universidade do sul de santa catarina wesley cardoso
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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
WESLEY CARDOSO
AS POTÊNCIAS ATUANTES NO EXTREMO ORIENTE E A SUA RELAÇÃO COM
A INSERÇÃO INTERNACIONAL DA COREIA DO NORTE NO SISTEMA
INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO
Tubarão
2018
WESLEY CARDOSO
AS POTÊNCIAS ATUANTES NO EXTREMO ORIENTE E A SUA RELAÇÃO COM
A INSERÇÃO INTERNACIONAL DA COREIA DO NORTE NO SISTEMA
INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de relações internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais
Orientador: Prof. Luciano Daudt da Rocha, Msc.
Tubarão
2018
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família que através de muito trabalho proporcionou este
momento, ao meu pai Laercio Cardoso e minha mãe Rita Selma e a minha avó Delcia Buss
Cardoso por seu apoio incondicional. Aos meus amigos da faculdade que passaram todos
esses anos comigo e me acompanharam em dezenas de trabalhos e artigos.
Ao meu orientador Luciano, por sua imensa paciência e ajuda em todos os
aspectos deste trabalho, até mesmo ortográficos.
Por fim, agradeço a todos aqueles que contribuíram diretamente ou indiretamente
para o meu sucesso.
“No caminho das altas ciências, não convém empenhar-se temerariamente, mas,
uma vez em caminho, é preciso, chegar ou perecer. Duvidar é ficar louco; parar é cair; voltar
para trás é precipitar-se num abismo.” (Eliphas Levi, 1854).
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar as narrativas da imprensa internacional sobre
a inserção internacional da Coreia do Norte e como as potências atuantes no extremo oriente
se relacionam com a mesma. A construção da geopolítica da região do Extremo Oriente e a
inserção da Coréia do Norte neste sistema foi debatida através de pesquisa bibliográfica. As
abordagens da imprensa internacional foram feitas através da coleta de matérias de quatro
jornais referente aos Estados analisados neste presente trabalho, a saber Estados Unidos,
China, Coréia do Sul e Japão, em dois momentos: o teste nuclear de 2013 e o “aperto de
mãos” entre os líderes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Coréia do Norte, Kim Jong-
Un. Como resultados notamos que há divergência de opiniões entre os jornais aqui
apresentados, variando entre narrativas críticas à atuação da China em relação à Coréia do
Norte e ao seu processo de nuclearização e também sobre o “teatro” montado na ocasião do
apertar de mãos entre o líder norte-coreano e no líder estadunidense.
Palavras-chave: Coreia do Norte. Extremo oriente. Imprensa Internacional.
ABSTRACT
The present work aims to analyze the narratives of the international press about the
international insertion of North Korea and how the powers of the Far East are related to it.
The construction of the geopolitics of the Far East region and the insertion of North Korea
into this system was debated through bibliographical research. The international press
approaches were made through the collection of four newspaper articles referring to the states
analyzed in this present work, namely the United States, China, South Korea and Japan, in
two moments: the nuclear test of 2013 and the " hands "between the leaders of the United
States, Donald Trump, and North Korea, Kim Jong-Um. As result, we note that there is a
divergence of opinion among the newspapers presented here, varying between narratives
critical of China's performance in relation to North Korea and its nuclearization process, and
also about the "theater" set up at the time of shaking hands between a North Korean leader
and the American leader.
Keywords: North Korea. Far East.International Press .
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Mapa 1 Mapa da Ásia ............................................................................................................ 19
Mapa 2 Sub-Regiões da Ásia ................................................................................................. 20
Mapa 3 Extremo Oriente ....................................................................................................... 21
Figura 4 Charge que ironiza a relação de Xi Jinping e Kim Jong-Un .............................. 50
Figura 5 “Alguns chineses estão sofrendo por ser o melhor amigo da Coreia do Norte” 51
Figura 6 Trump Gushes over North Korea ......................................................................... 52
Figura 7 Filme da Coreia do Norte glorifica a estreia mundial de Kim, com Trump no
papel de protagonista ............................................................................................................. 52
Figura 8 “Pequim expressa firme oposição ao teste nuclear” ............................................ 53
Figura 9 “Análise de notícias: especialistas chineses veem o antagonismo dos EUA-
DPRK como causa raiz do teste nuclear” ............................................................................. 54
Figura 10 “EUA devem agir para aliviar a tensão na península” ..................................... 55
Figura 11 “China em resposta silenciosa ao teste nuclear da Coreia do Norte” .............. 58
Figura 12 “China precisa apoiar duras sanções contra a Coréia do Norte” ................... 58
Figura 13 “público chinês pode ser chave para mudar a Coreia do Norte” ..................... 59
Figura 14 Chosun Ilbo, 2013 .................................................................................................... 59
Figura 15 “Cúpula Trum e Kim Jong-Um termina com acordo vago” ............................ 61
Figura 16 “Kim Jong-Un conseguiu tudo o que queria da cúpula com Trump” ............. 62
Figura 17 “A primeira reunião de cúpula norte-americana e norte coreana representou
significativa responsabilidade pela desnuclearização” ....................................................... 63
Figura 18 “Pare de exercer o arroz-sul-coreano como a pedra angular da negociação” 65
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO
PROBLEMA ........................................................................................................................... 12
1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DA PERGUNTA ............................................................... 12
1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 15
1.3 ESTRUTURA DA PESQUISA ....................................................................................... 16
2 CONTEXTUALIZANDO O DEBATE NORTE-COREANO: AS POTÊNCIAS E A
PENÍNSULA COREANA EM PESRPECTIVA HISTÓRICA ......................................... 17
2.1 DESCRIÇÃO E REGIONALIZAÇÃO DO EXTREMO ORIENTE .............................. 18
2.2 RECONSTRUINDO O PROCESSO HISTÓRICO DAS POTÊNCIAS QUE ATUAM
NAS COREIAS. ....................................................................................................................... 22
2.2.1 O Japão e a China ....................................................................................................... 22
2.2.2 Os Estados Unidos ....................................................................................................... 30
2.2.3 Coreia do Sul................................................................................................................ 35
3 A CONSTRUÇÃO DA CORÉIA DO NORTE NO PÓS-GUERRA: DA
INFLUÊNCIA DE GRANDES POTÊNCIAS AO ARMAMENTO NUCLEAR ............. 38
3.1 RECONSTRUINDO A CORÉIA DO NORTE ............................................................... 38
3.2 CRIAÇÃO DO PROGRAMA NUCLEAR NORTE-COREANO .................................. 42
4 A IMPRENSA E O SEU PAPEL COMO FORMADORA DE OPINIÃO PÚBLICA
45
4.1 IMPRENSA E PODER NO SISTEMA INTERNACIONAL ......................................... 45
4.2 A QUESTÃO DA COREIA DO NORTE ATRAVÉS DA GRANDE IMPRENSA
INTERNACIONAL ................................................................................................................. 48
4.2.1 The New York Times .................................................................................................. 49
4.2.2 People's Daily ............................................................................................................... 53
4.2.3 Chosun Ilbo .................................................................................................................. 57
4.2.4 Asahi Shimbum ........................................................................................................... 63
5 UMA ANALISE SOBRE O POSICIONAMENTO GERAL DOS JORNAIS AQUI
APRESENTADOS .................................................................................................................. 66
5.1 COMO OS JORNAIS SE COMPORTARAM ACERCA DO TESTE NUCLEAR DE
2013 66
5.2 A CUMULA TRUMP-KIM E O SEU IMPACTO NO CONTEÚDO JORNALÍSTICO
COLETADO ............................................................................................................................. 68
5.3 CONSTRUINDO UMA SÍNTESE SOBRE O POSICIONAMENTO ADOTADO
PELOS JORNAIS NOS EVENTOS DE 2013 E 2018 ............................................................ 70
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 73
12
1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO
DO PROBLEMA
1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DA PERGUNTA
No decorrer das últimas décadas, o sistema internacional tem se modificado
expressivamente. O século XX foi marcado por ser um período de conflitos militares que
envolveram quase toda a Europa e grande parte da Ásia e África. Os enfrentamentos
acabaram virando uma guerra total (HOBSBAWM, 1994).
Com o fim da guerra, foram formados novos Estados, sendo a Coreia do Norte um
deles. A república popular democrática da Coreia, mais conhecida como Coreia do Norte, foi
proclamada em 1948, na ocasião a península coreana foi dividida em dois Estados: Coréia do
Sul e Coreia do Norte. O primeiro conflito entre os dois países se deu em 1950 e perdurou até
1953, este embate se configurou no que a mídia internacional da época chamou “guerra da
Coreia”, como veremos neste trabalho, esta guerra contou com a intervenção e a influência de
forças externas.
A Coreia do Norte se configura hoje, como um dos temas mais debatidos na mídia
internacional, os norte-coreanos atraíram essa atenção por decorrência de alguns fatores,
sendo os testes nucleares, o que mais se destaca.
O primeiro teste nuclear feito pela Coreia do Norte foi em 2006, posteriormente foram
feitos outros testes em 2009, 2013, 2016 e 2017, com o decorrer da periodicidade dos
lançamentos, grandes agências de notícias como a: BBC, New York Times e CNN, chamaram
a atenção da sociedade, através da possibilidade de uma guerra nuclear entre a Coreia do
Norte e os Estados Unidos.
Os estadunidenses e norte-coreanos, vem se hostilizando a anos, para exemplificar isso
podemos citar o ‘‘Eixo do mal’’ uma expressão utilizada pelo ex-presidente George W. Bush
em 2002 para designar países que apoiam o terrorismo ou desenvolvem armas nucleares. Na
ocasião a Coreia do Norte foi adicionada a esse grupo pelo ex-presidente. A Coreia do Norte
por vez demonstra sua força através de testes nucleares.
Para entender o cenário que a Coreia do Norte está inserida e como ela chegou a tal
situação, faz-se necessário compreender a relação que se deu entre o extremo oriente e o
13
ocidente no século XIX e XX, dando ênfase nos Estados Unidos e na China, o primeiro sendo
o inimigo, e o segundo o aliado, dos norte-coreanos.
O interesse estadunidense pela península coreana é antigo, ela se origina no final do
século XIX, com a chamada política das portas abertas. O open doors (1898) sinalizou uma
nova abordagem da política externa estadunidense, visando a Ásia como uma possível zona
de influência, a ordem regional asiática foi disputada quase metade do século XX por dois
Estados, Japão e os Estados Unidos, o primeiro contato entre esses dois Estados ocorreu em
1853, quando o presidente norte-americano Franklin Pierce (1853-1857) pede através de uma
carta a abertura do mercado japonês e o livre-comércio, ao imperador japonês.
Nas décadas seguintes o Japão passaria por reformas com o intuito de modernizar sua
indústria e seu poder militar. Em 1894 o Japão vence seu primeiro conflito contra a China,
posteriormente em 1904 o Japão entra em guerra com a Rússia, que tinha como objetivo parar
os planos da Rússia em relação a região da Manchúria e Coreia, conflito este que acaba com a
vitória do Japão (KISSINGER ,2014). O conflito pela Hegemonia na Ásia entre os Estados
Unidos e Japão ocorre na segunda guerra mundial, que se encerra em 1945 com a destruição
de Nagasaki e Hiroshima.
Os EUA iriam mandar combatentes estadunidenses novamente para a Ásia na guerra
da Coreia, sob o comando da recém-criada Organizações das Nações Unidas (ONU) com a
meta de ajudar a Coreia do Sul contra a Coreia do Norte. Os norte-coreanos por sua vez
tiveram amplo apoio tanto da União Soviética quanto da China (SARAIVA, 2007).
Como foi mostrado acima, os estadunidenses exercem sua influência na ordem
regional asiática desde o final do século XIX, e vem afirmando seu interesse na Coreia do
Norte desde então. Junto com os Estados Unidos, é necessário abordar o papel que a China
exerceu no extremo oriente no começo do século passado, e com isso tentar compreender o
poder que estes dois Estados exercem na Coreia do Norte.
O primeiro Estado a agregar o extremo oriente como sua zona de influência foi o
império chinês, durante os séculos XVI, XVII e XVIII, a China exercia sua influência na
região, tendo o Japão como o único, que não lhe pagava tributo. O reino da Coreia por vez
mantinha bom relacionamento com a China, pagando periodicamente tributos ao imperador, a
China por sua vez via a Coreia como um ponto estratégico para a defesa do império.
Essa hierarquia de poderes perdurou no extremo oriente até o século XVIII, com o
advento do século XIX, veio às tentativas da Inglaterra de estabelecer um livre-comércio com
a China, tentativas essas, que foram gradualmente recusadas. A China seria posteriormente
subjugada e dividida pelos europeus e estadunidenses no final do século XIX. Entraria em
14
guerra com o Japão em 1894, com a derrota perderia sua influência na península Coreana, e
consequentemente viria o avanço do imperialismo japonês no pacífico.
Durante quase meio século a China perdeu a península coreana como sua zona de
influência, isto atribui-se principalmente pela falta de capacidade que a China dispunha na
época para impor qualquer tipo de poder na região. Outro fator que é importante pontuar é a
ocupação Japonesa na Coreia que começou em 1910 e acabou em 1945. A China só voltaria a
exercer sua autoridade histórica na Coreia, depois da sua revolução comunista em 1949.
A intervenção chinesa na guerra da Coreia (1950-1953) identificou a importância que
a China dá a península coreana. Como será mostrado ao longo do texto com mais detalhes. A
China se envolve na questão Coreia em 1951, em virtude de uma investida militar, o exército
chinês toma Seul, mas rapidamente são expulsos pelos norte-americanos. Segundo Kissinger
(2014), os soviéticos puxaram os chineses para esta guerra para mostrar que eles precisavam
dos soviéticos em uma futura guerra. A China por sua vez via que a vitória da Coreia do Sul,
iria aumentar o poder norte-americano na região.
Autores como Vizentini e Pereira (2014) chamam a atenção que após o termino da
guerra da Coreia, a URSS e a China ajudaram os norte-coreanos a reconstruir seu Estado. Isto
ocasionou uma maior aproximação entre a China e a Coreia do Norte, esta relação perdurou
durante a guerra fria.
Trazendo novamente para o tempo presente, a China se configura hoje, sendo o
principal aliado da Coreia do Norte. Recorrendo novamente a Vizentini e Pereira (2014) os
chineses vêem a Coreia do Norte como um estado tampão. Como iremos analisar ao decorrer
do presente trabalho, a China ainda usa a Coréia do Norte para contrabalancear a influência
dos Estados Unidos no extremo oriente.
O conflito nas Coreias demostra uma oposição entra as forças atuantes no extremo
oriente. Para compreendermos a crise da Coreia do Norte, temos que analisar o
posicionamento das potências que disputam influência na região e como a imprensa
internacional, responsável pela construção de consensos entre as populações, desenvolvem
narrativas sobre estes eventos. Portanto, esta pesquisa pretende responder ao seguinte
questionamento: Como a imprensa internacional tem tratado a questão nuclear da
Coreia do Norte e suas implicações para a geopolítica da região, em relação ao teste
nuclear de 2013 e à cúpula Trump x Kim Jong-Un?
Para responder à pergunta de pesquisa, o objetivo geral traçado busca debater a
percepção da imprensa internacional sobre eventos envolvendo a questão nuclear da Coreia
do Norte em 2013 e 2018. Para o alcance deste, apresentamos a seguir os objetivos
15
específicos da pesquisa: a) analisar as tradições de política externa adotada por Japão, China,
Coreia do Sul e Estados Unidos em relação à região do Extremo Oriente; b) compreender o
processo histórico da Coreia do Norte e suas relações internacionais; c) analisar como a
grande imprensa internacional se posicionou em relação a cúpula Trump e Kim e ao teste
nuclear de 2013.
Esta pesquisa se justifica pelo fato de que nos últimos anos o Estado norte-coreano
tem se configurado como um dos temas mais abordados nas relações internacionais, junto
com a guerra civil da Síria e a crise dos refugiados.
A possibilidade, por si só, de um confronto entre dois países militarmente armado com
bombas nucleares, no caso a Coreia do Norte e os Estados Unidos, se mostra sendo de
extrema importância acadêmica. Como um futuro internacionalista, a questão norte-coreana
tem me chamado a atenção, e consequentemente, questionamentos sobre o tema foram
levantados.
Em sumo, o tema Coreia do Norte se mostra tendo grande importância no cenário
internacional da atualidade, em virtude da atuação de atores distintos na história
contemporânea da península da Coreia e da sua relevância na atual ordem regional asiática.
Por fim, o Estado norte-coreano se apresenta como um assunto de relevância acadêmica, em
razão disto, o principal objetivo deste projeto é trazer uma visão bem embasada sobre o
posicionamento dos Estados Unidos e a China e a questão Coreia do Norte, e assim,
apresentar um trabalho que sirva de ferramenta tanto para os curiosos das relações
internacionais, quanto para os profissionais da área.
1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para que se tenha uma monografia coerente, é necessário apresentar a classificação do
mesmo. O presente trabalho se configura como uma pesquisa explicativa.
Segundo Gil (2008) a pesquisa explicativa tem o intuito de abordar os fatores que
ajudam ou determinam na concretização do fenômeno. Sendo assim, se caracteriza como uma
pesquisa que visa explicar os porquês do acontecimento, apresentando os diversos fatores
externos que o influenciam.
Quanto a abordagem, ela é a qualitativa. Segundo Minayo (2001) a abordagem
qualitativa se diferencia da quantitativa, porque aborda uma realidade que não pode ser
16
numerada. Este trabalho tem como premissa analisar os objetivos e a influência de outros
atores na Coreia do Norte. A abordagem quantitativa que tem como base a utilização de
porcentagem e enumeração, não se encaixaria nesta monografia.
Em relação ao procedimento, ela se caracterizaria como bibliográfica e Documental,
pois, será baseada em livros, artigos científicos e mídia internacional. Como foi mostrado
acima, este trabalho se configura sendo: explicativa, qualitativa e bibliográfico-documental.
1.3 ESTRUTURA DA PESQUISA
Este presente trabalho terá como estrutura 6 capítulos. Na primeira parte o leitor foi
apresentado à exposição do problema geral de pesquisa, além é claro, do estabelecimento dos
objetivos gerais e específicos.
Na segunda parte será feito uma reconstrução histórica do extremo oriente, analisando
a política externa adotada pelas potências internas e externas da região.
A terceira parte terá como foco, apresentar a história da formação do Estado norte-
coreano, onde iremos dar a devida ênfase na construção do programa nuclear da Coreia do
Norte. No capítulo 4 e 5 serão descritas e analisadas as matérias coletadas nos jornais pré-
selecionados.
Por fim no capitulo 6 informaremos ao leitor as considerações finais sobre o resultado
desta monografia.
17
2 CONTEXTUALIZANDO O DEBATE NORTE-COREANO: AS POTÊNCIAS E A
PENÍNSULA COREANA EM PESRPECTIVA HISTÓRICA
Para se entender a situação atual da Coreia do Norte, se faz necessário
compreender o contexto histórico da região na qual ela está inserida. Visando uma melhor
compreensão do tema iremos abordar certos conceitos que norteiam a geopolítica mundial, e
consequentemente irão ajudar na análise do presente trabalho.
Em sua obra “a ordem mundial’’ o autor Kissinger (2014) aborda os diferentes tipos
de ordens que existem no sistema internacional. Embasado em seu texto o primeiro conceito
que iremos trazer é o da ordem mundial. Segundo o mesmo, a ordem mundial se apresenta
como uma visão, de sustentação e distribuição de poder no mundo, sendo possível a sua
aplicação no globo, essa ideia seria oriunda de uma região ou civilização (KISSINGER,
2014).
Kissinger nos diz que “Ordens regionais envolvem os mesmos princípios aplicados a
uma área geográfica definida” (KISSINGER, 2014, p. 17). Deste modo a ordem regional
carrega o conceito de ordem mundial, mas em uma região definida. Já a ordem internacional
se configuraria como tendo preceitos iguais das duas ordens já aqui citadas, mas congregaria
uma parte consideravelmente maior do mundo.
Por fim, a ordem “global” seria a aceitação mútua, de uma distribuição de poder entre
os diferentes Estados e regiões, em escala global.
Trazendo novamente a ideia de Kissinger (2014) para que se estabeleça qualquer tipo
de ordem, é necessário que haja uma balança de poder e a aceitação de um conjunto de
normas, entre os Estados residentes desta determinada Ordem. O que se apresenta hoje é uma
ordem internacional, que tem como base a ordem mundial europeia do século XVII.
A ordem mundial segundo Kissinger (2014) nunca foi de fato global. Ela surge na
Europa ocidental em 1648 por meio do Tratado de Vestfália. O tratado tinha como base
assegurar o direito da soberania estatal e estabelecer um equilíbrio de poder, que seria
assegurado através da multiplicidade dos atores estatais europeus. Devemos pontuar que a
consolidação desta ordem ocorre no século XIX, com o congresso de Viena em 1815.
De fato, a Europa Ocidental, em 1648, havia prescrito os princípios que norteariam a
vigente ordem internacional.
Os Estados Unidos, atual potência hegemônica, consolida ainda mais a ideia de uma
ordem baseada na pluralidade estatal. Os estadunidenses conseguem expandir a atual ordem
18
internacional, misturando os conceitos pré-definidos no tratado de Vestfália e o seu chamado
“Destino Manifesto”. Segundo Pecequilo (2011) o destino manifesto se apresenta como a
divina missão que os Estados Unidos têm de expandir o seu poder no mundo, sempre com o
intuito de levar a liberdade e a democracia aos povos. A visão de Kissinger vai de encontro
com a de Pecequilo ao afirmar que:
[...] alegando um Destino Manifesto enquanto negava solenemente quaisquer propósitos imperialistas; exerceu influência fundamental em importantes episódios da história ao mesmo tempo que negava qualquer motivação associada ao interesse nacional; e tornou-se uma superpotência enquanto desmentia qualquer intenção de pôr em prática uma política de poder (KISSINGER, 2014, p. 163).
Como foi mostrado acima os Estados Unidos, combina essas duas premissas para
manter e expandir a atual ordem internacional. Por vez, a ordem regional asiática, que é um
dos pontos chaves deste trabalho, apresenta uma concepção de ordem distinta das demais.
Segundo Kissinger (2014) a ordem regional asiática não é compatível com a européia,
isso se deve a alguns fatores. O autor destaca que há duas balanças de poder na Ásia, sendo,
uma no Sul e outra no Leste, isso impossibilita a pluralidade de poder que existe na Europa.
Outro ponto importante a se destacar é que diferente dos europeus, há uma constante atuação
de potências estrangeiras no continente, além é claro de uma grande mistura cultural, religiosa
e étnica, em sumo, o continente asiático contém certas peculiaridades que diferencia a ordem
regional asiática.
Este capítulo tem como objetivo analisar e compreender o jogo de poder na Ásia e no
extremo oriente, como esse jogo se relaciona com o sistema internacional e como cada ator
envolvido, tem atuado historicamente nesse jogo de poder em relação à península coreana.
Na seção a seguir será apresentado um panorama geral da Ásia, que trará aspectos
econômicos e geográficos do continente, mais principalmente apresentará como o continente
é dividido em sub-regiões. Este, sendo um fator de grande importância neste trabalho.
2.1 DESCRIÇÃO E REGIONALIZAÇÃO DO EXTREMO ORIENTE
A Ásia, como conhecemos hoje, é composta por 48 Estados, sendo lar de pessoas com
costumes e idiomas que divergem entre si.
19
Mapa 1 Mapa da Ásia
Fonte: Curso IHMC, entre 1991-2018.
Tendo uma área de 31,957,983 km² (STATISTICS TIMES, 2018) e uma população de
4,504 bilhões em 2016 (WORLD OMETERS, 2018), a Ásia se configura como o maior
continente do mundo, faz fronteira no lado ocidental com a África e a Europa, é banhado ao
norte pelo Oceano Ártico, pelo Oceano Pacífico ao leste e pelo Oceano Índico ao sul. Na
economia se destaca por ter um PIB total em 2016 de 54,566.602 trilhões de dólares
(STATISTICS TIMES, 2018).De todo o continente o maior PIB per capita é o do Catar com
US$ 124,900(2017) o menor é a da Coréia do Norte com US$1,700(2017) (INDEXMUNDI,
2018).
O termo ‘‘Ásia’’ como destaca Kissinger (2014) se apresenta como uma concepção
enganosa. Ela se origina de uma visão Eurocêntrica, se configurando mais como uma direção
cardinal, do que um espaço determinado (TOMÉ, 2010). Como o continente asiático, é o
maior do mundo, e faz fronteira com outros dois continentes, é necessário citar como se dá o
regionalismo1 na Ásia. A Organização das Nações Unidas (ONU) divide a Ásia em 5 sub-
regiões: Ásia Oriental, Ásia Central, Ásia Meridional, Sudeste Asiático e Oriente Médio.
1Segundo Vieira (2011 apud OLIVEIRA, 2009) existem dois tipos de Regionalismo, sendo um geográfico e o
artificial, o geográfico indica uma certa tendência natural que grupos humanos que compartilham regiões fronteiriças se integrem, em grande parte devido a uma identificação cultural e histórica. O artificial se refere a Estados que não fazem fronteiras uns com os outros, mais que aderem uma integração comum, geralmente esse tipo de regionalização é ocasionado através de acordos comercias.
20
Também é comum achar em pesquisas a terminologia: Subcontinente indiano e Ásia
setentrional (Mongólia e Rússia).
Por se tratar da maior organização intergovernamental do mundo, utilizaremos nesta
pesquisa, a divisão de sub-regiões referente a ONU.
Mapa 2 Sub-Regiões da Ásia
Fonte: Geografia Cotidiana, 2013
Como foi citado acima, a Ásia é dividida em 5 sub-regiões, sendo que cada uma delas
possui uma ordem regional diferente, que constituem atores que exercem influência na sua
determinada região. Ao ampliar a visão podemos perceber que cada sub-região da Ásia tem
sua própria geopolítica, o Oriente médio, por exemplo, é lar de um Estado rico como a Arábia
Saudita, o maior exportador de petróleo do mundo, mas ao mesmo tempo se passa uma guerra
civil na Síria. O Oriente Médio, por fim se configura como uma região que sofre uma
profunda interferência de países ocidentais.
Outra região que tem características diferentes é a Ásia Central, contendo 5 Estados,
todos ex-soviéticos, a região se configura como uma das mais corruptas do mundo
(TRANSPARENCY INTERNATIONAL, 2018). Em suma, a Ásia central sofre grande
21
influência da Rússia, muito em decorrência da região ter grandes reservas de petróleo e gás
natural (DUARTE, 2014).
A Ásia Meridional chama a atenção pelo rápido crescimento econômico da Índia, se
encontra hoje na lista das potências mundial, mas outro fato importante a ponderar, é a
rivalidade entre Paquistão e Índia, essa situação atrai o olhar de outros Estados da Ásia,
devido aos dois Estados serem detentores de armas nucleares. Por fim, o Sudeste Asiático que
tem como vertente, o crescimento econômico, essa região tem como principal característica
uma integração regional consistente chamada Associação de Nações do Sudeste Asiático
(ASEAN).
Tendo feito um panorama geral do continente Asiático, agora se faz necessário uma
análise mais profunda do Leste asiático ou Extremo oriente, que é a sub-região da Ásia que
está localizada a Península coreana.
Mapa 3 Extremo Oriente
Fonte: Wikitravel, 2015.
Com a ajuda do mapa e de leituras, iremos perceber, que as coreias são focos de
interesse do Japão, China e dos Estados Unidos, dito isto, irei mostrar a construção histórica
dessa ordem regional na próxima subseção.
22
2.2 RECONSTRUINDO O PROCESSO HISTÓRICO DAS POTÊNCIAS QUE ATUAM
NAS COREIAS.
Para que se tenha uma construção coerente do processo histórico que moldou a atual
ordem do extremo oriente e a situação que o Estado norte-coreano se encontra no momento, é
necessário abordar a política externa do século XIX e XX de três países chaves que são:
Japão, Estados Unidos e China.
Em primeiro, apresentaremos a política externa de Japão e da China em um único
texto, explorando o fato de que a história dos dois Estados se cruza em muitos aspectos, e
também por serem dois Estados pertencentes ao extremo oriente, dando assim a oportunidade
que haja uma maior compreensão da região. Na sequência, abordaremos aspectos como o
conflito histórico pela península coreana e a inserção destes dois estados no sistema
internacional, sempre mencionando seus interesses na península coreana.
Por último, descreveremos a atuação dos Estados Unidos no extremo oriente,
destacando o posicionamento do mesmo, nos conflitos e seu interesse na região.
2.2.1 O Japão e a China
O Japão foi o primeiro Estado asiático a apresentar uma resistência efetiva à ordem
mundial ocidental, conseguindo sair de um estado agrofeudal para uma potência
industrializada (SARAIVA, 2003). Mas para compreendermos melhor a ascensão do Estado
japonês no sistema internacional, temos que abordar o Japão feudal.
Segundo Kennedy (1987) o Japão era uma oligarquia feudal comandada por senhores
conhecido como Xogunato e uma casta de guerreiros chamados Samurais, tendo como base
um idioma complicado e uma unidade cultural muito forte. A crença japonesa afirmava que os
imperadores japoneses eram descendentes da deusa do sol, e que tinham o eterno direito
divino de governar (KISSINGER, 2014).
Devido a essa ascendência dos céus, o império japonês apresentava uma resistência à
China. O Japão, entretanto, reconhecia o poder que os chineses exerciam na ordem regional,
mas nunca o reconhecendo oficialmente. (KISSINGER, 2014).
23
Para exemplificar essa disputa pela hegemonia da região podemos citar a guerra que
ocorreu na península da Coreia no final do século XVI.
Em 1590, o guerreiro Toyotomi Hideyoshi, após ter unificado o Japão, anunciou que
marcharia pela península Coreana e dominaria o império Chinês. Com este intuito, o Japão
enviou uma carta ao Rei coreano pedindo ajuda para tal empreitada. O Rei recusa o pedido e
ainda se declara a favor da China e o que veio a seguir foi o confronto entre Japão e China em
território coreano. A batalha termina por fim com a derrota do Japão, e o restabelecimento da
antiga ordem regional (KISSINGER, 2014).
Um aspecto importante a se mencionar, é que mesmo tendo princípios culturais
diferentes, o império japonês era muito parecido com a Europa Feudal, possuía uma nobreza
agrária hereditária, um corpo de mercadores empreendedores e financistas, além de possuir
uma concentração da nobreza nas cidades. Tudo isso florescia em uma economia fechada
(HOBSBAWM, 2012), todos esses elementos possibilitaram no futuro, uma entrada de
sucesso do capitalismo2 no império japonês.
O Japão teve uma prova da nova tecnologia militar do ocidente em 1853, quando
quatro navios da marinha estadunidense desembarcaram na baia de Tóquio, com o objetivo de
entregar uma carta ao Imperador, que contava os benefícios de uma troca comercial entre os
dois países. Ao ver a tecnologia militar dos navios estadunidenses, os japoneses aceitaram a
presença estrangeira no seu país, quebrando dois séculos de Lei japonesa que tinha como
premissa expulsar qualquer navio estrangeiro dos seus portos (KISSINGER, 2014).
O Japão, em 1868, com a chegada de um novo grupo ao poder, aplicou uma série de
reformas estruturais, como a criação de ferrovias, indústrias modernas e, até mesmo, reformas
políticas como: assembleias provincianas. A ideia principal era adquirir as técnicas ocidentais,
e aplicá-las em vários âmbitos da economia. Como resultado, a moeda yen foi estabelecida
em 1871 e a construção do banco do Japão em 1882. A resposta veio rápido, em pouco tempo
o Japão virou uma potência industrial e militar (KISSINGER, 2014).
A era Meiji (1868-1912) representou a abolição do antigo sistema feudal, o que
aconteceu, em suma, foi a modificação da sociedade japonesa, dando a oportunidade aos
2O capitalismo é um sistema econômico e social, que visa a acumulação de capital. Existem atualmente quatro
fases do capitalismo: comercial, industrial, financeiro e informacional. É importante salientar que a fase do capitalismo que é abordada nesta parte do texto é a comercial e posteriormente a industrial. Outro conceito interessante do capitalismo que vale a pena mencionar é o do Wallerstein ‘‘O capitalismo e um sistema baseado na competição entre produtores livres que usam o trabalho livre com mercadorias livres"livre" significando aqui sua disponibilidade para compra e venda num mercado’’ (WALLERSTEIN, 1999, p. 461).
24
antigos senhores feudais a chance de virarem homens de negócio, mas sem nunca perder a
autenticidade cultural (PEREIRA E VIZENTINI, 2012).
O Japão nos anos posteriores, apresentaria uma política externa agressiva. Sua
ascensão como potência industrial, lhe permitia rivalizar com os interesses europeus na Ásia
oriental, o que posteriormente, levaria o país a dois confrontos, o primeiro com a China e o
segundo com a Rússia.
O primeiro embate entre Japão e China, na era contemporânea, se deu em 1873, com
a incursão punitiva japonesa a uma tribo em Taiwan. Os anos posteriores foram seguidos de
um clima hostil entre os dois países e o conflito militar se daria de fato em 1894, na península
Coreana.
Tanto Japão, quanto China, olhavam para a Coréia como um ponto estratégico. Para os
chineses era um corredor que poderia ser usado pelo Japão para invadir a China, para os
japoneses representavam um reino que se fosse dominado por potências estrangeiras poderia
pôr o Japão em perigo (KISSINGER, 2011). Logo os interesses dos dois impérios ficaram
incompatíveis.
Em 1894 tropas japonesas e chinesas desembarcam na Coreia em virtude de uma
rebelião. O conflito então teve início e se estendeu por mais de um ano. O Japão por possuir
uma tecnologia bélica mais avançado detinha a vantagem e, por fim, saiu vitorioso. Como
resultado, é firmado o tratado de Shimonoseki, que concedia Taiwan ao Japão, além de
obrigar a China a reconhecer a independência do novo governo coreano (pró-Japão) em
detrimento do antigo, que era pró- chinês. E por fim, a China teve que entregar a península de
Liaodong, na Manchúria para o Japão (criando assim um conflito de interesses com a Rússia).
O avanço do Japão no extremo oriente, a interferência no norte da China e a aquisição
de territórios na Manchúria, levantou uma rivalidade com o expansionismo russo,
ocasionando uma guerra que durou de 1904 a 1905, que culmina na primeira vitória de um
país asiático contra uma potência europeia. A aliança com a Grã-Bretanha em 1902 e a guerra
com a Rússia, mudou o panorama da ordem regional asiática, o Japão estava demonstrando
suas aspirações como potência (SARAIVA, 2003).
Como demonstra Kissinger (2014), o Japão estabeleceu uma aliança com os
ocidentais, não para promover uma cooperação entre ambos, mas sim, com o intuito de
expulsar as potências da região. Com estas duas vitórias (China e Rússia) o Japão estabeleceu
ainda mais seu poder no Extremo oriente, chegando a ocupar a península coreana de 1910 a
1945.
25
É necessário destacar, que além de fornecer uma posição estratégica para uma futura
investida na China, a ocupação japonesa na Coreia, trazia também vantagens econômicas,
como destaca Miyazaki (2002) através da expansão territorial, o Japão conseguia exportar
seus produtos manufaturados e, paralelamente, importar matéria-prima e alimento. A Coréia
servia então, como uma economia colonial, que tinha como função importar produtos
japoneses com valor agregado e exportar commodities (MIYAZAKI, 2002 apud BEASLEY,
1963).
Quase uma década após ter vencido a Rússia, o Japão entraria em 1914 na primeira
guerra mundial, ao lado da então Tríplice Entente. Em seu livro, a “Era dos Extremos”
Hobsbawm (1994), pontua que o Japão só combateu na sua região e tinha como objetivo
adquirir as posses alemãs no Oriente Médio e no Pacífico. A primeira guerra mundial trouxe
também ganhos financeiros, durante o conflito o Japão conquistou o mercado de tecidos na
China e ampliou seu transporte comercial marítimo durante a guerra (SAITO, 2012).
Posteriormente, os anos 20 se configurou como uma década de transformação na
política interna japonesa, que mais tarde se transformaria em um regime Fascista.
Como destaca Bernardo (2015), com o termino da primeira guerra mundial, pequenos
grupos nacionalistas radicais foram se formando, no começo, esses grupos eram formados por
civis e, aos poucos, alguns oficiais foram aderindo a esta ideologia, que tinha como princípio
o estabelecimento de uma política expansionista, além de expulsar a presença norte-americana
da Ásia. Pode-se dizer que a propagação do fascismo no Japão, teve como propulsor as
restrições estabelecidas pelas conferencias de Washington (1921-1922), a crise financeira de
1927 e por último a ascensão em 1929 de um primeiro ministro que aplicava uma política
anti-expansionista e de conciliação com as potências ocidentais. O que se sucedeu, foi o
assassinato do primeiro ministro em 1931. O exército se aproveitando da situação, invade a
Manchúria no mesmo ano (SAITO, 2012).
Se tratando em política externa, na visão de Saraiva (2003), o Japão, devido à baixa
capacidade financeira de importar produtos e as restrições impostas pelos estadunidenses,
teria 3 opções: fazer uma aliança com as potências ocidentais, se contentar com o seu poder
regional e cobrir suas necessidades com ele, ou enfrentar a ordem internacional em um
conflito armado.
A anexação da Manchúria em 1932 significou a vitória do fascismo no Japão,
concretizando assim uma política voltada ao expansionismo e a um possível combate direto
com as potências ocidentais. Deste modo, o avanço do Estado japonês se deve a uma
necessidade econômica, como a obtenção de matéria prima e a abertura de novos mercados
26
para apaziguar a sua crise econômica, mas também se deva a propagação de uma ideologia
ultranacionalista e antissocialista.
Em 1936, o Japão assinaria o Pacto Anticomintern com a Alemanha, que assegurava
uma aliança contra o comunismo soviético, invadiria a China em 1937 e em 1939 entraria na
segunda guerra mundial ao lado de Alemanha e Itália. Segundo Kissinger (2014), o Japão
queria estabelecer uma ordem regional asiática livre de potências ocidentais, que seriam
lideradas pelo Japão. Desde o final da primeira guerra mundial, a única potência ocidental que
ainda exercia poder na Ásia era os Estados Unidos, os estadunidenses representavam o
principal obstáculo, na realização do plano japonês.
O conflito entre os dois Estados se daria em 1941, após o ataque a Pear Harbor. O que
se sucedeu adiante, foi a derrota japonesa na segunda guerra mundial e a destruição de
Nagasaki e Hiroshima em 1945, seguida pela ocupação de tropas norte-americanas no
território japonês, que perdurou até 1952.
Com a desocupação estadunidense, o Japão passaria por uma reforma estrutural
interna, que implicaria na construção de uma democracia constitucional e a aplicação de uma
nova política externa, que consistia entrar na nova ordem internacional, como um aliado dos
Estados Unidos (KISSINGER, 2014).
Tendo abordado o contexto da política externa do Japão no extremo oriente, nós
iremos agora dar a devida ênfase na construção histórica da China na região.
A China e o Japão do século XVI apresentavam características parecidas, ambas
aplicavam um isolacionismo contra os estrangeiros, e também detinham concepções parecidas
em relação ao direito divino de governar, isto por muitas vezes, causava um embate entre os
dois impérios. A diferença mais notável entre a China e o Japão é sua geografia e demografia,
e principalmente o caminho que foi adotado para se lidar com as potências ocidentais.
A China, de todos os impérios, se apresentava o mais promissor. Continha dentro do
seu território, planícies férteis que eram alimentadas por um complexo sistema de irrigação
(KENNEDY, 1987). Possuíam um governo centralizado na figura do imperador, que tinha o
chamado ‘‘mandato celestial’’ para governar não só o ‘‘império do Meio’’ mas sim, tudo
aquilo que está abaixo do sol. A população chinesa era outro aspecto que se destacava no
império, há estimativas que a população chinesa do século XVI era entre 100 a 300 milhões,
contra 50-55 milhões da Europa. Com esse tamanho populacional a China carregava até o
século XV a maior renda per capita do mundo (LYRIO, 2010).
Parecida com o Japão, a política externa chinesa do século XVIII era baseada na
preservação da cultura e seus costumes, rejeitavam a noção de mundo dos estrangeiros no
27
qual eles chamavam de ‘‘bárbaros’’. Como observa Kissinger (2011), a China os tratava com
imparcialidade, mas nunca com igualdade. O comércio era muito restritivo, não era permitido
a comerciantes estrangeiros desbravar o interior do país, além de que, no inverno, todos os
barcos estrangeiros eram obrigados a ir embora. Com um mercado consumidor dotado com
este potencial e uma política externa isolacionista, o império ‘‘centrista’’ estava em rota de
colisão com as potências capitalistas, que continham uma gama de preceitos e valores
distintos da sua.
O primeiro contato entre as duas concepções de mundo se daria, com a Inglaterra. Este
embate ficaria mais evidente nas palavras do historiador Francês Alain Peyrefitte “Se a China
continuasse fechada, as portas teriam de ser derrubadas’’. (KISSINGER, 2011, p.38).
A primeira missão inglesa para a abertura de mercado ocorreu em 1793. Na ocasião o
Lord George MaCartney vai a China com a missão de obter acesso a mais portos chineses e
posteriormente a abertura de uma embaixada inglesa, mas ambas as propostas foram
rejeitadas pelo imperador, pois na sua visão os comerciantes ingleses eram mais uma “tribo
bárbara” (KISSINGER, 2011).
Os oficiais ingleses não entrariam em contato com a corte chinesa por vários anos,
muito em decorrências das guerras napoleônicas (KISSINGER, 2011), China e Inglaterra
entrariam em guerra posteriormente em 1839, com a chamada ‘‘Guerra do ópio’’.
Em meados do século XIX, a Índia, então uma colônia Inglesa, era o maior produtor
de papoula do mundo, o imposto cobrado pelo cultivo e o tráfico do ópio gerava um grande
lucro ao governo inglês, em pouco tempo, o ópio se tornou o produto mais importado pela
China (PEREIRA E VISENTINI, 2012).
Em decorrência dos efeitos que o vício do ópio traz a sociedade, a corte chinesa
decidiu erradicar a comercialização da droga, em 1839 o oficial Lin Zexu prende todos os
comerciantes estrangeiros anunciando que iria libertá-los depois que entregassem sua
mercadoria. A resposta do governo inglês se deu no envio de uma frota de navios que tinham
a missão de bloquear os principais portos chineses, a partir destes acontecimentos, se iniciou a
guerra do ópio que ocorreu entre 1839-1842, que acaba com a derrota chinesa, muito em
decorrência da diferença entre as forças militares chinesas e inglesas.
Com a vitória inglesa, é firmado o tratado de Nanquim em 1842, que concedia a
abertura de 5 portos chineses ao comércio e a concessão de Hong Kong aos ingleses. No ano
seguinte, a Inglaterra consegue o privilegio da nação mais favorecida e o direito da
“extraterritorialidade”, que assegurava aos estrangeiros o cumprimento da lei do seu país de
origem, e não mais a chinesa. Segundo Kissinger (2011), as concessões cedidas a Inglaterra
28
não significaram só a exploração do povo chinês, perante uma potência estrangeira, mais sim,
um abalo no mandato celestial que os imperadores chineses sustentaram por tanto tempo.
Mesmo em tempos turbulentos, a China ainda mantinha a convicção que eram o
império do meio, o centro da civilização do mundo. Eles ainda chamavam os estrangeiros de
bárbaros, que se recusavam a aprender com o ocidente (HOBSBAWM, 2012).
Com o intuito de não ser dominado por uma única potência (Inglaterra), a china
aplicou uma política, que nas palavras do funcionário Wei Yuan seria “Usar bárbaros contra
bárbaros”, a estratégia consistia em proporcionar os mesmos privilégios a todas as outras
nações estrangeiras, através da clausula da nação mais favorecida (KISSINGER, 2011).
A China com o passar dos anos atraía mais potências estrangeiras, especialmente os
Estados Unidos e a França, que procuravam os privilégios que o mercado consumidor chinês
oferecia. O segundo ponto alto do conflito chinês com os ingleses ocorre em 1856, quando um
navio inglês é inspecionado por autoridades chinesas, e a alegação de desrespeito a bandeira
inglesa, foi o suficiente para levantar uma situação de conflito entre os dois países
(KISSINGER, 2011).
O resultado deste embate foi o tratado de Tianjin em 1858, que garantia a fixação de
uma embaixada inglesa em território Chinês. Nesse contexto, a China se caracterizava como
um território sendo disputado por nações estrangeira. O imperador acabara virando submisso
de tais potências, e ainda, convivia com as revoltas internas, como a de Taiping e a de Nian.
Se aproveitando da fragilidade chinesa, a Rússia Czarista aplicaria um imperialismo3
com o intuito de aumentar seus domínios. A estratégia russa consistia em se oferecer como
um mediador para a China em relação às ambições das potências ocidentais. Como forma de
pagamento a Rússia exigiu a chamada Manchúria exterior e mais uma cidade portuária e de
uma só vez a Rússia conseguiu uma base naval no mar do Japão e uma área que abrangia
cerca de 900 mil metros do território que antes pertencia a China (KISSINGER, 2011).
A China em 1860 perdera território para a Rússia, o mandato celestial estava cada vez
mais desacreditado pelas revoltas internas. Em meio a esses problemas a China ainda tinha
uma relação de desconfiança com o seu vizinho asiático, o Japão. Essa situação fica mais
visível nas palavras que o diplomata chinês Li Hongzhang profere em 1863:
3O imperialismo é fruto de uma política expansionista e territorial, que visa expandir seus domínios em troca do
detrimento de outras nações. O autor Hobson (1902) destaca que o imperialismo não tem como objetivo favorecer a nação como um todo, mais sim certos grupos que através do seu poder conseguem impor está política ao país.
29
Seu poder cresce a cada dia, e sua ambição não é pequena. Desse modo eles ousam exibir sua força em terras ao leste, desprezam a China e empreendem a ação de invadir Taiwan. Embora as diversas potências europeias sejam poderosas, elas continuam a 70 mil de distância de nós, ao passo que o Japão fica tão próximo quanto o pátio ou limiar e está se intrometendo em nosso vazio e solidão. Sem dúvida, ele vai se tornar uma causa permanente de grande ansiedade para a China (KISSINGER, 2011, p. 60).
Como foi mostrado acima, china e Japão entraram em guerra em 1894, na ocasião o
Japão saiu vencedor e a China perdeu a influência que tinha na península coreana. Quatro
anos depois da guerra sino-japonesa, a China encararia mais uma turbulência interna.
A Revolta dos Boxers em 1898-1900, que ocasionou uma interferência ainda maior de
Estados estrangeiros no território chinês e a formulação de outro acordo desigual que obrigava
o império chinês a pagar uma indenização e concedia mais direitos a eles, junto com a derrota
chinesa na primeira guerra sino-japonesa, balançaram o poder da Dinastia Qing
(KISSINGER, 2011).
Após séculos no poder a Dinastia Qing caiu em 1912, criando assim um vácuo na
liderança do Estado chinês. O primeiro líder a assumir o poder foi Sun Yat-sen, ficando
miseras 6 semanas, o poder é passado a Yuan Shikai, um comandante militar, que tinha como
objetivo unificar o país. A morte de Yuan em 1916 abriu uma nova disputa pelo poder.
Durante os próximos 5 anos o poder na China foi fragmentado em pequenos governantes, que
exerciam sua força, através de seus pequenos exércitos.
A década de 1920 seria marcada, pelo conflito entre dois partidos: o partido nacional e
o partido comunista. É importante pontuar que os dois partidos, visando uma China unida,
formaram uma parceria chamada de ‘‘frente unida’’ que tinha como objetivo acabar com os
governantes locais (SILVA, 2015).
Devido as diferenças ideológicas, em 1926 a frente unida é desfeita, e o que se sucede
é uma disputa pelo controle da China.
A China neste período já não sofria muitas interferências externas, buscando
novamente a visão de Kissinger (2011). As potências europeias não conseguiam exercer sua
influência na China como antes, mal seguravam as conquistas que já tinham. A única ameaça
efetiva era o Japão.
Com a invasão e ocupação do Japão, na segunda guerra mundial, os chineses se viram
mais uma vez no controle de um país estrangeiro. Com o fim da guerra, a disputa pelo poder
central da China se tornou novamente a principal questão a ser resolvida, no começo a URSS
reconhecia o partido nacionalista como detentora do poder, mais por traz, conspirava e
fornecia armas ao partido comunista (KISSSINGER, 2011).
30
Com a vitória do partido comunista em 1949, é declarada a republica popular da
China, sobre o comando de Mao Zedong.
2.2.2 Os Estados Unidos
Os Estados Unidos no final do século XIX tinham condições econômicas de rivalizar
com qualquer potência europeia. Seu tamanho continental, seu mercado interno dinâmico é
bem protegido, tendo abertura somente para mão-de-obra e investimento externo direto,
possibilitavam o sonho de se chegar ao topo. Os Estados Unidos foi o Estado que mais se
beneficiou com o livre comercio britânico (ARRIGHI, 1994).
Mesmo tendo tais condições os estadunidenses aplicavam um isolacionismo, baseado
na doutrina Monroe, o lema ‘‘América para os americanos’’ ainda estava em vigor. Segundo
Pecequilo (2011), a política externa americana passa por uma mudança em 1898 com a guerra
Hispano-Americana e a política Open Doors, passando brevemente. O primeiro foi um
conflito armado entre Estados Unidos e Espanha, pela independência de Cuba, este acaba
sendo a primeira guerra entre os Estados Unidos (como Estado formado) contra uma potência
europeia, por fim os estadunidenses ganham o conflito e aumentam sua influência em Cuba.
Mesmo antes do Open Doors, os Estados Unidos já tinham feito contato com o
extremo oriente, especificamente com o Japão em 1853, através de uma carta entregue pelo
Comodoro Matthew Perry, que tinha como objetivo aconselhar o imperador japonês a aderir
um livre comércio com os estadunidenses. Diferente do primeiro encontro com os japoneses,
o Open Doors, significou a primeira interferência direta e efetiva dos estadunidenses no
extremo oriente, sendo a China essa porta de entrada.
O Open Doors nasceu com dois objetivos específicos: o primeiro era impedir que a
China fosse dividida por potências europeias e a segunda, e mais importante, era conquistar o
mercado consumidor chinês (ANDERSON, 2015). Essa ideia foi oficializada em 1898,
através da nota do secretário de Estado Jonh Hay, que afirmava que todos os empreendedores
estadunidenses deveriam ter os mesmos direitos que as outras potências na China, e por
última afirmava que os Estados Unidos deveriam agir para manter a integridade territorial do
Estado chinês (PEQUILO, 2011).
A transformação da política externa norte-americana pode ser analisada através de
algumas razões, a primeira foi o declínio da Grã-Bretanha como potência hegemônica, que é
31
ocasionada pela formação do Estado Alemão e a ascensão econômica dos EUA (ARRIGHI,
1994) e a segunda pode ser caracterizada como a necessidade estadunidense, de matéria prima
e mercados externos para que se consiga manter o crescimento econômico e, por último, a
exploração do Pacífico, que era considerado uma extensão natural dos Estados Unidos
(PECEQUILO, 2011).
Seguindo ainda Pecequilo (2011), os Estados Unidos estavam se projetando na ordem
internacional vigente, por meio do seu poder econômico, e não aderindo a guerra, desse modo
eles conseguiam cumprir seu ‘‘destino manifesto’’ e atingir seus interesses nacionais.
Com a chegada de Theodore Roosevelt4(1901-1909) à presidência, os Estados Unidos
iriam exercer seu poder no sistema internacional. Roosevelt era um cosmopolita com
formação na Europa, detinha um bom conhecimento sobre a história do continente europeu e,
portanto, entendia bem a necessidade de que se tenha um equilíbrio de forças no cenário
Europeu.
Sua política externa seria conhecida como big stick, nas suas palavras os Estados
Unidos teriam que “falar manso e carregar um enorme porrete”.
O avanço estadunidense para o pacifico, como dito acima, era considerado algo
natural, os Estados Unidos primeiro tomaram as Filipinas em 1898 como sua colônia,
posteriormente integraram o Havaí como seu estado no mesmo ano. Os Estados Unidos por
meio do seu poder econômico e militar estava construindo uma zona de influência no pacifico
e na Ásia. Seus interesses logo entrariam em conflito com os japoneses.
Roosevelt via com bons olhos o desenvolvimento acelerado do Japão, ele acreditava
que os japoneses poderiam contrabalancear a presença russa no extremo oriente. A previsão
de Roosevelt se provou estar certa na guerra russo-japonesa em 1905, conflito na qual o Japão
saiu vencedor, e passou a controlar a Coréia. Na ocasião Roosevelt descreveu a posição da
Coreia em relação ao Japão, nas suas palavras:
Corea pertenece por completo a Japón. Desde luego, en un tratado se acordó solemnemente que Corea seguiría siendo independiente. Pero la propia Corea no tenía fuerzas para aplicar el tratado, y era inimaginable que alguna otra nación [...] intentara hacer para los coreanos lo que éstos eran absolutamente incapaces de hacer por sí mismos (KISSINGER, 1996, p. 21).
4Roosevelt foi o primeiro presidente a anunciar abertamente a posição dos Estados Unidos como potência
mundial, ele era por natureza um político que tinha como orientação o realismo político. (PECEQUILO, 2011)
32
O Japão não só se igualou com a Rússia, mas superou-a. Em pouco tempo Roosevelt
começou a ver o Japão como uma ameaça ao equilíbrio de poder na Ásia. Um dos temores
dele era perder sua posição no sudeste asiático, através de uma futura investida japonesa nas
ilhas do Havaí (KISSINGER, 2014).
Com a chegada de Woodrow Wilson (1913-1921) à presidência e o advento da
primeira guerra mundial, a atenção dos Estados Unidos teve que ser mudada para o conflito
que se alastrava na Europa. Wilson trouxe com ele, como destaca Anderson (2015) um
discurso ‘‘messiânico’’, que lembrava das virtudes que a nação tinha, propagando a todos a
missão que os Estados Unidos tinham de guiar o mundo a liberdade.
Depois de assistir por 3 anos a guerra na Europa, os Estados Unidos declaram guerra à
Alemanha em 1917, Pecequilo (2011) destaca que a expansão do poder estadunidense só seria
possível em um ambiente internacional estável, o fato de uma potência contrária aos
interesses norte-americanos, dominar o continente era inconcebível. Anderson (2015) salienta
que a entrada na primeira guerra mundial não foi devido a um objetivo especifico, mais sim a
uma decisão do presidente Wilson. Kissinger (2014) vai de encontro com a análise de
Anderson, afirmando que Wilson colocou os Estados Unidos na guerra, por meio de seus
discursos, de que os Estados Unidos tinham um compromisso em consolidar a paz pela
democracia.
Com o fim da primeira guerra mundial e a saída do presidente Wilson em 1921, os
Estados Unidos abdicaram do seu papel na reformulação do cenário Europeu e viraram seus
olhos para a Ásia, focando seus esforços para interromper o avanço do imperialismo japonês
no Pacifico.
O Japão por meio de uma política militarista e nacionalista virara a principal
preocupação na Ásia (PECEQUILO, 2011). A posição dos Estados Unidos estava ameaçada
no extremo oriente e os estadunidenses corriam o risco de perder um mercado consumidor
como o chinês. Para evitar esta situação, os Estados Unidos elaboraram certas medidas que
seriam necessárias para parar a investida japonesa na Ásia: primeiro os estadunidenses teriam
que impedir a renovação do acordo anglo-japonês, segundo teriam que limitar a marinha
japonesa para 3 navios em relação a 5 dos estadunidenses e ingleses e impedir que o Japão
quebre o Open Doors com a China e, por último, assegurar o status Quo das ilhas do pacífico
(SARAIVA, 2003).
As conferencias de Washington (1921-1922) se mostraram até certo uma boa
ferramenta para conter o expansionismo japonês, por meio delas, foi delimitado que a marinha
japonesa seria menor que a estadunidense e inglesa, outro ponto acordado foi à neutralidade
33
com a China das quatro potências (EUA, Japão, França e Inglaterra), em contrapartida
nenhuma base naval poderia ser construída em uma distância que pudesse atacar os japoneses.
Os acordos no começo foram considerados um avanço na diplomacia entre EUA e
Japão, em longo prazo o que aconteceu de fato, era que o Japão tinha agora o Extremo oriente
como zona de atuação, e nenhuma potência para interferir (LOWE, 2011).
Os Estados Unidos, viram o Japão invadindo a Manchúria em 1931, estabelecendo um
acordo com a Alemanha em 1936 e invadindo a China em 1937, os norte-americanos
observaram esses eventos e se mantiveram neutros. Essa posição pode ser explicada pela volta
do isolacionismo estadunidense, recorrendo a obra de Pecequilo (2011), os Estados Unidos,
após a primeira guerra mundial, decidiram se abster dos eventos que ocorriam na Europa e na
Ásia, contrariando assim a Política externa exercida por Roosevelt e Wilson, a ‘‘grande
depressão’’ de 1929 contribuiu ainda mais para esse posicionamento.
Mesmo tendo um congresso que sancionou a neutralidade dos Estados Unidos durante
toda a década de 30, o presidente Franklin Delano Roosevelt (1933-1945), via o perigo que a
Alemanha e, principalmente, o Japão representavam aos interesses estadunidenses. Através
dos esforços de Roosevelt, o congresso concordou que os Estados Unidos oferecessem ajuda a
Inglaterra. A entrada na guerra se daria em 1941 com o ataque a Pearl Harbor (KISSINGER,
2012).
A participação dos Estados Unidos na guerra se daria em duas frentes, atlântico e
Pacífico. É importante salientar que durante a maior parte da sua participação na guerra, os
estadunidenses enviaram mais tropas ao Pacifico, com o intuito de combater o Japão, do que a
Alemanha na Europa. A sua demonstração de força se daria em Nagasaki e Hiroshima.
Com o fim da segunda guerra mundial, a posição hegemônica dos Estados Unidos se
tornava evidente. A ordem regional asiática, com o fim do conflito, também passara por
mudanças. A hierarquia de forças no extremo oriente tinha agora entrado em uma nova era.
Os Estados Unidos viam a China como um futuro aliado, mais a revolução comunista
em 1949 e a aproximação de Mao Zedong com Stalin, frustraram seus planos. Para equilibrar
o poder, os Estados Unidos teriam que reconstruir o Japão, para que este atuasse como aliado
estadunidense na região e contrabalanceasse o potencial que a China tinha como futura
potência (ANDERSON, 2015).
O extremo oriente se encontrava no final da década de 40 dividido, de um lado o Japão
apoiado pelos Estados Unidos, conseguiam equilibrar o poder que a China por meio da URSS
exercia, a tensão na região seria visível em 1950 com a guerra da Coréia.
34
O acordo de Yalta em 1945 tinha determinado que o local onde as tropas soviéticas e
estadunidenses estivem estacionados, seriam consideradas a sua zona de influência, na
ocasião, os Estados Unidos ficaram com a maior parte do mundo (WALLERSTEIN, 2004).
Na Ásia, o acordo assegurava o Pacífico para os Estados Unidos e o nordeste asiático para a
União Soviética (SARAIVA, 2003).
Durante quase meio século, a península coreana havia ficado sobre controle do
Japão, quando a segunda guerra mundial terminou, os EUA controlavam o Sul da ilha e o
URSS o Norte, cada um estabeleceu uma forma de governo (KISSINGER, 2014).
A República Democrática Popular da Coréia é proclamada em 1948, com a liderança
de Kim Il-Sung, a Coréia do Norte então estava formada, a Coréia do Sul proclama sua
independência no mesmo ano.
Em pouco tempo a convivência entre os dois Estados se tornou insustentável, revoltas
e assassinatos se tornaram corriqueiros (SARAIVA, 2003) e, em 1950, os norte-coreanos,
ultrapassam o paralelo 38 e iniciam a guerra, tendo como objetivo a unificação da Coréia.
No seu livro ‘‘Diplomacia’’ Kissinger (2012) explica que o conflito ocorreu devido a
uma análise errada, os soviéticos não acreditavam que os Estados Unidos iriam interferir
militarmente numa investida norte-coreana, e essa visão foi embasada no discurso equivocado
de um general norte-americano que afirmava que a Coreia do Sul não estava em seu círculo
de defesa, contrariando assim a política externa defendida por Truman.
Em resposta à invasão norte-coreana, os Estados Unidos, por meio das Nações Unidas,
enviaram tropas para conter a investida da Coréia do Norte. É importante dar a devida ênfase
no fato que os Estados Unidos, aproveitando o espontâneo afastamento soviético do conselho
de segurança (motivado pela vontade de substituir Taiwan pela China) conseguiram aprovar a
entrada da ONU na guerra da Coreia (KISSINGER, 2014). Seguindo o exemplo do conselho,
a assembleia geral consentiu com a entrada por meio da resolução 82 e 83.
Em pouco tempo as tropas ocidentais conseguiram empurrar os norte-coreanos até o
rio Yalu. A China, vendo a derrota dos norte-coreanos, resolveu intervir militarmente.
Hobsbawm (1995) destaca que os norte-americanos se envolveram oficialmente na guerra,
mas os soviéticos não, Pecequilo (2011) segue esta linha de pensamento afirmando que a
União Soviética evitava um enfrentamento direto com os Estados Unidos.
Em 1951, após China e Estados Unidos terem suas tropas estacionadas no paralelo 38,
é elaborado em armistício, que entra em vigor em 1953, parando assim a guerra da Coréia.
35
Os Estados Unidos, como foi abordado durante o texto, tem uma política externa
específica voltada para a Ásia, percebe-se isso com a política do Open Doors e posteriormente
com a guerra da Coréia.
Citando Kissinger (2014) os Estados Unidos, desde o século XIX tem como objetivo
impedir a formação de uma potência hegemônica na Ásia.
Deste modo, a ordem regional asiática tem uma complexidade diferente das demais,
sendo seu principal ponto a inclusão de potências estrangeiras que não habitam
geograficamente seu continente (KISSINGER, 2014)
2.2.3 Coreia do Sul
O armistício da guerra da Coreia decretou uma realidade regional que perdura até os
dias atuais, então, antes de darmos a devida ênfase na questão norte-coreana, devemos
abordar a atuação da Coreia do Sul na região, trazendo aspectos como a sua parceria
estratégica com os Estados Unidos e a sua atuação como opositora ao regime ditatorial da
Coreia do Norte.
Os primeiros anos da Coreia do Sul no pós-guerra se mostraram sendo desafiadores, o
primeiro ato foi à consolidação de Syngman Rhee na presidência, que contava com amplo
apoio norte-americano. Rhee teve como primeira missão, reconstruir um Estado devastado
pela guerra, para isso, aplicou uma política econômica voltada ao subsídio estatal a indústrias,
em contrapartida enfraqueceu a agroindústria. Durante os primeiros anos do governo de Rhee,
os Estados Unidos desempenharam um papel de apadrinhamento aos sul-coreanos, investiram
grandes remessas principalmente na indústria militar (KIM, 2005), inclusive recebendo
armamento nuclear norte-americano em 1958.
A reconstrução da península coreana teve como principal pagador, as potências da
guerra fria. Cada um investia em seu aliado regional, embora a recuperação econômica inicial
da Coreia do Norte tenha se dado em uma velocidade superior ao seu vizinho sul-coreano
(VISENTINE E PEREIRA, 2012). A Coreia do Sul, em longo prazo, se tornou uma economia
com maior força competitiva e uma indústria tecnologicamente mais avançada. Em sua obra
Brites (2014) expõe, que após o golpe militar de 1961, a Coreia do Sul fomentou uma política
econômica que tinha como base empréstimos bancários a juros baixos a empresas que
queriam se industrializar. Em paralelo, a Coreia do Sul sob o governo de Park Chung Hee
36
(1961-1979), afastou o sentimento revanchista que existia em relação a ocupação japonesa, e
promoveu um tratado de relações básicas com o Japão (BRITES, 2014).
Desde a sua formação como Estado soberano, a Coreia do Sul teve como principal
aliado os Estados Unidos. Essa parceria se mostrou muito vantajosa para os dois lados. Os
sul-coreanos utilizaram da ajuda norte-americana para sobrepujar as suas falhas econômicas e
militares (XAVIER, 2016). Os estadunidenses por vez, buscaram estabelecer uma cooperação
triangular, Estados Unidos-Japão-Coreia do Sul logo após a segunda guerra mundial, como
um meio de concretizar um esquema arquitetônico de equilíbrio de poder no extremo oriente.
Focalizando agora na Coreia do Sul, que é o cerne deste tópico, os norte-americanos se
propuseram a fortificar o Estado sul-coreano com o intuito de travar o avanço soviético na
Guerra fria. Magalhães (2006) destaca que o equilíbrio na península coreana era visto com
bons olhos e que deste modo, os Estados Unidos e a União Soviética aplicaram seu poder
econômico e militar durante a década de 1970 e 1980, de modo a neutralizar uma possível
nuclearização de ambas as coreias.
A dissolução da URSS e o fim da bipolaridade, trouxe uma nova perspectiva sobre o
futuro da península coreana, pois os atores presentes na região tiveram que se adaptar ao novo
jogo de poder que estava se formando. A Coreia do Norte buscou uma reaproximação com a
Coreia do Sul (ver 3.1), as tratativas de paz e as rodadas de negociações entre os Estados
Unidos, Coreia do Sul e Coreia do Norte, que tem como objetivo a desnuclearização da
Coreia do Norte acabam ganhando força na década de 1990.
Como afirma Pecequilo (2012), a ascensão chinesa e a sua confirmação como a
segunda maior potência do mundo em 2010, em conjunto com a recuperação do poderio
regional russo, se configurou como um novo desafio aos Estados Unidos e seus aliados no
extremo oriente. Os Estados Unidos agora têm como premissa o medo de um avanço da
influência chinesa na região para fortalecer sua parceria Japão-Coreia do Sul e assim
fortalecer econômica e militarmente sua posição na Ásia (PECEQUILO, 2012).
Essa subseção teve como objetivo dar aspectos gerais da reconstrução sul-coreana no
pós-guerra, mas teve como principal motivo, esclarecer para o leitor, a influência japonesa e
principalmente estabelecer o peso que os Estados Unidos têm na tomada de decisões na
política externa sul-coreana e o relacionamento que o mesmo tem com o seu vizinho, a Coreia
do Norte. Além de construir o processo histórico da região e da península coreana, é
necessário dar a devida atenção a questão nuclear norte-coreana, que tem sido o principal foco
de tensão na região nos últimos anos. Na sequência da narrativa, abordaremos na próxima
37
seção a construção histórica do debate nuclear norte-coreano, relacionando o mesmo, com a
geopolítica do extremo oriente.
38
3 A CONSTRUÇÃO DA CORÉIA DO NORTE NO PÓS-GUERRA: DA
INFLUÊNCIA DE GRANDES POTÊNCIAS AO ARMAMENTO NUCLEAR
Na primeira parte deste trabalho abordamos a construção histórica da região do
extremo oriente, da qual a península coreana faz parte. Trouxemos as diferentes atuações de
grandes potências como os Estados Unidos, Japão e China, sempre mostrando seus papeis de
grande importância na região. Com o objetivo de clarear e sintetizar o tema Coreia do Norte,
o presente capítulo tem como intuito apresentar a formação do Estado norte-coreano no pós-
guerra da Coreia (1950-1953), o papel de grandes potências na reconstrução da Coreia do
Norte e o alinhamento de sua política externa, explorando a criação do programa nuclear
norte-coreano.
3.1 RECONSTRUINDO A CORÉIA DO NORTE
Antes de aprofundar o debate acerca da criação do Estado norte-coreana, é necessário
pontuar uma característica que a Coreia do Norte apresenta ainda nos dias de hoje, que é o
isolacionismo como uma herança cultural.
Diferente da Coreia do Sul, os norte-coreanos demonstram um vestígio desta prática,
por meio da sua falta de diplomacia internacional e de parceiros nas áreas político-econômica,
a falta de misturas étnicas evidencia esta particularidade da Coreia do Norte, isto se deve ao
fato de que a península coreana, durante a sua era monárquica praticava um isolacionismo
muito forte, ao ponte de ser chamada de ilha ermitão, pelos seus vizinhos China e Japão. Uma
característica que por fim foi herdada principalmente pela Coreia do Norte. Dito isto iremos
abordar a fundo agora o nascimento do Estado da Coreia do Norte.
Com o fim da guerra da Coréia, ambos os Estados se encontravam destruídos, os anos
posteriores foram marcados como um período de reconstrução. No caso norte-coreano, o que
se sucedeu foi uma industrialização, patrocinada por chineses e soviéticos, além da
concretização de Kim II Sung como “líder supremo” da Coréia do Norte (LOWE, 2011).
Antes de reforçar a atuação de tais potências, é necessário pontuar a formação da
filosofia “Juche”, a principal ideologia que moldou o pensamento norte-coreano. A filosofia
Juche ou Zuche é o sistema ideológico implementado por Kim II Sung nos anos 1960 na
39
Coreia do Norte, se configura hoje como o princípio que norteia a política externa e interna do
Estado norte-coreano (MARTINEZ; MARTINS, 2016).
Essa filosofia tem como base quatro princípios: a autossuficiência econômica,
autonomia na ideologia, independência na política e independência na defesa.
A ideologia e independência política eram mais voltadas para a esfera social, tinham
como objetivo a propagação e fixação da ideia Juche em todas as camadas da sociedade norte-
coreana. Já a autossuficiência econômica, consiste em fomentar a indústria e agricultura, o
objetivo principal era quebrar a dependência que a Coreia do Norte tinha dos seus aliados e
tornar a economia independente e autossuficiente (LOWE, 2011).
Por último, a independência na defesa tem como base o desenvolvimento militar para
assegurar a um Estado soberano e independente (KIM II SUNG, 1982). A filosofia Junche foi,
e ainda é, a linha ideológica vigente na Coreia do Norte, dando os parâmetros a serem
seguidos pelos cidadãos. Desta forma, percebe-se que os norte-coreanos adotaram uma
filosofia, que tinha como intuito, estabelecer o interesse nacional em primeiro lugar,
ignorando muitas vezes as diretrizes dos seus aliados (MELCHIONNA, 2014).
Com as diretrizes ideológicas já estabelecidas, a Coreia do Norte tinha como
principais aliados a China e a extinta URSS, além de interesses em comum, os norte-coreanos
recebiam apoio principalmente dos soviéticos. A União Soviética investiu grandes somas na
criação de uma indústria pesada na Coreia do Norte (BRITES, 2014).
A RPDC, logo na década de 60, apresentava uma política externa de equilíbrio entre
os dois gingantes comunistas. Vizentine e Pereira (2014) destacam que mesmo os norte-
coreanos receberem remessas de investimento soviético e a relação com a China era
considerada de vital importância estratégica. A Coreia do Norte mantinha um importante
relacionamento com seus aliados, principalmente na década de 1960, por outro lado, a
convivência com a sua vizinha, a Coreia do Sul continuava tensa, principalmente por causa da
constante presença militar estadunidense na região. Desse modo a península coreana foi
dividida em dois blocos, de um lado a Coreia do Sul sendo apoiada pelos EUA e o Japão,
enquanto isso a Coreia do Norte recebia ajuda dos chineses e soviéticos.
Durante a guerra fria, a política norte-coreana passa por alguns redirecionamentos.Isso
é evidente, principalmente no começo da década de 1970, pois segundo Melchionna (2014) a
entrada da China no conselho de segurança em 1971, substituindo Taiwan e posteriormente o
aperto de mão entre Nixon e Mao Tsé-Tung em 1972, mudou o panorama do extremo oriente
e trouxe um novo paradigma, a relação entre os chineses e norte-coreanos.
40
A aliança entre Kim e Mao estava agora estremecida. A China ocupara um novo
campo de atuação entre os dois lados (diplomacia Ping-Pong5), a Coréia do Norte se
movimentava agora com uma certa dúvida sobre o real posicionamento chinês e,
principalmente, a crescente diferença de pensamento (MELCHIONNA, 2014), essa
heterogeneidade ideológica aumenta ainda mais com a implementação da economia de
mercado socialista6 pelo então líder supremo Deng Xiaoping.
Em resposta ao posicionamento Chinês, a Coréia do Norte aplica uma política externa
mais voltada na manutenção e aproximação com os soviéticos, o ponto alto acontece em
1985, onde 55% da transação comercial era feita somente com a URSS. Com o desfecho da
guerra fria mais próximo e a eminente destituição da União Soviética, a economia norte-
coreana logo começou a sentir os efeitos da diminuição substancial da sua produção, quando a
URSS se dissolveu em 1991, a Coreia do Norte perdeu seu principal aliado e fornecedor de
petróleo subsidiado e fertilizantes (VIZENTINE; PEREIRA, 2014).
Com a mudança do panorama político internacional e regional, a Coréia do norte
ensaia uma aproximação com a Coreia do Sul, que acaba culminando na entrada de ambos na
ONU em 1991 e no acordo de “Acordo para reconciliação, Não-agressão, cooperação e
intercâmbio entre o Norte e Sul”. Brites (2014) destaca que essa aproximação se deu,
principalmente, pela grave crise energética que se passava na Coréia do Norte e também pela
escassez de alimentos para a população.
Com a morte Kim II Sung em 1994, as negociações entre a sua vizinha, a Coréia do
Sul e os Estados Unidos esfriaram, principalmente, pelo obstáculo da questão nuclear e
também pela dúvida que pairava no sistema internacional, de como a Coréia do Norte ia
reagir frente a perda do seu maior símbolo.
A eleição de Kim Dae-jung a presidência da Coréia do Sul em 1998, trouxe um novo
redirecionamento ao posicionamento adotado perante os norte-coreanos, considerado um
progressista. Kim foi o idealizador da política Sunshine, que tinha como objetivo estabelecer
uma ajuda mútua entre os dois Estados, para tal fim, o projeto tinha pontos substanciais como:
a não tolerância a insultos ou ameaças por parte da Coréia do Norte, unificação não por
absorção, mas sim, por etapas que incluem convivência pacífica e depois integração política e
como último ponto, a cooperação econômica entre ambos os Estados. Visando essa
5 Política utilizada pela China na década de 1970 que tinha como base estabelecer vínculos diplomáticos com os
Estados Unidos e em paralelo manter a aliança com a URSS, ganhando assim recompensas de ambos. 6
41
aproximação, a Coreia do Sul forneceu ajuda humanitária e cultural reunindo as famílias
coreanas separadas pela guerra, deste modo Brites (2014) assinala que a política Sunshine
tinha como base inicial estabelecer uma cooperação mútua e por fim, a aproximação política
com o ultimo intuito de uma unificação total.
Entre 1998 e 2003, a política Sunshine conseguiu estabelecer um ambiente favorável a
paz e reconciliação entre as duas Coreias. É necessário destacar dois pontos que fizeram a
política Sunshine declinar: o primeiro foi o fim do mandato de Kim Dae-jung em 2003, seu
sucessor Roh Moo-hyun (2003-2008), não conseguiu dar continuidade a essa política e,
posteriormente, o presidente Lee Myung-bak (2008-2013) voltou a apresentar uma política
externa mais rigorosa perante a Coréia do Norte (AXELBLOM, 2017).
O segundo ponto da virada, foi a chegado de George W. Bush a presidência em 2001,
nesse mesmo ano foi criado o chamado Eixo do Mal, a inclusão da Coréia do Norte a este
grupo ocasionou uma nova instabilidade na região e fez retroceder os avanços alcançados pelo
então ex-presidente sul-coreano Kim Dae-jung e a sua Sunshine policy.
O primeiro mandato do presidente Bush apresenta uma característica mais rigorosa e
pragmática em relação à Coréia do Norte, já seu segundo mandato assume uma postura mais
diplomática e focada na negociação (DEREWIANY, 2011).
É importante analisar que a realização do primeiro teste nuclear em 2006, foi possível
por um conjunto de fatores como: O fracasso na negociação das seis partes7 em 2003 e
novamente em 2005, a posse de Lee Myung-bak na Coreia do Sul e George W. Bush nos
Estados Unidos, dois presidentes que expressaram forte oposição ao regime norte-coreano,
além de que , como destaca Brites (2014), as sanções econômicas impostas que
impossibilitavam a circulação de ativos norte-coreanos na economia mundial.
A junção desses elementos com a adição da ideologia Juche, que ordena o pensamento
norte-coreano, deu o impulso necessário para a manutenção e continuação do programa
nuclear bélico da Coréia do Norte, levando assim a realização do primeiro texto nuclear em
2006.
Entre o fim do mandato de Bush e a chegada de Barack Obama em 2009 ainda houve
negociações das seis partes que se demonstrou infrutífera, levando a outro teste de longo
alcance que cai no pacífico em 2009.
7 A Six-party talks são rodadas de negociações compostas por Coréia do Norte, Coréia do Sul, Estados Unidos,
China, Japão e Rússia, começou em 2003 e tem como objetivo fomentar a cooperação com a Coréia do Norte e promover o desarmamento nuclear da mesma.
42
A política externa estadunidense para a Coréia do Norte ganhou uma nova perspectiva
com a eleição de Obama, com a nova administração encabeçada pelos Democratas tendo
como Hilary Clinton liderando o secretário dos Estados Unidos, aplicaram a Strategic
Patience ou política da paciência estratégica, que tem como base, a premissa de pressionar a
Coréia do Norte através do corte de negociações entre ambos e aliados, o endurecimento de
sanções econômicas, aumento da pressão do sistema internacional por meio da ONU e por fim
pressionar a China a tomar uma atitude mais rigorosa perante os testes nucleares e
provocações de guerra feita pelos norte-coreanos (HYUN, 2017).
Com a morte do líder Kim Jong-Il em 2011, a Coréia do Norte passou por um período
semelhante a morte do patriarca Kim II-Sung em 1994, um tempo de dúvidas e apreensões de
como os norte-coreanos iriam reagir à sucessão. Kim Jong-Un8 assumiu o poder 2011
mantendo o regime forte e dando continuidade ao programa nuclear, que realizou em 2013, o
seu terceiro teste dando início a uma crise internacional e elevando o nível de tensão no
extremo oriente, caso que será discutido na pesquisa empírica.
3.2 CRIAÇÃO DO PROGRAMA NUCLEAR NORTE-COREANO
A nuclearização da península coreana teve início em 1958, por decorrência do envio
de armas nucleares norte-americanas para a Coréia do Sul, segundo Dellagnezze (2012) esta
iniciativa deu o impulso necessário para que os norte-coreanos iniciassem o programa nuclear.
O Primeiro reator nuclear, foi fornecido pela URSS a Coréia do Norte em 1965, sendo
instalado em Yongbyon, posteriormente em 1970, é construído um segundo reator.
Dellagnezze (2012), pontua que o programa nuclear, só começou realmente em 1980, cinco
anos mais tarde em 1985, a Coréia do Norte assina o Tratado de não-proliferação de armas
nucleares (TNP), mas no mesmo ano os Estados Unidos acusam os norte-coreanos de estarem
construindo um terceiro reator nuclear.
O que se sucedeu de 1985 até a saída oficial da Coréia do Norte do TNP em 2003, foi
uma série de tentativas diplomáticas dos Estados Unidos de desnuclearização da península
coreana, os norte-coreanos fariam o primeiro teste nuclear em 2006, o que acabou acirrando
ainda mais o embate entre os Estados Unidos e a Coréia do Norte.
8 O terceiro e mais jovem filho de Kim Jon-Il.
43
Devemos colocar agora três pontos fundamentais que incentivaram a nuclearização da
Coréia do Norte: o primeiro é o medo de um ataque dos sul-coreanos, como vimos neste
trabalho, a Coreia do Sul tinha ogivas nucleares em seu território, que advinham dos Estados
Unidos. Essa condição serviu como motivação a Coréia do Norte, em paralelo com a ameaça
da Coréia do Sul, a filosofia Junche serviu como alicerce para que se aplicasse
desenvolvimento militar e nuclear, visando a defesa da Coréia do Norte. E o terceiro é que as
armas nucleares não é só um instrumento de destruição, elas fornecem também uma vantagem
diplomática em relação a outros Estados (ANDERSON, 2015). A posse de um arsenal
nuclear, permite que a Coréia do Norte negocie acordos que sejam vantajosos a sua economia.
Ao olharmos sob uma perspectiva chinesa, a Coréia do Norte, engloba várias questões,
historicamente, a China desde o império, manteve boas relações com a Coréia, se
configurando como um Estado tributário, Kissinger (2014), nos diz que há uma identificação
chinesa por decorrência dos acontecimentos do século XIX, com os norte-coreanos e a sua
vontade de se opor ao sistema internacional. Há também a questão geográfica, a península
coreana é um corredor que dá acesso por terra ao território chinês. Ter a Coréia do Norte
como aliada, barraria uma possível investida militar japonesa ou estadunidense contra a
China. Por outro lado, a presença de armas nucleares na Coréia do Norte, poderia incentivar o
Japão e a Coréia do Sul a obter os seus próprios armamentos nucleares (KISSINGER, 2014).
Em suma, ao analisarmos o relacionamento entre a China e a Coreia do Norte,
percebe-se que é vantajoso para os chineses manterem uma boa diplomacia com os norte-
coreanos, pois através disto, a China consegue contrabalancear, até certo ponto, a presença
norte-americana no extremo oriente, se tratando especificamente das armas nucleares norte-
coreanas. A China se posiciona a favor da desnuclearização da Coréia do Norte, pois vê que
as armas nucleares norte-coreanas elevam a tensão na região, que poderia ocasionar conflitos
com resultados indesejados pela China (KISSINGER, 2014).
Ao analisarmos sob a perspectiva da política externa dos Estados Unidos, vemos que a
península coreana é um ponto chave, para o equilíbrio de forças no leste da Ásia. Tanto
Kissinger (2014), quanto Pecequilo (2012) pontuam que os Estados Unidos agiram para evitar
a consolidação de uma potência hegemônica na região, essa afirmação é embasada na política
externa adotada pelos Estados Unidos ao longo do século XX, segundo os mesmos, essa
atuação começou com o Oper Doors, se fortaleceu após a segunda guerra mundial através do
estabelecimento de dois portos seguros (Japão e Coreia do Sul) e se consolidou no final do
século com a derrocada da União Soviética. Nós podemos compreender o posicionamento
44
norte-americano em relação ao armamento nuclear da Coréia do Norte, por meio de alguns
pontos.
Parecido com a China, os Estados Unidos percebem que as armas nucleares norte-
coreanas propiciam uma tensão na região que pode conduzir a um desequilíbrio na balança de
poder no Leste asiático, que os estadunidenses buscaram após o termino da segunda guerra
mundial. Junto com a questão nuclear, há também o fato de que a Coréia do Norte é um
Estado que tem como base um regime autocrático, como foi analisado ao decorrer do texto,
Perry Anderson apresenta que a narrativa em torno do “Destino Manifesto” é a missão dos
Estados Unidos de levar a democracia a todas as nações. Assim, para o autor:
Do mesmo modo, ao admitir autocracias responsáveis para os conselhos do mundo, os EUA não precisam abandonar seus compromissos históricos com a democracia e os direitos humanos. A “responsabilidade de proteger” era inteiramente consistente com esse propósito. Estados vilões como Irã, Sudão ou Coreia do Norte devem ser enfrentados e a tirania, erradicada; onde necessário, com intervenções preventivas[...] (ANDERSON, 2015, p. 112).
Em nível internacional, o poderio nuclear norte-coreano, segundo Magalhães (2006),
prejudica o regime de não-proliferação nuclear que foi consolidado pelo TNP, deste modo
outros Estados poderiam violar o tratado, o que acarretaria uma assimetria no sistema.
Deste modo, podemos perceber que os Estados Unidos agem em três esferas: a
primeira sendo interna, o combate ao regime norte-coreano significa o cumprimento da sua
tarefa primordial com a democracia, o segundo na área regional, a desnuclearização da Coréia
do Norte, asseguraria um equilíbrio de forças no extremo oriente, já que impediria uma futura
corrida armamentista por parte do Japão e da Coréia do Sul e, por fim, a nível internacional,
um desfecho positivo com a Coréia do Norte desestimularia outros Estados a adquirirem
armas nucleares que poderiam colocar a hegemonia dos Estados Unidos em risco.
Como vimos no decorrer desta pesquisa, a questão norte-coreana é mais complexa do
que se imagina, pois envolve uma gama de variáveis como o equilíbrio de forças no extremo
oriente e a ordem regional asiática, em um todo.
Tendo comprido o objetivo de apresentar todo o aparato histórico da formação do
extremo oriente, na idade contemporânea, iremos começar agora a parte do nosso trabalho que
se refere especificamente a imprensa internacional. Começaremos no próximo capítulo
apresentando uma variedade de conceitos que permeiam a imprensa internacional no sistema
internacional contemporâneo.
45
4 A IMPRENSA E O SEU PAPEL COMO FORMADORA DE OPINIÃO PÚBLICA
Ao decorrer este presente trabalho, apresentamos a multipolaridade dos poderes
atuantes na história da península coreana, abordamos assim os aspectos históricos e
geopolíticos da região, por assim dizer, conseguimos estabelecer através de uma base
bibliográfica o posicionamento dos países chaves, que tem suma importância na atual política
externa que a Coreia do Norte exerce.
Este capítulo debaterá, na primeira seção, os conceitos de comunicação, mídia e
imprensa e o papel da imprensa como formadora de opinião pública. O objetivo principal
deste texto é em trazer um levantamento do que é a imprensa, para que assim fique mais leve
a interpretação dos dados da pesquisa empírica.
4.1 IMPRENSA E PODER NO SISTEMA INTERNACIONAL
O desenvolvimento da imprensa é marcado pela evolução tecnológica, como assinala a
doutora Melo (2005), a elaboração de técnicas como o papel maleável no século XV e a
produção de papel por meio das resinas das árvores no século XIX, o advento da máquina de
escrever em meados do século XIX (1843), além é claro, da criação da impressora. Todas
essas descobertas alavancaram a ciência conhecida como tipologia, desta forma acontece uma
subida ascendente a divulgação de livros, jornais e periódicos.
Outro item que merece atenção é o contexto social. Percebe-se que a transformação
social serviu como mola propulsora para a disseminação da imprensa, para justificar tal
afirmativa podemos destacar a percepção de Melo (2005), que destaca em seu artigo, que o
intercâmbio de ideias que ocorreu na esfera pública por intermédio da classe social burguesa
impulsionou a especialização da distribuição de novas ideias.
A imprensa como conhecemos hoje é caracterizada como uma ferramenta de
transmissão de notícias e fatos, o que ocorre por veículos conhecidos como jornais locais e
internacionais, periódicos, televisão e, principalmente, os portais de notícias na internet,
diferente da mídia que se fundi com o marketing e a propaganda, a imprensa tem como sua
46
nata o jornalismo, sendo que autores como Paulo Henrique Amorim9 o classificam como o
quarto poder. Garcez em sua tese nos alerta que “A imprensa deve sempre ocupar uma
posição neutra frente aos mais diversos assuntos tratados no cotidiano, transformando em
notícia tudo o que ocorre, sem subjetividade na vinculação” (GARCEZ, 2017, pg. 58).
Há distinção conceitual entre comunicação, mídia e imprensa. Em sua obra mídia e
modernidade Thompson destaca que “a comunicação como um tipo distinto de atividade
social que envolve a produção, a transmissão e a recepção de formas simbólicas e implica a
utilização de recursos de vários tipos” (THOMPSON, 2002, p. 25).
Embora a palavra mídia possa significar, segundo o senso comum, a distribuição de
informações através de uma gama de meios de comunicação, como: Internet, jornais e
televisão, preferimos utilizar uma abordagem mais política , para este fim, podemos
identificar a mídia pelos olhos de Guazina que defende que “a palavra mídia ganhou destaque,
sendo empregada em análises que pretendiam explicar o poder institucional e de
representação dos meios de comunicação no mundo político contemporâneo” (GUAZINA,
2007, pg. 50).
Como podemos perceber o significado da comunicação, mídia e imprensa se
complementam, destacando agora a imprensa, o setor que contém a função jornalística de
informar a sociedade, dos fatos nacionais e internacionais e transfigura hoje, como o principal
fio condutor da formação da opinião pública. Primeiro, vamos ao que seria a opinião púbica,
ao adentramos nesta esfera, podemos identificar um grande catálogo de conceitos, na esfera
política podemos utilizar o autor Alfred Sauvy que destaca o poder da opinião pública em
uma nação:
[...] a opinião é um árbitro, uma consciência, diremos que quase um tribunal desprovido de poder jurídico, mas receado. É o foro interior de uma nação. A opinião pública, esse poder anônimo, é uma força política e essa força não foi prevista por nenhuma constituição (SAUVY, 1977, pg. 3).
Se posicionando mais no campo da comunicação, pode-se utilizar o conceito de
Augras “[...] a opinião é um fenômeno social. Existe apenas em relação a um grupo, é um dos
modos de expressão desse grupo e difunde-se utilizando as redes de comunicação do grupo”
(AUGRAS, 1970, pg. 11).
Utilizando como apoio as bases conceituais acima, a opinião pública é uma das facetas
da sociedade que se constrói e reconstrói, por meio da canalização das informações que
9 Jornalista brasileiro autor do livro “o quarto poder” obra que expõe a visão de Amorim perante o
relacionamento do jornalismo e a política.
47
recebem da imprensa. Esse intercâmbio acontece, principalmente, pelo o que é chamado de
comunicação em massa, que seria uma série de instrumentos sendo, o principal, a televisão
que tem como princípio a difusão de conteúdo para uma grande (massa) quantidade de
indivíduos em diferentes localidades territoriais. Em seu livro A sociedade do espetáculo,
Debord (2003), aponta a comunicação em massa como um instrumento que se caracteriza
como não-neutro, que exerce o intermédio de contato entre os indivíduos na sociedade.
A sociedade como um todo recebe notícias diariamente e, dependendo da constância
de uma determinada informação, acaba se formando uma opinião pública sobre a mesma. A
comunicação em massa, então fornece o intermédio entre a fonte primária e o cliente final. É
importante salientar, que a imprensa e a mídia, como formadora de opinião é constituída de
um conglomerado de empresas, Fonseca contribui escrevendo que:
Note-se, contudo, que os órgãos da mídia – emissoras de tv, rádios, jornais, revistas, portais – atuantes na esfera pública são em larga medida empresas privadas que, como tal, objetivam o lucro e agem segundo a lógica e os interesses privados dos grupos que representam (FONSECA, 2011, pg. 42).
Determinados jornais agem como agentes influenciadores que tem como objetivo
concretizar informações previamente selecionadas na consciência coletiva da massa, o que
acaba criando um consenso social sobre assuntos como: política, economia e cultura, desta
forma grupos privados acabam cumprindo seus interesses, esse processo é detalhado na obra
de GARCEZ:
Cada uma dessas pessoas que forma o público pensa ou age de forma distinta entre si, havendo, assim, controvérsias entre as opiniões de cada um. Entretanto, quando a mídia vincula uma informação (originária de algum acontecimento) organiza estas pessoas, formando um consenso. Neste momento, cria-se a chamada opinião pública (GARCEZ, 2017, pg. 67).
Esse processo de formação da opinião pública, por meio da comunicação em massa, se
tornou uma ferramenta extremamente poderosa e de alcance global. A globalização e a
internet transformaram a imprensa em um ator das relações internacionais, que tem o poder de
formatar a opinião de uma determinada nação, órgãos da imprensa como: Agencias de
Notícias que conseguem distribuir informações para diversos jornais no mundo inteiro,
criando assim, uma variedade de narrativas.
O debate trazido nesta seção serve como um auxiliador para a pesquisa empírica, ou
seja, uma análise sobre uma gama de notícias, que tem como denominador comum, o tema
Coreia do Norte.
48
4.2 A QUESTÃO DA COREIA DO NORTE ATRAVÉS DA GRANDE IMPRENSA
INTERNACIONAL
Com o desenvolvimento da tecnologia e o acompanhamento da interconexão de
informações, a imprensa internacional se apresenta hoje como um ator de extrema relevância
no sistema internacional, podemos classificá-la como uma ferramenta que tem como principal
tributo a disseminação de notícias em escala global. Para atender o terceiro objetivo do
presente trabalho, iremos nos aproveitar deste poder e compartilhar algumas notícias dos
países que foram abordados aqui: Estados Unidos, China, Japão e Coreia do Sul.
O material que será utilizado provém de quatro jornais de notícias nos Estados citados
acima, posteriormente iremos abordar dois eventos que ocorreram na Coreia do Norte e que
geraram uma variedade de críticas e opiniões que divergiam entre si, os eventos em questão
são: os testes nucleares de 2013 e o aperto de mão entre o presidente norte-americano Donald
Trump e o líder supremo da Coreia do Norte Kim Jong-Un.
Por fim, as notícias que serão analisadas dos jornais: The New York Times dos
Estados Unidos, People's Daily da China, Asahi Shimbun do Japão e o Chosun Ilbo da Coreia
do Sul.
Em um breve resumo, no dia 12 de fevereiro de 2013, a Coreia do Norte realizou o seu
terceiro teste nuclear, o mais forte até então, as autoridades sul-coreanas estimaram uma
bomba com energia de 6 a 7 quilotons (G1, 2013), este foi o primeiro teste realizado por Kim
Jong-Un que tinha assumido o poder em 2011, a demonstração de poder nuclear acabou
gerando uma onda de opiniões no cenário internacional.
O segundo evento que será abordado é o encontro entre Donald Trump e Kim Jong-
Un, que ocorreu no dia 12 de junho de 2018, o fato é que aperto de mão entre ambos,
representou o reestabelecimento de uma negociação mais amena entre os dois Estados e a
diminuição dos insultos entre os dois chefes de Estados, que ganharam grande destaque na
imprensa internacional.
49
4.2.1 The New York Times
O primeiro meio de comunicação que iremos abordar será o The New York Times dos
Estados Unidos, mas antes de apresentarmos as notícias, temos que justificar o por que
escolhemos especificamente este jornal. Pontuamos três motivos para escolher este jornal, o
primeiro motivo é o seu renome internacional, o The New York Times é um dos jornais mais
famosos nos EUA, o segundo é o seu grau de circulação, atualmente circulam em média
2,101,611 periódicos por dia (WORLDATLAS, 2017), por fim foi a escolha de um jornal que
tenha uma plataforma editorial que permite a expressão de opinião para a sociedade norte-
americana. Tendo explicado os porquês, iremos agora trabalhar no material de fato que são as
notícias. O evento que trataremos agora será respectivamente o teste nuclear de 2013 e
posteriormente o encontro entre Trump e Kim em 2018.
O teste nuclear feito em 2013 acabou pegando muitos países de surpresa e promoveu
uma enxurrada de notícias, em relação ao evento, o The New York Times em questão
escreveu cerca de 16 notícias durante os dias 11 a 18, por se tratar de um amplo leque e, por
algumas trataram basicamente, da descrição do fato, escolhemos três notícias que mais se
destacaram e também uma charge ilustrativa.
O The New York Times escreveu em seu jornal, no dia 11 de fevereiro a seguinte
notícia “North Korea Confirms It Conducted 3rd Nuclear Test”10(THE NEW YORK
TIMES,2013), por David E. Sanger and Choe Sang-Hun. A matéria em si apresenta ponto
muito interessante, na parte inicial, ela confirma o sucesso da Coréia do Norte em relação ao
teste realizado, em um segundo ponto a notícia faz menção aos avisos chineses para o risco
que os norte-coreanos estão assumindo ao fazer um teste dessa magnitude, em uma terceira
parte é chamada a atenção para uma cooperação Coreia do Norte e Irã. Para exemplificar isso,
a notícia enfatiza que os testes nucleares podem estar representando dois países. Por último, o
jornal destaca, que uma das prováveis motivações que levaram a realização do teste nuclear
foram as tentativas dos Estados Unidos de aplicarem mais sanções econômicas.
No dia seguinte o The New York Times, publicou uma notícia que tinha como foco o
posicionamento Chinês perante a Coreia do Norte, em relação ao título escrito no dia 12 de
fevereiro, ele dizia “China Looms Over Response to Nuclear Test by North Korea”11 (THE
10 “A Coreia do Norte confirma a condução do 3ª teste nuclear” 11 “China paira sobre a resposta ao teste nuclear da Coreia do Norte”
50
NEW YORK TIMES, 2013), por NEIL MacFarquhar and Jane Perlez. A matéria como um
todo chamava a atenção para a tarefa que a China tem de conter o avanço do programa
nuclear norte-coreano, o jornal pontua que é pouco provável que o governo de Xi Jinping
aborte a venda de combustíveis a Coreia do Norte e adote uma política comercial mais
restritiva. Nas palavras dos colunistas do jornal “a política de longa data do país de apoiar o
governo murado que há muito tempo serve como amortecedor contra uma intrusão mais
próxima dos Estados Unidos na península coreana”
Já no dia 13, um dia depois da matéria que foi apresentada acima, no setor de opiniões
globais, o The New York Times publica uma charge cômica, sobre o relacionamento da China
e da Coreia do Norte.
Figura 4 Charge que ironiza a relação de Xi Jinping e Kim Jong-Un
Fonte: The New York Times, 2013
Por último no sábado dia 16, houve outra matéria que questionava o posicionamento
chinês, podemos perceber isso na imagem abaixo:
51
Figura 5 “Alguns chineses estão sofrendo por ser o melhor amigo da Coreia do Norte”
Fonte: The New York Times, 2013
Nas notícias em questão, foram feitas entrevistas com especialistas chineses e morados
locais para saber a sua opinião sobre a cooperação China-Coreia do Norte. E em muitos
depoimentos é percebível a tensão que gera na população o teste de armas nucleares por um
vizinho tão próximo quanto a Coreia do Norte. O jornal também entrevistou professores
universitários que criticavam o posicionamento do governo chinês e cobravam uma atitude
mais rigorosa, por fim a matéria aponta métodos para a China parar o ímpeto norte-coreano.
Concluído o primeiro caso, vamos agora abordar o encontro entre os dois líderes Donald
Trump e Kim Jong-Un.
Em relação ao segundo evento, analisamos uma base de 36 matérias que forma escritas
do dia 12 a 18, destas matérias coletamos as 7 que mais nos chamaram a atenção, para não
expor uma amostra muito grande, apresentaremos 3 notícias que mais se destacaram em
relação a este evento. Prosseguindo no trabalho, o The New York Time publicou uma matéria
exaltando o empreendimento feito pelos dois Estados, mas em contrapartida, destacou a falta
de propostas no encontro, neste sentido a capa da matéria se torna autoexplicativa, escrita no
dia 12 de fevereiro“The Trump-Kim summit was unprecedent, but the statement was vague”12
(THE NEW YORK TIMES, 2018) por Mark Landler, a matéria cita aspectos como um aperto
de mão coreografado, caracteriza o presidente Trump, não como um estadista, mais sim como
um vendedor, que utilizava técnicas chamativas, por último o jornal faz uma crítica ao
encontro que foi mais cinematográfico do que prático, não foram estabelecidos metas ou
prazos para a desnuclearização da península coreana.
Ainda no dia 12 de junho, o conselho editorial emitiu uma opinião, cujo o título era
“Trump Gushes over North Korea” que tem como capa uma imagem interessante de Trump e
Kim.
12 “A cúpula Trump-Kim foi inédita, mas a declaração foi vaga”
52
Figura 6 Trump Gushes over North Korea
Fonte: The New York Times, 2018
A opinião do editorial reafirmou a matéria citada acima, foram colocados pontos como
um elogio a Trump por ser o primeiro presidente estadunidense a se encontrar com um líder
norte-coreano, mas a ressalvas e também críticas ao modo que se concretizou a negociação.
Segundo o ponto de vista do editorial, o acordo assinado entre os dois, foi extremamente vago
e simples, se caracterizando mais como uma intenção e não um tratado bilateral, a segunda
crítica feita são as rápidas e demasiadas concessões que Trump idealiza fazer como: a retirada
de tropas estadunidenses da Coreia do Sul e a suspensão dos exercícios militares conjuntos na
região. Já no final da matéria o editorial cita que a reunião foi mais uma vitória de Kim Jong-
Un pois ele realizou aquilo que nenhum de seus antepassados conseguiram, uma reunião com
o presidente dos Estados Unidos.
Colocaremos agora a matéria do dia 15 de junho, que reforça ainda mais a visão
caricato que o jornal tem da negociação entre os dois.
Figura 7 Filme da Coreia do Norte glorifica a estreia mundial de Kim, com Trump no papel de protagonista
Fonte: The New York Times, 2018
53
A matéria em si enfatiza ainda mais a sua opinião de que o encontro foi mais uma
encenação do que um compromisso com a desnuclearização em si, é citado o documentário
feito na Coreia do Norte que eleva pontos como a personalidade de Kim e promete uma nova
era de paz e prosperidade a nação norte-coreana.
4.2.2 People's Daily
Prosseguindo no presente trabalho, iremos analisar agora a imprensa chinesa, para
cumprir essa tarefa, escolhemos como objeto de estudo, o jornal diário do povo (People's
Daily), a principal justificativa para a utilização deste jornal é o seu ligamento com o governo
chinês, nascido em 15 de junho de 1948, o diário do povo se configura hoje como o jornal
oficial do partido comunista chinês, desta forma o jornal nos oferece um posicionamento real
do discurso feito pelo governo da China.
Em relação ao teste nuclear, feito pela Coreia do Norte em 2013, conseguimos achar
19 matérias escritas pelo jornal Diário do Povo, entre os dias 12 a 18, entre elas
descreveremos as matérias que mais se destacam. A primeira notícia foi escrita no dia 13 de
fevereiro, exatamente um dia após o teste, o partido comunista, por meio do jornal diário do
povo, publicou uma matéria que enfatizava o repudio ao teste nuclear, a matéria tinha como
título:
Figura 8 “Pequim expressa firme oposição ao teste nuclear”
Fonte: People`s Daily, 2018
Ao decorrer da matéria o jornal cita o desrespeito que essa ação gera na comunidade
internacional, em seguida a um comentário sobre a necessidade de que haja a volta da
negociação da Six-party (Estados Unidos, Japão, China, Rússia, Coreia do Sul e Coreia do
Norte), como um meio que levaria a desnuclearização da península coreana. Posteriormente, a
matéria pontua a opinião de dois especialistas em política externa, o primeiro é Huang Youfu,
54
professor de estudos coreanos da Universidade Minzu da China, ele destaca que uma variada
soma de erros na condução da política de Estados colaboraram para este cenário, o segundo
comentário é feito por Lu Chao, especialista em estudos da Península Coreana na Academia
de Ciências Sociais de Liaoning, em sua fala Lu crítica a oposição da comunidade
internacional a Coreia do Norte e ressalta que essa atitude só eleva a tensão na região. A
matéria termina apontando a volta da negociação como único meio de garantir a paz na
região.
A segunda matéria analisada, é do dia 17 de fevereiro, o conteúdo em si traz uma
abordagem mais focalizada na rixa entre Estados Unidos e Coreia do Norte.
Figura 9 “Análise de notícias: especialistas chineses veem o antagonismo dos EUA-DPRK como causa raiz do teste nuclear”
Fonte: People`s Daily, 2013
Logo no início, o jornal, no começo da matéria, pontua a sua reprovação perante a
forma que os Estados Unidos lidam com a Coreia do Norte, segundo o mesmo, o antagonismo
entre ambos acabou criando esta situação. Posteriormente, são rebatidas críticas feitas ao
governo chinês, o jornal escreve que “alguns meios de comunicação ocidentais disseram que a
política da China, em relação ao país, provou ser um fracasso, uma falácia de palha refutada
por especialistas e acadêmicos chineses” (PEOPLE`S DAILY, 2013).
Para demonstrar o correto posicionamento do governo chinês, o jornal cita uma
variedade de especialistas e professores universitários, que em modo geral, aprovam a
condução da política externa chinesa perante a Coreia do Sul, o diário do povo ao decorrer
acentua que a extinção do comercio internacional com os norte-coreanos não faz parte das
resoluções da ONU. Por fim, o jornal estabelece mais uma vez a negociação como a única
solução do problema.
Para terminar a semana do teste nuclear, temos uma matéria escrita no dia 18 de junho.
55
Figura 10 “EUA devem agir para aliviar a tensão na península”
Fonte: People`s Daily, 2013
A matéria em si, é extremante curta, e se caracteriza sendo bem parecida com a
matéria citada acima, no geral são feitos comentários há cerca das falhas dos Estados Unidos
em frear a Coreia do Norte. O jornal ainda salienta, que os norte-americanos não prestam
atenção as preocupações que afligem a segurança da Coreia do Norte, por fim, a matéria traz
críticas como a falta de clareza da política externo norte-americana para a Coreia do Norte, na
qual, o jornal pontua que vem desde o sistema bipolar e, por último, o diário do povo comenta
que foram os Estados Unidos que trouxeram armas nucleares a península coreana durante a
Guerra fria.
Referente ao segundo evento, coletamos nove notícias que foram publicadas na
semana do ocorrido, desse conjunto de matérias, temos duas que abordam o ambiente
econômico e empresarial, uma única notícia que faz uma descrição do histórico conflituoso da
península coreana, mais duas matérias que relatam o discurso de Trump e do secretário geral
da ONU e por último temos quatro notícias que expõem o posicionamento do jornal Diário do
Povo.
Como esse capítulo tem o objetivo de apresentar a visão do jornal analisado em
questão, usaremos as quatro notícias mencionadas acima.
O diário do povo escreveu a primeira notícia do dia 12 pela manhã, cujo título era “
US to offer N.Korea Security”13 (PEOPLE`S DAILY, 2018), a matéria enfatiza a posição da
secretária de Estados, Mike Pompeo que comenta que os Estados Unidos tem que assegurar
um meio de segurança para a Coreia no Norte, ao decorrera da matéria, traz a opinião de
especialistas de relações internacionais para dar seus comentários, dentre eles, o professor
Kim Jim-ho destaca, que se não houver o desmantelamento do estado de guerra entre os dois
líderes e o afrouxamento das sanções econômicas, há a possibilidade de que o próximo
presidente dos Estados Unidos de um passo atrás no acordo de paz, posteriormente a matéria
13 “Os Estados Unidos precisam oferecer segurança a Coreia do Norte”
56
pontua o discurso do ex-vice ministro de relações exteriores da China, que exalta o papal de
grande importância da China para a concretização dessa reunião.
A segunda matéria escrita tem como característica ser bem curta, o nome do título é
“China urges concrete steps towards peace on the Korean Peninsula”14 (PEOPLE`S DAILY,
2018), na notícia tem como foco a fala de Wang Yi (ministro das relações exteriores) que
elogia a encontro e o nomeia como uma nova página na história da península coreana, por fim
a matéria pontua a importância da China nesse processo.
No dia 13 de junho, o diário do povo escreve uma matéria intitulada “Kim, Trump
commit to ties” (PEOPLE`S DAILY, 2018), o jornal começa descrevendo o acordo assinado
pelos dois líderes, depois o resto da matéria é focada no papel da China como apoiadora do
acordo de desnuclearização da península coreana, mais à frente a matéria rebate críticas
relacionadas à falta de rigidez nas sanções chinesas, parecido com as matérias do teste nuclear
de 2013. O jornal destaca o comentário do porta-voz da chancelaria Geng Shuang, segundo o
mesmo, o objetivo do conselho de segurança não é o de aplicar sanções, mais sim, o de
manter e promover a paz, para confirmar esse posicionamento, o jornal consulta a visão de em
especialista. Ele descreve a participação da china como:
“O papel da China é o de um intermediário, um coordenador, um
supervisor e um conciliador. Se a Coréia do Norte retomar testes
nucleares ou de mísseis balísticos, a China enfrentará isso. Mas se os
EUA ameaçarem novamente a segurança da Coréia do Norte, a China
ser contra ele também” (CHAO, 2018).
Por fim a matéria escreve sobre a falta de detalhes que existe no acordo de cooperação
firmado entre os dois líderes na reunião, mas por outro lado, coloca esse processo como a
etapa inicial para a realização de objetivos comuns entre os norte-americanos e a Coreia do
Norte.
Muito parecida com o restante das matérias aqui descritas, a notícia do dia 13: “after
Singapore speaks, what comes next? ”15(PEOPLE´S DAILY, 2018), o jornal diário do povo
faz uma abordagem muito parecida com o restante das matérias, colocando pontos como a
importância do aperto de mão entre dois líderes que se ofendiam periodicamente com
ameaças mútuas de uma guerra atômica, a notícia em si termina enfatizando o grande passo
dado nessa reunião.
14 “China pede passos concretos para a paz na Península coreana” 15 “Após a conversa em Cingapura, o que vem?”
57
4.2.3 Chosun Ilbo
Iremos analisar agora o que é divulgado na imprensa da Coreia do Sul, para tal feito
encolher o jornal Chosun Ilbo, este jornal em questão foi escolhido por ser o maior jornal
online e offline sul-coreano (DIGITALNEWSREPORT, 2016), em 2012 alcançou uma
tiragem de 2.200.000 por dia (DBPEDIA, 2012), além também de seu site de notícias possuir
versões em inglês, japonês e chinês.
Para a abordagem do teste nuclear de 2013, verificamos matérias publicadas durante
os dias 13 a 19 de fevereiro, ao decorrer desta semana foram analisadas cerca de 23 notícias,
dentre essas, temos variedade de informações, algumas retratam o fato em si como: o local da
explosão, potência de destruição e radiação, temos também as que abordam o feedback de
especialistas sul-coreanos e internacionais, outras que trazem o comentário de órgãos como a
ONU, por fim, temos as que verificam o posicionamento da comunidade internacional. Desta
variedade de informações, percebemos que 5 matérias continham um título referente ao
Estado Chinês, ou seja, a matéria tinha foco na China. Pela razão de ter uma grande cartela de
matérias e dentre elas, haver uma certa constância (matérias no dia 13, 14, 15, 18 e 19) em
cima da China, analisarei então as cinco notícias referentes ao governo chinês e 1 matéria que
traz uma opinião sobre o sistema de segurança sul-coreano.
Apresentarei a seguir, 4 notícias, pois duas delas tem como principal foco as
manifestações civis na China e 1 sobre a Coreia do Sul.
Começarei pela matéria isolada relativa a segurança sul-coreana, a notícia em questão
foi inscrita no dia 13 de fevereiro com o título “South Korea must overhaul its entire security
paradigma”16 (CHOSUN ILBO, 2013), esta matéria se apresenta sendo bem curta, ela trata
especificamente da necessidade que a Coreia do Sul tem em rever todo o seu sistema de
segurança após o teste nuclear. O texto começa pontuando a onda que os testes nucleares de
2006, 2009 e 2013 trouxeram ao mercado financeiro, posteriormente é destacada a ineficácia
das sanções impostas pelo conselho de segurança da ONU, a matéria termina dando ênfase,
que a Coréia do Norte já é de fato um Estado com armas nucleares e que é necessária que a
Coréia do Sul repense suas ações, pois segundo o jornal, a repetição de palavras fortes não
está fazendo nenhum efeito.
16 “A Coreia do Sul deve rever todo o seu paradigma de segurança”
58
A primeira matéria que aborda a China, foi escrita no dia 14 de fevereiro, já em seu
título percebe-se em síntese o que vai se decorrer ao longo da notícia:
Figura 11 “China em resposta silenciosa ao teste nuclear da Coreia do Norte”
Fonte: Chosun Ilbo, 2013
A matéria em si começa fazendo uma crítica a China por ter feito esforços para parar o
teste nuclear só na última hora, posteriormente é citado a oposição da China a uma clausula
por parte do conselho de segurança que proporcionaria a possibilidade de uma ação armada ao
regime norte-coreano. Por fim, a notícia cita a fala do ex-embaixador da China na Coreia do
Sul que compartilha sua visão, de que a China busca uma estabilidade na península coreana,
esta matéria tem como característica ser bem curta e traz poucas informações, mas nos dá um
posicionamento inicial do jornal.
Na matéria do mesmo dia da anterior (14 de fevereiro de 2013) temos como o seguinte
título:
Figura 12 “China precisa apoiar duras sanções contra a Coréia do Norte”
Fonte: Chosun Ilbo, 2013
Esta notícia em questão se trata de um editorial, o primeiro parágrafo começa citando
a Coreia do Norte, é utilizado a expressão de “ciclo tedioso “para se referir as declarações
norte-coreanas, o editorial continua seu texto enfatizando que mesmo que a comunidade
internacional aplique novas sanções, nada fará efeito se a China não se comprometer a golpear
de verdade a Coreia do Norte.
59
A matéria prossegue, detalhando a parceria que existe entre a China e a Coreia do
Norte, cita como exemplo a existência de diversas contas bancárias norte-coreanas em bancos
chineses e também a parceria comercial que abastece a Coreia do Norte com petróleo e arroz.
O editorial termina, fazendo uma análise sobre a segurança regional do extremo oriente,
segundo o mesmo, caso haja sucesso na nuclearização da Coreia do Norte, o Japão também
seria obrigado a adquirir armas nucleares, utilizando agora a escrita do editorial “E se o Japão
decidir adquirir armas nucleares, a Coréia do Sul teria que seguir o exemplo. Isso levaria a
uma corrida armamentista nuclear no nordeste da Ásia” (CHOSUN ILBO, 2013).
A opinião do editorial vai de encontro com as matérias mostradas no jornal dos
Estados Unidos o The New York Times, desse modo percebe-se o posicionamento do jornal
sul-coreano por meio das críticas feitas a política externa chinesa.
A terceira noticia tem como foco mostrar a reação da opinião civil nas redes sociais,
seu título é “China's Netizens React Colorfully to N.Korean Nuke Test”17 (CHOSUN ILBO,
2013), o conteúdo da matéria traz os comentários feitos em uma rede social chinesa chamada
Sina Weibo (plataforma social semelhante ao Twitter), o texto cita comentários positivos e
negativos dos usuários desta plataforma, o jornal retrata frases como “"O cão de guarda está
causando problemas na frente da porta do dono” (CHOSUN ILBO, 2013), ou “Todo chinês
que tem consciência agora está perguntando: por que apoiamos a Coréia do Norte?”
(CHOSUN ILBO, 2013), há comentários positivos como: a Coreia do Norte “simplesmente
não confia na China e não está disposta a ser inibida pela China” (CHOSUN ILBO, 2013).
A matéria é bem interessante, pois, traz a opinião de usuários de uma mídia
alternativa, claro dando as devidas proporções, pode-se perceber, que tem grupos de chineses
que questionam o andamento da política externa chinesa em relação a Coreia do Norte.
Para encerrar este evento, apresentaremos este editorial.
Figura 13 “público chinês pode ser chave para mudar a Coreia do Norte”
Figura 14 Chosun Ilbo, 2013
17 “Internautas da China reagem de maneira colorida ao teste de armas nucleares da Coreia do Norte”
60
Este editorial foi feito no dia 19 de fevereiro, e tem como foco abordar a
transformação da opinião pública chinesa em relação aos testes nucleares norte-coreanos. A
matéria começa abordando as manifestações por grupos pró-direitos humanos que ocorreram
em frente ao consulado norte-coreano e no nordeste da china (região próxima ao teste
nuclear), o texto prossegue fazendo uma análise sobre a mudança de posicionamento da
opinião pública que está ocorrendo na China, é destacado os protestos, comentários em redes
sócias e a própria opinião de especialistas em universidades chinesas, o jornal pontua a
possibilidade de contaminação por radiação como um dos motivos desta mudança de opinião,
outro motivo também destacado é o constante intercambio de estudantes sul-coreanos para a
China.
Analisando agora o segundo evento, vimos matérias do dia 12 a 19 de junho, cerca de
44 matérias, no geral, o conteúdo visto tem como principal característica uma variedade de
informações, que em sua grande maioria descreve a fala dos dois líderes, outras notícias
abordam fatos irrelevantes como: o ganho econômico que Cingapura teve com a reunião e a
verificação se o líder supremo pagou a conta do hotel que foi hospedado. Nesse emaranhado
de notícias coletamos quatro que se mostram ser mais relevantes, pois, tratam sobre o
enfraquecimento das sanções, o acordo vago, o filme mostrado por Trump e um editorial
crítico.
A primeira matéria que iremos abordar foi escrita do dia 13 de junho. Diz respeito ao
filme que produzido pelo governo estadunidense e mostrado a Kim durante o encontro, seu
título é “Trump shows a bizarre propaganda clip to Kim Jong-Un”18 (CHOSUN ILBO, 2018),
o texto traz uma dura opinião sobre o vídeos mostrado, nas palavras do jornal “ o clipe
termina com uma trovejante narração e efeitos especiais baratos mostram Trump e Kim como
salvadores do mundo, e aparentemente Trump mostrou para Kim em seu Ipad” (CHOSUN
ILBO, 2018), a matéria termina descrevendo a fala de Trump sobre o potencial econômico
que a Coreia do Norte possui.
A segunda matéria traz o aspecto vago do acordo entre Trump e Kim, citado inclusive
nos jornais acimas.
18“Trump mostra um clipe de propaganda bizarro para Kim Jong-Un”
61
Figura 15 “Cúpula Trum e Kim Jong-Un termina com acordo vago”
Fonte: Chosun Ilbo, 2018
Logo no começo, a matéria cita o desapontamento de muitos com essa reunião,
segundo o mesmo, era esperado o estabelecimento de passos mais concretos para a
desestabilização, a notícia prossegue citando que o encontro houve muitas “fotos mais pouca
conversa” posteriormente é abordado as falas de Donald Trump, que em geral enobrece o
encontro entre ambos.
O texto era curto, mas pode-se perceber uma similaridade com a notícia descrita no
The New York Times, em geral essa notícia, em poucas palavras, o excesso de abstração
neste encontro.
A notícia que mostraremos agora, é relacionada ao enfraquecimento das atuais
sanções, a matéria foi publicada no dia 13 de junho, seu título é “N.Korea Sanctions Likely to
Fizzle out Despite Trump's Pledges”19 (CHOSUN ILBO, 2018). Durante o texto é abordado a
possibilidade do afrouxamento das sanções impostas a Coreia do Norte, a matéria prossegue
fazendo menção a fala de Trump que se compromete a diminuir as sanções, caso haja uma
evolução no processo de desnuclearização. A matéria após esta fala, pontua que 90% do
comercio norte-coreano ocorre na verdade com a China, perguntada sobre tal, a China
enfatizou que em concordância com Trump, que se haver uma melhora, as sanções podem ser
revistas, por fim, a matéria termina pontuando que a China já afrouxou as sanções pois está
permitindo uma maior circulação de trabalhadores norte-coreanos na China e também,
segundo o jornal o reestabelecimento de exportação de carvão para a Coreia do Norte.
O texto deixa bem claro o posicionamento do jornal em relação ao receio que haja
uma decaída nas aplicações de sanções, há também um tom de crítica ao governo chinês por
facilitar o comercio com a Coreia do Norte.
19 “Sanções contra a Coréia do Norte podem seguir apesar das promessas de Trump”
62
A última matéria é um editorial do jornal, já em seu título podemos ver uma crítica a
cúpula realizada entre Trump e Kim.
Figura 16 “Kim Jong-Un conseguiu tudo o que queria da cúpula com Trump”
Fonte: Chosun Ilbo, 2018
Esse editorial foi redigido no dia 13 de junho, e é visível durante o texto o
desapontamento perante os resultados do encontro. O texto se inicia apresentando as
promessas de Trump para uma península desnuclearização, o que segundo o editorial foi bem
vago ao percorrer do texto, é descrito o desanimo tomou conta dos cidadãos sul-coreanos, em
meados do texto o editorial pontua que “Pior, a promessa de desnuclearização foi listada em
terceiro lugar em uma lista de quatro pontos, atrás das promessas de melhorar as relações
EUA-Coréia do Norte e estabelecer uma estrutura de paz na península coreana” (CHOSUN
ILBO, 2018), a matéria destaca também sua desaprovação ao comentário de Trump de
suspender os exercícios militares entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul. O editorial
destaca, que a partir de agora, as reuniões vão ser feitas por membros de baixo escalão, a
matéria por fim destaca que “Nesse ritmo, os EUA estão no caminho de aceitar a Coréia do
Norte como um Estado com armas nucleares. Foi o que aconteceu com a Índia e o Paquistão e
isso pode acontecer novamente” (CHOSUN ILBO, 2018).
O editorial apresenta suas preocupações de uma forma bem clara, por meio dele
podemos perceber a visão negativa que a imprensa sul-coreana tem em relação ao encontro
entre os líderes da Coréia do Norte e dos Estados Unidos. No texto podemos identificar a
ênfase que o editorial da no posicionamento que tudo que foi realizado neste encontro, já foi
tentado nas negociações de 2005 entre as 6 partes (Rússia, Estados Unidos, Coreia do Sul,
Coreia do Norte, China e Japão). Por fim o editorial deixou o seu posicionamento parecido
com o do The New York Times, a de que a reunião foi caricata do que verdadeira.
63
4.2.4 Asahi Shimbum
Em relação à imprensa japonesa, escolhemos como objeto de estudo o jornal Asahi
Shimbum, este jornal foi o escolhido por ter uma filiação ao The New York Times (jornal já
abordado aqui), é o segundo maior referente a números de tiragens, mas o principal motivo
que este jornal foi escolhido é que entre os três mais do Japão ( Asahi Shimbum, Yomiuri
Shimmbum e Nikkei), o jornal Asahi é o único que disponibiliza a maioria de suas matérias
sem cobrar assinaturas, por esta razão mesmo não tendo acesso a base de informações inteiras
do jornal utilizaremos o Asahi Shimbum como fonte.
Nos jornais japoneses citados acima, percebemos uma característica peculiar, os sites
de notícias do Japão, diferente de outros países, não armazenam suas matérias por muito
tempo, deste modo não conseguimos obter informações sobre o posicionamento da imprensa
em relação ao evento do teste nuclear de 2013. Em decorrência disto iremos analisar somente
a cúpula que ocorreu em junho de 2018.
A grande maioria das notícias, estão disponíveis apenas para assinantes, felizmente
capturamos algumas notícias que não fazem parte deste grupo, dentre elas apresentarei 3
editorias que mostram um pouco do posicionamento do jornal.
O primeiro editorial foi publicado no dia 13 de junho, tinha como título a seguinte
manchete.
Figura 17 “A primeira reunião de cúpula norte-americana e norte coreana representou significativa responsabilidade pela desnuclearização”
Fonte: Asahi Shimbum, 2018
No início o editorial traz uma mini síntese do relacionamento hostil entre a Coreia do
Norte e os Estados Unidos, posteriormente o texto evidencia a importância da reunião na
64
seguinte frase “[...] o significado do primeiro passo que os dois deram é pesado. Ele prometeu
um novo relacionamento da manhã Norte-Sul, que também influencia o futuro da região
do nordeste da Ásia, incluindo o Japão” (ASAHI SHIMBUM, 2018).
É destacado que na opinião do editorial, os dois líderes assumiram serias
responsabilidades com esse acordo, quase no fim da matéria o editorial escreve duas frases
bem opinativas, a primeira “a razão pela qual a Coréia do Norte mais quer dos Estados
Unidos, não é nada além de uma garantia de um sistema que estabelecerá uma ditadura única
enquanto defende os países socialistas” (ASAHI SHIMBUM, 2018), a segunda opinião se
refere ao papel que o Japão de desempenhar para que haja sucesso na desnuclearização,
segundo o editorial “As negociações EUA-Coreia do Norte não conseguiram estabelecer uma
direção clara para quebrar os assuntos pendentes. É por isso que o Japão deve aprofundar sua
cooperação com a China, a Coreia do Sul e a Rússia e explorar o envolvimento construtivo”
(ASAHI SHIMBUM, 2018).
Mesmo a maioria das notícias fechadas, este editorial foi exposto abertamente,
podemos perceber que eles deixaram a sua opinião de que houve sim avanço nesta reunião e
eles esperam um melhor relacionamento entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, a
penúltima frase se mostra tendo uma opinião bem direta sobre o verdadeiro intuito do líder
supremo Kim Jong-Un.
O segundo editorial, tem como foco abordar a possibilidade do estabelecimento de
uma linha diplomática entre o Japão e a Coreia do Norte, seu título é “(Editorial) Prepare for
Japan-Morning Dialogue Leadership negotiations” (ASAHI SHIMBUM, 2018). O editorial é
curto, logo no começo é enfatizado que o Japão tem que aproveitar essa reunião para acelerar
o processo de uma convivência pacifica entre os dois Estados, é citado a vontade da Coreia do
Norte de sair do isolamento internacional como um forte propulsor para o estabelecimento de
vínculos entres os dois Estados.
Percebe-se que o principal ponto deste editorial é aproveitar a onda e incentivar uma
aproximação entre Japão e Coreia do Norte, o editorial também comenta o caso de pessoas
sequestradas que estariam sendo mantidas na Coreia do Norte.
Para finalizar apresentaremos o último editorial, que tem como manchete o seguinte
título.
65
Figura 18 “Pare de exercer o arroz-sul-coreano como a pedra angular da negociação”
Fonte: Asahi Shimbum, 2018
O editorial logo no início destaca a fala de Donald Trump sobre a suspenção dos
exercícios militares em conjunto dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. Segundo o editorial,
esta ação elevaria a confiança entre os dois Estados. Nas palavras do editorial “A revisão de
exercícios militares não dará uma desculpa para voltar à Coréia do Norte, mas contribuirá
para a criação de confiança para garantir a mudança do mecanismo de diálogo” (ASAHI
SHIMBUM). Posteriormente, o texto apresenta uma visão mais resguardada sobre o assunto
da suspensão dos exercícios militares, segundo o mesmo “O Exército coreano na Coréia é a
vanguarda para enfrentar a Coréia do Norte e desempenha um papel importante na China.
Emergências” (ASAHI SHIMBUN).
Por fim, o editorial enfatiza o papel que China e Rússia tem em melhorar a sua
cooperação com a Coreia do Norte, para enfim, trazer um clima mais ameno no extremo
oriente.
Esse editorial tem como característica ser bem curto, mas ele mostra a opinião do
jornal em estabelecer um laço mais profundo com a Coreia do Norte, mas percebe-se que há
desconfianças dos japoneses com os norte-coreanos (caso do sequestro), mesmo assim os
editoriais aqui mostrados apresentaram um certo grau de otimismo em relação ao futuro da
península coreana.
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5 UMA ANALISE SOBRE O POSICIONAMENTO GERAL DOS JORNAIS AQUI
APRESENTADOS
Como podemos perceber, o capitulo 4, nos apresentou uma variável de conteúdos
coletados e uma ampla gama de informações de quatro jornais de diferentes Estados. O
capitulo 5 por vez tem como objetivo traçar uma análise sobre as notícias aqui demonstradas,
para este fim, escreverei 3 subtópicos, o primeiro será referente ao teste nuclear de 2013,
analisaremos e cruzaremos as 10 matérias que foram descritas no capítulo anterior, para que
assim consigamos estabelecer um posicionamento dos jornais The New York Times, Diário
do Povo e Chosun Ilbo. No segundo subtópico utilizaremos o mesmo procedimento com as 13
notícias descritas, sobre o encontro entre Kim e Trump.
Por último, no subtópico número 3 iremos realizar uma análise embasado nos
resultados obtidos dos cruzamentos e consequentemente debateremos a narrativa utilizada nos
dois eventos.
5.1 COMO OS JORNAIS SE COMPORTARAM ACERCA DO TESTE NUCLEAR DE
2013
Durante a apresentação e descrição das notícias, conseguimos perceber um ponto de
concordância entre os três jornais (exceção do Asahi Shimbum) e outro de discordância. O
primeiro se refere à desaprovação mutua dos três jornais em relação ao teste nuclear, o The
New York Times no dia 11 de fevereiro escreveu “North Korea Confirms It Conducted 3rd
Nuclear Test” (THE NEW YORK TIMES, 2013), o Diário do Povo em paralelo publicou no
dia 13 de fevereiro o jornal chinês colocou como título “Beijing expresses´firm opossition´ to
nuke test”(PEOPLE`S DAILY, 2013), já o jornal sul-coreano escreveu “South Korea must
overhaul its entire security paradigma” (CHOSUN ILBO, 2013). Os três jornais, por meio
dessas notícias, enfatizam a postura de reprovação a realização do teste nuclear, podemos
perceber que este é o único ponto em que as opiniões destes jornais convergem, inerente ao
teste, é importante salientar que essa repulsa ao teste foi uma reação padrão da comunidade
internacional. Mas evidentemente Estados Unidos, Coreia do Sul e China por serem atores
presentes no extremo oriente tem sua atenção automaticamente voltada a esta situação.
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Seguindo na análise, o The New York Times por meio das suas matérias fez um
posicionamento abordando a situação da Coreia do Norte e o que proporcionou o
desenvolvimento do teste, neste sentido a notícia “China Looms Over Response to Nuclear
Test by North Korea” (THE NEW YORK TIMES, 2013), tem como foco uma crítica a
política externa adotada pela Coreia do Norte e principalmente pelo seu insucesso em deter o
avanço nuclear norte-coreano. O jornal Chosun Ilbo apresenta uma série de matérias que vai
de encontro com a visão do jornal estadunidense The New York Times, o editorial escrito
pelo jornal sul-coreano no dia 14 de fevereiro a “China needs to get behind tough sanctions on
N.Korea” (CHOSUN ILBO, 2013) esse editorial em especifico elabora uma série de críticas
ao amolecimento das sanções econômicas da China perante a Coreia do Norte.
O Diário do povo por vez, através de suas matérias apresentam uma visão diferente.
Na seguinte matéria "News Analysis: Chinese experts see U.S -DPRK antagonism as root
cause of nuke test” (PEOPLE`S DAILY, 2013) o jornal busca a análise de especialistas
chineses que na sua totalidade fazem comentários negativos sobre a atuação dos Estados
Unidos na busca da paz com a Coreia do Norte, a opinião do jornal chinês é reforçada na
matéria do dia 18 de fevereiro “ US must act to ease peninsula tension” (PEOPLE`S DAILY,
2013) está notícia tem como um foco uma crítica a rixa Estados Unidos e Coreia do Norte,
apontando os maléficos deste relacionamento.
Como demonstramos acima há pontos de concordância e discordância entre os jornais,
mas durante essa analise percebe-se uma sincronia de ideias entre o jornal The New York
Times e Chosun Ilbo, ambos fazem duras analises sobre a ineficácia da China em lidar com a
situação “Coreia do Norte”, no caso do jornal estadunidense o ponto alto dessa opinião se
materializou ironicamente por meio de uma Charge (Figura -), de forma diferente a China
interpreta o papel antagônico, se defende veemente e aponta os Estados Unidos como o pivô
desta disputa histórica.
Por meio desta análise, verificamos que os jornais desta presente pesquisa, apresentam
ideias similares aos seus referentes Estados, desta forma percebemos um antagonismo entre o
The New York Times, Chosun Ilbo e Diário do Povo, esta oposição se dá por meio de uma
guerra de narrativas entre os três jornais, isto ocorre principalmente no quesito de: Como a
Coreia do Norte conseguiu seu desenvolvimento nuclear? Respondendo esta hipotética
pergunta, embasado no conteúdo coletado, tanto The New York Times quanto Chosun Ilbo
utilizariam uma narrativa de critica a falta de objetividade do governo chinês em conter o
avanço do programa nuclear norte-coreano, por vez o Diário do Povo destacaria o
comprometimento do governo chinês na desnuclearização da península coreana, em paralelo
68
segundo as matérias apresentadas, o Diário do povo realizaria uma crítica á política externa
adotada pelo governo estadunidense.
5.2 A CÚPULA TRUMP-KIM E O SEU IMPACTO NO CONTEÚDO JORNALÍSTICO
COLETADO
O encontro entre Trump e Kim reverberou em todo o cenário internacional,
logicamente tivemos uma avalanche de matérias escritas na imprensa internacional, o que
faremos agora é uma análise sobre o conjunto de matérias descritas no capítulo anterior,
utilizando a mesma técnica de cruzamento de informações.
No The New York Times, em questão, notamos três abordagens diferentes em relação
a cúpula, o jornal na sua matéria editorial do dia 12 de junho “The Trump-Kim summit was
unprecedent, but the statement was vague” (THE NEW YORK TIMES, 2018), neste editorial
percebemos que o jornal estadunidense elogia a iniciativa de Donald Trump e seu empenho
em concretizar esta reunião, mas também há uma forte crítica a falta de detalhes no acordo
assinado entre os dois líderes, neste sentido verifica-se que esta opinião também é
compartilhada nas matérias “Kim, Trump commit to ties” (PEOPLE`S DAILY, 2018) e a
“Trump, Kim Jong-Un end summit with vaguely worded agreement” (CHOSUN ILBO,
2018), observamos que estas três matérias em questão apresentam características semelhantes,
todas elas emitem uma opinião de louvor ao cumprimento entre Trump e Kim, mas em
contrapartida há um julgamento coletivo destes jornais de que não houve um passo concreto
em direção a desnuclearização da Coreia do Norte.
Contudo pode-se colocar como exceção o jornal japonês Asahi Shimbum, que embora
no editorial “The first US-North Korean summit meeting significant responsibility for
desnuclearization” há a menção de desaprovação na frase “As negociações EUA-Coreia do
Norte não conseguiram estabelecer uma direção clara para quebrar os assuntos pendentes”,
porém, enxergamos que no transcorrer dos editorias uma convicção muito positiva sobre o
encontro realizado. No todo, compreendemos que o jornal Asahi Shimbum se diferencia dos
outros três jornais pois, expressa uma visão muito otimista do encontro, além de sempre
destacar a importância de restabelecer os laços diplomáticos com a Coreia do Norte, esta
afirmação comprova-se no editorial “Prepare for Japan-Morning Dialogue Leadership
negotiations” (ASAHI SHIMBUM, 2018).
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Prosseguindo na análise, verificamos que o The New York Times e o Chosun Ilbo
demonstram opiniões simétricas que se confirmam entre si, ambos atribuíram uma
característica particular ao encontro, o de que a cúpula foi mais encenativo e midiático do que
proativo. Para embasar essa visão, podemos destacar a matéria do dia 15 de junho do jornal
estadunidense “North Korea film glorifies Kim`s world debut, with Trump in starring role”
(THE NEW YORK TIMES, 2018) , esta matéria, em especifico, faz uma crítica ao filme
forçado que o governo norte-americano mostrou de uma Coreia do Norte altamente
desenvolvida e uma grande parceria com os Estados Unidos, o jornal sul-coreano Chosun Ilbo
em paralelo publica uma matéria no dia 13 de junho com o título “Trump shows a bizarre
propaganda clip to Kim Jong-Un” (CHOSUN ILBO, 2018), tanto o jornal estadunidense
quanto o sul-coreana publicaram matérias com comentário negativos a respeito do modo que
a reunião ocorreu. O jornal Diário do Povo e Asahi Shimbum por meio das suas matérias não
demonstram ter o mesmo ponto de vista dos jornais The New York Times e Chosun Ilbo.
Relativo à cúpula Trump-Kim, constatamos que, com exceção do Asahi Shimbum,
houve uma desaprovação geral ao modo que o acordo foi firmado, palavras como “vago” e
“falta de detalhes “foram usados por The New York Times, Chosun Ilbo e Diário do Povo
para se referirem a falta de objetividade, metas e prazos no acordo firmado entre os dois, o
jornal sul-coreano foi mais inciso destacando que “Pior, a promessa de desnuclearização foi
listada em terceiro lugar em uma lista de quatro pontos, atrás das promessas de melhorar as
relações EUA-Coréia do Norte e estabelecer uma estrutura de paz na península coreana”
(CHOSUN ILBO, 2018), deste modo conseguimos colocar um consentimento quase unânime
a respeito da falta de resultados concretos. O segundo ponto a ser evidenciado é a narrativa
em comum que o The New York Times e o Chosun Ilbo empoêm em suas matérias, que
ambos compartilham uma visão altamente caricata sobre o que foi o encontro entre os dois
líderes, palavras como “teatro” e “bizarro” foram utilizadas para definir o papel de Trump e o
filme produzido pelos Estados Unidos.
Por fim notamos que diferente do teste nuclear acontecido em 2013, que se verificou
uma polarização de narrativas entre o jornal estadunidense/sul-coreano e chinês, claro é
importante salientar que há sim editorias principalmente do Chosun Ilba que transmite seu
medo de suspensão de exercícios conjuntos e o declínio das sanções impostas a Coreia do
Norte, mas no modo geral as matérias apresentados não trouxeram consigo uma crítica
especificamente ao modo que os Estados direcionam suas ações aos norte-coreanos, mas ao
contrário, o que se verificou foi uma crítica a falta de resultado e a excessiva atuação teatral
que principalmente Donald Trump desempenhou.
70
5.3 CONSTRUINDO UMA SÍNTESE SOBRE O POSICIONAMENTO ADOTADO
PELOS JORNAIS NOS EVENTOS DE 2013 E 2018
Mesmo tendo certas particularidades, podemos perceber uma relativa identificação
dos jornais aqui mostrados, com o posicionamento histórico dos seus respectivos Estados. Em
relação ao The New York Times podemos observar uma forte crítica ao governo chinês em
decorrência do Teste nuclear realizado em 2013, segundo o jornal a China não pressiona
suficientemente a Coreia do Norte, o que proporciona espaço para manobras como este teste,
o jornal Chosun Ilbo da Coreia do Sul, talvez por ser filiado com o The new York Times,
demonstra um posicionamento parecido com o jornal estadunidense, isso é, embasado na
constância que notícias escritas sobre o governo chinês, em especifico, seu editorial que faz
críticas ao comercio China-Coreia do Norte. Por outro lado, o jornal diário do povo da China,
pontua veemente que o governo chinês sempre obedeceu as resoluções publicadas pelo
conselho de segurança, o jornal em si defende posição através de diversas entrevistas com
especialistas e professores de universidades chinesas.
O fato é que constatamos que existe sim uma situação de controvérsias de narrativas,
especificamente entre o jornal estadunidense e Chinês, referente a esta situação, nós podemos
levantar o questionamento de que o jornal The New York Times talvez consiga emitir uma
opinião que é parcialmente aceita pela imprensa internacional, claro que para afirmar esta
declaração com todo a certeza teríamos que realizar um trabalho jornalístico de maior peso,
mas pelo fato do The New York Times, ser um jornal de escala nacional e reconhecimento
global, além de pertencer a potência hegemônica, podemos sim creditar esta possibilidade
como verdadeira, a similaridade entre o jornal estadunidense e sul-coreano, poderia ser usado
como exemplo desta possibilidade. O segundo ponto é que constatamos um antagonismo entre
o jornal estadunidense e sul-coreano e o chinês Diário do Povo, mas o ponto que queremos
comentar é que o posicionamento chinês adotado acerca do teste nuclear é um padrão comum
utilizado pela política externa chinesa. A China nos últimos anos, tem aplicado um discurso
coeso e muitas vezes parelho com a opinião internacional, isto se repetiu em alguns pontos no
teste nuclear de 2013.
Escrevendo agora especificamente da cúpula realizada em Cingapura, que reuniu o
líder Donald Trump e Kim Jong-Un, o jornal The New York Times celebrou o passo dado,
mas colocou ressalvas referente ao acordo firmado, o jornal em geral expressou sua opinião
de que o encontro parecia mais encenação do que uma resolução propriamente dita, o jornal
71
faz críticas diretas ao presidente Donald Trump e a falta de detalhes do acordo. O diário do
povo apresentou um posicionamento parecido com o jornal norte-americano, o mesma falta de
metas no acordo também é citado no jornal, mas diferente do The New York Times, o diário
do povo em uma das suas matérias, elencou o papel que os Estados Unidos devem
desempenhar no acordo, segundo o jornal os norte-americanos teriam que fornecer uma
segurança internacional para a Coreia do Norte, já o jornal Chosun Ilbo demostrou uma
opinião parelha com o The New York times e o Asahi Shimbum, ao longo das matérias sul-
coreanas é expressado um sentimento de dúvida, isso se deve principalmente ao fato que haja
um enfraquecimento das sanções chinesas, favorecendo a continuação do programa nuclear.
Por fim, o jornal japonês Asahi Shimbum, por meio do seu conteúdo editorial se mostrou
animado com possível desfecho positivo, o que se pode notar é o incentivo que o editorial da
para a possibilidade que tenha o restabelecimento de laços diplomáticos com a Coreia do
Norte.
No modo geral, referente ao evento de 2018, todos os 4 jornais expressaram um
posicionamento relativamente otimista sobre a iniciativa de ambos os presidentes, mas a uma
serie de ressalvas, principalmente nos resultados alcançados com esse encontro, relativo a
isto, The new York Times, Chosun Ilbo e Diário do povo escreveram matérias a respeito.
Referente ao papel midiático o The New York Times, em questão, foi o que mais esboçou
uma opinião crítica, principalmente, sobre a atuação do presidente Donald Trump.
Mas no todo, enfatizamos o teste nuclear de 2013 como sendo o mais conflituoso, o
jornal diário do povo da China, demonstrou uma oposição contraria as matérias apresentadas
pelo The New York Times e o Chosun Ilbo, gerando assim um conflito de narrativas e visões
diferentes sobre o mesmo fato.
Percebemos então, que pelas notícias analisadas, há uma grande similaridade entre o
jornal norte-americano e o sul-coreano, é de menor grau com o japonês Asahi Shimbum, por
vez, o jornal Diário do povo mostrou que discorda de alguns pontos levantados nos outros três
jornais apresentados.
No transcorrer do capítulo 4, analisamos que entre 2013 e 2018, o que ocorreu foi o
sucesso do desenvolvimento do programa nuclear da Coreia do Norte, o relacionamento com
a China e a já estabelecida filosofia Juche (ver subtópico 3.1) mais a soma de um ter um alvo
histórico (Estados Unidos) deram a Coreia do Norte os elementos necessários para legitimar a
criação do programa nuclear.
72
Referente à cúpula deste ano, temos a opinião de que o único vencedor foi Kim Jong-
Un. Afirmamos isto pelo fato de que Kim, conseguiu aquilo que seu avô e seu pai não
conseguiram, uma reunião presencial com um presidente dos Estados Unidos.
O fato é que por meio da análise, verificamos que há divergências entres os jornais
aqui analisados, principalmente entre o jornal Diário do Povo e o The New York Times, o
jornal sul-coreano Chosun Ilbo se coloca mais pró-estadunidense, seguindo assim as diretrizes
da política externa adotada pela Coreia do Sul. Entretanto, vemos o jornal japonês Asahi
Shimbum, mais comprometido com o estabelecimento de uma política de vizinhança
amigável com a Coreia do Norte, apresentando assim matérias mais imparciais.
Por fim, analiso que a Coreia do Norte, através da cúpula, está se encaminhando para
se tornar um Estado com poder nuclear a sua disposição, desta forma ele deixa de ser um
pequeno Estado do extremo oriente e se configurara no futuro como membro de um seleto
grupo de potências com armamento nuclear.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa aqui produzida teve como intuito demonstrar como a problemática Coreia
do Norte é mais ampla do que imaginávamos, ao longo do trabalho foi abordado todo o
contexto histórico que está presente na criação do Estado norte-coreano. Percebemos por meio
de estudos bibliográficos, a extensiva influência que a península coreana (chamada ilha
ermitão) teve ao longo dos séculos, indo de China a Japão no período feudal, a interferência
estadunidense e Soviética durante a guerra fria. Através de uma extensa pesquisa
conseguimos cumprir o primeiro objetivo de analisar todo o contexto histórico da região do
extremo oriente.
No segundo objetivo, reconstruímos os acontecimentos que proporcionaram a
formação da Coreia do Norte como Estado, logo após o fim da segunda guerra mundial.
Posteriormente, prosseguimos para a reconstrução da península coreana no pós-guerra (1950-
1953). Analisamos a atuação sul e norte-coreana na guerra fria e apresentamos o contexto que
propiciou a criação do programa nuclear norte-coreano. No geral, concluímos assim, o
segundo objetivo cobrindo toda uma linha histórica que percorria a formação da Coreia do
Norte até o Imbróglio com os Estados Unidos no século XXI.
O último objetivo se mostrou o mais interessante, pois nos deu uma direção de como a
opinião pública dos Estados Unidos, Japão, China e Coreia do Sul é formada, para tal feito
escolhemos dois determinados eventos e coletamos matérias de quatro jornais dos países
citados acima. E como se era previsto, percebemos discordâncias entre os jornais, em especial
o Diário do povo da China e The New York Times dos Estados Unidos. A principal diferença
que foi registrada neste trabalho se refere ao modo que a China se posiciona em relação a
Coreia do Norte, como foi demonstrado (capitulo 5) o The New York Times faz duras críticas
ao modo que o governo chinês se relaciona com os norte-coreanos, principalmente, a
ineficácia da China em travar o avanço nuclear. Em contrapartida, o jornal Diário do Povo
encarna a posição de defensor do governo chinês, apontando os pontos positivos das medidas
tomadas perante a Coreia do Norte.
O jornal sul-coreano, em particular, manifestou um posicionamento extremamente
semelhante aquele adotado pelo The New York Times, já o Asahi Shimbum do Japão nos
apresentou uma abordagem pró-estadunidense, mais particularmente independente, o jornal
em algumas ocasiões emitia declarações que tinham como intuito incentivar a aproximação
entre Japão e Coreia do Norte.
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Ao decorrer deste trabalho, expomos que a situação da Coreia do Norte é muito
profunda e complexa, devemos abordar este assunto com um certo grau de opinião crítica,
pois há no extremo oriente um sistema de segurança sustentado por pilares, sendo um deles a
península coreana. O fato do futuro estabelecimento de um Estado que está em pleno
desenvolvimento nuclear na região (Coreia do Norte) poderia ocasionar um desequilíbrio de
poder, até mesmo uma corrida armamentista entre Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte,
situação está que seria incômoda para China e Estados Unidos. Em relação a imprensa,
percebemos que há uma diferença nítida de narrativa sobre os mesmos eventos.
Por fim, percebemos que o posicionamento dos jornais aqui apresentados se assemelha
em alguns pontos os posicionamentos político-históricos dos seus respectivos países.
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