50 espetáculos que marcaram brasília

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C M Y K C M Y K » MARINA SEVERINO » SÉRGIO MAGGIO Brasília nasceu com vocação para as artes cênicas. A modernidade da capital evocou o teatro e a dança, que entravam em ciclo de rompimento com as formas tradicionais de encenação no Brasil. O que seria desse caminho se não fosse o golpe militar ceifando o fomento cultural? Entre as brechas da ditadura, brotou, na capital federal, uma arte teimosa que se impôs pelo desejo ardente de se expressar no palco, na rua sem esquina e até numa oficina mecânica. Com a chegada dos anos 1980 e duas escolas de teatro em atividade, os criadores ganharam fôlego para inscrever os seus nomes numa arte feita a ferro e fogo. Com pesquisa realizada no Centro de Documentação do Correio Braziliense e em trabalhos de Elizângela Carrilho — (A)bordar memórias, tecer histórias, fazeres teatrais em Brasília; Fernando Villar e Eliezer Faleiros de Carvalho (Histórias do teatro brasiliense); e Yara de Cunto e Susi Martinelli (A história que se dança — 45 anos do movimento da dança em Brasília), foram levantadas 50 montagens que tiveram presença marcante de público e de crítica, além da importância histórica. 4/5 CORREIO BRAZILIENSE Brasília, domingo, 9 de maio de 2010 Diversão&Arte 50 espetáculos A revolta dos brinquedos, de Maria José Braga Ribeiro (1960) O primeiro grupo da cidade, batizado de Teatro de Estudante de Brasília, estreou com um texto de Pernambuco de Oliveira e Pedro Veiga. A montagem atraiu um grande público para o Clube de Teatro Elefante Branco. Brasília, bossa nova, de Armando Oliveira Carvalho (1960) A primeira produção local narrava situações cotidianas dos primeiros moradores da cidade. O texto, do funcionário público Armando Oliveira Carvalho, era despretensioso e abordava problemas como transporte e diferença de voltagem. Morte e vida severina, de Sylvia Orthof (1970) A diretora enfrentou a ditadura para realizar a montagem no Sesi de Taguatinga e a fez sob forte repressão militar. No dia seguinte, teve a sala de ensaios invadida por máquinas de costuras a fim de acabar com seu espaço de trabalho. Foi obrigada a deixar o teatro. Sylvia Orthof foi a figura mais perseguida pelo regime. O homem que enganou o diabo e ainda pediu troco, de Laís Aderne (1975) A falta de teatros levou a diretora Laís Aderne a batalhar espaços alternativos. Os galpões da 508 Sul, pouco utilizados, foram revertidos no Teatro Galpão, que estreou com o texto de Luiz Gutemberg. O exercício, de Dimer Monteiro (1976) O espetáculo, com texto de Lewis John Carlino, colocou em evidência a jovem atriz Iara Pietricovsky em duas montagens. Na primeira, sob a direção de Dimer Camargo Monteiro, levou multidões ao Teatro Galpão. O sucesso estimulou uma segunda montagem, em 1981, dirigida por B. de Paiva. A invasão, de Murilo Eckhardt (1977) O engajado texto de Dias Gomes se tornou um sucesso com o grupo Reticências, sob a direção do grande Murilo Eckhardt. O sucesso do espetáculo, com exclusiva sonoplastia naturalista baseada em sons da noite, refletiu-se em um intenso boca a boca e teve casa lotada nas semanas que ficou em cartaz. Capital da esperança (1978), de Humberto Pedrancini e Grupo Carroça Pedrancini e o Grupo Carroça aproveitavam a garagem abandonada do Sesc para os ensaios. Capital da esperança, baseado em pesquisas sobre a construção de Brasília, incentivou a transformação do espaço em teatro, em 1979. O grupo se desmembrou em diversas companhias, entre elas, a respeitada Carroça de Mamulengos. SQS 1980 Bloco A, de João Antonio e Graziela Rodrigues (1979) O espetáculo da Escola Ensaio Dança foi escrito a partir de cartas de síndico que refletiam sobre a ditadura militar. Acabava com debate sobre a urgência da abertura política. Gota d’água, de Bibi Ferreira (1980) Dulcina de Moraes trouxe a amiga Bibi Ferreira do Rio para encenar o musical de Chico Buarque e Paulo Pontes. O espetáculo saudou a tão sonhada inauguração do Teatro Dulcina de Moraes e reuniu nomes promissores do teatro brasiliense, como Chico Sant’Anna. Crepe suzette, o segredo da grapette, de Alexandre Ribondi (1981) A montagem que inaugurou o Teatro da ABO (Associação Brasileira de Odontologia) é considerada um protótipo da comédia besteirol, que explodiria no Rio e em Salvador nos meados dos anos 1980. O último rango, de J. Pingo (1981) A peça-show-musical-culinário foi um grande happening do início dos anos 1980. Em cena, figuras underground como Nicolas Behr e Renato Russo num elenco de 32 integrantes e três bandas tocando ao vivo de tango a rock. Ao final, era servida uma sopa para moradores de rua da W3 Sul. Bumerangue, de Maura Baiocchi (1983) Uma das primeiras montagens da criadora Maura Baiocchi, Bumerangue lançou as bases do estudo para a fundação da Tanteatro Cia., hoje sediada em São Paulo, onde a coreógrafa e preparadora de atores interage ativamente com a cena. Ela preparou o elenco do Teatro Oficina para fazer a saga Os sertões. Valsa nº 6, de João Antonio de (1983) Inspirada na obra homônima de Nelson Rodrigues, a montagem chamou a atenção do público por desdobrar Sônia, a personagem do monólogo, em diversas atrizes, entre elas a iniciante Bidô Galvão. O público chegava e encontrava um ambiente atípico, sendo convidado a tomar um chá. Você tem uma caneta azul pra prova?, de Fernando Villar (1983) Montagem do grupo Vidas Erradas, virou hit nos anos 1980. Diante do espectador, o tempo corre veloz de 1963 a 1980 numa vigorosa mudança de postura dos atores/personagens, submetidos a trilha sonora pulsante e jogo de gírias. Vidas erradas ou pode vir que não morde, de Fernando Villar (1984) Espetáculo que batizou a companhia, uniu artistas vindos de diversos grupos, como Asas e Eixos, Pitú, EnDança, provenientes da dança, música, teatro e artes plásticas, fazendo uma espécie de teatro-performance com textos fragmentados e mistura de linguagens. Bella ciao, de Mangueira Diniz (1991) A montagem reuniu elenco numeroso para viver a saga de gerações de imigrantes italianos no Brasil. Ocupou vigorosamente o espaço Oficina do Perdiz, que virou cenário vivo, onde os atores cozinhavam e interpretavam cenas próximas aos espectadores. Até José Perdiz, dono do estabelecimento, encarnou personagem. Ficou um ano em cartaz. Estranhos hábitos, do EnDança (1991) Uma das montagens mais instigantes do Endança, fundado por Luiz Mendonça e Márcia Duarte, lançou as bases para o amadurecimento da dança contemporânea em Brasília, num verdadeiro laboratório de experimentações de movimentos. Saíram do grupo as coreógrafas Giselle Rodrigues (baSiraH) e Cristina Moura. O espetáculo se apresentou com repercussão nos Estados Unidos. O romance do vaqueiro Benedito com a filha do capitão João Redondo, de Chico Simões e Izabela Brochado (1991) A premiada história infantil do grupo Mamulengo Presepada explorou personagens tradicionais da cultura popular. Com direção de Chico Simões e Izabela Brochado, o espetáculo fez turnê por Argentina, Venezuela, Uruguai, Bolívia e Portugal. A baleia branca: Moby Dick, de Zé Regino (1993) Resultado de estudos de dramaturgia do Celeiro das Antas, a adaptação candanga do clássico de Herman Melville lançou o grupo no meio teatral. Atualmente, o coletivo ganhou o subtítulo Companhia do Riso e se concentra em produções cômicas com enfoque na arte clown. Dionisios — O grade grito, Ricardo Guti e André Amaro (1995) O solo de André Amaro pôs em cena os princípios da pesquisa do Caleidoscópio, hoje concretizado em projeto de teatro e companhia, e pulsões de movimentos propostas por Ricardo Guti. Fez extensa temporada. Arlequim, servidor de dois patrões, de Hugo Rodas (1999) O clássico da commedia dell’arte caiu nas mãos de Hugo Rodas e o resultado foi um impressionante trabalho de corpo de elenco composto por grandes intérpretes do teatro de Brasília. Circulou o país em festivais. A rua é um rio brilhante, de O Hierofante (2001) O espetáculo de rua foi um dos mais bem- sucedidos do grupo, à época comandado por Humberto Pedrancini. Hoje, a companhia segue sediada na Ceilândia e viajando país afora e exterior. Presépio de hilaridades humanas, de Bárbara Tavares e Caísa Tibúrcio (2001) A partir da obra de Ariano Suassuna, as então estudantes de artes cênicas da UnB criaram montagem que revitalizou o teatro universitário no DF. Os atores encenavam a peça sobre redes suspensas. Foi destaque no Festival de Curitiba e circulou o país. que marcaram Brasília O olho da fechadura, de Hugo Rodas (1994) Inspirado na obra de Nelson Rodrigues, Hugo Rodas envolveu atores e espectador numa dimensão só, sob estilhaços de textos do dramaturgo, num espaço onde teatro, música, dança e performance estavam par a par na cena. A montagem foi ponto alto do Teatro Universitário Candango (Tucan) ligado à Universidade de Brasília. Notícias populares, da Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo (1997) Com humor que vai além do besteirol, forte influência inicial do grupo, Os Melhores do Mundo investem em dramaturgia crítica e amarrada em ótimos esquetes, como o assalto à gramática. Mais de uma década depois, a cena do azarado Joseph Klimber caiu no YouTube e viria a ser senha para o sucesso nacional. O cano, do Circo-Teatro Udi Grudi (1999) A peça marcou a virada estética do grupo criado em 1982 com a chegada da diretora inglesa Leo Sykes, assistente de Eugenio Barba, da Odin Teatret. Uniu a proposta dos palhaços excêntricos musicais com os instrumentos inusitados. Viajou o mundo e colecionou prêmios internacionais. Os demônios, de Antonio Abujamra e Hugo Rodas (2007) A adaptação da obra homônima de Fiodor Dostoievski selou o trabalho dos dois diretores que desenvolvem profícua parceria. Em cena, 21 atores de três gerações do teatro brasiliense ocuparam o palco do CCBB, em Brasília e no Rio, numa temporada agraciada por público e crítica. O bicho homem e outros bichos, do Esquadrão da Vida (1993) A montagem é síntese da preocupação ambientalista e ética do diretor Ary Pára-Raios, que fundou o grupo de rua na década de 1970, iniciando gerações de atores, e morreu em 2003. A companhia segue sob a batuta da filha Maíra de Oliveira. Origem, da Alaya Dança (1998) Liderada pela diretora Lenora Lobo, a companhia desenvolveu um método próprio de experimentação, que reunia linguagem cênica e dança, chamado Teatro do Movimento. Origem reuniu três coreografias do grupo, Marcas, Mulheres em meu quintal e Tecer-te, e revelou o premiado ator e dançarino João Negreiros (foto). Cidade plano, de Antistatusquo Cia. de Dança (2006) A coreógrafa Luciana Lara renovou bailarinos do grupo e montou espetáculo que discute o espaço arquitetônico e a escala monumental de Brasília em jogos de movimentos instigantes. O grupo atravessa duas décadas de atividade. Os meninos verdes, do grupo Voar de Teatro (2006) Radicado no Gama, polo criativo de bonequeiros do DF, como a Bagagem Cia. de Bonecos, o Voar faz lúdico espetáculo com as pequenas criaturas que habitam o jardim de Cora Coralina. A peça circula o país e já foi apresentada na Cidade de Goiás, na casa que pertenceu à escritora. Vertigem, de Giovane Aguiar (2006) O coreógrafo e bailarino entrou em cena para questionar oposições como peso-leveza. Ele se inspirou no livro Seis propostas para o próximo milênio, de Italo Calvino, e dialogou com trechos de episódios trágicos, como o do ônibus 174 e a morte do índio Galdino. Giovane Aguiar é criador do importante Festival Internacional Novadança. Cru, de Alexandre Ribondi (2009) O espetáculo representou um salto de qualidade na dramaturgia de Ribondi, ator, diretor e dramaturgo com carreira marcada, sobretudo, pela comédia. Anteriormente, ele havia chamado a atenção com o drama Aconteceu no verão de 1962. A culpa é da mãe (1991), de Adriana Nunes O musical com pérolas da MBB (Música Brega Brasileira) formou o grupo de comédia A Culpa é da Mãe, que, na sequência, uniria geração de comediantes como as irmãs Madelene e Madelon Cabral, Welder Rodrigues e Ricardo Pipo e Cláudio Falcão. Com a dissolução do grupo, foi formada a companhia Os Melhores do Mundo. Dias felizes, de Mangueira Diniz (1992) Encantado pela obra de Samuel Beckett, o diretor propôs radicalizar experiência e fez a encenação dentro do Lago Paranoá, com atores imersos na água. A temporada foi em pleno inverno brasiliense e a plateia era colocada em frente à margem do lago a fim de suportar a intensa sensação de frio. Páginas amarelas, de Kênia Dias (2005) O espetáculo nasceu na UnB e ganhou o circuito comercial com apresentações em festivais. Adaptada de quadrinhos cult do português José Carlos Fernandes, a peça, com princípios da biomecânica de Meyerhold, revelou o talento da dançarina Kênia Dias para direção, hoje radicada no Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte. Sebastião, do Núcleo de Dança baSiraH (2000) Inspirada nas fotografias sociais de Sebastião Salgado, a coreógrafa Giselle Rodrigues derramou toneladas de terra vermelha do cerrado no palco para os bailarinos discutirem a obra de Salgado. Desenvolvendo pesquisa continuada, a companhia destacou-se em festivais nacionais, como o de Curitiba. Dinossauros, de Guilherme Reis (2005) O espetáculo deu visibilidade nacional à dramaturgia do argentino Santiago Serrano, hoje montado com frequência no pais. Mostrou também a sensibilidade da direção de ator de Guilherme Reis que, nos anos 1980, trabalhou com atores promissores como Aloysio Batata. Hoje, Guilherme é responsável pela criação do Festival Internacional Cena Contemporânea. De homens e de touros, de Márcia Duarte (2004) O espetáculo nasceu em projeto de residência em Salvador a partir de pesquisa desenvolvida pela coreógrafa na UnB. Márcia Duarte e a bailarina Márcia Lusalva extraíram células de movimento das touradas espanholas e criaram uma montagem de forte impacto visual. Propriedade condenada, de Míriam Virna (2002) Inspirada na obra de Tenesse Williams, a montagem destacou o trabalho da jovem diretora Míriam Virna. Sob um trilho suspenso, a criadora construiu um espetáculo sensível e com exuberante fisicalidade dos atores. Hoje, radicada no Rio, faz sucesso com o infantil Fragmentos e sonhos do Menino da Lua. Adubo ou a sutil arte de escoar pelo ralo, de Hugo Rodas (2005) Montagem de diplomação da UnB, revelou o ator Juliano Cazarré e pôs em discussão a morte em trabalho intenso de corpo. Fez temporadas de sucesso no Rio e em São Paulo, abrindo espaço de trabalho para os intérpretes Rosana Viegas e André Araújo. Diário do maldito, do Teatro do Concreto (2006) Baseado na obra de Plínio Marcos, o espetáculo é resultado de três anos de pesquisa do grupo formado por jovens vindos de diversas cidades do DF. O sucesso da montagem fomentou a criação de outros grupos. Foi o último suspiro da Oficina do Perdiz. Doroteia — Uma farsa irresponsável, de Hugo Rodas, Adriano e Fernando Guimarães (1995) Os encenadores se reuniram em torno de obra de Nelson Rodrigues e ganharam o Prêmio Shell de direção, que coroou, também, o trabalho da dupla, que iniciou a carreira em 1989 e se destacou já em 1990, com Macbeth mauser, sobre textos de Shakespeare e Heiner Mueller. Saltimbancos, do Grupo Pitú (1977) Dirigido por Hugo Rodas, recém- chegado à cidade, o Grupo Pitú revitalizou a cena teatral brasiliense dominada sobretudo, por grupos amadores. Com base na dança- teatro, realizou série de trabalhos contundentes ao mesmo tempo em que estabeleceu um vivência em comunidade. Eles não usam black-tie, de Chico Expedito (1978) O texto de Gianfrancesco Guarnieri foi levado ao palco pelo grupo Grutta para um público misto, composto por integrantes da classe média, operários, estudantes, empregadas domésticas e zeladores. Reunidos pelo produtor cultural Bené Setenta, os principais artistas do período participaram da montagem, que recebeu elogios de Guarnieri pelo “rigor” e pelo “pulso forte” do diretor Chico Expedito. Todos que caem, de Adriano e Fernando Guimarães (2003) O espetáculo encerrou a trilogia de peças curtas e performances sobre a obra de Samuel Beckett e mostrou o vigor da obra do dramaturgo irlandês na estética dos diretores e artistas plásticos. A pesquisa, que se desdobra até hoje, projetou a dupla no Brasil e no exterior. A raiz do pau encarnado, do Grupo Katharsis (1982) Criação coletiva, o espetáculo infantil retratava a diversidade cultural brasileira a partir de uma criança brasiliense. O projeto se destacou pela dramaturgia, pesquisa musical, cenário e figurino e foi selecionado para rodar o Brasil pelo projeto Mambembinho. A dança dos signos (1982), de Oswaldo Montenegro No rastro do bem-sucedido espetáculo musical Veja você, Brasília (1981), que reuniu jovens talentos como Cássia Eller e Zélia Duncan, Oswaldo Montenegro criou A dança dos signos, que personificou as 12 casas zodiacais e deu origem ao LP de mesmo nome. Ovo, do Circo-Teatro Udi Grudi (2003) A montagem da companhia amadureceu o tom crítico e desenvolveu potente discurso contra a miséria e o crescimento desordenado das cidades. Entrou no repertório internacional do grupo e recebeu importante prêmio em festival de Havana (Cuba). Rapeize, de Robson Graia (2000) A montagem foi o último trabalho de Robson Graia, que morreria meses depois. O ator, diretor e dramaturgo comandou a Palco Cia. de Teatro e Os Donos do Pedaço, levando para cena comédias românticas e humor satírico. O núcleo de trabalho vinha da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. Um dos atores preferidos de Graia era o então iniciante Murilo Grossi. Tadashi Nakagomi/CB/D.A Press - 15/9/77 Joaquim Firmino/CB/D.A Press - 27/10/78 Zuleika de Souza/CB/D.A Press - 7/2/94 Mila Petrillo/Divulgação Raimundo Pacco/CB/D.A Press - 28/1/99 Mila Petrillo/Divulgação Marcelo Dischinger/Divulgação Nicolau El Moor/Divulgação Janes Fensterseifer/Divulgação Waldir de Pina/Divulgação Monique Renne/Esp. CB/D.A Press - 8/5/07 Antonio Carlos Cardoso/Divulgação Daniel Sabino/Divulgação Milla Petrillo/CB/D.A Press Dalton Camargos/Divulgação Milla Pretillo/Divulgação Thiago Sabino/Divulgação

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Especial "50 espetáculos que marcaram Brasília", publicado em 9 de maio de 2010 no caderno Diversão & Arte, do jornal Correio Braziliense. Parte de série sobre cultura nos 50 anos de Brasília.

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Page 1: 50 espetáculos que marcaram Brasília

C M Y K C M YK

» MARINA SEVERINO » SÉRGIO MAGGIO

Brasília nasceu com vocação para as artescênicas. A modernidade da capital evocou o teatroe a dança, que entravam em ciclo de rompimentocom as formas tradicionais de encenação noBrasil. O que seria desse caminho se não fosse ogolpe militar ceifando o fomento cultural? Entre as

brechas da ditadura, brotou, na capital federal,uma arte teimosa que se impôs pelo desejoardente de se expressar no palco, na rua semesquina e até numa oficina mecânica. Com achegada dos anos 1980 e duas escolas de teatroem atividade, os criadores ganharam fôlego parainscrever os seus nomes numa arte feita a ferro efogo. Com pesquisa realizada no Centro deDocumentação do Correio Braziliense e em

trabalhos de Elizângela Carrilho — (A)bordarmemórias, tecer histórias, fazeres teatrais emBrasília; Fernando Villar e Eliezer Faleiros deCarvalho (Histórias do teatro brasiliense); e Yara deCunto e Susi Martinelli (A história que se dança —45 anos do movimento da dança em Brasília),foram levantadas 50 montagens que tiverampresença marcante de público e de crítica, além daimportância histórica.

4/5 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 9 de maio de 2010 • Diversão&Arte

50espetáculos

A revolta dos brinquedos, ddee MMaarriiaa JJoosséé BBrraaggaaRRiibbeeiirroo ((11996600)) O primeiro grupo da cidade, batizado de Teatro deEstudante de Brasília, estreou com um texto dePernambuco de Oliveira e Pedro Veiga. A montagematraiu um grande público para o Clube de TeatroElefante Branco.

Brasília, bossa nova, ddee AArrmmaannddoo OOlliivveeiirraa CCaarrvvaallhhoo ((11996600)) A primeira produção local narrava situaçõescotidianas dos primeiros moradores da cidade. Otexto, do funcionário público Armando OliveiraCarvalho, era despretensioso e abordava problemascomo transporte e diferença de voltagem.

Morte e vida severina, ddee SSyyllvviiaa OOrrtthhooff ((11997700)) A diretora enfrentou a ditadura para realizar amontagem no Sesi de Taguatinga e a fez sob forterepressão militar. No dia seguinte, teve a sala de ensaiosinvadida por máquinas de costuras a fim de acabar comseu espaço de trabalho. Foi obrigada a deixar o teatro.Sylvia Orthof foi a figura mais perseguida pelo regime.

O homem que enganou o diabo e ainda pediutroco, ddee LLaaííss AAddeerrnnee ((11997755)) A falta de teatros levou a diretora Laís Aderne abatalhar espaços alternativos. Os galpões da 508 Sul,pouco utilizados, foram revertidos no Teatro Galpão,que estreou com o texto de Luiz Gutemberg.

O exercício, ddee DDiimmeerr MMoonntteeiirroo ((11997766)) O espetáculo, com texto de Lewis John Carlino,colocou em evidência a jovem atriz Iara Pietricovskyem duas montagens. Na primeira, sob a direção deDimer Camargo Monteiro, levou multidões ao TeatroGalpão. O sucesso estimulou uma segundamontagem, em 1981, dirigida por B. de Paiva.

A invasão, ddee MMuurriilloo EEcckkhhaarrddtt ((11997777))O engajado texto de Dias Gomes se tornou umsucesso com o grupo Reticências, sob a direção dogrande Murilo Eckhardt. O sucesso do espetáculo,com exclusiva sonoplastia naturalista baseada emsons da noite, refletiu-se em um intenso boca a bocae teve casa lotada nas semanas que ficou em cartaz.

Capital da esperança ((11997788)),, ddee HHuummbbeerrttooPPeeddrraanncciinnii ee GGrruuppoo CCaarrrrooççaaPedrancini e o Grupo Carroça aproveitavam agaragem abandonada do Sesc para os ensaios.Capital da esperança, baseado em pesquisas sobre aconstrução de Brasília, incentivou a transformaçãodo espaço em teatro, em 1979. O grupo sedesmembrou em diversas companhias, entre elas, arespeitada Carroça de Mamulengos.

SQS 1980 Bloco A, ddee JJooããoo AAnnttoonniioo ee GGrraazziieellaaRRooddrriigguueess ((11997799))O espetáculo da Escola Ensaio Dança foi escrito apartir de cartas de síndico que refletiam sobre aditadura militar. Acabava com debate sobre aurgência da abertura política.

Gota d’água, ddee BBiibbii FFeerrrreeiirraa ((11998800)) Dulcina de Moraes trouxe a amiga Bibi Ferreira doRio para encenar o musical de Chico Buarque ePaulo Pontes. O espetáculo saudou a tão sonhadainauguração do Teatro Dulcina de Moraes e reuniunomes promissores do teatro brasiliense, como ChicoSant’Anna.

Crepe suzette, o segredo da grapette, ddee AAlleexxaannddrreeRRiibboonnddii ((11998811)) A montagem que inaugurou o Teatro da ABO(Associação Brasileira de Odontologia) é consideradaum protótipo da comédia besteirol, que explodiria noRio e em Salvador nos meados dos anos 1980.

O último rango, ddee JJ.. PPiinnggoo ((11998811)) A peça-show-musical-culinário foi um grandehappening do início dos anos 1980. Em cena, figurasunderground como Nicolas Behr e Renato Russonum elenco de 32 integrantes e três bandas tocandoao vivo de tango a rock. Ao final, era servida umasopa para moradores de rua da W3 Sul.

Bumerangue, ddee MMaauurraa BBaaiioocccchhii ((11998833)) Uma das primeiras montagens da criadora MauraBaiocchi, Bumerangue lançou as bases do estudopara a fundação da Tanteatro Cia., hoje sediadaem São Paulo, onde a coreógrafa e preparadorade atores interage ativamente com a cena. Elapreparou o elenco do Teatro Oficina para fazer a saga Os sertões.

Valsa nº 6, ddee JJooããoo AAnnttoonniioo ddee ((11998833))Inspirada na obra homônima de Nelson Rodrigues,a montagem chamou a atenção do público pordesdobrar Sônia, a personagem do monólogo, emdiversas atrizes, entre elas a iniciante Bidô Galvão.O público chegava e encontrava um ambienteatípico, sendo convidado a tomar um chá.

Você tem uma caneta azul pra prova?, ddeeFFeerrnnaannddoo VViillllaarr ((11998833)) Montagem do grupo Vidas Erradas, virou hit nosanos 1980. Diante do espectador, o tempo correveloz de 1963 a 1980 numa vigorosa mudança depostura dos atores/personagens, submetidos atrilha sonora pulsante e jogo de gírias.

Vidas erradas ou pode vir que não morde, ddeeFFeerrnnaannddoo VViillllaarr ((11998844)) Espetáculo que batizou a companhia, uniuartistas vindos de diversos grupos, como Asas eEixos, Pitú, EnDança, provenientes da dança,música, teatro e artes plásticas, fazendo umaespécie de teatro-performance com textosfragmentados e mistura de linguagens.

Bella ciao, ddee MMaanngguueeiirraa DDiinniizz ((11999911))A montagem reuniu elenco numeroso para viver asaga de gerações de imigrantes italianos no Brasil.Ocupou vigorosamente o espaço Oficina do Perdiz,que virou cenário vivo, onde os atores cozinhavam einterpretavam cenas próximas aos espectadores.Até José Perdiz, dono do estabelecimento, encarnoupersonagem. Ficou um ano em cartaz.

Estranhos hábitos, ddoo EEnnDDaannççaa ((11999911))Uma das montagens mais instigantes do Endança,fundado por Luiz Mendonça e Márcia Duarte,lançou as bases para o amadurecimento da dançacontemporânea em Brasília, num verdadeirolaboratório de experimentações de movimentos.Saíram do grupo as coreógrafas Giselle Rodrigues(baSiraH) e Cristina Moura. O espetáculo seapresentou com repercussão nos Estados Unidos.

O romance do vaqueiro Benedito com a filha docapitão João Redondo, ddee CChhiiccoo SSiimmõõeess ee IIzzaabbeellaaBBrroocchhaaddoo ((11999911)) A premiada história infantil do grupo MamulengoPresepada explorou personagens tradicionais dacultura popular. Com direção de Chico Simões eIzabela Brochado, o espetáculo fez turnê porArgentina, Venezuela, Uruguai, Bolívia e Portugal.

A baleia branca: Moby Dick, ddee ZZéé RReeggiinnoo ((11999933)) Resultado de estudos de dramaturgia do Celeiro dasAntas, a adaptação candanga do clássico deHerman Melville lançou o grupo no meio teatral.Atualmente, o coletivo ganhou o subtítuloCompanhia do Riso e se concentra em produçõescômicas com enfoque na arte clown.

Dionisios — O grade grito, RRiiccaarrddoo GGuuttii ee AAnnddrréé AAmmaarroo ((11999955)) O solo de André Amaro pôs em cena os princípiosda pesquisa do Caleidoscópio, hoje concretizado emprojeto de teatro e companhia, e pulsões demovimentos propostas por Ricardo Guti. Fezextensa temporada.

Arlequim, servidor de dois patrões,ddee HHuuggoo RRooddaass ((11999999)) O clássico da commedia dell’arte caiu nas mãos de Hugo Rodas e o resultado foi um impressionante trabalho de corpo de elenco composto por grandes intérpretes do teatro de Brasília. Circulou o país em festivais.

A rua é um rio brilhante,ddee OO HHiieerrooffaannttee ((22000011)) O espetáculo de rua foi um dos mais bem-sucedidos do grupo, à época comandado porHumberto Pedrancini. Hoje, a companhia seguesediada na Ceilândia e viajando país afora e exterior.

Presépio de hilaridades humanas,ddee BBáárrbbaarraa TTaavvaarreess ee CCaaííssaa TTiibbúúrrcciioo ((22000011)) A partir da obra de Ariano Suassuna, as entãoestudantes de artes cênicas da UnB criarammontagem que revitalizou o teatro universitário noDF. Os atores encenavam a peça sobre redessuspensas. Foi destaque no Festival de Curitiba ecirculou o país.

que marcaram Brasília

O olho da fechadura, ddee HHuuggoo RRooddaass ((11999944)) Inspirado na obra de Nelson Rodrigues, Hugo Rodas envolveu atores e espectador numa dimensão só, sob estilhaços detextos do dramaturgo, num espaço onde teatro, música, dança e performance estavam par a par na cena. A montagemfoi ponto alto do Teatro Universitário Candango (Tucan) ligado à Universidade de Brasília.

Notícias populares, ddaa CCiiaa.. ddee CCoommééddiiaa OOss MMeellhhoorreessddoo MMuunnddoo ((11999977)) Com humor que vai além do besteirol, forte influênciainicial do grupo, Os Melhores do Mundo investem emdramaturgia crítica e amarrada em ótimos esquetes,como o assalto à gramática. Mais de uma décadadepois, a cena do azarado Joseph Klimber caiu noYouTube e viria a ser senha para o sucesso nacional.

O cano, ddoo CCiirrccoo--TTeeaattrroo UUddii GGrruuddii ((11999999)) A peça marcou a virada estética do grupo criadoem 1982 com a chegada da diretora inglesa LeoSykes, assistente de Eugenio Barba, da OdinTeatret. Uniu a proposta dos palhaços excêntricosmusicais com os instrumentos inusitados. Viajou omundo e colecionou prêmios internacionais.

Os demônios, ddee AAnnttoonniioo AAbbuujjaammrraa ee HHuuggoo RRooddaass ((22000077)) A adaptação da obra homônima de Fiodor Dostoievski selou o trabalho dos dois diretores que desenvolvem profícuaparceria. Em cena, 21 atores de três gerações do teatro brasiliense ocuparam o palco do CCBB, em Brasília e no Rio,numa temporada agraciada por público e crítica.

O bicho homem e outros bichos, ddoo EEssqquuaaddrrããoo ddaa VViiddaa ((11999933)) A montagem é síntese da preocupação ambientalista eética do diretor Ary Pára-Raios, que fundou o grupo derua na década de 1970, iniciando gerações de atores, emorreu em 2003. A companhia segue sob a batuta dafilha Maíra de Oliveira.

Origem, ddaa AAllaayyaa DDaannççaa ((11999988)) Liderada pela diretora Lenora Lobo, a companhiadesenvolveu um método próprio de experimentação, quereunia linguagem cênica e dança, chamado Teatro doMovimento. Origem reuniu três coreografias do grupo,Marcas, Mulheres em meu quintal e Tecer-te, e revelou opremiado ator e dançarino João Negreiros (ffoottoo).

Cidade plano, ddee AAnnttiissttaattuussqquuoo CCiiaa.. ddee DDaannççaa ((22000066))A coreógrafa Luciana Lara renovou bailarinos dogrupo e montou espetáculo que discute o espaçoarquitetônico e a escala monumental de Brasília emjogos de movimentos instigantes. O grupo atravessaduas décadas de atividade.

Os meninos verdes, ddoo ggrruuppoo VVooaarr ddee TTeeaattrroo ((22000066))Radicado no Gama, polo criativo de bonequeiros do DF,como a Bagagem Cia. de Bonecos, o Voar faz lúdicoespetáculo com as pequenas criaturas que habitam ojardim de Cora Coralina. A peça circula o país e já foiapresentada na Cidade de Goiás, na casa que pertenceu à escritora.

Vertigem, ddee GGiioovvaannee AAgguuiiaarr ((22000066))O coreógrafo e bailarino entrou em cena paraquestionar oposições como peso-leveza. Ele se inspirouno livro Seis propostas para o próximo milênio, de ItaloCalvino, e dialogou com trechos de episódios trágicos,como o do ônibus 174 e a morte do índio Galdino.Giovane Aguiar é criador do importante FestivalInternacional Novadança.

Cru, ddee AAlleexxaannddrree RRiibboonnddii ((22000099)) O espetáculo representou um salto de qualidade nadramaturgia de Ribondi, ator, diretor e dramaturgo comcarreira marcada, sobretudo, pela comédia.Anteriormente, ele havia chamado a atenção com odrama Aconteceu no verão de 1962.

A culpa é da mãe ((11999911)),,ddee AAddrriiaannaa NNuunneess O musical com pérolas daMBB (Música BregaBrasileira) formou o grupode comédia A Culpa é daMãe, que, na sequência,uniria geração decomediantes como asirmãs Madelene e MadelonCabral, Welder Rodrigues eRicardo Pipo e CláudioFalcão. Com a dissoluçãodo grupo, foi formada acompanhia Os Melhoresdo Mundo.

Dias felizes, ddeeMMaanngguueeiirraa DDiinniizz ((11999922)) Encantado pela obra deSamuel Beckett, o diretorpropôs radicalizarexperiência e fez aencenação dentro doLago Paranoá, comatores imersos na água. A temporada foi em pleno inverno brasiliensee a plateia era colocadaem frente à margem do lago a fim de suportar a intensa sensação de frio.

Páginas amarelas, ddee KKêênniiaa DDiiaass ((22000055)) O espetáculo nasceu na UnB e ganhou o circuitocomercial com apresentações em festivais. Adaptada dequadrinhos cult do português José Carlos Fernandes, apeça, com princípios da biomecânica de Meyerhold,revelou o talento da dançarina Kênia Dias para direção,hoje radicada no Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte.

Sebastião, ddoo NNúúcclleeoo ddee DDaannççaa bbaaSSiirraaHH ((22000000)) Inspirada nas fotografias sociais de Sebastião Salgado,a coreógrafa Giselle Rodrigues derramou toneladas deterra vermelha do cerrado no palco para os bailarinosdiscutirem a obra de Salgado. Desenvolvendo pesquisacontinuada, a companhia destacou-se em festivaisnacionais, como o de Curitiba.

Dinossauros, ddee GGuuiillhheerrmmee RReeiiss ((22000055)) O espetáculo deu visibilidade nacional à dramaturgiado argentino Santiago Serrano, hoje montado comfrequência no pais. Mostrou também a sensibilidade dadireção de ator de Guilherme Reis que, nos anos 1980,trabalhou com atores promissores como AloysioBatata. Hoje, Guilherme é responsável pela criação doFestival Internacional Cena Contemporânea.

De homens e de touros, ddee MMáárrcciiaa DDuuaarrttee ((22000044)) O espetáculo nasceu em projeto de residência emSalvador a partir de pesquisa desenvolvida pelacoreógrafa na UnB. Márcia Duarte e a bailarinaMárcia Lusalva extraíram células de movimento dastouradas espanholas e criaram uma montagem deforte impacto visual.

Propriedade condenada, ddee MMíírriiaamm VViirrnnaa ((22000022)) Inspirada na obra de Tenesse Williams, a montagemdestacou o trabalho da jovem diretora Míriam Virna.Sob um trilho suspenso, a criadora construiu umespetáculo sensível e com exuberante fisicalidade dosatores. Hoje, radicada no Rio, faz sucesso com o infantilFragmentos e sonhos do Menino da Lua.

Adubo ou a sutil arte de escoar pelo ralo, ddee HHuuggooRRooddaass ((22000055)) Montagem de diplomação da UnB, revelou o atorJuliano Cazarré e pôs em discussão a morte emtrabalho intenso de corpo. Fez temporadas de sucessono Rio e em São Paulo, abrindo espaço de trabalhopara os intérpretes Rosana Viegas e André Araújo.

Diário do maldito, ddoo TTeeaattrroo ddoo CCoonnccrreettoo ((22000066)) Baseado na obra de Plínio Marcos, o espetáculo éresultado de três anos de pesquisa do grupoformado por jovens vindos de diversas cidades doDF. O sucesso da montagem fomentou a criação de outros grupos. Foi o último suspiro da Oficina do Perdiz.

Doroteia — Umafarsa irresponsável,ddee HHuuggoo RRooddaass,,AAddrriiaannoo ee FFeerrnnaannddooGGuuiimmaarrããeess ((11999955)) Os encenadores sereuniram em torno deobra de NelsonRodrigues e ganharamo Prêmio Shell dedireção, que coroou,também, o trabalho dadupla, que iniciou acarreira em 1989 e sedestacou já em 1990,com Macbeth mauser,sobre textos deShakespeare e HeinerMueller.

Saltimbancos, ddooGGrruuppoo PPiittúú ((11997777)) Dirigido por HugoRodas, recém-chegado à cidade, oGrupo Pitúrevitalizou a cenateatral brasiliensedominadasobretudo, porgrupos amadores.Com base na dança-teatro, realizou sériede trabalhoscontundentes aomesmo tempo emque estabeleceu umvivência emcomunidade.

Eles não usam black-tie, ddee CChhiiccooEExxppeeddiittoo ((11997788)) O texto de GianfrancescoGuarnieri foi levado aopalco pelo grupo Gruttapara um público misto,composto por integrantesda classe média, operários,estudantes, empregadasdomésticas e zeladores.Reunidos pelo produtorcultural Bené Setenta, osprincipais artistas doperíodo participaram damontagem, que recebeuelogios de Guarnieri pelo“rigor” e pelo “pulso forte”do diretor Chico Expedito.

Todos que caem, ddee AAddrriiaannoo ee FFeerrnnaannddoo GGuuiimmaarrããeess ((22000033)) O espetáculo encerrou a trilogia de peças curtas e performances sobre a obra de Samuel Beckett e mostrou ovigor da obra do dramaturgo irlandês na estética dos diretores e artistas plásticos. A pesquisa, que se desdobraaté hoje, projetou a dupla no Brasil e no exterior.

A raiz do pau encarnado, ddoo GGrruuppoo KKaatthhaarrssiiss ((11998822)) Criação coletiva, o espetáculo infantil retratava adiversidade cultural brasileira a partir de uma criançabrasiliense. O projeto se destacou pela dramaturgia,pesquisa musical, cenário e figurino e foi selecionadopara rodar o Brasil pelo projeto Mambembinho.

A dança dos signos ((11998822)),, ddee OOsswwaallddoo MMoonntteenneeggrrooNo rastro do bem-sucedido espetáculo musical Vejavocê, Brasília (1981), que reuniu jovens talentos comoCássia Eller e Zélia Duncan, Oswaldo Montenegrocriou A dança dos signos, que personificou as 12casas zodiacais e deu origem ao LP de mesmo nome.

Ovo, ddoo CCiirrccoo--TTeeaattrroo UUddii GGrruuddii ((22000033)) A montagem da companhia amadureceu o tom crítico edesenvolveu potente discurso contra a miséria e ocrescimento desordenado das cidades. Entrou norepertório internacional do grupo e recebeu importanteprêmio em festival de Havana (Cuba).

Rapeize, ddee RRoobbssoonnGGrraaiiaa ((22000000)) A montagem foi oúltimo trabalho deRobson Graia, quemorreria mesesdepois. O ator, diretore dramaturgocomandou a Palco Cia.de Teatro e Os Donosdo Pedaço, levandopara cena comédiasromânticas e humorsatírico. O núcleo detrabalho vinha daFaculdade de ArtesDulcina de Moraes.Um dos atorespreferidos de Graia erao então inicianteMurilo Grossi.

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