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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA OS
PROFESSORES DE ENSINO FUNDAMENTAL
POR: FERNANDA BATISTA MARTINIANO
ORIENTADORA:
PROFESSORA MARIA ESTHER DE ARAÚJO
RIO DE JANEIRO
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA OS
PROFESSORES DE ENSINO FUNDAMENTAL
APRESENTAÇÃO DE MONOGRAFIA À
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES COMO
REQUISITO PARCIAL PARA OTENÇÃO DO
GRAU DE ESPECIALISTA EM
ADMINISTRAÇÃO E SUPERVISÃO
ESCOLAR
POR: FERNANDA BATISTA MARTINIANO
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido
saúde, sabedoria e perseverança para seguir meu caminho.
À minha orientadora Maria Esther de Araújo, pela
dedicação e atenção a mim dispensada, tornando possível
a realização desse projeto.
4
DEDICATÓRIA
Dedico essa Monografia a Alci Barbosa, pela
compreensão e pelos momentos felizes que
passamos juntos. A meus amigos Aline e Alex,
pelo incentivo e dedicação dado por eles para
vencer essa etapa.
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RESUMO
O Processo de formação continuada de professores do ensino
fundamental, segundo o olhar construído pela LDB 9394/96, que relevou
importantes valores no sentido de qualificar o trabalho docente visando o
alcance de melhores níveis de aprendizado na escola brasileira.
O conceito de formação continuada tem passado por mudanças
significativas, resultantes das diferentes concepções que tem norteado sua
prática e de acordo com os novos olhares expressos pela lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional.
Contudo a formação continuada não pode ser vista só como
cumprimento da lei, com cursos práticos, repassados em formas de
"pacotes" de novas teorias e metodologias distanciadas do saber e da
experiência dos profissionais da educação.
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METODOLOGIA
O conceito de formação continuada tem passado por mudanças
significativas, resultantes de diferentes concepções que tem norteado sua
prática e de acordo com as novas perspectivas expressas na LDB, que
revelam importantes valores no sentido de qualificar o trabalho docente
visando melhores níveis de aprendizado.
A proposta deste trabalho é investigar a questão da prática
pedagógica do professor problematizando este processo de formação
continuada voltando-se para a dinâmica da realidade escolar através da
análise bibliográfica.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I -A ORIGEM DA POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES 9
CAPÍTULO II-A PRÁTICA E O SABER DOCENTE 17
CAPÍTULO III - FORMAÇÃO CONTINUADA E SEU PROPÓSITO 26
CONSIDERAÇÕES FINAIS 34
REFERÊNCIAS 36
8
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa pretende fazer uma análise da prática docente partindo de
sua perspectiva mediadora na construção do saber significativo, visualizando as
diferentes ações que permeiam as propostas de formação docente no contexto atual da
educação brasileira, sem perder de vista os fatores sociopolíticos associados a ele.
Buscando estabelecer uma adequação do que se é proposto ao resultado obtido ao longo
dos anos pelos cursos de formação pedagógica inicial e continuada.
O conceito de formação continuada, que se trata do tema principal, será avaliado
a partir de seu sentido qualificador do trabalho docente que busca melhores níveis de
aprendizado. Neste sentido requer reflexões constantes diante às transformações
ocorridas nas demandas educacionais e das realidades assistidas.
A formação continuada não deve ter somente uma avaliação de “cumprimento
da LDB”. Seu emprego e eficiência não deve estar limitado aos cursos práticos e
“empacotados” das novas propostas teóricas e metodológicas, que nem de longe tem
significado para o cotidiano dos professores. Mais do que um curso de capacitação à
prática pedagógica, esta formação deve estar diretamente relacionada às novas
abordagens e propostas educacionais, mas de forma significativa e contextualizada ao
trabalho docente. Sua ação não deve ser superficial, devendo estar relacionada a esta
prática de forma constante.
Portanto, o estudo aqui proposto tem como objetivo refletir sobre a importância da
prática pedagógica do professor e repensar a formação continuada e o seu foco principal
que é oferecer condições de melhorar a prática docente tornando-a mais eficiente no que
se diz respeito a concretização de sua principal missão: a aprendizagem significativa e a
construção do conhecimento.
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CAPÍTULO I
A ORIGEM DA POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
O debate sobre a formação de professores intensificou-se nas duas últimas
décadas, paralelo ao movimento de revitalização da escola normal, onde buscou-se a
reestruturação curricular e a transição para os cursos de pedagogia, tivemos as
experiências dos novos cursos de formação em nível superior e uma produção
acadêmica extensa sobre a temática (SILVA, 1999). Este debate intensificou-se diante
da aprovação da nova LDB – Lei 9.394/96, que elevou a formação do professor ao nível
superior, estabelecendo sua constituição a partir de universidades e institutos superiores
de educação, através das licenciaturas e dos cursos normais superiores.
As primeiras iniciativas de estabelecimento das escolas destinadas ao preparo
específico dos professores para o exercício das funções do magistério, está diretamente
relacionado à institucionalização da educação pública no mundo moderno, através da
implementação das idéias liberais de secularização da educação. No período medieval
temos este processo centrado na Igreja católica, que mesmo após o movimento da
Reforma, permanecem junto com as novas Igrejas Protestantes contemplando iniciativas
pertinentes a formação de professores. Mas somente após a Revolução francesa a
educação passa também a ser um encargo do Estado, que destinava-se a formar
professores leigos.
No Brasil a preocupação girava em torno do ensino das “primeiras letras”, sendo
posterior a preocupação com a formação docente. As primeiras escolas normais
brasileiras foram estabelecidas a partir da reforma constitucional de 12/08/1834, que
atendiam a uma tendência descentralista que confere às Assembléias Legislativas
Provinciais a função de legislar sobre a instrução Pública e estabelecimentos próprios a
promovê-los. Mas as primeiras iniciativas pertinentes a criação de escolas normais
coincidem com a hegemonia do grupo conservadores, resultantes das ações
desenvolvidas para consolidar a supremacia de seu projeto político, dentro do contexto
do período regencial e ainda do Segundo Reinado.
A primeira Escola Normal brasileira foi criada na Província do Rio de Janeiro,
pela Lei número 10, de 1835, que determinava que houvesse na capital da Província
uma escola normal destinada a habilitar as pessoas para o magistério da instrução
primária. (Bastos, 1998) Mas essa escola teve um caráter provisório, sendo suprimida
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em1849. Na verdade, todas as escolas normais existentes nas províncias tiveram
trajetória incerta e atribulada, submetidas a um processo contínuo de criação e extinção,
para atingir algum êxito somente em 1870, a partir da consolidação das idéias liberais
de democratização e obrigatoriedade da instrução primária.
Apesar desta árdua consolidação da Escola Normal, o desejo de se tornar
Superior a Educação e formação dos professores é antigo no Brasil. A aspiração dos
educadores pela formação de professores em nível superior, inclusive para os anos
iniciais da Educação Fundamental, a antiga Escola Primária, principalmente nos grandes
centros, onde se concentravam os intelectuais e as maiores escolas. (BAZZO, 2004)
Com base no que defendiam os Pioneiros da Escola Nova no “Manifesto dos
Pioneiros”(1932) a respeito da necessidade de a formação de professores de todos os
níveis ser feita na universidade, um Instituto de Educação também existiu na mesma
época no Rio de Janeiro, criado por Anísio Teixeira, em 1934, quando foi titular da
Secretaria de Educação e Cultura do Distrito Federal. Assim, no organograma do
“Departamento de Educação”, em lugar de destaque e com a mesma importância do
“Instituto de Pesquisa”, figurava o “Instituto de Educação”, “a cujo cargo, por sua
principal escola, a Escola de Professôres (sic) (depois Escola de Educação), em nível
universitário, está a formação do magistério geral especializado, bem como do
funcionalismo técnico de educação necessário ao sistema” (TEIXEIRA, 1953, p. 135).
É o próprio Anísio TEIXEIRA, (1953, p. 95), quem discute a importância da formação
de professores em nível universitário, como a justificar a criação da estrutura acima
proposta:
(...) o segrêdo da formação do professor está em integrar, o mais
intimamente que fôr possível, os materiais e as técnicas da sua
arte de ensinar. Como na pintura e nas demais belas-artes. O
dualismo da preparação acadêmica e da preparação profissional
só pode trazer confusão e ineficiência.
O estudo da matéria e o estudo da teoria da educação e dos
métodos devem ser perfeitamente integrados, dando-se muito
mais relêvo ao ensino da matéria sob o ponto de vista das
necessidades do professor e do ensino, do que aos cursos gerais
de educação.
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A preparação do professor não dispensa a formação científica que os respectivos
cursos lhe podem dar, mas não fica aí o seu aparelhamento técnico. Segundo Bagley, o
professor deverá ser preparado nos seguintes pontos:
1. conhecimento completo e profundo da matéria que vai
ensinar;
2. apreciação aguda da significação dessa matéria para a vida
humana;
3. desejo vivo e ardente de que outros conheçam essa matéria e a
apreciem;
4. compreensão e conhecimento inteligente e simpático das
dificuldades que o aluno encontra para se tornar senhor da
matéria;
5. conhecimento de tôdas as técnicas e processos para melhor
vencer essas dificuldades.
Em 1939, a Escola de Professores do Instituto de Educação do Rio de Janeiro foi
incorporada por seu criador à Universidade do Distrito Federal e tinha entre seus
principais objetivos a formação de professores e o desenvolvimento da pesquisa em
educação.
Embora a Universidade do Distrito Federal da forma como fora idealizada por
Anísio TEIXEIRA não tenha vingado por muito tempo, por motivos políticos, a
experiência de formar professores para todos os graus de ensino em uma escola única de
estrutura verticalizada em nível universitário deixou sementes para sempre. (Bazzo,
2004)
A criação dos Institutos Superiores de Educação em sua versão atual precisa ser
vista, portanto, como uma proposição no interior das políticas educacionais em
implantação e compreendida à luz de uma conjuntura que aprofunda a lógica de
exclusão social do projeto econômico vigente, sob o manto do mercado regulador.
É neste contexto que os formuladores de políticas públicas empenharam- se em
produzir um grande número de novas regulações para o setor, dentre as quais destaca-se
a Resolução CNE 01/99, que, com base no art. 62 da LDB n° 9.394/96 acima referido,
recria os Institutos Superiores de Educação, acompanhados dos Cursos Normais
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Superiores, ambos com estatuto de locais privilegiados para a formação de professores:
para a Educação Infantil e anos iniciais da Educação Básica, o Curso Normal Superior;
para os demais, o Instituto Superior de Educação.
Se nos anos 30 a afirmação de que os professores de todos os níveis deveriam
ser formados em nível superior era uma idéia revolucionária para o grau de
desenvolvimento da sociedade e das forças produtivas da época, hoje, mais de 70 anos
depois, certamente a manutenção da formação de professores para os anos iniciais da
Educação Fundamental e Educação Infantil em nível secundário como aparece no art.
62 da Lei n° 9.394/96, “(...) admitida, como formação mínima para o exercício do
magistério da educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a
oferecida em nível médio, na modalidade normal”, embora adequada à desalentadora
realidade educacional do país, representa um atraso secular, ao mesmo tempo em que
reafirma a tradição de desqualificação desses profissionais em nosso país.
Foi a Lei n° 5.692 de 1971 que propôs, depois de tanto tempo, e pela primeira
vez em uma lei de âmbito nacional, a formação do professor primário em nível
universitário em cursos de licenciatura plena, ao criar um modelo de organização que
lhe permitia acumular gradativamente anos de escolaridade para atuar em séries cada
vez mais avançadas do sistema escolar. Para viabilizar este modelo, a Lei previa vários
níveis de formação, (com o surgimento das Licenciaturas curtas) correspondendo a cada
uma o respectivo exercício profissional, vinculando o salário do professor ao seu nível
de formação.
O que poderia ser um avanço, ao tornar compulsória a profissionalização do
professor das séries iniciais em nível médio – nos cursos chamados de
Magistério, transformou-o numa das habilitações do ensino de segundo grau,
descaracterizando as Escolas Normais e os Institutos de Educação, onde tal formação
era feita, sem dúvida com melhor qualidade.
Quanto à formação de professores para as séries posteriores (5ª à 8ª) e para o 2º
grau, a Lei n° 5.540 Lei da Reforma Universitária mesmo instalando as
Faculdades/Centros de Educação com a finalidade de neles centralizar a formação dos
profissionais da educação, não conseguiu superar o modelo vigente das licenciaturas,
isto é, os cursos 3+1, em que as disciplinas da educação, conhecidas como as
pedagógicas, com duração prevista para um ano, justapunham-se às disciplinas de
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conteúdo específico ou, como se dizia, de conteúdo científico, cuja duração era de três
anos. (BAZZO, 2004)
A Lei de Diretrizes e Bases de 1996, entre outras modificações, no tema da
formação dos profissionais da educação, extinguiu as Licenciaturas Curtas, fracassada
experiência promovida pela lei anterior que pretendia formar professores para o 1º grau
(5ª à 8ª séries) em cursos ligeiros e com o mínimo de conteúdo, seja da área específica
seja das ciências da educação, ministrados como parte inicial nos primeiros anos dos
cursos de Licenciatura plena, abolindo os avanços progressivos de escolaridade com o
conseqüente direito ao exercício profissional. Manteve e expandiu, no entanto, a
possibilidade de aproveitamento de estudos e de experiências profissionais anteriores
para a integralização dos cursos de formação de professores.
O (re)surgimento dos Institutos Superiores de Educação entre as instituições que
poderiam formar os profissionais da educação para todos os níveis da Educação Básica
foi, entretanto, a maior novidade que esta lei trouxe. A princípio solto e
descontextualizado no interior do art. 62, parecendo mais um lapso da memória ou o
fruto de alguma nostalgia de seu redator, com a Resolução 01/CNE/CP/99 que
regulamentou tal instituição, os ISEs passaram a ser o motivo de muitas preocupações
para os educadores que ao longo dos anos vêm defendendo uma formação sólida e
exigente, aliada à pesquisa e em cursos de licenciatura plena, em instituições
universitárias. Pela nova lei e por toda a legislação complementar que a sucedeu, as
atribuições dos Institutos Superiores de Educação são bastante amplas no que diz
respeito à formação dos professores e claramente esvaziadoras das responsabilidades e
tarefas das faculdades/centros de educação das universidades, indicando, mais uma vez,
o risco de desprofissionalização ainda maior, além da desvalorização que uma formação
fora da universidade e com exigências muito menores no nível de qualificação de seus
mestres poderá acarretar.(BAZZO, 2004)
Assim, a criação dos Institutos Superiores de Educação, no contexto dessa lei,
significa um rebaixamento na hierarquia universitária com tudo o que isto implica em
perda de qualidade e mesmo de prestígio para a formação dos profissionais da educação.
Embora em cada momento histórico houvesse um grande esforço dos intelectuais
comprometidos com a qualidade da escola pública e com a formação de seus
profissionais em nível universitário, é possível dizer que estratégias de redução do
conhecimento e da ação pedagógica do professor, acompanhada de baixos salários e
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quase nada de profissionalização, têm sido uma constante ao longo das reformas
educacionais. Para marcar definitivamente esta discriminação, a (re)criação, hoje, de
instituições de diferentes qualidades e de menor valorização para a formação dos
profissionais da educação, como parecem ser os Institutos Superiores de Educação (ISE)
e o Curso Normal Superior, descaracteriza profundamente a feição profissional dos
docentes no Brasil.
Os Institutos Superiores de Educação, propostos pela atual legislação
educacional para serem a instituição formadora de professores por excelência, não por
acaso aparecendo na última posição na hierarquia das instituições de ensino superior,
diferentemente de seus similares da década de 30, representam uma preocupante
preferência pela formação desses profissionais fora da universidade, em locais onde a
pesquisa e a conseqüente produção de conhecimento poderão passar ao largo, dadas às
baixas exigências de qualificação do corpo docente que a lei estabeleceu para a criação
dos ISEs. Longe estarão, certamente, de serem os irradiadores dos novos conhecimentos
sobre a educação e o ensino, como anunciava Anísio TEIXEIRA (1953, p. 186) em
1934, ao falar da Escola de Professores do Instituto de Educação do Distrito Federal:
“Ao lado dessa escola de preparação de mestres e sobre (sic) ela está a erguer-se o
centro de pesquisas educacionais, que deverá constituir-se, no futuro, um dos focos de
irradiação nacional das ciências da educação.”
As diferentes políticas que, a partir dessa regulamentação, estão postas para a
formação do professor e que são motivo de nossas críticas e intervenções, quais sejam: a
configuração dos cursos de licenciatura (Res. CNE/CP/ 01/2002 e Res. CP 02/2002); as
determinações do Parecer 133/2001, que impedem os Cursos de Pedagogia de IES não
universitárias de formar professores da educação Infantil e dos anos iniciais da educação
Fundamental; a ênfase no treinamento em serviço, em detrimento da formação inicial de
qualidade; a utilização da modalidade de educação à distância como forma de aligeirar e
baratear a formação inicial; a insistência na certificação das competências– todas elas
evidenciam a lógica mercantilista, racionalista e pragmática que tomou conta da nação,
e têm como objetivo responder muito mais à rápida modificação dos índices
educacionais do que à necessidade da formação de profissionais com capacidade de
colaborar com as mudanças que o país está a exigir.(Bazzo, 2004)
Contrapondo-se a todos esses movimentos conservadores propostos pelas
políticas anunciadas, a Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da
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Educação (Anfope), liderando as demais entidades de educadores, no documento final
de seu IX ENCONTRO NACIONAL em 1998, já apresentava sinteticamente sua
posição frente às Diretrizes Curriculares para os cursos de formação dos profissionais da
educação, na qual salientava os seguintes pontos:
- As Universidades e suas Faculdades de Educação deverão ser
os locais prioritários para a formação dos profissionais da
educação para atuar na educação básica e superior;
- É necessário repensar as estruturas das Faculdades e a
organização dos cursos de formação em seu interior, no sentido
de superar a fragmentação entre as habilitações no curso de
pedagogia e a dicotomia entre a formação dos pedagogos e dos
demais licenciados, considerando-se a docência como a base de
identidade profissional de todos os profissionais da educação;
- É importante estabelecer uma Base Comum Nacional para esta
formação, integrada a uma formação específica para as diversas
áreas de atuação. Os eixos norteadores estabelecidos para essa
Base Comum Nacional serão os seguintes: sólida formação
teórica e interdisciplinar; unidade entre teoria e prática, que
implica em assumir uma postura em relação à produção de
conhecimento que perpassa toda a organização curricular e que
não divorcia a formação do bacharel e do licenciado, embora
considere suas especificidades; gestão democrática da escola; o
compromisso social e ético do profissional da educação na
superação das injustiças sociais, da exclusão e da discriminação,
na busca de uma sociedade mais humana e solidária; trabalho
coletivo e interdisciplinar; articulação da formação inicial e
continuada.
O Instituto Superior de Educação surgido da efervescência cultural e política dos
anos 30 é substancialmente diferente do Instituto Superior de Educação recriado pela
Lei n° 9.394/ 96 muito mais pelo seu contexto histórico do que pelo seu texto
elaborador. Distingue-se o primeiro, também e principalmente, pela sinceridade com
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que seus formuladores defendiam uma formação humanística mais completa e em nível
superior para todos os professores como reconhecimento da importância de tais
profissionais no processo de educação do povo que naquele momento se urbanizava e
era necessário para ocupar os postos de trabalho da novel industrialização do país. São
parecidos como expressão de hegemonia num dado momento. O segundo, portanto, é o
reflexo das políticas públicas para a educação que acompanham a tendência das
reformas do Estado e do projeto neoconservador que todos queremos sepultar.
A necessidade que temos agora é centrar na formação continuada dos
profissionais da educação como uma exigência para aplacar a falta de qualidade na sua
formação inicial.
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CAPÍTULO II
A PRÁTICA E O SABER DOCENTE
A constituição dos saberes docentes necessita de uma ação reflexiva
redirecionada da prática pedagógica. Não se pode desarticular esta prática da busca pelo
saber. Ao longo de suas carreiras os professores se apropriam de saberes que
correspondem aos discursos, objetivos, conteúdos e métodos a partir dos quais a
instituição escolar categoriza e apresenta como modelos da cultura erudita e de
formação para a cultura erudita.
Para entendermos a origem do saber devemos nos remeter a análise do ser
humano e sua natureza social. Este só se desenvolve na sócio-interação. A sociedade
personaliza o indivíduo. O homem é um ser histórico e temporal. Sua capacidade
racional o capacita a planejar, a modificar a natureza. O animal irracional é atemporal,
para ele a vida é um eterno presente, vive imerso no tempo. O ser-no-mundo concreto,
histórico e a atual é um ser plural que coexiste. É o ser-no-mundo-com-os-outros que
ele tem possibilidade de ser (FREIRE, 1983).
A espécie humana só se humaniza na sociedade, assinala Severino (2000). A
hominização do primata começou com a postura ereta e bípede. O que o fez liberar as
mãos para fabricação de ferramentas e instrumentos e mais tarde a aquisição da
linguagem. Esta humanização só começou a acontecer quando se iniciaram as relações
sociais. O pensamento como principal equipamento da subjetividade humana, nasceu da
sua própria prática produtiva, é a maior expressão do sujeito coletivo.
Os sujeitos individuais não se justapõem, entre eles há um coeficiente de poder.
A prática humana é intencionalizada. A prática política e a prática produtiva só se
humanizam por que possuem uma dimensão simbólica. O conhecimento individual se
dá num âmbito coletivo que se torna complexo e constitui a cultura. “Uma das
mediações concretas da existência do homem” (Severino, 2000, p.35). O universo do
saber se constrói e se reconstrói.
O saber aparece, portanto, como instrumento para o fazer técnico-produtivo,
como mediação do poder e como ferramenta da própria criação de símbolos, voltando-
se sobre si mesmo, ou seja, é sempre um processo de intencionalização. Assim, é graças
a essa intencionalização que nossa atividade técnica deixa de ser mecânica e passa a se
dar em razão de uma projetividade, o trabalho ganhando sentido. (Severino, 2000, p.36)
18
A filosofia contribuiu para a análise e construção desse saber. A educação é uma
prática social. Na sua origem, a educação está diretamente associada à filosofia. Por isso
temos expressivas colaborações no fazer e no pensar pedagógico segundo Teixeira.
(2003). De forma empírica temos o argumento de Platão onde colocava que “o educador
é aquele que cria ocasiões que possibilitam o conhecimento e a superação do seu
educando. (...) O conhecimento, obra da educação é fruto de um deslumbramento.”
(TEIXEIRA, 2003, p.64).
A educação platônica foi embasada no diálogo, na troca de informações. A
superação do educando o levará para além do estado de alienação.
Exemplo concreto desta experiência platônica, encontramos em Aristóteles,
discípulo de Platão, que criou sua própria escola, o Liceu. Suas aulas se caracterizavam
pela inovação pedagógica, uma delas era o costume de lecionar caminhando (Escola
Peripatética). E como podemos observar filosofia e educação caminham juntas. Como
bem colocou Luckesi (1990) quando menciona a relação entre as duas partes. Ao se
pensar e se refletir sobre o que vamos concretizar, realizamos educação. Uma ação
educativa consciente, pois agimos com questionamento e criticamente.
Portanto o ato educativo consiste em uma práxis, uma prática social refletida. A
ação pedagógica deve ter uma correspondente filosófica, pois se isso não ocorrer a
educação será processada sob a forma do senso comum e baseada em conceitos e
valores que a sociedade propõe a partir de uma estrutura cristalizada e perene.Por isso a
necessidade cada vez maior de atentarmos para a qualidade da formação do profissional
de educação atualmente.
A formação do professor é caracterizada por duas categorias, em que se
entrelaçam o técnico e o prático, e esta articulação é manifestada no contexto
educacional. Segundo a perspectiva filosófica de Habermas, o técnico é unidirecionado,
e o prático dialógico. Este unidirecionamento é expresso no curso de formação de
professores, através da ênfase na competência técnica do professor, enfatizando a
importância do currículo em que suas disciplinas instrumentalizam o professor.
A dimensão dialógica fica relegada a segundo plano durante a formação inicial
levando o professor a aprender durante o exercício da docência.
A articulação do técnico e o prático constituem-se em subsídios que o professor
vê se aprimorar para exercer a docência em níveis qualitativos, e assim contesta-se na
formação do professor a deficiência, nos currículos de disciplinas ligadas a relações,
19
interpessoais, haja vista que esse profissional desenvolverá relações com outros sujeitos
em diversos espaços sócio-culturais.
Segundo RUZ (1998), a dimensão técnica e a dimensão prática potencializaram-
se com a distinção entre o racional e o razoável. O técnico está relacionado aos fins e o
prático, a valores. O professor no exercício, ou seja, na prática da docência, deve estar
apto a refletir acerca das questões que envolvem a ação educativa. Estabelecer relações
possíveis entre os fins e os valores deve se efetivar na formação do professor, no
momento em que as finalidades apresentadas pela sociedade relativas ao trabalho
docente são expressas nos padrões definidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais,
os quais direcionam o ideal de homem a ser construído pela escola. Ou seja, não se pode
abrir mão de configurar este perfil profissional já na sua formação inicial.
O perfil do profissional de educação é direcionado segundo valores
estabelecidos no momento histórico vivenciado pelos atores no contexto social,
merecendo ser redimensionado para atender as necessidades que se expressam no
processo produtivo, em que as relações de trabalho em constante transformação exigem
novos aprendizados ao sujeito.
A formação do professor está condicionada as relações que se processam na
sociedade. Ela é concebida como processo dialético e está sujeita a constantes mudanças
que visem alcançar níveis qualitativos que atendam ao ideal de homem que se espera
educar. Ela ainda é influenciada por fatores externos que se expressam no tecido social.
Por isso, na sociedade capitalista, em que o individual e sobrepõe ao coletivo e a
competição supera a solidariedade, o desafio que se apresenta na formação do professor
é conceber uma profissão em que os valores humanos colocados em primeiro plano.
De acordo com RUZ (1998), a identificação dos valores culturais da realidade
dos alunos, é fundamental, para que o professor possa compreender as relações
conflituosas inseridas no processo ensino-aprendizagem, pois interferem
significativamente no desempenho dos alunos, e desta forma tornam tal processo de
inserção na sociedade através da educação algo mais significativo.
O contexto social de origem deste profissional da educação, deve ser
considerado em sua formação, pois aproxima a realidade do que é ideal, e o que é
expresso nos cursos de formação, nos estágios supervisionados devem oferecer
oportunidades de articulação entre o saber e o fazer, para que a profissão docente seja
construída em uma perspectiva dialógica e contextualizada.
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A modernização da profissão docente está diretamente relacionada ao seu
rompimento com a dimensão tecnicista, que por décadas interferiu na proposta de
formação na área da educação e à sua vinculação constante às novas experiências e
propostas atuais. Devemos considerar que a profissão docente é influenciada pelos
valores teóricos que se expressam no processo de formação. Esses valores tem a função
de direcionar o olhar do professor na perspectiva participativa, dialógica e reflexiva.
Oferecendo condições para aprimorar sua prática pedagógica através da realidade que
lhe é apresentada pelo cotidiano da sala de aula.
É necessário também refletir acerca do processo de formação de professores,
ampliar o olhar multidimensional envolvido na construção profissional, visto que
inúmeros fatores internos ou externos, são relevantes na consideração que se deve fazer
desta profissão.
Considerar as condições materiais que se apresentam ao professor analisando as
condições de vida, especialmente a questão salarial que permeia o cotidiano deste
profissional e também as condições de trabalho impostas pela sociedade capitalista, que
se manifesta de diversas formas. Levar em condição tais fatores e ainda a
disponibilidade de tempo do professor. Segundo GATTI (1998), a disponibilidade de
tempo do professor na escola é mínima para desenvolver inúmeras atividades que vão
desde o prepara das aulas, a correção de exercícios provas, a burocracia representada
pelo preenchimento de fichas e formulários e o contato com os pais, além da
participação nas reuniões pedagógicas. Pensa-se que as relações expressas entre as
atividades exigidas ao professor e o tempo dedicado a elas compromete a qualidade do
trabalho por não se expressarem em níveis de igualdade.
A conclusão que chegamos a respeito desta reflexão é que diante de inúmeras
atividades relacionadas ao professor no seu cotidiano, a questão acerca da docência em
alguns momentos fica bastante comprometida, e esta avaliação impede que o
profissional avance no processo de melhoria contínua da profissão, resultando no
exercício de uma prática pedagógica repetitiva.
A ausência da avaliação da docência, impede o professor de aprimorar-se em
busca de referenciais que possibilitem o crescimento profissional, conhecendo suas
fragilidades e buscando desenvolver ações que promovam maior qualidade e eficiência
à sua prática docente.
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A escolha da profissão docente também é um fator determinante na busca desta
qualidade profissional. Muitos chegam ao exercício do magistério pela facilidade ao
acesso ao curso superior, que no caso do magistério encontra-se pouco concorrido.
Outros escolhem acidentalmente a profissão, e nesse contexto, GATTI (1998) afirma
que o descaso com a formação continuada é expressa no momento em que esses
professores deixam de atualizar-se através de leituras especializadas, que poderiam
complementar sua formação profissional.
Neste momento faz-se necessário o resgate da importância de se considerar o
professor em sua própria formação, num processo de auto-formação, de reelaboração
dos saberes iniciais em confronto com sua prática vivenciada. Assim seus saberes vão-
se constituindo a partir de uma reflexão na e sobre a prática. Essa tendência reflexiva
vem-se apresentando como um novo paradigma na formação de professores,
sedimentando uma política de desenvolvimento pessoal e profissional dos professores e
das instituições escolares.
Segundo o que SILVA (1997) identifica em sua pesquisa, os estudos
educacionais trouxeram, a partir do final dos anos de 1980, novos conceitos para a
compreensão do trabalho docente. Destaca que as novas abordagens de pesquisa
passaram a reconhecer o professor como sujeito de um saber e de um fazer, fazendo
surgir a necessidade de se investigarem os saberes de referência dos professores sobre
suas próprias ações e pensamentos, já que
a análise dos valores e princípios de ação que norteiam o
trabalho dos professores pode trazer novas luzes sobre nossa
compreensão acerca dos fundamentos do trabalho docente, seja
no sentido de desvendar atitudes e práticas presentes no dia-a-
dia das escolas que historicamente foram ignoradas pela
literatura educacional (e talvez possam trazer contribuições para
o trabalho e a formação de professores)”. (SILVA, 1997, p. 3)
Considerando que tanto a escola como os professores mudaram, a questão dos
saberes docentes agora se apresenta com uma outra “roupagem”, em decorrência da
influência da literatura internacional e de pesquisas brasileiras, que passam a considerar
22
o professor como um profissional que adquire e desenvolve conhecimentos a partir da
prática e no confronto com as condições da profissão.
A fim de repensar a formação inicial e contínua a partir da análise das práticas
pedagógicas, Pimenta (1999) desenvolve uma pesquisa a partir de sua prática com
alunos de licenciatura e destaca a importância da mobilização dos saberes da
experiência para a construção da identidade profissional do professor. Neste sentido, são
identificados três tipos de saberes da docência: a) da experiência, que seria aquele
aprendido pelo professor desde quando aluno, com os professores significativos etc.,
assim como o que é produzido na prática num processo de reflexão e troca com os
colegas; b) do conhecimento, que abrange a revisão da função da escola na transmissão
dos conhecimentos e as suas especialidades num contexto contemporâneo e c) dos
saberes pedagógicos, aquele que abrange a questão do conhecimento juntamente com o
saber da experiência e dos conteúdos específicos e que será construído a partir das
necessidades pedagógicas reais.
A autora enfatiza ainda, a importância de que a fragmentação entre os diferentes
saberes seja superada, considerando a prática social como objetivo central,
possibilitando, assim, uma re-significação dos saberes na formação dos professores.
A partir da idéia de que a profissão vai sendo construída à medida que o
professor articula o conhecimento teórico-acadêmico, a cultura escolar e a reflexão
sobre a prática docente, Guarnieri (1997) desenvolve um estudo acerca da atuação de
professores iniciantes. Revisando as novas perspectivas de pesquisa que analisam a
questão da competência para ensinar, enfatiza que “esses novos paradigmas
investigativos buscam a partir do pensamento e desenvolvimento profissional dos
professores “uma epistemologia da prática” que explique como se configura o processo
de aprender a ensinar, de tornar-se professor” (p. 2). Dessa forma, numa tentativa de
superar o modelo da racionalidade técnica, as pesquisas e os cursos de formação de
professores precisam redirecionar as relações entre teoria e prática, centrando as
análises na prática docente e
procurando identificar quais conhecimentos são desenvolvidos
pelo professor ao atuar, no âmbito da cultura escolar e das
condições mais adversas do seu trabalho. Também busca
especificar e estudar as necessárias articulações desses
23
conhecimentos do professor tanto com a prática, quanto com os
conhecimentos teóricos acadêmicos da formação básica. Tais
articulações possibilitam o desenvolvimento da capacidade
reflexiva, que favorece o compromisso com o ensino de qualidade
e a competência para atuar. (GUARNIERI, 1997,p. 6)
Deparamo-nos com a situação de uma Pedagogia que, de acordo com ESTRELA
(1992:13), “não existe enquanto ciência e que o ‘corpus’ formado pelas Ciências da
Educação não constitui uma resposta válida para que a Pedagogia adquira o estatuto de
Ciência.”
Além dela não ter o seu regulamento científico definido, de ser colocada como
um campo de aplicação de pressupostos de outras ciências, tais como a Sociologia, a
Psicologia, a Economia, a Psicanálise e a Psicossociologia, ela não possibilita ao
professor o domínio da ciência pedagógica, para intervir de modo eficiente na
aprendizagem do aluno no contexto real da sala de aula. Diante dessas circunstâncias,
pergunta-se: qual seria, então, o papel a ser desempenhado pela Pedagogia na formação
do profissional-professor e dos seus alunos, aprendentes da profissão? E ainda quais
seriam os saberes que a formação em Pedagogia deveria proporcionar para a formação
de um profissional-professor autônomo, reflexivo e participativo?
Historicamente temos o Estado brasileiro e o desenvolvimento de políticas
educacionais. Não devemos deixar de mencionar como exemplo da duração e
complexidade desses embates que a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei n° 4.024) só foi sancionada em 1961, durante o governo João Goulart,
vinte anos depois de iniciada sua discussão. As leis mais completas que se seguiram, e
já refletindo a visão educacional do período mais fechado do regime autoritário pós 64,
foram a Lei n° 5.540 de 1968, sobre o Ensino Superior, e a Lei n° 5.692 de 1971, para o
1º e o 2º graus, que nasceram dos gabinetes oficiais sem espaço para discussão, debate
ou negociação, logo, foram mais rapidamente decretadas.
Segundo Bazzo,
embora não pareça, não foi muito diferente a história da mais
recente LDB. Gestada durante os últimos anos da década de 80,
momento em que o Brasil passava por um período de abertura
24
democrática propício a grandes debates e conseqüente
modificação dos processos constitutivos da democracia (em que
pesem vários acontecimentos mundiais de natureza
conservadora: queda do Muro de Berlim; colapso das
experiências de socialismo real; virada conservadora dos
governos de vários países da Europa; início da globalização
econômica e anúncios do fim de história, para citar só alguns),
sua discussão foi certamente favorecida pela reorganização
gradativa da sociedade civil, entre elas as entidades ligadas à
educação. (p.272, 2004)
A postura do governo diante desta questão se consolidou através da instituição
da Lei determinando que o
“Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE e a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
- Capes autorizados a conceder bolsas de estudo e bolsas de
pesquisa no âmbito dos programas de formação de professores
para a educação básica desenvolvidos pelo Ministério da
Educação, inclusive na modalidade a distância, que visem:
(Redação dada pela Lei nº 11.947, de 2009)
I - à formação inicial em serviço para professores da educação
básica ainda não titulados, tanto em nível médio quanto em nível
superior;
II - à formação continuada de professores da educação básica; e
III - à participação de professores em projetos de pesquisa e de
desenvolvimento de metodologias educacionais na área de
formação inicial e continuada de professores para a educação
básica e para o sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB.
(Redação dada pela Lei nº 11.947, de 2009)
25
Portanto, são várias as questões que permeiam a prática e o saber docente. Cabe
agora discutimos as propostas de formação continuada que dão uma nova perspectiva ao
perfil do profissional de educação.
26
CAPÍTULO III
FORMAÇÃO CONTINUADA E SEU PROPÓSITO
A formação continuada de professores tem sido, nos últimos anos, tema para
políticos, professores, pesquisadores, universidades e vários outros setores da sociedade.
As concepções e práticas têm se assumido de forma rápida, observando-se pouco
planejamento e estudo sobre o assunto. Nesse sentido, são desenvolvidas ações, na
maioria das vezes, pretendendo solucionar problemas da educação, porém com
resultados pouco satisfatórios, dada a complexidade dos problemas da educação, tanto
para os próprios professores, como para os alunos e a sociedade, em geral.
Desde o ponto de vista de políticas públicas, a formação continuada de
professores tem seu amparo legal na LDB 9394/96 (estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional Brasileira), ao regulamentar o que já determinava a Constituição
Federal de 1988, instituindo a inclusão, nos estatutos e planos de carreira do magistério
público, do aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive em serviço, na carga
horária do professor. Esses horários, segundo a normativa legal, são reservados para
estudos, planejamento e avaliação, com o intuito de propiciar uma formação
fundamentada na "íntima associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a
capacitação em serviço." No Art. 13o, inciso V se enuncia que os docentes incumbir-se-
ão de ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar,
integralmente, dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional. Essa lei, como qualquer outra de caráter geral para todo o
país, tem permitido inúmeras interpretações e, por conseguinte, práticas de formação
continuada de professores. Os estados e municípios brasileiros a têm acomodado em
situações de conjuntura políticas e, principalmente financeira, dando resultados pouco
satisfatórios quanto à qualidade da formação a qual é justificada ou contestada, quase
sempre, pelos escassos recursos econômicos. Não são observados os problemas de
planejamento e gestão e o dinheiro utilizado é mais visto como despesas do que
investimento ao curto, meio e longo prazo.
A formação para a docência, numa perspectiva histórica, é um processo em
construção desde tempos remotos da vida de cada professor - ou seja, desde os seus
27
primeiros anos de vida - e não só durante o período de estudos empreendidos em
faculdades ou universidades, que alguns denominam de "formação inicial" (Alvarado
Prada, 1997). Assim sendo, o direito à formação continuada na escola, em momentos de
encontros com aqueles com quem compartilhamos nosso desenvolvimento profissional,
precisa constituir-se em possibilidade de resgate do papel político dos professores,
mediante o reconhecimento e a valorização dos seus “saberes de experiência”, da
reflexão, individual e coletiva da prática e da ação educativa articuladas ao diálogo
participativo, possibilitando a construção de novos conhecimentos e da constituição de
um trabalho coletivo, pautado nos princípios da liberdade, autonomia e,
conseqüentemente, do pleno exercício da cidadania.
Ser educador é educar-se permanentemente, pois o processo educativo não se
fecha, é contínuo. Isto nos permite reconhecer que cada conhecimento construído pelos
professores com seus alunos, vai implicar novas relações com outros conhecimentos,
novas buscas, perguntas, dúvidas e, conseqüentemente, novas construções, num
processo permanente onde a formação de professores em serviço é entendida como uma
"formação contínua", no cotidiano e a partir do cotidiano profissional destes. No
entanto, se por um lado, os professores que, durante vários anos ministram aulas,
conhecem a atualidade do exercício docente, têm domínio sobre a prática, os problemas
atuais e reais da escola; por outro, não desenvolvem um processo de formação contínua,
ficam aquém dos avanços dos conhecimentos universais.
Portanto, dar continuidade à formação dos docentes nas escolas, seu local de
trabalho, implica um permanente acompanhamento destes, para complementar, mudar
e/ou melhorar a formação já obtida e também para o aprofundamento de estudos da
prática cotidiana do contexto real de desempenho profissional, ou seja, a instituição
escolar.
A formação de professores, na maioria dos casos, entendida como a preparação
dos futuros profissionais da educação, atualmente, com as críticas à má qualidade da
educação e os intentos por melhorá-la, tem sido entendida, em geral, de duas formas. A
primeira, preparação para ser profissional da educação; e a segunda, relacionada aos
profissionais já atuantes nas escolas, ou seja, em serviço. Algumas avaliações das ações
de formação continuada, denominadas programas, projetos, cursos ou com outros
termos de caráter político, administrativo e até acadêmico, mostram crescimentos
estatísticos sobre o número dos participantes, dos custos, da quantidade de horas, dos
28
temas trabalhados, os possíveis beneficiados diretos e indiretos. Entretanto, o
desenvolvimento de novas concepções e práticas desta formação é pouco e,
freqüentemente, se observa a implementação das ações desconhecendo problemas já
vivenciados ou, então, ignorando avaliações e estudos que têm enunciado escassos
resultados positivos. Uma das situações mais freqüentes é ignorar as experiências e os
saberes dos professores e alunos, que são elementos determinantes dos interesses e
necessidades das ações de formação continuada.
É, por isso, necessário construir novas propostas e abrir debates que
problematizem a formação continuada de professores no que tem a ver com concepções
e práticas culturais, políticas, acadêmicas dessa formação, tendo em conta, ao menos
três focos desta problematização: os formadores dos professores, os professores-alunos
na formação continuada e os conteúdos teórico-metodológicos. Os conteúdos são
construídos por ambos nas relações estabelecidas no desenvolvimento da formação
continuada.
A Formação Continuada dos Profissionais da educação é uma necessidade para
atender às exigências do cotidiano de seu exercício profissional, às solicitações dos
estudantes e da sociedade em geral. Contudo, para construir conhecimentos sobre ela, e
transformar as práticas cotidianas dos professores, requer-se a criação de espaço para o
estudo, análise e socialização da formação continuada entre os próprios docentes. Os
professores no cotidiano escolar, com o tempo e as diversas situações sociais, políticas e
econômicas, rotinizam suas práticas, sendo necessário para transformá-las, construir
novas relações de espaços, tempos, pessoas e conhecimentos, tanto os do cotidiano
como os universalmente sistematizados.
A formação continuada em serviço implica novos pensamentos que transformam
concepções e práticas políticas, acadêmicas e de construção de conhecimentos, que seja
compreendida não como “capacitação”, “treinamento”, “reciclagem”, ou mera
transmissão de conhecimentos elaborados fora dos contextos escolares para implantar
ações esporádicas, descontínuas, de elevado custo social e financeiro.
Estudos sobre formação continuada e observações do funcionamento desta
formação em algumas instituições relacionadas com esta modalidade, bem como
diálogos com formadores de professores, gestores escolares, e professores que a
realizaram (como “beneficiários”) têm nos permitido observar, por exemplo, que
algumas instituições fazem mais esforços buscando recursos de caráter financeiro para a
29
realização de eventos formativos, vistosos, social e demagogicamente, do que buscando
qualidade da mesma em seus objetivos e suas reais metodologias de desenvolvimento.
Também temos observado que os processos de formação continuada em serviço,
desenvolvidos na instituição escolar como um todo, a partir de um projeto articulado,
construído pelo coletivo da instituição e inserido no Projeto Político Pedagógico,
contribui para melhorar a principal atividade do ser humano, o trabalho, neste caso o
docente, dando a ele um sentido de desenvolvimento individual e coletivo necessário à
transformação da educação, além de reduzir os custos financeiros.
A formação em serviço não nega a realização de encontros e sessões fora da
escola, que contribuam para gerar redes de experiências, socializar conhecimentos,
ampliar as relações entre as diferentes instituições e pessoas.
A partir do princípio da prática reflexiva, como orientação fundamental para
formação continuada de professores, abandona-se o conceito de formação docente como
processos de atualização que se dão através da aquisição de informações científicas,
didáticas e psicopedagógicas, descontextualizadas da prática educativa do professor,
para adotar um conceito de formação que consiste em construir conhecimentos e teorias
sobre a prática docente, a partir da reflexão crítica.
Sobre esta orientação, Imbernón afirma:
A formação terá como base uma reflexão dos sujeitos sobre sua
prática docente, de modo a permitir que examinem suas teorias
implícitas, seus esquemas de funcionamento, suas atitudes etc.,
realizando um processo constante de auto-avaliação que oriente
seu trabalho. A orientação para esse processo de reflexão exige
uma proposta crítica da intervenção educativa, uma análise da
pratica do ponto de vista dos pressupostos ideológicos e
comportamentais subjacentes. (2001 p.48-49).
A idéia de formação permanente no pensamento de Freire é resultado do
conceito da “condição de inacabamento do ser humano e consciência desse
inacabamento”. Segundo Freire (2002), o homem é um ser inconcluso e deve ser
consciente de sua inconclusão, através do movimento permanente de ser mais:
30
A educação é permanente não por que certa linha ideológica ou
certa posição política ou certo interesse econômico o exijam. A
educação é permanente na razão, de uma lado, da finitude do ser
humano, de outro, da consciência que ele tem de finitude. Mas
ainda, pelo falto de, ao longo da história, ter incorporado à sua
natureza não apenas saber que vivia mas saber que sabia e,
assim, saber que podia saber mais. A educação e a formação
permanente se fundam aí. (FREIRE, 1997 p. 20).
Desta forma, não basta refletir sobre a prática pedagógica docente, é preciso
refletir criticamente e de modo permanente. Este processo precisa estar apoiado em uma
análise emancipatório-política, para que os professores em formação possam visualizar
as operações de reflexão no seu contexto sócio-político-econômico-cultural mais amplo.
A partir do pensamento de Freire, a formação continuada é concebida como um
processo contínuo e permanente de desenvolvimento profissional do professor, onde a
formação inicial e continuada é concebida de forma interarticulada, em que a primeira
corresponde ao período de aprendizado nas instituições formadoras e a segunda diz
respeito à aprendizagem dos professores que estejam no exercício da profissão,
mediante ações dentro e fora das escolas, denominado pelo Ministério da Educação
(MEC), de formação permanente (SEF, 1999).
Nesta concepção, a formação continuada de professores, deve incentivar a
apropriação dos saberes pelos professores, rumo à autonomia, e levar a uma prática
crítico-reflexiva, abrangendo a vida cotidiana da escola e os saberes derivados da
experiência docente. Assim, o conceito de formação continuada de professores deve
contemplar de forma interligada:
(1) a socialização do conhecimento produzido pela humanidade;
(2) as diferentes áreas de atuação; (3) a relação ação-reflexão-
ação; (4) o envolvimento do professor em planos sistemáticos de
estudo individual ou coletivo; (5) as necessidades concretas da
escola e dos seus profissionais; (6) a valorização da experiência
do profissional. Mas, também: (7) a continuidade e a amplitude
das ações empreendidas; (8) a explicitação das diferentes
31
políticas para a educação pública; (9) o compromisso com a
mudança; (10) o trabalho coletivo; (11) a associação com a
pesquisa científica desenvolvida em diferentes campos do
saber”. (ALVES, 1995 apud CARVALHO e SIMÕES, 1999
p.4).
Desta maneira, o espaço de formação do professor será a escola e o conteúdo
dessa formação a sua prática educativa. O professor reflexivo será “um investigador da
sala de aula, formula suas estratégias e reconstrói a sua ação pedagógica” (ALMEIDA,
2002 p.28), pois como afirma SILVA (2002 p.28), “a prática transforma-se em fonte de
investigação, de experimentação e de indicação de conteúdo para a formação”.
Isso significa que o processo formativo deverá propor situações que possibilitem
a troca dos saberes entre os professores, através de projetos articulados de reflexão
conjunta. Para tanto, são indicados como metodologia para formação, os seguintes
dispositivos: o estudo compartilhado; o planejamento e o desenvolvimento de ações
conjuntas; estratégias de reflexão da prática; análise de situações didáticas; entre outros.
Ainda segundo Freire (2002 p.68): “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a
si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.
Nesta direção, é preciso defender um processo de formação de professores em
que as escolas sejam concebidas como uma instituição essencial para o
desenvolvimento de uma democracia crítica e também para a defesa dos professores
como intelectuais que combinam a reflexão e a prática, a serviço da educação dos
estudantes para que sejam cidadãos reflexivos e ativos (GIROUX, 1997). Portanto a
Formação Continuada de professores deve ser “contínua” dentro da perspectiva e da
realidade existente em cada espaço escolar articulado com o todo em sua amplitude.
Segundo Libâneo (2004, p.227),
“O termo formação continuada vem acompanhado de outro, a
formação inicial. A formação inicial refere-se ao ensino de
conhecimentos teóricos e práticos destinados à formação
profissional, completados por estágios. A formação continuada é
o prolongamento da formação inicial, visando o
aperfeiçoamento profissional teórico e prático no próprio
32
contexto de trabalho e o desenvolvimento de uma cultura geral
mais ampla, para além do exercício profissional.”
O que o autor deseja expressar no parágrafo acima, que não basta concluir um
curso de licenciatura e partir para a prática pedagógica, sem mais se preocupar com a
formação acadêmica. Ao contrário, é preciso ter a consciência de que esta formação não
acaba com a formatura e sim, fará parte de toda a sua trajetória profissional.
A escola é uma instituição social, que forma, além do cidadão, o profissional do
futuro. É inegável que o fato se viver atualmente na sociedade da informação e do
conhecimento, vem provocando mudanças rápidas nos valores e padrões sociais. O
professor, é responsável pela formação para a cidadania, portanto, precisa acompanhar
essas mudanças, pois as mesmas, com certeza terão impacto sobre a sua prática. O
professor precisa tomar consciência de que esse processo se tornará presente ao longo
de toda vida profissional, o que o torna capaz de enriquecer a sua prática, e propiciar
mudanças a nível curricular e até organizacional da escola .
Muitas vezes os estudantes de cursos de licenciatura, e até colegas de profissão
apontam grande dificuldade em investir na formação continuada. Porém é preciso
entender que, essa resistência é provocada, no caso dos docentes mais antigos na
profissão, por um movimento sóciohistórico, onde o professor não era visto como
produtor de conhecimento, e sim como mero reprodutor de atividades ligadas a um
currículo que não favorecia ao desenvolvimento do pensamento crítico, ou sobre os
conteúdos trabalhados. Não havia prática reflexiva, ou a busca por saberes e
conhecimentos como se tem a liberdade de fazer nos dias atuais.
Perrenoud (1999), afirma que:
“A reflexão possibilita transformar o mau-estar , a revolta, o
desânimo, em problemas, os quais podem ser diagnosticados e
até resolvidos com mais consciência, com mais método. Ou seja,
uma prática reflexiva nas reuniões pedagógicas, nas entrevistas
com a coordenação pedagógica, nos cursos de aperfeiçoamento,
nos conselhos de classe, etc...- leva a uma relação ativa e não
queixosa com os problemas e dificuldades.”
33
Portanto é preciso conhecer um pouco mais sobre como essa formação docente
se deu no país, verificar a influência das legislações educacionais, no incentivo ou não a
essas práticas, e o que fazer para vencer a inércia e investir efetivamente na formação
continuada, visando dentre outros fatores a melhoria da qualidade da educação
ministrada.
Para finalizar, segundo Demo (1996, p. 273)
“Para encarar as competências modernas, inovadoras e
humanizadoras, [o educador] deve impreterivelmente saber
reconstruir conhecimentos e colocá-lo a serviço da cidadania.
Assim, professor será quem, sabendo reconstruir conhecimento
com qualidade formal e política, orienta o aluno no mesmo
caminho. A diferença entre professor e aluno, em termos
didáticos, é apenas fase de desenvolvimento, já que ambos
fazem estritamente a mesma coisa. (...) Neste sentido, o
professor não será mais profissional de ensino, mas da educação,
pois o primeiro tende a ser instrução, treinamento,
domesticação, enquanto a segunda busca a ambiência
emancipatória”
A postura do professor diante suas funções deve estar centrada nas pequenas
coisas, na atenção aos interesses dos alunos e no todo e suas demandas. Um profissional
da educação não deve parar, ficar estático diante as transformações que se apresentam
no dia-a-dia.
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de construção da formação de professores deve ser concebido numa
perspectiva interativa que possibilita ao professor articular sua prática pedagógica
segundo o contexto revelado socialmente, e então o processo educativo torna-se o
resultado de diversas ações que se convergem. O professor em exercício da docência
deve levar em consideração todos os aspectos relativos ao desenvolvimento humano
entendido como processo social e culturalmente imediato.
O processo educativo concebido como uma mediação entre o indivíduo e seu
grupo cultural, assume relevante papel na formação do professor, pois o conhecimento
da realidade significa ações na sala de aula que favoreçam a contextualização do
processo ensino aprendizagem à pessoa humana. Pensa-se que os entraves no
aprendizado do aluno em diversas ocasiões são resultado da ausência de conhecimentos
na formação acadêmica do professor.
O desenvolvimento humano é em grande parte resultado da educação recebida e
nessa perspectiva o processo de formação de professores deve assegurar o estudo das
diversas fases de desenvolvimento que o ser humano é submetido em contato com o
meio sócio-cultural que vive, segundo COLL (1995).
A perspectiva psicológica presente na formação do professor oferece
oportunidades de reflexão no contexto social que o homem vivencia e a partir da
complexidade assumida, permite ao professor romper com a visão homogênea,
modeladora, que a educação assume socialmente. Contudo, é importante refletir que a
aprendizagem do homem é diferenciada, articulada aos condicionantes sócio-culturais
que se expressam e influenciam em seu desenvolvimento, logo, a contribuição das
teorias psicológicas do professor pode auxiliá-lo no conhecimento da realidade do
aluno.
As diversas etapas do desenvolvimento humano são objeto de intensas
problematizações que o professor em seu cotidiano da docência merece considerar.
A mediação entre a cultura e o indivíduo deve ser considerado no processo de
formação de professores, entendido pela perspectiva dialógica que sucessivamente se
expressa de acordo com o contexto vivenciado pelos sujeitos.
Pensar na formação do professor é conceber no perfil desejado a ele, que esta
não termina na graduação, mas a dinamicidade é apresentada no momento que ele se
35
interessa pela pesquisa com o intuito de aperfeiçoar sua prática pedagógica, e nesse
contexto de desenvolvimento, o professor-pesquisador constitui-se como modelo a ser
exigido de acordo com o quadro apresentado na sociedade do conhecimento, em que a
construção profissional é vista como um processo contínuo que perdura por toda a vida,
através da possibilidade de construir o conhecimento constantemente sem cessar.
36
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