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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI- BIGUAÇU CURSO DE PSICOLOGIA ANALIZA BEHNE ZAPELLO ZAMPROGNA ASPECTOS QUE COMPÕE A CULTURA ORGANIZACIONAL E FAMILIAR DE UMA EMPRESA FAMILIAR: UM ESTUDO DE CASO BIGUAÇU 2005

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI- BIGUAÇU

CURSO DE PSICOLOGIA

ANALIZA BEHNE ZAPELLO ZAMPROGNA

ASPECTOS QUE COMPÕE A CULTURA ORGANIZACIONAL E FAMILIAR DE UMA EMPRESA FAMILIAR: UM ESTUDO DE CASO

BIGUAÇU 2005

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ANALIZA BEHNE ZAPELLO ZAMPROGNA

ASPECTOS QUE COMPÕE A CULTURA ORGANIZACIONAL E FAMILIAR DE UMA EMPRESA FAMILIAR: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como requisito para obtenção do grau de

Bacharel em Psicologia na Universidade do

Vale do Itajaí no curso de Psicologia.

Orientadora: Prof. MSc. Cristianne Gick Machado.

BIGUAÇU

2005

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ANALIZA BEHNE ZAPELLO ZAMPROGNA

ASPECTOS QUE COMPÕE A CULTURA ORGANIZACIONAL E

FAMILIAR DE UMA EMPRESA FAMILIAR: UM ESTUDO DE CASO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo os requisitos parciais para obter o grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no Curso de Psicologia.

Biguaçu

Novembro de 2005

Banca examinadora

_________________________________

Prof ª MSc. Cristianne Gick Machado

Orientadora

_________________________________

Prof ª MSc. Ana Paula Balbueno Karkotli

_________________________________

MSc. Carlos Everton Kurtz

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Dedico ao meu amor Wagner, minha mãe Viviane, meu pai Claudemir e ao meu irmão Nelson pelo apoio e incentivo dado durante toda minha vida e por estarem sempre ao meu lado nesse período de desenvolvimento pessoal e profissional.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pelo dom da vida. Agradeço também a todos que

contribuíram de forma direta ou indireta na construção desse trabalho, em especial a minha

professora e orientadora Cristianne e também aos membros da minha banca.

Aos meus pais, meu marido, meu irmão, minha cunhada, meus avós, meus tios, meus

primos, e também as minhas queridas amigas e companheiras da faculdade Mari, Naty e Paty

pela compreensão e paciência que demonstraram nas muitas horas em que me afastei para

realizar essa pesquisa. A todos vocês desejo expressar aqui a minha profunda gratidão.

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RESUMO ZAMPROGNA, Analiza Behne Zapello. Aspectos Que Compõe A Cultura Organizacional e Familiar de Uma Empresa Familiar: Um Estudo De Caso. 2005. 76 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia - Bacharelado e Licenciatura em Psicologia) – Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2005.

Atualmente 80% das organizações do mundo são empresas familiares, ou seja, a família que a fundou ainda está na administração dos negócios. E a cultura desse tipo de empresa geralmente é influenciada e adota muitos aspectos da cultura da família, e /ou do fundador, como por exemplo, semelhanças em seus valores, cerimônias, rituais, costumes e símbolos. Assim, essa pesquisa tem como objetivo descrever as semelhanças e diferenças da cultura organizacional e da cultura familiar em uma empresa familiar, a partir da descrição da história, das cerimônias, dos rituais e costumes dos dois sistemas e da identificação dos valores e crenças e dos símbolos da empresa e da família. Tendo em vista esses objetivos, foi realizado um estudo de caso na empresa Marel Industria de Móveis S.A que localiza-se em Francisco Beltrão – Pr, utilizando como instrumentos para a coleta de dados, a entrevista semi-estruturada, a linha do tempo familiar e a história da organização, bem como a observação participante. O que pode-se considerar como um dado fundamental nessa pesquisa é que observou-se uma grande influência por parte do sócio-fundador e atual presidente da empresa na constituição dos elementos da cultura dessa organização, uma vez que os valores pontuados pelo sócio fundador como valores da família são os mesmos apontados pelos funcionários como valores da empresa, constituindo assim a identidade dos dois sistemas. Palavras-chave: empresa familiar; cultura organizacional; cultura familiar; semelhanças; diferenças.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura I- Modelo dos Três Círculos da Empresa Familiar....................................13

Figura II- Ciclos de Vida da Empresa Familiar.....................................................15

Figura III- As três crises da empresa familiar.......................................................16

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LISTA DE TABELAS

Tabela I: comparação dos valores e crenças................................................. 28

Tabela II: comparação dos símbolos............................................................. 30

Tabela III:comparação dos rituais................................................................ 32

Tabela IV: comparação das cerimônias......................................................... 34

Tabela V: comparação da história dos dois sistemas.................................... 38

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 11

11 2.1 EMPRESA FAMILIAR................................................................................................... 11 2.1.1 Origem, Conceituação e Prevalência.........................................................................12 2.1.2 Modelos de Compreensão ..........................................................................................16 2.1.3 Características comuns às empresas familiares........................................................

2.2 CULTURA FAMILIAR. E ORGANIZACIONAL......................................................... 17

3 METODOLOGIA........................................................................................................ 24

3.1. DEFINIÇÃO DOS PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS DA PESQUISA

QUALITATIVA E DA NATUREZA DA PESQUISA.........................................................

24

3.2. A DESCRIÇÃO DO CONTEXTO E O PROCESSO DE SELEÇÃO DOS

PARTICIPANTES.................................................................................................................

25

3.3. OS PROCEDIMENTOS E O INSTRUMENTAL DE COLETA DOS

DADOS..................................................................................................................................

25

26 3.4. UNIDADES DE ANÁLISE............................................................................................ 26 3.5. TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DADOS.....................................................................

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................ 28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 46

REFERÊNCIAS...............................................................................................................

ANEXOS.............................................................................................................................

49

51

64 APÊNDICES......................................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

Alguns autores (Bernhoeft 1991 e Donnelley 1967) afirmam que empresas familiares

são aquelas que têm um começo ligado a uma família e a sua história ligada a do seu

fundador. Há nas empresas familiares conjuntos de crenças, valores, normas, símbolos

tradições, linguagem própria, rituais, cerimônias, entre outros, que compõe a cultura da

empresa. Porém, às vezes a cultura organizacional traduz os valores da família, confundindo-

se com os mesmos. A capacidade que cada membro da família tem de trabalhar junto para

chegar a um objetivo em comum, ensinando um para o outro como se comportar faz parte da

cultura familiar, sendo que tais valores são transmitidos de pessoa para pessoa e de geração

para geração.

O interesse de identificar os elementos que compõe a cultura da organização e a

cultura da família e fazer a relação e/ou comparação do que é semelhante e do que é diferente

na cultura da empresa familiar, surgiu com a possibilidade de fazer uma pesquisa de campo na

empresa “Marel Indústria de Móveis, S.A” que localiza-se na cidade de Francisco Beltrão-

Paraná. Esse trabalho pretende descrever aspectos da cultura da família extensa que trabalha

na organização e a cultura da organização.

Entendendo como essa empresa se organiza, sua história e a linha do tempo familiar

do fundador - que é uma ferramenta para obter dados da vida pessoal do fundador e de sua

família em uma linha posta na horizontal e com marcações cronológicas relatando sua

trajetória de vida - e a análise das entrevistas, poderá ser descrito e representado como as

pessoas estabelecem suas relações, partindo das crenças, valores, cerimônias, rituais, símbolos

e linguagem que são incorporados nessa organização.

A relevância social dessa pesquisa compreende em identificar elementos da cultura

familiar e organizacional, para que a cultura dessa organização possa ser reconhecida pela

família e pelos funcionários. Com a finalidade de contribuir para mantê-la ou modificá-la,

bem como, transmitir essa cultura aos novos colaboradores da empresa.

Ao procurar localizar na prática da organização elementos que compõe sua cultura e

compará-los com os elementos da cultura familiar, esse trabalho pretende contribuir para o

esclarecimento e identificação da relação existente entre a cultura desses dois sistemas

interligados.

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Para a área da Psicologia Organizacional é importante o desenvolvimento dessa

pesquisa que traz como tema a cultura organizacional, visto que um dos papéis do psicólogo

organizacional nas empresas é favorecer a identificação aos proprietários e/ou funcionários de

quais são os elementos que estão vinculados aos comportamentos observados na instituição,

bem como, compreender os comportamentos das pessoas que ali trabalham, uma vez que os

valores compartilhados influenciam no modo dos funcionários pensarem e agirem.

Tendo em vista essa importância, resolveu-se pesquisar quais as semelhanças e

diferenças entre a cultura familiar e a cultura organizacional em uma empresa familiar. É

importante esclarecer que os elementos que fazem parte da cultura foram descritos a partir da

história de vida e das cerimônias da organização e do sistema familiar, assim como, a partir da

identificação dos valores e crenças, e dos símbolos existentes na empresa e na família,

verbalizados nas entrevistas semi-estruturadas e alguns aspectos que foram observados pela

pesquisadora.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 EMPRESA FAMILIAR

2.1.1 Origem, Conceituação e Prevalência

Primeiramente foi necessário fazer uma breve pesquisa acerca da origem das

empresas familiares no Brasil para melhor entender como essas se formam. Em seguida

procurou-se conceituar esse tipo de empresa conforme a definição de diferentes autores.

Ao buscar a origem da empresa familiar no Brasil, Martins et al. (1999), afirma que

as mesmas surgiram nas Capitanias Hereditárias estabelecidas pelo rei de Portugal D. João III,

em 1534. Essas Capitanias Hereditárias eram passadas por herança ao filho mais velho do

senhor feudal. Assim, essas foram as primeiras empresas familiares no Brasil, caracterizando-

se pela predominância da passagem da herança para o primogênito.

Após esse período as famílias adquiriram um modelo mais afetivo, sentimentalista,

de dividir a herança com todos os filhos. Com essa divisão começa a surgir os

“desmembramentos das propriedades ou do controle acionário das empresas”, o que acarretou

muitas falências das organizações familiares (MARTINS et al. 1999 apud AGOSTINI 2001).

A partir do surgimento das empresas familiares, ao longo do tempo, alguns autores

começaram a defini-las. Bernhoeft (1991 apud AGOSTINI. 2001, p.17) define “empresa

familiar como aquela que tem sua origem e sua história vinculada a uma família, ou ainda,

que mantém membros da família na administração dos negócios”.

Já Lodi (1993, p.7) conceitua empresa familiar como “aquela em que a consideração

de sucessão está ligada ao fator hereditário e onde os valores institucionais da firma

identificam-se com um sobrenome de família ou com a figura do fundador”.

Lanzana e Constanci (1999) complementam o conceito do Lodi (1993) e também

relevam a questão da administração do negócio para desenvolver seu conceito. Assim, para

esses autores empresa familiar é “aquela em que um ou mais membros de uma família exerce

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(m) considerável controle administrativo sobre a empresa, por possuir (irem) parcela

expressiva da propriedade do capital”.

Donnelley (1967 apud LANZANA e CONSTANCI,1999.) por sua vez, define

empresa familiar como aquelas que estão ligadas a uma família pelo menos durante duas

gerações, e quando esta união procede em uma influência recíproca.

Autores como Werner (2001 apud GERBER 2001) e Dreux (1992 apud GERSICK et

al., 1997) afirmam serem as empresas familiares a maioria no mundo. Conforme esse último

essas empresas atingem 65 a 80% do total nos Estados Unidos. Já o primeiro afirma que

apesar de muitas empresas chegarem à falência, “80% das organizações do mundo ainda são

reconhecidas como empresas familiares.” Por exemplo, se considerarmos as trezentas das

maiores empresas privadas do Brasil apenas vinte e duas não são mais controladas pelas

famílias que as fundaram (RAMIRO 2000, apud GERBER, 2001, p. 11).

2.1.2 Modelos de Compreensão

Diferentes autores pontuam formas de compreender a dinâmica e a organização das

empresas familiares, bem como o processo evolutivo e as crises que esse tipo de empresa

enfrenta ao longo de sua história.

Assim, Beckhard & Dyer (1983 apud GERSICK et al.1997, p.5), desenham um

modelo de organização a qual é constituída por dois subsistemas: a família e a gestão. Os

autores colocam esses dois itens cada um em um circulo superposto. “Cada um desses dois

círculos tem suas próprias normas, regras de admissão, estruturas de valores e

organizacionais” .

Visto que “algumas pessoas são proprietárias mas não estão envolvidas na operação

da empresa; outras são gerentes mas não controlam ações” (GERSICK et al., 1997 p.6),

surgiu o modelo dos três círculos, em que passou-se a considerar como três subsistemas

independentes, mas sobrepostos: a empresa, a família e a propriedade.

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Figura I- Modelo dos Três Círculos da Empresa Familiar (GERSICK ET AL, 1997)

Conforme Gersick et al.(1997), esse modelo dá origem a sete posições com

perspectivas diferentes, por exemplo, a posição 1 corresponde aos membros da família que

não tem participação na empresa nem trabalham nela, a posição 2, representa os proprietários

“acionistas”, não fazem parte da família e nem trabalham na empresa. A posição 3 diz

respeito às pessoas que não são proprietários e nem fazem parte da família, mas trabalham na

empresa, na posição 4 estão os proprietários que fazem parte da família, porém, não trabalham

na empresa, o número 5 está composto de pessoas que trabalham na empresa, são

proprietários, mas não fazem parte da família. Na posição 6 estão aqueles que fazem parte do

quadro de funcionários da empresa, são da família, porém não são proprietários. Por sua vez o

número 7 representa as pessoas que além de pertencer à família, são acionistas e trabalham na

empresa.

O modelo dos três círculos é uma excelente ferramenta para compreender como

funciona a dinâmica de qualquer empresa familiar, a qualquer momento, pois serve para

descobrir as fontes dos conflitos interpessoais, as prioridades e limitações das empresas

familiares.

Geralmente as empresas familiares no início, têm um único fundador ou

proprietário, com o passar do tempo a propriedade se transfere a seus filhos, e três ou quatro

gerações adiante acaba nas mãos de primos.

Ainda os mesmos autores, trazem que ao longo de gerações vão ocorrendo mudanças

na natureza da família, ou seja, alguns casam e tem filhos, separações de cônjuges e mortes

acontecem, entre outras mudanças. O mesmo ocorre com a empresa, no início são

organizações simples e pequenas, algumas posteriormente tornam-se mais complexas. E ainda

em alguns casos, declinam ou desaparecem.

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Gersick et al.(1997) afirma ainda que as empresas familiares crescem e evoluem, por

isso que comumente, os autores descrevem as etapas que as empresas enfrentam no seu

processo evolutivo: na primeira etapa a empresa concentra toda sua energia e seu capital no

projeto de ingressar no mercado tendo como objetivos obter lucros, na maioria das vezes com

apenas um produto ou serviço. Quase sempre esse produto ou serviço não alcança os objetivos

da empresa em um período curto de tempo, esgotando assim a principal fonte de

financiamento que geralmente são os recursos pessoais do fundador.

Passam para a segunda etapa aquelas empresas que conseguem superar os problemas

iniciais. Essa etapa consiste na expansão/formalização, que se caracteriza pela expansão de

algumas áreas, pelo aumento do número de funcionários e enfrentam importantes mudanças

organizacionais tornando a empresa mais formal.

E por fim a última etapa proposta pelos autores é a da maturidade, que carrega o

desafio de ajustar-se, ou seja, investir no desenvolvimento da empresa, de novos produtos, de

tecnologias e de equipamentos para que não corra o risco de declinar e desaparecer.

Para Lodi (1989), a empresa familiar também passa por fases, as quais o autor define

como : “ciclo vital das empresas familiares”. Esse ciclo é dividido em quatro fases:

• A primeira fase é a de fundação, que tem como característica o “sonho de futuro”, a

principal tarefa nessa fase é um estabelecimento de fronteiras entre os temas familiares

e os empresariais;

• A segunda fase é a do crescimento, nessa fase é importante que os membros familiares

tenham estabelecido critérios para que novos membros da família comecem a fazer

parte do quadro de funcionários da empresa. Nessa fase também é importante planejar

a carreira;

• A terceira fase é o apogeu, cujas características estão ligadas ao reconhecimento social

que a empresa precisa adquirir. Nessa fase os conflitos exprimem-se e os problemas de

comunicação começam a aumentar;

• A quarta e última fase, é o declínio, nessa fase os conflitos aumentam ainda mais, pois,

começam as brigas pelo poder devido ao envelhecimento do fundador. É importante

que o processo de sucessão inicie enquanto o fundador esteja com saúde física e

mental para assumir a empresa. E a tarefa que essa fase requer, é que o fundador “abra

mão do poder”.

O autor construiu um gráfico para facilitar a compreensão das quatro fases de vida da

empresa familiar:

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Figura II- Ciclos de Vida da Empresa Familiar.(LODI, 1989)

Pode-se perceber os desafios que as empresas familiares enfrentam no seu ciclo vital

e também no seu processo sucessório, para mostrar as crises reais vividas por esse tipo de

empresa, a revista Managment (novembro-dezembro, 2003) traz como dado que: “de cada

100 empresas familiares, apenas 30% sobrevivem à segunda geração, somente 15 resistem a

terceira geração e não mais do que 4 superam a quarta geração” (Retrato de..., 2003, p.8). Em

relação aos dados acima mencionados, Lodi (1989), caracteriza as crises que a empresa

familiar enfrenta na primeira, na segunda e na terceira geração podendo ser ilustrado na figura

a seguir:

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Figura III- As três crises da empresa familiar. (LODI, 1989)

2.1.3 Características comuns às empresas familiares

De acordo com Gersick et al. (1997, p. 2), grande parte das empresas familiares

inicia com as “idéias, o empenho e investimentos de indivíduos empreendedores e seus

parentes”.

Os autores afirmam que, quando se constitui uma empresa familiar, a história, os

conjuntos de características e a linguagem da família passam a fazer parte da organização,

principalmente quando os dirigentes são parentes. Os papéis na família e na empresa muitas

vezes mudam de tal forma, que podem se tornar misturados e desordenados. As exigências

relacionadas ao trabalho e à empresa podem aumentar fazendo com que o relacionamento

familiar possa apresentar problemas.

Segundo Bernhoeft (1991 apud AGOSTINI, 2001, p. 18), a empresa familiar contém

características as quais podem ser destacadas:

• Grande valorização da confiança mútua entre os membros mais antigos que são

vistos como os pioneiros e responsáveis pelos sucessos dos negócios da família;

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• Forte influência dos laços afetivos influenciando comportamentos, relacionamentos e as próprias decisões da organização;

• A antiguidade é vista como um atributo essencial, substituindo a própria existência de eficácia ou competência;

• Acentuada dedicação aos negócios da família em detrimento das questões de ordem pessoal;

• Política de austeridade, tanto na forma de se vestir como na administração dos gastos;

• Alta fidelidade aos negócios da família, demonstrada em atitudes como não ter outras atividades profissionais que não sejam diretamente ligados com a vida da empresa;

• Falta de discernimento entre aquilo que é emocional e racional, prevalecendo o lado emocional;

• Supremacia da habilidade política sobre a capacidade administrativa.

Portanto para Gersick et al., (1997, p.283), as empresas familiares possuem metas,

objetivos e desejos: [...] Eles querem que suas empresas sejam lucrativas, proporcionando um bom padrão de vida para suas famílias e um aumento de valor. [...] temem que a pressão da empresa crie tensão, ciúme ou ressentimentos, tornando seu sucesso sem significado. Por detrás de todos os problemas que as empresas familiares criam para os profissionais - planejamento sucessório, relacionamentos dentro da mesma geração e entre gerações, dilemas de controle, dividendos e herança, planejamento de carreiras - existe um desejo comum: o de que a empresa e a família se sustentem mutuamente e não se destruam, capitalizando as forças, uma da outra, e tendo juntas mais sucesso do que teriam sozinhas.

2.2 CULTURA FAMILIAR E ORGANIZACIONAL

Como haverá uma comparação entre as semelhanças e diferenças na cultura

organizacional e na cultura familiar, esse capítulo, primeiramente introduz com uma definição

do que é família para posteriormente identificar os elementos que compõe e constroem a sua

cultura. Em seguida apresentará o que é, e quais elementos compõem a cultura de uma

organização. Pois, através da cultura pode-se observar o que um grupo pensa, como é e como

age. Cada grupo porém, tem a sua cultura, constituindo assim as características específicas e a

maneira de viver dessa reunião de pessoas.

Ao definir família, Osorio (2002, p.15) afirma que: é uma unidade grupal na qual se desenvolvem três tipos de relações pessoais – aliança (casal), filiação (pais e filhos) e consangüinidade (irmãos) – e que, a partir dos objetivos genéricos de preservar a espécie, nutrir e proteger a descendência e fornecer-lhe condições para a aquisição de suas identidades pessoais, desenvolveu

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através dos tempos funções diversificadas de transmissão de valores éticos, estéticos, religiosos e culturais.

Para Osorio (2002), existem três estilos de família, a nuclear que é composta pelo

pai, pela mãe e pelos filhos, a extensa que é constituída por outros membros que tenham

algum laço de parentesco, por exemplo, tios, avós e primos e por último a abrangente que são

as pessoas que moram junto mesmo sem ter laços de parentesco.

Segundo Bock et al. (2001, p. 247), hoje em dia, existem “as famílias chefiadas por

mulher, a nuclear, a extensa e a homossexual”. Essa ampliação dos tipos de família se

originou de acordo com as modificações culturais e os novos modelos das relações entre as

pessoas, bem como, as transformações que ocorrem nas histórias de vida dos seres humanos.

Ainda os mesmos autores afirmam que a família é responsável pela transmissão dos

hábitos, dos costumes, dos valores e da cultura, além de proporcionar um bem estar físico e

psíquico para as crianças.

Lacan (1987 apud Bock et al, 2001) reforça tal idéia ao definir família considerando

o seu papel na transmissão da cultura de uma geração para outra. Já Macêdo (2001 apud

Santos, 2004, p.12) define família como: “um sistema aberto que interage com o sistema

social maior”. É a família que mostra e que auxilia na formação dos valores de cada

indivíduo.

Ainda a mesma autora distingue família tradicional de família moderna, sendo a

tradicional aquela em que o pai é o responsável pela sobrevivência e pelo futuro da família.

Os valores atribuídos a esse pai e a dependência que os membros da família mantém com

relação ao mesmo, acabam designando poder. “Para caracterizar a família moderna a autora

compara os papéis dos pais e dos filhos, observando que estes sofrem modificações quando

comparados com o que se presencia na família tradicional” (p.13).

Na família moderna a mulher passou a trabalhar fora, e prover o sustento da casa,

assim, a divisão das tarefas domésticas e do poder passou a existir, caracterizando algumas

famílias de hoje.

Após esta breve explanação acerca do conceito de família, procura-se definir cultura

familiar, que para Covey (2003, p.41), é:

o espírito da família (o sentimento, as “vibrações” , a química, o clima ou a atmosfera do lar), ao caráter dela, a sua profundidade, qualidade e maturidade dos relacionamentos. É o modo como seus membros interagem e se sentem uns em relação aos outros. É o espírito, ou sentimento que cresce a partir dos padrões ou comportamentos coletivos que caracterizam a interação familiar. E todos esses fatores, assim como a ponta de um iceberg, brotam da massa invisível, composta das crenças e valores compartilhados, que existe sob a superfície.

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Além das crenças e valores, as cerimônias e rituais também fazem parte da cultura

das famílias e variam de acordo com o local onde moram, a cultura que essas estão inseridas e

as relações sociais que mantêm.

Segundo Carter et al., (1995, p.76) “as famílias também variam em seus padrões de

celebração e no grau e padrão de ritualização de suas atividades”. As celebrações são para que

as pessoas da família se reúnam e revigorem a herança e seus valores comuns. Podem ser

consideradas cerimônias e rituais de uma família, as festas, noivados, casamentos,

aniversários, velórios, comemorações, feriados grupais como o Natal e a Páscoa, entre outros.

De acordo com Covey (2003), a transmissão eficaz da cultura familiar se dá quando

o eu evolui para o nós, ou seja, a capacidade que toda a família tem de trabalhar junto para

chegar a um objetivo. E ainda a habilidade de ensinar um para o outro como se comportar, por

exemplo, perante a sociedade, ou seja, passam de pessoa para pessoa as normas, regras,

costumes e padrões sociais bem como os familiares.

Os estudos da cultura organizacional tiveram maior importância nos anos 40 com a

diminuição da produtividade norte americana e o ganho de competitividade do Japão, fazendo

com que empresas contratassem serviços de consultoria para por em prática as técnicas

japonesas que estavam tendo bom êxito (FREITAS, 1991).

Hoje em dia, o tema cultura organizacional é importante para aqueles que procuram

entender o comportamento humano nas organizações (SILVA E ZANELLI in ZANELLI,

p.408, 2004). Por isso, Morgan (1996 apud GERBER 2001), destaca que a cultura é um

conjunto de sentidos e significados divididos, e é entendida como um método que funciona

como uma representação da realidade. A cultura desenvolve-se por meio das interações

sociais e não pode ser imposta a um grupo.

Complementando Alves (1997, p. 05) definiu cultura em dois grupos: O primeiro deles define o social e o cultural como sendo diferentes mas, interligados, ‘pode haver cultura sem sociedade, embora não possa existir sociedade sem cultura’. O segundo mira o social e o cultural como princípios indispensáveis de um sistema sócio cultural único.

O mesmo autor afirma que cultura organizacional são comportamentos padronizados,

como, costumes sociais, normas, valores, pressupostos, símbolos, conhecimentos e crenças

que um grupo de pessoas compartilha, caracterizando assim esse grupo.

Pontua ainda que muitas vezes o proprietário e/ou pessoas influentes que tomam

decisões inserem na organização mesmo que inconscientemente elementos de sua

personalidade comprometendo muitas vezes o desempenho e o comportamento da

organização.

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A cultura se forma com o passar do tempo, a partir dos problemas, demandas e questionamentos que a empresa tem enfrentado e que resultaram em repostas e soluções, que foram testadas, avaliadas, selecionadas, assimiladas e memorizadas, coletivamente pelos seus membros (ALVES, 1997, pág. 9).

De acordo com Beyer e Trice (1986 apud FLEURY e FISCHER, 1996, p.09) cultura

organizacional é um conjunto de normas e valores que são consideradas certas e que ficam

ocultas nas organizações. Para que a cultura não fique escondida é preciso comunicá-la aos

integrantes da organização de uma forma sensível, ou seja, através de “ritos, gestos, estórias,

mitos, rituais”.

Freitas (1991), concordando com os autores acima citados, também afirma que os

elementos que constituem a cultura organizacional podem ser, os valores, as crenças, os ritos,

os rituais, o ambiente físico, além dos símbolos, mitos, gestos e cerimônias.

Parafraseando Schein (1986 apud FLEURY e FISCHER, 1996, p. 20) a cultura

organizacional é considerada um conjunto de pressupostos básicos criados para romper com

situações difíceis quanto aos ajustamentos internos ou externos. E conseqüentemente

promover esses significados decursivos da cultura da organização para os novos membros

facilitando assim a adaptação dos mesmos, fazendo com que esses percebam, pensem e

sintam essa cultura.

Complementando, Robbins ( 1998. p. 374) define cultura organizacional “como um

sistema de significados partilhados mantidos por seus membros que distingue uma

organização de outras. Esses sistemas de significados são, num exame mais detalhado, um

conjunto de características chaves que a organização valoriza.”

Segundo o mesmo autor, a cultura tem várias funções, entre elas, diferenciar uma

organização de outra, transferir um sentido de identidade para os integrantes da organização,

intensificar a estabilidade do sistema social, facilitar o comprometimento e não apenas fazer

por interesse próprio, ajudar a manter a organização unida e por último tem a função de

controlar os comportamentos e atitudes dos membros que compõe a organização.

Sobre o desenvolvimento da cultura pode-se citar Schein (1984 apud GERBER

2001) que considera estar atrelado o desenvolvimento da cultura com o desenvolvimento da

organização. O autor relaciona o desenvolvimento da cultura organizacional com os ciclos de

vida de uma organização, as três fases são: de crescimento, intermediária e a maturidade.

Na fase de crescimento, a cultura tem bom êxito fazendo com que os membros

permaneçam unidos. Durante a fase intermediária, o processo de mudança cultural pode

ocorrer, devido ao surgimento de novos produtos, a expansão geográfica as aquisições e

fusões. Nessa fase aparece também as subculturas, crises de identidades perda dos objetivos,

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valores e pressupostos. Durante a fase de maturidade a cultura oferece diminuição às

renovações, “sendo valorizada como uma fonte de auto-estima e defesa que preserva as

glórias do passado”.

A cultura organizacional muitas vezes atrapalha nas mudanças propostas pela

organização, visto que essas mudanças só ocorrem quando a cultura também muda. Porém a

cultura não pode ser imposta, deve ser compartilhada.

Robbins (1998, p. 382) afirma que “a cultura pode ser aprendida e/ou transmitida

para os funcionários através das histórias, crenças, valores, rituais, símbolos materiais e

linguagem.” Procurando a definição de cada um desses termos encontrou-se:

A história normalmente contará todo o processo da organização, ou seja, desde a

fundação até os dias atuais, “essas histórias ancoram o presente no passado e fornecem

explicações e legitimidade para as práticas atuais” (ROBBINS,1998, p.382). Já para Alves

(1997), as histórias são narrativas fundamentadas em eventos reais, muitas vezes misturado

com ficção, que informam e enfatizam comportamentos e práticas desejados.

Alves (1997) entende que crença é a compreensão que damos como certa e que serve

de base para entendermos as coisas. Está relacionada com as perspectivas que temos sobre os

outros, sobre o ambiente e sobre a vida. Quando fixadas, as crenças podem se tornar dogmas

de difícil superação.

Já Vale (1996, p. 32) conceitua crenças como “visões de mundo que assumiram

grande relevância na resolução de problemas coletivos dentro da organização. Por serem

consideradas como aquilo que é correto para o grupo, indica-lhes como as coisas devem ser

feitas”

Um outro elemento que constitui a cultura de uma empresa são os valores, Alves

(1997), pontua que os valores são as noções compartilhadas que as pessoas têm do que é

importante e acessível para o grupo a que pertencem. Os mesmos atuam como padrões quanto

a forma de sentir e agir, e como roteiros e critérios para a escolha de objetivos ou soluções

alternativas, em qualquer circunstância. A disposição interior que faz com que as pessoas

tenham uma determinada conduta ou uma certa opinião em face a um dado fenômeno, idéia

ou objeto, fundamenta-se no seu sistema de valores. Na empresa os valores fornecem um

senso de direção comum, um guia básico de comportamentos. Ainda em relação aos valores,

Fromm (1984 apud VALE, 1996, p.33), afirma que “são elementos da cultura que orientam as

pessoas”.

Faz parte também da cultura organizacional os rituais, que Robbins (1998, p.383),

explica como sendo “seqüências repetitivas de atividades que expressam e reforçam os

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valores da organização, que objetivos são importantes, que pessoas são importantes e quais

são sacrificáveis”.

Segundo Alves (1997), rituais são atividades de natureza expressiva, desenvolvidas

com o propósito de reiterar traços representativos de uma cultura pra torná-la mais palpável e

coerente. Quando diversos rituais são conectados com uma ocasião ou evento particular,

configura-se uma cerimônia. Nas cerimônias das organizações podem estar incluídas, festas,

datas comemorativas, integração de novos funcionários, reuniões, divulgação de novos

produtos, entre outros.

Inclui-se ainda na cultura da organização as questões relacionadas aos símbolos, que

Robbins (1998, p.383), define como “materiais que transmitem aos empregados quem é

importante, o grau de igualdade desejado pela administração e os tipos de comportamentos

apropriados”.

Para Gabriel (1991 apud VALE, 1996, p.33), “os símbolos são objetos, atos, relações

ou formações lingüísticas que infundem as ações das pessoas, sustentam os sistemas de

valores e permitem a descarga emocional em rituais compartilhados”. Vale (1996, p.33),

completa que com os símbolos fica possível uma narração da organização para os

funcionários e também para as pessoas que não trabalham na empresa. Para esse autor, os

símbolos são “instrumentos de controle que comunicam significados, regulam atividades e

definem as fronteiras sociais, tanto interna como externa”.

Podem ser considerados símbolos dentro de uma organização as logomarcas,

bandeiras, hinos, etc. E os símbolos usados pelos funcionários da organização podem ser

crachás, bottons, vestuários (uniformes), entre outros.

Robbins (1998), considera também como um fator cultural a linguagem utilizada

pelos membros de uma organização. O autor coloca que através da linguagem os fatores

culturais podem ser identificados, inclusive os novos membros da organização quando

aprendem as linguagens usadas, consolidam que aceitaram a cultura organizacional e ao

praticar estão ajudando a preservar esta cultura.

Em suma, é preciso compreender a relação da cultura familiar e da cultura

organizacional para entender um pouco a dinâmica e o dia-a-dia das empresas familiares,

visto que seus fundadores muito contribuem no processo de criação e manutenção.

Percebendo que a cultura da família e a da empresa caminham paralelamente, é preciso os

funcionários conhecê-la e aceita-la para preservá-la. Ou seja, é necessário ter uma

preocupação com a transmissão e com a manutenção da cultura, pois essa é a identidade da

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empresa e um dos instrumentos que nos auxilia na compreensão dos comportamentos

humanos nas organizações.

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3 METODOLOGIA

3.1. DEFINIÇÃO DOS PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS DA PESQUISA QUALITATIVA

E DA NATUREZA DA PESQUISA

Esta pesquisa utilizou o método qualitativo, Chizzotti (1991, pág. 79) afirma que “as

ciências humanas têm sua especificidade – o estudo do comportamento humano e social – que

faz delas ciências específicas, com metodologia própria”. O autor diferencia as ciências

humanas das ciências da natureza e, com isso, afirma um pressuposto da pesquisa qualitativa

contrário ao pressuposto experimental.

Ainda de acordo com Chizzotti (1991, pág. 79), as pesquisas de cunho qualitativo,

partem do fundamento de que o sujeito e a realidade estão interligados, “há um vínculo não

desagregável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito”. A fenomenologia, o

interacionismo simbólico, a etnometologia e a dialética foram as principais orientações

filosóficas da pesquisa qualitativa.

As pesquisas qualitativas apresentam características quanto à formulação do

problema: este não pode ficar reduzido a uma hipótese e a algumas variáveis premeditadas. O

problema é um processo que vai se delimitando conforme a exploração dos contextos, dos

contatos obtidos com as pessoas que irão nos fornecer as informações e com a observação do

objeto em questão. A delimitação do problema vai se construindo a partir do momento em que

o pesquisador vai a campo e a questão inicial fica explícita a partir dos dados recolhidos das

pessoas ou do grupo.

Ainda conforme Chizzotti, os dados da pesquisa qualitativa são importantíssimos e

preciosos para o pesquisador pois, nesse tipo de pesquisa, as experiências relatadas, os

conceitos manifestos e os ocultos são muito relevantes.

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3.2. A DESCRIÇÃO DO CONTEXTO E O PROCESSO DE SELEÇÃO DOS

PARTICIPANTES

Este estudo foi realizado em uma indústria de móveis localizada no Paraná.

Atualmente conta com a colaboração de 221 funcionários, sendo 50 funcionários no escritório

e 171 na fábrica. Foram selecionados dez colaboradores vinculados ao escritório obedecendo

aos seguintes critérios: 1- seis fazem parte do grupo familiar proprietário da empresa e quatro

não fazem; 2- tempo de vinculação a empresa. É importante esclarecer que alguns

imprevistos, como por exemplo, viagens e reuniões, impossibilitaram a pesquisadora

comparar a amostra de forma equilibrada estabelecida em um primeiro momento conforme os

seguintes critérios: os sujeitos de pesquisa seriam cinco funcionários que fazem parte da

família e cinco que não fazem.

3.3. OS PROCEDIMENTOS E O INSTRUMENTAL DE COLETA DOS DADOS.

Esta pesquisa foi feita através de um método qualitativo exploratório. Foi um estudo

de caso, que segundo Chizzotti (1991) é uma forma de coletar dados de um caso reservado,

podendo depois de organizado, propor uma ação transformadora. Foi utilizado como

instrumentos para realizar a coleta dos dados: entrevistas semi-estruturadas, a linha do tempo

familiar, histórico da organização e observação participante.

A linha do tempo familiar foi utilizada para descrever as datas e os fatos mais

importantes da família nuclear do fundador que foi entrevistado. Segundo Cerveny (1994

p.96) “a linha do tempo familiar baseia-se em estratégias usada no ensino de História com a

finalidade de mostrar ao aluno a ocorrência dos fatos, numa seqüência de tempo”.

A coleta de dados utilizando -a linha do tempo familiar do fundador e a linha do

tempo da empresa- foi organizada da seguinte forma: 1- foi desenhada uma linha na

horizontal; 2- foram organizados em ordem cronológica fatos marcantes e acontecimentos

vividos na história de vida do sócio-fundador e de sua família extensa a partir da data de seu

casamento, que por ele foi relatada, bem como, a história da empresa, que foi coletada perante

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discurso livre e material pronto produzido pelo departamento de marketing para que o

pesquisadora reunisse informações e dados, assim como a percepção da pesquisadora

(observação participante), ou seja, o pesquisador (a) esteve em contado direto com o elemento

observado.

Indubitavelmente, segundo Chizzotti (1991), deve-se levar em conta que o objeto

pesquisado nessa investigação foram sujeitos de uma determinada empresa que forneceram

dados. Supondo que essas pessoas têm conhecimento de senso comum e representações

elaboradas que influenciam em suas ações e no seu modo de pensar, a pesquisadora assumiu

uma atitude não julgadora, aberta a todas as manifestações, a fim de chegar ao final da

pesquisa validando cientificamente os dados colhidos e tendo uma resposta à problematização

proposta no início da investigação.

3.4. UNIDADES DE ANÁLISE

A análise foi feita a partir dos dados coletados nas entrevistas semi-estruturadas, na

linha do tempo familiar, na história da organização e a partir de observações que foram feitas

pelo pesquisador (a) com os funcionários da empresa e com os membros da família também

funcionários da empresa.

Inicialmente foram investigados os valores e crenças, cerimônias, símbolos e

costumes de ambos os sistemas – familiar e organizacional – os dados foram organizados em

um quadro comparativo que fez a distinção entre aspectos semelhantes e diferentes em ambos

os sistemas.

3.5. TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados na pesquisa qualitativa é um processo complexo, não linear que

implica em um trabalho de redução, organização e interpretação dos dados. A partir da

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transcrição das entrevistas que foram realizadas na própria empresa com os funcionários

selecionados, utilizou-se o gravador com a permissão dos entrevistados para que nenhum

dado verbalizado fosse esquecido no momento da transcrição. Foi utilizada a técnica de

análise de conteúdo procurando-se integrar os dados coletados na linha do tempo familiar, na

história da organização, nas entrevistas e de observações para tornar possível a sua

interpretação a partir do embasamento teórico.

A técnica de análise de conteúdo tem como objetivo levantar as temáticas de maior

relevância para o estudo e posteriormente classificar as respostas dos sujeitos. “A análise de

conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicação que contém informação sobre

o comportamento humano atestado por uma fonte.”(BARDIN apud CHIZZOTTI, 1991, p.

98)

Contudo, foi realizada diversas categorias que serão apresentadas a seguir dos

diferentes elementos que constituem a cultura do sistema familiar e organizacional a partir da

percepção dos funcionários que não fazem parte da família e dos funcionários que fazem parte

da família.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A apresentação e discussão dos resultados será feita sempre relacionando as falas dos

sujeitos com as tabelas para uma melhor compreensão por parte do leitor, e ainda buscando

referenciar alguns autores afim de estabelecer relação teórico-prática.

A partir da análise de conteúdo da entrevistas e dos instrumentos utilizados como por

exemplo, a história dos dois sistemas, foram encontradas cinco categorias, essas são:

CATEGORIA I- Valores e Crenças

VALORES/ CRENÇAS Respostas Respostas ORGANIZAÇÃO FAMÍLIA

Honestidade “Honestidade, companheirismo...” “... honestidade, que é uma das características da empresa familiar ...”

“Se mantém dentro de uma honestidade já vinda de berço...” “... e ser honesto...”

Socialmente Correta “Valores dela ser socialmente correta...” “... é uma empresa voltada para a parte social também...”

Crenças religiosas “Nós pertencemos a uma igreja evangélica, aí sempre tem assim uma ênfase um pouco maior na questão religiosa”. “... crenças religiosas... segue as regras de igreja...” “Crença em Deus que é passado através de ensinamentos e contato com a religião...” “... a crença que nós temos é realmente acreditar em Deus...” Em primeiro lugar acho que é a religião...”

Respeito “...todo mundo respeita muito ele, e por todo mundo respeitar ele, eu acho que tanto na empresa como fora da empresa

“...o respeito principalmente às outras pessoas”. “Tem um respeito muito

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é, ele tem a, ele que define, ele que decide, ele é uma pessoa que não é autoritária, mas conquistou o respeito de todos.” “... uma que fica forte e evidente é o respeito...”

grande de um para com o outro, isso na família e entra dentro da empresa também...” “...esse respeito que se adquire dentro da família é transmitido no âmbito organizacional...”

Justa “Valores dela ser justa...” “Você tem que ser justo com as pessoas...”

Íntegra

“Valores dela ser justa, íntegra...”

Uma família “...é família mesmo, a gente vive na Marel como uma família”. “... é uma família, minha segunda família.” “A organização,é a família, aqui na empresa é muito família, é muito coração...”

Acolhedora “É uma empresa acolhedora...”

União “...que não tenha tido nenhum problema societário nenhum problema de briga familiar em função dos negócios, eu acho que isso implica em bastante união.” “...liderança se faz o máximo possível pra se manterem unidos...”

“...e que fica bem saliente e em comum tanto na empresa quanto na família é a união...”

Valoriza o funcionário “Costuma valorizar muito o funcionário aqui dentro é um local muito bom pra trabalhar...” ...”voltada para o bem estar de seus funcionários...”

Tabela I- Tabela de comparação dos valores e crenças da organização e da família

Considerando a categoria de valores e crenças, pôde-se observar que o que tem em

comum entre a empresa e a família, é que ambas pontuam como valor a justiça, o respeito, a

união e a honestidade. Ao definir crenças organizacionais, Vale (1997, p. 32) afirma que são

“visões de mundo que assumiram grande relevância na resolução de problemas coletivos

dentro da organização. Por serem consideradas como aquilo que é correto para o grupo,

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indica-lhes como as coisas devem ser feitas.” Conforme o que o autor afirma, supõe-se então

que as atitudes das pessoas dessa família e dos funcionários da Marel devem ser permeadas

com justiça, honestidade, união e respeito, pois esses são os valores comuns que orientam as

pessoas de ambos os sistemas.

Valores como crenças religiosas, foram mencionados como valores da família, mas

não da empresa. É importante referir que com relação às crenças religiosas, apesar de não

surgirem verbalizações nas entrevistas referentes a essa temática, ao realizar a coleta de dados

foi possível observar que os funcionários da empresa antes de iniciarem a sua jornada de

trabalho fazem uma série de exercícios laborais, seguido de um momento de oração. Assim,

pode-se deduzir que na empresa existe um espaço para a expressão de tal crença.

Como valores da empresa, os colaboradores apontaram como sendo uma empresa

socialmente correta, íntegra, acolhedora, que valoriza o funcionário, e ainda afirmaram que

seu principal valor é que a empresa é uma família: “...é família mesmo, a gente vive na Marel

como uma família”, e ainda pontuam que “a organização, é a família, aqui na empresa é

muito família, é muito coração...”.

Para Fromm (1984 apud VALE, 1996, p.33), os valores organizacionais “são

elementos da cultura que orientam as pessoas”. E ainda Alves (1997) pontua que os valores

são as noções compartilhadas que as pessoas têm do que é importante e acessível para o grupo

a que pertencem. Os mesmos atuam como padrões quanto a forma de sentir e agir, e como

roteiros e critérios para a escolha de objetivos ou soluções alternativas, em qualquer

circunstância. Na empresa os valores fornecem um senso de direção comum, um guia básico

de comportamentos.

Com isso, as pessoas dessa organização e dessa família parecem já ter definido o seu

sistema de crenças e valores conforme aquilo que é compartilhado, ou seja, os

comportamentos coletivos e o modo como os membros interagem seja na família, na empresa

ou em ambos os sistemas.

CATEGORIA II- Símbolos

SÍMBOLOS Respostas Respostas ORGANIZAÇÃO FAMÍLIA

Crachá “A gente tem o uso de crachá né...” “Existe o crachá que é de uso obrigatório para todos os colaboradores no local da

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empresa né...” “...a gente tem um crachá, o crachá é pra identificar.”

Uniforme “Nós temos uniformes na produção...” “Uniformes a gente não tem...” “...não adota o uso de uniforme.” “...não tem uniforme...”

Logomarca “...desde a estrelinha a logomarca em si, Marel, marmoraria e depois passou pra Marel e derrubou a logomarca daí agora em questão de dois anos mudou duas vezes...” “...desde a primeira, que era Marmoretaria Estrela, depois passou a ser Marel que é até hoje, mudou a logomarca, mas o nome continuou....” “A logomarca, hoje ela está bem mais clin, ela existe uma logo na marca mesmo...”

Tabela II- Tabela de comparação entre os símbolos da organização e da família

Ao buscar os dados referentes aos símbolos que estão presentes na organização e na

família, pode-se observar que não há informações no que diz respeito aos símbolos familiares.

Presume-se que na organização, os sistemas de símbolos estão presentes, sendo: a logomarca

que existe desde a fundação da empresa, e como símbolo usado pelos funcionários pode ser

citado o crachá - “Existe o crachá que é de uso obrigatório para todos os colaboradores no

local da empresa né...”- e notou-se que a organização não adota o uso de uniformes no setor

administrativo, mas sim na produção.

Segundo Robbins (1998, p.383), os símbolos são “materiais que transmitem aos

empregados quem é importante, o grau de igualdade desejado pela administração e os tipos de

comportamentos apropriados”.

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Para Vale (1996, p.33), com os símbolos fica possível uma narração da organização

para os funcionários e também para as pessoas que não trabalham na empresa. Para esse autor,

os símbolos são “instrumentos de controle que comunicam significados, regulam atividades e

definem as fronteiras sociais, tanto interna como externa”.

Partindo das entrevistas e da observação participante verificou-se que o conceito de

símbolos apresentado por Vale, confirma o que um dos entrevistados apontou: “ uniformes a

gente não tem, mas a gente gostaria de ter, depende da opinião de um e de outro, uns são a

favor, outros não, mas eu acho que é pelo menos na parte da recepcionista, é deviam de usar

uniforme porque é a cara da empresa né. Chega ali e vê a pessoa bem uniformizada com um

uniforme legal é, é a primeira aparência que aparece na empresa né...” . Já nas questões

ligadas a forma de como Robbins (1998) define símbolos, observou-se que na empresa todas

as pessoas que circulam usam um crachá, quando chega uma pessoa no portão da organização

já recebe um crachá de identificação, pode ser de fornecedor, visitante, cliente e/ou

representante, tendo em vista que todos os funcionários da empresa possuem seus crachás que

são usados como identificação no parque fabril e também no refeitório da empresa.

A logomarca também citada como um símbolo –“ A logomarca, hoje ela está bem

mais clin, ela existe uma logo na marca mesmo, a sua construção MAREL é que veio de

marmoretaria estrela ltda, antigamente era a razão social da empresa, daí surgiu Marel. Ela

passou por várias evoluções, mudanças de logo até chegar na atual de hoje.”- percebe-se nas

entrevistas semi-estruturada que todos os sujeitos entrevistados apontaram que conhecem a

história da construção da logo, conhecem todas as logos que já existiram também, colocaram

que ocorreram muitas mudanças até hoje, e que em questão de dois anos essa foi modificada

várias vezes. Dois funcionários assinalaram ainda que a atual logo está clin e que deve ser

feito um trabalho intenso nessa para que fique conhecida e para que não exista mais

necessidade de mudança.(ver anexo II- evolução das logomarcas) É importante constatar que

os funcionários parecem conhecer, participar e compreender o porquê da necessidade de

mudança da logomarca da empresa.

CATEGORIA III- Rituais e Costumes

RITUAIS/ COSTUMES Respostas Respostas ORGANIZAÇÃO FAMÍLIA

Visitas “...temos o habito de na saída do trabalho passar na casa da

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mãe, do pai (...) praticamente todos os dias tem alguém visitando...” “... se visitar né...

Chimarrão “Eu acho que chimarrão (risos), é, nos fins de semana baralho, canastra”.

Carinho/ beijos/ abraços “... é sempre você beijar, você abraçar, é carinho é uma coisa que funciona sempre...” “...é que todas pessoas se cumprimentam geralmente com beijo e abraço.” “...um carinho de um com o outro...

Diálogo “Diálogo, liberdade, liberdade de expressão, troca de idéias, mas principalmente aberto ao diálogo”.

Tabela III- Tabela de comparação dos rituais e costumes da organização e da família

Ao descrever as principais semelhanças e diferenças dos rituais e costumes dessa

família e dessa empresa verificou-se como um costume semelhante apesar de não ter

aparecido verbalmente, as rodas de chimarrão. A partir das observações feitas pela

pesquisadora, percebeu-se que o chimarrão está presente no dia a dia da organização, ou seja,

de manhã a funcionária responsável pela limpeza, pelo café e pelo “chimarrão”, leva em

algumas salas a térmica com água quente e a cuia e após alguns minutos já vem alguém

naquela sala em que estão os apetrechos para tomar um chimarrão e ali ficam alguns minutos

socializando. E isso acontece a tarde também e são todos os dias, o que nos leva a concluir

que o chimarrão é um ritual presente na empresa. Na família, as rodas de chimarrão também

são freqüentes, acontecem todos os dias em casa, quando as pessoas da família se visitam, nos

almoços de finais de semana, entre outros, com a mesma finalidade de socialização. Robbins

(1998, p.383), explica os rituais como sendo “seqüências repetitivas de atividades que

expressam e reforçam os valores da organização.” E os rituais de uma família variam de

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acordo com o local onde essa família reside e também serve para fortalecer seus valores e

manter sua cultura.

Obteve-se como resultado apenas costumes relacionados ao dia a dia da família.

Entre esses, estão, as visitas - “ Talvez uma coisa que fica bem aparente agora, porque é, os

filhos, nós os filhos, quase todos temos o habito de na saída do trabalho passar na casa da

mãe, do pai, por questão até da saúde eles ficam mais em casa então praticamente todos os

dias tem alguém visitando, passando por lá, então eu acho que esse é um dos costumes eu

acho que a gente tem no dia-a-dia, em termos de família.” – o carinho, beijos e abraços – “

Uma coisa que a gente sempre tem pelo menos na nossa família, é sempre você beijar, você

abraçar, é carinho é uma coisa que funciona sempre, isso é um costume muito forte, eu acho

que isso a gente tá conseguindo passar, né, ta vindo sempre e isso nós não vamos perder...” –

o diálogo – “...mas principalmente aberto ao diálogo”- .

CATEGORIA IV- Cerimônias

CERIMÔNIAS Respostas Respostas ORGANIZAÇÃO FAMÍLIA

Dia do trabalhador “Existem cerimônias de dia do trabalhador, 1° de maio...” “... confraternização do dia do trabalhador...” “... dia do trabalhador sempre tem festa comemorativa...”

Natal “É, entregamos cesta de Natal”. “Final de ano sempre tem jantar de Natal ou almoço muitas vezes”.

“Festividades, principalmente Natal...” “Sempre nos reunimos em data como Natal...”

Festa junina “festa junina anual pra todos os funcionários...” “... tem também todo ano a festa junina...”

Final de Ano/ Ano novo “E também na época de final de ano tem confraternização”.

“Sempre nos reunimos em datas como Ano Novo...”

Dia internacional da mulher

“...no dia internacional da mulher, sempre a Marel

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programa alguma coisa ...” Lançamento de novos

produtos “Existe até lançamento de alguns produtos, não com todo mundo da administração e sim com a maioria da parte envolvida no comercial...”

Nascimento/ Casamento/1ª Comunhão/

Batizado

“As cerimônias que nós temos... o nascimento...” “Desde nascimento, batizado, casamento...” “O casamento é sempre muito festejado...” “Sempre nos reunimos em datas como casamento...” “A parte religiosa também, primeira comunhão batizados ...” “... na parte formal somente um casamento, batizado ou coisa assim.”

Aniversário “Sempre que tem alguém de aniversário todo o pessoal se reúne, canta parabéns, entrega uma lembrança”. “Cerimônias de aniversário do pessoal da administração...” “... e nos aniversários das pessoas sempre é comemorado com bolo...”

“...podemos dizer, a gente se encontra eventualmente pra confraternização, aniversários...” ...”principalmente aniversário...” “Sempre nos reunimos em datas como Aniversário...” “O que mais acontecia eram os aniversários...”

Reuniões e almoço de final de semana

“...reuniões que a gente coloca nossas conversas em dia...” “... as reuniões que nós tínhamos nos finais de semana...” “Os próprios almoços de final de semana...”

Páscoa “Sempre nos reunimos em datas como Páscoa...”

Dia das mães/ Dia dos pais

“Sempre nos reunimos em datas como dia da mães, dia do pais...”

Celebração de bodas “... festa de bodas de prata, de ouro”.

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“ ... celebração de bodas.” Recepção de novos

membros “Olha, com muito entusiasmo, sempre no sentido de colaboradores e não como funcionários, é muito legal”. “Recebemos com treinamentos, seleção e apresentação né...” “É uma empresa receptiva, um lugar muito bom pra trabalhar.” “...recebe muito bem os funcionários novos no caso né, dá todo o apoio...”

“E quando vem uma criança nova, é ansiedade, pra ver, par conhecer”. “Eu acho que nós temos que receber mais um membro da família com alegria...” “Eu acho que isso aí é sempre uma grande festa, nascimento, é uma alegria também...” “...a gente recebe assim com bastante comemoração...” “Expectativa sempre de um nascimento é normal que existe uma certa expectativa...” “Não tem especificamente uma organização, as coisas simplesmente acontecem, e você tem que assimilar”. “toda a família recebe os novos membros com braços abertos...” “Para receber (...) as pessoas de fora, é, nós a nossa família, digamos assim, é muito fechada, pra alguém nos conquistar não é assim não...”

Tabela IV- Tabela de comparação entre as cerimônias da organização e da família

Alves (1997) afirma que quando diversos rituais são conectados com uma ocasião ou

evento particular, configura-se uma cerimônia. Essa categoria revela as principais cerimônias

que existem em ambos os sistemas.

Foram identificados quatro pontos semelhantes entre a empresa e a família, o Natal

que é comemorado na família sempre com uma ceia em que toda a família se reúne, e na

empresa é feito um jantar ou um almoço de Natal e também são distribuídas cestas de Natal a

todos os funcionários da organização (ver foto no anexo III), sejam eles do administrativo ou

da produção. O final do ano também é comemorado pela família com festas e pela empresa

com uma confraternização (ver foto no anexo IV), os aniversários são celebrados sempre

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também, na empresa é cantado os parabéns ao aniversariante no primeiro horário da manhã e

lhe é entregue uma lembrança, no período da tarde esse funcionário que está de aniversário

oferece um bolo, ou salgadinhos para os demais funcionários do administrativo, -“...sempre

que tem alguém de aniversário todo o pessoal se reúne, canta parabéns...” e na família

também os aniversários são comemorados com um jantar ou almoço, cada aniversariante ou

familiar que organiza a festa – ” festa de aniversário, onde a maioria são comemorados

quando possível.”- Faz parte das cerimônias também a recepção de novos membros sejam

eles vindos de casamentos, nascimentos, admissão, entre outros, na empresa e na família os

novos membros são sempre muito bem recebidos, com alegria, entusiasmo e ansiedade –“

Olha, com muito entusiasmo, sempre no sentido de colaboradores e não como funcionários, é

muito legal”.- “Com muita sacanagem as vezes (risos), lógico, sacanagem sadia, mas é

interessante, toda a família recebe os novos membros com braços abertos e proporcionando

a ele uma melhor situação pra que ele venha fazer parte da família, não somente da nossa

família como nós fazermos parte da sua família também né”.

As diferenças existentes nessa categoria, é que na família além dos quatro acima

citados comemora-se também nascimento, casamento, batismo, 1ª comunhão, páscoa, fazem

reuniões, almoço e/ou jantar em datas comemorativas como dia das mães e dia dos pais,

celebração de bodas, e os rotineiros almoços de finais de semana que segundo verbalizações

já foram bem mais intensos –“ os próprios almoços de final de semana, já foram bem mais

intensos, né, e talvez como a família vai crescendo vai se espalhando, fica um pouco mais

difícil, mas ainda se tem essa tradição, se reunir no final de semana e conversar...”.

Carter et al., (1995, p.76) afirma que as celebrações são para que as pessoas da

família se reúnam e revigorem a herança e seus valores comuns. Podem ser consideradas

cerimônias e rituais de uma família, as festas, noivados, casamentos, aniversários, velórios,

comemorações, feriados grupais como o Natal e a Páscoa, entre outros. A autora pontua que

“as famílias também variam em seus padrões de celebração e no grau e padrão de ritualização

de suas atividades”.

Já para os funcionários da empresa são outros tipos de cerimônias que marcam a

cultura da mesma, como por exemplo, o almoço de confraternização entre os funcionários no

dia primeiro de maio que é o dia do trabalhador,(ver foto no anexo V)-“ Existem cerimônias

de dia do trabalhador, 1° de maio, onde a gente faz um almoço de confraternização, é,

brindes, bingos, entrega de prêmio...” o lançamento de novos produtos feito internamente

para pessoas da área interessada, o jantar no dia internacional da mulher com sorteios de

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brindes para as funcionárias e também a festa junina anual (ver foto no anexo VI) realizada no

refeitório da empresa.

Segundo Alves (1997), nas cerimônias das organizações podem estar incluídas,

festas, datas comemorativas, integração de novos funcionários, reuniões, divulgação de novos

produtos, entre outros.

Tendo em vista o que Alves (1997) e o que Carter et al., (1995) pontuam como

sendo cerimônias e fazendo uma analogia com as respostas dos sujeitos entrevistados, sugere-

se que os elementos que constituem as cerimônias nesses dois sistemas estão totalmente

envolvidos e auxiliando a manter e transmitir a cultura aos demais membros seja na família ou

na empresa.

De acordo com Beyer e Trice (1986 apud FLEURY e FISCHER, 1996, p.09) cultura

organizacional é um conjunto de normas e valores que são consideradas certos e que ficam

ocultos nas organizações. Para que a cultura não fique escondida é preciso comunicá-la aos

integrantes da organização de uma forma sensível, ou seja, através de “ritos, gestos, estórias,

mitos, rituais”. E o que percebeu-se é que em ambos os sistemas, a comunicação da cultura

está sendo feita de acordo com que os autores citados acima colocam (ver fotos no anexo I),

através dos elementos que compõe as cerimônias, os rituais, os costumes, os símbolos, entre

outros.

CATEGORIA V- História dos dois sistemas

Na metodologia proposta, para comparar a história da empresa com a historia da

família, a pesquisadora optou pela linha do tempo família e pela descrição da história da

organização, porém, para uma melhor compreensão por parte do leitor e afim de facilitar a

visualização da história dos dois sistemas será apresentada na forma de um quadro. Encontra-

se a história da organização e a linha do tempo familiar no apêndice D.

ANO FAMÍLIA ORGANIZAÇÃO 1966

*Casamento com Salete

*começou a empresa

*Surgiu a idéia de montar uma empresa num animado jogo de bolão entre os amigos Armando Behne e Arlindo Scheuer.

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1967 * Maio fundação oficial da empresa *dezembro nascimento da primeira filha – Viviane

* Em maio a empresa foi oficialmente fundada, como Marmoritaria Estrela Ltda, pois trabalharia com Marmorite (granitina) e Cantaria, para fabricação de túmulos, tanques de concreto e pias de granitina.

1969 * Nasceu à segunda filha- Magali

* A empresa construiu diversas escolas, casas e muros. A empresa foi crescendo e ampliando sua gama de produtos, passando a produzir também outros artefatos como tubos para bueiros, passeios e blocos de concreto.

1971 * Nascimento terceiro

filho- Edison

*Ampliou suas instalações e deu inicio a produção de balcões para pias, cozinhas americanas e pias inoxidáveis.

1981 * Ganharam um terreno da prefeitura para construir a nova sede da Marel- no local que é hoje- *1ª viagem das crianças de avião, “eu e Salete fomos com os 4 para o Rio de Janeiro”. * Foi presidente do Francisco Beltrão Futebol Clube

*Houve ampliação da área construída, aquisição de várias máquinas e aumento considerável na produção

1983 * Começaram a construir as instalações para a nova sede. * sofreram enchentes que perderam quase tudo, foi muito difícil, com muita dificuldade os próprios

*A empresa sofreu uma das suas maiores dificuldades, com duas enchentes no intervalo de dois meses conforme ilustração na foto nº 3, perdeu todo seu

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fornecedores nos ajudaram a reconstruir. * Foi presidente do Santa Fé Clube de Campo.

estoque de matéria–prima e produtos acabados, tendo que rebobinar os motores de praticamente todas as máquinas e ficar um período de 15 dias sem produzir absolutamente nada * Novembro, iniciou a construção da nova unidade industrial no bairro Marrecas e logo em seguida a marmoraria foi vendida para inicio da produção na nova unidade industrial.

1984 A 1986 *Casamento da primeira

filha- festa grande com

mais de 500 convidados

* 1984 Nascimento da 1ª

neta

*Começou a funcionar a

fábrica nova de 120x30m

* Entrou para o Rotary * 1ª Vigem para o exterior- Europa – a negócios – * Viagem importante para Ilha de Carajás por convite do Governo do Estado do Paraná com uma equipe de 100 pessoa, nessa mesma viagem passaram por São Luis do Maranhão, Belo Horizonte e Espírito Santo, foram 20 dias de viagem e o Governo do Estado do Paraná pagou tudo. *Nascimento do 2º neto

*Houve uma explosão nas vendas alavancando o crescimento e recuperando todos os prejuízos acumulados no ano anterior, assim quadruplicando o número de funcionários, que encerou o ano de 1983 com 50 funcionários passando para 221 em 1986.

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1990 * Casamento da segunda filha- festa grande com mais de 500 convidados * Nascimento da 3ª neta * 1990/1991- Presidente do Rotary

* Foram feitos investimentos significativos na área de metalúrgica, com aquisição de varias máquinas para fabricação de cubas, pias em aço inoxidável e ferramentaria para a fabricação das próprias matrizes.

1991/1992 *viagem para Itália- a

negócios-

*nascimento do 4º neto

* Festa de Bodas de ouro

dos pais de sua esposa

*Foi ampliado em mais de 1.600 m2 de área construída na unidade industrial de móveis, aquisição de máquinas importadas da Itália, aquisição de 02 estufas para secagem de madeira, construção do novo centro administrativo da fábrica de móveis com 400 m² e troca do computador central e os softwares administrativos.

1993/1994 *Viagem para Europa- a passeio com a esposa em comemoração as Bodas de Prata e aproveitando a viagem para negócios também *Foi presidente da Associação Comercial *Festa de Bodas de ouro do seus pais

*Aumentou a sua produção, elevando significativamente o número de funcionários, nesse período a empresa operou com transportadora própria para diminuir o custo de logística, e adaptou-se a abertura de mercado e a implantação do plano real, dando início as suas vendas para o mercado internacional.

1995 Viagem para o Chile a negócios

* Foram adquiridas mais máquinas importadas a fim de melhorar a qualidade

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final, não só do produto, mas dos serviços na área administrativa, inclusive com mudança de layout, para o lançamento da linha 96, também foi concluído o refeitório da empresa com capacidade para 130 pessoas sendo que o mesmo foi inaugurado no início de 1996. * A empresa recebeu em doação da Prefeitura Municipal um terreno de aproximadamente 55.000 m² onde foi construída uma serraria e uma fábrica de artefatos de madeira.

1997 *Viagem com esposa para Buenos Aires *Viajou para Espanha a negócios

*Foi adquirida 01 máquina para usinagem de portas e 01 prensa de membrana para aplicação de PVC/ foi concluída a filial da serraria com cerca de 2.200 m² de área total e aproximadamente 900 m² de área construída

1998 *Viagem para China- a negócios

*A maior mudança ocorreu na linha de produtos, com incrementos de acessórios e diversificação de produtos acabados. Com novos projetos e desing, aplicado aos seus acessórios e ferragens, revigorou

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seus produtos.

2002 *Casamento do terceiro

filho- festa grande com

mais de 5020 convidados

*nascimento da 5ª neta

*Conta com 02 unidades, sendo uma para fabricação de pias inoxidáveis e outra para fabricação de móveis para cozinhas, que juntas somam mais de 18.500 m² de área construída e uma área total de 338.110 m². Empregando diretamente 280 funcionários, com representantes distribuídos em todo o país e também no exterior. * a Marel é uma das maiores fabricantes de cozinhas do Brasil. a Marel vem diversificando seus clientes, aperfeiçoando seus processos, aumentando o número de exportações e mantendo estável o seu quadro de funcionários.

2004 *Viagem com a esposa e amigos para Fernando de Noronha, final de ano *Recebeu o titulo de Cidadão Honorário *Formatura da 1ª filha – Viviane

* Aumento do parque fabril * aquisição de novas máquinas

Tabela V- Tabela de comparação da história da organização e da família

Ao buscar os dados referentes a história da família através da linha do tempo

familiar, percebeu-se uma grande dificuldade por parte do diretor-presidente, ou sócio-

fundador da empresa em diferenciar o sistema familiar do sistema organizacional, ou seja,

quando foi pedido para ele descrever a sua história de vida a partir da data de seu casamento,

o mesmo colocava como importante além dos acontecimentos relacionados a família

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acontecimentos relacionados a empresa, como pôde ser observado no quadro acima. O

próprio, percebeu que estava apontando em sua linha do tempo familiar eventos relacionados

a empresa, e começou a “tentar” concernir somente dados ligados a família.

Isso pode ter acontecido devido ao fato de que quando a empresa iniciou suas

atividades os seus sócios-parentes efetuavam todos os papéis dentro da empresa, dificultando

assim a separação entre o que é empresa e o que é família, fenômeno este observado na

afirmação de Gersick et al. (1997): quando se constitui uma empresa familiar, a história, os

conjuntos de características e a linguagem da família passam a fazer parte da organização,

principalmente quando os dirigentes são parentes. Os papéis na família e na empresa muitas

vezes mudam de tal forma, que podem se tornar misturados e desordenados. As exigências

relacionadas ao trabalho e à empresa podem aumentar fazendo com que o relacionamento

familiar possa apresentar problemas.

Ao analisar a linha do tempo familiar e a história da organização, verificou-se que as

datas que coincidiam eram aquelas em que se fizer um paralelo, demarcam que a ampliação e

extensão do sistema familiar é o equivalente ao crescimento da organização. O que nos leva a

pensar que sempre que amplia o sistema familiar amplia-se também em algum aspecto o

sistema organizacional, e vice-versa, seja no âmbito de produtos (ver fotos no anexo VII),

ampliação da área construída (ver foto no anexo VIII), aquisição de novas máquinas ou

ampliação no quadro de funcionários. E o sistema familiar cresce com casamentos e

nascimentos. Observou-se também com a construção da linha do tempo familiar como as

cerimônias são importantes nesse sistema,o que fica evidenciado com as comemorações de

bodas e de casamentos.

Gersick et al.(1997), trazem que ao longo de gerações vão ocorrendo mudanças na

natureza da família, ou seja, alguns casam e tem filhos, separações de cônjuges e mortes

acontecem, entre outras mudanças. O mesmo ocorre com a empresa, no início são

organizações simples e pequenas, algumas posteriormente tornam-se mais complexas. E ainda

em alguns casos, declinam ou desaparecem.

Um aspecto relevante observado com a construção de ambas as histórias foi a

dificuldade enfrentada pela enchente que ocorreu no ano de 1983 (ver foto anexo IX), esse

evento foi contado pelos membros da organização, pelos membros da família e também está

registrado na história que a empresa tem em seus arquivos.

Tanto a empresa como a família já enfrentaram problemas, mas, também muitos

acontecimentos bons já ocorreram, segundo as verbalizações feitas por funcionários e por

pessoas da família também funcionários. O que nos leva a concluir que em alguns períodos da

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história, essas dificuldades enfrentadas pela empresa acarretaram em dificuldades enfrentadas

pela família, pois esses dois sistemas estão interligados e pelo que se pode perceber um é

extensão do outro, no sentido da família depender da organização para seu sustento não

apenas econômico, mas também emocional, afetivo e cultural e vice-versa.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pôde-se identificar os valores e as crenças, bem como os símbolos da empresa e da

família, descrever as principais cerimônias, rituais e também a história de ambos os sistemas

alcançando assim os objetivos propostos pela pesquisadora. O trabalho foi desenvolvido com

o propósito de responder a seguinte questão: quais as semelhanças e diferenças entre a cultura

familiar e a cultura da organização em uma empresa familiar? A resposta a essa questão é que

na cultura de ambos os sistemas há semelhanças e diferenças, na categoria dos valores e

crenças, o que verificou-se de semelhante foi honestidade, união, justiça e respeito e o que foi

verbalizado como diferença foi a crença em Deus que foi verbalizada apenas pelos sujeitos da

família. Conforme os funcionários, além dos elementos que se assemelham em ambos os

sistemas foi mencionado também como valores da organização ser uma empresa socialmente

correta, íntegra, acolhedora, que costuma valorizar seus colaboradores e ainda é caracterizada

como uma família. Ao identificar os símbolos existentes nos dois sistemas, apenas símbolos

da organização foram encontrados: o crachá, a logomarca e o uniforme. Foram descritas como

cerimônias semelhantes na família e na empresa, o Natal, final de ano, aniversário e a

recepção de novos membros. Como diferenças pertencentes ao sistema organizacional

constatou-se como cerimônias o almoço de confraternização entre os funcionários no dia

primeiro de maio que é o dia do trabalhador, o lançamento de novos produtos, festa junina

anual, o jantar no dia internacional da mulher. E no sistema familiar o que se averiguou foi

nascimento, casamento, batismo, 1ª comunhão, páscoa, reuniões, almoço e/ou jantar em datas

comemorativas como dia das mães e dia dos pais, celebração de bodas, e os rotineiros

almoços de finais de semana. Com relação aos rituais na empresa nada foi verbalizado pelos

entrevistados, porém a pesquisadora observou um ritual semelhante na família e na

organização, que são as rodas de chimarrão que tem como finalidade a socialização entre os

membros dos dois sistemas, porém há dados relacionados aos rituais da família, esses são: as

visitas, o carinho, beijos, abraços e o diálogo.

Ficou aparente e transparente nessa empresa que as atitudes tomadas na mesma estão

de acordo com os valores organizacionais e principalmente com os valores da família. Assim

percebe-se que elementos da cultura dessa organização foram baseados nos sistemas de

valores pessoais de seus fundadores e se mantém até hoje, como por exemplo, o respeito, a

honestidade, a justiça e a união.

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Observou-se uma grande influência por parte do sócio-fundador e atual presidente da

empresa na constituição dos elementos da cultura dessa organização, ou seja, a maioria dos

valores e crenças que esse sujeito pontuou como sendo valores da família são os mesmos

apontados pelos funcionários como valores da empresa. A partir dessa observação, pode-se

citar Alves (1997) pois esse afirma que o proprietário e/ou pessoas influentes que tomam

decisões inserem na organização mesmo que inconscientemente elementos de sua

personalidade podendo comprometer o desempenho e o comportamento da organização.

A partir dessa observação cito Bernhoeft (1991) que aponta como a característica

geral de uma empresa familiar um ideal que deu certo. É de significativa relevância esta

afirmação, pois, na história de cada empresa houve o momento inicial com a idéia de seu

fundador que com seu comportamento empreendedor lutou com todas as forças para viabilizar

a idéia que acreditava.

Conforme o que foi mencionado na história da organização, pelos seus fundadores e

pelas pessoas que estão na administração dos negócios, pode-se inferir que as características

de conceituação apontadas pelos autores com relação a empresa familiar assemelham-se as

características observadas na empresa pesquisada. Ou seja, Donnelley (1967 apud

LANZANA e CONSTANCI,1999.) define empresa familiar como aquelas que estão ligadas a

uma família pelo menos durante duas gerações, e quando esta união procede em uma

influência recíproca. A partir desse conceito e ainda incluindo o que Lodi (1993) pontua como

empresa familiar, “aquela em que a consideração de sucessão está ligada ao fator hereditário e

onde os valores institucionais da firma identificam-se com um sobrenome de família ou com a

figura do fundador”, entende-se que a Marel se enquadra nesses conceitos de definição de

empresa familiar descritos na revisão bibliográfica.

Indubitavelmente foi bastante significativa a realização dessa pesquisa uma vez que

esse tema me fascina. Além de ser o primeiro contato da pesquisadora com a metodologia,

elaboração e desenvolvimento de uma pesquisa de cunho científico. E também compreender a

cultura dos sistemas – empresa e família - em um empreendimento familiar de sucesso. Essa

pesquisa enfatizou que as semelhanças e diferenças da cultura organizacional e da cultura

familiar em uma empresa familiar são relevantes para que o psicólogo organizacional entenda

os comportamentos das pessoas que ali trabalham visto que essas muitas vezes têm as mesmas

características e valores de seus fundadores. Do mesmo modo, é importante salientar que é

necessário conhecer a cultura seja da empresa ou da família para que as pessoas possam

mantê-la e transmiti-la aos novos membros.

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DIFICULDADES ENCONTRADAS E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Algumas dificuldades foram encontradas no decorrer da pesquisa, constatando que

seria de extrema importância o pesquisador estar inserido no dia a dia das organizações a

serem pesquisadas com o intuito de observar questões que ficam implícitas no que diz

respeito a cultura dos dois sistemas, uma vez que isso não ocorreu nesse estudo devido ao fato

da empresa pesquisada localizar-se no interior da Paraná tendo em vista a pouca

disponibilidade da pesquisadora se deslocar da cidade de Florianópolis até a cidade de

Francisco Beltrão devido o pouco tempo para realização da mesma.

A partir dessa afirmação, acredita-se que seja importante a utilização de outros

instrumentos além da entrevista semi-estruturada, da linha do tempo familiar e da história da

organização para captar elementos da cultura dos dois sistemas, uma vez que os elementos

muitas vezes não são conscientemente compartilhados. Uma outra sugestão seria ampliar o

tema cultura para outras áreas, não ficando restrito apenas a conceitos relacionados a

Psicologia, mas sim aprofundar para áreas das ciências humanas como antropologia,

sociologia, entre outros.

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ZANELLI, J.C., ANDRADE, J.E.B., BASTOS, A.V.B. Psicologia, organizações e trabalho. Porto Alegre: Artemed, 2004.

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ANEXOS

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ANEXO I – Confraternização

Foto 1- arquivos MAREL

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ANEXO II – Evolução das logomarcas

MarcasMarcas

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ATUAL LOGOMARCA:

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ANEXO III- Distribuição de cestas de Natal aos funcionários

Fotos 2 e 3- Arquivo Marel

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ANEXO IV- Confraternização Final de Ano

Fotos 4 e 5 – Arquivo Marel

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ANEXO V- Confraternização Dia do Trabalhador

Foto 6 - Arquivo Marel

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ANEXO VI- Festa Junina

Fotos 7 e 8 – Arquivo Marel

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ANEXO VII- Evolução dos Produtos

1967

1974

Anos 8 0

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2002

2005

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ANEXO VIII- Evolução da área construída

FONTE: Arquivo fotográficos da empresa Marel.

Vista central da Marel em 1973.

Vista área da Marel Cozinhas 2002.

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Foto aérea 2005

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ANEXO IX- Foto da Enchente

FONTE: Arquivos fotográficos da empresa Marel. Retirada no ano de 1983, na sua primeira unidade.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - Entrevistas Semi-Estruturadas

ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA- I (FUNCIONÁRIOS)

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Nome: J.V Idade:38 Cargo:Gerente Comercial Tempo de Empresa:23 anos

ENTREVISTA

1-Descreva como ocorreu a sua admissão na empresa? R: Ocorreu em 1982, é, na época minha irmã trabalhava na empresa e surgiu uma vaga pra trabalhar na fábrica e eu estudava muito e quando eu cheguei em casa minha irmã falou, você vai dormir cedo que amanhã tem que começar trabalhar na Marel. Eu vim preparado pra trabalhar na fábrica e felizmente fui admitido na administração. 2-Você sempre ocupou esse cargo? Em caso negativo, quais outras funções já exerceu e como ocorreu a mudança? R: Comecei na Marel trabalhando como office boy, em 1986 entrei no departamento comercial, em 92 passei a ser encarregado do departamento comercial interno e em 98 passei a ser gerente comercial.

3-Como a empresa recebe os novos funcionários? R: Olha, com muito entusiasmo, sempre no sentido de colaboradores e não como funcionários, é muito legal.

4-Como a empresa se despede dos funcionários que estão saindo? R: Isso até já aconteceu comigo, eu tive esse ano agora recente, que sair da empresa por dois meses e foi muito gratificante saber que na verdade aqui não é empresa, e sim uma família, então na minha despedida foi uma emoção tão grande que jamais pensei que ia passar por isso é, diretores, colaboradores, enfim, essa família aqui é maravilhosa.

5-Existem sistematicamente cerimônias na empresa? Caso afirmativa, quais são e quando ocorrem? R: Existem, cerimônias de aniversário do pessoal da administração, confraternização de dia do trabalhador, 1° de maio, é, existe até lançamento de alguns produtos, não com todo mundo da administração e sim com a maioria da parte envolvida no comercial, existe uma cerimônia de lançamento e até um auto-explicação dos produtos.

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6-Existem símbolos próprios na empresa? Em caso afirmativo o que comunicam? R: Existe o crachá que é de uso obrigatório para todos os colaboradores no local da empresa né e não é permitido o uso fora da empresa.

7-A empresa adota o uso de uniforme? Em caso afirmativo, caracterize-o. R: Não, não adota o uso de uniforme. 8-Como é a logomarca da empresa? Você conhece a história da sua construção? R: A logomarca, hoje ela está bem mais clin, ela existe uma logo na marca mesmo, a sua construção MAREL é que veio de marmoretaria estrela ltda, antigamente era a razão social da empresa, daí surgiu Marel. Ela passou por várias evoluções, mudanças de logo até chegar na atual de hoje.

9-Para você quais são os principais valores da empresa? R: Os principais valores? São tantos! Honestidade, companheirismo, é, uma empresa voltada para a parte social também, não só dos colaboradores mas também do município, participando de várias ações aí para o bem estar da comunidade, é voltada também ao bem estar de todos os seus funcionários, uma família que começou praticamente pequeninha e hoje é a empresa que é, isso se dá graças ao caráter da própria diretoria, como um todo.

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ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA- II (FAMÍLIA)

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nome: E.B Idade: 46 anos Cargo: Diretor administrativo financeiro Tempo de Empresa: 23 anos

ENTREVISTA

1-Há normas e regras na família que são passadas de geração para geração? Em caso afirmativo, quais? R: Não existe nem uma norma ou regra por escrito, nem alguma coisa muito rígida nesse sentido. O que eu vejo que passa de geração em geração é algumas questões de comportamento e a questão que vem de família a muito tempo que é a questão de caráter da pessoa, honestidade, fazer aquilo que você consegue sem passar por cima de ninguém, eu acho que isso são ensinamentos que podem ser caracterizados como alguma regra, alguma coisa nesse sentido.

2-Quais são as crenças e valores que vigoram na família? Como são passados de uma geração para outra? R: Seria mais em termos de valores, a crença a menos que a gente colocar a parte religiosa talvez, porque nós pertencemos a uma igreja evangélica, aí sempre tem assim uma ênfase um pouco maior na questão religiosa. Então, isso é uma coisa que se procura passar de pai pra filho, né, e a questão dos valores que é o que acabamos de dizer na pergunta anterior também quer dizer você tem que ser justo com as pessoas, e ser honesto, você ter critérios pra levar tua vida no dia-a-dia, então esses valores normais, eu acho que a gente aprende né sempre é que o respeito principalmente às outras pessoas.

3-Quais são as cerimônias que acontecem na família? R: Bom, as que nós temos eu acho que é normal em qualquer família. Desde nascimento, batizado, é, casamento, festa de bodas de prata, de ouro, é, os próprios almoços de final de semana, já foram bem mais intensos, né, e talvez como a família vai crescendo vai se espalhando, fica um pouco mais difícil, mas ainda se tem essa tradição, se reunir no final de semana e conversar e ir na casa principalmente da matriarca né, se reunir, trocar idéias, mas assim, é as outras cerimônias são normais, não existe nenhuma outra especifica que seja só da família, né, acho que é igual pelo menos na maioria das famílias.

4-Como é a preparação e as expectativas para essas cerimônias?

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R: Eu diria que não existe assim nenhuma preparação em especial, eu acho que é normal, talvez algumas por exemplo, é, no caso da ultima que aconteceu, bodas de ouro que é uma coisa mais difícil de acontecer então talvez exista uma expectativa maior, uma preparação com mais tempo, mas as demais acredito que é normal, nada de excepcional.

5-Cite alguns costumes que estão presentes no dia-a-dia da família. R: Que nós podemos citar! Talvez uma coisa que fica bem aparente agora, porque é, os filhos, nós os filhos, quase todos temos o habito de na saída do trabalho passar na casa da mãe, do pai, por questão até da saúde eles ficam mais em casa então praticamente todos os dias tem alguém visitando, passando por lá, então eu acho que esse é um dos costumes eu acho que a gente tem no dia-a-dia, em termos de família.

6-Como a família se organiza para receber novos membros? (casamentos, nascimentos, adoção). R: Também nesse sentido eu acho que não existe nenhuma preparação especial, claro que a expectativa sempre de um nascimento é normal que existe uma certa expectativa, talvez desde os primeiros por exemplo, os primeiros netos, ou os primeiros filhos né, há sempre uma expectativa maior, eu acho que isso claro né, na medida que a família vai crescendo, talvez essas expectativas acaba diminuindo, a não ser claro pai, mãe e aqueles que são diretamente envolvidos, mas assim, na família acho que não existe nada de tão especial, claro que um nascimento é sempre um acontecimento bastante importante, mas não existe assim nenhuma formalidade de preparação pra aguardar digamos qualquer evento de nascimento, casamento ou qualquer coisa assim.

7-Na sua opinião o que a família e a organização tem em comum? Porque? R: Acho que talvez veio de seus 38 anos que a empresa existe né, e que fica bem saliente e em comum tanto na empresa quanto na família é a união, eu acho que é, uma empresa familiar que tenha é, quase meio século já de existência e que não tenha tido nenhum problema societário nenhum problema de briga familiar em função dos negócios, eu acho que isso implica em bastante união. Tem um respeito muito grande de um para com o outro, isso na família e entra dentro da empresa também acho que a semelhança que nós podemos colocar assim mais saliente seria essa, acho que é uma questão bem latente, bem aparente.

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APÊNDICE B – Carta de Apresentação

Carta de Apresentação

Tendo como perspectiva desenvolver a pesquisa intitulada “Semelhanças e

Diferenças na Cultura Organizacional e Familiar em uma Empresa Familiar” e que

apresenta os seguintes objetivos:

- Descrever a história de vida da organização e da família.

- Identificar os valores organizacionais e familiares.

- Identificar as crenças organizacionais e familiares.

- Descrever as principais cerimônias e rituais na organização e no sistema familiar.

- Identificar quais são os símbolos e os sistemas de linguagem da organização e da

família.

Eu, Analiza Behne Zapello Zamprogna, acadêmica do Curso de Psicologia da

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, regularmente matriculada – pelo nº. 22.0.495, e

sob o consentimento desta com relação ao caráter científico da pesquisa, tendo como

orientação técnica e profissional da professora responsável Msc. Cristianne Gick Machado,

venho por intermédio desta Carta solicitar a apreciação do projeto de pesquisa em anexo,

tendo como finalidade desenvolver o mesmo nesta respeitável instituição denominada

_______________________.

Sem mais para o momento e no aguardo do deferimento do pedido exposto, agradeço a

atenção.

Biguaçu, ____ de____________de 2005.

Analiza B. Z Zamprogna

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APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

O (a) senhor (a) foi plenamente esclarecido de que será submetido a uma entrevista

semi-estruturada sobre o tema: “Semelhanças e Diferenças na Cultura Organizacional e

Familiar em uma Empresa Familiar”, a qual consiste num trabalho de Conclusão de Curso

de Psicologia da UNIVALI – Centro de Biguaçu, sendo realizada pela discente Analiza Behne

Zapello Zamprogna, sob orientação da Professora Msc. Cristianne Gick Machado. Este

caracteriza-se por investigar quais “as semelhanças e diferenças na cultura da organização e

da família”.

Outro fato esclarecido é que esta pesquisa não terá intuito financeiro, ou seja, nem a

pesquisadora nem o pesquisado receberão qualquer quantia para a realização da mesma. Pelo

fato desta pesquisa ter única e exclusivamente interesse científico, a mesma foi aceita

espontaneamente pelo (a) Sr.(a), podendo desistir a qualquer momento, bastando para isso

informar a sua desistência.

Informamos ainda que será garantido (a) o senhor (a) sigilo que assegure sua

privacidade e anonimato, que os dados obtidos nesta não serão utilizados para outros fins

senão os previstos neste termo de consentimento. O (a) senhor (a) poderá solicitar

informações durante toda a fase de pesquisa, inclusive após o término da mesma.

Biguaçu, _____ de ____________ de 2005.

Nome do entrevistado: ____________________________________________

RG ou CPF:_____________________________________________________

Assinatura (de acordo):______________________________________

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APÊNDICE D - História da Organização e Linha do Tempo Familiar

HISTÓRIA DA ORGANIZAÇÃO

A descrição da história da organização ocorreu da seguinte forma: primeiramente

conversei com o fundador ele contou algumas coisas e já me mostrou uma história que ele

tem em seu computador, em seguida o mesmo solicitou que eu me dirigi-se ao departamento

de marketing da empresa que lá tinha a história da empresa. Pedi para o gerente desse setor

que ele contasse a história, mas esse gravou um cd com a história da empresa, várias fotos

antigas e atuais, e com as logomarcas que a empresa já teve e também com a atual. Com esse

material em mãos, foi feito então uma seleção e foi colocado em ordem cronológica a história

dessa empresa como segue a baixo: 1966- surgiu a idéia de montar uma empresa num animado jogo de bolão entre os amigos

Armando Behne e Arlindo Scheuer.

1967- em maio a empresa foi oficialmente fundada, como Marmoritaria Estrela Ltda, pois

trabalharia com Marmorite (granitina) e Cantaria, para fabricação de túmulos, tanques de

concreto e pias de granitina.

1969- a empresa construiu diversas escolas, casas e muros. A empresa foi crescendo e

ampliando sua gama de produtos, passando a produzir também outros artefatos como tubos

para bueiros, passeios e blocos de concreto.

1971- ampliou suas instalações e deu inicio a produção de balcões para pias, cozinhas

americanas e pias inoxidáveis.

1973- ingressou no ramo de mármores e granitos, até que em 1978 cessou a fabricação

de artefatos de cimento (tubos, blocos, etc.) ficando apenas com móveis, pias e

marmoraria

1981- houve ampliação da área construída, aquisição de várias máquinas e aumento

considerável na produção

1983- a empresa sofreu uma das suas maiores dificuldades, com duas enchentes no

intervalo de dois meses conforme ilustração na foto nº 3, perdeu todo seu estoque

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de matéria–prima e produtos acabados, tendo que rebobinar os motores de

praticamente todas as máquinas e ficar um período de 15 dias sem produzir

absolutamente nada

Novembro de 1983, iniciou a construção da nova unidade industrial no bairro

Marrecas e logo em seguida a marmoraria foi vendida para inicio da produção na

nova unidade industrial.

1984 a 1986- houve uma explosão nas vendas alavancando o crescimento e

recuperando todos os prejuízos acumulados no ano anterior, assim quadruplicando o

número de funcionários, que encerou o ano de 1983 com 50 funcionários passando

para 221 em 1986.

1989- foi comprada a serraria, dando inicio a atividade de corte das madeiras

1990- foram feitos investimentos significativos na área de metalúrgica, com

aquisição de varias máquinas para fabricação de cubas, pias em aço inoxidável e

ferramentaria para a fabricação das próprias matrizes.

1991 e 1992- foi ampliado em mais de 1.600 m2 de área construída na unidade

industrial de móveis, aquisição de máquinas importadas da Itália, aquisição de 02

estufas para secagem de madeira, construção do novo centro administrativo da

fábrica de móveis com 400 m² e troca do computador central e os softwares

administrativos.

1993 e 1994- aumentou a sua produção, elevando significativamente o número de

funcionários, nesse período a empresa operou com transportadora própria para

diminuir o custo de logística, e adaptou-se a abertura de mercado e a implantação do

plano real, dando início as suas vendas para o mercado internacional.

1995- foram adquiridas mais máquinas importadas a fim de melhorar a qualidade

final, não só do produto, mas dos serviços na área administrativa, inclusive com

mudança de layout, para o lançamento da linha 96, também foi concluído o

refeitório da empresa com capacidade para 130 pessoas sendo que o mesmo foi

inaugurado no início de 1996.

1995- a empresa recebeu em doação da Prefeitura Municipal um terreno de

aproximadamente 55.000 m² onde foi construída uma serraria e uma fábrica de

artefatos de madeira.

1996- foram adquiridas 04 máquinas da Itália, sendo 02 para metalúrgica e 02 para

a fábrica de móveis

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1997- foi adquirida 01 máquina para usinagem de portas e 01 prensa de membrana

para aplicação de PVC/ foi concluída a filial da serraria com cerca de 2.200 m² de

área total e aproximadamente 900 m² de área construída

1998- a maior mudança ocorreu na linha de produtos, com incrementos de

acessórios e diversificação de produtos acabados. Com novos projetos e desing,

aplicado aos seus acessórios e ferragens, revigorou seus produtos.

1999- ocorreu a mudança de toda a administração da empresa localizada antes na

parte central da cidade, anexa a unidade de produção de inox, para a unidade de

produção de cozinhas, passando por um processo não só de mudança física, mas

estrutural e organizacional, adequando-se a uma competição globalizada.

1999- a Marel voltou a enfrentar grandes dificuldades com a perda de seu principal

cliente que era responsável por 30% do faturamento, este cliente abriu concordata e a

empresa perdeu cerca de um mês de faturamento. Outra grande dificuldade foi a

desvalorização do real frente ao dólar, porque a empresa estava devendo um montante

elevado em dólares, devido a compra de máquinas e equipamentos importados. Mesmo

com todos estes problemas a empresa abriu novos clientes e aumentou a produtividade,

recuperando seu faturamento no mesmo ano, tendo uma leve diminuição no quadro de

funcionários.

2002- conta com 02 unidades, sendo uma para fabricação de pias inoxidáveis e outra

para fabricação de móveis para cozinhas, que juntas somam mais de 18.500 m² de área

construída e uma área total de 338.110 m². Empregando diretamente 280 funcionários,

com representantes distribuídos em todo o país e também no exterior,

2002- a Marel é uma das maiores fabricantes de cozinhas do Brasil. a Marel vem

diversificando seus clientes, aperfeiçoando seus processos, aumentando o número de

exportações e mantendo estável o seu quadro de funcionários.

A Marel hoje:

Nesse ano a Marel passa de uma empresa LTDA para uma empresa S.A, ficando a razão

social:

MAREL INDÚSTRIA DE MÓVEIS S.A. A Marel é formada por duas unidades:

- Duranox (Unidade 01)

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- Marel (Unidade 02)- filial é a unidade de fabricação de cozinhas, banheiros, áreas de

serviço, dormitórios, closet, home office e home theater.

Móveis planejados que proporcionam conforto, beleza e funcionalidade em lares no

Brasil e também no Exterior.

Dispõe de uma estrutura que proporciona 225 empregos diretos, que fazem da Marel

uma das maiores fabricantes de móveis do Brasil.

A DIMARE é uma marca de produtos elaborados na fábrica de móveis, que objetiva

atender um segmento de mercado diferenciado. Trata-se de uma linha de móveis

modulados produzidos em madeira aglomerada, mantendo a mesma qualidade dos

produtos Marel. Para o segundo semestre de 2005 estão previstos os lançamentos de

dormitórios, banheiros, salas e lavanderias da Dimare.

A forma de comercialização é por atacado.

Os produtos com a marca Marel são vendidos em lojas exclusivas e em lojas

convencionais de móveis. Estes parceiros comerciais totalizam 110 pontos de vendas,

que geram aproximadamente 550 empregos indiretos.

Os produtos com a marca Dimare são comercializados em lojas convencionais de

móveis e magazines, correspondendo atualmente a 1.800 clientes.

Exportação

Os produtos das três marcas (Marel, Dimare e Duranox) são exportados principalmente

para a Guatemala, Argentina, Venezuela, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Africa do Sul,

República Dominicana e Estados Unidos.

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