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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E SUPERVISÃO ESCOLAR ELIANE PEREIRA LÔBO O PAPEL DO GESTOR FRENTE À MELHORIA DA EVOLUÇÃO DOS PORTADORES DA SÍNDROME DE DOWN ATRAVÉS DA PSICOMOTRICIDADE NITERÓI 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS- GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E SUPERVISÃO ESCOLAR

ELIANE PEREIRA LÔBO

O PAPEL DO GESTOR FRENTE À MELHORIA DA EVOLUÇÃO DOS PORTADORES DA SÍNDROME DE DOWN ATRAVÉS DA

PSICOMOTRICIDADE

NITERÓI 2010

2

ELIANE PEREIRA LOBO

O PAPEL DO GESTOR FRENTE À MELHORIA DA EVOLUÇÃO DOS PORTADORES DA SÍNDROME DE DOWN ATRAVÉS DA PSICOMOTRICIDADE

NITERÓI 2010

Monografia apresentada da Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso de Administração e Supervisão Escolar da Universidade Cândido Mendes – Como parte dos requisitos pra conclusão de curso.

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus por está sempre iluminando a minha vida,

aos meus professores que com muito carinho e profissionalismo passaram um

pouco de seus conhecimentos, ao meu orientador Vilson Sérgio, por ter me

orientado durante toda a realização desta monografia, a minha irmã Aline Pereira

Lôbo, por ter me ajudado nos momentos mais difíceis, e ao meu noivo Igor Araújo

Carvalho, por sempre me incentivar.

4

Dedico esta monografia aos meus

pais, Antônio Carlos da Silva

Lôbo, Maria José Pereira Lobo e

em especial, ao meu falecido

padrasto,Manoel de Sá Braz, pois

foram sem dúvidas os principais

responsáveis e colaboradores por

eu ter atingido esse objetivo.

5

“A criança necessita de uma grande

diversidade de movimentos para poder

aos poucos construir seu repertório

motor, mas este movimento não deve

ser um movimento sem significado, o

mover-se pelo simples fato de realizar

um ato, e sim “um movimento com

intenções”, ou seja, atividades que

colaborarem com o desenvolvimento

integral do aluno”. (MATTOS; NEIRA,

1999, P.18).

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RESUMO

Essa pesquisa bibliográfica enfocou os seguintes aspectos: a Psicomotricidade, a

Síndrome de Down e o papel do gestor no desenvolvimento do trabalho da

Psicomotricidade nos portadores da Síndrome de Down. A Psicomotricidade é

um termo empregado para uma concepção de movimento integrado e organizado

através das vivências do sujeito, cuja ação é resultante de sua individualidade,

sua linguagem e sua socialização. Nos seus precedentes, entendia-se que o

corpo nos seus aspectos neurofisiológicos, anatômicos e locomotores,

coordenando-se e sincronizando-se no espaço e no tempo, para dar e receber

significados. Atualmente, a Psicomotricidade é se relacionar através da ação,

como um meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser

espírito, o ser natureza e o ser sociedade. Ela está associada à afetividade e à

personalidade, porque o indivíduo utiliza o seu corpo irá demonstrar o que sente,

e uma expressão com problemas motores passam apresentar problemas de

expressão. Por isso a Psicomotricidade conquistou uma expressão significativa

que traduz em solidariedade profunda e original entre o pensamento e a

atividade psicomotora. Segundo Vitor da Fonseca (1988), a Psicomotricidade é

atualmente concebida como a integração superior da motricidade,produto de uma

relação inteligível entre a criança e o meio. É um instrumento privilegiado através

do qual a consciência se forma e se materializa. O movimento humano é a parte

mais ampla e significativa do comportamento do ser humano, É obtido através de

três fatores básicos: os músculos, a emoção e os nervos, formados por um

sistema de sinalização lhes permitem atuar de forma coordenada. A unidade

básica do movimento, que abrange a capacidade de equilíbrio e assegura as

posições estáticas, são as estruturas psicomotoras. As estruturas psicomotoras

definidas como básicas são: locomoção, manipulação e tônus corporal, que

interagem com a organização espaço-temporal, as coordenações finais e amplas,

coordenação óculo-segmentar, o equilíbrio, a lateralidade, o ritmo e o

relaxamento. Elas são traduzidas pelos esquemas posturais e de movimentos,

como: andar, saltar, lançar, rolar, rastejar. Engatinhar, trepar e outras

consideradas superiores como: estender,elevar,abaixar, flexionar,rolar,

oscilar,suspender, inclinar,e outros movimentos que se relacionam com os

movimentos de cabeça, pescoço, mãos e pés, são considerados na Educação

7

Física como movimentos naturais espontâneos da criança baseando-se nos

diversos estágios do desenvolvimento psicomotor, assumindo características

qualitativas e quantitativas diversas (BARROS, 1972). Desde o nascimento, a

criança passa por diferentes fases nas quais adquire conhecimentos e passa por

diferentes experiências até chegar a sua vida adulta. As primeiras reações

afetivas da criança da criança envolvem a satisfação de suas necessidades e o

equilíbrio fisiológico. O movimento humano surge das emoções que a criança é

pura emoção durante uma longa fase da vida. A afetividade compreende o

estado de ânimo ou humor, os sentimentos, as emoções, as paixões, e reflete

sempre a capacidade de experimentar sentimentos e emoções. Direta ou

indiretamente, a afetividade exerce profunda influência sobre o pensamento e

sobre toda a conduta do indivíduo. A educação psicomotora na pré-escola em

séries iniciais do ensino fundamental atua como prevenção, podendo com ela ser

evitados vários problemas com má concentração, confusão no reconhecimento

de palavras, confusão com letras e sílabas e outras dificuldades relacionadas à

alfabetização. As noções de esquema corporal-tempo, espaço, ritmo, dos

cálculos. Se sua lateralidade não está bem definida, ela encontra problemas de

ordem espacial, não percebe diferença entre o seu lado dominante e o outro

lado, não é capaz de seguir uma direção gráfica, ou seja, iniciará a leitura pela

esquerda. O intelecto se constrói a partir da atividade física, onde as funções

motoras não podem ser separadas do desenvolvimento intelectual (memória,

atenção, raciocínio) nem da afetividade (emoções e sentimentos). Para que o ato

de ler se processe adequadamente, é indispensável o domínio de habilidades a

ele relacionado, considerando que essas habilidades são fundamentais

manifestações psicomotoras. Relacionar-se com o outro na escola, é

fundamental. Este relacionamento deve ser bem proporcionado para que haja

uma relação entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor, por isso as

atividades psicomotoras propiciam para as crianças uma vivência com

espontaneidade das experiências corporais, criando uma simbiose afetiva entre o

professor e aluno, aluno-professor e aluno-aluno, afastando os tabus e

preconceitos que influenciam negativamente as relações interpessoais. A

educação física e a psicomotricidade são metodologias contextualizadas,

perspectivas, em que o desenvolvimento dos aspectos motor, social, emocional e

lúdico da personalidade e a destreza dos movimentos corporais são vivenciados,

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através de atividades motoras e seqüências, desenvolvidas individualmente e em

grupo. Bons exemplos de atividades são aquelas de caráter recreativo, que

favoreçam a consolidação de hábitos higiênicos, o desenvolvimento corporal e

mental, a melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade, tudo isso

visando à formação da sua personalidade. Assim, a educação física, pelas suas

possibilidades de desenvolver a dimensão psicomotora das pessoas,

principalmente em crianças e adolescentes, conjuntamente com os domínios

cognitivos e sociais, é de grande importância no ensino pré-escolar e

fundamental. Em relação à Psicomotricidade na Abordagem Fenomenológico-

Existencial, o homem comunica-se através da linguagem verbal, mas também

através de gestos, movimentos, olhares, forma de caminhar- sua linguagem

corporal. A Psicomotricidade não foge a essa regra quando se os padrões

considerados normais para o desenvolvimento psicomotor (considerando

descrições feitas pela neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia e áreas afins),

desenvolvendo pontos de referência escalonados a partir dos quais poder se-ão

construir todos esses testes infantis e as escalas de consciente de

desenvolvimento futuro. A psicologia também desenvolveu seus testes de

inteligência (a escala Binet Simon) como objetivo de investigar o potencial de

aprendizagem das crianças que tinham dificuldades na execução de tarefas

escolares. O objetivo desse trabalho é desenvolver a forma como uma

abordagem fenomenológica para a psicomotricidade considera não contingente

em si, mas o fenômeno, ou seja, a forma como o sujeito vivente aprende o

indivíduo em sua própria forma, captando seu estar- no- mundo, buscando a

essência do sujeito nele mesmo, a intencionalidade da consciência expresse em

palavras e gestos e traduzidas em significados, apreendidos pelo próprio sujeito.

É possível aprender o sentido, ou a polissemia (há sentidos), ou seja, os sentidos

possíveis de vivido. “A voz do “homem” e plurissignificativa”. Compreenderá o

indivíduo em sua forma de estar- no- mundo a partir de sua corporeidade,

integrando significados e explorando rigorosamente outros sentidos, ampliando a

consciência de si- mesmo e promovendo a congruência entre pensamento,

sentimento e ação. Que levará a uma vivência autêntica. De acordo com essa

definição percebe-se que algumas definições mostram claramente o caminho de

luta desde o dualismo cartesiano a visões holísticas contemporâneas sobre o ser

humano e sua estruturação. Na Síndrome de Down acreditava-se que a mesma

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apresentava uma regressão, por degeneração, a uma raça primitiva no caso os

mongóis. Na época, pelos cientistas acreditarem que existia uma raça tida como

“superior” seguida por outras “inferiores”, com a raça caucasiana sendo superior

seguida pela mongólica e a negra por último, sua denominação foi facilmente

aceita no mundo científico. Mais tarde em 1959 com o professor Jerome Lejeune,

Gautier e Turpin, quando descobriu os aspectos genéricos da síndrome, deu-lhe

o nome de Síndrome de Down, pois síndrome significava conjunto de sinais e

sintomas que caracterizam uma condição e Down em homenagem ao Doutor.

Diferente do que as pessoas pensam a síndrome não é uma doença e sim um

acidente genético caracterizado pela trissonomia do par 21, que pode ocorrer no

óvulo, no espermatozóide ou após a união dos dois (ovo) ou até por ocasião da

formação do bebê, no início da gravidez, apesar de não se saber ainda o que

causa a síndrome. Sobre o ponto de vista genético e reprodutivo para pessoa

com Síndrome de Down, a puberdade e a maturação sexual é comparáveis a

população em geral. Nas meninas, a menstruação ocorre como em outras

jovens, exceto em casos de hipotireoidismo ou problemas crônicos de saúde, em

que pode ocorrer atraso na puberdade. Déficits cognitivos específicos e

característicos que distinguem a Síndrome de Down de outras formas de

retardamento mental serão elucidados. Quanto mais isto se mostre possível,

mais razoável será a pesquisa dos genes que têm maior efeito sobre a cognição.

A pesquisa em S.D. no século 21 será centrada em neurobiologia, genética

molecular, Psicologia do desenvolvimento, e farmacologia molecular. A

deficiência mental acarreta pela Síndrome de Down não tem cura, pois se trata

de uma alteração genética inalterável por qualquer droga, remédio ou técnica,

apesar de existirem várias pesquisas nesse sentido até os dias de hoje nenhum

resultado foi encontrado, porém, ao nascer uma criança com S.D., além do

acompanhamento pediátrico normal, é necessário que se lhe ofereça orientação

de geneticistas e de outros demais especialistas. Além disso, a criança deve ser

submetida a um tratamento através de estímulos (terapia ocupacional) entre

outros que minimizarão os efeitos das alterações neuromotoras e

fonoarticulatórias. É importante não se perde de vista a família e as dificuldades

que enfrentam desde o nascimento de seu filho com a Síndrome de Down.

Portanto, é necessário que o Gestor desenvolva articule um trabalho

desenvolvendo a parte motora e psicológica juntamente com os profissionais da

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psicomotricidade e da psicologia, que são pessoas aptas a desenvolver um

trabalho seguro e progressivo, dando oportunidades para o portador da S.D.,

sentir sua evolução e a independência ,que são um dos fatores primordiais a sua

vivência humana.

11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 12

2. CAPÍTULO 1 ............................................................................................... 13

3. CAPÍTULO 2 ............................................................................................... 28

4. CAPÍTULO 3 ............................................................................................... 40

5. CONCLUSÃO.............................................................................................. 49

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 51

12

INTRODUÇÃO

Nos tempos antecedentes os portadores da síndrome de Down, eram

rotulados como aberrações, pessoas que tinham que ser condenadas à morte

devido, sua fisionomia e inutilidade, sendo incapazes de construir pensamento e

viver na sociedade como qualquer cidadão. Decorrente dessa rotulação, o mesmo

acabou sendo provido de oportunidade e desenvolvimentos, sendo classificado

como treinável e educável.

Todo esse desenvolvimento foi gerado a partir da contribuição do trabalho da

psicomotricidade, capacitando-as e tomando-as pessoas habilitadas a possíveis

atividades cotidianas.

Atualmente, são apresentadas várias situações na qual o portador da

síndrome de Down é classificado como pessoa impossibilitada de realizar tarefas

comuns a todos nós, por falta de comprometimento e conhecimento de parte da

sociedade para com a sua dificuldade, automaticamente excluindo-as de possíveis

desenvolvimentos progressivos na área psicomotora.

Através de todo o trabalho psicomotor e psicológico, podemos alcançar

resultados significativos e positivos que ajudarão no processo evolutivo do portador

da Síndrome de Down, tornando-o uma pessoa saudável e motivada fisicamente e

psicologicamente para dar continuidade à sua vida.

Contudo isso o administrador escolar tem um papel fundamental para

inclusão dos mesmos, facilitando e integrando os portadores da Síndrome de Down

na escola.

Para que tudo isso aconteça é necessário que tudo isso aconteça é

necessário que o gestor interfira com várias situações, onde uma delas é a

capacitação dos profissionais da escola e as instalações da estrutura, facilitando a

acessibilidade dos mesmos.

Para melhorar e facilitar o trabalho com o Portador da Síndrome de Down e

fazer com que o mesmo sinta-se bem apresentando um desenvolvimento motor,

psicológico e afetivo gradativo, o gestor vem pensando em trabalhar em conjunto

com um profissional e especialista em psicomotricidade viabilizando uma melhoria

em sua motricidade, mostrando como o psicomotricidade é necessária e importante

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para os portadores da Síndrome de Down e como a mesma vem trazendo bons

resultados.

É preciso que haja a conscientização de todos e principalmente da família,

que é estrutura do portador da Síndrome de Down, gerando atenção e estimulação a

seus esforços, ajudando a criança em seu crescimento, evitando que se torne

dependente, melhorando as condições para enfrentar o futuro.

Assim sendo, a monografia foi estruturada em três capítulos. No primeiro

pretendeu-se falar sobre “o conceito da psicomotricidade”, no segundo sobre “o

conceito da Síndrome de Down” e o terceiro sobre “O Gestor frente à contribuição da

psicomotricidade para os Portadores da Síndrome de Down: cuidados especiais,

práticas de reeducação psicomotora de tratamentos terapêuticos.”

14

CAPÍTULO 1: CONCEITO DE PSICOMOTRICIDADE

1. PSICOMOTRICIDADE: CONCEITO

Psicomotricidade é a ciência que tem como objetivo de estudo o homem

através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo,

bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos

e consigo mesmo. Está relacionado ao processo de maturação, onde o corpo é a

origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.

Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de

movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito

cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização. Em

seus primórdios, compreendia o corpo nos seus aspectos neurofisiológicos,

anatômicos e locomotores, coordenando-se e sincronizando-se no espaço e no

tempo, para emitir e receber significados. Hoje, a psicomotricidade é o relacionar-se

através da ação, como um meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o

ser mente, o ser espírito, o ser natureza e o ser sociedade. A psicomotricidade está

associada à afetividade e à personalidade, porque o indivíduo utiliza o seu corpo

para demonstrar o que sente, e uma expressão com problemas motores passam

apresentar problemas de expressão. A psicomotricidade conquistou, assim, uma

expressão significativa, já que se traduz em solidariedade profunda e original entre o

pensamento e a atividade motora. Vitor da Fonseca (1988) comenta que a

psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da

motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um

instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa.

1.1. Educação do Movimento

Mesmo em meio a tantos conceitos, pode-se dizer que existe uma coerência na

ciência. No momento em que a psicomotricidade educa o movimento, ela ao mesmo

tempo coloca em jogos funções da inteligência. A partir dessa posição, observa-se a

relação profunda das funções motoras cognitivas que, também pela afetividade,

encaminha o movimento.

Fonseca (1988) comenta que “O movimento humano é construído em função

de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento

transforma-se em comportamento significante”. O movimento humano é a parte mais

15

ampla e significativa do comportamento do ser humano. È obtido através de três

fatores básicos: os músculos, a emoção e os nervos, formados por um sistema de

sinalização que lhes permitem atuar de forma coordenada . O cérebro e a medula

espinhal enviam aos músculos pelos seus mecanismos cerebrais ordens para o

controle da contínua atividade de movimento com específica finalidade e dentro das

condições ambientais. Essas ordens sofrem as influências do meio e do estado

emocional do ser humano (BARROS, NEDIALCOVA, 1992). A unidade básica do

movimento, que abrange a capacidade de equilíbrio e assegura as posições

estáticas, são as estruturas psicomotoras. As estruturas psicomotoras definidas

como básicas são: locomoção, manipulação e tônus corporal, que interagem com a

organização espaço temporal, as coordenações finais e amplas, coordenação óculo-

segmentar, o equilíbrio, a lateralidade, o ritmo e o relaxamento. Elas são traduzidas

pelos esquemas posturais e de movimentos , como: andar, correr, saltar, lanças,

rolar, rastejar. Engatinhar, trepar e outras consideradas superiores, como estender,

elevar, abaixar, flexionar, rolar, oscilar, suspender, inclinar, e outros movimentos que

se relacionam com os movimentos de cabeça, pescoço, mãos e pés. Esses

movimentos são considerados na educação física como movimentos naturais

espontâneos da criança. Baseia-se nos diversos estágios do desenvolvimento

psicomotor, assumindo características qualitativas e quantitativas diversas

(BARROS, 1972).

1.2. Psicomotricidade e a Afetividade

Associada a psicomotricidade, está a afetividade. A criança utiliza o seu corpo

para demonstrar o que sente. Desde o nascimento, a criança passa por diferentes

fases nas quais adquire conhecimentos e passa por diferentes experiências até

chegar até a sua vida adulta. As primeiras reações afetivas da criança envolvem a

satisfação de suas necessidades e o equilíbrio fisiológico.

Segundo Lapierre e Aucouturier (1984), “Durante o seu desenvolvimento,

aparecem os fantasmas corporais que limitam suas expressões devido à falta de

contato corporal dos pais com o filho. A afetividade é indispensável para o

desenvolvimento da criança e ao equilíbrio psicossomáticos”. Como esse contato

corporal tende a diminuir com o passar do tempo, cria-se um grande problema para

o desenvolvimento da criança.

16

É recomendado aos pais que mantenham o contato corporal através do toque

durante toda vida da criança, pois isso certamente levará a uma evolução

psicomotora e cognitiva da criança. É necessário que toda criança passe por todas

as etapas em seu desenvolvimento (CHICON, 1999).

O movimento humano surge das emoções que a criança é pura emoção

durante uma longa fase da sua vida. A afetividade compreende o estado de ânimo

ou humor, os sentimentos, as emoções, as paixões, e reflete sempre a capacidade

de experimentar sentimentos e emoções. É ela quem determina a atitude geral da

pessoa diante de qualquer experiência vivencial, percebe os fatos de maneira

agradável ou sofrível, confere uma disposição indiferente ou entusiasmada e

determina sentimentos que oscilam entre dois pólos, a depressão e a euforia. O

modo de relação do indivíduo com a vida, se dá através da tonalidade de ânimo em

que a pessoa perceberá o mundo e a realidade. Direta ou indiretamente, a

afetividade exerce profunda influência sobre o pensamento e sobre toda a conduta

do individuo (HENRI WALLON, 1971).

1.3. A Educação Física através da Educação Psicomotora na formação da

criança em idade escolar

O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a formação

de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando

oportunidade para que, por meio de jogos, de atividades lúdicas, se conscientiza

sobre seu corpo. Através da educação física, a criança desenvolve suas aptidões

perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor. Para que a

criança desenvolva o controle mental de sua expressão motora, a educação física

deverá realizar atividades considerando seus níveis de maturação biológica. A

educação física, na sua parte recreativa, proporciona a aprendizagem das crianças

em várias atividades esportivas que ajudam na conservação da saúde física , mental

e no equilíbrio socioafetivo.

A educação física escolar não deve ser totalmente dissociada do esporte , já

que um de seus objetivos consiste em promover a socialização e a interação entre

seus alunos, proporcionadas reconhecidamente pelo esporte. O grande

questionamento que se faz a respeito do esporte na escola é que ele muitas vezes

transfere para o aluno uma carga de responsabilidade alta em relação à obtenção do

resultado, o que afeta a criança psicologicamente de uma forma negativa. Por isso,

17

as atividades recreativas e rítmicas poderiam ser consideradas como meios mais

eficazes para promover essa socialização dos alunos que a educação física escolar

tanto apregoa, uma vez que normalmente são realizadas em grupo, os quais

obedecem ao princípio da cooperação entre seus componentes, estimulando assim

a criança em sua apreciação do comportamento social, domínio de si mesmo,

autocontrole e respeito ao próximo.

Segundo Barreto (2000), “o desenvolvimento psicomotor é de sua importância

na prevenção de problemas de aprendizagem e na reeducação do tônus, da

postura, da direcionalidade, da lateralidade e do ritmo”. A educação da criança deve

evidenciar e relação através do movimento de seu próprio corpo, levando em

consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. Essa abordagem

constitui o interesse da educação psicomotora. A educação psicomotora para ser

trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções motoras, cognitivas,

perceptivas e sociomotoras.

1.4. Definição da Educação Física como ação psicomotora

A educação física pode ser definida como ação psicomotora exercida pela

cultura sobre a natureza e o comportamento do ser humano. Ela diversifica-se em

função das relações sociais, das idéias morais, das capacidades e da maneira de

ser de cada um, além de seus valores. È um fenômeno cultural que consiste em

ações psicomotoras exercidas sobre o ser humano de maneira a favorecer

determinados comportamentos, permitindo, assim, as transformações. A

diversificação das condições sociais em cada nível escolar e o respeito à

individualidade das crianças em cada processo de aprendizagem de gastos e

movimentos estão sujeitos ao ritmo de aprendizagem e às peculiaridades das

relações sociais que existem entre os integrantes de cada grupo ou classe escolar.

As bases das formas de aprendizagens das atividades físicas de formas

conscientes, intencionais e sensíveis são estabelecidas e solidificadas na educação

física. Essas atividades acompanham o ser humano de maneira contínua, atuando,

sobretudo, nos níveis psicomotor , afetivo e no aprimoramento do rendimento nos

estágios de desenvolvimento subseqüentes. A educação física escolar está baseada

nas necessidades da criança. Tem como objetivo principal, por meio da educação

psicomotora, incentivar a prática do movimento em todas as etapas de sua vida.

Falar da importância da educação física para a criança é o mesmo que falar da

18

importância de ela se alimentar, dormir, brincar, ou seja, suprir todas as

necessidades básicas. O desenvolvimento global da criança se dá através do

movimento, da ação, da experiência e da criatividade, levando-a a conseguir plena

consciência de si mesma, da sua realidade corporal que sente, pensa, movimenta-se

no espaço, encontra-se com os objetos e gradativamente distingue suas formas,e

que se conscientiza das relações de si mesma com o espaço e o tempo,

interiorizando, assim, a realidade.

A educação psicomotora na pré-escola e séries iniciais do ensino fundamental

atua como prevenção. Com ela podem ser evitados vários problemas com a má

concentração, confusão no reconhecimento de palavras, confusão com letras e

sílabas e outras dificuldades relacionadas à alfabetização. Uma criança cujo

esquema corporal é mal formado não coordena bem os movimentos . Suas

habilidades manuais tornam-se limitadas, o ato de vestir-se e despir-se torna-se

difícil, a leitura perde harmonia, o gesto vem após a palavra e o ritmo de leitura não

é mantido ou, então, é paralisado no meio de uma palavra. As noções de esquema

corporal - tempo, espaço, ritmo - devem partir de situações concretas, nas quais a

criança possa formar um esquema mental que anteceda a aprendizagem de leitura ,

do ritmo, dos cálculos. Se sua lateralidade não está bem definida, ela encontra

problemas de ordem espacial, não percebe diferença entre seu lado dominante e o

outro lado, não é capaz de seguir uma direção gráfica, ou seja, iniciar a leitura pela

esquerda. Muitos fracassam em matemática, por exemplo, são produzidos pela má

organização espacial ou temporal. Para efetuar cálculos a criança necessita ter

pontos de referência, colocar números corretamente, possuir noção de coluna e

fileira, combinar formas para fazer construções geométricas.

O intelecto se constrói a partir da atividade física. As funções motoras

(movimento) não podem ser separadas do desenvolvimento intelectual (memória,

atenção, raciocínio) nem da afetividade (emoções e sentimentos). Para que o ato de

ler e escrever se processe adequadamente, é indispensável o domínio de

habilidades a ele relacionado, considerando que essas habilidades são

fundamentais manifestações psicomotoras (STAES e DEMEUR, 1984).

A educação psicomotora é a educação da criança através de seu próprio corpo

e de seu movimento. A criança é vista em sua totalidade e nas possibilidades que

apresenta em relação ao seu meio-ambiente. Assim, a educação física e a

psicomotricidade completam-se, pois a criança ao praticar qualquer atividade usa o

19

seu todo, mesmo sendo regida, predominantemente, pelo intelecto. A educação

psicomotora atinge a criança na sua totalidade. (STAES e DEMEUR, 1984).

Relacionar-se com o outro na escola, através do ensino , é fundamental. Esse

relacionamento deve ser bem proporcionado para que haja uma relação entre

professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor. Nesse aspecto as atividades

psicomotoras propiciam para a criança uma vivência com espontaneidade das

experiências corporais, criando uma simbiose afetiva entre professor e aluno, aluno-

professor e aluno-aluno, afastando os tabus e preconceitos que influenciam

negativamente as relações interpessoais. O desenvolvimento psicomotor

caracteriza-se por uma maturação que integra o movimento, o ritmo, a construção

espacial, e também, o reconhecimento dos objetos, das posições, da imagem e do

esquema corporal. As atividades propostas na educação física através da educação

psicomotora devem ocorrer com espontaneidade, pois quando se desenvolvem

essas atividades com as crianças nota-se uma grande receptividade por parte delas,

visto que ainda que não adquiriram tonalidades preconceituosas. As atividades que

envolvem o toque de uma criança com a outra devem ser elaboradas e pensadas,

pois não e tão simples executá-las, até porque muitos educadores têm dificuldades

de tocar ou deixar-se tocar.

Bons exemplos de atividades físicas são aquelas d e caráter recreativo, que

favorecem a consolidação de hábitos higiênicos, o desenvolvimento corporal e

mental, a melhoria da aptidão física, a sociabilização, a criatividade, tudo isso

visando à formação da sua personalidade. (LE BOULCH, 1982).

1.5. Contextualização: Psicomotricidade e Educação Física

A Educação Física e a Psicomotricidade são metodologias contextualizadas,

perceptivas, em que o desenvolvimento dos aspectos motor, social, emocional e

lúdico da personalidade e a destreza dos movimentos corporais são vivenciados,

através de atividades motoras organizadas e seqüências, desenvolvidas

individualmente e em grupo.

Pode-se afirmar, então, que a educação física, através de atividades afetivas,

psicomotoras e sociopsicomotoras, constituem-se num fator de equilíbrio na vida das

pessoas, expresso na interação entre corpo, a afetividade e a energia, o individuo o

grupo, promovendo a totalidade do ser humano. Possui também um impacto positivo

no pensamento, no conhecimento e ação, nos domínios cognitivos, na vida de

20

crianças e jovens. E crianças e jovens fisicamente educados vão para uma vida

ativa, saudável e produtiva, criando uma integração segurem e adequado

desenvolvimento de corpo, mente e espírito.

Assim, a educação física, pelas suas possibilidades de desenvolver a

dimensão psicomotora das pessoas, principalmente em crianças e adolescentes,

conjuntamente com os domínios cognitivos e sociais, é de grande importância no

ensino pré-escolar e fundamental. (LE BOULCH, 1982).

1.6. A Psicomotricidade na abordagem Fenomenológico – Existencial

O homem comunica-se através da linguagem verbal, mas também através de

gestos, movimentos, olhares, forma de caminhar-sua linguagem corporal.

Quando o bebê chora -ou não-, logo que nasce, o essencial não é seu choro,

mas a comunicação, já precocemente estabelecida. Ao chorar, contorcer-se e fazer

caretas o bebê mostra-se, ou seja, transmite-se ao mundo, bem antes de a

conquista da palavra dar lugar à priorização da comunicação pela fala.

A esta comunicação, a este estar-no-mundo intenso dentro do limite da

corporeidade – espaço próprio do sujeito -, pode ser nominar psicomotricidade.

Embora, conforme admitem os próprios autores, esta visão possa ir longe

demais enquanto generalização, os estudos sobre o desenvolvimento humano,

parecem seguir esquemas, descrevendo o desenvolvimento normal para que se

possa compreender o diferente.

A psicomotricidade não foge a essa regra quando define os padrões

considerados normais para o desenvolvimento psicomotor (considerando descrições

feitas pela neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia e áreas afins), desenvolvendo

pontos de referência escalonados a partir dos quais poderão construir todos os

testes infantis e as escalas de consciente de desenvolvimento; e, por conseguinte,

avaliar e diagnosticar o atraso atual, assim como o desenvolvimento futuro.

Também a psicologia desenvolveu seus primeiros testes de inteligência (a

escala Binet-Simon) com o objetivo de investigar o potencial de aprendizagem d e

crianças que tinham dificuldade na execução de tarefas escolares. (em Bardon e

Bernett, 1975).

Estes estudos têm levado ao conhecimento e compreensão daquilo que

Heidegger chama de contingente, ou seja, o que é dado ao sujeito pelos limites de

sua corporeidade – suas estruturas factuais. (Heidegger falará também das

21

estruturas sociais, culturais, econômicas, geográficas. – Gilles, Thomas Ransom,

1989).

Isto posto, objetivo deste trabalho é desenvolver a forma como uma abordagem

fenomenológica para a psicomotricidade considerará não o contingente em si, mas o

fenômeno, ou seja, a forma como o sujeito vivente integra-se ao vivido.

A psicomotricidade vai considerar o sujeito do ponto de vista, psicomotriz, ou

seja, esse linguajar não expresso apenas em palavras, mas em sua corporeidade.

Trata-se de uma disciplina necessariamente multidisciplinar, uma vez que fará

interseção com a Biologia, Psicologia, Fisioterapia, Lingüística, Medicina.

Ao fazer a leitura do indivíduo a Psicomotricidade estarão considerando o

desenvolvimento psicomotor (reflexos, coordenação, esquema corporal, tonicidade),

a estruturação espaço-temporal (tempo, espaço, ritmo, distância) e a lateralidade.

Vai ler a forma como o indivíduo central da relação com o mundo.

Enquanto proposta reeducadora buscará proporcionar o reencontro do

indivíduo com seu próprio corpo, considerando as instâncias acima referidas, dando

ênfase a esta linguagem corporal. Associado a Psicoterapia trabalhara o indivíduo

enquanto manifestação corporal, mas também verbal, ou seja, considerando todas

as formas de expressão e buscando os significados dados pelo próprio vivente a sua

forma de estar e se colocar em seu mundo. Há aqui que considerar o contingente,

ou seja, aquilo que é dado ao indivíduo por suas circunstâncias particulares-

constituição física, sua cultura, seu momento histórico e sua historia pessoal.

Uma proposta Fenomenológica para a Psicomotricidade implica em que se

trabalhe no indivíduo as categorias fenomenológicas da existência, quais sejam: o

tempo (sua história), o espaço (sua corporeidade), o outro (seu ser-com as coisas e

outros, sua estranheza) e a obra (seu estar-no-mundo, seu fazer-se).

O exame das diversas dimensões do ser no mundo levou a afirmação de que o

mundo é construído: espaço e tempo são criações do homem que dispõe da fala

para tentar a superação da estranheza. Nesse sentido pode-se dizer que o mundo é

obra do homem. Trata-se, contudo, de obra implícita, de um fazer contínuo que nada

mais e do que o próprio processo da vida. (AUGRAS, Monique, 1986)

O método fenomenológico, através da compreensão, apreende o indivíduo em

sua própria forma, captando seu estar-no-mundo, buscando a essência do sujeito

nele mesmo, a intencionalidade da consciência expressa em palavras e gestos e

traduzidas em significados, apreendidos pelo próprio sujeito.

22

No fenômeno, e possível apreender o sentido, ou a polissemia (há sentidos),

ou seja, os sentidos possíveis do vivido. “A voz do ‘homem’ e plurissignificativa.”

(Heidegger, 1987).

O fenomenólogo estará, através da captação intuitiva (o sentido que salta aos

olhos) e da integração significativa (quando busca de forma rigorosa o sentido

daquele vivido, dentre inúmeros sentidos possíveis), fazendo a redução

fenomenológica, ou seja, apreendendo a essência do fenômeno vivenciado naquela

situação especifica em questão, presentificada no aqui e agora, promovendo a

amplificação da consciência e a construção de sua verdade na ação, explorando as

categorias existenciais: autenticidade, liberdade, responsabilidade, angústia, medo.

Uma Psicomotricidade Fenomenológica compreenderá o indivíduo em sua

forma de estar-no-mundo a partir de sua corporeidade, integrando significados e

explorando rigorosamente outros sentidos, ampliando a consciência de si-mesmo e

promovendo a congruência entre pensamento, sentimento e ação, que levará a uma

vivência autêntica.

1.7. História da Psicomotricidade

O discurso inicial da psicomotricidade era de domínio médico,especificamente

a neurologia, que no final do século XIX, precisou nomear as zonas corticais

localizadas além das regiões motoras.

Na realidade, desde o início da fala humana, onde o homem inicia sua fala

sobre seu corpo, a psicomotricidade marca seu espaço e de acordo com o percurso

histórico deste corpo , as concepções sobre o “um corpo”, se multiplicaram até os

nossos dias, simbólico, no mundo.

O percurso histórico deste corpo (eixo do campo psicomotor), corpo simbólico

que está marcada pelas diferentes concepções que o homem vai construindo acerca

do corpo ao longo da história.

Palavra corpo provém de três vertentes:

ü Sânscrito garbhas – embrião

ü Grego Karpos – fruto, semente, envoltura

ü Latim corpus – tecido de membros, envoltura da alma, embrião do espírito.

Com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia, começa

constatar-se que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja

23

lesionado ou sem que a lesão esteja localizada claramente. São descobertos os

“distúrbios da atividade gestual”, “da atividade práxica”, sem que anatomicamente

estejam circunscritas a uma área ou para cada sintoma suas correspondentes

lesões focais, já não podia explicar alguns fenômenos patológicos.

Justamente, e a necessidade médica de encontrar uma área que explica certos

fenômenos clínicos que se nomeia pela 1 vez a palavra Psicomotricidade, no ano

de 1870.

Descartes (séc.XVIII) estabelece os “princípios fundamentais” acentuando o

dualismo: o corpo – coisa externa que não pensa é a alma estrutura pensante.

Essa dicotomia cartesiana apesar de separar corpo e alma,

contraditoriamente, duvida de si mesma pelas inexplicáveis sensações e

manifestações corporais ate culminarem nas descobertas neurofisiológicas sobre as

diferentes disfunções graves, que não lesionavam o cérebro (distúrbios da atividade

gestual).

Em 1870, tentando caracterizar fenômenos patológicos, os médicos nomeiam

as explicações e certos fenômenos clínicos, de Psicomotricidade, porém, suas

primeiras pesquisas têm enfoque neurológico.

Em 1909, Dupre (Neurologista Francês) estudando a correlação motricidade e

inteligência, estabelece melhor o “âmbito psicomotor”, afirmando não haver

correspondência biúnvoca entre a localização neurológica e as perturbações

motoras da infância, assim como entre a debilidade mental e a motora.

Em 1925, surge Wallon, como o estudo sobre a relação entre motricidade e

caráter, colocando o movimento humano como “instrumento na construção do

psiquismo” (Levin, p.25). Essas pesquisas dão margem ao delineamento do 1

momento do campo psicomotor.

Momento do paralelismo, da relação:

ü Corpo – expressado no movimento;

ü Mente – expressado no desenvolvimento Intelectual e emocional do indivíduo.

A “Reeducação motora”, como método de trabalho, através de exercícios para

reeducar a atividade Tônica, a atividade de relação e o controle motor, aparece em

1935 com Guilmain, um inovador, para a época, com o exame psicomotor

(diagnóstico, indicação terapêutica e prognóstico).

24

Aqui se situa o ponto de origem clínico-pedagógico da prática psicomotora, no

trabalho com crianças instáveis ou com debilidades motoras, que não se adequam

ao seu meio social.

Com Ajuriaguerra e colaboradores, a Psicomotricidade ganha, a partir de 1947,

novas concepções que a diferenciam a autonomia não apenas nas terapêuticas

motoras, mas também nas alterações psicomotoras funcionais evolutivas.

Nesta época Gruspun indicava exercícios psicomotores para portadores de

distúrbios de aprendizagem.

Nas décadas de 40 e 50 uma questão era verificada. O movimento, a

motricidade era tida como uma das formas de adaptação ao mundo exterior e a

psicomotricidade, a atividade de um organismo total expressando uma

personalidade, análise geral do indivíduo, tradução de um certo modo de ser motor,

caracterizando todo o seu comportamento.

No Brasil o interesse inicial era pelo diagnóstico psicomotor e vários segmentos

profissionais já discutiam, qual a área profissional que se utilizaria da ação

psicomotora?

No mundo, aos poucos ela vai se caracterizando não apenas como um trabalho

reeducativo, delimitando uma diferença dessa postura a uma outra – terapêutica.

A técnica instrumental da vez a globalidade corporal, dando importância a

relação, a emoção e a afetividade.

Neste momento a relação com a psicanálise se torna mais estreita, aquecida

pelas posturas de Lapierre e Aucoutourier.

Enquanto isso, aqui no Rio, começavam os cursos de formação de professores

na área do ensino especial.

Em Porto Alegre, em 1955, foi criado o serviço de Educação Especial dentro

da Secretaria de Educação do Estado, dirigido pela Psicóloga Rosat.

Em São Paulo, os médicos Haim Grunspun e o Professor Lefevre indicavam o

movimento para o tratamento dos processos terapêuticos da criança excepcional. As

técnicas de michaux eram utilizadas em tratamentos motores – “Terapêutica ativa”-

A ginástica era base , através de exercícios naturais.

A partir de 1965, com o retorno ao Brasil de profissionais que iam ao exterior

participar de cursos e eventos de escolas diferentes e métodos variados para a

utilização da ação psicomotora.

25

Em Minas Gerais, o movimento foi liderado pelas psicólogas e no Centro

Médico Pedagógico, o diagnóstico psicomotor fazia parte do diagnóstico

psicopedagógico. Em 68 foi criado no IPP o setor de psicomotricidade.

Já no Sul (RS), os reeducadores e professores de Educação Física,

incentivados com a nova área, criaram o Centro de pesquisa e orientação

educacional da secretaria de educação.

A 1ª proposta no Brasil de uma formação específica em um método de

Psicomotricidade, parece ter sido iniciado em 68, com a vinda de Simone Ramain –

Método Ramain.

No Rio as fonoaudiólogas foram as pioneiras na atuação psicomotora e em 68

a psicomoticidade era introduzida como cadeira na faculdade de Logopedia da UFRJ

e em 69 no Instituto Helena Antipoff já iniciavam a abordagem psicomotora em

áreas distintas como: na educação, reeducação ou treinamento.

Duas tendências marcaram o desenvolvimento da nova área na década de

70:

ü A generalização – qualquer abordagem corporal em educação e reeducação

teriam caráter de atuação psicomotora.

ü A Metodologização – aplicação de métodos – Picq y Vayer, Lê Bouch,

Costallat, Khepart, Hughette Bucher, Orlic e Lê Bom Depart.

Em avaliação, tinha os métodos de Ozeretsky, o “bilan” de H. bucher e Berges-

Lezine.

Cada vez mais a utilização do corpo como instrumento da ação psicomotora

era ampliada por diversas áreas e com a entrada da psicomotricidade nos currículos

do ensino de 3 grau, em várias capitais do país e a chegada de Françoise Desobeau

(França), convidada para um seminário sobre “Terapia Psicomotora”, os rumos se

ampliaram aceleradamente, abrindo um viés na ação psicomotora, que antes

supervalorizava a técnica e agora tinha como prisma a abordagem Tônico-

emocional, relevando as atividades espontâneas, o jogo e o simbolismo.

Em 1980 e fundada a Sociedade Brasileira de Terapia psicomotora (SBTP),

dando início a uma era científica marcada, em 82, pelo 1 Congresso Brasileiro de

Psicomotricidade.

Hoje, a psicomotricidade representa uma ciência das mais respeitadas por

diversas áreas e segmentos, incorporada a vários cursos superiores, com um curso

de graduação no IBMR (RJ) e com inúmeros cursos de Pós-graduação. Perdeu-se o

26

“T” da SBTP, pela mudança na história e no paradigma da área, mas cada vez mais

a identidade desse profissional se estabelece e discute com a sociedade os

caminhos de um sujeito em construção.

Surge na Argentina, a clínica Psicomotora que em 94 foi apresentada em

congresso (Rio) pelo Professor de Educação Física, Psicólogo e psicanalista,

Esteban Levin, dando continuidade no último congresso em 98 (Fortaleza) marcando

mais um avanço da Psicomotricidade.

1.8. Contribuições de Juan de Ajuriaguerra

Para o grande médico neurologista-psiquiatra espanhol a evolução da criança

acontece através da evolução do conhecimento que ela vai obtendo sobre o seu

corpo, diz ele que e com o corpo que a criança elabora todas as suas experiências

psicomotoras vitais a organização da personalidade.

Diz ele ainda que o corpo se encontra representado nas áreas motoras e

sensitivos-somáticas do córtex e em suas pesquisas chegou a constatação do

membro fantasma ou resíduo sinestésico do membro quando este e amputado do

corpo. O amputado continua a sentir o membro amputado devido à respectiva

representação mental de ordem sinestésica e simbólica.

Ele implementa o termo SOMATOGNOSIA, como a tomada de consciência

do corpo como realidade vivida por um ser humano adquirida através de sua

humanização.

Para Ajuriaguerra a criança passa por um veículo de corticalização

progressiva, que nada mais é do que sua evolução da noção do corpo:

1. CORPO AGIDO – receptor – diálogo corporal com a mãe - reflexos;

2. CORPO ATUANTE – espectador – diálogo corporal com os objetos – locomoção.

1.9. Prática Psicomotora

É a forma como a psicomotricidade, nas suas áreas de atuação, se realiza.

27

A prática psicomotora pode acontecer através de dinâmicas, sensibilizações,

jogos regressivos, dramatizações, exercícios psicomotores, dinâmicas reeducativas,

no corpo a corpo com o psicomotricista, nas atividades lúdicas e vivencias corporais.

Ela necessita ser precedida de anamnese e entrevistas, quantas forem

necessárias, com os pais ou mesmo com outros elementos da família, tentando

esclarecer dados referentes ao cliente ou seu momento vivido.

Seu conteúdo ou contexto se realizara no desenvolvimento e estruturação do

sujeito trabalhado, na evolução das habilidades psicomotoras, nas relações com o

psicomotricista, numa cena, num gesto, numa linguagem que organiza e localiza

esse sujeito em relação ao seu referencial, ao outro e aos objetos.

Podendo dizer também que ela acontece, através do fortalecimento das

possibilidades de recuperação, de adaptações, do alívio da dor, ou da redução

sintoma, harmonizando o sujeito numa inteireza, consigo mesmo, com o outro e com

o objeto.

28

CAPÍTULO 2: CONCEITO DA SÍNDROME DE DOWN

Caracterizada Pela Primeira vez pelo Médico John Longdon Down no ano de

1866 esta síndrome recebeu como primeira denominação, a de “mongolian idiots”

devido a alguns traços característicos das pessoas portadoras, denominação esta,

que influenciou negativamente na imagem do portador da síndrome criando vários

preconceitos que seguira-os até os tempos de hoje.

Naquela época, o Dr. Down acreditava que a mesma representava uma

regressão, por degeneração, a uma raça primitiva no caso os mongóis. Na época,

pelos cientistas acreditarem que existia uma raça dita como “superior” seguida por

outras ditas ‘inferiores”, com a raça caucasiana sendo a superior seguida pela

mongólica e a negra por último, sua denominação foi facilmente aceita no mundo

científico.

Tarde, em 1959 com o professor Jerome Lejeune, Gautier e Turpin, quando

descobriu os aspectos genéricos da síndrome, deu-lhe o nome de Síndrome de

Down , pois síndrome significa conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma

condição e Down em homenagem ao Doutor.

Diferente do que muitas pessoas pensam, a Síndrome de Down não é uma

doença, mas sim um acidente genético caracterizado pela trissomia do par 21.

que pode ocorrer no óvulo, no espermatozóide ou após a união dos dois (ovo) ou até

por ocasião da formação do bebê, no início da gravidez, apesar de não se saber

ainda o que causa a síndrome.

Qualquer casal poder ter um filho com Síndrome de Down acredita-se que as

chances são maiores quando a mãe tem mais de 35 anos de idade. Assim como

pais que já tem filhos com a síndrome devem fazer acompanhamento genético com

especialistas se desejarem ter outros filhos.

Sobre o ponto de vista genético e reprodutivo para a pessoa com S.Down, a

puberdade e a maturação sexual são comparáveis à população em geral. Nas

meninas, a menstruação ocorre como em outras jovens, exceto em casos de

hipotireoidismo ou problemas crônicos de saúde, em que pode ocorrer atraso na

puberdade. Cerca de 70% tem ovulação normal, enquanto que 30% apresentam

irregularidade menstrual. Richard Sheridan e colegas observam que jovens com S.D.

apresentam números reduzidos de folículos (conjunto de células dentro do qual

desenvolvem-se os gametas femininos) nos ovários. Relatam também que 26

29

mulheres sem mosaicismo, em 29 gestações, produziram 10 filhos com S.D, dois

abortos espontâneos e 18 filhos sem alterações cromossômicas, incluindo um par de

gêmeos idênticos.

A fertilidade geralmente é mais reduzida nos homens com S.D., apesar do

desenvolvimento normal das características sexuais secundárias. Estudos em

tecidos testiculares, realizados por Johannisson e colegas, mostraram diminuição na

capacidade de formar espermatozóides funcionais e comportamento anômalo do

cromossomo 21 extra na prófase da Meiose, divisão celular que leva à formação dos

gametas, unidades reprodutivas.

Há entretanto, relatos de homens com S.Down que procriaram: em 1989 foi

publicado a primeiro caso bem documentado de paternidade, em uma gravidez que

resultou em aborto espontâneo. Dois anos depois, o mesmo casal teve um filho, sem

alterações cromossômicas. Em 1992, Zühlke e colegas, relataram outro caso de

reprodução de homem com Síndrome de Down, dando origem a menina normal.

Tendo em vista o aconselhamento genético, são apresentadas as

possibilidades de separação dos cromossomos na formação dos gametas

(óvulos ou espermatozóides) e as combinações possíveis destes cromossomos nos

filhos, no relacionamento de pessoas com S. Down .

Exemplo:

Pessoa com S. Down e outra sem alteração cromossômica.

X X X x XX

Trissomia 21(S.D) N.º normal de cromossomos 21

GAMETAS

X X , X e X

50% de filhos com trissomia 21

X X X

50% de filhos normais

X X

2- Casal com Trissomia 21 (S.Down)

X X X x X X X

Trissomia 21(S.D) Trissomia 21(S.D)

GAMETAS

X X, X, X X

30

Resultados:

25% com tetrassomia 21 (inviável)

X X X X

25% de filhos com trissomia 21

X X X

25% de filhos com trissomia 21

X X X

25% de filhos normais

X X

Assim, da reprodução de pessoa com S.Down e outra sem a síndrome há

50% de chances de filhos normais, enquanto que no caso de casal com a síndrome,

quando ambos são férteis, esta possibilidade é cerca de 25%.

Estas informações devem fazer parte da orientação ao casal e da sua família,

para uma escolha consciente. O conhecimento dos métodos anticoncepcionais é

também essencial, tendo em vista a vivência saudável da sexualidade, sem

necessidade de procriação.

Atualmente muitos métodos diferentes estão disponíveis, como por exemplo,

os anticoncepcionais injetáveis, os implantes e os preservativos. A definição do

método a ser utilizado deve estar, porém, na dependência da capacidade de escolha

e utilização do modo mais adequado ao indivíduo. Estes aspectos devem ser

considerados na educação sexual tendo em vista a integração social do indivíduo.

Em março de 1997, a Conferência Médica Internacional sobre Síndrome de

Down, realizada em Barcelona foram relatados várias descobertas e resultados de

pesquisas científicas feitas por geneticistas e estudiosos do mundo inteiro

interessados em obter maiores informações sobre a Síndrome em geral, dentre

estas está a obtenção de um modelo animal que permite estudar com detalhes as

ocorrências ligadas à genética.

Trata-se de um camundongo trissômico (chamado de MMU-16), que foi

produzido em laboratório pelo Prof. Charles Epstein, médico geneticista americano.

O cromossomo 16 deste animal é semelhante ao 21 humano. No ano passado, este

camundongo trissômico vivia apenas até o final da gestação, o que limitava muitos

os estudos. Agora se conseguiu uma variante deste camundongo (chamado de

TS108cje) que vive até a idade adulta. Estes são chamados detransgênicos.

31

Os estudos desenvolvidos pelo Prof. Epstein nos EUA estão sendo

reproduzidos e aprofundados pelos pesquisadores espanhóis em Barcelona e em

outros centros europeus. Através da manipulação genética destes camundongos

pode-se estudar o efeito de cada um dos gens mapeados no organismo do animal.

Considera-se que agora os estudiosos já dispõem de todas as ferramentas

necessárias para estudar e entender os eventos relacionados à Síndrome de Down.

Entretanto será necessário um período de mais alguns anos para que surjam

as respostas definitivas que pais e profissionais esperam, traduzidas por

medicamentos eficazes no tratamento dos maiores comprometimentos da Síndrome

de Down, foi previsto na época que isso seria possível à partir deste ano de 2000.

O Prof. Epstein falou na Conferência de Barcelona sobre a biologia da

Síndrome de Down que teve como destaques os progressos alcançados nos últimos

anos pelas pessoas com Síndrome de Down, e sobre as dificuldades e desafios que

ainda persistem, principalmente o comprometimento intelectual e a doença de

Alzheimer.

Analisou as formas de estudar a Síndrome de Down disponíveis:

1- Observação clínica e laboratorial das pessoas com Síndrome de Down

2- Análises histológicas e patológicas pré e pós-natais

3- Estudo em laboratório de tecidos e células

4- Elucidação da estrutura gênica do cromossomo 21 (o mapeamento)

Desenvolvimento e análise de modelos animais

Os progressos mais recentes estão relacionados aos itens 4 e 5. O Prof. Epstein

abordou a evolução da produção do modelo animal, que se iniciou pelos

camundongos chamados trissômicos (totais ou parciais) até chegar as atuais

transgênicos (ou YAC-Yeast artificial chromosome), que chegam ao refinamento de

permitirem o estudo de grupos muito pequenos de gens ou até de um gen

isoladamente.

Abordou as trissomias naturais que existem em primatas como gorilas,

chipanzés e orangotangos, que não se prestam aos estudos por problemas na

manipulação dos animais.

Explicou ainda um teste chamado de Morris Water Maze, que estuda o

aprendizado do camundongo em labirinto na água. Através deste teste estuda-se o

efeito de alguns gens sobre o comportamento e as funções cerebrais relacionadas

ao aprendizado do camundongo.

32

Foram também levantadas descobertas anteriores à conferência como a

publicada pela revista Science de dezembro de 1996 onde são apresentados os

resultados de uma pesquisa discutida no VI Congresso Internacional de Biologia

Celular. Pesquisadores alemães conseguiram identificar o gene "minicérebro" nos

cromossomos de moscas das frutas. O gene estaria associado à atividade cerebral,

quando este gene tem problemas, o cérebro é menor do que o normal e há

deficiência de aprendizado.

Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos,

identificaram um gene semelhante ao "minicérebro" em seres humanos, numa região

do cromossomo 21 associada às características peculiares dos portadores da

Síndrome de Down. O nome deste gene, nos seres humanos é DYRK, sigla de Dual

Specificity Tyrosina Phophorylation-regulated Kinase. Pesquisadores japoneses

obtiveram resultados semelhantes.

E geneticistas do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos Estados

Unidos, iniciaram uma série de testes com ratos, eles verificaram que ratos com

sequências em níveis anormais do gene DYRK não executam bem os testes mais

simples de aprendizado.

Isso tudo significa que o retardamento mental de portadores da Síndrome de

Down pode ter um componente genético, embora os pesquisadores sejam

cautelosos em afirmar que este gene DYRK seja o único responsável. Eles tendem a

acreditar que seja um conjunto de genes , com o DYRK entre eles, que determine

este efeito, as pesquisas continuam, no sentido de confirmar estas suposições.

Estas são apenas algumas dentre várias descobertas relatadas durante a

conferência que por ter sido realizada a três anos atrás já avançaram ainda mais e

surgiram outros resultados de novas pesquisas pois a cada ano pessoas como o

Prof. Charles Epstein que se dedica inteiramente às pesquisas sobre a Síndrome

buscando respostas às várias incógnitas sobre a doença.

Uma das evidências desses avanços contínuos é a própria previsão feita pelo

professor ao encerrar sua palestra na Conferência de Barcelona.

Existe presentemente um sentimento de excitamento e antecipação entre os

pesquisadores interessados e trabalhando com Síndrome de Down. Este campo,

como muitos outros, foi lançado no progresso rapidamente acelerado que está

sendo feito em todos os campos da ciência biológica, que vai desde a biologia

molecular e celular até as muitas facetas da neurobiologia e psicologia. As

33

ferramentas e conceitos que foram obtidos tornaram possível olhar para a Síndrome

de Down de forma que antes não eram possíveis.

Portanto, como será a pesquisa em Síndrome de Down no século 21? Embora

a bola de cristal e a futurologia sejam perigosos, certas previsões parecem razoáveis

baseadas no que sabemos hoje:

O mecanismo que causa a aneuploidia parece próximo de ser entendido

melhor, mas uma redução na ocorrência da trissomia do 21 parece mais difícil de ser

alcançada. Infelizmente, pois esta é a verdadeira solução para a questão da

Síndrome de Down. Até o mais ardente defensor do diagnóstico pré-natal iria

preferir a prevenção a o aborto.

O cromossomo 21 será completamente mapeado, os genes que se expressam

identificados, e suas funções serão definidas.

O mapeamento fenotípico da Síndrome de Down será melhorado, e o gen ou

genes responsáveis por muitos componentes do fenótipo, como doença cardíaca

congênita, atresia ou estenose duodenal, comprometimento imunológico, eucemia,

Mal de Alzheimer, e talvez por algumas das mais sutís diferenças físicas, serão

identificados.

Deficits cognitivos específicos e característicos que distinguem a Síndrome

de Down de outras formas de retardamento mental serão elucidados. Quanto mais

isto se mostre possível, mais razoável será a pesquisa dos gens que têm maior

efeito sobre a cognição. Tais gens serão indubitavelmente descobertos.

Há uma razoável probabilidade de se desenvolver terapias farmacológicas ou

de outras formas que irão melhorar, e talvez até prevenir o retardamento mental e a

Mal de Alzheimer.

Devido ao grande número de fatores neurotrópicos, neurotransmissores, e

agentes que alteram a função neuronal e a transmissão sináptica conhecidos, e de

muitos outros que estão próximos de serem descobertos, e dado também nosso

cada vez maior entendimento e habilidade de manipular estes agentes, não é

descabido acreditar que abordagens para melhorar a função intelectual podem ser

divisadas- fazendo com que a estrutura do sistema nervoso durante a vida fetal

tardia e ao nascimento, não predestinem irremediavelmente a criança com Síndrome

de Down ao comprometimento cognitivo. Provavelmente não é essencial que se

conheça todos os gens do cromossomo 21 antes que terapias racionais possam ser

consideradas. O que é de igual ou talvez maior importância é uma definição do que

34

os deficits cognitivos da Síndrome de Down realmente são, e quais as alterações

neurofisiológicas, neuroquímicas e neuroanatômicas que as causam..

Na medida em que continuamos aprendendo sobre como o cérebro trabalha, a

pesquisa em Síndrome de Down será beneficiária deste conhecimento e o

entendimento do que está atrapalhando a função do cérebro na Síndrome de Down

será obtido. Com este entendimento virão as abordagens necessárias para corrigir a

situação.

A pesquisa em S.D. no século 21 será centrada em neurobiologia, genética

molecular, psicologia do desenvolvimento, e farmacologia molecular. Temos motivos

para estarmos cheios de esperança.

Apesar de a deficiência mental acarretada pela Síndrome de Down não tem

cura, pois se trata de uma alteração genética inalterável por qualquer droga, remédio

ou técnica. e apesar de existirem várias pesquisas nesse sentido até os dias de hoje

nenhum resultado foi encontrado. Mas mesmo assim, ao nascer , uma criança com

Síndrome de Down, além do acompanhamento pediátrico normal, é necessário que

se lhe ofereça orientação de geneticista e de outros demais especialistas. Além

disso, a criança deve ser submetida a um tratamento através de estímulos(terapia

ocupacional) entre outros que minimizarão os efeitos das alterações neuro-motoras

e fonoarticulatórias. Este tratamento deve ser iniciado tão logo seja diagnosticada a

síndrome e precisa ser desenvolvido por equipe integrada de fisioterapeuta,

terapeuta ocupacional, fonoaudióloga e psicólogo, que irão estimular a criança para

que tenha um melhor desenvolvimento motor e intelectual. É importante não se

perder de vista a família e as dificuldades que enfrentam desde o nascimento de seu

filho com Síndrome de Down.

Sabe-se que as crianças que estão desde o nascimento se submetendo a

esses tratamentos têm melhoras em seu desempenho, mas ainda não se conhece

sua efetiva contribuição na vida adulta.

Então, o objetivo do tratamento que atualmente se faz é colaborar para

acelerar e melhorar as condições motoras e intelectuais do portador da Síndrome de

Down.

Independente do grau de deficiência mental da criança, esta pode freqüentar

uma escola comum como qualquer outro aluno pois esta tem o direito de ser

escolarizada da infância à idade adulta, sendo complementada pelos

acompanhamentos adicionais ditos acima.

35

A priori, não se deve limitar outros campos de atividade como habilitação

profissional, ocupações artísticas, etc... Mas de acordo com as palavras de Claudia

Werneck “A maior limitação para que os portadores de Síndrome de Down se tornem

adultos integrados, produtivos, felizes e independentes não é imposta pela genética,

mas sim pela sociedade.”

Felizmente, nos dias de hoje boa parte da sociedade já os vê como indivíduos

capazes e que apesar de suas limitações também faz parte da sociedade e tem

direitos como qualquer cidadão. Graças a organizações filantrópicas ou não voltadas

para o pronto atendimento e educação desses indivíduos como APAE(Associação

de Pais e amigos dos excepcionais),

Sociedade PESTALOZZI (Em homenagem ao suíço Johann Heinrich

Pestalozzi defensor dos direitos de igualdade e contra a opressão aos deficientes no

século XVIII) dentre outras, e de pessoas que por possuírem parentes com a

síndrome ou por sentirem necessidade de auxiliar na educação dessas pessoas,

ajudam como podem sem ter nada em troca, apenas a certeza de estarem

contribuindo e cumprindo seu papel de cidadão.

A Síndrome de Down não é uma doença, mas sim uma alteração genética que

ocorre por ocasião da formação do bebê, no início da gravidez. Todas as pessoas

estão sujeitas a ter um filho com Síndrome de Down, independente da raça ou

condição sócio-econômica. No Brasil, acredita-se que ocorra um caso em cada 600

nascimentos, isso quer dizer que nascem cerca de 8 mil bebês com síndrome de

down por ano.

2.1- Tipos de Trissomia

• Trissomia 21 simples (ou padrão): a pessoa possui 47 cromossomos em todas as

células (ocorre em 95% dos casos de Síndrome de Down).

• Translocação: o cromossomo extra do par 21 fica “grudado” em outro

cromossomo, freqüentemente aos 14. Nesse caso embora indivíduo tenha 46

cromossomos, ele é portador da Síndrome de Down (cerca de 3% dos casos de

Síndrome de Down).

36

É importante saber, que no caso da Síndrome de Down por translocação, os

pais devem submeter-se a u exame genético, pois eles podem ser portadores da

translocação e têm grandes chances de ter outro filho com Síndrome de Down.

• Mosaico: a alteração genética compromete apenas parte das células, ou seja,

algumas células têm 47 e outras 46 cromossomos (2% dos casos de síndrome de

Down).

Existe uma grande variação na capacidade mental e no progresso

desenvolvimental das crianças com Síndrome de Down. O desenvolvimento motor

destas crianças também é mais lento. Enquanto as crianças sem síndrome

costumam caminhar com 12 a 14 meses de idade, as crianças afetadas geralmente

aprendem a andar com 15 a 36 meses de idade, as crianças afetadas geralmente

aprendem a andar com 15 a 36 meses. O desenvolvimento da linguagem também é

bastante atrasado.

As características físicas são importantes para o médico fazer o diagnóstico

clínico; porém, a sua presença não tem nenhum outro significado. Nem sempre a

criança com síndrome de Down apresenta todas as características; algumas podem

ter somente umas poucas, enquanto outras podem mostrar a maioria dos sinais da

síndrome.

Algumas das características físicas das crianças com Síndrome de down são:

• Os olhos apresentam-se com pálpebras estreitas e levemente oblíquas, com

prega de pele no canto interno (prega epicântica).

• A íris freqüentemente apresenta pequenas manchas levemente achatadas. A

moleira pode ser maior e demorar mais para se fechar.

• A cabeça geralmente é menor e a parte posterior levemente com a língua

projetando-se para fora.

• As mãos são curtas e largas e, às vezes, nas palmas das mãos há uma única

linha transversal, de lado a lado ao invés de duas.

• A boca é pequena e muitas vezes se mantém aberta com a língua projetando-se

para fora.

• A musculatura de maneira geral é mais flácida (hipotonia muscular).

• Pode existir pele em excesso no pescoço que tende a desaparecer com a idade.

• As orelhas são geralmente pequenas e de implantação baixa. O conduto auditivo

é estreito.

37

• Os dedos dos pés comumente são curtos e na maioria das crianças há um

espaço grande entre o dedão e o segundo dedo. Muitas têm pé chato.

2.2. Desenvolvimento da criança com Síndrome de Down

A seqüência de desenvolvimento da criança com Síndrome de Down é

bastante semelhante à de criança sem síndrome e as etapas e os grandes marcos

são atingidos, embora em um ritmo muito mais lento.

Esta demora em adquirir determinadas habilidades pode prejudicar as

expectativas que a família e a sociedade tenham da pessoa com Síndrome de

Down.

2.3. Desenvolvimento Psicomotor

Uma das características principais da síndrome de Down, e que afeta

diretamente o desenvolvimento psicomotor, é a hipotonia generalizada, presente

desde o nascimento.

Esta hipotonia origina-se no sistema central, e afeta toda a musculatura e a

parte ligamentar da criança. Com o passar do tempo, a hipotonia tende a diminuir

espontaneamente, mas ela permanecerá presente por toda a vida, em graus

diferentes. O tônus é uma característica individual, por isso há uma variação entre as

crianças com esta síndrome.

2.4. Desenvolvimento Cognitivo

Embora a Síndrome de Down seja classificada como uma deficiência mental,

não se pode nunca predeterminar qual será o limite de desenvolvimento do

indivíduo.

Historicamente, a pessoa com Síndrome de Down, foi rotulada como deficiente

mental severa e em decorrência deste rótulo acabou sendo provida de

oportunidades de desenvolvimento. A classificação da deficiência mental nos grupos

profundos (severos), treináveis e educáveis é bastante questionada hoje em dia.

Estes diagnósticos determinados a partir de testes de QI (Medida do Quociente da

Inteligência), nem sempre condizem com a real capacidade intelectual do indivíduo,

uma vez que os testes aplicados foram inicialmente propostos para povos de outros

paises, com culturas diferentes da nossa.

38

A educação da pessoa com Síndrome de Down, deve atender às suas

necessidades especiais sem se desviar dos princípios básicos da educação

propostos ás demais pessoas.

A criança deve freqüentar desde cedo a escola, e esta deve valorizar,

sobretudo os acertos da criança, trabalhando sobre suas potencialidades para

vencer as dificuldades.

A aprendizagem da pessoa com Síndrome de Down, ocorre num ritmo mais

lento. A criança demora mais tempo para ler, escrever e fazer contas. No entanto, a

maioria das pessoas com sta síndrome tem condições para ser alfabetizada e

realizar operações lógico-matemáticas. A educação da pessoa com Síndrome de

Down deve ocorrer preferencialmente em uma escola que leve em conta suas

necessidades especiais.

2.5. Desenvolvimento da Linguagem

A linguagem representa um dos aspectos mais importantes a ser desenvolvido

por qualquer criança, para que possa se relacionar com as demais pessoas e se

integrar no seu meio social. Pessoas com maiores habilidades na linguagem podem

comunicar melhor seus sentimentos, desejos e pensamentos.

De maneira geral, a criança, o jovem e o adulto com Síndrome de down

possuem dificuldades variadas no desenvolvimento da linguagem. E importante

estar atento a este fato desde o primeiro contato com a família do bebê com

Síndrome de Down. Quanto antes for criado um ambiente propício para favorecer a

evolução da linguagem, melhor será o futuro.

A criança com síndrome de Down apresenta um atraso na aquisição e

desenvolvimento da linguagem se comparada a outra criança. Este atraso tem sido

atribuído a características físicas ou ambientais que influenciam negativamente o

processo de desenvolvimento, tais como:

• Problemas de acuidade e discriminação auditiva.

• Freqüentes doenças respiratórias.

• Hipotonia da musculatura oro-facial.

• Alteração no alinhamento dos dentes.

• Palato ogival com tendência à fenda.

39

• Língua grande (macroglossia) ou cavidade oral pequena.

• Problemas de maturação dos padrões de mastigação, sucção e deglutição.

• Baixa expectativa em relação à possibilidade de desenvolvimento da criança.

• Dificuldades do adulto em determinar o nível de compreensão da criança para

adaptar sua fala de maneira a promover o desenvolvimento.

• Pouca disponibilidade do adulto em ouvir a criança e em se esforçar para

compreendê-la.

• Dificuldade de sintetização e problemas na estruturação sintática.

• Atraso geral no desenvolvimento motor, cognitivo e emocional.

• Falta de atividades sociais que façam a criança utilizar a linguagem de forma

significativa.

Algumas técnicas contribuem satisfatoriamente para o desenvolvimento inicial

do bebê com síndrome de down, e merecem ser mencionadas. Lembre-se que a

estimulação é muito importante, mas o excesso é prejudicial, havendo necessidade

de dosar a quantidade de estímulos.

Portanto a Síndrome de Down deve ser tratada desde o nascimento da criança,

para haver um bom condicionamento físico da mesma, trabalhando com o

psicológico delas. Trabalhar com o portador da síndrome de Down é sem dúvida,

sentir nele, a vontade de seguir em frente contando constantemente com a nossa

ajuda.

40

Capítulo 3: O GESTOR FRENTE À CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE

PARA OS PORTADORES DA SÍNDROME DE DOWN:

Como já sabemos, a psicomotricidade é a ciência que tem como objetivo de

estudo o homem através de seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo

interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber. Atuar, agir com o

outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de

maturação, onde o corpo é a origem de aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.

3.1. Cuidados especiais com os portadores da Síndrome de Down:

As crianças com síndrome de Down necessitam do mesmo tipo de cuidado

clínico que qualquer outra criança. Contudo, há situações que exigem alguma

atenção especial.

Oitenta a noventa por cento das crianças com síndrome de Down têm deficiências

de audição. Avaliações audiológicas precoces e exames de seguimento são

indicados.

Trinta a quarenta por cento destas crianças têm alguma doença congênita do

coração. Muitas destas crianças terão que se submeter a uma cirurgia cardíaca e,

freqüentemente precisarão dos cuidados de um cardiologista pediátrico por longo

prazo.

Anormalidades intestinais também acontecem com uma freqüência maior em

crianças com síndrome de Down. Por exemplo, estenose ou atresia do duodeno,

imperfuração anal e doença de Hirschsprung. Estas crianças também podem

necessitar de correção cirúrgica imediata destes problemas.

Crianças com síndrome de Down freqüentemente têm mais problemas oculares

que outras crianças. Por exemplo, três por cento destas crianças têm catarata.

Elas precisam ser tratadas cirurgicamente. Problemas oculares como estrabismo,

miopia, e outras condições são freqüentemente observadas em crianças com

síndrome de Down.

Outra preocupação relaciona-se aos aspectos nutricionais. Algumas crianças,

especialmente as com doença cardíaca severa, têm dificuldade constante em

41

ganhar peso. Por outro lado, obesidade é freqüentemente vista durante a

adolescência. Estas condições podem ser prevenidas pelo aconselhamento

nutricional apropriado e orientação dietética preventiva.

Deficiências de hormônios tireoideanos são mais comuns em crianças com

síndrome de Down do que em crianças normais. Entre 15 e 20 por cento das

crianças com a síndrome têm hipotireoidismo. É importante identificar as crianças

com síndrome de Down que têm problemas de tireóide, uma vez que o

hipotireoidismo pode comprometer o funcionamento normal do sistema nervoso

central.

Problemas ortopédicos também são vistos com uma freqüência mais alta em

crianças com síndrome de Down. Entre eles incluem-se a subluxação da rótula

(deslocamento incompleto ou parcial), luxação de quadril e instabilidade de

atlanto-axial. Esta última condição acontece quando os dois primeiros ossos do

pescoço não são bem alinhados devido à presença de frouxidão dos ligamentos.

Aproximadamente 15% das pessoas com síndrome de Down têm instabilidade

atlanto-axial. Porém, a maioria destes indivíduos não tem nenhum sintoma, e só

um a dois por cento de indivíduos com esta síndrome tem um problema de

pescoço sério o suficiente para requerer intervenção cirúrgica.

Outros aspectos médicos importantes na síndrome de Down incluem problemas

imunológicos, leucemia, doença de Alzheimer, convulsões, apnéia do sono e

problemas de pele. Todos estes podem requerer a atenção de especialistas.

3.2. Terapia Psicomotora:

Tem como objetivo a utilização do corpo, com seus movimentos e sua

expressividade, através de uma linguagem pré-verbal, que mostram os conflitos e

dificuldades na relação EU- OUTRO- OBJETO, a serem resolvidos ou minimizados.

A ação diagnóstica dos atrasos psicomotores ou características da

persolinalidade, também é através do corpo e de seus movimentos,

É uma terapia a nível corporal que tende a modificar uma organização

psicopatológica.

42

O cliente vive situações afetivas e emocionais. O terapeuta não aborda o

sintoma diretamente, ele trabalha em cima do contexto relacional e afetivo- verbal,

transferências e outros não.

O relaxamento também é usado como prática terapêutica, assim como

atividades livres, lúdicas e ordenadas.

Podemos destacar alguns métodos e seus terapeutas: Ramain, Bom départ

(ambos com uma forma específica de ação), Hughette Bucher, Orlic, Rossel,Picq e

Vayer, Françoise Desobeau (terapia corporal), André Lapierre, Berbard Aucouturier,

etc...

3.3. Exemplo de Terapia Psicomotora em uma paciente:

A paciente chama-se Mariana, uma menina com 9 anos de idade. Chega ao

psicólogo depois de 6 anos tratando-se com uma fonoaudióloga e uma fisioterapeuta

–só agora a equipe conseguiu inserir o psicólogo no tratamento. A queixa

apresentada pela fisioterapeuta é que recusa –se a fazer progressos, teve uma forte

regressão no quadro geral e sofreu uma perda recente do avô materno. A queixa

trazida pela mãe ressalta este elemento de regressão e uma grande preocupação

com a possibilidade de mudança do quadro neurológico.

No psicodiagnóstico foi possível levantar grande limitação verbal, assim como

comprometimentos na psicomotricidade. Mariana baba muito, tem movimentos

corporais descoordenados e grosseiros, apreensão e a motricidade fina pouco

controlada. A dinâmica familiar aparece centrada na filha, ressaltando-se um

sentimento de angústia pela possibilidade iminente de perda – principalmente por

parte da mãe. O pai parece colocar-se alheio a esta dinâmica. No relato da mãe

pode se perceber a identificação dos sentimentos da filha a partir dos seus próprios

e a fragilidade de arribas, mantida sob controle.

É então sugerida psicoterapia para Mariana e orientação para os pais.

Começa a terapia. A linguagem verbal pobre suscita uma nova forma de

comunicação e é a criança quem define a fórmula.

Sem palavras Mariana leva a terapeuta a conhecer seu mundo: a forma como

viveu e foi tratada depois de um choque anafilático que sofrera com 42 dias de

nascida que resultou em 20 dias de coma e lhe deixou seqüelas neurológicas.

43

Sua comunicação verbal é neste momento bastante limitada. Assim Mariana

vai “contando” a dor da mãe, a dedicação traduzida em forma de

medicamentos,olhares angustiados, atenção intensa e constante. Mariana “conta”

incessantemente como é estar doente, sob cuidados médicos e sob a preocupação

ininterrupta da mãe, que mesmo fora de seu mundo espacial – estando no trabalho –

monitora seu dia, sua rotina, já menina crescida. E reproduzem gestos e

brincadeiras, com poucas palavras, a rotina dessa mãe que liga-se à vida da filha de

longe, que sofre muito a perda do pai, que centra sua vida na vida da filha, e da

própria vida de Mariana, vivida pela expectativa da presença da mãe.

Revivendo sua história, Mariana vai redescobrindo-se, deixando de se ver pelo

olhar da mãe para encontrar-se sob seus próprios olhos, seu próprio sentir. E

descobre-se menina com 11, 12 anos, entrando na puberdade, optando por deixar

as bonecas – “que são para crianças pequenas, de 6, 7 anos” – e olhando em volta,

buscando algo que substitua a boneca. Descobre lápis, canetas, tesoura, cola. Vive

a frustração de não reproduzir com suas mãos o que imaginou: a motricidade fina foi

comprometida, e muitos movimentos amplos também, assim o grafismo denuncia a

seqüela neurológica.

Como se tomada pela mão, a terapeuta vai com Mariana em busca de

alternativas. Encontram massinha plástica, argila, massa e rinha feita na hora, e um

novo espaço vivencial inaugura-se.

Paralelamente é feito a trabalho de orientação com os pais . A freqüência deste

trabalho assume ritmo próprio, necessitando uma certa insistência da terapeuta para

que ocorram os encontros.É trabalhada primeiramente a identificação dos

sentimentos – objetivando não só a conscientização, mas também a destinação a

quem de direito: você, mãe, sente isto. E o pai, como sente? E Mariana, como

percebe isto? Este trabalho vai permitindo a diferenciação afetiva entre os membros

da família. Ao mesmo tempo são feitas orientações diretas, como levar Mariana para

atividades de crianças, praças públicas – trabalha-se o medo da mãe de que,

exposta, Mariana sofresse qualquer acidente e morresse. É explorada esta

expectativa de morte iminente que persiste na mãe desde quando Mariana correu

risco real de vida. A partir do trabalho de conscientização é possível abrir o leque de

possibilidades em termos de expectativas em relação à filha, que num primeiro

momento pula para o extremo de que Mariana se case e tenha filhos e assume

44

proporções mais próximas do vivido, ou seja, perceber Mariana como uma criança

de 11 anos, que está aprendendo a ler e a escrever, fazendo progressos em seu

ritmo próprio, que desafia a mãe, fica malcriada.

O objetivo desse caso foi mostrar como a psicoterapia pode, a partir de

linguagens diversas definidas pelo próprio paciente, chegar ao desenvolvimento.

3.4. Reeducação Psicomotora

O trabalho da reeducação privilegia a princípio, três situações de alívio do

problema, a redução do sistema e a adaptação ao problema, através de jogos e

exercícios psicomotores.

A atuação do reeducador privilegia a expressão livre, harmoniosa e econômica

do corpo. Utiliza-se do exame psicomotor onde a atitude no examinar é mais

importante do que o método em si.

A metodologia se apóia na sistematização, no nível de idade e nos riscos –

reforço do problema. Ex: Expressão verbal, habilidade anual, controle postural,

equilíbrio estático e dinâmico, conhecimento e integração corporal, grafismo e tônus.

As conclusões, ou seja, os resultados do exame, dependem dos sintomas

apresentados e da qualidade da relação estabelecida.

3.5. Práticas Reeducativas:

• Técnicas específicas

• Exercícios psicomotores e jogos

• Trabalho direto com o sintoma observado no exame psicomotor e pelas falas.

Reeducação diretiva:

O reeducador tem uma posição de posição de decidir sobre a estratégia e os

métodos a adotar. Ele necessita ter uma grande capacidade de escuta e

compreensão da criança.

Reeducação não diretiva:

O cliente, no caminho terapêutico, é que escolhe a trajetória adequada,

através de materiais (o objeto como intermediário).

45

Com Laban, o arquiteto do início do século, surgiram os estudos, das variações

dos movimentos.

Peso, espaço, tempo e fluxo, são os 4 fatores que compõem o movimento.

Segundo Laban, cada homem tem seu esforço de base e o processo terapêutico irá

conduzi-lo através da experimentação de esforços que ele não tem afinidade,

modificando com isso a sua psique. (Cruz dos esforços).

Ex: Uma criança não usa uma caneta hidrocor corretamente porque ainda não

tem registrado o esforço de peso, necessário a essa atividade.

3.6. Cuidados Especiais

As crianças com Síndrome de Down necessitam do mesmo tipo de cuidado

clínico que qualquer outra criança. Contudo, há situações que exigem alguma

atenção especial.

Ø Oitenta a noventa por cento das crianças com síndrome de Down têm

deficiências de audição. Avaliações audiológicas precoces e exames de

seguimento são indicados.

Ø Trinta a quarenta por cento destas crianças têm alguma doença congênita

do coração. Muitas destas crianças terão que se submeter a uma cirurgia

cardíaca e, freqüentemente precisarão dos cuidados de um cardiologista

pediátrico por longo prazo.

Ø Anormalidades intestinais também acontecem com uma freqüência maior

em crianças com síndrome de Down. Por exemplo, estenose ou atresia do

duodeno, imperfuração anal e doença de Hirschsprung. Estas crianças

também podem necessitar de correção cirúrgica imediata destes

problemas.

Ø Crianças com síndrome de Down freqüentemente têm mais problemas

oculares que outras crianças. Por exemplo, três por cento destas crianças

têm catarata. Elas precisam ser tratadas cirurgicamente. Problemas

oculares como estrabismo, miopia, e outras condições são freqüentemente

observadas em crianças com síndrome de Down.

Ø Outra preocupação relaciona-se aos aspectos nutricionais. Algumas

crianças, especialmente as com doença cardíaca severa, têm dificuldade

constante em ganhar peso. Por outro lado, obesidade é freqüentemente

46

vista durante a adolescência. Estas condições podem ser prevenidas pelo

aconselhamento nutricional apropriado e orientação dietética preventiva.

Ø Deficiências de hormônios tireoideanos são mais comuns em crianças

com síndrome de Down do que em crianças normais. Entre 15 e 20 por

cento das crianças com a síndrome têm hipotireoidismo. É importante

identificar as crianças com síndrome de Down que têm problemas de

tireóide, uma vez que o hipotireoidismo pode comprometer o

funcionamento normal do sistema nervoso central.

Ø Problemas ortopédicos também são vistos com uma freqüência mais alta

em crianças com síndrome de Down. Entre eles incluem-se a subluxação

da rótula (deslocamento incompleto ou parcial), luxação de quadril e

instabilidade de atlanto-axial.

Ø Outros aspectos médicos importantes na Síndrome de Down incluem

problemas imunológicos, leucemia, doença de Alzheimer, convulsões,

apnéia do sono, e problemas de pele. Todos estes podem requerer a

atenção de especialistas.

3.7. Estratégias de Estimulação

Algumas técnicas contribuem satisfatoriamente para o desenvolvimento inicial

do bebê com Síndrome de Down, e merecem ser mencionadas. Lembre-se que a

estimulação é muito importante, mas o excesso é prejudicial, havendo necessidade

de dosar a quantidade de estímulos.

• Estimulação Visual

A estimulação visual deve ser oferecida desde o nascimento. Inicialmente, o

que mais atrai o bebê é o rosto humano, seguido de objetos coloridos e brilhantes. A

família deve ser orientada a apresentar tais estímulos ao bebê com freqüência,

estando atenta para que ele fixe o olhar e posteriormente acompanhe com os olhos

o movimento do rosto humano ou do brinquedo. As brincadeiras na frente do

espelho também devem ser introduzidas assim que o bebê fixar o olhar.

47

• Estimulação Auditiva

A voz humana é o primeiro estímulo auditivo que o bebê recebe. É importante

orientar a mãe para que converse com o bebê de forma clara e tranqüila. A música,

cantada pela mãe ou tocada também é um estímulo que agrada o bebê. Os

brinquedos que produzem som também funcionam como estimulação para a

percepção auditiva. Tanto os pais como os terapeutas podem fazer uso de

chocalhos, papéis aluminizados, caixinhas de música ou qualquer outro tipo de

objeto que produza som, como meio de estimulação.

• Estimulação Sensitiva

É a partir da estimulação sensitiva que a criança reagirá cada vez com

movimentos. Preferencialmente, ela deve usar a menor quantidade de roupa

possível, de acordo com o tempo, tanto em casa, como na terapia. O contato com

diferentes materiais propicia maior experiência sensitiva. Brinquedos ásperos, lisos,

de borracha, de madeira, de ferro, de pano, bem como os contatos com a água e a

areia oferecem grande demanda de estímulos sensitivos.

• Estimulação labiríntica

Atividades que envolvam o balanço estimulam os órgãos do equilíbrio.Portanto,

desde cedo a criança deverá experimentar estas sensações, tanto na terapia, como

em casa. O balanço na bola Bobath facilita as reações de controle de cabeça e

tronco. O uso de redes, balanços e brincadeiras com o corpo devem ser estimulados

e orientados à família.

• Estimulação Social

O profissional que está em contato direto com a família deve orientá-la a

manter, desde cedo, uma vida social semelhante à de outros bebês. O banho de sol

e os passeios ao ar livre devem fazer parte da rotina. Privar a criança de contatos

sociais, mesmo que inicialmente breves, pode prejudicar seu desenvolvimento e sua

adaptação ao estilo de sua vida.

48

• Independência

Hoje não se pode definir até que grau de autonomia a pessoa com Síndrome

de Down pode atingir, mas acredita-se que seu potencial é muito maior do que se

considerava há alguns anos.

A independência objetivada neste tipo de programa engloba desde habilidades

básicas, como correr, vestir-se ou cuidar da higiene íntima até a utilização funcional

da leitura, do transporte, do manuseio do dinheiro e o aprendizado para tomar

decisões e fazer escolhas, bem como assumir a responsabilidade por elas.

• O Que fazer?

Os cuidados com a criança com S.D. não variam muito da atenção que se dão

às crianças.

Os pais devem estar atentos a tudo o que a criança comece a fazer sozinha,

espontaneamente e devem estimular seus esforços. Ajude a criança a crescer,

evitando que ela se torne dependente; quanto mais a criança aprender a cuidar de si

mesma, melhores condições terão para enfrentar o futuro.

A criança com S.D. precisa participar da vida da família como as outras

crianças. Deve ser tratada como as outras, com carinho, respeito e naturalidade.

A pessoa com S.D. quando adolescente e adulta tem uma vida semi-independente.

Embora possa não atingir níveis avançados de escolaridade pode trabalhar em

diversas outras funções, de acordo com seu nível intelectual. Ela pode praticar

esportes, viajar, freqüentar festas, etc.

Quando a criança com deficiência tem problemas de comportamento, em geral,

é porque existe falta de compreensão dos pais ou das pessoas que vivem com ela.

Quando se sente aceita e compreendida, é uma criança feliz.

Portanto é necessário que o gestor invista no ambiente escolar, promovendo

instalações propícias para o Portador da Síndrome de Down capacitação do corpo

docente para a acessibilidade dos Portadores da Síndrome de Down nos ambientes

sem que haja diferenças de tratamento, constrangimento e não aceitação por parte

dos demais alunos da escola, tornando-se assim, uma criança com melhores

condições para encarar o futuro como merecedor de todos os direitos e deveres

humano.

49

CONCLUSÃO

O presente estudo teve como objetivo, mostrar o papel do Gestor no

desenvolvimento do trabalho da Psicomotricidade nos portadores da Síndrome de

Down.

A Síndrome de Down não é uma doença, mas sim uma alteração genética que

ocorre por ocasião da formação do bebê, no início da gravidez.

É importante antes de qualquer tratamento, trabalharmos com a família do

portador da Síndrome de Down, pois sabemos que geralmente a maioria das

famílias age com um certo preconceito e não aceitação com o mesmo, como se o

seu filho fosse algo que atrapalhasse ou que lhes envergonhassem. Por isso

devemos conversar e mostrar para a família que todo ser humano tem o seu valor

próprio, tenha ele deficiências ou não, pois são capazes de alcançar valores e

objetivos através de nossa ajuda e incentivação.

Temos como exemplo atualmente, a vida de um jogador chamado Romário, o

qual ganhou uma filha portadora da Síndrome de Down, trazendo muitas felicidades

e mudanças em sua vida. No caso do jogador, não houve falta de respeito, de

carinho, de incentivação e vergonha, ao contrário, o mesmo mostrou para todo o

Brasil, que o portador da Síndrome de Down, também é um cidadão merecedor de

todos os direitos e deveres humanos.

São várias as providências a serem tomadas. O portador da Síndrome de

Down precisa ser integrado à sociedade, e para que isso aconteça, é necessário

trabalharmos com toda a população, transparecendo para todos a importância de

mudarmos esse terrível preconceito e falta de interesse com portador.

Logo após esse trabalho com a família, que é a base do portador da Síndrome

de Down, temos que nos movimentar para solucionar o que os impedem de se

locomoverem melhor e sentir o prazer de viver.

A Psicomotricidade é um fator bastante importante a ser falado e trabalhado

para a melhoria da locomoção do portador, trabalhando com o seu movimento em

relação ao seu interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar,

agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionado ao processo de

maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.

A Psicomotricidade também está associada á afetividade e á personalidade,

porque o portador da Síndrome de Down utilizará o seu corpo para demonstrar o

50

que sente, e uma expressão com problemas motores passam a apresentar

problemas de expressão.

Portanto, o trabalho do Gestor é mostrar que é necessário nos preocuparmos e

olharmos por inteiro para o portador da Síndrome de Down, pois a solidariedade e a

real preocupação de ajudarmos o próximo, auxiliando-o para alcançar e buscar os

seus objetivos é bastante gratificante e valioso, ainda mais quando esse próximo

necessita de nossa ajuda, tanto fisicamente quanto psicologicamente para o seu

desenvolvimento, dando a ele a oportunidade de se tornar um cidadão produtivo e

independente.

51

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