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Monitoramento Ambien qu UNIV FACULDAD CURS Monitoramento Calibraçã A imagem vinculada não pode ser exibida. Talvez o arquivo tenha sido movido, renomeado ou excluído. Verifique se o vínculo aponta para o arquivo e o local corretos. ntal das Águas do Rio Passo Fundo e calibr ualidade, utilizando o software QUAL2K VERSIDADE DE PASSO FUND DE DE ENGENHARIA E ARQUITE SO DE ENGENHARIA AMBIENTA Rogério Luís Casagrande o Ambiental das Águas do Rio Pa ão de Modelo de Qualidade - QU Passo Fundo, 2011. ração de modelo de DO ETURA AL asso Fundo e UAL2K

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Monitoramento Ambiental das Águas do Rio Passo Fundo e calibração de modelo de qualidade, utilizando o software

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Monitoramento

Calibração

A imagem vinculada não pode ser exibida. Talvez o arquivo tenha sido movido, renomeado ou excluído. Verifique se o v ínculo aponta para o arquivo e o local corretos.

mbiental das Águas do Rio Passo Fundo e calibração de modelo de qualidade, utilizando o software QUAL2K

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

URSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Rogério Luís Casagrande

Monitoramento Ambiental das Águas do Rio Passo Fundo e

alibração de Modelo de Qualidade - QUAL2K

Passo Fundo, 2011.

mbiental das Águas do Rio Passo Fundo e calibração de modelo de

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

URSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

das Águas do Rio Passo Fundo e

QUAL2K

2

Rogério Luís Casagrande

Monitoramento Ambiental das Águas do Rio Passo Fundo

e Calibração de Modelo de Qualidade QUAL2K

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao curso de Engenharia Ambiental, como parte

dos requisitos exigidos para obtenção do título

de Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof. Eduardo Pavan Korf, Mestre

em Engenharia

Passo Fundo, 2011.

3

Rogério Luís Casagrande

Monitoramento Ambiental das Águas do Rio Passo Fundo e

Calibração de Modelo de Qualidade – QUAL2K

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e

Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora:

Orientador:_________________________

Eduardo Pavan Korf, Engenheiro Ambiental, Mestre

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

___________________________________

Simone Fiori, Engenheira Civil, Mestre

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

___________________________________

Marcelo Henkemeier, Químico Doutor.

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

Passo Fundo, dezembro de 2011.

4

“O homem acredita mais com os olhos do que com

os ouvidos. Por isso longo é o caminho através de

regras e normas, curto e eficaz através do exemplo”

Sêneca

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter-me concedido vida e saúde para poder aprender cada

vez mais e por me dar força, não me deixando desistir nas horas mais difíceis;

Dedico este trabalho “in memorian” a minha avó materna (Assunta), que estando onde estiver

seus ensinamentos serviram para me tornar parte do que hoje sou.

A toda minha família que sempre me apoiou em todos os momentos difíceis, minha mãe

Analice com incansáveis conselhos que levarei para toda a vida. E mesmo pela distância

nunca deixaram de me ajudar no possível, com luta e determinação, para meu sonho ser

realizado;

Ao meu pai Luiz, por todas as viagens até Passo Fundo para ajudar-me nas coletas de

monitoramento efetuadas para este trabalho;

Ao orientador Prof. Eduardo Pavan Korf, agradeço pela confiança e principalmente pela

dedicação ao meu trabalho, paciência e auxilio prestado. Sendo um amigo em todos os

momentos e um excelente professor e profissional;

A todos os meus professores, que contribuíram não somente para meu crescimento

acadêmico, mas também como cidadão;

A responsável pelo laboratório da engenharia ambiental Marilda, pela ajuda amizade e auxilio

prestado ao longo de todas as analises realizadas.

Agradeço a todas as amizades feitas nesses anos de faculdade. Em especial a “Máfia do

Schweig”. Ao Heberton pela força e conselhos prestados nas horas de extrema necessidade, e

aos amigos da turma de engenharia 2007/1 que tive o prazer de conviver e que estão agora se

formando comigo, Maikielli, Iziquiel e Rubinho... entre muitos outros.

Enfim, a todos que de alguma maneira colaboraram para meu crescimento profissional e

pessoal.

6

RESUMO

A ação antrópica modifica os ecossistemas naturais, alterando as transferências de

sedimentos e nutrientes aos ambientes aquáticos. O presente projeto tem como objetivo o

monitoramento da qualidade das águas superficiais do trecho do Rio Passo Fundo, localizado

na zona de influência da área urbana da cidade de Passo Fundo - RS e a calibração de dados

monitorados ao modelo de qualidade da água de rios, utilizando solução numérica

introduzidas no software QUAL2K para determinação dos parâmetros cinéticos e de

degradação dos poluentes predominantes. O monitoramento ocorreu em um período de 117

dias, com inicio em janeiro de 2011, realizando-se cinco amostragens em cada um dos pontos

selecionados com intervalos mensais. Os parâmetros analisados foram temperatura, turbidez,

condutividade elétrica, oxigênio dissolvido (OD), pH, demanda bioquímica de oxigênio

(DBO), demanda química de oxigênio (DQO), sulfatos, cloretos, nitrogênio total, fósforo total

e coliformes termotolerantes. Os resultados para pH, turbidez, sulfatos, temperatura e

condutividade elétrica estão de acordo com a Resulução CONAMA nº 357/2005. Os demais

parâmetros apresentaram variações em algumas coletas, sendo os valores de OD e DBO os

mais críticos para todos os tempos amostrados. As descargas de efluente doméstico e

industrial em pontos específicos são as possíveis causas pela não conformidade dos

parâmetros analisados com a resolução de qualidade de corpos hídricos. O modelo calibrado

QUAL2K mostrou-se como um instrumento para o auxilio na gestão dos recursos hídricos,

uma vez que se conseguiu observar os resultados de autodepuração a jusante do rio em

estudo.

1

ABSTRACT

The human action modifies the natural ecosystems, altering the transfer of sediment

and nutrients to aquatic environments. This project aims to monitor the quality of surface

waters of the river stretch of Passo Fundo, located in the zone of influence of the urban area of

the city of Passo Fundo - RS and calibration of monitoring data to the model of water quality

of rivers using introduced in the numerical solution QUAL2K software to determine the

kinetic parameters and degradation of pollutants prevalent. The monitoring occurred in a

period of 117 days, starting in January 2011, there were five samples in each of the selected

points at monthly intervals. The parameters studied were temperature, turbidity, conductivity,

dissolved oxygen (DO), pH, biochemical oxygen demand (BOD), chemical oxygen demand

(COD), sulfates, chlorides, total nitrogen, total phosphorus and fecal coliform. The results for

pH, turbidity, sulfates, temperature and electrical conductivity are in agreement with the

Resulução CONAMA 357/2005. The other parameters showed variations in some samples,

the values of DO and BOD the most critical times for all sampled. The discharge of industrial

wastewater and specific points are possible causes for non-conformity of the parameters

analyzed with the resolution of quality of water bodies. The calibrated model QUAL2K,

proved to be a tool to aid in the management of water resources, since it was able to observe

the results of self-purification in the river downstream of the study.

2

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Diagrama de um corpo hídrico sem tributários. ........................................................ 27

Figura 2. Diagrama de um corpo hídrico com seus tributários ................................................ 28

Figura 3: Canal trapezoidal (equação de Manning).................................................................. 29

Figura 4. Balanço geral de calor simulada ............................................................................... 29

Figura 5. Divisão Bacia Hidrográfica ....................................................................................... 34

Figura 6. Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo. .................................................................. 36

Figura 7. Efluente sendo lançado in situ entre o 5,76 km e 8,57 km........................................ 37

Figura 8. Resíduo seco nas águas do Rio Passo Fundo ............................................................ 38

Figura 9: Pontos de Monitoramento do Rio Passo Fundo. ....................................................... 39

Figura 10. Inicio do monitoramento (km 0) ............................................................................. 40

Figura 11. Córrego km 2,5, próximo as residências ................................................................. 40

Figura 12. km 5,76 - próximo a Empresa COLEURB ............................................................. 41

Figura 13. km 8,57 próximo a Embrapa Trigo ......................................................................... 41

Figura 14. Técnica de coleta de águas superficiais efetuada diretamente com as mãos. ......... 44

Figura 15: Divisão do rio em elementos ................................................................................... 46

Figura 16 - Precipitação (mm) no primeiro semestre em Passo Fundo 2011 ........................... 54

Figura 17. Variação espacial média da vazão (m³/s) ................................................................ 55

Figura 18. Variação da temperatura por tempo de coleta. ........................................................ 56

Figura 19. Variação espacial da temperatura média ................................................................. 57

Figura 20. Variação do pH por tempo de coleta. ...................................................................... 58

Figura 21. Variação espacial média do pH ............................................................................... 58

Figura 22. Variação de DBO por tempo de coleta. .................................................................. 59

Figura 23. Variação espacial média da DBO ........................................................................... 60

Figura 24. Variação de DQO por tempo de coleta. .................................................................. 61

Figura 25: Variação espacial média da DQO ........................................................................... 61

Figura 26. Variação de OD por tempo (dias) de coleta ............................................................ 63

Figura 27. Variação espacial média de OD .............................................................................. 63

Figura 28. Variação OD X DBO nos 112 dias ......................................................................... 65

Figura 29. Variação de Nitrogênio por tempo (dias) de coleta ................................................ 66

Figura 30. Variação espacial média de Nitrogênio................................................................... 66

Figura 31. Variação de fósforo por tempo (dias) de coleta ...................................................... 67

Figura 32. Variação espacial média de fósforo ........................................................................ 68

3

Figura 33. Variação de Cloretos por tempo (dias) de coleta .................................................... 69

Figura 34. Variação espacial média de Cloretos ...................................................................... 69

Figura 35. Variação de sulfato por tempo (dias) de coleta ....................................................... 71

Figura 36. Variação espacial média de Sulfato ........................................................................ 71

Figura 37. Variação de Condutividade Elétrica por tempo (dias) de coleta ............................. 72

Figura 38. Variação espacial média de Condutividade Elétrica ............................................... 72

Figura 39. Variação da Turbidez por tempo (dias) de coleta ................................................... 74

Figura 40. Variação espacial média da Turbidez ..................................................................... 74

Figura 41. Variação de coliformes termotolerantes por tempo (dias) de coleta ....................... 75

Figura 42. Variação espacial média de Coliformes Termotolerantes ....................................... 76

Figura 43: Vazão média ao longo do eixo longitudinal do percurso em estudo do Rio Passo

Fundo ................................................................................................................................. 77

Figura 44: Variação da temperatura ao longo do eixo longitudinal do percurso em estudo do

Rio Passo Fundo ................................................................................................................ 78

Figura 45: Variação do pH ao longo do eixo longitudinal do percurso em estudo do Rio Passo

Fundo. ................................................................................................................................ 80

Figura 46: Concentração de fósforo orgânico ao longo do eixo longitudinal .......................... 81

Figura 47: Concentração de fósforo inorgânico ao longo do eixo longitudinal ....................... 81

Figura 48: Concentração de nitrogênio orgânico ao longo do eixo longitudinal ..................... 83

Figura 49: Concentração de nitrogênio inorgânico ao longo do eixo longitudinal .................. 83

Figura 50: Concentração de DBO ao longo do eixo longitudinal ............................................ 85

Figura 51: Concentração de OD ao longo do eixo longitudinal ............................................... 86

4

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Evolução dos modelos de qualidade da água .......................................................... 24

Quadro 2. Diferenças entre o QUAL2K e o Qual2E ................................................................ 26

Quadro 3: Variáveis simuladas pelo modelo QUAL2K ........................................................... 30

Quadro 4: Equações de previsão para o coeficiente de reaeração, K2, (d-1), na base

logarítmica, a 20 ºC. ........................................................................................................... 31

Quadro 5: Valores típicos dos coeficientes de remoção de DBO (K1 e K2) a 20 ºC ............... 33

Quadro 6. Parâmetros monitorados e analisados em laboratório ............................................. 42

Quadro 7: Precipitação (mm) dos 7 dias anteriores de cada coleta. ......................................... 44

Quadro 8: Representação dos trechos simulados ..................................................................... 46

Quadro 9: Representação dos elementos simulados ................................................................. 46

Quadro 10: Planilha “Reach” usada para especificar os elementos, à distância e elevações .. 49

Quadro 11: Planilha usada para a entrada dos dados de calibração da cabeceira do rio .......... 49

Quadro 12: Planilha com dados hidráulicos ............................................................................. 51

Quadro 13: Planilha de água WQ Data .................................................................................... 52

Quadro 14: Coeficientes de calibração do QUAL2K para fósforo orgânico e inorgânico....... 81

Quadro 15: Coeficientes usados na calibração do modelo para N orgânico e inorgânico. ...... 84

5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores típicos de parâmetros de carga orgânica (mg/l) no esgoto sanitário ........... 17

Tabela 2: Coeficiente de reaeração para corpos hídricos com diversas características ............ 32

6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 8

1.1 Problema de Pesquisa .................................................................................................. 8

1.2 Justificativa .................................................................................................................. 9

1.3 Objetivos .................................................................................................................... 11

1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 11

1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 11

2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 12

2.1 A Poluição Hídrica e a Gestão dos Recursos Hídricos .............................................. 12

2.2 As Bacias Hidrográficas ............................................................................................ 13

2.2.1 Mananciais Urbanos ........................................................................................... 13

2.3 Impactos das ações humanas sobre a qualidade da água ........................................... 14

2.3.1 Esgoto Doméstico ............................................................................................... 16

2.3.2 Esgoto Industrial ................................................................................................. 17

2.4 O monitoramento dos recursos hídricos .................................................................... 18

2.5 Indicadores de Qualidade de Água ............................................................................ 19

2.6 As Legislações e Padrões de Qualidade das Águas Superficiais ............................... 20

2.7 Transporte de Massa em Rios .................................................................................... 21

2.8 Dispersão Longitudinal .............................................................................................. 23

2.9 Modelos Matemáticos de qualidade da água ............................................................. 23

2.9.1 Modelo QUAL2K ............................................................................................... 26

3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 34

3.1 Local de Estudo ......................................................................................................... 34

3.1.1 Caracterização da Bacia do Rio Passo Fundo .................................................... 34

3.1.2 Caracterização do Rio Passo Fundo ................................................................... 36

3.2 Pontos Monitorados ................................................................................................... 38

3.3 Parâmetros Monitorados, métodos de análise e amostragem .................................... 42

3.4 Variáveis Hidrológicas .............................................................................................. 44

3.5 Utilização do Modelo ................................................................................................. 45

3.5.1 Calibração do Modelo QUAL2K ....................................................................... 47

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 54

4.1 Parâmetros Hidrológicos ............................................................................................ 54

7

4.2 Monitoramento Temporal e Espacial ......................................................................... 55

4.2.1 Vazão .................................................................................................................. 55

4.2.2 Temperatura ........................................................................................................ 56

4.2.3 Potencial Hidrogenionico (pH) ........................................................................... 57

4.2.4 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) ........................................................ 59

4.2.5 Demanda Química de Oxigênio (DQO) ............................................................. 61

4.2.6 Oxigênio Dissolvido (OD) ................................................................................. 62

4.2.7 OD x DBO .......................................................................................................... 64

4.2.8 Nitrogênio Total ................................................................................................. 65

4.2.9 Fósforo ................................................................................................................ 67

4.2.10 Cloretos ............................................................................................................... 69

4.2.11 Sulfatos ............................................................................................................... 70

4.2.12 Condutividade Elétrica ....................................................................................... 72

4.2.13 Turbidez .............................................................................................................. 73

4.2.14 Coliformes Termotolerantes ............................................................................... 75

4.3 Simulação do Modelo QUAL2K ............................................................................... 77

4.3.1 Vazão .................................................................................................................. 77

4.3.2 Temperatura ........................................................................................................ 78

4.3.3 pH ....................................................................................................................... 79

4.3.4 Fósforo orgânico e inorgânico ............................................................................ 80

4.3.5 Nitrogênio Orgânico e Inorgânico ...................................................................... 82

4.3.6 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) ........................................................ 84

4.3.7 Oxigênio Dissolvido (OD) ................................................................................. 86

5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES ........................................................................................ 88

5.1 Conclusão ................................................................................................................... 88

5.2 Sugestões ................................................................................................................... 89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 90

8

1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema de Pesquisa

Dentre os recursos naturais fundamentais, a água é o que possui maior destaque, pois

sua disponibilidade é necessária a todo tipo de vida no planeta, bem como para a maioria dos

meios de produção. A disponibilidade de água significa não somente que ela seja satisfatória

em quantidade, mas também que sua qualidade para suprir as necessidades de um

determinado conjunto de seres vivos.

Quando o esgoto sanitário é lançado in natura nos corpos d’água, isto é, sem receber

tratamento prévio, dependendo da relação entre as vazões de esgoto lançado e do corpo

receptor, podem-se esperar, na maioria das vezes, sérios prejuízos à qualidade da água

(NUVOLARI, 2003). Além do aspecto visual desagradável, pode haver declínio dos níveis de

oxigênio dissolvido (OD), afetando a sobrevivência dos organismos aquáticos, exalação de

gases mal cheirosos e possibilidade de contaminação de animais e seres humanos pelo

consumo ou contato com essa água, dentre outros aspectos.

O saneamento precário e a ausência de esgoto tratado podem fazer com que o solo e as

águas superficiais e subterrâneas sejam contaminados por agentes patogênicos presentes nas

fezes dos seres humanos e dos animais. Esses agentes podem atingir a água potável, usada no

cultivo de alimentos e contato humano, causando malefícios ao organismo humano. As

pessoas também se contaminam pelo contato com a água através da recreação de contato

primário. A maior parte das águas coletadas pelos sistemas de esgoto em países em

desenvolvimento é despejada sem tratamento em rios, lagos e oceanos, prejudicando os

potenciais benefícios à saúde das instalações básicas, sendo que apenas uma pequena fração

recebe tratamento adequado (CLARKE e KING, 2005 apud BOTTINO, 2008).

A qualidade de um recurso hídrico é diretamente proporcional à ocupação da bacia

hidrográfica e às atividades nela desenvolvidas (MINELLA, 2005). A cidade de passo fundo,

localizada no norte do estado do Rio Grande do Sul teve um crescimento populacional

acelerado nos últimos anos, o que resultou no aumento da geração de resíduos sólidos e

efluentes líquidos, fato que se agrava pela ausência de uma rede adequada de saneamento. A

presença de alguns bairros e localidades, cujo acelerado processo de ocupação, muitas vezes

9

irregular, foi responsável pela alteração significativa do aspecto original de qualidade das

águas superficiais. Uma vez que as porções ribeirinhas já tenham sido ostensivamente

ocupadas, iniciou-se um processo de ocupação urbanística para o interior da área, provocando

um crescimento acelerado e desordenado.

Nesse contexto, Benassi (2002) apud BOTTINO (2008), relata que os cursos d’água

possuem capacidade natural de depurar a matéria orgânica, já que os rios são ecossistemas

predominantes heterotróficos e possuem uma gradiente longitudinal. Entretanto, o lançamento

indiscriminado de efluentes pode ultrapassar a capacidade de suporte do ambiente aquático,

ou seja, exceder a capacidade do rio em suportar ou mesmo estimular alterações nos processos

químicos, físicos e biológicos para a manutenção da qualidade das águas.

1.2 Justificativa

A modelagem ambiental é uma ferramenta importante para avaliar, dentre outras

funções, a qualidade das águas superficiais e a sua capacidade de autodepuração e suporte das

cargas orgânicas lançadas por fontes poluidoras. Dessa forma, é possível que se faça um

diagnóstico da qualidade de água do trecho estudado e também um prognóstico com cenários

futuros da qualidade da água, com a inserção ou exclusão de fontes poluidoras.

O monitoramento ambiental da qualidade das águas se faz necessário para calibração

de modelos de qualidade, com o objetivo de determinar os parâmetros que caracterizam os

processos físicos de transporte e cinética dos poluentes no corpo hídrico superficial. Para isso,

é necessário avaliar quais os poluentes que são passíveis de alteração da qualidade das águas

superficiais devido à ação das fontes poluidoras predominantes.

Assim, a modelagem da qualidade da água apresenta-se como instrumento para obtenção

de informações sobre os processos e interações que ocorrem no corpo hídrico, bem como, seu

comportamento atual e futuro frente às diversas situações. Os modelos matemáticos estão sendo

cada vez mais utilizados em estudos ambientais, pois auxiliam na compreensão dos impactos

resultantes das mudanças no uso da terra e na previsão de alterações futuras nos ecossistemas

(RENNÓ & SOARES, 2000).

Para que este gerenciamento de controle e proteção dos recursos hídricos possa ser de

fato realizado, é importante a utilização de ferramentas que nos possibilitem uma análise mais

10

complexa e um prognostico mais próximo a realidade. Para tanto, existem os modelos

matemáticos de qualidade, que são utilizados para este fim, permitindo uma simulação dos

processos de autodepuração dos rios e, conseqüentemente, auxílio no processo de tomada de

decisão para o gerenciamento deste recurso.

Segundo Chapra (2008), o software QUAL2K é uma solução numérica do modelo da

qualidade de águas superficiais e é comumente aplicado na simulação da qualidade de água

em córregos e rios. Pode ser utilizado, para fazer a previsão dos impactos ambientais em

relação à qualidade da água proporcionados pela instalação e operação de um determinado

empreendimento. Baseia-se em equações diferenciais ordinárias para sistemas

unidimensionais e de fluxo constante, podendo ser utilizado para simular o comportamento de

diversos indicadores e parâmetros de qualidade da água, fornecendo informações sobre o

comportamento do meio sob as condições impostas pelo empreendimento sem que o mesmo

ainda não esteja instalado, ou seja, uma importante ferramenta para a avaliação de impacto

ambiental.

A modelação da qualidade da água do Rio Passo Fundo irá fornecer informações úteis

sobre mecanismos e interações que justificam os variados comportamentos dinâmicos da

água, constituindo-se uma base racional para tomada de decisões no manejo de recursos

hídricos. Será possível explicar algumas propriedades do sistema, principalmente quantificar a

capacidade de autodepuração do corpo hídrico, antevendo assim os impactos decorrentes de

uma possível descarga poluidora. Diante da calibração do modelo ao cenário atual poluidor do

rio Passo Fundo – RS, poderão ser determinar coeficientes cinéticos e de degradação para

diferentes parâmetros de qualidade da água, permitindo, por fim, executar-se a avaliação e

comparação de diferentes cenários futuros.

11

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho foi monitorar a qualidade da água em um trecho do Rio

Passo Fundo, localizado na zona de influência da área urbana e a calibração de dados

monitorados ao modelo de qualidade, utilizando solução numérica implementada no software

QUAL2K para determinação dos parâmetros cinéticos e de degradação dos poluentes

predominantes.

1.3.2 Objetivos Específicos

Para o cumprimento do objetivo geral os seguintes objetivos específicos foram

propostos:

a) Analisar a variabilidade temporal e espacial das variáveis físicas, químicas e

biológicas de qualidade do Rio Passo Fundo;

b) Caracterizar a qualidade da água de acordo com os limites de qualidade impostos

pela legislação vigente;

c) Realizar a calibração das variáveis monitoradas ao modelo de qualidade de águas

superficiais, utilizando a solução numérica implementada no software QUAL2K.

12

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A Poluição Hídrica e a Gestão dos Recursos Hídricos

O crescimento da demanda mundial, por água de boa qualidade, à uma taxa superior à

taxa de renovação do ciclo hidrológico, é um consenso nos meios técnicos e científicos

internacionais. Este crescimento tende a se tornar uma das maiores pressões antrópicas sobre

os recursos naturais do planeta no próximo século. De fato, o consumo mundial d'água

cresceu mais de seis vezes entre 1900 e 1995 - mais que o dobro das taxas de crescimento da

população - e continua a crescer rapidamente com a elevação de consumo dos setores

agrícola, industrial e residencial (WMO, 1997).

A escassez de recursos hídricos traz sérias limitações para o desenvolvimento, ao

restringir o atendimento às necessidades humanas, o que freqüentemente é acompanhado pela

degradação acelerada dos ecossistemas aquáticos. A escassez e a degradação não são

fenômenos que acontecem apenas nos dias de hoje. Por volta de 2000 a.C., a decadência

econômica dos sumérios decorreu da estagnação de sua agricultura irrigada em razão da

salinização do solo. Grandes impérios na Mesopotâmia, no Egito, na Índia e na China

dependiam diretamente do aproveitamento dos seus recursos hídricos. Tales de Mileto, 625-

558 a.C., já afirmava que a água estava no princípio de tudo e, um pouco mais tarde, Platão,

427-558 a.C., defendeu a necessidade de disciplinar o uso e de se evitar a degradação dos

corpos de águas (FREITAS, 2000).

À escassez d'água, que é grave em diversas regiões, adiciona-se a poluição

concentrada e difusa dos corpos hídricos. Somente a imposição de marcos regulatórios cada

vez mais restritivos e a realização de investimentos em estações de tratamento d'água

permitirão aos países melhorar gradualmente a qualidade de seus corpos hídricos. Mesmo nos

países mais desenvolvidos, uma boa parcela das águas poluídas ainda não é tratada, antes de

descarregadas nos rios, lagos e oceanos. Nos países do Sul da Europa Ocidental, mais de 50%

das populações ainda não têm acesso às redes de esgotamento sanitário. A situação é bem pior

nos países em desenvolvimento. A saúde humana é gravemente afetada pela aceleração da

contaminação de recursos d'água potável, especialmente em regiões de urbanização intensa.

Eutrofização, metais pesados, acidificação, poluentes orgânicos e outros efluentes tóxicos

13

degradam os corpos hídricos de áreas densamente povoadas. A poluição afeta igualmente os

recursos hídricos subterrâneos, onde a contaminação é lentamente diluída e as práticas de

despoluição são extremamente onerosas. (FREITAS, 200).

Segundo Freitas (2000), o Brasil possui a maior disponibilidade hídrica do planeta, ou

seja, 13,8% do deflúvio médio mundial. A produção hídrica, em território nacional é de

182.170 m³/s, o que equivale a um deflúvio anual de cerca de 5.744 kMc. Levando-se em

consideração as vazões produzidas na área das bacias da Amazônia, Paraná, Paraguai e

Uruguai que se encontra em território estrangeiro, estimadas em 76.580 m³/s, essa

disponibilidade hídrica total atinge 258.750 m³/s.

Apesar de possuir a maior disponibilidade mundial, os dados do balanço hídrico

mostram que existe uma grande diversidade hidrológica dentro do território brasileiro A

concentração populacional precisamente em regiões de menor disponibilidade é um fator

complicador para a gestão dos recursos hídricos no país (FREITAS, 2000).

2.2 As Bacias Hidrográficas

2.2.1 Mananciais Urbanos

Águas superficiais são encontradas na rede de rios da bacia hidrográfica onde a

população se desenvolve. Uma seção de um rio define a sua bacia hidrográfica. Essa bacia é a

área definida pela topografia superficial em que, a chuva ali precipitada, potencialmente

contribui com escoamento pela seção que a define. A vazão de um rio varia muito ao longo do

ano, portanto é necessário conhecer essa variabilidade para melhor definir a disponibilidade

natural do rio no atendimento da demanda (TUCCI, 2005).

A disponibilidade hídrica de uma bacia é avaliada com base na série hidrológica de

vazões afluentes através da sua distribuição estatística temporal. Essas vazões dependem das

características da precipitação, evapotranspiração (total, variabilidade temporal e espacial) e

da superfície do solo, que são os condicionantes naturais (TUCCI, 1997).

O desenvolvimento urbano tem produzido um ciclo de contaminação gerado pelos

efluentes da população urbana, que são o esgoto doméstico/industrial e o esgoto pluvial. Este

14

processo normalmente ocorre devido ao despejo sem tratamento dos esgotos domésticos nos

rios, contaminando os rios que possuem capacidade limitada de autodepuração. A falta de

investimentos nos sistemas de esgotamento sanitário e de estações de tratamento que, quando

existem, apresentam baixa eficiência são uns dos grandes responsáveis pelas fontes de

contaminação. A principal fonte difusa de contaminação se deve do despejo dos esgotos

pluviais, que transportam grande quantidade de poluição orgânica e de metais, que atingem os

rios nos períodos chuvosos (TUCCI, 2005).

Segundo TUCCI (2005), com o tempo, áreas antes bem abastecidas tendem a reduzir a

qualidade da sua água ou a exigir maior tratamento químico da água fornecida à população.

Portanto, mesmo existindo hoje uma boa cobertura do abastecimento de água no Brasil, ela

pode ficar comprometida se medidas de controle do ciclo de contaminação não forem

tomadas.

Inicialmente, quando a cidade tem pequena densidade, é utilizada a fossa séptica para

disposição do esgoto. À medida que a cidade cresce e o poder público não investe no sistema,

o esgoto sanitário de diferentes origens é conectado à rede pluvial. Esse escoamento converge

para os rios urbanos e o sistema fluvial de jusante, gerando os conhecidos impactos na

qualidade da água (TUCCI, 1997).

A tendência do desenvolvimento urbano é o de contaminar a rede de escoamento

superficial com despejos de esgotos cloacais e pluviais inviabilizando o manancial e exigindo

novos projetos de captação de áreas mais distantes, não-contaminadas, ou o uso de tratamento

de água e esgoto mais intensivo, o que envolve custos maiores (TUCCI, 2005).

2.3 Impactos das ações humanas sobre a qualidade da água

Poluição da água é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas

que possa importar em prejuízo à saúde, bem-estar das populações e, ainda, comprometer a

sua utilização para fins agrícolas, industriais, comerciais, recreativos e, especialmente, a

existência da fauna aquática (BRASIL, 2005). Entende-se ainda por poluição das águas a

adição de substâncias ou de forma de energia que, direta ou indiretamente, altera a natureza

do corpo d’água de maneira tal que prejudique os legítimos usos que dele são feitos (VON

SPERLING, 1996).

15

As precárias condições que muitas vezes se encontram os corpos d’água são

freqüentemente os sintomas de problemas que estão ocorrendo ao longo da microbacia

hidrográfica. Esses sintomas são resultantes das atividades extrativistas, da produção e do

consumo de bens ou do despejo e emissão de esgotos domésticos e industriais. As tentativas

de intervenção que se preocupam apenas em resolver o problema depois de instalado

geralmente falham e frustram na medida em que recursos financeiros são investidos sem que

se veja o retorno (MERTEN & MINELLA, 2002).

As alterações provocadas na paisagem, sejam elas por estabelecimento de novas áreas

de cultivo ou mesmo instalações rurais, levam a perda de características naturais do local.

Elas propiciam que o potencial poluidor aumente a partir do momento que o equilíbrio

ambiental é alterado. O desequilíbrio da natureza pelas ações humanas gera impactos no local

ou em outras zonas, pois os ciclos naturais estão interligados (BRAILE, 1971).

O comprometimento da qualidade da água para fins de abastecimento

doméstico é decorrente de poluição causada por distintas fontes, tais como efluentes

domésticos, efluentes industriais e deflúvio superficial urbano e agrícola. Os efluentes

domésticos, por exemplo, são constituídos basicamente por contaminantes orgânicos,

nutrientes e microrganismos que podem ser patogênicos. Os poluentes resultantes do deflúvio

superficial agrícola são constituídos de sedimentos, nutrientes, agroquímicos e dejetos de

animais (MERTEN & MINELLA, 2002).

As fontes de contaminação são divididas em difusas e pontuais. Entende-se por

poluição difusa a ação de contaminação que ocorre esparsa na natureza por todo tipo de

resíduo orgânico ou inorgânico, inserido pelo homem, que pode ser carreado pelo deflúvio

superficial para os mananciais de água. Diferente do que ocorre na indústria, por exemplo,

quando lança algum tipo de contaminante de forma pontual em um manancial d’água

(BRAILE, 1971). Segundo Von Sperling (1996), na poluição difusa os poluentes adentram no

corpo d’água distribuídos ao longo da sua extensão, como é o caso da poluição por

fertilizantes ocorridas ao longo de uma bacia de captação em regiões onde a agricultura é

intensiva. Já a poluição pontual é aquela na qual os poluentes atingem o corpo d’água de

forma concentrada no espaço. Um exemplo é o da descarga direta em um rio dos esgotos

gerados pela unidade familiar.

16

2.3.1 Esgoto Doméstico

As águas que compõe o esgoto doméstico compreendem as águas utilizadas para

higiene pessoal, cocção e lavagem de alimentos e utensílios, além da água usada em vasos

sanitários.

Os esgotos domésticos são constituídos, primeiramente por matéria orgânica

biodegradável, microorganismos (bactérias, vírus, etc.), nutrientes (nitrogênio e fósforo),

óleos e graxas, detergentes e metais (BENETTI & BIDONE, 1995 apud PERREIRA 2007).

A matéria em suspensão, para efeito de controle da operação de sedimentação,

costuma ser classificada em: sedimentável (aquela que sedimenta num período razoável de

tempo, tomado arbitrariamente em 1 ou 2 horas) e, não sedimentáveis (finamente dividida e

que não sedimenta no tempo arbitrário de 2 horas). Em termos práticos, a matéria não

sedimentável só será removida por processos de oxidação biológica e de coagulação seguida

de sedimentação (CHAGAS, 2000).

Os odores característicos dos esgotos são causados pelos gases formados no processo

de decomposição. Quando ocorrem odores diferentes e específicos, o fato se deve a presença

de despejos industriais. Nas estações de tratamento o mau cheiro eventual pode ser

encontrado não apenas no esgoto em si, se ele chega a estado séptico, mas principalmente em

depósitos de material gradeado, de areia, e nas operações de transferência e manuseio do lodo.

Assim, uma atenção especial deverá ser dada as unidades que mais podem apresentar esses

odores desagradáveis, como é o caso das grades na entrada da ETE, das caixas de areia, e dos

adensadores de lodo (JORDÃO, 1995).

A composição química das diversas substâncias presentes nos esgotos domésticos é

extremamente variável, dependendo dos hábitos da população e diversos outros fatores. Esta

variação vem sendo verificada devido a utilização de modernos produtos químicos de limpeza

utilizados nas residências. O grau de complexidade da composição química de tais substâncias

vem aumentando significativamente, sendo exemplo notório a presença de detergentes em

concentrações cada vez maiores, bem como alguns inseticidas e bactericidas, que já merecem

estudos específicos de região para região (ROQUE, 1997).

Os surfactantes são constituídos por moléculas orgânicas com a propriedade de formar

espuma no corpo receptor ou na estação de tratamento em que o esgoto é lançado. Tendem a

se agregar à interface ar-água, e nas unidades de aeração aderem à superfície das bolhas de ar,

formando uma espuma muito estável e difícil de ser quebrada. O tipo mais comum é o

17

chamado ABS (Alquil – Benzeno – Sulfonado), típico dos detergentes sintéticos e que

apresenta resistência a ação biológica; este tipo vem sendo substituído pelos do tipo "LAS"

(Arquil – Sulfonado – Linear) que é biodegradável (CHAGAS, 2000).

Os grupos de substâncias orgânicas nos esgotos são constituídos principalmente por

compostos de proteínas (40 a 60%), carboidratos (25 a 50%), gordura e óleos (10%) e uréia,

surfactantes, fenóis, pesticidas (JORDÃO, 1995; CHAGAS, 2000).

Já as proteínas são produtoras de nitrogênio e contém carbono, hidrogênio, oxigênio,

algumas vezes fósforo, enxofre e ferro. As proteínas são o principal constituinte de organismo

animal, mas ocorrem também em plantas. O gás sulfidrico presente nos esgotos é proveniente

do enxofre fornecidos pelas proteínas (CHAGAS, 2000).

Os principais grupos de microorganismos que devem ser analisados como importantes

para os processos de tratamento, são os utilizados nos processos biológicos, os indicadores de

poluição e especialmente os patógenos, que são aqueles capazes de transmitir doenças por

veiculação hídrica . Os principais organismos encontrados nos esgotos são: as bactérias, os

fungos, os protozoários, os vírus, as algas e os grupos de plantas e animais (CHAGAS, 2000).

Tabela 1: Valores típicos de parâmetros de carga orgânica (mg/l) no esgoto sanitário

Parâmetros Condições do Esgoto

Forte Médio Fraco DBO5 (20°C) 300 200 100

O. C. 150 75 30 O. D. 0 0 0

Nitrogênio Total 85 40 20 Nitrogênio Orgânico 35 20 10

Amônia Livre 50 20 10 Nitrito, NO2 0,1 0,05 0 Nitratos, NO3 0,4 0,2 0,1 Fósforo Total 20 10 5

Orgânico 7 4 2 Inorgânico 13 6 3

Fonte: Quadro modificado de Jordão (1995)

2.3.2 Esgoto Industrial

As águas residuárias industriais apresentam uma grande variação tanto na sua

composição como na sua vazão, refletindo seus processos de produção. Originam-se em três

pontos:

18

a) Águas sanitárias: efluentes de banheiro e cozinhas;

b) Águas de refrigeração: água utilizada para resfriamento;

c) Águas de processos: águas que têm contato direto com a matéria-prima do produto

processado.

As características das águas sanitárias são as mesmas dos esgotos domésticos. Já as

águas de resfriamento possuem dois impactos importantes que devem ser destacados

(PEREIRA, 2007).

O primeiro é a poluição térmica, pois para os seres vivos, os efeitos da temperatura

dizem respeito à aceleração do metabolismo, ou seja, das atividades químicas que ocorrem

nas células. A aceleração do metabolismo provoca aumento da necessidade de oxigênio e, por

conseguinte, na aceleração do ritmo respiratório. Por outro lado, tais necessidades

respiratórias ficam comprometidas, porque a hemoglobina tem pouca afinidade com o

oxigênio aquecido. Combinada e reforçada com outras formas de poluição ela pode

empobrecer o ambiente de forma imprevisível (MIERZWA, 2001 apud PERREIRA 2007).

Estes mesmos impactos são observados devido aos efluentes de usinas termoelétricas.

Em segundo lugar é que as águas de refrigeração são fontes potenciais de cromo, as

quais são responsáveis por parte das altas concentrações de cromo hexavalente na região norte

da Lagoa dos Patos, que recebe as águas do pólo industrial (PEREIRA, 2003 apud PEREIRA

2007).

2.4 O monitoramento dos recursos hídricos

Conforme Toledo (2004), o monitoramento basicamente é conduzido através da

avaliação de parâmetros químicos (nível de oxigênio dissolvido, sedimentos suspensos,

metais, nutrientes e pesticidas), parâmetros físicos (temperatura, cor da água, velocidade da

água) e, parâmetros biológicos relacionados à abundância e variedade da flora e fauna do

ambiente aquático.

O sucesso de estudo de monitoramento está na dependência direta da escolha e

localização dos pontos amostrais e desta maneira, as micro-bacias, sendo um sistema natural

de drenagem, representam as interconexões de todos os corpos de água e se constituem na

ferramenta ideal de distribuição dos locais de amostragem. Estes pontos de monitoramento

19

podem ser estabelecidos na forma de uma base fixa contínua, para atender necessidades

específicas ou, em forma temporária ou sazonal.

O propósito do monitoramento da qualidade da água deve ser diretamente relacionado

a objetivos específicos para os quais se direcionam os trabalhos, isto é, verificar tendências de

alterações da qualidade da águas, busca de indicadores, avaliação de impactos ambientais,

alteração de características biológica, etc. (HARMANCIOGLU et al, 1998). Estas alterações

podem estar distribuídas ao longo do eixo de drenagem num dado momento, caracterizando-

se desta maneira a presença de fontes pontuais de contaminação.

A maioria dos ecossistemas aquáticos são simultaneamente afetadas por fatores

relativos à distribuição espacial das fontes pontuais de contaminação assim como pelos

processos distribuídos no tempo ocasionados pelas fontes não pontuais, o que dificulta a

interpretação dos resultados de qualidade de água (PEREIRA, 2007).

2.5 Indicadores de Qualidade de Água

Devido à complexidade na avaliação de impacto ambiental na qualidade da água, uma

ou outra estratégia básica deve ser definida no sentido de viabilizar o trabalho de

monitoramento em termos de custos-benefícios, sem acrescer informações redundantes.

Dentre estas estratégias, a amostragem continuada, extremamente custosa, é mais eficiente

quando se tem como objetivos a fiscalização e análise de tendências. A outra estratégia, de

amostragens intermitentes, é factível nos trabalhos de impacto ambiental e seleção de

indicadores de qualidade de água (SANDERS & ADRIAN, 1978).

O uso de indicadores de qualidade de água esta diretamente relacionada com o

propósito do monitoramento a ser realizado, sendo escolhidos aqueles que apresentam

maiores chance de sucesso na caracterização das mudanças que ocorrem numa micro-bacia. O

conceito de qualidade de água poderá ser descrito por um indicador apenas ou pela

combinação de mais de 100 variáveis. A seleção das variáveis a serem incluídas num

monitoramento freqüentemente requer a associação entre “como conhecê-las e a necessidade

de conhecê-las” Na maioria dos casos, elas são selecionadas, buscando investigar o impacto

das fontes poluidoras predominantes na micro-bacia. A gama de indicadores passíveis de

serem utilizados é enorme: pH, OD, DBO, DQO, turbidez, temperatura, condutividade,

20

nutrientes, metais pesados, agrotóxicos, etc., entretanto nenhum deles poderá mostrar as

mudanças se o objetivo do monitoramento não for delineado (MAKELA & MEYBECK,

1996; CHAPMAN & KIMSTACH, 1997).

Cada sistema lótico possui características próprias, o que torna difícil estabelecer uma

única variável como um indicador padrão para qualquer sistema hídrico. Neste sentido, a

busca em trabalhos de campo é a obtenção de índices de qualidade de água que reflitam

resumidamente e objetivamente as alterações, com ênfase para as intervenções humanas,

como os usos agrícolas, urbanos e industriais (COUILLARD & LEFEVBRE, 1985).

2.6 As Legislações e Padrões de Qualidade das Águas Superficiais

O Ministério do Meio Ambiente, através do Conselho Nacional do Meio Ambiente, na

Resolução CONAMA n° 357, de 17 de março de 2005, que “dispõe sobre a classificação dos

corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as

condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências” (BRASIL, 2005),

e a resolução CONAMA n° 430, de 13 de maio de 2011, que Dispõe sobre as condições e

padrões de lançamento de efluentes, complementam e alteram a Resolução n° 357, de 17 de

março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. (BRASIL, 2011), retrata

que existem parâmetros aceitáveis para os diferentes usos da água, desde o consumo humano

até águas para recreação ou atividades esportivas. Tal legislação está baseada em

normatizações estabelecidas nos países desenvolvidos e que em muitos casos possuem

características socioculturais e econômicas completamente distintas das encontradas no

Brasil.

Segundo a resolução, os corpos de água foram classificados em nove categorias, sendo

cinco classes de água doce (salinidade <0,5‰), duas classes salinas (salinidade superior a

30‰) e duas salobras (salinidade entre 0,5 e 30‰). A classe "especial" é apta para uso

doméstico sem tratamento prévio, enquanto o uso doméstico da classe IV é restrito, mesmo

após tratamento, devido à presença de substâncias que oferecem risco à saúde humana. A

classificação padronizada dos corpos de água é realizada com base nos usos preponderantes e

possibilita que se fixem metas para atingir níveis de indicadores consistentes com a

classificação desejada (MERTEN & MINELLA, 2002).

21

O Ministério da Saúde, através da Portaria n.º 518, de 25 de março de 2004,

“estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da

qualidade da água para consumo humano e o seu padrão de potabilidade, e dá outras

providências” (BRASIL, 2004) e também trata de indicadores de qualidade de água, sendo

que esta legislação igualmente segue regulamentações internacionais desenvolvidas para

diferentes situações.

A Portaria n.º 518/2004 estabelece, em seus capítulos e artigos, as responsabilidades

por parte de quem produz a água, no caso, os sistemas de abastecimento de água e de soluções

alternativas, a quem cabe o exercício de controle de qualidade da água e das autoridades

sanitárias das diversas instâncias de governo, a quem cabe a missão de vigilância da qualidade

da água para consumo humano. Também ressalta a responsabilidade dos órgãos de controle

ambiental no que se refere ao monitoramento e ao controle das águas brutas de acordo com os

mais diversos usos, incluindo o de fonte de abastecimento de água destinada ao consumo

humano.

Além dessas legislações, há ainda a regulação aplicada pelo Conselho Estadual do

Meio Ambiente (CONSEMA) através da Resolução nº. 128, de 24 de novembro de 2006 que

“dispõe sobre a fixação de Padrões de Emissão de Efluentes Líquidos para fontes de emissão

que lancem seus efluentes em águas superficiais no estado do Rio Grande do Sul”

(CONSEMA, 2006). Esta resolução vem pela necessidade de preservar a qualidade ambiental,

de saúde pública e dos recursos naturais, quanto ao lançamento de efluentes líquidos em águas

superficiais no Estado do Rio Grande do Sul e pela necessidade de redução progressiva da

carga poluidora lançada nos recursos hídricos.

Entretanto, nota-se a dificuldade em se fazer cumprir essa e as demais legislações em

vigor. Isso talvez ocorra pelo fato de não se conhecer profundamente as leis, bem como por

não se saber quais parâmetros são confiáveis ou se encaixam na situação vivenciada.

2.7 Transporte de Massa em Rios

Segundo Silvino (2008) a variação de um constituinte num sistema hídrico depende da

advecção, difusão e dispersão que ocorre no fluxo, representada na (Equação 1 do transporte a

22

seguir, onde os termos a direita trata da dispersão, advecção, reações e interações, fontes

externas, respectivamente:

(Equação 1)

A advecção consiste no movimento das partículas com fluxo unidirecional, em que a

substância a ser transportada não perde sua identidade. (CHAPRA, 2004). No caso de rios,

advecção move os constituintes de montante para jusante, com o resultado do movimento do

próprio líquido. Nos rios a advecção é um dos principais mecanismos de transporte de

constituintes (CHAPRA, 2004; SILVINO, 2008).

A difusão refere-se ao movimento da massa devido ao movimento aleatório do líquido

ou à mistura. Este transporte causa o espalhamento do constituinte ao longo do tempo, com

um desprezível movimento do seu centro de massa. Numa escala microscópica, a difusão

molecular resulta do movimento aleatório browniano das moléculas de água. Numa escala

maior, um movimento aleatório também ocorre causado pela difusão turbulenta. Ambas têm

a tendência de minimizar diferenças de concentração pelo fato de moverem a massa de

regiões de alta concentração para regiões de baixa concentração (CHAPRA, 1997; VON

SPERLING, 2007).

Os termos difusão e dispersão são várias vezes usadas sem distinção. Geralmente, o

transporte associado com a ação molecular e turbulenta tem sido referido como difusão, e o

transporte associado com as variações de velocidade através da seção de fluxo como

dispersão (ARCEIVALA, 1981 apud VON SPERLING, 2007). A difusão é devida ao

movimento aleatório do constituinte na água no tempo, ao passo que a dispersão é devido ao

movimento diferencial da água no espaço (por exemplo, diferenças de velocidade entre centro

e margens de um rio) (CHAPRA, 1997; VON SPERLING, 2007).

A nomenclatura do coeficiente de difusão pode variar, dependendo se ele representa a

difusão molecular ou a difusão turbulenta. Assim para cursos d’água, D é também referido

como coeficiente de dispersão longitudinal ou axial (ARCEIVALA, 1981 apud VON

SPERLING, 2007).

23

2.8 Dispersão Longitudinal

Segundo Silvio (2008), em várias situações na modelagem de qualidade de água faz-se

necessário que se leve em consideração o fluxo disperso, de forma a permitir uma melhor

estimativa do espalhamento dos poluentes lançados nos rios.

A determinação experimental do coeficiente de dispersão em um corpo d’água é feita

por meio de estudos com traçadores, que embora mais realísticas, necessitam de tempo e

disponibilidade financeira, além de refletirem apenas as condições de dispersão no local e

época da medição (VON SPERLING, 2007; SILVINO, 2008).

De acordo com Von Sperling (2007), existem vários métodos analíticos para

determinar do coeficiente de dispersão, mas nem todos são capazes de estimar o coeficiente

igualmente bem, já que as condições reais nos cursos d’água podem variar amplamente das

assumidas numa dada equação analítica.

Segundo os mesmos autores, uma estratégia interessante pode ser o emprego de

algumas poucas medições de campo, e confrontar-se aos resultados de modo a se inferir qual

o método analítico se adapta as condições reais do curso d’água. Uma abordagem é a análise

de sensibilidade.

Na maior parte dos rios, o principal mecanismo de transporte é o advectivo e a

dispersão longitudinal tem uma influência pequena ou desprezível. No entanto, em situações

particulares pode ser justificável a incorporação deste mecanismo de transporte (VON

SPERLING, 2007; SILVINO, 2008).

2.9 Modelos Matemáticos de qualidade da água

Os modelos matemáticos são instrumentos originalmente desenvolvidos para auxiliar

na solução de problemas. Não obstante, além de serem utilizados para ajudar na minimização

de problemas de poluição, eles possibilitam compreender o meio ambiente e visualizá-lo

integrado, pois os modelos matemáticos associam as informações físicas, químicas e

biológicas (CHAPRA, 1997).

24

As técnicas de modelagem de qualidade de água vêm sendo aprimoradas desde a sua

origem com o modelo desenvolvido por Streeter e Phelps (1925) no trabalho denominado “O

estudo da poluição e purificação natural do Rio Ohio”. Esse modelo considera o escoamento

permanente uniforme e simula os parâmetros DBO e OD. O modelo Streeter- Phelps

representa o marco dos modelos que posterior e atualmente vem sendo aperfeiçoado (OPPA,

2007).

Os modelos são cada vez mais reconhecidos como instrumentos úteis para simular

processos de gestão das águas e constantemente refinados e atualizados, para encontrar

soluções de problemas novos e emergentes da poluição de água superficial (BOCKELMANN

et al, 2004 apud LIMA, 1997) .

A revisão dos modelos desenvolvidos desde o modelo de Streeter e Phelps (1925) até

os modelos utilizados atualmente é complexa, devido ao grande número de publicações.

Entretanto, são mencionados alguns modelos atuais importantes conforme está apresentado na

Quadro 1.

Quadro 1: Evolução dos modelos de qualidade da água

Fonte: Modificado de Romeiro (2003 apud OPPA, 2007).

25

Os modelos de qualidade da água são cada vez mais utilizados por gestores como

auxílio à tomada de decisão. Desta forma, a escolha de um modelo matemático depende

(TUCCI, 1998):

a) Das características do sistema a ser simulado;

b) Do nível de precisão desejado em função dos objetivos do projeto;

c) Dos dados disponíveis;

d) Da disponibilidade de metodologia para representar os processos identificados

Desde o surgimento do modelo de Streeter e Phelps (1925), vários modelos foram

criados para solucionar os mais diversos problemas de qualidade da água. Todos esses

modelos possuem um mesmo objetivo: auxiliar os gerenciadores dos recursos hídricos na

tomada de decisões (SEFFRIN, 2001, apud OPPA, 2007).

Bittencourt et al. (1997) apud OPPA (2007) selecionaram modelos de qualidade da

água, comparando as capacidades e limitações de cada modelo. Muitos modelos de

quantidade e qualidade da água são desenvolvidos em função de um problema em particular

ou de uma série deles. Com isso, foi demonstrado que a seleção de modelos apropriados

depende das necessidades de gestão e das características de cada bacia hidrográfica.

A escolha de um determinado modelo matemático deve atender ao planejamento de

toda a extensão da bacia, e não de pontos isolados. A seguir serão citados alguns modelos

importantes de simulação da qualidade de água.

O modelo AQUASIM foi desenvolvido nos anos de 1991 a 1994 no Instituto Suíço de

Ciência Ambiental e Tecnologia. O modelo é capaz de executar simulações, análises de

sensibilidade e estimativas de parâmetro que usam dados medidos. As simulações feitas pelo

usuário revelam se certas suposições modelares são compatíveis com dados medidos. O

AQUASIM permite que o usuário modifique estrutura modelar e valores dos parâmetros

facilmente (N-STEPS, 2009).

O AQUATOX é um modelo de simulação de sistemas aquáticos, que prediz o destino

de vários poluentes, como nutrientes e produtos químicos orgânicos, bem como os seus

efeitos nos peixe, invertebrados e plantas aquáticas (ecossistemas). Esse modelo é um

instrumento valioso de ecologistas, biólogos, modeladores de qualidade de água interessados

em avaliar os riscos ecológicos de ecossistemas aquáticos (OPPA, 2007).

26

O BASINS foi desenvolvido, originalmente, em 1996 com lançamentos subseqüentes

em 1998 e 2001, esse modelo é um sistema de análise ambiental de uso múltiplo. Ele foi

projetado para o uso das agências regionais, estatais e locais para os estudos de qualidade de

água. BASINS permite avaliar rapidamente grandes montantes de 28 dados de fontes não

pontuais e pontuais em um formato de fácil uso e entendimento. Instalado em um computador

pessoal, BASINS permite que o usuário avalie a qualidade de água na bacia (OPPA, 2007).

2.9.1 Modelo QUAL2K

Segundo Chapra et al. (2006), o modelo QUAL2K foi desenvolvido com a finalidade

de simular a qualidade de rios e córregos. Foi desenvolvido inicialmente por CHAPRA, S.C,

da Universidade de Tufts que pretendia representar uma versão mais modernizada do modelo

QUAL2E, pois neste novo modelo, foram aplicados novos parâmetros em sua estrutura, como

os apresentados na Quadro 2.

Quadro 2. Diferenças entre o QUAL2K e o Qual2E

Parâmetro do modelo Qual2E QUAL2K

Fontes Autóctones Não Sim

Desnitrificação Não Sim

Troca de OD pelas plantas fixas Não Sim

Número máximo de junções 6 15

Número máximo de trechos 25 100

Número máximo de elementos 250 1000

Fonte: Park e Lee, 2002 apud BOTTINO, 2008

O modelo QUAL2K baseia-se em equações diferenciais ordinárias em sistemas

unidimensionais e com fluxo constante, trançando desta forma a condição de homogeneidade

de uma mesma seca transversal. O QUAL2K considera toda a extensão do rio com

características hidráulicas constantes em cada trecho, como inclinação de talude ou largura de

fundo. Na Figura 1 é apresenta a forma de inserção das informações de um corpo hídrico no

modelo, em que ele é numerado em ordem crescente a partir da nascente ou cabeceira, sendo

que as fontes pontuais e as fontes difusas podem se posicionar em qualquer

et al. 2006; BOTTINO, 2008)

Fonte: Bottino (2008) adaptado de Figura

Chapra et al. (2006)

sendo este com a existência de tributários ao longo

numeração destes trechos segue como no exemplo anterior, porem, na existência de um

tributário, a numeração continua do inicio deste.

Deve-se fazer uma diferenciação entre o corpo hídrico principal e os tributários, para

que o software identifique

principal. Ressalta-se ainda que o modelador possa reduzir os trechos em subdivisões, para

uma análise mais focada.

que as fontes pontuais e as fontes difusas podem se posicionar em qualquer

BOTTINO, 2008).

Fonte: Bottino (2008) adaptado de Chapra (2006). Figura 1. Diagrama de um corpo hídrico sem tributários.

. (2006) apresenta um novo exemplo de segmentação de corpo hídrico,

sendo este com a existência de tributários ao longo de sua abrangência. Nota

numeração destes trechos segue como no exemplo anterior, porem, na existência de um

tributário, a numeração continua do inicio deste.

se fazer uma diferenciação entre o corpo hídrico principal e os tributários, para

ue-o e lote os tributários independentemente, assim como o rio

se ainda que o modelador possa reduzir os trechos em subdivisões, para

27

que as fontes pontuais e as fontes difusas podem se posicionar em qualquer trecho (CHAPRA

um novo exemplo de segmentação de corpo hídrico,

de sua abrangência. Nota-se que a

numeração destes trechos segue como no exemplo anterior, porem, na existência de um

se fazer uma diferenciação entre o corpo hídrico principal e os tributários, para

o e lote os tributários independentemente, assim como o rio

se ainda que o modelador possa reduzir os trechos em subdivisões, para

28

Para cada elemento criado no diagrama (Figura 2), é realizado um balanço de vazão,

considerando o escoamento em regime permanente, modelando as fontes difusas como fontes

lineares.

Fonte: SEMA (2008) adaptado de Chapra (2006)

Figura 2. Diagrama de um corpo hídrico com seus tributários

O modelo QUAL2K assume que o regime hidráulico do rio ou canal é permanente,

desta forma, o balanço hidrológico de um elemento pode ser descrito pela soma das entradas

ou retiradas externas. Com a determinação do balanço de fluxo de cada elemento criado, é

necessária a inserção da largura e da profundidade do trecho analisado, podendo esta ser

obtida através de métodos de vertedouro, coeficiente de descarga e equação de Manning

(Figura 3), (Chapra et al. 2006; BOTTINO, 2008).

29

Fonte: Chapra (2006)

Figura 3: Canal trapezoidal (equação de Manning)

O modelo QUAL2K também trabalha com a modelagem de balanço de massa para

cada item do modelo, com exceção das variáveis ligadas as algas de fundo. O Modelo acaba

gerando para cada elemento disponibilizado um resultado proveniente da equação geral do

balanço de massa, obtendo desta maneira uma seqüência de informações sobre os trechos do

rio.

A Figura 4 apresenta como funciona o diagrama desta equação (CHAPRA et. al. 2006;

BOTTINO, 2008).

Figura 4. Balanço geral de calor simulada

30

Para apresentação dos resultados, seguindo a idéia de Chapra et. al. (2006; Bottino

(2008), em que o mesmo diz que o QUAL2K possui uma organização de planilhas com fácil

compreensão, sendo elas separadas por cores e identificadas que informação consiste em cada

aba. As azuis representam os valores de variáveis, as amarelas os locais de entrada dos dados

de parâmetros simulados ao longo do rio, as verdes os valores simulados e as rosas os

resultados obtidos no modelo.

As variáveis simuladas pelo modelo QUAL2K estão listadas na Quadro 3.

Quadro 3: Variáveis simuladas pelo modelo QUAL2K Variáveis Símbolo Unidade

Condutividade s µµηοσ Sólidos Suspensos Inorgânicos mi mgD/L Oxigênio Dissolvido o mgO2/L DBOC reação lenta cs mgO2/L DBOC reação rápida cf mgO2/L Nitogênio Orgânico no µγΝ/Λ Nitrogênio Amoniacal na µγΝ/Λ Nitrato nn µγΝ/Λ Fósforo Orgânico po µγΠ/Λ Fósforo Inorgânico pi µγΠ/Λ Fitoplancton ap µγΑ/Λ Detritus mo mgD/L Patógenos X cfu/100 mL Alcalinidade Alk mgCaCO3/L Carbono Total cT mole/L Biomassa de Algas de Fundo ab mgA/m2 Nitrogênio de Algas de Fundo INb mgN/m2 Fósforo de Algas de Fundo IPb mgP/m2

Fonte: CHAPRA, 2006

As principais variáveis utilizadas na avaliação da situação de um corpo d’ água quanto

à poluição orgânica são: OD e DBO. A escolha da maioria dos autores em simular o

comportamento destas duas variáveis se justifica pelas diversas interações que elas possuem

com outras variáveis de qualidade de água ou hidráulicas (presença de barragens, alta

declividade, etc.) (FONSECA, 2008).

31

2.9.1.1 Reaeração e sua Quantificação

Siqueira (2005) diz que o processo de troca de oxigênio entre a atmosfera e o corpo

hídrico chama-se reaeração ou reoxigenação. Ela é observada fisicamente quando o oxigênio

reoxigena da atmosfera através do movimento das águas. Em águas correntes essa reaeração

tem um papel importante para a manutenção da vida aquática aeróbica e facultativa.

No Quadro 4 sugerido por Rathabun (1977), tem-se o uso de equações preditivas de

K2, disponíveis na literatura, usado em alguns estudos ou modelação da qualidade da água

onde não existam condições técnicas ou financeiras para realizá-la a campo.

Quadro 4: Equações de previsão para o coeficiente de reaeração, K2, (d-1), na base logarítmica, a 20 ºC.

Existem varias técnicas de medição e modelos de previsão destes coeficientes. Mas,

segundo o que Rathabun (1977), existem três técnicas de medição desses coeficientes de

reaeração em águas correntes destacando-os:

a) A técnica de balanço de oxigênio;

b) A técnica da perturbação do equilíbrio;

c) A técnica dos traçadores.

32

Continuando no mesmo pensamento de Rathabun (1977), ele descreve que um método

indireto para quantificação do coeficiente de reaeração utilizando uma sonda solúvel.

Na Tabela 2, segundo Von Sperling (2007), temos os coeficientes de reaeração para

corpos hídricos com diversas características.

Tabela 2: Coeficiente de reaeração para corpos hídricos com diversas características

Fonte: Vong Sperling (2007).

Segundo Vong Sperling (2007), corpos d’água mais rasos e mais velozes tendem a

possuir um coeficiente de reaeração maior, devido à facilidade de mistura ao longo da

profundidade e as maiores turbulências na superfície. Segundo o mesmo autor alguns

pesquisadores obtiveram valores de K2, apresentado na Tabela 2, que são usualmente

menores do que os obtidos pelos outros métodos.

2.9.1.2 Desoxigenação de DBO e seus coeficientes

O QUAL2K simula duas formas de DBO carbonácea para representar o carbono

orgânico. Essas formas são a de oxidação lenta (DBO lenta) e a de oxidação rápida (DBO

rápida). Para a presente calibragem, usou-se a calibração de DBO rápida, sendo esta a que

melhor se ajustou para os atuais dados.

Segundo Chapra (2008), a taxa especifica de desoxigenação ou decaimento da DBO

obtida em laboratório (kdc) possui valores típicos que variam de 0,05 a 0,5 d-1 de acordo com o

nível de tratamento a ser lançado. No entanto, o coeficiente de decomposição da DBO no rio

33

(Kd), que leva em consideração a degradação da matéria orgânica pela biomassa suspensa e a

contida no lodo de fundo, é maior ou igual a Kdc, conforme se vê na Quadro 5.

Quadro 5: Valores típicos dos coeficientes de remoção de DBO (K1 e K2) a 20 ºC

*Rios rasos: profundidade inferior ou igual a 1,5 m; rios profundos superior a 1,5 m;

Fonte: Adaptado de Von Sperling, 2007 apud Fonseca, 2008.

Thomann & Mueller (1987) apud FONSECA (2008), sugerem a faixa para os valores

de Kd, baseados na constatação de que rios mais rasos são mais influenciados pela biomassa

presente nos sedimentos, a qual também contribui para a decomposição da DBO:

a) Rios com profundidade superior a 1,5 m: Kd = 0,1 a 0,5 d-1;

b) Rios com profundidade inferior a 1,5 m: Kd = 0,5 a 3,0 d-1.

34

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local de Estudo

3.1.1 Caracterização da Bacia do Rio Passo Fundo

A bacia do rio Passo Fundo (Figura 5) origina-se no planalto brasileiro, formando

parte da bacia do rio Uruguai, com declividade no sentido sul-norte desde a porção centro

norte do território do Rio Grande do Sul. É formada principalmente pelos rios Passo Fundo,

Erechim, dos Índios e Lajeado do Lobo. Originalmente coberto por florestas e cortado por

vários outros afluentes, abriga os Campos de Cima da Serra, estendendo-se do sul de São

Paulo até o rio Jacuí; limitada a leste pelo Atlântico, chega ao nordeste da Argentina.

(CBHPF, 2011).

Fonte: CBHPF, 2011

Figura 5. Divisão Bacia Hidrográfica

35

A Bacia do Rio Passo Fundo, abrange 30 municípios (Figura 6) e drena uma área de

4.847,25 km², o que representa 3,83 % de sua Região Hidrográfica. Abrange os seguintes

municípios: Barão de Cotegipe, Barra do Rio Azul, Benjamin Constant do Sul, Campinas do

Sul, Coxilha, Cruzaltense, Entre Rios do Sul, Erebango, Erechim, Erval Grande, Estação,

Faxinalzinho, Gramado dos Loureiros, Ipiranga do Sul, Itatiba do Sul, Jacutinga, Nonoai,

Passo Fundo, Paulo Bento, Pontão, Ponte Preta, Quatro irmãos, Rio dos Índios, Ronda Alta,

Rondinha, Sarandi, São Valentim, Sertão, Três Palmeiras e Trindade do Sul. Na divisão do

Estado em bacias hidrográficas aprovada pelo Conselho de Recursos Hídricos do Estado a

bacia hidrográfica e identificada com a sigla U- 20. Limita-se ao Norte com o Estado de Santa

Catarina; a oeste com a bacia do rio da Várzea (U-100); ao sul com a bacia do Taquari Antas

(G-050); e a leste com a bacia do Apuae- Inhandava (U-010). A vazão media anual e de

130,25 m³/s e a vazão mínima anual de 13,46 m³/s (CBHPF, 2011).

Fonte: CBHPF, 2011

36

Figura 6. Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo.

3.1.2 Caracterização do Rio Passo Fundo

Conforme dados apresentados no plano ambiental municipal (SMAM, 2011) de Passo

Fundo, o Rio Passo Fundo tem sua origem no distrito de Povinho Velho, possuindo uma

extensão total dentro do município, de 52,5 km, sendo 48,6 km de extensão em área não

urbanizada e 3,9 km de extensão no perímetro urbano.

O entorno do Rio Passo Fundo é considerado área de proteção permanente pelo

Sistema Nacional de Unidades de Conservação e a proteção de mata nativa ciliar encontra

amparo no Código Florestal, Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 (BRASIL, 1971). Na

Lei Orgânica do Município nº 1.914, de 26 de agosto de 1980, também consta que todos os

mananciais, cursos e reservatórios de água são protegidos como zonas de segurança de saúde

pública.

A resolução CONAMA 357/05 define 13 classificações para os corpos hídricos de

acordo com o uso preponderante, especificando para os corpos hídricos sem classificação

oficial o seguinte:

“Art. 42. Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as

águas doces serão consideradas classe 2, as salinas e salobras classe

1, exceto se as condições de qualidade atuais forem melhores, o que

determinará a aplicação da classe mais rigorosa correspondente.”

Visto que o rio Passo Fundo não possui um enquadramento concluído junto ao plano

de bacias, para o atual estudo adotou-se o enquadramento na classe 2 para o rio, visando

seguir o Art. 42 da resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005).

O rio Passo Fundo sempre foi um marco referencial importante para a passagem dos

tropeiros, que abriram o caminho novo para encurtar o trajeto até a feira de Sorocaba.

Segundo d’Ávila (1996), “passo fundo” significa passagem, ou seja, o local pouco fundo de

um rio, onde se pode transitar a pé ou a cavalo, unindo a região das missões ao centro do país.

Assim, na época do povoamento, e muito antes, o passo era local de passagem obrigatória,

pois num raio de muitos e muitos quilômetros, era o único lugar de passagem, tanto para as

tropas quanto para as tropas militares sucessivas. (D’ÁVILA, 1996).

37

Devido aos esgotos e poluentes jogados pelas indústrias e comunidade em geral

(Figura 7 e Figura 8), o nível de poluição nas águas do Rio Passo Fundo aumenta. As

indústrias com seus efluentes e os esgotos domiciliares não são os únicos responsáveis pela

poluição, pois a população esquece a importância do Rio Passo Fundo, depositando de forma

descontrolada dejetos de toda a natureza. Os resultados desta ação impensável são as

enchentes, que, com a grande quantia de dejetos, os canais de drenagem onde o rio passa pela

cidade fica entupido e causam inundações em dias de chuvas fortes.

Figura 7. Efluente sendo lançado in situ entre o 5,76 km e 8,57 km

38

Figura 8. Resíduo seco nas águas do Rio Passo Fundo

3.2 Pontos Monitorados

O monitoramento em estudo foi realizado no período de seis meses, distribuídas em um

intervalo de 30 dias por amostragem. O planejamento da amostragem seguiu os

procedimentos descritos nas normas ANBT NBR ISO/IEC 17.025: (2005), ABNT NBR 9898

(1987) e ABNT NBR 9897: (1987), que refere à forma de coleta e acondicionamento de

amostragem. Além disso, de forma a seguir-se um critério único de intervalos de tempo, para

obterem-se características singulares no que se refere ao clima e horário de coletas.

Foram selecionados seis pontos estratégicos para fazer para monitoramento do Rio

Passo Fundo. A escolha desses pontos conforme Figura 9 se deu com base na metodologia

usada por Bottino (2008), onde o mesmo avalia a diversificação do uso e ocupação do solo e

das atividades próximas ao leito do rio em estudo.

39

Fonte: Google Earth, 2010

Figura 9: Pontos de Monitoramento do Rio Passo Fundo.

O percurso escolhido para o monitoramento, inicia-se no km 0, Figura 10, próximo a

estrada férrea que cruza a cidade de Passo Fundo. Neste ponto que será monitorado observam-

se matas ciliares em seu contorno, mostrando que a cidade ainda não ultrapassou por

completo suas margens de preservação permanentes e obrigatórias exigidas por lei. Este ponto

localiza-se muito próximo à nascente, o que o caracteriza por baixas vazões.

40

Figura 10. Inicio do monitoramento (km 0)

O segundo ponto escolhido para o monitoramento situa-se a 2,5 km do inicio do trecho

em estudo, conforme Figura 11. A escolha do mesmo se deu com base na predominância de

residências ao entorno do rio, atendo o objetivo de servir para avaliar a influência da

população urbana.

Figura 11. Córrego km 2,5, próximo as residências

O rio passo fundo é constituído por vários afluentes. Ao escolher esse percurso

identificado em azul na Figura 12, foi considerado um ponto tributário de entrada de água e,

para se saber a carga de entrada desse ponto, o mesmo foi monitorado a uma distância de 10

metros antes de se encontrar com o percurso em estudo. Este tributário encontra-se a 4,21 km

de distancia do inicio do percurso.

41

O terceiro ponto em estudo foi escolhido com o intuito de se ter uma noção da

influencia do centro da cidade em comparação às características iniciais ao rio. Este ponto

está a 5,76 Km de distancia ao inicio e se encontra próximo a prefeitura municipal da cidade.

Figura 12. km 5,76 - próximo a Empresa COLEURB

O quarto ponto esta localizado ao término da influência urbana da cidade de Passo

Fundo. Ele está localizado a 8,57 km de distancia (Figura 13) e com uma vazão muito maior

do que o inicio do percurso. A escolha desse ponto teve por principio monitorar o

comportamento do rio ao longo de toda a influência urbano.

Figura 13. km 8,57 próximo a Embrapa Trigo

42

O último ponto em estudo foi monitorado a 10,12 km à jusante e objetiva-se com ele

saber o potencial de autodepuração do rio, após influência do meio urbano.

3.3 Parâmetros Monitorados, métodos de análise e amostragem

No monitoramento foram analisados os parâmetros físico-químicos e microbiológicos,

os quais permitiram caracterizar a qualidade da água do rio em estudo. Estes parâmetros

foram comparados com os indicadores da qualidade da água do rio, em conformidade com a

resolução CONAMA 357/05 (BRASIL, 2005) para a classe 2 do rio em estudo.

Os parâmetros monitorados ao longo do Rio Passo Fundo estão representados na

Quadro 6, juntamente com os métodos utilizados nas análises e os valores admissíveis para

esses parâmetros, conforme resolução CONAMA 357/05, para o enquadramento do rio classe

2. Além disso, também foram monitorados os parâmetros físicos foram medidos in situ, como

temperatura e vazão de cada ponto de coleta.

Quadro 6. Parâmetros monitorados e analisados em laboratório Métodos de determinação das variáveis Físicas e Químicas analisadas na água

Variáveis Unidade Método** Referência Bibliográfica

Valores Admissíveis***

Parâmetros Químicos Oxigênio Dissolvido mg/L Volumetria APHA (2005) > 5 mg/L

Cloretos mg/L 4500 – Cl* APHA (2005) < 250 mg/L

Demanda Bioquímica de Oxigênio mg/L O2 5210 Biochemical Oxygen Demand APHA (2005) < 5 mg/L O2

Demanda Química de Oxigênio mg/L O2 Colorimetria APHA (2005)

Fósforo Total mg/L Espectrofotométrico APHA (2005) < 0,1 mg/L Nitrogênio Total mg/L Volumetria APHA (2005) 2 mg/L

pH

Eletrométrico

6,0 a 9,0 Sulfatos mg/L Volumetria APHA (2005) < 250 mg/L

Parâmetros Físicos Condutividade Elétrica Micros/cm Potenciométrico APHA (2005)

Temperatura ºC Potenciométrico APHA (2005)

Turbidez NTU

APHA (2005) < 100 UNT

Parâmetros Biológicos Coliformes termotolerantes NMP/100mL

APHA (2005) < 1000/100mL

*4500 – Cl: (Chlorine (residual)) Standard Methods for the examination of water and wastewater. 20 thedition APHA (2005) Fonte: ** (HEMKEMEIER et al., 2011); ***Resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005).

Os pontos de coleta foram detalhadamente descritos em uma ficha de coleta, incluindo

suas coordenadas, além das condições meteorológicas no dia da coleta e nas últimas quarenta

43

e oito horas, todas visando atender a Standard Methods for the Examination of Water and

Wastwater, APHA (2005).

Todo o procedimento da coleta foi documentado inclusive com fotos. Cada amostra

foi acompanhada por uma ficha de coleta que possuía as seguintes informações:

a) Código de Identificação;

b) Identificação do ponto de amostragem e sua localização;

c) Profundidade em que amostra foi coletada;

d) Condições Climáticas no momento da coleta e no período imediatamente anterior;

e) Condição visual do ponto de coleta;

f) Possíveis alterações físico-químicas das proximidades do ponto amostrado;

A ficha de cada ponto amostrado acompanhou as amostras respectivas, quando

enviadas ao laboratório. Por questão de segurança, todas as coletas foram ser realizadas por

mais de uma pessoa. Em todos os pontos amostrados evitou-se local próximo a fontes de

contaminação e ao longo de contenção, pois não seria representativa do corpo da água de

superfície como um todo.

As coletas foram todas realizadas a mão e seguiram os procedimentos conforme a

(Figura 14), que demonstra o procedimento correto, visando atender os métodos de

amostragem de acordo com a ABNT NBR 9897:1987 – Planejamento de amostragem de

efluentes líquidos e corpos receptores, a ABNT NBR 9898:1987 – Preservação e técnicas de

amostragem de acordo com a ABNT NBR 9897:1987 – Planejamento de amostragem de

efluentes líquidos e corpos receptores, a ABNT NBR 9898:1987 – Preservação e técnicas de

amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores, e usando como referência o Manual

Simplificado sobre os Procedimentos de Coleta de Água Superficial e de Consumo Doméstico

(CUNHA & MACHADO, 2003).

44

Fonte: EPA, 2007

Figura 14. Técnica de coleta de águas superficiais efetuada diretamente com as mãos.

Após cada coleta das amostras, as mesmas foram perfeitamente acondicionadas, para

evitar quebras e contaminação, e transportadas ao laboratório, sob refrigeração em uma caixa

de isopor térmica a uma temperatura de 4°C, no tempo necessário para que sua analise

ocorressem dentro do prazo de validade da preservação.

As analises foram realizadas nos laboratórios do curso de Engenharia Ambiental. No

laboratório de Engenharia de Alimentos (CEPA) realizou-se as analises de coliformes

termotolerantes e DBO.

3.4 Variáveis Hidrológicas

Para o presente trabalho, foram utilizadas as precipitações médias de cada mês que se

desenvolveu o monitoramento e amostragem, conforme segue na Figura 16 além do histórico

pluviométrico na cidade de Passo Fundo 7 dias antes de cada coleta, conforme Quadro 7.

A vazão (Figura 17) foi calculada pelo método do flutuador, levando em consideração

as seções transversais e a profundidade, sendo essa medida com uma régua graduada.

Quadro 7: Precipitação (mm) dos 7 dias anteriores de cada coleta.

Tempo das Coletas (dias) Precipitações (mm) 7 dias Anteriores de cada Coleta

Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7

0 1,2 0 24,1 1,2 0 0 0

33 25,2 12,4 0 0 0 0 0

56 0 0 0 8,9 0,1 0 0

88 0 1,4 0,8 0 0 0 0

117 0 7,6 63,2 0 0 0 0

45

3.5 Utilização do Modelo

O modelo utilizado para o presente trabalho foi o QUAL2K regulamentado pela

Agência Norte-americana de Proteção Ambiental (U.S. – Environmental Protection Agency –

EPA).

A utilização do modelo se deu pelo fato do mesmo ser bastante difundido em estudos

de qualidade da água e possibilitar a inserção de concentração com variações horárias às

condições de contorno, porém esse trabalho não considerou tais variações e diferencia-se do

Qual2e, pois se podem inserir trechos com tamanhos diferentes, tanto verticalmente como

lateralmente e o fluxo hidráulico pode ser não uniforme e seu fluxo constante é simulado.

O rio em estudo possui alta concentração de carga poluidora, tendo níveis críticos de

oxigênio dissolvido, o que se consegue obter com mais clareza pelo QUAL2K, visto que o

mesmo modela a desnifricação como uma reação de primeira ordem que se torna pronunciada

em baixa concentração de oxigênio.

O percurso em estudo do Rio Passo Fundo considerado possui uma extensão de 10,12

km. Foram considerando apenas sua extensão urbana dentro da cidade de Passo Fundo. O rio

foi dividido em quatro trechos de acordo com o uso e ocupação do solo local. As divisões dos

quatro trechos simulados estão representadas na Figura 15, já o Quadro 8 apresenta a divisão,

bem como as características físicas do local.

46

Figura 15: Divisão do rio em elementos

Quadro 8: Representação dos trechos simulados

Trecho Inicial Final do Trecho

Distância

(km) Características

Nascente (considerada)

Área urbana, com entrada do tributário

4,21 Mata ciliar/indústrias

Área urbana Centro da cidade 2,96 Residências urbanas

Bairro Zachia BR 285 2,17 Residências

Urbana/Indústrias

BR 285 Km 10,12 0,78 Mata ciliar

No Quadro 9 esta a representação dos elementos simulados pelo QUAL2K na forma

inversa dos pontos amostrados.

Quadro 9: Representação dos elementos simulados

Elementos Distancia real de Cada Ponto Método usado conforme QUAL2K 1 0 10,12

2 2,5 7,62

3 4,21 5,91

4 5,76 4,36

5 8,57 1,55

6 10,12 0

47

O modelo QUAL2K utiliza na sua calibração medidas de distâncias da ordem do

maior km analisado na foz para a menor a jusante, conforme apresentado na Quadro 9. Ao

melhor entendimento dos resultados obtidos e não modificando o padrão do modelo

QUAL2K, todas as distâncias reais de cada ponto amostrado no monitoramento e na

modelagem estarão transformadas para o método de distâncias conforme utiliza o modelo

QUAL2K.

O programa QUAL2K divide as planilhas no Excel por cores. Essa organização se dá

a fim de identificar os locais para a inserção das informações pelo usuário e onde serão

gerados os resultados do programa.

a) Planilhas Azuis: São usadas para a inserção dos valores variáveis dos parâmetros

que será usado para a calibração inicial. Esses valores serão fornecidos pelo usuário da

calibração.

b) Planilha Amarela: Local de entrada dos dados e parâmetros que estão sendo

simulado, no qual possuem medição há campo ao longo do rio. Esta planilha é utilizada

para realizar a comparação entre os dados monitorados (conforme este trabalho) ao longo

do rio e os dados simulados pelo programa, auxiliando na calibração do modelo.

c) Planilhas Verdes: São os dados simulados pelo programa ao longo do rio em estudo

e variando conforme os dados inseridos nas 2 planilhas anteriores.

d) Planilhas Violetas: Apresentam os gráficos gerados a partir dos dados inseridos no

programa. Esses gráficos serão visualizados após o programa ser executado.

3.5.1 Calibração do Modelo QUAL2K

De acordo com Von Sperling (2007) e Silvino (2008), a calibração tem por objetivo

obter o melhor ajuste entre os dados observados e os estimados através da variação dos

parâmetros. Para se ter noção da aplicabilidade do modelo, as condições em que a calibração

foi realizada devem ser especificadas.

A calibração do QUAL2K foi realizada a partir dos valores médios reais medidos no

monitoramento do primeiro semestre de 2011(Quadro 6), porém, apenas alguns desses

parâmetros foram utilizados para a modelagem, como veremos a seguir.

48

Para a calibração das variáveis hidráulicas no modelo em um regime permanente:

a) Vazão: foi utilizada a vazão média de cada um dos seis elementos, sendo

consideradas como fonte difusa;

b) Velocidade: utilizou-se a velocidade média de cada elemento, inserida no modelo e

sua calibração se deu com base no n de Manning para canais naturais;

c) Altura da água: a calibração foi obtida com base na rugosidade de canal (n de

Manning);

d) Os demais parâmetros de calibração são os sugeridos pelo próprio modelo, quais

são mais utilizados na literatura;

e) As variáveis foram calibradas e obtidas através do ajuste do gráfico aos dados

levantados em campo. Esses ajustes foram realizados através da inserção das cargas de

vazão como fontes difusas para cada elemento estipulado, as quais foram, dessa forma,

estimadas e representativas de um balanço hídrico de emissões/retiradas difusas na planilha

“Reach”;

f) A cabeceira do rio foi considerada como entrada primaria, não sendo considerada

nas fontes difusas.

g) A vazão do tributário ao km 5,91 no modelo, foi considerado apenas no trecho em

que o mesmo se enquadra, sendo usando a média de seus parâmetros como fonte difusa

naquela seção e não um afluente pontual com concentração especifica naquele ponto.

Para os dados de entrada o Quadro 10 está os dados da primeira parte da planilha

“Reach”, usada para calibrar os dados de entrada no modelo.

Para as condições de contornos na cabeceira do rio, os dados de entradas foram

calibrados através da planilha “Headwater”, conforme se visualiza na Quadro 11.

Quadro 10: Planilha “Reach” usada para especificar os elementos, à distância e elevações

Reach for diel plot 2

Element for diel plot 1 Reach Reach

Location Element Elevation Reach Downstream Number length

Upstream Downstream Number Upstream Downstream

Label end of reach label

(km) Longitude (km) (km) >=1 (m) (m) MP 0.4

Yes

4,21 0,00 0,00 10,12 5,91 8,00 666,00 640,00

2,00

2,96 0,00 0,00 5,91 2,95 6,00 640,00 637,00

3,00

2,17 0,00 0,00 2,95 0,78 4,00 637,00 630,00

4,00

0,78 0,00 0,00 0,78 0,00 2,00 630,00 600,00

Quadro 11: Planilha usada para a entrada dos dados de calibração da cabeceira do rio

Headwater label Reach No Flow Elevation Weir Rating Curves

Rate

Height Width adam bdam Velocity Depth

(m3/s) (m) (m) (m)

Coefficient Exponent Coefficient Exponent

Mainstem headwater 1 0,730 666,000 0,3000 2,2000 1,2500 0,9000 0,0000 0,000 0,0000 0,000 Water Quality Constituents Units 12:00 AM 1:00 AM 2:00 AM 3:00 AM 4:00 AM 5:00 AM 6:00 AM 7:00 AM 8:00 AM 9:00 AM

Temperature C 21,63 21,63 21,63 21,63 21,63 21,63 21,63 21,63 21,63 21,63 Conductivity umhos 276,68 276,68 276,68 276,68 276,68 276,68 276,68 276,68 276,68 276,68

Dissolved Oxygen mg/L 3,97 3,97 3,97 3,97 3,97 3,97 3,97 3,97 3,97 3,97 CBODslow mgO2/L 17,80 17,80 17,80 17,80 17,80 17,80 17,80 17,80 17,80 17,80 CBODfast mgO2/L 11,07 11,07 11,07 11,07 11,07 11,07 11,07 11,07 11,07 11,07

Organic Nitrogen ugN/L 10,73 10,73 10,73 10,73 10,73 10,73 10,73 10,73 10,73 10,73 NH4-Nitrogen ugN/L 16,10 16,10 16,10 16,10 16,10 16,10 16,10 16,10 16,10 16,10 NO3-Nitrogen ugN/L 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Organic Phosphorus ugP/L 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43 Inorganic Phosphorus (SRP) ugP/L 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43 11,43

pH s.u. 7,28 7,28 7,28 7,28 7,28 7,28 7,28 7,28 7,28 7,28

� Para os dados de entrada:

Para determinar as entradas dos dados para a dispersão longitudinal foram inseridos os

dados dos quatros elementos na planilha denominada “Reach” (Quadro 10). Nesta planilha

constam os valores de elevação de cada elemento, largura do canal, profundidade e a

velocidade de dispersão, sendo estes últimos calculados pelo programa.

O calculo de carga especifica apresentadas nos resultados forma obtidos através de

fontes difusas, inserida no programa através de fontes difusas nos locais específicos de

lançamento. Obteve-se o valor da concentração da carga pontual, através da divisão da

população da cidade em 50% e atribuindo o coeficiente de ordem 0,05 – 0,3 d-1 na calibragem

do modelo para DBO, conforme sita Kennel (2007) e Chapra (2008). Foram consideradas 2

cargas pontuais dividindo o percurso em 2 trechos apenas para o esgoto. No primeiro trecho

(10,12 – 5,76 km) adotou-se uma concentração difusa de 0, 0620 m³/s. no segundo trecho

(5,76 – 0 km) adotou-se uma concentração difusa de 0, 0930 m³/s.

A entrada de esgoto no rio foi adotada como fontes difusas, sendo sua carga dividida

para 2 elementos, (10,12 a 5,76km e 5,76 a 0 km), o primeiro elemento foram considerados

60% da concentração e no segundo 40%.

O modelo QUAL2K não possui concentração de fósforo total e Nitrogênio total em

sua calibração, portanto para os dados calibrados, portanto adotaram-se valores segundo

Kennel (2007) descreve em sua literatura para a calibração desse parâmetro. Sendo assim, o

valor de fósforo foi dividido 50% de sua concentração para fósforo orgânico e 50% para

fósforo inorgânico. Já para os nitrogênio adotou-se valores de concentração de 35% para

nitrogênio orgânico e 65% para nitrogênio inorgânico.

� Para condição de Contorno:

A planilha “Headwater” (Quadro 11) foi calibrada com as condições iniciais de

contorno, com fluxo e concentrações para os limites do sistema. É uma planilha opcional de

calibração para inserção dos limites de fluxos de entrada (cabeceira) do rio em estudo.

Nesta planilha inseriram-se valores referentes à temperatura e as condições médias dos

parâmetros calibrados para a cabeceira do percurso analisado.

51

� Para a inserção dos dados monitorados:

O Quadro 12 representa a calibração dos dados hidráulicos na tabela “Hydraulics

Data” do modelo.

Quadro 12: Planilha com dados hidráulicos Tributary Distance Q-data H-data U-data Travel time No. x(km) m3/s m m/s data (d)

0 7,62 3,330 3,600 0 4,36 7,550 1,590 0 1,55 13,500 1,270 0 0,00 14,720 1,050

Para a planilha “Hydraulics Data” (Quadro 12), foram inseridos os valores médios dos

dados relacionados ao sistema hidráulico do sistema para cada um dos quatro elementos.

No Quadro 13 esta representando os dados calibrados para os parâmetros de qualidade de água monitorados.

Quadro 13: Planilha de água WQ Data

Tributary Distance DO

(mgO2/L) CBODs

(mgO2/L) CBODf

(mgO2/L) Norg

(ugN/L) NH4

(ugN/L) Porg

(ugN/L) Inorg P (ugP/L)

Alk (mgCaCO3/L)

pH TN

(ugN/L) TP

(ugP/L) TSS

(mgD/L) No. km data data data data data data data data data data data data 0 7,62 6,02 11,07 11,07 8,16 12,25 8,39 8,39 98,17 7,28 1977,50 71,67 9,57 0 4,36 4,83 8,27 8,27 5,20 7,80 6,98 6,98 115,58 7,18 1094,17 2318,33 14,25 0 1,55 4,67 7,23 7,23 4,09 6,14 2,87 2,87 117,50 6,85 9233,33 1900,00 5,65 0 0,00 5,50 6,70 6,70 3,51 5,27 2,64 2,64 115,92 6,99 7660,83 1568,33 2,63

Os dados monitorados foram introduzidos no modelo de forma opcional, ou seja, o

modelo poderia ser executado independente de estas planilhas armazenarem dados.

Ao introduzir os dados monitorados poderá relacionar os mesmos com a calibração

executada pelo modelo, ajustando-os, caso seja necessário para se obter o melhor resultado

possível de calibração.

Na planilha “WQ Data” (Quadro 13) foram inseridos os valores médios dos dados

relacionados aos parâmetros de qualidade da água monitorados. Esses dados seguiram a

mesma calibração da planilha anterior, sendo dividido para os quatros elementos.

54

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Parâmetros Hidrológicos

A Figura 16 apresenta as precipitações médias mensais de janeiro a julho de 2011. As

precipitações médias foram obtidas nos boletins meteorológicos da FEPAGRO no ano de

2011.

Figura 16 - Precipitação (mm) no primeiro semestre em Passo Fundo 2011

A chuva representa a principal entrada de água em um sistema hidrológico. As

precipitações no estado do Rio Grande do Sul apresentam uma distribuição equilibrada, com

chuvas diferenciadas ao longo do ano. Para o presente estudo notou-se alguns sinais de

mudanças no regime pluvial médio em Passo Fundo, mais especificamente no bimestre de

fevereiro-março, onde as precipitações médias ultrapassaram consideravelmente a média

normal, elevando-se 68,3 e 96,6 mm respectivamente para o dado período em anos anteriores

nos respectivos meses. Isso pode ser visualizado na Figura 16, com a média precipitada no

mês, baseando-se a precipitação normal para os referentes meses em que se obtiveram os

dados monitorados.

55

4.2 Monitoramento Temporal e Espacial

O comportamento temporal foi avaliado através de variação dos tempos de coletas de

cada ponto selecionado por sua concentração especifica.

Para o monitoramento espacial foi considerado a média dos 117 dias para cada ponto

amostrado pela sua real concentração. Na coleta dos 56 dias se desconsiderou as

concentrações dos seguintes parâmetros: cloretos, pH, Turbidez, Oxigênio Dissolvido,

Coliformes termotolerantes, DBO, Nitrogênio Total, DQO, pois os mesmos com

concentração superior a sua característica local de poluição em alguns pontos, não sendo

representativo para o comportamento médio do rio.

Já na coleta inicial 0 dias foi desconsiderada para os parâmetros: sulfatos e fósforo

que estavam fora das características normal em alguns pontos amostrado aos demais dias.

Essa carga desproporcional pode ser atribuída a algum lançamento pontual e eventualmente

ocorrido nos dia próximo a coleta, ou a algum erro de amostragem.

4.2.1 Vazão

Na Figura 17 a vazão média espacializada ao longo dos 10,12 km analisados.

Figura 17. Variação espacial média da vazão (m³/s)

56

Conforme se observa (Figura 17), ao longo dos 10,12 km, a vazão média aumenta a

jusante do rio pela entrada de tributários. O canal do rio também aumenta sendo no inicio, ao

km 0 um pequeno córrego e aos 10,12 km um rio expressivo em tamanho e vazão. Com o

aumento da vazão, as cargas de efluentes ficam mais dispersas facilitando a autodepuração do

meio e consequentemente aumentando o poder de aeração do rio.

4.2.2 Temperatura

A Figura 18 apresenta a variação da temperatura nos pontos coletados pelo tempo de

coleta realizado. Já na Figura 19 esta apresentada à variação média temporal da temperatura

dos dias coletados.

Figura 18. Variação da temperatura por tempo de coleta.

0

5

10

15

20

25

30

0 dias 33 dias 56 dias 88 dias 117 dias

Tem

pe

ratu

ra

Tempo

10,12

7,62

5,91

4,36

1,55

0

Valor Admissível

57

Figura 19. Variação espacial da temperatura média

A temperatura pode variar em função de fontes naturais (energia solar) e fontes

antropogênicas (despejos industriais e águas de resfriamento de máquinas). As águas tem

amplitude térmica pequena, variando de 1 a 2 ºC em relação ao ambiente (FILHO, 2005). As

amostras de temperatura do corpo do rio em todos os pontos foram realizadas a uma

profundidade entre 20 cm a 30 cm, de montante para a jusante, começando no inicio da

manhã e terminando próximo ao final da manhã. Esse fator pode ter contribuído para as

diferenças nas medições ao longo do percurso conforme se percebe na Figura 19.

Na Figura 18 se observa mínima a variação na temperatura entre os pontos amostrados

e, a mesma em nenhuma das coletas ultrapassou o valor admissível pela resolução CONAMA

nº 357/2005 (BRASIL, 2005), que é de 25 ºC.

4.2.3 Potencial Hidrogenionico (pH)

A Figura 20 representa a variação temporal do pH nos pontos monitorados.

21

21,2

21,4

21,6

21,8

22

22,2

22,4

22,6

10,12 7,62 5,91 4,36 1,55 0

Tem

pe

ratu

ra

km Mé…

58

Figura 20. Variação do pH por tempo de coleta.

Na Figura 21 se observar o comportamento médio espacial pela distancia de cada

ponto monitorado.

.

Figura 21. Variação espacial média do pH

Segundo Von Sperling (1996) a alteração do pH pode ser devido a fatores antrópicos

ou naturais. Os valores baixos em meio aquáticos é causada principalmente pela presença de

CO2, ácidos minerais e sais hidrolisados, que ao reagir com a água, os íons de hidrogênios são

liberados acidificando o meio em que se encontra.

Os dados monitorados revelam, conforme a Figura 21 nos dados espaciais, que o pH

ficou dentro dos níveis aceitáveis conforme a resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL,

2005) classifica para a classe 2 ser de limite mínimo 6 e limite máximo tolerável 9. Para as

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 dias 33 dias 56 dias 88 dias 117 dias

pH

Tempo

10,12

7,62

5,91

4,36

1,55

0

Minimo

Máximo

5,80

6,00

6,20

6,40

6,60

6,80

7,00

7,20

7,40

10,12 7,62 5,91 4,36 1,55 0

pH

km Média

59

amostragens dos 117 dias (Figura 20), o pH ficou abaixo do limite mínimo a partir do km 4,21

consequentemente alterando os demais pontos amostrados a jusante. Essa diminuição da

concentração de pH, pode ser atribuída à algum lançamento de efluente industrial tratado, o

qual possivelmente possui pH baixo.

4.2.4 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

Na Figura 22, tem-se a variação da DBO por tempo de cada coleta realizada. Já na

Figura 23 apresentam-se os resultados das variações espaciais médias.

Figura 22. Variação de DBO por tempo de coleta.

60

Figura 23. Variação espacial média da DBO

Segundo Perreira (2007), a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) mostra a

quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica biodegradável presente na

água. Quanto maior for essa quantidade de matéria orgânica presente, maior será a quantidade

de oxigênio necessária para a sua decomposição e ao nível que a matéria orgânica baixar, as

bactérias decompositoras necessitarão de pequenas quantidade de oxigênio para decompô-la,

então a DBO será baixa. Nos pontos iniciais, esse limite foi superior, por sua carga elevada e

baixa vazão (Figura 17). Com o aumento da vazão, há uma diminuição na concentração de

carga orgânica, devido sua diluição ao meio aquoso. Com a entrada do tributário de baixa

influencia por esgotos esse decréscimo ocorre mais acentuado, como pode ser visto na Figura

23.

As moléculas orgânicas com estrutura complexas, são usadas pelas bactérias como

fonte de alimento, pois possuem alto valor energético, mas para que esse processo ocorra,

esses organismos aeróbios necessitam respirar. Nesse processo eles retiram uma parte do

oxigênio presente no meio aquoso, baixando sua demanda no meio (Silva, 1997). A resoluçào

CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005) ressalta para classe 2 como sendo limite máximo de

DBO uma concentração não superior a 5 mg/L. Para os pontos amostrados essa concentração

se deu superior, principalmente a montante do rio, onde a vazão é menor, Figura 17, a carga

de efluente pontual é maior, possivelmente lançado por alguma industria nas proximidade.

61

4.2.5 Demanda Química de Oxigênio (DQO)

A Figura 24 apresenta os resultados obtidos para DQO de acordo com os tempos

analisados. A Figura 25 está representando a variação espacial média.

Figura 24. Variação de DQO por tempo de coleta.

Figura 25: Variação espacial média da DQO

Em meios aquosos segundo Perreira (2007), a DQO é medida através da quantidade de

oxigênio exigida para a oxidação química completa da matéria oxidável total presente, tanto

62

orgânica como inorgânica. Usa-se a DQO principalmente em locais que contenha substâncias

tóxicas para as bactérias decompositoras, proveniente de esgotos, onde haverá a morte das

bactérias não podendo ser avaliado pela DBO. Em geral, a DQO é maior que a DBO e possui

a vantagem sobre o tempo necessário para se calcular o índice, que dura em média 2 horas, ao

contrário da DBO em que são necessários 5 dias. Conforme se consegue observar na Figura

25, a autodepuração do rio é evidente, mostrando, possivelmente, diluição do parâmetro, com

o aumento da vazão (Figura 17) e redução das possíveis descargas de efluentes in natura

pontuais.

A resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005) não estipula um limite de

concentração em água para rios de classe 2, mas dependendo da característica de degradação

do líquido analisado, em geral a DQO/DBO elevado, está relacionado à característica química

de lenta degradação e quando esses parâmetros forem baixos as características de matéria

biológica e de fácil degradação. Como a DBO mede apenas fração biodegradável, quanto

mais este valor se aproximar da DQO significará que mais facilmente biodegradável será a

concentração de efluente no meio em que se encontram (CETESB, 2011).

Os dados obtidos através desse parâmetro (Figura 24) podem ter características de

efluente industriais com cargas recalcitrantes. No entanto, os dados aqui observados poderão

não ser representativos da real situação do rio, uma vez que os mesmos estão com uma

concentração muito superior da concentração de DBO, o que possivelmente simboliza erro de

análise como, por exemplo, na curva padrão do laboratório que foi utilizada para a faixa de

DQO > 100 mg/L.

4.2.6 Oxigênio Dissolvido (OD)

A Figura 26 representa a variação temporal da concentração de OD para cada ponto

Na Figura 27 observa-se a variação espacial do média de OD.

63

Figura 26. Variação de OD por tempo (dias) de coleta

Figura 27. Variação espacial média de OD

A Figura 26 ilustra a variação de oxigênio dissolvido ao longo do tempo e apresenta

valores abaixo do limite mínimo de 5mg/L conforme a resolução CONAMA nº 357/2005

(BRASIL, 2005) na maioria dos pontos amostrados e principalmente nos 3 primeiros tempos

analisados. As amostragens no tempo de 117 dias têm os níveis aceitáveis de OD, fator que

pode ser atribuído a elevada precipitação neste período.

Em relação ao comportamento espacial (Figura 26), mesmo com concentração

admissível no km 2,5 e a entrada do tributário no km 4,21, a concentração tem uma elevada

-

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

0 dias 33 dias 56 dias 88 dias 117 dias

Co

nce

ntr

açã

o (

mg

/L)

Tempo

10,12

7,62

5,91

4,36

1,55

0

64

queda a jusante em períodos de tempos distintos. A carga orgânica presente sofre uma

autodepuração com o aumento da vazão até o km 10,12, conforme podemos ver na Figura 27.

Nesse sentido, nos rios, o oxigênio é um elemento de essencial importância para

organismos aeróbicos (VINATEA ARANA, 1997 apud PERREIRA, 2007). Ele é

indispensável aos organismos aeróbios; a água, em condições normais, contém oxigênio

dissolvido, cujo teor de saturação depende da altitude e da temperatura.

As bactérias que decompõem a matéria orgânica em processos aeróbicos usam o

oxigênio para seu processo respiratório, o que consequentemente o diminui sua presença no

meio. Em um meio aquático onde exista grande carga de matéria orgânica (provavelmente

originada de esgoto), e dependendo do consumo de oxigênio para a sua decomposição e da

taxa de aeração do ambiente, podem vir a morrer diversos seres aquáticos sensíveis a níveis

críticos de oxigênio, o que possivelmente não venha a ocorrer com os resultados obtidos, mas

serve como alerta para os valores baixos observados na maioria dos pontos amostrados. Nesse

sentido, quando um meio aquoso chegar a níveis de ausência de oxigênio, espécies

anaeróbicas começarão a atuar na decomposição da matéria orgânica ali presentes,

aumentando a toxicidade de elementos químicos, tais como metais e gerando mau cheiro na

água.

4.2.7 OD x DBO

A Figura 28 está representando variação média espacial entre OD e DBO, em que

podemos observar com mais clareza a autodepuração no percurso em estudo, possivelmente

devido ao aumento da vazão.

65

Figura 28. Variação OD X DBO nos 112 dias

Como se pode perceber na Figura 28, quando a concentração de DBO em água

diminui, o oxigênio dissolvido (OD) aumenta. Essa variação se deve pela redução da carga

orgânica presente e capacidade de aeração do meio, que pode ser notada a partir do km 6. O

rio em estudo possui algumas fontes pontuais de concentração elevada de efluentes com altas

taxas de compostos orgânicos. Lançamentos de esgoto industrial e principalmente doméstico

in natura são os grandes responsáveis por essa carga antrópica.

Para Silvino (2008) a DBO é uma medida indireta da concentração de matéria

orgânica presente em uma amostra de água. Esta medida se dá pela determinação da

quantidade de oxigênio consumido para converter a matéria orgânica presente na água para

uma forma inorgânica em um período de tempo determinado, geralmente 5 dias, a 20 ºC.

Assim a DBO pode representar tanto a matéria orgânica quanto o consumo de oxigênio

dissolvido, podendo ser entendido por estes dois ângulos dependentes na Figura 28.

4.2.8 Nitrogênio Total

Na Figura 29 tem-se a variação da concentração de nitrogênio total pelos tempos. Já na

Figura 30 tem-se a variação espacial média da concentração de nitrogênio.

66

Figura 29. Variação de Nitrogênio por tempo (dias) de coleta

Figura 30. Variação espacial média de Nitrogênio

Existem diversas fontes de nitrogênio em águas, porém, os esgotos sanitários

constituem as principais delas, devido à presença de proteínas e pela hidrólise da urina em

água. Efluentes industriais também podem contribuir com descargas de nitrogênio orgânico e

amoniacal nas águas. Podemos observar que as concentrações são maiores nos primeiros

pontos amostrados, possivelmente pela baixa vazão (Figura 17) e alta concentração de

efluente in natura, ressaltando que para os 56 dias todos os parâmetros analisados ficaram fora

dos padrões de qualidade. Quando descarregado em excesso em águas superficiais, as

diversas formas de nitrogênio, em conjunto com o fósforo e outros nutrientes presentes nos

despejos, provocam o enriquecimento do meio, possibilitando o crescimento de seres vivos

que os utilizam e causando a eutrofização (CETESB, 2011).

67

A resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005) ressalta que para se determinar

o valor máximo permitido de Nitrogênio em água para classe 2, deverá analisar a

variabilidade do pH no meio. Neste caso o pH médio não ultrapassou 7,5, portanto adotou-se

uma concentração máxima permitida em água de 3,7 mg/L. Ao adotar-se tal valor, vários

pontos amostrados estiveram com concentração superior a essa limitação ao observar a Figura

29. Novamente a baixa vazão a montante e a elevada entrada de tributários com carga de

efluentes in natura revela um rio com forte impacto antrópico.

4.2.9 Fósforo

A Figura 31 está representando a concentração média de fósforo ao longo do tempo

avaliado. Já na Figura 32, apresenta-se a variação espacial média da concentração de fósforo.

Figura 31. Variação de fósforo por tempo (dias) de coleta

68

Figura 32. Variação espacial média de fósforo

A Figura 31 apresenta os resultados para a concentração de fósforo ao longo do tempo

amostrado. Apenas a entrada tributária, aos 4,21 km ficou dentro do limites estipulados na

resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005) para classe 2. Mesmo com a vazão do

tributário, a concentração de fósforo diminui apenas a jusante, a partir de 8,57 km, em que as

entradas pontuais de efluente diminuem. Assim como o nitrogênio, o fósforo constitui-se em

um dos principais nutrientes nos processos biológicos, por ser exigido em grande quantidade

pelas células. Os esgotos sanitários no Brasil apresentam concentração de fósforo total na

faixa de 6 a 10 mgP/L (CETESB, 2011), superior a quantidade observada nos pontos

amostrados.

Para a Figura 32, nota-se que mesmo com a entrada do tributário, com carga

insignificante de fósforo, o mesmo tem uma concentração elevada a 5,76 km, o que

possivelmente ocorreu devido a lançamentos pontuais de esgoto sanitário. Segundo Cetesb

(2011), os detergentes super fosfatados empregados em larga escala domestica constituem as

principais fontes, juntamente com os efluentes domésticos que são ricos em proteínas.

Indústrias de fertilizantes, frigoríficos, laticínios e químicas em geral também apresentam

fósforo em grande quantidade. Águas drenadas superficialmente de áreas agrícolas também

podem provocar aumento de concentração. As inúmeras fontes de efluentes com altas taxas de

fósforo existente ao longo do rio são fatores decisivos para essa concentração elevada. Pouca

vazão em alguns períodos de coleta associadas à cargas de lançamento podem elevar as

concentrações. Em alguns pontos do rio, onde não possui correnteza, podem-se notar

processos de eutrofização no meio.

69

4.2.10 Cloretos

Na Figura 33 está representada a variação temporal e na Figura 34 tem-se a variação

média espacial da concentração de cloretos.

Figura 33. Variação de Cloretos por tempo (dias) de coleta

Figura 34. Variação espacial média de Cloretos

70

Os resultados da Figura 33 mostram a variação da concentração de cloretos por ponto

amostrado em diferentes tempos de coleta. Novamente o fator decisivo para alta concentração

dos primeiros km amostrados se deve à baixa vazão (Figura 17) juntamente com uma carga

expressiva de efluente contendo cloretos. Em águas superficiais, os cloretos são fontes

importantes associadas à descarga de esgotos sanitários, sendo que cada pessoa expele através

da urina cerca de 6 g de cloreto por dia, ultrapassando a concentração de 15 mg/L de cloreto

no esgoto. Diversos efluentes industriais também podem apresentar elevadas concentrações de

cloreto como as de indústrias de petróleo, farmacêuticas, curtumes, entre outras. O cloreto

provoca o sabor salgado na água, sendo o cloreto de sódio o mais restrito por provocar sabor

em concentrações da ordem de 250 mg/L, valor este que é usado como padrão de qualidade

(FILHO, 2005).

Com a entrada do tributário ao longo do km 4,21 (Figura 34), a concentração de

cloreto tem uma queda notada nos demais pontos amostrados. Sem expressivo lançamento de

efluente sanitário e com maior vazão, a concentração de cloretos se reduz à jusante. Na média

das coletas, conforme a Figura 34, apenas no km 7,62 o cloreto ficou superior a concentração

estipulada na resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005), de 250 ml/L, para a classe 2

do rio.

4.2.11 Sulfatos

Na Figura 35 tem-se a variação da concentração sulfatos no período temporal

analisado. Já na Figura 36 tem-se a variação média espacial.

71

Figura 35. Variação de sulfato por tempo (dias) de coleta

Figura 36. Variação espacial média de Sulfato

A coleta inicial foi desconsiderada para a mesma, podendo ter sofrido algum

lançamento pontual desproporcional ou erro de analise conforme se analisa na Figura 35.

Geralmente o sulfato é formado a partir de oxidação do gás sulfúrico no meio aquático

oxigenado, podendo ser química ou por microorganismos. Suas concentrações em águas

superficiais podem ser influenciadas pela drenagem hídrica de fertilizantes, os quais são

usados na agricultura e também na decomposição da matéria orgânica. Em concentrações

elevada, pode ter o efeito laxativo (PERREIRA, 2007). Nota-se que, pela Figura 36, a média

espacial não ficou fora dos limites exigido pela resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL,

2005).

4.2.12 Condutividade Elétrica

A variação temporal da condutividade elétrica est

Figura 38 apresenta a média

rio analisado.

Figura 37. Variação de

Figura

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0 dias

Mic

ros/

cm

Condutividade Elétrica

A variação temporal da condutividade elétrica está representada na

dia da concentração da condutividade elétrica

Variação de Condutividade Elétrica por tempo (dias) de coleta

Figura 38. Variação espacial média de Condutividade Elétrica

0 dias 33 dias 56 dias 88 dias 117 dias

Tempo

72

representada na Figura 37 e a

ao longo do trecho do

ondutividade Elétrica por tempo (dias) de coleta

Condutividade Elétrica

10,12

7,62

5,91

4,36

1,55

0

Limite

73

Apesar de ser uma forma indireta para medir a concentração de poluentes, conforme

afirma Filho (2005), a condutividade elétrica é uma expressão numérica da capacidade de

uma água em conduzir corrente elétrica. Altos valores poderão indicar presença de sais e

características corrosivas da água, o que possivelmente não ocorre no rio em estudo. À

medida que sólidos dissolvidos são adicionados a meios aquosos a condutividade também

pode aumentar.

A resolução CONAMA nº 357/2005 não estipula um valor para condutividade em rio

classificado como sendo de classe 2. Segundo CETESB (2011), níveis superiores a 100 µS/cm

indicam ambientes impactados. Considerando esse nível mínimo adotado, vários pontos

ficaram com concentração superior (Figura 37) e podemos caracterizar o meio em estudo

como estando impactado.

Mesmo sendo uma forma indireta de medição conforme afirma Filho (2005) e

dependendo da concentração iônica e da temperatura para medir a quantidade de sais

presentes na coluna de água, podemos concluir pela Figura 38, que a concentração de

condutividade elétrica diminui a jusante devido ao aumento da vazão (Figura 17) e

diminuição das emissões pontuais.

4.2.13 Turbidez

A Figura 39 apresenta a variação da turbidez ao longo do tempo monitorado. A Figura

40 apresenta a variação média espacial da turbidez.

74

Figura 39. Variação da Turbidez por tempo (dias) de coleta

Figura 40. Variação espacial média da Turbidez

A turbidez é causada, segundo Filho (2005) por materiais sólidos em suspensão, sendo

a cor da água de interferência negativa na medida devido a sua propriedade de absorver luz. A

turbidez é medida através do turbidímetro de Jackson, comparando-se o espalhamento de

feixe de luz ao passar pela amostra com o espalhamento de um feixe de igual intensidade ao

passar por uma suspensão. Quanto maior o espalhamento maior será a turbidez. As águas

podem apresentar uma elevação de turbidez quando ricas em Fe, mas normalmente a turbidez

não é fator predominante para a qualidade das águas. Para o presente estudo a turbidez não

está fora dos padrões de qualidade estipulado pela resolução CONAMA nº 357/2005

75

(BRASIL, 2005), não sendo atribuída a sua concentração a inconvenientes sanitários diretos,

mas podendo ser desagradável na água em estudo, e alguns sólidos em suspensão podem

servir de abrigo para microorganismos patogênicos, diminuindo a eficiência da desinfecção de

possíveis ETAs a jusante.

4.2.14 Coliformes Termotolerantes

A Figura 41 apresenta o comportamento temporal de coliformes termotolerantes e a

Figura 42 apresenta a variação espacial de Coliformes Termotolerantes expressada pela média

da concentração em cada ponto.

Figura 41. Variação de coliformes termotolerantes por tempo (dias) de coleta

76

Figura 42. Variação espacial média de Coliformes Termotolerantes

As bactérias do grupo coliforme são consideradas os principais indicadores de

contaminação fecal. A partir da análise da Figura 41 nota-se que houve pontos distintos em

cada dia coletado que estiveram fora do padrão de qualidade estipulado pela resolução

CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005). As cargas de efluente sanitário têm entrada pontual

no rio, sendo que os mesmos não possuem uma carga constante no meio. Neste aspecto a

variação de concentração em cada ponto poderá variar, conforme a hora ou o dia de coleta.

O uso das analises de coliformes termotolerantes para indicar a poluição sanitária em

corpos hídricos mostra-se mais significativo do que as analises de coliformes totais, isso

porque as bactérias estão restritas ao trato de animais de sangue quente. Determinação de

concentração de coliformes em água superficiais assume papel importante como parâmetro

indicador de possíveis microorganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de

doenças de veiculação hídrica (CETESB, 2011). Portanto para a variação espacial, conforme a

Figura 42, pode-se considerar que a concentração de coliformes no percurso em estudo poderá

ser a causadora de inúmeras doenças futuras, conforme descreve a CETESB (2011), caso não

haja um controle nesse lançamento de efluente sanitário in natura.

Segundo Castro et el. (2008), a presença de coliformes na água não apresenta, por si

só, um perigo à saúde, mas indica a possível presença de outros organismos causadores de

problemas à saúde.

77

4.3 Simulação do Modelo QUAL2K

Os parâmetros físicos e químicos simulados são apresentados abaixo. O modelo

QUAL2K gera gráficos de concentração versus distância, portanto foi usado o mesmo padrão

nos gráficos de monitoramento.

No total foram calibrados oito parâmetros de qualidade, sendo considerada toda a

extensão do rio em estudo e os mesmos valores de esgoto difuso para ambos.

4.3.1 Vazão

A Figura 43 esta representando a vazão ao longo do eixo longitudinal dos 10,12 km

em estudo do Rio Passo Fundo.

Figura 43: Vazão média ao longo do eixo longitudinal do percurso em estudo do Rio Passo Fundo

Rio Passo Fundo (15/11/2011)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

024681012km

m³/s

Q, m3/s Q-data m3/s

78

Observa-se a partir da Figura 43 os valores da vazão para cada ponto monitorado e os

dados referentes à calibração desses elementos pela tabela “Reach” citada anteriormente. Ao

analisar os dados, nota-se que o modelo respondeu bem a calibração, representando a real

vazão do rio em estudo. Os valores para cada elemento são as médias de todos os meses

monitorados. Para essa média não foi definido períodos secos ou chuvosos, mas sim um

regime permanente.

Do ponto de vista de qualidade ambiental, conforme cita Silvino (2008), os aumentos

de vazões podem ter um caráter benéfico, pois pode ocorrer uma diluição dos poluentes em

maior escala. Contudo se esse aumento de vazão ocorrer nos períodos de chuva poderá

implicar também no aumento do carregamento de sólidos para o leito dos mananciais,

assoreando rios e córregos.

4.3.2 Temperatura

A Figura 44 expressa os valores simulados para a temperatura ao longo do percurso

em analise do Rio Passo Fundo.

Figura 44: Variação da temperatura ao longo do eixo longitudinal do percurso em estudo do Rio Passo Fundo

Rio Passo Fundo (15/11/2011)

0

5

10

15

20

25

30

024681012

Temp(C) Average Mean Temp-data Temp(C) Minimum

Temp(C) Maximum Minimum Temp-data Maximum Temp-data

79

Em termos longitudinais a temperatura (Figura 44), possui um gradiente da nascente à

jusante, apresentando uma diferença de 1 a 2 ºC de diferença em todo o período amostrado.

Um dado importante a ser citado é que todas as amostragens realizadas a campo, conforme

citado nos dados de monitoramento, foram coletados no inicio da manha na nascente e os

demais pontos a jusante próximo ao meio dia. Esse fato pode contribuir para gradiente

longitudinal.

Segundo Fonseca (2008) com o aumento da temperatura há redução na solubilidade do

OD e consequentemente a concentração de OD diminui. Além de que com essa elevação, a

degradação da matéria orgânica torna-se mais intensa e, embora a reaeração contribua para

um aumento da concentração de OD, este aumento não é suficiente para superar o decréscimo

causado pela maior velocidade de degradação. Para o presente modelo não houve esse

aumento de temperatura, sendo que o mesmo respondeu satisfatoriamente à simulação da

temperatura, seguindo a mesma tendência das figuras monitoradas espacialmente,

aumentando ao longo da jusante, porém ficando na faixa dos 20 ºC, temperatura essa ideal

para a calibração dos parâmetros.

4.3.3 pH

A Figura 45 expressa os valores ao longo do eixo longitudinal para pH, do percurso

analisado do rio em estudo.

80

Figura 45: Variação do pH ao longo do eixo longitudinal do percurso em estudo do Rio Passo Fundo.

Os valores de pH (Figura 45) não sofrem grande variação longitudinal e mantiveram

as mesmas variações dos dados monitorados espacialmente.

Segundo Fiorentin et. el. (2009) apud LIMA (2010) para a estabilidade e solubilidade

dos metais entre outras características da água e segundo a resolução CONAMA nº 357/2005

(BRASIL, 2005), o valor do pH deve variar de 6 a 9,5 em águas superficiais. Os resultados

obtidos para o rio na calibração do modelo mantiveram-se dentro dos limites para rios classe

3, com valores tendendo a basicidade.

4.3.4 Fósforo orgânico e inorgânico

Nas Figura 46 e Figura 47 está apresentada a calibração para fósforo orgânico e

inorgânico, respectivamente. A calibração do modelo apresentou coeficientes de hidrólise e

velocidade de sedimentação para fósforo orgânico e inorgânico conforme Quadro 14.

Rio Passo Fundo (15/11/2011)

0

2

4

6

8

10

12

14

024681012Km

Con

cent

raçã

o

pH pH datapH Min pH MaxMinimum pH-data Maximum pH-datapHsat

81

Figura 46: Concentração de fósforo orgânico ao longo do eixo longitudinal

Figura 47: Concentração de fósforo inorgânico ao longo do eixo longitudinal

Quadro 14: Coeficientes de calibração do QUAL2K para fósforo orgânico e inorgânico.

Elementos

Fósforo Orgânico Fósforo Inorgânico

Taxa de Hidrólise

Velocidade de sedimentação

Velocidade de sedimentação

/d m/d m/d 1 0,2000 2,0000 2,0000 2 0,2000 2,0000 2,0000 3 0,2000 2,0000 2,0000 4 0,2000 2,0000 2,0000

Rio Passo Fundo (15/11/2011)

0

2

4

6

8

10

12

14

024681012km

conc

entr

ação

Inorg P (ugP/L) data Inorg P (ugP/L)Inorg P (ugP/L) Min Inorg P (ugP/L) MaxMinimum Inorg P-data Maximum Inorg P-data

Rio Passo Fundo (15/11/2011)

0

2

4

6

8

10

12

14

024681012km

conc

entra

ção

Porg (ugN/L) data Po (ugP/L)Po (ugP/L) Min Po (ugP/L) MaxMinimum Po-data Maximum Po-data

82

A concentração de fósforo inorgânico (Figura 46) e orgânico (Figura 47) resultante da

simulação do segmento do rio em estudo apresentou uma redução à jusante. Desta maneira,

pode-se observar que a concentração inicial esta acima do padrão de qualidade estipulado pela

resolução CONAMA nº 357/2005 (BRASIL, 2005), e mesmo ao final do percurso, continua

com alta carga de concentração. O modelo respondeu satisfatoriamente a calibração.

Segundo Esteves (1998) apud LIMA (2010), o fosfato inorgânico presente na água

tem origem natural e artificial. Dentre as fontes naturais, as principais são as rochas e suas

matérias primárias presente e suas composições, além da decomposição de organismos de

origem alóctone. As fontes artificiais são os esgotos domésticos e industriais e efluentes

agrícolas. Para o presente estudo, as taxas de concentração de fósforo inorgânico (Figura 46)

são atribuídas principalmente aos esgotos domésticos com altas cargas de detergentes

organofosforados, além da ocupação do solo ao longo das margens do rio, bem como a

drenagem pluvial urbana e rural e esgotos domésticos. A velocidade de sedimentação (Quadro

14), assim como a taxa de hidrólise, para a calibração do modelo mostrou-se único e constante

da cabeceira a jusante tanto para os dados modelados para fósforo orgânico como para o

inorgânico.

O fosfato orgânico, segundo o mesmo autor, é a forma de fosfato que está vinculada ao

tecido animal ou vegetal, sendo formado principalmente por processos biológicos. Isso

implica dizer que dejetos de animais, esgotos domésticos e restos de alimentos contribuem

para o acumulo de P orgânico no meio aquático ao longo do rio modelado (Figura 47).

Também pode ser formado a partir de ortofosfato ou como resultado da quebra de pesticidas

orgânicos que contêm fosfatados.

4.3.5 Nitrogênio Orgânico e Inorgânico

A Figura 48 representa os dados calibrados da concentração de nitrogênio orgânico ao

longo do eixo longitudinal e na Figura 49 estão apresentados os valores para concentração de

nitrogênio inorgânico.

83

Figura 48: Concentração de nitrogênio orgânico ao longo do eixo longitudinal

Figura 49: Concentração de nitrogênio inorgânico ao longo do eixo longitudinal

A calibração para ambos os nitrogênios resultaram nos coeficientes conforme Quadro

15:

Rio Passo Fundo (15/11/2011)

0

2

4

6

8

10

12

024681012km

conc

entr

ação

No(ugN/L) Norg (ugN/L) dataNo(ugN/L) Min No(ugN/L) MaxMinimum No-data Maximum No-data

Rio Passo Fundo (15/11/2011)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

024681012km

conc

entr

ação

NH4 (ugN/L) data NH4(ugN/L)NH4(ugN/L) Min NH4(ugN/L) MaxMinimum NH4-data Maximum NH4-data

84

Quadro 15: Coeficientes usados na calibração do modelo para N orgânico e inorgânico.

Elementos

Nitrogênio Orgânico Amônia Nitrato Taxa de Hidrolise

Velocidade de sedimentação

Taxa de Nitrificação

Taxa de desnitrificação

Taxa Transferência de Sedimentação

/d m/d /d m/d m/d 1 0,2000 0,0000 1,0000 0,0500 0,0000 2 0,2000 0,0000 1,1000 0,0500 0,0000 3 0,5000 0,0000 1,2000 0,0600 0,0000 4 0,9000 0,0000 1,3000 0,0600 0,0000

As maiores concentrações de nitrogênio, tanto amoniacal ou inorgânico, foram

registradas no inicio do percurso calibrado, seguindo os resultados dos gráficos de

monitoramento espacial. A concentração de nitrogênio amoniacal mostrou-se menor do que a

concentração de NH4N, mas ambos os nitrogênios (Figura 48 e Figura 49) possuem o mesmo

perfil de decaimento a jusante.

Segundo Melo et al. (2000), o nitrogênio presente no esgoto fresco está quase todo

combinado sob a forma de proteína e uréia, sendo as bactérias que transformam o nitrogênio

presente primeiramente em amônia, depois em nitritos, e em seguida em nitratos. Melo et el.

(2000) destaca que a concentração com que o nitrogênio aparece sob essas várias formas

indica a idade do esgoto ou sua estabilização em relação a demanda de oxigênio, neste ponto

de vista a característica da concentração do nitrogênio presente na água do rio mostra-se ter

maior índice de efluente já nitrificado (Figura 49). Essa nitrificação é visualizada na adoção

dos coeficientes de calibração, Quadro 15, onde há um aumento da taxa de nitrificação ao

longo dos elementos a jusante.

A desnitrificação segundo Jih et al. (2001) apud Dombroski (2002), é a conversão de

nitrato a nitrogênio gasoso, onde é considerada junto com a nitrificação, os principais

processos envolvidos na remoção biológica de nitrogênio. Assim como se observa na Quadro

15, o modelo demonstra um aumento da desnitrificação à jusante e consequentemente o

decréscimo da carga de NH4N (Figura 49) a jusante.

4.3.6 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

A Figura 50 representa a concentração de DBO ao longo do eixo longitudinal para o

para os 10,12 km em estudo do rio.

85

Figura 50: Concentração de DBO ao longo do eixo longitudinal

O modelo QUAL2K trabalha com a modelagem de balanço de massa para cada item

do modelo, com exceção das variáveis ligadas as algas de fundo. O Modelo acaba gerando

para cada elemento disponibilizado um resultado proveniente da equação geral do balanço de

massa, obtendo desta maneira uma seqüência de informações sobre os trechos do rio.

Desta forma, a calibração pode ficar deficiente, pois ocorre a imprecisão no ajuste do

balanço de massa da DBO, já que não se considera toda a matéria orgânica biodegradável

presente no meio.

A calibração para a vazão relacionada na Figura 43 apresentou valores únicos para o

coeficiente de oxidação da DBO de 0,20 d-1 para todo o percurso em analise. Quando não há

mudança na taxa de degradação segundo Silvino (2008), possivelmente a redução da DBO se

dá pela diluição da carga orgânica com o aumento da vazão da montante a jusante. O que se

comprova por baixos valores de k obtidos na modelagem desse parâmetro. Valores típicos dos

coeficientes de remoção de DBO estão representado no Quadro 5, segundo Vong Sperling,

(2007), diferenciando os Kd por profundidade do rios analisado. Segundo o mesmo autor, os

rios mais rasos possuem maiores influencia da biomassa presente nos sedimentos, a qual

contribui para a decomposição da DBO.

Rio Passo Fundo (15/11/2011)

0

2

4

6

8

10

12

024681012km

Con

cent

raçã

o

CBODf (mgO2/L) CBODf (mgO2/L) dataCBODf (mgO2/L) Min CBODf (mgO2/L) MaxMinimum CBODf-data Maximum CBODf-data

86

Ao verificar a Figura 50 nota-se que o modelo respondeu bem a calibração exceto nos

últimos pontos a jusante, devido ao balanço de massa e ao não considerar as algas de fundo.

4.3.7 Oxigênio Dissolvido (OD)

A Figura 51 expressa os valores correspondente ao OD calibrado no modelo QUAL2K

ao longo do espaço. No Quadro 16 temos os coeficientes usados na calibração do modelo.

Figura 51: Concentração de OD ao longo do eixo longitudinal

Quadro 16: Coeficientes usados na calibração do

modelo para Oxigênio Dissolvido.

Elementos

Oxigênio Dissolvido

Coeficiente de reaeração

Velocidade de sedimentação

d-1 m/d 1 0,2 1,00 2 0,2 1,00 3 0,4 1,00 4 0,9 1,00

Rio Passo Fundo (15/11/2011)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

024681012km

conc

entra

ção

DO(mgO2/L) DO (mgO2/L) dataDO(mgO2/L) Min DO(mgO2/L) MaxMinimum DO-data Maximum DO-data

87

Em termos de concentração (Figura 51) observou-se os menores valores de oxigênio

dissolvido foram obtidos na nascente do rio, com aumento a jusante. Essa diferença esta

ligada principalmente ao poder de reaeração ao longo do percurso, em que sua vazão aumenta

e os efluentes com carga orgânica sofrem diluição, diminuindo sua concentração e

consequentemente aumentando a quantidade de oxigênio dissolvido na água.

Ao analisar os dados de referencia para os tipos de rios e seu comportamento, segundo

Vong Sperling (2007), descrito na Tabela 2, se observa característica de rio raso inicialmente,

com baixa velocidade em seu meio, tornando-se um rio rápido a jusante, porém mediamente

raso. A tabela descrita para as características de corpos hídricos de Vong Sperling (2007)

mostrou-se satisfatória na comparação com as reais características do rio estudado.

A calibração dos coeficientes usado no modelo para oxigênio dissolvido reflete a

reaeração do percurso em cada elemento, sendo a velocidade de sedimentação constante.

Segundo Filho (2005), a concentração do oxigênio pode ser controlada pela solubilidade dele

em água, uma vez que, como para outras moléculas de gases apolares com interação

intermolecular fraca com água, a solubilidade é pequena devido à característica polar da

molécula de água. Neste conceito, Costa et el. (2000), afirma que a reposição de Oxigênio

dissolvido nos escoamentos de águas naturais ocorre, principalmente, através da absorção

física do oxigênio contido na atmosfera em função da movimentação turbulenta na superfície

livre do escoamento, sendo esse parâmetro denominado coeficiente de reaeração ou

coeficiente de reoxigenação (K2). Ao caso em estudo, ao analisar os coeficientes da calibração

para OD no modelo (Quadro 16), nota-se um aumento no coeficiente de reaeração a jusante,

se entende dessa maneira que o rio esta sofrendo autodepuração, eliminando parte da

concentração de carga orgânica poluidora do curso hídrico ou diluindo a mesma com o

aumento da vazão.

Já para Fonseca (2008) a reaeração atmosférica depende de algumas variáveis como a

temperatura e algumas características do canal, além de que este gás é essencial nos processos

de estabilização da matéria orgânica, um exemplo são as reações de oxidação da amônia e do

nitrito. A primeira influencia diretamente o coeficiente de solubilidade do oxigênio, e a

segunda interfere no movimento das águas. Neste modelo a segunda esta diretamente

influenciando na concentração do oxigênio, uma vez que quanto mais turbulento for, maior

será a transferência de oxigênio à massa líquida. As fontes de oxigênio são a reaeração

atmosférica e seu decaimento se da pelo consumo da DBO na oxidação da matéria orgânica.

88

5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES

5.1 Conclusão

O presente estudo avaliou resultados do monitoramento das águas superficiais de um

percurso equivalente a 10,12km da área urbana do Rio Passo Fundo, do município de Passo

Fundo – RS. A partir dos resultados obtidos concluiu-se que:

a) A degradação do corpo d’água do Rio Passo Fundo é resultado das ações antrópicas

ao longo de todo o percurso monitorado. A presença da urbanização são os maiores

responsáveis pela poluição (pontual e difusa) ambas comprometendo a qualidade das águas

superficiais em estudo.

b) A variação temporal apresenta valores de cargas antrópicas em diferentes épocas e

pontos monitorados, caracterizando lançamentos pontuais não freqüentes, contribuindo para a

degradação do corpo hídrico e não podendo nos dar uma precisão da freqüência desses

lançamentos.

c) A variação espacial média apresentou carga expressiva de lançamentos de efluentes

principalmente ao inicio do percurso em analise, diminuindo a jusante. O aumento da vazão é

a causa predominante para a diminuição dessa carga, sendo a mesma mais diluída e

capacitando a aeração do meio.

d) O monitoramento da qualidade do corpo hídrico apresentou ser de estrema

importância para caracterizar e obter informações sobre a real situação da qualidade das águas

do rio em estudo, uma vez que obtendo essas informações poderá realizar medidas de gestão e

minimização dos impactos antrópicos.

e) O modelo QUAL2K respondeu bem a calibração, uma vez que se conseguiu

observar que a autodepuração ao longo do trecho monitorado é baixa e decorrente apenas do

aumento da vazão. Este ajuste de calibração poderá ser utilizado para tomada de decisões

locais, visando estudos de redução de cargas poluidoras para atingir classes de enquadramento

requerido pelos gestores, na busca de minimização dos impactos.

89

5.2 Sugestões

a) Recomenda-se ao comitê de bacia hidrográfica do Rio Passo Fundo, propor ações

preventivas para a melhoria das condições sanitárias do rio Passo Fundo. Sugere-se o

tratamento adequado dos esgotos sanitários e industriais que possivelmente estão sendo

lançados in natura, ou com tratamento fora dos padrões de qualidade conforme exige a

resolução CONAMA nº 430/2011 (BRASIL, 2011).

b) O monitoramento do corpo hídrico em estudo deviria ser continuo, aumentando a

precisão dos resultados e construindo um histórico do comportamento do rio Passo Fundo.

Nestas condições obterá maior quantidade de informações para subsidiar modelos de

qualidade de água.

90

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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