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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Interação entre rúcula (Eruca sativa Miller) e rizobactéria (Bacillus subtilis GB03): efeitos na oviposição e desenvolvimento larval da traça-das- crucíferas, Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae) Rafaela Cristina dos Santos Piracicaba 2016 Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestra em Ciências. Área de concentração: Entomologia

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Universidade de São Paulo

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Interação entre rúcula (Eruca sativa Miller) e rizobactéria (Bacillus subtilis

GB03): efeitos na oviposição e desenvolvimento larval da traça-das-

crucíferas, Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae)

Rafaela Cristina dos Santos

Piracicaba

2016

Dissertação apresentada para obtenção do título de

Mestra em Ciências. Área de concentração:

Entomologia

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Rafaela Cristina dos Santos

Engenheira Agrônoma

Interação entre rúcula (Eruca sativa Miller) e rizobactéria (Bacillus subtilis GB03):

efeitos na oviposição e desenvolvimento larval da traça-das-crucíferas,

Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae) versão revisada de acordo com a resolução CoPGr 6018 de 2011

Piracicaba

2016

Dissertação apresentada para obtenção do título de

Mestra em Ciências. Área de concentração:

Entomologia

Orientador:

Prof. Dr. PAUL WHITAKER PARÉ

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

DIVISÃO DE BIBLIOTECA - DIBD/ESALQ/USP

Santos, Rafaela Cristina dos Interação entre rúcula (Eruca sativa Miller) e rizobactéria (Bacillus subtilis GB03):

efeitos na oviposição e desenvolvimento larval da traça-dascrucíferas, Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae) / Rafaela Cristina dos Santos. - - versão revisada de acordo com a resolução CoPGr 6018 de 2011. - - Piracicaba, 2016.

55 p. : il.

Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”.

1. PGPR 2.Voláteis de plantas 3. Interação microrganismo-planta-inseto 4. Microrganismos benéficos I. Título

CDD 635.5 S237i

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

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Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais Valmir e Ione, à minha irmã Gabriela, às minhas avós Maria Joana e Regina e ao meu namorado

Felipe.

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Agradecimentos

A Deus e à Nossa Senhora Aparecida por estarem sempre comigo me abençoando, iluminando e protegendo. Aos meus pais Valmir e Ione, à minha irmã Gabriela e às minhas avós Maria Joana e Regina, por todo amor, incentivo, por sempre estarem ao meu lado sendo meu maior apoio. Ao meu namorado Felipe, pelo amor, companheirismo, compreensão, paciência, amizade e por ter sido meu apoio nas horas de fragilidade. Ao professor Paul Paré pelos ensinamentos e orientação durante o mestrado. Ao professor José Maurício Simões Bento, por todas as oportunidades oferecidas, por ter me recebido no laboratório de Ecologia Química e Comportamento de Insetos da ESALQ. À CAPES por ter me concedido bolsa para realização dos meus estudos durante o mestrado. À professora Cristiane Nardi por ser minha mãe entomológica. Ao professor Sérgio de Bortoli do Laboratório de Biologia e Criação de Insetos da Unesp, Jaboticabal, pelo fornecimento de pupas de P. xylostella para o início da criação. Ao professor Ítalo Delalibera e à Solange por permitirem o uso do Laboratório de Patologia de Insetos. À secretária do Departamento de Entomologia e Acarologia, Andrea, por sempre saber tudo, nos passar as informações que precisamos e salvar nossas vidas. À professora Maria Fernanda Peñaflor pelos ensinamentos, exemplo de pessoa e de vida e por estar sempre disposta a ajudar e passar o conhecimento.

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À Franciele Santos agradeço imensamente por toda disposição em me ajudar, principalmente nos momentos finais, pela amizade, apoio e paciência. À Arodí pelo auxílio com os equipamentos e análises e pelos puxões de orelha. À Patrícia Sanches, pela amizade, companheirismo, pelo exemplo de dedicação, por me ajudar com as minhas “filhas” e pelas descobertas estatísticas juntas. À Mariana Leite pela amizade, por alegrar meus dias e pela parceria nas disciplinas durante o mestrado. À Luiza por ter me recepcionado ao chegar a Piracicaba. Ao teacher Fernando Sujimoto pela ajuda com o inglês e com as disciplinas. À Kamila pelo auxílio com os cuidados da criação de Plutella. À Denise Alves e ao professor Luis Carlos Marchini por me darem permissão para utilizar o Laboratório de Insetos Úteis da ESALQ. A todos os integrantes do Laboratório de Ecologia Química e Comportamento de Insetos, minha hermana Natalia, mami Lucila, a sementinha da discórdia Aline, às Camila’s, ao Weliton, Davi, Diego, Janaína, Felipe e Fernando Cabezas, pela convivência, amizade, pelos cafés, conversas, momentos de descontração, por terem contribuído de alguma forma para o meu projeto e meu crescimento pessoal. A todos os meus colegas de turma do mestrado, por sofrermos juntos, pelos momentos de descontração e por tornarem a nossa turma muito especial, unida e descontraída. À minha amiga e colega de casa Gislaine, por estar sempre do meu lado, pelo companheirismo, apoio, conselhos e amizade. À minha mineira preferida Ana Clara, por ser uma simpatia em pessoa, por alegrar meus dias e por ser minha companheira em todos os momentos.

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“O pior erro que alguém pode cometer é desistir

de aprender o que quer que seja apenas

porque encontrou uma dificuldade.”

Professor Pier

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................. 11

ABSTRACT ............................................................................................................................. 13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. 15

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 19

2.1 Aspectos biológicos e importância econômica de Plutella xylostella ................................ 19

2.2 Família Brassicaceae ......................................................................................................... 21

2.3 Bacillus subtilis (GB03) ..................................................................................................... 22

2.4 Plantas como mediadoras de interações entre microrganismos radiculares e insetos de

parte aérea ................................................................................................................................. 23

3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 25

3.1 Multiplicação e inoculação de B. subtilis (GB03) .............................................................. 25

3.2 Cultivo das plantas ............................................................................................................. 26

3.3 Criação de P. xylostella ...................................................................................................... 26

3.4 Crescimento de plantas de rúcula........................................................................................28

3.5 Desempenho de P. xylostella em plantas de rúcula ............................................................ 27

3.6 Bioensaio em olfatômetro ................................................................................................... 28

3.7 Teste de preferência de oviposição de P. xylostella ........................................................... 29

3.8 Coleta de voláteis ............................................................................................................... 30

3.9 Análise Estatística .............................................................................................................. 31

4 RESULTADOS ................................................................................................................. 33

4.1 Área foliar e biomassa seca de plantas de rúcula inoculadas e não inoculadas com B.

subtilis (GB03) ......................................................................................................................... 33

4.2 Ganho de peso de lagartas de P. xylostella e área foliar consumida de plantas de rúcula . 34

4.3 Preferência de oviposição de P. xylostella ......................................................................... 36

4.4 Voláteis emitidos por plantas de rúcula .............................................................................. 37

4.5 Análise dos componentes principais (PCA) .................................................................. 39

5 DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 41

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 45

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 47

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RESUMO

Interação entre rúcula (Eruca sativa Miller) e rizobactéria (Bacillus subtilis GB03):

efeitos na oviposição e desenvolvimento larval da traça-das-crucíferas,

Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae)

As rizobactérias promotoras de crescimento (PGPR) são microrganismos que ocorrem

naturalmente no solo, são conhecidas por proporcionar melhorias no desenvolvimento das

plantas atuando de diversas formas. Bacillus subtilis (cepa GB03) é uma PGPR disponível

para comercialização como fungicida biológico concentrado, utilizada no tratamento de

sementes de diversas culturas como algodão, soja, amendoim, trigo e cevada. Destaca-se pela

capacidade de promover o crescimento de plantas por meio da emissão de voláteis. Vários

estudos com Arabidopsis thaliana já comprovaram que B. subtilis (GB03) é capaz de auxiliar

no desenvolvimento da planta por meio da promoção de crescimento e pela supressão de

patógenos habitantes de solo. No entanto, o seu papel na proteção de plantas contra a

herbivoria de insetos ainda não é bem caracterizado. Deste modo, buscou-se avaliar os efeitos

da interação de B. subtilis (GB03) com plantas de rúcula (Eruca sativa) e Plutella xylostella

(traça-das-crucíferas). Este inseto pertence à ordem Lepidoptera, considerado praga de maior

importância no cultivo de Brassicaceae ao redor do mundo. Devido à sua alta prolificidade e

capacidade de adaptação e ao seu curto ciclo de vida, tornou-se uma das pragas mais

resistentes e de difícil controle da agricultura. Atualmente, os custos em escala mundial com o

controle da praga anualmente chegam em torno de US $ 4 a 5 bilhões. Foram utilizados dois

tratamentos, plantas inoculadas com B. subtilis (GB03) e controle (plantas não inoculadas).

Avaliou-se o crescimento de plantas de rúcula e o peso seco de parte aérea. Para avaliar o

desempenho e dano de P. xylostella em ambos tratamentos, previamente foram pesados

grupos de quinze lagartas e submetidas a alimentação de plantas de rúcula durante 24 horas.

Posteriormente, as lagartas foram retiradas e pesadas novamente e a área foliar consumida foi

calculada por meio do software editor de imagens ImageJ®. A preferência de oviposição do

inseto foi testada por meio de olfatometria, composta apenas de pistas olfativas e em arenas

contendo tanto pistas olfativas quanto visuais. A emissão de voláteis foi caracterizada

quantitativamente e qualitativamente por cromatografia gasosa e analisada por espectrometria

de massas. A inoculação com GB03 em plantas de rúcula promoveu melhor crescimento das

plantas em relação ao tratamento controle, ao mesmo tempo em que diminuiu os danos pelo

consumo alimentar do inseto na planta. P. xylostella não apresentou distinção entre os odores

das plantas nos testes de olfatometria. Entretanto, observou-se menor número de ovos em

plantas com GB03 nos bioensaios de arena. Não foram constatadas diferenças significativas

na emissão total de voláteis entre os tratamentos com e sem GB03, no entanto, foram

encontradas concentrações diferentes dos compostos (Z)-3-hexenol e 2-ethyl-1-decanol.

Outros testes devem ser realizados com a finalidade de estabelecer o papel desempenhado por

GB03 na indução de defesas de plantas contra insetos.

Palavras-chave: PGPR; Voláteis de plantas; Interação microrganismo-planta-inseto;

Microrganismos benéficos

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ABSTRACT

Arugula (Eruca sativa Miller) and rhizobacteria (Bacillus subtilis, GB03) interaction:

effects on oviposition and larval development of Diamondback moth,

Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae)

The plant growth promoting rhizobateria (PGPR) are microorganisms that naturaly live in the

soil, known by improving the plants’ development in many ways. Bacillus subtilis (strain

GB03) is a comercial available PGPR, sold as a concentrated biological fungicide, applied in

seed treatment of different cultures as cotton, soybean, peanut, wheat and barley. Moreover, it

stands out by its capacity of plant growth promoting via volatiles emission. Several studies

with Arabidopsis thaliana showed that B. subtilis (GB03) can help the plant development via

growth promotion and by soil pathogens supression. However, its role in plant protection

against insect herbivory has not been characterized yet. Thus, it aimed to evaluate the

interaction effects among B. subtilis (GB03), arugula plants (Eruca sativa) and Plutella

xylostella (Diamondback moth). This insect belongs to the order Lepidoptera and have been

considered the main pest in Brassicaceae fields around the world. Due to its high prolificacy

and plasticity in field survival, and its short life cycle, it has become one of the most resistant

and hard control pest in agriculture. Currently, the annualy world costs with this pest control

is about US $ 4-5 bilions. Here, it was used two treatments, innoculated plants with B. subtilis

(GB03) and control (non-innoculated plants). The arugula plants growth and dry mass of

shoots were evaluated. To analyze the performance and damage by P. xylostella in both

treatments, it was previously weighed groups with fifteen caterpillars and submitted to

feeding on arugula plants during 24 hours. After that, the caterpillars were removed and

weighed again and the consumed leaf area was calculated by the image editor software

ImageJ®. The insect oviposition preference was tested by olfactometry, with only olfactory

cues and in arenas containing both, olfactory and visual cues. Volatiles emission was

quantitatively and qualitatively characterized by gas chromatography and analyzed by mass

spectrometry. GB03 innoculation in arugula plants promoted a better growth when compared

to control, and, at the same time, there was an increasing in the plant damage by insect food

consumption. P. xylostella did not show distinction between odors of the plants in

olfactometry tests. Although, it was observed less number of eggs in plants with GB03 in

arena bioassays. It was not found significant differences in total volatile emission between

the treatments with and without GB03, even though different concentrations of (Z)-3-hexenol

and 2-ethyl-1-decanol were observed. Other tests must be performed in order to estabilish the

role played by GB03 in plant induction defense against insects.

Keywords: PGPR; Plants volatiles; Microrganism-plant-insect interaction; Benefics

microrganisms

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PGPR Plant Growth Promoting Rhizobacteria

ISR Indução de Resistência Sistêmica

DDT Diclorodifeniltricloroetano

SAR Resistência Sistêmica Adquirida

AJ Ácido Jasmônico

AS Ácido Salicílico

TSA Ágar Triptona de Soja

DIC Detector de Ionização de Chama

KI Kovats

PCA Principal Component Analysis

COV Compostos orgânicos voláteis

EAG Eletroantenograma

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1 INTRODUÇÃO

A família Brassicacea é uma das famílias de olerícolas mais numerosas, composta por

muitas espécies de importância agrícola, compreendendo aproximadamente 340 gêneros e

3350 espécies (KOCH; HALBOULD; MITCHELL-OLDS, 2001). Entre as espécies

pertencentes a essa família a rúcula (Eruca sativa Miller) destaca-se por sua composição

nutricional e por seu odor e sabor característicos, alcançando cada vez mais espaço no

mercado e na alimentação humana (FILGUEIRA, 2003; TRANI e PASSOS, 1998). Em

contrapartida, a rúcula ainda é uma espécie pouco estudada e o crescente aumento do número

de produtores dessa olerícola indica a necessidade da implementação de ações

multidisciplinares para melhoria das suas táticas de manejo (MOURA et al., 2008).

Entre os fatores limitantes na produção dessas hortaliças pode-se destacar a ocorrência

da traça-das-crucíferas, Plutella xylostella (Linnaeus, 1758), considerada a praga de maior

importância econômica no cultivo de brassicaceas ao redor do mundo, os danos ocasionados

por este lepidóptero reduzem drasticamente a produção e aumentam significativamente os

custos com controle (DICKSON et al., 1990; SHELTON; NAULT, 2004). A traça-das-

crucíferas foi o primeiro inseto a ser constatado o desenvolvimento de resistência a cepas de

Bacillus thuringiensis em vários países (FERRÉ et al.,1991; MORISHITA; AZUMA;

YANO, 1992; SHELTON et al., 1993; TABASHNIK et al., 1990). Além disso, o seu

curto ciclo de vida e sua alta fecundidade fazem com que muitas gerações sejam expostas à

ação de inseticidas usados rotineiramente pelos produtores, aumentando a pressão de seleção

e contribuindo para o desenvolvimento de resistência à maioria dos princípios ativos de

inseticidas encontrados atualmente no mercado (SAYYED; OMAR; WRIGHT, 2004),

As rizobactérias promotoras de crescimento de plantas (PGPR- Plant Growth

Promoting Rhizobacteria) ocorrem naturalmente no solo e vivem em simbiose com as raízes,

estimulando o crescimento das plantas (KLOEPPER, 1980). As PGPR podem interagir de

várias formas com os insetos acima do solo por meio das plantas, que atuam como

mediadoras dessas interações (ERB et al., 2009; PINEDA et al., 2010; VAN DER PUTTEN

et al., 2001). A promoção do crescimento de plantas é considerado o principal mecanismo

mediador de interações entre plantas, microrganismos e insetos. A importância das defesas

induzidas das plantas neste processo ainda tem sido pouco explorada, especialmente, o papel

da indução da resistência sistêmica (ISR) nessas interações (BEZEMER; VAN DAM, 2005;

VANNETTE; HUNTER, 2009).

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Algumas PGPR encontram-se disponíveis para comercialização para serem utilizadas

na agricultura, como é o caso de Bacillus subtilis (GB03), a qual é comercialmente produzida

como fungicida biológico concentrado (Kodiak®, Bayer CropScience), indicado para o uso

no tratamento de sementes de diversas culturas, como algodão, amendoim, feijão, soja, trigo,

cevada e milho. A capacidade de B. subtilis (GB03) em estimular o crescimento de plantas

por meio da emissão de voláteis, já foi comprovada em plantas de Arabidopsis (RYU et al.,

2003) e rúcula (CHOI et al., 2014), assim como a melhoria no desenvolvimento e bem estar

de plantas de Arabidopsis pelo aumento da capacidade fotossintética e tolerância à salinidade

(ZHANG et al., 2008; ZHANG et al., 2008b) e a melhoria na absorção de ferro em plantas de

mandioca (FREITAS et al., 2015). Além disso, sua habilidade em competir e inibir o

desenvolvimento de outros microrganismos também foi confirmada, sendo altamente efetiva

na supressão de patógenos de raíz, como Fusarium spp. e Rhizoctonia solani (BACKMAN;

BRANNEN; MAHAFEE, 1994; TURNER; BACKMAN, 1991). No entanto, os estudos sobre

os efeitos da inoculação das plantas com B. subtilis (GB03) sobre o comportamento e

desenvolvimento de insetos ainda são recentes, o que requer que mais estudos sejam

realizados nesta área.

Deste modo, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da rizobactéria B.

subtilis (GB03) sobre o crescimento de plantas de rúcula e seus efeitos na oviposição e

desempenho larval de P. xylostella. Assim como, identificar e quantificar as concentrações

dos voláteis emitidos por plantas de rúcula inoculadas ou não com a rizobactéria.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Aspectos biológicos e importância econômica de Plutella xylostella

Conhecida popularmente como traça-das-crucíferas, Plutella xylostella (Linnaeus,

1958) (Lepidoptera: Plutellidae), é considerada a praga de maior importância no cultivo de

brássicas, devido à sua abrangência territorial e os danos às culturas (MORATÓ, 2000;

ULMER et al., 2002). Sua capacidade em causar altos níveis de dano está relacionada ao seu

elevado potencial reprodutivo e curto ciclo de vida, proporcionando várias gerações ao longo

do ano (FRANÇA et al., 1985). A temperatura é um fator abiótico determinante no

desenvolvimento deste inseto, de modo que, em regiões tropicais com temperaturas mais

elevadas, o inseto pode apresentar até 15 gerações anuais (DIAS; SOARES; MONNERAT,

2004; POELKING, 1992).

Acredita-se que a traça-das-crucíferas seja originária do sul da Europa, provavelmente

da região do Mediterrâneo e que migrou para outras partes do mundo, sendo considerada uma

praga cosmopolita (CHAPMAN et al., 2002). No Brasil, os primeiros relatos de ocorrência

deste lepidóptero foram realizados por Bondar (1928), em plantações de repolho na Bahia. O

sucesso da colonização de plantações ao redor do mundo deve-se principalmente ao alto

potencial biótico, a grande habilidade de dispersão a longas distâncias e a facilidade de

adaptação em diversos ambientes (CASTELO BRANCO; GATEHOUSE, 2001; METCALF,

1981).

Os adultos são microlepidópteros, possuem hábito noturno, medem 8 a 10 mm de

comprimento e apresentam coloração parda. Quando em repouso, a margem posterior das asas

assume um formato semelhante ao de um diamante, fato que tornou a espécie conhecida por

‘Diamondback moth’. O dimorfismo sexual nos adultos pode ser verificado nos últimos

segmentos do abdômen, onde pode-se observar duas manchas circulares de coloração

marrom-avermelhada nas fêmeas, enquanto que os machos possuem apenas uma mancha

alongada (GUIMARÃES; MICHEREFF FILHO; SETTI DE LIZ, 2011; VACARI, 2009).

As fêmeas são altamente prolíferas, podendo colocar mais de 300 ovos no decorrer do

ciclo reprodutivo. As posturas normalmente são realizadas próximas às nervuras e podem ser

agrupadas ou isoladas (THULER, 2009; TORRES; ZANUNCIO, 2001). Os ovos têm cerca

de 1 mm de diâmetro, são de coloração amarelada e arredondados. Após dois ou três dias da

oviposição, as lagartas começam a eclodir. No primeiro instar alimentam-se do mesófilo

foliar, em seguida abandonam as galerias e passam a se alimentar da epiderme (IMENES et

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al., 2002; MEDEIROS et al., 2003), passando por quatro instares até completar todo o seu

desenvolvimento larval. O tamanho máximo observado nessa fase do desenvolvimento é de 8

a 10 mm de comprimento. Posteriormente, as lagartas transformam-se em pupas de 5 a 9 mm

envoltas em um casulo branco de seda e podem apresentar colorações que variam de branco-

amarelado à esverdeado, tornando-se mais escuras próximo à emergência que ocorre cerca de

quatro dias após a formação das pupas (CASTELO BRANCO; FRANÇA; VILLAS BOAS,

1997).

O ataque de P. xylostella prejudica a comercialização das hortaliças, e os danos nas

plantas são ocasionados pela alimentação das lagartas, especialmente no quarto instar onde

observa-se o ataque mais severo da traça em todas as partes da planta (CAPINERA, 2015;

CASTELO BRANCO; FRANÇA; VILLAS BOAS; 1997). A traça-das-crucíferas pode

ocasionar danos à cultura durante todo o seu ciclo, apresentando maior importância na fase de

muda, sendo prejudicial para a formação de cabeça em brócolis, repolho e couve-flor

(CAPINERA, 2015). Em repolho as perdas podem atingir até 96% das cabeças comerciais

(CASTELO BRANCO, 1999), já na cultura da couve, dependendo da região, do clima e da

época de plantio, estima-se que os prejuízos causados à cultura podem chegar a 95%

(CZEPAK et al., 2005).

No início dos anos 90 o custo anual para controle da traça-das-crucíferas era estimado

em aproximadamente um bilião de dólares (JAVIER, 1992). No entanto, entre os anos de

1993 e 2009 ocorreu um aumento de cerca de 39% na área cultivada de plantas da família

Brassicaceae. Deste modo, observou-se que o custo com o manejo da praga teve um aumento

diretamente proporcional à área cultivada, chegando a custar atualmente cerca de 4 a 5 biliões

de dólares por ano (ZALUCKI et al., 2012).

Apesar do controle químico ser a forma mais utilizada para controlar P. xylostella, a

resistência a vários inseticidas tem sido um problema frequente (SHELTON et al., 1993). De

acordo com Thuler (2006), a manifestação da resistência em P. xylostella pode ser explicada

devido à sua elevada prolificidade e ao seu curto ciclo de vida, reduzindo drasticamente a

eficiência dos produtos utilizados (CASTELO BRANCO et al., 2001; GEORGHIOU;

LAGUNES-TEJADA, 1991).

Ankersmit (1953) fez os primeiros relatos sobre a resistência de P. xylostella ao

diclorodifeniltricloroetano (DDT), na Índia, apenas três anos após o início da sua utilização,

sendo o primeiro inseto a desenvolver resistência a esse princípio ativo. Também foi o

primeiro inseto que mostrou-se resistente as toxinas de Bacillus thuringiensis no campo

(KIRSCH; SCHUMUTTERER, 1988; TABASHINIK et al., 1990). Ao longo dos anos, a

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traça-das-crucíferas tornou-se o lepidóptero mais resistente à ação de inseticidas, sendo

constatada a resistência a mais de 51 princípios ativos utilizados no mundo (VASQUEZ,

1995).

A resistência de P. xylostella a inseticidas tem colaborado para o incentivo a pesquisas

visando técnicas de manejo mais adequadas e consequentemente o desenvolvimento de

estratégias dentro do manejo integrado de pragas (TALEKAR; SHELTON, 1993; THULER,

2006), destacando-se a rotação de culturas, controle biológico com parasitoides e fungos

entomopatogênicos (CASTELO BRANCO; MEDEIROS, 2001; MONNERAT et al., 2000),

cultivares resistentes e armadilhas com feromônio (EIGENBRODE; SHELTON; DICKSON,

1990; IMENES et al., 2002).

2.2 Família Brassicaceae

A família Brassicaceae é composta por diversas espécies de importância econômica,

tais como a couve-flor, brócolis, canola, repolho, couve e rúcula. As plantas pertencentes à

esta família podem ser encontradas e cultivadas no mundo todo, pois possuem elevada

capacidade de adaptação às variações climáticas (HONG et al., 2008). No Brasil, são

cultivadas principalmente na região centro-sul e apresentam custo de produção relativamente

baixo comparado com outras espécies olerícolas (FILGUEIRA, 2008).

Devido às características nutricionais e ao baixo custo, as brassicáceas participam da

base da alimentação mundial. Possuem em sua composição química grandes quantidades de

compostos fenólicos secundários, os glucosinolatos, que são responsáveis pelo aroma e sabor

característico dessa família e estão relacionados com a defesa da planta contra os insetos

(CARTEA, 2011; DIXON, 2007; KEHR; BUTZ, 2011).

Além das plantas cultivadas que exercem importância econômica dentro da família

Brassicaceae, pode-se também destacar a importância de Arabidopsis thaliana nesse grupo de

olerícolas. A. thaliana tem sido utilizada como planta modelo para diversos estudos, os quais

tem assumido papel importante na análise dos genomas de plantas, proporcionando melhor

entendimento dos processos que ocorrem em diversas espécies, até mesmo em humanos

(MEINKE et al., 1998; MEYEROWITZ; SOMERVILLE, 1994).

A. thaliana possui um genoma relativamente pequeno em relação a outras espécies,

com cinco cromossomos e cerca de 26000 genes, o que facilita seu estudo. Possui também

outras características que a tornam um bom modelo para realização de pesquisas, como: ciclo

relativamente curto (seis semanas), alta capacidade reprodutiva, o que garante um elevado

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número de sementes, é facilmente cultivável e possui um número significativo de linhagens

geneticamente modificadas facilitando a análise e manipulação (FRANSZ et al., 1998;

MEINKE et al., 1998). Deste modo, as semelhanças genéticas, fisiológicas e biológicas

existentes entre as plantas pertencentes à família Brassicaceae podem auxiliar na aplicação em

plantas cultivadas dos estudos realizados utilizando-se como base A. thaliana.

2.3 Bacillus subtilis (GB03)

As rizobactérias promotoras do crescimento de plantas (PGPR) são microrganismos

que ocorrem naturalmente no solo, colonizando raízes e estimulando o crescimento das

plantas. Estas bactérias são aplicadas a uma ampla variedade de espécies agrícolas para

melhorar o desenvolvimento das plantas, apresentando efeitos no aumento da emergência das

sementes, peso da planta e indução de resistência a pragas e doenças (KLOEPPER et al.,

1980).

B. subtilis (GB03) é uma PGPR que pode ser encontrada na região da rizosfera e

possui a capacidade de emitir e modificar o perfil de voláteis e promover o crescimento das

plantas (RYU et al, 2003; 2005). Estudos genéticos e fisiológicos em plantas de Arabidopsis

demonstram que B. subtilis (GB03) possui compostos orgânicos voláteis que mediam a

sinalização da auxina, expandindo a célula e permitindo a promoção do crescimento celular

(ZHANG et al., 2008).

Ryu et al. (2003) constataram que em interações de plantas e rizobactérias, uma

mistura de produtos químicos é liberado por cepas específicas de PGPR que pode desencadear

a promoção do crescimento e induzir a resistência sistêmica em Arabidopsis e mudas

vizinhas. Nesse estudo contatou-se que 2,3-butanodiol é um componente essencial bacteriano

responsável pela sinalização química no ar provocando o crescimento em Arabidopsis.

Em estudos realizados posteriormente, constatou-se que B. subtilis (GB03) e B.

amyloliquefaciens (IN937a) influenciaram plantas de Arabidopsis na promoção do

crescimento e na indução de resistência sistêmica através de emissões de compostos voláteis.

Foram detectados os metabólitos 2,3-butanodiol e 3-hidroxi-2-butanona (acetoína) em GB03 e

IN937a, enquanto esses mesmos compostos não foram detectados em outras cepas bacterianas

não promotoras do crescimento (RYU et al., 2004, FARAG et al., 2006).

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2.4 Plantas como mediadoras de interações entre microrganismos radiculares e insetos

de parte aérea

As plantas são capazes de interagir de diversas formas com as mais variadas formas de

vida durante seu ciclo e atuam como mediadoras entre organismos que vivem no solo e na

parte aérea. Os microrganismos simbiontes que vivem no solo proporcionam melhorias no

desenvolvimento das plantas e podem desencadear mudanças fisiológicas que influenciam nas

interações com insetos de parte aérea. As PGPR atuam em simbiose com as plantas

promovendo o crescimento e melhorias na resistência contra estresses bióticos e abióticos

(ONGENA et al., 2007; PANGESTI et al., 2013; PINEDA et al., 2010).

Algumas PGPR são capazes de induzir a resistência sistêmica (ISR) nas plantas o que

comumente resulta na redução do crescimento do patógeno e afeta a alimentação e

desenvolvimento de insetos herbívoros. O mecanismo de ação desencadeado na ISR é

semelhante ao induzido por patógenos, a qual é conhecida como resistência sistêmica

adquirida (SAR) (RYU et al., 2004). A indução da SAR leva a um aprimoramento da

resistência contra maiores ataques do mesmo patógeno ou de um microrganismo diferente

(STICHER; MAUCH-MANI; MÉTRAUX, 1997). A ISR ocorre pela colonização da

rizobactéria na raiz em direção à parte aérea. O aumento da ISR pode ocorrer pela mediação

dos fitormônios ácido jasmônico (AJ) e ácido salicílico (AS) (RYU et al., 2004; WEI;

KLOEPPER; TUZUN, 1991).

Dependendo do hábito alimentar do inseto a ISR pode ser desencadeada via ácido

jasmônico/etileno ou via ácido salicílico, ativando diferentes conjuntos de genes associados à

defesa da planta (PANGESTI et al., 2013). Em geral, os insetos mastigadores são afetados

pelas vias de defesa mediadas pelo ácido jasmônico (HOWE; JANDER, 2008; VAN

OOSTEN et al., 2008; ZHENG et al., 2007), enquanto os insetos sugadores desencadeiam a

ISR via ácido salicílico (DE VOS et al., 2007; ZARATE; KEMPEMA; WALLING, 2007).

A ISR e a promoção de crescimento de plantas por PGPR já foi comprovada por

vários autores, como em plantas de tomate inoculadas com B. subtilis BsDN

(VALENZUELA-SOTO et al., 2010). Estudos em campo também comprovaram a eficiência

da utilização de PGPR afetando significativamente a população de crisomelídeos em plantas

de pepino, ao mesmo tempo que foi constatado que as plantas inoculadas apresentaram um

melhor desenvolvimento quanto ao tamanho e ao número de frutos (ZEHNDER et al., 1997).

O perfil de voláteis também pode ser alterado na presença de PGPR influenciando na

seleção hospedeira dos insetos. Em estudos recentes comprovou-se que a inoculação de

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plantas de milho com Azospirillum brasilense aumentou a emissão do composto (E)-β-

cariofileno, agindo como repelente de larvas de Diabrotica speciosa onde observou-se uma

migração das larvas para as raízes das plantas sem a rizobactéria (SANTOS et al., 2014).

O grau de especialização do inseto também pode afetar as interações entre plantas,

insetos e microrganismos. Insetos herbívoros generalistas normalmente são mais afetados por

metabólitos tóxicos liberados por determinada espécie de planta, enquanto insetos

especialistas geralmente não são afetados, podendo até mesmo utilizar esses compostos para

reconhecimento de sua planta hospedeira (SCHOONHOVEN; VAN LOON; DICKE 2005).

Esse fato foi observado em Arabidopsis thaliana inoculada com Pseudomonas fluorescens e

avaliado seus efeitos sobre o desenvolvimento de um inseto especialista, Pieris rapae, e um

generalista Spodoptera exigua. Verificou-se que o inseto especialista não foi afetado pelo

mecanismo de ISR desencadeado por P. fluorescens, no entanto, a espécie generalista foi

afetada negativamente pela presença da rizobactéria (VAN OOSTEN et al., 2008). O mesmo

resultado foi observado quando se testou o efeito de A. thaliana inoculada com P. fluorescens

sobre o afídeo generalista Myzus persicae e o especialista Brevicoryne brassicae (PINEDA et

al., 2012).

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3 METODOLOGIA

3.1 Multiplicação e inoculação de B. subtilis (GB03)

As colônias de B. subtilis (GB03) foram obtidas do acervo de microrganismos da

Texas Tech University, Lubbock, Texas, EUA. Para a repicagem do microrganismo utilizou-

se uma alça de platina flambada e fria, retirando-se as células bacterianas da placa colonizada

e deslizando a alça em zig-zag empregando o método de estriamento sobre uma nova placa de

Petri (9 cm de diâmetro) contendo o meio de cultura agar triptona de soja (TSA), composto

por 15g de caseína, 5g de peptona de soja, 5g de cloreto de sódio e 15g de ágar, para cada 1L

de água destilada. A combinação de caseína e peptona de soja fornece nitrogênio orgânico ao

meio, tornando-o nutritivo, o cloreto de sódio é responsável por manter o equilíbrio osmótico

e o ágar dá a consistência ao meio, deste modo, o meio TSA pode ser utilizado para uma série

de finalidades e suporta o crescimento de microrganismos não fastidiosos e moderadamente

fastidiosos. Posteriormente, as placas foram vedadas com papel filme e mantidas em câmara

incubadora tipo BOD à temperatura de 25±1°C e fotofase de 12 horas durante 24 horas para o

seu crescimento.

Para a inoculação das plantas com a rizobactéria, adicionou-se 10 mL de água

destilada autoclavada em cada placa contendo as colônias bacterianas e em seguida realizou-

se a raspagem com o auxílio de uma alça de Drigalski, obtendo-se uma suspensão aquosa

bacteriana. Para a quantificação das colônias, 180µL da suspensão bacteriana diluída por três

vezes foram colocados em uma Câmara de Neubauer e observados em microscópio óptico,

adequando-se até chegar a uma concentração final de 5x109 bactérias mL

-1. Após a

quantificação, adicionou-se 50µL da suspensão ao substrato juntamente com a semente de

rúcula no momento da semeadura (Figura 1).

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Figura 1 – Metodologia utilizada para inoculação de sementes de rúcula com B. subtilis (GB03). A) Suspensão

de B. subtilis (GB03) contendo 5x109 bactérias mL

-1; B) Sementes sendo inoculadas com B. subtilis

(GB03).

3.2 Cultivo das plantas

Sementes de rúcula foram semeadas em tubetes com capacidade de 200 mL

preenchidos com substrato comercial Basaplant® e 2,5g do fertilizante Osmocote Plus® (15-

09-12). O cultivo das plantas com inoculação de B. subtilis GB03 foi realizado de acordo com

a metodologia descrita no item 3.1. As plantas foram mantidas em casa de vegetação até

completarem quarenta dias após emergência, sendo posteriormente utilizadas para a

realização de bioensaios.

3.3 Criação de P. xylostella

Para dar início à criação, foram fornecidas quarenta pupas de P. xylostella da criação-

estoque do Laboratório de Biologia e Criação de Insetos da Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias – UNESP, Campus de Jaboticabal. Os insetos foram criados no Laboratório de

Ecologia Química e Comportamento de Insetos, do Departamento de Entomologia e

Acarologia da ESALQ/USP, em sala climatizada, com temperatura de 25 ± 1°C, fotofase de

12 horas e umidade relativa de 70 ± 10%.

Os adultos recém-emergidos foram mantidos em gaiola de acrílico (30 cm de largura x

40 cm de altura x 30 cm de profundidade) com abertura frontal (13 cm de diâmetro) coberta

por “voile” para facilitar o manuseio dos insetos. Plantas de couve e rúcula cultivadas em

casa de vegetação foram colocadas no interior da gaiola como substrato para oviposição. A

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alimentação dos adultos foi realizada por capilaridade, onde foram fornecidos pequenos

recipientes plásticos contendo algodão e solução de mel a 10% (Figura 2, A). Após a eclosão

das lagartas, as plantas do interior da gaiola foram substituídas por plantas novas e as lagartas

foram transferidas para potes plásticos (5 cm de altura x 15 cm de comprimento x 12 cm de

largura) e alimentadas com dieta natural a base de folhas de couve manteiga, sendo realizada

a troca de alimento diariamente até os insetos atingirem a fase pupal (Figura 2, B).

As pupas foram retiradas das folhas com o auxílio de uma pinça entomológica e

acondicionadas em potes plásticos (9 cm de diâmetro x 5 cm de altura) para obtenção dos

adultos.

Figura 2 – Criação de P. xylostella em laboratório. A) Gaiola de acrílico para manutenção dos adultos;

B) Recipiente contendo dieta natural à base de couve para alimentação das lagartas

3.4 Crescimento de plantas de rúcula

Plantas de rúcula com quarenta dias após a semeadura inoculadas e não inoculadas com

B. subtilis (GB03) foram avaliadas quanto à área foliar e ao peso seco de parte aérea. Para

isso, primeiramente as folhas das plantas foram retiradas e escaneadas para calcular a área

foliar utilizando-se o software editor de imagens ImageJ®. Em seguida, as folhas foram

mantidas em estufa a 160°C durante 72 horas, para a secagem do material com a finalidade de

se obter o peso seco da parte aérea.

3.5 Desempenho de P. xylostella em plantas de rúcula

Avaliou-se o desempenho de P. xylostella em plantas de rúcula inoculadas e não

inoculadas com B. subtilis (GB03) aos quarenta dias após a emergência, cada tratamento foi

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composto por doze repetições. Deste modo, foram colocadas quinze lagartas de terceiro instar

previamente pesadas em cada planta. Em seguida, as plantas foram envoltas com sacos de

“voile” (20 cm de largura x 30 cm de comprimento) e amarrados com elástico para evitar a

dispersão dos insetos. As plantas foram mantidas em sala climatizada à temperatura de

25±1°C, umidade relativa de 70±10% e fotofase de 12 horas (Figura 3).

Após 24 horas da montagem do bioensaio, as lagartas foram retiradas das plantas e

realizou-se novamente a pesagem para contabilizar o ganho de peso durante o período do

experimento. A área foliar consumida foi calculada por meio do software editor de imagens

Image J®.

Figura 3 – Bioensaio para verificar o desempenho de lagartas de P. xylostella em plantas de rúcula inoculadas e

não inoculadas com B. subtilis (GB03).

3.6 Bioensaio em olfatômetro

A resposta olfativa de fêmeas de P. xylostella foi avaliada utilizando-se um

olfatômetro em ‘Y’ para verificar a preferência do inseto quando exposto a dois odores

diferentes. Para a realização do bioensaio, previamente formou-se casais com os adultos

recém-emergidos para que ocorresse o acasalamento. Em seguida, as fêmeas fecundadas

foram individualizadas para a utilização nos testes em olfatômetro. Os ensaios foram

conduzidos em uma sala com condições controladas, mantida a 25±1°C, umidade relativa de

70±10% e fotofase de 12 horas. O olfatômetro utilizado consistiu de um tubo simples e dois

laterais cada um com 10 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. O sistema de olfatometria

foi conectado ao ‘ARS Volatile Collection System’ (ARS, Gainesville, FLA, 19 USA). Nesse

sistema, o fluxo de ar de entrada do equipamento passa por filtros de carvão, nos quais ocorre

a limpeza do ar, em seguida, o ar é empurrado para o interior das cubas de vidro fechadas

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contendo as plantas dos tratamentos e para os braços laterais do olfatômetro por meio de

mangueiras flexíveis de Teflon®. O fluxo de ar dentro do sistema foi calibrado para 1,1 L/min

para cada braço lateral do olfatômetro (Figura 4).

Em cada avaliação, liberou-se uma fêmea no tubo central do olfatômetro e observou-

se por um período máximo de cinco minutos, registrando-se a escolha entre os tratamentos. A

escolha do inseto por um dos tratamentos foi considerada após o cruzamento de uma linha que

divide a metade dos braços laterais. A cada três avaliações os lados do olfatômetro foram

invertidos e a cada dez repetições o olfatômetro e as plantas foram trocados.

Para avaliar os efeitos dos odores das plantas de rúcula na resposta olfativa de P.

xylostella, utilizou-se as seguintes combinações de tratamentos: (i) Branco (cuba sem planta)

vs. Controle (Plantas não inoculadas com B. subtilis (GB03)) e (ii) Controle vs. Planta

inoculada com B. subtilis (GB03). Cada combinação foi constituída de 30 repetições.

Figura 4 - Sistema de olfatometria utilizado para verificar a resposta olfativa de fêmeas fecundadas de P.

xylostella quando exposta a diferentes odores

3.7 Teste de preferência de oviposição de P. xylostella

A preferencia de ociposição de P. xylostella por plantas de rúcula inoculadas ou não

inoculadas com B. subtilis (GB03) foi avaliada em arena de isopor (8L, 26 cm de

comprimento, 11 cm de largura e 22 cm de altura). Fêmeas fecundadas foram inseridas

individualmente nas caixas contendo uma planta controle e uma planta inoculada, totalizando

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doze repetições. Para evitar a fuga dos insetos, a superfície superior da caixa foi vedada com

tecido “voile” (Figura 5). As fêmeas permaneceram nessas condições durante 24 horas e após

12 horas as plantas foram trocadas para a contagem do número de ovos de cada período do

dia.

Figura 5 - Arenas utilizadas para testes de preferência de oviposição de P. xylostella mediante dois tratamentos

diferentes. A) Interior da arena e local de inserção dos tubetes com os tratamentos; B) Arena

contendo os tratamentos e coberta com “voile” para evitar a saída dos insetos

3.8 Coleta de voláteis

O sistema de coleta de voláteis de plantas utilizado foi baseado na metodologia

descrita por Turlings et al. (1998). As plantas de rúcula foram acondicionadas em câmaras de

vidro (10 cm de diâmetro x 5 cm de altura) previamente lavadas com acetona e hexano e

acopladas ‘ARS Volatile Collection System’ (ARS, Gainesville, FLA, 19 USA), com fluxo de

entrada de ar de 1.1 L/min, assim como o de saída, o qual foi mantido por meio de uma

bomba a vácuo conectada a filtros com 30 mg de polímero adsorvente Super-Q® conectados

às câmaras com plantas. As plantas de rúcula foram mantidas nesse sistema durante 24 horas,

em sala climatizada, com temperatura de 25±1°C, umidade relativa de 70±10% e fotofase de

12 horas. Foram coletados voláteis de oito plantas inoculadas e não inoculadas com B. subtilis

GB03. Os filtros de polímero foram trocados a cada 12 horas (7:00 horas e as 19:00), com o

objetivo de discriminar os voláteis emitidos no decorrer do dia e da noite (Figura 6).

Posteriormente, os filtros foram eluídos com 150 μL de solvente diclorometano. Os extratos

foram armazenados em frascos de vidro, vedados e mantidos em um freezer a -30ºC até a

análise.

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A quantificação dos compostos foi realizada em GC-FID com coluna HP5, com o

injetor ajustado em splitless, detector de ionização de chama (DIC) e hélio como gás de

arraste (24 cm/s). A identificação dos compostos foi feita por meio de cromatografia gasosa

acoplado à espectrometria de massas (GC-MS- 2010 Plus) com coluna capilar HP1 MS (30m

x 0,25mm x 0,25μm). Após a injeção e uma alíquota de1 μl de cada amostra, a temperatura da

coluna foi mantida a 40°C por 1 min, elevada a uma velocidade de 5°C/min até atingir 150°C

e depois reduzida para 20°C/min até 250°C. Os compostos foram identificados pela

comparação dos espectros das amostras com a biblioteca NIST08, pelo cálculo do Índice de

Kovats (KI) utilizando padrões de n-alcano (C7-C30) e os tempos de retenção de cada

composto, assim como pela comparação dos espectros com os dos respectivos compostos

sintéticos.

Figura 6 – Sistema utilizado para a coleta de voláteis, ‘ARS Volatile Collection System’, composto por dois

ARS responsáveis pela entrada de ar nas cubas contendo as plantas de rúcula, conectados a elas por

mangueiras de teflon e filtro de carvão e uma bomba à vácuo utilizada para o fluxo de saída do ar,

conectada às cubas por filtros de polímero

3.9 Análise Estatística

A normalidade e homogeneidade dos dados foram verificadas pelos testes de Shapiro-

Wilk e Bartlett, respectivamente. Os dados referentes ao peso de lagartas de P. xylostella, a

área foliar e biomassa seca de plantas foram analisados pelo teste t não pareado, enquanto que

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os dados correspondentes ao teste de preferência de oviposição foram analisados pelo teste de

Wilcoxon, não paramétrico. As proporções obtidas nos ensaios de preferência de P. xylostella

em olfatometria foram analisadas pelo teste de qui-quadrado. Estas análises foram conduzidas

no pacote estatístico R (versão 3.0.3) ( www.r-project.org).

Os dados referentes à emissão total de voláteis foram analisados utilizando o teste de

Tukey. Para averiguar se havia diferença na quantidade de cada composto entre os

tratamentos utilizou-se o teste de análise de variância não paramétrico Kruskal-Wallis

ranqueado.

Os dados de quantidade relativa (área de pico) dos voláteis emitidos pelas plantas de

rúcula foram avaliados por uma análise exploratória, a análise dos componentes principais

(ACP ou PCA – “Principal Component Analysis”) no pacote estatístico R (versão 2.15.3)

(www.r-project.org).

O PCA é um método de projeção de dados (ERIKSSON et al., 2001) que os

correlaciona de acordo com a máxima variância. A variação dos dados originais é condensada

em um número menor de dados, perdendo o mínimo possível de informação, denominados de

componentes principais (OLIVEIRA, 2007). As áreas de pico de cada composto foram

transformadas por log10 para posteriormente analisa-las por PCA (TOOKER; DE MORAES,

2007). O PCA faz uma correlação entre as variáveis, o coeficiente de correlação (r) varia

entre 1 e -1, deste modo, quanto mais próximos forem desses valores forem os valores de r de

cada variável maior é a correlação entre elas.

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4 RESULTADOS

4.1 Área foliar e biomassa seca de plantas de rúcula inoculadas e não inoculadas com B.

subtilis (GB03)

Observou-se que as plantas de rúcula quando em simbiose com B. subtilis (GB03)

apresentaram maior área foliar em relação às plantas que não foram inoculadas com a PGPR

(Controle) (n=8; F= 12,603; P<0,006; Figura 7).

Figura 7 – Área foliar (cm²) de plantas de rúcula, aos quarenta dias após a semeadura, inoculadas e não

inoculadas (Controle) com B. subtilis (GB03). (*) Indica que os tratamentos diferem

significativamente entre si pelo teste t não pareado (P<0,05)

Do mesmo modo, verificou-se que as plantas de rúcula quando inoculadas com B.

subtilis (GB03) apresentaram maiores valores de peso seco da parte aérea (n=8; F=9,309;

P<0,01; Figura 8).

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Figura 8 – Peso seco (g) da parte aérea de plantas de rúcula inoculadas e não inoculadas (Controle) com B.

subtilis (GB03) aos quarenta dias após a semeadura. (*) Indica que os tratamentos diferem entre si

pelo teste t não pareado (P<0,05)

4.2 Ganho de peso de lagartas de P. xylostella e área foliar consumida de plantas de

rúcula

Quanto ao peso das lagartas de terceiro instar de P. xylostella submetidas à

alimentação em plantas de rúcula na presença e ausência de simbiose com B. subtilis (GB03)

durante 24 horas, pode-se constatar que estas apresentaram ganho de peso similar em ambos

tratamentos (n=12; F=3,71; P<0,06; Figura 9).

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Figura 9 – Ganho de peso de lagartas de terceiro instar de P. xylostella submetidas à alimentação durante 24

horas em plantas de rúcula inoculadas e não inoculadas (Controle) com B. subtilis (GB03). Não

houve diferença significativa entre os tratamentos pelo teste t não pareado (P<0,05)

Entretanto, observou-se que o consumo da área foliar pelas lagartas praticamente

dobrou em plantas controle (não inoculadas) em relação às plantas inoculadas com a

rizobactéria (n=12; F=20,985; P<0,0001; Figura 10).

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Figura 10 – Área foliar de plantas de rúcula inoculadas e não inoculadas (Controle) com B. subtilis (GB03)

consumida em 24 horas por lagartas de P. xylostella de terceiro instar. (*) Indica diferença

significativa entre os tratamentos pelo teste t não pareado (P<0,05)

4.3 Preferência de oviposição de P. xylostella

Ao testar-se o olfatômetro em “Y” notou-se que as fêmeas fecundadas de P. xylostella não

foram capazes de distinguir entre os odores dos tratamentos avaliados, não sendo observada

diferença na resposta olfativa do inseto (n=30; χ²=1,49; P<0,715; Figura 11).

Figura 11 - Resposta olfativa de P. xylostella quando submetida a plantas de rúcula inoculadas e não inoculadas

(Controle) com B. subtilis (GB03). Não houve diferença significativa pelo teste qui-quadrado

(P<0,05)

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No entanto, ao avaliar-se a preferência de oviposição de P. xylostella em gaiolas de

isopor, disponibilizando tanto pistas visuais quanto olfativas aos insetos, constatou-se maior

número de ovos em plantas de rúcula não inoculadas com B. subtilis (GB03), tanto no período

da noite (W=368,5; P<0,005; Figura 12) quanto durante o dia (W=589; P<0,04; Figura 12).

Figura 12 – Oviposição de P. xylostella em plantas de rúcula inoculadas e não inoculadas (Controle) com B.

subtilis (GB03) nos períodos da noite e do dia. (*) Indica que os tratamentos diferem

significativamente entre si pelo teste não paramétrico de Wilcoxon (P<0,05)

4.4 Voláteis emitidos por plantas de rúcula

Ao analisar a quantidade total de compostos orgânicos voláteis (COV) emitidos pelas

plantas de rúcula, pode-se perceber que todos os tratamentos emitiram quantidades

semelhantes de voláteis. Deste modo não foi encontrada diferença entre os tratamentos

avaliados pelo teste de Tukey (Figura 14).

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Figura 14 – Média relativa (± EP) do total de voláteis coletados durante o dia e noite de plantas de rúcula

inoculadas e não inoculadas (Controle) com B. subtilis (GB03). Letras iguais indicam que não

houve diferença significativa entre os tratamentos pelo teste de Tukey (P<0,05)

Por outro lado, observou-se diferenças no perfil de voláteis dos tratamentos analisados

(Tabela 1). Foram identificados cinco compostos liberados pelas plantas de rúcula,

inoculadas e não inoculadas com a rizobactéria GB03: (Z)-3- hexenol, 2-ethyl-1-decanol,

limonene, 2-ethyl-1-hexanol e α-farnesene e outros quatro compostos foram identificados

como voláteis de planta por meio de comparação dos espectros, no entanto, ainda é necessária

a confirmação exata dos nomes dos compostos. Plantas de rúcula inoculadas e não inoculadas

com B. subtilis (GB03) liberaram o composto (Z)-3-hexenol somente durante o dia (n=8;

F=15,96; P<0,001), e estas últimas não emitiram 2-ethyl-1-decanol durante a noite,

diferentemente dos demais tratamentos (n=8; F=11,28; P<0,01). O composto não identificado

4, foi emitido em maiores concentrações nas plantas não inoculadas durante à noite,

comparativamente ao dia, porém não apresentou diferença das plantas inoculadas em ambos

os períodos (n=8; F=8,27; P<0,04).

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Tabela 1 - Composição dos perfis de voláteis liberados no decorrer do dia e da noite, por plantas de rúcula

inoculadas e não inoculadas com B. subtilis (GB03), classe dos compostos e Kovats (KI)

Composto Classe KI

(+)GB03

Dia

(-)GB03

Dia

(+)GB03

Noite

(–)GB03

Noite

ng/planta/12h (Média ± EP)

não indentificado 1

0,81 ± 0,175a 0,75 ± 0,06

a 1,09 ± 0,43

a 0,80 ± 0,18

a

não indentificado 2

0,99 ± 0,20a 0,88 ± 0,05

a 1,30 ± 0,60

a 0,82 ± 0,18

a

(Z)-3-hexenol Álcool

0,23 ± 0,09a 0,26 ± 0,19

a 0 ± 0

b 0 ± 0

b

2-ethyl-1-decanol Cetona 1009 2,16 ± 1,14a 0,58 ± 0,25

a 0,18 ± 0,05

a 0 ± 0

b

Limonene Sesquiterpeno 1022 0,26 ± 0,12a 0,25 ± 0,10

a 0,40 ± 0,14

a 0,34 ± 0,08

a

2-ethyl-1-hexanol Álcool 1046 0,61 ± 0,29a 0,33 ± 0,13

a 0,93 ± 0,36

a 0,72 ± 0,34

a

não identificado 3

1117 1,28 ± 0,55a 1,10 ± 0,36

a 1,99 ± 0,79

a 2,41 ± 0,71

a

não identificado 4

1281 0,12 ± 0,06ab

0 ± 0b 0,11 ± 0,05

ab 0,34 ± 0,12

a

α-farnesene Sesquiterpeno 1491 0,15 ± 0,04a 0,13 ± 0,03

a 0,22 ± 0,06

a 0,22 ± 0,08

a

Letras iguais não diferem entre si pelo teste de Kruskall Wallis (P<0,05).

4.5 Análise dos componentes principais (PCA)

O resultado do PCA mostrou que os dois primeiros componentes, PC1 e PC2,

representam 88,92% do total da variância, com 51,17 e 37,75%, respectivamente. O PC1

relacionou-se positivamente com todos os tratamentos, enquanto o PC2 agregou os

tratamentos diurnos e os separou dos noturnos, de acordo com as suas similaridades. O “plot”

das observações foi utilizado para definir qual dos compostos apresentaram maior

contribuição para a separação dos tratamentos. Os compostos (Z)-3-hexenol e 2-ethyl-1-

decanol, foram os principais responsáveis pela agregação dos tratamentos diurnos, já o

composto não identificado 4 foi o responsável pela agregação das variáveis noturnas. Os

demais compostos, estão localizados próximos à zero, indicando que exerceram baixa

influência na separação dos tratamentos (Figura 15).

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Figura 15 – Análise dos componentes principais (PCA), PC1 com 51,17% e PC2 com 37,75%, dos tratamentos

com plantas de rúcula: inoculada com B. subtilis (GB03) Dia; não inoculada Dia (Controle Dia);

inoculada com B. subtilis (GB03) Noite; e não inoculada Noite (Controle Noite); bem como dos

compostos 2-ethyl-1-decanol, (Z)-3-hexenol, 2-ethyl-1-hexanol, limoneno, α-farneseno e não

identificados (NI) (P<0,05)

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5 DISCUSSÃO

As PGPR são microrganismos que ocorrem naturalmente na região da rizosfera,

estando direta ou indiretamente envolvidas na promoção de crescimento das plantas. Além

disso, estimulam o desenvolvimento das plantas, aumentando sua produtividade, peso,

número de sementes germinadas e resistência contra estresses bióticos e abióticos. Algumas

rizobactérias como cepas de B. subtilis, B. amyloliquefaciens, e Enterobacter cloacae, são

capazes de promover o crescimento de plantas por meio da liberação de voláteis (RYU et al.,

2003).

No presente estudo, constatou-se que plantas de rúcula inoculadas com B. subtilis

(GB03) apresentaram maior área foliar (Figura 7) e maior biomassa seca (Figura 8)

comparadas as plantas que não foram tratadas com a rizobactéria. A promoção de crescimento

e aumento do peso fresco também foi observada em experimentos “in vitro” com plantas de

rúcula em contato com voláteis de B. subtilis (GB03) (CHOU, 2013). Do mesmo modo,

estudos anteriores com Arabidopsis thaliana demonstraram que as plantas quando em

interação com B. subtilis (GB03) apresentaram melhor crescimento e aumento da eficiência

fotossintética (RYU et al., 2003; ZHANG et al., 2008).

A utilização de PGPR possui grande importância para os ecossistemas agrícolas, pois

diminui a utilização de defensivos agrícolas, e seus danos sobre o ambiente (WEYENS et al.,

2009; YANG; KLOEPPER; RYU, 2009). Microrganismos benéficos podem auxiliar as

plantas contra patógenos e insetos herbívoros. Os efeitos desses microrganismos sobre a

herbivoria de insetos podem apresentar elevada variação (PINEDA et al, 2013), uma vez que

as plantas atuam como mediadoras de interações multitróficas em organismos benéficos e

prejudiciais a elas (DICKE; VAN LOON; SOLER, 2009; KAPLAN; DENNO, 2007;

PIETERSE; DICKE, 2007; SCHOONHOVEN; VAN LOON; DICKE, 2005) Deste modo, as

plantas podem atuar de maneira bidirecional entre membros de comunidades abaixo e acima

do solo, como PGPR e insetos herbívoros (BEZEMER; VAN DAM, 2005; ERB et al., 2009;

VAN DER PUTTEN et al., 2001) .

A promoção de crescimento de plantas por PGPR tem sido considerado o principal

mecanismo subjacente às interações entre microrganismos, plantas e insetos e mais

recentemente tem sido explorado o papel da ISR em tais interações (BEZEMER; VAN DAM,

2005; VALENZUELA-SOTO et al., 2010; VANNETTE; HUNTER, 2009; VAN OOSTEN et

al., 2008). Acredita-se que a influência das interações em microrganismo, plantas e insetos

podem variar de acordo com o grau de especialização do inseto. Insetos generalistas

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normalmente são mais afetados por metabólitos tóxicos de certas espécies de plantas que

insetos especialistas, que muitas vezes podem usar tais compostos para localizar a plantas

hospedeira (SCHOONHOVEN; VAN LOON; DICKE, 2005).

No entanto, a ideia que os insetos especialistas são imunes às defesas da planta

hospedeira é muito difundida, porém errônea. Há diversos estudos que mostram os impactos

negativos das defesas da planta hospedeira sobre insetos especialistas (ADLER; SCHMITT;

BOWERS, 1995; AGRAWAL; KURASHIGE, 2003; BERENBAUM; ZANGERL; LEE,

1989; CORNELL; HAWKINS, 2003; ZALUCKI; BROWER; ALONSO‐M, 2001). Ao

mesmo tempo que outro estudo com A. thaliana mostra que o especialista Pieris rapae não foi

afetado pela interação entre Pseudomonas fluorescens e planta, enquanto que o generalista

Spodoptera exigua foi afetado negativamente (VAN OOSTEN et al., 2008).

Neste estudo constatou-se que lagartas de P. xylostella não foram afetadas por

antibiose, ou seja, em ambos os tratamentos testados, com e sem a inoculação de B. subtilis

(GB03), não houve diferença no ganho de peso das lagartas (Figura 9). Por outro lado,

observou-se efeitos do tipo antixenose, onde as lagartas alimentaram-se mais de plantas de

rúcula não inoculadas com B. subtilis (GB03), apresentando uma área consumida

significativamente maior do que plantas de rúcula inoculadas com a rizobactéria (Figura 10).

Da mesma forma, estudos realizados com duas espécies de Lepidoptera especialistas P. rapae,

P. xylostella. e uma generalista Mamestra brassicae, em cultivares de Brassica oleracea,

constataram que P. xylostella e M. brassicae apresentaram desempenho similar em todas as

cultivares testadas (POELMAN et al., 2008).

Quanto à preferência de oviposição de P. xylostella foi possível verificar que as

fêmeas não apresentaram distinção entre os odores de plantas de rúcula inoculadas e não

inoculadas com B. subtilis (GB03) (Figura 11). Entretanto, quando colocadas em arenas em

contato com as plantas observou-se maior oviposição em plantas não inoculadas com a

rizobactéria, tanto no período do dia quanto durante a noite (Figura 12). Do mesmo modo,

observou-se maior número de ovos no período da noite em relação ao dia (Figura 13).

Sabe-se que adultos da traça-das-crucíferas possuem hábito noturno e as fêmeas

normalmente começam a atividade de oviposição no final da tarde e continuam no decorrer da

noite, sendo contatado o pico de oviposição entre às 19:00 e 20:00 horas (PIVNICK et al.,

1990). A ausência de luz durante o dia pode servir de estímulo para oviposição, no entanto,

quando expostas à luz durante a noite a oviposição não é completamente inibida

(TABASHNIK, 1985). Além da luminosidade, outros fatores podem influenciar na

oviposição do inseto, como a emissão de voláteis de plantas, temperatura, tricomas, textura e

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coloração das plantas (PIVNICK et al., 1990; TABASHNIK, 1985). Tais fatores podem

explicar os resultados obtidos neste trabalho, uma vez que a presença da rizobactéria pode

alterar a composição do perfil de voláteis da planta e suas características fisiológicas e

morfológicas.

Entre os tratamentos avaliados não foi observada diferença significativa entre a

quantidade total de voláteis emitidos (Figura 14), todavia observou-se diferença qualitativa

entre os compostos. O composto (Z)-3-hexenol foi emitido somente nos tratamentos diurnos e

concentrações de 2-ethyl-1-decanol não foram observadas no tratamento controle no período

da noite (Tabela 1). Esses dois compostos foram os responsáveis por agrupar os tratamentos

controle e inoculado com B. subtilis (GB03) do dia e separá-los dos tratamentos noturnos que

foram agrupados principalmente devido ao composto não identificado 4, na análise de

componentes principais (PCA). Os demais compostos encontrados nos tratamentos, 2-ethyl-

1-hexanol, limoneno, α-farneseno e os compostos não identificados 1, 2 e 3 não apresentaram

diferença significativa na concentração emitida em cada tratamento e não apresentaram

grande influência do gráfico do PCA, devido ao fato de encontrarem-se próximos à zero.

O composto (Z)-3-hexenol pode afetar diretamente a fisiologia e comportamento dos

insetos herbívoros, tanto positivamente quanto negativamente. Alguns estudos com

eletroantenografia (EAG) já demostraram que os insetos apresentam diferentes respostas ao

composto em questão (BRUCE; WADHAMS; WOODCOCK, 2005). Deste modo, acredita-se

que o composto (Z)-3-hexenol pode influenciar no comportamento de oviposição de P.

xylostella, uma vez que não foi observado concentrações desse composto durante a noite,

sendo assim sua presença no perfil de voláteis pode agir negativamente no comportamento de

oviposição do inseto. Contudo, testes com o composto em eletroantenografia ainda devem ser

realizados para comprovar tal hipótese. Quanto ao composto 2-ethyl-1-decanol, sugere-se que

a emissão desse composto pode ser influenciada pela presença de B. subtilis (GB03), uma vez

que sua emissão já foi detectada por cromatografia gasosa no perfil de voláteis de outros

microrganismos como o fungo Trichoderma harzianum FA1132 (SIDDIQUEE et al., 2012).

O limoneno encontrado em concentrações similares em todas os tratamentos

analisados, é um metabólito secundário emitido pelas plantas e possui efeito inseticida já

comprovado, podendo ser utilizado no controle de pragas na agricultura orgânica. A

concentração interna de limoneno nas plantas pode acarretar efeitos significativos no

comportamento e consumo alimentar de insetos herbívoros (IBRAHIM; KAINULAINEN;

AFLATUNI, 2008). O α-farneseno é um hidrocarboneto poliinsaturado que está presente em

diversas espécies de plantas, alguns trabalhos realizados utilizando esse composto observaram

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alterações no comportamento e atratividade de insetos (HERN; DORN, 1999;

SUTHERLAND; HUTCHINS, 1972), deste modo, pode-se utilizá-lo em estudos posteriores

para verificação dos seus efeitos isoladamente sobre P. xylostella. Constatou-se ainda a

emissão do composto 2-ethyl-1-hexanol em todas os tratamentos analisados de forma similar.

Em estudos realizados com plantas de trigo também foi demonstrado que tais plantas

emitiram 2-ethyl-1-hexanol em altas concentrações durante o seu período vegetativo, sendo

observada uma queda na emissão dos níveis do composto durante a floração e enchimento de

grãos (BATTEN; STTUTE; WHELLER, 1995). Esses fatos sugerem que 2-ethyl-1-hexanol é

um composto ligado ao desenvolvimento vegetativo das plantas, desempenhando papel

importante no período de crescimento.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo mostrou que a inoculação de plantas de rúcula com B. subtilis (GB03)

promoveu melhor desenvolvimento nas plantas, proporcionando maior área foliar e maior

peso seco de plantas em relação às plantas não inoculadas. A presença da rizobactéria também

proporcionou defesas do tipo antixenose contra o ataque de P. xylostella, o que fez com que o

inseto se alimentasse menos de plantas inoculadas com B. subtilis (GB03) em relação às não

inoculadas, no entanto, defesas do tipo antibiose não foram observadas, não diferindo no peso

dos grupos de lagartas submetidos a ambos tratamentos. Notou-se que a simbiose da planta

com a PGPR teve influência sobre o comportamento de oviposição do inseto ao serem

submetidos a pistas visuais e olfativas. No entanto, ao serem submetidas apenas a pistas

olfativas no olfatômetro em “Y”, as fêmeas adultas de P. xylostella não distinguiram entre os

odores dos tratamentos. Não foi observada diferença significativa entre a quantidade total de

voláteis emitidos pelos tratamentos, entretanto, o perfil de voláteis variou qualitativamente,

onde três compostos apresentaram diferença significativa na sua concentração nos diferentes

tratamentos testados: (Z)-3-hexanol, 2-ethyl-1-decanol e composto não identificado 4. A

identificação de todos os compostos ainda deve ser realizada, assim como testes individuais

em eletroantenografia com os compostos encontrados para comprovar a influência exercida

sobre o comportamento do inseto.

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