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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM GESTÃO EMPRESARIAL SOB A ÓTICA FEMININA Por: Vania Luciane da Cunha Orientador Prof. Jorge Vieira Rio de Janeiro 2011 G e s t ã o é a t i v i d a d e e m G e s t ã o é a t i v i d a d e e m G e s t ã o é a t i v i d a d e e m

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

GESTÃO EMPRESARIAL SOB A ÓTICA FEMININA

Por: Vania Luciane da Cunha

Orientador

Prof. Jorge Vieira

Rio de Janeiro

2011

G

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

GESTÃO EMPRESARIAL SOB A ÓTICA FEMININA

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Empresarial.

Por: Vania Luciane da Cunha

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que me ajudaram a concluir este trabalho. À

orientação do professor Jorge Vieira, à engenheira Mariane Terplak que

gentilmente me concedeu uma entrevista e, em especial, ao meu marido,

Juliano, que sempre me apoiou incondicionalmente.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as mulheres

que de alguma forma contribuíram para

que outras tivessem vez e voz no

mercado de trabalho.

5

RESUMO

O objetivo deste estudo é demonstrar em que medida de dá a participação da mulher no mercado de trabalho e qual sua contribuição como gestora e empreendedora nos diferentes setores onde atua. As mulheres estão cada vez mais assumindo altos cargos em grandes empresas ou abrindo um negócio próprio. Se faz necessário um estudo a respeito das particularidades que a gestão feminina apresenta e quais as características mais relevantes que podem ser um diferencial para o mundo dos negócios. O presente estudo se divide em três partes: a primeira traz uma abordagem histórica a respeito da inserção da mulher no mercado de trabalho. A segunda aborda os principais conceitos acerca do tema, além de uma revisão bibliográfica sobre a gestão empresarial feminina. A última parte traz exemplos de sucesso e insucesso do empreendedorismo feminino. Conclui-se que a participação da mulher no mercado de trabalho representa um grande diferencial competitivo, especialmente quando se valoriza tanto as relações interpessoais, o que tem ocorrido freqüentemente nas grandes empresas, destaca-se ainda que não existem muitos estudos acerca do assunto.

Palavras-chaves: Gestão Empresarial Feminina; Comportamento; Novo Modelo de Empreeenderorismo.

6

METODOLOGIA

Esta pesquisa apresenta uma revisão bibliográfica a respeito do assunto

abordado, seguindo os seguintes passos:

− Para compor o primeiro capítulo foram utilizadas diferentes fontes

de informação a respeito da história da mulher no mercado de trabalho, tais

como; livros, revistas, pesquisas de monografia, sites da internet, entre outras.

− O segundo capítulo foi realizado abordando os principais

conceitos acerca do tema proposto. O objetivo deste estudo foi compreender o

tema proposto e demonstrar sua importância como objeto de estudo.

− Para o último capítulo foi feito um estudo de experiências

empíricas que comprovam o diferencial da gestão feminina. Foram realizadas

pesquisas em livros, sites e revistas, além de uma entrevista com a engenheira

Mariane Terplak. O objetivo principal foi apresentar exemplos da mulher

empreendedora.

7

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - A História da Mulher no Mercado de Trabalho

11

CAPÍTULO II - Gestão Empresarial e a Contribuição da Mulher

17

CAPÍTULO III – Casos de Sucesso na Gestão Feminina

27

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA

38

ÍNDICE 41

9

INTRODUÇÃO

Historicamente, as mulheres foram vítimas de diversos preconceitos que

as impediram de desenvolver suas atividades profissionais em paridade com

as atividades consideradas exclusivas do público masculino. Com o passar dos

anos e após muitas lutas, passaram a desempenhar estas funções e, o que

notamos, é que ela traz para o mundo do trabalho características próprias que

serão tratadas aqui com foco em suas funções gerenciais.

Com o aumento da participação da mulher na gestão de empresas,

observamos que estas possuem características peculiares em seu modo de

administrar e desenvolver determinados ambientes onde atuam. Atualmente,

esta gestão tem dado tão certo que recentemente, em nosso país, elegemos

uma representante feminina para gerir a mais importante das empresas do

território nacional.

A pesquisa coordenada internacionalmente por institutos como o

London Business School e o Babson College, a GEM (Global

Entrepreneuriship Monitor) constatou em seu último estudo realizado em 2009,

que a participação da mulher na atividade empreendedora nacional, se

sobrepõe a dos homens; 53% são mulheres e 47% são homens. Apenas mais

dois países apresentaram número de empreendedoras nesta área maior que o

de empreendedores: Guatemala e Tonga.

Para compreender em que medida se dá essa inserção e qual sua

importância para o mundo corporativo, realizaremos uma abordagem histórica

da evolução da participação da mulher no mercado de trabalho, levando em

consideração alguns exemplos atuais da gestão feminina. Faremos um

comparativo a respeito desta participação e do modo como ela ocorre.

10

Com esta pesquisa, pretendemos auxiliar na compreensão deste tema e

servir de base para abordagens e pesquisas posteriores. Além disso, trazer à

tona um assunto de grande relevância para a atualidade, demonstrando o

quanto a mulher se desenvolveu neste campo e o quanto se pode aprender

com esta forma particular de gestão empresarial que elas trouxeram para o

mercado de trabalho.

Esta pesquisa será dividida em 3 capítulos: No primeiro faremos uma

abordagem histórica da inserção da mulher no mecado de trabalho para

compreendermos com ela ocorreu, dando ênfase aos momentos mais

importantes historicamente da luta da mulher para fazer parte do mundo do

trabalho. No segundo capítulo trataremos dos principais conceitos a respeito

da Gestão Empresarial fazendo uma abordagem sobre as particularidades

inerentes à gestão feminina. Por último, citaremos algumas mulheres que

possuem cargos de diretoria, realizando um estudo comparativo das principais

características destas mulheres.

11

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

“A ave, acostumada a voar com liberdade, sentia-se escrava, oprimida entre as grades da carne. Extenuada pela dor, mergulhou finalmente em profundo sono, circunstância que Deus aproveitou para dar o toque cósmico à sua criação, fazendo emergir de sua divina alquimia a mulher”.

Carlos Bernardo González Pecotche

A grande maioria das pesquisas a respeito da evolução histórica da

participação da mulher no mercado de trabalho apontam as I e II Guerras

Mundiais como sendo determinantes para que esta inserção ocorresse de

forma mais significativa.

Enquanto os homens iam para as frentes de batalha, as mulheres

assumiam os negócios da família e suas profissões. Após a guerra, com a

morte de muitos “pais de família”, a mulher sai de casa e ingressa

definitivamente no mercado de trabalho.

Probst (2007), afirma que após a I e II Guerras Mundiais, as mulheres

tiveram que assumir as profissões tipicamente masculinas. Com a

consolidação do sistema capitalista no século XIX, algumas leis passaram a

beneficiar as mulheres. No Brasil, a Constituição de 32 previa alguns

benefícios, tais como a igualdade salarial sem distinção de sexo para funções

equiparadas, proibição do trabalho de mulher grávida no período de quatro

semanas antes do parto e quatro semanas depois.

1.1 – Evolução histórica

12

Com foco no empreendedorismo da mulher durante a história do Brasil e

do mundo a partir do século XIX, segue um breve resumo sobre os principais

acontecimentos que marcaram a vida da mulher e a inseriram no mercado de

trabalho. Os dados foram retirados da Enciclopédia eletrônica Wikipédia e da

Revista Super Interessante ed. 196, jan 2004.

1805- Considerada a primeira mulher de negócios do mundo, a francesa

Nicole Clicquot herdou uma pequena vinícola do marido e a transformou num

dos maiores centros de produção de espumantes da época;

1857- Inserção da mulher no mercado de trabalho sem regulamentação

alguma. No dia 08 de março deste ano, as operárias têxteis de uma fábrica de

Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a

redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas

operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos

homens foram fechadas na fábrica e, devido a um incêndio, cerca de 130

trabalhadoras morreram. Em 1910, numa conferência internacional de

mulheres, em homenagem a estas trabalhadoras, decidiu-se comemorar o “dia

internacional da Mulher”.

1932- No dia 24 de fevereiro de 1932 ocorreu um dos fatos mais importantes

para a história da mulher brasileira: ficou instituído o voto feminino. Depois de

muitas lutas e reivindicações, as mulheres conquistaram o direito de votar e

serem eleitas para cargos no executivo e legislativo. A mulher passa a fazer

parte da vida política do país. A paulista Carlota Pereira de Queiróz foi a

primeira mulher eleita para a Câmara dos Deputados.

1950 a 1955 – Período marcado pela diferença salarial entre homens e

mulheres. As mulheres que trabalhavam fora em geral não eram bem vistas. O

único emprego considerado ideal para mulheres era o magistério. Várias lutas

ocorreram na época e neste período é criada a pílula anti-concepcional que

marca a liberdade sexual da mulher. A pílula só começa a ser comercializada

em 1961 nos Estados Unidos.

13

1960 a 1970 – Durante estas duas décadas, surge um grande movimento

feminista no mundo, bastante impulsionado pela efervescência política e

cultural que ocorria por toda a Europa e Estados Unidos e que colocavam em

xeque os valores conservadores da organização da sociedade. É neste

contexto que se discute o livro O Segundo Sexo de Simone de Beauvoir e que

as americanas se despem dos sutiãs em praça pública.

Já no Brasil o cenário era diferente; o país estava vivendo em uma

ditadura militar, no auge da repressão, mesmo assim, surge uma nova

retomada do movimento feminista pelas mãos de Romy Medeiros da Fonseca,

que foi chamado de Conselho Nacional de Mulheres do Brasil. Esse

movimento torna as questões do movimento mais abrangentes, como:

"principio da igualdade entre marido e mulher no casamento e a introdução do

divórcio na legislação brasileira.

1980 – O movimento feminino se mostra mais forte e neste período cresce

significativamente a participação da mulher no mercado de trabalho. Em

algumas regiões brasileiras ocorre a instalação de indústrias têxteis,

especialmente na região sul do país. A Constituição de 1988 trata dos direitos

e das obrigações de homens e mulheres, tendo-se assim a garantia da

igualdade no mercado de trabalho. É criada a CUT e a Comissão Nacional da

Mulher Trabalhadora.

1990 aos dias atuais (2011) – Grande participação da mulher no mercado de

trabalho e a redução das desigualdades trabalhostas vai se dando de forma

gradual, porém não é extinta. A participação da mulher supera a do homem de

forma geral. Segundo dados da GEM (Global Entrepreneuriship Monitor) de

2009, as mulheres são a maioria das empreendedoras que abrem um negócio

próprio no Brasil (Figura 1.1). Em 2010, impulsionados pelo bom resultado na

gestão do país realizada em oito anos de governo do presidente Luíz Inácio

Lula da Silva, os brasileiros vão as urnas e elegem a candidata apoiada pelo

ex-presidente, Dilma Russef, como presidenta do Brasil. Embora influenciados

14

pelo apoio ao candidato indicado pelo antigo presidente, o povo brasileiro

demonstrou maturidade política ao eleger uma mulher nas eleições.

Segundo Cabral (2010), apesar de ser considerada por muitos o “sexo

frágil”, a mulher tem se mostrado forte o bastante para encarar os desafios

propostos pelo mercado de trabalho com convicção e disposição. A

sensibilidade da mulher tem grande colaboração nas influências humanas que

se tenta propagar na atualidade. Como sabemos, o mundo passa por

mudanças rápidas que exigem tomadas de decisões imediatistas. A mulher

consegue transmitir a importante e difícil tarefa de mudar hábitos com a

transparência e a sensibilidade necessária para despertar o envolvimento de

todos e conscientizá-los da importância da adaptação ao ambiente turbulento e

mutável do mundo dos negócios.

Figura 1.1 – Empreendedorismo e Gênero no Brasil 2002- 2009

15

Dados do IBGE 2009, demonstram que embora as mulheres sejam a

maioria da população de 10 anos ou mais de idade, elas ainda são a minoria

da população economicamente ativa (Figura 1.2).

Figura 1.2

Fonte: IBGE, 2009

Analisando a história da inserção da mulher no mercado de trabalho,

vemos que inicialmente ocorreu por causa da necessidade de mão-de-obra

durante as grandes guerras e também porque muitos homens foram mortos

em campos de batalha fazendo com que a mulher tivesse que recorrer ao

emprego assalariado para sustentar a família. Dessa forma, unindo-se o

preconceito à necessidade de manter o lar, as mulheres se sujeitaram a

empregos com baixos salários e pouca ou nenhuma regulamentação, e, até os

dias atuais ainda se observa que a mulher recebe proporcionalmente menos

que o homem, mesmo que o cargo seja o mesmo.

Dados do IBGE 2009, demonstram que o rendimento de trabalho das

mulheres, estimado em R$ 1.097,93, continua inferior ao dos homens (R$

1.518,31). Em 2009, comparando a média anual de rendimentos dos homens e

das mulheres, verificou-se que as mulheres ganham em torno de 72,3% do

rendimento recebido pelos homens. Em 2003, esse percentual era de 70,8%.

16

Outro fato que inseriu a mulher no mercado de trabalho (considerando

ainda as grandes guerras como marco do ingresso feminino ao mundo do

trabalho) e que pode significar o surgimento da mulher gestora,

empreendedora, foi a assunção dos negócios de família. A partir de então, já

se tem notícia da mulher como administradora de empresas, e a forma de gerir

os negócios já se mostra peculiar, pois surge da necessidade de sutentar o lar,

de manter um negócio lucrativo, que gere renda e bem estar para os filhos e

demais participantes do núcleo familiar.

A mulher leva para sua gestão seus traços peculiares e que podem

representar um diferencial para a administração, sua delicadeza, o instinto

maternal, a idéia da preservação do patrimônio, a preocupação no trato com

funcionários, entre outros.

Segundo Gomes, Santana e Silva (2005), as mulheres estão a cada dia

mais presentes no mercado de trabalho na condição de empreendedoras.

Assim, a necessidade de nos aprofundarmos sobre este tema surge como uma

tendência. Considera-se ainda relevante identificar os principais desafios

enfrentados por mulheres empreendedoras na gestão de seus negócios, pois

além das dificuldades naturais que surgem para administrar empresas ainda

existem barreiras relacionadas à questão do gênero-herança cultural que

sustenta que lugar de mulher é em casa realizando serviços domésticos e

cuidando dos filhos. Portanto a tarefa de ser mulher, mãe e empreendedora

exige força para dar conta do acúmulo de funções.

17

CAPÍTULO II

GESTÃO EMPRESARIAL E

A CONTRIBUIÇÃO DA MULHER

A mulher tem um papel de grande importância na Gestão Empresarial.

Na medida em que a mulher passa a ocupar cargos de grande importância

podemos notar que a habilidade em lidar com fatores diversos, como:

mudança, clima organizacional, recursos humanos, apredizagem, entre outros;

é inerente à sua condição sócio-cultural que faz com que a mulher,

historicamente, saiba lidar com pessoas e com mudanças de forma mais

sensível e maternal.

2.1- Conceito de Gestão Empresarial

De acordo com o dicionário Michaelis de Língua Portuguesa a palavra

“gestão” significa: “sf (lat gestione) 1 Ato de gerir. 2 Administração, direção. G.

de negócio: administração oficiosa de negócio alheio, feita sem procuração”.

Gestão Empresarial pode então ser definida como o ato de gerir

recursos com o objetivo de administrar um negócio da forma mais otimizada e

lucrativa possível.

Gestão é a atividade empreendedora de alguém que está engajado

num empreendimento, reconhece viável uma idéia para um produto ou

serviço, um negócio, e o leva adiante. O comprometimento com o

empreendedorismo leva à inovação, que se nutre na mudança para

18

criar valor. Vivemos em uma sociedade de caráter empreendedor, em

uma economia empreendedora – o que conduz a uma gestão

empreendedora, pois o empreendedor não é apenas um dinamizador:

é também um gestor eficiente. Outro conceito essencial da gestão do

milênio é o de organizações que aprendem, mudando o paradigma de

uma organização que trabalha rotineiramente para o de uma

organização que aprende, adotando uma filosofia permanente que

permeia e envolve toda a empresa, tendo como técnicas de gestão o

compartilhamento da informação, do conhecimento, a disseminação

das melhores práticas, o empowerment e o aprendizado permanente

(Da Luz, 2007).

A moderna Gestão Empresarial busca muito mais que apenas gerir

recursos. Com a globalização e seu conseqüente dinamismo, as empresas

nascem e se desenvolvem em um ambiente turbulento que exige adaptação

rápida a novas tendências. Para tal, busca-se um gestor que saiba lidar com

essas mudanças e auxiliar os demais empregados para que todos sigam os

mesmos objetivos dentro de uma empresa.

“Gestão é lançar mão de todas as funções e conhecimentos necessários

para através de pessoas atingir os objetivos de uma organização de forma

eficiente e eficaz” Dias (2002, p.11)

Deve-se saber diferenciar o conceito de administração do conceito de

gestão. Atualmente os dois conceitos se misturam, porém cada qual tem

significado próprio.

Para Fayol (1960), a função de administrar possui elementos bem

definidos que são: Previsão, Organização, Comando, Cooerdenação e

Controle. Assim, administrar é uma função mais objetiva e menos dinâmica do

que a função de gerir uma empresa.

Atualmente, após várias mudanças organizacionais (downsizing,

reengenharia, empowerment etc.) parece ficar mais claro que o

desempenho em um cargo de chefia exige muito mais que

administração. Um gerente de recursos humanos deve entender tanto

da parte técnica, da parte administrativa (planejamento, organização,

etc), como da parte financeira contábil, da parte de produção

19

(processos) e muito mais do mercado (clientes e concorrentes). Isto

se aplica a todos os cargos igualmente. DIAS (2002, p.11)

Como vimos, a Gestão empresarial é muito mais abrangente que a

Administração de uma Empresa e poderíamos afirmar que é também mais

exigente: para ser gestor é necessário estar aprendendo sempre, pois o

aprendizado é constante e as mudanças no mundo dos negócios ocorrem em

ritmo intenso.

2.2 - Empreenderorismo

Para nossa pesquisa é importante também definirmos a palavra

empreendedorismo.

Segundo Schumpeter (1949): “o empreendedor é aquele que destrói a

ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela

criação de novas forma de organização ou pela exploração de novos recursos

e materias”

Portanto, pode-se dizer que empreendedorismo significa a quebra dos

moldes existentes. Empreender significa inovar objetivando atingir uma nova

meta idealizada.

Alguns autores dividem o empreendedorismo em dois aspectos básicos:

o individual e o social. O empreendedor individual seria aquele que possui o

dom nato para os negócios, ou seja, características únicas e pessoais. O

empreendedor social é aquele com habilidades e atitudes conseguidas ao

longo do tempo (Quadro 2.0).

Quadro 2.0 – Conceitos de Empreenderorismo

EMPREENDEDORES

INDIVIDUAL SOCIAL Empreendedorismo é um comportamento e não um traço de personalidade.

Um empreendedor para ter sucesso, deve ter a capacidade para julgar, perseverança a um conhecimento do mundo tanto quando do negócio. Ele deve possuir a arte da superintendência e administração.

Tem conotação prática, mas também implica atitudes e idéias. Significa fazer coisas novas, ou desenvolver maneiras novas e diferentes

20

de fazer as coisas.

Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões.

Empreendedores são pessoas que tem a habilidade de ver e avaliar oportunidades de negócios, prover recursos necessários para pô-las em vantagens, iniciar ação apropriada para o sucesso.

Empreendedor é alguém que possui a capacidade de sonhar e de transformar esses sonhos em realidade.

Associar o empreendedor ao desenvolvimento e ao aproveitamento de oportunidades de negócios.

Fonte: Santos, Silva e Mota, 2005.

2.3- Diferenças Homem X Mulher

Não prentendemos que esta pesquisa seja um manifesto feminista, ao

contrário, queremos estudar as caracterísitcas predominantemente femininas e

que podem significar um diferencial na Gestão Empresarial. A idéia principal é

aprender com as mulheres algumas formas de gerir empresas.

Como sabemos, vários são os estudos científicos que apresentam as

diferenças entre homens e mulheres. Obviamente ambos os sexos são

diferentes biológica e socialmente. Biologicamente sabemos que a mulher

possui áreas do cérebro como da sensibilidade, das artes, da comunicação

mais desenvolvidas que a dos homens. Por outro lado sabemos que o homem

também possui áreas mais desenvolvidas, como senso de localização,

racionalidade, etc.

Diversas pesquisas já foram realizadas abordando a diferença entre

homens e mulheres no requisito inteligência. Para alguns estudiosos

essa diferença é explicada geneticamente, para outros há diversos

fatores envolvidos, principalmente o comportamental. A psicologia

popular estabeleceu uma diferença crucial entre os sexos: os homens

são mais rápidos no raciocínio matemático e espacial, já as mulheres

são melhores com as palavras. Essa idéia se baseia em estatísticas,

onde a média das mulheres é ligeiramente melhor que a dos homens

em raciocínio verbal. Já a média masculina é ligeiramente melhor do

que a feminina nos testes de habilidade espacial. Essa diferença só é

detectada na média, isso significa que tem muitas pessoas, homens e

mulheres, que possuem habilidades verbais e espaciais semelhantes.

Além disso, a diferença da média é muito sutil. (Percília, 2010, Revista

Brasil Escola)

21

Outra questão que merece destaque é o fato de que homens e mulheres,

desde a infância são educados de forma diferenciada. Logicamente isso afeta a

relação de ambos com o ambiente em que vivem, mas em geral parece não haver

uma compreensão clara do quanto o ambiente externo influencia no desenvolvimento

de algumas caracterísitcas. No entanto sabemos que a maior parte da personalidade

de uma pessoa se compõem mais propriamente por fatores genéticos que por fatores

externos.

Segundo Simião (2000, p1) relata que “(...) a sociedade impõe certos papéis

para os homens e outros para as mulheres e que vão determinar a forma como

homens e mulheres se vêem e como se relacionam uns com os outros”. (Quadro 2.1)

Quadro 2.1

DIFERENÇAS SOCIAIS HOMEM X MULHER

HOMEM MULHER É mais frio É mais emotiva

Tende a ser mais objetivo Prefere algo mais complexo

Não gosta de se prender a um relacionamento Está em busca de uma relação duradoura, em especial o casamento

Prefere não se ligar sentimentalmente a outras pessoas

Busca estabelecer laços sentimentais

Não demonstra afetividade em público Quer mostrar a todos o que sente Fonte: Site Revista Brasil Escola (http://www.brasilescola.com/curiosidades/diferencas-entre-homens-mulheres.htm)

2.4 – Gestão x Universo Feminino

A importância da Gestão Feminina no mundo dos negócios se faz por

diversas características particulares que as mulheres possuem.

A habilidade em ministrar diferentes atividades simultaneamente tem

sido percebida de maneira muito efetiva. Hoje esta característica não

é usada simplesmente na administração das atividades profissionais e

domésticas. Atualmente, as mulheres utilizam seus talentos para

enfrentar desafios em diferentes áreas, principalmente na direção de

micro e pequenas empresas (SILVA, 2007).

22

Essa capacidade de lidar com diversas atividades ao mesmo tempo, faz

da mulher uma gestora singular, apta a lidar com a nova realidade do mundo

corporativo, que exige respostas rápidas as mudanças e faz com que um

determinado profissional tenha que vivenciar diversas situações e atividades

de áreas diferentes no seu dia-a-dia.

Segundo Novais (2010), a gestão feminina se fortalece pela clareza dos

ideais e pela qualidade na gestão de pessoas. A gestão feita pela mulher é

mais sensível para criar e manter uma cultura ética, um dos motivos pode ser o

fato de o gerenciamento feminino tender a ser permeável, multidisciplinar e

mais flexível para lidar com questões subjetivas.

Vem aumentando a cada dia o número de mulheres em cargos de

liderança e o que se observa é que estas sobretudo buscam satisfação no

trabalho que realizam.

As mulheres começam a se verem empreendedoras e a compreender

a importância da sua atuação na sua comunidade, no seu Estado e no

país. Algumas mulheres que desejavam ter seu próprio negócio

decidiram realizar seu sonho, estabeleceram metas e foram à luta,

muitas vezes sem nenhum recurso e se encheram de coragem para

colocar em prática alguma habilidade de que dispunham em busca do

sustento da família, desde fazer coxinhas para vender, penteados em

cabelos, confeccionar tapetes, derreter chocolates, pintar quadros, até

plantação de café, oficina mecânica e outras atividades antes

consideradas exclusivamente masculinas. (SILVA, 2007)

De maneira geral, a mulher inicia seu negócio de forma menos

ambiciosa que o homem, sempre em busca de um sustento para a família ou

para complementar a renda do marido. Essa situação vem mudando

gradativamente e é proporcional ao nível de escolaridade que a mulher

apresenta. Alguns comportamentos são observados nas mulheres

empreendedoras, conforme o quadro 2.2:

Quadro 2.2

23

O COMPORTAMENTO DAS MULHERES EMPREENDEDORAS OBJETIVOS ESTRUTURAS ESTRATÉGIA ESTILO DE

LIDERANÇA

Cultural e social Ênfase na cooperação Inovadora Poder Partilhado

Segurança e satisfação no trabalho

Baixo grau de formalismo

Procura da qualidade Motivação dos outros

Satisfação dos clientes Busca de integração e boa comunicação

Busca da sobrevivência e crescimento

Valorização do trabalho dos outros

Responsabilidade Social Descentralização Procura da satisfação geral

Atenção as diferenças individuais

Fonte: Machado, apud Santos, Silva e Mota, 2005.

Segundo Silva (2007), as mulheres não são nem melhores nem piores

que os homens, apenas diferentes. O fato é que as pesquisas iniciais sobre o

mundo corporativo só levavam em consideração os homens.

Com a globalização e a preocupação crescente com o meio ambiente e

a sustentabilidade das relações entre empresa-ambiente, o papel da mulher

ocupa destaque nas grandes empresas.

Atitude para neutralizar situações, sensibilidade com o outro,

preocupações com ações comunitárias, entre outros, acabaram virando

vantagem para o mundo competitivo atual. “Se os homens foram os heróis da

Era Industrial, as mulheres tem um grande papel a desempenhar na era dos

Serviços, que precisa de habilidades, de relacionamento com clientes e

comunidades, característica feminina por excelência”. (SILVA, 2007)

Atualmente a mulher vem conquistando seu lugar como gestora de

grandes empresas, e o que se percebe é que ela não está tomando o espaço

masculino, mas sim um espaço que se abriu nas grandes empresas da

atualidade. Assuntos antes considerados menos importantes surgem no

cenário mundial e ocupam posições de destaque, tais como:

- A Gestão de Pessoas: gerir os recursos humanos de forma a manter

os funcionários satisfeitos e motivados, fazer com que todos compreendam a

política da empresa, que sigam na mesma direção, etc; para tudo isso é

necessário que a empresa saiba utilizar a comunicação de forma otimizada

para que as decisões cheguem a todos ao mesmo tempo dentro da empresa.

24

- A Questão Ambiental: como sabemos, as grandes empresas são

cobradas pela sociedade para que realizem suas atividades de forma

sustentável e para que desenvolvam projetos sociais nos locais onde atuam.

- Diferencial competitivo: quando a tecnologia já atingiu um patamar

onde boa parte das empresas desenvolvem produtos similares, surge a

necessidade de apresentar algum diferencial competitivo, como por exemplo

um atendimento diferenciado.

Em todas essas questões as características da mulher podem auxiliar

no desenvolvimento de planos e métodos para lidar com as diferentes

situações que exigem o mundo corporativo. Dos exemplos citados, fizemos um

quadro (2.3) de características femininas importantes para o mundo

corporativo:

Quadro 2.3

FATORES DECISIVOS PARA O MUNDO CORPORATIVO

X CARACTERÍSTICAS FEMININAS

GESTÃO DE PESSOAS QUESTÃO AMBIENTAL DIFERENCIAL COMPETITIVO

Facilidade de lidar com a diversidade

Sensibilidade Possibilidade de desenvolver várias atividades simultaneamente

Empatia Preocupação com o futuro Comprometimento com os objetivos da empresa

Boa comunicação interpessoal Dedicação Boa comunicação interpessoal

Vale dizer que estas características próprias do comportamento

feminino e que podem ser um diferencial estratégico utilizado no mundo dos

negócios não são exclusivos delas. Afinal, os homens também desenvolvem

todas as características citadas, porém aqui queremos dar destaque ao fato da

mulher, estatisticamente, ter mais facilidade em desenvolver estas

características.

Machado (1999) constatou alguns aspectos comuns do comportamento

gerencial das mulheres empreendedoras, demonstrados no quadro 2.4:

25

Quadro 2.4

OBJETIVOS ESTRUTURA ESTRATÉGIA ESTILO DE LIDERANÇA

Culturais e sociais Segurança e satisfação no trabalho Satisfação dos clientes Responsabilidade social

Ênfase na cooperação Baixo grau de formalismo Busca de inegração e de boa comunicação Descentralização

Caracteriza-se como tipo inovativa Busca de qualidade Busca de sobrevivência e crescimento Busca de satisfação geral

Poder compartilhado Motivar os outros Valorizar o trabalho dos outros Atenção às diferenças individuais

Fonte: Machado, H.P.V. Tendências do comportamento gerencial da mulher empreendedora, 1999 p.5.

Conforme relatório da OCDE (2000), algumas caracterísitcas tem sido

comuns das mulheres empreendedoras; faixa etária entre 35-50 anos,

normalmente casadas e com filhos, alto nível de educação formal, atuação em

pequenos negócios, início da empresa com baixo capital social, experiência

prévia nos setores de atuação.

Enquanto a mulher tende a partilhar o poder, o homem tende a

centralizar o poder. Ela se preocupa mais com os relacionamentos e cria uma

verdadeira rede em torno de si, com seus fornecedores, clientes, a

comunidade em geral, entre outros.

A história dos altos cargos no mundo retrata um poder que em geral era

centralizado e absoluto, por esse motivo, o homem tende a este tipo de

gestão, já que era ele que detinha o domínio de quase todos os negócios do

mundo antigo. A mulher, acostumada a compartilhar, mesmo seu corpo,

gerando uma nova vida, tem mais facilidade para lidar com a descentralização

do poder.

Kelber (2007), afirma que as mulheres gradativamente estão ocupando

cargos mais altos nas empresas, seja buscando melhores condições

financeiras ou satisfação pessoal, elas estão ocupando um espaço de domínio

exclusivamente masculino: o dos executivos. O autor pergunta se esta

tendência significa que as competências femininas estão se sobrepondo às

masculinas e decide que a resposta é não; o que tem feito diferença na

disputa por altos cargos é a garra feminina. Em busca de sucesso na carreira,

26

valorização e melhores salários, as mulheres estão mais motivadas para o

trabalho que os homens.

Nota-se que, para conquistar seu lugar no mundo do trabalho, a mulher

tem tido que demonstrar que sua capacidade em enfrentar desafios é igual a

do homem. Enquanto o homem naturalmente já ocupa altos cargos, elas

precisam lutar muito para vencer as barreiras do preconceito.

Alguns estudos observam que, ao contrário do homem, a mulher já

chega ao mundo dos negócios e empreendedorismo nos quais existem

modelos de gestão criados pelo homem e, por isso, precisam se adaptar a

modelos pré-existentes. Nota-se que aos poucos a mulher começa a

apresentar seu perfil próprio de empreendedora.

A figura 2.0 retrata as principais diferenças entre o empreeenderorismo

feminino e masculino:

Figura 2.0

27

Fonte: Gouvea, 2009, p.107

CAPÍTULO III

CASOS DE SUCESSO NA GESTÃO FEMININA

28

Neste capítulo apresentaremos algumas histórias de sucesso na gestão

empresarial feminina, além de tentar estabelecer alguns padrões acerca do

tema.

Em entrevista para o site Mulheres de Sucesso, Bob Wollheim, Sócio-

Diretor da Brand Conversations, muito conhecido por seus estudos acerca do

empreendedorismo, destaca que não é possível dizer quem é mais ou menos

empreendedor ao considerarmos homens e mulheres, nas suas palavras:

“Historicamente no Brasil temos mais homens empreendendo, mas isso tem a

ver, na minha opinião, a fatores culturais do país e não a questões intrínsecas

de homens e mulheres. O que se sabe também é que o número de mulheres

empreendedoras vem crescendo espantosamente no Brasil”

Algumas mulheres são destaque na área do empreendedorismo

brasileiro, são elas: Chieko Aoki, Cristiane Arcangeli, Dorina Nowill, Roseli

Tardelli e Viviane Sena. Falaremos aqui de duas destas empreendedoras

(Chieko Aoki e Cristiana Arcangeli), além de uma entrevista com a jovem

engenheira Mariane Terplak, que conta sua experiência como empreendedora.

3.1- Exemplos de grandes empreendedoras

3.1.1 – CHIEKO AOKI

De origem japonesa, a empresária Chieko Aoki, de 53 anos de idade,

administra a rede Blue Tree Hotels e já foi chamada de “A grande dama da

hotelaria brasileira”. Para identificarmos seu perfil, segue a entrevista realizada

pela revista “Pequenas Empresas e Grandes Negócios” ed. 246 de Julho de

2009:

Pergunta 01 - Como foi o seu ingresso nesse setor?

Resposta (Chieko Aoki) : Em 1982, fui preencher, por um período, uma vaga

na diretoria de vendas no Caesar Park. Quando cheguei lá, enxerguei muitas

oportunidades, pois gosto de criar negócios. Percebi que no futuro as pessoas

trabalhariam menos e viajariam mais com a família. Ou seja, haveria espaço

29

para hotéis e resorts; estes últimos ainda eram novidade no Brasil. Eu já era

formada em administração de empresas e em direito, então fui fazer pós-

graduação em hotelaria na Cornell University, Estados Unidos.

Pergunta 02 - Com todo o sucesso à frente do Caesar Park, o que a

motivou a partir para o vôo solo?

Resposta (Chieko Aoki) : Em 1991, criei a Caesar Tower, administradora de

hotéis quatro estrelas, pois praticamente só havia hotéis cinco estrelas no

Brasil e estava aumentando a procura por hospedagens confortáveis com

preços menores. Quando vendemos o Caesar Park, em 1997, decidi investir

nesta empresa, que se tornou a Blue Tree Hotels.

Pergunta 03 - Então já havia a percepção de que o novo nicho seria

lucrativo?

Resposta (Chieko Aoki) : Mais que isso, o segmento prometia crescer.

Acredito que não se deve avaliar um negócio pensando somente no hoje. Tem

de ter visão de futuro. Eu não planejei um negócio para ser bom só por alguns

anos.

Pergunta 04 - Pensar a longo prazo é fruto de sua origem oriental?

Resposta (Chieko Aoki) : É difícil dizer, mas, quando faço alguma coisa,

gosto de fazer bem feita, me dedico. Não penso só em ganhar dinheiro no

momento. Claro que todo negócio tem de ser rentável, porque senão

desanima. Mas é preciso respeitar o tempo de maturação, ter paciência para

colher os frutos. E, na colheita, não comer todo esse fruto, lembrando que é

preciso continuar plantando.

Pergunta 05 - Resumindo, é preciso planejamento?

Resposta (Chieko Aoki) : Exato. Um negócio tem de seguir um plano para

longo prazo. Se eu monto uma empresa, não sou responsável só por mim,

pessoa física. Existe também a personalidade jurídica, independente. Não

30

posso fazer e desfazer as coisas simplesmente porque acho que deve ser

desse ou daquele jeito. Como pessoa física, não sei se estarei viva amanhã,

mas a jurídica tem de continuar existindo porque envolve muitas outras

pessoas.

Pergunta 06 - A senhora é centralizadora?

Resposta (Chieko Aoki) : Já fui. Hoje delego mais, pois aprendi que isso é

necessário. No começo, a tendência é centralizar porque a estrutura é menor

e mais fácil de controlar. Depois, quando a empresa cresce, é preciso contar

com as pessoas. Mas tem de saber descentralizar, o que eu quero controlar e

o que espero dos outros. Quando defino ferramentas, procedimentos, padrões

e vejo os resultados, descubro que é bem melhor trabalhar assim.

Pergunta 07 - Como é possível manter o padrão de qualidade com

empreendimentos espalhados pelo Brasil, tão grande e com culturas

diferentes?

Resposta (Chieko Aoki) : Primeiro tenho de contar com pessoas que

acreditem nos valores e na missão da empresa, e cada uma delas deve saber

que tem de cumprir bem sua responsabilidade. Em cima disso pode haver

divergências pontuais, o que acho ótimo. O atrito pode gerar uma terceira

idéia. Além do mais, precisamos manter um padrão de atendimento básico,

mas respeitar traços regionais que têm seu próprio sabor.

Pergunta 08- Como a senhora definiria o padrão básico de qualidade

adotado na rede?

Resposta (Chieko Aoki) : Seguimos um princípio que tem a ver com uma

frase da Madre Tereza de Calcutá: 'Não deixe jamais que alguém que veio até

você vá embora sem ter se sentido melhor do que quando chegou. Cada um

de nós pode fazer com que uma pessoa se sinta feliz'.

Pergunta 09 - Esta é a base para sua relação com os funcionários?

31

Resposta (Chieko Aoki) : Não só com eles, mas também para a relação da

equipe com os clientes. O funcionário precisa ter sua criatividade estimulada,

pois assim se sentirá útil, produzirá. E aos hóspedes temos de oferecer mais

que hospedagem, temos que oferecer hospitalidade.

Pergunta 10 - A senhora aprende alguma coisa com a concorrência?

Resposta (Chieko Aoki) : Observar o que os outros fazem é válido. Mas o

que funciona mesmo é a interação com o cliente. Uma coisa pode dar certo

em um lugar e não em outro. Não temos de adotar idéias mirabolantes, mas

fazer coisas simples que agradem ao público e funcionem.

Pergunta 11 - Quando ouve notícias sobre as dificuldades enfrentadas

pelo seu setor a senhora fica assustada?

Resposta (Chieko Aoki) : Ao contrário, essas coisas me incentivam. Nessas

horas eu penso assim: se o mercado está ruim, está ruim para todo mundo.

Então é hora de eu estar melhor, mais preparada, para me diferenciar.

Através desta entrevista, podemos identificar alguns aspectos ligados à

gestão feminina, seriam eles (Tabela 3.1):

CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO FEMININA

CHIEKO AOKI

PREOCUPAÇÃO COM O FUTURO

SENSIBILIDADE E INTUIÇÃO

DESCENTRALIZAÇÃO DO PODER

PREOCUPAÇÃO COM A QUALIDADE

ATENÇÃO COM FUNCIONÁRIOS E

CLIENTES

3.1.2 – CRISTIANA ARCANGELI

32

A empresária de 48 anos é um grande exemplo de empreendedorismo.

Segundo dados da Enciclopédia Eletrônica Wikipédia, ela é formada em

odontologia e se dedicou à carreira durante cinco anos. Após este período

resolveu investir no ramo de produtos de beleza se baseando nas suas

próprias necessidades estéticas, criando a famosa marca “Phytoervas”, que

conta com uma linha de produtos naturais e uma política de preservação do

meio ambiente. Com a amadurecimento e crescimento dessa linha, a marca foi

vendida para a Procter & Gamble em 1998. Atualmente a empreendedora atua

como consultora de marketing e de desenvolvimento de produtos da marca “Éh

Cosméticos”, linha desenvolvida por ela em 2006 e vendida para o grupo

Hypermarcas em 2008.

Em 2010, Arcangeli lançou uma nova categoria de produtos denominada

como aliméticos, que consiste em alimentos com propriedades cosméticas, e

sua nova marca, a Beauty'In. Ela já recebeu mais de vinte prêmios durante sua

carreira. Em 1998, ganhou o prêmio Prix Veuve Clicquot de la Femme

d'Affaires. Em 2004, foi eleita como Personalidade do Ano pelo governo do

Estado de São Paulo e ganhou o prêmio Mulher Mais Influente do País. Ela foi

ainda empossada na Academia Brasileira de Marketing em 2006.

Para dar continuidade ao nosso estudo do perfil da mulher na gestão

empresarial, segue parte da entrevista de Cristiana Arcangeli retirada do site

da revista Abril, de 23 de novembro de 2009:

Pergunta 01 - Por que decidiu investir em produtos sustentáveis e

ingredientes naturais, em uma época quando ninguém pensava nisso?

Resposta (Cristiana Arcangeli): Toda a minha história tudo foi muito ligada à

inovação, fazer coisas novas. Esse é meu grande barato. Sou dentista de

formação e minha especialidade era tratamento de canal. Fiz um trabalho de

homeopatia aplicada a isso, e comecei a conhecer muito sobre essas plantas

por conta da aplicação delas na ododontia. Não tinha nada natural naquela

época, então comecei a investir nisso.

33

Pergunta 02 - Hoje você tem um blog (www.cristianaarcangeli.com.br),

Twitter, tem investido na comunicação com suas clientes. Quais são as

dúvidas de beleza que você mais recebe?

Resposta (Cristiana Arcangeli): Nossa, recebo dúvidas o dia inteiro: qual

protetor usar, se precisa usar todo dia mesmo, como fazer tintura de cabelo se

você tem alergia, ginástica, dieta, como perder a barriga, celulite, estria, laser...

Muita coisa. Estou há 20 anos nesse mercado. Fui juntando um monte de

informações de coisas que eu aprendi e experimentei, e coloquei todas em um

livro [Beleza Para a Vida Inteira, da editora Senac], com consultoria de vários

médicos. Depois, baseado nesse livro, fiz um livro com dicas masculinas.

Podemos identificar aqui mais algumas características da gestão

feminina (Tabela 3.2):

CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO

FEMININA

CRISTIANA ARCANGELI

INOVAÇÃO

CRIATIVIDADE

EMPATIA

3.1.3 – Entrevista com a engenheira de telecomunicações Mariane Terplak

Para consolidar nossa pesquisa, realizamos uma entrevista com a

engenheira de telecomunicações Mariane Terplak, que já tentou empreender,

abrindo uma empresa de tecnologia que não deu certo. Além dos casos de

sucesso que já foram mencionados aqui, colocamos também essa experiência,

para saber das dificuldades enfrentadas pela mulher no mundo dos negócios.

Entrevista:

34

Pergunta 01- Quais características, próprias do comportamento feminino,

você acha que podem ser um diferencial para administrar uma empresa?

Resposta (Mariane Terplak): A sensibilidade feminina é essencial para a boa

administração de uma empresa. A mulher, mais do que o homem, tem a

capacidade de percepção dos reais desejos e necessidades das pessoas.

Além disso, ela consegue saber o momento certo para investir em inovação.

Outras características femininas que tornam as mulheres essenciais para a

gestão de uma empresa são a organização e a capacidade de ter uma visão

geral do negócio, “costurando” todas as atividades da empresa para que ela

funcione de forma harmônica.

Pergunta 02- Quais as dificuldades enfrentadas pela mulher no mercado

de trabalho?

Resposta (Mariane Terplak): A principal dificuldade é a discriminação,

principalmente se a mulher atua em uma área predominantemente masculina.

A mulher, na maioria das vezes, é preterida na escolha para um cargo de

chefia, além de ter, na média, os salários mais baixos do que o dos homens,

mesmo ocupando o mesmo cargo que eles. A mulher tem dificuldade em

passar credibilidade às pessoas, ela precisa se esforçar e usar artifícios, como,

por exemplo, usar uma roupa masculinizada, prender o cabelo e colocar

óculos, para reduzir o preconceito. Em processos seletivos para empregos em

altos cargos, novamente a mulher é preterida, pois os avaliadores tendem a

pensar que, por causa da sensibilidade feminina, ela não será uma boa líder,

não terá “pulso firme”.

Pergunta 03- Você já se sentiu discriminada na sua profissão por ser

mulher?

Resposta (Mariane Terplak): Sim, senti em alguns processos seletivos que

participei que, por ser mulher, não foi me dada a devida atenção. Até mesmo

35

na universidade, em trabalhos em grupo acontecia de os colegas homens

tentarem fazer com que as mulheres do grupo ficassem com as tarefas mais

administrativas. As pessoas em geral tem o preconceito de achar que

mulheres não são competentes quando as tarefas exigem conhecimentos de

ciências exatas.

Pergunta 04 – Sabemos que você já tentou abrir uma pequena empresa.

Quais as dificuldades enfrentadas que a fizeram desistir do

empreendimento?

Resposta (Mariane Terplak): A maior dificuldade que enfrentei foi a falta de

conhecimento sobre como se abrir e gerenciar um negócio. Hoje sei que não

adianta uma boa ideia para um produto sem que haja conhecimento sobre a

rotina de gestão empresarial. Outra dificuldade foi que, por ser recém formada

e ainda jovem, não conseguia passar uma imagem com credibilidade a

parceiros e clientes em potencial. Outra dificuldade foi o fato de que para se

lançar um produto no mercado é necessário capital (o que eu não tinha na

época) e tempo, dedicação, que eu também não tinha pois precisava trabalhar

e não podia ficar sem receber salário.

Através desta entrevista pudemos estabelecer mais algumas

características importantes que fazem parte do perfil feminino (Tabela 3.3):

CARACTERÍSTI

CAS DA

GESTÃO

FEMININA

MARIANE

TERPLAK

ORGANIZAÇÃO

VISÃO

GLOBAL DA

EMPRESA

36

PERCEPÇÃO

DAS

NECESSIDADE

S ALHEIAS

Nesta entrevista, percebemos que a mulher ainda enfrenta muitos

desafios para ser respeitada e aceita como gestora nos mais diversos ramos

onde atua.

A partir da pesquisa realizada, criamos uma tabela que estabelece as

principais características da gestão feminina e as dificuldades enfrentadas pela

mulher no mundo dos negócios (Tabela 3.4):

Tabela 3.4

GESTÃO EMPRESARIAL SOB A ÓTICA FEMININA PERFIL DA MULHER GESTORA DIFICULDADES ENCONTRADAS NO MERCADO DE

TRABALHO

PREOCUPAÇÃO COM O FUTURO

PRECONCEITO

SENSIBILIDADE E INTUIÇÃO

NECESSIDADE DE SE MASCULINIZAR PARA SER

RESPEITADA

DESCENTRALIZAÇÃO DO PODER

CONCILIAÇÃO ENTRE FAMÍLIA X TRABALHO

PREOCUPAÇÃO COM A

QUALIDADE

SOBRECARGA DE COMPROMISSOS

ATENÇÃO COM FUNCIONÁRIOS E

CLIENTES

CONQUISTAR ALTOS CARGOS

INOVAÇÃO

SER OUVIDA

CRIATIVIDADE

SER MÃE

EMPATIA

SABER SEPARAR AS RELAÇÕES PESSOAIS DAS

RELAÇÕES DE TRABALHO

37

ORGANIZAÇÃO

INSERIR-SE NO MERCADO DE TRABALHO EM

PROFISSÕES TIPICAMENTE MASCULINAS

VISÃO GLOBAL DA EMPRESA

SUSTENTAR A FAMÍLIA

PERCEPÇÃO DAS NECESSIDADES

ALHEIAS

FALTA DE APOIO

CONCLUSÃO

Nas últimas décadas a mulher vem se inserindo no mercado de trabalho

de forma mais intensa. Com o reconhecimento e valorização da mulher

perante as leis que regem o direito por todo o mundo, tem-se um panorama

propício à sua integração como parte importante no sistema econômico

mundial.

Elas têm ocupado os mais diversos cargos, tanto aqueles que são

considerados mais “femininos” (como o magistério, por exemplo), quantos os

considerados “masculinos” (como motorista, por exemplo). Neste trabalho

tratamos especificamente do papel da mulher como gestora em empresas.

Ainda são poucas as pesquisas a respeito da identidade feminina

presente no mundo dos negócios, reunimos aqui uma revisão bibliográfica das

mais importantes pesquisas a respeito do tema.

A partir dos exemplos utilizados, concluímos que as mulheres

apresentam características próprias da personalidade feminina que podem ser

consideradas como um diferencial na sua forma de administrar e gerir

recursos. São eles:

38

− A sensibilidade como forma de favorecer a intuição, a empatia, a

preocupação com o outro;

− A capacidade de administrar diferentes situações simultaneamente,

carasterítisca esta de grande valor num mundo globalizado que exige

uma visão integrada do todo;

− A preocupação com a qualidade;

− A facilidade em se adaptar a diferentes situações; neste aspecto

podemos destacar que o homem, criador da forma de gestão que

ocorre atualmente nas diversas empresas, pôde construir suas

bases administrativas. Já a mulher teve de se adaptar as bases já

existentes;

− A criatividade e inovação.

Não podemos falar que as características aqui citadas sejam exclusivas

da mulher, tampouco que ela se destaca mais ou menos que o homem nos

cargos que ocupa. Podemos afirmar que a mulher ocupa um papel tão

importante quanto o do homem no mundo atual mas que, como sua inserção

no mundo do trabalho foi tardia e sob a influência de diversos preconceitos,

faz-se necessário um estudo mais apurado acerca de sua personalidade e em

que medida o “toque feminino” influência os grandes negócios pelo mundo

afora.

39

BIBLIOGRAFIA

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http://www.revistabril.com.br;

http://www.revistabrasilescola.com.br.

42

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

RESUMO 03

AGRADECIMENTOS 04

DEDICATÓRIA 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 08

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - A História da Mulher no Mercado de Trabalho 11 1.1– Evolução histórica 11

CAPÍTULO II - Gestão Empresarial e a Contribuição da Mulher 17

2.1- Conceito de Gestão Empresarial 17

2.2 - Empreenderorismo 19

43

2.3 - Diferenças Homem X Mulher 20

2.4 – Gestão x Universo Feminino 21

CAPÍTULO III- Casos de Sucesso na Gestão Feminina 27

3.1- Exemplos de grandes empreendedoras 27

3.1.1 – CHIEKO AOKI 27

3.1.2 – CRISTIANA ARCANGELI 31

3.1.3 - Entrevista com a engenheira Mariane Terplak 31

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38