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1 UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO MESTRADO EM ORTODONTIA INVESTIGAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS MALOCLUSÕES EM CRIANÇAS COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO JUVENIL: ESTUDO CLÍNICO E POR VOLUMETRIA DE IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA SANDRA LUCIA GOLIN SÃO PAULO 2014

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

MESTRADO EM ORTODONTIA

INVESTIGAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS MALOCLUSÕES EM CRIANÇAS COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO JUVENIL: ESTUDO CLÍNICO E POR VOLUMETRIA DE IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

SANDRA LUCIA GOLIN

SÃO PAULO

2014

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

INVESTIGAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS MALOCLUSÕES EM CRIANÇAS COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO JUVENIL: ESTUDO CLÍNICO E POR VOLUMETRIA DE IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

SANDRA LUCIA GOLIN

Dissertação apresentada em formato alternativo

(Artigo de Pesquisa) no Curso de Mestrado em

Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo –

UNICID, como requisito exigido para obtenção do

título de Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Karyna Martins do Valle Corotti Co-orientador: Prof. Dr. André Luiz Ferreira Costa

SÃO PAULO

2014

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Ficha elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA

FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA

AO AUTOR A REFERÊNCIA DA CITAÇÃO.

São Paulo, ____ / ____/ ______ Assinatura: _____________________________ e-mail: [email protected]

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Golin, S. L. - Investigação das Características das Maloclusões em Crianças com

Lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil: Estudo Clínico e por Volumetria de

Imagens de Ressonância Magnética. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo:

Universidade Cidade de São Paulo; 2014.

São Paulo, ___/___/_____

Banca Examinadora:

1) Profa. Dra. Karyna Martins do Valle Corotti

Universidade Cidade de São Paulo

2) Prof. Dr. André Luiz Ferreira Costa

Universidade Cidade de São Paulo

3) Profa. Dra. Simone Appenzeller

Universidade da Cidade de Campinas

Resultado:________________________________________________

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Dedicatória

A meus pais ZULEIDE e ALDINO....... minha eterna gratidão. Vocês sempre serão a melhor

parte da minha vida!

Ao LUIZ AUGUSTO .... uma presença muito especial na minha vida, me fez crescer com

seu apoio incondicional!

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Agradecimentos

A DEUS por mais uma oportunidade de crescimento como profissional e ser humano.

Aos professores, ACÁCIO FUZIY, ANA CARLA SCOCATE, ANDRÉ COSTA, FERNANDO TORRES,

FLAVIO COTRIN FERREIRA, HELIO SCAVONE, KARYNA VALLE-COROTTI, PAULO CARVALHO, RÍVEA SANTOS e

em especial ao prof. FLAVIO VELLINI......

Ensinar é doar o que se tem de melhor

Minha eterna gratidão!

A Dra. SIMONE APPENZELLER, reumatologista, que me ensinou acima de tudo o significado de dedicação e respeito a profissão.

Aos colegas de turma, ANNA CAROLINA RANGEL, ERIKA SIQUEIRA, FERNANDA

MATTOS, GABRIELA MELKI, MARCELO ROQUE, MERCIA WU, RAQUEL MILHOMENS ERDURAN e WENDEL SHIBASAKI ...

vocês foram escolhidos a dedo para me acompanhar neste momento. A amizade conquistada

é para sempre!

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Golin, S. L. - INVESTIGAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS MALOCLUSÕES EM CRIANÇAS COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO JUVENIL: ESTUDO CLÍNICO E POR VOLUMETRIA DE IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA.

RESUMO

O lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil (LESJ) é uma doença reumática, crônica e

autoimune. O glicocorticóide (GC) é utilizado como terapêutica e o seu uso prolongado pode,

entre outros fatores, provocar alterações musculares e ósseas principalmente em indivíduos na

fase de crescimento. Com este estudo pretende-se avaliar as maloclusões, os músculos

temporal e masseter, bem como a cabeça da mandíbula em indivíduos portadores de LESJ. A

amostra foi composta por 69 indivíduos, sendo 48 pacientes, entre 7 e 30 anos, com quadro

clínico e laboratorial compatível com LESJ em acompanhamento regular no ambulatório de

Reumatologia Pediátrica da UNICAMP, sem histórico de acidentes na região da face, nem

tratamento ortodôntico prévio ou atual, que formaram o grupo experimental. O grupo

controle, composto de 21 indivíduos, foi proveniente do arquivo de Ressonância Magnética

do Laboratório de Neuroimagem da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP e foi

constituído de pacientes sem qualquer alteração bucomaxilofacial. As imagens volumétricas,

foram segmentadas para avaliação bilateral da cabeça da mandíbula e dos músculos masseter

e temporal utilizando-se o software MRICron e ITK-SNAP. As análises estatísticas foram

realizadas de acordo com a natureza das variáveis. Não se observou, em toda a amostra,

diferenças significativas entre os lados direito e esquerdo do volume da cabeça da mandíbula

e dos músculos masseter e temporal (teste t de Student; p>0,05), motivo pelo qual utilizou-se

a média dos dois lados como variável resposta para essas variáveis. Foi encontrado algum tipo

de maloclusão em 66,7% do grupo experimental. O volume do músculo masseter foi

estatisticamente menor no grupo experimental (p=0,02) enquanto o volume do músculo

temporal assim como o volume da cabeça da mandíbula foram menores no grupo

experimental, porém não estatisticamente significante (p=0,139 e p=0,096 respectivamente).

Conclui-se que a frequência de maloclusão nos pacientes com LESJ é inferior ao esperado por

levantamentos epidemiológicos já realizados e que em relação ao grupo controle, esses

pacientes apresentam menor volume da cabeça da mandíbula e dos músculos masseter e

temporal.

Palavras chave: Lúpus eritematoso sistêmico juvenil, doenças reumáticas, maloclusão, corticosteroide e ressonância magnética.

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Golin, S. L. - INVESTIGATION OF CHARACTERISTICS OF MALOCCLUSIONS IN CHILDREN WITH JUVENILE SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS: CLINICAL AND MAGNETIC RESONANCE IMAGES VOLUMETRIC ANALYSES.

ABSTRACT

Lupus Erythematosus Juvenile (JSLE) is a rheumatic disease, chronic and

autoimmune. The glucocorticoid (GC) is used as therapy and prolonged use may, among other

factors, cause muscle and bone abnormalities mainly in individuals in the growth phase . This

study aims to assess malocclusions, the temporal and masseter muscles, as well as the head of

the mandible in individuals with JSLE. The experimental group sample consisted of 69

subjects, being 48 patients between 7 and 30 years, with clinical and laboratory findings

compatible with JSLE followed at the UNICAMP Pediatric Rheumatology clinic, with no

history of accidents in the region of the face, or previous or present orthodontic treatment. The

control group consisted of 21 individuals, from the Magnetic Resonance files of UNICAMP

Faculty of Medical Sciences - Laboratory of Neuroimaging and consisted of patients without

any maxillofacial alteration. The volumetric images were segmented to bilateral assessment of

the head of the mandible and the masseter and temporalis muscles using the MRICron and

ITK - SNAP softwares. Statistical analyzes were performed according to the nature of the

variables. It was not observed in any sample, significant differences between the right and left

sides of the head of the mandible volume and the masseter and temporalis muscles (Student t

test; p>0.05), the reason why it was used the average of both sides as the response variable for

these variables. Some type of malocclusion was found in 66.7% of the experimental group.

The masseter muscle volume was statistically lower in the experimental group (p=0.02) while

the volume of the temporal muscle and head of the mandible were lower in the experimental

group but not statistically significant (p=0.139 and p=0.096 respectively). It is concluded that

the frequency of malocclusion in patients with JSLE is lower than expected by

epidemiological studies already carried out and compared to the control group, these patients

have smaller volume of the head of the mandible and the masseter and temporalis muscles.

Keywords: juvenile systemic Lúpus erythematosus, rheumatic diseases, corticosteroids,

malocclusion, MRI.

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SUMÁRIO

1.  INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1 2.  REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 2 

2.1.  Manifestações gerais ................................................................................................ 3 2.2.  Corticoterapia ........................................................................................................... 9 2.3.  Efeitos dos glicocorticóides no crescimento .......................................................... 10 2.4.  Desenvolvimento da maloclusão ........................................................................... 14 

3.  PROPOSIÇÃO .............................................................................................................. 17 4.  MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 17 

4.1.  Indivíduos .............................................................................................................. 18 4.2.  Grupo controle ....................................................................................................... 18 4.3.  Protocolo de análise clínica ................................................................................... 18 4.3.1.  Exame da oclusão ............................................................................................... 19 4.4.  Processamento das imagens ................................................................................... 21 4.4.1.  Análise estrutural ................................................................................................ 21 4.5.  Atividade do LESJ (Sledai) e dose de corticosteróide total (CE Total). .............. 25 4.6.  Aspectos éticos da pesquisa ................................................................................... 25 4.7.  Análise Estatística .................................................................................................. 25 

5.  REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 27 ARTIGO CIENTÍFICO ........................................................................................................ 34 ANEXO 1 ............................................................................................................................. 62 ANEXO 2 ............................................................................................................................. 64 

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TABELAS

Tabela 1- Critérios de classificação de LES do American College of Rheumatology revisados em 1997. ..................................................................................................................................... 8 Tabela 2 - Distribuição da amostra segundo o gênero nos grupos experimental e controle. ... 18 Tabela 3 - Dados do SLEDAI e CE Total fornecidos pelo laboratório de Reumatologia da Unicamp. .................................................................................................................................. 25 

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FIGURAS

Figura 1- Ângulo goníaco aumentado (flecha) e TC evidenciando o envolvimento bilateral com aplainamento da cabeça da mandíbula e redução do espaço articular............................... 6 Figura 2 - Representação esquemática da regulação da secreção de cortisol, com as alças de “feed-back” em nível de hipófise e de hipotálamo. ................................................................. 11 Figura 3 - Gráfico de Scammon – Crescimento e Desenvolvimento Geral do Corpo. ............ 15 Figura 4 - Corte coronal – Músculos Masseter e Temporal ..................................................... 22 Figura 5 - Corte Sagital – Cabeça da Mandíbula ..................................................................... 22 Figura 6 - Ferramenta polígono do software ITK-SNAP 2.4.0 ............................................... 23 Figura 7 - A. Vista anterior; B. Vista posterior e C. Vista lateral. ........................................... 23 Figura 8 - Ferramenta crosshairs do software ITK-SNAP 2.4.0 demarcando o limite inferior da cabeça da mandíbula. ........................................................................................................... 24 Figura 9 - Visualização da segmentação finalizada em todos os planos. ................................. 24 

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GRÁFICOS

Gráfico 1 - Volume do Músculo Temporal .............................................................................. 46 Gráfico 2 - Volume do Músculo Masseter ............................................................................... 46 Gráfico 3 - Volume da Cabeça da Mandíbula .......................................................................... 46 Gráfico 4 - Regressão linear: Idade e Músculo Temporal ....................................................... 48 Gráfico 5 - Regressão linear: Idade e Músculo Masseter ......................................................... 48 Gráfico 6 - Regressão linear: Idade Cabeça da Mandíbula ..................................................... 48 

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ACTH Hormônio Adrenocorticotrófico BILAG British Isles Lúpus Assessment Group ECLAM European Consensus Lúpus Activity Measurement CE Corticosteroide CET Corticosteróide Total CRH Hormônio Liberador de Corticotrofina GC Glicocorticoides LAI Lúpus Activity Index SLAM Systemic Lúpus Activity Measure LES Lúpus Eritematoso Sistêmico LESJ Lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil MG Miastenia grave N Número da amostra OMS Organização Mundial da Saúde ON Osteonecrose PAS Ácido Periódico de Schiff RM Ressonância Magnética S.D. Standard Desviation SLEDAI Systemic lúpus Erythematosus Disease Activity Index TCM Tomografia computadorizada multislices

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1. INTRODUÇÃO

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença reumática caracterizada por

uma inflamação generalizada crônica, difusa e sistêmica. O organismo desenvolve antígenos

próprios, sendo por isso, denominada doença autoimune. Sua etiologia é desconhecida, pouco

prevalente, que atinge em sua maioria mulheres com idade entre 20 e 45 anos e pode ser

desencadeada por fatores genéticos, infecciosos, hormonais, ambientais e psicológicos. Há

possibilidade de acometimento de alguns ou vários órgãos e sistemas do corpo ao mesmo

tempo, tais como: pele, articulações, rins, sangue, coração, pulmões, sistema nervoso, vasos,

entre outros (ARKACHAISRI e LEHMAN, 1999). Sua evolução alterna em períodos de

atividade da doença e de remissão dos sintomas. É raro sua ocorrência antes dos 5 anos de

idade e, em 15 a 17% dos casos se inicia em crianças e adolescentes até 16 anos

(APPENZELLER; MARINI; COSTALLAT, 2005; BEZERRA et al., 2005; SATO et al.,

2004). A prevalência é de 5 a 10 vezes maior no sexo feminino (SILVA, 2004)66. A

corticoterapia é amplamente utilizada no tratamento do LESJ, em virtude de sua capacidade

anti-inflamatória e imunossupressora. Este grupo de hormônios são os mais potentes agentes

anti-inflamatórios conhecidos, entretanto, são inúmeros os efeitos colaterais deste tipo de

tratamento, especialmente quando utilizados em altas doses e por tempo prolongado

(LAKSHMINARAYANAN, WALSH, MOHANRAY e ROTHFIELD, 2001) e as crianças

apresentam mais efeitos deletérios associados à corticoterapia (ARKACHAISRI e LEHMAN,

1999). Um destes efeitos é a pronunciada osteopenia e osteoporose, tanto mais intenso quanto

mais acelerado for o período de crescimento. Os adolescentes em fase de estirão são mais

prejudicados por tais efeitos e meninas são mais afetadas que meninos.

Pacientes com LES demonstram baixa estatura, atraso no início da puberdade e

atraso na maturação esquelética. Isso porque desenvolvem a doença antes de alcançar o pico

de massa óssea, a qual serve como um “banco de ossos” para o resto da vida. Esses fatores

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podem, em conjunto com o general, serem fatores de risco para a osteoporose, um pico de

massa óssea menor do que seria de esperar (LILLEBY, 2007, CASSIDY et al., 1995). A

literatura demonstra que o LES e o uso prolongado de GC podem alterar o desenvolvimento

das estruturas faciais, tanto esqueléticas como musculares. A maxila e a mandíbula servem

como base para as arcadas dentárias e, alterações no seu crescimento podem influenciar as

relações e funções oclusais. O presente estudo foi motivado a investigar a influência dessas

alterações no desenvolvimento das maloclusões devido à deficiência dessas informações na

literatura. Tal efeito será avaliado em imagens de ressonância magnética em conjunto com

informações obtidas de exame clínico realizado em pacientes com LESJ e comparado com

indivíduos que não necessitam de GC. Este estudo pavimentará o caminho para projetos

posteriores colaborativos, marcando o início de um Grupo de Pesquisa da UNICID junto à

Faculdade de Medicina da UNICAMP.

2. REVISÃO DA LITERATURA

O LES é uma doença reumática, multissistêmica e autoimune que pode envolver

tanto o tegumento, pele e mucosa, quanto órgãos: rins, músculos, coração, pulmão, sangue e

sistema nervoso (ARKACHAISRI e LEHMAN, 1999). Caracteriza-se por uma inflamação

generalizada crônica e sistêmica. O diagnóstico é firmado pela histopatologia convencional

com hematoxilina e eosina e coloração pelo PAS (ácido periódico de Schiff), além do estudo

por imunofluorescência direta que permite a identificação da deposição de imunoglobulinas

(IgG, IgM e IgA) e complemento na zona da membrana basal (SAMPAIO et al., 1992)64.

Sua etiologia é desconhecida, pouco frequente, que atinge em sua maioria mulheres

com idade entre 20 e 45 anos e pode ser desencadeada por fatores genéticos, infecciosos,

hormonais, ambientais e psicológicos. É denominada eritematosa devido à lesão eritematosa

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fixa na região malar, plana ou em relevo em 70% dos casos. Sua evolução alterna em

períodos de atividade da doença e de remissão dos sintomas (LEVY e KAMPHUIS, 2012).

O Lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil (LESJ) acomete crianças e adolescentes até

16 anos, é raro sua ocorrência antes dos 5 anos de idade (APPENZELLER; MARINI;

COSTALLAT, 2005; BEZERRA et al., 2005; SATO et al., 2004) e com prevalência 5 a 10

vezes maior no sexo feminino (SILVA, 2004). Existe uma grande variação quanto à etiologia,

evolução e as consequências em relação à saúde do indivíduo (ANDREWS et al., 2009).

Crianças e adolescentes com LESJ habitualmente apresentam início da doença e

curso evolutivo mais grave em relação aos pacientes adultos com LES (HILÁRIO, LEN e

SATO, 2002 e BRUNNER et al.2008).

2.1. Manifestações gerais

As principais manifestações clínicas iniciais do LESJ compreendem febre

prolongada, perda de peso, alteração articular, da pele e rins. Podem ocorrer vagarosamente

ou se apresentar já nas primeiras semanas da doença com manifestações clínicas súbitas e

graves, com qualquer órgão acometido (SACCHETTI, MARINI e TERRERI, 2007). É uma

doença de evolução imprevisível, possui caráter crônico com períodos de remissão e

exacerbação das manifestações clínicas.

O comprometimento músculo esquelético pode ocorrer em 43% a 92% dos pacientes

com LESJ (IQBAl et al., 1999). Apresenta-se habitualmente como uma poliartrite simétrica,

muito dolorosa, que afeta as grandes e pequenas articulações (KONE-PAUT et al., 2007). As

complicações músculo esqueléticas, como a osteoporose, necrose avascular e atraso no

desenvolvimento estato ponderal, podem resultar da atividade da doença, ou serem

secundárias aos diversos tratamentos empregados (STICHWEH e PASCUAL, 2005). Valores

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de massa óssea abaixo do normal durante o período de crescimento esquelético aumentam o

risco de osteoporose e de fraturas ósseas, que se refletirão na vida adulta (CASSIDY, 1999).

Estudos de GILBOE, KVIEN, HAUGEBERG e HUSBY (2000)37 mostraram que

pacientes com LES têm reduzida densidade mineral do osso comparados com controle

saudáveis e que, mulheres na pré-menopausa que tomam corticosteroide foram

especialmente afetadas.

No LES, miopatias podem ser partes da condição clínica da doença ou associadas

com outras patologias autoimunes, principalmente desordens da tireoide, polimiosite,

dermatopolimiosite, e, raramente, miastenia grave (MG) (STUDART et al., 2011).

Alterações iônicas e miotoxicidade devido a drogas usadas no tratamento da LES

têm sido relatadas como as causas da redução da força muscular. A função muscular reduzida

foi demonstrada experimentalmente pela diminuição da aposição óssea devido à tensão menor

exercida sobre a membrana periosteal (KILIARIDS, 1986)44.

Estudos demonstraram que alguns tipos de maloclusões estão associados às

alterações da função mastigatória em crianças, como, por exemplo, assimetria da atividade

dos músculos mastigatórios e menor eficiência mastigatória (CASTELO et al.; 2007;

TROELSTRUP e MOLLER, 1970). Qualquer fator que atrapalhe ou altere apreciavelmente a

fisiologia de alguma parte do sistema mastigatório, pode vir a ser indicado como assunto

etiológico de importância.

A artrite aguda (duração inferior a seis semanas) recorrente pode ser a primeira

manifestação do lúpus eritematoso sistêmico juvenil. Nestes casos, o diagnóstico pode ser

confundido com febre reumática e neoplasias, entre outras doenças (DINATO et al.,2010)25.

Alguns autores (CAMPOS et al., 2003; FIALHO et al., 2007; FERNANDES et al.;

2010) relataram o envolvimento da ATM associada à atividade da doença, com o

aparecimentos de alterações morfológicas nos côndilos. Os achados clínicos mais comuns na

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ATM são sensibilidade nos músculos mastigatórios, sons na ATM e limitação na função

(BESSA NOGUEIRA et al.,2008 e GOUPILLE et al.,1993).

Doença sistêmica ou fatores hormonais podem contribuir para a remodelação não

funcional da articulação temporomandibular mesmo quando as tensões biomecânicas estão

dentro de uma variação fisiológica normal (ARNETT, MILAM e GOTTESMAN, 1997). As

doenças sistêmicas podem influenciar o metabolismo da fibrocartilagem e poderiam afetar a

capacidade adaptativa da articulação temporomandibular. Estas doenças incluem as desordens

autoimunes, desordens endócrinas, nutricionais (por exemplo, anorexia nervosa), doenças

metabólicas, infecciosas, cardiovasculares, discrasias sanguíneas e tensão psicológica

excessiva. Particularmente, as doenças autoimunes têm sido associadas com a reabsorção

condilar em muitos trabalhos (RAMON , SAMRA E OBERMAN , 1987) e podem contribuir

com a remodelação não funcional da ATM, afetando desfavoravelmente a taxa de crescimento

mandibular (juvenil) e as relações dos maxilares (ARNETT, MILAM e GOTTESMAN,

1997).

Uma destruição unilateral do centro de crescimento da cabeça da mandíbula conduz

para subdesenvolvimento da mandíbula e assimetria facial com o deslocamento unilateral para

o lado afetado. Estudos prévios de DEMANT et al. (2011) mostraram que a destruição da

cartilagem na cabeça da mandíbula pode resultar em fisionomia alterada caracterizada pela

retrognatia, aumento do overjet, mordida aberta anterior e ângulo goníaco aumentado

(Figura 1).

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Figura 1- Ângulo goníaco aumentado (flecha) e TC evidenciando o envolvimento bilateral com

aplainamento da cabeça da mandíbula e redução do espaço articular.

A osteonecrose (ON) é caracterizada pela morte da medula e do osso trabecular, que

muitas vezes resulta no colapso da estrutura óssea, levando a dor nas articulações, destruição

óssea e perda de função (MONT, CARBONE, FAIRBANK, 1996). O comprometimento

circulatório do osso afetado foi postulado ser o denominador comum de todos os casos da ON

(FICAT, 1985). Entre as doenças reumáticas, ON está fortemente associada com LES e,

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segundo alguns autores, o uso de GC é um grande fator de risco para ON no LES (DUBOIS,

COZEN, 1960 e NAGASAWA, et. al. , 2005).

FERNANDES et al. (2010), fez um estudo sobre a osteonecrose de mandíbula em

pacientes com LESJ observada em exame de imagem com o objetivo de avaliar as alterações

radiográficas em pacientes com LESJ e correlacioná-las com dados demográficos, índices de

saúde bucal, manifestações clínicas, atividade, dano cumulativo e tratamento. Encontrou

alterações radiográficas importantes compatíveis com osteonecrose de mandíbula e

confirmadas pela tomografia computadorizada multislices (TCM) da ATM em 8% de LESJ

versus 0% do grupo controle. Disfunção clínica leve e mobilidade alterada de ATM foram

observadas em 67% e 54%, respectivamente.

A avaliação laboratorial pode auxiliar no diagnóstico por ocasião da constatação de

alterações hematológicas (leucopenia e/ou linfopenia e/ou plaquetopenia e/ ou anemia

hemolítica) e alterações do sedimento urinário. Entretanto para incluir em uma pesquisa

científica é fundamental a presença de, pelo menos, 4 dos 11 critérios de classificação da

American College of Rheumatology revisados em 1997 (HOCHBERG, 1997) , descritos na

Tabela 1.

O controle da atividade da doença é realizado principalmente pelo uso de

corticosteroides e imunossupressores, que apresentam vários efeitos colaterais, sendo assim,

é de extrema importância um planejamento adequado do tratamento da doença

(LAKSHMINARAYANAN et al., 2001).

Índices de atividade foram criados com o objetivo de padronizar a avaliação da

atividade do LES, dentre eles, estão o ECLAM (Eur opean Consensus Lúpus Activity

Measurement), o LAI (Lúpus Activity Index), o SLAM (Systemic Lúpus Activity Measure), o

BILAG (British Isles Lúpus Assessment Group) e o SLEDAI (Systemic Lúpus Erythematosus

Disease Activity Index) (FREIRE, SOUTO e CICONELLI, 2011).

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O SLEDAI tem sido utilizado para a avaliação da atividade de doença em vários

centros com bons resultados quanto à validade e à reprodutibilidade. Esse instrumento inclui,

em sua avaliação, parâmetros clínicos e laboratoriais, levando-se em conta o órgão acometido.

Avalia a atividade da doença com relação aos últimos 10 dias. Escores superiores a 8 indicam

doença ativa. Variação de três pontos entre uma visita e outra é aceita como ativação da

doença, e variações maiores ou iguais a 12 pontos significam atividade grave (FREIRE,

SOUTO e CICONELLI, 2011)36.

Tabela 1- Critérios de classificação de LES do American College of Rheumatology revisados em

1997.

1. Eritema malar: lesão eritematosa fixa em região malar, plana ou em relevo.

2. Lesão discoide: lesão eritematosa, infiltrada, com escamas queratóticas aderidas e tampões foliculares, que evolui com cicatriz atrófica e discromia.

3. Fotossensibilidade: exantema cutâneo como reação não usual à exposição à luz solar, de acordo com a história do paciente ou observado pelo médico.

4. Úlceras orais/nasais: úlceras orais ou nasofaríngeas, usualmente indolores, observadas pelo médico.

5. Artrite: não erosiva envolvendo duas ou mais articulações periféricas, caracterizadas por dor e edema ou derrame articular.

6. Serosite: pleuris (caracterizada por história convincente de dor pleurítica, atrito auscultado pelo médico ou evidência de derrame pleural) ou pericardite (documentado por eletrocardiograma, atrito ou evidência de derrame pericárdico).

7. Comprometimento renal: proteinúria persistente (> 0,5 g/dia ou 3+) ou cilindrúria anormal.

8. Alterações neurológicas: convulsão (na ausência de outra causa) ou psicose (na ausência de outra causa).

9. Alterações hematológicas: anemia hemolítica ou leucopenia (menor que 4.000/mm3 em duas ou mais ocasiões) ou linfopenia (menor que 1.500/mm3 em duas ou mais ocasiões) ou plaquetopenia (menor que 100.000/mm3 na ausência de outra causa).

10. Alterações imunológicas: anticorpo anti-DNA nativo ou anti-Sm ou presença de anticorpo antifosfolípide com base em:

a) níveis anormais de IgG ou IgM anticardiolipina;

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9

b) teste positivo para anticoagulante lúpico; ou

c) teste falso-positivo para sífilis, por, no mínimo, seis meses.

11. Anticorpos antinucleares: título anormal de anticorpo antinuclear por imunofluorescência indireta ou método equivalente, em qualquer época, e na ausência de drogas conhecidas por estarem associadas à síndrome do lúpus induzido por drogas

2.2. Corticoterapia

A corticoterapia é amplamente utilizada no tratamento do LESJ, em virtude de sua

capacidade anti-inflamatória e imunossupressora na doença (FENNICHE et al., 2005). Este

grupo de hormônios são os mais potentes agentes anti-inflamatórios conhecidos, entretanto,

são inúmeros os efeitos colaterais deste tipo de tratamento, especialmente quando utilizados

em altas doses e por tempo prolongado (LAKSHMINARAYANAN et al., 2001) e as crianças

apresentam mais efeitos deletérios associados à corticoterapia (ARKACHAISRI AND

LEHMAN, 1999).

No sistema músculo esquelético, os GC reduzem os osteoblastos e aumentam a

atividade osteoclástica, com perda de massa óssea. Reduzem a absorção intestinal de cálcio,

antagonizando os efeitos da vitamina D, promovem calciúria e levam a um

hiperparatireoidismo secundário, com aumento do paratormônio. O efeito final desta série de

eventos é uma pronunciada perda óssea, tanto mais intensa quanto mais acelerado for o

período de crescimento (DAMIANI et al.,2001). Os adolescentes em fase de estirão são mais

prejudicados por tais efeitos e meninas são mais afetadas que meninos. A miopatia com

atrofia muscular é outro efeito indesejado que pode ocorrer em pacientes que utilizam

corticosteroide por longo período e é potencialmente reversível após sua descontinuação

(PADEH e PASSWELL., 1998).

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10

TRAPANI et al. em 1998 relataram especificamente a associação entre a dose

cumulativa de corticosteroides e a diminuição da densidade mineral-óssea no LESJ. Outro

possível efeito indesejado do uso de corticosteroides é a necrose avascular do côndilo

mandibular, correspondente a uma área de infarto cortical e medular, resultando em

enfraquecimento estrutural, que predispõe a colapso e alterações degenerativas como erosões

ósseas (GILLESPY et al., 1986).

O efeito imunossupressor é uma característica dos GC e é a razão do seu uso em

certas condições em que se deseja tal efeito. Os linfócitos T são mais suscetíveis aos GC do

que os linfócitos B. Diminuem o aporte de leucócitos aos sítios inflamados, inibem a resposta

proliferativa de monócitos e sua diferenciação a macrófagos, inibem a produção de

interleucinas inflamatórias, quimoquinas, moléculas de adesão e estimulam as interleucinas

anti-inflamatórias, como a IL-10. Isto confere a este grupo de compostos sua propriedade anti-

inflamatória tão potente (DURVAl et al.,2001).

Os GC pertencem à classe dos hormônios esteroides, o representante natural é o

cortisol ou hidrocortisona. A glândula suprarrenal, na sua porção cortical (zona fasciculada) é

a responsável pela síntese dos glicocorticoides e está sob o comando adenohipofisário do

hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) que, por sua vez, é controlado pelo hormônio

liberador de corticotrofina hipotalâmica (CRH) (Figura. 2).

2.3. Efeitos dos glicocorticóides no crescimento

Segundo DURVAL et al. (2001) dentre os vários efeitos provocados pelos

glicocorticoides, o impacto no crescimento é digno de nota. Crianças que tomam GC por

longos períodos e em doses altas apresentam, invariavelmente, comprometimento estatural. O

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11

prejuízo é maior em fases de crescimento acelerado, como dos 5 aos 7 anos e no estirão

pubertário .

Figura 2 - Representação esquemática da regulação da secreção de cortisol, com as alças de “feed-back” em nível de hipófise e de hipotálamo.

Apesar dos GC estimularem a secreção de GH, seu uso crônico bloqueia em vários

pontos o crescimento normal:

o Aumentam o tônus somatostatinérgico, reduzindo a secreção hipofisária de hormônio

de crescimento;

o Os GC provocam redução dos receptores de hormônio de crescimento, tanto no fígado

quanto no próprio osso (down regulation);

o Os níveis séricos de IGF-I (fator de crescimento insulino-símile), produzido sob a ação

dos GC) curiosamente encontram-se normais, mas sua ação biológica encontra-se

reduzida. Isto é devido a um aumento de proteínas transportadoras (IGFBPs) e à

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presença de substâncias com capacidade inibidora de IGF-I, uma das quais pode ser a

própria IGFBP-2;

o Supõe-se que a própria ação parácrina e autócrina do IGF-I secretado na placa de

crescimento possa estar comprometida e isto tornaria difícil a reversão desses efeitos,

já que o efetor final está comprometido.

Visto que os ossos da face (particularmente a maxila e a mandíbula) servem como

base para as arcadas dentárias, as aberrações no seu crescimento podem alterar as relações e

funções oclusais. Muitas das mais sérias e mais importantes maloclusões são de origem

esquelética tendo origem no desenvolvimento ósseo pervertido, lento, rápido ou, por outro

lado, assíncrono (ENLOW, 1993).

Como os glicocorticoides tem ações sistêmicas, seus efeitos colaterais também

atingem vários órgãos e sistemas. A seguir são resumidos estes efeitos (ANDERSON,1987;

RIMSZA,1978 e SULLIVAN JN, 1982):

Complicações oftálmicas: aumento da pressão intraocular, glaucoma, infecções

bacterianas e fúngicas, exacerbação da queratite herpética.

Complicações do sistema nervoso central: “pseudotumor cerebral”, distúrbios do

comportamento e psíquicos (insônia, nervosismo, euforia).

Complicações hematológicas: neutrofilia, linfopenia, eosinopenia e monocitopenia;

púrpuras.

Complicações gastrintestinais: úlcera pépticas, pancreatite, hepatomegalia, aumento

do apetite.

Complicações musculoesqueléticas: miopatia, osteoporose, fraturas, necrose asséptica

do osso.

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Complicações renais: nefrocalcinose, nefrolitíase e uricosúria.

Complicações cardiovasculares: hipertensão (mais comum), infarto do miocárdio,

acidente vascular cerebral.

Alterações na distribuição da gordura e pele: aspecto “cushingóide”, acne, hirsutismo,

atrofia de pele (uso de corticosteroide tópicos).

Suscetibilidade a infecções: infecções virais (varicela), infecções bacterianas

(estafilococo, proteus, pseudomonas e salmonella), reativação da tuberculose,

pneumocitose, infecções parasitárias (estrongiloidíase, toxoplasmose e amebíase),

infecções fúngicas (aspergilose, candidíase, criptococose).

Complicações metabólicas: retenção de sódio e edema, alcalose hipocalêmica,

hipocalcemia, resistência à insulina, hiperlipidemia.

Alterações no crescimento.

Síndrome de retirada do corticosteroide: dor de cabeça, anorexia, náuseas, vômitos,

fraqueza, mal-estar, fadiga, prostração, mialgia, artralgia, descamação de pele, febre

baixa, perda de peso, irritabilidade, depressão e insônia (um a cinco dias após a

retirada do corticosteroide).

Alterações no feto.

Segundo um consenso de Lúpus sistêmico (BORBA, et al.,2009)13, a dose de GC

varia de acordo com a gravidade de cada caso e, didaticamente, as doses de GC (tendo a

prednisona como padrão) podem ser divididas em:

Dose baixa: 0,125 mg/kg/dia

Dose moderada: 0,125 a 0,5 mg/kg/dia

Dose alta: 0,6 a 1 mg/kg/dia

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Dose muito alta: 1 a 2 mg/kg/dia

Pulsoterapia com GC: injeção intravenosa de 1g de metilprednisolona

(15-20 mg/kg/dia) por três dias consecutivos.

Em virtude dos múltiplos efeitos colaterais, os GC devem ser utilizados na dose

efetiva para o controle da atividade da doença, e, assim que possível, fazer redução gradual de

sua dose. Embora haja grande variabilidade individual na sensibilidade aos GC, está

demonstrado que o uso de GC de longa ação, como a dexametasona é o mais deletério,

devendo ser evitado o seu uso diário (BORBA, et. al. , 2009)13.

Os pacientes em atendimento regular no ambulatório de Reumatologia e

Reumatologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da UNICAMP têm registros das doses de

GC administradas durante o tratamento e baseando-se nestes dados juntamente com outros

fatores como índice SLEDAI, é calculada a dose total de corticosteroide (CE Total).

Portanto, o CE Total e o índice SLDEAI estão diretamente ligados à severidade da doença.

2.4. Desenvolvimento da maloclusão

As maloclusões são alterações clinicamente significativas no crescimento e

morfologia das arcadas dentárias e sua incidência tem aumentado progressivamente com a

evolução do homem na escala filogenética, em relação ao desenvolvimento craniofacial, com

hábitos alimentares e sociais diversificados e com a miscigenação racial (SCHMITT, at

al.2005)65 tornando-se preocupante (ALMEIDA et al, 2000).

SNODELL et al. em 1993 em um estudo longitudinal para avaliar o crescimento

craniofacial transversal e vertical, concluiu que até os 6 anos de idade ocorre um crescimento

acentuado de várias regiões da face atingindo 80% das dimensões de adulto.

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Ao nascimento, a face encontra-se menor que o crânio, mas aos 3 anos de idade, a

mandíbula alcança aproximadamente 1/3 de seu crescimento e metade do seu tamanho final

(RANLY, 1998 apud SCHMITT et.al., 2005).

O estabelecimento da oclusão é influenciado pelo crescimento e desempenho das

funções fisiológicas do complexo craniofacial. A dimensão vertical seria a que apresenta

maior potencial de crescimento por um maior período de tempo. (FERREIRA et. al., 2000)33.

SCAMMON et al. em 1986 mostraram, no esquema que se segue, o crescimento

diferencial dos diversos tecidos orgânicos agrupados em quatro padrões razoavelmente

distintos: padrão geral, padrão neural, padrão linfático e padrão genital (Figura 3).

Figura 3 - Gráfico de Scammon – Crescimento e Desenvolvimento Geral do Corpo.

O padrão geral que engloba ossos, músculos e vísceras é crescente do nascimento aos

seis anos de vida, mantém crescimento lento até os doze aos e volta a ser intenso

ascendentemente até os 20 anos. Teme-se que, por influência da corticoterapia na fase de

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crescimento, ocorra um distúrbio no crescimento acarretando um desarranjo das arcadas

dentárias.

A hereditariedade constitui um dos principais fatores etiológicos pré-natais das

maloclusões, entretanto os fatores congênitos, pós-natais locais, gerais, hábitos bucais,

traumatismos, enfermidades e má nutrição exercem influência na forma e desenvolvimento da

arcada dentária e face (GUARDO, 1953, apud ALMEIDA et. al. 2000).

As normas oclusais propostas por ANGLE em 1899, Classe I, II e III, são os

protocolos mais utilizados em estudos epidemiológicos para avaliar e comparar a prevalência

de maloclusão antero posterior, entretanto os pacientes podem apresentar outras alterações

oclusais no sentido vertical (mordida aberta ou sobremordida), sentido transversal (mordida

cruzada anterior ou posterior), apinhamentos (falta de espaços na arcada) e diastemas (sobra

de espaços na arcada).

Estudos epidemiológicos como de CAPOTE, ZUANON E PANSANI em 200320,

verificaram a severidade de maloclusão entre 930 crianças e constataram que 85,92% com

idade de 6 a 12 anos apresentaram algum tipo de maloclusão e CAVALCANTI, et.al. em

2008, encontraram que 80,6% das crianças entre 6 e 12 anos tinham maloclusão. No Estado

da Paraíba, pesquisa em 261 escolares com idades entre 6 a 12 anos pertencentes à rede

municipal de ensino da cidade de Uiraúna/PB revelou uma prevalência de 58,7% de

alterações oclusais (ALMEIDA, NOGUEIRA FILHO, JARDIM, 2002).

SULIANO et al., 2005 em seu estudo com escolares assistidos pelo Programa Saúde

da Família em Juazeiro do Norte observou que as prevalências de más oclusões e de

alterações funcionais foram elevadas, 77,3% e 72,6%, respectivamente e que houve uma forte

associação entre a relação oclusal vertical e as funções avaliadas (respiração e deglutição).

Estudo semelhante realizado por MARCOMINI et al. 2010 com moradores assistidos pelo

Programa Saúde da Família na cidade de Casa Branca – SP encontrou uma prevalência de

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maloclusões em 70,1% e que houve correlação entre os hábitos deletérios de deglutição e

respiração com a maloclusão, mais especificamente com a mordida aberta.

Dois levantamentos epidemiológicos realizado em Bauru (SILVA FILHO et.

al.,1989 e 2002) avaliando crianças no estágio de dentição mista e decídua encontraram que a

prevalência de maloclusão na dentição mista foi mais alta do que dentição decídua, 73% e

88%, respectivamente. Esses dados foram comparados com os obtidos em levantamento

prévio, realizado na década de 1970, também na população de Bauru, porém na dentição

permanente (perto de 90% de maloclusão). Essa comparação transversal denota o

aparecimento precoce dos desvios morfológicos a partir da dentição decídua e a ausência de

uma autocorreção. Esses dados dizem que a maior parte das populações avaliadas apresenta

algum desvio da normalidade oclusal (ALMEIDA et al.,2011). A alta incidência na população

e o seu caráter de aparecimento precoce fazem com que a OMS (Organização Mundial de

Saúde 1955) considere a maloclusão como o 3º problema de saúde pública.

3. PROPOSIÇÃO

Neste estudo pretendemos:

- Comparar a volumetria da cabeça da mandíbula, músculos masseter e temporal de

indivíduos com Lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil com indivíduos sem a doença.

- Avaliar a prevalência de maloclusão no grupo experimental e relacionar com os

dados obtidos em estudos epidemiológicos de prevalência de maloclusão.

- Relacionar a volumetria das estruturas e os tipos de maloclusão com a dose de CET

administrada e o índice SLEDAI.

4. MATERIAL E MÉTODOS

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4.1. Indivíduos

O estudo foi realizado com 53 pacientes com quadro clínico e laboratorial

compatível com LESJ, em acompanhamento regular no ambulatório de Reumatologia e

Reumatologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da UNICAMP.

Os critérios de inclusão foram: possuir RM de crânio; faixa etária dos 7 aos 30 anos e

ter pelo menos 4 dos 11 critérios de classificação de LESJ (Tabela 2).

Os critérios de exclusão foram: o não consentimento para a participação no estudo e

pacientes com histórico de acidentes na região da face e tratamento ortodôntico prévio ou

atual.

4.2. Grupo controle

As imagens dos indivíduos do grupo de controle foram provenientes do arquivo de

RM do Laboratório de Neuroimagem da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP e

foram constituídas por 21 indivíduos sem qualquer alteração bucomaxilofacial (Tabela 2).

Tabela 2 - Distribuição da amostra segundo o gênero nos grupos experimental e controle.

Sexo Feminino % Masculino % Total Idade

Experimental 48 90,6 5 9,4 53 7 -30

Controle 14 66,7 7 33,3 21 10-28

4.3. Protocolo de análise clínica

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Os exames clínicos foram realizados individualmente no ambulatório de

Reumatologia da UNICAMP em 30 indivíduos do grupo experimental e escolhidos

aleatoriamente conforme agendamento da consulta para o controle do LESJ. Os exames foram

realizados por um ortodontista, em ambiente de luz natural, com espátula de madeira e com o

indivíduo sentado em uma cadeira de frente para o examinador.

4.3.1. Exame da oclusão

Dentre as características da oclusão, foram observadas: fase da dentição, relação

incisal (overjet e overbite), relação molar (Classe I, Classe II e Classe III), mordida cruzada

posterior e apinhamentos ou diastemas na região anterior:

1. A sobressaliência (overjet) é a medida mensurada horizontalmente da face vestibular dos

incisivos inferiores até a borda incisal do incisivo superior mais vestibularizado, tendo a

seguinte classificação:

a. Diminuída: sobressaliência negativa, com as bordas incisais dos incisivos centrais

superiores topo a topo com as bordas incisais dos incisivos centrais inferiores ou

aquém deles.

b. Normal: sobressaliência positiva entre 0 e 3 mm.

c. Aumentada: sobressaliência positiva acima de 3 mm.

2. A sobremordida (overbite) é a medida mensurada verticalmente das bordas incisais dos

incisivos centrais inferiores às bordas incisais dos incisivos centrais superiores, sendo

classificada da seguinte maneira:

a. Diminuída: as bordas incisais dos Incisivos centrais superiores coincidem com as

bordas incisais dos Incisivos centrais inferiores ou localizam-se aquém deles.

Também denominada mordida aberta.

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b. Normal: sobressaliência positiva entre 0 e 3mm;

c. Aumentada: sobressaliência positiva acima de 3mm.

3. A relação Molar anteroposterior é baseada na classificação de ANGLE, 1989, onde foi

denominada em Classe I, Classe II e Classe III e fundamenta-se no posicionamento dos

primeiros molares permanentes, considerados “dentes chaves”.

a. Classe I – cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior ocluindo no sulco

mesiovestibular do primeiro molar inferior;

b. Classe II – molar inferior distalmente posicionado em relação ao molar superior;

c. Classe III – molar inferior mesilamente posicionado em relação ao molar

superior.

4. A mordida cruzada categorizada em posterior (quando envolve um ou mais dentes da

região posterior); unilateral (envolvimento de um único hemiarco – direito ou esquerdo) e

bilateral (envolvimento dos dois hemiarcos – direito e esquerdo). Foi classificada como

ausente ou presente.

5. A presença de diastemas é a presença de espaços entre os dentes e pode ser: no arco

superior, no arco inferior, nos dois arcos ou inexistente.

6. A presença de apinhamentos é a falta de espaço entre os dentes e pode ocorrer apenas no

arco superior, no arco inferior, nos dois arcos ou ser inexistente.

Os pacientes foram classificados com oclusão normal onde os indivíduos

apresentavam as seguintes características: relação de molares em Classe I, ausência de

mordida cruzada, trespasse horizontal e vertical normais e ausência de diastemas ou

apinhamentos. A classificação para a maloclusão foi dada para os indivíduos que

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apresentavam pelo menos um fator alterado e eles poderiam ter mais de um fator de

maloclusão.

4.4. Processamento das imagens

4.4.1. Análise estrutural

Os indivíduos realizaram exames de ressonância magnética da cabeça mediante a

necessidade para o tratamento do LESJ. Todas as imagens foram adquiridas ao mesmo

protocolo de RM utilizando o aparelho de RM 3T (Elscint Prestige, Haifa, Israel), de acordo

com os seguintes parâmetros: T1-weighted images (TR = 22 ms, TE = 9 ms, flip angle =35°,

matrix = 256 × 220, field of view = 25 x 22 cm, sagittal acquisition) com 1 mm voxel

isotrópico.

As imagens de RM em 3D adquiridas no formato DICOM foram transformadas para

o formato ANALYZE através do software MRIcro (www.mricro.com). A segmentação das

imagens de RM foi realizada com o software interativo ITK-SNAP (disponível gratuitamente

no site www.itksnap.org), já utilizado anteriormente (YUSHKEVICH, et al.,2005; YASUDA

et al., 2010 e COSTA et al., 2008; CEVIDANES et al., 2005). Foi realizada a segmentação da

cabeça da mandíbula, músculo masseter e músculo temporal do lado direito e esquerdo por

um único examinador.

Para a visualização e delineação, escolhemos o corte coronal para os músculos

masseter e temporal e sagital para a cabeça da mandíbula. A complementação do registro das

estruturas, concluímos com o corte axial (Figuras 4 e 5).

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Figura 4 - Corte coronal – Músculos Masseter e Temporal

Figura 5 - Corte Sagital – Cabeça da Mandíbula

O programa ITK-SNAP permite a identificação das estruturas através de etiquetas e

cores assim, foi estabelecido a cor vermelho para o músculo temporal esquerdo (etiqueta 1);

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verde para o músculo temporal direito (etiqueta 2); azul para o músculo masseter direito

(etiqueta 3); amarelo para o músculo masseter esquerdo (etiqueta 4); azul claro para a cabeça

da mandíbula esquerda (etiqueta 5) e rosa para a cabeça da mandíbula direita (etiqueta 6).

As segmentações dos músculos foram realizadas com a ferramenta polígono

totalizando aproximadamente 70 cortes de 1mm para cada músculo formando a imagem em

3D como se vê nas figuras 6 e 7.

Figura 6 - Ferramenta polígono do software ITK-SNAP 2.4.0

Figura 7 - A. Vista anterior; B. Vista posterior e C. Vista lateral.

A B C

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As segmentações da cabeça da mandíbula foram realizadas com a ferramenta

polígono totalizando aproximadamente 12 cortes para cada lado. Foi estabelecido um limite

inferior da cabeça da mandíbula posicionando o plano horizontal da ferramenta crosshairs na

altura da chanfradura sigmoide e o plano vertical na porção mais anterior e inferior do colo da

cabeça da mandíbula (Figura 8). Mantendo esta referência inferior foi dada sequência nas

segmentações (Figura 9).

Figura 8 - Ferramenta crosshairs do software ITK-SNAP 2.4.0 demarcando o limite inferior da cabeça da mandíbula.

Figura 9 - Visualização da segmentação finalizada em todos os planos.

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4.5. Atividade do LESJ (Sledai) e dose de corticosteroide total (CE Total).

Os valores do SLEDAI total e a CE Total de 35 pacientes foram fornecidos pelo

laboratório de Reumatologia da Unicamp e correspondem aos valores obtidos nas datas da

realização da RM de cada indivíduo (Tabela 3).

Tabela 3 - Dados do SLEDAI e CE Total fornecidos pelo laboratório de Reumatologia da Unicamp.

Cod. Sledai CE Total Cod. Sledai CE Total Cod. Sledai CE Total

1 1,54 19870 21 0,19 49989,5 38 3,17 44009 2 0,63 13860 22 3 14102 40 4,85 25410 3 0,76 21737,5 24 3,96 3239 41 7,61 29575 6 3,06 800 27 2,28 20425 44 1,96 26072 9 5,54 4710 28 2,66 37150 45 3,31 37332 10 1,81 57650 29 2,89 9410 46 1,14 3767 14 5,56 3840 30 1,26 33577,5 48 6,11 10795 15 2,69 19388 31 3,74 20800 49 12,5 45475 17 0,74 21997,5 33 2,17 3990 50 4,84 2160 18 2,77 47456 35 2,93 20470,5 52 3,04 75174 19 2,88 9245 36 3,09 7360 53 1,59 25857 20 0,67 14810 37 2,31 11037,5

4.6. Aspectos éticos da pesquisa

Os pacientes foram instruídos sobre os procedimentos a serem realizados, e

informados de que sua participação era voluntária. A recusa em participar de tal estudo não

acarretará prejuízos para seu tratamento. Os pacientes que concordarem em participar do

estudo assinou um formulário de consentimento pós-informado específico para tal estudo.

4.7. Análise Estatística

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Após a segmentação e obtenção dos volumes, os dados clínicos e volumétricos foram

submetidos a análises estatísticas e realizado, entre grupos para as variáveis contínuas, teste -

T de Student , teste T pareado e Anova (com teste de post-hoc de Tukey), com nível de

significância p<0,05 e entre variáveis categóricas foram feitas com testes de Fisher e Qui-

quadrado. Foi realizado teste de normalidade dos dados (Kolmogorov-Smirnov ou Shapiro-

Wilk) e homogeneidade das variâncias para todas as análises comparativas. . Para o cálculo

do erro do método foram realizados cálculo do erro causal (Método de Dalberg) e cálculos

do erro sistemático (Teste t e Coeficientes de Correlação de Pearson).

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ARTIGO CIENTÍFICO  

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INVESTIGAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS MALOCLUSÕES EM CRIANÇAS COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO JUVENIL: ESTUDO CLÍNICO E POR VOLUMETRIA DE IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

Sandra Lucia Golin

Profa. Dra. Karyna Martins do Valle Corotti

Prof. Dr. André Luiz Ferreira Costa

Corresponding author

Karyna Martins do Valle Corotti

Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)

Pós-Graduação (Mestrado em Ortodontia)

Rua Cesário Galeno, 448 – Bloco A

03071-000 – Tatuapé, São Paulo, Brasil

Phone/Fax: +55 11 2178-1310

E-mail: [email protected] Declaration of Interests:

The authors certify that they have no comercial or associative interest that represents a

conflict of interest inconnection with the manuscript

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INVESTIGAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS MALOCLUSÕES EM CRIANÇAS COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO JUVENIL: ESTUDO CLÍNICO E POR VOLUMETRIA DE IMAGENS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

RESUMO

O lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil (LESJ) é uma doença reumática, crônica e

autoimune. O glicocorticóide (GC) é utilizado como terapêutica e o seu uso prolongado pode,

entre outros fatores, provocar alterações musculares e ósseas principalmente em indivíduos na

fase de crescimento. Com este estudo pretende-se avaliar as maloclusões, os músculos

temporal e masseter, bem como a cabeça da mandíbula em indivíduos portadores de LESJ. A

amostra foi composta por 69 indivíduos, sendo 48 pacientes, entre 7 e 30 anos, com quadro

clínico e laboratorial compatível com LESJ em acompanhamento regular no ambulatório de

Reumatologia Pediátrica da UNICAMP, sem histórico de acidentes na região da face, nem

tratamento ortodôntico prévio ou atual, que formaram o grupo experimental. O grupo

controle, composto de 21 indivíduos, foi proveniente do arquivo de Ressonância Magnética

do Laboratório de Neuroimagem da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP e foi

constituído de pacientes sem qualquer alteração bucomaxilofacial. As imagens volumétricas,

foram segmentadas para avaliação bilateral da cabeça da mandíbula e dos músculos masseter

e temporal utilizando-se o software MRICron e ITK-SNAP. As análises estatísticas foram

realizadas de acordo com a natureza das variáveis. Não se observou, em toda a amostra,

diferenças significativas entre os lados direito e esquerdo do volume da cabeça da mandíbula

e dos músculos masseter e temporal (teste t de Student; p>0,05), motivo pelo qual utilizou-se

a média dos dois lados como variável resposta para essas variáveis. Foi encontrado algum tipo

de maloclusão em 66,7% do grupo experimental. O volume do músculo masseter foi

estatisticamente menor no grupo experimental (p=0,02) enquanto o volume do músculo

temporal assim como o volume da cabeça da mandíbula foram menores no grupo

experimental, porém não estatisticamente significante (p=0,139 e p=0,096 respectivamente).

Conclui-se que a frequência de maloclusão nos pacientes com LESJ é inferior ao esperado por

levantamentos epidemiológicos já realizados e que em relação ao grupo controle, esses

pacientes apresentam menor volume da cabeça da mandíbula e dos músculos masseter e

temporal.

Palavras chave: Lúpus eritematoso sistêmico juvenil, doenças reumáticas, maloclusão, corticosteroide e ressonância magnética.

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INVESTIGATION OF CHARACTERISTICS OF MALOCCLUSIONS IN

CHILDREN WITH JUVENILE SYSTEMIC LUPUS ERYTHEMATOSUS: CLINICAL

AND MAGNETIC RESONANCE IMAGES VOLUMETRIC ANALYSES.

ABSTRACT

Lupus Erythematosus Juvenile (JSLE) is a rheumatic disease, chronic and

autoimmune. The glucocorticoid (GC) is used as therapy and prolonged use may, among other

factors, cause muscle and bone abnormalities mainly in individuals in the growth phase . This

study aims to assess malocclusions, the temporal and masseter muscles, as well as the head of

the mandible in individuals with JSLE. The experimental group sample consisted of 69

subjects, being 48 patients between 7 and 30 years, with clinical and laboratory findings

compatible with JSLE followed at the UNICAMP Pediatric Rheumatology clinic, with no

history of accidents in the region of the face, or previous or present orthodontic treatment. The

control group consisted of 21 individuals, from the Magnetic Resonance files of UNICAMP

Faculty of Medical Sciences - Laboratory of Neuroimaging and consisted of patients without

any maxillofacial alteration. The volumetric images were segmented to bilateral assessment of

the head of the mandible and the masseter and temporalis muscles using the MRICron and

ITK - SNAP softwares. Statistical analyzes were performed according to the nature of the

variables. It was not observed in any sample, significant differences between the right and left

sides of the head of the mandible volume and the masseter and temporalis muscles (Student t

test; p>0.05), the reason why it was used the average of both sides as the response variable for

these variables. Some type of malocclusion was found in 66.7% of the experimental group.

The masseter muscle volume was statistically lower in the experimental group (p=0.02) while

the volume of the temporal muscle and head of the mandible were lower in the experimental

group but not statistically significant (p=0.139 and p=0.096 respectively). It is concluded that

the frequency of malocclusion in patients with JSLE is lower than expected by

epidemiological studies already carried out and compared to the control group, these patients

have smaller volume of the head of the mandible and the masseter and temporalis muscles.

Keywords: juvenile systemic Lúpus erythematosus, rheumatic diseases, corticosteroids,

malocclusion, MRI.

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Introdução:

O Lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil (LESJ) se inicia em crianças e adolescentes até

16 anos e é raro sua ocorrência antes dos 5 anos de idade (APPENZELLER; MARINI;

COSTALLAT, 2005; BEZERRA et al., 2005; SATO et al., 2004). Sua prevalência é de 5 a 10

vezes maior no sexo feminino (SILVA, 2004). A corticoterapia é amplamente utilizada no

tratamento do LESJ em virtude de sua capacidade anti-inflamatória e imunossupressora. Este

grupo de hormônios são os mais potentes agentes anti-inflamatórios conhecidos, entretanto,

são inúmeros os efeitos colaterais deste tipo de tratamento, especialmente quando utilizados

em altas doses e por tempo prolongado (CASSIDY, 1999; STICHWEH, PASCUAL, 2005;

DUBOIS e COZEN, 1960; LAKSHMINARAYANAN, WALSH, MOHANRAY e

ROTHFIELD, 2001) e as crianças apresentam mais efeitos deletérios associados à

corticoterapia (ARKACHAISRI e LEHMAN, 1999). Alguns desses efeitos são: osteopenia e

osteoporose, tanto mais intenso quanto mais acelerado for o período de crescimento. Os

adolescentes em fase de estirão são mais prejudicados por tais efeitos e meninas são mais

afetadas que meninos.

Alguns autores (CAMPOS, et al., 2003; FIALHO et al., 2007; DEMANT, et al., 2011 e

FERNANDES, et al.,2010;) relataram o envolvimento da ATM associada à atividade da

doença, com o aparecimentos de alterações morfológicas nos côndilos (BESSA- NOGUEIRA

et al., 2008 e GILLESPY, GENANT e HELMS, 1986). Pode ocorrer uma remodelação não

funcional da articulação temporomandibular mesmo quando as tensões biomecânicas estão

dentro de uma variação fisiológica normal (ALMEIDA et al.,2000; RAMON , SAMRA e

OBERMAN, 1987). Uma destruição unilateral do centro de crescimento da cabeça da

mandíbula conduz para subdesenvolvimento da mandíbula e assimetria facial. A maxila e a

mandíbula servem como base para as arcadas dentárias e, alterações no seu crescimento,

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podem influenciar as relações e funções oclusais (ARNETT, MILAM, GOTTESMAN, 1996

e IQBAL et al.,1999 ).

Estudos demonstraram que alguns tipos de maloclusões estão associados às alterações da

função mastigatória em crianças, como, por exemplo, assimetria da atividade dos músculos

mastigatórios e menor eficiência mastigatória (CASTELO et al.,2007). A redução da força

muscular ou atrofias podem ser resultantes de alterações iônicas e miotoxicidade devido a

drogas usadas no tratamento do LESJ (SILVA, 2004). Ela foi demonstrada

experimentalmente pela diminuição da aposição óssea devido à tensão menor exercida sobre a

membrana periosteal (IQBAL et al.,1999).

O presente estudo investigou a influência dessas alterações no desenvolvimento das

maloclusões devido à deficiência dessas informações na literatura. Tal efeito será avaliado em

imagens de ressonância magnética em conjunto com informações obtidas de exame clínico

realizado em pacientes com LESJ e comparado com indivíduos que não necessitam de GC.

Este estudo pavimentará o caminho para projetos posteriores colaborativos, marcando o início

de um Grupo de Pesquisa da UNICID junto à Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP.

Material e Métodos:

Indivíduos:

O estudo foi realizado com 53 pacientes com quadro clínico e laboratorial compatível

com LESJ, na faixa etária dos 7 aos 30 anos, com pelo menos 4 dos 11 critérios de

classificação de LESJ e sem histórico de acidentes na região da face e tratamento ortodôntico

prévio ou atual. Os indivíduos do grupo de controle foram provenientes do arquivo de

Ressonância Magnética (RM) do Laboratório de Neuroimagem da Faculdade de Ciências

Médicas da UNICAMP e foram constituídas por 21 indivíduos sem qualquer alteração

bucomaxilofacial.

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Protocolo de análise clínica:

Os exames clínicos foram realizados individualmente no ambulatório de Reumatologia da

UNICAMP em 30 indivíduos do grupo experimental escolhidos aleatoriamente. Os exames

foram realizados por um ortodontista que preencheu uma ficha pré-elaborada sobre os dados

da oclusão: fase da dentição, relação incisal (overjet e overbite), relação molar (Classe I,

Classe II e Classe III), mordida cruzada posterior, apinhamentos ou diastemas na região

anterior e formato do palato.

Os pacientes foram classificados com oclusão normal onde os indivíduos apresentavam

as seguintes características: relação de molares em Classe I, ausência de mordida cruzada,

overjet e overbite normais e ausência de diastemas ou apinhamentos. A classificação para a

maloclusão foi dada para os indivíduos que apresentavam pelo menos um fator alterado e eles

poderiam ter mais de um fator de maloclusão.

Processamento das imagens: Os indivíduos realizaram exames de ressonância magnética da cabeça mediante a

necessidade para o tratamento do LESJ. Todas as imagens foram adquiridas ao mesmo

protocolo de RM utilizando o aparelho de RM 3T (Elscint Prestige, Haifa, Israel), de acordo

com os seguintes parâmetros: T1-weighted images (TR = 22 ms, TE = 9 ms, flip angle =35°,

matrix = 256 × 220, field of view = 25 x 22 cm, sagittal acquisition) com 1 mm voxel

isotrópico. As imagens de RM em 3D adquiridas no formato DICOM foram transformadas

para o formato ANALYZE através do software MRIcro (www.mricro.com). ). A segmentação

das imagens de RM foi realizada com o software interativo ITK-SNAP (disponível

gratuitamente no site www.itksnap.org, já utilizado anteriormente (YUSHKEVICH, et

al.,2005; YASUDA et al., 2010 e COSTA et al., 2008; CEVIDANES et al., 2005). Foi

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realizada a segmentação da cabeça da mandíbula, músculo masseter e músculo temporal do

lado direito e esquerdo por um único examinador.

Para a visualização e delineação, escolhemos o corte coronal para os músculos masseter e

temporal e sagital para a cabeça da mandíbula. A complementação do registro das estruturas,

concluímos com o corte axial (Figuras 1 a 4).

Figura 1 - Corte coronal – Músculos Masseter e Temporal

Figura 2 - Corte Sagital – Cabeça da Mandíbula

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Figura 3 - A. Vista anterior; B. Vista posterior e C. Vista lateral.

Figura 4 - Visualização da segmentação finalizada em todos os planos. Atividade do LESJ (Sledai) e dose de corticosteróide total (CE Total): Os valores de SLEDAI Total e CE Total de 35 pacientes foram fornecidos pelo

laboratório de Reumatologia da Unicamp e correspondem aos valores obtidos nas datas da

realização da RM de cada indivíduo.

Após a segmentação e obtenção dos volumes, os dados clínicos e volumétricos foram

submetidos a análises estatísticas e realizado, entre grupos para as variáveis contínuas, teste -

A B C

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T de Student , teste T pareado e Anova (com teste de post-hoc de Tukey), com nível de

significância p<0,05 e entre variáveis categóricas foram feitas com testes de Fisher e Qui-

quadrado. Foi realizado teste de normalidade dos dados (Kolmogorov-Smirnov ou Shapiro-

Wilk) e homogeneidade das variâncias para todas as análises comparativas. . Para o cálculo

do erro do método foram realizados cálculo do erro causal (Método de Dalberg) e cálculos

do erro sistemático (Teste t e Coeficientes de Correlação de Pearson).

Resultados:

Este estudo contou 53 de indivíduos, 48 (90,6%) do sexo feminino e 5 (9,4%) do sexo

masculino. A idade variou entre 7 a 30 anos, tendo como média 17,19 anos. No grupo

controle, com uma mostra de 21 indivíduos, a idade variou entre 10 e 28 anos com média de

20 anos. Quanto ao gênero foi encontrado 14 (66,7%) indivíduos do sexo feminino e 7

(33,3%) do sexo masculino (Tabela 1 e 2).

Tabela 1 - Distribuição da amostra segundo a idade.

Grupo N Mínimo Máximo Média S.D.

Experimental 53 7 30 17,19 4,416

Controle 21 10 28 20,00 5,244

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Tabela 2 - Distribuição da amostra segundo o gênero.

Grupo Gênero Frequência %

Experimental

Feminino 48 90,6

Masculino 5 9,4

Total 53 100,0

Controle

Feminino 14 66,7

Masculino 7 33,3

Total 21 100,0

Os valores do SLEDAI Total e o CE Total podem ser visualizados na tabela 3.

Tabela 3 - Dados do SLEDAI e CE Total fornecidos pelo laboratório de Reumatologia da Unicamp.

Sledai CE Total Sledai CE Total Sledai CE Total

1,54 19870 0,19 49989,5 3,17 44009 0,63 13860 3 14102 4,85 25410 0,76 21737,5 3,96 3239 7,61 29575 3,06 800 2,28 20425 1,96 26072 5,54 4710 2,66 37150 3,31 37332 1,81 57650 2,89 9410 1,14 3767 5,56 3840 1,26 33577,5 6,11 10795 2,69 19388 3,74 20800 12,5 45475 0,74 21997,5 2,17 3990 4,84 2160 2,77 47456 2,93 20470,5 3,04 75174 2,88 9245 3,09 7360 1,59 25857 0,67 14810 2,31 11037,5

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Análise da volumetria muscular e cabeça da mandíbula: Para a análise da volumetria foram excluídos 5 pacientes por não apresentarem dados da

RM, portanto a amostra contou com 48 indivíduos do grupo experimental que tinham os

critérios de inclusão para o estudo e 21 indivíduos do grupo controle. Foram calculadas as

volumetrias dos músculos temporal, masseter e cabeça da mandíbula do lado direito e

esquerdo. Dado que não foram encontradas diferenças significativas entre os volumes dos

lados direito e esquerdo tanto para o grupo experimental quanto para o grupo controle (teste t

de Student; p-valores >0,05), foi utilizada a média dos dois lados como variável resposta para

essas variáveis.

Como mostra a Tabela 4 , o grupo experimental apresentou menor média de volume das

estruturas e, para o músculo temporal e cabeça da mandíbula, esta diferença não foi

significativa (teste t de Student; p=0,139 e 0,096 respectivamente). No músculo masseter o

volume foi significantemente menor que o grupo controle (teste t de Student; p-valor = 0,02).

Tabela 4 - Volume do Músculo Temporal, Masseter e Cabeça da Mandíbula.

Grupo N Média S.D. Std. Error Mean

Sig

Músculo

Temporal

Experimental 48 29883,396 7598,9665 1096,8163

0,139

Controle 21 32904,310 7951,6208 1735,1859

Músculo

Masseter

Experimental 48 21922,542 5575,8893 804,8103

0.02

Controle 21 26792,810 6342,0383 1383,9462

Cabeça da

Mandíbula

Experimental 48 1077,563 352,7240 50,9113

0,096

Controle 21 1238,381 388,9481 84,8754

Os Gráficos 1, 2 e 3 representam a volumetria das estruturas em forma gráfico tipo "box

plot".

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Gráfico 1 - Volume do Músculo Temporal

Gráfico 2 - Volume do Músculo Masseter

Gráfico 3 - Volume da Cabeça da Mandíbula

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Neste estudo foram realizadas, no grupo experimental, análises estatísticas com nível de

confiança de 95% correlacionando, a volumetria dos músculos masseter e temporal e volume

da cabeça da mandíbula com idade, índice SLEDAI e dosagem de corticosteroide total (CE

total). A correlação foi significativa da idade com o músculo temporal (p=0,023), com o

músculo masseter (p=0,029) e com a cabeça da mandíbula (p=0,013). Não houve correlação

com SLEDAI e com CE Total com nenhuma das estruturas (p˃0,05) (Tabela 5).

Tabela 5 - Correlação do volume das estruturas com idade, SLEDAI e CE total no grupo

experimental.

Músculo Temporal Músculo Masseter Cabeça da Mandíbula

p Correlação de Pearson p Correlação

de Pearson p Correlação de Pearson

Idade 0,023 0,312 0,029 0,301 0,013 0,338

Sledai Total

0,800 -0,044 0,849 -0,033 0,624 0,086

CE total 0,091 0,261 0,128 0,236 0,068 0,281

Na análise de regressão linear da idade com as estruturas observamos uma correlação

fraca do músculo temporal (R2=0,097), músculo masseter (R2=0,08) e cabeça da mandíbula

(R2=0,114) (Tabela 6 e Gráfico 4 a 6).

Tabela 6 - Regressão linear – Idade e volume dos músculos temporal , masseter e cabeça da

mandíbula.

Idade Músculo Temporal Músculo Masseter Cabeça da Mandíbula

R2 Sig. R 2 Sig. R2 Sig.

Experimental 0,097 0,023 0,08 0,029 0,114 0,013

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Gráfico 4 - Regressão linear: Idade e Músculo Temporal

Gráfico 5 - Regressão linear: Idade e Músculo Masseter

Na correlação do CET e o SLEDAI TOTAL com ajuste para a idade podemos observar

na tabela 7 que o CET Total foi significativo nas idades de 22, 24 e 25 e o SLEDAI Total foi

significativo nas idades de 12, 22,24 e 25.

Gráfico 6 - Regressão linear: Idade Cabeça da Mandíbula

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CET TOTAL SLEDAI TOTAL

Idade N Músculo Temporal

Músculo Masseter

Cabeça da Mandíbula Idade N

Músculo temporal

Mísculo Masseter

Cabeça da Mandíbula

9 1 7 0

10 0 9 1

12 3 ,226 -,032 -,767 10 0

,855 ,980 ,444

13 4 -,742 -,794 -,616 12 2 1,000** -1,000** -1,000**

,258 ,206 ,384

14 1 13 4 ,668 -,052 ,762

,332 ,948 ,238

15 5 -,381 ,104 ,030 14 0

,527 ,868 ,962

16 6 ,065 -,043 -,099 15 4 ,035 ,528 ,055

,903 ,935 ,852 ,965 ,472 ,945

17 1 16 4 -,186 -,005 ,597

,814 ,995 ,403

18 5 -,089 -,341 -,675 17 0

,887 ,575 ,211

19 4 ,135 ,203 ,072 18 4 ,441 -,232 -,707

,865 ,797 ,928 ,559 ,768 ,293

20 3 -,121 ,420 -,686 19 3 -,041 -,576 -,076

,923 ,724 ,519 ,974 ,609 ,952

21 3 ,879 ,993 ,151 20 3 -,927 -,590 ,303

,317 ,077 ,904 ,245 ,598 ,804

22 2 1,000** 1,000** 1,000** 21 3 ,495 ,140 ,991

,670 ,910 ,083

23 0 22 2 1,000** 1,000** 1,000**

24 2 1,000** 1,000** 1,000** 23 0

25 2 1,000** 1,000** -1,000** 24 2 1,000** 1,000** 1,000**

26 0 25 2 1,000** 1,000** -1,000**

28 0 26 0

30 1 28 0

30 1

Análise da maloclusão: Dentro do grupo experimental de 53 pacientes foram escolhidos aleatoriamente 30

indivíduos e realizados exames ortodônticos. A distribuição quanto ao gênero foi de 86,7%

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(n=26) do sexo feminino e 13,3% (n=4) do sexo masculino. A idade média do grupo

experimental foi de 16 anos com variação entre 7 e 25 anos (Gráfico 7).

Gráfico 7 - Distribuição dos indivíduos do grupo experimental segundo idade e gênero.

Neste estudo foi encontrado que 67% dos pacientes com LESJ apresentava algum tipo de

maloclusão. Não se diferenciou a maloclusão por sexo, pois há uma prevalência 5 a 10 vezes

maior no sexo feminino do LESJ. A idade média do grupo experimental foi de 16 anos com

variação entre 7 e 25 anos e 90% (n=27) era dentição permanente.

A análise do tipo de maloclusão existente revelou que a mais frequente foi o overbite

diminuído caracterizado pela mordida aberta (26,7%). O overbite aumentado ocorreu em

16,7%. Quanto a sobressaliência anterior (overjet) observou-se que 4 indivíduos (13,3%)

tinha o overjet aumentado e 5 (16,7%) diminuído. A relação molar de Classe I foi de 70%,

Classe II 16,7% e Classe III 13,3%. A mordida cruzada posterior foi de 16,6% sendo que,

3,3% eram unilaterais e 13,3% bilaterais. Os casos com apinhamento foram ao total 20%,

sendo que 10% eram na arcada superior, 6,7% na inferior e 3,3% em ambas as arcadas. Houve

21% de diastemas sendo que, a ocorrência na arcada superior, inferior e ambas as arcadas

foram a mesma 7,6%. (Tabela 7).

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Tabela 7- Distribuição dos tipos de maloclusão nos indivíduos examinados do grupo experimental e nos estudos prévios de maloclusão.

Maloclusão % Encontrada

neste estudo

% Encontrada em

estudos prévios Estudos prévios

Overjet Aumentado 13,3 48 Cavalcanti et al , 2008

26,72 Drumond et al., 2011

Overjet Diminuído 16,7 5,05 Almeida et.al, 2011

Overbite Aumentado 16,7 13,28 Almeida et.al, 2011

20,5 Cavalcanti et al , 2008

Overbite Diminuído 26,7 17,65 Almeida et.al, 2011

22,3 Cavalcanti et al , 2008

Classe I 70 55,25 Almeida et.al, 2011

38,79 Drumond et al., 2011

Classe II 16,7 38 Almeida et.al, 2011

29,1 Cavalcanti et al , 2008

Classe III 13,3 6.75 Almeida et.al, 2011

Mordida Cruzada 16,6 13,3 Almeida et.al, 2011

29,3 Cavalcanti et al , 2008

Apinhamento 20 31,59 Almeida et.al, 2011

Diastema 21 31,88 Almeida et.al, 2011

A volumetria dos músculos e cabeça da mandíbula foi correlacionada com os dados

obtidos da presença ou não de maloclusão e observou-se que, não há correlação

estatisticamente significante com nenhum tipo de maloclusão (p˃05) (Tabela 8).

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Tabela 8 - Correlação dos volumes das estruturas com a maloclusão.

N

Músculo Temporal

Músculo Masseter Cabeça da Mandíbula

p Correlação de Pearson

p Correlação de Pearson

p Correlação de Pearson

Overjet 30 0,300 0,196 0,444 0,145 0,162 0,262

Overbite 30 0,445 0,145 0,771 0,055 0,512 0,125

Relação Molar 30 0,831 0,041 0,843 -0,038 0,518 0,12

Mordida Cruzada 30 0,389 -0,163 0,237 -0,223 0,687 0,07

Apinhamento 30 0,942 -0,014 0,831 -0,041 0,934 0,16

Diastema 30 0,610 0,97 0,683 0,078 0,286 0201

Na correlação da maloclusão com a idade, índice SLEDAI e CET não encontramos

diferença estatisticamente significante (p=0,362, p=0,619 e p=0,840 respectivamente) (tabela

9).

Tabela 9 - Correlação da maloclusão com idade, Sledai e CET.

Idade Sledai CET

p Correlação de Pearson

p Correlação de Pearson

p Correlação de Pearson

Maloclusão 0,362 0,161 0,619 0,135 0,840 -0,047

Estatisticamente não houve correlação significativa entre o lúpus com nenhum tipo de

maloclusão (tabela 10).

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Tabela 10 - Correlação do Lupus com os tipos de maloclusão.

Overbite Overjet Relação Molar

Linha Média Dentária

Mod. Cruzada

Apinha-mento

Diastema Forma do Palato

Correlação de

Pearson 0,202 0,221 0,031 0,208 -0,024 0,159 0,154 0,167

P 0,251 0,208 0,862 0,237 0,892 0,368 0,384 0,339

Discussão: As doenças reumáticas na faixa etária pediátrica são pouco frequentes, mas apresentam

significativo impacto físico, emocional e social nos pacientes. As crianças com LES têm

atividade da doença maior ao longo do tempo comparadas aos adultos com LES, recebem

terapia medicamentosa também mais intensiva e por consequência acumulam mais prejuízos

relacionados com a toxicidade esteroide (HILÁRIO et al., 2002 e BRUNNER et al, 2008).

Apesar do LESJ ser uma doença crônica com períodos de atividade e remissão, o prognóstico

e sobrevida destes pacientes vem melhorando progressivamente nas últimas duas décadas

(BRUNNER et al, 2008; LEVY e KAMPHUIS, 2012).

Foi observado neste estudo uma prevalência do LESJ de 90,06% no sexo feminino que,

esteve em conformidade com a literatura com prevalência 5 a 10 vezes maior no sexo

feminino (SILVA, 2004).

A corticoterapia é amplamente utilizada no tratamento do LESJ, em virtude de sua

capacidade anti-inflamatória e imunossupressora. As doses de corticosteroide são

administradas conforme a severidade da doença que é avaliada pelas análises clinica e índice

SLEDAI.

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Neste estudo foi avaliado a correlação do CE Total e SLEDAI Total com a volumetria da

cabeça da mandíbula e músculos Masseter e Temporal pois já foi relatada complicações

músculo esquelética como a osteoporose, necrose avascular, atraso no desenvolvimento estato

ponderal (STICHWEH E PASCUAL, 2005), associação do GC com a diminuição da

densidade mineral-óssea no LESJ (TRAPANI, et. al., 1998) e miopatias (STUARDT et.al.,

2011). Encontrou-se que o grupo experimental apresentava volumetria menor que o grupo

controle, entretanto essa correlação foi significativa somente para o músculo masseter

(p=0,02). Não houve correlação do CE Total administrado aos pacientes nem do índice

SLEDAI total com a volumetria dos músculos e cabeça da mandíbula. A correlação

significativa se deu com a idade: músculo temporal (p=0,023), músculo masseter (p=0,029)

e com a cabeça da mandíbula (p=0,013), porém na análise de regressão linear observamos

uma correlação fraca: músculo temporal (R2=0,097), músculo masseter (R2=0,08) e cabeça

da mandíbula (R2=0,11). Avaliando a correlação com ajuste para a idade, O CET Total foi

significativo nas idades de 22, 24 e 25 e o SLEDAI Total foi significativo nas idades de 12,

22,24 e 25.

A literatura demonstra que o uso prolongado de GC também pode alterar o

desenvolvimento das estruturas faciais, tanto esqueléticas como musculares favorecendo para

a instalação da maloclusão (LAKSHMINARAYANAN et al., 2001). É esperado nos

pacientes jovens com LES atraso na maturação esquelética (ARKACHAISRI e LEHMAN,

1999) o que pode influenciar no desenvolvimento da maxila e mandíbula que servem como

base para as arcadas dentárias. Algumas maloclusões são de origem esquelética tendo origem

no desenvolvimento ósseo alterado.

Este trabalho buscou correlacionar a maloclusão em função da doença autoimune e a

terapia com GC e observou que, 66,7% do grupo experimental apresentava algum tipo de

maloclusão, entretanto este dado é inferior ao encontrado em estudos epidemiológicos

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anteriores onde a prevalência da maloclusão mostrou-se alta independente condição social,

sexo e raça: 85,92% em crianças de 6 a 12 anos (CAPOTE, ZUANON e PANSANI, 2003),

80,6% em crianças entre 6 e 12 anos (CAVALCANTI, et.al., 2008) e 58,7% em crianças de 6

a 12 anos (ALMEIDA, NOGUEIRA FILHO, JARDIM, 2002).

As doenças autoimunes podem provocar a reabsorção da cabeça da mandíbula afetando

desfavoravelmente a taxa de crescimento mandibular desenvolvendo uma relação esqueletal

de classe II com retrognatia mandibular, overjet aumentado, mordida aberta anterior e ângulo

goníaco aumentado (RAMON, SAMRA E OBERMAN , 1987; ARNETT, MILAM e

GOTTESMAN, 1997). Neste estudo, como demonstra o gráfico 8, foi encontrado que a maior

ocorrência de maloclusão foi a mordida aberta (26,7%), entretanto, o overjet aumentado

ocorreu em 13,3%, menos que o overjet diminuído (16,7%) e a relação molar de Cl II foi de

16,7% , menor que valores encontrados em dois estudos prévios de ALMEIDA et al., 2011

(38%) e ALMEIDA et al., 2008 (29,1%).

Gráfico 8 - Distribuição da maloclusão no grupo experimental.

As baixas frequências do overjet aumentado e relação molar de Cl II deste estudo

(13,3%) comparado com estudos prévios como o de DRUMOND et al., 2011 (26,72%) e de

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Cavalcanti et al , 2008 (48%), demonstram que a causa da mordida aberta não está

relacionada com o fator esqueletal, com giro de mandíbula no sentido horário caracterizada

pela reabsorção da cabeça da mandíbula. Não se observou ocorrência de overjet aumentado,

mordida aberta e relação molar de classe II, ao mesmo tempo. Não foram encontrados

indivíduos com mordida aberta e overjet aumentado e, apenas um caso com mordida aberta e

relação molar classe II. Para a correlação entre overjet aumentado e classe II houve três casos.

As ocorrências de mordida aberta estavam relacionadas à relação oclusal de Classe III e

overjet diminuído, o contrário do que se esperava (Tabela 11).

Tabela 11 - Relações Oclusais.

Overjet Total

Normal Aumentado Diminuído

Overbite Normal 16 1 0 17

Aumentado 2 3 0 5

Diminuído (mordida aberta) 3 0 5 8

Total 21 4 5 30

Rel. Molar Total

Classe I Classe II Classe III

Overbite

Normal 16 1 0 17

Aumentado 2 3 0 5

Diminuído (mordida aberta) 3 1 4 8

Total 21 5 4 30

Rel. Molar Total

Classe I Classe II Classe III

Overjet

Normal 19 2 0 21

Aumentado 1 3 0 4

Diminuído 1 0 4 5

Total 21 5 4 30

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SULIANO et al em 2005 estudando as prevalências de maloclusões e alterações

funcionais entre escolares assistidos pelo Programa Saúde da Família em Juazeiro do Norte

encontraram uma forte associação entre a relação mordida aberta e as funções avaliadas

(respiração e deglutição). MARCONINI et al em 2010 também relacionaram a prevalência de

maloclusões entre os hábitos deletérios de deglutição e respiração com a maloclusão, mais

especificamente com a mordida aberta. Estes dados justificariam a maior ocorrência da

mordida aberta neste estudo.

A discrepância dental foi outro fator de maior ocorrência: 20,1% para diastemas e 20%

para apinhamento, porém eles não tiveram correlação com o overbite nem overjet (p˃0,05).

Estes dados estão abaixo do encontrado por ALMEIDA et al em 2002 31,59% e 31,88% para

apinhamento e diastemas, respectivamente.

A mordida cruzada é uma deficiência transversal da maxila em relação à mandíbula no

sentido latero lateral e o palato apresenta-se com formato ogival e normalmente há presença

de apinhamentos dentários. Ela pode ser de origem dentária ou esquelética e o presente estudo

não teve a intenção de fazer um diagnostico diferencial, apenas constatou a sua presença. Foi

encontrado em 16,6% de indivíduos, sendo que estão abaixo do encontrado em estudos

transversais como CAVALCANTI et al 2008 (29,3%) e ALMEIDA et al 2011 (28,8%).

Neste estudo não foi encontrado associação do LESJ e sua corticoterapia com a presença

de maloclusão, entretanto há a necessidade de continuar uma investigação para analisar a

ocorrência da diminuição da volumetria da cabeça da mandíbula e dos músculos Masseter e

Temporal nos indivíduos com LESJ.

Conclusão:

Considerando os resultados após análise da volumetria dos músculos masseter e temporal

e cabeça da mandíbula pela RM e avaliação clínica da maloclusão dos pacientes com LESJ

podemos concluir que:

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Pacientes com LESJ apresentaram volumetria menor dos músculos Masseter,

Temporal e da Cabeça da Mandíbula.

A Corticoterapia e o Índice SLEDAI não tiveram correlação significativa com a

diminuição do volume das estruturas.

Há alta frequência de maloclusão nos pacientes com LESJ, entretanto é inferior ao

esperado por levantamentos epidemiológicos já realizados.

A maior ocorrência de maloclusão em pacientes com LESJ foi de mordida aberta mas

não há evidências que esteja relacionada com a menor volumetria das estruturas, a dose de

corticosteroide total ou índice SLEDAI.

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ANEXO 1

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ANEXO 2

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EXAMES CLÍNICOS ODONTOLÓGICOS E ORTODÔNTICOS

Nome do examinador: __________________________

Data de realização do exame: ___/___/____

Nome do(a) paciente: ____________________________________________

Sexo: ( ) M ( ) F Data de nascimento ___/___/___ Idade: __________

Cor da pele segundo a percepção do examinador:

( ) branca ( ) parda (morena) ( ) negra ( ) amarela (oriental)

Caso não tenha sido possível realizar os exames odontológicos, especifique o motivo:

( ) Não comparecimento do(a) paciente ( ) Não permitiu o exame ( ) Problemas de saúde. Quais?__________________________ ( ) Fez tratamento ortodôntico?_______________________________

1. ODONTOGRAMA

( ) Dentadura decídua ( ) Dentadura mista ( ) Dentadura permanente

Se houver lesões cavitadas de cárie, desenhe um retângulo no(s) dente(s) correspondente(s);

Assinale com um “X” o(s) dente(s) ausente(s);

2. SOBRESSALIÊNCIA (Overjet)

( ) Negativa (mordida cruzada anterior) = - _______mm ( ) Positiva = + _______mm

3. SOBREMORDIDA (Overbite)

( ) Negativa (mordida aberta anterior) = - _______mm ( ) Positiva = + _______mm

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4. RELAÇÃO DOS PRIMEIROS MOLARES DECÍDUOS (Somente para Dentadura

Decídua)

Lado direito: ( ) Plano Terminal Reto ( ) Degrau Distal ( ) Degrau Mesial Lado esquerdo: ( ) Plano Terminal Reto ( ) Degrau Distal ( ) Degrau Mesial

5. RELAÇÃO DOS PRIMEIROS MOLARES PERMANENTES

(Dentaduras Mista e Permanente)

Lado direito: ( ) Classe I Lado esquerdo: ( ) Classe I ( ) Classe II ( ) Classe II ( ) Classe III ( ) Classe III

6. RELAÇÃO DOS CANINOS DECÍDUOS

Lado direito: ( ) Classe I Lado esquerdo: ( ) Classe I ( ) Classe II ( ) Classe II ( ) Classe III ( ) Classe III

7. LINHA MÉDIA (arco superior/arco inferior)

( ) Centralizada ( ) Desviada 8. MORDIDA CRUZADA POSTERIOR

( ) Ausente ( ) Bilateral ( ) Unilateral verdadeira: ( ) lado direito

( ) lado esquerdo ( ) Unilateral com desvio funcional da mandíbula: ( ) para a direita ( ) para a esquerda Quais os dentes superiores envolvidos na mordida cruzada? ______________________________________________________________ 9. APINHAMENTO NA REGIÃO ANTERIOR

( ) Apenas no arco superior ( ) Apenas no arco inferior ( ) Nos dois arcos ( ) Inexistente

10. DIASTEMA NA REGIÃO ANTERIOR (Somente para Dentadura Decídua)

( ) Generalizado no arco superior ( ) Generalizado no arco inferior ( ) Nos dois arcos ( ) Somente os espaços primatas no arco superior

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( ) Somente os espaços primatas no arco inferior ( ) Inexistente

11. DIASTEMA NA REGIÃO ANTERIOR (Dentaduras Mista e Permanente)

( ) No arco superior ( ) No arco inferior ( ) Nos dois arcos ( ) Inexistente 12. 12. SELAMENTO LABIAL EM REPOUSO

( ) Normal ( ) Existente, porém com contração da musculatura peribucal e mentoniana ( ) Deficiente 13. ASPECTO GENGIVAL

( ) hiperplasia gengival e/ou gengivite concentrada principalmente na região dos incisivos superiores ( ) gengivite generalizada ( ) tecidos gengivas saudáveis

14. CONFORMAÇÃO DO PALATO

( ) Palato ogival (estreito e profundo) ( ) Palato normal 15. ANÁLISE DA MUSCULATURA PERIBUCAL E MENTONIANA DURANTE A

DEGLUTIÇÃO

( ) presença de selamento labial sem esforço ( ) selamento labial presente, porém com nítidas contrações musculares

16. SIMETRIA FACIAL (em volume)

( ) simétrico ( ) assimétrico _______________________________ (descrição da assimetria ) 17. CEFALÉIA

( ) ausente ( ) presente _____________________________________________ (região e frequência ao mês ou semana) 18. ESTATURA PELA IDADE 19. PESO PELA IDADE

( ) normal ( ) normal ( ) baixa ( ) baixo ( ) alta ( ) alto