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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA Aline Akina Yoshimi Estudo dos impactos ambientais de uma usina termoelétrica na cidade de Canas Lorena 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

Aline Akina Yoshimi

Estudo dos impactos ambientais de uma usina termoelétrica na cidade de

Canas

Lorena

2014

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ALINE AKINA YOSHIMI

Estudo dos impactos ambientais de uma usina termoelétrica na cidade de

Canas

Monografia apresentada a Escola de

Engenharia de Lorena da Universidade de

São Paulo para obtenção do grau de

Engenheira Química.

Área de Concentração: Engenharia

Ambiental e Termodinâmica

Orientador: Alexandre Eliseu Stourdze

Visconti

Lorena

2014

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que

me apoiaram e em especial aos meus pais,

Noboru e Eni, pelo apoio, carinho e

compreensão.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela oportunidade de viver e de conquistar todos os sonhos desejados.

Ao meu pai, Noboru, e minha mãe, Eni, pelo amor, pelos cuidados, pela confiança

em mim depositada e pelos sacrifícios feitos por mim e à minha irmã, Tiyemi, por

toda a paciência e carinho sempre. Com vocês, o impossível torna-se apenas

uma palavra.

Aos meus amigos de faculdade, por fazerem parte desta fase inesquecível da

vida.

A todos os meus amigos de estágio da Ajinomoto que são como uma segunda

família em forma de equipe no trabalho.

Aos professores integrantes da banca, por aceitarem fazer parte deste momento,

apontando pontos que ainda necessitam de aperfeiçoamento.

Ao meu orientador, professor Alexandre, por ter aceitado essa orientação e

contribuir neste último desafio antes de me tornar engenheira química pela EEL.

Ao engenheiro Helton Perillo, pela oportunidade de participar de debates e

palestras sobre o assunto e expor suas ideias.

E por fim, a todos os professores, principalmente àqueles que souberam deixar

sua marca especial ao longo dos anos.

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EPÍGRAFE

“Se quisermos alcançar resultados

nunca antes alcançados, devemos

empregar métodos nunca antes

testados.”

Francis Bacon

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RESUMO

YOSHIMI, A. A. Estudo dos impactos ambientais de uma usina termoelétrica

na cidade de Canas. 2014. 54 f. Monografia (Trabalho de Graduação em

Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São

Paulo, Lorena, 2013.

O presente trabalho objetivou serializar um levantamento bibliográfico sobre

os impactos ambientais relacionados à instalação de usinas termoelétricas em

geral e, especificamente, a Termo São Paulo movida a gás natural e em ciclo

combinado na cidade Canas, citando as vantagens e desvantagens deste tipo de

tecnologia de transformação de energia. Baseando-se no Estudo de Impacto

Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA – RIMA) do projeto Termo São

Paulo e contatos com palestras e debates sobre as divergências apresentadas no

relatório ambiental do projeto, foi possível identificar, enumerar e distinguir os

impactos ambientais quanto a poluição das águas do ribeirão Canas e a

atmosférica na cidade de Canas e, provavelmente, nas cidades vizinhas Lorena e

Cachoeira Paulista. Desta forma, foi possível entender o funcionamento de

termoelétricas e equipamentos industriais, perceber a importância de se avaliar

corretamente os dados da região que receberá uma planta industrial, bem como,

concluir a necessidade de se investir mais em estudos de aperfeiçoamento de

tecnologias não poluidoras, como as eólicas e as solares no Brasil. Também, de

procurar novas fontes para geração de energia, buscar reduzir a demanda por

conscientização e incentivos do governo para a utilização de tecnologias, por

exemplo, a solar, como fonte de aquecimento de água em residências que não a

possuem.

Palavras chave: Usinas termoelétricas, Impactos ambientais, Poluição, Energia.

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ABSTRACT

YOSHIMI, A. A. Study of the environmental impacts of a thermoelectric plant

in the Canas town. 2014. 54 f. Monograph (Undergraduate) - School of

Engineering of Lorena, University of São Paulo,, Lorena, 2013.

The present work’s objective is to perform a literature on the environmental

impacts related to the installation of thermoelectric plants in general and,

specifically, the Termo São Paulo fueled by natural gas and working in combined

cycle in the Canas town, mentioning the advantages and disadvantages of this

type of technology energy transformation. Based on the Environmental Impact

Statement and Environmental Impact Report (EIA - RIMA) of the Termo São Paulo

Project and with lectures and discussions on the differences presented in the

environmental project report, it was possible to identify, enumerate and distinguish

the environmental impacts as the pollution of Canas stream and atmospheric

pollution in the Canas Town and, probably, in neighboring towns Lorena and

Cachoeira Paulista. So, it was possible to understand the operation of

thermoelectric and industrial equipments, the importance of correctly evaluation

about datas region that will receives an industrial plant, and conclude the need of

to invest more in studies to improve non-polluting technologies such as wind and

solar in Brazil. Also, look for new sources to generate energy, reduce the demand

for awareness and government incentives for the use of technologies, such as

solar power water heating in homes that do not.

Keywords: Thermoelectric plants, Environmental, Pollution, Energy

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Fatores típicos de emissões de tecnologias de geração termelétrica.

Fonte: Bluestein J.,2001 ....................................................................................... 24

Tabela 2 - Poder Calorífico e Emissão de Gás Carbônico. Fonte: PITANGA, 1992.

.............................................................................................................................. 25

Tabela 3 - Consolidação das emissões de COV das fontes frias. Fonte: EIA-RIMA

Termo São Paulo, 2011. ....................................................................................... 39

Tabela 4 - Emissões Atmosféricas em cada chaminé. Fonte: EIA/RIMA Termo

São Paulo, 2011. ................................................................................................... 39

Tabela 5 - Captação e Distribuição da Água Tratada. EIA-RIMA Termo São Paulo,

2011. ..................................................................................................................... 44

Tabela 6 - Geração de Efluentes Inorgânicos ....................................................... 46

Tabela 7 - Comparação do Padrão de Lançamento com o Blowdown. Fonte: EIA-

RIMA Termo São Paulo, 2011. ............................................................................. 47

Tabela 8 - Geração total de efluentes na operação da Termo São Paulo ............ 49

Tabela 9 - Qualificação da Mão-de-obra Prevista na Operação da Termo São

Paulo. Fonte: EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011. ................................................ 50

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1-Esquema de geração de energia elétrica numa usina térmica a

combustão............................................................................................................. 15

Figura 2 - Capacidade instalada de geração elétrica por tipo de usina (MW).

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL); para o ano de 2012,

Balanço Energetico Nacional (BEN) 2013; Elaboração: EPE ............................... 16

Figura 3 - Evolução da geração termelétrica no Brasil. Fonte: BEN, 2005 ........... 16

Figura 4 – Geração elétrica por energético no Brasil – participação (%). Fonte:

Balanço Energético Nacional (BEN) 2013; Elaboração: EPE ............................... 17

Figura 5 - Fluxograma de uma turbina a gás ciclo simples. Fonte: GasNet, 2014.

.............................................................................................................................. 19

Figura 6 - Fluxograma de uma termelétrica em ciclo combinado. Fonte: GasNet,

2014. ..................................................................................................................... 20

Figura 7 - Esquema do funcionamento de uma usina de ciclo combinado. Fonte:

SILVA, 2010 .......................................................................................................... 21

Figura 8 - Configuração topping. Fonte: GasNet, 2014. ........................................ 22

Figura 9 - Configuração Bottoming. Fonte: GasNet,2014. .................................... 22

Figura 10 - Evolução histórica da capacidade de geração de energia por usina

hidrelétrica e PCHs no Estado de São Paulo. Fonte: Secretaria de Saneamento e

Energia. ................................................................................................................ 34

Figura 11 - Velocidade média anual do vento a 50m na região sudeste. Fonte:

Atlas do poder eólico brasileiro, CEPEL - 2001. ................................................... 35

Figura 12 - Variação da energia solar no Brasil. Fonte: ANEEL, 2009. ................ 36

Figura 13 - Funcionamento do Ciclo Combinado da Termo São Paulo. Fonte:

EIA/RIMA Termo São Paulo, 2011. ....................................................................... 38

Figura 14 - Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa – IPCC. Fonte:

EIA/RIMA Termo São Paulo, 2011. ....................................................................... 40

Figura 15 - Classificação Climática de Köppen-Geiger para São Paulo. Fonte:

EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011. ..................................................................... 41

Figura 16 - Distribuição média mensal da velocidade dos ventos – Estação

Meteorológica de Cachoeira Paulista. Fonte: EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011.

.............................................................................................................................. 42

Figura 17 - Distribuição dos Ventos – Cachoeira Paulista. Fonte: EIA-RIMA

Termo São Paulo, 2011. ....................................................................................... 43

Figura 18 - Localização da Termo São Paulo. Fonte: Pesquero, 2011. ................ 43

Figura 19 - Local de captação de água desativado no Rio Paraíba do Sul. Fonte:

EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011. ...................................................................... 45

Figura 20 - Esquema do sistema de tratamento dos efluentes sanitários. Fonte:

EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011. ...................................................................... 49

Figura 21 - Previsão da distribuição de trabalhadores durante os meses de obra.

.............................................................................................................................. 50

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BEN - Balanço Energético Nacional

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CESP - Companhia Energética do Estado de São Paulo

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

COV - compostos orgânicos voláteis

CPTEC - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos

EIA - Estudo de Impacto Ambiental

ETA – Estação de Tratamento de Água

ETE - Estação de Tratamento de Esgoto

GEE - Gases do efeito estufa

HCs -Hidrocarbonetos

HRSG - Heat Recovery Steam Generator

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

MME – Ministério de Minas e Energia

MP – Material Particulado

RIMA - Relatório de Impacto Ambiental

PCHs – Pequenas Centrais Hidrelétricas

SAO - Separador Água-Óleo

SIN - Sistema Interligado Nacional

USEPA - United States Environmental Protection Agency

UTE – Unidade Termoelétrica

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 11

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 12

1.2.1 Objetivo geral ........................................................................................ 12

1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................. 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 13

2.1 A CIDADE DE CANAS ....................................................................................... 13

2.2 A AES ........................................................................................................... 14

2.3 USINAS TERMOELÉTRICAS ............................................................................... 14

2.4 USINAS TERMOELÉTRICAS A GÁS NATURAL ........................................................ 17

2.4.1 Termoelétricas de ciclo simples ............................................................. 18

2.4.2 Termoelétricas de ciclo combinado ....................................................... 19

2.4.3 Co-geração ............................................................................................ 21

2.5 GÁS NATURAL ................................................................................................ 23

2.6 METANO ........................................................................................................ 25

2.7 EMISSÕES ATMOSFÉRICAS DE TERMOELÉTRICAS ............................................... 26

2.7.1 Compostos de Carbono ......................................................................... 26

2.7.2 Óxidos de nitrogênio .............................................................................. 27

2.7.3 Hidrocarbonetos .................................................................................... 28

2.7.4 Compostos de Enxofre .......................................................................... 28

2.7.5 Material Particulado ............................................................................... 28

2.8 POLUIÇÃO TÉRMICA ........................................................................................ 29

2.9 EUTROFICAÇÃO OU EUTROFIZAÇÃO.................................................................. 29

3. METODOLOGIA ............................................................................................... 31

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................... 32

4.1 MOTIVAÇÃO ................................................................................................... 32

4.2 TECNOLOGIAS DE ENERGIA .............................................................................. 33

4.2.1 Energia Hidráulica ................................................................................. 33

4.2.2 Energia Eólica ....................................................................................... 34

4.2.3 Energia Solar ......................................................................................... 35

4.2.4 Usina Termoelétrica ............................................................................... 36

4.3 OPERAÇÃO DA TERMO DE SÃO PAULO ............................................................. 37

4.4 EMISSÕES ATMOSFÉRICAS .............................................................................. 38

4.5 CAPTAÇÃO, USO E DESCARTE DE ÁGUA ............................................................. 44

4.5.1 Efluentes Inorgânicos ............................................................................ 46

4.5.2 Efluentes Sanitários ............................................................................... 48

4.5.3 Efluentes oleosos .................................................................................. 49

4.6 MÃO DE OBRA ................................................................................................ 50

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 52

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 53

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11

1. INTRODUÇÃO

Ao longo da evolução da humanidade, o homem tem buscado melhores

padrões de vida e maior conforto em suas atividades através do desenvolvimento

de novas tecnologias. Tal progresso pode ser mais bem observado já na

Revolução Industrial, enquanto o carvão ainda era o principal combustível para o

funcionamento de máquinas a vapor e para transporte nos séculos XVIII e XIX.

Este período foi o início do processo da industrialização e teve destaque

como a mais drástica mudança de paradigma produtivo na história (SACHS,

2005). Logo, o mesmo carvão serviu à difusão da eletricidade a partir da geração

termoelétrica no século XX (LANDES, 1969). Entretanto, com a Segunda Grande

Guerra, o transporte de carvão em larga escala tornou-se difícil, conduzindo ao

inicio do uso industrial de óleo combustível em caldeiras (HOBSBAWN, 1995).

Atualmente, os principais combustíveis para a geração termoelétrica são o

gás natural e bagaço de cana de açúcar, pois são recursos mais baratos e limpos

em relações aos demais derivados de petróleo.

No Brasil, existem diversos recursos hídricos, portanto, a principal forma de

transformação de energia elétrica são as usinas hidrelétricas. Entretanto, a sua

produção e eficiência energética ao longo do ano são dependentes de fatores

climáticos naturais como as chuvas, não controláveis pelo homem. Assim, as

termoelétricas movidas a gás tem ganhado força no âmbito de auxiliá-las em

épocas de estiagem para suprir a demanda energética do país.

Para tanto, a empresa AES Tiete tem como empreendimento o Projeto

Termo São Paulo, com instalação no município de Canas, prevendo um aumento

na produção energética no estado de São Paulo, na arrecadação de impostos e

geração de mão de obra para o município Canas.

1.1 JUSTIFICATIVA

Desde meados dos anos 80, o consumo de combustível carvão para a

geração termoelétrica vem sendo substituído pelo gás natural nos países mais

desenvolvidos. As razões de tal alteração são principalmente devido às questões

ambientais, pois a combustão do carvão resulta na excessiva emissão

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atmosférica de CO2 (dióxido de carbono), principal gás responsável pelo efeito

estufa e aquecimento global, enquanto que a utilização do gás natural implica em

emissões atmosféricas relativamente menores (DE OLIVEIRA, 1998).

Apesar de ser alvos de discussões no mundo por apresentar impactos

ambientais e consequências sobre a saúde das populações, a atividade de usinas

termoelétricas ainda tem grande participação no cenário mundial.

Dentro deste panorama, as atividades de um engenheiro químico poderia

envolver o desenvolvimento de processos, de produtos e de equipamentos, além

de pesquisas de tecnologias mais eficientes e não poluentes na geração de

energia, buscando um desenvolvimento sustentável.

Para tanto, é necessário entender como a atual tecnologia de transformação

das energias de uma termoelétrica podem afetar o meio em que está inserido e

desenvolver uma análise quanto às vantagens e desvantagens deste tipo de

transformação energética e, portanto, é provável que o projeto da termoelétrica no

município de Canas possibilite realizar toda esta análise.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é realizar um levantamento bibliográfico sobre os

impactos ambientais relacionados à instalação de uma usina termoelétrica para

discutir quais são as vantagens e desvantagens deste tipo de tecnologia de

transformação de energia.

1.2.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos são identificar, enumerar e distinguir os impactos

ambientais que podem ser causados por uma usina termoelétrica de ciclo

combinado e movida a gás natural na cidade de Canas, focando na poluição

atmosférica no próprio município e nas cidades vizinhas e na poluição das águas

do ribeirão Canas, baseando-se no Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de

Impacto Ambiental (EIA-RIMA)

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13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A Cidade de Canas

De acordo com a Câmara Municipal de Canas, o município de Canas

localiza-se a leste do estado de São Paulo no eixo Rio de Janeiro, São Paulo e

Minas Gerais na Região do Alto do Vale do Paraíba, entre os Municípios de

Lorena e Cachoeira Paulista. Está às margens do Rio Paraíba do Sul e entre as

Serras do Quebra Cangalha (do Mar), Mantiqueira.

Conforme o histórico apresentado pela Prefeitura Municipal de Canas, o

nome da cidade tem origem na desapropriação da Fazenda de Canas,

propriedade do alferes Francisco Ferreira dos Reis por parte do governo para a

implantação de assentamentos às famílias de imigrantes, principalmente italianos,

para a produção da cana-de-açúcar, em 1887. Com o passar do tempo, Canas

passou de Núcleo Colonial Agrícola para bairro, em 1890, distrito, em 1964, e

finalmente, município emancipado de Lorena em 1993.

Segundo o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) em 2010, Canas conta com 4385 habitantes e possui uma área

total de 53 Km², com a economia voltada à agricultura de rizicultura e horticultura,

à pecuária de gado leiteiro e à indústria de cerâmica, pré-moldados plásticos e

minério.

Em 2009, a instalação de uma usina termoelétrica de ciclo combinado

movida a gás começou a ser estudada pela empresa AES Tiete em Canas. Em

janeiro de 2011, a AES Tietê protocolou o Estudo de Impacto Ambiental e

Relatório de Impactos Ambientais (EIA/RIMA) na Companhia Ambiental do Estado

de São Paulo (CETESB), a qual emitiu uma licença prévia para construção da

Usina Termoelétrica no município em outubro do mesmo ano. Em 15 de maio de

2012, a liminar foi suspensa pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Desde então,

aguarda-se o julgamento de mérito do recurso apresentado pela AES Tietê

(PECCHIO, 2012).

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2.2 A AES

A AES Tietê é uma das quatro empresas operacionais da AES Brasil,

controlada pela Companhia Brasiliana de Energia S/A- holding formado pelo

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES e pela AES

Corp. Resultado do processo de privatização da Companhia Energética do Estado

de São Paulo – CESP, é segunda maior companhia privada de geração de

energia elétrica do Brasil (AES Tietê,2012).

Segundo dados da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São

Paulo, publicadas no Balanço Energético do Estado de São Paulo, ano base

2008, é responsável por 18% da energia produzida no estado de São Paulo e por

2,3% da capacidade instalada nacional.

Presente em várias cidades brasileiras operando usinas hidrelétricas e

pequenas centrais hidrelétricas, a AES Tietê pretende implantar uma usina

termoelétrica de ciclo combinado a gás natural na cidade de Canas. A

termoelétrica denominada Usina Termoelétrica de São Paulo terá capacidade

instalada aproximada de 500 MW e contribuirá para o atendimento da demanda

de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN) (AES, Tietê, 2012).

2.3 Usinas Termoelétricas

As centrais termoelétricas caracterizam-se por produzir energia elétrica a

partir da energia térmica liberada por reações químicas ou nucleares, seja pela

combustão de combustível fóssil ou de resíduos agroindustriais (SALOMON,

2003).

Independente do combustível utilizado, as centrais termelétricas tem um

funcionamento semelhante. O combustível é queimado na caldeira, gerando

vapor a partir da água que circula por uma extensa rede de tubos que revestem

as paredes do equipamento. Este vapor movimenta as pás de uma turbina, cujo

rotor gira juntamente com o eixo de um gerador que produz a energia elétrica.

Após, o vapor é resfriado em um condensador e convertido outra vez em água,

para iniciar um novo ciclo (JUNIOR, 2008).

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15

Figura 1-Esquema de geração de energia elétrica numa usina térmica a combustão

A água que serviu como fluido refrigerador sai do condensador e é

canalizada para o topo de uma torre de refrigeração onde é lançada em pequenas

gotas. Essas gotas, em contato com o ar do ambiente provoca a evaporação,

caindo resfriadas num reservatório. A água resfriada é bombeada do reservatório

e reciclada através do condensador, de onde retira novamente calor do vapor

condensado (SALOMON, 2003). Parte do calor extraído é transferida para um rio

próximo ou para o mar, os quais foram a fonte de água do sistema.

A energia que foi gerada é levada através de cabos ou barras condutoras,

dos terminais do gerador até um transformador elevador, onde tem sua tensão

elevada para adequada condução, através de linhas de transmissão, até os

centros de consumo. Posteriormente, a energia tem sua tensão levada a níveis

adequados para utilização pelos consumidores através de transformadores

abaixadores. Este é um exemplo clássico de usina termoelétrica de turbina a

vapor (CASTRO; AMARAL; RODRIGUES; COGAN, 2008).

No Brasil, as centrais termoelétricas têm papel fundamental na operação de

abastecimento de energia, pois operam em complementação ao sistema

hidrotérmico brasileiro em épocas de baixo nível nos reservatórios (GUERREIRO,

et al., 2006).

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No figura 2 pode-se perceber o potencial de complementação das

termelétricas às hidrelétricas em relação à outras fontes geradoras de eletricidade

no Brasil.

Figura 2 - Capacidade instalada de geração elétrica por tipo de usina (MW). Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL); para o ano de 2012, Balanço Energetico Nacional (BEN) 2013; Elaboração: EPE

Entre os combustíveis fósseis mais utilizados em geração termoelétrica está

o gás natural. A evolução e participação da produção termelétrica por fonte estão

ilustradas a seguir.

Figura 3 - Evolução da geração termelétrica no Brasil. Fonte: BEN, 2005

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Figura 4 – Geração elétrica por energético no Brasil – participação (%). Fonte: Balanço Energético Nacional (BEN) 2013; Elaboração: EPE

As centrais termoelétricas são a segunda maior produtora dos gases de

efeito estufa, principalmente dióxido de carbono (ZANCHETA; MELDONIAN;

POLI, 2005). Dentre os principais impactos que uma central termelétrica causa

está as emissões de poluentes gasosos na atmosfera e o uso da água de

resfriamento para a condensação do vapor. Há também a liberação de material

particulado para a atmosfera, contaminação de água com reagentes químicos e

poluição sonora (SALOMON, 2003).

2.4 Usinas termoelétricas a gás natural

Existem três grupos de tecnologias de geração termelétrica à gás natural

utilizadas no Brasil. São elas: usinas de ciclo aberto ou simples, que utilizam

turbinas a gás em ciclo de Brayton e a energia é gerada a partir da combustão

interna; ciclo combinado, que consiste na acoplagem de uma turbina a vapor para

geração adicional de eletricidade ao ciclo aberto; e usinas de co-geração, onde

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existe uma produção combinada da energia eletromecânica e calor, possibilitando

a utilização das duas categorias apresentadas anteriormente (GUERREIRO, et

al., 2006).

Apesar das vantagens do gás natural quando comparado ao petróleo e ao

carvão mineral na emissão de compostos poluentes, seu aproveitamento

energético gera impactos indesejáveis ao meio ambiente devido à necessidade de

um sistema de resfriamento que geralmente usa a água como fluido refrigerante.

Normalmente, mais de 90% da demanda de água em uma central termelétrica

podem ser dedicados ao seu sistema de resfriamento. Quanto à tecnologia

empregada, o consumo médio de água de uma central termelétrica operando em

ciclo a vapor simples é da ordem de 94 m3 por MWh; e, no caso de ciclos

combinados, o valor é de aproximadamente 40 m3 por MWh. (BAJAY; WALTER;

FERREIRA, 2000).

Este consumo traz impactos em relação aos recursos hídricos em função do

volume de água captada, das perdas por evaporação e do despejo de efluentes.

Em geral, os valores são mais baixos nos sistemas de cogeração, explicado mais

à frente.

Em termos de poluição atmosférica, destacam-se as emissões de óxidos de

nitrogênio ( ), como o dióxido de nitrogênio ( ) e o óxido nitroso ( ), que

são formados pela combinação do nitrogênio com o oxigênio. O é um dos

principais componentes do smog, com efeitos negativos sobre a vegetação e a

saúde humana, principalmente quando combinado com outros gases, como o

dióxido de enxofre ( ). O é um dos gases causadores do chamado efeito

estufa e causa a redução da camada de ozônio (SILVA, 2010).

Outros poluentes gerados são o monóxido de carbono (CO),

hidrocarbonetos (HCs) e dióxido de carbono ( ). A presença destes gases na

atmosfera contribui para a formação de oxidantes fotoquímicos, da chuva ácida, e

na intensificação das mudanças climáticas globais, dado que o e os HCs

estão entre os principais gases que causam o efeito estufa (LOURENÇO, 2003)

2.4.1 Termoelétricas de ciclo simples

No ciclo Brayton, a transformação energética ocorre a partir da expansão de

gases de combustão em uma turbina a gás que está ligada ao eixo de um gerador

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elétrico. O ar atmosférico é comprimido continuamente por um compressor e é

direcionado a uma câmara de combustão, onde é misturado a um combustível.

Durante a queima são gerados gases de exaustão que são utilizados para

movimentar a turbina e, consequentemente, o gerador elétrico. Após, os gases

são descarregados na atmosfera, finalizando o ciclo aberto.

Figura 5 - Fluxograma de uma turbina a gás ciclo simples. Fonte: GasNet, 2014.

Segundo Tolmasquim (2005), as centrais térmicas que utilizam esta

tecnologia apresentam vantagens como o baixo custo de investimento, o curto

prazo de entrega dos equipamentos, o curto período de construção, a segurança

na operação e a flexibilidade operacional. Já a desvantagem das termelétricas de

ciclo aberto é a sua baixa eficiência em relação a outras tecnologias, como as de

ciclo combinado e seu maior consumo de água por MWh produzido.

2.4.2 Termoelétricas de ciclo combinado

As centrais termoelétricas que utilizam gás natural viabilizam o uso do ciclo

combinado para geração de energia. Essas plantas operam com a integração em

série do ciclo de Brayton da turbina a gás e do de Rankine da turbina a vapor.

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Neste sistema, o calor necessário para a geração de vapor que passará pela

turbina a vapor é fornecido pelos gases quentes da exaustão descarregados da

turbina a gás que aquecerão a água na caldeira (JUNIOR, 2008).

O fluxo de gases de combustão descarregada pela turbina a gás passa por

um regenerador de calor e este produz o vapor necessário para movimentar a

turbina a vapor (LOURENÇO, 2003). O vapor resultante da turbina é condensado

e reconduzido à caldeira de recuperação, concluindo, assim, o ciclo Rankine

(TOLMASQUIM, 2005).

Figura 6 - Fluxograma de uma termelétrica em ciclo combinado. Fonte: GasNet, 2014.

O ciclo combinado apresenta um rendimento termodinâmico de

aproximadamente 53%, elevado em relação ao de ciclo simples, que está entre

25% e 43 %, e também, possuem um desempenho ambiental melhor pela menor

emissão de compostos poluentes (LEÃO, 2009).

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21

Figura 7 - Esquema do funcionamento de uma usina de ciclo combinado. Fonte: SILVA, 2010

.

2.4.3 Co-geração

A co-geração, conforme dito anteriormente, é definida como o processo de

produção combinada de calor útil e energia mecânica a partir da energia química

disponibilizada por um ou mais combustíveis, geralmente convertida total ou

parcialmente em energia elétrica (Ministério de Minas e Energia- MME, 2007).

Os sistemas de co-geração têm uma configuração que pode ser classificada

como topping e bottoming.

Na configuração topping, o combustível é queimado em uma máquina

térmica para produção de energia mecânica ou elétrica e o calor rejeitado é

utilizado sob a forma de calor útil em um processo (NETO, 2001). Este calor será

utilizado em diversos processos com a função de aquecimento e refrigeração.

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Figura 8 - Configuração topping. Fonte: GasNet, 2014.

Segundo o MME, na configuração bottoming a energia térmica que foi

rejeitada de processos industriais, através de gases de exaustão originários de

reações químicas, fornos, fornalhas ou de máquinas térmicas, é aproveitada em

caldeiras recuperadoras para gerar vapor. Este será utilizado como fluido de

acionamento em um turbo gerador para produzir energia mecânica.

Figura 9 - Configuração Bottoming. Fonte: GasNet,2014.

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23

2.5 Gás natural

O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves com até quatro

átomos na molécula e que à temperatura ambiente e à pressão atmosférica,

permanece no estado gasoso (SALOMON, 2003). Consiste de uma mistura de

etano, propano, n-butano e principalmente, de metano, hidrocarbonetos de cadeia

curta, de nitrogênio, dióxido de carbono e não-hidrocarbonetos (LEÃO, 2009).

A composição química do gás natural com predominância do metano e com

reduzidos teores de gases inertes ( e nitrogênio ) e de hidrocarbonetos

pesados,faz dele um excelente combustível, com poder calorífico acima de

37,68MJ/Nm³. Considerando sua densidade média de 0,768kg/Nm³, pode-se

avaliar o seu poder calorífico, por volta de 47,73MJ/kg. Desta forma, o gás natural

é utilizado com elevada eficiência em caldeiras, motores de combustão interna e

turbinas (LOURENÇO, 2003).

Na natureza, o gás natural é encontrado acumulado em rochas porosas no

subsolo, geralmente acompanhado por petróleo, constituindo um reservatório.

Quando está dissolvido no óleo ou sob a forma de uma camada de gás no

reservatório é chamado de associado, enquanto que o gás não associado é

aquele que está livre ou em presença de quantidades muito pequenas de óleo

(SALOMON, 2003).

Quando comparado ao óleo combustível e ao diesel, o gás natural promove

melhorias no meio ambiente em relação a emissão de poluentes, pois libera uma

menor concentração dos mesmos na sua combustão. Abaixo, segue uma tabela

com dados para comparação.

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Tabela 1 - Fatores típicos de emissões de tecnologias de geração termelétrica. Fonte: Bluestein J.,2001

Tecnologia Combustível

Método

de

controle

(a)

MP

g/GJ g/MWh g/GJ g/MWh g/GJ g/MWh g/GJ g/MWh

Ciclo

combinado

(sem queima

suplementar)

Gás natural

Sem (d) 86,08 534,29 0,29 180,00 56.705,58 351.965,67 2,92 18,12

SCR 12,91 80,13 0,29 180,00 56.705,58 351.965,67 2,92 18,12

DLN (e) 0,49-1,23 3,04-7,63 0,29 180,00 56.705,58 351.965,67 2,92 18,12

Motor de

combustão

interna

Óleo diesel (c)

Sem 1.043,70 9.887,68 173,92 1.647,66 68.558,72 649.503,66 37,34 353,75

SCR 156,56 1.483,20 173,92 1.647,66 68.558,72 649.503,66 37,34 353,75

FGD 1.043,70 9.887,68 17,39 164,75 68.558,72 649.503,66 37,34 353,75

ESP 1.043,70 1.483,20 173,92 1.647,66 68.558,72 649.503,66 0,30 2,84

SCR / ESP 156,56 1.483,20 173,92 1.647,66 68.558,72 68.558,72 0,30 2,84

Turbina a gás Gás Natural

Sem (d) 53,43 860,80 0,32 3,20 58.101,55 581.015,50 3,17 31,70

SCR 8,01 129,10 0,32 3,20 58.101,55 581.015,50 3,17 31,70

DLN 0,49 – 1,23 4,90 –

12,30 0,32 3,20 58.101,55 581.015,50 3,17 31,70

Turbina a

vapor

Carvão

mineral (b)

Sem 528,74 4.642,60 913,28 8.019,04 2.113.573,66 18.558.207,75 55,28 485,39

LNB 264,37 2.321,30 913,28 8.019,04 2.113.573,66 18.558.207,75 55,28 485,39

ESP 528,74 4.642,60 913,28 8.019,04 2.113.573,66 18.558.207,75 0,44 3,86

FGD 528,74 4.642,60 91,33 801,92 2.113.573,66 18.558.207,75 55,28 485,39

LNB / ESP

/ FGD 264,37 2.321,30 91,33 801,92 2.113.573,66 18.558.207,75 0,44 3,86

a- Eficiências médias típicas dos métodos de controle são: SRC (redução seletiva

catalítica) = 85%; DLN (câmara de combustão seca com baixa emissão de ) e LNB

(queimador com baixa emissão de ) = 50 %; ESP (precipitador eletrostático) =

99,2%, FGD (flue gas desulfurization) = 90%. (LORA, 2002);

b- Carvão mineral CE 4500 (Santa Catarina): teor de enxofre = 2,01 %; teor de cinzas =

42,98 %; PCI =18.873 kJ/kg (Gerasul, 2000);

c- Tomou-se como base o Diesel internacional, cujo teor de enxofre é de 0,05 %

(JOHNSON et all, 1994), e cujo valor é menor do que o brasileiro. Nos motores Diesel

não estacionário, normalmente não se utilizam métodos de controle, mas quando a sua

utilização é feita numa central termelétrica é necessário considerar métodos de controle.

O teor de enxofre no Diesel brasileiro chega a ser até 8 vezes maior do que o Diesel dos

EUA (SALOMON, 2003);

d- EPA, 1995;

e- Chalfinv, J., Shorr, M.,1999.

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A presença destes gases na atmosfera contribui para a intensificação das

mudanças climáticas globais devido ao e aos hidrocarbonetos que estão

entre os principais gases que causam o efeito estufa, formação de oxidantes

fotoquímicos e chuva ácida (LOURENÇO, 2003).

A quantidade de gás carbônico formada na combustão completa do gás

natural é de 2,77 kg de para cada quilograma de gás natural, enquanto em

uma instalação a diesel produz-se 3,45 kg por unidade de massa queimada.

Em uma instalação termelétrica que funcione em ciclo combinado, o

consumo específico é avaliado em 0,1572 kg/kWh, resultando em emissão

aproximada de 526 kg de para cada megawatt-hora de energia produzida.

Em uma instalação a óleo diesel, onde o consumo específico é 0,228 kg/kWh, a

emissão aumenta para 709 kg, representando 35% a mais de gás carbônico para

a mesma potência elétrica produzida (IENO, 1993).

Na tabela 2, foram obtidos valores de emissões de representadas em

função do calor produzido na combustão completa. Os índices de emissão por

unidade de massa de combustível foram efetuados pela equação abaixo

(PITANGA, 1992):

E [kg de CO2/kg] = E [kg de CO2/Mcal] . PCI . 10-³ Onde E é emissão e PCI, poder calorífico interno.

Tabela 2 - Poder Calorífico e Emissão de Gás Carbônico. Fonte: PITANGA, 1992.

2.6 Metano

O metano é o principal constituinte do gás natural, sendo a primeira

substância da série dos alcanos. Possuindo apenas um átomo de carbono, é o

COMBUSTÍVEL PCI

[KJ;Kg]

EMISSÃO DE

[Kg /Kg]

Gás Natural 47,72 2,77

GLP 46 3,02

Lenha 13,81 1,43

Óleo Combustível 14,38 3,45

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hidrocarboneto mais simples que existe e por isto é uma importante matéria-prima

na produção de outros compostos orgânicos (JUNIOR, 2008). É um dos gases

causadores do efeito estufa com um efeito 21 vezes mais nocivo ao ambiente que

o dióxido de carbono (LEÃO, 2009).

Sua combustão com oxigênio ( ) gera água ( ) e o gás carbônico ( )

como subproduto, conforme a reação abaixo:

O gás metano, por conter 75% de carbono em sua composição em massa,

produz 2,77kg de gás carbônico e gera 56MJ para cada quilograma queimado.

Um quilograma de um hidrocarboneto líquido com 10 átomos de carbono produz

3,164kg de gás carbônico e gera 45,8MJ. Para cada 4,186MJ gerados na

combustão, o metano produz 0,2057kg de gás carbônico e o outro produz

0,2896kg, isto é, 41% a mais. Este motivo faz do gás natural o mais limpo

combustível em termos de emissão de monóxido de carbono (LOURENÇO,

2003).

Na natureza, é formado pela decomposição de compostos orgânicos na

ausência de oxigênio. Outras fontes originam-se da queima de biomassa vegetal,

vazamentos de dutos de gás natural, plantio de arroz em áreas alagadas,

mineração de certo tipo de carvão mineral e lagos e reservatórios de hidrelétricas

(JUNIOR, 2008).

2.7 Emissões atmosféricas de termoelétricas

2.7.1 Compostos de Carbono

O monóxido de carbono (CO) é um gás incolor, inodoro e venenoso gerado

pela combustão incompleta de combustíveis contendo carbono (HINRICHS;

KLEINBACH; REIS, 2010). O maior perigo do CO vem da sua característica em

se ligar à hemoglobina no sangue quando inalado, impossibilitando o transporte

de oxigênio para as células do corpo (BAIRD; CANN, 2011).

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O monóxido e o dióxido de carbono (CO e ) conforme dito anteriormente,

é um dos principais gases do efeito estufa. Podem causar o aumento da

incidência de doenças e mal estar, causando tonturas, redução dos reflexos e

dores de cabeça. Caso a fonte emissora situe-se em locais fechados, pode levar

a morte por asfixia (PERES, 2000).

2.7.2 Óxidos de nitrogênio

Existem diversos compostos de nitrogênio combinado com o oxigênio,

denominados óxidos de nitrogênio, em vários estados de oxidação, dentre os

quais, se destacam: (óxido nitroso), NO (monóxido de nitrogênio),

(dióxido de nitrogênio), (gás-amoníaco), sais de NO³-, e (amônia).

Os óxidos de nitrogênio em altos níveis podem causar danos à vegetação

por serem tóxicos para as plantas, interferindo no crescimento e na fertilidade das

sementes. Além disso, podem contribuir para a formação da chuva ácida em

conjunto com óxidos de enxofre e do smog fotoquímico, causando irritação nos

olhos, visibilidade reduzida e doenças respiratórias (PERES, 2000).

A formação dos óxidos de nitrogênio ocorre por três mecanismos diferentes:

térmico, rápido e pela conversão química do nitrogênio presente no

combustível (XAVIER, 2004).

Em termelétricas que utilizam turbinas a gás, o principal mecanismo de

formação é o térmico. Esse fenômeno ocorre pela dissociação térmica e

subsequente reação de nitrogênio ( ) e oxigênio ( ) presentes no ar de

combustão, próxima aos queimadores das turbinas e na zona de maior

temperatura da chama (EPA, 2000).

A formação por rápido ocorre a partir de reações iniciais de moléculas

de nitrogênio do ar e os radicais de hidrocarbonetos do gás natural, geralmente

insignificante quando comparado com a quantidade de térmico formado. Já

no terceiro mecanismo, os compostos de nitrogênio ligados ao combustível

reagem com o oxigênio atmosférico durante a queima, possuindo pouca

significância no gerado, pois o gás natural tem baixas concentrações de

nitrogênio (EPA, 2000).

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Estes compostos fazem parte dos gases do efeito estufa (GEE) e são

extremamente reativos. Na presença de oxigênio ( ), ozônio e hidrocarbonetos,

NO se transforma em , que, por sua vez, reage com hidrocarbonetos e

oxigênio na presença de luz do sol, formando ozônio ( ).

2.7.3 Hidrocarbonetos

Hidrocarbonetos (HCs) são compostos que consistem de átomos hidrogênio

e carbono, conhecidos também como compostos orgânicos voláteis. Carvão

mineral, óleo Diesel e combustível são compostos formados por diversos HCs. Na

queima desses combustíveis os hidrocarbonetos são liberados. Quando em

grande quantidade podem causar anemia, leucopenia e até câncer.

2.7.4 Compostos de Enxofre

O enxofre se encontra na atmosfera sob diversas formas, entre elas

(dióxido de enxofre) e (sulfatos), e nos combustíveis fósseis. Os óxidos de

enxofre ( ) são formados pela oxidação do enxofre no processo de combustão

de combustíveis, como por exemplo, o óleo diesel, o óleo combustível e o carvão

mineral (PERES, 2000).

Em contato com a água na atmosfera, desencadeiam a formação de ácido

sulfúrico, que em contato com as gotas de chuva produzem as "chuvas ácidas",

as quais diminuem o pH e aumentam a acidez do solo e dos rios. O dióxido e

trióxido de enxofre causam danos como perda de clorofila (clorose), colapso do

tecido ou de células em folhas e plantas.

2.7.5 Material Particulado

O material particulado (MP) é qualquer substância, exceto água pura, na

forma líquida ou sólida na atmosfera, que possui dimensões microscópicas ou

submicroscópicas maiores que as dimensões moleculares.

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Constituído por partículas de diversos poluentes, causa problemas no

sistema respiratório. Se muito grandes as partículas caem no solo pela força da

gravidade, se pequenas flutuam no ar e podem ser inaladas por seres vivos.

Somente as partículas muito pequenas penetram no organismo humano pelo

pulmão e depositam-se nos alvéolos (JUNIOR, 2008).

2.8 Poluição térmica

Poluição térmica é definida como a adição de calor indesejado ao ambiente,

em particular às águas naturais. Neste caso, a poluição não é no sentido de

adicionar poluentes químicos e físicos na água, mas, sim, provocando danos ou

modificações no ambiente do lago ou rio (HINRICH; KLEINBACH; REIS, 2010).

A poluição térmica é frequentemente o resultado da operação de usinas

geradoras de energia elétrica, as quais retiram a água de um rio ou lago para

refrigeração, devolvendo continuamente água aquecida à sua origem (FIORUCCI;

FILHO, 2005).

Hinrichs, Klaeinbach e Reis dizem que os efeitos resultantes do aumento da

temperatura no ambiente aquático são diversos, entre eles:

Diminuição da capacidade da água em reter oxigênio;

Aumento da taxa de ocorrência de reações químicas;

Alterações nos padrões reprodutivos, comportamentais e de

crescimento ao longo de toda a cadeia alimentar;

Alteração da flora e da fauna e declínio drástico da população de

peixes;

Ocorrência de danos a longo prazo aos corpos d’água naturais,

incluindo a eutroficação.

2.9 Eutroficação ou Eutrofização

É o nome dado ao processo de enriquecimento de nutrientes a um corpo

d’água pela adição de nutrientes extras, estimulando o crescimento de algas. Este

processo pode ser oriundo do envelhecimento natural dos lagos, mas pode ser

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acelerado por poluentes provindos de esgotos, fertilizantes e resíduos em

efluentes descarregados por usinas termoelétricas, caso não tratado.

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3. METODOLOGIA

Neste estudo, a metodologia consistiu em uma pesquisa conceitual focada

na análise do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental

(EIA/RIMA) do projeto da Usina Termoelétrica de São Paulo.

Uma vez coletados os dados através de bibliografia já existente e dos dados

do projeto presentes no EIA/RIMA, foi feita uma análise dos impactos da

implantação da usina, segundo os itens:

Tecnologias de Energia

Poluição atmosférica

Poluição das águas

Realizando comparações de equivalência com outras fontes de poluição e

considerações quanto à localização e as características da região que se

encontrará.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados apresentados em tabelas e estimativas neste tópico foram

retirados do EIA-RIMA do projeto, relatório disponível à população com o estudo

do projeto antes da sua implementação.

4.1 Motivação

No período de desestatização da energia elétrica brasileira, a AES Tietê

assinou o seu Contrato de Concessão, tendo como uma das garantias, a

expansão da sua capacidade instalada do seu parque gerador em, no mínimo,

15% no Estado de São Paulo, resultando em aproximadamente 400 MW.

A necessidade desta expansão veio com o crescente consumo de energia

elétrica pelo Brasil concomitante à possibilidade de não atendimento em situações

hidrológicas adversas, como ocorreu nos anos de 2001, 2004, 2008 e 2010.

Desta forma, a Termo São Paulo contribuiria para a segurança de suprimento do

sistema, amenizando os eventuais riscos e garantindo maior confiabilidade ao

sistema.

Para tanto, a empresa realizou uma pesquisa para definição da fonte

geradora de energia entre as alternativas tecnológicas disponíveis (energia

hidráulica, eólica, solar e termoelétrica) e do município com a melhor opção de

localização no estado de São Paulo, entre eles Rio Claro, Bariri, Guararema,

Canas, Cachoeira Paulista e Lorena. Após definição do local, foi determinada a

localização específica do terreno para construção da termoelétrica, os pontos de

captação e descarte de água, estimativa de geração de poluentes gasosos, entre

outros que foram registrados no EIA/RIMA.

O EIA é feito para estudar os impactos ambientais que um projeto causaria

no meio em que será inserido, tendo a importante função de gestão ambiental nas

fases de implantação e operação do mesmo.

Juntamente ao EIA, é desenvolvido o Relatório de Impacto Ambiental –

RIMA, o qual tem a função de informar as conclusões do EIA à sociedade e à

comunidade que habita e desenvolve atividades nas imediações do projeto,

permitindo que as mesmas participem do processo de licenciamento.

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4.2 Tecnologias de energia

Antes de iniciar o projeto Termo São Paulo, a AES Tietê analisou as

alternativas para geração de energia elétrica no estado de São Paulo. As

seguintes fontes foram analisadas: hidrelétricas de médio e grande porte,

pequenas centrais hidrelétricas, termoelétricas a biomassa, a gás natural, óleo

combustível e a carvão mineral, energia nuclear, fonte eólica e solar.

Para a avaliação da melhor alternativa, foram feitas as seguintes

considerações:

Fatores Ambientais;

Potenciais de energia no Estado;

Atendimento a obrigação de expansão;

Aspectos financeiros e comercialização da energia;

Fontes de suprimento existentes no Estado.

4.2.1 Energia Hidráulica

A primeira opção estudada englobou as hidroelétricas e as pequenas

centrais hidrelétricas (PCHs). Apesar de possuir grande vantagem por utilizar um

recurso renovável, esta forma de geração energética tem dificuldade quanto à sua

localização, que é afastada dos potenciais centros de consumo e exige uma

grande infraestrutura para transporte e perdas significativas decorrentes do

mesmo.

O Estado de São Paulo concentra usinas hidrelétricas de grande e médio

porte e PCHs, com uma capacidade instalada total maior do que 19.500 MW.

Entretanto, a mesma capacidade de produção de energia encontra-se estagnada

desde 2003 (Secretaria de Saneamento e Energia, 2009).

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Figura 10 - Evolução histórica da capacidade de geração de energia por usina hidrelétrica e PCHs no Estado de São Paulo. Fonte: Secretaria de Saneamento e Energia.

A estagnação está associada ao fato de que quase 100% dos potenciais

hidráulicos de grande porte do Estado de São Paulo já foram aproveitados,

restando apenas pequenas centrais hidrelétricas. As mesmas possuem uma

pequena capacidade de geração de energia, exigindo da AES Tietê, mais de um

empreendimento para cumprir seu contrato, e, portanto, descartada.

4.2.2 Energia Eólica

A energia eólica é uma tecnologia que ainda precisa ser mais bem estudada

em São Paulo, e, portanto, a construção de uma central de energia eólica com a

mesma capacidade de energia instalada na Termo São Paulo que atendesse a

obrigação de expansão da AES Tietê no Estado não seria viável (EIA/RIMA da

Termo São Paulo, 2011).

Para que seja considerada aproveitável, é necessário que sua densidade

seja maior ou igual a 500 W/m² a uma altura de 50m. Isto requer uma velocidade

mínima do vento de 7 a 8 m/s (ANEEL, 2003).

No Brasil, a presença de ventos é duas vezes superior à média mundial e

tem volatilidade de 5% (oscilação da velocidade), oferecendo maior previsibilidade

ao volume a ser produzido. Além disso, a velocidade dos ventos costuma ser

maior em períodos de estiagem, possibilitando a operação em sistema

complementar com as usinas hidrelétricas (ANEEL, 2009).

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Conforme a figura abaixo, o Estado de São Paulo não possui grande

potencial para instalação de parques eólicos, visto que, em grande parte do

Estado a velocidade do vento é inferior a 7 m/s.

Figura 11 - Velocidade média anual do vento a 50m na região sudeste. Fonte: Atlas do poder eólico brasileiro, CEPEL - 2001.

Por ser a energia cinética contida nas massas de ar em movimento, ou seja,

no vento, é uma fonte segura e renovável, não gera resíduos, permite a

mobilidade, recuperação total da zona instalada, rápida construção, entre outros.

Por outro lado, seus rotores emitem altos níveis de ruído, existe a

possibilidade de interferências eletromagnéticas, elevado custo quando

comparado com outras fontes (ANEEL, 2009) e também exige extensas áreas de

instalação.

4.2.3 Energia Solar

Esta alternativa tecnológica ainda apresenta baixa eficiência dos sistemas

de conversão de energia, exigindo grandes áreas para a captação de quantidade

suficiente para que um projeto se torne economicamente viável. (ANEEL, 2009).

Por outro lado, existem inúmeras vantagens da utilização da geração de

energia por meio da radiação solar, como a não geração de resíduos e emissões,

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a possibilidade de instalação em lugares remotos e a necessidade de

manutenção mínima nas centrais.

Para a AES Tietê, o alto custo da energia solar associado ao baixo potencial

de radiação solar do Estado de São Paulo inviabilizaria, no momento, projetos de

energia solar no Estado com a mesma capacidade instalada da Termo São Paulo

(EIA/RIMA Termo São Paulo, 2011).

No Brasil, a região nordeste possui uma radiação comparável às melhores

regiões do mundo por estar perto da linha do Equador, entretanto, as regiões Sul

e Sudeste, onde estão concentrados os maiores consumidores de energia, não

possuem esta característica (ANEEL, 2009).

Figura 12 - Variação da energia solar no Brasil. Fonte: ANEEL, 2009.

4.2.4 Usina Termoelétrica

Para este tipo de tecnologia de geração energética foram considerados para

estudo de combustível, a biomassa, carvão mineral, óleo combustível e gás

natural.

A termoelétrica com utilização de biomassa apresenta vários pontos

positivos, como a utilização do sistema de co-geração, combustão direta em

caldeiras ou fornos e ser uma fonte renovável. Entretanto, sua potência

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energética é de até 60 MW (ANEEL, 2009), exigindo várias instalações para que a

AES atinja os 400 MW de obrigação.

O carvão mineral como combustível em termoeletricidade, apresenta muitos

pontos negativos. Na região sul do Brasil, existe grandes reservas de carvão

mineral capazes de fornecer 28.000 MW por 100 anos (EPE, 2009), contudo, a

maior parte desta reserva é constituída por carvão mineral de baixa qualidade

contendo altos teores de enxofre e cinzas e liberando dióxido de enxofre quando

queimado, composto causador de chuvas ácidas nos arredores. Também, libera

grandes quantidades de material particulado na atmosfera e óxidos de nitrogênio.

A terceira opção estudada, o óleo combustível, pode possuir altas

concentrações de contaminantes, causando mais impactos ambientais na

combustão que outros combustíveis, como o gás natural.

O gás natural é o menos poluente entre os componentes o petróleo e possui

alto poder calorífico, não exige transporte ou armazenamento e permite a

utilização de ciclo combinado na geração termelétrica, o que garante maior

eficiência no potencial de transformação de energia.

4.3 Operação da Termo de São Paulo

Conforme dito anteriormente, a Termo de São Paulo funcionará em ciclo

combinado, o qual é a combinação do ciclo de Bryton com o de Rankine.

No primeiro ciclo, o ar que é comprimido é enviado a uma câmara de

combustão, onde será misturado ao combustível gás natural. Após a ignição, o ar-

combustível é queimado, provocando a expansão e geração de gases de

exaustão, responsáveis por movimentar as pás da turbina a gás e o gerador

elétrico. Nesta etapa, serão utilizadas duas turbinas a gás, cujo rendimento e

geração de energia são de, aproximadamente, 40% e 180MW cada uma,

respectivamente.

Os gases de exaustão liberados neste ciclo apresentam elevada

temperatura e serão direcionados a uma caldeira de recuperação (Heat Recovery

Steam Generator - HRSG) de forma a aproveitar a sua energia térmica

armazenada para gerar vapor através da troca de calor com a água contida no

equipamento. Foi projetado o uso de duas caldeiras HRSG na Termo São Paulo

para ser acoplado a cada uma das linhas das turbinas a gás.

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Então, o vapor d’água gerado nas caldeiras inicia o segundo ciclo, o de

Rankine. Semelhante ao ciclo de Bryton, o vapor é expandido na turbina a vapor,

cujo eixo está associado a outro gerador elétrico. No projeto, será utilizada

apenas uma turbina a vapor, com geração elétrica de 190MW, aproximadamente.

Após passar pela turbina, o vapor passa por um condensador. Nesta etapa,

o vapor será liquefeito a partir da transferência de calor à água captada do Rio

Paraíba, a qual apresentará uma temperatura estimada em 36,6°C após a troca

térmica e recircular em uma torre de resfriamento para reduzir sua temperatura

por evaporação em 12,6°C, reduzindo a 24°C. O vapor liquefeito é reenviado a

caldeira até que atinja a concentração máxima de sais, fechando o ciclo.

Figura 13 - Funcionamento do Ciclo Combinado da Termo São Paulo. Fonte: EIA/RIMA Termo São Paulo, 2011.

4.4 Emissões Atmosféricas

Referente às emissões de poluentes atmosféricos pela Termo São Paulo,

haverá dois tipos de fontes: as quentes e as frias.

As fontes frias englobam as emissões evaporativas e fugitivas de compostos

orgânicos voláteis (COV) do processo, incluindo óleos lubrificantes, óleos de

selagem, óleo combustível e gás natural.

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As emissões evaporativas são decorrentes dos tanques de armazenamento

de COV e do Separador Água-Óleo (SAO), o qual é uma emissão de fonte aberta.

As emissões fugitivas provêm dos acessórios de tubulação, como válvulas,

flanges, bombas, compressores, dentre outros.

A estimativa dessas emissões foi obtida por softwares disponibilizados pelo

United States Environmental Protection Agency (USEPA). Os resultados finais

encontram-se na tabela 3:

Tabela 3 - Consolidação das emissões de COV das fontes frias. Fonte: EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011.

Cenário

Emissões em t/ano – fontes frias

Hidrocarbonetos Não-Metano - (HCNM) Metano - (CH4)

SAO Tanques Fugitivas Fugitivas

Operação da

Termo São Paulo 10,51 0,2548 40,77 55,63

TOTAL 51,53 55,63

As fontes quentes se referem à combustão do gás natural com ar

comprimido nas turbinas à gás, que resulta na formação de óxidos de nitrogênio

( ), óxidos de enxofre ( ), monóxido de carbono (CO), material particulado

(MP) e gases de efeito estufa.

Na tabela 4, estão presentes as taxas de emissões atmosféricas em cada

chaminé, liberadas na combustão do gás natural em cada uma das turbinas a gás

disponibilizadas no Relatório de Impacto Ambiental do projeto Termo São Paulo.

Tabela 4 - Emissões Atmosféricas em cada chaminé. Fonte: EIA/RIMA Termo São Paulo, 2011.

Parâmetros Taxa de Emissão

(g/s)

Taxa de Emissão

(t/ano)

Taxa de Emissão

Total (t/ano)

(como ) 6,788 214,07 428,14

CO 4,133 130,34 260,68

(como ) 0,269 8,48 16,96

MP 1,133 35,73 71,46

MP 10 0,567 17,88 35,76

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Para reduzir a formação de térmico, a Termo São Paulo projetou o uso

de combustores DryLow- , que possibilitam a queima do combustível em

temperatura mais baixa.

Também, foram estimadas as emissões de gases de efeito estufa com base

nos fatores de emissão do Intergovernmental Panelon Climate Change (IPCC). A

Figura 14 apresenta um quadro com os cálculos realizados para os fatores de

emissão do IPCC e os resultados das estimativas de emissões. Considerou-se a

combustão completa do gás natural.

Figura 14 - Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa – IPCC. Fonte: EIA/RIMA Termo São Paulo, 2011.

A coluna “a” foi informada pelo empreendedor;

A coluna “b” foi retirada da Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico (Fispq) do site da Comgás: www.comgas.com.br;

A coluna “c” foi calculada como o produto das colunas “a” e “b”;

A coluna “d” foi calculada através da multiplicação da coluna “c” pelos seguintes fatores de conversão: 1000 [cal/kcal], 0,23901 [cal/J] e 1012 [J/TJ];

As colunas “e”, “f” e “g” foram retiradas do IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories, Volume 2, 2006;

As colunas “h”, “j” e “l” foram calculadas como o produto da coluna “d” pelas colunas “e”, “f” e “g” respectivamente e pela multiplicação dos fatores: 24 [h/dia] e 365 [dias/ano];

A coluna “i” foi calculada como a multiplicação da coluna “h” por 310 (conversão

da base de para equivalente);

A coluna “k” foi calculada como a multiplicação da coluna “j” por 21 (conversão da

base de para equivalente);

A coluna “m” foi calculada como a soma das colunas “i”, “k” e “l”.

Quanto à qualidade do ar, o município de Canas é desprovido de fontes

significativas de poluição do ar, sendo que a maior fonte vem da frota veicular

circulante na Rodovia Presidente Dutra. Entretanto, este fato não é o suficiente

para garantir que a instalação da termelétrica não trará impactos na qualidade da

atmosfera local devido aos materiais particulados advindos da Dutra combinada a

.

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¹ Informação fornecida por Helton Perillo Ferreira Leite em Lorena (2011)

quantidade relativamente baixa de árvores nas cidades aos arredores.

Segundo o engenheiro agrônomo Helton Perillo Ferreira Leite (2011), a

quantidade de equivalente total de 1.777.402 t/ano, corresponde à emissão

de 577.000 carros pequenos e haveria a necessidade de plantar quase 12

milhões de árvores por ano ou 7.000 ha de eucalipto por ano para neutralizar esta

quantidade de gás emitida. Esta comparação pode ser feita considerando-se que,

teoricamente, cada árvore é capaz de absorver 150 kg de por ano,

“sequestrando” ou fixando o carbono da atmosfera. Os municípios de Lorena,

Canas e Cachoeira Paulista têm em conjunto uma área rural correspondente a

53.128 ha, ou seja, a cada 7 ou 8 anos seria preciso plantar toda a área dos três

municípios em eucalipto apenas para retirar o carbono emitido (informação

verbal).

Deve-se considerar também a capacidade de dispersão dos poluentes pelos

ventos da região do Vale do Paraíba para avaliar os possíveis impactos na

atmosfera local.

Próximo ao município de Canas, estão as cidades Lorena e Cachoeira

Paulista, apresentando um clima semelhante entre si. Na figura 15, as cidades do

Estado de São Paulo foram mapeadas com diferentes cores, segundo

semelhança de climas.

Figura 15 - Classificação Climática de Köppen-Geiger para São Paulo. Fonte: EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011.

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Desta forma, foram coletados dados com o Centro de Previsão de Tempo e

Estudos Climáticos (CPTEC) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

sobre as velocidades médias mensais dos ventos de Cachoeira Paulista no

período de janeiro de 2000 a setembro de 2010, considerando-o semelhante com

Canas. Pelo gráfico, a velocidade média dos ventos na cidade é em torno de 2,5

m/s na maior parte do ano.

Figura 16 - Distribuição média mensal da velocidade dos ventos – Estação Meteorológica de Cachoeira Paulista. Fonte: EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011.

Ainda com os dados do CPTEC/INPE, a rosa dos ventos de Cachoeira

Paulista do período de janeiro de 2007 a setembro de 2010 foi fornecido no EIA-

Rima, mostrando uma dispersão heterogênea com predominância dos ventos

rumo ao Leste.

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¹ Informação fornecida por Pesqueiro, debate em Lorena (2011)

Figura 17 - Distribuição dos Ventos – Cachoeira Paulista. Fonte: EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011.

A região de Canas ainda é afetada por momentos de calmaria, devido a sua

localização entre as Serras da Mantiqueira e do Mar, as quais possuem uma

altitude maior que 2.000m. ¹

Figura 18 - Localização da Termo São Paulo. Fonte: Pesquero, 2011.

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44

4.5 Captação, uso e descarte de água

Em uma usina termelétrica, a demanda de água consiste em suprir a

quantidade necessária de água desmineralizada, de produção de água potável,

de água para combate de incêndio, as torres de resfriamento e água para

serviços gerais. Na tabela 5 estão presentes os valores da demanda de água da

UTE.

Tabela 5 - Captação e Distribuição da Água Tratada. EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011.

Apesar de sua localização estar projetada às margens do Ribeirão Canas, a

Termo São Paulo terá como fonte de água, o Rio Paraíba do Sul, aproveitando

um ponto de captação desativado já existente, devido a vazão do Ribeirão Canas

ser insuficiente à alimentação de 451m³/h da usina.

Atualmente, segundo o Plano da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul 2009-

2012, o Rio Paraíba possui vazão de 59,40 m³/s disponível em regime hídrico

natural, dos quais, 25,33 m³/s já são utilizados. (EIA-RIMA Termo São Paulo,

2011). Desta forma, o projeto adicionaria 0,125 m³/s na demanda de vazão do rio.

O local de captação de água está ilustrada na figura 19.

Entrada no Sistema Tratamento

de água

Saída no Sistema Tratamento de água

Perda no lodo Tanque de água tratada

451 m³/h 1 m³/h 450 m³/h

Entrada no Tanque de

água Tratada

Saída do Tanque de Água Tratada

Encaminhada para Sistema

de Desmineraliza

ção

Encaminhada para Torre

Resfriamento

Utilizada como Água de Serviço

Encaminhada para

Tratamento de Água Potável

450 m³/h 6,1 m³/h 440 m³/h 2 m³/h 2 m³/h

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Figura 19 - Local de captação de água desativado no Rio Paraíba do Sul. Fonte: EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011.

Antes de ser utilizada nos sistemas da usina, a água captada do Rio Paraíba

deve passar pela Estação de Tratamento de Água (ETA). Nesta fase, a água

bruta passará por uma série de reações, ocorrendo coagulação de materiais

sólidos, a floculação e o processo de separação por sedimentação com uso de

lamelas e filtração em filtro de areia.

Embora a vazão de água requerida seja baixa, após o tratamento, o uso da

água da ETA acarretará na formação de efluentes, cujo descarte no Ribeirão

Canas deve ser avaliado com o mesmo cuidado. O mesmo apresenta um volume

reduzido e, portanto, qualquer contaminação seria potencializada e apresentaria

riscos aos locais que utilizam este recurso.

Dentre as atividades da região dependentes do ribeirão estão o cultivo e

irrigação de plantações de arroz e alimentação de animais, principalmente,

bovinos das fazendas da área.

Quanto aos efluentes gerados, haverá três categorias:

Inorgânicos

Sanitários

Oleosos

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46

Os quais deverão passar por uma estação de tratamento da planta sempre

que necessário antes de realizar o descarte.

4.5.1 Efluentes Inorgânicos

Os efluentes inorgânicos são oriundos, principalmente, do descarte das

torres de resfriamento, comumente chamados de blowdown. Durante o

arrefecimento da água do condensador do ciclo combinado pelas torres de

resfriamento, ocorrem perdas por evaporação que causam a elevação da

concentração de sais no sistema e propicia a formação de incrustações nos

equipamentos.

Para evitar este acontecimento, força-se a manutenção de concentrações

que impeçam a precipitação dos sais através dos blowdowns e da reposição de

nova água ao processo, também conhecido como makeup.

O volume de água evaporada está estimado em 357 m³/h, de blowdown está

em 89,3 m³/h e a de makeup em 440 m³/h. Em outros momentos do EIA-RIMA, é

citado outro valor de blowdown de 86 m³/h. Apesar desta divergência, a vazão

com valor inferior é utilizado no cálculo de estimativa de geração de efluentes. A

tabela 6 mostram estes resultados.

Tabela 6 - Geração de Efluentes Inorgânicos

Origem do Efluente Vazão estimada (m3/h)

Torre de Resfriamento (dreno contínuo) - blowdown 86

Torre de Resfriamento - compressores de ar comprimido 5

Tratamento de Água - Descarte 1

Tratamento de Água – Previsão para limpeza 2

Outros (estimativa para situações diversas) 5

Purga Caldeiras 0

Lavagem das turbinas 0

TOTAL 99

Sendo que a vazão da purga das caldeiras e da lavagem das turbinas não

foram estimadas no relatório.

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Considerando os valores da tabela 6, a proporção de blowdown com a vazão

total de 99 m³/h de efluente é de 86,9%. Desta forma, pode-se considerar que os

efluentes inorgânicos totais gerados possuirão características físico-químicas

semelhantes ao blowdown das torres de resfriamento, com concentração de

elementos químicos e sais iguais ao triplo da concentração média da água do Rio

Paraíba.

A tabela 7 apresenta uma comparação do padrão de lançamento com o

Blowdown:

Tabela 7 - Comparação do Padrão de Lançamento com o Blowdown. Fonte: EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011.

Parâmetro

Valores

Unidade Valor máximo assimilável

pelo Ribeirão Canas

Valores de

Blowdown

DBO 36,8 <5 mg/L

Bário 5 0,15 mg/L

Boro 5 0,77 mg/L

Ferro dissolvido 15 ou 0,3 0,60 mg/L

Fluoreto 10 0,30 mg/L

Manganês 0,52 0,15 mg/L

Níquel 0,18 0,03 mg/L

Selênio 0,02 0,015 mg/L

Sulfeto 0,007 0,03 mg/L

Zinco 1,9 0,345 mg/L

Nitrogênio

Amoniacal 20 5,4 mg/L

pH 5 a 9 <9 -

Temperatura 40 <40 °C

Segundo consta no EIA-RIMA da Termo São Paulo, os cálculos dos

resultados de concentração de blowdown foram feitos multiplicando-se o ciclo de

concentração igual a três pelo maior valor resultante das amostras do Rio Paraíba

do Sul.

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Pelos dados, pode-se observar que a concentração de selênio oriundo do

despejo do blowdown resulta em 0,015 mg/L enquanto que o máximo é de 0,02

mg/L. Considerando a quantidade de casas decimais destes resultados, o despejo

de efluentes inorgânicos no Ribeirão Canas poderia apresentar riscos. Além

disso, nesses cálculos não estão inclusos a purga da caldeira, que poderia

contribuir positivamente ou negativamente para os impactos.

No caso do sulfeto, a ETA seria capaz de deixar sua concentração em níveis

baixos, resultando em um descarte a 0,00066 g/mL, equivalente ao limite máximo

aceitável pelo Ribeirão Canas considerando a mesma quantidade de números

significativos após a vírgula.

Conforme visto anteriormente, a temperatura dos efluentes inorgânicos é

definida pelas torres de resfriamento. A temperatura de retorno do fluido ao

Ribeirão Canas é uma variável que deve ser controlada, pois pode afetar a

concentração de oxigênio no ribeirão e, consequentemente, a vida presente no

mesmo.

4.5.2 Efluentes Sanitários

Ainda pelo Estudo dos impactos ambientais do projeto, a estimativa de

descarte de efluentes inorgânicos é de 2 m³/h e serão gerados em setores

diversos, como banheiros, bebedouros e lavatórios. Todo este efluente gerado

será tratado na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da planta antes de ser

descartado no Ribeirão Canas.

Neste processo, o efluente passa por uma caixa de areia para a separação

de resíduos de maiores dimensões. Depois, segue para uma calha de Parshall e

tanques de aeração, Ocorrem operações de separação por sedimentação e logo

após, há o descarte do efluente.

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Figura 20 - Esquema do sistema de tratamento dos efluentes sanitários. Fonte: EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011.

4.5.3 Efluentes oleosos

Assim como os efluentes sanitários, a estimativa de geração dos oleosos é

de 2 m³/h. A maior fonte de formação desse efluente serão dos sistemas de

lubrificação das turbinas e geradores a gás e vapor do ciclo combinado,

equipamentos como as bombas da planta, transformadores, oficinas, entre outros.

Antes de ocorrer o descarte, o efluente passa por uma estação de separação de

água e óleo, cujo princípio de separação é a diferença de densidade entre os dois

líquidos. O óleo isolado será transportado por caminhões com sistema de coleta a

vácuo para reciclagem e a água retornará ao Rio Paraíba do Sul pelo Ribeirão

Canas.

Na tabela abaixo, segue o resumo da geração total de efluentes na operação

da usina.

Tabela 8 - Geração total de efluentes na operação da Termo São Paulo

Efluentes Vazão (m³/h)

Inorgânico 99

Sanitário 2

Oleosos 2

TOTAL 103

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50

4.6 Mão de Obra

A Termo São Paulo estima a contratação de até 750 trabalhadores

terceirizados durante a fase de construção da usina que levaria por volta de três

anos. A figura 21 mostra a previsão da distribuição de trabalhadores durante a

fase de obra do empreendimento.

Figura 21 - Previsão da distribuição de trabalhadores durante os meses de obra. Fonte: EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011.

Já durante a operação, a mão de obra com tratada pela AES Tietê totalizará

em 32 profissionais. Entre eles, analistas, gerentes, engenheiros, técnicos e entre

outros conforme tabela 9 abaixo.

Tabela 9 - Qualificação da Mão-de-obra Prevista na Operação da Termo São Paulo. Fonte: EIA-RIMA Termo São Paulo, 2011.

Cargo Quantidade

Gerente Geral Termo São Paulo 1

Coordenador de Manutenção 1

Coordenador de Operação 1

Engenheiro de Controle 1

Técnico centro de Operações III 1

Técnico centro de Operações II 2

Técnico centro de Operações I 2

Técnico de Operações III 3

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51

Técnico de Operações II 2

Planejador de Manutenção Especialista 1

Técnico Manutenção Mecânica Especialista 1

Técnico Manutenção Mecânica II 1

Técnico Manutenção Eletroeletrônica III 1

Técnico Manutenção Eletroeletrônica II 1

Técnico de Manutenção de Instrumentação III 1

Técnico de Manutenção de Instrumentação II 1

Assistente Administrativo II 1

Analista de Segurança do Trabalho II 1

Analista de Meio Ambiente III 1

Comprador Pleno 1

Gerente Financeiro 1

Analista de Contabilidade Pleno 1

Analista de Tesouraria Sênior 1

Analista de Planejamento Financeiro Sênior 1

Analista de Sistemas de TI Sênior 1

Advogado Sênior 1

Especialista de RH 1

TOTAL 32

Sendo que a mão de obra local será priorizada pela AES Tietê de acordo

com a especialização.

Desta forma, a maior parte da geração de empregos se encontra durante a

fase de construção da usina.

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5 CONCLUSÃO

A partir dos resultados e do levantamento bibliográfico, foi possível verificar

que a Termeletricidade no Brasil ainda é uma opção suporte ao sistema de

geração elétrica por hidrelétricas, principalmente no estado de São Paulo, onde o

cenário da capacidade hidrelétrica encontra-se estagnada desde 2003.

Apesar de suas vantagens, a termoeletricidade a gás ainda apresenta riscos,

tanto quanto à poluição atmosférica quanto à contaminação dos leitos dos rios.

São muitas as variáveis que ditam a proporção do impacto deste tipo de projeto

em determinada região e que dependem, desde a velocidade dos ventos, a erros

humanos e de equipamentos, sendo necessário um estudo compatível com o

local antes da sua instalação.

No caso da Termo São Paulo, alguns resultados e dados encontraram-se

ainda divergentes ou contraditórios com relação à região de Canas, causando

debates e palestras sobre o assunto. Isto mostra que, talvez, a solução não seja

fornecer mais energia elétrica, mas sim, reduzir a demanda, através de projetos

como, substituição de chuveiros elétricos por aquecedores solares nas casas e

programas de conscientização, desde o início da educação do ser humano.

Assim, o projeto possibilitou adquirir conhecimentos quanto ao

funcionamento de uma termeletricidade, os fatores que influenciam em seus

impactos ambientais, funcionamento de equipamentos industriais e quanto à

necessidade de se aperfeiçoar outras fontes alternativas tecnológicas de geração

elétrica.

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