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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA MAIDANA POUSADA SUSTENTÁVEL DE OBSERVAÇÃO DA BALEIA FRANCA Tubarão 2018

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Page 1: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

VINÍCIUS VIEIRA MAIDANA

POUSADA SUSTENTÁVEL DE OBSERVAÇÃO

DA BALEIA FRANCA

Tubarão

2018

Page 2: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

VINÍCIUS VIEIRA MAIDANA

POUSADA SUSTENTÁVEL DE OBSERVAÇÃO

DA BALEIA FRANCA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Arquitetura

e Urbanismo da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção

do título de Arquiteto e Urbanista.

ORIENTADOR: PROF. LUÍZ ANTÔNIO TASCA

Tubarão

2018

Page 3: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

VINÍCIUS VIEIRA MAIDANA

POUSADA SUSTENTÁVEL DE OBSERVAÇÃO

DA BALEIA FRANCA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Arquiteto e Urbanista e aprovado em sua forma final pelo Curso

de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 5 de abril de 2019.

_________________________________

Prof. Luíz Antônio Tasca

Orientador

Universidade do Sul de Santa Catarina

_________________________________

Fernanda Dozal

_________________________________

Rodrigo Nascimento

Page 4: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus pela oportunidade de concluir mais uma etapa de vida.

Ao orientador, amigo e professor Luíz Antônio Tasca, agradeço pela atenção, disponibilidade e apoio durante este período. Agradeço aos

meus colegas e amigos que, de alguma forma, acrescentaram conhecimento e permitiram troca de experiências que foram de grande valia durante

esta longa caminhada.

Em especial, agradeço a minha esposa, Larissa, minha filha, Manuela, minha mãe, Rosa, e aos demais familiares pelo apoio e acolhimento

durante todas as etapas da graduação e na realização do presente trabalho.

Por fim, agradeço a todos os professores que se empenharam em dividir conhecimento, desenvolver senso crítico e apresentar uma visão

arquitetônica que será fundamental na vida profissional.

Page 5: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

RESUMO

A sustentabilidade na atividade turística e hoteleira é determinante para

o turismo atual e futuro, devendo ser estudada e utilizada como fator de

desenvolvimento e proteção ambiental. Este trabalho propõe a

elaboração de uma Pousada Sustentável de Observação da Baleia

Franca no município de Garopaba, Santa Catarina, na praia da

Ferrugem. Para isso, foram incluídos relatos de outros

empreendimentos semelhantes ao proposto, um estudo de caso,

organogramas e fluxogramas e croquis do empreendimento. Conclui-se

que é possível criar um empreendimento de hospedagem que alcance

reconhecimento nacional e internacional e concilie qualidade e boas

práticas de sustentabilidade em sua gestão.

Palavras-chave: 1. Pousada; 2. Sustentabilidade; 3. Baleia Franca.

ABSTRACT

Sustainability in tourism and hotel management is a determining factor

for current and future tourism industry, and should be studied and used

as a driver of development and environmental protection. This work

proposes the creation of a Sustainable Inn for Observation of the Right

Whale in the municipality of Garopaba, Santa Catarina, on Ferrugem

Beach. For this purpose, the study includes reports of other ventures

similar to the one proposed, a case study, organization charts and

flowcharts and sketches of the facility. The conclusion is that creating an

accommodation facility that achieves national and international

recognition and bridges the gap between quality and good management

practices of sustainability is possible.

Keywords: 1. Inn; 2. Sustainability; 3. Right Whale

Page 6: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................... 8

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA/PROBLEMÁTICA ........................ 8

1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................... 9

1.3 OBJETIVOS ............................................................................. 10

1.3.1 Objetivo Geral ......................................................................... 10

1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................ 10

1.4 METODOLOGIAS .................................................................... 10

2 REFERENCIAIS TEÓRICOS ................................................... 11

2.1 BREVE HISTÓRICO DA OBSERVAÇÃO DA BALEIA FRANCA

NA REGIÃO ............................................................................. 11

2.2 ARMAÇÕES............................................................................. 12

2.3 APA DA BALEIA FRANCA ....................................................... 13

2.4 INSTITUIÇÕES E ONGS LIGADAS AO TEMA NA REGIÃO .... 13

2.4.1 O Museu da Baleia ................................................................. 13

2.4.2 Projeto Baleia Franca ............................................................. 15

2.4.3 Instituto Australis ................................................................... 15

2.4.4 Base Cangu Ligada ao Turismo de Observação .................. 15

2.4.5 IBF Ligado ao Turismo de Observação ................................ 15

2.5 MEIOS DE HOSPEDAGEM ...................................................... 16

2.5.1 A Hotelaria no Mundo e no Brasil .......................................... 16

2.6 CLASSIFICAÇÃO DE POUSADA ............................................. 17

2.7 EMPRENDIMENTO SUSTENTÁVEL........................................ 18

2.7.1 O Que é e Por Que Ser Sustentável ....................................... 18

2.8 COMO TORNAR UMA POUSADA MAIS SUSTENTÁVEL ....... 19

2.8.1 Dispositivos para Economizar Água ..................................... 19

2.8.2 Aproveitamento da Água da Chuva e Reuso ........................ 19

2.8.3 Energia Solar Fotovoltaica ..................................................... 20

2.8.4 Iluminação e Ventilação Natural ............................................ 20

3 REFERENCIAL PROJETUAL .................................................. 21

3.1 POUSADA QUINTA DO BUCANERO (ESTUDO DE CASO) .... 21

3.1.1 O Projeto .................................................................................. 21

3.1.2 Relação com a Proposta ........................................................ 22

3.1.3 Estrutura da Pousada ............................................................. 22

3.1.4 Planta Baixa ............................................................................ 23

3.1.5 Pontos Positivos e Negativos ................................................ 24

3.1.5.1 Pontos Positivos ..................................................................... 24

3.1.5.2 Pontos Negativos ................................................................... 24

3.1.6 Materiais Construtivos ........................................................... 24

Page 7: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

3.1.7 Destinação Efluentes ............................................................. 24

3.1.8 Volumetria .............................................................................. 25

3.1.9 Apartamentos ......................................................................... 25

3.2 MAKENNA RESORT / DRUCKER ARQUITETURA ................. 26

3.2.1 O Projeto ................................................................................. 26

3.2.2 Relação com a Proposta ........................................................ 27

3.2.3 Implantação ............................................................................ 27

3.2.4 Materiais Construtivos ........................................................... 29

3.2.5 Pontos Positivos e Negativos ............................................... 29

3.2.5.1 Pontos Positivos .................................................................... 29

3.2.5.2 Pontos Negativos .................................................................. 30

3.2.6 Planta Baixa dos Bangalôs .................................................... 31

3.3 CASA EFICIENTE .................................................................... 33

3.3.1 O Projeto ................................................................................. 33

3.3.2 Relação com a Proposta ........................................................ 34

3.3.3 Planta Baixa ............................................................................ 34

3.3.4 Estratégias Bioclimáticas Utilizadas ..................................... 36

3.3.4.1 Ventilação Natural e Mecânica .............................................. 36

3.3.4.2 Inércia e Isolamento Térmico ................................................. 37

3.3.4.3 Tanque Zona de Raízes ........................................................ 38

3.3.4.4 Aproveitamentos Água Pluvial ................................................ 39

3.3.5 Acessibilidade ......................................................................... 39

3.3.6 Materiais Construtivos ............................................................ 40

4 ANÁLISE DA ÁREA ................................................................. 40

4.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DA PROPOSTA E ACESSO ........... 40

4.2 FATO HISTÓRICO QUE MARCOU O INÍCIO DO

POVOAMENTO E ORIGINOU O MUNICÍPIO DE GAROPABA

RELACIONADO COM A BALEIA FRANCA .............................. 41

4.3 INFRAESTRUTURA ................................................................. 43

4.4 ATIVIDADES ECONÔMICAS ................................................... 44

4.5 CARACTERÍSTICAS BIOCLIMÁTICAS .................................... 44

4.5.1 Orientação Solar no Terreno .................................................. 45

4.6 RELEVO E VEGETAÇÃO ......................................................... 45

4.7 LEGISLAÇÃO DE ZONEAMENTO ........................................... 47

4.8 SISTEMA VIÁRIO ..................................................................... 47

4.9 USO DO SOLO, CHEIOS E VAZIOS ........................................ 49

5 PARTIDO ARQUITETÔNICO ................................................... 50

5.1 ZONEAMENTO ........................................................................ 50

5.1.1 Organograma e Fluxograma .................................................. 52

5.1.2 Programa de Necessidade e Pré-dimensionamento ............ 54

Page 8: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

5.1.3 Perspectivas de Implantações .............................................. 55

5.2 PLANTAS, CORTES, USOS E ESTRATÉGIAS ....................... 56

5.2.1 Planta do Bloco Administrativo ............................................ 56

5.2.2 Plantas dos Prédios de Serviços .......................................... 58

5.2.3 Planta do Lounge: Bloco Social ............................................ 60

5.2.4 Planta do Centro de Estudos de Observação das Baleias:

Bloco Social ............................................................................ 63

5.2.5 Planta dos Bangalôs: Bloco Privativo .................................. 66

6 CONCLUSÃO .......................................................................... 69

REFERÊNCIAS................................................................................. 70

ANEXO A – PARECERES DA PORTARIA 317 DO INMETRO ........ 74

ANEXO B – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO GUIA QUATRO

RODAS ............................................................................................. 76

ANEXO C – DISPOSITIVOS PESQUISADOS E SUAS

CARACTERÍSTICAS ........................................................................ 77

ANEXO D – JARDIM FILTRANTE .................................................... 79

ANEXO E – FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE ENERGIA

FOTOVOLTAICA .............................................................................. 80

ANEXO F – LEI COMPLEMENTAR Nº 1465 DA PREFEITURA

MUNICIPAL DE GAROPABA ........................................................... 82

ANEXO G – TABELA 1 – AMOSTRA DA MATRIZ REFERETE À POUSADA DO SBCLass – INFRAESTRUTURA ............................. 83

ANEXO H – TABELA2 – REGULAMENTO SBCLass ....................... 84

ANEXO I – FIGURA 66 – CISTERNA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA

CHUVA E FIGURA 67 – TIPOS DE VENTILAÇÃO ........................... 85

ANEXO J – FIGURA68 – DIAGRAMA SOLAR FLORIANÓPOLIS E

FIGURA69 – MANEIRAS PARA OBTENÇÃO DE ILUMINAÇÃO

NATURAL ......................................................................................... 86

ANEXO L – APARTAMENTOS ......................................................... 87

ANEXO M – PROGRAMA DE NECESSIDADE E PRÉ-

DIMENSIONAMENTO ....................................................................... 88

Page 9: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

8

1 INTRODUÇÃO

O estudo a ser desenvolvido neste Trabalho de Conclusão de

Curso 1 (TCC 1) refere-se à elaboração de pesquisa para o

desenvolvimento de anteprojeto de uma Pousada Sustentável de

Observação da Baleia Franca na praia da Ferrugem, localizada no

município de Garopaba, Santa Catarina.

O termo sustentável surgiu do latim sustentare e quer

dizer “conservar, cuidar, favorecer e apoiar”. Para ser considerado

sustentável, um empreendimento deve ser:

Economicamente viável;

Culturalmente aceito;

Socialmente justo.

Os principais benefícios da arquitetura sustentável para o meio

ambiente e a comunidade local são:

Preservação do meio ambiente;

Economia financeira;

Qualidade de vida;

Diferencial no negócio;

Valorização imobiliária;

Maior satisfação dos usuários e produtividade dos

funcionários;

Desenvolvimento da consciência ambiental.

Assim, a presente proposta é atender a demanda do verão e

atrair turistas nas demais estações do ano com uma estrutura de uma

pousada de observação da baleia franca e com ênfase na

sustentabilidade.

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA/PROBLEMÁTICA

Assim como o restante do litoral catarinense, Garopaba tem

uma grande procura durante o verão, época em que a cidade recebe

aproximadamente 140 mil turistas, a maioria em busca de suas belas

praias. Nos meses mais frios, a demanda diminui significativamente.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em

2018, a população de Garopaba era de 22.568 habitantes, o que

demonstra a sazonalidade do turismo no local.

A quantidade crescente de turistas na alta temporada acaba

causando uma sobrecarga no ecossistema, incluindo um aumento do

lixo gerado, do consumo de energia e do consumo de água do

município. Já na baixa temporada, há uma redução significativa na

ocupação de leitos e uma queda acentuada das receitas da cidade e de

muitos moradores que dependem do turismo como principal fonte de

renda. Portanto, faltam hospedagens com infraestruturas adequadas e

propostas inovadoras para atrair turistas em períodos de baixa

temporada.

Page 10: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

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1.2 JUSTIFICATIVA

Garopaba possui um grande potencial turístico, mas apresenta

algumas deficiências a serem supridas. Entre elas estão as questões

de como comportar a quantidade de turistas que recebe no verão sem

que esse excesso sobrecarregue os sistemas de infraestrutura da

cidade e de como manter o fluxo do turismo durante a baixa temporada.

A pousada proposta irá auxiliar no desenvolvimento

sustentável economicamente e ecologicamente do município e do

bairro, atraindo ainda mais o turismo e gerando aumento de renda e

movimento, escapando da sazonalidade do local. A proposta é viável,

pois no verão há certa dificuldade de hospedagem na região sendo que,

além de gerar renda, vai atrair os turistas para as belezas naturais da

região, despertando a curiosidade e o interesse pela cultura local. Vale

salientar que a escolha da Praia da Ferrugem ocorreu por ser uma praia

afastada do centro da cidade, ideal para quem busca lazer e descanso,

incluindo praia, surfe, pesca, dunas, trilhas (ideal em temporadas

quentes) e uma forte cultura local que pode ser desfrutada nos meses

de baixa temporada.

A praia possui dois acessos: quem vem do sul chega por

Garopaba, e quem vem do norte entra pela Gamboa. Este segundo

acesso ainda não está 100% pavimentado, porém já com aprovação e

licenciamento para o restante do trabalho. A pavimentação completa irá

facilitar o acesso e melhorar as chegadas e partidas dos turistas no

sentido norte, além de já poder desfrutar das belezas e atrações da

Praia do Siriú.

Diante de todas essas vantagens, surgiu a ideia de projetar

uma pousada para observação da baleia franca com um conceito

sustentável em termos econômicos e ecológicos. Assim, será possível

valorizar a história da região e da comunidade local, o que possibilitará

uma maior integração entre elas e uma conscientização relativa a

preservar o meio ambiente e as baleias.

A pousada busca mostrar que é possível uma ocupação de

forma a não agredir e deteriorar o ambiente natural visando o turista que

vem de diversos lugares do mundo para observar e ver as baleias por

terra (elas aparecem na região nos meses de julho a novembro). Além

disso, será possível promover cursos, encontros e convenções de

organizações não governamentais (ONGs) engajadas neste contexto,

ajudando assim a movimentar a atividade da região na baixa

temporada. Um detalhe importante é que a observação por

embarcações está proibida desde 2013 por questões judiciais e

ambientais.

Outro objetivo da proposta é explorar a observação pelo

ecoturismo. Será possível usufruir de uma caminhada para observação

em cima do morro que divide a Ferrugem da Praia da Barra, com uma

vista privilegiada do alto, para melhor visualização do entorno e

contemplação ao entardecer de um lindo pôr do sol, que reflete na lagoa

que se liga ao mar. Além disso, oficinas líticas são visíveis no costão,

constituídas principalmente por rocha basáltica ou diabásio e granito, e

Page 11: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

10

utilizadas geralmente para afiar instrumentos de pesca e caça como

anzóis, flechas, facas, entre outros. No local, ainda há formação de

piscinas naturais que possibilitam um bom banho relaxante.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Desenvolver uma pousada no sul da Praia da Ferrugem,

enfatizando a sustentabilidade econômica e ecológica, com

infraestrutura capaz de atrair hóspedes o ano inteiro.

1.3.2 Objetivos Específicos

Explorar a história da hotelaria e hospedagem no Brasil e

no mundo;

Estudar a legislação pelo zoneamento da implantação;

Conhecer as classificações na hotelaria;

Analisar a área e o seu entorno, salientando os pontos

positivos e negativos;

Conciliar atividades realizadas no empreendimento com a

comunidade local, a fim de haver uma integração entre elas;

Identificar que medidas podem ser aplicadas para criação

de um empreendimento sustentável;

Pesquisar as hospedagens já existentes para buscar um

diferencial;

Pesquisar sobre o histórico e a cultura local;

Pesquisar sobre o monitoramento das baleias francas em

Área de Proteção Ambiental e Preservação da Baleia

(APAPB);

Buscar referenciais arquitetônicos com programa similar

para o embasamento na concepção do partido.

1.4 METODOLOGIAS

Foram realizadas pesquisas sobre hospedagens litorâneas e

sobre construção sustentável e suas classificações, meios de

hospedagens e como se desenvolveu no mundo, com consulta a livros,

Internet, trabalhos acadêmicos e referenciais teóricos e conceituais.

Além disso, foram feitas visitas a hospedagens na região e visitas com

levantamentos de dados e fotografias das instalações das hospedagens

e da área escolhida para o projeto.

Ao final, realizou-se a elaboração da proposta a partir dos

dados e informações levantadas durante o estudo para lançamento do

partido geral.

Page 12: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

11

2 REFERENCIAIS TEÓRICOS

2.1 BREVE HISTÓRICO DA OBSERVAÇÃO DA BALEIA FRANCA NA

REGIÃO

Segundo o Instituto Australis (2018), foi durante o ano de 1981

que o Vice-Almirante Ibsen de Gusmão Câmara, um dos líderes na luta

contra a caça à baleia no Brasil (praticada até 1985 por japoneses

instalados na Paraíba), por iniciativa própria, principiou a investigar

relatos de pescadores e frequentadores da costa catarinense atestando

que “baleias pretas” estavam aparecendo esporadicamente no litoral sul

do Brasil. Ele organizou então um grupo de voluntários para, com

pouquíssimos recursos obtidos no exterior, realizar uma busca no litoral

do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Conduziu não apenas

observações diretas da costa como entrevistas nas comunidades locais

que pudessem explicar melhor a identidade do animal em questão.

Já em 1981, essas entrevistas indicavam a presença regular

recente de “baleias pretas” com filhotes. Com a continuidade das

buscas, em agosto de 1982, a avistagem de uma fêmea adulta e seu

filhote na praia de Ubatuba, Ilha de São Francisco do Sul, SC, e de

várias outras observações posteriores de pares de mãe e filhote no

mesmo ano vieram a confirmar o status do litoral catarinense como área

ativa de reprodução das baleias francas no Brasil (INSTITUTO

AUSTRALIS, 2018).

Conforme o Instituto Australis (2018), uma análise das

avistagens registradas por mais de 20 anos de atividades contínuas

demonstra a existência de uma área de concentração nitidamente

marcada, situada entre a Ilha de Santa Catarina e o Cabo de Santa

Marta, na costa catarinense.

Os censos aéreos realizados colaboraram com as avistagens

de terra para determinar tal faixa de maior concentração sazonal dos

animais. A partir de 1982, continuaram as atividades do já então

denominado Projeto Baleia Franca, cujo objetivo fundamental, até hoje

inalterado, é garantir a sobrevivência e a recuperação populacional da

baleia franca em águas brasileiras (Figura 1).

Figura 1 – Relatos da Baleia Franca

Fonte: Instituto Australis, 2018.

Page 13: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

12

2.2 ARMAÇÕES

Costa (2004) destaca que os veranistas que passeiam pelo

litoral catarinense encontram algumas praias com nomes que trazem

uma palavra em comum, “armação”, mas nem todos pensam no que ela

significa. Essas praias e outras que não carregam mais a palavra foram

sedes de antigas armações de baleias, estabelecimentos

manufatureiros dedicados à caça e ao processamento desses animais.

Foram construídas ainda no período colonial, entre meados do século

XVIII e início do XIX, e constituíram uma das primeiras atividades

industriais na região.

O autor ainda enfatiza que, inicialmente, o objetivo era extrair

o óleo produzido com a gordura das baleias e exportá-lo para a Europa

para uso em iluminação pública. Esse óleo também foi usado para

compor a argamassa de construções mais sólidas, como fortalezas e

igrejas. Mais tarde, outros subprodutos, como a carne, as barbatanas e

os ossos, também foram aproveitados comercialmente. Algumas

armações operaram até meados do século XX e, em um caso, o de

Imbituba, funcionou até 1973.

A Armação de Nossa Senhora da Piedade (1746), atual praia

da Armação da Piedade, em Governador Celso Ramos, foi a primeira e

maior armação baleeira do litoral catarinense. Ainda há vestígios das

instalações coloniais. Já a Armação de Sant'Ana da Lagoinha (1772),

em Florianópolis, corresponde à praia hoje conhecida como Armação

do Pântano do Sul (COSTA, 2004). A Armação de São João Batista de

Itapocoróia (1778) fica na enseada de Itapocoróia, atualmente

município de Penha, no litoral norte, e a Armação de São Joaquim de

Garopaba (1795) corresponde ao atual município de Garopaba, na

praia de mesmo nome (COSTA, 2004).

Segundo Costa (2004), a Armação de Imbituba (1796), a mais

meridional da costa brasileira, era uma fábrica que funcionava como

prolongamento da Armação de Garopaba. Foi instalada na atual praia

do Porto, atualmente pertencente ao município de Imbituba. Foi

também a última a encerrar suas atividades, em 1973. Hoje, Imbituba

abriga instituições de proteção a esses animais, com uma ONG voltada

para pesquisas, a sede da área de proteção ambiental (APA) da Baleia

Franca e o Museu da Baleia. Já a Armação da Ilha da Graça (1807) foi

uma sucursal da armação de Itapocoróia, instalada mais ao norte, na

ilha localizada junto à entrada do canal de São Francisco, no atual

município de São Francisco do Sul (Figura 2).

Figura 2 – Armação

Fonte: Blogger, 2018.

Page 14: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

13

2.3 APA DA BALEIA FRANCA

Criada pelo Decreto de 14 de setembro de 2000, a APA da

Baleia Franca visa a proteção da região costeira do estado de Santa

Catarina. Tem como premissa proteger a baleia franca austral

(Eubalaena australis) ordenando e garantindo o uso dos recursos

naturais nas áreas costeiras, assim como controlando a ocupação e a

utilização do solo e das águas e, principalmente, ordenando a

exploração de potencial turístico e recreativo e as pesquisas de áreas

que estão nessa zona delimitada (Figura 3) (ICMBio, 2018).

Figura 3 – APA da Baleia Franca

Fonte: Ambiente do Meio, 2018.

Segundo Ambiente do Meio (2018), a costa centro-sul de Santa

Catarina abrange uma área total de 156.100 hectares. Além de proteger

as enseadas de maior concentração de baleias francas com filhotes, a

APA protege importantes áreas terrestres com costões rochosos,

dunas, banhados e lagoas. Sob a responsabilidade federal do Instituto

Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio, 2018), esse

novo santuário natural deve ainda servir como polo de educação e

interpretação ambiental.

Proteger a baleia franca austral e sua área reprodutiva,

conservar importantes ambientes costeiros e lagunares por meio do

ordenamento e controle de atividades impactantes ao meio ambiente, e

valorizar a participação social e as populações tradicionais são,

resumidamente, os objetivos da criação da APA da Baleia Franca. Essa

unidade de conservação federal de uso sustentável abrange partes de

nove municípios do litoral sul catarinense, sendo que o processo

participativo é essencial para que haja controle social sobre os rumos

da gestão do território das unidades de conservação (UCs) (ICMBio,

2018).

2.4 INSTITUIÇÕES E ONGS LIGADAS AO TEMA NA REGIÃO

2.4.1 O Museu da Baleia

O Museu da Baleia de Imbituba situa-se na Praia do Porto e

suas instalações estão na construção histórica Barracão Manoel Rosa.

Ferrugem

Page 15: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

14

O nome do barracão foi criado pela Lei 2.15/2003, de 17 de setembro

de 2003, em homenagem a Manoel Pereira da Rosa, um dos últimos

baleeiros da região.

Em setembro de 1998, pelo Decreto Municipal 039/1998, a

Prefeitura Municipal de Imbituba realizou o tombamento da Estação

Baleeira de Imbituba, onde estava instalado o Barracão da Baleia. A

pesca da baleia foi um dos importantes ciclos econômicos de Imbituba,

iniciado em 1796, proporcionando grande desenvolvimento econômico

à cidade. Com a descoberta do carvão e a instalação do Porto de

Imbituba. Segundo Ambiente do Meio (2018) a pesca deixou de ser uma

atividade lucrativa e encerrou-se em 1973.

Com o tempo, a construção foi sendo degradada, sobretudo

pela chuva de granizo de 1987, que provocou o destelhamento do local.

Do barracão original restaram apenas equipamentos como os tanques

de autoclaves, motores, o guincho e a chaminé que são originais do

período da pesca.

Como proposta de valorização histórica e cultural, foi realizado

pelo Engenheiro Moacir Freitas o projeto de reconstrução da estação

baleeira com base em fotos da época. Em 21 de setembro de 2001, foi

lançada a pedra fundamental do museu e, em setembro de 2003,

ocorreu sua inauguração. A construção do museu foi uma iniciativa do

Projeto Baleia Franca em parceria com a Prefeitura Municipal de

Imbituba e empresários locais.

A reconstrução dessa edificação buscou promover a cultura e

história do município. No local estão equipamentos, artefatos da pesca

baleeira e painéis e ilustrações obtidas em arquivos (Figura 4).

Figura 4 – Museu da Baleia Franca

Fonte: UNISUL, 2016.

Page 16: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

15

2.4.2 PBF: Projeto Baleia Franca

O Centro Nacional de Conservação da Baleia Franca foi

inaugurado em setembro de 2003. Localizado na Praia de Itapirubá

Norte, em Imbituba, SC, em frente a uma das enseadas com maior

frequência de avistagens de baleias franca no Brasil, o Centro conta

com um centro de visitantes, deque de observação de baleias, loja com

produtos exclusivos, uma réplica de um filhote de baleia em tamanho

real, laboratório de pesquisa, escritórios administrativos e o Espaço

Australis, um novo espaço de educação ambiental.

2.4.3 Instituto Australis

O Instituto Australis de Pesquisa e Monitoramento Ambiental é

uma entidade civil sem fins lucrativos criada em 2015 para auxiliar na

manutenção das atividades do Programa de Pesquisa e Conservação

da Baleia Franca – Projeto Baleia Franca.

Segundo o site da baleia franca (2018), há retorno econômico

direto às comunidades que apoiam a preservação da Baleia Franca,

uma atividade que gera cerca de dois bilhões de dólares/ano em nível

mundial, o turismo de observação de baleias (ou whale watching) pode

ser praticado na região com grande facilidade.

2.4.4 Base Cangu Ligada ao Turismo de Observação

A Base Cangu fica localizada em Garopaba, na praia do centro,

e oferece a opção de observação de baleias francas por terra para

visitantes. Os avistamentos ocorrem a partir de trilhas costeiras,

mirantes naturais, observatórios, promontórios de dunas ou até mesmo

da faixa de praia.

2.4.5 O IBF Ligado ao Turismo de Observação

O Instituto Baleia Franca (IBF) é uma entidade não

governamental, sem fins lucrativos, sediada na Praia do Rosa, no

município de Imbituba, Santa Catarina. Desenvolve e promove ações e

projetos de proteção ambiental, desenvolvimento sustentável e

inserção social das comunidades regionais. O IBF também promove

intercâmbios e atividades com a comunidade científica internacional,

participando dos principais fóruns de proteção a estes cetáceos. Além

disso, trabalha em atividade de turismo por terra e ainda desenvolve

oficinas ecopedagógicas em conjunto com as escolas de Imbituba e

Garopaba, onde também possui uma sede, localizada na Praia do

Centro.

Page 17: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

16

2.5 MEIOS DE HOSPEDAGEM

2.5.1 A Hotelaria no Mundo e no Brasil

A necessidade do homem por hospedagem existe desde a

antiguidade e surgiu pelos mais diversos motivos, impulsionada

principalmente pelos deslocamentos e viagens ao longo da história.

Com a Revolução Industrial iniciada no século XVIII, aumentou a

necessidade por hospedagem e, com isso, foram inaugurados os

primeiros hotéis.

O comércio é um dos grandes responsáveis pelo surgimento

dos primeiros espaços hoteleiros, mas foi a partir da Revolução

Industrial que a atividade passou a ser mais fortemente explorada. O

formato mais conhecido atualmente, com recepcionistas e gerentes,

surgiu no início do século XIX (BADARÒ, 2015).

Com a grande expansão da economia mundial a partir da

Segunda Guerra Mundial, houve a melhoria dos sistemas de transporte

e comunicação, além do aumento da renda de uma grande faixa da

população. Principalmente nos países desenvolvidos, o turismo sofreu

uma grande transformação e passou a ser o grande impulsionador do

crescimento do setor hoteleiro. O conceito do que hoje chamamos de

apartamento, concebido por quarto mais banheiro (Figura 5), surgiu em

1870, criado pelo suíço César Ritz, no primeiro estabelecimento

hoteleiro planejado em Paris. Esse conceito chegou aos Estados

Unidos através da Statler Hotel Company.

Figura 5 – Planta da Unidade Habitacional do Sonesta Bayfront (PI) em

Miami (EUA)

Fonte: Sonesta, 2011.

No Brasil, no período colonial, além das casas grandes de

engenhos e fazendas, surgiram ranchos e pousadas à beira das

estradas, locais onde acabavam se formando povoados e,

posteriormente, cidades (PAIXÃO, 2003). No século XVIII, foram

abertas estalagens inicialmente no Rio de Janeiro e, com a chegada da

corte portuguesa em 1808, cresceu o número de estrangeiros e a

demanda por alojamentos. Em 1907, o governo criou um decreto que

isentou de impostos municipais os cinco primeiros grandes hotéis que

se instalassem no Rio de Janeiro. O Hotel Avenida foi um deles (Figura

6).

Page 18: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

17

Figura 6 – Hotel Avenida no Rio de Janeiro

Fonte: Paixão, 2003.

Em 1966, foi criada a Empresa Brasileira de Turismo

(EMBRATUR), que tinha como uma de suas funções organizar e

classificar a hotelaria no Brasil. Nas décadas de 1960 e 70,

desembarcaram redes hoteleiras internacionais trazendo outros

padrões de qualidade e preço (EMBRATUR, 2009).

Para Badaró (2015), houve um grande investimento em hotéis

de padrão cinco estreIas, mas nas últimas décadas, com a estabilização

da economia, a classe média passou a viajar mais e a demanda por

empreendimentos mais econômicos, como pequenos hotéis e

pousadas, cresceu.

2.6 CLASSIFICAÇÃO DE POUSADA

Pousada é um meio de hospedagem com muitas

características de um hotel, mas em escala menor, tanto no número de

apartamentos como na diversidade de serviços. As instalações para

prática de esportes são resumidas a poucos itens, normalmente

relacionadas à localização. As áreas de reuniões, quando existentes,

são de pequeno porte. A administração, na maioria das vezes, é familiar

e o tratamento é mais pessoal.

O Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de

Hospedagem do Ministério do Turismo (SBClass, 2012) foi criado em

busca de padronizar e organizar os meios de hospedagens por: hotel,

resort, hotel fazenda, cama e café, hotel histórico, pousada e flat/apart-

hotel. Para ser considerado pousada, o empreendimento deve

apresentar característica horizontal, composto de no máximo 30

unidades habitacionais e 90 leitos, com serviços de recepção,

alimentação e alojamento temporário, podendo ser em um prédio único

com até três pavimentos ou contar com chalés ou bangalôs. As

pousadas são classificadas de uma a cinco estrelas, de acordo com as

instalações e os serviços oferecidos. Na portaria ministerial MTur nº

100/2011, encontramos as “Matrizes de Classificação de Meios de

Hospedagens”. Essas matrizes foram criadas para estabelecer alguns

critérios para classificação de empreendimentos de hospedagens,

sendo elas diferentes para hotéis, resorts e pousadas. A matriz que

classifica as pousadas está dividida em três itens: infraestrutura,

serviços e sustentabilidade (Tabela 1, no Anexo G).

Page 19: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

18

2.7. EMPRENDIMENTO SUSTENTÁVEL

2.7.1 O Que é e Por Que Ser Sustentável

Segundo Mikhailova (2004), o primeiro grande passo global no

âmbito do desenvolvimento sustentável foi a realização da Conferência

de Estocolmo em 1972 (Conference on the Human Environment), na

qual se percebeu uma necessidade de reaprender a conviver com o

planeta. Porém, o desenvolvimento sustentável passou a ser a questão

principal de política ambiental somente a partir da Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO, 1992).

A Organização das Nações Unidas, por meio do relatório

Nosso Futuro Comum, publicado pela Comissão Mundial para o Meio

Ambiente e o Desenvolvimento em 1987, elaborou o seguinte conceito:

“Desenvolvimento sustentável é aquele que busca as necessidades

presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de

atender suas próprias necessidades” (ONU, 2018).

Segundo Gonçalves (2013), o meio ambiente tornou-se um dos

agentes de interesse dos consumidores. Além de qualidade total, seria

necessário e fundamental desenvolver produtos corretos. Gonçalves

diz que desde as décadas de 1980 e 90, a preocupação ambiental vem

afetando uma grande variedade de segmentos. Se no início as

preocupações estavam focadas nos seguimentos que causavam danos

diretos ao meio ambiente por meio das diversas formas de poluição,

hoje o problema é mais abrangente, e não está somente ligado à

poluição gerada na saída do processo, mas na operação por completo.

Atualmente, o Brasil (2015) conta com diversos tipos de

classificações e certificações para os meios de hospedagem que

ajudam na diferenciação entre eles. O Sistema Brasileiro de

Classificação de Meios de Hospedagens, ao classificar os meios de

hospedagens, também estipula uma série de medidas de

sustentabilidade para que um empreendimento possa receber o selo de

classificação. Ações como o gerenciamento de resíduos sólidos, com

redução, reuso e reciclagem, e a sensibilização dos hóspedes com

relação à sustentabilidade são algumas das medidas exigidas (Tabela

2 no Anexo H). Como visto no item 2, o regulamento do SBCLass

relaciona três itens a serem observados para a classificação das

pousadas: infraestrutura, serviços e sustentabilidade. Na Tabela 2, no

Anexo H, são descritos os requisitos de sustentabilidade. Buscando

contemplar esses princípios e os requisitos contidos no Regulamento

SBCLass, tanto no que diz respeito a arquitetura como aos itens de

gestão, a presente pousada foi planejada para incluir os principais

benefícios da arquitetura sustentável para o meio ambiente e a

comunidade local. Seus objetivos são preservação do meio ambiente,

economia financeira, qualidade de vida, diferencial no negócio,

valorização imobiliária, maior satisfação dos usuários e produtividade

dos funcionários, desenvolvimento da consciência ambiental e

preservação da baleia franca. No Anexo A, estão apresentados os

pareceres da Portaria 317 do INMETRO.

Page 20: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

19

No Anexo B, constam os Critérios de Avaliação do Guia Quatro

Rodas utilizados para auxiliar em como tornar o empreendimento mais

sustentável.

2.8 COMO TORNAR UMA POUSADA MAIS SUSTENTÁVEL

A arquitetura, desde sua origem, estuda como obter conforto

para os seres humanos, adaptando as construções às características

do ambiente onde são implantadas. Muito disso pode ser verificado na

arquitetura vernacular, que pode ser conceituada como uma arquitetura

que é passada de geração para geração, feita com materiais regionais

e soluções arquitetônicas que buscam proporcionar conforto térmico e

acústico condizentes com as condições climáticas de determinada

região. Algumas dessas arquiteturas são milenares e estudadas por

muitos arquitetos contemporâneos, pois possibilitam economia no uso

de energia, por exemplo.

Como a população no planeta cresce de maneira exponencial

e os recursos naturais são finitos, a preservação desses recursos vem

se tornando cada vez mais necessária. Com essa necessidade, surge

a busca por novas tecnologias e o resgate de algumas já antigas, mas

esquecidas por uma sociedade que acreditava poder explorar a Terra

infinitamente sem ter que se preocupar em preservar para as gerações

futuras.

Entre as diversas possibilidades de reduzir o impacto da

pousada, e com a intenção de ajudar a preservar o ambiente e os

recursos naturais, algumas alternativas foram estudadas para aplicação

na proposta.

2.8.1 Dispositivos para Economizar Água

A água potável é um bem fundamental para a vida humana.

Apesar de a superfície da terra ser composta de 70% de água, menos

de 1% é água doce disponível e, com a poluição dos rios e o

desperdício, a água potável está ficando cada vez mais rara. Por isso,

tudo o que puder ser feito para economizar é cada vez mais necessário.

Dispositivos como arejadores, redutores de pressão para

torneiras, torneiras de fechamento automático para uso em locais com

maior concentração de público e vasos sanitários com dois volumes de

vazão são exemplos que podem ser utilizados para reduzir o consumo

de água. No Anexo C, são apresentados alguns desses dispositivos

pesquisados e suas características.

2.8.2 Aproveitamento da Água da Chuva e Reuso

Como visto anteriormente, a água é um recurso precioso e que

deve ser preservado. Aproveitar a água da chuva e reaproveitar a água

que já teve algum uso dentro do empreendimento são alternativas

viáveis e recomendadas para diminuir o consumo de água potável,

como o uso de cisterna (Figura 66 no Anexo I) e de jardim filtrante

(Anexo D).

Page 21: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

20

No Código de Águas, o artigo 103 do Decreto nº 24.643/1934

diz que as águas pluviais pertencem ao dono do prédio onde caírem

diretamente, e ele pode dispor delas à vontade, salvo exista direito em

contrário. As águas da chuva provenientes de superfícies impermeáveis

podem ser coletadas e utilizadas para fins não potáveis, como uso em

descargas sanitárias, limpeza de pisos e regas de jardins (BRASIL,

1934).

2.8.3 Energia Solar Fotovoltaica

Um dos grandes desafios da sociedade contemporânea é

como produzir energia sem causar danos ao meio ambiente e sem

consumir combustíveis não renováveis. A produção de energia elétrica

através de células fotovoltaicas a partir da radiação do sol é uma

alternativa que está cada vez mais viável. Com o aumento da demanda

e, consequentemente, da escala de produção dos equipamentos, os

preços estão reduzindo ano após ano e hoje já são parte importante da

matriz energética de muitos países.

Com as medidas adotadas pela Agência Nacional de Energia

Elétrica (ANEEL) na resolução 482/2012, ficou mais interessante o uso

desse sistema de geração de energia, pois agora é possível produzir

energia solar durante o dia, lançar na rede o que não for consumido e

ficar com créditos para consumir à noite ou em outro momento. No

Anexo E, é possível verificar o funcionamento de um sistema de energia

fotovoltaica (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017).

2.8.4 Iluminação e Ventilação Natural

Uma boa arquitetura sempre busca oferecer uma boa

iluminação e ventilação natural, pois são pilares básicos tanto para o

conforto como para a saúde dos usuários da edificação. Atualmente,

existem muitos equipamentos capazes de artificialmente corrigir

problemas de ventilação e iluminação, ou mesmo possibilitar formas

que não priorizem essas funcionalidades de maneira natural. Como a

presente proposta busca a sustentabilidade, nada mais coerente do que

utilizar ao máximo a iluminação e ventilação natural, reduzindo assim o

uso de equipamentos que, além de consumirem energia, muitas vezes

podem criar um ambiente não tão saudável (COSTA, 2002).

Jourda (2009, p.21) diz que “ambientes ensolarados são

reconhecidamente antidepressivos”. De fato, é necessário possibilitar o

contato com o sol, mas também é preciso proporcionar uma habitação

que forneça sol quando desejado e sombra e conforto quando

necessário. Ao fazer o planejamento das áreas de iluminação natural e

de sombreamento, deve-se levar em consideração a orientação solar.

A carta solar da região (Figura 68 no Anexo J) permite saber o

comportamento do sol no local de implantação da proposta e assim

projetar corretamente essas áreas. Há muitas maneiras de obter uma

boa iluminação natural; como a pousada proposta é constituída por

diversos bangalós separados uns dos outros, há mais liberdade na

busca de soluções (Figura 69 no Anexo J). O importante é captar uma

luz confortável e em quantidade suficiente, ao mesmo tempo em que se

Page 22: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

21

protege determinadas áreas dos raios solares diretos e de

ofuscamentos indesejáveis. As aberturas também devem ser pensadas

segundo aspectos térmicos e visuais. O aspecto visual é muito

importante em um empreendimento desse tipo e é um dos grandes

atrativos da área de implantação da proposta de observação da baleia.

Em conjunto com a iluminação natural, deve-se pensar

também na ventilação natural, já que ambas são estudadas para a

definição de onde e como serão as aberturas e quais suas dimensões.

É importante que o projeto contemple bem a ventilação natural, pois o

vento é um recurso sem custo e renovável, ou seja, exatamente o que

se busca para a proposta.

No verão principalmente, uma boa ventilação natural é muito

importante, pois ajuda a diminuir em muito o uso do aparelho de ar

condicionado. Segundo Montenegro (1984), em temperaturas elevadas,

a sensação de conforto é bem maior em local ventilado do que em local

confinado, pois a temperatura alta provoca a transpiração e o

movimento do ar facilita a evaporação.

Além de economizar energia, uma boa circulação de ar

proporciona renovação do ar de forma constante nos ambientes, o que

os torna mais saudáveis.

Existem algumas maneiras de tornar a ventilação natural mais

eficiente. Como o ar mais quente tende a subir e o ar mais frio a descer,

o interessante é que as saídas de ar estejam mais próximas do teto,

levando para fora o ar mais quente. A ventilação cruzada e a torre de

vento são os exemplos mais comuns de ventilação natural (Figura 67

no Anexo I).

3 REFERENCIAL PROJETUAL

3.1 POUSADA QUINTA DO BUCANERO (ESTUDO DE CASO)

3.1.1 O Projeto

A Praia do Rosa, localizada no município de Imbituba, Santa

Catarina, foi eleita, segundo o jornal britânico The Guardian, uma das

10 praias “desconhecidas” mais belas do mundo (DESTINO

FLORIANÓPOLIS, 2018). O local recebe muitos turistas, em grande

parte na alta temporada de verão e feriados do ano. Inaugurada nessa

praia em 1995, a Pousada Quinta do Bucanero apresenta uma estrutura

que encanta com seu charme, romance, luxo e ênfase na

sustentabilidade. O projeto teve como principal objetivo adaptar a

construção ao terreno, por apresentar um grande desnível natural do

morro do Rosa. A pousada recebeu um prêmio em 2014/2015 como um

dos melhores hotéis para casais em todo o Brasil e o melhor da região,

além do Selo Sustentável por práticas ambientais e projetos sociais. A

pousada apresenta 17.000 m² de área verde no terreno, com uma

estrutura de 10 apartamentos com vista panorâmica para a praia, um

clube com diversas atividades de lazer, piscinas, restaurante, mirante,

estacionamento, entre outros. Sua proposta valoriza a exclusividade do

Page 23: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

22

que é artesanal, com peças utilizadas na decoração dos ambientes

criadas especialmente para a pousada, como almofadas, quadros,

abajures e sachês bordados à mão por moradores da região. Isso

valoriza seus trabalhos e gera um bom convívio entre todos.

A Pousada Quinta do Bucanero participa de diversas ações

sustentáveis, tais como: recolhimento de óleos utilizados na cozinha;

acomodações com duchas que injetam ar na água e reduzem o

consumo em até 40%; eletrodomésticos com selo Procel de economia

de energia; corte de energia nos apartamentos através do sistema de

cartão magnético nas portas; todos os ambientes equipados com

lâmpadas frias; e separação integral do lixo produzido no local, além de

participação voluntária em mutirões de recolhimento do microlixo na

praia.

3.1.2 Relação com a Proposta

A pousada foi escolhida como referencial com o intuito de

seguir seus diversos tipos de ações sustentáveis. Além disso, tem como

atividade de recreação o whale watching, o turismo de observação das

baleias francas de julho a novembro.

O estilo rústico da pousada se camufla em meio à natureza ao

redor. A construção utiliza como principais materiais a estrutura de

madeira, com grandes aberturas de vidros que integram o interior com

o exterior, obtendo um visual panorâmico da praia e da natureza

particular do local.

3.1.3 Estrutura da Pousada

1. Dez apartamentos;

2. Restaurante bistrô na varanda;

3. Bar;

4. Sala de jogos e estar;

5. Mirante;

6. Piscina e jacuzzi de frente para o mar;

7. Clube Bucanero: fitness, sauna, massagem, bar e

jacuzzis;

8. Estacionamento.

Recreação:

• Whale watching: turismo de observação das baleias

francas de julho a novembro;

• Aulas de surfe;

• Aulas de kitesurf;

• Personal trainer;

• Cavalgadas com guias.

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3.1.4 Planta Baixa

O projeto procurou respeitar as características geográficas e físicas do terreno, que apresenta muitos desníveis sinuosos. Também se

aproveitou das vegetações e pedras existentes no terreno, tornando parte da estrutura com menos intervenção possível.

As plantas dos apartamentos apresentam um desenho retilíneo, e todos os cômodos estão localizados em um patamar diferente, divididos

em unidades interligadas pelo terreno por escadas. Os apartamentos na imagem abaixo foram construídos há poucos anos, possuindo o mesmo

desenho dos já existentes. Ao lado está a planta de uso comum (Figura 12).

Figura 7 – Planta baixa da Pousada

Fonte: o autor, 2018.

Page 25: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

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3.1.5 Pontos Positivos e Negativos

3.1.5.1 Pontos Positivos

- Pratica ações sustentáveis pensando no futuro da

humanidade e valorizam a história da região e da comunidade local;

- Aproveita as pedras do local como estrutura e decoração,

com menor intervenção possível;

- Utiliza transparência através de vidros que contribuem para

a entrada de luz natural.

3.1.5.2 Pontos Negativos

- Por possuir muitos desníveis com seus acessos apenas

por escadas, não fornece acessibilidade;

- Para chegar à beira da praia, o hóspede precisa descer

uma trilha que leva aproximadamente 10 minutos de caminhada.

3.1.6 Materiais Construtivos

Os materiais que mais se destacam na pousada são, sem

dúvida, a madeira e o vidro, que estão presentes na maior parte da

estrutura, principalmente na recepção, no restaurante e no clube. Já os

bangalôs foram construídos em alvenaria, com o uso de tijolo maciço

moldurado em madeira no piso. A pousada tem como estrutura de

sustentação as pedras naturais do terreno.

3.1.7 Destinação de Efluentes

O descarte de resíduos de esgoto é feito por meio de fossas

ecológicas, uma boa medida a ser tomada quando as construções são

próximas a córregos ou lagos, pois não utiliza produtos químicos e

potencializa a ação de bactérias (Figura 8).

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Figura 8 – Destinação de efluentes

1 = Válvula de retenção; 2 = Chaminé de alívio; 3 = Curva de 90º; 4 = “T” de inspeção; 5 = Caixas de 1.000 ml; 6 = Registro. Fonte: o autor, 2018.

3.1.8 Volumetria

A pousada possui uma volumetria simétrica, apesar de seus

diversos telhados darem movimento à construção. Cada ambiente foi

dividido por níveis, e escadas são necessários para transitar entre eles,

predominando a verticalidade da circulação (Figura 9).

Figura 9 – Volumetria

Fonte: o autor, 2018.

3.1.9 Apartamentos

São dez apartamentos divididos nas categorias Classe

Luxo, Classe Master, Classe Premium e Classe Casa Mar/Casa Terra.

Elas são melhor detalhadas no Anexo L.

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3.2 MAKENNA RESORT / DRUCKER ARQUITETURA

3.2.1 O Projeto

O empreendimento está localizado em uma área de Reserva

Ambiental de Mata Atlântica nativa protegida pela Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e

pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA). Esse foi um grande desafio para o escritório em

termos de como implantar um resort ecológico e sustentável em meio à

paisagem.

Ao visitarem o local e sentirem a força da natureza e o clima

quente, úmido e com muito vento, os arquitetos do escritório criaram o

conceito a partir da ideia de que o local pedia sombra. Segundo Drucker

Arquitetura (SAYEGH, 2010), “pedia um guarda-sol, e foi simplesmente

isso que fizeram. Todas as formas de vedação e fechamento são para

atender as condições necessárias para dormir, ter sombra e ter

escuridão”.

O partido buscou explorar ao máximo a horizontalidade,

abrindo o campo visual e interagindo com o entorno, e optou por elevar

a edificações do solo para preservar o meio ambiente. As construções

foram distribuídas ao invés de formarem um único bloco. O resultado

são edificações distintas: um clube com restaurante e salas de lazer,

um spa, 16 bangalôs e um setor de serviços. A área total construída é

de 6,7 mil m². Na Figura 14, temos a localização da Pousada.

Figura 14 – Localização da Pousada

Fonte: o autor, 2018.

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3.2.2 Relação com a Proposta

O Makenna Resort foi escolhido como referencial pelo local em

que está inserido, junto à beira-mar em uma área de preservação

ambiental (APA). Todas as edificações são elevadas para preservar o

solo e evitar a umidade. O clima e a orientação solar são os mesmos

do terreno escolhido para o partido. A distribuição dos usos no lugar de

um grande bloco também é importante. A horizontalidade integra o

interior com o exterior com muita transparência e bangalôs de diferentes

áreas, além do uso de estratégias sustentáveis condizente com o

partido.

3.2.3 Implantação

A seguir, serão apresentados os acessos no projeto da

implantação.

Figura 15 – Acessos demarcados no projeto da implantação

Fonte: Archdaily, 2018

A implantação buscou a horizontalidade, que contrasta com

a verticalidade das palmeiras. Setorizou o uso por: privativo, social e

serviço. O privativo e o social estão voltados de frente para o mar, em

busca de uma visão privilegiada da praia e com a preocupação de não

obstruir a visão de cada um. Com afastamentos entre eles e com o

aproveitamento dos desníveis do terreno, buscou-se também uma

Page 29: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

28

melhor ventilação e insolação, centralizando o clube como ponto de

contemplação e proteção solar, com uma grande amplitude visual do

entorno. A circulação até hoje não apresenta marcações, para interferir

o menos possível no solo natural e buscar a liberdade dos hóspedes de

seguir o seu caminho (Figura 16).

Figura 16 – Acessos atuais da implantação

Fonte: o autor, 2018.

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3.2.4. Materiais Construtivos

Foram utilizadas pedras para o revestimento em parte das paredes dos bangalôs. Trata-se do arenito do norte, pedra típica da região.

Madeira, concreto e fibras de carbono estruturam a construção. A madeira está presente nos caixilhos com venezianas reguláveis. Além do poliestireno

expandido (EPS), o concreto recebeu fibras de carbono na superfície, um material de última geração, resistente ao desgaste da maresia (Figuras 17

a 20).

3.2.5 Pontos Positivos e Negativos

3.2.5.1 Positivos

- Implanta as unidades elevadas do solo para evitar a umidade, esconder dutos e manter o solo impermeável, o que agregou a leveza

visual;

- Separa as unidades por setores e usos;

- Busca a horizontalidade e um melhor visual da paisagem;

- Valoriza a arte local expondo no hall de entrada do clube;

- Aplica a sustentabilidade com a arquitetura bioclimática.

Figura 17 – Bangalô

Fonte: Archdaily, 2018.

Figura 18 – Hall do Club barco

Fonte: Archdaily, 2018.

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Figura 19 – Entrada principal.

Fonte: Archdaily, 2018.

Figura 20 – Planta do Bangalô.

Fonte: Archdaily, 2018

3.2.5.2 Negativos

- Não há acessibilidade em todos os bangalôs, apenas no tipo 1, já

que estão elevados do solo conforme a imagem;

- Não possui traçado nem acesso definidos e não utiliza materiais

para melhor acessibilidade;

- Acesso principal sem pórtico, apenas com uma guarita simples,

pequena e com placa voltada apenas para um sentido da rodovia.

Page 32: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

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3.2.6. Planta Baixa dos Bangalôs

Todos os bangalôs têm diversas semelhanças nas suas tipologias, que seguem os princípios do modernismo, com lajes aparentes de

concreto e linhas bem marcadas retangulares e na mesma materialidade. Nos bangalôs duplos, a unidade da esquerda tem aberturas voltadas para

o sul; as demais são bem protegidas ao sul e com aberturas ao leste para vista do mar, oeste e norte, tendo uma melhor ventilação cruzada. O que

diferencia os bangalôs é a metragem, que varia de 80 m² a 150 m², e os banheiros, que podem ter banheira ou ofurô ou ter formato comum. Algumas

unidades são completamente abertas, com portas de correr que separam e integram a sala e o quarto (Figuras 21a e 21b).

Figura 21a – Planta dos bangalôs

Fonte: Archdaily, 2018.

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Figura 21b – Planta Club

Fonte: Archdaily, 2018.

Linhas de Eixos estrutural.

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3.3 CASA EFICIENTE

3.3.1 O Projeto

A Casa Eficiente foi construída no pátio da sede da

ELETROSUL, na cidade de Florianópolis, em SC (Figuras 22 e 23).

Figura 22 – Localização

Figura 23 – Mapa de localização da Casa Eficiente

em Florianópolis, SC

Fonte: o autor, 2018.

A casa eficiente foi construída com a ideia de mostrar às

pessoas que não conhecem esse tipo de construção e os mecanismos

ecologicamente corretos que há meios de minimizar os impactos

ambientais na construção civil e, consequentemente, diminuir os gastos

em relação à energia elétrica, além do consumo correto e reuso da água

(LAMBERTS, 2018). Os principais fundadores da casa, mais conhecida

e utilizada como centro de demonstrações, são a Universidade Federal

de Santa Catarina (UFSC), a Eletrosul e a Eletrobrás. Já foi utilizada

como local de pesquisas de doutorado e hoje está aberta ao público

para mostrar como funciona o uso eficiente da energia. Tem como

principal objetivo criar soluções inovadoras no mercado da construção

civil para o uso da energia a partir de recursos naturais, assim

diminuindo o impacto ambiental.

Com esses estudos, o projeto viabilizou as condições

necessárias para a obtenção de um bom desempenho ambiental e

energético que fosse confortável aos moradores, uso racional da água

e seu reaproveitamento, energia elétrica, conforto térmico, com a

utilização de materiais ecologicamente corretos, além do controle de

emissão de poluentes e do uso de novas tecnologias com fontes de

energia alternativas.

A Eletrobrás acredita que a energia eficiente usada

corretamente se torna mais em conta e que a sociedade deve adquirir

essa prática como um novo conceito, valorizando o uso correto da

energia limpa que traz a sustentabilidade para as vidas das pessoas.

EDIFÍCIO

SEDE.

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34

3.3.2 Relação com a Proposta

A Casa Eficiente foi escolhida como referencial pelo uso de

estratégias sustentáveis condizentes com o partido. O uso de matérias

e técnicas que visam à eficiência energética juntamente ao conforto

ambiental é um dos destaques, além do aproveitamento dos

condicionantes climáticos que estarão em evidência no projeto a ser

elaborado. Cabe ressaltar ainda o uso de matérias da região,

tratamento de esgoto com zona de raízes, aproveitamento das águas

pluviais, sistemas alternativos de aquecimento e resfriamento,

acessibilidade, entre outras soluções.

3.3.3 Planta Baixa

O projeto apresenta uma planta simples e bem resolvida,

com um eixo divisor de setores. O social está centralizado, com sala de

estar e jantar, com ventilação ao norte e ao sul, e o privativo conta com

dois dormitórios voltados ao leste e serviços com cozinha e banheiro ao

oeste, ambos ambientes com ventilação cruzada.

A circulação interna se dá pela horizontalidade e,

verticalmente, por uma escada interna em caracol, localizada na sala.

A escada leva ao mezanino, que dá acesso a um terraço jardim. Este

também pode ser acessado por uma rampa externa que segue a

ABNT 9050 de acessibilidade, distribuída em 230 m² e posicionada na

melhor orientação solar e de ventilação da região. Na figura 24, está a

planta baixa da Pousada.

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Figura 24 – Planta baixa

Fonte: o autor, 2018.

Planta Baixa Térrea. Planta Baixa Superior.

Área de serviço. Área de social. Área de intima.

Page 37: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

36

3.3.4 Estratégias Bioclimáticas Utilizadas

3.3.4.1 Ventilação Natural e Mecânica

Para maior eficiência na ventilação cruzada nos ambientes,

foram feitas aberturas em paredes opostas, ou no mínimo duas por

ambientes para que tenham aberturas em no mínimo duas de suas

faces, visando ao aproveitamento dos ventos e tornando o ambiente

mais agradável e arejado. Pode-se manipular de modo diferente

conforme a necessidade do ano.

Equipamentos como insufladores de ar no período noturno

foram instalados nos dormitórios para garantir o resfriamento interno no

verão. Já no inverno, dispositivos redutores de vento com elementos

vazados foram utilizados na fachada sul (Figuras 25 e 26).

Figura 25 – Ventilação natural

Fonte: Lamberts, 2010.

Page 38: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

37

Figura 26 – Insufladores

Fonte: Lamberts, 2010.

3.3.4.2 Inércia e Isolamento Térmico

O isolamento térmico e o uso de inércia térmica reduzem os

ganhos térmicos nos períodos de desconforto por calor e por frio. Todas

as paredes da casa são dupladas, com espessura de 25 cm, em tijolo

cerâmico maciço, com manta de lã de rocha para isolamento térmico.

Foram instaladas esquadrias de vidro duplo, isolamento térmico das

vedações e persianas externas de PVC, permitindo sombreamento e

ventilação.

As coberturas inclinadas possuem telhas cerâmicas com

manta de lã de rocha e camada de isolamento refletivo, garantindo a

redução dos ganhos térmicos diurnos e das perdas noturnas. Tetos-

jardim também são utilizados a fim de garantir temperaturas agradáveis

no interior da edificação (Figura 27).

Page 39: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

38

Figura 27 – Isolamento térmico

Fonte: Lamberts, 2010.

3.3.4.3 Tanque Zona de Raízes

O tanque zona de raízes é um sistema de tratamento de esgoto

que evita a poluição das águas, possibilitando o reuso. Trata-se de um

leito cultivado com raízes de plantas que reduzem a carga orgânica dos

efluentes. Foram construídos dois tanques independentes, um para os

efluentes de vaso sanitário e pia de cozinha, que após passarem polo

tanque são despejados na rede coletora, e outro para os efluentes dos

demais pontos de utilização, que servem para a irrigação do jardim

(Figura 28).

Page 40: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

39

Figura 28 – Tanque de raízes

Fonte: Lamberts, 2010.

3.3.4.4 Aproveitamentos Água Pluvial

O sistema se baseia na captação com calhas e coletores,

dispositivos de descarte de sólidos, dispositivos de desvio de água das

primeiras chuvas e reservatórios. A água coletada nos telhados é

armazenada em uma cisterna, sendo bombeada para um reservatório

superior, onde recebe uma dosagem de cloro. Essa água é destinada

ao abastecimento de descarga do vaso sanitário, tanque, máquina de

lavar roupa e torneira externa (Figura 29).

Figura 29 – Esquema de cisterna

Fonte: Lamberts, 2010.

3.3.5 Acessibilidade

Os ambientes foram projetados para permitir uma boa

acessibilidade a todos, incluindo pessoas com necessidades especiais,

como nos banheiros, além de rampas e alturas de bancadas e peitoris

de acordo com a norma de acessibilidade NBR 9050 (ABNT, 2015).

Page 41: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

40

3.3.6 Materiais Construtivos

Priorizou-se a escolha de materiais locais de menor impacto

ambiental para diminuir gastos energéticos com o transporte, como

madeira de reflorestamento de eucalipto tratado com autoclave, tijolos

e telhas cerâmicas de produção cerâmica local e peças de concreto de

reaproveitamento de entulho existente no local.

4 ANÁLISE DA ÁREA

4.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DA PROPOSTA E ACESSO

A seguir será apresentada a localização do Empreendimento,

com a foto do seu acesso, e também o zoneamento da área.

Figura 30 – Localização do Empreendimento e do zoneamento da

área

Fonte: Prefeitura de Garopaba, 2018.

Terreno

Page 42: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

41

Figura 31 – Acesso ao Empreendimento

1.1.1 Google Earth

Fonte: Google, 2018.

O terreno da proposta está localizado no município de

Garopaba, no sul da Praia da Ferrugem, às margens da Rodovia GRP-

030, com frente para o mar a oeste e a leste. Tem uma área total de

73.490 m², sendo que ZM2 = 52.470 m² e ZPA2 = 21.020 m², ou seja,

um tamanho consideravelmente grande e ideal para implantação do

projeto, segundo Prefeitura de Garopaba (2018).

O entorno é composto, em grande parte, por residencial

unifamiliar e alguns comércios, como pousadas, mercados,

restaurantes, lojas e bares com maior concentração ao norte. Fica

próximo ao morro que divide a Praia da Ferrugem da Praia da Barra,

servindo como um anfiteatro natural para observação das baleias,

contato com a natureza e contemplação. Também está perto da Lagoa

da Garopaba, que se liga ao rio e deságua no mar. A proposta busca

estimular o comércio local, valorizar a cultura e preservar o meio

ambiente, além de estimular o turismo na baixa temporada e gerar mais

renda ao local.

4.2. FATO HISTÓRICO QUE MARCOU O INÍCIO DO POVOAMENTO

E ORIGINOU O MUNICÍPIO DE GAROPABA RELACIONADO À

BALEIA FRANCA

Segundo Pacheco (2015), a Armação de São Joaquim de

Garopaba foi criada em 1793 e se tornou importante indústria de

processamento de derivados da baleia. A armação desempenhou

importantes funções na ocupação e no desenvolvimento

socioeconômico e originou o povoamento na região.

BR101. Acesso a Rod. SC 434 Rod. SC 434. Acesso a Rod. GRP 030 GRP. 030 Acesso a Praia da Ferrugem que leva ao TERRENO

Distâncias Florianópolis, SC - 91,2 km Aeroporto de Florianópolis, SC - 99 km Aeroporto de Navegantes, SC - 185 km Joinville, SC - 255 km Lages, SC - 277 km Porto Alegre, RS - 397 km Curitiba, PR - 380 km São Paulo, SP - 777 km Brasília, DF - 1 742 km Montevidéu, Ur - 1.195 km Buenos Aires, Arg - 1.432 km

Page 43: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

42

As Armações requeriam recursos de grande monta para a sua

instalação e funcionamento, além de elevado número de pessoas e

ocupações para tornar possíveis as atividades necessárias para caça,

desmanche, processamento do óleo e demais derivados, depósito,

transporte e comercialização em mar e em terra. Necessitavam ainda

de um lugar amplo que fornecesse madeira e condições para criação

de animais e plantio, atendendo assim as diversas necessidades da

população baleeira, para sobrevivência e manutenção das atividades

(Figura 32).

Figura 32 – Praia da Armação

Fonte: Pacheco, 2015.

Os inúmeros produtos derivados da baleia tinham uma variada

aplicação, entre os quais se destacam o óleo utilizado na iluminação de

forma geral, sabão, velas, curtume, borra, mobília, cosméticos usados

nas construções em geral e na calafetagem das embarcações, além da

carne utilizada na alimentação dos segmentos mais carentes da

população, entre outros. Portanto, a indústria baleeira proporcionava

uma ampla rede de relações sociais, econômicas e políticas que se

entrelaçavam na vida das cidades e vilas, promovendo uma significativa

movimentação de recursos e ocupações e, assim, ocupando lugar de

destaque.

As armações constituíam ainda um espaço de convívio social,

de práticas religiosas, de produção e comercialização, algo avançado

para a época. Também cumpriam relevantes atribuições no Brasil

Colônia e em várias regiões do mundo. A armação baleeira de

Garopaba funcionou onde hoje é o centro histórico e fez parte de uma

rede muito particular de armações que existiram nos séculos XVI a XIX.

Garopaba ainda guarda a Igreja São Joaquim, que foi a capela

da armação e a casa do administrador da armação. Hoje, o casarão

ainda está em bom estado de conservação, com vários vestígios da

época antiga, representando aspectos de um passado que se faz

presente nos dias atuais e constituem símbolos importantes da história

de Garopaba (Figuras 33 e 34).

Page 44: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

43

Figura 33 – Município de Garopaba, em 19 de Dezembro de 1961

Fonte: Garopaba Mídia, 2018.

Figura 34 – Garopaba/SC

Fonte: Garopaba Mídia, 2018.

4.3 INFRAESTRUTURA

A distribuição de energia é responsabilidade da Celesc, tanto

para o município quanto para as regiões vizinhas, e o abastecimento de

água da região é feita e regulada pela Casan – Companhia de

Saneamento Básico do Estado de Santa Catarina. Já a coleta de lixo é

feita pela empresa Resamb – Reciclagem e Limpeza Ambiental Ltda.;

no bairro onde o terreno se insere, é realizada segundas, quartas e

sextas-feiras. A coleta seletiva é feita somente no centro da cidade.

A empresa de ônibus que atende os bairros da cidade é a

Expresso Garopaba. No bairro onde será instalado o projeto, não há

paradas de ônibus construídas nas proximidades. Todas as ruas dessa

área são iluminadas, porém nem todas as ruas são pavimentadas.

Recentemente foi feita a pavimentação para acesso à pousada no

trecho da Rodovia GRP-030 (Figura 35).

População estimada - 22.568

habitantes [2018]

Densidade populacional - 157,17

hab/km² [2010]

Área do município - 115,405 km²

[2017]

Renda per capita - R$ 20.627,72

[2015]

Page 45: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

44

Figura 35 – Rodovia GRP-030

Fonte: o autor, 2018.

4.4 ATIVIDADES ECONÔMICAS

As principais atividades econômicas do município estão

relacionadas ao turismo de temporada, à construção civil, à pesca

artesanal, aos serviços públicos e à agricultura de subsistência.

Evidenciam-se, também, a pecuária e o comércio, além de

indústrias de confecções (GAROPABA, 2018). De acordo com dados

do IBGE, o produto interno bruto (PIB) de Garopaba foi de R$

197.514.000,00 em 2009, com um PIB per capita de R$ 11.820,09.

Cerca de 65% desse montante representa o setor terciário, o que reflete

uma economia voltada aos serviços urbanos. A indústria contribuiu com

21%, a agropecuária com 6%, e os 8% restantes se referem a impostos.

O turismo sazonal é o grande propulsor da economia local, aquecendo

o comércio e a prestação de serviços de forma a gerar empregos, tanto

formais quanto informais. Entre os três setores da economia de

Garopaba, o terciário é o que mais se destaca, principalmente no que

se refere a hotéis, pousadas, bares, restaurantes, lojas,

supermercados, entre outros.

4.5 CARACTERÍSTICAS BIOCLIMÁTICAS

Garopaba apresenta uma quantidade de chuva considerável

em todos os meses do ano. Mesmo nos meses mais secos há uma

quantidade de chuva significativa, pois a região possui um clima quente

e temperado.

Segundo a classificação climática de Köeppen, Garopaba é

identificada como Cfa (clima subtropical mesotérmico úmido, com verão

quente). A temperatura média anual situa-se na faixa entre 19 e 20ºC,

sendo janeiro o mês mais quente, com uma média de 24,2°C, e julho o

mês mais frio, com uma média de 16ºC. As temperaturas médias,

durante o ano, variam 8,2°C (CLIMATE DATA, 2018).

Page 46: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

45

4.5.1 Orientação Solar no Terreno

Em Garopaba, o sol apresenta uma inclinação de 85º durante

o verão e de 35º no inverno. Devido à grande extensão do terreno, não

há problemas com insolação, pois há luz direta em toda a área. Outro

fator que ajuda na boa insolação é o baixo gabarito das edificações

vizinhas, que não criam grandes sombras sobre o terreno.

Os ventos predominantes na região são vindos dos quadrantes

nordeste e sul. O vento nordeste, representado pela seta vermelha, é o

vento que sopra na maior parte do ano. Já o vento sul, representado

pela seta azul, é o que traz as características de inverno (Figura 36).

Figura 36 – Inclinação do Sol

Fonte: Google, 2018.

4.6 RELEVO E VEGETAÇÃO

O relevo do município de Garopaba é constituído

preponderantemente de planícies. O ponto mais alto localiza-se no

morro do Siriú, com 400 m de altura. A vegetação é tropical atlântica e

litorânea.

Em estudo de reconhecimento do local, foi possível conferir

que o terreno é em grande parte plano, segundo a topografia. A

vegetação é principalmente rasteira, com uma área de vegetação

arbórea composta por bosques ao sul do terreno. Estes não serão

removidos, pois se enquadram na ZM2, na qual será implantada a

pousada, e na ZPA2, que se classifica em uma APP por se tratar de

restinga herbácea/subarbustiva em cima de dunas de areia elevada a

aproximadamente 3 metros de altura. Elas bloqueiam a visualização da

ZM2 da vista direta do mar, barreira que, por outro lado, acaba

protegendo do vento leste (Figuras 37 e 38).

Terreno

Page 47: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

46

Figura 37 – Relevo de Garopaba

Fonte: Topographic-Map, 2018.

Figura 38 – Relevo e vegetação do terreno

Fonte: o autor, 2018.

Ferrugem

Page 48: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

47

4.7 LEGISLAÇÃO DE ZONEAMENTO

Na Figura 39, é apresentado o zoneamento, uso do solo,

reuso do solo referente ao Plano Diretor Municipal.

Figura 39 – Zoneamento Municipal

Fonte: Prefeitura de Garopaba, 2018.

No Anexo F, é apresentada a Lei Complementar nº 1.465 da

Prefeitura Municipal de Garopaba para seguir e elaborar e estudo do

projeto dentro das normas vigentes apresentado pela Prefeitura do

Município.

4.8 SISTEMA VIÁRIO

Garopaba tem acesso via Rodovia SC-434, uma rodovia

estadual que corta o município e se liga à BR-101. A Rodovia SC-434,

que liga os bairros e acessos às praias, abriga, em suas margens,

grande parte do comércio do município. Ela se liga à Rodovia GRP-030,

que dá acesso à Praia da Ferrugem, onde também se concentra grande

parte do comércio. Trata-se do único acesso por veículo. No verão,

acaba havendo uma sobrecarga no sistema viário, que, por sua vez, se

adapta invertendo os sentidos das ruas, para melhorar o fluxo de

veículos (Figura 40).

Figura 40 – Fluxo de veículos no verão

Page 49: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

48

Figura 41 – Sistemas de Acesso Viário

As caixas de rua variam de 10, 8 e 6 metros, nem todas são

pavimentadas, ilustrado conforme a figura 42.

Figura 42 – Sistema viário do entorno

Fonte: o autor, 2018.

ROD. GRP030

Page 50: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

49

4.9 USO DO SOLO, CHEIOS E VAZIOS

Após uma breve análise de dados e levantamentos do bairro,

foi possível observar que há uma maior concentração de comércio e de

usos mistos ao longo da Rodovia GRP030, único acesso a Ferrugem

por veículo e ônibus. Há uma maior concentração de comércios e de

usos mistos do norte até o centro, que se tornam escassos ao sul da

praia.

Na ocupação de comércio e usos mistos, há bares,

restaurantes, pequenos mercados, farmácias, imobiliárias, lojas e

pousadas. O térreo costuma abrigar o comércio, e o andar superior

residencial costuma ser ocupado pelo próprio dono do estabelecimento.

No uso residencial unifamiliar, as edificações apresentam um gabarito

baixo, de um ou dois pavimentos, seguindo o Plano Diretor do

município, que determina a altura máxima de 8,5 m. Trata-se de uma

grande vantagem para a localização do terreno, por não interferir na

ventilação e iluminação natural (Figura 43).

Figura 43 – Uso do solo e cheios e vazios

Fonte: o autor, 2018. Preto com imóvel e Branco é o vazio.

Page 51: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

50

5 PARTIDO ARQUITETÔNICO

5.1 ZONEAMENTO

Devido a suas características naturais e zoneamentos

municipais, o terreno foi dividido em zonas distribuídas por níveis de

altura, o que contribui para a proposta de brincar com as sensações do

observador. Ele apresenta uma APP localizada ao leste das dunas que

fica 3 metros acima do nível zero do relevo, onde a pousada será

instalada.

Essa diferença de níveis, por um lado, é negativa, pois impede

a plena visualização. Por outro lado, é positiva, pois garante a proteção

contra o vento leste vindo do mar. Diante dessa situação, o terreno foi

zoneado por usos e níveis, e os bangalôs de uso privativo e o espaço

lounge de uso comum social foram elevados. Eles foram interligados

por uma passarela com uma curva na parte oeste posterior para

aumentar a privacidade e não prejudicar a vista do mar. Os acessos

foram distribuídos em oito torres verticais verdes ao longo da circulação

que ligam o térreo ao nível das dunas. Assim, são preservadas a

privacidade e a visualização do mar (e, consequentemente, das

baleias).

Além disso, obtêm-se melhor ventilação, mais iluminação,

isolamento reforçado de ruídos (carros, recreação e jardinagem) e

impermeabilização do solo natural. Isso garante a menor interferência

possível no ecossistema e proporciona um espaço amplo sombreado

no térreo. O jardim grande é usado como uma praça de contemplação

e área de integração e convívio para os usuários, onde podem ser

realizadas atividades de recreação e lazer.

Recreação: quadras poliesportivas, quadras de bocha,

equipamentos de ginástica para todas as idades e para PNE, percurso

de caminhadas, arvorismo no bosque natural do terreno e espaços de

aluguel de equipamentos relacionados a esportes aquáticos.

Área de lazer: sombras do andar superior, redário, bancos,

piquenique, quiosques para churrasco e lago artificial para ajudar na

drenagem do terreno, área de pomar, horta e um jardim sensorial

próximo ao centro de estudos, conforme a Figura 44 a seguir.

Page 52: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

51

Figura 44 – Zoneamento de implantação

Fonte: o autor, 2018.

Rodovia GRP030

Page 53: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

52

O térreo conta com três blocos distintos: a área administrativa e a recepção da pousada, a área de serviços e um centro de estudos. O

estacionamento é localizado paralelamente à rodovia GRP030, com acesso por uma portaria de controle pavimentada com paver impermeável e área

coberta com placas fotovoltaicas. Os usos são detalhados no organograma da figura 45.

5.1.1 Organograma e Fluxograma

Figura 45 – Organograma geral

Fonte: o autor, 2018.

Legenda:

Legenda de unidades:

Serviço da Cozinha

Administrativa

Serviço da Pousada

Lounge da Pousada

Centro de Estudos

Page 54: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

53

Figura 46a – Fluxograma do Restaurante

Fonte: o autor, 2018.

Restaurante: funcionalidade no térreo e no superior. Área = 100 m² Hall — conferente........................6,5 m² Administração..............................6,5 m² Copa de funcionários..................6,5 m² Vestiários masc. e fem...................6 m² Depósito de caixas....................1,40 m² Depósito de limpeza..................1,40 m² Depósito de bebidas..................2,90 m² Câmera fria................................2,90 m² Deposito seco............................2,90 m² Cozinha........................................28 m² Lava-pratos – saída do lixo.........6,5 m² Depósito de louças.....................6,5 m² No andar superior: Bar/balcão...................................10 m²

Serviço em atividade

Serviço aberto ao salão

Fluxo de material

Entrada e saída de equipamentos limpos. Entrada e saída de equipamentos sujos, já direcionado para o processo de reciclagem e compostagem para adubo a ser utilizado nos jardins.

Separação Circulação do alimento e retorno

Carga e descarga

Conferente

Hall

Adm.

Vestiários masc. e fem.

Dep. caixas

Dep. limpeza

Copa

Dep. bebidas

Dep. secos

Câmera fria

Cozinha

Dep. louças

Lava-pratos

Bar, balcão

Saída

lixo

.

Localizada no térreo, a parte funcional e operacional fica embaixo do espaço

lounge. Já o bar fica no andar superior para atender o salão.

O bar conta com uma circulação vertical de duas plataformas para entrada e

saída de alimentos e louças.

O objetivo foi não perder o espaço social destinado a lazer, contemplação e vista

para o mar. Também se buscou facilitar a carga e a descarga diretas na cozinha,

deixando somente o bar para servir as bebidas e os pratos nas mesas.

A cozinha busca utilizar alimentos orgânicos produzidos na própria pousada:

temperos, verduras, legumes, frutas, entre outros. Além disso, trabalha com

frutos do mar, valorizando os pescadores e produtores da região e oferecendo

um produto fresco e de ótima qualidade.

Page 55: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

54

A seguir, um breve estudo de zoneamento e fluxo da cozinha.

Figura 46b – Croqui de estudo da planta baixa da cozinha

Fonte: o autor, 2018.

5.1.2 Programa de Necessidade e Pré-dimensionamento.

Estão separados por usos, em três prédios distintos, mais 21 Bangalôs. Total: 2315m2. Esta divisão pode ser visualizada, de uma melhor

maneira, no Anexo M.

Page 56: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

55

5.1.3 Perspectivas de Implantações Na Figura 47, busca-se demostrar melhor, em escala adequada, os usos e funções da Pousada e centro de eventos com seu acessos e fluxograma. Figura 47 - Perspectivas de implantações

Fonte: o autor, 2018.

Page 57: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

56

5.2 PLANTAS, CORTES, USOS E ESTRATÉGIAS

5.2.1 Planta do Bloco Administrativo

O bloco administrativo da pousada é localizado em frente ao

eixo da entrada principal para pedestres e é dividido por duas vias

paralelas de acesso de veículos. Ao norte, fica o acesso que leva até o

bloco da recepção, com uma área coberta para facilitar o desembarque

de pessoas e bagagens em dias de chuva. Ao sul, fica o acesso de

serviço de cargas e descargas, próximo à administração, ao

almoxarifado e à cozinha do restaurante. Ambas as vias têm um retorno

no final com um raio de 7,5 metros e uma caixa de rua de 6 metros.

A recepção conta com um café, Wi-Fi e um espaço kids e fica

voltada para o norte, com uma boa orientação solar. Ela é protegida por

um pergolado e tem vista para a área de recreação.

Após a reserva, o hóspede segue até um átrio central, que

divide os dois serviços, acessa o lounge pela escada ou pelo elevador

e segue para o bangalô. Ele também pode acessá-lo diretamente pelas

oito torres distribuídas ao longo da circulação coberta (Figuras 48a, 48b

e 49).

Figura 48a – Planta do prédio 1 Administrativo e recepção

Legenda: 1 – Hall; 2 – Recepção; 3 – Café; 4 – Cozinha; 5 – Espaço Kids; 6 – Banheiro Masculino; 7 – Enfermaria; 8 – Administração; 9 – Copa; 10 – Almoxarifado; 11 – B.W.C. Funcional Masculino e Feminino P.N.E.; 12 – Circulação Serviço. Fonte: o autor, 2018.

Acessos setas: Serviço, Público

Page 58: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

57

Figura 48b – Planta do Bloco Administrativo

Fonte: o autor, 2018.

O bloco administrativo da pousada é localizado em frente ao

eixo da entrada principal para pedestres e é dividido por duas vias

paralelas de acesso de veículos. Ao norte, fica o acesso que leva até o

bloco da recepção, com uma área coberta para facilitar o desembarque

de pessoas e bagagens em dias de chuva. Ao sul, fica o acesso de

serviço de cargas e descargas, próximo à administração, ao

almoxarifado e à cozinha do restaurante. Ambas as vias têm um retorno

no final com um raio de 7,5 metros e uma caixa de rua de 6 metros.

A recepção conta com um café, Wi-Fi e um espaço kids e fica

voltada para o norte, com uma boa orientação solar. Ela é protegida por

um pergolado e tem vista para a área de recreação.

Após a reserva, o hóspede segue até um átrio central, que

divide os dois serviços, (serviço da cozinha e serviço da pousada)

acessa o lounge pela escada ou pelo elevador e segue para o bangalô.

Ele também pode acessá-lo diretamente pelas oito torres distribuídas

ao longo da circulação coberta.

Figura 49 –Perspectiva dos acessos do Bloco Administrativo

Fonte: o autor, 2018.

Page 59: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

58

5.2.2 Plantas dos Prédios de Serviços

Figura 50a – Planta do prédio 2 de Serviço da Cozinha

Legenda: 1 – Hall/Conference; 2 – Administração; 3 – Copa de funcionários; 4 – Vestiários Masculino e Feminino; 5 – Depósito de caixas; 6 – Depósito de limpeza; 7 – Depósito de bebidas; 8 - Câmera fria; 9 – Depósito seco; 10 – Cozinha; 11 – Lava pratos – saída do lixo; 12 – Depósito de louças; 13 – Circulação. Fonte: o autor, 2018.

Figura 50b – Planta do prédio 3 de Serviço

Legenda: 1 – Hall; 2 – Aluguel/Recreação; 3 – Rouparia; 4 – Lavanderia; 5 – Depósito; 6 – Sala de máquinas; 7 - Triagem do lixo; 8 – Copa; 9 - Vestiário Funcional Masculino e Feminino P.N.E.; 10 – Circulação Serviço. Fonte: o autor, 2018.

13

Acessos setas: Serviço

Acessos setas: Serviço, Público

Page 60: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

59

Na Figura 51, abaixo, são apresentados blocos independentes com usos diferentes de serviços. Os blocos ficam próximos à recepção e são

separados entre a circulação dos hóspedes, com entradas do lado oposto à circulação. Um dos blocos é destinado ao restaurante, e o outro serve

para os serviços da pousada, contando com um espaço de aluguel de recreação com caiaque, pranchas de surfe, equipamentos de pesca, boias para

crianças, roupas de borracha e bicicletas. Os blocos estão recuados 2,5 m das laterais do lounge para passarem despercebidos e 0,5 m a menos no

piso para melhor ventilação e sombreamento, além de utilizar o mesmo material de revestimento das paredes da recepção, de pedras da região (Figura

51).

Figura 51 – Corte longitudinal do prédio de Serviço, no térreo, e Social no superior

Fonte: o autor, 2018.

5

4 3 7 12

2

11

1

4

13

Page 61: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

60

5.2.3 Planta do Lounge: Bloco Social

O espaço lounge está localizado no andar superior, e o acesso a ele está centralizado no eixo do volume. Há uma escada em espiral e um

elevador no centro de um átrio, que contribuem para a entrada de luz natural e ventilação cruzada e forçada. Ele fica no nível das dunas, longitudinal

e paralelo à beira da praia, é centralizado entre a distribuição dos bangalôs e é destinado à área social de convívio, contemplação, descontração,

cuidados da saúde e observação das baleias.

No volume, foram buscados os níveis máximos de leveza e a transparência, ligando o interior com o exterior e a natureza. Ele conta com uma

ampla área externa interligada por uma passarela que chega a um deque com uma piscina com borda infinita, revestida de pedra e transparência de

vidro, e de água salinizada sem o uso de cloro (Figura 52).

Figura 52 – Planta do lounge: bloco social Todos os Vidros insulado (duplo termo - acústico) da linha Ekoglass

LOUNGE

1 — Hall

2 — Espaço de estar, lareira e TV

3 — Academia

4 — Sala de massagem

5 — Sauna seca

6 — Sala de hidromassagem

7 — Espaço kids e de jogos

8 — Área de mesas

9 — Banheiro masculino e

feminino para PNE

10 — Bar

2

1

5

8

9 3 7

4 10

Acessos setas: Serviço, Público

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61

Na próxima imagem, é possível verificar o desenho do corte transversal do Espaço lounge e Deck com piscina (Figura 53).

Figura 53 – Corte Transversal esquemático do Espaço lounge e Deck com piscina

Fonte: o autor, 2018.

Page 63: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

62

Na próxima imagem, é possível verificar o desenho do Espaço lounge e Deck com piscina (Figura 54).

Figura 54 – Espaço lounge e Deck com piscina

Fonte: o autor, 2018.

Page 64: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

63

5.2.4 Planta do Centro de Estudos de Observação das Baleias: Bloco Social

Na próxima imagem, é possível verificar a planta do Centro de Estudos de Observação das Baleiras: Bloco Social (Figura 55).

Figura 55 – Planta do Centro de Estudos de Observação das Baleias: Bloco Social

Fonte: o autor, 2018.

CENTRO DE ESTUDOS 1 — Hall 2 — Recepção 3 — Banheiro masculino e feminino p/ PNE 4 — Expedição temporária/expedição permanente 5 — Sala de estudos 6 — Biblioteca/arquivos 7 — Café 8 — Cozinha 9 — Auditório 10 — Palco 11 — Circulação de serviço 12 — Administração 13 — Copa 14 — Banheiro funcional masculino e feminino p/ PNE 15 — Átrio de circulação vertical

Acessos setas: Serviço, Público

Page 65: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

64

O bloco do centro de estudos e observação da baleia franca

está localizado ao norte da implantação da pousada, próximo ao mar.

O centro pode ser visitado pelo público externo, mas está vinculado à

pousada, tem sua própria administração e apresenta uma área de

circulação de veículos e pedestres independente da portaria da

pousada. O espaço destinado à cultura, à ciência e à história promove

e contribui para a sustentabilidade e estudos de pesquisa sobre a baleia

franca. Nele, são realizados cursos, palestras e convenções e há um

laboratório de estudos, um anfiteatro, uma biblioteca de arquivos e uma

área de exposições permanentes e temporárias. Além disso, ele conta

com uma cobertura que serve como uma grande arquibancada para a

visualização total do mar e que oferece todo o conforto de um ambiente

aberto e sombreado por uma pérgola. Há também uma parte plana sem

cobertura.

O espaço busca promover campanhas de voluntariado

dedicadas ao cuidado da natureza e da conscientização ambiental. Elas

focam a limpeza da praia e do entorno, o plantio em áreas degradadas,

os cuidados e a manutenção de passarelas de acesso à beira da praia

(que ajudam a preservar a restinga das dunas e estão ligadas à

pousada), os cuidados da compostagem e da reciclagem, a horta e o

jardim sensorial (Figura 56).

Figura 56 – Corte transversal do Centro de Estudos de Observação das

Baleias

Legenda: setas de representação de ventilação cruzada e ventilação superior para o ar quente sair. Fonte: o autor, 2018.

Page 66: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

65

Na próxima imagem, é possível verificar o desenho do corte transversal do Centro de Estudos de Observação das Baleias (Figura 57).

Figura 57 – Corte transversal esquemático do Centro de Estudos de Observação das Baleias

Fonte: o autor, 2018.

Page 67: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

66

5.2.5 Planta dos Bangalôs: Bloco Privativo

Bangalôs destinados a uso privativo comportam de duas a três

pessoas e estão localizados de frente para o mar (orientação solar

leste). No total, há 21 unidades, com uma distância de 6,5 m entre elas.

Elas ficam no nível das dunas, a 3 metros do solo, o que oferece melhor

visualização do mar e das baleias e mais privacidade. São ideais para

quem busca conforto junto à natureza. O acesso se dá por uma das oito

torres, que se ligam a uma passarela coberta, ou pelo espaço lounge,

que conta com uma circulação de elevador adequada para PNE (há

quatro unidades totalmente adaptadas para PNE) (Figuras 58 e 59).

Figura 58 – Planta dos Bangalôs: Bloco Privativo

Legenda: 1 – Hall; 2 – Banheiro; 3 – Copa; 4 – Estar; 5 – Deck.

Fonte: o autor, 2018.

Figura 59 – Perspectiva do conjunto dos Bangalôs

Fonte: o autor, 2018.

Acesso do hóspede

Page 68: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

67

Na próxima imagem, é possível verificar o desenho do corte longitudinal de uma unidade dos Bangalôs aplicando a Bio Arquitetura.

Figura 60 – Corte longitudinal de uma unidade dos Bangalôs

Fonte: o autor, 2018.

Page 69: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

68

Figura 61 – Volumetria do Bangalô e fachadas

Pré- reciclagem, do lixo.

Fonte: o autor, 2018.

Fachada: Oeste Fachada: Sul

Fachada: Leste

Fachada: Norte

Page 70: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

69

6 CONCLUSÃO

Ao término deste trabalho, foi possível constatar que a contribuição da arquitetura para o desenvolvimento sustentável é viável, podendo

minimizar os impactos gerados pela construção ao meio ambiente, de acordo com as decisões de projeto tomadas. As questões dos custos econômicos

não devem ser as únicas a serem consideradas, pois existem também custos sociais e ambientais, que têm consequências e precisam ser analisados.

Assim, é importante que os empreendimentos, não somente do setor hoteleiro, passem a adotar medidas de sustentabilidade para continuar

havendo geração de renda e empregos e inserção de mais pessoas na melhoria da qualidade de vida. Além disso, os recursos utilizados no ambiente

devem seguir sendo explorados de forma saudável e consciente para que não se esgotem, sem contar outros diversos benefícios que um

desenvolvimento sustentável pode trazer para as pessoas que estão envolvidas nas atividades comerciais.

Por essas razões, faz-se importante a conscientização, mesmo que lentamente, da ideia e dos benefícios dessa mudança, mantendo o debate

e o esforço em propagar as informações dentro da comunidade, passando pela iniciativa privada e pelo governo.

Page 71: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

70

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distribuida/656877?inheritRedirect=false>. Acesso em: 22 set. 2018.

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https://sustentarqui.com.br/importancia-da-ventilacao-natural-para-

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TECHFILTER. Economize com o Aproveitamento de Água da

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VIAGEM E TURISMO. Saiba como o Guia Quatro Rodas avalia as

hospedagens do Brasil. 2016. Disponível em:

<https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/saiba-como-o-guia-

quatro-rodas-avalia-as-hospedagens-do-brasil/>. Acesso em: 22 set.

2018.

Page 75: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

74

ANEXO A – PARECERES DA PORTARIA 317 DO INMETRO

Já na portaria n° 317, de 19 de junho de 2012 do INMETRO,

podemos ver que é de caráter orientai-vos e de adoção voluntária, tem

por objetivo oferecer uma plataforma contemplando princípios, critérios

e indicadores de sustentabilidade, visando estimular a melhoria do

desempenho de processos produtivos quanto aos aspectos ambientais,

sociais e econômicos.

Princípios

Princípio 1 – Cumprimento da legislação. A organização

deve, em suas decisões e atividades, atender à legislação federal,

estadual e municipal em vigor e aos acordos internacionais ratificados

pelo Brasil.

Critério 1.1 – A organização deve atender à legislação e outros

regulamentos ambientais, sanitários, trabalhistas, previdenciários,

tributários, fiscais e de defesa do consumidor aplicáveis. (Indicador

1.1.c) conformidade ambiental, de acordo com a legislação vigente.

Princípio 2 – Gestão sustentável dos recursos naturais. A

organização deve promover a gestão sustentável dos recursos naturais

renováveis e não renováveis, inclusive na cadeia de valor.

Critério 2.1 – A organização deve considerar a identificação

de aspectos e a avaliação dos impactos ambientais, sociais e

econômicos ao adotar estratégias relacionadas ao desenvolvimento de

produtos e à seleção e ao uso das matérias-primas e insumos, inclusive

na cadeia de valor. (Indicadores 2.1.f) minimização de desperdícios em

todas as atividades da organização.

Critério 2.2 – redução do consumo de energia pelos sistemas

de iluminação, ventilação, refrigeração e aquecimento, assegurando o

conforto ambiental.

Princípio 3 – Preservação, conservação e recuperação da

biodiversidade. A organização deve realizar suas atividades de modo

a minimizar os impactos negativos e potencializar os impactos positivos

sobre a flora e a fauna, preservando, conservando e recuperando

ecossistemas locais.

Critério 3.1 – As atividades do processo produtivo devem ser

conduzidas considerando a preservação, a conservação e a

recuperação dos ecossistemas.

Princípio 4 – Melhoria e Manutenção da Qualidade

Ambiental. As atividades da organização devem promover a

conservação dos recursos hídricos, edáficos e atmosféricos.

Critério 4.1 – A utilização da área pelas atividades da

organização deve ser precedida de planejamento ambiental.

Critério 4.3 – A organização deve adotar plano de gestão de

resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas.

Princípio 5 – Valorização e bem estar dos trabalhadores. A

organização deve desenvolver e estabelecer ações de forma a propiciar

a valorização e bem-estar dos trabalhadores, promovendo a integração

e a qualidade de vida.

Page 76: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

75

Princípio 6 – Desenvolvimento ambiental, econômico e

social das regiões em que se inserem as atividades da

organização.

Critério 6.1 – As organizações devem incentivar e

implementar programas para a melhoria das condições da

comunidade local.

Princípio 7 – Promoção da inovação tecnológica.

O atendimento a um princípio confirma-se quando os

respectivos critérios são cumpridos. O cumprimento de cada critério é

verificado mediante o atendimento dos respectivos indicadores

(INMETRO, 2012).

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ANEXO B – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO GUIA QUATRO RODAS

Critérios de Avaliação do Guia Quatro Rodas

Utiliza lâmpadas fluorescentes, em vez de incandescentes, para economizar energia.

Os chuveiros e vasos sanitários funcionam com baixo fluxo de água, para evitar o desperdício.

Em substituição a embalagens descartáveis, há recipientes fixos para xampu, condicionador e sabonete nos banheiros.

Usa equipamentos eletroeletrônicos com baixo consumo de energia.

Os objetos que decoram os ambientes, entre eles carpetes, cortinas e luminárias, são feitos com material reciclado.

A construção tem madeira de origem certificada (de reflorestamento), azulejos ou pisos reciclados.

Adota o sistema de energia solar ou eólica, mesmo que seja para alimentar apenas parte das tomadas.

Reaproveita o lixo orgânico como adubo – em alguns casos, há até uma estação de tratamento e compostagem no terreno.

Promove o tratamento de esgoto.

Reaproveita a água da chuva na lavanderia, na piscina e na irrigação dos jardins.

Tem sistema de reciclagem de lixo, mesmo que seja terceirizado.

O sistema para abertura das portas dos quartos funciona com um cartão-chave que ativa o controle de luz e regula a temperatura do

ambiente. Em alguns casos, há sensores liga-desliga.

O projeto arquitetônico aproveita a iluminação natural, com paredes envidraçadas e ambientes abertos e bem-ventilados, dispensando

(quando possível) a luz artificial e o ar-condicionado.

Os funcionários são treinados para praticar as medidas sustentáveis – desde o gerente até as camareiras. Eles também têm a função de

explicar ao hóspede por que o hotel adotou tais normas.

Investe na comunidade local: contrata e treina os moradores das redondezas, aplica parte do lucro na capacitação dos empregados,

patrocina projetos sociais do entorno e incentiva os hóspedes a colaborar com tais iniciativas.

O hóspede escolhe se prefere não ter as toalhas e os lençóis trocados diariamente – e, assim, ajudar na economia de água e também de

produtos químicos.

Utiliza alimentos produzidos na região – muitas vezes, orgânicos – para compor o cardápio de seu restaurante.

Fonte: Viagem e Turismo, 2016.

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ANEXO C – DISPOSITIVOS PESQUISADOS E SUAS CARACTERÍSTICAS

Arejadores

São componentes que são instalados na saída da

água na torneira, fazendo com que a água saia aerada

ou mesmo em forma de chuveirinho (spray) trazendo

uma grande economia sem a perca de conforto de

uso. Tendo em vários tamanhos e vazões para

diferentes tipos de torneiras e marcas.

Figura 62 – Modelos de arejadores

Fonte: Illuminus, 2015.

Descarga com duplo comando

Esses sistemas utilizam uma descarga de

acionamento duplo sendo possível economizar até 75% do

consumo de água. Vale salientar que antigamente os

vasos sanitários consumiam até 18 litros de água por

descarga sendo que com o passar do tempo foi diminuindo

para 14 litros e hoje em dia já encontramos as descargas

de acionamento duplo que uma grande economia sem a

perca de conforto de uso.

Torneira de fechamento automático

Em áreas de uso com público como, é

interessante a adotar esses modelos de torneira com

fechamento automático para evitar o desperdício. Dois

modelos usados atualmente são o que possui um

mecanismo simples à base de molas, onde a água é cortada

automaticamente após 7 segundos, e a elétrica, que possui

um sensor direcionado para a saída de agua, quando o

usuário coloca a mão próxima a esse local a torneira abre

automaticamente, fechando da mesma maneira quando as

mãos são afastadas.

Page 79: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

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Cisterna de uso externo com acabamento.

A coleta da água da chuva deve ser acompanhada de medidas que permitam o armazenamento em cisternas ou outro tipo de tanque. O

processo ocorre da seguinte maneira: A água da chuva é levada pelas calhas a um filtro, que eliminara mecanicamente impurezas, como folhas ou

pedaços de galhos. Um freio d’água ou redutor de turbulência impede que a entrada de água na cisterna agite seu conteúdo e suspenda partículas

sólidas depositadas no fundo.

É importante saber dimensionar a quantidade de água que provavelmente cai sobre o telhado para poder prever a tubulação que vai

transportar essa água e o tamanho da cisterna em que ela ficará armazenada, além de um sistema para filtrar essa água e uma maneira de deixar

essa água disponível.

A NBR 5626/1998 sobre instalação predial de água fria, diz que a instalação de água não potável, deve ser independente e ser usada nas

bacias sanitárias (ABNT, 1998) (Figura 63).

Figura 63 – Cisternas externas

Fonte: Higitec, 2017.

Page 80: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

79

ANEXO D – JARDIM FILTRANTE

Figura 64 – Jardim Filtrante

Fonte: EMBRAPA, 2013.

Page 81: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINÍCIUS VIEIRA

80

ANEXO E – FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE ENERGIA FOTOVOLTAICA

1 - O Painel Solar gera a energia solar fotovoltaica

O Painel Solar reage com a luz do sol e produz energia elétrica (energia fotovoltaica). Os painéis solares instalados sobre o telhado são conectados

uns aos outros e então conectados no Inversor Solar:

2 - O Inversor Solar converte a energia solar para o empreendimento

Um inversor solar converte a energia solar dos painéis fotovoltaicos (Corrente Continua - CC) em energia elétrica que pode

ser usada para qualquer equipamento elétrico (Corrente Alternada -AC):

3 - A Energia Solar é distribuída para o empreendimento

A energia que sai do inversor solar vai para o "quadro de luz” e é distribuída para sua residência para consumo interno, e assim reduz a quantidade

de energia comprada da distribuidora.

4 - A Energia Solar é usada por equipamentos elétricos

A energia solar pode ser usada para TVs, Aparelhos de Som, Computadores Lâmpadas, Motores Elétricos, ou seja, tudo aquilo que usa energia

elétrica e estiver conectado na tomada.

5 - O excesso de energia vai para a rede da distribuidora gerando créditos

O excesso de eletricidade volta para a rede elétrica através do relógio de luz (relógio de luz bidirecional). Esse relógio de luz mede a energia da rua

que é consumida quando não tem sol e, a energia solar gerada em excesso quando tem muito sol e é injetada na rede da distribuidora. A energia solar

que vai para a rede vira “créditos de energias para serem utilizados à noite ou nos próximos meses (ECYCLE, 2012).

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81

Figura 65 – Energia solar

Fonte: Portal Solar, 2018.

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82

ANEXO F – LEI COMPLEMENTAR Nº 1.465 DA PREFEITURA MUNICIPAL DE GAROPABA

Art. 19 - Zona de Média Densidade 2 - ZM2: aquela correspondente às áreas com cota altimétrica menor ou igual a 30,00 m (trinta metros)

da Localidade do Capão.

Art. 31 - Zona de Proteção Ambiental de Dunas - ZPA2: correspondem às Dunas da Gamboa, Macacu, Capão e Ouvidor.

§ l. A implantação desta zona visa definir áreas de preservação permanente que necessitam de proteção ambiental no município e que sofrem

pressão por ocupação urbana.

§ 2. Paro estas áreas, são previstos apenas usos coerentes com a preservação ambiental e amparados por legislações específicas nas

esferas superiores.

Art. 37 - Setor Comercial do Capão - SETOR 5: corresponde aos lotes confrontantes à Estrada Geral do Capão.

§ 1. A implantação desta zona visa definir área para atração e concentração de atividades comerciais e de serviço, a fim de que se consolide

o eixo comercial, evitando a proliferação de atividades impactantes no restante da localidade.

HABITAÇÃO TRANSITÓRIA: edificação com unidades habitacionais destinadas ao uso transitório onde se recebem hóspedes mediante

remuneração (LEIS MUNICIPAIS, 2010).

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ANEXO G – TABELA 1

Tabela 1 – Amostra da matriz referente à pousada do SBCLass – Infraestrutura

* ** *** **** *****

Área de Estacionamento M M M M M

Piscina - - - - -

Instalações para recreação de crianças EL EL EL EL EL

a) Área útil de UH, exceto banheiro, com 15.m2 (100% das UH) - - - - -

b) Área útil da UH, exceto banheiro, com 13.00 m3 (em mínima 90% das UH) - - - M -

c) Área útil da UH, exceto banheiro, com 11.00 m2 (em no mínimo 80% das UH - - M - -

d) Área útil da UH, exceto banheiro, com 9.00 m2 (em no mínimo 70% das UH - M - - -

e) Área útil da UH, exceto banheiro, com 9.00 m2 (em no mínimo 65% das UH M - - - -

Lâmpada de leitura junto as cabeceiras em 100% das UH EL EL M M M

Controle de Temperatura de climatização pelo hóspede na UH - - EL M M

M – Requisito mandatório; EL – Requisito eletivo. Fonte: Brasil, 2011.

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ANEXO H – TABELA 2

Tabela 2 – Regulamento SBCLass

Matriz de Classificação de Meios de Hospedagem - Pousada Sustentabilidade

Requisitos Categoria

Número Descrição * ** *** **** ***** OBS

1 Medidas permanentes para redução do consumo de energia elétrica M M M M M 1

2 Medidas permanentes para redução do consumo de água M M M M M 1

3 Medidas permanentes para o gerenciamento dos resíduos sólidos, com foco na redução, reuso e reciclagem M M M M M 2

4 Monitoramento das expectativas e expressões do hóspede em relação ao serviço oferecido, incluindo meios para pesquisar opiniões, reclamações e solucioná-las EL EL M M M -

5 Programa de treinamento para empregados M M M M M 3

6 Medidas permanentes de seleção de fornecedores (critérios ambientais, sócio-culturais e econômicos) para promover a sustentabilidade EL EL EL EL EL -

7 Medidas permanentes de sensibilização para os hóspedes em relação a sustentabilidade EL EL EL M M -

8 Medidas permanentes para valorizar a cultura local EL EL EL M M 4

9 Medidas permanentes para geração de trabalho e renda para a comunidade local M M M M M -

10 Medidas permanentes para promover produção associada ao turismo EL EL EL EL M 5

11

Medidas permanentes para minimizar a emissão de ruídos das instalações, maquinários e equipamentos das atividades de lazer e entretenimento de modo a não perturbar o ambiente natural e o conforto dos hóspedes e a comunidade local EL EL EL EL EL -

12 Medidas permanentes para tratamento de efluentes EL EL EL EL EL -

13 Medidas permanentes para minimizar a emissão de gases e odores provenientes de veículos, instalações e equipamentos EL EL EL EL EL EL

Observações

1 As ações devem incluir monitoramento do consumo, utilização de fontes alternativas, coleta e aproveitamento da água da chuva, etc.

2

As boas práticas de gestão de resíduos preconizam os chamados "3R", que são: reduzir, reutilizar e reciclar. Nem sempre há a disponibilidade de facilitar para reciclagem. O empreendimento deve evitar a implementação da abordagem dos "3R" no gerenciamento dos seus resíduos sólidos, de acordo com as boas práticas consagram (por exemplo, coleta seletiva)

3 Deve incluir os temas da redução do consumo de energia elétrica, de água e da produção de resíduos sólidos

4 Por exemplo: itens de entretenimento, gastronomia, decoração, etc

5

Considera-se produção associada ao turismo a produção artesanal, agropecuária ou industrial que detenha atributos naturais ou culturais de uma determinada localidade ou região capazes de agregar valor ao produto turístico.

Fonte: Brasil, 2011.

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ANEXO I – FIGURAS 66 E 67

Figura 66 – Cisterna de captação de água da chuva

Fonte: Techfilter, 2018.

Figura 67 – Tipos de ventilação

Fonte: SustentArqui, 2014.

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ANEXO J – FIGURAS 68 E 69

Figura 68 – Diagrama solar Florianópolis

Fonte: Lamberts, 2015.

Figura 69 – Maneiras para obtenção de iluminação natural

Fonte: Pinterest, 2018.

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ANEXO L - APARTAMENTOS

Classe Luxo

São seis apartamentos, apesar do nome são os mais simples, contendo apenas uma cama de casal, frigobar, banheiro e sacada.

Classe Master

Dois apartamentos que dispõe de uma parede toda de vidro de 11 m², cama de casal, banheiro e adega.

Classe Premium

Dois apartamentos que também dispõe de uma parede toda em vidro de 14 m² que integra o interior com o exterior, hidromassagem privativa,

cama de casal e banheiro.

Classe Casa Mar/Casa Terra

Duas suítes com 100 m², um estilo contemporâneo rustico, varanda em balanço de 25 m² com banheira de hidromassagem, sala de estar e

tv com lareira e banheiro amplo com duas duchas.

Classe Luxo Classe Master Classe Premium Classe Casa Mar/Casa Terra

Fonte: Quinta do Bucanero, 2018.

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ANEXO M – PROGRAMA DE NECESSIDADE E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Estão separados por usos, em três blocos distintos, mais 21 Bangalôs: Total: 2315 m²

Prédio térreo de uso comum e serviço: 1- Recepção e administração. Área = 150 m² Hall...........................................35,35 m² Recepção..................................7,40 m² Café.........................................18,25 m² Espaço kids..............................3,50 m² Banheiro masc. e fem. p/ PNE...........15 m² Enfermaria................................8,65 m² Administração.........................24,25 m² Almoxarifado..............................5,5 m² Copa.........................................7,40 m² Banheiro func. masc. e fem. p/ PNE...5,5 m² Mais 2 prédios de uso de serviços embaixo do lounge, separados por um átrio e a circulação, um ao sul e outro ao norte. Função: cozinha do restaurante. e serviços da pousada Área = 200 m² 2- Sul: cozinha.(área apresentada anteriormente na p. 54)........................100 m² 3- Norte: total ......................100 m² Usos: rouparia.......................6,30 m² Lavanderia.............................10,55 m² Depósito.....................................3,5 m² Sala de máquinas........................5 m² Triagem do lixo............................5 m² Vestiários................................. .10 m² Copa............................................5 m² Aluguel para recreação .......22,20 m² Circulação de funcionários.............20 m²

Superior lounge: 600 m² Menos vão do átrio: 100 m² Hall...... .....................................50 m² Banheiro masc. e fem. p/ PNE ...20 m² Espaço de estar, lareira e TV...155 m² Espaço de jogos/brinquedoteca..................45 m² Academia...................................27 m² Sala de massagem.....................14 m² Sauna seca.................................12 m² Salda de hidromassagem......20,50 m² Área das mesas........................145 m² Bar .............................................10 m² Área externa: 310 m² Deck..................................245 m² Piscina................................65 m² Bangalôs para duas a três pessoas. 40 m² fechados. Copa. Banheiro. Lareira. Cama de casal e sofá cama. Deck. Total de unidades. 21 unidades x 40 m² = 840 m²

Bloco de uso comum: centro de estudos, convenções e observatório: Total: 525 m² Térreo: 525 m² Hall.................................................................20 m² Recepção.......................................................10 m² Banheiro Masc. Fem. PNE............................22 m² Exp. temporária/exp. permanente ............200 m² Biblioteca/arquivos/conservação................13 m² Laboratório/cetáceos/biologia/botânica Sala de estudos........................................32,50 m² Auditório.......................................................110 m² Café................................................................22 m² Átrio, circulação vertical..................................17 m² Administração................................................24 m² Copa dos funcionários......................................15 m² Circulação de funcionários.............................7,5 m² Banheiro func. masc. e fem. p/ PNE ...............5,5 m²

Área externa: Deck no térreo de contemplação...........100 m² Mirante na cobertura para observação das baleias.................................................500 m²

Fonte: o autor, 2018.