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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E O PAPEL DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Por: Camila Miniussi de Carvalho Mesquita Orientador Prof. Andre Gustavo Guimarães da Cunha Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E O PAPEL DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Por: Camila Miniussi de Carvalho Mesquita

Orientador

Prof. Andre Gustavo Guimarães da Cunha

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E O PAPEL DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Logística Empresarial

Por: Camila Miniussi de Carvalho Mesquita

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AGRADECIMENTOS

...aos amigos e parentes, colaboradores,

empregador e colegas de trabalho.

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DEDICATÓRIA

...aos meus pais, irmãos, namorado

e à minha tia Beatriz Helena.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo estudar a importância para a produtividade, lucratividade e nível de serviço aos clientes da utilização dos conceitos e práticas de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – SCM.

Demonstra também o trabalho que a utilização dos conceitos de SCM é facilitada por diversas ferramentas, de hardware e software, as Tecnologias de Informação – TI, que foram colocadas no mercado nos últimos anos, e que propiciaram melhorias nos processos logísticos e disponibilizaram meios de comunicação entre empresas para que estas pudessem concatenar seus processos de negócio industriais e comerciais.

Esta concatenação tornada possível pelas tecnologias de informação, por si só não faria com que as empresas iniciassem processos de colaboração e, assim se procurará evidenciar as mudanças na filosofia de gestão corporativa que permitiram a quebra de barreiras de desconfiança existentes entre as empresas para que o SCM pudesse prosperar e se universalizar.

Procurar-se-á identificar todos os processos de negócio em que existe oportunidade de relacionamento entre compradores e fornecedores ao longo da cadeia de suprimentos e, nestes pontos, identificar os instrumentos da tecnologia de informação aplicáveis.

A logística empresarial está cada vez mais evoluída quando se trata de Tecnologia de Informação. Para isso são utilizados sistemas integrados de gestão, desenvolvidos para integrar, controlar e gerenciar a cadeia de suprimentos com o objetivo final de atender melhor o cliente.

O trabalho discute questões como: o processo de integração de uma solução de TI, a escolha adequada de um sistema integrado de gestão, ferramentas disponíveis para aplicação logística, e o benefício trazido pela decisão de aquisição dessa ferramenta bem como, benefícios de operacionalização e o que eles trazem de vantagem competitiva para a empresa e para todos os elos da cadeia de suprimentos.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi elaborado usando como base a leitura de livros, jornais, revistas, questionários, artigos e sites. Após três meses de coleta de dados, pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, observação do objeto de estudo e questionários o trabalho foi concluído. Foi dividido em três capítulos com alguns sub-itens e cada capítulo foi produzido em torno de uma semana.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – Sistemas de Informação 10

1.1 - Sistemas Integrados de Gestão / ERP – Enterprise Resource Planning

1.1.1 - Sistemas de Informações Logísticas 11

1.1.1.1 - WMS (Warehouse Management System) 12

1.1.1.2 - RFID – Radio Frequency Identification 12

1.1.1.3 - Rastreamento de Frotas com Tecnologia GPS – Global Positioning System 13

1.1.1.4 - Código de Barras 14

1.1.1.5 - EDI (Electronic Data Interchange) 15

1.1.1.6 - VMI – Vendor Managed Inventory 15

1.1.1.7 - ECR (Efficient Consumer Response) 16

CAPÍTULO II – Logística e Cadeia de Suprimentos 17

2.1 - A gestão da cadeia de suprimentos 18

2.2 - Objetivos do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos 19

CAPÍTULO III – Mudanças na Cadeia de Suprimentos 22

3.1 - A mudança de visão 23

CONCLUSÃO 27

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 29

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INTRODUÇÃO

O conceito de Logística segundo o Council of Logistic Management (1996) pode ser definido como sendo o “processo de planejar, implementar e controlar a

eficiência, o fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações

correlatas, do ponto de origem ao ponto de consumo, com o objetivo de atender às

exigências dos clientes.”

A logística é tudo aquilo que envolve o transporte de produtos (entre clientes, fornecedores e fabricantes), estoque (em armazéns, galpões, lojas pequenas ou grandes) e a localização de cada participante da cadeia logística ou cadeia de suprimentos.

Para Ballou (1993), um dos objetivos da logística é melhorar o nível de serviço oferecido ao cliente, onde o nível de serviço logístico é a qualidade do fluxo de produtos e serviços e gerenciá-lo. A logística, portanto, é um fator que pode ser utilizado como estratégia para uma organização. Sua aplicação se dá da escolha adequada de fornecedores, passando pela organização e chegando ao cliente.

Atualmente a Logística Empresarial está associada diretamente ao fato de uma organização relacionar-se com o cliente interagindo de forma eficiente com a cadeia produtiva para conquistar o objetivo final – estar competitivamente atuando no mercado.

Para obter essa vantagem competitiva, as empresas estão recorrendo aos sistemas integrados de informação, buscando automatizar seu processo produtivo utilizando algumas tecnologias do tipo: Electronic Data Interchange (EDI), o Warehouse Management System (WMS), tecnologia de código de barras e o Vendor Managed Inventor (VMI).

A logística no Brasil é um tema relativamente recente se compararmos ao surgimento de fábricas e indústrias no país. Ela vem sendo falada e discutida com mais propriedade desde meados da década de 90, com a conscientização política do “custo Brasil” e pela percepção da vantagem competitiva percebida pelos empresários, desde então o conceito de logística foi pouco difundido.

A evolução, desde então, se deu pelo crescente interesse de obtenção de lucro como conseqüência da redução de custos de transporte, localização e estocagem de produtos.

Existem basicamente cinco modalidades de transporte de cargas mais convencionais e cada um tem sua característica definida:

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• Dutoviário – tem pontos e rotas fixas, produtos específicos, poucas empresas participando no mercado e são difíceis as implantações de novos pontos;

• Ferroviário – tem terminais e rotas fixas, poucas empresas atuam no mercado e também existem poucas rotas (isso devido à falta de incentivos governamentais);

• Aeroviário – tem terminais e rotas determinadas, poucas empresas atuando, modalidade muito regulamentada sendo difícil a entrada de novos concorrentes;

• Aquaviário – tem portos e rotas fixas, poucas empresas atuam neste ramo;

• Rodoviário – muitos operadores, muitas rotas, muito utilizado para transporte de cargas por ser o mais viável na situação em que estamos hoje.

O mercado existente dentro da cadeia de suprimento no Brasil movimenta algo em torno de 50 milhões de dólares anuais no que diz respeito a tecnologia de informação, segundo a International Data Corporation (IDC). O Brasil representa, hoje, 45% do mercado de tecnologia da América Latina que movimenta aproximadamente 125 milhões de dólares. Sendo um número pouco expressivo perto do que os EUA representou no mesmo período – 3,5 bilhões de dólares.

Apesar disso, ainda há algumas barreiras a serem superadas para o maior crescimento do mercado de Supply Chain Management (SCM). Entre elas estão a falta de confiança nos fornecedores desse tipo de solução, os altos custos de implementação e a falta de um claro entendimento sobre os benefícios dessa ferramenta. Além do medo por parte dos clientes desse tipo de solução de implantar o sistema, pois ele compartilha as informações internas com clientes, fornecedores e com os parceiros. Evidenciando um problema cultural a ser superado.

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CAPÍTULO I

Sistemas de Informação

...”Se o conhecimento pode criar problemas,

não é através da ignorância que

podemos solucioná-los.” Isaac Asimov

Os Sistemas de Informação são os sistemas ou práticas utilizadas pelas empresas para melhorar o seu desempenho incluindo ter um custo operacional adequado, processos logísticos inteligentes e integração com fornecedores e clientes através de ferramentas que serão discutidas ao longo deste trabalho.

Um dos fatores mais relevantes ao desenvolvimento dos processos administrativos é a aplicação de tecnologia de informação, proporcionando um grande aumento de eficiência. Tais sistemas abrangem todas as ferramentas que a tecnologia disponibiliza para o controle e gerenciamento do fluxo de informação de uma organização (BALLOU, 1993).

Existem, no mercado, alguns tipos de ferramentas que facilitam e tornam a informação mais apurada para aplicação na cadeia de suprimentos, alguns exemplos destes sistemas são: o código de barras, o EDI (Electronic Data

Interchange), o ECR (Efficient Consumer Response) e os ERPs que integram todos os outros.

1.1 - Sistemas Integrados de Gestão / ERP – Enterprise Resource Planning

Os ERP ou sistemas de gerenciamento empresarial são sistemas complexos onde integram, de forma eficaz, todos os sistemas operacionais da empresa. Por ser um sistema que abrange toda a parte gerencial da empresa, a implantação dele não é simples exigindo da empresa uma série de modificações prévias.

Podemos também defini-los em termos de “sistemas de informação integrados adquiridos na forma de pacotes de software comercial, com a finalidade de dar suporte à maioria das operações de uma empresa” (SOUZA, 1999).

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Considerando a definição acima, podemos dizer que um ERP consiste basicamente na integração de todas as atividades do negócio, entre elas, finanças, marketing, produção, recursos humanos, compras, logística, etc. Com o benefício direto de facilitar, tornar mais rápido e preciso o fluxo de informação permitindo assim o controle dos processos de negócios. Portanto, o processo de tomada de decisão empresarial.

Segundo SOUZA (1999), existem características dos sistemas integrados de gestão que os tornam diferentes de outros sistemas existentes, permitindo-nos fazer uma análise de custo-benefício de suas aquisições, são elas:

• Os ERPs são pacotes comerciais;

• São desenvolvidos através de modelos padrões de processos;

• Integram sistemas de várias áreas das empresas;

• Utilizam um banco de dados centralizado;

• Possuem grande abrangência funcional.

Antes mesmo da empresa fazer as pesquisas de fornecedores ERPs para aquisição dos pacotes comerciais, é recomendável que a mesma faça o levantamento da real necessidade da implantação do ERP, quais são as metas da empresa e o que ela espera do sistema. O próximo passo é consultar fornecedores que satisfaçam as necessidades previamente definidas.

Existem alguns fornecedores de sistemas que geram solução na área logística e em outros segmentos que exigem tecnologia de informação. Entre o mercado brasileiro de fornecedores de sistemas, podemos citar dentre outros: SAP Brasil, Datasul, Manugustics, Promática, Scala e JDEdwards.

1.1.1 - Sistemas de Informações Logísticas

Atualmente observa-se uma significativa inclinação do desenvolvimento de sistemas integrados de gestão para aplicação na cadeia de suprimentos, visto que todos os processos de negócios internos já foram integrados, restando apenas obter vantagem competitiva da integração da cadeia de suprimentos (fornecedores, compradores, etc).

Com isso, passa a ser possível a integração com as demais unidades de um grupo empresarial por meio de EDI, com compartilhamento (parcial) da base de dados. Para tal os maiores desafios encontrados são: sistemas geograficamente distantes e distintos, com hardwares diversos, necessidade intensiva de sistemas de telecomunicações, bases de dados diversas, operando em estruturas organizacionais e culturas empresariais diversas.

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1.1.1.1 - WMS (Warehouse Management System)

O Sistema de Gerenciamento de Armazéns, chamado de WMS, é uma tecnologia utilizada em armazéns onde ele integra e processa as informações de localização de material, controle e utilização da capacidade produtiva de mão-de-obra, além de emitir relatórios para os mais diversos tipos de acompanhamento e gerenciamento.

O sistema prioriza uma determinada tarefa em função da disponibilidade de um funcionário informando a sua localização no armazém. Com este recurso ocorre um aumento na produtividade quando diferentes tipos de tarefas são intercaladas.

Este sistema tem capacidade de controlar o dispositivo de movimentação de material feito por Veículos Guiados Automaticamente (AGVs) e fazer interface com um Sistema de Controle Automatizado do Armazém (WACs) que tem a função de controlar equipamentos automatizados como as esteiras e os sistemas de separação por luzes e carrosséis.

Com uma ferramenta desse porte, a empresa passa a ter um ganho na produtividade com a economia de tempo nas operações de embarque e desembarque, transporte e estocagem de mercadoria e ainda controlar o estoque de produtos no seu armazém. Podendo ainda permitir que o gerente de logística controle as operações de armazém apenas de longe observando apenas se o funcionamento do sistema está adequado às operações logísticas.

Em paralelo ao WMS existe o WCS que é um Sistema de Controle de Armazém e não um gerenciador se diferenciando assim do WMS em alguns aspectos. O WCS não oferece uma variedade de relatórios para auxiliar no gerenciamento das atividades; não tem flexibilidade de hardware; a customização é limitada à mudança de campos e nomes, e a instalação deste sistema não pode ser feita de forma modular, somente integral. A contrapartida de todos esses aspectos negativos é que ele oferece um ótimo acompanhamento e controle das atividades (se limitando a controle) e existe um custo reduzido de software e hardware requerido para a implementação dessa solução.

1.1.1.2 - RFID – Radio Frequency Identification

Identificação via Radio Frequência é, relativamente, uma das mais novas tecnologias de coleta automática de dados. Inicialmente surgiu como solução para

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sistemas de rastreamento e controle de acesso na década de 80. Uma das maiores vantagens dos sistemas baseados em RFID é o fato de permitir a codificação em ambientes não favoráveis e em produtos onde o uso de código de barras, por exemplo, não é eficiente.

Este sistema funciona com uma antena, um transmissor e um decodificador. Esses componentes interagem através de ondas eletromagnéticas transformando-as em informações capazes de ser processadas por um computador.

A principal vantagem do uso de sistemas RFID é realizar a leitura sem o contato como no código de barras. Você poderia, por exemplo, colocar o transmissor dentro de um produto e realizar a leitura sem ter que desempacotá-lo, ou, por exemplo, aplicá-lo em uma superfície que será posteriormente coberta de tinta ou graxa.

Esse sistema pode ser usado para controle de acesso, controle de tráfego de veículos, controle de bagagens em aeroportos, controle de containers e ainda em identificação de pallets. O tempo de resposta é baixíssimo, tornando-se uma boa solução para processos produtivos onde se deseja capturar as informações com o transmissor em movimento.

1.1.1.3 - Rastreamento de Frotas com Tecnologia GPS – Global Positioning System

Rastreamento é o processo de monitorar um objeto enquanto ele se move. Hoje em dia é possível monitorar a posição ou movimento de qualquer objeto, utilizando-se de equipamentos de GPS aliados a links de comunicação. O casamento GPS + Comunicação é necessário pois o receptor GPS localiza sua própria posição; esta deve ser transmitida via canal de comunicação para uma central que fará efetivamente o monitoramento. Esta tecnologia é comumente conhecida como AVL (Automatic Vehicle Location).

GPS é um sistema de posicionamento mundial formado por uma constelação de 24 satélites que apontam a localização de qualquer corpo sobre a superfície terrestre. Um aparelho receptor GPS recebe sinais desses satélites determinando sua posição exata na Terra, com precisão que pode chegar à casa dos centímetros.

A tecnologia GPS é bem conhecida hoje, e comercialmente viável, tendo inclusive fornecedores de equipamentos consolidados e preços formados. As variáveis que efetivamente determinam o custo e o modo de operação do rastreamento de veículos são canal de comunicação entre o veículo e a central de monitoramento e o pacote de serviços oferecidos por esta central.

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A ligação feita entre a central de comunicação e o ponto rastreado pode ser feita via telefonia celular que tem seus aparelhos baratos para a solução que oferece, e tem restrições como qualquer outra solução que é estar acessível apenas onde tem cobertura de telefonia celular e o custo da comunicação ainda é alto.

Outra opção é a comunicação via rádio. Esta modalidade é muito simples de implantar, tem um custo de implantação baixo, onde não há custo de comunicação, tendo que fazer a regulamentação com a ANATEL (no Brasil).

Com a possibilidade de rastrear veículos a empresa pode saber onde se encontra o veículo que está fazendo determinada entrega e fazendo um link com o sistema via web, a empresa pode colocar a disposição do cliente a localização da entrega.

1.1.1.4 - Código de Barras

O sistema surgiu da idéia de se criar um mecanismo de entrada de dados mais rápida e eficiente, vendo que com o passar do tempo mais microcomputadores estavam sendo fabricados com um grande potencial em armazenamento e processamento de dados.

A leitura de código de barras exige que sejam utilizados alguns aparelhos específicos e que são adotados conforme a necessidade da empresa. Alguns desses aparelhos são os leitores (caneta ótica, slot reader, leitor CCD, pistola laser, scanner omnidirecional e o leitor automático de documentos), os decodificadores (decodificador para teclado, decodificador para interface serial e decodificador para joystick) e impressoras especiais (software para impressão e impressoras profissionais). As impressoras matriciais não têm funcionalidade para esse fim. As impressoras jato de tinta e laser não estão adaptadas para comportar rolos de etiquetas e papel contínuo. Por isso é que foram desenvolvidas impressoras profissionais para impressão de código de barras.

Existe uma padronização mundial para a leitura de código de barras. Para cada produto ou objetivo da identificação existe um tipo de código. Por exemplo:

O EAN – 13, EAN – 8 e UPC são utilizados na unidade de consume, ou seja, na embalagem do produto que o consumidor final está comprando. Exemplo: 1 litro de leite em caixa;

O EAN/DUN – 14 (SCC – 14)/ UCC/EAN 128 são utilizados nas caixas que embalam as várias unidades desses produtos unitários. Exemplo: um engradado contendo 12 litros de leite em caixa;

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O UCC/EAN – 128 são usados nos pallets dentro dos galpões de supermercados ou distribuidores. Estes levam no código de barras, Identificadores de Aplicação (AI).

O código de barras, comprovadamente, tem uma margem de erro menor que a coleta de dados feita manualmente, sendo assim, a maneira mais eficaz de coletar dados em termos velocidade da informação, facilidade de migração para o sistema de controle de estoque e facilidade da adoção da prática do VMI.

1.1.1.5 - EDI (Electronic Data Interchange)

O EDI, ou Intercâmbio Eletrônico de Dados é um sistema que auxilia diretamente, principalmente a rotina dos vendedores, agilizando o processo de comunicação com a empresa na transmissão de dados. Todas as informações que um vendedor precisa coletar e transferir para a empresa em um segundo momento, ele faz de forma on line evitando assim a demora no in put do pedido e ele ainda tem a possibilidade de consultar o estoque da empresa e informar ao cliente a possibilidade de disponibilizar a mercadoria.

Com a implantação desse sistema com sucesso podemos detectar imensuráveis benefícios trazidos por ele à sua empresa. Consegue-se com ele reduzir custos administrativos, reduzir o estoque (considerando que estoque parado é capital improdutivo, então temos ainda uma economia significativa para investimentos dependendo da área comercial da empresa), reduzir custos e desgastes com o cliente com os itens faltantes, pois se a tecnologia permite transmissão de dados on-line temos a informação acurada e instantânea da posição de estoque. Outros benefícios é que o sistema ainda faz com que o índice de divergências na entrega e no recebimento de mercadorias seja próximo de zero, e permite o melhor gerenciamento de rotas de transporte.

Toda essa tecnologia a disposição do profissional de vendas faz com que ele se sinta mais valorizado e aumente sua produtividade se dedicando a área fim da empresa – as vendas. E tão importante quanto aumentar as vendas para a empresa é o fato de que, tanto pela tecnologia de software e hardware envolvida quanto pelo corpo funcional há um ganho no valor agregado da empresa.

1.1.1.6 - VMI – Vendor Managed Inventory

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O VMI ou Estoque Administrado pelo Fornecedor, é uma ferramenta muito importante principalmente para a cadeia de suprimentos que pretende ou já trabalha com o JIT (Just-in-Time). O principal objetivo desta técnica é fazer com que o seu fornecedor, através de um sistema de EDI, verifique a sua real necessidade de produto, no momento certo e na quantidade certa. Este recurso tem uma maior funcionalidade para as empresas que um grande número de fornecedores e possui um amplo mix de produtos.

A integração permite que se faça, de acordo com o forecast uma mudança de planejamento de reabastecimento, pois a informação chega ao seu fornecedor em tempo real. O nível de detalhamento é tanto que, detectada a demanda de produto acabado, o software se encarrega de traçar planos para a produção, planejamento de abastecimento e distribuição para os depósitos.

1.1.1.7 - ECR (Efficient Consumer Response)

O ECR, Resposta Eficiente ao Cliente, não é um sistema e nem é uma técnica, é um conjunto de práticas desenvolvidas em conjunto com fabricantes, distribuidores e varejistas com o objetivo de obter ganhos por eficiência nas atividades comerciais e operacionais entre as empresas prestando assim um serviço de qualidade ao consumidor final.

As grandes redes de varejistas como Wall Mart, por exemplo, tem centenas de fornecedores, outra infinidade de produtos diferentes e precisa de uma cadeia de suprimentos totalmente integrada para poder oferecer aos seus clientes o produto na prateleira. Para isso acontecer é necessário que a rede adote algumas práticas de reengenharia de processos e Benchmarking, inclusive utilizando-se da tecnologia de informação. Sendo as mesmas, premissas para começar a pensar em integração e gerenciamento da cadeia de suprimentos.

Os requisitos para se por em prática a filosofia do ECR e fazer os check outs nas saídas das mercadorias das lojas (PVs) e ter o controle do estoque no fornecedor. Como o volume de produtos é muito grande, tanto o fornecedor quanto o varejista, precisa utilizar uma coleta de informação que seja acurada e rápida tendo a sua disposição o código de barras. E o controle do estoque do ponto de venda feita pelo fornecedor é usado a ferramenta de VMI com transmissão de dados via EDI, onde temos precisão e rapidez na operação.

A cadeia produtiva ideal passa por alguns sistemas de informação em uma ordem lógica:

Entrada de Dados → Intercâmbio Eletrônico de Dados → Resposta Eficiente ao Cliente

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CAPÍTULO II

LOGÍSTICA E CADEIA DE SUPRIMENTOS

É evidente a falta de clareza na relação logística – gerenciamento da cadeia de suprimento. Larson e Harlldorsson (2002) baseando-se numa análise das posições de acadêmicos e práticos identificaram quatro perspectivas a seu respeito: re-rotulista, tradicionalista, unionista e inter-seccionista.

Os re-rotulistas supõem que a logística de ontem é o gerenciamento da cadeia de suprimento de hoje, exibindo assim, uma inclinação ao estreitamento de seu escopo. Para New e Payne (1995) a logística segue a tendência geral à “re-engenharia estratégica do título da disciplina...” evoluindo em logística integrada ou gerenciamento da cadeia de suprimento, ou qualquer outro rótulo que possa gerar-se através da combinação de modismos gerenciais.

Os tradicionalistas encaixam o gerenciamento da cadeia de suprimento dentro da logística; reduzindo-o a um tipo especial de orientação externa ou intra-organizacional. Assim, Lambert e Cooper (2000) dizem que durante muito tempo o conceito foi visto como a logística fora da empresa, que permitia a inclusão de clientes e fornecedores.

Com uma postura antagônica à anterior se encontram os unionistas, que tratam a logística como sendo integrante do gerenciamento da cadeia de suprimento. No extremo, incluiria muito do currículo tradicional das escolas de administração: logística, marketing, operações, compras, etc. Enquadrados nesta perspectiva, Lambert e Cooper (2000) identificam como processos chaves dentro da cadeia: 1) administração das relações com clientes, 2) administração do serviço ao cliente, 3) administração da demanda, 4) preenchimento de ordens, 5) administração do fluxo de produção, 6) abastecimento, 7) comercialização e desenvolvimento de produtos, 8) retornos. Pela sua parte New (1997), ressalta a importância de considerar aspectos sociais, políticos e éticos dentro do conceito.

Finalmente, os inter-seccionistas consideram o gerenciamento da cadeia de suprimento a união da logística, marketing, operações e compras; compondo-se de elementos integradores e estratégicos de todos eles. Seu objetivo fundamental seria a coordenação dos esforços entre funções através de várias empresas.

Sem dúvidas, estas diferentes posições e opiniões suscitam o surgimento da diversidade de significados associados ao conceito, e de termos distintos ligados à idéia de gestão da cadeia de suprimentos, como é exposto na seção a seguir.

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2.1 - A gestão da cadeia de suprimentos

Apesar da existência de um abundante corpo de literatura sobre a gestão da cadeia de suprimentos, não se encontra muita consistência no uso ou significado exato atribuído ao termo (DUBOIS ET AL., 2004). Segundo Harland (1996) o conceito é utilizado em diversos campos do conhecimento, que até hoje permanecem, maiormente desconexos. No mesmo sentido Tan (2001) remarca a liberalidade de uso do termo. E finalmente New (1997), indica uma grande ambigüidade e sobreposição de significados. Estratégia de compra integrada, integração de fornecedores, relações comprador-fornecedor, sincronização da cadeia de suprimento, alianças estratégicas de fornecimento, cadeia de valor, cadeia de clientes, cadeia de valor agregado, cadeia produtiva, rede de suprimento (CROOM ET AL., 2000; TAN, 2001; AL-MUDIMIGH ET AL., 2004) são só algumas das terminologias utilizadas na literatura para denominar o conceito em estudo.

Não obstante as diferenças podem ser encontradas certas semelhanças em todos os usos. Segundo Mentzer ET. AL. (2001), para que possa ser implementada a gestão da cadeia de suprimentos é necessária a existência de uma filosofia compartilhada por todas as empresas constituintes, compreendendo um conjunto de valores, crenças e ferramentas que permitam o reconhecimento das implicações sistêmicas e estratégicas das atividades envolvidas na administração dos fluxos compreendidos (MENTZER ET AL., 2001; COUGHLAN ET. AL., 2002).

Assim, a gestão da cadeia de suprimentos se refere à integração de todas as atividades associadas com a transformação e o fluxo de bens e serviços, desde as empresas fornecedoras de matéria-prima até o usuário final incluindo o fluxo de informação necessário para o sucesso (BALLOU ET AL. 2000). O fluxo de produtos segue em direção aos consumidores, o de informação parte dos consumidores até chegar ao alcance dos fornecedores (BOWERSOX e CLOSS, 2001). O objetivo é que cada membro desempenhe as tarefas relacionadas à sua competência central, evitando-se desperdícios e funções duplicadas, facilitando o gerenciamento holístico que permite aproveitar as sinergias produzidas (POIRIER, 2001).

As relações entre as partes deixam de ser contrapostas transformando-se em um esforço coordenado, no qual a confiança e o comprometimento têm uma relevância fundamental. A interação destes valores permite que os membros persigam o aprimoramento geral da cadeia, uma vez que não temem comportamentos oportunistas e sabem que benefícios quanto prejuízos serão divididos equitativamente. Também facilita o compartilhamento de informação que vai além de dados sobre transações de compra e venda, incluindo aspectos estratégicos orientados ao planejamento conjunto, essenciais para permitir que as empresas participantes façam o que é certo de maneira mais rápida e eficiente (BOWERSOX e CLOSS, 2001).

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Deste modo, para medir a utilização da gestão da cadeia de suprimentos o presente referencial teórico utiliza três conceitos: compartilhamento de informação, integração e parceria.

• Compartilhamento de Informação

A informação é um elemento fundamental dentro da gestão da cadeia de suprimentos. O princípio básico do gerenciamento da cadeia de suprimento está fundamentado na convicção de que a eficiência pode ser aprimorada por meio do compartilhamento de informação e do planejamento conjunto. (BOWERSOX e CLOSS (2001); FELDMAN e MULLER (2003); AL-MUDIMING, ET AL. (2004); GOMES e RIBEIRO (2004).)

• Integração

A integração da cadeia concentra-se em alinhar os processos-chaves do negócio. Mercadoria e produtos fluem das fontes supridoras e vão em direção aos consumidores. As informações e os recursos correm em direção oposta, saem dos consumidores e vão até as fontes supridoras. A integração dos fornecedores traz benefícios a ambos dentro da cadeia. (CHING (1999); NOVAES (2001); DORNIER et al. (2000), CHRISTOPHER (2001). )

• Parceria

O conceito de parceria pode ser entendido através do relacionamento que prega confiança mútua, abertura, riscos e recompensas compartilhados, gerando vantagem competitiva e um bom desempenho, que não seria alcançado individualmente. (CHING (1999); BOWERSOX e CLOSS (2001); CHRISTOPHER (2001); GOMES e RIBEIRO (2004).)

2.2 - Objetivos do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos

• Reduzir tempos dos ciclos

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Compondo a cadeia de suprimentos, temos vários ciclos operacionais, como o ciclo de entrada de pedidos dos clientes, o ciclo de planejamento da produção, o ciclo da colocação do pedido no fornecedor, o ciclo da própria produção, o ciclo da distribuição e os ciclos financeiros associados, das contas a pagar e a receber. É fundamental que tais processos sejam racionalizados e suportados por sistemas informatizados que permitam sua aceleração e confiabilidade.

• Assegurar datas de entrega

Componente fundamental da competitividade é poder prometer a entrega e cumprir a promessa na data aprazada. Tradicionalmente procurava-se atender este requisito com a manutenção de estoques elevados, porém, tal prática hoje não é compatível com os padrões de gestão competitiva. É o conjunto de técnicas de gestão dos estoques, planejamento da produção / compra, qualidade nos insumos e processos produtivos eficazes que, ao lado de uma logística eficiente, permite cumprir as datas de entrega prometidas.

• Reduzir custos e aumentar lucros

Desde a fase de concepção dos produtos até a entrega dos mesmos ao consumidor ou usuário final, todos os processos devem ser estudados e racionalizados de forma a reduzir os custos da cadeia de suprimentos. A redução dos custos baseada em estudos de simplificação ou em novas maneiras de executar os processos, deve proporcionar vantagens de preço aos clientes e consumidores, bem como maiores lucros para todos os elementos da cadeia, através de maiores margens, ou de maiores volumes de venda.

• Reduzir estoques e lotes

Seja um consumidor, um varejista, um atacadista, um fabricante ou um fornecedor de matérias primas, todos almejam hoje trabalhar com menores estoques e comprar em menores lotes. Desafortunadamente, a técnica mais conhecida de determinação dos lotes de encomenda ou fabricação foi batizada com

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o nome de Cálculo do Lote Econômico. Digo desafortunadamente porque qualquer lote maior que a unidade de consumo é anti-econômico. Esta técnica teve, sempre, nos profissionais de produção, compras e vendas, um impacto extremamente letárgico, fazendo com que os mesmos não agissem de forma determinada na busca de soluções para a redução econômica dos lotes. As técnicas, equipamentos e sistemas hoje disponíveis, nos mostram que, exceto em casos muito especiais, os lotes podem ser reduzidos drasticamente, tendo inclusive propiciado novas visões de marketing que juntam o conceito de customização em massa com o de micro-venda. A competição tem forçado uma redução nas margens de lucro unitárias, e a saída é o aumento do giro dos estoques, combinado com o aumento do volume físico das vendas.

• Fortalecer parcerias com fornecedores e clientes

O gerenciamento da cadeia de suprimentos para ser feito de maneira eficaz obriga a uma mudança fundamental nos conceitos, inclusive éticos, dos negócios que fazemos com nossos fornecedores e clientes.

Para que possamos alcançar os resultados de eficiência e eficácia pretendidos, é absolutamente imprescindível que encaremos os demais elementos da cadeia de suprimentos como parceiros de nosso negócio, sempre em uma visão de compartilhamento de lucros, de longo prazo em nossas relações comerciais e confiabilidade no futuro do negócio.

• Melhorar fabricabilidade e garantia da qualidade

Fazer com que nossos fornecedores e clientes participem de todas as fases de desenvolvimento de produtos e determinação dos processos produtivos e logísticos é uma forma especial de se conseguir produtos que tenham facilidade de fabricação, qualidade garantida e logística eficiente.

É hora de nossas “engenharias” deixarem de lado a tradicional desconfiança e juntar esforços com fornecedores e clientes no sentido de obter vantagens para todos.

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CAPÍTULO III

MUDANÇAS NA CADEIA DE SUPRIMENTOS

Além das diversas situações e mudanças já apresentadas, algumas outras merecem destaque.

A primeira delas é o fenômeno da desintermediação, em que a indústria procura efetuar entregas diretamente ao consumidor final, reduzindo o número de passos entre o produtor e o consumidor. Através da internet, fabricantes vêm desenvolvendo maneiras de vender e entregar seus produtos, de forma direta, a seus consumidores, evitando os custos da intermediação.

Outra interessante mudança está apresentada numa pesquisa feita pela Universidade de Maryland (EUA) sobre a tendência das empresas em terceirizar suas operações logísticas. No Brasil estamos presenciando movimento semelhante e já temos um conjunto confiável de operadores logísticos oferecendo seus serviços ao mercado.

Não se pode deixar de lembrar também o fenômeno da Globalização que permite hoje, para quem compra, uma liberdade de escolha sem paralelo na história. Comprar uma camiseta ou um televisor fabricado aqui no Brasil, na China ou em Taiwan, já é uma escolha ao alcance de qualquer cidadão. Este movimento traz, ao seu lado, um processo de competição em preço, qualidade e serviços de enorme significado para o consumidor final.

Uma outra prática que vem se impondo no mercado é a de negociações com o máximo de agregação de valor. Tradicionalmente o comprador brasileiro procurava adquirir separadamente todos os elementos de uma obra, de um equipamento ou de um produto. Isto se devia ao nosso costume de tentar ganhar em todos os pontos da negociação ou, sem dúvida, também, ao pouco desenvolvido mercado fornecedor. Hoje, procura-se comprar um serviço e todos os materiais utilizados no mesmo, de um único fornecedor. No caso de peças de um conjunto, procura-se comprar o conjunto todo montado por um fornecedor único. No caso de obras, procura-se contratar uma gerenciadora de empreendimentos que se responsabilize por entregar a obra pronta (turn-key).

Finalmente, não podemos deixar de enfatizar que a internet está impactando em alto grau as relações comerciais entre empresas e entre estas e os consumidores. Hoje, consumidores e compradores profissionais já têm acesso a um grande número de fornecedores pela internet. Este acesso, com o aumento das facilidades e velocidade das telecomunicações, possibilita que na tela do computador vejamos a imagem do produto, saibamos seu preço, confirmemos se o

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fornecedor tem em estoque ou para quando poderá entregar, realizemos a compra através da colocação de um pedido e façamos o pagamento da encomenda através de cartões de crédito ou por troca eletrônica de fundos. Sem nenhuma dúvida, muito do que hoje discutimos sobre a cadeia de suprimentos deverá ser rediscutido face a universalização do uso da internet.

3.1 - A mudança de visão

A abordagem da Cadeia de Suprimentos feita de forma holística e não mais segmentada como em muitas empresas ainda é realizada, propiciando uma mudança de visão altamente desafiadora.

• Da barganha para a parceria

O comprador brasileiro tem de reorientar seu costume de obtenção de vantagens através de múltiplas negociações, concorrências e pechinchas, para uma visão de discussão elaborada de uma parceria com duradoura temporalidade.

• Da discussão do preço para o objetivo de discutir o custo total

Esta nova maneira de encarar a problemática de valores de preço para valores de custo obriga a um intenso treinamento dos compradores em técnicas de custeio, conceitos de finanças, inclusive da teoria de ponto de equilíbrio. Só assim eles saberão identificar o melhor negócio a ser feito, baseado no custo total e não somente no preço de aquisição.

• Do ganho só na compra para ganhos em toda a cadeia de suprimentos

Os ganhos financeiros, qualitativos ou logísticos, no processo de suprimentos, podem ser obtidos em uma série de pontos diferentes da cadeia de suprimentos. É necessário que os envolvidos no processo decisório tenham a noção exata de tais pontos, inclusive o discernimento de quais são aqueles que mais

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afetam a competitividade de seus negócios, para, logicamente, focalizar suas análises de forma mais intensiva nestes aspectos.

• Do estoque como fonte de lucro para a visão do estoque como um custo a ser evitado

É fundamental que todos conheçam a importância do giro do capital em relação à margem de lucro. A medida que os produtos e preços tendem a reduzir suas diferenças face a universalização de tecnologias e a globalização dos mercados, o lucro será obtido pelo número de vezes em que o capital investido em estoques consegue girar em um dado período de tempo.

• Da prática de esconder informações para o compartilhamento dessas informações com fornecedores e clientes

Se quisermos negociações de longo prazo, confiança entre parceiros, confiabilidade nas atividades e ter certeza de estarmos fazendo o melhor negócio, não podemos esconder informações. A perenidade dos lucros só será possível com a perenidade da confiança.

• Da ótica de vários fornecedores visando reduzir riscos, para o objetivo de ter, se possível, um só fornecedor

Em compras sempre tivemos o costume de ter vários fornecedores para, alegava-se, reduzir os riscos da interrupção do fornecimento. Na realidade, a maior parte do “risco” que se queria proteger era o de termos instrumentos de pressão para reduzir preços. Era a ameaça de, a cada nova concorrência, comprar daquele fornecedor mais barato, forçando então a existência de vários fornecedores para cada item.

Este é um raciocínio que não tem sustentação quando se fala em mercados competitivos, nem quando se fala em parcerias, em qualidade ou em logística econômica. Só devemos ter mais de um fornecedor quando os problemas de capacidade, tecnologia ou cartelização do mercado nos indicar a necessidade de mais fontes fornecedoras.

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• Da compra mais cedo para a compra o mais tarde possível

Devemos concentrar esforços significativos nos elementos logísticos de prazo de entrega e tamanho de lote de forma a minimizá-los, para nos livrarmos da incerteza das previsões e conseguirmos reagir o mais rápido possível às demandas. Quando somos obrigados a comprar grandes lotes com grande antecedência (face a tempos de reposição dilatados), os riscos são sempre duplos: ou geramos estoques desnecessários, ou deixamos de atender às demandas.

• Do foco principal da área de compras em atender requisições para uma intensa participação nos projetos

O bom profissional de suprimentos tem acesso a um grande volume de informações de mercado e, em sua vivência, desenvolve um “sexto sentido” de problemas e oportunidades, que é de grande utilidade para qualquer empresa. Desta forma, advogamos que tais profissionais participem intensamente dos times de projeto de produtos ou instalações da empresa, desde mais cedo possível. Sua contribuição será sempre uma excelente prevenção de problemas futuros e de aproveitamento de oportunidades oferecidas pelo mercado fornecedor.

• De uma visão funcional para uma visão de negócio

Finalizando, o que pretendo fazer entender, é que não basta mais ao profissional de suprimentos ter uma visão verticalizada de sua função. É necessário que ele entenda a cadeia de suprimentos como um grande conjunto de elos que se “fecham” em torno da realização dos objetivos estratégicos do negócio. A sua atividade atua em três momentos fundamentais do ciclo do negócio:

- No desenvolvimento de produtos em conjunto com marketing e engenharia visando encontrar as melhores alternativas de fornecedores do mercado.

- No interfaceamento da carteira de pedidos e previsão de vendas com o processo de planejamento de materiais e produção, visando garantir as datas de entrega prometidas pelo pessoal de vendas aos clientes.

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- No “momento da verdade”, através da logística de distribuição, quando tem sua última oportunidade de contribuir para o encantamento do cliente, através da entrega, no lugar certo, na quantidade certa, nas condições perfeitas de embalagem, do produto comercializado pela empresa.

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CONCLUSÃO

O objetivo principal do gerenciamento de uma cadeia de suprimentos é a obtenção do melhor atendimento ao cliente, com o menor custo total possível. Para atingir estes objetivos, é fundamental que se melhore o desempenho interno de cada um dos processos das empresas componentes da cadeia. Mas, só esta eficiência interna não basta. É necessário que se administre as interações entre os processos de negócio de cada um dos elementos da cadeia de valor de maneira a se obter um ótimo total e não somente a eficiência localizada.

Para a gestão destes processos internos e destas interações entre os elementos da cadeia de suprimentos, além de esforços na utilização de diversas técnicas de gestão logística é fundamental que se utilize intensamente as facilidades proporcionadas pelas tecnologias de informação, visando tomar decisões com a menor margem de riscos, operar com os maiores níveis de eficiência, e se comunicar com clientes e fornecedores da melhor maneira possível.

A vantagem competitiva baseada em sistemas integrados de gestão logística ocorre com o entendimento da necessidade de aquisição de tecnologia de informação para integração da cadeia produtiva, a fim de atender o cliente final é atualmente a fonte de vantagem competitiva mais cobiçada no mercado, porém devem ser repensados os processos organizacionais, bem como e seu redesenho.

Toda a tecnologia que hoje está à disposição da solução da logística empresarial é capaz de gerar soluções que satisfaçam qualquer necessidade de mercado. Podemos “linkar” através de um sistema integrado, o ERP, o aplicativo de código de barras que migra informações para um sistema de estoque onde tem informações atualizadas a qualquer tempo por meio de um outro aplicativo de EDI. Isso tudo pode estar disponível na intranet e extranet para toda cadeia de produção afim de otimizar o processo em termos de eficiência de resposta ao cliente.

Em face todo o exposto, devemos ter consciência do enfoque sempre nos negócios e não na tecnologia, servindo a mesma apenas como suporte a tomada de decisões de forma mais rápida e eficiente. Para isso é necessário aliar o sistema de informações logísticas ao sistema de informações gerenciais, sendo fundamental para a definição e operacionalização do conceito de supply chain management.

De um modo geral, o sucesso da implantação de sistemas logísticos nas empresas e as vantagens advindas de sua aplicação, dependem do processo de amadurecimento empresarial. Dessa forma, todo o processo logístico pode ser otimizado, permitindo a maior eficácia nos processos internos e de comunicação com a cadeia de suprimentos. LEE e WHANG (2002) indicam que o segredo está em utilizar as informações e alavancar os recursos disponíveis para coordenar

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ações, priorizando os fluxos de informações. A palavra chave passa a ser a integração empresarial para obtenção de vantagem competitiva.

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