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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO: O IMPACTO DO PROCESSO SELETIVO NA ORGANIZAÇÃO Por: Priscila Soares Pinho Orientador: Carlos Cereja Rio de Janeiro - RJ 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO GESTÃO DE RECURSOS

HUMANOS LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO:

O IMPACTO DO PROCESSO SELETIVO NA ORGANIZAÇÃO

Por: Priscila Soares Pinho

Orientador:

Carlos Cereja

Rio de Janeiro - RJ

2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO GESTÃO DE RECURSOS

HUMANOS LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO:

O IMPACTO DO PROCESSO SELETIVO NA ORGANIZAÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Recursos Humanos.

Por: Priscila Soares Pinho

Rio de Janeiro - RJ

2011

AGRADECIMENTOS

...aos pais e amigos...

DEDICATÓRIA

...dedica-se à minha mãe presente e de

mera importância em todas as etapas...

RESUMO

É grande a importância que tem o RH dentro de uma organização, já que o mesmo é a porta de entrada onde são percebidas todas as suas características e suas políticas internas. A área de Recursos Humanos deixou de ser apenas setor de pessoal para se tornar o departamento principal de mudança dentro da organização. Há pouco tempo atrás, o departamento de Recursos Humanos agia de forma mecanicista, onde a visão do empregado permanecia à obediência e a execução da tarefa, e ao chefe, o controle concentrado. O objetivo deste trabalho é estudar os impactos de um processo seletivo em uma organização, conhecer as diferentes maneiras de recrutamento e suas estratégias para uma boa seleção; apresentar os custos de um processo seletivo mal realizado; e por fim explicar a responsabilidade do setor de recursos humanos em um processo seletivo.

Palavra-chave: Recursos Humanos, Processo Seletivo, Estratégia Organizacional.

METODOLOGIA

Toda pesquisa parte de um projeto que servirá para orientar o

desenvolvimento do trabalho. Conforme afirma Vergara (2000, p. 15), o projeto

é como uma carta de intenções, na qual se define com clareza o problema que

motivou a pesquisa, o referencial teórico em que se baseará o trabalho e a

metodologia a ser aplicada.

Segundo Gil (1994 p.7):

O objetivo principal da pesquisa é buscar a resolução de um problema através da utilização de procedimentos científicos, cujo resultado é a construção de um conhecimento. De acordo com o autor, para que um conhecimento possa ser considerado científico, é necessário delinear o método utilizado para desenvolver esse novo saber e define método como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento.

Segundo Richardson (1999), a pesquisa qualitativa é utilizada quando se

procura analisar situações complexas ou com determinadas particularidades.

São os casos em que se procura descrever a complexidade de determinado

problema, quando os dados a serem coletados não podem ter tratamento

quantitativo e nas situações em que se procura estudar a relação de certo

fenômeno num grupo social específico.

Neste projeto, será utilizada a pesquisa qualitativa e exploratória, que

segundo Gil (1999, p.43), objetiva proporcionar uma visão geral de um

determinado fato, do tipo aproximativo, e como procedimento a pesquisa

bibliográfica, pois se optou por utilizar apenas a parte teórica da Gestão

Estratégica e o impacto de um processo seletivo de uma organização, com o

objetivo de conhecer as características particulares do tema estudado.

Os procedimentos metodológicos são constituídos:

a) pesquisa de levantamento de dados tendo como base os livros

“Gestão de Pessoas” do autor Idalberto Chiavenato, “e “Kaplan e Norton na

prática” dos próprios autores Robert Kaplan e David Norton e demais autores

que possam estar sendo utilizados ao decorrer do projeto de pesquisa, que são

essenciais no desenvolvimento e entrosamento do assunto; e

b) pesquisa na internet, utilizadas para buscar conhecimento e

experiência de autores sobre o tema estudado e exposição de empresas que

vivenciam ou vivenciaram processos de recrutamento e seleção de pessoal,

auxiliando para o alcance do problema abordado no presente trabalho,

contribuindo assim para atingir os objetivos propostos.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................8

1. CAPÍTULO I – RECURSOS HUMANOS..................................................11

2. CAPÍTULO II – GESTÃO DE PESSOAS.................................................26

3. CAPÍTULO II – RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAL............37

CONCLUSÃO.........................................................................................41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................42

8

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo geral estudar os impactos de um

processo seletivo em uma organização. Outros são os objetivos específicos

que norteia este tema como, conhecer as diferentes maneiras de recrutamento

e suas estratégias para uma boa seleção; apresentar os custos de um

processo seletivo mal realizado; e por fim explicar a responsabilidade do setor

de recursos humanos em um processo seletivo.

A escolha deste tema justifica-se na importância que tem o RH dentro

de uma organização, já que o mesmo é a porta de entrada onde são

percebidas todas as suas características e suas políticas internas.

A problemática apontada seria então quais as conseqüências de um

processo seletivo realizado de forma ineficiente?

A hipótese seria altos custos e desperdício financeiro e de capital

humano.

Este estudo delimita-se em empresas com alta rotatividade ou que

buscam reduzir custos desnecessários com estratégias de recrutamento e

seleção mal aplicadas.

Este estudo é sem dúvidas de grande importância para todos que

trabalham com administração de empresas e para todos que se interessam

pela gestão estratégica e pelos processos de aprendizagem organizacionais.

Credita-se relevância a administração, pois esta é o gerenciamento dos

recursos humanos, materiais e financeiros de uma organização. O

administrador é o profissional responsável pelo planejamento das estratégias e

pelo gerenciamento do dia a dia de uma empresa. Ele ajuda a definir, a

analisar e a cumprir as metas da organização. Conduz as relações entre a

empresa e os empregados, participando dos processos de seleção, admissão e

demissão de funcionários, e do relacionamento com os sindicatos de cada

categoria. Implementa planos de carreira e programas de benefícios.

Por isto, pretende-se neste estudo desenvolver e se espera

compreender a maneira como se processa a gestão estratégica e a

contribuição desta para a formação de novas habilidades e conhecimentos que

9

atendam às novas estratégias da organização, além de destacar o papel do

profissional de Recursos Humanos como um facilitador de processos de

mudanças e contribuição da área para agilizar o aprendizado individual e

organizacional, conforme aponta (ULRICH,1998).

A área de Recursos Humanos deixou de ser apenas setor de pessoal para

se tornar o departamento principal de mudança dentro da organização. Há pouco

tempo atrás, o departamento de Recursos Humanos agia de forma mecanicista,

onde a visão do empregado permanecia à obediência e a execução da tarefa, e

ao chefe, o controle concentrado.

Toda pesquisa parte de um projeto que servirá para orientar o

desenvolvimento do trabalho. Conforme afirma Vergara (2000, p. 15), o projeto

é como uma carta de intenções, na qual se define com clareza o problema que

motivou a pesquisa, o referencial teórico em que se baseará o trabalho e a

metodologia a ser aplicada.

Segundo Gil (1994 p.7):

O objetivo principal da pesquisa é buscar a resolução de um problema através da utilização de procedimentos científicos, cujo resultado é a construção de um conhecimento. De acordo com o autor, para que um conhecimento possa ser considerado científico, é necessário delinear o método utilizado para desenvolver esse novo saber e define método como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento.

Segundo Richardson (1999), a pesquisa qualitativa é utilizada quando se

procura analisar situações complexas ou com determinadas particularidades.

São os casos em que se procura descrever a complexidade de determinado

problema, quando os dados a serem coletados não podem ter tratamento

quantitativo e nas situações em que se procura estudar a relação de um certo

fenômeno num grupo social específico.

Neste projeto, será utilizada a pesquisa qualitativa e exploratória, que

segundo Gil (1999, p.43) objetiva proporcionar uma visão geral de um

determinado fato, do tipo aproximativo, e como procedimento a pesquisa

bibliográfica, pois se optou por utilizar apenas a parte teórica da Gestão

10

Estratégica e o impacto de um processo seletivo de uma organização, com o

objetivo de conhecer as características particulares do tema estudado.

Os procedimentos metodológicos são constituídos:

a) pesquisa de levantamento de dados tendo como base os livros

“Gestão de Pessoas” do autor Idalberto Chiavenato, “e “Kaplan e Norton na

prática” dos próprios autores Robert Kaplan e David Norton e demais autores

que possam estar sendo utilizados ao decorrer do projeto de pesquisa, que são

essenciais no desenvolvimento e entrosamento do assunto; e

b) pesquisa na internet, utilizadas para buscar conhecimento e

experiência de autores sobre o tema estudado e exposição de empresas que

vivenciam ou vivenciaram processos de recrutamento e seleção de pessoal,

auxiliando para o alcance do problema abordado no presente trabalho,

contribuindo assim para atingir os objetivos propostos.

11

CAPÍTULO I

RECURSOS HUMANOS

1.1. RECURSOS HUMANOS DA ANTIGUIDADE À REVOLUÇÃO

INDUSTRIAL

Recursos Humanos é uma atividade tão antiga quanto o homem e

seus agrupamentos, desde os estágios rudimentares da coleta de frutas, caça,

pesca, agricultura e criação de animais.

O estilo de ação teve lugar, principalmente, no cenário das atividades

de administração relacionadas com a ação política, militar, que predominou da

Antiguidade até o século XVIII, com a Revolução Industrial, provocando o

surgimento do capitalismo industrial, onde o RH passa a ter marcante presença

no mundo empresarial privado.

Desde a antiguidade notamos a presença da ação ordenadora,

autoritarismo na administração das cidades, e reinos, na condução dos

exércitos, nas grandes obras de irrigação e construção na economia. Na

versão moderna, essa realidade é vista ainda pelas manifestações autoritárias

e tecnocráticas no mundo da administração pública, chamada Administração

Científica.

No começo do século passado, na Europa, surgiram as propostas para

a sua democratização e humanização.

1.1.1. Após a Revolução Industrial

A Revolução industrial caracterizou-se pelo desenvolvimento crescente

das máquinas e ferramentas, com o crescimento do comércio e produção das

riquezas.

Os "direitos de mandar" vieram durante e após a revolução industrial,

capacidade técnica de direção de uma organização. Ou seja: tecnocracia.

Antes do advento da produção industrial capitalista intensa, conseqüente da

revolução industrial, certos níveis de autonomia, no que se diz respeito no

planejamento e controle da atividade de trabalho, podiam ser notados em

12

comunidade agrícolas, e artesãos da Idade média. Essas expressões de

autonomia foram praticamente eliminadas com a Revolução Industrial, pois

ficou exclusivamente com grupos minoritários, detentores do capital.

Outro aspecto importante que surgiu, com particular presença, no

mundo organizacional após a revolução industrial foi a implementação

crescente da divisão do trabalho. A caricatura dessa divisão do trabalho pode

ser vista no filme Tempos Modernos de Charle Chaplin, onde a elaboração total

ou quase total, de um exército de trabalhadores, cada um executando uma

"migalha".

Para os detentores do poder da organização isto significa

racionalização do trabalho e para a massa dos executores significa a

"burrificação" do seu esforço.

No começo do século passado nota-se o surgimento de análises

críticas às características da estrutura e do comportamento organizacionais

que insistiam os seguintes aspectos:

- Hierarquismo e estilo de direção autoritária, seja na entidade privada,

sejam nas organizações políticas e sociais.

- Os privilégios da propriedade a injusta distribuição dos esforços e

produção.

- A burocracia e a tecnocracia alienadoras da maioria dos modelos de

organizações.

- A divisão do trabalho, institucionalizando, em nome do racionalismo,

a alienação de indivíduos e grupos.

1.1.2. Surgimento do órgão de recursos humanos

No final do século passado e início do nosso, o movimento dos

trabalhadores organizados na Europa, foi o primeiro movimento dos membros

das organizações. Esse movimento começou com características de produção

dos trabalhadores contra os abusos decorrentes, contra injustiça econômica. È

o que os Recursos Humanos além do desempenho de suas funções técnicas e

operacionais de cunho tradicional (Recrutamento, Seleção, Treinamento,

Controles de Pessoal etc.), passam a tratar da atividade de contra-arrestar a

pressão sindical.

13

Esta posição de recursos humanos como "amortecedor" do movimento

sindical, foi evidente nas três primeiras décadas deste século, perdendo

intensidade a partir da década de 1950.

1.2 RECURSOS HUMANOS NOS DIAS DE HOJE

O objetivo fundamental de Recursos Humanos, nos nossos dias é

contribuir para a criação de um clima propício ao bem-estar material,

motivação, desenvolvimento e sinergia do patrimônio humano de uma

organização que resulta sempre na maior saúde e eficácia de uma

organização.

1.2.1 Estratégia Universal de Recursos Humanos

A estratégia universal é o rumo de ação que se utiliza para atingir um

objetivo, no sentido de aumentar as condições para o exercício dos níveis de

autonomia, autocontrole e auto desenvolvimento dos participantes das

organizações.

Autonomia: sentir-se autônomo é a pessoa, ou grupo, se sentir capaz

de caminhar com suas próprias pernas.

Autocontrole: espécie de metodologia para se manter uma postura

autônoma. Capacidade das pessoas e grupos de estar informados dos rumos e

rendimentos dentro de uma organização. Pode ser entendido como feedback

como atitude e tipo de comportamento adulto.

Auto desenvolvimento: reconhecimento de que o ser humano, na

medida em que as condições não sejam negativas.

1.2.2. Participação e democratização organizacional

Auto-realização, autonomia, autocontrole, auto desenvolvimento,

alguns dos caminhos cujo desemboca douro é o estuário da participação.

Participação esta que, na medida em que seja realidade, ainda que não

perfeita, desemboca à auto-realização crescente dos indivíduos e grupos.

14

1.2.3. Estratégias organizacionais

A identificação das condições restritivas é uma das estratégias

operacionais mais relevantes. Estão presentes nas organizações rígidas e

estratificadas, onde não oferecem condições ao desenvolvimento e motivação

das pessoas. Outra condição restritiva é o sistema de planejamento e controle

centralizado.

1.2.4. As funções operacionais

Perfil de atividades de um órgão de Recursos Humanos: educação-

área que os recursos humanos deverão exercer desenvolver os seus membros,

dar motivação, sinergia da pessoa e grupos. Serviços-recrutamento e seleção

de pessoal, administração de salários e benefícios, avaliações de desempenho

para aperfeiçoamento profissional dos membros. Pesquisa-análise permanente

do comportamento da mão-de-obra da organização e da comunidade em que

ela tua a fim de obter e classificar informações como índices de absenteísmo,

acidente, rotatividade de pessoal etc.

Controle - engloba atividades de pagamento e registros. Relações

sindicais - acompanha a evolução sindical, interpreta e contribui para a

educação dos dirigentes da organização quanto ao movimento trabalhista.

1.3 HUMANIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO ORGANIZACIONAL

Os rumos da evolução da atividade de Recursos Humanos estão

dirigidos no sentido de autoritarismo estrutural e comportamental das

organizações.

Quando, em Recursos Humanos se fala em democratização da

organização, se está falando na criação de um clima formal e informal que

permita aos indivíduos e grupos de profissionais à disputa do poder. Significa

negociação, diálogo, participação nas decisões. Isto tem sido focalizado em

estudos nos últimos vinte anos.

15

1.3.1. Operacionalizando a democratização organizacional

Democratização do poder que nos leva rumo a uma participação maior

dos membros de uma organização no planejamento, direção e controle de suas

atividades.

Condições propícias ao exercício da autonomia e do autocontrole.

Condições propícias ao exercício da flexibilidade e da criatividade.

Clima propício ao auto desenvolvimento.

1.3.2. As Teorias Modernas de Recursos Humanos

A teoria X e Y de McGregor descreve que X sustenta que as pessoas

são intrinsecamente sem motivação e que o trabalho é desagradável para a

maioria delas. Y manifesta a crença de que a atividade de trabalho pode ser

tão agradável quanto às atividades de lazer, que as pessoas se encontrem

estimuladas, participantes.

Teoria das hierarquias de necessidades elaborada por A. Maslow,

estabelece que as pessoas possuam cinco tipos de necessidades: fisiológica,

segurança, participação social, de prestígio e respeito e de auto-realização.

1.3.3. Política e democracia organizacional

Existe em qualquer organização uma dinâmica política, uma busca

constante por parte dos indivíduos e grupos de exercerem uma influencia que

lhes permitam participarem do exercício do poder. Democratização

organizacional é o clima que possibilita às pessoas e grupos a disputa de

espaços de poder.

1.3.4. Administração por objetivo

Oportunidade para os membros de uma organização exercitarem o

compromisso grupal e o envolvimento das pessoas nos projetos de trabalho.

1.3.5. O Enriquecimento de Funções ou a Organização Adulta

16

Abordagem operacional muito influenciada pela teoria de higiene de

Herzberg. Ela se caracteriza pelos esforços em aumentar, nas funções de

trabalho, o interesse e desafio do desempenho, permitindo maior

desenvolvimento para os grupos.

Na Europa, este conjunto de movimentos está ligado à humanização

do trabalho, enquanto que no mundo anglo-saxônico tende a ser qualidade de

vida no trabalho.

No Japão, os padrões de comportamento organizacional são bastante

diferentes dos encontrados no mundo ocidental.

1.4. RECURSOS HUMANOS E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

O trabalho pode ser um elemento positivo para desabrochar e o crescer

de indivíduos e grupos, ou será sempre necessário pagar, como preço da

sobrevivência material, o preço de alienação? O preço de “ter”o indispensável

para viver, terá de ser necessariamente, o impedimento de poderem as

pessoas”ser mais”? Ou, ainda, serem impedidas de sua busca de liberdade

para exercerem sua responsabilidade na condução de seus projetos?

É preciso apontar, criticar, analisar e experimentar fórmulas que

permitam um maior nível de democratização organizacional, em conjunto com

as ações de mudança. Há momentos em que o regime se fecha politicamente e

não permitem experimentá-los e são vistos nas ditaduras de direita, como

tantas que conhecemos.

Nas modernas teorias e praticas de Recursos Humanos existe uma

nítida presença de princípios libertários. Entre eles o da descentralização, da

interação aberta e confiante entre pessoas e grupos, o profundo respeito pelas

minorias.

O mundo presenciou dois modelos e ação coletiva: o capitalismo

industrial, democrático ou neo democrático, e o socialismo autoritário. O

capitalismo industrial, confiante na sua força de desenvolvimento tecnológico,

que acreditava poder vir a eliminar a miséria através dos benefícios do

17

progresso técnico. O socialismo autoritário, com sua mensagem humanista de

distribuição mais justa dos esforços do trabalho coletivo.

No mundo capitalista, vimos o predomínio dos administradores

científicos, teorias que hoje em dia, no trabalho são unânimes em condenar a

rigidez e injustiça do sistema taylorista. A alienação, portanto, é conseqüência

de tipos de regimes políticos e econômicos, mas, também, dos modelos de

ação organizacional, ou, em outras palavras, da dinâmica política do próprio

estilo das organizações.

Recursos Humanos são agentes que podem contribuir para a

humanização e democratização do comportamento organizacional. Naquilo que

concerne a seu cabedal de técnicas, pode, como todo conjunto de técnicas, ser

utilizado dentro de um direcionamento ético justo ou injusto. Recursos

Humanos tem sido e poderá ser crescentemente, um agente positivo para as

organizações, haja vista o seu desempenho de denúncia da célula

organizacional.

1.5. O PAPEL DOS RECURSOS HUMANOS

A área de Recursos Humanos tem passado por grandes

transformações nestes últimos anos, em função da necessidade de ampliar a

capacidade de integrar as semelhanças e diferenças.

O papel dos recursos humanos é compreender e identificar as

semelhanças e diferenças, e implantar ações de forma que a diversidade

agregue vantagem competitiva para o negócio, além de valorizar as

competências individuais de seus colaboradores.

Desde a década de 90 o governo brasileiro vem manifestando o

interesse no combate a discriminação em diversos âmbitos sociais (trabalho,

escolaridade, cultural), nas empresas o tema Gestão da Diversidade passou a

ser uma pauta mais recente, entretanto ainda se apresenta de forma muito

ideológica.

No Brasil não é possível empregar diretamente um programa de gestão da diversidade sem que ocorra uma climatização, devido à dificuldade histórica de identificar alguns grupos discriminados. [...] Sem o reconhecimento da discriminação,

18

não há sobre o que construir um discurso de igualdade de acesso ao trabalho (ALVES; GALEÃO-SILVA, 2004, p. 27).

Para que o papel do Recurso Humano seja efetivo, é preciso rever seu

papel estratégico a ser desempenhado, de forma a integrar os objetivos

organizacionais, aos objetivos decorrentes das necessidades das pessoas. O

tema diversidade precisa ser um princípio da alta administração da

organização, para que dessa forma haja um melhor aproveitamento e

valorização das semelhanças e diferenças.

O processo de normatização em qualquer organização tem como finalidade orientar seus integrantes sobre enfrentar os acontecimentos rotineiros ou eventuais, exercendo importante papel na construção do entendimento comum acerca de como à organização trata as questões derivadas do ambiente socioeconômico-cultural em que se insere. O que aqui se pretende é refletir sobre a utilidade da elaboração de um conjunto de políticas corporativas e seus desdobramentos, como diretrizes e procedimentos operacionais que são forma mais elevadas de fixar parâmetros de controle organizacional (BARINI F., 2002, p. 153).

Segundo Barini F. (2002) a área de recursos humanos como atividade

funcional deve caracterizar-se por um conjunto de princípios, práticas e processos

dependente das políticas e diretrizes gerais que direcionam as ações corporativas.

Sendo que, todas as organizações deveriam apresentar as políticas a todos os

colaboradores. As políticas e normas gerais devem ter escrita simples, ser direta,

econômica, de interesse comum e serem atualizadas periodicamente. Pois refletem o

pensamento organizacional.

1.6. O NOVO PAPEL DOS RECURSOS HUMANOS

O modelo teórico proposto por Ulrich (1998-2000) trata dos múltiplos e

novos papéis de administração de recursos humanos. A proposta de Ulrich tem

sido constantemente citada em publicações bem conceituadas na área. Vários

autores destacam a relevância da função amplificada de RH afim de que

agregue valor a organização e obtenha resultados através de um

gerenciamento humanizado. Para a concretização de tais fins, faz-se

necessário que os profissionais de RH "sejam estratégicos e operacionais ao

19

mesmo tempo, focalizando o longo e o curto prazo. As atividades se espraiam

da administração de processos (ferramentas e sistemas de RH) a

administração de pessoal" (CHIAVENATO apud ANTUNES, 2006 p.02).

A incerteza dos tempos atuais impõe a necessidade de reformulação

de planos de gerenciamento das pessoas. Iniciativas voltadas à implantação de

uma série de novas políticas e práticas de RH dirigidas à obtenção da

participação, envolvimento e comprometimento dos empregados frente aos

objetivos organizacionais são o que se percebe nas organizações

contemporâneas. Há um interesse crescente em aumentar a capacitação

profissional dos seus agentes produtivos, a responsabilidade, a liberdade e

expressão do pensamento, a possibilidade de certa autonomia individual, de

auto-realização, de reconhecimento pelos esforços, entre outros aspectos.

Sugerindo a valorização de uma nova ética no trabalho e requerem uma visão

estratégica e global de gerenciamento do negocio e das pessoas. As

Administrações de Recursos Humanos possuem sólidas razões, que apresenta

algumas justificativas para isso, como:

A vantagem competitiva, através da diferenciação ou focalização e da

qualidade, essa vantagem é buscada pela qualidade do serviço e depende da

qualidade e do comprometimento do staff; a minimização de custos, incluindo

cuidadosamente seleção e treinamento, absenteísmo e controles reduzidos; a

realização da mudança, exigindo um novo clima nas ralações de trabalho como

redução do controle burocrático, o que é mais favorável à inovação; a imagem

da companhia, a posição de vanguarda na administração de recursos humanos

pode fornecer a empresa vantagens no mercado através de uma imagem de

responsabilidade social, assim como pode atrair recrutado de alta qualificação;

os modelos de excelência, a literatura sobre as melhores companhias mostra

os impactos das práticas de ARH para a competitividade destas, o colapso da

administração de pessoal, o fracasso da administração dos departamentos de

pessoal incapazes de inovar na política de pessoal e contribuir para a busca de

vantagem competitiva.

De forma mais ampla, a reorientação da administração de recursos

humanos podem estar atrelados às mudanças macro ambientais internas à

organização. As origens das mudanças que atingem a sociedade são

estrutural-institucional, tecnológica e sócio-comportamental, cada uma destas

20

reflete-se na outra. Fatores institucionais e aspectos estruturais, assim como as

novas características organizacionais e o trabalhador no âmbito coletivo e

individual.

As teorias da realidade empresariais, ainda podem ser caracterizadas

como tradicional paternalista e autocrático em particular, associados às

funções de controle típicas das seções de pessoal. Nas empresas mais

inovadoras pode-se dizer que está vendo uma transição do modelo de

controle/seção de pessoal para o modelo de comprometimento de

administração de RH. Sugere-se uma perspectiva mais complexa de gestão

das pessoas, combinando e enriquecendo os fundamentos desses dos

modelos de RH e propondo o uso de uma terceira abordagem.

A transição do modelo de controle para o de comprometimento é uma

visão estereotipada (ULRICH apud ANTUNES, 2006 p.03), tendo em vista que

o cenário empresarial contemporâneo é complexo, diversificado e contraditório.

Nesse contexto, é requerido muito mais do que uma leitura unilateral dos fatos,

políticas e procedimentos para a compreensão e transformação da realidade

organizacional. A administração de recursos humanos precisa assumir

múltiplos papéis, desempenhando, no caso, funções simultâneas.

Tal demanda tem gerado, ainda que de forma pouco sistematizada,

desde final a década de 80, a necessidade de que o profissional de recursos

humano repense sua atuação, iniciando um processo de transformação de

suas funções na organização. Assim, a área de RH também passa a buscar a

aquisição de uma visão estratégica, de geração de resultados e lucros, de

participação constante e inovação no contexto empresarial competitivo.

Ulrich (1998) definiu quatro papeis principais de RH, e para a melhor

compreensão desses papéis, propõe a consideração de três pontos: os

resultados a serem atingidos que desempenham cada papel, a imagem visual

que acompanha cada papel e as atividades que esse profissional deve

executar para desempenhar cada papel.

A administração estratégica de recursos humanos segundo Ulrich

(1998) traduz estratégias empresariais em praticas de RH ajuda a empresa em

três sentidos. "em primeiro lugar, a empresa pode se adaptar a mudança

devido à redução do tempo que vai da concepção a execução da estratégia,

em segundo, pode atender melhor as exigências do consumidor porque suas

21

estratégias de atendimento foram traduzidas em políticas e práticas

específicas. Em terceiro, pode obter desempenho financeiro mediante a

execução mais eficaz de sua estratégia."

Quanto a atividade relacionada à função de administração de

estratégias de recursos humanos, o autor referido propõe uma parceria

estratégica em que os profissionais de RH devem ter a capacidade de

identificar as práticas que fazem com que a estratégia aconteça, ou seja, que

auxiliam a impulsioná-la, este processo é chamado de diagnostico

organizacional.

A administração da infra-estrutura da empresa, mediante o constante

exame e melhoria dos processos de RH pelos profissionais da área é o

resultado obtido nessa função. Para (Ulrich apud ANTUNES, 2006 p.05) "o

resultado da administração da infra-estrutura é a eficiência administrativa". Os

profissionais de RH podem alcançar a eficiência administrativa de duas

maneiras diferentes, primeiro garantindo a eficiência dos processos de RH e,

na depois aumentando a eficiência geral da empresa, através dos executivos,

mediante contratação, treinamento e premiação de gerentes que aumentem a

produtividade e reduzam as perdas. Cabe também a estes profissionais

atuarem como especialistas administrativos, buscando a eficiência, eficácia e

novas formas de melhorar suas atividades, e isso devem levar a reengenharia

continua dos processos de trabalho que administram;

A administração da contribuição dos funcionários pode gerir a

contribuição dos funcionários o que implica o envolvimento dos profissionais de

recursos humanos nos problemas, preocupações e necessidades cotidianas,

particularmente dos que compõe o capital intelectual da empresa. Como

resultado da administração da contribuição dos funcionários, o maior

envolvimento, comprometimento e competência dos mesmos para que possa

desta maneira atuar como agentes empreendedores, parceiros e fornecedores;

A administração da transformação e da mudança é desempenhada

pelos profissionais de RH, pela capacidade que estes profissionais possuem

para mudar, renovar, inovar e criar. Neste caso, os executivos de RH atuam em

parceria com a empresa, ajudando os funcionários a se adaptarem a uma nova

cultura organizacional.

22

Os novos papéis dos recursos humanos sugerem tanto o suporte

estratégico, como o de prestador de serviço, cabe ao profissional de RH

manusear informações e novas tecnologias de informação, tal qual um

especialista de staff, fornecendo serviços.

Isto faz com que certas competências tornem-se essenciais para um

gestor de pessoas. No caso, são requeridas competências mais globais do

gerente, ao invés de tão somente as especificas do cargo de responsável pelo

Departamento/Seção de Pessoal.

A competência requerida para a consecução dos novos papéis dos recursos humanos é a comunicação eficaz tanto com a alta direção, como com as gerencias intermediárias, empregados e públicos externos; elaboração de critérios e instrumentos para seleção do pessoal requerido pela empresa; definição de padrões e construção de instrumentos para a avaliação dos empregados; avaliação de cargos e funções da empresa, com vista a identificar os requisitos que devem possuir seus ocupantes; avaliação do valor de cada cargo, para subsidiar as políticas de salários e benefícios; elaboração de projetos de treinamento e desenvolvimento de pessoal; condução de reuniões para orientação e discussão, bem com para a negociação com grupos interno e externo, acerca de assuntos relativos a RH; Fornecimento de acessória a direção da empresa e as gerencias nos mais diferentes assuntos relacionados à área de RH ( ULRICH apud ANTUNES, 2006 p 09).

Em função disso, o perfil dos profissionais se altera, pois além de

atuarem com parte técnica do ofício, também incorporam como atribuições o

gerenciamento estratégico das pessoas, passam a assumir o papel de

consultores especializados dentro da empresa, cabendo-lhes a atender as

demandas dos demais gerentes no que diz respeito à gestão das pessoas.

Para atender a essa nova realidade verificada nas empresas, o

profissional de recursos humanos deve possuir um novo perfil, esse inclui,

sobretudo, uma visão generalista, preocupação com os resultados finais da

empresa, disposição para atuar em parceria com outros setores, ação

estratégica ao invés de somente trabalho rotineiro e burocrático, auto-

qualificação e atualização constante, atenção especial para a qualificação e

motivação pessoal, capacidade integradora do gerenciamento de RH, uma vez

que este se dilui entre todos os gerentes da organização e habilidade para

negociar com os autores internos e externos à empresa.

23

As capacidades indicam as habilidades e a especialização da

empresa, ou seja, a soma das competências individuais retrata as capacidades

organizacionais. Portanto, as novas capacidades representam resultado do

trabalho dos profissionais de RH. Neste sentido, o autor destaca três

capacidades genéricas, no caso: criar clareza estratégica, enfatizando objetivos

a curto e em longo prazo, delimitando o foco, a visão e os processos de

alocação de recursos, sendo portanto um parceiro estratégico; fazer com que

as mudanças aconteçam e, gerar capital intelectual, sendo um defensor dos

empregados (ULRICH apud ANTUNES, 2006, p.11).

Para tanto os novos profissionais de RH necessitam desenvolver

competências/exigências essenciais relativa ao comportamento dos negócios,

ao domínio das praticas de RH, ao gerenciamento do processo da mudança, à

criação de culturas locais de trabalho que desenvolvam capacidade individual e

comprometimento com a empresa e à demonstração de credibilidade pessoal.

Necessitam ter ‘atitude’, transformando o conhecimento científico em ações,

em decisões acertadas referentes aos investimentos em práticas de gestão que

geram resultados.

A administração de recursos humanos como parceira estratégica

declaram enfaticamente que os objetivos devem estar interligados com os

propósitos centrais da empresa como um todo, buscando no caso: conquistar e

consolidar posição no mercado consumidor; gerar inovações tecnológicas

através da implantação de novos métodos e técnicas de produção de bens e

serviços; aumentar efetivamente a produtividade do trabalho; rentabilizar ao

máximo os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis e, treinar e

atualizar os funcionários em todos os níveis da organização.

Assim, a nova postura de RH, é voltada para os negócios da empresa,

poderá viabilizar os objetivos da organização de modo eficiente e dinâmico.

Ao iniciar o processo de mudança na empresa o responsável é o

administrador de recursos humanos, pois declara que as mudanças

organizacionais não atingem apenas a qualificação da força produtiva, mas

também o desenvolvimento gerencial.

Sem a visão mais ampla acerca dos novos papéis dos recursos

humanos fica impossível tornar-se um agente central e ativo neste processo de

mudança organizacional. Assim sendo, parece adequado o modelo de Ulrich ,

24

pois elucida teoricamente a explicação da realidade observada nas empresas

no que diz respeito aos múltiplos papéis a serem desempenhados pelos

gestores de RH. O modelo proposto por Ulrich assume especial importância ao

se considerar a diversidade empresarial do momento.

Analisando o perfil predominante dos diversos setores empresariais,

observam-se ainda traços de uma gestão de RH caracterizada como

autocrática/paternalista e burocrática/legalista, especialmente em setores que

fazem uso da tecnologia madura de mão-de-obra intensiva, no entanto, já é

possível detectar nuanças de um processo de modernização.

Quaisquer mudanças necessitam ser legitimadas, seja de estratégia,

de objetivos, políticas, processos produtivos ou mesmo das metas definida pelo

grupo gerencial, frente à opinião dos trabalhadores. A atenção dada à

percepção dos empregados facilita a conquista da cooperação, da participação

e do comprometimento, permite a compreensão do comportamento. Sem

duvida, a área de RH tem um papel fundamental enquanto articuladora

estratégica e tática operacional deste contrato.

As modificações observadas não significam que a área de recursos

humanos irá desaparecer ou que a função irá deixar de desempenhar papeis

tradicionais, mas sim que serão agregadas novas e renovadas funções, nesse

momento em que o mercado sofre constantes mudanças e as exigências são

crescentes, evidencia-se a grande necessidade da atuação de RH ao lado dos

empregados.

Constata-se também um novo espaço que se abre, possibilitando ao

profissional da área uma oportunidade de trabalhar em parceria com a direção

e com os demais gerentes, criando alternativas, fazendo o "meio-de-campo",

dando suporte e atendimento, repassando conhecimento, criando infra-

estrutura, formando "espelhos" em busca da melhoria da competitividade.

As competências que passam a ser necessárias para os gestores de

RH são diversas. Aqueles que já despertaram para a complexibilidade das

habilidades, conhecimentos e atitudes e comportamentos requeridos devem

partir para a aquisição destes, as razões são múltiplas para o profissional de

RH dirigir-se ao caminho proposto, isto é, alem de garantirem sua

empregabilidade num futuro próximo, poderão contribuir para o alcance de

25

melhores resultados para a empresa e de condições de vida favoráveis ao

trabalhador.

26

CAPÍTULO II

GESTÃO DE PESSOAS

2.1 MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS

2.1.1 Cultura Organizacional

A Cultura Organizacional pode ser entendida como o conjunto de

fenômenos resultantes da ação humana dentro das fronteiras de um sistema, ou

seja, são os fenômenos que ocorrem nas organizações decorrentes do

comportamento humano. Cada organização tem seu próprio estilo, a sua própria

personalidade, porém são as pessoas que compõem as organizações que

integrados e interados criam , transmitem e mantém a cultura nas organizações.

Para Mintzberg (1989, p.98) “cultura são as tradições e crenças de uma

organização que a distinguem de outras organizações e introduzem um tipo de

vida ao esqueleto da estrutura”. Alguns estudiosos do assunto, acreditam que a

cultura organizacional tem no seu nível mais profundo os valores dos seus

gerentes, que transmitidos aos funcionários, muitas vezes modificam valores

existentes e os perpetuam.

Fitzsimmons (2000) considera serem os fundadores das empresas,

quem estabelece uma cultura que prescreve normas de comportamento ou

valor, que guiam a tomada de decisões nas empresas. A cultura organizacional

se inicia no momento em que está sendo constituída uma empresa, pois os

valores de seus fundadores, combinados entre si, servem de esteio aos demais

valores vindouros a serem incorporados. Wood (1995) observa que o interesse

pelo assunto (cultura organizacional) surgiu em função da conexão estabelecida

entre cultura e desempenho organizacional.

Pode-se considerar que a cultura organizacional não é estática, pois se

transforma através do processo evolutivo, integrando novos preceitos, novas

tecnologias e adquirindo novas manifestações. Esta idéia é mais bem

compreendida se analisarmos a cultura organizacional por meio de três

dimensões:

27

a) preceitos: que se referem às tradições e costumes, tem como

resultado a ação gerencial e os resultados administrativos, significando a função

reguladora de autoridade dentro da organização;

b) tecnologia: diz respeito aos processos de trabalho. Está intimamente

ligada aos fatores tecnológicos/estruturais, significando as funções técnicas,

metodológica, científica, racional e operacional da organização;

c) caráter: que são todas as espontâneas manifestações dos membros

da organização. Envolve os fatores psicossociais que afetam o conjunto de

expressões ativas e afetivas dos integrantes da organização.

Portanto, as dimensões da cultura organizacional são interdependentes,

podendo haver predominância de uma sobre as demais, sendo que a

interdependência maior está entre os preceitos e o caráter. Sempre que uma se

acentua a outra reage.

A evolução cultural pode se dar por intermédio de pressões externas ou

mudanças internas, sendo que as pressões externas implicam em mudanças

advindas de diretrizes governamentais, inovações tecnológicas, greves

trabalhistas, etc.. Elas atingem a dimensão técnica-estrutural, que é a área de

eficiência potencial da organização.

As mudanças internas ocorrem através de variações no estilo gerencial,

modificações de processos de trabalho e do clima organizacional, atingindo mais

a dimensão psicossocial que é a área de eficiência real da organização. No

entanto, por mais que a cultura se transforme, alguns valores dos fundadores

estarão arraigados no tempo presente e toda mudança pode gerar

conseqüências, tanto negativas quanto positivas.

Os fatores-chaves numa mudança cultural são os seguintes: que a mudança seja constituída sobre forças e valores da organização; que haja participação em todos os níveis; que a mudança se dê de forma holística relacionando-se com a estrutura, estratégia, sistemas de recompensa, sistemas de controle, etc.; que seja planejada a longo prazo e executada em etapas, que a alta gerência lhe dê todo apoio e que se torne um processo contínuo (O’TOOLE apud wood, 1995 p.23).

Podemos, assim, ressaltar que conseqüências negativas quando

atingem a área psicossocial, são altamente maléficas à cultura da empresa, e

que criar uma cultura nova e sadia é extremamente difícil. Dependendo da

natureza, de sua localização geográfica e de seus aspectos grupais, a cultura de

28

uma organização tem suas variações, podendo até caracterizar subculturas na

organização.

Quanto à sua natureza, a cultura organizacional é de caráter material

(técnico-estrutural), ou de caráter imaterial (psicossocial). O caráter material

refere-se a tudo o que é concreto e observável dentro da organização,

compreendendo: a natureza da empresa, sua missão, a tecnologia adotada, o

produto do trabalho, as normas escritas, etc.. O caráter imaterial é referente ao

que é perceptível, mas não concreto dentro da organização, e compreende: as

tradições, o estilo gerencial, os valores, os preconceitos, o clima organizacional,

etc..

Quanto à localização geográfica, diz respeito a locais geográficos

diferentes, com características e dinâmicas idênticas, similares ou diferentes

numa mesma organização. Como exemplo pode citar as superintendências, os

centros regionais entre outros.

Os aspectos grupais dizem respeito às diferenças entre fatores

tecnológicos, distintos dos aspectos da cultura geral da empresa. Como a

divisão por áreas : área de informática , de suprimentos , de projetos, comercial,

etc..Assim sendo, pode-se considerar que uma organização tem na sua cultura a

soma de características das pessoas que a compõem, assim como a soma dos

estilos das áreas que dela fazem parte.

Nas empresas multinacionais aspectos culturais relacionados a valores,

histórias e normas recebem maior importância e se tornam facilmente

identificáveis, dessa forma buscando homogeneizar o modo como os indivíduos

pensam e agem incutindo em seus subconscientes sentimentos de lealdade

para com a organização.

Para Freitas (1999, p. 97) “a energia controladora do comportamento, a

sutileza das regras não-escritas, a referência do grupo de pares e sua

reprodução são exemplos de como os indivíduos são ressocializados na

organização”. Dessa forma a cultura organizacional pode ser entendida como

um instrumento de poder nas organizações contemporâneas que tentam,

deliberadamente, moldar comportamentos desejáveis de seus membros.

“Uma das funções que a cultura organizacional procura exercer é

conseguir adesão, o consentimento, ou seja, a co-participação de indivíduos e

grupos. O modo como se obtém esse consentimento passa pela conquista do

29

amor e pela busca da perfeição” (FREITAS, 1999 p.98).

As organizações podem investir no fortalecimento de sua cultura através

da identificação de seus valores positivos ou negativos, da segmentação de uma

filosofia baseada em princípios que respeitem a dignidade de cada ser humano

na organização ou fora dela, e assim, desenvolver um clima organizacional que

leve a resultados de eficiência e eficácia para o alcance dos objetivos

organizacionais.

A cultura e a dinâmica organizacional constituem-se no objetivo final das

ações de desenvolvimento pessoal, uma vez que existe uma estreita

interdependência entre o desempenho e o comportamento dos empregados no

dia-a-dia da empresa.

Embora a cultura reflita o amadurecimento do corpo funcional da

organização, cabe aos gerentes, como agentes de mudança, a busca do clima

ideal para que a empresa obtenha padrões de excelência empresarial. Pode-se

considerar o clima organizacional como um resultante da cultura organizacional,

por isso se faz necessário a distinção entre cultura organizacional e clima

organizacional

A cultura é o conjunto de entendimentos importantes que os membros

de uma comunidade têm em comum. A cultura organizacional é um sistema de

valores e crenças compartilhados; as pessoas, a estrutura organizacional, os

processos de tomada de decisões e os sistemas de controle interatuam para

produzir normas de comportamento.

Uma forte cultura pode contribuir substancialmente ao sucesso a longo

prazo das organizações ao guiar o comportamento e dar significado às

atividades. As culturas fortes atraem, recompensam e mantêm a afeição das

pessoas que desempenham papéis essenciais e cumpre com metas relevantes.

Uma das responsabilidades mais importantes da administração é dar forma aos

valores e normas culturais.

A cultura pode ser um bem ou uma obrigação. Pode ser uma vantagem

devido às crenças compartilhadas facilitam e poupam as comunicações, e

facilitam a tomada de decisões. Os valores compartilhados facilitam também a

motivação, a cooperação e o compromisso. Isto conduz à eficiência da

organização. No entanto, uma cultura forte que não é apropriada para um meio

organizacional e uma estratégia básica pode ser ineficiente.

30

É importante ter congruência entre a cultura, a estratégia e o estilo

administrativo. A cultura e a personalidade afetam o estilo e a filosofia

administrativa (CORRADO, 1994).

A filosofia administrativa de uma pessoa é um sistema de valores,

crenças e atitudes que guiam seu comportamento. O estilo se refere à forma em

que se faz algo; é uma maneira de pensar e atuar.

O estilo administrativo é uma maneira particular em que um

administrador se comporta, com as limitações que lhe impõe a cultura

organizacional e guiada por sua filosofia pessoal. As crenças básicas sobre as

pessoas afetam nosso enfoque para desenhar as organizações e administrá-las.

As suposições sobre as pessoas tendem a converter-se em profecias

que se cumprem. As organizações que são administradas de forma positiva

tendem a ser mais satisfatórias para os participantes e também podem ser mais

efetivas e eficientes. A tendência atual é o afastamento das organizações

mecanicistas estáveis para dar lugar às organizações flexíveis.

A cultura através do tempo foi uma mistura de traços e distintivos

espirituais e afetivos, que caracterizam uma sociedade ou grupo social num

período determinado.

Engloba ademais, modos de vida, cerimônias, arte, invenções,

tecnologia, sistemas de valores, direitos fundamentais do ser humano, tradições

e crenças. Este conceito se referiu por muito tempo a uma atividade produto da

interação da sociedade, mas a partir dos anos oitenta, Tons Peters e Robert

Waterman adaptaram este conceito antropológico e psicossocial às

organizações (BUENO, 1995).

[...] aquilo que compartilham todos ou quase todos os integrantes de um grupo social. [...] essa interação complexa dos grupos sociais de uma empresa está determinada pelos valores, crença, atitudes e condutas (FARHAT, 1992 p.200).

Bland (1992, p. 464) apresenta a cultura organizacional como [...] um

modo de vida, um sistema de crenças e valores, uma forma aceitada de

interação e relações típicas de determinada organização.

Morgan (1996, p. 33) define a cultura como "[...] a forma característica de

pensar e fazer as coisas... numa empresa... por analogia é equivalente ao

conceito de personalidade a escala individual [...]".

31

Da comparação e análise das definições apresentadas pelos diversos

autores, infere-se que todos concebem a cultura como tudo aquilo que

identifica a uma organização e a diferencia de outra fazendo com que seus

membros se sintam parte dela já que professam os mesmos valores, crenças,

regras, procedimentos, normas, linguagem, ritual e cerimônias.

A cultura organizacional é o conjunto de valores, crenças,

entendimentos importantes, que os integrantes de uma organização têm em

comum. A cultura oferece formas definidas de pensamento, sentimento e

reação que guiam à tomada de decisões e outras atividades dos participantes

na organização.

As organizações de sucesso ao que parece têm fortes culturas que

atraem, retêm e recompensam seus participantes por desempenhar papéis e

cumprir metas.

Um dos papéis mais importantes da alta direção é dar forma à cultura

que, com personalidade, terá um efeito importante na filosofia e o estilo

administrativo. A filosofia de uma pessoa oferece lineamentos para a conduta.

O estilo se refere à forma em que se faz algo. O estilo administrativo é a

maneira diferente na qual se comporta um administrador.

As definições de Cultura Organizacional compartilham conceitos

comuns. Sublinham a importância dos valores e crenças compartilhados e seu

efeito sobre o comportamento.

A cultura é a cola social ou normativa que mantém unida a uma

organização. Expressa os valores ou ideais sociais e crenças que os membros

da organização chegam a compartilhar, manifestados em elementos

simbólicos, como mitos, rituais, histórias, lendas e uma linguagem

especializada.

ü A cultura organizacional inclui lineamentos

perduráveis que dão forma ao comportamento. Cumpre com

várias funções importantes ao:

ü Transmitir um sentimento de identidade aos

membros da organização;

ü Facilitar o compromisso com algo maior do que o eu

mesmo;

ü Reforçar a estabilidade do sistema social; e

32

ü Oferecer premissas reconhecidas e aceitas para a

tomada de decisões (HARVARD, 1999).

Esta definição sugere que a cultura cumpre com funções importantes

na organização. Os artefatos culturais, incluindo o desenho e o estilo de

administração, transmitem valores e filosofias, socializando aos membros,

motivam ao pessoal e facilitam a coesão do grupo e o compromisso com metas

relevantes.

As definições sugerem o que todos sabemos por nossas experiências

pessoais; as organizações têm culturas diferentes - objetivos e valores, estilos

de administração e normas - para realizar suas atividades. Uma Cultura

Organizacional de Sucesso.

Cada um dos mecanismos que a seguir se enumeram, são comumente

utilizados por destacados fundadores e líderes para criar ou manter a cultura

organizacional numa empresa:

ü Declarações formais da filosofia organizacional,

organogramas, credos, missão, materiais usados no recrutamento

e a seleção, e socialização.

ü Desenho de espaços físicos, fachadas, instalações,

edifícios

ü Manejo deliberado de papéis, capacitação e

assessoria por parte dos líderes.

ü Sistema explícito de prêmios e reconhecimento,

critérios de promoção

ü Histórias lendas, mitos e episódios sobre as pessoas

e acontecimentos mais importantes.

ü Aquilo a que os líderes prestam atenção, o que

medem e controlam.

Reações do líder diante de incidentes e crises muito importantes da

organização (épocas em que a sobrevivência da empresa está em perigo, as

normas são pouco claras ou se põem em tela de juízo, ocorrem episódios de

insubordinação, sobrevém feitos sem sentido ou ameaçadores, etc.) (LESLY,

1995).

Como está desenhada e estruturada a organização. O desenho do

trabalho, os níveis hierárquicos, o grau de descentralização, os critérios

33

funcionais ou de outro tipo para a diferenciação e os mecanismos com que se

consegue a integração transmitem mensagens implícitas sobre o que os líderes

supõem e apreciam. Sistemas e procedimentos organizacionais. (Os tipos de

informação, controle e os sistemas de apoio às decisões em termos de

categorias de informação, ciclos de tempo, a pessoa a quem se destina a

informação, o momento e a maneira de efetuar a avaliação do desempenho e

outros processos valorativos transmitem mensagens implícitas do que os

líderes supõem e apreciam).

Critérios aplicados no recrutamento, seleção, promoção, nivelação,

aposentadoria e "excomunhão" do pessoal. (Os critérios implícitos e,

possivelmente inconscientes que os líderes usam para determinar quem

"encaixa" e quem "não encaixa" nos papéis dos membros e nos postos chaves

da organização).

2.1.2 O Ambiente Organizacional

A comunicação interna está determinada pela inter-relação que se

desenvolve entre o pessoal da instituição.

O ambiente organizacional dentro de uma empresa pode ser definido

como a qualidade duradoura do meio interno que têm seus membros; o qual

influi em seu comportamento.

Esse meio pode ser medido em termos de valores, baseando-se no

conjunto de características ou atributos que se propõem, e pode ser orientado

com a utilização planificada de motivações (mensagens).

A identidade corporativa é o conjunto de símbolos, comunicação e

comportamento de uma empresa, baseados na visão e missão da mesma. Ou

seja, é a personalidade da empresa (LESLY, 1995).

Como se pode projetar uma imagem se não se tem uma identidade

corporativa? O primeiro que teria que definir é quem somos, o que fazemos e

porque o fazemos e o resultado compará-lo com a missão dada pelos

acionistas e diretores da empresa.

34

O segundo passo é determinar a realidade comunicacional e o

comportamento interno (Introspecção), para concluir em qual é a identidade

real.

A necessidade sentida e a necessidade real são entidades

diferenciadas, de devem ser caracterizadas independentemente.

Neste ponto há que determinar a conceitualização que tem o público

interno sobre a identidade da empresa. Aqui entra a carga emocional, os

estereótipos, a tradição, os ruídos comunicacionais, os tabus e outros

elementos psico-sociológicos que incidem nos trabalhadores, criando os

seguintes comportamentos:

Comportamento Pró-ativo: Alto reconhecimento do problema, alta

utilização de recursos que implica na produtividade.

Comportamento Fatalista: Sob o reconhecimento do problema, alta

utilização de restrições que implicam na desmotivação. (KOZMINSKY, 1993).

O teste de Mannheimer de Identidade Corporativa pode medir seu

efeito interno. Baseado em seu modelo, a identidade corporativa concreta

provoca reações de identificação nos membros dos públicos internos e

externos. Ao mesmo tempo, tais reações afetam à cultura da organização e,

portanto, têm conseqüências indiretas em seu comportamento.

No teste pode se distinguir cinco dimensões, cuja combinação, mede a

identificação do empregado com a empresa:

ü Habilidade de identificação do empregado

ü Atuação para conseguir o sucesso

ü Níveis de satisfação com a situação de trabalho

ü Ambiente organizacional. (Mix de elementos de

comportamento da comunicação estilo de direção e ambiente da

empresa).

Função exemplo: Mede até que ponto crêem as pessoas que vale a

pena identificar-se com a empresa (Feedback) (MATTERLAT, 1998).

É muito importante conhecer estes panoramas, não só pelo papel

crucial que têm os empregados na formação da imagem, senão também pelo

papel decisivo que jogam os empregados motivados no sucesso de uma

empresa imersa numa economia nacional em crise.

35

Um Ambiente Organizacional estável é um investimento a longo prazo.

Os diretores das organizações devem precaver-se de que o meio faz parte do

ativo da empresa e como tal devem valorizá-lo e prestar-lhe a devida atenção.

Uma organização com uma disciplina demasiado rígida, com demasiadas

pressões ao pessoal, só obterá lucros em curto prazo.

Estes preconceitos reagem frente a diversos fatores relacionados com

o trabalho cotidiano: o estilo de liderança do chefe, a relação com o resto do

pessoal, a rigidez/flexibilidade, as opiniões de outros, seu grupo de trabalho.

As coincidências ou discrepâncias que tenha a realidade diária com

respeito às idéias preconcebidas ou adquiridas pelas pessoas durante o tempo

trabalhado, vão conformar o ambiente organizacional.

2.1.3 Clima Organizacional

O clima organizacional em uma empresa é o retrato da sua cultura e

dinâmica com que a organização implementa mudanças organizacionais, faz

parte do caráter imaterial da cultura, e tem uma íntima interdependência com os

outros fatores que intervêm na mudança cultural, sendo que Luz (1995, p. 5)

define Clima Organizacional como um “fenômeno resultante da interação dos

elementos da cultura”. Portanto, a cultura e o clima organizacional estão

intimamente ligados, pois qualquer tentativa de alterar o clima esbarra na cultura

enraizada, que reflete, basicamente no seu sistema de normas e valores, nas

formas de comunicação e no exercício da autoridade.

A cultura organizacional tem como resultante global o clima

organizacional, que, por sua vez, tem suas variações devido a fatores internos e

externos à organização, que transmite a situação momentânea do dia-a-dia e,

conseqüentemente, reflete, no desempenho global da empresa, pois a sua

interpretação é realizada por diversos fatores que envolvem a totalidade da

organização.

Kanaane (1994) conceitua clima organizacional como sendo o conjunto

de expectativas, anseios e necessidades dos funcionários e do conjunto das

relações interpessoais entre os mesmos. O clima organizacional é perceptível

pelos seus efeitos, sendo muitas vezes difícil detectar as suas fontes causais.

36

Considera-se que os efeitos são os que atingem a atmosfera psicológica

e tem reflexos diretos, constatáveis e concretos sobre a satisfação, a motivação

e a moral da organização, e as variáveis culturais, aquelas que ocasionam

alterações no clima organizacional, que por sua vez podem modificar aspectos

vigentes na cultura da organização.

Constata-se que, muitas vezes, as diferenças de clima numa

organização são impostas por características marcantes de quem gerencia

determinada área e, por este motivo, somente através de um clima

organizacional adequado os gerentes podem estimular a motivação de seus

subordinados.

A atmosfera geral pode atuar contra as tentativas dos executivos no

sentido de mostrar às pessoas que a qualidade do serviço pode ser uma chave

da sobrevivência competitiva. Ficam tão preocupadas com sua própria

sobrevivência que a simples idéia da sobrevivência da organização fica muito

distante para que com ela possam lidar. O clima organizacional pode ser

considerado com um instrumento que, aplicado de forma consciente e metódica,

tem condições de assegurar consistência em quase todas as mudanças

empresariais que visem à busca de excelência (LUZ,1995).

37

CAPÍTULO III

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAL

3.1 CAPACITAÇÕES DE TALENTOS

Segundo o Dieese, só na cidade de São Paulo, existem 1,231milhões

de pessoas sem emprego. Este dado faz com que seja um senso comum que

qualquer vaga seja rapidamente preenchida. Mas no mercado em alguns

setores, essa dinâmica pode ser diferente. Existem muitas oportunidades e

poucos profissionais qualificados. Assim, as empresas sofrem na busca de

pessoas e quem já está empregado tem maior poder de negociação. Quem

fizer a melhor proposta, ganha o profissional.

Segundo o IBGE (2010):

A região metropolitana do Recife registra uma das menores taxas de desemprego de sua história – o que dificulta a retenção de profissionais. Existe a evidente necessidade de diminuir a evasão de funcionários que foi superior a 12% no ano de 2009.

Algumas soluções podem ser encontradas, quando se cria plano de

carreira e promoção, vinculadas a produtividade.

Levantamento feito pela Associação para Promoção da Excelência do

Software Brasileiro apontou que já no início do segundo semestre de2010, o

mercado buscava cerca de 70 mil profissionais de TI. O fato mais preocupante

é que a mesma pesquisa afirma que, em 2013, esse déficit será de 200 mil

profissionais.

Fazendo uma avaliação do setor, podemos notar porque isso

acontece. O mercado tornou-se muito segmentado. Hoje, as empresas não só

optaram por atuar em determinados nichos, como também buscam

profissionais especializados em cada um dos fabricantes, ou até mesmo em

soluções específicas. Não existe mais o profissional de TI e sim o funcionário

formado em TI, especializado em alguma tecnologia.

Aquele profissional que entendia tudo do assunto ficou no passado e

as instituições de ensino superior ainda levarão algum tempo para acompanhar

o ritmo com que o mercado avança. Elas precisam redesenhar seus modelos

de trabalho e verificar as demandas de profissões na área de TI que

38

apareceram nos últimos anos. Além disso, as tecnologias que surgem a cada

dia colocam ainda mais desafios na formação. É possível que nos próximos

anos existam mais profissionais especializados. O conceito cloud computing

(computação em nuvem) é uma dessas tecnologias que exigirão ainda maior

formação, conhecimento e experiência do profissional.

Na prática, a responsabilidade por formar efetivamente esses

profissionais ficou para as empresas do setor. Como nesse mercado a

formação teórica e o conhecimento básico não são suficientes, as companhias

precisam fazer investimentos para capacitação profissional, arcando com

custos de especializações e de certificações. Este é um movimento arriscado,

pois é exatamente esse profissional capacitado que o mercado busca. Após

fazer todo o investimento, a companhia pode perdê-lo, caso ele receba uma

proposta melhor. A empresa precisará, então, encontrar outro profissional e

recomeçar todo o processo de formação.

A situação é difícil para todos os envolvidos. Muitas companhias

deixam de investir com medo de que o profissional vá embora depois de

formado e o profissional que quer ingressar no mercado não consegue

emprego porque ainda não tem a formação específica exigida.

Este ciclo não afeta somente o relacionamento entre empresa e

colaborador. É um risco também para os negócios. Imagine que o seu

funcionário é o responsável por um grande projeto na TI de um importante

cliente. Quando ele anuncia que vai embora, o cliente pode sentir esse

desligamento. O tempo para contratar e capacitar um novo profissional

colocará esse negócio em risco e é possível também que o cliente não se

adapte ao novo recurso escolhido para gerenciar o projeto.

Apesar do risco, ainda acho válido o investimento na formação por

parte das empresas. Isso deve ser aliado à busca por oportunidades dentro da

casa para ele se desenvolver e vestir a camisa da companhia. O fato de estar

próximo desse colaborador, ajudando-o e auxiliando-o no crescimento

profissional é uma importante ferramenta para que ele compreenda que a

empresa precisa dele e ele da empresa. Sair em busca de novos profissionais,

além de ser mais caro pelo próprio processo, gera um desgaste com clientes. E

neste caso, o ônus seria bem maior.

39

Já a pessoa que olha para sua carreira não deve esperar até que uma

empresa resolva investir na sua profissionalização. São poucas as companhias

dispostas a isso e a espera vai deixá-lo ainda por mais tempo longe do

mercado. Quem deseja tornar-se um executivo de TI de sucesso nunca deve

perder a oportunidade de aprender. Começar como estagiário ou trainee já é

um importante passo. Além de se profissionalizar em fabricantes de ponta no

mercado outra opção é buscar as certificações necessárias para atingir o nível

profissional de interesse.

3.2 CARGOS ESTRATÉGICOS

Um dos principais objetivos dos profissionais que planejam suas

carreiras é a promoção para cargos estratégicos dentro das organizações nas

quais trabalham. Entretanto, o que é necessário para ocupar tais posições e

quais os cuidados a serem adotados?

Primeiramente, é bom saber que, enquanto os cargos de nível

intermediário – supervisão e coordenação, por exemplo – exigem habilidades

técnicas e interpessoais, os cargos estratégicos requerem habilidades

conceituais. Sendo assim, é imprescindível que o profissional consiga antecipar

tendências de mercado, tenha visão global acerca do negócio e investigue os

efeitos de longo prazo das decisões tomadas no momento atual, dentre outras

competências.

O problema é que geralmente os cargos operacionais e táticos não

propiciam o desenvolvimento de habilidades com tamanha especialização, pois

as atribuições e responsabilidades destes níveis são muito diferentes das

posições estratégicas. Assim, se você tem sido "provocado" a entregar aquilo

que geralmente é exigido somente do staff principal da companhia, comemore

intensamente e saiba que sua carreira encontra-se em franco crescimento.

Isto explica porque é tão difícil ascender em organizações que não

proporcionam a oportunidade das pessoas aprenderem a pensar

estrategicamente. Mas, o que as empresas têm feito de maneira objetiva para

que seus colaboradores passem a pensar estrategicamente? Em especial,

oportunizado que eles participem dos processos de tomada de decisão a fim de

aprenderem aquilo que infelizmente seus cargos nunca exigirão.

40

A formação superior também contribui com o desenvolvimento das

habilidades conceituais graças às discussões acadêmicas que nem sempre

são vistas com bons olhos, porém se revelam um meio eficaz para ampliar o

horizonte de percepção. É por isto que cursar a graduação numa boa

universidade ou fazer um curso de MBA de reconhecida excelência realmente

facilitam o acesso a cargos cobiçados por todos.

Diferentemente, os cursos técnicos e tecnológicos, devido à sua

abordagem voltada ao aprendizado prático, favorecem o desenvolvimento de

habilidades de execução técnica, fundamentais aos cargos operacionais, mas

insuficientes para quem anseia trabalhar no nível estratégico.

Ainda não se pode esquecer que há uma considerável parcela de

profissionais que são alçados a cargos de primeiro nível devido ao bom

relacionamento que cultivam com os donos do negócio. Um artifício que

realmente pode levá-lo ao topo, mas que cria resistências internas e uma

iminente queda quando não há competências que sustentem tamanha

responsabilidade.

Por fim, se você almeja cargos na área estratégica também tenha em

mente que as habilidades de liderança e uma grande capacidade de

comunicação (tanto verbal quanto escrita) pesarão bastante na hora em que

surgir a oportunidade de ser promovido. Sem esquecer que o domínio de um

segundo idioma e o perfil comportamental adequado também deverão fazer

parte do seu cardápio profissional.

41

CONCLUSÃO

Longe de esgotar todas as possibilidades que este tema vem a nos

oferecer, podemos concluir que, este trabalho ressaltou a importância do olhar

quanto ao perfil do candidato em relação à vaga no recrutamento e seleção de

pessoas. É importantíssimo que o responsável pela vaga, tenha conhecimento

das tarefas rotineiras que o candidato desempenhará, assim será mais fácil

perceber as qualidades e competências da pessoa que se enquadra a vaga.

Com base no referencial teórico pesquisado, respondendo a

problemática deste estudo, pode-se perceber que o processo de recrutamento

e seleção deve ser feito com muito cuidado, pois existem várias conseqüências

para um processo errado como, produtividade prejudicada, insatisfação,

rotatividade, que gera custos para a empresa.

O maior capital de uma empresa é o seu capital intelectual, somente

através dele as empresas conseguirão ser mais competitivas oferecendo

produtos e serviços mais competitivos ao mercado.

O modelo ideal de recrutamento e seleção deve ser aquele onde o

empregador participe efetivamente em conjunto com a área de Recursos

Humanos na escolha do candidato.

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