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Tatiane Rossi • Wesley Rodrigues Legislação de Trânsito A1-AS243 7/5/2013

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Tatiane Rossi • Wesley Rodrigues

Legislação de Trânsito

A1-AS2437/5/2013

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© 2013 Vestcon Editora Ltda.

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/2/1998. Proibida a reprodução de qualquer parte deste material, sem autorização prévia expressa por escrito do autor e da editora, por quaisquer meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos, videográ-fi cos, fonográfi cos, reprográfi cos, microfílmicos, fotográfi cos, gráfi cos ou outros. Essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráfi cas.

Título da obra: Detran-MA – Departamento Estadual de Trânsito do MaranhãoCargo: Assistente de Trânsito

Conhecimentos: Básicos e Específi cos – Nível Médio

(Conforme Edital nº 2, de 16 de Abril de 2013 – FGV)

Adendo: Legislação de Trânsito

Autores:Tatiane Rosse • Wesley Rodrigues

DIRETORIA EXECUTIVANorma Suely A. P. Pimentel

PRODUÇÃO EDITORIALRosângela Sandy Tiago

EDIÇÃO DE TEXTOCláudia FreiresPaulo Henrique Ferreira

CAPARalfe Braga

ILUSTRAÇÃOMicah Abe

PROJETO GRÁFICORalfe Braga

ASSISTENTE EDITORIALGabriela Tayná Moura de Abreu

ASSISTENTE DE PRODUÇÃOLaiany Calixto

EDITORAÇÃO ELETRÔNICAAdenilton da Silva CabralCarlos Alessandro de Oliveira FariaDiogo AlvesMarcos Aurélio Pereira

REVISÃOAna Paula Oliveira PagyDinalva FernandesÉrida CassianoGiselle BerthoMicheline Cardoso FerreiraRaysten Balbino Noleto

SEPN 509 Ed. Contag 3º andar CEP 70750-502 Brasília/DFSAC: (61) 4062 0614 Tel.: (61) 3034 9576 Fax: (61) 3347 4399

www.vestcon.com.br

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Primeiros Socorros .......................................................................................................................................................5

SUMÁRIO

Legislação de Trânsito

DETRAN-MA

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LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITOTa ane Rossi / Wesley Rodrigues

Ação mecânica: os agentes mecânicos atuam sobre os te-cidos por compressão, percussão, tração e ação combinada:

a) Compressão: é o mecanismo pelo qual o agente trau-má co atua sobre os tecidos de modo con nuo e progressivo (esmagamento de um membro por veículo pesado).

b) Percussão: a rigor, a percussão caracteriza-se por uma compressão instantânea e descon nua (um ferimento na cabeça por uma “pedrada”, uma martelada no dedo, os projéteis ao penetrarem nos tecidos).

c) Tração: o exemplo mais ilustra vo é o “escalpe”, isto é, o arrancamento parcial ou total do couro cabeludo por um agente mecânico (ex. uma correia de transmissão).

d) Ação combinada: quando diversos mecanismos atuam simultaneamente.

A biomecânica do trauma, mediante o estudo das ener-gias envolvidas em certos eventos, avalia os fatores e meca-nismos que provocam o trauma. Sendo ú l para estabelecer o mecanismo de lesão, número de ví mas e uma ideia do po de lesão que o evento proporcionou.

Energia

A energia está presente em tudo. Está presente em nós e nos objetos que manipulamos, em geral. A energia existe em cinco formas sicas: mecânica, química, térmica, radiação e elétrica. No entanto, essas energias quando fora de controle tornam-se nocivas, provocando grandes traumas ou até mesmo a morte. O conhecimento das energias envolvidas no trauma podem nos ajudar a suspeitar de lesões graves e suas localizações.

Transferência de energia

Transferência de energia refere-se à modifi cação do po de energia, por exemplo: Fricção (energia mecânica) contra algum objeto gera calor (energia térmica), ou também ape-nas a transferência de energia para um corpo diferente, por meio da primeira lei de Newton (inércia). Para avaliarmos melhor a transferência de energia, temos que estudar dois fatores que infl uenciam em sua transferência, a densidade e a área de super cie.

Densidade

Quanto mais denso o tecido, maior o número de par -culas a ngidas, portanto, podemos encontrar lesões mais extensas. Quanto menor a densidade do tecido, menor o número de par culas a ngidas, mas isso não representa diretamente lesões menos extensas, mas menos aparentes. Podemos encontrar tecidos pouco densos, mas com lesões graves, entretanto, com apresentações diferentes.

Área de super cie

Quando há transferência de energia, tanto para um teci-do muito denso quanto para um tecido pouco denso, a área

PRIMEIROS SOCORROS

Suporte Básico de Vida em Traumas

Entende-se por trauma smos toda lesão produzida por um agente mecânico sobre os nossos tecidos ou órgãos. Os agentes mecânicos são os principais responsáveis pelos trauma smos.

Ao classifi car os agentes e ológicos serão mencionados, também, os de natureza sica, química e biológica.

1. Biomecânica do trauma: cons tui-se verdadeiros responsáveis pelos trauma smos. A natureza do agente vulnerante e a sua forma podem ser as mais variadas pos-síveis. Qualquer instrumento ou objeto sólido poderá ser responsável por um trauma smo:

a) Perfurantes: são os agentes de forma pon aguda, como os espinhos, a agulha, o es lete.

b) Perfurocortantes: são os instrumentos formados por uma lâmina provida de um ou dois gumes, e que termina numa das suas extremidades em ponta. Como exemplos, temos o punhal e a faca-punhal.

c) Cortantes: quando o agente apresenta uma borda extremamente delgada, sendo capaz de produzir um corte nos tecidos. Ao bordo cortante dá-se o nome de gume. Exemplos: bisturi, faca e navalha.

d) Contundentes: são instrumentos que atuam por super cie, determinando uma atrição dos tecidos em graus variáveis como o martelo, a barra de ferro e o cassetete.

e) Projéteis: são classifi cados em projéteis da prá ca civil (bala de revólver, chumbo de caça) e da prá ca de guerra (bala de fuzil, fragmentos de granada etc.).

f) Efeitos explosivos: estes ocorrem em diversas circuns-tâncias, principalmente em ações bélicas. Na prá ca civil, o fenômeno é frequentemente acidental como a explosão de substâncias combustíveis em recipientes fechados, o emprego de dinamite nas demolições, a explosão do gás de iluminação etc. A explosão é defi nida como a liberação instantânea de energia.

São seus efeitos:– Mecânico: exercido pela “onda de hiperpressão” que

esmaga o que se encontra em suas proximidades.– Térmico.– Radioa vidade.– Misto.

2. Agentes sicos: o calor, o frio, a eletricidade e a ra-dioa vidade. Esta úl ma se destaca hoje com o emprego da bomba atômica e acidentes em usinas nucleares.

3. Agentes químicos: certas substâncias químicas atuam sobre os tecidos, produzindo morte e destruição celular sendo, por esta razão, denominadas de substâncias cáus -cas. Podem ser:

a) Coagulantes: quando em contato com os tecidos acarretam a sua desidratação e mor fi cação (ácido nítrico, ácido sulfúrico).

b) Liquefacientes: produzem escaras úmidas e amole-cidas em consequência de um fenômeno de liquescência (soda cáus ca, ácido acernioso).

4. Agentes biológicos: compreendem-se aqui as substân-cias venenosas de origem animal ou vegetal que em contato com os tecidos sejam capazes de provocar lesão celular.

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de super cie de impacto é determinante para o tamanho da lesão; contudo, não exis rá infl uência direta na gravidade da lesão. Por exemplo, um ferimento proveniente de uma lâmina em que sua área de contato com a pele não é muito grande. No entanto, a trajetória da lâmina pode lesionar grandes vasos, ocasionando ferimentos com risco de morte.

Formação de cavidades

Durante a transferência de energia para um tecido pode observar a formação de dois pos de cavidades: temporária e permanente. De acordo com a cavidade formada, podemos encontrar ferimentos com perfi s diferentes.

Cavidade temporária

A cavidade temporária forma-se no momento do im-pacto. É comum observarmos este efeito em tecidos moles por serem elás cos. Durante a transferência de energia, as par culas do tecido a ngido se afastam, mas, por sua elas cidade, elas retornam à posição prévia. Em contra-par da, todas as estruturas que sofreram o deslocamento, frequentemente, são lesionadas. A cavidade temporária pode ser encontrada em traumas fechados e em traumas penetrantes, por exemplo, ferimento por arma de fogo. Por ser uma cavidade temporária, essa não está visível quando se socorre e examina a ví ma, portanto, avaliar as energias envolvidas no evento e correlacionar com possíveis lesões são passos fundamentais na avaliação da biomecânica.

Cavidade permanente

A cavidade permanente também forma-se no momento do impacto, podendo acometer tecidos elás cos ou não. Durante a transferência de energia, as par culas do tecido a ngido se afastam, mas, por perda de substância, não retomam sua forma original. Por ser lacerante, a cavidade permanente, na maioria das vezes, é facilmente iden fi cada. Contudo, os feri-mentos perfurantes, pérfuro-cortantes ou pérfuros-contusos, por serem pequenos, podem difi cultar a visualização. Além disso, podemos encontrar os dois pos de cavidades provo-cados por um único mecanismo de trauma, por exemplo, um ferimento por PAF (projé l de arma de fogo), o qual provoca perda de tecido na trajetória do PAF e cavidade temporária pela penetração em alta velocidade no tecido.

O aspecto anátomo-patológico da lesão traumática acha-se subordinado a fatores que infl uem sobre o po da lesão, que são:

a) forma do agente vulnerante;b) plano de resistência: os ossos cons tuem o verdadeiro

plano de resistência à ação traumá ca;

c) sen do da pressão: as lesões, principalmente cutâneas, dependem, muitas das vezes, do sen do da pressão;

d) elas cidade dos tecidos: a elas cidade, sobretudo da pele, favorece, de maneira inequívoca, a resistência à lesão;

e) força viva: a profundidade da lesão, sua extensão e grau de atrição dos tecidos estão na dependência da força viva do agente vulnerante (ferimentos produzidos por projéteis de arma de fogo).

Ação térmica: o calor, sob as suas diversas formas, atua sobre os tecidos produzindo hiperemia, coagulação e necrose. A profundidade das lesões é avaliada em três graus:

a) 1º grau (lesão da epiderme);b) 2º grau (lesão do derma);c) 3º grau (lesão dos tecidos subdérmicos).Ação elétrica: a eletrólise dos tecidos ou a ação de uma

chispa elétrica determinam lesões ssulares em graus vari-áveis.

Ação radioa va: pode produzir lesões locais por fenômeno de queimadura ou por ação radioa va (radiotermite ou lesões sistêmicas).

Ação química: ações cáus cas que exercem determina-das substâncias químicas sobre os tecidos (coagulação ou liquefação).

Ação biológica: a inoculação subepidérmica de certos venenos animais provoca intensos fenômenos infl amatórios. Faremos referência tão somente às formas clínicas dos trau-ma smos de origem mecânica:

a) Contusões: são trauma smos fechados em que a lesão dos tecidos acompanha-se de integridade aparente da pele. Não haveria, portanto, solução de con nuidade do tegumento.

b) Feridas: quando a lesão produzida pelo agente mecâ-nico afeta a integridade da pele produzindo uma solução de con nuidade. Por esta razão são denominadas de trauma s-mos abertos.

c) Feridas por projéteis: trata-se de uma forma clínica de ferida em que o agente causal é o projé l.

d) Esmagamento: são os trauma smos dos membros em que houve grande atrição dos tecidos muscular, ósseo e feixe vásculo-nervoso, a ponto de comprometer a sua vitalidade.

e) Amputação traumá ca: quando o agente vulnerante atua com tal violência a ponto de separar do corpo um seg-mento do membro.

f) Empalação: é uma forma de trauma smo que se carac-teriza pela penetração de uma haste metálica ou de madeira no corpo, lá permanecendo.

g) Distorção: é todo trauma smo de uma ar culação, sem perda defi ni va das relações ar culares e com predominância de lesão dos ligamentos.

h) Luxação: é uma forma de trauma smo ar cular com perda permanente da relação entre as super cies ar culares.

i) Fratura: é uma solução de con nuidade súbita e violenta de um osso ou car lagem, produzida por uma ação mecânica.

j) Politrauma zação: quando o paciente sofre trauma s-mos de grande violência com mul plicidade de lesões: feridas, fraturas e roturas viscerais.

Trauma smo Crânio-Encefálico

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O trauma smo crânio-encefálico (TCE) ocupa um lugar de destaque entre as patologias neurocirúrgicas principalmente nos grandes centros urbanos, onde a violência e a superpo-pulação coexistente são os responsáveis pelo grande número de ví mas, às vezes fatais, envolvendo uma população na faixa etária mais produ va da sociedade.

O TCE cons tui uma en dade clínica dinâmica que ne-cessita de uma abordagem rápida e precisa dentro dos parâ-metros clínicos bem defi nidos e que permitam um controle mais efi caz sobre o paciente. É importante ter em mente que o acidentado com um trauma smo dessa natureza precisa ser avaliado periodicamente, já que o quadro clínico pode se modifi car rapidamente, o que pode signifi car modifi cação de conduta durante a emergência. Juntamente com o infartado, a ví ma de TCE detém prioridade no transporte ao hospital. Geralmente, a ví ma apresenta-se inconsciente, com pre-sença de choque (neurológico) e com temperatura elevada.

Conceitos de trauma smo crânio-encefálico

− Trauma smo sobre o couro cabeludo, face e base do crânio que pode afetar o crânio, as meninges e o cérebro.

− Qualquer situação na qual uma agressão de qualquer natureza, leve a uma lesão anatômica e/ou funcional dos envoltórios e estruturas ósseas e encefálicas.

− Lesões do crânio e seu conteúdo em graus variáveis, com resultante acome mento do encéfalo, havendo ou não lesão concomitante do crânio e couro cabe-ludo.

− É um trauma smo do crânio e do encéfalo levando a uma lesão anatômica e/ou funcional.

Causas do trauma smo crânio-encefálicoCausas predisponentes: as lesões crânio-encefálico

ocorrem desde o nascimento (cefaloematoma) até a velhice.Causas determinantes: acidentes de tráfego (atrope-

lamentos, quedas de motocicletas ou colisões); quedas de construção civil; agressões; projéteis (tenta va de suicídio) e a vidades bélicas.

Tipos de trauma smos crânio-encefálicoFechado: por golpe ou contragolpe.Aberto: com afundamento do couro cabeludo, fraturas

na base do crânio e feridas penetrantes.

Classifi cação do trauma smo crânio-encefálicoLesões imediatas:– lesões do couro cabeludo;– lesões ósseas;

– lesões da dura máter;– lesões do parênquima cerebral;– lesões de nervos cranianos.

Lesões secundárias: compreendem três categorias principais:

– 1ª categoria: formação de uma massa intracraniana (hematoma, edema); pode estar em progressão na chegada do paciente ao hospital.

– 2ª categoria: também ocorre entre o momento da lesão e a chegada da ví ma ao hospital consis ndo na redução da pressão arterial, anemia, hipóxia e hipercapnia.

– 3ª categoria: surge quando o paciente já está sob cuidados neurocirúrgicos e consistem em deterio-ração secundária à infecção, distúrbios eletrolí cos, perturbações respiratórias e outras enfermidades.

Tipos de lesões ósseas específi cas do crânioLinear: uma fratura linear aparece como um traço fi no

no crânio.Cominu va: aparecem vários traços que se irradiam do

centro da lesão. O aspecto é semelhante àquele observado em um ovo rachado, afastamento dos bordos.

Afundamento: em um afundamento, um fragmento ou fragmentos ósseos são empurrados contra o encéfalo. Tais fraturas são comuns nas lesões penetrantes. Os projéteis de arma de fogo caracteris camente empurram fragmentos do crânio para dentro do encéfalo. Estes fragmentos podem se localizar sobre o encéfalo ou lacerá-lo, causando uma lesão extensa.

Basilar: uma fratura basilar do crânio geralmente não pode ser observada mesmo em radiografi a de ó mo padrão. Podem apresentar problemas clínicos graves, sobretudo se houver exteriorização de líquido cefalorraquiano. O apare-cimento de líquor pelo ouvido, nariz ou escalpe pode ser a única indicação de tal fratura.

Corpos estranhos impactados: o encéfalo pode ser danifi cado por objetos penetrantes ou impactados, por exemplo: proje s de arma de fogo, furadores de gelo ou facas e outros. Não se deve tentar remover um corpo estranho impactado e sim fi xá-los com cura vos macios e grandes, aplicados fi rmemente. O objeto deve ser re rado apenas pelo médico no hospital.

Tipos de hematomas cerebraisQualquer lesão grave dentro do crânio pode causar acú-

mulo de sangue entre a tábua interna do crânio e o encéfalo, abaixo da membrana que recobre o encéfalo. Estas coleções sanguíneas são chamadas, respec vamente, hematomas epidurais e subdurais, e estão classifi cados de acordo com o local lesionado:

– extradural: hematoma entre a tábua interna e a dura-máter.

– intracerebral: hematoma dentro do parênquima cerebral.

– subdural: hematoma no espaço virtual entre a dura-máter e a aracnóide.

Movimentos encefálicos em relação ao crânio:Retorno à condição de repouso por parte da cabeça e

do corpo.Con nuação do movimento por parte do encéfalo contra

as estruturas rígidas da cavidade craniana.Súbita aceleração com progressão do conteúdo encefá-

lico contra as estruturas ósseas.Rotação do encéfalo em torno do eixo rígido do tronco

cerebral.

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Lesões por movimentos do encéfalo em relação ao crânio:

Lesões por movimentos lineares.Lesões por movimentos de rotação.Lesões por aceleração e desaceleração.

Tipos de lesões encefálicas específi casO encéfalo é formado por um tecido muito delicado.

Uma lesão encefálica pode produzir paralisia de um membro corporal, vômitos, sonolência ou parada respiratória, perder a consciência e entrar em coma profundo.

Concussão: ocorre quando uma pessoa recebe um golpe na cabeça ou na face, sem deixar maiores sequelas para a ví ma. É uma disfunção neuronal reversível que pode levar à inconsciência, sem a capacidade de respirar ou deixar a pes-soa confusa com amnésia temporária para acontecimentos próximos ao acidente.

Contusão: quando um objeto bate com força no crânio ocorre, então, a contusão cerebral. É uma lesão visível, pois podem ocorrer sangramentos a par r dos vasos lesados e necrose no local do impacto (edema). Outros sinais são a paralisia de um lado do corpo, dilatação de uma pupila e alteração dos sinais vitais. O trauma por contusão movimen-ta o encéfalo dentro do crânio e a ví ma permanece com sequelas após a recuperação.

Laceração encefálica: geralmente acontece em acidentes graves onde ocorre a con nuidade do tecido neural, levando a ví ma ao falecimento.

Mecanismos de lesão– deformação do crânio;– movimentos do encéfalo em relação ao crânio;– compressão torácica;– feridas penetrantes.

Fatores de importância em relação aos movimentos do encéfalo

O encéfalo não é cons tuído por uma massa de densida-de uniforme, o que faz com que as forças de movimentação produzam efeitos diferentes de uma região para outra.

A presença do líquido cerebroespinhal dentro da cavi-dade craniana atua como efeito mecânico protetor sobre as estruturas em movimento.

Sinais e sintomas de TCE:– presença de líquor cefalorraquidiano com sangue

expelido pelo ouvido ou narinas;– vômitos, tonteiras, inconsciência, com sinais de cho-

que e temperatura elevada;– respiração Cheyne-Stokes, chegando a apneia;– pode apresentar assimetria de face.

Procedimentos em uma ví ma de trauma smo crâ-nio-encefálico

– analisar se é um ferimento extenso ou profundo na cabeça;

– não usar pressão excessiva na palpação da cabeça na realização do exame secundário;

– checar presença de hematomas nas pálpebras e saídas de sangue e líquor pelo ouvido e nariz;

– durante a avaliação evitar manobras que agravem uma possível lesão cervical, pois o TCE está geral-mente associado a esses pos de lesões;

– se não ver lesão cervical, colocar a cabeceira da maca elevada, cerca de 30º em relação a horizontal, facilitando a drenagem venosa do encéfalo e evitar o edema cerebral;

– não obstruir a saída de sangue ou líquor dos ouvidos e nariz;

– verifi car estado neurológico pormeio da escala de coma de Glasgow e registrar os parâmetros ob dos;

– na dúvida, o socorrista deve assumir que o paciente apresenta o quadro mais grave;

– verifi car alterações de pulso, pressão arterial e do padrão respiratório.

– procurar manter ven lação, respiração e circulação (VRC);

– imobilizar a coluna cervical da ví ma;− administrar insufl ações (oxigênio);− estar preparado para aspirar secreções, ou então,

adotar uma posição lateral de segurança, com a cabeça calçada, para manter a linha da coluna;

− transportar o mais cedo possível para o hospital.

Escala de coma de GlasgowTodas as lesões cranianas graves são potencialmente

perigosas, acompanhadas ou não de inconsciência imediata. A recuperação e retorno sa sfatório das funções normais e o tratamento apropriado é a etapa inicial básica, sobretudo se o paciente es ver inconsciente. Para isto, é necessário um método de avaliação que envolva, não só os médicos, mas também todo o pessoal de enfermagem, paramédicos e socorristas que lidam com o acidentado nas diversas fases do atendimento.

Baseado neste fato é que se u lizam mundialmente os parâmetros de avaliação propostos pela Escala de Coma de Glasgow e que vem provando ser efi caz na avaliação do paciente com trauma smo crânio-encefálico grave, além de ser um método simples que pode ser usado com segurança, informando condutas, uniformizando padrões clínicos sobre o paciente por toda a equipe envolvida no tratamento.

A quan dade do exame é dada pela soma dos valores correspondentes a cada resposta. O menor é 3 que pode signifi car a morte propriamente dita e o maior é 15 que é o estado de consciência normal (pessoa sadia). Normalmente considera-se uma pessoa em coma progressivo quando o valor da soma for < 8.

Tabela 1 – Escala de coma de Glasgow

Resposta Resposta modifi cada para lactentes

Escore Abertura ocular

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EspontâneaAo es mulo verbalAo es mulo dolorosoAusente

EspontâneaAo es mulo verbalAo es mulo dolorosoAusente

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Melhor resposta motora

Obedece comandoLocaliza dorRe rada ao es mulo dolorosoFlexão ao es mulo doloroso (postura decor cada)Extensão ao es mulo doloroso (postura desce-rebrada)Ausente

Movimentação espontâneaLocaliza dor (re rada ao toque)Re rada ao es mulo dolorosoFlexão ao es mulo doloroso (postura decor cada)

Extensão ao es mulo doloroso (postura descerebrada)

Ausente

54321

Melhor resposta verbal

OrientadoConfusoPalavras inapropriadasSons inespecífi cosAusente

BalbuciaChoro irritadoChoro à dorGemido à dorAusente

TCE severo (escore Glasgow: 3-8): TCE moderado (escore Glasgow: 9-12): TCE leve (escore Glasgow: 13-15).

A Escala de Coma de Glasgow não subs tui o exame neu-rológico convencional, mas, sim, um guia prá co de acompa-nhamento do paciente trauma zado. É um meio prá co de

monitorização das mudanças no nível de consciência. Por meio desses parâmetros iniciais, é possível à junta médica uma in-ves gação mais criteriosa para o tratamento de cada paciente.

TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR

A medula está protegida por um conjunto de ossos e ligamentos, estes, além de a protegerem, sustentam o cor-po. A função da medula é se ramifi car ao longo da coluna vertebral levando os impulsos nervosos às demais partes do corpo. Um acidente grave na coluna pode ocasionar o apa-recimento de dois pos de problemas: lesão da parte óssea ou de sustentação ou lesão da parte óssea juntamente com a medula, que são resultantes da hiperfl exão, hiperextensão do pescoço ou lesão direta sobre a mesma.

Conceitos de trauma smo raquimedular− Secção da medula por um trauma grave resultando o

comprome mento neurológico e consequentemente fi siológico, por atrofi a biológica.

− Trauma smo de coluna envolvendo medula e raízes (nervos espinhais).

− Trauma medular com aparecimento de disfunções neurológicas podendo levar à morte.

Causas do trauma smo raquimedular– qualquer lesão de partes moles na cabeça, face ou

pescoço resultante de uma desaceleração brusca podendo lesar a coluna cervical;

– mergulho em água rasa (hiperextensão da cabeça);– bater com a cabeça no pára-brisa numa colisão

de auto;– mecanismo de chicotada numa colisão;– levantar um peso de forma inadequada pode causar

uma hérnia do disco intervertebral;– queda de altura, choque elétrico ou em a vidade

espor va;– acidentes na construção civil ou má educação dos

pedestres no trânsito.

Ferimento por projé l de arma de fogo ou arma brancaToda ví ma de trauma inconsciente ou que sofreu uma

desaceleração brusca (colisão de auto) deve ser considerada e tratada como se vesse uma lesão na coluna vertebral.

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Classifi cação da lesão na coluna– lesão da parte óssea ou de sustentação, sem com-

prome mento neurológico;– lesão neurológica sem comprome mento da parte

óssea ou de sustentação;– lesão da parte óssea mais a medula.

Tipos de forças que atuam na fratura de coluna– fl exão;– extensão;– compressão (axial);– rotação.

Tipos de fraturas nas cervicaisFratura de Jeff erson: força axial que a nge o crânio

amassando lateralmente a C1 (cervical 1 ou atlas).Fratura de Whiplash: ocorre por desaceleração e acele-

ração brusca (chicote) entre a C1/C2.Fraturas na C2 (cervical 2 ou axis): na ponta, na base e

parte do corpo odontóide (Hangman).

Sinais e sintomas de uma ví ma com suspeita de lesão na coluna

– associação do po de acidente com a possibilidade de lesão (ví ma de queda de altura, mergulho raso, acidente de auto, desabamento: considerar como portadora de trauma na coluna);

– dor intensa na região posterior do tronco;– dormência, formigamento, anestesia, fraqueza ou

paralisia nos membros superiores e/ou inferiores;– presença de hematomas ou edemas na região pos-

terior do tronco;– presença de deformação palpável ou visível na colu-

na;– respiração diafragmá ca;– priapismo (ereção peniana);– posição (fl exão) dos membros superiores sobre o

tórax;– rotação lateral e queda dos pés (devido a paraplegia

e perda do tônus pela gravidade);– perda do controle da urina e fezes;– os membros superiores podem tomar uma posição

de fl exão sobre o tórax devido a paralisia de tríceps (C7). O socorrista pode observar pelos segmentos medulares a localização do nível lesado:• C3 – C5 (diafragma);• C5 – C6 (deltóide);• C5 – C6 (fl exão do cotovelo, ou seja, do bíceps);• C7 (extensão do antebraço, pronação do punho e

da mão);• C7 – C8 (fl exão do punho); e• C7 – T1 (pequenos músculos da mão).

Avaliação da função neurológica nas ví mas conscientes ou inconscientes

Avaliação da função medular em ví mas conscientesNo membro inferior: pesquisar o tato e a pressão no

hálux, fl exão plantar e dorsal do pé e força da fl exão plantar contra resistência.

No membro superior: pesquisar o tato e pressão nos dedos, fl exão dorsal e palmar do punho e força do aperto de mão.

Avaliação da função medular em ví mas inconscientes:Es mulo doloroso no pé; se provocar reação de re rada

do pé a medula deve estar intacta; se o paciente não tentar re rar o pé, a medula pode estar lesada ou então o coma é profundo. Da mesma forma uma reação de re rada da mão

ou um es mulo doloroso nula indica que a medula cervical está intacta enquanto que numa ausência dessa reação a medula poderia estar lesada.

Procedimentos gerais nos casos em que há suspeitas ou confi rmação de lesão na coluna vertebral nos casos de ví mas conscientes

– observar contusões, escoriações e deformidades;– se possível, palpar a coluna, procurando irregulari-

dades;– avaliar os membros superiores e inferiores quanto à

parestesia (mandar apertar a mão);– posição dorsal para transporte, devidamente imobi-

lizado;– verifi car constantemente a respiração (os músculos

intercostais podem paralisar-se e a respiração passa a ser pelo diafragma);

– empregar a manobra tríplice para liberar as vias aéreas superiores (estender o pescoço, empurrar o arco da mandíbula e procurar por objetos estranhos);

– prevenir o choque neurogênico (posição trendlemburg).

Nos casos de ví mas inconscientes– formular técnicas de rolamentos;– se a ví ma es ver sentada colocar o colete;– se a ví ma es ver deitada, fazer os rolamentos de-

vidos e colocar a prancha longa antes de removê-la;– manter a cabeça alinhada com tração, estabilizando

desse modo o pescoço;– manter as condições respiratórias, fornecer oxigênio,

pois o edema na medula prejudica a chegada de oxigênio no tecido edemaciado;

– manter a coluna da ví ma imóvel. Nunca transporte a mesma segurando pelos membros e nem tente colocá-la sentada ou em pé;

– prevenir o choque, observar os sinais vitais e trans-portar para o hospital.

Nomenclatura técnica para pos de paralisia em relação ao trauma de coluna vertebral

Paraplegia: perda total ou abolição dos movimentos dos membros inferiores.

Paraparesia: resquício dos movimentos ou diminuição dos movimentos dos membros superiores.

Tetraplegia: perda total ou abolição dos movimentos dos membros superiores e inferiores.

Tetraparesia: perda parcial dos movimentos dos mem-bros superiores e inferiores.

Hemiplegia: paralisia de um dos lados do corpo.

TRAUMATISMO TORÁCICO

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Sabemos que qualquer lesão que impeça o fornecimento de oxigênio e seus nutrientes às células, especialmente ao do sistema nervoso, poderá levar à morte em poucos mi-nutos o acidentado. Quando ocorre um acidente, iden fi ca durante sua avaliação um trauma de tórax, o socorro deve ser tratado o mais rápido possível, pois nesse po de trauma a possibilidade de hemorragia interna e de lesões diretas do coração ou pulmões são bastante signifi ca vas.

O socorrista poderá rar proveito de alguns sintomas para avaliar melhor à ví ma, como por exemplo, a hemop se (saída de sangue pela boca proveniente do sistema respira-tório) que provavelmente é um forte indicador de laceração no pulmão, ou então, pressão arterial baixa, indicador de estado de choque por oxigenação insufi ciente do sangue pela incapacidade de expansão dos pulmões.

Conceitos de trauma smo torácico− Lesão torácica direta ou indireta com comprome -

mento das funções dos sistemas respiratório e/ou circulatório.

− Tipo de trauma que pode variar da simples contusão da parede torácica até a rotura de pulmões e coração.

Classifi cação das lesões torácicasAbertas ou com perfurações: são aquelas nas quais a

parede torácica foi atravessada, e elas podem estar asso-ciadas às fraturas graves de costelas onde as extremidades fragmentadas das costelas laceram a parede torácica e a pele. Estas lesões podem ser contusões ou, também, podem lacerar o coração, pulmão ou grandes vasos locais através de facas ou armas de fogo.

Fechadas ou sem perfurações: a pele não perde sua con nuidade, porém podem ocorrer fraturas nas costelas ou contusões no interior do tórax, pode haver laceração do coração ou pulmões e entre outros pos de contusões, esmagamentos ou compressões no tórax.

Causas das lesões torácicasCompressão: aglomerações (pânico), soterramento,

compressão entre dois objetos.Contusão: golpe violento na parede torácica com ou sem

fraturas dos arcos costais, acidentes automobilís cos, feridas por armas de fogo e armas brancas ou quedas.

Efeito explosivo: blast (rajada explosiva).

Tipos de lesões torácicas

Fraturas de costelas: são geralmente causadas por trauma smo torácico direto ou por compressão, podem ou não haver uma deformidade costal ou contusões da parede torácica ou mesmo laceração da área. As costelas mais frequentemente fraturadas são da quinta até a nona; da primeira até a quarta há a proteção da cintura escapular e clavícula; a décima primeira e a décima segunda são mais di ceis de fraturarem por que estão ligadas à décima vértebra e possuem maior liberdade de movimento.

Tórax em báscula ou tórax esmagado: ou ainda tórax politrauma zado (respiração paradoxal): quando três ou mais costelas estão quebradas, cada uma em dois pontos, desse modo a ví ma ao expirar o ar esses segmentos fraturados abaúlam-se, o restante do tórax contrai-se (paradoxal) por-que se opõe aos movimentos normais da parede torácica.

Feridas penetrantes: devem ser consideradas como capazes de lesarem qualquer estrutura dentro da cavidade torácica. Obviamente, existe um sério perigo de laceração direta ou do coração ou dos grandes vasos sanguíneos locali-zados no tórax. Em tais circunstâncias a hemorragia que pode ser maciça, ocorre dentro da própria cavidade torácica e é raramente visível no exterior. A ví ma, além de apresentar os sinais expirados de distúrbios respiratórios associados à lesão, pode estar chocada devido à hemorragia grave.

Lesões por compressãoFeridas da face posterior do tórax.

Complicações das lesões torácicasPneumotórax: é a presença de ar na cavidade pleural,

provocada por um trauma smo aberto, resultante de feri-mentos penetrantes ou costelas fraturadas, colocando em comunicação permanente a parte interna (cavidade pleural) com a externa (meio ambiente), comprometendo os movi-mentos respiratórios, pois o ar passa a penetrar pelo ori cio do ferimento. Existem três pos de pneumotórax:

Aberto: o ar entra e sai pela ferida parietal.• Fase inspiratória:

a) brecha parietal, por onde facilmente penetra o ar;b) pulmão colapsado;c) medias no aspirado para a esquerda;d) ar aspirado do coto pulmonar direito.

• Fase expiratória:a) brecha parietal por onde sai o ar facilmente;b) pulmão colapsado;c) medias no recalcado para a direita; glote semi-

cerrada pela expiração arquejante;d) parte do ar é expulso do pulmão esquerdo pene-

trando no direito.

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Fechado: ferida pequena no pulmão impedindo a en-trada de ar.

Hipertensivo: ocorre nos traumas fechados de tórax. É uma espécie de vazamento de ar através da laceração, ou melhor, corte ou ferimento no pulmão com perda de tecido pulmonar. O ar não encontra saída para o exterior elevan-do, dessa forma, a pressão intrapleural no lado acome do. Esta pressão pode exceder às vezes a pressão atmosférica em casos graves. Este po de lesão pode causar o desloca-mento do pulmão comprimido pelo vazamento, podendo causar uma dispneia ou até uma insufi ciência respiratória. O pneumotórax hipertensivo está classifi cado em leve, mo-derado ou grave.

Hemotórax: presença de sangue na cavidade pleural, ao redor do pulmão resultante de alguma hemorragia in-tratorácica que altera a ven lação pulmonar ao comprimir o pulmão reduzindo sua capacidade vital. Pode ocorrer isolado ou associado a um pneumotórax (hemopneumotórax).

Tórax em báscula: este po de trauma ocorre quando três ou mais costelas são fraturadas. O local lesionado assume um “movimento paradoxal” em relação à movimentação normal do tórax, ou seja, quando a ví ma expira, a parte lesionada abaúla-se e o restante do tórax se contrai.

Feridas torácicas aspirantes: o ar pode penetrar na ca-vidade torácica através da ferida, quando a ví ma inspira, e o tórax se expande durante o ciclo respiratório normal.

Enfi sema subcutâneo: saída de ar para os tecidos da parede torácica através de uma rotura de pulmão por uma fratura (crepitação).

Asfi xia traumá ca: ocorre devido a uma compressão torácica súbita e grave. Também chamada de máscara equi-mó ca de Morestein por seus sintomas de tumefação da face e pescoço, equimose conjun val, tumefação palpebral, dis-túrbios visuais, dispneia, distúrbios de consciência, choque.

Contusão pulmonar: lesões contusas no tórax a ngindo vasos, costelas, pulmão e outros órgãos.

Contusão miocárdica: as lesões contusas no tórax podem produzir lesões no músculo cardíaco (coração).

Tamponamento pericárdico: presença de sangue ou outro líquido no saco pericárdico, ao redor do coração, exer-cendo desse modo uma pressão sobre o coração.

Laceração de grandes vasos: lesões ou rompimentos dos principais vasos: veia cava superior, veia cava inferior, tronco da artéria pulmonar com seus ramos direito e esquerdo, as quatro veias pulmonares principais que chegam ao átrio esquerdo, aorta.

Quilotórax: rotura de vasos que conduzem a linfa (duc-totorácico).

Sinais e sintomas das lesões torácicas– dor no local da lesão;– dor pleurí ca (dor que se agrava pela respiração ou

ocorre com ela) localizada ao redor da lesão;– dispneia;– impossibilidade de um ou ambos os lados do tórax

se expandirem normalmente com a respiração;– hemop se;– pulso fraco e rápido e P.A. baixa;– parada cardíaca;– fratura do esterno;– respiração paradoxal;– cianose dos lábios, pontas dos dedos ou unhas.

Conduta nos casos de um trauma torácico– exame primário e secundário;– manter as vias aéreas superiores liberadas, com

ven lação ou respiração ar fi cial;– hidratação;– estar preparado para ajudar a ví ma a controlar

vômitos;– prevenção ao choque;– o socorrista deve transmi r confi ança para a ví ma,

dessa forma, voltará à calma e sua respiração será menos forçada;

– atentar para insuficiência respiratória e fraturas costais que possam perfurar os pulmões;

– cobrir/proteger as feridas torácicas;– encaminhar o mais rápido possível para o hospital.

Tratar pos de lesões específi cas• Fratura de costela: fi xar o tórax com um colete de

esparadrapo.• Pneumotórax: aspiração do ar (furar no local da

lesão) e tamponagem no fi nal da expiração.• Hemotórax: expectação, drenagem do sangue e

ven lação ar fi cial.• Tamponamento cardíaco: expectação e drenagem

do sangue.• Lesões externas do pulmão: toracotomia; incisão

cirúrgica no tórax (hemotórax; dano de uma víscera medias nica; lesões cardíacas).

• Perfurações do esôfago: toracotomia; incisão ci-rúrgica no tórax (hemotórax; dano de uma víscera medias nica; lesões cardíacas).

• Tórax em báscula: fi xar o tórax com um colete de esparadrapo e usar ven lação ar fi cial.

• Quilotórax: toracotomia; incisão cirúrgica no tórax (ligadura do canal torácico).

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TRAUMATISMO ABDOMINAL

O abdome contém tanto órgãos ocos quanto sólidos, ambos podem ser lesados. Quando o trauma a nge os órgãos ocos há forte probabilidade de ocorrer uma infecção local, devido aos conteúdos existentes (alimentos digeridos ou não) serem eliminados para a cavidade peritoneal. Já nos órgãos sólidos, a presença de grandes vasos locais geralmente causa uma hemorragia grave, devido aos principais vasos locais: aorta e veia cava inferior.

Conceito de trauma smo abdominalSão acidentes que lesam os órgãos situados na cavidade

abdominal.

Causas do trauma smo abdominalPercussão ou choque: pontapé, coice, atropelamentos,

queda sobre um corpo duro e efeitos explosivos (blast).Pressão ou esmagamento: passagem de um veículo

sobre o abdome, soterramento e compressão entre veículos.Contragolpe ou deslocamentos: queda sobre os pés,

sobre as nádegas e sobre a cabeça.Contração muscular brusca: esforço violento provocando

contração súbita dos músculos da parede abdominal e do diafragma. Ex.: espirro.

Mecanismo misto: politrauma zados.Patologias congênitas: hepatomegalias, roturas de

órgãos ocos ou sólidos (baço, estômago, intes no, bexiga e útero) e outras enfermidades.

Tipos de trauma smo abdominalAbertos: provocados por penetração de agente agressor

na cavidade peritoneal, que pode estar ou não com exposição de vísceras.

Fechados: sem penetração de agente agressor na cavi-dade abdominal. Os efeitos verifi cam-se por transmissão da parede abdominal por contragolpe ou desaceleração:

• por trauma de parede abdominal (contusões, hema-tomas, escoriações e perfurações);

• com hemorragias internas por rupturas de vísceras ( gado, baço e rins).

Sinais e sintomas de trauma smo abdominal– dor no local da lesão;– pernas fl e das;– sinais de escoriações ou marcas de contusão (socos,

pneus, volante, cinto de segurança etc.)– pulso rápido e P.A. baixa;– náuseas e vômitos;– respirações rápidas e superfi ciais, sem movimentos

abdominais;– aumento do volume abdominal;– notar o po, local e extensão das lesões parietais e

sinal de irritação peritoneal.

Procedimentos nos casos de trauma abdominal– realizar os exames primário e secundário, verifi cando

se a ví ma apresenta dor abdominal espontânea ou à palpação;

– prevenir o choque;– se ver presença de vísceras expostas: não recolo-

cá-las no lugar, apenas protegê-las com uma com-pressa limpa e úmida, acomodando-as com atadura ou bandagem;

– encaminhar o mais rápido possível para o hospital.

Abdome AgudoA cavidade abdominal contém órgãos sólidos e ocos que

formam os sistemas gastrintes nal e geniturinário. Esses ór-gãos são totalmente cobertos pelo peritônio, o qual reveste o interior da cavidade e o exterior dos órgãos. Além dos traumas sujeitos nessa região, as pessoas estão suscep veis durante ao longo de sua vida a um po de patologia comum nos dias de hoje: abdome agudo.

Conceito de abdome agudoDoença abdominal que causa irritação ou infl amação do

peritônio e dor grave consequente.

Causas do abdome agudoQualquer condição que permita a presença de pus, san-

gue, fezes, urina, suco gástrico, conteúdo intes nal, líquido amnió co, tecido necrosado ou tecido muito infl amado dentro desta cavidade pode originar os sinais e sintomas do abdome agudo.

Sinais e sintomas do abdome agudo– dor abdominal, localizada ou difusa;– aumento da sensibilidade abdominal, localizada ou

difusa;– ví ma quieta que não quer se mover porque isso

causa dor;– ví ma com respiração rápida e superfi cial, porque

esta não causa dor;– pulso rápido (taquicardia);- pressão arterial baixa;– abdome tenso “abdome em tábua”, frequentemente

distendido.

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Procedimentos do socorrista para com a ví ma com abdome agudo

– manter as vias aéreas desobstruídas;– administrar oxigênio para compensar um pequeno

volume respiratório;– nunca dar alimentos ou bebidas a uma ví ma;– nunca administrar qualquer medicação analgésica ou

seda va;– fazer o histórico da ví ma;– prevenir o choque;– encaminhar a ví ma ao hospital.

TRAUMA MÚSCULO ESQUELÉTICO

Esmagamento e amputação traumá ca

A amputação traumá ca e o esmagamento de membros são dois pos de trauma smos que o socorrista poderá encontrar ao se deparar com um acidentado grave durante uma emergência médica. A aplicação dos primeiros socorros deve ser imediata, pois estes pos de acidentes normalmente causam estado de choque, hemorragia grave na região afe-tada, lesões musculares e tendinosas, vasculares, nervosas e ósseas.

Conceitos de amputação traumá ca e esmagamento de membros

Amputação traumá caQuando um membro ou um dos seus segmentos é se-

parado do corpo sob a ação de um trauma smo violento.

EsmagamentoÉ toda lesão traumá ca violenta de um membro, ou

parte deste, caracterizada por dilaceração cutânea, atrição muscular, lesões neurovasculares, em geral irreparáveis, e fratura cominu va.

Classifi cação da amputação traumá caAmputação total: são aquelas em que as partes fi cam

completamente isoladas uma da outra (dedos, mão, pé, outros).

Amputação parcial: são aquelas em que os segmentos mantêm-se presos ao corpo por uma parte do retalho cutâneo, havendo alguma con nuidade de músculos e fás-cias. Em ambos os casos, a vitalidade do segmento estará comprome da.

Causas dos esmagamentos dos membros e amputação traumá ca

Acidentes de trabalho: geralmente são mais comuns as lesões dos membros superiores (dedos, mãos e, ainda, os braços, que poderão ser esmagados, arrancados ou seccionados). Comumente encontram-se aqueles que traba-lham em máquinas compressoras rota vas, de tecelagem, serras elétricas, cortadeiras automá cas e outros pos de máquinas.

Acidentes domés cos: a martelada, uso de pequenas serras elétricas, lâminas de liquidifi cador, fechamento de portas são alguns dos exemplos neste caso de trauma, na qual a perda de falanges dos dedos e mão(s) ocorrem durante uma a vidade domés ca.

Efeitos explosivos: ocorrem muito com crianças devido ao uso de bombas de fabricação domés ca ou mal uso de bombas industrializadas em festas juninas, por exemplo. Geralmente são afetados os dedos da mão e a própria mão.

Catástrofes: o soterramento por desmoronamentos de barreiras, edi cios, muros de arrimo e casas, assim como os grandes acidentes de ônibus, trem, colisões marí mas, acidentes com aviões comerciais, tremores de terra, inunda-ções e ciclones e também nos casos de populares em pânico.

A vidades bélicas: as guerras são os maiores responsá-veis pelo maior número de esmagamentos e amputações traumá cas de membros causadas pelas explosões, quer por ação direta quer indiretamente ou nos desmoronamentos com soterramento das ví mas.

Reconhecimento da amputação traumá ca e esmaga-mento dos membros

Nos pequenos esmagamentos:– dor intensa e acentuada no local;– impotência funcional;

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– hemorragia de pequena proporção;– os tecidos sofrem esmagamento com fratura comi-

nu va, dilaceração e arrancamento dos tendões;– estados sincopais dos acidentados ao verem tais

lesões.

Nos grandes esmagamentos:– dor intensa e acentuada no local;– presença de estado de choque psicogênico;– impotência funcional;– avulsão cutânea, com presença de músculos “tritu-

rados”;– presença de fratura cominu va;– hemorragia de pequena proporção.

Amputação traumá caOs sinais e sintomas se assemelham com o esmagamento

grave dos membros, porém com uma única diferença em relação ao outro po de trauma: a hemorragia é grave e abundante devido à secção do(s) membro(s).

Procedimentos nos casos de amputação traumá ca e esmagamento de membros

Pequenos ou grandes esmagamentos:– limpeza da extremidade afetada (soro fi siológico ou

água esterilizada);– contenção da hemorragia;– imobilização da ar culação acima do trauma;– prevenção ao estado de choque;– manutenção dos sinais vitais;– encaminhamento urgente para o hospital.

Amputação traumá ca– contenção imediata da hemorragia (uso do tornique-

te);– prevenção ao estado de choque;– manutenção dos sinais vitais;– com o possível reimplante de membros ou um dos

seus segmentos (dedos, mão, antebraço) ou ainda certas partes do corpo (orelha, escalpe), o socorrista deve transportar junto com a ví ma a parte ampu-tada. O mesmo poderá ser colocado em um saco plás co cobrindo-o com gelo quebrado;

– encaminhamento o mais rápido possível para um hospital apropriado.

QUEIMADURAS

A pele humana é basicamente formada por uma estru-tura de duas camadas divididas em uma epiderme externa e uma derme interna. A epiderme é formada por células

quera nizadas (córneas) que são constantemente eliminaaos do organismo. Abaixo da pele encontramos vários pos de estruturas, desde a renovação de células velhas até os folícu-los pilosos, as glândulas sudoríparas, terminações nervosas e outros. Este po de tecido exerce uma função importante no organismo, pois serve para isolá-lo do meio ambiente, protegê-lo de invasão bacteriana, controlar sua temperatura, reter os líquidos e fornecer ao encéfalo informações sobre a sensibilidade local.

As queimaduras são muito dolorosas e podem cons tuir uma ameaça à vida, dependendo da extensão e da região a ngida. Toda pessoa que tenha sofrido queimadura de extensão maior que a palma da mão da ví ma deve receber assistência médica qualifi cada depois que lhe forem presta-dos os primeiros socorros.

Queimadura é a lesão resultante do calor/frio direto ou indireto (radiante) sobre o corpo, seja proveniente de objetos quente-frios, líquidos em ebulição, substâncias corrosivas, choque elétrico, emanações radioa vas, radiações infraver-melhas e ultravioletas (aparelhos de laboratório).

É também uma lesão produzida no tecido de reves men-to por agentes térmicos (calor, frio e eletricidade), produtos químicos corrosivos e irradiação.

Quando o socorrista depara-se com vítima(s) de queimadura(s), ele deve ter em mente algumas prioridades para tentar diminuir o sofrimento causado pela lesão, a se-guir descritos:

– aliviar ou reduzir a dor;– prevenir o estado de choque;– prevenir a infecção.

Classifi cação das queimadurasQuanto à profundidade:Primeiro grau: quando a nge somente a epiderme.Caracteriza-se por vermelhidão da área a ngida (eritema)

e pontos doloridos.Segundo grau ou parcial superfi cial (sem bolhas) ou par-

cial profunda (com bolhas): ocorre quando a epiderme é des-truída totalmente e a derme parcialmente. Caracterizam-se pela presença de bolhas (fl ictemas), regiões eritematosas, úmidas e dolorosas ao toque.

Terceiro grau ou total: quando ocorre destruição total de pele, tanto na epiderme quanto na derme, ou seja, quando a nge todo o tecido de reves mento, alcançando o tecido gorduroso e muscular, podendo em alguns casos chegar até o osso. Caracteriza-se por ser lesão seca, dura, translúcida, e apresenta vasos trombosados visíveis.

Quanto à extensão das lesõesTais condições são válidas apenas para queimaduras de

2º e 3º graus, visto que as de 1º grau são tratadas de forma simplifi cada:

Grande queimado: considera-se o adulto com mais de 30% de super cie corporal queimada.

Médio queimado: de 10 a 30% da área corporal quei-mada.

Pequeno queimado: quando as lesões são menores que 10% da super cie corporal.

No adulto, a maioria das áreas do organismo pode ser dividida em áreas de 9% ou múl plos de nove. Esta divisão denominada “regra dos noves” é bastante ú l para a es -ma va da porcentagem de super cie corporal lesada. Na criança pequena é dado um grau rela vamente maior para a cabeça e menor para as extremidades inferiores. Assim, a regra dos noves é modifi cada. Em cada caso, a regra fornece uma aproximação ú l da super cie corporal.

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Procedimentos gerais nos casos de queimadura– ao prestar os primeiros socorros a um queimado, caso

sua roupa esteja em chamas, u lize, para abafá-las, um cobertor, casaco, tapete ou toalha ou então, faça-o rolar sobre si mesmo no chão;

– separar a causa da ví ma ou a ví ma da causa;– controlar a situação, apagando o fogo se for o caso;– re re as partes de sua roupa que não estejam gruda-

das na área queimada. Nesse caso, recorte ao redor da lesão e re re o restante da roupa solta;

– proteja a área queimada com compressas e/ou gases limpas e umidifi cadas;

– não passe pomadas, mercúrio ou quaisquer outros produtos;

– previna o estado de choque.

Eletrocussão

A gravidade de um acidente por choque elétrico vai de-pender da intensidade da corrente, do caminho que percorre no corpo humano e da resistência doindivíduo, sendo que o corpo úmido é menos resistente que o seco. A morte ocorre geralmente por asfi xia, pelo fato dos músculos torácicos contraírem-se instantaneamente. Pode ocorrer também a interrupção da circulação sanguínea, sendo necessária a aplicação de uma massagem cardíaca externa no acidentado para a var o coração inerte pelo choque.

As queimaduras produzidas pelo choque elétrico, sejam por contato ou por arco voltaico, geralmente são localizadas e profundas de acordo com o percurso da corrente, porém, podem não ter nenhuma consequência grave dependendo da intensidade da corrente.

Conceito de eletrocussãoFenômeno em que uma pessoa passa a fazer parte de

um circuito elétrico com passagem de corrente elétrica pelo corpo, devido à diferença de potencial elétrico.

São acidentes causados por contato com a eletrici-dade que podem levar a vítima a uma parada cardíacae/ou paralisação da respiração, por contração dos mús culos responsáveis pela mesma, ocasionando queima duras locais de limites bem defi nidos ou de grande extensão.

Causas de acidentes por contato com a eletricidadeEsses pos de acidentes geralmente ocorrem devido

à negligência da vítima ao lidar com a eletricidade oupor meio das descargas elétricas produzidas pela natureza.

Afogamento

Acidente causado pela obstrução das vias respiratórias por meio de líquidos, podendo ser provocada pela inundação das vias aéreas ou por fechamento da glote, es mulada pela presença de líquido (espasmo da glote) resultando os dois casos em uma asfi xia.

Conceitos de afogamento− Privar de respiração, ou matar, por submersão.− É uma asfi xia por imersão ou aspiração de líquido de

qualquer natureza, com inundação e “encharcamen-to” alveolar.

Classifi cação do afogamentoQuanto ao po de água:Afogamento em água doce: quando ocorre em piscinas,

rios lagos ou tanques.Afogamento em água salgada: quando ocorre no mar.

Quanto à causa do afogamento:• Afogamento primário: quando não existem indícios

de uma causa determinante do afogamento.• Afogamento secundário: quando existe alguma

causa que tenha impedido a ví ma de se manter na super cie da água e, em consequência, precipitou o afogamento. Exemplos: drogas, álcool, crise con-vulsiva, trauma, cardio/pneumopa as, mergulho, cãibras etc.

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Envenenamento e intoxicação

Os envenenamentos podem ser acidentais ou voluntá-rios. Temos ainda a possibilidade dos envenenamentos por mo vos criminosos. Qualquer que seja o caso, do ponto de vista do socorro de urgência, o mais importante é o reconhe-cimento do veneno responsável pela intoxicação, a fi m de serem empregadas as medidas de melhor efeito. Se as me-didas de socorro forem tomadas de forma rápida e efi ciente, a grande maioria dos acidentados pode ser recuperada, pois a ação patogênica dos agentes tóxicos é transitória.

Mordidas de animais raivososO vírus da raiva é eliminado pela pessoa ou animais

doentes, penetrando no organismo da ví ma através da mordedura ou da penetração da saliva sobre uma lesão na pele. O vírus é possivelmente eliminado pelas vias respira-tórias e diges vas.

São susce veis ao vírus da raiva pra camente todos os mamíferos considerados reservatórios naturais: o gato, o ca-chorro, morcego, doninhas, furão, lobo, esquilo, tamanduá e outros animais. O cão domés co é a fonte de infecção humana e, portanto, em caso de suspeita do animal, deve-se mantê-lo em observação. O animal, seja o gato ou cão, mes-mo vacinado, pode às vezes apresentar sintomas da doença.

Mordeduras de animais peçonhentosA toxidade do veneno varia em função do tamanho e

estado de nutrição do animal agressor, a quan dade de ve-neno inoculada, o peso e o estado de saúde da ví ma. Para o socorrista, a classifi cação de insetos, aranhas, artrópodes e o dios em gênero e espécie não se faz necessária no instante da prestação do socorro, porém poderá ajudar a ví ma numa futura recuperação no centro médico especializado.

Conceitos de acidentes por animais peçonhentos– São acidentes causados por animais peçonhentos,

tais como as serpentes, aranhas, escorpiões, vespas, abelhas e algumas formas marinhas de vida animal.

– São acidentes por animais inoculadores de veneno em outro organismo que se faz com presas, fer-rões etc.

SUPORTE BÁSICO DE VIDAEM EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)

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O miocárdio (músculo cardíaco) necessita de um su-primento con nuo de oxigênio para manter sua principal função: bombear o sangue oxigenado para o resto do corpo. O infarto do miocárdio ou a angina de peito em ambos os ca-sos são condições causadas por um suprimento insufi ciente de oxigênio para manter as funções vitais do coração, porém, na primeira ocorre o falecimento do músculo cardíaco.

As coronárias direita e esquerda são as artérias que contornam o miocárdio com seus ramos, nutrindo o coração para as suas necessidades como bomba impulsionadora de sangue. A doença na luz (o diâmetro interno das artérias) acontece pelo depósito de gorduras ao longo dos anos, in-terferindo nas suas capacidades de dilatação e transporte de sangue, reduzindo consideravelmente o volume sanguíneo necessário para as funções vitais do coração. Esta oclusão arterial por êmbolo ou trombo é denominada de arterios-clerose ou doença arterial coronariana.

A maioria das dores torácicas não é de origem cardíaca. Dor no peito, simulando angina, por exemplo, pode ser o resultado de uma nevralgia intercostal, doença do esôfago, sobretudo hérnia de hiato, úlcera gástrica, processos infl ama-tórios da vesícula biliar, doenças pulmonares ou de pleura, herpes zoster e outras enfermidades.

Conceito de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)É a lesão da parede do miocárdio (músculo cardíaco) em

consequência da desproporção entre a quan dade de sangue que passa pelas artérias coronarianas e o trabalho realizado pelo coração, provocado pela interrupção do fl uxo sanguíneo.

É a destruição do tecido miocárdio, nas áreas cardíacas, em consequência da privação de oxigênio pela interrupção do fl uxo sanguíneo coronário.

Sinais e sintomas do IAMA ví ma sente uma dor torácica constante, mais de 20

minutos de duração, de caráter opressivo que se inicia na região precordial (porção central do tórax) podendo irradiar para o pescoço, braço esquerdo ou ambos os braços e região epigástrica ou abdominal. Não melhora com o repouso nem com o uso de vasodilatadores; pode produzir arritmias, hipo-tensão, choque e insufi ciência cardíaca; não está associada às a vidades sicas.

Pode-se acompanhar de:– severa ansiedade e inquietação;– difi culdade respiratória (dispneia);– transpiração intensa, mesmo com repouso;– náuseas e vômitos;– pulso irregular.

Procedimentos nos casos de infarto agudo do miocárdio– procurar saber o histórico da ví ma;– acalmar a ví ma, afrouxar as suas roupas e mantê-la

aquecida, se o ar es ver muito frio;– manter a ví ma em repouso absoluto, sentada ou

deitada, numa posição semi-inclinada;– observar os sinais vitais;– prevenir choque;– iniciar RCP, se necessário;– ins tuir oxigenoterapia;– transportá-lo o mais rápido possível para o hospital.

ANGINA DE PEITO

Angina de peito é quando uma pessoa trabalha em ex-cesso, com períodos de esforço sico intenso, após refeições, emoções e relação sexual, podendo neste intervalo ocorrer o estreitamento temporário da artéria, em decorrência das necessidades cardíacas de oxigênio excederem o seu suprimento, ou melhor, é uma desproporção entre o traba-lho realizado pelo coração e o fl uxo sanguíneo que nutre o músculo cardíaco.

Conceitos de angina de peito– Dor constri va intensa, no peito, frequentemente

irradiada para o braço esquerdo, provocada por isquemia do miocárdio, e resultante, quase sempre, de molés a coronariana.

– É o conjunto de sintomas decorrentes da baixa oxi-genação do coração sem, no entanto, haver lesão do músculo cardíaco.

– É a dor torácica, durante vários segundos, em con-sequência do pouco suprimento de oxigênio para as necessidades do coração.

Sinais e sintomas da angina de peitoNa angina de peito, a dor também é forte e opressiva,

até 20 minutos de duração, porém melhora com o repouso e com o uso de vasodilatadores.

Procedimentos nos casos de angina de peito– procurar saber o histórico da ví ma;– manter a ví ma em repouso absoluto, sentada ou

deitada, numa posição semi-inclinada;– observar os sinais vitais;– iniciar RCP, se necessário;– ins tuir oxigenoterapia.

Ver gem

Conceito– Estado mórbido em que o indivíduo tem a impressão

de que tudo gira em torno dele (ver gem obje va), ou de que ele próprio estar girando em torno de si mesmo (ver gem subje va).

– É a sensação em que a ví ma parece girar em torno dos objetos ou os objetos em torno dela, sempre em plano horizontal com deslocamento lateral.

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– É a sensação rotatória causada por alterações nos elementos responsáveis pela manutenção do equilí-brio corporal. Ex.: labirin te.

Causas das ver gens– lesões cerebrais que a ngem os núcleos;– trauma smo crânio-encefálico;– hemorragias cerebrais;– infl amação, tumores e infecções;– distúrbio hormonal;– jejum prolongado.

Sinais e sintomas de ver gens– sensação de estar caindo num grande abismo;– zumbidos e surdez;– náuseas e vômitos;– presença de consciência;– apresenta-se lúcida.

Procedimentos nos casos de ví mas com ver gens– coloque a ví ma em posição dorsal;– cobrir os olhos da ví ma e evite que ela se levante;– afrouxar as roupas;– es mular com palavras de conforto;– alimentá-la se for o caso de jejum prolongado.

Síncope e Desmaio

Sabemos que alguns elementos são fundamentais para a manutenção das funções cerebrais como o oxigênio, glicose e a quan dade de sangue circulante no cérebro; a falta de um desses elementos poderá causar a síncope ou desmaio.

Conceitos de síncope e desmaioSíncope:– Perda temporária de consciência devida à má per-

fusão sanguínea cerebral, alteração na composição do sangue que irriga o encéfalo, ou a alterações no padrão de a vidade do sistema nervoso central, devidas a es mulos que chegam a esse sistema.

– É a perda repen na e completa dos sen dos com ba mentos cardíacos fracos, irregulares ou ausentes e a cessação da respiração.

Desmaio

– É a sensação extremamente desagradável que a ví -ma tem de que vai perder o contato com o ambiente que a cerca;

– É a alteração passageira do estado de consciência.

Sinais e sintomas da síncope– mal estar;– escurecimento da visão;– sudorese;– palidez cadavérica;– pulso fraco e respiração fraca, espaçada e superfi cial;– perda fugaz e momentânea da consciência (diálogo

di cil);– pupilas dilatadas;– ba mentos cardíacos fracos e lentos;– perda da consciência e do tônus da musculatura

corporal.

Procedimentos nos casos de síncope– verifi car sinais vitais;– afastar a ví ma do local agressor;

– se a ví ma es ver consciente, sentá-la com a cabeça entre as pernas; se es ver inconsciente, deitá-la com a cabeça mais baixa que o resto do corpo;

– se a vítima estiver consciente, ministrar solução açucarada;

– tranquilizar a ví ma;– se o quadro de inconsciência persis r, transportá-la

para o hospital.

Observações geraisQuando o indivíduo está em determinada posição por

período prolongado e muda de posição bruscamente, pode ocorrer a chamada hipotensão postural, havendo como consequência o desmaio.

Crise Convulsiva

As convulsões têm início súbito, fato conhecido como “aura”, às vezes pode ser percebida por algumas ví mas. A salivação excessiva é uma das caracterís cas da convulsão devido ao aumento da função glandular, esta por sua vez se mistura com sangue decorrente de algum ferimento bucal.

A saliva não representa perigo para o socorrista, porém deve ter cuidado quando a saliva es ver misturada com sangue. A média de duração de uma convulsão é cerca de 2 a 5 minutos seguindo-se o período pós-convulsivo que se caracteriza por sonolência podendo haver relaxamento de es ncteres.

Conceitos de convulsão– É a contratura involuntária dos músculos, provocan-

do movimentos desordenados e acompanhados da perda de consciência.

– Abalos musculares de parte ou de todo o corpo decorrente do funcionamento anormal do sistema nervoso central.

– Contração, ou série de contrações, súbitas e involun-tárias, dos músculos voluntários.

Classifi cação da convulsãoFase tônica: é a fase em que ocorre a contratura gene-

ralizada de toda a musculatura.Fase crônica: é a fase em que se caracteriza pelos abalos

musculares comumente vistos nestes casos.

Causas de convulsões– indeterminada;– epilepsia;– febre em crianças abaixo de 4 anos;– intoxicações por drogas;– anoxia;– trauma craniano;– tumor cerebral;– infecções do sistema nervoso (meningite);– alcoolismo;– outros pos de doenças.

Procedimentos nos casos de convulsõesA convulsão febril em crianças é muito frequente entre 1

e 3 anos de idade, sendo que deve-se ministrar an térmico e banho morno para baixar a febre e assim diminuir o risco do quadro convulsivo. Devem-se evitar agasalhos em excessos.

Procedimentos gerais– afastar curiosos do local;– afastar objetos perigosos em volta da ví ma;– proteger a cabeça da ví ma, deixar a cabeça em

decúbito lateral para facilitar o escoamento da saliva;

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– afrouxar as roupas da ví ma;– deixar a ví ma debater-se livremente;– ntroduzir um pedaço de pano ou lenço entre a arcada

dentária para evitar a mordedura da língua;– manter a ví ma em repouso após cessada a convul-

são;– verifi car se há iden fi cação médica em pulseiras,

medalhas ou outras;– limpe a boca e o nariz, livrando-se de secreções (se

necessário);– evite deixar a ví ma sozinha e comentários sobre o

ocorrido;– se a convulsão durar mais de 5 minutos, transportar

para um hospital aplicando oxigenoterapia.

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL AVC

O encéfalo é a mais complexa estrutura do sistema ner-voso. Ele é protegido pelos ossos cranianos e compreende três regiões: o cérebro, que controla os pensamentos; o cerebelo, que coordena os movimentos; e o tronco ence-fálico, que controla as funções vitais como a respiração e a pulsação cardíaca.

Um fl uxo de sangue con nuo garante um suprimento de oxigênio e glicose sufi ciente para manter o funcionamento normal do encéfalo. A interrupção desse fl uxo sanguíneo em uma artéria cerebral por mais de 6 minutos geralmente causa dano irreversível à área do encéfalo nutrida por esta artéria. Dependendo da região a ngida, as funções referentes àquela parte do cérebro estarão prejudicadas (por exemplo, a in-terrupção do fl uxo sanguíneo no lado esquerdo do cérebro causará problemas de fala em indivíduos destros). Se o AVC ocorrer em área nobre do sistema nervoso central (SNC), o acidente poderá levar a ví ma a óbito.

Conceito de Acidente Vascular CerebralÉ a lesão cerebral causada por uma interrupção do fl uxo

sanguíneo a determinada área do sistema nervoso central.

Causas do AVCO acidente vascular cerebral pode ser causado por qual-

quer interrupção do fl uxo sanguíneo por tempo sufi ciente para lesar o encéfalo (por exemplo, trombose das artérias do cérebro em conjunto com arteriosclerose, rompimento dos aneurismas traumá cos ou sifi lí cos por hipertensão, embolia arterial, e outros).

Classifi cação do AVCIsquêmico: é decorrente da obstrução dos vasos sanguí-

neos. Ex.: ataque sistêmico transitório, trombose cerebral ou embolia.

Hemorrágico: é decorrente da ruptura dos vasos sangüíneos. Ex. hipertensão; neurisma si lica; aneurisma traumá co; outros.

Sinais e sintomas do AVCA formação de coágulo em uma artéria causa diminuição

da função corporal, geralmente sem dor ou convulsões (por exemplo, uma ruptura arterial frequentemente é acompa-nhada por cefaleia intensa).

Os AVCs podem produzir os seguintes sintomas:– paralisia das extremidades (uni ou bilateral);– diminuição do nível de consciência, variando desde

o coma até a confusão ou ver gem;– difi culdade de fala ou de visão;– convulsões (verifi car se a ví ma não é uma epilép ca);– apenas cefaleia.

Procedimentos nos casos de AVC– observar os sinais vitais;– manter a ví ma em repouso;– aplicar RCP, se necessário;– ministrar oxigênio;– transportar para o hospital.

Reanimação Cardiopulmonar (AHA-2005)

O sucesso na recuperação de uma parada cardíaca de-pende de uma série de intervenções, pré e intra-hospitalares. Se uma dessas ações é negligenciada, retardada ou mesmo esquecida, a recuperação da ví ma poderá não acontecer.

Fatores que podem ser alterados– fumar;– pressão arterial elevada;– níveis altos de colesterol;– na vidade sica.

Fatores que não podem ser alterados– herança;– sexo;– idade.

Fatores que contribuem– obesidade;– diabete;– estresse.

Parada cardíacaSupressão súbita e inesperada dos ba mentos cardíacos.

Morte clínica e morte biológicaOs sistemas respiratório e circulatório são interdepen-

dentes, já que um dos dois cessando suas a vidades, o outro fará o mesmo em um curto espaço de tempo.

O cérebro é o órgão que primeiro sofre os efeitos da falta de oxigênio. A morte das células cerebrais é um processo irreversível.

Morte clínica: uma ví ma está clinicamente morta quan-do cessa a respiração e o coração deixa de bater.

Morte biológica: uma ví ma está biologicamente morta quando as células do cérebro morrem. Corresponde à morte encefálica.

A morte clínica pode ser reversível; a morte biológica é irreversível.

Sinais evidentes de morte livor mortis: êxtase san-guíneo dependente da posição do cadáver. Manifesta-se

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entre 1 hora e 30 minutos a 2 horas, a ngindo seu máximo entre 8 a 12 horas. Corresponde a uma cor azulada que se estende por debaixo da pele na parte mais baixa docorpo.

Rigor mor s: inicia-se entre 1 a 6 horas, pelos músculos da mas gação e avança da cabeça aos pés a ngindo o má-ximo entre 6 a 24 horas.

Putrefação: decomposição do corpo, acompanhada de odor fé do.

A rapidez com que se decompõe um corpo depende de vários fatores, entre os quais a temperatura ambiente.

Outras situações que indicam evidência de morte são os casos de decapitação, desmembramento ou mu lação grave que descarte qualquer possibilidade de vida (morte óbvia).

Sinais e sintomas da parada cardíaca– inconsciência;– ausência da respiração;– ausência de ba mentos cardíacos.

Passos da RCPa) Verifi car o estado de consciênciaEs mular a ví ma com movimentos leves nos ombros

e perguntar em voz alta “você está bem?”. Se a ví ma está consciente, pesquisar por hemorragias externas. Se es ver inconsciente, seguir para o passo seguinte.

b) Pedir ajudaSe a ví ma está inconsciente, peça por socorro.c) Posicionar a ví ma sobre uma super cie rígida e

plana, deitada de costasSe a ví ma é um lactente, posicioná-la sobre um braço

(ou apoiada sobre a coxa).d) Adotar posição de reanimaçãoPosicionar-se ao lado da ví ma, ajoelhado na altura dos

ombros do paciente.e) Assegurar a permeabilidade das vias aéreasAbrir as vias aéreas (VA). Escolher o método adequado

para assegurar uma VA permeável, considerando se é ví ma de trauma ou é um caso clínico.

f) Verifi car a respiração em três a cinco segundosVer o peito subir e abaixar, ouvir o ar entrar e sair e sen r

o fl uxo de ar. Se a ví ma não respira, siga os passos seguintes.g) Insufl ar ar nas vias respiratórias do pacienteRealizar 2 insufl ações fazendo com que o peito se eleve.

Se o ar não passa, reposicionar a cabeça e ven lar novamen-te. Se o ar não passa pela segunda vez, assumir que é uma OVACE (Obstrução da Via Aérea por Corpo Estranho) e iniciar as manobras de desobstrução.

h) Verifi car o pulso caro deo em 5 a 10 segundosSe a ví ma tem pulso, con nuar com o suporte ven lató-

rio (uma insufl ada a cada 5 segundos no socorro de adultos e a cada 3 segundos no socorro de crianças e lactentes). Se não houver pulso, con nue com o próximo passo.

i) Localizar o ponto para as compressões torácicasEste ponto está situado na metade inferior do osso es-

terno, dois dedos acima do processo (apêndice) xifóide. Em lactentes, este ponto está localizado há uma polpa digital abaixo da linha imaginária entre os dois mamilos.

j) Posicionar adequadamente as mãosColoque a base da palma da mão sobre o local que será

comprimido no esterno. Sobrepor a segunda mão sobre a primeira e entrelaçar os dedos para que não entrem em contato com as costelas. Crianças: usar somente a palma de uma mão. Lactentes: usar somente dois dedos.

h) Posicionar corretamente o corpoReclinar-se sobre a ví ma, com os braços es cados e sem

dobrar os cotovelos. U lizar o peso corporal para ajudar a comprimir o osso esterno.

l) Comprimir o esternoEm adultos, realize compressões à razão de 15 vezes

para cada 2 ven lações, mantendo uma frequência de 100 compressões por minuto.

Comprima aproximadamente de 3,5 a 5 cm. Em crianças e lactentes, realize compressões à razão de 5 para cada 1 ven lação, mantenha a frequência de aproximadamente 100 compressões por minuto. Comprima de 2,5 a 3,5 cm em crianças e de 1,5 a 2,5 cm em lactentes.

m) Reavaliar o pulso caro deoAo término do primeiro minuto, verifi que se há o retorno

do pulso (por tempo não superior a 5 segundos). Depois, a cada 3 minutos.

Manobras inadequadasA ví ma não está posicionada sobre uma super cie

rígida: as compressões são inefi cazes.A ví ma não está em posição horizontal: se a cabeça do

paciente está elevada não se consegue produzir um fl uxo sanguíneo cerebral sufi ciente.

Não é realizada a adequada extensão da cabeça e eleva-ção do maxilar: não é assegurada a permeabilidade das vias aéreas e a oxigenação fi ca defi ciente.

A boca ou máscara não estão perfeitamente seladas: o ar escapa e as insufl ações não são efe vas.

As narinas da ví ma não estão fechadas e/ou a boca do paciente não está sufi cientemente aberta: as insufl ações são inefi cientes.

As mãos estão colocadas de forma inadequada ou em local incorreto no tórax: poderão ocorrer fraturas de coste-las ou do esterno, laceração de órgãos torácicos (pulmões ou coração) ou abdominais ( gado ou baço), perfuração de pleura em decorrência das fraturas de costelas.

As compressões são realizadas muito superfi ciais ou profundas ou demasiadamente rápidas: não impulsionam um volume sanguíneo adequado.

A relação ven lação/compressão está inadequada: não se consegue uma efe va oxigenação do sangue.

A RCP deixa de ser executada por mais de 5 segundos: se a RCP é interrompida por mais de 5 segundos existe um alto risco de lesão cerebral.

RCP com dois socorristasO primeiro socorrista posiciona-se ajoelhado à altura dos

ombros do paciente e:1) verifi ca a consciência;2) pede para a var o SEM;3) abre as vias aéreas;4) verifi ca a respiração5) ven la 2 vezes;6) verifi ca a circulação, palpando o pulso caro deo. Se

não há pulso diz: não há pulso, iniciar compressões.O segundo socorrista posiciona-se à altura do peito do

paciente, no lado oposto ao primeiro e:1) inicia as compressões;2) a cada 15 compressões faz uma breve pausa para

que o primeiro socorrista faça as 2 insufl ações. Durante as compressões conta em voz alta.

3) depois de 1 minuto de manobras (4 ciclos), verifi car o pulso caro deo.

Como trocar posiçõesCabe ao segundo socorrista, o que está realizando as

compressões, decidir quando trocar de posição. O socorrista que está ven lando será informado no início de um ciclo de compressões. Durante as compressões dirá “trocar, e dois, e três, e quatro, e cinco”. Neste momento:

a) o primeiro socorrista faz uma ven lação,b) ambos trocam de posição;

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c) o socorrista que assume a nova função de ven lar verifi ca o pulso; se está ausente, faz uma ven lação e diz para o socorrista que assumiu as compressões reiniciar as compressões.

Iniciando e terminando a RCPAs manobras de RCP não são indicadas nas vítimas

que sabidamente estão em fase terminal de uma doença incurável.

Uma vez iniciada a RCP, devemos mantê-la até que:– haja o retorno espontâneo da circulação (retorno do

pulso). Neste caso, con nue ven lando;– haja o retorno da respiração e circulação espontânea;– pessoal mais capacitado chegue ao local da ocorrên-

cia;– o socorrista está completamente exausto e não con-

segue realizar as manobras.

RCP com um socorrista e com a chegada de um segundo socorrista

a) O primeiro socorrista realiza a RCP sozinho (15 com-pressões para cada 2 ven lações).

b) O segundo socorrista chega ao local, se apresenta e se oferece para auxiliá-lo.

Obs. Se o SEM ainda não foi acionado, a prioridade é que o socorro especializado seja contatado imediatamente.

c) O primeiro socorrista aceita a ajuda e con nua a RCP.d) O segundo socorrista inicia verifi cando a presença de

pulso, permi ndo que o primeiro con nue o ciclo de 15 x 2.e) O segundo socorrista posiciona-se para realizar as

compressões e permite que o primeiro socorrista assuma a posição de ven lação.

f) O primeiro socorrista realiza duas ven lações e palpa o pulso. Se não há circulação, diz “não há pulso, con nuar a RCP”. Se houver pulso, porém o paciente não respira, o pri-meiro socorrista con nua ven lando.

g) Se a RCP con nua, o segundo socorrista inicia as com-pressões no ritmo de aproximadamente 100 por minuto, numa razão de 15 compressões para cada 2 ven lações.

Desfi brilação no ambiente pré-hospitalarÉ fato que a maioria das mortes súbitas por problemas

cardíacos acontece longe dos hospitais e este é o principal mo vo para a existência dos cursos de Ressuscitação Cardio-pulmonar (RCP) e Programas de Desfi brilação Automá ca por Pessoal Leigo (não médico).

Há dois problemas que interferem no êxito de uma res-suscitação. O primeiro é o tempo entre a parada cardíaca e o início da RCP. Em todos os casos, a RCP deve ser iniciada o mais rápido possível, isto é, logo após a iden fi cação da parada cardíaca. Um maior número de pessoas treinadas em RCP favorece um melhor e mais rápido atendimento aos pacientes, nestas situações de emergência.

O segundo problema, que limita o êxito da RCP, é que muitos ataques cardíacos são fatais, não importando se o atendimento tenha sido adequado e rápido. Estas mortes estão relacionadas frequentemente às alterações letais dos ritmos cardíacos, que eventualmente podem ser corrigidas por meio de procedimentos específi cos e implementadas o mais cedo possível. Um procedimento importante que salva a vida de alguns pacientes e pode ser feito no âmbito pré-hospitalar é chamado de desfi brilação.

Revisão do sistema de condução do coraçãoO coração é um órgão muscular oco que pode ser

grosseiramente comparado, no adulto, ao tamanho da sua

própria mão fechada. As paredes musculares são chamadas de miocárdio. A maior parte do miocárdio é formada pelo tecido muscular, responsável pelo formato do coração e pelo bombeamento do sangue para o restante do corpo. Algumas partes do miocárdio são modifi cadas e formam o sistema de condução do coração. Estas células são responsáveis pela a vidade elétrica do coração. O es mulo para o ba mento cardíaco se inicia em uma pequena região do miocárdio, chamada de nódulo sinusal ou sinoatrial. A onda elétrica sai deste local em intervalos de aproximadamente 0,8 segundos para uma pessoa adulta, em repouso. Espalha-se para as câ-maras superiores do coração (átrios) e, em seguida, faz uma pequena pausa, antes de con nuar o caminho e es mular as câmaras mais baixas (ventrículos). Esta pausa ocorre em um segundo ponto, denominado nódulo atrioventricular (AV). O impulso enviado para as câmaras ventriculares passa por um septo que as separam. Em seguida, pelos ramos direito e esquerdo chegam aos dois ventrículos. A rede de Purkinje ajuda na propagação rápida do es mulo para todas as partes dos ventrículos. O sistema de condução es mula o ba mento do coração e coordena o tempo de enchimento das câmaras superiores até que fi quem prontas para a contração. Após a contração dos átrios ocorre uma pausa, permi ndo o en-chimento total dos ventrículos para a posterior contração destes.

Como funciona a desfi brilação externa automá caOs desfi briladores são projetados para proporcionar um

choque elétrico que interrompe a a vidade elétrica anormal do coração doente. Não se pretende com esse processo parar o coração, mas sim eliminar certos ritmos letais e possibilitar as condições para que o coração retorne ao ritmo normal, espontaneamente. Este processo é chamado desfi brilação.

Atualmente, a maioria dos serviços de emergências u liza aparelhos desfi briladores externos do po semi-automá co chamados de DEA. Eles são rela vamente simples de operar e o ensino do seu manuseio está lentamente sendo incorpo-rado nos cursos de formação e treinamentos de atualização do pessoal da saúde e dos serviços de emergência. O uso de DEAS é muito ú l em emergência cardíaca, em pacientes que morreriam sem o auxílio desses aparelhos.

Os DEAS são programados para reconhecer um ritmo anormal do coração que requer um choque, carregar e transmi r o choque (modelo automá co) ou aconselhar ao socorrrista o acionamento do disposi vo que transmite o choque (modelo semi-automá co). As limitações do equi-pamento estão mais relacionadas aos pos de problemas cardíacos do que às difi culdades de manuseio.

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IMOBILIZAÇÕES E TÉCNICAS DE TRANSPORTE DE VÍTIMAS

A manipulação e o resgate das ví mas podem ocorrer de duas formas dis ntas: aquela em que a ví ma é encontrada em um local de fácil acesso e pode ser removida do lugar independentemente das lesões sofridas; aquela que requer técnicas especiais de re rada ou remoção do lugar de di cil acesso quer esteja com lesões graves ou não.

Após o atendimento de primeiros socorros, a ví ma deve ser transportada por meio de uma maca ou outro instrumento adequado para seu transporte, na devida po-sição, coberto conforme o necessário e seguro com cintos. Este procedimento deverá ser man do durante o transporte para o hospital até ser transferido para a maca do Serviço de Emergência.

Em alguns casos o socorrista poderá deparar com situa-ções que coloquem em perigo tanto a vida do socorrista quanto da ví ma, com isso toda a manipulação a ser realizada na ví ma deverá ser ordenada, planejada e efetuada com calma a fi m de evitar maiores danos ou agravar as lesões.

Conceito de manipulação e transporteManipulação jus fi cada de um paciente a fi m de evitar

mal maior. Usamos esse termo genérico para descrever qualquer procedimento organizado para manipular, reposi-cionar ou transportar um paciente doente ou ferido de um ponto para outro.

A manipulação de ví mas insere-se em duas amplas categorias. Existe um po de ví ma que é encontrada em local de fácil acesso e que, independentemente da gravidade de suas lesões, pode ser removida de forma ro neira. Existe também aquela que necessita ser resgatada; em tais casos, a ví ma pode encontrar-se em um local de di cil acesso ou suas lesões requererem do socorrista o emprego de técnicas especiais de manipulação e imobilização com emprego de pranchas.

O socorrista deverá manipular e transportar seu paciente, geralmente após avaliá-lo e tratá-lo de forma a estabilizar sua condição.

Após o término do tratamento de emergência no local da ocorrência, a ví ma deve ser removida de sua posição inicial para uma prancha adequada para o seu transporte, posicionada corretamente, coberta e segura com cintos. A prancha deve ser então colocada sobre a maca de rodas do veículo de transporte e removida. Na chegada ao ambiente hospitalar, a ví ma é transferida para o setor específi co para seu tratamento defi ni vo.

Orientações básicas para o transporte de acidentados– procure tranquilizar a ví ma e tente permanecer

calmo;– demonstre serenidade para que ela sinta que a situa-

ção está sob controle. Sua calma diminuirá o temor e o pânico;

– apoie cada parte do seu corpo ao levantá-la;– tome os devidos cuidados em caso de suspeita de

lesão de coluna.

Entendemos por maca um disposi vo que permite a dois socorristas levantar e transportar com segurança uma ví ma na posição deitada.

Uma ví ma não deverá ser movimentada, a menos que exista um perigo imediato para ela ou, ainda, para outros.

Exemplos:– fogo ou perigo de explosão;– derrame de produtos perigosos;– presença de fumaças ou vapores tóxicos;– impossibilidade de ganhar acesso a outras ví mas

dentro de um veículo;– ameaça de desabamento etc.

Razões para a movimentação de ví mas– é necessário reposicioná-la para prestar um socorro

(RCP, controlar um grave sangramento);– o socorrista necessita lograr acesso até outra ví ma

(movimentação de uma ví ma sem lesão medular para que o socorrista alcance outra ví ma que ne-cessita cuidados);

– fatores do local que interferem no salvamento da ví ma (calor ou frio excessivo, algo no local que provoque reações alérgicas etc.);

– a ví ma insiste em movimentar-se (não podemos reter a ví ma contra sua vontade; se insiste ajudar para minimizar possíveis danos).

Técnicas de transporteExistem várias técnicas e métodos que podem ser u li-

zados por um único socorrista para a manipulação de uma ví ma quando faz-se necessária sua remoção imediata, devido ao risco de vida, ou ainda quando não há outra as-sistência disponível.

Arrastamento com cobertor: técnica pela qual a ví- ma é removida por um socorrista. O cobertor deve ser

arrumado de forma a proteger e suportar a cabeça e o pescoço da ví ma. O cobertor é colocado ao lado da ví ma e dobrado no comprimento pela metade, a ví ma é virada lateralmente para poder puxar o cobertor para suas costas.

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Vire a ví ma sobre o cobertor e vire novamente a ví ma para o lado oposto, puxe as pregas do cobertor e vire novamente para decúbito dorsal. Enrole-o no cobertor, segure a parte do cobertor abaixo de sua cabeça e arraste com segurança.

Arrastamento pelas roupas: uma pessoa é sufi ciente para arrastar a ví ma. Usado quando não há cobertor disponível ou em acidentes no meio de vias com trânsito fl uindo.

Arrastamento de bombeiro: possui a desvantagem de não oferecer suporte para a cabeça e pescoço, porém, se não houver outro método disponível, permite que uma só pessoa remova a ví ma. Muito usado em ambientes com fumaça.

Transporte pelos membros: dois socorristas transportam a ví ma, segurando-a pelos braços e pernas.

Transporte com cadeira: a ví ma é posicionada deitada e debaixo dela dois socorristas colocam uma cadeira. O trans-porte é feito com os socorristas posicionados lateralmente e a ví ma na posição sentada. Muito usado na remoção de ví mas do interior de edi cios.

Levantamento com 3 socorristas: levantamento da ví ma direto do solo, sem lesão na coluna. Com o posicio-namento de 3 socorristas em fi la ao lado da ví ma.

1º socorrista: passar um braço sob o pescoço da ví ma até a axila oposta e o outro braço na região lombar.

2º socorrista: passar um braço sob as costas da ví ma e o outro sob os joelhos da ví ma.

3º socorrista: passar um braço sob as nádegas da ví ma e outro sob os joelhos.

A par r desse momento, erguer o joelho direito (os três socorristas ao mesmo tempo), colocando a ví ma sobre os mesmos, erguendo e colocando a ví ma de encontro a si e aproximando-a da maca, colocando-a com cuidado e devagar.

• Levantamento com 2 socorristas: levantamento u -lizado geralmente no interior de casas e edifi cações para remover a ví ma de uma cama para a maca.

• Rolamento e imobilização sobre pranchas rígidas (ví ma com lesão na coluna): técnica u lizada para posicionar a ví ma com lesão na coluna do solo para cima da prancha rígida. Realizada com 3 socorristas.

• Imobilização com outros pos de macas (macas telescópicas ou de vácuo): técnica usada na remoção de ví mas que possuem lesão na bacia e poderão ter agravamento de suas lesões ou aumento da dor durante a manipulação (rolamento). Realizada com 2 ou 3 socorristas.

As ví mas com suspeita ou trauma smo raquimedular medular confi rmado devem ser elevadas por, no mínimo, 4 socorristas.

1º socorrista: preocupa-se com a cabeça e pescoço da ví ma, mantendo-os no mesmo nível do resto do corpo durante a elevação.

2º socorrista: preocupa-se com a região torácica da ví ma, atentando para a sincronia com restante do corpo. Deve-se posicionar ao lado esquerdo da ví ma.

3º socorrista: preocupa-se com a região glútea da ví ma, atentando para a sincronia durante a elevação. Posiciona-se ao lado direito da ví ma.

4º socorrista: preocupa-se com os membros inferiores da ví ma e deve posicionar-se ao lado esquerdo da ví ma.

Remoção de ví ma com suspeita de fratura de coluna (consciente ou não)

A remoção da ví ma do local do acidente para a maca deverá ser efetuada como se o seu corpo fosse uma peça rígida, levantando, simultaneamente, todos os segmentos do seu corpo.

Estado de Choque

Grave diminuição do fl uxo sanguíneo e oxigenação, de maneira que se torna insufi ciente para con nuar irrigando os tecidos e órgãos vitais do corpo. Pode levar a ví ma à morte se não rever do.

Causas:• hemorragias e/ou fraturas graves• dor intensa• queimaduras graves• esmagamentos ou amputações• exposições prolongadas a frio ou calor extremos• acidente por choque elétrico• ferimentos extensos ou graves• ataque cardíaco• infecções graves• intoxicações alimentares ou envenenamento

Sinais e sintomas• pele fria e pegajosa, com suor abundante• respiração rápida, fraca e irregular• pulso rápido e fraco• diminuição da circulação e oxigenação nas extremida-

des. a pele apresenta-se cianosada (roxa) nas mãos, pés e lábios

• sensação de frio• agitação ou inconsciência• hipotensão arterial

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Atendimento em Primeiros Socorros– observar se não há objetos ou secreções na boca da

ví ma, de maneira que ela possa se asfi xiar com eles. Exemplo: bala, chiclete, prótese etc.;

– descobrir a causa do estado de choque (hemorragia interna, externa, queimadura etc.);

– tentar eliminar a causa. Exemplo: estancar hemorra-gias;

– afrouxar as roupas, cintos;– elevar os membros inferiores. Obs.: se a ví ma apa-

rentar suspeita de hemorragias no crânio ou fratura nos membros inferiores, não os eleve.

– aquecer a ví ma com um cobertor ou roupas, man-tendo uma temperatura adequada, evite abafá-la;

– conversar com a ví ma, se consciente.– não dar líquidos para ela beber, pois vai interferir caso

necessite de uma cirurgia e também ela poderá se afogar, já que está com os refl exos diminuídos;

– mantê-la avaliada até a chegada do socorro médico (avaliação primária e secundária).

Obs.: Se a ví ma es ver vomitando sangue em jato, tem o risco de engolir este sangue e ele pode ir para os pulmões. Proceda da seguinte maneira:- não tendo suspeita de lesão da coluna cervical e a ví ma podendo virar o pescoço para o lado, mantenha-o lateralizado;

– na suspeita de lesão da coluna cervical, imobilize-a totalmente e vire-a (em bloco) para o lado.

DIABETES CRISES DE HIPER OU HIPOGLICEMIA

Diabetes é uma patologia an ga. Consta que Ban ng & Best foram os descobridores da insulina (essencial para o tratamento da doença), entre muitas outras coisas. Os co-nhecimentos sobre diabetes experimentaram uma dramá ca evolução nos úl mos anos, não só quanto aos mecanismos patológicos das doenças como em relação às novas opções terapêu cas, todas elas desenvolvidas com base no próprio mecanismo fi siopatológico do diabetes. Esta fantás ca evo-lução nos conhecimentos nos trouxe boas e más no cias. Comecemos pelas más no cias: embora de caráter contro-lável, os diabetes vêm despontando como uma epidemia de graves proporções. Sua prevalência está aumentando assustadoramente como resultado do envelhecimento da população e das alterações nega vas no es lo de vida.

Além disso, a doença está se manifestando em idades cada vez mais precoces. Não existe um gen único que seja o causador solitário da doença, frustrando o trabalho de mui-tos pesquisadores. Os gene cistas agora acreditam que um grupo de genes disseminados pelo genoma, em combinações variáveis e numa interação complexa com fatores adquiridos, levam ao aparecimento do diabetes e de suas complicações, cujo impacto varia de indivíduo para indivíduo.

Finalmente, desapareceu a distinção clássica entre diabetes do po 1 ou 2, o diabetes autoimune latente do adulto; passamos a diagnos car muitos casos de diabetes po 2 em adolescentes e casos de diabetes onde existe

uma alteração genética. Deparamos, ainda, com várias formas de intolerância à glicose, como as encontradas na gestação, ovários policís cos. Entretanto, a evolução do conhecimento também trouxe boas no cias. Por exemplo, agora compreendemos todos os aspectos fi siopatológicos das hiperglicemias e somos capazes de conhecer os níveis de glicemia em qualquer momento, com tecnologias portáteis de ponta. Compreendemos, também, as bases celulares da resistência à insulina que prediz, precede e caracteriza a intolerância à glicose.

Existem conhecimentos profundos do papel do pân-creas endócrino no diabetes e também do seu papel na perda progressiva ou abrupta da função das células beta. Reconhecem-se, cada vez mais, os efeitos dos hormônios gastrointes nais no controle glicêmico, bem como os efei-tos nocivos da obesidade e do sobrepeso no controle do diabetes. Estão avançados os estudos sobre os mecanismos de hipertrofi a das ilhotas.

Estes novos conhecimentos resultaram em intensa a vi-dade da indústria farmacêu ca.

O diabetes po 1 (DM1) é uma doença autoimune ca-racterizada pela destruição das células beta produtoras de insulina. Isso acontece por engano porque o organismo as iden fi ca como corpos estranhos. A sua ação é uma resposta autoimune. Este po de reação também ocorre em outras do-enças, como esclerose múl pla, lúpus e doenças da reoide.

Diabetes Tipo 1Diabetes po 1 surge quando o organismo deixa de

produzir insulina (ou produz apenas uma quan dade muito pequena). Quando isso acontece, é preciso tomar insulina para viver e se manter saudável. Pessoas com diabetes po 1 precisam de injeções diárias de insulina para regularizar o metabolismo do açúcar, pois, sem insulina, a glicose não consegue chegar até as células, que precisam dela para queimá-la e transformá-la em energia. A alta quan dade de glicose acumulada no sangue, com o passar do tempo, pode afetar os olhos, rins, nervos ou coração.

A maioria das pessoas com DM1 desenvolve grandes quan- dades de autoan corpos, que circulam na corrente sanguínea

algum tempo antes da doença ser diagnos cada. Os an -corpos são proteínas geradas no organismo para destruir germes ou vírus. Autoan corpos são an corpos com “mau comportamento”, ou seja, eles atacam os próprios tecidos do

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corpo de uma pessoa. Nos casos de DM1, os autoan corpos podem atacar as células que os produzem. Não se sabe ao certo por que as pessoas desenvolvem o DM1. Sabe-se que há casos em que algumas pessoas nascem com genes que as predispõem à doença. Mas outras têm os mesmos genes e não têm diabetes. Pode ser algo próprio do organismo, ou uma causa externa, como por exemplo, uma perda emocional ou também alguma agressão por determinados pos de vírus. Outro dado é que, no geral, é mais frequente em pessoas com menos de 35 anos, mas vale lembrar que a enfermidade pode surgir em qualquer idade.

SintomasPessoas com níveis altos ou mal controlados de glicose

no sangue podem apresentar:• Vontade de urinar diversas vezes;• Fome frequente;• Sede constante;• Perda de peso;• Fraqueza;• Fadiga;• Nervosismo;• Mudanças de humor;• Náusea;• Vômito.

Diabetes Tipo 2Sabe-se que o diabetes do po 2 possui um fator here-

ditário maior do que no po 1. Além disso, há uma grande relação com a obesidade e o sedentarismo. Es ma-se que 60% a 90% dos portadores da doença sejam obesos. A inci-dência é maior após os 40 anos. Uma de suas peculiaridades é a con nua produção de insulina pelo pâncreas. O problema está na incapacidade de absorção das células musculares e adiposas. Por muitas razões, suas células não conseguem metabolizar a glicose sufi ciente da corrente sanguínea. Esta é uma anomalia chamada de “resistência insulínica”. O dia-betes po 2 é cerca de 8 a 10 vezes mais comum que o po 1 e pode responder ao tratamento com dieta e exercício sico. Outras vezes, vai necessitar de medicamentos orais e, por fi m, a combinação destes com a insulina.

Principais Sintomas:• Infecções frequentes;• Alteração visual (visão embaçada);• Difi culdade na cicatrização de feridas;• Formigamento nos pés;• Furunculose.

Diabetes GestacionalÉ certo que a gravidez da paciente diabética pode

apresentar complicações que normalmente não ocorrem na mulher sem diabetes. Porém, isso não signifi ca que o

problema irá acontecer. Há várias formas de prevenção e a futura mãe tem um papel decisivo nessa fase. Para ter um bebê saudável, basta que ela aprenda a controlar a sua gravi-dez. Seguindo as recomendações da equipe de especialistas que vai acompanhá-la, a gestante terá todas as chances de não enfrentar qualquer contratempo. Essas recomendações giram sempre em torno do controle da glicemia e da progra-mação da chegada do fi lho, que se inicia da seguinte forma: ao decidir engravidar, a paciente deve procurar seu médico para receber a orientação mais adequada.

CausasComo nos outros pos, a causa exata do diabetes ges-

tacional é desconhecida. O diabetes gestacional pode ser uma etapa do diabetes po 2 pelas semelhanças clínicas existentes entre ambos.

Os fatores de risco são parecidos com aqueles do diabe-tes po 2 e incluem:

• Idade acima de 25 anos;• Obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez

atual;• Deposição central excessiva de gordura corporal

(gordura em excesso no tronco);• História familiar de diabetes em parentes de 1º grau;• Baixa altura (1,50cm);• Crescimento fetal excessivo, hipertensão ou

pré-eclâmpsia na gravidez atual;• Antecedentes obstétricos de morte fetal ou neona-

tal, de macrossomia (peso excessivo do bebê) ou de diabetes gestacional.

HormôniosNo período da gravidez, a placenta (órgão responsável

pela nutrição do feto) produz algumas substâncias (hormô-nios) em grande quan dade. Embora imprescindíveis para o desenvolvimento do bebê, os hormônios criam resistência (difi culdade) à ação da insulina no organismo materno. Todas as mulheres grávidas têm algum grau de resistência insulíni-ca, mas as mulheres com diabetes gestacional apresentam uma resistência mais exagerada. O diabetes gestacional

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costuma aparecer por volta da vigésima quarta semana de gravidez, exatamente quando a placenta começa a produzir grandes quan dades de hormônios. Por isso, o rastreamento para o diabetes gestacional ocorre nesse período.

Gené caAcredita-se que os genes do diabetes gestacional e do

diabetes po 2 são semelhantes. Em ambos, o que ocorre não é a defi ciência acentuada na produção da insulina, mas uma resistência à ação dessa substância. Além disso, o diabetes gestacional aumenta as chances de a mulher desenvolver o diabetes po 2 no futuro.

Os médicos acreditam que algumas mulheres com níveis glicêmicos mais elevados no início da gravidez (primeiro trimestre) provavelmente já estavam com diabetes antes do início da gravidez. Por esse mo vo, e pela semelhança que o diabetes gestacional apresenta com o diabetes po 2, todas as mulheres que veram diabetes são orientadas a fazer a reavaliação das taxas de glicose após o parto.

TratamentoExistem vários critérios para se fazer o diagnós co do

diabetes gestacional. De uma maneira geral, a indicação do tratamento inclui desde elevações mais leves das taxas de glicose até o diabetes franco, como diagnos cado fora da gravidez.

O tratamento do diabetes gestacional tem por obje vo diminuir a taxa de macrossomia (peso elevado do bebê ao nascer), evitar a queda do açúcar ao nascer (hipoglicemia) do bebê e diminuir a taxa de cesariana. No passado, esses bebês podiam apresentar outras complicações no nascimento, mas essas complicações são menos frequentes hoje em dia. Para o lado materno, além de aumento do risco de cesariana, o diabetes gestacional pode estar associado à toxemia, uma condição da gravidez que provoca pressão alta e geralmen-te tem como acompanhante a inchação de pernas, e que pode causar um parto prematuro. O diabetes gestacional é inicialmente tratado com planejamento alimentar, que ide-almente deve ser orientado por nutricionista. Os exercícios sicos podem fazer parte do tratamento e serão orientados

por seu médico. De maneira geral, mulheres que já faziam a vidade sica podem con nuar a fazê-la normalmente. Caso essas medidas não surtam os efeitos esperados por um médico, será indicado o tratamento com insulina. Isso ocorre porque os efeitos dos an diabé cos orais não estão bem estabelecidos na gravidez, então eles não podem ser usados nesse momento. Outra observação importante se relaciona aos obje vos glicêmicos. No diabetes gestacional, é recomendado um controle mais estreito das taxas de gli-cose. O médico de cada paciente combinará com ela quais são as metas de tratamento.

HipoglicemiaHipoglicemia signifi ca baixo nível de glicose no sangue.

Quando a glicemia está abaixo de 60 mg%, com grandes variações de pessoa a pessoa, podem ocorrer sintomas de uma reação hipoglicêmica: sensação de fome aguda, difi culdade para raciocinar, sensação de fraqueza com um cansaço muito grande, sudorese exagerada, tremores fi nos ou grosseiros de extremidades, bocejamento, sonolência, visão dupla, confusão que pode caminhar para a perda total da consciência, ou seja, coma.

É importante que os amigos e parentes da pessoa com diabetes saibam que ela está em uso de insulina ou de hipoglicemiante oral. Assim, já poderão fazer o diagnós co de hipoglicemia.

Causas que favorecem o aparecimento da hipoglicemia• Erro no uso da medicação, principalmente insulina;• Atraso em se alimentar;• Muito exercício sem automonitorização.

Nas pessoas portadoras de diabetes que apresentam hipoglicemias sem percepção, o uso apenas de insulinas de ação rápida e ultrarrápida (por provocarem a queda da glicemia rapidamente) libera grande quan dade de hormô-nios contrarreguladores (cor sol, adrenalina, hormônio do crescimento) e pode ajudar na percepção precoce da hipo-glicemia, antes do embotamento da consciência.

ImportanteAlgumas pessoas com diabetes costumam manter suas

glicemias mais elevadas para evitar as hipoglicemias. Porém, a glicemia alta leva, com o correr do tempo, a complicações degenera vas importantes. Portanto, o melhor é perder o medo, monitorando-se adequadamente a cada suspeita de hipoglicemia.

Diferenças entre hipoglicemia e hiperglicemia

Sintomas Hiperglicemia(alta de açúcar)

Hipoglicemia(baixa de açúcar)

Início Lento Súbito (minutos)

Sede Muita Inalterada

Urina Muita quan dade Inalterada

Fome Muita Muita ou normal

Perda de peso Frequente Não

Pele Seca Normal ou úmida

Mucosa da Boca Seca Normal

Suores Ausentes Frequentes e frios

Tremores Ausentes Frequentes

Fraqueza Presente Sim ou não

Cansaço Presente Presente

Glicose no sangue Superior a 200 mg% 40 a 60 mg% ou menos

Hálito cetônico Presente ou ausente Ausente

HiperglicemiaHiperglicemia é o aumento da glicose no sangue. A Socie-

dade Brasileira de Diabetes considera que valores acima de 126 mg em jejum são suspeitos de diabetes. Valores acima de 200 mg em qualquer ocasião fazem o diagnós co.

As pessoas com diabetes que fazem monitorização da glicose ro neiramente podem detectar aumentos da gli-cemia sem, entretanto, apresentar quaisquer sintomas de hiperglicemia.

Sempre que possível, deve-se pesquisar a glicose no sangue. Isto pode ser feito nas seguintes ocasiões:

• Em jejum e antes das principais refeições (almoço e jantar);

• Em jejum e 2 horas após as principais refeições;• Até duas horas após as refeições (glicemia pós-pran-

dial).

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É considerada glicemia pós-prandial o exame realizado dentro do intervalo de duas horas após as refeições. A in-terpretação destes resultados deve ser feita pelo médico.

Causas que podem favorecer o aparecimento da hi-perglicemia:

* Diabetes mellitus primário ou secundário a outras doenças;

* Muita comida, sem nenhuma restrição;* Pouco exercício;* Síndrome Metabólica.

SintomasMuita sede, muita urina, muita fome com emagrecimen-

to, cansaço, pele seca, dor de cabeça, podendo evoluir para náuseas, vômitos, sonolência, difi culdades para respirar e hálito de maçã.

Caso você detecte um valor elevado de glicose no sangue, procure médico ou um serviço de saúde para um diagnós co e tratamento.

Ter uma vida saudável é um esforço para todos nós. O de-senvolvimento dos recursos tecnológicos geralmente implica o aumento do sedentarismo, assim como a necessidade da pra cidade na preparação das refeições acarreta hábitos alimentares também pouco saudáveis.

Este conjunto de fatores, que deveria tornar nossas vidas mais produ vas, acaba por comprometer a produ vidade em função da maior incidência de doenças, queda na resistência sica, obesidade, stress, ansiedade etc.

Quebrar este círculo vicioso é um verdadeiro desafi o.

AlimentaçãoO segredo da boa alimentação consiste em adequar as

preferências individuais com a quan dade e qualidade dos alimentos que farão parte da nossa dieta habitual. Existem algumas recomendações que podem ajudar a tornar sua alimentação mais saudável:

• Procure incorporar uma dieta habitual com a maior quan dade possível de alimentos ricos em fi bras, tais como frutas e verduras. Por exemplo, evitar “des-cascar” algumas frutas, como fi go, pêssego e maçã, pode aumentar bastante o conteúdo de fi bras, que terão um papel fundamental na saúde do seu sistema diges vo.

• Procure diminuir a quan dade de gorduras (óleo, manteiga, creme etc.) e de carboidratos (massa e doces), dando preferência a alimentos grelhados e cozidos. Infelizmente, a dieta habitual da nossa população é sempre mais rica em gorduras e carboi-dratos e pobre em proteínas do que o desejado. Evite comer fast food, dando preferência aos alimentos de preparação mais caseira.

• Diminuir a quan dade total de alimentos de cada refeição. Faça mais refeições ingerindo menos calo-rias de cada vez. Este procedimento permi rá uma digestão mais fácil e menor ape te nas refeições maiores.

• U lize leite e derivados (iogurte, queijos) desnatados ou light, e prefi ra as carnes magras. Assim, você pre-venirá o aumento do colesterol, além de controlar o peso. As leguminosas devem fazer parte do cardápio, pois contêm proteínas, ferro e fi bras.

• No supermercado é preciso cuidado ao escolher o que será comprado. Ao levar alimentos saudáveis para casa, já estará dando um grande passo para não fugir da dieta. Dê preferência aos temperos naturais, pois os industrializados contêm grande quan dade de sal. Os óleos mais saudáveis são os vegetais (canola, girassol, milho ou soja), porém evite frituras.

• E não se esqueça: se for comer uma sobremesa diet ou light, fi que apenas com uma porção. Comer o dobro pode signifi car o mesmo que um doce super-calórico.

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Importância da a vidade sicaA prá ca regular de a vidade sica é fundamental na

adoção de hábitos de vida mais saudáveis. Além dos be-ne cios já conhecidos, tais como prevenção de doenças cardíacas, prevenção de osteoporose, redução do colesterol, redução da hipertensão, combate à obesidade e tantos ou-tros, o exercício sico tem um efeito ainda mais importante: o indivíduo capaz de incorporar a a vidade sica aos seus hábitos de maneira defi ni va encontra uma nova fórmula de vida. Manter-se a vo promove uma mudança radical no corpo. O organismo solicita hábitos saudáveis. Os alimentos gordurosos começam a se tornar indesejados, as refeições exageradamente calóricas são rejeitadas, a autoes ma au-menta com a melhora na esté ca corporal, a resistência sica é aumentada e a produ vidade e capacidade de trabalho são favorecidas. Para a pessoa com diabetes, a a vidade sica, além dos bene cios já citados, auxilia no tratamento

da doença. Se todos estes fatores não forem sufi cientes para convencer alguém a pra car exercícios, existem mais duas informações importantes: exercícios melhoram o desempe-nho sexual e aumentam a expecta va de vida.

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

A Insufi ciência Cardíaca Conges va (ICC) representa o conjunto de sinais e sintomas decorrentes do mau funcio-namento do coração quando este não consegue bombear o sangue em direção aos tecidos e suprir a necessidade de oxigênio e nutrientes do organismo.

O processo que resulta na ICC é grada vo e os eventos têm a seguinte sequência:

1. O bombeamento insufi ciente do coração leva a uma congestão de sangue no interior das veias que che-gam ao coração,

2. O acúmulo de sangue nas veias, associado à retenção de líquidos pelos rins, levam ao inchaço (edema) dos tecidos do corpo.

3. O inchaço inicialmente afeta as pernas, mas pode subir e também a ngir os pulmões (causando difi -culdades para respirar) e em outros tecidos e órgãos (levando à “barriga d’água”, dores abdominais, pouca urina etc.).

4. O cansaço leva à falta de ar, à fraqueza muscular, à di-minuição da a vidade sica e consequente invalidez.

Só o envelhecimento da população (aumento da lon-gevidade) já é fator de aumento da incidência da ICC, pois, naqueles com mais de 75 anos, é observada em mais de 10% dos pacientes, sendo diagnos cada em menos de 2%

naqueles com menos de 55 anos de idade. Isto, associado aos avanços médicos que prolongaram a vida dos pacientes com outras formas de doenças cardíacas, permi u que a ICC crescesse em incidência.

A insufi ciência cardíaca conges va é frequentemente a fase fi nal de outra doença do coração, como:

1. Doença coronariana (levando à angina e ao infarto agudo do coração);

2. Hipertensão arterial (que pode se complicar com os derrames cerebrais);

3. Doença valvular do coração (incluindo a doença reumá ca do coração);

4. Síndromes congênitas (de nascença) do coração;5. Miocardiopa as (doença do músculo do coração);6. Infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco);7. Arritmias cardíacas (problemas em que o coração

bate sem controle – mais rápido, mais devagar ou sem ritmo);

8. Exposições tóxicas, incluindo o uso abusivo de álcool;9. Hiper reoidismo, diabetes e doença pulmonar obs-

tru va crônica (bronquite) também são fatores de risco para a ICC. Todas estas desordens podem con-duzir à insufi ciência cardíaca conges va, debilitando o músculo do coração.

Quadro Clínico

O primeiro sintoma da insufi ciência cardíaca conges va pode ser simplesmente o cansaço. Com o avanço da doença, pode haver difi culdades para respirar durante os esforços, e eventualmente um “encurtamento” da respiração durante o repouso, podendo tornar-se ofegante. Como os fl uidos acu-mulam nos pulmões, os pacientes com insufi ciência cardíaca podem começar a dormir amparados por travesseiros mais altos para tornar a respiração mais fácil. Os líquidos também podem se acumular nas pernas e tornozelos, levando ao edema (inchaço). Em pacientes menos a vos, os líquidos podem acumular na metade inferior do corpo, eventual-mente causando edema da parte mais baixa das costas. Pode ocorrer inchaço dos intes nos, que produz desconforto abdominal. Em alguns pacientes, pode haver necessidade de urinar várias vezes durante a noite, já que os rins eliminam os excessos de fl uidos do organismo que se acumularam no corpo durante o dia. Como o corpo acumula cada vez mais fl uido, o paciente pode notar signifi ca vo ganho de peso. Também pode haver tosse crônica devido ao acúmulo de fl uidos nos pulmões.

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Embora a insufi ciência cardíaca conges va normalmente afete ambos os lados do coração, em alguns pacientes pode afetar só a parte esquerda ou direita. Nestes casos, os sin-tomas variam de acordo com o lado afetado. Por exemplo, quando a insufi ciência cardíaca afetar principalmente o lado esquerdo do coração, os sintomas mais prováveis irão envolver difi culdades para respirar. Quando o lado direito for o principal afetado, o inchaço das pernas e o desconforto abdominal podem ser os sintomas mais proeminentes.

Diagnós coO médico revisará a história clínica enfa zando a presen-

ça de fatores de risco para a insufi ciência cardíaca conges va, especialmente uma história de doença coronária do coração, hipertensão, doença das válvulas cardíacas, arritmias, do-enças congênitas do coração, cardiomiopa as, e enfarto do miocárdio. Seu médico também perguntará sobre detalhes específi cos de seus sintomas, incluindo: quantos quarteirões você pode caminhar sem ter falta de ar, o número de tra-vesseiros com que você dorme e com que frequência você acorda à noite para urinar.

O médico suspeitará que a pessoa tenha insufi ciência cardíaca conges va baseando-se em seus sintomas e em sua história clínica. Evidência adicional para apoiar este diagnós co virá de seu exame sico e dos testes adicionais. Durante seu exame sico, o médico conferirá seus sinais vi-tais, determinará sua frequência e ritmo cardíaco e escutará os sons anormais do coração com um estetoscópio. Ele tam-bém escutará seus pulmões para verifi car os sons anormais da respiração quando o acúmulo de fl uidos é percep vel. O médico apertará na pele de suas pernas e tornozelos para conferir o inchaço. Ele também pode examinar seu abdômen para conferir o tamanho de seu gado (o acúmulo de líquidos do coração pode causar inchaço do gado).

Os testes diagnós cos normalmente incluem um eletro-cardiograma (ECG), uma radiografi a do tórax para conferir a dilatação do coração e os fl uidos nos pulmões. Outros testes diagnós cos podem ser necessários para estabelecer a causa subjacente da insufi ciência cardíaca conges va. Por exemplo, o ecocardiograma pode ser executado para procurar anor-malidades das válvulas do coração, movimento anormal da parede do coração (um sinal de infarto do miocárdio) ou outras anormalidades cardíacas.

PrevençãoPara evitar a insufi ciência cardíaca conges va, a pessoa

deve se prevenir contra as várias formas da doença do co-ração que a conduzem. Para a doença coronária do coração, isso signifi ca ingerir uma dieta de baixo teor de gordura, controlar a hipertensão, manter o peso do corpo normal e um baixo nível de colesterol no sangue. Signifi ca também adotar um programa de exercícios regulares e não fumar. A insufi ciência cardíaca conges va devido ao hiper roidismo pode ser prevenida com medicamentos ou cirurgia. Infeliz-mente, algumas causas de insufi ciência cardíaca conges va não podem ser prevenidas.

TratamentoO tratamento inicial da insufi ciência cardíaca conges va

se focaliza em controlar os sintomas agudos. Repouso na cama é prescrito para elevar as pernas e não provocar o acú-mulo de líquidos nos pés e tornozelos. Diuré cos (remédios que es mulam a urina) são administrados para remover os

líquidos do corpo através da produção de urina. Logo, são prescritos medicamentos para ajudar o coração a bater mais efi cazmente. Estes medicamentos podem incluir um ou mais dos seguintes:

• Digoxina: para fortalecer as contrações do coração.• Inibidores da enzima conversora da angiotensina

(ECA): para dilatar os vasos sanguíneos, diminuir a resistência ao fl uxo de sangue e ajudar na prevenção da retenção de água.

• Beta-bloqueadores: melhorar o fl uxo de sangue• An coagulantes muitas vezes também são admi-

nistrados para prevenir coágulos sanguíneos (para “afi nar” o sangue), par cularmente se o paciente requer um período longo de repouso na cama.

• Aldactone (Espironolactona) pode trazer bene cios signifi ca vos em pacientes selecionados com insufi -ciência cardíaca conges va crônica.

Uma vez tratados os sintomas agudos, a causa subjacente da insufi ciência cardíaca conges va é encaminhada para acompanhamento. O tratamento varia de mudanças de es lo de vida, medicamentos para a doença coronariana do coração a procedimentos cirúrgicos para corrigir defeitos do coração. As medidas pessoais no tratamento da insufi ciência cardíaca conges va incluem o repouso, exercícios moderados sob orientação médica, uma dieta restringindo o sal para prevenir o edema (inchaço), perder peso e evitar o consumo de álcool. Quando os medicamentos e as medidas pessoais não forem mais efi cazes, um transplante do coração deve ser considerado. Esta opção de tratamento é atualmente limitada pela escassez de doadores de coração, sendo ge-ralmente reservada a pacientes abaixo de 65 anos de idade.

Um procedimento experimental chamado cardiomio-plas a está sendo executado em alguns centros médicos. Neste procedimento, um músculo das costas do paciente é envolvido ao redor do coração, e um disposi vo é im-plantado, levando a uma es mulação elétrica do músculo para se contrair. Note, porém, que o risco associado com a cardiomioplas a é alto, e alguns centros não a encorajam.

Outra pesquisa para melhorar o tratamento da insufi -ciência cardíaca conges va inclui um procedimento para substituir as células estragadas do coração por células saudáveis; combinações de medicamentos que executam várias tarefas de uma só vez; medicamentos melhorados com menos efeitos colaterais do que as drogas disponíveis atualmente; melhorias no transplante de coração e dos dis-posi vos mecânicos que ajudam o coração que está falhando seu ba mento (ex.: marcapassos).

É recomendado procurar um cardiologista se a pessoa tem cansaço fácil, difi culdade para respirar, inchaço nas per-nas e nos tornozelos, dor abdominal associada à falta de ar e surtos de respiração rápida (taquipnéia); principalmente se foi diagnos cada com alguma forma de doença do coração.

Prognós coComo normalmente a insufi ciência cardíaca conges va

é o resultado de uma doença do coração existente há muito tempo, ela é frequentemente uma condição com a qual a pessoa irá conviver para o resto de sua vida. Porém, se a causa subjacente for tratável (com cirurgia, por exemplo), a insufi ciência cardíaca conges va pode se resolver.

A expecta va de vida depende da idade do paciente, da gravidade da insufi ciência cardíaca, da severidade da doença subjacente do coração e de outros fatores. Quando a insufi ciência cardíaca conges va desenvolve-se de repente e

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tem uma causa tratável, os pacientes às vezes podem voltar à função normal do coração depois do tratamento. Até mesmo com tratamento apropriado, os pacientes que desenvolvem insufi ciência cardíaca conges va, como resultado de uma do-ença do coração existente há muito tempo, podem desfrutar frequentemente muitos anos de vida produ va.

CRISE HIPERTENSIVA

O termo “crise hipertensiva” corresponde a uma varieda-de de situações clínicas, que diferem entre si pela severidade dos níveis pressóricos e pela necessidade de se reduzir a pressão arterial com níveis variados de rapidez. Assim, crise hipertensiva é arbitrariamente definida como qualquer elevação da pressão arterial diastólica acima de 120 mmHg acompanhada de sintomas a ela relacionados.

As crises hipertensivas são classifi cadas em emergências hipertensivas quando há lesão aguda de um órgão alvo, e ur-gências hipertensivas quando não houver danos agudos aos órgãos alvo. As situações clínicas de emergência hipertensiva compreendem encefalopa a hipertensiva, hemorragia intra-craniana, falência aguda do ventrículo esquerdo com edema agudo do pulmão, aneurisma dissecante da aorta, eclâmpsia ou hipertensão severa da gravidez, angina instável e infarto agudo do miocárdio. A urgência hipertensiva reserva-se às situações de hipertensão acelerada ou maligna. Vale lembrar, no entanto, que não raras vezes a hipertensão maligna vem acompanhada de uma das situações emergenciais listadas anteriormente. Sendo assim, cabe ao médico a perspicácia e o bom senso de defi nir a situação clínica, pois a estratégia do tratamento depende deste diagnós co. Não devemos confundir com crise hipertensiva com aquelas situações onde o paciente se encontra com níveis tensionais diastó-licos elevados, isto é, iguais ou até mesmo acima de 120 mmHg, e sem queixas ou com uma simples cefaleia. Essa situação é frequentemente vista em todos os ambulatórios especializados, prontos-atendimentos e prontos-socorros do país e não merece internação ou tratamento mais intensivo.

Lembramos que, na maioria das vezes, a cefaleia não está relacionada com a hipertensão e que o estresse e o descon-forto causado pela dor fazem com que a pressão arterial aumente ainda mais. Aqui, a melhor conduta é o exame sico completo, com o obje vo de afastar qualquer possibilidade de situação emergencial, e o exame de fundoscopia, que revela a presença ou não de exsudatos, hemorragias e/ou papiledema bilaterais, o que caracteriza a malignização da hipertensão arterial. Afastadas essas possibilidades, a ce-faleia deve ser tratada com analgésicos e uma receita com hipotensores deve ser fornecida.

Os sintomas que acompanham as emergências são relacionados aos órgãos que estão em falência devido à hipertensão. No entanto, os sintomas que se manifestam na hipertensão maligna são muito variados e dependem do tempo e da gravidade em que o paciente se encontra.O que mais frequentemente vemos em nosso serviço é ce-faleia occipital, alterações visuais, especialmente a turvação ou borramento visual, tonturas ou ver gem, dor abdominal, emagrecimento, fadiga e inapetência, náuseas e vômitos, proteinúria, discreta hematúria e variável grau de perda da função renal.

É de consenso geral que as emergências hipertensivas requerem tratamento intensivo no sen do de se reduzir a pressão arterial (não necessariamente para os valores normais) o mais rápido possível, com a fi nalidade de se impedir a progressão da lesão do órgão alvo e proteger a vida. Ao contrário, a urgência hipertensiva pode ter seus níveis pressóricos reduzidos à normalidade num período de 24 horas.

Crise hipertensiva é uma situação clínica comum caracte-rizada por elevação sintomá ca da pressão arterial que apre-senta alta taxa de morbidade e mortalidade e é classifi cada em emergência e urgência hipertensiva. O quadro clínico de emergência hipertensiva difere do quadro de urgência por apresentar risco de morte iminente decorrente de lesão em órgãos alvo instalada ou em evolução, em par cular coração, cérebro e rins. Essa condição requer uma abordagem clínica criteriosa que permita o diagnós co rápido e correto do com-prome mento de órgão alvo. A intervenção terapêu ca deve ser imediata, efi ciente e individualizada para cada sistema comprome do, em geral com uso de an -hipertensivos por via endovenosa em uma unidade de terapia intensiva. Por ou-tro lado, o paciente com urgência hipertensiva não apresenta envolvimento de órgãos alvo e nem se encontra com risco de morte maior, por isso o tratamento pode ser feito com an -hipertensivos por via oral na própria sala de urgência.

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Revisaremos as principais causas de crise hipertensiva, a sua fi siopatogênese e a epidemiologia, bem como a sua aborda-gem clínica e terapêu ca com os an -hipertensivos u lizados e suas indicações. A pressão arterial (PA) é igual ao volume de sangue (VS) que sai do coração vezes a resistência perifé-rica que ele encontra ao circular pelo nosso organismo (PA= VS x RP). O volume de sangue que sai do coração não sofre grandes infl uências, a não ser em casos especiais de falência do órgão ou excesso de volume sanguíneo circulante. Assim, a maioria dos casos de hipertensão ocorre por alteração da resistência periférica. O aumento repen no da resistência periférica ocorre pela falta de regulação neurodinâmica dos mecanismos que regulam a pressão arterial. As situações patológicas que atuam sobre a resistência periférica podem ter inúmeras origens:

• neurológicas;• vasculares;• medicamentosas• drogas; e• secreção excessiva ou inapropriada de hormônios.

A crise hipertensiva inicia repen namente e a pessoa pode apresentar:

• sensação de mal estar;• ansiedade e agitação;• cefaleia severa;• tontura;• borramento da visão;• dor no peito;• tosse e falta de ar.

A crise é acompanhada de sinais e sintomas em outros órgãos.

• No rim, surge hematúria, proteinúria e edema.• No sistema cardiovascular, ocorre falta de ar, dor no

peito, angina, infarto, arritmias e edema agudo de pulmão.

• No sistema nervoso, acidente vascular do po isquê-mico ou hemorrágico, com convulsões, difi culdade da fala e da movimentação.

• Na visão, borramento, hemorragias e edema de fundo de olho.

O paciente normotenso ou hipertenso que apresente agudamente os sintomas descritos acima será interrogado e examinado pelo médico, que verifi ca os níveis tensionais e os encontra muito elevados, acima de 110 mmHg de pressão arterial mínima, com sinais e sintomas próprios da crise hi-pertensiva e sinais de deterioração rápida de vários órgãos.

Muitas vezes, os pacientes têm pseudocrises hiperten-sivas. Esses pacientes, apesar de níveis elevados de pressão arterial, não têm evidências de deterioração rápida dos órgãos alvo e nem correm risco de morte. Na revisão clínica, eles compõem um grupo de hipertensos que teve sua pressão arterial elevada por eventos extras, como crises dolorosas ou emocionais, pós-operatórios imediatos, pânico ou cefaleias severas. Quase sempre são hipertensos mal tratados ou que abandonaram os medicamentos. Tais pacientes não devem ser confundidos com aqueles que têm uma verdadeira crise hipertensiva.

As principais urgências que podem redundar em crise hipertensiva são:

• hipertensão arterial associada a aneurisma dissecan-te da aorta;

• encefalopa a hipertensiva;• acidente vascular cerebral de qualquer origem isquê-

mica ou hemorrágica;• nefrites agudas;• trauma operatório de cirurgia cardíaca, vascular,

neurológica ou de tumores de supra-renal;• crise de rebote pela suspensão abrupta de certos

medicamentos an -hipertensivos de uso con nuo (clonidina);

• na gestação complicada pré-eclâmp ca ou eclâmp- ca;

• consumo excessivo de es mulantes, como anfeta-minas, cocaína, medicamentos para resfriados que contenham vasoconstritores (desconges onantes nasais);

• uso excessivo de cor cóides ou produção aumentada por tumores da suprarrenal e excepcionalmente, em alguns casos, pelo uso de an concepcionais;

• alterações vasculares renais agudas em pacientes ateroscleró cos, com piora da hipertensão renovas-cular.

TratamentoA hipertensão arterial sistêmica (HAS) acompanhada de

grande e repen na elevação da pressão arterial requer que os pacientes sejam protegidos de lesão dos órgãos alvo: olhos, rins, coração e cérebro.

Os níveis de pressão arterial devem ser imediatamente diminuídos com medicações especiais orais e intravenosas, usadas pelos médicos sob controle rigoroso em unidades de tratamento intensivo.

A internação com sucesso evita danos severos e lesões irreversíveis que podem levar o paciente ao óbito, como infarto agudo, edema agudo de pulmão, encefalopa a hi-pertensiva e acidentes vasculares cerebrais isquêmicos ou hemorrágicos graves.

A intervenção deve ser de intensidade correspondente à gravidade da crise para evitar as complicações e também para impedir que a hipertensão se torne acelerada ou maligna.

Há alguns casos em que a pressão arterial elevada não é uma crise hipertensiva e, nesta situação, o tratamento pode ser feito ro neiramente pelo médico.

Entretanto, a verdadeira crise hipertensiva requer hospi-talização, atendimento intensivo e imediato com medicações e cuidados especiais, quase sempre do gênero de vasodi-latadores potentes que diminuam bastante a resistência periférica alterada.

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HEMORRAGIAS E TÉCNICAS DE HEMOSTASIA

A hemorragia é a perda de sangue, para o meio externo ou interno, por ruptura ou laceração de vasos sanguíneos. Do ponto de vista anatômico, a hemorragia pode ser classifi cada em arterial, venosa e capilar.

A hemorragia arterial é ocasionada pelo rompimento de uma artéria, apresenta-se em jatos e com sangue de cor vermelho vivo, podendo conter bolhas, indicando que esse sangue é rico em oxigênio.

A hemorragia venosa é ocasionada pelo rompimento de uma veia, apresenta-se em fi lete e com a presença de sangue vermelho escuro.

A hemorragia capilar é a hemorragia causada pelo rom-pimento de capilares sanguíneos. O exemplo mais comum desse po de hemorragia é a escoriação.

As hemorragias também podem ser divididas do ponto de vista clínico em:

Hemorragias externas: caracteriza-se pelo extravasa-mento de sangue para fora do corpo.

Hemorragias internas: São mais di ceis de serem diag-nos cadas pelo socorrista, porque se apresentam de forma mais subje va, não exteriorizando o sangue. São ocasionadas por rupturas internas, decorrentes de traumas nos órgãos em seus respec vos sistemas. São comuns em acidentes au-tomobilís cos e em acidentes de quedas de grandes alturas.

Hemorragias mistas: é quando uma ví ma apresenta os dois pos de hemorragia.

Sinais e sintomas:• pulso fraco (bradisfi gmia);• ví ma queixa-se de sede;• suor pegajoso e frio;• pele cianó ca;• lábios e dedos cianó cos;• torpor e obinubilação;• desmaio;• queda da Tensão Arterial.

Hemostasia: é o conjunto de procedimentos ou qualquer manobra que vise a conter a hemorragia. A hemostasia tem-porária é a hemostasia para conter a hemorragia durante os primeiros socorros. Dentre essas técnicas para conter a hemorragia, podemos citar:

1. Compressão direta: é também conhecida como tam-ponamento. Funciona fazendo-se pressão direta (em cima do ferimento), u lizando uma gaze ou pano limpo. É importante não se re rar a gaze, mesmo que essa fi que encharcada de sangue, para permi r a cicatrização desse ferimento.

2. Compressão indireta: para ser realizada, depende da iden fi cação correta do po de hemorragia (se a hemorragia é arterial, venosa ou capilar). Consiste em comprimir o vaso num local acima do ferimento a fi m de impedir uma maior perda de sangue. Não é muito aconselhada porque o socor-rista precisa iden fi car o po de vaso lesado e, do ponto de vista anatômico, o po de hemorragia.

3. Torniquete: seu uso só é jus fi cado em úl ma instân-cia, em casos de amputação traumá ca e esmagamento de membros. Deve ser realizada com muita cautela e atenção. Faz-se o torniquete envolvendo o membro afetado com uma bandagem de 10 cm ou com ras de pano, amarrando-se junto com um graveto ou com uma caneta de tal forma que

este/a sirva como uma válvula para aliviar ou diminuir a pressão. É preciso tomar cuidado com a perfusão sanguínea, por isso é essencial que a cada 12 minutos o torniquete seja afrouxado.

Procedimentos básicos para PS em hemorragias:• deitar a ví ma;• colocar a cabeça da ví ma mais baixa que o corpo;• elevar os membros inferiores;• folgar as roupas;• não fornecer líquidos.

Caso a hemorragia ocorra num membro como braço ou perna, deve-se procurar fazer a elevação do mesmo. Alguns pos especiais de hemorragia:

Epistaxe: é o sangramento provocado por rompimento de vasos do nariz. Deve-se acalmar a ví ma, pedir para que a mesma abaixe a cabeça e respire pela boca. Pode-se fazer aplicação de gelo, envolvido em pano, em torno do nariz. Caso a hemorragia con nue, pode-se u lizar uma camisi-nha e um pedaço de esponja para tamponar o ferimento da seguinte forma: pega-se um pedaço de esponja e coloca-se esse pedaço dentro do preserva vo. Em seguida, procura-se introduzir o conjunto dentro da narina que esteja sangrando. Feito isso, leva-se a ví ma ao serviço médico mais próximo.

Hematêmese: é o extravasamento de sangue prove-niente do estômago, u lizando-se o esôfago e em forma de vômitos. Pode vir acompanhado de alimentos e o sangue apresenta cor escura. O socorrista deve procurar lateralizar a cabeça da ví ma caso não haja suspeita de lesão na co-luna cervical, a fi m de que a ví ma não aspire o sangue ou os restos de alimentos regurgitados. Se houver suspeita de lesão cervical e hematêmese, deve-se lateralizar a ví ma em bloco. Procure ajuda médica.

Hemop se: é a saída de sangue pelas vias respiratórias. O sangue pode vir em golfadas, apresentando-se em cor vermelho vivo. Deve-se lateralizar a cabeça da ví ma ou a ví ma em bloco, evitando que ela aspire o sangue para os pulmões. Procure ajuda médica.

Exposição de vísceras: ocorrência muito comum em acidentes automobilís cos. É importante manter e não to-car nas vísceras, muito menos pressioná-las para dentro do ferimento. O socorrista deve colocar uma compressa limpa, umedecida em soro fi siológico ou água, em cima dessa ferida e encaminhar a ví ma ao socorro médico. Procurar transportar a ví ma em decúbito dorsal e em uma prancha ou maca. É importante prevenir o estado de choque nessas ví mas, principalmente o choque hipovolêmico (choque por perda demasiada de sangue). Por isso, é importante fazer a hemostasia o mais rápido possível.

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MÉTODO S.T.A.R.T.

Triagem

Processo utilizado em situações onde a emergência ultrapassa a capacidade de resposta da equipe de socorro. A triagem é u lizada para alocar recursos e hierarquizar o atendimento de ví mas de acordo com um sistema de prio-ridades, de forma a possibilitar o atendimento e o transporte rápido do maior número possível de ví mas.

O primeiro socorrista que chega numa cena da emer-gência com múl plas ví mas enfrenta um grande problema. A situação é diferente e seus métodos usuais de resposta e operação não são aplicáveis. Este profi ssional deve modifi car sua forma ro neira de trabalho, buscando um novo método de atuação que lhe permita responder adequadamente à situação.

Como poderá então este socorrista prestar um socorro adequado? Obviamente, se ele voltar sua atenção para a re-animação de uma ou mais ví mas, as outras potencialmente recuperáveis poderão morrer.

Portanto, logo que chegarem à cena, os primeiros so-corristas deverão avaliá-la, pedir reforços adicionais e provi-denciar a segurança do local para, só então, dedicarem-se à seleção das ví mas enquanto as novas unidades de socorro deslocam-se para o local da emergência.

Esses socorristas aproveitam assim o seu tempo da melhor maneira iniciando um processo de triagem. Este é o primeiro passo para a melhor organização dos recursos na cena da emergência.

Triagem: termo dado ao reconhecimento da situação e seleção das ví mas por prioridades na cena da emergência. Palavra de origem francesa que signifi ca “pegar, selecionar ou escolher”.

Podemos conceituar a triagem como um processo u liza-do em situações onde a emergência ultrapassa a capacidade de resposta da equipe de socorro. U lizado para alocar recursos e hierarquizar ví mas de acordo com um sistema de prioridades, de forma a possibilitar o atendimento e o transporte rápido do maior número possível de ví mas.

É de responsabilidade do socorrista que primeiro chegar ao local do acidente múl plo montar um esquema e separar as peças de um desastre de forma a propiciar o melhor cuida-do possível a cada pessoa envolvida, solicitando recursos adi-cionais e reforço para atender adequadamente a ocorrência.

Em resumo, o processo de triagem é usado quando a demanda de atenção supera nossa capacidade de resposta e, portanto, devemos direcionar nossos esforços para salvar o maior número de ví mas possível, escolhendo aquelas que apresentam maiores possibilidades de sobrevivência. O primeiro a chegar à cena deve dedicar-se à seleção das ví mas, enquanto chegam as unidades de apoio.

Obs.: se a ocorrência supera a capacidade de resposta da guarnição do CB que primeiro chegar ao local, deveremos iniciar um processo de triagem para avaliar e tratar a maior quan dade possível de ví mas com potencial de recupera-ção. Se a guarnição se detém no atendimento de uma única ví ma, todos os demais poderão não receber auxílio.

• Sistema de triagem simples.• Permite triar uma ví ma em menos de um minuto.

Esse método foi desenvolvido para o atendimento de ocorrências com múl plas ví mas, pois permite a rápida

iden fi cação daquelas ví mas que correm grande risco de morte, seu pronto atendimento e a prioridade de transporte dos envolvidos mais gravemente feridos.

Código de Cores no Processo de Triagem

• Cor Vermelha Signifi ca primeira prioridade. São as ví mas que apresentam sinais e sintomas que

demonstram um estado crí co e necessitam de trata-mento e transporte imediato.

• Cor Amarela Signifi ca segunda prioridade. São as ví mas que apresentam sinais e sintomas que

permitem adiar a atenção e podem aguardar pelo transporte.

• Cor Verde Signifi ca terceira prioridade. São as ví mas que apresentam lesões menores ou

sinais e sintomas que não requerem atenção imediata.• Cor Preta Signifi ca sem prioridade (morte clínica): São as ví mas que apresentam lesões obviamente

mortais ou para iden fi cação de cadáveres.

Não há triagem perfeitaDevemos também considerar que não existe um critério

perfeito de triagem, variando de um sistema para outro e na dependência de diversos fatores, como a magnitude e a área de abrangência do desastre, po de desastre (produ-tos perigosos, terremotos etc.), qualifi cação das equipes e equipamentos, dentre muitos outros pontos.

A triagem é também específi ca para uma fi nalidade como, por exemplo:

• triagem para iniciar o socorro no local;• triagem para colocar as ví mas em áreas específi cas

na zona do desastre;• triagem para o transporte da zona de desastre para

o atendimento hospitalar;• triagem no atendimento hospitalar;• triagem para o transporte inter-hospitalar.

Mudança de prioridadeVí mas são todas as pessoas envolvidas no acidente,

e não apenas as que apresentam lesões ou queixas. Nunca deixe de iden fi car uma ví ma que deambula sem lesão aparente ou sem queixa.

No processo de avaliação con nua, ou melhor, de rea-valiação, muitas ví mas podem mudar de prioridade. Uma ví ma rotulada de verde pode apresentar lesão interna e evoluir para choque, ou lesão de crânio com piora do quadro de consciência, apenas para citar alguns exemplos. As ví -mas devem ser reclassifi cadas e as providências devem ser tomadas de acordo com a nova categoria.

O Fluxograma Start-Simple Triage And Rapid Treatment para a fácil e rápida aplicação do método START está de-monstrado abaixo. Lembramos sempre que um método de triagem perfeito não existe. Cada serviço deve adaptar, para suas caracterís cas operacionais, o método que melhor lhe convier.

Aplique para cada ví ma encontrada a sequência do fl uxograma, colocando a iden fi cação colorida de forma bem visível em todas as ví mas encontradas, mesmo as que aparentam não ter sofrido lesão alguma.

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LESÕESLEVES

VÍTIMAS ANDANDO PELACENA DA EMERGÊNCIA

RESPIRAÇÃO

RESPIRA APÓSABERTURA DA V.A

RESPIRAÇÕESPOR MINUTO

ENCHIMENTO CAPILAROU PULSO RADIAL

CUMPRE ORDENS SIMPLES

CONTROLEHEMORRAGIAS

SECUNDÁRIOAMARELA

IMEDIATOVERMELHO

IMEDIATOVERMELHO

NÍVEL DE CONSCIÊNCIA

NÃO CUMPRE ORDENS SIMPLES

ENCHIMENTO CAPILAR EMMAIS DE 2 SEGUNDOS OUPULSO RADIAL AUSENTE

ENCHIMENTO CAPILAR EMMENOS DE 2 SEGUNDOS OU

PULSO RADIAL PRESENTE

MORTOCINZA

MENOS DE 30 MAIS DE 30

IMEDIATOVERMELHO IMEDIATO

VERMELHO

PERFURAÇÃO

SIM

SIM

NÃO

NÃO

ORGANOGRAMA START Simple Triage And Rapid Treatment

(Lado direito)1. O estômago converte o alimento em glicose2. A glicose adentra o fl uxo sanguíneo3. O pâncreas produz insulina sufi ciente, mas resiste o

seu uso efi caz4. A glicose não consegue ser absorvida efe vamente

pelo corpo5. Os níveis de glicose aumentam

ASPECTOS LEGAIS DOATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR

Todo profi ssional deve conhecer o ordenamento jurídico ao qual está subme do. A a vidade de socorrista de resgate, realizada pela quase totalidade dos corpos de bombeiros do Brasil, é regida por algumas normas de órgãos ligados à área de saúde, e não consistem em legislações oriundas do meio militar. Tal fato se jus fi ca, pois, na doutrina moderna, o APH se enquadra como a vidade per nente à área médica.

Tal legislação aborda questões que vão desde a organiza-ção do serviço de atendimento pré-hospitalar, composição padrão das viaturas em todos os seus pos, aspectos per -nentes à formação do socorrista, atuação e perfi l de todos os profi ssionais que atuam neste segmento etc. O embasa-mento legal dado ao APH no Brasil é dado por órgãos como o Ministério da Saúde, Conselho Federal de Enfermagem e o Conselho Federal de Medicina.

Portaria nº 2.048/MS de 5 de novembro de 2002

Considera-se como nível pré-hospitalar móvel na área de urgência o atendimento que procura chegar precocemente à ví ma após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumá ca, inclusive as psiquiátricas), que possa levar ao sofrimento, sequelas ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento ou transporte adequado a um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde. Pode-

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mos chamá-lo de atendimento pré-hospitalar móvel primário quando o pedido de socorro for oriundo de um cidadão, ou de atendimento pré-hospitalar móvel secundário quando a solicitação par r de um serviço de saúde, no qual o paciente já tenha recebido o primeiro atendimento necessário à esta-bilização do quadro de urgência apresentado, mas necessite ser conduzido a outro serviço de maior complexidade para a con nuidade do tratamento.

O serviço de atendimento pré-hospitalar móvel deve ser entendido como uma atribuição da área da saúde, sendo vinculado a uma Central de Regulação, com equipe e frota de veículos compa veis com as necessidades de saúde da população de um município ou uma região, podendo, portan-to, extrapolar os limites municipais. Esta região de cobertura deve ser previamente defi nida, considerando-se aspectos demográfi cos, populacionais, territoriais, indicadores de saú-de, oferta de serviços e fl uxos habitualmente u lizados pela clientela. O serviço deve contar com a retaguarda da rede de serviços de saúde, devidamente regulada, disponibilizada conforme critérios de hierarquização e regionalização formal-mente pactuados entre os gestores do sistema locorregional.

A central deve ser de fácil acesso ao público, por via tele-fônica, em sistema gratuito (192 como número nacional de urgências médicas ou outro número exclusivo da saúde, se o 192 não for tecnicamente possível), onde o médico regulador, após julgar cada caso, defi ne a resposta mais adequada, seja um conselho médico, o envio de uma equipe de atendimento ao local da ocorrência ou ainda o acionamento de múl plos meios. O número de acesso da saúde para socorros de ur-gência deve ser amplamente divulgado junto à comunidade. Todos os pedidos de socorro médico que derem entrada por meio de outras centrais, como o da polícia militar (190), do corpo de bombeiros (193) e quaisquer outras existentes, devem ser imediatamente retransmi dos à Central de Regu-lação por intermédio do sistema de comunicação, para que possam ser adequadamente regulados e atendidos.

O atendimento no local é monitorado via rádio pelo médi-co regulador que orienta a equipe de intervenção quanto aos procedimentos necessários à condução do caso. Deve exis r uma rede de comunicação entre a Central, as ambulâncias e todos os serviços que recebem os pacientes.

Os serviços de segurança e salvamento, sempre que houver demanda de atendimento de eventos com ví mas ou doentes, devem orientar-se pela decisão do médico regu-lador de urgências. Podem ser estabelecidos protocolos de despacho imediato de seus recursos de atenção às urgências em situações excepcionais, mas, em nenhum caso, estes despachos podem ser feitos sem comunicação simultânea com o regulador e transferência do chamado de socorro para exercício da regulação médica.

→ Equipe Profi ssionalOs serviços de atendimento pré-hospitalar móvel devem

contar com equipe de profi ssionais oriundos da área da saúde e não oriundos da área da saúde. Considerando-se que as urgências não se cons tuem em especialidade médica ou de enfermagem e que nos cursos de graduação a atenção dada à área ainda é bastante insufi ciente, entende-se que os profi ssionais que venham a atuar nos Serviços de Aten-dimento Pré-hospitalar Móvel (oriundos e não oriundos da área de saúde) devam ser habilitados pelos Núcleos de Educação em Urgências, cuja criação é indicada pelo presente Regulamento, e cumpram o conteúdo curricular mínimo nele proposto – Capítulo VII.

• Equipe de Profi ssionais Oriundos da SaúdeA equipe de profi ssionais oriundos da área da saúde

deve ser composta por:– Coordenador do serviço: profi ssional oriundo da

área da saúde, com experiência e conhecimen-to comprovados na atividade de atendimento pré-hospitalar às urgências e de gerenciamento de serviços e sistemas;

– Responsável técnico: médico responsável pelas a vidades médicas do serviço;

– Responsável de Enfermagem: enfermeiro respon-sável pelas a vidades de enfermagem;

– Médicos Reguladores: médicos que, com base nas informações colhidas dos usuários, quando estes acionam a central de regulação, são os res-ponsáveis pelo gerenciamento, defi nição e opera-cionalização dos meios disponíveis e necessários para responder a tais solicitações, u lizando-se de protocolos técnicos e da faculdade de arbitrar sobre os equipamentos de saúde do sistema ne-cessários ao adequado atendimento do paciente;

– Médicos Intervencionistas: médicos responsáveis pelo atendimento necessário para a reanimação e estabilização do paciente, no local do evento e durante o transporte;

– Enfermeiros Assistenciais: enfermeiros responsá-veis pelo atendimento de enfermagem necessário para a reanimação e estabilização do paciente, no local do evento e durante o transporte;

– Auxiliares e técnicos de Enfermagem: atuam sob supervisão imediata do profi ssional enfermeiro.

Obs.: as responsabilidades técnicas poderão ser assumidas por profi ssionais da equipe de interven-ção, sempre que a demanda ou o porte do serviço assim o permi rem.

Além desta equipe de saúde, em situações de atendimento às urgências relacionadas às causas externas ou de pacientes em locais de di cil acesso, deverá haver uma ação pactuada, complementar e integrada de outros profi ssionais não oriundos da saúde – bombeiros militares, policiais militares e rodoviários e outros, formalmente reconhecidos pelo gestor público para o desempenho das ações de segurança, socorro público e salvamento, tais como: sinalização do local, estabilização de veículos acidentados, reconhecimento e gerenciamento de riscos potenciais (incêndio, materiais energizados, produtos perigosos) obtenção de acesso ao pacien-te e suporte básico de vida.

• Perfi l dos Profi ssionais Oriundos da Área da Saúde e respec vas Competências/Atribuições:– Médico: profi ssional de nível superior tular de

Diploma de Médico, devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição, habilitado ao exercício da medicina pré-hospitalar, atuando nas áreas de regulação médica, suporte avançado de vida, em todos os cenários de atua-ção do pré-hospitalar e nas ambulâncias, assim como na gerência do sistema, habilitado conforme os termos deste Regulamento.

– Requisitos Gerais: equilíbrio emocional e auto-controle; disposição para cumprir ações orienta-das; capacidade sica e mental para a a vidade; inicia va e facilidade de comunicação; destreza manual e sica para trabalhar em unidades mó-veis; capacidade de trabalhar em equipe.

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– Competências/atribuições: exercer a regulação médica do sistema; conhecer a rede de serviços da região; manter uma visão global e permanen-temente atualizada dos meios disponíveis para o atendimento pré-hospitalar e das portas de ur-gência, checando periodicamente sua capacidade operacional; recepção dos chamados de auxílio, análise da demanda, classifi cação em prioridades de atendimento, seleção de meios para aten-dimento (melhor resposta), acompanhamento do atendimento local, determinação do local de des no do paciente, orientação telefônica; manter contato diário com os serviços médicos de emer-gência integrados ao sistema; prestar assistência direta aos pacientes nas ambulâncias, quando indicado, realizando os atos médicos possíveis e necessários ao nível pré-hospitalar; exercer o controle operacional da equipe assistencial; fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos ine-rentes à sua profi ssão; avaliar o desempenho da equipe e subsidiar os responsáveis pelo programa de educação con nuada do serviço; obedecer às normas técnicas vigentes no serviço; preencher os documentos inerentes à a vidade do médico regulador e de assistência pré-hospitalar; garan r a con nuidade da atenção médica ao paciente grave, até a sua recepção por outro médico nos serviços de urgência; obedecer ao código de é ca médica.

– Enfermeiro: profi ssional de nível superior tular do diploma de Enfermeiro, devidamente registra-do no Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição, habilitado para ações de enfermagem no Atendimento Pré-Hospitalar Móvel, conforme os termos deste Regulamento, devendo além das ações assistenciais, prestarem serviços administra- vos e operacionais em sistemas de atendimento

pré-hospitalar.– Requisitos Gerais: disposição pessoal para a

a vidade; equilíbrio emocional e autocontrole; capacidade sica e mental para a a vidade; dispo-sição para cumprir ações orientadas; experiência profi ssional prévia em serviço de saúde voltado ao atendimento de urgências e emergências; inicia va e facilidade de comunicação; condiciona-mento sico para trabalhar em unidades móveis; capacidade de trabalhar em equipe.

– Competências/Atribuições: supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no Atendimento Pré-Hospitalar Móvel; executar prescrições médicas por telemedicina; prestar cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica a pacientes graves e com risco de morte, que exijam conhecimentos cien fi cos adequa-dos e capacidade de tomar decisões imediatas; prestar a assistência de enfermagem à gestante, a parturiente e ao recém-nato; realizar partos sem distócia; par cipar nos programas de trei-namento e aprimoramento de pessoal de saúde em urgências, par cularmente nos programas de educação con nuada; fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos inerentes à sua profi ssão; subsidiar os responsáveis pelo desenvolvimento de recursos humanos para as necessidades de educação con nuada da equipe; obedecer a Lei do Exercício Profi ssional e o Código de É ca de Enfermagem; conhecer equipamentos e realizar manobras de extração manual de ví mas.

– Técnico de Enfermagem: profi ssional com Ensino Médio completo e curso regular de Técnico de Enfermagem, tular do cer fi cado ou diploma de Técnico de Enfermagem, devidamente registrado no Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. Exerce a vidades auxiliares, de nível técnico, sendo habilitado para o atendimento Pré-Hospitalar Móvel, integrando sua equipe, conforme os termos deste Regulamento. Além da intervenção conservadora no atendimento do paciente, é habilitado a realizar procedimentos a ele delegados, sob supervisão do profi ssional Enfermeiro, dentro do âmbito de sua qualifi cação profi ssional.

– Requisitos Gerais: maior de dezoito anos; dispo-sição pessoal para a a vidade; capacidade sica e mental para a a vidade; equilíbrio emocional e autocontrole; disposição para cumprir ações orientadas; disponibilidade para re-cer fi cação periódica; experiência profissional prévia em serviço de saúde voltado ao atendimento de ur-gências e emergências; capacidade de trabalhar em equipe.

– Competências/Atribuições: assis r ao enfermei-ro no planejamento, programação, orientação e supervisão das a vidades de assistência de enfer-magem; prestar cuidados diretos de enfermagem a pacientes em estado grave, sob supervisão direta ou à distância do profi ssional enfermeiro; par cipar de programas de treinamento e aprimo-ramento profi ssional especialmente em urgências/emergências; realizar manobras de extração ma-nual de ví mas.

– Auxiliar de Enfermagem: profi ssional com Ensino Médio completo e curso regular de Auxiliar de enfermagem e curso de especialização de nível médio em urgências, titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem com especialização em urgências, devidamente registrado no Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. Exerce a vidades auxiliares básicas, de nível médio, ha-bilitado a realizar procedimentos a ele delegados, sob supervisão do profi ssional Enfermeiro, dentro do âmbito de sua qualifi cação profi ssional e con-forme os termos desta Portaria.

– Requisitos Gerais: maior de dezoito anos; dispo-sição pessoal para a a vidade; capacidade sica e mental para a a vidade; equilíbrio emocional e autocontrole; disposição para cumprir ações orientadas; disponibilidade para re-cer fi cação periódica; experiência profissional prévia em serviço de saúde voltado ao atendimento de ur-gências e emergências; capacidade de trabalhar em equipe; disponibilidade para a capacitação, bem como para a re-cer fi cação periódica.

– Competências/Atribuições: auxiliar o enfermeiro na assistência de enfermagem; prestar cuidados de enfermagem a pacientes sob supervisão direta ou à distância do profi ssional enfermeiro; obser-var, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua qualifi cação; ministrar medicamen-tos por via oral e parenteral mediante prescrição do médico regulador por telemedicina; fazer cura- vos; prestar cuidados de conforto ao paciente

e zelar por sua segurança; realizar manobras de extração manual de ví mas.

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– Equipe de profi ssionais não oriundos da Saúde, perfi s e respec vas competências/atribuições:

A equipe de profi ssionais não oriundos da área da saúde deve ser composta por:

– Telefonista – Auxiliar de Regulação: profi ssional de nível básico, habilitado a prestar atendimento telefônico às solicitações de auxílio provenientes da população, nas centrais de regulação médica, devendo anotar dados básicos sobre o chamado (localização, iden fi cação do solicitante, natureza da ocorrência) e prestar informações gerais. Sua atuação é supervisionada diretamente e permanentemente pelo médico regulador. Sua capacitação e atuação seguem os padrões previstos neste Regulamento.

– Requisitos Gerais: maior de dezoito anos; disposição pessoal para a a vidade; equilíbrio emocional e auto-controle; disposição para cumprir ações orientadas; capacidade de manter sigilo profi ssional; capacidade de trabalhar em equipe.

– Competências/Atribuições: atender solicitações telefônicas da população; anotar informações co-lhidas do solicitante, segundo ques onário próprio; prestar informações gerais ao solicitante; estabelecer contato radiofônico com ambulâncias e/ou veículos de atendimento pré-hospitalar; estabelecer contato com hospitais e serviços de saúde de referência a fi m de colher dados e trocar informações; anotar dados e preencher planilhas e formulários específi cos do serviço; obedecer aos protocolos de serviço; atender às determinações do médico regulador.

– Rádio-Operador: profi ssional de nível básico habilita-do a operar sistemas de radiocomunicação e realizar o controle operacional de uma frota de veículos de emergência, obedecendo aos padrões de capacitação previstos neste Regulamento.

– Requisitos Gerais: maior de dezoito anos; disposi-ção pessoal para a a vidade; equilíbrio emocional e autocontrole; disposição para cumprir ações orien-tadas; disponibilidade para re-cer fi cação periódica; capacidade de trabalhar em equipe.

– Competências/Atribuições: operar o sistema de radiocomunicação e telefonia nas Centrais de Re-gulação; exercer o controle operacional da frota de veículos do sistema de atendimento pré-hospitalar móvel; manter a equipe de regulação atualizada a respeito da situação operacional de cada veículo da frota; conhecer a malha viária e as principais vias de acesso de todo o território abrangido pelo serviço de atendimento pré-hospitalar móvel.

– Condutor de Veículos de Urgência:– Veículos Terrestres: profi ssional de nível básico, ha-

bilitado a conduzir veículos de urgência padronizados pelo código sanitário e pelo presente Regulamento como veículos terrestres, obedecendo aos padrões de capacitação e atuação previstos neste Regulamento.

– Requisitos Gerais: maior de vinte e um anos; disposi-ção pessoal para a a vidade; equilíbrio emocional e au-tocontrole; disposição para cumprir ações orientadas; habilitação profi ssional como motorista de veículos de transporte de pacientes, de acordo com a legislação em vigor (Código Nacional de Trânsito); capacidade de trabalhar em equipe.

– Competências/Atribuições: conduzir veículo terres-tre de urgência des nado ao atendimento e transpor-te de pacientes; conhecer integralmente o veículo e realizar manutenção básica do mesmo; estabelecer contato radiofônico (ou telefônico) com a central de regulação médica e seguir suas orientações; conhecer

a malha viária local; conhecer a localização de todos os estabelecimentos de saúde integrados ao sistema assistencial local, auxiliar a equipe de saúde nos gestos básicos de suporte à vida; auxiliar a equipe nas imobilizações e transporte de ví mas; realizar medidas de reanimação cardiorrespiratória básica; iden fi car todos os pos de materiais existentes nos veículos de socorro e sua u lidade, a fi m de auxiliar a equipe de saúde.

– Veículos Aéreos: profi ssional habilitado à operação de aeronaves, segundo as normas e regulamentos vi-gentes do Comando da Aeronáu ca/Código Brasileiro de Aeronáu ca/Departamento de Aviação Civil, para atuação em ações de atendimento pré-hospitalar móvel e transporte inter-hospitalar sob a orientação do médico da aeronave, respeitando as prerroga vas legais de segurança de vôo.

– Requisitos Gerais: de acordo com a legislação vi-gente no país (Lei nº 7.183, de 5 de abril de 1984; Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986; e Portaria nº 3.016, de 5 de fevereiro de 1988 – do Comando da Aeronáu ca), além de disposição pessoal para a a vidade, equilíbrio emocional e autocontrole, dis-posição para cumprir ações orientadas, capacidade de trabalhar em equipe.

– Competências/Atribuições: cumprir as normas e ro nas operacionais vigentes no serviço a que está vinculado, bem como a legislação específi ca em vigor; conduzir veículo aéreo des nado ao atendimento de urgência e transporte de pacientes; acatar as orien-tações do médico da aeronave; estabelecer contato radiofônico (ou telefônico) com a central de regulação médica e seguir suas orientações; conhecer a locali-zação dos estabelecimentos de saúde integrados ao sistema assistencial que podem receber aeronaves; auxiliar a equipe de saúde nos gestos básicos de suporte à vida; auxiliar a equipe nas imobilizações e transporte de ví mas; realizar medidas reanimação cardiorespiratória básica; iden fi car todos os pos de materiais existentes nas aeronaves de socorro e sua u lidade, a fi m de auxiliar a equipe de saúde.

– Veículos Aquá cos: profi ssional habilitado à ope-ração de embarcações, segundo as normas e regu-lamentos vigentes no país, para atuação em ações de atendimento pré-hospitalar móvel e transporte inter-hospitalar sob a orientação do médico da embarcação, respeitando as prerroga vas legais de segurança de navegação.

– Requisitos Gerais: os já determinados pela legislação específi ca para condutores de embarcações, além de disposição pessoal para a a vidade, equilíbrio emo-cional e autocontrole, disposição para cumprir ações orientadas, capacidade de trabalhar em equipe.

– Competências/Atribuições: cumprir as normas e ro nas operacionais vigentes no serviço a que está vinculado, bem como a legislação específi ca em vigor; conduzir veículo aquá co des nado ao atendimento de urgência e transporte de pacientes; acatar as orientações do médico da embarcação; estabelecer contato radiofônico (ou telefônico) com a central de regulação médica e seguir suas orientações; auxiliar a equipe de saúde nos gestos básicos de suporte à vida; auxiliar a equipe nas imobilizações e trans-porte de ví mas; realizar medidas de reanimação cardiorrespiratória básica; iden fi car todos os pos de materiais existentes nas embarcações de socorro e sua u lidade, a fi m de auxiliar a equipe de saúde.

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– Profi ssionais Responsáveis pela Segurança: policiais militares, rodoviários ou outros profi ssionais, todos com nível médio, reconhecidos pelo gestor público da saúde para o desempenho destas a vidades, em serviços norma zados pelo SUS, regulados e orien-tados pelas Centrais Públicas de Regulação Médica das Urgências. Atuam na iden fi cação de situações de risco, exercendo a proteção das ví mas e dos pro-fi ssionais envolvidos no atendimento. Fazem resgate de ví mas de locais ou situações que impossibilitam o acesso da equipe de saúde. Podem realizar suporte básico de vida, com ações não invasivas, sob super-visão médica direta ou à distância, sempre que a ví ma esteja em situação que impossibilite o acesso e manuseio pela equipe de saúde, obedecendo aos padrões de capacitação e atuação previstos neste Regulamento;

– Requisitos Gerais: maior de dezoito anos; disposição pessoal e capacidade sica e mental para a a vidade; equilíbrio emocional e autocontrole; disposição para cumprir ações orientadas; capacitação específi ca por meio dos Núcleos de Educação em Urgências, con-forme conteúdo estabelecido por este Regulamento; capacidade de trabalhar em equipe.

– Competências/Atribuições: comunicar imedia-tamente a existência da ocorrência à Central de Regulação Médica de Urgências; avaliar a cena do evento, iden fi cando as circunstâncias da ocorrência e reportando-as ao médico regulador ou à equipe de saúde por ele designada; iden fi car e gerenciar situações de risco na cena do acidente, estabelecer a segurança da área de operação e orientar a mo-vimentação da equipe de saúde; realizar manobras de suporte básico de vida sob orientação do médico regulador; remover as ví mas para local seguro onde possam receber o atendimento da equipe de saúde; estabilizar veículos acidentados; realizar manobras de desencarceramento e extração manual ou com emprego de equipamentos próprios; avaliar as condições da ví ma, observando e comunicando ao médico regulador as condições de respiração, pulso e consciência; transmi r via rádio, ao médico regulador, a correta descrição da ví ma e da cena; conhecer as técnicas de transporte do paciente trauma zado; manter vias aéreas pérveas com manobras manu-ais e não invasivas, administrar oxigênio e realizar ven lação ar fi cial; realizar circulação ar fi cial pela técnica de compressão torácica externa; controlar sangramento externo por pressão direta, elevação do membro e ponto de pressão, u lizando cura vos e bandagens; mobilizar e remover pacientes com proteção da coluna vertebral, u lizando pranchas e outros equipamentos de imobilização e transporte; aplicar cura vos e bandagens; imobilizar fraturas, utilizando os equipamentos disponíveis em seus veículos; dar assistência ao parto normal em período expulsivo e realizar manobras básicas ao recém-nato e à parturiente; prestar primeiro atendimento a intoxicações, sob orientação do médico regulador; conhecer e saber operar todos os equipamentos e materiais pertencentes ao veículo de atendimento; conhecer e usar os equipamentos de bioproteção individual; preencher os formulários e registros obrigatórios do sistema de atenção às urgências e do serviço; manter-se em contato com a Central de Regulação, repassando os informes sobre a situação da cena e do paciente ao médico regulador, para de-

cisão e monitoramento do atendimento pelo mesmo; repassar as informações do atendimento à equipe de saúde designada pelo médico regulador para atuar no local do evento.

– Bombeiros Militares: profi ssionais Bombeiros Mi-litares, com nível médio, reconhecidos pelo gestor público da saúde para o desempenho destas a vida-des, em serviços norma zados pelo SUS, regulados e orientados pelas Centrais de Regulação. Atuam na iden fi cação de situações de risco e comando das ações de proteção ambiental, da ví ma e dos profi ssionais envolvidos no seu atendimento, fazem o resgate de ví mas de locais ou situações que impos-sibilitam o acesso da equipe de saúde. Podem realizar suporte básico de vida, com ações não invasivas, sob supervisão médica direta ou à distância, obedecendo aos padrões de capacitação e atuação previstos neste Regulamento.

– Requisitos Gerais: maior de dezoito anos; disposição pessoal e capacidade sica e mental para a a vidade; equilíbrio emocional e autocontrole; disposição para cumprir ações orientadas; capacitação específi ca por meio dos Núcleos de Educação em Urgências, con-forme conteúdo estabelecido por este Regulamento; capacidade de trabalhar em equipe.

– Competências/Atribuições: comunicar imediata-mente a existência de ocorrência com potencial de ví mas ou demandas de saúde à Central de Regula-ção Médica de Urgências; avaliar a cena do evento, iden fi cando as circunstâncias da ocorrência e repor-tando-as ao médico regulador ou à equipe de saúde por ele designada; iden fi car e gerenciar situações de risco na cena do acidente, estabelecer a área de operação e orientar a movimentação da equipe de saúde; realizar manobras de suporte básico de vida, sob orientação do médico regulador; obter acesso e remover a/s ví ma/s para local seguro onde possam receber o atendimento adequado pela equipe de saúde e se solicitado pela mesma ou designado pelo médico regulador, transportar as ví mas ao serviço de saúde determinado pela regulação médica; es-tabilizar veículos acidentados; realizar manobras de desencarceramento e extração manual ou com emprego de equipamentos especializados de bom-beiro; avaliar as condições da ví ma, iden fi cando e informando ao médico regulador as condições de respiração, pulso e consciência, assim como uma des-crição geral da sua situação e das circunstâncias da ocorrência, incluindo informações de testemunhas; transmi r ao médico regulador a correta descrição da cena da urgência e do paciente; conhecer as técnicas de transporte do paciente trauma zado; manter vias aéreas pérveas com manobras manuais e não invasivas, administrar oxigênio e realizar ven lação ar fi cial; realizar circulação ar fi cial por meio da técnica de compressão torácica externa; controlar sangramento externo, por pressão direta, elevação do membro e ponto de pressão, u lizando cura vos e bandagens; mobilizar e remover pacientes com pro-teção da coluna vertebral, u lizando colares cervicais, pranchas e outros equipamentos de imobilização e transporte; aplicar cura vos e bandagens; imobilizar fraturas utilizando os equipamentos disponíveis; prestar o primeiro atendimento a intoxicações, de acordo com protocolos acordados ou por orientação do médico regulador; dar assistência ao parto normal em período expulsivo e realizar manobras básicas ao

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recém-nato e à parturiente; manter-se em contato com a central de regulação médica repassando os informes iniciais e subsequentes sobre a situação da cena e do(s) paciente(s) para decisão e monito-ramento do atendimento pelo médico regulador; conhecer e saber operar todos os equipamentos e materiais pertencentes a veículo de atendimento; repassar as informações do atendimento à equipe de saúde designada pelo médico regulador para atuar no local do evento; conhecer e usar equipamentos de bioproteção individual; preencher os formulários e registros obrigatórios do sistema de atenção às urgências e do serviço; realizar triagem de múl plas ví mas, quando necessário ou quando solicitado pela equipe de saúde; par cipar dos programas de treinamento e educação con nuada.

– Capacitação Específi ca dos Profi ssionais de Trans-porte Aeromédico

Os profi ssionais devem ter noções de aeronáu ca de fi siologia de voo. Estas noções de aeronáu ca e noções básicas de fi siologia de voo devem seguir as determinações da Diretoria de Saúde da Aeronáu ca, e da Divisão de Medicina Aeroespacial, abrangendo:

Noções de aeronáu ca:– Terminologia aeronáu ca;– Procedimentos normais e de emergência em voo;– Evacuação de emergência;– Segurança no interior e em torno de aeronaves;– Embarque e desembarque de pacientes. Noções

básicas de fi siologia de voo:– Atmosfera;– Fisiologia respiratória;– Estudo clínico da hipóxia;– Disbarismos;– Forças acelera vas em voo e seus efeitos sobre o

organismo humano; Aerocinetose;– Ritmo circadiano;– Gases, líquidos e vapores tóxicos em aviação;– Ruídos e vibrações;– Cuidados de saúde com paciente em vôo.

Piloto de Aeronave de Asa Rota va:– Qualifi cação pessoal;– Atendimento pré-hospitalar;– Sistema de saúde local;– Ro nas operacionais

Profi ssional de Segurança e Auxiliar/Técnico de Enfermagem:

Ro nas operacionais de transporte aeromédico:– Noções básicas de fi siologia de vôo– Médicos e Enfermeiros:Ro nas operacionais de transporte aeromédico:– Noções de aeronáu ca– Noções básicas de fi siologia de voo

DEFINIÇÃO DOS VEÍCULOS DE ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR MÓVEL

Ambulâncias

Defi ne-se ambulância como um veículo (terrestre, aéreo ou aquaviário) que se des ne exclusivamente ao transporte de enfermos.

As dimensões e outras especifi cações do veículo terrestre deverão obedecer às normas da ABNT – NBR 14.561/2000, de julho de 2000.

As Ambulâncias são classifi cadas em:TIPO A – Ambulância de Transporte: veículo des nado

ao transporte em decúbito horizontal de pacientes que não apresentam risco de morte, para remoções simples e de caráter ele vo.

TIPO B – Ambulância de Suporte Básico: veículo des -nado ao transporte inter-hospitalar de pacientes com risco de morte conhecido e ao atendimento pré-hospitalar de pacientes com risco de morte desconhecido, não classifi cado com potencial de necessitar de intervenção médica no local e/ou durante transporte até o serviço de des no.

TIPO C – Ambulância de Resgate: veículo de atendimen-to de urgências pré-hospitalares de pacientes ví mas de acidentes ou pacientes em locais de di cil acesso, com equi-pamentos de salvamento (terrestre aquá co e em alturas).

TIPO D – Ambulância de Suporte Avançado: veículo des nado ao atendimento e transporte de pacientes de alto risco em emergências pré-hospitalares e/ou de transporte inter-hospitalar que necessitam de cuidados médicos intensi-vos. Deve contar com os equipamentos médicos necessários para esta função.

TIPO E – Aeronave de Transporte Médico: aeronave de asa fi xa ou rota va u lizada para transporte inter-hospitalar de pacientes e aeronave de asa rota va para ações de res-gate, dotada de equipamentos médicos homologados pelo Departamento de Aviação Civil – DAC.

TIPO F – Embarcação de Transporte Médico: veículo mo-torizado aquaviário, des nado ao transporte por via marí ma ou fl uvial. Deve possuir os equipamentos médicos necessá-rios ao atendimento de pacientes, conforme sua gravidade.

Veículos de Intervenção Rápida

Estes veículos, também chamados de veículos leves, veículos rápidos ou veículos de ligação médica, são u lizados para transporte de médicos com equipamentos que possi-bilitam oferecer suporte avançado de vida nas ambulâncias do Tipo A, B, C e F.

OUTROS VEÍCULOS:Veículos habituais adaptados para transporte de pacien-

tes de baixo risco, sentados (ex.: pacientes crônicos) que não se caracterizem como veículos po lotação (ônibus, peruas etc.). Este transporte só pode ser realizado com anuência médica.

Defi nições dos Materiais e Equipamentos das Ambulâncias

As ambulâncias deverão dispor de, no mínimo, dos se-guintes materiais e equipamentos ou similares com efi cácia equivalente:

– Ambulância de Transporte (Tipo A): Sinalizador óp co e acús co; equipamento de radio-

comunicação em contato permanente com a central reguladora; maca com rodas; suporte para soro e oxigênio medicinal.

– Ambulância de Suporte Básico (Tipo B): Sinalizador óp co e acús co; equipamento de radio-

comunicação fi xo e móvel; maca ar culada e com ro-das; suporte para soro; instalação de rede de oxigênio

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com cilindro, válvula, manômetro em local de fácil visualização e régua com dupla saída; oxigênio com régua tripla (a- alimentação do respirador; b- fl uxô-metro e umidifi cador de oxigênio e c – aspirador po Venturi); manômetro e fl uxômetro com máscara e chicote para oxigenação; cilindro de oxigênio portá l com válvula; maleta de urgência contendo: estetos-cópio adulto e infan l, ressuscitador manual adulto/infan l, cânulas orofaríngeas de tamanhos variados, luvas descartáveis, tesoura reta com ponta romba, esparadrapo, esfigmomanômetro adulto/infantil, ataduras de 15 cm, compressas cirúrgicas estéreis, pacotes de gaze estéril, protetores para queimados ou eviscerados, cateteres para oxigenação e aspiração de vários tamanhos; maleta de parto contendo: luvas cirúrgicas, clamps umbilicais, es lete estéril para cor-te do cordão, saco plás co para placenta, cobertor, compressas cirúrgicas e gazes estéreis, braceletes de iden fi cação; suporte para soro; prancha curta e longa para imobilização de coluna; talas para imobi-lização de membros e conjunto de colares cervicais; colete imobilizador dorsal; frascos de soro fi siológico e Ringer Lactato; bandagens triangulares; cobertores; coletes refl e vos para a tripulação; lanterna de mão; óculos, máscaras e aventais de proteção e maletas com medicações a serem defi nidas, em protocolos, pelos serviços.

As ambulâncias de suporte básico que realizam também ações de salvamento deverão conter o ma-terial mínimo para salvamento terrestre, aquá co e em alturas, maleta de ferramentas e ex ntor de pó químico seco de 0,8 kg, fi tas e cones sinalizadores para isolamento de áreas, devendo contar ainda com compar mento isolado para a sua guarda, garan ndo um salão de atendimento às ví mas de, no mínimo, 8 metros cúbicos.

– Ambulância de Resgate (Tipo C): Sinalizador óp co e acús co; equipamento de ra-

diocomunicação fi xo e móvel; prancha curta e longa para imobilização de coluna; talas para imobilização de membros e conjunto de colares cervicais; colete imobilizador dorsal; frascos de soro fi siológico; ban-dagens triangulares; cobertores; coletes refl e vos para a tripulação; lanterna de mão; óculos, máscaras e aventais de proteção; material mínimo para salva-mento terrestre, aquá co e em alturas; maleta de ferramentas e ex ntor de pó químico seco de 0,8 Kg; fi tas e cones sinalizadores para isolamento de áreas.

Quando realizarem também o suporte básico de vida, as ambulâncias de resgate deverão ter uma confi guração que garanta um salão de atendimento às ví mas de, no mínimo, 8 metros cúbicos, além de compar mento isolado para a guarda de equipamen-tos de salvamento, e deverão estar equipadas com: maca ar culada e com rodas; instalação de rede de oxigênio com cilindro, válvula, manômetro em local de fácil visualização e régua com dupla saída; oxigênio com régua tripla (a – alimentação do respirador; b – fl uxômetro e umidifi cador de oxigênio e c – aspirador po Venturi); manômetro e fl uxômetro com máscara

e chicote para oxigenação; cilindro de oxigênio por-tá l com válvula; maleta de emergência contendo: estetoscópio adulto e infan l; ressuscitador manual adulto/infan l, luvas descartáveis; cânulas orofarín-geas de tamanhos variados; tesoura reta com ponta

romba; esparadrapo; esfi gmomanômetro adulto/infan l; ataduras de 15 cm; compressas cirúrgicas estéreis; pacotes de gaze estéril; protetores para queimados ou eviscerados; cateteres para oxige-nação e aspiração de vários tamanhos; maleta de parto contendo: luvas cirúrgicas; clamps umbilicais; es lete estéril para corte do cordão; saco plás co para placenta; cobertor; compressas cirúrgicas e gazes estéreis; braceletes de iden fi cação;

– Ambulância de Suporte Avançado (Tipo D): Sinalizador óp co e acús co; equipamento de radio-

comunicação fi xo e móvel; maca com rodas e ar cula-da; dois suportes de soro; cadeira de rodas dobrável; instalação de rede portá l de oxigênio como descrito no item anterior (é obrigatório que a quan dade de oxigênio permita ven lação mecânica por no míni-mo duas horas); respirador mecânico de transporte; oxímetro não invasivo portá l; monitor cardioversor com bateria e instalação elétrica disponível (em caso de frota deverá haver disponibilidade de um monitor cardioversor com marcapasso externo não invasivo); bomba de infusão com bateria e equipo; maleta de vias aéreas contendo: máscaras laríngeas e cânulas endotraqueais de vários tamanhos; cateteres de as-piração; adaptadores para cânulas; cateteres nasais; seringa de 20ml; ressuscitador manual adulto/infan l com reservatório; sondas para aspiração traqueal de vários tamanhos; luvas de procedimentos; máscara para ressuscitador adulto/infan l; lidocaína geleia e spray; cadarços para fi xação de cânula; laringoscópio infan l/adulto com conjunto de lâminas; estetos-cópio; esfi gmomanômetro adulto/infan l; cânulas orofaríngeas adulto/infan l; fi os-guia para intubação; pinça de Magyll; bisturi descartável; cânulas para traqueostomia; material para crico roidostomia; conjunto de drenagem torácica; maleta de acesso venoso contendo: tala para fi xação de braço; luvas estéreis; recipiente de algodão com an ssép co; pacotes de gaze estéril; esparadrapo; material para punção de vários tamanhos, incluindo agulhas me-tálicas, plás cas e agulhas especiais para punção óssea; garrote; equipos de macro e microgotas; ca-teteres específi cos para dissecção de veias, tamanho adulto/infan l; tesoura, pinça de Kocher; cortadores de soro; lâminas de bisturi; seringas de vários ta-manhos; torneiras de 3 vias; equipo de infusão de 3 vias; frascos de soro fi siológico, Ringer Lactato e soro glicosado; caixa completa de pequena cirurgia; maleta de parto como descrito nos itens anteriores; sondas vesicais; coletores de urina; protetores para eviscerados ou queimados; espátulas de madeira; sondas nasogástricas; eletrodos descartáveis; equi-pos para drogas fotossensíveis; equipo para bombas de infusão; circuito de respirador estéril de reserva; equipamentos de proteção à equipe de atendimen-to: óculos, máscaras e aventais; cobertor ou fi lme metálico para conservação do calor do corpo; campo cirúrgico fenestrado; almotolias com an ssép co; conjunto de colares cervicais; prancha longa para imobilização da coluna. Para o atendimento a neo-natos, deverá haver pelo menos uma incubadora de transporte de recém-nascido com bateria e ligação à tomada do veículo (12 volts). A incubadora deve estar apoiada sobre carros com rodas devidamente fi xadas quando dentro da ambulância e conter respirador e equipamentos adequados para recém-natos.

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– Aeronave de Transporte Médico (Tipo E):– Aeronaves de Asas Rotativas (Helicópteros) para

atendimento pré-hospitalar móvel primário:– Conjunto aeromédico (homologado pelo Departa-

mento de Aviação Civil – DAC): maca ou incubadora; cilindro de ar comprimido e oxigênio com autonomia de pelo menos 2 horas; régua tripla para transporte; suporte para fi xação de equipamentos médicos;

– Equipamentos médicos fi xos: respirador mecânico; monitor cardioversor com bateria; oxímetro portá l; bomba de infusão; prancha longa para imobilização de coluna;

– Equipamentos médicos móveis: maleta de vias aéreas contendo: conjunto de cânulas orofaríngeas; cânulas endotraqueais de vários tamanhos; cateteres de aspiração; adaptadores para cânulas; cateteres na-sais; seringa de 20 ml; ressuscitador manual adulto/infan l completo; sondas para aspiração traqueal de vários tamanhos; luvas de procedimentos; lidocaína geleia e spray; cadarços para fi xação de cânula; la-ringoscópio infan l/adulto com conjunto de lâminas curvas e retas; estetoscópio; esfi gmomanômetro adulto/infan l;; fi os; fi os-guia para intubação; pinça de Magyll; bisturi descartável; cânulas para traque-ostomia; material para crico roidostomia; conjunto de drenagem de tórax; maleta de acesso venoso contendo: tala para fi xação de braço; luvas estéreis; recipiente de algodão com an ssép co; pacotes de gaze estéril; esparadrapo; material para punção de vários tamanhos, incluindo agulhas metálicas, plás- cas e agulhas especiais para punção óssea; garrote;

equipos de macro e microgotas; cateteres específi cos para dissecção de veias tamanhos adulto/infan l; tesoura; pinça de Kocher; cortadores de soro; lâminas de bisturi; seringas de vários tamanhos; torneiras de 3 vias; equipo de infusão polivias; frascos de solu-ção salina, Ringer Lactato, e glicosada para infusão venosa; caixa de pequena cirurgia; maleta de parto contendo: luvas cirúrgicas; clamps umbilicais; es -lete estéril para corte do cordão; saco plás co para placenta; absorvente higiênico grande; cobertor ou similar para envolver o recém-nascido; compressas cirúrgicas estéreis, pacotes de gases estéreis e brace-letes de iden fi cação; sondas vesicais; coletores de urina; protetores para eviscerados ou queimados; espátulas de madeira; sondas nasogástricas; eletro-dos descartáveis; equipos para drogas fotossensíveis; equipos para bombas de infusão; circuito de respi-rador estéril de reserva; cobertor ou fi lme metálico para conservação do calor do corpo; campo cirúrgico fenestrado; almotolias com an ssép co;conjunto de colares cervicais; equipamentos de proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras, luvas.

– Outros: colete imobilizador dorsal; cilindro de oxi-gênio portá l com válvula; manômetro e fl uxômetro com máscara e chicote para oxigenação; bandagens triangulares; talas para imobilização de membros; coletes refl exivos para a tripulação; lanterna de mão; equipamentos de proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras, luvas.

– Aeronaves de Asas Fixas (Aviões) e Aeronaves de Asas Rota vas (Helicópteros) para atendimento pré-hospi-talar móvel secundário ou transporte inter-hospitalar:

– Conjunto aeromédico (homologado pelo Departa-mento de Aviação Civil – DAC): maca ou incubadora; cilindro de ar comprimido e oxigênio com autonomia de pelo menos 4 horas; régua tripla para transporte;

suporte para fi xação de equipamentos médicos.– Equipamentos médicos fi xos: respirador mecânico;

monitor cardioversor com bateria com marcapasso externo não invasivo; oxímetro portá l; monitor de pressão não invasiva; bomba de infusão; prancha longa para imobilização de coluna; capnógrafo;

– Equipamentos médicos móveis: maleta de vias aéreas contendo: cânulas endotraqueais de vários tamanhos; cateteres de aspiração; adaptadores para cânulas; cateteres nasais; seringa de 20 ml; ressusci-tador manual adulto/infan l completo; sondas para aspiração traqueal de vários tamanhos; luvas de procedimentos; lidocaína geleia e spray; cadarços para fi xação de cânula; laringoscópio infan l/adulto com conjunto de lâminas curvas e retas; estetoscópio; esfi gmomanômetro adulto/infan l; cânulas orofarín-geas adulto/infan l; fi os; fi os-guia para intubação; pinça de Magyl; bisturi descartável; cânulas para traqueostomia; material para crico roidostomia; conjunto de drenagem de tórax; maleta de acesso venoso contendo: tala para fi xação de braço, luvas estéreis, recipiente de algodão com an -sép co; pacotes de gaze estéril; esparadrapo; material para punção de vários tamanhos, incluindo agulhas metá-licas, plás cas e agulhas especiais para punção óssea; garrote; equipos de macro e microgotas; cateteres específi cos para dissecção de veias tamanhos adul-to/infan l; tesoura, pinça de Kocher; cortadores de soro; lâminas de bisturi; seringas de vários tamanhos; torneiras de 3 vias; equipo de infusão polivias; frascos de solução salina, Ringer Lactato e glicosada para infusão venosa; caixa completa de pequena cirurgia; maleta de parto contendo: luvas cirúrgicas; clamps umbilicais; es lete estéril para corte do cordão; saco plás co para placenta, absorvente higiênico grande; cobertor ou similar para envolver o recém-nascido; compressas cirúrgicas estéreis; pacotes de gases es-téreis e braceletes de iden fi cação; sondas vesicais; coletores de urina; protetores para eviscerados ou queimados; espátulas de madeira; sondas nasogás-tricas; eletrodos descartáveis; equipos para drogas fotossensíveis; equipos para bombas de infusão; circuito de respirador estéril de reserva; cobertor ou fi lme metálico para conservação do calor do corpo; campo cirúrgico fenestrado; almotolias com an ssép- co; conjunto de colares cervicais; equipamentos de

proteção à equipe de atendimento: óculos, máscaras, luvas.

– Embarcação de Transporte (Tipo F): Este veículo motorizado aquaviário, des nado ao

transporte por via marí ma ou fl uvial, poderá ser equipado como indicado para as Ambulâncias de Tipo A, B, ou D, dependendo do po de assistência a ser prestada.

DEFINIÇÃO DOS MEDICAMENTOS DAS AMBULÂNCIAS

Medicamentos obrigatórios que deverão constar nos veículos de suporte avançado, seja nos veículos terrestres, aquá cos e nas aeronaves ou naves de transporte médico (Classes D, E e F):

– Lidocaína sem vasoconstritor; adrenalina, epinefri-na, atropina; dopamina; aminofi lina; dobutamina; hidrocor sona; glicose 50%;

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– Soros: glicosado 5%; fi siológico 0,9%; Ringer Lactato;– Psicotrópicos: hidantoína; meperidina; diazepan;

midazolan;– Medicamentos para analgesia e anestesia: fentanil,

ketalar, quelecin;– Outros: água des lada; metoclopramida; dipirona;

hioscina; dinitrato de isossorbitol; furosemide; amio-darona; lanatosideo C.

– TRIPULAÇÃOConsiderando-se que as urgências não se cons tuem

em especialidade médica ou de enfermagem e que nos cursos de graduação a atenção dada à área ainda é bastante insufi ciente, entende-se que os profi ssionais que venham a atuar como tripulantes dos Serviços de Atendimento Pré-Hospitalar Móvel devam ser habilitados pelos Núcleos de Educação em Urgências.

– Ambulância do Tipo A: Dois profissionais, sendo um o motorista e o outro um Técnico ou Auxiliar de enfermagem.

– Ambulância do Tipo B: Dois profi ssionais, sendo um motorista e um técnico ou auxiliar de enfermagem.

– Ambulância do Tipo C: Três profi ssionais militares, policiais rodoviários, bombeiros militares, e/ou ou-tros profi ssionais reconhecidos pelo gestor público, sendo um motorista e os outros dois profi ssionais com capacitação e cer fi cação em salvamento e suporte básico de vida.

– Ambulância do po D: Três profi ssionais, sendo um motorista, um enfermeiro e um médico.

– Aeronaves: o atendimento feito por aeronaves deve ser sempre considerado como de suporte avançado de vida e:

Para os casos de atendimento pré-hospitalar móvel primário não traumá co e secundário, deve-se contar com o piloto, um médico, e um enfermeiro;

Para o atendimento a urgências traumá cas em que sejam necessários procedimentos de salvamento, é indispen-sável a presença de profi ssional capacitado para tal.

Embarcações: a equipe deve ser composta dois ou três profi ssionais, de acordo com o po de atendimento a ser realizado, contando com o condutor da embarcação e um auxiliar/técnico de enfermagem em casos de suporte básico de vida, e um médico e um enfermeiro, em casos de suporte avançado de vida.

BIOSSEGURANÇA

A princípio, o termo biossegurança pode parecer algo de intruso nas ações ocupacionais de saúde e segurança no trabalho. A biossegurança deve estar em um cenário tal de visibilidade que permita aos demais profi ssionais que atuam com prevenção e controle de riscos ocupacionais entende-rem seus propósitos, suas contradições, e principalmente

sua importância como instrumento de proteção da vida, em qualquer que seja o ambiente de trabalho. A lógica da construção do conceito de biossegurança teve seu inicio na década de 70 na Califórnia, onde a comunidade cien fi ca iniciou a discussão sobre os impactos da engenharia gené ca na sociedade. É um marco na história da é ca aplicada à pesquisa, pois foi a primeira vez que se discu u os aspec-tos de proteção aos pesquisadores e demais profi ssionais envolvidos nas áreas onde se realiza o projeto de pesquisa. Desde então, o termo biossegurança vem, ao longo dos anos, sofrendo alterações.

Na década de 70, o foco de atenção voltava-se para a saúde do trabalhador frente aos riscos biológicos no ambien-te ocupacional. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1993), se tratava das “prá cas preven vas para o trabalho em contenção a nível laboratorial, com agentes patogênicos para o homem”.

Já na década de 80, a própria OMS incorporou a essa definição os chamados riscos periféricos presentes em ambientes laboratoriais que trabalhavam com agentes pa-togênicos para o homem, como os riscos químicos, sicos, radioa vos e ergonômicos.

Nos anos 90, verifi camos que a defi nição de biossegu-rança sofre mudanças signifi ca vas.

Outra defi nição nessa linha diz que

A biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às a vidades de pesquisa, produção, en-sino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados.

Para uma defi nição centrada no ambiente ocupacional, encontramos “segurança no manejo de produtos e técnicas biológicas”.

Uma outra defi nição, baseada na cultura da engenharia de segurança e da medicina do trabalho, postula biossegu-rança como o “conjunto de medidas técnicas, administra vas, educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para pre-venir acidentes em ambientes biotecnológicos”. Está centra-da na prevenção de acidentes em ambientes ocupacionais.

Estas defi nições mostram que a biossegurança envolve as seguintes relações:

Tecnologia ----- risco ----- homemAgente biológico ----- risco ----- homemTecnologia ----- risco ----- sociedadeBiodiversidade ----- risco ----- economia

AS BASES DE CONHECIMENTO DA BIOSSEGURANÇA – Em termos epistemológicos, o conceito de biossegurança pode ser defi nido, segundo a abordagem, como módulo, como processo ou como conduta.

Como módulo, porque a biossegurança não possui iden dade própria, não sendo, portanto, uma ciência, mas uma interdisciplinaridade que se expressa nas matrizes cur-riculares dos seus cursos e programas. Esses conhecimentos diversos oferecem à biossegurança uma diversidade de opções pedagógicas que a tornam extremamente atra va.

Como processo, porque a biossegurança é uma ação educa va, e como tal pode ser representada por um sistema ensino-aprendizagem. Nesse sen do, podemos entendê-la como um processo de aquisição de conteúdos e habilidades, com o obje vo de preservação da saúde do homem, das plantas, dos animais e do meio ambiente.

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Como conduta, pois a analisamos como um somatório de conhecimentos, hábitos, comportamentos e sen men-tos que devem ser incorporados ao homem para que esse desenvolva, de forma segura, sua a vidade. Neste contexto, também devemos incorporar a questão da comunicação e da percepção do risco nos diversos segmentos sociais.

A BIOSSEGURANÇA LEGAL – A biossegurança no Brasil está formatada legalmente para os processos envolvendo organismos gene camente modifi cados, de acordo com a Lei de Biossegurança – nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, que cita no seu art. 1º:

Esta Lei estabelece normas de segurança e me-canismos de fi scalização no uso das técnicas de engenharia gené ca na construção, cul vo, ma-nipulação, transporte, comercialização, consumo, liberação e descarte de organismo gene camente modifi cado (OGM), visando a proteger a vida e a saúde do homem, dos animais e das plantas, bem como o meio ambiente.

A BIOSSEGURANÇA PRATICADA – Por outro lado, a pa-lavra biossegurança também aparece em ambientes onde a moderna biotecnologia não está presente, como indús-trias, hospitais, laboratórios de saúde pública, laboratórios de análises clínicas, hemocentros, universidades etc., no sen do da prevenção dos riscos gerados pelos agentes quí-micos, sicos e ergonômicos envolvidos em processos onde o risco biológico se faz presente ou não. Esta é a vertente da biossegurança, que na realidade, confunde-se com a engenharia de segurança, a medicina do trabalho, a saúde do trabalhador, a higiene industrial, a engenharia clínica e a infecção hospitalar.

A PROFISSIONALIZAÇÃO DA BIOSSEGURANÇA – Diferen-temente dos profi ssionais que atuam na segurança ocupacio-nal, poderíamos apontar para o fato de que a biossegurança ainda não a ngiu um status profi ssional, como a engenharia de segurança do trabalho e da medicina do trabalho, que possuem campos muito bem delimitados de ação, cursos regulares, associações, regulamentação profi ssional (esses profi ssionais necessitam de registro nos Conselhos Regio-nais de Engenharia e Arquitetura e Conselhos Regionais de Medicina, Enfermagem respec vamente) e código de é ca. A biossegurança pode ser entendida hoje como uma ocupação agregada a qualquer a vidade onde o risco à saúde humana esteja presente. Qualquer profi ssional pode desenvolver a vidades nessa área, respeitando-se, logica-mente, os espaços legais envolvidos. A grande vantagem dos profi ssionais que possuem cursos de biossegurança é que o conteúdo desses cursos abrange, de forma pedagogicamente ar culada, temas das mais diversas áreas da saúde e segu-rança no trabalho, inclusive ambientais, tanto no contexto da biossegurança legal quanto da pra cada.

A IMAGEM PÚBLICA DA BIOSSEGURANÇA – Quando ana-lisamos a imagem pública da biossegurança, observamos que ela é percebida muito mais no escopo da saúde do trabalha-dor e prevenção de acidentes, ou seja, muito mais voltada à segurança ocupacional frente aos riscos tradicionais do que àqueles que envolvem tecnologia de DNA recombinante. Mesmo em cursos de biossegurança em engenharia gené ca, o foco de interesse sempre se volta para os processos e riscos tradicionais. A percepção da biossegurança atrelada à lei de Biossegurança se manifesta em um nível mais acadêmico e polí co e nos ambientes onde a moderna biotecnologia se faz presente do que nos ambientes ocupacionais tradicionais, tanto na indústria quanto na área da saúde, foco maior de u lização do termo biossegurança.

Portanto, biossegurança:• É o conjunto de ações voltadas para a prevenção,

diminuição ou eliminação de riscos inesperados e riscos que podem comprometer a saúde do homem. Não vê somente o acidente, mas sim os fatores que levaram a ele. Visa ao homem e ao seu bem-estar. PREVENÇÃO é a razão principal

Termos técnicos usados em biossegurança:AerossolAerossolizaçãoAlteração sele vaAn ssepsiaAssepseAssepsiaBacteremiaBiofi lmeChoqueChoque sép coColonizaçãoContágio mediatoContágio por vetoresContaminaçãoDesinfecçãoDegermaçãoDescontaminaçãoDesinfestaçãoDoença endêmicaDoença epizoó caDoença infecciosaDoença pandêmicaDose infec vaEpidemiologia das infecçõesEsporocida ou esporicidaFeridaFômiteIncidênciaInfecçãoInfecção cruzadaInfecção emergenteInfecção endógenaInfecção exógenaInfecção hospitalar ou nosocomialInfec vidadeInfestaçãoGo culas de Flügge

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LimpezaPasteurizaçãoPatogenicidadePoliquimioterapiaPrecauções universaisPrevalênciaPrevalênciaQuarentenaQuimioprofi laxiaReservatórioSanifi caçãoSepseSoroprevalênciaSuperinfecção ou suprainfecçãoTaxa ou índice específi co de infecçãoTaxa ou índice global de infecçãoTaxa ou índice de infecção pós-operatóriaTaxa ou índice de mortalidade por infecção hospitalarTendência secular, periódica e sazonal.Tuberculocida ou tuberculicidaVeículoVirucidaVirulência

Equipamentos de Proteção Individual ou EPIs são quais-quer meios ou disposi vos des nados a ser u lizados por uma pessoa contra possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o exercício de uma determinada a vidade. Um equipamento de proteção individual pode ser cons tuído por vários meios ou disposi vos associados de forma a proteger o seu u lizador contra um ou vários riscos simultâneos. O uso deste po de equipamentos só deverá ser contemplado quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a a vidade.

Tipos de EPIsMáscara facial com insufl amento de ar.Os EPIs podem dividir-se em termos da zona corporal

a proteger:• Proteção da cabeça

Capacete• Proteção audi va Abafadores de ruído (ou protetores auriculares) e

tampões.• Proteção respiratória Máscaras; aparelhos fi ltrantes próprios contra cada

po de contaminante do ar: gases, aerossóis, por exemplo.

• Proteção ocular e facial Óculos, viseiras e máscaras.• Proteção de mãos e braços Luvas, feitas de diversos materiais e tamanhos con-

forme os riscos contra os quais se quer proteger: me-cânicos, químicos, biológicos, térmicos ou elétricos.

• Proteção de pés e pernas Sapatos, bo nas, botas, tênis, apropriados para os

riscos contra os quais se quer proteger: mecânicos, químicos, elétricos e de queda.

• Proteção contra quedas Cintos de segurança, sistemas de paraquedas.

AVALIAÇÃO E ATENDIMENTODO ACIDENTE E A VÍTIMA

Todo procedimento de primeiros socorros deve começar com a avaliação das condições da ví ma. Deve-se observar sinais (tudo o que se observa ao examinar uma ví ma: respiração, pele fria, palidez etc.), sintomas (é o que a ví -ma informa sobre si mesma: náusea, dor, ver gem etc.) e sinais vitais (sinais cuja ausência ou alteração indica grave irregularidade no funcionamento do organismo. São eles: pulso (ba mentos cardíacos), respiração, pressão arterial e temperatura. Existem estudos atuais notando que a dor pode ser considerada o quinto sinal vital, uma vez que somente os vivos sentem dor.

Desta forma um ponto importante tanto para o socorrista profi ssional ou leigo será, em primeiro momento, avaliar o nível de consciência de sua ví ma usando um parâmetro muito simples, chamado A.V.D.I.:

• A (ALERTA)• V (VOZ)• D (DOR)• I (INCONSCIÊNCIA)

Em primeiro lugar, abordar a ví ma independentemente do mecanismo usado ser traumá co ou clínico: se, ao tocar na ví ma, o socorrista percebe uma reação espontânea, concluímos que ela está na fase A (ALERTA). Isto é um indício de que existe a vidade neurológica: o cérebro está sendo suprido de oxigênio, pois para isto acontecer ele tem de es- mular o grupo muscular da respiração, como musculatura

diafragmá ca e intercostal (caixa torácica).Já a fase V (VOZ) é percebida quando a ví ma não res-

ponde ao ser chamada pelo nome. É bom lembrar que a audição é um dos úl mos sen dos a serem perdidos antes de o cérebro entrar em estado de inconsciência.

Não havendo nenhuma resposta à solicitação verbal, es mularemos a D (DOR): feche a mão e, com a área da dobra dos dedos, friccione o esterno da ví ma, que fi ca lo-calizado no meio do tórax, na junção das costelas. Havendo uma resposta muscular da ví ma tanto em tentar inibir o es mulo ou qualquer outra que seja, saberemos que ainda existe uma a vidade neurológica funcional, pois o cérebro ainda recebe oxigênio.

Entretanto, se não houver nenhum po de resposta como em não estar em ALERTA, responsivo à VOZ ou à DOR, a ví -ma está no estágio de I (INCONSCIÊNCIA), no qual o cérebro

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não mais recebe oxigênio e por falta deste não haverá es -mulo muscular. O que preocupa é a possibilidade da necrose, que é a morte de parte dos tecidos do cérebro por escassez de oxigênio. Isso pode levar à paralisia, ao coma, e, em casos mais graves, à morte. Acontece também o que chamamos de relaxamento muscular generalizado, e o músculo da cavida-de bucal, localizado imediatamente abaixo da língua, pode fazê-la inclinar-se para trás, o que obstrui a passagem de ar.

Posição Lateral de Segurança (PLS)A posição lateral de segurança pode ser u lizada em

várias situações que necessitam de primeiros socorros em que a ví ma esteja inconsciente, mas a respirar e com um bom pulso, uma vez que esta posição permite uma melhor ven lação, liberando as vias aéreas superiores.

Esta não deve ser realizada quando a pessoa:• Não es ver a respirar;• Tiver uma lesão na cabeça, pescoço ou coluna;• Tiver um ferimento grave.

A PLS é realizada da seguinte forma:1. Com a ví ma deitada, ajoelhe-se ao seu lado;2. Vire a cara da ví ma para si. Incline a cabeça desta

para trás, colocando-a em hiperextensão, para abrir as vias aéreas e impedir a queda da língua para trás e a sufocação por sangue. Se a ví ma es ver incons-ciente, verifi que a boca e remova possíveis materiais que possam estar dentro desta;

3. Coloque o braço da ví ma que es ver mais próximo de si ao longo do corpo dela, prendendo-o debaixo das nádegas desta;

4. Coloque o outro braço da ví ma sobre o peito dela;5. Cruze as pernas da ví ma, colocando a perna que

es ver mais afastada de si por cima da canela da outra perna;

6. Dê apoio à cabeça da ví ma com uma mão e segure a ví ma pela roupa, na altura das ancas, virando-a para si;

7. Dobre o braço e a perna da ví ma que es verem voltadas para cima até que formem certo ângulo em relação ao corpo;

8. Puxe o outro braço da ví ma, re rando-o debaixo do corpo dela;

9. Cer fi que-se que a cabeça se mantém inclinada para trás de forma a manter as vias aéreas abertas.

A respiração é crí ca para a sobrevivência do organismo, e garan -la é o ponto fundamental de qualquer procedimen-to de primeiros socorros. O cérebro tem lesões irreversíveis (necroses) em no máximo 6 minutos após a interrupção da respiração. Após 10 minutos, a morte cerebral é quase certa.

Para verifi car a respiração, fl exione a cabeça da ví ma para trás, coloque o seu ouvido próximo à boca do acidenta-do, e ao mesmo tempo observe o movimento do tórax. Ouça e sinta se há ar saindo pela boca e pelas narinas da ví ma. Veja se o tórax se eleva, indicando movimento respiratório.

Se não há movimentos respiratórios, isso indica que houve parada respiratória.

Abertura das vias respiratóriasO primeiro procedimento é verifi car se há obstrução das

vias aéreas do paciente. Para isso, deixe o queixo da ví ma levemente erguido para facilitar a respiração. Usando os dedos, remova da boca objetos que possam difi cultar a res-piração: próteses, dentaduras, restos de alimentos, sangue e líquidos. Os movimentos do pescoço devem ser limitados, e com o máximo cuidado: lesões na medula podem causar danos irreparáveis. Também é bom ressaltar: nunca apro-xime a mão ou os dedos da boca de uma ví ma que esteja sofrendo convulsões ou ataques epilép cos.

Respiração ar fi cialÉ o processo mecânico empregado para restabelecer a

respiração que deve ser ministrado imediatamente, em todos os casos de asfi xia, mesmo quando houver parada cardíaca.

Os pulmões precisam receber oxigênio, caso contrário o organismo sofrerá sérios no aspecto circulatório, com grandes implicações para o cérebro.

CONTROLE DAS VIAS AÉREAS E VENTILAÇÃO

Ven lação pulmonar é a renovação do ar das vias aéreas condutoras de ar para os pulmões e dos alvéolos que ocorre durante a inspiração e expiração pulmonar, que naturalmente envolve: centro da ven lação pulmonar, incursão torácica, músculos da ven lação pulmonar, frequência da ven lação pulmonar, tempo inspiratório e expiratório, fl uxo de gás na via condutora e no espaço alveolar, complacência pulmo-nar, retração elás ca pulmonar e torácica, volume corrente pulmonar, volume minuto pulmonar. Estes processos são totalmente dis ntos do que vulgarmente é chamado de respiração, que na verdade acontece em nível celular. Na linguagem culta, não se deve confundir respiração com ven lação pulmonar, pois não se trata de sinônimos.

A ven lação pulmonar pode ser natural ou assis da por um disposi vo que auxilia a ven lação, sendo que a natural envolve processos neuro-muscular-torácico-pulmonar e sico, e a assis da, dependendo do disposi vo u lizado, relaciona-se com um ou mais processos da ven lação pulmonar.

As células enquanto vivas necessitam de um suprimento con nuo de oxigênio, nutrientes e água para produzir energia biológica, através de um processo bioquímico de respiração, para desempenhar as suas funções.

O fornecimento de oxigênio nos animais é realizado pelo sistema respiratório. Através deste, parte do oxigênio da atmosfera se difunde através da parede do alvéolo pulmonar e a nge a corrente sanguínea. A maior parte do oxigênio é transportada pela corrente sanguínea, através de uma ligação

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reversível com a hemoglobina, até os tecidos e as células de todos os órgãos. As células, após u lizarem oxigênio e nu-trientes, produzem dióxido de carbono, que é transportado pela corrente sanguínea até os pulmões para ser eliminado na atmosfera através da ven lação pulmonar.

Para que seja possível uma adequada difusão de gases através da membrana do alvéolo, com o oxigênio passando do interior dos alvéolos para o sangue presente nos capila-res pulmonares e o dióxido de carbono se difundindo em sen do contrário, é necessário um processo constante de ven lação pulmonar.

A ven lação pulmonar consiste numa renovação con -nua do ar presente no interior dos alvéolos. Para que isso ocorra, é necessário que, durante o tempo todo, ocorram movimentos que proporcionem insufl ação e desinsufl ação

de todos ou quase todos os alvéolos. Isso provoca, no interior dos alvéolos, uma pressão ligeira, ora mais nega va, ora mais posi va do que aquela presente na atmosfera.

Durante a inspiração, devido a uma pressão intra-alveolar de aproximadamente 3 mmHg mais nega va do que a atmos-férica, uma certa quan dade de ar atmosférico é inalada pelo aparelho respiratório; durante a expiração, devido a uma pressão intra-alveolar de aproximadamente 3 mmHg mais posi va do que a atmosférica, a mesma quan dade de ar é devolvida para a atmosfera.

Para que possamos insufl ar e desinsufl ar nossos alvéolos, devemos infl ar e desinfl ar nossos pulmões. Isso é possível através de movimentos que acarretem aumento e redução do volume no interior da nossa caixa torácica, onde nossos pulmões estão localizados.

Legenda: O perfl uorocarbono oxigenado é armazenado em um reservatório onde, através de uma bomba inspiratória, este é entregue aos pulmões. No fi nal no ciclo inspiratório abre-se uma válvula expiratória e com auxílio de uma bomba expiratória o PFC é reoxigenado e retorna ao seu reservatório. O PFC que é evaporado durante o ciclo inspiratório sofre condensação e em seu estado líquido é oxigenado e enviado ao reservatório de PFC.

Podemos expandir o volume da nossa caixa torácica levantando as costelas e contraindo o diafragma. Para re-trairmos o volume da caixa torácica, fazemos exatamente o contrário: rebaixamos nossas costelas enquanto relaxamos o nosso diafragma.

Portanto, temos diversos músculos que são importantes na ven lação pulmonar:

• Músculos u lizados na inspiração: diafragma, ester-nocleidomastoideos, intercostais externos, escale-nos, serráteis anteriores.

• Músculos u lizados na expiração: intercostais inter-nos, retos abdominais e demais músculos localizados na parede anterior do abdômen.

Vias condutoras de ar para os pulmõesDurante a inspiração e durante a expiração, o ar passa

por diversos e diferentes segmentos que fazem parte do sistema pulmonar:

Nariz: é o primeiro segmento por onde, de preferên-cia, passa o ar durante a inspiração. Ao passar pelo nariz,

o ar é fi ltrado, umidifi cado e aquecido. Na impossibilidade eventual da passagem do ar pelo nariz, tal passagem pode acontecer por um atalho, a boca. Mas infelizmente, quando isso acontece, o ar não sofre as importantes modifi cações descritas acima.

Faringe: após a passagem pelo nariz, antes de a ngir a laringe, o ar deve passar pela faringe, segmento que também serve de passagem para os alimentos.

Laringe: normalmente permite apenas a passagem de ar. Durante a deglu ção de algum alimento, uma pequena membrana (epiglote) obstrui a abertura da laringe, o que difi culta a passagem fragmentos que não sejam ar para as vias respiratórias inferiores. Na laringe localizam-se também as pregas vocais, responsáveis para produção de nossa voz.

Traqueia: pequeno tubo car laginoso que liga as vias respiratórias superiores às inferiores, logo abaixo.

Brônquios: são numerosos e ramifi cam-se também nu-merosamente, como galhos de árvore. Permitem a passagem do ar em direção aos alvéolos.

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Bronquíolos: mais delgados, estão entre os brônquios e os sacos alveolares, de onde saem os alvéolos.

Por toda a mucosa respiratória, desde o nariz até os bronquíolos, existem numerosas células ciliadas, com cílios móveis e grande produção de muco. Tudo isso ajuda bas-tante na constante limpeza do ar que fl ui através das vias respiratórias.

Os alvéolos apresentam certa tendência ao colamento. Tal colamento somente não ocorre normalmente devido à pressão mais nega va presente no espaço pleural, o que força os pulmões a se manterem expandidos. O grande fator responsável pela tendência de colamento dos alvéolos é um fenômeno chamado tensão superfi cial. A tensão superfi cial ocorre no interior dos alvéolos devido à grande quan dade de moléculas de água ali presente, reves ndo toda a parede interna dos alvéolos. A tensão superfi cial no interior dos alvé-olos seria bem maior do que já o é se não fosse a presença, nos líquidos que revestem os alvéolos, de uma substância chamada surfactante pulmonar. O surfactante pulmonar é formado basicamente de fosfolipídeos (dipalmitoil leci na) nas células presentes no epitélio alveolar. A grande impor-tância do surfactante pulmonar é sua capacidade de reduzir signifi ca vamente a tensão superfi cial dos líquidos que revestem o interior dos alvéolos e demais vias respiratórias.

Controle dos Movimentos Musculares:

Os movimentos musculares são controlados pelo bulbo, que os realiza quando há mínima variação no pH sanguíneo. O gás carbônico (CO2) dissolvido no sangue reage com a água (H2O), formando ácido carbônico (H2CO3), composto muito instável que logo libera H+ e HCO3. O H+ diminui o pH sanguí-neo, levando o bulbo a determinar a contração dos músculos respiratórios. Com tal contração, diminui-se a concentração de CO2 e, por conseguinte, o pH sanguíneo aumenta.

Ven lação alveolar:Ven lação alveolar é a intensidade com que o ar alcança

as áreas pulmonares (os alvéolos, os ductos alveolares e os bronquíolos respiratórios).

Resgate Veicular

Resgate de ví mas de acidentes em estradas de rodagem (trem, automóvel, motocicleta e outros):

U lizar a técnica da “Chave de Rauteck”:• Prestar o primeiro atendimento dentro do próprio

veículo, especialmente nos casos de asfi xia e hemor-ragia, se não houver perigo de explosões, incêndios ou desabamentos. Sempre suspeitar de lesão na cervical;

• Verifi car se os pés da ví ma estão presos nos pedais do veículo ou outro obstáculo;

• Inclinar-se sobre a ví ma, passando-lhe a mão por trás das costas e apoiando-a no quadril oposto;

• Com a outra mão por baixo do braço da vítima, segurar a parte anterior do ombro, fazendo uma pequena rotação com ambas as mãos, simultanea-mente, desencostando-a parcialmente do assento para facilitar a remoção;

• Solte a mão que estava apoiada no quadril e segu-re-lhe o punho deste lado, com a mão que estava no ombro apoiando-lhe o queixo em extensão da cabeça da ví ma;

• Ajoelhe-se no chão e, amparando a ví ma em seu colo, lentamente coloque-a no solo, em decúbito dorsal, tendo o cuidado de manter a coluna apoiada, sem dobrar ou torcê-la.

Em caso de poder contar com a colaboração de outra pessoa, esta operação poderá ser feita em dois tempos principais:

• Orientar a pessoa para que fi que no banco de trás, apoiando a cabeça da ví ma até que o socorrista possa completar a chave de Rauteck;

• Pedir à pessoa que passe para o banco da frente e segure os pés da ví ma, facilitando, assim, sua remoção do veículo para o solo.

Use sempre a seguinte regra:Leve a maca até o paciente e não o paciente até a maca.

COMO REMOVER PACIENTES SENTADOS:• Pacientes crí cos: Optar pelo uso da Chave de Rau-

teck.• Pacientes instáveis: Optar pela técnica de remoção

rápida.• Pacientes potencialmente instáveis ou estáveis: Optar

pela técnica de remoção com emprego do colete de imobilização dorsal (KED).

TÉCNICA DO ROLAMENTO 90 GRAUS1. O paciente deverá estar deitado no solo em posição

alinhada e em decúbito dorsal (posição supina);

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2. Um socorrista posiciona-se atrás da cabeça do paciente (com os dois joelhos no chão a uma distância de cerca de um palmo) e imobiliza a cabeça do mesmo usando ambas as mãos;

3. O comandante da guarnição posiciona-se ao lado do paciente (na altura do tórax), mensura e aplica o colar cervical;

4. O motorista traz a prancha longa e a coloca ao lado do paciente, depois se posiciona ajoelhado ao lado do coman-dante (na altura da pelve);

5. O comandante da guarnição levanta a extremidade superior do paciente acima da cabeça, paralela ao tronco. A outra extremidade é posicionada sobre o tórax do paciente (lembrar que o paciente é rolado para o lado onde o braço está levantado e estendido);

6. Os socorristas que estão posicionados lateralmente apoiam suas mãos ao longo do corpo do paciente, no lado oposto de onde estão colocados (o comandante com uma mão no ombro e outra na coxa e o motorista com uma mão na lateral do quadril e outra logo abaixo do joelho) e sob o comando daquele que está na cabeça, rolam o paciente 90 graus em monobloco;

7. O comandante usando a mão esquerda puxa a prancha rígida, posicionando-a o mais próximo possível do paciente;

8. Com o movimento inverso, o paciente é lentamente posicionado sobre a prancha rígida e centralizado sobre a mesma;

9. Durante todo o tempo, o socorrista da cabeça perma-nece imobilizando-a manualmente;

10. A cabeça do paciente é fi xa com o uso de um coxim (fi xador universal de cabeça) para evitar os movimentos late-rais. Caso sua organização não disponha de um equipamento próprio, improvise os coxins com sacos de areia de 15 por 30 cm ou toalhas dobradas em rolo e esparadrapo.

11. Finalmente, os socorristas fi xam o paciente na pran-cha com rantes.

Técnica da Colocação dos Tirantes de Fixação

• Tirante superior: deve englobar a prancha e o tórax do paciente, logo abaixo dos ombros (no atendimento de mulheres, fi xe os rantes acima ou abaixo dos seios);

• Tirante do meio: deve ser colocado na região da pelve; os braços devem fi car ao longo do corpo com o rante passando sobre os punhos do paciente.

• Tirante inferior: deve ser posicionado englobando a prancha e o paciente logo acima dos joelhos. Se o paciente es ver deitado em decúbito ventral (posição pronada), o rante deverá ser colocado logo abaixo do joelho, pois isto evitará que as pernas do paciente escorreguem para fora da prancha.

Algumas organizações u lizam um rante do po “ara-nha”, que se caracteriza por possuir uma ra central e cerca de 4 ras cruzadas que podem ser fi xadas através de velcros.

FERIMENTOS E CURATIVOS

A pele é o maior órgão do corpo humano, tendo como principais funções: proteção contra infecções, lesões ou trau-mas, raios solares e possui importante função no controle da temperatura corpórea. A pele é subdividida em derme e epiderme. A epiderme, histologicamente cons tuída das camadas basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea, é um importante órgão sensorial. Na derme, encontramos os vasos sanguíneos, linfá cos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas, pelos e terminações nervosas, além de células como: fi broblastos, mastócitos, monócitos, macrófagos, plasmócitos entre outros.

Feridas

As feridas são consequências de uma agressão por um agente ao tecido vivo. O tratamento das feridas vem evoluin-do desde 3000 anos a.C., onde as feridas hemorrágicas eram tratadas com cauterização; o uso de torniquete é descrito em 400 a.C.; a sutura é documentada desde o terceiro sé-culo a.C. Na Idade Média, com o aparecimento da pólvora, os ferimentos tornaram-se mais graves.

O cirurgião francês Ambroise Paré, em 1585, orientou o tratamento das feridas quanto à necessidade de desbri-damento, aproximação das bordas e cura vos. Lister, em 1884, introduziu o tratamento an ssép co. No século XX, vimos a evolução da terapêu ca com o aparecimento da sulfa e da penicilina.

Classifi cação das Feridas

As feridas podem ser classifi cadas de várias maneiras: pelo po do agente causal, de acordo com o grau de conta-minação, pelo tempo de trauma smo, pela profundidade das lesões, sendo que as duas primeiras são as mais u lizadas.

Quanto ao Agente Causal

1. Incisas ou cortantes: são provocadas por agentes cortantes, como faca, bisturi, lâminas etc. Suas carac-terís cas são o predomínio do comprimento sobre a profundidade, bordas regulares e ní das, geralmente re líneas. Na ferida incisa, o corte geralmente possui profundidade igual de um extremo a outro da lesão, sendo que na ferida cortante, a parte mediana é mais profunda.

2. Corto-contusa: o agente não tem corte tão acentu-ado, sendo que a força do trauma smo é que causa a penetração do instrumento, tendo como exemplo o machado.

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3. Perfurante: são ocasionadas por agentes longos e pon agudos como prego, alfi nete. Pode ser trans-fi xante quando atravessa um órgão, estando sua gravidade na importância deste órgão.

4. Pérfuro-contusas: são as ocasionadas por arma de fogo, podendo exis r dois ori cios, o de entrada e o de saída.

5. Lácero-contusas: Os mecanismos mais frequentes são a compressão (a pele é esmagada de encontro ao plano subjacente) e a tração (por rasgo ou arran-camento tecidual). As bordas são irregulares, com mais de um ângulo; cons tuem exemplo clássico as mordidas de cão.

6. Pérfuro-incisas: provocadas por instrumentos pérfuro-cortantes que possuem gume e ponta, por exemplo, um punhal. Deve-se sempre lembrar, que externamente, poderemos ter uma pequena marca na pele, porém profundamente podemos ter comprome mento de órgãos importantes como na fi gura abaixo, na qual pode ser vista lesão no músculo cardíaco.

7. Escoriações: a lesão surge tangencialmente à super- cie cutânea, com arrancamento da pele.

8. Equimoses e hematomas: na equimose, há rompi-mento dos capilares, porém sem perda da con nui-dade da pele, sendo que, no hematoma, o sangue extravasado forma uma cavidade.

As feridas podem ser classifi cadas de acordo com o GRAU DE CONTAMINAÇÃO. Esta classifi cação tem importância, pois orienta o tratamento an bió co e também nos fornece o risco de desenvolvimento de infecção.

1. Limpas: são as produzidas em ambiente cirúrgico, sendo que não foram abertos sistemas como o diges-tório, respiratório e genito-urinário. A probabilidade da infecção da ferida é baixa, em torno de 1 a 5%.

2. Limpo-contaminadas: também são conhecidas como potencialmente contaminadas; nelas há contami-nação grosseira, por exemplo, nas ocasionadas por faca de cozinha, ou nas situações cirúrgicas em que houve abertura dos sistemas contaminados descritos anteriormente. O risco de infecção é de 3 a 11%.

3. Contaminadas: há reação infl amatória; são as que veram contato com material como terras, fezes etc.

Também são consideradas contaminadas aquelas em que já se passaram seis horas após o ato que resultou na ferida. O risco de infecção da ferida já a nge 10 a 17%.

4. Infectadas: apresentam sinais ní dos de infecção.

Cicatrização

Após ocorrer a lesão a um tecido, imediatamente ini-ciam-se fenômenos dinâmicos conhecidos como cicatrização, que é uma sequência de respostas dos mais variados pos de células (epiteliais, infl amatórias, plaquetas e fi broblastos), que interagem para o restabelecimento da integridade dos tecidos. O po de lesão também possui importância no po de reparação; assim, em uma ferida cirúrgica limpa, há neces-sidade de mínima quan dade de tecido novo, enquanto que, por exemplo, em uma grande queimadura, há necessidade de todos os recursos orgânicos para cicatrização e defesa contra uma infecção. Na sequência da cicatrização de uma ferida fechada, temos a ocorrência de quatro fases dis ntas: infl amatória, epitelização, celular e fase de fi broplasia.

1. Fase inflamatória: O processo inflamatório é de vital importância para o processo de cicatrização; de início, ocorre vasoconstricção fugaz, seguida de vaso-dilatação, que é mediada principalmente pela histamina, liberada por mastócitos, granulócitos e plaquetas com aumento da permeabilidade e ex-travasamento de plasma; possui duração efêmera de mais ou menos 30 minutos, sendo que a con -nuidade da vasodilatação é de responsabilidade de prostaglandinas.

Nos vasos próximos, ocorrem fenômenos de coagula-ção, formação de trombos, que passam a levar maior proliferação de fi broblastos. Alguns fatores plaquetá-rios são importantes, como o PF4 (fator plaquetário 4) que es mula a migração de células infl amatórias, e o PDGF (fator de crescimento derivado plaquetá-rio), que é responsável pela atração de monócitos, neutrófi los, fi broblastos e células musculares lisas, e produção de colagenase pelos fi broblastos.

Os monócitos originam os macrófagos, bactericidas, que fagocitam detritos. Inibidores de prostaglandi-nas, por diminuírem a resposta infl amatória, desa-celeram a cicatrização.

2. Fase de epitelização: enquanto a fase infl amatória ocorre na profundidade da lesão, nas bordas da ferida suturada, em cerca de 24 a 48 horas, toda a super -cie da lesão estará recoberta por células superfi ciais que, com o passar dos dias, sofrerão fenômenos de quera nização.

3. Fase celular: no terceiro e quarto dia após a lesão, fi broblastos originários de células mesenquimais, proliferam e tornam-se predominantes ao redor do décimo dia. Agem na secreção de colágeno, matriz da cicatrização, e formam feixes espessos de ac na. O colágeno é responsável pela força e integridade dos tecidos.

A rede de fi brina que se forma no interior da ferida orienta a migração e o crescimento dos fi broblastos. Os fi broblastos não têm a capacidade de lisar restos celulares, portanto tecidos macerados, coágulos e corpos estranhos cons tuem uma barreira sica à proliferação com retardo na cicatrização. Após o avanço do fi broblasto, surge uma rede vascular in-tensa, que possui papel crí co para a cicatrização das feridas. Esta fase celular dura algumas semanas, com diminuição progressiva do número dos fi broblastos.

4. Fase de fi broplasia – Caracterizam-se pela presença de colágeno, proteína insolúvel, sendo composto principalmente de glicina, prolina e hidroxiprolina. Para sua formação requer enzimas específi cas que exigem cofatores como oxigênio, ferro, ácido as-córbico, daí suas defi ciências levarem ao retardo da cicatrização.

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São os feixes de colágeno que originam uma estrutura densa e consistente, que é a cicatriz. As feridas vão ganhando resistência de forma constante por até quatro meses, porém sem nunca adquirir a mesma do tecido original.

Esta fase de fi broplasia não tem um fi nal defi nido, sendo que as cicatrizes con nuam modelando-se por meses e anos, sendo responsabilidade da enzima colagenase. Esta ação é importante para impedir a cicatrização excessiva que se traduz por quelóide.

A cicatrização pode se fazer por primeira, segunda e terceira intenção. Na cicatrização por primeira intenção, ocorre a volta ao tecido normal, sem presença de infecção e as extremidades da ferida estão bem próximas, na grande maioria das vezes através da sutura cirúrgica. Na cicatrização por segunda intenção, não acontece a aproximação das su-per cies, devido ou à grande perda de tecidos, ou devido à presença de infecção; neste caso, há necessidade de grande quan dade de tecido de granulação. Diz-se cicatrização por terceira intenção quando se procede ao fechamento secun-dário de uma ferida com u lização de sutura.

Nas feridas abertas (não suturadas), ocorre a formação de um tecido granular fi no, vermelho, macio e sensível, cha-mado de granulação, cerca de 12 a 24 horas após o trauma. Neste po de tecido, um novo fato torna-se importante, que é a contração, sendo que o responsável é o miofi broblasto; neste caso, não há a produção de uma pele nova para re-cobrir o defeito.

A contração é máxima nas feridas abertas, podendo ser patológica, ocasionando deformidades e prejuízos funcio-nais, o que poderia ser evitado através de um enxerto de pele. Excisões repe das das bordas diminuem bastante o fenômeno da contração.

Deve-se enfatizar a diferença entre contração, vista anteriormente, e retração, que é um fenômeno tardio que ocorre principalmente nas queimaduras e em regiões de dobra de pele.

Existem alguns fatores que interferem diretamente com a cicatrização normal: idade, nutrição, estado imunológico, oxigenação local, uso de determinadas drogas, quimiote-rapia, irradiação, tabagismo, hemorragia, tensão na ferida, entre outros.

Idade: quanto mais idoso, menos fl exíveis são os tecidos; existe diminuição progressiva do colágeno.

Nutrição: está bem estabelecida a relação entre a cica-trização ideal e um balanço nutricional adequado.

Estado imunológico: a ausência de leucócitos, pelo re-tardo da fagocitose e da lise de restos celulares, prolonga a fase infl amatória e predispõe à infecção. Devido à ausência de monócitos, a formação de fi broblastos é defi citária.

Oxigenação: a anóxia leva à síntese de colágeno pouco estável, com formação de fi bras de menor força mecânica.

Diabetes: a síntese do colágeno diminui com a defi ciên-cia de insulina; devido à microangiopa a cutânea, há uma piora na oxigenação. A infecção das feridas é preocupante nesses pacientes.

Drogas: as que infl uenciam sobremaneira são os este-roides, que, por seu efeito an -infl amatório, retardam e alteram a cicatrização.

Quimioterapia: levam à neutropenia, predispondo à infecção; inibem a fase infl amatória inicial da cicatrização e interferem nas mitoses celulares e na síntese proteica.

Irradiação: leva à arterite obliterante local, com conse-quente hipóxia tecidual. Há diminuição dos fi broblastos com menor produção de colágeno.

Tabagismo: a nico na é um vaso-constrictor, levando à isquemia ssular, sendo também responsável por uma diminuição de fi broblastos e macrocófagos. O monóxido

de carbono diminui o transporte e o metabolismo do oxi-gênio. Clinicamente observa-se cicatrização mais lenta em fumantes.

Hemorragia: o acúmulo de sangue cria espaços mortos que interferem com a cicatrização.

Tensão na ferida: vômitos, tosse e a vidade sica em demasia produzem tensão e interferem com a boa cicatri-zação das feridas.

A grande complicação das feridas é a sua infecção, sendo que os fatores predisponentes podem ser locais ou gerais. Os locais são: contaminação, presença de corpo estranho, técnica de sutura inadequada, tecido desvitalizado, hema-toma e espaço morto. São fatores gerais que contribuem para aumentar este po de complicação: debilidade, idade avançada, obesidade, anemia, choque, grande período de internação hospitalar, tempo cirúrgico elevado e doenças associadas, principalmente o diabetes e doenças imuno-depressoras. Outras complicações são a hemorragia e a destruição tecidual.

Cura vos

Por defi nição, cura vo é todo material colocado direta-mente sobre uma ferida cujos obje vos são: evitar a con-taminação de feridas limpas, facilitar a cicatrização, reduzir a infecção nas lesões contaminadas, absorver secreções, facilitar a drenagem de secreções, promover a hemostasia com os cura vos compressivos, manter o contato de medi-camentos junto à ferida e promover conforto ao paciente.

Os cura vos podem ser abertos ou fechados, sendo que os fechados ou oclusivos são subdivididos em úmidos e secos. Os cura vos úmidos têm por fi nalidade reduzir o processo infl amatório por vaso-constricção, limpar a pele dos exudatos, crostas e escamas, manter a drenagem das áreas infectadas e promover a cicatrização pela facilitação do movimento das células.

As medicações tópicas podem ser veiculadas através de pós, loções, cremes, géis, pastas, pomadas, sprays, ae-rosóis etc.

O tratamento da ferida envolve, após verifi cação dos sinais vitais e de uma anamnese sucinta sobre as condições em que ocorreram as lesões, os seguintes tópicos:

1. Classifi cação das feridas: se existe perda de subs-tância, se há penetração da cavidade, se há perda funcional ou se existe corpo estranho e a necessidade de exames auxiliares.

2. Antissepsia: basicamente, a irrigação vigorosa e intensa com soro fi siológico é bastante efi caz para a diminuição da infecção.

3. Anestesia4. Hemostasia, exploração e desbridamento: a he-

mostasia deve ser muitas vezes realizada antes de qualquer outro procedimento, até em via pública.

5. Sutura da lesão

As soluções mais u lizadas nos cura vos são: soro fi sioló-gico para limpeza e como emoliente; soluções an ssép cas como polvidine tópico ou ntura a 10% (PVPI – Polivinil Pirrolidona) ou cloro-hexidine a 4%; álcool iodado com ação secante e cicatrizante; e o éter que remove a camada gordurosa da pele, sendo ú l na re rada de esparadrapos e outros adesivos.

Os princípios cien fi cos relacionados a uma cura vo são: microbiológico – técnica assép ca no manuseio do material estéril; sico – movimentos de execução, mobilização e imobilização; químico e farmacológico – sobre as substân-cias u lizadas, e sociológicos – orientação para o paciente e família quanto aos cuidados necessários.

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Existem alguns pos de ferida que devem ser par culari-zadas: nas lesões por mordeduras, em princípio, as mesmas não devem ser suturadas, pois são potencialmente infecta-das. Apenas naquelas que são profundas, com comprome- mento do plano muscular, deve-se u lizar suturas. Nas

feridas por arma de fogo, a decisão da re rada do projé l deve ser avaliada caso a caso. Caso haja apenas um ori cio, este não deve ser suturado, devendo-se lavar bem o inte-rior do ferimento, sendo que, quando houver dois ori cios, um deles poderá ser suturado. As lesões por prego devem ser limpas e não suturadas, tomando-se o cuidado com a profi laxia do tétano.

A seguir, citaremos algumas das substâncias mais u -lizadas em cura vos de feridas abertas e infectadas, prin-cipalmente no tocante a indicação, mecanismo de ação e maneira de u lização.

Papaína: é uma enzima proteolí ca extraída do látex da caricapapaya.

Indicação: em todo tecido necró co, par cularmente naqueles com crosta.

Mecanismo de ação: ação an -infl amatória, bactericida e cicatricial; atua como desbridante.

Modo de usar: preparar a solução em frasco de vidro, irrigar a lesão e deixar gaze embebida na solução.

Observações: a diluição é feita de acordo com a ferida: 10% em tecido necrosado, 6% nas com exudato purulento e 2% naquelas com pouco exudato.

Hidrocolóide: par culas hidroa vas em polímero inerte impermeável

Indicação: lesões não infectadas com ou sem exudato, áreas doadoras e incisões cirúrgicas.

Mecanismo de ação: promove barreira protetora, iso-lamento térmico, meio úmido, prevenindo o ressecamento, desbridamento autolí co, granulação e epitelização.

Modo de usar: irrigar a lesão com soro fi siológico, secar as bordas e aplicar hidrocolóide e fi xar o cura vo à pele.

Observações: não devem ser utilizadas para feridas infectadas.

Triglicérides de Cadeia Média (TCM) – Ácidos Graxos Essenciais, Lipídios Insaturados Ricos em Ácido Linoleico

Indicação: todos os pos de lesões, infectadas ou não, desde que desbridadas previamente.

Mecanismo de ação: promove quimiotaxia para leucóci-tos, facilita a entrada de fatores de crescimento nas células, promove proliferação e mitose celular, acelerando as fases da cicatrização.

Modo de usar: irrigar a lesão com soro fi siológico, aplicar AGE por toda a área da ferida e cobrir.

Observações: não é agente desbridante, porém es mula o desbridamento autolí co.

Outras Substâncias

Carvão a vado: nas feridas infectadas exuda vasAlginato de cálcio: nas lesões exuda vas com sangra-

mentoFilme com membrana de poliuretano: para proteção de

lesões profundas não infectadas.

Princípios para o Cura vo Ideal

1. Manter elevada umidade entre a ferida e o cura vo.2. Remover excesso de exudação.

3. Permi r troca gasosa.4. Fornecer isolamento térmico.5. Ser impermeável a bactérias.6. Ser assép co.7. Permi r a remoção sem traumas.

Cura vo de Feridas Simples e Limpas

1. Lavar as mãos para evitar infecção.2. Explicar o procedimento ao paciente e familiar, para

assegurar sua tranquilidade.3. Reunir todo o material em uma bandeja auxiliar.4. Fechar a porta para diminuir corrente de ar.5. Colocar o paciente em posição adequada.6. Manipulação do pacote de cura vo com técnica

assép ca, incluindo a u lização de luvas.7. Remover o cura vo an go com pinça dente de rato.8. Fazer a limpeza da incisão com pinça de Kelly, com

gaze umedecida em soro fi siológico, com movimen-tos semicirculares, de dentro para fora, de cima para baixo, u lizando-se as duas faces da gaze, sem voltar ao início da incisão.

9. Secar a incisão de cima para baixo.10. Secar as laterais da incisão de cima para baixo.11. Colocar medicamentos de cima para baixo, nunca

voltando a gaze por onde já passou.12. Re rar o excesso de medicação.13. Passar éter ao redor da incisão.14. Aplicar cura vo quando necessário.15. Lavar as mãos.16. Recolher o material.

Cura vo de Feridas Abertas ou Infectadas

As diferenças básicas podem ser assim resumidas:1. Os cura vos de ferida aberta, independente do seu

aspecto, serão sempre realizados conforme a técnica de cura vo contaminado, ou seja, de fora para den-tro.

2. Para cura vos contaminados com secreção, princi-palmente em membros, colocar uma bacia na área a ser tratada, lavando-a com soro fi siológico a 0,9%.

3. As soluções an ssép cas mais u lizadas são as so-luções aquosas de PVPI a 10% (1% de iodo livre) e cloro-hexidine a 4%.

4. Quando houver necessidade de troca de vários cura- vos em um mesmo paciente, deverá iniciar pelos de

incisão limpa e fechada, seguindo-se de ferida aberta não infectada, depois os de ferida infectada, e por úl mo as colostomias e stulas em geral.

5. U lizar máscaras, aventais e luvas esterilizadas.

SISTEMAS DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO BRASIL E NO MUNDO

Protocolo Internacional de Atendimento Pré-hospitalarUrgência: Situação onde não há risco à vida.Emergência: Situação onde há risco à vida.Socorro Básico: são os procedimentos não invasivos.Socorro Avançado: são os procedimentos invasivos.

Aspectos Legais do Socorrismo

• Omissão de Socorro (art. 135 do Código Penal.)

Todo cidadão é obrigado a prestar auxílio a quem esteja necessitando, tendo três formas para fazê-lo: atender, auxi-liar quem esteja atendendo ou solicitar auxílio.

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Exceções da lei (em relação a atender e/ou auxiliar): me-nores de 16 anos, maiores de 65, gestantes a par r do tercei-ro mês, defi cientes visuais, mentais e sicos (incapacitados).

Telefones de emergência:CB: 193SAMU: 192PM: 190“A principal causa-morte pré-hospitalar é a falta de aten-

dimento. A segunda é o socorro inadequado.”

Etapas Básicas do Socorrismo

Toda vez que um socorrista realizar um atendimento, ele levará em consideração dois fatores iniciais:

1 – Se a ví ma está consciente ou não. Ví ma consciente já demonstra estar viva.

2 – Se se trata de evento clínico ou traumá co. Em prin-cípio, os eventos clínicos nos permitem maior liberdade de manipulação das ví mas.

Análise da cena• cuidados com a segurança do profi ssional (prioridade)• observação• sinalização

Análise da cena – Abordagem da ví ma• verifi cação da responsividade – pode ser realizada à

distância. Procuramos perceber as manifestações da ví ma.

• checagem dos sinais vitais – só pode ser realizada em contato com a ví ma.

Abordagem da ví maSe for à maca, colocamos ambas as mãos nos ombros

da ví ma e falamos com ele. Se for ao chão, apoiamos um joelho e colocamos ambas as mãos nos ombros da ví ma.

Sinais: são os indica vos que obtemos sem auxílio da ví ma.

Sintomas: são os indica vos que obtemos com auxílio da ví ma.

SINAIS VITAIS: formas de checagem: “VER / OUVIR / SENTIR”

• Respiração: geralmente usa-se o dorso da mão para sen r.

• Pulso: caro deo (em adultos e crianças) / braquial (em bebês).

• Pressão arterial: precisa-se de instrumental especí-fi co.

• Temperatura: precisa-se de instrumental específi co.

Checando respiração: Em lactentes, não fazemos hipe-rextensão cervical.

Roteiro de Prioridades no Atendimento

a) Abertura das vias aéreas com controle cervicalb) Boa ven laçãoc) Controle hemodinâmico (circulação/controle das

hemorragias)d) Défi cit neurológicoe) Exposição completa da ví ma e controle térmico* Toda Ví ma de Trauma Possui Lesão Cervical Até Provar

o Contrário.* O Estado de uma Ví ma é Inversamente Proporcional

ao Número de Informações Ob das pelo Socorrista.* Não se Administra Nada Via Oral para Ví mas Incons-

cientes.

O SÍMBOLO DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA MÉDICA

Os Técnicos de Emergência Médica têm um símbolo – a “Estrela da Vida”, de cor azul.

Reconhecido pela profi ssão médica como símbolo da Emergência Médica, seu uso é encorajado tanto pela Asso-ciação Médica Americana como pelo Conselho Consul vo do Departamento de Saúde, Educação e Bem Estar.

Vemos constantemente a “Estrela da Vida”, seja em am-bulâncias ou uniformes. No entanto, poucos percebem o que este símbolo representa e como surgiu, pelo menos ao julgar pelo levantamento aleatório que conduzi após perceber que eu mesma não fazia idéia.

O desenho, a cruz de seis barras, foi adaptado do Símbolo de Iden fi cação Médica da Associação Médica Americana e foi cer fi cado como marca registrada em 1º de fevereiro de 1977 pelo Comissário de Patentes e Marcas Registradas em nome da Administração Nacional de Segurança do Tráfego Rodoviário. A marca registrada permanecerá em vigor du-rante vinte anos a par r desta.

Cada uma das barras da “Estrela da Vida” representa a função em seis sistemas do SEM.

Além disto, vemos a cobra e o bastão de Asclepius que, de acordo com a mitologia grega, foi fi lho de Apolo (deus da luz, verdade e profecia). Supostamente, Asclepius apren-deu a arte da cura do centauro Cheron; mas Zeus – rei dos deuses gregos – temia que, devido aos conhecimentos de Asclepius, todos os homens poderiam tornar-se imortais, e, para que isso não ocorresse, Zeus matou Asclepius com um raio. Posteriormente, Asclepius foi venerado como um deus e o povo dormia nos seus templos, pois era dito que por meio de remédios receitados, ele curava os doentes durante seus sonhos.

Asclepius era geralmente representado em pé, com manto comprido, segurando um bastão com uma serpente enrolada no mesmo. Desde então, o bastão veio a repre-sentar o único símbolo da medicina. No Caduceu, usado pelos médicos e pelo Corpo Médico Militar, o bastão é alado e tem duas serpentes entrelaçadas. Mesmo que isto não tenha nenhuma relevância médica na origem, representa a vara mágica do deus grego Hermes, mensageiro dos deuses.

A Bíblia, em Números 21:9, refere-se a uma serpen-te num bastão: “Portanto, Moisés fez uma serpente de bronze e montou-a num poste e, quando qualquer pessoa mordida por uma cobra olhava para a serpente de bronze, recuperava-se”.

Quem pode usar o símbolo “Estrela da Vida”:A NHTSA tem direitos exclusivos para monitorar seu

uso em todos os Estados Unidos. Seu uso nos veículos de tratamento médico assegura que tais veículos atendem às normas do Departamento de Transporte dos EUA e garante que o pessoal de tratamento médico de emergência que o usa foi treinado para atender essas normas. Seu uso nas

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placas e mapas rodoviários indica o local ou acesso aos serviços qualifi cados de tratamento de emergência. Não é permi do nenhum outro uso do símbolo, exceto conforme relacionado abaixo.

1. Como meio de iden fi cação para equipamentos e suprimentos médicos para instalação e uso em Veículo-Am-bulância de Tratamento Médico de Emergência.

2. Para indicar o local de serviços médicos qualifi cados e acesso a tais instalações.

3. Nos emblemas usados nos ombros somente por pessoal que tenha sa sfatoriamente concluído cursos de treinamento DOT ou equivalentes aprovados e por pessoas que por tulo e função administram, supervisionam dire-tamente ou par cipam no todo ou em parte de programas SEM nacionais, estaduais ou comunitários.

4. Em itens pessoais do SEM – emblemas, insígnias e fi velas.

5. Livros, panfl etos, manuais, relatórios ou outro material impresso que tenha aplicação direta no SEM.

6. O símbolo “Estrela da Vida” por ser usado por pessoal administra vo, diretores de projeto, equipe de conselhos e grupos consul vos. Caso sejam usados emblemas nos om-bros, deverão ser uma simples, azul “Estrela da Vida” sobre fundo branco quadrado ou redondo. A função, letras ou palavras de iden fi cação deverão ser impressas em barras afi xadas separadamente ao longo da parte inferior. As bor-das do emblema básico e das barras de função deverão ser bordadas.

REFERÊNCIAS

ALVES, Emmanuel. Cirurgia de Urgência. 5. ed., Editora Atheneu, São Paulo, SP, 1980.

ALVIM, C. G. Representação social de asma e comportamen-tos de familiares de crianças asmá cas. 2001.

ALVIM, C. G.; RICAS, J. Difi culdade Respiratória: adesão ao tratamento e educação para saúde. Ver. Ass. Med., Belo Horizonte, v. 12, n. 2, 2002.

ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA. Morte encefálica. Curso de imersão em terapia intensiva neuroló-gica. 4. ed. São Paulo (SP): AMIB; 2005.

ATKINSON, LESLIE; MURRAY, MARY ELLEN. Fundamentos de enfermagem. Introdução ao processo de enfermagem; ed. Guanabara; 2003.

BARBOSA, Juvenal. Primeiros Socorros. 1. vol., Renovada Livros Culturais Ltda., Rio de Janeiro, RJ, 1980.

BERGERON, J. David; BIZJAK, Gloria. Primeiros Socorros, Editora Atheneu, São Paulo, SP, 1999.

CRUZ VERMELHA BRASILEIRA. Curso de Primeiros Socor-ros, 2007.

KNOBEL E. Condutas no paciente grave. 2. ed. São Paulo (SP): Atheneu; 1998.

LIGA DE SOCIEDADES DA CRUZ VERMELHA E DO CRESCENTE VERMELHO, Manual para Instrutores de Socorristas. 2. ed., Editado pela Secretaria Nacional de Assistência à Saúde, Brasília, DF, 1990.

ROSENBERG, Stephen N. Livro de Primeiros Socorros da Johnson & Johnson. Tradução da DRA. Maria de Fá ma Azevedo, Editora Warner Books, Rio de Janeiro, RJ, 1985.

THORA KRON, B.S.N.; ANNE GRAY, R.N., M.S.; Administração dos cuidados de enfermagem ao paciente. 6. ed.; Interli-vros. 2004.

EXERCÍCIOS

1. Criança de 10 anos deu entrada no setor de emergência ví ma de queimadura por leite quente. No exame sico, apresenta eritema, edema e fl ictema na região do braço e essas caracterís cas classifi cam a queimadura dessa criança como sendo de:a) 1º grau.b) 2º grau.c) 3º grau.d) 4º grau.

2. As queimaduras também podem ser classifi cadas pela extensão da área comprome da. Desta forma, pode-se classifi car o paciente em:a) médio e grande queimado.b) pequeno, médio e grande queimado.c) médio, grande e extra grande queimado.d) médio queimado.

3. A Portaria nº 2.048 do Ministério da Saúde regulamenta sobre o funcionamento do serviço pré-hospitalar móvel (APH móvel). Assinale a alterna va cor reta.a) Considera-se como nível pré-hospitalar móvel na

área de urgência o atendimento que procura chegar precocemente à vi ma após ter ocorrido um agravo à sua saúde.

b) O atendimento pré-hospitalar secundário é quando o chamado foi feito por outro número que não a central de regulação com a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, mas sim com a Defesa Civil.

c) O atendimento pré-hospitalar móvel primário é quan-do o pedido parte de um serviço de saúde localizado em região periféricas.

d) O serviço pré-hospitalar móvel deve conter somente em sua equipe profi ssionais médicos com habilitação para tais ocorrências.

4. De acordo com a preconizações dos ATLS e PHTLS, as fa-ses do atendimento inicial no trauma compreendem as seguintes intervenções em ordem prioridade:a) tratamento defi ni vo, avaliação secundária, avaliação

inicial e ressuscitação.b) avaliação inicial rápida, avaliação secundária rápida,

evolução, ressuscitação e tratamento defi ni vo.c) avaliação inicial rápida, ressuscitação, avaliação se-

cundária detalhada e tratamento defi ni vo.d) ressuscitação, avaliação inicial detalhada, avaliação

secundária rápida e avaliação terciária.

5. Os protocolos de ATLS e PHTLS orientam ações a serem executadas. As orientação desses protocolos para ava-liação e tratamento primário das hemorragias no trauma compreendem:a) garrotear 10cm acima do sangramento externo em

qualquer situação.b) comprimir o sangramento externo com compressa

ou pano mais limpo possível e viabilizar reposição volêmica com soro em acesso venoso calibroso.

c) infundir sangue em acessos venosos centrais priori-tariamente.

d) es mular a ingestão hídrica de grandes volumes.

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6. O trauma cons tui um problema frequente no atendi-mento pré-hospitalar. Nesse atendimento, deve-se reali-zar as fases do atendimento inicial, exceto a alterna va:a) ressuscitação.b) estabilização da via aérea.c) reposição volêmica.d) avaliação secundária detalhada.

7. A cetoacidose diabé ca cons tui uma desordem meta-bólica comum nos atendimentos de pronto-socorro. Essa desordem apresenta algumas caracterís cas, exceto:a) desenvolvimento de hiperglicemia intensa e produ-

ção de corpos cetônicos.b) desidratação extracelular, intracelular e acidose

metabólica.c) acome mento somente de pacientes com diabetes

melito po II, de longa data, geralmente na faixa etária de 70 anos.

d) principal causa de morte em pacientes com diabetes melito, com idade inferior a 20 anos.

8. Principal causa de morte na população geral são as do-enças cardiovasculares. Essas doenças podem ocasionar arritmia letal, que é conhecida como:a) fi brilação atrial.b) torsade de pointes.c) fi brilação ventricular.d) bloqueio atrioventricular de primeiro grau.

9. Iden fi que o tratamento emergencial de fi brilação ven-tricular, após o empenho de sua ambulância de suporte avançado que chega em 4 minutos ao local da chamada:a) desfi brilação.b) cardioversão.c) marcapasso transcutâneo.d) marcapasso endovenoso.

10. O afogamento cons tui um causa comum de morte inadver da. Dentre os fatores associados a essa ocor-rência, encontram-se: ingestão de álcool, hipotermia e incapacidade para nadar. Iden fi que, entre as alterna- vas, o principal problema apresentado por uma ví ma

de afogamento.a) Hipoglicemia.b) Hipóxia.c) Trauma musculoesquelé co.d) Hipertermia.

11. A cetoacidose diabé ca é uma emergência clínica. Desta maneira, assinale a alterna va correta a respeito das alterações orgânicas apresentadas nesta situação.a) Abcesso, hemorragia e hipoglicemia.b) Hiperglicemia, infecção e hipoven lação.c) Hiperglicemia, hiperosmolaridade e depleção de

volume.d) Sudorese, hiperglicemia e icterícia.

12. O diabetes melito é uma doença crônica que acomete inúmeras pessoas no mundo. Assinale a alterna va correta.a) O diabetes po I ocorre em indivíduos obesos.b) O diabetes po I é mais caracterís co no idoso.c) O diabetes po II ocorre mais em crianças e adoles-

centes.d) O diabetes po II ocorre mais em pessoas na fase

adulta.

13. Assinale a alterna va sobre a situação que insere na categoria de Emergência 1:a) Febre.b) Tontura.c) Cervicalgia.d) Eclampsia.

14. Um paciente encontra-se na sala de emergência apre-sentando sinais de choque. A medida prioritária a esse paciente é:a) avaliar o nível de consciência.b) realizar cura vo nas lesões.c) coletar sangue para exames laboratoriais.d) providenciar suporte ven latório.

15. Uma das complicações mais frequentes em pacientes com diabetes melito po I, que os leva ao setor de emergência é:a) pé diabé co.b) cetoacidose diabé ca.c) emagrecimento acentuado.d) re nopa a e insufi ciência renal.

16. Dois socorristas reanimadores necessitam realizar a ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Em relação à pro-porção compressão/insufl ação, neste caso é:a) 5/1.b) 15/2.c) 10/1.d) 15/1.

17. Em relação à assistência às ví mas de trauma, é correto afi rmar, exceto:a) Trauma não é um grave problema de saúde pública

no Brasil.b) O melhor método de abertura de vias aéreas no

trauma é estender a cabeça e o pescoço, elevando o queixo.

c) Checar a segurança da cena do acidente, antes de so-correr uma ví ma de atropelamento, é uma simples detalhe dispensável.

d) Em todo paciente politrauma zado, deve-se imo-bilizar a coluna ver cal e abrir as vias aéreas com projeção do ângulo da mandíbula como o primeiro passo.

18. A cetoacidose diabé ca é uma desordem metabólica comum nos atendimentos de pronto-socorro. Apresenta vários sinais e sintomas. Assinale a alterna va cujo sinal e/ou sintoma não condiz com o quadro de cetoacidose diabé ca.a) Presença de hiperglicemia e produção de corpos

cetônicos.b) Desidratação extra e intracelular e acidose metabó-

lica.c) Acome mento de pacientess com DM po II maiores

de 65 anos.d) Principal causa de morte em pacientes com DM

menores de 20 anos.

19. Os pacientes diabé cos podem apresentar hipoglicemia e esta situação requer intervenção imediatas visando a impedir o coma hipoglicêmico. Assinale a alterna va correta que contém um sinal ou sintoma deste quadro.a) Glicemia capilar elevada.b) Tremores.c) Disfagia.d) Presença de corpos cetônicos.

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20. Em um atendimento de emergência, a ação prioritá-ria é:a) determinar o local do evento.b) transportar a ví ma em qualquer circunstância.c) realizar exame sico à procura de fraturas.d) manter vias aéreas permeáveis.

21. De acordo com a Portaria nº 2.048/GM, de 2002, as ações realizadas para recuperar os pacientes que necessitam de assistência imediata, por apresentarem riscos de morte iminente, são denominadas de atendimento de:a) primeiros socorros.b) pronto-atendimento.c) pronto-socorro.d) emergência.

22. Prioriza-se o atendimento de emergência em pronto-so-corro ao paciente que apresenta o seguinte problema:a) Desconforto musculoesquelé co.b) Dores nos membros inferiores e superiores.c) Alteração da temperatura corpórea.d) Ferimentos penetrantes.

23. Entende-se de primeiros socorros como sendo:a) um conjunto de procedimentos iniciais que deve ser

realizados por médicos, de preferência cirurgiões e neurologistas.

b) um conjunto de procedimentos iniciais que deve ser realizado com segurança e rapidez após um acidente.

c) um conjunto de procedimentos iniciais que deve ser realizado com rapidez. O item segurança é dispensá-vel.

d) um conjunto de procedimentos secundários que obje va somente aguardar resgate da ví ma.

24. Incluem-se na categoria de animais peçonhentos:a) serpentes, aranhas, escorpiões e aves.b) serpentes, aranhas, escorpiões e baratas.c) serpentes, aranhas, escorpiões e vespas.d) serpentes, aranhas, escorpiões e ratos.

25. A classifi cação do afogamento é:a) grau 2, grau 3 e grau 4.b) grau 1, grau 2, grau 3, grau 4, grau 5 e grau 6.c) grau 1, grau 2 e grau 3.d) grau 1, grau 2, grau 3, grau 4 e grau 5.

GABARITO

1. b2. b3. a4. c5. b6. d7. c8. c9. a

10. b11. c12. d13. d

14. d15. b16. a17. a18. c19. b20. d21. d22. d23. b24. c25. b