universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo lato …presas – além da sua enorme diversidade –...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O INSUCESSO DAS EMPRESAS NA GESTÃO DE SEUS
PROCESSOS
Por: Alexander da Silva Paulo
Orientador
Prof. Mário Luiz Trindade Rocha
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O INSUCESSO DAS EMPRESAS NA GESTÃO DE SEUS
PROCESSOS
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como re-
quisito parcial para obtenção do grau de especialista
em Gestão Empresarial
Por: . Alexander da Silva Paulo
3
AGRADECIMENTOS
....à Deus toda honra, aos meus pais
pela força para continuar e a minha
noiva por acreditar em mim.....
4
DEDICATÓRIA
.....dedica-se aos meus pais.
5
RESUMO
Este trabalho se propõe a ajudar as empresas, a organizarem seus
processos, no esforço para uma mudança de patamar, em termos de desem-
penho e de atendimento, com isto, influenciando no resultado final da organi-
zação.
A questão principal que norteia muitas empresas ainda é a má gestão
dos processos empresariais, seja por desconhecimento, ou por metodologias
fora da realidade das empresas, o que implica em altos custos, retrabalhos e
diminuição de competitividade de produtos e serviços frente as demandas dos
clientes.
Analisando as definições de processos, sua reengenharia, sua aplica-
ção, aliada ao uso da tecnologia da informação, este trabalho se posiciona
como uma alternativa viável ao bom conhecimento a um tipo de gestão, a ges-
tão por processos, cuja temática inserida possa ser extraída e aplicada nas
mais diversas organizações.
6
METODOLOGIA
Segundo Larosa e Ayres (2005), o tipo de pesquisa adotada neste tra-balho quanto aos meios é bibliográfica por sistematizar o estudo com base em livros, revistas, redes eletrônicas e outras publicações.
Quanto aos fins, esta pesquisa é explicativa e aplicada, pois não se con-
tenta apenas em explicar o problema, mas também, alcançar a sua provável solução.
O material utilizado para a elaboração deste trabalho foi coletado atra-vés dos seguintes meios: • Pesquisa bibliográfica em livros de Administração, Gestão e Reengenharia; • Realização de consultas em bibliotecas e sites da internet; • Consultas em artigos de revistas.
7
SUMÁRIO
INTRODUCÃO 9
CAPITULO I
ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO 11
1.1 Conceitos de Administração 11
1.2 As Empresas 14
1.3 Competitividade 15
1.3.1 Eficácia 16
1.4 O que é a Gestão Hoje? 17
1.5 Como Melhorar a Gestão 19
CAPITULO II
GESTÃO DE PROCESSOS 22
2.1 Conceitos de Processos 23
2.2 Análise dos Conceitos de Processos 26
2.3 Como Fazer as Empresas Pensarem
em Termos de Processos 33
2.4 Gestão do Ponto de Vista do Processo 34
2.5 Estrutura Organizacional por Processos 37
2.6 Passos Gradativos para Modelagem de Processos 40
2.6.1 Definição da Função Organizacional 40
2.6.2 Construção do Mapa de Atividades Processuais 41
2.6.3 Rastreamento de Cada Processo Empresarial 41
2.6.4 Novo Processo 41
CAPITULO III
A REENGENHARIA DE PROCESSOS 42
3.1 Conceitos 42
3.2 A Reengenharia de Processos e a Voz do Cliente 44
3.3 Os Passos da Reengenharia de Processos 46
8
CAPITULO IV
A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO APLICADA NA
GESTÃO DE PROCESSOS 51
4.1 Tecnologia 51
4.2 Tecnologia e Processos 52
4.3 A Tecnologia da Informação Como
um Habilitador da reengenharia de Processos 54
4.4 Dinamizar Processos Compartilhados Tendo
a Tecnologia da Informação como Aliada 56
CONCLUSÃO 67
BIBLIOGRAFIA 70
INDICE 73
9
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a competitividade entres as empresas tem ficado
cada vez mais acirrada e muitas vezes, produtos e serviços acabam se tornan-
do similares, não apresentando ao consumidor final um diferencial que o des-
taque de seus concorrentes.
Este trabalho não ousa ser a solução final, mas sim um ponto de parti-
da, para o que possa ser considerado um diferencial competitivo. As empresas
só progridem se sua capacidade de inovar, não trabalhe somente naquilo que
produzem ou oferecem, mas também em como isto é realizado, controlado e
sobre uma gestão atenta ao que acontece em cada fase de seus processos.
A sobrevivência de muitas empresas estará atrelada ao que acontece
em seus processos. Autores renomados, como Chiavenato, Davenport, Peter
Drucker dentre outros, tem apontado a gestão de processos com uma alterna-
tiva de mudança empresarial, um preocupação ao que acontece em cada
segmento de uma empresa, na busca de soluções que encontrem satisfazer as
necessidades de seus clientes, no menor tempo, e com a qualidade desejada.
No capitulo 1, trata-se da administração e da gestão, trazendo seus
conceitos e sua análises; trançando paralelos que indicam diferenças e simila-
ridades nestas formas de conduzir uma empresa. A gestão torna-se o foco,
tendo a preocupação de falar de como melhorá-la.
No capitulo 2, entramos no assunto da gestão de processos, passando
pelos seus conceitos e suas análises. Este capítulo também traz a preocupa-
ção de fazer as empresas pensarem em termos de processos, sugerindo que
esta corrente de pensamento tem forte impacto nos resultados, assim como
trazendo a gestão do ponto de vista do processo, seus passos teóricos e sua
modelagem.
10
O capítulo 3 se envereda pelo conhecimento da reengenharia, que
consiste no repensar fundamental e no redesenhar radical dos processos de
trabalho com o objetivo de obter melhorias dramáticas nas medidas contempo-
râneas críticas da performance da empresa; trazendo suas definições e análi-
ses e a voz do cliente como partícipe principal do processo.
O capítulo 3 nos traz ainda alguns exemplos de sintomas, doenças e
soluções na reengenharia de processos.
O capítulo 4 nos traz abordagem do uso da tecnologia, sua definição,
sua relação com processos, sua importância na gestão e reengenharia, como
também, como um habilitador e facilitador da sua utilização na automatização
de tarefas e na própria execução dos processos. Ela pode ser empregada em
diversas atividades de apoio e gestão. Este mesmo capítulo também nos fala
dos processos compartilhados, empresas compartilhando os mesmos proces-
sos, identificando oportunidades de competitividade antes não imaginada.
O trabalho é concluído trazendo a esperança de que o claro entendi-
mento de uma organização que se preocupa em explorar o potencial da cen-
tralização das prioridades, das ações e dos recursos nos seus processos es-
senciais, tem a perspectiva de um salto diferencial no seu segmento de atua-
ção.
11
CAPÍTULO I
ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO
Para Chiavenato (2000) ao longo de toda a história, o homem sempre
inventou maneiras de melhor utilizar os seus esforços para, assim, conseguir
melhores resultados de suas ações. Dentre todas as criações do homem, a-
quela que avulta e se sobressai por ser a mais complexa e maravilhosa é in-
discutivelmente a empresa.
Não existem duas empresas iguais; as empresas apresentam enorme
diversidade, isto é, elas são profundamente diferentes entre si. Por outro lado,
as empresas apresentam enorme complexidade; lidamos com elas durante
anos a fio e não conseguimos entender exatamente como funcionam, como
sobrevivem ou crescem.
Além disso, as empresas operam em ambientes diferentes, rodeadas de
um universo de fatores econômicos, políticos, tecnológicos, legais, sociais, cul-
turais e demográficos, que interagem entre si e se alternam, proporcionando
enorme mudança e instabilidade ao redor.
1.1 – Conceitos de Administração
De acordo com Chiavenato (2000), a palavra administração tem sua ori-
gem no latim (ad, direção para, tendência, minister, comparativo de inferiorida-
de; e sufixo ter, subordinação ou obediência, isto é, aquele que realiza uma
função abaixo do comando de outrem, aquele que presta um serviço a outro) e
significa subordinação e serviço. Em sua origem, a palavra administração signi-
fica a função que se desenvolve sob o comando de outro, um serviço que se
presta a outro.
12
A tarefa da Administração é interpretar os objetivos propostos pela
empresa e transformá-los em ação empresarial por meio de planejamento, or-
ganização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as á-
reas e em todos os níveis da empresa, a fim de atingir tais objetivos. Assim, a
Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos
recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira efi-
ciente e eficaz.
A palavra administração sofreu aprofundamento e ampliação em seu
significado. E o administrador – seja atuando como diretor de empresa, geren-
te de departamento, chefe ou ainda líder de equipe – passou a ser uma figura
indispensável em todos os tipos possíveis de organizações humanas nestes
últimos tempos.
Para Maximiano (2000) administração significa, em primeiro lugar, ação.
Administração é um processo de tomar decisões e realizar ações que compre-
ende quatro processos principais interligados, conforme figura abaixo: plane-
jamento, organização, execução e controle.
Os processos administrativos são também chamados funções adminis-
trativas ou funções gerenciais. Outros processos ou funções importantes, co-
mo coordenação, direção, comunicação e participação, contribuem para a rea-
lização dos quatro processos principais. O quadro abaixo descreve sucinta-
mente os principais processos administrativos.
13
PROCESSO OU FUNÇÃO DESCRIÇÃO
Planejamento É o processo de definir objetivos, ativida-
des e recursos.
Organização
É o processo de definir o trabalho a ser
realizado e as responsabilidades pela
realização, é também o processo de dis-
tribuir os recursos disponíveis segundo
algum critério.
Direção
É o processo de realizar atividades e uti-
lizar recursos para atingir os objetivos. O
processo de execução envolve outros
processos, especialmente o processo de
direção, para acionar os recursos que
realizam as atividades e os objetivos.
Controle
É o processo de assegurar a realização
dos objetivos e de identificar a necessi-
dade de modificá-los.
Para Maximiano (2000) embora a administração seja importante em
qualquer escala de utilização de recursos, a principal razão pata ter se desen-
volvido como disciplina é sua importância para o desempenho de todos os ti-
pos de organizações. Nas organizações, os gerentes são pessoas responsá-
veis pelo trabalho de outras pessoas. Para que os gerentes possam cumprir
essa responsabilidade, as organizações emprestam-lhes um atributo chamado
autoridade. São também chamados chefes.
14
1.2 – As Empresas
Chiavenato (2000) entende que as empresas constituem uma das mais
complexas e admiráveis instituições sociais que a criatividade e engenhosida-
de humana construíram. As empresas de hoje são diferentes das empresas
de ontem e, provavelmente, amanhã e no futuro distante apresentarão diferen-ças ainda maiores. Não existem duas empresas semelhantes, pois a principal
característica das empresas é a sua enorme diversidade: as empresas podem
assumir diversos tamanhos e estruturas organizacionais.
Existem empresas dos mais diversos ramos de atividade utilizando dife-
rentes tecnologias para produzir bens ou serviços dos mais variados tipos de
mercados, a fim de serem utilizados pelos mais diversos consumidores.
Ademais, as empresas operam em diferentes ambientes, sofrendo as
mais variadas coações e contingências, que se modificam no tempo e no es-
paço, reagindo a elas dentro d estratégias e comportamentos diferentes, al-
cançando resultados extremamente diferentes. Tudo isso faz com que as em-
presas – além da sua enorme diversidade – apresentem uma incrível comple-
xidade, pois além de serem diferentes entre si elas enfrentam uma variedade
de impactos e influências.
Para Drucker (1995) a partir da década de 1990 o ambiente de negó-
cios se tornou mais complexo. Fenômenos econômicos e sociais de alcance
mundial estão reestruturando o ambiente empresarial.
A globalização da economia, alavancada pela tecnologia da informa-
ção e da comunicação, é uma realidade inescapável. As chamadas novas tec-
nologias, bem como as novas formas de organização do trabalho, têm coloca-
do os métodos tradicionais de gestão das empresas no banco dos réus.
15
A evolução das organizações em termos de modelos estruturais e tecno-
lógicos, tendo as mudanças e o conhecimento como novos paradigmas, tem
exigido uma nova postura nos estilos pessoais e gerenciais voltados para uma
realidade diferenciada e emergente.
Além disso, temos plena convicção de que o grande desafio desta últi-
ma década vem sendo a capacidade e a competência diária que as organiza-
ções enfrentam para se adaptarem e levarem a todos os seus níveis hierárqui-
cos e funcionais, da alta gerência ao piso de fábrica, a incorporação de novos
modelos, métodos, técnicas, instrumentos, atitudes e comportamentos neces-
sários a mudanças, inovações e à sobrevivência sadia e competitiva no mer-
cado.
No ambiente de negócios, praticamente em qualquer lugar do mundo,
as pessoas estão sentindo o reflexo dessas transformações. Seja pelas mu-
danças introduzidas internamente pela re-engenharia, como a descentraliza-
ção, o empowerment ou a terceirização, seja pelas transformações no cenário
externo, como o declínio de antigas empresas multinacionais e o surgimento
de novos competidores, o administrador de empresas enfrenta desafios total-
mente novos.
Essa realidade tem sido amplificada por inovações tecnológicas, trans-
formações nas bases da concorrência, surgimento de novos modelos de ges-
tão e mudanças significativas no perfil dos clientes e nas suas relações com as
empresas fornecedoras de produtos e serviços. Este enfoque tem gerado re-
flexos diretos sobre a gestão das empresas.
É necessário desenvolver a sensibilidade para perceber que as mudan-
ças na gestão empresarial são um imperativo e não uma simples opção.
1.3 – Competitividade
Para Maximiano (2000, p.127) competitividade “é uma tradução da idéia
de eficácia, que se aplica particularmente a empresas”. As empresas têm na-
16
tureza competitiva – elas concorrem entre si, disputando a preferência dos
mesmos clientes e consumidores. O sucesso de uma pode significar o fracas-
so de outra. Há várias empresas que querem vender seus automóveis, sabo-
netes e computadores. A mais eficaz é aquela que consegue transformar um
grande número de pessoas em seus clientes, e obter lucro e sobreviver com
isso.
Para serem eficazes, quando há concorrência, as empresas precisam se
competitivas. Para serem competitivas, as empresas precisam ter desempe-
nho melhor que outras que disputam os mesmos clientes. Uma empresa é
competitiva quando tem alguma vantagem sobre seus concorrentes (a chama-
da vantagem competitiva), que a faz ser preferida pelos clientes ou mais apta
em alguma forma de relacionamento com o ambiente.
Competitividade é um critério extremamente importante de desempe-
nho. Globalização, privatização e abertura das economias nacionais à concor-
rência estrangeira são algumas das forças que impelem as organizações a se-
rem competitivas. Num ambiente onde há concorrentes, sem competitividade
não se sobrevive.
1.3.1 – Eficácia
Maximiano (2000, p.123) trata da eficácia “... como conceito de desem-
penho que se relaciona com os objetivos e resultados”. A eficácia significa:
• Grau de coincidência dos resultados em relação aos objetivos.
EFICÁCIA = RESULTADOS
OBJETIVOS
Eficácia é a relação entre resultados e objetivos
• Capacidade de um sistema, processo, produto ou serviço de re-
solver um problema.
17
• Fazer as coisas certas.
• Sobrevivência.
Para avaliar o grau de eficácia de um sistema, é necessário saber
quais são os objetivos e quais os resultados de fato alcançados.
Os objetivos relevantes para a idéia de eficácia relacionam-se com o
ambiente da organização. Compreender o ambiente, suas necessidades, de-
safios e oportunidades é uma habilidade de vital importância para quem admi-
nistra organizações.
1.4 – O que é a Gestão Hoje?
O uso da palavra Gestão vem se intensificando no Brasil nos últimos
anos de forma conspícua. O volume de obras publicadas com esta expressão
vem tomando conta das prateleiras de negócios em todas as livrarias. Os cur-
sos de Gestão, quer sejam puramente de gestão ou gestão com qualquer de-
limitador que tragam (ambiental, da produção etc.), envolvem as faculdades de
administração por todo o país.
Neste contexto o termo Administração perdeu seu status, e cedeu parte
de seu lugar para a Gestão. Porém, quando se questiona as pessoas sobre o
que é um termo e o outro, surgem as dificuldades da delimitação de ambos. O
que se vê é uma falta de concordância entre o marcos limite deste questiona-
mento. No dia-a-dia, o intercâmbio destas palavras é feito usualmente de for-
ma indiscriminada.
Gerir hoje envolve uma gama muito mais abrangente e diversificada de
atividades do que no passado. Conseqüentemente o gestor hoje precisa estar
apto a perceber, refletir, decidir e agir em condições totalmente diferentes das
de antes.
18
O dia-a-dia de um gestor envolve atualmente diferentes entradas em
uma realidade complexa, conforme Drucker (1995) ensina:
• Interdisciplinaridade - os processos de negócio envolvem equipes
de diferentes áreas, perfis profissionais e linguagens;
• Complexidade - as situações carregam cada vez um número mai-
or de variáveis;
• Exigüidade - o processo decisório está cada vez mais espremido
em janelas curtas de tempo, e os prazos de ação/reação são cada vez mais
exíguos;
• Multiculturalidade - o gestor está exposto a situações de trabalho
com elementos externos ao seu ambiente nativo, e, por conseguinte com ou-
tras culturas: clientes, fornecedores, parceiros, terceiros, equipes de outras
unidades organizacionais, inclusive do estrangeiro;
• Inovação - tanto as formas de gestão, quanto a tecnologia da in-
formação e da comunicação, estão a oferecer constantemente novas oportuni-
dades e ameaças;
• Competitividade - o ambiente de mercado é cada vez mais com-
petitivo, não só em relação aos competidores tradicionais, mas principalmente
pelos novos entrantes e produtos substitutos.
Nesse ambiente, a diferença entre sucesso e fracasso, entre lucro e fa-
lência, entre o bom e o mau desempenho está no melhor uso dos recursos
disponíveis para atingir os objetivos focados.
Gerir a aplicação dos recursos é crucial, sejam recursos materiais, fi-
nanceiros, de informação, humanos, de comunicação ou tecnológicos.
A ênfase na gestão vem da necessidade de aperfeiçoar continuamente
os processos de negócio, pelo aprendizado e inovação permanentes.
19
Novos métodos de gestão, novas ferramentas de apoio, novos sistemas
de informação, tudo isso representa o esforço por aperfeiçoar a gestão.
1.5 – Como melhorar a Gestão?
No ambiente de negócios atual, alguns fatores são fundamentais: inova-
ção, qualidade, agilidade e atenção ao cliente, estão, com certeza entre os
principais. Na Administração estamos na era da ênfase no talento dos indiví-
duos e na sinergia do trabalho em equipe. É preciso dar elementos às pessoas
em posição de responsabilidade pela gestão, para que elas possam atingir
seus objetivos organizacionais.
Esses elementos abrangem fundamentalmente, segundo Drucker
(1995):
• Estratégia e transformação organizacional - trabalhando a capa-
cidade de visão prospectiva e sistêmica, através de um pensamento total da
organização;
• Arquitetura organizacional e orientação a processos – revendo
sempre as estruturas mais adequadas como meio para a excelência nos pro-
cessos de negócio;
• Aprendizado organizacional - desenvolvendo as habilidades ne-
cessárias para o aprendizado coletivo permanente;
• Processo de decisão - repensando os fatores envolvidos na to-
mada de decisão e os estilos gerenciais;
• Qualidade e marketing - atentando para as expectativas e a per-
cepção dos clientes, internos e externos, quanto aos produtos e serviços ofe-
recidos;
• Gestão de projetos - otimizando a utilização dos recursos e do
tempo;
• Controle orçamentário - entendendo e acompanhando o valor fi-
nanceiro agregado em cada operação para os resultados da organização;
20
• Cultura organizacional - tomando consciência e repensando os
valores e práticas adquiridas e/ou inerentes às pessoas que trabalham na or-
ganização;
• Stress e qualidade de vida - revendo o papel do indivíduo e seu
espaço de realização através do trabalho, buscando a harmonia de objetivos
entre a pessoa, a equipe e a organização.
Para Bergamo e Mansur (2007), o mundo corporativo passa por uma
transformação drástica, pois tinha o processo de gestão baseado na experiên-
cia dos profissionais e não em metodologias claras e efetivas.
A estrutura organizacional está revolucionando de forma silenciosa o
modelo hierárquico tradicional das empresas pois cada vez mais profissionais
estão alocados em projetos. Este cenário leva a uma dicotomia administrativa,
pois os profissionais das áreas passam muitas vezes a ter que reportar os seus
chefes de departamento e aos líderes de projetos.
Esta mudança ocorre após as empresas verificarem que devem traba-
lhar focadas no cliente.
Toda vez que um processo é otimizado para um cliente interno, gera
uma redução no custo da empresa e conseqüentemente é gerado um benefí-
cio para o cliente externo (pode ser o acionista ou o próprio consumidor), logo
a redução do custo administrativo pode ser traduzida em aumento de produti-
vidade e competitividade.
O organismo empresa vem sendo tratado de uma forma muito fragmen-
tada e setorial e os profissionais encontram dificuldades em obter referências
para análises e comparações.
21
A introdução de uma metodologia sistêmica para o gerenciamento pos-
sibilita que todos tenham a mesma visão da realidade e conseqüentemente
facilita as comparações.
Quando o organismo empresa é analisado a partir da visão dos proces-
sos fica claro que as corporações são compostas de diversos processos co-
muns que independem do seu segmento de atuação.Para que uma empresa
possa conseguir uma vantagem competitiva duradoura em setores turbulentos,
ou seja, onde o grau de complexidade e a velocidade das mudanças são muito
elevados. Deve-se definir o tipo de gestão que irá adotar. O tipo de gestão
estará associado aos objetivos da empresa.
22
CAPÍTULO II
GESTÃO DE PROCESSOS
A idéia de processo tem estado presente nos textos e nas discussões
sobre Administração de Empresas nos últimos anos. É praticamente impossí-
vel evitar temas como redesenho de processos, organização por processos e
gestão por processos. Essa idéia, no entanto, não é nova e tem raízes na tra-
dição da engenharia industrial e no estudo dos sistemas sócio-técnicos.
Embora muito presente, o conceito de processo não tem uma interpre-
tação única, e a variedade de significados encontrados tem gerado inúmeros
mal-entendidos.
Muitas empresas querem organizar-se por processos, mas não têm
uma noção clara dos passos a seguir e das providências que devem ser toma-
das. Outras não estão certas da decisão a tomar a respeito da sua estrutura-
ção por processos e podem beneficiar-se de um raciocínio que as ajude a de-
cidir.
Existem também as empresas que não sabem ao certo o que significa
serem organizadas por processos e as que não têm certeza se a sua forma
organizacional atual é adequada para a gestão por processos.
Finalmente, temos, ainda, as empresas que precisam de mais esclare-
cimentos sobre o assunto para que possam analisar as vantagens da gestão
por processos.
23
2.1 – Conceito de Processos
A seguir serão apresentados vários conceitos de processo. O alto nú-
mero de definições tem o objetivo de nortear o entendimento mais do que dar
uma definição única e irrestrita.
Zarifian (1994), citador por Salerno, apresenta uma das melhores defi-
nições para processos:
“Uma cooperação de atividades distintas para a realiza-
ção de um objetivo global, orientado para o cliente final
que lhes é comum. Um processo é repetido de maneira
recorrente dentro da empresa. A um processo correspon-
dem: Um desempenho (performance), que formaliza o
seu objetivo global (um nível de qualidade, um prazo de
entrega etc.); Uma organização que materializa e estrutu-
ra transversalmente a interdependência das atividades do
processo, durante sua duração; Uma co-responsabilidade
dos atores nesta organização, com relação ao desempe-
nho global; Uma responsabilidade local de cada grupo de
atores ao nível de sua própria atividade.” (SALERNO,
1999, p.105)
Salerno sintetiza uma série de definições da seguinte forma:
“As características de um processo seriam: Uma organi-
zação estruturada, modelada em termos de trocas entre
as atividades constitutivas. Esta organização se constitui
pela ligação ao cliente final; Entradas, tangíveis (produ-
tos, faturas, pedidos etc.) ou intangíveis (decisão de lan-
çar novo produto, demanda de investimentos etc.); Saí-
das: o resultado do processo. É um ponto de partida para
a construção da organização; Recursos: não é a somató-
ria de recursos locais, mas a utilização racional dos recur-
24
sos que são, ao mesmo tempo, localmente necessários e
úteis ao processo. É possível que alguns recursos fiquem
dedicados a um processo, mas outros não, podendo ter
um uso variado; Custo dos recursos globais, valorizados,
dão o custo de um processo; Um desempenho global,
medido por alguns (poucos) indicadores, que deve ser
explicitado em desempenhos locais para cada atividade.
Estes indicadores seriam a única referência de avaliação
sobre o resultado do processo, o único critério de co-
responsabilidade entre os atores. Localmente, têm-se in-
dicadores de meios, e não de objetivos; Fatores de de-
sempenho ligados aos pontos críticos: são pontos privile-
giados de reflexão sobre a gestão econômica do proces-
so e sobre os principais instrumentos de ação. Pontos crí-
ticos podem ser atividades ou coordenações; Um desen-
rolar temporal, dado que um evento detona o processo
(ex: chegada de um pedido) e outro o fecha (entrega). O
processo se desenrola segundo uma temporalidade orga-
nizável e mensurável”. (SALERNO, 1999, p.104)
Hammer e Champy (1994) em seu livro sobre Reengenharia definem
processos como um conjunto de atividades que juntas produzem um resultado
de valor para um consumidor. Para estes autores processos são os que as
companhias fazem.
Bancroft (1998, p. 114) afirma que “um processo de negócio é um gru-
po de atividades requeridas para produzir alguma coisa para um consumidor”.
Para Davenport (1995) afirma que um processo é uma específica or-
denação de atividades de trabalho através do tempo e do espaço, com um iní-
cio, um fim e um conjunto claramente definidos de entradas e saídas: uma es-
trutura para a ação.
25
Nagel, C. e Rosemann, M. (1999) fazem algumas considerações sobre
as várias definições disponíveis na literatura. Eles afirmam que um processo é
bastante em si, uma ordenação lógica (paralelo e/ou em série) e temporal de
atividades que são executadas para transformar um objeto de negócio com a
meta de concluir uma determinada tarefa. Por outro lado, apresentam proble-
mas das definições como o fato de nenhuma destacar que não há um respon-
sável pelo processo como um todo (por exemplo, pesquisa e desenvolvimento,
marketing, finanças, manufatura estão envolvidas no desenvolvimento de pro-
dutos, mas nenhuma destas unidades é responsável pelo processo como um
todo), que é suscetível / tendente a problemas como tempos de esperas, filas e
aumento de tamanhos de lotes.
Caulliraux (1999), em suas notas de aulas, afirma que processo seria
um conjunto de atividades (funções) estruturadas seqüencialmente (requisitos
e tempos). Ainda nesta definição faz algumas considerações:
Conjuntura 1 - devem descrever um conjunto de atividades que se inicia
e que termina em clientes externos;
Conjuntura 2 – devem diferenciar os processos ligados às atividades fim
e às atividades meio;
Conjuntura 3 - por questões práticas (capacidade de entendimento) de-
vem ser representados hierarquicamente (níveis de abstração, focos de apre-
sentação etc.).
Uma síntese das definições, como proposta deste trabalho, seria: Pro-
cessos podem ser melhor entendidos se percebidos como uma estruturação-
coordenação-disposição-lógico-temporal de ações e recursos com o objetivo
de gerar um ou mais produto(s)/serviço(s) para os clientes da organização.
Os processos estão intrinsecamente relacionados aos fluxos de obje-
tos na organização. Os processos podem estar em diferentes níveis de abstra-
ção ou detalhamento, relacionado a atividade final ou de apoio, possuírem um
26
responsável por seu desempenho global e responsáveis locais direcionados ao
andamento de suas partes-constituintes e, comumente, serem transversais a
forma através da qual a organização se estruturou (por função, por produto,
por eixo geográfico etc).
Aos processos cabe o desenvolvimento ou desenrolar dos fluxos de
objetos enquanto às funções ou unidade organizacionais cabe a concentração
de conhecimentos por semelhança, dentro das organizações. Os processos
são a organização em movimento, são, também, uma estruturação para ação
para a geração de valor.
2.2 – Análise dos Conceitos de Processos
Conforme Davenport (1995) a adoção de uma visão de processos das
atividades – aspecto-chave da gestão de processos – representa uma modifi-
cação revolucionária: equivale a virar a organização de cabeça para baixo ou,
pelo menos, de lado. Uma orientação baseada em processos nos negócios
envolve elementos de estrutura, enfoque, medição, propriedade e clientela.
Todo trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum
processo (Graham e LeBaron,1994). Não existe um produto ou um serviço
oferecido por uma empresa sem um processo empresarial. Da mesma forma,
não faz sentido existir um processo empresarial que não ofereça um produto
ou um serviço.
Para Maximiliano (2000), por meio de processos, o sistema transforma
os recursos para produzir os resultados. Um processo é um conjunto ou se-
qüência de atividades interligadas. Um processo é uma ordenação específica
das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com começo, fim, inputs (en-
tradas ou recursos) e outputs (saídas ou resultados) claramente identificados.
27
O processo é a estrutura de ação do sistema. Todos os sistema e or-
ganizações podem ser desmembrados em processos. Alguns processos co-
muns, que se encontram na maioria das organizações, são os seguintes:
• Produção: Transformação de matérias primas, por meio da aplicação de
máquinas e atividades humanas em produtos e serviços.
• Administração de encomendas: transformação do pedido feito por cliente na
entrega de mercadoria ou prestação de serviço.
• Administração de recursos humanos: transformação de necessidade de mão
de obra em disponibilidade de pessoas, desde o seu emprego até o seu desli-
gamento da empresa.
A título de definição, tanto para Davenport (1995), assim como para
Chiavenato (1995), um processo é simplesmente um conjunto de atividades
estruturadas e medidas destinadas a resultar num produto especificado para
um determinado cliente ou mercado.
Davenport (1995) ainda acrescenta que um processo exige uma acen-
tuada ênfase na maneira como o trabalho é feito na organização, em contraste
com a ênfase relacionada com o produto em si, que se centra no que é o pro-
duto.
Um processo é, portanto, uma ordenação específica das atividades de
trabalho no tempo e no espaço, com um começo, um fim, e inputs e outputs
claramente identificados: uma estrutura para a ação. Esse elemento estrutural
dos processos é a chave para a obtenção de vantagens na gestão de proces-
sos.
A menos que os planejadores ou participantes possam concordar
quanto a maneira pela qual o trabalho é, e deve ser, estruturado, será muito
difícil melhorar sistematicamente ou inovar esse trabalho.
28
A estrutura do processo pode ser distinguida das versões mais hierár-
quicas e verticais da estrutura. Enquanto a estrutura hierárquica é, tipicamen-
te, uma visão fragmentária e estanque das responsabilidades e das relações
de subordinação, sua estrutura de processo é uma visão dinâmica da forma
pela qual a organização produz valor. Além disso, embora não possamos me-
dir ou melhorar a estrutura hierárquica de maneira absoluta, os processos têm
elementos como custo, prazos, qualidade de produção e satisfação do cliente.
Quando reduzimos os custos ou aumentamos a satisfação do cliente,
melhoramos o processo em si.
Alguns administradores vêem a natureza dinâmica dos processos num
sentido negativo, burocrático: “Não podemos fazer nada por aqui, a menos que
sigamos um processo.” Davenport (1995) baseia-se no pressuposto de que a
adoção de um processo estruturado é, geralmente, de grande utilidade, e não
há nenhuma lentidão ou ineficiência inerentes na ação que se faz de acordo
com um processo.
A abordagem de processo das atividades também implica uma ênfase
relativamente forte sobre a melhoria da forma pela qual o trabalho é feito, em
contraste com um enfoque nos produtos ou serviços oferecidos ao cliente. As
organizações bem-sucedidas devem, é claro, oferecer tanto produtos como
serviços de qualidade, empregando processos eficientes e efetivos para pro-
duzi-los e vendê-los.
Os processos dotados de uma estrutura clara podem ter várias de suas
dimensões medidas. Tais processos podem ser medidos em termos do tempo
e do custo de sua execução. Seus outputs e inputs podem ser avaliados em
termos de utilidade, coerência, variabilidade, ausência de defeitos e numero-
sos outros fatores. Essas medidas tornam-se os critérios para a avaliação do
29
valor da inovação e para o estabelecimento de programas de melhoria cons-
tante.
A adoção de uma abordagem de processo significa a adoção do ponto
de vista do cliente. Os processos são a estrutura pela qual uma organização
faz necessário para produzir valor para os seus clientes. Em conseqüência,
uma importante medida de um processo é a satisfação do cliente com o produ-
to desse processo. Como são os árbitros finais do projeto do processo e do
desempenho constante, os clientes devem estar representados em todas as
fases de um programa de administração de processos.
Os processos também precisam de donos claramente definidos, que
sejam responsáveis pelo projeto e execução e que façam com que as necessi-
dades dos clientes sejam satisfeitas. A dificuldade de definir a propriedade é
que os processos raramente seguem os limites existentes de poder e autorida-
de organizacional.
A propriedade do processo deve ser vista como uma dimensão adicio-
nal, ou alternativa, da estrutura da organização formal que, durante períodos
de mudança radical de processo, tem precedência sobre as outras dimensões
da estrutura. Sem isso, os donos do processo não terão o poder ou legitimida-
de necessários para implementar projetos de processos que violem estatutos e
normas que prescrevem “como fazemos as coisas aqui”.
A definição de processo, dita por Davenport (1995), pode ser aplicada
tanto aos grandes como aos pequenos processos – a toda a série de ativida-
des diretamente relacionadas aos clientes, ou apenas à resposta a uma carta
de reclamação. Quanto maior o processo, porém, maior o potencial de vanta-
gem radical. Um aspecto-chave da reengenharia de processos é o enfoque
em processos amplos, abrangentes.
30
A maioria das empresas, até mesmo as muito grandes e complexas,
podem ser decompostas em menos de 20 processos principais. A IBM, por
exemplo, identificou 18 processos, a Ameritech, 15, a Xerox identificou 14 pro-
cessos e Dow Chemical, 9.
Os processos genéricos fundamentais incluem desenvolvimento de
produtos, atendimento aos pedidos dos clientes e administração dos ativos
financeiros. Abaixo temos um exemplo de uma série típica de processos am-
plos para um empresa de fabricação.
Como a perspectiva de um processo implica uma visão horizontal do
negócio, que envolve toda a organização, começando pelos insumos do produ-
to e terminando com os produtos finais e os clientes, a adoção de um estrutura
baseada no processo significa, em geral, uma desenfatização da estrutura fun-
cional do negócio.
Hoje, quase todas as grandes empresas se caracterizam pelo movi-
mento seqüencial dos produtos e serviços através de funções empresariais –
engenharia, marketing, fabricação, vendas, atendimento ao cliente e assim por
diante. Não só essa abordagem é onerosa e consome tempo, como também
muitas vezes não atende bem aos consumidores.
Operacional Desenvolvimento de produto Aquisição do cliente
Identificação das exigências do cliente Fabricação Logística Integrada Gerenciamento de pedidos Serviço de vendas pelo correio
Gerenciamento Monitoração do desempenho Gerenciamento das informações
Gerenciamento das avaliações Gerenciamento dos recursos humanos Planejamento e alocação dos recursos
31
Numa organização baseada nas funções, o intercâmbio entre as fun-
ções é, com freqüência, descoordenação. Em conseqüência, pode não haver
ninguém responsável pela medição ou administração do tempo e do custo ne-
cessários para levar os produtos do laboratório até o mercado, ou do pedido
até o recebimento pelo cliente.
Os processos mais importantes, como os de desenvolvimento de pro-
dutos, incluem atividades que recorrem a variados conhecimentos funcionais.
Os designs de novos produtos são gerados pela pesquisa e desenvolvimento,
têm sua aceitação de mercado testada pelo marketing e sua fabricabilidade é
avaliada pelos setores de engenharia ou fabricação, veja a figura abaixo um
exemplo de um processo interfuncional típico.
Os processos que envolvem administração do pedido e serviços atra-
vessam os limites externos da organização, estendendo-se até fornecedores e
clientes. Em conseqüência, ver a organização em termos de processos e ado-
tar reengenharia de processos implica, inevitavelmente, uma mudança inter-
funcional.
A adoção de uma visão baseada no processo significa um empenho
em melhorar o processo. Muito recentemente, dedicou-se muita atenção à
redução do prazo como um objetivo da mudança empresarial; a redução do
Análise do concorrente Pesquisa de Mercado
Pesquisa e
Desenvolvimento
Marketing Fabricação
Desenvolvimento do Novo Produto
Protótipo Do Novo Produto
32
custo e a melhoria da qualidade também são familiares. Muitas empresas
constataram a possibilidade de realizar objetivos mútiplos com cada iniciativa.
Na verdade, isso é necessário: os clientes exigem uma redução do ci-
clo de tempo e melhorias na qualidade do produto, enquanto os ambientes
competitivo e funcional exigem, simultaneamente, que os custos dos proces-
sos sejam reduzidos substancialmente.
Alguns desses objetivos de melhoria podem ser encontrados dentro de
um contexto funcional (isto é, de não-processos). A fabricação, por exemplo,
vem melhorando o ciclo de tempo e a qualidade há muitos anos. Tais melhori-
as, porém, muitas vezes não são percebidas pelo cliente, devido à má coor-
denação com outras funções. Por exemplo, um produto é fabricado mais rapi-
damente, mas fica no depósito esperando uma verificação do crédito do cliente
ou a solução de uma discrepância num pedido.
Em conseqüência, o impacto da melhoria funcional, mesmo quando
plenamente realizada, pode ser limitado. A melhoria dos processos, por outro
lado, quer seja interna ou externa, deve beneficiar imediatamente o cliente.
Para alguns, o orientação baseada em processos poderia significar
uma indústria de processamento, ou seja, uma indústria, como a química, que
fabrica um produto continuamente e não em unidades separadas. Porém a
melhoria, assim como para reengenharia de processos, se aplicam a todas as
indústrias.
Pode ser mais fácil aplicar a visão de processo em empresas de fabri-
cação (tanto no caso de produção em separado como no de produção em pro-
cesso) porque a estrutura e a medição foram tradicionalmente aplicadas aos
processos de fabricação, mas as vantagens da visão de processo atingem,
evidentemente, também as indústrias de serviços.
33
2.3 – Como Fazer as Empresas Pensarem em Termos de Pro-cessos?
Muitas empresas não estão se preparando para se estruturarem por
processos, embora pudessem conseguir bons resultados, porque nunca pen-
saram seriamente no assunto. Talvez elas pudessem ser levadas a pensar
nessa alternativa se percebessem que parte de suas dificuldades ou de seu
insucesso se deve à forma como são organizadas.
Atrelar o sucesso de outras empresas à forma como elas são organi-
zadas por processos poderia sugerir que a forma de as empresas se organiza-
rem tem forte impacto nos resultados.
Parte do sucesso que as empresas japonesas tiveram com relação às
suas concorrentes americanas nas décadas de 80 e 90 decorreu do fato de
terem as empresas japonesas descoberto (ou pelo menos implementado) o
gerenciamento de processos muito antes de as empresas ocidentais entende-
rem a que o assunto se referia (Davenport, 1994).
O papel de destaque dado ao gerenciamento de processos na cultura
corporativa japonesa garantiu que, em diversas ocasiões, muitas empresas
daquele país tenham desenvolvido processos rápidos e eficientes em áreas-
chave como desenvolvimento de produtos, logística, vendas e comercialização.
Os processos são a fonte das competências específicas da empresa.
que fazem a diferença em termos de concorrência, além da influência que po-
dem ter a estratégia, os produtos, a estrutura e a indústria (Keen, 1997).
Os processos não criam apenas as eficiências de hoje mas também
garantem o futuro por meio de habilidades que se aplicam aos novos produtos.
A rápida inovação dos processos pode resultar em capacitações organizacio-
34
nais (Kanter, 1997) melhoradas que permitem, por exemplo, que os novos pro-
dutos sejam desenvolvidos mais rapidamente.
É conhecido o caso das empresas industriais japonesas, que investi-
ram 70% dos seus fundos de P&D em inovação de processos, ao contrário das
americanas, que investiram essa mesma proporção, mas no desenvolvimento
de produtos. Os resultados muito superiores da indústria japonesa durante o
período considerado provavelmente refletem as conseqüências dessa decisão.
2.4 – Gestão do Ponto de Vista do Processo
Tradicionalmente, as empresas ignoram seus processos, mas elas têm
muito a ganhar ao se dedicarem a conhecê-los melhor (Hammer, 1998). De
acordo com algumas pesquisas, o processo produtivo de um produto industrial
genérico pode custar cerca de 10% do valor do produto e, durante décadas,
esse processo tem sido o foco do esforço de otimização de resultados e redu-
ção de custos nas empresas (Harrington, 1991).
Por outro lado, os processos que dão suporte aos processos produti-
vos são responsáveis por mais de 50% do custo dos produtos e somente nos
últimos 10 ou 12 anos passaram a receber maior atenção. Além disso, somen-
te agora os processos ligados à prestação de serviços começam a ser estuda-
dos de forma mais sistemática.
Entender como funcionam os processos e quais são os tipos existentes
é importante para determinar como eles devem ser gerenciados para a obten-
ção do máximo resultado. Afinal, cada tipo de processo tem características es-
pecíficas e deve ser gerenciado de maneira específica. Os processos devem
ter capacidade de resposta aos estímulos semelhante à demonstrada pelas
criaturas vivas (Martin, 1996).
35
A visão horizontal das empresas é uma maneira de identificar e aper-
feiçoar as interfaces funcionais, que são os pontos nos quais o trabalho que
está sendo realizado é transferido de uma unidade organizacional para a se-
guinte (Rummler e Brache, 1990). São nessas transferências que ocorrem os
erros e a perda de tempo, responsáveis pela maior parte da diferença entre o
tempo de ciclo e o tempo de processamento nos processos empresariais.
A gestão por processos organizacionais difere da gestão por funções
tradicional em pelo menos três pontos: emprega objetivos externos; os empre-
gados e recursos são agrupados para produzir um trabalho completo; e a in-
formação segue diretamente para onde é necessária, sem o filtro da hierarquia
(Stewart, 1992).
O sucesso da gestão por processos está ligado ao esforço de minimi-
zar a subdivisão dos processos empresariais. Durante muito tempo, as empre-
sas foram dirigidas por meio de metas estabelecidas para as áreas funcionais,
mas hoje as metas são definidas para os processos essenciais, que constitu-
em um nível fundamental de avaliação de desempenho da organização (Rum-
mler e Brache, 1990).
Afinal, são esses processos os geradores dos produtos que apresen-
tam valor para os clientes da empresa. A gestão por processos se baseia, por-
tanto, nos elementos básicos dos processos (Lipnack, 1997): tarefas executa-
das, reuniões realizadas, decisões tomadas, metas alcançadas e resultados
produzidos pelo processo.
Gerenciar as empresas pelo ponto de vista dos processos parece ser
um dos grandes desafios da gestão eficaz de recursos humanos nas empresas
nas próximas décadas.
A adoção do ponto de vista dos processos na gestão das empresas
desenvolve e salienta a importância dos papéis ligados a processos, que inclu-
em a liderança do grupo, a ligação entre as pessoas, a facilitação dos meca-
36
nismos grupais, o desenvolvimento de conhecimento, o gerenciamento das
agendas de compromissos e o suporte ao funcionamento das equipes (Gra-
ham, 1994).
Isso implica treinamento e desenvolvimento das habilidades básicas
em relações interpessoais, polivalência (multiskilling), treinamento interfuncio-
nal, solução de problemas, criatividade, coordenação e planejamento
(Galbraith e Lawer,1995).
Por outro lado, a gestão por processos traz desafios inéditos em ter-
mos de complexidade, já que é, por exemplo, relativamente simples explicitar a
liderança de tarefa, mas é muito mais difícil tornar explícita a liderança de pro-
cesso (Lipnack, 1997). Além disso, na ausência da hierarquia, o pessoal preci-
sa se organizar para garantir o andamento do processo.
Os grupos auto-administrados são um conceito antigo e começaram a
ser estudados de maneira sistemática nos anos 50 pelo pessoal do Tavistock
Institute, nas minas de carvão inglesas. Uma vez que as pessoas passam a
trabalhar no processo, e não mais nas áreas da empresa que deixam de existir
ou perdem muito de sua importância, a gestão dessas pessoas deve seguir
modelos muito diferentes dos tradicionais.
Num quadro de grande importância das pessoas na implementação de
estruturas por processos e na gestão de organizações estruturadas de acordo
com esse modelo, surgem perguntas inquietantes, para as quais não temos,
ainda, as melhores respostas. Como trabalham as pessoas num processo? A
quem respondem? Como se coordena o trabalho realizado no processo? Co-
mo avaliar a adequação e o desempenho das pessoas na organização por
processos? Como estruturar a carreira e o desenvolvimento dessas pessoas?
A abordagem de processos adota o conceito de hierarquia de proces-
sos e do detalhamento em níveis sucessivos. De acordo com esse conceito, os
37
processos podem ser subdivididos em sub-processos e agrupados em macro-
processos. O nível de detalhe que importa é aquele mais adequado para a a-
nálise que se pretende realizar.
Uma das importantes metodologias para o aperfeiçoamento das em-
presas adota três níveis de análise, sendo que um deles é exatamente o dos
processos (Rummler e Brache, 1990).
Nem todos os processos têm a mesma importância para as empresas,
tanto sob o ponto de vista dos resultados gerados como dos recursos envolvi-
dos. Afinal, quais são os processos mais importantes na empresa?
Aqueles de maior budget, os que têm maior impacto no funcionamento
da empresa ou aqueles que são responsáveis pela maior parcela na geração
de valor para o cliente?
A prioridade dos processos para as empresas pode ser avaliada por
meio de sua saliência (relativa importância para a empresa) e por seu valor (o
valor econômico que ele gera).
2.5 – Estrutura Organizacional por Processos
A organização orientada para processos está surgindo como a forma
organizacional dominante para o século XXI (Hammer, 1996). Abandonando a
estrutura por funções, que foi a forma organizacional predominante nas em-
presas do século XX, as empresas estão organizando seus recursos e fluxos
ao longo de seus processos básicos de operação.
Sua própria lógica de funcionamento está passando a acompanhar a
lógica desses processos, e não mais o raciocínio compartimentado da aborda-
gem funcional.
38
Faz sentido definir uma estrutura organizacional em torno de um pro-
cesso como fluxo de trabalho. Tentar enxergar o funcionamento das empresas
do ponto de vista dos processos é a mais eficaz maneira de escapar da
.abordagem das chaminés. De acordo com essa idéia, as empresas se organi-
zam geralmente como conjuntos de unidades funcionais verticais isoladas u-
mas das outras, operando em paralelo, sem muita interligação.
Nesse modelo, os processos precisam atravessar as fronteiras entre
as chaminés funcionais, com sensível perda de tempo, qualidade e capacidade
de atendimento.
A centralização das empresas nos seus processos levará a desenhos
organizacionais muito diferentes dos que conhecemos atualmente. O primeiro
estágio, não apenas previsível, mas que já está sendo adotado em muitas em-
presas, é o de redistribuir os recursos humanos e técnicos das empresas ao
longo dos processos de negócios (Gonçalves, 1997).
As parcerias e as redes de empresas estão surgindo como um segun-
do estágio desse movimento de reforma conceitual; dessa forma, nem todos os
recursos essenciais para a operação da empresa se encontram dentro da em-
presa ou pertencem a ela. É de se prever, no entanto, que essa renovação
organizacional venha a prosseguir, inclusive por caminhos ainda mais radicais.
O fim das relações duráveis entre empresa e empregados, o realinha-
mento constante dos recursos para a adaptação aos desafios internos e exter-
nos e a redefinição do modelo de distribuição de responsabilidades e poderes
nas organizações levarão a modelos organizacionais que, nesse momento,
podemos apenas imaginar (Handy, 1989).
A implementação do ponto de vista do cliente na gestão das empresas
praticamente exige que se faça o redesenho de seus processos de negócios.
Afinal, as empresas convencionais sempre foram voltadas para si mesmas,
39
projetadas em função de uma visão que privilegiava a sua própria realidade
interna.
A adoção de uma estrutura baseada nos processos significa, em geral,
dar menos ênfase à estrutura funcional do negócio (Davenport, 1995) e em-
pregar outros modelos organizacionais e de negócios (Gonçalves, 1998).
O raciocínio baseado em processos é essencial para o tombamento
das organizações: os membros da equipe dão início ao trabalho e se assegu-
ram de que o seu trabalho seja realmente realizado, estabelecem padrões para
a avaliação da performance da equipe e de seus membros e dão apoio, enco-
rajam e reconhecem as contribuições dos colegas de equipe. Essa forma de
raciocínio dá maior ênfase ao processo que ao seu conteúdo.
Mudar a estrutura funcional da empresa para uma estrutura por pro-
cessos implica definir a responsabilidade pelo andamento do processo, mini-
mizar as transferências (para reduzir esperas, erros e fronteiras), maximizar o
agrupamento de atividades e diminuir o gasto de energia (reunir as partes da
empresa em menor número de locais ou empregar maciçamente os recursos
de tecnologia de informação para diminuir gastos com transporte, armazena-
gem e deslocamento).
O emprego do conceito de processos na estruturação das empresas
também leva ao desenvolvimento da função do dono do processo, cujas atribu-
ições essenciais são: garantir o andamento adequado ao fluxo do processo, a
facilitação do relacionamento dos recursos aplicados ao processo, a avaliação
do funcionamento da empresa da perspectiva do processo e o aperfeiçoamen-
to do funcionamento do processo.
Uma vez que os processos empresariais e as atividades funcionais são
ortogonais, em muitas situações, as pessoas são membros de equipes funcio-
nais e de equipes de processos ao mesmo tempo. Essa forma atenuada de
40
estrutura matricial apresenta várias das dificuldades características daquele
tipo de estrutura, especialmente a duplicidade de comando e o conflito no em-
prego dos recursos da organização.
Outra conseqüência da adoção da estrutura organizacional por proces-
sos é que não há sentido em se falar em centralização ou descentralização
administrativa, uma vez que as decisões são tomadas por grupos de trabalho
no local organizacional em que são necessárias. Como unidade central no de-
senho de organizações modernas, os processos enfrentam a crescente con-
corrência do conceito de network.
2.6 – Passos Gradativos para Modelagem de Processos
Devido à sua fragmentação, os processos empresariais precisam ser
identificados em peças e depois reconstruídos. Para Chiavenato (1995) a i-
dentificação dos componentes precisa ser feita para que a sua reconstrução
seja discutida. A definição do processo baseia-se na identificação dos compo-
nentes da função organizacional que o abriga. Esta inicia-se com a definição
das atividades de um departamento e sua decomposição até que as funções
organizacionais tenham sido definidas. A modelagem de processos requer os
seguintes passos:
2.6.1 – Definição da Função Organizacional
Para construir o mapa de atividades processuais, inicia-se no nível da
organização com a solicitação para que os gerentes definam o que o seu de-
partamento faz. As atividades descritas por eles podem situar-se em diferen-
tes níveis de detalhe. Cada atividade deverá ser disposta em seqüência com o
iniciador da atividade (um formulário ou documento), que constitui a entrada ou
insumo. Todas as ramificações e conexões externas do departamento serão
identificadas nesta etapa.
41
2.6.2 – Construção do Mapa de Atividades Processuais
É a reconstrução das atividades que compõem um processo empresa-
rial. Para suportar a análise, os níveis de detalhes das atividades deverão ser
equivalentes, a fim de mostrar como uma mudança afetará a operação. O re-
sultado será um mapa completo da atividade atual. Quando várias unidades
organizacionais estão envolvidas, os mapas deverão ser ligados por meio de
interfaces definidas, a fim de oferecer um quadro composto de atividades para
toda a empresa.
2.6.3 – Rastreamento de Cada Processo Empresarial
A partir desta etapa, cada processo empresarial atual pode ser
representado e descrito, bem como visualizados seus pontos fortes e fracos,
suas vantagens e deficiências etc.
2.6.4 – Novo Processo
Ao término destes passos, seguir para o desenho do processo já devi-
damente refinado.
Abaixo temos algumas ferramentas utilizadas para a modelagem de
processos:
• Diagramas em Árvore
• Diagrama de Afinidade
• Diagrama de Inter-Relação
• Diagrama de Fluxo de Processo
• Diagrama de Flechas
• Diagrama relacional
42
CAPÍTULO III
REENGENHARIA DE PROCESSOS
3.1 - Conceitos
O conceito de Reengenharia foi levado ao público pela primeira vez em
1990, num artigo na Harvard Business Review, tendo Michael Hammer, ex-
professor do MIT, como principal responsável.
Apenas três anos depois com o livro Reengineering the Corporation
(1993), escrito em parceria com James Champy veio a consagração.
A Reengenharia significa um redesenho radical (Davenport, 1995) dos
processos de negócio com o objetivo de obter melhorias drásticas em três á-
reas: nos custos, nos serviços e no tempo.
É um processo dramático e bastante discutido, por propor o desapego a
costumes habituais dentro da organização.
A Reengenharia surgiu numa época de graves crises observadas no
final do século XX. O problema encontrava-se no modelo utilizado, “ou seja, o
parâmetro adotado, que garantia sucesso das empresas, havia falido, vítima de
inúmeros fatores” (ARAÚJO, 2001, p.237).
A reengenharia (Hammer, 1993) consiste no repensar fundamental e no
redesenhar radical dos processos de trabalho com o objetivo de obter melhori-
as dramáticas nas medidas contemporâneas críticas da performance da em-
presa, seja nos custos, na qualidade, no serviço ou no tempo.
43
• Radical: a reengenharia implica redesenhar e não aperfeiçoamento, a-
justamento ou modificação;
• Processos: conjunto de atividades que, tomadas sistematicamente, cri-
am valor para os clientes;
• Dramáticas: a reengenharia só é chamada quando existe a necessidade
de uma revolução.
Para Chiavenato (1995), seguindo definições de outros autores, como
Morris e Brandon, reengenharia é o re-projeto dos processos de trabalho e a
implementação de novos projetos. Davenport (1995) adiciona que a reenge-
nharia busca as iniciativas de mudança radical do processo.
Para a maioria dos autores, a reengenharia assenta-se em atividades
como re-projeto, re-desenho, reinvenção, revisão, reformulação. É a engenha-
ria organizacional totalmente refeita.
Chiavenato (1995,p.23) ainda traz a conceituação de Hammer e
Champy de reengenharia: “como o repensar fundamental e a reestruturação
radical dos processos empresariais que visam alcançar drásticas melhorias em
indicadores críticos e contemporâneos de desempenho, tais como custos, qua-
lidade, atendimento e velocidade”.
Dessa definição decorrem quatro palavras-chave:
• Fundamental: a reengenharia busca fazer unicamente o essencial, o
fundamental. Suas premissas são:por que fazemos? E por que o fazemos des-
ta maneira?.
• Radical: a reengenharia desconsidera todas as estruturas e procedi-
mentos e procura inventar novas maneiras de fazer o trabalho. Ela impõe uma
renovação radical.
• Drástica: a reengenharia joga fora tudo o que existe atualmente na em-
presa; destrói o antigo e busca sua substituição por algo novo. A reengenharia
44
impõe uma renovação drástica. Ela é totalmente descontínua, pois não apro-
veita o que já existe.
• Processos: a reengenharia orienta o trabalho para os processos e não
para as tarefas, ou para os serviços, nem para pessoas ou para a estrutura
organizacional. A reengenharia impõe uma renovação dos processos. Busca
entender o “quê” e o “porquê” e não o “como” do processo.
Maximiano entende como reengenharia:
“Enquanto a racionalização do trabalho e a eliminação de
desperdícios procuram melhorar continuamente um pro-
cesso existente, a fim de aumentar sua eficiência, o rede-
senho de processos (ou reengenharia) procura criar um
processo totalmente novo e mais eficiente, com o uso in-
teligente da tecnologia da informação. A idéia básica da
reengenharia é a reinvenção da empresa.” (MAXIMIANO,
2000, p.131)
Ainda para Maximiano (2000), alguns exemplos importantes de redese-
nho de processos são os seguintes:
• Substituição do atendimento personalizado dos armazéns pelo auto-
serviço dos supermercados, nos anos 40.
• Substituição do atendimento personalizado as agências bancárias pelo
auto-serviço por meio de computador.
• Substituição do processo de montar o veículo, peça por peça, pela mon-
tagem de conjuntos acabados, fornecidos por consórcios de fornecedores
3.2 – A Reengenharia de Processos e a Voz do Cliente
Para Davenport (2000), um processo projetado corretamente tem a voz
e a perspectiva do cliente “embutidas”. O processo deve ser projetado de mo-
45
do a produzir resultados que satisfaçam às exigências do cliente. Uma reen-
genharia de processos deve começar com um bom entendimento de quem são
os clientes do processo e o que querem dele.
Perguntar ao cliente sobre suas necessidades e levá-lo a escolher as
vantagens de processos que lhe interessam devem constituir tarefas explícitas.
Os objetivos de melhoria ou reengenharia devem ser principalmente os do cli-
ente.
De fato, a perspectiva do cliente deve estar embutida não só no projeto
final do processo, como também no seu esboço inicial e nas atividades de pós-
implementação. Se possível, os clientes devem ser incluídos nas equipes de
planejamento do processo e, depois de criado um projeto de processo, devem
participar dos seus protótipos e ajudar a aperfeiçoá-lo.
As avaliações permanentes do processo devem ser feitas da perspecti-
va do cliente, e estes devem participar delas do possível.
Processos como administração de pedidos e atendimento ao cliente es-
tendem-se além das fronteiras da própria empresa e vão até a empresa do
cliente; nesses processos, o cliente não é um convidado à atividade de plane-
jamento do projeto, mas um dos donos dela.
Um processo inter-organizacional deve ser projetado e administrado em
conjunto pelas organizações cujos limites atravessa. Custos ou congestiona-
mento não devem ser transferidos ser transferidos de uma empresa para outra,
mas totalmente eliminados do processo, pelo projeto. Essa mudança para
uma visão mais distribuída dos processos já está começando a ter conseqüên-
cias
46
3.3 – Os Passos da Reengenharia de Processos
A reengenharia de processos tem alguns passos ou etapas que geral-
mente são cumpridos em quase todos os casos (Chiavenato, 1995).
1. A reengenharia tem início com a escolha do processo a ser reen-
gendrado. Essa escolha é geralmente feita pela alta direção da empresa, a
partir de algum critério tomado, como o grau de importância do processo-
chave, o grau de disfunção ou de problemática ou ainda a exeqüibilidade de
algum processo.
2. A seguir, a alta direção designa o proprietário do processo, que é geral-
mente o executivo mais ligado ao processo escolhido. O proprietário assume o
trabalho de re-projetar o processo.
3. O proprietário escolhe a equipe de reengenharia, dentre as pessoas que
executam o processo atual: os processadores, os fornecedores de insumos de
cada atividade do processo e os clientes do processo, dentro da cadeia das
diversas atividades que compões o processo fornecedor – processador – clien-
te. Com isto, todas as pessoas que participam do processo, e que proporcio-
nam suas entradas ou recebem suas saídas, estão presentes na equipe de
reengenharia.
4. A equipe de reengenharia reúne-se e passa a trabalhar em conjunto em
uma sala única. O motivo de criar um único ambiente de trabalho para a equi-
pe é que ela precisa trabalhar coesa e integradamente dentro de um forte espí-
rito de grupo. Para tanto, o primeiro passo da equipe é destinado ao seu auto-
conhecimento mutuamente e consolidar seu relacionamento interpessoal.
47
5. O passo seguinte da equipe é destinado à ação de compreender o pro-
cesso, delimitar seu limites, suas entradas, suas saídas, seus gargá-los e res-
trições.
Como a equipe de reengenharia não vai procurar melhorar o processo,
mas reprojetá-lo, ela precisa compreendê-lo na sua integridade e abrangência,
e não documentá-lo em detalhes minuciosos.
A equipe precisa desenvolver uma visão de alto nível, uma cobertura do
tipo macro, e não micro. Ela não pode ser muito analítica nem voltar-se para
detalhes para não perder a visão para não perder a visão gestáltica e molar do
processo.
A equipe de reengenharia deve fazer uma análise convencional do pro-
cesso por meio do fluxograma vertical ou horizontal, isto é, usando o gráfico de
análise do processo.
A análise tradicional do processo considera suas entradas e saídas co-
mo dados, voltando-se mais para o seu interior a fim de avaliar o que aconte-
ce. Já a compreensão procura questionar tudo, pois não aceita a saída como
um dado irrefutável.
A compreensão está preocupada com o que o cliente faz com aquele
saída que significa a sua entrada. A extremidade do cliente é o melhor ponto
para começar a compreender o processo. Como a meta da reengenharia é a
redefinição do processo para atender às necessidades do cliente, as perguntas
mais importantes são?
o Quais as necessidades do cliente?
o De que o cliente realmente precisa?
o Quais são os problemas do cliente?
o Que processos o cliente executa com as saídas?
48
Todavia, nem sempre indagar ao cliente é suficiente para conhecer pro-
fundamente as suas necessidades. É preciso observar as necessidades do
cliente, analisá-las e questioná-las, para não distorcer nem superficializar os
resultados. É necessário participar do trabalho do cliente, e não simplesmente
ouvir o que ele diz.
Assim, a compreensão do processo deve envolver o conhecimento de:
o Aquilo que o cliente necessita do processo.
o O que o processo atual fornece ao cliente?
o O quê?
o Por quê?
o Não é necessário o como, pois não se trata de consertar ou melhorar o
processo.
o Fazer comparações por meio de benchmarking, a fim de desencadear
idéias e abranger novos referenciais. Todavia, o perigo do benchmarking deve
abrir horizontes, e não simplesmente alcançar aquilo que outras empresas fa-
zem. A meta é ultrapassar, e não alcançar.
O maior perigo é a equipe de reengenharia debruçar-se sobre efeitos e
conseqüências e com, isto tratar os sintomas e as disfunções, e não propria-
mente as doenças provocadas por processos mal engendrados.
Abaixo estão alguns exemplos de sintomas, doenças e soluções na re-
engenharia de processos, segundo Hammer e Champy (Chiavenato, 1995, p.
143).
49
SINTOMA DOENÇA SOLUÇÃO
Intensa troca interna de
informações, redundancia
de dados e redigitações
freqüentes.
Fragmentação arbitrária
de um processo natural
Reagrupar novamente
os fragmentos da ativi-
dade ou do processo.
Integração interfuncio-
nal para capturar os
dados de um só vez.
Estoques de segurança e
outros ativos fisicos para
lidar com as eventualida-
des.
Folga do sistema para
lidar com a incerteza.
Eliminar a incerteza
estruturando o proces-
so de maneira que os
fornecedores e clientes
planejem e programem
conjuntamente seus
respectivos trabalhos.
Alto índice de verificações
e controles em relação ao
trabalho adicionador de
valor.
Fragmentação do pro-
cesso produz desconfi-
ança.
Eliminar as raízes das
verificações e dos con-
troles.
Retrabalho e itera-
ção.(repetição do trabalho
já realizado).
Retroação inadequada
ao longo da cadeia. Os
problemas são detecta-
dos somente posterior-
mente.
Eliminar totalmente o
retrabalho e não fazer o
retrabalho mais eficien-
te.
Complexidade,exceções e
casos especiais.
Processos inicialmente
simples são adiciona-
dos com regras especi-
ais para lidar com con-
tingências e exceções e
manter padronização.
Recuperar e restaurar o
processo antigo e origi-
nal e criar outros pro-
cessos para as demais
situações. Resultado:
dois ou mais processos
em vez de um único.
Muitas vezes o problema está em um lugar enquanto o sintoma aparece
em outro, indicando que algo está problemático ou disfuncional, mas sem a-
pontar qual é o processo que não funciona bem.
50
A equipe de reengenharia procura fazer a redefinição do processo: tratá-
se de recriá-lo, reprojetá-lo e não simplesmente de melhorá-lo. O novo proces-
so deve ter um salto quantitativo e qualitativo enorme em relação ao processo
atual. Deve colocar o desempenho em outro patamar bem mais elevado.
Assim, a equipe deve partir da estaca zero, esquecendo o processo vi-
gente. Deve deixar o familiar para pensar no inusitado. Deve partir de uma tela
branca e usar a criatividade, a imaginação e o pensamento indutivo, transpon-
do as regras que limitam nossa visão de trabalho.
51
CAPÍTULO IV
A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO APLICADA NA GESTÃO DE PROCESSOS
4.1 – Tecnologia
A tecnologia pode ser definida como a aplicação de conhecimentos à
produção de bens e à prestação de serviços. Em seu sentido mais amplo, a
tecnologia compreende os meios com os quais o homem amplia suas capaci-
dades. A tecnologia está presente em todas as organizações para fornecer
todos os tipos de produtos ou serviços, desde a fabricação de pães até naves
espaciais.
Há dois tipos principais de tecnologia: de produto e de processo. A
tecnologia do produto incorpora os conhecimentos relacionados ao projeto do
produto – forma e função . A tecnologia do processo compreende os conhe-
cimentos sobre como transformar os materiais para obter o produto. A tecno-
logia do processo envolve principalmente a definição das máquinas e equipa-
mentos e se arranjo dentro do processo produtivo (figura abaixo). Esse princí-
pio é válido para qualquer área de produção de bens e prestação de serviços.
Tecnologia é conhecimento transformado em produtos e serviços
52
4.2 – Tecnologia e Processos
A tecnologia tem um papel fundamental no estudo dos processos em-
presariais. Ela influencia tanto a forma de realizar o trabalho como a maneira
de gerenciá-lo. Muitas vezes, o processo obedece a uma seqüência estrita de
atividades, ditada pela sua tecnologia característica ou pela própria lógica do
trabalho.
A fabricação de produtos como bicicletas, camisas e livros se dá por
meio de processos industriais cujas atividades devem ser realizadas em se-
qüência estrita. O fluxo de atividades do processo pode ser linear ou não, de-
pendendo exatamente da tecnologia empregada na sua execução. Nos fluxos
não-lineares as atividades podem ser realizadas em paralelo ou sem que obe-
deçam a uma seqüência predeterminada.
O impacto da tecnologia na realização do trabalho abrange desde alte-
rações na forma de realização do trabalho individual até a maneira pela qual as
empresas trabalham juntas em processos inter-organizacionais, passando pela
redefinição da maneira pela qual os grupos de pessoas realizam suas tarefas
grupais (Gonçalves,1993).
A tecnologia empregada induz algumas dessas modificações e facilita
a ocorrência de outras. O emprego de sistemas integrados de gestão empresa-
rial,por exemplo, exige que as pessoas passem a executar suas tarefas de a-
cordo com as rotinas e os procedimentos determinados pela tecnologia, por
maior que seja a diferença com relação aos padrões anteriores.
Por outro lado, a utilização de ferramentas de comunicação modernas,
como o correio eletrônico e a teleconferência, viabiliza a montagem e o funcio-
namento de novos modelos de trabalho grupal, como os grupos inter-
funcionais remotos. Por causa disso, a tecnologia é considerada a ferramenta
do redesenho de processos por excelência (Gonçalves, 1995a).
53
A preocupação com os processos empresariais deu origem ao desen-
volvimento das chamadas .disciplinas de processo. Quando utilizadas de for-
ma consistente na empresa, permitem que as pessoas assumam mais respon-
sabilidades, adotem mecanismos mais eficazes de participação na realização
do trabalho (Kanter, 1997) e empreguem melhores meios de comunicação e
produção.
Depois de décadas de ostracismo, entender e estudar os processos
nas empresas resgata a importância do estudo do trabalho nas organizações
(Gonçalves, 1995). O estudo do trabalho analisa a forma pela qual ele é reali-
zado e os recursos que são necessários para a sua execução.
Procura entender a lógica da forma como os resultados são obtidos e
ajustar as atividades e a tecnologia empregada de maneira a otimizar o em-
prego dos recursos e a eficiência geral dos processos.
Entre todas as tecnologias empregadas nas empresas, a tecnologia de
informação (TI) tem importância especial para a abordagem de processos. A-
lém da sua utilização na automatização de tarefas e na própria execução dos
processos, ela pode ser empregada em diversas atividades de apoio e gestão
desses processos: na visualização do processo, na automatização do que é
interessante automatizar na execução e na gestão do processo, na sincroniza-
ção das atividades, na coordenação dos esforços, na comunicação dos dados,
na monitoração automática do desempenho, etc.
As empresas têm investido na aplicação de TI aos seus processos
mais importantes, de negócio ou não, exatamente para poderem aperfeiçoar o
seu desempenho. A utilização adequada da tecnologia pressupõe a definição
da prioridade de tratamento, dedicando aos processos prioritários o esforço
necessário de forma a garantir um resultado realmente importante para o ne-
gócio da empresa.
54
Depende, também, da cuidadosa seleção dos processos a serem tra-
tados. Aparentemente, parte da decepção com os parcos resultados obtidos
com maciços investimentos em tecnologia na automação de processos nas
empresas se deve ao fato de que muito daquele investimento foi feito em pro-
cessos de retaguarda (backoffice) e em funções administrativas que geram
pouco ou nenhum valor para o cliente da empresa. O resultado que foi possível
obter desse investimento não chega a ser percebido pelo cliente externo.
4.3 – A Tecnologia da Informação Como um Habilitador da re-
engenharia de Processos
A opinião convencional, mesmo entre defensores da reflexão sobre o
processo, é que este deve ser planejado antes de se investigar a tecnologia ou
os sistemas habilitadores. Por exemplo, a abordagem do Centro de Produtivi-
dade e Qualidade da Westinghouse, líder no enfoque sobre processos provo-
cado pela tradição de qualidade, foi sempre a de “pensar primeiro no processo,
pensar depois no sistema” (Davenport, 1995, p.58). É uma reação natural ao
problema da automação de processos ruins, mas vai demasiado longe na dire-
ção oposta.
Mesmo os que defendem uma relação forte entre os processos econô-
micos e os sistemas de informação tipicamente se centram nos sistemas e nas
tecnologias que ajudam a implementar, mais do que possibilitar, um processo.
A meta da engenharia da informação é descrever um processo já conceituali-
zado em termos informáticos (ou, mais precisamente, baseados em dados) de
modo que o sistema possa ser construído rápida e rigorosamente para apoiar
o novo projeto de processo.
As oportunidades para apoiar a reengenharia de processos coma
tecnologia da informação se enquadram em pelo menos nove categorias dife-
rentes, conforme tabela abaixo descrita por Davenport(1995), que pressupõe
55
um objetivo predominante de redução de custos, eliminação de tempo e assim
por diante.
IMPACTO EXPLICAÇÃO
Automação
Informacional
Seqüêncial
De acompanhamento
Analítico
Geográfico
Integrativo
Intelectual
Desintermediação
Eliminação do trabalho humano de um
processo
Captação da informação de processos
com o objetivo de compreensão
Modificar a seqüência do processo, ou
possibilitar o paralelismo
Monitoração rigorosa da situação e
tomada de decisão
Melhorar a análise da informação e
tomada de decisão
Coordenação dos processos à distân-
cia
Coordenação entre tarefas e proces-
sos
Captação e distribuição de bens inte-
lectuais
Eliminação de intermediários num
processo
56
4.4 – Dinamizar Processos Compartilhados Tendo a Tecnolo-
gia da Informação como aliada
Para Michael Hammer (2002), embora seja verdade que as empresas
fazem um trabalho para dinamizar seus processos internos, também é verdade
que os processos que partilham - e que demandam interações com outras em-
presas - continuam em grande parte em estado caótico. Pensar, por exemplo,
no processo de gestão de compras (o Procurement). Ele nada mais é que a
imagem especular do processo de execução de pedidos do fornecedor, com
igual quantidade de tarefas e de dados.
Quando, por exemplo, um comprador de uma empresa preenche um
formulário de requisição, ele faz basicamente o mesmo trabalho que o funcio-
nário do fornecedor encarregado de receber o pedido e de processá-lo. Contu-
do, não há nenhuma - ou há muito pouca -coordenação entre os dois proces-
sos. Mesmo que a empresa e seu fornecedor compartilhem dados eletroni-
camente, o trabalho em si continua a ser executado isoladamente por causa da
profunda divisão existente entre uma empresa e outra.
A falta de coordenação entre os vários processos comuns de uma or-
ganização acaba duplicando um número enorme de atividades. A mesma in-
formação é computada repetidas vezes em diferentes sistemas, os mesmos
formulários são preenchidos e expedidos incontáveis vezes, as mesmas inspe-
ções e certificações se repetem.
No momento em que todas essas atividades e dados passam de uma
empresa para outra, é comum a ocorrência de erros, inconsistências e confu-
sões, o que só aumenta o volume de trabalho perdido. Além disso, são inúme-
ros os funcionários incumbidos de lidar com essa massa incômoda de intera-
ções entre as empresas.
57
Embora todas essas deficiências possam não aparecer no sistema
contábil, preocupado unicamente com o que ocorre no âmbito interno da orga-
nização, os custos daí decorrentes são reais - e não são pequenos. Hoje, a
eficiência limita-se exclusivamente ao que acontece no interior de uma compa-
nhia.
A dinamização dos processos compartilhados com outras empresas é
o próximo grande passo para a redução de custos, propiciando com isso a ele-
vação da qualidade e a agilização das operações. É nesse campo que se da-
rão as guerras de produtividade da atual década.
Serão vitoriosas as empresas que derem um novo enfoque aos negó-
cios, trabalhando em íntima associação com seus parceiros na execução de
projetos e na administração de processos que se expandirão por todo o tecido
corporativo. Serão essas as organizações que darão o salto de eficiência.
Para que se tenha uma idéia mais clara do custo assombroso resul-
tante da falta de coordenação nos processos comuns a várias empresas - e
como vale a pena integrá-los - basta observar o que fez a Geon, empresa
química de Ohio, nos Estados Unidos. Ela surgiu em 1993 como um desdo-
bramento da BFGoodrich. Em virtude de seu crescimento orgânico e de uma
série de aquisições e associações, a empresa se tornou a maior fabricante do
mundo de PVC (policloreto de vinila).
Em 1999, suas receitas totalizaram 1,3 bilhão de dólares. Em 2001, a
Geon fundiu-se com outra empresa química, a M.A. Hanna, dando origem à
PolyOne.)
Ao longo da maior parte dos anos 90, a Geon caracterizou-se pela es-
truturação vertical de suas atividades. A empresa comprava cloro e etileno e os
combinava para produzir a matéria-prima básica para a fabricação do PVC, o
monômero de cloretileno (VCM). Em seguida, transformava o VCM em resinas
58
e, por meio de uma série de outros passos, em vários compostos usados em
produtos como invólucros para computadores e até em eletrodomésticos.
A exemplo do que fizeram muitas empresas em meados dos anos 90,
a Geon procurou concentrar suas energias na derrubada das muralhas que
separavam suas diversas unidades internas com o propósito de reduzir custos
e gerar mais valor para o cliente. A empresa seguiu um programa que hoje é
bem conhecido: integrou e simplificou os principais processos de negócios e
instalou um sistema de ERP (de gestão empresarial) para dar-lhes sustenta-
ção.
Ao permitir que as informações e transações fluíssem com mais facili-
dade entre os diferentes setores da organização, a lucratividade da Geon dis-
parou. O percentual de pedidos atendidos com pontualidade cresceu significa-
tivamente, as queixas dos clientes praticamente desapareceram, a necessida-
de de pagamento de taxas especiais de frete para compensar a desorganiza-
ção do cronograma de entregas acabou, os níveis de estoque caíram brusca-
mente e a produtividade em toda a empresa ganhou um novo impulso.
Os custos da Geon tiveram uma queda de milhões de dólares, e o ca-
pital de giro caiu de mais de 16% das vendas para menos de 14%. Foi então
que, em 1999, a empresa deu os primeiros passos rumo a uma mudança es-
tratégica fundamental. Ciente de que não tinha volume de vendas necessário
para a produção de VCM e de resinas a um custo competitivo, a empresa de-
cidiu se concentrar totalmente no negócio de compostos.
A produção de compostos era uma atividade com alto grau de agrega-
ção de valor, menos sujeita à escalabilidade e mais dependente de um proces-
so de engenharia extremamente prático e capaz de atender às necessidades
específicas dos clientes.
Esse novo foco daria à Geon a oportunidade de conquistar uma van-
tagem competitiva real, além de ampliar suas margens de lucro.
59
Para respaldar essa nova estratégia, a Geon repassou suas operações
de VCM e resinas para uma associação com a Occidental Chemical batizada
de OxyVinyls, que se tornou seu principal fornecedor de materiais.
Embora as diretrizes adotadas pela Geon fossem estrategicamente sa-
dias, foram um desastre no plano operacional. Na verdade, ela ergueu uma
muralha enorme (entre empresas) no lugar onde havia demolido outra (tam-
bém entre empresas) bem menor.
A produção de VCM e de resinas havia pouco se associara ao setor de
compostos, e agora os dois estavam novamente separados - e com a agravan-
te de se tornarem partes de empresas diferentes. Os resultados eram mais que
previsíveis: o trabalho perdeu coordenação e as informações não eram mais
compartilhadas, assinalando com isso a volta de atividades duplicadas e dos
custos indiretos.
Houve então necessidade de contratar gente na expedição, no plane-
jamento e em vários outros setores para dar conta das interfaces entre a Geon
e a OxyVinyls. Os dados eram computados duas vezes, disso resultando um
percentual de erros de 8% nos pedidos feitos pela Geon à OxyVinyls - números
de ordens de compras e de produtos errados, preços incorretos etc.
O tempo necessário para processar os pedidos também aumentou,
uma vez que a comunicação se tornou mais formal e as interfaces, mais com-
plexas.
Do lado da produção, à medida que a Geon e a OxyVinyls sabiam cada vez
menos o que se passava em seu respectivo estoque, expedição e volume de
demanda, os processos de fabricação tornaram-se mais irregulares, exigiam
mais paradas e retomadas e, conseqüentemente, geravam mais atrasos, além
de alterações não programadas.
60
As perspectivas do planejamento de produção da Geon foram seria-
mente afetadas, caindo de sete semanas para apenas três. Os estoques cres-
ceram 15%, o capital de giro aumentou 12% e o tempo necessário para o a-
tendimento dos pedidos triplicou.
A Geon não somente perdeu os benefícios que havia ganho anterior-
mente ao integrar os processos de negócios como também - sob vários aspec-
tos - sua situação ficou ainda pior do que antes da derrubada das muralhas
internas da empresa.
Os problemas da Geon podem parecer terríveis. Na verdade, não são
piores que os problemas que tem de enfrentar rotineiramente qualquer empre-
sa. A diferença - crucial - foi que a Geon os percebeu a tempo. A rápida degra-
dação do desempenho chamou a atenção da gerência para o alto custo dos
processos entre empresas sem a necessária coordenação.
Em vez de ignorar a ineficiência ou de considerá-la simplesmente uma
conseqüência inevitável do trabalho em conjunto com outras companhias, a
Geon resolveu agir. Juntamente com a OxyVinyls, procurou interligar os pro-
cessos e as operações computadorizadas responsáveis pelo andamento dos
trabalhos. Ambas vincularam de modo muito coeso seu processo de previsões.
Agora, no momento em que a Geon utiliza informações colhidas com
seus clientes para prognosticar as possíveis demandas de compostos, essa
previsão é transmitida via internet para a OxyVinyls que, por sua vez, a incor-
pora às próprias previsões de demanda de resinas e monômeros.
Os processos de execução de pedidos e de expedição agora também
caminham lado a lado. Vinte e quatro horas depois de receber uma ordem de
compra de um cliente, a Geon executa o pedido especificando os materiais
que precisará adquirir da OxyVinyls e, automaticamente, despacha uma ordem
61
que chega sem intermediações ao sistema e ao setor de execução de pedidos
da empresa.
Além disso, outras confirmações e conhecimentos, notificações anteci-
padas de embarque e faturas seguem diretamente da OxyVinyls de volta para
a Geon.
As funções e o comportamento dos funcionários envolvidos nos pro-
cessos mudaram radicalmente depois disso. O pessoal envolvido no planeja-
mento da produção de uma empresa, por exemplo, não precisa mais perder
tempo tentando adivinhar o que se passa na outra. Em vez disso, pode se
concentrar na solução de problemas de um modo que seja vantajoso para am-
bas as organizações.
Quando há escassez de matéria-prima no mercado, o setor de plane-
jamento da Geon e o da OxyVinyls trabalham em conjunto para reprogramar as
etapas de produção e de embarque, garantindo assim que a capacidade insta-
lada da fábrica seja utilizada da maneira mais eficiente possível.
A Geon agora compreende que pedidos de pouco valor encarecem os
custos de expedição da OxyVinyls e por isso prefere aguardar o momento cer-
to de comprar. Os funcionários sabem que, quando caem os custos da Oxy-
Vinyls, em seguida caem os preços dos produtos vendidos à Geon.
A mensuração da performance também mudou. Os compradores da
Geon costumavam ser avaliados, antes de qualquer outra coisa, pelos preços
dos materiais que negociavam. Embora a disponibilidade de materiais seja crí-
tica para a produtividade da fabricação, esse fator não era levado em conta na
avaliação dos compradores, porque se supunha que tinham pouco conheci-
mento do status de expedição dos fornecedores, ou que era impossível moni-
torá-lo.
62
Agora que esses profissionais possuem informações precisas sobre a
produção da OxyVinyls e sobre seu cronograma de expedição, tornaram-se
responsáveis não só pela disponibilidade como também pelos preços dos ma-
teriais comprados.
A Geon deu mais um passo à frente ao integrar seus processos aos de
seus clientes. Foram instalados sensores em alguns dos depósitos de seus
principais compradores, de modo que a empresa sempre sabe quanto de com-
posto o cliente tem em estoque.
No momento em que os estoques caem a um nível predeterminado, a
Geon envia automaticamente a quantidade necessária para a reposição, elimi-
nando assim várias das atividades típicas desse processo, como a verificação
de estoques e a expedição de ordens de compras.
Graças aos esforços da Geon, os processos de três empresas - o pro-
curement do cliente, a execução de ordens de compras e o procurement da
Geon, bem como os processos de execução de ordem de compras da OxyVin-
yls - foram integrados.
Hoje, todos eles são geridos como se fossem um só, sem nenhum tipo
de reserva em relação à empresa a que pertencem e com muito menos atrito,
custos indiretos e erros. O retorno foi espetacular. O percentual de erros nos
pedidos da Geon caiu de 8% para zero, o tempo despendido na execução de
uma ordem de compra voltou aos níveis anteriores e o volume de estoques
caiu 15%.
O custo da mão-de-obra também diminuiu, uma vez que foram elimi-
nadas atividades que não agregavam valor ao produto. O mais importante é
que a empresa conseguiu fazer com que grande parte do seu pessoal retor-
nasse às suas antigas funções com uma nova mentalidade: em vez de conser-
tar erros, eles estão ali para servir os clientes. Isso possibilitou à Geon pôr em
63
prática com resultados surpreendentes uma estratégia preocupada fundamen-
talmente com atividades que agreguem valor à empresa.
É tentador olhar para a história da Geon como se fosse uma mera ilus-
tração do que a internet pode fazer para integrar sistemas de informação dís-
pares. Embora seja uma verdade tecnológica, há um ponto muito importante aí
que pode passar despercebido: processos distintos em empresas diferentes
foram interligados, combinados, e agora trabalham como se fossem um único
organismo.
Outra empresa de alta tecnologia, a Hewlett-Packard, deu um passo
ainda mais ousado no trabalho de reestruturação dos processos entre empre-
sas - de modo que veio transformar a economia de sua cadeia de fornecedores
no segmento de monitores para computador.
Um comprador típico de um monitor HP provavelmente não tem a mí-
nima idéia de quantas empresas participam de sua produção. A exemplo da
maioria dos fabricantes de computador, a HP terceirizou grande parte do pro-
cesso de produção, transferindo-o para empresas como a Solectron e a Celes-
tica. O fabricante subcontratado compra o invólucro para o monitor de um for-
necedor de moldagem, que, por sua vez, adquire seu material de uma empre-
sa especializada em compostos de plástico. Essa empresa, por seu turno,
compra material de um fabricante de resinas.
Essa cadeia de suprimentos é muito fácil de descrever, mas até recen-
temente era quase impossível de administrar.
Em primeiro lugar, porque os fornecedores na extremidade oposta da
cadeia da HP não tinham idéia de quantos monitores a empresa realmente
precisava. Em geral, nem sequer sabiam que a HP era a destinatária final da
resina e do composto que produziam. Conseqüentemente, todos tinham de
64
manter estoques elevados caso um pedido emergencial surgisse na cadeia de
suprimentos.
Em muitos casos, os produtos em estoque nem eram aqueles de que a
HP precisava naquele momento. Quando isso acontecia, a empresa ficava im-
possibilitada de atender aos pedidos de seus clientes, obrigando o consumidor
a buscar alternativas. Disputas entre fornecedores de peças de primeira ne-
cessidade culminavam às vezes com atrasos imprevistos na entrega que even-
tualmente afetavam a capacidade da HP de atender aos pedidos feitos.
Esse tipo de situação era sinônimo de perda de receita para todos os
membros da cadeia de suprimentos.
Outro aspecto complexo era a volatilidade das especificações dos pe-
didos. Teoricamente, no momento em que a HP executava um pedido, seus
fornecedores deveriam estar prontos para entrar em ação. Acontece que, no
mundo dos computadores, nada fica do mesmo jeito por muito tempo. Em mé-
dia, um pedido de um lote de monitores sofre quatro alterações antes de ser
totalmente processado, normalmente em resposta a mudanças na demanda
de mercado.
Quantidade, prazo de entrega e cor são apenas algumas das variáveis
que mais sofrem alterações.
A disparidade de escala dos participantes dessa cadeia complicou ain-
da mais as coisas. A HP e seu fornecedor de resinas são empresas gigantes-
cas. Os fabricantes subcontratados também são de grande porte. Já a maior
parte das empresas de moldagem é de porte relativamente pequeno, assim
como a maioria das fábricas de compostos.
Portanto, todo pedido de invólucros para monitores da HP era normal-
mente dividido entre diversos fabricantes de compostos, cada um dos quais
comprava resina dos produtores em quantidades pequenas -- e, conseqüen-
65
temente, a preços relativamente altos. Em outras palavras, o potencial de
compras da HP dissipava-se a cada etapa da cadeia que a separava de seu
fornecedor final.
Como a HP não tinha contato com fornecedores de compostos e resi-
nas, faltavam-lhe condições para rastrear sua qualidade e seu desempenho,
bem como preços e prazos. Raramente também ouvia suas idéias, e assim
perdia a oportunidade de otimizar seus produtos e processos.
Muita gente espalhada pelas diferentes empresas, utilizando-se de
vasta rede de sistemas de informação sem vínculos uns com os outros, tinha
de administrar essa massa incômoda de processos a um custo elevado. Em
1999, ciente do problema, a HP resolveu integrar a cadeia de suprimentos e
coordenar a unificação do processo.
A empresa assumiu a responsabilidade de fazer com que todas as par-
tes trabalhassem juntas, compartilhando informações e operando de tal forma
que garantissem os mais baixos custos e os mais altos níveis de disponibilida-
de por toda a cadeia de suprimentos.
O núcleo do novo processo consiste num sistema informatizado mon-
tado pela HP para compartilhamento de informações entre todos os participan-
tes. A empresa informa suas previsões e revisões de demanda a todos os par-
ceiros e pede para que cada um as use na elaboração das próprias previsões.
Esses, por sua vez, informam seus planos e cronogramas e utilizam-se do sis-
tema para se comunicar com seus fornecedores e clientes, num intercâmbio
eletrônico de pedidos, notificações e faturas.
A equipe de procurement da HP gerencia todo o processo, monitora a
performance dos fornecedores, ajudando a resolver disputas em torno de pa-
gamentos e mantendo a oferta e a procura em equilíbrio.
66
Os compradores da empresa, que antes se preocupavam estritamente
com prazos e condições, viram suas funções ampliadas consideravelmente.
O processo integrado aumentou de forma surpreendente a cadeia de
suprimentos, ou seja, qualquer modificação nos pedidos da HP é instantanea-
mente transmitida à cadeia, permitindo que todos reajam prontamente. Se, por
acaso, algum problema ameaça comprometer o cronograma, a empresa toma
conhecimento da dificuldade ainda no início, o que lhe permite apelar para ou-
tros procedimentos.
Uma vez que é responsável pela coordenação de todo o processo, a
HP pode também encomendar toda a resina de que necessita diretamente do
fornecedor. Para isso, a empresa fornece ao fabricante um pedido agregado e
recebe uma única nota a um preço de contrato uniforme e consideravelmente
baixo. O fabricante de resina também é beneficiado com esse novo relaciona-
mento, já que tem a segurança e a facilidade de se relacionar com um grande
cliente em vez de vários de pequeno porte.
A dinamização do processo de suprimentos tem ajudado a todos os
participantes, mas talvez a HP seja a maior beneficiada. Na primeira fase de
implementação do processo, o preço pago pela resina utilizada caiu 5%. O
número de indivíduos necessários à gestão da cadeia foi cortado pela metade
e o tempo requerido para a execução de um pedido de monitor caiu 25%. O
melhor de tudo é que a HP calculou em 2% o incremento das vendas nas á-
reas nas quais implementou esse novo processo integrado.
São vendas que a empresa não realizava antes porque não era capaz
de fabricar o produto certo no prazo requerido finaliza Michael Hammer (2002).
67
CONCLUSÃO
Muitas empresas já fizeram esforços para melhorar seus processos, o
que não significa que se tenham tornado centradas nos seus processos nem
que estejam fazendo as coisas da melhor maneira possível. Também não quer
dizer que estejam obtendo o melhor resultado possível nem que estejam cen-
trando seus recursos e esforços no seu cliente.
A falta de um entendimento claro sobre o conceito de processo e a apli-
cação apenas pontual desse conceito na administração das empresas podem
explicar parte dessa limitação na obtenção de resultados pelas nossas empre-
sas. Ainda há muito o que fazer na aplicação do conceito de processo empre-
sarial às empresas.
O entendimento do funcionamento das organizações tem sido tão limi-
tado, que ainda resta muito a ser feito para aperfeiçoá-lo. A importância do
emprego do conceito de processo aumenta à medida que as empresas traba-
lham com conteúdo cada vez mais intelectual, oferecendo produtos cada vez
mais ricos em valores intangíveis. É maior ainda nas empresas de conteúdo
puramente intelectual.
As técnicas e práticas de gestão empresarial deverão se adequar às
organizações que estão se estruturando por processos. Hoje, há uma tendên-
cia em se focalizar nas atividades e habilidades individuais, com a conseqüen-
te perda da visão de processo e das habilidades de equipe. Os modelos de
monitoração do desempenho das empresas deverão ser redesenhados para
que possam ser úteis na gestão dessas empresas.
68
O clima cultural no qual a gestão por processos está inserido, assim
como, para a reengenharia de processos, deve ter como enfoque importante a
melhoria operacional da empresa. A organização deve estar suficientemente
disciplinada para admitir a avaliação e análise de resultados e ser receptiva as
mudanças.
Segundo Gonçalves (2000), ao analisarmos a situação de uma empresa
no que se refere ao seu funcionamento e à sua relação com os processos es-
senciais da sua indústria, vamos notar que a ênfase em processo não é sem-
pre a única nem a melhor solução para qualquer situação.
Na verdade, a opção pela organização por processos deve sempre ser
feita depois de cuidadosa análise das condições e circunstâncias da empresa
naquela situação.
Da mesma maneira, nem sempre é o caso de ir até o final da evolução
para uma organização por processos, passando por todos os estágios do es-
pectro de modelos organizacionais que discutimos aqui. Muitas vezes, a em-
presa vai considerar mais razoável para a sua situação particular evoluir ape-
nas até um certo ponto do espectro e permanecer por lá durante algum tempo.
De modo geral, o futuro vai pertencer às empresas que consigam explo-
rar o potencial da centralização das prioridades, das ações e dos recursos nos
seus processos essenciais.
As empresas do futuro deixarão de enxergar processos apenas na área
industrial, serão organizadas em torno de seus processos não fabris essenciais
e centrarão seus esforços em seus clientes (Gonçalves, 1997b). Para isso, de-
verão decidir por um modelo de organização por processos e tomar as provi-
dências para passar da sua estrutura atual para aquela que dará melhores re-
sultados para a sua operação.
69
Apesar dos riscos implícitos à implementação da reengenharia de pro-
cessos num contexto aquém do que é desejado, há importantes razões para
se deixar a cautela e lançar uma iniciativa maior. A mais destacada é que a
reengenharia de processos chegou para ficar. Já obteve sucessos suficientes
para mostrar a exeqüibilidade e potencial, e as empresas que a adotam bem
podem ser as concorrentes daqueles dispensam a oportunidade.
Para Davenport (1995), a melhor maneira de aprender a reengenharia
de processos é tentá-la. Começando a pensar na organização como uma sé-
rie de processos que terão de ser tratados, por fim. Convencendo outros do
valor dessa abordagem. Reunindo uma equipe, selecionando e estudando um
processo. Lutando para criar o melhor processo do seu gênero em qualquer
negócio ou indústria.
Não gastando mais dinheiro na construção de tecnologia da informação
ou treinamentos, exceto no contexto da reengenharia de processos. Deixar de
fazer isso, quando a reengenharia de processo está se tornando a norma, é
deixar passar não só uma oportunidade de obter vantagem competitiva, mas
até mesmo a capacidade de continuar sendo viável.
70
BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO, Luis César G. Organização, Sistemas e Métodos e as Modernas
Ferramentas de Gestão Organizacional. São Paulo: Atlas, 2001.
BANCROFT, Nancy H., SEIP, Henning e SPRENGEL, Andrea. Implementing
SAP R/3: How to Introduce a Large System Into a Large Organization ,2ª
Ed. Greenwich, 1998
BERGAMO, Clovis e MANSUR, Ricardo. Uma Evolução Silenciosa no Ge-
renciamento das Empresas com o Six Sigma, 1ª Ed, Brasport, 2007.
CAULLIRAUX, Heitor M. - Sistemas Integrados de Gestão e Qualificação
Gerencial; Grupo de Produção Integrada, COPPE/UFRJ, Publicado na Gazeta
Mercantil, Gazeta do Rio, Rio de Janeiro, 1999;
CHIAVENATO, Idalberto. Administração: Teoria, Processo e Prática. 3ª. Ed.
S. Paulo:Makron Books, 2000.
CHIAVENATO, Idalberto. Manual de Reengenharia. 1 ed. São Paulo: Makron
Books, 1995.
CORDEIRO, José Vicente B. de Mello e RIBEIRO, Renato V..Gestão Empre-
sarial / Fae Business School. Curitiba: Associação Franciscana de Ensino Se-
nhor Bom Jesus, 2002.
DAVENPORT, Thomas H. - Reengenharia de Processos, Ed. Campus, Rio
de Janeiro, 1995.
DRUCKER, Peter F. Administrando em Tempos de Grandes Mudanças.
São Paulo: Pioneira, 1995.
71
GALBRAITH, J.; LAWER, E.. Organizando para competir no Futuro. São
Paulo: MakronBooks, 1995
GONÇALVES, José E. Lima, artigo “As empresas são grandes coleções de
processos”, RAE – Revista de Administração de Empresas de jan/mar 2000.
GONÇALVES, José E. Lima, artigo “Processos, que processos”, RAE – Re-
vista de Administração de Empresas de jan/mar 2000.
GONÇALVES, José Ernesto Lima e GOMES, Cecília de Almeida. A tecnologia
e a realização do trabalho. RAE - Revista de Administração de Empresas, v.
33, n. 1, jan./fev. 1993.
GONÇALVES, José Ernesto Lima. Um novo O&M para recuperar o tempo
perdido. RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 3, maio/jun.
1995
GRAHAM, Morris e LEBARON, Melvin. The horizontal revolution. San Fran-
cisco: Jossey-Bass, 1994.
HAMMER, M. A empresa voltada para processos. HSM Management, n. 9,
ano 2, jul./ago. 1998.
HAMMER, M. e CHAMPY, J. - Reengenharia - Revolucionando a Empresa,
Campus, Rio deJaneiro, 1994.
HAMMER, M. Towards the twenty-first Century Enterprise. Boston : Ham-
mer & Co., 1996.
HAMMER, MICHAEL, A Empresa Supereficiente, EDIÇÃO ESPECIAL
EXAME - HARVARD BUSINESS REVIEW, Abril, p. 19-29, Abril, 2002.
72
HARRINGTON, H. James. Business Process Improvement. New York:
McGraw Hill, 1991.
KANTER, Rosebeth Moss. Frontiers of management. Cambridge : Harvard
Business School Press, 1997.
KEEN, Peter G. The Process Edge: Creating Value Where it Counts. Bos-
ton : Harvard Business School Press, 1997.
LAROSA, M. A., AYRES, F.A. Como Produzir Uma Monografia. 6ª Ed. Wak
Editora, 2005.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à Administração. 5ª Ed. S.
Paulo: Atlas, 2000.
NAGEL, C. e ROSEMANN, M. ITN 252, Process Engineering, Cadeia de pós-
graduação à distância, Austrália, Queensland, 1999.
RUMMLER, Geary e BRACHE, Alan. Improving Performance. San Francis-
co: Jossey-Bass, 1990.
SALERNO, M. S. – Projeto de Organizações Integradas e Flexíveis, Atlas,
São Paulo, 1999.
STEWART, Thomas. The search for the organization of tomorrow. Fortune,
v. 125, n. 10, p. 92-98, May 18, 1992.
ZARIFIAN, P.. Objetivo competência; por uma nova lógica. São Paulo: Atlas,
2001.
73
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUCÃO 9
CAPITULO I
ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO 11
1.6 Conceitos de Administração 11
1.7 As Empresas 14
1.8 Competitividade 15
1.3.1 Eficácia 16
1.4 O que é a Gestão Hoje? 17
1.5 Como Melhorar a Gestão 19
CAPITULO II
GESTÃO DE PROCESSOS 22
2.1 Conceitos de Processos 23
2.2 Análise dos Conceitos de Processos 26
2.3 Como Fazer as Empresas Pensarem
em Termos de Processos 33
2.4 Gestão do Ponto de Vista do Processo 34
2.5 Estrutura Organizacional por Processos 37
2.6 Passos Gradativos para Modelagem de Processos 40
2.6.1 Definição da Função Organizacional 40
2.6.2 Construção do Mapa de Atividades Processuais 41
2.6.3 Rastreamento de Cada Processo Empresarial 41
74
2.6.4 Novo Processo 41
CAPITULO III
A REENGENHARIA DE PROCESSOS 42
3.1 Conceitos 42
3.2 A Reengenharia de Processos e a Voz do Cliente 44
3.3 Os Passos da Reengenharia de Processos 46
CAPITULO IV
A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO APLICADA NA
GESTÃO DE PROCESSOS 51
4.1 Tecnologia 51
4.2 Tecnologia e Processos 52
4.3 A Tecnologia da Informação Como
um Habilitador da reengenharia de Processos 54
4.4 Dinamizar Processos Compartilhados Tendo
a Tecnologia da Informação como Aliada 56
CONCLUSÃO 67
BIBLIOGRAFIA 70
INDICE 73
75
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Título da Monografia: O INSUCESSO DAS EMPRESAS NA
GESTÃO DE SEUS PROCESSOS
Autor: ALEXANDER DA SILVA PAULO
Data da entrega: 29 de julho de 2009
Avaliado por: Conceito: