sociedade civil e a iniciativa privada, para promover

o desenvolvimento municipal.

2.3 Sustentabilidade

A sustentabilidade desde seu enunciado original na Conferencia de Estocolmo na

Suécia (1972), no contexto do conceito, tem tido sua abrangência cada vez mais

ampliada, servindo de meio de articulação das dimensões econômica, ambiental e

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social, hoje vistas como indissociáveis. O adjetivo sustentável tem se aplicado aos

mais diversos substantivos (transporte, consumo, turismo sustentável) no sentido de

qualificar qualquer objeto de política pública, prática social ou empreendimento que

esteja de acordo com princípios de sustentabilidade (ONU, 1998).

Karkotli, (2002) descreve que o desenvolvimento sustentável significa atender as

necessidades do presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras de

atender às suas próprias necessidades. Para o autor, a proteção ambiental,

comparada a outros ideais humanos, é imprescindível para atingirmos um

crescimento que seja sustentável.

Jonh (1994) O segredo para o êxito de projetos de preservação ambiental está na

sua sustentabilidade econômica. Os negócios que se concretizam nas diversas

etapas envolvidas são a garantia para a perenidade e aperfeiçoamento de tais

iniciativas. O autor descreve o relatório de 1987 da comissão Mundial de Meio

Ambiente e Desenvolvimento, onde expressa o desafio e convoca as empresas para

uma visão de desenvolvimento econômico unido à proteção ambiental, adequando-

se aos princípios seguintes:

Medidas de emergência: desenvolver planos prévios de emergência em conjunto

com secretarias públicas responsáveis e comunidade local, reconhecendo a

possibilidade de ocorrência de impactos além dos limites fixados;

Prioridade corporativa: desenvolver o gerenciamento ambiental como uma das

maiores prioridades coorporativas e como determinantes para o desenvolvimento

sustentável;

Gerenciamento integrado: gerenciamentos de todas as funções da empresas de

forma integrada, onde, políticas e práticas caminham lado a lado;

Processo de desenvolvimento: aprimoramento contínuo das políticas e práticas

corporativas, tendo em vista as evoluções tecnológicas e cientificas e adotando

regulamentações regionais e internacionais;

Educação do empregado: educar, treinar e motivar os empregados para que

adquiram atitudes e realizem suas ações de maneira ambientalmente

responsável;

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Avaliação prévia: avaliar os impactos ambientais na base de qualquer projeto para

nova atividade, deslocamento ou ampliação...;

Produtos e serviços: desenvolver e fornecer produtos e serviços com a menor

agressão possível ao meio ambiente, desde sua obtenção na natureza, seu

descarte, e sua utilização durante a vida útil do produto;

Informação ao consumidor: informar ou educar, distribuidores e o público sobre o

produto ou serviço, a respeito do uso seguro , transporte, armazenagem e

manejo apropriado do produto;

Instalações e operações: gerenciar todos os processos considerando o uso

racional de energia e materiais, o uso sustentável de recursos renováveis, a

minimização de impactos ambientais evitando desperdícios, e o descarte seguro e

responsável do lixo residual;

Pesquisa: Conduzir ou apoiar pesquisas sobre impactos ambientais que envolvam

todos os processos utilizados pela empresa, a fim de minimizar tais impactos

adversos;

Abordagem cautelosa: modificar a manufatura, o comércio o uso de produtos ou

serviços se, esses virem a causar possíveis danos irreversíveis ao meio

ambiente;

Contratantes e fornecedores: Promover a adoção destes princípios pelos

contratantes, requisitando melhoramentos em suas práticas para torná-las

compatíveis com aquelas da empresa;

Transferência de tecnologia: compartilhar a transferência de tecnologia e métodos

gerenciais ambientais para toda a indústria e setores públicos;

Contribuir para um esforço comum: desenvolvimento de políticas públicas,

programas empresariais, governamentais e intergovernamentais e nas iniciativas

educacionais que visem aumentar a consciência e proteção ambiental;

Franqueza nas colocações: diálogo transparente com os empregados e com o

público, antecipando e respondendo às suas preocupações sobre riscos

potenciais e impactos das operações, produtos e resíduos ou serviços de

qualquer âmbito;

Compromisso e informação: mensurar o desempenho ambiental através de

auditorias regulares, exames de adequação à legislação, princípios corporativos e

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a estes citados anteriormente, promovendo a informação apropriada ao Conselho

de Diretores, acionistas, empregados, autoridades e o público.

Sachs (1986, apud SCHENINI; NASCIMENTO, 2002 p.6) “afirma que

desenvolvimento sustentado deve socialmente desejável, economicamente viável e

ecologicamente prudente”.

O conceito de desenvolvimento sustentável para Randow, Campos e Dias (2008),

fornece uma estrutura para a integração de políticas ambientais e estratégias de

desenvolvimento que integre a produção com a conservação e ampliação dos

recursos, possibilitando dar a todos uma base adequada de subsistência e um

acesso justos aos recursos. Outro autor, Krans (1996) em mesmo sentido aponta

alguns princípios de sustentabilidade e justifica cada um:

Prevenção: é mais barato prevenir a degradação, a poluição e o prejuízo social do

que mais tarde consertar o estrago.

Precaução: cautela na aprovação de projetos quando o surgem dúvidas sob aos

possíveis impactos ambientais.

Participação: toda a comunidade afetada deve participar das decisões, para isso

deve ser comunicada.

Pró-atividade: pensar as questões de forma criativa e não reativa, ou seja, ações

devem ser orientadas pelas oportunidades e não só pelos problemas.

Compensação: as pessoas e o ambiente devem sempre ser beneficiados com o

resultado de qualquer ação ou empreendimento, caso contrário, devem ser

indenizados.

Compromisso com melhorias contínuas: comprometer-se em busca da

sustentabilidade (longo prazo) requer monitoramento dos resultados das ações

(evolução dos indicadores) e identificação de oportunidades de ampliação dos

impactos positivos.

Poluidor pagador: sempre que houver poluição ou danos ao meio ambiente, o

responsável pela degradação deve arcar com os custos de remediá-los.

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Nesse mesmo enfoque Almeida (1999 apud KARKOTLI, 2002 p.25) observa: “a

miséria é devastadora sob o enfoque ambiental, inaceitável sob o ângulo ético e

social e limitante do ponto de vista do mercado potencial para o setor produtivo

limitando renda, empregos e geração de impostos. A sustentabilidade requer maciça

inserção de milhões de pessoas na economia de mercado a cada ano”.

2.4 O Contexto dos Resíduos Recicláveis

A idéia associada ao termo “lixo” sugere descarte, algo sem importância e sem valor.

Rosa, Tureta e Brito (2006) descrevem a atualidade, onde lixo ganha status de

resíduos sólidos, em decorrência de uma preocupação ambiental e também no seu

valor econômico, que o resíduo sólido passa a representar agregado pela sua

capacidade de reaproveitamento no processo produtivo. Outro motivo relevante para

diferenciado tratamento é o potencial de crescimento da geração de resíduos

sólidos, que tem acompanhado o crescimento da população, principalmente nas

grandes cidades onde o consumo por habitante é maior.

Segundo pesquisa desenvolvida pela Cempre (2009), a geração de lixo urbano no

Brasil está em torno de 150.000 ton./dia, o que equivale a uma média de geração

per capita em torno de 0,8 kg/hab./dia, sendo que nos grandes centros urbanos

como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, este índice ultrapassa a barreira de 1,0

kg/hab./dia. Sendo que a estimativa dos órgãos de fiscalização ambiental

competentes aponta para um índice de 55 a 60% ainda sendo destinado a lixões.

Não existem sistemas de incineração de lixo urbano com controle ambiental e

recuperação de energia. Cerca de 1% apenas é incinerado, incluídos aí os resíduos

de serviços de saúde.

Dean (1992 apud PALIELLO, 1993) a separação prévia do resíduo deve começar

nos locais de geração, porque a implantação de centros de triagem faz com que o

custo do material final para reciclagem supere o custo de matéria prima virgem.

Esses centros de triagem são instalações que somente separam os resíduos sólidos

urbanos e por isso muitas vezes chamado de centros de recuperação, por não

realizarem ali a reciclagem. As empresas de recicladoras recebem o material

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49

separado anteriormente e realizam a transformação do resíduo e introduzem no ciclo

normal de consumo.

Porém, Paliello (1993), discute com base em outros autores, em estudos realizados

na Europa naquela época, demonstram não é possível cobrir os custos operacionais

com a venda dos materiais separados, embora haja sempre empresas indústrias

interessadas no produto, ou seja, têm a venda garantida, no entanto, se forem

calculados todos os custos desse processo, tornam-se inviáveis economicamente.

Na percepção da reciclagem e reaproveitamento de resíduos sólidos, Viveiros

(2008), indicam que em media 30% do peso total de resíduo urbano é possível de

ser reaproveitado, o que se traduz num elevado percentual de resíduos orgânicos

presentes, em média 60% do lixo constituído no Brasil. Esses dados se diferem com

os dados apresentado pela Cempre (2009), em que a media nacional para os

resíduos sólidos chega ate 55% do total do peso dos resíduos coletados, podendo

aumentar proporcionalmente conforme o aumento da renda dos geradores dos

resíduos. Conforme descrito no Almanaque Brasil Socioambiental (BENSEN, 2005,

p. 323), “mais de 73% do lixo coletado pelas prefeituras no Brasil, é enterrado, 3% é

transformado em adubo, e 4% é reciclado”.

Para termos uma comparação, as cidades dinamarquesas têm uma concentração de

matéria orgânica em torno de 15% apenas. Galbiati et al (2005) relata que esse

aspecto influi diretamente na questão da disposição final em aterros no Brasil, pois

dificulta bastante o seu gerenciamento, especialmente o tratamento do chorume,

presente em grandes quantidades, e de gases oriundos da decomposição da

matéria orgânica, os quais contribuem de forma significativa para o efeito estufa,

caso não sejam drenados.

A cultura de reaproveitamento deve começar a vencer o desperdício, por ser menos

poluidora e agressiva ao meio ambiente, segundo dados divulgados pelo estudo do

Greenpeace in Kimoto (1992 apud PALIELLO,1993), a reciclagem em geral,

proporciona 74% a menos de poluição da ar, 35% menos de poluição da água e

economia de energia de cerca de 64%, esta última utilizada em maior proporção na

industrialização da matéria prima virgem do que no processo de reutilização do

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resíduo no ciclo de vida dos produtos. Conforme quadro nº.2, é apresentado a os

ganhos obtidos através dos itens ar, água e energia, com a industrialização de

materiais recicláveis.

Quadro nº. 2:Economia gerada com o reaproveitamento de matéria prima reciclada. Fonte: Adaptado de Botelho Filho (1991); Monteito e Mansur (1987 apud PALIELLO,1993).

2.4.1 O Comportamento Social quanto à coleta de Resíduos Recicláveis

Coleta seletiva ou segregativa, Paliello (1993), tem o objetivo de facilitar o

tratamento dos resíduos urbanos, também colabora como parte do processo de

reciclagem. Esse processo compreende a separação dos resíduos nas próprias

residências ou indústrias, em recipientes distintos em materiais como: papel,

papelão, vidro, plásticos, ferrosos entre outros. No entanto a prática de coleta

seletiva em muitas cidades compreende apenas a separação do material orgânico,

ou resíduo não reciclável, a exemplo de restos de alimentos, daqueles que podem

ser reciclado, independente do tipo de matéria que são produzidos.

Paliello (1993) afirma que a prática da reciclagem juntamente com a participação

popular na triagem dos resíduos sólidos urbanos, tem suas vantagens, sociais

econômicas e ambientais. O autor alerta que o processo de reciclagem surge como

alternativa para a redução do aumento de aterros sanitários, uma questão

gravíssima de saúde pública, e também para a manutenção dos recursos naturais,

com o aumento do ciclo de vida dos produtos, e a atitude popular que viabiliza

economicamente, de certa forma, reduzindo os custos de parte do processo.

TIPO DE PRODUTO

RECICLADO

PRECENTUAL DE

DIMINUICAO

POLUIÇAO DO AR

PRECENTUAL DE

DIMINUICAO

POLUIÇAO DA AGUA

ECONOMIA DE

ENERGIA

PELA INDÚSTRIA

Alumínio 95%

Aço 85% 76% 65% a 70%

Papel jornal 50%

Vidro 60% a 70%

Papel 74% 35%

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51

Quanto ao hábito da população em relação à triagem dos próprios resíduos gerados,

visando à reciclagem, vem apresentando uma evolução de acordo com pesquisa

divulgada pela Cempre (2009). Dados apontam a evolução da coleta seletiva no

Brasil, tem sido mais intensa nos últimos nove anos, como demonstra a figura nº. 3:

Figura nº.3: Evolução dos municípios que aderiram à coleta seletiva no

Brasil. Fonte: Adaptado de Cempre, (2009)

A pesquisa aponta também um crescimento do envolvimento de prefeituras

municipais, participação que deve ter ainda maior crescimento, na medida em que a

população passa a cobrar uma postura proativa de seus governantes. Em 1994, 81

municípios faziam a coleta seletiva em escala significativa. Em 2004 este número

avançou para 237, em 2006 para 327 e em 2008 alcançou 405 (cerca de 7% do total

de municípios no país),

Figura nº.4 : Estimativa da população atendida pelo programa de coleta

seletiva no Brasil (em milhões de habitantes). Fonte: Adaptada de Cempre, (2009).

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52

A instituição ainda afirma que os programas de maior êxito são aqueles em que há

uma combinação de metodologias de coleta seletiva, coleta porta-a-porta, entrega

voluntária, e cooperativa de catadores. Sendo assim observa-se a evolução da

reciclagem no Brasil, nos últimos anos, representado na figura nº.5 :

Figura nº5: Evolução da reciclagem de resíduos sólidos urbanos no Brasil (toneladas) Fonte: Adaptada de Cempre, (2009).

O setor de reciclagem como um todo movimenta hoje no país cerca de 10 bilhões de

reais por ano, podendo crescer em curto espaço de tempo caso alguns gargalos

sejam eliminados. Dentre estes gargalos destaca:

capacitação técnica;

política fiscal/tributária coerente;

aumento da participação popular.

O instituto CEMPRE (2009) é uma instituição que apóia todas as iniciativas que se

desenvolvem em torno do comercio e reutilização do lixo, especialmente na melhoria

contínua desse sistema.

Sendo a política fiscal e tributária do Brasil um dos gargalos que impedem o

crescimento desse mercado, a instituição apóia também Política Nacional de

Resíduos Sólidos, projeto de lei que já circula no Congresso Nacional, desenvolvida

com o apoio da instituição. Entre as principais mudanças esta a diminuição de

impostos sobre produtos produzidos de material reciclável, que hoje sofrem taxação

maior do que aqueles que advêm de matéria prima virgem. A regulamentação dessa

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53

lei estimulará o comércio de reciclados porque permitirá que os produtos tenham

maior aceitação econômica podendo competir por igual no mercado, o que ainda

não ocorre nos dias de hoje. Apesar dessa grande dificuldade que o mercado de

reciclados enfrenta, no Brasil, a reciclagem de lixo urbano gira em torno de 12%,

conforme demonstra a figura nº 6, incluindo os materiais orgânicos:

Figura nº 6: Evolução da reciclagem de resíduos urbanos no Brasil (%) Fonte: Adaptada de Cempre, (2009).

Os dados da pesquisa apontam papelão e alumínio, como os mais elevados índices

de reciclados relativos do país, 79,5 e 76,5% respectivamente. Dentre os plásticos

pós-consumidos, o PET é aquele que apresenta o maior valor de mercado, sendo

comercializado na forma de fardos prensados ou flakes. Operações de exportação

são frequentes, especialmente de flakes, para China, Taiwan, Europa e Estados

Unidos. Cerca de, 21% dos plásticos, são reciclados no Brasil, o que equivale a

cerca de 330.000 ton./ano. Este trabalho é executado basicamente por pequenas e

médias empresas, na forma de cooperativas e principalmente por mão de obra

informal, daqueles que vêem no lixo uma forma de sobrevivência.

Para os metais ferrosos, incluindo as embalagens, o Brasil possui uma rede

consolidada de sucateiros que alimentam algumas siderúrgicas, que em alguns

casos, chegam a operar com mais de 85% de matéria-prima oriunda do comércio de

sucatas. O vidro, apesar de algumas restrições quanto ao item transporte, também é

reciclado em algumas partes do país. A fração mais significativa do que é coletado

volta para as grandes vidrarias.

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54

As embalagens de longa-vida, depois de descartadas, têm apresentado significativa

evolução em seu índice de reciclagem nos últimos anos, impulsionada pelo

reaproveitamento das fibras de celulose, essas de alta qualidade, por parte das

indústrias de papel e papelão. A tecnologia de plasma, totalmente desenvolvida no

Brasil, permite o aproveitamento do alumínio e do plástico, também presentes nas

embalagens. Esta tecnologia está sendo exportada para países da Ásia e Europa e

colocou o Brasil como líder mundial de reciclagem de embalagens longa-vida pós-

consumo (25,5% em 2007) entre países em desenvolvimento.

A reciclagem de eletroeletrônicos começa a avançar no Brasil, Cempre (2009).

Alguns fabricantes, líderes de mercado, introduziram recentemente sistemas de

logística reversa, direcionados aos consumidores de pequeno e grande porte. O

tempo médio de utilização de computadores e impressoras por cada consumidor gira

em torno de cinco anos. Para a linha branca (geladeiras, fogões, etc.) algumas

empresas estão se especializando na coleta, desmontagem e destinação final. Para

um avanço mais acelerado recomenda-se a criação de incentivos que impulsionem

esse segmento. Uma das sugestões em pauta é a redução do IPI proporcional aos

investimentos em projetos de logística reversa, conforme Viveiros (2008).

O instituto aponta um crescimento da reciclagem de pneus nos últimos dois anos,

graças a idéias criativas para a reutilização da borracha, o pneu tem sido utilizado na

indústria automotiva e de construção civil em pavimentação de estradas e projetos

de engenharia em aterros sanitários. Outra inovadora utilidade é o uso do pneu para

contenção de encostas.

Segundo pesquisa desenvolvida pela International Research (2002), descrita por

Palhares (2003) demonstra indicativos que o consumidor brasileiro já acordou para a

questão ambiental, uma vez que 94,7% dos brasileiros já tinham ouvido falar em

reciclagem ou materiais recicláveis. O índice que chegou a 100% na classe A,

atingiu 89,6% nas classes D/E.

Na mesma pesquisa, Quanto perguntas sobre a posição em relação à reciclagem,

27% das pessoas entrevistadas afirmam já separar materiais para esse fim, 34%

disseram ser muito simpáticos à possibilidade de adotar o hábito, 13% declararam-

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se muito predispostos a seguir essa rotina e 23% admitiram não estar muito

preocupados com isso. Cerca de 3%, não souberam informar. As diferenças sócias

econômicas, nesse caso, também são relevantes. Enquanto 36,6% das pessoas de

classe A disseram já separar o lixo de casa para a reciclagem, o índice nas classes

D/E foi apenas 20,5%. Inversamente, aqueles que não se preocupam com a

reciclagem são apenas 12,2% na classe A, e 31,4% nas D/E.

A pesquisa também indicou que o grau de instrução influencia a posição das

pessoas em relação à separação de materiais para a reciclagem. Os números foram

maiores entre os entrevistados com nível superior completo do que entre os sem

educação formal ou primeiro grau incompleto para os itens “já separo o lixo de casa

para reciclagem” (38,5% contra 23,8%), “vejo com simpatia a possibilidade de adotar

esse hábito’’(32,3% contra 23,1%) e “ainda não reciclo, mas estou muito

predisposto” (21,5% contra 6,9%). Por outro lado, os números inverteram quando o

item era “não me preocupo ainda com isso” (9,2% entre pessoas da classe A, e

33,8% entre pessoas das classes D/E).

Esses dados sugerem que a informação parece ser de fato, um elemento

fundamental no desenvolvimento de comportamentos ambientalmente melhores por

parte dos consumidores, confirmando a perspectiva cognitiva seguida nesse

trabalho. Por outro lado, indicam que a baixa renda do consumidor pode ser um fator

que inibe tais comportamentos. Porém é muito importante que a sociedade em geral,

queira um sistema de coleta e por conseqüência a mobilização da sociedade para a

reciclagem.

Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, de acordo com de acordo com

Paliello (1993), ainda são necessários cada vez mais recursos financeiros para as

conversões dos lixões em aterros, para a implantação de novos aterros sanitários e

de centros de classificação, além de outras iniciativas. Por isso, os esforços devem

ser crescentes para a educação das pessoas.

Especialistas desse assunto, de acordo com o mesmo autor, defendem a idéia de

redução do volume de lixo produzido. Isso exigiria uma grande mudança nos

padrões de criação de embalagens promovidas pelo Marketing, consumo e hábitos

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56

arraigados de descarte e implantação de programas de coleta seletiva de lixo. Nesse

caso, é indispensável à colaboração da comunidade no descarte separado dos

diversos materiais recicláveis antes da coleta.

Uma comunicação de Marketing mais ativa orientando os consumidores da maneira

correta e mais adequada para o descarte das embalagens, seria necessário. Quanto

à implantação de um sistema de coleta seletiva, deve obedecer a um planejamento

ilustrado por uma corrente de três elos. Se um deles não for planejado a tendência é

de que o programa não prospere. “O planejamento deve ser feito do fim para o

começo da cadeia”. Ou seja, primeiro pensar em qual será a destinação, depois a

logística e por fim o programa de comunicação ou educação ambiental

(PALIELLO,1993).

2.5 Conceitos de Marketing

O marketing tem como característica uma visão orientada de fora para dentro,

diferente da visão das vendas orientada de dentro para fora. Esse posicionamento

característico do marketing inicia com o mercado orientado pelas necessidades dos

clientes, assegurando assim lucros e satisfação dos mesmos, em outras palavras,

busca atender lucrativamente às perspectivas de benefício gerando valor ao cliente.

O Marketing nos dias atuais é como uma ferramenta indispensável para de ajudar

uma empresa a enfrentar o mercado. Kotler (1999) argumenta que um dos motivos

primordiais para se estudar marketing é que ele é responsável por grande parte do

crescimento e do desenvolvimento econômico da empresa e sociedade. Ainda o

autor, os conceitos de Marketing são bem variados, com alguns voltados para o lado

social e outros para o lado gerencial. Mas é fácil de perceber o Marketing,

objetivando dentro das organizações o aumento de receitas e também a conquista

por segmento de mercado em que atua. O marketing estimula a pesquisa e idéias

inovadoras, tendo por resultado a oferta de novos e melhores bens e serviços.

Hoje, Richers, (2003), a palavra Marketing se tornou um termo popular no Brasil, o

autor explica que o grande motivo foi a industrialização da economia em que não só

adotaram-se tecnologias inovadoras, mas também novos métodos administrativos,

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57

entre eles o Marketing. Outro ponto a ser mencionado, foi a difusão do Marketing

nas escolas de ensino superior e cursos especiais ao divulgar e aplicar novos

conceitos. E por último, todo o sistema de comunicação e mídia onde é muito

presente o uso da palavra: “Marketing” associado indevidamente a ações, fatos e

conceitos incorretos.

Kotler (1994, p.20), sustenta:

“Marketing é a analise o planejamento e o controle de programas cuidadosamente formulados e projetados para propiciar trocas voluntárias de valores com mercados-alvo, no propósito de atingir os objetivos organizacionais. Depende intensamente do projeto da oferta da organização, em termos das necessidades e desejos dos mercados alvo, e no uso eficaz da determinação de preço, da propaganda e da distribuição, a fim de informar, motivar e servir os mercados”.

Westwood (1996, p.7) define o marketing em “descobrir aquilo que o cliente quer e

adaptar os produtos de uma empresa para que satisfaçam essas exigências, e

produzir lucro para a empresa”. O autor ainda completa afirmando que ”já se foi o

tempo em que uma empresa desenvolvia um produto e depois procurava

compradores para ele”.

Todo o processo de Marketing para Kotler (1999) consiste de a empresa fornecer o

produto ou serviço que venha satisfazer às necessidades do consumidor em troca

de recursos financeiros que lhes possibilitem, ao menos, cobrir os custos incorridos.

Por seu lado, o consumidor estará disposto a realizar a troca de seu dinheiro pelo

produto ou serviço caso perceba que as suas necessidades e seus desejos serão

satisfeitos. Por isso, conclui o autor, é necessário um efetivo controle e

monitoramento constante com as ferramentas de marketing.

Segundo Westwood (1996, p.10), estudo do marketing engloba a análise de

variáveis internas e variáveis externas que envolvem: “as competências da empresa,

a s exigências do cliente e o ambiente de marketing”. Entre as variáveis internas da

empresa estão os quatro elementos principais da operação de uma empresa, o mix

de marketing, também conhecido como os quatro Ps são variáveis controláveis que

permitem que uma empresa traga a tona uma política que seja lucrativa e que

satisfaça seus clientes”. Ainda Westwood (1996, p.11), “o controle do marketing mix

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é a chave para o marketing bem sucedido e é a essência do planejamento de

marketing”.

A teoria proposta pelo professor Jerone McCarthy na década de 60, (apud KOTLER,

1999) tem sido adaptada e elaborada por vários autores, pelo motivo de cada P

abrange várias atividades, como mostra a figura nº.7 :

Figura nº 7: A estrutura dos quatro Ps. Fonte: adaptada de Kotler (1999, p.125).

Corroborando com o que a figura acima O mesmo autor lembra que as atividades

correlatas ao marketing demandam estratégias que necessitam da análise e ao

delineamento do mercado e isso envolve segmentação, escolha de mercado alvo e

posicionamento de mercado e por fim a operacionalização destas estratégias.

Para Westwood (1996) a estratégia pode ser concebida como uma seqüência

temporal de decisões, ou, alternativamente, como um processo que envolve um

conjunto de ações voltadas para mover uma empresa em direção ao cumprimento

de suas metas de curto prazo e seus objetivos de longo prazo.

Produto Variedade de produtos Qualidade Design Características Marca Embalagem Tamanhos Serviços Garantias Devoluções

MIX DE MARKETING

Preço Preço nominal Descontos Concessões Prazo para pagamento Condições de crédito

Praça

Canais Cobertura’ Variedade Pontos de venda Estoque Transporte Promoção

Promoção de vendas Propaganda Força de vendas Relação publica Marketing direto

MERCADO ALVO

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59

A formulação de estratégia, ou, o processo de planejamento estratégico, pode ser

desdobrado em três níveis (Kotler, 1999): corporativo, empresarial ou da unidade

estratégica de negócio e funcional. No nível corporativo, a formulação da estratégia

(planejamento estratégico) refere-se à definição, avaliação e seleção de áreas de

negócio nas quais a organização irá concorrer e a ênfase que cada área deverá

receber. Assim, a estratégia da organização diz respeito à maneira como uma

organização irá concorrer nos mercados escolhidos. Outra questão fundamental é a

alocação de recursos entre as áreas de negócio da organização, segundo os

critérios de atratividade e posição competitiva de cada uma dessas áreas voltada

para o crescimento e a permanência (sobrevivência) da empresa.

Corroborando com os conceitos anteriormente expostos, de mix de marketing e

estratégias de marketing, Rocha e Christensen, (1999), abordam o marketing como

um conjunto de princípios e técnicas que tem por objetivo ajustar a oferta da

organização às demandas do mercado, através de maior satisfação do cliente. Os

autores apontam três variáveis do mercado ao que as empresas devem estar

atentas para satisfazer os clientes:

Mudanças ambientais relacionadas à economia, à tecnologia, à política e a

legislação entre outros;

Mudanças comportamentais dos consumidores relacionados a atitudes, crenças,

comportamentos, adaptações a mudanças ambientais;

Mudanças relacionadas à concorrência.

Uma empresa orientada com uma estratégia de marketing lida com enfoque nas

necessidades do consumidor, e sua satisfação. A satisfação do cliente está

relacionada com o conceito de valor percebido. O valor percebido relatado por Kotler

(1999) indica que uma oferta de marketing para o mercado tem um valor agregado

entregue ao consumidor, resultado da diferença entre valor esperado (conjunto de

benefícios) e o custo total (financeiro, psicológico, social, de tempo, funcional) para o

consumidor, e que pode ser chamado de lucro do consumidor na aquisição do

produto ou serviço. Ainda na definição de valor percebido pelo consumidor, seria a

relação de benefícios que uma aquisição trará e os custos percebidos para a

aquisição, comparados à concorrência.

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Estudos e pesquisas, de autores e instituições da área de administração, marketing,

ambiental e social como Levy (2004), Cempre (2009), Jonh (1994) Palhares (2003),

Ashley (2003) entre outros, como também a crescente participação da sociedade

organizada como agente social, demonstram um consumidor mais responsável

socialmente e por sua vez exigirá das organizações o mesmo comprometimento.

Silva e Minciotti (2005, p.17), também abordam o tema como “um valor que tende a

ser cada vez mais desejado pela sociedade, assim sendo, um desafio de praticar um

conceito de marketing revisto e ampliado, conforme padrão ético definido deve

colocar o bem estar da sociedade acima do bem estar individual do consumidor”.

2.6 Marketing das Causas Sociais, Societal e Social

A responsabilidade social é um tema que vem ganhando espaço nas discussões

empresariais devido aos novos desafios impostos às organizações para a

competição e diferenciação no mercado. Tais desafios estão relacionados a uma

mudança de postura nos consumidores, que estão mais atentos às obrigações

sociais das empresas.

A opinião de Pringle e Thompson (2000), esta de acordo com a opinião de outros

executivos e estudiosos do assunto que alegam que é preciso usar a mídia com

discrição ao comunicar as ações sociais das empresas, de forma a valorizar ainda

mais a marca e não criar no consumidor um sentimento de descrédito e ironia. E que

as empresas devem começar sua ação social por aquilo que sabem fazer,

garantindo a coerência entre o projeto social e a sua atividade.

Ainda a autora, completa sua linha de pensamento a respeito da comunicação das

ações de cunho social que a empresa pratica, quando usada de forma adequada e

coerente, é uma variável muito importante para a empresa que deseja obter

vantagens competitivas e fortalecer sua imagem no mercado por meio de

campanhas voltadas para a divulgação de sua ação social. Segundo Pringle e

Thompson (2000, p.112), há um número crescente de pesquisas de mercado

quantitativas e qualitativas que sustentam que as campanhas de marketing para

causas sociais têm um maior potencial para influenciar o comportamento do

comprador que as formas tradicionais de comunicação. Oliveira e Ikeda, (2007)

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61

confirmam as empresas estão utilizando instrumentos de comunicação para divulgar

o seu projeto social e assim, estão obtendo a simpatia e o respeito do consumidor.

O marketing Social, marketing Societal e Marketing para as causas Sociais, são

modelos estratégicos que apesar de proporcionarem benefícios sociais ou aumento

na qualidade de vida, e terem suas origens na responsabilidade social, possuem

diferentes conceitos, em que a diferença está nos métodos ou meios em que é

desenvolvido, no estímulo que origina a ação e também nas formas de benefícios

que proporcionam à sociedade.

Um modelo de marketing que vise o bem social deve ser incorporado na estratégia

da empresa. Karkotli (2002) justifica essa afirmação com o atual ambiente

mercadológico, no qual o processo de globalização impõe às corporações uma

busca pela produtividade, o que torna essencial ter em mente a reputação. Para

Levy (2004) e Ashley (2003), a sociedade está mais ativa, e isto exige que as

companhias interajam mais com as comunidades nas quais estão presentes. É

fundamental para o processo de gerenciamento de uma marca abrir canais de

comunicação com a sociedade em virtude da nova postura adotada por pela, que

vigia de forma mais constante as ações de empresa que associam suas marcas às

questões sociais.

Kotler (1994), o setor empresarial, percebendo a benevolência da sociedade em

relação a causas sociais, passou a divulgar as ações assistencialistas que

realizavam em seus programas de marketing, o que fez surgir um novo campo

dentro da disciplina, denominado marketing para causas sociais. Pringle e

Thompson (2000, p.3) definem marketing para causas sociais como “uma ferramenta

estratégica de marketing e de posicionamento que associa uma empresa ou uma

marca a uma questão ou causa social relevante, em benefício mútuo”.

De acordo com Institito Ethos (2010) pôde-se perceber que as pessoas apóiam as

atitudes das empresas envolvidas com uma causa social, ou uma instituição ou

algum projeto que a empresa tenha interesse em desenvolver. Ashey (2003) ressalta

que muitas pessoas estão inclusive dispostas a pagar um preço mais elevado por

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62

um determinado produto vinculado a uma razão social, sendo estes produtos mais

convincentes dentre os concorrentes que não apóiam uma causa social.

O marketing para causas sociais é a uma aliança estratégica entre uma empresa e

uma causa social, que começou a ser utilizado nos anos 80 do século passado,

justamente quando a sociedade passou a se organizar em torno de movimentos e

causas populares. Um exemplo desse tipo de estratégia é a desenvolvida pela rede

de Fasfood MCDonald`s, na campanha MC Dia Feliz, onde uma percentagem do

sanduíche Big MAC vendido no dia, definido em função do dia mundial de prevenção

ao câncer é, destinado a essa causa, para instituições de referência na região de

cada loja da rede. Essa estratégia de marketing para causa social do MCDonald`s

teve inicio nos Estados Unidos e foi expandida para todos os países onde a rede

atua devido a grande mobilização dos consumidores com a campanha.

A adoção de uma causa social, de acordo com Pringle e Thompson (2000, p.3),

pode dar a uma marca identidade, ou sistema de crenças e resultar em uma

percepção e intenção de compra significativamente melhor, por parte do consumidor.

Os programas sociais também podem estabelecer um relacionamento mais

duradouro entre a empresa, os funcionários, fornecedores e órgãos do Governo.

No entanto, Higuchi e Vieira (2007) no marketing para causas sociais, os objetivos

econômicos são mais enfatizados. Apesar de objetivar o levantamento de fundos

para as causas e a melhora da imagem, o que vai determinar se o programa está

obtendo resultados ou não, é somente o aumento das vendas. Por isso, justifica

Higuchi e Vieira, (2007, p.8) “pode-se dizer que o marketing para causas sociais está

ligado muito mais às vendas do que à filantropia”. Cita ainda que, o bem estar, a

inclusão social e as ações nas áreas da cultura, esporte, educação, saúde, emprego

e segurança, assim como a promoção da qualidade e da ética nas relações com o

funcionário, com o consumidor e com o meio ambiente, também são objetivados,

porém delegados a um nível de prioridade inferior ao dos objetivos financeiros.

O marketing para causas sociais é denominado por alguns autores, Mendonça

(1998) e Mohr et al (1998 apud Romeiro, 2006) de marketing de idéias, ou marketing

de causa relaciona por Silva e Minciotti (2005), entre outros autores. Apesar de o

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63

conceito ser apresentado com diferentes nomes, os autores citados os descrevem

com as mesmas características das quais foram conceituadas para formar descrever

o marketing para causas sociais neste estudo teórico, no entanto a variedade de

nomes pode gerar confusões a respeito da real definição do conceito do marketing

para causas sociais.

Marketing Societal, definido por Silva e Minciotti (2005), visa atender as

necessidades do consumidor, vinculando as ações como um diferencial para a

marca ou organização. No entanto, não visa aumentar as vendas de forma direta

como o marketing para causas sociais. O aumento das vendas ou lucratividade das

empresas é ocasionado de acordo com a percepção positiva do consumidor em

relação ao produto ou serviço, porque os esforços do marketing societal são

desenvolvidos e implementados visando o aumento da aceitabilidade dos produtos.

A definição que Kotler e Armstrong (1998, p.62) apresentam para marketing Societal

é:

“(..) uma orientação para as necessidades dos consumidores, apoiados pelo marketing integrado, objetivando gerar a satisfação dos consumidores e o bem-estar dos consumidores a longo prazo, como o meio para se atingir os objetivos organizacionais”.

O marketing societal, definido por Kotler e Armstrong (1998) é a estratégia em que o

marketing considera o bem estar dos consumidores ao longo prazo, através da

busca de:

A criação de clientes satisfeitos e a contribuição para a qualidade de vida;

Produtos combinando elevado atrativo e alto beneficio ao consumidor;

Os consumidores conscientes que irão adquirir produtos de empresas

preocupadas com a satisfação e o bem estar ao longo prazo.

A abordagem de recém proposta pelo autor é representada na figura nº8:

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Sociedade (bem estar da humanidade)

Consumidores Empresas (satisfação dos desejos) (lucros)

Figura nº8: os três fatores que fundamentam a figura do marketing societal Fonte: Kotler e Armstrong (1998, p.15)

Corroborando com o que expressa na figura, Kotler e Armstrong (1998) entendem

que para a empresa praticar o de marketing societal, é necessário que a

organização equilibre três fatores ao definir uma política de mercado: os lucros da

empresa, os desejos dos consumidores e os interesses da sociedade. O autor,

também, enfatiza que esse conceito vem ganhando força tanto no setor de bens de

consumo quanto no setor de serviços.

E por último o conceito de Marketing social, que significa uma tecnologia de

administração da mudança social, associada ao projeto, à implantação e ao controle

de programas voltados para o aumento da disposição de aceitação de uma idéia ou

prática social em um ou mais grupos de adotantes, escolhidos como alvo, segundo

Kotler e Roberto (1992). Os autores colocam que o termo marketing social a pareceu

pela primeira vez em 1971, para descrever o uso de princípios e técnicas de

marketing para a promoção de uma causa, idéia ou comportamento social.

Há autores, como Pringle e Thompson (2000) que defendem conceitos conflitantes

que acabam gerando confusão quanto a real definição do Marketing Social. Os

autores como Mauro Silveira (apud Moreira 2005), vislumbram nesse tipo de

marketing uma forma variada de vender um produto. Outros autores, Moreira (2005);

Orientação de

marketing societal

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65

Schiavo e Fontes (1997 apud KIEL; SILVEIRA) discordam radicalmente. Kiel e

Silveira relatam que para eles o marketing social se preocupa com a pertinência e

qualidade do retorno dado à sociedade pelas empresas, ou seja, dos recursos que

se destinam às ações no campo social, a partir de estratégias bem sucedidas do

marketing convencional.

O Marketing social é definido por Kotler (1994, p.287) como:

(...) o projeto, a implementação e o controle de programas que procuram aumentar a aceitação de uma idéia social num grupo-alvo. Utiliza conceitos de segmentação de mercado, de pesquisa de consumidores, de configuração de idéias, de comunicações, de facilitação de incentivos e a teoria da troca, a fim de maximizar a reação do grupo-alvo.

Romeiro (2005) descreve o marketing social como a aplicação de tecnologias

comerciais do marketing à análise, ao planejamento, à execução e à avaliação de

programas que pretendem influenciar o comportamento voluntário de um público-

alvo a fim de melhorar o bem-estar pessoal e social de um determinado grupo, ainda

o autor o marketing social é conceituado como um intercâmbio de valores não

necessariamente físicos nem econômicos, mas que podem ser sociais, morais ou

políticos, sendo utilizado para vender idéias ou propósitos que proporcionem bem-

estar à comunidade.

Romeiro (2005, p.58) elaborou um quadro que representa muito bem as diferentes

perspectivas teóricas de marketing abordadas. Cabe aqui, também relembrar que o

marketing para causas sociais é citado pela autora como marketing de idéias, como

o citado anteriormente neste estudo teórico, o que justifica a adaptação da

nomenclatura utilizada no quadro nº 3:

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Marketing para causa social

Marketing societal Marketing social

Dimensão Aplicação Filosófica Aplicação

Objeto de troca Mudança social Bens e serviços Mudança social

Objetivo Disseminação de uma idéia não

exclusivamente com interesse social ou

filantrópico (pode visar o lucro)

Conciliar a satisfação dos clientes com o

interesse do publico no longo prazo e com o

resultado da empresa

Disseminação de uma idéia de interesse

social ou filantrópica, sempre vinculada à

melhoria da qualidade de vida em sociedade

(não visa ao lucro) Ferramental Composto de

marketing (ênfase em comunicação social)

Composto de marketing

Composto de marketing

Patrocinador Instituição pública, entidade social ou

empresa

Empresa Instituições públicas e sociais

Situação ilustrativa Disseminação da idéia de limpeza das

cidades patrocinadas por fabricante de cesto

de lixo

Produção do produto cesto de lixo fabricante de material reciclado com patrocínio pelo

seu fabricante

Disseminação da idéia de compra de produto

elaborado com material reciclado patrocinada por

ministério do meio ambiente

Restrição para o presente

O consumidor apresenta resistência à

mudança social quando reconhece

interesse de lucratividade do

patrocinador

O consumidor apresenta resistência à

mudança social quando reconhece

interesse de lucratividade do

patrocinador

Sem restrição (o patrocinador não

objetiva lucro)

Quadro nº3: Fatores de diferenciação entre o marketing para causas sociais, societal e

social. Fonte: adaptada de Romeiro (2005, p.58)

De acordo com o quadro 02 se pode perceber que as finalidades de dois desses

segmentos do marketing se contrapõem. Muito embora, os três, invistam na

sociedade, os intuitos dessas ações são visivelmente opostos, enquanto o marketing

social trabalha para o bem-estar social, o marketing societal e de causas sociais

trabalham com o social ao associar a sua imagem a ele. Os autores Kotler e Roberto

(1992) enfatizam que marketing social envolve a tecnologia de administrar as

mudanças sociais, atrelada à elaboração, implantação e controle de programas que

visem à adoção de uma idéia ou práticas sociais daqueles escolhidos como público

alvo.

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67

Visando o objetivo da pesquisa, no próximo tópico busca embasamento teórico para

o desenvolvimento do plano de marketing social, porque conforme a teoria

demonstra, é a perspectiva de marketing que melhor corresponde aos objetivos da

pesquisa.

2.6.1 Plano de Marketing Social

O conceito de planejamento sofreu, ao longo do tempo, notáveis contribuições de

diferentes autores e recebeu denominações bastante diferenciadas. Muitos se

referem a planejamento estratégico, outros a planejamento empresarial, alguns a

planejamento corporativo, sem que se percebam diferenças significativas entre os

respectivos conceitos. De toda forma, as empresas se utilizam desta ferramenta da

administração como sendo sua bússola para a consecução de seus diversos

objetivos.

Por ter se desenvolvido mais no âmbito empresarial, o planejamento deve ser

tratado como uma ferramenta de toda a organização, compreendendo as

abordagens específicas das suas áreas integrantes. Assim, o Plano Estratégico

acaba por se constituir no somatório de todos os outros planos.

O plano de marketing para Westwood (1996, p.5) “é uma ferramenta de

comunicação que combina todos os elementos do comporto mercadológico em um

plano de ação coordenado, ele estabelece quem fará o quê, quando, onde e como”,

para alcançar os objetivos. O Plano de marketing deve conter a identificação das

oportunidades de negócios mais promissoras para a empresa e especificar como

penetrar, conquistar e manter posições em mercados identificados.

Segundo Kotler e Roberto (1992) o marketing social deve ser incorporado na

estratégia da empresa, no atual ambiente mercadológico, por meio da busca de

produtividade, é essencial ter em mente a reputação. A sociedade está mais ativa, e

isto exige que as companhias interajam mais com as comunidades nas quais estão

presentes e são fundamentais para seu pleno sucesso da organização algumas

mudanças nas perspectivas corporativas, a fim de incluir mais participação de

Marketing e resultado ao longo prazo, segundo Kotler e Roberto (1992). A

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68

responsabilidade do Marketing social exige a inclusão de quatro considerações na

tomada de decisão:

Desejo dos consumidores;

Interesses dos consumidores;

Exigências das empresas;

Bem-estar social;

De acordo com Kotler e Roberto (1992) o quadro a seguir aponta três diferenças

principais, características entre os especialistas de marketing social e do marketing

de negócios, representado no quadro nº4:

Marketing de negócios Marketing social

Procuram preencher as necessidades e os desejos identificados dos mercados-alvos

Tentam modificar as atitudes ou o comportamento dos mercados-alvos

Sentem que seu alvo principal é obter lucro, servindo aos interesses do mercado-alvo ou da sociedade

Procuram servir aos interesses do mercado-alvo ou da sociedade, sem lucro pessoal

Levam ao mercado os produtos e serviços, por intermédio de veículos de idéias

Levam as idéias ao mercado, em lugar dos produtos e serviços

Quadro nº 4: diferenças entre conceito de marketing de negócios e marketing social. Fonte: Elaboração própria, Kotler e Roberto (1992).

Ainda o autor, o marketing social visa produzir um ótimo plano para proporcionar

uma mudança social desejada, no entanto, a qualidade do plano não garantira que a

mudança alvo seja atingida. O que determinará o sucesso ou não do plano será o

grau de facilidade ou não seja a mudança social almejada. Algumas mudanças

sociais acabam acontecendo até mesmo sem a ajuda do marketing social, no

entanto, outras que contam com essa ajuda, são extremamente difíceis de

acontecer.

O plano de marketing social, definido por Kotler e Roberto (1992) “é o desenho,

implementação e controle de programas calculados para influenciar a aceitabilidade

das idéias sociais, envolvendo considerações de planejamento do produto, preço,

comunicação, distribuição e pesquisa de marketing”.

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O plano de marketing social tem várias etapas que serão abordadas. A seguir são

apresentadas em um resumo executivo e posteriormente descriminadas por etapa a

ser seguida:

A avaliação da situação atual do marketing social;

A identificação de oportunidades e ameaças;

Objetivos para o produto social;

Estratégias propostas de marketing social;

Programas de ação;

Orçamentos e controles.

Avaliação da situação atual do marketing social: descreve a população de adotantes

escolhidos como alvo nesses segmentos, apontando as informações.

Identificação de oportunidades e ameaças: plano tem uma avaliação de

oportunidades e ameaças para os quais é preciso estabelecer prioridades. As

oportunidades e ameaças constituem as prioridades mais altas definem os pontos

críticos do marketing e a elaboração de planos de contingência.

Objetivos do Produto Social: quando os objetivos buscam uma mudança de

comportamento, essa mudança só pode resultar de uma reação anterior, ou seja,

como a mudança de só ocorrera com a plena conscientização dos adotantes alvos,

como explica o quadro nº5:

Tipo de mudança Descrição

Mudança Cognitiva Tem o objetivo limitado de criar uma mudança cognitiva na audiência-

alvo, através de campanha de informações públicas ou de educação

pública. Considerada relativamente fácil por não procurar modificar

atitudes e comportamento humano

Mudanças Ação Procura induzir um número de pessoas a realizar uma ação específica

num determinado período de tempo Relativamente mais difícil que

cognitiva por necessidades do aprendizado e da ação do mercado-alvo

Mudanças de

Comportamento

Procura induzir a mudança de comportamento, buscando no bem estar

individual. Considerada mais difícil que a anterior pelo devido à

necessidade de ação continua

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70

Mudanças de Valor Tem por objetivo mudar a crença de alguém acerca de alguma coisa.

E mudança mais difícil dado o grau de envolvimento com os valores

sociais básicos do indivíduo

Quadro nº5: Tipos de mudanças sociais.

Fonte: Adapatada de Kotler (1994, p. 293/299).

No quatro observa-se o grau de dificuldade de mudanças sociais defendidas pelo

autor, obedecendo a uma escala de cima para baixo, onde a mudança cognitiva

representa o nível mais suscetível intervenções social. Posicionados por último na

escala, ao mais difícil de sofrer alterações sociais, são as mudanças de valores

geralmente pragmáticos, e ideológicos, o que se tornam ainda mais difíceis de

serem mudados.

De acordo com o autor se os adotantes alvos não estiverem plenamente informados

e conscientes da importância do novo comportamento, a ação deve ter com o

objetivo, no momento promover a conscientização, o conhecimento, a crença, a

atitude, a intenção, ou a adoção, por tentativa dos adotantes escolhidos alvo.

Outro método, segundo o mesmo autor, é adotar uma perspectiva de modificação do

comportamento em subdivisões do grupo alvo e a seguir a campanha poderia

estabelecer com alvo os comportamentos mais fáceis de modificar e ir prosseguindo

com os mais difíceis. Torna-se necessário, portanto ter compreensão dos

mecanismos através dos quais novas idéias e práticas se difunde pelo grupo alvo,

ou seja, se muitos, alguns ou poucos membros da população de adotantes e o

potencial de persuasão.

As campanhas de mudanças sociais almejam uma adoção por compromisso e não

simplesmente uma adoção por tentativa, como também, sem desistências, porém,

de acordo com Rogers apud Kotler e Roberto (1992) promove-se a continuidade da

adoção pela integração da inovação às práticas e aos estilos da vida diários ou

regulares dos adotantes.

Programas de ação: especifica cada etapa de ação do plano:

O que será feito para esta estratégia?

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Quando será feito?

Quem o fará?

Quanto custara?

Orçamentos: Orçamento com estabelecimento de alvos e orçamento por análise.

Controles: avaliação de resultados, e metas alcançadas.

2.6.3 Os quatro P`s do Marketing Social

Os produtos têm uma abordagem específica no plano de marketing social se acordo

com Kotler e Roberto (1992). Quando o produto é adoção de uma mudança social

em que os planos procuram comercializar um produto intangível a tendência é

ressaltar as características de um produto; o que pode ser visto, sentido, tocado,

cheirado, ouvido ou provado.

A teoria do mix de marketing ou, quatro P´s do marketing tradicional, no marketing

social , sofrem algumas modificações em sua conceituação, conforme Kotler e

Roberto (1992):

1º O produto social é uma idéia ou prática a ser vendida. Entretanto, pode-se

encontrar com facilidade no mercado, projetos sociais que não especificam

exatamente o produto social oferecido. Na maioria dos casos, o produto do

marketing social não é físico. Embora em alguns casos possa ser como no exemplo

da distribuição de preservativos, na maioria das vezes é intangível, podendo variar

de um atendimento psicológico gratuito a campanhas de vacinação gratuitas, ou a

campanha de preservação ambiental. O Marketing Social, então, procura a melhor

solução para conscientizar a população e/ou o governo do problema identificado.

Pode também se estender, e tentar dar solução ao problema, arregimentando

pessoas e captando recursos.

2º O preço estabelece relação direta entre o comportamento e as vantagens e

custos da adoção de determinado programa. O preço pode ser monetário, se a

campanha requer algum tipo de contribuição em dinheiro, porém, na maioria dos

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casos, o preço é não monetário, requerendo o engajamento da população ou de

algumas pessoas em um programa ou projeto sendo o preço as horas e esforços

dedicados. A adesão a uma campanha é tanto maior quanto maior a percepção do

valor agregado à oferta. Cabe salientar que se o programa é de conscientização de

longo prazo, o preço deste tende a ser maior do que os projetos de curto prazo. Na

opinião de Fontes (2001) o preço é um dos P´s mais importantes para a área social.

3º O lugar ou ponto de distribuição, para área social, é definido pelas estratégias de

aproximação da oferta à demanda, ou seja, descreve a maneira que o produto

chega ao consumidor. Se intangível, se refere ao local onde o serviço é prestado,

normalmente hospitais públicos. No caso do Marketing de causa envolvendo uma

empresa, a distribuição pode utilizar o mesmo canal utilizado pela empresa em sua

operação normal.

4º A promoção é, geralmente, confundida com o próprio marketing social, assim

como o marketing tradicional é visto, muitas vezes, como propaganda. Ela é

caracterizada por aproximar o público de um produto por meio de anúncios, relações

públicas, promoções, entre outros; com a intenção de venda do produto social.

Porém, devido ao seu caráter, procura e normalmente consegue espaços gratuitos,

ou descontos importantes no preço dos veículos. Em muitos casos, a comunicação

boca a boca, ou a distribuição de folhetos em locais adequados já são suficientes

para a divulgação do projeto.

Além destes quatro P´s já conhecidos do marketing tradicional, o marketing social,

conforme relata Fontes (2001) agrega mais dois P´s: o público-adotante e o pessoal

e Weinreich (1999 apud ROMEIRO, 2005) acresce outros P´s ao marketing social:

5º O público adotante, definido pelo grupo de pessoas que compra e faz uso do

produto social e;

6º O pessoal que é caracterizado pelas pessoas que estão capacitadas para

participar de um determinado programa social.

7º A parceria é importante para e efetivação dos projetos sociais, e;

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73

8º A política é a forma de atuação destes projetos no que diz respeito a fomento,

diretrizes de gestão, cumprindo as leis estabelecidas para que o projeto social possa

ser desenvolvido.

2.6.4 Posicionamento do Produto Social

Parte da idéia de ajustar o produto ao mercado. Neste caso a segmentação da

população alvo de adotantes em segmentos homogêneos com o objetivo de

proporcionar melhor atendimento, satisfação, manutenção, e adaptação das

comunicações e distribuição de forma mais eficaz, segundo Kotler e Roberto (1992)

é o próximo passo a ser dado.

Em seguida, o posicionamento do produto vem de encontro com as teorias

estudadas até então, determinando um posicionamento apropriado para cada

segmento de adotantes escolhidos como alvo: a identificação das necessidades do

segmento de adotantes escolhidos como alvo e a criação de uma vantagem do

produto que satisfaça essas necessidades. Ambos devem ser determinados de

forma que o produto fique diferenciado e atrativo, motivando os adotantes alvo.

Segundo o enunciado proposto neste capítulo, presume-se que, as abordagens dão

sustentação aos propósitos da presente pesquisa. E para o seu desenvolvimento irá

ser utilizado como padrão para a elaboração do plano de marketing social o modelo

proposto por Kotler e Roberto (1992).

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3 METODOLOGIA

Este capítulo tem como finalidade apresentar as definições metodológicas utilizadas

no desenvolvimento do trabalho.

Dessa forma, a presente pesquisa parte da necessidade de investigar a opinião dos

moradores do ponto de vista dos representantes de opinião, dos síndicos, para se

obter uma análise mais detalhada da situação para dar base na proposição de

estratégias e ações para o plano de marketing social.

Para compreender melhor a forma de coleta de dados que será adotado de acordo

com o objetivo da pesquisa, é importante à visão metodológica que usualmente

norteia este processo por se tratar de uma pesquisa exploratória qualitativa. Assim

sendo, Godoy (1995, p.20) descreve a pesquisa qualitativa como:

“um fenômeno pode ser melhor compreendido no contexto em que ocorre e do qual é parte, devendo ser analisado dentro de um perspectiva integra. Para tanto o pesquisador vai a campo buscando “captar” o fenômeno em estudo a partir das perspectivas das pessoas nele envolvidas, considerando todos os pontos de vista relevantes”.

O método quantitativo pode levar á respostas contraditórias devido ao seu caráter

limitado de alternativas para as respostas. Já, o método qualitativo de coleta de

dados propõe uma diminuição nos desvios naturais da objetividade excessiva dos

métodos convencionais.

“a sociedade humana ou a vida humana em grupo é vista como consistindo de pessoas que interagem, ou seja, pessoas em ação que desenvolvem atividades diferenciadas que as colocam em diferentes situações”. “O princípio fundamental é que os grupos humanos, assim como a sociedade, existem em ação” e devem ser vistos em termos de ação. (...)“o sentido dos objetos para uma pessoa surge fundamentalmente da maneira como eles são definidos por outras pessoas que com ela interagem, consistindo o meio circundante de qualquer pessoa”. (GAMBOA,1995 apud PIROLO et al,1999),

A aceitação dos processos cognitivos como defende Gamboa (1995 apud Pirolo et

al,1999), leva a vislumbrar a admissão de “diferentes modalidades de trabalho e a

tolerar a coexistência de modelos e a conveniência de trabalhar com formas

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quantitativas e qualitativas como um modo de completar e ampliar informações com

base em pontos de vista diferentes”.

“A validade de uma pesquisa não depende das técnicas utilizadas, mas da construção da lógica empregada (...) cada enfoque tem uma lógica própria que se identifica com uma visão do mundo e com os interesses que comandam o processo cognitivo”. (GAMBOA,1995, apud PIROLO et al,1999).

Ainda os autores, indicam que a evolução da atividade de pesquisas cognitivas, a

crescente percepção e melhor definição dos públicos de interesse, as técnicas de

aplicação qualitativas convergem para; pesquisa-ação, entrevista semi-estruturada e

grupos de discussão, passam a ser mais utilizadas.

O grupo de discussão definido como método a ser aplicado para o desenvolvimento

dessa pesquisa é muito valorizado no marketing, Sendo também usado com

freqüência na psicologia, é também aplicado área de relações públicas como forma

de esclarecer pontos conflituosos junto a públicos específicos (PIROLO et al,1999).

Para além da definição do método de elaboração da pesquisa, tornou-se necessário

o estudo das condições que facilitam a adoção de mudanças sociais. Segundo

Kotler e Roberto (1992) na perspectiva da teoria das mudanças sociais, a difusão se

da como um acúmulo de aceitações seletivas por parte dos adotantes individuais, de

uma nova idéia ou prática. As aceitações seletivas de cada adotante sofrem cinco

perspectivas de influências:

Das atitudes e valores diante de uma nova idéia ou prática;

A compatibilidade de um novo produto social com a cultura existente;

Reconhecimento por parte do adotante de vantagens em relação à adoção,

Reconhecimento do desejo e valor;

Custo relativo sentido na mudança social ou adoção de um novo produto social

3.1 Tipologia de pesquisa:

O estudo em questão teve característica qualitativa, com a aplicação de grupos de

discussão, também denominado como Focus Group, que, segundo Giovinazzo,

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76

(2001), tem por objetivo obter o entendimento dos participantes sobre o tópico de

interesse da pesquisa, não importando se é utilizado sozinho ou em conjunto com

outros métodos, nem mesmo se busca questões ou respostas. Assim sendo o Focus

Group pode ser considerado como um método de pesquisa com conteúdo próprio,

bem como, uma técnica de coleta de dados que pode ser usada em conjunto com

outros métodos.

No decorrer da pesquisa foram realizados dois Focus Groups com dois grupos de

síndicos e uma entrevista semi estruturada, que teve por objetivo descrever as

opiniões do grupo, da o conhecimento e conscientização que os resíduos urbanos

representam nos processo de reciclar o lixo, a atitude social, o conhecimento do

trabalho já existente de coleta seletiva e adeptos, e a disposição que estes

observam a respeito da prática em seu condomínio, como também o grau de

disposição dos mesmos quanto ao inicio da prática.

Os dados de fonte secundária foram extraídos do referencial bibliográfico já

apresentado e dos documentos existentes no anexo que foram julgados pertinentes

para o estudo em questão.

Os dados obtidos por meio da entrevista foram analisados separadamente e em

conjunto a fim de se encontrar a melhor alternativa para as partes envolvidas no

processo de mudança social a partir da e análise do debate.

3.2 Sujeito de estudo:

Esse grupo de moradores, os síndicos, foi definido com objeto de estudo, por

entender que são formadores de opinião, por representarem papel de líderes sociais

no grupo que ocupam e, portanto, exerce influência sobre a mudança de

comportamento social proposta. De mesma forma, o síndico é responsável por

administrar conflitos, tomar decisões e sugerir mudanças, diante do poder de líder

que ocupam no grupo.

3.3 Instrumentos de pesquisa:

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77

Com relação ao grupo de discussão, método onde a chave para o seu sucesso está

nas livres intervenções e opiniões dos participantes, o que, no entanto, demanda

habilidade do moderador para fazer com que todos participem da discussão, sem

que se crie nenhum tipo de dependência entre os participantes. O moderador,

portanto, deverá ser um profissional experiente nesse tipo de atividade, normalmente

um profissional da psicologia com experiência em dinâmica de grupo. Será

indispensável ainda que o moderador esteja devidamente inteirado do tema tratado

pela pesquisa e que tenha muito claros os objetivos do trabalho.

Destacam-se como principais vantagens do grupo de discussão:

A interação entre os membros do grupo conduz à geração de idéias e/ou

descobertas que podem não emergir na presença de uma única pessoa;

A própria experiência que emerge do grupo pode levar a novos pontos de vista

dos participantes, que não teriam ensejo em respostas individuais, sem a

exposição aos demais membros do grupo;

Os resultados da pesquisa são disponibilizados mais rapidamente; muitos deles

podem até ser abstraídos durante a discussão entre os membros do grupo.

Independentemente da técnica ou dos recursos empregados para analisar os dados

da pesquisa qualitativa, é indispensável que o pesquisador não perca de vista o seu

propósito central.

3.4 Limitações da pesquisa:

A pesquisa apresenta apenas 21 participantes, o que pode denotar um viés, em

virtude de essa amostra representar pouco o universo contido na cidade de

Balneário Camboriú.

A Outro limitador é que esses pesquisados foram escolhidos de forma aleatória, uma

vez que é muito difícil a adesão das pessoas à participação em pesquisa, quer seja

por disponibilidade, quer seja por boa vontade.

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4 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

A análise dos dados, requer procedimentos relacionados a análise de conteúdo, em

casos de entrevistas em profundidade, ou a interpretação de opiniões e atitudes, no

caso de grupo de discussão. Na fase de análise e interpretação de resultados, fase

exploratória da pesquisa, o pesquisador depara-se com algumas dificuldades

básicas devidas o tipo de investigação, as quais, para serem removidas, demandam

persistência e bom senso. Entre as dificuldades o autor destaca, em grande parte, a

opinião dos participantes, que envolvem uma linguagem própria, não técnica de

expressão e as condições do participante no momento em que ele expressa sua

opinião acerca do tema, e de suas relações com os sujeitos do estudo. É importante

que o pesquisador, no momento em que analisa as respostas dos clientes, possa

neutralizar tais situações.

4.1 Pesquisa juntos aos síndicos

Apara se alcançar os objetivos foi desenvolvido dois grupos de discussão com os

síndicos de condomínios de Balneário Camboriú. Sendo o primeiro deles realizado

em 27 de maio de 2010, às 18 horas, nas dependências da UNIVALI, no Campos de

Balneário Camboriú, sala 405 do bloco 6 B.

4.1 Primeiro grupo de discussão

Na primeira discussão consegui-se a presença de oito síndicos, os Srs.: Érico

Mantoam, Heitor, Claudio Dalsenter, Osmar, Nelson, Adalberto, Manuel P. da Gama

e a Sra. Gisela Antonia Lech de Souza, com a mediação da pesquisadora.

Após a apresentação dos presentes, a mediadora lembrou a problemática que

envolve o lixo nos dias atuais, ressaltou os objetivos da entrevista em grupo, dando

início as discussões. Na figura nº9 é apresentado o início da pesquisa do primeiro

grupo de discussão.

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Figura nº9: primeira reunião, grupo de discussão nº1. Fonte: pesquisa aplicada (2010).

Um dos participantes chamou a atenção para a consciência ambiental ecológica,

que vem sendo trabalhada, mas ainda é uma situação problemática principalmente

em cidades verticais como Balneário Camboriú.

Entre as dificuldades encontradas para a adesão a separação dos resíduos o fato de

não haver lixeiras nos andares dificulta a ação, os participantes que relataram a

participação, mantinham as lixeiras nos andares, porém estas permaneciam nas

saídas de emergências ou até mesmo nas portas corta-fogo, de forma contrária às

proposições do Corpo de Bombeiros.

Dentre os participantes, somente um sindico não relatou que os moradores aderiram

à coleta.

Outro síndico argumenta que as lixeiras dispostas em cada corredor dos andares

para facilitar aos moradores de terem a inconveniência de descer todos os dias para

depositar o lixo nas lixeiras adequadas, não é uma boa solução devido aos insetos

que vêm com o cheiro também não é permitido pela vigilância sanitária. Porém essa

idéia questionada por um participante, como somente a opção para o lixo que pode

ser reciclado, e este, na maioria dos casos, possui pouquíssimo resíduos orgânicos.

Assim como foi descrito por um dos participantes quando relatou o processo de

descarte dos reciclados, em seu condomínio, no entanto observou a falta de

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80

planejamento dos edifícios na fase de construção, onde pouca atenção é dada ao

planejamento ideal de modo que venha a facilitar a prática da separação dos

resíduos.

Outro problema relatado que tem origem na fase de planejamento do edifício, é

regulamento do edifício, que também não prevê normas em relação à separação dos

resíduos, e se esta prática fosse obrigatória por lei, ao menos nos condomínios, faria

com que os moradores que respeitassem o descarte de forma correta, poderiam ser

notificados, e se reincidentes, serem autuados. A convenção dos condomínios,

mesmo que de interesse dos condôminos, só pode ser modificada pela maioria

absoluta dos moradores em assembléia, o que se torna muito difícil a mudança, pois

poucos moradores comparecem as assembléias, e muito se quer moram no edifício.

Os síndicos que tem a coleta seletiva uma pratica do condomínio, relatam que parte

da cidade a coleta feita uma vez por semana não é suficiente.

O grande número de resíduos recicláveis, observado por aqueles que aderem à

prática, relatam que a coleta do lixo no município possui um ponto contraditório entre

os números da coleta diária de lixo orgânico, sendo que o lixo reciclável é de maior

volume, o que não estimula a prática, de forma que geram-se muitos resíduos, e

este não tem lugar ideal para serem armazenados até o dia da coleta da Coneville, o

que leva os moradores a descartarem precocemente.

A falta de conscientização e também de conhecimento ainda é relatada pelos

síndicos como alta. Poucos moradores têm conhecimento da ação de coleta seletiva

que a Coneville faz, e tampouco o dia e horário da coleta. Descartando seus

resíduos de forma correta, porém dispondo nas lixeiras externas conforme esses

resíduos são gerados, e esses ou são recolhidos pelos catadores ou pela coleta

orgânica que é diária.

Um dos participantes comentou sobre a nova legislação que estava por ser votada

no senado, e esta, foi muito veiculada na mídia de massa, questionando as

mudanças que estavam por ocorrer. A medidora esclareceu que a principal mudança

proposta, sendo de responsabilidade dos geradores de resíduos a respectiva coleta,

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também chamado de Logística reversa, no entanto, esta só funciona com toda a

participação das pessoas consumidoras.

Outra problemática relatada por uma participante, na qual é proprietária de uma

papelaria, são os altos custos dos produtos de origem reciclada, que não estimulam

o mercado, pois esses produtos têm impostos maiores (IPI), daqueles de origem

tradicional. Os participantes se posicionam contrários ao governo, e afirmam que os

impostos deveriam incentivar a reciclagem reduzindo ou isentando o imposto desses

produtos de origem renovável.

A criação e estimulo à cooperativa de catadores também é uma saída para a

problemática do lixo, e estímulo para a prática da separação dos resíduos pelos

moradores, sugerido por um participante, pelo motivo de saber que outras pessoas

dependem do mesmo para seu sustento.

A falta de campanhas veiculadas para os moradores da cidade aparece como uma

questão a ser revertida. Muitos participantes dão sugestões de maneira de

conscientizar a população, uma delas, seria expor em vias públicas “imagens fortes

de conseqüências que o crescimento constante do lixo mal administrado pode

causar” influenciando a mudança de comportamento dos populares. Outra proposta

de campanha foi a transparência do processo de reciclagem do lixo, onde a

campanha mostra que a ação consciente do morador ,de separar o lixo e dispor nos

dias corretos pode gerar benefícios para uma parte da população desfavorecida,

alem de evitar danos ao meio ambiente.

A problemática do lixo, que a cidade enfrenta multiplica-se nos meses da temporada,

aparece como grande preocupação por um participante, mas ele acredita que na

medida em que a cidade absorve essa prática como natural por todos os moradores,

que respeitam e cuidam da cidade onde moram, os turistas vão respeitar mais a

cidade, pois afirma que: “As pessoas influenciam-se umas com as outras se uma vê

outra jogando o lixo no lugar correto em seguida vai fazer o mesmo até mesmo por

vergonha de alguém está olhando, se for o contrário, alguém jogar o lixo no chão ou

em depositar em qualquer outra lixeira as pessoas ao redor não se importaram de

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82

fazer o mesmo, um exemplo é o metro de São Paulo que tem um grande fluxo de

pessoas diariamente eu falo isto porque sou de lá e sempre observei muito isto”.

4.2 Segundo Grupo de Discussão

O segundo grupo de discussão reuniu 13 síndicos, no dia14 de junho de 2010, no

Edifício Shopping Atlântico, às 19.30 horas no salão de festas do condomínio. Na

segunda discussão consegui-se a presença de treze síndicos, as Sras.: Vera Lucia

de Souza Lima, Marli de Souza, Sandra, Nilva Faerber, Tânia B. Lins, e os Srs.

Alcides Pereira da Silva, Nelson P. dos Santos, Anésio Demarco, Moacir L. Bogo,

Arnaldo Souza Martins, Mario Amaral de Andrade, Juraci Lopes da Silva, Newton

pereira Vaz, com a mediação da pesquisadora.

Após a apresentação da problemática, pela mediadora e a definição dos objetivos da

discussão, deu-se início a reunião.

Já de início, uma participante relatou seu caso de sucesso durante certo tempo:

“Contatei uma empresa que fazia a coleta dos resíduos no edifício, estava tudo

redondinho ninguém colocou lixo orgânico ali, foi separado um espaço específico

para armazenar o lixo, os vigias ajudavam a coletar, funcionou muito bem, e o

dinheiro do lixo era revertido em beneficio do condomínio. Este ano foi o último ano

que ela estimulou a prática, por que: “o pessoal que comprava, não quer mais

comprar porque diz que pagam muito pouco e não vale à pena nem vir buscar,

depois eles não queriam trazer balança pra pesar daí eu mesma pesava falava,

pode me dar qualquer coisa, mas leve o lixo”.

Ainda no mesmo depoimento a participante continuou: “resultado, ninguém mais

quer comprar o lixo eu ficava ligando para vários, correndo atrás, daí comecei a

entregar pra Coneville mesmo, só que ele só vem buscar uma vez por semana e no

prédio junta muito lixo, muito eu comecei a juntar num quartinho lá em cima mas

começou a juntar rato, barata as mulheres começaram a reclamar por mais que a

gente limpasse é lixo daí eu desanimei e este janeiro eu falei não voou mais fazer

isto porque tenho que manter uma funcionária a mais, que era um rapaz, só para

fazer isto“.

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83

Outros síndicos também relataram suas experiências com a prática:

“Quando eu assumi de síndica uma das primeiras coisas que eu fiz foi isto porque eu

sempre fui muito preocupada com esta parte então eu conversei com todos os

condôminos ai eu comprei latões verdes para lixo que não era lixo, e os outros para

por lixo orgânico e tudo mundo separou direitinho“.

“Há muitos anos no edifício nós fazemos a separação, inclusive quando eu assumi

colocamos sistema de captação de óleos comestíveis queimados que não é mais

utilizado na cozinha. E todos os andares eu mandei verificar estão fazendo a

separação do lixo direitinho, todos os andares tem recipientes para separação do

lixo“.

Quando questionado aos síndicos que aderem à prática, verificou-se que os

praticantes dispõem recipientes por andarem, ainda que em lugares impróprios,

assim como, foi observado no primeiro grupo de discussão, em que muitos prédios

não são planejados para essa ação.

Um participante relata a dificuldade que a prática da separação dos resíduos

enfrenta, porém ele encontrou uma alternativa inteligente conforme relata: “a

dificuldade é que nem todos têm espaço para guardar isto, e como a coleta só passa

uma vez por semana ainda assim você tem que deixar lá embaixo às seis da manhã,

sendo que, as dez ainda estão lá e todo revirado porque já cataram só o que

interessa, o meu é lá na Atlântica, então o que fizemos lá: passamos a não entregar

mais recolhemos achamos uma família esta família vai todo dia as sete da manhã

recolhe e leva embora“.

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84

Figuras nº 10 e 11: foto da segunda reunião de síndicos, grupo nº2. Fonte: pesquisa aplicada (2010).

Um dos síndicos questionou o real destino dos lixos que são separados e coletados,

se eles realmente teriam destino diferente do aterro sanitário, e diz: “se você for

correr em todos os prédios de Balneário todo mundo vai querer fazer, mas o

problema é o destino disto tudo“.

Figura nº12: foto da segunda reunião de síndicos, grupo n º2. Fonte: pesquisa aplicada (2010).

4.3 Entrevista com a Gerente Regional Rosicléia Maestri, da

Empresa Ambiental Saneamento e Concessões Ltda, Coneville

A entrevista aconteceu na data de 16 de junho de 2010 às 08h30min, no escritório

localizado na Rua Canelinha nos Bairros dos Municípios na cidade de Balneário

Camboriú.

Antes do início da entrevista, foi explicado pela pesquisadora o objetivo da pesquisa

e também relatado que algumas questões foram geradas de acordo com os grupos

de discussão, nos quais foram ouvidos os síndicos e a visão que eles tinham do

processo que envolve a coleta de lixo reciclável.

E como primeira questão, foi solicitada a Sr. Rosicléia a visão da empresa sobre a

coleta seletiva, relatando que essa e uma causa que a empresa busca estimular, por

entender que essa ação beneficia o meio ambiente, e a gestora observa: “houve

uma pequena melhora pelo que a gente nota. E eu vejo, pelos números da

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quantidade de resíduos que a gente recolhe, mas é muito pouco se formos

comparar com o número de resíduos que é depositado no aterro sanitário que vai

pra lá como lixo orgânico o que a gente tem recolhido pela coleta seletiva é muito

pouco”. A gestora ainda relembra a ação dos catadores: “Há de se considerar

também que a gente tem uma contribuição muito grande dos catadores não é só o

que a Coneville recolhe que é o que Balneário separa, tem todo o material dos

catadores, o que eles recolhem que com certeza é o dobro do que é recolhido pela

Coneville”.

Figura nº. 13: adesivo que marca a participação das residências e

condomínios, ao programa de coleta seletiva. Fonte: SEMAM (2010).

A gerente da empresa relata que para ter a coleta seletiva os representantes dos

condomínios e casas, devem ligar para solicitar a coleta e assim a empresa faz o

registro da solicitação e providencia os adesivos nas lixeiras, e passa todas as

informações necessárias para a coleta. O caminhão da coleta seletiva,assim como a

equipe, quando passam na rua, não ficam abrindo as lixeiras para verificar o que é

lixo orgânico ou não, ou seja, e não tiver identificação não é coletado. O lixo também

pode ser colocado na rua, na hora da coleta seletiva, relata a gerente, e também

será coletado, como acontece muito.

Segundo a gestora é feito duas a três vezes descarga dos dois caminhões por dia,

da coleta seletiva, na ACATELI ou na associação de Camboriú e nunca aconteceu

de um caminhão da coleta seletiva ir parar no aterro, mas já aconteceu da secretária

de obras ir fazer limpeza na associação dos catadores, ACATELI, porque eles não

deram conta do trabalho ficando o lixo a exposição do tempo, e acabaram

estragando e a prefeitura teve de levar este lixo para o aterro sanitário.

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Quando relatado a entrevistada, que a grande dificuldade relatada pelos síndicos foi

o número de resíduos que a prática da coleta seletiva pode juntar em um edifício

durante uma semana, e que a coleta única durante esse período é a maior

dificuldade encontrada. A partir dessa dificuldade foi questionada a inserção de um

dia a mais desse tipo de coleta, ao menos na região onde se encontram os maiores

números de condomínios, e a resposta obtida pela gerente foi, que há a

possibilidade de incluir um dia a mais na coleta seletiva, porém essa ação necessita

de uma autorização da prefeitura, porque não esta prevista em contrato e porque

isto tem um custo, e a empresa não pode arcar com isso, sendo necessária uma

mudança contratual.

E supondo uma diminuição dos resíduos que tem destino ao aterro em virtude do

aumento da reciclagem, foi questionada uma possível substituição entre as coletas,

e a gestora respondeu que: “Não é possível tirar um dia de coleta diária para por

como coleta seletiva: “hoje a gente só vê acréscimo de resíduo não uma diminuição”.

E ainda conclui que no futuro, “à medida que essa prática se fortaleça isso pode se

tornar realidade, mas não pode ser feito hoje”.

Segundo Rogério kunzler, funcionário da secretaria do meio ambiente, encarregado

da área, é cobrado uma taxa referente ao volume de resíduos que a cidade deposita

no aterro, o que significa que, os custos aumentam de acordo com o aumento dos

resíduos que tem como destino final o aterro sanitário.

Quando questionado em entrevista a Sr. Rosicléia, responsável da Coneville,

empresa concessionária dos serviços de coleta de lixo na cidade, ela confirma a

existência dessa variável que atua sobre o volume de lixo depositado no aterro,

porém tais dados envolvem uma serie de cálculos, custos fixos da empresa,

operacional e também de investimento e manutenção do aterro, justificando o não

conhecimento exato do percentual correspondente ao valor cobrado. Ainda a

gestora afirma com certeza que, a queda do volume de resíduos urbanos destinados

ao aterro sanitário, podem sim influenciar para a diminuição da taxa de lixo cobrada

aos moradores no futuro, assim como aumentar a previsão de utilização do aterro

sanitário, que desde seu implemento, era de aproximadamente 20 anos.

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Ainda esclarecendo a respeito da taxa de lixo e a variável que reflete sobre a

mesma, cobrada de acordo com o volume depositado no aterro, reverte na taxa de

lixo cobrada da população no ano seguinte ao que houver a redução do lixo, pois o

valor da taxa de lixo é calculado baseado nos custos que a empresa teve no ano

anterior.

Na visão da empresa, eles observam que a maior dificuldade vem da falta de

conscientização e mobilização pelos moradores e concorda em parte com o

problema apontado pelos síndicos, quando afirma : “alguns até são conscientes,

mas aderir a coleta seletiva deve ultrapassar a essa dificuldade” que realmente

acontece com o acúmulo de resíduos recicláveis em uma semana para um prédio,

que tem inúmeros apartamentos, e ainda justifica a afirmativa alegando que: “a

própria comunidade local não respeita a coleta, ninguém quer liberar dois metros de

espaço para fazer lixeira, todo mundo gera lixo e todos tem que ter lixeira, cada um é

responsável pelo lixo que gera” , ainda a Sr. Rosicléia que os moradores devem

organizá-los de forma a facilitar as coletas, mas ainda observa-se muita falta de

educação e lamenta dizendo, que a Coneville não tem autonomia para notificar, mas

a empresa fiscaliza e denuncia à vigilância sanitária.

Para os grandes geradores, a empresa tem uma segunda coleta durante a semana,

com o segundo caminhão que atende especialmente a coleta de vidros, que acaba

atendendo os condomínios que geram mais lixos como alguns edifícios quando há

tempo disponível, e pontos como bares e boates que são locais atendidos às vezes

de segunda a sábado.

A gestora aponta a falta informação, a falta conscientização, de interesse da

população e a dificuldade da população tem de saber a data da coleta seletiva, são

as falhas mais observadas quando se vai a um colégio, quando se participa de uma

reunião,e também expresso nos relatórios gerados pelo tele marketing, são as

principais dificuldades encontradas em todo o processo de reciclagem.

Nos relatórios analisados dos meses de dezembro (2009), janeiro e fevereiro (2010),

entre 186 entrevistados nos três meses, 111 não tinham conhecimento da coleta

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seletiva desenvolvida pela empresa, o que representa um percentual de 60% dos

entrevistados.

A respeito da informação e conscientização, a gerente relatou a ação que propôs ao

presidente do sindicato dos condomínios, na ocasião com pouco apoio deste. No

entanto, junto com a secretária do meio ambiente fizeram um trabalho de divulgação

e esclarecimento, com um funcionário contratado pela empresa, indo a todos os

condomínios da Brasil, Atlântica e transversais: “Não podemos dizer que não

tivemos resultado, mas é um trabalho de formiguinha, o processo é lento”.

A empresa, segundo a gerente, fez no fim do ano passado um trabalho de

divulgação com folders explicativos, e educativos sobre a coleta seletiva, mas que

esse trabalho de conscientização fica a cargo do município, mesmo assim a

Coneville tem feio. Segundo a gerente, essa ação não tem verba planejada, ela

acontece na medida em que a empresa pensa que deve investir.

A grande insatisfação dos síndicos, especialmente do segundo grupo, em relação ao

trabalho da empresa, foi o ultimo assunto abordado. A Sr. Rosicléia, respondeu que

a empresa esta aberta a reclamações, sugestões, e que essa ação é importante

para a empresa saber se o trabalho está sendo bem feito, e grande numero de

insatisfação não é do conhecimento dela, e se há insatisfação as pessoas devem

dirigir as reclamações para a empresa. Isso também não é o que a pesquisa da

empresa, feita pelo telemarketing ativo, indica. E finaliza dizendo que os relatórios

são entregues para os órgãos responsáveis e fiscalizadores, alem da câmara de

vereadores, estão à disposição para quem estiver interessado.

4.4 Análise dos dados levantados nas pesquisas.

Concluindo os pontos apresentados na primeira reunião de grupo de discussão,

podem-se observar as seguintes informações:

Que é grande a participação de condomínios no sistema de coleta seletiva.

Que o grande volume de lixo nos condomínios dificulta a coleta seletiva por não

terem sido projetados espaços para armazenamento.

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Que a coleta semanal é muito pouco, considerando o grande volume que o lixo

reciclável produz.

Falta de campanhas na mídia para conscientização da importância da coleta

seletiva na cidade.

Concluindo os pontos apresentados na segunda reunião de grupo de discussão,

podem-se observar as seguintes informações:

Os síndicos em geral, não tinham conhecimento do canal que a empresa dispõe

para ouvir a opinião pública a respeito de reclamações e sugestões, e que esses

relatórios são entregues para a secretaria do Meio ambiente, em relatórios mensais,

junto com outros dados do serviço que a empresa presta.

Mesmo com essa explicação da mediadora, um participante expõe sua

insatisfação: “Eles têm conhecimento de tudo que é preciso fazer, não tenho, dúvida

quanto a isto basta que o poder público tenha peito de exigir deles eficiência porque

nós estamos pagando. Nós não estamos pedindo favor pra ninguém“.

Em conclusão comum, aos dois grupos de discussão apontam sugestões de

melhoramento das mídias de informação e conscientização do tema, em âmbito

local, e o aumento do número de coleta seletiva semanal, como sendo melhorias

facilitadoras da adesão da coleta seletiva pela população.

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5. PROPOSIÇÃO DO PLANO DE MARKETING

5.1 Análise Ambiental

Na administração pública muitas vezes é preciso priorizar o cumprimento de ordens

de escalões superiores, ao mesmo tempo em que é preciso respeitar padrões

formais de poder, controle e desempenho de atividades entrelaçados a burocracia

que engessa as tomadas de decisões.

A Secretaria do Meio Ambiente, em relação à gestão dos resíduos sólidos, têm um

relevante papel a cumprir, que é articular entre os atores desse processo. No

entanto, são muitos os agentes que estão envolvidos nesse processo, além de

pertencerem gêneros bastante distintos. Outro fator bastante relevante a

administração dos resíduos sólidos urbanos, e o fator terceirização do processo, que

em muitas das bibliografias estudadas, e estudos de caso de progresso nessa área

estavam sempre ligados à prestação dos serviços públicos, e a projetos de apoio às

cooperativas de catadores de lixo.

5.2 Oportunidades e ameaças dos atuantes do processo

Ameaças

Cultural, pela falta de consenso da população que devem desenvolver a

separação dos próprios resíduos gerados;

Cultural, premência no descarte do lixo;

Dificuldade de armazenamento para coleta semanal;

O aumento do lixo reciclado destinado às cooperativas da região pode parar na

fase final do processo, pela ma estruturação das associações e cooperativas;

A característica das políticas públicas que engessam a empresa concessionária

de novos métodos e programas;

Falta de planejamento e estratégica na adoção das políticas públicas.

Oportunidades

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A oportunidade de uma associação ou cooperativas também prestar o serviços de

coleta seletiva, em troca dos resíduos coletados;

A ação dos catadores ainda que de maneira informal, e como meio de

sobrevivência, tem forte representação no processo de reciclagem, podendo ter

um crescimento considerável a medida que a classe se organiza e recebe maior

apoio;

Oportunidades de desenvolvimentos das associações já existentes na região e,

até mesmo a criação de cooperativas de trabalhadores, à medida que a

reciclagem ganha adeptos.

A queda do volume de resíduos urbanos destinados ao aterro sanitário pode

influenciar para a diminuição da taxa de lixo cobrada aos moradores no futuro,

assim como aumentar a previsão de utilização do aterro sanitário;

A nova legislação normatiza a logística reversa, pode fazer com que os grandes

geradores de lixo, se apresentem como parceiros para campanhas que visam à

reciclagem dos resíduos sólidos urbanos.

Empresas privadas produtoras de produtos de consumo bastante interessadas

em participação de projetos de reciclagem.

5.3 Objetivos do plano de marketing

De acordo com os dados obtidos sobre a coleta de lixo no Brasil cerca 40 ou 45 %

do total do lixo recolhido é cabível de ser reciclado. Tendo isso em consideração, a

média do total de lixo recolhido na cidade de Balneário Camboriú, nos meses fora de

temporada, é de 3.262 t./média/mês, e da pela coleta seletiva de 65,5 t./média/mês.

Levando em conta, também o trabalho informal dos catadores de lixo, estimado em

duas vezes o número, que é coletado pela coleta seletiva. No quadro n. 6, têm-se:

Dados da coleta de resíduos em Balneário Camboriú

Percentagem Média /mês do lixo fora de temporada

Total de lixo coletado 100 % 3.262 t

Média nacional de lixo inorgânico na coleta tradicional

60 % 1.957 t

Coleta seletiva 2% 65,5 t

Trabalho dos catadores 4% 130 t

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Lixo que ainda pode ser reciclado 32% 1109,5 t

Media nacional de reciclagem 12,5% 407.75 t

Quadro n.6: dados da coleta seletiva de Balneário Camboriú (2009) Fonte: pesquisa.

Os dados apontam 32% do lixo total é ainda cabível de ser reciclado, no entanto

estes ainda têm como destino o aterro sanitário. Este percentual, comparado ao que

se tem, em relação à coleta seletiva na cidade é extremamente alto.

Dados da coleta de resíduos recicláveis em Balneário Camboriú

Percentagem Média/mês lixo fora de temporada

Lixo com potencial de reciclagem (40% do total do lixo)

100% 1.305 t

Média da coleta seletiva hoje 2% 5% 65,5 t

Trabalho dos catadores 4% 10% 130 t

Objetivo do plano de marketing 12% 30% 391,5 t

Lixo cabível de reciclagem 22% 55% 718 t

Quadro n.7: panorama do reaproveitamento do lixo na cidade de Balneário Camboriú. Fonte: pesquisa.

Portanto, pelos motivos acima expostos o plano de marketing proposto tem por

objetivo:

Aumentar para 12% a coleta seletiva de lixo na cidade de Balneário Camboriu.

Conscientizar a população que habita em condomínios a importância da

reciclagem de lixo para o bem estar de toda a comunidade.

5.4 Estratégias

Para estimular a consciência ambiental da população de Balneário Camboriú e

mobilizá-los para o descarte segregado dos resíduos sólidos urbanos

Registrar e divulgar os resultados obtidos com os programas de coleta seletiva,

tanto quantitativos, quanto qualitativos, avaliando continuamente seu desempenho,

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possibilitando a correção de falhas e motivando a população a alcançar metas

maiores e com uma melhor qualidade;

A realização de campanhas de Educação Ambiental nos diferentes segmentos da

sociedade como:

Nas instituições de ensino (escolas de ensino fundamental e médio,

universidades); nas repartições públicas,

Nos condomínios,

Nos estabelecimentos comerciais,

Nas igrejas e nas associações de bairros.

5.5 Ações para implantação

Composto dos planos de comunicação, distribuição e parcerias e será executado

nas campanhas ambientais do município pela Secretaria do Meio Ambiente e inclui

atividades como:

Educação Ambiental: visando a coleta seletiva dos materiais recicláveis, podem ser

desenvolvidas as seguintes etapas:

a) Designação de profissional: buscar na área de comunicação da prefeitura de um

colaborador com formação em Administração para assumir a responsabilidade do

gerenciamento da área de marketing.

b) Projeto terra limpa: continuidade nos programas que de coleta seletiva do

município, que envolvem as escolas municipais na sensibilização os alunos e,

através deles, suas famílias, ampliando e dando continuidade a educação ambiental

através do projeto Terra Limpa, desenvolvido pela SEMAM.

c) Estímulo aos produtos de origem reciclável: desenvolver um catálogo de produtos

de origem reciclável, após pesquisa de mercado, incentivando a prática do

reaproveitamento de materiais e de alimentos, bem como o consumo sustentável. O

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custo desse material deve ser rateado pelas empresas que tem seus produtos e

nomes divulgados no catálogo.

d) Conscientização dos condomínios: Promover programas de Educação Ambiental

e esclarecendo à população todos os fatores envolvidos na cadeia produtiva da

reciclagem e, principalmente, possibilitando o desenvolvimento de uma consciência

ambiental ampla, incluindo uma postura de responsabilidade perante o meio

ambiente como um todo. Para tanto serão realizadas visitas por uma equipe de

educadores, e onde se pretende desenvolver programas de coleta seletiva, e tem

como objetivo a adesão da população local no programa. Durante as visitas devem

ser entregues aos moradores panfletos explicativos com informações sobre: objetivo

do programa; materiais que devem ser separados; materiais que não devem ser

separados; quadro do tempo de decomposição dos materiais recicláveis que

aparecem com mais freqüentes no lixo doméstico; procedimentos de orientação

sobre a forma de acondicionamento dos resíduos; e informações relacionadas à

coleta e ao destino dos materiais recicláveis separados pelos moradores.

e) Sacos de nylon coloridos e reutilizáveis: é importante também que, no momento

da visita, a equipe de educadores, entregue sacos de nylon com capacidade para 30

ou 60 litros para o armazenamento de todos os resíduos recicláveis, nos

condomínios que aderirem a participarão do programa de coleta seletiva. Na ocasião

também é explicado os métodos corretos para a utilização dos sacos, reutilizáveis, e,

portanto, os materiais depositados nos sacos devem estar devidamente limpos. A

distribuição desses sacos é mais um incentivo, para que os moradores possam

separar os lixos e participar do programa. Serão recolhidos os sacos cheios, e

entregues outros vazios, uma vez por semana. Em data de aproximadamente três

dias depois do dia da coleta seletiva feita pela Coneville, no Bairro, devidamente

para que a população possa contar com duas coletas seletivas, no período de uma

semana, diminuindo o acúmulo excessivo dos resíduos nos edifícios.

f) Criação de informativos da responsabilidade social: publicado mensalmente, tem

o objetivo de informar os resultados alcançados no programa, bem como

comparativos da evolução da cidade com o desenvolvimento sustentável da região.

TV Mocinha; TV Panorâmica; TVA canal de TV a cabo; Jornal Página 3; Jornal o

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Diarinho; Rádio menina, Jovem Pan, e revistas locais... A busca por essas parcerias

será através da persuasão, ressaltando aos possíveis parceiros, a importância que

as mídias de televisão, ocupam com o meio de comunicação, e a responsabilidade

pela formação de opinião da população.

g) Criação de cartazes e faixas: para a divulgação da campanha, fase inicial,

expostos os canais de disseminação, como: hospitais, postos e centros de saúde,

órgãos municipais, locais de grande circulação: shopping, hipermercados, parques,

colégios, faculdades, e principalmente nos condomínios;

h) Busca de apoio de empresas privadas: O apoio financeiro de empresas privadas

deve ser alcançado com explanação do projeto, para que seja possível de

realização.

5.6 Parcerias com entidades sociais

i) Igrejas, Pastores e padres: buscar apoio de padre e pastores, para que divulguem

a campanha nos sermões da igreja. Esse é um tipo de ação gratuita, que pode ter

grande retorno devido ao poder de persuasão dos líderes religiosos.

j) Blog e mídias eletrônicas sociais: através da criação de um perfil, personagem,

extremamente engajada com ações de responsabilidade social e sustentabilidade.

O Blog e comunidades sociais eletrônicas serão fontes de notícias e canais de

comunicação da sociedade, ou seja, espaço de comunicação informal e canal para a

adesão de apoio voluntário.

5.7 Montante de investimento

Os investimentos para a execução do plano de marketing estão estimados conforme

quadro n. 8:

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Ações Período Valor Total à ser

investido*

Desenvolvimento de material e busca por

empresas parceiras

Agosto e

Setembro

R$ 2.000,00

Inicio da campanha, desenvolvimento do

material necessário.

Outubro, novembro e

dezembro

R$ 15.000,00

Inicio das visitas aos condomínios e

desenvolvimento do material de apoio

Outubro, novembro

R$ 8.000,00

Inicio da segunda coleta semanal, nos

condomínios cadastrados

Janeiro Fevereiro e

Março

A ser apurado

devido aos

aspectos legais.

Primeiro controle e desenvolvimento e

entrega da primeira edição do Jornal Social.

Permanente Sem custo previsto

Retorno das visitas aos condomínios e

adaptação, se necessária ao plano e metas.

Março abril e Maio

R$ 8.000,00

Total R$ 33.000,00

Quadro n.8: orçamento e tarefas do plano de marketing. Fonte: pesquisa aplicada (2010).

5.8 Controle

Um mês após o início do projeto de coleta seletiva, a equipe deverá fazer um

levantamento do número de condomínios visitados, e avaliar o tempo necessário

para que seja feita a visita em todos os condomínios da cidade, estipulando o prazo

limite para término do mesmo. Assim como o uso dos matérias, para planejamento

da necessidade de reposição dos sacos de nylon, etc.

É de grande importância que os moradores, através dos condomínios e seus

representantes, obtenham um retorno do andamento e conquistas, por meio de carta

ou jornal social destinado ao condomínio, para que o programa se consolide.

Depois, de consolidada a campanha as visitas podem ser realizadas por um

intervalo de tempo de quatro anos, retornando aos domicílios para aplicação de

questionário, objetivando avaliar o programa, corrigir as possíveis falhas neste

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programa e principalmente aperfeiçoar os futuros programas, quando se pretende

expandir a coleta seletiva.

Utilizar o controle e relatórios da Coneville para melhorar o projeto/campanha de

acordo coma evolução dos números da coleta seletiva. Os relatórios da empresa

também é uma forma de avaliar o trabalho da empresa e a opinião pública sobre a

mesma.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de toda a complexidade do processo de limpeza urbana, na cidade de

Balneário Camboriú, pode-se dizer que o projeto de coleta seletiva tem apresentado

resultados satisfatórios à administração pública. Porém, sabe-se que existe muito a

ser feito neste aspecto, mas para isso é necessário ampliar a aceitação ao projeto

pela sociedade em geral, e intermediar esse processo cabe às políticas públicas.

Em resposta ao objetivo geral conclui-se que o plano de marketing busca soluções

para possibilitar um maior número do reaproveitamento dos resíduos urbanos

cabíveis de reciclagem, adequado às condições ambientais na atualidade. Para que

ele tenha continuidade é necessário que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente

avalie-o, e utilize, se este for de interesse comum aos planos do município.

Portando, a fim de contribuir para o serviço de administração pública, com o objetivo

de tentar resolver problemas atuais dentro deste processo, afirma-se a necessidade

de uma ampliação na forma de divulgação da coleta seletiva, com uma estratégia

focada na informação do serviço prestado e da importância que a população tem

neste projeto, e que os índices da participação podem ser responsáveis pela

continuidade e ampliação do mesmo.

É consenso que programas amplos não são concretizados em curto prazo, mas a

mudança de enfoque em relação ao gerenciamento dos resíduos torna-se uma

necessidade, no contexto da busca da sustentabilidade, que tem sido uma das

principais metas dos governos populares e democráticos.

Mesmo com resultados crescentes e números cada vez maiores do índice de coleta

seletiva no município, o plano de marketing tende a continuidade deste processo,

investindo cada vez mais a estrutura da coleta seletiva e educação ambiental em

toda a sociedade, explorando cada vez mais a potencialidade em se desenvolver

uma adesão do programa de cada vez maior, alcançando uma evolução sem limite

assim como é o da geração de lixo.

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A importância da limpeza urbana e da destinação correta dos resíduos sólidos deve

ser entendida e praticada por toda a sociedade, considerando as responsabilidades

do governo em gerar sustentabilidade. A Coneville na coleta dos resíduos e

destinação ideais para as cooperativas e associações que, devem estar bem

administradas de modo a gerar emprego e vida digna com o lucro do processo de

triagem dos resíduos para os cooperados ou associados. E sem menos importância,

as empresas privadas e suas responsabilidades sociais, e a participação das

pessoas de separar seus próprios resíduos, cientes da sua contribuição para o

aumento do volume de resíduos e que para um bom trabalho de coleta a população

deve estar comprometida com a dispensa em locais adequados tendo como

recompensa a qualidade de vida.

6.1 Sugestões

A seguir, são apresentadas sugestões de ações que podem ser implantadas pelo

poder público, para desenvolver as políticas e programas de coleta seletiva dos

resíduos sólidos.

Oferecer infra-estrutura e apoio técnico para as cooperativas de coleta seletiva,

Integrar os programas de coleta seletiva a projetos abrangentes de resgate da

cidadania e distribuição de renda, como é o caso das redes de Economia

Solidária;

Implantar ou apoiar programas de treinamento em gestão ambiental de empresas

e empreendimentos privados;

Orientar corretamente a população para a reciclagem do lixo orgânico nos

quintais, através da compostagem, melhorando a qualidade da alimentação de

famílias carentes, pela prática da agricultura urbana, de forma individual ou

comunitária.

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Criação de consórcios intermunicipais para a comercialização em conjunto desses

matérias coletados, alcançando maiores quantidades e melhores preços quando

negociados diretamente às usinas de reciclagem, eliminando os atravessadores.

Apoio e preferência da administração municipal para produtos de origem

renovável, gerando demanda para produtos reciclados como: papéis para

impressora, cadernos para escolas municipais, formulários públicos, plásticos

para coleta de lixo público, matérias para escritório, entre outros produtos e

serviços socialmente sustentáveis. Essa pratica além de influenciar positivamente

para a consolidação desse mercado, devido o tamanho de sua demanda,

beneficia grande parte de uma população que sobrevive com esse mercado, e

pode influenciar positivamente a preferência por esse tipo de produto.

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ANEXO 1- Programa semanal de coleta seletiva da Coneville

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ANEXO 2 PROJETO DE LEI 1991/2007 Institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos e dá outras providências.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º. Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e dispõe sobre

diretrizes gerais aplicáveis aos resíduos sólidos no País.

Art. 2º. São diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos:

I - proteção da saúde pública e da qualidade do meio ambiente;

II - não-geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento de resíduos

sólidos, bem como destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos;

III - desenvolvimento de processos que busquem a alteração dos padrões de

produção e consumo sustentável de produtos e serviços

IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias ambientalmente

saudáveis como forma de minimizar impactos ambientais;

V - incentivo ao uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis

e reciclados;

VI - gestão integrada de resíduos sólidos;

VII - articulação entre as diferentes esferas do Poder Público, visando a cooperação

técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos;

VIII - capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;

IX - regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação de

serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, com adoção de

mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos

serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e

financeira;

X - preferência, nas aquisições governamentais, de produtos recicláveis e reciclados;

XI - transparência e participação social;

XII - adoção de práticas e mecanismos que respeitem as diversidades locais e

regionais; e

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XIII - integração dos catadores de materiais recicláveis nas ações que envolvam o

fluxo de resíduos sólidos.

XIV – educação ambiental.

Art. 3º. O Poder Público e a coletividade são responsáveis pela efetividade das

ações que envolvam os resíduos sólidos gerados.

Art. 4º. Aplicam-se aos resíduos sólidos, além do disposto nesta Lei e na Lei no

11.445, de 5 de janeiro de 2007, as normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema

Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, Sistema Nacional de Vigilância Sanitária -

SNVS e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial -

INMETRO.

Art. 5º. Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de

direito público ou privado, responsáveis direta ou indiretamente pela geração de

resíduos sólidos e as que desenvolvam ações no fluxo de resíduos sólidos.

Art. 6º. Os resíduos sólidos de pesquisas e atividades que envolvam organismos

geneticamente modificados observarão, além do disposto nesta Lei, as normas,

padrões e procedimentos disciplinados pela Comissão Técnica Nacional de

Biossegurança - CTNBio.

Art. 7º. Esta Lei não se aplica aos rejeitos radioativos, os quais deverão reger-se

por legislação específica.

Seção Única Das Definições

Art. 8º. Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

I - análise do ciclo de vida do produto: técnica para levantamento dos aspectos e

impactos ambientais potenciais associados ao ciclo de vida do produto;

II - avaliação do ciclo de vida do produto: estudo das conseqüências dos impactos

ambientais causados à saúde humana e à qualidade ambiental, decorrentes do ciclo

de vida do produto;

III - ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem a produção, desde sua

concepção, obtenção de matérias-primas e insumos, processo produtivo, até seu

consumo e disposição final;

IV - coleta diferenciada: serviço que compreende a coleta seletiva, entendida como a

coleta dos resíduos orgânicos e inorgânicos, e a coleta multi-seletiva, compreendida

como a coleta efetuada por diferentes tipologias de resíduos sólidos,

normalmente aplicada nos casos em que os resultados de programas de

coleta seletiva implementados tenham sido satisfatórios;

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110

V - consumo sustentável: consumo de bens e serviços, de forma a atender às

necessidades das atuais gerações e permitir melhor qualidade de vida, sem

comprometer o atendimento das necessidades e aspirações das gerações

futuras;

VI - controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantam à

sociedade informações, representações técnica e participações nos processos de

formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos

serviços públicos de manejo de resíduos sólidos;

VII - destinação final ambientalmente adequada: técnica de destinação

ordenada de rejeitos, segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar

danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais

adversos;

VIII - fluxo de resíduos sólidos: movimentação de resíduos sólidos desde o momento

da geração até a disposição final dos rejeitos;

IX - geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou

privadas, que geram resíduos sólidos por meio de seus produtos e atividades,

inclusive consumo, bem como as que desenvolvem ações que envolvam o manejo e

o fluxo de resíduos sólidos;

2X - gerenciamento integrado de resíduos sólidos: atividades de

desenvolvimento, implementação e operação das ações definidas no Plano de

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, a fiscalização e o controle dos serviços de

manejo dos resíduos sólidos;

XI - gestão integrada de resíduos sólidos: ações voltadas à busca de soluções

para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões políticas,

econômicas, ambientais, culturais e sociais, com a ampla participação da

sociedade, tendo como premissa o desenvolvimento sustentável;

XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social,

caracterizada por um conjunto de ações, procedimentos e meios, destinados a

facilitar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos aos seus geradores para que

sejam tratados ou reaproveitados em novos produtos, na forma de novos insumos,

em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, visando a não geração de rejeitos;

XIII - resíduos sólidos: resíduos no estado sólido e semi-sólido, que resultam de

atividades de origem urbana, industrial, de serviços de saúde, rural, especial ou

diferenciada;

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111

XIV - reutilização: processo de reaplicação dos resíduos sólidos sem sua

transformação biológica, física ou físico-química;

XV - manejo de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou

indiretamente, com vistas à operacionalizar a coleta, o transbordo, o transporte, o

tratamento dos resíduos sólidos e a disposição final ambientalmente adequada de

rejeitos;

XVI - limpeza urbana: o conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, pelo

Distrito Federal e pelos Municípios, relativa aos serviços de varrição de logradouros

públicos; limpeza de dispositivos de drenagem de águas pluviais; limpeza de

córregos e outros serviços, tais como poda, capina, raspagem e

roçada, bem como o acondicionamento e coleta dos resíduos sólidos provenientes

destas atividades;

XVII - tecnologias ambientalmente saudáveis: tecnologias de prevenção,

redução ou eliminação de resíduos sólidos ou poluentes, propiciando a redução de

desperdícios, a conservação de recursos naturais, a redução ou eliminação de

substâncias tóxicas presentes em matérias-primas ou produtos auxiliares, a

redução da quantidade de resíduos sólidos gerados por processos e produtos e,

conseqüentemente, a redução de poluentes lançados para o ar, solo e águas;

XVIII - tratamento ou reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos,

dentro de padrões e condições estabelecidas pelo órgão ambiental, que envolve a

alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, tornando-os

em novos produtos, na forma insumos, ou em rejeito.

CAPÍTULO II

DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Art. 9º. A Política Nacional de Resíduos Sólidos será desenvolvida em consonância

com as Políticas Nacionais de Meio Ambiente, de Educação Ambiental, de Recursos

Hídricos, de Saneamento Básico, de Saúde, Urbana, Industrial, Tecnológica e de

Comércio Exterior e as que promovam a inclusão social, de acordo com o disposto

nesta Lei.

Art. 10º. As Políticas de Resíduos Sólidos dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios deverão estar compatíveis com as diretrizes estabelecidas nesta Lei.

3 Seção Única Dos Instrumentos

Art. 11º. São instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos:

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I - Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos;

II - Análise e Avaliação do Ciclo de Vida do Produto;

III - Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental,

nos termos do art. 9o, inciso VIII, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981;

IV - inventários de resíduos sólidos em conformidade com o disposto pelo Conselho

Nacional do Meio Ambiente - CONAMA;

V - Avaliação de Impactos Ambientais, nos termos do art. 9o, inciso III, da Lei no

6.938, de 1981;

VI - Sistema Nacional de Informações Ambientais - SISNIMA e o Sistema Nacional

de Informações em Saneamento Básico - SINISA;

VII - logística reversa;

VIII - licenciamento ambiental;

IX - monitoramento e fiscalização ambiental;

X - cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para o

desenvolvimento de pesquisas e de novos produtos;

XI - pesquisa científica e tecnológica;

XII - educação ambiental;

XIII - incentivos fiscais, financeiros e creditícios;

XIV - Fundo Nacional do Meio Ambiente e Fundo Nacional de Desenvolvimento

Cientifico e Tecnológico; e

XV- Conselhos de Meio Ambiente.

CAPÍTULO III

DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Seção I Da Classificação dos Resíduos Sólidos

Art. 12º. Os resíduos sólidos serão classificados:

I - quanto à origem:

a) resíduos sólidos urbanos: resíduos sólidos gerados por residências, domicílios,

estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços e os oriundos dos

serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, que por

sua natureza ou composição tenham as mesmas características dos gerados

nos domicílios;

b) resíduos sólidos industriais: resíduos sólidos oriundos dos processos produtivos

e instalações industriais, bem como os gerados nos serviços públicos de

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113

saneamento básico, excetuando-se os relacionados na alínea “c” do inciso I do art.

3o da Lei no 11.445, de 2007;

4c) resíduos sólidos de serviços de saúde: resíduos sólidos oriundos dos serviços de

saúde, conforme definidos pelo Ministério da Saúde em regulamentações técnicas

pertinentes;

d) resíduos sólidos rurais: resíduos sólidos oriundos de atividades agropecuárias,

bem como os gerados por insumos utilizados nas respectivas atividades; e

e) resíduos sólidos especiais ou diferenciados: aqueles que por seu volume, grau

de periculosidade, de degradabilidade ou outras especificidades, requeiram

procedimentos especiais ou diferenciados para o manejo e a disposição final dos

rejeitos, considerando os impactos negativos e os riscos à saúde e ao meio

ambiente; e

II - quanto à finalidade:

a) resíduos sólidos reversos: resíduos sólidos restituíveis, por meio da logística

reversa, visando o seu tratamento e reaproveitamento em novos produtos, na forma

de insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos; e b) rejeitos: resíduos

sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e

recuperação por processos tecnológicos acessíveis e disponíveis, não apresentem

outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.

Seção II Da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

Art. 13º. Incumbe ao Distrito Federal e aos Municípios a gestão dos resíduos

sólidos gerados em seus respectivos territórios.

Art. 14º. É condição para o Distrito Federal e os Municípios terem acesso a recursos

da União destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e

ao manejo de resíduos sólidos a elaboração de Planos de Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos, executados em função dos resíduos sólidos gerados ou

administrados em seus territórios, contendo, no mínimo:

I - caracterização do Município;

II - visão global dos resíduos sólidos gerados de forma a estabelecer o cenário atual

e futuro no âmbito de sua competência;

III - diagnóstico da situação dos resíduos sólidos identificados no âmbito de sua

atuação, contendo a origem, o volume, a caracterização dos resíduos sólidos

gerados e formas de destinação e disposição final praticadas;

IV - identificação de regiões favoráveis para disposição final adequada de rejeitos;

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114

V - identificação das possibilidades do estabelecimento de soluções consorciadas

ou compartilhadas, considerando, nos critérios de economia de escala, a

proximidade dos locais estabelecidos e as formas de prevenção dos riscos

ambientais;

VI - identificação dos resíduos sólidos especiais ou diferenciados;

VII - procedimentos operacionais e especificações mínimas, que deverão ser

adotados nos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos,

inclusive quanto aos resíduos sólidos especiais ou diferenciados identificados e à

disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;

VIII - critérios que deverão ser adotados para a operacionalização dos serviços

públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;

IX - estabelecimento de indicadores de desempenho operacional e ambiental;

5X - definição das atribuições de todos aqueles que participem de sua

implementação e operacionalização;

XI - estabelecimento de programas e ações de capacitação técnica, voltadas à

implementação do Plano;

XII - programa social, contendo as formas de participação dos grupos interessados,

inclusive com a indicação de como serão construídas as soluções para os problemas

apresentados;

XIII - mecanismos para a criação de fontes de negócios, emprego e renda, mediante

a valorização dos resíduos sólidos;

XIV - programa econômico, contendo o sistema de cálculo dos custos da prestação

dos serviços públicos de manejo de resíduos sólidos, a forma de cobrança

desses serviços, incluindo os excedentes e a recuperação total dos custos;

XV - descrição das formas de sua participação na logística reversa no âmbito local;

XVI - meios que serão utilizados para o controle dos geradores de resíduos sólidos

sujeitos ao sistema de logística reversa no âmbito local e os instrumentos financeiros

que poderão ser aplicados para incentivar ou controlar as atividades dele

decorrentes;

XVII - procedimentos dos geradores dos resíduos sólidos que requeiram manejo

especial ou diferenciado, em função das suas características e do porte de sua

geração e ainda a descrição dos resíduos sólidos urbanos considerados quando

aplicado o disposto no art. 6o da Lei no 11.445, de 2007;

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115

XVIII - ações preventivas e corretivas nos procedimentos adotados, incluindo o

respectivo programa de monitoramento;

XIX - estrutura de comunicação necessária, para ciência da população quanto à

quantidade de resíduos sólidos gerados no âmbito local e aos problemas ambientais

e sanitários derivados do manejo inadequado de resíduos sólidos e estabelecimento

de canal de comunicação direto com a sociedade local;

XX - periodicidade de sua revisão, considerando o período máximo de quatro anos

de vigência do Plano; e

XXI - identificação e monitoramento dos passivos ambientais.

§ 1º. Para o caso de resíduos sólidos urbanos gerados pelos órgãos da

administração pública deverão ser desenvolvidos procedimentos que contemplem a

utilização racional dos recursos e o combate a todas as formas de desperdício.

§ 2º. Os Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos deverão ser elaborados

em consonância com o disposto na Lei no 11.445, de 2007, bem como atender às

particularidades regionais e locais de sua área de abrangência.

§ 3º. Decreto do Poder Executivo Federal estabelecerá normas específicas sobre o

acesso aos recursos da União de que dispõe o caput.

Art. 15º. Os geradores dos resíduos sólidos industriais, de serviços de saúde,

rurais, especiais ou diferenciados, classificados no art. 12, inciso I, alíneas “b”, “c”,

“d” e “e”, desta Lei, deverão elaborar e dar publicidade aos seus Planos de Atuação

para os Resíduos Sólidos, com base nos seguintes requisitos mínimos:

I - descrição do empreendimento;

II - visão global das ações relacionadas aos resíduos sólidos, de forma a estabelecer

o cenário atual e futuro de seus resíduos;

III - diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados;

IV - objetivos e metas que deverão ser observados nas ações definidas para os

resíduos sólidos;

V - procedimentos operacionais de segregação, acondicionamento, coleta,

triagem, armazenamento, transbordo, transporte, tratamento de resíduos sólidos e

disposição final adequada dos rejeitos, em conformidade com o estabelecido no

Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Distrito Federal ou do Município

em que a atividade geradora de resíduos sólidos estiver instalada;

VI - previsão das modalidades de manejo e tratamento que correspondam às

particularidades dos resíduos sólidos e dos materiais que os constituem e

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a previsão da forma de disposição final ambientalmente adequada dos

respectivos rejeitos;

VII - considerações sobre a compatibilidade dos resíduos sólidos gerados;

VIII - estabelecimento de indicadores de desempenho operacional e ambiental;

IX - descrição das formas de sua participação na logística reversa e de seu controle,

no âmbito local;

X - identificação das possibilidades do estabelecimento de soluções consorciadas

ou compartilhadas, considerando, nos critérios de economia de escala, a

proximidade dos locais estabelecidos para estas soluções e as formas de

prevenção de possíveis riscos ambientais;

XI - ações preventivas e corretivas a serem praticadas no caso de situações de

manejo incorreto ou acidentes;

XII - definição dos instrumentos e meios para possibilitar a recuperação de áreas

degradadas por seu processo produtivo;

XIII - determinação de cronograma para o desenvolvimento de ações de capacitação

técnica, necessárias à implementação do Plano;

XIV - mecanismos para a criação de fontes de negócios, emprego e renda mediante

a valorização dos resíduos sólidos;

XV - programa social, contendo as formas de participação dos grupos interessados,

inclusive com a indicação de como serão construídas as soluções para os problemas

apresentados;

XVI - procedimentos e meios pelos quais divulgará aos consumidores os cuidados

que devem ser adotados no manejo dos resíduos sólidos reversos de sua

responsabilidade, incluindo os resíduos sólidos especiais ou diferenciados;

XVII - periodicidade de sua revisão, considerando o período máximo de quatro anos;

e

XVIII - adoção de medidas saneadoras dos passivos ambientais.

§ 1º. O Plano de Atuação para os Resíduos Sólidos deverá atender ao disposto no

Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município ou Distrito Federal,

sem prejuízo das normas editadas pelo SISNAMA e pelo SNVS.

7§ 2º. O Distrito Federal e os Municípios, com base no respectivo Plano de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos, poderão dispensar a elaboração do Plano de

Atuação para os Resíduos Sólidos em razão do volume, periculosidade e

degradabilidade dos resíduos sólidos gerados.

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Art. 16º. Para a elaboração, implementação, operacionalização e monitoramento de

todas as etapas do Plano de Atuação para os Resíduos Sólidos e ainda, para o

controle da disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, deverá ser

designado profissional técnico responsável habilitado, com atribuições para tanto.

Parágrafo único. Os responsáveis pelo Plano de Atuação para os Resíduos Sólidos

devem manter atualizadas e disponíveis para consultas as informações

completas sobre a implementação do Plano de sua responsabilidade.

Art. 17º. O Plano de Atuação para os Resíduos Sólidos é parte integrante do

processo de licenciamento ambiental.

Seção III

Das Responsabilidades

Art. 18º. Compete ao gerador de resíduos sólidos a responsabilidade pelos resíduos

sólidos gerados, compreendendo as etapas de acondicionamento, disponibilização

para coleta, coleta, tratamento e disposição final ambientalmente adequada de

rejeitos.

§ 1º. A contratação de serviços de coleta, armazenamento, transporte, tratamento

e destinação final ambientalmente adequada de rejeitos de resíduos sólidos, não

isenta a responsabilidade do gerador pelos danos que vierem a ser provocados.

§ 2º. Somente cessará a responsabilidade do gerador de resíduos sólidos, quando

estes forem reaproveitados em produtos, na forma de novos insumos, em seu ciclo

ou em outros ciclos produtivos.

Art. 19º. O gerador de resíduos sólidos urbanos terá cessada sua responsabilidade

com a disponibilização adequada de seus resíduos sólidos para a coleta.

Art. 20º. No caso de dano envolvendo resíduos sólidos, a responsabilidade pela

execução de medidas mitigatórias, corretivas e reparatórias será da atividade ou

empreendimento causador do dano,

solidariamente, com seu gerador.

§ 1º. A responsabilidade disposta no caput somente se aplica ao gerador de

resíduos sólidos urbanos quando o dano decorrer diretamente de seu ato ou

omissão.

§ 2º. O Poder Público deve atuar no sentido de minimizar ou cessar o dano, logo que

tome conhecimento do evento lesivo ao meio ambiente ou a saúde pública.

§ 3º.Caberá aos responsáveis pelo dano ressarcir o Poder Público pelos gastos

decorrentes das ações empreendidas para minimizar ou cessar o dano.

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8 CAPÍTULO IV DO FLUXO DOS RESÍDUOS

Seção Única Da Logística Reversa

Art. 21º. A instituição da logística reversa tem por objetivo:

I - promover ações para garantir que o fluxo dos resíduos sólidos gerados seja

direcionado para a sua cadeia produtiva ou para cadeias produtivas de outros

geradores;

II - reduzir a poluição e o desperdício de materiais associados à geração de

resíduos sólidos;

III - proporcionar maior incentivo à substituição dos insumos por outros que não

degradem o meio ambiente;

IV - compatibilizar interesses conflitantes entre os agentes econômicos,

ambientais, sociais, culturais e políticos;

V - promover o alinhamento entre os processos de gestão empresarial e

mercadológica com os de gestão ambiental, com o objetivo de desenvolver

estratégias sustentáveis;

VI - estimular a produção e o consumo de produtos derivados de materiais

reciclados e recicláveis; e

VII - propiciar que as atividades produtivas alcancem marco de eficiência e

sustentabilidade.

Art. 22º. Os resíduos sólidos deverão ser reaproveitados em produtos na forma de

novos insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, cabendo:

I - ao consumidor:

a) acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos

gerados, atentando para práticas que possibilitem a redução de sua geração; e

b) após a utilização do produto, disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos

reversos para coleta;

II - ao titular dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos:

a) adotar tecnologia de modo a absorver ou reaproveitar os resíduos sólidos

reversos oriundos dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos

sólidos;

b) articular com os geradores dos resíduos sólidos a implementação da estrutura

necessária para garantir o fluxo de retorno dos resíduos sólidos reversos, oriundos

dos serviços de limpeza urbana; e

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c) disponibilizar postos de coleta para os resíduos sólidos reversos e dar destinação

final ambientalmente adequada aos rejeitos;

III - ao fabricante e ao importador de produtos:

a) recuperar os resíduos sólidos, na forma de novas matérias-primas ou novos

produtos em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos;

b) desenvolver e implementar tecnologias que absorva ou elimine de sua

produção os resíduos sólidos reversos;

9c) disponibilizar postos de coleta para os resíduos sólidos reversos aos

revendedores, comerciantes e distribuidores, e dar destinação final ambientalmente

adequada aos rejeitos;

d) garantir, em articulação com sua rede de comercialização, o fluxo de retorno dos

resíduos sólidos reversos; e

e) disponibilizar informações sobre a localização dos postos de coleta dos resíduos

sólidos reversos e divulgar, por meio de campanhas publicitárias e programas,

mensagens educativas de combate ao descarte inadequado; e

IV - aos revendedores, comerciantes e distribuidores de produtos:

a) receber, acondicionar e armazenar temporariamente, de forma ambientalmente

segura, os resíduos sólidos reversos oriundos dos produtos revendidos,

comercializados ou distribuídos;

b) disponibilizar postos de coleta para os resíduos sólidos reversos aos

consumidores; e

c) informar o consumidor sobre a coleta dos resíduos sólidos reversos e seu

funcionamento.

Art. 23º. Os resíduos sólidos reversos coletados pelos serviços de limpeza urbana,

em conformidade com o art. 7o da Lei no11.445, de 2007, deverão ser

disponibilizados pelo Distrito Federal e Municípios em instalações ambientalmente

adequadas e seguras, para que seus geradores providenciem o retorno para seu

ciclo ou outro ciclo produtivo.

§ 1º. O responsável pelos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos

sólidos poderá cobrar pela coleta, armazenamento e disponibilização dos resíduos

sólidos reversos.

§ 2º,Para o cumprimento do disposto no caput deste artigo, o responsável pelos

serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos deverá priorizar a

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contratação de organizações produtivas de catadores de materiais recicláveis

formadas por pessoas físicas de baixa renda.

Art. 24º. A implementação da logística reversa dar-se-á nas cadeias produtivas,

conforme estabelecido em regulamento.

Parágrafo único. A regulamentação priorizará a implantação da logística reversa

nas cadeias produtivas, considerando a natureza do impacto à saúde pública e ao

meio ambiente dos resíduos sólidos gerados, bem como os efeitos econômicos e

sociais decorrentes de sua adoção.

CAPÍTULO V

DOS INSTRUMENTOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS

Art. 25º. O Poder Público atuará no sentido de estruturar programas indutores e

linhas de financiamentos para atender, prioritariamente, às iniciativas:

I - de prevenção e redução de resíduos sólidos no processo produtivo;

II - de desenvolvimento de pesquisas voltadas à prevenção da geração de resíduos

sólidos e produtos que atendam à proteção ambiental e à saúde humana;

III - de infra-estrutura física e equipamentos para as organizações produtivas de

catadores de materiais recicláveis formadas exclusivamente por pessoas físicas de

baixa renda, reconhecida como tal pelo Poder Público;

IV – de desenvolvimento de tecnologias aplicadas aos resíduos sólidos; e

1V – de desenvolvimento de projetos consorciados de logística reversa.

Art. 26º. Quando da aplicação das políticas de fomentos ou incentivos creditícios

destinadas a atender diretrizes desta Lei, as instituições oficiais de crédito podem

estabelecer critérios diferenciados que possibilitem ao beneficiário acessar crédito

do Sistema Financeiro Nacional para seus investimentos produtivos, tais como:

I - cobrança da menor taxa de juros do sistema financeiro; e

II - concessão de carências e o parcelamento das operações de crédito e

financiamento.

Parágrafo único. A existência do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos é

condição prévia para o recebimento dos incentivos e financiamentos dos órgãos

federais de crédito e fomento.

Art. 27º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âmbito de

suas competências, poderão editar normas com o objetivo de conceder

incentivos fiscais, financeiros ou creditícios, respeitadas as limitações da Lei de

Responsabilidade Fiscal, para as indústrias e entidades dedicadas à reutilização e

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ao tratamento de resíduos sólidos produzidos no território nacional, bem como para

o desenvolvimento de programas voltados à logística reversa, prioritariamente em

parceria com associações ou cooperativas de catadores de materiais recicláveis

reconhecidas pelo poder público e formada exclusivamente por pessoas físicas de

baixa renda.

Art. 28º. Os consórcios públicos, constituídos com o objetivo de viabilizar a

descentralização e a prestação de serviços públicos que envolvam resíduos sólidos,

terão prioridade na obtenção dos incentivos propostos e de recursos disponibilizados

pelo Governo Federal.

CAPÍTULO VI DAS PROIBIÇÕES

Art. 29º. Ficam proibidas as seguintes formas de disposição final de rejeitos:

I - lançamento nos corpos hídricos e no solo, de modo a causar danos ao meio

ambiente, à saúde pública e à segurança;

II - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não

licenciados para esta finalidade; e

III - outras formas vedadas pelo Poder Público.

Parágrafo único. No caso de decretação de emergência sanitária, a queima de

resíduos a céu aberto poderá ser realizada, desde que autorizada e acompanhada

pelo órgão ambiental competente.

Art. 30º. Ficam proibidas, nas áreas de disposição final de rejeitos, as seguintes

atividades:

I - utilização dos rejeitos dispostos, como alimentação;

II - catação em qualquer hipótese;

III - fixação de habitações temporárias e permanentes; e

IV - outras atividades vedadas pelo Poder Público.

Art. 31º. Fica proibida a importação de resíduos sólidos e rejeito cujas

características causem danos ao meio ambiente e à saúde pública, ainda que para

tratamento, reforma, reuso, reutilização ou recuperação.

1 Parágrafo único. Os resíduos e rejeitos importados que não causem danos ao

meio ambiente e à saúde pública serão definidos em regulamento.

CAPÍTULO VII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

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Art. 32º. A ação ou omissão das pessoas físicas ou jurídicas que importem

inobservância aos preceitos desta Lei e a seus regulamentos sujeitam os infratores

às sanções previstas em lei, em especial as dispostas na Lei no

9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e seus decretos regulamentadores.

Art. 33º. Esta Lei entrará em vigor cento e oitenta dias após a data da sua

publicação.

Brasília, PL-RESÍDUOS SÓLIDOS (L4)1