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UNIVERSIDADE DE ÉVORA
ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
Comparação de três regimes alimentares na produção de Vitelão Mertolengo DOP
Ricardo Azevedo da Silva Madeira
Orientação: Professor Doutor Carlos José Reis Roquete Professor Doutor Amadeu António Borges Freitas
Mestrado em Engenharia Zootécnica
Dissertação
Évora, 2015
UNIVERSIDADE DE ÉVORA
ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
Comparação de três regimes alimentares na produção de Vitelão Mertolengo DOP
Ricardo Azevedo da Silva Madeira
Orientação: Professor Doutor Carlos José Reis Roquete Professor Doutor Amadeu António Borges Freitas
Mestrado em Engenharia Zootécnica
Dissertação
Évora, 2015
Para os meus pais e irmão
i
Agradecimentos
A realização desta dissertação de mestrado contou com importantes apoios e incentivos,
sem os quais não se teria tornado uma realidade e aos quais estarei eternamente grato.
Ao Professor Doutor Carlos Roquete, do Departamento de Zootecnia da Universidade de
Évora, por ter aceite a orientação desta dissertação, por toda a ajuda prestada, pela
disponibilidade e enorme dedicação na realização deste trabalho.
Ao Professor Doutor Amadeu Freitas, do Departamento de Zootecnia da Universidade de
Évora, por ter aceite ser o meu coorientador, por todos os conhecimentos transmitidos e
auxílio na realização deste trabalho.
À Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos, por ter permitido a realização do
ensaio experimental nas suas instalações e com os seus animais.
A todos os Colaboradores da Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos pela ajuda
que me deram durante e após o ensaio. Em especial ao Engenheiro José Pais, por todo o
apoio prestado na parte experimental do trabalho e por toda a informação disponibilizada.
Aos meus amigos de Ferreira do Zêzere, que embora esteja cada vez menos tempo com
eles, nunca me vou esquecer de toda a minha infância e adolescência passada ao seu lado.
Aos amigos que fiz e que me acompanharam durante o tempo de Universidade. Foram dos
melhores momentos da minha vida, dos quais tenho as melhores recordações, e a vocês
as devo. Em especial quero agradecer aos Malinos (Alexandre, Ana, Bruno, Catarina,
Flávio, Inês, Katia, Liliana, Marisa e Tomás), à Miriam, à minha madrinha, à minha afilhada
e por fim àqueles que me acompanharam e “sofreram” comigo nestes últimos tempos -
Alexandre, Catarina, Emanuel, Flávio e Liliana.
À Minha Família, em especial aos meus Pais, ao meu Irmão e aos meus Avós, um enorme
obrigado por acreditarem sempre em mim e naquilo que faço, para além de todo o apoio,
incentivo e motivação que sempre me deram. Espero que esta etapa que agora termino
possa de alguma forma retribuir e compensar todo o carinho, apoio e dedicação que
constantemente me oferecem.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização desta dissertação.
ii
Resumo
Os elevados custos da alimentação na recria-acabamento de bovinos de carne,
exigem a adoção de estratégias para melhorar a eficiência zootécnica e económica do
processo, como se pretendeu efetuar na produção de Vitelão Mertolengo DOP.
Na presente dissertação, estudaram-se parâmetros relacionados com o
desempenho produtivo, com as características da carcaça e com a qualidade da carne em
bovinos de raça Mertolenga submetidos a três regimes alimentares, que basicamente
diferiam no alimento concentrado disponibilizado na fase de acabamento e na mudança
de concentrado entre as duas fases.
Em termos de desempenho produtivo, os principais parâmetros zootécnicos e
económicos avaliados conduziram à obtenção de resultados idênticos para os regimes
alimentares, mas determinaram diferenças entre as fases. Enquanto a velocidade de
crescimento absoluta foi inferior na fase de transição (entre as outras fases), a eficiência
alimentar e o custo de produção de um quilograma de peso vivo foram melhores na fase
de recria.
Palavras-chave: Vitelão Mertolengo DOP, Nutrição, Regimes alimentares, Parâmetros
zootécnicos, Parâmetros económicos.
iii
Title: Comparison of three diets in the production of Vitelão
Mertolengo DOP
Abstract
The high feed costs in growing-finishing of beef cattle, demand the adoption of
strategies to improve the zootechnical and economic efficiency of the process, as it was
pretended in the production of the Vitelão Mertolengo DOP.
In the present dissertation were studied the parameters related with the
productive performance, with the carcass characteristics and with the beef quality in
Mertolenga cattle breed submitted to three diets, that witch basically differed in
concentrated feed available in the finishing phase and in change of concentrated between
the two phases.
In terms of productive performance, the main zootechnical and economic
parameters evaluated conducted to obtain identical results for the diets, but determined
differences between phases. While the absolute growth rate was lower in the transition
phase (between the other phases), the feed efficiency and cost of production of one
kilogram of live weight were better in the growing phase.
Keywords: Vitelão Mertolengo DOP, Nutrition, Diets, Zootechnical parameters, Economic
parameters.
iv
Índice Agradecimentos ............................................................................................................................ i
Resumo ........................................................................................................................................ ii
Abstract ....................................................................................................................................... iii
Lista de Abreviaturas ................................................................................................................... vi
Índice de Tabelas ....................................................................................................................... viii
Índice de Figuras ........................................................................................................................... x
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
2. Revisão Bibliográfica ................................................................................................................. 4
2.1. Crescimento e Desenvolvimento ........................................................................................ 5
2.1.1. Influência da Alimentação ............................................................................................ 8
2.1.1.1. Energia ................................................................................................................ 10
2.1.1.2. Proteína ............................................................................................................... 12
2.1.2. Influência da Fase do Crescimento ............................................................................. 13
2.2. Raça Mertolenga .............................................................................................................. 17
2.2.1. Enquadramento Histórico .......................................................................................... 17
2.2.1.1. Origem ................................................................................................................ 17
2.2.1.2. Utilização ............................................................................................................. 18
2.2.2. Evolução Recente ....................................................................................................... 19
2.2.2.1. Intensificação da Produção .................................................................................. 19
2.2.2.2. Produtos Certificados........................................................................................... 19
2.2.3. Caracterização da Raça............................................................................................... 22
2.2.3.1. Parâmetros Produtivos ........................................................................................ 24
2.2.3.1.1. Ganho Médio Diário ...................................................................................... 24
2.2.3.1.2. Ingestão de Alimento .................................................................................... 26
2.2.3.1.3. Índice de Conversão ...................................................................................... 27
2.2.3.2. Caracterização da Carcaça e Qualidade da Carne ................................................. 28
2.2.3.2.1. Peso e Rendimento de Carcaça ...................................................................... 28
2.2.3.2.2. Classificação de Carcaças ............................................................................... 29
2.2.3.2.3. Incidência da Condição Dark Firm and Dry ..................................................... 31
3. Materiais e Métodos ............................................................................................................... 34
3.1. Animais ............................................................................................................................ 35
3.2. Alimentação ..................................................................................................................... 37
3.3. Instalações e Equipamentos ............................................................................................. 40
3.4. Pesagens .......................................................................................................................... 41
3.5. Abate e Medição do pH .................................................................................................... 42
3.6. Parâmetros Analisados ..................................................................................................... 42
3.7. Análise Estatística ............................................................................................................. 44
v
4. Resultados e Discussão ........................................................................................................... 49
4.1. Desempenho Produtivo .................................................................................................... 50
4.1.1. Crescimento ............................................................................................................... 50
4.1.1.1. Peso Vivo ............................................................................................................. 50
4.1.1.2. Percentagem do Peso Adulto ............................................................................... 54
4.1.1.3. Velocidade de Crescimento .................................................................................. 56
4.1.1.3.1. Ganho Médio Diário ...................................................................................... 56
4.1.1.3.2. Aumento da Percentagem de Peso ................................................................ 63
4.1.2. Ingestão de Alimento ................................................................................................. 67
4.1.2.1. Ingestão Ajustada do Alimento Concentrado ....................................................... 67
4.1.2.2. Ingestão Ajustada do Alimento Grosseiro............................................................. 73
4.1.3. Eficiência Alimentar ................................................................................................... 75
4.1.3.1. Índice de Conversão do Alimento Concentrado Ajustado ..................................... 76
4.1.3.2. Índice de Conversão da Matéria Bruta Ajustada ................................................... 81
4.1.4. Eficiência Bio Económica ............................................................................................ 85
4.1.4.1. Custo do Alimento Concentrado Ajustado ............................................................ 86
4.1.4.2. Custo da Matéria Bruta Ajustada ......................................................................... 89
4.1.4.3. Custo de Produção de um Quilograma de Peso Vivo ............................................ 93
4.1.4.4. Valor de um Quilograma de Peso Vivo ................................................................. 98
4.1.4.5. Eficiência Económica por Quilograma de Peso Vivo ............................................ 102
4.2. Características da Carcaça e Qualidade da Carne ............................................................ 107
4.2.1. Peso e Rendimento de Carcaças ............................................................................... 107
4.2.2. Classificação de Carcaças.......................................................................................... 109
4.2.3. pH da Carne ............................................................................................................. 110
5. Conclusão ............................................................................................................................. 113
6. Bibliografia ........................................................................................................................... 116
vi
Lista de Abreviaturas
A fase de acabamento
ACBM Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos
ADP adenosina difosfato
ADAPT período de adaptação dos bovinos no Centro
ANCOVA análise de covariância
ANOVA análise de variância simples
ATP adenosina trifosfato
BSE encefalopatia espongiforme bovina
CF acesso ou não ao creep-feeding
Conc. alimento concentrado
DFD dark firm and dry (escura, firme e seca)
DOP Denominação de Origem Protegida
EXP exploração de origem dos bovinos
GER geração do progenitor
gl graus de liberdade
GMD ganho médio diário
GMDnasc-entr ganho médio diário desde o nascimento até à entrada no Centro
IC índice de conversão
IENT idade de entrada dos bovinos no Centro
ING ingestão de alimento
IVP idade da progenitora no parto
Kg quilograma
MB matéria bruta
MS matéria seca
n número de observações
NASC época de nascimento
PB proteína bruta
PDI proteína digestível no intestino
PDIE proteína digestível no intestino - o fator limitante é a energia
PDIN proteína digestível no intestino - o fator limitante é o azoto
PEL pelagem dos bovinos
vii
pHfinal pH medido 12 a 48 horas pós-morte
pH24horas pH medido 24 horas pós-morte
P0 pesagem na entrada do Centro
P1,...P6 1ª pesagem,…6ª pesagem
R fase de recria
T fase de transição
UF unidade forrageira
UFV unidade forrageira carne
viii
Índice de Tabelas
Tabela 1. Intervalo entre partos .................................................................................................. 23 Tabela 2. Peso ao desmame (210 dias) ........................................................................................ 24 Tabela 3. Ganho médio diário em sistemas de produção semi-intensivos.................................... 25 Tabela 4. Ganho médio diário em sistemas de produção intensivos ............................................ 26 Tabela 5. Ganho médio diário ..................................................................................................... 26 Tabela 6. Ingestão de alimento em sistemas de produção semi-intensivos e intensivos .............. 27 Tabela 7. Índice de conversão em sistemas de produção semi-intensivos e intensivos ................ 27 Tabela 8. Índice de conversão ..................................................................................................... 28 Tabela 9. Rendimentos de carcaça - comercial, corrigido e verdadeiro ........................................ 29 Tabela 10. Classes de conformação ............................................................................................. 30 Tabela 11. Classes do estado de gordura ..................................................................................... 30 Tabela 12. Descrição complementar para as classes de conformação ......................................... 31 Tabela 13. pHfinal da carne ........................................................................................................... 33 Tabela 14. Níveis dos fatores de variação .................................................................................... 36 Tabela 15. Número de animais presentes por tratamento .......................................................... 36 Tabela 16. Concentrado de Crescimento ..................................................................................... 37 Tabela 17. Concentrado de Acabamento..................................................................................... 37 Tabela 18. Concentrado de Crescimento ..................................................................................... 38 Tabela 19. Concentrado de Acabamento..................................................................................... 38 Tabela 20. Palha ......................................................................................................................... 38 Tabela 21. Data das Pesagens ..................................................................................................... 41 Tabela 22. Peso vivo dos bovinos em P0 e P1 .............................................................................. 51 Tabela 23. Peso vivo dos bovinos de P2 a P6 ............................................................................... 52 Tabela 24. Análise de variância simples do peso vivo .................................................................. 52 Tabela 25. Resultados da percentagem do peso adulto ............................................................... 55 Tabela 26. Análise de variância simples da percentagem do peso adulto .................................... 56 Tabela 27. Resultados do ganho médio diário ............................................................................. 57 Tabela 28. Análise de variância simples do ganho médio diário ................................................... 58 Tabela 29. Análise de medições repetidas do ganho médio diário ............................................... 59 Tabela 30. Análise de covariância do ganho médio diário ............................................................ 62 Tabela 31. Resultados do aumento da percentagem de peso ...................................................... 63 Tabela 32. Análise de variância simples do aumento da percentagem de peso ............................ 64 Tabela 33. Análise de medições repetidas do aumento da percentagem de peso ........................ 66 Tabela 34. Análise de covariância do aumento da percentagem de peso .................................... 67 Tabela 35. Resultados da ingestão do alimento concentrado ...................................................... 69 Tabela 36. Análise de variância simples da ingestão do concentrado........................................... 70 Tabela 37. Consumo de concentrado real e estimado ................................................................. 71 Tabela 38. Análise de covariância da ingestão do concentrado ................................................... 72 Tabela 39. Resultados da ingestão do alimento grosseiro............................................................ 73 Tabela 40. Análise de variância simples da ingestão de palha ...................................................... 74 Tabela 41. Análise de covariância da ingestão de palha ............................................................... 75 Tabela 42. Resultados do índice de conversão do alimento concentrado .................................... 76 Tabela 43. Análise de variância simples do índice de conversão do concentrado ......................... 77 Tabela 44. Análise de medições repetidas do índice de conversão do concentrado ..................... 78 Tabela 45. Análise de covariância do índice de conversão do concentrado .................................. 80 Tabela 46. Resultados do índice de conversão da matéria bruta ................................................. 81 Tabela 47. Análise de variância simples do índice de conversão da matéria bruta ....................... 82 Tabela 48. Análise de medições repetidas do índice de conversão da matéria bruta ................... 83 Tabela 49. Análise de covariância do índice de conversão da matéria bruta ................................ 85 Tabela 50. Resultados do custo do alimento concentrado ........................................................... 86 Tabela 51. Análise de variância simples do custo do concentrado ............................................... 87
ix
Tabela 52. Análise de covariância do custo do concentrado ........................................................ 89 Tabela 53. Resultados do custo da matéria bruta ........................................................................ 90 Tabela 54. Análise de variância simples do custo da matéria bruta.............................................. 91 Tabela 55. Análise de covariância do custo da matéria bruta ...................................................... 92 Tabela 56. Resultados do custo de produção de um quilograma de peso vivo ............................. 94 Tabela 57. Análise de variância simples do custo de produção de um quilograma de peso vivo... 95 Tabela 58. Análise de medições repetidas do custo de produção de um quilograma de peso vivo ................................................................................................................................................... 96 Tabela 59. Análise de covariância do custo de produção de um quilograma de peso vivo............ 97 Tabela 60. Resultados do valor de um quilograma de peso vivo .................................................. 98 Tabela 61. Análise de variância simples do valor de um quilograma de peso vivo ...................... 100 Tabela 62. Análise de medições repetidas do valor de um quilograma de peso vivo .................. 100 Tabela 63. Análise de covariância do valor de um quilograma de peso vivo ............................... 102 Tabela 64. Resultados da eficiência económica por quilograma de peso vivo ............................ 103 Tabela 65. Análise de variância simples da eficiência económica por quilograma de peso vivo .. 104 Tabela 66. Análise de medições repetidas da eficiência económica por quilograma de peso vivo ................................................................................................................................................. 105 Tabela 67. Análise de covariância da eficiência económica por quilograma de peso vivo ........... 106 Tabela 68. Peso vivo, peso de carcaça e rendimento de carcaça................................................ 109 Tabela 69. Classes de conformação e de gordura ...................................................................... 110 Tabela 70. pH da carne ............................................................................................................. 111
x
Índice de Figuras
Figura 1. Curva de crescimento ..................................................................................................... 6 Figura 2. Distribuição da quantidade de carne bovina certificada no ano de 2005 ....................... 21 Figura 3. Interação entre a pesagem e o período de adaptação .................................................. 54 Figura 4. Interação entre o período e a idade da vaca ao parto ................................................... 59 Figura 5. Interação entre a fase e o regime alimentar ................................................................. 61 Figura 6. Interação entre o período e o regime alimentar ........................................................... 65 Figura 7. Interação entre o período e o regime alimentar ........................................................... 71 Figura 8. Interação entre o período e o regime alimentar ........................................................... 78 Figura 9. Interação entre a fase e o regime alimentar ................................................................. 79 Figura 10. Interação entre o período e o regime alimentar.......................................................... 83 Figura 11. Interação entre a fase e o regime alimentar ............................................................... 84 Figura 12. Interação entre o período e o regime alimentar.......................................................... 88 Figura 13. Interação entre o período e o regime alimentar.......................................................... 92 Figura 14. Interação entre o período e o regime alimentar.......................................................... 95 Figura 15. Interação entre a fase e o regime alimentar ............................................................... 97 Figura 16. Interação entre a fase e o regime alimentar ............................................................. 101 Figura 17. Interação entre o período e o regime alimentar........................................................ 104 Figura 18. Interação entre a fase e o regime alimentar ............................................................. 106
1
1. Introdução
A encefalopatia espongiforme bovina (BSE) foi o mais grave escândalo alimentar
dos últimos anos, tendo causado a partir de 1995 uma redução drástica do consumo de
carne de bovino em toda a Europa (Mateus e Russo-Almeida, 2014; Rodrigues, 1998;
Telo da Gama et al., 2004). De acordo com Rodrigues (1998), a redução do consumo de
carne ocorreu principalmente na carne proveniente de animais de raças leiteiras, tendo
aumentado a importância dos bovinos de aptidão carne e principalmente das raças
autóctones na produção de carne a nível nacional, o que levou ao aumento de quota de
mercado dos produtos certificados (Banović et al., 2007), em virtude do aumento do
grau de exigência do consumidor, passando assim estes produtos a ter a relevância
merecida (Telo da Gama et al., 2004).
A produção de Vitelão Mertolengo DOP (denominação de origem protegida) é
realizada em sistemas intensivos de produção, sistemas que Koenig e Beauchemin
(2013) designam como insustentáveis e potencialmente ameaçadores do meio
ambiente, em virtude da baixa eficiência de produção.
De entre os fatores com maior impacto no custo de produção dos produtos de
origem animal destacam-se a alimentação e a mão-de-obra (Freitas, 2008; Sithyphone
et al., 2011), com os custos da alimentação a serem considerados os custos variáveis
mais elevados (Mao et al., 2013). Na recria-acabamento de Vitelão Mertolengo DOP, os
custos com a alimentação representam 39,3% ± 6,8% da composição estrutural final do
produto, com apenas uma pequena prevalência do valor do vitelo no início da recria
(41,5% ± 7,9%), que equivale ao montante que o produtor recebe (Pais et al., 2013).
Nos últimos anos, o preço dos alimentos concentrados tem aumentado
drasticamente (Retallick et al., 2013a) e como consequência os custos de produção
subiram e as receitas diminuíram (Marti et al., 2013), pelo que o sector se encontra com
sérias dificuldades em termos de rentabilidade (Avilés et al., 2015). Este aumento no
preço dos alimentos concentrados surge em parte devido ao grão de milho, fonte
energética com grande incorporação nos concentrados, estar a ser utilizado em grande
escala na produção de etanol (McNew e Griffith, 2005 citados por Nuñez et al., 2015).
2
O elevado custo da alimentação na recria-acabamento de bovinos de carne
significa que a rentabilidade depende do uso eficiente dos alimentos na satisfação das
necessidades de manutenção e de crescimento dos animais, com o mínimo de perdas
possível (Nkrumah et al., 2006), ou seja a eficiência alimentar é cada vez mais de
particular importância na produção de carne bovina (Mao et al., 2013; Mitchell, 2007;
Nkrumah et al., 2006; Retallick et al., 2013b). Assim, qualquer estratégia que vise a
redução dos custos e a melhoria da rentabilidade das explorações pecuárias deve
basear-se em soluções válidas, tanto em termos técnicos como económicos (Freitas,
2008).
O trabalho que constituiu a base experimental da presente dissertação diz
respeito ao estudo de diversos parâmetros zootécnicos e económicos, relacionados com
o desempenho produtivo, características da carcaça e qualidade da carne, em machos
inteiros da raça Mertolenga, mantidos em sistema de produção intensivo e destinados
à produção de Vitelão Mertolengo DOP. O principal objetivo consistiu em verificar se os
três regimes alimentares idealizados tinham influência nos parâmetros estudados. Em
dois regimes alimentares diferenciou-se o alimento concentrado fornecido nas fases de
recria (R) e de acabamento (A), enquanto no outro regime alimentar a dieta não sofreu
qualquer alteração.
O alimento concentrado da fase de acabamento, com uma menor concentração
proteica, mas superior em termos energéticos, ao comparar com o outro concentrado
utilizado na fase de recria e em todo o ensaio no regime alimentar que se manteve
inalterável, pretendia estar mais adequado às necessidades nutritivas dos bovinos,
tendo em consideração o desenvolvimento diferencial dos tecidos corporais, para além
do seu custo ser inferior, pelo que se pretendia que nestes dois regimes alimentares os
parâmetros económicos fossem melhores, mas que os parâmetros zootécnicos também
não fossem afetados de forma negativa. Outro assunto abordado, prendia-se com a
mudança do alimento concentrado da fase de recria para a fase de acabamento, pelo
que num regime alimentar se efetuou uma transição gradual e no outro uma transição
mais repentina.
Na redação desta dissertação, após uma revisão bibliográfica que abrange os
principais assuntos estudados no presente trabalho, e um capítulo relativo aos aspetos
3
gerais da metodologia, optou-se por facilidade de exposição, pela divisão dos resultados
e discussão em dois subcapítulos: um referente ao crescimento, ingestão de alimento,
eficiência alimentar e eficiência bio económica, e outro relativo às características da
carcaça e qualidade da carne.
4
2. Revisão Bibliográfica
5
Pretende-se na presente revisão bibliográfica, em primeira instância, efetuar
uma breve descrição do processo de crescimento e da influência da nutrição e da fase
de crescimento em todo o processo. Em seguida apresenta-se uma síntese dos
conhecimentos relativos ao desempenho produtivo, às características da carcaça e à
qualidade da carne em bovinos Mertolengos, para além de primeiramente se efetuar a
caracterização da raça, bem como o aparecimento da Carne Mertolenga DOP.
2.1. Crescimento e Desenvolvimento
De um modo geral, o processo de crescimento engloba dois aspetos distintos: o
crescimento quantitativo ou ponderal que se caracteriza pelo aumento contínuo da
massa corporal com a idade, e o crescimento qualitativo ou desenvolvimento que se
refere a alterações da forma e composição corporal resultantes do desenvolvimento
diferencial dos tecidos (Pomeroy, 1978). De forma mais simplificada e de acordo com
Micol et al. (1993), o crescimento reflete o aumento de peso dos componentes
corporais, enquanto o desenvolvimento reflete a contribuição relativa de cada um
desses elementos, pelo que Trenkle e Marple (1983) consideram que estes dois
conceitos não são absolutamente distintos, uma vez que normalmente não ocorrem de
forma independente.
Para Goll et al. (1992) o crescimento muscular é determinado fundamentalmente
por três fatores: o número de células musculares, a taxa de síntese proteica muscular e
a taxa de degradação proteica muscular, enquanto para Perry e Thompson (2005) o
crescimento muscular resulta do balanço positivo entre as taxas de síntese e de
degradação proteica, influenciadas pela idade e nível nutricional disponibilizado aos
animais.
Usualmente o crescimento é representado por uma curva que pode ser aplicada,
na generalidade, a todas as espécies animais de crescimento determinado (Brody, 1945).
A curva, geralmente sigmoide (Figura 1), pode ser dividida em dois segmentos principais:
o primeiro, designado por fase aceleradora, em que a velocidade de crescimento
aumenta exponencialmente desde a conceção até ao ponto de inflexão, pelo que o
declive da curva apresenta valores crescentes; o segundo segmento, designado por fase
inibidora, tem início no ponto de inflexão, a partir do qual a velocidade de crescimento
diminui à medida que o animal se aproxima da maturidade (Brody, 1945; Owens et al.,
6
1993). De acordo com Simões (1991) citado por Rodrigues (1998) a fase aceleradora e
inibidora são conhecidas em zootecnia, por fase de crescimento e fase de acabamento,
respetivamente. O ponto de inflexão da curva representa o momento em que termina o
aumento da velocidade de crescimento e a sua diminuição ainda não se iniciou, pelo que
a velocidade de crescimento é máxima e está diretamente relacionada com a puberdade
(Brody, 1945).
Para Brody (1945), o crescimento para além de se poder representar pela curva
de crescimento, também se pode representar pela velocidade de crescimento, que se
pode exprimir de várias formas. De acordo com Marple (2003) a medida mais comum é
a velocidade de crescimento média absoluta, ou ganho médio absoluto de peso por
unidade de tempo, normalmente calculado por dia e denominado assim por ganho
médio diário (GMD), que segundo Fraústo da Silva (1996) aumenta até ao ponto de
inflexão da curva de crescimento e diminui posteriormente. A velocidade de
crescimento média absoluta na mesma espécie varia com o genótipo, com o sexo, com
a fase de crescimento e com a dieta (Mitchell, 2007; Robelin e Daenicke, 1980). As raças
com um peso em adulto ou à maturidade superior têm normalmente valores superiores
para a velocidade de crescimento (Owens et al., 1993; Perry e Thompson, 2005), assim
como para o mesmo genótipo, os machos têm um peso adulto e uma velocidade de
crescimento superior ao das fêmeas (Micol et al., 1993).
Legenda: a- conceção; b- nascimento; c- fase aceleradora (de “a” a “d”); d- ponto de inflexão; e- fase inibidora (de “d” a “f”); f- maturidade. Adaptado de Owens et al. (1993).
Figura 1. Curva de crescimento
7
O desenvolvimento, avaliado geralmente em termos percentuais, exprime o
peso de um componente em relação a um conjunto de referência, embora também
possa ser avaliado através da equação alométrica de Huxley que permite estudar o
desenvolvimento global dos tecidos e a sua distribuição (Brody, 1945).
Os tecidos desenvolvem-se de forma diferencial durante o crescimento (Owens
et al, 1993). O tecido nervoso é aquele cujo desenvolvimento é mais precoce, seguido
do tecido ósseo, do tecido muscular e finalmente do tecido adiposo (Pomeroy, 1978), o
que está de acordo com Berg e Butterfield (1968), Butterfield et al. (1983) e Mukhoty e
Berg (1971) que consideram o osso de desenvolvimento precoce ou de baixo ímpeto de
crescimento, o músculo de desenvolvimento intermédio ou ímpeto médio e a gordura
de desenvolvimento tardio ou ímpeto de crescimento elevado. No tecido adiposo, a
deposição de gordura visceral, precede a deposição de gordura intermuscular e
subcutânea, e finalmente deposita-se a gordura intramuscular (Owens et al., 1993;
Pomeroy, 1978). Micol et al. (1993) verificaram em machos de raça Frísia, que
relativamente ao peso vivo, o tecido muscular variou entre 43,0% aos 200,0 quilogramas
(kg) de peso vivo e 32,0% em animais adultos, o tecido adiposo aumentou de
aproximadamente 7,0% para 40,0% e o tecido ósseo, que representava no animal jovem
cerca de 17,0%, atingiu valores próximos de 12,0% nos animais adultos.
Pressupondo um valor constante para a gordura, a proporção de músculo
aumenta e a de osso diminui (Mukhoty e Berg, 1971), pelo que aumenta a relação
músculo/osso (Berg e Butterfield, 1966). As proporções de músculo e de gordura
também estão inversamente relacionadas (Berg e Butterfield, 1968).
Como o desenvolvimento dos tecidos não é um processo isométrico (Marple,
2003), o coeficiente de alometria para o tecido ósseo apresenta o valor mais baixo,
inferior a 1, o tecido muscular tem valores intermédios, normalmente próximos de 1 e
o tecido adiposo apresenta os valores mais elevados, superiores a 1 (Berg e Butterfield,
1966).
A sucessão de prioridades no desenvolvimento dos tecidos é consequência da
importância funcional dos tecidos para a sobrevivência (Pálsson, 1975 citado por Fraústo
da Silva, 1996), pelo que um animal tem de repartir os nutrientes de acordo com essas
prioridades (Mitchell, 2007).
8
Tal como ocorre no crescimento, fatores genéticos, como o genótipo e o sexo, e
fatores ambientais, como variações quantitativas e/ou qualitativas na alimentação,
influenciam o desenvolvimento dos tecidos corporais (Berg e Butterfield, 1968; Marple,
2003; Pomeroy, 1978).
De acordo com Owens et al. (1993) e Pomeroy (1978), a velocidade de
desenvolvimento de um tecido depende da sua localização no corpo. Considera-se que
um osso, um músculo ou a gordura numa determinada região é de maturidade precoce,
quando em qualquer fase do crescimento anterior à maturidade, atinge uma proporção
do seu peso de adulto, superior à atingida pela totalidade do tecido. Já quando se trata
de um tecido de maturidade tardia, este atinge uma proporção do peso adulto, inferior
à atingida numa determinada região (Butterfield et al., 1983).
Um método para determinar a composição corporal é a dissecação da carcaça
em vísceras, pele, ossos, músculo e gordura e realização da análise química (Marple,
2003; Mitchell, 2007), pois com o ganho médio absoluto de peso por unidade de tempo
não é possível determinar de forma qualitativa o aumento de peso (Owens et al., 1993).
Depois de expostos os principais fatores que afetam os processos de crescimento
e desenvolvimento, aborda-se de forma mais pormenorizada o efeito da alimentação e
principalmente da concentração energética e proteica da dieta, bem como a influência
da fase de crescimento, sobretudo no desempenho produtivo dos animais, mas também
nas características de carcaça e na qualidade da carne.
2.1.1. Influência da Alimentação
O crescimento e a nutrição afetam-se mutuamente, na medida em que cada um
pode influenciar o outro (McDonald et al., 2006). O ritmo de crescimento de um animal
determina as suas necessidades nutritivas (Robelin e Daenicke, 1980), mas com
alterações na alimentação, também é possível modificar o ritmo de crescimento dos
animais (McDonald et al., 2006), já que o crescimento resulta da absorção de nutrientes
a partir do sangue, necessários para a síntese de macromoléculas dos tecidos do corpo
(Trenkle e Marple, 1983).
Os efeitos da alimentação na velocidade de crescimento absoluta, são bem
visíveis quando ocorre uma redução voluntaria da ingestão (ING) ou um acesso restrito
9
à alimentação (Marple, 2003; Owens et al., 1993), o que se verifica facilmente nos
sistemas em que se procura maximizar o pastoreio, em que o crescimento oscilatório
dos animais reflete as variações sazonais na quantidade e na qualidade de alimento
disponível (Fraústo da Silva, 1996; Perry e Thompson, 2005). É frequente ocorrerem
períodos nos quais os bovinos apresentam um crescimento inferior ao seu potencial
máximo, mas quando lhes é fornecida uma dieta adequada, normalmente de elevado
nível energético, apresentam um crescimento compensatório, ou seja verifica-se um
aumento da velocidade de crescimento, face a animais da mesma idade que não foram
afetados por qualquer restrição alimentar (Berg e Butterfield, 1968), embora a
capacidade dos animais para compensar uma restrição seja diferente, já que é afetada
por diversos fatores, como a severidade e duração do período de subnutrição, a fase do
crescimento e a alimentação disponibilizada na fase de crescimento compensatório
(Mitchell, 2007; Owens et al., 1993).
Para alguns autores, o crescimento compensatório pode ser atribuído de forma
independente ao aumento da ingestão de alimento (Ashworth, 1969 citado por Fox et
al., 1972; McDonald et al., 2006), ou à maior eficiência na utilização da energia
(Drouillard e Kuhl, 1999; Meyer et al., 1965), mas para Brorsen et al. (1983) esses dois
acontecimentos podem ocorrer em simultâneo. Noutra perspetiva, Sheehy e Sénior
(1942) citados por Fox et al. (1972) consideram que o crescimento durante a
recuperação se deve à maior deposição de proteína e à menor deposição de gordura.
As necessidades nutritivas dos animais estão muito relacionadas com a
composição do ganho de peso (Robelin e Daenicke, 1980), pelo que as consequências
das variações da quantidade e da qualidade da dieta ingerida são muito importantes na
composição corporal, e também podem influenciar o rendimento de carcaça (Owens et
al., 1993). Os tecidos com o coeficiente de crescimento mais elevado na fase em que
ocorre uma restrição alimentar são os mais afetados (Berg e Butterfield, 1968).
Enquanto nos animais muito jovens, os principais tecidos afetados são o músculo e o
osso (Fraústo da Silva, 1996), nos animais jovens a consequência mais evidente de uma
restrição alimentar é a diminuição da velocidade de deposição de gordura e o aumento
proporcional do crescimento muscular, acontecimento que é rapidamente recuperado
depois de um período de realimentação (Berge, 1991 citado por Fraústo da Silva, 1996).
10
Verifica-se assim que o efeito de diminuição do nível alimentar traduz-se por uma
diminuição da velocidade de crescimento dos vários tecidos na ordem inversa do seu
desenvolvimento, isto é, os tecidos mais precoces são os menos afetados (Berg e
Butterfield, 1968).
Com uma grande quantidade de alimento de elevado nível nutritivo ingerido, a
velocidade de deposição da gordura aumenta (Berg e Butterfield, 1968; Owens et al.,
1995), o que ocorre ainda mais rapidamente a pesos mais elevados (Martinsson e
Olsson, 1993 citados por Fraústo da Silva, 1996), em que apesar da quantidade de
músculo depositado continuar a aumentar, em termos proporcionais acontece em
menor quantidade do que a quantidade de gordura (Fraústo da Silva, 1996).
Para além de influenciar as características da carcaça, a alimentação também
tem efeito na qualidade da carne, sobretudo o sistema de produção adotado (extensivo
ou intensivo), embora o alimento concentrado utilizado em regime intensivo também
possa constituir um fator de variação da qualidade da carne, devido a aspetos
relacionados com a sua composição em matérias-primas e nível energético (Sañudo et
al., 1998).
2.1.1.1. Energia
A importância da energia é demonstrada pelo facto de os animais ingerirem os
alimentos para satisfazerem as suas necessidades energéticas, pelo que a concentração
energética da dieta condiciona o consumo de alimento, consumo esse, que é menor com
uma alimentação mais energética. Para além disso, os alimentos energéticos são
maioritários nas dietas dos animais (McDonald et al., 2006). De acordo com Trenkle e
Marple (1983), as necessidades energéticas do processo de crescimento podem ser
separadas em dois componentes: um componente relacionado com as necessidades
para os substratos que são utilizados para formar novos tecidos, designadamente
proteína e gordura, enquanto o outro componente é a energia requerida para o
metabolismo, ou seja, a perda de calor do corpo associada à transformação bioquímica
dos nutrientes em tecidos corporais.
As necessidades energéticas dos ruminantes, bem como a composição
energética dos alimentos, expressam-se em muitas ocasiões pelo sistema francês de
11
unidades forrageiras (UF), mais propriamente para bovinos de carne, pela unidade
forrageira carne (UFV), que expressa a energia limpa de manutenção e crescimento,
tendo em conta que uma UF é igual à energia limpa de um Kg de cevada (Demarquilly et
al., 1996).
Os animais aproveitam a energia química dos alimentos para satisfazerem as
suas necessidades energéticas (Owens et al., 1993). Num caso de acesso restrito à
alimentação, os animais recorrem às suas reservas corporais (catabolismo pela seguinte
ordem: glicogénio, gordura e músculo), mas quando a alimentação é suficiente, a
energia que resta após a satisfação das necessidades energéticas de manutenção pode
ser depositada nos tecidos corporais na forma de energia química (McDonald et al.,
2006), já que os animais armazenam a energia sobretudo na forma de proteína e lípidos
(Owens et al., 1995).
Variações no regime alimentar e principalmente na ingestão de alimentos
energéticos, podem alterar a velocidade de crescimento dos animais (McDonald et al.,
2006; Micol et al., 1993) e a composição da carcaça, devido à variação na deposição de
lípidos e proteínas (Micol et al., 1993; Owens et al., 1995), ao contrário da fonte de
energia que não afeta a composição das carcaças independentemente da velocidade de
crescimento (Coleman et al., 1995a). Robelin e Daenicke (1980) referem que em geral,
quando o consumo de energia aumenta, a quantidade de lípidos depositados aumenta
ainda mais rapidamente do que aumenta o ganho de peso.
Tal como na influência da proteína no desempenho produtivo e nas
características da carcaça de bovinos, diversos fatores podem originar diferentes
resultados da diferente concentração energética da dieta, mas neste caso verifica-se
uma coerência dos diversos estudos realizados. Fan et al. (1985) e Meissner et al. (1995)
relatam velocidades de crescimento absoluta superiores e uma maior eficiência
alimentar dos bovinos, quando alimentados com dietas de maior conteúdo energético.
Com o aumento do nível de energia, para além do GMD ser superior, o peso da carcaça
também o foi (Meissner et al., 1995; Prior et al., 1977), assim como o rendimento de
carcaça (Meissner et al., 1995). Para um peso de carcaça ajustado, apenas para as raças
de pequeno porte, Prior et al. (1977) referem um aumento da gordura intramuscular, e
um maior rendimento em peças.
12
2.1.1.2. Proteína
A proteína é um nutriente essencial em todas as dietas de bovinos de carne
(Parish, 2009), embora a sua qualidade e o equilíbrio em aminoácidos essenciais não
seja um fator crítico na alimentação disponibilizada aos bovinos, já que a flora
microbiana presente no rúmen efetua a sua síntese (McDonald et al., 2006; Simens et
al., 1999).
Geralmente expressa em termos de proteína bruta (PB), a proteína é importante
para a saúde e para o desempenho dos animais (Parish, 2009), embora muitas vezes
também se expressem as necessidades dos ruminantes e a composição das dietas em
termos de proteína digestível no intestino (PDI) (Demarquilly et al., 1996; McDonald et
al., 2006). Cada alimento tem dois valores - PDIN e PDIE - que indicam a quantidade de
proteína que chega ao intestino, em função do fator que limita a síntese microbiana,
proteína e energia, respetivamente (Demarquilly et al., 1996).
A quantidade de proteína necessária para um bovino, aumenta com o
incremento da sua massa corporal, mas ao expressar as necessidades proteicas em
percentagem do alimento ingerido, essa percentagem diminui com o aumento do peso
e idade do animal, porque a quantidade de alimento consumida diariamente aumenta
mais rapidamente do que as suas necessidades proteicas (Simens et al., 1999). Parish
(2009) salienta que as necessidades proteicas dos animais aumentam com uma
velocidade de crescimento superior, pelo que aumenta a sua deposição
independentemente do peso vivo, embora com maior peso vivo, o aumento seja mais
lento (Geay, 1984).
Quando um animal se encontra num estado de défice energético (alimentação
energética deficiente), o músculo é um importante reservatório de aminoácidos (Allen
e Goll, 2003), assim como o excesso de aminoácidos para a síntese proteica também
podem ser degradado para obter energia (Anderson et al., 1988), o que tem como
consequência a produção de amoníaco (McDonald et al., 2006).
Apesar de Owens et al. (1995) referirem que uma restrição proteica pode reduzir
o peso à maturidade e aumentar a quantidade de gordura na carcaça, do ponto de vista
ambiental e económico, há um movimento no sentido de reduzir a incorporação de
compostos azotados na produção de alimentos concentrados para bovinos de carne
13
(Dawson, 2012). Cole et al. (2005) afirmam que a utilização de dietas com baixos níveis
de PB é um meio eficaz de aumentar a eficiência da utilização de azoto e de reduzir as
suas perdas, desde que não haja uma redução na velocidade de crescimento e na
eficiência alimentar. Numa perspetiva económica, segundo Anderson et al. (1988),
reduzir a concentração de PB faz com que os custos da alimentação sejam menores, pois
os alimentos proteicos são mais dispendiosos que os alimentos energéticos (Chiba,
2014).
Diversos estudos têm sido realizados ao longo dos anos para verificar a influência
da concentração proteica da alimentação, no desempenho produtivo e nas
características da carcaça de bovinos, independentemente do tipo de proteína, que tem
pouca influência nas performances produtivas e nas características da carcaça
(Comerford et al., 1992). Em virtude da distinta genética dos animais, dos diversos
intervalos de peso dos animais presentes nos ensaios e dos diferentes níveis de proteína
bruta comparados, os resultados são muito díspares. Umunna et al. (1980) com três
níveis de proteína bruta (11,60, 14,70 e 17,70%) não determinaram diferenças
significativas no GMD, na eficiência alimentar, no peso da carcaça e na espessura da
gordura subcutânea, enquanto Eck et al. (1988) obtiveram melhores resultados para a
velocidade de crescimento e para a eficiência alimentar em bovinos alimentados com
12,50% de PB (apesar da maior ingestão de alimento), do que com o nível de 10,50%.
No ensaio de Anderson et al. (1988), os bovinos alimentados com 10,00% de PB
apresentaram uma velocidade de crescimento absoluta inferior aos animais alimentados
com níveis superiores de PB (12,00 e 14,00%), mas a ingestão de alimento e o índice de
conversão (IC) não diferiram, assim como o rendimento de carcaça. Bass et al. (1990)
citados por Fraústo da Silva (1996) referem que a proporção de gordura nos ganhos de
peso diminui com o aumento da concentração proteica da dieta, mas Prior et al. (1977)
afirmam que aumentar a percentagem de proteína não altera significativamente a
composição da carcaça.
2.1.2. Influência da Fase do Crescimento
A diferente composição química dos tecidos corporais e a ordem do seu
desenvolvimento influenciam a composição química do animal e consequentemente as
suas necessidades de crescimento (McDonald et al., 2006; Micol et al., 1993). Assim, em
14
determinadas etapas do crescimento dos animais, o excesso de nutrientes pode ser
evitado dividindo o período de crescimento em fases, com dietas mais apropriadas que
tenham em conta as necessidades nutritivas dos animais (Sutton e Lander, 2003), de
modo a maximizar a eficiência biológica do sistema integrado (Drouillard e Kuhl, 1999;
Reuter e Beck, 2013).
A fase de recria, compreendida entre o desmame e a fase de acabamento é uma
fase de preparação para esta última fase (Bell e Greenwood, 2013; Durunna et al., 2011;
Loken et al., 2009), de modo a uniformizar o peso e a composição dos ganhos dos
bovinos (Loken et al., 2009) e também para os bovinos aumentarem a massa corporal
(Owens et al., 1993).
É uma fase que varia muito em termos de alimentação (Bell e Greenwood, 2013),
pois pode envolver pastoreio, ou o consumo de alimento concentrado (Reuter e Beck,
2013), mas normalmente é efetuada para um crescimento moderado dos animais,
permitindo o desenvolvimento muscular e ósseo, enquanto restringe a deposição de
gordura (Bell e Greenwood, 2013; Block et al., 2001).
Nesta fase, o ganho de peso é constituído principalmente por água, proteína e
minerais, que são necessários para o crescimento do osso e músculo (McDonald et al.,
2006) e assim, os animais necessitam de elevados níveis de PB para permitir
principalmente o desenvolvimento muscular (Anderson et al., 1988; Owens et al., 1995;
Parish, 2009), que ocorre em função da supremacia da síntese de proteína em relação à
sua degradação (Allen e Goll, 2003; Owens et al., 1995), pois a energia que resta da
satisfação das necessidades de manutenção é utilizada maioritariamente na sua
formação (McDonald et al., 2006). Isto é comprovado pelo ensaio de Koenig et al. (2013),
em que os bovinos alimentados com 14,00% de PB apresentaram um peso final e um
GMD mais elevado que os alimentados com 12,00% de PB, apesar do índice de
conversão superior, o que está de acordo com Eck et al. (1988), que afirmam que a
ingestão de alimento aumenta com o aumento da concentração de PB na dieta. Apesar
da maior importância da proteína nesta fase do crescimento, a concentração energética
da alimentação não deixa de ser importante (Owens et al., 1995). Loken et al. (2009)
determinaram uma maior velocidade de crescimento e curiosamente um maior
consumo de matéria seca (MS) em bovinos alimentados com dietas de elevada
15
concentração energética ao comparar com bovinos que ingeriram dietas de baixa
energia, nos quais o custo de produção por animal foi inferior, mas o custo por kg de
peso vivo não foi significativamente diferente.
Segundo Reuter e Beck (2013), os acontecimentos ocorridos na fase de recria
refletem-se na fase de acabamento, pois os bovinos com uma velocidade de crescimento
inferior na fase de recria obtiveram melhores resultados na fase de acabamento, no
entanto os animais com GMD superior na fase de recria tiveram pesos de carcaça mais
elevados. Contrariamente, Robinette et al. (2012) citados por Reuter e Beck (2013)
afirmam que uma restrição do crescimento na fase de recria não tem efeito sobre o
GMD durante toda a fase de acabamento e também nas características da carcaça não
determinaram diferenças significativas, o que vai de encontro ao proferido por Coleman
et al. (1995b) que afirmam que as diferenças entre dietas na fase de recria deixam de
existir após 75 dias com a mesma alimentação na fase de acabamento.
De acordo com McDonald et al. (2006), a composição do ganho de peso vivo é
definida em função da percentagem do peso adulto, independentemente do peso vivo
do animal. Embora o peso de todos os tecidos aumente com o incremento da massa
corporal, a partir de um determinado grau de maturidade, o peso da gordura aumenta
mais rapidamente do que o do músculo e do osso e, em consequência, relativamente ao
peso vivo ou ao peso de carcaça, a percentagem de gordura aumenta e as de músculo e
de osso diminuem com o aumento do peso de abate (Berg e Butterfield, 1968). Para
Berg e Butterfield (1968) o aumento da percentagem de gordura inicia-se a
aproximadamente 30,0% do peso adulto, enquanto para Trenkle e Marple (1983) esse
aumento ocorre a partir de 50,0 ou 60,0% do peso adulto, embora a grande aceleração
do desenvolvimento do tecido adiposo ocorra a 70,0% do peso adulto (Robelin e
Casteilla, 1990). Assim, pode optar-se por iniciar a fase de acabamento após o ponto de
inflexão da curva de crescimento, que nas espécies pecuárias ocorre a
aproximadamente 30,0% do peso adulto (Brody, 1945) ou então prolongar a fase de
recria até que a deposição de tecido adiposo comece a ser mais notória.
Na fase de acabamento, o ganho de peso vivo está associado a um grande
aumento na deposição de tecido adiposo, desde que a disponibilidade de nutrientes
exceda a capacidade de crescimento do osso e do músculo (Drouillard e Kuhl, 1999;
16
Trenkle e Marple, 1983). O tecido adiposo, constituído maioritariamente por adipócitos,
desenvolve-se em função do aumento do número de adipócitos (hiperplasia), mas
sobretudo devido ao aumento do seu volume (hipertrofia), devido à acumulação de
lípidos (predominantemente triglicéridos) (Scanes, 2003). Como a deposição de gordura
requer mais energia do que a deposição de proteína (Fiems et al., 2000; Robelin e
Casteilla, 1990), compreende-se o declínio da eficiência do crescimento nesta fase
(Marple, 2003), mas apenas porque mais água é armazenada com a deposição de
proteína, e assim, o ganho de tecido magro é quatro vezes mais eficiente que o
acréscimo de tecido adiposo, já que em termos de eficiência energética do aumento de
volume, a gordura em comparação com a proteína é superior 1,7 vezes (Owens et al.,
1995). Portanto, nesta fase as necessidades proteicas são menos importantes do que as
necessidades energéticas (Cole et al., 2006), pois o ganho de peso vivo é apenas
constituído por 12,0% de proteína (Garrett, 1977 citado por Geay, 1984), o que é
comprovado por Koenig et al. (2013), que com um aumento da proporção de PB na dieta
de 12,60 para 14,00%, não encontraram diferenças no peso final, na velocidade de
crescimento, na ingestão de alimento, na eficiência alimentar e também nas
características da carcaça dos bovinos. Tem mesmo sido demonstrado que a redução da
proteína na fase de acabamento corresponde da melhor forma às necessidades dos
animais, já que diminui a excreção de azoto e não afeta a performance dos bovinos
(Nuñez et al., 2015; Vasconcelos et al., 2006), para além de reduzir os custos da
alimentação (Cole et al., 2006), sendo que Cole et al. (2003) afirmam que a concentração
de PB não deve ser inferior a 12,00%, senão ocorre diminuição do desempenho
produtivo, o que de certa forma é confirmado por Cole et al. (2006), que entre 11,50 e
13,00% de PB não encontraram diferenças nas performances dos bovinos, mas com
10,00% de PB, o desempenho dos animais já foi prejudicado.
17
2.2. Raça Mertolenga
O nome de Mertolengo para a raça de bovinos está diretamente associado à
povoação de Mértola, uma vez que os bovinos que existiam na região, “por serem
diferentes dos vizinhos”, assim conduziram a essa designação (Frazão, 1961 citado por
Roquete et al., 2004).
Neste tópico aborda-se inicialmente o enquadramento histórico da raça,
referindo a sua origem e a sua principal utilização consoante os tempos, de seguida
demonstra-se a evolução recente marcada pela intensificação da produção e pelo
desenvolvimento de produtos certificados, e por fim descrevem-se de forma sucinta as
principais características da raça.
2.2.1. Enquadramento Histórico
Tendo presente que a evolução é um facto adquirido nas espécies animais,
também os objetivos de utilização das raças bovinas se alteraram com o
desenvolvimento dos povos ao longo da história da Humanidade (Roquete, 1993).
2.2.1.1. Origem
Segundo Roquete (1993) existem opiniões contraditórias relativamente à origem
da raça Mertolenga, uma vez que para uns é uma variedade da raça bovina Alentejana,
para outros tem origem nos bovinos com a mesma pelagem que se encontram no Sul de
Espanha, o que está em conformidade com o referido por Lima (s.d. citado por Sommer
D’Andrade, 1952), e para Felius (1995) citado por Mateus et al. (2004) é muito
provavelmente descendente da raça espanhola Berrenda com introdução de genes das
raças Alentejana, Brava de Lide e Andaluza.
Num estudo que envolveu cinco proteínas sanguíneas polimórficas e sete
microssatélites, realizado com cinco raças autóctones, Monteiro de Carvalho (2000)
verificou a existência de três grupos (Barrosã/Maronesa, Alentejana/Mertolenga e
Mirandesa), no entanto a distância genética de alelos partilhados não revelou
agrupamentos bem definidos dos indivíduos nas respetivas raças, o que sugere uma
diferenciação recente destas populações. Relativamente ao grupo
Alentejana/Mertolenga, embora as raças apresentem uma estrutura morfológica
diferente, nomeadamente na cor da pelagem e na estatura, são muito semelhantes ao
18
nível de polimorfismos bioquímicos, o que pressupõe uma origem comum e que durante
o processo evolutivo não se diferenciaram suficientemente para terem criado
identidades genéticas distintas.
Mateus et al. (2004) também realizaram um estudo com trinta microssatélites
para caracterizar a diversidade genética das raças autóctones portuguesas, o qual
permitiu identificar um certo relacionamento genético entre as raças Mertolenga,
Alentejana, Garvonesa e Minhota, o que é consistente com os troncos ancestrais
étnicos: Vermelho Convexo, representado pelas raças Alentejana, Mertolenga,
Garvonesa e Minhota; Castanho Concavo que inclui as raças Mirandesa, Arouquesa,
Marinhoa e Barrosã; e Negro Reto ou Ibérico, que abrange as raças Maronesa e Brava
de Lide.
Apesar da proximidade genética entre as raças Mertolenga e Alentejana, Pereira
(2004) realizou um estudo que demonstra um distanciamento entre as duas raças, uma
vez que determinou uma clara distinção na resposta à tolerância ao calor, com a raça
Mertolenga a apresentar uma tolerância muito mais elevada.
2.2.1.2. Utilização
A raça bovina Mertolenga foi selecionada pela necessidade de se obterem
animais rústicos, bem adaptados a regiões com pobres recursos forrageiros e a exigentes
condições de trabalho de lavoura (Almeida, 2008), pois segundo Monteiro et al. (1976)
e Ralo (1990), o principal objetivo da sua exploração era a produção de trabalho.
Com a mecanização da agricultura, entre outros fatores, ocorreu uma redução
nos efetivos dos bovinos das raças autóctones, assim como o abandono da atividade
agropecuária pela população rural que se mudou para áreas industrializadas (Banović et
al., 2007; Fraústo da Silva, 1996; Telo da Gama et al., 2004), porque segundo Fraústo da
Silva (1996) apesar da mecanização da agricultura ter aumentado a possibilidade de
utilizar as raças nacionais como produtoras de carne, tal não ocorreu na plenitude
devido aos valores inferiores das características das carcaças, comparativamente às de
animais cruzados ou puros de raças especializadas na produção de carne.
De acordo com Almeida (2008) e Roquete (1993) os bovinos da raça Mertolenga
apresentam uma adaptabilidade impar às difíceis condições de maneio alimentar a que
19
estão sujeitos nos sistemas de produção tipicamente extensivos, o que é confirmado por
Pereira (2004) que refere a ampla difusão da raça Mertolenga nos sistemas de produção
extensivos, considerando-a uma raça adaptada às condições que prevalecem no sul de
Portugal.
2.2.2. Evolução Recente
Atualmente o efetivo reprodutor inscrito no Livro Genealógico e em atividade
inclui 17798 fêmeas e 239 machos, pertencentes a 213 criadores, e encontra-se
distribuído pelos distritos de Castelo Branco, Santarém, Setúbal, Portalegre, Évora, Beja,
para além de existir um efetivo em São Miguel, nos Açores e outro na região de Vila
Nova de Paiva (ACBM,2015a).
2.2.2.1. Intensificação da Produção
Para Vaz et al. (1992), a raça Mertolenga com o seu “pequeno formato e elevada
rusticidade”, apresenta crescimentos moderados e índices de conversão relativamente
elevados em sistemas de produção intensivos, o que é comprovado pelos testes de
performance realizados desde 1978.
Almeida (2008) considera que a intensificação da produção contraria a essência
do sistema que está na base da diferenciação e que constitui a razão da afirmação da
carne proveniente dos bovinos das raças autóctones, enquanto Fraústo da Silva (1996)
e Telo da Gama et al. (2004) afirmam que a intensificação dos sistemas de produção
observada sobretudo a partir da segunda metade do século XX foi certamente o fator
que mais influenciou a regressão dos efetivos de raças autóctones em Portugal.
Com a generalização da utilização dos sistemas intensivos de produção, também
se deve ter em atenção que a eventual necessidade de melhorar em termos produtivos
a raça Mertolenga, levanta algumas questões de conceito e de metodologia, pois a
produtividade entra geralmente em conflito com a adaptabilidade, uma das suas
principais características (Roquete, 1993).
2.2.2.2. Produtos Certificados
O aumento das preocupações com a qualidade, a saúde, a diferenciação e a
certificação, resultado das alterações tecnológicas e dos hábitos de consumo,
20
permitiram ao sector agropecuário a capacidade de obter valores acrescentados
(Banović et al., 2007; Mateus e Russo-Almeida, 2014; Telo da Gama et al., 2004) e
promover produtos de características específicas (Fraústo da Silva, 1996).
Almeida (2008) salienta a impossibilidade da carne proveniente de bovinos
Mertolengos competir a nível comercial com a carne proveniente de animais mais
eficientes em termos produtivos, pelo que acrescenta que o seu sucesso tem de assentar
num elevado padrão de qualidade sensorial, que revele toda a especificidade da sua
origem e que justifique o seu preço mais elevado. Assim, a aprovação e a implementação
de produtos certificados teve um papel muito importante na afirmação comercial das
raças autóctones (Fraústo da Silva, 1996), contribuindo dessa forma para a sua
sustentabilidade (Telo da Gama et al., 2004).
De acordo com Telo da Gama et al. (2004), algumas Associações de Criadores,
para além da implementação do programa de melhoramento da raça, alargaram o seu
âmbito de atuação e realizaram a promoção dos produtos da raça (Figura 2) e também
dinamizaram a constituição de agrupamentos de produtores, com o objetivo de otimizar
a comercialização, através da procura de novos circuitos de forma a obterem mais-
valias. Foi o que sucedeu com a Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos
(ACBM) que primeiramente efetuou a promoção dos produtos da raça através da venda
de carne obtida em sistemas de produção por si controlados. Posteriormente foi
constituída a MERTOCAR - Sociedade de Produtores de Carne de Qualidade, S.A., para a
qual foi transferida a responsabilidade da comercialização da carne dos bovinos da raça
(ACBM, 2015b). Com o objetivo de garantir a origem e a qualidade dos produtos ao
consumidor final, a MERTOCAR solicitou o registo da denominação de origem protegida
para a carne de bovinos da raça, com a designação Carne Mertolenga DOP, o qual foi
aprovado e reconhecido pelo Despacho N.º 7/94 de 26-01-1994 (ACBM, 2015c).
21
A utilização da designação Carne Mertolenga DOP condiciona a sua produção às
regras estipuladas no respetivo Caderno de Especificações, no qual estão detalhadas
condições relativas aos seguintes aspetos: descrição do produto; delimitação e
características da área geográfica; elementos de prova de origem geográfica; descrição
do método de obtenção; relação com o meio; estrutura de controlo; elementos
específicos da rotulagem; outras exigências fixadas por disposições comunitárias ou
nacionais (ACBM, 2014a).
De acordo com Almeida (2008), a designação Carne Mertolenga DOP poderá
mesmo constituir um elemento de referência fundamental para o consumidor, caso este
a relacione com um produto que lhe oferece garantias superiores de segurança e
principalmente de qualidade.
Devido a diversas condicionantes, em 2003, a MERTOCAR entrou em falência
(Pais, 2014), mas após um período de interregno, em 2006 foi efetuado o relançamento
da Carne Mertolenga DOP através da PROMERT - Agrupamento de Produtores de
Bovinos Mertolengos S.A. (ACBM, 2015c).
Atualmente, e de acordo com ACBM (2014a), a Carne Mertolenga DOP, que
engloba várias classes de animais (vitela, vitelão, novilho, vaca e touro), é produzida a
partir de animais da raça que se encontrem na área geográfica delimitada (distritos de
Portalegre, Évora, Beja, Santarém e Setúbal, e concelhos de Vila Franca de Xira,
Azambuja, Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de Santo António), inscritos no Livro de
Nascimentos e filhos de pai e mãe inscritos no Livro Genealógico da raça.
Segundo Potes (2005) citado por Almeida (2008) já em 2005 tinha sido
ponderada a introdução de uma nova classe de animais na Carne Mertolenga DOP
Adaptado de IDHRa (2007b) citado por Banović et al. (2007).
Figura 2. Distribuição da quantidade de carne bovina certificada no ano de 2005
22
designada por Vitelão, correspondendo à tendência observada no mercado pela
preferência por animais mais jovens, normalmente com uma carne de cor mais apelativa
(vermelho vivo), com um menor teor em gordura e expetavelmente mais tenra,
originada por carcaças com um peso médio inferior e consequentemente mais
valorizadas em termos económicos (Almeida, 2008). O Vitelão Mertolengo DOP é um
produto proveniente de animais com mais de 10,0 e menos de 15,0 meses ao abate e
que apresentem um peso de carcaça igual ou superior a 100,0 kg (ACBM, 2014a).
2.2.3. Caracterização da Raça
A raça Mertolenga aglutina três tipos de pelagens - vermelho, rosilho e malhado
(ACBM, 2015d; Ralo, 1990). Pensa-se que a pelagem rosilho surgiu como resultado do
cruzamento entre o bovino Mertolengo de pelagem vermelha, também designado
“Mertolengo original alentejanado” com o bovino Mertolengo malhado, considerado
“importado”, pela sua possível proveniência de Espanha (ACBM, 2015d), o que pode não
ser totalmente verídico, uma vez que Mateus et al. (2012) num estudo com
microssatélites realizado em 58 animais (24 de pelagem vermelha, 22 rosilhos e 12
malhados), concluíram que cada uma das variedades da raça é uma população
completamente distinta e bem diferenciada em termos genéticos.
Atualmente predominam os efetivos de pelagem rosilho (47,0%) principalmente
presentes nas regiões de Portalegre, Évora e Beja, enquanto nas zonas circunscritas
pelas bacias hidrográficas dos rios Tejo e Sado predominam os efetivos com pelagem
vermelha (36,0%), e os efetivos de pelagem malhada (17,0%) encontram-se
principalmente na margem esquerda do rio Guadiana (ACBM, 2015a).
Segundo Roquete (1993), trata-se de uma raça marcadamente maternal, com
uma grande variabilidade em termos produtivos, mas uma constante eficiência
reprodutiva. Vaz et al. (1992) caracterizam-na como uma raça com boas qualidades
maternais, alta fertilidade, facilidade de partos, boa capacidade leiteira e elevada
produtividade de vitelos ao desmame.
Quanto aos parâmetros reprodutivos, Roquete (1993) ao analisar 3260 dados
recolhidos entre 1962 e 1992, determinou para as fêmeas Mertolengas um intervalo
médio entre partos de 409 dias, enquanto Vaz et al. (1992) num ensaio realizado entre
23
1976 e 1986 com 982 vacas Mertolengas determinaram um intervalo médio entre partos
de 399 dias. Os intervalos entre partos representados na Tabela 1 resultam da avaliação
genética realizada anualmente nos bovinos de raça Mertolenga.
Roquete (1993) verificou que a idade à primeira cobrição é em média aos 24,5
meses com um peso médio de 299,5 kg. A longevidade reprodutiva característica das
fêmeas desta raça permite a diluição dos encargos com a improdutividade das novilhas
de substituição (Roquete et al., 2004).
Relativamente aos parâmetros produtivos, Roquete (1993), ao analisar o peso ao
nascimento de 1445 vitelos, obteve um peso médio para os machos de 26,1 kg,
enquanto para as fêmeas obteve 24,3 kg, o que resulta numa média ponderada de 25,2
kg, embora 10,0% dos vitelos tenha um peso inferior a 20,0 kg. Monteiro et al. (1976)
determinaram um peso médio para os vitelos nascidos entre Dezembro e Maio de 25,8
kg para os machos e 23,1 kg para as fêmeas, enquanto para os vitelos nascidos entre
Junho e Novembro obtiveram uma média de 24,7 kg para os machos e 24,1 kg para as
fêmeas, mas sem referirem o número de dados.
De acordo com ACBM (2015f) e Roquete (1993) os vitelos são geralmente
desmamados entre os 6,0 e os 8,0 meses. Roquete (1993) ao analisar o peso de 1236
animais determinou um valor médio para o peso ao desmame corrigido para os 205 dias
de idade de 153,0 kg, com 161,0 kg para os machos e de 144,0 kg para as fêmeas, em
que 5,0% dos vitelos apresentaram um peso ajustado superior a 200,0 kg e
aproximadamente 5,0% um valor inferior a 100,0 kg. O mesmo autor ao considerar 375,0
kg de peso vivo médio, como representativo de uma vaca adulta, o que está de acordo
com Bettencourt e Vaz (1987) citados por ACBM (2015g) que obtiveram 380,0 kg de peso
vivo como o peso médio ao longo de todo o ano, concluiu que o peso desmamado por
vaca foi de 40,8%, o que é bem representativo da sua eficiência ao desmame. Na Tabela
Média ± desvio-padrão. Adaptado de ACBM (2011), ACBM (2012), ACBM (2013), ACBM (2014b), ACBM (2015e).
2010 2011 2012 2013 2014
449 ± 140 dias 457 ± 148 dias 460 ± 150 dias 463 ± 153 dias 467 ± 156 diasn= 124246 n= 141275 n= 160510 n= 186995
Tabela 1. Intervalo entre partos
24
2 demonstram-se os pesos ao desmame corrigidos para os 210 dias de idade, também
obtidos a partir da avaliação genética realizada anualmente pela ACBM.
2.2.3.1. Parâmetros Produtivos
Geralmente as raças autóctones apresentam níveis produtivos mais reduzidos
que algumas raças exóticas ou os seus cruzamentos, mas têm a capacidade de suportar
condições ambientais muito adversas, em que as raças exóticas não conseguiriam
produzir ou mesmo sobreviver (Ralo, 1990; Telo da Gama et al., 2004). O mesmo refere
Roquete (1993) que considera que as raças autóctones e nomeadamente a Mertolenga
não estão geneticamente potencializadas para elevadas taxas de crescimento, mas
noutra perspetiva, e apesar das carcaças não serem muito bem conformadas,
apresentam um excelente rendimento cárnico e uma qualidade de carne superior
(Roquete et al., 2004).
Neste tópico são referidos unicamente para machos inteiros de raça Mertolenga,
aqueles que podem ser considerados os principais parâmetros de avaliação da sua
produtividade (diretos e indiretos) ou seja, o ganho médio diário, a ingestão de
alimentos e o índice de conversão, obtidos em diversos ensaios experimentais realizados
por diferentes autores
2.2.3.1.1. Ganho Médio Diário
O crescimento dos vitelos até aos 90 dias é uma das formas de demonstrar a
capacidade maternal da progenitora. Roquete (1993) obteve em 1028 vitelos (único caso
que também envolve fêmeas) um crescimento médio de 0,574 kg/dia, com 7,5% dos
Média ± desvio-padrão. Adaptado de ACBM (2011), ACBM (2012), ACBM (2013), ACBM (2014b), ACBM (2015e).
Machos Fêmeas
173,1 ± 39,7 kg 152,3 ± 31,1 kgn= 11808 n= 11018
172,7 ± 39,0 kg 152,3 ± 31,7 kg
n= 13671 n= 12532
174,2 ± 41,7 kg 152,6 ± 32,5 kgn= 15280 n= 13553
175,4 ± 42,7 kg 153,7 ± 33,2 kg
n= 17325 n= 15000
2013
2014
163,2 ± 37,1 kg
n= 213282010
2011
2012
Tabela 2. Peso ao desmame (210 dias)
25
vitelos a apresentarem um crescimento superior a 0,800 kg/dia. Para o crescimento dos
vitelos dos 90 até aos 205 dias de idade, obteve uma média de 0,669 kg, com apenas
3,0% dos 854 vitelos a conseguirem velocidades de crescimento superiores a 1,000
kg/dia. Este autor também determinou para 924 vitelos um GMD desde o nascimento
até ao seu desmame de 0,602 kg/dia.
Na Tabela 3 apresentam-se os valores de GMD obtidos nas diferentes fases que
constituem os sistemas de produção semi-intensivos. Enquanto os ensaios de Cláudio et
al. (1988), Cláudio et al. (1991) e Cláudio et al. (1992) tiveram a duração de 18 meses,
os trabalhos de Bettencourt et al. (1983) desenvolveram-se durante 24 meses, pelo que
incluíram duas fases de pastoreio.
Após a exposição dos resultados em sistemas semi-intensivos, apresentam-se os
resultados obtidos por diversos autores para a velocidade de crescimento absoluta de
bovinos Mertolengos em sistema intensivo (Tabela 4).
0,051 0,949 170-350 suplementação reduzida Cláudio et al . (1991) citados por Fraústo da Silva (1996)
0,329 0,780 170-350 suplementação média Cláudio et al . (1991) citados por Fraústo da Silva (1996)
0,345 0,642 0,893 162-428 acabamento com 30,0 kg SE e 3,5 kg MM Cláudio et al . (1992)
0,346 0,642 0,893 Cláudio et al . (1988) citados por Fraústo da Silva (1996)
0,372 0,746 170-350 suplementação elevada Cláudio et al . (1991) citados por Fraústo da Silva (1996)
0,520 0,668 213- supl. com luzerna desidratada Vacas (2001)
0,638 concentrado (2,5% PV) Côrte-Real (2003)
0,750 1,130 236-425 acabamento com C (16,0% PB e 0,7 UFV) Marçal (1997)
0,376 0,021 0,429 0,975 acabamento com SM e C Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)
0,376 0,021 0,429 1,249 acabamento com milho e ureia Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)
0,545 0,352 0,648 0,826 acabamento com SM e C Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)
0,545 0,352 0,648 1,322 acabamento com milho e ureia Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)
0,917 acabamento com silagem de milho Vaz et al . (1992)
1,209 acabamento com milho Vaz et al . (1992)
AutorPastoreio
(kg/dia)
Pastoreio +
Supl. (kg/dia)
Pastoreio
(kg/dia)
Acabamento
(kg/dia)
Int. Peso
Vivo (kg)Regime Alimentar
Legenda: C- concentrado; MM- milho moído; SE- silagem de erva; SM- silagem de milho.
Tabela 3. Ganho médio diário em sistemas de produção semi-intensivos
26
Na avaliação genética da raça que é realizada anualmente, também se determina
a velocidade média de crescimento diária (Tabela 5), com a inclusão de dados desde o
teste de performance de 1978 até ao teste de performance que ocorre antes da
publicação da avaliação genética, pelo que engloba testes de performance realizados
em sistema semi-intensivo e em sistema intensivo.
2.2.3.1.2. Ingestão de Alimento
Para este parâmetro não se encontram muitos dados disponíveis, como se
constata na Tabela 6. Enquanto os dados de Cabral (2005) são referentes a sistemas de
produção semi-intensivos, os restantes resultados foram obtidos em sistema intensivo.
Outra diferença reside no modo de determinação da ingestão de alimento, já que nos
ensaios de Fraústo da Silva (1988, 1996) os resultados foram determinados para dietas
completas em termos de ingestão total da matéria seca (MS), enquanto os restantes se
Média ± desvio-padrão. Adaptado de ACBM (2011), ACBM (2012), ACBM (2013), ACBM (2014b), ACBM (2015e).
2010 2011 2012 2013 2014
0,935 ± 0,188 0,937 ± 0,186 0,937 ± 0,186 0,939 ± 0,182 0,939 ± 0,182
n= 1037 n= 1037 n= 1135 n= 1185
Tabela 5. Ganho médio diário
Legenda: BG- bagaço de girassol; SM- silagem de milho; T- triticale.
Tabela 4. Ganho médio diário em sistemas de produção intensivos
0,646 217-314 concentrado 13,5% PB (2,0% PV) e palha Veríssimo (2001)
0,712 216-342 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
0,714 211-340 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
0,758 165-329 70% MS de SM, 17% MS de T e 13% MS de BG Fraústo da Silva (1996)
0,781 252-393 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
0,812 218-364 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
0,817 329-550 70% MS de SM, 17% MS de T e 13% MS de BG Fraústo da Silva (1996)
0,838 194- luzerna desidratada, concentrado e palha Vacas (2001)
0,842 231-420 concentrado (18,4% PB e 0,8 UFV) e palha Mendes (2004)
0,843 268-421 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
0,881 229-387 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
0,884 233- concentrado e palha Roquete (1993)
0,923 240-406 concentrado (2,0% PV) e palha Rodrigues de Carvalho (2000)
0,936 209-378 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
0,945 165-329 30% MS de SM, 62% MS de T e 8% MS de BG Fraústo da Silva (1996)
0,968 329-550 30% MS de SM, 62% MS de T e 8% MS de BG Fraústo da Silva (1996)
1,088 271-509 silagem de milho, bagaço de girassol e aveia Fraústo da Silva (1988) citada por Fraústo da Silva (1996)
1,140 158-362 concentrado ad libitum e palha Pais et al. (2013)
1,321 252- concentrado ad libitum (15,0% PB) Castelo (2014)
1,345 223- concentrado ad libitum (16,0% PB) Castelo (2014)
GMD
(Kg/dia)
Int. Peso
Vivo (kg)Regime Alimentar Autor
27
referem apenas à ingestão de alimento concentrado (Conc.) e não têm em conta o
consumo de alimento grosseiro.
2.2.3.1.3. Índice de Conversão
Os resultados do índice de conversão determinados em ensaios experimentais
com bovinos Mertolengos apresentam-se na Tabela 7. Todos estes resultados foram
obtidos em sistemas intensivos, exceto o de Côrte-Real (2003) que resulta de animais
em sistema de produção semi-intensivo. Tal como na ingestão de alimento, os diversos
autores também determinaram o índice de conversão para a ingestão de concentrado,
para o consumo da matéria bruta (MB) (alimento concentrado mais o alimento
grosseiro), mas também para as dietas completas em termos de ingestão de matéria
seca.
Tabela 6. Ingestão de alimento em sistemas de produção semi-intensivos e intensivos
2,640 Conc. concentrado (2,0% PV), past. nat. e palha Cabral (2005)
4,570 Conc. concentrado (2,0% PV), past. nat. e palha Cabral (2005)
4,340 Conc. 217-314 concentrado 13,5% PB (2,0% PV) e palha Veríssimo (2001)
5,750 Conc. 240-406 concentrado (2,0% PV) e palha Rodrigues de Carvalho (2000)
7,738 Conc. 223- concentrado ad libitum (16,0% PB) Castelo (2014)
7,938 Conc. 252- concentrado ad libitum (15,0% PB) Castelo (2014)
7,006 MS 271-509 silagem de milho, bagaço de girassol e aveia Fraústo da Silva (1988) citada por Fraústo da Silva (1996)
7,102 MS 329-550 silagem de milho, triticale e bagaço de girassol Fraústo da Silva (1996)
ING
(Kg/dia)
Int. Peso
Vivo (kg)Regime Alimentar Autor
Tabela 7. Índice de conversão em sistemas de produção semi-intensivos e intensivos
5,440 Conc. concentrado (2,5% PV) Côrte-Real (2003)
7,513 Conc. 231-420 concentrado (18,4% PB e 0,8 UFV) e palha Mendes (2004)
6,660 Conc. 217-314 concentrado 13,5% PB (2,0% PV) e palha Veríssimo (2001)
6,510 Conc. 240-406 concentrado (2,0% PV) e palha Rodrigues de Carvalho (2000)
6,482 Conc. 233- concentrado e palha Roquete (1993)
6,010 Conc. 252- concentrado ad libitum (15,0% PB) Castelo (2014)
5,750 Conc. 223- concentrado ad libitum (16,0% PB) Castelo (2014)
10,030 MB 217-314 concentrado 13,5% PB (2,0% PV) e palha Veríssimo (2001)
8,824 MB 233- concentrado e palha Roquete (1993)
9,891 MS 194- luzerna desidratada, concentrado e palha Vacas (2001)
8,024 MS 329-550 silagem de milho, triticale e bagaço de girassol Fraústo da Silva (1996)
7,687 MS 268-421 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
7,647 MS 252-393 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
7,248 MS 211-340 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
6,996 MS 218-364 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
6,310 MS 158-362 concentrado ad libitum e palha Pais et al. (2013)
6,197 MS 229-387 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
6,031 MS 271-509 silagem de milho, bagaço de girassol e aveia Fraústo da Silva (1988) citada por Fraústo da Silva (1996)
5,803 MS 209-378 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
5,049 MS 216-342 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)
Regime AlimentarICInt. Peso
Vivo (kg)Autor
28
Na avaliação genética realizada anualmente aos bovinos de raça Mertolenga,
também se determina o índice de conversão do alimento concentrado nos testes de
performance (Tabela 8), com a inclusão de dados desde o teste de performance de 1978
até ao teste de performance que ocorre antes da publicação da avaliação genética.
2.2.3.2. Caracterização da Carcaça e Qualidade da Carne
Depois de descritos diversos resultados dos parâmetros produtivos, pretende-se
abordar as principais características da carcaça dos bovinos Mertolengos, bem como a
qualidade da carne. Antes de iniciar este tópico, importa definir que carcaça é o corpo
inteiro de um animal, depois da sangria, da evisceração, da ablação das extremidades
dos membros ao nível do carpo e do tarso, da cabeça, da cauda e das glândulas mamárias
e órgãos genitais, e ainda no caso dos bovinos depois da esfola (CEE, 1981a; MASCTARN,
1994).
2.2.3.2.1. Peso e Rendimento de Carcaça
Embora estes dois fatores estejam relacionados (Fraústo da Silva, 1996), como
alguns autores determinaram apenas o peso da carcaça e não se referiram ao
rendimento obtido, primeiramente são expostos os pesos de carcaça e em seguida
descrevem-se valores referentes ao rendimento obtidos por outros autores.
Num estudo realizado por Simões e Mira (2002) com novilhos de raças
autóctones, encontravam-se 22 Mertolengos que foram abatidos a três pesos fixos. Os
bovinos abatidos com um peso próximo dos 300,0 kg originaram carcaças com um peso
médio de 126,0 kg, enquanto para os animais abatidos com 425,0 e 550,0 kg, se obteve
um peso médio de carcaça de 207,0 e 324,0 kg, respetivamente.
Almeida (2008) efetuou um estudo com 770 bovinos Mertolengos provenientes
de 55 explorações, que foram abatidos ao longo de 43 semanas. A dispersão de idades
ao abate situou-se entre os 12,0 e os 36,0 meses, o que resultou numa amplitude do
Média ± desvio-padrão. Adaptado de ACBM (2011), ACBM (2012), ACBM (2013), ACBM (2014b), ACBM (2015e).
2010 2011 2012 2013 2014
6,210 ± 1,510 6,230 ± 1,490 6,230 ± 1,490 6,240 ± 1,490 6,230 ± 1,480
n= 1026 n= 1026 n= 1124 n= 1174
Tabela 8. Índice de conversão
29
peso da carcaça entre 128,0 e 373,0 kg (média de 244,7 kg). Os casos extremos de peso
da carcaça ocorreram com menos frequência para as carcaças leves, com apenas 3,0%
das carcaças a apresentarem um peso inferior a 180,0 kg, comparativamente às carcaças
mais pesadas, em que 8,0% apresentaram um peso superior a 300,0 kg, o que revela
uma certa tendência dos criadores em levarem os novilhos a atingirem maiores pesos
de carcaça.
O valor considerado para o peso vivo ao abate, muito relacionado com o grau de
repleção dos estômagos e intestinos (Owens et al., 1993) constitui a principal fonte de
variação do rendimento de carcaça, que se denomina assim verdadeiro, corrigido ou
comercial, conforme se descontem no peso vivo ao abate os conteúdos dos estômagos
e intestinos, o conteúdo dos estômagos, ou nenhum destes, respetivamente (Fraústo da
Silva, 1996). O valor do rendimento de carcaça também varia com a utilização no seu
cálculo do peso da carcaça quente ou fria, inferior neste caso em cerca de 2,0% (Allen,
1990 citado por Fraústo da Silva, 1996).
Os rendimentos de carcaça calculados para bovinos Mertolengos apresentam-se
na Tabela 9, consoante o seu tipo.
2.2.3.2.2. Classificação de Carcaças
Antes de se referirem os resultados para a classificação de carcaças em bovinos
de raça Mertolenga, efetua-se a descrição das classes de conformação e gordura.
O Regulamento CEE (1981a) estabelece a grelha comunitária de classificação da
carcaça de bovinos, com a intenção de estabelecer preços de orientação da carne desta
51,8 187,8 Pais et al. (2013)
57,4 295,0 Neto (2003)
52,6 486,0 ACBM (2006) citado por Almeida (2008)
62,1 208,9 Portugal et al . (1973) citados por Rodrigues (1998)
56,8 227,2 ACBM (1997) citado por Roquete et al . (2004)
61,8 239,0 Fraústo da Silva (1988) citada por Fraústo da Silva (1996)
62,5 249,6 Fraústo da Silva (1996)
62,0 297,0 Fraústo da Silva (1988) citada por Fraústo da Silva (1996)
65,2 Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)
65,5 Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)
66,1 Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)
66,9 Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)
Comercial
(%)
Corrigido
(%)
Verdadeiro
(%)
Peso Carcaça
(kg)Autor
Tabela 9. Rendimentos de carcaça - comercial, corrigido e verdadeiro
30
espécie pecuária na Comunidade Económica Europeia. Esta classificação das carcaças ou
das meias-carcaças deve ser efetuada no mais curto espaço de tempo possível após o
abate e deve ser realizada no próprio matadouro.
É uma classificação efetuada com base na conformação, ou seja de acordo com
o desenvolvimento dos perfis da carcaça, e também com base no estado de gordura da
carcaça, que está relacionada com a quantidade de tecido adiposo no exterior da carcaça
e na face interna da caixa torácica (CEE, 1981a). Em função do progresso genético
resultante do processo de seleção, ocorreu uma adaptação da grelha de classificação da
conformação (Tabela 10), com a introdução (facultativa) de uma classe superior às já
existentes, tendo em conta a existência de animais com grande desenvolvimento das
massas musculares posteriores (CEE, 1991a).
Apesar desta alteração nas classes de conformação, a classificação do estado de
gordura não sofreu qualquer alteração (Tabela 11).
Para assegurar que a classificação de carcaças fosse o mais uniforme possível,
surgiu o Regulamento CEE (1981b) e posteriormente o Regulamento CEE (1991b) para
Adaptado de CEE (1991a).
Classe de Conformação Descrição
S Todos os perfis extremamente convexos
superior Desenvolvimento muscular excepcional com duplos músculos
E Todos os perfis convexos a superconvexos
excelente Desenvolvimento muscular excepcional
U Perfis em geral convexos
muito boa Forte desenvolvimento muscular
R Perfis em geral rectilíneos
boa Bom desenvolvimento muscular
O Perfis rectilíneos a côncavos
razoável Desenvolvimento muscular médio
P Todos os perfis côncavos a muito côncavos
medíocre Reduzido desenvolvimento muscular
Tabela 10. Classes de conformação
Adaptado de CEE (1981a), CEE (1981b).
Classe de Estado de Gordura Descrição
1 Gordura de cobertura inexistente a muito fraca
muito fraca Ausência de gordura no interior da caixa torácica
2 Leve cobertura de gordura, com músculos quase sempre aparentes
fraca No interior da caixa torácica, os músculos entre as costelas são claramente visíveis
3 Músculos quase sempre cobertos de gordura, com excepção dos das coxas e das espáduas
média No interior da caixa torácica, os músculos entre as costelas ainda são visíveis
4 Músculos cobertos de gordura, mas ainda parcialmente visíveis ao nivel da coxa e espádua
forte Alguns depósitos pronunciados de gordura no interior da cavidade torácica
5 Toda a carcaça coberta de gordura
muito forte Depósitos substanciais de gordura no interior da cavidade torácica
Tabela 11. Classes do estado de gordura
31
precisarem com uma maior clareza a definição principalmente das classes de
conformação, uma vez que é descrito como deve ser o desenvolvimento das partes
essenciais da carcaça (coxa, dorso e pá) para cada uma das classes (Tabela 12).
Hortêncio (2006) analisou os dados de 756 novilhos provenientes de 66
explorações que foram abatidos durante o ano de 2004 no Matadouro Regional do Alto
Alentejo (Sousel). Verificou uma grande amplitude nas idades dos animais ao abate,
desde os 11,0 aos 30,0 meses, mas a grande maioria dos animais (mais de 65,0%) e
independentemente da pelagem que apresentavam, foram classificados para a
conformação da carcaça com “R”. Nenhuma carcaça foi classificada com “S”, “E” e “P” e
houve poucas classificadas com “U”. Para a classe de gordura torna-se evidente que a
carcaça típica de um bovino Mertolengo é uma carcaça magra, com mais de 80,0% dos
animais de cada um dos fenótipos a obterem uma carcaça classificada com 2. Resultados
muito idênticos também foram obtidos por Neto (2003) em 114 animais com a mesma
dispersão de idades ao abate (11,0 aos 30,0 meses).
2.2.3.2.3. Incidência da Condição Dark Firm and Dry
As alterações pós-morte que ocorrem durante a conversão do músculo em carne,
a sua velocidade e a sua extensão têm consequências nas propriedades físicas e químicas
da carne e contribuem para a qualidade sensorial e para a aceitabilidade deste produto
como alimento (Marsh, 1981).
Adaptado de CEE (1991b).
Classe de Conformação Disposições Complementares
Coxa: muito fortemente arredondada, dupla musculatura
Dorso: muito largo e muito espesso até à altura da pá
superior Pá: muito fortemente arredondada
Coxa: muito arredondada
Dorso: largo e muito espesso, até à altura da pá
excelente Pá: muito arredondada
Coxa: arredondada
Dorso: largo e espesso até à altura da pá
muito boa Pá: arredondada
Coxa: bem desenvolvida
Dorso: ainda espesso, mas menos largo à altura da pá
boa Pá: razoavelmente arredondada
Coxa: medianamente desenvolvida
Dorso: de espessura média
razoável Pá: entre medianamente desenvolvida e quase chata
Coxa: pouco desenvolvida
Dorso: pouco espesso, com ossos aparentes
mediocre Pá: chata, com ossos aparentes
O
P
S
E
U
R
Tabela 12. Descrição complementar para as classes de conformação
32
Depois da morte fisiológica, com a cessação da circulação sanguínea, os músculos
não têm possibilidade de manter os níveis de adenosina trifosfato (ATP) através de
fosforilação oxidativa. Inicialmente, o nível de ATP ainda se mantém, por conversão da
adenosina difosfato (ADP) à custa da creatina-fosfato, no entanto quando esta se esgota,
a concentração de ATP diminui (Pearson, 1994). A diminuição da concentração de ATP
desencadeia a conversão anaeróbia do glicogénio muscular em ácido láctico, que se
acumula no músculo devido à impossibilidade da sua remoção (Marsh, 1981), e que
provoca uma diminuição do pH, mas também leva à formação de ATP, embora com um
baixo rendimento (Pearson, 1994).
Por vezes pode ocorrer uma evolução pós-morte denominada “dark cutting
beef” ou como é mais conhecida, DFD de “dark, firm and dry”, em que a carne apresenta
uma cor vermelha escura a castanho-escuro e um reduzido volume de exsudação (Miller,
2007). Esta condição caracteriza-se por apresentar um valor de pH medido 12 a 48 horas
pós-morte (Adzitey e Nurul, 2011), também designado pHfinal, elevado, resultado de uma
reduzida acidificação muscular (Wulf et al., 2002). Enquanto numa carne designada
normal ocorre um declínio no pH do músculo de aproximadamente 7,00 imediatamente
após o abate (Miller, 2007; Wulf et al., 2002) para 5,40 ou 5,50 como valor final do pH
(Guàrdia et al., 2005; Marsh, 1981; O’Neill et al., 2003; Warriss, 2000 citado por Adzitey
e Nurul, 2011; Wulf et al., 2002), numa carne DFD, o pHfinal é igual ou superior a 6,00
(Adzitey e Nurul, 2011; Almeida, 2008; Bartos et al., 1993 citados por Adzitey e Nurul,
2011; Kreikemeier et al., 1998; Miller, 2007; Mounier et al., 2006; Wulf et al., 2002). A
reduzida descida do pH é consequência de baixas reservas de glicogénio nos músculos
no momento de abate, o que provoca uma redução na produção de ácido láctico e assim
um valor de pHfinal mais elevado do que o normal (Adzitey e Nurul, 2011; Miller, 2007;
Wulf et al., 2002).
Entre os diversos fatores que contribuem para a reduzida quantidade de
glicogénio nos músculos no momento de abate, causadores de stress crónico nos
animais, destacam-se o seu transporte durante longas distâncias, a interdição de
consumo de alimento por muitas horas, a grande concentração de animais na abegoaria
durante um longo período de tempo e o agrupamento de distintos grupos sociais
(Adzitey e Nurul, 2011; Miller, 2007). A evolução do pH também depende das
características intrínsecas musculares, como a proporção dos vários tipos de fibras
33
constituintes de cada músculo, assim como das características das operações de
estimulação elétrica e de arrefecimento da carcaça (Hollung et al., 2007).
Na carne com um pHfinal normal, a proximidade com o ponto isoelétrico das
principais proteínas miofibrilhares, especialmente da miosina (pI=5,40), origina uma
reduzida capacidade de retenção da água pelas fibras musculares e assim aumenta o
espaçamento entre as miofibrilhas (Huff-Lonergan e Lonergan, 2005; Lindahl, 2005),
pelo que há grande reflexão da luz incidente e a carne apresenta uma maior
luminosidade (Lindahl, 2005). No caso de incidência da condição DFD, permanece uma
maior quantidade de água retida entre os filamentos das miofibrilhas e
consequentemente não se verifica o aumento da fase aquosa nos espaços inter-
miofibrilhares (Huff-Lonergan e Lonergan, 2005; Lindahl, 2005; Miller, 2007). O músculo
apresenta assim uma estrutura mais compacta e de cor escura, em virtude da reduzida
capacidade de reflexão da luz (Adzitey e Nurul, 2011).
Para além da cor escura que reduz a aceitabilidade da carne por parte do
consumidor, o “tempo de prateleira” (vida útil) é inferior, uma vez que é uma carne que
se deteriora mais facilmente (Adzitey e Nurul, 2011; Miller, 2007). Para além de ocorrer
também uma substancial redução da palatabilidade da carne e uma maior variação na
tenrura da carne, com diversos estudos a apontarem para uma menor tenrura (Wulf et
al., 2002), Miller (2007) considera que o consumo de carne DFD é tão seguro e nutritivo
como o de carne normal.
No que diz respeito à incidência da condição DFD na carne de bovinos
Mertolengos, não há muitos estudos realizados, embora o Caderno de Especificações da
Carne Mertolenga DOP refira que o pH da carne deve ser inferior a 6,00 (ACBM, 2014a).
Na Tabela 13 é possível observar os valores de pHfinal determinados pelos
diferentes autores.
5,75 Long. dorsi Neto (2003)
5,66 Long. dorsi Neto (2003)
5,79 Long. dorsi e Semimembranosus Fraústo da Silva (1996)
6,20 Long. dorsi Almeida (2008)
5,70 Psoas major Almeida (2008)
5,42 Fraústo da Silva e Lemos (2006) citados por Carolino (2007)
5,88 Fraústo da Silva e Lemos (2006) citados por Carolino (2007)
6,00 Rodrigues (2007) citado por Carolino (2007)
pH Músculo Autor
Tabela 13. pHfinal da carne
34
3. Materiais e Métodos
35
O ensaio experimental realizado com bovinos de raça Mertolenga iniciou-se a 13
de Novembro de 2014 e prolongou-se até 31 de Março de 2015 (duração de 138 dias).
Durante esse período de tempo recolheram-se dados de avaliação do processo de
crescimento dos bovinos, quer diretos (peso dos animais), quer indiretos (consumo de
alimentos). Posteriormente, também se recolheram os dados do peso da carcaça, da sua
classificação (conformação e estado de gordura), bem como da medição do pH da carne.
3.1. Animais
Os quarenta e dois novilhos inteiros presentes no ensaio encontravam-se
registados no Livro de Nascimentos da Raça Mertolenga e tinham origem em diferentes
produtores da raça. De entre os 131 bovinos que a ACBM disponibilizou para realizar o
ensaio, selecionaram-se aqueles que apresentavam idades e peso vivo mais
semelhantes, dentro dos intervalos definidos de 5,5 a 10,5 meses e 150,0 a 205,0 kg,
respetivamente.
Depois de selecionados os quarenta e dois novilhos, efetuou-se a sua distribuição
de forma aleatória por três grupos (designados A, B e C) de catorze animais cada. Estes
grupos foram formados com o objetivo de serem o mais homogéneos possível, não só
em termos de idade e peso vivo, mas também tendo em conta os fatores de variação
considerados - a pelagem (PEL), a época de nascimento (NASC), a idade da progenitora
no parto (IVP), a geração do progenitor (GER), a exploração de origem (EXP), o acesso
ao creep feeding (CF), a idade de entrada no Centro de Testagem e Recria (IENT), o
período de adaptação desde a entrada no Centro de Testagem e Recria até ao inicio do
ensaio (ADAPT), e os seus respetivos níveis (Tabela 14).
36
Depois de listar os animais por ordem crescente do seu peso, realizou-se a sua
distribuição pelos três grupos, em função dos fatores e níveis já referidos, como se pode
observar na Tabela 15, em que está representado o número de animais presentes (por
grupo e no geral) em cada tratamento.
Em virtude de uma lesão muscular, um animal do grupo C foi para abate após a
terceira pesagem, pelo que após essa pesagem esse grupo ficou apenas constituído por
treze animais (n= 13).
Fator Nível A B C Geral
1 7 6 6 19
2 5 5 5 15
3 2 3 3 8
1 8 7 8 23
2 4 5 4 13
3 2 2 2 6
1 3 5 4 12
2 4 6 7 17
3 7 3 3 13
1 7 7 7 21
2 7 7 7 21
1 4 4 3 11
2 2 2 1 5
3 4 4 6 14
4 4 4 4 12
1 8 8 7 23
2 6 6 7 19
1 5 5 6 16
2 3 5 6 14
3 6 4 2 12
1 5 6 9 20
2 9 8 5 22ADAPT
CF
PEL
NASC
IVP
GER
EXP
IENT
Tabela 15. Número de animais presentes por tratamento
Tabela 14. Níveis dos fatores de variação
Fator Nível Descrição
1 bovino com pelagem vermelha
2 bovino com pelagem rosilho
3 bovino com pelagem malhada
1 bovino nasceu antes de 15-03-2014
2 bovino nasceu entre 15-03-2014 e 15-04-2014
3 bovino nasceu depois de 15-04-2014
1 progenitora com idade inferior a 5 anos
2 progenitora com idade entre os 5 e os 9 anos
3 progenitora com idade superior a 9 anos
1 progenitor nasceu antes de 2007
2 progenitor nasceu depois de 2007
1 bovino proveniente de diversas explorações (19, 79, 316, 372 e 448)
2 bovino proveniente da exploração 140
3 bovino proveniente das explorações 232 e 233
4 bovino proveniente da exploração 299
1 bovino sem acesso ao creep feeding
2 bovino com acesso ao creep feeding
1 bovino com idade de entrada inferior a 6,0 meses
2 bovino com idade de entrada entre os 6,0 e os 7,0 meses
3 bovino com idade de entrada superior a 7,0 meses
1 bovino com período de adaptação superior a 35 dias
2 bovino com período de adaptação inferior a 35 diasADAPT
IENT
CF
PEL
NASC
IVP
GER
EXP
37
3.2. Alimentação
Cada um dos três grupos constituídos por catorze animais foi sujeito a um regime
alimentar distinto (designados 1, 2 e 3), embora todos fossem constituídos por alimento
concentrado em forma de granulado e palha, ambos fornecidos ad libitum.
A principal diferença entre os regimes alimentares residia no alimento
concentrado que era distribuído a cada grupo de bovinos (Tabelas 16 e 17). A formulação
dos concentrados foi realizada com base nos teores de proteína bruta e de energia
(UFV), procurando-se assim, além de obter dietas qualitativamente equilibradas,
maximizar num caso a incorporação de alimentos proteicos (concentrado de
crescimento) e no outro, a incorporação de alimentos energéticos (concentrado de
acabamento).
O concentrado de crescimento, assim designado para facilitar a compreensão,
apresentava um teor de PB superior (16,00%), mas em termos energéticos a sua
concentração era inferior (1,00 UFV), pelo que favorecia o crescimento dos animais
(desenvolvimento muscular). Já o concentrado de acabamento era constituído por um
teor inferior de PB (14,00%), mas apresentava uma maior concentração energética (1,02
UFV), para garantir uma adequada deposição de gordura (Tabelas 18 e 19).
Tabela 16. Concentrado de Crescimento
Ingrediente Incorporação (%)
Milho 38,00
Cevada 15,00
Trigo 7,70
Gordura saponificada by-pass 1,60
Melaço 1,50
Bagaço de colza 10,30
Bagaço de soja 44% PB 8,50
Palha tratada com amoníaco 6,60
Radiculas de malte 6,30
Ureia 0,50
Carbonato de cálcio 1,00
Premix 3,00
Ingrediente Incorporação (%)
Milho 38,90
Corn gluten feed 15,85
Trigo 7,00
Cevada 6,00
Polpa de citrinos 3,00
Gordura saponificada by-pass 2,00
Melaço 1,00
Bagaço de soja 44% PB 7,00
Radiculas de malte 4,10
Bagaço de girassol 4,00
Ureia 0,30
Palha granulada 6,90
Carbonato de cálcio 0,95
Premix 3,00
Tabela 17. Concentrado de Acabamento
38
O alimento grosseiro distribuído a todos os grupos de animais apresentava as
mesmas características nutricionais (Tabela 20), pelo que não constituía uma fonte de
variação nos regimes alimentares implementados.
O grupo A foi submetido ao regime alimentar 1 e assim durante todo o período
experimental consumiu apenas o concentrado de crescimento, o que é a prática comum
efetuada pela ACBM, tanto na recria como no acabamento dos bovinos, pelo que
constituía o “grupo testemunha”.
Nos outros dois grupos (B e C), efetuou-se uma diferenciação entre a fase de
recria e a fase de acabamento, com o consumo do alimento concentrado de acabamento
nessa última fase. No grupo B, sujeito ao regime alimentar 2, após se efetuar uma fase
Tabela 19. Concentrado de Acabamento
Parâmetro Valor Unidade
Matéria Seca 88,05 %
UFV 1,02 UFV
Amido 35,10 %
Proteína Bruta 14,00 %
PDIN 103,22 g
PDIE 108,55 g
PDIA 53,32 g
Fibra Bruta 7,10 %
NDF 19,13 %
Gordura Bruta 5,09 %
Cinza Bruta 4,26 %
Ca 8,00 g
P 4,00 g
Mg 2,04 g
S 1,93 g
Mn 66,78 mg
Zn 110,10 mg
Cu 20,40 mg
Se 0,15 mg
Fe 149,50 mg
I 1,00 mg
Co 0,50 mg
Vitamina A (E672) 9,99 1000 UI
Vitamina D3 (E671) 1,50 1000 UI
Vitamina E 39,96 mg
Vitamina B1 7,99 mg
Tabela 20. Palha
Parâmetro Valor Unidade
Matéria Seca 93,00 %
UFV 0,31 UFV
PDIN 22,00 g MS
PDIE 44,00 g MS
PDIA 11,00 g MS
P 1,02 g MS
Ca 5,45 g MS
Tabela 18. Concentrado de Crescimento
Parâmetro Valor Unidade
Matéria Seca 87,82 %
UFV 1,00 UFV
Amido 34,00 %
Proteína Bruta 16,00 %
PDIN 115,89 g
PDIE 112,16 g
PDIA 56,00 g
Fibra Bruta 6,60 %
NDF 17,08 %
Gordura Bruta 4,47 %
Cinza Bruta 4,26 %
Ca 8,50 g
P 3,96 g
Mg 1,86 g
S 2,46 g
Mn 71,32 mg
Zn 105,49 mg
Cu 19,44 mg
Se 0,17 mg
Fe 116,75 mg
Vitamina A (E672) 9,99 1000 UI
Vitamina D3 (E671) 1,50 1000 UI
Vitamina E 36,96 mg
Vitamina B1 7,99 mg
39
de transição (T) de 28 dias, na qual se aumentou de forma gradual a proporção de
concentrado de acabamento e diminuiu a de concentrado de crescimento, os bovinos
permaneceram a fase de acabamento (duração de 56 dias) a consumir o concentrado de
acabamento. Já o grupo C que foi submetido ao regime alimentar 3, na fase de transição
também com 28 dias de duração, efetuou a mudança entre os concentrados de forma
gradual mas num período de 6 dias, pelo que consumiu o concentrado de acabamento
durante 78 dias (22 dias na fase de transição, mais 56 dias na fase de acabamento).
Embora no regime alimentar 1, não tenha ocorrido a alteração do alimento concentrado
fornecido aos animais, também se considerou a existência de uma fase de transição de
28 dias, para posterior análise dos dados.
Quanto à distribuição dos alimentos, o alimento concentrado era fornecido
numa única distribuição diária (sacas de 30 kg), ao contrário dos fardos de palha que
apenas se colocavam à disposição dos animais quando o anterior estava prestes a
terminar, mas garantindo sempre que em nenhum momento faltasse quer o alimento
concentrado, quer a palha e também a água aos animais.
Ao longo de todo o período de ensaio foram contabilizados o alimento
concentrado e o grosseiro consumidos por cada um dos três grupos, mas enquanto foi
possível determinar o consumo de alimento concentrado entre cada pesagem dos
animais, o consumo de palha refere-se a todo o período do ensaio experimental.
Em virtude da sua diferente composição nutricional, o alimento concentrado de
crescimento apresentava um custo de 0,288 €/kg, enquanto o concentrado de
acabamento custava 0,283 €/kg, pelo que numa tonelada de alimento concentrado, o
de crescimento era mais dispendioso 5,000 € que o de acabamento. Tal como aconteceu
nos alimentos concentrados, quando foi necessário adquirir palha, o seu preço também
não se alterou durante o período experimental, apresentando um custo de 0,070 €/kg.
No período de adaptação que ocorreu antes de se iniciar o ensaio, todos os
bovinos consumiram o concentrado de crescimento, para além da palha, ambos
distribuídos também ad libitum, embora nesta fase não se tenha contabilizado a
quantidade de alimento consumida pelos bovinos. Antes da chegada dos animais ao
Centro de Testagem e Recria, é que não se conhece o maneio alimentar a que foram
40
submetidos nas suas explorações de origem, sabendo-se apenas, como já referido, se
tinham acesso, ou não, a um sistema de creep-feeding.
3.3. Instalações e Equipamentos
Este ensaio decorreu nas instalações do Centro de Testagem e Recria da Raça
Mertolenga, localizado na Herdade dos Currais e Simalhas que se situa na Freguesia de
São Manços (concelho de Évora).
Durante todo o período experimental, cada um dos três grupos de catorze
bovinos permaneceu num parque individualizado dos restantes, pois só assim era
possível contabilizar o consumo de alimento concentrado e palha pelos bovinos de cada
grupo. Os três parques, de características muito idênticas entre si (160 m2)
apresentavam forma retangular, tinham uma zona coberta (80 m2) e uma zona exterior
(80 m2), pelo que o espaço por animal (aproximadamente 11 m2) excedia em 8 m2 as
recomendações de bem-estar animal (CAP, 2005/2006). Os parques eram delimitados
por grades na separação com os parques contíguos e o pavimento era em betão, mas na
zona de repouso colocou-se uma cama de palha, que para se manter sempre em boas
condições higiénicas, era mudada de 15 em 15 dias. Para evitar também a acumulação
de dejetos na área de alimentação, um rodo de limpeza automático realizava limpezas
diariamente.
A distribuição dos alimentos era efetuada no corredor de alimentação, ou seja o
alimento concentrado era distribuído num comedouro em alvenaria e os fardos de palha
eram colocados na restante superfície de contacto entre cada parque e o corredor de
alimentação. Essa separação dos parques para o corredor de alimentação, era efetuada
por cabos de aço providos de esticadores assentes na estrutura do pavilhão. O
abastecimento de água era assegurado por dois bebedouros automáticos que se
encontravam em cada parque.
Todos os parques davam acesso à manga, que por sua vez conduzia os animais
ao tronco de contenção onde estava localizada a balança eletrónica para a pesagem
individual dos animais, e também dava acesso ao cais de embarque onde se efetuou o
carregamento dos animais para o veículo que os transportou para o matadouro.
41
No período que decorreu antes de se iniciar o ensaio, os animais permaneceram
num parque exterior de maiores dimensões (aproximadamente 1 hectare) que os
parques onde se realizou este trabalho. No dia em que se iniciou o ensaio é que se
transferiram os animais para as instalações onde este decorreu.
3.4. Pesagens
As pesagens, sempre que possível, foram realizadas de 28 em 28 dias desde o
início do ensaio até ao seu fim, pelo que se efetuaram seis pesagens (Tabela 21). As
pesagens dos animais funcionaram como marcos deste ensaio, pois para além de
determinarem o início e o fim do ensaio, foi após a P3 que se iniciou a fase de transição,
depois ter decorrido a fase de recria de P1 a P3, enquanto a fase de acabamento se
iniciou após a realização da P4.
Em cada pesagem efetuada pesaram-se os animais dos três grupos e sempre nas
mesmas condições, ou seja antes da realização de cada pesagem os bovinos foram
sujeitos a um jejum (alimento e água) de pelo menos doze horas, como recomendado
por Owens et al. (1993), para que estas fossem o mais precisas possível e
representassem verdadeiramente a variação da massa corporal sem a influência dos
conteúdos existentes no sistema digestivo dos animais.
Como os técnicos da ACBM procederam à pesagem dos animais quando ocorreu
a sua chegada ao Centro de Testagem e Recria, também se tirou partido dessa
informação externa ao ensaio (pesagem designada P0).
Como já referido anteriormente, no grupo C um bovino foi para abate após a
realização da 3ª pesagem, pelo que nesse grupo, no período compreendido entre essa
pesagem e a última, estiveram presentes treze animais.
Pesagem Data
P1 13/11/2014
P2 10/12/2014
P3 07/01/2015
P4 04/02/2015
P5 04/03/2015
P6 31/03/2015
Tabela 21. Data das Pesagens
42
3.5. Abate e Medição do pH
O abate dos animais realizou-se em Santarém na Santacarnes - Comércio e
Indústria de Carnes de Santarém, S.A.. Após o abate dos animais, a carcaça foi
classificada quanto à sua conformação e estado de gordura e depois foi cortada
longitudinalmente e obtiveram-se duas meias carcaças das quais se registaram os seus
pesos (peso quente). Em seguida as meias carcaças foram transferidas para um corredor
de refrigeração onde inicialmente e devido à sua entrada, a temperatura era de
aproximadamente 6˚C, embora o pretendido fossem -2˚C, temperatura que se acaba por
atingir mais tarde.
A medição do pH no músculo Longissimus dorsi ocorreu num único período, 24
horas após o abate dos animais (pH24horas), quando as meias carcaças foram transferidas
para uma câmara frigorífica. Para este parâmetro também é importante referir que
todas as carcaças foram sujeitas ao processo de estimulação elétrica.
Por se tratar de um ensaio realizado em “contexto real” e apesar da
compreensão por parte da ACBM da necessidade de abater o maior número possível de
animais no final do ensaio, por questões de mercado (procura), apenas foi possível
abater nove dos quarenta e um novilhos, e nove dias após o fim do ensaio. Nesses nove
novilhos abatidos, houve a preocupação de não pertencerem todos ao mesmo grupo,
pelo que quatro animais pertenciam ao grupo A, três ao grupo B e por fim dois ao grupo
C.
Relativamente ao pH, apenas foi possível efetuar a sua medição em oito das nove
carcaças obtidas (três animais pertenciam ao grupo A, três ao grupo B e por fim dois ao
grupo C).
3.6. Parâmetros Analisados
Dos dados recolhidos durante o ensaio experimental, constata-se que as
pesagens realizadas se referem a dados individuais de cada animal, mas como não foi
possível efetuar um controlo individual do consumo de alimento concentrado e de
palha, os caracteres analisados que se encontram relacionados com estes dados foram
ajustados para cada animal tendo em conta o seu peso em relação ao peso médio do
grupo num determinado intervalo de tempo, pelo que se tratam de valores
43
aproximados. Tal como o peso vivo dos animais, o peso das carcaças, a sua classificação,
bem como a medição do pH da carne também se referem a dados obtidos de forma
individual para cada animal.
Relativamente ao crescimento, à ingestão de alimento e à eficiência alimentar,
estudaram-se os parâmetros zootécnicos e económicos:
- Peso vivo
- Percentagem do peso adulto
- Ganho médio diário
- Aumento da percentagem de peso
- Ingestão ajustada do alimento concentrado
- Ingestão ajustada do alimento grosseiro
- Índice de conversão do alimento concentrado ajustado
- Índice de conversão da matéria bruta ajustada
- Custo do alimento concentrado ajustado
- Custo da matéria bruta ajustada
- Custo de produção de um quilograma de peso vivo
- Valor de um quilograma de peso vivo
- Eficiência económica por quilograma de peso vivo
A maioria destes caracteres foram determinados para o período de tempo entre
cada pesagem realizada, para as três fases consideradas, ou seja para a fase de recria
(P1-P3), fase de transição (P3-P4) e para a fase de acabamento (P4-P6), e por último os
parâmetros foram também calculados para todo o período de ensaio (P1-P6).
Em termos dos caracteres relacionados com as características da carcaça,
analisaram-se os seguintes:
- Peso da carcaça
- Rendimento comercial de carcaça
- Classificação da carcaça
Relativamente à qualidade da carne, apenas se estudou o parâmetro:
- ph medido às 24 horas após o abate
44
3.7. Análise Estatística
Para a análise estatística utilizou-se o programa R versão 3.2.1 (R Core Team,
2015) e o pacote estatístico para Windows do programa NCSS (Hintze, 2001).
Primeiramente realizou-se uma análise descritiva (por períodos, fases e do início ao fim
do ensaio) para determinar para cada grupo de animais e assim para cada regime
alimentar, os valores médios, mínimos e máximos dos diversos caracteres analisados,
bem como o desvio-padrão.
Posteriormente efetuou-se uma análise de variância para verificar se os fatores
de variação tinham um efeito significativo nos parâmetros estudados e se estes diferiam
consoante o regime alimentar adotado, ou seja permitia testar a hipótese nula (H0: os
tês regimes alimentares apresentavam os mesmos resultados para os caracteres
estudados). Também se realizou uma análise de variância prévia para testar a
homogeneidade dos três grupos formados em termos de peso vivo e idade (apesar de
esta ser um fator de variação) para a pesagem de início do ensaio (P1), mas também
para a pesagem de entrada dos animais no Centro de Testagem e Recria (P0) (supondo
que os grupos já estavam formados), já que Roquete (1993) afirma que são dois dos
fatores que mais condicionam a resposta dos bovinos num ensaio.
Como já referido anteriormente, os caracteres de avaliação do desempenho
produtivo foram determinados considerando três diferentes intervalos de tempo, pelo
que se realizou uma análise de variância distinta para cada um desses intervalos. Assim,
para analisar os parâmetros nos períodos entre cada pesagem, efetuou-se uma análise
de variância simples vulgarmente designada por ANOVA; para estudar os parâmetros
em cada uma das três fases de cada regime alimentar utilizou-se uma análise de
medições repetidas. Por fim e considerando todo o período experimental, realizou-se
uma análise de covariância, geralmente designada ANCOVA, em que a covariante
utilizada foi o ganho médio diário desde o nascimento até à entrada dos bovinos no
Centro de Testagem e Recria (GMDnasc-entr). Como não havia informação do peso ao
nascimento dos animais, de forma a poder determinar a covariante, utilizou-se o valor
de 26,1 kg obtido para vitelos machos (Roquete, 1993).
Na análise de variância prévia (ANOVA) o modelo matemático-estatístico
utilizado (Modelo I) foi:
45
Y ij = µ + Peso vivo/Idade i + e ij
Em que:
Y ij - resultado j-ésimo do parâmetro em análise;
µ - valor médio observado na população em estudo;
Peso vivo/Idade i - efeito fixo do peso vivo ou idade i-ésimo;
e ij - erro.
Em cada umas das outras três análises de variância concebeu-se o mesmo
modelo geral linear para todas as variáveis dependentes estudadas, que para além de
incluir os fatores de variação que se acharam mais apropriados, inclui também as
interações que se acharam com ”sentido” do ponto de vista biológico.
Assim, para a análise de variância simples, utilizou-se o seguinte modelo
matemático-estatístico (Modelo II):
Y ijklmnopq = µ + Regime alimentar i + PEL j + IENT k + IVP l + GER m + ADAPT n + CF o
+ Pesagem/Período p + Regime alimentar × Pesagem/Período ip + IVP × Pesagem/Período
lp + ADAPT × Pesagem/Período np + CF × Pesagem/Período op + e ijklmnopq
Em que:
Y ijklmnopq - resultado q-ésimo do parâmetro em análise;
µ - valor médio observado na população em estudo;
Regime alimentar i - efeito fixo do regime alimentar i-ésimo;
PEL j - efeito fixo da pelagem j-ésima;
IENT k - efeito fixo da idade de entrada no Centro k-ésima;
IVP l - efeito fixo da idade da vaca ao parto l-ésima;
GER m - efeito fixo da geração do touro m-ésimo;
ADAPT n - efeito fixo do tempo do período de adaptação n-ésimo;
CF o - efeito fixo do creep feeding o-ésimo;
Pesagem/Período p - efeito fixo da pesagem ou período p-ésimo;
Regime alimentar × Pesagem/Período ip - interação dupla do regime alimentar com a
pesagem ou período;
IVP × Pesagem/Período lp - interação dupla da idade da vaca ao parto com a pesagem ou
período;
46
ADAPT × Pesagem/Período np - interação dupla do tempo do período de adaptação com
a pesagem ou período;
CF × Pesagem/Período op - interação dupla do creep feeding com a pesagem ou período;
e ijklmnopq - erro.
Para a análise de medições repetidas, optou-se pelo modelo matemático-
estatístico (Modelo III):
Y ijklmno = µ + Regime alimentar i + PEL j + Regime alimentar × PEL ij + Animal
(Regime alimentar × PEL) k (ij) + EXP l + IENT m + Fase n + Regime alimentar × EXP il + Regime
alimentar × IENT im + Regime alimentar × Fase in + e ijklmno
Em que:
Y ijklmno - resultado o-ésimo do parâmetro em análise;
µ - valor médio observado na população em estudo;
Regime alimentar i - efeito fixo do regime alimentar i-ésimo;
PEL j - efeito fixo da pelagem j-ésima;
Regime alimentar × PEL ij - interação dupla do regime alimentar com a pelagem;
Animal (Regime alimentar × PEL) k (ij) - efeito aleatório nested do i-ésimo regime
alimentar e da j-ésima pelagem no animal k-ésimo;
EXP l - efeito fixo da exploração de origem l-ésima;
IENT m - efeito fixo da idade de entrada m-ésima;
Fase n - efeito fixo da fase n-ésima;
Regime alimentar × EXP il - interação dupla do regime alimentar com a exploração de
origem;
Regime alimentar × IENT im - interação dupla do regime alimentar com a idade de entrada
no Centro;
Regime alimentar × Fase in - interação dupla do regime alimentar com a fase;
e ijklmno - erro.
Finalmente, apresenta-se o modelo matemático-estatístico (Modelo IV)
concebido para a análise do início ao fim do ensaio, com a utilização de covariante,
expresso por:
47
MSE2
Y ijklmnopq = µ + b1 (GMDnasc-entr – GMDnasc-entrq) + Regime alimentar i + PEL j +
NASC k + IENT l + IVP m + GER n + CF o + EXP p + Regime alimentar i × IVP m + Regime
alimentar i × CF o + Regime alimentar i × EXP p + e ijklmnopq
Em que:
Y ijklmnopq - resultado q-ésimo do parâmetro em análise;
µ - valor médio observado na população em estudo;
b1 (GMDnasc-entr – GMDnasc-entrq) - coeficiente de regressão para o GMD desde o
nascimento até à entrada no Centro;
Regime alimentar i - efeito fixo do regime alimentar i-ésimo;
PEL j - efeito fixo da pelagem j-ésima;
NASC k - efeito fixo da época de nascimento k-ésima;
IENT l - efeito fixo da idade de entrada l-ésima;
IVP m - efeito fixo da idade da vaca ao parto m-ésima;
GER n - efeito fixo da geração do touro n-ésimo;
CF o - efeito fixo do creep feeding o-ésimo;
EXP p - efeito fixo da exploração de origem p-ésima;
Regime alimentar i × IVP m - interação dupla do regime alimentar com a idade da vaca ao
parto;
Regime alimentar i × CF o - interação dupla do regime alimentar com o creep feeding;
Regime alimentar i × EXP p - interação dupla do regime alimentar com a exploração de
origem;
e ijklmnopq - erro.
Em todas as análises de variância foram considerados como valores significativos,
aqueles cuja probabilidade de ocorrência era superior a 95% (P<0,05). Sempre que se
verificaram diferenças significativas nas análises de variância relativamente aos fatores
e às interações, as respetivas médias foram comparadas pelo teste de Tukey.
Para a análise de covariância, caso a covariante exibisse valores significativos,
efetuou-se o Teste F para verificar a igualdade dos declives nos níveis do regime
alimentar, com a fórmula:
F k,m = (SSE1 – SSE2) /k
48
Em que:
F k,m - valor de F;
k - graus de liberdade do fator;
m - graus de liberdade da média do erro quadrado do modelo com variáveis de
contraste;
SSE1 - soma do erro quadrado do modelo com covariante simples;
SSE2 - soma do erro quadrado do modelo com variáveis de contraste;
MSE2 - média do erro quadrado do modelo com variáveis de contraste.
Na análise estatística das variáveis relacionadas com as características da
carcaça, e da variável da qualidade da carne (pH24horas), em consequência do reduzido
número de animais abatidos no final do período experimental, efetuou-se apenas a
análise descritiva.
49
4. Resultados e Discussão
50
Tal como referido nos Materiais e Métodos, não foi possível efetuar o abate de
todos os animais no final do ensaio experimental. Assim, os resultados e a discussão que
se apresentam seguidamente dividem-se em duas partes principais. A primeira (4.1.)
refere-se aos parâmetros de avaliação do desempenho produtivo de todos os animais
presentes no ensaio. A segunda (4.2.) inclui os resultados relativos às características da
carcaça e da qualidade da carne dos animais abatidos.
4.1. Desempenho Produtivo
Para uma maior clareza na exposição e uma melhor perceção dos caracteres
estudados, este tópico encontra-se subdividido em quatro pontos, um relacionado com
o crescimento dos bovinos (4.1.1.), outro com a ingestão de alimentos (4.1.2.), outro
com a eficiência alimentar (4.1.3.), e por fim, o último refere-se à eficiência bio
económica dos três grupos de animais presentes no ensaio (4.1.4.).
Como já referido anteriormente, para cada um dos parâmetros estudados
efetuou-se uma análise descritiva por cada grupo de animais, para além das análises de
variância realizadas, tal como a análise descritiva, efetuadas para os três intervalos de
tempo considerados (períodos, fases e início-fim).
4.1.1. Crescimento
Embora o processo de crescimento englobe dois aspetos distintos, mas ao
mesmo tempo interligados (Trenkle e Marple, 1983), neste trabalho abordou-se apenas
o crescimento quantitativo, que se caracteriza pelo aumento da massa corporal dos
animais desde a sua conceção até à sua estabilização na idade adulta, bem como duas
das medidas que permitem avaliar a velocidade de crescimento.
Os tópicos 4.1.1.1. Peso Vivo e 4.1.1.2. Percentagem do Peso Adulto, como é
evidente foram apenas determinados no momento da realização de cada uma das
pesagens.
4.1.1.1. Peso Vivo
Na análise de variância prévia, garantiu-se a homogeneidade dos três grupos
formados, já que tanto o peso vivo, como a idade dos animais não diferiram (P>0,05) em
ambas as pesagens (P0 e P1).
51
Na Tabela 22 estão representados os valores médios, mínimos e máximos, bem
como o desvio-padrão do peso e da idade nessas duas pesagens, para cada um dos
grupos e para todos os animais presentes no ensaio (geral). Ao comparar a média do
peso e da idade de entrada de todos os animais, com os resultados obtidos por Pais et
al. (2013) na produção de Vitelão Mertolengo DOP no ano de 2012 (157,8 ± 36,4 kg e
7,2 ± 1,5 meses), verifica-se que se obteve um menor peso vivo dos animais, mas estes
também apresentavam uma idade inferior.
O peso vivo dos animais desde a segunda pesagem (P2) até à última (P6)
encontra-se representado na Tabela 23. Com uma idade de 8,8 ± 0,8 meses em P2, os
42 bovinos tinham um peso de 207,3 ± 10,9 kg, embora 26,2% ainda apresenta-se um
peso inferior a 200,0 kg. Já no final do ensaio, com um peso de 331,8 ± 22,3 kg e 12,5 ±
0,9 meses de idade, dos 41 animais, 4,9% ainda apresentava um peso inferior a 300,0
kg. Mais uma vez, Pais et al. (2013) obtiveram resultados superiores para o peso vivo
(362,0 ± 35,0 kg) e idade (13,2 ± 1,1 meses) dos bovinos no final do seu trabalho, em
função dos valores iniciais superiores e da maior duração do período experimental
(181,10 ± 36,13 dias).
Peso (kg) Idade (m) n Peso (kg) Idade (m) n
Média 132,6 6,7 176,1 8,1
Desvio Padrão 25,1 1,2 14,7 0,9
Mínimo 104,0 4,7 155,0 6,9
Máximo 191,0 9,6 204,0 10,4
Média 132,9 6,4 179,2 8,0
Desvio Padrão 23,0 0,9 11,6 0,8
Mínimo 99,0 4,5 160,0 6,8
Máximo 160,0 7,6 200,0 9,9
Média 121,5 6,0 178,2 7,8
Desvio Padrão 23,0 0,9 12,5 0,8
Mínimo 94,0 4,2 157,0 5,7
Máximo 182,0 7,6 198,0 8,7
Média 129,0 6,3 177,8 8,0
Desvio Padrão 23,7 1,0 12,7 0,8
Mínimo 94,0 4,2 155,0 5,7
Máximo 191,0 9,6 204,0 10,4
Grupo
A
B
C
Geral
P0 P1
14
14
14
14
14
14
42 42
Tabela 22. Peso vivo dos bovinos em P0 e P1
52
Na análise de variância simples, a grande maioria dos fatores de variação
incluídos no modelo, influenciou de forma significativa o peso dos animais (P<0,05)
(Tabela 24). De pesagem para pesagem (de P0 a P6) verificou-se um aumento da massa
corporal nos bovinos dos três grupos, pois apesar do fator regime alimentar também ser
muito significativo (P<0,01), com os animais do regime alimentar 3 a apresentarem o
menor peso, não houve interação entre estes dois fatores (P>0,05).
Peso (kg) n Peso (kg) n Peso (kg) n Peso (kg) n Peso (kg) n
Média 207,9 241,3 271,5 302,3 332,0
Desvio Padrão 11,7 15,8 20,6 24,3 28,7
Mínimo 186,0 218,0 241,0 272,0 296,0
Máximo 225,0 270,0 311,0 354,0 395,0
Média 208,7 242,3 269,6 298,9 331,4
Desvio Padrão 10,7 12,7 15,2 16,4 21,0
Mínimo 190,0 221,0 244,0 268,0 293,0
Máximo 223,0 266,0 298,0 320,0 358,0
Média 205,4 238,3 265,5 299,3 331,9
Desvio Padrão 10,7 13,9 14,3 15,8 16,9
Mínimo 190,0 218,0 243,0 274,0 305,0
Máximo 233,0 275,0 297,0 332,0 367,0
Média 207,3 240,6 269,0 300,2 331,8
Desvio Padrão 10,9 13,9 16,8 18,9 22,3
Mínimo 186,0 218,0 241,0 268,0 293,0
Máximo 233,0 275,0 311,0 354,0 395,0
P6
14
14
14
14
14
14
14
14
P2 P3 P5P4
A
B
Grupo
14 13
41
C
Geral
14
42 42
13 13
4141
14
14
Tabela 23. Peso vivo dos bovinos de P2 a P6
Tabela 24. Análise de variância simples do peso vivo
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 237,7 a
2 237,6 a
3 232,3 b
1 230,5 a
2 236,7 b
3 246,9 c
1 228,1 a
2 238,5 b
3 242,9 b
1 238,1 a
2 227,8 a
3 244,1 b
1 240,4
2 231,2
1 227,2
2 243,6
1 239,4
2 231,5
Pesagem - 6 - 0,00000 ***
Regime alimentar × Pesagem - 12 - 0,92107 NS
IVP × Pesagem - 12 - 0,20492 NS
ADAPT × Pesagem - 6 - 0,00001 ***
CF × Pesagem - 6 - 0,26075 NS
Erro 237
1 0,00352 **CF
IVP 2 0,00000 ***
1 NS0,40162GER
Regime alimentar 0,00764 **
PEL
2
ADAPT 1 0,00000 ***
IENT 2
0,00000
0,00001
***
***
2
53
A pelagem dos animais foi um fator que influenciou extremamente (P<0,001)
este caracter, ao contrário do que determinou Rodrigues de Carvalho (2000). Constatou-
se que os bovinos de pelagem vermelha apresentaram o resultado inferior, seguindo-se
os animais rosilho, e por fim surgiram os animais de pelagem malhada com uma maior
massa corporal. Estas diferenças entre pelagens surgiram pelos distintos pesos à entrada
do Centro apresentados pelos bovinos, uma vez que como se retrata posteriormente a
velocidade de crescimento absoluta não diferiu entre pelagens. A diferença de peso vivo
inicial pode ser explicada em parte devido às diferentes opções por parte dos criadores
no desmame dos vitelos (geralmente cada produtor tem todos os animais da mesma
pelagem), já que como afirmam ACBM (2015f) e Roquete (1993) os vitelos geralmente
são desmamados entre os 6 e os 8 meses de idade.
No que se relaciona com a idade da vaca ao parto, os animais cuja progenitora
tenha um idade superior a 9 anos apresentaram o maior peso, o que não deixa de por
em causa a capacidade maternal das vacas com idade entre os 5 e os 9 anos.
Curiosamente, os bovinos que não tiveram acesso ao creep-feeding, também exibiram
um peso superior, o que pode ser explicado pelo fato dos produtores não praticarem
esta modalidade de produção, quando acham que as suas vacas têm capacidade leiteira
suficiente para desmamarem os vitelos com um peso elevado.
O fator idade de entrada no Centro de Testagem e Recria, também foi altamente
significativo (P<0,001), pois os animais com idade de entrada inferior a 6,0 meses
apresentaram pesos inferiores, tal como aqueles cujo período de adaptação foi superior
a 35 dias. Como se observa na Figura 3 houve interação (P<0,001) entre o período de
adaptação e a pesagem, pois os bovinos com um maior período de adaptação (ADAPT
1) exibiram um crescimento mais acentuado desde a sua entrada no Centro até ao início
do ensaio, momento em que tinham um peso muito semelhante aos animais com um
período de adaptação inferior, que tal como no momento de entrada apresentaram o
peso final mais elevado.
54
4.1.1.2. Percentagem do Peso Adulto
Para determinar a percentagem do peso adulto que cada bovino apresentava em
cada uma das pesagens, utilizou-se como representativo do peso adulto de um touro
Mertolengo, 750,0 kg (Pais, 2015), embora o peso adulto seja um dado individual que é
determinado geneticamente, e que ainda pode ser alterado por fatores nutricionais e
hormonais (Owens et al., 1993).
Como se verifica facilmente na Tabela 25, a percentagem do peso adulto
aumentou de pesagem para pesagem em todos os grupos e assim no geral, pelo que se
demonstra mais uma vez o aumento da massa corporal com a idade. Ao observar o valor
médio da percentagem do peso adulto apresentada por todos os bovinos em P0 (17,2 ±
3,2%), constata-se esse reduzido valor, pois caso se faça o mesmo cálculo para o peso
ao desmame corrigido para os 210 dias de idade - aproximadamente 175,0 kg (ACBM,
2014b) - obtém-se 23,3% do peso adulto. A razão deste resultado, para além da idade
inferior dos animais (6,3 ± 1,0 meses), está relacionada com o seu baixo peso e assim
percentagem do peso adulto, pois em P1 com uma idade média de 8,0 ± 0,8 meses
apresentaram um resultado semelhante (23,7 ± 1,7%) ao dos bovinos com menos um
mês de idade (210 dias são aproximadamente 6,9 meses).
Tendo em conta que Berg e Butterfield (1968) referem que a percentagem de
gordura aumenta e as de músculo e de osso diminuem com o aumento do peso de abate
a partir de um grau de maturidade de aproximadamente 30,0% do peso adulto, verifica-
se que na pesagem P4, pesagem na qual se iniciou a fase de acabamento, todos os
animais já apresentavam uma percentagem do peso adulto superior a 30,0%, pelo que
se pode considerar o momento correto para efetuar a mudança de concentrado. Em P3
Figura 3. Interação entre a pesagem e o período de adaptação
55
também já se podia iniciar essa fase (32,1 ± 1,9% do peso adulto), o que ainda pode ser
mais benéfico do ponto de vista económico, desde que não prejudique o desempenho
produtivo dos animais. De certo modo, foi o que aconteceu com os animais do regime
alimentar 3, já que começaram a consumir o concentrado de acabamento pouco tempo
depois da realização de P3.
Se atentarmos agora nos valores obtidos em P6, verifica-se que nenhum animal
apresentava mais de 70,0% do peso adulto, percentagem a partir da qual, segundo
Robelin e Casteilla (1990), ocorre o grande desenvolvimento do tecido adiposo, portanto
espera-se não se obterem carcaças com muita gordura, de forma a corresponder às
preferências dos consumidores por carne magra quando consumirem Vitelão
Mertolengo DOP (Potes, 2005 citado por Almeida, 2008).
Em virtude da utilização de um peso adulto de referência e de não se ter predito
o peso adulto de cada bovino, este caracter em termos de análise de variância acaba por
apresentar as mesmas fontes de variância e com igual significância que o parâmetro
analisado anteriormente, como é possível observar na Tabela 26.
P0 P1 P2 P3 P4 P5 P6
Média 17,7 23,5 27,7 32,2 36,2 40,3 44,3
Desvio Padrão 3,3 2,0 1,6 2,1 2,8 3,2 3,8
Mínimo 13,9 20,7 24,8 29,1 32,1 36,2 39,5
Máximo 25,5 27,2 30,0 36,0 41,5 47,2 52,7
Média 17,7 23,9 27,8 32,3 36,0 39,8 44,2
Desvio Padrão 3,1 1,6 1,4 1,7 2,0 2,2 2,8
Mínimo 13,2 21,3 25,3 29,5 32,5 35,7 39,1
Máximo 21,3 26,7 29,7 35,5 39,7 42,7 47,7
Média 16,2 23,8 27,4 31,8 35,4 39,9 44,3
Desvio Padrão 3,1 1,7 1,4 1,9 1,9 2,1 2,2
Mínimo 12,5 20,9 25,3 29,1 32,4 36,5 40,7
Máximo 24,3 26,4 31,1 36,7 39,6 44,3 48,9
Média 17,2 23,7 27,6 32,1 35,9 40,0 44,2
Desvio Padrão 3,2 1,7 1,5 1,9 2,2 2,5 3,0
Mínimo 12,5 20,7 24,8 29,1 32,1 35,7 39,1
Máximo 25,5 27,2 31,1 36,7 41,5 47,2 52,7
Geral
Pesagem (%)Grupo
A
B
C
Tabela 25. Resultados da percentagem do peso adulto
56
4.1.1.3. Velocidade de Crescimento
Relativamente à velocidade de crescimento, estudaram-se os parâmetros ganho
médio diário e aumento da percentagem de peso, duas das formas de realizar a sua
avaliação, uma de forma absoluta e a outra de forma relativa, respetivamente.
Importa salientar que em todos os regimes alimentares se procurou fornecer aos
animais dietas qualitativamente equilibradas, mas que permitissem velocidades de
crescimento elevadas, característica dos sistemas intensivos de produção.
4.1.1.3.1. Ganho Médio Diário
Nos resultados obtidos através da análise descritiva que se encontra
representada na Tabela 27, averigua-se que em média, para todos os animais (geral) em
nenhum dos períodos, fases e do início ao fim do ensaio, o GMD foi inferior a 1,000
kg/dia, embora nos grupos B e C no período P3-P4 e na fase de transição (corresponde
ao mesmo intervalo de tempo) o crescimento médio dos bovinos tenha sido inferior a
esse valor. Enquanto na fase de recria e na fase de acabamento, 26,2 e 19,5% dos
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 26. Análise de variância simples da percentagem do peso adulto
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 31,7 a
2 31,7 a
3 31,0 b
1 30,7 a
2 31,6 b
3 32,9 c
1 30,4 a
2 31,8 b
3 32,4 b
1 31,7 a
2 30,4 a
3 32,6 b
1 32,1
2 30,8
1 30,3
2 32,5
1 31,9
2 30,9
Pesagem - 6 - 0,00000 ***
Regime alimentar × Pesagem - 12 - 0,92535 NS
IVP × Pesagem - 12 - 0,20465 NS
ADAPT × Pesagem - 6 - 0,00001 ***
CF × Pesagem - 6 - 0,26962 NS
Erro 237
0,00776
0,00000
0,00001
**
***
***
NS
1 0,00000 ***
1 0,00316 **
ADAPT
CF
2
2
2
2
1
Regime alimentar
PEL
IENT
IVP
GER
***0,00000
0,39277
57
animais apresentavam um crescimento inferior a 1,000 kg/dia, respetivamente, na fase
de transição esse resultado foi de 53,7%, com 9,8% dos bovinos a apresentarem mesmo
um crescimento inferior a 0,750 kg/dia. Considerando o intervalo de tempo do início ao
fim do ensaio, 22,0% dos bovinos apresentavam um crescimento médio menor que
1,000 kg/dia, mas por outro lado 26,8% apresentavam um resultado superior a 1,200
kg/dia, percentagens claramente melhores ao comparar com as obtidas por Roquete
(1993).
A principal fonte de variação que se pretendia analisar neste trabalho, o regime
alimentar, não causou uma diferente velocidade de crescimento na análise de variância
efetuada para os períodos (P>0,05) (Tabela 28).
O GMD dos bovinos foi mais elevado no período P2-P3, ao comparar com os
períodos P0-P1 e P3-P4, sendo que os resultados obtidos neste último, também são
significativamente inferiores aos alcançados no período P5-P6 (P<0,001).
Os animais com uma idade de entrada no Centro de Testagem e Recria inferior a
6,0 meses, para além de exibirem a menor massa corporal e consequentemente a menor
percentagem do peso adulto, também apresentavam os valores mais reduzidos para
este parâmetro (P<0,01), o que está parcialmente de acordo com Vacas (2001) que
verificou uma tendência de incremento do GMD com o aumento da idade dos animais à
entrada do ensaio. Situação idêntica ocorreu com os bovinos que tiveram um período
P0-P1 P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A
Média 1,080 1,177 1,194 1,079 1,100 1,100 1,186 1,079 1,100 1,130
Desvio-Padrão 0,348 0,288 0,268 0,244 0,235 0,235 0,208 0,244 0,235 0,181
Mínimo 0,591 0,667 0,857 0,714 0,655 0,655 0,855 0,714 0,655 0,746
Máximo 1,826 1,852 1,714 1,464 1,527 1,527 1,655 1,464 1,527 1,406
Média 1,032 1,093 1,199 0,977 1,043 1,206 1,147 0,977 1,123 1,103
Desvio-Padrão 0,228 0,268 0,242 0,248 0,180 0,291 0,184 0,248 0,151 0,132
Mínimo 0,587 0,593 0,714 0,571 0,786 0,704 0,800 0,571 0,891 0,877
Máximo 1,478 1,593 1,643 1,357 1,286 1,667 1,364 1,357 1,455 1,283
Média 1,028 1,008 1,173 0,942 1,209 1,208 1,092 0,942 1,208 1,105
Desvio-Padrão 0,113 0,402 0,203 0,155 0,150 0,161 0,242 0,155 0,124 0,114
Mínimo 0,727 0,444 0,857 0,750 1,036 0,963 0,745 0,750 1,036 0,913
Máximo 1,206 2,000 1,500 1,214 1,500 1,556 1,745 1,214 1,527 1,304
Média 1,046 1,093 1,189 1,001 1,115 1,171 1,142 1,001 1,142 1,113
Desvio-Padrão 0,244 0,325 0,234 0,223 0,200 0,237 0,211 0,223 0,179 0,142
Mínimo 0,587 0,444 0,714 0,571 0,655 0,655 0,745 0,571 0,655 0,746
Máximo 1,826 2,000 1,714 1,464 1,527 1,667 1,745 1,464 1,527 1,406
Geral
GrupoPeríodo (kg/dia)
A
B
C
Fase (kg/dia) Inicio-
Fim
(kg/dia)
Tabela 27. Resultados do ganho médio diário
58
de adaptação superior a 35 dias, que devido à menor velocidade de crescimento diária
(P<0,001) também apresentaram um peso e percentagem do peso adulto inferiores,
como retratado anteriormente. Já o creep-feeding, não causou variação na performance
dos bovinos, o que está de acordo com Drouillard e Kuhl (1999).
Apesar do fator idade da vaca ao parto não ter causado um comportamento
diferente nos bovinos (P>0,05), como também determinado por Mendes (2004),
verificou-se uma interação entre este fator e os períodos compreendidos entre as
pesagens (Figura 4). Os animais cujas mães no momento do parto tinham uma idade
superior a 9 anos foram os únicos que exibiram uma diminuição da velocidade de
crescimento do período de entrada para o período inicial do ensaio, mas depois desse
período para o seguinte (P2-P3) apresentaram os valores de GMD mais elevados. Já os
animais filhos de vacas com idade inferior a 5 anos, que no período de adaptação
apresentavam resultados intermédios, no último período do ensaio destacaram-se pela
positiva em relação aos outros animais.
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 28. Análise de variância simples do ganho médio diário
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 1,122
2 1,092
3 1,094
1 1,075
2 1,132
3 1,109
1 1,037 a
2 1,105 b
3 1,184 b
1 1,156
2 1,046
3 1,125
1 1,134
2 1,070
1 1,015
2 1,180
1 1,132
2 1,065
Período - 5 - 0,00091 ***
Regime alimentar × Período - 10 - 0,26830 NS
IVP × Período - 10 - 0,03566 *
ADAPT × Período - 5 - 0,91247 NS
CF × Período - 5 - 0,00072 ***
Erro 202
CF 1 0,48356 NS
2
2
1 0,34085 NS
ADAPT 1 0,00002 ***
0,00117 **
IVP 2 0,26307 NS
0,62128 NS
PEL 2 0,17170
Regime alimentar
IENT
GER
NS
59
Na análise de medições repetidas apresentada na Tabela 29, observa-se que ao
contrário da análise anterior, a idade de entrada no Centro não foi um fator significativo
na velocidade de crescimento (P>0,05), enquanto o período de adaptação não se incluiu
no modelo matemático-estatístico desta análise, mas o efeito da pelagem manteve-se
inalterável (P>0,05).
Tal como se detetaram diferenças entre alguns períodos, também entre fases se
verificaram respostas díspares (P<0,001), apesar do regime alimentar não ter causado
diferenças significativas na velocidade de crescimento absoluta em cada fase (P>0,05).
Na Figura 5 observam-se os resultados inferiores do GMD na fase de transição, em
comparação com os obtidos nas outras duas fases, em que não houve diferenças, o que
Figura 4. Interação entre o período e a idade da vaca ao parto
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 1,122
2 1,082
3 1,081
1 1,048
2 1,125
3 1,148
Regime alimentar × PEL - 4 - 0,34141 NS
Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00000 ***
1 1,055
2 1,241
3 1,009
4 1,167
1 1,014
2 1,096
3 1,199
Fase - 2 - 0,00000 ***
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,35126 NS
Regime alimentar × IENT - 4 - 0,67083 NS
Regime alimentar × Fase - 4 - 0,01007 *
Erro 61
Regime alimentar 2 0,96820 NS
PEL
EXP
IENT
2
3
2
0,97387 NS
NS0,66879
0,18615 NS
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 29. Análise de medições repetidas do ganho médio diário
60
contraria Meissner et al. (1995) que referem que devido à maior deposição de gordura
o GMD devia ser inferior na fase de acabamento. Os animais do regime alimentar 1,
embora de forma menos acentuada também diminuíram a velocidade de crescimento
da fase de recria para a de transição, mas sem justificação aparente em termos de
alimentação, já que esta não diferiu.
Como não se determinaram diferenças na velocidade de crescimento na fase de
transição entre todos os regimes alimentares (P>0,05) verifica-se que a mudança de
alimento concentrado não prejudicou o desempenho dos bovinos dos regimes
alimentares 2 e 3. Assim, também se constata que se pode executar uma mudança mais
repentina do alimento concentrado, tal como ocorreu no regime alimentar 3, o que é
benéfico porque reduz o tempo necessário (dias) a misturar os dois concentrados no
comedouro em alvenaria. Tudo isto é possível porque se trata da mudança de um
alimento concentrado para outro e assim não ocorrem alterações na flora microbiana
do rúmen e a redução do seu pH (Benchaar et al., 2012; Calsamiglia et al., 2008), bem
como um aumento da concentração de ácidos gordos voláteis (Brown et al., 2006), com
uma diminuição da relação acético:propiónico (Benchaar et al., 2012); situações que
ocorrem frequentemente na mudança de uma dieta à base de alimentos grosseiros para
uma à base de alimento concentrado (Calsamiglia et al., 2008) e que causam com
frequência distúrbios digestivos, designadamente acidose, devido há presença no
alimento concentrado de hidratos de carbono facilmente fermentescíveis que
conduzem à acumulação de ácido láctico (Owens et al., 1998).
Com os resultados similares do GMD na fase de transição, também se comprova
que, tal como referido em 4.1.1.2. Percentagem do Peso Adulto, a administração de
concentrado de acabamento se pode iniciar pouco tempo depois de P3 (apenas tempo
necessário para a mudança de concentrado), já que o desempenho produtivo dos
bovinos do regime alimentar 3 não foi afetado.
Ao observar os resultados do GMD na fase de acabamento, conclui-se que se
pode reduzir a concentração proteica da dieta, como ocorre nos regimes alimentares 2
e 3, sem afetar o desempenho dos bovinos, tal como referem Koenig et al. (2013), Nuñez
et al. (2015) e Vasconcelos et al. (2006), isto porque a percentagem de PB do alimento
concentrado de acabamento (14,00%) era superior aos valores a partir dos quais o
desempenho é afetado, 11,50% (Cole et al., 2006) e 12,00% (Cole et al., 2003), embora
61
neste caso a concentração energética da dieta também tenha aumentado, pois como
referem Cole et al. (2006), nesta fase as necessidades energéticas dos animais são
superiores.
Como se observa na Tabela 30, a covariante utilizada na análise início-fim não
teve influência significativa no GMD dos bovinos (P>0,05), ou seja, a velocidade de
crescimento dos bovinos antes da sua entrada no Centro não afetou o desempenho dos
bovinos no ensaio.
O regime alimentar também foi um fator que não teve influência no GMD dos
bovinos (P>0,05), pelo que qualquer regime alimentar se torna viável em termos de
velocidade de crescimento absoluta. Assim, pode-se comparar o valor médio obtido por
todos os animais (1,113 ± 0,142 kg/dia) com os obtidos por outros autores, em animais
de peso e idade semelhantes. Ao comparar com os GMD obtidos por Fraústo da Silva
(1996) nos bovinos em que maximizou a incorporação de concentrado (0,945 kg/dia),
com Vacas (2001) nos bovinos em sistema intensivo (0,838 kg/dia) e com Veríssimo
(2001) (0,646 kg/dia) verifica-se um resultado claramente superior, mas ao confrontar
com o obtido por Pais et al. (2013) nota-se uma grande semelhança (1,140 ± 0,160 kg).
Estes resultados mais elevados da velocidade de crescimento absoluta referem-se a
ensaios mais recentes, portanto podem advir do melhoramento genético realizado ao
longo dos anos na raça Mertolenga e também da sensibilização por parte da ACBM aos
produtores para a utilização de machos reprodutores aprovados em teste de
performance.
Figura 5. Interação entre a fase e o regime alimentar
62
Tal como Côrte-Real (2003), Rodrigues de Carvalho (2000), Roquete (1993) e
contrariamente a Vacas (2001), a pelagem dos animais, tal como nas outras duas
análises, não influenciou significativamente a velocidade de crescimento dos animais
(P>0,05), mas no que se refere ao efeito da exploração de origem dos animais no GMD,
os resultados são contraditórios aos obtidos em diversos trabalhos (Rodrigues de
Carvalho, 2000; Roquete, 1993; Vacas, 2001), já que estas não tiveram influência no
resultado obtido (P>0,05), o que pode ser fruto do trabalho desempenhado pelos
técnicos da ACBM em auxiliar os produtores a selecionar os animais com características
morfológicas e produtivas mais homogéneas, o que se traduz em termos de
performances produtivas numa igualdade entre explorações.
Relativamente ao fator idade de entrada dos animais no Centro, este apenas teve
efeito significativo na análise por períodos. Na bibliografia também se encontram
resultados opostos, já que Vacas (2001) refere a influência significativa deste fator no
crescimento dos bovinos, enquanto Marçal (1997) ao utilizar a idade de entrada dos
animais como covariante, esta não influenciou significativamente o GMD dos bovinos.
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
GMDnas-entr - 1 - 0,77561 NS
Regime alimentar 1 2 - 0,73147 NS
1 1,063
2 1,151
3 1,154
1 1,124
2 1,088
3 1,120
1 1,042
2 1,101
3 1,216
1 1,175
2 1,057
3 1,124
1 1,164
2 1,059
1 1,133
2 1,087
1 1,066
2 1,236
3 1,029
4 1,195
Regime alimentar × IVP - 4 - 0,80570 NS
Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99948 NS
Erro 12
CF
EXP
1,00000 NS
NS0,56878
1
3
2
2
2
2
1
PEL
NASC
IENT
IVP
GER
NS0,95807
0,41692 NS
0,58735
0,97690
0,63538
NS
NS
NS
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 30. Análise de covariância do ganho médio diário
63
4.1.1.3.2. Aumento da Percentagem de Peso
Neste parâmetro de avaliação da velocidade de crescimento (Tabela 31), verifica-
se nitidamente o aumento substancial da percentagem de peso no período de tempo
que decorreu antes de se iniciar o ensaio (P0-P1), principalmente nos animais do grupo
C, que em média aumentaram o seu peso em 50,1 ± 21,8%. Ao comparar o aumento da
percentagem de peso de todos os animais nas três fases, verifica-se que os resultados
foram muito variáveis. Na fase de recria registou-se em média um aumento da
percentagem de peso de 35,6 ± 7,8%, mas com uma razoável percentagem de animais
(26,2%) com um aumento inferior a 30,0%. A fase de transição, tal como observado no
outro parâmetro de avaliação da velocidade de crescimento, também apresentou o pior
resultado com apenas 11,6 ± 2,5% de aumento da percentagem de peso e com 29,3%
dos bovinos com resultados inferiores a 10,0%. Já na fase de acabamento (23,4 ± 3,4%),
os resultados obtidos foram mais uniformes, pois apenas 7,3% de todos os bovinos
tiveram um aumento da percentagem de peso inferior a 20,0%.
Como referido na análise descritiva, na análise de variância efetuada para os
períodos (Tabela 32) comprovou-se que o maior aumento da percentagem de peso
ocorreu no período de adaptação (P>0,001), em função do menor peso inicial dos
animais. Com esta análise também se verificou que o aumento da percentagem de peso
P0-P1 P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A
Média 36,0 18,4 16,1 12,5 11,3 9,8 37,4 12,5 22,3 89,2
Desvio-Padrão 21,2 5,4 3,4 2,4 2,2 1,7 8,2 2,4 4,3 16,0
Mínimo 6,8 8,8 11,1 8,3 7,0 6,3 24,4 8,3 13,8 53,4
Máximo 73,9 31,1 21,6 16,7 14,9 12,5 56,5 16,7 29,3 120,5
Média 38,2 16,6 16,1 11,3 10,9 10,9 35,4 11,3 22,9 85,3
Desvio-Padrão 22,1 4,5 3,4 2,8 1,9 2,5 6,6 2,8 2,6 11,6
Mínimo 9,4 8,0 9,3 6,9 7,4 6,7 22,0 6,9 20,1 64,5
Máximo 69,9 24,4 23,4 16,2 14,1 15,0 43,6 16,2 29,4 101,1
Média 50,1 15,6 16,0 11,1 12,8 10,9 34,1 11,1 25,1 85,5
Desvio-Padrão 21,8 6,7 2,6 2,0 1,6 1,4 8,6 2,0 2,6 11,8
Mínimo 8,8 6,1 12,0 8,0 10,9 8,1 21,4 8,0 20,9 65,6
Máximo 80,9 30,2 21,4 13,8 16,1 13,1 53,6 13,8 29,7 101,9
Média 41,4 16,9 16,1 11,6 11,6 10,5 35,6 11,6 23,4 86,7
Desvio-Padrão 22,1 5,6 3,1 2,5 2,0 2,0 7,8 2,5 3,4 13,1
Mínimo 6,8 6,1 9,3 6,9 7,0 6,3 21,4 6,9 13,8 53,4
Máximo 80,9 31,1 23,4 16,7 16,1 15,0 56,5 16,7 29,7 120,5
Fase (%) Inicio-
Fim (%)
A
B
C
Geral
GrupoPeríodo (%)
Tabela 31. Resultados do aumento da percentagem de peso
64
foi superior (P>0,001) nos dois períodos iniciais do ensaio (P1-P2 e P2-P3) do que nos
restantes.
Os fatores idade de entrada no Centro e tempo do período de adaptação, que
foram ambos significativos no GMD, também constituíram uma fonte de variância neste
caracter, mas com resultados exatamente opostos. Os bovinos com uma idade de
entrada inferior a 6,0 meses e com um período de adaptação superior a 35 dias, que
apresentaram o menor GMD, são aqueles que exibiram o maior aumento da
percentagem de peso. Com um maior aumento da percentagem de peso surgem
também os bovinos de pelagem vermelha, que se sobrepõem aos rosilhos, e estes ainda
aos bovinos de pelagem malhada, o que demonstra que quanto maior o peso ou a
percentagem do peso adulto, menor é o aumento da velocidade de crescimento relativa
dos bovinos.
Ao contrário do que sucedeu no outro parâmetro de avaliação da velocidade de
crescimento, o aumento da percentagem de peso diferiu em função do regime alimentar
(P<0,001). Como se observa na Figura 6 o efeito da interação regime alimentar × período
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 32. Análise de variância simples do aumento da percentagem de peso
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 17,3 a
2 17,3 a
3 19,7 b
1 19,8 a
2 17,4 b
3 15,4 c
1 21,1 a
2 16,8 b
3 15,8 b
1 17,0
2 19,9
3 16,8
1 16,4
2 19,8
1 21,1
2 15,5
1 17,0
2 19,4
Período - 5 - 0,00000 ***
Regime alimentar × Período - 10 - 0,00000 ***
IVP × Período - 10 - 0,00000 ***
ADAPT × Período - 5 - 0,00000 ***
CF × Período - 5 - 0,01647 *
Erro 202
CF 1 0,53918 NS
GER 1 0,07895 NS
ADAPT 1 0,00000 ***
IVP 2 0,34478 NS
Regime alimentar 2 0,00050 ***
PEL 2 0,00000 ***
IENT 2 0,00000 ***
65
também foi significativo (P<0,001), pois o maior aumento da percentagem de peso
exibido pelos animais do regime alimentar 3, apenas se verificou no período de
adaptação, já que nos outros períodos se manteve semelhante aos animais dos outros
regimes alimentares.
Já na análise por fases que se encontra representada na Tabela 33, tal como para
o outro parâmetro de medição da velocidade de crescimento, o regime alimentar não
diferiu (P>0,05), ao contrário do que ocorreu na análise efetuada para os períodos. A
mesma situação ocorreu com a pelagem dos bovinos e com a idade de entrada que
deixaram de ser uma fonte de variância no aumento da percentagem de peso (P>0,05).
Assim, tal como no GMD, também só se detetaram diferenças no aumento da
percentagem de peso entre as fases (P<0,001). Para este parâmetro, todas as fases se
diferenciaram, mas não da forma esperada, ou seja com uma diminuição do aumento
da percentagem de peso de fase para fase, já que com um maior peso vivo no início da
fase, menor seria o aumento da percentagem de peso dos bovinos. A exceção verificada
prendeu-se com o menor aumento da percentagem de peso na fase de transição ao
comparar com a fase de acabamento, o que mais uma vez demonstra o fraco
desempenho de todos os bovinos nessa fase.
Figura 6. Interação entre o período e o regime alimentar
66
Para finalizar o estudo deste parâmetro, apresenta-se a análise início-fim com a
utilização da covariante GMDnasc-entr, que tal como no GMD não influenciou de forma
significativa o aumento da percentagem de peso (P>0,05). Como é possível visualizar na
Tabela 34, nenhum dos fatores incluídos no modelo matemático-estatístico, bem como
as interações consideradas, não causaram diferenças no aumento da percentagem de
peso dos bovinos (P>0,05), o que indica que os novos regimes alimentares podem ser
implementados na produção de Vitelão Mertolengo DOP, já que não prejudicaram o seu
crescimento.
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 24,1
2 23,2
3 23,7
1 23,0
2 24,8
3 22,9
Regime alimentar × PEL - 4 - 0,52910 NS
Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00243 **
1 21,8
2 24,2
3 22,8
4 26,0
1 22,8
2 23,0
3 25,5
Fase - 2 - 0,00000 ***
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,64142 NS
Regime alimentar × IENT - 4 - 0,98263 NS
Regime alimentar × Fase - 4 - 0,11255 NS
Erro 61
Regime alimentar 2 0,91771 NS
PEL 2 0,99768 NS
EXP 3 0,08527 NS
IENT 2 0,95286 NS
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 33. Análise de medições repetidas do aumento da percentagem de peso
67
4.1.2. Ingestão de Alimento
Neste ponto aborda-se a ingestão ajustada do alimento concentrado e da palha,
uma vez que não foi possível realizar a sua quantificação individual, nomeadamente a
do alimento concentrado.
Todos os cálculos efetuados têm por base os quilogramas de alimento
consumido, já que o teor de matéria seca era elevado e semelhante em todos os
alimentos.
4.1.2.1. Ingestão Ajustada do Alimento Concentrado
Os valores médios da ingestão ajustada do alimento concentrado encontram-se
representados na Tabela 35. Como a quantificação do alimento concentrado consumido
foi efetuada por grupo e não de forma individual, é evidente que o valor médio da
ingestão de concentrado não é mais do que o valor da quantidade consumida antes de
ser ajustada para cada animal, em função do seu peso, em relação ao peso médio do
grupo, num determinado intervalo de tempo.
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
GMDnas-entr - 1 - 0,13612 NS
Regime alimentar 1 2 - 0,76742 NS
1 82,8
2 92,3
3 84,9
1 87,9
2 85,8
3 83,8
1 81,5
2 84,6
3 95,5
1 93,1
2 83,6
3 84,6
1 91,0
2 82,1
1 88,8
2 84,0
1 79,6
2 90,4
3 81,5
4 97,2
Regime alimentar × IVP - 4 - 0,77036 NS
Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99847 NS
Erro 12
CF
NASC 2 0,83818 NS
IENT 2 0,58563 NS
PEL 2 0,44555 NS
IVP 2 0,99914 NS
GER 1 0,44734 NS
NS
1 1,00000 NS
EXP 3 0,26796
Tabela 34. Análise de covariância do aumento da percentagem de peso
68
Ao observar os valores médios das três fases constata-se que a ingestão de
concentrado foi sempre aumentando, exceto no grupo A, em que existiu uma pequena
diminuição do consumo da fase de recria para a fase de transição, o que pode ter estado
na origem do pior desempenho desses animais em termos de velocidade de crescimento
(absoluta e relativa), pois quanto maior a ingestão de alimento, maiores são as
possibilidades dos animais aumentarem o seu desempenho (McDonald et al., 2006).
Como esta diminuição da ingestão de alimento concentrado não tem aparentemente
explicação em termos nutricionais, já que neste grupo de animais o regime alimentar se
manteve inalterável, de certo modo o que se pode concluir sobre a ingestão de
concentrado nos outros dois regimes alimentares pode ser afetado. Assim,
relativamente aos animais dos grupos B e C, verificou-se que aparentemente a sua
adaptação ao novo alimento concentrado correu da melhor forma, até porque
aumentaram a sua ingestão, o que está de acordo com McDonald et al. (2006), que
referem que o consumo de alimento aumenta com o aumento do peso vivo dos animais,
embora outros fatores ambientais também possam ter influenciado o consumo dos
animais.
O que também comprova o aumento do consumo de concentrado com o
incremento da massa corporal é a proporção de animais que apresentaram uma
ingestão de concentrado superior a 7,000 kg/dia, que foi de 2,4% nas duas primeiras
fases e de 36,6% na fase de acabamento.
69
Como se observa na Tabela 36 da análise de variância simples, apenas o fator de
variação, geração de nascimento do progenitor masculino não influenciou de forma
significativa o comportamento dos bovinos (P>0,05).
Com o aumento de peso dos bovinos aumentam as suas necessidades nutritivas,
mas também a sua capacidade de ingestão (McDonald et al., 2006), o que ficou
comprovado com a menor ingestão de concentrado (P<0,001) que ocorreu no período
inicial e com as maiores quantidades consumidas nos dois últimos períodos, sem
distinção entre estes. Tendo em consideração que se apurou que com o aumento de
peso dos bovinos, a ingestão de concentrado foi superior, justifica-se o facto dos animais
de pelagem malhada, dos animais descendentes de vacas com mais de 9 anos, dos
bovinos que tiveram um período de adaptação inferior a 35 dias, dos animais que não
tiveram acesso ao creep-feeding e por fim dos animais com idade de entrada superior a
7,0 meses (diferença significativa apenas para os bovinos com idade inferior a 6,0
meses), apresentarem um maior consumo de concentrado.
P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A
Média 5,873 6,582 6,199 7,423 7,302 6,234 6,199 7,364 6,677
Desvio-Padrão 0,389 0,392 0,436 0,576 0,608 0,422 0,436 0,589 0,503
Mínimo 5,216 5,920 5,549 6,631 6,591 5,571 5,549 6,613 5,993
Máximo 6,517 7,210 7,024 8,600 8,619 7,080 7,024 8,614 7,872
Média 5,873 6,046 6,276 6,505 7,063 5,961 6,276 6,779 6,351
Desvio-Padrão 0,320 0,301 0,332 0,357 0,413 0,312 0,332 0,403 0,357
Mínimo 5,299 5,510 5,700 5,859 6,287 5,388 5,700 6,057 5,634
Máximo 6,298 6,555 6,877 7,072 7,598 6,477 6,877 7,399 6,853
Média 5,873 5,969 6,010 6,587 6,667 5,922 6,010 6,586 6,374
Desvio-Padrão 0,315 0,324 0,334 0,348 0,342 0,324 0,334 0,337 0,309
Mínimo 5,373 5,516 5,515 6,030 6,115 5,332 5,515 6,041 5,908
Máximo 6,307 6,834 6,813 7,337 7,308 6,455 6,813 7,232 7,042
Média 5,873 6,199 6,165 6,845 7,019 6,039 6,165 6,917 6,470
Desvio-Padrão 0,334 0,432 0,379 0,604 0,529 0,375 0,379 0,558 0,418
Mínimo 5,216 5,510 5,515 5,859 6,115 5,332 5,515 6,041 5,634
Máximo 6,517 7,210 7,024 8,600 8,619 7,080 7,024 8,614 7,872
Período (kg)
Geral
A
B
C
GrupoFase (kg) Inicio-
Fim (kg)
Tabela 35. Resultados da ingestão do alimento concentrado
70
O comportamento dos animais nos três regimes alimentares foi diferente
(P<0,001), com uma menor ingestão de concentrado nos animais do regime alimentar
3, comparativamente aos dos regime alimentar 2 que também apresentaram diferença
significativa para os animais do regime alimentar 1, que assim exibiram o maior consumo
de alimento concentrado (Figura 7). Essa maior ingestão de alimento concentrado foi
bem evidente no período P2-P3, altura em que o concentrado administrado aos três
grupos ainda era o mesmo (concentrado de crescimento), pelo que a causa dessa
diferença possa ser mais uma vez o peso mais elevado dos animais desse grupo, ainda
que apenas com diferença para os animais do regime alimentar 3 (P<0,01), apesar da
semelhante velocidade de crescimento absoluta entre grupos (P>0,05).
Após a diminuição do consumo de concentrado no período P3-P4, em que se
assemelharam aos animais dos outros dois regimes alimentares, observou-se um
aumento da ingestão de concentrado nos três grupos, mas com uma maior evidência
nos animais do regime alimentar 1. Nestes dois últimos períodos do ensaio, a maior
ingestão de concentrado para além de poder estar relacionada com o maior peso dos
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 36. Análise de variância simples da ingestão do concentrado
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 6,676 a
2 6,353 b
3 6,212 c
1 6,348 a
2 6,422 a
3 6,564 b
1 6,297 a
2 6,395 a b
3 6,594 b
1 6,396 a
2 6,233 a
3 6,668 b
1 6,479
2 6,352
1 6,230
2 6,581
1 6,494
2 6,320
Período - 4 - 0,00000 ***
Regime alimentar × Período - 8 - 0,00000 ***
IVP × Período - 8 - 0,87390 NS
ADAPT × Período - 4 - 0,09862 NS
CF × Período - 4 - 0,72775 NS
Erro 167
CF 1 0,00106 **
GER 1 0,97999 NS
ADAPT 1 0,00000 ***
IVP 2 0,00000 ***
Regime alimentar 2 0,00000 ***
PEL 2 0,00015 ***
IENT 2 0,04626 *
71
animais (diferença apenas para os animais do regime alimentar 3), já pode ter tido
origem no regime alimentar. A dieta dos regimes alimentares 2 e 3, nestes dois últimos
períodos foi a mesma, ou seja constituída por concentrado de acabamento, que devido
ao seu maior conteúdo energético (mas equilibrada nos outros nutrientes) satisfez as
necessidades nutritivas dos bovinos com um menor consumo de concentrado, já que
estes consomem alimento para satisfazer principalmente as suas necessidades
energéticas (McDonald et al., 2006).
O consumo de alimento concentrado determinado para as todas as fases, em
todos os grupos de animais, foi superior ao consumo de concentrado estimado em
função de 2,0% do peso vivo dos bovinos (Tabela 37), valor utilizado nos testes de
performance da raça Mertolenga (Pais, 2015), mas se o consumo estimado for calculado
com 2,5% do peso vivo, apenas na fase de recria esse consumo real é superior ao
estimado.
Apesar das diferenças significativas da ingestão de concentrado entre regimes
alimentares e alguns períodos (P<0,001), na ANCOVA a ingestão de alimento
concentrado não diferiu entre os regimes alimentares (P>0,05). O consumo diário de
concentrado de todos os animais (6,470 ± 0,418 kg) foi superior aos resultados descritos
por Rodrigues de Carvalho (2000) e Veríssimo (2001) (5,750 e 4,340 kg, respetivamente),
Figura 7. Interação entre o período e o regime alimentar
Cons. Real Cons. Estimado Cons. Real Cons. Estimado Cons. Real Cons. Estimado
A 6,234 4,180 6,199 5,120 7,364 6,040
B 5,961 4,220 6,276 5,120 6,779 6,020
C 5,922 4,160 6,010 5,020 6,586 5,980
Geral 6,039 4,180 6,165 5,080 6,917 6,000
Fase R (kg) Fase T (kg) Fase A (kg)Grupo
Tabela 37. Consumo de concentrado real e estimado
72
apesar do peso e idade inferior por parte dos animais deste ensaio, mas enquanto estes
tinham um acesso ad libitum ao concentrado, nos outros dois ensaios o consumo era
restringido a 2% do peso vivo. Ao confrontar com a ingestão de bovinos com
concentrado distribuído também ad libitum (Castelo, 2014), os resultados são inferiores,
apesar do peso e idade dos animais serem também inferiores.
A covariante GMDnasc-entr parecia influenciar significativamente a ingestão de
concentrado (P<0,05), como se observa na Tabela 38, mas posteriormente verificou-se
com o Teste F a igualdade dos declives nos níveis do regime alimentar, porquanto a
utilização da covariante ficou sem efeito (P>0,05).
Para este parâmetro, apesar dos diferentes resultados em função da pelagem
obtidos na ANOVA, nesta análise, a pelagem dos animais não constituiu uma fonte de
variação (P>0,05), o que está de acordo com o referido por Rodrigues de Carvalho
(2000), que também não encontrou diferenças para a exploração de origem, tal como o
determinado.
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
GMDnas-entr - 1 - 0,02325 *
Regime alimentar 1 2 - 0,87993 NS
1 6,386
2 6,410
3 6,769
1 6,480
2 6,362
3 6,643
1 6,318
2 6,469
3 6,660
1 6,474
2 6,263
3 6,719
1 6,545
2 6,390
1 6,495
2 6,437
1 6,591
2 6,978
3 6,230
4 6,406
Regime alimentar × IVP - 4 - 0,93530 NS
Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99518 NS
Erro 12
NASC 2 0,71155 NS
IENT 2 0,26267 NS
PEL 2 0,71676 NS
IVP 2 0,61908 NS
GER 1 0,54699 NS
CF 1 1,00000 NS
EXP 3 0,94595 NS
Tabela 38. Análise de covariância da ingestão do concentrado
73
4.1.2.2. Ingestão Ajustada do Alimento Grosseiro
Na Tabela 39 exibem-se os valores referentes à ingestão ajustada de palha. Tal
como em 4.1.2.1. Ingestão Ajustada do Alimento Concentrado, também neste tópico o
valor médio da ingestão do alimento grosseiro representa a quantidade consumida
antes de ser ajustada para cada animal, em função do seu peso, em relação ao peso
médio do grupo. Como o consumo de palha foi calculado para todo o ensaio
experimental, o valor médio de ingestão de palha foi igual para todos os períodos e
fases.
Como determinado na análise de variância efetuada por períodos para a ingestão
de alimento concentrado, neste caracter (Tabela 40) também os animais com uma maior
massa corporal apresentaram uma maior ingestão. Assim, os animais de pelagem
malhada, os bovinos descendentes de vacas com idade superior a 9 anos, os animais
com período de adaptação inferior a 35 dias, e os bovinos que não tiveram acesso ao
creep-feeding ingeriram uma maior quantidade de alimento grosseiro.
O consumo de palha também diferiu consoante o regime alimentar (P<0,001),
mas contrariamente ao que se tem constatado, foram os animais do regime alimentar
3, os de menor massa corporal e que consumiram a menor quantidade de concentrado,
a apresentarem a maior ingestão de palha. Este resultado não deixa de ser curioso, até
P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A
Média 0,752 0,752 0,752 0,752 0,752 0,752 0,752 0,752 0,752
Desvio-Padrão 0,050 0,045 0,053 0,058 0,063 0,051 0,053 0,060 0,057
Mínimo 0,668 0,677 0,673 0,672 0,679 0,672 0,673 0,676 0,675
Máximo 0,835 0,824 0,852 0,872 0,888 0,854 0,852 0,880 0,887
Média 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017
Desvio-Padrão 0,055 0,051 0,054 0,056 0,060 0,053 0,054 0,060 0,057
Mínimo 0,918 0,927 0,924 0,916 0,905 0,920 0,924 0,909 0,902
Máximo 1,091 1,103 1,115 1,106 1,094 1,105 1,115 1,110 1,098
Média 1,113 1,113 1,113 1,113 1,113 1,113 1,113 1,113 1,113
Desvio-Padrão 0,060 0,060 0,062 0,059 0,057 0,061 0,062 0,057 0,054
Mínimo 1,018 1,029 1,028 1,032 1,021 1,002 1,028 1,021 1,032
Máximo 1,195 1,274 1,271 1,255 1,220 1,213 1,271 1,222 1,230
Média 0,961 0,961 0,961 0,961 0,961 0,961 0,961 0,961 0,961
Desvio-Padrão 0,163 0,163 0,166 0,169 0,165 0,164 0,166 0,165 0,164
Mínimo 0,668 0,677 0,673 0,672 0,679 0,672 0,673 0,676 0,675
Máximo 1,195 1,274 1,271 1,255 1,220 1,213 1,271 1,222 1,230
Período (kg) Fase (kg) Inicio-
Fim (kg)
Geral
A
Grupo
B
C
Tabela 39. Resultados da ingestão do alimento grosseiro
74
porque o concentrado de acabamento que estes animais consumiram durante mais
tempo, era aquele que tinha a maior proporção de fibra bruta, pelo que se pode
considerar uma preferência destes animais pelos alimentos grosseiros na satisfação das
suas necessidades nutritivas, em detrimento do alimento concentrado, o que para
Roquete (1993) não é mais do que uma constatação prática da dificuldade, em algumas
situações, em fazer com que um bovino Mertolengo ingira facilmente o alimento
concentrado.
Relativamente aos animais dos outros regimes alimentares, também
apresentaram diferenças na ingestão da palha. Os animais do regime alimentar 1 que
consumiram a maior quantidade de concentrado, ingeriram a menor quantidade de
palha, enquanto os animais do regime alimentar 2, tal como na ingestão de concentrado,
se encontram numa posição intermédia, o que se traduz numa complementaridade
entre os dois alimentos na satisfação das necessidades nutritivas dos bovinos.
Ao contrário da análise anterior em que a grande maioria dos fatores presentes
no modelo matemático-estatístico causou diferenças significativas na ingestão de palha,
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 40. Análise de variância simples da ingestão de palha
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 0,752 a
2 1,017 b
3 1,117 c
1 0,933 a
2 0,965 a
3 1,014 b
1 0,956
2 1,003
3 0,915
1 0,986 a
2 0,974 a
3 0,919 b
1 0,972
2 0,948
1 0,974
2 0,948
1 0,965
2 0,954
Período - 4 - 0,98986 NS
Regime alimentar × Período - 8 - 0,99964 NS
IVP × Período - 8 - 0,95083 NS
ADAPT × Período - 4 - 0,18877 NS
CF × Período - 4 - 0,74169 NS
Erro 167
0,00021
IENT 2 0,39950
CF 1 0,00138
***
***
NS
***
NS
***
**
IVP 2 0,00003
GER 1 0,89914
ADAPT 1 0,00000
Regime alimentar 2 0,00000
PEL 2
75
na análise início-fim verificou-se precisamente o contrário (Tabela 41). A covariante e o
regime alimentar tiveram influência significativa neste parâmetro (P<0,01), mas no
Teste F determinou-se a igualdade dos declives nos níveis do regime alimentar, pelo que
a covariante deixou de causar significativas variações (P>0,05), assim como o fator
regime alimentar.
Como no modelo com variáveis de contraste, o regime alimentar não determinou
diferenças neste caracter (P>0,05), pode-se confrontar o resultado médio geral (0,961 ±
0,164 kg) com o determinado por Castelo (2014), tendo-se verificado mais uma vez um
menor consumo neste trabalho experimental.
4.1.3. Eficiência Alimentar
Após se ter abordado em dois tópicos anteriores o GMD e a ingestão de
alimentos, seguidamente fala-se da sua relação, ou seja do índice de conversão. Como
se determinou de forma independente a ingestão do alimento concentrado e do
alimento grosseiro, optou-se por calcular o índice de conversão apenas para o alimento
concentrado (4.1.3.1.) e para ambos os alimentos (matéria bruta) (4.1.3.2.). Ambos os
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
GMDnas-entr - 1 - 0,00797 **
Regime alimentar 1 2 - 0,00312 **
1 0,926
2 0,954
3 1,033
1 0,960
2 0,939
3 0,983
1 0,943
2 1,004
3 0,920
1 0,989
2 0,963
3 0,921
1 0,972
2 0,941
1 0,957
2 0,957
1 0,962
2 0,999
3 0,941
4 0,952
Regime alimentar × IVP - 4 - 0,94615 NS
Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99029 NS
Erro 12
CF 1 1,00000 NS
EXP 3 0,87503 NS
PEL 2 0,71624 NS
IVP 2 0,58521 NS
NASC 2 0,44963 NS
IENT 2 0,20351 NS
GER 1 0,49378 NS
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 41. Análise de covariância da ingestão de palha
76
índices de conversão são designados ajustados, devido à ingestão de alimentos ter sido
determinada com base em valores ajustados, ao contrário do GMD que se refere a
valores individuais.
4.1.3.1. Índice de Conversão do Alimento Concentrado Ajustado
Os resultados do índice de conversão por quilograma de concentrado ingerido
encontram-se na Tabela 42. Nos cinco períodos em que se analisaram os dados, apenas
em seis situações o índice de conversão do concentrado foi superior a 10,000. No que
respeita às fases, verificou-se uma diferença substancial na percentagem de animais
com um índice de conversão do alimento concentrado inferior a 5,000, com 45,2, 12,2 e
7,3% para as fases de recria, transição e acabamento, respetivamente.
Como se observa na Tabela 43 da ANOVA, foram muito poucos os fatores a
causar diferenças significativas no índice de conversão do alimento concentrado
(P>0,05).
No que se relaciona com a idade de entrada no Centro de Testagem e Recria,
constatou-se que o índice de conversão dos bovinos com idade inferior a 6,0 meses foi
mais elevado que o dos animais com mais de 7,0 meses (P<0,01). Esta diferença pode
ser explicada pelo menor GMD dos animais com idade inferior a 6,0 meses, embora
P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A
Média 5,340 5,742 5,976 7,018 6,878 5,407 5,976 6,948 6,025
Desvio-Padrão 1,713 1,163 1,175 1,500 1,335 1,011 1,175 1,415 0,901
Mínimo 3,073 4,206 4,400 5,220 5,278 3,728 4,400 5,252 4,824
Máximo 9,775 7,796 8,462 10,640 10,100 7,568 8,462 10,365 8,610
Média 5,749 5,243 6,810 6,402 6,169 5,339 6,810 6,099 5,816
Desvio-Padrão 1,789 1,166 1,738 1,126 1,477 1,019 1,738 0,557 0,600
Mínimo 3,755 3,590 4,571 4,879 4,342 4,343 4,571 4,839 5,110
Máximo 10,628 8,408 10,340 9,000 9,348 7,849 10,340 6,798 7,038
Média 6,800 5,208 6,534 5,511 5,602 5,640 6,534 5,490 5,819
Desvio-Padrão 3,009 0,796 1,119 0,593 0,767 1,176 1,119 0,514 0,586
Mínimo 3,154 3,892 5,181 4,376 4,638 3,698 5,181 4,692 5,096
Máximo 14,053 6,645 8,672 6,318 7,298 8,106 8,672 6,416 6,962
Média 5,963 5,398 6,438 6,330 6,231 5,462 6,438 6,196 5,888
Desvio-Padrão 2,281 1,059 1,390 1,279 1,319 1,053 1,390 1,093 0,703
Mínimo 3,073 3,590 4,400 4,376 4,342 3,698 4,400 4,692 4,824
Máximo 14,053 8,408 10,340 10,640 10,100 8,106 10,340 10,365 8,610
GrupoPeríodo Fase Inicio-
Fim
B
C
Geral
A
Tabela 42. Resultados do índice de conversão do alimento concentrado
77
também tenham ingerido uma menor quantidade de concentrado que os animais com
mais de 7,0 meses de idade no momento de entrada.
O índice de conversão do concentrado foi menor no período P2-P3 em relação
aos três últimos (P<0,01). O resultado mais favorável em P2-P3 ao confrontar com o do
período P3-P4, foi devido ao menor GMD obtido pelos animais neste último período,
enquanto a origem dos piores resultados nos períodos P4-P5 e P5-P6 se deveu à maior
quantidade de alimento concentrado ingerido pelos animais.
Tal como no GMD e ao contrário da ingestão de concentrado, o regime alimentar
não afetou este parâmetro (P>0,05), mas a sua interação com os períodos foi
significativa (P<0,01). Ao observar a Figura 8 nota-se que os animais do regime alimentar
3 no período inicial apresentavam o índice de conversão do concentrado mais elevado,
mas nos dois últimos períodos apresentaram os resultados mais favoráveis; situação
claramente contrária à dos animais do regime alimentar 1, em que o índice de conversão
foi sempre aumentando ao longo dos períodos e se tornou no mais elevado nos dois
últimos períodos.
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 6,191
2 6,075
3 5,933
1 6,188
2 5,859
3 6,185
1 6,305 a
2 6,171 a b
3 5,644 b
1 5,677
2 6,103
3 6,385
1 5,917
2 6,223
1 6,345
2 5,824
1 6,044
2 6,098
Período - 4 - 0,00548 **
Regime alimentar × Período - 8 - 0,00215 **
IVP × Período - 8 - 0,05366 NS
ADAPT × Período - 4 - 0,96843 NS
CF × Período - 4 - 0,00131 **
Erro 167
CF 1 0,34404 NS
IVP 2 0,06864 NS
GER 1 0,70883 NS
ADAPT 1 0,06024 NS
Regime alimentar 2 0,54679 NS
PEL 2 0,26192 NS
IENT 2 0,00830 **
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 43. Análise de variância simples do índice de conversão do concentrado
78
Na análise de medições repetidas (Tabela 44), a maior parte dos fatores também
não influenciou significativamente o índice de conversão do concentrado (P>0,05), tal
como ocorreu na análise efetuada para o GMD. As diferenças entre as fases detetaram-
se mais uma vez (P<0,001), mas neste parâmetro de eficiência alimentar, a fase de recria
obteve o resultado mais favorável (menor índice de conversão), apesar da velocidade
de crescimento absoluta não diferir entre essa fase e a fase de acabamento (P>0,05),
pelo que, e embora sem análise de medições repetidas para a ingestão do alimento
concentrado, o consumo deve ter sido inferior na fase de recria, para se ter obtido uma
maior eficiência alimentar.
Figura 8. Interação entre o período e o regime alimentar
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 6,110
2 6,083
3 5,882
1 6,200
2 5,899
3 5,872
Regime alimentar × PEL - 4 - 0,14462 NS
Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00024 ***
1 6,451
2 5,516
3 6,214
4 5,645
1 6,403
2 5,978
3 5,605
Fase - 2 - 0,00000 ***
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,39479 NS
Regime alimentar × IENT - 4 - 0,99367 NS
Regime alimentar × Fase - 4 - 0,00014 ***
Erro 61
EXP 3 0,10675 NS
IENT 2 0,69678 NS
Regime alimentar NS2 0,99560
PEL 2 0,80767 NS
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 44. Análise de medições repetidas do índice de conversão do concentrado
79
Na Figura 9, onde se encontra representada a interação entre os regimes
alimentares e as fases (P<0,001), é bem visível o menor índice de conversão do
concentrado apresentado por todos os regimes alimentares na fase de recria. Enquanto
o índice de conversão dos regimes alimentares 2 e 3, após os valores elevados na fase
de transição, em função do menor GMD obtido nessa fase, diminuiu na fase de
acabamento, o índice de conversão dos animais do regime alimentar 1 foi sempre
aumentando de fase para fase, mas com um maior incremento da fase de transição para
a de acabamento.
Como o regime alimentar mais uma vez não afetou este parâmetro (P>0,05), em
termos de eficiência alimentar do alimento concentrado pode-se optar por qualquer um
dos regimes alimentares. Tal como já demonstrado pelos resultados do GMD, pode-se
realizar uma mudança do alimento concentrado, de forma mais gradual ou repentina, e
assim pode-se iniciar a administração de concentrado de acabamento após P3, para
além de também se poder reduzir a concentração proteica da dieta, tal como referem
Koenig et al. (2013); tudo isto porque o índice de conversão do alimento concentrado
dos bovinos dos regimes alimentares 2 e 3 não foi superior ao dos animais do regime
alimentar 1, em qualquer uma das fases.
Dos fatores incluídos no modelo matemático-estatístico da ANCOVA, nenhum
deles constituiu uma fonte de variação no índice de conversão do concentrado (P>0,05),
tal como a própria covariante utilizada (P>0,05) (Tabela 45). Em virtude do regime
alimentar não ter causado diferença significativa no índice de conversão do
concentrado, pode-se confrontar o resultado médio obtido por todos os animais (5,888
± 0,703) com os obtidos noutros trabalhos, apesar de na maioria, os índices de conversão
Figura 9. Interação entre a fase e o regime alimentar
80
serem relativos a bovinos com peso e idade superiores aos animais do presente ensaio.
Ao confrontar com resultados mais antigos, como os obtidos por Rodrigues de Carvalho
(2000), Roquete (1993) e Veríssimo (2001), de 6,510, 6,482 e 6,660, respetivamente, e
apesar da restrição do consumo a 2,0% do peso vivo, constata-se uma melhoria na
eficiência alimentar do concentrado, confirmada também pelos resultados semelhantes
aos obtidos neste ensaio por Castelo (2014).
Neste parâmetro, a pelagem dos bovinos não foi um fator com influência
significativa (P>0,05), o que está de acordo com o referido por diversos autores (Côrte-
Real, 2003; Rodrigues de Carvalho, 2000; Roquete, 1993), e que assim, mais uma vez, de
certa forma coloca em causa um estudo de Mateus et al. (2012), que refere uma clara
diferenciação em termos genéticos para cada uma das pelagens da raça.
A exploração de origem dos bovinos que nos estudos de Rodrigues de Carvalho
(2000) e de Roquete (1993) causaram diferenças significativas no índice de conversão
do concentrado apresentado pelos bovinos, neste ensaio não causaram significativas
variações (P>0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
GMDnas-entr - 1 - 0,10146 NS
Regime alimentar 1 2 - 0,60475 NS
1 6,054
2 5,667
3 5,929
1 5,819
2 5,972
3 5,988
1 6,157
2 5,938
3 5,495
1 5,546
2 5,976
3 6,097
1 5,708
2 6,078
1 5,826
2 5,968
1 6,311
2 5,660
3 6,086
4 5,382
Regime alimentar × IVP - 4 - 0,76048 NS
Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,98139 NS
Erro 12
EXP 3 0,18056 NS
IVP 2 0,99567 NS
GER 1 0,33854 NS
CF 1 1,00000 NS
NASC 2 0,61361 NS
IENT 2 0,55904 NS
PEL 2 0,32956 NS
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 45. Análise de covariância do índice de conversão do concentrado
81
4.1.3.2. Índice de Conversão da Matéria Bruta Ajustada
Neste parâmetro de análise da eficiência alimentar, em que para além da
ingestão do alimento concentrado também se considerou o consumo de palha, como é
evidente, os resultados foram superiores ao comparar com aqueles em que se
considerou apenas o consumo de alimento concentrado (Tabela 46). Assim, verificou-se
um aumento médio deste parâmetro em aproximadamente 0,908, ao confrontar as
médias gerais de todos os intervalos de tempos considerados neste trabalho, com os
resultados obtidos no tópico anterior (4.1.3.1.). Apesar dos resultados mais elevados,
nos cinco períodos, apenas em catorze ocasiões os bovinos apresentaram um índice de
conversão superior a 10,000. Nas fases também se continuou a verificar uma grande
diferença no que se refere à percentagem de animais com um índice de conversão
inferior a 6,000 (em vez de 5,000, como no tópico anterior devido ao aumento
aproximado de uma unidade dos valores médios), com 52,4, 19,5 e 14,6% nas fases de
recria, transição e acabamento, respetivamente.
Na análise por períodos, as fontes de variância a afetar este caracter foram as
mesmas que de forma significativa influenciaram o índice de conversão do alimento
concentrado (Tabela 47). Entre os períodos detetaram-se diferenças (P<0,01) devido ao
menor índice de conversão no período P2-P3 ao comparar com os períodos P3-P4 e P4-
P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A
Média 6,025 6,398 6,701 7,729 7,586 6,060 6,701 7,658 6,704
Desvio-Padrão 1,933 1,296 1,318 1,652 1,472 1,133 1,318 1,559 1,003
Mínimo 3,467 4,686 4,934 5,749 5,821 4,178 4,934 5,789 5,367
Máximo 11,027 8,687 9,489 11,719 11,141 8,482 9,489 11,424 9,580
Média 6,745 6,126 7,914 7,403 7,058 6,251 7,914 7,014 6,748
Desvio-Padrão 2,099 1,362 2,020 1,303 1,690 1,193 2,020 0,640 0,696
Mínimo 4,405 4,194 5,311 5,642 4,967 5,084 5,311 5,565 5,929
Máximo 12,469 9,823 12,016 10,408 10,695 9,189 12,016 7,818 8,166
Média 8,089 6,179 7,753 6,454 6,537 6,700 7,753 6,418 6,835
Desvio-Padrão 3,580 0,944 1,328 0,694 0,895 1,397 1,328 0,601 0,689
Mínimo 3,751 4,618 6,147 5,125 5,412 4,394 6,147 5,485 5,985
Máximo 16,717 7,884 10,289 7,399 8,516 9,630 10,289 7,500 8,178
Média 6,953 6,234 7,449 7,214 7,073 6,337 7,449 7,045 6,760
Desvio-Padrão 2,719 1,191 1,650 1,370 1,435 1,245 1,650 1,136 0,793
Mínimo 3,467 4,194 4,934 5,125 4,967 4,178 4,934 5,485 5,367
Máximo 16,717 9,823 12,016 11,719 11,141 9,630 12,016 11,424 9,580
Inicio-
Fim
A
B
GrupoPeríodo Fase
Geral
C
Tabela 46. Resultados do índice de conversão da matéria bruta
82
P5. As causas anteriormente descritas para as diferenças no índice de conversão do
concentrado, também se aplicam neste caracter, ou seja o GMD inferior em P3-P4 e a
maior ingestão de concentrado em P4-P5, já que a ingestão de palha, como referido
anteriormente, não difere entre os períodos.
Tal como no índice de conversão do concentrado, os bovinos com menos de 6,0
meses no momento de entrada apresentaram um índice de conversão da matéria bruta
mais elevado que os animais com mais de 7,0 meses. Uma vez mais, a justificação é a
mesma que para o tópico anterior, até porque a idade de entrada no Centro foi um fator
que não afetou a ingestão de palha.
O índice de conversão da matéria bruta não diferiu consoante o regime alimentar
(P>0,05), apesar deste fator ter afetado a ingestão do alimento concentrado e também
de palha. O efeito da interação regime alimentar × período foi significativo (P<0,01), uma
vez que como se observa na Figura 10, ocorreu novamente uma grande mudança no
comportamento dos bovinos dos três regimes alimentares nos diversos períodos.
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 6,888
2 7,049
3 7,006
1 7,104
2 6,734
3 7,161
1 7,252 a
2 7,152 a b
3 6,433 b
1 6,561
2 7,053
3 7,277
1 6,808
2 7,159
1 7,331
2 6,672
1 6,945
2 7,026
Período - 4 - 0,00951 **
Regime alimentar × Período - 8 - 0,00313 **
IVP × Período - 8 - 0,05298 NS
ADAPT × Período - 4 - 0,96032 NS
CF × Período - 4 - 0,00143 **
Erro 167
ADAPT 1 0,06855 NS
CF 1 0,34227 NS
Regime alimentar 2 0,82458 NS
PEL 2 0,24134 NS
IENT 2 0,01119 *
IVP 2 0,06828 NS
GER 1 0,67444 NS
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 47. Análise de variância simples do índice de conversão da matéria bruta
83
Em termos da análise de medições repetidas, as fontes a causar variação neste
parâmetro (P<0,05) também são as mesmas que influenciaram de forma significativa o
índice de conversão do alimento concentrado (Tabela 48).
Como a ingestão do alimento grosseiro não diferiu entre as fases, é evidente que
este índice de conversão também foi inferior na fase de recria ao comparar com as
outras duas fases (P<0,001), e que as causas para esta diferenciação são as já
apresentadas anteriormente para o índice de conversão do alimento concentrado. Na
Figura 11, onde está exposta a interação entre o regime alimentar e a fase (P<0,001), é
possível visualizar a maior eficiência alimentar na fase de recria, bem como o incremento
do índice de conversão por parte dos animais do regime alimentar 1 ao longo das fases,
Figura 10. Interação entre o período e o regime alimentar
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 6,806
2 7,059
3 6,951
1 7,123
2 6,788
3 6,799
Regime alimentar × PEL - 4 - 0,15355 NS
Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00059 ***
1 7,410
2 6,323
3 7,173
4 6,503
1 7,371
2 6,931
3 6,395
Fase - 2 - 0,00001 ***
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,45412 NS
Regime alimentar × IENT - 4 - 0,99394 NS
Regime alimentar × Fase - 4 - 0,00035 ***
Erro 61
2 0,69634 NS
3 0,13139 NS
IENT
EXP
Regime alimentar 2 0,90500 NS
PEL 2 0,80902 NS
Tabela 48. Análise de medições repetidas do índice de conversão da matéria bruta
84
o que está de acordo com McDonald et al. (2006), que referem uma menor eficiência
alimentar com o aumento de peso e principalmente quando ocorre o desenvolvimento
do tecido adiposo. Situação precisamente contrária ao que sucedeu nos outros dois
regimes alimentares, em que ocorreu uma diminuição deste parâmetro na fase de
acabamento, após o incremento da fase de recria para a fase de transição.
Relativamente à análise início-fim efetuada para este parâmetro, cujos
resultados se exibem na Tabela 49, observou-se que nem a covariante, nem os fatores
e interações incluídas no modelo matemático-estatístico da ANCOVA tiveram um efeito
significativo no índice de conversão da matéria bruta (P>0,05). Assim e uma vez mais,
com o caracter a não diferir em função do regime alimentar (P>0,05), tal como
determinado também por Fraústo da Silva (1996), qualquer regime alimentar é
exequível, pelo que se podem efetuar comparações com o índice de conversão da
matéria bruta médio calculado para todos os animais (6,760 ± 0,793). Este valor é
extremamente positivo ao confrontar com os determinados por Roquete (1993) e
Veríssimo (2001) para o índice de conversão da matéria bruta e ao comparar com os
obtidos por Fraústo da Silva (1996) e Vacas (2001) para a matéria seca, o que apenas é
possível devido ao elevado teor de matéria seca e à sua semelhança em todos os
alimentos. Já ao comparar com um resultado mais recente, 6,310 ± 1,080 (Pais et al.,
2013), verifica-se uma maior proximidade entre ambos os valores, embora este tenha
sido calculado em termos da matéria seca do alimento.
Figura 11. Interação entre a fase e o regime alimentar
85
A inexistência de resposta por parte dos bovinos em função da sua pelagem
(P>0,05) está mais uma vez de acordo com o referido por Roquete (1993) e contradiz os
resultados obtidos por Vacas (2001) da diferenciação entre pelagens para este
parâmetro. No que se relaciona com o fator exploração de origem dos bovinos,
contrariamente a Roquete (1993) e Vacas (2001), este não teve qualquer efeito
significativo neste índice de conversão (P>0,05), assim como a idade de entrada dos
animais no Centro, o que já se encontra conforme o obtido por Vacas (2001).
4.1.4. Eficiência Bio Económica
Neste último ponto do desempenho produtivo são abordados os aspetos
económicos relacionados com as despesas da alimentação diferenciada nos três grupos
de animais, para além dos cálculos da eficiência económica por quilograma de peso vivo.
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
GMDnas-entr - 1 - 0,10070 NS
Regime alimentar 1 2 - 0,71085 NS
1 6,937
2 6,505
3 6,841
1 6,688
2 6,841
3 6,878
1 7,065
2 6,867
3 6,256
1 6,395
2 6,890
3 6,938
1 6,553
2 6,978
1 6,686
2 6,856
1 7,234
2 6,471
3 7,004
4 6,184
Regime alimentar × IVP - 4 - 0,75107 NS
Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,98400 NS
Erro 12
CF 1 1,00000 NS
EXP 3 0,18568 NS
PEL 2 0,34198 NS
IVP 2 0,99363 NS
NASC 2 0,60738 NS
IENT 2 0,56144 NS
GER 1 0,35100 NS
Tabela 49. Análise de covariância do índice de conversão da matéria bruta
86
4.1.4.1. Custo do Alimento Concentrado Ajustado
Este custo refere-se ao custo do alimento concentrado, calculado por dia e por
animal, tendo em conta o consumo total por grupo, o seu preço, o número de animais
no grupo e a duração do intervalo de tempo.
Como se observa na Tabela 50, para o total dos animais (geral), todos os valores
médios, exceto o do período P5-P6, apresentaram um custo do concentrado inferior a
2,000 €. Estes reduzidos custos também são comprovados pelas diminutas percentagens
de bovinos que apresentaram valores superiores a 2,000 € (2,4% nas fases de recria e
transição e 12,2% do início ao fim), apenas com uma percentagem claramente superior
na fase de acabamento (39,0%).
Na análise de variância simples, a grande maioria dos fatores de variação
influenciou de forma significativa o custo do alimento concentrado (P<0,05) (Tabela 51),
tal como ocorreu com a sua ingestão, parâmetro com o qual se encontra inteiramente
relacionado. Constatou-se que a uma maior quantidade de concentrado consumido,
está associado um maior custo do alimento. Assim, os animais de pelagem malhada, os
animais com progenitoras com mais de 9 anos no momento do parto, os bovinos com
um período de adaptação inferior a 35 dias, os animais que não tiveram acesso ao creep-
feeding e também os animais com idade de entrada no Centro superior a 7,0 meses
P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A
Média 1,692 1,897 1,786 2,139 2,104 1,796 1,786 2,122 1,924
Desvio-Padrão 0,112 0,113 0,126 0,166 0,175 0,122 0,126 0,170 0,145
Mínimo 1,503 1,706 1,599 1,911 1,899 1,605 1,599 1,906 1,727
Máximo 1,878 2,078 2,024 2,478 2,484 2,040 2,024 2,482 2,268
Média 1,692 1,742 1,793 1,842 2,000 1,718 1,793 1,920 1,813
Desvio-Padrão 0,092 0,087 0,095 0,101 0,117 0,090 0,095 0,114 0,102
Mínimo 1,527 1,588 1,629 1,659 1,780 1,553 1,629 1,715 1,609
Máximo 1,815 1,889 1,965 2,002 2,152 1,866 1,965 2,095 1,957
Média 1,692 1,720 1,706 1,865 1,888 1,707 1,706 1,865 1,813
Desvio-Padrão 0,091 0,093 0,095 0,098 0,097 0,093 0,095 0,095 0,088
Mínimo 1,548 1,589 1,565 1,708 1,732 1,536 1,565 1,711 1,680
Máximo 1,817 1,969 1,934 2,077 2,069 1,860 1,934 2,048 2,003
Média 1,692 1,786 1,763 1,951 2,000 1,740 1,763 1,971 1,851
Desvio-Padrão 0,096 0,125 0,111 0,185 0,158 0,108 0,111 0,170 0,124
Mínimo 1,503 1,588 1,565 1,659 1,732 1,536 1,565 1,711 1,609
Máximo 1,878 2,078 2,024 2,478 2,484 2,040 2,024 2,482 2,268
Geral
GrupoPeríodo (€) Fase (€) Inicio-
Fim (€)
A
B
C
Tabela 50. Resultados do custo do alimento concentrado
87
(diferença significativa apenas para os bovinos com idade inferior a 6,0 meses),
apresentaram um maior custo do alimento concentrado.
O custo do alimento concentrado diferiu em função do regime alimentar
(P<0,001), mas também nos diferentes períodos do ensaio (P<0,001). Ao observar a
Figura 12 verifica-se a interação entre estes dois fatores. No período inicial do ensaio, o
custo do alimento concentrado foi o mais reduzido para os três regimes alimentares,
uma vez que foi o período no qual consumiram a menor quantidade de alimento
concentrado. Para todos os regimes alimentares, os maiores custos com o alimento
concentrado registaram-se nos dois últimos períodos, mas mesmo assim observou-se
uma diferenciação entre regimes alimentares. Os animais do regime alimentar 1
apresentaram os resultados mais elevados, devido ao maior consumo de concentrado,
mas também devido ao preço mais elevado do concentrado de crescimento, que nestes
dois períodos era apenas distribuído a este grupo de animais. Embora não se evidencie
muito, o custo do alimento concentrado consumido pelos animais do regime alimentar
2, foi mais elevado que no regime alimentar 3, devido há maior ingestão de concentrado,
Tabela 51. Análise de variância simples do custo do concentrado
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 1,924 a
2 1,814 b
3 1,772 c
1 1,819 a
2 1,839 a
3 1,878 b
1 1,803 a
2 1,829 a b
3 1,891 b
1 1,830 a
2 1,783 a
3 1,913 b
1 1,855
2 1,820
1 1,783
2 1,886
1 1,860
2 1,810
Período - 4 - 0,00000 ***
Regime alimentar × Período - 8 - 0,00000 ***
IVP × Período - 8 - 0,87865 NS
ADAPT × Período - 4 - 0,10052 NS
CF × Período - 4 - 0,72779 NS
Erro 167
Regime alimentar
IVP
CF
2 0,00000 ***
PEL 2 0,00017 ***
IENT 2 0,04557 *
2 0,00000 ***
GER 1 0,97571 NS
ADAPT 1 0,00000 ***
1 0,00100 **
88
mas também devido ao maior intervalo de tempo que consumiram o concentrado de
crescimento (mais tempo de transição entre concentrados), que como já referido
anteriormente, era mais dispendioso.
Em termos de análise início-fim (Tabela 52), o regime alimentar, assim como os
outros fatores que tinham influência significativa para este parâmetro na ANOVA
(P<0,05), nesta análise deixaram de constituir uma fonte de variação (P>0,05), pois
também nenhum fator fez diferir a ingestão de alimento concentrado (P>0,05). Em
comparação com 2,190 €, o custo do concentrado obtido por Castelo (2014) com um
alimento concentrado com um preço de aproximadamente 0,282 €/kg, verifica-se que o
custo médio obtido por todos os animais (1,851 ± 0,124 €) foi inferior, devido ao menor
consumo, como descrito anteriormente.
A covariante GMDnasc-entr é que parecia ter um efeito significativo no custo do
alimento concentrado (P<0,05), mas com o Teste F determinou-se a igualdade dos
declives nos níveis do regime alimentar, pelo que a covariante deixou de causar
variações significativas neste parâmetro (P>0,05).
Figura 12. Interação entre o período e o regime alimentar
89
4.1.4.2. Custo da Matéria Bruta Ajustada
Tal como no tópico anterior, pretendeu-se analisar o custo do alimento
concentrado, mas também o do alimento grosseiro, pelo que se designou custo da
matéria bruta. Devido ao reduzido preço da palha, quando comparado com o preço de
ambos os concentrados, as médias “gerais” do custo da matéria bruta são apenas 0,067
€ superiores aos valores médios do custo do concentrado (Tabela 53). Apesar desta
pequena diferença, a percentagem de bovinos com um custo diário superior a 2,000 €
foi mais elevada (4,8, 12,2 e 22,0% para a fase de recria, fase de transição e para o início-
fim, respetivamente), o que foi largamente comprovado com a percentagem obtida na
fase de acabamento (51,2%).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
GMDnas-entr - 1 - 0,02400 *
Regime alimentar 1 2 - 0,93458 NS
1 1,828
2 1,834
3 1,935
1 1,854
2 1,821
3 1,901
1 1,807
2 1,848
3 1,909
1 1,850
2 1,790
3 1,927
1 1,872
2 1,829
1 1,858
2 1,841
1 1,887
2 1,999
3 1,781
4 1,832
Regime alimentar × IVP - 4 - 0,93495 NS
Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99530 NS
Erro 12
PEL 2 0,71691 NS
NASC 2 NS0,71824
CF 1 1,00000 NS
EXP 3 0,94733 NS
IENT 2 0,26454 NS
IVP 2 0,62001 NS
GER 1 0,54870 NS
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 52. Análise de covariância do custo do concentrado
90
Os fatores presentes no modelo da análise de variância efetuada para os
períodos a causar diferenças significativas neste parâmetro, com exceção da idade de
entrada dos animais no Centro de Testagem e Recria que deixou de causar diferenças
(P>0,05), são os mesmos que influenciaram significativamente o custo do alimento
concentrado (Tabela 54). Como para os fatores pelagem dos animais, idade da vaca ao
parto, tempo do período de adaptação e acesso ou não ao creep feeding, se verificou
que nos níveis em que a ingestão de concentrado era superior, a ingestão de palha
também o era, é evidente que tal como no custo do alimento concentrado, também o
custo da matéria bruta foi superior nesses tratamentos em que se verificaram maiores
consumos.
P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A
Média 1,745 1,949 1,839 2,192 2,157 1,849 1,839 2,175 1,977
Desvio-Padrão 0,115 0,116 0,129 0,170 0,179 0,125 0,129 0,174 0,149
Mínimo 1,550 1,753 1,646 1,958 1,947 1,652 1,646 1,953 1,774
Máximo 1,936 2,135 2,084 2,539 2,546 2,100 2,084 2,544 2,330
Média 1,764 1,813 1,864 1,913 2,071 1,789 1,864 1,991 1,885
Desvio-Padrão 0,096 0,090 0,099 0,105 0,121 0,093 0,099 0,118 0,106
Mínimo 1,591 1,653 1,693 1,723 1,844 1,617 1,693 1,779 1,672
Máximo 1,891 1,966 2,043 2,080 2,228 1,944 2,043 2,173 2,034
Média 1,770 1,798 1,784 1,944 1,966 1,784 1,784 1,943 1,891
Desvio-Padrão 0,095 0,098 0,099 0,103 0,101 0,098 0,099 0,099 0,092
Mínimo 1,620 1,661 1,637 1,780 1,803 1,607 1,637 1,782 1,752
Máximo 1,901 2,059 2,023 2,165 2,155 1,945 2,023 2,133 2,089
Média 1,760 1,854 1,830 2,018 2,067 1,807 1,830 2,038 1,918
Desvio-Padrão 0,101 0,121 0,113 0,180 0,156 0,108 0,113 0,166 0,123
Mínimo 1,550 1,653 1,637 1,723 1,803 1,607 1,637 1,779 1,672
Máximo 1,936 2,135 2,084 2,539 2,546 2,100 2,084 2,544 2,330
Fase (€) Inicio-
Fim (€)Grupo
Período (€)
Geral
A
B
C
Tabela 53. Resultados do custo da matéria bruta
91
Neste parâmetro, o fator regime alimentar também causou diferenças
significativas (P<0,001), com os animais do regime alimentar 1 a exibirem os maiores
custos com a alimentação. Ao contrário do que ocorreu no custo do alimento
concentrado, neste caracter não houve diferença significativa entre os outros dois
regimes alimentares, o que está relacionado com o maior consumo de palha por parte
dos animais do regime alimentar 3 e consequentemente o custo mais elevado.
Relativamente aos períodos, também se detetaram diferentes custos da alimentação
(P<0,001), apenas devido ao alimento concentrado já que o consumo de palha foi
determinado para todo o tempo de ensaio. Como é possível observar na Figura 13, onde
está representada a interação regime alimentar × período, mais uma vez o período inicial
foi aquele em que o custo foi inferior e os dois períodos finais aqueles em que os custos
com a alimentação foram superiores.
Tabela 54. Análise de variância simples do custo da matéria bruta
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Níveis gl Média Prob. Sig.
1 1,976 a
2 1,885 b
3 1,850 b
1 1,884 a
2 1,906 a
3 1,949 b
1 1,870
2 1,899
3 1,956
1 1,899 a
2 1,852 a
3 1,977 b
1 1,923
2 1,886
1 1,851
2 1,952
1 1,927
2 1,877
Período - 4 - 0,00000 ***
Regime alimentar × Período - 8 - 0,00000 ***
IVP × Período - 8 - 0,88056 NS
ADAPT × Período - 4 - 0,10159 NS
CF × Período - 4 - 0,72477 NS
Erro 167
Regime alimentar 2 0,00000 ***
PEL 2 0,00017 ***
IENT 2 0,05039 NS
IVP 2 0,00000 ***
GER 1 0,96611 NS
ADAPT 1 0,00000 ***
CF 1 0,00099 ***
92
Já na ANCOVA, para além da covariante que parecia ter um efeito significativo
neste parâmetro (P<0,05) (Tabela 55), mas mais uma vez determinou-se pelo Teste F a
igualdade dos declives nos níveis do regime alimentar, os restantes fatores e interações
incluídos no modelo matemático-estatístico também não tiveram qualquer influência
significativa no custo da matéria bruta (P>0,05).
A justificação para nenhum destes fatores afetar o custo da matéria bruta, é que
tanto a ingestão de alimento concentrado, como a ingestão de palha também não
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
GMDnas-entr - 1 - 0,02314 *
Regime alimentar 1 2 - 0,88673 NS
1 1,893
2 1,900
3 2,007
1 1,921
2 1,886
3 1,969
1 1,873
2 1,918
3 1,974
1 1,920
2 1,857
3 1,991
1 1,940
2 1,894
1 1,925
2 1,908
1 1,954
2 2,068
3 1,847
4 1,899
Regime alimentar × IVP - 4 - 0,93542 NS
Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99518 NS
Erro 12
PEL 2 0,71669 NS
NASC 2 0,70992 NS
CF 1 1,00000 NS
0,94551 NS
IENT 2 0,26215 NS
IVP 2 0,61858 NS
GER 1 0,54672 NS
EXP 3
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 55. Análise de covariância do custo da matéria bruta
Figura 13. Interação entre o período e o regime alimentar
93
diferiram em função de nenhum destes fatores (P>0,05), pelo que se torna evidente que
o custo da alimentação não pode variar. Custo esse, que foi inferior a 2,300 € (Castelo,
2014), sobretudo em função dos menores consumos de alimentos, concentrado e
grosseiro, já que o custo por kg do alimento concentrado era semelhante e o da palha
era exatamente o mesmo.
4.1.4.3. Custo de Produção de um Quilograma de Peso Vivo
Depois de determinado o custo da matéria bruta por dia e animal (tópico
4.1.4.2.), utilizou-se esse valor para juntamente com o valor do GMD (tópico 4.1.1.3.1.)
calcular o custo da alimentação na produção de um quilograma de peso vivo (Tabela 56),
ou seja este parâmetro está relacionado com o índice de conversão da matéria bruta e
representa o custo da quantidade de alimento que um animal necessita de ingerir para
repor um kg de peso vivo.
Neste parâmetro todos os valores médios do conjunto dos três grupos (geral)
foram inferiores a 2,000 €, apesar de uma maior dispersão dos valores mínimos e
máximos. Como descrito anteriormente, a percentagem de bovinos com um custo da
matéria bruta superior a 2,000 € foi mais elevada na fase de acabamento, mas em
termos de produção de um kg de peso vivo, essa maior percentagem (39,0%) verificou-
se na fase de transição, fase na qual a percentagem de animais com velocidade de
crescimento inferior a 1,000 kg/dia era a mais elevada (53,7%). Nas fases de recria e
acabamento, a percentagem de animais com um custo de produção de um kg de peso
vivo superior a 2,000 € foi de 14,3 e 14,6%, respetivamente. A fase de acabamento,
apesar da percentagem de animais com um custo da matéria bruta por animal/dia
superior a 2,000 € ter sido a mais elevada (51,2%), como era aquela em que a proporção
de bovinos com velocidade de crescimento inferior a 1,000 kg/dia era a mais reduzida
(19,5%), obteve uma percentagem de bovinos com custo superior a 2,000 €, similar à
determinada para a fase de recria.
94
Na análise de variância simples foram muito poucos os fatores a afetar
significativamente este parâmetro (Tabela 57). A idade de entrada no Centro de
Testagem e Recria foi um deles, uma vez que os animais com idade inferior a 6,0 meses
apresentaram um custo da alimentação na produção de um kg de peso vivo superior ao
dos animais com mais de 7,0 meses no momento de entrada no Centro. Esta diferença
deveu-se ao menor GMD exibido pelos animais com menos de 6,0 meses no momento
da entrada, já que a idade de entrada não foi um fator significativo no custo da matéria
bruta (P>0,05).
P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A
Média 1,587 1,700 1,773 2,072 2,031 1,604 1,773 2,052 1,784
Desvio-Padrão 0,509 0,344 0,349 0,443 0,394 0,300 0,349 0,418 0,267
Mínimo 0,913 1,246 1,305 1,541 1,559 1,106 1,305 1,551 1,428
Máximo 2,904 2,309 2,510 3,142 2,983 2,245 2,510 3,061 2,549
Média 1,726 1,573 2,023 1,883 1,809 1,602 2,023 1,791 1,726
Desvio-Padrão 0,537 0,350 0,517 0,331 0,433 0,306 0,517 0,164 0,178
Mínimo 1,128 1,077 1,358 1,435 1,273 1,303 1,358 1,421 1,516
Máximo 3,191 2,522 3,072 2,647 2,741 2,356 3,072 1,996 2,089
Média 2,050 1,569 1,940 1,626 1,652 1,699 1,940 1,620 1,726
Desvio-Padrão 0,907 0,240 0,332 0,175 0,226 0,354 0,332 0,152 0,174
Mínimo 0,951 1,172 1,538 1,292 1,367 1,114 1,538 1,384 1,511
Máximo 4,236 2,002 2,574 1,865 2,152 2,443 2,574 1,893 2,065
Média 1,788 1,614 1,911 1,866 1,835 1,635 1,911 1,826 1,746
Desvio-Padrão 0,688 0,314 0,413 0,377 0,389 0,316 0,413 0,323 0,208
Mínimo 0,913 1,077 1,305 1,292 1,273 1,106 1,305 1,384 1,428
Máximo 4,236 2,522 3,072 3,142 2,983 2,443 3,072 3,061 2,549
Fase (€) Inicio-
Fim (€)
A
B
C
Geral
GrupoPeríodo (€)
Tabela 56. Resultados do custo de produção de um quilograma de peso vivo
95
Nesta análise, o custo da alimentação na produção de um kg de peso vivo, tal
como o GMD e ao contrário do custo da matéria bruta, não diferiu consoante o regime
alimentar adotado (P>0,05). Já entre períodos detetaram-se diferenças (P<0,05), devido
aos custos mais reduzidos na produção de um kg de peso vivo no período P2-P3 ao
comparar com os períodos P3-P4 e P4-P5. A interação entre estes dois fatores também
foi significativa (P<0,01) já que ocorreram grandes alterações no custo de produção de
um kg de peso vivo nos animais de cada regime alimentar (Figura 14).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 1,833
2 1,803
3 1,769
1 1,837
2 1,739
3 1,839
1 1,872 a
2 1,834 a b
3 1,674 b
1 1,686
2 1,813
3 1,894
1 1,757
2 1,848
1 1,885
2 1,728
1 1,794
2 1,812
Período - 4 - 0,01328 *
Regime alimentar × Período - 8 - 0,00161 **
IVP × Período - 8 - 0,05263 NS
ADAPT × Período - 4 - 0,96606 NS
CF × Período - 4 - 0,00135 **
Erro 167
0,35111 NS
0,06775 NS
GER 1 0,70775 NS
ADAPT 1 0,06116 NS
0,65610 NS
PEL 2 0,25082 NS
IENT 2 0,00909 **
Regime alimentar 2
IVP 2
CF 1
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 57. Análise de variância simples do custo de produção de um quilograma de peso vivo
Figura 14. Interação entre o período e o regime alimentar
96
Tanto a pelagem, como a exploração de origem e a idade de entrada no Centro
foram fatores que não tiveram qualquer influência na análise por fases (P>0,05), como
se observa na Tabela 58. A idade de entrada dos animais, ao contrário do que sucedeu
na análise anterior não constituiu uma fonte de variação neste parâmetro (P>0,05), uma
vez que o GMD na análise de medições repetidas, não foi afetado de forma significativa
pela idade de entrada dos animais e esse parâmetro é que causava a variação na análise
por períodos.
O regime alimentar, em conformidade com o obtido na análise anterior também
não fez variar o custo de produção de um kg de peso vivo nesta análise (P>0,05), ao
contrário do que sucedeu entre as fases (P<0,001). Na fase de recria, o custo de
produção de um kg de peso vivo foi menor que os determinados nas outras duas fases,
embora o GMD obtido nessa fase tenha sido superior ao da fase de transição, mas sem
a existência de diferenças significativas para a velocidade de crescimento da fase de
acabamento. Assim, o custo da matéria bruta deve ter sido inferior na fase de recria em
comparação com o da fase de acabamento, embora tal não possa ser confirmado pela
inexistência de análise de medições repetidas para esse caracter.
Os menores custos de produção de um kg de peso vivo, determinados na fase de
recria podem ser observados na Figura 15, onde se encontra representada a interação
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 1,810
2 1,805
3 1,752
1 1,841
2 1,751
3 1,745
Regime alimentar × PEL - 4 - 0,14506 NS
Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00031 ***
1 1,915
2 1,638
3 1,846
4 1,675
1 1,901
2 1,776
3 1,663
Fase - 2 - 0,00002 ***
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,40146 NS
Regime alimentar × IENT - 4 - 0,99397 NS
Regime alimentar × Fase - 4 - 0,00012 ***
Erro 61
Regime alimentar 2 0,99954 NS
PEL 2 0,80795 NS
EXP 3 0,11010 NS
IENT 2 0,70130 NS
Tabela 58. Análise de medições repetidas do custo de produção de um quilograma de peso vivo
97
regime alimentar × fase (P<0,001), que se deveu principalmente à diferente resposta
exibida pelos animais do regime alimentar 1 relativamente aos bovinos dos outros dois
regimes, tal como ocorreu no índice de conversão da matéria bruta.
Relativamente à ANCOVA, esta análise também não determinou qualquer efeito
significativo dos fatores incluídos no modelo matemático-estatístico, neste parâmetro
da eficiência bio económica (P>0,05). O mesmo sucedeu com a covariante GMDnasc-entr,
ou seja também não influenciou de forma significativa (P>0,05) o custo de produção de
um kg de peso vivo (Tabela 59).
Figura 15. Interação entre a fase e o regime alimentar
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
GMDnas-entr - 1 - 0,10146 NS
Regime alimentar 1 2 - 0,60087 NS
1 1,795
2 1,680
3 1,758
1 1,725
2 1,770
3 1,776
1 1,825
2 1,761
3 1,628
1 1,644
2 1,772
3 1,807
1 1,692
2 1,802
1 1,727
2 1,769
1 1,871
2 1,678
3 1,804
4 1,595
Regime alimentar × IVP - 4 - 0,75989 NS
Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,98153 NS
Erro 12
PEL 2 0,33030 NS
NASC 2 0,61347 NS
CF 1 1,00000 NS
2 0,55905 NS
IVP 2 0,99556 NS
GER 1 0,33873 NS
IENT
EXP 3 0,18074 NS
Tabela 59. Análise de covariância do custo de produção de um quilograma de peso vivo
98
O resultado obtido para os bovinos de todos os regimes alimentares, já que este
fator não fez diferir este custo (P>0,05) é muito próximo do obtido por Castelo (2014)
de 1,700 €, apesar dos custos superiores do alimento concentrado e grosseiro obtidos
por este autor, a velocidade de crescimento absoluta superior dissipou as diferenças.
4.1.4.4. Valor de um Quilograma de Peso Vivo
A valorização do kg de peso vivo foi realizada através dos valores
disponibilizados, em função do peso e idade média em cada pesagem dos animais, por
Pais (2015). Assim, na P2 definiu 2,000 € por kg de peso vivo, na P3 e P4 estabeleceu um
valor de 1,900 € por kg de peso vivo, e por fim para as pesagens P5 e P6 mencionou
1,950 € por kg de peso vivo. Ao multiplicar esses valores pelo GMD (tópico 4.1.1.3.1.) de
cada animal, obtido no intervalo de tempo que antecedeu uma determinada pesagem,
obteve-se a valorização de um kg de peso vivo.
Como se observa na Tabela 60, em todos os intervalos de tempo considerados,
o valor do kg de peso vivo foi superior a 2,000 €, exceto no período P3-P4 e assim na
fase de transição (58,5% dos animais com valor por kg de peso vivo inferior a 2,000 €),
em virtude dos valores médios do GMD para o total de animais, serem os mais reduzidos,
como descrito anteriormente.
P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A
Média 2,354 2,268 2,050 2,145 2,145 2,253 2,050 2,145 2,203
Desvio-Padrão 0,577 0,510 0,463 0,459 0,459 0,396 0,463 0,459 0,352
Mínimo 1,333 1,629 1,357 1,276 1,276 1,624 1,357 1,276 1,455
Máximo 3,704 3,257 2,782 2,978 2,978 3,144 2,782 2,978 2,741
Média 2,185 2,278 1,856 2,035 2,352 2,179 1,856 2,191 2,151
Desvio-Padrão 0,537 0,459 0,471 0,350 0,568 0,350 0,471 0,295 0,257
Mínimo 1,185 1,357 1,086 1,532 1,372 1,520 1,086 1,737 1,710
Máximo 3,185 3,121 2,579 2,507 3,250 2,591 2,579 2,836 2,501
Média 2,016 2,230 1,790 2,357 2,356 2,075 1,790 2,356 2,154
Desvio-Padrão 0,805 0,386 0,294 0,293 0,314 0,459 0,294 0,241 0,222
Mínimo 0,889 1,629 1,425 2,020 1,878 1,416 1,425 2,021 1,780
Máximo 4,000 2,850 2,307 2,925 3,033 3,316 2,307 2,978 2,543
Média 2,185 2,259 1,902 2,175 2,283 2,169 1,902 2,228 2,170
Desvio-Padrão 0,650 0,444 0,424 0,390 0,461 0,401 0,424 0,350 0,278
Mínimo 0,889 1,357 1,086 1,276 1,276 1,416 1,086 1,276 1,455
Máximo 4,000 3,257 2,782 2,978 3,250 3,316 2,782 2,978 2,741
B
C
Geral
GrupoPeríodo (€) Fase (€) Inicio-
Fim (€)
A
Tabela 60. Resultados do valor de um quilograma de peso vivo
99
Como se observa na Tabela 61, onde estão presentes as fontes de variância
consideradas no modelo da análise por períodos, as que influenciaram
significativamente este parâmetro foram a pelagem dos animais, a idade de entrada no
Centro, o tempo do período de adaptação e os próprios períodos (P<0,05). Os animais
das pelagens malhada e rosilho, apresentaram um maior valor por kg de peso vivo que
os animais de pelagem vermelha, apesar de a pelagem ter sido um fator sem influência
significativa no GMD. Relativamente à idade de entrada, os animais com mais de 7,0
meses apresentaram um valor superior por kg de peso vivo que os bovinos com idade
inferior a 6,0 meses, pois estes últimos apresentaram o menor GMD; situação idêntica
ocorreu com o tempo do período de adaptação, em que os bovinos com menos tempo
de adaptação (inferior a 35 dias) que obtiveram o GMD mais elevado, foram valorizados
de forma superior. Nos períodos, o valor por kg de peso vivo, apenas diferiu do período
P3-P4 para os restantes, devido ao resultado inferior obtido nesse período. Essa
inferioridade ocorreu em função de na quarta pesagem, tal como na terceira, o preço
por kg de peso vivo ser o mais reduzido, mas o GMD obtido em P3-P4 foi inferior ao
obtido no período anterior (P2-P3).
O valor por kg de peso vivo não diferiu em função do regime alimentar (P>0,05),
uma vez que não se efetuou uma distinção entre os grupos no preço considerado por kg
de peso vivo, porque apesar do regime alimentar ter influenciado significativamente o
peso, não afetou o GMD de cada um dos grupos.
100
Na análise de medições repetidas, a pelagem e a idade de entrada dos bovinos
no Centro deixaram de influenciar significativamente este parâmetro (P>0,05),
enquanto o período de adaptação não foi incluído neste modelo (Tabela 62).
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 2,149
2 2,075
3 2,074
1 2,008
2 2,157
3 2,203
Regime alimentar × PEL - 4 - 0,33905 NS
Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00000 ***
1 2,022
2 2,381
3 1,935
4 2,237
1 1,943
2 2,101
3 2,300
Fase - 2 - 0,00000 ***
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,35115 NS
Regime alimentar × IENT - 4 - 0,66669 NS
Regime alimentar × Fase - 4 - 0,00916 **
Erro 61
Regime alimentar 2 0,96975 NS
PEL 2 0,97401 NS
IENT 2 0,17697 NS
EXP 3 0,66550 NS
Tabela 62. Análise de medições repetidas do valor de um quilograma de peso vivo
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Tabela 61. Análise de variância simples do valor de um quilograma de peso vivo
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 2,193
2 2,141
3 2,149
1 2,069 a
2 2,236 b
3 2,232 b
1 2,033 a
2 2,131 a b
3 2,360 b
1 2,281
2 2,061
3 2,177
1 2,259
2 2,061
1 1,984
2 2,317
1 2,200
2 2,113
Período - 4 - 0,00060 ***
Regime alimentar × Período - 8 - 0,13612 NS
IVP × Período - 8 - 0,02255 *
ADAPT × Período - 4 - 0,92882 NS
CF × Período - 4 - 0,00153 **
Erro 167
Regime alimentar 2 0,74903 NS
PEL 2 0,02043 *
IENT 2 0,00303 **
IVP 2 0,74120 NS
GER 1 0,26591 NS
ADAPT 1 0,00009 ***
CF 1 0,71409 NS
101
Como já explicado anteriormente, o regime alimentar não afetou este parâmetro
(P>0,05). As fases, por seu lado, mais uma vez diferiram entre si (P<0,001), com a fase
de transição a ser aquela em que o valor do kg de peso vivo foi inferior. Este pior
resultado em comparação com as outras duas fases pode ser explicado pela menor
velocidade de crescimento absoluta exibida pelos bovinos nessa fase e pela valorização
no final dessa fase (P4) ser, tal como em P3, a mais reduzida. Na Figura 16, onde se
encontra representada a interação entre os regimes alimentares e as fases (P<0,01), é
possível observar precisamente o resultado inferior obtido nessa fase, bem como a
proximidade entre os valores das fase de recria e de acabamento.
Em termos de análise início-fim, como se pode observar na Tabela 63, a
covariante GMDnasc-entr não teve qualquer influência significativa neste caracter (P>0,05),
assim como os fatores presentes no modelo da ANCOVA (P>0,05), uma vez que nenhum
destes fatores causou também diferenças significativas no GMD da análise início-fim.
Figura 16. Interação entre a fase e o regime alimentar
102
4.1.4.5. Eficiência Económica por Quilograma de Peso Vivo
Este caracter, que não representa mais do que a diferença entre o custo de
produção de um quilograma de peso vivo (4.1.4.3.) e a sua valorização (4.1.4.4.) indica
se estamos a produzir de forma eficiente, ou seja se o saldo entre proveitos e apenas os
custos da alimentação é positivo.
Tendo em conta o número total de animais (geral), pela análise dos valores
médios que se encontram na Tabela 64, verifica-se que, com a exceção do período P3-
P4 e assim da fase de transição, em todos os outros intervalos de tempo se obtiveram
resultados positivos. Apesar da média positiva, nas fases de recria e de acabamento,
26,2 e 17,1% (respetivamente) dos animais apresentaram resultados negativos
(inferiores a 0,000 €), mas mesmo assim distantes dos obtidos na fase de transição
(48,8%). Ao considerar todo o período de ensaio (0,424 ± 0,467 €), a proporção de
bovinos com resultados negativos e que assim se tornaram ineficientes foi de 14,6%.
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
GMDnas-entr - 1 - 0,77561 NS
Regime alimentar 1 2 - 0,73147 NS
1 2,073
2 2,244
3 2,250
1 2,192
2 2,121
3 2,183
1 2,031
2 2,147
3 2,370
1 2,292
2 2,060
3 2,192
1 2,270
2 2,065
1 2,210
2 2,119
1 2,079
2 2,411
3 2,006
4 2,330
Regime alimentar × IVP - 4 - 0,80570 NS
Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99948 NS
Erro 12
PEL 2 0,58735 NS
NASC 2 0,97170 NS
0,63538 NS
NS
IENT 2
IVP 2 0,95807 NS
GER 1 0,41692
NS
CF 1 1,00000 NS
EXP 3 0,56878
Tabela 63. Análise de covariância do valor de um quilograma de peso vivo
103
Como todos os bovinos durante o ensaio (P1-P6) em média aumentaram o seu peso vivo
em 154,0 kg, cada bovino em média apresentou um lucro de 65,296 €.
A análise de variância simples revelou que foram apenas três as fontes de
variância a afetar este parâmetro (Tabela 65). A idade de entrada no Centro, foi um
desses fatores (P<0,01) e indicou que os animais com idade superior a 7,0 meses
apresentaram uma maior eficiência económica por kg de peso vivo, que os animais com
menos de 6,0 meses no momento de entrada (P<0,01), o que era de esperar, já que
exibiram um menor custo e uma maior valorização por kg de peso vivo. Em termos de
período de adaptação, os bovinos com menos de 35 dias de adaptação, também
exibiram uma eficiência económica por kg de peso vivo mais elevada (P<0,01), apesar
de apenas o seu valor por kg de peso vivo ser significativamente superior.
P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A
Média 0,768 0,568 0,277 0,073 0,114 0,649 0,277 0,093 0,420
Desvio-Padrão 1,059 0,843 0,799 0,880 0,833 0,680 0,799 0,855 0,598
Mínimo -1,571 -0,680 -1,153 -1,865 -1,707 -0,621 -1,153 -1,784 -1,094
Máximo 2,791 2,012 1,409 1,316 1,311 2,038 1,409 1,313 1,313
Média 0,459 0,705 -0,167 0,152 0,543 0,576 -0,167 0,400 0,425
Desvio-Padrão 1,051 0,793 0,974 0,669 0,988 0,644 0,974 0,450 0,422
Mínimo -2,006 -1,165 -1,986 -1,115 -1,369 -0,836 -1,986 -0,259 -0,332
Máximo 2,058 2,045 1,221 1,003 1,951 1,262 1,221 1,415 0,985
Média -0,034 0,661 -0,149 0,731 0,704 0,376 -0,149 0,737 0,429
Desvio-Padrão 1,657 0,618 0,614 0,456 0,524 0,794 0,614 0,376 0,384
Mínimo -3,347 -0,319 -1,081 0,155 -0,202 -1,026 -1,081 0,148 -0,285
Máximo 3,049 1,678 0,758 1,530 1,648 2,202 0,758 1,594 1,019
Média 0,398 0,645 -0,010 0,308 0,447 0,534 -0,010 0,402 0,424
Desvio-Padrão 1,299 0,741 0,820 0,739 0,830 0,701 0,820 0,645 0,467
Mínimo -3,347 -1,165 -1,986 -1,865 -1,707 -1,026 -1,986 -1,784 -1,094
Máximo 3,049 2,045 1,409 1,530 1,951 2,202 1,409 1,594 1,313
Fase (€) Inicio-
Fim (€)
A
B
C
GrupoPeríodo (€)
Geral
Tabela 64. Resultados da eficiência económica por quilograma de peso vivo
104
Na Figura 17 está representada a interação regime alimentar × período.
Enquanto o regime alimentar foi um fator que não causou diferenças significativas neste
parâmetro (P>0,05), entre os períodos houve diferenças (P<0,01). Assim, nos períodos
P2-P3 e P5-P6 a eficiência económica por kg de peso vivo foi superior ao comparar com
a obtida no período P3-P4, em virtude do valor por kg de peso vivo ser inferior neste
período, relativamente aos outros períodos, e do custo de produção ser superior, mas
apenas ao confrontar com o período P2-P3.
Figura 17. Interação entre o período e o regime alimentar
Tabela 65. Análise de variância simples da eficiência económica por quilograma de peso vivo
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 0,360
2 0,339
3 0,380
1 0,232
2 0,497
3 0,393
1 0,161 a
2 0,297 a b
3 0,686 b
1 0,595
2 0,248
3 0,282
1 0,502
2 0,213
1 0,099
2 0,589
1 0,406
2 0,301
Período - 4 - 0,00827 **
Regime alimentar × Período - 8 - 0,02208 *
IVP × Período - 8 - 0,02802 *
ADAPT × Período - 4 - 0,94642 NS
CF × Período - 4 - 0,00100 **
Erro 167
Regime alimentar 2 0,95605
IVP 2 0,40456
CF 1 0,51011
NS
PEL 2 0,11225 NS
IENT 2 0,00415 **
NS
NS
GER 1 0,44027 NS
ADAPT 1 0,00266 **
105
Para este parâmetro, em termos de análise de medições repetidas, tal como
determinado para os parâmetros custo de produção de um kg de peso vivo e valor de
um kg de peso vivo, também apenas as fases tiveram uma influência significativa
(P<0,001,) como demonstrado na Tabela 66.
Sobretudo em virtude da menor valorização por kg de peso vivo obtida na fase
de transição, já que para o custo de produção de um kg de peso vivo apenas se
determinou que este era inferior na fase de recria, a eficiência económica por kg de peso
vivo foi inferior na fase de transição comparativamente com as outras fases. Como se
observa na Figura 18, na fase de transição os regimes alimentares 2 e 3 apresentaram
mesmo resultados negativos, mas na fase de acabamento tornaram-se novamente
eficientes em termos económicos, enquanto os animais do regime alimentar 1, que nem
na fase de transição apresentaram resultados negativos, tornaram-se menos eficientes
de fase para fase.
Como os regimes alimentares neste parâmetro também não apresentaram
diferenças entre si (P>0,05), tal como nas análises efetuadas para a velocidade de
crescimento e eficiência alimentar, em termos económicos também é plausível o início
da administração do concentrado de acabamento logo após P3, assim como a redução
proteica da dieta implementada nos regimes alimentares 2 e 3, embora não tenha sido
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
1 0,340
2 0,270
3 0,322
1 0,168
2 0,406
3 0,458
Regime alimentar × PEL - 4 - 0,20740 NS
Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00007 ***
1 0,108
2 0,744
3 0,089
4 0,562
1 0,042
2 0,325
3 0,637
Fase - 2 - 0,00001 ***
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,48824 NS
Regime alimentar × IENT - 4 - 0,91087 NS
Regime alimentar × Fase - 4 - 0,00160 **
Erro 61
Regime alimentar 2 0,99130 NS
PEL 2 0,91836 NS
EXP 3 0,36052 NS
IENT 2 0,51513 NS
Tabela 66. Análise de medições repetidas da eficiência económica por quilograma de peso vivo
106
possível analisar se a redução da PB na fase de acabamento reduziu o custo da
alimentação nessa fase, como constatado por Cole et al. (2006), o que era fundamental
para se obter uma maior eficiência em termos económicos.
Já na análise início-fim, nenhum fator causou diferenças significativas neste
parâmetro e o GMDnasc-entr também não o afetou (P>0,05), o que está conforme o
determinado para os caracteres custo de produção e valor de um kg de peso vivo (Tabela
67).
Figura 18. Interação entre a fase e o regime alimentar
Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.
Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).
Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.
GMDnas-entr - 1 - 0,38592 NS
Regime alimentar 1 2 - 0,67292 NS
1 0,278
2 0,564
3 0,492
1 0,467
2 0,350
3 0,408
1 0,206
2 0,386
3 0,742
1 0,647
2 0,288
3 0,386
1 0,577
2 0,263
1 0,483
2 0,350
1 0,208
2 0,733
3 0,202
4 0,735
Regime alimentar × IVP - 4 - 0,78155 NS
Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS
Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99718 NS
Erro 12
NS
GER 1 0,37836 NS
IENT 2
CF 1 1,00000 NS
EXP 3 0,36964 NS
0,62329
PEL 2 0,47225 NS
NASC 2 0,86057 NS
NS
IVP 2 0,99043
Tabela 67. Análise de covariância da eficiência económica por quilograma de peso vivo
107
4.2. Características da Carcaça e Qualidade da Carne
Este tópico encontra-se subdividido em três pontos, dois relacionados com as
características da carcaça (4.2.1. e 4.2.2.) e o último referente ao parâmetro de avaliação
da qualidade da carne (4.2.3.).
Para os caracteres deste tópico, como já referido anteriormente, apenas se
efetuou uma análise descritiva dos dados obtidos, de forma a não obter resultados
tendenciosos, em virtude do reduzido número de animais abatidos, ao comparar com
os presentes no ensaio experimental.
4.2.1. Peso e Rendimento de Carcaças
Neste ponto optou-se por abordar primeiramente o peso vivo dos animais e o
peso de carcaça e posteriormente é que se abordam os resultados obtidos para o
rendimento de carcaça.
Como é possível observar na Tabela 68, no momento antes do abate, o peso vivo
médio de todos os animais era de 362,0 ± 37,6 kg, exatamente igual ao determinado por
Pais et al. (2013), mas esses bovinos tinham aproximadamente, mais 1 mês de idade. O
grupo A era aquele em que o peso vivo médio era mais elevado (373,8 ± 50,3 kg), apesar
de apresentar a maior discrepância de pesos, pois era nesse grupo que estava presente
o animal (designado animal 1) com o maior peso vivo ao abate, mas era também onde
se encontrava o animal com o menor peso vivo (designado animal 2).
Relativamente ao peso da carcaça, os valores apresentados referem-se ao seu
peso em frio, embora apenas se tenha efetuado a sua pesagem em quente. Para obter
o peso da carcaça fria considerou-se, tal como já referido anteriormente, uma redução
de 2,0% em relação ao seu peso quente (Allen, 1990 citado por Fraústo da Silva, 1996).
O peso médio das carcaças dos nove animais, que apresentavam uma idade de
12,0 ± 1,3 meses, foi 189,1 ± 16,7 kg. Ao comparar com os resultados obtidos por outros
autores para animais de idade semelhante, como Hortêncio (2006) que obteve um peso
médio de carcaça de 251,9 kg em 61 animais com idade entre os 11,0 e os 14,0 meses,
o peso médio de carcaça obtido apresenta menos 62,8 kg (dos 9 bovinos apenas 2 não
se encontravam no intervalo entre os 11,0 e os 14,0 meses). Na nossa opinião, o
resultado obtido por Hortêncio (2006) é demasiado elevado para bovinos Mertolengos
108
que se encontram no intervalo de idades referido, até porque Rodrigues (2007) citado
por Carolino (2007) para animais de idade superior (18,0 meses), obteve um peso médio
de carcaça inferior (239,1 kg), pelo que se pode colocar a hipótese da presença de
animais cruzados ou com idade superior no ensaio de Hortêncio (2006). Já ao comparar
o peso de carcaça obtido com o determinado por Pais et al. (2013), verificou-se que de
facto o resultado deste ensaio foi positivo, pois os bovinos apresentaram mais 1,3 kg e
tinham uma idade inferior.
Todos os animais abatidos cumpriam as regras estipuladas no Caderno de
Especificações para a classe Vitelão Mertolengo DOP, uma vez que apresentavam idade
entre os 10,0 e os 15,0 meses e como se averigua na Tabela 68, o peso de todas as
carcaças era superior ao peso mínimo estipulado (100,0 kg), a única exigência em termos
de peso das carcaças (ACBM, 2014a), pelo que as carcaças cumpriam todos os requisitos
para a sua posterior comercialização.
Como a pesagem no momento de saída dos animais para o abate, não foi
realizada com os animais em jejum (alimento e água), o rendimento de carcaça
determinado foi o comercial em vez do corrigido, pois seria imprudente descontar uma
determinada percentagem para o conteúdo dos estômagos sem os animais terem
permanecido em jejum. Assim, para este caracter, com a inclusão de todos os animais
obteve-se um valor médio de 52,3 ± 1,3%, resultado muito semelhante ao que Pais et al.
(2013) determinaram (51,8 ± 2,3%) para bovinos com igual peso vivo, mas como é
evidente com peso da carcaça inferior, como já referido anteriormente. Enquanto o
menor rendimento de carcaça foi de 50,7% (animal 6), o mais elevado foi de 54,7%
(animal 8), mas curiosamente não foi obtido pelo animal de maior peso (animal 1), como
Owens et al. (1995) referem que normalmente acontece.
109
k
4.2.2. Classificação de Carcaças
Para a classificação de carcaças apresentam-se na Tabela 69, as classes de
conformação e a classe de gordura resultantes da avaliação das carcaças dos animais,
executada por um classificador qualificado. As carcaças foram classificadas
maioritariamente com “O” e apenas três foram enquadradas na classe de conformação
“R”, o que é precisamente o contrário dos resultados obtidos por Hortêncio (2006) e
Neto (2003). A razão destes resultados opostos pode residir no menor peso médio das
carcaças e assim do menor desenvolvimento dos perfis musculares, resultado do
desenvolvimento diferencial dos tecidos (Owens et al., 1993; Pomeroy, 1978), o que
também é comprovado por Hortêncio (2006) que determinou uma relação equivalente
entre o peso da carcaça de bovinos Mertolengos e a classe de conformação, ou seja
quanto maior o peso da carcaça, a classe de conformação em que foi colocada era
superior (de melhor conformação) e vice-versa. A explicação, ainda que de forma
sucinta, pode explicar os resultados contraditórios, mas não se pode deixar de ter em
conta a subjetividade desta classificação, que também pode ter tido influência nos
resultados.
Apesar dos resultados opostos aos de Hortêncio (2006) e Neto (2003) no que se
refere à predominância da classe de conformação em que as carcaças foram
classificadas, tal como estes dois autores, neste trabalho também nenhuma carcaça foi
Grupo Animal Peso Vivo (kg) Peso da Carcaça (kg) Rend. Comercial (%)
1 427,0 219,5 51,4
2 307,0 166,4 54,2
3 391,0 201,5 51,5
4 370,0 194,6 52,6
Média 373,8 195,5 52,4
Desvio-Padrão 50,3 22,1 1,3
5 348,0 179,3 51,5
6 387,0 196,4 50,7
7 320,0 167,8 52,4
Média 351,7 181,2 51,6
Desvio-Padrão 33,7 14,4 0,9
8 339,0 185,4 54,7
9 369,0 191,1 51,8
Média 354,0 188,3 53,2
Desvio-Padrão 21,2 4,0 2,1
Média 362,0 189,1 52,3
Desvio-Padrão 37,6 16,7 1,3
A
B
C
Geral
Tabela 68. Peso vivo, peso de carcaça e rendimento de carcaça
110
classificada com “S”, “E” e “P”, o que demonstra uma certa uniformidade nas carcaças
de bovinos Mertolengos e o seu reduzido desenvolvimento muscular.
Quanto à classificação do estado de gordura, todas as carcaças foram
classificadas com “2”, o que revela uma fraca deposição de gordura (CEE, 1981a). Este
resultado é consistente com Hortêncio (2006), que menciona que mais de 80,0% das
carcaças do seu ensaio foram classificadas na mesma classe do estado de gordura.
4.2.3. pH da Carne
Neste último ponto, agora referente à qualidade da carne, expõem-se os valores
do pH24horas medido no músculo Longissimus dorsi (Tabela 70). Enquanto os caracteres
relacionados com as características da carcaça foram obtidos em todos os animais
abatidos, este parâmetro da qualidade da carne foi determinado em oito desses nove
bovinos (o animal 1 foi aquele em que não se mediu o pH).
Como apenas se efetuou a medição do pH24horas considerou-se esse valor
representativo do pHfinal, até porque se encontra entre as 12 e as 48 horas pós-morte
(Adzitey e Nurul, 2011), intervalo de tempo em que o pH já deve ser inferior a 6,00, para
que a carne não apresente a condição DFD (Adzitey e Nurul, 2011; Almeida, 2008; Bartos
et al., 1993 citados por Adzitey e Nurul, 2011; Kreikemeier et al., 1998; Miller, 2007;
Mounier et al., 2006; Wulf et al., 2002).
Ao comparar os valores de pH obtidos, com o valor a partir do qual se começa a
considerar a incidência da condição DFD, verificou-se que nenhum bovino apresentava
um valor de pH24horas superior a 6,00, pelo que também se cumpre o requisito do
Grupo Animal C. de Conformação C. de Gordura
1 R 2
2 R- 2
3 O+ 2+
4 O+ 2
5 O 2
6 O+ 2
7 O 2
8 O+ 2
9 R- 2+
A
B
C
Tabela 69. Classes de conformação e de gordura
111
Cadernos de Especificações da Carne Mertolenga DOP (ACBM, 2014a) referente ao pH
da carne.
Embora não se possa considerar a existência da condição DFD na carne dos
bovinos, pois em todos os casos o pH24horas foi inferior a 6,00, também não se podem
considerar totalmente satisfatórios os valores obtidos, pois apenas um animal
apresentou um valor de pH no intervalo indicado para o pHfinal (entre 5,40 e 5,50)
(Guàrdia et al., 2005; Marsh, 1981; O’Neill et al., 2003; Warriss, 2000 citado por Adzitey
e Nurul, 2011; Wulf et al., 2002).
O valor médio de todos os animais para o pH24horas (5,66 ± 0,10) ao comparar com
resultados de outros trabalhos, também obtidos no músculo Longissimus dorsi pode ser
considerado um pouco elevado. Apesar deste resultado médio ser exatamente o mesmo
que o determinado por Neto (2003) e o peso médio das carcaças dos 114 animais seja
superior (295,0 kg), segundo Almeida (2008), esse fator não tem influência no valor de
pH da carne de bovinos Mertolengos. De acordo com o mesmo autor (Almeida, 2008),
um dos fatores que causa um incremento no valor do pH da carne é o aumento da idade
dos animais ao abate e por esse motivo é que se pode considerar o resultado de Neto
(2003), mais positivo que o deste trabalho, pois os animais desse ensaio tinham uma
dispersão de idades ao abate muito superior (11,0 aos 30,0 meses) aos animais deste
ensaio. Se compararmos o valor médio do pH24horas obtido neste trabalho com o
determinado por Almeida (2008) (6,20) em animais uma vez mais com uma grande
dispersão de idades ao abate (11,0 aos 30,0 meses), podemos considerá-lo
Grupo Animal pH
2 5,62
3 5,82
4 5,59
Média 5,68
Desvio-Padrão 0,13
5 5,67
6 5,72
7 5,64
Média 5,68
Desvio-Padrão 0,04
8 5,50
9 5,75
Média 5,63
Desvio-Padrão 0,18
Média 5,66
Desvio-Padrão 0,10
A
B
C
Geral
Tabela 70. pH da carne
112
minimamente satisfatório, já que pelo menos não se obteve um valor de pH que
determina a presença da condição DFD na carne.
Como já referido anteriormente, a idade dos bovinos ao abate é um fator muito
importante no valor de pHfinal, mas Adzitey e Nurul (2011), Almeida (2008) e Miller
(2007) também referem o agrupamento de animais na abegoaria do matadouro como
preponderante nos elevados valores apresentados por este parâmetro da qualidade da
carne. Como fui assistir ao abate dos bovinos deste ensaio, pude constatar que estavam
agrupados com bovinos Mertolengos de outras explorações, também destinados à
produção de Vitelão Mertolengo DOP, o que considero uma incorreta prática de maneio
antemortem e talvez explicativa dos resultados um pouco elevados do pH24horas.
113
5. Conclusão
Pretendeu-se na presente dissertação estudar parâmetros zootécnicos e
económicos relacionados com a aptidão para a produção da classe Vitelão da Carne
Mertolenga DOP, em machos inteiros da raça, submetidos a três regimes alimentares.
Os resultados obtidos na análise de variância para os períodos sugeriram a
influência do regime alimentar nalguns dos parâmetros do desempenho produtivo
estudados. Enquanto a velocidade de crescimento absoluta não variou, a ingestão de
alimento concentrado e de alimento grosseiro diferiram, tendo-se verificado uma
complementaridade entre estes dois alimentos na satisfação das necessidades nutritivas
dos animais. Os bovinos do regime alimentar 1 que apresentaram o maior consumo de
concentrado e o mais reduzido de palha, em virtude desse maior consumo de
concentrado, talvez explicado pelo maior peso vivo dos animais (embora apenas em
relação aos bovinos do regime alimentar 3), mas sobretudo por o concentrado de
crescimento não estar adequado às suas necessidades nutricionais nos últimos períodos
(já que nos restantes períodos o concentrado disponibilizado a todos os regimes era o
mesmo, e se determinou pela percentagem do peso adulto em P4 que a deposição de
gordura ia ocorrer a um maior ritmo), apresentaram os maiores custos com a
alimentação diária. Mesmo assim, a eficiência alimentar, bem como o custo de produção
de um quilograma de peso e a eficiência económica mantiveram-se sem variações
significativas entre os regimes alimentares.
Relativamente à análise efetuada para as fases, constatou-se que estas foram a
única fonte de variação presente no modelo matemático-estatístico a causar diferença
significativa nos parâmetros produtivos analisados. Assim, a velocidade de crescimento
absoluta foi inferior na fase de transição, resultado esperado em função da mudança de
concentrado nos regimes alimentares 2 e 3, mas sem aparente explicação em termos
nutricionais nos bovinos do regime alimentar 1 que também tiveram uma performance
inferior nessa fase, pelo que consequentemente, o regime alimentar não influenciou a
resposta dos bovinos. Com estes resultados também se concluiu que se pode efetuar a
mudança do alimento concentrado de forma mais gradual, ou mais repentina sem afetar
a performance dos bovinos, uma vez que como não se altera a relação
concentrado:grosseiro, já que estes são disponibilizados ad libitum, não ocorreram
114
problemas digestivos. Em termos de eficiência alimentar e do custo de produção de um
quilograma de peso vivo, os melhores resultados foram obtidos na fase de recria, o que
demonstra que o desenvolvimento muscular, predominante nessa fase ocorreu de
forma mais eficiente que a deposição de tecido adiposo.
Em virtude da inexistência de variações significativas dos parâmetros produtivos
na fase de acabamento entre os regimes alimentares, constatou-se que se pode reduzir
a concentração proteica do concentrado de acabamento (acompanhada por um
aumento do teor energético) sem afetar negativamente os parâmetros produtivos,
embora os parâmetros económicos não tenham melhorado, um dos principais objetivos
que se pretendia atingir. Para atingir esse objetivo, tinha-se de reduzir ainda mais a
concentração proteica do concentrado, mas garantindo sempre dietas qualitativamente
equilibradas nos outros nutrientes e que a performance dos bovinos não fosse
prejudicada negativamente.
Em termos gerais, chegou-se à conclusão que a estratégia implementada para
reduzir os custos da alimentação teve um efeito nulo no desempenho produtivo dos
bovinos, pelo que qualquer um dos três regimes alimentares idealizados pode ser
adotado na produção de Vitelão Mertolengo DOP. Apesar do resultado positivo da
eficiência económica por quilograma de peso vivo, apenas se consideraram os custos
com a alimentação, pelo que na realidade essa eficiência é mais reduzida do que a
determinada, pelo que é necessário testar novas estratégias que visem a redução dos
custos de produção.
No que diz respeito aos parâmetros relacionados com as características da
carcaça e qualidade da carne, não se podem tecer grandes ilações relativamente à
influência dos regimes alimentares, já que não se achou correto efetuar a análise de
variância, como explicado anteriormente. Mesmo assim, para as características da
carcaça verificou-se que os animais do regime alimentar 1 se destacaram positivamente
nos pesos vivo e de carcaça, mas o rendimento de carcaça, assim como a classificação
para as classes de conformação e de gordura tiveram resultados muito idênticos aos dos
bovinos dos outros regimes alimentares. Para o pH24horas, o único parâmetro analisado
da qualidade da carne, os resultados foram muito semelhantes, e embora sejam todos
115
inferiores a 6,00, considero demasiado elevados, o que pode indiciar más práticas de
maneio antemortem, como agrupar animais de distintos grupos sociais.
Todos os animais abatidos cumpriam as regras estipuladas no Caderno de
Especificações da Carne Mertolenga DOP para a classe vitelão, pelo que podem ser
comercializados e apreciados como tal.
116
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