universidade do estado do rio de janeiro -...
TRANSCRIPT
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Tecnologia e Ciência
Faculdade de Engenharia
Marcos Herbert Smith dos Santos
Potencial de energia solar e de geração com sistemas
fotovoltaicos conectados à rede em Moçambique
Rio de Janeiro
2014
Marcos Herbert Smith dos Santos
Potencial de energia solar e de geração com sistemas
fotovoltaicos conectados à rede em Moçambique
Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Fenômenos de Transportes.
Orientador: Prof. Dr. Mauro Carlos Lopes Souza
Coorientador: Prof. Dr. Trajano de Souza Viana
Rio de Janeiro
2014
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/B
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial
desta dissertação, desde que citada a fonte.
Assinatura Data
S237 Santos, Marcos Herbert Smith dos.
Potencial de energia solar e de geração com sistemas fotovoltaicos conectados à rede em Moçambique / Marcos Herbert Smith dos Santos. - 2014.
107 f.
Orientador:. Mauro Carlos de Souza. Coorientador: Trajano de Souza Viana. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio
de Janeiro, Faculdade de Engenharia.
1. Engenharia Mecânica. 2. Energia solar – Dissertações. 3. Moçambique. I. Souza, Mauro Carlos de. II. Viana, Trajano de Souza. III. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. IV. Título.
CDU 620.92(679)
Marcos Herbert Smith dos Santos
Potencial de Energia Solar e de Geração com Sistemas
Fotovoltaicos Conectados à Rede em Moçambique
Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Fenômenos de Transportes.
Aprovado em: 30 de janeiro de 2014. Banca Examinadora:
___________________________________________________________
Prof. Dr. Mauro Carlos Lopes Souza (Orientador)
Faculdade de Engenharia – UERJ
___________________________________________________________
Prof. Dr. Trajano de Souza Viana (Coorientador)
Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET/RJ
___________________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Artur Pecorelli Peres
Faculdade de Engenharia – UERJ
___________________________________________________________
Prof. Dr. Samuel Luna de Abreu
Instituto Federal de Santa Catatarina - IF/SC
___________________________________________________________
Prof. Dr. Weber Figueiredo da Silva
Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET/RJ
Rio de janeiro
2014
DEDICATÓRIA
À minha família, à minha esposa Hilzese à minha irmã Giuliana, que sempre
me ajudaram e estimularam a estudar.
AGRADECIMENTOS
A Deus que me criou e me inspirou a realizar este trabalho.
Ao professor Mauro Carlos Lopes Souza, amigo, orientador, que com
dedicação e sabedoria me orientou e encorajou nos estudos.
Ao professor Trajano de Souza Viana, coorientador, que com muita
sabedoria me ajudou a estruturar a dissertação.
À professora Mila Avelino que sempre me encorajou e me ajudou.
Ao professor Weber Figueiredo, pelas observações e sábios conselhos.
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UERJ, em
especial ao professor Norberto Mangiavacchi, e a todos os seus excelentes
professores cujo conhecimento transmitido criou, para mim, novas oportunidades
profissionais e possibilitou a realização deste desejo de aprofundar meu
conhecimento em uma área de pesquisa.
Aos meus colegas do curso de mestrado que sempre me auxiliaram e
apoiaram.
À Silvia Pereira, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), pela
colaboração no trabalho de elaborar os mapas solarimétricos com as especificações
adequadas a esta dissertação.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para que este trabalho
tivesse êxito.
RESUMO
SANTOS, Marcos Herbert Smith dos. Potencial de energia solar e de geração com sistemas fotovoltaicos conectados à rede em Moçambique. 2014. 107 f, Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
A energia solar fotovoltaica é uma alternativa de energia limpa que está se tornando uma importante opção para se utilizar eletricidade em regiões desprovidas de energia elétrica. Um estudo das condições energéticas da região através de consulta às concessionárias de energia elétrica (Eletricidade de Moçambique - EDM no caso de Moçambique) e do Ministério de Energia do Governo, são fontes importantes de dados para se conhecer o cenário energético de cada região. Outra fonte de dados importante para se estimar o potencial de geração de energia solar fotovoltaico sãoos indices de irradiação da região. Estes podemser obtidos através do órgão meteorológico da região (INAM no caso de Moçambique) que forneceesses dados para as principais cidades através de suas estações meteorológicas espalhadas na região. Laboratórios de pesquisa internacionais sãooutra importante fonte de dados solarimétricos, pois utilizam satélites capazes de cobrir todo globo terrestre e os dados obtidos são publicados e permitem, a partir das coordenadas do local, identificar a irradiação solar em diversos locais do mundo. Os dados desses laboratórios podem ser comparados com dados de órgãos oficiais da região. Utilizando o banco de dados solarimétricospode-se calcular o potencial fotovoltaico de geração de energia de cada localização e também definir qual região seria mais propícia a utilização de energiasolar fotovoltaica conectada à rede.
Palavras-chave: Energia solar fotovoltaica; Irradiação solar; Potencial solar
fotovoltaico; Conexão a rede.
ABSTRACT
SANTOS, Marcos Herbert Smith dos. Potential of solar energy and generation with fotovoltaic system connected to grid in Mozambique. 2014. 107 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
Photovoltaic solar energy is an alternative clean energy that it is becoming an important option to be used in region that it does not have available electricity. A study about energy condition of region contacting local energy company (Electricity of Mozambique EDM in the case of Moçambique) and the ministry of governmental are important resources of data to know the electric power conditions scenery of each region. Another important data resource to assesss the photovoltaic potencial of a region is to access the solarimetric data of region. It should be got from the region meteorological organ (in Mozambique it is INAM) that provides this information for main cities through its meteorological station spread across the region. Research International labs are another important resource of the data. They use satellites that are able to cover the whole terrestrial globe and make it available. These data allow applications through the coordinates of the location, identify the exact solar irradiance at any point (in the case NREL in the USA). Laboratory data should be validated through comparisons with data from the official bodies of the region. Thus it is possible to build a solarimetric database and assess photovoltaic potential power generation of each location. On the current study done to Mozambique it was observed that some regions without electricity grid are very adequate to the utilization of solar energy for the direct generation of electricity connected to grid.
Keywords: Photovoltaic solar energy; Solar irradiation; Fotvoltaic solar potential; Grid
connection.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1– Mapas de Moçambique com localização geográfica
e divisão administrativa 18
Figura 2 – Mapa com a localização das usinas hidrelétricas
de Moçambique 20
Figura 3 – Componentes da radiação solar direta, difusa e devida
ao albedo 27
Figura 4 – Exemplo de Piranômetro 28
Figura 5 – Instrumento de medição de radiação e temperatura 29
Figura 6 – Sensor fotovoltaico de silício 29
Figura 7 – Trajetória dos raios solares na atmosfera e definição
do Coeficiente de Massa de Ar (AM) 30
Figura 8 – Distribuição espectral da radiação solar 31
Figura 9 – Célula solar básica de silício monocristalino 34
Figura 10 – Geração de corrente em uma célula solar de silício
monocristalino 34
Figura 11 – Célula solar fotovoltaica típica 35
Figura 12 – Circuito elétrico equivalente de uma célula fotovoltaica 36
Figura 13 – Curva característica de uma junção PN com e
sem iluminação 37
Figura 14 – Modelo elétrico ideal de uma junção PN iluminada com
correntefotogeradaIph e corrente no diodo ID 38
Figura 15 – Diagrama do circuito equivalente e curva
característica de uma célula irradiada 38
Figura 16 – Diagrama completo do circuito equivalente real 40
Figura 17 – Curvas de uma célula solar fotovoltaica 41
Figura 18 – Curva característica de umacélula de silíciomonocristalino 42
Figura 19– Curvatípica de potência x tensão numa célula
de silício mocristalino 42
Figura 20– Parâmetros de potência máxima 43
Figura 21 – Tensão de circuito aberto e corrente em função
dairradiância 44
Figura 22 - Fator de forma FF das células solares 44
Figura 23 – Efeito da variação da temperatura no comportamento
dacélula fotovoltaica 45
Figura 24 – Células em série para formar um módulo fotovoltaico 46
Figura 25 – Visão em corte deum módulo fotovoltaico 47
Figura 26 – Módulo fotovoltaico monocristalinosiemens de
72 células 47
Figura 27 – Montagem de módulos sobre telhado 48
Figura 28 –Componentes básicos de um sistema fotovoltaico isolado 49
Figura 29–Componentes básicos de um sistema fotovoltaico
conectado à rede 49
Figura 30- Potência Fotovoltaica Instalada no Mundo 50
Figura 31 – Potência fotovoltaica instalada na Europa 50
Figura 32 – Diagrama de blocos de um inversor para conexão à rede 53
Figura 33 – Mapa da região norte de Moçambique
mapeado em células 56
Figura 34 – Mapa da região central de Moçambique
mapeado em células 57
Figura 35 – Região Sul de Moçambique Mapeado em Células 57
Figura 36 – Mapa de irradiação total inclinada e do potencial
estimadode geração fotovoltaica na Alemanha 59
Figura 37 – Variação da temperatura na cidade de Tete 60
Figura 38 – Variação da temperatura na cidade de Chokwe 60
Figura 39 – Variação datemperatura na cidade de Inhambane 61
Figura 40 – Valores das médias diárias mensais e médias diárias
anuais de irradiação para a cidade de Maputo 66
Figura 41 – Valores das médias diárias mensais e médias diárias
anuais de irradiação para a cidade de Chokwe 67
Figura 42 – Valores das médias diárias mensais e médias diárias
anuais de irradiação para a cidade de Pemba 67
Figura 43 –Valores das médias diárias mensais e médias diárias
anuais de irradiação para a cidade de Tete 68
Figura 44 – Valores das médias diárias mensais e médias diárias
anuais de irradiação para a cidade de Nampula 68
Figura 45 – Valores das médias diárias mensais e médias diárias
anuais de irradiação para a cidade de Lichinga 69
Figura 46 – Valores das médias diárias mensais e médias diárias
anuais de irradiação para a cidade de Quelimane 69
Figura 47 – Valores das médias diárias mensais e médias diárias
anuais de irradiação para a cidade de Beira 70
Figura 48 – Valores das médias diárias mensais e médias diárias
anuais de irradiação para a cidade de Chimoio 70
Figura 49 – Valores das médias diárias mensais e médias diárias
anuais de irradiação para a cidade de Inhambane 71
Figura 50 – Geração fotovoltaica estimada para Maputo 74
Figura 51 – Geração fotovoltaica estimada paraInhambane 74
Figura 52 – Geração fotovoltaica estimada para Chimoio 75
Figura 53 – Geração fotovoltaica estimada para Beira 75
Figura 54 – Geração fotovoltaica estimada para Quelimane 76
Figura 55 – Geração fotovoltaica estimada para Lichinga 76
Figura 56– Geração fotovoltaica estimada para Nampula 77
Figura 57 – Geração fotovoltaica estimada para Chokwe 77
Figura 58 – Geração fotovoltaica estimada para Tete 78
Figura 59 – Geração fotovoltaica estimada para Pemba 78
Figura 60–Mapa da África mostrando localização de Moçambique 80
Figura 61 – Mapa de Moçambique com escala de altitude 81
Figura 62– Mapa de Moçambique com escala de populacão 82
Figura 63 – Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique
referente ao mês de Janeiro 83
Figura 64 - Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique
referente ao mês de Fevreiro 83
Figura 65 - Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique
referente ao mês de Março 84
Figura 66 - Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique
referente ao mês de Abril 84
Figura 67 - Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique
referente ao mês de Maio 85
Figura 68 - Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique
referente ao mês de Junho 85
Figura 69 - Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique
referente ao mês de Julho 86
Figura 70 - Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique
referente ao mês de Agosto 86
Figura 71 - Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique
referente ao mês de Setembro 87
Figura 72 - Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique
referente ao mês de Outubro 87
Figura 73 - Mapa Solarimétrico de Moçambique de Irradiação
Inclinada para o Mês de Novembro 88
Figura 74 - Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique
referente ao mês de Dezembro 88
Figura 75 - Mapa de Moçambique com total anual de
irradiaçãoglobal (horizontal) 89
Figura 76 - Mapa de Moçambique de com o total anual de
irradiaçãototal (inclinada) 90
Figura 77 - Mapa Solarimétrico do Brasil de Irradiação
Inclinada total anual 91
Figura 78 – Mapa de Moçambique do potencial estimado
de geração anual de energia solar fotovoltaica 92
LISTA DAS TABELAS
Tabela 1 – Distribuição da HCB 20
Tabela 2 - Hidrelétricas em Moçambique 20
Tabela 3 - Parte da tabela Periódica com os elementos utilizados
na produção de células fotovoltaicas 36
Tabela 4 - Parâmetros do circuito fotovoltaico 39
Tabela 5–Exemplo de valores de coeficientes de temperatura do
Módulo fotovoltaico Yingli 46
Tabela 6 – Irradiação Total Inclinada (HTOT)nas Capitais
Moçambicanas 65
Tabela 7 – Irradiação direta normal nas Capitais Moçambicanas 65
Tabela 8 – Irradiaçãodifusa nas capitais Moçambicanas 66
Tabela 9 -Comparação de irradiação INAM x NREL 71
Tabela 10 – Valores das médias diárias anuais e total anual de
irradiaçõestotais para as capitais Moçambicanas 72
Tabela 11 – Irradiaçãototal inclinada (HTOT) e geração para Maputo 74
Tabela 12 – Irradiaçãototal inclinada (HTOT) e geração
para Inhambane 74
Tabela 13 – Irradiaçãototal inclinada (HTOT) e geração para Chimoio 75
Tabela 14 – Irradiaçãototal inclinada (HTOT) e geração para Beira 75
Tabela 15 – Irradiaçãototal inclinada (HTOT) e geração para Quelimane 76
Tabela 16 – Irradiaçãototal inclinada (HTOT) e geração para Lichinga 76
Tabela 17 – Irradiaçãototal inclinada (HTOT) e geração para Nampula 77
Tabela 18 – Irradiaçãototal inclinada (HTOT) e geração para Chokwe 77
Tabela 19 – Irradiaçãototal inclinada (HTOT) e geração para Tete 78
Tabela 20 – Irradiaçãototal inclinada (HTOT) e geração para Pemba 78
Tabela 21 – Potencial de geração fotovoltaica estima para as
cidades Moçambicanas 79
LISTA DE ABREVEATURAS
CA Corrente alternada
CC Corrente continua
GWh Giga Watt hora
IGBT Transisitor bipolar de porta isolada
I x V Corrente versus Tensão
kW Kilo Watt
kWh Kilo watt hora
kWp Kilo watt pico
MPP Ponto de potência máxima
MWp Mega watt pico
PV Painel fotovoltaico
PWM Modulação por largura de pulso
PxV Potência versus Tensão
SMART-GRIDE Rede inteligente
STC Condição padrão de teste
String Séries
UPS Fonte ininterrupta d eenergia
W Watt
Wh Watt hora
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação brasileira de normas técnicas
AIM Missão internacional no interior da África
ALTENER Programa europeu de dessiminação de tecnologia solar
CEPEL Centro de pesquisa de energia elétrica
EDENR Estratégia de desenvolvimento de energias novas e renováveis de
Moçambique
EDM Eleltricidade de Moçambique
EPIA Associação da indústria fotovoltaica europeia
INAM Instituto nacional meteorológico de Moçambique
NREL Laboratório nacional de energia renovável dos Estados Unidos
SMA Fabricante de inversor
YINGLI Fabricante de painéis fotovoltaicos
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 18
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 25
2.1 ENERGIA SOLAR ...................................................................................... 25
2.2 TECNOLOGIA FOTOVOLTAICA ............................................................... 32
2.2.1 Funcionamento da Célula Solar Fotovoltaica ............................................. 32
2.2.2 Circuito Equivalente de Uma Célula Fotovoltaica ....................................... 36
2.2.3 Curva Característica I x V de uma Célula Fotovoltaica .............................. 40
2.2.4 Módulos Fotovoltaicos ................................................................................ 46
2.2.5 Sistemas Fotovoltaicos ............................................................................... 47
2.2.6 Inversor para Sistemas Fotovoltaicos conectados à rede .......................... 50
3 METODOLOGIA ........................................................................................ 55
3.1 Obtenção de Banco de Dados de Irradiação .............................................. 55
3.2 Elaboração de Mapas Solarimétricos ......................................................... 58
3.3 Estimativa da Geração de Energia de Sistemas Fotovoltaicos
Conectados à Rede (SFVCR) .................................................................... 59
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 65
4.1 Irradiação Solar em Moçambique ............................................................... 65
4.2 Estimativa de Geração de Energia Fotovoltaica em Moçambique ............. 73
4.3 Mapas de Irradiação e de Geração para Moçambique ............................... 80
5 CONCLUSÃO ............................................................................................ 95
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 97
ANEXO 1 - Semicondor Silício e Germânio dopado com impureza
pentavalente tetetravalente ......................................................................100
18
INTRODUÇÃO
O continente africano possui vastos recursos de energia de fontesrenováveis
tais como solar, eólica e de biomassa. No entanto, encontra-se muito pouco
desenvolvido em relação ao resto do mundo na mobilização destes recursos para
produção de energia elétrica. Há muitas razões para a isso: pobreza,falta de
financiamentos e subsídios, falta de conhecimento técnico, soluções de baixo custo,
etc. Acredita-se que a principal barreira à implantação da energia renovável seja a
falta de iniciativas políticas e de investimento (HANKIS, 2009).
Moçambique está localizado na costa sudeste do continente africano, entre os
paralelos 10º27’ e 26º52’ S, e entre os meridianos 30º12’ e 40º51’. E, tendo como
limites a Leste o oceano Índico, a Norte a Tanzânia, o Malawi e a Zâmbia, a Oeste o
Zimbábue e a África do Sul e ao Sul, a Suazilândia (Moçambique, 2012). A Figura 1
mostra o mapa de Moçambique, com a sua localização no continente africano, e o
mapa da divisão administrativa em províncias.A superfície do país é de 799.380 km2
e se estende no sentido Norte-Sul, voltado para o Oceano Índico, com o qual se
confronta ao longo de 2.515 km da costa.
Figura 1 - Mapas de Moçambique com localização geográfica e divisão administrativa.
Fonte: (MOÇAMBIQUE, 2011)
19
O território moçambicano está dividido administrativamente em dez províncias,
como mostrado na Figura 1: Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Zambézia, Tete,
Manica, Sofala, Inhambane, Gaza, Maputo e cidade de Maputo, esta última sendo a
capital do país. Cada uma das provinciais tem uma capital provincial, que são
respectivamente: Pemba, Lichinga, Nampula, Quelimane, Tete, Chimoio, Beira,
Inhambane, Chokwe e Maputo, as quais serão citadas neste trabalho como capitais.
O país conta com mais de 22 milhões de habitantes(MOÇAMBIQUE, 2012).
Moçambique apresenta clima tropical quente, com duas estações principais: a
estação quente e úmida, de outubro a março, e a estação fria e seca, de abril a
setembro. A temperatura média anual é de 23 a 26ºC nas zonas costeiras e a
precipitação é por volta de 1.200 mm por ano. O sul de Moçambique é a região mais
seca, enquanto que outras regiões apresentam precipitação de pelo menos 800 mm
por ano (ARTUR et al, 2011).
Moçambique é um dos muitos países africanos no qual a geração de
eletricidade tem como base as grandes centrais hidrelétricas e usinas térmicas
alimentadas a carvão. No entanto, é um dos países com níveis de consumo de
energia mais baixos no sul da África, tendo cerca de 70% do consumo energético
baseado em biomassa (lenha e carvão) e com apenas 23% da população tendo
acesso à energia elétrica.
Em termos de energia elétrica, Moçambique é dotado de considerável potencial
hidráulico e rico em outras fontes de energia renovável, adequadas para produção
de eletricidade, como energia solar, eólica, geotérmica, oceânica ebiomassa. A
matriz energética de Moçambique é considerada 70% biomassa e 30% hidráulica. O
potencial hidráulico é de cerca de 15 GW (AIM, 2012). A demanda de Moçambique
está estimada em 710 MW, a qual é praticamente proveniente das usinas
hidrelétricas (MOÇAMBIQUE, 2012).
Atualmente (2013) a principal fonte de energia elétrica em Moçambique é a
usina hidrelétrica de Cahora Bassa (HCB), com capacidade para gerar 2.070 MW,
que foi construída no rio Zambeze com objetivo principal de fornecer energia à África
do Sul e a indústria de Maputo. Desse total de 2.070 MW, 1.300 MW são vendidos à
Eskom, produtora e distribuidora sul-africana; cerca de 420 MW são fornecidos à
empresa pública “Eletricidade de Moçambique” (EDM, 2012) que abastece
Moçambique; 220 MW são fornecidos ao Zimbábue e cerca de 90 MW ao Botsuana.
20
A Tabela1 apresenta a distribuição da geração da HCB:
Tabela 1– Distribuição da HCB (EDENR, 2011)
A Tabela 2 apresenta as usinas hidrelétricas de Moçambique e as respectivas
potências.
Tabela 2 - Hidrelétricas em Moçambique (EDENR, 2011)
Hidrelétrica Capacidade (MW) Localização
Cahora Bassa (HCB) 2.070 Tete
Chicamba 36 Chimoio
Corumane 15 Maputo
Mazuvi 45 Chimoio
Massingir 60 Chowke
A Figura 2 apresenta o mapa de Moçambique com a localização das usinas
hidrelétricas.
Figura 2 - Mapa com a localização das usinas hidrelétricas em Moçambique. Fonte: (EDM, 2012)
21
O padrão da rede elétrica de consumidor em Moçambique é FN 220VAC /50Hz.
Moçambique possui ainda minicentrais hidrelétricas (MCH), cuja capacidade de
geração vai até 15 MW, as quais contribuem para iluminar pequenas comunidades.
Estima-se que existam de 60 a 100 regiões com características possíveis para fazer
aproveitamento por meio de minicentrais hidrelétricas (MCH). Uma pequena parte da
energia elétrica é produzida por usinas térmicas a gás de forma não constante e
estima-se que exista cerca de 200kWp instalados em energia solar fotovoltaica,
utilizada em escolas, hospitais e vilarejos remotos (ARTUR et al, 2011).
Os responsáveis pela política energética e investidores ainda põem em dúvida
os custos da energia solar e eólica, como se o custo fosse o único fator importante a
ser considerado na escolha de fontes de energia para o futuro. Apesar do custo da
eletricidade ser importante, este será ainda maior se não houver investimento e
aquisição de experiência no momento atual, início do século XXI, com as fontes de
energia solar, eólica ou biomassa.
O Ministério da Energia concluiu a elaboração da política de desenvolvimento
de energias renováveis para Moçambique, instrumento que visa criar condições para
o fornecimento de energia de qualidade e a preços acessíveis às populações de
baixa renda. Essa política pretende promover o uso e aproveitamento das energias
novas, renováveis e limpas com vista a acelerar o acesso a formas modernas de
energia e estimular o investimento no setor (HANKIS, 2009). Estas políticas ainda
não foram implementadas.
A energia eólica é uma fonte abundante de energia renovável, limpa e
disponível em diversas regiões. Estudos realizados há cerca de dois anos, na zona
de Tofinho, na província meridional de Inhambane, mostram que Moçambique tem
potencialidades suficientes para a exploraçãodo vento na geração de energia
elétrica. Atualmente, estão em curso estudos semelhantes na zona da Ponta d’Ouro,
na província de Maputo. A utilização de aerogeradores para aproveitamento da
energia dos ventos, na Praia da Rocha, na província meridional de Inhambane, está
numa fase conclusiva. As autoridades moçambicanas acreditam que o país também
tem potencialidades para desenvolver a energia geotérmica, gerada através das
águas quentes do subsolo, dada a existência de águas termais na província central
da Zambézia (EDENR, 2011).
22
De todas as formas de energia renováveis que Moçambique dispõe,
excetuando a hidráulica, a solar é a mais utilizada principalmente para atender às
necessidades das populações rurais com sistema fotovoltaicos isolados.
Os níveis de irradiação média anual em Moçambique situam-se em torno de
5.8 kWh/m2/dia, o que indica um grande potencial para geração de energia
fotovoltaica. O Fundo Nacional de Energia (FUNAE), instituição pertencente ao
Ministério da Energia, desenvolve um projeto de eletrificação rural com utilização de
sistemas fotovoltaicos, visando à eletrificação de escolas e unidades sanitárias e
possui também, um projeto para construção de uma fábrica de módulos fotovoltaicos
em parceria com a empresa indiana Central ElectronicsLimited (CEL). A unidade de
produção de módulos fotovoltaicos deverá ser erguida na província de Maputo e
contará com o financiamento do Governo da Índia (HANKIS, 2009).
Estudos indicam que o próximo ano (2014) será marcado por uma mudança
no eixo de crescimento de utilização de energia solar fotovoltaica, da Europa para a
Ásia, em especial para a China, pois os países asiáticos têm se tornado não apenas
consumidores, mas produtores de módulos fotovoltaicos. Essa inversão se dá
devido ao domínio da tecnologia fotovoltaica e à redução do custo de produção.
Estima-se uma redução de 40% no custo de fabricação dos módulos fotovoltaicos de
silício, até 2017. No início do segundo semestre de 2013, a União Europeia fez um
acordo com a China na tentativa manter o preço dos módulos, normalmente
especificado por watt-pico (Wp), em Є0,56/Wp (BAYAR, 2013).
O subsídio europeu e a questão ambiental são dois grandes aliados na
redução do custo do Wp. Além da redução do preço dos módulos fotovoltaicos, outro
fator tem contribuído para expansão da utilização de sistemas fotovoltaicos
conectados à rede: a rápida evolução da tecnologia dos inversores, os quais já
alcançam eficiência em torno de 99% e são fornecidos com garantia de 5, 10 ou de
até 20 anos, dada pelos fabricantes.
O cenário em Moçambique se apresenta, portanto, bastante favorável para a
geração de eletricidade com sistemas fotovoltaicos e, embora a ênfase atual seja
nos sistemas isolados, há a tendência mundial para geração utilizando sistemas
fotovoltaicos conectados à rede. O emprego desse tipo de sistema também chegará
a Moçambique e o conhecimento do potencial de recurso solar bem como de
23
geração fotovoltaica será fundamental para o desenvolvimento da tecnologia no
país.
1.1 MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO
Durante três anos residindo na cidade de Tete, foi observado a necessidade de
algumas regiões em Moçambique, sobre tudo em Tete, de dispor de eletricidade.
Durante este período foram realizados contatos com alguns pesquisadores da
Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, dentre eles o Prof. Boaventura
Chongo Cuamba, Professor de Física de Energia Renováveis do Departamento de
Física, que descreveu pesquisas em andamento sobre aplicações da energia solar
em Moçambique, mas não sobre o potencial solarimétrico e fotovoltaico. Este foi o
incentivo para estudar o assunto e elaborar este trabalho sobre o potencial
solarimétrico e fotovoltaico para o território moçambicano, que poderá servirde
estímulo ao uso da energia solar para a geração de energia elétrica com sistemas
fotovoltaicos conectados à rede.
1.2. OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo desta dissertação é realizar um estudo sobre as condições
solarimétricas de Moçambique e apresentar o potencial de geração estimado com
sistemas fotovoltaicos conectados à rede, para todo o território moçambicano,
visando identificar as regiões mais propícias ao aproveitamento da energia solar
para geração direta de eletricidade.
1.2.2. Objetivos Específicos
Obter bancos de dados de irradiação global (horizontal) e total (inclinada),
direta normal e difusa, para todo território moçambicano;
Comparar os bancos de dados de irradiação obtidos para verificar resolução
espacial e desvios entre os dados;
24
Realizar levantamento de dados e elaborar gráficos e tabelas da irradiação
global (horizontal), total (inclinada), direta normal e difusa, para as capitais
moçambicanas;
Elaborar mapas de irradiação solar para Moçambique com os dados obtidos;
Estimar a geração de energia de sistemas fotovoltaicos conectados à rede
para as capitais;
Elaborar mapa de geração estimada com sistemas fotovoltaicos conectados à
rede para Moçambique;
Analisar a importância de instalar sistemas fotovoltaicos conectados à rede
em Moçambique.
25
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 ENERGIA SOLAR
A energia proveniente do Sol se propaga até a Terra na forma de ondas
eletromagnéticas e é uma forma de energia renovável, praticamente inesgotável,
que está disponível gratuitamente e pode ser aproveitada para suprir parte das
necessidades da sociedade, seja para aplicações de aquecimento ou para a
geração de eletricidade.
A energia radiante advinda do Sol é a fonte básica da tecnologia fotovoltaica e
precisa ser medida e quantificada visando a aplicação na geração de energia
elétrica.
A terminologia empregada na literatura sobre energia solar apresenta muitas
variações para designar as grandezas solarimétricas. Denominações como radiação,
irradiação, insolação e irradiância são utilizadas com acepções diversas e muitas
vezes para designar grandezas distintas em dois textos diferentes.
A norma ABNT NBR 10898 - Energia Solar Fotovoltaica – Terminologia, define
os termos técnicos relativos à conversão fotovoltaica de energia solar, terminologia,
simbologia e unidades padronizadas no Brasil, nesta área, para as grandezas
solarimétricas. Neste trabalho, a expressão “radiação solar” é utilizada para
designar, de forma genérica, a energia vinda do Sol e são adotadas as seguintes
definições e simbologias, conforme a NBR 10898 (ABNT, 2006):
Irradiância Solar (G) - Taxa na qual a radiação solar incide em uma superfície, por
unidade de área desta superfície, medida em watt por metro quadrado (W/m2);
Irradiância Global (GHOR) - Potência radiante solar, recebida em uma unidade de
área em uma superfície horizontal, que é igual à irradiância direta mais a
irradiância difusa;
Irradiância Direta (GDIR) - Irradiância solar incidente em uma superfície, sem ter
sido espalhada pela atmosfera, podendo ser horizontal (GDIR) ou normal (GDIRN);
Irradiância Difusa (GDIF) - Potência radiante do céu, recebida em uma unidade de
área em uma superfície horizontal, excluída a irradiância direta;
Irradiância Total (GTOT) - Potência radiante solar total com as componentes direta,
difusa e de albedo, recebida em uma unidade de área em uma superfície com
inclinação qualquer;
26
Albedo - Índice relativo à fração da energia solar, recebida em uma unidade de
área, devida à refletância dos arredores e do solo onde está instalado um
dispositivo.
A irradiação é igual à integral da irradiância (kW/m2) e representa energia por
unidade de área incidente em uma superfície (kWh/m2) no período considerado e,
graficamente, a irradiação corresponde à área sob a curva da irradiância ao longo do
tempo.
As definições relativas à irradiação, conforme a NBR 10898 são (ABNT, 2006):
Irradiação Solar (H) - Irradiância solar integrada durante um dia, medida em watt
hora por metro quadrado (Wh/m2);
Irradiação Global (HHOR) - Irradiância global integrada durante um dia;
Irradiação Difusa (HDIF) - Irradiância difusa integrada durante um dia;
Irradiância devida ao Albedo (GALB)- Irradiância refletida;
Irradiação Total (HTOT) - Irradiância total integrada durante um dia;
Irradiação Direta (HDIR) - Irradiância direta integrada durante um dia, podendo ser
horizontal (HDIR) ou normal.
A irradiância solar que chega ao topo da atmosfera varia ligeiramente em
função da distância entre a Terra e o Sol e da atividade das manchas solares. O
valor médio dessa irradiância é denominado constante solar (Gsc), sendo definida
como a taxa de radiação solar, em todos os comprimentos de onda, incidente em
uma superfície localizada fora da atmosfera terrestre, perpendicular à radiação solar,
a uma distância de 1ua do Sol (ua, unidade astronômica é equivalente à distância
média Terra-Sol, igual a 149.597.870 km). O valor da constante solar, de acordo
com a definição, é independente da distância Terra-Sol, mas o seu valor varia entre
1.365 e 1.367 W/m2em função da atividade das manchas solares, sendo adotado o
valor médio (NREL, 2009),
Gsc = 1.366 W/m2
A radiação solar ao penetrar na atmosfera sofre diversos processos físicos e
chega à superfície terrestre composta de duas parcelas: radiação direta e radiação
difusa, conforme ilustrado na Figura.
27
Figura3 – Componentes da radiação solar: direta, difusa e devida ao albedo.
Fonte: (VIANA, 2010)
A radiação total, que é a incidente sobre uma superfície inclinada, inclui as
componentes direta, difusa e mais uma parcela devida à radiação refletida na
superfície e nos elementos do entorno, que é função do albedo do local. A radiação
total é muitas vezes referida na literatura como “radiação inclinada” ou “radiação no
plano inclinado” sendo, nesse caso, correspondente à radiação recebida em uma
superfície com inclinação igual à latitude do local.
No hemisfério sul, o sistema de captação solar fixo deve estar orientado para
o Norte Geográfico, de modo a receber os raios solares durante o ano e ser
colocado inclinado com relação à horizontal de um ângulo próximo ao da latitude do
lugar, conseguindo-se assim captar o máximo de energia solar ao longo do ano.
A radiação direta normal é aquela que incide sempre perpendicularmente a
uma superfície. Para que isso ocorra é necessário que a superfície seja móvel e
acompanhe a trajetória aparente do Sol, o que é obtido com o uso de dispositivos
denominados seguidores ou rastreadores. O resultado do seguimento do Sol se
traduz em mais energia captada pela superfície móvel do que seria obtida em uma
superfície horizontal fixa, situada no mesmo local.
Na elaboração da maioria dos projetos utiliza-se o valor mensal de irradiação
global horizontal para calcular o valor da irradiação total (de acordo com a inclinação
dos módulos) e estimar o potencial de produção de eletricidade dos sistemas
fotovoltaicos.
O melhor método para avaliar a radiação solar é através de medições com
instrumentos específicos, dos quais os mais comuns são os piranômetros (para
28
radiação global), e o pireliômetro (para radiação direta normal). Os piranômetros
atuais são instrumentos de medição de elevada precisão. São compostos,
principalmente, de duas semiesferasde vidro, um disco de metal preto que é usado
como superfície absorvente, termoelementos e uma concha de metal branco, como
demonstrado na Figura 4.
A radiação solar atravessa o vidro semiesférico, incidindo sobre a superfície
absorvente aquecendo-a. Uma vez que o aquecimento depende diretamente da
radiação, esta pode ser calculada recorrendo à diferença de temperatura do metal
branco e a superfície absorvente. Para calcular esta diferença de temperatura é
utilizada uma fita de termoelementos, dispostos em paralelo, que fornece uma
tensão proporcionalà diferença de temperatura (Gonçalves 2010).
Figura 4 - Exemplo de piranômetro. Fonte: (ALTENER, 2004)
Sensores fotovoltaicos também são utilizados para medir a irradiância, sendo
mais baratos do que os piranômetros, porém, com menor resposta espectral. Na
maioria dos casos são utilizados sensores de silício cristalino, consistindo de uma
célula fotovoltaica, que fornece uma corrente elétrica proporcional àirradiância solar.
A radiação infravermelha longa não pode ser medida por um sensor fotovoltaico,
devido à sensibilidade espectral do silício.
A Figura 5 exibe um instrumento de medição compacto que inclui um sensor,
um visualizador da radiação e da temperatura, e um sistema de aquisição e
armazenamento de dados opcional.
29
Figura 5 – Instrumento de medição de radiação e temperatura.
Fonte: (ALTENER 2004)
Os sensores solares são muitas vezes instalados junto aos módulos
fotovoltaicos, como exposto na Figura 6, que é um sensor portátil fotovoltaico de
silício calibrado. Os aparelhos de aquisição e armazenamento de dados permitem
que estes sejam analisados por meio de tabelas e gráficos e, comparando-se a
radiação medida com a energia elétrica produzida, pode-se avaliar o desempenho
do sistema solar fotovoltaico.
Figura 6 - Sensor fotovoltaicode silício. Fonte: (ALTENER 2004).
No topo da atmosfera da Terra a distribuição espectral é chamada de espectro
de radiação com massa de ar zero (MA=0).
O número da Massa de Ar (MA) é dado por:
Massa de Ar = 1/ cos Ɵ
30
Onde Ɵ é o ângulo de incidência.
O valor de Ɵ = 0 significa que o Sol está nozênite, isto é, exatamente sobre a
cabeça do observador, como pode ser visto na Figura 7.
Figura 7 – Trajetória dos raios solares na atmosfera e definição deMassa de Ar (AM). Fonte:(CEPEL, 1999)
A Massa de Ar interfere na absorção, pela atmosfera, de componentes
espectrais o que afeta a intensidade da radiação solar recebida na superfície da
Terra. O número da Massa de Ar é sempre maior ou igual a 1 (um) na superfície da
terra.
Uma maneira simples de estimar a Massa de Ar foi apresentada por Green,
1999, onde S é o comprimento da sombra proporcionada por um objeto de altura H:
Massa de Ar = (1 + (S /H)2)1/2
As condições padrão utilizadas para ensaio de células e módulos fotovoltaicos
(do inglês, Standard Test Conditions - STC) são: irradiância total de 1.000W/m2,
normal à superfície de ensaio; temperatura de junção da célula de 25ºC e espectro
solar com MA = 1,5. A unidade da potência nominal, ou potência de pico, é
simbolizada por “Wp” (ABNT, 2006).
31
A Figura 8 mostra a distribuição espectral da radiação solar em um dia claro,
para diferentes valores de massa de ar (MA = 1, MA = 1,5 e MA = 2).
Figura 8 – Distribuição espectral da radiação solar. Fonte: (CEPEL, 1999).
Os dados solarimétricos são de importância vital para a avaliação da produção
de um sistema solar, o que é um fator determinante para os cálculos de custo e de
retorno do investimento. Dependendo do tipo de sistema considerado, isolado ou
conectado à rede,sãoutilizados dados com base anual, mensal, diária ou horária. No
caso da geração em sistemas isolados, que utilizam baterias, podem ser
necessárias estimativas diárias, utilizando dados solarimétricoshorários para estimar
a produção instantânea.
Além dos dados solarimétricos, parâmetros meteorológicos como temperatura
ambiente e velocidade do vento influenciam o projeto ou avaliação de um dado
equipamento solar (SOUZA, 2011).
Os dados de mapas de radiação solar normalmente são suficientes para o
dimensionamento da área de coleta para sistemas de conversão solar, com
montagens fixas e inclinadas com ângulo igual à latitude do local. Este é o caso dos
sistemas fotovoltaicos conectados à rede, abordados nesta dissertação. Quando for
necessário um projeto de sistema de captação com rastreamento solar, ou se
desejar fazer estudos de simulação horária, serão necessários valores instantâneos
das componentes da radiação solar, requerendo o uso de bancos de dados horários
e de programas computacionais especialmente desenvolvidos para esta finalidade
(CEPEL, 1999).
32
2.2 TECNOLOGIA FOTOVOLTAICA
O efeito fotovoltaico, que é base da geração direta de eletricidade a partir da
energia solar, é conhecido desde 1839 devido aos estudos realizados por Becquerel
que demonstraram a possibilidade de conversão de radiação luminosa em energia
elétrica, verificada quando da incidência de luz em um eletrodo mergulhado em uma
solução de eletrólito. Este mesmo efeito foi observado num sólido, o selênio, em
1877, por Adams e Day na Inglaterra. Em 1883 aparece a primeira célula solar
produzida com selênio, com eficiência de conversão de aproximadamente 1%.
Na década de 1930, os trabalhos de diversos pioneiros da física do estado
sólido, como Lange, Grondahl e Schottly, apresentaram importantes contribuições
para se obter uma clara compreensão do efeito fotovoltaico em uma junção de
estado sólido (óxido cuproso e selênio). Em 1941, Ohl obtém a primeira célula de
silício monocristalino. No ano de 1949, Billing e Plessermedem a eficiência de
células de silício cristalino e Shockley divulga a teoria da junção P-N de Shockley.
Entretanto, apenas em 1954 foi possível produzir uma célula fotovoltaica de silício
com características semelhantes às encontradas atualmente. Essas células foram
desenvolvidas a partir de trabalhos realizados no Bell TelephoneLaboratories pelos
pesquisadores Pearson, Fuller e Chapin, e possuíam eficiência de cerca de 6%.
Neste mesmo ano foi desenvolvido o processo de purificação de monocristais de
silício, conhecido como processo Czochralski que vinha sendo estudado desde o fim
da década de 40, e é largamente utilizado até hoje. Em 1956, Jenny, Lofersky e
Rapoport determinam a máxima eficiência de conversão teórica que pode ser obtida
em função do intervalo de energia dos materiais. O ano de 1958 marca o início, com
grande sucesso, da utilização de fotocélulas nos programas espaciais, sendo este o
principal uso das células solares na década de 60 e praticamente toda a década de
70 (FRAIDENRAICH e LYRA, 1995).
2.2.1 Funcionamento da Célula Solar Fotovoltaica
As células solares fotovoltaicas de semicondutor são dispositivos constituídos
de dois semicondutores, tipo N e P. Os semicondutores têm a capacidade de
absorver luz e liberar uma parcela da energia dos fótons absorvidos para transportar
corrente elétrica – elétrons e buracos (FARRET, 1999). Um diodo semicondutor
separa, captura os portadores e conduz corrente elétrica gerada em uma
33
determinada direção. O mesmo processo ocorre em uma célula solar fotovoltaica,
que é um diodo especialmente projetado e construído para absorver e converter
diretamente a energia da radiação solar em energia elétrica.
Toda radiação eletromagnética, incluindo a luz do sol, é composta de partículas
chamadas fótons que transportam uma quantidade específica de energia
determinada pelas propriedades espectral de suas fontes. Os fótons também
apresentam uma característica de movimento ondulatório com comprimento de
onda, λ, e energia, Eλ, que é dada pela equação:
Eλ= h.c / λ (1)
Onde h é a constante de Plank (6,63.10-34j-s) e c é a velocidade da luz (300.000
km/s)(EISBERG e RESNICK, 1979).
Então uma onda eletromagnética é formada por miriades de fótons, como se
fossem grãos de energia. A energia de cada fóton é denominada quantum de
energia. A energia total da onda eletromagnética é dada pelo somatório dessas
quantidades elementares de energia, isto é pelo somatório dos quantum que é
chamado quanta de energia (SILVA, 2012).
Somente fótons com energia suficiente para gerar um par de elétron-buraco, ou
seja, com energia maior que a banda proibida (gap ou Eg) do semicondutor, irão
contribuir para o processo de conversão de energia. Assim, a natureza do espectro
da luz solar é uma consideração importante no projeto de células solares eficientes
(LUQUE, 2012).
Uma estrutura simples de célula solar convencional é apresentada na Figura 9,
onde a luz solar incide do alto na parte frontal da célula.Uma grade metálica forma
um dos contatos elétricos do diodo. Esta grade permite a luz entrar no semicondutor,
ser absorvida e então ser convertida em energia elétrica. Uma camada antireflexiva
entre as linhas da grade aumenta a quantidade de luz que penetra no semicondutor.
34
Figura 9 - Célula solar básica de silício monocristalino. Fonte: (LUQUE, 2003).
O diodo semicondutor é obtido quando através de um processo metalúrgico,
uma camada semicondutora n e uma camada semicondutora p se juntam. Essas
camadas são especificamente obtidas através de adição de determinadas impurezas
(dopantes) no semicondutor. O outro contato elétrico do diodo é formado por uma
camada metálica colocada na base da célula solar (LUQUE,2003).
O anexo 1 (WEBER, 2003), para fins didáticos, apresenta o semicondutor (Si e
Ge), dopados, sob ação de um feixe luminoso, tal como são utilizados na formação
das células solares fotovoltaicas. Então pode-se observar a origem das correntes
(lacunas e buraco) e do campo elétrico formado na região de interface entre os dois
semiconditores tipo N e P.
A Figura 10 apresenta o diagrama de uma célula solar fotovoltaica
convencional simples com a geração da corrente da célula (par elétron-buraco, h+e
e-), que é a corrente gerada pela célula. Esta é a corrente que irá circular através do
circuito fechado ligado à célula, quando a mesma estiver iluminada.
35
Figura 10 –Geração de corrente em uma célula solar de siliciomonocristalino.
Fonte: ALTENER, 2004
A Figura 11 apresenta uma célula solar fotovoltaica típica pronta.
Figura 11 – Célula solar fotovoltaica típica. Fonte: (ALTENER, 2004)
As células solares fotovoltaicas podem ser fabricadas a partir de vários
materiais semicondutores. O mais comum é o silício (Si) cristalino, policristalino ou
monocristalino, e amorfo. As células solares também podem ser fabricadas a partir
de compostos semicondutores, tais como: arseneto de gálio (GaAs), disseleneto de
cobre gálio e índio (CuInGaSe2) e telureto de cádmio (CdTe).
Os materiais das células solares são escolhidos de acordo com suas
características de absorção do espectro solar e do custo de fabricação. O silício tem
sido o mais utilizado devido as suas boas características de absorção do espectro
36
solar e a tecnologia de fabricação estar bem desenvolvida e também como resultado
do avançado da indústria eletrônica de semicondutores (LUQUE, 2003).
Semicondutores de grau de qualidade dos dispositivos eletrônicos são de
materiais cristalinos de pureza muito elevada. A natureza desses cristais faz com
que seus átomos estejam alinhados numa estrutura periódica regular. Esta
periodicidade está combinada com as propriedades dos átomos dos elementos que
dão, aos semicondutores, propriedades eletrônicas específicas (CHEN, 2005).
Parte da tabela periódica, mostrada na Tabela 2, apresenta alguns elementos
que são utilizados na produção de células fotovoltaicas.
Tabela 3 – Parte da tabela periódica com elementos utilizados na produção de células fotovoltaicas. Fonte: (CHEN, 2005)
Observa-se na Tabela 3 que o silício (Si) se encontra na coluna IV, significando
que possui 4 elétrons de valência, ou seja, quatro elétrons que podem ser
compartilhados com átomos vizinhos na formação das ligações covalentes (LUQUE,
2003).
2.2.2 Circuito Equivalente de Uma Célula Fotovoltaica
A Figura 12 apresenta o circuito equivalente de uma célula fotovoltaica, na
qual o diodo representado indica que a tensão sobre a carga (RL) nunca ultrapassará
o valor de VD ( tensão do diodo).
O nível da tensão fotovoltaica gerada é função do Eg (energia do gap – zona
proibida) do material, da concentração de impurezas de ambos os lados, que é
representado por Np (buracos) e Nn (elétrons livres), Rs (resistência interna em série
do material) e Rp (resistências em paralelo interna do material). No caso do silício, a
diferença de potencial que aparece nos terminais da célula é 0,6 V (MILLMAN e
HALKIAS, 1981).
37
Figura 12- Circuito elétrico equivalente de uma célula fotovoltaica. Fonte: (ALTENER, 2004).
A presença da carga (RL) nos terminais da célula estabelece uma diferença
de potencial nos extremos da junção independentemente da corrente fotogerada. A
curva característica de uma junção iluminada será o resultado da superposição do
efeito da fotocorrente mais a curva característica da junção não iluminada, conforme
indica a Figura 13:
Figura 13 - Curva característica da junção P-N obtida em duas situações:junção com e sem
iluminação. Fonte: (MELLO e INTRATOR, 1980)
A curva da junção aparece deslocada do valor constante da fotocorrente (If), no
sentido das correntes negativas. Visto que sob condições de circuito aberto (Voc), a
corrente total deve permanecer zero, na junção PN a corrente resultante de elétrons
livres do cristal N, flui em sentido oposto a corrente gerada devido a radiação
resultando numa corrente total zero. Isto só é possível devido ao campo eletrico
existente na junção que tende a diminuir com o aumento da corrente gerada que
atravessa a junção (ASCROFT e MERMIN, 1976).
Quando a corrente de majoritários for igual à corrente de minoritários, a
corrente total cai à zero; a tensão para a qual a corrente total é zero é chamada de
38
potencial fotovoltaico. Então nos terminais do material da junção P-N, aparecerá
uma tensão exatamente igual àquela que diminuiu a barreira de potencial. Este
potencial é a força eletromotriz fotovoltaica, da ordem de 0,6V para a célula de silício
e 0,2 V para a célula de germânio (MILLMAN e HALKIAS, 1981).
Quando a tensão se torna positiva, a junção P-N fica polarizada diretamente,
ou seja, a partir do ponto M, (para o fluxo luminoso Ø1), tem-se duas correntes
superpostas, uma inversa e outra direta. Por isso a curva vai se aproximando do
eixo das abscissas, até que no ponto Voc atinge o eixo. Neste ponto a junção está
com a tensão Voc (circuito em aberto) nos seus terminais, mas a corrente que
circula é nula. Isto significa que o dispositivo pela ação do fluxo luminoso está dando
origem a uma força eletromotriz (MELO e BIASE, 1975).
A curva também conduz a um dispositivo gerador de corrente (fonte de
corrente), que pode ser representado segundo o modelo elétrico representado na
Figura 14, onde a contribuição devido ao diodo de junção P-N se encontra em
paralelo com a fonte geradora, proporcional por sua vez à intensidade de
iluminação.
Figura 14 - Modelo elétrico ideal de uma junção iluminada com as componentes de corrente
fotogerada (Iph ) e corrente no diodo (ID). Fonte: (ALTENER, 2004).
Uma célula solar não iluminada é representada por um diodo no diagrama de
circuito equivalente. Neste contexto, também é aplicável a curva característica do
diodo como a representadana Figura 13.
Para uma célula solar de silício monocristalino, pode-se assumir uma tensão
limiar de condução de aproximadamente 0,6V e uma tensão de bloqueio de 12 a 50
V, dependendo da qualidade do material da célula, como representado na Figura 15.
39
Figura 15 – Diagrama do circuito equivalente e curva característica da célula irradiada.
Fonte: (ALTENER, 2004)
A Tabela 4 indica alguns parâmetros que são analisados no circuito equivalente
mostrado na Figura 15.
Tabela 4 - Parâmetros do circuito fotovoltaico. Fonte: (ALTENER, 2004).
Parâmetros Símbolo Unidade
Tensões: U V
Tensão nos terminais da célula solar UD V
Tensão no diodo UT V
Correntes:
Corrente nos terminaisda célula solar I A
Corrente do diodo ID A
Corrente de saturaçãodo diodoinversamentepolarizado IS A
Fotocorrente IPH A
Corrente através da resistênciaemparalelo IP A
Fator do diodo m
Coeficiente da fotocorrente C0 m²/V
Irradiância solar E W/m²
Resistênciaemparalelo RP Ω
Resistênciaemsérie RS Ω
A corrente no diodo, ID, é responsável por manter o nível estabilizado de tensão
de saída da célula. I é a corrente de saída da célula, gerada a parte dos portadores
majoritários e depende do nível de iluminação, assim,
I = IPH – ID (2)
40
ID = I0 (exp( eV/mkT) -1) (3)
Onde:
I0 - Corrente de saturação reversa do diodo no escuro;
V - Tensão aplicado ao diodo;
e - Carga do elétron;
m - Fator de idealidade do diodo (entre 1 e 2 para o silício monocristalino);
k - Constante de Boltzmann;
T - Temperatura absoluta da célula.
Desta forma, substituindo equação (3) em (2),a corrente na célula será:
I= IPH - I0 (exp(eV/mkT) -1) (4)
No caso de curto-circuito (ISC), a tensão será V = 0, a corrente da célula é a
própria corrente gerada (fotocorrente).
I= IPH (5)
No caso de circuito aberto tem-se I = 0, a célula se autopolarizará com uma
tensão tal que a corrente de polarização equilibre a fotocorrente. Esta é chamada
tensão de circuito aberto (VOC) (EISBERG e RESNICK, 1979).
A Figura 16 representa o modelo elétrico de uma célula real.
Figura 16 – Diagrama completo do circuito equivalente real. Fonte: (ALTENER, 2004).
Uma célula real difere de uma célula ideal por apresentar alguns fatores de
perdas. Essas perdas são apresentadas pela resistência em série (Rs) e em
paralelo (Rp) inseridas no modelo ideal. A resistência em série se deve a
resistividade do corpo do material, a resistência da lâmina da camada difundida e a
resistência dos contatos metálicos (ALVARENGA, 2004). A resistência em paralelo
se deve aos defeitos da junção. Isto resulta nas seguintes equações:
I = IPH – ID - IP (6)
41
Onde:
IP representa as correntes de fuga.
A equação da corrente então pode ser escrita como, substituindo a equação (3)
em (6) e acrescentando IP :
I= IPH - I0 (exp( eV/mkT) -1 – ( (V+IRS) / RP ) (7)
2.2.3 Curva Característica I x V de Uma Célula Fotovoltaica
Esta curva é responsável por definir todos os parâmetros de uma célula ou de
um módulo fotovoltaico.
A norma NBR 10899define a curva característica tensão x corrente como “a
representação dos valores da corrente de saída de um conversor fotovoltaico, em
função da tensão, para condições pré-estabelecidas de radiação, temperatura”
(ABNT, 2006).
A análise da curva I x V é de fundamental importância na caracterização de um
gerador fotovoltaico, pois a partir dela é possível obter os principais parâmetros que
determinam sua qualidade de desempenho.
A curva I x V de uma célula solar é o resultado da superposição da fotocorrente
com a curva gerada num diodo (escuro). Quando a luz incide na célula, há um
deslocamento desta curva para o quarto quadrante, que significa geração de
energia.
As Figuras 17, a) a d), apresentam as curvas de uma célula solar fotovoltaica
sob diversas condições de iluminação.
A Figura 17 a) mostra a curva da célula no escuro, que apresenta as mesmas
características que um diodo semicondutor; a Figura 17 b), com a célula iluminada, a
curva IxV se desloca para o 40 quadrante; a Figura 17 c) mostra que quanto maior a
intensidade da radiação, maior é o deslocamento da curva.
A Figura17 d)mostra a curvaIxV, por convenção rebatida sobre o eixo das
tensões, tomando o 1º quadrante, denominado quadrante de geração.
42
Figura 17 – Curvas de uma célula solar fotovoltaica. Fonte: ALTENER 2004
A Figura 18 mostra uma curva característica IxV, típica de uma célula de silício
monocristalino, rebatida sobre os eixos de corrente e tensão, que é a forma mais
comum de apresentar os parâmetros elétricos da célula.
Figura 18- Curva característica de uma célula de silício monocristalino.Fonte: RICETTA, 2010.
A Figura 18 apresenta dois pontos notáveis: tensão de circuito aberto, VOC, que
é a tensão entre os terminais da célula iluminada quando a corrente que circula por
ela é nula, e corrente de curto-circuito, ISC, corrente que circula por uma célula
iluminada quando a tensão em seus terminais é nula. Esses parâmetros são
definidos pelo fabricante.
43
A Figura 19 representa um outro ponto notável, o ponto de potência máxima
(PM), que é o ponto da curva IxV para o qual o produto tensão x corrente é máximo.
A especificação da potência de um módulo é dada em WP (watt pico), associada às
condições padrão de testes (STC – Standard Test Conditions): radiação de
1.000W/m2, temperatura de célula de 250C e Massa de Ar igual a 1,5. Para cada
ponto na curva I x V, o produto corrente x tensão representa a potência gerada para
aquela condição de operação.
Figura 19 - Curva típica de potência x tensão de uma célula de silício monocristalino.
Fonte: RICETTA, 2010.
Como se observa na Figura 19, para uma célula fotovoltaica e
consequentemente, para o módulo, existe somente um valor de tensão (e o
correspondente de corrente) para o qual a potência máxima pode ser extraída. Não
existe geração de potência para condição de circuito aberto e curto circuito, uma vez
que tensão e corrente são zero. A tensão de circuito aberto, VOC, e a corrente de
curto-circuito, ISC, são respectivamente: máxima tensão e corrente possíveis de
serem obtidas de uma célula fotovoltaica ou de um módulo fotovoltaico.
O ponto de potência máxima, PMP, corresponde ao produto da tensão de
potência máxima (VMP) e a corrente de potência máxima (IMP). Os valores PMP, VMP,
IMP, VOC e ISC são os cinco parâmetros que especificam um módulo fotovoltaico sob
determinadas condições de irradiância (W/m2), temperatura de operação e massa
de ar (MA).
A Figura 20 mostra a curva característica I x V superposta à curva de potência
mostrada na Figura 19 para análise dos parâmetros.
44
Figura 20– Parâmetros de Potência Máxima. Fonte: (CEPEL, 1999)
A corrente de curto-circuito depende linearmente da irradiância. Se a
irradiância duplicar, a corrente também duplica. Este fato justifica alinha reta do
gráfico que apresentado na Figura 21. A tensão de circuito aberto mantém-se
relativamente constante enquantoa irradiância varia. Apenas quando a irradiância
desce abaixo de 200W/m2, a tensão sofre uma queda pronunciada. A relação
matemática entre a tensão e a irradiância numa célula solar cristalina é uma função
logarítimica.
Figura 21 – Tensão de circuito aberto e corrente em função dairradiância. Fonte: (ALTENER 2004).
O fator de forma (FF) é um indicador da qualidade das células solares. É
definido como um quociente entre a potência (Pmp) e a potência máxima teórica que
é igual ao produto da corrente de curto-circuito pela a tensão de circuito aberto.
45
FF =Imp x Vmp =Pmp
Isc x VocIsc x Voc
Para células solares cristalinas, o fator de forma tem um valor que se situa
entre 0,75 e 0,85. Graficamente, o fator de forma pode ser determinado como sendo
a razão entre a área B e a área A, mostradas na Figura22.
Figura 22 - Fator de forma das células solares. Fonte: ALTENER, 2004.
Conhecida a curva característica I x V de uma célula ou módulo pode-se
calcular:
• Potência Máxima PMP = IMP x VMP
• Eficiência η = (IMP x VMP) / (A x G)
• Fator de Forma FF = (IMP x VMP) / (ISC x VOC)
Onde:
A = Área útil da célula ou módulo (m2);
G = Irradiância incidente (W/m2).
A Figura 23 indica a variação da corrente e da tensão numa célula fotovoltaica
de silício, em função da variação de temperatura de 25 até 55ºC, sob irradiância
constante, igual a 1.000 W/m2.
46
Figura 23 - Efeito da variação da temperatura no comportamento de uma célula fotovoltaica. Fonte:
RICETTA, 2010
Observa-se na Figura 23 que a corrente de curto circuito, ISC, sofre um ligeiro
aumento com o aumento da temperatura. Esta variação da corrente é especificada
por meio do coeficiente de temperatura de corrente, normalmente simbolizado por α.
Ainda na Figura 23 observa-se também que a tensão Voc diminui com o aumento da
temperatura. Essa variação é especificada por meio do coeficiente de temperatura
de tensão, normalmente simbolizado por β.
As variações de ISC e VOC em função da temperatura afetam a potência
fornecida pela célula (e pelo módulo), pois o aumento da corrente não compensa a
diminuição da tensão e portanto, tem-se diminuição da potência da célula com o
aumento da temperatura.
Os coeficientes de temperatura são normalmente especificados na folha de
dados do fabricante como mostrado na Tabela 5 com os dados de coeficiente de
temperatura obtidos da folha de dados do módulo fotovoltaico do fabricante Yingli.
Tabela 5 – Exemplo de valores dos coeficientes de temperatura (módulo fotovoltaico Yingli). Fonte: (YINGLI, 2013)
Coeficiente Símbolo Unidade Valor
Coeficiente de temperatura de Pmax Ƴ % / 0C -0,45
Coeficiente de temperatura de Voc βVoc % / 0C -0,33
Coeficiente de temperatura de Isc Isc % / 0C 0,06
Coeficiente de temperatura de Vppm βVppm % / 0C -0,45
47
2.2.4 Módulos fotovoltaicos
Um conjunto de células fotovoltaicas interligadas em série, como representado
na Figura 24, e acondicionadas para resistir à exposição ao ar livre e intempérie, é
denominado módulo fotovoltaico.
Figura 24 - Células em série para formar um módulo fotovoltaico. Fonte: (ALTENER, 2004).
A principal especificação de um módulo é a potência nominal, que é a potência
de saída medida sob as condições-padrão para ensaio.
A Figura 25 ilustra uma vista em corte de um módulo fotovoltaico típico,
indicando as partes componentes.
Figura 25 – Visão em corte de módulo fotovoltaico. Fonte: (Siemens, 1996).
A Figura 26 ilustra um módulo fotovoltaico de 72 células, típico para uso em
sistemas conectados a rede.
48
Figura 26 - Exemplo de módulo fotovoltaico de 72 células.Fonte:(SIEMENS, 1996)
2.2.5 Sistemas fotovoltaicos
O conjunto de elementos necessários para realizar de forma prática a
conversão da energia solar diretamente em energia elétrica é denominado
genericamente de sistema fotovoltaico, sendo destinado a gerar energia elétrica com
características adequadas para alimentar aparelhos elétricos e eletrônicos, tais
como lâmpadas, eletrodomésticos, motores e outros.
O principal componente de um sistema fotovoltaico é o módulo fotovoltaico. O
sistema pode ser constituído por um ou mais módulos. Dependendo da aplicação, o
sistema pode incluir dispositivos para controle, armazenamento, supervisão e
condicionamento de energia elétrica.A Figura 27 mostra a montagem dos módulos
para constituir um sistema fotovoltaico.
49
Figura 27 - Montagem dos módulos de um sistema fotovoltaico. Fonte: (ALTENER, 2004)
Os sistemas fotovoltaicos podem ser classificados, com relação ao modo como
é utilizada a radiação solar, em dois grupos:
sistema sem concentrador (SFV); e,
sistema com concentrador (SFVC).
Os sistemas fotovoltaicos sem concentrador utilizam a radiação solar de
forma natural, tal como chega à superfície das células fotovoltaicas. Nos sistemas
com concentrador, a radiação solar é coletada, com o auxílio de dispositivos ópticos
específicos, concentrada e focalizada sobre a superfície das células, cuja área é
bastante reduzida se comparada com a área das células dos sistemas sem
concentrador. Outra classificação está relacionada à conexão com a rede elétrica
pública de fornecimento de energia, que abrangetambém dois grupos (ABNT, 2006):
sistemas isoladose
sistemas conectados à rede.
Os sistemas fotovoltaicos isolados são normalmente instalados em localidades
afastadas dos grandes centros, que não possuem o serviço público de distribuição
de energia elétrica e normalmente possuem elementos para armazenar energia
(banco de baterias). O banco de baterias destina-se a armazenar a energia gerada
durante as horas de sol e fornecê-la nos períodos nos quais não há radiação solar.
Neste caso, o painel é dimensionado para recarregar as baterias e fornecer energia
para os aparelhos consumidores ao mesmo tempo.
O fornecimento de energia aos aparelhos consumidores pode ser em corrente
contínua (CC) ou em corrente alternada (CA) com a utilização de um inversor.
A Figura 28 apresenta o diagrama com os componentes básicos deste tipo de
sistema, para fornecimento em corrente alternada (CA).
Figura 28 – Diagrama com os componentes básicos de um sistema fotovoltaico isolado. Fonte: (VIANA, 2010).
Painel
Fotovoltaico
_
+
Inversor
Para os
consumidores
Controladorde carga
Banco de Baterias
50
O controlador de carga é um aparelho eletrônico destinado a controlar e
monitorar a carga e/ou a descarga do banco de baterias e o inversor é o aparelho
que converte a tensão contínua (CC), proveniente do painel fotovoltaico ou do banco
de baterias, em tensão alternada (CA) com características adequadas para
alimentação de aparelhos elétricos e eletrônicos.
Os sistemas conectados à rede possuem ligação com a rede elétrica pública,
na qual a energia gerada é injetada e, nesse caso, não há necessidade de banco de
baterias.
A Figura 29 apresenta o diagrama com os componentes básicos de um sistema
conectado à rede.
Figura 29 – Diagrama com os componentes básicos de um sistema fotovoltaico conectado à rede. Fonte: VIANA, 2010.
A potência fotovoltaica instalada com sistemas conectados à rede (SFVCR)
atingiu o total de 102 GWp no mundo, em 2012, conforme indicadona Figura 30
(EPIA, 2013).
Figura 30 - Potência fotovoltaica instalada no mundo (102 GWp). Fonte: (EPIA, 2013).
Inversor
Painel
Fotovoltaico
_
+ Para a rede
elétrica
51
Desse total de 102 GWp, cerca de 70 GWp está instalado na Europa, sendo
que a Alemanha conta com aproximadamente 32 GWp, conforme assinalado na
Figura 31 (EPIA, 2013).
Figura 31 - Potência fotovoltaica instalada na Europa. Fonte: (EPIA, 2013).
2.2.6 Inversor para sistemas fotovoltaicos conectados à rede
O inversor para sistemas fotovoltaicos conectados à rede é especialmente
projetado e construído de modo que, ao detectar a presença da rede passa a operar,
convertendo a tensão contínua (CC), vinda do módulo fotovoltaico, em tensão
alternada (CA) e injeta a energia gerada diretamente na rede pública. Por meio de
amostragem da rede, o circuito interno do inversor copia a rede em frequência e
tensão, possibilitando assim sincronizar as duas fontes. Caso a rede elétrica seja
desenergizada pela concessionária ou o inversor seja desconectado da rede, este
se desliga automaticamente, cessando o fornecimento de energia e garantindo total
segurança em caso de manutenção da rede (LOPES, 2012).
O inversor é o coração de um sistema fotovoltaico conectado à rede. Os
inversores podem ser classificados em:
• Com transformador;
• Sem transformador;
• Monofásicos; e,
• Trifásicos.
~32 GW
52
Os inversores utilizam dispositivos de disparo controlado, como por exemplo,
transistores de efeito de campo metal-óxido-semicondutor (MOSFET) ou transistor
bipolar de porta isolada (IGBT), para processar a tensão contínua (CC) proveniente
dos módulos fotovoltaicos e produzir a tensão alternada (CA) controlada, em
sincronismo e de mesma amplitude que a da rede à qual estejam conectados. Uma
unidade de controle microprocessada proporciona essas e outras funções adicionais
de proteção. Quanto ao uso de transformador de saída, este deverá ser de alta
eficiência. A presença do transformador proporciona isolação galvânica entre a
entrada e a saída do inversor e, em alguns países, é uma exigência da
concessionária local.
As principais características dos inversores para conexão à rede são:
1) Potência (kW) - Os inversores são fabricados em diversas potências, dependo
do modelo e aplicação. Em baixa tensão porexemplo: 120V, 220V em 50 Hz, 60
Hz. Para potências elevadas normalmente são trifásicos. Poderão incorporar
diversos tipos de topologias de proteção.
2) Eficiência - Indica qual proporção da energia da entrada (CC) é transformada em
energia alternada (CA) na saída do inversor. Os inversores são concebidos para
alta eficiência, a qual se situa atualmente acima de 94% podendo chegar a 98%.
Isto é obtido principalmente através da técnica de controle PWM (pulse
widthmodulation), que é aplicada à ponte comutadora, e aos novos elementos
de potência que possuem baixas perdas ao fazer a conversão da energia CC em
CA.
3) Otimização do aproveitamento da potência dos módulos - Esta característica
assegura que os módulos fotovoltaicos estarão sempre operando no ponto de
potência máxima (PPM) da curva dos módulos. Como a temperatura e irradiação
estão constantemente variando, ou seja, alterando a curva I x V, o inversor
dispõe de um dispositivo que altera a impedância de entrada do inversor,
ajustando constantemente para as novas condições elétricas dos módulos,
mantendo o PPM. Esse circuito é denominado “seguidor do ponto de máxima
potência”, simbolizado por MPPT (do inglês, Maximum Power Point Tracker), o
qual por meio de software monitora e persegue o PPM.
4) Entrada para várias séries de módulo - Isto possibilita que mais de uma série de
módulos possa ser conectada à entrada do inversor. Cada série possuirá um
53
dispositivo MPPT exclusivo, de modo que poderão ser usados módulos
fotovoltaicos instalados em diferentes situações ou séries de módulos diferentes.
5) Monitoramento e segurança - Várias ações podem ser previstas como:
desconexão e conexão automática (com carga); monitoramento local e remoto
da potência e da rede utilizando meio físico e wireless;
6) Proteções - Várias funções podem ser incorporadas, como relés de proteção
para verificação de sincronismo e subtensão respectivamente e desligamento
automático por alteração de parâmetros previamente ajustados. Os
equipamentos certificados seguem normas específicas que estabelecem um
grau de proteção mínimo.
7) Distorção harmônica total (THD) - Normalmente menor ou igual 3%. Esta
característica e função principalmente da eficácia e qualidade dos filtros do
inversor.
8) Confiabilidade de operação - Inversores para utilização em ambiente externo
devem ter grau de proteção IP 651.
9) Dispositivo antiilhamento - Apresentam um dispositivo de segurança que, na
ausência de rede se desconectam, proporcionando segurança à mesma e aos
usuários. Isto é principalmente útil quando se deseja realizar manutenção no
sistema fotovoltaico (LOPES, 2012).
A Figura 32 apresenta o diagrama de blocos básicos de um inversor
monofásico, fase/neutro/terra, de baixa potência.
1 IP 65: Índice de proteção que significa proteção total contra o contato com partes vivas, sob tensão
ou em movimento, bem como contra a penetração de pó e jatos de água projetados por bocal, proveniente de qualquer direção sob as condições prescritas.
54
Figura 32 – Diagrama de blocos de um inversor para conexão à rede. Fonte:(SMA, 2012)
O inversor mostrado na Figura 33 é composto pelos os seguintes módulos:
1) Módulo de proteção de rede (grid guard), que possui um transformador de saída
cuja função é isolar galvanicamente o inversor da rede e compatibilizar os níveis
de tensão do inversor à tensão da rede. Possui dispositivos de conexão de saída
eletrônico, alta velocidade, que podem ser de semicondutores, transistores ou
relés eletrônicos de alta velocidade, cuja função é conectar/desconectar o
inversor da rede (isolação física).
2) Módulo de comutação controlado, composto por uma ponte de comutação
(bridge) com4 transistores de potência de alta velocidade, que a partir da
alimentação CC proveniente dos módulos fotovoltaicos e do módulo de controle,
realizam um chaveamento sincronizado dos transistores da ponte, dois a dois,
comutando a tensão CC no primário do transformador de saída, produzindo uma
tensão alternada no secundário do transformador, em sincronismo e compatível
com a rede.
3) Módulo seguidor de máxima potência dos módulos fotovoltaicos (MPP Tracking),
que através de um software residente, monitora as condições de temperatura e
irradiância e ajusta a impedância de entrada para o ponto de máxima potência da
curva característica do módulo fotovoltaico.
55
4) Módulo de entrada para strings (plug connection) composta de 3 entradas para
strings.
5) Módulo de HMI (interface homem máquina) que permite visualizar e configurar os
parâmetros de controle e proteção (dos módulos fotovoltaicos, inversor e rede)
através de um mostrador (display). O mostrador também tem a função de contar
os kWh gerados além de possuir uma memória de registro de eventos que é
usado para rastreamento de ocorrências.
6) Módulo de interface e comunicação (interface / communication) composto por um
canal de comunicação RS 485 ou de fibra óptica que permite comunicação
remota ou conexão de um handheld ou lap top para ajuste, leitura de parâmetros
setados ou uploud de eventos memorizados.
7) Módulo de aterramento (grouding) para ser conectado ao ponto de terra
(aterramento) do local. Este módulo monitora eventuais correntes de fuga
negativa e positiva para carcaça do inversor, causando sinalização ou
desligamento do inversor. (PEREIRA, 2011).
56
3. METODOLOGIA
3.1 Obtenção de bancos de dados de irradiação
Para a obtenção de bancos de dados solarimétricos inicialmente foi consultado
o Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique (INAM).
O INAM realiza medições por meio de suas estações situadas na costa e no
interior produzindo dados solarimétricos referentes às capitais moçambicanas. São
ao total onze estações que efetuam o registro da radiação total inclinada e direta
normal, das quais 6 também efetuam o registro da radiação difusa e horizontal. Os
órgãos governamentais e de pesquisa são abastecidos pelas informações
disponíveis no banco de dados desse instituto. Os instrumentos de medição são
calibrados periodicamente e os dados são considerados oficiais. As informações
apresentadas correspondem ao período dejaneiro de 1970 a dezembro de1998.
A segunda fonte de dados solarimétricos consultada foi do NREL
(NationalRenewable Energy Laboratory), do Departamento de Energia (DOE) norte-
americano.
O banco de dados do NREL fornece o valor da média diária, mensal e do total
anual de irradiação no continente africano para áreas na superfície terrestre,
denominadas células, com aproximadamente 40 km por 40 km.
Os dados para cada célula foram obtidos por meio do Modelo Climatológico de
Radiação Solar, CSR (do inglês, Climatological Solar RadiationModel) desenvolvido
pelo NREL, que recebeu informações do período de 01/01/1985 a 12/31/1991. O
valor do recurso solar de cada célula é apresentado em watt-hora por metro
quadrado por dia (Wh/m2/dia) para cada mês.
O modelo CSR utiliza informações sobre a cobertura de nuvens, vapor d’água
e gases existentes na atmosfera e a quantidade de aerossóis, para calcular a média
diária mensal de irradiação que incide sobre uma superfície horizontal.
Os dados estimados pelo modelo CSR são validados por meio de medições
feitas por estações terrestres. Os valores de irradiação são modelados com uma
precisão de, aproximadamente, (+ -) 10% do valor real medido no interior da célula,
devido às incertezas associadas com os dados de entrada para o modelo
meteorológico. A cobertura de nuvens local pode variar significativamente, mesmo
dentro de uma única célula, como resultado dos efeitos do terreno e outras
influências microclimáticas.
57
As Figuras 33, 34 e 35 apresentam o mapa de Moçambique dividido em três
regiões - Norte, Centro e Sul. Cada região do mapa está dividida em células
correspondentes às coordenadas (longitude e latitude) do centro da área coberta
pelas células. Cada célula possui uma numeração correspondente a uma linha no
banco de dados, a qual apresenta os valores de irradiação do local. As capitais
estão representadas por uma célula em vermelho com as coordenadas
correspondentes (NREL, 2012).
Figura 33 - Mapa da região Norte de Moçambique (NREL, 2012)
58
Figura 34 - Mapa da região central de Moçambique. Fonte: (NREL, 2012)
Figura 35 - Mapa da região Sul de Moçambique. Fonte: (NREL, 2012)
59
Os valores de irradiação obtidos para cada capital foram tabelados e
elaborados gráficos para visualização dos valores das médias diárias mensais
(kWh/m2/dia) e os totais anuais (kWh/m2/ano) de irradiação global horizontal,
inclinada, direta normal e difusa.
3.2 Elaboração de mapas solarimétricos
Inicialmente foram analisados os dados para construir a escala de valores e a
paleta de cores.
Tendo em vista realizar comparação com o potencial solarimétrico de outros
países como, por exemplo, os europeus, procurou-se utilizar uma paleta de cores
semelhante à dos mapas elaborados pela Comissão Européia, no JRC (Joint
Research Centre Institute for Energy, Renewable Energy Unit) conforme observada
nos mapas disponíveis no site http://re.jrc.ec.europa.eu/.
A Figura 36 apresenta, a título de exemplo, o mapa de irradiação total inclinada
(em kWh/m2/ano) e de potencial estimado de geração fotovoltaica (em
kWh/kWp/ano) para a Alemanha. O mapa apresenta o valor do total anual de
irradiação incidente em uma superfície inclinada, cujo ângulo é ajustado para
otimizar a geração fotovoltaica.
60
Figura 36 - Mapa irradiação total inclinada e de potencial estimado de geração fotovoltaica para a Alemanha.Fonte: http://re.jrc.ec.europa.eu/pvgis/
3.3 Estimativa da geração de energia de sistemas fotovoltaicos conectados a
rede (SFVCR)
O desempenho dos módulos fotovoltaicos é influenciado pela temperatura. Por
isso foram levantados os valores médios de temperatura mínima e máxima das
capitais para verificar se ficavam em faixas muito elevadas, acima de 40 ou 45ºC.
Os resultados, apresentados nas Figuras 37, 38 e 39, apresentam as médias
mensais dastemperaturas mínimas e máximas de três cidades - Tete, Inhambane e
Chokwe, obtidas com dados do período de 1971 a 2010.
61
Figura 37- Variação da temperatura na cidade de Tete. Fonte: (INAM, 2012)
Figura 38 - Variação da temperatura na cidade de Chokwe. Fonte: (INAM, 2012)
62
Figura 39- Variação da temperatura na cidade de Inhambane. Fonte: (INAM, 2012)
Comparando-se os dados contidos nas Figuras 37, 38 e 39,verificou-se que a
cidade de Tete é a que apresenta os maiores valores de temperatura média, tanto
mínima quanto máxima, de 24,3 e 34,8ºC respectivamente, não apresentando
valores extremamente elevados. As outras capitais apresentaram temperatura média
mínima inferior a 22ºC e máxima inferior a 32ºC.
A eficiência ou rendimento de um sistema elétrico é normalmente definida
pela razão entre a energia cedida ao sistema (Ei) e a energia de saída do sistema
(Eo), sendo simbolizada pela letra grega “eta”, η:
η = Eo / Ei
A energia de saída do sistema é, portanto:
Eo = Ei .η
Em um sistema fotovoltaico conectado à rede (SFVCR) a energia de saída,
Eo, é função da energia vinda do painel fotovoltaico, EFV, da eficiência do inversor,
ηINV, e de diversos fatores ambientais, tais como temperatura, composição espectral
63
da radiação solar, poeira e outros, os quais influenciam diretamente o desempenho
dos módulos fotovoltaicos.
Para determinar o rendimento ou desempenho final de um SFVCR todas as
perdas, relacionadas aos valores nominais utilizados nos cálculos, devem ser
consideradas. Desse modo, às perdas ocorridas nos módulos, devidas aos fatores
citados, somam-se as perdas no inversor, devidas principalmente à temperatura,
além de outras perdas elétricas, que ocorrem nos condutores e conexões. A maior
parte desses fatores é de difícil determinação, seja pela dificuldade de medição
(efeito da poeira, por exemplo) ou pela sua sazonalidade. Nesse texto todos esses
fatores serão representados por KTOT e a expressão para estimar a energia gerada
por um SFVCR (Eo), em um determinado período, é:
Eo = EFV . KTOT (1)
onde: Eo- Energia estimada obtida na saída do SFVCR
EFV - Energia fornecida pelo painel fotovoltaico
KTOT - Fator que agrupa todas as perdas nos diversos
componentes do sistema fotovoltaico.
O fator KTOT representa, portanto, todas as perdas em um SFVCR devidas
aos diversos fatores que afetam a todos os seus componentes:
• Desvio de potência nominal dos módulos em relação ao valor nominal;
• Efeitos da temperatura sobre os módulos e inversor;
• Variações sazonais do espectro solar;
• Perdas por descasamento entre módulos;
• Eficiência do inversor menor que 100%;
• Acúmulo de sujeira nos módulos e
• Perdas ôhmicas em condutores e conexões.
A energia fornecida pelo painel fotovoltaico, EFV, é função da energia recebida
pelo mesmo (Ei), que é a energia proveniente do Sol, ou seja, a irradiação solar para
o período considerado (HTOT); da área do painel (AFV) e da eficiência dos módulos
(ηFV). Assim, tem-se, conforme VIANA, 2012:
EFV = Ei .AFV .ηFV (2)
64
EFV = HTOT .AFV .ηFV (3)
A eficiência dos módulos fotovoltaicos, ηMOD, é dada pela expressão (ABNT
2006):
ηMOD = PMOD / (AMOD . GSTC) (4)
onde: PMOD- Potência nominal do módulo
AMOD - Área do módulo
GSTC - Irradiância de ensaio, igual a 1.000 W/m2
Considerando a eficiência do painel fotovoltaicoigual à do módulo e
substituindo (4) em (3) tem-se:
EFV = HTOT .AFV . (PFV / AFV . GSTC)
EFV = (HTOT . PFV) / GSTC (5)
Substituindo (5) em (1) tem-se:
Eo = (HTOT .PFV) / GSTC . KTOT
. (6)
A expressão (6) mostra que a geração de energia estimada para um SFVCR
tem um valor teórico, que é função direta da potência fotovoltaica instalada (PFV) e
da energia recebida do Sol (HTOT), multiplicado pelo fator KTOT, que engloba as
perdas já mencionadas anteriormente.
O fator KTOT representa a denominada Taxa de Desempenho (TD) do
SFVCR, cujo valor pode ser obtido de forma experimental, considerando
normalmente o período de um ano e a energia gerada (Eo) nesse período. A Taxa de
Desempenho é denominada Performance Ratio (PR) em inglês.
65
Assim, fazendo KTOT igual a TD, tem-se a expressão para estimar a energia
gerada por um SFVCR em determinado período (normalmente considera-se um mês
ou um ano) (VIANA, 2012), (SÚRI, 2007):
.TD (7)
O valor de TD é calculado, a partir de (7), por:
(8)
O valor da TD de um SFVCR representa todas as perdas que ocorrem no
mesmo ao converter a energia solar para energia elétrica (VIANA, 2012). Os valores
típicos de TD, obtidos em medições realizadas em centenas de SFVCR operando
em boas condições, estão situados entre 0,70 a 0,85 (SÚRI, 2007).
Na estimativa preliminar de um SFVCR normalmente utiliza-se o valor da taxa
de desempenho igual a 0,75 (75%) (VIANA, 2012).
Para estimar a geração anual de energia fotovoltaica, em kWh/kWp, para as
capitais moçambicanas, aplicou-se a equação (8) utilizando-se os dados
solarimétricos de cada capital, considerando um sistema fotovoltaico com PFV de 1
kWp e taxa de desempenho (TD) igual a 0,75.
66
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Irradiação solar em Moçambique
O primeiro levantamento dos valores de irradiação solar para as capitais
moçambicanas foi realizado a partir do banco de dados do INAM – Instituto Nacional
de Meteorologia de Moçambique.As Tabelas 6, 7 e 8 listam as capitais, com as
coordenadas consideradas e os valores da irradiação total inclinada, direta normal e
difusa média diária mensal e anual em kWh/m2/dia.
Tabela 6 - Irradiação total inclinada (HTOT)nas capitais de Moçambique. Fonte de dados: (INAM, 2012)
Cidade Localização Irradiação Total Inclinada (kWh/m²/dia)
lat long jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Med
Maputo 25°58´ 32°36´ 7.7 7.3 6.4 5.3 4.4 3.9 4.1 4.9 5.8 6.7 7.1 7.7 5.9
Qulimane 24°44´ 33°32´ 7.6 7.3 6.5 5.5 4.6 4.0 4.3 5.1 6.0 6.7 7.2 7.6 6.0
Chokwe 24°33´ 33°00´ 7.5 7.1 6.4 5.5 4.6 4.2 4.3 5.1 5.9 6.6 7.1 7.6 5.9
Inhambane 23°52´ 35°23´ 6.6 6.6 5.7 4.8 4.0 3.6 3.8 4.4 5.2 6.0 6.4 6.7 5.3
Beira 19°48´ 34°54´ 6.5 6.2 5.7 5.1 4.4 3.9 4.1 4.7 5.5 6.1 6.4 6.5 5.4
Chimoio 19°07´ 32°28´ 5.9 5.9 5.4 5.2 4.7 4.2 4.0 4.9 5.4 5.8 5.8 5.3 5.2
Tete 16°11´ 33°35´ 7.0 7.1 6.8 6.2 5.5 5.0 5.2 6.0 6.7 7.3 7.7 7.2 6.4
Nampula 15°06´ 39°17´ 6.1 6.0 5.7 5.2 4.6 4.2 4.3 5.0 5.8 6.3 6.5 6.2 5.4
Pemba 12°59´ 40°32´ 6.1 5.9 5.8 5.4 5.0 4.6 5.3 5.3 5.9 6.5 6.7 6.4 5.7
Lichinga 13°18´ 35°14´ 4.1 4.6 4.2 4.5 5.8 4.6 5.4 5.4 6.2 6.2 6.0 4.7 5.1
Tabela 7 - Irradiação direta normal nas capitais de Moçambique. Fonte de dados: (INAM, 2012)
Cidade
Localização Radiação Direta Normal (kWh/m²/dia)
lat long jan fev mar Abr maio
jun jul ago set out nov dez Med
Maputo 25°58´ 32°36´ 5.0 4.8 4.3 3.7 3.1 2.8 2.9 3.4 3.9 4.3 4.5 4.9 4.0
Quilimane 24°44´ 33°32´ 4.9 4.8 4.3 3.8 3.2 2.9 3.0 3.5 4.0 4.4 4.5 4.8 4.0
Chokwe 24°33´ 33°00´ 4.8 4.7 4.3 3.8 3.3 3.0 3.1 3.6 4.0 4.3 4.5 4.8 4.0
Inhambane 23°52´ 35°23´ 3.9 3.8 3.5 3.1 2.7 2.4 2.5 2.9 3.3 3.6 3.8 3.9 3.6
Beira 19°48´ 34°54´ 3.9 3.8 3.6 3.2 2.9 2.6 2.7 3.1 3.5 3.8 3.9 3.8 3.4
Chimoio 19°07´ 32°28´ 3.3 3.5 3.3 3.1 3.1 2.9 2.5 3.2 3.4 3.5 3.3 2.7 3.1
Tete 16°11´ 33°35´ 4.4 4.7 4.6 4.3 3.9 3.5 3.6 4.2 4.6 5.0 5.2 4.6 4.3
Nampula 15°06´ 39°17´ 3.6 3.6 3.5 3.3 3.0 2.7 2.8 3.2 3.7 4.0 4.0 3.7 3.4
Pemba 12°59´ 40°32´ 3.6 3.5 3.5 3.5 3.3 3.0 3.1 3.5 3.8 4.2 4.2 3.9 3.5
Lichinga 13°18´ 35°14´ 1.9 2.3 2.1 2.6 3.1 3.0 2.8 3.5 4.1 3.8 3.5 2.3 2.9
67
Tabela 8 - Irradiação difusa nas capitais de Moçambique. Fonte de dados: (INAM, 2012)
Cidade Localização Irradiação Difusa (kWh/m²/dia)
lat long jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Med
Maputo 25°58´ 32°36´ 2.7 2.5 2.1 1.7 1.3 1.1 1.2 1.5 1.9 2.3 2.7 2.8 1.9
Quilimane 24°44´ 33°32´ 2.7 2.5 2.1 1.7 1.3 1.2 1.2 1.5 1.9 2.4 2.6 2.8 1.9
Chokwe 24°33´ 33°00´ 2.7 2.5 2.1 1.7 1.4 1.2 1.3 1.5 1.9 2.3 2.6 2.8 2.0
Inhambane 23°52´ 35°23´ 2.7 2.5 2.1 1.7 1.4 2.2 1.3 1.5 1.9 2.3 2.6 2.7 2.0
Beira 19°48´ 34°54´ 2.6 2.5 2.2 1.8 1.5 1.3 1.4 1.7 2.0 2.3 2.6 2.7 2.0
Chimoio 19°07´ 32°28´ 2.6 2.4 2.2 1.5 1.5 1.4 1.4 1.7 2.0 2.3 2.5 2.6 2.0
Tete 16°11´ 33°35´ 2.6 2.4 2.2 1.9 1.6 1.5 1.5 1.8 2.1 2.4 2.5 2.6 2.0
Nampula 15°06´ 39°17´ 2.5 2.4 2.2 1.9 1.6 1.5 1.6 1.8 2.1 2.3 2.5 2.5 2.0
Pemba 12°59´ 40°32´ 2.5 2.4 2.2 2.0 1.7 1.6 1.6 1.8 2.1 2.3 2.5 2.5 2.1
Lichinga 13°18´ 35°14´ 2.3 2.3 2.1 1.9 1.7 1.6 1.6 1.8 2.1 2.3 2.4 2.4 2.0
O segundo levantamento foi realizado no banco de dados do NREL
(NationalRenewable Energy Laboratory). As Figuras 40 a 49apresentam os
resultados do levantamento, em gráficos e em tabelas,com os valores das médias
diárias mensais (kWh/m2/dia) e médias diárias anuais (kWh/m2/dia) de irradiação
direta normal, global horizontal, total (inclinada) e difusa,obtidos para as capitais
moçambicanas.
Figura 40 - Valores das médias diárias mensais e médias diárias anuais de irradiação para a cidade
de Maputo.
68
Figura 41 - Valores das médias diárias mensais e médias diárias anuais de irradiação para a cidade
de Chokwe.
Figura 42 - Valores das médias diárias mensais e médias diárias anuais de irradiação para a cidade
de Pemba.
69
Figura 43 - Valores das médias diárias mensais e médias diárias anuais de irradiação para a cidade
de Tete.
Figura 44 - Valores das médias diárias mensais e médias diárias anuais de irradiação para a cidade
de Nampula.
70
Figura 45 - Valores das médias diárias mensais e médias diárias anuais de irradiação para a cidade
de Lichinga.
Figura 46 -Valores das médias diárias mensais e médias diárias anuais de irradiação para a
cidade deQuelimane.
71
Figura 47 - Valores das médias diárias mensais e médias diárias anuais de irradiação para a
cidade de Beira.
Figura 48 - Valores das médias diárias mensais e médias diárias anuais de irradiação para a
cidade deChimoio.
72
Figura 49 - Valores das médias diárias mensais e médias diárias anuais de irradiação para a
cidade de Inhambane.
Comparando os valores de irradiação média anual(HTOT), em
kWh/m2/diaobtidos para as capitais moçambicanas, nos bancos do INAM e do NREL
(tomado como referência), observou-se que a cidade de Tete apresentou uma
diferença de 18% e as demais cidades, umadiferença inferior a 10%, para mais ou
para menos, entre os valores e em alguns casos não houve diferença, como as
cidades de Lichinga e Beira,conforme apresentado na Tabela 9.
Tabela 9 – Comparação de dados de Irradiação: INAM x NREL.
Cidades NREL
(Referência) (kWh/m
2/dia)
INAM (kWh/m
2/dia)
Diferença (%) INAM
Beira 5.4 5.4 0,0
Lichinga 5.1 5.1 0,0
Tete 5.7 6.4 +18,3
Inhambane 5.8 5.3 -8,6
Maputo 5.5 5.9 +7,3
Chimoio 5.5 5.2 -5,4
Pemba 5.4 5.7 +5,5
Quilimane 5.7 6.0 +5,2
Chokwe 6.0 5.9 -1,6
Nampula 5.5 5.4 -1,6
73
Com base nas diferenças apresentadas na Tabela 9 e no fato dos dados
disponíveis no INAM serem apenas para as capitais moçambicanas, optou-se por
utilizar o banco de dados do NREL. Esse banco de dados cobre todo o território
moçambicano com resolução espacial de 40 km x 40 km, o que permite obter os
valores de irradiação para qualquer região do país a partir das coordenadas do local
desejado.
Os gráficos das Figuras 40 a 49 permitem verificar preliminarmente as
diferentes possibilidades de aproveitamento da radiação solar, observando-se qual
parcela de irradiação solar predomina em cada capital.Para os sistemas
fotovoltaicos conectados à rede a irradiação total inclinada (HTOT) é que permite o
maior aproveitamento ao longo do ano.
A Tabela 10 apresenta os valores das médias diárias anuais (kWh/m2/dia) e do
total anual (kWh/m2/ano) de irradiação total inclinada (HTOT) para as capitais com
base nos dados NREL.
Tabela 10 - Valores das médias diárias anuais e do total anual de irradiação total inclinada para as capitais de Moçambique.
Capital Média diária anual
(kWh/m2/dia) Total anual
(kWh/m2/ano)
Lichinga 5,1 1.850
Beira 5,4 1.980
Maputo 5,5 2.000
Pemba 5,5 2.000
Nampula 5,5 2.000
Chimoio 5,5 2.000
Quilimane 5,7 2.080
Tete 5,8 2.100
Inhambane 5,8 2.100
Chokwe 6,0 2.200
De acordo com a Tabela 10, a cidade de Chokwe é a que apresenta o maior
valor anual de irradiação total inclinada (HTOT), 2.200 kWh/m2/ano, seguida pelas
cidades de Inhambane e Tete, com o valor de 2.100 kWh/m2/ano.
Pode-se separar as cidades em dois grupos: um com valor da média diária
anual acima de 5,7kWh/m2/dia, composto pelas cidades de Quilimane, Tete,
74
InhambaneeChokwe, e outro grupo com valor abaixo de 5,7kWh/m2/dia, composto
pelas cidades de Nampula, Chimoio, Beira, Pemba, Maputo e Lichinga.
Os índices de irradiação total inclinada,apresentados nos gráficos,
principalmente para as cidades de Chokwe, Inhambane, Tete e Quelimaneforam
altos (5,7 a 6,0 kWh/m2/dia). Com isso poderão ser obtidos valores de geração
também altos para estas cidades. Esta faixa de irradiação total inclinada obtida é
superior a muitas regiões européiascomo, por exemplo, a Alemanha, que utiliza
energia solar na produção de eletricidadefotovoltaica.
A Figura 36, usada como exemplo, apresenta o total anual de irradiação
inclinada para Alemanha de, no máximo, 1.400 kWh/m2, enquanto que o menor valor
observadopara Moçambique é de 1.850 kWh/m2/ano e o maior valor é de 2.200
kWh/m2/ano, conforme mostrado na Tabela9. Isto representa que o menor valor de
irradiação inclinadaem Moçambique é cerca de 30% superior ao maior valor da
Alemanha.
Os valores de irradiação obtidos para Moçambique indicam que mesmo nas
cidades cujos índices estão abaixo de 5,7kWh/m2/dia, estes são considerados
apropriados para geração de eletricidade pois a capazidade de geração é superior a
Alemanha.
4.2 Estimativas de Geração Fotovoltaica para Moçambique
Seguindo a metodologia apresentada no item 3.2, foi realizada a estimativa de
geração fotovoltaica para Moçambique, considerando um sistema fotovoltaico
conectado à rede (SFVCR) com potência de 1 kWp e taxa de desempenho (TD)
igual a 0,75. Os resultados da estimativa são apresentados em energia estimada
(kWh), gerada pelo SFVCR de 1 kWp, por mês e por ano (kWh/kWp/mês e
kWh/kWp/ano).
As Tabelas 11 a 20 apresentam os valores de irradiação total inclinada (HTOT)
e geração fotovoltaica estimada, mensal e anual, para as capitais moçambicanas e
as Figuras 50 a 59 mostram os respectivos gráficos de geração estimada.
75
Tabela 11 - Irradiação total inclinada (HTOT) e geração fotovoltaica estimada para Maputo
Figura50- Geração fotovoltaica estimada para Maputo.
Tabela 12 - Irradiação total inclinada (HTOT) e geração fotovoltaica estimada para Inhambane
Figura 51 – Geração fotovoltaica estimada em Inhambane
76
Tabela 13 – Irradiação total inclinada (HTOT) e geração fotovoltaica estimada para Chimoio
Figura 52 – Geração fotovoltaicaestimada em Chimoio
Tabela 14 – Irradiação total inclinada (HTOT) e geração fotovoltaica estimada para Beira
Figura 53 - Geração fotovoltaicaestimada em Beira.
77
Tabela 15 – Irradiação total inclinada (HTOT) e geração fotovoltaica estimada para Quelimane
Figura 54 – Geração fotovoltaicaestimada em Quelimane
Tabela 16 – Irradiação total inclinada (HTOT) e geração fotovoltaica estimada para Lichinga
Figura 55: Geraçãofotovoltaica estimada em Lichinga
78
Tabela 17: Irradiação total inclinada (HTOT) e geração fotovoltaica estimada para Nampula
Figura 56 – Geração fotovoltaicaestimada em Nampula.
Tabela 18 – Irradiação total inclinada (HTOT) e geração fotovoltaica estimada para Chokwe
Figura 57 – Geração fotovoltaicaestimada em Chokwe
79
Tabela 19 – Irradiação total inclinada (HTOT) e geração fotovoltaica estimada para Tete
Figura 58 – Geração fotovoltaicaestimada em Tete
Tabela 20 – Irradiação total inclinada (HTOT) e geração fotovoltaica estimada para Pemba
Figura 59 – Geração fotovoltaicaestimada em Pemba.
80
Os gráficos e tabelas obtidas a partir dos dados solarimétricosdo NREL,
indicamas cidades mais propícias à utilização de energia solar que apresentam
maior média de irradiaçãodiária anual: 5,7 a 6,0 kWh/m2/dia, que são as cidades de
Chokwe, Inhambane, Tete e Quilimane.
De acordo com a Figura 57, Chokwe apresenta maior capacidade de geração,
1,65MWh/MWp/ano, ficando um pouco atrás as cidades de Inhambane, Tete e
Quilimane. A média de irradiaçãodiária anual nestas três cidades, (5,85), está muito
próxima, variando entre 5,7 e 6 kWh/m2/dia. Estes valores tornam estas cidades
muito propícias ao aproveitamento da energia solar através de sistemas
fotovoltaicos conectados à rede para geração direta de eletricidade.
A taxa de desempenho considerada para estimar a geração foi de 0,75,
podendo alcançar em um SFVCR real o valor de 0,85, em função da qualidade dos
materiais e das instalações. Neste caso poderia se estimar em Chowke, uma
geração anual fotovoltaica conectade à rede de 1,85MWh/MWp/ano.
Utilizando os dados do SFVCR proposto de 1kWpobteve-se o potencial de
geração fotovoltaica estimada para cada capital moçambicana, mostrados na Tabela
21.
Tabela 21 - Potencial de geração fotovoltaica estimada para as capitais de Moçambique.
Capital
Geração Fotovoltaica Estimada
(kWh/kWp/ano)
Lichinga 1.380
Beira 1.460
Maputo 1.500
Pemba 1.500
Nampula 1.500
Chimoio 1.500
Quilimane 1.530
Tete 1.570
Inhambane 1.570
Chokwe 1.650
81
4.3 Mapas de Irradiação e de Geração Fotovoltaica para Moçambique
Os resultados apresentados nos itens 4.1 e 4.2 se referem às capitais
moçambicanas, no total de 10 cidades. Para uma melhor visão dos valores de
irradiação e de geração estimada para todo o território, foram elaborados os
seguintes mapas (17 mapas), que são apresentados nas Figuras 60 a 77:
• África - Localização de Moçambique;
• Moçambique - Altitude;
• Moçambique - População;
• Moçambique - Irradiação total inclinada - Mapas mensais com a média
diária;
• Moçambique - Irradiação global horizontal - Mapa com o total anual e
• Moçambique -Irradiação total inclinada - Mapa com o total anual.
Além dos 17 mapas citados foi elaborado um mapa do Brasil, mostrado na
Figura 77, com o total anual de irradiação total inclinada, empregando a mesma
escala de cores e valores para permitir a comparação com as condições
solarimétricas de Moçambique.
A Figura 60 apresenta o mapa da África com a localização de Moçambique
(situado aproximadamente entre os paralelos 10S e 25S).
Figura 60 - Mapa da África mostrando a localização de Moçambique.
82
Figura 61: Mapa de Moçambique com escala de altitude.
A Figura 61 apresenta o mapa de Moçambique com altitudes, no qual se
observa que toda costa voltada para Oceano Índico apresenta baixa elevação em
relação às outras regiões. Este dado deve ser levado em consideração, quando se
fizer um estudo da região para instalar, por exemplo, uma planta de usina solar
fotovoltaica. Em qualquer projeto, grande ou pequeno, deve ser observar o estudo
topográfico para previnir inundações, que normalmente afetam as regiões mais
baixas.
A Figura 62 apresenta o mapa de Moçambique dividido de acordo com suas
províncias e com apresentação de escala de população.Estas informações são
particularmente úteis na avaliação dos beneficios que um SFVCR de grande porte
poderia trazera uma determinada região, principalmente quando se tratar de uma
região de alto potencial de geração.
83
Figura 62: Mapa de Moçambique com escala de população.
Os mapas apresentados nas Figuras 60, 61 e 62, de localização geográfica,
altitude e população, adquirem especial importância na análise macro de uma região
onde se deseja a instalação de um sistema fotovoltaico de grande porte conectado à
rede.
Os mapas solarimétricos das Figuras 63 a 74, elaborados a partir dos dados
obtidos no NREL, mostram os valores da média mensal de irradiação total inclinada
para Moçambique, em kWh/m2/dia, para superfície inclinada com uma inclinação
igual à latitude do local.
84
Figura 63: Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique, referente ao mês de Janeiro.
Figura 64: Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique,referente ao mês de Fevereiro.
85
Figura 65: Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique,referente ao mês de Março.
Figura 66: Mapa de irradiação total inclinada para Moçambique,referente ao mês de Abril.
86
Figura 67: Mapa de irradiação inclinada de Moçambiquereferente ao mês de Maio.
Figura 68: Mapa de irradiação inclinada de Moçambiquereferente ao mês de Junho.
87
Figura 69: Mapa de irradiação inclinada de Moçambiquereferente ao mês de Julho.
Figura 70: Mapa de irradiação inclinada de Moçambique referente ao mês de Agosto.
88
Figura 71: Mapa de irradiação inclinada de Moçambiquereferente ao mês de Setembro.
Figura 72: Mapa de irradiação inclinada de Moçambique referente ao mês de Outubro.
89
Figura73: Mapa de irradiação inclinada de Moçambiquereferente ao mês de Novembro.
Figura 74: Mapa de irradiação inclinada de Moçambique referente ao mês de Dezembro.
90
A Figura 75 apresenta o mapa de Moçambique com o total anual de irradiação
global (horizontal), em kWh/m2/ano.
Figura 75: Mapa de Moçambique com total anual de irradiação global (horizontal).
91
A Figura 76 apresenta o mapa de Moçambique com com o total anual de
irradiação de irradiação total (inclinada), em kWh/m2/ano.
Figura 76: Mapa de Moçambique com o total anual de irradiação total (inclinada).
92
A Figura 77 apresenta o mapa solarimétrico do Brasil com o total anual de
irradiação total (inclinada), em kWh/m2/ano.
Figura 77: Mapa solarimétrico do Brasil de irradiação total(inclinada).
Fonte de dados: (PEREIRA et al., 2006)
A Figura 78 representa o mapa com estimativa de geração anual,em
kWh/kWp/ano, para Moçambique, de acordo com os dados obtidos e as condições
estabelecidas para estimar o potencial de geração.
O valor do total anual da irradiação total inclinada para as capitais
moçambicanas está na faixa de 1.870 a 2.200 kWh/m2/ano, conforme mostrado na
Tabela 10. Este valor é encorajador para aproveitamento da energia solar por meio
de sistemas fotovoltaicos conectados a rede, pois poderá levar a valores de geração
estimada na faixa de 1.380 a 1.647 kWh/kWp/ano, com TD = 0,75.
93
Figura 78: Mapa de Moçambique com potencial estimado de geração anual de energia solar fotovoltaica.
94
Ao observar o mapa solarimétrico da Alemanha mostrado na Figura 36,
verifica-se que o valor máximo de geração fotovoltaica estimada, para módulos
instalados com superfície inclinada (com ângulo igual à latitude) e TD = 0,75, é de
1.050kWh/m2/ano. Esse valor corresponde a cerca de 70% da menor geração
estimada para Moçambique (1.380 kWh/m2/ano), Figura 78.
Note-se que, mesmo com geração estimada máxima ainda não ser elevada, a
Alemanha conta com um terço da potência mundial fotovoltaica instalada com
sistema conectados à rede, que corresponde a cerca de 30 GWp, conforme
mostrado na Figuras 30 e 31.Ressalta-se ainda que a Alemanha nãoé o país
europeu com maior nível de irradiação inclinada, mas é o país com maior potência
instalada, devido a políticas de desenvolvimento sustentável bastante
desenvolvidas, principalmente em relação às energias renováveis, dentre as quais a
energia solar fotovoltaica. Esta postura não se fundamenta na crença de ser esta
uma “energia do futuro”, mas sim na perspicácia em aproveitar este recurso e
desfrutar das facilidades que a natureza dispensou através do Sol para gerar
eletricidade de forma sustentável e preservando o meio ambiente, sendo este último
ponto um fator que o país realmente considera importante.
Comparando o mapa solarimetrico da Figura 76, irradiação inclinada total
anual de Moçambique, com o mapa solarimetrico da Figura 77, irradiação inclinada
total anual do Brasil, verifica-se que as condições de Moçambique são mais
favoráveis a utilização da energia solar. Como foi demonstrado na Figura 76,
Moçambique possui uma faixa de irradiaçãototal inclinada que vai de 1.870 a 2.200
kWh/m2/ano e o observando o mapa da Figura 77 (Brasil), nota-se que são poucas
as regiões nas quais a irradiação total atingiu 2.200 kWh/m2/ano.
O mapa da Figura 72, de irradiação inclinada média diária para o mês de
outubro, apresentou praticamente a mesmairradiação de 6kWh/m2/dia para todo
território moçambicano. De acordo com o desenvolvimento do estudo apresentado,
esta irradiação é alta e correspoderá a uma geração estimada de 1.640 kWh/kWpno
mês. Esta indicação poderá ser utilizada estrategicamente para demandas sazonais
de energia ou que possam ser programadas durante o ano, direcionando maiores
demandas de energia para este mês.
O mapa da Figura 62 apresenta Moçambique dividido em 10 provincias com
as respectivas populações. Observa-se que a província de Tete, localizada no centro
oeste de Moçambique, é uma das regiões de maior população. De acordo com o
95
mapa solarimetrico de irradiação total inclinada anual, apresentado Figura 76, esta é
uma das regiões de maior irradiação, variando de 2000 a 2200 kWh/m2/ano.
Portanto, um sistema de geração fotovoltaica conectado à rede para esta região
poderia disponibilizar energia de forma eficiente.
A Figura 2 e a Tabela 2 apresentam a localização das hidrelétricas e a LT de
Moçambique (Linha de Transmissão (backbone principal). A hidrelétrica de Cahora
Bassa, com potência de 2.070 MW, é a principal de Moçambique. Abastece a África
do Sul e Moçambique e está localizada na província de Tete que apresentou um alto
potencial de geração fotovoltaica. SFVCRs poderiam ser instalados em Tete e
conectados à LT que vai África do Sul aumentando a oferta de energia nesta região.
O mesmo poderia ser feito em relação a hidrelétrica de Massigir, de 40 MW, na
província de Chowke.
O mapa da Figura 75 apresenta o total anual de irradiação global (horizontal)
de Moçambique. Nota-se que na província de Tete existem regiões onde esta
irradiação é elevada chegando a 2.000 kWh/m2/ano.
Com o banco de dados de irradiação inclinada anual e aaplicação da equação
(7) (normalizado para 1kWp) e TD igual a 0,75, foi elaborado o mapa da Figura
78,que representa o potencial estimado de geração de energia fotovoltaica anual
para sistemas fotovoltaicos conectados à rede instalados em Moçambique. Nesse
mapa pode-se rapidamente visualizar o potencial de geração de cada região de
Moçambique. Comparando este mapa com o mapa da Figura 36, potencial estimado
de geração para Alemanha, observa-se o quão grande é o potencial de geração de
Moçambique.Nota-se que a maior geração obtida na Alemanha é de 1.050
kWh/kWp/ano enquanto que em Moçambique chega a 1.650kWh/kWp/ano, ou seja,
60% a mais de geração para a mesma potencia instalada.
96
5 - CONCLUSÃO
O banco de dados solarimétricos obtido no NREL se mostrou confiável e mais
completo quando comparado com banco de dados do INAM, podendo ser usado
para se obter a irradiação diária média anual em qualquer região de Moçambique,
enquanto que o banco de dados do INAM atende apenas às capitais. A partir deste
banco de dados foram elaborados os mapas solarimétricos de irradiação inclinada e
horizontal para Moçambique.
Os mapas solarimétricos apresentados permitem uma rápida visualização do
nível de irradiação total inclinada de todo território moçambicano apresentando não
só o total anual, através da Figura 77, mas também o total mensal através dos
mapas da Figuras, 65 a 74. Isto possibilita estimar a cada mês a produção de
energia através de sistemas fotovoltaicos conetados à rede. Este tipo de
levantamento não foi observado em Moçambique nem na Universidade Eduardo
Mondlane, em Maputo, onde são realizados deversas pesquisas na área de energia
solar FV para Moçambique.
As regiões mais propícias à utilização de energia solar são as que apresentam
maior média de irradiação: 5,8 a 6,0 kWh/m2/dia, que são as cidades de Tete,
Inhambane e Chokwe. No entanto, as demais cidades também apresentam índices
de irradiação adequadosa utilização de energia solar.
Moçambique apresenta valores de irradiação propíciosà geração de energia
solar fotovoltaica, com geração anual estimada na faixa de 1.400 a 1.600 kWh/kWp.
O estudo revelou diferentes possibilidades de aproveitamento da irradiação
solar para geração de energia que poderiam em muito contribuir para que
Moçambique se desenvolva com uma significante parcela de energia solar na sua
matriz energética além de apontar alternativas imediatas de disponibilizar
eletricidade a partir de SFVCR em regiões desprovidas de rede elétrica. Uma
possibilidade importante de obeter recursos é gerar energia nas regiões de alto
potencial, próximas à LT que leva energia a África do Sul, conectar o SFVCR à LT e
comercializar a energia produzida.
Com o sistema SFVCR, combinado a outros tipos de geração convencional
ou não, as cidades de Tete, Inhambane e Chokwepo deriam gerar eletricidade e
trazer grande benefícios à população.
97
O conhecimento das possibilidades de utilização de energia solar fotovoltaica
conectada à rede e das oportunidades que surgirão a partir daí deverão ser maiores
do que os limites impostos hoje à utilização desta energia em Moçambique. Esta
informação deve ser capaz de criar mecanismos suficientemente fortes para se criar
políticas de desenvolvimento sustentável de energia renovável voltadas para médio
e longo prazo. Moçambique tem condição de se destacar na utilização de energia
solar em relação a África e o Mundo e ainda está em tempo de se manter como um
país em desenvolvimento com baixo índice de poluição e mantenedor do meio
ambiente.
98
REFERÊNCIAS
ABNT. NBR 10898 - Energia Solar Fotovoltaica – Terminologia. Associação
Brasileira de Normas Técnicas. ABNT. 2006.
AIM. Relatório Energético da África Austral. AfricaInlandMission Internacional.
Disponível em: www.aimint.org. Março 2012.
ALTENER. Manual sobre tecnologias, projeto e instalações. Energia Fotovoltaica.
Programa Europeu ALTENER. 2004.
ALVARENGA, Carlos Alberto. Energia Solar. Projeto de Sistemas Fotovoltaicos.
Curso de Pós Graduação em Fontes Alternativas de Energia. Universidade
Federal de Lavras, MG. 2001.
ARTUR, Fátima et al. Estudo de Energias Renováveis em Moçambique. Relatório de
Consultoria. 2011.
ASCROFT, Neil W. e MERMIN, N. David. Solid State Physics. ISBN 13: 978-0-03-
083993-1.1976.
BAYAR, Tildy. Associate Editor, Renwable Energy Word Magazine. July 29, 2003.
CEPEL. Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos. Centro de Referência
para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito, CRESESB. Rio de
Janeiro, 1999.
CHEN, Gang. Nanoscale Energy Transport and Conversion.ISBN 0-19-515942-X.
2005
EDENR. Estratégia de Desenvolvimento de Energias Novas e Renováveis.
República de Moçambique. Ministério da Energia. 2011.
EDM. Overview of Mozambique Electricity Sector. Relatório da Companhia de
Eletricidade de Moçambique (EDM). 2012.
EISBERG, Robert e RESNICK, Robert. Física Quântica – Átomos, Moléculas,
Sólidos, Núcleos e Partículas. ISBN 85-700-1309-4. 1979.
EPIA.Global Market Outlook for Photovoltaics 2013-2017. European Photovoltaic
Industry Association (EPIA).Disponível em: www.epia.org/news/
publications/. Novembro 2013.
99
FARRET, Felix Alberto. Aproveitamento de Pequenas Fontes de
Energia.Microcentrais Solares. ISBN85-7391- 014-3. 1999.
FRAIDENRAICH, Naum e LYRA, Francisco. Energia Solar – Fundamentos e
Tecnologias de Conversão Heliotermelétrica e Fotovoltaica. ISBN 85-7315-
024-6. 1995.
GONÇALVES, Leopoldo Eurico. Notas de aula da Disciplina Energia Solar. Pós-
Graduação em Engenharia Mecânica. Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. UERJ. 2010.(GONÇALVES, 2010)
HANKINS, Mark. Plano de Energias Renováveis para Moçambique. Plano para levar
eletricidade para todo país. Justiça Ambiental de Maputo. 2009.
INAM. Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique. Consultado em 2012.
LOPES, Ricardo Aldabó. Energia Solar para Produção de Eletricidade. ISBN: 978-
85-88098-65-7, 2012.
LUQUE, Antonio, HEGEDUS, Steven. Handbook of Photovoltaic Science and
Engineering. John Wiley and Sons, ISBN: 0-471-49196-9, 2003.
MELO, Hilton Andrade e BIASE, Ronaldo Sérgio.Introdução à Física dos
Semicondutores. CCF/CBL/SP-75-1026. 1975.
MELLO, Hilton Andrade e INTRATOR, Edmond. Dispositivos Semicondutores.
Microeletrônica. 1980.
MILLMAN, Jacob e HALKIAS, Christos. Dispositivos e Circuitos. Vol. 1.
Microeletrônica. 1981.
MOÇAMBIQUE. Geografia. Disponível em: www.portaldogoverno.gov.mz. 2012.
MOÇAMBIQUE. Atlas de Moçambique. Editora Nacional de Moçambique. União
Africana, 2011.
NREL. Banco de dados de radiação solar. NationalRenewable Energy Laboratory.
Departamento de Energia dos EUA. Acesso em março de 2013.
PEREIRA, Alexandre de Souza. Curso Técnico Instalador de Energia Solar
Fotovoltaica. ISBN:978-972-8953-78-2, 2011.
PEREIRA, Alexandre de Souza. Laboratórios de Energia Solar Fotovoltaica.
ISBN:978-972-8953-77-5,2011.
100
PEREIRA, Enio Bueno, et al. Atlas Brasileiro de Energia Solar (Brazilian Atlas of
Solar Energy). Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE, São José
dos Campos, Brasil, 2006. ISBN 978-85-17-00030-0.
RICETTA, Marcia R. A. M. A. Sistemas Fotovoltaicos Integrados ao Perfil de Uso da
Edificação. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós Graduação em
Engenharia Mecânica. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2010.
SIEMENS. Manual de Energia Solar Fotovoltaica. São Paulo. 1996.
SILVA, Weber Figueiredo. Notas de Aula. Disciplina: Microeleltrônica. CEFET/RJ,
Departamento de Engenharia Elétrica, 2012.
SMA. Product Catalog. Inverter Sunny Family, Germany, 2012.
SOUZA, Mauro Carlos Lopes. Notas de Aula. Disciplina: Energia Renovável.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. UERJ. 2010.
SÚRI, M., HULD, T.A., DUNLOP, E.D. e OSSENBRIK, H.A., 2007. Potential of solar
electricity generation in the European Union member states and candidate
countries.Solar Energy, 81, 1295–1305. 2007.
VIANA, Trajano de Souza. Potencial de geração de energia elétrica com sistemas
fotovoltaicos com concentrador no Brasil. Tese de Doutorado. Universidade
Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil. Florianópolis, 2010.
VIANA, Trajano de Souza. Notas de Aula. Disciplina: Energias Renováveis.
CEFET/RJ, Departamento de Engenharia Elétrica, 2012.
YINGLI. Folha de dados de módulo fotovoltaico. Yingli Solar. Disponível em:
www.yinglisolar.com. Acesso em: agosto de 2013.
WEBER, Notas de aulas da displina Semicondutores. Engenharia Eletrônica CEFET,
2003.
101
ANEXO 1 – Semicondutor de silício e germânio
dopado com impureza tetravalente e pentavalente
para formar semicondutor tipo P e N.
102
103
104
105
106
107