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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ELETROTÉCNICA E ENERGIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E NEGÓCIOS NO SETOR ENERGÉTICO LÍGIA FERREIRA CEPEDA CERTIFICAÇÃO NO SETOR SUCROALCOOLEIRO SÃO PAULO 2012

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE ELETROTÉCNICA E ENERGIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E NEGÓCIOS NO

SETOR ENERGÉTICO

LÍGIA FERREIRA CEPEDA

CERTIFICAÇÃO NO SETOR SUCROALCOOLEIRO

SÃO PAULO

2012

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LÍGIA FERREIRA CEPEDA

CERTIFICAÇÃO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO

SÃO PAULO

2012

Orientador: Carlos Eduardo Freitas Vian

Monografia para conclusão do Curso de

Especialização em Gestão Ambiental e

Negócios no Setor Energético do

Instituto de Eletrotécnica e Energia da

Universidade de São Paulo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar forças todos os dias para superar os desafios em meu caminho.

À minha família por todo o amor e apoio em mais esta etapa de minha vida.

Aos meus amigos que se fazem presente mesmo a distância pelo carinho e lealdade.

Aos meus parceiros de curso por todo o companheirismo.

Ao meu orientador pela ajuda e ensinamentos para realização deste estudo.

Ao IEE e ao CENBIO pela realização deste curso pioneiro na área de Gestão Ambiental e Energia.

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RESUMO

CEPEDA, L.F.; Certificação no Setor Sucroalcooleiro. Monografia de especialização- Curso de

Especialização em Gestão Ambiental e Negócios no Setor Energético do Instituto de Eletrotécnica e

Energia da Universidade de São Paulo. 2012.

O setor sucroalcooleiro brasileiro na safra 2010/2011, de acordo com o Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foi responsável por aproximadamente 1,6% do Produto Interno

Bruto, com a moagem de 620 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para a produção de 38 milhões

de toneladas de açúcar e 27,5 bilhões de litros de etanol. O setor ainda respondeu pela cogeração de

12.800 GWh de energia gerados a partir biomassa da cana-de-açúcar, sendo a bioeletricidade de

fundamental importância para a expansão do sistema elétrico nacional, por ser fonte complementar a

hidroeletricidade, e tendo ainda como vantagem a proximidade de grandes centros de consumo.

(MAPA, 2011)

Considerando que na safra 2010/2011 houve a exportação de 28 milhões de toneladas de açúcar

e de 2 bilhões de litros de etanol, movimentando respectivamente US$ 12,5 bilhões e US$ 1 bilhão, em

um momento onde são realizados cada vez mais investimentos em fontes renováveis, é preciso garantir

que a produção de açúcar e etanol seja realizada de acordo com padrões sustentáveis. (MAPA, 2011)

Para tanto, estão sendo desenvolvidas iniciativas como acordos setoriais, sistemas de

certificação e políticas públicas como forma de garantir que todos os elos da cadeia produtiva da cana-

de-açúcar e seus derivados cumpram critérios que considerem os eixos social, econômico e ambiental,

garantindo a sustentabilidade dos produtos comercializados.

O presente estudo tem como objetivo apresentar a Certificação BONSUCRO, que através de

princípios, critérios e indicadores, permite a todos os envolvidos na produção, processamento e

comercialização na cadeia de etanol e açúcar a identificação de pontos de melhoria e aperfeiçoamento

da produção e processamento minimizando seus impactos ambientais e sociais.

Palavras-chaves: Gestão Ambiental, Setor Sucroalcooleiro, BONSUCRO, Certificação

Socioambiental, Matriz Energética.

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ABSTRACT

CEPEDA, L.F.: Certification in the Ethanol and Sugarcane Sector. Monograph of Specialization in

Environmental Management and Business in the Energy Sector of the Institute of Electrotechnics and

Energy, University of Sao Paulo.2012

The Brazilian sugar and alcohol sector in 2010/2011 harvest, according to the Ministry of

Agriculture, Livestock and Supply, was responsible for approximately 1.6% of Gross Domestic

Product, with the grinding of 620 million tons of cane sugar to production of 38 million tons of sugar

and 27.5 billion liters of ethanol. The sector still accounted for the cogeneration of 12.800 GWh of

energy generated from biomass of cane sugar. The bioelectricity is fundamental for the expansion of

the national electricity system, to be a complementary source of hydroelectricity, and also taking the

advantage proximity to large centers of consumption. (MAPA,2011)

Considering that exports of this crop was 28 million tons of sugar and 2 billion gallons of

ethanol, respectively moving $ 12.5 billion and $ 1 billion, in a moment of increased investments in

renewable energy, we must ensure that the production of sugar and ethanol is carried out according to

sustainable standards.( MAPA, 2011)

For this purpose, certification systems and public policies are being developed in order to

ensure that all links in the sugarcane supply chain comply with social, economic and environmental

criteria to ensure sustainability of commercialized products.

The present study aims to present the BONSUCRO Certification which through its principles,

criteria and indicators, the ones involved in the production, processing and selling in the ethanol and

sugar supply chain can identify improvement opportunities and minimize social and environmental

impacts.

Keywords: Environmental Management, Ethanol and Sugarcane Sector, BONSUCRO, Socio

Environmental Certification, Energy Matrix.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Gráfico da oferta de energia elétrica por fonte....................................................................13

FIGURA 2: Mapa da Produção Nacional de Cana-de-Açúcar...............................................................18

FIGURA 3: Prazo para eliminação da queima de cana-de-açúcar no Estado de São

Paulo........................................................................................................................................................25

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Fatores médios de emissão de veículos leves novos..........................................................15

TABELA 2: Informações técnicas da cultura de cana-de-açúcar...........................................................17

TABELA 3: Consumo e geração de energia na produção de cana e etanol............................................17

TABELA 4: Princípios da Certificação BONSUCRO............................................................................33

TABELA 5: Critérios Essenciais da Certificação BONSUCRO............................................................34

TABELA 6: Usinas com Certificação BONSUCRO..............................................................................37

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NOMENCLATURA

Siglas

AAVC: Áreas de Alto Valor de Conservação

ACV: Análise do Ciclo de Vida

AISA: Avaliação de Impacto Socioambiental

ATR: Açúcar Total Recuperável

BSI: Better Sugar Cane Initiative

CQNUMC: Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPA: Environmental Protection Agency

EPACT: Energy Policy Act

EU RED: European Union Renewable Energy Directive

GEE: Gases do Efeito Estufa

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MDIC: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MDL: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MME: Ministério de Minas e Energia

OIT: Organização Internacional do Trabalho

OMC: Organização Mundial do Comércio

PGA: Plano de Gerenciamento Ambiental

REN21: Renewable Energy Policy Network for the 21st Century

RFS: Renewable Fuel Standard

RTFO: Renewable Transport Fuel Obligation

TSAI: Açúcar Total Invertido

UNICA: União da Indústria da Cana-de-açúcar

Fórmulas Estruturais

CO2: dióxido de carbono

CO: monóxido de carbono

CH4: metano

NOX : óxidos de nitrogênio

CHO: aldeídos

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SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 11

1.2 Objetivos ........................................................................................................................................... 12

1.3 Metodologia ...................................................................................................................................... 12

2.MATRIZ ENERGÉTICA ................................................................................................................. 13

3. SETOR SUCROENERGÉTICO BRASILEIRO ........................................................................... 16

3.1 A cultura da cana-de-açúcar .............................................................................................................. 16

3.2 Produção e Faturamento Safra 2011/2012 ........................................................................................ 18

3.3 Bioeletricidade .................................................................................................................................. 19

3.4 Demais produtos derivados da cana-de-açúcar ................................................................................. 21

4. GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR SUCROENERGÉTICO ................................................... 21

4.1 Consumo de Fertilizantes ................................................................................................................. 22

4.2 Consumo de defensivos agrícolas ..................................................................................................... 22

4.3 Uso do solo........................................................................................................................................ 23

4.4 Recursos Hídricos ............................................................................................................................. 24

4.5 Colheita Mecanizada ......................................................................................................................... 16

4.6 Créditos de Carbono.......................................................................................................................... 27

5. ACORDOS E INICIATIVAS DE BOAS PRÁTICAS NO SETOR SUCROALCOOLEIRO .. 28

5.1 RTFO: Renewable Transport Fuel Obligation .................................................................................. 28

5.2 Roundtable on Sustainable Biofuels ................................................................................................. 28

5.3 Agência Internacional de Energia ..................................................................................................... 29

5.4 Diretiva Européia para a Promoção de Energia Renovável .............................................................. 29

5.5 Renewable Fuel Standard.................................................................................................................. 29

5.6 Protocolo AgroAmbiental ................................................................................................................. 30

6. CERTIFICAÇÃO BONSUCRO ...................................................................................................... 31

6.1 Objetivos da Certificação BONSUCRO ........................................................................................... 32

6.2 Padrões, Princípios e Critérios BONSUCRO ................................................................................... 32

6.3 Diretiva Européia no Padrão BONSUCRO ...................................................................................... 34

7. DISCUSSÃO E RESULTADOS ...................................................................................................... 35

8. CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS......................................................................................................................................38

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ANEXOS

ANEXO A: Princípios do Padrão de Produção BONSUCRO................................................................40

ANEXO B: Princípios e Critérios Adicionais para Cumprimento da Diretiva Européia.......................64

ANEXO C: Membros BONSUCRO.......................................................................................................81

ANEXO D: Definições utilizadas na Certificação BONSUCRO...........................................................82

ANEXO E: Símbolos e abreviaturas...................................................................................................... 88

ANEXO F: Lista das Convenções Internacionais Relevantes................................................................89

ANEXO G: Esquema BONSUCRO para calcular emissões de gases do efeito estufa decorrentes do

cultivo e processamento de cana-de-açúcar..........................................................................................100

ANEXO H: Parâmetros detalhados para o cálculo de emissões de GEE dos Biocombustíveis

estabelecidos pela Diretiva Européia para Energias Renováveis e pela Diretiva sobre Qualidade dos

Combustíveis.........................................................................................................................................107

ANEXO I: Valores Padrão utilizados...................................................................................................109

ANEXO J: Plano de Gerenciamento Ambiental...................................................................................111

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil é privilegiado por sua riqueza de recursos naturais, apresentando uma matriz de

geração elétrica de origem predominantemente renovável, sendo que a geração interna hidráulica

responde por 74% da oferta. Somando as importações, que essencialmente também são de origem

renovável, pode-se afirmar que 89% da eletricidade no Brasil é originada de fontes renováveis. (EPE,

2012)

De acordo com o Balanço Energético de 2012 realizado pela Empresa de Pesquisa Energética

(EPE) em 2011 houve acréscimo de aproximadamente 5 GW com a capacidade instalada das centrais

de geração de energia elétrica do Brasil alcançando 117.135 MW, na soma das centrais de serviço

público e autoprodutoras

Dentro deste cenário, destaca-se o setor sucroenergético, que atualmente conta com 435 usinas

de produção de açúcar, álcool e energia, contribuindo para a geração descentralizada. De acordo com o

Relatório de Sustentabilidade da União da Indústria da Cana-de-açúcar (UNICA), em 2011 o setor

sucroenergético brasileiro gerou riqueza de R$ 57,33 bilhões, equivalente a 1,6% do Produto Interno

Bruto (PIB) Nacional, sendo que os elos de produção antes e depois da porteira respondem por 24% do

movimento do setor sucroenergético, enquanto a atividade industrial, o transporte, a distribuição no

atacado e no varejo de produtos derivados de cana são responsáveis por 76%.(MAPA, 2011)

Em um país de grande extensão territorial como o Brasil, a geração descentralizada tem um

papel fundamental no atendimento a locais que não podem ser atendidos pelo sistema convencional de

distribuição de energia, sendo que grande parcela da população isolada não tem acesso aos benefícios

da eletricidade e ficam limitadas quanto a desenvolvimento de suas atividades produtivas. A geração

distribuída também é importante no sentido em que atua no aumento da qualidade e confiabilidade no

suprimento de energia já que acrescenta novas fontes de geração ao sistema, com diminuição de riscos

de interrupção do fornecimento de energia por acidentes ao longo do percurso da rede de transmissão.

O setor sucroenergético também contribui de forma significativa para a geração de empregos

no país, sendo que de acordo com o Anuário da Cana 2011, o setor foi responsável pela geração de 4,5

milhões de empregos diretos e indiretos na safra 2010/2011.

Por sua extensão territorial, condições favoráveis de solo e clima e experiência na produção de

bicombustíveis, o Brasil tem grande potencial de expansão de seus negócios, considerando os

incentivos dados por políticas que definem o aumento no percentual de etanol que deve ser adicionado

à gasolina.

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Em 2005 foi criado o Renewable Fuel Standard (RFS), dentro da “Energy Policy Act

(EPAct),que entre outros objetivos, prevê o aumento da quantidade de bicombustível que deve ser

misturado a gasolina vendida no Estados Unidos, com meta de 7,5 bilhões de galões (o equivalente a

aproximadamente 28 bilhões de litros) até 2012.

Outra política que impacta no setor sucroalcooleiro brasileiro é a European Union Renewable

Energy Directive (EU RED) - Diretivas Européias para Energias Renováveis - que estabelecem metas

de uso de fontes renováveis na matriz energética européia, assim como requisitos de sustentabilidade a

serem cumpridos para importação de biocombustíveis na União Européia.

Para atingir estes mercados potenciais, como Estados Unidos e União Européia, o país tem que

cumprir as exigências impostas pelas políticas públicas e pelos sistemas de certificação, que tem como

objetivo principal avaliar se a cadeia produtiva atende aos critérios de sustentabilidade.

Em 2010 foi estabelecido o Padrão de Certificação BONSUCRO, que através de princípios,

critérios e indicadores, permite aos envolvidos na produção, processamento e comercialização na

cadeia de etanol e açúcar a possibilidade de identificar pontos de melhoria e aperfeiçoar a produção e

processamento minimizando seus impactos ambientais e sociais. Sendo assim, o momento exige a

todos os envolvidos na cadeia sucroalcooleira que desenvolvam seus processos de forma a aprimorar

seu sistema de gestão ambiental, considerando todas as etapas, desde o plantio da cana-de-açúcar até o

processo de comercialização e exportação de açúcar e álcool.

1.1 Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo apresentar o sistema de Certificação BONSUCRO do

setor sucroalcooleiro e como a implementação de seus princípios e critérios induz a adoção de boas

práticas nos sistemas de produção de açúcar e álcool brasileiro, possibilitando a expansão para novos

mercados internacionais.

1.2 Metodologia

A metodologia de trabalho utilizada foi a revisão bibliográfica de legislação ambiental,

documentos, periódicos científicos e relatórios de órgãos, entidades e empresas dos setores

sucroalcooleiro, energia, meio ambiente e certificação socioambiental.

De acordo com a análise destes documentos foi realizada discussão referente aos desafios e

oportunidades que a obtenção do selo de certificação BONSUCRO traz ao setor sucroenergético.

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1. MATRIZ ENERGÉTICA

A matriz energética brasileira tem a grande vantagem de ser constituída em sua maioria por

fontes renováveis, que segundo o Balanço Energético Nacional de 2010 da Empresa de Pesquisa

Energética (EPE), 76,9% são de fonte hidráulica seguida pelo uso de biomassa, que responde por 8,1%

da oferta de energia elétrica em 2009.

Nesta década, a participação do petróleo e derivados na matriz diminuiu cerca de oito pontos

percentuais: passou de 45,5% em 2000 para 37,9% em 2009. Ao fim desse período, cerca de 18% da

energia consumida no país já provinha de derivados da cana-de-açúcar, ultrapassando a energia

hidráulica em importância na matriz e assumindo o segundo lugar. (UNICA, 2010).

Tanto no mercado internacional como no Brasil, a biomassa tem sido considerada como umas

das principais alternativas para a diversificação da matriz energética e diminuição da utilização de

combustíveis fósseis. E no Brasil, a fonte que tem se destacado é a biomassa da cana-de-açúcar, que

além do seu crescente destaque na produção de etanol, seus subprodutos, o bagaço e a palha da cana,

assim como a maioria dos resíduos de biomassa obtidos nas atividades agrícolas e industriais, possuem

elevados teores de materiais lignocelulósicos, fazendo com que se tornem matérias-primas capazes de

produzir energia (MAPA, 2011).

Figura 1: Gráfico da Oferta de Energia Elétrica por Fonte – Ano base de 2011

Fonte: Balanço Energético Nacional 2012

__________________________________________________________________________________________________

Energia Hidráulida e Eletricidade

39,9

Biomassa de cana 42,8

Biomassa Tradicional

26,3

Outras Renováveis 11,1

Petróleo 105,2

Gás Natural 27,7

Carvão Mineral 15,2

Urânio 4,1

OFERTA INTERNA DE ENERGIA 2011 (em Mtep1)

1. milhões de toneladas equivalente de petróleo

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No Brasil predomina o sistema de transporte rodoviário, com pouca contribuição de ferrovias,

com utilização de gasolina e álcool em veículos leves e diesel em caminhões e ônibus.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o consumo de etanol combustível no

Brasil em 2009 alcançou valores de 6.352 milhões de litros de etanol anidro e 16.471 milhões de litros

de etanol hidratado.

Há uma busca constante pelo aprimoramento da eficiência no uso da energia no transporte, com

ações que vão desde o desenvolvimento de novos motores que consomem menos combustível,

aumento da frota de veículos flex que permitem a utilização tanto da gasolina como do álcool, e

sistemas de redução de emissão de gases poluentes.

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ANO COMBUSTÍVEL CO

(g/km)

HC

(g/km)

NOx

(g/km)

CO2(2)

(g/Km)

CHO

(g/km)

EMIS. EVAP DE

COMBUSTÍVEL

(g/teste)

03

Gasolina C 0,40 0,11 0,12 194 0,004 0,75

Álcool 0,77 0,16 0,09 183 0,019 ND

Flex-Gasol.C 0,50 0,05 0,04 210 0,004 ND

Flex-Álcool 0,51 0,15 0,14 200 0,020 nd

04

Gasolina C 0,35 0,11 0,09 190 0,004 0,69

Álcool 0,82 0,17 0,08 160 0,016 ND

Flex-Gasol.C 0,39 0,08 0,05 201 0,003 ND

Flex-Álcool 0,46 0,14 0,14 190 0,014 ND

05

Gasolina C 0,34 0,10 0,09 192 0,004 0,90

Álcool 0,82 0,17 0,08 160 0,016 ND

Flex-Gasol.C 0,45 0,11 0,05 188 0,003 ND

Flex-Álcool 0,39 0,14 0,10 180 0,014 ND

06

Gasolina C 0,33 0,08 0,08 192 0,002 0,46

Álcool 0,67 0,12 0,05 200 0,014 ND

Flex-Gasol.C 0,45 0,10 0,05 185 0,003 0,62

Flex-Álcool 0,47 0,11 0,07 177 0,014 1,27

07(3)

Gasolina C 0,33 0,08 0,08 192 0,002 0,46

Álcool(3)

ND ND ND ND ND ND

Flex-Gasol.C 0,45 0,10 0,05 185 0,003 0,62

Flex-Álcool 0,47 0,11 0,07 177 0,014 1,27

08

Gasolina C 0,37

(-99%)

0,042

(-98%)

0,039

(-98%)

223 0,0014

(-97%)

0,66

(-97%)

Álcool(4)

ND ND ND ND ND ND

Flex-Gasol.C 0,51

(-98%)

0,069

(-97%)

0,041

(-97%) 185 0,0020

(-96%)

0,42

(-98%)

Flex-Álcool 0,71

(-96%)

0,052

(-97%)

0,048

(-96%)

187 0,0152

(-92%)

1,10

(-89%)

Diesel(5)

0,30 0,06 0,75 ND ND ND

09

Gasolina C 0,30 0,03 0,02 228 0,0017

Flex-Gasol.C 0,33 0,03 0,03 181 0,0024

Flex-Álcool 0,56 0,03 0,03 174 0,0104

10

Gasolina C 0,23 0,03 0,02 213 0,0014

Flex-Gasol.C 0,28 0,04 0,03 178 0,0015

Flex-Álcool 0,51 0,09 0,04 172 0,0073

11

Gasolina C 0,26 0,04 0,03 198 0,0020

Flex-Gasol.C 0,28 0,04 0,03 178 0,0010

Flex-Álcool 0,49 0,09 0,03 170 0,0090

(1) Médias ponderadas de cada ano-modelo pelo volume da produção

(2) Inclusão do dióxido de carbono a partir de 2002. (Valores medidos, sem legislação limitando as emissões.)

(3) Repetidos os valores de 2006.

(4) Os modelos dedicados exclusivamente a álcool foram descontinuados em 2007

(5) Veículos leves comerciais a diesel ensaiados em dinamômetro de chassi

ND: não disponível

(%) refere-se à variação verificada em relação aos veículos 1985, antes da atuação do PROCONVE.

Gasolina C: 78% gasolina + 22% álcool

Tabela 1: Fatores Médios de Emissão de Veículos Leves Novos

Fonte: IBAMA, 2011

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16

3. SETOR SUCROENERGÉTICO BRASILEIRO

3.1 A Cultura da Cana-de-Açúcar

A indústria da cana-de-açúcar é de longa data um dos esteios da economia brasileira. A partir

da introdução das primeiras mudas no país, em 1532, por mais de dois séculos o açúcar foi o principal

produto brasileiro. Há cerca de 40 anos, teve início a transformação do setor. Além do açúcar, as

usinas passaram a ter foco na produção do etanol e, mais recentemente, a atenção voltou-se a

bioeletricidade, aos alcooquímicos e à comercialização de créditos de carbono. Os avanços do setor

sucroenergético, no entanto, não ficaram restritos à tecnologia. A nova usina brasileira também está

comprometida com as questões sociais e ambientais. A melhoria da qualidade de vida dos

trabalhadores, a racionalização do uso da terra e da água, a mitigação dos efeitos da mecanização da

colheita e a preservação dos ecossistemas fazem parte da agenda de trabalho do setor sucroenergético,

que é um dos grandes empregadores do Brasil. Embora os avanços não sejam poucos, ainda há muito

trabalho pela frente para que o setor possa crescer ainda mais. Externamente, é preciso convencer os

críticos de que o aumento da produção brasileira de cana-de-açúcar não acontece nas áreas de florestas,

de que há regularidade no fornecimento de etanol e de que as condições de produção são sustentáveis.

Internamente, é preciso mostrar a sociedade que existe uma série de outros benefícios, além dos

econômicos, ao se optar pelo etanol como combustível. (UNICA, 2010).

A cultura da cana-de-açúcar é semi-perene, o que significa que pode ser colhida sem

necessidade de replantio por até cinco safras anuais consecutivas, sendo que para renovação dos

canaviais, após este período deve ser plantada outra cultura por um período de uma safra, voltando-se a

plantar a cana em seguida.

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17

ITEM DADO

Ciclo 5 anos

Número médio de cortes 5 cortes

Produtividade 85 ton/há

Rendimento açúcar 138 kg/ton

Rendimento álcool 82 l /ton

Cultivares registrados 119 (Saccaharum L.)

Tabela 2: Informações técnicas da cultura da cana-de-açúcar

Fonte: MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

ETAPAS DO PROCESSO Kcal / T DE CANA

I. CONSUMO DE ENERGIA, TOTAL

60.008

a. Na produção de cana-de-açúcar, compreendendo operação

agrícola, transporte, fertilização, insumos, mudas e

equipamentos

b. No processamento para produção de álcool, compreendendo

eletricidade comprada, produtos químicos, lubrificantes,

instalações e equipamentos

II. ENERGIA PRODUZIDA, TOTAL 499.400

a. Álcool 459.100

b. Bagaço excedente

40.300

III. ENERGIA LÍQUIDA PRODUZIDA

439.392

Tabela 3: Consumo e geração de energia na produção de cana-de-açúcar e etanol Fonte: Macedo (2005)

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18

3.2 Produção e Faturamento Safra 2011/2012

A lavoura de cana-de-açúcar apresentou nesta safra um desenvolvimento aquém do ideal e

inferior ao da safra passada, levando a uma produtividade menor que a estimada inicialmente pelos

produtores. As causas foram diversas, mas o clima foi o principal causador da queda da produção, em

consequência das adversidades ocorridas a partir do mês de abril até outubro de 2010, com chuvas

escassas em toda a região Centro-Oeste e Sudeste. A produtividade média brasileira está estimada em

68.289 kg/ha, 11,8% menor que a na safra 2010/11, que foi de 77.446 kg/ha com ATR de 135,94 por

tonelada de cana. (CONAB, 2011). Na safra 2011/12, por razões principalmente relacionadas ao clima

adverso, a moagem de cana recuou temporariamente para 561,07 milhões de toneladas. (CNI, 2012)

Atualmente, existem 441 unidades fabris que produzem açúcar e etanol em todo o país, das

quais 153 são destinadas a produzir exclusivamente etanol, 20 unidades que produzem somente açúcar,

e outras 268 usinas mistas, que fabricam tanto açúcar como etanol. Na região Centro-Sul, estão

instaladas 354 usinas, com capacidade estimada para moer 620 milhões de toneladas de cana. O estado

que concentra maior número de usinas é o de São Paulo, com 190 unidades. (CNI, 2012) A área

cultivada com cana-de-açúcar colhida e destinada à atividade sucroalcooleira está estimada em 8.368,4

mil hectares, distribuídos em todos

Estados produtores. O Estado de São

Paulo continua sendo o maior

produtor com 52,2% (4.370 mil

hectares), seguido por Minas Gerais

com 8,87% (742,65 mil hectares),

Goiás com 8,1% (678,42 mil

hectares), Paraná com 7,3% (611,44

mil hectares) Mato Grosso do Sul

com 5,70% (480,86 mil hectares),

Alagoas com 5,45% (463,65 mil

hectares), e Pernambuco com 3,89%

(326,11 mil hectares). (CONAB,

2011).

Figura 2: Mapa de produção nacional de cana-de-açúcar

Fonte: NIPE-Unicamp,IBGE e CTC

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O PIB do setor sucroenergético é estimado em R$ 57,33 bilhões em 2010, equivalente a 1,6%

do PIB nacional. Desde 2005, entraram em operação 117 novas unidades produtoras de açúcar, etanol

e bioeletricidade. O impacto da construção dessas novas plantas impulsionou outros setores da

economia, como construção civil, siderurgia, fabricação de máquinas e tratores e outros bens de

capital, fertilizantes, produtos de proteção ao cultivo e muitos outros. (CNI, 2012)

Levando em conta toda a receita com as exportações de açúcar, etanol e melaço, a agroindústria

canavieira elevou sua participação no total exportado pelo país, de 1,8%, em 1992, para 6,44% em

2011. O incremento na participação do setor sobre o total exportado é compreensível pelo fato de que

o Brasil elevou em mais de 10 vezes suas exportações de açúcar, passando de 2,4 milhões de toneladas

em 1992, para 28,0 milhões de toneladas em 2010, respondendo assim por 51% das exportações

mundiais do produto (CNI, 2012)

3.3 Bioeletricidade

A bioeletricidade gerada a partir do bagaço da cana-de-açúcar cada vez mais se destaca como

importante produto das usinas. Ela serve como combustível, abastecendo as caldeiras para gerar três

diferentes formas de energia: térmica (usada para aquecimento no processo produtivo do açúcar e

etanol), mecânica (utilizada para movimentar as máquinas de extração, preparo do caldo e as turbinas

responsáveis pela geração de energia) e elétrica (usada para consumo próprio da usina ou exportada

para rede de distribuição). Um dos principais pontos de destaque da bioeletricidade sucroenergética,

além de contribuir para a diversificação da matriz energética, está no fato da complementariedade ao

sistema hidrelétrico, uma vez que a safra ocorre entre os meses de abril e novembro, mesmo período

seco nas regiões sudeste e centro-oeste.

A bioeletricidade ainda apresenta como vantagem, pela maior parte da produção

sucroenergética ser proveniente das regiões sudeste e centro-oeste, o fato de estar localizada próximo a

grandes centros consumidores, reduzindo a necessidade de expansão das redes de transmissão e

fortalecendo o novo sistema cada vez mais adotado de geração distribuída. Além do fator que a

indústria de bens capitais nacional já se encontra apta a fornecer equipamentos que permitem aumentar

a eficiência nos processos de cogeração, a biomassa utiliza um insumo nacional, ou seja, não há

necessidade de importação de combustível para geração de energia. Tal fator é significativo quanto à

economia de divisas e redução da volatilidade de preço de energia, uma vez que o custo da geração a

óleo, carvão importado e a gás natural é indexado ao preço spot internacional desses insumos

energéticos, enquanto a bioeletricidade é indexada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor

Amplo (IPCA).

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Para incremento da participação da bioeletricidade na matriz energética mundial devem ser

contemplados alguns pontos através de políticas públicas, como novos critérios nos novos leilões de

energia, adotando leilões por fontes ou contratações específicas de geração de base para o período

seco. Outro incentivo que deve ser dado através de políticas públicas seria facilitar a conexão de usinas

às redes de transmissão e distribuição, sendo atualmente este um ponto uma barreira para que novos

empreendimentos modernizem seus sistemas de cogeração e comercializem o excedente de energia

gerado para a rede.

Estudo que traçou o perfil da geração termoelétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar

publicado pela Companhia de Abastecimento Nacional, com base em levantamento realizado por meio

de visitas a 393 usinas em operação, mostra que safra 2009/2010, 88,78% do bagaço de cana

produzido foi utilizado como combustível no setor, sendo que 48,4% das unidades industriais vendem

energia a terceiros e 51,6% geram apenas para consumo próprio, mostrando que disseminação da

produção de eletricidade no setor ainda é bastante limitada. (GUARDABASSI, 2011)

Foram mais de 1.000 MW médios de bioeletricidade produzidos a partir do bagaço de cana-de-

açúcar em 2010, entre 2% e 3% da matriz elétrica brasileira. Estimativas indicam que em 2020 esta

participação poderá chegar a 18%, reduzindo a necessidade da utilização de usinas térmicas movidas a

energia fóssil. (CNI, 2012)

Em relação à tecnologia em uso, o documento atesta a existência de relação direta entre o

tamanho da usina (leia-se sua capacidade de moagem) e a produção de energia. Nas unidades que

vendem eletricidade excedente a capacidade média de moagem é de 2,5 milhões de toneladas por

safra, enquanto que as usinas que produzem energia apenas para o autoconsumo a moagem média é de

1,53 milhões de toneladas. Vale ressaltar que dois terços de toda a cana produzida é processada em

unidades com capacidade inferior a 3,0 milhões de toneladas de cana por safra, consideradas de médio

e pequeno porte. (GUARDABASSI, 2011)

O setor ainda tem grande potencial de crescimento para bioeletricidade, sendo que, segundo

dados da UNICA, somente 130 usinas comercializam hoje energia excedente. Segundo Zilmar de

Sousa, consultor da UNICA, estima-se que o bagaço e a palha da cana-de-açúcar tenham potencial

para gerar mais de 13 MW médios anuais até a safra 2020/2021.

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3.4 Demais Derivados de cana-de-açúcar

O etanol para uso não-energético é utilizado no Brasil basicamente na produção de bebidas,

cosméticos, produtos farmacêuticos e químicos. Segundo estimativa da UNICA a evolução do

mercado de bioplásticos pode gerar necessidade superior a 1,5 bilhões de litros de etanol por ano e

criar 18 mil novos empregos. Cerca de 10% das leveduras utilizadas na produção de etanol (na

fermentação do caldo de cana) são posteriormente recuperadas e destinadas à composição de ração

animal. Juntamente com as leveduras para esta finalidade, são comercializados aditivos baseados em

leveduras de cana-de-açúcar (como a parede celular). (MAPA, 2011)

4. GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR SUCROENERGÉTICO

A agroindústria canavieira vivencia a necessidade de atender a mercados cada vez mais

exigentes quanto às questões socioambientais em toda a cadeia produtiva de açúcar e álcool e tem

adotado práticas de gestão ambiental para mitigar seus passivos ambientais.

Este tradicional e importante setor da economia brasileira deve aprimorar suas iniciativas para

economia de recursos naturais, gerenciamento de resíduos, uso racional de recursos hídricos e boas

práticas agrícolas garantindo ganhos diferenciados num futuro em que os stakeholders cada vez mais

atrelam seus investimentos a empresas sustentáveis.

O Brasil é um exemplo mundial no uso de biomassa para geração de energia por conta da

experiência com a implantação do Proálcool na década de 1970. Atualmente, com a promissora

perspectiva de crescimento do uso do álcool e do biodiesel, nos mercados interno e externo, novos

desafios produtivos e organizacionais estão sendo colocados aos agentes destes setores, à sociedade

civil e ao Estado, visando os ganhos de competitividade, garantias de abastecimento ao consumidor e

desenvolvimento tecnológico, sustentabilidade social e ambiental. (VIAN, 2008)

Serão apresentadas a seguir as principais características da produção de cana-de-açúcar, com

seus impactos, vantagens e desafios socioambientais:

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4.1 Consumo de Fertilizantes

A utilização de fertilizantes na cultura de cana-de-açúcar no Brasil é baixa (aproximadamente

0,425 tonelada por hectare). Isto se deve principalmente à utilização de resíduos industriais da

produção do etanol e açúcar, como a vinhaça2

e a torta de filtro3

como fertilizantes orgânicos. Além

disso, o uso da palha da cana deixada sobre o solo após a colheita, principalmente nas áreas

mecanizadas, vem a otimizar todo este processo em termos de reciclagem de nutrientes e proteção do

solo. (UNICA, 2011). Como a cana é colhida anualmente durante cinco ou mais anos antes de precisar

ser replantada, a utilização de adubos minerais é baixa. Além disso, boa parte deles é substituída pelo

uso de fertilizantes orgânicos, produzidos a partir de resíduos da indústria, tais como a vinhaça e a

torta de filtro. (CNI, 2012) A vinhaça é gerada à razão de 12 litros por cada litro de álcool e apresenta

temperatura elevada, pH ácido e corrosividade, alto teor de potássio, além de quantidade elevadas de

nitrogênio, fósforo, sulfatos, cloretos, entre outros. (EMBRAPA, 2012)

O gerenciamento inadequado da vinhaça pode ter resultado negativo sobre a qualidade do solo

bem como contaminar as águas subterrâneas. Com o intuito de prevenir a ocorrência de poluição e

visando proteger o meio ambiente, a CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, por

meio da Norma Técnica P4.231/05, estabeleceu normas para o armazenamento, transporte e disposição

da vinhaça no solo.Porém é necessária a fiscalização adequada para garantir o cumprimento da

norma.(GUARDABASSI, 2011)

Da mesma forma, a utilização de torta de filtro pode contribuir com a poluição ambiental,

dependendo da forma como é utilizada. Para cada tonelada de cana moída, obtém-se cerca de 25 quilos

de torta de filtro.Para prevenir a contaminação por resíduos de torta de filtro, é recomendado que as

atuais áreas de compostagem ao ar livre sejam providas de base compactada e impermeabilizada com

geomembrana de polietileno de alta densidade. (EMBRAPA, 2012).

4.2 Consumo de Defensivos Agrícolas

O uso de inseticidas na cana-de-açúcar no Brasil é baixo e o de fungicidas é praticamente nulo.

As principais pragas da cana são combatidas através do controle biológico de pragas e com a seleção

de variedades resistentes, em grandes programas de melhoramento genético. (UNICA, 2011). O

consumo de agrotóxicos na cultura da cana-de-açúcar no Brasil é de aproximadamente 13% do total

comercializado. (EMBRAPA, 2012).

__________________________________________________________________________________

2 Subproduto da produção de etanol que é rica em água e nutrientes orgânicos.

3 Subproduto da agroindústria canavieira obtida nos filtros rotativos após a extração da sacarose residual da borra.

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Desde a década de 1970 o país implanta em seus canaviais o maior programa de controle

biológico do mundo, ao liberar nas lavouras a vespa cotésia (Cotesia flavipes), eficiente no combate à

ação da broca-da-cana, a maior praga da plantação. Este combate natural evita a contaminação do

ambiente ao dispensar a utilização de agrotóxicos e reduzir em quase três vezes os custos com o

emprego de produtos químicos. (EMPRAPA, 2012).

Como a cana é colhida anualmente durante cinco ou mais anos antes de precisar ser replantada,

a utilização de adubos minerais é baixa. Além disso, boa parte deles é substituída pelo uso de

fertilizantes orgânicos, produzidos a partir de resíduos da indústria, tais como a vinhaça e a torta de

filtro. (CNI, 2012)

É de extrema importância o uso correto de defensivos agrícolas evitando a contaminação de

águas superficiais e subterrâneas, devido ao mau uso de adubos químicos, corretivos minerais e

herbicidas. (EMBRAPA, 2012).

4.3 Uso do Solo

A cultura da cana no Brasil é reconhecida hoje por apresentar relativamente pequena perda de

solo (cerca de 12,4 toneladas por hectare). Esta situação continua melhorando com o aumento da

colheita sem queima da palha de cana e com técnicas de preparo reduzido, levando a perdas e valores

muito baixos, comparáveis ao plantio direto em culturas anuais. (UNICA, 2011)

O consorciamento da cana com outras culturas em sistemas de rotação de cultivo em áreas de

renovação e o cultivo de leguminosas e outras espécies têm acelerado o processo de incorporação de

nitrogênio e matéria orgânica nos solos. Em muitos casos, como a cultura da cana-de-açúcar tem

expandido em solos pobres em fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e matéria

orgânica, seus efeitos têm contribuído para a “construção” de solos, aprimorando, ao longo do tempo,

suas características de fertilidade e capacidade de retenção de umidade.(CNI, 2012)

A expansão da cana de açúcar em território brasileiro deve ser baseada nos critérios do

Zoneamento Agroecológico, lançado em 2009 pelo Governo Federal. Através dele são determinadas as

áreas aptas para cultivo considerando fatores como áreas de proteção, recursos hídricos, características

edafoclimáticas entre outras. O zoneamento garante uma área equivalente a 7,5% do território

brasileiro, ou cerca de 65 milhões de hectares, como apta para o cultivo da cana, excluindo 93,5% do

território nacional. Vale notar que, hoje, apenas 0,9% da área do país é ocupada com cana. (CNI, 2012)

O cultivo de cana também obedece às exigências do Código Florestal definido pela Lei nº.

4771 que impede que Áreas de Preservação Permanente4 e de Reserva Legal

5 sejam indevidamente

ocupadas.

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4.4 Recursos Hídricos

A cana-de-açúcar no Brasil praticamente não é irrigada. As necessidades hídricas, na fase

agrícola, são sanadas naturalmente pelo regime de chuvas das regiões produtoras, principalmente no

Centro-Sul do país, e complementadas pela aplicação da vinhaça em processo chamado de

fertirrigação. A irrigação de cana-de-açúcar é somente aplicada em casos específicos, na forma de

irrigação de salvamento para auxiliar a rebrota, nas regiões mais secas, e de forma restrita, como

irrigação complementar. (CNI, 2012).

Os níveis de captação e lançamento de água para uso industrial têm sido reduzidos

substancialmente nos últimos anos, de cerca de 5 metros cúbicos por tonelada para cerca de 1 metro

cúbico por tonelada processada. (UNICA, 2012) Nas usinas mais novas e eficientes instaladas

recentemente, o consumo de água observado é de 0,5 m3 por tonelada de cana moída, podendo, em

alguns casos, atingir 0,3 m3 por tonelada de cana moída. Há, no entanto, tecnologia disponível para

fazer com que o consumo de água pela indústria seja negativo. Isto é, ao invés de haver captação, a

indústria vai devolver água tratada, extraída da cana-de-açúcar entregue na usina. (CNI, 2012)

A Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária classifica a cana-de-açúcar como

uma cultura agrícola de risco 1, isto é, com nenhum impacto na qualidade da água. Existe suficiente

evidência científica, a partir de vários experimentos, indicando que é mínimo o risco de haver a

contaminação de reservatórios de água e lençóis freáticos, e a possível salinização de solos, quando a

aplicação de vinhaça em fertirrigação é limitada a 300 metros cúbicos por hectare. (CNI, 2012) Já o

consumo de água nos processos industriais das usinas, é utilizado, por exemplo, na lavagem das

caldeiras e das instalações em geral, na geração de vapor, nas colunas barométricas dos cristalizadores,

no resfriamento de gases, na filtração e na incorporação ao produto final (no caso do álcool hidratado),

entre outros. Também existe um elevado consumo de água durante o processo fermentativo do caldo

da cana, pois os micro-organismos só trabalham em solução diluída. (ENGELBRECHT, 2012).

________________________________________________________________________________

4.área coberta ou não com mata nativa que tem como função ambiental preservar os recursos hídricos,a paisagem, a estabilidade geológica, a

biodiversidade, fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas

5.área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos

naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;

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4.5 Colheita Mecanizada

A Lei no

11.241 dispõe sobre a queima da palha da cana-de-açúcar e foi regulamentada pelo

decreto no 47.700 de 11 de março de 2003, que apresenta em seu artigo 2

0 a tabela de eliminação

gradativa do atual processo de cultivo, o qual deverá ser totalmente substituído em 30 anos, num prazo

que finaliza em 2031.Além da legislação, foi assinado em 4 de junho de 2007, o Protocolo

Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro, de adesão voluntária, que estabelece princípios e diretivas

técnicas, de natureza ambiental, a serem observadas pelas indústrias de cana-de-açúcar. Entre as

principais diretrizes, cabe destacar a antecipação do prazo para o fim da colheita com uso do fogo,

sendo o prazo final para áreas mecanizáveis 2014 e para áreas não mecanizáveis 2017.

Figura 3: Prazo para eliminação da queima da palha de cana no Estado de São Paulo

Fonte: UNICA (2011)

O processo de mecanização tem sido fortemente implementado nos últimos anos

principalmente pela intensificação da tecnologia, para o atendimento de questões ambientais e para a

economia de gastos com mão-de-obra. No entanto, esse processo traz impactos sociais uma vez que

trabalhadores que dependiam do corte da cana perdem seu posto de trabalho, sendo que de acordo com

dados do Relatório de Sustentabilidade da UNICA (2011), cada máquina substitui o trabalho de 80

trabalhadores.

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A Lei no

11.241 em seu artigo 10, pede a participação dos municípios, usinas e sindicatos rurais

para que, em conjunto, criem os programas de requalificação e que procurem o desenvolvimento de

novos equipamentos que não impliquem em dispensa de elevado número de trabalhadores antes

alocados nas atividades de colheita manual.( LAMPKOWSKI;VIEIRA,2011)

Cabe ressaltar que mesmo que a mecanização abra novos posto de trabalho, estes não são

suficientes para acolher todos os trabalhadores que estavam envolvidos no processo de colheita

manual. Uma pequena parcela de trabalhadores ainda é mantida para executar trabalhos em áreas que

ainda não permitem a entrada de maquinário. Trabalhadores com um nível de informação e

escolaridade maior podem ter a oportunidade de serem capacitados e realocados dentro do próprio

setor sucroalcooleiro em outras atividades, ou serem absorvidos por outras atividades do agronegócio.

No entanto, muitos trabalhadores sem o mínimo de grau de escolaridade têm como única opção

retornar a seu local de origem, onde tem como alternativa a agricultura de subsistência ou trabalhos

temporários no mercado informal.

Visando reduzir o impacto social da mecanização da colheita de cana-de-açúcar, podemos

destacar duas importantes iniciativas: o Programa RenovAção da UNICA e o Compromisso Nacional

para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar.O primeiro tem como objetivo

requalificar 3.500 trabalhadores por ano, funcionários e ex-funcionários do corte de cana, através de

cursos profissionalizantes do próprio setor sucroalcooleiro e para outros setores da economia. Até o

momento foram capacitados 4.550 em 30 diferentes cursos e mais 16 mil profissionais capacitados

pelas próprias usinas através da replicação de cursos nos mesmos moldes do programa RenovAção,

totalizando aproximadamente 20 mil profissionais requalificados.

Resultado da iniciativa de empresários, trabalhadores e Governo Federal, o Compromisso

Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar tem como objetivo debater e

propor soluções para tornar mais humano e seguro o cultivo manual da cana-de-açúcar, assim como

promover a reinserção ocupacional dos trabalhadores desempregados pelo avanço da mecanização.

(Compromisso Nacional, 2010). As discussões levantaram questões nos seguintes aspectos: contrato

de trabalho; saúde e segurança do trabalho; transparência na aferição da produção; alojamento;

transporte; migração; escolaridade, qualificação e recolocação; remuneração; jornada de trabalho;

alimentação; trabalho infantil e trabalho forçado; organização sindical e negociações coletivas;

proteção ao desempregado, com atenção aos trabalhadores no corte manual no período da entressafra;

responsabilidade sobre as condições de trabalho na cadeia produtiva; responsabilidade no

desenvolvimento da comunidade; Programa de Assistência Social – PAS da atividade canavieira;

trabalho por produção; trabalho decente e trabalho análogo ao escravo.

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4.6 Créditos de Carbono

O Protocolo de Quioto é um acordo estabelecido pela Convenção – Quadro das Nações Unidas

sobre Mudança do Clima (CQNUMC) que tem como meta a diminuição das emissões de gases do

efeito estufa pelos países industrializados em 5% na média, tendo como base o ano de 1990. Para

atingir seu objetivo, o Protocolo estabelece uma série de ferramentas que tem como objetivo final criar

condições para minimizar os impactos negativos do efeito estufa. O documento define

responsabilidades comuns, porém diferenciadas entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento,

abrangendo o período de 2008 a 2012 para atingir o objetivo proposto.

Dentro dos instrumentos aplicados pelo Protocolo de Quioto, cabe destacar o Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo, envolvendo países em desenvolvimento, através de projetos de implantação

de tecnologias limpas, eficiência energética, reflorestamento, uso de fontes de energia renovável,

entres outros para redução de emissão de gases e sumidouros. A implementação desses projetos gera

créditos de carbono para os países do Anexo I do Protocolo de Quioto (países desenvolvidos),

auxiliando através de financiamentos a expansão do desenvolvimento sustentável em países em

desenvolvimento.

No Brasil, a participação no mercado de Créditos de Carbono ocorre por meio do Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite que países em desenvolvimento participem em caráter

voluntário, pelos mesmos não terem obrigação e metas a cumprir como no caso dos países do Anexo A

do Protocolo de Quioto.

Sediada em Doha, no Catar, a COP 18 – 18ª Conferencia das Partes da Convenção Quadro das

Nações Unidas sobre Mudança do Clima foi realizada entre novembro e dezembro de 2012 reunindo

os 193 países integrantes para debate de acordo de medidas políticas para continuação do Protocolo de

Quioto, que entrará no seu segundo período de janeiro de 2013 até 2020. As discussões indicam a

necessidade que as nações desenvolvidas invistam pelo menos US$ 10 bilhões ao ano entre 2015 e

2020, na época que o novo acordo global entrar em vigor para compensação pelos efeitos das

mudanças climáticas.

Os 68 projetos brasileiros registrados pela United Nationd Framework Convetion on Climate

Change (UNFCCC) no mercado de créditos de carbono geraram uma redução estimada de 3,45

milhões de toneladas de CO2 e faturamento de US$ 25,4 milhões em 2008 (o preço médio no mercado

voluntário foi de US$ 7,3 em 2008). Dos 68 projetos, 24 são do setor sucroenergético, os quais

geraram redução estimada de 473,9 mil toneladas de CO2 (US$ 3,5 milhões).

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5. ACORDOS E INICIATIVAS PARA BOAS PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS NO

SETOR SUCROALCOOLEIRO

O Brasil, devido à sua dimensão territorial e condições edafoclimáticas, abundância de recursos

naturais e terras agricultáveis, apresenta vantagens competitivas estratégicas para um futuro voltado ao

uso de energia renovável.

Neste panorama, destaca-se cada vez mais a utilização de biocombustíveis, sendo abordado

neste trabalho como sistemas de certificação podem influenciar na adoção de boas práticas de gestão

ambiental ao longo de toda a cadeia produtiva de etanol proveniente do setor sucroalcooleiro.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o conceito de sustentabilidade é

apresentado como “atendimento das necessidades das gerações atuais, sem comprometer a

possibilidade de satisfação das necessidades das gerações futuras”. Para tanto, em um projeto que vise

ser sustentável, os fatores econômicos, sociais, culturais e ambientais devem ser considerados e

inseridos na estratégia central dos negócios.

A adoção de práticas sustentáveis ao longo da cadeia permite identificar como tornar etapas do

processo mais eficientes, aproveitando melhor os insumos, recursos naturais e matérias-primas,

reduzindo custos e se tornando mais competitivo. A imagem institucional também se beneficia, dando

destaque e valorização à marca junto aos mais diversos stakeholders.

A adoção de requisitos ambientais, além daqueles obrigatórios pela legislação ambiental,

proporciona oportunidades de atingir novos mercados, cada vez mais exigentes quanto à adoção de

tecnologias limpas. Outra vantagem é o acesso diferenciado a linhas de crédito e financiamentos, uma

vez que questões de riscos socioambientais inerentes ao negócio são cuidadosamente estudadas.

A partir de discussões envolvendo entidades ao redor do mundo estão sendo estabelecidos

sistemas de certificação que visam avaliar a sustentabilidade de biocombustíveis, como por exemplo:

5.1: Renewable Transport Fuel Obligation (RTFO)

Requerimento de teor de 5% de combustível de origem renovável em todo o combustível

automotivo vendido no Reino Unido.

5.2 Roundtable on Sustainable Biofuels

Iniciativa internacional envolvendo agricultores, empresas, organizações não-governamentais,

especialistas, agências internacionais e de governo interessadas em garantir a sustentabilidade de

produção e conversão dos biocombustíveis. (Frie et al,2006)

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29

5.3 Grupo de Trabalho Internacional IEA no âmbito do Acordo de Bioenergia da Agência

Internacional de Energia

Desenvolve atividades focadas no comércio internacional de biomassa e bioenergia, suas

implicações e perspectivas, trabalhando especificamente no desenvolvimento de sistemas de

certificação, padronização e terminologia para a promoção do comércio internacional de vetores

bioenergéticos em bases sustentáveis, provendo análise e informações importantes sobre os esforços

em curso nesse campo (IEA Bioenergy, 2008)

5.4 Diretiva Européia para a Promoção de Energia Renovável (European Union Renewable

Energy Directive - EU RED

A primeira Diretiva Européia para Bicombustíveis foi estabelecida em 2003 (2003/30/CE),

fixando metas de 2% na matriz energética em 2005 e 5,75% em 2010, sendo tais objetivos alcançados

somente pela Alemanha, Áustria e Suécia. A Diretiva Europeia para promoção das Energias

Renováveis em 2009 (2009/28/EC), a União Européia estabeleceu como meta a substituição até 2020

de 20% de sua matriz energética por fontes renováveis, sendo que cada país membro deve substituir ao

menos 10% das fontes de energia empregadas no setor de transportes.

5.5 Renewable Fuel Standard (RFS)

Criado em 2005, dentro da Energy Policy Act (EPAct) que, entre outros objetivos, prevê o

aumento da quantidade de bicombustível que deve ser misturado a gasolina vendida no Estados

Unidos, com meta de 7,5 bilhões de galões (o equivalente a aproximadamente 28 bilhões de litros) até

2012. O programa foi desenvolvido em parceria com refinarias, produtores de biocombustíveis e

demais stakeholders. A agência ambiental norte-americana Environmental Protection Agency (EPA) é

o órgão responsável pelo desenvolvimento e implementação de regulamentações que viabilizem a

mistura de um volume mínimo de combustíveis renováveis e da aplicação dos critérios contidos no

RFS. Em 2007, de acordo com o Energy Independence and Security Act (EISA) de 2007, o programa

RFS foi expandido, sendo denominado RFS2, considerando também diesel além de gasolina,

aumentou o volume de substituição de combustível fóssil por combustível renovável de 9 bilhões de

galões em 2008 para 36 bilhões de galões em 2022. Esta expansão também estabeleceu novas

categorias de combustível renovável sendo definidas diferentes porcentagens de volume para cada um.

Ainda, foi solicitado a EPA uma Análise de Ciclo de Vida (ACV) para cada tipo de combustível

renovável, definindo como critério que cada categoria emita menos gases do efeito estufa do que o

combustível fóssil que venha a substituir. A EPA utiliza o ano de 2005 como referência para estudo da

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diminuição da emissão de GEE, com o uso da ACV, para comparar as emissões com o uso de

bicombustíveis em comparação com o uso de combustíveis fósseis – gasolina e diesel.

5.6 Protocolo Agro-Ambiental

Assinado em 2006 pelo Governo do Estado de São Paulo e a UNICA implementou o Programa

Bioetanol Verde para fomentar as boas práticas do setor sucroalcooleiro por meio de um certificado de

conformidade e determinar um padrão positivo a ser seguido pelos produtores. Este instrumento cobre

alguns dos principais pontos de redução de impacto na cultura, como antecipação de prazos de

eliminação da queima de palha de cana, proteção de nascentes e de remanescentes florestais, controle

das erosões e o adequado gerenciamento de embalagens de agrotóxicos. (Lucon, 2008).

Com a crescente importância da bioenergia e da intensificação do uso de biocombustíveis é

necessário assegurar que toda a cadeia de produção seja realizada através de processos sustentáveis.

Como exposto acima, há diversas iniciativas que estão sendo aprimoradas para garantir a incorporação

de boas práticas no setor sucroalcooleiro.

Entre os diversos sistemas, o presente estudo tem como apresentar os princípios, critérios e

requisitos do Padrão de Produção BONSUCRO.

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6. SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO BONSUCRO

Em um mundo onde o desenvolvimento é cada vez mais orientado para a economia de baixo

carbono, e a tendência são investimentos crescentes em fontes renováveis, o setor sucroenergético

brasileiro destaca-se por seu pioneirismo na produção de bicombustíveis. Quando estes são originados

da cana-de-açúcar os mesmos apresentam uma série de vantagens, como por exemplo, o balanço

energético6, que segundo pesquisa do World Watch Institute o do etanol brasileiro

é de

aproximadamente quatro vezes melhor que o etanol de beterraba e trigo, produzido principalmente na

Europa, e quase cinco vezes superior ao etanol produzido de milho, produzido nos Estados Unidos,

com redução de até 80% de redução de gases do efeito estufa em relação à gasolina.

A certificação socioambiental visa diferenciar produtos oriundos de processos de produção

ambientalmente adequados, socialmente justos e economicamente viáveis. Logo, seus padrões devem

refletir a conciliação de interesses dos setores econômico, ambiental e social. De maneira geral, os

Padrões de Certificação são apresentados na forma de princípios e critérios. Os Princípios expressam

idéias e conceitos gerais e definem a estrutura básica dos Padrões. Cada princípio é discriminado e

detalhado em uma série de Critérios, que traduzem as idéias expressas nos Princípios por meio de

elementos que possam ser medidos e/ou avaliados. Indicadores são os elementos pelos quais os

critérios são objetivamente medidos no campo.

Enquanto os Princípios e Critérios devem ser universais, os indicadores devem ser adaptados

para cada avaliação específica e dependem de fatores locais: físicos, ecológicos, socioeconômicos e

culturais.(PRABHU et al, 1996).

Antes denominada Better Sugar Cane Iniative (BSI), BONSUCRO é uma associação

multissetorial estabelecida para reduzir os impactos sociais e ambientais da produção de cana-de-

açúcar e seus derivados através do estabelecimento de padrões de produção que possam ser aplicados

mundialmente, considerando as condições locais.

Sediada em Londres, funciona como um fórum de diálogo internacional reunindo produtores,

ONGs, traders, redes varejistas, empresas e investidores empenhados no melhoramento contínuo da

produção de cana. É importante ressaltar que dentro desse padrão de certificação multissetorial de

etanol e açúcar, as empresas consumidoras e traders também devem ser certificados para obterem o

direito de comercializar os produtos certificados.

_________________________________________________________________________________

6.Comparação da energia renovável gerada com a energia fóssil utilizada para produzi-la.

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6.1 Objetivos da Certificação BONSUCRO

A Certificação BONSUCRO tem como objetivos:

- Definir princípios, indicadores, critérios e padrões para produção de cana-de-açúcar, que

sejam aplicáveis mundialmente, considerando condições e circunstâncias locais, e sejam baseados em

processos transparentes, focados em direcionar o setor sucroenergético para o desenvolvimento

sustentável;

- Promover melhorias mensuráveis nas áreas econômica, ambiental e social da produção e

processamento da cana-de-açúcar;

- Desenvolver um sistema de certificação que permita que produtores, compradores e demais

envolvidos na cadeia de açúcar e etanol obtenham produtos derivados de cana-de-açúcar que tenham

sido produzidos de acordo com sistema.

BONSUCRO é membro do ISEAL Alliance, associação global de padrões social e ambiental,

que tem como missão o desenvolvimento de estabelecimento de guias de boas práticas internacionais

para a implementação de sistemas de certificação.

6.2 Padrões, Princípios e Critérios BONSUCRO

O sistema de certificação BONSUCRO é composto por dois padrões: O Padrão de Produção

BONSUCRO e o Padrão de Certificação da Cadeia de Custódia. O Padrão de Produção BONSUCRO

estabelece princípios e critérios para a adoção de boas práticas socioambientais para produção de cana-

de-açúcar e seus produtos derivados. A unidade de certificação considerada para este padrão é a usina

e sua área de fornecimento de cana-de-açúcar através de amostragem.

Já o Padrão de Certificação da Cadeia de Custódia estabelece uma série de requisitos técnicos e

administrativos que permitem a rastreabilidade da cana-de-açúcar e seus produtos derivados que foram

produzidos de acordo com o Padrão de Produção BONSUCRO. O Padrão de Certificação da Cadeia de

Custódia BONSUCRO contém a Metodologia do Balanço de Massa que regula a mistura de produtos

certificados e não certificados em qualquer ponto da cadeia de custódia, com a condição de que o

balanço entre entrada e saída continue o mesmo. Para este padrão, a unidade de certificação

considerada engloba qualquer agente que tenha posse legal ou controle físico de cana-de-açúcar e seus

produtos derivados em qualquer etapa da cadeia de custódia.

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O Padrão de Produção BONSUCRO incorpora uma série de princípios, critérios e indicadores

que devem ser atendidos por toda a cadeia produtiva de açúcar e etanol, servindo de diretriz para

empresas que procuram fornecedores que possuam mecanismos de desenvolvimento sustentável, assim

como direcionam as decisões do setor financeiro,que busca cada vez mais investimentos sustentáveis.

A verificação dos requisitos é realizada tanto nas usinas quanto nas áreas de fornecimento da

cana-de-açúcar, sendo realizada por auditores qualificados e credenciados.

Sendo todos os requisitos cumpridos, é fornecido um certificado de conformidade de validade

de três anos, sendo realizadas auditorias anuais.

O padrão de certificação BONSUCRO determina seus requisitos através dos seguintes

princípios:

Princípio 1: Cumprir a lei

Princípio 2: Respeitar os direitos humanos e trabalhistas

Princípio 3: Gerenciar a eficiência dos insumos, produção e processamento para aumentar a sustentabilidade

Princípio 4: Gerenciar ativamente a biodiversidade e serviços dos ecossistemas

Princípio 5: Melhorar constantemente as áreas chaves do negócio

Tabela 4: Princípios da Certificação BONSUCRO

Em cada princípio são estabelecidos critérios e indicadores que avaliam se o mesmo está sendo

atendido, como por exemplo, consumo de água e energia, emissões de gases do efeito estufa, ações de

segurança para os trabalhadores entre outros, permitindo ao produtor identificar quais são as ações a

serem implementadas para que o padrão seja cumprido.

Para obter o certificado BONSUCRO, 80% dos indicadores presentes nos princípios devem ser

cumpridos, como também o cumprimento de 80% dos critérios referentes à Cadeia de Custódia.

Alguns critérios são considerados “critérios essenciais” e devem ser integralmente cumpridos

para obter conformidade com a norma BONSUCRO. Os critérios essenciais são os seguintes:

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1.1 Cumprir as leis relevantes e aplicáveis

2.1 Cumprir com as convenções da Organização Internacional do Trabalho que regem sobre o

trabalho infantil, o trabalho forçado, a discriminação e liberdade de associação, e o direito de

negociar convenções coletivas

2.4 Pagar pelo menos o salário mínimo nacional aos empregados e trabalhadores (incluindo

trabalhadores migrantes e sazonais, e outros trabalhadores subcontratados)

4.1 Avaliar o impacto de empresas de cana-de-açúcar na biodiversidade e nos serviços do

ecossistema

5.7 Para novos projetos de cana-de-açúcar, assegurar processos transparentes, consultivos e

participativos que levam em conta impactos cumulativos e induzidos, através de uma

avaliação de impacto socioambiental (AISA)

Tabela 5: Critérios essenciais da Certificação BONSUCRO

Fonte: Padrões de Certificação BONSUCRO

6.3 Diretivas Européias no Padrão BONSUCRO

A Diretiva Européia para a Promoção de Energia Renovável (European Union Renewable

Energy Directive - EU RED) tem como objetivo cumprir a meta de 20% de participação de energia de

fontes renováveis no consumo de energia da comunidade europeia, assim como atingir 10% de uso de

fontes renováveis no transporte até 2020. Os biocombustíveis devem alcançar redução mínima de 35%

de suas emissões em relação a combustíveis fósseis até 2017 e de 50% após esta data.

A BONSUCRO é reconhecida como padrão voluntário dentro da EU RED e da Fuel Quality

Directive (EU FQD), permitindo que companhias que desejem produzir ou comercializar

bicombustíveis para a União Européia o façam através da apresentação da certificação BONSUCRO

EU, que agrega alguns requisitos adicionais que permitem acessar este mercado, incentivando a

sustentabilidade econômica e ajudando a aperfeiçoar tecnicamente a cadeia do açúcar e etanol.

Desta forma, além de cumprir 80% dos indicadores presentes nos princípios de 1 a 5 e dos

critérios considerados essenciais, é obrigatório o cumprimento destes critérios adicionais para

atendimento do Padrão BONSUCRO EU.

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7. DISCUSSÃO DE RESULTADOS

O desenho dos novos papéis e da gestão de políticas públicas para os setores da agroenergia no

Brasil enseja uma reflexão sobre as possíveis formas de concertação entre os atores produtivos,

governamentais e de pesquisa. A realização desse exercício é fundamental para que se possa entender

os limites do planejamento para a inserção da sociedade brasileira nesse ambicioso projeto sem repetir

erros passados e garantindo um futuro sustentável e responsável para estas cadeias produtivas

(VIAN,2008).

O estabelecimento de critérios e padrões de sustentabilidade amplamente aceitos enfrenta como

dificuldade básica a inerente complexidade dos sistemas bioenergéticos, com sua gama de matéria-

prima, tecnologias e contextos de produção. (CGE, 2008).

É preciso reconhecer quais são os principais fatores que motivam os processos de certificação,

entre os quais podemos destacar: a busca pela segurança alimentar; garantia de rastreabilidade de

processos e produtos para promoção de cadeias produtivas sustentáveis; introduzir boas práticas

agrícolas que garantam o desenvolvimento rural aliado a preservação do meio ambiente; introduzir

práticas e procedimentos que colaborem para mitigação de mudanças climáticas; garantir que os

empreendimentos tragam desenvolvimento social para região onde são implantados; possibilitar acesso

a novos mercados e fontes de financiamento; melhoria da imagem institucional da empresa, entre

outros.

A ascensão das energias renováveis trouxe à tona questões socioambientais do sistema

produtivo de biocombustíveis, como impactos ambientais e questões trabalhistas, dando início a

barreiras comerciais não tarifárias para exportação a mercados consumidores potenciais, sendo

necessário adequar as práticas existentes aos padrões de sustentabilidade exigidos cada vez mais pelo

mercado consumidor e investidores. O setor sucroenergético brasileiro precisa provar que é capaz de

aumentar sua produção com respeito ao meio ambiente e aos direitos sociais para garantir a expansão

de seus negócios.

O processo de certificação busca, além de garantir a execução das boas práticas, dar apoio para

que o etanol se torne uma commodity internacional, facilitando a negociação e acesso a novos

mercados. Para isso deve transpor o limite do cumprimento da lei e ir além do que é legalmente

exigido, para que de fato seja um diferencial para os empreendimentos que buscam maximizar seus

resultados na área socioambiental.

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Para uma efetiva ecoeficiência do processo de produção, ou seja, gestão empresarial baseada

em um esforço incessante para produzir mais e melhor, com menos uso dos recursos naturais, com

preços competitivos, reduzindo progressivamente os impactos ambientais, considerando as

necessidades de gerações futuras, é necessário um estudo de análise sobre cadeia produtiva, visando à

minimização dos impactos nocivos de todo o processo. (ESPÍNDOLA, 2009). Isto demanda que para

garantir a sustentabilidade, toda a cadeia produtiva deve ser analisada, considerando-se aspectos

técnicos, econômicos, sociais e ambientais.

O sistema de certificação também tem que ser trabalhado de forma que permita a adesão de

empreendimentos dos mais diversos portes, incentivando que todos os envolvidos possam ter a

oportunidade de implementar e demonstrar procedimentos socioambientalmente responsáveis,

independente de seu porte.

Todos os requisitos dentro de um sistema de certificação aplicado ao setor sucroalcooleiro

devem ser cuidadosamente estudados para que não se constituam em barreiras comerciais, se

transformando em medidas protecionistas, o que acaba prejudicando por sua vez o investimento e

expansão da utilização da bioenergia. Os sistemas de certificação devem permitir tratamento objetivo

de seus princípios e critérios, atestados e monitorados por corpo técnico externo a unidade auditada,

assegurando confiabilidade ao sistema.

Para a realização deste trabalho foram realizadas consultas com representantes de usinas de

açúcar e álcool da região de Piracicaba / SP que já conquistaram a certificação BONSUCRO, porém,

por se tratar de iniciativa recente no setor, não foram divulgados dados para a realização de estudo de

caso.

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8. CONCLUSÃO

Considerando a necessidade de desenvolvimento de uma economia de baixo carbono,

uma das alternativas é a substituição de combustíveis de origem fóssil por recursos

energéticos renováveis. No entanto, somente isto não basta, neste processo é necessário criar

procedimentos que assegurem que esta troca seja de fato benéfica em termos de redução de

emissões de gases do efeito estufa, preservação da qualidade dos recursos hídricos, garantia

de direitos trabalhistas e sociais, melhoria da qualidade do ar, entre outros, tendo como

prioridade a sustentabilidade em toda a cadeia produtiva.

A Certificação BONSUCRO surge para atender esta demanda de promover a

sustentabilidade na cadeia produtiva de etanol produzido a partir da cana-de-açúcar. Esta

padronização colabora também como instrumento para transformar o etanol em commodity

internacional, favorecendo a comercialização global de biocombustíveis e o acesso a novos

mercados.

Da mesma forma, o desenvolvimento dos critérios deve ser acompanhado por todos os

stakeholders para que esta iniciativa que visa incentivar a adoção de boas práticas no setor

sucroenergético não oculte protecionismos e barreiras de acesso a mercados internacionais.

É preciso ressaltar, de acordo com os princípios e critérios BONSUCRO apresentados

no estudo, que alguns delem exigem somente o cumprimento da lei e de critérios de tratados e

convenções internacionais. Outros indicadores vão além do legalmente requerido e induzem

os empreendimentos a aprimorarem sua conduta na área socioambiental. Sendo assim, a

certificação, através da verificação de todos os indicadores e acompanhamento da evolução da

questão socioambiental, também cumpre o papel de diferenciar quem de fato está cumprindo

com toda a legislação necessária, uma vez que a fiscalização pelo poder público por muitas

vezes não é efetiva.

Neste estágio inicial de implantação da Certificação BONSUCRO somente os grandes

grupos do setor sucroenergético tem a possibilidade de atendimento aos critérios exigidos,

sendo que grupos menores demandam mais tempo e investimento para adequarem seus

processos produtivos e administrativos. Atualmente as seguintes usinas já possuem a

certificação BONSUCRO:

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Raízen: Usina Maracaí, Usina Bom Retiro e Usina Costa Pinto.

Renuka do Brasil: Equipav

Coopersucar: Usina Quata, Usina Açucareira São Manoel, Usina Santa Adélia,

Açucareira Zillo Lorenzetti

BUNGE: Usina Moema de Açúcar e Álcool, Usina Frutal de Açúcar e Álcool.

ETH Bioenergia: Unidade Conquista do Pontal

Zilor: Usina Barra Grande de Lençois

Tabela 6: Usinas com Certificação BONSUCRO Fonte: BONSUCRO

Considerando todos os benefícios da certificação, é preciso esclarecer que a mesma

não substitui fatores essenciais como boa governança, implementação e condução apropriada

de políticas públicas adequadas ao setor.

Da mesma forma, a implementação de um sistema de certificação não tem a

capacidade de resolver todos os dilemas e problemas enfrentados pelo setor, sendo necessária

cooperação entre os diversos atores envolvidos durante todas as etapas da cadeia

sucroenergética para que um sistema de produção sustentável do ponto de vista econômico,

social e ambiental seja de fato implementado.

Sendo a Certificação BONSUCRO um sistema de certificação recente, é necessário

que sejam realizados mais estudos comparativos quanto ao sucesso de implementação dos

princípios e indicadores e as práticas existentes no setor sucroalcooleiro, como por exemplo, a

análise realizada no trabalho de Lucas Engelbrecht – O Setor Sucroenergético brasileiro e os

princípios de certificação socioambiental: desafios e oportunidades do IEE que compara as

exigências da BONSUCRO com as práticas adotadas no setor.

Caberá também a análise de como a aplicação da certificação está de fato

contribuindo para a adoção de boas práticas socioambientais, indo além das ações já

existentes para cumprimento da legislação aplicável, com o contínuo monitoramento da

evolução dos princípios e indicadores deste sistema de certificação socioambiental

acompanhando o desenvolvimento do setor sucroenergético na área socioambiental.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Setor Sucroalcooleiro. Piracicaba, SP: Imaflora; São Carlos: EdUFSCAR, 2008.

ESPÍNDOLA, Adriana Andrade. Processo de Certificação do Etanol Brasileiro - Revista

de Ciências Gerenciais. vol.XIII, nº 17, p.113 -130,São Paulo,2009.

BONSUCRO – BETTER SUGAR CANE INIATIVE. Padrão de Produção BONSUCRO.

Dezembro, 2010. Disponível em: www.bonsucro.com. Acesso em fevereiro de 2012.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da Safra

Brasileira: cana-de-açúcar, terceiro levantamento- dezembro de 2011. Brasília, 2011.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Fórum Nacional Sucroenergético –

Bioetanol: o futuro renovável. Brasília, 2012.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Impacto Ambiental da

cana-de-açúcar. Disponível em: www.cana.cnpm.embrapa.br. Acesso em novembro de

2012.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Balanço Energético Nacional

2012: Ano Base 2011. Rio de Janeiro, 2012.

ENGELBRECHT, Lucas. O setor sucroenergético brasileiro e os princípios da

certificação socioambiental: desafios e oportunidades. Monografia (Especialização em

Gestão Ambiental e Negócios no Setor Energético) – Instituto de Eletrotécnica e Energia da

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

GUARDABASSI, Patrícia Maria. Os desafios à expansão sustentável da produção de

etanol de cana-de-açúcar. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Energia da

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS RENOVÁVEIS.

Programa de Controle de Emissões Veiculares: Fatores Médios de Emissão de Veículos

Novos. Disponível em <http://www.ibama.gov.br/areas-tematicas-qa/programa-proconve>.

Acesso em dezembro de 2012.

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39

LAMPKOWSKI, Francisco José; Vieira, Gilberto. Estratégia de Produção: inovação

tecnológica no processo de corte da cana de açúcar como fator competitivo. XI SIMPEP

– Simpósio de Engenharia de Produção. Bauru, 2004

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Secretaria de

Produção e Agroenergia. Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia.Anuário

Estatístico da Agroenergia 2010. Brasília, 2011.

UNIÃO DAS INDÚSTRIAS DE CANA-DE-AÇÚCAR. Etanol E Bioeletricidade – A cana-

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UNIÃO DAS INDÚSTRIAS DE CANA-DE-AÇÚCAR. 2º Relatório de Sustentabilidade

do Setor Sucroenergético. São Paulo, 2011

VIAN, CARLOS E.FREITAS et al, Perspectivas da Agroenergia no Brasil. Piracicaba,

2008

VIAN, CARLOS E.FREITAS; MORAES, GUSTAVO INÁCIO. Bioenergia: Potenciais,

Problemas e Decisões para Viabilização Social e Econômica. Piracicaba, 2008.

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ANEXO A

PRINCIPIOS DO PADRÃO DE PRODUÇÃO BONSUCRO

PRINCÍPIO 1 : CUMPRIR A LEI

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

1.1 Cumprir as leis

relevantes e

aplicáveis

Leis Nacionais e

Convenções

Internacionais

relevantes cumpridas.

* * Sim / Não Sim

Legislação relevante inclui leis e convenções

internacionais, mas não se limita a:

regulamentos que regem a posse e o usufruto da

terra, trabalho, práticas agrícolas, meio

ambiente, práticas de transporte e

processamento, atuação com integridade. Uma

lista das convenções internacionais relevantes é

citada no Anexo. Na falta de indicação

específica, deve prevalecer o regulamento mais

rígido ou a convenção ratificada pelo país mais

rígida – nacional ou internacional-.

Os princípios e critérios deste padrão oferecem

orientação quanto à definição das leis relevantes.

* Indica aplicabilidade.

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PRINCÍPIO 1 : CUMPRIR A LEI

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

1.2 Demonstrar título

claro de terra, de

acordo com práticas e

leis nacionais.

O direito do uso da terra

deve ser demonstrado,

sem ser objeto de

legitima contestação

pelas comunidades

locais que tenham

direitos demonstráveis.

* * Sim / Não Sim

Tais direitos podem ser relacionados tanto à

posse quanto ao arrendamento legal da terra, ou

aos direitos de uso e costumes. Posse legal será o

título oficial no país (por exemplo, registro em

cartório, agência do governo, ou outro).

Encontra-se orientação quanto aos direitos

costumeiros nas convenções 169 e 117 da OIT.

*Indica aplicabilidade

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PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

2.1 Cumprir com as

convenções da OIT

que regem sobre o

trabalho infantil, o

trabalho forçado, a

discriminação e

liberdade de

associação, e o direito

de negociar

coletivamente.

Idade mínima dos

trabalhadores. * * Anos

18 anos para

trabalho

perigoso

15 anos para

trabalho não-

perigosos.

Conforme a OIT, Artigo 3 C138 e C182, será no

mínimo 18 anos a idade mínima para se iniciar

em qualquer tipo de emprego ou trabalho que ,

ou por sua própria natureza, ou pelas

circunstâncias em que acontecer, ofereça a

possibilidade de prejudicar a saúde, segurança

ou moralidade dos jovens. (verificável também o

Art.16 da Convenção 184, Saúde e Segurança na

Agricultura). Crianças podem trabalhar em

pequenas fazendas familiares somente com a

supervisão adulta e desde que o trabalho não

interfira em sua educação formal, nem coloque

em risco sua saúde.

Ausência de trabalho

forçado. * * Sim/não Sim

Trabalho forçado ou obrigatório, conforme

definido pelas Convenções 29 e 105 da OIT.

A verificação deve incluir todos os trabalhadores

e todas as trabalhadoras.

*Indica aplicabilidade

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PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

2.1 Cumprir com as

convenções da OIT

que regem sobre o

trabalho infantil, o

trabalho forçado, a

discriminação e

liberdade de

associação, e o direito

de negociar

coletivamente.

Ausência de

discriminação

*

*

Sim/Não

Sim

Discriminação conforme definida pela OIT

C111.

A verificação é realizada mediante entrevista

com trabalhadores.

Respeitar o direito de

todos os trabalhadores

de criar e se juntar a

sindicatos, e/ou

negociar coletivamente

na forma prevista em

lei.

* * Sim / Não Sim

Empregadores devem respeitar tais direitos e não

devem interferir com os esforços dos

trabalhadores de criar mecanismos de

representação, na forma prevista em lei.

* Indica aplicabilidade

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44

PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

2.2 Aplicar os direitos

humanos e

trabalhistas da BSI

aos fornecedores e

contratados

Porcentagem de

contratados e principais

fornecedores que

demonstraram que

cumprem os direitos

humanos e trabahistas.

* * % 95

Empresas contratantes de mão-de-obra, bem

como os principais fornecedores à usina e aos

produtores de cana-de-açúcar, devem

demonstrar o cumprimento dos direitos humanos

básicos (por exemplo, ausência de trabalho

forçado, trabalho infantil e discriminação, a

existência de liberdade de associação e direitos

trabalhistas, etc.) O cumprimento efetivo será

verificado pelos auditores por amostragem, ao

nível da usina e da fazenda. A existência de

Códigos de Conduta nos contratos serão

considerados como prova de conformidade. A

metodologia da amostragem será baseada no

volume fornecido à usina.

* Indica aplicabilidade

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45

PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

2.3Assegurar um

ambiente de trabalho

seguro e saudável em

operação de trabalho.

Freqüência de acidentes

com afastamento * *

Número por

milhão de horas

trabalhadas

Usina< 15

Agricultura< 45

Um acidente com afastamento é definido como

sendo um incidente que envolve um empregado

e que o impossibilita de continuar com suas

tarefas normais no próximo dia ou turno, devido

a lesão recebida. Os acidentes fatais devem ser

anotados em separado.

Avaliação dos

principais riscos para a

saúde e segurança e a

implementação de

medidas de mitigação

de risco.

* * Sim/Não Sim

Os principais riscos para saúde e segurança

devem ser conhecidos e sua avaliação

formalizada. Avaliação a ser feita pelo menos

uma vez no ano. Medidas devem ser tomadas

para eliminar, evitar ou reduzir riscos, de acordo

com legislação nacional, caso existente. As

recomendações 192 da Convenção 184 da OIT,

ou leis nacionais caso houver, oferecem

orientação quanto à lista das principais áreas de

risco a serem avaliadas.

Equipamento apropriado

de proteção individual

fornecido e utilizado

por todos os

trabalhadores.

* * Sim/Não Sim Manutenção periódica e uso efetivo do

equipamento de proteção individual.

*Indica aplicabilidade

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46

PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

2.3 Assegurar um

ambiente de trabalho

seguro e saudável em

operação de trabalho

Treinamento para saúde

e segurança * * % 90

O padrão é uma medida média, da % dos novos

empregados que recebem treinamento, e da % de

empregados atuais que recebem treinamento de

atualização pelo menos a cada cinco anos (por

exemplo: promoção e participação em

seminários, palestras e campanhas relacionados

com saúde e segurança, etc). Empregados e

outros trabalhadores (incluindo trabalhadores

migrantes e sazonais, e outros trabalhadores

subcontratados) devem receber treinamento

básico em questões de saúde e segurança

relacionadas com suas funções. Isso deve

ocorrer quando começam a trabalhar e com

atualizações periódicas posteriores.

Cumprimento efetivo pode ser verificado por

amostragem.

* Indica aplicabilidade

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47

PRINCÍPIO 2: RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

2.3 Assegurar um

ambiente de trabalho

seguro e saudável em

operação de trabalho

Disponibilidade em

quantidade suficiente de

água potável segura

para cada trabalhador

presente no campo e/ou

na usina

* * Sim/Não Sim

Verificação visual do acesso à água potável em

quantidade adequada, principalmente em

condições de alta temperatura, e de ausência de

fontes de contaminação perto da fonte de água

potável.

Acesso a primeiros

socorros e sistema de

resposta a emergências.

* * Sim/Não Sim

Acesso e proximidade a primeiros socorros, na

forma definida pela legislação nacional, ou na

falta desta, pela OIT.

*Indica aplicabilidade

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48

PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

2.4 Pagar pelo menos o

salário mínimo nacional

aos empregados e

trabalhadores (incluindo

trabalhadores migrantes

e sazonais e outros

trabalhadores

subcontratados)

Razão entre o menor

salário inicial, incluindo

benefícios, e o salário

mínimo nacional,

incluindo benefícios,

conforme definido em

lei.

* * $/$ >=1

Salário mínimo como definido por lei ou, em sua

ausência, a OIT C131 servirá como base de

definição.

2.5 Fornecer contratos

completos, claros e

equitativos.

Existência de um

contrato, ou documento

equivalente.

*

*

%

100

Todos os trabalhadores devem receber um

contrato, ou documento equivalente (por

exemplo, uma carteira nacional de trabalho),

estar consciente de seus direitos, e ser pagos

numa forma e freqüência que lhes convém. Onde

não há lei específica, o contrato deve incluir pelo

menos os seguintes itens: horas de trabalho,

pagamento de horas extras, aviso prévio, férias,

salário e forma de pagamento. O pagamento do

salário deve ser em conformidade com OIT

Convenção 95 e OIT C110.

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49

PRINCÍPIO 3: GERENCIAR A EFICIÊNCIA DOS INSUMOS, PRODUÇÃO E PROCESSAMENTO PARA AUMENTAR A SUSTENTABILIDADE

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

3.1 Monitorar a

eficiência da

produção e do

processo.

Medir os impactos da

produção e do

processamento para

que melhorias sejam

feitas ao longo do

tempo.

Total de matéria prima

consumida por quilo de

produto

* Kg/Kg

< 11 onde não

há produção de

etanol

< 20 para

produção

completa de

etanol

A medida de sustentabilidade inclui cana-de-

açúcar como matéria-prima principal, além de

quantidades significativas de produtos químicos,

combustíveis, etc. O padrão exigido varia entre

dois limites, conforme as proporções de açúcar e

etanol produzidas. Caso uma usina exporte

eletricidade, os combustíveis comprados não

serão considerados como matéria-prima

consumida.

Produtividade da cana-

de-açúcar

* tc/ ha colhido/ano Dados no

Anexo

Valores de padrão vão depender do uso ou não

da irrigação. Pode ser usado o valor referente ao

período do relatório, ou uma média móvel de

cinco anos.

Horas de trabalho

perdidas, como

porcentagem das horas

totais trabalhadas.

* % < 5

Representa as horas perdidas devido à ausência

(todas as causas não-previstas greves, doenças e

outras ausências, etc. mas sem contar férias,

treinamento e ausências previstas em lei, por

exemplo, maternidade).

* Indica aplicabilidade

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50

PRINCÍPIO 3: GERENCIAR A EFICIÊNCIA DOS INSUMOS , PRODUÇÃO E PROCESSAMENTO PARA AUMENTAR A SUSTENTABILIDADE

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

3.1 Monitorar a eficiência

da produção e do

processo; medir os

impactos da produção e

do processamento para

que melhorias sejam

feitas ao longo do tempo

Eficiência total da

usina, em termos de

tempo

* % 75

Tempo de processamento, como porcentagem do

tempo total. Pode ser usado o valor referente ao

período do relatório, ou uma média móvel de

cinco anos.

Índice de Desempenho

da Fábrica * % 90

Utilizar somente quando a produção se limitar

ao açúcar, sem produção de etanol. É a razão

entre a recuperação efetiva do açúcar na cana,

comparado com a recuperação teórica. Nos

poucos casos onde há exportação de melaço de

alta qualidade para fermentação, pode-se

substituir este pela “Eficiência Industrial”.

Eficiência Industrial * % 75

A ser usado quando há produção somente de

etanol ou de açúcar e etanol na mesma

proporção. Trata-se da razão (açúcar +

equivalente etanol + equivalente sacarose no

melaço)/ (sacarose na cana + AR na cana

convertido em sacarose + AR no melaço

convertido em sacarose + levedura equivalente a

sacarose), expresso como % (AR= açúcar

residual).

* Indica aplicabilidade

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51

PRINCÍPIO 3: GERENCIAR A EFICIÊNCIA DOS INSUMOS , PRODUÇÃO E PROCESSAMENTO PARA AUMENTAR A SUSTENTABILIDADE

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

3.2 Monitorar as emissões

de gases do efeito estufa,

visando minimizar os

impactos nas mudanças

climáticas.

Contribuição ao

aquecimento global por

unidade-peso

produzido.

* * tCO2 eq/

t açúcar Total < 4

Utilizado somente quando açúcar é produzido.

Emissões do campo até a saída da usina.

Contribuição ao aquecimento em toneladas de

CO2 equivalente.

* * gCO2 eq/ MJ

combustível Total <24

A ser usado somente quando há produção de

etanol. Contribuição ao aquecimento em gramas

de CO2 equivalente.

* Indica aplicabilidade

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52

PRINCÍPIO 4: GERENCIAR ATIVEMENTE A BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

4.1 Avaliar o impacto

de empresas de cana-

de-açúcar na

biodiversidade e nos

serviços do

ecossistema.

Demanda de oxigênio

aquático por unidade

peso de produto.

Porcentagem de áreas

definidas nacional ou

internacionalmente

como legalmente

protegidas, ou

classificadas como

Áreas de Alto Valor de

Conservação, ou

AAVC (interpretadas

nacionalmente e

oficialmente, conforme

descrito no Anexo 1)

plantadas com cana-de-

açúcar após o prazo

final de 01 de janeiro

de 2008.

* Kg/t 1 Kg DQO ou

0,5 Kg DBO5

Demanda de oxigênio, por cálculo de

quantidade e análise do escoamento. A carga

ambiental pode ser expressa em termos de

DQO ou DBO5, conforme as medições

rotineiramente disponíveis.

* % 0

Para prevenir a expansão ou novo

desenvolvimento de cana-de-açúcar em áreas

de biodiversidade crítica (incluindo AAVC

categorias 1-4). Definições nacionais de AAVC

têm precedência frente definições

internacionais, quando ambas existem. Na

ausência de mapas ou bancos de dados

nacionais de AAVCs, serão necessárias provas

documentárias críveis de que nenhuma AAVC

foi convertida após 01 de janeiro de 2008.

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53

PRINCÍPIO 4: GERENCIAR ATIVEMENTE A BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

4.1 Avaliar o impacto

de empresas de cana-

de-açúcar na

biodiversidade e nos

serviços do

ecossistema

Existência e implementação

de um plano de

gerenciamento ambiental

(PGA), levando em

conta as espécies, os

habitats e os ecossistemas

ameaçados, bem como

referência para serviços do

ecossistema e controle de

plantas invasoras e de

animais. Cobertura dos

assuntos exigidos no

Anexo.

* % 90

Proteger num estado adequado qualquer área

ciliar, pântanos ou outros habitats naturais

existentes; disponibilizar corredores ecológicos;

e conservar qualquer espécie rara, ameaçada ou

em perigo.

O uso de subprodutos não

impacta os usos tradicionais

(por exemplo, alimentação

animal, fertilizante natural,

combustível local), nem

impacta o equilíbrio de

nutrientes e a matéria-

orgânica do solo.

* * Sim/Não Sim

O uso de sub-produtos agrícolas como insumos

não pode prejudicar usos locais, nem impactar

de forma adversa a qualidade do solo.

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PRINCÍPIO 4: GERENCIAR ATIVEMENTE A BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

4.1 Avaliar o impacto

de empresas de cana-

de-açúcar na

biodiversidade e nos

serviços do

ecossistema

Aplicação de

fertilizantes de acordo

com análise de solos e

folhas.

* Sim/Não Sim

Carga ambiental é quilograma de fosfato

equivalente, conforme definido no Anexo,

medindo o risco (ou seja, quantidades aplicadas)

em vez do nível em cursos de água. Quantidades

de fertilizantes de nitrogênio e fósforo, calculado

como equivalente de fosfato, como medida dos

potenciais efeitos de eutrofização por hectare por

ano. Para minimizar perdas com a aplicação

excessiva e a conseqüente contaminação do

lençol freático ou cursos de água.

Fertilizantes de

Nitrogênio e Fósforo

(calculado como

equivalente de fosfato)

aplicado por hectare por

ano.

* Kg/ha/ano <120

* Indica aplicabilidade

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55

PRINCÍPIO 4: GERENCIAR ATIVEMENTE A BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

4.1 Avaliar o impacto

de empresas de cana-

de-açúcar na

biodiversidade e nos

serviços do

ecossistema

Herbicidas e pesticidas

aplicados por hectare

por ano.

* Kg de ingrediente

ativo/ha/ano 5

Para minimizar a contaminação do ar, solo e da

água. Quantidades de pesticidas (incluindo

herbicidas, inseticidas, fungicidas, nematicidas e

produtos de amadurecimento) aplicados

calculados como medida do potencial tóxico no

meio ambiente. Observe ainda a exigência de

usar somente produtos registrados para uso e

usá-los nas taxas registradas e de cumprir a

Convenção de Estocolmo que trata de poluentes

orgânicos persistentes e exigências em relação a

agroquímicos persistentes e exigências em

relação aos agroquímicos caracterizados como

1a, 1b ou 2 na classificação da Organização

Mundial de Saúde (OMS)

*Indica aplicabilidade

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PRINCÍPIO 4: GERENCIAR ATIVEMENTE A BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

4.2 Implementar

medidas para mitigar

os impactos adversos,

quando identificados

Plano documentado e

implementação de

medidas de mitigação.

*

*

Sim/Não

Sim

Existência de uma lista de impactos adversos

identificados, tais como fumaça, poeira de fogos,

poluição de água à jusante, pulverização de

agrotóxicos levada pelo vento e poluição sonora.

Existência de um plano de mitigação e

verificação da implementação das medidas de

mitigação, incluindo consultas com stakeholders

impactados. Podem ser considerados programas

com objetivos desenvolvidos ao nível setorial.

* Indica aplicabilidade

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57

PRINCÍPIO 5: MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

5.1 Treinar empregados

e outros trabalhadores

em todas as áreas do seu

serviço e desenvolver

suas habilidades gerais.

Gasto com treinamento

dos empregados como

porcentagem do gasto

com a folha de

pagamentos.

* * % 1,0

Gasto total de treinamento para todos os

trabalhadores dividido entre trabalhadores

básicos e de fábrica, gerentes intermediários e

alta gerência.

* Indica aplicabilidade

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58

PRINCÍPIO 5 : MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

5.2 Melhorar

continuamente o

status dos recursos

de solo e água

Consumo líquido de

água por unidade-peso

de produto.

* * Kg/kg

Usina

20 kg/kg açúcar

ou 30 kg/kg

etanol

Agricultura

<130 kg/kg de

cana-de-açúcar

Na agricultura, água captada/comprada para

uso na irrigação; no processamento, água

consumida menos água lançada pela usina aos

corpos d´água.

% do solo coberto por

palha de cana-de-

açúcar após a colheita.

* % >20 Assegurar a melhoria contínua do carbono

orgânico do solo.

Superfície do solo

arado mecanicamente

por ano (% da área

usada para cana-de-

açúcar)

* % < 20

Para minimizar a oportunidade de erosão.

Superfície do solo arado por ano. Hectares

arados como porcentagem da área usada para

cana-de-açúcar.

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59

* Indica aplicabilidade

PRINCÍPIO 5: MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

5.3 Melhorar

continuamente a

qualidade da cana-de-

açúcar e dos produtos

da usina.

Conteúdo de açúcar

teoricamente

recuperável na cana-de-

açúcar.

* * % >10

Recuperação teórica, normalizada pela pureza do

suco e pelo cálculo de conteúdo de fibra de

cana-de-açúcar, conforme mostrado no Anexo 1.

Pode ser usado o valor referente ao período do

relatório, ou uma média móvel de cinco anos.

Usado somente quando não há produção de

etanol.

Total de açúcares

fermentáveis contidos

na cana-de-açúcar,

expresso como açúcar

total invertido (TSAI)

* * Kg/ t cana-de-

açúcar >120

Usado quando há produção de etanol somente ou

em conjunto com a produção de açúcar. Baseado

numa utilização de 90,5% do TSAI, o que é

conhecido no Brasil como Açúcar Total

Recuperável (ATR). Pode ser usado o valor

referente ao período do relatório, ou uma média

móvel de cinco anos.

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60

PRINCÍPIO 5 : MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

5.4 Promover a

eficiência energética

Uso total líquido da

energia primária por

quilo de produto

* * KJ/ Kg Total < 3000 Insumos diretos e indiretos de energia.

Especificações no Anexo.

Energia usada no

transporte da cana-de-

açúcar por tonelada

transportada.

* * MJ/ t cana-de-

açúcar < 50 Especificações no Anexo

Energia primária

utilizada por tonelada

de cana-de-açúcar

* * MJ/t < 300 Especificações no Anexo.

* Indica aplicabilidade

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61

PRINCÍPIO 5 : MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

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5.5 Reduzir as emissões

e os efluentes. Onde for

viável, promover a

reciclagem dos fluxos de

resíduos.

Carga de acidificação

atmosférica por

unidade-peso de

produto

* * Kg/t <5 Carga ambiental em quilograma de dióxido de

enxofre equivalente

Resíduos sólidos não-

perigosos, por tonelada

de cana-de-açúcar

* * t/t cana-de-açúcar <1,0

Subprodutos do processamento, a saber,

compostagem, torta de filtro, solo/lodo, cinza de

caldeira, bagaço.

5.6 Promover a pesquisa

efetiva e focada, o

desenvolvimento e a

extensão especializada.

Custos de pesquisa e

extensão como % das

vendas

*

*

%

> 0,5

Inclui subvenções pagas para instituições de

pesquisa e extensão especializada.

* Indica aplicabilidade

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62

PRINCÍPIO 5: MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

5.7 Para expansão

greenfield ou novos

projetos de cana-de-

açúcar, assegurar

processos transparentes,

consultivos e

participativos que levem

em conta impactos

cumulativos e induzidos,

através de uma avaliação

de impacto

socioambiental (AISA)

Estar em conformidade

com uma AISA

reconhecida.

*

*

Sim/Não

Sim

Data limite 01 de janeiro de 2008. A AISA deve

cobrir todos os aspectos relacionados com

pesquisas e avaliações de diagnóstico, planos de

implementação, mitigação, monitoramento e

avaliação conforme necessidade. Transparência

e consultas participativas com todas as partes

interessadas relevantes são necessárias. Onde as

leis nacionais, regionais e/ou locais demandam

uma avaliação de impacto, o processo deverá ser

integrado para evitar duplicação de esforços.

Áreas de Alto Valor de

Conservação

interpretadas

nacionalmente

conforme descrito no

Anexo usadas como %

da área total impactada

por um novo projeto ou

expansão

*

*

%

0

Data limite 01 de janeiro de 2008.

Obs: Este indicador é duplicado no 4.1.2, mas

aqui ele inclui AAVC categorias 5 e 6.

* Indica aplicabilidade

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63

PRINCÍPIO 5: MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

5.8 Para assegurar

engajamento e processos

transparentes, consultivos e

participativos com todos os

stakeholders relevantes.

Existência de um

mecanismo reconhecido

para resolução de

reclamações e disputas

para todos os stakeholders.

.

* * Sim/Não Sim

Existência de um mecanismo oficial para

resolução de disputas, reconhecido por todos os

stakeholders. Canal de comunicação (por

exemplo, um ombudsman, linha telefônica

exclusiva) pode ser aceito caso reconhecido por

todos os stakeholders.

Porcentagem de reuniões

de engajamento de

stakeholders onde um

acordo foi alcançado por

meio de um processo

motivado pelo consenso.

* * % 90

Avaliar a existência de um processo de consulta

no qual todos os stakeholders (de ambos os

sexos e incluindo povos indígenas) recebem

informações antes da consulta e que resulte em

acordos negociados dentro de um processo

motivado pelo consenso. Evidência de acordos

negociados deve ser demonstrada.

5.9 Promover a

sustentabilidade econômica

Valor adicionado/tonelada

de cana-de-açúcar

* * $/t

cana-de-açúcar

Usina > 4

Agricultura >

2

Valor adicionado pela operação é o valor de

vendas menos os custos dos bens, matérias

primas (incluindo energia) e serviços adquiridos.

* Indica aplicabilidade

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ANEXO B

PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS ADICIONAIS PARA CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA

CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E

SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

6.1 Monitorar as

emissões de gases do

efeito estufa visando

minimizar os

impactos na mudança

climática

Contribuição ao

aquecimento global por

unidade de energia.

* * GCO2eq/MJ

combustível Total < 50

Até abril de 2013 este critério é aplicável apenas

as operações que iniciaram suas atividades após

23 de janeiro de 2008. Para cálculo das emissões

de GEE da produção e uso do etanol de cana-de-

açúcar, os valores padrão desagregados (pré-

estabelecidos) fornecidos no item D do Anexo V

da Diretiva Européia, devem ser utilizados. O

valor padrão será a soma do valor padrão para

cultivo: 14g CO2 eq/MJ + valor padrão para

processamento (incluindo excedente de

eletricidade): 1g CO2/MJ + valor padrão para

transporte e distribuição: 9g CO2 eq/MJ.

Emissões advindas da fabricação de máquinas e

equipamentos não devem ser consideradas. O

operador poderá utilizar este valor padrão de 24g

CO2/MJ de combustível se as emissões

associadas a alterações nos estoques de carbono

pela mudança no uso do solo após janeiro

de2008 foram iguais a zero. Caso as alterações

nos estoques de carbono devido à mudança no

uso do solo após janeiro de 2008 não forem

iguais a zero, as emissões de GEE resultantes de

mudanças nos estoques de carbono devem ser

adicionadas aos valores padrão de produção e

uso de etanol de cana-de-açúcar.

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65

CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E

SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

6.2 Proteger áreas

com alto valor de

biodiversidade, altos

estoques de carbono e

zonas úmidas.

Porcentagem de áreas

de alto valor de

biodiversidade, altos

estoques de carbono ou

zonas úmidas plantadas

com cana-de-açúcar

após a data limite de 1

de janeiro de 2008.

* % 0%

Áreas com alto valor de biodiversidade:

Áreas que em ou após janeiro de 2008

apresentavam um dos seguintes status,

independente se continuam ou não a apresentá-

los:

(a) florestas primárias e outras áreas arborizadas,

notadamente florestas e outras áreas arborizadas

de espécies nativas, onde não haja indicações

claras de atividades humanas e que não

apresentem seus processos ecológicos

significativamente afetados.

(b) áreas designadas por lei ou autoridade

competente para fins de proteção da natureza; ou

para a proteção de ecossistemas e espécies raras,

ameaçadas ou em perigo, reconhecidas por

acordos internacionais ou incluídas em listas

elaboradas por organizações

intergovernamentais ou pela Internacional Union

for the Conservation of Nature, sem prejuízo ao

reconhecimento da Comissão Européia, a menos

que sejam fornecidas evidências de que a

produção de matéria prima em questão não

interferiu nos propósitos de proteção.

* Indica aplicabilidade

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

6.2 Proteger áreas

com alto valor de

biodiversidade, altos

estoques de carbono e

zonas úmidas.

Porcentagem de áreas

de alto valor de

biodiversidade, altos

estoques de carbono ou

zonas úmidas plantadas

com cana-de-açúcar

após a data limite de 1

de janeiro de 2008.

* % 0%

Áreas com alto valor de biodiversidade:

Áreas que em ou após janeiro de 2008

apresentavam um dos seguintes status,

independente se continuam ou não a apresentá-

los:

(c) Pastagens com alto valor de biodiversidade

ou seja (i) pastagens naturais que continuariam a

ser naturais na ausência de intervenções

humanas e que mantêm a composição natural

das espécies e suas características e processos

ecológicos ou (ii) pastagens não naturais que

deixariam de ser pastagens na ausência de

interferência humana e que são ricas em espécies

e não degradadas; a menos que sejam fornecidas

evidências de que a colheita da matéria-prima

em questão é necessária para a preservação do

status desta passagem.

* Indica aplicabilidade

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR

PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

6.2 Proteger áreas

com alto valor de

biodiversidade, altos

estoques de carbono e

zonas úmidas.

Porcentagem de áreas

de alto valor de

biodiversidade, altos

estoques de carbono ou

zonas úmidas plantadas

com cana-de-açúcar

após a data limite de 1

de janeiro de 2008.

* % 0%

Áreas com alto valor de biodiversidade:

Áreas que em ou após janeiro de 2008

apresentavam um dos seguintes status,

independente se continuam ou não a apresentá-

los:

(d) novas áreas de proteção da natureza,

determinadas por uma Decisão da Comissão

Européia. A Better Sugar Cane Initiative Ltda.

Irá comunicar aos operadores econômicos

quaisquer detalhes relacionados à lista de áreas

protegidas assim que estas forem

disponibilizadas pela Comissão Européia.

Áreas com alto estoque de carbono:

Áreas que apresentavam um dos seguintes status

em Janeiro de 2008 e que não o apresentam

mais:

(a) Pantanais, sendo áreas cobertas ou saturadas

de água permanentemente ou por um período

significativo do ano.

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

6.2 Proteger áreas

com alto valor de

biodiversidade, altos

estoques de carbono e

zonas úmidas.

Porcentagem de áreas

de alto valor de

biodiversidade, altos

estoques de carbono ou

zonas úmidas plantadas

com cana-de-açúcar

após a data limite de 1

de janeiro de 2008.

* % 0%

Áreas com alto estoque de carbono:

Áreas que apresentavam um dos seguintes status

em Janeiro de 2008 e que não o apresentam

mais:

(b) áreas continuamente florestadas, sendo áreas

que apresentem mais de um hectare com árvores

de mais de cinco metros de altura e cobertura

arbórea de mais de 30% ou árvores capazes de

atingir este status in situ (não incluem áreas que

encontram-se predominantemente sob o uso

urbano ou agrícola, entendidas como árvores

estabelecidas em sistemas agrícolas, como por

exemplo plantações de árvores frutíferas e

sistemas agroflorestais onde culturas são

cultivadas sob cobertura árborea).

(c) áreas que apresentem mais de um hectare

com árvores de mais de cinco metros de altura e

cobertura arbórea entre 10% e 30% ou árvores

capazes de atingir este status in situ, ao menos

que sejam fornecidas evidências de que o

estoque de carbono da área antes e depois da

conversão é tal que, ao calcular a redução de

emissão de GEE, o limite mínimo estabelecido

no critério 6.1 da norma BONSUCRO é obtido.

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO

MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES

6.2 Proteger áreas

com alto valor de

biodiversidade, altos

estoques de carbono e

zonas úmidas.

Porcentagem de áreas

de alto valor de

biodiversidade, altos

estoques de carbono ou

zonas úmidas plantadas

com cana-de-açúcar

após a data limite de 1

de janeiro de 2008.

* % 0%

Zonas úmidas: Biocombustíveis não podem ser

produzidos a partir de matérias-primas

provenientes de áreas que em Janeiro de 2008

tivessem o status de úmidas, a menos que o solo

estivesse completamente drenado em Janeiro de

2008 ou que não tenha havido drenagem de solo

desde janeiro de 2008.

* Indica aplicabilidade

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS

7.1 Rastreabilidade

Cada operador econômico

da cadeia de custódia é

responsável pelos dados

fornecidos nas declarações

do produto submetidas ao

operador econômico

seguinte.

7.1.1 Produtos finais

certificados podem ser

rastreados da área de despacho

do processador até o próximo

proprietário

> 90% rastreável

* o auditor obtém uma amostra de 10 e,

quando esta amostra apresenta 0 ou 1

de falha, a conformidade pode ser

considerada e declarada como >= 90%.

Quando mais de 1 falha é encontrada, a

contagem do critério será declarada

como <90% e o critério será

considerado como não – conforme.

O processador mantém o rastreamento do transporte até a entrega ao próximo

proprietário do produto. O próximo proprietário assina o recebimento do produto

e assume a responsabilidade pelo processador.

7.1.2 Cada elo seguinte na

cadeia mantém o rastreamento

dos produtos.

> = 90% rastreável Cada operador econômico deve ser capaz de fazer o rastreamento um passo à

frente e um passo atrás.

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS

7.2 Identificação,

rastreabilidade e

verificação das

características de

sustentabilidade.

Os critérios de

sustentabilidade estão

listados no Padrão de

Produção BONSUCRO e

estão em conformidade com

artigo 17 da EU RED. Para

cada remessa, em qualquer

estágio da cadeia de

custódia, as características

de sustentabilidade devem

ser identificadas e atribuídas

a mesma.

7.2.1 Cada remessa possui um #

de identificação único. >= 90% identificável

A identificação pode ser tanto física quanto a administrativa e neste caso deve ser

idêntica. É permitido ter somente o controle administrativo das remessas.

7.2.2 Cada remessa contém uma

especificação com, ao menos,

os dados especificados no

Apêndice 4 do Padrão para

Cadeia de Custódia para

Balanço de Massa.

>= 90% com especificação

Quando o proprietário seguinte aceita uma remessa sem especificações ou com

especificações incompletas, este assume a responsabilidade pelo fornecimento

destas informações.

Requisito BONSUCRO EU

7.2.3 As remessas devem

especificar claramente o escopo

da conformidade.

Não-conforme

Conforme com as normas

BONSUCRO

Conformidade com as normas

BONSUCRO EU

Maior

Nenhuma declaração incorreta.

Ex: Não-conformidade não pode

aparecer como conformidade; ou

conformidade com o BONSUCRO não

pode aparecer como conformidade com

o BONSUCRO EU.

Ao tornar-se proprietário de remessas não-conformes, o proprietário assume

inteira responsabilidade sobre a mesma e deve fornecer evidências de

conformidade antes que uma declaração de conformidade possa ser feita.

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS

7.2Identificação,

rastreabilidade e

verificação das

características de

sustentabilidade.

Os critérios de

sustentabilidade estão

listados no Padrão de

Produção BONSUCRO e

estão em conformidade com

artigo 17 da EU RED. Para

cada remessa, em qualquer

estágio da cadeia de

custódia, as características

de sustentabilidade devem

ser identificadas e atribuídas

a mesma.

7.2.4 Requisito BONSUCRO

EU

Cada remessa em conformidade

com o BONSUCRO EU contém

uma especificação com, ao

menos, os dados especificados

no Apêndice 4 e 5 do Padrão

para Cadeia de Custódia para

Balanço de Massa.

Os valores de emissões de GEE

devem ser calculados de acordo

com as especificações

enumeradas nos Apêndices 2 e 3

do mesmo documento.

Maior Unicamente para a opção pelo BONSUCRO EU, em adição aos dados acima

mencionados para BONSUCRO.

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS

7.3 Controle do Sistema de

Balanço de Massa:

O sistema de balanço de massa,

de acordo com o artigo 18 da EU

RED, é um sistema no qual as

características de sustentabilidade

permanecem atribuídas e

evidências que demonstram

conformidade com estas

características são exigidas e

devem ser documentadas e

registradas.

.O sistema de balanço de massa

deve ser controlado:

Em períodos de tempo, onde o

balanço do produto sustentável

BONSUCRO versus o produto

não-sustentável deve ser igual ou

positivo no momento do balanço.

A evidência do balanço deve ser

registrada e deve ser verificável

por relatórios periódicos de

balanço ao longo daquele

determinado período, mostrando

todas as entradas, misturas,

estoques e saídas.

O ano contábil para o Balanço de

Massa inclui um ciclo de safra

anual completo, o qual não se

permite ser dividido em 2 ano.

7.3.1 O sistema de cálculo

para controle do balanço de

massa é documentado e os

registros e dados do

balanço de massa são

mantidos em uma base

diária e verificável.

>= 90% validados ao longo de uma

semana.

O operador econômico deve coletar dados e registros em intervalos, de acordo

com o documento nos procedimentos locais, antes de lançá-los no sistema de

cálculo. Os dados devem ser atualizados e verificáveis no intervalo máximo de

uma semana, preferencialmente de 36 horas.

7.3.2 Validação de dados

antes do lançamento oficial

no sistema de cálculo. O

representante

administrativo é

responsável pela validação

conforme indicado no

Protocolo de Certificação

BONSUCRO.

>= 90% validável em uma semana

Uma vez validados, os dados lançados não podem ser modificados (estão

protegidos pelo programa) ou estão claramente marcados como válidos,

mostrando hora e data.

O representante administrativo assinou fisicamente os documentos ou os aprovou

por meio de procedimentos digitais de validação.

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR NOTAS

7.3 Controle do Sistema de Balanço

de Massa:

O sistema de balanço de massa, de

acordo com o artigo 18 da EU RED,

é um sistema no qual as

características de sustentabilidade

permanecem atribuídas e evidências

que demonstram conformidade com

estas características são exigidas e

devem ser documentadas e

registradas.

Princípios no Apêndice 6 do Padrão

para Cadeia de Custódia para

Balanço de Massa.O sistema de

balanço de massa deve ser

controlado:

Em períodos de tempo, onde o

balanço do produto sustentável

BONSUCRO versus o produto não-

sustentável deve ser igual ou

positivo no momento do balanço. A

evidência do balanço deve ser

registrada e deve ser verificável por

relatórios periódicos de balanço ao

longo daquele determinado período,

mostrando todas as entradas,

misturas, estoques e saídas.

O ano contábil para o Balanço de

Massa inclui um ciclo de safra anual

completo, o qual não se permite ser

dividido em 2 anos

7.3.3 O Balanço de Massa

em “períodos de tempo”

mostra, ao longo do

período, a evidência de que

o balanço de produto

sustentável certificado

versus produto não

certificado sustentável é no

mínimo igual ou positivo.

O representante

administrativo ou uma

terceira parte é responsável

pela validação.

Maior

Em caso de ausência de dados ou mais

do que um período (máximo de um

mês) sem relatório de balanço.

Maior

Em caso de balanço negativo e

nenhuma ação corretiva tomada no

período seguinte.

O intervalo para o relatório periódico e documentado de balanço de massa é de

no, no máximo, 1 mês.

Em cada período (mês) o balanço deve ser validado pelo representante

administrativo. Meses acumulados até a data do relatório de balanço de massa

devem ser registrados, mostrando a evolução dos dados de balanço de massa

durante o período de safra e/ou ano contábil.

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CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS

7.3 Controle do Sistema de Balanço

de Massa:

O sistema de balanço de massa, de

acordo com o artigo 18 da EU RED,

é um sistema no qual as

características de sustentabilidade

permanecem atribuídas e evidências

que demonstram conformidade com

estas características são exigidas e

devem ser documentadas e

registradas. Princípios no Apêndice6

do Padrão para Cadeia de Custódia

para Balanço de Massa.O sistema de

balanço de massa deve ser

controlado:em períodos de tempo,

onde o balanço do produto

sustentável BONSUCRO versus o

produto não-sustentável deve ser

igual ou positivo no momento do

balanço. A evidência do balanço

deve ser registrada e deve ser

verificável por relatórios periódicos

de balanço ao longo daquele

determinado período, mostrando

todas as entradas, misturas, estoques

e saídas. O ano contábil para o

Balanço de Massa inclui um ciclo de

safra anual completo, o qual não se

permite ser dividido.

REQUISITO BONSUCRO

EU

7.3.4 O balanço de massa é

baseado no peso do açúcar ou

do álcool, ou no cálculo de

volume feito com base em

amostragem e análises de um

laboratório qualificado;

usando métodos normativos e

resultados de medição, são

validados por um laboratório

acreditado, preferivelmente

(mas não obrigatoriamente)

que possua uma acreditação

ISO IEC 17025(ABNT NBR

ISO/IEC 17025- Requisitos

gerais para competência de

laboratórios de ensaio e

calibração. Equipamentos para

medição e pesagem nas

operações ou utilizados pelos

subcontratados para entrada e

saída de volume ou peso do

balanço de massa requerem

calibração com freqüência

mínima de 1 vez por ano,

realizada por uma organização

de ensaio e calibração,

preferivelmente (mas não

obrigatoriamente) que possua

uma acreditação ISO IEC

17025

Maior

Em caso de falha total para calibrar.

Menor

De outra maneira:

Atrasado > 1 ano

Volumes podem variar em decorrência de processos de concentração ou diluição.

Por esta razão e para efetividade, o balanço de massa apenas em volume não é

possível.

A base do balanço é a combinação de peso (massa), volume, e o conteúdo da

remessa, seja em porcentagem de açúcar (m/m) ou em porcentagem de álcool

(v/v).

Por meio de cálculo de conversão, o açúcar pode ser expresso em álcool e vice-

versa.

Métodos permitidos para os cálculos de conversão estão especificados no capítulo

3 dos Princípios e Critérios BONSUCRO.

Métodos aplicados requerem documentação e validação e não podem variar

dentro do ano contábil.

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS

7.3 Controle do Sistema de

Balanço de Massa:

O sistema de balanço de massa, de

acordo com o artigo 18 da EU RED,

é um sistema no qual as

características de sustentabilidade

permanecem atribuídas e evidências

que demonstram conformidade com

estas características são exigidas e

devem ser documentadas e

registradas. Princípios no Apêndice6

do Padrão para Cadeia de Custódia

para Balanço de Massa. O sistema de

balanço de massa deve ser

controlado: em períodos de tempo,

onde o balanço do produto

sustentável BONSUCRO versus o

produto não-sustentável deve ser

igual ou positivo no momento do

balanço. A evidência do balanço

deve ser registrada e deve ser

verificável por relatórios periódicos

de balanço ao longo daquele

determinado período, mostrando

todas as entradas, misturas, estoques

e saídas. O ano contábil para o

Balanço de Massa inclui um ciclo de

safra anual completo, o qual não se

permite ser dividido

7.3.5 O balanço de massa

total no período é

confiável, com uma

tolerância de +/-5%,

calculada sobre o conteúdo

total de entrada e saída de

açúcar e/ou álcool.

Em caso de perdas ou

derrames (spillage), estes

serão calculados.

Subprodutos também são

calculados, uma vez que

podem conter restos de

açúcar e/ou álcool que

devem ser comunicados.

>= 90% do balanço de massa dentro

da tolerância

O balanço de massa é o resultado de todas as entradas e saídas em um período.

Muitas entradas de dados são feitas e testes de laboratórios ocorrem. Dado o fato

de que volume, peso e % têm tolerâncias, o resultado total precisa assegurar que

toda a contabilidade, medição e testes são confiáveis.

Exceder o nível de 5% de diferença no balanço pode indicar erros que requerem

correção.

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77

CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS

7.4 Controle de remessas

Para a identificação e

rastreabilidade da cana-de-açúcar

durante as fases de

produção,logística e comercio, é

essencial manter o controle sobre

as remessas e manter registros de

dados de produção, incluindo

volumes, peso, especificações dos

produtos, porcentagem de açúcar

e álcool, densidade, etc. (conjunto

mínimo de dados, conforme

especificado nos critérios),

juntamente com os registros

sobre as características de

sustentabilidade atribuídas às

remessas.

REQUISITO

BONSUCRO EU

7.4.1 Cada remessa possui

um número de

identificação único, o

número identifica o ano

contábil da colheita, a

unidade de operação

(fazenda, local, etc), e o

número é gerado pelo

sistema de contabilidade

em uma seqüência de

tempo, de acordo com o

lançamento inicial da

remessa no sistema. Cada

vez que novas remessas são

criadas, tanto por mistura

quanto por divisão, um

novo número único de

remessa será gerado para a

mistura ou para cada

remessa que tenha sido

dividida. Cada número

novo contém referência ao

número da remessa

anterior.

A partir do número de

remessa, podem ser

recuperados a data, hora e

o local físico da remessa.

Maior

O sistema não é operacional.

Menor

>= 90 % conformidade

A remessa e toda a informação a ela anexada podem ser identificadas e rastreadas

atrás e à frente ao se utilizar o número da remessa.

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS

7.5 Controle de Mistura e

Remessas

É comum e freqüentemente

inevitável que as remessas sejam

misturadas na produção, logística

e comércio de cana-de-açúcar. A

mistura de remessas com

diferentes características de

sustentabilidade é permitida,

assim como a mistura de

remessas sustentáveis com

remessas não-sustentáveis, desde

que o balanço de produtos

sustentáveis se mantenha

positivo. A mistura pode ter

qualquer forma onde as remessas

podem normalmente estar em

contato, como em um container,

instalação de processamento ou

logística ou local (definido como

localização geográfica com

limites precisos, dentro dos quais

os produtos podem ser

misturados). Há regras que

devem ser respeitadas para o

controle e mistura de remessas e

elas estão especificadas nos

indicadores à direita.

7.5.1 Um novo número de

remessa é gerado para uma

mistura, o procedimento é

semelhante ao de uma

remessa individual.

>= 90% conformidade

A forma como a mistura irá se apresentar e qual número é possível em termos de

caracteres dependerá do sistema de contabilidade.

Alguns sistemas permitem a identificação de uma mistura por meio de

indicadores.

7.5.2 Os tamanhos distintos

e as características de

sustentabilidade de cada

remessa individual

permanecem atribuídos a

mistura

>= 90% conformidade Especificações no Anexo para Padrão para Cadeia de Custódia para Balanço de

Massa.

7.5.3 Permite que a soma

de todas as remessas

retiradas da mistura sejam

descritas como tendo as

mesmas características de

sustentabilidade, nas

mesmas quantidades, assim

como a soma de todas as

remessas adicionais à

mistura.

>= 90% conformidade Especificações no Anexo no Padrão para Cadeia de Custódia para Balanço de

Massa.

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SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS

7.5 Controle de Mistura e

Remessas

É comum e freqüentemente

inevitável que as remessas sejam

misturadas na produção, logística

e comércio de cana-de-açúcar. A

mistura de remessas com

diferentes características de

sustentabilidade é permitida,

assim como a mistura de

remessas sustentáveis com

remessas não-sustentáveis, desde

que o balanço de produtos

sustentáveis se mantenha

positivo. A mistura pode ter

qualquer forma onde as remessas

podem normalmente estar em

contato, como em um container,

instalação de processamento ou

logística ou local (definido

como localização geográfica com

limites precisos, dentro dos quais

os produtos podem ser

misturados). Há regras que

devem ser respeitadas para o

controle e mistura de remessas e

elas estão especificadas nos

indicadores à direita.

7.5.4 Para evitar dupla

contagem: no momento em

que as designações

individuais são atribuídas à

mistura, estas serão

automaticamente atestadas

(booked off) como

“vendidas” do número

anterior para o novo

número da mistura.

>=90% conformidade A maneira como isto ocorre pode ser diferente, dependendo das possibilidades do

sistema de contabilidade.

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80

CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E

SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)

CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS

7.6 Controle e separação de

remessas devido à misturas:

Uma vez que as características de

sustentabilidade tenham sido

atribuídas às remessas, os valores

podem ser calçudos e adicionados

às especificações da remessa. Os

métodos de cálculo, termos,

definições, ferramentas e valores

padrão estão enumerados nos

indicadores à direita.

7.6.1 Qualquer remessa

separada de uma mistura

ou separada de uma

determinada remessa

requer um novo número:

utilize o procedimento 7.5

para gerar uma nova

remessa.

>=90% conformidade

A forma como a remessa separada irá se apresentar e qual número é possível em

termos de caracteres dependerá do sistema de contabilidade.

Alguns sistemas permitem a identificação de uma nova remessa como resultado

da separação de misturas anteriores por meio de indicadores.

7.6.2 As características de

sustentabilidade da mistura

de remessas permanecem

atribuídas aos números das

remessas que foram

separadas na proporção do

volume que foi separado.

>=90% conformidade Checar Apêndice 6 da Cadeia de Custódia para balanço de massa.

Não utilizar média.

7.6.3 Para evitar dupla

contagem: no momento em

que um novo número único

tenha sido atribuído à

remessa separada, está será

automaticamente atestada

como “vendida” do número

anterior para o novo

número da remessa

separada.

>=90% conformidade A maneira como isso ocorre pode variar, dependendo das possibilidades do

sistema de contabilidade.

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81

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81

ANEXO C

MEMBROS BONSUCRO

Tate e Lyle

Copersucar

Reef Catchments

ACFA ED & F Man Renuka

Addax Bioenergy Management EID Parry Shell

Adecoagro ETH Bioenergia Solidaridad

Armajaro Trading Ltda Ferrero Sucre-Ethique

Azocaña Green Energy Suiker Unie

Azonosa Grupo São Martinho Syngenta

Bacardi Grupo USJ Toyota Tsusho Corp

Banah International Group IFC ÚNICA

Bayer Crop Science Neltec UNILEVER

BP New South Wales Sugar Milling Coop Union de Cañeros Guabira

Braskem North Sea Petroleum United Molasses

British Sugar Pepsico Usina Azucarera São Manoel

Cadbury Petrobrás Usina Santa Adélia

Cargill Procaña Usina São Luiz

CEVASA Rabobank World Wild Fund

CEVITAL Ragus Sugar Ltd. Zilor Energia e Alimentos

Coca-Cola Raízen

Fonte: BONSUCRO (2012)

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82

ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA

Empresa

A totalidade de qualquer organização ou entidade empresarial responsável por implementar a norma.

SA 8000

Fornecedor/

contratado

Uma pessoa jurídica que fornece para a empresa bens e/ou serviços, que são integrados a, e utilizados na/ou para a

produção dos bens e/ou serviços da empresa

SA 8000

Sub-fornecedor/

sub-contratado

Uma pessoa jurídica na cadeia de produção que, direta ou indiretamente, provê aos fornecedores bens e/ou serviços

que são integrador a,e utilizados na/ou para, a produção dos bens e/ou serviços do fornecedor e/ou da empresa.

SA 8000

Categorias e

trabalhadores

agrícolas

Faltam diferenciações claras entre as categorias diferentes de trabalhadores. Como conseqüência existe vários tipos

de relações trabalhistas e formas diferentes de participação da mão-de-obra. As diferentes categorias de

trabalhadores também podem variar dentro de cada país e, em determinados casos, um único fazendeiro pode ser

classificado em mais de uma categoria. Muitos fazendeiros pequenos complementam suas rendas com salários

ganhos ao trabalhar em grandes fazendas comerciais na época da safra.

Resumo das grandes categorias de trabalhadores agrícolas:

OIT

NÃO –ASSALARIADOS ASSALARIADOS

Grandes e médios agricultores Trabalhadores permanentes

Pequenos agricultores Trabalhadores temporários e

sazonais Agricultores de subsistência Trabalhadores migrantes Agricultores familiares, sem salário Trabalhadores

subcontratados Trabalhadores cooperados Setor Informal Arrendatários e meeiros Posseiros

Trabalhadores sem -terra

OIT

Documento sobre

Segurança e Saúde

na Agricultura.

ANEXO D

DEFINIÇÕES UTILIZADAS NA CERTIFICAÇÃO BONSUCRO

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83

ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA

Criança

Qualquer pessoa com menos de 15 anos de idade, a não ser que exista uma lei local que determine

uma idade maior para trabalhar, ou para a permanência na escola, caso em qual se aplica a idade

maior. Porém, caso exista uma lei local que determine idade mínima de 14 anos, em conformidade

com as exceções detalhadas na Convenção OIT 138 para países em desenvolvimento, então vale a

idade menor.

OIT

A Convenção de Idade Mínima da OIT 138 (1973) determina que a idade mínima para ser

empregado não pode ser menor que a idade de conclusão do ensino obrigatório, e em qualquer

caso, não pode ser menos que 15 anos. Porém, em determinadas situações, onde a economia e a

estrutura educional carecerem de desenvolvimento adequado, um país Membro pode especificar

inicialmente uma idade mínima de 14 anos.

OIT

Trabalho Infantil Qualquer trabalho feito por um jovem com menos que a idade especificada na definição anterior

de criança, salvo nos casos determinados na recomendação 146 da OIT.

OIT

Trabalhador

Jovem

Qualquer trabalhador com menos de 18 anos de idade, mas acima da idade de uma criança,

conforme definição anterior.

OIT

Piores formas de

trabalho infantil

Embora existam muitas formas de trabalho infantil, a prioridade é a rápida eliminação das piores

formas de trabalho infantil, conforme definidas pelo Art. 3 da Convenção 182 da OIT

OIT

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84

ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA

Acidente de

trabalho

Um acidente de trabalho é um evento inesperado e não-planejado, incluindo atos de violência,

que é decorrente de, ou tem vínculo com o trabalho que resulte em lesão pessoal, doença ou morte

de um ou mais trabalhadores. São incluídos em acidentes de trabalho os acidentes de trânsito,

transportes ou viagem que resultam em ferimentos de trabalhadores, e que aconteçam durante o

trabalho, ou em decorrência deste, por exemplo, o ferimento do trabalhador enquanto participa de

uma atividade econômica, seja no serviço, seja enquanto desenvolve os negócios do empregador.

Lesão de trabalho: qualquer ferimento, doença ou morte que é resulte de um acidente de trabalho;

uma lesão de trabalho é, portanto, diferente de uma doença de trabalho, que é uma doença

contraída em conseqüência da exposição ao longo do tempo a fatores de risco que são decorrentes

de uma atividade laboral.

Resolução/Convenção

155 da OIT sobre

estatísticas de

ferimentos de trabalho

(que resultam de

acidentes de trabalho),

adotada pela 16ª

Conferência

Internacional de

Estatísticos de Trabalho

(outubro de

1998).

Doença de

trabalho

Uma doença contraída como conseqüência da exposição a fatores de risco decorrentes de atividade

laboral.

OIT

Recuperação

Teórica do

Açúcar

A recuperação total (OR) teórica, ajustada pelo grau de pureza do suco e o conteúdo da fibra de

cana-de-açúcar, é medida da seguinte forma:

OR = E . BHR = 0.98 . [ 100 – 20 . WF.C] .[ 1.5 – 50/ Pj ]

Onde: WF.C é o conteúdo de fibra na cana-de-açúcar, expresso em g/ 100 g, e PJ é a pureza do

caldo. Além disso, estima-se que refinar totalmente o açúcar branco numa refinaria “white end”

deve aumentar em 0,4% a perda, não determinada do açúcar no caldo. Assim, o teor 0,98 fica em

0,976.

100 – W F.C

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85

ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA

Produtividade da

cana-de-açúcar

Irrigado, 85; Irrigação suplementar ("de salvamento") 65; Não-irrigado 45 (rendimento total anual

/total de ha colhidos/ idade média ponderada na safra) para cada categoria de regime hídrico. Pode

ser usado o valor referente ao período do relatório, ou uma média móvel de cinco anos. Deve ser

excluída a produção de brotos de cana-de-açúcar (produtividade e área); da área colhida devem ser

excluídas áreas não utilizadas para cana-de-açúcar, bem como estradas e curvas de nível.

(Suplementar = irrigação quando o sistema não é capaz de suprir todas as necessidades da planta.)

IChemE (2002).

Medidas de progresso

no desenvolvimento

sustentável. Instituto

de Engenheiros

Químicos, Londres.

Alto Valor de

Conservação

Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVC) são definidas como habitats naturais onde os valores

de conservação/biodiversidade são vistos como sendo de alto significado ou importância crítica

baseado em fatores tais como a presença de espécies raras ou endêmicas, sítios sagrados, ou

recursos colhidos por comunidades locais (ver www.hcvnetwork.org). Para implementar a norma

BONSUCRO, cada país precisa fornecer sua interpretação própria e oficial de Alto Valor de

Conservação, que será usada em auditorias naquele país. Será aplicada a data-limite de 01 de

janeiro de 2008. Os seis Altos Valores de Conservação (AVCs):

AVC 1: Áreas contendo concentração significativa de valores relativos à biodiversidade em nível

global, regional ou nacional (ex: endemismo, espécies ameaçadas, refúgios de biodiversidade).

AVC 2: Áreas florestais extensas, em nível de paisagem, que estão dentro da unidade gerencial, ou

que a incluem dentro de sua área e que têm significância global, regional ou nacional, onde as

populações viáveis da maioria, ou de todas as espécies naturais ocorrem em padrões naturais de

distribuição e abundância.

AVC 3: Áreas situadas dentro de, ou que contenham ecossistemas raros, ameaçados ou em perigo

de extinção.

AVC 4: Áreas que fornecem serviços ambientais básicos em situações críticas (ex.: proteção de

bacias hidrográficas, controle de erosão).

AVC 5: Áreas essenciais para suprir as necessidades básicas de comunidades locais (ex:

subsistência, saúde).

AVC 6: Áreas críticas para a identidade cultural tradicional de comunidades locais (áreas de

importância cultural, ecológica, econômica ou religiosa, identificadas em conjunto com estas

comunidades).

Também inclui solos com grande risco de apresentarem teores significativos de carbono no solo.

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86

ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA

Alteração

significativa

Um impacto significativo seria aparente, caso as operações das plantações ou usinas de cana-de-

açúcar provoquem mudanças no meio-ambiente que resultem em:

(1) um impacto na qualidade e/ou quantidade de habitats que suportam uma espécie ameaçada ou

em perigo, ao ponto de que os números e a viabilidade daquela espécie (a classificação vem da

lista vermelha do IUCN) sejam negativamente impactados;

(2) a conversão, diminuição ou degradação da integridade de um habitat ameaçado, ao ponto de

que ocorra, na opinião de um ecologista competente, um impacto negativo mensurável no seu

status ecológico;

(3) alteração num serviço do ecossistema (por exemplo, o fornecimento d’água) ao ponto de

causar impactos negativos materiais para comunidades locais ou ecossistemas (por exemplo,

fluxos com nutritivos adicionais que alterem a ecologia a jusante, ou que alterem a disponibilidade

de água potável para comunidades à jusante).

Conduzir o

negócio com

integridade

As empresas devem militar contra toda e qualquer forma de corrupção, incluindo extorsão e

suborno.

PRINCIPIO 10:

Acordo Global das

Nações Unidas (UN

Global Compact)

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87

ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA

Trabalho forçado

ou compulsório

Qualquer trabalho ou serviço exigido de qualquer pessoa mediante ameaça de qualquer

penalidade, e para qual aquela pessoa não se ofereceu de forma livre e espontânea.

Os tipos mais comuns de trabalho forçado ou compulsório: Trabalho forçado pode existir em

muitas formas – algumas delas impostas pelo Estado, mas na sua maioria no setor privado.

Trabalho forçado pode ser o resultado de tráfico de pessoas e migração irregular. Os mecanismos

de força incluem servidão por dívida, escravidão, abuso de práticas de usos e costumes e sistemas

enganosos de recrutamento. Algumas das formas mais comuns de trabalho forçado incluem (ver

lista completa no Handbook da OIT):

• Trabalho Forçado por dívida induzida: Freqüentemente chamado de "trabalho obrigatório"

(‘bonded labour’) no Sul da Ásia, aonde é mais comum, mas também como "servidão por dívida"

(‘debt bondage’). Acontece quando uma pessoa fornece seus serviços, ou aqueles de um membro

da família, recebendo créditos, como maneira de pagar o empréstimo ou adiantamento.

• Trabalho Forçado como resultado de tráfico de pessoas: O tráfico de pessoas ou tráfico

humano tem vínculo freqüente com o trabalho forçado. É alimentado por indivíduos ou por redes

criminosas organizadas, e pode incluir recrutamento enganoso, extorsão e chantagem, com a

finalidade de exploração de mão-de-obra.

• Trabalho Forçado ligado à exploração em sistemas de contratação de mão-de-obra: Existe

hoje em quase todos os lugares to mundo. Por exemplo, os trabalhadores migrantes se descobrem

presos a umfornecedor de mão-de-obra porque foram lhes cobradaos taxas excessivas, e eles têm

pouca ou nenhuma possibilidade de mudar de empregador uma vez que chegam ao país de destino.

Convenção 29 da OIT

Combate a Trabalho

Forçado : Livreto para

empregadores e

Empresas, booklet 2.

Discriminação

1 O termo ‘discriminação’ inclui —(Art. 1 C111)

(a) qualquer distinção, exclusão ou preferência feita com base na raça, cor, sexo, religião, opinião

política ou origem nacional ou social, que tem o feitio de negar ou enfraquecer a igualdade de

oportunidade ou tratamento no emprego ou na ocupação;

(b) qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha o efeito do negar ou enfraquecer a

igualdade de oportunidade ou tratamento no emprego ou na ocupação e que possa ser assim

identificada pelo Membro envolvido, após consultar organizações representativas de empregadores

e empregados, onde existam tais organizações, e com outras entidades apropriadas.

2. Não será classificada como discriminação qualquer distinção, exclusão ou preferência que se

refira a um emprego específico, e que se baseie nas exigências inerentes do mesmo.

OIT Convenção C111

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88

ANEXO E

SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO Demanda Química de Oxigênio

PGA Plano de Gerenciamento Ambiental

AASA Avaliação de Impacto Ambiental e Social

g Gramas

GEE Gases de Efeito Estufa

ha Hectares

AVC Alto Valor de Conservação

Kg Quilogramas

KJ Quilo joules

KWh Quilowatt horas

L Litros

MJ Mega joules

EPI Equipamento de Proteção Individual

AI Açúcar Invertido (inglês RS – reducing sugar)

t Toneladas

tc Toneladas de cana-de-açúcar

ART Açúcar Redutor Total (inglês: TSAI – total sugars expressed as invert)

a ano

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89

ANEXO F

LISTA DAS CONVENÇÕES INTERNACIONAIS RELEVANTES

As convenções principais (Core Conventions ) da OIT tratam dos seguintes assuntos: Abolição do Trabalho Infantil (C 138 e C 182) ;

Eliminação do Trabalho Forçado ou Compulsório ( C 29 e 105); Remuneração igualitária (C 100); Eliminação da Discriminação no Emprego e

Ocupação ( C111); Liberdade de Associação ( C 87); e o Direito de Negociar Convenções Coletivas ( C 98 ).

PRINCÍPIOS NORMAS

INTERNACIONAIS

NOME NÃO OFICIAL

EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES

RESUMO DAS

PROTEÇÕES

Não ao Trabalho Forçado

ILO Convention 29 (1930)

Forced Labour

OIT Convenção 29 (1930)

Trabalho Forçado Art. 5

Nenhuma concessão para

empresas deve envolver

qualquer forma de trabalho

forçado ou compulsório.

ILO Convention 105

(1957) Abolition of forced

Labour

OIT Convenção 105 (1957)

Abolição do Trabalho

Forçado

Art.1

Não usar nenhuma forma

de trabalho forçado ou

compulsório.

Proteção das Crianças

ILO Convention138 (1973)

Minimum Age

OIT Convenção 138 (1973)

Idade Mínima Art.13

Abolição do trabalho

infantil e determinação de

uma idade mínima nacional

para trabalhar, não menos

que 15-18 anos (a depender

da ocupação).

ILO Convention 182

(1999) Worst Forms of

Child Labour

OIT Convenção 182 (1999)

Piores Formas de Trabalho

Infantil

Art. 1- 7

Abolição da escravidão

infantil, servidão por

dívida, tráfico e solicitação

para prostituição, métodos

apropriados para monitorar

e assegurar o cumprimento.

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90

PRINCÍPIOS NORMAS

INTERNACIONAIS

NOME NÃO OFICIAL

EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES

RESUMO DAS

PROTEÇÕES

Proteção das Crianças

UN Declaration of the

Rights of Indigenous

Peoples (2007)

ONU Declaração sobre os

Direitos dos Povos

Indígenas (2007)

Art. 17 (2), 21, 22(2)

Nenhuma exploração das

mulheres e crianças

indígenas, nem a

exposição das mesmas ao

perigo ou à discriminação.

Liberdade de Associação

e de Negociação de

Convenções Coletivas

ILO Convention 87 (1948)

Freedom of Association

and Protection of Right to

Organise

OIT Convention 87 (1948)

Liberdade de Associação e

Proteção do Direito a

Organizar

Art. 2- 11

Liberdade para que os

trabalhadores se associem

à organizações, federações

e confederações da sua

escolha, com regras e

constituições livremente

escolhidas; medidas para

proteger o direito à

organização.

ILO Convention 98 (1949)

Right to organise and

collective bargaining

OIT Convenção 98 (1949)

Direito de Organizar e

Negociação Coletiva

Art. 1- 4

Proteção contra atos que

reprimem sindicatos e

contra medidas para

dominá-los;

procedimentos

estabelecidos para a

negociação voluntária de

termos e condições de

trabalho, através de

acordos coletivos.

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PRINCÍPIOS NORMAS

INTERNACIONAIS

NOME NÃO OFICIAL

EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES

RESUMO DAS

PROTEÇÕES

Liberdade de Associação e

de Negociação de

Convenções Coletivas

UN Declaration of the

Rights of Indigenous

People (2007)

ONU Declaração sobre os

Direitos dos Povos

Índigenas

Art. 3

Povos indígenas têm o

direito à autodeterminação

e à buscar livremente seu

próprio desenvolvimento

econômico, social e

cultural.

Não-discriminação e

igualdade de

remuneração

ILO Convention 100 (1951)

Equal Remuneration

OIT Convenção 100 (1951)

Remuneração Igualitária Art. 1- 3

Igualdade de remuneração

para homens e mulheres

que desempenham o mesmo

trabalho.

ILO Convention 111 (1958)

Discrimination

Employment and

Occupation

OIT Convenção 111 (1958)

Discriminação (Emprego e

Ocupação)

Art.1 – 2

Igualdade de oportunidade

e tratamento no que se

refere ao trabalho e

emprego: sem

discriminação em base de

raça, sexo, cor, religião,

opinião política ou origem

acional ou social.

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92

PRINCÍPIOS NORMAS

INTERNACIONAIS

NOME NÃO OFICIAL

EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES

RESUMO DAS

PROTEÇÕES

Não-discriminação e

igualdade de remuneração

UN Declaration of the

Rights of Indigenous People

(2007)

ONU Declaração sobre os

Direitos dos Povos

Índigenas

Art.2 , 8

(2e),9,15(2),16(1),21 (2)

,22,24 (1) ,29 (1) ,46 (3)

Ausência de discriminação

em base da origem ou

identidade; liberdade para

manifestar identidade

baseado nos costumes;

atenção especial pela plena

proteção dos direitos das

mulheres indígenas.

Emprego Justo dos

Imigrantes

ILO Convention 97 (1949)

Migration fo Employment

OIT Convenção 97 (1949)

Migração para Emprego

Fornecimento de

informação; nenhuma

restrição à viagem;

fornecimento de serviço de

saúde; não discriminação no

emprego, alojamento,

proteção social e

remuneração; nenhuma

repatriação forçada de

trabalhadores legais;

repatriação de poupança.

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93

PRINCÍPIOS NORMAS

INTERNACIONAIS

NOME NÃO OFICIAL

EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES

RESUMO DAS

PROTEÇÕES

Proteção dos Pequenos

Proprietários

ILO Convention 117 (1962)

Social Policy (Basic Aims

and Standards)

OIT Convenção 117 (1962)

Política Social (Metas e

Padrões básicos)

Art. 4

Alienação com o devido

respeito aos direitos de usos

e costumes; assistência para

a formação de cooperativas;

condições de locação devem

assegurar os padrões de vida

mais altos possíveis.

Aquisição Justa da Terra

ILO Convention 169 (1989)

on Indigenous and Tribal

Peoples

OIT Convenção 169 (1989)

sobre Povos

Indígenas e Tribais

Art. 13-19

Respeitar e proteger os

direitos à terra e aos

recursos naturais que são de

uso e ocupação tradicionais;

respeito para com as

tradições de herança;

nenhuma remoção forçada;

compensação por perdas e

danos.

UN Declaration on the

Rights of Indigenous

Peoples (2007)

ONU Declaração sobre os

Direitos dos

Povos Indígenas (2007)

Art.25 -26

Direito a ter um

relacionamento individual

com a terra; direito de

posse, uso, desenvolvimento

e controle de suas terras,

territórios e outros recursos.

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94

PRINCÍPIOS NORMAS

INTERNACIONAIS

NOME NÃO OFICIAL

EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES

RESUMO DAS

PROTEÇÕES

Aquisição Justa da Terra

UN Convention on

Biological Diversity

(1992)

ONU Convenção sobre

Diversidade Biológica

Art.10 (c)

Proteger e estimular o uso

costumeiro dos recursos

biológicos de acordo com as

práticas tradicionais.

Justa Representação e

Participação dos Povos

Indígenas e Tribais

ILO Convention 169 (1989)

on Indigenous and Tribal

People

OIT Convenção 169 (1989)

sobre Povos Índigenas e

Tribais

Art. 6 -9

Auto-representação, através

das suas próprias

instituições representativas;

consultas com a meta de

chegar a um acordo, ou ao

consenso; o direito de

decidir suas próprias

prioridades, manter seus

costumes e resolver ofensas

pelas leis tradicionais (desde

que compatíveis com os

direitos humanos

internacionais).

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95

PRINCÍPIOS NORMAS

INTERNACIONAIS

NOME NÃO OFICIAL

EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES

RESUMO DAS

PROTEÇÕES

Justa Representação e

Participação dos Povos

Indígenas e Tribais

UN Declaration on the

Rights of Indigenous People

(2007)

ONU Declaração sobre os

Direitos dos Povos Indígenas

(2007)

Art. 10, 11 (2), 19, 28 (1), 29

(2) and 32.(2).

O direito das suas próprias

instituições representativas

aprovarem antecipadamente,

de forma livre e com as

devidas informações,

qualquer projeto que impacte

suas terras.

Convention on the

Elimination of All Forms

of Racial Discrimination,

International Covenant on

Economic, Social and

Cultural Rights,

InterAmerican Human

Rights System

Convenção sobre a

Eliminação de Todos os

Tipos de Discriminação

Racial, Pacto Internacional

sobre Direitos Econômicos,

Sociais e Culturais, Sistema

Inter-Americano de Direitos.

Humanos.

Comitê CERD da ONU,

Comitê da ONU sobre

Direitos Sociais, Culturais e

Econômicos, Comissão

Inter-Americano de Direitos

Humanos.

Aprovação antecipada, livre

e informada de qualquer

decisão que possa impactar

povos indígenas.

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96

PRINCÍPIOS NORMAS

INTERNACIONAIS

NOME NÃO OFICIAL

EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES

RESUMO DAS

PROTEÇÕES

Controlar ou Eliminar o

Uso de Produtos Químicos

e Pesticidas Perigosos

Stockholm Convetion on

Persistent Organic Pollutants

Convenção de Estocolmo

sobre Poluentes Orgânicos

Resistentes (2001)

Art. 15

Proibir e/ou eliminar a

produção e uso dos produtos

químicos listados no Anexo

A da Convenção (por

exemplo, Aldrin, Chlordane,

PCB); restringir a produção

e uso dos produtos químicos

listados no Anexo B (por

exemplo, DDT); reduzir ou

eliminar emissões de

produtos químicos listados

no Anexo C (por exemplo,

hexaclorobenzina).

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97

PRINCÍPIOS NORMAS

INTERNACIONAIS

NOME NÃO OFICIAL

EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES

RESUMO DAS

PROTEÇÕES

Controlar ou Eliminar o

Uso de Produtos Químicos

e Pesticidas Perigosos

FAO International Code of

Conduct on the

Distribution and use of

Pesticides (1985,Revised

2002)

FAO Código Internacional

de Conduta sobre a

Distribuição e Uso de

Pesticidas (1985, Revisado

2002)

Art.5

Restringir o uso de

pesticidas perigosos onde o

controle é difícil; assegurar o

uso de equipamentos e

técnicas protetoras; fornecer

aos trabalhadores orientação

referente a medidas de

segurança; fornecer aos

pequenos fazendeiros e

produtores rurais um serviço

de treinamento; proteger

trabalhadores e outras

pessoas que possam estar

por perto; disponibilizar

informações completas sobre

riscos e proteções; proteger a

biodiversidade e minimizar

impactos no meio ambiente;

assegurar o descarte seguro

de resíduos e equipamento;

estar preparado para lidar

com casos emergenciais de

envenenamento.

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98

PRINCÍPIOS NORMAS

INTERNACIONAIS

NOME NÃO OFICIAL

EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES

RESUMO DAS

PROTEÇÕES

Controlar ou Eliminar o

Uso de Produtos Químicos

e Pesticidas Perigosos

Rotterdam Conventions on

Prior and Informed Consent

Procedure for certain

Hazardous Chemicals and

Pesticides in International

Trade (1998)

Convenções de Rotterdã

sobre Procedimento para a

Concordância Antecipada e

Informada referente a

Determinados Produtos

Químicos e Pesticidas

Perigosos no Comércio

Internacional (1998)

Art. 1, 5, 6

Coibir o comércio de

produtos químicos e

pesticidas proibidos;

desenvolver procedimentos

nacionais para controlar seu

uso e comércio; a

Convenção lista os produtos

químicos e pesticidas

proibidos e perigosos.

UN Declaration on Rights of

Indigenous People (2007)

ONU Declaração sobre os

Direitos dos Povos Indígenas

(2007)

Art. 21 (1), 23, 24, 29 (3)

Melhorar as condições de

vida em termos de

saneamento, saúde e

moradia; participar no

fornecimento de serviços de

saúde; manter sistemas

tradicionais de saúde;

monitoramento efetivo da

saúde.

Preservar áreas de várzea

Ramsar convention on

wetlands of

International Importance

Convenção de Ramsar sobre

Zonas

Úmidas de Importância

Internacional

www.ramsar.org

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99

PRINCÍPIOS NORMAS

INTERNACIONAIS

NOME NÃO OFICIAL

EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES

RESUMO DAS

PROTEÇÕES

Proteger o Patrimônio

Cultural e Natural

World Heritage Convention

concerning the Protection of

the World cultural and

Natural heritage.

Convenção sobre Patrimônio

Mundial, referente à

Proteção do Patrimônio

Cultural e Natural do Mundo

whc.unesco.org/

Conservação da

Diversidade Biológica

Convention on Biological

Diversity

Convenção sobre

Diversidade Biológica www.cbd.int

Preservar áreas de várzea

Ramsar convention on

wetlands of International

Importance

Convenção de Ramsar sobre

Zonas Úmidas de

Importância Internacional

www.ramsar.org

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100

ANEXO G

ESQUEMA BONSUCRO PARA CALCULAR EMISSÕES DE GASES DO EFEITO

ESTUFA (GEE) DECORRENTES DO CULTIVO E PROCESSAMENTO DE CANA-

DE-AÇÚCAR

1. Demarcação do Sistema

A delimitação operacional engloba o cultivo e processamento da cana-de-açúcar,

reconhecendo cada usina, junto com os seus fornecedores de cana-de-açúcar como uma

unidade individual, em vez de considerar uma empresa que tem e opera várias usinas. No caso

de Produtores Independentes de Energia (PIE) que fornecem vapor e energia elétrica para uma

usina a partir do bagaço proveniente dela, aquele PIE será incluído junto com a usina em

questão.

A fronteira do sistema ainda inclui ainda a energia embutida na fabricação e

fornecimento de todos os fertilizantes e produtos químicos, mas exclui a energia embutida nos

bens de capital usados na agricultura e processamento. Serão incluídas todas as atividades da

usina no local, visando refletir a sustentabilidade total de um sistema que produz alimento,

combustível, energia e produtos químicos. Esta análise leva em conta a operação de uma

planta de processamento de cana-de-açúcar, que produz açúcar bruto e/ou etanol. Unidades

que são somente refinarias não serão incluídas dentro do escopo. Representam o fornecimento

de produtos para uma terceira parte que não é o usuário (Análise de Ciclo de Vida da

Produção).

2. Impactos Diretos e Indiretos

Os cálculos de energia de GEE são associados com os insumos diretos de energia e,

num nível secundário, com insumos indiretos. Os insumos diretos são principalmente insumos

de combustíveis e energia, expressos em termos de seu valor primário de energia. Os insumos

indiretos incluem adicionalmente a energia necessária para a produção de produtos químicos,

fertilizantes e outros materiais utilizados. Os insumos indiretos não incluem a energia

adicional consumida na fabricação e construção de prédios e equipamentos usados na fazenda,

no transporte ou no processo industrial.

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101

3. Mudança de Uso do Solo

3.1 Mudança de Uso do Solo pode ser separada em componentes diretos e

indiretos:

A.3.1 Mudança Direta no uso do solo se refere à mudança do estado original da terra

para seu uso na produção da cana-de-açúcar. Dependendo do uso anterior da área em questão

supõe-se que a mudança no uso do solo possa liberar parte do carbono contido no solo e na

vegetação.

A.3.2 Mudança Indireta no uso do solo se refere aos efeitos secundários induzidos pela

expansão em grande escala. Com isso, culturas existentes são substituídas, levando à

expansão de sua área cultivada para outros lugares, sejam no mesmo país ou em outras partes

do mundo. É muito difícil estimar os impactos dessas mudanças.

Caso a cadeia de produção de produção do produto tenha causado a conversão direta

de terras não agrícolas em terras agrícolas em ou após 1 de janeiro de 2008, então as emissões

de GEE associadas com a mudança direta no uso do solo são incluídas no cálculo do carbon

footprint. A tabela do IPCC de valores padrão para mudanças no uso do solo para países

selecionados, publicada no PAS2050 é utilizada no cálculo.

4. Como Lidar com Sub-Produtos e Produtos Múltiplos

Duas abordagens são possíveis:

4.1 O método de ‘substituição’ ou ‘deslocamento’ visa modelar a realidade ao rastrear

o destino provável dos sub-produtos. Cada sub-produto gera um crédito de energia e emissões

equivalente à energia e às emissões evitadas ao deixar de produzir a matéria-prima que o sub-

produto provavelmente substituirá.

4.2 O método de alocação aloca energia e emissões decorrentes de um processo para

os seus vários produtos, de acordo com seus conteúdos de massa e energia ou valores

monetários.

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102

No caso do processamento da cana-de-açúcar, uma fábrica que exporta energia elétrica

ou bagaço adquire um crédito em termos de energia e emissões evitadas, de acordo com a

substituição de energia naquele país. Algumas normas recomendam o uso da intensidade

média de GEE do sistema geral da rede de transmissão para calcular o crédito de GEE da

energia exportada, embora possa ser mais realista usar o mix marginal de energia.

Considerando que o fornecimento marginal de energia virá, normalmente de

combustíveis fósseis, a estimativa da redução (de emissões) será conservadora caso seja usado

o mix médio de geração. Neste caso, adota-se o procedimento que se alinha com a EU RED –

Diretiva da União Européia para Energias Renováveis, que determina o uso do fator médio,

ao calcular créditos para energia exportada.

Caso uma fábrica produza somente açúcar e melaço, usa-se uma alocação proporcional

ao valor de mercado; na maioria dos casos a alocação para o melaço é menos de que 10% do

total.Embora o preço vá flutuar ao longo do tempo, os valores relativos devem permanecer

bem mais estáveis. É possível usar um cálculo de deslocamento, supondo que o melaço

substitui determinados ingredientes de uma ração animal. Isso, porém, deve variar bastante

entre países.

No caso de uma fábrica que produza quantidades mais ou menos equivalentes de

açúcar e etanol, torna-se mais complicada a distribuição dos insumos de energia e das

emissões de GEE entre os dois produtos. O cálculo considera que a alocação deve ser feita

conforme o conteúdo energético dos produtos. O açúcar tem o poder calorífico de 16500MJ/t

e o etanol 21MJ/L. Supondo que se produz 600L de etanol a partir de uma tonelada de

sacarose, o valor equivalente de açúcar para sacarose seria de 27,5 MJ/L. Nesta base, 57% das

emissões seriam alocadas ao açúcar e 43% ao etanol. Como alternativa, o procedimento de

cálculo também aloca o uso de energia e as emissões com base no peso em equivalente de

açúcar, considerando que uma tonelada de açúcar é equivalente a 600L de etanol.

No caso de uma destilaria autônoma, onde se produz somente etanol, o uso de energia

e as emissões são relacionados aos litros de etanol produzidos, ou ao MJ no etanol.

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103

5. Componentes que contribuem às emissões

O CO2 advindo da cana-de-açúcar emitido na combustão e na fermentação do etanol é

considerado como zero de emissão atmosférica de CO2, por representar o carbono retirado do

ar durante o crescimento da cana-de-açúcar. Assume-se que o CO (Monóxido de Carbono) e

os VOC (componentes orgânicos voláteis) emitidos na combustão são convertidos

relativamente rápido em CO2, já o metano e os óxidos de nitrogênio emitidos durante a

queima do bagaço são contabilizados nas emissões de GEE. As emissões de CO2 provenientes

de fontes de carbono biogênico são excluídas do cálculo das emissões de GEE do ciclo de

vida dos produtos, a não ser que o CO2 seja decorrente de mudança direta do uso do solo.

Os GEE cobertos são CO2, N2O e CH4. Metano e N2O têm potencial de aquecimento

global 23 e 296 vezes maior que o do CO2, respectivamente. (IPCC 2007). As emissões de

GEE são agregadas na base de equivalência em Dióxido de Carbono (CO2eq).As emissões

que não são de CO2, decorrentes de fontes de carbono fóssil e biogênico, são incluídas no

cálculo das emissões de GEE. No caso da queima do bagaço nas caldeiras das usinas de cana-

de-açúcar, estima-se que 30 g de CH4 e 4g de N2O são produzidas para cada 1000 MJ de

energia de bagaço queimado, considerando dados do IPCC referentes à queima da biomassa.

Mudanças no conteúdo de carbono dos solos, sejam elas emissões ou sequestros, com exceção

das decorrentes de mudanças diretas no uso do solo, são excluídas da avaliação das emissões

de GEE. Quaisquer emissões de GEE que decorram do transporte necessário durante o ciclo

de vida do produto e das matérias-primas são consideradas na estimativa do carbon footprint.

Fatores de emissão para transportes incluem as emissões associadas com a produção e o

transporte dos combustíveis consumidos.

6. Método de Cálculo

Foi sugerido um limiar de materialidade de 1%, visando assegurar que fontes muito

pequenas de emissões de GEE no ciclo de vida não recebam o mesmo tratamento do que as

fontes mais significativas. Tanto o uso de energia quanto as emissões são calculadas na

mesma planilha, já que as últimas são em grande parte determinadas pelo primeiro. O cálculo

considera os impactos da produção de fertilizante. As operações agrícolas incluem a aplicação

dos produtos químicos, irrigação, cultivo e colheita (e o preparo dos colmos da cana-de-

açúcar para o plantio). O transporte da cana-de-açúcar inclui a sua movimentação até a usina.

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104

A cana-de-açúcar é processada para produzir açúcar e melaço ou etanol, e pode incluir

a exportação de energia elétrica ou bagaço. É excluída a energia embutida na produção dos

equipamentos, inclusive de moagem. A inclusão da energia embutida nos bens de capital e

equipamentos tem geralmente um impacto de menos de 10% nas emissões calculadas, e não e

considerada. Não é considerada qualquer estimativa referente ao transporte dos produtos a

partir da porta da fábrica. O transporte de trabalhadores não é considerado.

A energia primária é calculada. É diferente do insumo direto de energia na medida em

que a energia primária leva em conta a eficiência na geração e no fornecimento da fonte

secundária de energia, p.ex. utilizando um fator de conversão da energia do combustível

utilizado para gerar eletricidade, para a energia contida na eletricidade produzida. Essa lógica

se aplica à energia elétrica, combustíveis, vapor e qualquer outro insumo de energia.

O balanço de incerto GEE é particularmente incerto, já que as margens de erro e de

emissões de Óxido de Nitrogênio dos fertilizantes podem ser enormes. O uso dos fertilizantes

nitrogenados resultam em emissões de GEE em duas fases: na produção dos fertilizantes

(principalmente emissões de CO2 pela energia consumida) e na aplicação dos fertilizantes

(principalmente emissões de N2O pelos processos de nitrificação e desnitrificação no solo). A

partir de recomendações do IPCC, supõe-se que 1,325 % do N no fertilizante nitrogenado é

convertido para N em N2O através da nitrificação e desnitrificação. Além disso, as aplicações

de calcário agrícola resultam em emissões de GEE, tanto pelo uso de energia na sua produção,

quanto pelas reações no solo que liberam CO2.

Estas últimas representam mais uma fonte de incerteza. O modelo usa o fator sugerido

pelo IPCC, de 0,44 kg CO2eq/kg calcário, que supõe que todo o carbono no calcário se torna

CO2. Trata-se de um limite máximo; em solos pouco ácidos é possível que o calcário resulte

numa absorção líquida de CO2. A estrutura de cálculo adotada neste estudo é parecida com

aquela usada no modelo EBAMM (Farrell et al. 2006), que por sua vez é similar ao modelo

GREET (Wang et al. 2008).

Estes modelos têm sido usados no passado, principalmente para modelar a produção

dos biocombustíveis produzidos a partir do milho, e precisaram receber modificações para

cana-de-açúcar, visando incorporar questões adicionais, a saber:

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105

6.1 Modificações para incorporar a produção de açúcar como atividade principal.

Inclui energia elétrica, combustíveis e lubrificantes.

6.2 Emissões decorrentes da queima da cana-de-açúcar. Baseia nos fatores de emissão

do IPCC para a queima de biomassa de 0,07 kg de N2O/t e 2,7 kg de CH4/t, ambos para

matéria seca.

6.3 Incorporar estimativas para emissões de N2O provenientes da torta de filtro,

vinhaça e resíduos da cana-de-açúcar deixados na plantação. Supõe-se que 1,225 % de N no

resíduo seja convertido para N em N20 (Macedo et al. 2008).

6.4 Emissões de CH4 e N2O advindas da queima do bagaço em caldeiras nas usinas;

valores de 30 e 4 g/ 1000 MJ de energia de bagaço são utilizadas, respectivamente (Wang et

al. 2008).

6.5 Valor energético dos produtos químicos usados no processo.

6.6 Um crédito para o melaço (quando produzido), com base em seu valor econômico

em relação ao valor do açúcar.

6.7. As emissões decorrentes do tratamento anaeróbico dos efluentes, no caso de não

haver captura de metano e seu uso como combustível. O IPCC sugere 0,21 t de CH4

produzido para cada t COD (Chemical Oxygen Demand) removida.

6.8. Incorporar estimativas para importações de melaço, bagaço e/ou qualquer outra biomassa.

7. Dados Padrão e Dados Secundários

Dados secundários (obtidos de fontes que não sejam de medição direta) são usados

para calcular emissões na ausência de dados primários, ou quando estes não são apropriados,

visando garantir a consistência e, quando possível, a comparabilidade:

- Potencial de aquecimento global dos GEE

- Emissões de energia elétrica (em kg CO2eq /Kwh) proveniente de várias fontes de

energia

-Conteúdo energético dos fertilizantes por quilo

-Uso de energia por conta de pesticidas e herbicidas, por quilo

-Emissões dos combustíveis, por litro

-Emissões dos resíduos, por quilo

-Emissões de N2O e CH4, pela queima do bagaço

- Emissões de N2O e CH4, pela queima da cana-de-açúcar

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106

-Energia embutida e emissões referentes aos produtos químicos utilizados nos

processos

-Mudança direta no Uso do Solo

8. Apresentação dos resultados

As fases agrícola e de processamento são tratadas separadamente. Assim, os resultados

são disponibilizados da seguinte maneira:

Uso líquido de energia na agricultura: MJ/ha ou MJ/t cana-de-açúcar

Energia usada no transporte da cana-de-açúcar: MJ/t cana-de-açúcar

Uso líquido de energia no processamento: MJ/t cana-de-açúcar ou MJ/t açúcar

Uso total líquido de energia: MJ/t açúcar ou MJ/L etanol

Emissões de GEE na Agricultura: kg CO2 eq/t cana-de-açúcar

Emissões de GEE no Processamento: kg CO2 eq/t cana-de-açúcar ou kg CO2 eq/t

açúcar

Emissões totais líquidas de GEE: gCO2eq/g açúcar; gCO2 eq/L etanol e/ou

gCO2eq/MJ etanol

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107

ANEXO H

PARÂMETROS DETALHADOS PARA O CÁLCULO DE EMISSÕES DE GEE DOS

BIOCOMBUSTÍVEIS ESTABELECIDOS PELA DIRETIVA DA UNIÃO EUROPÉIA PARA

ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E PELA DIRETIVA SOBRE QUALIDADE DOS

COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC) E INCLUÍDOS NA SEÇÃO 6.

A contabilização anual das emissões provenientes de alterações nos estoques de carbono devido

à alterações no uso do solo após 1 de janeiro de 2008, deve ser feita dividindo as emissões totais em

quantidades iguais ao longo de 20 anos. Mudanças de uma cultura para outra não são consideradas

como mudança no uso do solo. Para o cálculo das emissões, aplica-se a seguinte fórmula:

el: (CSR – CSA) x 3.664 x 1/20 x 1/P (1)

Em que:

el: contabilização anual das emissões provenientes de alterações nos estoques de carbono

devido à alterações no uso do solo (medidas em massa de equivalente de CO2 por unidade

de energia produzida de biocombustível)

CSR: estoque de carbono por unidade de área associado o uso atual do solo (medido em

massa de carbono por unidade de área, incluindo solo e vegetação). O uso de referência do

solo reporta-se a janeiro de 2008, ou 20 anos antes da obtenção de matéria-prima, caso esta

última data seja posterior.

CSA: Carbono armazenado por unidade de área associados ao uso efetivo de solo (medido

em massa de carbono por unidade de área, incluindo solo e vegetação). Nos casos em que o

carbono esteja armazenado durante mais de um ano, o valor atribuído ao CSA é o do

armazenamento estimado por unidade de área passados vinte anos ou quando a cultura

atingir o estado de maturação, sendo o que ocorrer primeiro.

P: produtividade da cultura (medida em quantidade de energia de biocombustível ou

biolíquido por unidade de área por ano)

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108

Estoques de carbono no solo são calculados de acordo com as diretrizes publicadas pela

Comissão Européia para áreas convertidas após 1 de janeiro de 2008. Tais diretrizes foram definidas

pela Decisão da Comissão de 10 de junho de 2010, relativa às diretrizes para o cálculo de estoques de

carbono no solo para propósitos do Anexo V da Diretiva 2009/28/EC,publicada pelo Jornal Oficial da

EU L 151 de 17 de junho de 2010, p 19. A Better Sugar Cane Initiative Ltda irá comunicar aos

operadores econômicos quaisquer detalhes das listas de áreas protegidas, assim que estas forem

disponilizadas pela Comissão Européia.

Critérios adicionais e obrigatórios para o cumprimento da Diretiva da União Européia para

Energias Renováveis (2009/28/EC) presentes na Seção 6 e neste Anexo, deverão ser modificados de

acordo com publicações da União Européia relativas à novas comunicações e decisões, incluindo a

definição de pastagens com alta diversidade, áreas degradadas, e novos valores default para emissões

de GEE, assim como qualquer modificação relacionada à Diretiva 2009/28/EC. O artigo 17.3 c) da

Diretiva 2009/28/EC da EU determina que a Comissão deverá estabelecer os critérios e os limites

geográficos para determinar as áreas de pastagem que devem ser consideradas pelo referido artigo. Na

ausência de decisão da Comissão com relação a este tópico, nenhuma interpretação legal pode ser dada

ou reivindicada em relação a este conceito. Este padrão pode ser modificado para se adequar aos

critérios e limites geográficos definidos pela Comissão assim que uma decisão ou comunicação oficial

for emitida.

O combustível fóssil a ser comparado para o cálculo de reduções de GEE, conforme

recomendado pela EU é 83,8g CO2 eq/MJ. O valor de emissões de GEE que deverá constar nos

certificados BONSUCRO EU devem ser calculados da seguinte maneira:

REDUÇÃO = (( 83,8 – Emissões do critério 6.1)/83,8) x 100 %.

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109

ANEXO I

VALORES PADRÃO UTILIZADOS

Espera-se que alguns destes valores padrão sejam alterados à medida que valores mais exatos

ou realistas sejam publicados. Também pode haver no futuro um maior refinamento,por exemplo,

permitindo que diferentes emissões sejam consideradas para os diferentes tipos de fertilizantes

nitrogenados. Pode ser ainda necessário introduzir valores padrão específicos para diferentes

países, na medida em que se percebe que estes farão uma diferença importante aos cálculos.

A maioria dos valores padrão é obtida do modelo EBAMM (Farrell et. al .2006),

frequentemente baseados no modelo GREET usando dados de Shapouri et.al.(2004) e Gabroski

(2002), ou de Macedo et.al (2008)

Fertilizantes e produtos químicos agrícolas, em MJ/kg:

DEMANDA DE

ENERGIA

(MJ/kg)

FATOR DE

EMISSÕES

(kg CO2 eq / kg)

EMISSÕES NA

APLICAÇÃO

(kg CO2eq/ kg)

Nitrogênio ( Elemental) 56.9 4 6.2

Potássio (K2O) 7 1.6

Fosfato (P2O5) 9.3 0.71

Calcário (CaCO3) 0.12 0.07 0.44

Herbicida 355.6 25

Inseticida 358 29

Dados do EBAMM

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110

DEMANDA DE ENERGIA

(MJ/MJ combustível)

EMISSÕES TOTAIS

(g CO2 eq / MJ)

Gasolina 1.14 85

Diesel 1.16 91

Óleo combustível 1.24 96

Gás natural 1.12 66

Carvão Mineral 1 107

Eletricidade 2.5 150

Dados da demanda de energia de Macedo et.al.(2008), emissões do EBAMM.

*Valor médio; se possível utilizar valores específicos de cada país.

Para calcular o Valor da Energia Primária, multiplique o Valor Energético pelo Fator de Demanda de Energia.

DEMANDA DE

ENERGIA

(MJ/kg)

FATOR DE

EMISSÕES

(g CO2 eq / MJ)

Cal (CaO) 0.11 951

Biocida 3.02 951

Nitrogênio 56.33 951

Soda Cáustica 75 951

Ácido Sulfúrico 24 951

Anti Espumante 10 951

Miscelânea 50 95

Macedo et.al (2008); Mortimer et.al.(2004), EBAMM

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111

ANEXO J

PLANO DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL

ASSUNTO PRINCIPAL S/N* MEDIDAS/PRÁTICAS META PROGRESSO

Biodiversidade

Serviços do Ecossistema

Solo

Água

Ar

Agrotóxicos

Fertilizantes

Pragas e doenças

Plano para Queimadas

Plano para Erosão do Solo

* Assuntos abordados no PGA Sim/Não