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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME GONÇALVES DE MORAIS METEOROLOGIA NAS OPERAÇÕES AÉREAS: UMA VISÃO ACERCA DO “MILAGRE DOS ANDES” Palhoça 2020

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Page 1: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

LUIS GUILHERME GONÇALVES DE MORAIS

METEOROLOGIA NAS OPERAÇÕES AÉREAS: UMA VISÃO ACERCA DO

“MILAGRE DOS ANDES”

Palhoça

2020

Page 2: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

LUIS GUILHERME GONÇALVES DE MORAIS

METEOROLOGIA NAS OPERAÇÕES AÉREAS: UMA VISÃO ACERCA DO

“MILAGRE DOS ANDES”

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de

graduação em Ciências Aeronáuticas, da

Universidade do Sul de Santa Catarina, como

requisito parcial para elaboração da

monografia.

Orientador: Prof. Angelo Damigo Tavares

Palhoça

Page 3: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

2020

LUIS GUILHERME GONÇALVES DE MORAIS

PROF. ANGELO DAMIGO TAVARES

Esta monografia foi julgada adequada à

obtenção do título de Bacharel em Ciências

Aeronáuticas e aprovada em sua forma final

pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da

Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, de de 2020

__________________________________________

Orientador: Prof. Angelo Damigo Tavares

__________________________________________

Prof.

Page 4: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

Dedico este trabalho a minha mãe, por

servir de inspiração para continuar em busca

do meu objetivo.

Page 5: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

AGRADECIMENTOS

A música composta por Richard Rodgers e Oscar Hammerstein “You’ll never

walk alone” (você nunca caminhará sozinho) serve de inspiração e me faz realmente acreditar

que nunca caminharemos sozinhos.

Assim, agradeço as bênçãos que Deus me proporciona aos meus dias. Agradeço a

minha irmã, Heloise Carla Gonçalves de Morais, que, mesmo à distância, é o meu exemplo

por sua força e garra. Agradeço a minha mãe, Maria Zelmar Pereira, por em nenhum

momento desacreditar no meu potencial.

Minha gratidão vai a todos os meus instrutores que me ajudaram na evolução da

minha jornada como piloto. Em especial, agradeço ao meu primeiro instrutor teórico de

meteorologia que me fez apaixonar ainda mais pelo assunto, com certeza suas aulas e seus

conselhos me fizeram escolher o tema para esse trabalho. Muito obrigado, Leandro Holsback

Serejo.

Por fim, agradeço ao meu Professor orientador, Angelo Damigo Tavares, que me

ajudou com a parte técnica e estrutural da monografia.

Page 6: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

“Tive um momento de calma e clareza, e dentro dessa clareza de pensamento, descobri um

segredo e aterrador: a morte tem um oposto, mas ele não é apenas a vida. Não é a coragem, a

fé ou a vontade humana. O oposto da morte é o amor” (PARRADO, 1972, p 142).

Page 7: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo de demonstrar de qual maneira a meteorologia interfere na

operação aérea na região dos Andes. A pesquisa caracterizou-se como explicativa com

procedimento bibliográfico e documental por meios de livros, manuais e regulamentos, a

abordagem utilizada foi quantitativa e qualitativa. Nessa proposta, ofereceu-se uma

abordagem sobre os fenômenos meteorológicos decorrentes as grandes formações orográficas

como - ondas de montanhas, correntes de jatos, efeito fohen e turbulência de céu claro - e as

suas consequências para operadores e pilotos que voam nessas regiões. Por meio de cartas e

boletins meteorológicos dos Aeroportos de Santiago (SCEL) e Mendoza (SAME), explicou-se

como é o funcionamento do ábaco de Harrison, importante ferramenta utilizada para a

definição de existência de turbulência no planejamento de voos na cordilheira dos Andes.

Abordaram-se aspectos operacionais como despressurização e perda de motor em uma região

com meteorologia adversa para melhor entender o estudo de caso do acidente popularmente

conhecido como “O milagre dos Andes”, onde foram levantadas hipóteses para os fatores

contribuintes desse evento. Acredita-se que os ventos fortes e meteorologia adversa foram os

motivos da desorientação espacial da tripulação naquela ocasião. Os resultados pertinentes ao

ábaco de Harrison apontaram que a diferença de pressão não pode ser considerada o único

fator para a existência de turbulências.

Palavras-chave: Cordilheras dos Andes. Ondas de montanhas. Ábaco de Harrison. Milagre

dos Andes.

Page 8: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

ABSTRACT

This final paper demonstrates how meteorology interferes with air operations in the Andes

region. The research was characterized as explanatory with bibliographic and documentary

procedures by means of books, manuals and regulations, the approach used was quantitative

and qualitative. In this proposal, an approach was offered on meteorological phenomena

arising from large orographic formations such as - mountain waves, fohen effect and clear sky

turbulence - and their consequences for operators and pilots flying in these regions. Through

maps and weather reports from Santiago Airport (SCEL) and Mendoza (SAME), it was

explained how Harrison's abacus works, an important tool used to define the existence of

turbulence in the planning of flights in the Andes mountain range . Operational aspects such

as depressurization and engine loss in a region with adverse weather were approached to

better understand the case study of the accident popularly known as “The Miracle of the

Andes”, where hypotheses were raised for the contributing factors of this event. Strong winds

and adverse weather are believed to be the reasons for the crew's spatial disorientation at that

time. The results pertinent to Harrison's abacus pointed out that the pressure difference cannot

be considered the only factor for the existence of turbulence.

Keywords: Andean mountains . Mountains waves. Harrison's abacus. Miracle of the Andes.

Page 9: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Amplitude das ondas de montanha. ........................................................................ 18

Figura 2– METAR de Mendoza e Santiago. ............................................................................ 20

Figura 3– Ábaco de Harrison com informações do dia 18/08/2020. ........................................ 20

Figura 4– SIGMET da região de Mendoza .............................................................................. 21

Figura 5– SIGMET região de Mendoza no dia 05/10/2020 ..................................................... 23

Figura 6 – Carta prognosticadas SIGWX SFC/FL250 do dia 05/10/2020 emitidas pelo CNMA

(Centro Nacional de Meteorologia Aeronáutica) de Brasília. .................................................. 23

Figura 7 – Circulação Geral da Atmosfera ............................................................................... 24

Figura 8– Rota norte. ................................................................................................................ 26

Figura 9– Rota preferencial. ..................................................................................................... 27

Figura 10– Rota sul. ................................................................................................................. 27

Page 10: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Informações de pressão e vento entre Mendoza e Santiago. ................................... 22

Tabela 2– Informações de vento da estação meteorológica de Curicó – ano de 1942. ............ 32

Page 11: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

LISTA DE SIGLAS

CENIPA Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos

CFIT Control Flight Into Terrain

CNMA Centro Nacional de Meteorologia Aeronáutica

DIVOP Divulgação Operacional

DMC Dirección Meteorológica de Chile

DOV Despachante Operacional de Voo

FAU Força Aérea Uruguaia

FAB Força Aérea Brasileira

FSM Flight Standard Manual

EMS Estação Meteorológica de Superfície

GNSS Global Navigation Satellite System

METAR Meteorological Aerodrome Report

NDB Non Directional Beacon

PNR Point of No Return

SIGWX Significant Weather Chart

VOR Very High Frequency Omnidirectional Range

Page 12: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ....................................................................................... 13

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 13

1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 13

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14

1.4 METODOLOGIA ............................................................................................................ 15

1.4.1 Natureza da pesquisa ................................................................................................. 15

1.5 ESRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 17

2.1 PROPAGAÇÃO DAS ONDAS DE MONTANHAS NAS OPERAÇÕES EM

CORDILHEIRAS .................................................................................................................. 17

2.2 ÁBACO DE HARRISON ............................................................................................... 19

2.3 O PLANEJAMENTO DE VOOS SOBRE A CORDILHEIRA DOS ANDES .............. 26

2.4 ASPECTOS OPERACIONAIS ....................................................................................... 28

2.4.1 Despressurização ........................................................................................................ 28

2.4.2 Falha de motor ............................................................................................................ 29

2.5 O MILAGRE DOS ANDES ............................................................................................ 30

3.CONCLUSÃO ................................................................................................................... 34

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 36

Page 13: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

12

1 INTRODUÇÃO

A cordilheira dos Andes é a mais extensa cordilheira continental do globo

terrestre. Trata-se de um conjunto de montanhas que margeiam quase a totalidade da costa

ocidental da América do Sul. Sua extensão cobre mais de 7000 km, sendo que a largura da

cadeia varia de 200 a 700 km, além de alcançar uma altitude que em média atinge cerca de

4000 m. O Monte Aconcágua é o ponto mais alto das Américas, com 6.962 metros de altitude

e o mais próximo da rota Santiago/Mendoza que é a mais utilizada para a navegação aérea da

cordilheira.

Voar em regiões com altas cadeias de montanhas era considerado impossível no

surgimento dos aviões, que ainda não tinham equipamentos e tecnologias suficientes para

tamanha façanha. Porém, com os notáveis avanços na considerada “era de ouro da aviação” –

anos que se passaram entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial – tornou a possibilidade de

realização desses voos cada vez mais próxima. As aeronaves não eram pressurizadas e eram

incapazes de atingirem altitudes suficientes para vencer os altos picos naturais. A alternativa

era contornar as montanhas ou voar bem próximas a elas, o que as deixavam mais expostas às

propagações das ondas de montanhas e às turbulências típicas da região. Enfrentando a todos

esses desafios, Ada Leda Rogato foi a primeira mulher a cruzar a Cordilheira dos Andes em

voo solitário num monomotor Cessna 140, em 1950.

Todavia, persistem preocupações que levam aos operadores a considerar, quando

dos planejamentos dos voos sobre a região andina. As frequentes turbulências, ventos fortes,

CFIT1 e possíveis despressurizações são obstáculos a serem vencidos, muito embora, com o

avanço da tecnologia tais voos se tornaram cada vez mais seguros e corriqueiros. A navegação

via satélite substituiu a antiga navegação estimada; instalaram-se radares meteorológicos a

bordo de aeronaves, assim como tornou-se fácil o acesso às imagens de satélites e aos

conhecimentos e previsão de ventos em rota, o que aumentou a segurança e a consciência

situacional de pilotos que voam para o Chile.

Apesar de todo o aparato acima citado, nada dispensa o conhecimento dos

fenômenos meteorológicos por parte dos pilotos. A própria natureza avisa do que se pode

esperar em voo; aspectos inerentes à nebulosidade como nuvens lenticulares, nuvens rotoras,

1 CFIT – (Controlled Flight Into Terrain) é um termo utilizado para descrever um acidente aéreo no qual

uma aeronave colide contra o solo, embora tivesse seus equipamentos e sistemas funcionando em perfeito

estado até o momento do acidente.

Page 14: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

13

diferenças de pressão e ventos fortes em altitude são pistas que oferecem correta interpretação

de tais fenômenos por parte das tripulações.

A fim de entender a influência da meteorologia na operação de companhias aéreas

brasileiras que fazem essa rota, organizam-se briefings específicos para esse tipo de operação,

por meio de acompanhamento detalhado do Ábaco de Harrison durante quatro meses, de

forma a entender os fatores contribuintes para um acidente popularmente conhecido como “O

milagre dos Andes”.

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

De que forma a meteorologia interfere na operação aérea na região dos Andes?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Demonstrar de qual maneira a meteorologia interfere na operação aérea na região

dos Andes.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a- Abordar a propagação das ondas de montanhas na operação em cordilheiras;

b- Demonstrar a eficiência do Ábaco de Harrison;

c- Analisar o planejamento de voos sobre a cordilheira dos Andes;

d- Conhecer aspectos operacionais inerentes à ocorrência de situações anormais nos

voos sobre os Andes;

e- Analisar o caso do voo da Força Aérea Uruguaia 571 na Cordilheira dos Andes.

Page 15: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

14

1.3 JUSTIFICATIVA

A Cordilheira dos Andes é uma região onde a meteorologia é ponto crucial em

relação às outras regiões geográficas do continente sulamericano e tem grande impacto na

operação aérea. A cordilheira impede a chegada de ar úmido da Amazônia, pois funciona

como uma barreira para a corrente de ar e ajuda na formação do deserto do Atacama, ao norte

do Chile. A possibilidade de ter feito esse voo em simuladores e a experiência do autor no

estudo da meteorologia, em virtude de exercer a atividade de instrutor teórico da matéria,

levaram à escolha do tema. O cenário do voo foi decisivo para a opção de estudar os desafios

e obstáculos a referida operação. Os voos em regiões montanhosas reúnem não somente

aspectos de beleza natural, mas oferecem desafios aos operadores e tal particularidade fez

com que a região andina fosse a que melhor se encaixasse no estudo.

O adequado conhecimento teórico sobre a meteorologia é essencial para a

segurança quando da realização de qualquer voo. Por outro lado, erros de interpretação de

cartas e avisos que a própria natureza apresenta, produzem consequências catastróficas nas

operações aéreas nessa localidade. Segundo Kern (1996), existe um modelo para o aviador

completo que revela três princípios fundamentais: a habilidade, a aptidão ou proficiência e a

disciplina para aplicá-los de uma maneira segura e eficiente. Além desses princípios básicos,

áreas de atuação foram identificadas como comuns entre pilotos que se destacam em seu

profissionalismo. Aviadores dotados de adequado conhecimento acerca do funcionamento de

suas aeronaves, das características pessoais de suas equipes e do ambiente a operação – da

missão em si e do risco associado a ela – e conhecimento próprio das capacitações e

limitações. Quando todos esses elementos estão monitorados, o aviador exerce

consistentemente o julgamento adequado nas situações normais e excepcionais e mantém um

estado elevado de consciência situacional.

Durante a formação para se tornarem pilotos, os futuros aviadores voam em

aeronaves que não dispõem de tecnologias avançadas para prevenirem a entrada de situações

de meteorologia adversa, fator que pode ser considerado essencial para a melhoria da

consciência situacional em face de voos sob condições de falta de visibilidade, ventos fortes e

turbulências comuns na região andina. É necessário que escolas de aviação estimulem seus

alunos a estudarem meteorologia em virtude dos poucos recursos das aeronaves de instrução,

e pelo fato de o tema se vincular aos conceitos e práticas preconizados no âmbito dos estudos

segurança da atividade operacional.

Page 16: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

15

A busca incessante pela expansão do conhecimento sobre a operação aérea sobre

os Andes foi um dos alicerces durante o processo de escolha do tema. Desde o piloto que faz

sua primeira hora de voo àquele de linha aérea, a base teórica da presente pesquisa intenta

aumentar o conhecimento de operadores e aviadores e disseminar informação oportuna e

embasada para toda a comunidade aeronáutica.

1.4 METODOLOGIA

1.4.1 NATUREZA E TIPO DA PESQUISA

A presente pesquisa caracterizou-se como explicativa, com procedimento

bibliográfico e documental e com abordagem tanto quantitativa, quanto qualitativa.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo um, abordaram-se aspectos relacionados às ondas de montanha, ao

efeito Fohen e turbulência de céu claro. Para isso, utilizaram-se livros que definem todos os

fenômenos meteorológicos disponíveis durante a formação de pilotos.

Em seguida, no segundo capítulo, apresentaram-se conceitos inerentes ao

funcionamento do ábaco de Harrison e de como ele é usado na operação aérea. Para a

explanação das variantes que envolvem o referido ábaco, foram empregados os sites

aviationweather.gov e redemet.aer.mil.br, como fonte de consulta às mensagens METAR2,

SIGWX3, SIGMET

4 e informações dos ventos no FL180, obtidos por meio de

radiossondagem de Santo Domingo (SCSN), pela Universidade de Wyoming.

No capitulo três, mostraram-se as consequências de uma despressurização e falha

no motor, e como efetivamente companhias aéreas se preparam para lidar com essas

emergências durante o cruzamento da Cordilheira dos Andes. Quanto às fontes documentais,

2 METAR (MeTeorological Aerodrome Report) – é um informe codificado, associado as observações

meteorológicas á superfície, e utilizado para fornecer informações sobre condições do tempo em um

determinado aeródromo. 3 SIGWX (Significant Weather Chart) – Cartas meterológicas que apresenta fenômenos meteorológicos

importantes. 4 SIGMET é uma mensagem relativa a ocorrência ou previsão de determinados fenômenos meteorológicos.

Page 17: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

16

utilizou-se como base de consulta o FSM (Flight Standard Manual) da empresa GOL Linhas

Aéreas Inteligentes, a fim de clarificar sobre procedimentos operacionais na cordilheira dos

Andes. Um dos obstáculos na realização desse trabalho foi a dificuldade de se encontrarem

documentos que tratam da operação na região andina, visto que apenas pilotos que voam

nessa região tem acesso a tal material.

Para detalhamento da especificidade da operação na região andina, o último

tópico trouxe o estudo de caso do acidente com o Força Aérea Uruguaia 571 com bases em

livros e relatórios sobre esse acidente.

Por fim, após rever os principais tópicos do estudo, apresentaram-se as conclusões

formadas na pesquisa.

Page 18: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PROPAGAÇÃO DAS ONDAS DE MONTANHAS NAS OPERAÇÕES EM

CORDILHEIRAS

Ondas de montanhas definem-se como oscilações para o lado sotavento (a favor do

vento) da montanha, as quais são resultantes das mudanças periódicas de pressão atmosférica

e temperatura num fluxo laminar de ar e causadas pela própria cordilheira. A formação desse

tipo de fenômeno pode ocorrer das seguintes maneiras:

- O gradiente térmico mostra que a camada de ar em movimento é estável.

- A Velocidade do vento aumenta com altitude e a direção do vento na superfície ou

topo da perturbação orográfica.

- Forte vento de baixa altitude em uma atmosfera estável.

- Ventos altos na montanha acima de 20kt.

As correntes verticais dentro das oscilações podem atingir 2.000ft/min5. A

combinação das fortes correntes verticais e fricção de superfície pode fazer com que se

formem rotores6 sob as ondas de montanhas, causando severa turbulência.

Nas condições em que a atmosfera se apresenta úmida, formam-se nuvens lenticulares

e rotoras, as quais se localizam embaixo das ondas de montanha. Tal nebulosidade oferece

boa indicação da presença das ondas porém, em caso de atmosfera seca, não será possível ter

essa indicação meteorológica.

As ondas de montanha são associadas à turbulência severa, fortes correntes

verticais e gelo. As correntes verticais nessas ondas podem tornar difícil para uma aeronave

manter a altitude em rota e ocasiona voo descendente, o que pode gerar perda de controle da

aeronave em raros extremos. Tal risco pode ocorrer próximo ao solo, antes do pouso, após a

decolagem, o que propicia risco de contato ao solo ou pouso forçado se a resposta da

tripulação a uma descendente não for imediata.

A amplitude das ondas de montanha é diretamente proporcional com a altitude, ou

seja, quanto maior a altitude maior será a turbulência encontrada. Sendo assim, operadores

preferem que as aeronaves voem em uma altitude menor para justamente evitar o encontro de

5 Quanto de altura que se ganha por minuto. No exemplo: 2000 ft (600 metros) por minuto.

6 Um vórtice horizontal turbulento gerado em torno da crista das ondas de montanhas.

Page 19: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

18

maiores turbulências, a prova disso é que as aeronaves para o cruzamento da cordilheira dos

Andes voam no FL240. A figura ajusta a ilustrar a explicação.

Figura 1 – Amplitude das ondas de montanha.

Fonte: Esri.

O risco nas cordilheiras não se restringe apenas as ondas de montanha, a

turbulência de céu claro é um problema que afeta a operação de todas as aeronaves. É um

fenômeno especialmente problemático, porque é inesperado e sem pistas visuais para alertar

sobre o eventual perigo. Tal turbulência súbita e severa ocorre em regiões sem nuvens, o que

causa um golpe violento nas aeronaves. Pode ser encontrada nas periferias das correntes de

jato, nas nuvens Cirrus e dentro ou nas proximidades de nuvens lenticulares, suscitando

maiores preocupações aos operadores que voam em grandes formações orográficas. Uma

aeronave pode sofrer danos na estrutura ou nos acessórios e equipamentos internos, bem

como danos físicos aos passageiros e tripulantes que não estão nos assentos.

O vento Fohen é um fenômeno existente em cordilheiras e ocorre quando as

correntes de ar são forçadas a subir as montanhas. Na camada de vento que sobe as encostas,

o ar se expande devido à diminuição de pressão atmosférica com a altitude e se resfria

adiabaticamente7, a ponto de atingir seu ponto de orvalho, condenser-se e gerar precipitação.

O processo inverso é produzido à sotavento da cordilheira, quando se aumenta a pressão

atmosférica e se aquece adiabaticamente, resultando num vento quente e seco. Segundo

7 Adibaticamente é definido como aquele que se resfria sem troca de calor com o meio ambiente.

Page 20: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

19

(SILVA, 2004), para a formação da Zonda (nome argentino para o Fohen) é necessário que a

atmosfera esteja estavelmente estratificada, de forma que o escoamento de ar, ao passar sobre

a montanha, possa gerar ondas à sotavento.

Por meio de cálculos matemáticos é possível se prever a formação de ondas de

montanha e turbulências em áreas com grandes formações orográficas. O Ábaco de Harrison é

uma ferramenta utilizada pelo DOV (Despachante Operacional de Voo) para a escolha da

melhor configuração das aeronaves, levando-se em consideração as rotas com menor

turbulência, combustível a ser consumido e tempo menor de voo. Demonstrar-se-á a

eficiência dessa ferramenta para o planejamento do cruzamento da Cordilheira dos Andes no

próximo tópico.

2.2 ÁBACO DE HARRISON

O vento é regido por diferença entre duas localidades; quanto maior a diferença de

pressão entre essas localidades, mais forte será o vento. Na engenharia, o ábaco é um gráfico

que permite resolução de problemas, substituindo cálculos numéricos por visualizações

gráficas. O ábaco de Harrison viabiliza o diagnóstico de ondas de montanhas no cruzamento

aéreo da Cordilheira dos Andes.

Em 1957, J. Harrison publicou um método para previsão de ondas orográficas

sobre as montanhas rochosas norte americano, ao relacionar os reportes de turbulência com a

máxima velocidade do vento entre 15 mil e 20 mil pés e a diferença de pressão entre dois

pontos e o máximo da componente normal do vento (de sentido oeste para leste). Assim,

demarcaram-se regiões com ondas de montanha segundo fossem moderadas, fracas ou fortes.

(HARRISON, 1957).

Esse mesmo método é aplicado para o cruzamento dos Andes; para isso é

necessário o conhecimento da intensidade do vento a 18.000ft e da diferença de pressão entre

Mendoza e Santiago. Com ventos superiores a 50kt e diferença de pressão de 10 Hpa, pode-se

esperar ondas de montanha de moderada a forte.

Se apresenta um exemplo da efetividade do Ábaco de Harrison. No dia

18/08/2020, analisou-se a ocorrência de turbulência para o cruzamento da rota preferencial e

Page 21: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

20

se verificou a diferença de 11 Hpa de pressão pelo METAR8 de SAME

9 (Mendoza) e SCEL

10

(Santiago). Seria o primeiro indicativo para atenção da tripulação em face à possível

existência de ondas de montanha na região.

Figura 2– METAR de Mendoza e Santiago.

Fonte: O autor, adaptado de Aviation Weather(2020).

Seguindo os estudos baseados no ábaco de Harrison, o passo seguinte foi verificar

os ventos perpendiculares à cordilheira a 18.000 ft de altitude, os quais indicavam 50 kt.

Nessa etapa, transferiram-se os dados para o gráfico Ábaco de Harrison e o resultado,

conforme ilustração, foi de turbulência severa.

Figura 3– Ábaco de Harrison com informações do dia 18/08/2020.

Fonte: O autor, adaptado por METEOTOTAL (2018).

8 Nome do código para um informe meteorológico regular de aeródromo. Tem sua confecção de hora em

hora, nas horas cheias. 9 Indicativo de localidade para o aeroporto de Mendoza.

10 Indicativo de localidade para o aeroporto de Santiago.

Page 22: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

21

No mesmo dia, publicou-se uma mensagem SIGMET11

, que é uma mensagem

relativa à ocorrência ou previsão de determinados fenômenos meteorológicos em rota (gelo,

ciclone, trovoada e turbulência) e de outros fenômenos na atmosfera (cinzas vulcânicas,

nuvens radioativas e vulcão) que possam afetar a segurança das operações aéreas. A evolução

desses fenômenos no tempo e no espaço alertaria os pilotos que estavam voando em rota para

a presença de turbulência severa por meio do código (SEV TURB), como indicado na

imagem.

Figura 4– SIGMET da região de Mendoza

Fonte: O autor, adaptado de Aviation Weather (2020).

As observações foram feitas diariamente, das 13Z12

até as 15Z, horário com maior

probabilidade de turbulência durante 36 dias. Do dia 03/09/2020 até o dia 20/10/2020,

verificou-se que a diferença de pressão maior que 10 Hpa entre SAME13

(Mendoza) e SCEL14

(Santiago) ocorreu em cinco dias, conforme tabela.

11

Informação relativa a fenômenos meteorológicos em rota que possam afetar a segurança

operacional das aeronaves. 12

A letra “Z” identifica o meridiano 0º, também conhecido por Meridiano de Greenwich e utilizado como

referência de hora padrão nos meios aeronáuticos. Para saber o horário local no Chile, basta tirar 3 horas do

horário “zulu”. No exemplo: das 10h às 12h, horário local. 13

Indicativo de localidade para o aeroporto de Mendoza. 14

Indicativo de localidade para o aeroporto de Santiago.

Page 23: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

22

Tabela 1– Informações de pressão e vento entre Mendoza e Santiago.

Data

pressão

SCEL

pressão

SAME

Vento

perpend

Diferença de

pressão

Prob. De

TurbulÊncia

10/09/2020 1021 hPa 1011 hPa 58 kt 10 hPa Ver gráfico

19/09/2020 1016 hPa 1030 hPa 45 kt 14 hPa Ver gráfico

26/09/2020 1023 hPa 1013 hPa 50 kt 10 hPa Ver gráfico

29/09/2020 1005 hPa 1017 hPa 53 kt 12 hPa Ver gráfico

30/09/2020 1019 hPa 1008 hPa 50 kt 11 hPa Ver gráfico

Fonte: o Autor (2020).

Para verificação da existência de turbulência nas datas coletadas, os dados foram

transferidos para o gráfico do ábaco de Harrison. A imagem indica turbulência moderada/forte

durante os dias de coletas de dados entre a rota preferencial (Mendoza/Santiago).

Gráfico 2 – Ábaco de Harrison dos dias que houve diferença de pressão maior que

10 Hpa.

Fonte: Adaptado por METEOTOTAL (2018).

Percebe-se que a existência de turbulência não incide apenas quando a diferença

de pressão entre Mendoza e Santiago é maior que 10 Hpa. O METAR das localidades no dia

05/10/2020 indicava pressão de 1016 Hpa em Santiago e 1018 Hpa em Mendoza e, segundo

os conceitos inerentes ao ábaco de Harrison, não existiria presença de turbulência. Entretanto,

um boletim SIGMET foi confeccionado, alertando pilotos de turbulência severa na região.

Abaixo, apresentam-se os boletins meteorológicos das condições de Mendoza no dia

5/10/2020, de forma a clarificar o emprego das mensagens meteorológicas.

Page 24: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

23

Figura 5– SIGMET região de Mendoza no dia 05/10/2020

Fonte: O autor, adaptado de Aviation Weather (2020).

Comparando com as cartas prognosticadas SIGWX, verificou-se que uma corrente

de jato de grande intensidade e extensão foi a responsável pela turbulência na cordilheira dos

Andes.

Figura 6 – Carta prognosticadas SIGWX SFC/FL250 do dia 05/10/2020 emitidas pelo CNMA

(Centro Nacional de Meteorologia Aeronáutica) de Brasília.

Fonte: O autor, adaptado REDEMET (2020).

Page 25: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUIS GUILHERME

24

Correntes de jatos são formadas pela ação da força de Coriolis15

e pelos contrastes

de temperatura na superfície que produzirão maiores gradiente de pressão em altitude e

consequentemente ventos mais rápidos em ar superior. Nas latitudes médias e altas encontra-

se uma corrente de jato associado à frente polar localizada na fronteira entre a célula polar e a

célula de Ferrel. A corrente de jato subtropical ocorre no extremo da célula Hadley, em tordo

de 25º de latitude. As Células citadas desenvolvem-se através da ascensão convergente de ar

quente e úmido até chegar a tropopausa. Nesta camada da atmosfera o ar sofre divergência,

deslocando-se em direção aos Polos. O deslocamento do ar frio, em altitude, ocorre do

equador até a latitude de 23º27’ de cada hemisfério. Ao chegar nessa latitude o ar afunda,

torna-se seco e aquece por compressão numa proporção de 1ºC/100m, fenômeno conhecido

como subsidência (movimento descendente de fluxo de ar). O exemplo citado esclarece a

definição sobre correntes de jatos criada por BANCI (2012), as correntes de jatos são

causadas por variações na temperatura do ar quando o ar polar frio que se move para o

equador, encontra o ar equatorial quente, que está se movendo para os polos. A circulação

geral da atmosfera é a responsável pelo surgimento de grandes aéreas de instabilidade e de

estabilidade e, em consequência, pela formação dos diversos climas sobre a superfície da

Terra.

Figura 7 – Circulação Geral da Atmosfera

Fonte: Geografia opinativa (2020).

15

É a força desviadora do vento devido ao movimento de rotação da Terra.

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25

Há outra teoria válida para a existência de turbulências na região dos Andes,

mesmo com diferença de pressão menor que 10 Hpa entre Mendoza e Santiago. Levando-se

em consideração que a EMS (Estação Meteorológica de Superfície) responsável pela

confecção do METAR das localidades mede a pressão em relação ao nível médio do mar pela

a altitude da pista, os valores de pressão na altitude das cordilheiras iriam mudar

consideravelmente. No dia 05/10/2010, as condições meteorológicas de Mendoza eram

descritas na seguinte mensagem meteorológica “SAME 051500Z 02011 CAVOK 14/M01

Q1018” fonte aviation weather.

Pela decodificação dessa mensagem a pressão barométrica ao nível do mar era de

1018 à 2310 pés, altitude oficial de Mendoza e a altitude do ponto de referência da rota

preferencial, o monte Aconcágua, é de 22841 pés. Na atmosfera padrão, perde-se 1hPa a cada

30 pés; portanto, nessa altitude a pressão seria de apenas 257hPa. A mesma matemática se

aplica para o lado Chileno da cordilheira, em Santiago, dessa forma, observa-se uma diferença

de pressão maior que 10 hPa em altitude elevada, o que caracterizaria a existência de

turbulência para a navegação aérea na cordilheira.

Operadores recomendam que a cordilheira não deve ser cruzada quando a

diferença de pressão atmosférica entre Mendoza e Santiago for superior a 7 Hpa (para a rota

preferencial e rota sul e entre La Serena e San Juan para a rota norte), acrescida de

identificação da existência de turbulência pela observação dos dados no Ábaco de Harrison.

Por outro lado, o Ábaco de Harrison não garante sozinho que as condições na

cordilheira estejam sem turbulência, se for levado em consideração que a checagem nas

informações de pressão e vento ainda é feita no Brasil, e não é levado em conta o tempo em

rota para se chegar à cordilheira. Pode-se verificar uma turbulência leve, porém os valores de

pressão entre as localidades e os ventos no FL180 são passíveis de alteração, caso a condição

meteorológica se degrade por uma frente. Os referidos valores de pressão diminuem com a

aproximação de uma frente fria, o que gera maior diferença do lado Chileno e uma

consequente divergência nos valores acessados pela tripulação por ocasião do planejamento

de voo. As frentes frias tendem a ser mais fortes na primavera e no outono e são fenômenos

comuns naquela região, em face ao deslocamento das frentes no hemisfério sul ser de

sudoeste para nordeste.

Um estudo de dois anos feito por De Souza (2018) constatou que o Ábaco de

Harrison serve como ferramenta de auxílio na identificação de possíveis turbulências para o

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26

cruzamento da Cordilheira, porém, segundo o autor, não se excluem outros meios para se

realizar a completa análise das condições atmosféricas.

2.3 O PLANEJAMENTO DE VOOS SOBRE A CORDILHEIRA DOS ANDES

Existem três rotas para a travessia dos Andes. A rota norte é feita por La Serena e

a intersecção “ASIMO 20MN” é a posição utilizada para determinar o prosseguimento ou

retorno do voo. A rota norte será opção quando as condições de voo forem desfavoráveis e

conhecidas no setor central e sul da cordilheira. (OPSCEL,2006)

Figura 8– Rota norte.

Fonte: O autor, adaptado de Skyvector (2020).

A rota Mendoza/ Santiago é mais curta e, por isso, é preferencial entre as

companhias. A entrada dessa rota é feira pelo fixo UMKAL e está totalmente a sotavento dos

Andes. Uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), em 15 de agosto de 2011, enfrentou

turbulência severa ao realizar a aproximação para SCEL (Aeroporto de Santiago-Chile) pela

rota preferencial e o CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes

Aeronáuticos), por meio do DIVOP (Divulgação Operacional) nº 003/2011, reforçou que

tripulações evitassem o cruzamento dos Andes quando a diferença de pressão entre SCEL e

SAME for superior a 7 Hpa e o Ábaco de Harrison indicar turbulência moderada/severa.

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27

Figura 9– Rota preferencial.

Fonte: O autor, adaptado de Skyvector (2020)

A rota sul é feita por Curicó e foi a opção utilizada pela tripulação do

popularmente conhecido acidente “Milagre dos Andes”, ora em estudo. Para fins de

planejamento de voo por parte das tripulações, a intersecção ANKON é a posição (PNR Point

of No Return), utilizada para determinar o prosseguimento e ou retorno ao aeródromo de

origem, em caso de emergência.

Figura 10– Rota sul.

Fonte: O autor, adaptado Skyvector (2020)

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28

Independente de qual rota escolhida, para fins de observações de conduta inerente

à segurança operacional, o cruzamento da cordilheira deverá ser feito com sinais de cintos

afivelados ligados desde o começo do procedimento. Isso evita que turbulências ocasionem

ferimentos em passageiros e tripulantes.

2.4 ASPECTOS OPERACIONAIS

Falhas materiais podem ocorrer em qualquer atividade em que um equipamento é

empregado como meio de suporte, ainda que o homem realize as ações preventivas

necessárias para garantir total segurança. Particularmente, a situação se agrava quando se voa

em uma região montanhosa como os Andes. Assim, definem-se procedimentos específicos

para a tripulação lidar com segurança nesse tipo de situação e rotas de fuga são desenvolvidas

para utilização, caso haja algum tipo de emergência que demande a descida da aeronave para

altitudes abaixo da MOCA16

.

2.4.1 DESPRESSURIZAÇÃO

Nas primeiras indicações de problemas na aeronave de pressurização ou quando

houver sintomas de hipóxia, segundo Kanashiro (2009), registra que a hipóxia pode ser

definida como uma deficiência de oxigênio nos tecidos orgânicos a ponto de prejudicar

funções fisiológicas. Já a hipóxia de altitude é o principal tipo para a aviação, pelo simples

fato de qualquer elevação em altitude representará diminuição na quantidade de oxigênio

disponível – neste caso a tripulação deverá usar as máscaras de oxigênio até o momento em

que o oxigênio seja garantido pela própria atmosfera, o que é conseguido por volta de 10.000

ft. Na operação nos Andes empregam-se altitudes mais baixas, para que justamente essa

descida seja menos crítica e feita em menor tempo.

Existem formas distintas de despressurização, dentre as quais mais violenta é a

despressurização explosiva, na qual o ar da cabine pode se encher de poeira e detritos e se

forma uma neblina causada por queda na temperatura e mudança na umidade relativa do ar. A

16

MOCA( Minimum Obstacle Clearence Altitude) Altitude mínima livre de obstáculos

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29

tripulação pode ficar momentaneamente atordoada e, se o evento foi inesperado pode haver

maior lapso de tempo para colocação das máscaras de oxigênios. Se a despressurização for

causada por uma falha estrutural ou de uma janela, há o risco de alguns tripulantes ou

passageiros serem atingidos por ventos fortes, por detritos e temperaturas extremas, ou

mesmo ser lançado para fora da aeronave.

Por outro lado, a despressurização rápida é mais comum do que a explosiva e é

geralmente associada às aeronaves maiores. Ocorre em questão de segundos, a uma razão

superior a 7.000 pés/min, e normalmente associa-se a um “bang” e um súbito embaçamento

da cabine.

O maior perigo da despressurização é a incapacitação da tripulação devido à

ocorrência de hipóxia na qual o tempo de consciência útil será reduzido proporcionalmente à

velocidade da descompressão. A despressurização gradual se particularize por ocorrer num

longo período de tempo e, em face à mudança gradual na pressão do ar, torna-se difícil

identificá-la antes que os dispositivos de aviso de altitude de cabine sejam ativados ou

máscaras de oxigênios caiam do teto da cabine. Geralmente esse fenômeno se verifica em

decorrência de algum vazamento no duto de pressão ou uma redução no fluxo de ar da cabine

devido a um mau funcionamento de um compressor.

2.4.2 FALHA DE MOTOR

Vários fatores estão envolvidos numa falha de motor, desde um eventual

vazamento de óleo até uma falha na manutenção. Tripulantes são treinados para identificar e

solucionar a emergência o mais breve possível e, para isso, pilotos seguem procedimentos

específicos.

No que tange à operação andina, uma falha no motor combinada com uma

meteorologia adversa também pode afetar os procedimentos de chegada em Santiago e, por

vezes inviabiliza o pouso na localidade planejada. Por conta de grandes linhas de instabilidade

formadas por uma frente fria, presença de nevoeiro, ou em situações em que o aeroporto se

encontre em condições mínimas para a operação por voo por instrumentos, pilotos

encontrarão falta de visibilidade durante a aproximação. Para aumentar a precisão nessas

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30

condições, emprega-se o pouso precisão por meio de auxílios de navegação, como o ILS CAT

II (Instrument LAnding System)17

.

Nesse tipo de categoria de ILS o pouso é chamado de auto landing, onde a tripulação

é responsável por monitorar as ações do piloto automático que efetivamente fará o toque da

aeronave com o solo. Para que o piloto automático possa cumprir todas as restrições de

altitude e velocidade contidas na carta de pouso, fazem-se necessários dois canais do piloto

automático18

, o que só é possível com os dois motores operantes. Caso durante as fases da

aproximação uma falha no motor aconteça, não se terá mais os dois canais de piloto

automático, ou seja, não será possível continuar com o procedimento automatizado, restando

para a tripulação voar para o aeroporto escolhido como alternativa.

2.5 O MILAGRE DOS ANDES

Esse acidente ganhou uma maior visibilidade pela história dos sobreviventes que

ficaram por 72 dias na cordilheira subsistindo em condições desumanas. Na aviação,

acidentes contribuem para que o nível de segurança seja sempre levado ao mais alto nível de

percepção dos envolvidos direta ou indiretamente nos eventos.

A trágica história do “milagre dos Andes” salienta aos operadores que os

fenômenos meteorológicos para a travessia da cordilheira são fatores contribuintes para que

os acidentes aconteçam. A cordilheira atua como um divisor entre as massas continentais a

leste e as massas marítimas a oeste; a dinâmica dessas massas de ar é responsável pelo clima e

tem total influência para operadores que voam na região.

Na década de setenta, um time de rúgbi do Uruguai jogaria uma partida no Chile

e, para isso foi alugado o Fairchild FH-227, avião bimotor fabricado nos Estados Unidos e

comprado pela Força Aérea Uruguaia apenas dois anos antes. A jornada do voo começou no

dia anterior, na qual o plano inicial era voar diretamente de Montevidéu a Santiago, via

Buenos Aires e Mendoza. Porém, as condições meteorológicas tornaram impossível a

travessia da cordilheira, o que obrigou a aterrissagem em Mendoza e uma espera até posterior

melhoria nas condições meteorológicas. No dia seguinte, os dados levantados indicavam que

as condições haviam melhorado e que, no final da tarde, seria possível atravessar a cordilheira

17

É um dispositivo que fornece ao piloto o eixo da pista e a trajetória ideal de planeio. O sistema auxilia o

piloto no pouso sob condições de teto e visibilidades restritas. 18

Piloto automático do Comandante como do Copiloto tem que estar em funcionamento.

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31

pela a rota sul, por Curicó. Verificou-se no planejamento que o máximo de altura que o

Fairchild podia alcançar era de seis mil e oitocentos metros, o que não permitiria que a rota

preferencial que tem o Aconcágua como referência fosse navegada. Como fator adicional, o

regulamento não previa um avião militar permanecer por mais de vinte e quatro horas em solo

Argentino; sendo assim, no dia 13 de outubro de 1972, o Fairchild FH-227 decolava de

Mendoza com destino à Santiago.

A navegação seria balizada pelo NDB19

de Malargue e VOR20

de Curicó, e, após

passagem na vertical dos auxílios, a tripulação dirigir-se-ia para proa norte para a chegada em

Santiago. Por motivo ainda desconhecido, o voo não seguiu as indicações dos rádios de

navegação e acredita-se que a tripulação passou a usar a navegação estimada, conforme

instruído pelo professor Titus Ross (2009), trata-se de uma modalidade de navegação onde o

piloto utiliza cálculos baseados no tempo de deslocamento, proa voada (direção do eixo

longitudinal de uma aeronave em voo), curso, direção e intensidade do vento, velocidade do

solo para determinar sua posição geográfica. Há, ainda, indícios de que os ventos fortes

encontrados na região prejudicaram os cálculos estimados e inabilitaram a tripulação não

seguiu pela rota planejada.

Um questionamento foi levantado durante o estudo de caso desse acidente. Será

que realmente foi o vento que levou a desorientação espacial dos pilotos? Para responder essa

pergunta foram necessários relatórios meteorológicos da estação climatológica de Curicó –

estação mais próxima onde o Farchild foi encontrado – do ano de 1972, extraídos da base de

dados da DMC (Dirección Meteorológica de Chile). Tais informações expuseram que o vento

máximo no mês de outubro foi da direção norte, com intensidade de 19 nós. Todavia, foi

impossível afirmar com exatidão que esse foi o vento encontrado naquele voo.

19

NDB (Non Directional Beacon) é um radiotransmissor instalado em uma posição geográfica fixa e

conhecido que emite sinais de radiofrequência que ajudam na navegação aérea.

20

VOR, (Very High Frequency Omnidirectional Range) Um receptor a bordo da aeronave mede a diferença

de fase entre os dois sinais e a converte em graus magnéticos chamados Radiais - estes indicam ao piloto

sua localização.

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32

Tabela 2– Informações de vento da estação meteorológica de Curicó de 1942.

Fonte: Autor, adaptado de anuário meteorológico (1972).

A falta de visibilidade e as ondas de montanha foram fenômenos meteorológicos

adicionais que ajudaram na desorientação espacial dos pilotos e, como resultado, a curva e a

descida se iniciaram muito cedo, antes que o avião tivesse superado a cadeia de montanhas, o

que contribui para a perda de controle e impacto no terreno.

No livro “Milagre dos Andes”, o autor e sobrevivente Nando Parrado informa

com detalhes tudo o que percebeu momentos antes do acidente. Segundo ele, “a fuselagem

começou a vibrar com tanta violência que tive medo que ela se despedaçasse” (PARRADO,

1972, p32). Numa visão técnica desse depoimento, pode-se deduzir que os pilotos, ao

avistarem uma cadeia de montanhas à frente, puxaram o manche do avião para ultrapassarem

tal obstáculo; como consequência, entraram em um estol – situação que o avião perde

sustentação – o que fez com que a fuselagem começasse a tremer. A baixa velocidade

resultante do estol pode ser a explicação de haverem sobreviventes após o impacto contra o

solo.

Em face às inovações advindas dos avanços tecnológicos, a aviação fica cada vez

menos dependente de navegação por rádios instalados nos solos - como os auxílios NDB,

VOR e ILS. A navegação aérea via satélite já é uma realidade e o futuro sinaliza uma aviação

ainda mais segura e precisa. Sistemas de navegação inerciais e eletrônicos como GNSS21

diminuiriam os riscos de os pilotos entrarem em situação de desorientação espacial observada

21

GNSS(Global Navigation Satellite System) é o nome dado para os sistemas de satélites que permite que

equipamentos forneçam, através da indicação de coordenadas, a localização de determinado ponto na

superfície terrestre.

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33

no acidente. Cabe ressaltar que a falta de precisão acerca da localização foi um dos motivos

da dificuldade de se encontrar sobreviventes por parte dos grupos de busca e salvamento.

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34

3.CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo geral de apresentar de que formar a meteorologia

interfere na operação aérea na região dos Andes.

Na primeira parte do estudo definiram-se as características da propagação das

ondas de montanha na região andina, considerado o principal fenômeno meteorológico em

regiões de cadeias montanhosas e capaz de produzir as nuvens rotoras e lenticulares que

alertam de maneira visual às tripulações para a existência das ondas de montanha. Nessa

abordagem registrou-se o risco de perda de controle da aeronave após decolagens ou pousos -

em raros casos um CFIT (voo controlado contra o terreno) - por consequência das ondas de

montanha.

A turbulência de céu claro tem como principais desvantagens a invisibilidade e

impossibilidade de detecção por radares meteorológicos. Os indicativos de sua existência são

correntes de jatos, nuvens lenticulares e rotoras. O vento Fohen é outro fenômeno

meteorológico que interfere a navegação na cordilheira e ocorre quando as correntes de ar

sobem as montanhas (barlavento) e se resfriam adiabaticamente; o mesmo processo acontece

quando as correntes de ar descem as montanhas (sotavento) e se aquecem adiabaticamente,

provocando num vento quente e seco.

Em seguida, explanou-se que o ábaco de Harrison é uma ferramenta utilizada para

voos em grandes formações orográficas e é utilizado na escolha das melhores rotas para a

navegação aérea na cordilheira dos Andes. O estudo levou em consideração a diferença de

pressão maior que 10 Hpa entre dois pontos sob a cordilheira e ventos a 18.000ft. A partir

dessas informações foi possível verificar a existência de turbulência na região montanhosa.

Como referencia no trabalho, escolheram-se para observação as diferenças de pressão

verificadas na rota preferencial (Mendoza/Santiago). Além dessa rota, o planejamento de voo

sobre as cordilheiras pode ser feitas pelas rotas norte e sul.

Além dos aspectos naturais, eventuais destacou-se a relevância dos fatores

operacionais – como despressurização e falha no motor – no planejamento desse tipo de voo,

em face à proximidade da aeronave com o terreno, portanto, é essencial total ciência das

altitudes dos morros e das altitudes mínimas de livres obstáculos.

No estudo do acidente conhecido como “Milagre dos Andes”, abordaram-se os

fatos históricos vivenciados pelo time de rúgbi uruguaio a bordo do Fairchild FH-227, avião

bimotor fabricado nos Estados Unidos, com destino à cidade de Santiago. O voo seguiria sem

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35

escalas de Montevidéu até Santiago, porém, as condições meteorológicas fizeram com que os

pilotos pousassem em Mendoza. No dia seguinte, a aeronave decolou para o que seria o seu

destino final, até que as condições meteorológicas induziram os pilotos ao erro, fazendo com

que a aeronave se chocasse contra as cordilheiras.

Concluiu-se que a interpretação do ábaco de Harrison durante as análises

coletadas sinalizou que as ondas de montanhas e turbulências nem sempre são causadas pela

diferença de pressão entre Mendoza e Santiago, como preconiza a ferramenta. Por diversos

dias foi possível observar a diferença de pressão menor que 10 hPa e a existência de um

boletim SIGMET, alertando os pilotos para turbulência severa na região. De forma a garantir

a adequada consciência situacional e prover a devida análise dos riscos envolvidos no voo

sobre os Andes, é de vital importância a interpretação das informações meteorológicas por

parte dos pilotos – METAR, SIGWX, SIGMET, AIRMET, imagens de satélites e ábaco de

Harrison detalhadamente - a fim de se elaborar planejamentos de voos precisos para navegar

na região. A meteorologia local tem total influência da rota a ser voada.

O estudo de caso com a FAU (Força Aérea Uruguaia) esclareceu que avanços

tecnológicos tornaram a passagem pela cordilheira muito mais segura, posto que os antigos

NDB caíram em desuso e VOR são cada vez menos utilizados. O profissional da aviação que

atua na região andina deve considerar as particularidades dos fenômenos meteorológicos e

consultar as previsões nesse tipo de operação bem como utilizar a plenitude dos recursos de

navegação modernos. O acesso amplo às informações acerca das condições meteorológica na

Cordilheira dos Andes é obtido por meios das previsões e boletins disponíveis no meio

aeronáutico.

As lições aprendidas com antigos acidentes visam aumentar a segurança de voo;

mesmo assim, é imprescindível que o conhecimento dos aeronautas seja a principal

ferramenta para a execução do planejamento. Portanto, o objetivo do trabalho foi atingido e

há possibilidade de que novas pesquisas se valham do estudo realizado para oferecer outra

visão, à luz de novas abordagens sobre o fenômeno.

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36

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