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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO AS POTÊNCIAS ATUANTES NO EXTREMO ORIENTE E A SUA RELAÇÃO COM A INSERÇÃO INTERNACIONAL DA COREIA DO NORTE NO SISTEMA INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO Tubarão 2018

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Page 1: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

WESLEY CARDOSO

AS POTÊNCIAS ATUANTES NO EXTREMO ORIENTE E A SUA RELAÇÃO COM

A INSERÇÃO INTERNACIONAL DA COREIA DO NORTE NO SISTEMA

INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO

Tubarão

2018

Page 2: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

WESLEY CARDOSO

AS POTÊNCIAS ATUANTES NO EXTREMO ORIENTE E A SUA RELAÇÃO COM

A INSERÇÃO INTERNACIONAL DA COREIA DO NORTE NO SISTEMA

INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de relações internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais

Orientador: Prof. Luciano Daudt da Rocha, Msc.

Tubarão

2018

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família que através de muito trabalho proporcionou este

momento, ao meu pai Laercio Cardoso e minha mãe Rita Selma e a minha avó Delcia Buss

Cardoso por seu apoio incondicional. Aos meus amigos da faculdade que passaram todos

esses anos comigo e me acompanharam em dezenas de trabalhos e artigos.

Ao meu orientador Luciano, por sua imensa paciência e ajuda em todos os

aspectos deste trabalho, até mesmo ortográficos.

Por fim, agradeço a todos aqueles que contribuíram diretamente ou indiretamente

para o meu sucesso.

Page 5: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

“No caminho das altas ciências, não convém empenhar-se temerariamente, mas,

uma vez em caminho, é preciso, chegar ou perecer. Duvidar é ficar louco; parar é cair; voltar

para trás é precipitar-se num abismo.” (Eliphas Levi, 1854).

Page 6: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar as narrativas da imprensa internacional sobre

a inserção internacional da Coreia do Norte e como as potências atuantes no extremo oriente

se relacionam com a mesma. A construção da geopolítica da região do Extremo Oriente e a

inserção da Coréia do Norte neste sistema foi debatida através de pesquisa bibliográfica. As

abordagens da imprensa internacional foram feitas através da coleta de matérias de quatro

jornais referente aos Estados analisados neste presente trabalho, a saber Estados Unidos,

China, Coréia do Sul e Japão, em dois momentos: o teste nuclear de 2013 e o “aperto de

mãos” entre os líderes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Coréia do Norte, Kim Jong-

Un. Como resultados notamos que há divergência de opiniões entre os jornais aqui

apresentados, variando entre narrativas críticas à atuação da China em relação à Coréia do

Norte e ao seu processo de nuclearização e também sobre o “teatro” montado na ocasião do

apertar de mãos entre o líder norte-coreano e no líder estadunidense.

Palavras-chave: Coreia do Norte. Extremo oriente. Imprensa Internacional.

Page 7: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

ABSTRACT

The present work aims to analyze the narratives of the international press about the

international insertion of North Korea and how the powers of the Far East are related to it.

The construction of the geopolitics of the Far East region and the insertion of North Korea

into this system was debated through bibliographical research. The international press

approaches were made through the collection of four newspaper articles referring to the states

analyzed in this present work, namely the United States, China, South Korea and Japan, in

two moments: the nuclear test of 2013 and the " hands "between the leaders of the United

States, Donald Trump, and North Korea, Kim Jong-Um. As result, we note that there is a

divergence of opinion among the newspapers presented here, varying between narratives

critical of China's performance in relation to North Korea and its nuclearization process, and

also about the "theater" set up at the time of shaking hands between a North Korean leader

and the American leader.

Keywords: North Korea. Far East.International Press .

Page 8: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Mapa 1 Mapa da Ásia ............................................................................................................ 19

Mapa 2 Sub-Regiões da Ásia ................................................................................................. 20

Mapa 3 Extremo Oriente ....................................................................................................... 21

Figura 4 Charge que ironiza a relação de Xi Jinping e Kim Jong-Un .............................. 50

Figura 5 “Alguns chineses estão sofrendo por ser o melhor amigo da Coreia do Norte” 51

Figura 6 Trump Gushes over North Korea ......................................................................... 52

Figura 7 Filme da Coreia do Norte glorifica a estreia mundial de Kim, com Trump no

papel de protagonista ............................................................................................................. 52

Figura 8 “Pequim expressa firme oposição ao teste nuclear” ............................................ 53

Figura 9 “Análise de notícias: especialistas chineses veem o antagonismo dos EUA-

DPRK como causa raiz do teste nuclear” ............................................................................. 54

Figura 10 “EUA devem agir para aliviar a tensão na península” ..................................... 55

Figura 11 “China em resposta silenciosa ao teste nuclear da Coreia do Norte” .............. 58

Figura 12 “China precisa apoiar duras sanções contra a Coréia do Norte” ................... 58

Figura 13 “público chinês pode ser chave para mudar a Coreia do Norte” ..................... 59

Figura 14 Chosun Ilbo, 2013 .................................................................................................... 59

Figura 15 “Cúpula Trum e Kim Jong-Um termina com acordo vago” ............................ 61

Figura 16 “Kim Jong-Un conseguiu tudo o que queria da cúpula com Trump” ............. 62

Figura 17 “A primeira reunião de cúpula norte-americana e norte coreana representou

significativa responsabilidade pela desnuclearização” ....................................................... 63

Figura 18 “Pare de exercer o arroz-sul-coreano como a pedra angular da negociação” 65

Page 9: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO

PROBLEMA ........................................................................................................................... 12

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DA PERGUNTA ............................................................... 12

1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 15

1.3 ESTRUTURA DA PESQUISA ....................................................................................... 16

2 CONTEXTUALIZANDO O DEBATE NORTE-COREANO: AS POTÊNCIAS E A

PENÍNSULA COREANA EM PESRPECTIVA HISTÓRICA ......................................... 17

2.1 DESCRIÇÃO E REGIONALIZAÇÃO DO EXTREMO ORIENTE .............................. 18

2.2 RECONSTRUINDO O PROCESSO HISTÓRICO DAS POTÊNCIAS QUE ATUAM

NAS COREIAS. ....................................................................................................................... 22

2.2.1 O Japão e a China ....................................................................................................... 22

2.2.2 Os Estados Unidos ....................................................................................................... 30

2.2.3 Coreia do Sul................................................................................................................ 35

3 A CONSTRUÇÃO DA CORÉIA DO NORTE NO PÓS-GUERRA: DA

INFLUÊNCIA DE GRANDES POTÊNCIAS AO ARMAMENTO NUCLEAR ............. 38

3.1 RECONSTRUINDO A CORÉIA DO NORTE ............................................................... 38

3.2 CRIAÇÃO DO PROGRAMA NUCLEAR NORTE-COREANO .................................. 42

4 A IMPRENSA E O SEU PAPEL COMO FORMADORA DE OPINIÃO PÚBLICA

45

4.1 IMPRENSA E PODER NO SISTEMA INTERNACIONAL ......................................... 45

4.2 A QUESTÃO DA COREIA DO NORTE ATRAVÉS DA GRANDE IMPRENSA

INTERNACIONAL ................................................................................................................. 48

4.2.1 The New York Times .................................................................................................. 49

4.2.2 People's Daily ............................................................................................................... 53

4.2.3 Chosun Ilbo .................................................................................................................. 57

4.2.4 Asahi Shimbum ........................................................................................................... 63

5 UMA ANALISE SOBRE O POSICIONAMENTO GERAL DOS JORNAIS AQUI

APRESENTADOS .................................................................................................................. 66

5.1 COMO OS JORNAIS SE COMPORTARAM ACERCA DO TESTE NUCLEAR DE

2013 66

5.2 A CUMULA TRUMP-KIM E O SEU IMPACTO NO CONTEÚDO JORNALÍSTICO

COLETADO ............................................................................................................................. 68

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5.3 CONSTRUINDO UMA SÍNTESE SOBRE O POSICIONAMENTO ADOTADO

PELOS JORNAIS NOS EVENTOS DE 2013 E 2018 ............................................................ 70

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 73

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1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO

DO PROBLEMA

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DA PERGUNTA

No decorrer das últimas décadas, o sistema internacional tem se modificado

expressivamente. O século XX foi marcado por ser um período de conflitos militares que

envolveram quase toda a Europa e grande parte da Ásia e África. Os enfrentamentos

acabaram virando uma guerra total (HOBSBAWM, 1994).

Com o fim da guerra, foram formados novos Estados, sendo a Coreia do Norte um

deles. A república popular democrática da Coreia, mais conhecida como Coreia do Norte, foi

proclamada em 1948, na ocasião a península coreana foi dividida em dois Estados: Coréia do

Sul e Coreia do Norte. O primeiro conflito entre os dois países se deu em 1950 e perdurou até

1953, este embate se configurou no que a mídia internacional da época chamou “guerra da

Coreia”, como veremos neste trabalho, esta guerra contou com a intervenção e a influência de

forças externas.

A Coreia do Norte se configura hoje, como um dos temas mais debatidos na mídia

internacional, os norte-coreanos atraíram essa atenção por decorrência de alguns fatores,

sendo os testes nucleares, o que mais se destaca.

O primeiro teste nuclear feito pela Coreia do Norte foi em 2006, posteriormente foram

feitos outros testes em 2009, 2013, 2016 e 2017, com o decorrer da periodicidade dos

lançamentos, grandes agências de notícias como a: BBC, New York Times e CNN, chamaram

a atenção da sociedade, através da possibilidade de uma guerra nuclear entre a Coreia do

Norte e os Estados Unidos.

Os estadunidenses e norte-coreanos, vem se hostilizando a anos, para exemplificar isso

podemos citar o ‘‘Eixo do mal’’ uma expressão utilizada pelo ex-presidente George W. Bush

em 2002 para designar países que apoiam o terrorismo ou desenvolvem armas nucleares. Na

ocasião a Coreia do Norte foi adicionada a esse grupo pelo ex-presidente. A Coreia do Norte

por vez demonstra sua força através de testes nucleares.

Para entender o cenário que a Coreia do Norte está inserida e como ela chegou a tal

situação, faz-se necessário compreender a relação que se deu entre o extremo oriente e o

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ocidente no século XIX e XX, dando ênfase nos Estados Unidos e na China, o primeiro sendo

o inimigo, e o segundo o aliado, dos norte-coreanos.

O interesse estadunidense pela península coreana é antigo, ela se origina no final do

século XIX, com a chamada política das portas abertas. O open doors (1898) sinalizou uma

nova abordagem da política externa estadunidense, visando a Ásia como uma possível zona

de influência, a ordem regional asiática foi disputada quase metade do século XX por dois

Estados, Japão e os Estados Unidos, o primeiro contato entre esses dois Estados ocorreu em

1853, quando o presidente norte-americano Franklin Pierce (1853-1857) pede através de uma

carta a abertura do mercado japonês e o livre-comércio, ao imperador japonês.

Nas décadas seguintes o Japão passaria por reformas com o intuito de modernizar sua

indústria e seu poder militar. Em 1894 o Japão vence seu primeiro conflito contra a China,

posteriormente em 1904 o Japão entra em guerra com a Rússia, que tinha como objetivo parar

os planos da Rússia em relação a região da Manchúria e Coreia, conflito este que acaba com a

vitória do Japão (KISSINGER ,2014). O conflito pela Hegemonia na Ásia entre os Estados

Unidos e Japão ocorre na segunda guerra mundial, que se encerra em 1945 com a destruição

de Nagasaki e Hiroshima.

Os EUA iriam mandar combatentes estadunidenses novamente para a Ásia na guerra

da Coreia, sob o comando da recém-criada Organizações das Nações Unidas (ONU) com a

meta de ajudar a Coreia do Sul contra a Coreia do Norte. Os norte-coreanos por sua vez

tiveram amplo apoio tanto da União Soviética quanto da China (SARAIVA, 2007).

Como foi mostrado acima, os estadunidenses exercem sua influência na ordem

regional asiática desde o final do século XIX, e vem afirmando seu interesse na Coreia do

Norte desde então. Junto com os Estados Unidos, é necessário abordar o papel que a China

exerceu no extremo oriente no começo do século passado, e com isso tentar compreender o

poder que estes dois Estados exercem na Coreia do Norte.

O primeiro Estado a agregar o extremo oriente como sua zona de influência foi o

império chinês, durante os séculos XVI, XVII e XVIII, a China exercia sua influência na

região, tendo o Japão como o único, que não lhe pagava tributo. O reino da Coreia por vez

mantinha bom relacionamento com a China, pagando periodicamente tributos ao imperador, a

China por sua vez via a Coreia como um ponto estratégico para a defesa do império.

Essa hierarquia de poderes perdurou no extremo oriente até o século XVIII, com o

advento do século XIX, veio às tentativas da Inglaterra de estabelecer um livre-comércio com

a China, tentativas essas, que foram gradualmente recusadas. A China seria posteriormente

subjugada e dividida pelos europeus e estadunidenses no final do século XIX. Entraria em

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guerra com o Japão em 1894, com a derrota perderia sua influência na península Coreana, e

consequentemente viria o avanço do imperialismo japonês no pacífico.

Durante quase meio século a China perdeu a península coreana como sua zona de

influência, isto atribui-se principalmente pela falta de capacidade que a China dispunha na

época para impor qualquer tipo de poder na região. Outro fator que é importante pontuar é a

ocupação Japonesa na Coreia que começou em 1910 e acabou em 1945. A China só voltaria a

exercer sua autoridade histórica na Coreia, depois da sua revolução comunista em 1949.

A intervenção chinesa na guerra da Coreia (1950-1953) identificou a importância que

a China dá a península coreana. Como será mostrado ao longo do texto com mais detalhes. A

China se envolve na questão Coreia em 1951, em virtude de uma investida militar, o exército

chinês toma Seul, mas rapidamente são expulsos pelos norte-americanos. Segundo Kissinger

(2014), os soviéticos puxaram os chineses para esta guerra para mostrar que eles precisavam

dos soviéticos em uma futura guerra. A China por sua vez via que a vitória da Coreia do Sul,

iria aumentar o poder norte-americano na região.

Autores como Vizentini e Pereira (2014) chamam a atenção que após o termino da

guerra da Coreia, a URSS e a China ajudaram os norte-coreanos a reconstruir seu Estado. Isto

ocasionou uma maior aproximação entre a China e a Coreia do Norte, esta relação perdurou

durante a guerra fria.

Trazendo novamente para o tempo presente, a China se configura hoje, sendo o

principal aliado da Coreia do Norte. Recorrendo novamente a Vizentini e Pereira (2014) os

chineses vêem a Coreia do Norte como um estado tampão. Como iremos analisar ao decorrer

do presente trabalho, a China ainda usa a Coréia do Norte para contrabalancear a influência

dos Estados Unidos no extremo oriente.

O conflito nas Coreias demostra uma oposição entra as forças atuantes no extremo

oriente. Para compreendermos a crise da Coreia do Norte, temos que analisar o

posicionamento das potências que disputam influência na região e como a imprensa

internacional, responsável pela construção de consensos entre as populações, desenvolvem

narrativas sobre estes eventos. Portanto, esta pesquisa pretende responder ao seguinte

questionamento: Como a imprensa internacional tem tratado a questão nuclear da

Coreia do Norte e suas implicações para a geopolítica da região, em relação ao teste

nuclear de 2013 e à cúpula Trump x Kim Jong-Un?

Para responder à pergunta de pesquisa, o objetivo geral traçado busca debater a

percepção da imprensa internacional sobre eventos envolvendo a questão nuclear da Coreia

do Norte em 2013 e 2018. Para o alcance deste, apresentamos a seguir os objetivos

Page 14: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

15

específicos da pesquisa: a) analisar as tradições de política externa adotada por Japão, China,

Coreia do Sul e Estados Unidos em relação à região do Extremo Oriente; b) compreender o

processo histórico da Coreia do Norte e suas relações internacionais; c) analisar como a

grande imprensa internacional se posicionou em relação a cúpula Trump e Kim e ao teste

nuclear de 2013.

Esta pesquisa se justifica pelo fato de que nos últimos anos o Estado norte-coreano

tem se configurado como um dos temas mais abordados nas relações internacionais, junto

com a guerra civil da Síria e a crise dos refugiados.

A possibilidade, por si só, de um confronto entre dois países militarmente armado com

bombas nucleares, no caso a Coreia do Norte e os Estados Unidos, se mostra sendo de

extrema importância acadêmica. Como um futuro internacionalista, a questão norte-coreana

tem me chamado a atenção, e consequentemente, questionamentos sobre o tema foram

levantados.

Em sumo, o tema Coreia do Norte se mostra tendo grande importância no cenário

internacional da atualidade, em virtude da atuação de atores distintos na história

contemporânea da península da Coreia e da sua relevância na atual ordem regional asiática.

Por fim, o Estado norte-coreano se apresenta como um assunto de relevância acadêmica, em

razão disto, o principal objetivo deste projeto é trazer uma visão bem embasada sobre o

posicionamento dos Estados Unidos e a China e a questão Coreia do Norte, e assim,

apresentar um trabalho que sirva de ferramenta tanto para os curiosos das relações

internacionais, quanto para os profissionais da área.

1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para que se tenha uma monografia coerente, é necessário apresentar a classificação do

mesmo. O presente trabalho se configura como uma pesquisa explicativa.

Segundo Gil (2008) a pesquisa explicativa tem o intuito de abordar os fatores que

ajudam ou determinam na concretização do fenômeno. Sendo assim, se caracteriza como uma

pesquisa que visa explicar os porquês do acontecimento, apresentando os diversos fatores

externos que o influenciam.

Quanto a abordagem, ela é a qualitativa. Segundo Minayo (2001) a abordagem

qualitativa se diferencia da quantitativa, porque aborda uma realidade que não pode ser

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16

numerada. Este trabalho tem como premissa analisar os objetivos e a influência de outros

atores na Coreia do Norte. A abordagem quantitativa que tem como base a utilização de

porcentagem e enumeração, não se encaixaria nesta monografia.

Em relação ao procedimento, ela se caracterizaria como bibliográfica e Documental,

pois, será baseada em livros, artigos científicos e mídia internacional. Como foi mostrado

acima, este trabalho se configura sendo: explicativa, qualitativa e bibliográfico-documental.

1.3 ESTRUTURA DA PESQUISA

Este presente trabalho terá como estrutura 6 capítulos. Na primeira parte o leitor foi

apresentado à exposição do problema geral de pesquisa, além é claro, do estabelecimento dos

objetivos gerais e específicos.

Na segunda parte será feito uma reconstrução histórica do extremo oriente, analisando

a política externa adotada pelas potências internas e externas da região.

A terceira parte terá como foco, apresentar a história da formação do Estado norte-

coreano, onde iremos dar a devida ênfase na construção do programa nuclear da Coreia do

Norte. No capítulo 4 e 5 serão descritas e analisadas as matérias coletadas nos jornais pré-

selecionados.

Por fim no capitulo 6 informaremos ao leitor as considerações finais sobre o resultado

desta monografia.

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17

2 CONTEXTUALIZANDO O DEBATE NORTE-COREANO: AS POTÊNCIAS E A

PENÍNSULA COREANA EM PESRPECTIVA HISTÓRICA

Para se entender a situação atual da Coreia do Norte, se faz necessário

compreender o contexto histórico da região na qual ela está inserida. Visando uma melhor

compreensão do tema iremos abordar certos conceitos que norteiam a geopolítica mundial, e

consequentemente irão ajudar na análise do presente trabalho.

Em sua obra “a ordem mundial’’ o autor Kissinger (2014) aborda os diferentes tipos

de ordens que existem no sistema internacional. Embasado em seu texto o primeiro conceito

que iremos trazer é o da ordem mundial. Segundo o mesmo, a ordem mundial se apresenta

como uma visão, de sustentação e distribuição de poder no mundo, sendo possível a sua

aplicação no globo, essa ideia seria oriunda de uma região ou civilização (KISSINGER,

2014).

Kissinger nos diz que “Ordens regionais envolvem os mesmos princípios aplicados a

uma área geográfica definida” (KISSINGER, 2014, p. 17). Deste modo a ordem regional

carrega o conceito de ordem mundial, mas em uma região definida. Já a ordem internacional

se configuraria como tendo preceitos iguais das duas ordens já aqui citadas, mas congregaria

uma parte consideravelmente maior do mundo.

Por fim, a ordem “global” seria a aceitação mútua, de uma distribuição de poder entre

os diferentes Estados e regiões, em escala global.

Trazendo novamente a ideia de Kissinger (2014) para que se estabeleça qualquer tipo

de ordem, é necessário que haja uma balança de poder e a aceitação de um conjunto de

normas, entre os Estados residentes desta determinada Ordem. O que se apresenta hoje é uma

ordem internacional, que tem como base a ordem mundial europeia do século XVII.

A ordem mundial segundo Kissinger (2014) nunca foi de fato global. Ela surge na

Europa ocidental em 1648 por meio do Tratado de Vestfália. O tratado tinha como base

assegurar o direito da soberania estatal e estabelecer um equilíbrio de poder, que seria

assegurado através da multiplicidade dos atores estatais europeus. Devemos pontuar que a

consolidação desta ordem ocorre no século XIX, com o congresso de Viena em 1815.

De fato, a Europa Ocidental, em 1648, havia prescrito os princípios que norteariam a

vigente ordem internacional.

Os Estados Unidos, atual potência hegemônica, consolida ainda mais a ideia de uma

ordem baseada na pluralidade estatal. Os estadunidenses conseguem expandir a atual ordem

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18

internacional, misturando os conceitos pré-definidos no tratado de Vestfália e o seu chamado

“Destino Manifesto”. Segundo Pecequilo (2011) o destino manifesto se apresenta como a

divina missão que os Estados Unidos têm de expandir o seu poder no mundo, sempre com o

intuito de levar a liberdade e a democracia aos povos. A visão de Kissinger vai de encontro

com a de Pecequilo ao afirmar que:

[...] alegando um Destino Manifesto enquanto negava solenemente quaisquer propósitos imperialistas; exerceu influência fundamental em importantes episódios da história ao mesmo tempo que negava qualquer motivação associada ao interesse nacional; e tornou-se uma superpotência enquanto desmentia qualquer intenção de pôr em prática uma política de poder (KISSINGER, 2014, p. 163).

Como foi mostrado acima os Estados Unidos, combina essas duas premissas para

manter e expandir a atual ordem internacional. Por vez, a ordem regional asiática, que é um

dos pontos chaves deste trabalho, apresenta uma concepção de ordem distinta das demais.

Segundo Kissinger (2014) a ordem regional asiática não é compatível com a européia,

isso se deve a alguns fatores. O autor destaca que há duas balanças de poder na Ásia, sendo,

uma no Sul e outra no Leste, isso impossibilita a pluralidade de poder que existe na Europa.

Outro ponto importante a se destacar é que diferente dos europeus, há uma constante atuação

de potências estrangeiras no continente, além é claro de uma grande mistura cultural, religiosa

e étnica, em sumo, o continente asiático contém certas peculiaridades que diferencia a ordem

regional asiática.

Este capítulo tem como objetivo analisar e compreender o jogo de poder na Ásia e no

extremo oriente, como esse jogo se relaciona com o sistema internacional e como cada ator

envolvido, tem atuado historicamente nesse jogo de poder em relação à península coreana.

Na seção a seguir será apresentado um panorama geral da Ásia, que trará aspectos

econômicos e geográficos do continente, mais principalmente apresentará como o continente

é dividido em sub-regiões. Este, sendo um fator de grande importância neste trabalho.

2.1 DESCRIÇÃO E REGIONALIZAÇÃO DO EXTREMO ORIENTE

A Ásia, como conhecemos hoje, é composta por 48 Estados, sendo lar de pessoas com

costumes e idiomas que divergem entre si.

Page 18: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

19

Mapa 1 Mapa da Ásia

Fonte: Curso IHMC, entre 1991-2018.

Tendo uma área de 31,957,983 km² (STATISTICS TIMES, 2018) e uma população de

4,504 bilhões em 2016 (WORLD OMETERS, 2018), a Ásia se configura como o maior

continente do mundo, faz fronteira no lado ocidental com a África e a Europa, é banhado ao

norte pelo Oceano Ártico, pelo Oceano Pacífico ao leste e pelo Oceano Índico ao sul. Na

economia se destaca por ter um PIB total em 2016 de 54,566.602 trilhões de dólares

(STATISTICS TIMES, 2018).De todo o continente o maior PIB per capita é o do Catar com

US$ 124,900(2017) o menor é a da Coréia do Norte com US$1,700(2017) (INDEXMUNDI,

2018).

O termo ‘‘Ásia’’ como destaca Kissinger (2014) se apresenta como uma concepção

enganosa. Ela se origina de uma visão Eurocêntrica, se configurando mais como uma direção

cardinal, do que um espaço determinado (TOMÉ, 2010). Como o continente asiático, é o

maior do mundo, e faz fronteira com outros dois continentes, é necessário citar como se dá o

regionalismo1 na Ásia. A Organização das Nações Unidas (ONU) divide a Ásia em 5 sub-

regiões: Ásia Oriental, Ásia Central, Ásia Meridional, Sudeste Asiático e Oriente Médio.

1Segundo Vieira (2011 apud OLIVEIRA, 2009) existem dois tipos de Regionalismo, sendo um geográfico e o

artificial, o geográfico indica uma certa tendência natural que grupos humanos que compartilham regiões fronteiriças se integrem, em grande parte devido a uma identificação cultural e histórica. O artificial se refere a Estados que não fazem fronteiras uns com os outros, mais que aderem uma integração comum, geralmente esse tipo de regionalização é ocasionado através de acordos comercias.

Page 19: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

20

Também é comum achar em pesquisas a terminologia: Subcontinente indiano e Ásia

setentrional (Mongólia e Rússia).

Por se tratar da maior organização intergovernamental do mundo, utilizaremos nesta

pesquisa, a divisão de sub-regiões referente a ONU.

Mapa 2 Sub-Regiões da Ásia

Fonte: Geografia Cotidiana, 2013

Como foi citado acima, a Ásia é dividida em 5 sub-regiões, sendo que cada uma delas

possui uma ordem regional diferente, que constituem atores que exercem influência na sua

determinada região. Ao ampliar a visão podemos perceber que cada sub-região da Ásia tem

sua própria geopolítica, o Oriente médio, por exemplo, é lar de um Estado rico como a Arábia

Saudita, o maior exportador de petróleo do mundo, mas ao mesmo tempo se passa uma guerra

civil na Síria. O Oriente Médio, por fim se configura como uma região que sofre uma

profunda interferência de países ocidentais.

Outra região que tem características diferentes é a Ásia Central, contendo 5 Estados,

todos ex-soviéticos, a região se configura como uma das mais corruptas do mundo

(TRANSPARENCY INTERNATIONAL, 2018). Em suma, a Ásia central sofre grande

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21

influência da Rússia, muito em decorrência da região ter grandes reservas de petróleo e gás

natural (DUARTE, 2014).

A Ásia Meridional chama a atenção pelo rápido crescimento econômico da Índia, se

encontra hoje na lista das potências mundial, mas outro fato importante a ponderar, é a

rivalidade entre Paquistão e Índia, essa situação atrai o olhar de outros Estados da Ásia,

devido aos dois Estados serem detentores de armas nucleares. Por fim, o Sudeste Asiático que

tem como vertente, o crescimento econômico, essa região tem como principal característica

uma integração regional consistente chamada Associação de Nações do Sudeste Asiático

(ASEAN).

Tendo feito um panorama geral do continente Asiático, agora se faz necessário uma

análise mais profunda do Leste asiático ou Extremo oriente, que é a sub-região da Ásia que

está localizada a Península coreana.

Mapa 3 Extremo Oriente

Fonte: Wikitravel, 2015.

Com a ajuda do mapa e de leituras, iremos perceber, que as coreias são focos de

interesse do Japão, China e dos Estados Unidos, dito isto, irei mostrar a construção histórica

dessa ordem regional na próxima subseção.

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22

2.2 RECONSTRUINDO O PROCESSO HISTÓRICO DAS POTÊNCIAS QUE ATUAM

NAS COREIAS.

Para que se tenha uma construção coerente do processo histórico que moldou a atual

ordem do extremo oriente e a situação que o Estado norte-coreano se encontra no momento, é

necessário abordar a política externa do século XIX e XX de três países chaves que são:

Japão, Estados Unidos e China.

Em primeiro, apresentaremos a política externa de Japão e da China em um único

texto, explorando o fato de que a história dos dois Estados se cruza em muitos aspectos, e

também por serem dois Estados pertencentes ao extremo oriente, dando assim a oportunidade

que haja uma maior compreensão da região. Na sequência, abordaremos aspectos como o

conflito histórico pela península coreana e a inserção destes dois estados no sistema

internacional, sempre mencionando seus interesses na península coreana.

Por último, descreveremos a atuação dos Estados Unidos no extremo oriente,

destacando o posicionamento do mesmo, nos conflitos e seu interesse na região.

2.2.1 O Japão e a China

O Japão foi o primeiro Estado asiático a apresentar uma resistência efetiva à ordem

mundial ocidental, conseguindo sair de um estado agrofeudal para uma potência

industrializada (SARAIVA, 2003). Mas para compreendermos melhor a ascensão do Estado

japonês no sistema internacional, temos que abordar o Japão feudal.

Segundo Kennedy (1987) o Japão era uma oligarquia feudal comandada por senhores

conhecido como Xogunato e uma casta de guerreiros chamados Samurais, tendo como base

um idioma complicado e uma unidade cultural muito forte. A crença japonesa afirmava que os

imperadores japoneses eram descendentes da deusa do sol, e que tinham o eterno direito

divino de governar (KISSINGER, 2014).

Devido a essa ascendência dos céus, o império japonês apresentava uma resistência à

China. O Japão, entretanto, reconhecia o poder que os chineses exerciam na ordem regional,

mas nunca o reconhecendo oficialmente. (KISSINGER, 2014).

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23

Para exemplificar essa disputa pela hegemonia da região podemos citar a guerra que

ocorreu na península da Coreia no final do século XVI.

Em 1590, o guerreiro Toyotomi Hideyoshi, após ter unificado o Japão, anunciou que

marcharia pela península Coreana e dominaria o império Chinês. Com este intuito, o Japão

enviou uma carta ao Rei coreano pedindo ajuda para tal empreitada. O Rei recusa o pedido e

ainda se declara a favor da China e o que veio a seguir foi o confronto entre Japão e China em

território coreano. A batalha termina por fim com a derrota do Japão, e o restabelecimento da

antiga ordem regional (KISSINGER, 2014).

Um aspecto importante a se mencionar, é que mesmo tendo princípios culturais

diferentes, o império japonês era muito parecido com a Europa Feudal, possuía uma nobreza

agrária hereditária, um corpo de mercadores empreendedores e financistas, além de possuir

uma concentração da nobreza nas cidades. Tudo isso florescia em uma economia fechada

(HOBSBAWM, 2012), todos esses elementos possibilitaram no futuro, uma entrada de

sucesso do capitalismo2 no império japonês.

O Japão teve uma prova da nova tecnologia militar do ocidente em 1853, quando

quatro navios da marinha estadunidense desembarcaram na baia de Tóquio, com o objetivo de

entregar uma carta ao Imperador, que contava os benefícios de uma troca comercial entre os

dois países. Ao ver a tecnologia militar dos navios estadunidenses, os japoneses aceitaram a

presença estrangeira no seu país, quebrando dois séculos de Lei japonesa que tinha como

premissa expulsar qualquer navio estrangeiro dos seus portos (KISSINGER, 2014).

O Japão, em 1868, com a chegada de um novo grupo ao poder, aplicou uma série de

reformas estruturais, como a criação de ferrovias, indústrias modernas e, até mesmo, reformas

políticas como: assembleias provincianas. A ideia principal era adquirir as técnicas ocidentais,

e aplicá-las em vários âmbitos da economia. Como resultado, a moeda yen foi estabelecida

em 1871 e a construção do banco do Japão em 1882. A resposta veio rápido, em pouco tempo

o Japão virou uma potência industrial e militar (KISSINGER, 2014).

A era Meiji (1868-1912) representou a abolição do antigo sistema feudal, o que

aconteceu, em suma, foi a modificação da sociedade japonesa, dando a oportunidade aos

2O capitalismo é um sistema econômico e social, que visa a acumulação de capital. Existem atualmente quatro

fases do capitalismo: comercial, industrial, financeiro e informacional. É importante salientar que a fase do capitalismo que é abordada nesta parte do texto é a comercial e posteriormente a industrial. Outro conceito interessante do capitalismo que vale a pena mencionar é o do Wallerstein ‘‘O capitalismo e um sistema baseado na competição entre produtores livres que usam o trabalho livre com mercadorias livres"livre" significando aqui sua disponibilidade para compra e venda num mercado’’ (WALLERSTEIN, 1999, p. 461).

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antigos senhores feudais a chance de virarem homens de negócio, mas sem nunca perder a

autenticidade cultural (PEREIRA E VIZENTINI, 2012).

O Japão nos anos posteriores, apresentaria uma política externa agressiva. Sua

ascensão como potência industrial, lhe permitia rivalizar com os interesses europeus na Ásia

oriental, o que posteriormente, levaria o país a dois confrontos, o primeiro com a China e o

segundo com a Rússia.

O primeiro embate entre Japão e China, na era contemporânea, se deu em 1873, com

a incursão punitiva japonesa a uma tribo em Taiwan. Os anos posteriores foram seguidos de

um clima hostil entre os dois países e o conflito militar se daria de fato em 1894, na península

Coreana.

Tanto Japão, quanto China, olhavam para a Coréia como um ponto estratégico. Para os

chineses era um corredor que poderia ser usado pelo Japão para invadir a China, para os

japoneses representavam um reino que se fosse dominado por potências estrangeiras poderia

pôr o Japão em perigo (KISSINGER, 2011). Logo os interesses dos dois impérios ficaram

incompatíveis.

Em 1894 tropas japonesas e chinesas desembarcam na Coreia em virtude de uma

rebelião. O conflito então teve início e se estendeu por mais de um ano. O Japão por possuir

uma tecnologia bélica mais avançado detinha a vantagem e, por fim, saiu vitorioso. Como

resultado, é firmado o tratado de Shimonoseki, que concedia Taiwan ao Japão, além de

obrigar a China a reconhecer a independência do novo governo coreano (pró-Japão) em

detrimento do antigo, que era pró- chinês. E por fim, a China teve que entregar a península de

Liaodong, na Manchúria para o Japão (criando assim um conflito de interesses com a Rússia).

O avanço do Japão no extremo oriente, a interferência no norte da China e a aquisição

de territórios na Manchúria, levantou uma rivalidade com o expansionismo russo,

ocasionando uma guerra que durou de 1904 a 1905, que culmina na primeira vitória de um

país asiático contra uma potência europeia. A aliança com a Grã-Bretanha em 1902 e a guerra

com a Rússia, mudou o panorama da ordem regional asiática, o Japão estava demonstrando

suas aspirações como potência (SARAIVA, 2003).

Como demonstra Kissinger (2014), o Japão estabeleceu uma aliança com os

ocidentais, não para promover uma cooperação entre ambos, mas sim, com o intuito de

expulsar as potências da região. Com estas duas vitórias (China e Rússia) o Japão estabeleceu

ainda mais seu poder no Extremo oriente, chegando a ocupar a península coreana de 1910 a

1945.

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É necessário destacar, que além de fornecer uma posição estratégica para uma futura

investida na China, a ocupação japonesa na Coreia, trazia também vantagens econômicas,

como destaca Miyazaki (2002) através da expansão territorial, o Japão conseguia exportar

seus produtos manufaturados e, paralelamente, importar matéria-prima e alimento. A Coréia

servia então, como uma economia colonial, que tinha como função importar produtos

japoneses com valor agregado e exportar commodities (MIYAZAKI, 2002 apud BEASLEY,

1963).

Quase uma década após ter vencido a Rússia, o Japão entraria em 1914 na primeira

guerra mundial, ao lado da então Tríplice Entente. Em seu livro, a “Era dos Extremos”

Hobsbawm (1994), pontua que o Japão só combateu na sua região e tinha como objetivo

adquirir as posses alemãs no Oriente Médio e no Pacífico. A primeira guerra mundial trouxe

também ganhos financeiros, durante o conflito o Japão conquistou o mercado de tecidos na

China e ampliou seu transporte comercial marítimo durante a guerra (SAITO, 2012).

Posteriormente, os anos 20 se configurou como uma década de transformação na

política interna japonesa, que mais tarde se transformaria em um regime Fascista.

Como destaca Bernardo (2015), com o termino da primeira guerra mundial, pequenos

grupos nacionalistas radicais foram se formando, no começo, esses grupos eram formados por

civis e, aos poucos, alguns oficiais foram aderindo a esta ideologia, que tinha como princípio

o estabelecimento de uma política expansionista, além de expulsar a presença norte-americana

da Ásia. Pode-se dizer que a propagação do fascismo no Japão, teve como propulsor as

restrições estabelecidas pelas conferencias de Washington (1921-1922), a crise financeira de

1927 e por último a ascensão em 1929 de um primeiro ministro que aplicava uma política

anti-expansionista e de conciliação com as potências ocidentais. O que se sucedeu, foi o

assassinato do primeiro ministro em 1931. O exército se aproveitando da situação, invade a

Manchúria no mesmo ano (SAITO, 2012).

Se tratando em política externa, na visão de Saraiva (2003), o Japão, devido à baixa

capacidade financeira de importar produtos e as restrições impostas pelos estadunidenses,

teria 3 opções: fazer uma aliança com as potências ocidentais, se contentar com o seu poder

regional e cobrir suas necessidades com ele, ou enfrentar a ordem internacional em um

conflito armado.

A anexação da Manchúria em 1932 significou a vitória do fascismo no Japão,

concretizando assim uma política voltada ao expansionismo e a um possível combate direto

com as potências ocidentais. Deste modo, o avanço do Estado japonês se deve a uma

necessidade econômica, como a obtenção de matéria prima e a abertura de novos mercados

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26

para apaziguar a sua crise econômica, mas também se deva a propagação de uma ideologia

ultranacionalista e antissocialista.

Em 1936, o Japão assinaria o Pacto Anticomintern com a Alemanha, que assegurava

uma aliança contra o comunismo soviético, invadiria a China em 1937 e em 1939 entraria na

segunda guerra mundial ao lado de Alemanha e Itália. Segundo Kissinger (2014), o Japão

queria estabelecer uma ordem regional asiática livre de potências ocidentais, que seriam

lideradas pelo Japão. Desde o final da primeira guerra mundial, a única potência ocidental que

ainda exercia poder na Ásia era os Estados Unidos, os estadunidenses representavam o

principal obstáculo, na realização do plano japonês.

O conflito entre os dois Estados se daria em 1941, após o ataque a Pear Harbor. O que

se sucedeu adiante, foi a derrota japonesa na segunda guerra mundial e a destruição de

Nagasaki e Hiroshima em 1945, seguida pela ocupação de tropas norte-americanas no

território japonês, que perdurou até 1952.

Com a desocupação estadunidense, o Japão passaria por uma reforma estrutural

interna, que implicaria na construção de uma democracia constitucional e a aplicação de uma

nova política externa, que consistia entrar na nova ordem internacional, como um aliado dos

Estados Unidos (KISSINGER, 2014).

Tendo abordado o contexto da política externa do Japão no extremo oriente, nós

iremos agora dar a devida ênfase na construção histórica da China na região.

A China e o Japão do século XVI apresentavam características parecidas, ambas

aplicavam um isolacionismo contra os estrangeiros, e também detinham concepções parecidas

em relação ao direito divino de governar, isto por muitas vezes, causava um embate entre os

dois impérios. A diferença mais notável entre a China e o Japão é sua geografia e demografia,

e principalmente o caminho que foi adotado para se lidar com as potências ocidentais.

A China, de todos os impérios, se apresentava o mais promissor. Continha dentro do

seu território, planícies férteis que eram alimentadas por um complexo sistema de irrigação

(KENNEDY, 1987). Possuíam um governo centralizado na figura do imperador, que tinha o

chamado ‘‘mandato celestial’’ para governar não só o ‘‘império do Meio’’ mas sim, tudo

aquilo que está abaixo do sol. A população chinesa era outro aspecto que se destacava no

império, há estimativas que a população chinesa do século XVI era entre 100 a 300 milhões,

contra 50-55 milhões da Europa. Com esse tamanho populacional a China carregava até o

século XV a maior renda per capita do mundo (LYRIO, 2010).

Parecida com o Japão, a política externa chinesa do século XVIII era baseada na

preservação da cultura e seus costumes, rejeitavam a noção de mundo dos estrangeiros no

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qual eles chamavam de ‘‘bárbaros’’. Como observa Kissinger (2011), a China os tratava com

imparcialidade, mas nunca com igualdade. O comércio era muito restritivo, não era permitido

a comerciantes estrangeiros desbravar o interior do país, além de que, no inverno, todos os

barcos estrangeiros eram obrigados a ir embora. Com um mercado consumidor dotado com

este potencial e uma política externa isolacionista, o império ‘‘centrista’’ estava em rota de

colisão com as potências capitalistas, que continham uma gama de preceitos e valores

distintos da sua.

O primeiro contato entre as duas concepções de mundo se daria, com a Inglaterra. Este

embate ficaria mais evidente nas palavras do historiador Francês Alain Peyrefitte “Se a China

continuasse fechada, as portas teriam de ser derrubadas’’. (KISSINGER, 2011, p.38).

A primeira missão inglesa para a abertura de mercado ocorreu em 1793. Na ocasião o

Lord George MaCartney vai a China com a missão de obter acesso a mais portos chineses e

posteriormente a abertura de uma embaixada inglesa, mas ambas as propostas foram

rejeitadas pelo imperador, pois na sua visão os comerciantes ingleses eram mais uma “tribo

bárbara” (KISSINGER, 2011).

Os oficiais ingleses não entrariam em contato com a corte chinesa por vários anos,

muito em decorrências das guerras napoleônicas (KISSINGER, 2011), China e Inglaterra

entrariam em guerra posteriormente em 1839, com a chamada ‘‘Guerra do ópio’’.

Em meados do século XIX, a Índia, então uma colônia Inglesa, era o maior produtor

de papoula do mundo, o imposto cobrado pelo cultivo e o tráfico do ópio gerava um grande

lucro ao governo inglês, em pouco tempo, o ópio se tornou o produto mais importado pela

China (PEREIRA E VISENTINI, 2012).

Em decorrência dos efeitos que o vício do ópio traz a sociedade, a corte chinesa

decidiu erradicar a comercialização da droga, em 1839 o oficial Lin Zexu prende todos os

comerciantes estrangeiros anunciando que iria libertá-los depois que entregassem sua

mercadoria. A resposta do governo inglês se deu no envio de uma frota de navios que tinham

a missão de bloquear os principais portos chineses, a partir destes acontecimentos, se iniciou a

guerra do ópio que ocorreu entre 1839-1842, que acaba com a derrota chinesa, muito em

decorrência da diferença entre as forças militares chinesas e inglesas.

Com a vitória inglesa, é firmado o tratado de Nanquim em 1842, que concedia a

abertura de 5 portos chineses ao comércio e a concessão de Hong Kong aos ingleses. No ano

seguinte, a Inglaterra consegue o privilegio da nação mais favorecida e o direito da

“extraterritorialidade”, que assegurava aos estrangeiros o cumprimento da lei do seu país de

origem, e não mais a chinesa. Segundo Kissinger (2011), as concessões cedidas a Inglaterra

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não significaram só a exploração do povo chinês, perante uma potência estrangeira, mais sim,

um abalo no mandato celestial que os imperadores chineses sustentaram por tanto tempo.

Mesmo em tempos turbulentos, a China ainda mantinha a convicção que eram o

império do meio, o centro da civilização do mundo. Eles ainda chamavam os estrangeiros de

bárbaros, que se recusavam a aprender com o ocidente (HOBSBAWM, 2012).

Com o intuito de não ser dominado por uma única potência (Inglaterra), a china

aplicou uma política, que nas palavras do funcionário Wei Yuan seria “Usar bárbaros contra

bárbaros”, a estratégia consistia em proporcionar os mesmos privilégios a todas as outras

nações estrangeiras, através da clausula da nação mais favorecida (KISSINGER, 2011).

A China com o passar dos anos atraía mais potências estrangeiras, especialmente os

Estados Unidos e a França, que procuravam os privilégios que o mercado consumidor chinês

oferecia. O segundo ponto alto do conflito chinês com os ingleses ocorre em 1856, quando um

navio inglês é inspecionado por autoridades chinesas, e a alegação de desrespeito a bandeira

inglesa, foi o suficiente para levantar uma situação de conflito entre os dois países

(KISSINGER, 2011).

O resultado deste embate foi o tratado de Tianjin em 1858, que garantia a fixação de

uma embaixada inglesa em território Chinês. Nesse contexto, a China se caracterizava como

um território sendo disputado por nações estrangeira. O imperador acabara virando submisso

de tais potências, e ainda, convivia com as revoltas internas, como a de Taiping e a de Nian.

Se aproveitando da fragilidade chinesa, a Rússia Czarista aplicaria um imperialismo3

com o intuito de aumentar seus domínios. A estratégia russa consistia em se oferecer como

um mediador para a China em relação às ambições das potências ocidentais. Como forma de

pagamento a Rússia exigiu a chamada Manchúria exterior e mais uma cidade portuária e de

uma só vez a Rússia conseguiu uma base naval no mar do Japão e uma área que abrangia

cerca de 900 mil metros do território que antes pertencia a China (KISSINGER, 2011).

A China em 1860 perdera território para a Rússia, o mandato celestial estava cada vez

mais desacreditado pelas revoltas internas. Em meio a esses problemas a China ainda tinha

uma relação de desconfiança com o seu vizinho asiático, o Japão. Essa situação fica mais

visível nas palavras que o diplomata chinês Li Hongzhang profere em 1863:

3O imperialismo é fruto de uma política expansionista e territorial, que visa expandir seus domínios em troca do

detrimento de outras nações. O autor Hobson (1902) destaca que o imperialismo não tem como objetivo favorecer a nação como um todo, mais sim certos grupos que através do seu poder conseguem impor está política ao país.

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Seu poder cresce a cada dia, e sua ambição não é pequena. Desse modo eles ousam exibir sua força em terras ao leste, desprezam a China e empreendem a ação de invadir Taiwan. Embora as diversas potências europeias sejam poderosas, elas continuam a 70 mil de distância de nós, ao passo que o Japão fica tão próximo quanto o pátio ou limiar e está se intrometendo em nosso vazio e solidão. Sem dúvida, ele vai se tornar uma causa permanente de grande ansiedade para a China (KISSINGER, 2011, p. 60).

Como foi mostrado acima, china e Japão entraram em guerra em 1894, na ocasião o

Japão saiu vencedor e a China perdeu a influência que tinha na península coreana. Quatro

anos depois da guerra sino-japonesa, a China encararia mais uma turbulência interna.

A Revolta dos Boxers em 1898-1900, que ocasionou uma interferência ainda maior de

Estados estrangeiros no território chinês e a formulação de outro acordo desigual que obrigava

o império chinês a pagar uma indenização e concedia mais direitos a eles, junto com a derrota

chinesa na primeira guerra sino-japonesa, balançaram o poder da Dinastia Qing

(KISSINGER, 2011).

Após séculos no poder a Dinastia Qing caiu em 1912, criando assim um vácuo na

liderança do Estado chinês. O primeiro líder a assumir o poder foi Sun Yat-sen, ficando

miseras 6 semanas, o poder é passado a Yuan Shikai, um comandante militar, que tinha como

objetivo unificar o país. A morte de Yuan em 1916 abriu uma nova disputa pelo poder.

Durante os próximos 5 anos o poder na China foi fragmentado em pequenos governantes, que

exerciam sua força, através de seus pequenos exércitos.

A década de 1920 seria marcada, pelo conflito entre dois partidos: o partido nacional e

o partido comunista. É importante pontuar que os dois partidos, visando uma China unida,

formaram uma parceria chamada de ‘‘frente unida’’ que tinha como objetivo acabar com os

governantes locais (SILVA, 2015).

Devido as diferenças ideológicas, em 1926 a frente unida é desfeita, e o que se sucede

é uma disputa pelo controle da China.

A China neste período já não sofria muitas interferências externas, buscando

novamente a visão de Kissinger (2011). As potências europeias não conseguiam exercer sua

influência na China como antes, mal seguravam as conquistas que já tinham. A única ameaça

efetiva era o Japão.

Com a invasão e ocupação do Japão, na segunda guerra mundial, os chineses se viram

mais uma vez no controle de um país estrangeiro. Com o fim da guerra, a disputa pelo poder

central da China se tornou novamente a principal questão a ser resolvida, no começo a URSS

reconhecia o partido nacionalista como detentora do poder, mais por traz, conspirava e

fornecia armas ao partido comunista (KISSSINGER, 2011).

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Com a vitória do partido comunista em 1949, é declarada a republica popular da

China, sobre o comando de Mao Zedong.

2.2.2 Os Estados Unidos

Os Estados Unidos no final do século XIX tinham condições econômicas de rivalizar

com qualquer potência europeia. Seu tamanho continental, seu mercado interno dinâmico é

bem protegido, tendo abertura somente para mão-de-obra e investimento externo direto,

possibilitavam o sonho de se chegar ao topo. Os Estados Unidos foi o Estado que mais se

beneficiou com o livre comercio britânico (ARRIGHI, 1994).

Mesmo tendo tais condições os estadunidenses aplicavam um isolacionismo, baseado

na doutrina Monroe, o lema ‘‘América para os americanos’’ ainda estava em vigor. Segundo

Pecequilo (2011), a política externa americana passa por uma mudança em 1898 com a guerra

Hispano-Americana e a política Open Doors, passando brevemente. O primeiro foi um

conflito armado entre Estados Unidos e Espanha, pela independência de Cuba, este acaba

sendo a primeira guerra entre os Estados Unidos (como Estado formado) contra uma potência

europeia, por fim os estadunidenses ganham o conflito e aumentam sua influência em Cuba.

Mesmo antes do Open Doors, os Estados Unidos já tinham feito contato com o

extremo oriente, especificamente com o Japão em 1853, através de uma carta entregue pelo

Comodoro Matthew Perry, que tinha como objetivo aconselhar o imperador japonês a aderir

um livre comércio com os estadunidenses. Diferente do primeiro encontro com os japoneses,

o Open Doors, significou a primeira interferência direta e efetiva dos estadunidenses no

extremo oriente, sendo a China essa porta de entrada.

O Open Doors nasceu com dois objetivos específicos: o primeiro era impedir que a

China fosse dividida por potências europeias e a segunda, e mais importante, era conquistar o

mercado consumidor chinês (ANDERSON, 2015). Essa ideia foi oficializada em 1898,

através da nota do secretário de Estado Jonh Hay, que afirmava que todos os empreendedores

estadunidenses deveriam ter os mesmos direitos que as outras potências na China, e por

última afirmava que os Estados Unidos deveriam agir para manter a integridade territorial do

Estado chinês (PEQUILO, 2011).

A transformação da política externa norte-americana pode ser analisada através de

algumas razões, a primeira foi o declínio da Grã-Bretanha como potência hegemônica, que é

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31

ocasionada pela formação do Estado Alemão e a ascensão econômica dos EUA (ARRIGHI,

1994) e a segunda pode ser caracterizada como a necessidade estadunidense, de matéria prima

e mercados externos para que se consiga manter o crescimento econômico e, por último, a

exploração do Pacífico, que era considerado uma extensão natural dos Estados Unidos

(PECEQUILO, 2011).

Seguindo ainda Pecequilo (2011), os Estados Unidos estavam se projetando na ordem

internacional vigente, por meio do seu poder econômico, e não aderindo a guerra, desse modo

eles conseguiam cumprir seu ‘‘destino manifesto’’ e atingir seus interesses nacionais.

Com a chegada de Theodore Roosevelt4(1901-1909) à presidência, os Estados Unidos

iriam exercer seu poder no sistema internacional. Roosevelt era um cosmopolita com

formação na Europa, detinha um bom conhecimento sobre a história do continente europeu e,

portanto, entendia bem a necessidade de que se tenha um equilíbrio de forças no cenário

Europeu.

Sua política externa seria conhecida como big stick, nas suas palavras os Estados

Unidos teriam que “falar manso e carregar um enorme porrete”.

O avanço estadunidense para o pacifico, como dito acima, era considerado algo

natural, os Estados Unidos primeiro tomaram as Filipinas em 1898 como sua colônia,

posteriormente integraram o Havaí como seu estado no mesmo ano. Os Estados Unidos por

meio do seu poder econômico e militar estava construindo uma zona de influência no pacifico

e na Ásia. Seus interesses logo entrariam em conflito com os japoneses.

Roosevelt via com bons olhos o desenvolvimento acelerado do Japão, ele acreditava

que os japoneses poderiam contrabalancear a presença russa no extremo oriente. A previsão

de Roosevelt se provou estar certa na guerra russo-japonesa em 1905, conflito na qual o Japão

saiu vencedor, e passou a controlar a Coréia. Na ocasião Roosevelt descreveu a posição da

Coreia em relação ao Japão, nas suas palavras:

Corea pertenece por completo a Japón. Desde luego, en un tratado se acordó solemnemente que Corea seguiría siendo independiente. Pero la propia Corea no tenía fuerzas para aplicar el tratado, y era inimaginable que alguna otra nación [...] intentara hacer para los coreanos lo que éstos eran absolutamente incapaces de hacer por sí mismos (KISSINGER, 1996, p. 21).

4Roosevelt foi o primeiro presidente a anunciar abertamente a posição dos Estados Unidos como potência

mundial, ele era por natureza um político que tinha como orientação o realismo político. (PECEQUILO, 2011)

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32

O Japão não só se igualou com a Rússia, mas superou-a. Em pouco tempo Roosevelt

começou a ver o Japão como uma ameaça ao equilíbrio de poder na Ásia. Um dos temores

dele era perder sua posição no sudeste asiático, através de uma futura investida japonesa nas

ilhas do Havaí (KISSINGER, 2014).

Com a chegada de Woodrow Wilson (1913-1921) à presidência e o advento da

primeira guerra mundial, a atenção dos Estados Unidos teve que ser mudada para o conflito

que se alastrava na Europa. Wilson trouxe com ele, como destaca Anderson (2015) um

discurso ‘‘messiânico’’, que lembrava das virtudes que a nação tinha, propagando a todos a

missão que os Estados Unidos tinham de guiar o mundo a liberdade.

Depois de assistir por 3 anos a guerra na Europa, os Estados Unidos declaram guerra à

Alemanha em 1917, Pecequilo (2011) destaca que a expansão do poder estadunidense só seria

possível em um ambiente internacional estável, o fato de uma potência contrária aos

interesses norte-americanos, dominar o continente era inconcebível. Anderson (2015) salienta

que a entrada na primeira guerra mundial não foi devido a um objetivo especifico, mais sim a

uma decisão do presidente Wilson. Kissinger (2014) vai de encontro com a análise de

Anderson, afirmando que Wilson colocou os Estados Unidos na guerra, por meio de seus

discursos, de que os Estados Unidos tinham um compromisso em consolidar a paz pela

democracia.

Com o fim da primeira guerra mundial e a saída do presidente Wilson em 1921, os

Estados Unidos abdicaram do seu papel na reformulação do cenário Europeu e viraram seus

olhos para a Ásia, focando seus esforços para interromper o avanço do imperialismo japonês

no Pacifico.

O Japão por meio de uma política militarista e nacionalista virara a principal

preocupação na Ásia (PECEQUILO, 2011). A posição dos Estados Unidos estava ameaçada

no extremo oriente e os estadunidenses corriam o risco de perder um mercado consumidor

como o chinês. Para evitar esta situação, os Estados Unidos elaboraram certas medidas que

seriam necessárias para parar a investida japonesa na Ásia: primeiro os estadunidenses teriam

que impedir a renovação do acordo anglo-japonês, segundo teriam que limitar a marinha

japonesa para 3 navios em relação a 5 dos estadunidenses e ingleses e impedir que o Japão

quebre o Open Doors com a China e, por último, assegurar o status Quo das ilhas do pacífico

(SARAIVA, 2003).

As conferencias de Washington (1921-1922) se mostraram até certo uma boa

ferramenta para conter o expansionismo japonês, por meio delas, foi delimitado que a marinha

japonesa seria menor que a estadunidense e inglesa, outro ponto acordado foi à neutralidade

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33

com a China das quatro potências (EUA, Japão, França e Inglaterra), em contrapartida

nenhuma base naval poderia ser construída em uma distância que pudesse atacar os japoneses.

Os acordos no começo foram considerados um avanço na diplomacia entre EUA e

Japão, em longo prazo o que aconteceu de fato, era que o Japão tinha agora o Extremo oriente

como zona de atuação, e nenhuma potência para interferir (LOWE, 2011).

Os Estados Unidos, viram o Japão invadindo a Manchúria em 1931, estabelecendo um

acordo com a Alemanha em 1936 e invadindo a China em 1937, os norte-americanos

observaram esses eventos e se mantiveram neutros. Essa posição pode ser explicada pela volta

do isolacionismo estadunidense, recorrendo a obra de Pecequilo (2011), os Estados Unidos,

após a primeira guerra mundial, decidiram se abster dos eventos que ocorriam na Europa e na

Ásia, contrariando assim a Política externa exercida por Roosevelt e Wilson, a ‘‘grande

depressão’’ de 1929 contribuiu ainda mais para esse posicionamento.

Mesmo tendo um congresso que sancionou a neutralidade dos Estados Unidos durante

toda a década de 30, o presidente Franklin Delano Roosevelt (1933-1945), via o perigo que a

Alemanha e, principalmente, o Japão representavam aos interesses estadunidenses. Através

dos esforços de Roosevelt, o congresso concordou que os Estados Unidos oferecessem ajuda a

Inglaterra. A entrada na guerra se daria em 1941 com o ataque a Pearl Harbor (KISSINGER,

2012).

A participação dos Estados Unidos na guerra se daria em duas frentes, atlântico e

Pacífico. É importante salientar que durante a maior parte da sua participação na guerra, os

estadunidenses enviaram mais tropas ao Pacifico, com o intuito de combater o Japão, do que a

Alemanha na Europa. A sua demonstração de força se daria em Nagasaki e Hiroshima.

Com o fim da segunda guerra mundial, a posição hegemônica dos Estados Unidos se

tornava evidente. A ordem regional asiática, com o fim do conflito, também passara por

mudanças. A hierarquia de forças no extremo oriente tinha agora entrado em uma nova era.

Os Estados Unidos viam a China como um futuro aliado, mais a revolução comunista

em 1949 e a aproximação de Mao Zedong com Stalin, frustraram seus planos. Para equilibrar

o poder, os Estados Unidos teriam que reconstruir o Japão, para que este atuasse como aliado

estadunidense na região e contrabalanceasse o potencial que a China tinha como futura

potência (ANDERSON, 2015).

O extremo oriente se encontrava no final da década de 40 dividido, de um lado o Japão

apoiado pelos Estados Unidos, conseguiam equilibrar o poder que a China por meio da URSS

exercia, a tensão na região seria visível em 1950 com a guerra da Coréia.

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34

O acordo de Yalta em 1945 tinha determinado que o local onde as tropas soviéticas e

estadunidenses estivem estacionados, seriam consideradas a sua zona de influência, na

ocasião, os Estados Unidos ficaram com a maior parte do mundo (WALLERSTEIN, 2004).

Na Ásia, o acordo assegurava o Pacífico para os Estados Unidos e o nordeste asiático para a

União Soviética (SARAIVA, 2003).

Durante quase meio século, a península coreana havia ficado sobre controle do

Japão, quando a segunda guerra mundial terminou, os EUA controlavam o Sul da ilha e o

URSS o Norte, cada um estabeleceu uma forma de governo (KISSINGER, 2014).

A República Democrática Popular da Coréia é proclamada em 1948, com a liderança

de Kim Il-Sung, a Coréia do Norte então estava formada, a Coréia do Sul proclama sua

independência no mesmo ano.

Em pouco tempo a convivência entre os dois Estados se tornou insustentável, revoltas

e assassinatos se tornaram corriqueiros (SARAIVA, 2003) e, em 1950, os norte-coreanos,

ultrapassam o paralelo 38 e iniciam a guerra, tendo como objetivo a unificação da Coréia.

No seu livro ‘‘Diplomacia’’ Kissinger (2012) explica que o conflito ocorreu devido a

uma análise errada, os soviéticos não acreditavam que os Estados Unidos iriam interferir

militarmente numa investida norte-coreana, e essa visão foi embasada no discurso equivocado

de um general norte-americano que afirmava que a Coreia do Sul não estava em seu círculo

de defesa, contrariando assim a política externa defendida por Truman.

Em resposta à invasão norte-coreana, os Estados Unidos, por meio das Nações Unidas,

enviaram tropas para conter a investida da Coréia do Norte. É importante dar a devida ênfase

no fato que os Estados Unidos, aproveitando o espontâneo afastamento soviético do conselho

de segurança (motivado pela vontade de substituir Taiwan pela China) conseguiram aprovar a

entrada da ONU na guerra da Coreia (KISSINGER, 2014). Seguindo o exemplo do conselho,

a assembleia geral consentiu com a entrada por meio da resolução 82 e 83.

Em pouco tempo as tropas ocidentais conseguiram empurrar os norte-coreanos até o

rio Yalu. A China, vendo a derrota dos norte-coreanos, resolveu intervir militarmente.

Hobsbawm (1995) destaca que os norte-americanos se envolveram oficialmente na guerra,

mas os soviéticos não, Pecequilo (2011) segue esta linha de pensamento afirmando que a

União Soviética evitava um enfrentamento direto com os Estados Unidos.

Em 1951, após China e Estados Unidos terem suas tropas estacionadas no paralelo 38,

é elaborado em armistício, que entra em vigor em 1953, parando assim a guerra da Coréia.

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35

Os Estados Unidos, como foi abordado durante o texto, tem uma política externa

específica voltada para a Ásia, percebe-se isso com a política do Open Doors e posteriormente

com a guerra da Coréia.

Citando Kissinger (2014) os Estados Unidos, desde o século XIX tem como objetivo

impedir a formação de uma potência hegemônica na Ásia.

Deste modo, a ordem regional asiática tem uma complexidade diferente das demais,

sendo seu principal ponto a inclusão de potências estrangeiras que não habitam

geograficamente seu continente (KISSINGER, 2014)

2.2.3 Coreia do Sul

O armistício da guerra da Coreia decretou uma realidade regional que perdura até os

dias atuais, então, antes de darmos a devida ênfase na questão norte-coreana, devemos

abordar a atuação da Coreia do Sul na região, trazendo aspectos como a sua parceria

estratégica com os Estados Unidos e a sua atuação como opositora ao regime ditatorial da

Coreia do Norte.

Os primeiros anos da Coreia do Sul no pós-guerra se mostraram sendo desafiadores, o

primeiro ato foi à consolidação de Syngman Rhee na presidência, que contava com amplo

apoio norte-americano. Rhee teve como primeira missão, reconstruir um Estado devastado

pela guerra, para isso, aplicou uma política econômica voltada ao subsídio estatal a indústrias,

em contrapartida enfraqueceu a agroindústria. Durante os primeiros anos do governo de Rhee,

os Estados Unidos desempenharam um papel de apadrinhamento aos sul-coreanos, investiram

grandes remessas principalmente na indústria militar (KIM, 2005), inclusive recebendo

armamento nuclear norte-americano em 1958.

A reconstrução da península coreana teve como principal pagador, as potências da

guerra fria. Cada um investia em seu aliado regional, embora a recuperação econômica inicial

da Coreia do Norte tenha se dado em uma velocidade superior ao seu vizinho sul-coreano

(VISENTINE E PEREIRA, 2012). A Coreia do Sul, em longo prazo, se tornou uma economia

com maior força competitiva e uma indústria tecnologicamente mais avançada. Em sua obra

Brites (2014) expõe, que após o golpe militar de 1961, a Coreia do Sul fomentou uma política

econômica que tinha como base empréstimos bancários a juros baixos a empresas que

queriam se industrializar. Em paralelo, a Coreia do Sul sob o governo de Park Chung Hee

Page 35: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

36

(1961-1979), afastou o sentimento revanchista que existia em relação a ocupação japonesa, e

promoveu um tratado de relações básicas com o Japão (BRITES, 2014).

Desde a sua formação como Estado soberano, a Coreia do Sul teve como principal

aliado os Estados Unidos. Essa parceria se mostrou muito vantajosa para os dois lados. Os

sul-coreanos utilizaram da ajuda norte-americana para sobrepujar as suas falhas econômicas e

militares (XAVIER, 2016). Os estadunidenses por vez, buscaram estabelecer uma cooperação

triangular, Estados Unidos-Japão-Coreia do Sul logo após a segunda guerra mundial, como

um meio de concretizar um esquema arquitetônico de equilíbrio de poder no extremo oriente.

Focalizando agora na Coreia do Sul, que é o cerne deste tópico, os norte-americanos se

propuseram a fortificar o Estado sul-coreano com o intuito de travar o avanço soviético na

Guerra fria. Magalhães (2006) destaca que o equilíbrio na península coreana era visto com

bons olhos e que deste modo, os Estados Unidos e a União Soviética aplicaram seu poder

econômico e militar durante a década de 1970 e 1980, de modo a neutralizar uma possível

nuclearização de ambas as coreias.

A dissolução da URSS e o fim da bipolaridade, trouxe uma nova perspectiva sobre o

futuro da península coreana, pois os atores presentes na região tiveram que se adaptar ao novo

jogo de poder que estava se formando. A Coreia do Norte buscou uma reaproximação com a

Coreia do Sul (ver 3.1), as tratativas de paz e as rodadas de negociações entre os Estados

Unidos, Coreia do Sul e Coreia do Norte, que tem como objetivo a desnuclearização da

Coreia do Norte acabam ganhando força na década de 1990.

Como afirma Pecequilo (2012), a ascensão chinesa e a sua confirmação como a

segunda maior potência do mundo em 2010, em conjunto com a recuperação do poderio

regional russo, se configurou como um novo desafio aos Estados Unidos e seus aliados no

extremo oriente. Os Estados Unidos agora têm como premissa o medo de um avanço da

influência chinesa na região para fortalecer sua parceria Japão-Coreia do Sul e assim

fortalecer econômica e militarmente sua posição na Ásia (PECEQUILO, 2012).

Essa subseção teve como objetivo dar aspectos gerais da reconstrução sul-coreana no

pós-guerra, mas teve como principal motivo, esclarecer para o leitor, a influência japonesa e

principalmente estabelecer o peso que os Estados Unidos têm na tomada de decisões na

política externa sul-coreana e o relacionamento que o mesmo tem com o seu vizinho, a Coreia

do Norte. Além de construir o processo histórico da região e da península coreana, é

necessário dar a devida atenção a questão nuclear norte-coreana, que tem sido o principal foco

de tensão na região nos últimos anos. Na sequência da narrativa, abordaremos na próxima

Page 36: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

37

seção a construção histórica do debate nuclear norte-coreano, relacionando o mesmo, com a

geopolítica do extremo oriente.

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3 A CONSTRUÇÃO DA CORÉIA DO NORTE NO PÓS-GUERRA: DA

INFLUÊNCIA DE GRANDES POTÊNCIAS AO ARMAMENTO NUCLEAR

Na primeira parte deste trabalho abordamos a construção histórica da região do

extremo oriente, da qual a península coreana faz parte. Trouxemos as diferentes atuações de

grandes potências como os Estados Unidos, Japão e China, sempre mostrando seus papeis de

grande importância na região. Com o objetivo de clarear e sintetizar o tema Coreia do Norte,

o presente capítulo tem como intuito apresentar a formação do Estado norte-coreano no pós-

guerra da Coreia (1950-1953), o papel de grandes potências na reconstrução da Coreia do

Norte e o alinhamento de sua política externa, explorando a criação do programa nuclear

norte-coreano.

3.1 RECONSTRUINDO A CORÉIA DO NORTE

Antes de aprofundar o debate acerca da criação do Estado norte-coreana, é necessário

pontuar uma característica que a Coreia do Norte apresenta ainda nos dias de hoje, que é o

isolacionismo como uma herança cultural.

Diferente da Coreia do Sul, os norte-coreanos demonstram um vestígio desta prática,

por meio da sua falta de diplomacia internacional e de parceiros nas áreas político-econômica,

a falta de misturas étnicas evidencia esta particularidade da Coreia do Norte, isto se deve ao

fato de que a península coreana, durante a sua era monárquica praticava um isolacionismo

muito forte, ao ponte de ser chamada de ilha ermitão, pelos seus vizinhos China e Japão. Uma

característica que por fim foi herdada principalmente pela Coreia do Norte. Dito isto iremos

abordar a fundo agora o nascimento do Estado da Coreia do Norte.

Com o fim da guerra da Coréia, ambos os Estados se encontravam destruídos, os anos

posteriores foram marcados como um período de reconstrução. No caso norte-coreano, o que

se sucedeu foi uma industrialização, patrocinada por chineses e soviéticos, além da

concretização de Kim II Sung como “líder supremo” da Coréia do Norte (LOWE, 2011).

Antes de reforçar a atuação de tais potências, é necessário pontuar a formação da

filosofia “Juche”, a principal ideologia que moldou o pensamento norte-coreano. A filosofia

Juche ou Zuche é o sistema ideológico implementado por Kim II Sung nos anos 1960 na

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39

Coreia do Norte, se configura hoje como o princípio que norteia a política externa e interna do

Estado norte-coreano (MARTINEZ; MARTINS, 2016).

Essa filosofia tem como base quatro princípios: a autossuficiência econômica,

autonomia na ideologia, independência na política e independência na defesa.

A ideologia e independência política eram mais voltadas para a esfera social, tinham

como objetivo a propagação e fixação da ideia Juche em todas as camadas da sociedade norte-

coreana. Já a autossuficiência econômica, consiste em fomentar a indústria e agricultura, o

objetivo principal era quebrar a dependência que a Coreia do Norte tinha dos seus aliados e

tornar a economia independente e autossuficiente (LOWE, 2011).

Por último, a independência na defesa tem como base o desenvolvimento militar para

assegurar a um Estado soberano e independente (KIM II SUNG, 1982). A filosofia Junche foi,

e ainda é, a linha ideológica vigente na Coreia do Norte, dando os parâmetros a serem

seguidos pelos cidadãos. Desta forma, percebe-se que os norte-coreanos adotaram uma

filosofia, que tinha como intuito, estabelecer o interesse nacional em primeiro lugar,

ignorando muitas vezes as diretrizes dos seus aliados (MELCHIONNA, 2014).

Com as diretrizes ideológicas já estabelecidas, a Coreia do Norte tinha como

principais aliados a China e a extinta URSS, além de interesses em comum, os norte-coreanos

recebiam apoio principalmente dos soviéticos. A União Soviética investiu grandes somas na

criação de uma indústria pesada na Coreia do Norte (BRITES, 2014).

A RPDC, logo na década de 60, apresentava uma política externa de equilíbrio entre

os dois gingantes comunistas. Vizentine e Pereira (2014) destacam que mesmo os norte-

coreanos receberem remessas de investimento soviético e a relação com a China era

considerada de vital importância estratégica. A Coreia do Norte mantinha um importante

relacionamento com seus aliados, principalmente na década de 1960, por outro lado, a

convivência com a sua vizinha, a Coreia do Sul continuava tensa, principalmente por causa da

constante presença militar estadunidense na região. Desse modo a península coreana foi

dividida em dois blocos, de um lado a Coreia do Sul sendo apoiada pelos EUA e o Japão,

enquanto isso a Coreia do Norte recebia ajuda dos chineses e soviéticos.

Durante a guerra fria, a política norte-coreana passa por alguns redirecionamentos.Isso

é evidente, principalmente no começo da década de 1970, pois segundo Melchionna (2014) a

entrada da China no conselho de segurança em 1971, substituindo Taiwan e posteriormente o

aperto de mão entre Nixon e Mao Tsé-Tung em 1972, mudou o panorama do extremo oriente

e trouxe um novo paradigma, a relação entre os chineses e norte-coreanos.

Page 39: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

40

A aliança entre Kim e Mao estava agora estremecida. A China ocupara um novo

campo de atuação entre os dois lados (diplomacia Ping-Pong5), a Coréia do Norte se

movimentava agora com uma certa dúvida sobre o real posicionamento chinês e,

principalmente, a crescente diferença de pensamento (MELCHIONNA, 2014), essa

heterogeneidade ideológica aumenta ainda mais com a implementação da economia de

mercado socialista6 pelo então líder supremo Deng Xiaoping.

Em resposta ao posicionamento Chinês, a Coréia do Norte aplica uma política externa

mais voltada na manutenção e aproximação com os soviéticos, o ponto alto acontece em

1985, onde 55% da transação comercial era feita somente com a URSS. Com o desfecho da

guerra fria mais próximo e a eminente destituição da União Soviética, a economia norte-

coreana logo começou a sentir os efeitos da diminuição substancial da sua produção, quando a

URSS se dissolveu em 1991, a Coreia do Norte perdeu seu principal aliado e fornecedor de

petróleo subsidiado e fertilizantes (VIZENTINE; PEREIRA, 2014).

Com a mudança do panorama político internacional e regional, a Coréia do norte

ensaia uma aproximação com a Coreia do Sul, que acaba culminando na entrada de ambos na

ONU em 1991 e no acordo de “Acordo para reconciliação, Não-agressão, cooperação e

intercâmbio entre o Norte e Sul”. Brites (2014) destaca que essa aproximação se deu,

principalmente, pela grave crise energética que se passava na Coréia do Norte e também pela

escassez de alimentos para a população.

Com a morte Kim II Sung em 1994, as negociações entre a sua vizinha, a Coréia do

Sul e os Estados Unidos esfriaram, principalmente, pelo obstáculo da questão nuclear e

também pela dúvida que pairava no sistema internacional, de como a Coréia do Norte ia

reagir frente a perda do seu maior símbolo.

A eleição de Kim Dae-jung a presidência da Coréia do Sul em 1998, trouxe um novo

redirecionamento ao posicionamento adotado perante os norte-coreanos, considerado um

progressista. Kim foi o idealizador da política Sunshine, que tinha como objetivo estabelecer

uma ajuda mútua entre os dois Estados, para tal fim, o projeto tinha pontos substanciais como:

a não tolerância a insultos ou ameaças por parte da Coréia do Norte, unificação não por

absorção, mas sim, por etapas que incluem convivência pacífica e depois integração política e

como último ponto, a cooperação econômica entre ambos os Estados. Visando essa

5 Política utilizada pela China na década de 1970 que tinha como base estabelecer vínculos diplomáticos com os

Estados Unidos e em paralelo manter a aliança com a URSS, ganhando assim recompensas de ambos. 6

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41

aproximação, a Coreia do Sul forneceu ajuda humanitária e cultural reunindo as famílias

coreanas separadas pela guerra, deste modo Brites (2014) assinala que a política Sunshine

tinha como base inicial estabelecer uma cooperação mútua e por fim, a aproximação política

com o ultimo intuito de uma unificação total.

Entre 1998 e 2003, a política Sunshine conseguiu estabelecer um ambiente favorável a

paz e reconciliação entre as duas Coreias. É necessário destacar dois pontos que fizeram a

política Sunshine declinar: o primeiro foi o fim do mandato de Kim Dae-jung em 2003, seu

sucessor Roh Moo-hyun (2003-2008), não conseguiu dar continuidade a essa política e,

posteriormente, o presidente Lee Myung-bak (2008-2013) voltou a apresentar uma política

externa mais rigorosa perante a Coréia do Norte (AXELBLOM, 2017).

O segundo ponto da virada, foi a chegado de George W. Bush a presidência em 2001,

nesse mesmo ano foi criado o chamado Eixo do Mal, a inclusão da Coréia do Norte a este

grupo ocasionou uma nova instabilidade na região e fez retroceder os avanços alcançados pelo

então ex-presidente sul-coreano Kim Dae-jung e a sua Sunshine policy.

O primeiro mandato do presidente Bush apresenta uma característica mais rigorosa e

pragmática em relação à Coréia do Norte, já seu segundo mandato assume uma postura mais

diplomática e focada na negociação (DEREWIANY, 2011).

É importante analisar que a realização do primeiro teste nuclear em 2006, foi possível

por um conjunto de fatores como: O fracasso na negociação das seis partes7 em 2003 e

novamente em 2005, a posse de Lee Myung-bak na Coreia do Sul e George W. Bush nos

Estados Unidos, dois presidentes que expressaram forte oposição ao regime norte-coreano,

além de que , como destaca Brites (2014), as sanções econômicas impostas que

impossibilitavam a circulação de ativos norte-coreanos na economia mundial.

A junção desses elementos com a adição da ideologia Juche, que ordena o pensamento

norte-coreano, deu o impulso necessário para a manutenção e continuação do programa

nuclear bélico da Coréia do Norte, levando assim a realização do primeiro texto nuclear em

2006.

Entre o fim do mandato de Bush e a chegada de Barack Obama em 2009 ainda houve

negociações das seis partes que se demonstrou infrutífera, levando a outro teste de longo

alcance que cai no pacífico em 2009.

7 A Six-party talks são rodadas de negociações compostas por Coréia do Norte, Coréia do Sul, Estados Unidos,

China, Japão e Rússia, começou em 2003 e tem como objetivo fomentar a cooperação com a Coréia do Norte e promover o desarmamento nuclear da mesma.

Page 41: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

42

A política externa estadunidense para a Coréia do Norte ganhou uma nova perspectiva

com a eleição de Obama, com a nova administração encabeçada pelos Democratas tendo

como Hilary Clinton liderando o secretário dos Estados Unidos, aplicaram a Strategic

Patience ou política da paciência estratégica, que tem como base, a premissa de pressionar a

Coréia do Norte através do corte de negociações entre ambos e aliados, o endurecimento de

sanções econômicas, aumento da pressão do sistema internacional por meio da ONU e por fim

pressionar a China a tomar uma atitude mais rigorosa perante os testes nucleares e

provocações de guerra feita pelos norte-coreanos (HYUN, 2017).

Com a morte do líder Kim Jong-Il em 2011, a Coréia do Norte passou por um período

semelhante a morte do patriarca Kim II-Sung em 1994, um tempo de dúvidas e apreensões de

como os norte-coreanos iriam reagir à sucessão. Kim Jong-Un8 assumiu o poder 2011

mantendo o regime forte e dando continuidade ao programa nuclear, que realizou em 2013, o

seu terceiro teste dando início a uma crise internacional e elevando o nível de tensão no

extremo oriente, caso que será discutido na pesquisa empírica.

3.2 CRIAÇÃO DO PROGRAMA NUCLEAR NORTE-COREANO

A nuclearização da península coreana teve início em 1958, por decorrência do envio

de armas nucleares norte-americanas para a Coréia do Sul, segundo Dellagnezze (2012) esta

iniciativa deu o impulso necessário para que os norte-coreanos iniciassem o programa nuclear.

O Primeiro reator nuclear, foi fornecido pela URSS a Coréia do Norte em 1965, sendo

instalado em Yongbyon, posteriormente em 1970, é construído um segundo reator.

Dellagnezze (2012), pontua que o programa nuclear, só começou realmente em 1980, cinco

anos mais tarde em 1985, a Coréia do Norte assina o Tratado de não-proliferação de armas

nucleares (TNP), mas no mesmo ano os Estados Unidos acusam os norte-coreanos de estarem

construindo um terceiro reator nuclear.

O que se sucedeu de 1985 até a saída oficial da Coréia do Norte do TNP em 2003, foi

uma série de tentativas diplomáticas dos Estados Unidos de desnuclearização da península

coreana, os norte-coreanos fariam o primeiro teste nuclear em 2006, o que acabou acirrando

ainda mais o embate entre os Estados Unidos e a Coréia do Norte.

8 O terceiro e mais jovem filho de Kim Jon-Il.

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43

Devemos colocar agora três pontos fundamentais que incentivaram a nuclearização da

Coréia do Norte: o primeiro é o medo de um ataque dos sul-coreanos, como vimos neste

trabalho, a Coreia do Sul tinha ogivas nucleares em seu território, que advinham dos Estados

Unidos. Essa condição serviu como motivação a Coréia do Norte, em paralelo com a ameaça

da Coréia do Sul, a filosofia Junche serviu como alicerce para que se aplicasse

desenvolvimento militar e nuclear, visando a defesa da Coréia do Norte. E o terceiro é que as

armas nucleares não é só um instrumento de destruição, elas fornecem também uma vantagem

diplomática em relação a outros Estados (ANDERSON, 2015). A posse de um arsenal

nuclear, permite que a Coréia do Norte negocie acordos que sejam vantajosos a sua economia.

Ao olharmos sob uma perspectiva chinesa, a Coréia do Norte, engloba várias questões,

historicamente, a China desde o império, manteve boas relações com a Coréia, se

configurando como um Estado tributário, Kissinger (2014), nos diz que há uma identificação

chinesa por decorrência dos acontecimentos do século XIX, com os norte-coreanos e a sua

vontade de se opor ao sistema internacional. Há também a questão geográfica, a península

coreana é um corredor que dá acesso por terra ao território chinês. Ter a Coréia do Norte

como aliada, barraria uma possível investida militar japonesa ou estadunidense contra a

China. Por outro lado, a presença de armas nucleares na Coréia do Norte, poderia incentivar o

Japão e a Coréia do Sul a obter os seus próprios armamentos nucleares (KISSINGER, 2014).

Em suma, ao analisarmos o relacionamento entre a China e a Coreia do Norte,

percebe-se que é vantajoso para os chineses manterem uma boa diplomacia com os norte-

coreanos, pois através disto, a China consegue contrabalancear, até certo ponto, a presença

norte-americana no extremo oriente, se tratando especificamente das armas nucleares norte-

coreanas. A China se posiciona a favor da desnuclearização da Coréia do Norte, pois vê que

as armas nucleares norte-coreanas elevam a tensão na região, que poderia ocasionar conflitos

com resultados indesejados pela China (KISSINGER, 2014).

Ao analisarmos sob a perspectiva da política externa dos Estados Unidos, vemos que a

península coreana é um ponto chave, para o equilíbrio de forças no leste da Ásia. Tanto

Kissinger (2014), quanto Pecequilo (2012) pontuam que os Estados Unidos agiram para evitar

a consolidação de uma potência hegemônica na região, essa afirmação é embasada na política

externa adotada pelos Estados Unidos ao longo do século XX, segundo os mesmos, essa

atuação começou com o Oper Doors, se fortaleceu após a segunda guerra mundial através do

estabelecimento de dois portos seguros (Japão e Coreia do Sul) e se consolidou no final do

século com a derrocada da União Soviética. Nós podemos compreender o posicionamento

Page 43: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

44

norte-americano em relação ao armamento nuclear da Coréia do Norte, por meio de alguns

pontos.

Parecido com a China, os Estados Unidos percebem que as armas nucleares norte-

coreanas propiciam uma tensão na região que pode conduzir a um desequilíbrio na balança de

poder no Leste asiático, que os estadunidenses buscaram após o termino da segunda guerra

mundial. Junto com a questão nuclear, há também o fato de que a Coréia do Norte é um

Estado que tem como base um regime autocrático, como foi analisado ao decorrer do texto,

Perry Anderson apresenta que a narrativa em torno do “Destino Manifesto” é a missão dos

Estados Unidos de levar a democracia a todas as nações. Assim, para o autor:

Do mesmo modo, ao admitir autocracias responsáveis para os conselhos do mundo, os EUA não precisam abandonar seus compromissos históricos com a democracia e os direitos humanos. A “responsabilidade de proteger” era inteiramente consistente com esse propósito. Estados vilões como Irã, Sudão ou Coreia do Norte devem ser enfrentados e a tirania, erradicada; onde necessário, com intervenções preventivas[...] (ANDERSON, 2015, p. 112).

Em nível internacional, o poderio nuclear norte-coreano, segundo Magalhães (2006),

prejudica o regime de não-proliferação nuclear que foi consolidado pelo TNP, deste modo

outros Estados poderiam violar o tratado, o que acarretaria uma assimetria no sistema.

Deste modo, podemos perceber que os Estados Unidos agem em três esferas: a

primeira sendo interna, o combate ao regime norte-coreano significa o cumprimento da sua

tarefa primordial com a democracia, o segundo na área regional, a desnuclearização da Coréia

do Norte, asseguraria um equilíbrio de forças no extremo oriente, já que impediria uma futura

corrida armamentista por parte do Japão e da Coréia do Sul e, por fim, a nível internacional,

um desfecho positivo com a Coréia do Norte desestimularia outros Estados a adquirirem

armas nucleares que poderiam colocar a hegemonia dos Estados Unidos em risco.

Como vimos no decorrer desta pesquisa, a questão norte-coreana é mais complexa do

que se imagina, pois envolve uma gama de variáveis como o equilíbrio de forças no extremo

oriente e a ordem regional asiática, em um todo.

Tendo comprido o objetivo de apresentar todo o aparato histórico da formação do

extremo oriente, na idade contemporânea, iremos começar agora a parte do nosso trabalho que

se refere especificamente a imprensa internacional. Começaremos no próximo capítulo

apresentando uma variedade de conceitos que permeiam a imprensa internacional no sistema

internacional contemporâneo.

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45

4 A IMPRENSA E O SEU PAPEL COMO FORMADORA DE OPINIÃO PÚBLICA

Ao decorrer este presente trabalho, apresentamos a multipolaridade dos poderes

atuantes na história da península coreana, abordamos assim os aspectos históricos e

geopolíticos da região, por assim dizer, conseguimos estabelecer através de uma base

bibliográfica o posicionamento dos países chaves, que tem suma importância na atual política

externa que a Coreia do Norte exerce.

Este capítulo debaterá, na primeira seção, os conceitos de comunicação, mídia e

imprensa e o papel da imprensa como formadora de opinião pública. O objetivo principal

deste texto é em trazer um levantamento do que é a imprensa, para que assim fique mais leve

a interpretação dos dados da pesquisa empírica.

4.1 IMPRENSA E PODER NO SISTEMA INTERNACIONAL

O desenvolvimento da imprensa é marcado pela evolução tecnológica, como assinala a

doutora Melo (2005), a elaboração de técnicas como o papel maleável no século XV e a

produção de papel por meio das resinas das árvores no século XIX, o advento da máquina de

escrever em meados do século XIX (1843), além é claro, da criação da impressora. Todas

essas descobertas alavancaram a ciência conhecida como tipologia, desta forma acontece uma

subida ascendente a divulgação de livros, jornais e periódicos.

Outro item que merece atenção é o contexto social. Percebe-se que a transformação

social serviu como mola propulsora para a disseminação da imprensa, para justificar tal

afirmativa podemos destacar a percepção de Melo (2005), que destaca em seu artigo, que o

intercâmbio de ideias que ocorreu na esfera pública por intermédio da classe social burguesa

impulsionou a especialização da distribuição de novas ideias.

A imprensa como conhecemos hoje é caracterizada como uma ferramenta de

transmissão de notícias e fatos, o que ocorre por veículos conhecidos como jornais locais e

internacionais, periódicos, televisão e, principalmente, os portais de notícias na internet,

diferente da mídia que se fundi com o marketing e a propaganda, a imprensa tem como sua

Page 45: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

46

nata o jornalismo, sendo que autores como Paulo Henrique Amorim9 o classificam como o

quarto poder. Garcez em sua tese nos alerta que “A imprensa deve sempre ocupar uma

posição neutra frente aos mais diversos assuntos tratados no cotidiano, transformando em

notícia tudo o que ocorre, sem subjetividade na vinculação” (GARCEZ, 2017, pg. 58).

Há distinção conceitual entre comunicação, mídia e imprensa. Em sua obra mídia e

modernidade Thompson destaca que “a comunicação como um tipo distinto de atividade

social que envolve a produção, a transmissão e a recepção de formas simbólicas e implica a

utilização de recursos de vários tipos” (THOMPSON, 2002, p. 25).

Embora a palavra mídia possa significar, segundo o senso comum, a distribuição de

informações através de uma gama de meios de comunicação, como: Internet, jornais e

televisão, preferimos utilizar uma abordagem mais política , para este fim, podemos

identificar a mídia pelos olhos de Guazina que defende que “a palavra mídia ganhou destaque,

sendo empregada em análises que pretendiam explicar o poder institucional e de

representação dos meios de comunicação no mundo político contemporâneo” (GUAZINA,

2007, pg. 50).

Como podemos perceber o significado da comunicação, mídia e imprensa se

complementam, destacando agora a imprensa, o setor que contém a função jornalística de

informar a sociedade, dos fatos nacionais e internacionais e transfigura hoje, como o principal

fio condutor da formação da opinião pública. Primeiro, vamos ao que seria a opinião púbica,

ao adentramos nesta esfera, podemos identificar um grande catálogo de conceitos, na esfera

política podemos utilizar o autor Alfred Sauvy que destaca o poder da opinião pública em

uma nação:

[...] a opinião é um árbitro, uma consciência, diremos que quase um tribunal desprovido de poder jurídico, mas receado. É o foro interior de uma nação. A opinião pública, esse poder anônimo, é uma força política e essa força não foi prevista por nenhuma constituição (SAUVY, 1977, pg. 3).

Se posicionando mais no campo da comunicação, pode-se utilizar o conceito de

Augras “[...] a opinião é um fenômeno social. Existe apenas em relação a um grupo, é um dos

modos de expressão desse grupo e difunde-se utilizando as redes de comunicação do grupo”

(AUGRAS, 1970, pg. 11).

Utilizando como apoio as bases conceituais acima, a opinião pública é uma das facetas

da sociedade que se constrói e reconstrói, por meio da canalização das informações que

9 Jornalista brasileiro autor do livro “o quarto poder” obra que expõe a visão de Amorim perante o

relacionamento do jornalismo e a política.

Page 46: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

47

recebem da imprensa. Esse intercâmbio acontece, principalmente, pelo o que é chamado de

comunicação em massa, que seria uma série de instrumentos sendo, o principal, a televisão

que tem como princípio a difusão de conteúdo para uma grande (massa) quantidade de

indivíduos em diferentes localidades territoriais. Em seu livro A sociedade do espetáculo,

Debord (2003), aponta a comunicação em massa como um instrumento que se caracteriza

como não-neutro, que exerce o intermédio de contato entre os indivíduos na sociedade.

A sociedade como um todo recebe notícias diariamente e, dependendo da constância

de uma determinada informação, acaba se formando uma opinião pública sobre a mesma. A

comunicação em massa, então fornece o intermédio entre a fonte primária e o cliente final. É

importante salientar, que a imprensa e a mídia, como formadora de opinião é constituída de

um conglomerado de empresas, Fonseca contribui escrevendo que:

Note-se, contudo, que os órgãos da mídia – emissoras de tv, rádios, jornais, revistas, portais – atuantes na esfera pública são em larga medida empresas privadas que, como tal, objetivam o lucro e agem segundo a lógica e os interesses privados dos grupos que representam (FONSECA, 2011, pg. 42).

Determinados jornais agem como agentes influenciadores que tem como objetivo

concretizar informações previamente selecionadas na consciência coletiva da massa, o que

acaba criando um consenso social sobre assuntos como: política, economia e cultura, desta

forma grupos privados acabam cumprindo seus interesses, esse processo é detalhado na obra

de GARCEZ:

Cada uma dessas pessoas que forma o público pensa ou age de forma distinta entre si, havendo, assim, controvérsias entre as opiniões de cada um. Entretanto, quando a mídia vincula uma informação (originária de algum acontecimento) organiza estas pessoas, formando um consenso. Neste momento, cria-se a chamada opinião pública (GARCEZ, 2017, pg. 67).

Esse processo de formação da opinião pública, por meio da comunicação em massa, se

tornou uma ferramenta extremamente poderosa e de alcance global. A globalização e a

internet transformaram a imprensa em um ator das relações internacionais, que tem o poder de

formatar a opinião de uma determinada nação, órgãos da imprensa como: Agencias de

Notícias que conseguem distribuir informações para diversos jornais no mundo inteiro,

criando assim, uma variedade de narrativas.

O debate trazido nesta seção serve como um auxiliador para a pesquisa empírica, ou

seja, uma análise sobre uma gama de notícias, que tem como denominador comum, o tema

Coreia do Norte.

Page 47: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

48

4.2 A QUESTÃO DA COREIA DO NORTE ATRAVÉS DA GRANDE IMPRENSA

INTERNACIONAL

Com o desenvolvimento da tecnologia e o acompanhamento da interconexão de

informações, a imprensa internacional se apresenta hoje como um ator de extrema relevância

no sistema internacional, podemos classificá-la como uma ferramenta que tem como principal

tributo a disseminação de notícias em escala global. Para atender o terceiro objetivo do

presente trabalho, iremos nos aproveitar deste poder e compartilhar algumas notícias dos

países que foram abordados aqui: Estados Unidos, China, Japão e Coreia do Sul.

O material que será utilizado provém de quatro jornais de notícias nos Estados citados

acima, posteriormente iremos abordar dois eventos que ocorreram na Coreia do Norte e que

geraram uma variedade de críticas e opiniões que divergiam entre si, os eventos em questão

são: os testes nucleares de 2013 e o aperto de mão entre o presidente norte-americano Donald

Trump e o líder supremo da Coreia do Norte Kim Jong-Un.

Por fim, as notícias que serão analisadas dos jornais: The New York Times dos

Estados Unidos, People's Daily da China, Asahi Shimbun do Japão e o Chosun Ilbo da Coreia

do Sul.

Em um breve resumo, no dia 12 de fevereiro de 2013, a Coreia do Norte realizou o seu

terceiro teste nuclear, o mais forte até então, as autoridades sul-coreanas estimaram uma

bomba com energia de 6 a 7 quilotons (G1, 2013), este foi o primeiro teste realizado por Kim

Jong-Un que tinha assumido o poder em 2011, a demonstração de poder nuclear acabou

gerando uma onda de opiniões no cenário internacional.

O segundo evento que será abordado é o encontro entre Donald Trump e Kim Jong-

Un, que ocorreu no dia 12 de junho de 2018, o fato é que aperto de mão entre ambos,

representou o reestabelecimento de uma negociação mais amena entre os dois Estados e a

diminuição dos insultos entre os dois chefes de Estados, que ganharam grande destaque na

imprensa internacional.

Page 48: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

49

4.2.1 The New York Times

O primeiro meio de comunicação que iremos abordar será o The New York Times dos

Estados Unidos, mas antes de apresentarmos as notícias, temos que justificar o por que

escolhemos especificamente este jornal. Pontuamos três motivos para escolher este jornal, o

primeiro motivo é o seu renome internacional, o The New York Times é um dos jornais mais

famosos nos EUA, o segundo é o seu grau de circulação, atualmente circulam em média

2,101,611 periódicos por dia (WORLDATLAS, 2017), por fim foi a escolha de um jornal que

tenha uma plataforma editorial que permite a expressão de opinião para a sociedade norte-

americana. Tendo explicado os porquês, iremos agora trabalhar no material de fato que são as

notícias. O evento que trataremos agora será respectivamente o teste nuclear de 2013 e

posteriormente o encontro entre Trump e Kim em 2018.

O teste nuclear feito em 2013 acabou pegando muitos países de surpresa e promoveu

uma enxurrada de notícias, em relação ao evento, o The New York Times em questão

escreveu cerca de 16 notícias durante os dias 11 a 18, por se tratar de um amplo leque e, por

algumas trataram basicamente, da descrição do fato, escolhemos três notícias que mais se

destacaram e também uma charge ilustrativa.

O The New York Times escreveu em seu jornal, no dia 11 de fevereiro a seguinte

notícia “North Korea Confirms It Conducted 3rd Nuclear Test”10(THE NEW YORK

TIMES,2013), por David E. Sanger and Choe Sang-Hun. A matéria em si apresenta ponto

muito interessante, na parte inicial, ela confirma o sucesso da Coréia do Norte em relação ao

teste realizado, em um segundo ponto a notícia faz menção aos avisos chineses para o risco

que os norte-coreanos estão assumindo ao fazer um teste dessa magnitude, em uma terceira

parte é chamada a atenção para uma cooperação Coreia do Norte e Irã. Para exemplificar isso,

a notícia enfatiza que os testes nucleares podem estar representando dois países. Por último, o

jornal destaca, que uma das prováveis motivações que levaram a realização do teste nuclear

foram as tentativas dos Estados Unidos de aplicarem mais sanções econômicas.

No dia seguinte o The New York Times, publicou uma notícia que tinha como foco o

posicionamento Chinês perante a Coreia do Norte, em relação ao título escrito no dia 12 de

fevereiro, ele dizia “China Looms Over Response to Nuclear Test by North Korea”11 (THE

10 “A Coreia do Norte confirma a condução do 3ª teste nuclear” 11 “China paira sobre a resposta ao teste nuclear da Coreia do Norte”

Page 49: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

50

NEW YORK TIMES, 2013), por NEIL MacFarquhar and Jane Perlez. A matéria como um

todo chamava a atenção para a tarefa que a China tem de conter o avanço do programa

nuclear norte-coreano, o jornal pontua que é pouco provável que o governo de Xi Jinping

aborte a venda de combustíveis a Coreia do Norte e adote uma política comercial mais

restritiva. Nas palavras dos colunistas do jornal “a política de longa data do país de apoiar o

governo murado que há muito tempo serve como amortecedor contra uma intrusão mais

próxima dos Estados Unidos na península coreana”

Já no dia 13, um dia depois da matéria que foi apresentada acima, no setor de opiniões

globais, o The New York Times publica uma charge cômica, sobre o relacionamento da China

e da Coreia do Norte.

Figura 4 Charge que ironiza a relação de Xi Jinping e Kim Jong-Un

Fonte: The New York Times, 2013

Por último no sábado dia 16, houve outra matéria que questionava o posicionamento

chinês, podemos perceber isso na imagem abaixo:

Page 50: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

51

Figura 5 “Alguns chineses estão sofrendo por ser o melhor amigo da Coreia do Norte”

Fonte: The New York Times, 2013

Nas notícias em questão, foram feitas entrevistas com especialistas chineses e morados

locais para saber a sua opinião sobre a cooperação China-Coreia do Norte. E em muitos

depoimentos é percebível a tensão que gera na população o teste de armas nucleares por um

vizinho tão próximo quanto a Coreia do Norte. O jornal também entrevistou professores

universitários que criticavam o posicionamento do governo chinês e cobravam uma atitude

mais rigorosa, por fim a matéria aponta métodos para a China parar o ímpeto norte-coreano.

Concluído o primeiro caso, vamos agora abordar o encontro entre os dois líderes Donald

Trump e Kim Jong-Un.

Em relação ao segundo evento, analisamos uma base de 36 matérias que forma escritas

do dia 12 a 18, destas matérias coletamos as 7 que mais nos chamaram a atenção, para não

expor uma amostra muito grande, apresentaremos 3 notícias que mais se destacaram em

relação a este evento. Prosseguindo no trabalho, o The New York Time publicou uma matéria

exaltando o empreendimento feito pelos dois Estados, mas em contrapartida, destacou a falta

de propostas no encontro, neste sentido a capa da matéria se torna autoexplicativa, escrita no

dia 12 de fevereiro“The Trump-Kim summit was unprecedent, but the statement was vague”12

(THE NEW YORK TIMES, 2018) por Mark Landler, a matéria cita aspectos como um aperto

de mão coreografado, caracteriza o presidente Trump, não como um estadista, mais sim como

um vendedor, que utilizava técnicas chamativas, por último o jornal faz uma crítica ao

encontro que foi mais cinematográfico do que prático, não foram estabelecidos metas ou

prazos para a desnuclearização da península coreana.

Ainda no dia 12 de junho, o conselho editorial emitiu uma opinião, cujo o título era

“Trump Gushes over North Korea” que tem como capa uma imagem interessante de Trump e

Kim.

12 “A cúpula Trump-Kim foi inédita, mas a declaração foi vaga”

Page 51: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

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Figura 6 Trump Gushes over North Korea

Fonte: The New York Times, 2018

A opinião do editorial reafirmou a matéria citada acima, foram colocados pontos como

um elogio a Trump por ser o primeiro presidente estadunidense a se encontrar com um líder

norte-coreano, mas a ressalvas e também críticas ao modo que se concretizou a negociação.

Segundo o ponto de vista do editorial, o acordo assinado entre os dois, foi extremamente vago

e simples, se caracterizando mais como uma intenção e não um tratado bilateral, a segunda

crítica feita são as rápidas e demasiadas concessões que Trump idealiza fazer como: a retirada

de tropas estadunidenses da Coreia do Sul e a suspensão dos exercícios militares conjuntos na

região. Já no final da matéria o editorial cita que a reunião foi mais uma vitória de Kim Jong-

Un pois ele realizou aquilo que nenhum de seus antepassados conseguiram, uma reunião com

o presidente dos Estados Unidos.

Colocaremos agora a matéria do dia 15 de junho, que reforça ainda mais a visão

caricato que o jornal tem da negociação entre os dois.

Figura 7 Filme da Coreia do Norte glorifica a estreia mundial de Kim, com Trump no papel de protagonista

Fonte: The New York Times, 2018

Page 52: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

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A matéria em si enfatiza ainda mais a sua opinião de que o encontro foi mais uma

encenação do que um compromisso com a desnuclearização em si, é citado o documentário

feito na Coreia do Norte que eleva pontos como a personalidade de Kim e promete uma nova

era de paz e prosperidade a nação norte-coreana.

4.2.2 People's Daily

Prosseguindo no presente trabalho, iremos analisar agora a imprensa chinesa, para

cumprir essa tarefa, escolhemos como objeto de estudo, o jornal diário do povo (People's

Daily), a principal justificativa para a utilização deste jornal é o seu ligamento com o governo

chinês, nascido em 15 de junho de 1948, o diário do povo se configura hoje como o jornal

oficial do partido comunista chinês, desta forma o jornal nos oferece um posicionamento real

do discurso feito pelo governo da China.

Em relação ao teste nuclear, feito pela Coreia do Norte em 2013, conseguimos achar

19 matérias escritas pelo jornal Diário do Povo, entre os dias 12 a 18, entre elas

descreveremos as matérias que mais se destacam. A primeira notícia foi escrita no dia 13 de

fevereiro, exatamente um dia após o teste, o partido comunista, por meio do jornal diário do

povo, publicou uma matéria que enfatizava o repudio ao teste nuclear, a matéria tinha como

título:

Figura 8 “Pequim expressa firme oposição ao teste nuclear”

Fonte: People`s Daily, 2018

Ao decorrer da matéria o jornal cita o desrespeito que essa ação gera na comunidade

internacional, em seguida a um comentário sobre a necessidade de que haja a volta da

negociação da Six-party (Estados Unidos, Japão, China, Rússia, Coreia do Sul e Coreia do

Norte), como um meio que levaria a desnuclearização da península coreana. Posteriormente, a

matéria pontua a opinião de dois especialistas em política externa, o primeiro é Huang Youfu,

Page 53: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

54

professor de estudos coreanos da Universidade Minzu da China, ele destaca que uma variada

soma de erros na condução da política de Estados colaboraram para este cenário, o segundo

comentário é feito por Lu Chao, especialista em estudos da Península Coreana na Academia

de Ciências Sociais de Liaoning, em sua fala Lu crítica a oposição da comunidade

internacional a Coreia do Norte e ressalta que essa atitude só eleva a tensão na região. A

matéria termina apontando a volta da negociação como único meio de garantir a paz na

região.

A segunda matéria analisada, é do dia 17 de fevereiro, o conteúdo em si traz uma

abordagem mais focalizada na rixa entre Estados Unidos e Coreia do Norte.

Figura 9 “Análise de notícias: especialistas chineses veem o antagonismo dos EUA-DPRK como causa raiz do teste nuclear”

Fonte: People`s Daily, 2013

Logo no início, o jornal, no começo da matéria, pontua a sua reprovação perante a

forma que os Estados Unidos lidam com a Coreia do Norte, segundo o mesmo, o antagonismo

entre ambos acabou criando esta situação. Posteriormente, são rebatidas críticas feitas ao

governo chinês, o jornal escreve que “alguns meios de comunicação ocidentais disseram que a

política da China, em relação ao país, provou ser um fracasso, uma falácia de palha refutada

por especialistas e acadêmicos chineses” (PEOPLE`S DAILY, 2013).

Para demonstrar o correto posicionamento do governo chinês, o jornal cita uma

variedade de especialistas e professores universitários, que em modo geral, aprovam a

condução da política externa chinesa perante a Coreia do Sul, o diário do povo ao decorrer

acentua que a extinção do comercio internacional com os norte-coreanos não faz parte das

resoluções da ONU. Por fim, o jornal estabelece mais uma vez a negociação como a única

solução do problema.

Para terminar a semana do teste nuclear, temos uma matéria escrita no dia 18 de junho.

Page 54: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

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Figura 10 “EUA devem agir para aliviar a tensão na península”

Fonte: People`s Daily, 2013

A matéria em si, é extremante curta, e se caracteriza sendo bem parecida com a

matéria citada acima, no geral são feitos comentários há cerca das falhas dos Estados Unidos

em frear a Coreia do Norte. O jornal ainda salienta, que os norte-americanos não prestam

atenção as preocupações que afligem a segurança da Coreia do Norte, por fim, a matéria traz

críticas como a falta de clareza da política externo norte-americana para a Coreia do Norte, na

qual, o jornal pontua que vem desde o sistema bipolar e, por último, o diário do povo comenta

que foram os Estados Unidos que trouxeram armas nucleares a península coreana durante a

Guerra fria.

Referente ao segundo evento, coletamos nove notícias que foram publicadas na

semana do ocorrido, desse conjunto de matérias, temos duas que abordam o ambiente

econômico e empresarial, uma única notícia que faz uma descrição do histórico conflituoso da

península coreana, mais duas matérias que relatam o discurso de Trump e do secretário geral

da ONU e por último temos quatro notícias que expõem o posicionamento do jornal Diário do

Povo.

Como esse capítulo tem o objetivo de apresentar a visão do jornal analisado em

questão, usaremos as quatro notícias mencionadas acima.

O diário do povo escreveu a primeira notícia do dia 12 pela manhã, cujo título era “

US to offer N.Korea Security”13 (PEOPLE`S DAILY, 2018), a matéria enfatiza a posição da

secretária de Estados, Mike Pompeo que comenta que os Estados Unidos tem que assegurar

um meio de segurança para a Coreia no Norte, ao decorrera da matéria, traz a opinião de

especialistas de relações internacionais para dar seus comentários, dentre eles, o professor

Kim Jim-ho destaca, que se não houver o desmantelamento do estado de guerra entre os dois

líderes e o afrouxamento das sanções econômicas, há a possibilidade de que o próximo

presidente dos Estados Unidos de um passo atrás no acordo de paz, posteriormente a matéria

13 “Os Estados Unidos precisam oferecer segurança a Coreia do Norte”

Page 55: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

56

pontua o discurso do ex-vice ministro de relações exteriores da China, que exalta o papal de

grande importância da China para a concretização dessa reunião.

A segunda matéria escrita tem como característica ser bem curta, o nome do título é

“China urges concrete steps towards peace on the Korean Peninsula”14 (PEOPLE`S DAILY,

2018), na notícia tem como foco a fala de Wang Yi (ministro das relações exteriores) que

elogia a encontro e o nomeia como uma nova página na história da península coreana, por fim

a matéria pontua a importância da China nesse processo.

No dia 13 de junho, o diário do povo escreve uma matéria intitulada “Kim, Trump

commit to ties” (PEOPLE`S DAILY, 2018), o jornal começa descrevendo o acordo assinado

pelos dois líderes, depois o resto da matéria é focada no papel da China como apoiadora do

acordo de desnuclearização da península coreana, mais à frente a matéria rebate críticas

relacionadas à falta de rigidez nas sanções chinesas, parecido com as matérias do teste nuclear

de 2013. O jornal destaca o comentário do porta-voz da chancelaria Geng Shuang, segundo o

mesmo, o objetivo do conselho de segurança não é o de aplicar sanções, mais sim, o de

manter e promover a paz, para confirmar esse posicionamento, o jornal consulta a visão de em

especialista. Ele descreve a participação da china como:

“O papel da China é o de um intermediário, um coordenador, um

supervisor e um conciliador. Se a Coréia do Norte retomar testes

nucleares ou de mísseis balísticos, a China enfrentará isso. Mas se os

EUA ameaçarem novamente a segurança da Coréia do Norte, a China

ser contra ele também” (CHAO, 2018).

Por fim a matéria escreve sobre a falta de detalhes que existe no acordo de cooperação

firmado entre os dois líderes na reunião, mas por outro lado, coloca esse processo como a

etapa inicial para a realização de objetivos comuns entre os norte-americanos e a Coreia do

Norte.

Muito parecida com o restante das matérias aqui descritas, a notícia do dia 13: “after

Singapore speaks, what comes next? ”15(PEOPLE´S DAILY, 2018), o jornal diário do povo

faz uma abordagem muito parecida com o restante das matérias, colocando pontos como a

importância do aperto de mão entre dois líderes que se ofendiam periodicamente com

ameaças mútuas de uma guerra atômica, a notícia em si termina enfatizando o grande passo

dado nessa reunião.

14 “China pede passos concretos para a paz na Península coreana” 15 “Após a conversa em Cingapura, o que vem?”

Page 56: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

57

4.2.3 Chosun Ilbo

Iremos analisar agora o que é divulgado na imprensa da Coreia do Sul, para tal feito

encolher o jornal Chosun Ilbo, este jornal em questão foi escolhido por ser o maior jornal

online e offline sul-coreano (DIGITALNEWSREPORT, 2016), em 2012 alcançou uma

tiragem de 2.200.000 por dia (DBPEDIA, 2012), além também de seu site de notícias possuir

versões em inglês, japonês e chinês.

Para a abordagem do teste nuclear de 2013, verificamos matérias publicadas durante

os dias 13 a 19 de fevereiro, ao decorrer desta semana foram analisadas cerca de 23 notícias,

dentre essas, temos variedade de informações, algumas retratam o fato em si como: o local da

explosão, potência de destruição e radiação, temos também as que abordam o feedback de

especialistas sul-coreanos e internacionais, outras que trazem o comentário de órgãos como a

ONU, por fim, temos as que verificam o posicionamento da comunidade internacional. Desta

variedade de informações, percebemos que 5 matérias continham um título referente ao

Estado Chinês, ou seja, a matéria tinha foco na China. Pela razão de ter uma grande cartela de

matérias e dentre elas, haver uma certa constância (matérias no dia 13, 14, 15, 18 e 19) em

cima da China, analisarei então as cinco notícias referentes ao governo chinês e 1 matéria que

traz uma opinião sobre o sistema de segurança sul-coreano.

Apresentarei a seguir, 4 notícias, pois duas delas tem como principal foco as

manifestações civis na China e 1 sobre a Coreia do Sul.

Começarei pela matéria isolada relativa a segurança sul-coreana, a notícia em questão

foi inscrita no dia 13 de fevereiro com o título “South Korea must overhaul its entire security

paradigma”16 (CHOSUN ILBO, 2013), esta matéria se apresenta sendo bem curta, ela trata

especificamente da necessidade que a Coreia do Sul tem em rever todo o seu sistema de

segurança após o teste nuclear. O texto começa pontuando a onda que os testes nucleares de

2006, 2009 e 2013 trouxeram ao mercado financeiro, posteriormente é destacada a ineficácia

das sanções impostas pelo conselho de segurança da ONU, a matéria termina dando ênfase,

que a Coréia do Norte já é de fato um Estado com armas nucleares e que é necessária que a

Coréia do Sul repense suas ações, pois segundo o jornal, a repetição de palavras fortes não

está fazendo nenhum efeito.

16 “A Coreia do Sul deve rever todo o seu paradigma de segurança”

Page 57: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

58

A primeira matéria que aborda a China, foi escrita no dia 14 de fevereiro, já em seu

título percebe-se em síntese o que vai se decorrer ao longo da notícia:

Figura 11 “China em resposta silenciosa ao teste nuclear da Coreia do Norte”

Fonte: Chosun Ilbo, 2013

A matéria em si começa fazendo uma crítica a China por ter feito esforços para parar o

teste nuclear só na última hora, posteriormente é citado a oposição da China a uma clausula

por parte do conselho de segurança que proporcionaria a possibilidade de uma ação armada ao

regime norte-coreano. Por fim, a notícia cita a fala do ex-embaixador da China na Coreia do

Sul que compartilha sua visão, de que a China busca uma estabilidade na península coreana,

esta matéria tem como característica ser bem curta e traz poucas informações, mas nos dá um

posicionamento inicial do jornal.

Na matéria do mesmo dia da anterior (14 de fevereiro de 2013) temos como o seguinte

título:

Figura 12 “China precisa apoiar duras sanções contra a Coréia do Norte”

Fonte: Chosun Ilbo, 2013

Esta notícia em questão se trata de um editorial, o primeiro parágrafo começa citando

a Coreia do Norte, é utilizado a expressão de “ciclo tedioso “para se referir as declarações

norte-coreanas, o editorial continua seu texto enfatizando que mesmo que a comunidade

internacional aplique novas sanções, nada fará efeito se a China não se comprometer a golpear

de verdade a Coreia do Norte.

Page 58: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

59

A matéria prossegue, detalhando a parceria que existe entre a China e a Coreia do

Norte, cita como exemplo a existência de diversas contas bancárias norte-coreanas em bancos

chineses e também a parceria comercial que abastece a Coreia do Norte com petróleo e arroz.

O editorial termina, fazendo uma análise sobre a segurança regional do extremo oriente,

segundo o mesmo, caso haja sucesso na nuclearização da Coreia do Norte, o Japão também

seria obrigado a adquirir armas nucleares, utilizando agora a escrita do editorial “E se o Japão

decidir adquirir armas nucleares, a Coréia do Sul teria que seguir o exemplo. Isso levaria a

uma corrida armamentista nuclear no nordeste da Ásia” (CHOSUN ILBO, 2013).

A opinião do editorial vai de encontro com as matérias mostradas no jornal dos

Estados Unidos o The New York Times, desse modo percebe-se o posicionamento do jornal

sul-coreano por meio das críticas feitas a política externa chinesa.

A terceira noticia tem como foco mostrar a reação da opinião civil nas redes sociais,

seu título é “China's Netizens React Colorfully to N.Korean Nuke Test”17 (CHOSUN ILBO,

2013), o conteúdo da matéria traz os comentários feitos em uma rede social chinesa chamada

Sina Weibo (plataforma social semelhante ao Twitter), o texto cita comentários positivos e

negativos dos usuários desta plataforma, o jornal retrata frases como “"O cão de guarda está

causando problemas na frente da porta do dono” (CHOSUN ILBO, 2013), ou “Todo chinês

que tem consciência agora está perguntando: por que apoiamos a Coréia do Norte?”

(CHOSUN ILBO, 2013), há comentários positivos como: a Coreia do Norte “simplesmente

não confia na China e não está disposta a ser inibida pela China” (CHOSUN ILBO, 2013).

A matéria é bem interessante, pois, traz a opinião de usuários de uma mídia

alternativa, claro dando as devidas proporções, pode-se perceber, que tem grupos de chineses

que questionam o andamento da política externa chinesa em relação a Coreia do Norte.

Para encerrar este evento, apresentaremos este editorial.

Figura 13 “público chinês pode ser chave para mudar a Coreia do Norte”

Figura 14 Chosun Ilbo, 2013

17 “Internautas da China reagem de maneira colorida ao teste de armas nucleares da Coreia do Norte”

Page 59: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

60

Este editorial foi feito no dia 19 de fevereiro, e tem como foco abordar a

transformação da opinião pública chinesa em relação aos testes nucleares norte-coreanos. A

matéria começa abordando as manifestações por grupos pró-direitos humanos que ocorreram

em frente ao consulado norte-coreano e no nordeste da china (região próxima ao teste

nuclear), o texto prossegue fazendo uma análise sobre a mudança de posicionamento da

opinião pública que está ocorrendo na China, é destacado os protestos, comentários em redes

sócias e a própria opinião de especialistas em universidades chinesas, o jornal pontua a

possibilidade de contaminação por radiação como um dos motivos desta mudança de opinião,

outro motivo também destacado é o constante intercambio de estudantes sul-coreanos para a

China.

Analisando agora o segundo evento, vimos matérias do dia 12 a 19 de junho, cerca de

44 matérias, no geral, o conteúdo visto tem como principal característica uma variedade de

informações, que em sua grande maioria descreve a fala dos dois líderes, outras notícias

abordam fatos irrelevantes como: o ganho econômico que Cingapura teve com a reunião e a

verificação se o líder supremo pagou a conta do hotel que foi hospedado. Nesse emaranhado

de notícias coletamos quatro que se mostram ser mais relevantes, pois, tratam sobre o

enfraquecimento das sanções, o acordo vago, o filme mostrado por Trump e um editorial

crítico.

A primeira matéria que iremos abordar foi escrita do dia 13 de junho. Diz respeito ao

filme que produzido pelo governo estadunidense e mostrado a Kim durante o encontro, seu

título é “Trump shows a bizarre propaganda clip to Kim Jong-Un”18 (CHOSUN ILBO, 2018),

o texto traz uma dura opinião sobre o vídeos mostrado, nas palavras do jornal “ o clipe

termina com uma trovejante narração e efeitos especiais baratos mostram Trump e Kim como

salvadores do mundo, e aparentemente Trump mostrou para Kim em seu Ipad” (CHOSUN

ILBO, 2018), a matéria termina descrevendo a fala de Trump sobre o potencial econômico

que a Coreia do Norte possui.

A segunda matéria traz o aspecto vago do acordo entre Trump e Kim, citado inclusive

nos jornais acimas.

18“Trump mostra um clipe de propaganda bizarro para Kim Jong-Un”

Page 60: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

61

Figura 15 “Cúpula Trum e Kim Jong-Un termina com acordo vago”

Fonte: Chosun Ilbo, 2018

Logo no começo, a matéria cita o desapontamento de muitos com essa reunião,

segundo o mesmo, era esperado o estabelecimento de passos mais concretos para a

desestabilização, a notícia prossegue citando que o encontro houve muitas “fotos mais pouca

conversa” posteriormente é abordado as falas de Donald Trump, que em geral enobrece o

encontro entre ambos.

O texto era curto, mas pode-se perceber uma similaridade com a notícia descrita no

The New York Times, em geral essa notícia, em poucas palavras, o excesso de abstração

neste encontro.

A notícia que mostraremos agora, é relacionada ao enfraquecimento das atuais

sanções, a matéria foi publicada no dia 13 de junho, seu título é “N.Korea Sanctions Likely to

Fizzle out Despite Trump's Pledges”19 (CHOSUN ILBO, 2018). Durante o texto é abordado a

possibilidade do afrouxamento das sanções impostas a Coreia do Norte, a matéria prossegue

fazendo menção a fala de Trump que se compromete a diminuir as sanções, caso haja uma

evolução no processo de desnuclearização. A matéria após esta fala, pontua que 90% do

comercio norte-coreano ocorre na verdade com a China, perguntada sobre tal, a China

enfatizou que em concordância com Trump, que se haver uma melhora, as sanções podem ser

revistas, por fim, a matéria termina pontuando que a China já afrouxou as sanções pois está

permitindo uma maior circulação de trabalhadores norte-coreanos na China e também,

segundo o jornal o reestabelecimento de exportação de carvão para a Coreia do Norte.

O texto deixa bem claro o posicionamento do jornal em relação ao receio que haja

uma decaída nas aplicações de sanções, há também um tom de crítica ao governo chinês por

facilitar o comercio com a Coreia do Norte.

19 “Sanções contra a Coréia do Norte podem seguir apesar das promessas de Trump”

Page 61: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

62

A última matéria é um editorial do jornal, já em seu título podemos ver uma crítica a

cúpula realizada entre Trump e Kim.

Figura 16 “Kim Jong-Un conseguiu tudo o que queria da cúpula com Trump”

Fonte: Chosun Ilbo, 2018

Esse editorial foi redigido no dia 13 de junho, e é visível durante o texto o

desapontamento perante os resultados do encontro. O texto se inicia apresentando as

promessas de Trump para uma península desnuclearização, o que segundo o editorial foi bem

vago ao percorrer do texto, é descrito o desanimo tomou conta dos cidadãos sul-coreanos, em

meados do texto o editorial pontua que “Pior, a promessa de desnuclearização foi listada em

terceiro lugar em uma lista de quatro pontos, atrás das promessas de melhorar as relações

EUA-Coréia do Norte e estabelecer uma estrutura de paz na península coreana” (CHOSUN

ILBO, 2018), a matéria destaca também sua desaprovação ao comentário de Trump de

suspender os exercícios militares entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul. O editorial

destaca, que a partir de agora, as reuniões vão ser feitas por membros de baixo escalão, a

matéria por fim destaca que “Nesse ritmo, os EUA estão no caminho de aceitar a Coréia do

Norte como um Estado com armas nucleares. Foi o que aconteceu com a Índia e o Paquistão e

isso pode acontecer novamente” (CHOSUN ILBO, 2018).

O editorial apresenta suas preocupações de uma forma bem clara, por meio dele

podemos perceber a visão negativa que a imprensa sul-coreana tem em relação ao encontro

entre os líderes da Coréia do Norte e dos Estados Unidos. No texto podemos identificar a

ênfase que o editorial da no posicionamento que tudo que foi realizado neste encontro, já foi

tentado nas negociações de 2005 entre as 6 partes (Rússia, Estados Unidos, Coreia do Sul,

Coreia do Norte, China e Japão). Por fim o editorial deixou o seu posicionamento parecido

com o do The New York Times, a de que a reunião foi caricata do que verdadeira.

Page 62: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

63

4.2.4 Asahi Shimbum

Em relação à imprensa japonesa, escolhemos como objeto de estudo o jornal Asahi

Shimbum, este jornal foi o escolhido por ter uma filiação ao The New York Times (jornal já

abordado aqui), é o segundo maior referente a números de tiragens, mas o principal motivo

que este jornal foi escolhido é que entre os três mais do Japão ( Asahi Shimbum, Yomiuri

Shimmbum e Nikkei), o jornal Asahi é o único que disponibiliza a maioria de suas matérias

sem cobrar assinaturas, por esta razão mesmo não tendo acesso a base de informações inteiras

do jornal utilizaremos o Asahi Shimbum como fonte.

Nos jornais japoneses citados acima, percebemos uma característica peculiar, os sites

de notícias do Japão, diferente de outros países, não armazenam suas matérias por muito

tempo, deste modo não conseguimos obter informações sobre o posicionamento da imprensa

em relação ao evento do teste nuclear de 2013. Em decorrência disto iremos analisar somente

a cúpula que ocorreu em junho de 2018.

A grande maioria das notícias, estão disponíveis apenas para assinantes, felizmente

capturamos algumas notícias que não fazem parte deste grupo, dentre elas apresentarei 3

editorias que mostram um pouco do posicionamento do jornal.

O primeiro editorial foi publicado no dia 13 de junho, tinha como título a seguinte

manchete.

Figura 17 “A primeira reunião de cúpula norte-americana e norte coreana representou significativa responsabilidade pela desnuclearização”

Fonte: Asahi Shimbum, 2018

No início o editorial traz uma mini síntese do relacionamento hostil entre a Coreia do

Norte e os Estados Unidos, posteriormente o texto evidencia a importância da reunião na

Page 63: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

64

seguinte frase “[...] o significado do primeiro passo que os dois deram é pesado. Ele prometeu

um novo relacionamento da manhã Norte-Sul, que também influencia o futuro da região

do nordeste da Ásia, incluindo o Japão” (ASAHI SHIMBUM, 2018).

É destacado que na opinião do editorial, os dois líderes assumiram serias

responsabilidades com esse acordo, quase no fim da matéria o editorial escreve duas frases

bem opinativas, a primeira “a razão pela qual a Coréia do Norte mais quer dos Estados

Unidos, não é nada além de uma garantia de um sistema que estabelecerá uma ditadura única

enquanto defende os países socialistas” (ASAHI SHIMBUM, 2018), a segunda opinião se

refere ao papel que o Japão de desempenhar para que haja sucesso na desnuclearização,

segundo o editorial “As negociações EUA-Coreia do Norte não conseguiram estabelecer uma

direção clara para quebrar os assuntos pendentes. É por isso que o Japão deve aprofundar sua

cooperação com a China, a Coreia do Sul e a Rússia e explorar o envolvimento construtivo”

(ASAHI SHIMBUM, 2018).

Mesmo a maioria das notícias fechadas, este editorial foi exposto abertamente,

podemos perceber que eles deixaram a sua opinião de que houve sim avanço nesta reunião e

eles esperam um melhor relacionamento entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, a

penúltima frase se mostra tendo uma opinião bem direta sobre o verdadeiro intuito do líder

supremo Kim Jong-Un.

O segundo editorial, tem como foco abordar a possibilidade do estabelecimento de

uma linha diplomática entre o Japão e a Coreia do Norte, seu título é “(Editorial) Prepare for

Japan-Morning Dialogue Leadership negotiations” (ASAHI SHIMBUM, 2018). O editorial é

curto, logo no começo é enfatizado que o Japão tem que aproveitar essa reunião para acelerar

o processo de uma convivência pacifica entre os dois Estados, é citado a vontade da Coreia do

Norte de sair do isolamento internacional como um forte propulsor para o estabelecimento de

vínculos entres os dois Estados.

Percebe-se que o principal ponto deste editorial é aproveitar a onda e incentivar uma

aproximação entre Japão e Coreia do Norte, o editorial também comenta o caso de pessoas

sequestradas que estariam sendo mantidas na Coreia do Norte.

Para finalizar apresentaremos o último editorial, que tem como manchete o seguinte

título.

Page 64: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

65

Figura 18 “Pare de exercer o arroz-sul-coreano como a pedra angular da negociação”

Fonte: Asahi Shimbum, 2018

O editorial logo no início destaca a fala de Donald Trump sobre a suspenção dos

exercícios militares em conjunto dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. Segundo o editorial,

esta ação elevaria a confiança entre os dois Estados. Nas palavras do editorial “A revisão de

exercícios militares não dará uma desculpa para voltar à Coréia do Norte, mas contribuirá

para a criação de confiança para garantir a mudança do mecanismo de diálogo” (ASAHI

SHIMBUM). Posteriormente, o texto apresenta uma visão mais resguardada sobre o assunto

da suspensão dos exercícios militares, segundo o mesmo “O Exército coreano na Coréia é a

vanguarda para enfrentar a Coréia do Norte e desempenha um papel importante na China.

Emergências” (ASAHI SHIMBUN).

Por fim, o editorial enfatiza o papel que China e Rússia tem em melhorar a sua

cooperação com a Coreia do Norte, para enfim, trazer um clima mais ameno no extremo

oriente.

Esse editorial tem como característica ser bem curto, mas ele mostra a opinião do

jornal em estabelecer um laço mais profundo com a Coreia do Norte, mas percebe-se que há

desconfianças dos japoneses com os norte-coreanos (caso do sequestro), mesmo assim os

editoriais aqui mostrados apresentaram um certo grau de otimismo em relação ao futuro da

península coreana.

Page 65: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

66

5 UMA ANALISE SOBRE O POSICIONAMENTO GERAL DOS JORNAIS AQUI

APRESENTADOS

Como podemos perceber, o capitulo 4, nos apresentou uma variável de conteúdos

coletados e uma ampla gama de informações de quatro jornais de diferentes Estados. O

capitulo 5 por vez tem como objetivo traçar uma análise sobre as notícias aqui demonstradas,

para este fim, escreverei 3 subtópicos, o primeiro será referente ao teste nuclear de 2013,

analisaremos e cruzaremos as 10 matérias que foram descritas no capítulo anterior, para que

assim consigamos estabelecer um posicionamento dos jornais The New York Times, Diário

do Povo e Chosun Ilbo. No segundo subtópico utilizaremos o mesmo procedimento com as 13

notícias descritas, sobre o encontro entre Kim e Trump.

Por último, no subtópico número 3 iremos realizar uma análise embasado nos

resultados obtidos dos cruzamentos e consequentemente debateremos a narrativa utilizada nos

dois eventos.

5.1 COMO OS JORNAIS SE COMPORTARAM ACERCA DO TESTE NUCLEAR DE

2013

Durante a apresentação e descrição das notícias, conseguimos perceber um ponto de

concordância entre os três jornais (exceção do Asahi Shimbum) e outro de discordância. O

primeiro se refere à desaprovação mutua dos três jornais em relação ao teste nuclear, o The

New York Times no dia 11 de fevereiro escreveu “North Korea Confirms It Conducted 3rd

Nuclear Test” (THE NEW YORK TIMES, 2013), o Diário do Povo em paralelo publicou no

dia 13 de fevereiro o jornal chinês colocou como título “Beijing expresses´firm opossition´ to

nuke test”(PEOPLE`S DAILY, 2013), já o jornal sul-coreano escreveu “South Korea must

overhaul its entire security paradigma” (CHOSUN ILBO, 2013). Os três jornais, por meio

dessas notícias, enfatizam a postura de reprovação a realização do teste nuclear, podemos

perceber que este é o único ponto em que as opiniões destes jornais convergem, inerente ao

teste, é importante salientar que essa repulsa ao teste foi uma reação padrão da comunidade

internacional. Mas evidentemente Estados Unidos, Coreia do Sul e China por serem atores

presentes no extremo oriente tem sua atenção automaticamente voltada a esta situação.

Page 66: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

67

Seguindo na análise, o The New York Times por meio das suas matérias fez um

posicionamento abordando a situação da Coreia do Norte e o que proporcionou o

desenvolvimento do teste, neste sentido a notícia “China Looms Over Response to Nuclear

Test by North Korea” (THE NEW YORK TIMES, 2013), tem como foco uma crítica a

política externa adotada pela Coreia do Norte e principalmente pelo seu insucesso em deter o

avanço nuclear norte-coreano. O jornal Chosun Ilbo apresenta uma série de matérias que vai

de encontro com a visão do jornal estadunidense The New York Times, o editorial escrito

pelo jornal sul-coreano no dia 14 de fevereiro a “China needs to get behind tough sanctions on

N.Korea” (CHOSUN ILBO, 2013) esse editorial em especifico elabora uma série de críticas

ao amolecimento das sanções econômicas da China perante a Coreia do Norte.

O Diário do povo por vez, através de suas matérias apresentam uma visão diferente.

Na seguinte matéria "News Analysis: Chinese experts see U.S -DPRK antagonism as root

cause of nuke test” (PEOPLE`S DAILY, 2013) o jornal busca a análise de especialistas

chineses que na sua totalidade fazem comentários negativos sobre a atuação dos Estados

Unidos na busca da paz com a Coreia do Norte, a opinião do jornal chinês é reforçada na

matéria do dia 18 de fevereiro “ US must act to ease peninsula tension” (PEOPLE`S DAILY,

2013) está notícia tem como um foco uma crítica a rixa Estados Unidos e Coreia do Norte,

apontando os maléficos deste relacionamento.

Como demonstramos acima há pontos de concordância e discordância entre os jornais,

mas durante essa analise percebe-se uma sincronia de ideias entre o jornal The New York

Times e Chosun Ilbo, ambos fazem duras analises sobre a ineficácia da China em lidar com a

situação “Coreia do Norte”, no caso do jornal estadunidense o ponto alto dessa opinião se

materializou ironicamente por meio de uma Charge (Figura -), de forma diferente a China

interpreta o papel antagônico, se defende veemente e aponta os Estados Unidos como o pivô

desta disputa histórica.

Por meio desta análise, verificamos que os jornais desta presente pesquisa, apresentam

ideias similares aos seus referentes Estados, desta forma percebemos um antagonismo entre o

The New York Times, Chosun Ilbo e Diário do Povo, esta oposição se dá por meio de uma

guerra de narrativas entre os três jornais, isto ocorre principalmente no quesito de: Como a

Coreia do Norte conseguiu seu desenvolvimento nuclear? Respondendo esta hipotética

pergunta, embasado no conteúdo coletado, tanto The New York Times quanto Chosun Ilbo

utilizariam uma narrativa de critica a falta de objetividade do governo chinês em conter o

avanço do programa nuclear norte-coreano, por vez o Diário do Povo destacaria o

comprometimento do governo chinês na desnuclearização da península coreana, em paralelo

Page 67: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

68

segundo as matérias apresentadas, o Diário do povo realizaria uma crítica á política externa

adotada pelo governo estadunidense.

5.2 A CÚPULA TRUMP-KIM E O SEU IMPACTO NO CONTEÚDO JORNALÍSTICO

COLETADO

O encontro entre Trump e Kim reverberou em todo o cenário internacional,

logicamente tivemos uma avalanche de matérias escritas na imprensa internacional, o que

faremos agora é uma análise sobre o conjunto de matérias descritas no capítulo anterior,

utilizando a mesma técnica de cruzamento de informações.

No The New York Times, em questão, notamos três abordagens diferentes em relação

a cúpula, o jornal na sua matéria editorial do dia 12 de junho “The Trump-Kim summit was

unprecedent, but the statement was vague” (THE NEW YORK TIMES, 2018), neste editorial

percebemos que o jornal estadunidense elogia a iniciativa de Donald Trump e seu empenho

em concretizar esta reunião, mas também há uma forte crítica a falta de detalhes no acordo

assinado entre os dois líderes, neste sentido verifica-se que esta opinião também é

compartilhada nas matérias “Kim, Trump commit to ties” (PEOPLE`S DAILY, 2018) e a

“Trump, Kim Jong-Un end summit with vaguely worded agreement” (CHOSUN ILBO,

2018), observamos que estas três matérias em questão apresentam características semelhantes,

todas elas emitem uma opinião de louvor ao cumprimento entre Trump e Kim, mas em

contrapartida há um julgamento coletivo destes jornais de que não houve um passo concreto

em direção a desnuclearização da Coreia do Norte.

Contudo pode-se colocar como exceção o jornal japonês Asahi Shimbum, que embora

no editorial “The first US-North Korean summit meeting significant responsibility for

desnuclearization” há a menção de desaprovação na frase “As negociações EUA-Coreia do

Norte não conseguiram estabelecer uma direção clara para quebrar os assuntos pendentes”,

porém, enxergamos que no transcorrer dos editorias uma convicção muito positiva sobre o

encontro realizado. No todo, compreendemos que o jornal Asahi Shimbum se diferencia dos

outros três jornais pois, expressa uma visão muito otimista do encontro, além de sempre

destacar a importância de restabelecer os laços diplomáticos com a Coreia do Norte, esta

afirmação comprova-se no editorial “Prepare for Japan-Morning Dialogue Leadership

negotiations” (ASAHI SHIMBUM, 2018).

Page 68: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

69

Prosseguindo na análise, verificamos que o The New York Times e o Chosun Ilbo

demonstram opiniões simétricas que se confirmam entre si, ambos atribuíram uma

característica particular ao encontro, o de que a cúpula foi mais encenativo e midiático do que

proativo. Para embasar essa visão, podemos destacar a matéria do dia 15 de junho do jornal

estadunidense “North Korea film glorifies Kim`s world debut, with Trump in starring role”

(THE NEW YORK TIMES, 2018) , esta matéria, em especifico, faz uma crítica ao filme

forçado que o governo norte-americano mostrou de uma Coreia do Norte altamente

desenvolvida e uma grande parceria com os Estados Unidos, o jornal sul-coreano Chosun Ilbo

em paralelo publica uma matéria no dia 13 de junho com o título “Trump shows a bizarre

propaganda clip to Kim Jong-Un” (CHOSUN ILBO, 2018), tanto o jornal estadunidense

quanto o sul-coreana publicaram matérias com comentário negativos a respeito do modo que

a reunião ocorreu. O jornal Diário do Povo e Asahi Shimbum por meio das suas matérias não

demonstram ter o mesmo ponto de vista dos jornais The New York Times e Chosun Ilbo.

Relativo à cúpula Trump-Kim, constatamos que, com exceção do Asahi Shimbum,

houve uma desaprovação geral ao modo que o acordo foi firmado, palavras como “vago” e

“falta de detalhes “foram usados por The New York Times, Chosun Ilbo e Diário do Povo

para se referirem a falta de objetividade, metas e prazos no acordo firmado entre os dois, o

jornal sul-coreano foi mais inciso destacando que “Pior, a promessa de desnuclearização foi

listada em terceiro lugar em uma lista de quatro pontos, atrás das promessas de melhorar as

relações EUA-Coréia do Norte e estabelecer uma estrutura de paz na península coreana”

(CHOSUN ILBO, 2018), deste modo conseguimos colocar um consentimento quase unânime

a respeito da falta de resultados concretos. O segundo ponto a ser evidenciado é a narrativa

em comum que o The New York Times e o Chosun Ilbo empoêm em suas matérias, que

ambos compartilham uma visão altamente caricata sobre o que foi o encontro entre os dois

líderes, palavras como “teatro” e “bizarro” foram utilizadas para definir o papel de Trump e o

filme produzido pelos Estados Unidos.

Por fim notamos que diferente do teste nuclear acontecido em 2013, que se verificou

uma polarização de narrativas entre o jornal estadunidense/sul-coreano e chinês, claro é

importante salientar que há sim editorias principalmente do Chosun Ilba que transmite seu

medo de suspensão de exercícios conjuntos e o declínio das sanções impostas a Coreia do

Norte, mas no modo geral as matérias apresentados não trouxeram consigo uma crítica

especificamente ao modo que os Estados direcionam suas ações aos norte-coreanos, mas ao

contrário, o que se verificou foi uma crítica a falta de resultado e a excessiva atuação teatral

que principalmente Donald Trump desempenhou.

Page 69: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

70

5.3 CONSTRUINDO UMA SÍNTESE SOBRE O POSICIONAMENTO ADOTADO

PELOS JORNAIS NOS EVENTOS DE 2013 E 2018

Mesmo tendo certas particularidades, podemos perceber uma relativa identificação

dos jornais aqui mostrados, com o posicionamento histórico dos seus respectivos Estados. Em

relação ao The New York Times podemos observar uma forte crítica ao governo chinês em

decorrência do Teste nuclear realizado em 2013, segundo o jornal a China não pressiona

suficientemente a Coreia do Norte, o que proporciona espaço para manobras como este teste,

o jornal Chosun Ilbo da Coreia do Sul, talvez por ser filiado com o The new York Times,

demonstra um posicionamento parecido com o jornal estadunidense, isso é, embasado na

constância que notícias escritas sobre o governo chinês, em especifico, seu editorial que faz

críticas ao comercio China-Coreia do Norte. Por outro lado, o jornal diário do povo da China,

pontua veemente que o governo chinês sempre obedeceu as resoluções publicadas pelo

conselho de segurança, o jornal em si defende posição através de diversas entrevistas com

especialistas e professores de universidades chinesas.

O fato é que constatamos que existe sim uma situação de controvérsias de narrativas,

especificamente entre o jornal estadunidense e Chinês, referente a esta situação, nós podemos

levantar o questionamento de que o jornal The New York Times talvez consiga emitir uma

opinião que é parcialmente aceita pela imprensa internacional, claro que para afirmar esta

declaração com todo a certeza teríamos que realizar um trabalho jornalístico de maior peso,

mas pelo fato do The New York Times, ser um jornal de escala nacional e reconhecimento

global, além de pertencer a potência hegemônica, podemos sim creditar esta possibilidade

como verdadeira, a similaridade entre o jornal estadunidense e sul-coreano, poderia ser usado

como exemplo desta possibilidade. O segundo ponto é que constatamos um antagonismo entre

o jornal estadunidense e sul-coreano e o chinês Diário do Povo, mas o ponto que queremos

comentar é que o posicionamento chinês adotado acerca do teste nuclear é um padrão comum

utilizado pela política externa chinesa. A China nos últimos anos, tem aplicado um discurso

coeso e muitas vezes parelho com a opinião internacional, isto se repetiu em alguns pontos no

teste nuclear de 2013.

Escrevendo agora especificamente da cúpula realizada em Cingapura, que reuniu o

líder Donald Trump e Kim Jong-Un, o jornal The New York Times celebrou o passo dado,

mas colocou ressalvas referente ao acordo firmado, o jornal em geral expressou sua opinião

de que o encontro parecia mais encenação do que uma resolução propriamente dita, o jornal

Page 70: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

71

faz críticas diretas ao presidente Donald Trump e a falta de detalhes do acordo. O diário do

povo apresentou um posicionamento parecido com o jornal norte-americano, o mesma falta de

metas no acordo também é citado no jornal, mas diferente do The New York Times, o diário

do povo em uma das suas matérias, elencou o papel que os Estados Unidos devem

desempenhar no acordo, segundo o jornal os norte-americanos teriam que fornecer uma

segurança internacional para a Coreia do Norte, já o jornal Chosun Ilbo demostrou uma

opinião parelha com o The New York times e o Asahi Shimbum, ao longo das matérias sul-

coreanas é expressado um sentimento de dúvida, isso se deve principalmente ao fato que haja

um enfraquecimento das sanções chinesas, favorecendo a continuação do programa nuclear.

Por fim, o jornal japonês Asahi Shimbum, por meio do seu conteúdo editorial se mostrou

animado com possível desfecho positivo, o que se pode notar é o incentivo que o editorial da

para a possibilidade que tenha o restabelecimento de laços diplomáticos com a Coreia do

Norte.

No modo geral, referente ao evento de 2018, todos os 4 jornais expressaram um

posicionamento relativamente otimista sobre a iniciativa de ambos os presidentes, mas a uma

serie de ressalvas, principalmente nos resultados alcançados com esse encontro, relativo a

isto, The new York Times, Chosun Ilbo e Diário do povo escreveram matérias a respeito.

Referente ao papel midiático o The New York Times, em questão, foi o que mais esboçou

uma opinião crítica, principalmente, sobre a atuação do presidente Donald Trump.

Mas no todo, enfatizamos o teste nuclear de 2013 como sendo o mais conflituoso, o

jornal diário do povo da China, demonstrou uma oposição contraria as matérias apresentadas

pelo The New York Times e o Chosun Ilbo, gerando assim um conflito de narrativas e visões

diferentes sobre o mesmo fato.

Percebemos então, que pelas notícias analisadas, há uma grande similaridade entre o

jornal norte-americano e o sul-coreano, é de menor grau com o japonês Asahi Shimbum, por

vez, o jornal Diário do povo mostrou que discorda de alguns pontos levantados nos outros três

jornais apresentados.

No transcorrer do capítulo 4, analisamos que entre 2013 e 2018, o que ocorreu foi o

sucesso do desenvolvimento do programa nuclear da Coreia do Norte, o relacionamento com

a China e a já estabelecida filosofia Juche (ver subtópico 3.1) mais a soma de um ter um alvo

histórico (Estados Unidos) deram a Coreia do Norte os elementos necessários para legitimar a

criação do programa nuclear.

Page 71: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

72

Referente à cúpula deste ano, temos a opinião de que o único vencedor foi Kim Jong-

Un. Afirmamos isto pelo fato de que Kim, conseguiu aquilo que seu avô e seu pai não

conseguiram, uma reunião presencial com um presidente dos Estados Unidos.

O fato é que por meio da análise, verificamos que há divergências entres os jornais

aqui analisados, principalmente entre o jornal Diário do Povo e o The New York Times, o

jornal sul-coreano Chosun Ilbo se coloca mais pró-estadunidense, seguindo assim as diretrizes

da política externa adotada pela Coreia do Sul. Entretanto, vemos o jornal japonês Asahi

Shimbum, mais comprometido com o estabelecimento de uma política de vizinhança

amigável com a Coreia do Norte, apresentando assim matérias mais imparciais.

Por fim, analiso que a Coreia do Norte, através da cúpula, está se encaminhando para

se tornar um Estado com poder nuclear a sua disposição, desta forma ele deixa de ser um

pequeno Estado do extremo oriente e se configurara no futuro como membro de um seleto

grupo de potências com armamento nuclear.

Page 72: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

73

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa aqui produzida teve como intuito demonstrar como a problemática Coreia

do Norte é mais ampla do que imaginávamos, ao longo do trabalho foi abordado todo o

contexto histórico que está presente na criação do Estado norte-coreano. Percebemos por meio

de estudos bibliográficos, a extensiva influência que a península coreana (chamada ilha

ermitão) teve ao longo dos séculos, indo de China a Japão no período feudal, a interferência

estadunidense e Soviética durante a guerra fria. Através de uma extensa pesquisa

conseguimos cumprir o primeiro objetivo de analisar todo o contexto histórico da região do

extremo oriente.

No segundo objetivo, reconstruímos os acontecimentos que proporcionaram a

formação da Coreia do Norte como Estado, logo após o fim da segunda guerra mundial.

Posteriormente, prosseguimos para a reconstrução da península coreana no pós-guerra (1950-

1953). Analisamos a atuação sul e norte-coreana na guerra fria e apresentamos o contexto que

propiciou a criação do programa nuclear norte-coreano. No geral, concluímos assim, o

segundo objetivo cobrindo toda uma linha histórica que percorria a formação da Coreia do

Norte até o Imbróglio com os Estados Unidos no século XXI.

O último objetivo se mostrou o mais interessante, pois nos deu uma direção de como a

opinião pública dos Estados Unidos, Japão, China e Coreia do Sul é formada, para tal feito

escolhemos dois determinados eventos e coletamos matérias de quatro jornais dos países

citados acima. E como se era previsto, percebemos discordâncias entre os jornais, em especial

o Diário do povo da China e The New York Times dos Estados Unidos. A principal diferença

que foi registrada neste trabalho se refere ao modo que a China se posiciona em relação a

Coreia do Norte, como foi demonstrado (capitulo 5) o The New York Times faz duras críticas

ao modo que o governo chinês se relaciona com os norte-coreanos, principalmente, a

ineficácia da China em travar o avanço nuclear. Em contrapartida, o jornal Diário do Povo

encarna a posição de defensor do governo chinês, apontando os pontos positivos das medidas

tomadas perante a Coreia do Norte.

O jornal sul-coreano, em particular, manifestou um posicionamento extremamente

semelhante aquele adotado pelo The New York Times, já o Asahi Shimbum do Japão nos

apresentou uma abordagem pró-estadunidense, mais particularmente independente, o jornal

em algumas ocasiões emitia declarações que tinham como intuito incentivar a aproximação

entre Japão e Coreia do Norte.

Page 73: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

74

Ao decorrer deste trabalho, expomos que a situação da Coreia do Norte é muito

profunda e complexa, devemos abordar este assunto com um certo grau de opinião crítica,

pois há no extremo oriente um sistema de segurança sustentado por pilares, sendo um deles a

península coreana. O fato do futuro estabelecimento de um Estado que está em pleno

desenvolvimento nuclear na região (Coreia do Norte) poderia ocasionar um desequilíbrio de

poder, até mesmo uma corrida armamentista entre Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte,

situação está que seria incômoda para China e Estados Unidos. Em relação a imprensa,

percebemos que há uma diferença nítida de narrativa sobre os mesmos eventos.

Por fim, percebemos que o posicionamento dos jornais aqui apresentados se assemelha

em alguns pontos os posicionamentos político-históricos dos seus respectivos países.

Page 74: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA WESLEY CARDOSO

75

REFERÊNCIAS

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