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UNIVERSIDADE DO ESTADO E SANTA CATARINA - UDESC CENTRO DE ARTES - CEART DESIGN DE MODA DÉBORA JÖNCK HOFFMANN MIROIR, O REFLEXO DO ESPELHO: ELABORAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE MODA INSPIRADA NOS ANOS DE 1920 FLORIANÓPOLIS, SC 2015

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UNIVERSIDADE DO ESTADO E SANTA CATARINA - UDESC

CENTRO DE ARTES - CEART

DESIGN DE MODA

DÉBORA JÖNCK HOFFMANN

MIROIR, O REFLEXO DO ESPELHO: ELABORAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE MODA

INSPIRADA NOS ANOS DE 1920

FLORIANÓPOLIS, SC

2015

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DÉBORA JÖNCK HOFFMANN

MIROIR, O REFLEXO DO ESPELHO: ELABORAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE MODA

INSPIRADA NOS ANOS DE 1920

Projeto do Trabalho de Conclusão apresentado

ao Curso de Design de Moda do Centro de

Artes, da Universidade do Estado de Santa

Catarina, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Bacharel em Design de

Moda.

Orientadora: Icléia Silveira

FLORIANÓPOLIS, SC

2015

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DÉBORA JÖNCK HOFFMANNN

MIROIR, O REFLEXO DO ESPELHO: ELABORAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE

MODA INSPIRADA NOS ANOS DE 1920

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Moda da

Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do

grau de Bacharel em Moda.

Banca Examinadora:

Orientador:

Drª Icléia Silveira

Membro:

Drª

Membro:

Drª

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................6

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA..................................................................................6

1.2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................7

1.3 DEFINIÇÃO DA PROBLEMÁTICA..........................................................................8

1.4 OBJETIVOS.............................................................................................................8

1.4.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................8

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................9

1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................................9

1.5.1 METODOLOGIA DA PESQUISA...........................................................................9

1.5.2 METODOLOGIA DO PROJETUAL........................................................................9

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................................10

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................11

2.1 O FILME – MEIA NOITE EM PARIS.........................................................................11

2.2 MIROIR, O REFLEXO DO ESPELHO.....................................................................14

2.3 AS INFLUÊNCIAS E CARACTERISTICAS DOS ANOS 1920................................18

2.4 CARACTERISTICAS DO VESTUÁRIO FEMININO E DA MODELAGEM DOS

ANOS 1920....................................................................................................................22

2.5 ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................................26

3 BOOK DA COLEÇÃO.................................................................................................40

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3.1 PAINEL CONCEITO.................................................................................................40

3.2 RELEASE.................................................................................................................41

3.3 PÚBLICO ALVO.......................................................................................................42

3.4 PARAMETROS........................................................................................................43

3.5 CARTELAS..............................................................................................................45

3.5.1 CORES..................................................................................................................45

3.5.2 TECIDOS...............................................................................................................46

3.5.3 AVIAMENTOS........................................................................................................47

3.6 COLEÇÃO................................................................................................................48

3.7 TRILHA SONORA....................................................................................................66

3.8 PRESS KIT..............................................................................................................67

4 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO .....................................................................68

4.1 DESENVOLVIMENTO DO PRIMEIRO LOOK.........................................................68

4.2 DESENVOLVIMENTO DO SEGUNDO LOOK........................................................76

4.3 DESENVOLVIMENTO DO TERCEIRO LOOK........................................................80

4.4 DESFILE.................................................................................................................84

5 RELAÇÃO DOS ARTISTAS DE REFERENCIA.........................................................92

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................96

REFERENCIAS

BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................97

SITES............................................................................................................................98

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do tema

Cultura, cinema, música, e diversos fatores que englobam o mundo da arte,

foram explorados pelo tema Trânsitos Vestíveis, o qual fundamenta as coleções de

formatura da turma de 2015 do Curso de Bacharelado em Moda da UDESC. Tomando

como ponto de partida os trânsitos vestíveis, buscou-se entender como estes se

inserem no contexto da moda.

Observa-se nos eventos de moda nacional e internacional, que os conceitos

explorados nas coleções são inspirados em diversos campos, culturais, artísticos, entre

outros, buscando sempre novas ideias a cada lançamento de coleções. Isto significa

transitar, buscar mudanças, uma forma de descontextualizar algo já existente, ou seja,

buscar em outros contextos novas fontes de inspirações.

Foi a partir dos conceitos de descontextualizar, se aprofundar e interpretar, que o

filme Meia noite em Paris, de Woody Allen em 2011, se torna foco de pesquisa para o

entendimento de como a mulher dos anos de 1920, e toda sua personalidade e estilo, é

capaz de ser traduzida em diferentes peças para a atualidade.

No filme há uma fusão entre o século XXI e a década de 1920, em Paris, cidade

marcada e admirada pela sua beleza, romantismo e história. Esta fusão é caracterizada

por Saraiva (2012) como, uma maneira de como dois mundos podem se encontrar em

determinado ponto, e transmitir de forma mútua a experiência por eles adquirida.

Diante deste contexto, busca-se entender a forma como pode ser feita essa fusão, ou

seja, combinação de elementos distintos em um único conceito e forma.

Foi após 1914, que as atitudes e o estilo de vida europeu mudaram bastante,

devido à primeira guerra mundial. Esta mudança é refletida na moda, a excentricidade

e o exagero dão lugar à elegância da liberdade feminina.

O estilo la garçonne usado na década de 1920, mostra uma inspiração sensual,

romântica e feminina da mulher com cabelos curtos e joelhos a amostra. Como pode

ser constatado, o romantismo, a beleza, a liberdade e a feminilidade da mulher podem

ser preservados nas formas de interpretação do vestuário. As mulheres da década de

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vinte se tornaram livres a partir de seu estilo romântico, sem luxo, mas com muito

conforto. Designers que se tornaram ícones da moda desta década, como Coco

Chanel, Jeanne Lanvin, Madeleine Vionnet, mostraram como a moda passou a

valorizar o corpo feminino, aliando estilo, beleza e conforto.

Ao transitar por todos os elementos que identificam a nova mulher dos anos

1920, como a moda, os lugares frequentados, a arte apreciada, entre outros que

compõe o estilo a la garçonne, percebe-se como cada ponto se tornou fundamental

para a construção do estilo, caracterizado pela liberdade de expressão da mulher. Foi

de fundamental importância a relação deste estilo com a arte e cultura da época. Por

isso, destaca-se a art déco, por entender que esta marcou os anos de 1920 em Paris,

pois foi e continua sendo usada como fonte de inspiração no desenvolvimento de

produtos de moda.

Neste sentido, buscou-se inspiração nos conceitos que formaram esta década,

que representam o romantismo, a liberdade e sensualidade da mulher para aplicar na

moda contemporânea, dando destaque ao estudo da forma do modelo e da

modelagem do vestuário.

1.2 Justificativa

A motivação que originou este trabalho, foi no sentido de mostrar como

elementos típicos de uma determinada década, podem inspirar a moda

contemporânea, com referências bastante modernas no traçado das formas, que

valorizem a liberdade do corpo feminino. A pesquisa será desenvolvida com o intuito de

misturar elementos da década em estudo com tendências atuais no processo criativo,

no desenvolvimento do produto de moda, que possa atrair o desejo de consumo. O

filme de Woody Allen, Meia Noite em Paris, é usado como referência, pois trabalha

muito bem a fusão entre o século XXI e a década de 1920.

A arte, a arquitetura, os movimentos sociais e culturais, sempre servirão como

fonte de inspiração para estilistas e designers de todas as gerações, na criação de

suas coleções. São muitos os elementos que se incorporam a moda, mas é necessário

realizar pesquisas de época e posteriormente desenvolver um processo denominado

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releitura, muito utilizado atualmente onde a quantidade e o acesso à informação se

democratizam e se aceleram cada vez mais.

Quando se pensa na década de 1920 como inspiração para uma coleção, várias

imagens são visualizadas como as melindrosas, o Grande Gatsby, as franjas, as cores

nude, Coco Chanel, o fim do espartilho, silhuetas desestruturadas, entre outros.

Acredita-se que muitos conhecimentos serão adquiridos, pois este período

mistura muita criatividade e experimentações. Neste contexto, pretende-se absorver a

maior quantidade possível de informações e conhecimentos e aplicá-los na coleção,

buscando formas inovadoras e confortáveis por meio dos novos materiais e

técnicas de modelagens disponíveis.

1.3 Definição da problemática

O filme de Woody Allen, Meia Noite em Paris, mostra o sincretismo entre o

passado e o futuro, no decorrer de um romance que mistura a atualidade com a década

de 1920. Esta década foi descrita por Braga (2004) como sendo marcada pelo charme,

liberdade, legalidade de um novo estilo, libertado das amarraduras ligadas ao sexo

feminino nas décadas passadas e a construção de uma nova mulher.

Transitar pelos elementos que caracterizaram a liberdade da mulher dos anos

1920 e aplicar estes conceitos em coleções contemporâneas é um grande desafio, pois

os modelos criados não podem ser percebidos como cópia, modelo retro ou figurino,

mas como uma composição de elementos que expressem o estilo da década, em

modelos atuais, modernos de modo globalizado. Diante desse contexto, chegou-se ao

seguinte problema de pesquisa: Como desenvolver uma coleção do vestuário feminino,

contemporânea, tendo como fonte de inspiração a década de 1920?

1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivo Geral

Desenvolver uma coleção do vestuário feminino, e contemporânea, tendo como

fonte de inspiração a década de 1920.

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1.4.2 Objetivos Específicos

1. Descrever a fusão entre o século XXI e a década de 1920, apresentadas no

filme uma noite em Paris;

2. Identificar as influências e características dos anos de 1920;

3. Verificar como os elementos que caracterizaram esta época foram representados

nos modelos do vestuário feminino, e na forma da modelagem, tanto em modelos

do filme Meia Noite em Paris bem como de outros modelos da época;

4. Selecionar as fontes de inspiração utilizadas na coleção do vestuário;

5. Registrar as etapas do desenvolvimento dos 3 looks escolhidos para o desfile de

formatura.

1.5 Procedimentos Metodológicos

1.5.1 Metodologia de pesquisa

Quanto à forma de abordagem do problema, esta pesquisa caracteriza-se como

investigação qualitativa.

Quanto aos objetivos, a pesquisa é exploratório-descritiva, pois estabeleceu

maior familiaridade com o problema, o qual investigou as características da década de

1920; baseando-se prioritariamente no estilo e na forma do vestuário.

Quanto à finalidade esta pesquisa é aplicada, pois irá gerar uma solução que

deverá ser utilizada por meio da forma modelagem e da releitura das fontes de

referência.

Os procedimentos de coleta de dados foram bibliográficos, os quais

fundamentam a pesquisa teórica, que foi aplicada na metodologia projetual, ou seja, no

conceito da coleção e no processo de criação.

1.5.2 Metodologia de projeto de produto de moda

A metodologia projetual utilizada para o desenvolvimento do produto de moda foi

baseada no trabalho projetual de Rozenfeld, o qual aproveita as especificidades do

Design Thinking, tratando o design como forma de solucionar problemas. Sendo assim,

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a metodologia foi desenvolvida com base no estudo paralelo de décadas distintas que

se encontraram em um sentimento comum.

A metodologia apresenta-se da seguinte maneira:

1. Estabeleceu-se a relação do tema geral com o subtema escolhido.

2. Descontextualização do subtema, com foco no ponto mais objetivo.

3. Estudo do subtema, definindo o conceito.

4. Foi traçado a partir do conceito linhas de análise da mulher da década de XX e

do século XXI.

5. Identificação em ambas as mulheres, dos pontos em comum como: desejos,

pensamentos, objetivos, opnião, e gostos.

6. Elaboração do painel e texto lifestyle baseado nas semelhanças encontradas.

7. Elaboração do painel de parâmetros de moda, juntando imagens

características da década de XX, bem como da moda atual.

8. Elaboração de um painel de inspiração (moodboard) baseado na arquitetura,

arte e cultura parisiense na década de XX.

9. Geração de alternativas de modelos.

10. Identificação do melhor método de modelagem que seja capaz de

representar o antigo no novo e vice-versa.

11. Estudo de cores, material (tecidos e aviamentos) e maneiras de confecção.

12. Elaboração dos protótipos.

13. Feedback, correção de erros e novo prototipo.

14. Desenvolvimento da ficha técnica.

15. Desenvolvimento da peça-piloto.

1.6 Estrutura do trabalho

O trabalho de Conclusão de Curso está estruturado seis capítulos, sendo que a

disposição do tema dar-se-á de forma a compreender melhor os assuntos abordados.

O capítulo 1 apresenta a introdução do trabalho, onde se apresenta o tema geral

e o subtema, descreve o problema, se relata os objetivos do trabalho, se realiza a

justificativa e apresenta-se a metodologia da pesquisa, a metodologia projetual e a

estrutura de trabalho.

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O capítulo 2 apresenta os fundamentos teóricos, abordando o filme que inspira o

conceito da coleção, os principais pintores que marcaram esta década, a descrição

sobre Miroir, o Reflexo do Espelho, as influências e as características do Vestuário

Feminino e da Modelagem dos Anos de 1920.

O capítulo 3 mostra as etapas da criação da coleção de moda (book).

O capítulo 4 apresenta as etapas da produção, confecção da coleção e a

apresentação do desfile de formatura.

O capítulo 5 destaca as obras referencias no trabalho

O capítulo 6 faz a conclusão do trabalho, respondendo os objetivos propostos.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O Filme - Meia Noite em Paris

O cinema segundo Kornis (2008) tornou-se nos últimos tempos sinônimo de

campo de estudo inovador nas ciências sociais e humanas. O cinema unido à história

formou uma relação de junção do fato com a preservação deste, ou seja, a história

conta o fato e o cinema o retrata e preserva.

O cinema desde seus primórdios foi conhecido como um registro da fonte de

conhecimento da história. Muitos filmes foram sendo produzidos como forma de

registro histórico. Sendo assim, alguns filmes, por sua vez, servem como documentos

históricos de seu tempo, ou também há títulos cujo conteúdo é voltado para o passado,

porém a intenção é que seja visto com uma perspectiva do presente.

Um exemplo, para este retrato do passado com a visão do presente é o filme

tema da coleção, Meia Noite em Paris de Woody Allen, produzido no ano de 2011

(FIGURA 1). O filme faz um relato da sociedade moderna querendo viver no passado,

ou seja, constantemente o longa metragem se refere aos anos 1920, mas com a visão

do século XXI.O filme teve grande repercussão nos cinemas, sendo considerado um

filme de comédia, romance e fantasia. Toda sua produção levou à indicação do Oscar

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por melhor direção de arte, melhor direção, melhor filme e foi vencedor no melhor

roteiro original.

Figura 1: Capa oficial do filme Meia Noite em Paris, no estilo da obra Noite Estrelada de Vicent

Van Gogh. 2011

Fonte: http://www.lpm-blog.com.br/?tag=meia-noite-em-paris

A linguagem áudio visual do cinema, ao longo dos anos foi construindo formas

de representação e reconstrução do passado, como também, contextos históricos

diversos a partir de diferentes concepções estéticas (KORNIS, 2008). O filme Meia

Noite em Paris apresenta a história de Gil, representado por Owen Wilson, o qual é

levado para Paris com sua noiva para uma viajem turística, porém toda noite ao

badalar da meia noite Gil se encontra na Paris dos anos 20, época a qual ele considera

a melhor.

Ao longo do filme é feita então a compreensão das imagens em movimento que

resultam no ato do espectador iniciar o seu entendimento enquanto as representações

da realidade e do passado, onde ele percebe no decorrer do filme as ligações

históricas representadas pelos artistas da década que são citados em diferentes

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momentos ao longo das cenas. Nota-se a influência de Gil (Owen Wilson) em um

tempo passado, o qual não lhe pertence, mas que, porém, influencia suas escolhas.

Estas relações entre o cinema e as ciências humanas se tornam visíveis desde a invenção do cinema enquanto técnica de registro de imagens em movimento e é também desta forma uma forma de reinvenção ao passado, pois registra o lapso de tempo já ocorrido, esta faculdade de reinventar é ao que o cinema esta fadado desde seus primórdios: reinventar a realidade. (BRAGA, 2004, p. 2)

É a partir desse ponto, que a coleção começa a ser criada, procura-se uma ideia

de reflexo, onde a moda de décadas atrás pode ser encontrada, ou reinventada, em

peças atuais trazendo seus desejos, suas características, de forma mesclada com a

realidade. Gerando assim, a ilusão de estar vivenciando uma nova realidade.

Santaella (2003) fala que a racionalidade do ser humano sofre constantemente a

influência de elementos que fogem ao controle, podendo ser interferências internas ou

externas. Por exemplo, o cinema é considerado uma interferência externa, pois pode,

através de condições de associação, relacionar a imagem vista com a realidade vivida.

A história do romance é contada, segundo Saraiva (2012), parcialmente nos

anos 1920, onde foram utilizados elementos da arte, desta década que influenciam

todo o filme, já o enredo é passado inteiramente numa mistura dos anos loucos com a

atualidade. Sendo assim, o protagonista acaba sendo influenciado pelas duas décadas.

Seus gostos, desejos e anseios pertencem a uma década, mas sua realidade pertence

à outra bem diferente. O filme confronta, constantemente, a ideia de ilusão, de que uma

vida diferente é melhor que a realidade.

A partir do século XX, os filmes e os programas de televisão adquirem crescentemente o estatuto de fonte preciosa para a compreensão dos comportamentos, das visões do mundo, dos valores, das identidades, e das ideologias de uma sociedade ou de um momento histórico (KORNIS, 2008, p. 14).

Ao assistir a trama questiona-se se há realmente uma idade de ouro, melhor do

que a qual se vive. Na verdade, é preciso viver o presente da melhor forma possível,

para então esta década ser considerada posteriormente de ouro.

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O filme faz apologia ao ubi sunt e ao carpe diem os quais representam a reflexão

sobre a transitoriedade da vida e que o principal é aproveitar o momento do agora.

Estas expressões são originadas da escola literária do arcadismo a qual tinha como

ideal a inspiração poética. É uma escola caracterizada por ser mais simples, sem tanto

rebuscamento e exagero como o barroco. Inspirou-se em diversos escritos em latim os

quais tinham tais expressões que representam de certa forma a efemeridade da vida e

a brevidade do tempo (COUTINHO, 2010).

A moda não deixa de ser uma forma de representação do que está acontecendo

no momento atual. Segundo Sant’Anna (2009), a moda é algo efêmero, além de indicar

os gostos que mudam de tempo em tempo, é na verdade um sistema na qual se

encontra a própria sociedade. Sendo assim, do mesmo modo que a sociedade se

modifica, a moda também se substitui com facilidade, porém características e detalhes

de cada década sempre se tornam marcantes e acabam influenciando as gerações

seguintes, seja apenas em um recorte ou um comportamento, mas sempre haverá um

detalhe que se tornará marcante.

Dessa forma a coleção combina em suas peças detalhes dos anos 1920 que

representam e marcam a década, e que influenciam até os dias de hoje. Para fazer

essa representação buscou-se a história da década bem como a contribuição de

artistas que foram símbolos dos anos loucos.

Gil (Owen Wilson), ao passar a década de 1920 acaba tendo contato com

diversos ícones da década, entre eles: F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Ernest

Hemingway, Salvador Dalí, Pablo Picasso, Henri Matisse, Josephine Barker, Man Ray e

Cale Parter. Destacam-se na sequência os principais pintores que marcaram esta

década.

2.2 As obras dos Principais Pintores da Década 1920

Salvador Dalí, Pablo Picasso e Henri Matisse foram pintores ícones da década,

cada um com seu estilo conseguiu representar de forma única sua visão da sociedade

que se construiu do estilo que se tornava vigente e do momento que era vivido.

Salvador Dalí, por exemplo, é considerado um importante pintor catalão,

conhecido por seu trabalho surrealista. Seu trabalho é caracterizado por combinações

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bizarras, no entanto possui qualidade plástica reconhecida, com muitos trabalhos

artísticos no cinema, escultura e na fotografia. Suas obras fazem apologia a

sentimentos, sensações, trabalhando muitas vezes com a figura e a imagem feminina

(FIGURA 2) (BLACKMAN, 2011).

Figura 2: Tumbadas en la arena, Salvador Dalí, 1926

Fonte: http://www.salvador-dali.org/museus/teatre-museu-dali/coleccion/155/figuras-tumbadas-en-la-

arena

Já Pablo Picasso foi um pintor, ceramista, cenográfo, poeta e dramaturgo, que

se especializou na arte do cubismo e fez dessa a sua arte, fazendo uso do jogo de

cores fortes e vibrantes um dos pontos fortes de suas obras. (FIGURA 3) (SANTANA,

2004).

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Figura 3: Meninas a ler, Pablo Picasso.

Fonte: https://bibliomag.wordpress.com/2014/02/11/leiturs-coimbra-sul-um-nome-blogue-de-leituras-aler/

Henri Matisse, junto com Picasso, foi considerado um dos artistas seminais do

século XX, foi um artista francês conhecido por seu trabalho do uso da cor e sua arte

de desenhar fluida e original (FIGURA 4). Além de pintor foi conhecido por seu trabalho

de gravurista, desenhista e escultor (REUTERS, 2010).

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Figura 4: ‘Retrato de Yvonne Fandsberg’, Henri Matisse.

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL1542087-7084,00.html

Com base nas obras marcantes de cada um dos artistas acima descritos, será

feito um estudo de traço, linha, cor, e leveza, para que as obras deles sirvam de

alicerce para a construção dos detalhes e formas da coleção.

Apesar da acelerada evolução tecnológica e inovações, sempre se volta o olhar

para o passado na busca de referências e inspiração. A moda é um exemplo desse ato

de inovar o presente com influencia do passado. A partir do subtema Meia Noite em

Paris, filme de Woody Allen, chegou-se ao conceito Miroir, o reflexo do espelho, que

reflete toda a combinação de elementos retratada na coleção. Descreve-se este

conceito na sequência.

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2.3 Miroir, o Reflexo do Espelho

A palavra Miroir, é uma palavra de origem francesa que significa espelho ou

espelhar. O espelho desde sua origem sempre esteve imerso num mundo de

significados. Os espelhos tiveram seu inicio em 1660, quando Luís XIV vislumbrou pela

primeira vez o potencial dos espelhos na decoração de interiores. Na época todos os

espelhos eram fabricados em Veneza, perto do fim de seu reinado a indústria

veneziana de espelho se mostrou em colapso, e como resultado a França assumiu o

controle deste novo setor lucrativo e sofisticado (DEJEAN, 2010).

No começo do século XVIII, o mundo já tinha se apaixonado pela novidade: Versailhes tinha a Galeria de Espelhos; por toda a Paris, jantares à luz de velas eram refletidos nos espelhos produzidos na França. [...] Hoje os espelhos estão por toda parte graças ao Rei Sol e seus decoradores (DEJEAN, 2010, p. 216).

Os espelhos passaram a ser vistos como elemento fundamental à vida

parisiense. DeJean (2010) conta que fitas, espelhos e renda são as três coisas sem as

quais os franceses não conseguem viver. Sendo assim o espelho e seu reflexo

passaram a ser relacionados com a identidade de cada indivíduo.

Alguns historiadores, como Strauss (1999), afirmam que a identidade está

relacionada com a forma como esta é vista pelos demais. Ou seja, a identidade é um

reflexo da pessoa, ou do objeto, por exemplo, uma pessoa é conhecida como grosseira

e mesquinha isto irá compor a sua identidade, pois tais características são reflexos da

sua personalidade. Assim como as pessoas, objetos, países, e até mesmo as roupas

possuem a sua identidade.

A identidade pode ser construída ou refletida através de elementos que a

representem. Segundo Novaes (1999) a identidade pode ser construída atráves da

união de várias imagens que irão lhe representar. Sendo assim conclui-se, por

exemplo, que a moda busca sua identidade na união de tendências novas com

detalhes de tendências antigas o qual resultam em um novo trabalho.

Tal fato pode ser observado em desfiles das famosas semanas de moda. No pré-

desfile de outono-inverno 2015/2016 realizado em Tóquio na última semana de janeiro

de 2015. Segundo o site da jornalista Liliam Pacce o desfile da marca Dior, a qual tem

como linha de frente Raf Simons, apresentou um futurismo diferente. A coleção se

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referia aos anos de 1960 (FIGURA 5), mas com um “gosto forte de Dior” como disse

Pacce. No desfile de alta-costura da marca, segundo a jornalista, Simons teve a

intenção de reverberar três décadas: anos 1950, 1960 e 1970, sem fazer o blend

parecer “uma salada sem sentido”.

Figura 5: Desfile Dior primavera-verão 2015

Fonte: http://www.lilianpacce.com.br/desfile/dior-alta-costura-primavera-verao-2015

Como a Dior, tiveram várias marcas que se inspiraram no século XX para suas

coleções. Liliam Pacce destaca Emilio Pucci, como sendo mais uma das marcas que

se inspiraram nos anos de 1970 em seu estilo boho (FIGURA 6).

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Figura 6: Desfile Emilio Pucci pré outono-inverno 2015/16

Fonte: http://www.lilianpacce.com.br/desfile/emilio-pucci-pre-outono-inverno-201516/

Pode-se ver, também, a coleção de Valentino, que trabalha os anos de 1960 e

70(FIGURA 7), e muitas outras que se destacaram pela combinação de elementos de

décadas passadas com tendências atuais.

Figura 7: Desfile Valentino pré outono-inverno 2015/16

Fonte: http://www.lilianpacce.com.br/desfile/valentino-pre-outono-inverno-201516/

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Constata-se que, a moda trabalha com um sistema de convenções que requer

inovação constante, partindo de uma decisão individual. Sant’Anna (2009) explica, que

a moda representa cada indivíduo de uma forma material, sendo assim, a sociedade

moderna vem sendo marcada por suas aparências, pois é a partir das aparências que

se cria uma visão sobre algo. As aparências são dadas, na sua maioria, a partir da

análise de comportamento e vestuário do individuo. Ou seja, todo objeto é carregado

de signifiados, que são refletidos para aquele que o usa.

As aparências dos objetos nunca são neutras como afirma Santaella (2003) elas

sempre estão carregadas de significados. Ou seja, todo objeto é um meio de

comunicação, informação, um signo. A roupa é um dos principais elementos que

carrega em seu interior uma imensa gama de significações, pois é atráves do design

que os objetos ganham significados e se associam a conceitos abstratos como estilo,

status, identidade.

A moda sempre foi um dos principais meios de se analisar a identidade de algo

ou alguém. Sant’Anna (2009) afirma que o guarda roupa de cada pessoa é um

ambiente variado de ofertas de signos do mundo moderno. Sendo assim, a moda e seu

comportamento são carregados de significações que são constantemente transmitidos.

A moda é composta pelo reflexo de algo, seja um novo comportamento, uma

nova cultura em ascensão ou uma nova tendência. Ela é responsável por refletir e

transmitir ao público uma aparência que causou certo prazer estético a um grupo, e

que acabou sendo desejado pelos demais (SANT‘ANNA, 2009).

O espelho retrata esta união de sujeito e objeto, no caso a pessoa e a roupa e

seu reflexo na sociedade. Ou seja, o espelhamento é feito a partir da união de algo real

com algo imagético produzido pelo reflexo. Desse modo, a moda une a peça vestível

junto com a identidade embutida a ela, seu valor, e suas características que irão por fim

caracterizar o individuo que a usa.

Seguindo este conceito a ideia principal da coleção é mostrar o reflexo dos anos

1920 na atualidade, abrangendo suas características como a liberdade da moda a la

garçonne, sua arte e arquitetura. Todo este reflexo está expresso através da

modelagem, que foi trabalhada baseando-se na moda da década, mas não somente

nela, utilizando a inspiração das obras dos artistas: Henri Matisse, Pablo Picasso e

Salvador Dalí, do qual foi tirado modelos de fluidez e leveza, combinação das cores e

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das formas. A arquitetura da década, a qual a Art Déco predomina soberanamente,

também será um dos polos para a inspiração de formas.

Unindo moda e arte procurou-se fazer com que, como no cinema, o passado

seja lembrado no presente através das linhas, cores e traços, deixando uma marca de

ouro de anos atrás registrada em peças contemporâneas que futuramente podem ser

consideradas um espelho de sua década. Cada objeto criado a partir da inspiração de

outro irá citar sua aparência, por meio da simulação de traços, linhas, formas e cores,

porém ambos sempre serão vistos como diferentes, pois o design sempre inovará algo

já existente (SANTAELLA, 2003).

O ato de refletir formas e detalhes da arte e da moda dos anos de 1920 na moda

atual, como resultado de um espelhamento, foi feito por intermédio da elaboração de

uma modelagem que representa a liberdade, o conforto, o romantismo e a

sensualidade que caracterizam a mulher desde a década de ouro até os dias atuais.

Para fazer com que toda uma história seja refletida na peça do vestuário

feminino, é necessário saber um pouco mais da história e dos detalhes que englobam

os loucos anos de 1920.

2.4 As influências e Características dos Anos de 1920

Após o fim de uma década marcada pela guerra, a paz finalmente triunfa. Uma

espécie de vivacidade começou a habitar os gestos e os costumes de toda a população

da década de 1920. Esta nova fase caracterizou-se pela audácia, a busca de

embriaguez e a emancipação das mulheres. Todos se lançaram em direção ao que

fazia viver mais intensamente cada momento da vida (FAUX, 2000).

As mulheres foram marcadas nesta época e sofreram grande influência por

diferentes fatores que vinham acontecendo na sociedade. Um dos elementos que

contribuiu nesta influência, para algumas mulheres letradas com melhor qualidade de

vida da época, foi o livro lançado em 1922, chamado La Garçonne de Victor

Marguerite. A partir deste livro muitas mulheres iniciaram uma nova forma de se

expressar. Esta nova mulher era caracterizada pelos seus cabelos curtos, hábito de

fumar em público, levava uma vida despreocupada com os bons costumes. Louise

Brooks era o grande ícone de ideal de beleza da época, seu estilo andrógino

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influenciou milhares de mulheres da década, e foi a partir dela que o corte de cabelo à

garçonne se expandiu por todo mundo.

O estilo andrógino da mulher dos anos 1920 teve influência não apenas por

ícones da década, mas também de todo o clima que caracterizava a década. O jazz,

charleston e froxtrot foram os ritmos mais evidentes e populares.

Segundo Braga (2004), o aspecto da androginia foi marcante e teve grande

influência em todo o estilo que marca a década, mas houve também certo

desaparecimento de diferenciação social por meio das roupas. As mulheres, de todas

as classes sociais, se uniformizaram com o novo estilo, tornando a moda fácil para

todas. A nova moda era simplificada, e tinha um aspecto funcional, permitindo uma total

liberdade de movimentos.

Conforme Blackman (2011):

A nova mulher do período pré-guerra se transformou na figura da amazona art déco, na melindrosa de cabelos curtos que bebia, provavelmente usava drogas, com certeza fumava em público e dançava até tarde nos clubes e cabarés da moda ou nos inferninhos dos círculos boêmios. A maioria das mulheres não vivia dessa forma, é claro. A melindrosa era mais invenção da imaginação popular do que de fato, embora a atenção dada pela mídia ao comportamento escandaloso das Bright Young Things fizesse crer o contrário (BLACKMAN, 2011, p. 12).

O novo padrão estético proporcionado pela moda dos anos de 1920 começa a

valorizar o corpo em si, de modo que sua beleza deixa de ser o maior obstáculo para o

inicio de uma era onde o corpo foi valorizado pela sua forma e jovialidade (BONADIO,

2007).

Toda a liberdade de movimentos concedida à mulher foi dada através de seus

novos trajes que marcam sua independência de estilo e valor. A independência

feminina foi sendo conquistada passo a passo e sofreu fortes influências externas.

Garcia (2003) afirma que a sociedade dos anos de 1920 era grande fã de óperas e

teatros, mas frequentavam muito mais os cinematógrafos, onde admiravam os filmes

de Hollywood e astros da época, que foram os grandes influenciadores dos novos

costumes adquiridos pela sociedade. Porém, também afirma que não foi somente a

arte do cinema que gerou intervenções na sociedade, mas também a arte, como o

estilo da arte déco, a qual era percebida entre os móveis, objetos, joias e a moda.

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Assim como nas obras de arte de Picasso, Matisse e Dalí, a arquitetura,

decoração e as joias, do estilo déco servirão como fonte para o desenvolvimento tanto

da modelagem como de bordados para a coleção. Ao se analisar as joias, como as

tiaras e braceletes (FIGURA 8 e 9), que eram considerados adornos muito frequentes

nas mulheres dos anos 1920, percebe-se sua combinação de cor, pedra, seus traços

geométricos, porém delicados, que vão se fundindo e formando peças ainda mais

delicadas.

Figura 8: Tiara ‘Paon’.

Fonte: https://www.pinterest.com/pin/379006124867096506/

Figura 9: Braceletes de cruz de malta incrustados com pedras de Coco Chanel.

Fonte: FOGG, M. Tudo sobre a moda. Rio de Janeiro: Sextante, 2013. Pag. 223.

O mesmo pode ser percebido em objetos de decoração como lustres, cômodas,

vitrais, entre outros (FIGURA 10).

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Figura 10: Lâmpada no estilo da arte déco.

Fonte: http://www.flickr.com/photos/kaszeta/6146946571/

Na década de 1920 ocorreram diferentes acontecimentos artísticos. No Brasil,

em 1922, a Semana de Arte Moderna foi o grande acontecimento cultural do período,

pois, lançou a base para buscar uma forma de expressão tipicamente brasileira.

Artistas brasileiros ganham força para buscar a independência de estilo. Já em Paris,

em 1925, iniciou-se as primeiras aparições das impressões da arte surrealista

(GARCIA, 2003).

A arte até os dias de hoje influencia no estilo da geração. A arte e a literatura

sempre andaram juntas.

A literatura sofreu um choque com o Modernismo, pois as poesias que antes eram compostas por uma métrica formalizada, se transformaram em versos criativos e libertos de qualquer padronização. A arte e a música também passavam por mudanças nas suas composições, onde telas pintadas com cores mais vivas e desenhos abstratos adentravam a sociedade em ebulição (ARMANI, 2012).

Todas estas mudanças e influencias que mexeram com a formação da

sociedade da época refletiram principalmente no mundo feminino. As mulheres

deixaram de serem mulheres do lar e abrem-se à moda e ao esporte. Como já havia

falado Braga (2004), Armani (2012) complementa sua visão afirmando que tais

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mudanças refletiram na sociedade em todos os seus aspectos até mesmo nas letras de

música da década. Como exemplo:

A canção “Dona Balbina” que na voz da inesquecível Carmem Miranda dizia assim: “Oh! Dona Balbina, isso assim não pode ser / o trabalho me amofina, não nasci para sofrer! / Vou me atirar na gandaia, pois só assim vivo bem / A vida é fogo de palha, meu ‘negô’ / E eu preciso é ‘gostá’ de alguém não é?”. Mas, como toda ação tem uma reação, outras músicas como “Tua saia é curta” e “Futurista” de Francisco Alves criticavam as mudanças femininas (ARMANI, 2012, p. 22).

A sociabilidade foi a grande responsável pela disseminação de informação,

inserindo a capacidade e possibilidades da população usufruir, por meio do consumo,

de todas as novas informações que chegaram com a década de 1920. As áreas de

principal efeito foram nas áreas centrais das cidades, as capitais, nas quais estavam

concentradas as principais casas comerciais, espaços que eram privilegiados para a

prática da sociabilidade, tanto que cafés, bistrôs, livrarias, ficaram conhecidos por

serem ambientes intelectuais e atuais (BONADIO, 2007).

De acordo com Bonadio (2007), a medida que a mulher foi ganhando

proximidade com o espaço público, sua vida foi ganhando força e a vontade de sentir a

realidade se tornou insaciável. As mulheres passaram a frequentar o meio público,

saiam de suas casas, iam às ruas para fazer compras, e tomar chá no fim de tarde,

elas passaram a serem não somente vistas, como também ouvidas.

A moda, ao lado da publicidade e do consumo, se tornou a principal linha de

costura da mulher com o espaço público. Sendo assim é necessário saber mais a

fundo como a moda se implantou na sociedade da década.

2.5 Características do Vestuário Feminino e da Modelagem dos Anos de 1920

A moda acabou sendo algo revolucionário na década de 1920. As mudanças

foram tantas e tão marcantes que se tornou difícil desvincular a palavra nova como

sinônimo da década. O funcionalismo, que foi impulsionado pela arte déco, foi

considerado palavra-chave que dominou a moda. A mulher, já emancipada, continuava

em busca de crescimento, trabalhando e ganhando seu dinheiro, o consumo desta

nova sociedade crescia progressivamente (BRAGA, 2004, p.72).

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No início da década a moda ainda não estava bem definida. Moutinho e Valença

(2000) descrevem como sendo as primeiras interversões na moda, as linhas sóbrias e

retas dos vestidos e saias, e a cintura baixa, a qual caia abaixo dos quadris (FIGURA

11).

Figura 11: Mulher dos anos 20 vestindo o vestido do estilo clássico da época: cintura baixa e linhas

sóbrias.

Fonte: FOGG, M. Tudo sobre a moda. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.

As revistas de moda foram as grandes disseminadoras desta nova moda

(FIGURA 12), bem como mostra os croquis sedutores que vestiam esta última moda, e

também ideias de tecido como o shantung que entrava em alta e o tussor, tecido de

seda leve. Uma das revistas mais conhecidas da década, segundo Faux (2000), era a

Modes et Travaux.

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Figura 12: Capa da revista Modes et Travaux, março de 1929.

Fonte: http://www.lordprice.co.uk/FAMG1011.html

O estilo déco, o qual foi oficializado em 1925 em Paris, na Exposição de Artes

Decorativas e Industriais, deu privilégio às formas geométricas que influenciaram tanto

o vestuário, onde as modelagens seguiam uma silhueta curta e tubular, bem como

influenciaram a joalheria.

A grande revolução da década ocorre em 1925, quando os trajes femininos escondendo a cintura verdadeira, e o busto não era salientado (MOUTINHO; VALENÇA, 2000, p.74encurtam-se indo até um pouco abaixo dos joelhos. A cintura do vestido ou do cós da saia ficava logo acima dos quadris, onde o corpo da mulher ainda era largo,).

Assim como a arte mexeu com a forma da moda, a música, como já dito

anteriormente por Armani (2012), era caracterizada pelo jazz, charleston e foxtrot, os

quais influenciaram a nova onda da moda da década. As roupas precisaram se adaptar

a nova onda da época (FIGURA 13). Sendo assim Braga (2004) analisa a roupa

feminina influenciada pela música como tendo suas principais mudanças na bainha das

saias e dos vestidos às quais subiram, e não pararam de encurtar. Com as pernas a

mostra as meias começaram a fazer sucesso e as de seda natural tornaram-se claras

para dar a ideia de cor da pele.

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Figura 13: Bee Jackson, campeã mundial de Charleston. Observa-se o encurtamento das saias e a

aplicação de franjas que seguiam o movimento da música.

Fonte: http://www.flickr.com/photos/gatochy/3328942045/

Novas peças surgiram e ganharam importância, como as meias. Por baixo dos

vestidos curtos foi criada uma combinação, a qual era considerada uma roupa de

baixo. As mulheres também investiram em cintas de malha, que modelavam as ancas,

às quais por sua vez eram presas as meias, também surgiram os achatadores de seios,

criados em Paris por Hermine Cadolle, que buscava desaparecer com os seios

(BRAGA, 2004).

A moda tornou-se mais funcional, do que ornamental, principalmente para a

mulher que trabalhava fora, se tornando assim mais fácil de ser reproduzida. Faux

(2000) comenta sobre a revista Modes et Travaux, onde poderia ser encontrado moldes

para confeccionar chapéus. A moda se tornou mais acessível. Faux (2000) ainda relata

que a mulher após a guerra se encoraja para buscar o seu desejo.

Essa liberdade ganhada pela mulher está associada com o estilo que vigorou na

época, que é o estilo andrógeno. Estilo, que segundo Palomino (2002), deu origem a

moda garçonne, caracterizada principalmente pelo corte de cabelo à la graçonne

(FIGURA 14), e pelo uso de roupas masculinas no vestuário feminino, como as

pantalonas (FIGURA 15).

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Figura 14: Dançarina e atriz americana, e ícone da moda a la garçonne, Louise Brooks. 1929

Fonte: FOGG, M. Tudo sobre a moda. Rio de Janeiro: Sextante, 2013. Pag. 226

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Figura 15: Gabrielle Chanel, estilo andrógino. Percebe-se o uso da pantalona, item bastante comum no

vestuário masculino.

Fonte: BLACKMAN, C. 100 Anos de Moda (2011, p.122)

Braga (2004) interpreta esta época como a aceitação e a prática do novo estilo

por parte das mulheres de todas as classes sociais que não mais se diferenciavam pela

maneira de se vestir. A diferença social ficava sutilmente marcada pelo preço das

roupas e pela quantidade de tecido utilizado. Até mesmo a alta costura da época foi

bem simplificada, privilegiando o funcionalismo e a liberdade total de movimentos.

“O novo ideal da mulher era: sexualmente liberta, de cabelos curtos, fumante e

masculina” (PALOMINO, 2002, p.55). A tendência andrógina, masculinizada, anulava

as curvas, o cabelo era usado curtíssimo e surgiu com ele os chapéus cloche, que

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tinham suas abas estreitas e voltadas para baixo (FIGURA 16). Outro acessório que

surgiu junto com o cloche foi os accroche-coeurs (pega-rapaz), que guarneciam a testa

e eram usados sob o chapéu cloche. Eram os únicos elementos de sedução

essencialmente femininos (MOUTINHO; VALENÇA, 2000).

Figura 16: Cloche, Jane Loewens, 1926

Fonte: http://glamourdaze.com/2012/08/the-cloche-hat-the-design-the-colors-and-how-to-wear.html

Outras tendências marcaram a época como: saias curtas na frente e compridas

atrás, modelagem aplicada principalmente em vestidos de noite; também foi criada uma

sobre-saia de gaze mais comprida que a do vestido, acrescentando caudas laterais ao

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vestido (FIGURA 17); as roupas de banho receberam desenhos excêntricos e

encurtaram com a moda atlética da década.

Figura 17: Vestido para noite, com sobre saia de gaze

Fonte: http://picnicvitoriano.blogspot.com.br/2011/06/cha-da-republica-velha-moda-de-1889-1930.html

Peças surgiram a partir da influência do uso de alguns estilistas, Moutinho e

Valença (2000) citam Chanel. Lançou-se as calças largas para as mulheres, inspiradas

na boca-de-sino dos marinheiros, foram chamadas de calças de iatismo. Criaram-se

pijamas usados como vestuário informal, bem como os taillers, que se tornaram um

clássico (FIGURA 18). Chanel foi um dos grandes ícones da moda andrógina da

década de 1920.

Ela usava suas criações num corpo pequeno, quase sem seios, vestindo-se com capas de chuva com cinto, camisas simples de gola aberta, blazers,

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cardigãs, calças e boinas macias. As cores preferidas por Chanel eram o cinza e o azul-marinho, mas ela criou muitos modelos em bege, lançando moda ( MOUTINHO; VALENÇA, 2000, p. 79).

Figura 18: Tailleurs Chanel, 1929. Coco Chanel e Lady Abny.

Fonte: FOGG, M. Tudo sobre a moda ( 2013, p..222)

O corte sóbrio e simples à celebrizou. Sua genialidade foi adivinhar qual era o

desejo da mulher do século XX e assim adiantar suas aspirações.

Madeleine Vionnet, costureira consagrada da década tinha sua diferença no fato

de criar peças inovadoras, o corte enviesado e costuras em diagonal eram uma das

suas marcas (FIGURA 19). Foi Vionnet que consagrou a frente única, e também os

modelos diurnos que eram vestidos pela cabeça sem abotoamento. Seus casacos

levavam a modelagem do estilo envelope. A suavidade das formas e caimento foi o seu

objetivo para fazer do vestido o molde do corpo (FOGG, 2013).

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Figura 19: Vestido de Noite em fios metálicos de Madeleine Vionnet

Fonte: FOGG, M. Tudo sobre a moda (2013, p. 247).

Como pode ser observado, Vionnet elimina a necessidade de espartilho fazendo

uso de técnicas de drapejamento e painéis de tecidos que envolvem o corpo.

Jean Patou foi mais um dos estilistas que se consagrou na década de 1920.

Alcançou seu maior sucesso, segundo Fogg (2013), com os vestidos de cintura alta

que se alargavam embaixo como um sino, e eram bordados à moda russa (FIGURA

20). Também teve fama com suas peças de sportwear que ganharam o gosto das

mulheres da década, que pela primeira vez no século se tornaram mais atléticas e

começaram a se bronzear (FIGURA 21). Assim como Chanel suas peças seguiam a

filosofia estética da simplicidade.

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Figura 20: Vestido noite de Jean Patou, detalhes em bordados com design da art déco.

Fonte: http://www.cbc.ca/nxnw/featured-guests/2012/04/28/art-deco-chic-at-the-museum-of-

vancouver/index.html

Figura 21: Peças de sportwear, por Jean Patou. 1920.

Fonte: http://galleryhip.com/jean-patou-1920.html

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A simplicidade dos cortes era combinada com a beleza dos bordados. Jeanni

Lanvin foi uma das poucas da época a ter um ateliê de bordados exclusivo. Suas peças

eram cobertas de bordados de pérolas coloridas. Sua especialidade eram os vestidos

de baile, compostos por diversas camadas de organdi arrematadas por rosas (FIGURA

22). A execução de suas peças se deu pelas mãos da costureira Maria Pombo, a qual

trabalhou durante um longo tempo ao lado de Lanvin, que tinha técnica impecável de

corte e acabamento (MOUTINHO; VALENÇA, 2000).

Figura 22: Robe de style, em seda preta, de Jeanni Lanvin. Vestido faz referência a nova estética

minimalista da art déco da década de 1920.

Fonte: FOGG, M. Tudo sobre a moda (2013, p. 244).

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Como pode ser observado, os anos de 1920 tiveram sua marca registrada.

Moldes, modelos, formas, expressaram e expressam a vivacidade da década dos anos

loucos. A mulher que muitas vezes parecia mais um menino de tão andrógena era

diferenciada pelo seu estilo sensual, e pelo uso da maquiagem que tinha como

principal elemento o batom. A combinação de todos os estilos e elementos que

marcaram a década sempre servirão como inspiração para a moda que vê-se hoje nas

ruas.

O sistema de moda aliado à mídia é responsável por impulsionar tendências,

conceitos e ideias para o mundo todo. Tão atitude influencia na construção da

identidade de cada individuo, pois interfere nas suas atitudes, na sua comunicação, ou

seja o sistema mexe com a identidade de todos ao seu redor. O sistema é influenciado

pela politica, economia, cultura, por sua vez, atingindo diferentes esferas (RECH,

MORATO, 2009).

O discurso feito pela roupa sempre teve grande influência na sociedade. Tanto

que, como diz Carli e Manfredini (2010), mexendo com o discurso feito pela roupa a

sociedade passa a ser vista com um novo olhar. E foi na construção deste novo estilo

que a moda dos anos 20 foi se desenhando.

A sociedade atual, conforme Navarri (2010) vive uma ausência de

reconhecimento, e a partir disso a moda fornece sinais eficazes e novos que evitam a

submersão na massa. A roupa nem sempre representa uma personalidade, porém as

pessoas fazem uso desta para representar um dos seus ‘eus’, a roupa funciona como

um espelho da pessoa é a partir do momento que a veste-se que os outros criam sua

primeira impressão, identificando certa identidade.

A moda sempre será o resultado da criatividade com a arte, o que resultada

em uma identidade diferente para cada uma das pessoas. A moda se alia a arte como

forma de buscar fontes de inspiração, mas principalmente identificação. Dessa forma,

esta coleção mistura a beleza da arte, com as verdadeiras obras de arte que

embelezaram as mulheres da década de 1920, com a simplicidade e o charme dos

anos loucos que marcaram a identidade feminina para além de uma década.

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Para concluir, a partir da pesquisa feita sobre o tema, o conceito e a base

histórica que inspirou esta coleção, as influências na década de 1920, constatou-se

que a moda interfere no comportamento da sociedade, e ao mesmo tempo, sofre

interferência de tudo que envolve o contexto da sociedade.

Com os dados da pesquisa pode-se afirmar que os anos 20 podem ser

considerados como um marco revolucionário que mexeu com a visão de como ver a

mulher e seus desejos. Tudo o que estava ao redor da figura feminina influenciou no

novo estilo que evoluiu e evolui até a atualidade, trazendo a liberdade para o cotidiano

da mulher.

A década de 1920, representada no filme Meia Noite em Paris, sofreu forte

influência pela arte desde seu princípio. A dança é descrita como a arte expressada

pelo corpo, o foxtrot, o jazz e o charleston mexeram não só com o corpo, mas com a

alma de toda a geração jovial dos anos loucos. A arte da música teve grande influência

em todo o vestuário feminino, pois este foi sendo adequado para melhor desenvoltura

da dança, sendo assim muitos modelos foram sendo feitos, tendo um trabalho rico de

modelagem e bordado.

A arte, em suas diferentes formas, envolveu a moda de tal forma que esta

precisou se adaptar a essas novas influências, e o resultado foi uma exuberância de

modelos que geraram fascínio do público feminino, e que serviu como inspiração para

esta coleção.

Os modelos de sucesso são reflexos da nova mulher que surgia, a mulher

emergida na arte da dança, da música, da literatura, e da arquitetura. A nova mulher da

década de 1920 seguia um novo estilo, buscava novos objetivos. O gosto pelo trabalho

e pela independência ganhados pelos sofridos anos de guerra, fizeram com que esta

mulher busca-se a liberdade.

O estilo andrógino, além de ser um dos passos para a buscada liberdade, foi

considerado marcante não só por caracterizar um novo estilo de se vestir, foi também

marco do desaparecimento de diferenciação social por meio das roupas, uma vez que

este aspecto sempre fez parte da indumentária.

Sendo assim a coleção apresenta a combinação do feminino, da arte, e do

contemporâneo, por meio da modelagem e dos bordados inspirados nas diversas

influencias que construíram o estilo e o sentimento da mulher da década de 1920.

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O trabalho de pesquisa das técnicas de modelagem e bordado resultou em uma

pesquisa baseada no estudo do processo de releitura, na representação dos anos

1920, no filme meia Noite em Paris.

Enfim, hoje se percebe como a construção do feminino, da moda/arte e da

sociedade, estão ligados. Um sempre vai influenciar o outro sucessivamente. A graça

da moda está na novidade do que está por vir, seja ela uma inovação inédita nunca

vista antes, ou então, uma releitura ainda mais inovadora daquilo que já se conhece

como certo.

3 O BOOK DE COLEÇÃO

3.1 CONCEITO

O conceito é um painel que mostra de forma conceitual, também chamado de

painel imagético, qual é o espirito transmitido pela coleção, realçando suas cores e

características principais de uma forma mais sentimental.

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Figura 23: Painel conceito do Book de Coleção

Fonte: autoria pessoal

3.2 RELEASE

O release é o texto que acompanha o painel conceito de forma a representar em

palavras de forma poética o sentido da coleção. O release na sua maioria é breve e de

fácil entendimento para dar abertura a coleção. Segue o release apresentado no Book

da coleção Miroir, 2015:

“O passado sempre teve um charme especial. A delicadeza das linhas e de suas

histórias. A beleza de seus protagonistas. A suavidade de como o mundo se repete de

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tempos em tempos. A história é contata e refeita a cada novo olhar que é lançado sobre

ela.”

3.3 PÚBLICO ALVO

O painel do público alvo, ou também chamado de painel lifestyle, representa em

imagens o desejo do público consumidor da coleção. Por exemplo qual é o público que

desejo alcançar, se é feminino masculino, de qual faixa etária, quais são os seus

desejos de consumo, qual é o ambiente em que esta envolvido, qual a sua rotina, quais

as suas necessidades. E a partir destas respostas gerar alternativas que se encaixam

para o público alvo da coleção.

Figura 24: Painel do público alvo do Book da Coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Texto argumentativo: Mulher romântica, porém autêntica. Gosta de dar seus

devaneios entre as décadas, porém sua realidade sempre é bem concreta. Sua

suavidade é expressada pelos seus gostos delicados. Adora um bom vinho, em um

lugar calmo e tranquilo. Sua vaidade é ainda mais ativada com peças com brilho suave

dos bordados. Tem preferência pelo conforto das peças que usa, tecidos leves e cores

que se encontram num contraste sinuoso. Uma de suas mais vibrantes características

é o fato de seu olhar sempre estar interligando o passado com o presente, misturando

lembranças, e fazendo uso da história como meio de inspiração para ativar sua

criatividade.

3.4 PARAMETROS DE MODA

O painel de parâmetros de moda procura selecionar os modelos dos quais

serviram de base para a elaboração dos modelos da coleção, auxiliando em ideias de

novas modelagens, de novos caimentos, de estilos de decotes e cavas. É um painel

voltado para referências de estilo.

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Figura 25: Painel de parâmetros de moda do Book de Coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

Texto argumentativo: Os parâmetros procurando abordar modelos e recortes que

representem a suavidade da década de 1920. Cortes suaves com tecidos fluidos com

movimento. Os bordados também são característicos da década sendo representados

principalmente em vestidos de noite. O caimento e representação das peças, seja a

caimento da saia, a modelagem da manga, a suavidade do decote, ou a beleza dos

bordados, todos eles procuram levar a ideia de releitura de uma das décadas mais

encantadoras, os loucos anos 20.

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3.5 CARTELAS

As cartelas que compõe o Book da coleção estão voltados para a seleção de

materiais, cores e aviamentos que serão usados para a execução desenvolvimentos

das peças da coleção, estes devem ser escolhidos com antecedência para ver se tem

disponibilidade dos mesmos no mercado.

3.5.1 CORES

Pode-se ver na figura 26 as cores escolhidas para compor as peças da coleção.

Figura 26: cartela de cores Book de Coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Texto argumentativo: Os anos de 1920 ficaram conhecidos pelas noites embalas

pelo jazz, charleston e foxtrot. Para unir o romantismo feminino com a beleza sensual

das mulheres dos anos de 1920, escolheu-se cores fortes que representam seu espírito

autêntico, unido a sobreposições de tons mais leves, que formam assim um cartela de

cor homogênea, que provoca no consumidor a vontade de buscar o gostoso embalo do

jazz para os dias atuais.

3.5.2 TECIDOS

Pode-se ver na figura 27 os tecidos leves e fluidos que foram escolhidas para a

elaboração dos looks e das delicadas rendas que darão o acabamento final nas peças.

Figura 27: cartela de materiais Book de coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Texto argumentativo: Os tecidos utilizados para a coleção são tecidos leve com

toque de seda, como a musseline e o crepe georgette. Acompanhando estes tecidos

leves e fluidos vem a renda toda trabalho pelo bordado que se encarrega de trazer o

romantismo e a beleza dos anos 1920 para cada metro de tecido das peças. O espirito

dos anos 1920 está embutido em cada fio de tecido para que o conjunto de cada um

dos looks expresse por si só o conceito Miroir da coleção.

3.5.3 AVIAMENTOS

Pode-se ver na figura 28 os aviamentos que compõe a coleção e que serviram

como detalhes de acabamento.

Figura 28: cartela de aviamentos Book de coleção Miroir, 2015.

Fonte: autoria pessoal

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Texto argumentativo: Os detalhes eram elementos cruciais para a mulher dos

anos 1920, e como a coleção busca uma releitura moderna da década, cada detalhe

tem que estar de acordo. Serão utilizados zíper invisíveis, acompanhados de botões de

pérola com fechamento por celha para um melhor acabamento das peças. E todas as

bainhas das peças serão fechadas com fio de nylon para finalizar a representação do

movimento suave das peças.

3.6 COLEÇÃO

O desenvolvimento da coleção teve como ponto de partida a geração de cento e

cinquenta alternativas, das quais foram escolhidos os vinte e cinco croquis finais que

compõe a coleção Miroir apresentada no Book de Coleção. Dentre os vinte e cinco

croquis foram escolhidos três deles que foram executados e se apresentaram no

desfile Octa Fashion 2015.

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Figura 29: Looks 1, 2 e 3 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 30: Desenhos técnicos looks 1, 2 e 3 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 31: Looks 4, 5 e 6 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 32: Desenho técnicos dos looks 4, 5 e 6 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 33: Looks 7, 8 e 9 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 34: Desenho técnico dos looks 7,8 e 9 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 35: Looks 10, 11 e 12 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 36: Desenho técnico dos look 10, 11 e12 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 37: Looks 13, 14 e 15 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 38: Desenho Técnico dos looks 13, 14 e 15 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 39: Looks 16, 17 e 18 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 40: Desenho técnico dos looks 16, 17 e 18, da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 41: Looks 19, 20 e 21 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 42; Desenho técnico dos looks 19, 20 e 21 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 43: Looks 22, 23, 24 e 25 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 44: Desenho Técnico dos looks 22, 23, 24 e 25 da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 45: Mapa da coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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Figura 46: Mapa do desfile da coleção Miroir, 2015 – croquis tratados no photoshop

Fonte: autoria pessoal

3.7 TRILHA SONORA

Como a coleção Miroir procura mostrar esse contraste do antigo com o moderno,

foi escolhida uma trilha que remetesse a década de 1920, para que essa desse o ritmo

da década para as peças modernizadas que se encontram na passarela.

A trilha escolhida faz parte da trilha sonora do filme Meia Noite em Paris. O

nome da música é Je Suis Seul Ce Soir.

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3.8 PRESS KIT

O presskit procura acompanhar a coleção como uma forma de

presente/propaganda que estará sendo entregue ao cliente e que lhe remeterá ao

espírito da coleção proposta na passarela. É uma forma de deixar a coleção viva junto

com cada um dos presentes no desfile ou na apresentação da coleção.

Figura 47: Press kit da Coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

Texto argumentativo: A coleção Miroir parte do conceito de reflexo, um olhar no

passado que reflete no presente. Como forma de demostrar esse conceito na prática foi

preparado um press kit que faz uso de utensílios muito utilizados pela mulher da

década de 1920, o espelho de mão. O espelho de mão vem fazer com que a mulher

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perceba a ideia de que tudo o que vemos como antigo hoje, pode ser refeito e visto

como moderno amanhã.

4 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

4.2 DESENVOLVIMENTO DO PRIMEIRO LOOK

Figura 48: Look 1 com desenhos técnicos, coleção Miroir, 2015

Fonte: autoria pessoal

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a) Modelagem

A modelagem das peças do primeiro look partiram da base industrial feminina

tamanho 40, e todas foram feitas a partir da modelagem plana. A partir dela foram feitos

ajustes conforme o modelo descrito no croqui.

A blusa de duas camadas tinha uma abertura maior nas barras das duas blusas

causando o efeito de godê, lembrando que teve todo o trabalho de transporte de pence

do busto, ombro e cintura. A cava utilizada foi a mínima e o decote da frente tinha

profundida abaixo do busto, e das costas 20 cm.

Já o casaco tinha um aprofundamento da cava para melhor movimentação, pois

teria outra peça por baixo. A frente é curta e se alonga nas costas. A manga é feita a

partir de uma manga industrial, a cabeça da manga é ajustada a partir da soma das

medidas da cava da frente e das costas mais 20 cm para ser feito as pregas que dão

volume no alto da manga. Na barra é aberto em torno de 15 cm para cada lado para

ser embebido no punho, o qual tem 15 cm de comprimento e tem formato anatômico

para melhor ajuste no corpo.

A saia foi feita a partir do modelo de saia reta feminina tamanho 40, modelagem

plana. A saia foi desenhada frente e costas separadamente e depois unidas pela lateral

formando um só molde, eliminando as pences e deixando com que o caimento mullet

ficasse mais suave.

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Figura 49: Fichas técnica de modelagem ref. Look 1

Fonte: autoria pessoal

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b) Corte e Costura

A blusa de duas camadas teve seu plano de corte elaborado para que não

tivesse nenhuma costura no centro da frente e no centro das costas. Para isso o molde

da 2ª camada frente e costas foi cortada com o tecido aberto para melhor

aproveitamento, e os demais moldes foram cortados com o tecido dobrado sendo que

os moldes do centro da frente e do centro das costas da 1ª camada ficavam na dobra

do tecido.

Para iniciar a costura da blusa de tecido crepe georgette, primeiro foi fechada as

pences do busto, ombro e cintura, que deram um recorte diferenciado na peça. Em

seguida foram unidas cava e decote da frente e das costas, da primeira com a segunda

camada, e então fechado o ombro. Por final foram fechadas as laterais e feito a bainha

com fio de nylon.

Todas as costuras foram inglesas, e como detalhe final eram aplicadas as

rendas posicionando-as ao longo do recorte da pence do ombro e cintura.

O resultado da construção da blusa foi de um acabamento impecável, e com

caimento suave e leve como era o desejado.

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Figura 50: Ficha Técnica de ateliê look 1

Fonte: autoria pessoal

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O casaco mullet teve seu plano de corte elaborado de forma com que todas as

peças conseguissem ser posicionadas com o tecido dobrado, colocando a manga e o

centro das costas bem na margem dobrada do tecido.

Para iniciar a costura primeiramente foi entretelado o punho com a entretela

cavalinho com pontos manuais espinha de peixe. Em seguida cortou-se todas as

celhas para colocar no punho para fechar os quinze botões de pérola de cada punho.

Inicialmente foi fechada a frente com a cava pelos ombros e laterais, em seguida

foi costurada a manga na cava, embebendo a cabeça da manga com pences. Por final

foi costurado o punho na manga, franzindo a base da manga para dar volume.

Assim que foi finalizada a costura na máquina, aplicou-se a renda manualmente

nos punhos e pregou-se os botões.

O resultado do casaco mullet foi de extrema delicadeza. Todas as suas costuras

são inglesas, e sua bainha foi feita com fio de nylon. A manga foi a parte da peça que

mais contagiou a todos que a apreciaram, pois seu movimento e seus detalhes foram

bem acabados, somente a entretela do punho que deveria ser escura, ou deveria ser

entretelado os dois lados do punho.

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Figura 51: Ficha técnica de ateliê casaco mullet look 1

Fonte: autoria pessoal

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A saia mullet teve seu plano de corte elaborado a partir de muitas tentativas e

erros, mas no fim o resultado ficou incrível. A saia foi cortada na trama com o tecido

aberto, e de forma com que o molde ficasse totalmente aberto sobre o tecido.

O fechamento da saia era feito somente no centro das costas onde foi costurado

um zíper invisível e feito a bainha com fio de nylon.

Para o cós da saia ficar firme, primeiramente uniu-se as duas camadas da saia

pelo cós, em seguida costura uma faixa de entretela da largura do cós, e sobre a

entretela foi encaixada o cós cortado no viés. Todo o cós teve acabamento com pontos

manuais invisíveis de forma com que o cós ficasse resistente e firme.

A saia teve o caimento e o movimento desejado e as duas camadas fluíram na

passarela de uma forma leve e suave, conforme era o planejado.

Figura 52: Ficha técnica ateliê saia mullet look 1

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Fonte: autoria pessoal

4.3 DESENVOLVIMENTO DO SEGUNDO LOOK

Figura 53: Look 2 com desenho técnico, coleção Miroir, 2015

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Fonte: autoria pessoal

a) Modelagem

A modelagem do segundo look foi elaborada a partir da base industrial feminina

tamanho 40, modelagem plana.

O decote da frente e das costas, e o recorte da frente e das costas, foram todos

feitas a partir do transporte de pence. Como a manga era modelo ciganinha e chegava

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a té o recorte do centro da frente e das costas, foi uma das modelagem mais

trabalhosa mas que o resultado no corpo foi de um caimento impecável.

A saia do vestido foi feita a partir do molde da saia mullet do look 1, foi feito um

molde trabalho juntando a saia com a parte de cima do vestido, transportando a costura

lateral, que era inexistente na saia, para a parte de trás do vestido.

A manga foi desenhada a partir de uma manga industrial, aumentando sua base

para dar o volume. Após fechado o corpo do vestido mediu-se a cava e a partir dela foi

feita a abertura dos ombros da manga.

Figura 54: Ficha técnica de modelagem ref. Look 2

Fonte: autoria pessoal

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b) Corte e Costura

O vestido mullet teve seu plano de corte elaborado de forma com fosse cortado

com o tecido aberto para melhor alcance da saia.

Para iniciar a costura primeiro entretelou-se os punhos, e cortou-se as celhas

que foram costuras ao punho. Em seguida uniu-se todos os recortes do vestido,

deixando por ultimo o recorte do centro da frente e do centro das costas, pois estes

foram costurados depois da manga para dar o acabamento.

O recorte do centro da frente e das costas era duplo, no caso o forro de ambos

foi fechado manualmente após a aplicação das rendas.

Para finalizar foi feita a bainha com fio de nylon e aplicada a renda e os botões

de pérola no punho, e o punho foi unido a manga.

O resultado da peça a que melhor teve retorno do público, seus acabamentos

foram minuciosos.

Figura 55: Ficha técnica de ateliê vestido mullet look 2

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Fonte: autoria pessoal

4.4 DESENVOLVIMENTO DO TERCEIRO LOOK

Figura 56: Look 3 com desenho técnico, coleção Miroir, 2015

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Fonte: autoria pessoal

a) Modelagem

A modelagem do terceiro look partir da base industrial feminina tamanho 40,

modelagem plana.

A modelagem foi feita como se fosse dois vestidos um sobrepondo o outro. A 2ª

camada mais comprida e tinha o caimento mullet. Já a 1ª camada era mais curta e

tinha recortes na frente e nas costas, onde que nas laterais foram aplicadas as rendas

recortadas.

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Figura 57: Ficha técnica de modelagem ref. Look 3

Fonte: autoria pessoal

b) Corte e Costura

O corte do terceiro look foi elaborado de forma com que a 2ª camada não tivesse

recortes no centro da frente e no centro das costas. Como era um vestido curto mullet

teve um melhor encaixe de moldes, também pelo fato dos moldes serem muito

parecidos.

Inicialmente uniu-se todos os recorte da 1ª camada para em seguida unir a cava

e o decote da 1ª com a 2ª camada. Após feito isso foram fechadas as laterais. A bainha

da 2ª camada foi feita com fio de nylon e a 1ª camada foi feita a bainha com viés

aplicado manualmente.

Como acabamento da peça, foram aplicados uma trilha de botões de pérola no

centro da frente, e nas laterais foi aplicado manualmente o barrado da renda.

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Figura 58: Ficha técnica de ateliê vestido curto mullet duas camadas look 3

Fonte: autoria pessoal

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4.5 DESFILE

Os três looks finais desfilaram no dia 13 de novembro de 2015 no Octa Fashion

2015, que ocorreu no Oceania Park Hotel, nos Ingleses. Nas imagens abaixo feitas

pelo fotografo Cristiano Prim, pode-se ver o resultado final da coleção Miroir. Em

sequencia look 1, look 3 e look 2:

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Figura 59: Desfile Octa Fashion, Coleção Miroir, look1

Fonte: fotógrafo Cristiano Prim

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Figura 60: Desfile Octa Fashion, Coleção Miroir, look1

Fonte: fotógrafo Cristiano Prim

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Figura 61: Desfile Octa Fashion, Coleção Miroir, look3

Fonte: fotógrafo Cristiano Prim

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Figura 62: Desfile Octa Fashion, Coleção Miroir, look3

Fonte: fotógrafo Cristiano Prim

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Figura 63: Desfile Octa Fashion, Coleção Miroir, look 2

Fonte: fotógrafo Cristiano Prim

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Figura 64: Desfile Octa Fashion, Coleção Miroir, look 2

Fonte: fotógrafo Cristiano Prim

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Figura 65: Desfile Octa Fashion, Coleção Miroir, look 2

Fonte: fotógrafo Cristiano Prim

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Figura 66: Desfile Octa Fashion, Coleção Miroir. 2015

Fonte: Cristiano Prim

5 RELAÇÃO DAS OBRAS DE REFERÊNCIA

Com a coleção finalizada vale a pena ressaltar um ponto apresentado na

fundamentação teórica onde diz que, a coleção tem como inspiração os anos 20

representado no filme Meia Noite em Paris, e dentre isso foi citado alguns artistas da

época que serviriam como inspiração para a criação dos looks.

Como forma de referenciar os looks com os artistas que serviram de alicerce e

inspiração para a elaboração desta coleção, segue em imagens uma forma de como os

looks se encaixaram com os artistas.

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Salvador Dalí tem como sua principal característica as uniões bizarras presentes

em todas as suas obras. Para a coleção esse conceito de união foi traduzido em uma

forma mais romântica, de forma que as uniões bizarras estão presentes no encaixe

manual das rendas que foram recortas, rendas bordadas e não bordadas, e em

seguidas encaixadas sobre o vestido e aplicadas manualmente.

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Henri Matisse era caracterizado pelo seu traço leve e fluido, dessa forma essa

ideia de fluidez foi traduzida para os tecidos, os quais todos eles são leves e com

movimento fluido, presente no caminhar e no movimento do corpo.

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Pablo Picasso tem muito presente em suas obras o fato de usar cores

marcantes e contrastantes. Na coleção esse jogo de cores foi colocado de forma que

as peças fossem de uma cor forte, sexual devido a transparência, contrastando com as

rendas de acabamento romântico e suave e de tom claro e leve.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente a moda é algo muito além do novo, é fazer com que o antigo vire

novo. A história sempre será carregada de elementos que inspiram década após

década, e é a partir da história que a moda vai se disseminando.

Os anos 1920 foram ricos de inspiração: sua arte era carregada de linhas e

traços que transitavam em harmonia; sua sedução estava presente nas mulheres, que

tinham a elegância e charme como principais aliados; seu clima era embalado pelo

som do jazz, onde que a música tocava a vida fluía; sua moda rica em detalhes,

bordados minuciosos, modelos confortáveis e charmoso; seu charme cativava a todos

e influencia diferentes áreas culturais durante todos estes anos.

Espera-se, com esse estudo, ter alcançado o objetivo de traduzir uma década

para os dias atuais de forma que as peças ficassem contemporâneas, mas que a

história tivesse imersa nos tecidos. Fazendo com que o público alvo seja envolvido pela

peça, não apenas pelo seu conteúdo de moda, mas também por toda a carga

emocional que a acompanha.

Quanto aos objetivos específicos traçados no início da pesquisa o primeiro ponto

era verificar todas as referências da década que poderiam ser traduzias para a

atualidade, e junto com isso fazer uma análise da modelagem e do vestuário da

década. Tal trabalho foi feito a partir de uma pesquisa profunda sobre todos os detalhes

da historia da década, que resultou em modelagem de ótimo caimento.

As peças desenvolvidas têm um caimento todo baseado no estudo da

modelagem da década, bem como inspirado em artistas ícones que serviram de

referencial para a criação dos looks, ponto também abordado nos objetivos específicos.

Os artistas serviram como base para criação de um traço, de uma forma, de um

encaixe sinuoso entre o antigo com o contemporâneo.

Ao colocar toda esta pesquisa em pratica vê-se como resultado a coleção Miroir

apresentada no desfile Octa Fashion 2015, mostrando que o charme do passado

sempre estará presente no futuro.

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