relatório de impacto ambiental – rima - cprh.pe.gov.br ses paiva;1315;20101104.pdf · relatório...

41

Upload: duongtram

Post on 30-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

2

Relatório de Impacto Ambiental – RIMA

Sistema de Esgotamento Sanitário a ser implantado para o Loteamento Praia do Paiva e Localidade de Itapuama

Cabo de Santo Agostinho – PE

REVISÃO 01

Agosto/2010

3

Sumário

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................4

2. O EMPREENDEDOR ..................................................................................................4

3. O EMPREENDIMENTO...............................................................................................4

3.1. Informações Gerais ................................................................................................4

3.1.1. Localização e Acessos........................................................................................4

4. RESPONSABILIDADE TÉCNICA...............................................................................5

5. O PROJETO................................................................................................................6

5.1. Objetivos .................................................................................................................6

5.2. Justificativas...........................................................................................................7

5.3. Relação e Compatibilidade com as Políticas Setoriais, Planos e Programas Governamentais ............................................................................................................7

5.4. Alternativa de Não Implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário ...........7

5.5. Descrição do Projeto do Sistema de Esgotamento Sanitário.............................8

5.6. Cuidados Ambientais ...........................................................................................12

6. ÁREA DE INFLUÊNCIA DO PROJETO ...................................................................14

6.1. Área de Influência Direta (AID) ............................................................................14

6.2. Área de Influência Indireta (AII) ...........................................................................14

7. SINTESE DO DIAGNÓSTICO AMBIENTAL.............................................................17

7.1. Meio Físico ............................................................................................................17

7.2. Meio Biótico ..........................................................................................................28

7.3. Meio Socioeconômico..........................................................................................34

8. AVALIAÇÃO AMBIENTAL .......................................................................................34

8.2. Medidas Mitigadoras ............................................................................................38

8.3. Programas de Acompanhamento e Monitoramento de Impactos....................39

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................40

4

1. INTRODUÇÃO

Este Relatório de Impacto Ambiental

(RIMA) tem como objetivo apresentar os

resultados do Estudo de Impacto

Ambiental – EIA para implantação do

Sistema de Esgotamento Sanitário

para o Loteamento Praia do Paiva e a

localidade de Itapuama, Cabo de

Santo Agostinho/PE, de forma simples

e em linguagem direta, visando permitir

o fácil entendimento do projeto, bem

como as conseqüências ambientais de

sua realização.

2. O EMPREENDEDOR

Companhia Pernambucana de

Saneamento - COMPESA, empresa

inscrita no CNPJ sob o nº

09.769.035/0001-64, sediada na Av.

Cruz Cabugá, nº 1387 – Santo Amaro –

Recife/PE – CEP: 50040-905 -

Telefone: (81) 3412-9000, sendo essa

empresa representada por João Bosco

de Almeida, inscrito no CPF sob o nº

059.132.414-87.

3. O EMPREENDIMENTO

3.1. Informações Gerais

Sistema de Esgotamento Sanitário a ser

implantado para atender o Loteamento

Praia do Paiva abrangerá também a

localidade de Itapuama, localizados no

Município de Cabo de Santo Agostinho-

PE, compreendendo:

• Rede Coletora, Elevatórias, Estação

de Tratamento de Esgotos – ETE e

Linha de Disposição Final no estuário

do rio Pirapama.

3.1.1. Localização e Acessos

O Loteamento Praia do Paiva e a

localidade de Itapuama, que serão

atendidos pelo Sistema de Esgotamento

Sanitário, situam-se no município do

Cabo de Santo Agostinho, na divisa

com o município de Jaboatão dos

Guararapes, sendo estes dois

municípios integrantes da Região

Metropolitana do Recife – RMR, Estado

de Pernambuco. O acesso a Cabo de

Santo Agostinho a partir de Recife é

feito via terrestre pela BR-101. A área,

distância da capital Recife, coordenadas

geográficas e altitudes do município de

Cabo de Santo Agostinho são

apresentados no Quadro 2.1 a seguir:

Quadro 2.1 – Distância da Sede Municipal e Coordenadas Geográficas.

Cabo de Santo Agostinho Coordenadas

Área Km2 Latitude

Sul Longitude

Wgr

Altitude (m)

Distância Recife Km

47.8

75

07

º 17

’ 15

’’

35

º 02

’ 0

0 ‘’

29

m

33,6

Fonte: CONDEPE.

5

4. RESPONSABILIDADE TÉCNICA

4.1. Equipe Responsável

Profissional Formação Registro Profissional Atividades

Francisco José Fontes Lima Engenheiro Civil e Ambiental CREA-BA 4185-D MSc S.E. DELFT – Cadastro Técnico IBAMA n.º 627115.

Coordenação Geral, Responsabilidade Técnica

Lindauberto Rodrigues Coura Engenheiro Civil, Químico Industrial – MSc. Engenharia Sanitária e Ambiental

CRQ nº 07200278-BA, CREA Nº BA 40805/D – Cadastro Técnico IBAMA n.º 1782723.

Coordenação Técnica, Responsabilidade Técnica

Maria do Carmo Moraes Valente Bióloga com especialização em Ecossistemas Aquáticos

CRBio n°11.343-5 – Cadastro Técnico IBAMA n.º 307481.

Coordenação Meio Biótico, Aspectos Jurídicos, Avaliação dos Impactos Ambientais, Medidas Mitigadoras

Ronaldo Silveira Lyrio Geólogo – MSc. CREA-BA n.º 21694-D – Cadastro Técnico IBAMA n.º 1978727

Coordenação Meio Físico

Veleda Lucena Arqueóloga SAB Registro Nº. 237 – Cadastro Técnico IBAMA n.º 516194

Coordenação Arqueologia

Sérgio Catunda Marcelino Engenheiro de Pesca (MSc.) CREA-PE n.º 030659-D – Cadastro Técnico IBAMA n.º 283863

Comunidades Aquáticas

Erivaldo Pereira Queiroz Biólogo – MSc CRBio n° 27164/5-D – Cadastro Técnico IBAMA n.º 2715546

Cobertura Vegetal

Aécio Gomes de Matos Pós-Doutorado em Sociologia Cadastro Técnico IBAMA n.º 1769516

Sociologia

6

5. O PROJETO

Para o Sistema de Esgotamento

Sanitário, proposto de acordo com

análise jurídica e os diagnósticos

ambientais realizados na área, não

existem restrições para implantação. Ao

contrário trará inúmeros benefícios para

os atuais moradores de Itapuama e os

que vierem a se instalar na área do

Loteamento Praia do Paiva.

Haverá melhoria das condições do

saneamento básico, será minimizada a

poluição dos cursos d’água e, por

conseguinte diminuirá a incidência de

doenças com veiculação hídrica,

melhorando assim a qualidade de vida

local. Além disso, serão gerados

empregos diretos e indiretos ligados ao

Loteamento Praia do Paiva, nas suas

fases de implantação e operação,

introduzindo melhorias na qualidade de

vida de um modo geral.

O ambiente na área de implantação do

Sistema de Esgotamento Sanitário

convive há muito com a intervenção

humana, fato evidenciado pela

existência de estradas de acesso com

movimentação constante de caminhões,

clareiras e cavas geradas para extração

de minérios, edificações, algumas

inacabadas ou em ruínas.

De acordo com a lista oficial do IBAMA

(MMA) e demais listas de espécies

ameaçadas, não foram encontradas

espécies ameaçadas de extinção, nem

raras, no levantamento florístico do local

examinado. Foram por outro lado

registradas espécies com potencial

econômico e ecológico.

De acordo com a Lista Nacional das

Espécies da Fauna Brasileira

Ameaçada de Extinção. IBAMA/2003,

não foram registradas espécies

ameaçadas de extinção.

5.1. Objetivos

O Sistema de Esgotamento Sanitário

para o Loteamento Praia do Paiva e da

Localidade de Itapuama, objetiva

fornecer infra-estrutura de saneamento

ao Loteamento mencionado, sanear a

localidade de Itapuama, contribuir para

a redução da contaminação dos corpos

d’água da região, para a diminuição da

incidência de doenças de veiculação

hídrica e promover a melhoria da

qualidade de vida das comunidades

envolvidas. O SES beneficiará no final

de 2023 uma população de 44.879

habitantes.

7

5.2. Justificativas

Devido a inexistência de sistema

público de esgotamento sanitário, os

moradores dos domicílios atualmente

solucionam o problema por conta

própria de forma precária. O esgoto

gerado é direcionado para fossas em

sua maior parte, em condições

precárias, fato que contribui para a

contaminação do lençol freático, por via

direta ou infiltração subsuperficial.

A implantação do Sistema de

Esgotamento Sanitário do Loteamento

Praia do Paiva se justifica então, a partir

da necessidade do tratamento das

contribuições de esgoto previstas para a

implantação do loteamento e também

para o atendimento a localidade de

Itapuama.

5.3. Relação e Compatibilidade com

as Políticas Setoriais, Planos e

Programas Governamentais

A partir da análise do projeto, incidente

nas áreas e levando-se em

consideração o objetivo e os prováveis

efeitos do Sistema de Esgotamento

Sanitário do Loteamento Praia do Paiva,

concluiu-se que não existe interferência

negativa.

Mesmo estando algumas unidades do

SES inseridas em áreas delimitadas

pelo Gerenciamento Costeiro e pelo

Zoneamento Ecológico Econômico

Costeiro, o sistema de esgotamento

sanitário se constitui em uma obra de

infra-estrutura e sua implantação está

diretamente ligada à melhoria da

qualidade de vida da população e

melhoria da qualidade sanitária e

ambiental. Além disso, o lançamento do

excedente de efluente tratado não

reutilizado em irrigação de áreas

verdes, será feito à jusante do local de

captação em conformidade com a

legislação, não influenciando de forma

negativa o estuário do Rio Pirapama.

5.4. Alternativa de Não Implantação

do Sistema de Esgotamento Sanitário

Uma obra de sistema de esgotamento

sanitário se configura como obra de

infra-estrutura e como tal de extrema

importância para a população, já que

está diretamente ligada a melhoria da

qualidade de vida e a diminuição de

doenças de veiculação hídrica.

Através do Diagnóstico Ambiental da

área realizado, verifica-se ainda o grau

de degradação em que se encontram as

águas do rio Pirapama e Jaboatão, as

quais recebem contribuições de

8

diversas fontes poluidoras, inclusive

esgoto doméstico. Com a implantação

do sistema, haverá uma melhora da

qualidade ambiental, que incorpora

também caráter social, quando inclui o

atendimento a comunidade vizinha de

Itapuama situada ao sul do Loteamento.

A alternativa de não implantar o sistema

de esgotamento sanitário é, portanto

descartada então, a partir das

considerações acima.

5.5. Descrição do Projeto do Sistema

de Esgotamento Sanitário

O sistema projetado apresentado na

Figura 5.1 consiste basicamente na

implantação das seguintes unidades

para atendimento de uma população de

44.879 habitantes com uma

contribuição máxima horária de 270 l/s

de esgoto no final de 2023.

• Rede coletora de esgotos,

totalizando 16.686,04m no

Loteamento do Paiva, com

diâmetros variando de 150 a 700

mm e 6.378,90m em Itapuama com

diâmetros variando de 150 a 300

mm;

• Sete estações elevatórias de

esgotos para realizar reversão de

bacias com recalque final para a

ETE e respectivas linhas de

recalque totalizando 4.107,95m de

extensão no Loteamento do Paiva e

uma estação elevatória na

localidade de Itapuama com

1593,00m de linha de recalque;

• Uma estação de tratamento de

esgotos, utilizando sistema de lodos

ativados por aeração prolongada,

com desidratação mecânica dos

lodos gerados e desinfecção por

radiação ultravioleta ou dióxido de

cloro de modo a evitar a formação

de trialometanos.

• Reuso dos efluentes tratados para

irrigação do campo de golfe do

Loteamento e disposição final no

estuário do rio Pirapama quando

ocorrer excedente de efluentes,

principalmente em períodos

chuvosos.

9

Figura 5.1 – Sistema de Esgotamento Sanitário. Fonte:Odebrecht Empreendimentos/adapatação FH Engenharia Ltda..

10

Estação de Tratamento de Esgotos –

ETE

A unidade foi dimensionada de forma

modular, sendo possível sua

implantação em etapas, de forma a

melhor acompanhar o crescimento

populacional prevista, minimizando a

necessidade de investimentos a curto

prazo.

O tipo de tratamento adotado minimiza

o risco de geração de odores

indesejáveis, já que utiliza o processo

aeróbio em todas as fases de

tratamento previstas, inclusive para a

digestão de lodo.

A ETE Praia do Paiva, que utilizará o

processo de tratamento de lodos

ativados por aeração prolongada,

apresenta uma série de características

que combinam a comprovada eficiência

e robustez do sistema de lodos ativados

à simplicidade operacional

proporcionada pela alta idade de lodo

adotada, conforme esquema mostrado

na Figura 5.2.

Dentre as vantagens que esta

modalidade de tratamento apresenta,

devem ser destacadas:

• Simplicidade operacional;

• Confiabilidade quanto à capacidade

de produção de efluentes em

conformidade com o nível de

qualidade desejado;

• Compacidade, com baixa

necessidade de área para a

implantação da unidade de

tratamento;

• Baixíssimo risco de geração de

odores indesejáveis;

• Pequena produção de lodos;

• Elevada aptidão para a desinfecção

do efluente em função da baixa

concentração de sólidos em

suspensão prevista para o efluente;

As principais etapas do processo de

tratamento adotado descrito a seguir

estão apresentadas na Figura 5.3.

11

Figura 5.2 – Sistema de Lodos Ativados de Aeração Prolongada.

Fonte: FH Engenharia Ltda.

Figura 5.3 – Fluxograma Simplificado do Sistema de Tratamento da ETE do Paiva.

Fonte: Elaborada pela FH Engenharia Ambiental.

12

Níveis de Eficiência da ETE

Os níveis de eficiência de remoção e a

qualidade esperada para o efluente da

estação são apresentados no Quadro

5.1:

Quadro 5.1 – Níveis de eficiência –

ETE Praia do Paiva.

Parâm

etro

Eficiência (%)

Concentração

prevista para o

efluente final

Unidade

DBO 92 12 mg/l

SS 92 15 mg/l DQO 80 58 mg/l

NTK 78 10 mg/l

P 70 2,40 mg/l Coliforme

Fecal >

99,99 1,0 x 102 NMP/100ml

Fonte: Tomo I Resumo executivo do Projeto Básico do SES do Loteamento da Praia do Paiva/ ABF Engenharia Serviços e Comercio LTDA, 2005.

O reuso do efluente tratado

desinfectado é recomendável para

irrigação do campo de golfe e outras

áreas verdes. O Quadro 5.2 apresenta

além da utilização em campos de golfe

outras possibilidades de utilização e os

controles necessários de forma

matricial.

5.6. Cuidados Ambientais

Visto que impactos ambientais serão

gerados, nota-se a iminente

necessidade de cuidados para com o

ambiente, suprindo-os com as medidas

mitigadoras com naturezas preventiva,

corretiva ou compensatória.

Na concepção do projeto foram

adotados critérios para minimizar

potenciais impactos ambientais na

implantação e operação do sistema. Na

implantação destaca-se que, a fim de

reduzir quase que integralmente a

necessidade de supressão da

vegetação, escolheu-se a área

correspondente a uma clareira para a

implantação da ETE.

13

Quadro 5.2 – Usos possíveis para águas recicladas: diretrizes australianas.

Classificação de águas

Acesso restrito

CF < 10000

Contacto secundário CF < 1000

Contacto primário (médio) CF < 100

Contacto primário (alto) CF < 10

Acesso livre CF < 1

Uso e destinação

AGRICULTURA NÃO ALIMENTAR SIM, após 4 horas de retenção

SIM SIM SIM SIM •••• Florestamento. •••• Produção de forragens fibras e

sementes. PASTAGENS E CONFINAMENTO

NÃO NÃO SIM,

exceto porcos

SIM SIM •••• Dessedentação de animais.

NÃO SIM, após 5

dias de retenção

SIM SIM SIM •••• Pastagem e forragem para gado leiteiro e porcos.

NÃO SIM SIM SIM SIM

•••• Pastagem e forragem para gado de corte, ovelhas.

•••• Água para lavagem de pisos de estábulos.

AGRICULTURA PARA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

NÃO SIM SIM SIM SIM •••• Alimentos cozidos ou processados antes da ingestão.

NÃO SIM SIM SIM SIM

•••• Irrigação de latadas para culturas de trepadeiras sem contato das partes comestíveis com a água bruta.

USO RESIDENCIAL E URBANO

NÃO SIM após

retenção de 4 horas

SIM SIM SIM •••• Irrigação de campos de golfe, de

esportes em geral, parques e jardins ao ar livre.

NÃO SIM após

retenção de 4 horas

SIM SIM SIM

•••• Irrigação de áreas paisagísticas ao longo de estradas e em cemitérios.

•••• Água de combate a incêndio em espaços abertos.

USO COMERCIAL E INDUSTRIAL

NÃO SIM após

retenção de 4 horas

SIM SIM SIM •••• Água para compactação de solos

na preparação de estradas. •••• Água para concreto.

SIM SIM SIM SIM SIM •••• Água de processo em ETE. •••• Tanques fluxíveis em redes de

esgotamento. Fonte: Climbing the Ladder: A Step by Step Approach to International Guidelines for Water Recycling. J. Anderson, A Adin and All IWA – V43N10 2001 – Water Science and Technology – Wastewater Reclamation, Recycling and Reuse.

14

6. ÁREA DE INFLUÊNCIA DO

PROJETO

A área que será ou poderá ser afetada

pelo sistema é denominada “área de

influência”. A área do empreendimento

será afetada de forma direta, enquanto

outras serão afetadas de forma indireta,

conforme descrito a seguir e

apresentado na Figura 6.1.

A delimitação das áreas de influência

direta e indireta difere entre o meio

natural (físico-biótico) e

socioeconômico, respeitando-se a

individualidade dos processos inerentes

à dinâmica dos diferentes fatores

ambientais.

6.1. Área de Influência Direta (AID)

A AID foi determinada com base na

área afetada pelos impactos ambientais

diretos do empreendimento, nas suas

diversas fases (Figura 6.2). Portanto,

para o meio natural (físico-biótico),

considerou-se como AID o entorno da

Estação de Tratamento – ETE e as

Estações Elevatórias – EE.

Para a ETE a AID considerada compõe-

se daquela ocupada pelas unidades de

tratamento, acrescida da área do

cinturão verde proposto e uma estrada

de serviço de 6,0m de largura e

extensão de 2.300m já incluindo o

emissário dos efluentes tratados.

A Área de Influência Direta (AID) do

Meio Socioeconômico foi considerada

como sendo a área onde a população e

as atividades econômicas locais

sofrerão algum tipo de intervenção do

Sistema de Esgotamento Sanitário,

correspondendo ao Município de Cabo

de Santo Agostinho.

6.2. Área de Influência Indireta (AII)

A área de influência indireta consiste no

conjunto de áreas limítrofes à de

influência direta, as quais são

potencialmente susceptíveis de sofrer

impactos provenientes de fenômenos

secundários (Figuras 6.1 e 6.2).

Sendo consideradas zonas tampão de

100m para as instalações do sistema de

esgotamento sanitário no entorno da

poligonal da AID para os meios físicos e

bióticos. A AII da ETE abrange ainda a

área de estuário do Rio Pirapama

compreendida situada entre o ponto de

disposição final do efluente tratado até a

foz.

15

Figura 6.1 – Área de influência Indireta.

16

Figura 6.2 – Área de Influência Direta e Indireta.

17

7. SINTESE DO DIAGNÓSTICO

AMBIENTAL

Descreve-se a seguir os meios físico

(relevo, clima e recursos hídricos),

biótico (flora e fauna) e socioeconômico

(uso e ocupação do solo, comunidades

locais) das áreas serem influenciadas

pelos Sistema de Esgotamento

Sanitário.

7.1. Meio Físico

O ambiente no entorno da área do

Sistema de Esgotamento Sanitário

projetado faz parte da zona costeira do

Estado de Pernambuco, Brasil,

submetida a condições climáticas

tropicais quente úmidas, influenciadas

pela proximidade do oceano atlântico,

que determinam condições ambientais

específicas responsáveis pela presença

de formações florestais de Mata

Atlântica e áreas de Restinga.

Sob ponto de vista geológico a área

estudada e seu entorno, está

relacionada ao processo de separação

Brasil – África, que deu origem a

estruturas falhadas, que afundaram em

seguida dando origem a bacia

sedimentar do Cabo, onde depositaram-

se diferentes tipos de sedimentos desde

depósitos arenosos a argilosos,

ilustrados nas Figuras 7.1 e 7.2.

A moderada susceptibilidade a

processos erosivos recomenda cuidado

no manejo de taludes incluindo a

implantação de sistema de drenagem

nos taludes, para evitar o escoamento

das águas pluviais sobre cortes com

declividades mais elevadas.

O clima na área de implantação do

Sistema de Esgotamento Sanitário,

segundo a escala de Köeppen é quente

úmido, classificado como As’.

A estação climatológica Cabo de Santo

Agostinho na Bacia do Rio Pirapama,

registrou no período de 1961-1990, as

temperaturas máximas de 30ºC, nos

meses de novembro a abril; e mínimas,

em torno de 20ºC, nos meses de julho a

setembro. A precipitação média anual é

em torno de 2000 mm.

A média histórica das precipitações

mostra que as chuvas típicas de

inverno, ocorrem de março a agosto,

com a maior média de precipitações ao

nível de 350 mm mensais em julho;

época mais seca correspondente aos

meses de outubro a dezembro, com

precipitações médias menores que 100

mm mensais (ver Gráfico 7.1).

18

Figura 7.1 – Terraços marinhos Holocênicos, com rede de esgoto projetada.

Figura 7.2 – Vista dos terraços marinhos Holocênicos, ocupados por tecido urbano do povoado de Itapuama, com riscos de contaminação do aquífero.

Gráfico 7.1 - Fonte: ITEP-LAMEPE. (Estação Cabo de Santo Agostinho-PE).

Terraços marinhos Holocênicos

Terraços marinhos Holocênicos

Urbannização em Itapuama

19

Diagnóstico dos Bens Históricos e

Arqueológicos

Foi efetuado um levantamento através

fontes da documentação: fontes

bibliográficas, e dados cadastrais do

patrimônio histórico, arqueológico,

artístico e paisagístico (registros do

IPHAN, da Fundarpe e Prefeitura local),

tendo sido consultada a base de dados

do IPHAN (Arquivo Noronha Santos) os

tombamentos inscritos nos Livro

Arqueológico, Etnográfico e

Paisagístico, Livro Histórico, Livro de

Belas Artes e no Livro das Artes

Aplicadas.

Do ponto de vista de uma avaliação do

potencial arqueológico da área, além

das superfícies expostas, interessam os

terrenos quaternários, em especial

aqueles holocênicos datados de 12000

anos onde é marcante a presença do

homem.

O levantamento de possíveis

indicadores de registro arqueológico,

através da inspeção visual de

superfície, abrangeu a área de

influência direta do empreendimento.

Contemplou assim todos os

compartimentos ambientais da área a

ser implantada, conforme preconiza o

Art 2º da Portaria IPHAN nº 230, de 17

de dezembro de 2002, publicada no

D.O.U. de 18/12/02. A prospecção

arqueológica de superfície na área de

implantação da Estação de Tratamento

de Efluentes Sanitários - ETE do

Loteamento Praia do Paiva foi realizada

em abril de 2008.

A metodologia utilizada em campo

constituiu-se, inicialmente na

identificação do perímetro da área da

ETE e do traçado do sistema adutor,

armazenando-se previamente os pontos

limites do terreno em GPS, permitindo a

recuperação em campo de cada um dos

vértices.

A área foi percorrida pela equipe de

forma sistemática, em linhas dispostas

em paralelo, espaçadas a cada 20m. O

trecho foi georeferenciado e

fotografado. Cada compartimentação

geomorfológica foi vistoriada e em cada

uma delas foram assinalados pontos

que foram documentados

fotograficamente.

A implantação do empreendimento não

interferirá fisicamente em áreas urbanas

nem em áreas em que estejam

registradas edificações rurais

oficialmente reconhecidas como de

interesse histórico. Não se prevê,

20

portanto, riscos em relação ao

patrimônio arquitetônico.

Por outro lado, a área por onde se

desenvolve o empreendimento

corresponde a uma região de depósitos

sedimentares, não atingindo, portanto,

áreas propícias à presença de cavernas

de interesse espeleológico relevante.

Tampouco foi registrada a ocorrência de

fósseis, quer animais quer vegetais

nesta área.

Do ponto de vista da presença de sítios

arqueológicos, no âmbito da área de

influência indireta, que correspondente

ao município do Cabo de Santo

Agostinho, foram localizados apenas

cinco registros de sítio arqueológico na

base de dados do IPHAN (em

13/05/2008).

Recursos Hídricos

O rio Pirapama é o principal manancial

existente na área, suas nascentes

localizam-se na região de tabuleiro no

município de Pombos, com uma

extensão de 80 km e 600km² de bacia

hidrográfica onde 60% localiza-se no

município do Cabo.

O efluente tratado quando não

reutilizado será conduzido ao estuário

do Pirapama em um ponto a 4.700 m da

foz.

No trecho final do rio Pirapama

diretamente contribuinte do estuário as

vazões representativas correspondem a

Q50 = 17,8m³ /s e Q90 = 10,0m³ /s, ou

seja, vazões superáveis em

respectivamente 50% e 90% do Tempo.

Ao longo do rio Pirapama as áreas mais

comprometidas correspondem aos

trechos mais próximos às ocupações

domiciliares e distritos industriais,

apresentando alta concentração de

coliformes, atribuídos ao lançamento

direto de esgoto não tratado no sistema

hídrico, encontrando-se a área do

estuário relativamente preservada, em

função de processos naturais de

depuração e do fluxo e refluxo das

águas oceânicas. O diagrama unifilar a

seguir, apresenta no curso principal do

Rio Pirapama as estações monitoradas

pela CPRH (Figura 7.3).

Os Gráficos 7.2 a 7.4 mostram que a

partir da estação PP-64, que já recebe

efluentes urbanos da cidade do Cabo,

há uma tendência da diminuição de

oxigênio dissolvido, aumento da DBO

(ainda dentro do padrão classe 2) e

aumento da contagem de coliformes

termotolerantes, resultados de análises

21

anteriores e posteriores a da CPRH

foram utilizados para comparar e

corroborar os resultados obtidos

(Gráficos 7.5 a 7.9).

Fonte: Monitoramento CPRH/2006

Figura 7.3 – Diagrama Unifilar do Rio Pirapama.

22

Gráfico 7.2 – Resultados de Oxigênio Dissolvido/CPRH 2006.

Gráfico 7.3 – Resultados de DBO/CPRH 2006.

23

Gráfico 7.4 – Resultados de Coliformes Termotolerantes/CPRH 2006.

0

4

8

12

E1 E2 E3 E4 E5Estações de Amostragem

Oxigênio Dissolvido (mg/l)

Preamar Baixa Limite Conama 357/05 -Águas Salobras classe 2 (O D > 4,0 mg/l)

Gráfico 7.5 – Resultados de oxigênio dissolvido / FH - Abril 2008.

24

0

4

8

12

E2 E3 E4 E5Estações de Amostragem

Oxigênio Dissolvido (mg/l)

Preamar Baixa Limite Conama 357/05 -Águas Salobras classe 2 (O D > 4,0 mg/l)

Gráfico 7.6 – Resultados de oxigênio dissolvido/ FH junho 2007.

0

4

8

12

E1 E2 E3 E4 E5Estações de Amostragem

Oxigênio Dissolvido (mg/l)

Preamar Baixa Limite Conama 357/05 -Águas Salobras classe 2 (O D > 4,0 mg/l)

Gráfico 7.7 – Resultados de oxigênio dissolvido Quadrante /julho 2004.

25

10

100

1000

10000

E1 E4 E5

Coliforme Termotolerantes

(UFC/100ml)

Estações de Amostragem

Preamar

Baixa-marLimite Resolução Conama 357/05 - Águas Salobras-Classe 2 (1000 UFC/100m/l)

Gráfico 7.8 – Resultados de Coliformes Termotolerantes /FH Abril 2008.

10

100

1000

10000

100000

E1 E2 E3 E4 E5

Coliforme Termotolerantes

(UFC/100ml)

Estações de AmostragemPreamarBaixa-marLimite Resolução Conama 357/05 - Águas Salobras-Classe 2 (< 1000 UFC/100m/l)

Gráfico 7.9 – Resultados Coliformes Termotolerantes / Quadrante - julho 2004.

O trecho de estuário do rio Pirapama –

classificável como Classe 2 água

salobra adjacente ao Loteamento Praia

do Paiva apresentado na Figura 7.4,

embora apresente melhor qualidade

que os trechos de água doce a

montante, as águas do baixo estuário

do sistema Pirapama/Jaboatão devido a

concentrações elevadas de coliformes

totais e fecais, não se qualificam

atualmente para desenvolvimento de

atividades de contato primário, e

também apresentam restrições para

pesca.

26

Com base em campanha realizada em

abril de 2008 e em informações obtidas

em campanhas anteriores, junho de

2007 e julho de 2004, caracterizou-se

as águas estuarinas, quanto a presença

de nutrientes, coliformes e carga

orgânica, medida como COT – Carbono

Orgânico Total e através da DBO –

Demanda Bioquímica de Oxigênio,

parâmetros relacionáveis a presença de

lançamento de esgotos sanitários

brutos.

Figura 7.4 – Localização das estações amostrais e da ETE no estuário dos rios

Pirapama/Jaboatão. Fonte: Google Earth, adaptação FH Engenharia Ambiental

27

Condições de Diluição e Depuração

É plausível considerar um percentual de

20% da vazão Q90% como a massa

d’água doce afluente outorgável para

disposição final de efluentes tratados. A

vazão Q90% corresponde ao valor que é

superado em 90% do tempo, e no caso

do ponto de disposição no rio Pirapama

monta em 10 m³/s, e assim os 20%

outorgáveis corresponderiam a 2 m³/s.

Este caudal é pequeno se comparado

ao volume de águas oceânicas que

diariamente afluem ao estuário, e que

de fato determinam as condições de

diluição e difusão para efluentes que

nele tenham disposição final. Os

mecanismos de biodegradação ou

autodepuração no trecho de 4,7 km

também não são relevantes se

comparados a esse fator de diluição.

Ocorre a cada ciclo de maré a entrada

de um grande volume de águas

oceânicas no estuário. De fato,

considerando valores conservadores

tais como a altura media de 1,0 m nas

marés de quadradura (as de sizígia

atingem 2,1 m), uma largura media de

150 m e a distancia de 4.700 m entre a

foz e o ponto de lançamento dos

efluentes tratados não reutilizados, o

volume de água oceânica afluente ao

estuário em cada preamar, será da

ordem de 700.000 m³, ou seja, 1,4

milhão de metros cúbicos a cada 24

horas ou 16.200 l/s em média. Esse

valor comparado a vazão media de

efluente tratado de 152 l/s, prevista em

fim de plano, proporciona no estuário

um fator de diluição maior que 1:100.

As análises de coliformes determinadas

nos pontos E4 e E5, mais influenciados

pelas marés, apontam entre os valores

de baixa mar e preamar relações

compatíveis com este fator de diluição

estimado. A entrada da água oceânica

também melhora muito as condições do

estuário quanto ao oxigênio dissolvido

nas águas, que aumenta

consideravelmente na preamar.

Vida Aquática

A caracterização das comunidades

aquáticas (planctônica, zoobentonica e

de peixes), na área de influência do

Sistema de Esgotamento Sanitário do

Loteamento Praia do Paiva e da

localidade de Itapuama, foi realizada no

mês de abril de 2008, no estuário rio

Pirapama, em quatro estações de

amostragem denominadas: E0, E3, E4

e E5, nas marés de enchente (EN) e

vazante (VZ), exceto na estação E0 por

não ter influência de salinidade foi

coletada apenas na maré vazante.

28

As comunidades aquáticas obtiveram

resultados para os parâmetros de

densidade e diversidade, influenciados

negativamente devido ao lançamento

de esgotos domésticos e industriais no

corpo hídrico.

Em resumo, a caracterização das

comunidades aquáticas gerou os

seguintes resultados:

Fitoplâncton – representado por 48

táxons, distribuídos em quatro divisões:

Chlorophyta, Cyanophyta,

Bacillariophyta e Pyrrophyta;

Zooplâncton – representado por 47

táxons, distribuídos em: Annelida,

Brachyura, Copepoda, Cnidária,

Insecta, Mollusca, Rotifera entre outros;

Ictioplâncton – representado por 9

táxons, distribuídos entre 8 famílias:

Achiridae (Solha), Atherinopsidae

(Peixe rei), Engraulidae (Arenque),

Gerreidae (Carapeba), Gobiidae

(Mingula), Mugilidae (Tainha),

Poeciliidae (Guarú) e Sciaenidae

(Pescada).

É importante notar que a presença de

larvas de peixes (comunidade

ictioplanctônica) e por conseqüência

seus filhotes e adultos, é maior nas

enchentes em função das melhores

condições do oxigênio dissolvido,

determinadas no monitoramento

realizado no estuário.

7.2. Meio Biótico

Os estudos de caracterização da flora

foram realizados através de

levantamento florístico, freqüência,

densidade, arquitetura da vegetação e

cálculos volumétricos de madeira, além

de informações sobre o solo. Os

resultados obtidos são instrumentos

fundamentais para subsidiar o

licenciamento pelo órgão ambiental

responsável. O conhecimento da flora

possibilita também a seleção das

espécies para a aplicação no

paisagismo, áreas de enriquecimento,

áreas verdes, APP’s (Áreas de Proteção

Permanente) e PRAD’s (Planos de

Recuperação de Áreas Degradadas) e o

local de instalação das edificações.

Neste caso a ETE, o local foi escolhido

considerando uma clareira existente na

área, a fim de minimizar o impacto

gerado pela supressão vegetal (Figuras

7.5 e 7.6).

29

Figura 7.5 – Clareira escolhida para implantação da ETE.

Figura 7.6 – Sobreposição do Projeto da ETE na área escolhida para implantação.

30

Flora

A descrição e caracterização da

cobertura vegetal foram feitas por

setores, para uma melhor compreensão

e por fim classificada por tipologias.

Nas áreas de influência direta e indireta

(AID e AII) da ETE foi verificada a

presença de 6 tipologias: Área

Antropizada (Solos Desnudos),

Vegetação Herbácea Antropizada com

Arbustos e Áreas em Moitas, Vegetação

Arbórea em Estágio Inicial de

Regeneração, Vegetação Arbórea em

Estágio Inicial à Médio de Regeneração,

Vegetação Arbórea em Estágio Médio

de Regeneração e Área Antropizada

(Lagoa), o que permitiu a elaboração de

uma Carta de Vegetação (Figura 7.7).

Houve a constatação da existência total

de 103 espécies distribuídas em 93

gêneros pertencentes a 48 famílias. As

famílias que apresentaram maior

número de espécies foram as Fabaceae

com 14, Anacardiaceae, Euphorbiaceae

e Poaceae com 6, Cyperaceae com 5 e

Verbenaceae com 4. Das espécies

encontradas, 34 são herbáceas, 25 são

arbustivas, 28 são arbóreas, 10 são

subarbustivas e 6 são trepadeiras.

São exemplos de espécies encontradas

na área: Tapirira guianensis (pau-

pombo), Didymopanax morototoni

(matataúba), Xylopia sericea (pindaíba)

e Genipa americana (jenipapo),

Simarouba amara (pau-paraíba),

Xylopia sericea, Elaeis guineensis

(dendê), Syzygium cumini (jamelão),

Heliconia psittacorum (bananeirinha-do-

mato), Sphagneticola trilobata (mal-me-

quer) Anacardium occidentale (cajueiro),

Mangifera indica (mangueira),

Acrocomia intumescens (macaibeira),

Protium heptaphyllum (amescla),

Guarea guidonea (bilreiro), Byrsonima

sericea (murici) e Vismia guianesis

(lacre, capianga). Destaca-se algumas

espécies com potencial ornamental e

que servem de alimento para os

animais, nas fotos a seguir:

Acrocomia intumescens. (macaibeira). Palmeira com potencial ornamental.

Bidens sp.(margarida) Espécie ornamental.

31

32

Figura 7.7 – Mapa de vegetação. Fonte: Elaborada pela FH Engenharia.

33

Fauna

O levantamento da macrofauna

terrestre na área de influência do

Sistema de Tratamento de Esgoto foi

realizado utilizando metodologias,

armadilhas e equipamentos específicos.

A partir do reconhecimento da área e

seu entorno, quando foram observadas

as formações vegetais e os recursos

hídricos, observou-se a presença de

algumas árvores frutíferas que, via de

regra, estão associadas à alimentação

dos animais, sobretudo de mamíferos e

aves. No entanto, a maioria das árvores

não se encontrava em fase de

frutificação, o que de certa forma

restringiu as opções alimentares da

fauna e conseqüentemente o registro de

seus representantes.

As espécies que possuem uma boa

adaptação em ambientes alterados e

suportam viver em áreas abertas foram

encontradas em maior número na área

em questão, corroborando assim o alto

índice de antropização do local.

São exemplos de espécies encontradas

na área: (rã-pimenta) Leptodactylus

labyrinticus, (caçote) Leptodactylus

ocellatus, (rã-boi) Odontophrynus

americanus, calango) Ameiva ameiva,

(lagartixa) Tropidurus hispidus, (jibóia)

Boa constrictor, (cobras-coral)

Oxyrhopus sp. e Micrurus sp, lagartos

(camaleão) Iguana iguana e (tejú ou

teiú) Tupinambis merianae, (suiriri)

Tyrannus melancholicus, (bico-chato-

amarelo) Tolmomyias flaviventris, (anu-

preto) Crotophaga ani, (bem-te-vi)

Pitangus sulphuratus; (cambacica)

Coereba flaveola; (fogo-apagou)

Columbina squammata; (lavadeira-

mascarada) Fluvicola nengeta; (urubu-

de-cabeça-preta) Coragyps atratus,

(gavião-caracará) Carcara plancus,

(Bacurau-tesoura) Hydropsalis

brasiliana e (Bacurau) Nyctidromus

albicollis, (rato-selvagem) Orizomys e

Artibaeus sp (morcego).

Carcara plancus (Gavião-caracará)

Artibaeus sp (Morcego )

34

7.3. Meio Socioeconômico

As variáveis populacionais registradas

no município do Cabo de Santo

Agostinho confirma a tendência mais

generalizada, no sentido de uma

crescente urbanização, sobretudo nos

espaços compreendidos pelas regiões

metropolitanas do Brasil.

O crescimento da população urbana,

nesse município, acarretou problemas

sociais vinculados à forte pressão sobre

a infra-estrutura e os serviços,

agravados por processos de ocupação

do solo prejudiciais ao ambiente natural

e, conseqüentemente, à qualidade de

vida das pessoas. Fortaleceu-se, assim,

ao longo dos anos, um quadro de

carências sociais que se defronta com

um poder público nem sempre capaz de

prover as necessidades básicas da

população.

O Loteamento Praia do Paiva

atualmente caracteriza-se como uma

área de ocupação rarefeita com certo

grau de degradação, tendo na

vizinhança a comunidade de Itapuama,

área urbana em consolidação com

ocupação desordenada.

8. AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Os impactos ambientais identificados

foram avaliados de acordo com a

Resolução CONAMA nº 001 de

23/01/86, Impacto Ambiental é definido

como: “Qualquer alteração das

propriedades físicas, químicas e

biológicas do Meio Ambiente, causada

por qualquer forma de matéria ou

energia resultante das atividades

humanas que, direta ou indiretamente,

afetem: (I) a saúde, a segurança e o

bem-estar da população; (II) as

atividades sociais e econômicas; (III) a

biota; (IV) as condições estéticas e

sanitárias do Meio Ambiente; (V) a

qualidade dos recursos ambientais.”

Atributos de Classificação dos

Impactos Ambientais

Valor ou Efeito

Positivos ou Negativos

Natureza

Diretos ou Indiretos

Temporalidade

Imediatos, a médio ou longo prazo

Periodicidade ou Duração

Temporários, Permanentes ou

Cíclicos

Reversibilidade

Reversíveis e/ou Irreversíveis

Abrangência

Local, Regional, Estratégico

Mitigabilidade Relevância

Mitigáveis ou Não Mitigáveis

35

A avaliação dos impactos ambientais

decorrentes da implantação do projeto

de esgotamento sanitário, envolve a

identificação e análise dos efeitos e

impactos passíveis de ocorrência nas

áreas de influência definidas para este

estudo, decorrente da proposta de

implantação e operação do Sistema de

Esgotamento Sanitário. Listou-se nove

impactos potencialmente negativos, a

maioria deles temporários relativos à

fase de implantação e oito impactos

positivos relacionados exclusivamente à

fase de operação e, portanto de caráter

permanente. Estes impactos positivos

foram numericamente inferiores na fase

de implantação, mas tiveram ao final

uma maior relevância traduzida por uma

soma de maiores pesos, de acordo com

a metodologia de análise aplicada.

Esse Sistema de Esgotamento Sanitário

proposto é fundamental para que seja

viável o funcionamento do

empreendimento Loteamento Praia do

Paiva, e constituem em essência macro

medidas mitigadoras para tanto. É,

portanto, a priori, iniciativa positiva que

compensa os eventuais impactos

negativos advindos da implantação do

loteamento, além de contribuir para a

melhoria da qualidade da vida na

localidade de Itapuama.

Os impactos ambientais potenciais para

as fases de implantação e operação são

apresentados nos Quadros 8.1 e 8.2.

36

Quadro 8.1 – Impactos Ambientais Identificados – Fase de Implantação. Atributo de Classificação

Atividade Geradora Impacto Potencial Efeito Natureza/ Temporalidade/ Abrangência

Duração/ Reversibilidade

Desmatamento, Movimentação de Terra, Tráfego e Obras Civis

Ruído Decorrente da Movimentação de Veículos e Máquinas

Direto/Imediato/

Local Temporário/ Reversível

Serviços Preliminares das Obras, Desmatamento, Destocamento, Limpeza, Movimentação de Terra, Tráfego e Obras Civis

Emissão de Poeira em Decorrência da Movimentação de Veículos e Máquinas

Direto/Imediato/

Local Temporário/ Reversível

Serviços Preliminares das Obras, Desmatamento e Obras Civis

Contaminação do Solo e Alteração da Qualidade das Águas pela Disposição Inadequada de Resíduos

Direto/Imediato/

Local Temporário/ Reversível

Desmatamento e Movimentação de Terra Erosão do Solo, Diminuição da Área de Infiltração e Assoreamento de Corpos de Água

Direto/Imediato/

Local Permanente/ Reversível

Recomposição Vegetal nas Áreas de Implantação Controle de Processos Erosivos através da Recomposição Vegetal e Implantação do Projeto Paisagístico Durante a Implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário

Direto/Médio Prazo/

Local Permanente/ Irreversível

Desmatamento Perda de Vegetação Direto/Imediato/

Local Permanente/ Irreversível

Serviços Preliminares das Obras, Desmatamento, Movimentação de Terra e Obras Civis.

Alteração na Paisagem Natural Direto/Imediato/

Local Permanente/ Irreversível

Desmatamento Perda de Habitat da Fauna Terrestre Direto/Imediato/

Local Temporário/ Reversível

Recomposição e enriquecimento da vegetação do entorno da ETE

Aumento da Biodiversidade no Entorno da ETE Direto/Médio Prazo/

Local Permanente/ Irreversível

Tráfego Interferências no Tráfego de Veículos Direto/Imediato/

Local Temporário/ Reversível

Em todas as ações do empreendimento inclusive na fase de Planejamento e Projeto

Geração de Emprego e Renda Direto/Imediato/

Regional Temporário/ Reversível

Serviços preliminares das obras, desmatamento, movimentação de terra, tráfego e obras civis

Incremento da Economia Direto/Imediato/

Regional Temporário/ Reversível

Escavação e Movimentação de Terra Destruição de Sítios Arqueológicos não Manifestos Direto/Imediato/

Local Permanente/ Irreversível

37

Quadro 8.2 – Impactos Ambientais Identificados – Fase de Operação. Atributos de Classificação

Ações Impacto Potencial Efeito Natureza/ Temporalidade/ Abrangência

Duração/ Reversibilidade

Operação do Sistema de Esgotamento Sanitário

Lançamento do Excedente dos Efluentes Tratados não Reutilizados na Irrigação, no Trecho Estuarino do Rio Pirapama

Indireto/Imediato/ Regional

Permanente/ Reversível

Operação do Sistema de Esgotamento Sanitário

Contaminação do Solo e Alteração da Qualidade das Águas pela Disposição Inadequada de Efluente em Decorrência de Falhas de Funcionamento das Estações Elevatórias e ETE

Direto/Imediato ou de Curto Prazo/

Regional Local

Temporário/ Reversível

Operação Confiável do Sistema de Esgotamento Sanitário

Redução da Contaminação e Proteção do Lençol Freático Direto/Imediato/Local

Permanente/ Irreversível

Operação Confiável do Sistema de Esgotamento Sanitário

Melhoria, Proteção da Qualidade da Águas de Superfície Direto/Imediato/ Regional

Permanente/ Irreversível

Operação do Sistema de Esgotamento Sanitário, Tratamento e Reutilização Agrícola do Efluente Sanitário

Exploração Racional dos Recursos Hídricos

Direto/Imediato/ Local

Permanente/ Irreversível

Tratamento e Acondicionamento dos Biossólidos Gerados na ETE

Recuperação de Áreas Degradadas por Exploração Mineral e conservação do Solo na Região pela Utilização dos Biossólidos gerados na ETE

Direto/Médio Prazo/

Regional Temporário/ Reversível

Operação do Sistema de Esgotamento Sanitário

Melhoria da Saúde Publica em Decorrência do Funcionamento do Sistema de Esgotamento Sanitário

Indireto/Médio Prazo/Regional

Permanente/ Reversível

Operação do Sistema de Esgotamento Sanitário

Impacto sobre a Comunidade Circunvizinha devido a Produção de Ruído e Odores

Direto/Imediato/Local

Permanente / Reversível

Operação do Sistema de Esgotamento Sanitário

Melhoria e Desenvolvimento de Boas Condições de Saúde Pública

Indireto/Médio Prazo/ Regional

Permanente/ Reversível

Operação do Sistema de Esgotamento Sanitário

Geração de Emprego e Renda – Operação do Sistema Direto/ Médio Prazo /

Local Permanente/ Reversível

38

8.2. Medidas Mitigadoras

Para os efeitos negativos dos impactos

foram identificadas Medidas Mitigadoras

com providências especificadas e

agrupadas em diversos programas e

planos de controle sanitário e ambiental.

As principais Medidas Mitigadoras ou

providências destinadas a diminuir o

efeito dos impactos ambientais

negativos e ampliar os positivos,

passíveis de ocorrência na área de

influência do Sistema de Esgotamento

Sanitário do Loteamento Praia do Paiva

e localidade de Itapuama estão listadas

a seguir:

• Capacitação de empregados em

relação às questões ambientais e

de segurança no trabalho;

• Exigência pelo efetivo uso dos

protetores auriculares e

conhecimento dos efeitos à saúde

de altos níveis de ruído por parte

dos trabalhadores;

• Utilização de capa para recobrir as

caçambas utilizadas no transporte

do material excedente das obras;

• Implantação do Projeto de

Educação Sanitária e Ambiental

voltado para os operários da

implantação das obras;

• Não pavimentação de áreas que

não serão edificadas;

• Recolhimento de todo material do

“bota-fora” em local previamente

selecionado e definido no PGRS;

• Implantação de dispositivos para

captação e infiltração de águas de

chuva;

• Realização da supressão gradual

da cobertura vegetal;

• Utilização de espécies nativas no

revestimento vegetal;

• Implantação do Plano de

Recuperação das Áreas

Degradadas após o término das

intervenções;

• Preferência de contratação de mão-

de-obra e de serviços na região de

Cabo de Santo Agostinho;

• Promoção da melhoria da estrada

trafegável em sintonia com ações

da Prefeitura de Cabo de Santo

Agostinho;

• Treinamento dos trabalhadores das

obras para reconhecimento

expedito de vestígios arqueológicos.

39

8.3. Programas de Acompanhamento

e Monitoramento de Impactos

Com o intuito de reparar, minimizar ou

evitar possíveis danos gerados ao

ambiente serão implantados alguns

Planos e Programas, paralelos às fazes

de implantação e operação do

empreendimento:

• Programa de Comunicação Social;

com o objetivo de promover a

divulgação do projeto junto à

população da AID área de influencia

direta, em particular aquela que

reside nas proximidades dos limites

do empreendimento, em especial no

que se refere aos cuidados com o

meio ambiente e ações para

minimizar possíveis transtornos na

fase de implantação.

• Plano de Gerenciamento Integrado

de Resíduos da Construção Civil;

com o objetivo de manejo da geração

dos resíduos sólidos, contemplando a

segregação na origem, coleta,

manipulação, acondicionamento,

armazenamento, transporte,

minimização, reutilização,

reciclagem, tratamento e disposição

final.

• Programa de Educação Sanitária e

Ambiental para Funcionários; com o

objetivo de desenvolver o Programa

de Educação Ambiental – PEA – com

a participação de funcionários do

empreendimento, visando à formação

de multiplicadores capazes de

assumir posições e atividades de

cuidados e respeito com o meio

ambiente durante as obras.

• Programa de Monitoramento e

Controle de Processos Erosivos; com

o objetivo de proteger os solos de

erosões, as linhas de drenagem

naturais, os cursos d’água de

assoreamento, a degradação da

qualidade de águas e a modificação

ou destruição de habitats aquáticos.

• Plano de Salvamento de Flora e

Fauna; com o objetivo de conservar o

patrimônio botânico dos

ecossistemas local, através da coleta

de sementes e mudas vegetais para

uma posterior revegetação e

enriquecimento da área a ser

suprimida. Resgatar os exemplares

da macrofauna, presentes na área de

influência direta do empreendimento

a ser implantado, utilizando diretrizes

para o manejo e relocação dos

mesmos. Atentando na escolha da

área que será utilizada para a

reintrodução das espécies, que

40

deverá estar de acordo com as

normas estabelecidas.

• Programa de Segurança e Higiene na

Operação e Manutenção do Sistema

de Esgotamento Sanitário; com o

objetivo de garantir condições de

trabalho capazes de manter um nível

de saúde e segurança dos

colaboradores e trabalhadores do

empreendimento.

• Programa de Integração e

Capacitação de Mão de Obra Local;

com o objetivo de conseguir o

crescimento do colaborador, através

da educação e treinamento, para

melhorar a qualidade da mão-de-

obra, elemento fundamental para um

bom desempenho nas obras de

implantação.

• Programa de Recuperação de Áreas

Degradadas; com o objetivo de

contemplar todas as ações

necessárias para promover a

recomposição e a recuperação das

áreas degradadas em função da

construção da ETE.

• Plano de Operação e Manutenção do

Sistema de Esgotamento Sanitário;

com o objetivo de desenvolver um

documento base para o

gerenciamento técnico do Sistema de

Esgotamento Sanitário.

• Programa de Prospecção

Arqueológico e de Resgate; com o

objetivo de cumprir a legislação

pertinente ao licenciamento para a

implantação da Estação de

Tratamento de Efluentes Sanitários -

ETE do Empreendimento Praia do

Paiva.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Sistema de Esgotamento Sanitário

têm por si só um caráter positivo, pois

coletará e tratará os efluentes sanitários

para o futuro empreendimento

Loteamento Praia do Paiva e

comunidade Itapuama, mas mesmo

assim é necessário avaliar potenciais

impactos ambientais.

Desde a concepção do projeto foram

adotados critérios para minimizar

potenciais impactos ambientais na

implantação e operação do sistema. No

tocante a implantação destaca-se que

escolheu-se uma clareira como área

para a implantação da ETE reduzindo

quase integralmente a necessidade de

supressão da vegetação.

Os potenciais impactos decorrentes da

disposição final do efluente tratado no

41

estuário do Rio Pirapama será

minimizado pelo reuso do mesmo na

irrigação do campo de golfe.

É importante ressaltar que o efluente

tratado atende as recomendações da

CPRH e CONAMA, e será encaminhado

para o corpo receptor apenas quando

não houver consumo da irrigação

disporá de condições favoráveis de

diluição. Além disso apresenta algumas

características melhores que o próprio

corpo receptor (estuário). A reutilização

do efluente tratado na irrigação

contribuirá para a utilização racional dos

recursos hídricos locais.