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UNIVERSIDADE DE ÉVORA ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA Comparação de três regimes alimentares na produção de Vitelão Mertolengo DOP Ricardo Azevedo da Silva Madeira Orientação: Professor Doutor Carlos José Reis Roquete Professor Doutor Amadeu António Borges Freitas Mestrado em Engenharia Zootécnica Dissertação Évora, 2015

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Page 1: UNIVERSIDADE DE ÉVORA§ão … · À Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos, por ter permitido a realização do ensaio experimental nas suas instalações e com os seus

UNIVERSIDADE DE ÉVORA

ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

Comparação de três regimes alimentares na produção de Vitelão Mertolengo DOP

Ricardo Azevedo da Silva Madeira

Orientação: Professor Doutor Carlos José Reis Roquete Professor Doutor Amadeu António Borges Freitas

Mestrado em Engenharia Zootécnica

Dissertação

Évora, 2015

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UNIVERSIDADE DE ÉVORA

ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

Comparação de três regimes alimentares na produção de Vitelão Mertolengo DOP

Ricardo Azevedo da Silva Madeira

Orientação: Professor Doutor Carlos José Reis Roquete Professor Doutor Amadeu António Borges Freitas

Mestrado em Engenharia Zootécnica

Dissertação

Évora, 2015

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Para os meus pais e irmão

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i

Agradecimentos

A realização desta dissertação de mestrado contou com importantes apoios e incentivos,

sem os quais não se teria tornado uma realidade e aos quais estarei eternamente grato.

Ao Professor Doutor Carlos Roquete, do Departamento de Zootecnia da Universidade de

Évora, por ter aceite a orientação desta dissertação, por toda a ajuda prestada, pela

disponibilidade e enorme dedicação na realização deste trabalho.

Ao Professor Doutor Amadeu Freitas, do Departamento de Zootecnia da Universidade de

Évora, por ter aceite ser o meu coorientador, por todos os conhecimentos transmitidos e

auxílio na realização deste trabalho.

À Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos, por ter permitido a realização do

ensaio experimental nas suas instalações e com os seus animais.

A todos os Colaboradores da Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos pela ajuda

que me deram durante e após o ensaio. Em especial ao Engenheiro José Pais, por todo o

apoio prestado na parte experimental do trabalho e por toda a informação disponibilizada.

Aos meus amigos de Ferreira do Zêzere, que embora esteja cada vez menos tempo com

eles, nunca me vou esquecer de toda a minha infância e adolescência passada ao seu lado.

Aos amigos que fiz e que me acompanharam durante o tempo de Universidade. Foram dos

melhores momentos da minha vida, dos quais tenho as melhores recordações, e a vocês

as devo. Em especial quero agradecer aos Malinos (Alexandre, Ana, Bruno, Catarina,

Flávio, Inês, Katia, Liliana, Marisa e Tomás), à Miriam, à minha madrinha, à minha afilhada

e por fim àqueles que me acompanharam e “sofreram” comigo nestes últimos tempos -

Alexandre, Catarina, Emanuel, Flávio e Liliana.

À Minha Família, em especial aos meus Pais, ao meu Irmão e aos meus Avós, um enorme

obrigado por acreditarem sempre em mim e naquilo que faço, para além de todo o apoio,

incentivo e motivação que sempre me deram. Espero que esta etapa que agora termino

possa de alguma forma retribuir e compensar todo o carinho, apoio e dedicação que

constantemente me oferecem.

A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização desta dissertação.

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ii

Resumo

Os elevados custos da alimentação na recria-acabamento de bovinos de carne,

exigem a adoção de estratégias para melhorar a eficiência zootécnica e económica do

processo, como se pretendeu efetuar na produção de Vitelão Mertolengo DOP.

Na presente dissertação, estudaram-se parâmetros relacionados com o

desempenho produtivo, com as características da carcaça e com a qualidade da carne em

bovinos de raça Mertolenga submetidos a três regimes alimentares, que basicamente

diferiam no alimento concentrado disponibilizado na fase de acabamento e na mudança

de concentrado entre as duas fases.

Em termos de desempenho produtivo, os principais parâmetros zootécnicos e

económicos avaliados conduziram à obtenção de resultados idênticos para os regimes

alimentares, mas determinaram diferenças entre as fases. Enquanto a velocidade de

crescimento absoluta foi inferior na fase de transição (entre as outras fases), a eficiência

alimentar e o custo de produção de um quilograma de peso vivo foram melhores na fase

de recria.

Palavras-chave: Vitelão Mertolengo DOP, Nutrição, Regimes alimentares, Parâmetros

zootécnicos, Parâmetros económicos.

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Title: Comparison of three diets in the production of Vitelão

Mertolengo DOP

Abstract

The high feed costs in growing-finishing of beef cattle, demand the adoption of

strategies to improve the zootechnical and economic efficiency of the process, as it was

pretended in the production of the Vitelão Mertolengo DOP.

In the present dissertation were studied the parameters related with the

productive performance, with the carcass characteristics and with the beef quality in

Mertolenga cattle breed submitted to three diets, that witch basically differed in

concentrated feed available in the finishing phase and in change of concentrated between

the two phases.

In terms of productive performance, the main zootechnical and economic

parameters evaluated conducted to obtain identical results for the diets, but determined

differences between phases. While the absolute growth rate was lower in the transition

phase (between the other phases), the feed efficiency and cost of production of one

kilogram of live weight were better in the growing phase.

Keywords: Vitelão Mertolengo DOP, Nutrition, Diets, Zootechnical parameters, Economic

parameters.

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Índice Agradecimentos ............................................................................................................................ i

Resumo ........................................................................................................................................ ii

Abstract ....................................................................................................................................... iii

Lista de Abreviaturas ................................................................................................................... vi

Índice de Tabelas ....................................................................................................................... viii

Índice de Figuras ........................................................................................................................... x

1. Introdução ................................................................................................................................ 1

2. Revisão Bibliográfica ................................................................................................................. 4

2.1. Crescimento e Desenvolvimento ........................................................................................ 5

2.1.1. Influência da Alimentação ............................................................................................ 8

2.1.1.1. Energia ................................................................................................................ 10

2.1.1.2. Proteína ............................................................................................................... 12

2.1.2. Influência da Fase do Crescimento ............................................................................. 13

2.2. Raça Mertolenga .............................................................................................................. 17

2.2.1. Enquadramento Histórico .......................................................................................... 17

2.2.1.1. Origem ................................................................................................................ 17

2.2.1.2. Utilização ............................................................................................................. 18

2.2.2. Evolução Recente ....................................................................................................... 19

2.2.2.1. Intensificação da Produção .................................................................................. 19

2.2.2.2. Produtos Certificados........................................................................................... 19

2.2.3. Caracterização da Raça............................................................................................... 22

2.2.3.1. Parâmetros Produtivos ........................................................................................ 24

2.2.3.1.1. Ganho Médio Diário ...................................................................................... 24

2.2.3.1.2. Ingestão de Alimento .................................................................................... 26

2.2.3.1.3. Índice de Conversão ...................................................................................... 27

2.2.3.2. Caracterização da Carcaça e Qualidade da Carne ................................................. 28

2.2.3.2.1. Peso e Rendimento de Carcaça ...................................................................... 28

2.2.3.2.2. Classificação de Carcaças ............................................................................... 29

2.2.3.2.3. Incidência da Condição Dark Firm and Dry ..................................................... 31

3. Materiais e Métodos ............................................................................................................... 34

3.1. Animais ............................................................................................................................ 35

3.2. Alimentação ..................................................................................................................... 37

3.3. Instalações e Equipamentos ............................................................................................. 40

3.4. Pesagens .......................................................................................................................... 41

3.5. Abate e Medição do pH .................................................................................................... 42

3.6. Parâmetros Analisados ..................................................................................................... 42

3.7. Análise Estatística ............................................................................................................. 44

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4. Resultados e Discussão ........................................................................................................... 49

4.1. Desempenho Produtivo .................................................................................................... 50

4.1.1. Crescimento ............................................................................................................... 50

4.1.1.1. Peso Vivo ............................................................................................................. 50

4.1.1.2. Percentagem do Peso Adulto ............................................................................... 54

4.1.1.3. Velocidade de Crescimento .................................................................................. 56

4.1.1.3.1. Ganho Médio Diário ...................................................................................... 56

4.1.1.3.2. Aumento da Percentagem de Peso ................................................................ 63

4.1.2. Ingestão de Alimento ................................................................................................. 67

4.1.2.1. Ingestão Ajustada do Alimento Concentrado ....................................................... 67

4.1.2.2. Ingestão Ajustada do Alimento Grosseiro............................................................. 73

4.1.3. Eficiência Alimentar ................................................................................................... 75

4.1.3.1. Índice de Conversão do Alimento Concentrado Ajustado ..................................... 76

4.1.3.2. Índice de Conversão da Matéria Bruta Ajustada ................................................... 81

4.1.4. Eficiência Bio Económica ............................................................................................ 85

4.1.4.1. Custo do Alimento Concentrado Ajustado ............................................................ 86

4.1.4.2. Custo da Matéria Bruta Ajustada ......................................................................... 89

4.1.4.3. Custo de Produção de um Quilograma de Peso Vivo ............................................ 93

4.1.4.4. Valor de um Quilograma de Peso Vivo ................................................................. 98

4.1.4.5. Eficiência Económica por Quilograma de Peso Vivo ............................................ 102

4.2. Características da Carcaça e Qualidade da Carne ............................................................ 107

4.2.1. Peso e Rendimento de Carcaças ............................................................................... 107

4.2.2. Classificação de Carcaças.......................................................................................... 109

4.2.3. pH da Carne ............................................................................................................. 110

5. Conclusão ............................................................................................................................. 113

6. Bibliografia ........................................................................................................................... 116

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Lista de Abreviaturas

A fase de acabamento

ACBM Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos

ADP adenosina difosfato

ADAPT período de adaptação dos bovinos no Centro

ANCOVA análise de covariância

ANOVA análise de variância simples

ATP adenosina trifosfato

BSE encefalopatia espongiforme bovina

CF acesso ou não ao creep-feeding

Conc. alimento concentrado

DFD dark firm and dry (escura, firme e seca)

DOP Denominação de Origem Protegida

EXP exploração de origem dos bovinos

GER geração do progenitor

gl graus de liberdade

GMD ganho médio diário

GMDnasc-entr ganho médio diário desde o nascimento até à entrada no Centro

IC índice de conversão

IENT idade de entrada dos bovinos no Centro

ING ingestão de alimento

IVP idade da progenitora no parto

Kg quilograma

MB matéria bruta

MS matéria seca

n número de observações

NASC época de nascimento

PB proteína bruta

PDI proteína digestível no intestino

PDIE proteína digestível no intestino - o fator limitante é a energia

PDIN proteína digestível no intestino - o fator limitante é o azoto

PEL pelagem dos bovinos

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pHfinal pH medido 12 a 48 horas pós-morte

pH24horas pH medido 24 horas pós-morte

P0 pesagem na entrada do Centro

P1,...P6 1ª pesagem,…6ª pesagem

R fase de recria

T fase de transição

UF unidade forrageira

UFV unidade forrageira carne

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Índice de Tabelas

Tabela 1. Intervalo entre partos .................................................................................................. 23 Tabela 2. Peso ao desmame (210 dias) ........................................................................................ 24 Tabela 3. Ganho médio diário em sistemas de produção semi-intensivos.................................... 25 Tabela 4. Ganho médio diário em sistemas de produção intensivos ............................................ 26 Tabela 5. Ganho médio diário ..................................................................................................... 26 Tabela 6. Ingestão de alimento em sistemas de produção semi-intensivos e intensivos .............. 27 Tabela 7. Índice de conversão em sistemas de produção semi-intensivos e intensivos ................ 27 Tabela 8. Índice de conversão ..................................................................................................... 28 Tabela 9. Rendimentos de carcaça - comercial, corrigido e verdadeiro ........................................ 29 Tabela 10. Classes de conformação ............................................................................................. 30 Tabela 11. Classes do estado de gordura ..................................................................................... 30 Tabela 12. Descrição complementar para as classes de conformação ......................................... 31 Tabela 13. pHfinal da carne ........................................................................................................... 33 Tabela 14. Níveis dos fatores de variação .................................................................................... 36 Tabela 15. Número de animais presentes por tratamento .......................................................... 36 Tabela 16. Concentrado de Crescimento ..................................................................................... 37 Tabela 17. Concentrado de Acabamento..................................................................................... 37 Tabela 18. Concentrado de Crescimento ..................................................................................... 38 Tabela 19. Concentrado de Acabamento..................................................................................... 38 Tabela 20. Palha ......................................................................................................................... 38 Tabela 21. Data das Pesagens ..................................................................................................... 41 Tabela 22. Peso vivo dos bovinos em P0 e P1 .............................................................................. 51 Tabela 23. Peso vivo dos bovinos de P2 a P6 ............................................................................... 52 Tabela 24. Análise de variância simples do peso vivo .................................................................. 52 Tabela 25. Resultados da percentagem do peso adulto ............................................................... 55 Tabela 26. Análise de variância simples da percentagem do peso adulto .................................... 56 Tabela 27. Resultados do ganho médio diário ............................................................................. 57 Tabela 28. Análise de variância simples do ganho médio diário ................................................... 58 Tabela 29. Análise de medições repetidas do ganho médio diário ............................................... 59 Tabela 30. Análise de covariância do ganho médio diário ............................................................ 62 Tabela 31. Resultados do aumento da percentagem de peso ...................................................... 63 Tabela 32. Análise de variância simples do aumento da percentagem de peso ............................ 64 Tabela 33. Análise de medições repetidas do aumento da percentagem de peso ........................ 66 Tabela 34. Análise de covariância do aumento da percentagem de peso .................................... 67 Tabela 35. Resultados da ingestão do alimento concentrado ...................................................... 69 Tabela 36. Análise de variância simples da ingestão do concentrado........................................... 70 Tabela 37. Consumo de concentrado real e estimado ................................................................. 71 Tabela 38. Análise de covariância da ingestão do concentrado ................................................... 72 Tabela 39. Resultados da ingestão do alimento grosseiro............................................................ 73 Tabela 40. Análise de variância simples da ingestão de palha ...................................................... 74 Tabela 41. Análise de covariância da ingestão de palha ............................................................... 75 Tabela 42. Resultados do índice de conversão do alimento concentrado .................................... 76 Tabela 43. Análise de variância simples do índice de conversão do concentrado ......................... 77 Tabela 44. Análise de medições repetidas do índice de conversão do concentrado ..................... 78 Tabela 45. Análise de covariância do índice de conversão do concentrado .................................. 80 Tabela 46. Resultados do índice de conversão da matéria bruta ................................................. 81 Tabela 47. Análise de variância simples do índice de conversão da matéria bruta ....................... 82 Tabela 48. Análise de medições repetidas do índice de conversão da matéria bruta ................... 83 Tabela 49. Análise de covariância do índice de conversão da matéria bruta ................................ 85 Tabela 50. Resultados do custo do alimento concentrado ........................................................... 86 Tabela 51. Análise de variância simples do custo do concentrado ............................................... 87

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Tabela 52. Análise de covariância do custo do concentrado ........................................................ 89 Tabela 53. Resultados do custo da matéria bruta ........................................................................ 90 Tabela 54. Análise de variância simples do custo da matéria bruta.............................................. 91 Tabela 55. Análise de covariância do custo da matéria bruta ...................................................... 92 Tabela 56. Resultados do custo de produção de um quilograma de peso vivo ............................. 94 Tabela 57. Análise de variância simples do custo de produção de um quilograma de peso vivo... 95 Tabela 58. Análise de medições repetidas do custo de produção de um quilograma de peso vivo ................................................................................................................................................... 96 Tabela 59. Análise de covariância do custo de produção de um quilograma de peso vivo............ 97 Tabela 60. Resultados do valor de um quilograma de peso vivo .................................................. 98 Tabela 61. Análise de variância simples do valor de um quilograma de peso vivo ...................... 100 Tabela 62. Análise de medições repetidas do valor de um quilograma de peso vivo .................. 100 Tabela 63. Análise de covariância do valor de um quilograma de peso vivo ............................... 102 Tabela 64. Resultados da eficiência económica por quilograma de peso vivo ............................ 103 Tabela 65. Análise de variância simples da eficiência económica por quilograma de peso vivo .. 104 Tabela 66. Análise de medições repetidas da eficiência económica por quilograma de peso vivo ................................................................................................................................................. 105 Tabela 67. Análise de covariância da eficiência económica por quilograma de peso vivo ........... 106 Tabela 68. Peso vivo, peso de carcaça e rendimento de carcaça................................................ 109 Tabela 69. Classes de conformação e de gordura ...................................................................... 110 Tabela 70. pH da carne ............................................................................................................. 111

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x

Índice de Figuras

Figura 1. Curva de crescimento ..................................................................................................... 6 Figura 2. Distribuição da quantidade de carne bovina certificada no ano de 2005 ....................... 21 Figura 3. Interação entre a pesagem e o período de adaptação .................................................. 54 Figura 4. Interação entre o período e a idade da vaca ao parto ................................................... 59 Figura 5. Interação entre a fase e o regime alimentar ................................................................. 61 Figura 6. Interação entre o período e o regime alimentar ........................................................... 65 Figura 7. Interação entre o período e o regime alimentar ........................................................... 71 Figura 8. Interação entre o período e o regime alimentar ........................................................... 78 Figura 9. Interação entre a fase e o regime alimentar ................................................................. 79 Figura 10. Interação entre o período e o regime alimentar.......................................................... 83 Figura 11. Interação entre a fase e o regime alimentar ............................................................... 84 Figura 12. Interação entre o período e o regime alimentar.......................................................... 88 Figura 13. Interação entre o período e o regime alimentar.......................................................... 92 Figura 14. Interação entre o período e o regime alimentar.......................................................... 95 Figura 15. Interação entre a fase e o regime alimentar ............................................................... 97 Figura 16. Interação entre a fase e o regime alimentar ............................................................. 101 Figura 17. Interação entre o período e o regime alimentar........................................................ 104 Figura 18. Interação entre a fase e o regime alimentar ............................................................. 106

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1. Introdução

A encefalopatia espongiforme bovina (BSE) foi o mais grave escândalo alimentar

dos últimos anos, tendo causado a partir de 1995 uma redução drástica do consumo de

carne de bovino em toda a Europa (Mateus e Russo-Almeida, 2014; Rodrigues, 1998;

Telo da Gama et al., 2004). De acordo com Rodrigues (1998), a redução do consumo de

carne ocorreu principalmente na carne proveniente de animais de raças leiteiras, tendo

aumentado a importância dos bovinos de aptidão carne e principalmente das raças

autóctones na produção de carne a nível nacional, o que levou ao aumento de quota de

mercado dos produtos certificados (Banović et al., 2007), em virtude do aumento do

grau de exigência do consumidor, passando assim estes produtos a ter a relevância

merecida (Telo da Gama et al., 2004).

A produção de Vitelão Mertolengo DOP (denominação de origem protegida) é

realizada em sistemas intensivos de produção, sistemas que Koenig e Beauchemin

(2013) designam como insustentáveis e potencialmente ameaçadores do meio

ambiente, em virtude da baixa eficiência de produção.

De entre os fatores com maior impacto no custo de produção dos produtos de

origem animal destacam-se a alimentação e a mão-de-obra (Freitas, 2008; Sithyphone

et al., 2011), com os custos da alimentação a serem considerados os custos variáveis

mais elevados (Mao et al., 2013). Na recria-acabamento de Vitelão Mertolengo DOP, os

custos com a alimentação representam 39,3% ± 6,8% da composição estrutural final do

produto, com apenas uma pequena prevalência do valor do vitelo no início da recria

(41,5% ± 7,9%), que equivale ao montante que o produtor recebe (Pais et al., 2013).

Nos últimos anos, o preço dos alimentos concentrados tem aumentado

drasticamente (Retallick et al., 2013a) e como consequência os custos de produção

subiram e as receitas diminuíram (Marti et al., 2013), pelo que o sector se encontra com

sérias dificuldades em termos de rentabilidade (Avilés et al., 2015). Este aumento no

preço dos alimentos concentrados surge em parte devido ao grão de milho, fonte

energética com grande incorporação nos concentrados, estar a ser utilizado em grande

escala na produção de etanol (McNew e Griffith, 2005 citados por Nuñez et al., 2015).

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O elevado custo da alimentação na recria-acabamento de bovinos de carne

significa que a rentabilidade depende do uso eficiente dos alimentos na satisfação das

necessidades de manutenção e de crescimento dos animais, com o mínimo de perdas

possível (Nkrumah et al., 2006), ou seja a eficiência alimentar é cada vez mais de

particular importância na produção de carne bovina (Mao et al., 2013; Mitchell, 2007;

Nkrumah et al., 2006; Retallick et al., 2013b). Assim, qualquer estratégia que vise a

redução dos custos e a melhoria da rentabilidade das explorações pecuárias deve

basear-se em soluções válidas, tanto em termos técnicos como económicos (Freitas,

2008).

O trabalho que constituiu a base experimental da presente dissertação diz

respeito ao estudo de diversos parâmetros zootécnicos e económicos, relacionados com

o desempenho produtivo, características da carcaça e qualidade da carne, em machos

inteiros da raça Mertolenga, mantidos em sistema de produção intensivo e destinados

à produção de Vitelão Mertolengo DOP. O principal objetivo consistiu em verificar se os

três regimes alimentares idealizados tinham influência nos parâmetros estudados. Em

dois regimes alimentares diferenciou-se o alimento concentrado fornecido nas fases de

recria (R) e de acabamento (A), enquanto no outro regime alimentar a dieta não sofreu

qualquer alteração.

O alimento concentrado da fase de acabamento, com uma menor concentração

proteica, mas superior em termos energéticos, ao comparar com o outro concentrado

utilizado na fase de recria e em todo o ensaio no regime alimentar que se manteve

inalterável, pretendia estar mais adequado às necessidades nutritivas dos bovinos,

tendo em consideração o desenvolvimento diferencial dos tecidos corporais, para além

do seu custo ser inferior, pelo que se pretendia que nestes dois regimes alimentares os

parâmetros económicos fossem melhores, mas que os parâmetros zootécnicos também

não fossem afetados de forma negativa. Outro assunto abordado, prendia-se com a

mudança do alimento concentrado da fase de recria para a fase de acabamento, pelo

que num regime alimentar se efetuou uma transição gradual e no outro uma transição

mais repentina.

Na redação desta dissertação, após uma revisão bibliográfica que abrange os

principais assuntos estudados no presente trabalho, e um capítulo relativo aos aspetos

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gerais da metodologia, optou-se por facilidade de exposição, pela divisão dos resultados

e discussão em dois subcapítulos: um referente ao crescimento, ingestão de alimento,

eficiência alimentar e eficiência bio económica, e outro relativo às características da

carcaça e qualidade da carne.

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2. Revisão Bibliográfica

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Pretende-se na presente revisão bibliográfica, em primeira instância, efetuar

uma breve descrição do processo de crescimento e da influência da nutrição e da fase

de crescimento em todo o processo. Em seguida apresenta-se uma síntese dos

conhecimentos relativos ao desempenho produtivo, às características da carcaça e à

qualidade da carne em bovinos Mertolengos, para além de primeiramente se efetuar a

caracterização da raça, bem como o aparecimento da Carne Mertolenga DOP.

2.1. Crescimento e Desenvolvimento

De um modo geral, o processo de crescimento engloba dois aspetos distintos: o

crescimento quantitativo ou ponderal que se caracteriza pelo aumento contínuo da

massa corporal com a idade, e o crescimento qualitativo ou desenvolvimento que se

refere a alterações da forma e composição corporal resultantes do desenvolvimento

diferencial dos tecidos (Pomeroy, 1978). De forma mais simplificada e de acordo com

Micol et al. (1993), o crescimento reflete o aumento de peso dos componentes

corporais, enquanto o desenvolvimento reflete a contribuição relativa de cada um

desses elementos, pelo que Trenkle e Marple (1983) consideram que estes dois

conceitos não são absolutamente distintos, uma vez que normalmente não ocorrem de

forma independente.

Para Goll et al. (1992) o crescimento muscular é determinado fundamentalmente

por três fatores: o número de células musculares, a taxa de síntese proteica muscular e

a taxa de degradação proteica muscular, enquanto para Perry e Thompson (2005) o

crescimento muscular resulta do balanço positivo entre as taxas de síntese e de

degradação proteica, influenciadas pela idade e nível nutricional disponibilizado aos

animais.

Usualmente o crescimento é representado por uma curva que pode ser aplicada,

na generalidade, a todas as espécies animais de crescimento determinado (Brody, 1945).

A curva, geralmente sigmoide (Figura 1), pode ser dividida em dois segmentos principais:

o primeiro, designado por fase aceleradora, em que a velocidade de crescimento

aumenta exponencialmente desde a conceção até ao ponto de inflexão, pelo que o

declive da curva apresenta valores crescentes; o segundo segmento, designado por fase

inibidora, tem início no ponto de inflexão, a partir do qual a velocidade de crescimento

diminui à medida que o animal se aproxima da maturidade (Brody, 1945; Owens et al.,

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1993). De acordo com Simões (1991) citado por Rodrigues (1998) a fase aceleradora e

inibidora são conhecidas em zootecnia, por fase de crescimento e fase de acabamento,

respetivamente. O ponto de inflexão da curva representa o momento em que termina o

aumento da velocidade de crescimento e a sua diminuição ainda não se iniciou, pelo que

a velocidade de crescimento é máxima e está diretamente relacionada com a puberdade

(Brody, 1945).

Para Brody (1945), o crescimento para além de se poder representar pela curva

de crescimento, também se pode representar pela velocidade de crescimento, que se

pode exprimir de várias formas. De acordo com Marple (2003) a medida mais comum é

a velocidade de crescimento média absoluta, ou ganho médio absoluto de peso por

unidade de tempo, normalmente calculado por dia e denominado assim por ganho

médio diário (GMD), que segundo Fraústo da Silva (1996) aumenta até ao ponto de

inflexão da curva de crescimento e diminui posteriormente. A velocidade de

crescimento média absoluta na mesma espécie varia com o genótipo, com o sexo, com

a fase de crescimento e com a dieta (Mitchell, 2007; Robelin e Daenicke, 1980). As raças

com um peso em adulto ou à maturidade superior têm normalmente valores superiores

para a velocidade de crescimento (Owens et al., 1993; Perry e Thompson, 2005), assim

como para o mesmo genótipo, os machos têm um peso adulto e uma velocidade de

crescimento superior ao das fêmeas (Micol et al., 1993).

Legenda: a- conceção; b- nascimento; c- fase aceleradora (de “a” a “d”); d- ponto de inflexão; e- fase inibidora (de “d” a “f”); f- maturidade. Adaptado de Owens et al. (1993).

Figura 1. Curva de crescimento

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O desenvolvimento, avaliado geralmente em termos percentuais, exprime o

peso de um componente em relação a um conjunto de referência, embora também

possa ser avaliado através da equação alométrica de Huxley que permite estudar o

desenvolvimento global dos tecidos e a sua distribuição (Brody, 1945).

Os tecidos desenvolvem-se de forma diferencial durante o crescimento (Owens

et al, 1993). O tecido nervoso é aquele cujo desenvolvimento é mais precoce, seguido

do tecido ósseo, do tecido muscular e finalmente do tecido adiposo (Pomeroy, 1978), o

que está de acordo com Berg e Butterfield (1968), Butterfield et al. (1983) e Mukhoty e

Berg (1971) que consideram o osso de desenvolvimento precoce ou de baixo ímpeto de

crescimento, o músculo de desenvolvimento intermédio ou ímpeto médio e a gordura

de desenvolvimento tardio ou ímpeto de crescimento elevado. No tecido adiposo, a

deposição de gordura visceral, precede a deposição de gordura intermuscular e

subcutânea, e finalmente deposita-se a gordura intramuscular (Owens et al., 1993;

Pomeroy, 1978). Micol et al. (1993) verificaram em machos de raça Frísia, que

relativamente ao peso vivo, o tecido muscular variou entre 43,0% aos 200,0 quilogramas

(kg) de peso vivo e 32,0% em animais adultos, o tecido adiposo aumentou de

aproximadamente 7,0% para 40,0% e o tecido ósseo, que representava no animal jovem

cerca de 17,0%, atingiu valores próximos de 12,0% nos animais adultos.

Pressupondo um valor constante para a gordura, a proporção de músculo

aumenta e a de osso diminui (Mukhoty e Berg, 1971), pelo que aumenta a relação

músculo/osso (Berg e Butterfield, 1966). As proporções de músculo e de gordura

também estão inversamente relacionadas (Berg e Butterfield, 1968).

Como o desenvolvimento dos tecidos não é um processo isométrico (Marple,

2003), o coeficiente de alometria para o tecido ósseo apresenta o valor mais baixo,

inferior a 1, o tecido muscular tem valores intermédios, normalmente próximos de 1 e

o tecido adiposo apresenta os valores mais elevados, superiores a 1 (Berg e Butterfield,

1966).

A sucessão de prioridades no desenvolvimento dos tecidos é consequência da

importância funcional dos tecidos para a sobrevivência (Pálsson, 1975 citado por Fraústo

da Silva, 1996), pelo que um animal tem de repartir os nutrientes de acordo com essas

prioridades (Mitchell, 2007).

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Tal como ocorre no crescimento, fatores genéticos, como o genótipo e o sexo, e

fatores ambientais, como variações quantitativas e/ou qualitativas na alimentação,

influenciam o desenvolvimento dos tecidos corporais (Berg e Butterfield, 1968; Marple,

2003; Pomeroy, 1978).

De acordo com Owens et al. (1993) e Pomeroy (1978), a velocidade de

desenvolvimento de um tecido depende da sua localização no corpo. Considera-se que

um osso, um músculo ou a gordura numa determinada região é de maturidade precoce,

quando em qualquer fase do crescimento anterior à maturidade, atinge uma proporção

do seu peso de adulto, superior à atingida pela totalidade do tecido. Já quando se trata

de um tecido de maturidade tardia, este atinge uma proporção do peso adulto, inferior

à atingida numa determinada região (Butterfield et al., 1983).

Um método para determinar a composição corporal é a dissecação da carcaça

em vísceras, pele, ossos, músculo e gordura e realização da análise química (Marple,

2003; Mitchell, 2007), pois com o ganho médio absoluto de peso por unidade de tempo

não é possível determinar de forma qualitativa o aumento de peso (Owens et al., 1993).

Depois de expostos os principais fatores que afetam os processos de crescimento

e desenvolvimento, aborda-se de forma mais pormenorizada o efeito da alimentação e

principalmente da concentração energética e proteica da dieta, bem como a influência

da fase de crescimento, sobretudo no desempenho produtivo dos animais, mas também

nas características de carcaça e na qualidade da carne.

2.1.1. Influência da Alimentação

O crescimento e a nutrição afetam-se mutuamente, na medida em que cada um

pode influenciar o outro (McDonald et al., 2006). O ritmo de crescimento de um animal

determina as suas necessidades nutritivas (Robelin e Daenicke, 1980), mas com

alterações na alimentação, também é possível modificar o ritmo de crescimento dos

animais (McDonald et al., 2006), já que o crescimento resulta da absorção de nutrientes

a partir do sangue, necessários para a síntese de macromoléculas dos tecidos do corpo

(Trenkle e Marple, 1983).

Os efeitos da alimentação na velocidade de crescimento absoluta, são bem

visíveis quando ocorre uma redução voluntaria da ingestão (ING) ou um acesso restrito

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à alimentação (Marple, 2003; Owens et al., 1993), o que se verifica facilmente nos

sistemas em que se procura maximizar o pastoreio, em que o crescimento oscilatório

dos animais reflete as variações sazonais na quantidade e na qualidade de alimento

disponível (Fraústo da Silva, 1996; Perry e Thompson, 2005). É frequente ocorrerem

períodos nos quais os bovinos apresentam um crescimento inferior ao seu potencial

máximo, mas quando lhes é fornecida uma dieta adequada, normalmente de elevado

nível energético, apresentam um crescimento compensatório, ou seja verifica-se um

aumento da velocidade de crescimento, face a animais da mesma idade que não foram

afetados por qualquer restrição alimentar (Berg e Butterfield, 1968), embora a

capacidade dos animais para compensar uma restrição seja diferente, já que é afetada

por diversos fatores, como a severidade e duração do período de subnutrição, a fase do

crescimento e a alimentação disponibilizada na fase de crescimento compensatório

(Mitchell, 2007; Owens et al., 1993).

Para alguns autores, o crescimento compensatório pode ser atribuído de forma

independente ao aumento da ingestão de alimento (Ashworth, 1969 citado por Fox et

al., 1972; McDonald et al., 2006), ou à maior eficiência na utilização da energia

(Drouillard e Kuhl, 1999; Meyer et al., 1965), mas para Brorsen et al. (1983) esses dois

acontecimentos podem ocorrer em simultâneo. Noutra perspetiva, Sheehy e Sénior

(1942) citados por Fox et al. (1972) consideram que o crescimento durante a

recuperação se deve à maior deposição de proteína e à menor deposição de gordura.

As necessidades nutritivas dos animais estão muito relacionadas com a

composição do ganho de peso (Robelin e Daenicke, 1980), pelo que as consequências

das variações da quantidade e da qualidade da dieta ingerida são muito importantes na

composição corporal, e também podem influenciar o rendimento de carcaça (Owens et

al., 1993). Os tecidos com o coeficiente de crescimento mais elevado na fase em que

ocorre uma restrição alimentar são os mais afetados (Berg e Butterfield, 1968).

Enquanto nos animais muito jovens, os principais tecidos afetados são o músculo e o

osso (Fraústo da Silva, 1996), nos animais jovens a consequência mais evidente de uma

restrição alimentar é a diminuição da velocidade de deposição de gordura e o aumento

proporcional do crescimento muscular, acontecimento que é rapidamente recuperado

depois de um período de realimentação (Berge, 1991 citado por Fraústo da Silva, 1996).

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Verifica-se assim que o efeito de diminuição do nível alimentar traduz-se por uma

diminuição da velocidade de crescimento dos vários tecidos na ordem inversa do seu

desenvolvimento, isto é, os tecidos mais precoces são os menos afetados (Berg e

Butterfield, 1968).

Com uma grande quantidade de alimento de elevado nível nutritivo ingerido, a

velocidade de deposição da gordura aumenta (Berg e Butterfield, 1968; Owens et al.,

1995), o que ocorre ainda mais rapidamente a pesos mais elevados (Martinsson e

Olsson, 1993 citados por Fraústo da Silva, 1996), em que apesar da quantidade de

músculo depositado continuar a aumentar, em termos proporcionais acontece em

menor quantidade do que a quantidade de gordura (Fraústo da Silva, 1996).

Para além de influenciar as características da carcaça, a alimentação também

tem efeito na qualidade da carne, sobretudo o sistema de produção adotado (extensivo

ou intensivo), embora o alimento concentrado utilizado em regime intensivo também

possa constituir um fator de variação da qualidade da carne, devido a aspetos

relacionados com a sua composição em matérias-primas e nível energético (Sañudo et

al., 1998).

2.1.1.1. Energia

A importância da energia é demonstrada pelo facto de os animais ingerirem os

alimentos para satisfazerem as suas necessidades energéticas, pelo que a concentração

energética da dieta condiciona o consumo de alimento, consumo esse, que é menor com

uma alimentação mais energética. Para além disso, os alimentos energéticos são

maioritários nas dietas dos animais (McDonald et al., 2006). De acordo com Trenkle e

Marple (1983), as necessidades energéticas do processo de crescimento podem ser

separadas em dois componentes: um componente relacionado com as necessidades

para os substratos que são utilizados para formar novos tecidos, designadamente

proteína e gordura, enquanto o outro componente é a energia requerida para o

metabolismo, ou seja, a perda de calor do corpo associada à transformação bioquímica

dos nutrientes em tecidos corporais.

As necessidades energéticas dos ruminantes, bem como a composição

energética dos alimentos, expressam-se em muitas ocasiões pelo sistema francês de

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unidades forrageiras (UF), mais propriamente para bovinos de carne, pela unidade

forrageira carne (UFV), que expressa a energia limpa de manutenção e crescimento,

tendo em conta que uma UF é igual à energia limpa de um Kg de cevada (Demarquilly et

al., 1996).

Os animais aproveitam a energia química dos alimentos para satisfazerem as

suas necessidades energéticas (Owens et al., 1993). Num caso de acesso restrito à

alimentação, os animais recorrem às suas reservas corporais (catabolismo pela seguinte

ordem: glicogénio, gordura e músculo), mas quando a alimentação é suficiente, a

energia que resta após a satisfação das necessidades energéticas de manutenção pode

ser depositada nos tecidos corporais na forma de energia química (McDonald et al.,

2006), já que os animais armazenam a energia sobretudo na forma de proteína e lípidos

(Owens et al., 1995).

Variações no regime alimentar e principalmente na ingestão de alimentos

energéticos, podem alterar a velocidade de crescimento dos animais (McDonald et al.,

2006; Micol et al., 1993) e a composição da carcaça, devido à variação na deposição de

lípidos e proteínas (Micol et al., 1993; Owens et al., 1995), ao contrário da fonte de

energia que não afeta a composição das carcaças independentemente da velocidade de

crescimento (Coleman et al., 1995a). Robelin e Daenicke (1980) referem que em geral,

quando o consumo de energia aumenta, a quantidade de lípidos depositados aumenta

ainda mais rapidamente do que aumenta o ganho de peso.

Tal como na influência da proteína no desempenho produtivo e nas

características da carcaça de bovinos, diversos fatores podem originar diferentes

resultados da diferente concentração energética da dieta, mas neste caso verifica-se

uma coerência dos diversos estudos realizados. Fan et al. (1985) e Meissner et al. (1995)

relatam velocidades de crescimento absoluta superiores e uma maior eficiência

alimentar dos bovinos, quando alimentados com dietas de maior conteúdo energético.

Com o aumento do nível de energia, para além do GMD ser superior, o peso da carcaça

também o foi (Meissner et al., 1995; Prior et al., 1977), assim como o rendimento de

carcaça (Meissner et al., 1995). Para um peso de carcaça ajustado, apenas para as raças

de pequeno porte, Prior et al. (1977) referem um aumento da gordura intramuscular, e

um maior rendimento em peças.

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2.1.1.2. Proteína

A proteína é um nutriente essencial em todas as dietas de bovinos de carne

(Parish, 2009), embora a sua qualidade e o equilíbrio em aminoácidos essenciais não

seja um fator crítico na alimentação disponibilizada aos bovinos, já que a flora

microbiana presente no rúmen efetua a sua síntese (McDonald et al., 2006; Simens et

al., 1999).

Geralmente expressa em termos de proteína bruta (PB), a proteína é importante

para a saúde e para o desempenho dos animais (Parish, 2009), embora muitas vezes

também se expressem as necessidades dos ruminantes e a composição das dietas em

termos de proteína digestível no intestino (PDI) (Demarquilly et al., 1996; McDonald et

al., 2006). Cada alimento tem dois valores - PDIN e PDIE - que indicam a quantidade de

proteína que chega ao intestino, em função do fator que limita a síntese microbiana,

proteína e energia, respetivamente (Demarquilly et al., 1996).

A quantidade de proteína necessária para um bovino, aumenta com o

incremento da sua massa corporal, mas ao expressar as necessidades proteicas em

percentagem do alimento ingerido, essa percentagem diminui com o aumento do peso

e idade do animal, porque a quantidade de alimento consumida diariamente aumenta

mais rapidamente do que as suas necessidades proteicas (Simens et al., 1999). Parish

(2009) salienta que as necessidades proteicas dos animais aumentam com uma

velocidade de crescimento superior, pelo que aumenta a sua deposição

independentemente do peso vivo, embora com maior peso vivo, o aumento seja mais

lento (Geay, 1984).

Quando um animal se encontra num estado de défice energético (alimentação

energética deficiente), o músculo é um importante reservatório de aminoácidos (Allen

e Goll, 2003), assim como o excesso de aminoácidos para a síntese proteica também

podem ser degradado para obter energia (Anderson et al., 1988), o que tem como

consequência a produção de amoníaco (McDonald et al., 2006).

Apesar de Owens et al. (1995) referirem que uma restrição proteica pode reduzir

o peso à maturidade e aumentar a quantidade de gordura na carcaça, do ponto de vista

ambiental e económico, há um movimento no sentido de reduzir a incorporação de

compostos azotados na produção de alimentos concentrados para bovinos de carne

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(Dawson, 2012). Cole et al. (2005) afirmam que a utilização de dietas com baixos níveis

de PB é um meio eficaz de aumentar a eficiência da utilização de azoto e de reduzir as

suas perdas, desde que não haja uma redução na velocidade de crescimento e na

eficiência alimentar. Numa perspetiva económica, segundo Anderson et al. (1988),

reduzir a concentração de PB faz com que os custos da alimentação sejam menores, pois

os alimentos proteicos são mais dispendiosos que os alimentos energéticos (Chiba,

2014).

Diversos estudos têm sido realizados ao longo dos anos para verificar a influência

da concentração proteica da alimentação, no desempenho produtivo e nas

características da carcaça de bovinos, independentemente do tipo de proteína, que tem

pouca influência nas performances produtivas e nas características da carcaça

(Comerford et al., 1992). Em virtude da distinta genética dos animais, dos diversos

intervalos de peso dos animais presentes nos ensaios e dos diferentes níveis de proteína

bruta comparados, os resultados são muito díspares. Umunna et al. (1980) com três

níveis de proteína bruta (11,60, 14,70 e 17,70%) não determinaram diferenças

significativas no GMD, na eficiência alimentar, no peso da carcaça e na espessura da

gordura subcutânea, enquanto Eck et al. (1988) obtiveram melhores resultados para a

velocidade de crescimento e para a eficiência alimentar em bovinos alimentados com

12,50% de PB (apesar da maior ingestão de alimento), do que com o nível de 10,50%.

No ensaio de Anderson et al. (1988), os bovinos alimentados com 10,00% de PB

apresentaram uma velocidade de crescimento absoluta inferior aos animais alimentados

com níveis superiores de PB (12,00 e 14,00%), mas a ingestão de alimento e o índice de

conversão (IC) não diferiram, assim como o rendimento de carcaça. Bass et al. (1990)

citados por Fraústo da Silva (1996) referem que a proporção de gordura nos ganhos de

peso diminui com o aumento da concentração proteica da dieta, mas Prior et al. (1977)

afirmam que aumentar a percentagem de proteína não altera significativamente a

composição da carcaça.

2.1.2. Influência da Fase do Crescimento

A diferente composição química dos tecidos corporais e a ordem do seu

desenvolvimento influenciam a composição química do animal e consequentemente as

suas necessidades de crescimento (McDonald et al., 2006; Micol et al., 1993). Assim, em

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determinadas etapas do crescimento dos animais, o excesso de nutrientes pode ser

evitado dividindo o período de crescimento em fases, com dietas mais apropriadas que

tenham em conta as necessidades nutritivas dos animais (Sutton e Lander, 2003), de

modo a maximizar a eficiência biológica do sistema integrado (Drouillard e Kuhl, 1999;

Reuter e Beck, 2013).

A fase de recria, compreendida entre o desmame e a fase de acabamento é uma

fase de preparação para esta última fase (Bell e Greenwood, 2013; Durunna et al., 2011;

Loken et al., 2009), de modo a uniformizar o peso e a composição dos ganhos dos

bovinos (Loken et al., 2009) e também para os bovinos aumentarem a massa corporal

(Owens et al., 1993).

É uma fase que varia muito em termos de alimentação (Bell e Greenwood, 2013),

pois pode envolver pastoreio, ou o consumo de alimento concentrado (Reuter e Beck,

2013), mas normalmente é efetuada para um crescimento moderado dos animais,

permitindo o desenvolvimento muscular e ósseo, enquanto restringe a deposição de

gordura (Bell e Greenwood, 2013; Block et al., 2001).

Nesta fase, o ganho de peso é constituído principalmente por água, proteína e

minerais, que são necessários para o crescimento do osso e músculo (McDonald et al.,

2006) e assim, os animais necessitam de elevados níveis de PB para permitir

principalmente o desenvolvimento muscular (Anderson et al., 1988; Owens et al., 1995;

Parish, 2009), que ocorre em função da supremacia da síntese de proteína em relação à

sua degradação (Allen e Goll, 2003; Owens et al., 1995), pois a energia que resta da

satisfação das necessidades de manutenção é utilizada maioritariamente na sua

formação (McDonald et al., 2006). Isto é comprovado pelo ensaio de Koenig et al. (2013),

em que os bovinos alimentados com 14,00% de PB apresentaram um peso final e um

GMD mais elevado que os alimentados com 12,00% de PB, apesar do índice de

conversão superior, o que está de acordo com Eck et al. (1988), que afirmam que a

ingestão de alimento aumenta com o aumento da concentração de PB na dieta. Apesar

da maior importância da proteína nesta fase do crescimento, a concentração energética

da alimentação não deixa de ser importante (Owens et al., 1995). Loken et al. (2009)

determinaram uma maior velocidade de crescimento e curiosamente um maior

consumo de matéria seca (MS) em bovinos alimentados com dietas de elevada

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concentração energética ao comparar com bovinos que ingeriram dietas de baixa

energia, nos quais o custo de produção por animal foi inferior, mas o custo por kg de

peso vivo não foi significativamente diferente.

Segundo Reuter e Beck (2013), os acontecimentos ocorridos na fase de recria

refletem-se na fase de acabamento, pois os bovinos com uma velocidade de crescimento

inferior na fase de recria obtiveram melhores resultados na fase de acabamento, no

entanto os animais com GMD superior na fase de recria tiveram pesos de carcaça mais

elevados. Contrariamente, Robinette et al. (2012) citados por Reuter e Beck (2013)

afirmam que uma restrição do crescimento na fase de recria não tem efeito sobre o

GMD durante toda a fase de acabamento e também nas características da carcaça não

determinaram diferenças significativas, o que vai de encontro ao proferido por Coleman

et al. (1995b) que afirmam que as diferenças entre dietas na fase de recria deixam de

existir após 75 dias com a mesma alimentação na fase de acabamento.

De acordo com McDonald et al. (2006), a composição do ganho de peso vivo é

definida em função da percentagem do peso adulto, independentemente do peso vivo

do animal. Embora o peso de todos os tecidos aumente com o incremento da massa

corporal, a partir de um determinado grau de maturidade, o peso da gordura aumenta

mais rapidamente do que o do músculo e do osso e, em consequência, relativamente ao

peso vivo ou ao peso de carcaça, a percentagem de gordura aumenta e as de músculo e

de osso diminuem com o aumento do peso de abate (Berg e Butterfield, 1968). Para

Berg e Butterfield (1968) o aumento da percentagem de gordura inicia-se a

aproximadamente 30,0% do peso adulto, enquanto para Trenkle e Marple (1983) esse

aumento ocorre a partir de 50,0 ou 60,0% do peso adulto, embora a grande aceleração

do desenvolvimento do tecido adiposo ocorra a 70,0% do peso adulto (Robelin e

Casteilla, 1990). Assim, pode optar-se por iniciar a fase de acabamento após o ponto de

inflexão da curva de crescimento, que nas espécies pecuárias ocorre a

aproximadamente 30,0% do peso adulto (Brody, 1945) ou então prolongar a fase de

recria até que a deposição de tecido adiposo comece a ser mais notória.

Na fase de acabamento, o ganho de peso vivo está associado a um grande

aumento na deposição de tecido adiposo, desde que a disponibilidade de nutrientes

exceda a capacidade de crescimento do osso e do músculo (Drouillard e Kuhl, 1999;

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Trenkle e Marple, 1983). O tecido adiposo, constituído maioritariamente por adipócitos,

desenvolve-se em função do aumento do número de adipócitos (hiperplasia), mas

sobretudo devido ao aumento do seu volume (hipertrofia), devido à acumulação de

lípidos (predominantemente triglicéridos) (Scanes, 2003). Como a deposição de gordura

requer mais energia do que a deposição de proteína (Fiems et al., 2000; Robelin e

Casteilla, 1990), compreende-se o declínio da eficiência do crescimento nesta fase

(Marple, 2003), mas apenas porque mais água é armazenada com a deposição de

proteína, e assim, o ganho de tecido magro é quatro vezes mais eficiente que o

acréscimo de tecido adiposo, já que em termos de eficiência energética do aumento de

volume, a gordura em comparação com a proteína é superior 1,7 vezes (Owens et al.,

1995). Portanto, nesta fase as necessidades proteicas são menos importantes do que as

necessidades energéticas (Cole et al., 2006), pois o ganho de peso vivo é apenas

constituído por 12,0% de proteína (Garrett, 1977 citado por Geay, 1984), o que é

comprovado por Koenig et al. (2013), que com um aumento da proporção de PB na dieta

de 12,60 para 14,00%, não encontraram diferenças no peso final, na velocidade de

crescimento, na ingestão de alimento, na eficiência alimentar e também nas

características da carcaça dos bovinos. Tem mesmo sido demonstrado que a redução da

proteína na fase de acabamento corresponde da melhor forma às necessidades dos

animais, já que diminui a excreção de azoto e não afeta a performance dos bovinos

(Nuñez et al., 2015; Vasconcelos et al., 2006), para além de reduzir os custos da

alimentação (Cole et al., 2006), sendo que Cole et al. (2003) afirmam que a concentração

de PB não deve ser inferior a 12,00%, senão ocorre diminuição do desempenho

produtivo, o que de certa forma é confirmado por Cole et al. (2006), que entre 11,50 e

13,00% de PB não encontraram diferenças nas performances dos bovinos, mas com

10,00% de PB, o desempenho dos animais já foi prejudicado.

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2.2. Raça Mertolenga

O nome de Mertolengo para a raça de bovinos está diretamente associado à

povoação de Mértola, uma vez que os bovinos que existiam na região, “por serem

diferentes dos vizinhos”, assim conduziram a essa designação (Frazão, 1961 citado por

Roquete et al., 2004).

Neste tópico aborda-se inicialmente o enquadramento histórico da raça,

referindo a sua origem e a sua principal utilização consoante os tempos, de seguida

demonstra-se a evolução recente marcada pela intensificação da produção e pelo

desenvolvimento de produtos certificados, e por fim descrevem-se de forma sucinta as

principais características da raça.

2.2.1. Enquadramento Histórico

Tendo presente que a evolução é um facto adquirido nas espécies animais,

também os objetivos de utilização das raças bovinas se alteraram com o

desenvolvimento dos povos ao longo da história da Humanidade (Roquete, 1993).

2.2.1.1. Origem

Segundo Roquete (1993) existem opiniões contraditórias relativamente à origem

da raça Mertolenga, uma vez que para uns é uma variedade da raça bovina Alentejana,

para outros tem origem nos bovinos com a mesma pelagem que se encontram no Sul de

Espanha, o que está em conformidade com o referido por Lima (s.d. citado por Sommer

D’Andrade, 1952), e para Felius (1995) citado por Mateus et al. (2004) é muito

provavelmente descendente da raça espanhola Berrenda com introdução de genes das

raças Alentejana, Brava de Lide e Andaluza.

Num estudo que envolveu cinco proteínas sanguíneas polimórficas e sete

microssatélites, realizado com cinco raças autóctones, Monteiro de Carvalho (2000)

verificou a existência de três grupos (Barrosã/Maronesa, Alentejana/Mertolenga e

Mirandesa), no entanto a distância genética de alelos partilhados não revelou

agrupamentos bem definidos dos indivíduos nas respetivas raças, o que sugere uma

diferenciação recente destas populações. Relativamente ao grupo

Alentejana/Mertolenga, embora as raças apresentem uma estrutura morfológica

diferente, nomeadamente na cor da pelagem e na estatura, são muito semelhantes ao

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nível de polimorfismos bioquímicos, o que pressupõe uma origem comum e que durante

o processo evolutivo não se diferenciaram suficientemente para terem criado

identidades genéticas distintas.

Mateus et al. (2004) também realizaram um estudo com trinta microssatélites

para caracterizar a diversidade genética das raças autóctones portuguesas, o qual

permitiu identificar um certo relacionamento genético entre as raças Mertolenga,

Alentejana, Garvonesa e Minhota, o que é consistente com os troncos ancestrais

étnicos: Vermelho Convexo, representado pelas raças Alentejana, Mertolenga,

Garvonesa e Minhota; Castanho Concavo que inclui as raças Mirandesa, Arouquesa,

Marinhoa e Barrosã; e Negro Reto ou Ibérico, que abrange as raças Maronesa e Brava

de Lide.

Apesar da proximidade genética entre as raças Mertolenga e Alentejana, Pereira

(2004) realizou um estudo que demonstra um distanciamento entre as duas raças, uma

vez que determinou uma clara distinção na resposta à tolerância ao calor, com a raça

Mertolenga a apresentar uma tolerância muito mais elevada.

2.2.1.2. Utilização

A raça bovina Mertolenga foi selecionada pela necessidade de se obterem

animais rústicos, bem adaptados a regiões com pobres recursos forrageiros e a exigentes

condições de trabalho de lavoura (Almeida, 2008), pois segundo Monteiro et al. (1976)

e Ralo (1990), o principal objetivo da sua exploração era a produção de trabalho.

Com a mecanização da agricultura, entre outros fatores, ocorreu uma redução

nos efetivos dos bovinos das raças autóctones, assim como o abandono da atividade

agropecuária pela população rural que se mudou para áreas industrializadas (Banović et

al., 2007; Fraústo da Silva, 1996; Telo da Gama et al., 2004), porque segundo Fraústo da

Silva (1996) apesar da mecanização da agricultura ter aumentado a possibilidade de

utilizar as raças nacionais como produtoras de carne, tal não ocorreu na plenitude

devido aos valores inferiores das características das carcaças, comparativamente às de

animais cruzados ou puros de raças especializadas na produção de carne.

De acordo com Almeida (2008) e Roquete (1993) os bovinos da raça Mertolenga

apresentam uma adaptabilidade impar às difíceis condições de maneio alimentar a que

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estão sujeitos nos sistemas de produção tipicamente extensivos, o que é confirmado por

Pereira (2004) que refere a ampla difusão da raça Mertolenga nos sistemas de produção

extensivos, considerando-a uma raça adaptada às condições que prevalecem no sul de

Portugal.

2.2.2. Evolução Recente

Atualmente o efetivo reprodutor inscrito no Livro Genealógico e em atividade

inclui 17798 fêmeas e 239 machos, pertencentes a 213 criadores, e encontra-se

distribuído pelos distritos de Castelo Branco, Santarém, Setúbal, Portalegre, Évora, Beja,

para além de existir um efetivo em São Miguel, nos Açores e outro na região de Vila

Nova de Paiva (ACBM,2015a).

2.2.2.1. Intensificação da Produção

Para Vaz et al. (1992), a raça Mertolenga com o seu “pequeno formato e elevada

rusticidade”, apresenta crescimentos moderados e índices de conversão relativamente

elevados em sistemas de produção intensivos, o que é comprovado pelos testes de

performance realizados desde 1978.

Almeida (2008) considera que a intensificação da produção contraria a essência

do sistema que está na base da diferenciação e que constitui a razão da afirmação da

carne proveniente dos bovinos das raças autóctones, enquanto Fraústo da Silva (1996)

e Telo da Gama et al. (2004) afirmam que a intensificação dos sistemas de produção

observada sobretudo a partir da segunda metade do século XX foi certamente o fator

que mais influenciou a regressão dos efetivos de raças autóctones em Portugal.

Com a generalização da utilização dos sistemas intensivos de produção, também

se deve ter em atenção que a eventual necessidade de melhorar em termos produtivos

a raça Mertolenga, levanta algumas questões de conceito e de metodologia, pois a

produtividade entra geralmente em conflito com a adaptabilidade, uma das suas

principais características (Roquete, 1993).

2.2.2.2. Produtos Certificados

O aumento das preocupações com a qualidade, a saúde, a diferenciação e a

certificação, resultado das alterações tecnológicas e dos hábitos de consumo,

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permitiram ao sector agropecuário a capacidade de obter valores acrescentados

(Banović et al., 2007; Mateus e Russo-Almeida, 2014; Telo da Gama et al., 2004) e

promover produtos de características específicas (Fraústo da Silva, 1996).

Almeida (2008) salienta a impossibilidade da carne proveniente de bovinos

Mertolengos competir a nível comercial com a carne proveniente de animais mais

eficientes em termos produtivos, pelo que acrescenta que o seu sucesso tem de assentar

num elevado padrão de qualidade sensorial, que revele toda a especificidade da sua

origem e que justifique o seu preço mais elevado. Assim, a aprovação e a implementação

de produtos certificados teve um papel muito importante na afirmação comercial das

raças autóctones (Fraústo da Silva, 1996), contribuindo dessa forma para a sua

sustentabilidade (Telo da Gama et al., 2004).

De acordo com Telo da Gama et al. (2004), algumas Associações de Criadores,

para além da implementação do programa de melhoramento da raça, alargaram o seu

âmbito de atuação e realizaram a promoção dos produtos da raça (Figura 2) e também

dinamizaram a constituição de agrupamentos de produtores, com o objetivo de otimizar

a comercialização, através da procura de novos circuitos de forma a obterem mais-

valias. Foi o que sucedeu com a Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos

(ACBM) que primeiramente efetuou a promoção dos produtos da raça através da venda

de carne obtida em sistemas de produção por si controlados. Posteriormente foi

constituída a MERTOCAR - Sociedade de Produtores de Carne de Qualidade, S.A., para a

qual foi transferida a responsabilidade da comercialização da carne dos bovinos da raça

(ACBM, 2015b). Com o objetivo de garantir a origem e a qualidade dos produtos ao

consumidor final, a MERTOCAR solicitou o registo da denominação de origem protegida

para a carne de bovinos da raça, com a designação Carne Mertolenga DOP, o qual foi

aprovado e reconhecido pelo Despacho N.º 7/94 de 26-01-1994 (ACBM, 2015c).

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A utilização da designação Carne Mertolenga DOP condiciona a sua produção às

regras estipuladas no respetivo Caderno de Especificações, no qual estão detalhadas

condições relativas aos seguintes aspetos: descrição do produto; delimitação e

características da área geográfica; elementos de prova de origem geográfica; descrição

do método de obtenção; relação com o meio; estrutura de controlo; elementos

específicos da rotulagem; outras exigências fixadas por disposições comunitárias ou

nacionais (ACBM, 2014a).

De acordo com Almeida (2008), a designação Carne Mertolenga DOP poderá

mesmo constituir um elemento de referência fundamental para o consumidor, caso este

a relacione com um produto que lhe oferece garantias superiores de segurança e

principalmente de qualidade.

Devido a diversas condicionantes, em 2003, a MERTOCAR entrou em falência

(Pais, 2014), mas após um período de interregno, em 2006 foi efetuado o relançamento

da Carne Mertolenga DOP através da PROMERT - Agrupamento de Produtores de

Bovinos Mertolengos S.A. (ACBM, 2015c).

Atualmente, e de acordo com ACBM (2014a), a Carne Mertolenga DOP, que

engloba várias classes de animais (vitela, vitelão, novilho, vaca e touro), é produzida a

partir de animais da raça que se encontrem na área geográfica delimitada (distritos de

Portalegre, Évora, Beja, Santarém e Setúbal, e concelhos de Vila Franca de Xira,

Azambuja, Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de Santo António), inscritos no Livro de

Nascimentos e filhos de pai e mãe inscritos no Livro Genealógico da raça.

Segundo Potes (2005) citado por Almeida (2008) já em 2005 tinha sido

ponderada a introdução de uma nova classe de animais na Carne Mertolenga DOP

Adaptado de IDHRa (2007b) citado por Banović et al. (2007).

Figura 2. Distribuição da quantidade de carne bovina certificada no ano de 2005

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designada por Vitelão, correspondendo à tendência observada no mercado pela

preferência por animais mais jovens, normalmente com uma carne de cor mais apelativa

(vermelho vivo), com um menor teor em gordura e expetavelmente mais tenra,

originada por carcaças com um peso médio inferior e consequentemente mais

valorizadas em termos económicos (Almeida, 2008). O Vitelão Mertolengo DOP é um

produto proveniente de animais com mais de 10,0 e menos de 15,0 meses ao abate e

que apresentem um peso de carcaça igual ou superior a 100,0 kg (ACBM, 2014a).

2.2.3. Caracterização da Raça

A raça Mertolenga aglutina três tipos de pelagens - vermelho, rosilho e malhado

(ACBM, 2015d; Ralo, 1990). Pensa-se que a pelagem rosilho surgiu como resultado do

cruzamento entre o bovino Mertolengo de pelagem vermelha, também designado

“Mertolengo original alentejanado” com o bovino Mertolengo malhado, considerado

“importado”, pela sua possível proveniência de Espanha (ACBM, 2015d), o que pode não

ser totalmente verídico, uma vez que Mateus et al. (2012) num estudo com

microssatélites realizado em 58 animais (24 de pelagem vermelha, 22 rosilhos e 12

malhados), concluíram que cada uma das variedades da raça é uma população

completamente distinta e bem diferenciada em termos genéticos.

Atualmente predominam os efetivos de pelagem rosilho (47,0%) principalmente

presentes nas regiões de Portalegre, Évora e Beja, enquanto nas zonas circunscritas

pelas bacias hidrográficas dos rios Tejo e Sado predominam os efetivos com pelagem

vermelha (36,0%), e os efetivos de pelagem malhada (17,0%) encontram-se

principalmente na margem esquerda do rio Guadiana (ACBM, 2015a).

Segundo Roquete (1993), trata-se de uma raça marcadamente maternal, com

uma grande variabilidade em termos produtivos, mas uma constante eficiência

reprodutiva. Vaz et al. (1992) caracterizam-na como uma raça com boas qualidades

maternais, alta fertilidade, facilidade de partos, boa capacidade leiteira e elevada

produtividade de vitelos ao desmame.

Quanto aos parâmetros reprodutivos, Roquete (1993) ao analisar 3260 dados

recolhidos entre 1962 e 1992, determinou para as fêmeas Mertolengas um intervalo

médio entre partos de 409 dias, enquanto Vaz et al. (1992) num ensaio realizado entre

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1976 e 1986 com 982 vacas Mertolengas determinaram um intervalo médio entre partos

de 399 dias. Os intervalos entre partos representados na Tabela 1 resultam da avaliação

genética realizada anualmente nos bovinos de raça Mertolenga.

Roquete (1993) verificou que a idade à primeira cobrição é em média aos 24,5

meses com um peso médio de 299,5 kg. A longevidade reprodutiva característica das

fêmeas desta raça permite a diluição dos encargos com a improdutividade das novilhas

de substituição (Roquete et al., 2004).

Relativamente aos parâmetros produtivos, Roquete (1993), ao analisar o peso ao

nascimento de 1445 vitelos, obteve um peso médio para os machos de 26,1 kg,

enquanto para as fêmeas obteve 24,3 kg, o que resulta numa média ponderada de 25,2

kg, embora 10,0% dos vitelos tenha um peso inferior a 20,0 kg. Monteiro et al. (1976)

determinaram um peso médio para os vitelos nascidos entre Dezembro e Maio de 25,8

kg para os machos e 23,1 kg para as fêmeas, enquanto para os vitelos nascidos entre

Junho e Novembro obtiveram uma média de 24,7 kg para os machos e 24,1 kg para as

fêmeas, mas sem referirem o número de dados.

De acordo com ACBM (2015f) e Roquete (1993) os vitelos são geralmente

desmamados entre os 6,0 e os 8,0 meses. Roquete (1993) ao analisar o peso de 1236

animais determinou um valor médio para o peso ao desmame corrigido para os 205 dias

de idade de 153,0 kg, com 161,0 kg para os machos e de 144,0 kg para as fêmeas, em

que 5,0% dos vitelos apresentaram um peso ajustado superior a 200,0 kg e

aproximadamente 5,0% um valor inferior a 100,0 kg. O mesmo autor ao considerar 375,0

kg de peso vivo médio, como representativo de uma vaca adulta, o que está de acordo

com Bettencourt e Vaz (1987) citados por ACBM (2015g) que obtiveram 380,0 kg de peso

vivo como o peso médio ao longo de todo o ano, concluiu que o peso desmamado por

vaca foi de 40,8%, o que é bem representativo da sua eficiência ao desmame. Na Tabela

Média ± desvio-padrão. Adaptado de ACBM (2011), ACBM (2012), ACBM (2013), ACBM (2014b), ACBM (2015e).

2010 2011 2012 2013 2014

449 ± 140 dias 457 ± 148 dias 460 ± 150 dias 463 ± 153 dias 467 ± 156 diasn= 124246 n= 141275 n= 160510 n= 186995

Tabela 1. Intervalo entre partos

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2 demonstram-se os pesos ao desmame corrigidos para os 210 dias de idade, também

obtidos a partir da avaliação genética realizada anualmente pela ACBM.

2.2.3.1. Parâmetros Produtivos

Geralmente as raças autóctones apresentam níveis produtivos mais reduzidos

que algumas raças exóticas ou os seus cruzamentos, mas têm a capacidade de suportar

condições ambientais muito adversas, em que as raças exóticas não conseguiriam

produzir ou mesmo sobreviver (Ralo, 1990; Telo da Gama et al., 2004). O mesmo refere

Roquete (1993) que considera que as raças autóctones e nomeadamente a Mertolenga

não estão geneticamente potencializadas para elevadas taxas de crescimento, mas

noutra perspetiva, e apesar das carcaças não serem muito bem conformadas,

apresentam um excelente rendimento cárnico e uma qualidade de carne superior

(Roquete et al., 2004).

Neste tópico são referidos unicamente para machos inteiros de raça Mertolenga,

aqueles que podem ser considerados os principais parâmetros de avaliação da sua

produtividade (diretos e indiretos) ou seja, o ganho médio diário, a ingestão de

alimentos e o índice de conversão, obtidos em diversos ensaios experimentais realizados

por diferentes autores

2.2.3.1.1. Ganho Médio Diário

O crescimento dos vitelos até aos 90 dias é uma das formas de demonstrar a

capacidade maternal da progenitora. Roquete (1993) obteve em 1028 vitelos (único caso

que também envolve fêmeas) um crescimento médio de 0,574 kg/dia, com 7,5% dos

Média ± desvio-padrão. Adaptado de ACBM (2011), ACBM (2012), ACBM (2013), ACBM (2014b), ACBM (2015e).

Machos Fêmeas

173,1 ± 39,7 kg 152,3 ± 31,1 kgn= 11808 n= 11018

172,7 ± 39,0 kg 152,3 ± 31,7 kg

n= 13671 n= 12532

174,2 ± 41,7 kg 152,6 ± 32,5 kgn= 15280 n= 13553

175,4 ± 42,7 kg 153,7 ± 33,2 kg

n= 17325 n= 15000

2013

2014

163,2 ± 37,1 kg

n= 213282010

2011

2012

Tabela 2. Peso ao desmame (210 dias)

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vitelos a apresentarem um crescimento superior a 0,800 kg/dia. Para o crescimento dos

vitelos dos 90 até aos 205 dias de idade, obteve uma média de 0,669 kg, com apenas

3,0% dos 854 vitelos a conseguirem velocidades de crescimento superiores a 1,000

kg/dia. Este autor também determinou para 924 vitelos um GMD desde o nascimento

até ao seu desmame de 0,602 kg/dia.

Na Tabela 3 apresentam-se os valores de GMD obtidos nas diferentes fases que

constituem os sistemas de produção semi-intensivos. Enquanto os ensaios de Cláudio et

al. (1988), Cláudio et al. (1991) e Cláudio et al. (1992) tiveram a duração de 18 meses,

os trabalhos de Bettencourt et al. (1983) desenvolveram-se durante 24 meses, pelo que

incluíram duas fases de pastoreio.

Após a exposição dos resultados em sistemas semi-intensivos, apresentam-se os

resultados obtidos por diversos autores para a velocidade de crescimento absoluta de

bovinos Mertolengos em sistema intensivo (Tabela 4).

0,051 0,949 170-350 suplementação reduzida Cláudio et al . (1991) citados por Fraústo da Silva (1996)

0,329 0,780 170-350 suplementação média Cláudio et al . (1991) citados por Fraústo da Silva (1996)

0,345 0,642 0,893 162-428 acabamento com 30,0 kg SE e 3,5 kg MM Cláudio et al . (1992)

0,346 0,642 0,893 Cláudio et al . (1988) citados por Fraústo da Silva (1996)

0,372 0,746 170-350 suplementação elevada Cláudio et al . (1991) citados por Fraústo da Silva (1996)

0,520 0,668 213- supl. com luzerna desidratada Vacas (2001)

0,638 concentrado (2,5% PV) Côrte-Real (2003)

0,750 1,130 236-425 acabamento com C (16,0% PB e 0,7 UFV) Marçal (1997)

0,376 0,021 0,429 0,975 acabamento com SM e C Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)

0,376 0,021 0,429 1,249 acabamento com milho e ureia Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)

0,545 0,352 0,648 0,826 acabamento com SM e C Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)

0,545 0,352 0,648 1,322 acabamento com milho e ureia Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)

0,917 acabamento com silagem de milho Vaz et al . (1992)

1,209 acabamento com milho Vaz et al . (1992)

AutorPastoreio

(kg/dia)

Pastoreio +

Supl. (kg/dia)

Pastoreio

(kg/dia)

Acabamento

(kg/dia)

Int. Peso

Vivo (kg)Regime Alimentar

Legenda: C- concentrado; MM- milho moído; SE- silagem de erva; SM- silagem de milho.

Tabela 3. Ganho médio diário em sistemas de produção semi-intensivos

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Na avaliação genética da raça que é realizada anualmente, também se determina

a velocidade média de crescimento diária (Tabela 5), com a inclusão de dados desde o

teste de performance de 1978 até ao teste de performance que ocorre antes da

publicação da avaliação genética, pelo que engloba testes de performance realizados

em sistema semi-intensivo e em sistema intensivo.

2.2.3.1.2. Ingestão de Alimento

Para este parâmetro não se encontram muitos dados disponíveis, como se

constata na Tabela 6. Enquanto os dados de Cabral (2005) são referentes a sistemas de

produção semi-intensivos, os restantes resultados foram obtidos em sistema intensivo.

Outra diferença reside no modo de determinação da ingestão de alimento, já que nos

ensaios de Fraústo da Silva (1988, 1996) os resultados foram determinados para dietas

completas em termos de ingestão total da matéria seca (MS), enquanto os restantes se

Média ± desvio-padrão. Adaptado de ACBM (2011), ACBM (2012), ACBM (2013), ACBM (2014b), ACBM (2015e).

2010 2011 2012 2013 2014

0,935 ± 0,188 0,937 ± 0,186 0,937 ± 0,186 0,939 ± 0,182 0,939 ± 0,182

n= 1037 n= 1037 n= 1135 n= 1185

Tabela 5. Ganho médio diário

Legenda: BG- bagaço de girassol; SM- silagem de milho; T- triticale.

Tabela 4. Ganho médio diário em sistemas de produção intensivos

0,646 217-314 concentrado 13,5% PB (2,0% PV) e palha Veríssimo (2001)

0,712 216-342 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

0,714 211-340 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

0,758 165-329 70% MS de SM, 17% MS de T e 13% MS de BG Fraústo da Silva (1996)

0,781 252-393 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

0,812 218-364 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

0,817 329-550 70% MS de SM, 17% MS de T e 13% MS de BG Fraústo da Silva (1996)

0,838 194- luzerna desidratada, concentrado e palha Vacas (2001)

0,842 231-420 concentrado (18,4% PB e 0,8 UFV) e palha Mendes (2004)

0,843 268-421 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

0,881 229-387 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

0,884 233- concentrado e palha Roquete (1993)

0,923 240-406 concentrado (2,0% PV) e palha Rodrigues de Carvalho (2000)

0,936 209-378 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

0,945 165-329 30% MS de SM, 62% MS de T e 8% MS de BG Fraústo da Silva (1996)

0,968 329-550 30% MS de SM, 62% MS de T e 8% MS de BG Fraústo da Silva (1996)

1,088 271-509 silagem de milho, bagaço de girassol e aveia Fraústo da Silva (1988) citada por Fraústo da Silva (1996)

1,140 158-362 concentrado ad libitum e palha Pais et al. (2013)

1,321 252- concentrado ad libitum (15,0% PB) Castelo (2014)

1,345 223- concentrado ad libitum (16,0% PB) Castelo (2014)

GMD

(Kg/dia)

Int. Peso

Vivo (kg)Regime Alimentar Autor

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referem apenas à ingestão de alimento concentrado (Conc.) e não têm em conta o

consumo de alimento grosseiro.

2.2.3.1.3. Índice de Conversão

Os resultados do índice de conversão determinados em ensaios experimentais

com bovinos Mertolengos apresentam-se na Tabela 7. Todos estes resultados foram

obtidos em sistemas intensivos, exceto o de Côrte-Real (2003) que resulta de animais

em sistema de produção semi-intensivo. Tal como na ingestão de alimento, os diversos

autores também determinaram o índice de conversão para a ingestão de concentrado,

para o consumo da matéria bruta (MB) (alimento concentrado mais o alimento

grosseiro), mas também para as dietas completas em termos de ingestão de matéria

seca.

Tabela 6. Ingestão de alimento em sistemas de produção semi-intensivos e intensivos

2,640 Conc. concentrado (2,0% PV), past. nat. e palha Cabral (2005)

4,570 Conc. concentrado (2,0% PV), past. nat. e palha Cabral (2005)

4,340 Conc. 217-314 concentrado 13,5% PB (2,0% PV) e palha Veríssimo (2001)

5,750 Conc. 240-406 concentrado (2,0% PV) e palha Rodrigues de Carvalho (2000)

7,738 Conc. 223- concentrado ad libitum (16,0% PB) Castelo (2014)

7,938 Conc. 252- concentrado ad libitum (15,0% PB) Castelo (2014)

7,006 MS 271-509 silagem de milho, bagaço de girassol e aveia Fraústo da Silva (1988) citada por Fraústo da Silva (1996)

7,102 MS 329-550 silagem de milho, triticale e bagaço de girassol Fraústo da Silva (1996)

ING

(Kg/dia)

Int. Peso

Vivo (kg)Regime Alimentar Autor

Tabela 7. Índice de conversão em sistemas de produção semi-intensivos e intensivos

5,440 Conc. concentrado (2,5% PV) Côrte-Real (2003)

7,513 Conc. 231-420 concentrado (18,4% PB e 0,8 UFV) e palha Mendes (2004)

6,660 Conc. 217-314 concentrado 13,5% PB (2,0% PV) e palha Veríssimo (2001)

6,510 Conc. 240-406 concentrado (2,0% PV) e palha Rodrigues de Carvalho (2000)

6,482 Conc. 233- concentrado e palha Roquete (1993)

6,010 Conc. 252- concentrado ad libitum (15,0% PB) Castelo (2014)

5,750 Conc. 223- concentrado ad libitum (16,0% PB) Castelo (2014)

10,030 MB 217-314 concentrado 13,5% PB (2,0% PV) e palha Veríssimo (2001)

8,824 MB 233- concentrado e palha Roquete (1993)

9,891 MS 194- luzerna desidratada, concentrado e palha Vacas (2001)

8,024 MS 329-550 silagem de milho, triticale e bagaço de girassol Fraústo da Silva (1996)

7,687 MS 268-421 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

7,647 MS 252-393 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

7,248 MS 211-340 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

6,996 MS 218-364 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

6,310 MS 158-362 concentrado ad libitum e palha Pais et al. (2013)

6,197 MS 229-387 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

6,031 MS 271-509 silagem de milho, bagaço de girassol e aveia Fraústo da Silva (1988) citada por Fraústo da Silva (1996)

5,803 MS 209-378 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

5,049 MS 216-342 Vaz (1986) citado por Fraústo da Silva (1996)

Regime AlimentarICInt. Peso

Vivo (kg)Autor

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28

Na avaliação genética realizada anualmente aos bovinos de raça Mertolenga,

também se determina o índice de conversão do alimento concentrado nos testes de

performance (Tabela 8), com a inclusão de dados desde o teste de performance de 1978

até ao teste de performance que ocorre antes da publicação da avaliação genética.

2.2.3.2. Caracterização da Carcaça e Qualidade da Carne

Depois de descritos diversos resultados dos parâmetros produtivos, pretende-se

abordar as principais características da carcaça dos bovinos Mertolengos, bem como a

qualidade da carne. Antes de iniciar este tópico, importa definir que carcaça é o corpo

inteiro de um animal, depois da sangria, da evisceração, da ablação das extremidades

dos membros ao nível do carpo e do tarso, da cabeça, da cauda e das glândulas mamárias

e órgãos genitais, e ainda no caso dos bovinos depois da esfola (CEE, 1981a; MASCTARN,

1994).

2.2.3.2.1. Peso e Rendimento de Carcaça

Embora estes dois fatores estejam relacionados (Fraústo da Silva, 1996), como

alguns autores determinaram apenas o peso da carcaça e não se referiram ao

rendimento obtido, primeiramente são expostos os pesos de carcaça e em seguida

descrevem-se valores referentes ao rendimento obtidos por outros autores.

Num estudo realizado por Simões e Mira (2002) com novilhos de raças

autóctones, encontravam-se 22 Mertolengos que foram abatidos a três pesos fixos. Os

bovinos abatidos com um peso próximo dos 300,0 kg originaram carcaças com um peso

médio de 126,0 kg, enquanto para os animais abatidos com 425,0 e 550,0 kg, se obteve

um peso médio de carcaça de 207,0 e 324,0 kg, respetivamente.

Almeida (2008) efetuou um estudo com 770 bovinos Mertolengos provenientes

de 55 explorações, que foram abatidos ao longo de 43 semanas. A dispersão de idades

ao abate situou-se entre os 12,0 e os 36,0 meses, o que resultou numa amplitude do

Média ± desvio-padrão. Adaptado de ACBM (2011), ACBM (2012), ACBM (2013), ACBM (2014b), ACBM (2015e).

2010 2011 2012 2013 2014

6,210 ± 1,510 6,230 ± 1,490 6,230 ± 1,490 6,240 ± 1,490 6,230 ± 1,480

n= 1026 n= 1026 n= 1124 n= 1174

Tabela 8. Índice de conversão

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peso da carcaça entre 128,0 e 373,0 kg (média de 244,7 kg). Os casos extremos de peso

da carcaça ocorreram com menos frequência para as carcaças leves, com apenas 3,0%

das carcaças a apresentarem um peso inferior a 180,0 kg, comparativamente às carcaças

mais pesadas, em que 8,0% apresentaram um peso superior a 300,0 kg, o que revela

uma certa tendência dos criadores em levarem os novilhos a atingirem maiores pesos

de carcaça.

O valor considerado para o peso vivo ao abate, muito relacionado com o grau de

repleção dos estômagos e intestinos (Owens et al., 1993) constitui a principal fonte de

variação do rendimento de carcaça, que se denomina assim verdadeiro, corrigido ou

comercial, conforme se descontem no peso vivo ao abate os conteúdos dos estômagos

e intestinos, o conteúdo dos estômagos, ou nenhum destes, respetivamente (Fraústo da

Silva, 1996). O valor do rendimento de carcaça também varia com a utilização no seu

cálculo do peso da carcaça quente ou fria, inferior neste caso em cerca de 2,0% (Allen,

1990 citado por Fraústo da Silva, 1996).

Os rendimentos de carcaça calculados para bovinos Mertolengos apresentam-se

na Tabela 9, consoante o seu tipo.

2.2.3.2.2. Classificação de Carcaças

Antes de se referirem os resultados para a classificação de carcaças em bovinos

de raça Mertolenga, efetua-se a descrição das classes de conformação e gordura.

O Regulamento CEE (1981a) estabelece a grelha comunitária de classificação da

carcaça de bovinos, com a intenção de estabelecer preços de orientação da carne desta

51,8 187,8 Pais et al. (2013)

57,4 295,0 Neto (2003)

52,6 486,0 ACBM (2006) citado por Almeida (2008)

62,1 208,9 Portugal et al . (1973) citados por Rodrigues (1998)

56,8 227,2 ACBM (1997) citado por Roquete et al . (2004)

61,8 239,0 Fraústo da Silva (1988) citada por Fraústo da Silva (1996)

62,5 249,6 Fraústo da Silva (1996)

62,0 297,0 Fraústo da Silva (1988) citada por Fraústo da Silva (1996)

65,2 Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)

65,5 Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)

66,1 Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)

66,9 Bettencourt et al . (1983) citados por Fraústo da Silva (1996)

Comercial

(%)

Corrigido

(%)

Verdadeiro

(%)

Peso Carcaça

(kg)Autor

Tabela 9. Rendimentos de carcaça - comercial, corrigido e verdadeiro

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espécie pecuária na Comunidade Económica Europeia. Esta classificação das carcaças ou

das meias-carcaças deve ser efetuada no mais curto espaço de tempo possível após o

abate e deve ser realizada no próprio matadouro.

É uma classificação efetuada com base na conformação, ou seja de acordo com

o desenvolvimento dos perfis da carcaça, e também com base no estado de gordura da

carcaça, que está relacionada com a quantidade de tecido adiposo no exterior da carcaça

e na face interna da caixa torácica (CEE, 1981a). Em função do progresso genético

resultante do processo de seleção, ocorreu uma adaptação da grelha de classificação da

conformação (Tabela 10), com a introdução (facultativa) de uma classe superior às já

existentes, tendo em conta a existência de animais com grande desenvolvimento das

massas musculares posteriores (CEE, 1991a).

Apesar desta alteração nas classes de conformação, a classificação do estado de

gordura não sofreu qualquer alteração (Tabela 11).

Para assegurar que a classificação de carcaças fosse o mais uniforme possível,

surgiu o Regulamento CEE (1981b) e posteriormente o Regulamento CEE (1991b) para

Adaptado de CEE (1991a).

Classe de Conformação Descrição

S Todos os perfis extremamente convexos

superior Desenvolvimento muscular excepcional com duplos músculos

E Todos os perfis convexos a superconvexos

excelente Desenvolvimento muscular excepcional

U Perfis em geral convexos

muito boa Forte desenvolvimento muscular

R Perfis em geral rectilíneos

boa Bom desenvolvimento muscular

O Perfis rectilíneos a côncavos

razoável Desenvolvimento muscular médio

P Todos os perfis côncavos a muito côncavos

medíocre Reduzido desenvolvimento muscular

Tabela 10. Classes de conformação

Adaptado de CEE (1981a), CEE (1981b).

Classe de Estado de Gordura Descrição

1 Gordura de cobertura inexistente a muito fraca

muito fraca Ausência de gordura no interior da caixa torácica

2 Leve cobertura de gordura, com músculos quase sempre aparentes

fraca No interior da caixa torácica, os músculos entre as costelas são claramente visíveis

3 Músculos quase sempre cobertos de gordura, com excepção dos das coxas e das espáduas

média No interior da caixa torácica, os músculos entre as costelas ainda são visíveis

4 Músculos cobertos de gordura, mas ainda parcialmente visíveis ao nivel da coxa e espádua

forte Alguns depósitos pronunciados de gordura no interior da cavidade torácica

5 Toda a carcaça coberta de gordura

muito forte Depósitos substanciais de gordura no interior da cavidade torácica

Tabela 11. Classes do estado de gordura

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precisarem com uma maior clareza a definição principalmente das classes de

conformação, uma vez que é descrito como deve ser o desenvolvimento das partes

essenciais da carcaça (coxa, dorso e pá) para cada uma das classes (Tabela 12).

Hortêncio (2006) analisou os dados de 756 novilhos provenientes de 66

explorações que foram abatidos durante o ano de 2004 no Matadouro Regional do Alto

Alentejo (Sousel). Verificou uma grande amplitude nas idades dos animais ao abate,

desde os 11,0 aos 30,0 meses, mas a grande maioria dos animais (mais de 65,0%) e

independentemente da pelagem que apresentavam, foram classificados para a

conformação da carcaça com “R”. Nenhuma carcaça foi classificada com “S”, “E” e “P” e

houve poucas classificadas com “U”. Para a classe de gordura torna-se evidente que a

carcaça típica de um bovino Mertolengo é uma carcaça magra, com mais de 80,0% dos

animais de cada um dos fenótipos a obterem uma carcaça classificada com 2. Resultados

muito idênticos também foram obtidos por Neto (2003) em 114 animais com a mesma

dispersão de idades ao abate (11,0 aos 30,0 meses).

2.2.3.2.3. Incidência da Condição Dark Firm and Dry

As alterações pós-morte que ocorrem durante a conversão do músculo em carne,

a sua velocidade e a sua extensão têm consequências nas propriedades físicas e químicas

da carne e contribuem para a qualidade sensorial e para a aceitabilidade deste produto

como alimento (Marsh, 1981).

Adaptado de CEE (1991b).

Classe de Conformação Disposições Complementares

Coxa: muito fortemente arredondada, dupla musculatura

Dorso: muito largo e muito espesso até à altura da pá

superior Pá: muito fortemente arredondada

Coxa: muito arredondada

Dorso: largo e muito espesso, até à altura da pá

excelente Pá: muito arredondada

Coxa: arredondada

Dorso: largo e espesso até à altura da pá

muito boa Pá: arredondada

Coxa: bem desenvolvida

Dorso: ainda espesso, mas menos largo à altura da pá

boa Pá: razoavelmente arredondada

Coxa: medianamente desenvolvida

Dorso: de espessura média

razoável Pá: entre medianamente desenvolvida e quase chata

Coxa: pouco desenvolvida

Dorso: pouco espesso, com ossos aparentes

mediocre Pá: chata, com ossos aparentes

O

P

S

E

U

R

Tabela 12. Descrição complementar para as classes de conformação

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Depois da morte fisiológica, com a cessação da circulação sanguínea, os músculos

não têm possibilidade de manter os níveis de adenosina trifosfato (ATP) através de

fosforilação oxidativa. Inicialmente, o nível de ATP ainda se mantém, por conversão da

adenosina difosfato (ADP) à custa da creatina-fosfato, no entanto quando esta se esgota,

a concentração de ATP diminui (Pearson, 1994). A diminuição da concentração de ATP

desencadeia a conversão anaeróbia do glicogénio muscular em ácido láctico, que se

acumula no músculo devido à impossibilidade da sua remoção (Marsh, 1981), e que

provoca uma diminuição do pH, mas também leva à formação de ATP, embora com um

baixo rendimento (Pearson, 1994).

Por vezes pode ocorrer uma evolução pós-morte denominada “dark cutting

beef” ou como é mais conhecida, DFD de “dark, firm and dry”, em que a carne apresenta

uma cor vermelha escura a castanho-escuro e um reduzido volume de exsudação (Miller,

2007). Esta condição caracteriza-se por apresentar um valor de pH medido 12 a 48 horas

pós-morte (Adzitey e Nurul, 2011), também designado pHfinal, elevado, resultado de uma

reduzida acidificação muscular (Wulf et al., 2002). Enquanto numa carne designada

normal ocorre um declínio no pH do músculo de aproximadamente 7,00 imediatamente

após o abate (Miller, 2007; Wulf et al., 2002) para 5,40 ou 5,50 como valor final do pH

(Guàrdia et al., 2005; Marsh, 1981; O’Neill et al., 2003; Warriss, 2000 citado por Adzitey

e Nurul, 2011; Wulf et al., 2002), numa carne DFD, o pHfinal é igual ou superior a 6,00

(Adzitey e Nurul, 2011; Almeida, 2008; Bartos et al., 1993 citados por Adzitey e Nurul,

2011; Kreikemeier et al., 1998; Miller, 2007; Mounier et al., 2006; Wulf et al., 2002). A

reduzida descida do pH é consequência de baixas reservas de glicogénio nos músculos

no momento de abate, o que provoca uma redução na produção de ácido láctico e assim

um valor de pHfinal mais elevado do que o normal (Adzitey e Nurul, 2011; Miller, 2007;

Wulf et al., 2002).

Entre os diversos fatores que contribuem para a reduzida quantidade de

glicogénio nos músculos no momento de abate, causadores de stress crónico nos

animais, destacam-se o seu transporte durante longas distâncias, a interdição de

consumo de alimento por muitas horas, a grande concentração de animais na abegoaria

durante um longo período de tempo e o agrupamento de distintos grupos sociais

(Adzitey e Nurul, 2011; Miller, 2007). A evolução do pH também depende das

características intrínsecas musculares, como a proporção dos vários tipos de fibras

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constituintes de cada músculo, assim como das características das operações de

estimulação elétrica e de arrefecimento da carcaça (Hollung et al., 2007).

Na carne com um pHfinal normal, a proximidade com o ponto isoelétrico das

principais proteínas miofibrilhares, especialmente da miosina (pI=5,40), origina uma

reduzida capacidade de retenção da água pelas fibras musculares e assim aumenta o

espaçamento entre as miofibrilhas (Huff-Lonergan e Lonergan, 2005; Lindahl, 2005),

pelo que há grande reflexão da luz incidente e a carne apresenta uma maior

luminosidade (Lindahl, 2005). No caso de incidência da condição DFD, permanece uma

maior quantidade de água retida entre os filamentos das miofibrilhas e

consequentemente não se verifica o aumento da fase aquosa nos espaços inter-

miofibrilhares (Huff-Lonergan e Lonergan, 2005; Lindahl, 2005; Miller, 2007). O músculo

apresenta assim uma estrutura mais compacta e de cor escura, em virtude da reduzida

capacidade de reflexão da luz (Adzitey e Nurul, 2011).

Para além da cor escura que reduz a aceitabilidade da carne por parte do

consumidor, o “tempo de prateleira” (vida útil) é inferior, uma vez que é uma carne que

se deteriora mais facilmente (Adzitey e Nurul, 2011; Miller, 2007). Para além de ocorrer

também uma substancial redução da palatabilidade da carne e uma maior variação na

tenrura da carne, com diversos estudos a apontarem para uma menor tenrura (Wulf et

al., 2002), Miller (2007) considera que o consumo de carne DFD é tão seguro e nutritivo

como o de carne normal.

No que diz respeito à incidência da condição DFD na carne de bovinos

Mertolengos, não há muitos estudos realizados, embora o Caderno de Especificações da

Carne Mertolenga DOP refira que o pH da carne deve ser inferior a 6,00 (ACBM, 2014a).

Na Tabela 13 é possível observar os valores de pHfinal determinados pelos

diferentes autores.

5,75 Long. dorsi Neto (2003)

5,66 Long. dorsi Neto (2003)

5,79 Long. dorsi e Semimembranosus Fraústo da Silva (1996)

6,20 Long. dorsi Almeida (2008)

5,70 Psoas major Almeida (2008)

5,42 Fraústo da Silva e Lemos (2006) citados por Carolino (2007)

5,88 Fraústo da Silva e Lemos (2006) citados por Carolino (2007)

6,00 Rodrigues (2007) citado por Carolino (2007)

pH Músculo Autor

Tabela 13. pHfinal da carne

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3. Materiais e Métodos

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O ensaio experimental realizado com bovinos de raça Mertolenga iniciou-se a 13

de Novembro de 2014 e prolongou-se até 31 de Março de 2015 (duração de 138 dias).

Durante esse período de tempo recolheram-se dados de avaliação do processo de

crescimento dos bovinos, quer diretos (peso dos animais), quer indiretos (consumo de

alimentos). Posteriormente, também se recolheram os dados do peso da carcaça, da sua

classificação (conformação e estado de gordura), bem como da medição do pH da carne.

3.1. Animais

Os quarenta e dois novilhos inteiros presentes no ensaio encontravam-se

registados no Livro de Nascimentos da Raça Mertolenga e tinham origem em diferentes

produtores da raça. De entre os 131 bovinos que a ACBM disponibilizou para realizar o

ensaio, selecionaram-se aqueles que apresentavam idades e peso vivo mais

semelhantes, dentro dos intervalos definidos de 5,5 a 10,5 meses e 150,0 a 205,0 kg,

respetivamente.

Depois de selecionados os quarenta e dois novilhos, efetuou-se a sua distribuição

de forma aleatória por três grupos (designados A, B e C) de catorze animais cada. Estes

grupos foram formados com o objetivo de serem o mais homogéneos possível, não só

em termos de idade e peso vivo, mas também tendo em conta os fatores de variação

considerados - a pelagem (PEL), a época de nascimento (NASC), a idade da progenitora

no parto (IVP), a geração do progenitor (GER), a exploração de origem (EXP), o acesso

ao creep feeding (CF), a idade de entrada no Centro de Testagem e Recria (IENT), o

período de adaptação desde a entrada no Centro de Testagem e Recria até ao inicio do

ensaio (ADAPT), e os seus respetivos níveis (Tabela 14).

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Depois de listar os animais por ordem crescente do seu peso, realizou-se a sua

distribuição pelos três grupos, em função dos fatores e níveis já referidos, como se pode

observar na Tabela 15, em que está representado o número de animais presentes (por

grupo e no geral) em cada tratamento.

Em virtude de uma lesão muscular, um animal do grupo C foi para abate após a

terceira pesagem, pelo que após essa pesagem esse grupo ficou apenas constituído por

treze animais (n= 13).

Fator Nível A B C Geral

1 7 6 6 19

2 5 5 5 15

3 2 3 3 8

1 8 7 8 23

2 4 5 4 13

3 2 2 2 6

1 3 5 4 12

2 4 6 7 17

3 7 3 3 13

1 7 7 7 21

2 7 7 7 21

1 4 4 3 11

2 2 2 1 5

3 4 4 6 14

4 4 4 4 12

1 8 8 7 23

2 6 6 7 19

1 5 5 6 16

2 3 5 6 14

3 6 4 2 12

1 5 6 9 20

2 9 8 5 22ADAPT

CF

PEL

NASC

IVP

GER

EXP

IENT

Tabela 15. Número de animais presentes por tratamento

Tabela 14. Níveis dos fatores de variação

Fator Nível Descrição

1 bovino com pelagem vermelha

2 bovino com pelagem rosilho

3 bovino com pelagem malhada

1 bovino nasceu antes de 15-03-2014

2 bovino nasceu entre 15-03-2014 e 15-04-2014

3 bovino nasceu depois de 15-04-2014

1 progenitora com idade inferior a 5 anos

2 progenitora com idade entre os 5 e os 9 anos

3 progenitora com idade superior a 9 anos

1 progenitor nasceu antes de 2007

2 progenitor nasceu depois de 2007

1 bovino proveniente de diversas explorações (19, 79, 316, 372 e 448)

2 bovino proveniente da exploração 140

3 bovino proveniente das explorações 232 e 233

4 bovino proveniente da exploração 299

1 bovino sem acesso ao creep feeding

2 bovino com acesso ao creep feeding

1 bovino com idade de entrada inferior a 6,0 meses

2 bovino com idade de entrada entre os 6,0 e os 7,0 meses

3 bovino com idade de entrada superior a 7,0 meses

1 bovino com período de adaptação superior a 35 dias

2 bovino com período de adaptação inferior a 35 diasADAPT

IENT

CF

PEL

NASC

IVP

GER

EXP

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3.2. Alimentação

Cada um dos três grupos constituídos por catorze animais foi sujeito a um regime

alimentar distinto (designados 1, 2 e 3), embora todos fossem constituídos por alimento

concentrado em forma de granulado e palha, ambos fornecidos ad libitum.

A principal diferença entre os regimes alimentares residia no alimento

concentrado que era distribuído a cada grupo de bovinos (Tabelas 16 e 17). A formulação

dos concentrados foi realizada com base nos teores de proteína bruta e de energia

(UFV), procurando-se assim, além de obter dietas qualitativamente equilibradas,

maximizar num caso a incorporação de alimentos proteicos (concentrado de

crescimento) e no outro, a incorporação de alimentos energéticos (concentrado de

acabamento).

O concentrado de crescimento, assim designado para facilitar a compreensão,

apresentava um teor de PB superior (16,00%), mas em termos energéticos a sua

concentração era inferior (1,00 UFV), pelo que favorecia o crescimento dos animais

(desenvolvimento muscular). Já o concentrado de acabamento era constituído por um

teor inferior de PB (14,00%), mas apresentava uma maior concentração energética (1,02

UFV), para garantir uma adequada deposição de gordura (Tabelas 18 e 19).

Tabela 16. Concentrado de Crescimento

Ingrediente Incorporação (%)

Milho 38,00

Cevada 15,00

Trigo 7,70

Gordura saponificada by-pass 1,60

Melaço 1,50

Bagaço de colza 10,30

Bagaço de soja 44% PB 8,50

Palha tratada com amoníaco 6,60

Radiculas de malte 6,30

Ureia 0,50

Carbonato de cálcio 1,00

Premix 3,00

Ingrediente Incorporação (%)

Milho 38,90

Corn gluten feed 15,85

Trigo 7,00

Cevada 6,00

Polpa de citrinos 3,00

Gordura saponificada by-pass 2,00

Melaço 1,00

Bagaço de soja 44% PB 7,00

Radiculas de malte 4,10

Bagaço de girassol 4,00

Ureia 0,30

Palha granulada 6,90

Carbonato de cálcio 0,95

Premix 3,00

Tabela 17. Concentrado de Acabamento

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O alimento grosseiro distribuído a todos os grupos de animais apresentava as

mesmas características nutricionais (Tabela 20), pelo que não constituía uma fonte de

variação nos regimes alimentares implementados.

O grupo A foi submetido ao regime alimentar 1 e assim durante todo o período

experimental consumiu apenas o concentrado de crescimento, o que é a prática comum

efetuada pela ACBM, tanto na recria como no acabamento dos bovinos, pelo que

constituía o “grupo testemunha”.

Nos outros dois grupos (B e C), efetuou-se uma diferenciação entre a fase de

recria e a fase de acabamento, com o consumo do alimento concentrado de acabamento

nessa última fase. No grupo B, sujeito ao regime alimentar 2, após se efetuar uma fase

Tabela 19. Concentrado de Acabamento

Parâmetro Valor Unidade

Matéria Seca 88,05 %

UFV 1,02 UFV

Amido 35,10 %

Proteína Bruta 14,00 %

PDIN 103,22 g

PDIE 108,55 g

PDIA 53,32 g

Fibra Bruta 7,10 %

NDF 19,13 %

Gordura Bruta 5,09 %

Cinza Bruta 4,26 %

Ca 8,00 g

P 4,00 g

Mg 2,04 g

S 1,93 g

Mn 66,78 mg

Zn 110,10 mg

Cu 20,40 mg

Se 0,15 mg

Fe 149,50 mg

I 1,00 mg

Co 0,50 mg

Vitamina A (E672) 9,99 1000 UI

Vitamina D3 (E671) 1,50 1000 UI

Vitamina E 39,96 mg

Vitamina B1 7,99 mg

Tabela 20. Palha

Parâmetro Valor Unidade

Matéria Seca 93,00 %

UFV 0,31 UFV

PDIN 22,00 g MS

PDIE 44,00 g MS

PDIA 11,00 g MS

P 1,02 g MS

Ca 5,45 g MS

Tabela 18. Concentrado de Crescimento

Parâmetro Valor Unidade

Matéria Seca 87,82 %

UFV 1,00 UFV

Amido 34,00 %

Proteína Bruta 16,00 %

PDIN 115,89 g

PDIE 112,16 g

PDIA 56,00 g

Fibra Bruta 6,60 %

NDF 17,08 %

Gordura Bruta 4,47 %

Cinza Bruta 4,26 %

Ca 8,50 g

P 3,96 g

Mg 1,86 g

S 2,46 g

Mn 71,32 mg

Zn 105,49 mg

Cu 19,44 mg

Se 0,17 mg

Fe 116,75 mg

Vitamina A (E672) 9,99 1000 UI

Vitamina D3 (E671) 1,50 1000 UI

Vitamina E 36,96 mg

Vitamina B1 7,99 mg

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de transição (T) de 28 dias, na qual se aumentou de forma gradual a proporção de

concentrado de acabamento e diminuiu a de concentrado de crescimento, os bovinos

permaneceram a fase de acabamento (duração de 56 dias) a consumir o concentrado de

acabamento. Já o grupo C que foi submetido ao regime alimentar 3, na fase de transição

também com 28 dias de duração, efetuou a mudança entre os concentrados de forma

gradual mas num período de 6 dias, pelo que consumiu o concentrado de acabamento

durante 78 dias (22 dias na fase de transição, mais 56 dias na fase de acabamento).

Embora no regime alimentar 1, não tenha ocorrido a alteração do alimento concentrado

fornecido aos animais, também se considerou a existência de uma fase de transição de

28 dias, para posterior análise dos dados.

Quanto à distribuição dos alimentos, o alimento concentrado era fornecido

numa única distribuição diária (sacas de 30 kg), ao contrário dos fardos de palha que

apenas se colocavam à disposição dos animais quando o anterior estava prestes a

terminar, mas garantindo sempre que em nenhum momento faltasse quer o alimento

concentrado, quer a palha e também a água aos animais.

Ao longo de todo o período de ensaio foram contabilizados o alimento

concentrado e o grosseiro consumidos por cada um dos três grupos, mas enquanto foi

possível determinar o consumo de alimento concentrado entre cada pesagem dos

animais, o consumo de palha refere-se a todo o período do ensaio experimental.

Em virtude da sua diferente composição nutricional, o alimento concentrado de

crescimento apresentava um custo de 0,288 €/kg, enquanto o concentrado de

acabamento custava 0,283 €/kg, pelo que numa tonelada de alimento concentrado, o

de crescimento era mais dispendioso 5,000 € que o de acabamento. Tal como aconteceu

nos alimentos concentrados, quando foi necessário adquirir palha, o seu preço também

não se alterou durante o período experimental, apresentando um custo de 0,070 €/kg.

No período de adaptação que ocorreu antes de se iniciar o ensaio, todos os

bovinos consumiram o concentrado de crescimento, para além da palha, ambos

distribuídos também ad libitum, embora nesta fase não se tenha contabilizado a

quantidade de alimento consumida pelos bovinos. Antes da chegada dos animais ao

Centro de Testagem e Recria, é que não se conhece o maneio alimentar a que foram

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submetidos nas suas explorações de origem, sabendo-se apenas, como já referido, se

tinham acesso, ou não, a um sistema de creep-feeding.

3.3. Instalações e Equipamentos

Este ensaio decorreu nas instalações do Centro de Testagem e Recria da Raça

Mertolenga, localizado na Herdade dos Currais e Simalhas que se situa na Freguesia de

São Manços (concelho de Évora).

Durante todo o período experimental, cada um dos três grupos de catorze

bovinos permaneceu num parque individualizado dos restantes, pois só assim era

possível contabilizar o consumo de alimento concentrado e palha pelos bovinos de cada

grupo. Os três parques, de características muito idênticas entre si (160 m2)

apresentavam forma retangular, tinham uma zona coberta (80 m2) e uma zona exterior

(80 m2), pelo que o espaço por animal (aproximadamente 11 m2) excedia em 8 m2 as

recomendações de bem-estar animal (CAP, 2005/2006). Os parques eram delimitados

por grades na separação com os parques contíguos e o pavimento era em betão, mas na

zona de repouso colocou-se uma cama de palha, que para se manter sempre em boas

condições higiénicas, era mudada de 15 em 15 dias. Para evitar também a acumulação

de dejetos na área de alimentação, um rodo de limpeza automático realizava limpezas

diariamente.

A distribuição dos alimentos era efetuada no corredor de alimentação, ou seja o

alimento concentrado era distribuído num comedouro em alvenaria e os fardos de palha

eram colocados na restante superfície de contacto entre cada parque e o corredor de

alimentação. Essa separação dos parques para o corredor de alimentação, era efetuada

por cabos de aço providos de esticadores assentes na estrutura do pavilhão. O

abastecimento de água era assegurado por dois bebedouros automáticos que se

encontravam em cada parque.

Todos os parques davam acesso à manga, que por sua vez conduzia os animais

ao tronco de contenção onde estava localizada a balança eletrónica para a pesagem

individual dos animais, e também dava acesso ao cais de embarque onde se efetuou o

carregamento dos animais para o veículo que os transportou para o matadouro.

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No período que decorreu antes de se iniciar o ensaio, os animais permaneceram

num parque exterior de maiores dimensões (aproximadamente 1 hectare) que os

parques onde se realizou este trabalho. No dia em que se iniciou o ensaio é que se

transferiram os animais para as instalações onde este decorreu.

3.4. Pesagens

As pesagens, sempre que possível, foram realizadas de 28 em 28 dias desde o

início do ensaio até ao seu fim, pelo que se efetuaram seis pesagens (Tabela 21). As

pesagens dos animais funcionaram como marcos deste ensaio, pois para além de

determinarem o início e o fim do ensaio, foi após a P3 que se iniciou a fase de transição,

depois ter decorrido a fase de recria de P1 a P3, enquanto a fase de acabamento se

iniciou após a realização da P4.

Em cada pesagem efetuada pesaram-se os animais dos três grupos e sempre nas

mesmas condições, ou seja antes da realização de cada pesagem os bovinos foram

sujeitos a um jejum (alimento e água) de pelo menos doze horas, como recomendado

por Owens et al. (1993), para que estas fossem o mais precisas possível e

representassem verdadeiramente a variação da massa corporal sem a influência dos

conteúdos existentes no sistema digestivo dos animais.

Como os técnicos da ACBM procederam à pesagem dos animais quando ocorreu

a sua chegada ao Centro de Testagem e Recria, também se tirou partido dessa

informação externa ao ensaio (pesagem designada P0).

Como já referido anteriormente, no grupo C um bovino foi para abate após a

realização da 3ª pesagem, pelo que nesse grupo, no período compreendido entre essa

pesagem e a última, estiveram presentes treze animais.

Pesagem Data

P1 13/11/2014

P2 10/12/2014

P3 07/01/2015

P4 04/02/2015

P5 04/03/2015

P6 31/03/2015

Tabela 21. Data das Pesagens

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3.5. Abate e Medição do pH

O abate dos animais realizou-se em Santarém na Santacarnes - Comércio e

Indústria de Carnes de Santarém, S.A.. Após o abate dos animais, a carcaça foi

classificada quanto à sua conformação e estado de gordura e depois foi cortada

longitudinalmente e obtiveram-se duas meias carcaças das quais se registaram os seus

pesos (peso quente). Em seguida as meias carcaças foram transferidas para um corredor

de refrigeração onde inicialmente e devido à sua entrada, a temperatura era de

aproximadamente 6˚C, embora o pretendido fossem -2˚C, temperatura que se acaba por

atingir mais tarde.

A medição do pH no músculo Longissimus dorsi ocorreu num único período, 24

horas após o abate dos animais (pH24horas), quando as meias carcaças foram transferidas

para uma câmara frigorífica. Para este parâmetro também é importante referir que

todas as carcaças foram sujeitas ao processo de estimulação elétrica.

Por se tratar de um ensaio realizado em “contexto real” e apesar da

compreensão por parte da ACBM da necessidade de abater o maior número possível de

animais no final do ensaio, por questões de mercado (procura), apenas foi possível

abater nove dos quarenta e um novilhos, e nove dias após o fim do ensaio. Nesses nove

novilhos abatidos, houve a preocupação de não pertencerem todos ao mesmo grupo,

pelo que quatro animais pertenciam ao grupo A, três ao grupo B e por fim dois ao grupo

C.

Relativamente ao pH, apenas foi possível efetuar a sua medição em oito das nove

carcaças obtidas (três animais pertenciam ao grupo A, três ao grupo B e por fim dois ao

grupo C).

3.6. Parâmetros Analisados

Dos dados recolhidos durante o ensaio experimental, constata-se que as

pesagens realizadas se referem a dados individuais de cada animal, mas como não foi

possível efetuar um controlo individual do consumo de alimento concentrado e de

palha, os caracteres analisados que se encontram relacionados com estes dados foram

ajustados para cada animal tendo em conta o seu peso em relação ao peso médio do

grupo num determinado intervalo de tempo, pelo que se tratam de valores

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aproximados. Tal como o peso vivo dos animais, o peso das carcaças, a sua classificação,

bem como a medição do pH da carne também se referem a dados obtidos de forma

individual para cada animal.

Relativamente ao crescimento, à ingestão de alimento e à eficiência alimentar,

estudaram-se os parâmetros zootécnicos e económicos:

- Peso vivo

- Percentagem do peso adulto

- Ganho médio diário

- Aumento da percentagem de peso

- Ingestão ajustada do alimento concentrado

- Ingestão ajustada do alimento grosseiro

- Índice de conversão do alimento concentrado ajustado

- Índice de conversão da matéria bruta ajustada

- Custo do alimento concentrado ajustado

- Custo da matéria bruta ajustada

- Custo de produção de um quilograma de peso vivo

- Valor de um quilograma de peso vivo

- Eficiência económica por quilograma de peso vivo

A maioria destes caracteres foram determinados para o período de tempo entre

cada pesagem realizada, para as três fases consideradas, ou seja para a fase de recria

(P1-P3), fase de transição (P3-P4) e para a fase de acabamento (P4-P6), e por último os

parâmetros foram também calculados para todo o período de ensaio (P1-P6).

Em termos dos caracteres relacionados com as características da carcaça,

analisaram-se os seguintes:

- Peso da carcaça

- Rendimento comercial de carcaça

- Classificação da carcaça

Relativamente à qualidade da carne, apenas se estudou o parâmetro:

- ph medido às 24 horas após o abate

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3.7. Análise Estatística

Para a análise estatística utilizou-se o programa R versão 3.2.1 (R Core Team,

2015) e o pacote estatístico para Windows do programa NCSS (Hintze, 2001).

Primeiramente realizou-se uma análise descritiva (por períodos, fases e do início ao fim

do ensaio) para determinar para cada grupo de animais e assim para cada regime

alimentar, os valores médios, mínimos e máximos dos diversos caracteres analisados,

bem como o desvio-padrão.

Posteriormente efetuou-se uma análise de variância para verificar se os fatores

de variação tinham um efeito significativo nos parâmetros estudados e se estes diferiam

consoante o regime alimentar adotado, ou seja permitia testar a hipótese nula (H0: os

tês regimes alimentares apresentavam os mesmos resultados para os caracteres

estudados). Também se realizou uma análise de variância prévia para testar a

homogeneidade dos três grupos formados em termos de peso vivo e idade (apesar de

esta ser um fator de variação) para a pesagem de início do ensaio (P1), mas também

para a pesagem de entrada dos animais no Centro de Testagem e Recria (P0) (supondo

que os grupos já estavam formados), já que Roquete (1993) afirma que são dois dos

fatores que mais condicionam a resposta dos bovinos num ensaio.

Como já referido anteriormente, os caracteres de avaliação do desempenho

produtivo foram determinados considerando três diferentes intervalos de tempo, pelo

que se realizou uma análise de variância distinta para cada um desses intervalos. Assim,

para analisar os parâmetros nos períodos entre cada pesagem, efetuou-se uma análise

de variância simples vulgarmente designada por ANOVA; para estudar os parâmetros

em cada uma das três fases de cada regime alimentar utilizou-se uma análise de

medições repetidas. Por fim e considerando todo o período experimental, realizou-se

uma análise de covariância, geralmente designada ANCOVA, em que a covariante

utilizada foi o ganho médio diário desde o nascimento até à entrada dos bovinos no

Centro de Testagem e Recria (GMDnasc-entr). Como não havia informação do peso ao

nascimento dos animais, de forma a poder determinar a covariante, utilizou-se o valor

de 26,1 kg obtido para vitelos machos (Roquete, 1993).

Na análise de variância prévia (ANOVA) o modelo matemático-estatístico

utilizado (Modelo I) foi:

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Y ij = µ + Peso vivo/Idade i + e ij

Em que:

Y ij - resultado j-ésimo do parâmetro em análise;

µ - valor médio observado na população em estudo;

Peso vivo/Idade i - efeito fixo do peso vivo ou idade i-ésimo;

e ij - erro.

Em cada umas das outras três análises de variância concebeu-se o mesmo

modelo geral linear para todas as variáveis dependentes estudadas, que para além de

incluir os fatores de variação que se acharam mais apropriados, inclui também as

interações que se acharam com ”sentido” do ponto de vista biológico.

Assim, para a análise de variância simples, utilizou-se o seguinte modelo

matemático-estatístico (Modelo II):

Y ijklmnopq = µ + Regime alimentar i + PEL j + IENT k + IVP l + GER m + ADAPT n + CF o

+ Pesagem/Período p + Regime alimentar × Pesagem/Período ip + IVP × Pesagem/Período

lp + ADAPT × Pesagem/Período np + CF × Pesagem/Período op + e ijklmnopq

Em que:

Y ijklmnopq - resultado q-ésimo do parâmetro em análise;

µ - valor médio observado na população em estudo;

Regime alimentar i - efeito fixo do regime alimentar i-ésimo;

PEL j - efeito fixo da pelagem j-ésima;

IENT k - efeito fixo da idade de entrada no Centro k-ésima;

IVP l - efeito fixo da idade da vaca ao parto l-ésima;

GER m - efeito fixo da geração do touro m-ésimo;

ADAPT n - efeito fixo do tempo do período de adaptação n-ésimo;

CF o - efeito fixo do creep feeding o-ésimo;

Pesagem/Período p - efeito fixo da pesagem ou período p-ésimo;

Regime alimentar × Pesagem/Período ip - interação dupla do regime alimentar com a

pesagem ou período;

IVP × Pesagem/Período lp - interação dupla da idade da vaca ao parto com a pesagem ou

período;

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ADAPT × Pesagem/Período np - interação dupla do tempo do período de adaptação com

a pesagem ou período;

CF × Pesagem/Período op - interação dupla do creep feeding com a pesagem ou período;

e ijklmnopq - erro.

Para a análise de medições repetidas, optou-se pelo modelo matemático-

estatístico (Modelo III):

Y ijklmno = µ + Regime alimentar i + PEL j + Regime alimentar × PEL ij + Animal

(Regime alimentar × PEL) k (ij) + EXP l + IENT m + Fase n + Regime alimentar × EXP il + Regime

alimentar × IENT im + Regime alimentar × Fase in + e ijklmno

Em que:

Y ijklmno - resultado o-ésimo do parâmetro em análise;

µ - valor médio observado na população em estudo;

Regime alimentar i - efeito fixo do regime alimentar i-ésimo;

PEL j - efeito fixo da pelagem j-ésima;

Regime alimentar × PEL ij - interação dupla do regime alimentar com a pelagem;

Animal (Regime alimentar × PEL) k (ij) - efeito aleatório nested do i-ésimo regime

alimentar e da j-ésima pelagem no animal k-ésimo;

EXP l - efeito fixo da exploração de origem l-ésima;

IENT m - efeito fixo da idade de entrada m-ésima;

Fase n - efeito fixo da fase n-ésima;

Regime alimentar × EXP il - interação dupla do regime alimentar com a exploração de

origem;

Regime alimentar × IENT im - interação dupla do regime alimentar com a idade de entrada

no Centro;

Regime alimentar × Fase in - interação dupla do regime alimentar com a fase;

e ijklmno - erro.

Finalmente, apresenta-se o modelo matemático-estatístico (Modelo IV)

concebido para a análise do início ao fim do ensaio, com a utilização de covariante,

expresso por:

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MSE2

Y ijklmnopq = µ + b1 (GMDnasc-entr – GMDnasc-entrq) + Regime alimentar i + PEL j +

NASC k + IENT l + IVP m + GER n + CF o + EXP p + Regime alimentar i × IVP m + Regime

alimentar i × CF o + Regime alimentar i × EXP p + e ijklmnopq

Em que:

Y ijklmnopq - resultado q-ésimo do parâmetro em análise;

µ - valor médio observado na população em estudo;

b1 (GMDnasc-entr – GMDnasc-entrq) - coeficiente de regressão para o GMD desde o

nascimento até à entrada no Centro;

Regime alimentar i - efeito fixo do regime alimentar i-ésimo;

PEL j - efeito fixo da pelagem j-ésima;

NASC k - efeito fixo da época de nascimento k-ésima;

IENT l - efeito fixo da idade de entrada l-ésima;

IVP m - efeito fixo da idade da vaca ao parto m-ésima;

GER n - efeito fixo da geração do touro n-ésimo;

CF o - efeito fixo do creep feeding o-ésimo;

EXP p - efeito fixo da exploração de origem p-ésima;

Regime alimentar i × IVP m - interação dupla do regime alimentar com a idade da vaca ao

parto;

Regime alimentar i × CF o - interação dupla do regime alimentar com o creep feeding;

Regime alimentar i × EXP p - interação dupla do regime alimentar com a exploração de

origem;

e ijklmnopq - erro.

Em todas as análises de variância foram considerados como valores significativos,

aqueles cuja probabilidade de ocorrência era superior a 95% (P<0,05). Sempre que se

verificaram diferenças significativas nas análises de variância relativamente aos fatores

e às interações, as respetivas médias foram comparadas pelo teste de Tukey.

Para a análise de covariância, caso a covariante exibisse valores significativos,

efetuou-se o Teste F para verificar a igualdade dos declives nos níveis do regime

alimentar, com a fórmula:

F k,m = (SSE1 – SSE2) /k

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Em que:

F k,m - valor de F;

k - graus de liberdade do fator;

m - graus de liberdade da média do erro quadrado do modelo com variáveis de

contraste;

SSE1 - soma do erro quadrado do modelo com covariante simples;

SSE2 - soma do erro quadrado do modelo com variáveis de contraste;

MSE2 - média do erro quadrado do modelo com variáveis de contraste.

Na análise estatística das variáveis relacionadas com as características da

carcaça, e da variável da qualidade da carne (pH24horas), em consequência do reduzido

número de animais abatidos no final do período experimental, efetuou-se apenas a

análise descritiva.

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4. Resultados e Discussão

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Tal como referido nos Materiais e Métodos, não foi possível efetuar o abate de

todos os animais no final do ensaio experimental. Assim, os resultados e a discussão que

se apresentam seguidamente dividem-se em duas partes principais. A primeira (4.1.)

refere-se aos parâmetros de avaliação do desempenho produtivo de todos os animais

presentes no ensaio. A segunda (4.2.) inclui os resultados relativos às características da

carcaça e da qualidade da carne dos animais abatidos.

4.1. Desempenho Produtivo

Para uma maior clareza na exposição e uma melhor perceção dos caracteres

estudados, este tópico encontra-se subdividido em quatro pontos, um relacionado com

o crescimento dos bovinos (4.1.1.), outro com a ingestão de alimentos (4.1.2.), outro

com a eficiência alimentar (4.1.3.), e por fim, o último refere-se à eficiência bio

económica dos três grupos de animais presentes no ensaio (4.1.4.).

Como já referido anteriormente, para cada um dos parâmetros estudados

efetuou-se uma análise descritiva por cada grupo de animais, para além das análises de

variância realizadas, tal como a análise descritiva, efetuadas para os três intervalos de

tempo considerados (períodos, fases e início-fim).

4.1.1. Crescimento

Embora o processo de crescimento englobe dois aspetos distintos, mas ao

mesmo tempo interligados (Trenkle e Marple, 1983), neste trabalho abordou-se apenas

o crescimento quantitativo, que se caracteriza pelo aumento da massa corporal dos

animais desde a sua conceção até à sua estabilização na idade adulta, bem como duas

das medidas que permitem avaliar a velocidade de crescimento.

Os tópicos 4.1.1.1. Peso Vivo e 4.1.1.2. Percentagem do Peso Adulto, como é

evidente foram apenas determinados no momento da realização de cada uma das

pesagens.

4.1.1.1. Peso Vivo

Na análise de variância prévia, garantiu-se a homogeneidade dos três grupos

formados, já que tanto o peso vivo, como a idade dos animais não diferiram (P>0,05) em

ambas as pesagens (P0 e P1).

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Na Tabela 22 estão representados os valores médios, mínimos e máximos, bem

como o desvio-padrão do peso e da idade nessas duas pesagens, para cada um dos

grupos e para todos os animais presentes no ensaio (geral). Ao comparar a média do

peso e da idade de entrada de todos os animais, com os resultados obtidos por Pais et

al. (2013) na produção de Vitelão Mertolengo DOP no ano de 2012 (157,8 ± 36,4 kg e

7,2 ± 1,5 meses), verifica-se que se obteve um menor peso vivo dos animais, mas estes

também apresentavam uma idade inferior.

O peso vivo dos animais desde a segunda pesagem (P2) até à última (P6)

encontra-se representado na Tabela 23. Com uma idade de 8,8 ± 0,8 meses em P2, os

42 bovinos tinham um peso de 207,3 ± 10,9 kg, embora 26,2% ainda apresenta-se um

peso inferior a 200,0 kg. Já no final do ensaio, com um peso de 331,8 ± 22,3 kg e 12,5 ±

0,9 meses de idade, dos 41 animais, 4,9% ainda apresentava um peso inferior a 300,0

kg. Mais uma vez, Pais et al. (2013) obtiveram resultados superiores para o peso vivo

(362,0 ± 35,0 kg) e idade (13,2 ± 1,1 meses) dos bovinos no final do seu trabalho, em

função dos valores iniciais superiores e da maior duração do período experimental

(181,10 ± 36,13 dias).

Peso (kg) Idade (m) n Peso (kg) Idade (m) n

Média 132,6 6,7 176,1 8,1

Desvio Padrão 25,1 1,2 14,7 0,9

Mínimo 104,0 4,7 155,0 6,9

Máximo 191,0 9,6 204,0 10,4

Média 132,9 6,4 179,2 8,0

Desvio Padrão 23,0 0,9 11,6 0,8

Mínimo 99,0 4,5 160,0 6,8

Máximo 160,0 7,6 200,0 9,9

Média 121,5 6,0 178,2 7,8

Desvio Padrão 23,0 0,9 12,5 0,8

Mínimo 94,0 4,2 157,0 5,7

Máximo 182,0 7,6 198,0 8,7

Média 129,0 6,3 177,8 8,0

Desvio Padrão 23,7 1,0 12,7 0,8

Mínimo 94,0 4,2 155,0 5,7

Máximo 191,0 9,6 204,0 10,4

Grupo

A

B

C

Geral

P0 P1

14

14

14

14

14

14

42 42

Tabela 22. Peso vivo dos bovinos em P0 e P1

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Na análise de variância simples, a grande maioria dos fatores de variação

incluídos no modelo, influenciou de forma significativa o peso dos animais (P<0,05)

(Tabela 24). De pesagem para pesagem (de P0 a P6) verificou-se um aumento da massa

corporal nos bovinos dos três grupos, pois apesar do fator regime alimentar também ser

muito significativo (P<0,01), com os animais do regime alimentar 3 a apresentarem o

menor peso, não houve interação entre estes dois fatores (P>0,05).

Peso (kg) n Peso (kg) n Peso (kg) n Peso (kg) n Peso (kg) n

Média 207,9 241,3 271,5 302,3 332,0

Desvio Padrão 11,7 15,8 20,6 24,3 28,7

Mínimo 186,0 218,0 241,0 272,0 296,0

Máximo 225,0 270,0 311,0 354,0 395,0

Média 208,7 242,3 269,6 298,9 331,4

Desvio Padrão 10,7 12,7 15,2 16,4 21,0

Mínimo 190,0 221,0 244,0 268,0 293,0

Máximo 223,0 266,0 298,0 320,0 358,0

Média 205,4 238,3 265,5 299,3 331,9

Desvio Padrão 10,7 13,9 14,3 15,8 16,9

Mínimo 190,0 218,0 243,0 274,0 305,0

Máximo 233,0 275,0 297,0 332,0 367,0

Média 207,3 240,6 269,0 300,2 331,8

Desvio Padrão 10,9 13,9 16,8 18,9 22,3

Mínimo 186,0 218,0 241,0 268,0 293,0

Máximo 233,0 275,0 311,0 354,0 395,0

P6

14

14

14

14

14

14

14

14

P2 P3 P5P4

A

B

Grupo

14 13

41

C

Geral

14

42 42

13 13

4141

14

14

Tabela 23. Peso vivo dos bovinos de P2 a P6

Tabela 24. Análise de variância simples do peso vivo

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 237,7 a

2 237,6 a

3 232,3 b

1 230,5 a

2 236,7 b

3 246,9 c

1 228,1 a

2 238,5 b

3 242,9 b

1 238,1 a

2 227,8 a

3 244,1 b

1 240,4

2 231,2

1 227,2

2 243,6

1 239,4

2 231,5

Pesagem - 6 - 0,00000 ***

Regime alimentar × Pesagem - 12 - 0,92107 NS

IVP × Pesagem - 12 - 0,20492 NS

ADAPT × Pesagem - 6 - 0,00001 ***

CF × Pesagem - 6 - 0,26075 NS

Erro 237

1 0,00352 **CF

IVP 2 0,00000 ***

1 NS0,40162GER

Regime alimentar 0,00764 **

PEL

2

ADAPT 1 0,00000 ***

IENT 2

0,00000

0,00001

***

***

2

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53

A pelagem dos animais foi um fator que influenciou extremamente (P<0,001)

este caracter, ao contrário do que determinou Rodrigues de Carvalho (2000). Constatou-

se que os bovinos de pelagem vermelha apresentaram o resultado inferior, seguindo-se

os animais rosilho, e por fim surgiram os animais de pelagem malhada com uma maior

massa corporal. Estas diferenças entre pelagens surgiram pelos distintos pesos à entrada

do Centro apresentados pelos bovinos, uma vez que como se retrata posteriormente a

velocidade de crescimento absoluta não diferiu entre pelagens. A diferença de peso vivo

inicial pode ser explicada em parte devido às diferentes opções por parte dos criadores

no desmame dos vitelos (geralmente cada produtor tem todos os animais da mesma

pelagem), já que como afirmam ACBM (2015f) e Roquete (1993) os vitelos geralmente

são desmamados entre os 6 e os 8 meses de idade.

No que se relaciona com a idade da vaca ao parto, os animais cuja progenitora

tenha um idade superior a 9 anos apresentaram o maior peso, o que não deixa de por

em causa a capacidade maternal das vacas com idade entre os 5 e os 9 anos.

Curiosamente, os bovinos que não tiveram acesso ao creep-feeding, também exibiram

um peso superior, o que pode ser explicado pelo fato dos produtores não praticarem

esta modalidade de produção, quando acham que as suas vacas têm capacidade leiteira

suficiente para desmamarem os vitelos com um peso elevado.

O fator idade de entrada no Centro de Testagem e Recria, também foi altamente

significativo (P<0,001), pois os animais com idade de entrada inferior a 6,0 meses

apresentaram pesos inferiores, tal como aqueles cujo período de adaptação foi superior

a 35 dias. Como se observa na Figura 3 houve interação (P<0,001) entre o período de

adaptação e a pesagem, pois os bovinos com um maior período de adaptação (ADAPT

1) exibiram um crescimento mais acentuado desde a sua entrada no Centro até ao início

do ensaio, momento em que tinham um peso muito semelhante aos animais com um

período de adaptação inferior, que tal como no momento de entrada apresentaram o

peso final mais elevado.

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54

4.1.1.2. Percentagem do Peso Adulto

Para determinar a percentagem do peso adulto que cada bovino apresentava em

cada uma das pesagens, utilizou-se como representativo do peso adulto de um touro

Mertolengo, 750,0 kg (Pais, 2015), embora o peso adulto seja um dado individual que é

determinado geneticamente, e que ainda pode ser alterado por fatores nutricionais e

hormonais (Owens et al., 1993).

Como se verifica facilmente na Tabela 25, a percentagem do peso adulto

aumentou de pesagem para pesagem em todos os grupos e assim no geral, pelo que se

demonstra mais uma vez o aumento da massa corporal com a idade. Ao observar o valor

médio da percentagem do peso adulto apresentada por todos os bovinos em P0 (17,2 ±

3,2%), constata-se esse reduzido valor, pois caso se faça o mesmo cálculo para o peso

ao desmame corrigido para os 210 dias de idade - aproximadamente 175,0 kg (ACBM,

2014b) - obtém-se 23,3% do peso adulto. A razão deste resultado, para além da idade

inferior dos animais (6,3 ± 1,0 meses), está relacionada com o seu baixo peso e assim

percentagem do peso adulto, pois em P1 com uma idade média de 8,0 ± 0,8 meses

apresentaram um resultado semelhante (23,7 ± 1,7%) ao dos bovinos com menos um

mês de idade (210 dias são aproximadamente 6,9 meses).

Tendo em conta que Berg e Butterfield (1968) referem que a percentagem de

gordura aumenta e as de músculo e de osso diminuem com o aumento do peso de abate

a partir de um grau de maturidade de aproximadamente 30,0% do peso adulto, verifica-

se que na pesagem P4, pesagem na qual se iniciou a fase de acabamento, todos os

animais já apresentavam uma percentagem do peso adulto superior a 30,0%, pelo que

se pode considerar o momento correto para efetuar a mudança de concentrado. Em P3

Figura 3. Interação entre a pesagem e o período de adaptação

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55

também já se podia iniciar essa fase (32,1 ± 1,9% do peso adulto), o que ainda pode ser

mais benéfico do ponto de vista económico, desde que não prejudique o desempenho

produtivo dos animais. De certo modo, foi o que aconteceu com os animais do regime

alimentar 3, já que começaram a consumir o concentrado de acabamento pouco tempo

depois da realização de P3.

Se atentarmos agora nos valores obtidos em P6, verifica-se que nenhum animal

apresentava mais de 70,0% do peso adulto, percentagem a partir da qual, segundo

Robelin e Casteilla (1990), ocorre o grande desenvolvimento do tecido adiposo, portanto

espera-se não se obterem carcaças com muita gordura, de forma a corresponder às

preferências dos consumidores por carne magra quando consumirem Vitelão

Mertolengo DOP (Potes, 2005 citado por Almeida, 2008).

Em virtude da utilização de um peso adulto de referência e de não se ter predito

o peso adulto de cada bovino, este caracter em termos de análise de variância acaba por

apresentar as mesmas fontes de variância e com igual significância que o parâmetro

analisado anteriormente, como é possível observar na Tabela 26.

P0 P1 P2 P3 P4 P5 P6

Média 17,7 23,5 27,7 32,2 36,2 40,3 44,3

Desvio Padrão 3,3 2,0 1,6 2,1 2,8 3,2 3,8

Mínimo 13,9 20,7 24,8 29,1 32,1 36,2 39,5

Máximo 25,5 27,2 30,0 36,0 41,5 47,2 52,7

Média 17,7 23,9 27,8 32,3 36,0 39,8 44,2

Desvio Padrão 3,1 1,6 1,4 1,7 2,0 2,2 2,8

Mínimo 13,2 21,3 25,3 29,5 32,5 35,7 39,1

Máximo 21,3 26,7 29,7 35,5 39,7 42,7 47,7

Média 16,2 23,8 27,4 31,8 35,4 39,9 44,3

Desvio Padrão 3,1 1,7 1,4 1,9 1,9 2,1 2,2

Mínimo 12,5 20,9 25,3 29,1 32,4 36,5 40,7

Máximo 24,3 26,4 31,1 36,7 39,6 44,3 48,9

Média 17,2 23,7 27,6 32,1 35,9 40,0 44,2

Desvio Padrão 3,2 1,7 1,5 1,9 2,2 2,5 3,0

Mínimo 12,5 20,7 24,8 29,1 32,1 35,7 39,1

Máximo 25,5 27,2 31,1 36,7 41,5 47,2 52,7

Geral

Pesagem (%)Grupo

A

B

C

Tabela 25. Resultados da percentagem do peso adulto

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4.1.1.3. Velocidade de Crescimento

Relativamente à velocidade de crescimento, estudaram-se os parâmetros ganho

médio diário e aumento da percentagem de peso, duas das formas de realizar a sua

avaliação, uma de forma absoluta e a outra de forma relativa, respetivamente.

Importa salientar que em todos os regimes alimentares se procurou fornecer aos

animais dietas qualitativamente equilibradas, mas que permitissem velocidades de

crescimento elevadas, característica dos sistemas intensivos de produção.

4.1.1.3.1. Ganho Médio Diário

Nos resultados obtidos através da análise descritiva que se encontra

representada na Tabela 27, averigua-se que em média, para todos os animais (geral) em

nenhum dos períodos, fases e do início ao fim do ensaio, o GMD foi inferior a 1,000

kg/dia, embora nos grupos B e C no período P3-P4 e na fase de transição (corresponde

ao mesmo intervalo de tempo) o crescimento médio dos bovinos tenha sido inferior a

esse valor. Enquanto na fase de recria e na fase de acabamento, 26,2 e 19,5% dos

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 26. Análise de variância simples da percentagem do peso adulto

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 31,7 a

2 31,7 a

3 31,0 b

1 30,7 a

2 31,6 b

3 32,9 c

1 30,4 a

2 31,8 b

3 32,4 b

1 31,7 a

2 30,4 a

3 32,6 b

1 32,1

2 30,8

1 30,3

2 32,5

1 31,9

2 30,9

Pesagem - 6 - 0,00000 ***

Regime alimentar × Pesagem - 12 - 0,92535 NS

IVP × Pesagem - 12 - 0,20465 NS

ADAPT × Pesagem - 6 - 0,00001 ***

CF × Pesagem - 6 - 0,26962 NS

Erro 237

0,00776

0,00000

0,00001

**

***

***

NS

1 0,00000 ***

1 0,00316 **

ADAPT

CF

2

2

2

2

1

Regime alimentar

PEL

IENT

IVP

GER

***0,00000

0,39277

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57

animais apresentavam um crescimento inferior a 1,000 kg/dia, respetivamente, na fase

de transição esse resultado foi de 53,7%, com 9,8% dos bovinos a apresentarem mesmo

um crescimento inferior a 0,750 kg/dia. Considerando o intervalo de tempo do início ao

fim do ensaio, 22,0% dos bovinos apresentavam um crescimento médio menor que

1,000 kg/dia, mas por outro lado 26,8% apresentavam um resultado superior a 1,200

kg/dia, percentagens claramente melhores ao comparar com as obtidas por Roquete

(1993).

A principal fonte de variação que se pretendia analisar neste trabalho, o regime

alimentar, não causou uma diferente velocidade de crescimento na análise de variância

efetuada para os períodos (P>0,05) (Tabela 28).

O GMD dos bovinos foi mais elevado no período P2-P3, ao comparar com os

períodos P0-P1 e P3-P4, sendo que os resultados obtidos neste último, também são

significativamente inferiores aos alcançados no período P5-P6 (P<0,001).

Os animais com uma idade de entrada no Centro de Testagem e Recria inferior a

6,0 meses, para além de exibirem a menor massa corporal e consequentemente a menor

percentagem do peso adulto, também apresentavam os valores mais reduzidos para

este parâmetro (P<0,01), o que está parcialmente de acordo com Vacas (2001) que

verificou uma tendência de incremento do GMD com o aumento da idade dos animais à

entrada do ensaio. Situação idêntica ocorreu com os bovinos que tiveram um período

P0-P1 P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A

Média 1,080 1,177 1,194 1,079 1,100 1,100 1,186 1,079 1,100 1,130

Desvio-Padrão 0,348 0,288 0,268 0,244 0,235 0,235 0,208 0,244 0,235 0,181

Mínimo 0,591 0,667 0,857 0,714 0,655 0,655 0,855 0,714 0,655 0,746

Máximo 1,826 1,852 1,714 1,464 1,527 1,527 1,655 1,464 1,527 1,406

Média 1,032 1,093 1,199 0,977 1,043 1,206 1,147 0,977 1,123 1,103

Desvio-Padrão 0,228 0,268 0,242 0,248 0,180 0,291 0,184 0,248 0,151 0,132

Mínimo 0,587 0,593 0,714 0,571 0,786 0,704 0,800 0,571 0,891 0,877

Máximo 1,478 1,593 1,643 1,357 1,286 1,667 1,364 1,357 1,455 1,283

Média 1,028 1,008 1,173 0,942 1,209 1,208 1,092 0,942 1,208 1,105

Desvio-Padrão 0,113 0,402 0,203 0,155 0,150 0,161 0,242 0,155 0,124 0,114

Mínimo 0,727 0,444 0,857 0,750 1,036 0,963 0,745 0,750 1,036 0,913

Máximo 1,206 2,000 1,500 1,214 1,500 1,556 1,745 1,214 1,527 1,304

Média 1,046 1,093 1,189 1,001 1,115 1,171 1,142 1,001 1,142 1,113

Desvio-Padrão 0,244 0,325 0,234 0,223 0,200 0,237 0,211 0,223 0,179 0,142

Mínimo 0,587 0,444 0,714 0,571 0,655 0,655 0,745 0,571 0,655 0,746

Máximo 1,826 2,000 1,714 1,464 1,527 1,667 1,745 1,464 1,527 1,406

Geral

GrupoPeríodo (kg/dia)

A

B

C

Fase (kg/dia) Inicio-

Fim

(kg/dia)

Tabela 27. Resultados do ganho médio diário

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de adaptação superior a 35 dias, que devido à menor velocidade de crescimento diária

(P<0,001) também apresentaram um peso e percentagem do peso adulto inferiores,

como retratado anteriormente. Já o creep-feeding, não causou variação na performance

dos bovinos, o que está de acordo com Drouillard e Kuhl (1999).

Apesar do fator idade da vaca ao parto não ter causado um comportamento

diferente nos bovinos (P>0,05), como também determinado por Mendes (2004),

verificou-se uma interação entre este fator e os períodos compreendidos entre as

pesagens (Figura 4). Os animais cujas mães no momento do parto tinham uma idade

superior a 9 anos foram os únicos que exibiram uma diminuição da velocidade de

crescimento do período de entrada para o período inicial do ensaio, mas depois desse

período para o seguinte (P2-P3) apresentaram os valores de GMD mais elevados. Já os

animais filhos de vacas com idade inferior a 5 anos, que no período de adaptação

apresentavam resultados intermédios, no último período do ensaio destacaram-se pela

positiva em relação aos outros animais.

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 28. Análise de variância simples do ganho médio diário

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 1,122

2 1,092

3 1,094

1 1,075

2 1,132

3 1,109

1 1,037 a

2 1,105 b

3 1,184 b

1 1,156

2 1,046

3 1,125

1 1,134

2 1,070

1 1,015

2 1,180

1 1,132

2 1,065

Período - 5 - 0,00091 ***

Regime alimentar × Período - 10 - 0,26830 NS

IVP × Período - 10 - 0,03566 *

ADAPT × Período - 5 - 0,91247 NS

CF × Período - 5 - 0,00072 ***

Erro 202

CF 1 0,48356 NS

2

2

1 0,34085 NS

ADAPT 1 0,00002 ***

0,00117 **

IVP 2 0,26307 NS

0,62128 NS

PEL 2 0,17170

Regime alimentar

IENT

GER

NS

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59

Na análise de medições repetidas apresentada na Tabela 29, observa-se que ao

contrário da análise anterior, a idade de entrada no Centro não foi um fator significativo

na velocidade de crescimento (P>0,05), enquanto o período de adaptação não se incluiu

no modelo matemático-estatístico desta análise, mas o efeito da pelagem manteve-se

inalterável (P>0,05).

Tal como se detetaram diferenças entre alguns períodos, também entre fases se

verificaram respostas díspares (P<0,001), apesar do regime alimentar não ter causado

diferenças significativas na velocidade de crescimento absoluta em cada fase (P>0,05).

Na Figura 5 observam-se os resultados inferiores do GMD na fase de transição, em

comparação com os obtidos nas outras duas fases, em que não houve diferenças, o que

Figura 4. Interação entre o período e a idade da vaca ao parto

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 1,122

2 1,082

3 1,081

1 1,048

2 1,125

3 1,148

Regime alimentar × PEL - 4 - 0,34141 NS

Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00000 ***

1 1,055

2 1,241

3 1,009

4 1,167

1 1,014

2 1,096

3 1,199

Fase - 2 - 0,00000 ***

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,35126 NS

Regime alimentar × IENT - 4 - 0,67083 NS

Regime alimentar × Fase - 4 - 0,01007 *

Erro 61

Regime alimentar 2 0,96820 NS

PEL

EXP

IENT

2

3

2

0,97387 NS

NS0,66879

0,18615 NS

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 29. Análise de medições repetidas do ganho médio diário

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contraria Meissner et al. (1995) que referem que devido à maior deposição de gordura

o GMD devia ser inferior na fase de acabamento. Os animais do regime alimentar 1,

embora de forma menos acentuada também diminuíram a velocidade de crescimento

da fase de recria para a de transição, mas sem justificação aparente em termos de

alimentação, já que esta não diferiu.

Como não se determinaram diferenças na velocidade de crescimento na fase de

transição entre todos os regimes alimentares (P>0,05) verifica-se que a mudança de

alimento concentrado não prejudicou o desempenho dos bovinos dos regimes

alimentares 2 e 3. Assim, também se constata que se pode executar uma mudança mais

repentina do alimento concentrado, tal como ocorreu no regime alimentar 3, o que é

benéfico porque reduz o tempo necessário (dias) a misturar os dois concentrados no

comedouro em alvenaria. Tudo isto é possível porque se trata da mudança de um

alimento concentrado para outro e assim não ocorrem alterações na flora microbiana

do rúmen e a redução do seu pH (Benchaar et al., 2012; Calsamiglia et al., 2008), bem

como um aumento da concentração de ácidos gordos voláteis (Brown et al., 2006), com

uma diminuição da relação acético:propiónico (Benchaar et al., 2012); situações que

ocorrem frequentemente na mudança de uma dieta à base de alimentos grosseiros para

uma à base de alimento concentrado (Calsamiglia et al., 2008) e que causam com

frequência distúrbios digestivos, designadamente acidose, devido há presença no

alimento concentrado de hidratos de carbono facilmente fermentescíveis que

conduzem à acumulação de ácido láctico (Owens et al., 1998).

Com os resultados similares do GMD na fase de transição, também se comprova

que, tal como referido em 4.1.1.2. Percentagem do Peso Adulto, a administração de

concentrado de acabamento se pode iniciar pouco tempo depois de P3 (apenas tempo

necessário para a mudança de concentrado), já que o desempenho produtivo dos

bovinos do regime alimentar 3 não foi afetado.

Ao observar os resultados do GMD na fase de acabamento, conclui-se que se

pode reduzir a concentração proteica da dieta, como ocorre nos regimes alimentares 2

e 3, sem afetar o desempenho dos bovinos, tal como referem Koenig et al. (2013), Nuñez

et al. (2015) e Vasconcelos et al. (2006), isto porque a percentagem de PB do alimento

concentrado de acabamento (14,00%) era superior aos valores a partir dos quais o

desempenho é afetado, 11,50% (Cole et al., 2006) e 12,00% (Cole et al., 2003), embora

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61

neste caso a concentração energética da dieta também tenha aumentado, pois como

referem Cole et al. (2006), nesta fase as necessidades energéticas dos animais são

superiores.

Como se observa na Tabela 30, a covariante utilizada na análise início-fim não

teve influência significativa no GMD dos bovinos (P>0,05), ou seja, a velocidade de

crescimento dos bovinos antes da sua entrada no Centro não afetou o desempenho dos

bovinos no ensaio.

O regime alimentar também foi um fator que não teve influência no GMD dos

bovinos (P>0,05), pelo que qualquer regime alimentar se torna viável em termos de

velocidade de crescimento absoluta. Assim, pode-se comparar o valor médio obtido por

todos os animais (1,113 ± 0,142 kg/dia) com os obtidos por outros autores, em animais

de peso e idade semelhantes. Ao comparar com os GMD obtidos por Fraústo da Silva

(1996) nos bovinos em que maximizou a incorporação de concentrado (0,945 kg/dia),

com Vacas (2001) nos bovinos em sistema intensivo (0,838 kg/dia) e com Veríssimo

(2001) (0,646 kg/dia) verifica-se um resultado claramente superior, mas ao confrontar

com o obtido por Pais et al. (2013) nota-se uma grande semelhança (1,140 ± 0,160 kg).

Estes resultados mais elevados da velocidade de crescimento absoluta referem-se a

ensaios mais recentes, portanto podem advir do melhoramento genético realizado ao

longo dos anos na raça Mertolenga e também da sensibilização por parte da ACBM aos

produtores para a utilização de machos reprodutores aprovados em teste de

performance.

Figura 5. Interação entre a fase e o regime alimentar

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62

Tal como Côrte-Real (2003), Rodrigues de Carvalho (2000), Roquete (1993) e

contrariamente a Vacas (2001), a pelagem dos animais, tal como nas outras duas

análises, não influenciou significativamente a velocidade de crescimento dos animais

(P>0,05), mas no que se refere ao efeito da exploração de origem dos animais no GMD,

os resultados são contraditórios aos obtidos em diversos trabalhos (Rodrigues de

Carvalho, 2000; Roquete, 1993; Vacas, 2001), já que estas não tiveram influência no

resultado obtido (P>0,05), o que pode ser fruto do trabalho desempenhado pelos

técnicos da ACBM em auxiliar os produtores a selecionar os animais com características

morfológicas e produtivas mais homogéneas, o que se traduz em termos de

performances produtivas numa igualdade entre explorações.

Relativamente ao fator idade de entrada dos animais no Centro, este apenas teve

efeito significativo na análise por períodos. Na bibliografia também se encontram

resultados opostos, já que Vacas (2001) refere a influência significativa deste fator no

crescimento dos bovinos, enquanto Marçal (1997) ao utilizar a idade de entrada dos

animais como covariante, esta não influenciou significativamente o GMD dos bovinos.

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

GMDnas-entr - 1 - 0,77561 NS

Regime alimentar 1 2 - 0,73147 NS

1 1,063

2 1,151

3 1,154

1 1,124

2 1,088

3 1,120

1 1,042

2 1,101

3 1,216

1 1,175

2 1,057

3 1,124

1 1,164

2 1,059

1 1,133

2 1,087

1 1,066

2 1,236

3 1,029

4 1,195

Regime alimentar × IVP - 4 - 0,80570 NS

Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99948 NS

Erro 12

CF

EXP

1,00000 NS

NS0,56878

1

3

2

2

2

2

1

PEL

NASC

IENT

IVP

GER

NS0,95807

0,41692 NS

0,58735

0,97690

0,63538

NS

NS

NS

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 30. Análise de covariância do ganho médio diário

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63

4.1.1.3.2. Aumento da Percentagem de Peso

Neste parâmetro de avaliação da velocidade de crescimento (Tabela 31), verifica-

se nitidamente o aumento substancial da percentagem de peso no período de tempo

que decorreu antes de se iniciar o ensaio (P0-P1), principalmente nos animais do grupo

C, que em média aumentaram o seu peso em 50,1 ± 21,8%. Ao comparar o aumento da

percentagem de peso de todos os animais nas três fases, verifica-se que os resultados

foram muito variáveis. Na fase de recria registou-se em média um aumento da

percentagem de peso de 35,6 ± 7,8%, mas com uma razoável percentagem de animais

(26,2%) com um aumento inferior a 30,0%. A fase de transição, tal como observado no

outro parâmetro de avaliação da velocidade de crescimento, também apresentou o pior

resultado com apenas 11,6 ± 2,5% de aumento da percentagem de peso e com 29,3%

dos bovinos com resultados inferiores a 10,0%. Já na fase de acabamento (23,4 ± 3,4%),

os resultados obtidos foram mais uniformes, pois apenas 7,3% de todos os bovinos

tiveram um aumento da percentagem de peso inferior a 20,0%.

Como referido na análise descritiva, na análise de variância efetuada para os

períodos (Tabela 32) comprovou-se que o maior aumento da percentagem de peso

ocorreu no período de adaptação (P>0,001), em função do menor peso inicial dos

animais. Com esta análise também se verificou que o aumento da percentagem de peso

P0-P1 P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A

Média 36,0 18,4 16,1 12,5 11,3 9,8 37,4 12,5 22,3 89,2

Desvio-Padrão 21,2 5,4 3,4 2,4 2,2 1,7 8,2 2,4 4,3 16,0

Mínimo 6,8 8,8 11,1 8,3 7,0 6,3 24,4 8,3 13,8 53,4

Máximo 73,9 31,1 21,6 16,7 14,9 12,5 56,5 16,7 29,3 120,5

Média 38,2 16,6 16,1 11,3 10,9 10,9 35,4 11,3 22,9 85,3

Desvio-Padrão 22,1 4,5 3,4 2,8 1,9 2,5 6,6 2,8 2,6 11,6

Mínimo 9,4 8,0 9,3 6,9 7,4 6,7 22,0 6,9 20,1 64,5

Máximo 69,9 24,4 23,4 16,2 14,1 15,0 43,6 16,2 29,4 101,1

Média 50,1 15,6 16,0 11,1 12,8 10,9 34,1 11,1 25,1 85,5

Desvio-Padrão 21,8 6,7 2,6 2,0 1,6 1,4 8,6 2,0 2,6 11,8

Mínimo 8,8 6,1 12,0 8,0 10,9 8,1 21,4 8,0 20,9 65,6

Máximo 80,9 30,2 21,4 13,8 16,1 13,1 53,6 13,8 29,7 101,9

Média 41,4 16,9 16,1 11,6 11,6 10,5 35,6 11,6 23,4 86,7

Desvio-Padrão 22,1 5,6 3,1 2,5 2,0 2,0 7,8 2,5 3,4 13,1

Mínimo 6,8 6,1 9,3 6,9 7,0 6,3 21,4 6,9 13,8 53,4

Máximo 80,9 31,1 23,4 16,7 16,1 15,0 56,5 16,7 29,7 120,5

Fase (%) Inicio-

Fim (%)

A

B

C

Geral

GrupoPeríodo (%)

Tabela 31. Resultados do aumento da percentagem de peso

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foi superior (P>0,001) nos dois períodos iniciais do ensaio (P1-P2 e P2-P3) do que nos

restantes.

Os fatores idade de entrada no Centro e tempo do período de adaptação, que

foram ambos significativos no GMD, também constituíram uma fonte de variância neste

caracter, mas com resultados exatamente opostos. Os bovinos com uma idade de

entrada inferior a 6,0 meses e com um período de adaptação superior a 35 dias, que

apresentaram o menor GMD, são aqueles que exibiram o maior aumento da

percentagem de peso. Com um maior aumento da percentagem de peso surgem

também os bovinos de pelagem vermelha, que se sobrepõem aos rosilhos, e estes ainda

aos bovinos de pelagem malhada, o que demonstra que quanto maior o peso ou a

percentagem do peso adulto, menor é o aumento da velocidade de crescimento relativa

dos bovinos.

Ao contrário do que sucedeu no outro parâmetro de avaliação da velocidade de

crescimento, o aumento da percentagem de peso diferiu em função do regime alimentar

(P<0,001). Como se observa na Figura 6 o efeito da interação regime alimentar × período

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 32. Análise de variância simples do aumento da percentagem de peso

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 17,3 a

2 17,3 a

3 19,7 b

1 19,8 a

2 17,4 b

3 15,4 c

1 21,1 a

2 16,8 b

3 15,8 b

1 17,0

2 19,9

3 16,8

1 16,4

2 19,8

1 21,1

2 15,5

1 17,0

2 19,4

Período - 5 - 0,00000 ***

Regime alimentar × Período - 10 - 0,00000 ***

IVP × Período - 10 - 0,00000 ***

ADAPT × Período - 5 - 0,00000 ***

CF × Período - 5 - 0,01647 *

Erro 202

CF 1 0,53918 NS

GER 1 0,07895 NS

ADAPT 1 0,00000 ***

IVP 2 0,34478 NS

Regime alimentar 2 0,00050 ***

PEL 2 0,00000 ***

IENT 2 0,00000 ***

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65

também foi significativo (P<0,001), pois o maior aumento da percentagem de peso

exibido pelos animais do regime alimentar 3, apenas se verificou no período de

adaptação, já que nos outros períodos se manteve semelhante aos animais dos outros

regimes alimentares.

Já na análise por fases que se encontra representada na Tabela 33, tal como para

o outro parâmetro de medição da velocidade de crescimento, o regime alimentar não

diferiu (P>0,05), ao contrário do que ocorreu na análise efetuada para os períodos. A

mesma situação ocorreu com a pelagem dos bovinos e com a idade de entrada que

deixaram de ser uma fonte de variância no aumento da percentagem de peso (P>0,05).

Assim, tal como no GMD, também só se detetaram diferenças no aumento da

percentagem de peso entre as fases (P<0,001). Para este parâmetro, todas as fases se

diferenciaram, mas não da forma esperada, ou seja com uma diminuição do aumento

da percentagem de peso de fase para fase, já que com um maior peso vivo no início da

fase, menor seria o aumento da percentagem de peso dos bovinos. A exceção verificada

prendeu-se com o menor aumento da percentagem de peso na fase de transição ao

comparar com a fase de acabamento, o que mais uma vez demonstra o fraco

desempenho de todos os bovinos nessa fase.

Figura 6. Interação entre o período e o regime alimentar

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Para finalizar o estudo deste parâmetro, apresenta-se a análise início-fim com a

utilização da covariante GMDnasc-entr, que tal como no GMD não influenciou de forma

significativa o aumento da percentagem de peso (P>0,05). Como é possível visualizar na

Tabela 34, nenhum dos fatores incluídos no modelo matemático-estatístico, bem como

as interações consideradas, não causaram diferenças no aumento da percentagem de

peso dos bovinos (P>0,05), o que indica que os novos regimes alimentares podem ser

implementados na produção de Vitelão Mertolengo DOP, já que não prejudicaram o seu

crescimento.

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 24,1

2 23,2

3 23,7

1 23,0

2 24,8

3 22,9

Regime alimentar × PEL - 4 - 0,52910 NS

Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00243 **

1 21,8

2 24,2

3 22,8

4 26,0

1 22,8

2 23,0

3 25,5

Fase - 2 - 0,00000 ***

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,64142 NS

Regime alimentar × IENT - 4 - 0,98263 NS

Regime alimentar × Fase - 4 - 0,11255 NS

Erro 61

Regime alimentar 2 0,91771 NS

PEL 2 0,99768 NS

EXP 3 0,08527 NS

IENT 2 0,95286 NS

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 33. Análise de medições repetidas do aumento da percentagem de peso

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4.1.2. Ingestão de Alimento

Neste ponto aborda-se a ingestão ajustada do alimento concentrado e da palha,

uma vez que não foi possível realizar a sua quantificação individual, nomeadamente a

do alimento concentrado.

Todos os cálculos efetuados têm por base os quilogramas de alimento

consumido, já que o teor de matéria seca era elevado e semelhante em todos os

alimentos.

4.1.2.1. Ingestão Ajustada do Alimento Concentrado

Os valores médios da ingestão ajustada do alimento concentrado encontram-se

representados na Tabela 35. Como a quantificação do alimento concentrado consumido

foi efetuada por grupo e não de forma individual, é evidente que o valor médio da

ingestão de concentrado não é mais do que o valor da quantidade consumida antes de

ser ajustada para cada animal, em função do seu peso, em relação ao peso médio do

grupo, num determinado intervalo de tempo.

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

GMDnas-entr - 1 - 0,13612 NS

Regime alimentar 1 2 - 0,76742 NS

1 82,8

2 92,3

3 84,9

1 87,9

2 85,8

3 83,8

1 81,5

2 84,6

3 95,5

1 93,1

2 83,6

3 84,6

1 91,0

2 82,1

1 88,8

2 84,0

1 79,6

2 90,4

3 81,5

4 97,2

Regime alimentar × IVP - 4 - 0,77036 NS

Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99847 NS

Erro 12

CF

NASC 2 0,83818 NS

IENT 2 0,58563 NS

PEL 2 0,44555 NS

IVP 2 0,99914 NS

GER 1 0,44734 NS

NS

1 1,00000 NS

EXP 3 0,26796

Tabela 34. Análise de covariância do aumento da percentagem de peso

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Ao observar os valores médios das três fases constata-se que a ingestão de

concentrado foi sempre aumentando, exceto no grupo A, em que existiu uma pequena

diminuição do consumo da fase de recria para a fase de transição, o que pode ter estado

na origem do pior desempenho desses animais em termos de velocidade de crescimento

(absoluta e relativa), pois quanto maior a ingestão de alimento, maiores são as

possibilidades dos animais aumentarem o seu desempenho (McDonald et al., 2006).

Como esta diminuição da ingestão de alimento concentrado não tem aparentemente

explicação em termos nutricionais, já que neste grupo de animais o regime alimentar se

manteve inalterável, de certo modo o que se pode concluir sobre a ingestão de

concentrado nos outros dois regimes alimentares pode ser afetado. Assim,

relativamente aos animais dos grupos B e C, verificou-se que aparentemente a sua

adaptação ao novo alimento concentrado correu da melhor forma, até porque

aumentaram a sua ingestão, o que está de acordo com McDonald et al. (2006), que

referem que o consumo de alimento aumenta com o aumento do peso vivo dos animais,

embora outros fatores ambientais também possam ter influenciado o consumo dos

animais.

O que também comprova o aumento do consumo de concentrado com o

incremento da massa corporal é a proporção de animais que apresentaram uma

ingestão de concentrado superior a 7,000 kg/dia, que foi de 2,4% nas duas primeiras

fases e de 36,6% na fase de acabamento.

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69

Como se observa na Tabela 36 da análise de variância simples, apenas o fator de

variação, geração de nascimento do progenitor masculino não influenciou de forma

significativa o comportamento dos bovinos (P>0,05).

Com o aumento de peso dos bovinos aumentam as suas necessidades nutritivas,

mas também a sua capacidade de ingestão (McDonald et al., 2006), o que ficou

comprovado com a menor ingestão de concentrado (P<0,001) que ocorreu no período

inicial e com as maiores quantidades consumidas nos dois últimos períodos, sem

distinção entre estes. Tendo em consideração que se apurou que com o aumento de

peso dos bovinos, a ingestão de concentrado foi superior, justifica-se o facto dos animais

de pelagem malhada, dos animais descendentes de vacas com mais de 9 anos, dos

bovinos que tiveram um período de adaptação inferior a 35 dias, dos animais que não

tiveram acesso ao creep-feeding e por fim dos animais com idade de entrada superior a

7,0 meses (diferença significativa apenas para os bovinos com idade inferior a 6,0

meses), apresentarem um maior consumo de concentrado.

P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A

Média 5,873 6,582 6,199 7,423 7,302 6,234 6,199 7,364 6,677

Desvio-Padrão 0,389 0,392 0,436 0,576 0,608 0,422 0,436 0,589 0,503

Mínimo 5,216 5,920 5,549 6,631 6,591 5,571 5,549 6,613 5,993

Máximo 6,517 7,210 7,024 8,600 8,619 7,080 7,024 8,614 7,872

Média 5,873 6,046 6,276 6,505 7,063 5,961 6,276 6,779 6,351

Desvio-Padrão 0,320 0,301 0,332 0,357 0,413 0,312 0,332 0,403 0,357

Mínimo 5,299 5,510 5,700 5,859 6,287 5,388 5,700 6,057 5,634

Máximo 6,298 6,555 6,877 7,072 7,598 6,477 6,877 7,399 6,853

Média 5,873 5,969 6,010 6,587 6,667 5,922 6,010 6,586 6,374

Desvio-Padrão 0,315 0,324 0,334 0,348 0,342 0,324 0,334 0,337 0,309

Mínimo 5,373 5,516 5,515 6,030 6,115 5,332 5,515 6,041 5,908

Máximo 6,307 6,834 6,813 7,337 7,308 6,455 6,813 7,232 7,042

Média 5,873 6,199 6,165 6,845 7,019 6,039 6,165 6,917 6,470

Desvio-Padrão 0,334 0,432 0,379 0,604 0,529 0,375 0,379 0,558 0,418

Mínimo 5,216 5,510 5,515 5,859 6,115 5,332 5,515 6,041 5,634

Máximo 6,517 7,210 7,024 8,600 8,619 7,080 7,024 8,614 7,872

Período (kg)

Geral

A

B

C

GrupoFase (kg) Inicio-

Fim (kg)

Tabela 35. Resultados da ingestão do alimento concentrado

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70

O comportamento dos animais nos três regimes alimentares foi diferente

(P<0,001), com uma menor ingestão de concentrado nos animais do regime alimentar

3, comparativamente aos dos regime alimentar 2 que também apresentaram diferença

significativa para os animais do regime alimentar 1, que assim exibiram o maior consumo

de alimento concentrado (Figura 7). Essa maior ingestão de alimento concentrado foi

bem evidente no período P2-P3, altura em que o concentrado administrado aos três

grupos ainda era o mesmo (concentrado de crescimento), pelo que a causa dessa

diferença possa ser mais uma vez o peso mais elevado dos animais desse grupo, ainda

que apenas com diferença para os animais do regime alimentar 3 (P<0,01), apesar da

semelhante velocidade de crescimento absoluta entre grupos (P>0,05).

Após a diminuição do consumo de concentrado no período P3-P4, em que se

assemelharam aos animais dos outros dois regimes alimentares, observou-se um

aumento da ingestão de concentrado nos três grupos, mas com uma maior evidência

nos animais do regime alimentar 1. Nestes dois últimos períodos do ensaio, a maior

ingestão de concentrado para além de poder estar relacionada com o maior peso dos

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 36. Análise de variância simples da ingestão do concentrado

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 6,676 a

2 6,353 b

3 6,212 c

1 6,348 a

2 6,422 a

3 6,564 b

1 6,297 a

2 6,395 a b

3 6,594 b

1 6,396 a

2 6,233 a

3 6,668 b

1 6,479

2 6,352

1 6,230

2 6,581

1 6,494

2 6,320

Período - 4 - 0,00000 ***

Regime alimentar × Período - 8 - 0,00000 ***

IVP × Período - 8 - 0,87390 NS

ADAPT × Período - 4 - 0,09862 NS

CF × Período - 4 - 0,72775 NS

Erro 167

CF 1 0,00106 **

GER 1 0,97999 NS

ADAPT 1 0,00000 ***

IVP 2 0,00000 ***

Regime alimentar 2 0,00000 ***

PEL 2 0,00015 ***

IENT 2 0,04626 *

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71

animais (diferença apenas para os animais do regime alimentar 3), já pode ter tido

origem no regime alimentar. A dieta dos regimes alimentares 2 e 3, nestes dois últimos

períodos foi a mesma, ou seja constituída por concentrado de acabamento, que devido

ao seu maior conteúdo energético (mas equilibrada nos outros nutrientes) satisfez as

necessidades nutritivas dos bovinos com um menor consumo de concentrado, já que

estes consomem alimento para satisfazer principalmente as suas necessidades

energéticas (McDonald et al., 2006).

O consumo de alimento concentrado determinado para as todas as fases, em

todos os grupos de animais, foi superior ao consumo de concentrado estimado em

função de 2,0% do peso vivo dos bovinos (Tabela 37), valor utilizado nos testes de

performance da raça Mertolenga (Pais, 2015), mas se o consumo estimado for calculado

com 2,5% do peso vivo, apenas na fase de recria esse consumo real é superior ao

estimado.

Apesar das diferenças significativas da ingestão de concentrado entre regimes

alimentares e alguns períodos (P<0,001), na ANCOVA a ingestão de alimento

concentrado não diferiu entre os regimes alimentares (P>0,05). O consumo diário de

concentrado de todos os animais (6,470 ± 0,418 kg) foi superior aos resultados descritos

por Rodrigues de Carvalho (2000) e Veríssimo (2001) (5,750 e 4,340 kg, respetivamente),

Figura 7. Interação entre o período e o regime alimentar

Cons. Real Cons. Estimado Cons. Real Cons. Estimado Cons. Real Cons. Estimado

A 6,234 4,180 6,199 5,120 7,364 6,040

B 5,961 4,220 6,276 5,120 6,779 6,020

C 5,922 4,160 6,010 5,020 6,586 5,980

Geral 6,039 4,180 6,165 5,080 6,917 6,000

Fase R (kg) Fase T (kg) Fase A (kg)Grupo

Tabela 37. Consumo de concentrado real e estimado

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apesar do peso e idade inferior por parte dos animais deste ensaio, mas enquanto estes

tinham um acesso ad libitum ao concentrado, nos outros dois ensaios o consumo era

restringido a 2% do peso vivo. Ao confrontar com a ingestão de bovinos com

concentrado distribuído também ad libitum (Castelo, 2014), os resultados são inferiores,

apesar do peso e idade dos animais serem também inferiores.

A covariante GMDnasc-entr parecia influenciar significativamente a ingestão de

concentrado (P<0,05), como se observa na Tabela 38, mas posteriormente verificou-se

com o Teste F a igualdade dos declives nos níveis do regime alimentar, porquanto a

utilização da covariante ficou sem efeito (P>0,05).

Para este parâmetro, apesar dos diferentes resultados em função da pelagem

obtidos na ANOVA, nesta análise, a pelagem dos animais não constituiu uma fonte de

variação (P>0,05), o que está de acordo com o referido por Rodrigues de Carvalho

(2000), que também não encontrou diferenças para a exploração de origem, tal como o

determinado.

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

GMDnas-entr - 1 - 0,02325 *

Regime alimentar 1 2 - 0,87993 NS

1 6,386

2 6,410

3 6,769

1 6,480

2 6,362

3 6,643

1 6,318

2 6,469

3 6,660

1 6,474

2 6,263

3 6,719

1 6,545

2 6,390

1 6,495

2 6,437

1 6,591

2 6,978

3 6,230

4 6,406

Regime alimentar × IVP - 4 - 0,93530 NS

Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99518 NS

Erro 12

NASC 2 0,71155 NS

IENT 2 0,26267 NS

PEL 2 0,71676 NS

IVP 2 0,61908 NS

GER 1 0,54699 NS

CF 1 1,00000 NS

EXP 3 0,94595 NS

Tabela 38. Análise de covariância da ingestão do concentrado

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4.1.2.2. Ingestão Ajustada do Alimento Grosseiro

Na Tabela 39 exibem-se os valores referentes à ingestão ajustada de palha. Tal

como em 4.1.2.1. Ingestão Ajustada do Alimento Concentrado, também neste tópico o

valor médio da ingestão do alimento grosseiro representa a quantidade consumida

antes de ser ajustada para cada animal, em função do seu peso, em relação ao peso

médio do grupo. Como o consumo de palha foi calculado para todo o ensaio

experimental, o valor médio de ingestão de palha foi igual para todos os períodos e

fases.

Como determinado na análise de variância efetuada por períodos para a ingestão

de alimento concentrado, neste caracter (Tabela 40) também os animais com uma maior

massa corporal apresentaram uma maior ingestão. Assim, os animais de pelagem

malhada, os bovinos descendentes de vacas com idade superior a 9 anos, os animais

com período de adaptação inferior a 35 dias, e os bovinos que não tiveram acesso ao

creep-feeding ingeriram uma maior quantidade de alimento grosseiro.

O consumo de palha também diferiu consoante o regime alimentar (P<0,001),

mas contrariamente ao que se tem constatado, foram os animais do regime alimentar

3, os de menor massa corporal e que consumiram a menor quantidade de concentrado,

a apresentarem a maior ingestão de palha. Este resultado não deixa de ser curioso, até

P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A

Média 0,752 0,752 0,752 0,752 0,752 0,752 0,752 0,752 0,752

Desvio-Padrão 0,050 0,045 0,053 0,058 0,063 0,051 0,053 0,060 0,057

Mínimo 0,668 0,677 0,673 0,672 0,679 0,672 0,673 0,676 0,675

Máximo 0,835 0,824 0,852 0,872 0,888 0,854 0,852 0,880 0,887

Média 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017

Desvio-Padrão 0,055 0,051 0,054 0,056 0,060 0,053 0,054 0,060 0,057

Mínimo 0,918 0,927 0,924 0,916 0,905 0,920 0,924 0,909 0,902

Máximo 1,091 1,103 1,115 1,106 1,094 1,105 1,115 1,110 1,098

Média 1,113 1,113 1,113 1,113 1,113 1,113 1,113 1,113 1,113

Desvio-Padrão 0,060 0,060 0,062 0,059 0,057 0,061 0,062 0,057 0,054

Mínimo 1,018 1,029 1,028 1,032 1,021 1,002 1,028 1,021 1,032

Máximo 1,195 1,274 1,271 1,255 1,220 1,213 1,271 1,222 1,230

Média 0,961 0,961 0,961 0,961 0,961 0,961 0,961 0,961 0,961

Desvio-Padrão 0,163 0,163 0,166 0,169 0,165 0,164 0,166 0,165 0,164

Mínimo 0,668 0,677 0,673 0,672 0,679 0,672 0,673 0,676 0,675

Máximo 1,195 1,274 1,271 1,255 1,220 1,213 1,271 1,222 1,230

Período (kg) Fase (kg) Inicio-

Fim (kg)

Geral

A

Grupo

B

C

Tabela 39. Resultados da ingestão do alimento grosseiro

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porque o concentrado de acabamento que estes animais consumiram durante mais

tempo, era aquele que tinha a maior proporção de fibra bruta, pelo que se pode

considerar uma preferência destes animais pelos alimentos grosseiros na satisfação das

suas necessidades nutritivas, em detrimento do alimento concentrado, o que para

Roquete (1993) não é mais do que uma constatação prática da dificuldade, em algumas

situações, em fazer com que um bovino Mertolengo ingira facilmente o alimento

concentrado.

Relativamente aos animais dos outros regimes alimentares, também

apresentaram diferenças na ingestão da palha. Os animais do regime alimentar 1 que

consumiram a maior quantidade de concentrado, ingeriram a menor quantidade de

palha, enquanto os animais do regime alimentar 2, tal como na ingestão de concentrado,

se encontram numa posição intermédia, o que se traduz numa complementaridade

entre os dois alimentos na satisfação das necessidades nutritivas dos bovinos.

Ao contrário da análise anterior em que a grande maioria dos fatores presentes

no modelo matemático-estatístico causou diferenças significativas na ingestão de palha,

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 40. Análise de variância simples da ingestão de palha

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 0,752 a

2 1,017 b

3 1,117 c

1 0,933 a

2 0,965 a

3 1,014 b

1 0,956

2 1,003

3 0,915

1 0,986 a

2 0,974 a

3 0,919 b

1 0,972

2 0,948

1 0,974

2 0,948

1 0,965

2 0,954

Período - 4 - 0,98986 NS

Regime alimentar × Período - 8 - 0,99964 NS

IVP × Período - 8 - 0,95083 NS

ADAPT × Período - 4 - 0,18877 NS

CF × Período - 4 - 0,74169 NS

Erro 167

0,00021

IENT 2 0,39950

CF 1 0,00138

***

***

NS

***

NS

***

**

IVP 2 0,00003

GER 1 0,89914

ADAPT 1 0,00000

Regime alimentar 2 0,00000

PEL 2

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na análise início-fim verificou-se precisamente o contrário (Tabela 41). A covariante e o

regime alimentar tiveram influência significativa neste parâmetro (P<0,01), mas no

Teste F determinou-se a igualdade dos declives nos níveis do regime alimentar, pelo que

a covariante deixou de causar significativas variações (P>0,05), assim como o fator

regime alimentar.

Como no modelo com variáveis de contraste, o regime alimentar não determinou

diferenças neste caracter (P>0,05), pode-se confrontar o resultado médio geral (0,961 ±

0,164 kg) com o determinado por Castelo (2014), tendo-se verificado mais uma vez um

menor consumo neste trabalho experimental.

4.1.3. Eficiência Alimentar

Após se ter abordado em dois tópicos anteriores o GMD e a ingestão de

alimentos, seguidamente fala-se da sua relação, ou seja do índice de conversão. Como

se determinou de forma independente a ingestão do alimento concentrado e do

alimento grosseiro, optou-se por calcular o índice de conversão apenas para o alimento

concentrado (4.1.3.1.) e para ambos os alimentos (matéria bruta) (4.1.3.2.). Ambos os

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

GMDnas-entr - 1 - 0,00797 **

Regime alimentar 1 2 - 0,00312 **

1 0,926

2 0,954

3 1,033

1 0,960

2 0,939

3 0,983

1 0,943

2 1,004

3 0,920

1 0,989

2 0,963

3 0,921

1 0,972

2 0,941

1 0,957

2 0,957

1 0,962

2 0,999

3 0,941

4 0,952

Regime alimentar × IVP - 4 - 0,94615 NS

Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99029 NS

Erro 12

CF 1 1,00000 NS

EXP 3 0,87503 NS

PEL 2 0,71624 NS

IVP 2 0,58521 NS

NASC 2 0,44963 NS

IENT 2 0,20351 NS

GER 1 0,49378 NS

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 41. Análise de covariância da ingestão de palha

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índices de conversão são designados ajustados, devido à ingestão de alimentos ter sido

determinada com base em valores ajustados, ao contrário do GMD que se refere a

valores individuais.

4.1.3.1. Índice de Conversão do Alimento Concentrado Ajustado

Os resultados do índice de conversão por quilograma de concentrado ingerido

encontram-se na Tabela 42. Nos cinco períodos em que se analisaram os dados, apenas

em seis situações o índice de conversão do concentrado foi superior a 10,000. No que

respeita às fases, verificou-se uma diferença substancial na percentagem de animais

com um índice de conversão do alimento concentrado inferior a 5,000, com 45,2, 12,2 e

7,3% para as fases de recria, transição e acabamento, respetivamente.

Como se observa na Tabela 43 da ANOVA, foram muito poucos os fatores a

causar diferenças significativas no índice de conversão do alimento concentrado

(P>0,05).

No que se relaciona com a idade de entrada no Centro de Testagem e Recria,

constatou-se que o índice de conversão dos bovinos com idade inferior a 6,0 meses foi

mais elevado que o dos animais com mais de 7,0 meses (P<0,01). Esta diferença pode

ser explicada pelo menor GMD dos animais com idade inferior a 6,0 meses, embora

P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A

Média 5,340 5,742 5,976 7,018 6,878 5,407 5,976 6,948 6,025

Desvio-Padrão 1,713 1,163 1,175 1,500 1,335 1,011 1,175 1,415 0,901

Mínimo 3,073 4,206 4,400 5,220 5,278 3,728 4,400 5,252 4,824

Máximo 9,775 7,796 8,462 10,640 10,100 7,568 8,462 10,365 8,610

Média 5,749 5,243 6,810 6,402 6,169 5,339 6,810 6,099 5,816

Desvio-Padrão 1,789 1,166 1,738 1,126 1,477 1,019 1,738 0,557 0,600

Mínimo 3,755 3,590 4,571 4,879 4,342 4,343 4,571 4,839 5,110

Máximo 10,628 8,408 10,340 9,000 9,348 7,849 10,340 6,798 7,038

Média 6,800 5,208 6,534 5,511 5,602 5,640 6,534 5,490 5,819

Desvio-Padrão 3,009 0,796 1,119 0,593 0,767 1,176 1,119 0,514 0,586

Mínimo 3,154 3,892 5,181 4,376 4,638 3,698 5,181 4,692 5,096

Máximo 14,053 6,645 8,672 6,318 7,298 8,106 8,672 6,416 6,962

Média 5,963 5,398 6,438 6,330 6,231 5,462 6,438 6,196 5,888

Desvio-Padrão 2,281 1,059 1,390 1,279 1,319 1,053 1,390 1,093 0,703

Mínimo 3,073 3,590 4,400 4,376 4,342 3,698 4,400 4,692 4,824

Máximo 14,053 8,408 10,340 10,640 10,100 8,106 10,340 10,365 8,610

GrupoPeríodo Fase Inicio-

Fim

B

C

Geral

A

Tabela 42. Resultados do índice de conversão do alimento concentrado

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também tenham ingerido uma menor quantidade de concentrado que os animais com

mais de 7,0 meses de idade no momento de entrada.

O índice de conversão do concentrado foi menor no período P2-P3 em relação

aos três últimos (P<0,01). O resultado mais favorável em P2-P3 ao confrontar com o do

período P3-P4, foi devido ao menor GMD obtido pelos animais neste último período,

enquanto a origem dos piores resultados nos períodos P4-P5 e P5-P6 se deveu à maior

quantidade de alimento concentrado ingerido pelos animais.

Tal como no GMD e ao contrário da ingestão de concentrado, o regime alimentar

não afetou este parâmetro (P>0,05), mas a sua interação com os períodos foi

significativa (P<0,01). Ao observar a Figura 8 nota-se que os animais do regime alimentar

3 no período inicial apresentavam o índice de conversão do concentrado mais elevado,

mas nos dois últimos períodos apresentaram os resultados mais favoráveis; situação

claramente contrária à dos animais do regime alimentar 1, em que o índice de conversão

foi sempre aumentando ao longo dos períodos e se tornou no mais elevado nos dois

últimos períodos.

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 6,191

2 6,075

3 5,933

1 6,188

2 5,859

3 6,185

1 6,305 a

2 6,171 a b

3 5,644 b

1 5,677

2 6,103

3 6,385

1 5,917

2 6,223

1 6,345

2 5,824

1 6,044

2 6,098

Período - 4 - 0,00548 **

Regime alimentar × Período - 8 - 0,00215 **

IVP × Período - 8 - 0,05366 NS

ADAPT × Período - 4 - 0,96843 NS

CF × Período - 4 - 0,00131 **

Erro 167

CF 1 0,34404 NS

IVP 2 0,06864 NS

GER 1 0,70883 NS

ADAPT 1 0,06024 NS

Regime alimentar 2 0,54679 NS

PEL 2 0,26192 NS

IENT 2 0,00830 **

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 43. Análise de variância simples do índice de conversão do concentrado

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Na análise de medições repetidas (Tabela 44), a maior parte dos fatores também

não influenciou significativamente o índice de conversão do concentrado (P>0,05), tal

como ocorreu na análise efetuada para o GMD. As diferenças entre as fases detetaram-

se mais uma vez (P<0,001), mas neste parâmetro de eficiência alimentar, a fase de recria

obteve o resultado mais favorável (menor índice de conversão), apesar da velocidade

de crescimento absoluta não diferir entre essa fase e a fase de acabamento (P>0,05),

pelo que, e embora sem análise de medições repetidas para a ingestão do alimento

concentrado, o consumo deve ter sido inferior na fase de recria, para se ter obtido uma

maior eficiência alimentar.

Figura 8. Interação entre o período e o regime alimentar

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 6,110

2 6,083

3 5,882

1 6,200

2 5,899

3 5,872

Regime alimentar × PEL - 4 - 0,14462 NS

Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00024 ***

1 6,451

2 5,516

3 6,214

4 5,645

1 6,403

2 5,978

3 5,605

Fase - 2 - 0,00000 ***

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,39479 NS

Regime alimentar × IENT - 4 - 0,99367 NS

Regime alimentar × Fase - 4 - 0,00014 ***

Erro 61

EXP 3 0,10675 NS

IENT 2 0,69678 NS

Regime alimentar NS2 0,99560

PEL 2 0,80767 NS

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 44. Análise de medições repetidas do índice de conversão do concentrado

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Na Figura 9, onde se encontra representada a interação entre os regimes

alimentares e as fases (P<0,001), é bem visível o menor índice de conversão do

concentrado apresentado por todos os regimes alimentares na fase de recria. Enquanto

o índice de conversão dos regimes alimentares 2 e 3, após os valores elevados na fase

de transição, em função do menor GMD obtido nessa fase, diminuiu na fase de

acabamento, o índice de conversão dos animais do regime alimentar 1 foi sempre

aumentando de fase para fase, mas com um maior incremento da fase de transição para

a de acabamento.

Como o regime alimentar mais uma vez não afetou este parâmetro (P>0,05), em

termos de eficiência alimentar do alimento concentrado pode-se optar por qualquer um

dos regimes alimentares. Tal como já demonstrado pelos resultados do GMD, pode-se

realizar uma mudança do alimento concentrado, de forma mais gradual ou repentina, e

assim pode-se iniciar a administração de concentrado de acabamento após P3, para

além de também se poder reduzir a concentração proteica da dieta, tal como referem

Koenig et al. (2013); tudo isto porque o índice de conversão do alimento concentrado

dos bovinos dos regimes alimentares 2 e 3 não foi superior ao dos animais do regime

alimentar 1, em qualquer uma das fases.

Dos fatores incluídos no modelo matemático-estatístico da ANCOVA, nenhum

deles constituiu uma fonte de variação no índice de conversão do concentrado (P>0,05),

tal como a própria covariante utilizada (P>0,05) (Tabela 45). Em virtude do regime

alimentar não ter causado diferença significativa no índice de conversão do

concentrado, pode-se confrontar o resultado médio obtido por todos os animais (5,888

± 0,703) com os obtidos noutros trabalhos, apesar de na maioria, os índices de conversão

Figura 9. Interação entre a fase e o regime alimentar

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80

serem relativos a bovinos com peso e idade superiores aos animais do presente ensaio.

Ao confrontar com resultados mais antigos, como os obtidos por Rodrigues de Carvalho

(2000), Roquete (1993) e Veríssimo (2001), de 6,510, 6,482 e 6,660, respetivamente, e

apesar da restrição do consumo a 2,0% do peso vivo, constata-se uma melhoria na

eficiência alimentar do concentrado, confirmada também pelos resultados semelhantes

aos obtidos neste ensaio por Castelo (2014).

Neste parâmetro, a pelagem dos bovinos não foi um fator com influência

significativa (P>0,05), o que está de acordo com o referido por diversos autores (Côrte-

Real, 2003; Rodrigues de Carvalho, 2000; Roquete, 1993), e que assim, mais uma vez, de

certa forma coloca em causa um estudo de Mateus et al. (2012), que refere uma clara

diferenciação em termos genéticos para cada uma das pelagens da raça.

A exploração de origem dos bovinos que nos estudos de Rodrigues de Carvalho

(2000) e de Roquete (1993) causaram diferenças significativas no índice de conversão

do concentrado apresentado pelos bovinos, neste ensaio não causaram significativas

variações (P>0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

GMDnas-entr - 1 - 0,10146 NS

Regime alimentar 1 2 - 0,60475 NS

1 6,054

2 5,667

3 5,929

1 5,819

2 5,972

3 5,988

1 6,157

2 5,938

3 5,495

1 5,546

2 5,976

3 6,097

1 5,708

2 6,078

1 5,826

2 5,968

1 6,311

2 5,660

3 6,086

4 5,382

Regime alimentar × IVP - 4 - 0,76048 NS

Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,98139 NS

Erro 12

EXP 3 0,18056 NS

IVP 2 0,99567 NS

GER 1 0,33854 NS

CF 1 1,00000 NS

NASC 2 0,61361 NS

IENT 2 0,55904 NS

PEL 2 0,32956 NS

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 45. Análise de covariância do índice de conversão do concentrado

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81

4.1.3.2. Índice de Conversão da Matéria Bruta Ajustada

Neste parâmetro de análise da eficiência alimentar, em que para além da

ingestão do alimento concentrado também se considerou o consumo de palha, como é

evidente, os resultados foram superiores ao comparar com aqueles em que se

considerou apenas o consumo de alimento concentrado (Tabela 46). Assim, verificou-se

um aumento médio deste parâmetro em aproximadamente 0,908, ao confrontar as

médias gerais de todos os intervalos de tempos considerados neste trabalho, com os

resultados obtidos no tópico anterior (4.1.3.1.). Apesar dos resultados mais elevados,

nos cinco períodos, apenas em catorze ocasiões os bovinos apresentaram um índice de

conversão superior a 10,000. Nas fases também se continuou a verificar uma grande

diferença no que se refere à percentagem de animais com um índice de conversão

inferior a 6,000 (em vez de 5,000, como no tópico anterior devido ao aumento

aproximado de uma unidade dos valores médios), com 52,4, 19,5 e 14,6% nas fases de

recria, transição e acabamento, respetivamente.

Na análise por períodos, as fontes de variância a afetar este caracter foram as

mesmas que de forma significativa influenciaram o índice de conversão do alimento

concentrado (Tabela 47). Entre os períodos detetaram-se diferenças (P<0,01) devido ao

menor índice de conversão no período P2-P3 ao comparar com os períodos P3-P4 e P4-

P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A

Média 6,025 6,398 6,701 7,729 7,586 6,060 6,701 7,658 6,704

Desvio-Padrão 1,933 1,296 1,318 1,652 1,472 1,133 1,318 1,559 1,003

Mínimo 3,467 4,686 4,934 5,749 5,821 4,178 4,934 5,789 5,367

Máximo 11,027 8,687 9,489 11,719 11,141 8,482 9,489 11,424 9,580

Média 6,745 6,126 7,914 7,403 7,058 6,251 7,914 7,014 6,748

Desvio-Padrão 2,099 1,362 2,020 1,303 1,690 1,193 2,020 0,640 0,696

Mínimo 4,405 4,194 5,311 5,642 4,967 5,084 5,311 5,565 5,929

Máximo 12,469 9,823 12,016 10,408 10,695 9,189 12,016 7,818 8,166

Média 8,089 6,179 7,753 6,454 6,537 6,700 7,753 6,418 6,835

Desvio-Padrão 3,580 0,944 1,328 0,694 0,895 1,397 1,328 0,601 0,689

Mínimo 3,751 4,618 6,147 5,125 5,412 4,394 6,147 5,485 5,985

Máximo 16,717 7,884 10,289 7,399 8,516 9,630 10,289 7,500 8,178

Média 6,953 6,234 7,449 7,214 7,073 6,337 7,449 7,045 6,760

Desvio-Padrão 2,719 1,191 1,650 1,370 1,435 1,245 1,650 1,136 0,793

Mínimo 3,467 4,194 4,934 5,125 4,967 4,178 4,934 5,485 5,367

Máximo 16,717 9,823 12,016 11,719 11,141 9,630 12,016 11,424 9,580

Inicio-

Fim

A

B

GrupoPeríodo Fase

Geral

C

Tabela 46. Resultados do índice de conversão da matéria bruta

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P5. As causas anteriormente descritas para as diferenças no índice de conversão do

concentrado, também se aplicam neste caracter, ou seja o GMD inferior em P3-P4 e a

maior ingestão de concentrado em P4-P5, já que a ingestão de palha, como referido

anteriormente, não difere entre os períodos.

Tal como no índice de conversão do concentrado, os bovinos com menos de 6,0

meses no momento de entrada apresentaram um índice de conversão da matéria bruta

mais elevado que os animais com mais de 7,0 meses. Uma vez mais, a justificação é a

mesma que para o tópico anterior, até porque a idade de entrada no Centro foi um fator

que não afetou a ingestão de palha.

O índice de conversão da matéria bruta não diferiu consoante o regime alimentar

(P>0,05), apesar deste fator ter afetado a ingestão do alimento concentrado e também

de palha. O efeito da interação regime alimentar × período foi significativo (P<0,01), uma

vez que como se observa na Figura 10, ocorreu novamente uma grande mudança no

comportamento dos bovinos dos três regimes alimentares nos diversos períodos.

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 6,888

2 7,049

3 7,006

1 7,104

2 6,734

3 7,161

1 7,252 a

2 7,152 a b

3 6,433 b

1 6,561

2 7,053

3 7,277

1 6,808

2 7,159

1 7,331

2 6,672

1 6,945

2 7,026

Período - 4 - 0,00951 **

Regime alimentar × Período - 8 - 0,00313 **

IVP × Período - 8 - 0,05298 NS

ADAPT × Período - 4 - 0,96032 NS

CF × Período - 4 - 0,00143 **

Erro 167

ADAPT 1 0,06855 NS

CF 1 0,34227 NS

Regime alimentar 2 0,82458 NS

PEL 2 0,24134 NS

IENT 2 0,01119 *

IVP 2 0,06828 NS

GER 1 0,67444 NS

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 47. Análise de variância simples do índice de conversão da matéria bruta

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83

Em termos da análise de medições repetidas, as fontes a causar variação neste

parâmetro (P<0,05) também são as mesmas que influenciaram de forma significativa o

índice de conversão do alimento concentrado (Tabela 48).

Como a ingestão do alimento grosseiro não diferiu entre as fases, é evidente que

este índice de conversão também foi inferior na fase de recria ao comparar com as

outras duas fases (P<0,001), e que as causas para esta diferenciação são as já

apresentadas anteriormente para o índice de conversão do alimento concentrado. Na

Figura 11, onde está exposta a interação entre o regime alimentar e a fase (P<0,001), é

possível visualizar a maior eficiência alimentar na fase de recria, bem como o incremento

do índice de conversão por parte dos animais do regime alimentar 1 ao longo das fases,

Figura 10. Interação entre o período e o regime alimentar

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 6,806

2 7,059

3 6,951

1 7,123

2 6,788

3 6,799

Regime alimentar × PEL - 4 - 0,15355 NS

Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00059 ***

1 7,410

2 6,323

3 7,173

4 6,503

1 7,371

2 6,931

3 6,395

Fase - 2 - 0,00001 ***

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,45412 NS

Regime alimentar × IENT - 4 - 0,99394 NS

Regime alimentar × Fase - 4 - 0,00035 ***

Erro 61

2 0,69634 NS

3 0,13139 NS

IENT

EXP

Regime alimentar 2 0,90500 NS

PEL 2 0,80902 NS

Tabela 48. Análise de medições repetidas do índice de conversão da matéria bruta

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o que está de acordo com McDonald et al. (2006), que referem uma menor eficiência

alimentar com o aumento de peso e principalmente quando ocorre o desenvolvimento

do tecido adiposo. Situação precisamente contrária ao que sucedeu nos outros dois

regimes alimentares, em que ocorreu uma diminuição deste parâmetro na fase de

acabamento, após o incremento da fase de recria para a fase de transição.

Relativamente à análise início-fim efetuada para este parâmetro, cujos

resultados se exibem na Tabela 49, observou-se que nem a covariante, nem os fatores

e interações incluídas no modelo matemático-estatístico da ANCOVA tiveram um efeito

significativo no índice de conversão da matéria bruta (P>0,05). Assim e uma vez mais,

com o caracter a não diferir em função do regime alimentar (P>0,05), tal como

determinado também por Fraústo da Silva (1996), qualquer regime alimentar é

exequível, pelo que se podem efetuar comparações com o índice de conversão da

matéria bruta médio calculado para todos os animais (6,760 ± 0,793). Este valor é

extremamente positivo ao confrontar com os determinados por Roquete (1993) e

Veríssimo (2001) para o índice de conversão da matéria bruta e ao comparar com os

obtidos por Fraústo da Silva (1996) e Vacas (2001) para a matéria seca, o que apenas é

possível devido ao elevado teor de matéria seca e à sua semelhança em todos os

alimentos. Já ao comparar com um resultado mais recente, 6,310 ± 1,080 (Pais et al.,

2013), verifica-se uma maior proximidade entre ambos os valores, embora este tenha

sido calculado em termos da matéria seca do alimento.

Figura 11. Interação entre a fase e o regime alimentar

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A inexistência de resposta por parte dos bovinos em função da sua pelagem

(P>0,05) está mais uma vez de acordo com o referido por Roquete (1993) e contradiz os

resultados obtidos por Vacas (2001) da diferenciação entre pelagens para este

parâmetro. No que se relaciona com o fator exploração de origem dos bovinos,

contrariamente a Roquete (1993) e Vacas (2001), este não teve qualquer efeito

significativo neste índice de conversão (P>0,05), assim como a idade de entrada dos

animais no Centro, o que já se encontra conforme o obtido por Vacas (2001).

4.1.4. Eficiência Bio Económica

Neste último ponto do desempenho produtivo são abordados os aspetos

económicos relacionados com as despesas da alimentação diferenciada nos três grupos

de animais, para além dos cálculos da eficiência económica por quilograma de peso vivo.

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

GMDnas-entr - 1 - 0,10070 NS

Regime alimentar 1 2 - 0,71085 NS

1 6,937

2 6,505

3 6,841

1 6,688

2 6,841

3 6,878

1 7,065

2 6,867

3 6,256

1 6,395

2 6,890

3 6,938

1 6,553

2 6,978

1 6,686

2 6,856

1 7,234

2 6,471

3 7,004

4 6,184

Regime alimentar × IVP - 4 - 0,75107 NS

Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,98400 NS

Erro 12

CF 1 1,00000 NS

EXP 3 0,18568 NS

PEL 2 0,34198 NS

IVP 2 0,99363 NS

NASC 2 0,60738 NS

IENT 2 0,56144 NS

GER 1 0,35100 NS

Tabela 49. Análise de covariância do índice de conversão da matéria bruta

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86

4.1.4.1. Custo do Alimento Concentrado Ajustado

Este custo refere-se ao custo do alimento concentrado, calculado por dia e por

animal, tendo em conta o consumo total por grupo, o seu preço, o número de animais

no grupo e a duração do intervalo de tempo.

Como se observa na Tabela 50, para o total dos animais (geral), todos os valores

médios, exceto o do período P5-P6, apresentaram um custo do concentrado inferior a

2,000 €. Estes reduzidos custos também são comprovados pelas diminutas percentagens

de bovinos que apresentaram valores superiores a 2,000 € (2,4% nas fases de recria e

transição e 12,2% do início ao fim), apenas com uma percentagem claramente superior

na fase de acabamento (39,0%).

Na análise de variância simples, a grande maioria dos fatores de variação

influenciou de forma significativa o custo do alimento concentrado (P<0,05) (Tabela 51),

tal como ocorreu com a sua ingestão, parâmetro com o qual se encontra inteiramente

relacionado. Constatou-se que a uma maior quantidade de concentrado consumido,

está associado um maior custo do alimento. Assim, os animais de pelagem malhada, os

animais com progenitoras com mais de 9 anos no momento do parto, os bovinos com

um período de adaptação inferior a 35 dias, os animais que não tiveram acesso ao creep-

feeding e também os animais com idade de entrada no Centro superior a 7,0 meses

P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A

Média 1,692 1,897 1,786 2,139 2,104 1,796 1,786 2,122 1,924

Desvio-Padrão 0,112 0,113 0,126 0,166 0,175 0,122 0,126 0,170 0,145

Mínimo 1,503 1,706 1,599 1,911 1,899 1,605 1,599 1,906 1,727

Máximo 1,878 2,078 2,024 2,478 2,484 2,040 2,024 2,482 2,268

Média 1,692 1,742 1,793 1,842 2,000 1,718 1,793 1,920 1,813

Desvio-Padrão 0,092 0,087 0,095 0,101 0,117 0,090 0,095 0,114 0,102

Mínimo 1,527 1,588 1,629 1,659 1,780 1,553 1,629 1,715 1,609

Máximo 1,815 1,889 1,965 2,002 2,152 1,866 1,965 2,095 1,957

Média 1,692 1,720 1,706 1,865 1,888 1,707 1,706 1,865 1,813

Desvio-Padrão 0,091 0,093 0,095 0,098 0,097 0,093 0,095 0,095 0,088

Mínimo 1,548 1,589 1,565 1,708 1,732 1,536 1,565 1,711 1,680

Máximo 1,817 1,969 1,934 2,077 2,069 1,860 1,934 2,048 2,003

Média 1,692 1,786 1,763 1,951 2,000 1,740 1,763 1,971 1,851

Desvio-Padrão 0,096 0,125 0,111 0,185 0,158 0,108 0,111 0,170 0,124

Mínimo 1,503 1,588 1,565 1,659 1,732 1,536 1,565 1,711 1,609

Máximo 1,878 2,078 2,024 2,478 2,484 2,040 2,024 2,482 2,268

Geral

GrupoPeríodo (€) Fase (€) Inicio-

Fim (€)

A

B

C

Tabela 50. Resultados do custo do alimento concentrado

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(diferença significativa apenas para os bovinos com idade inferior a 6,0 meses),

apresentaram um maior custo do alimento concentrado.

O custo do alimento concentrado diferiu em função do regime alimentar

(P<0,001), mas também nos diferentes períodos do ensaio (P<0,001). Ao observar a

Figura 12 verifica-se a interação entre estes dois fatores. No período inicial do ensaio, o

custo do alimento concentrado foi o mais reduzido para os três regimes alimentares,

uma vez que foi o período no qual consumiram a menor quantidade de alimento

concentrado. Para todos os regimes alimentares, os maiores custos com o alimento

concentrado registaram-se nos dois últimos períodos, mas mesmo assim observou-se

uma diferenciação entre regimes alimentares. Os animais do regime alimentar 1

apresentaram os resultados mais elevados, devido ao maior consumo de concentrado,

mas também devido ao preço mais elevado do concentrado de crescimento, que nestes

dois períodos era apenas distribuído a este grupo de animais. Embora não se evidencie

muito, o custo do alimento concentrado consumido pelos animais do regime alimentar

2, foi mais elevado que no regime alimentar 3, devido há maior ingestão de concentrado,

Tabela 51. Análise de variância simples do custo do concentrado

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 1,924 a

2 1,814 b

3 1,772 c

1 1,819 a

2 1,839 a

3 1,878 b

1 1,803 a

2 1,829 a b

3 1,891 b

1 1,830 a

2 1,783 a

3 1,913 b

1 1,855

2 1,820

1 1,783

2 1,886

1 1,860

2 1,810

Período - 4 - 0,00000 ***

Regime alimentar × Período - 8 - 0,00000 ***

IVP × Período - 8 - 0,87865 NS

ADAPT × Período - 4 - 0,10052 NS

CF × Período - 4 - 0,72779 NS

Erro 167

Regime alimentar

IVP

CF

2 0,00000 ***

PEL 2 0,00017 ***

IENT 2 0,04557 *

2 0,00000 ***

GER 1 0,97571 NS

ADAPT 1 0,00000 ***

1 0,00100 **

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88

mas também devido ao maior intervalo de tempo que consumiram o concentrado de

crescimento (mais tempo de transição entre concentrados), que como já referido

anteriormente, era mais dispendioso.

Em termos de análise início-fim (Tabela 52), o regime alimentar, assim como os

outros fatores que tinham influência significativa para este parâmetro na ANOVA

(P<0,05), nesta análise deixaram de constituir uma fonte de variação (P>0,05), pois

também nenhum fator fez diferir a ingestão de alimento concentrado (P>0,05). Em

comparação com 2,190 €, o custo do concentrado obtido por Castelo (2014) com um

alimento concentrado com um preço de aproximadamente 0,282 €/kg, verifica-se que o

custo médio obtido por todos os animais (1,851 ± 0,124 €) foi inferior, devido ao menor

consumo, como descrito anteriormente.

A covariante GMDnasc-entr é que parecia ter um efeito significativo no custo do

alimento concentrado (P<0,05), mas com o Teste F determinou-se a igualdade dos

declives nos níveis do regime alimentar, pelo que a covariante deixou de causar

variações significativas neste parâmetro (P>0,05).

Figura 12. Interação entre o período e o regime alimentar

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89

4.1.4.2. Custo da Matéria Bruta Ajustada

Tal como no tópico anterior, pretendeu-se analisar o custo do alimento

concentrado, mas também o do alimento grosseiro, pelo que se designou custo da

matéria bruta. Devido ao reduzido preço da palha, quando comparado com o preço de

ambos os concentrados, as médias “gerais” do custo da matéria bruta são apenas 0,067

€ superiores aos valores médios do custo do concentrado (Tabela 53). Apesar desta

pequena diferença, a percentagem de bovinos com um custo diário superior a 2,000 €

foi mais elevada (4,8, 12,2 e 22,0% para a fase de recria, fase de transição e para o início-

fim, respetivamente), o que foi largamente comprovado com a percentagem obtida na

fase de acabamento (51,2%).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

GMDnas-entr - 1 - 0,02400 *

Regime alimentar 1 2 - 0,93458 NS

1 1,828

2 1,834

3 1,935

1 1,854

2 1,821

3 1,901

1 1,807

2 1,848

3 1,909

1 1,850

2 1,790

3 1,927

1 1,872

2 1,829

1 1,858

2 1,841

1 1,887

2 1,999

3 1,781

4 1,832

Regime alimentar × IVP - 4 - 0,93495 NS

Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99530 NS

Erro 12

PEL 2 0,71691 NS

NASC 2 NS0,71824

CF 1 1,00000 NS

EXP 3 0,94733 NS

IENT 2 0,26454 NS

IVP 2 0,62001 NS

GER 1 0,54870 NS

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 52. Análise de covariância do custo do concentrado

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90

Os fatores presentes no modelo da análise de variância efetuada para os

períodos a causar diferenças significativas neste parâmetro, com exceção da idade de

entrada dos animais no Centro de Testagem e Recria que deixou de causar diferenças

(P>0,05), são os mesmos que influenciaram significativamente o custo do alimento

concentrado (Tabela 54). Como para os fatores pelagem dos animais, idade da vaca ao

parto, tempo do período de adaptação e acesso ou não ao creep feeding, se verificou

que nos níveis em que a ingestão de concentrado era superior, a ingestão de palha

também o era, é evidente que tal como no custo do alimento concentrado, também o

custo da matéria bruta foi superior nesses tratamentos em que se verificaram maiores

consumos.

P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A

Média 1,745 1,949 1,839 2,192 2,157 1,849 1,839 2,175 1,977

Desvio-Padrão 0,115 0,116 0,129 0,170 0,179 0,125 0,129 0,174 0,149

Mínimo 1,550 1,753 1,646 1,958 1,947 1,652 1,646 1,953 1,774

Máximo 1,936 2,135 2,084 2,539 2,546 2,100 2,084 2,544 2,330

Média 1,764 1,813 1,864 1,913 2,071 1,789 1,864 1,991 1,885

Desvio-Padrão 0,096 0,090 0,099 0,105 0,121 0,093 0,099 0,118 0,106

Mínimo 1,591 1,653 1,693 1,723 1,844 1,617 1,693 1,779 1,672

Máximo 1,891 1,966 2,043 2,080 2,228 1,944 2,043 2,173 2,034

Média 1,770 1,798 1,784 1,944 1,966 1,784 1,784 1,943 1,891

Desvio-Padrão 0,095 0,098 0,099 0,103 0,101 0,098 0,099 0,099 0,092

Mínimo 1,620 1,661 1,637 1,780 1,803 1,607 1,637 1,782 1,752

Máximo 1,901 2,059 2,023 2,165 2,155 1,945 2,023 2,133 2,089

Média 1,760 1,854 1,830 2,018 2,067 1,807 1,830 2,038 1,918

Desvio-Padrão 0,101 0,121 0,113 0,180 0,156 0,108 0,113 0,166 0,123

Mínimo 1,550 1,653 1,637 1,723 1,803 1,607 1,637 1,779 1,672

Máximo 1,936 2,135 2,084 2,539 2,546 2,100 2,084 2,544 2,330

Fase (€) Inicio-

Fim (€)Grupo

Período (€)

Geral

A

B

C

Tabela 53. Resultados do custo da matéria bruta

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91

Neste parâmetro, o fator regime alimentar também causou diferenças

significativas (P<0,001), com os animais do regime alimentar 1 a exibirem os maiores

custos com a alimentação. Ao contrário do que ocorreu no custo do alimento

concentrado, neste caracter não houve diferença significativa entre os outros dois

regimes alimentares, o que está relacionado com o maior consumo de palha por parte

dos animais do regime alimentar 3 e consequentemente o custo mais elevado.

Relativamente aos períodos, também se detetaram diferentes custos da alimentação

(P<0,001), apenas devido ao alimento concentrado já que o consumo de palha foi

determinado para todo o tempo de ensaio. Como é possível observar na Figura 13, onde

está representada a interação regime alimentar × período, mais uma vez o período inicial

foi aquele em que o custo foi inferior e os dois períodos finais aqueles em que os custos

com a alimentação foram superiores.

Tabela 54. Análise de variância simples do custo da matéria bruta

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Níveis gl Média Prob. Sig.

1 1,976 a

2 1,885 b

3 1,850 b

1 1,884 a

2 1,906 a

3 1,949 b

1 1,870

2 1,899

3 1,956

1 1,899 a

2 1,852 a

3 1,977 b

1 1,923

2 1,886

1 1,851

2 1,952

1 1,927

2 1,877

Período - 4 - 0,00000 ***

Regime alimentar × Período - 8 - 0,00000 ***

IVP × Período - 8 - 0,88056 NS

ADAPT × Período - 4 - 0,10159 NS

CF × Período - 4 - 0,72477 NS

Erro 167

Regime alimentar 2 0,00000 ***

PEL 2 0,00017 ***

IENT 2 0,05039 NS

IVP 2 0,00000 ***

GER 1 0,96611 NS

ADAPT 1 0,00000 ***

CF 1 0,00099 ***

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92

Já na ANCOVA, para além da covariante que parecia ter um efeito significativo

neste parâmetro (P<0,05) (Tabela 55), mas mais uma vez determinou-se pelo Teste F a

igualdade dos declives nos níveis do regime alimentar, os restantes fatores e interações

incluídos no modelo matemático-estatístico também não tiveram qualquer influência

significativa no custo da matéria bruta (P>0,05).

A justificação para nenhum destes fatores afetar o custo da matéria bruta, é que

tanto a ingestão de alimento concentrado, como a ingestão de palha também não

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

GMDnas-entr - 1 - 0,02314 *

Regime alimentar 1 2 - 0,88673 NS

1 1,893

2 1,900

3 2,007

1 1,921

2 1,886

3 1,969

1 1,873

2 1,918

3 1,974

1 1,920

2 1,857

3 1,991

1 1,940

2 1,894

1 1,925

2 1,908

1 1,954

2 2,068

3 1,847

4 1,899

Regime alimentar × IVP - 4 - 0,93542 NS

Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99518 NS

Erro 12

PEL 2 0,71669 NS

NASC 2 0,70992 NS

CF 1 1,00000 NS

0,94551 NS

IENT 2 0,26215 NS

IVP 2 0,61858 NS

GER 1 0,54672 NS

EXP 3

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 55. Análise de covariância do custo da matéria bruta

Figura 13. Interação entre o período e o regime alimentar

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93

diferiram em função de nenhum destes fatores (P>0,05), pelo que se torna evidente que

o custo da alimentação não pode variar. Custo esse, que foi inferior a 2,300 € (Castelo,

2014), sobretudo em função dos menores consumos de alimentos, concentrado e

grosseiro, já que o custo por kg do alimento concentrado era semelhante e o da palha

era exatamente o mesmo.

4.1.4.3. Custo de Produção de um Quilograma de Peso Vivo

Depois de determinado o custo da matéria bruta por dia e animal (tópico

4.1.4.2.), utilizou-se esse valor para juntamente com o valor do GMD (tópico 4.1.1.3.1.)

calcular o custo da alimentação na produção de um quilograma de peso vivo (Tabela 56),

ou seja este parâmetro está relacionado com o índice de conversão da matéria bruta e

representa o custo da quantidade de alimento que um animal necessita de ingerir para

repor um kg de peso vivo.

Neste parâmetro todos os valores médios do conjunto dos três grupos (geral)

foram inferiores a 2,000 €, apesar de uma maior dispersão dos valores mínimos e

máximos. Como descrito anteriormente, a percentagem de bovinos com um custo da

matéria bruta superior a 2,000 € foi mais elevada na fase de acabamento, mas em

termos de produção de um kg de peso vivo, essa maior percentagem (39,0%) verificou-

se na fase de transição, fase na qual a percentagem de animais com velocidade de

crescimento inferior a 1,000 kg/dia era a mais elevada (53,7%). Nas fases de recria e

acabamento, a percentagem de animais com um custo de produção de um kg de peso

vivo superior a 2,000 € foi de 14,3 e 14,6%, respetivamente. A fase de acabamento,

apesar da percentagem de animais com um custo da matéria bruta por animal/dia

superior a 2,000 € ter sido a mais elevada (51,2%), como era aquela em que a proporção

de bovinos com velocidade de crescimento inferior a 1,000 kg/dia era a mais reduzida

(19,5%), obteve uma percentagem de bovinos com custo superior a 2,000 €, similar à

determinada para a fase de recria.

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94

Na análise de variância simples foram muito poucos os fatores a afetar

significativamente este parâmetro (Tabela 57). A idade de entrada no Centro de

Testagem e Recria foi um deles, uma vez que os animais com idade inferior a 6,0 meses

apresentaram um custo da alimentação na produção de um kg de peso vivo superior ao

dos animais com mais de 7,0 meses no momento de entrada no Centro. Esta diferença

deveu-se ao menor GMD exibido pelos animais com menos de 6,0 meses no momento

da entrada, já que a idade de entrada não foi um fator significativo no custo da matéria

bruta (P>0,05).

P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A

Média 1,587 1,700 1,773 2,072 2,031 1,604 1,773 2,052 1,784

Desvio-Padrão 0,509 0,344 0,349 0,443 0,394 0,300 0,349 0,418 0,267

Mínimo 0,913 1,246 1,305 1,541 1,559 1,106 1,305 1,551 1,428

Máximo 2,904 2,309 2,510 3,142 2,983 2,245 2,510 3,061 2,549

Média 1,726 1,573 2,023 1,883 1,809 1,602 2,023 1,791 1,726

Desvio-Padrão 0,537 0,350 0,517 0,331 0,433 0,306 0,517 0,164 0,178

Mínimo 1,128 1,077 1,358 1,435 1,273 1,303 1,358 1,421 1,516

Máximo 3,191 2,522 3,072 2,647 2,741 2,356 3,072 1,996 2,089

Média 2,050 1,569 1,940 1,626 1,652 1,699 1,940 1,620 1,726

Desvio-Padrão 0,907 0,240 0,332 0,175 0,226 0,354 0,332 0,152 0,174

Mínimo 0,951 1,172 1,538 1,292 1,367 1,114 1,538 1,384 1,511

Máximo 4,236 2,002 2,574 1,865 2,152 2,443 2,574 1,893 2,065

Média 1,788 1,614 1,911 1,866 1,835 1,635 1,911 1,826 1,746

Desvio-Padrão 0,688 0,314 0,413 0,377 0,389 0,316 0,413 0,323 0,208

Mínimo 0,913 1,077 1,305 1,292 1,273 1,106 1,305 1,384 1,428

Máximo 4,236 2,522 3,072 3,142 2,983 2,443 3,072 3,061 2,549

Fase (€) Inicio-

Fim (€)

A

B

C

Geral

GrupoPeríodo (€)

Tabela 56. Resultados do custo de produção de um quilograma de peso vivo

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95

Nesta análise, o custo da alimentação na produção de um kg de peso vivo, tal

como o GMD e ao contrário do custo da matéria bruta, não diferiu consoante o regime

alimentar adotado (P>0,05). Já entre períodos detetaram-se diferenças (P<0,05), devido

aos custos mais reduzidos na produção de um kg de peso vivo no período P2-P3 ao

comparar com os períodos P3-P4 e P4-P5. A interação entre estes dois fatores também

foi significativa (P<0,01) já que ocorreram grandes alterações no custo de produção de

um kg de peso vivo nos animais de cada regime alimentar (Figura 14).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 1,833

2 1,803

3 1,769

1 1,837

2 1,739

3 1,839

1 1,872 a

2 1,834 a b

3 1,674 b

1 1,686

2 1,813

3 1,894

1 1,757

2 1,848

1 1,885

2 1,728

1 1,794

2 1,812

Período - 4 - 0,01328 *

Regime alimentar × Período - 8 - 0,00161 **

IVP × Período - 8 - 0,05263 NS

ADAPT × Período - 4 - 0,96606 NS

CF × Período - 4 - 0,00135 **

Erro 167

0,35111 NS

0,06775 NS

GER 1 0,70775 NS

ADAPT 1 0,06116 NS

0,65610 NS

PEL 2 0,25082 NS

IENT 2 0,00909 **

Regime alimentar 2

IVP 2

CF 1

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 57. Análise de variância simples do custo de produção de um quilograma de peso vivo

Figura 14. Interação entre o período e o regime alimentar

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Tanto a pelagem, como a exploração de origem e a idade de entrada no Centro

foram fatores que não tiveram qualquer influência na análise por fases (P>0,05), como

se observa na Tabela 58. A idade de entrada dos animais, ao contrário do que sucedeu

na análise anterior não constituiu uma fonte de variação neste parâmetro (P>0,05), uma

vez que o GMD na análise de medições repetidas, não foi afetado de forma significativa

pela idade de entrada dos animais e esse parâmetro é que causava a variação na análise

por períodos.

O regime alimentar, em conformidade com o obtido na análise anterior também

não fez variar o custo de produção de um kg de peso vivo nesta análise (P>0,05), ao

contrário do que sucedeu entre as fases (P<0,001). Na fase de recria, o custo de

produção de um kg de peso vivo foi menor que os determinados nas outras duas fases,

embora o GMD obtido nessa fase tenha sido superior ao da fase de transição, mas sem

a existência de diferenças significativas para a velocidade de crescimento da fase de

acabamento. Assim, o custo da matéria bruta deve ter sido inferior na fase de recria em

comparação com o da fase de acabamento, embora tal não possa ser confirmado pela

inexistência de análise de medições repetidas para esse caracter.

Os menores custos de produção de um kg de peso vivo, determinados na fase de

recria podem ser observados na Figura 15, onde se encontra representada a interação

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 1,810

2 1,805

3 1,752

1 1,841

2 1,751

3 1,745

Regime alimentar × PEL - 4 - 0,14506 NS

Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00031 ***

1 1,915

2 1,638

3 1,846

4 1,675

1 1,901

2 1,776

3 1,663

Fase - 2 - 0,00002 ***

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,40146 NS

Regime alimentar × IENT - 4 - 0,99397 NS

Regime alimentar × Fase - 4 - 0,00012 ***

Erro 61

Regime alimentar 2 0,99954 NS

PEL 2 0,80795 NS

EXP 3 0,11010 NS

IENT 2 0,70130 NS

Tabela 58. Análise de medições repetidas do custo de produção de um quilograma de peso vivo

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97

regime alimentar × fase (P<0,001), que se deveu principalmente à diferente resposta

exibida pelos animais do regime alimentar 1 relativamente aos bovinos dos outros dois

regimes, tal como ocorreu no índice de conversão da matéria bruta.

Relativamente à ANCOVA, esta análise também não determinou qualquer efeito

significativo dos fatores incluídos no modelo matemático-estatístico, neste parâmetro

da eficiência bio económica (P>0,05). O mesmo sucedeu com a covariante GMDnasc-entr,

ou seja também não influenciou de forma significativa (P>0,05) o custo de produção de

um kg de peso vivo (Tabela 59).

Figura 15. Interação entre a fase e o regime alimentar

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

GMDnas-entr - 1 - 0,10146 NS

Regime alimentar 1 2 - 0,60087 NS

1 1,795

2 1,680

3 1,758

1 1,725

2 1,770

3 1,776

1 1,825

2 1,761

3 1,628

1 1,644

2 1,772

3 1,807

1 1,692

2 1,802

1 1,727

2 1,769

1 1,871

2 1,678

3 1,804

4 1,595

Regime alimentar × IVP - 4 - 0,75989 NS

Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,98153 NS

Erro 12

PEL 2 0,33030 NS

NASC 2 0,61347 NS

CF 1 1,00000 NS

2 0,55905 NS

IVP 2 0,99556 NS

GER 1 0,33873 NS

IENT

EXP 3 0,18074 NS

Tabela 59. Análise de covariância do custo de produção de um quilograma de peso vivo

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98

O resultado obtido para os bovinos de todos os regimes alimentares, já que este

fator não fez diferir este custo (P>0,05) é muito próximo do obtido por Castelo (2014)

de 1,700 €, apesar dos custos superiores do alimento concentrado e grosseiro obtidos

por este autor, a velocidade de crescimento absoluta superior dissipou as diferenças.

4.1.4.4. Valor de um Quilograma de Peso Vivo

A valorização do kg de peso vivo foi realizada através dos valores

disponibilizados, em função do peso e idade média em cada pesagem dos animais, por

Pais (2015). Assim, na P2 definiu 2,000 € por kg de peso vivo, na P3 e P4 estabeleceu um

valor de 1,900 € por kg de peso vivo, e por fim para as pesagens P5 e P6 mencionou

1,950 € por kg de peso vivo. Ao multiplicar esses valores pelo GMD (tópico 4.1.1.3.1.) de

cada animal, obtido no intervalo de tempo que antecedeu uma determinada pesagem,

obteve-se a valorização de um kg de peso vivo.

Como se observa na Tabela 60, em todos os intervalos de tempo considerados,

o valor do kg de peso vivo foi superior a 2,000 €, exceto no período P3-P4 e assim na

fase de transição (58,5% dos animais com valor por kg de peso vivo inferior a 2,000 €),

em virtude dos valores médios do GMD para o total de animais, serem os mais reduzidos,

como descrito anteriormente.

P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A

Média 2,354 2,268 2,050 2,145 2,145 2,253 2,050 2,145 2,203

Desvio-Padrão 0,577 0,510 0,463 0,459 0,459 0,396 0,463 0,459 0,352

Mínimo 1,333 1,629 1,357 1,276 1,276 1,624 1,357 1,276 1,455

Máximo 3,704 3,257 2,782 2,978 2,978 3,144 2,782 2,978 2,741

Média 2,185 2,278 1,856 2,035 2,352 2,179 1,856 2,191 2,151

Desvio-Padrão 0,537 0,459 0,471 0,350 0,568 0,350 0,471 0,295 0,257

Mínimo 1,185 1,357 1,086 1,532 1,372 1,520 1,086 1,737 1,710

Máximo 3,185 3,121 2,579 2,507 3,250 2,591 2,579 2,836 2,501

Média 2,016 2,230 1,790 2,357 2,356 2,075 1,790 2,356 2,154

Desvio-Padrão 0,805 0,386 0,294 0,293 0,314 0,459 0,294 0,241 0,222

Mínimo 0,889 1,629 1,425 2,020 1,878 1,416 1,425 2,021 1,780

Máximo 4,000 2,850 2,307 2,925 3,033 3,316 2,307 2,978 2,543

Média 2,185 2,259 1,902 2,175 2,283 2,169 1,902 2,228 2,170

Desvio-Padrão 0,650 0,444 0,424 0,390 0,461 0,401 0,424 0,350 0,278

Mínimo 0,889 1,357 1,086 1,276 1,276 1,416 1,086 1,276 1,455

Máximo 4,000 3,257 2,782 2,978 3,250 3,316 2,782 2,978 2,741

B

C

Geral

GrupoPeríodo (€) Fase (€) Inicio-

Fim (€)

A

Tabela 60. Resultados do valor de um quilograma de peso vivo

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99

Como se observa na Tabela 61, onde estão presentes as fontes de variância

consideradas no modelo da análise por períodos, as que influenciaram

significativamente este parâmetro foram a pelagem dos animais, a idade de entrada no

Centro, o tempo do período de adaptação e os próprios períodos (P<0,05). Os animais

das pelagens malhada e rosilho, apresentaram um maior valor por kg de peso vivo que

os animais de pelagem vermelha, apesar de a pelagem ter sido um fator sem influência

significativa no GMD. Relativamente à idade de entrada, os animais com mais de 7,0

meses apresentaram um valor superior por kg de peso vivo que os bovinos com idade

inferior a 6,0 meses, pois estes últimos apresentaram o menor GMD; situação idêntica

ocorreu com o tempo do período de adaptação, em que os bovinos com menos tempo

de adaptação (inferior a 35 dias) que obtiveram o GMD mais elevado, foram valorizados

de forma superior. Nos períodos, o valor por kg de peso vivo, apenas diferiu do período

P3-P4 para os restantes, devido ao resultado inferior obtido nesse período. Essa

inferioridade ocorreu em função de na quarta pesagem, tal como na terceira, o preço

por kg de peso vivo ser o mais reduzido, mas o GMD obtido em P3-P4 foi inferior ao

obtido no período anterior (P2-P3).

O valor por kg de peso vivo não diferiu em função do regime alimentar (P>0,05),

uma vez que não se efetuou uma distinção entre os grupos no preço considerado por kg

de peso vivo, porque apesar do regime alimentar ter influenciado significativamente o

peso, não afetou o GMD de cada um dos grupos.

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100

Na análise de medições repetidas, a pelagem e a idade de entrada dos bovinos

no Centro deixaram de influenciar significativamente este parâmetro (P>0,05),

enquanto o período de adaptação não foi incluído neste modelo (Tabela 62).

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 2,149

2 2,075

3 2,074

1 2,008

2 2,157

3 2,203

Regime alimentar × PEL - 4 - 0,33905 NS

Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00000 ***

1 2,022

2 2,381

3 1,935

4 2,237

1 1,943

2 2,101

3 2,300

Fase - 2 - 0,00000 ***

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,35115 NS

Regime alimentar × IENT - 4 - 0,66669 NS

Regime alimentar × Fase - 4 - 0,00916 **

Erro 61

Regime alimentar 2 0,96975 NS

PEL 2 0,97401 NS

IENT 2 0,17697 NS

EXP 3 0,66550 NS

Tabela 62. Análise de medições repetidas do valor de um quilograma de peso vivo

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Tabela 61. Análise de variância simples do valor de um quilograma de peso vivo

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 2,193

2 2,141

3 2,149

1 2,069 a

2 2,236 b

3 2,232 b

1 2,033 a

2 2,131 a b

3 2,360 b

1 2,281

2 2,061

3 2,177

1 2,259

2 2,061

1 1,984

2 2,317

1 2,200

2 2,113

Período - 4 - 0,00060 ***

Regime alimentar × Período - 8 - 0,13612 NS

IVP × Período - 8 - 0,02255 *

ADAPT × Período - 4 - 0,92882 NS

CF × Período - 4 - 0,00153 **

Erro 167

Regime alimentar 2 0,74903 NS

PEL 2 0,02043 *

IENT 2 0,00303 **

IVP 2 0,74120 NS

GER 1 0,26591 NS

ADAPT 1 0,00009 ***

CF 1 0,71409 NS

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101

Como já explicado anteriormente, o regime alimentar não afetou este parâmetro

(P>0,05). As fases, por seu lado, mais uma vez diferiram entre si (P<0,001), com a fase

de transição a ser aquela em que o valor do kg de peso vivo foi inferior. Este pior

resultado em comparação com as outras duas fases pode ser explicado pela menor

velocidade de crescimento absoluta exibida pelos bovinos nessa fase e pela valorização

no final dessa fase (P4) ser, tal como em P3, a mais reduzida. Na Figura 16, onde se

encontra representada a interação entre os regimes alimentares e as fases (P<0,01), é

possível observar precisamente o resultado inferior obtido nessa fase, bem como a

proximidade entre os valores das fase de recria e de acabamento.

Em termos de análise início-fim, como se pode observar na Tabela 63, a

covariante GMDnasc-entr não teve qualquer influência significativa neste caracter (P>0,05),

assim como os fatores presentes no modelo da ANCOVA (P>0,05), uma vez que nenhum

destes fatores causou também diferenças significativas no GMD da análise início-fim.

Figura 16. Interação entre a fase e o regime alimentar

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102

4.1.4.5. Eficiência Económica por Quilograma de Peso Vivo

Este caracter, que não representa mais do que a diferença entre o custo de

produção de um quilograma de peso vivo (4.1.4.3.) e a sua valorização (4.1.4.4.) indica

se estamos a produzir de forma eficiente, ou seja se o saldo entre proveitos e apenas os

custos da alimentação é positivo.

Tendo em conta o número total de animais (geral), pela análise dos valores

médios que se encontram na Tabela 64, verifica-se que, com a exceção do período P3-

P4 e assim da fase de transição, em todos os outros intervalos de tempo se obtiveram

resultados positivos. Apesar da média positiva, nas fases de recria e de acabamento,

26,2 e 17,1% (respetivamente) dos animais apresentaram resultados negativos

(inferiores a 0,000 €), mas mesmo assim distantes dos obtidos na fase de transição

(48,8%). Ao considerar todo o período de ensaio (0,424 ± 0,467 €), a proporção de

bovinos com resultados negativos e que assim se tornaram ineficientes foi de 14,6%.

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

GMDnas-entr - 1 - 0,77561 NS

Regime alimentar 1 2 - 0,73147 NS

1 2,073

2 2,244

3 2,250

1 2,192

2 2,121

3 2,183

1 2,031

2 2,147

3 2,370

1 2,292

2 2,060

3 2,192

1 2,270

2 2,065

1 2,210

2 2,119

1 2,079

2 2,411

3 2,006

4 2,330

Regime alimentar × IVP - 4 - 0,80570 NS

Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99948 NS

Erro 12

PEL 2 0,58735 NS

NASC 2 0,97170 NS

0,63538 NS

NS

IENT 2

IVP 2 0,95807 NS

GER 1 0,41692

NS

CF 1 1,00000 NS

EXP 3 0,56878

Tabela 63. Análise de covariância do valor de um quilograma de peso vivo

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103

Como todos os bovinos durante o ensaio (P1-P6) em média aumentaram o seu peso vivo

em 154,0 kg, cada bovino em média apresentou um lucro de 65,296 €.

A análise de variância simples revelou que foram apenas três as fontes de

variância a afetar este parâmetro (Tabela 65). A idade de entrada no Centro, foi um

desses fatores (P<0,01) e indicou que os animais com idade superior a 7,0 meses

apresentaram uma maior eficiência económica por kg de peso vivo, que os animais com

menos de 6,0 meses no momento de entrada (P<0,01), o que era de esperar, já que

exibiram um menor custo e uma maior valorização por kg de peso vivo. Em termos de

período de adaptação, os bovinos com menos de 35 dias de adaptação, também

exibiram uma eficiência económica por kg de peso vivo mais elevada (P<0,01), apesar

de apenas o seu valor por kg de peso vivo ser significativamente superior.

P1-P2 P2-P3 P3-P4 P4-P5 P5-P6 R T A

Média 0,768 0,568 0,277 0,073 0,114 0,649 0,277 0,093 0,420

Desvio-Padrão 1,059 0,843 0,799 0,880 0,833 0,680 0,799 0,855 0,598

Mínimo -1,571 -0,680 -1,153 -1,865 -1,707 -0,621 -1,153 -1,784 -1,094

Máximo 2,791 2,012 1,409 1,316 1,311 2,038 1,409 1,313 1,313

Média 0,459 0,705 -0,167 0,152 0,543 0,576 -0,167 0,400 0,425

Desvio-Padrão 1,051 0,793 0,974 0,669 0,988 0,644 0,974 0,450 0,422

Mínimo -2,006 -1,165 -1,986 -1,115 -1,369 -0,836 -1,986 -0,259 -0,332

Máximo 2,058 2,045 1,221 1,003 1,951 1,262 1,221 1,415 0,985

Média -0,034 0,661 -0,149 0,731 0,704 0,376 -0,149 0,737 0,429

Desvio-Padrão 1,657 0,618 0,614 0,456 0,524 0,794 0,614 0,376 0,384

Mínimo -3,347 -0,319 -1,081 0,155 -0,202 -1,026 -1,081 0,148 -0,285

Máximo 3,049 1,678 0,758 1,530 1,648 2,202 0,758 1,594 1,019

Média 0,398 0,645 -0,010 0,308 0,447 0,534 -0,010 0,402 0,424

Desvio-Padrão 1,299 0,741 0,820 0,739 0,830 0,701 0,820 0,645 0,467

Mínimo -3,347 -1,165 -1,986 -1,865 -1,707 -1,026 -1,986 -1,784 -1,094

Máximo 3,049 2,045 1,409 1,530 1,951 2,202 1,409 1,594 1,313

Fase (€) Inicio-

Fim (€)

A

B

C

GrupoPeríodo (€)

Geral

Tabela 64. Resultados da eficiência económica por quilograma de peso vivo

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104

Na Figura 17 está representada a interação regime alimentar × período.

Enquanto o regime alimentar foi um fator que não causou diferenças significativas neste

parâmetro (P>0,05), entre os períodos houve diferenças (P<0,01). Assim, nos períodos

P2-P3 e P5-P6 a eficiência económica por kg de peso vivo foi superior ao comparar com

a obtida no período P3-P4, em virtude do valor por kg de peso vivo ser inferior neste

período, relativamente aos outros períodos, e do custo de produção ser superior, mas

apenas ao confrontar com o período P2-P3.

Figura 17. Interação entre o período e o regime alimentar

Tabela 65. Análise de variância simples da eficiência económica por quilograma de peso vivo

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 0,360

2 0,339

3 0,380

1 0,232

2 0,497

3 0,393

1 0,161 a

2 0,297 a b

3 0,686 b

1 0,595

2 0,248

3 0,282

1 0,502

2 0,213

1 0,099

2 0,589

1 0,406

2 0,301

Período - 4 - 0,00827 **

Regime alimentar × Período - 8 - 0,02208 *

IVP × Período - 8 - 0,02802 *

ADAPT × Período - 4 - 0,94642 NS

CF × Período - 4 - 0,00100 **

Erro 167

Regime alimentar 2 0,95605

IVP 2 0,40456

CF 1 0,51011

NS

PEL 2 0,11225 NS

IENT 2 0,00415 **

NS

NS

GER 1 0,44027 NS

ADAPT 1 0,00266 **

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105

Para este parâmetro, em termos de análise de medições repetidas, tal como

determinado para os parâmetros custo de produção de um kg de peso vivo e valor de

um kg de peso vivo, também apenas as fases tiveram uma influência significativa

(P<0,001,) como demonstrado na Tabela 66.

Sobretudo em virtude da menor valorização por kg de peso vivo obtida na fase

de transição, já que para o custo de produção de um kg de peso vivo apenas se

determinou que este era inferior na fase de recria, a eficiência económica por kg de peso

vivo foi inferior na fase de transição comparativamente com as outras fases. Como se

observa na Figura 18, na fase de transição os regimes alimentares 2 e 3 apresentaram

mesmo resultados negativos, mas na fase de acabamento tornaram-se novamente

eficientes em termos económicos, enquanto os animais do regime alimentar 1, que nem

na fase de transição apresentaram resultados negativos, tornaram-se menos eficientes

de fase para fase.

Como os regimes alimentares neste parâmetro também não apresentaram

diferenças entre si (P>0,05), tal como nas análises efetuadas para a velocidade de

crescimento e eficiência alimentar, em termos económicos também é plausível o início

da administração do concentrado de acabamento logo após P3, assim como a redução

proteica da dieta implementada nos regimes alimentares 2 e 3, embora não tenha sido

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

1 0,340

2 0,270

3 0,322

1 0,168

2 0,406

3 0,458

Regime alimentar × PEL - 4 - 0,20740 NS

Animal (Regime alimentar × PEL) - 33 - 0,00007 ***

1 0,108

2 0,744

3 0,089

4 0,562

1 0,042

2 0,325

3 0,637

Fase - 2 - 0,00001 ***

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,48824 NS

Regime alimentar × IENT - 4 - 0,91087 NS

Regime alimentar × Fase - 4 - 0,00160 **

Erro 61

Regime alimentar 2 0,99130 NS

PEL 2 0,91836 NS

EXP 3 0,36052 NS

IENT 2 0,51513 NS

Tabela 66. Análise de medições repetidas da eficiência económica por quilograma de peso vivo

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106

possível analisar se a redução da PB na fase de acabamento reduziu o custo da

alimentação nessa fase, como constatado por Cole et al. (2006), o que era fundamental

para se obter uma maior eficiência em termos económicos.

Já na análise início-fim, nenhum fator causou diferenças significativas neste

parâmetro e o GMDnasc-entr também não o afetou (P>0,05), o que está conforme o

determinado para os caracteres custo de produção e valor de um kg de peso vivo (Tabela

67).

Figura 18. Interação entre a fase e o regime alimentar

Legenda: NS - não sig.; * P<0,05; ** P<0,01; *** P<0,001.

Índices (a,b,c) diferentes indicam valores sig. diferentes (P<0,05).

Fator de Variação Nível gl Média Prob. Sig.

GMDnas-entr - 1 - 0,38592 NS

Regime alimentar 1 2 - 0,67292 NS

1 0,278

2 0,564

3 0,492

1 0,467

2 0,350

3 0,408

1 0,206

2 0,386

3 0,742

1 0,647

2 0,288

3 0,386

1 0,577

2 0,263

1 0,483

2 0,350

1 0,208

2 0,733

3 0,202

4 0,735

Regime alimentar × IVP - 4 - 0,78155 NS

Regime alimentar × CF - 2 - 1,00000 NS

Regime alimentar × EXP - 6 - 0,99718 NS

Erro 12

NS

GER 1 0,37836 NS

IENT 2

CF 1 1,00000 NS

EXP 3 0,36964 NS

0,62329

PEL 2 0,47225 NS

NASC 2 0,86057 NS

NS

IVP 2 0,99043

Tabela 67. Análise de covariância da eficiência económica por quilograma de peso vivo

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107

4.2. Características da Carcaça e Qualidade da Carne

Este tópico encontra-se subdividido em três pontos, dois relacionados com as

características da carcaça (4.2.1. e 4.2.2.) e o último referente ao parâmetro de avaliação

da qualidade da carne (4.2.3.).

Para os caracteres deste tópico, como já referido anteriormente, apenas se

efetuou uma análise descritiva dos dados obtidos, de forma a não obter resultados

tendenciosos, em virtude do reduzido número de animais abatidos, ao comparar com

os presentes no ensaio experimental.

4.2.1. Peso e Rendimento de Carcaças

Neste ponto optou-se por abordar primeiramente o peso vivo dos animais e o

peso de carcaça e posteriormente é que se abordam os resultados obtidos para o

rendimento de carcaça.

Como é possível observar na Tabela 68, no momento antes do abate, o peso vivo

médio de todos os animais era de 362,0 ± 37,6 kg, exatamente igual ao determinado por

Pais et al. (2013), mas esses bovinos tinham aproximadamente, mais 1 mês de idade. O

grupo A era aquele em que o peso vivo médio era mais elevado (373,8 ± 50,3 kg), apesar

de apresentar a maior discrepância de pesos, pois era nesse grupo que estava presente

o animal (designado animal 1) com o maior peso vivo ao abate, mas era também onde

se encontrava o animal com o menor peso vivo (designado animal 2).

Relativamente ao peso da carcaça, os valores apresentados referem-se ao seu

peso em frio, embora apenas se tenha efetuado a sua pesagem em quente. Para obter

o peso da carcaça fria considerou-se, tal como já referido anteriormente, uma redução

de 2,0% em relação ao seu peso quente (Allen, 1990 citado por Fraústo da Silva, 1996).

O peso médio das carcaças dos nove animais, que apresentavam uma idade de

12,0 ± 1,3 meses, foi 189,1 ± 16,7 kg. Ao comparar com os resultados obtidos por outros

autores para animais de idade semelhante, como Hortêncio (2006) que obteve um peso

médio de carcaça de 251,9 kg em 61 animais com idade entre os 11,0 e os 14,0 meses,

o peso médio de carcaça obtido apresenta menos 62,8 kg (dos 9 bovinos apenas 2 não

se encontravam no intervalo entre os 11,0 e os 14,0 meses). Na nossa opinião, o

resultado obtido por Hortêncio (2006) é demasiado elevado para bovinos Mertolengos

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108

que se encontram no intervalo de idades referido, até porque Rodrigues (2007) citado

por Carolino (2007) para animais de idade superior (18,0 meses), obteve um peso médio

de carcaça inferior (239,1 kg), pelo que se pode colocar a hipótese da presença de

animais cruzados ou com idade superior no ensaio de Hortêncio (2006). Já ao comparar

o peso de carcaça obtido com o determinado por Pais et al. (2013), verificou-se que de

facto o resultado deste ensaio foi positivo, pois os bovinos apresentaram mais 1,3 kg e

tinham uma idade inferior.

Todos os animais abatidos cumpriam as regras estipuladas no Caderno de

Especificações para a classe Vitelão Mertolengo DOP, uma vez que apresentavam idade

entre os 10,0 e os 15,0 meses e como se averigua na Tabela 68, o peso de todas as

carcaças era superior ao peso mínimo estipulado (100,0 kg), a única exigência em termos

de peso das carcaças (ACBM, 2014a), pelo que as carcaças cumpriam todos os requisitos

para a sua posterior comercialização.

Como a pesagem no momento de saída dos animais para o abate, não foi

realizada com os animais em jejum (alimento e água), o rendimento de carcaça

determinado foi o comercial em vez do corrigido, pois seria imprudente descontar uma

determinada percentagem para o conteúdo dos estômagos sem os animais terem

permanecido em jejum. Assim, para este caracter, com a inclusão de todos os animais

obteve-se um valor médio de 52,3 ± 1,3%, resultado muito semelhante ao que Pais et al.

(2013) determinaram (51,8 ± 2,3%) para bovinos com igual peso vivo, mas como é

evidente com peso da carcaça inferior, como já referido anteriormente. Enquanto o

menor rendimento de carcaça foi de 50,7% (animal 6), o mais elevado foi de 54,7%

(animal 8), mas curiosamente não foi obtido pelo animal de maior peso (animal 1), como

Owens et al. (1995) referem que normalmente acontece.

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109

k

4.2.2. Classificação de Carcaças

Para a classificação de carcaças apresentam-se na Tabela 69, as classes de

conformação e a classe de gordura resultantes da avaliação das carcaças dos animais,

executada por um classificador qualificado. As carcaças foram classificadas

maioritariamente com “O” e apenas três foram enquadradas na classe de conformação

“R”, o que é precisamente o contrário dos resultados obtidos por Hortêncio (2006) e

Neto (2003). A razão destes resultados opostos pode residir no menor peso médio das

carcaças e assim do menor desenvolvimento dos perfis musculares, resultado do

desenvolvimento diferencial dos tecidos (Owens et al., 1993; Pomeroy, 1978), o que

também é comprovado por Hortêncio (2006) que determinou uma relação equivalente

entre o peso da carcaça de bovinos Mertolengos e a classe de conformação, ou seja

quanto maior o peso da carcaça, a classe de conformação em que foi colocada era

superior (de melhor conformação) e vice-versa. A explicação, ainda que de forma

sucinta, pode explicar os resultados contraditórios, mas não se pode deixar de ter em

conta a subjetividade desta classificação, que também pode ter tido influência nos

resultados.

Apesar dos resultados opostos aos de Hortêncio (2006) e Neto (2003) no que se

refere à predominância da classe de conformação em que as carcaças foram

classificadas, tal como estes dois autores, neste trabalho também nenhuma carcaça foi

Grupo Animal Peso Vivo (kg) Peso da Carcaça (kg) Rend. Comercial (%)

1 427,0 219,5 51,4

2 307,0 166,4 54,2

3 391,0 201,5 51,5

4 370,0 194,6 52,6

Média 373,8 195,5 52,4

Desvio-Padrão 50,3 22,1 1,3

5 348,0 179,3 51,5

6 387,0 196,4 50,7

7 320,0 167,8 52,4

Média 351,7 181,2 51,6

Desvio-Padrão 33,7 14,4 0,9

8 339,0 185,4 54,7

9 369,0 191,1 51,8

Média 354,0 188,3 53,2

Desvio-Padrão 21,2 4,0 2,1

Média 362,0 189,1 52,3

Desvio-Padrão 37,6 16,7 1,3

A

B

C

Geral

Tabela 68. Peso vivo, peso de carcaça e rendimento de carcaça

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classificada com “S”, “E” e “P”, o que demonstra uma certa uniformidade nas carcaças

de bovinos Mertolengos e o seu reduzido desenvolvimento muscular.

Quanto à classificação do estado de gordura, todas as carcaças foram

classificadas com “2”, o que revela uma fraca deposição de gordura (CEE, 1981a). Este

resultado é consistente com Hortêncio (2006), que menciona que mais de 80,0% das

carcaças do seu ensaio foram classificadas na mesma classe do estado de gordura.

4.2.3. pH da Carne

Neste último ponto, agora referente à qualidade da carne, expõem-se os valores

do pH24horas medido no músculo Longissimus dorsi (Tabela 70). Enquanto os caracteres

relacionados com as características da carcaça foram obtidos em todos os animais

abatidos, este parâmetro da qualidade da carne foi determinado em oito desses nove

bovinos (o animal 1 foi aquele em que não se mediu o pH).

Como apenas se efetuou a medição do pH24horas considerou-se esse valor

representativo do pHfinal, até porque se encontra entre as 12 e as 48 horas pós-morte

(Adzitey e Nurul, 2011), intervalo de tempo em que o pH já deve ser inferior a 6,00, para

que a carne não apresente a condição DFD (Adzitey e Nurul, 2011; Almeida, 2008; Bartos

et al., 1993 citados por Adzitey e Nurul, 2011; Kreikemeier et al., 1998; Miller, 2007;

Mounier et al., 2006; Wulf et al., 2002).

Ao comparar os valores de pH obtidos, com o valor a partir do qual se começa a

considerar a incidência da condição DFD, verificou-se que nenhum bovino apresentava

um valor de pH24horas superior a 6,00, pelo que também se cumpre o requisito do

Grupo Animal C. de Conformação C. de Gordura

1 R 2

2 R- 2

3 O+ 2+

4 O+ 2

5 O 2

6 O+ 2

7 O 2

8 O+ 2

9 R- 2+

A

B

C

Tabela 69. Classes de conformação e de gordura

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Cadernos de Especificações da Carne Mertolenga DOP (ACBM, 2014a) referente ao pH

da carne.

Embora não se possa considerar a existência da condição DFD na carne dos

bovinos, pois em todos os casos o pH24horas foi inferior a 6,00, também não se podem

considerar totalmente satisfatórios os valores obtidos, pois apenas um animal

apresentou um valor de pH no intervalo indicado para o pHfinal (entre 5,40 e 5,50)

(Guàrdia et al., 2005; Marsh, 1981; O’Neill et al., 2003; Warriss, 2000 citado por Adzitey

e Nurul, 2011; Wulf et al., 2002).

O valor médio de todos os animais para o pH24horas (5,66 ± 0,10) ao comparar com

resultados de outros trabalhos, também obtidos no músculo Longissimus dorsi pode ser

considerado um pouco elevado. Apesar deste resultado médio ser exatamente o mesmo

que o determinado por Neto (2003) e o peso médio das carcaças dos 114 animais seja

superior (295,0 kg), segundo Almeida (2008), esse fator não tem influência no valor de

pH da carne de bovinos Mertolengos. De acordo com o mesmo autor (Almeida, 2008),

um dos fatores que causa um incremento no valor do pH da carne é o aumento da idade

dos animais ao abate e por esse motivo é que se pode considerar o resultado de Neto

(2003), mais positivo que o deste trabalho, pois os animais desse ensaio tinham uma

dispersão de idades ao abate muito superior (11,0 aos 30,0 meses) aos animais deste

ensaio. Se compararmos o valor médio do pH24horas obtido neste trabalho com o

determinado por Almeida (2008) (6,20) em animais uma vez mais com uma grande

dispersão de idades ao abate (11,0 aos 30,0 meses), podemos considerá-lo

Grupo Animal pH

2 5,62

3 5,82

4 5,59

Média 5,68

Desvio-Padrão 0,13

5 5,67

6 5,72

7 5,64

Média 5,68

Desvio-Padrão 0,04

8 5,50

9 5,75

Média 5,63

Desvio-Padrão 0,18

Média 5,66

Desvio-Padrão 0,10

A

B

C

Geral

Tabela 70. pH da carne

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minimamente satisfatório, já que pelo menos não se obteve um valor de pH que

determina a presença da condição DFD na carne.

Como já referido anteriormente, a idade dos bovinos ao abate é um fator muito

importante no valor de pHfinal, mas Adzitey e Nurul (2011), Almeida (2008) e Miller

(2007) também referem o agrupamento de animais na abegoaria do matadouro como

preponderante nos elevados valores apresentados por este parâmetro da qualidade da

carne. Como fui assistir ao abate dos bovinos deste ensaio, pude constatar que estavam

agrupados com bovinos Mertolengos de outras explorações, também destinados à

produção de Vitelão Mertolengo DOP, o que considero uma incorreta prática de maneio

antemortem e talvez explicativa dos resultados um pouco elevados do pH24horas.

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113

5. Conclusão

Pretendeu-se na presente dissertação estudar parâmetros zootécnicos e

económicos relacionados com a aptidão para a produção da classe Vitelão da Carne

Mertolenga DOP, em machos inteiros da raça, submetidos a três regimes alimentares.

Os resultados obtidos na análise de variância para os períodos sugeriram a

influência do regime alimentar nalguns dos parâmetros do desempenho produtivo

estudados. Enquanto a velocidade de crescimento absoluta não variou, a ingestão de

alimento concentrado e de alimento grosseiro diferiram, tendo-se verificado uma

complementaridade entre estes dois alimentos na satisfação das necessidades nutritivas

dos animais. Os bovinos do regime alimentar 1 que apresentaram o maior consumo de

concentrado e o mais reduzido de palha, em virtude desse maior consumo de

concentrado, talvez explicado pelo maior peso vivo dos animais (embora apenas em

relação aos bovinos do regime alimentar 3), mas sobretudo por o concentrado de

crescimento não estar adequado às suas necessidades nutricionais nos últimos períodos

(já que nos restantes períodos o concentrado disponibilizado a todos os regimes era o

mesmo, e se determinou pela percentagem do peso adulto em P4 que a deposição de

gordura ia ocorrer a um maior ritmo), apresentaram os maiores custos com a

alimentação diária. Mesmo assim, a eficiência alimentar, bem como o custo de produção

de um quilograma de peso e a eficiência económica mantiveram-se sem variações

significativas entre os regimes alimentares.

Relativamente à análise efetuada para as fases, constatou-se que estas foram a

única fonte de variação presente no modelo matemático-estatístico a causar diferença

significativa nos parâmetros produtivos analisados. Assim, a velocidade de crescimento

absoluta foi inferior na fase de transição, resultado esperado em função da mudança de

concentrado nos regimes alimentares 2 e 3, mas sem aparente explicação em termos

nutricionais nos bovinos do regime alimentar 1 que também tiveram uma performance

inferior nessa fase, pelo que consequentemente, o regime alimentar não influenciou a

resposta dos bovinos. Com estes resultados também se concluiu que se pode efetuar a

mudança do alimento concentrado de forma mais gradual, ou mais repentina sem afetar

a performance dos bovinos, uma vez que como não se altera a relação

concentrado:grosseiro, já que estes são disponibilizados ad libitum, não ocorreram

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problemas digestivos. Em termos de eficiência alimentar e do custo de produção de um

quilograma de peso vivo, os melhores resultados foram obtidos na fase de recria, o que

demonstra que o desenvolvimento muscular, predominante nessa fase ocorreu de

forma mais eficiente que a deposição de tecido adiposo.

Em virtude da inexistência de variações significativas dos parâmetros produtivos

na fase de acabamento entre os regimes alimentares, constatou-se que se pode reduzir

a concentração proteica do concentrado de acabamento (acompanhada por um

aumento do teor energético) sem afetar negativamente os parâmetros produtivos,

embora os parâmetros económicos não tenham melhorado, um dos principais objetivos

que se pretendia atingir. Para atingir esse objetivo, tinha-se de reduzir ainda mais a

concentração proteica do concentrado, mas garantindo sempre dietas qualitativamente

equilibradas nos outros nutrientes e que a performance dos bovinos não fosse

prejudicada negativamente.

Em termos gerais, chegou-se à conclusão que a estratégia implementada para

reduzir os custos da alimentação teve um efeito nulo no desempenho produtivo dos

bovinos, pelo que qualquer um dos três regimes alimentares idealizados pode ser

adotado na produção de Vitelão Mertolengo DOP. Apesar do resultado positivo da

eficiência económica por quilograma de peso vivo, apenas se consideraram os custos

com a alimentação, pelo que na realidade essa eficiência é mais reduzida do que a

determinada, pelo que é necessário testar novas estratégias que visem a redução dos

custos de produção.

No que diz respeito aos parâmetros relacionados com as características da

carcaça e qualidade da carne, não se podem tecer grandes ilações relativamente à

influência dos regimes alimentares, já que não se achou correto efetuar a análise de

variância, como explicado anteriormente. Mesmo assim, para as características da

carcaça verificou-se que os animais do regime alimentar 1 se destacaram positivamente

nos pesos vivo e de carcaça, mas o rendimento de carcaça, assim como a classificação

para as classes de conformação e de gordura tiveram resultados muito idênticos aos dos

bovinos dos outros regimes alimentares. Para o pH24horas, o único parâmetro analisado

da qualidade da carne, os resultados foram muito semelhantes, e embora sejam todos

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inferiores a 6,00, considero demasiado elevados, o que pode indiciar más práticas de

maneio antemortem, como agrupar animais de distintos grupos sociais.

Todos os animais abatidos cumpriam as regras estipuladas no Caderno de

Especificações da Carne Mertolenga DOP para a classe vitelão, pelo que podem ser

comercializados e apreciados como tal.

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116

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