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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – CAMPUS I COLEGIADO DE FONOAUDIOLOGIA ALINNE BANDEIRA OLIVEIRA GAGUEIRA NA INFÂNCIA: NÍVEL DE RISCO X AUTO-IMAGEM DE FALANTE Salvador – Bahia 2006

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – CAMPUS I

COLEGIADO DE FONOAUDIOLOGIA

ALINNE BANDEIRA OLIVEIRA

GAGUEIRA NA INFÂNCIA: NÍVEL DE RISCO X AUTO-IMAGEM DE FALANTE

Salvador – Bahia 2006

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ALINNE BANDEIRA OLIVEIRA

GAGUEIRA NA INFÂNCIA: NÍVEL DE RISCO X AUTO-IMAGEM DE FALANTE

Monografia apresentada como requisito para obtenção de título de Bacharel em Fonoaudiologia pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB.

Orientadora: Prof. Fga. Raquel Azevedo Co-orientadora: Psi. Mariana Azevedo Cardoso

Salvador – Bahia

2006

3

Dedico este trabalho aos meus familiares, ao meu namorado Igor e aos meus amigos que sempre me deram força, segurança e estímulo para seguir em frente.

Pessoas que amo e são importantes em minha vida.

4

AGRADECIMENTOS

Àqueles que me trouxeram tranqüilidade e conhecimento durante a elaboração deste Projeto, em especial as Professoras Raquel Azevedo e Aline Alvarenga e a Psicóloga Mariana Azevedo Cardoso.

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OLIVEIRA, A.B., Gagueira na infância: nível de risco x auto-imagem de falante, 2006, 61 f. Trabalho de conclusão do curso de Fonoaudiologia. Departamento de Ciências da Vida – Campus I, Universidade do Estado da Bahia.

RESUMO

INTRODUÇÃO: A habilidade comunicativa é um atributo considerado muito importante socialmente. A gagueira caracterizada como uma quebra na fluência, é vista, pela sociedade e pelo próprio individuo, como um distúrbio da comunicação e, por isso, é tida como um fator de preconceito, exclusão e limitação do potencial (ANDRADE et al. 2004). Contudo, vários estudos em gagueira relatam que a imagem de falante do gago está marcada pela visão negativa e estigmatizada de si como falante. Sendo que a construção dessa auto-imagem tem início na infância. OBJETIVO: O objetivo do presente estudo foi verificar a existência ou não de relação entre o nível de risco para gagueira crônica e a auto-imagem de falante em crianças de ambos os sexos, de 7 a 12 anos em atendimento fonoaudiológico para disfluência. MÉTODOS: Foram avaliadas quatro crianças, de ambos os sexos, com idade entre 7 e 12 anos, em atendimento nas clínicas escolas de fonoaudiologia da cidade de Salvador-BA, com hipótese diagnóstica confirmada de disfluência. Como procedimentos foram realizados: avaliação da auto-imagem da criança através do desenho seguindo o teste do HTP-F (casa-árvore-pessoa) e família e avaliação do grau de risco da criança vir a apresentar uma gagueira crônica através do Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999) – questionário - aplicado aos pais. RESULTADOS: Segundo o Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999), as quatro crianças foram consideradas com alto risco para gagueira crônica. Enquanto, a auto-imagem de falante negativa esteve presente em três delas. CONCLUSÃO: Embora o tamanho amostral não permita generalizar as conclusões, este estudo vislumbrou que apesar de não ter sido observado uma correlação entre o nível de risco para gagueira crônica e a auto-imagem de falante podemos perceber um alto índice para auto-imagem negativa. Portanto, considerar a auto-imagem de falante e suas variáveis são de fundamental importância para o desenvolvimento e efetividade do trabalho fonoaudiológico, e/ou psicológico, nessa população.

PALAVRAS-CHAVE: Gagueira; Criança; Auto-imagem; Fonoaudiologia; Psicologia.

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OLIVEIRA, A.B., Stuttering in the chidhood: level of risk x self-image of fluent, 2006, 61 f. Final work of the course of Fonoaudiology. Sciences of life department – Campus I, University from the State of Bahia.

ABSTRACT INTRODUCTION: The ability of communication is considered as a very important social attribute. Stuttering characterized as a brake on fluency is seen by the society and the individual as a communication disturbance, therefore it is a factor of prejudice, exclusion and limitation of potential. However, several studies about stuttering report that the stutterer’s image of fluent is marked by the negative vision. The construction of this self-image has its beginning on the childhood. PURPOSE: The purpose of this paper was to verify if there is or not a connection between the level of risk for chronic stuttering and the self-image of fluent in children from both sexes, with age between 7 and 12, in treatment with fonoaudiologist. METHODS: The evaluation included for children with age between 7 and 12, in treatment in school-clinics of fonoaudiology in the city of Salvador-BA that have a possible diagnosis of problems in fluency. The following proceedings were used: evaluation of the child and the family’s self-image through the test HTP-F (house-three-person); and evaluation of the degree of risk for the child to ever present chronic stuttering through Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999) – questionnaire – applied for parents. RESULTS: According to Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999), the four children evaluated were considered as having high risk of chronic stuttering. The negative self-image of fluent was found in 3 three of them. CONCLUSION: Although the results does not allow to generalize the conclusions, this paper perceived that even if the connection between the high risk or chronic stuttering and the self-image of fluent is not visible, we may behold a high indicator for negative self-image, an important element to be considered in the therapy. Therefore, verifying the connection between the self-image of fluent and its aspects has an essential importance for the development and the effectiveness of the fonoaudiology, e/or psychologist, with this population. KEY-WORDS: Stuttering; Child; Self-image; Fonoaudiology; Psychology.

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LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS

Gráfico 1 Componente histórico familiar.......................................................... 34

Tabela 1 Fatores comuns nos sujeitos pesquisados....................................... 33

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1A O desenho da pessoa e da família do sujeito 1........................ 36

Figura 1B O desenho da casa do sujeito 1............................................... 37

Figura 2A O desenho da árvore do sujeito 2............................................. 38

Figura 2B O desenho da casa do sujeito 2............................................... 39

Figura 3A O desenho da pessoa do sujeito 3........................................... 40

Figura 3B O desenho da casa do sujeito 3............................................... 41

Figura 4A O desenho da árvore do sujeito 4............................................. 42

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................. 14

3 JUSTIFICATIVA...................................................................................... 23

4 OBJETIVOS............................................................................................ 25

4.1 Objetivo Geral....................................................................... 25

4.2 Objetivos Específicos............................................................ 25

5 METODOLOGIA..................................................................................... 27

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................. 32

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 47

8 REFERÊNCIAS...................................................................................... 50

9 ORÇAMENTO........................................................................................ 56

10 CRONOGRAMA..................................................................................... 58

11 ANEXOS................................................................................................. 60

10

INTRODUÇÃO

11

1 – INTRODUÇÃO

Entre os distúrbios relacionados à fala, a gagueira é provavelmente um dos que mais

geram dificuldades no convívio social. Uma simples pergunta do dia-a-dia pode levar

um gago ao nervosismo.

Isso acontece por que existe uma série de crenças, mitos e ilusões compondo a

ideologia do falar bem. Muitas pessoas concebem a fluência da fala como algo

absoluto (sem disfluência) e a produção de fala como devendo acontecer sem erros

(de gramática, de pronúncia). Assim, as disfluências, repetições e hesitações são

considerados elementos indesejáveis, erros (ANDRADE; MAZZAFERA; JUSTE,

2004).

Apoiando-se nessa ideologia, falantes gagos podem passar a sentir-se ou verem-se

como inferiores, “desidentificados” em relação aos outros. Essa visão de si, por sua

vez, pode gerar uma imagem negativa de falante, desenvolvendo sofrimento relativo

ao ato da fala (FRIEDMAN, 1994).

Vários estudos em gagueira relatam que a imagem de falante do gago está marcada

pela visão negativa e estigmatizada de si como falante, que veio a se construir por

meio de relações de comunicação em que a repetição e hesitação na fala são vistas

com receio, negativismo, com a não aceitação (VANRYCKEGHEM et. al, 2001,

2004). Relações essas que têm início na infância (FRIEDMAN, 2000).

Estudos americanos mostram que grande parte das disfluências que se iniciam na

infância é superada com sucesso. Cerca de 78% das crianças que disfluem têm

remissão espontânea e em, apenas, 22% desse grupo a disfluência se mantém ou

se agrava. Esse é o grupo de risco para cronicidade (ANDRADE, 1999).

12

Tomando por base esses estudos, a presente pesquisa busca verificar se há uma

relação entre o nível de risco para desenvolver a gagueira crônica (baixo, médio ou

alto) – pois nem toda disfluência na infância, efetivamente, se torna gagueira na

idade adulta – e a imagem que a criança tem de si mesma enquanto ser falante em

positiva ou negativa.

13

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

14

2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica explanada na presente pesquisa não será apresentada em

ordem cronológica, mas em tópicos que visam favorecer o entendimento do tema.

Na primeira parte, foram levantados os conceitos e causas da gagueira. Em seguida,

as abordagens fonoaudiológicas na terapia da gagueira, especificamente a questão

da auto-imagem.

2.1 CONCEITOS E CAUSAS DA GAGUEIRA

A gagueira é um assunto muito controverso entre seus pesquisadores. No entanto,

quanto à descrição (tomada por algumas linhas como definição) parece haver um

consenso em apresentá-la como uma quebra na fluência através de repetições,

hesitações, prolongamentos e bloqueios em sons, sílabas e/ou palavras, que pode

também estar acompanhada de movimentos corporais associados e/ou de emissões

verbais estereotipadas (VAN RIPER; EMERICK, 1997; WINGATE, 1964, p.484 apud

MEIRA, 2003, p.78-79).

Para Friedman (1998), a gagueira é vista como conseqüência de um funcionamento

subjetivo marcado por uma imagem de si como mau falante. Dentro desta

perspectiva Friedman compreende que é possível, no mínimo, falar em dois estados

da gagueira que se diferenciam pela subjetividade que o falante desenvolve sobre si.

Esses estados determinam padrões de fala diferenciados. No estado da gagueira

natural, o falante se mostra à vontade, descontraído, independentemente de

produzir quebras ou não. No estado da gagueira-sofrimento, o falante se mostra

tenso, rodeia as palavras, freqüentemente não diz o que pretendia, da forma como

pretendia. O estado subjetivo de projetar gagueira no não falado, mina o processo

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natural/automático de produção da fala. Esses dois estados têm diferentes e

significativas conseqüências sobre o desenvolvimento global dos sujeitos,

destacando-se aí, evidentemente, as suas possibilidades como falantes.

Com referência a causa da gagueira, sabe-se da presença de fatores

predisponentes – hereditários, biológicos, psicológicos, lingüísticos e ambientais

(ANDRADE, 1999) – que podem estar envolvidos em maior ou menor grau a

depender do caso, sendo, por isso, classificada como multifatorial (MEIRA, 2003).

Desde os anos 90 alguns estudos apontam que o fator hereditário é baseado no

modelo de transmissão multifatorial poligênico. Acredita-se na existência de genes

com um possível loci ou locus major responsável pela predisposição genética à

gagueira. Mas, para desencadeá-la, o potencial genético, apenas, não seria

suficiente, precisando da ação do meio ambiente (ANDRADE, 1997, 1999). No

entanto, ainda é preciso esclarecer como os fatores ambientais interagem com os

genes (OLIVEIRA, 2002). A gagueira, do ponto de vista biológico, é julgada como

congênita, decorrente de alterações neurológicas, traumáticas, metabólicas,

alérgicas, endócrinas, organo-anatômicas, entre outras (ANDRADE, 1999; VAN

RIPER; EMERICK, 1997). Porém, para Friedman (1986), Ieto e Kelly (2003),

geralmente, o fator orgânico está relacionado à gagueira como desencadeante,

determinante ou agravante do sintoma.

A teoria psicológica refere que a ruptura na fluência parece resultado de um conflito

afetivo interno entre o desejo e o medo de falar (FRIEDMAN, 1986; SOUZA, 2001;

VAN RIPER; EMERICK, 1997). Deve-se ficar atento aos fatores psicológicos, pois a

pessoa gaga, na tentativa de controlar a fala espontânea, antevê os momentos da

gagueira, tentando, por esse método, eliminá-los, e obtendo em vez disso uma fala

significativamente tensa que por conseqüência desencadeia ansiedade, medo e

vergonha (FRIEDMAN, 1998, 1999).

Em relação ao aspecto lingüístico, afirma-se que a gagueira é adquirida no

desenvolvimento da linguagem, através dos níveis de linguagem, leitura, articulação

e a velocidade da fala (ANDRADE, 1999; FRIEDMAN, 1986; VAN RIPER;

16

EMERICK, 1997). A tendência da gagueira de desenvolvimento, segundo Andrade

(1999), é desaparecer com o tempo.

As causas ambientais consistem nos comportamentos e atitudes dos pais, familiares

e amigos que supervalorizam a disfluência (IETO; KELLY, 2003). Conforme Meira

(1990), a gagueira não pode ser causada por aspectos sociais, pois quando o gago

adquire equilíbrio fisiopsíquico impede uma interferência negativa do outro sobre sua

gagueira.

Ainda segundo Meira (2003), apesar de todas as possibilidades de gênese terem um

pouco de verdade, não se pode esquecer que cada sujeito é único e, por isso não se

pode generalizar uma causa. Sendo assim, é preciso que cada sujeito seja visto pelo

profissional sob todos os aspectos, detalhadamente, para que, assim, este possa

identificar qual ou quais os fatores que mais predominam na gagueira do indivíduo e,

a partir daí, desenvolva o tratamento adequado.

17

2.2 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS

Existem abordagens fonoaudiológicas para gagueira, com diferentes possibilidades

de resultados terapêuticos que variam de acordo com cada indivíduo (OLIVEIRA;

RICHIERI-COSTA; GIACHETI, 2002). Em recente pesquisa, Silveira e Luna (2005),

constataram que entender a linha teórica que predomina no atendimento da

gagueira é importante para definir o objetivo final da terapia.

Este estudo toma por base duas abordagens, uma adotada por Friedman (1994) e a

outra por Andrade (1999). Na primeira o disfluir é entendido como parte do fluir e a

proposta fonoterápica, pautada nesta dialética, visa desconstruir a imagem

estigmatizada de falante que o gago possui (FRIEDMAN, 1994). A segunda se

preocupa com a definição de métodos, e até mesmo programas terapêuticos, de

eficácia comprovada e análise controlada da fluência (ANDRADE, 1999).

Andrade (2003b), em sua abordagem terapêutica considera que no atendimento a

criança gaga nada substitui o conhecimento com base científica e a sensibilidade do

terapeuta, sendo, muitas vezes, difícil determinar a melhor abordagem, tendo o

profissional que estar atento e preparado para as mudanças. Contudo, Andrade

(2003b), acredita que o trabalho por meio de programas terapêuticos permite um

controle mais eficiente da evolução e da eficácia dos tratamentos.

Em relação às crianças, como apontado por Andrade (1999, 2003b), durante os

anos de aquisição e desenvolvimento da linguagem é comum à existência de

períodos variáveis no grau da fluência. Essa variação decorre das incertezas morfo-

sintático-semânticas e do amadurecimento neuromotor para os atos de fala.

Andrade (1999), considera que para o planejamento de uma intervenção precoce

ampla e eficiente, apenas as triagens, anamneses e avaliações fonoaudiológicas,

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são insuficientes para a detecção precoce do risco de gagueira crônica. Assim, a

avaliação da gagueira infantil proposta por Andrade (2003b), têm como primeiro

procedimento à identificação do risco para a gagueira crônica, feito através do

Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999) (Anexo 3). Para Andrade (1999), este

Protocolo deverá ser incorporado aos instrumentos comuns de avaliação

fonoaudiológica ou adaptado a triagens populacionais. O que dará, ao terapeuta,

maior segurança na intervenção da gagueira.

Já Friedman (2006), tem por base uma concepção científica que compreende a

gagueira como uma manifestação construída sob a pressão da ideologia do bem

falar. Essa ideologia supõe a fluência como absoluta e estigmatiza as disfluências

especialmente na infância. Entende-se que esse processo de estigmatização

favorece a constituição de uma imagem de mau falante.

Sendo assim, Friedman (2006), utiliza uma abordagem terapêutica que permite

compreender que a gagueira acontece dentro de uma situação paradoxal de fala -

nem dá para ficar nela nem se sabe como sair dela. Desmontar a situação paradoxal

é a perspectiva da atuação terapêutica, na qual terapeuta e paciente envolvem-se

numa relação intersubjetiva que visa ressignificar o sentido dado à fala e a gagueira

para construir uma imagem de bom falante. A reestruturação do campo de

significação ligado à produção da fala centra-se no desenvolvimento de condições

que promovam a aceitação da gagueira como um momento da fala e da emoção, e

isto se refere tanto à gagueira natural como à gagueira sofrimento. Ao aceitar a

gagueira rompe-se o círculo vicioso que a sustenta, porque se anula a necessidade

de tentar falar bem, permitindo a dissolução das tensões e o desaparecimento dos

truques.

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2.3 AUTO-IMAGEM E SUA RELAÇÃO COM A GAGUEIRA

De acordo com Escribano e Sánchez (1999), a auto-imagem é a atitude valorativa

que o indivíduo tem sobre si mesmo. Sendo considerada importante para um

comportamento social, afetivo e intelectual adequado.

A auto-imagem não é inata (ESCRIBANO; SÀNCHEZ, 1999). Ao contrário, ela vai

sendo construída ao longo do desenvolvimento, graças à influência das pessoas

significativas do ambiente familiar, escolar e social, e como conseqüência das

próprias experiências de sucesso e de fracasso (MACHARGO, 1991, p.33 apud

ESCRIBANO; SÀNCHEZ, 1999, p.17). FRIEDMAN (2003), afirma que assim

também acontece na formação da imagem de falante.

Considerando o estudo sobre a formação da identidade (MUSSEN et. al, 1995),

entendida como um processo de desenvolvimento que se dá necessariamente a

partir do conteúdo das relações interpessoais. No caso dos gagos, a situação de não

aceitação pelos outros de um certo padrão de fala natural reforça a não aceitação do

outro, levando a própria não aceitação da fala, vê-se estabelecido um padrão de

relações de comunicação possível de determinar a formação de uma identidade de

si como mau falante, que passará a compor com os demais elementos constitutivos

da identidade do sujeito (FRIEDMAN, 1991).

Segundo Marques et. al (1997), na relação social a pessoa reconhece a outra por

ser diferente, porém, se essa diferença for muito acentuada e ressaltada

negativamente pelo outro pode influenciar os traços de sua personalidade, tais

como: sentimento de inferioridade, insegurança, timidez e vergonha. Portanto, a

atitude e opinião dos outros pode ser fundamental para o desenvolvimento de uma

auto-imagem positiva ou negativa. Friedman (1998), reconhece que o outro é o

desencadeador do processo de sofrimento na fala e que esse outro, de acordo com

o caso, pode estar localizado concretamente nas pessoas: pais, professores,

20

amigos, ou internalizado no próprio sujeito, que o introjeta ao compartilhar práticas

discursivas estigmatizadoras do padrão gaguejado que permeiam o imaginário

social.

A sociedade e os pais exigem um ideal de bom falante caracterizado, entre outras

coisas, por um discurso fluente, claro e objetivo (ANDRADE; MAZZAFERA; JUSTE,

2004). Por isso, crêem que o gago ao falar necessita de correção e que,

conseqüentemente, essa não é a forma adequada e, assim, reagem negativamente

a ele (FRIEDMAN, 2000). Neste contexto, Van Riper e Emerick (1997) afirmam que

a pessoa que tem fracassos na fala vai utilizar comportamentos de evitação e

esforço por se considerar um comunicador ruim; criando uma auto-imagem infiltrada

de pensamentos negativos.

Em acordo com os autores citados acima, Lessa (2003), afirma que essa construção

de estereótipos ideais em relação à fala vai implicar em uma piora na auto-estima do

gago ao confrontar-se com a realidade da fala disfluente distante desse ideal.

Conforme Friedman (2003), essas relações interpessoais estigmatizadas,

potencialmente geradoras de sofrimento, fazem o gago sentir-se desigual.

Recentes estudos americanos mostraram uma considerável relação entre a imagem

negativa para a fala aumentada em crianças que gaguejam em função da idade

delas e da severidade da gagueira (VANRYCKEGHEM; BRUTTEN, 1997;

VANRYCKEGHEM et. al, 2001, 2004).

Em contrapartida, em seus estudos, Andrade et al. (2004, 2003a), observaram que,

para outros autores americanos, as crianças gagas são tão suscetíveis quanto às

fluentes a apresentarem alterações psicológicas, não existindo uma relação de

significância causal entre as variáveis de auto-imagem e a gagueira, uma vez que a

gagueira não é decorrente de flutuações da personalidade ou do comportamento

familiar. Como apontado por este grupo, a gagueira é uma desordem decorrente de

um complexo déficit neurofuncional para o processamento da fala, decorrente de

21

possível susceptibilidade genética que, ao longo de sua evolução, sofre a influência

e influencia as características do temperamento e do ambiente familiar (ANDRADE

et al, 2004).

Embora as pesquisas citadas acima indiquem que as características de

personalidade não estão diretamente relacionadas com a gagueira, a sociedade em

geral tende a perceber os gagos como tendo traços negativos de personalidade

(ANDRADE et al, 2004).

Entretanto, Friedman (1999), em pesquisas realizadas com pessoas que se

consideravam gagas, captou uma subjetividade marcada pela visão negativa,

estigmatizada de si como falante, que veio a se constituir por meio de relações de

comunicação em que a repetição e a hesitação na fala são vistas com receio,

negativismo, com não aceitação. Captou também uma subjetividade em que a

pessoa, para não gaguejar, antevê os momentos de gagueira, tentando, por esse

método, eliminá-los, e obtendo em vez disso uma fala significativamente tensa.

Podendo compreender, assim, uma importante relação entre a subjetividade e a

objetividade na produção de fala com gagueira, compreensão - diga-se de

passagem - suficientemente ampla para explicar a sua intermitência.

E foi exatamente essa visão contextualizada de produção de "gagueira sofrimento"

que levou Friedman (1999), a entender a importância que as crenças e os valores

sociais, que a interpretação dos outros, têm para a capacidade individual de

produção da fala. Em suas pesquisas sobre gagueira relata uma estreita ligação

entre interpretação do outro, auto-interpretação e a capacidade de produzir fala de

modo geral, em diferentes contextos (FRIEDMAN, 1999).

22

JUSTIFICATIVA

23

3 – JUSTIFICATIVA

De um lado, têm-se os estudos de Andrade (1999), sobre gagueira infantil em que

se determina o risco para o desenvolvimento da gagueira crônica através de

descrições quanto à tipologia da disfluência apresentada, o tempo, a forma de

surgimento, fatores biológicos, lingüísticos e ambientais. Por outro, consideramos

também os estudos de Friedman (1994), a respeito da construção de uma imagem

negativa que os gagos têm de si enquanto falantes – construção, se consolidada,

gera sofrimento – ou seja, uma análise subjetiva da formação da identidade destes.

Diante destes posicionamentos científicos, surgiu a curiosidade para averiguar se há

uma relação entre a auto-imagem e o nível de risco para gagueira crônica em

crianças baianas na faixa etária de 7 a 12 anos de idade.

A faixa de idade de 7 a 12 anos foi escolhida por considerar que essa fase é rica em

descobertas e experiências que vão se acumulando e hierarquizando toda uma

variedade de imagens sobre si (ESCRIBANO; SÀNCHEZ, 1999). A criança se

encontra, também, no período do amadurecimento das habilidades lingüísticas e já

é capaz de expressar o seu mundo interno.

24

OBJETIVOS

25

4 – OBJETIVOS

4.1 – Objetivo Geral

Verificar a relação entre o nível de risco para gagueira crônica e a auto-imagem de

falante em crianças de ambos os sexos, de 7 a 12 anos, em atendimento

fonoaudiológico nas clínicas-escola da cidade de Salvador-BA.

4.2 – Objetivos Específicos

Classificar as crianças disfluentes quanto ao nível de risco para gagueira

crônica;

Analisar a auto-imagem das crianças enquanto falantes.

26

METODOLOGIA

27

5 – METODOLOGIA

A metodologia adotada nesta pesquisa foi qualiquantitativa descritiva, pois requeriu

medições objetivas no estudo do Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999). E

qualitativa descritiva na análise da auto-imagem do sujeito.

Esta pesquisa teve como participantes quatro crianças do sexo masculino, de 7 a 12

anos, em atendimento fonoaudiológico nas clínicas-escola da cidade de Salvador –

BA, com gagueira confirmada como hipótese diagnóstica.

Não fizeram parte desse estudo crianças portadoras de síndromes genéticas e de

outras patologias associadas à desordem da fluência.

O local da pesquisa foi uma sala da Clínica de Fonoaudiologia Professor Jurandy

Gomes do Aragão – Universidade do Estado da Bahia – UNEB, campus I, localizada

na Estrada das Barreiras, S/N, Cabula, Salvador – Bahia.

Neste estudo fizemos uso do termo de consentimento; do modelo adaptado de

avaliação do HTP-F (casa-árvore-pessoa) e família (RETONDO, 2000), para analisar

a auto-imagem das crianças. Bem como, do Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999)

para classificar a gagueira infantil. Foi utilizado gravador e fita K-7 na aplicação do

teste do HTPF para garantir uma análise mais segura da auto-imagem de falante.

A técnica projetiva do desenho da Casa, Árvore, Pessoa e Família, chamado teste

HTPF, do inglês “House, Tree, Person and Family” é considerado atualmente, como

um instrumento clássico, pois além do longo tempo de seu emprego na psicologia,

em vários campos, já foi padronizado e, conseqüentemente, validado para diferentes

populações em todo o mundo. Este teste revela uma visão subjetiva que o sujeito

tem de si mesmo, de seu ambiente e das coisas que são importantes para ele

28

(GONÇALVES, 1996). Este teste pode ser aplicado por qualquer profissional, no

entanto, sua análise deve ser feita pelo profissional de psicologia. No presente

estudo a pesquisadora aplicou o teste e a psicóloga, co-orientadora do mesmo, fez a

analise dos dados.

A coleta dos dados teve início após a devida aprovação do Comitê de Ética.

Primeiramente identificamos as clínicas-escola com atendimentos fonoaudiológicos

da cidade de Salvador – BA. Localizamos em funcionamento a clínica-escola da

UNEB (Universidade do Estado da Bahia) e a da UFBA (Universidade Federal da

Bahia). Em seguida solicitamos a fonoaudióloga responsável pelos atendimentos de

gagueira, das referidas clínicas-escola, que identificasse, através de prontuários,

sujeitos que se enquadrassem nos critérios de inclusão desta pesquisa. Depois de

identificados entramos em contato com os pais ou responsáveis destes. Seguimos

com os esclarecimentos sobre o objetivo e a metodologia utilizados na pesquisa,

com uma solicitação da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido,

conforme a resolução CNS 196/96, autorizando então a participação do filho na

pesquisa. A não autorização dos pais quanto à participação da criança na pesquisa

não trouxe comprometimento para o atendimento clínico da mesma.

Demos continuidade à pesquisa com a aplicação dos testes. Um deles foi o teste do

HTP-F (casa-árvore-pessoa) e família, adaptado por Retondo (2000), ao incluir o

desenho da família no teste do HTP (House-Tree-Person) criado por John N. Buck

(1948). Esse teste consistiu na avaliação da imagem que a criança faz de si mesma

através do desenho. Assim, a pesquisadora pediu para cada criança desenhar uma

casa, uma árvore, uma pessoa e uma família da maneira que gostasse. Ao término

de cada desenho foi aplicado o questionário do HTP-F (casa-árvore-pessoa) e

família (ANEXO 2), com perguntas sobre o que foi desenhado, direcionadas para

situações comunicativas. Essa aplicação aconteceu em forma de conversa e foi

gravado em fita K-7. Cada criança utilizou uma sessão variando o tempo de 45 a 60

minutos para desenhar e conversar sobre o mesmo.

29

O conjunto formado pelo desenho e a gravação das respostas ao questionário foi

analisado em outro momento sem a presença da criança, e subsidiou a avaliação

subjetiva da imagem do sujeito em positiva ou negativa. Na análise dos desenhos a

psicóloga, para definição da auto-imagem de falante em positiva ou negativa, utilizou

o julgamento do desenvolvimento da organização dos desenhos, priorizando o

predomínio das características confiança, insegurança, vergonha, retração,

desinibição, ansiedade e agressividade mostradas nos desenhos e na fala

(gravação).

Tendo em vista a importância do detalhamento da análise do HTPF, para facilitar a

avaliação dos resultados deste estudo, serão descritos os significados de alguns

detalhes específicos dos desenhos. Alguns indicadores como: tamanho,

características do tronco e presença ou ausência de roupas são variáveis

importantes, obtidas na técnica para o estudo da personalidade infantil. Tomando o

indicador tamanho do desenho em relação à folha temos: o tamanho médio indica

adequação, ou seja, nem muito grande o que estaria ligado à agressividade e

descargas motoras, nem muito pequeno, o que estaria relacionado à inibição e

sentimentos de rejeição do meio; com relação ao tronco tem-se: linhas tremidas,

torto, com nó, evidencia desenvolvimento físico e psíquico com traumatismos, ao

passo que, um tronco reto e bem proporcionado, mostra evolução normal de

personalidade; o indicador roupa, tem aspecto social (GONÇALVES, 1996).

Com os pais ou responsáveis foi aplicado o Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999)

(ANEXO 3), coletados tanto logo após a sessão com a criança como em outro

encontro quando os pais não tinham disponibilidade. Os pais responderam às

perguntas, que constam no Protocolo, referentes a disfluência do filho. O Protocolo

de Risco foi preenchido pela pesquisadora, no mesmo momento, de acordo com as

respostas dos pais. Após o preenchimento do Protocolo, os pais foram liberados. A

análise do nível de risco para desenvolver a gagueira crônica foi por pontuação, de

acordo com as respostas dos pais. E a coluna mais pontuada representava o nível

de risco em que a criança se encontra, segundo o Protocolo de Risco (baixo ou

fluente, médio ou de risco e alto ou disfluente) (ANDRADE, 1999).

30

Durante a aplicação do Protocolo a pesquisadora manteve-se imparcial em relação

às respostas dos pais. Quanto a algumas caracterizações do Protocolo foi pedido

aos mesmos que exemplificassem ou imitassem.

Os dados obtidos foram analisados segundo análise qualitativa descritiva. Após a

análise de todos os dados foi dado uma devolutiva para os pais e para a respectiva

terapeuta do sujeito que continuou em atendimento, já que uma criança deixou de

freqüentar terapia fonoaudiológica por motivos pessoais da mãe.

31

RESULTADOS E DISCUSSÃO

32

6 - RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Pela limitação do número de sujeitos, os dados apresentados não são passíveis de

análise estatística. As discussões dos resultados são em caráter qualitativo

descritivo, a partir da comparação dos dados obtidos com os protocolos.

Na clínica-escola da UFBA, no período da pesquisa, não tinha nenhuma criança de

7 a 12 anos em atendimento para disfluência. Na clínica-escola da UNEB,

encontramos quatro crianças que preenchiam os critérios de inclusão e de exclusão

desta pesquisa. Os pais e responsáveis autorizaram a participação das mesmas no

estudo. Destas, três tinham 8 anos e uma 11, sendo todos do sexo masculino.

Esse baixo número de pacientes disfluentes em atendimento fonoaudiológico nas

clínicas-escola de Salvador coincide com os achados de Silvana e Luna (2005),

realizado em clínicas-escola de Recife. O que as levou ao questionamento:

“estariam as Universidades e Faculdades formando profissionais preparados para o

atendimento à gagueira?”. Assim, elas consideraram pertinente a necessidade de

que as vagas nas clínicas-escola sejam distribuídas de uma forma igualitária por

tipos de patologias, para que os estagiários tenham oportunidade de vivenciarem as

mais variadas práticas no período da graduação (SILVEIRA; LUNA, 2005).

Considerando a predominância do sexo masculino na pesquisa, não houve intenção

por parte das pesquisadoras, mas esse dado pode ter como possível justificativa à

prevalência da gagueira no sexo masculino, conforme a literatura internacional

(ANDRADE, 2003a).

A análise do Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999) indicou que todos os sujeitos

pesquisados estavam dentro do nível de alto risco para desenvolver a gagueira

crônica. Fato que, de acordo com Andrade (1999), implica determinação das

chances probabilistas de susceptibilidade, de evoluir para uma gagueira crônica,

delimitada em função da exposição a agentes (agressores ou protetores)

33

específicos. Além da análise do risco, fizemos algumas considerações em relação

aos fatores abordados no Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999), tais como, a

observação de características presentes em todos os participantes, estando em

maior quantidade na coluna de alto risco (TABELA 1).

Considerando que o Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999) corresponde a respostas

dos pais ou responsáveis esses dados são importantes por mostrarem um perfil

desta população. Constituindo o perfil tem-se: idade de 7-12 anos; sexo masculino;

tipo de disfluência classificada como a menos comum com predomínio de bloqueios;

tempo de surgimento da disfluência como superior a um ano; presença de fatores

qualitativos associados, tais como, alterações na velocidade da fala, tensão facial

associada, rupturas por alterações na coordenação pneumofonoarticulatória; atitude

familiar negativa com correções, cortes e finalizações da fala; reação social marcada

por pessoas preocupadas, outras dizendo ser assim mesmo, outras oferecendo

dicas; e por fim, a orientação profissional anterior com indicação apropriada. Vale

ressaltar que este último fator é fundamental para a intervenção adequada, no

entanto a procura pelo tratamento fonoaudiológico foi tardia, se pensarmos que a

primeira indicação profissional ocorreu no inicio da fala das crianças (TABELA 1).

34

TABELA 1: Fatores comuns nos sujeitos pesquisados

1. Idade 2 - 4 4 - 7 7-12

2. Sexo M

3. Tipo de disfluência + comum mista - comum

4. Tempo de surgimento da disfluência - 6 meses 6 -12 meses + 12 meses

5. Tipo de surgimento súbito cíclico persistente

6. Fatores comunicativos associados - +/- +

7. Fatores qualitativos associados - +/- +

8. Pontuação de componente (s)

estressante (s) associados

< 25

25 - 50

> 50

9. Histórico mórbido pré, peri e pós-natal - +/- +

10. Histórico familiar - +/- +

11. Reação familiar + +/- -

12. Atitude familiar + +/- -

13. Reação da criança + +/- -

14. Reação social + +/- -

15. Orientação profissional anterior + +/- -

RESULTADO

FLUENTE

RISCO

DISFLUENTE

35

Outro componente do Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999) que mereceu

consideração foi o histórico familiar que esteve presente em antecedentes familiares

próximos (pais) em 75% dos sujeitos, sendo importante para a classificação do nível

de risco por possuir peso maior (GRÁFICO 1). Esse peso é justificado por alguns

estudos internacionais considerando o sujeito do sexo masculino, com pai afetado, a

categoria de maior risco (cerca de 30%) (ANDRADE, 1999). No entanto, as

possibilidades de uma transmissão dentro de um paradigma causal sócio-psicológico

nunca deixaram de ser pesquisadas, por isso as categorias de influencia familiar e

social devem ser analisadas.

GRÁFICO 1: Componente histórico familiar

Os resultados referentes à análise do teste do HTP-F foram apresentados

individualmente visando melhor compreensão destes.

A análise dos desenhos, juntamente com a fala do sujeito 1 permitiu inferir sua auto-

imagem como negativa por predominarem características de retraimento e

insegurança por conta da gagueira (FIGURA 1A; 1B). Segundo o relato da

responsável, o sujeito manifesta comportamento de irritabilidade e agressividade

Historico Familiar

0

20

40

60

80

antecedentes genéticos

porc

enta

gem

PRÓXIMODISTANTE

36

com as pessoas quando provocado ou mencionada a gagueira. Tais indicadores são

coerentes com a auto-imagem de falante negativa.

Na análise do sujeito 2, foi observado retraimento, insegurança, e isolamento social

como características predominantes (FIGURA 2A; 2B). De acordo com o relato da

mãe, o filho apresenta momentos de vergonha excessiva para falar, além de pouca

resistência à frustração e estresse. Tais características comprovam uma auto-

imagem negativa, especialmente no que se refere à fala.

No desenho e na fala do sujeito 3, predominaram características de agressividade,

insegurança, medo (FIGURA 3A), ansiedade e necessidade de contato (FIGURA

3B). Definindo a auto-imagem como negativa. Estes achados coincidem com o relato

dos pais que consideram o sujeito nervoso e inseguro. Tanto a insegurança como o

medo são características que mantém relação com a imagem que têm de si

(negativa) enquanto falante.

A análise dos desenhos e da fala do sujeito 4 indicou uma auto-imagem de falante

positiva por predominarem características como desinibição, espontaneidade para

com os outros e visão otimista (FIGURA 4A). Sendo coerente com o relato dos pais

que afirmam que o sujeito é dinâmico e não se importa com a gagueira.

37

FIGURA 1A: O desenho da Pessoa e da Família do sujeito 1.

38

FIGURA 1B: O desenho da casa do sujeito 1.

39

FIGURA 2A: O desenho da árvore do sujeito 2.

40

FIGURA 2B: O desenho da casa do sujeito 2.

41

FIGURA 3A: O desenho da pessoa do sujeito 3.

42

FIGURA 3B: O desenho da casa do sujeito 3.

43

FIGURA 4A: O desenho da árvore do sujeito 4.

44

Algumas observações relacionadas ao tema e consideradas significativas serão

pontuadas neste estudo. Dentre estas, o discurso de todos os pais sobre a reação

das crianças frente à gagueira e o quanto pioram nos momentos em que ficam

irritadas ou nervosas, nos levou a pensar em um ciclo em que a gagueira causa

retraimento, insegurança, ansiedade (auto-imagem negativa) e quando

estigmatizados pelos outros reagem com nervosismo e irritabilidade (reação

negativa) levando ao aumento da gagueira.

Estes achados estão de acordo com os estudos de Friedman (2006), quanto à

existência de um circuito que aprisiona a pessoa a um modo tenso de falar que

parece não ter solução. Afirma que quando a imagem negativa está presente na

subjetividade do falante, ele perde a espontaneidade que é inerente à fala (a fala é

uma atividade automática), porque passa a querer controlá-la para escapar do

estigma. Com isso, o que o falante consegue é tornar sua fala tensa, marcada por

bloqueios, repetições e desvios de palavras que lhe parecem perigosas. Tal

condição confirma sua imagem de mau falante, que reafirma a necessidade de

controle da fala.

Foi também considerado significativo para esse estudo, o relato dos pais e

responsáveis quanto à melhora dos filhos em relação à diminuição do medo e receio

de falar, além da melhora na fluência; a conscientização e estratégia aprendidas

pelos pais para lidar com a gagueira dos mesmos, após a terapia fonoaudiológica.

A maioria dos sujeitos apresentou a auto-imagem negativa, principalmente

relacionada aos aspectos da fala. Este dado coincide com pesquisas americanas

feitas com crianças disfluentes que geralmente exibem, uma quantia notável de não

aceitação e emoção negativa que são específicos à fala deles e ao ato da oração

(VANRYCKEGHEM et al., 2001).

45

Durante a aplicação do Protocolo de Risco (ANDRADE, 1999), foram descritas pelos

pais, situações desagradáveis vividas pelos sujeitos, tais como não aceitação da

gagueira pelos familiares, amigos e professores que muitas vezes riam, outras vezes

se irritavam, completavam a fala por impaciência, entre outros (diminuídas após

fonoterapia). Situações estas, que contribuem para construção de uma auto-imagem

de falante infiltrada de pensamentos negativos. Este achado é pertinente quando

consideramos os estudos de Marques et al (1997), que dizem ser à opinião dos

outros fundamental para o desenvolvimento de uma auto-imagem positiva ou

negativa. Sendo esse outro, de acordo com o caso, localizado concretamente nas

pessoas: pais, professores, amigos ou internalizado no próprio sujeito, que o

introjeta ao compartilhar práticas discursivas estigmatizadoras do padrão gaguejado

que permeiam o imaginário social (FRIEDMAN, 1998).

No entanto, o sujeito 3 e o sujeito 4 são gêmeos e, apesar do mesmo ambiente

familiar apresentaram auto-imagem de falante diferenciadas. Esse dado mostra que

a atitude familiar pode influenciar, mas não é fator determinante de uma auto-

imagem negativa. Sendo possível justificar com os estudos de Friedman (1998), ao

considerar que a caracterização de mau falante (auto-imagem negativa) vai

depender da relação que a pessoa estabelece com a gagueira que pode ser de

aceitação ou não, além de características pessoais como maior tolerância à reação

do interlocutor.

46

CONSIDERAÇÕES FINAIS

47

7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Esta pesquisa é resultado do desafio de se tentar aliar abordagens diferentes para o

estudo e intervenção fonoaudiológica da gagueira. Desafio que trouxe percalços e

obstáculos metodológicos, assim como limitações de análise. Contudo, foi uma

experiência enriquecedora.

As quatro crianças participantes deste estudo apresentaram alto-risco para gagueira

crônica. Delas, apenas uma apresentou auto-imagem positiva de si enquanto

falante. Portanto, não foi possível estabelecer uma correlação entre o nível de risco

para gagueira e a auto-imagem de falante, uma vez que não obtivemos variação do

nível de risco para gagueira entre as crianças analisadas.

No entanto, este estudo obteve considerações relevantes para a prática fonoterápica

em crianças com gagueira. Através do relato dos pais e responsáveis, tivemos a

confirmação da importância da terapia fonoaudiológica na mudança de

comportamento da criança em relação à fala, além da conscientização familiar a

respeito da gagueira dos mesmos. Ficando evidente a necessidade de considerar e

trabalhar em terapia a auto-imagem de falante antes ou juntamente ao padrão de

fluência apresentado.

Outra consideração vislumbrada foi à presença de atitude familiar tida como

altamente inadequada em relação à gagueira, vindo a melhorar após a fonoterapia.

Esse fator mostrou-se muito influente, contudo não sendo determinante na auto-

imagem de falante. Sendo esta, talvez, determinada não somente pela experiência

vivida com a gagueira, mas de acordo com a atenção dispensada e pela relação

desenvolvida com a gagueira, ou seja, depende da relação que a pessoa estabelece

com a gagueira que pode ser de aceitação ou não, independente do nível em que a

gagueira está.

48

Em uma reflexão crítica, o protocolo de auto-imagem poderia ter sido melhor

aproveitado se a aplicação fosse realizada, ao mesmo tempo, pela fonoaudióloga e

pela psicóloga, pois permitiria uma riqueza maior de informações a respeito da

criança. Ou ainda, o desenvolvimento de um teste ou método de avaliação

fonoaudiológico específico para a auto-imagem de falante.

Acredito na importância da pesquisa sobre este tema para atuação fonoaudiológica

com crianças gagas. Contudo este estudo pode ser refeito em crianças com níveis

de risco para gagueira crônica diferentes e, a partir daí, analisar a auto-imagem de

falante. Já que, no limitado número de participantes, essa variável não foi alcançada.

Este tema também pode ser ampliado tendo acréscimo de objetivos, tais como, a

eficiência da fonoterapia, que não foi objetivo desta, comparando crianças

disfluentes com e sem atendimento fonoaudiológico.

49

REFERÊNCIAS

50

8– REFERÊNCIAS

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2004.

55

ORÇAMENTO

56

9 – ORÇAMENTO

MATERIAL QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL

Cópia repográfica do

termo de

consentimento

08

R$ 0,10

R$ 0,80

Cópia repográfica do

questionário do HTP-F

04

R$ 0,10

R$ 0,40

Cópia repográfica do

Protocolo de Risco

(ANDRADE, 1999)

04

R$ 0,10

R$ 0,40

Pacote de folhas de

ofício A 4

01

R$ 8,00

R$ 8,00

Pacote com lápis n° 2

01

R$ 3,00

R$ 3,00

Borrachas

04

R$ 0,50

R$ 2,00

Gravador Panasonic

RQ – L 11

01

R$ 145,00

R$ 145,00

Fitas K-7 BULK SDT

60 min

05

R$ 2,00

R$ 10,00

57

CRONOGRAMA

58

10 – CRONOGRAMA PERÍODO DE 2005 – 2006

Atividades/meses S O N D J F M A M J J A

Revisão de

literatura

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Entrega/Análise

Banca da

qualificação

X

Entrega/Análise

Comitê de ética

X

X

X

X

X

X

X

Coleta de dados

X

X

Análise dos

dados

X

Elaboração do

relatório final

X

Entrega/Análise

para Banca de

defesa do TCC e

divulgação dos

resultados

X

Devolutiva aos

Sujeitos da

Pesquisa

X

59

ANEXOS

60

ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu, Alinne Bandeira Oliveira, estudante da Universidade do Estado da Bahia – UNEB estou

realizando uma pesquisa para conclusão do curso de Fonoaudiologia.

O título da pesquisa é “Gagueira Infantil: nível de risco x auto-imagem de falante” e o

objetivo é comparar o nível da gagueira da criança e a imagem que ela tem como falante.

Para essa pesquisa será preciso que a criança desenhe figuras como: uma casa, uma

árvore, uma pessoa e uma família. Depois faremos perguntas a ela sobre os desenhos

feitos. Em outro momento os pais irão responder um questionário sobre a gagueira da

criança. Utilizarei fita K7 para gravar as respostas como garantia dos dados.

A pesquisa não oferece nenhum risco à criança nem ao seu responsável. E os participantes

terão liberdade para deixarem de participar do estudo a qualquer momento, e no caso de

continuarem participando, é assegurado o sigilo, a privacidade e a confidencialidade dos

dados conforme a resolução CNS 196/96.

Após estes esclarecimentos peço aos pais ou responsáveis a permissão para que o seu

filho participe dessa pesquisa.

E ao final do trabalho será dado uma devolutiva para os pais e a respectiva terapeuta para

auxiliar no atendimento terapêutico da criança.

Declaro que após ter sido esclarecido a respeito da seguinte pesquisa, e, ter entendido o que me foi explicado, consinto a participação do meu filho nesta pesquisa.

Salvador, _ _ de _________________ de 200__. ________________________________ ______________________________ Responsável pelo sujeito da pesquisa Pesquisadora ________________________________ _______________________________ Orientadora Co-Orientadora ________________________________ Testemunha

61

ANEXO 2

QUESTIONÁRIO DO HTP

NOME: IDADE: DATA DE NASC: GRAU DE ESCOLARIDADE: DATA: 1 – CASA De quem é essa casa? Quantas pessoas moram nela? Quantos andares têm? Você gostaria de morar nela? Falta alguma coisa nessa casa? Se você fosse o dono (a) da casa qual o cômodo você escolheria? Por quê? A casa parece estar perto ou longe de você? Se você estivesse olhando essa casa, como você a estaria vendo? Em que essa casa faz você pensar ou lembrar? Essa casa é: ( ) feliz ( ) triste ( ) amiga ( ) agressiva ( ) confiável ( ) barulhenta ? Por quê? Você acha que a maioria das casas é assim? Alguém ou alguma coisa já machucou essa casa? Por quê? De que essa casa necessita mais? 2 – ÁRVORE Que tipo de árvore é essa que você desenhou? Onde ela poderia estar situada? Quem a plantou? Por quê? Que idade ela tem? Ela está viva ou morta?E por quê? Há vento soprando nessa figura? A árvore parece mais uma mulher ou um homem? Por quê? Ela está sozinha ou em um grupo de árvore? Se você estivesse olhando essa árvore, como você a estaria vendo? Como está o clima nessa figura? Essa árvore está sadia? Em que essa árvore faz você lembrar ou pensar? Do que ela mais necessita? Alguém ou alguma coisa já machucou essa árvore? Por quê? 3 – PESSOA Isso é? ( ) um homem ( ) um menino ( ) uma mulher ( ) uma menina Quantos anos têm? Quem é ele (a)? O que ele (a) está fazendo? Ele (a) se dá melhor com o pai ou com a mãe? Em que ano está na escola? O que ele (a) quer ser? Qual a parte mais bonita do seu corpo? E a mais feia? Como ele (a) se sente? Por quê? O que mais o (a) preocupa? Tem muitos amigos? Mais velhos ou mais novos? O que ele (a) mais quer da vida? A melhor qualidade dele é? A pior é? Do que ele (a) tem medo? De que essa pessoa mais precisa? Você gostaria de ser como essa pessoa? O que as pessoas falam dele (a)? E os familiares? Alguém já feriu essa pessoa? Por quê? Como? Você acha que a maioria das pessoas é assim? Qual é o clima nessa figura? Que tipo de roupa está vestindo? 4 - FAMÍLIA Quem são essas pessoas? Quem está faltando? Por que não está aí? Quem é a pessoa que você mais gosta nessa família? E a que você menos gosta? Por quê? Quem é a pessoa mais feliz? E a mais triste? Por quê?

62

ANEXO 3

PROTOCOLO DE RISCO

NOME: _____________________________________________________________

DATA: _________________

1. Idade 2-4 4-7 7-12

2. Sexo

3. Tipo de disfluência + comum mista - comum

4. Tempo de surgimento da disfluência - 6 meses 6 -12 meses + 12 meses

5. Tipo de surgimento súbito cíclico persistente

6. Fatores comunicativos associados - +/- +

7. Fatores qualitativos associados - +/- +

8. Pontuação de componente(s)

estressante(s) associados

< 25

25 - 50

> 50

9. Histórico mórbido pré, peri e pós-natal - +/- +

10. Histórico familiar - +/- +

11. Reação familiar + +/- -

12. Atitude familiar + +/- -

13. Reação da criança + +/- -

14. Reação social + +/- -

15. Orientação profissional anterior + +/- -

RESULTADO

FLUENTE RISCO

DISFLUENTE

63

ALINNE BANDEIRA OLIVEIRA TEL: 9929-0846

[email protected]

RAQUEL APARECIDA AZEVEDO TEL. COLEGIADO DE FONOAUDIOLOGIA: (71)3117-2295

[email protected]

MARIANA AZEVEDO CARDOSO TEL. (71) 3310-1280

[email protected]