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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM GERONTOLOGIA Mestrado ESTUDO DA PERCEPÇÃO DO IDOSO INSTITUCIONALIZADO EM RELAÇÃO AO SEU ALCANCE FUNCIONAL. Autor: Flávio da Silva Borges Orientador: Prof. Dr. Gustavo Azevedo Carvalho BRASÍLIA 2007

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE

BRASÍLIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM GERONTOLOGIA

Mestrado

ESTUDO DA PERCEPÇÃO DO IDOSO INSTITUCIONALIZADO EM RELAÇÃO AO SEU

ALCANCE FUNCIONAL.

Autor: Flávio da Silva Borges Orientador: Prof. Dr. Gustavo Azevedo Carvalho

BRASÍLIA 2007

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FLÁVIO DA SILVA BORGES.

ESTUDO DA PERCEPÇÃO DO IDOSO INSTITUCIONALIZADO EM RELAÇÃO AO SEU

ALCANCE FUNCIONAL.

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós Graduação “Stricto Sensu” em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia. Orientador: Prof. Dr. Gustavo Azevedo Carvalho

Brasília 2007

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7,5cm Ficha elaborada pela Coordenação de Processamento do Acervo do SIBI – UCB.

B732e Borges, Flavio da Silva.

Estudo da percepção do idoso institucionalizado em relação ao seu alcance funcional / Flávio da Silva Borges. – 2007.

91 f. : il. ; 30 cm Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2007. Orientação: Gustavo Azevedo Carvalho

1. Envelhecimento. 2. Postura humana. 3. Quedas (Acidentes) - idosos. I. Carvalho, Gustavo Azevedo, orient. II. Título

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TERMO DE APROVAÇÃO Dissertação defendida como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia em 15 de junho de 2007, e aprovada pela banca examinadora constituída por:

Prof. Dr. Gustavo Azevedo Carvalho Orientador

Profª. Drª. Maria Liz Cunha de Oliveira Examinador Interno

Profª. Drª. Aldira Guimarães Duarte Dominguez Examinador Externo

Profª. Drª. Lucy Gomes Viana Examinador Suplente

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II

Dedico este trabalho à minha família, principalmente a minha amada esposa Flávia, aos meus filhos Amanda e Felipe e aos meus pais Rubens e Magda Borges pela paciência, apoio e incentivo em todas as horas.

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III

Ao Prof. Dr. Gustavo de Azevedo Carvalho,

incentivador, guia e mestre sempre atento e aplicado na minha formação profissional em

todos os momentos.

Aos alunos Rodrigo Borges e Tesla Lopes,

pela colaboração e companhia durante a coleta de dados desta pesquisa.

Aos Prof. Msc. Marcelo César M. de Carvalho e Dr. César Augusto Melo e Silva,

pelo estímulo e sugestões neste trabalho.

A todas as Instituições de Longa Permanência para Idosos que participaram desta pesquisa,

pela atenção e disponibilidade dispensada para a realização deste trabalho.

A todos os idosos que participaram do estudo,

pela colaboração dedicada e pelo aprendizado por vocês a mim repassado.

A minha sogra, Lina dos Santos Rocha, e a todos que colaboraram direta e indiretamente para que este trabalho fosse concluído,

muito obrigado.

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IV

"Não há doente mais incurável do que

aquele que não reconhece a sua doença."

Santo Agostinho

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V

SUMÁRIO Páginas RESUMO VIABSTRACT VIILISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VIIILISTA DE ANEXOS E APENDICES IXLISTA DE GRÁFICOS XLISTA DE TABELAS XI

LISTA DE FIGURAS XII

1. INTRODUÇÃO 012. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 CONTROLE POSTURAL E ENVELHECIMENTO 052.2 QUEDAS NA VELHICE 122.3 TESTES DE EQUILÍBRIO NA AVALIAÇÃO DO IDOSO 233. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL 263.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 264. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 TIPO DE ESTUDO 274.2 ÁREA DE TRABALHO 274.3 AMOSTRA E CASUÍSTICA 284.4 PROCEDIMENTOS E COLETAS DE DADOS 304.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA 354.6 ASPECTOS ÉTICOS 36

5. RESULTADOS 37

6. DISCUSSÃO 48

7. CONCLUSÃO 57

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 599. ANEXOS ANEXO A – MINI EXAME DO ESTADO MENTAL 70ANEXO B – ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA 71ANEXO C – PARECER DO COMITE DE ÉTICA EM PESQUISA 7210. APENDICE APENDICE 1 – FORMULÁRIO DE PESQUISA 73APENDICE 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 74

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VI

RESUMO

A queda é considerada um dos maiores eventos na saúde de um idoso e resulta da interação de

diversos fatores, com destaque para o desequilíbrio postural. Outro importante fator é o

julgamento incorreto de suas capacidades, onde o idoso assume comportamento de alto risco,

podendo resultar em acidentes. Como prevenção, há esforços no desenvolvimento de testes

funcionais que possam prever as quedas e acompanhar o estado funcional de idosos. Objetivo:

Verificar se idosos institucionalizados com e sem história de quedas têm percepção do seu

alcance funcional através da diferença entre o alcance funcional esperado e real. Metodologia:

Estudo transversal com 56 idosos institucionalizados (média: 73,32±8,94 anos), subdivididos

em três grupos: “sem queda”; “uma queda” e com “duas ou mais quedas” no último ano.

Avaliou-se o risco de queda pelo Teste de Alcance Funcional (TAF), onde os idosos

predisseram qual distancia alcançariam (medida de alcance funcional esperado - MAFE)

sendo comparados com a medida de alcance funcional real (MAFR) nos grupos. Resultados:

Não houve diferença entre a MAFE e a MAFR na amostra em geral (p = 0,31) e intra-grupos

(p > 0,05). Conclusão: Os idosos institucionalizados avaliados tiveram correta percepção do

seu alcance funcional independente de sua história de queda e a MAFE pode ser mais um

fator a ser considerado na avaliação do idoso com história de queda.

Palavras-chave: idoso, quedas, autopercepção, Teste de Alcance Funcional, avaliação.

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VII

ABSTRACT The fall is considered one of the major events in the elderly's health and results of the

interaction of diverse factors, with prominence for the postural disequilibrium. Another

important factor is the incorrect judgment of his capacities, where the elderly assumes

behavior of high risk, and get involved in accidents. As prevention, efforts have being put on

the development of functional tests that are able to predict the falls and follow the functional

state. Objective: To verify if institutionalized elderly with and without history of falls have

perception of their functional reach through the difference between the expected and real

functional reach. Methodology: Transversal study with 56 institutionalized elderly (average:

73,32 ± 8,94 years), subdivided into three groups: "no fall"; "one fall" and "two or more falls"

in the last year. The fall risk measured by the Functional Reach Test (FRT) was evaluated -

where the elderly had predicted which distance he would reach (Expected Functional Reach

Measure - EFRM) as compared to the Real Functional Reach Measure (RFRM) - in the

groups. Results: In the general sample, as well as in the subgroups, it did not observe

differences between the EFRM and the RFRM. Conclusion: The institutionalized elderly

evaluated had correct perception of their functional reach independently of the fall history and

the EFRM can be one more factor to be considered in the evaluation of the elderly with

history of fall.

Key-words: elderly, falls, self-perception, Functional Reach Test, assessment

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VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS:

AFE – Alcance Funcional Esperado

AV – Acuidade visual

AVD – Atividade de vida diária

BDS – base de suporte

CGC – Centro gravitacional do corpo

E – Especificidade

EDG – Escala de Depressão em Geriatria

hab – habitante

ICC - Correlação intraclasse

ILPI – Instituições de Longa Permanência para Idosos

MAFE – Medida de Alcance Funcional Esperado

MAFE-MAFR – Diferença entre a Medida de Alcance Funcional Esperado e a Medida de

Alcance Funcional Real

MAFR – Medida de Alcance Funcional Real

MEEM – Mini-exame do Estado Mental

n – número de idosos

OTG – Órgão Tendinoso de Golgi

POMA – Performanced Oriented Assessment of Mobility

r – correlação

ROC – Receiver operating characteristic

RQTAF – Risco de queda pelo Teste de Alcance Funcional

RQTUG – Risco de queda pelo Timed Up e Go

RR – riscos relativos

S – Sensibilidade

s. – segundos

SNC – Sistema Nervoso Central

TAF – Teste de Alcance Funcional

TI – Tempo de Institucionalização

TNL – Terminações Nervosas Livres

TUG – Teste “Timed Up e Go”

VPN – Valor Preditivo Negativo

VPP – Valor Preditivo Positivo

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IX

LISTA DE ANEXOS E APÊNDICES Página ANEXO A – MINI EXAME DO ESTADO MENTAL 69

ANEXO B – ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA 70

ANEXO C – PARECER DO COMITE DE ÉTICA EM PESQUISA 71

APENDICE 1 – FORMULÁRIO DE PESQUISA 72

APENDICE 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 73

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X

LISTA DE GRÁFICOS Página

Gráfico 1. Análise da Medida de Alcance Funcional Real, em centímetros,

entre as faixas etárias de 60 a 69 anos e de 80 anos ou mais. 42

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XI

LISTA DE TABELAS Páginas Tabela 1. Análise descritiva quanto Idade (em anos), Tempo de

Institucionalização (em meses) e valor do Mini-exame do Estado Mental. 37

Tabela 2. Análise descritiva quanto ao gênero, faixa etária, história e risco de

quedas. 38

Tabela 3. Análise descritiva dos valores encontrados nos testes de equilíbrio. 39

Tabela 4. Análise descritiva e comparativa das variáveis em relação à história

de queda e nível de significância (p). 40

Tabela 5. Comparação do MAFE versus MAFR intra-grupos. 41

Tabela 6. Análise descritiva e comparativa das variáveis em relação à faixa

etária e nível de significância (p). 41

Tabela 7. Comparação do MAFE versus MAFR dentro de cada faixa etária. 41

Tabela 8. Análise descritiva e comparativa das variáveis em relação ao gênero

e nível de significância (p). 42

Tabela 9. Comparação do MAFE versus MAFR no gênero masculino e

feminino. 43

Tabela 10. Correlações entre Idade, Tempo de institucionalização, Mini-

exame do estado mental, MAFE, MAFR, MAFE-MAFR e TUG. 44

Tabela 11. Tabela 2x2: História de queda versus Risco de queda pelo TAF 46

Tabela 12. Tabela 2x2: História de queda versus Risco de queda pelo TUG 46

Tabela 13. Tabela 2x2: TAF versus TUG 47

Tabela 14. Tabela 2x2: História de queda versus Risco de queda pelo MAFE-

MAFR 47

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XII

LISTA DE FIGURAS Páginas Figura 1. Tabela Optométrica de Snellen. 31

Figura 2. Círculo de cartolina e régua de 50 cm. 32

Figura 3. Mensuração do Alcance Funcional Esperado. 34

Figura 4. Tabela 2x2 ou Crosstabs. 45

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1

1. INTRODUÇÃO

O aumento no número de pessoas com mais de 60 anos, ou seja idosos, é um

acontecimento global. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em

pesquisa realizada em 2003, existem aproximadamente 15 milhões de pessoas idosas, que

correspondem a aproximadamente 9% de toda a população (RASO, 2005).

Segundo Papaléo Netto (2006), o envelhecimento é fase de um contínuo que é a vida,

começando com a concepção e terminando com o envelhecimento e a morte. Nesse contínuo,

um dos maiores desafios da nossa sociedade constitui manter a saúde, a independência, a

autonomia e a qualidade de vida com o progredir da idade. Segundo a Organização Mundial

de Saúde, saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente

ausência de doença (BUCKWALTER E CUTTILO-SCHMITLER, 2004). E a definição de

qualidade de vida passa por campos mais complexos, incluindo fatores objetivos e subjetivos.

Entre os fatores objetivos, devem contar julgamentos externos, que incluem saúde física,

habilidades funcionais, capacidade cognitiva, estado econômico, fatores ambientais, e outros.

Enquanto que os fatores subjetivos são baseados em auto-percepção do estado de saúde,

satisfação da vida, auto-estima e bem-estar. Portanto uma abordagem global e

multiprofissional deve estar presente quando se busca um envelhecimento saudável

(BUCKWALTER E CUTTILO-SCHMITLER, 2004; DUNCAN et al., 1990).

Entre os eventos geriátricos que mais comumente afetam a qualidade de vida está a

queda, podendo-se considerá-la como um dos maiores eventos na vida de um idoso

(MCMURDO E HARPER, 2004; COLLEDGE, 2002; MORLEY, 2002). Os idosos estão

mais suscetíveis a quedas em comparação à população adulta. As conseqüências das mesmas

em outras faixas etárias freqüentemente são pequenas, não havendo repercussões sérias.

Porém, quando este acidente ocorre com indivíduos acima de 60 anos, pode causar lesões, que

podem ser desde simples hematomas a ferimentos mais graves, como fraturas e traumatismo

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craniano, chegando em alguns casos a serem fatais (DUTHIE E KATZ, 2002; REBELATTO

E MORELLI, 2004).

Quando o idoso cai, além das conseqüências diretas já citadas, há também as indiretas,

que levam a um impacto maior na qualidade de vida do mesmo, tais como: aumento nas

internações em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI); diminuição da

independência funcional; aumento de casos de depressão e desenvolvimento do medo de nova

queda, fazendo com que estes idosos restrinjam suas atividades rotineiras, diminuindo, assim,

sua mobilidade funcional e gerando isolamento social (PAPALÉO NETTO, 2000).

Este problema torna-se ainda mais preocupante devido ao aumento da população idosa

mundial. Está estimado que, por ano, um terço da população idosa cai e que o risco de quedas

aumenta com a idade. Nos idosos com idade superior a 65 anos, o risco de quedas excede

20% ao ano, naqueles com 75 anos ou mais excede 35%, e nos acima de 80 anos é de 50%

(MARQUES, 2002). Estes dados tornam-se ainda mais evidentes quando se trata de idosos

institucionalizados. A taxa de quedas nesta população é três vezes maior que em adultos

idosos residentes na comunidade, chegando a 3,6 quedas/leito por ano em casas geriátricas

(CHANDLER, 2002).

As quedas podem ter diversas causas e são muitos os seus fatores de risco (AIZEN,

SHUGAEV; LENGER, 2007; KANNUS et al., 2005; OZCAN et al., 2005). No entanto, a

maioria das quedas nos idosos é resultante da interação complexa de diversos fatores, o que

dificulta estabelecer estratégias preventivas. Tratando-se de prevenção, há um esforço no

desenvolvimento de testes funcionais que possam predizer as quedas e acompanhar o estado

funcional de idosos, testes estes largamente usados na clínica e em pesquisas científicas

(PÉRENNOU et al., 2005; BUCKWALTER E CUTTILO-SCHMITLER, 2004).

Um dos principais componentes intrínsecos do idoso que predispõe as quedas, e que é

alvo da maioria dos testes preditores de quedas, é a diminuição do equilíbrio ou controle

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postural. O controle postural requer a manutenção do centro de gravidade sobre a base de

sustentação durante situações estáticas e dinâmicas. O corpo deve ser capaz de responder às

translações do centro de gravidade impostas voluntariamente, como ao se tentar alcançar algo

distante e aquelas impostas de forma involuntária ou inesperada, como em um tropeço. Outro

fator também importante como risco de queda é o julgamento incorreto de suas capacidades,

onde o idoso assume comportamento de alto risco, excedendo sua capacidade de controlar seu

equilíbrio, resultando em acidentes (CHANDLER, 2002; KANNUS et al., 2005).

São descritos na literatura científica inúmeros testes funcionais com objetivos de

avaliar o equilíbrio postural e a propensão a quedas, os quais são muito utilizados pelos

profissionais fisioterapeutas quando se avalia um paciente geronte. Podem-se destacar dois

testes: o Functional Reach Test ou Teste de Alcance Funcional – TAF, e o Timed Up e Go –

TUG, (PODSIADLO E RICHARDSON, 1991; DUNCAN et al., 1990). No Functional

Reach Test, o paciente é solicitado a se esticar o máximo possível para frente, sem se

desequilibrar, a partir de uma posição em pé confortável. Esta medida testa a capacidade do

idoso de mover-se voluntariamente até os limites de estabilidade anterior (DUNCAN et al.,

1990). O teste Timed Up e Go, proposto por Podsiadlo e Richardson, em 1991, avalia a

mobilidade funcional, sendo esta subdividida nos seguintes parâmetros: o equilíbrio,

habilidades funcionais como a mudança de sentado para de pé, estabilidade na deambulação,

mudança de direção e velocidade da marcha. O indivíduo é solicitado a levantar-se de uma

cadeira, deambular confortavelmente em segurança até uma marca a três metros da cadeira,

contorná-la, retornando, e sentar-se novamente, enquanto se cronometra o tempo necessário

para completar a tarefa.

Porém nem o Teste de Alcance Funcional – TAF, nem o Timed Up e Go – TUG,

avaliam se o idoso tem auto-percepção de suas capacidades físicas, ou seja, no caso do TAF,

se é capaz de predizer qual é o seu limite de alcance funcional. Se ele ultrapassar este limite

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de estabilidade, como, por exemplo, ao se tentar alcançar algo distante a sua frente, o idoso

poderá cair (CHANDLER, 2002; KAUFFMAN, 2001; KAY E TIDEIKSAAR, 1995). Sendo

assim, no intuito de determinar se o idoso tem julgamento correto sobre seu limite de

estabilidade anterior, neste estudo propôs-se ao indivíduo, que antes de realizar o TAF,

prediga qual a distância máxima que espera alcançar. Após a realização do TAF, verificou-se

se ele não alcançou, atingiu ou ultrapassou a medida de alcance funcional esperado, aquele

especulado antes da realização do teste.

A importância da realização de tais testes está no fato de identificar debilidades na

capacidade funcional de idosos e ajudar os profissionais de saúde, principalmente os

fisioterapeutas, no estabelecimento de estratégias terapêuticas no sentido de corrigirem falhas

ou de modificarem outros fatores de risco, por exemplo, ambientais, para que o idoso não

venha a cair. (PÉRENNOU et al, 2005)

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONTROLE POSTURAL E ENVELHECIMENTO

O equilíbrio é uma habilidade fundamental para a autonomia funcional, necessário

para atividades cotidianas como andar com segurança, subir escadas ou vestir-se, vindo

muitas vezes a ficar comprometido com o envelhecimento. O desequilíbrio no idoso leva a um

aumento no risco de queda com conseqüente aumento da morbidade e mortalidade nesta

população (RUBENSTEIN, 2006; KOVACS, 2005; MACIEL E GUERRA, 2005;

COLLEDGE, 1997).

Equilíbrio ou controle postural é a capacidade de posicionar o centro gravitacional do

corpo (CGC) em sua base de suporte (BDS) enquanto o indivíduo encontra-se em situações

estáticas, como durante o ortostatismo dentro de um ônibus em movimento ou sentado em

uma cadeira, ou, mais comumente, dinâmicas, como por exemplo durante a marcha ou nas

diversas atividades funcionais (SHAFFER E HARRISON, 2007; TIDEIKSAAR, 2003;

CHANDLER, 2002).

Horak (2006) defende dois objetivos principais para manutenção do controle postural:

a orientação postural e o equilíbrio postural. A orientação postural é o alinhamento do tronco

e cabeça em resposta a estímulos decorrentes da força da gravidade, da superfície de suporte,

do campo visual e referências internas. Necessita de um Sistema Nervoso Central (SNC)

íntegro, capaz de interpretar a convergência de informações provenientes dos sistemas

somato-sensoriais, vestibular e visual. Já o equilíbrio postural é considerado como a

coordenação de estratégias sensório-motoras para estabilizar o Centro de Massa Corporal

durante distúrbios na estabilidade postural, tanto iniciadas pela própria pessoa ou de forma

externa.

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Não se pode mais considerar o controle postural como um único sistema ou somente

uma série de reflexos posturais íntegros e coordenados. Deve ser estudado como uma

complexa interação entre múltiplas habilidades dos sistemas sensório e motor, envolvendo a

percepção de estímulos ambientais, a manutenção do CGC dentro da BDA em resposta a

alterações da orientação corporal (SHAFFER E HARRISON, 2007; HORAK, 2006).

É importante compreender a contribuição de cada sistema e de seus componentes na

manutenção do controle postural e a interferência do processo de envelhecimento, já que cada

idoso possui um envelhecimento próprio, com comprometimentos em diferentes níveis e

potencializadas ou amenizadas, de acordo com diferentes contextos, envolvendo, por

exemplo, o estilo de vida de cada indivíduo ou a presença de uma ou mais patologias. Este

conhecimento ajudará a traçar estratégias terapêuticas e preventivas individualizadas

(HORAK, 2006; PAIXÃO E HECKMAN, 2006).

No controle postural, o sistema sensorial atua principalmente através do sistema

cutâneo, visual e vestibular, e o sistema motor através do sistema proprioceptivo. Em

conjunto com o Sistema Nervoso Central, fornecem informações sobre o posicionamento do

corpo no ambiente (SHAFFER E HARRISON, 2007).

O sistema sensorial cutâneo é composto de mecanorreceptores, ou seja, receptores

sensíveis à deformação mecânica, que estão presentes na camada superficial da pele

(epiderme e derme) e profunda (subcutânea). Mais superficialmente estão os Corpúsculos de

Meissner, de adaptação rápida, responsáveis por detectar a sensação vibratória e tátil, as

Terminações de Merkel, de adaptação lenta, sensíveis a pressão, e os receptores dos folículos

capilares, localizados nas extremidades terminais dos pêlos. Na camada subcutânea

encontram-se os receptores de terminações com extremidades expandidas e incluem o

Corpúsculo de Paccini, de adaptação rápida, sensível a estímulos vibratórios e táteis e o Órgão

Terminal de Ruffini, de adaptação lenta, que detecta o estiramento da pele. As Terminações

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Nervosas Livres (TNL) estão em toda a pele e detectam sensações de toque grosseiro, pressão

e dor. Todos estes mecanorreceptores transmitem informações via fibras nervosas sensoriais

mielínicas de grande diâmetro tipo Aβ, mais rápidas, à exceção das TNL, que utilizam fibras

mielínicas de pequeno diâmetro do tipo Aδ, mais lentas (GUYTON E HALL, 2006). Estes

receptores fornecem importante feedback sobre o ambiente, sobre o posicionamento da

articulação estática e em movimento, detectam informações sobre o local de pressão e a

descarga de peso, especialmente os localizados na superfície plantar do pé, e podem aumentar

a excitabilidade e a resposta reflexa de músculos (SHAFFER E HARRISON, 2007).

Com o envelhecimento, ocorre uma diminuição no número de Corpúsculos de Paccini,

e de Meissner, que também apresentam modificações estruturais e declínio na área de secção

transversa, causando uma diminuição na sensação vibratória e tátil em idosos. Associado a

essas alterações, já foi evidenciada uma redução no número, na densidade e no diâmetro de

nervos periféricos mielinizados em diversas espécies de animais em relação ao avanço da

idade. Em humanos, observou-se uma redução na velocidade de condução nervosa e no

potencial de ação de fibras sensoriais, reforçando tais perdas sensoriais (SHAFFER E

HARRISON, 2007).

O sistema sensorial visual possui diversas funções no controle postural. É responsável

por prover informações do ambiente, como a localização de objetos, tipo de superfície,

posição de partes do corpo, por auxiliar na previsão de movimentos coordenados,

principalmente quando exigem maior precisão e velocidade, por compensar o déficit sensorial

proprioceptivo em situações onde o comprometimento é capaz de interferir na estabilidade

postural, como por exemplo na presença de neuropatias, amputações de membros, ou

superfícies absortivas (KOVACS, 2005; TIDEIKSAAR, 2003). No entanto, quando as

informações visuais estão ausentes ou diminuídas, aumenta o desequilíbrio postural e o risco

de queda. Perracini e Ramos (2002) identificaram um risco 1,53 vezes maior de queda

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naqueles com a visão mais comprometida em uma população de idosos que viviam na

comunidade.

O sistema visual é acometido pelo envelhecimento tanto pela senescência quanto pela

presença de processos patológicos. Entre as alterações fisiológicas e anatômicas encontra-se

um declínio na transmissão do meio ocular, uma maior dispersão da luz e achatamento total

da córnea, adelgaçamento e amarelecimento da conjuntiva, diminuição do tamanho da pupila

e perda de cerca de 25% dos axônios do nervo óptico. Quanto às patologias, destaca-se a

degeneração macular relacionada à idade – atingindo cerca de 33% da população com idade

maior ou igual a 75 anos, a catarata – acometendo 32 a 55% da população acima de 80 anos, a

retinopatia diabética – afetando 5% da população diabética e o glaucoma. Em conseqüência

trazem, também, alterações funcionais como a presbiopia, que é a redução normal do

envelhecimento na capacidade de acomodação ou focalização de objetos próximos,

diminuição na acuidade visual estática e dinâmica, do campo visual, na sensibilidade ao

contraste, na capacidade de discriminar cores (cores escuras e tons pastéis), e alterações na

adaptação à luz e à escuridão, que são exacerbadas na presença de patologias. Todas estas

condições predispõem o idoso a um maior desequilíbrio postural (PATTEN E CRAIK, 2002;

ROSENTHAL; 2001; WATSON, 2001).

Por último, destaca-se o sistema vestibular, por seu importante papel no controle

postural, o qual fornece informações sobre as acelerações angulares e lineares da cabeça e

movimentos corporais lineares. A aceleração angular (mudança de posição espacial) é

percebida pelos canais semicirculares, enquanto os otólitos, isto é, utrículo e o sáculo,

monitoram a aceleração linear (movimentação para os lados, para trás e para frente). A

interação dos sistemas visual e proprioceptivo é realizada pelo fascículo longitudinal medial e

vias vestibuloespinhais, respectivamente, sendo as informações integradas pelos núcleos

vestibulares no tronco cerebral. Essas aferências, em repouso, mantêm um grau de disparo

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9

tônico equilibrado, que ao movimento da cabeça deflagram respostas vestíbulo-oculares e

vestíbulo-espinhais de endireitamento (TIDEIKSAAR, 2003; PATTEN E CRAIK, 2002;

PEDALINI E BITTAR, 1999).

O processo de senescência que atinge o sistema sensorial vestibular irá afetar

diretamente o equilíbrio. Estudos indicam um declínio de 20% nas células pilosas dos otólitos

e de 40% nos canais semicirculares, além de uma perda neuronal de 3% por década no

complexo nuclear vestibular (TIDEIKSAAR, 2003; PATTEN E CRAIK, 2002). Esses

processos são responsáveis pela ocorrência de vertigem e/ou tontura (presbivertigem) e de

desequilíbrio (presbiataxia ou presbiastasia) na população geriátrica (RUWER, ROSSI E

SIMON, 2005). Em um estudo realizado com 120 idosos vestibulopatas crônicos verificou-se

um pior equilíbrio funcional, principalmente quando relacionado ao aumento da idade e à

presença de outras doenças (GAZZOLA et al., 2006). Ou seja, evidencia que disfunções

vestibulares interferem no controle postural e que o envelhecimento também tem o seu papel

negativo.

O sistema proprioceptivo ou propriocepção refere-se:

[...] ao input sensorial dos receptores dos fusos musculares, tendões e

articulações para discriminar a posição e o movimento articulares, inclusive a

direção, amplitude e velocidade, bem como a tensão relativa entre os tendões

(LEHMKUHL E SMITH, 1997).

Os impulsos proprioceptivos são transmitidos por fibras aferentes do tipo I (A e B),

II, e C e são integrados em vários centros sensorimotores para regular automaticamente os

ajustes na contração dos músculos posturais, mantendo assim o equilíbrio (GUYTON E

HALL, 2006).

Os receptores que formam este sistema são: o fuso muscular, o Órgão Tendinoso de

Golgi (OTG), e os receptores articulares. Os fusos musculares são mecanorreceptores, de

localização intramuscular, sensíveis ao estiramento que geram ao SNC informações sobre o

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tamanho do músculo, a velocidade da contração, dessa forma contribuindo para a habilidade

de um indivíduo em discernir o movimento articular (cinestesia) e o posicionamento articular.

O Órgão Tendinoso de Golgi está localizado no tendão muscular e fornece informações sobre

forças tênseis internas ao tendão. Tem a função de limitar a força de contração, via

estimulação de interneurônios inibitórios que inibem os motoneurônios, evitando que seja

desenvolvido um estiramento além da tolerância dos tecidos. Os principais receptores

articulares são o Corpúsculo de Ruffini, que responde a movimentos articulares extremos,

principalmente se passivos, o Corpúsculo de Pacini, que responde a estímulos mecânicos

durante o movimento e a tensão, e as Terminações Nervosas Livres, que respondem a extrema

deformação mecânica e inflamação (SHAFFER E HARRISON, 2007).

As alterações relacionadas ao envelhecimento do sistema proprioceptivo estão

concentradas principalmente no fuso muscular e estão ligadas a um aumento da espessura da

cápsula e uma perda de fibras intrafusais por fuso que teoricamente podem estar relacionados

a uma denervação própria do processo. Nos receptores articulares foi encontrada uma

diminuição em número tanto em humanos quanto em animais (SHAFFER E HARRISON,

2007; PATTEN E CRAIK, 2002). Clinicamente, a principal perda funcional que acompanha

essas alterações está na diminuição da sensação de posicionamento articular que coloca o

idoso em risco de ter seu controle postural prejudicado (SHAFFER E HARRISON, 2007;

TIDEIKSAAR, 2003).

O Sistema Nervoso Central tem capital importância no controle postural, já que em

qualquer atividade que o ser humano venha a desempenhar é exigida uma postura apropriada

e coordenada com os membros e o restante do corpo. As estruturas responsáveis por esta

coordenação de movimentos são denominadas de centros motores, os quais estão localizados

em diferentes locais do cérebro e fazem a integração de todas as informações aferentes dos

sistemas sensoriais e motor (PATTEN E CRAIK, 2002; LEHMKUHL E SMITH, 1997).

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Porém o controle postural também está relacionado com a forma como o idoso o

coloca em um contexto específico e como faz compensações para contornar alterações

específicas em diferentes sistemas. Horak (2006) definiu seis importantes fatores para uma

estabilidade e orientação postural. A primeira é a restrição biomecânica que compreende

limitações no tamanho e na qualidade da base de suporte, os pés, e o controle do centro

gravitacional do corpo (CGC) na base de suporte. Segundo o mesmo autor, o equilíbrio não se

restringe a uma posição única, mas a um espaço determinado pelo tamanho da base de suporte

e as limitações impostas pela amplitude articular, força muscular e informações sensoriais

disponíveis para reconhecer esse limite de estabilidade, que pode ser entendido como um cone

invertido. Em muitos idosos esta representação interna está distorcida, e/ou é pequena

principalmente no idoso com distúrbios do equilíbrio, os quais afetaram as estratégias para

manutenção do equilíbrio, estabelecendo formas compensatórias. Indivíduos com limites de

estabilidade reduzidos tendem a cair (DUNCAN et al., 1992).

O segundo fator são as estratégias de movimento. Essas estratégias são: usar o

tornozelo e quadril como um pêndulo invertido flexível, gerando oscilações corporais; dar um

passo para recuperar o equilíbrio, e assumir posturas antecipatórias. Em terceiro estão as

estratégias sensoriais, que nada mais são que a integração dos sistemas somato-sensoriais,

visual e vestibular. Na ausência ou no comprometimento de algum desses sistemas o

indivíduo irá depositar sua confiança noutro. Idosos com déficits proprioceptivos irão utilizar

em maior grau as informações oriundas da visão (TIDEIKSAAR, 2003). O quarto fator é a

orientação espacial, que é a habilidade do corpo em orientar suas partes conforme a força da

gravidade, a superfície de suporte, o campo visual e as referências internas. Um SNC íntegro

automaticamente pode orientar uma pessoa a reposicionar o corpo verticalmente após um

distúrbio na base de suporte conforme a incidência da força da gravidade e a memória das

representações corporais anteriormente experimentadas.

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O quinto fator é o controle postural em situações dinâmicas, como durante a marcha

ou durante a mudança de posturas como de sentado para de pé. É a capacidade de retornar o

centro de gravidade para a base de suporte, a qual depende de sinergias musculares adaptadas

e graduadas de acordo com o estímulo inicial a um contexto específico e a um ajuste temporal

de reação suficiente para restauração da postura (PATTEN E CRAIK, 2002). Por exemplo,

sugeriu-se que idosos que não forem capazes de ser recompor de um tropeço em pelo menos

145 milisegundos estariam propensos a cair (PAVOL; OWINGS; FOLEY; GRABINER,

2001). O sexto e último fator é o processamento cognitivo, em que quanto mais difícil for o

desafio postural, maior será o recrutamento de processos cognitivos e a adição de outra tarefa

cognitiva interferirá no desempenho do controle postural. Indivíduos com síndromes

demenciais, por exemplo, podem cair quando desafiados em situações de instabilidade

postural que exijam uma tarefa cognitiva secundária (CARVALHO E COUTINHO, 2002)

O comprometimento de um ou a combinação de mais de um destes fatores pode causar

instabilidade postural, e, associados à senescência e/ou à presença de comorbidades, podem

aumentar o risco de quedas em idosos (HORAK, 2006).

2.2 QUEDAS NA VELHICE

Como mencionado anteriormente, as quedas são consideradas um dos principais

eventos que interferem na saúde, autonomia e qualidade de vida da população idosa, sendo

consideradas entre os “gigantes da geriatria” (MCMURDO E HARPER, 2004; COLLEDGE,

2002; MORLEY, 2002; CAMARGOS et al., 2001). Sua incidência aumenta com a idade em

ambos os sexos, sendo indiferente também quanto à raça (PEREIRA et al., 2001). O conceito

de queda mais freqüentemente citado é o do Kellogg working group (1987) apud Tideiksaar

(2003) que o define como:

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[...] um evento cujo resultado é a pessoa chegar inadvertidamente ao chão ou

outro nível inferior, e que não seja conseqüência de: aparar um golpe violento,

perda da consciência, instauração de paralisia súbita, derrame ou ataque

epilético.

Porém a literatura provê diferentes definições para tal termo, incluindo uma extensa lista de

exclusões, em geral de razões médicas ou de forças externas, ou mesmo certos pesquisadores

nem citam alguma definição. Isto pode ocasionar um excesso, falta ou falha nos relatos de

queda, principalmente quando se tenta classificar uma queda retrospectivamente. Em estudos,

pode levar a alta seletividade de populações e de histórias de quedas, dificultando a

generalização dos resultados (HAUER et al., 2006; TIDEIKSAAR, 2003).

Pesquisas epidemiológicas têm mostrado que as quedas são os acidentes mais sérios e

mais freqüentes entre a população mais velha e umas das principais razões para admissão em

hospitais ou em Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPI (TODD E SKELTON,

2004).

A ocorrência de queda aumenta com o avançar da idade, verificando-se que caem por

ano 32% das pessoas de 65 a 74 anos; 35% das pessoas de 75 a 84 anos e 51% de idosos

acima de 85 anos. Porém, quando se trata de residentes de ILPI, esses números são

significativamente maiores, onde 50% a 75% de todos os residentes caem uma vez ao ano e

40% caem mais de uma vez, com a taxa chegando a 3,6 quedas/leito/ano. Já a incidência de

quedas em idosos residentes na comunidade varia de 0,2 a 1,6 quedas/pessoa/ano, com uma

média de aproximadamente 0,7 quedas por ano. Em idosos hospitalizados, a média é de 1,4

quedas/leito/ano, variando de 0,5 a 2,7 quedas (RUBENSTEIN, 2006; CHANDLER, 2002).

No Brasil, 30% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano (PEREIRA et al., 2001).

Sendo a principal causa de internação hospitalar na população idosa, correspondendo a 48.490

internações, ou seja, 56,1% do total ocorridas no ano de 2000. Também é grande causa de

morte em idosos, ficando em segundo lugar (15,1%), atrás somente de acidentes em meio de

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transporte (27,5%), também no ano de 2000 (GAWRYSZEWSKI; MELLO JORGE;

KOIZUMI, 2004).

O sexo feminino lidera a ocorrência de quedas. Em um estudo, identificou-se um risco

2,5 vezes maior que no sexo masculino (PERRACINI E RAMOS, 2002). Em geral, os

eventos são entre as seis e dezoito horas e as mulheres caem mais em casa do que os homens,

sendo as quedas ocorridas no próprio domicílio do idoso correspondentes a dois terços

(FABRÍCIO et al., 2004).

As estratégias preventivas se baseiam na identificação de fatores de risco. Vários

estudos publicados identificaram fatores de risco específicos para quedas, entretanto, a

comparação direta destes deve ser cuidadosa, pois há uma variabilidade metodológica,

incluindo o uso de diferentes populações, como institucionalizados e não-institucionalizados

ou hospitalizados, a falta da clareza e consistência nas definições, uma variabilidade no tempo

de acompanhamento, e as inevitáveis dificuldades da coleta de eventos retrospectivos (TODD

E SKELTON, 2004). Além disso, a ocorrência de quedas possui causa multifatorial e uma

complexa e dinâmica interação de fatores, principalmente em nível individual (AIZEN;

SHUGAEV; LENGER, 2006; HORAK, 2006; KANNUS et al., 2005; OZCAN et al., 2005).

Os fatores de risco para as quedas são classificados em duas categorias: fatores

intrínsecos, relacionados à senescência, às doenças ou ao uso de medicamentos, em geral

pouco modificáveis, e os fatores extrínsecos, ou relacionados às circunstâncias sociais e

ambientais que, na sua maioria, podem ser modificáveis (TIDEIKSAAR, 2003; AMERICAN

GERIATRICS SOCIETY; BRITISH GERIATRICS SOCIETY; AMERICAN ACADEMY

OF ORTHOPAEDIC SURGEONS PANEL ON FALLS PREVENTION, 2001; KAY E

TIDEIKSAAR, 1995).

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Entre os fatores intrínsecos estão incluídos:

• A história prévia de quedas, onde quem caiu nos últimos 12 meses tem 50% de chance

de cair novamente (TINETTI, 2003; PERREL et al., 2001).

• A idade, vindo a incidência a aumentar com o avanço da mesma (CHANDLER, 2002;

AMERICAN GERIATRICS SOCIETY; BRITISH GERIATRICS SOCIETY;

AMERICAN ACADEMY OF ORTHOPAEDIC SURGEONS PANEL ON FALLS

PREVENTION, 2001).

• O gênero: para os velhos mais novos, as taxas da queda para homens e as mulheres são

similares, mas, entre idosos mais velhos, as mulheres caem com mais freqüência do

que os homens e é mais provável incorrerem em fraturas (LOJUDICE, 2005; TODD E

SKELTON, 2004).

• Medicamentos: o uso do benzodiazepínicos é associado a um aumento de até 44% no

risco de fraturas do quadril e de quedas à noite. Também há um aumento significativo

no risco de queda com uso de psicotrópicos, medicações anti-arritmicas, como a

digoxina, diuréticos, e sedativos. A polifarmácia também é importante fator de risco,

principalmente se a pessoa estiver em uso de mais de quatro medicações (VU;

WEINTRAUB; RUBENSTEIN, 2006; TODD E SKELTON, 2004).

• Patologias: Doenças neurológicas (Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson,

Acidente Vascular Encefálico, Vertigem, entre outras), cardiovasculares (hipotensão

ortostática, aterosclerose), endocrinológicas (diabetes, distúrbios da tireóide),

osteomusculares (osteoartrose, artrite reumatóide), geniturinárias (incontinências,

infecções do trato urinário), psiquiátricas ou psicológicas (depressão, síndrome pós-

queda) são encontradas com freqüência nesta faixa etária. O idoso, então, pode sofrer

alterações em seus sistemas de manutenção do equilíbrio devido a uma ou mais

patologias ou ao aumento do uso de drogas para tratá-las (VU; WEINTRAUB;

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RUBENSTEIN 2006; FABRÍCIO et al., 2004; COLLEDGE, 2002; STUDENSKI E

WOLTER, 2002).

• Alteração da mobilidade e da marcha: o declínio na força e resistência muscular a

partir dos 30 anos (perda de 10 a 30% por década), conhecida como sarcopenia, pode

chegar ao ponto em que as atividades da vida diária se tornam difíceis ou impossíveis

de se realizar, principalmente em idades mais avançadas e/ou naqueles que foram mais

sedentários em suas vidas. Quando a força e/ou a resistência muscular for

insuficientemente capaz de impedir um escorregão ou um tropeço irá gerar uma queda.

A fraqueza muscular é particularmente um fator de risco significativo para alterações

da marcha e do equilíbrio e conseqüentemente para o uso de um dispositivo de auxílio,

como bengalas e andadores. Todas as alterações dos membros inferiores (perda da

força, anormalidades ortopédicas ou sensoriais) são associadas a um maior risco

(SKELTON; KENNEDY; RUTHERFORD, 2002). As doenças neurológicas também

têm um importante papel como causa de alterações da marcha, como por exemplo a

marcha festinada do Mal de Pakinson, em que os pés são arrastados, e a postura fletida

desloca o centro de gravidade do corpo para frente, levando a uma maior

suscetibilidade de tropeços e de queda anterior (TIDEIKSAAR, 2003).

• Cognição: o déficit cognitivo é claramente associado com o risco aumentado. Os

residentes de casas de repouso diagnosticados com demência tiveram relatos de queda

duas vezes mais freqüentes que aqueles com cognição normal (VAN DOORN et al.,

2003).

• Visão: alterações na acuidade visual, na sensibilidade ao contraste; no campo visual, a

presença de catarata, glaucoma e degeneração macular contribuem para aumentar o

risco de quedas, por diminuir a capacidade de detectar obstáculos no ambiente

(LOJUDICE, 2005; TODD E SKELTON, 2004).

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• Problemas do pé: deformidades dos dedos e do pé, úlceras e dores geram dificuldades

na descarga de peso no ortostatismo e ao andar (TODD E SKELTON, 2004).

• Psicológicos: a negação do estado de saúde pode levar o idoso a cair. O idoso pode

insistir ou não reconhecer não ser mais capaz de realizar atividades funcionais com a

mesma intensidade de quando era jovem, expondo-se a situações de risco

(TIDEIKSAAR, 2003; KAY E TIDEIKSAAR, 1995).

O impacto que os fatores ambientais têm no risco de queda entre a população idosa é

incerto. Alguns estudos relataram que entre 30% e 50% das quedas entre os idosos que

residem na comunidade são devido às causas ambientais, e que outras 20% das quedas são

devido aos fatores externos principais, aqueles que fariam com que todo adulto saudável

viesse a cair. Idosos freqüentemente têm problemas com escorregar ou tropeçar, déficit de

equilíbrio ou de reflexo de reação para impedir a queda e quando expostos a fatores

externos ficam mais suscetíveis que o restante da população (RUBENSTEIN, 2006). Os

fatores de riscos extrínsecos incluem:

• Perigos ambientais: como iluminação inadequada, pisos com superfícies

escorregadias e desiguais, ambientes mal-adaptados, com escadas, tapetes soltos

ou com bordas dobradas, objetos em locais de passagem, móveis leves e instáveis,

assentos baixos – cadeira, cama, vaso sanitário – boxe e banheira conjugados, e

banheiros sem barra de apoio expõem o idoso a acidentes (AMERICAN

GERIATRICS SOCIETY; BRITISH GERIATRICS SOCIETY; AMERICAN

ACADEMY OF ORTHOPAEDIC SURGEONS PANEL ON FALLS

PREVENTION, 2001).

• Roupa larga e caindo e calçados inadequados, com saltos altos, folgados ou

apertados são também importantes causas de quedas (TODD E SKELTON, 2004).

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Os idosos, quanto à história ou não de quedas, são classificados em caidores, sendo os

que caíram duas ou mais vezes nos últimos doze meses, e os não-caidores, os quais não

caíram ou tiveram uma única queda no mesmo período, a qual é considerada um evento

esporádico (WHITNEY; LORD; CLOSE, 2005).

Como principal conseqüência das quedas está a fratura. Porém o risco de uma lesão

séria varia com a idade e com o local de moradia do idoso. Cerca de 5 a 10% das quedas de

idosos resultarão em fraturas ou lesões sérias, porém em idosos acima de 75 anos esse valor

dobra e em residentes de ILPI chega a 25%. O local da fratura depende do mecanismo da

queda, sendo que quem cai para frente ou para trás, com a mão aberta, tende a fraturar o

punho, e quem cai de lado geralmente fratura o quadril. As fraturas de punho também são

mais comuns em idosos com idade entre 65 a 75 anos e as do quadril após, provavelmente

pela diminuição dos reflexos de proteção que acompanha a senescência (RUBENSTEIN,

2006). As quedas são responsáveis por aproximadamente 90% das fraturas de quadril

(MARKS et al., 2003; TINETTI, 2003).

É uma das principias causas de hospitalização entre os idosos e, chega a dobrar o

tempo de internação se comparados aos admitidos por outra razão. O risco de morte no ano

seguinte à hospitalização varia entre 15% e 50%. No Brasil, de 1984 a 1994, a participação

das quedas na mortalidade proporcional por causas externas aumentou de 3% para 4,5%

(PEREIRA et al., 2001). Quando analisadas as causa de morte entre as pessoas idosas,

quedas, em 2000, ocuparam o terceiro lugar, com um coeficiente de mortalidade de

14,0/100.000 habitantes (GAWRYSZEWSKI; MELLO JORGE; KOIZUMI, 2004). Na

cidade de Maringá, no Paraná, no triênio de 1996 a 1998, o coeficiente de mortalidade, para o

homem idoso, por queda, foi de quedas 58,3/100.000 habitantes (hab.), ficando em segundo

lugar após as mortes causadas por atropelamento; para as mulheres, inverteu-se o quadro e os

coeficientes de mortalidade foram maiores para as quedas (58,3/100.000 hab.), vindo em

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seguida os atropelamentos (19,4/100.000 hab) (MATHIAS, MELO JORGE; ANDRADE,

2006).

Além das lesões e fraturas, Fabrício et al. (2004) verificaram que as quedas também

tiveram grande impacto na vida do idoso, provocando maior dependência para a realização de

atividades da vida diária, como: deitar/levantar-se, caminhar em superfície plana, cortar unhas

dos pés, tomar banho, caminhar fora de casa, cuidar das finanças, fazer compras, usar

transporte coletivo e subir escadas.

Outra complicação, também muito importante, é a síndrome pós-queda, presente em

cerca de 30% dos idosos que sofreram queda, os quais, por medo de cair novamente,

diminuem o nível de atividade física e funcional, o que contribuirá para o

descondicionamento físico, fraqueza generalizada, alterações na marcha e, em longo prazo,

podem vir a aumentar ainda mais o risco de queda (RIXT ZILSTRA et al., 2007;

TIDEIKSAAR, 2003; VELLAS et al., 1997).

Assim como as quedas possuem múltiplos fatores, a avaliação de um idoso que caiu

também terá de abordar múltiplos campos. O exame engloba, primeiramente, a obtenção da

história de queda, com um detalhamento das circunstâncias que envolveram o evento, como

estado de saúde do idoso no momento da queda, mecanismo da queda e regiões que sofreram

impacto, horário, atividade que estava realizando ou pretendia realizar, local e as condições de

iluminação e do piso, calçado e roupa usada, uso ou não de auxílios para marcha, uso de

correção visual e ou auditiva, a presença de algum sintoma prévio, como tontura ou síncope, e

quais os medicamentos atuais e antigos. Em segundo virá o exame do físico, na busca de

fatores de risco intrínsecos, como perdas sensoriais na visão, audição e propriocepção, perdas

no sistema efetor, incluindo diminuição da força e resistência muscular, da amplitude de

movimento e da flexibilidade, e do sistema cardio-respiratório. Em terceiro, deverá ser

realizada uma avaliação funcional a partir da capacidade de realizar atividades da vida diária

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básica e instrumental, e a avaliação do equilíbrio, a respeito do que são citados na literatura

diversos testes, desde laboratoriais a testes de campo. É nesse importante momento da

avaliação que o examinador irá determinar como as perdas específicas nos sistema efetor

interferem na funcionalidade do idoso que caiu. Por fim, será feita uma avaliação ambiental,

na busca de fatores de riscos extrínsecos e de como o idoso interage com o ambiente (RAO,

2005; TINETTI, 2003; CHANDLER, 2002, AMERICAN GERIATRICS SOCIETY;

BRITISH GERIATRICS SOCIETY; AMERICAN ACADEMY OF ORTHOPAEDIC

SURGEONS PANEL ON FALLS PREVENTION, 2001; PEREIRA et al., 2001).

Quanto à avaliação preventiva, ou seja, para identificar um idoso em risco de queda,

esta é baseada principalmente na identificação de fatores individuais de risco intrínsecos e

extrínsecos, que também dependerá de qual população idosa se trata, especialmente quanto a

sua moradia (Perell et al., 2001).

Em idosos que vivem na comunidade, foram identificados os seguintes fatores de risco

e seus riscos relativos (RR): fraqueza muscular (RR = 4,4), história de quedas (RR = 3,0),

alterações na marcha (RR = 2.9), déficit de equilíbrio (RR = 2,9), uso de dispositivos de

auxílio para marcha (RR = 2,6), déficits visuais (RR = 2,5), artrites (RR = 2,4), dificuldade na

realização de atividade de vida diária (AVD) (RR = 2,3), depressão (RR = 2,2), déficit

cognitivo (RR = 1,8) e idade acima de 80 anos (RR = 1,7) (AMERICAN GERIATRICS

SOCIETY; BRITISH GERIATRICS SOCIETY; AMERICAN ACADEMY OF

ORTHOPAEDIC SURGEONS PANEL ON FALLS PREVENTION, 2001).

Em idosos institucionalizados, as causas mais comuns são histórias de quedas, ajuda

para AVD, principalmente para ir ao banheiro e nas transferências, déficit cognitivo e perda

da memória de curto prazo, alterações da marcha, déficit de equilíbrio, uso de auxílio para

marcha, fraqueza de membros inferiores, incontinência urinária, sintomas depressivos,

deficiência visual, sexo feminino, sedentarismo, uso de contenções no tronco, uso de

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medicamentos, principalmente hipnótico-sedativos e antidepressivos e hipotensão postural

(VU; WEINTRAUB; RUBENSTEIN, 2006; LOJUDICE, 2005; KRON et al., 2003; IZUMI;

MAKIMOTO; KATO, 2002, CHANDLER, 2002).

Em se tratando de idosos hospitalizados, Oliver et al. (2004) encontrou os seguintes

fatores de risco para quedas: marcha instável, agitação e confusão, incontinência urinária,

histórias de quedas, e prescrição de drogas hipnótico-sedativas.

Perrel et al. (2001), em uma revisão analítica de métodos de avaliação de risco de

quedas, sugere que diferentes escalas de avaliação devam ser usadas em diferentes locais,

sendo assim, para serviços de internação de casos agudos, a escolha será de métodos que

sejam rápidos e fáceis de usar, como as escalas de avaliação de enfermagem, como o Fall

Risk Assessment Tool e o STRATIFY; para serviços ambulatoriais, recomendam-se testes que

avaliem a mobilidade e o equilíbrio, como o Elderly Fall Screening Test e o Timed Up e Go,

e, para serviços de longa permanência, por possuírem grande parte dos indivíduos com alto

risco e já desenvolverem estratégias universais de precauções para quedas, são mais

recomendados instrumentos que avaliem e ajudem a instaurar programas de prevenção de

quedas do que avaliar individualmente os idosos.

Todavia nenhum método de avaliação é capaz de identificar idosos com risco para

quedas quando aplicados de forma isolada. É consenso que, quanto maior o número de fatores

de risco presentes, maior será a chance de queda. Histórias de quedas, déficit de equilíbrio,

assim como uma marcha alterada destacam-se como fatores de risco para idosos que vivem na

comunidade e em instituições de longa permanência (ROGERS; ROGERS; TAKESHIMA;

ISLAM, 2003).

Inúmeros instrumentos de avaliação funcional têm como objetivo avaliar o equilíbrio e

a marcha e buscam valores preditivos para identificação da suscetibilidade de idosos a cair.

Alguns desses testes já foram traduzidos e validados para aplicação na população brasileira e

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22

são freqüentemente reproduzidos em estudos com populações geriátricas. Entre ele destacam-

se o teste Timed Up and Go (PODSIADLO e RICHARDSON, 1991), o Functional Reach

Test (DUNCAN et al, 1990; DUNCAN et al, 1992), a Escala de Equilíbrio de Berg - (BERG

et al, 1992 apud MIYAMOTO et al, 2004), o POMA – Performanced Oriented Assessment of

Mobility (TINETTI, 1986 apud GOMES, 2003) e o Dynamic Gait Index (SHUMWAY-

COOK et al., 1997 apud CASTRO; PERRACINI, GANANÇA, 2006).

Muitos fatores de risco podem ser modificados ou retirados, como é o caso da fraqueza

de membros inferiores, da polifarmácia, déficits sensoriais, alterações do equilíbrio e da

marcha, perigos ambientais, entre outros. Porém em casos de deficiência cognitiva, sinais e

sintomas neurológicos em decorrência de uma patologia crônico-degenerativa, como o

Parkinson, ou osteoartrose, não há modificação. Os fatores modificáveis são alvos de

intervenções preventivas e terapêuticas na presença de histórias de queda (GILLESPIE et al.,

2007; COLLEDGE, 2002).

Intervenções efetivas na prevenção de novas ou de quedas recorrentes devem contar

com a atuação de uma equipe multiprofissional composta principalmente por médicos,

enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e psicólogos. Os métodos

recomendados para a prevenção de quedas em idosos que residem na comunidade são:

fortalecimento muscular, treino do equilíbrio, uso adequado de dispositivos auxiliares para a

marcha, grupo de prática de Tai Chi Chuan, revisão dos medicamentos, principalmente

psicotrópicos, modificação de perigos ambientais, identificação e modificação de riscos

individuais, tratamento de doenças agudas, cardiovasculares e da hipotensão postural,

correção de déficits sensoriais, e, além dos itens supracitados, para os idosos

institucionalizados deve-se acrescentar melhora da nutrição, ingestão de vitamina D e

treinamento da equipe que atua nestas instituições (GILLESPIE et al, 2007; TINETTI, 2003;

COLLEDGE, 2002; AMERICAN GERIATRICS SOCIETY; BRITISH GERIATRICS

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23

SOCIETY; AMERICAN ACADEMY OF ORTHOPAEDIC SURGEONS PANEL ON

FALLS PREVENTION, 2001).

2.3. TESTES DE EQUILÍBRIO NA AVALIAÇÃO DO IDOSO

Dois testes merecem destaque por sua simplicidade de reprodução, a baixos custos e

por sua confiabilidade em avaliar a melhora no desempenho funcional e o risco de quedas: O

teste de Alcance Funcional (DUNCAN et al, 1990) e o teste Timed Up e Go (PODSIADLO e

RICHARDSON, 1991).

2.3.1 Teste de Alcance Funcional (TAF) ou “Functional Reach Test”

O teste foi desenvolvido por Duncan et al. (1990) para avaliar o limite de estabilidade

anterior. Para a realização do teste, o indivíduo irá assumir uma posição inicial em que é

instruído a permanecer em pé, de lado para a parede, sem tocá-la, próximo ao início da fita

métrica, com os pés paralelos numa posição confortável, com o ombro fletido em 90° e o

cotovelo estendido, o punho em posição neutra e os dedos fletidos. Nesse momento, já se

encontra uma fita métrica fixada à parede paralelamente ao solo, posicionada à altura do

acrômio do voluntário. A medida inicial corresponde à posição em que o final da cabeça do

terceiro metacarpo se encontrava nesta fita. O indivíduo, então, é orientado a inclinar-se para

frente, o máximo possível, sem desequilibrar ou dar um passo, nem retirar os calcanhares do

chão, pois invalidará o teste. Esta será a medida final. A medida de alcance funcional

corresponde à média da diferença entre a posição final e a inicial em três tentativas.

O teste mostrou confiabilidade intra-observador com um coeficiente de correlação

intraclasse (ICC) de 0,81 e validade concorrente para equilíbrio e desempenho funcional por

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comparação com o deslocamento do centro de pressão (correlação de Pearson, r = 0,71)

(DUNCAN et al., 1990). Também mostrou boa correlação com várias medidas de

desempenho físico (Correlação de Spearman, r = 0,64-0,71) (WEINER; DUNCAN;

CHANDLER; STUNDENSKI, 1991).

Quanto ao risco de queda, em um posterior estudo dos mesmos desenvolvedores do

teste, no qual acompanharam por seis meses 270 idosos do sexo masculino que moravam na

comunidade, verificaram que os idosos que alcançaram 15 cm ou menos tiveram um risco

duas vezes maior de cair do que os idosos que alcançaram entre 15 cm e 25,4 cm, e quatro

vezes maior que os que alcançaram mais de 25,4 cm (DUNCAN et al., 1992).

2.3.2 Teste Timed Up e Go

O teste Timed Up e Go (TUG), que traduzido para o português significa “levantar e

caminhar cronometrado”, é uma versão modificada do teste Get up e Go, de Mathias et al.

(1986, apud PODSIADLO E RICHARDSON, 1991) e propõe a avaliar a mobilidade

funcional, sendo esta subdividida nos seguintes parâmetros: o equilíbrio e habilidades

funcionais como a mudança de sentado para de pé, estabilidade na deambulação, mudança de

direção e velocidade da marcha. O indivíduo inicialmente estará sentado em uma cadeira

padrão de aproximadamente 46 cm de altura, com encosto e apoio para os braços de 65 cm de

altura. O teste se inicia com um sinal de partida representado simultaneamente pela flexão do

braço esquerdo do avaliador e pelo comando verbal "vá", instante em que é disparada a

cronometragem. O idoso se levanta da cadeira, deambula linear e confortavelmente em

segurança até uma marcação a três metros da cadeira, contorna-a, e, retornando, senta-se

novamente, enquanto se cronometra o tempo necessário para completar a tarefa.

Interromperar-se-á a cronometragem somente quando o idoso estiver novamente na posição

inicial (PODSIADLO E RICHARDSON, 1991).

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25

O teste mostrou confiabilidade inter-observadores (ICC= 0,99) e intra-observadores

(ICC=0,99). A validade concorrente foi avaliada comparando-se com a Berg Balance Scale

(Correlação de Pearson, r = -0,81), velocidade de marcha (Correlação de Pearson r = -0,61) e

o Índice de Barthel (Correlação de Pearson r=-0,51) (PODSIADLO E RICHARDSON, 1991).

Quanto à utilização clínica, foi reportado pelos autores como valor normal para adultos

saudáveis um tempo de até 10 segundos; entre 10,01 e 20 segundos considera-se normal para

idosos frágeis ou com deficiência, os quais tendem a ser independentes na maioria das

atividades de vida diária; no entanto, acima de 20,01 segundos gastos para a realização da

tarefa, é necessária avaliação mais detalhada do indivíduo para verificar o grau de

comprometimento funcional (Podsiadlo e Richardson, 1991). Shumway-Cook, Brauer,

Woollacott (2000) encontram uma sensibilidade de 87% e especificidade de 87% no valor de

corte de 13,5 segundos como divisor entre idosos com história de quedas recorrentes (≥ 13,5

s.) e sem (< 13,5 s.).

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3. OBJETIVOS:

3.1 OBJETIVO GERAL

Verificar se idosos institucionalizados com e sem história de quedas têm percepção do

alcance funcional através da diferença entre o seu alcance funcional esperado e real.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Verificar a medida de alcance funcional através do “Teste de Alcance

Funcional” em idosos institucionalizados e estratificar o risco de quedas

através de um valor pré-determinado descrito por Duncan et al. (1992).

- Verificar a mobilidade funcional em idosos institucionalizados através do

teste “Timed Up e Go”, e estratificar o risco de quedas através de um valor

pré-determinado descrito por Shumway-Cook, Brauer, Woollacott (2000).

- Comparar os valores encontrados na Medida de Alcance Funcional

esperado e real, bem como a diferença entre eles, e no teste “Timed Up e

Go” nos idosos com diferentes histórias de quedas, entre gêneros e entre

três diferentes faixas etárias (60-69 anos; 70-79 anos e 80 anos e mais).

- Verificar as correlações entre idade, tempo de institucionalização, Mini-

exame do Estado Mental (MEEM) e os resultados nos testes funcionais de

equilíbrio.

- Verificar a sensibilidade e a especificidade dos testes funcionais de

equilíbrio em diferenciar os idosos caidores e não-caidores.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS:

4.1 TIPO DE ESTUDO:

Este estudo caracterizou-se como transversal, que se caracteriza pela investigação de

uma doença ou aspectos relacionados a um grupo de pessoas em uma dada ocasião

(PEREIRA, 1995), onde procedeu-se à comparação entre o alcance funcional esperado e o

real na população de idosos institucionalizados do Distrito Federal com diferentes histórias de

quedas em um único momento.

4.2 ÁREA DE TRABALHO

O estudo foi realizado em sete Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI)

do Distrito Federal, não governamentais, com e sem fins lucrativos, destinadas à moradia

coletiva de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, que

autorizaram a realização da pesquisa. As seguintes ILPI participaram do estudo:

1- Lar dos Velhinhos Maria Madalena (Local: Núcleo Bandeirante).

2- Instituto de Gerontologia de Brasília (Local: Núcleo Bandeirante).

3- Obras Assistenciais Centro Espírita Irmão Jorge – Lar dos Velhinhos (Local: Sobradinho).

4- Casa do Candango – Lar São José (Local: Sobradinho).

5- Associação São Vicente de Paulo de Belo Horizonte – Lar dos Velhinhos (Local:

Taguatinga).

6- Lar Cecília Ferraz de Andrade - Casa do Vovô (Local: Brasília)

7- Casa do Ceará em Brasília (Local: Brasília).

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4.3 AMOSTRA E CASUÍSTICA:

A amostra foi constituída de indivíduos idosos (60 anos de idade ou mais), residentes

em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) do Distrito Federal, os quais foram

classificados de três formas: por faixa etária: A: 60-69 anos; B: 70-79 anos, C: 80 anos ou

mais, por gênero: (1) masculino e (2) feminino, e por história de queda nos últimos doze

meses anteriores a avaliação: (1) sem queda (não-caidor), (2) 01 (uma) queda ou (3) 02 (duas)

ou mais quedas (caidores).

A amostra caracterizou-se como por conveniência, pois todos os idosos após análise

dos critérios de inclusão e exclusão foram convidados a participar do estudo.

4.3.1. Critérios de Inclusão e de Exclusão

Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão:

- indivíduos com idade a partir de 60 anos;

- residir em uma ILPI no Distrito Federal;

- estar em condições físico-mentais para realizar o Teste de Alcance Funcional

e o teste “Timed Up and Go”, ou seja, ortostatismo independente por 60 segundos, 90° de

flexão de ombro, deambular independentemente, com ou sem auxílio de bengala ou andador,

por pelo menos 6 metros,

- possuir cognição suficientemente preservada para compreender os testes,

verificada através do Mini-exame do Estado Mental.. Foram incluídos no estudo idosos que,

segundo a sua escolaridade (anos de estudo), estavam acima dos níveis de corte, com limites

segundo Egelhardt et al (1998). Segundo este autor os valores de corte diferenciados de

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29

acordo com a escolaridade são: 13 para analfabetos, 18 para baixa/média (até 8 anos) e 26

para alta escolaridade

- manifestar livre interesse em participar do estudo.

Foram utilizados os seguintes critérios de exclusão:

- possuidores de doenças neurológicas ou músculo-esqueléticas as quais

causem alterações no equilíbrio postural suficiente para não conseguirem realizar os testes

propostos,

- portadores de alteração visual moderada a grave que poderia interferir na

coleta de dados. Para esta verificação foi realizada uma triagem com a medição da Acuidade

Visual (AV) através da Escala Optométrica de Snellen, com a versão adaptada para crianças e

analfabetos (tabela do E’s), que varia de forma decimal crescente (0,1 a 1) e diretamente

proporcional a acuidade visual. O examinador foi previamente treinado por um médico

oftalmologista. Estabeleceu-se como déficit de AV moderado a grave; valores iguais ou

inferiores a 0,7, e normal a AV superior a este, de acordo com critérios propostos pela World

Health Organization (2003),

- idosos com suspeita de depressão determinados pela versão brasileira da

Escala de Depressão em Geriatria (EDG), versão reduzida de 15 itens, validado por Almeida e

Almeida (1999). Este teste foi utilizado para diminuir uma possível interferência na realização

dos testes funcionais já que os mesmos exigem dos idosos uma cooperação e esforço

máximos. Foram excluídos os idosos que obtiveram resultados maiores ou iguais a 6 em 15

pontos (PARADELA et al, 2005),

- sujeitos que estavam sob o efeito de medicações que pudessem causar

sedação ou afetar diretamente a função vestibular e interferir no equilíbrio como hipnótico-

sedativos, antipsicóticos, opióides analgésicos e medicamentos anti-histamínicos.

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Os critérios clínicos e as medicações em uso foram verificados nos seus respectivos

prontuários médicos.

4.4 PROCEDIMENTOS E COLETAS DE DADOS

Na coleta de dados foi utilizado um formulário (Apêndice 1), desenvolvido para este

estudo, dividido em duas partes: 1ª parte - Dados Pessoais, para anotação de informações

como: nome, idade, sexo, escolaridade, tempo de institucionalização e estado de saúde:

enfermidades, medicações em uso, capacidade de deambular, história prévia de quedas nos

últimos 12 (doze) meses, os quais foram inicialmente coletados a partir dos prontuários

médicos das respectivas instituições.

Para a coleta de dados referente à história de queda, primeiramente ficou estabelecido

como “queda” a definição proposta por Duncan et al (1990, p. 95) que foi caracterizada como:

A pessoa tem uma queda quando ela acaba no solo ou chão

inesperadamente [...] quando acontecida durante atividades rotineiras [...]

Foi excluída aquela que ocorreu devido a uma síncope, uma doença aguda,

em uma atividade incomum onde uma pessoa saudável e ativa poderia cair

(por exemplo, um ato de violência), ou decorrente de um ambiente perigoso

e incomum (por exemplo, piso ensaboado).

A história de quedas foi coletada a partir dos prontuários médicos, e confirmada com o

enfermeiro ou cuidador responsável ou diretamente com o idoso.

Foram aplicados então, individualmente, e nesta seqüência, os testes de cognição, de

suspeita de depressão e o de triagem da acuidade visual. Para a avaliação da cognição

utilizou-se o Mini-exame do Estado Mental (MEEM), adaptado a realidade brasileira

(BRUCKI et al, 2003) (Anexo A), Em seguida, aplicado a Escala de Depressão em Geriatria -

versão reduzida (ALMEIDA e ALMEIDA, 1999) (Anexo B). Finalizando esta primeira parte,

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foi realizado o teste de triagem de acuidade visual, onde a Escala Optométrica de Snellen

(Figura 1) foi fixada em uma parede com a linha correspondente à acuidade 1,0 ao nível dos

olhos, em local bem iluminado. O idoso foi posicionado em pé a 5 metros da escala, então

solicitado a ler as linhas a partir da maior letra “E” (linha 0,1) informando qual a posição da

mesma. Foi anotado como resultado o valor correspondente à última linha em que o idoso

acertou a posição de todos os “E”. Quando o idoso não enxergou nem a maior letra da escala,

anotou-se < 0,1. Todos estes dados e resultados foram registrados no formulário. À medida

que o idoso iria ficando fora dos critérios para cada teste ele já era excluído da pesquisa e não

realizava os demais testes.

Figura 1. Tabela Optométrica de Snellen.

Logo após o preenchimento da 1ª parte do formulário, quando identificados dentro dos

critérios de inclusão e exclusão, os idosos realizaram a 2ª parte da avaliação no: os testes de

equilíbrio na seguinte seqüência: verificação do Alcance Funcional Esperado, o Teste de

Alcance Funcional (DUNCAN et al, 1990; ISLES et al, 2004) e o teste “Timed Up and Go”

(PODSIADLO e RICHARDSON, 1991; ISLES et al, 2004).

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Para realização do Teste de Alcance Funcional foi necessária uma parede, uma fita

métrica de 1,5 metros com escala em centímetros, um círculo de cartolina vermelha com

diâmetro de 15 centímetros fixada a extremidade de uma régua de 50 centímetros (Figura 2) e

uma fita adesiva. Para o “Timed Up and Go” foi utilizado uma cadeira com descanso para

braços com 46 centímetros de altura do assento, um cronômetro da marca Casio® com

precisão de centésimos de segundos e um cone de plástico.

Os idosos foram avaliados diretamente em suas respectivas instituições e com o

objetivo de evitar um ambiente competitivo no local do teste, todos os participantes do estudo

foram testados individualmente.

Figura 2. Círculo de cartolina e régua de 50 cm.

Antes do início dos testes, todos os participantes foram orientados detalhadamente

quanto à realização dos mesmos, os quais executaram de acordo com os protocolos utilizados

pelos autores originais, como descritos a seguir:

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• Medida de Alcance Funcional Esperado (MAFE) e Teste de Alcance Funcional

Durante o Teste de Alcance Funcional foi pedido ao indivíduo que se posicionasse ao

lado de uma parede com o ombro do membro dominante voltado para a mesma. Paralelo ao

piso foi fixada na parede uma fita métrica, posicionada à altura do acrômio do indivíduo, que

elevou o membro superior dominante em 90° de flexão de ombro, cotovelo estendido e mão

fechada. A esta posição atribui-se o nome de posição inicial e fez-se uma demarcação na fita

métrica ao final do nível alcançado pela cabeça do terceiro metacarpo, registrando-se o valor

ali obtido no formulário.

Neste momento, para identificação da percepção do idoso em relação ao seu alcance

funcional, foi solicitado que o indivíduo relatasse qual distância esperava alcançar de acordo

com o procedimento a seguir: o examinador estava à frente do indivíduo segurando com as

duas mãos, à altura da fita métrica, uma régua com um círculo vermelho tocando

perpendicularmente a fita métrica na parede a 10 cm da posição inicial. A partir desta posição,

o examinador deu pequenos passos para trás, deslocando-se de 5 em 5 cm, sempre

perguntando: “Você acha que consegue tocar o círculo vermelho a esta distância?” e a

resposta foi “sim” ou “não” (Figura 3). Quando o indivíduo negou a pergunta registrou-se a

última marca obtida com uma resposta positiva. Este último valor obtido foi denominado de

Alcance Funcional Esperado (AFE). À diferença entre o Alcance Funcional Esperado e o

valor da posição inicial foi denominado de Medida de Alcance Funcional Esperado (MAFE).

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Figura 3. Mensuração do Alcance Funcional Esperado.

Após este procedimento iniciou-se, então, o Teste de Alcance Funcional, conforme

protocolo de Duncan et al (1990). O indivíduo inclinou-se o máximo possível para frente sem

fazer rotação do tronco, dar algum passo à frente ou levantar nenhum dos calcanhares do

chão, marcando-se a posição final também ao final do terceiro metacarpo. Os valores das

posições inicial e final foram anotados, registrando-se a também diferença entre elas. Foram

executadas três tentativas para esse teste e calculou-se ao final a média dos resultados. Este

valor obtido é denominado na literatura como Medida de Alcance Funcional, mas para

diferenciar da medida de alcance funcional esperado, foi adotada neste estudo a nomenclatura

de Medida de Alcance Funcional Real (MAFR).

Foi avaliado, em conjunto, se o indivíduo não alcançou, atingiu ou ultrapassou o

Alcance Funcional Esperado. Essa análise foi realizada calculando-se a diferença entre a

MAFE e a MAFR (MAFE-MAFR). Valores positivos indicaram que o idoso não alcançou o

AFE implicando que o mesmo superestimou suas capacidades, valor igual a zero indicaram

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que o idoso teve noção de sua capacidade e valores negativos indicaram que o idoso

subestimou seu limite de alcance anterior.

• Teste Timed Up and Go (TUG)

Em seguida, foi realizado o teste Timed Up and Go visando avaliar a mobilidade

funcional e o risco de quedas. O indivíduo iniciou o teste sentado em uma cadeira normal com

descanso para braços (altura do assento de 46 centímetros) com as costas apoiadas no encosto.

Foi posicionado um cone de plástico 3 metros a frente da cadeira. O indivíduo foi instruído a

levantar, caminhar confortavelmente e de maneira segura, dar a volta no cone e sentar

novamente na cadeira com as costas apoiadas. Cronometrou-se o tempo gasto em segundos

para realizar esta manobra. Inicialmente foi realizada a tarefa sem marcação do tempo para

familiarização. O indivíduo realizou então duas tentativas e considerou-se a média dos valores

registrados, conforme o protocolo de Podsiadlo e Richardson (1991).

O examinador ficou sempre próximo ao indivíduo durante os testes para evitar quedas.

Optou-se por conceder um descanso de 30 segundos entre os testes e entre as repetições para

que a fadiga não comprometesse a realização dos mesmos.

4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foi realizada uma análise exploratória inicial sobre os dados obtidos na amostra. O

estudo da normalidade revelou a seguinte variável com desvio de normalidade: “Timed Up

and Go”. Foram detectados casos de outliers univariados neste fator e os seus valores

discrepantes foram substituídos pelo valor extremo superior mais uma unidade nos casos de

outliers acima da média e valores extremos inferiores menos uma unidade nos casos de

outliers abaixo da média. Uma vez feitas estas correções, as variáveis atingiram índices

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normais. A analise exploratória através do teste de Kolmogorov-Smirnov realizada por grupos

não revelou desvio de normalidade.

Foi utilizada a análise descritiva para caracterização da amostra; OneWay ANOVA para

avaliar as diferenças entre o grupo quando subdivido em faixa etária e história de queda, Teste

t pareado para avaliar as diferenças entre as medidas de alcance funcional esperado e real

intra-grupos e Teste t para amostra independente para avaliar a diferença do grupo em relação

ao gênero e Correlação de Pearson calculadas no SPSS 10.0 (Statistical Package for Social

Sciences) para Windows.

O nível de significância estabelecido foi menor ou igual a 5% (p ≤ 0,05).

4.6 ASPECTOS ÉTICOS

Todos os idosos que participaram do estudo o fizeram de forma voluntária, depois de

devidamente esclarecidos e orientados quanto à natureza e ao significado do estudo proposto,

assinando um termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 2). Este trabalho foi

apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília,

conforme ofício CEP/UCB N°023 /2007 (Anexo C).

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5. RESULTADOS

5.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA

A amostra foi composta por 56 idosos institucionalizados onde a descrição das

características idade, tempo de institucionalização e valor encontrado no teste Mini-exame do

Estado Mental estão demonstrados na tabela 1.

Tabela 1. Análise descritiva quanto Idade (em anos), Tempo de Institucionalização (em

meses) e valor do Mini-exame do Estado Mental.

Média Desvio Padrão Mínimo Máximo

Idade 73,32 8,94 60 92

TI 45,25 47,94 01 240

MEEM 22,75 4,7 14 30

Legenda: TI: Tempo de Institucionalização MEEM: Mini-exame do Estado Mental

Quanto ao gênero, a amostra se distribuiu com 51,8% do sexo masculino e 48,2% do

sexo feminino. Quanto à faixa etária, a freqüência foi de 39,3% para o grupo de 60 a 69 anos,

32,1% para o grupo de 70 a 79 anos e 28,6% para o grupo de 80 anos ou mais. Os idosos

também foram separados em três grupos de acordo com a história de queda no último ano

ficando assim distribuídos: em 60,7% dos idosos não foi relatado quedas, em 23,2% foi

relatado uma queda e em 16,1% duas ou mais quedas (Tabela 2).

Quanto à predição de risco de queda estabelecido pelo Teste de Alcance Funcional

(TAF), usando como valor de corte 15 centímetros (cm.) (DUNCAN et al, 1992), a amostra se

dividiu em 16,1 % para com risco (menor ou igual a 15 cm.) e 83,9% para sem risco (maior

que 15 cm.). E no teste “Timed Up e Go” (TUG), usando como valor de corte 13,5 segundos

(s.) (SHUMWAY-COOK; BRAUER; WOOLLACOTT, 2000) o grupo com risco (maior ou

igual a 13,5 s.) correspondeu a 28,6% e o sem risco (menor que 13,5 s.) a 71,4% (Tabela 2).

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Tabela 2. Análise descritiva quanto ao gênero, faixa etária, história e risco de quedas.

Freqüência Percentual

Masculino 29 51,8 Gênero

Feminino 27 48,2

60 a 69 anos 22 39,3

70 a 79 anos 18 32,1 Faixa Etária

80 anos ou mais 16 28,6

Sem quedas 34 60,7

1 queda 13 23,2 História de Quedas

2 ou mais quedas 9 16,1

Com risco 9 16,1 RQTAF

Sem risco 47 83,9

Com risco 16 28,6 RQTUG

Sem risco 40 71,4

Legenda: RQTAF: Risco de queda pelo Teste de Alcance Funcional RQTUG: Risco de queda pelo Timed Up e Go

5.2 VALORES NOS TESTES DE EQUILÍBRIO

As médias, desvios padrões, valores mínimos e máximos obtidos nos testes: TAF real

e esperado, a diferença entre a medida de alcance funcional esperado e a medida de alcance

funcional real, onde foi realizada a média da subtração entre a medida de alcance funcional

esperada e a medida de alcance funcional real de cada idoso, e TUG estão descrito na tabela 3.

Foi utilizado o Teste t pareado para verificar se houve diferença entre médias

de MAFR e MAFE na amostra estudada, sendo que a média de MAFR (24,75 ± 8,5 cm.) não

diferiu da média de MAFE (23,6 ± 9,82 cm.) com um valor de p = 0,31.

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Tabela 3. Análise descritiva dos valores encontrados nos testes de equilíbrio.

Média Desvio padrão Mínimo Máximo

MAFR 24,75 8,50 10,00 45,00

MAFE 23,60 9,82 5,00 50,00

MAFE-MAFR -1,14 8,52 -23,67 19,00

TUG 18,26 10,55 8,70 59,00

Legenda: MAFR: Medida de Alcance Funcional Real (em centímetros) MAFE: Medida de Alcance Funcional Esperado (em centímetros) MAFE-MAFR: Diferença entre a MAFE e a MAFR (em centímetros) TUG: “Timed Up e Go” (em segundos)

5.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS EM RELAÇÃO AOS GRUPOS DE

HISTÓRIA DE QUEDA

A amostra foi dividida em três grupos quanto à história de queda no último ano antes

da coleta de dados em: sem queda, uma queda e duas ou mais quedas e foram analisadas suas

características, comparado os valores nos testes de equilíbrio e verificado se houve diferença

estatística entre grupos através da análise One-way ANOVA e Teste t pareado para comparar

os valores de MAFE e MAFR intra-grupos. Não foi encontrado diferença estatística nas

médias de nenhum valor dos testes de equilíbrio entre (Tabela 4) ou intra-grupos de história

de queda (Tabela 5).

5.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS NOS TESTES DE EQUILÍBRIO EM

RELAÇÃO À FAIXA ETÁRIA

Utilizando a análise One-way ANOVA comparou-se as médias de MAFE, TUG e

MAFE-MAFR nas três faixas etárias e não houve diferença estatisticamente significativa.

Porém, no item MAFR, foi encontrado diferença entre os grupos (p = 0,05) (Tabela 6). Para

identificar em quais faixas etárias está a diferença, foi realizado o Teste t para amostras

independentes que mostrou diferença estatisticamente significativa nas médias da faixa etária

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de 60 a 69 anos (28,01 ± 8,21 cm.) e da faixa etária de 80 anos ou mais (21,84 ± 7,81 cm.)

com um valor de p = 0,02. (Gráfico 1).

Comparando os valores de MAFE com MAFR em cada faixa etária separadamente,

através do Teste t pareado, também não foi encontrado diferença estatística entre as médias

(Tabela 7).

Tabela 4. Análise descritiva e comparativa das variáveis em relação à história de queda e

nível de significância (p).

História de

Queda

Sem queda

(n = 34)

1 queda

(n = 13)

2 ou mais

quedas

(n = 9)

Valor de p

masculino 21 (61,8%) 4 (30,8%) 4 (44,4%) Gênero

feminino 13 (38,2%) 9 (69,2%) 5 (55,6%)

Idade (anos) M ± DP 72,47 ± 9,44 76,92 ± 6,34 71,33 ± 9,64

60 a 69 17 (50%) 1 (7,7%) 4 (44,4%)

70 a 79 8 (23,5) 8 (61,5%) 2 (22,2%) Faixa etária

(anos) 80 ou mais 9 (26,5%) 4 (30,8%) 3 (33,3%)

TI (meses) M ± DP 53,2 ± 54,41 41,15 ± 37,46 71,33 ± 9,64

MEEM M ± DP 23,7 ± 4,59 21,22 ± 4,65 21,30 ± 4,76

MAFR (cm.) M ± DP 25,95 ± 9,6 21,8 ± 6,68 24,40 ± 5,52 0,34

MAFE (cm.) M ± DP 24,91 ± 10,05 20,00 ± 9,12 23,88 ± 9,61 0,31

MAFE-

MAFR (cm.)

M ± DP -1,04 ± 9,46 -1,87 ± 7,58 -0,51 ± 6,49 0,93

TUG (s.) M ± DP 16,60 ± 8,67 21,19 ± 11,84 20,31 ± 14,63 0,34

Legenda: M±DP: Média e Desvio Padrão cm.: centímetros s.: segundos MAFR: Medida de Alcance Funcional Real (em centímetros) MAFE: Medida de Alcance Funcional Esperado (em centímetros) MAFE-MAFR: Diferença entre a MAFE e a MAFR (em centímetros) TUG: “Timed Up e Go” (em segundos) * : p ≤ 0,05

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Tabela 5. Comparação do MAFE versus MAFR intra-grupos.

Grupos MAFE (M ± DP) MAFR (M ± DP) Valor de p

Sem queda 24,91 ± 10,05 25,95 ± 9,6 0,52

1 queda 20,00 ± 9,12 21,8 ± 76,68 0,32

2 ou mais quedas 23,88 ± 9,61 24,40 ± 5,52 0,81

Legenda: MAFR: Medida de Alcance Funcional Real (em centímetros) MAFE: Medida de Alcance Funcional Esperado (em centímetros)

M±DP: Média e Desvio Padrão

Tabela 6. Análise descritiva e comparativa das variáveis em relação a faixa etária e nível de

significância (p).

Faixa Etária

60 a 69 anos

(n = 22)

70 a 79 anos

(n =18)

80 anos ou

mais (n = 16) Valor de p

MAFE (cm.) M±DP 25,68±10,49 23,44±9,61 20,93±9,82 0,34

MAFR (cm.) M±DP 28,01±8,21 23,37±8,55 21,84±7,81 0,05*

MAFE-

MAFR (cm.)

M±DP -2,32±10,18 -0,01± 8,53 -0,90±5,89 0,67

TUG (s.) M±DP 16,62±10,60 21,52±13,82 16,85±3,91 0,28

Legenda: M±DP: Média e Desvio Padrão cm.: centímetros s.: segundos MAFR: Medida de Alcance Funcional Real (em centímetros) MAFE: Medida de Alcance Funcional Esperado (em centímetros) MAFE-MAFR: Diferença entre a MAFE e a MAFR (em centímetros) TUG: “Timed Up e Go” (em segundos) * : p ≤ 0,05

Tabela 7. Comparação do MAFE versus MAFR dentro de cada faixa etária.

Faixa etária MAFE (M ± DP) MAFR (M ± DP) Valor de p

60 a 69 anos 25,68±10,49 28,01±8,21 0,29

70 a 79 anos 23,44±9,61 23,37±8,55 0,97

80 anos ou mais 20,93±9,82 21,84±7,81 0,54

Legenda: MAFR: Medida de Alcance Funcional Real (em centímetros) MAFE: Medida de Alcance Funcional Esperado (em centímetros)

M±DP: Média e Desvio Padrão

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Gráfico 1. Análise da Medida de Alcance Funcional Real, em centímetros, entre as faixas

etárias de 60 a 69 anos e de 80 anos ou mais.

*

28,01

21,84

0

5

10

15

20

25

30

60 a 69 anos 80 anos ou mais

Medida de Alcance FuncionalReal ( * p = 0,02 )

5.5 ANÁLISE DOS TESTES DE EQUILÍBRIO EM RELAÇÃO AO GÊNERO

Não foi encontrado diferença estatisticamente significativa quando comparados os

valores de MAFE, MAFR, MAFE-MAFR e TUG coletados com idosos quanto aos gêneros

após a análise pelo Teste t pra amostras independentes (Tabela 8) e também quando

comparado a MAFE com a MAFR em cada gênero, após análise pelo Teste t pareado (Tabela

9).

Tabela 8. Análise descritiva e comparativa das variáveis em relação ao gênero e nível de

significância (p).

Gênero

Masculino

(n = 29)

Feminino

(n = 27) Valor de p

MAFE (cm.) M±DP 24,20±10,21 22,96±9,53 0,63

MAFR (cm.) M±DP 25,99±9,78 23,42±6,81 0,26

MAFE-MAFR

(cm.)

M±DP -1,78±9,26 -0,46±7,77 0,56

TUG (s.) M±DP 16,75±8,93 19,88±12,01 0,27

Legenda: M±DP: Média e Desvio Padrão cm.: centímetros s.: segundos MAFR: Medida de Alcance Funcional Real (em centímetros)

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MAFE: Medida de Alcance Funcional Esperada (em centímetros) MAFE-MAFR: Diferença entre a MAFE e a MAFR (em centímetros) TUG: “Timed Up e Go” (em segundos) * : p ≤ 0,05

Tabela 9. Comparação do MAFE versus MAFR no gênero masculino e feminino.

Gênero MAFE (M ± DP) MAFR (M ± DP) Valor de p

Masculino 24,20±10,21 25,99±9,78 0,30

Feminino 22,96±9,53 23,42±6,81 0,76

Legenda:MAFR: Medida de Alcance Funcional Real (em centímetros) MAFE: Medida de Alcance Funcional Esperada (em centímetros)

M±DP: Média e Desvio Padrão

5.6 CORRELAÇÕES ENTRE IDADE, TEMPO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO,

MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM), MAFE, MAFR, MAFE-MAFR E

TUG

A Tabela 10 mostra as correlações entre as variáveis obtidas através da Correlação de

Pearson em toda a amostra do estudo. Destacam-se a correlação positiva e moderada entre a

MAFE e a MAFR (r = 0,58; p = 0,001), a correlação moderada e positiva da MAFE com a

MAFE-MAFR (r = 0,58; p = 0,001), a correlação fraca e negativa entre o MAFE e o TUG (r =

-0,28; p = 0,03), a correlação negativa e fraca da MAFE-MAFR com o valor do MEEM (r = -

0,36; p = 0,007), a correlação negativa e fraca da MAFE-MAFR com a MAFR (r = -0,34; p =

0,01), da correlação negativa e fraca da MAFR com a idade (r = -0,39, p = 0,01), e da

correlação negativa e fraca da MAFR com o valor do MEEM (r = -0,38; p = 0,004). O tempo

de institucionalização não foi correlacionado com nenhuma outra medida.

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44

Tabela 10. Correlações entre Idade, Tempo de institucionalização, Mini-exame do estado

mental, MAFE, MAFR, MAFE-MAFR e TUG.

Idade TI MEEM MAFE MAFR

MAFE-

MAFR TUG

r 1,000 -0,01 -0,15 -0,19 -0,39* 0,12 0,03

p valor , 0,90 0,25 -0,16 0,01 0,38 0,82Idade

N 56 56 56 56 56 56 56

r -0,01 1,000 0,08 -0,14 -0,06 0,03 0,14

p valor 0,90 , 0,53 0,30 0,64 0,81 0,30TI

N 56 56 56 56 56 56 56r -0,15 0,08 1,000 0,02 -0,38** -0,36** -0,24

p valor 0,25 0,53 , 0,90 0,004 0,007 0,07MEEM

N 56 56 56 56 56 56 56r -0,19 -0,14 0,02 1,000 0,58** 0,58** -0,28*

p valor -0,16 0,30 0,90 , 0,001 0,001 0,03MAFE

N 56 56 56 56 56 56 56r -0,39* -0,06 0,38** 0,58** 1,000 -0,34* -0,37**

p valor 0,01 0,64 0,004 0,001 , 0,01 0,005MAFR

N 56 56 56 56 56 56 56r 0,12 0,03 -0,36** 0,58** -0,34* 1,000 0,04

p valor 0,38 0,81 0,007 0,001 0,01 , 0,76MAFE-

MAFR N 56 56 56 56 56 56 56r 0,03 0,14 -0,24 -,28* -0,37** 0,04 1,000

p valor 0,82 0,30 0,07 0,03 0,005 0,76 ,TUG

N 56 56 56 56 56 56 56Legenda: r: correlação (Pearson) N: número de indivíduos p valor: nível de significância TI: Tempo de Institucionalização MAFR: Medida de Alcance Funcional Real MAFE: Medida de Alcance Funcional Esperado MAFE-MAFR: Diferença entre a MAFE e a MAFR TUG: “Timed Up e Go” *: p ≤ 0,05 **: p ≤ 0,01

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45

5.7 CÁLCULO DA SENSIBILIDADE, ESPECIFICIDADE, E VALORES

PREDITIVOS DOS TESTES TAF, TUG E MAFE-MAFR EM DIFERENCIAR OS

IDOSOS “NÃO-CAIDORES” DOS “CAIDORES”.

Para calcular a Sensibilidade (S), Especificidade (E) e os valores preditivos dos testes

TAF e TUG em diferenciar os idosos “não-caidores” dos “caidores” foi utilizado uma tabela

2x2 ou tabela Crosstabs (Figura 4). Para a Sensibilidade utilizou-se a fórmula “verdadeiros

positivos / verdadeiros positivos + falsos positivos”. Para a Especificidade utilizou-se a

fórmula “verdadeiros negativos / verdadeiros negativos + falsos positivos”. Para o calculo do

Valor Preditivo Positivo (VPP) foi utilizada a fórmula “verdadeiro positivo / verdadeiro

positivo + falsos positivos x 100” e para o cálculo do Valor Preditivo Negativo (VPN) a

fórmula: “verdadeiros negativos / verdadeiros negativos + falsos negativos” (IZUMI;

MAKIMOTO; KATO; HIRAMATSU, 2002).

Enfermidade

Teste Presente Ausente

Positivo verdadeiros positivos falsos positivos

Negativo falsos positivos verdadeiros negativos

Figura 4. Tabela 2x2 ou Crosstabs.

Para o TAF adotou-se o valor de corte de 15 cm. (DUNCAN et al, 1992) dividindo a

amostra em dois grupos: com risco de queda (≤ 15 cm, n = 9) e sem risco de queda (>15 cm.,

n = 47) e cruzando os dados com os idosos caidores (n = 9) e não-caidores (n = 47) obteve-se

a sensibilidade de 0,11 (11%), a especificidade de 0,17 (17%) a VPP de 11% e a VPN de 82%

(Tabela 11).

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46

Tabela 11. Tabela 2x2: História de queda versus Risco de queda pelo TAF

História de Queda Risco de Queda pelo TAF

Caidores (n = 09) Não-caidores (n = 47)

Com risco (n = 9) 1 8

Sem risco (n = 47) 8 39 Legenda: TAF: Teste de Alcance Funcional n: número de idosos

Para o TUG adotou-se o valor de corte de 13,5 segundos (SHUMWAY-

COOK; BRAUER ; WOOLLACOTT, 2000) também dividindo a amostra em dois grupos:

com risco de queda (≥ 13,5 s., n = 16) e sem risco de queda (< 13,5 s., n = 40) e cruzando os

dados com os idosos caidores (n = 9) e não-caidores (n = 47) obteve-se a sensibilidade de 0,77

(77%), a especificidade de 0,19 (19%) a VPP de 43% e a VPN de 95% (Tabela 12).

Tabela 12. Tabela 2x2: História de queda versus Risco de queda pelo TUG

História de Queda Risco de Queda pelo TUG

Caidores (n = 09) Não-caidores (n = 47)

Com risco (n = 16) 7 9

Sem risco (n = 40) 2 38 Legenda: TUG: Teste “Timed Up e Go” n: número de idosos

Para verificar a capacidade do TUG em relação ao TAF em discriminar idosos com e

sem risco de quedas de acordo com seus respectivos valores de corte na população deste

estudo também foi utilizada uma tabela 2x2 e para sensibilidade foi encontrado 1,0 (100%) e

para especificidade 0,85 (85%) (Tabela 13).

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47

Tabela 13. Tabela 2x2: TAF versus TUG

TAF Risco de Queda pelo TUG

Com risco (n = 9) Sem risco (n = 47)

Com risco (n = 16) 9 7

Sem risco (n = 40) 0 40 Legenda: TUG: Teste “Timed Up e Go” TAF: Teste de Alcance Funcional n: número de idosos Quanto a MAFE, não existe valores de corte pré-estabelecidos, portanto, neste estudo,

arbitrariamente ficou decidido que indivíduos com valores positivos na MAFE-MAFR,

estariam em risco, pois superestimaram seu limite de estabilidade anterior (a MAFE é maior

que MAFR), já indivíduos com valores menores ou iguais a zero ( 0 ou negativos) não

estariam em risco pois subestimaram ou tiveram exata noção de sua capacidade de equilíbrio

anterior. Seguindo a mesma análise anterior encontrou-se uma sensibilidade de 0,44 (44%) e

especificidade de 0,63 (63%), com um VPP de 19% e um VPN de 85% (Tabela 14).

Tabela 14. Tabela 2x2: História de queda versus Risco de queda pelo MAFE-MAFR

História de Queda Risco de Queda pelo MAFE-

MAFR Caidores (n = 09) Não-caidores (n = 47)

Com risco (n = 21) 4 17

Sem risco (n = 35) 5 30 Legenda: MAFE-MAFR: Diferença entre a MAFE e a MAFR n: número de idosos

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48

6. DISCUSSÃO

O presente estudo foi realizado em instituições de longa permanência por possuírem

idosos mais fragilizados e mais suscetíveis à queda, conforme descrito por alguns autores

(RUBENSTEIN, 2006; VU; WEINTRAUB; RUBENSTEIN, 2006; LOJUDICE, 2005;

KRON et al, 2003; IZUMI; MAKIMOTO; KATO, 2002, CHANDLER, 2002; COLLEDGE,

2002, RAY et al, 1997), evitando assim um efeito teto, ou seja, a presença predominante de

valores muito altos nos resultados obtidos nos testes de equilíbrio.

De 420 idosos residentes nas instituições visitadas apenas 56 idosos (13,33%)

participaram deste estudo. Estes se caracterizaram por bom estado cognitivo (média do

MEEM = 22,75 ± 4,7 pontos), boa acuidade visual, capazes de realizar transferência de

sentado para de pé, deambular por seis metros e permanecer em ortostatismo com

independência, não estarem com suspeita de depressão. Estas características foram essenciais

para a obtenção de resultados confiáveis dos testes de equilíbrio, em destaque para a

averiguação da medida de alcance funcional esperado, já que exigiram do idoso uma cognição

preservada para a autopercepção de seu limite de estabilidade postural anterior através de

identificação visual de um alvo, o círculo vermelho de cartolina, utilizado no presente estudo.

A amostra se distribuiu de forma semelhante quanto ao gênero. Quanto às faixas

etárias pré-determinadas nesta pesquisa também houve uma distribuição similar, porém com

uma predominância de idosos “mais jovens” na faixa compreendida entre 60 a 69 anos (n =

22, 39,3%). Chaimovicz e Greco (1999) analisando a população de 1138 idosos

institucionalizados na cidade de Belo Horizonte, Brasil, no ano de 1994, encontrou uma

média de idade aproximada à deste estudo (73,4 anos, DP não informado).

O tempo de institucionalização foi de aproximadamente 4 anos, e apesar da

heterogeneidade do grupo a esta variável, ela não mostrou correlação significativa com

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49

nenhuma outra, através da análise de Correlação de Pearson, portanto, parece não ter

interferido diretamente na percepção do idoso nem nos resultados dos testes de equilíbrio.

Quanto a história de queda, o grupo de caidores (2 ou mais quedas) representou um

pequena parcela de toda a amostra (16,1%), e o de não-caidores a maioria (60,7%). E quando

somada as médias de caidores com a de quem sofreu uma queda, obtém-se uma prevalência

de 28,3%. Vargas et al (1998) avaliou uma população de 190 idosos institucionalizados de

duas ILPI, com idade média de 80,4 ± 6,3 anos, faixa etária predominante de 80 anos ou mais

correspondendo a 59,4% e encontrou em 39,7% história de quedas e em 34,9% de quedas

recorrentes num período de seguimento por 310 dias. Izumi, Makimoto e Kato (2002)

estudaram 469 idosos de seis ILPI e encontraram uma prevalência que variou de 38,5 a 58%

idosos com história prévia de queda, cuja faixa etária predominante era de 75 a 84 anos. O

número de idosos com história de quedas encontrados neste estudo foi menor que os

encontrados na literatura, o que pode ser explicado pela menor média de idade dos

participantes e da faixa etária predominante ser a de 60 a 69 anos, pois uma maior incidência

de quedas está relacionado a uma faixa etária maior ou igual a 75 anos, com o avanço da

idade (PAIXÃO e HECKMAN, 2006; RUBENSTEIN, 2006; CHANDLER, 2002;

AMERICAN GERIATRICS SOCIETY; BRITISH GERIATRICS SOCIETY; AMERICAN

ACADEMY OF ORTHOPAEDIC SURGEONS PANEL ON FALLS PREVENTION, 2001)

e, ainda, pelo bom estado cognitivo dos idosos, pois o risco de queda também está relacionado

com a presença de demências (CARVALHO e COUTINHO, 2002).

A média obtida no teste TAF mostrou que os idosos ficaram pouco abaixo do valor

citado por Duncan et al (1992), que estabeleceu valores maiores ou iguais 25,4 cm como a

faixa de menor risco de queda, mas ficaram distante da faixa de maior risco (menor ou igual a

15 cm), onde somente uma pequena parte foi classificada com risco de queda. Nos valores

obtidos por faixa etária encontrou-se uma diferença significativa (p = 0,02), sendo o MAFR

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50

na faixa de 60 a 69 anos foi maior que o obtido na de 80 anos ou mais, demonstrando o efeito

da senescência sobre o teste, confirmado pela correlação negativa significativa entre idade e

MAFR e por achados semelhantes na literatura (ISLES et al, 2004; DUNCAN et al, 1990).

Não foi encontrada diferença significativa entre os gêneros, o que mostra uma homogeneidade

na amostra.

A média encontrada no teste TUG classificou a amostra como tendo uma mobilidade

independente (< 20 s.), porém acima dos valores considerados normais para idosos totalmente

independentes (< 10 s.) segundo Podsiadlo e Richardson (1991). Não houve diferença

significativa por faixa etária ou gênero. Kang, White, Hayes e Snow (2004) não encontraram

diferença significativa (p ≥ 0,05) no resultado do TUG entre idosos institucionalizados e não-

institucionalizados, o que pode tornar admissível a classificação dos idosos deste estudo pelos

parâmetros propostos pelas autoras criadoras do teste. Bischoff et al (2003) ao avaliar 78

idosas institucionalizadas, com média de idade de 79,7 ± 3,7 anos (amplitude de 70 a 85 anos)

encontrou um valor médio para o TUG de 28,2 ± 23,0 segundos, onde 42% realizaram em

menos de 20 segundos, um valor superior quando comparado com este estudo o que

provavelmente se deve ao fato da média de idade ser superior, como demonstrado por Steffen,

Hacker e Mollinger (2002) que encontraram uma tendência de declínio nos valores de TUG

com a idade, mas não quanto ao gênero.

A MAFE, quando analisada separadamente, não mostrou diferença significativa

quanto à faixa etária (p = 0,34) ou quanto ao gênero (p = 0,63). Quando comparada com a

MAFR, também não foi encontrada diferença significativa (p = 0,31) na amostra em geral e

quando comparadas por faixa etária e por gênero. Além disso, uma significativa relação de

moderada a forte e positiva foi encontrado entre estas duas variáveis. Sendo assim, sugere-se

que a amostra estudada de idosos institucionalizados, com cognitivo e visão preservados,

independente se homens ou mulheres, mostrou ter autopercepção de seu limite de estabilidade

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51

anterior obtido pelo TAF e essa capacidade pode se manter com o avanço da idade. Este

resultado também implica que através da obtenção da MAFE é possível deduzir qual será o

valor final do TAF. Sendo que a obtenção do MAFE foi realizada com uma única medida,

enquanto que para medir a MAFR foi necessário de duas a três medidas e calcular a média

(DUNCAN et al, 1992; BILLEK-SAWHNEY e GAY, 2005), podendo se tornar uma

alternativa para idoso que tenham medo de realizar o teste, por exemplo, por medo de

desequilibrar, ou quando se tem um tempo reduzido para a avaliação.

Um único estudo foi encontrado na literatura com metodologia semelhante que avaliou

a auto-percepção do limite de estabilidade anterior por idosos institucionalizados, após

revisão bibliográfica através das bases de dados LILACS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane e

SciELO, no período de janeiro de 1990 a dezembro de 2006. Robinovitch e Cronin (1999)

compararam a capacidade de estimar o limite de alcance anterior máximo de jovens da

comunidade com idosos institucionalizados ou residentes de hospital-dia e encontraram que

os jovens tiveram uma tendência em subestimar, enquanto que não houve diferença

significativa entre o limite de alcance máximo estimado e o verdadeiro entre os idosos,

concordando com os resultados deste estudo. Também encontraram que os indivíduos com

piores resultados no teste tiveram uma tendência em superestimar suas habilidades e que

idosos institucionalizados, especialmente com déficits posturais, podem perder a capacidade

de ser cautelosos quanto aos seus limites de estabilidade e realizar movimentos nos quais

perderiam o equilíbrio e, em parte, predispor-lhes-iam a queda. O presente estudo encontrou

uma significativa correlação negativa entre os resultados no Testes de Alcance Funcional

(MAFR) e os valores da diferença entre a Medida de Alcance Funcional Esperado e Real,

sugerindo igualmente que piores resultados no TAF relacionam-se com uma tendência a

superestimação do alcance funcional. Todavia, os idosos caidores não tiveram diferença

significativa entre os valores real e esperado, podendo indicar que as quedas ocorridas nesta

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52

amostra estão relacionadas ao outros fatores, que não a autopercepção do limite de

estabilidade anterior, já que as quedas são multifatoriais (ROGERS; ROGERS;

TAKESHIMA; ISLAM, 2003).

Se a autopercepção do alcance funcional for considerada, também, com uma forma de

percepção de seu estado de saúde e de sua habilidade física, pode-se fazer um paralelo com

alguns estudos. Em um estudo com 7332 idosos mexicanos, de ambos os gêneros, com idade

média de 70 anos (DP não informado) sobre a autopercepção do seu estado geral de saúde,

mostrou que dentre os idosos que relataram estar com seu estado de saúde de regular a bom

(81%) a maioria não tiveram problemas de saúde na última semana (79,35%), não tiveram

nenhum acidente no último ano (93,22%) não tinham incapacidade ou limitação física ou

mental (88,42%), não eram diabéticos (84,25%), não eram hipertensos (68,15%), não tinham

doenças do trato urinário (91,6%), não tinham diagnóstico de insuficiência renal crônica

(99,13%), e tinham baixas taxas de colesterol (85,86%), mostrando que estes idosos também

tinham uma percepção de seu estado de saúde (GALLEGOS-CARRILLO et al, 2006). Em

outro estudo, Araújo e Araújo (2002) avaliaram a autopercepção corporal em alguns aspectos

da aptidão física em 63 adultos, de ambos os gêneros, com idade entre 22 a 85 anos (média ±

DP: 53,2 ± 15,2 anos) através de uma entrevista estruturada onde os indivíduos também

tiveram que predizer qual o resultado obteria no teste ou na avaliação de um parâmetro físico.

Sugeriu-se uma tendência maior ao erro em pessoas mais velhas, porém não significativa

estatisticamente, e não houve diferença por gênero. No geral o percentual de erro foi maior

que o de acerto, todavia, a autopercepção corporal da “habilidade de levantar do solo” foi a

mais precisa com 66% de acerto. A habilidade de levantar do solo sem apoio depende de

vários parâmetros físicos íntegros, como força, flexibilidade, e, principalmente de um bom

equilíbrio postural. Portanto, se caracterizarmos a avaliação da habilidade de levantar do solo

como, ao mesmo tempo, uma avaliação do equilíbrio, os indivíduos tiveram melhor percepção

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53

neste item, como os idosos avaliados por este estudo que também tiveram boa percepção do

seu equilíbrio através do TAF.

Com o intuito de observar o comportamento das variáveis MAFE, MAFR, resultado

no TUG e a MAFE-MAFR em relação à queda, a amostra foi dividida de acordo com a

história de queda anterior a avaliação, e nos três grupos formados não foi encontrado

diferença estatística entre eles, e ainda, se destacarmos o grupo de não-caidores e de caidores

o valor obtido no TAF (MAFR) e no TUG foram semelhantes para ambos os grupos. Os

idosos também, dentro de cada grupo de história de queda, não obtiveram diferença

significativa nas médias de MAFE e MAFR. Sugerindo que independente do status de queda,

os idosos tiveram autopercepção do seu limite de estabilidade anterior, provavelmente não

sendo um fator de importância na presença de história de quedas. Supondo que, mesmo não

tendo um bom equilíbrio postural, o idoso consciente desta informação se arriscará menos ou

traçará estratégias compensatórias antecipadas, diminuindo o risco de uma queda. (HORAK,

2006).

Quanto à sensibilidade e à especificidade dos testes de equilíbrio em diferenciar

caidores de não-caidores, utilizando o valor de corte de 15 cm. estabelecido por Duncan et al

(1992) o TAF mostrou uma sensibilidade e especificidade consideravelmente pequena em

detectar idosos com história ou não de queda e as médias entre os três grupos de quedas

também não diferiu (p = 0,34).

Estes resultados confrontam com o estabelecido pelos autores do teste, onde em um

estudo prospectivo encontraram uma razão de chance (odds ratio) de 4,02 de ter duas quedas

em seis meses nos indivíduos com valores inferiores ou iguais a 15 cm (6 polegadas)

(DUNCAN et al, 1992). Porém, concordam com Brauer; Burns; Galley (2000) que estudaram

100 mulheres não-institucionalizadas e o valor do TAF não diferiu entre idosas não-caidoras,

caidoras, caidoras freqüentes e caidoras recorrentes (p ≥ 0,05). Wallman (2001) não

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encontrou diferenças no MAFR (p = 0,82) entre caidores (pelo menos uma queda nos últimos

12 meses) e não–caidores (sem história de quedas). Também, Stalenhoef et al (2002) obteve

resultados similares quando acompanhou 311 idosos por trinta e seis semanas e ao criar um

modelo de predição de risco para caidores recorrentes, excluiu o TAF por baixo valor de

razão de chance (2,0) em comparação com outros fatores como balanço corporal anormal,

duas ou mais quedas no último ano, baixos valores na força de preensão palmar e depressão.

Thomas e Lane (2005) comparou os valores do TAF em 30 idosos frágeis de um hospital dia,

cuja história de queda foi obtida nos últimos 12 meses e classificou como caidores (n = 18;

TAF = 15,50 ± 6,52 cm) quem tinha 2 ou mais quedas e não-caidores (n = 12; TAF = 19,44 ±

4,19 cm) com uma ou nenhuma queda, e não encontrou diferença significativa entre os grupos

(p = 0,053), conforme o relatado nesta pesquisa, e utilizando um valor de corte de 18,5 cm

obteve uma sensibilidade de 75% e especificidade de 67 % determinados pela curva ROC

(Receiver operating characteristic) bem superior ao encontrado neste estudo. Anstey; Sanden

e Luszcz (2006) também não encontraram diferença (p ≥ 0,05) na análise de 416 idosos, entre

caidores (28,7 ± 8,0 cm.) e não-caidores (29,9 ± 7,8 cm.).

Quando comparado aos valores do TAF, o uso da MAFE-MAFR obteve uma

sensibilidade 4 vezes maior e uma especificidade 3,7 vezes maior. A capacidade do teste

ainda se mostrou pobre, entretanto com a introdução de uma variável subjetiva (MAFE)

melhorou em relação ao uso do TAF isoladamente. Isso pode ser explicado, em teoria, pelo

fato que um idoso que desconhece e superestima sua capacidade de deslocar anteriormente o

seu corpo pode aumentar o seu risco de queda (KAY E TIDEIKSAAR, 1995), porém tanto no

grupo de caidores (p = 0,81) quanto no de não-caidores (p = 0,52) não houve diferença entre a

MAFE e a MAFR. Como foram excluídos do estudo idosos com déficit cognitivo por razões

já explicitadas, pode ter ajudado nesta similaridade de resultados entre MAFE e MAFR, o

qual é explicitado na relação positiva e significativa entre a MAFR e o MEEM e a relação

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negativa e significativa entre a MAFE-MAFR e o MEEM que indica que quanto menor o

MEEM maior será a MAFE-MAFR, com uma maior chance de superestimação pelo idoso de

sua capacidade.

Quanto ao TUG, utilizando-se um valor de corte de 13,5 segundos (SHUMWAY-

COOK; BRAUER; WOOLLACOTT, 2000) obteve-se uma boa sensibilidade, mas

especificidade fraca, ou seja, boa capacidade de detectar indivíduos caidores, mas baixa

capacidade em detectar os não-caidores. Igualmente ao TAF, o TUG não foi diferente nos

grupos de queda (p =0,34), não tendo a capacidade de discriminar os idosos caidores dos não-

caidores nesta amostra de idosos institucionalizados.

Em discrepância com os resultados obtidos neste estudo, Shumway-Cook; Brauer;

Woollacott (2000) comparou os valores de TUG em 55 idosos não-institucionalizados e

encontrou diferença entre caidores e não caidores (p< 0,001) e através do valor de corte de

13,5 s. obteve uma sensibilidade e especificidade de 87%. Chiu, Au-Yeung, Lo (2003)

também obtiveram resultados semelhantes encontrando diferença entre que sofreu uma queda

dos não-caidores (p = 0,02) e de caidores com não-caidores (p < 0,001).

Mas em concordância, Boulgarides, McGinty, Willet, Barnes (2003) mostrou que este

teste não foi capaz de predizer quedas numa amostra de 99 idosos não-institucionalizados

ativos e independentes, com média de idade de 74,02 ± 5,64 anos, de ambos os gêneros,

acompanhados por 12 meses. Thomas e Lane (2005), além de analisarem o TAF, também

estudaram TUG e não encontraram diferença entre caidores e não-caidores (p = 0,087), e uma

sensibilidade e especificidade de 75 e 67%, respectivamente, determinado pela valor de corte

de 32,6 s. Teixeira, Oliveira e Dias (2006) analisaram uma população de 17 idosos

institucionalizados, com média de idade de 75,53 ± 10,17 anos, divididos por história de

queda nos últimos seis meses, em dois grupos: sem queda e ao menos uma queda. O TUG não

mostrou diferença entre os grupos (p > 0,05).

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Como pode ser observada, a literatura é controversa, porém, mostra uma tendência em

demonstrar a incapacidade do TAF e TUG em diferenciar idosos caidores e não-caidores,

tanto em estudos retrospectivos quanto em prospectivos, além de haver uma escassez de

estudos com população de idosos institucionalizados, dificultando comparações.

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57

7. CONCLUSÃO

Através do presente estudo podem-se chegar as seguintes conclusões:

• Esta pesquisa de caráter transversal demonstrou que idosos institucionalizados,

de ambos os gêneros e diferentes faixas etárias, têm autopercepção do seu alcance

funcional por não apresentarem diferença estatística entre a Medida de Alcance Funcional

Esperado e a Medida de Alcance Funcional Real. A MAFE refletiu, com muita

proximidade, a distância máxima que o idoso pode alcançar a frente sem desequilibrar-se,

podendo ser uma alternativa segura ao Teste de Alcance Funcional, caso, este por alguma

razão não possa ser realizado.

• Através do Teste de Alcance Funcional e do teste “Timed Up and Go”

identificou-se que apenas uma pequena proporção dos idosos, 16 e 28%, respectivamente,

estava em risco de queda.

• Na população estudada as medidas de alcance funcional esperado e real não

apresentaram diferença estatística nos grupos de idosos “sem quedas”, com “uma queda”

ou “duas ou mais quedas” nos doze meses anteriores à avaliação. Sendo assim, a percepção

destes idosos em relação a seu alcance funcional não foi um fator diferencial na

identificação de suas histórias de queda.

• O Teste de Alcance Funcional e o teste “Timed Up e Go” não foram

estatisticamente diferentes entre grupos de história de queda. Também não apresentaram

boa sensibilidade e especificidade em diferenciar idosos caidores dos não-caidores,

concordando com o evidenciado na maior parte dos estudos sobre este tema.

• A utilização de uma variável subjetiva, a Medida de Alcance Funcional

Esperado, em conjunto com uma objetiva, a Medida de Alcance Funcional Real gerou uma

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nova medida, a Diferença entre a MAFE e a MAFR (MAFE-MAFR), que obteve maiores

valores de sensibilidade e especificidade do que o Teste de Alcance Funcional. Isto sugere

que a avaliação da autopercepção do equilíbrio do idoso possa auxiliar na discriminação do

status de queda. Acredita-se que um estudo em uma população de idosos com idade mais

avançada ou com um número maior de idosos caidores possa obter valores mais fortes de

sensibilidade e especificidade desta nova medida.

• Sugerem-se outros estudos para ampliar as possibilidades de utilização clínica

da Medida de Alcance Funcional Esperado. Futuramente pode-se estudar o alcance

funcional esperado em outras direções: lateral esquerda e direita e avaliar o seu

comportamento, inclusive quanto à história de queda. Pode-se também analisar estes dados

em uma pesquisa prospectiva, ou em idosos não-institucionalizados, ou verificar a

confiança dessa medida no acompanhamento da evolução de pacientes submetidos a

treinamento do equilíbrio, para que seja mais um instrumento de avaliação na atuação de

fisioterapeutas e outros profissionais da saúde em detectar e tratar os déficits de equilíbrio

em idosos e suas conseqüências.

.

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ANEXOS

ANEXO A: Mini-exame do Estado Mental (BRUCKI, et al., 2003) Orientação temporal - pergunte ao indivíduo: (dê um ponto para cada resposta correta) . Que dia é hoje? ___ . Em que mês estamos? ___ . Em que ano estamos? ___ . Em que dia da semana estamos? ___ . Qual a hora aproximada? (considere a variação de mais ou menos uma hora) ___ Orientação espacial - pergunte ao indivíduo: (dê um ponto para cada resposta correta) . Em que local nós estamos? (consultório, dormitório, sala . apontando para o chão) ___ . Que local é este aqui? (apontando ao redor num sentido mais amplo: hospital, casa de repouso, própria casa). ___ . Em que bairro nós estamos ou qual o nome de uma rua próxima. ___ . Em que cidade nós estamos? ___ . Em que Estado nós estamos? ___ Memória imediata: Eu vou dizer três palavras e você irá repeti-las a seguir: carro, vaso, tijolo (dê 1 ponto para cada palavra repetida acertadamente na 1ª vez, embora possa repeti-las até três vezes para o aprendizado, se houver erros). Use palavras não relacionadas. ___ Cálculo: subtração de setes seriadamente (100-7, 93-7, 86-7, 79-7, 72-7, 65). Considere 1 ponto para cada resultado correto. Se houver erro, corrija-o e prossiga. Considere correto se o examinado espontaneamente se autocorrigir. ___ Evocação das palavras: pergunte quais as palavras que o sujeito acabara de repetir . 1 ponto para cada. ___ Nomeação: peça para o sujeito nomear os objetos mostrados (relógio, caneta) . 1 ponto para cada. ___ Repetição: Preste atenção: vou lhe dizer uma frase e quero que você repita depois de mim: .Nem aqui, nem ali, nem lá. Considere somente se a repetição for perfeita (1 ponto) ___ Comando: Pegue este papel com a mão direita (1 ponto), dobre-o ao meio (1 ponto) e coloque-o no chão (1 ponto). Total de 3 pontos. Se o sujeito pedir ajuda no meio da tarefa não dê dicas. ___ Leitura: mostre a frase escrita FECHE OS OLHOS e peça para o indivíduo fazer o que está sendo mandado. Não auxilie se pedir ajuda ou se só ler a frase sem realizar o comando. ___ Frase: Peça ao indivíduo para escrever uma frase. Se não compreender o significado, ajude com alguma frase que tenha começo, meio e fim; alguma coisa que aconteceu hoje; alguma coisa que queira dizer. Para a correção não são considerados erros gramaticais ou ortográficos (1 ponto). ___ Cópia do desenho: mostre o modelo e peça para fazer o melhor possível. Considere apenas se houver 2 pentágonos interseccionados (10 ângulos) formando uma figura de quatro lados ou com dois ângulos (1 ponto) ___

Total: ___ / 30

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ANEXO B: Escala de Depressão Geriátrica Simplificada (Almeida e Almeida, 1999) Nome: ______________________________________________________

Instituição: __________________________________________________

Data: ____ / ____/ ____

1.Você está basicamente satisfeito (a) com a sua vida? (não) 2. Você deixou muitos dos seus interesses e atividades? (sim) 3. Você sente que sua vida está vazia? (sim) 4. Você se aborrece com freqüência? (sim) 5. Você se sente com bom humor a maior parte do tempo? (não) 6. Você tem medo que algum mal vá lhe acontecer? (sim) 7. Você se sente feliz a maior parte do tempo? (não) 8. Você se sente desamparado(a) com freqüência? (sim) 9. Você prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? (sim) 10. Você acha que tem mais problemas de memória que outras pessoas? (sim) 11. Você acha maravilhoso estar vivo(a)? (não) 12. Você se sente um inútil nas atuais circunstâncias? (sim) 13. Você se sente cheio(a) de energia? (não) 14. Você acha que sua situação é sem esperanças? (sim) 15. Você sente que a maioria das pessoas está melhor que você? (sim) Quando a resposta: for diferente do exemplo entre parênteses = 0 for igual ao exemplo entre parênteses = 1 Total: _____ ( ≥ 6 = suspeição de depressão – Paradela et al, 2005)

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ANEXO C:

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73

APENDICE

APENDICE 1 – FORMULÁRIO DE PESQUISA

1ª Parte : Dados pessoais NOME:___________________________________________________________________

SEXO: M ( ) F ( ) IDADE:__________ FAIXA ETÁRIA: A ( ) B ( ) C ( )

ESCOLARIDADE (EM ANOS): ______________________________________________

TEMPO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO: _______________________________________

DATA DA AVALIAÇÃO:__________________

ENFERMIDADES DIAGNOSTICADAS: ______________________________________

_________________________________________________________________________

MEDICAÇÕES EM USO: ___________________________________________________

_________________________________________________________________________

DEAMBULA INDEPENDENTEMENTE? SIM ( ) NÃO ( ) SOFREU QUEDA(S) NOS ÚLTIMOS 12 MESES? SIM( ) NÃO ( ) 2 OU MAIS QUEDAS? SIM ( ) NÃO ( ) MINI EXAME DO ESTADO MENTAL: _______ / 30. ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA: _____ VISÃO: ____________________

2ª Parte: Testes de Equilíbrio - Teste de Alcance Funcional: VALOR 1 VALOR 2 VALOR 3 MÉDIA POSIÇÃO INICIAL ALCANCE FUNCIONAL ESPERADO

MEDIDA DE ALCANCE FUNCIONAL ESPERADO

POSIÇÃO FINAL OU ALCANCE FUNCIONAL REAL

MEDIDA DE ALCANCE FUNCIONAL REAL

MAFE-MAFR Risco de Queda: 0-15cm: Alto( ) 16-25 cm: Baixo( ) 25 cm ou mais: Sem( ) - Teste “Timed Up and Go”: VALOR 1 VALOR 2 MÉDIA Risco de Queda: 0-13,5 s.: Não ( ) 13,6 s. ou mais: Sim ( ) OBSERVAÇÕES:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ EXAMINADOR:_________________________________________Data: _____ / ____/ ____

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APENDICE 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do paciente: ________________________________________________

Pesquisador responsável: Flávio da Silva Borges.

Contatos com o Pesquisador: Tel.: (61) 92196516 / 33412275

Endereço: QRSW 1 Bl. B 9 Apto. 301 Sudoeste – DF.

Orientador: Prof. Dr. Gustavo A.Carvalho

1. Apresentação, Objetivos e Justificativa

Este estudo se chama: “DIFERENÇA ENTRE O ALCANCE FUNCIONAL

ESPERADO E REAL E SUA CORRELAÇÃO COM O RISCO DE QUEDA EM IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS”.

Tem como objetivo identificar se idosos que vivem em instituições asilares têm

capacidade de prever o quanto conseguem inclinar-se a frente sem desequilibrar e se prevê ou

não um risco de queda.

Em pessoas idosas, a queda, ou seja, quando se cai ao chão, traz conseqüências quase

sempre graves, como quebrar um osso. Sendo assim, há uma preocupação em criar formas de

prever as quedas para que se possa intervir o quanto antes e tentar evitar tais acidentes.

2. Procedimentos:

Participarão deste estudo os idosos residentes em asilos. Serão retiradas informações

sobre sua saúde nos prontuários médicos, Primeiramente será realizado um questionário

simples para confirmar se o (a) senhor (a) irá entender todos os testes, chamado de Mini-

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exame do Estado Mental. Em seguida serão feitos dois testes de equilíbrio (“Teste de Alcance

Funcional” e o “Timed Up e Go”) explicados a seguir:

O (a) senhor (a) usará as mesmas roupas e calçados que costuma usar diariamente. No

Teste de Alcance Funcional ficará em pé ao lado de uma parede com o braço levantado a

altura do ombro e esticado, com uma fita métrica presa na parede nesta mesma altura. Então

me dirá o quanto acha que consegue alcançar a frente inclinando o corpo nesta posição e sem

sair do lugar ou dar um passo. Depois irá verdadeiramente se inclinar à frente, ao lado da fita

métrica, e o pesquisador marcará a distância que foi alcançada, será repetido mais duas vezes.

No outro teste de equilíbrio chamando de “Timed Up e Go”, o (a) senhor (a) irá levantar-se

de uma cadeira, andar rápido com segurança uma distância de três metros até um cone no

chão, dar a volta, caminhar novamente em direção a cadeira e sentar. Será marcado, em

segundos, o tempo gasto para fazer tal tarefa. Será repetido também mais duas vezes.

3. Possíveis riscos e desconfortos

Durante os testes de equilíbrio há um mínimo risco de cair, apesar de não haver casos

de acidentes anteriores, porém o examinador estará sempre o mais próximo possível para

evitar qualquer acidente.

4. Benefícios:

Durante o estudo o senhor será beneficiado, pois se no exame for identificado que há

um risco futuro de queda, será comunicada a equipe médica responsável que poderá tomar

providências preventivas.

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5. Responsabilidades e esclarecimentos sobre o estudo.

É de responsabilidade do pesquisador Flávio da Silva Borges a ajuda integral ou

indenização de qualquer dano que esteja previsto neste estudo.

Se precisar esclarecer alguma dúvida antes, durante ou depois sobre a conduta deste

estudo, deverá entrar em contato com o pesquisador Flávio da Silva Borges pelo telefone:

92196516 ou 33412275.

6. Sigilo e Privacidade

As informações de seu histórico médico assim como as de seus dados pessoais serão

usadas exclusivamente para fins do estudo, e, sendo as mesmas confidenciais, todas as

precauções serão tomadas para preservá-los, ficando restrito ao conhecimento do pesquisador.

Os resultados dos estudos poderão ser publicados em revistas médicas nacionais e ou

internacionais, apresentados em congressos ou eventos científicos ou às autoridades

sanitárias, sem que seu nome seja mencionado em parte alguma.

7. Autonomia e Possíveis Ressarcimentos

O senhor tem a liberdade de recusar a sua participação ou retirar o seu consentimento

em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado.

Não haverá nenhum tipo de despesa financeira para o(a) senhor(a), não havendo

necessidade de ressarcimentos.

EU................................Identidade........................., declaro que fui informado e devidamente

esclarecido do projeto de pesquisa intitulado: DIFERENÇA ENTRE O ALCANCE

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FUNCIONAL ESPERADO E REAL E SUA CORRELAÇÃO COM O RISCO DE QUEDA

EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS desenvolvido pelo aluno Flávio da Silva Borges do

curso de Mestrado em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília-UCB, quanto aos

itens da resolução 196/96.

Declaro, que após ser esclarecido pelo pesquisador a respeito da pesquisa, consinto

voluntariamente em participar desta pesquisa.

Brasília.......de......2006

Nome:...............................................................................

RG:............................Data de nascimento:...../........./........Sexo M( ) F( )

Endereço:.................................nº.......Apto:...............

Bairro:.............................cidade:....................CEP:.........Tel:............

....................................................

Assinatura do declarante

Representante legal:.................

Natureza do declarante

Nome:...............................................................................

RG:............................Data de nascimento:...../........./........Sexo M( ) F( )

Endereço:.................................nº.......Apto:...............

Bairro:.............................cidade:....................CEP:.........Tel:............

....................................................

Assinatura do declarante

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78

Declaração do pesquisador

Declaro, para fins da realização da pesquisa, que cumprirei todas as exigências acima, na qual

obtive de forma apropriada e voluntária, o consentimento livre e esclarecido do declarante,

qualificado para a realização desta pesquisa.

...................................................

Assinatura do pesquisador responsável