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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A Importância da psicomotricidade para o desenvolvimento de crianças com
Síndrome de Down de 4 aos 7 anos
Por: Tânia de Paula Bernardo Vianna
Orientador
Profa. Me. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A Importância da psicomotricidade para o desenvolvimento de crianças com
Síndrome de Down de 4 aos 7 anos
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em psicomotricidade.
Por: Tânia de Paula Bernardo Vianna.
Rio de Janeiro
2014
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a força do universo e aos deuses budistas pela
sabedoria e determinação.
Agradeço ao meu marido Edson pela força e compreensão, a minha filha
Nathália que me incentiva e acredita nos meus sonhos, a minha mãe que sempre
acreditou na minha capacidade.
Agradeço a Luana pelas aulas de informática e paciência, a minha amiga
Deluzia por estarmos juntas nessa caminhada.
Agradeço a minha orientadora Professora Fátima Alves pela forma
profissional que direcionou a minha pesquisa.
Portanto, agradeço a todos que de alguma forma estiveram presente nessa
caminha e acreditaram que num futuro próximo farei uso de tudo que aprendi para
ajudar outras pessoas.
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho in memoriam à minha aluna Angélica e
todas as crianças e adultos com Síndrome de Down.
RESUMO
Esta monografia tem como objetivo uma abordagem da psicomotricidade com
crianças com Síndrome de Down de 4 aos 7 anos, auxiliando em sua aprendizagem,
na sua educação e reeducação psicomotora. A psicomotricidade irá atuar na terapia
de modo especial dando condições, prevenindo-as de algumas doenças e alguns
entraves para uma melhor qualidade de vida. Para a construção desta pesquisa foi
utilizada leitura bibliográfica e pesquisa exploratória. Conteúdos que permitiram que
a base deste texto fosse sólida para estabelecer a analise que a psicomotricidade é
uma ferramenta capaz de estimular a criança com Síndrome de Down, e por meio
dela é possível promover o seu desenvolvimento. A psicomotricidade por envolver
atividades que trabalhem o corpo, o emocional e o indivíduo, consegue proporcionar
o desenvolvimento das capacidades cognitivas, emocionais e motora do Down e
assim, proporciona a este uma melhora significativa de sua qualidade de vida. É
importante que a criança com Síndrome de Down seja estimulada desde seus
primeiros meses de vida até o fim de sua vida, não havendo interrupções entre as
etapas, visto que a psicomotricidade pode envolver todas as etapas da maturação
do indivíduo, e em cada fase proporcionar uma melhora em relação ao seu
desenvolvimento. Com esta pesquisa, foi possível estabelecer o quão importante
são os atos de brincar, permitir escolhas, e estimular a criança com Síndrome de
Down, e o como a psicomotricidade pode promover tais interações de forma simples.
Desta forma, a psicomotricidade consegue por meios simples intervir no
desenvolvimento das capacidades e ampliar as aptidões do indivíduo.
Palavras chave: Síndrome de Down, psicomotricidade, criança, desenvolvimento.
METODOLOGIA
A presente pesquisa será desenvolvida através dos métodos: Bibliográfico e
exploratório. O Método Bibliográfico permitirá obter conhecimento para a solução do
problema através da busca de referências ao assunto estudado em documentos,
livros, artigos e pesquisas publicados anteriormente. Tendo como base a seguinte
bibliografia: Piaget, Wygotsky, Fátima Alves e Pueschel.
Serão ponderados tópicos que abordem o assunto Síndrome de Down e
psicomotricidade, o qual será utilizado para constituir a base teórica deste trabalho.
Será utilizada como forma de pesquisa quantitativa entrevista não estruturada
com profissionais de uma instituição que preste atendimento a crianças com
Síndrome de Down. Por meio da entrevista será elaborado um questionário, e após
coleta e quantificado os dados obtidos serão traçados gráficos para representação
das informações obtidas. Logo, a base de dados será constituída por meio de
pesquisa de campo – coleta de informações, análise e representação dos dados – e
pesquisa bibliográfica – levantamento de subsídios por meio de leitura.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 8
CAPÍTULO I - SÍNDROME DE DOWN ............................................................................... 11
CAPÍTULO II - PSICOMOTRICIDADE ............................................................................... 19
CAPÍTULO III - PSICOMOTRICIDADE APLICADA A SÍNDROME DE DOWN .......... 24
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 34
ANEXOS ................................................................................................................................. 36
ÍNDICE ..................................................................................................................................... 41
8
INTRODUÇÃO
A Síndrome de Down é uma anomalia genética que ocorre no cromossomo
21. Desta forma, são crianças que nascem com problemas cardíacos, com
comprometimento de aprendizagem e cognitivo. É peculiar de pessoas que possuem
Síndrome de Down características físicas peculiares, além de serem pessoas
meigas e sociáveis.
Como em qualquer situação em que uma pessoa requer atenções especiais,
o papel da família no processo social das crianças com Síndrome de Down é de
suma importância. Pois compete à família ser o elo base para a formação do
indivíduo, bem como suas atividades de sociabilização.
Diferentemente de outras síndromes ou mesmo doenças, não é possível
classificar ou quantificar o grau de um indivíduo com Síndrome de Down. O que é
possível é identificar a forma que cada indivíduo desenvolve sua capacidade
intelectual. Observa-se que há uma tendência que crianças que são estimulados
durante os primeiros anos de idade, tendem a ter uma independência maior.
A Síndrome de Down por muito tempo foi denominada como mongolismo,
porém somente após estudos no fim da década de 50 é que houve uma troca de
denominação, em que foi feita a substituição do termo mongolismo por Síndrome de
Down ou Trissoma 21 – nome o qual faz referência ao número do cromossomo que
um indivíduo com essa síndrome apresenta.
Há que se ressaltar, entretanto, que a Síndrome de Down não é uma doença,
logo, não pode ser transmitida de uma pessoa à outra. Porém, devido ao problema
ser originário em uma mutação genética no número de cromossomos, não há cura
para essa síndrome. O que existem são tratamentos como medidas paliativas para
melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, nos quais estão envolvidos
profissionais de áreas como fonoaudiologia, psicopedagogia, pedagogia, psicologia
e psicomotricidade. E é possível observar que esses profissionais atuam por meio
de intervenções e estimulação.
Visto que para o melhor desenvolvimento de pessoas com Síndrome de Down
é necessário que haja estimulações constantes, e por tal, a psicomotricidade é um
campo que pode trabalhar as habilidades que a criança já possui. Ela também pode
estimular as habilidades menos trabalhadas.
9
A psicomotricidade é um trabalho feito através do reconhecimento e olhar
para o corpo, então, esta tem um papel importante no que diz respeito a saúde e a
aprendizagem.
Através de um trabalho psicomotor pode-se auxiliar o indivíduo a aumentar
sua capacidade cognitiva, afetiva e psicomotora. Por tal, este trabalho tem como
princípio tentar estabelecer pontos em que a psicomotricidade seja uma
amplificadora das habilidades de uma criança com Síndrome de Down, e que possa
permitir que esta tenha suas características, habilidades e aprendizagem ampliadas.
Atualmente observa-se que alguns profissionais – psicólogos, pedagogos,
auxiliares de reabilitação – fazem uso de algumas atividades sem ter a consciência
que estas são o campo de estudo da psicomotricidade. Por tal, a psicomotricidade
pode ser considerada como uma área totalmente multidisciplinar.
Visto que a psicomotricidade são atividades que podem aprimorar as
características motoras, cognitiva, afetiva e social, pode-se estabelecer uma relação
que quanto mais cedo forem usadas essas práticas, menos déficits estes indivíduos
com Síndrome de Down terão. Portanto a psicomotricidade pode e deve ser
trabalhada em qualquer idade e em qualquer fase da vida.
Este trabalho, portanto, tem como ponto principal analisar a importância da
psicomotricidade para o desenvolvimento de crianças com Síndrome de Down de 4
aos 7 anos. Em que seja possível analisar como a psicomotricidade pode influenciar
no processo de desenvolvimento funcional e na socialização de crianças de 4 aos 7
anos com Síndrome de Down, e identificar como a psicomotricidade pode intervir
sobre o corpo, e proporcionar uma readaptação funcional dessas crianças.
A partir de vivências com crianças com Síndrome de Down observa-se a
necessidade de um trabalho de desenvolvimento psicomotor para auxílio dos
mesmos. Visto suas limitações quanto à coordenação motora, espaço, temporal,
sociabilização e fala, nota-se que a psicomotricidade pode ser benéfica no que se
diz respeito as suas etapas do desenvolvimento.
Deste modo, os capítulos seguintes tratam com propriedade o assunto. Em
que a primeira sessão aborda os conceitos e definições do termo e colocações
sobre a doença congênita Síndrome de Down. A segunda sessão define o papel da
psicomotricidade e conceitua o que esse termo representa. Já a terceira sessão
pontua a ligação que pode ser estabelecida entre a psicomotricidade e a Síndrome
de Down, ou seja, coloca a psicomotricidade como algo aplicado a essa síndrome.
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Por fim, nas considerações finais, apresento os resultados obtidos com a pesquisa,
bem como a conclusão alcançada com a mesma.
11
CAPÍTULO I
SÍNDROME DE DOWN
A Síndrome de Down é uma anomalia genética na quantidade dos pares de
cromossomos. Pode também ser classificada como uma deficiência intelectual,
devido a dificuldade de assimilação de ações relativas ao cógnito1, além do
comprometimento do desenvolvimento das ações motoras e sociais.
Segundo o site Movimento Down,
A síndrome de Down é causada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo. Isso ocorre na hora da concepção de uma criança. As pessoas com síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior parte da população (MOVIMENTO DOWN, 2014).
Durante muito tempo a população observou o nascimento de crianças com
aparência diferente, o que despertava grande curiosidade. Tais características se
destacavam como os olhos puxados e estreitos, bem como estatura baixa, “face
achatada e arredondada, e geralmente a boca fica aberta com a língua à mostra”
(ALVES, 2011).
Existem alguns comprometimentos associados a essa anomalia no
cromossomo 21. No que se diz aos aspectos físicos. Segundo Alves (2011):
A Síndrome de Down tem como características baixa estatura, o crânio apresenta branquicefalia (crânio mais largo que comprido), com o occipital achatado, o pavilhão das orelhas é pequeno e disfórmico,a face é achatada e arredondada, os olhos motram fendas palpebrais e exibem Manchas de Brushfild ao redor da margem de íris, a boca é aberta muitas vezes mostrando a língua sulcada e saliente, alterações no alinhamento dos dentes, as mãos são curtas e largas, frequentemente com uma única prega palma transversa, chamada de prega simiesca, os pés mostram um amplo espaço entre o primeiro e o segundo dedo, músculos hipotônicos e articulações com flexibilidade exageradas, reflexo do Moro fraco, excesso de pele atrás do pescoço, displasia pélvica, tendência para luxação atlanto-axial, presente em mais de 20 das radiografias em uma amostra estudada (ALVES, 2011, p.23).
1 Significado de Cógnito: adj. Ant. Conhecido, sabido.
12
Ainda hoje é comum que pessoas ao deparar-se com outras que possuem
Síndrome de Down em um shopping apresentem certo estranhamento. Isto mostra
a falta de conhecimento sobre esta síndrome, apesar da Síndrome de Down atingir
grande porcentual da sociedade.
Não existe ainda no país uma estatística específica sobre o número de brasileiros com síndrome de Down. Uma estimativa pode ser levantada com base na relação de 1 para cada 700 nascimentos, levando-se em conta toda a população brasileira. Ou seja, segundo esta conta, cerca de 270 mil pessoas no Brasil teriam síndrome de Down. (MOVIMENTO DOWN, 2014).
A pesquisadora Claudia Werneck faz a seguinte afirmação sobre a
descoberta da Síndrome de Down:
Um grande avanço no estudo da deficiência mental já havia ocorrido em 1866, quando um médico inglês, John Langdon Down, identificou, que se diferenciavam das demais por vários aspectos físicos. A aparência facial deste grupo lembrava a de indivíduos das raças mongólicas, uma vez que apresentavam inclinação das pálpebras similares à dos asiáticos. Além do formato oriental dessas pálpebras, estas crianças tinham orelhas pequenas, diminuição do tamanho da cabeça (achatada no diâmetro anteroposterior), nariz pequeno, língua grande e, em geral, mantida fora da boca. Seus cabelos eram ralos, tinham baixa estatura, tendência a engordar e habitualmente eram dóceis, sociáveis. Pelas características faciais descritas, estes indivíduos foram comparados aos da raça mongólica e esta condição foi denominada de idiotia mongoloide. Expressão que, devido a mutações linguísticas, chegou ao Brasil como mongolismo, dando origem ao termo mongolóide (WERNECK, 1992, p. 30).
Após 1866 houve alguns avanços, porém o legado que o Dr Langdon Down
deixou foi de suma importância para a continuidade da pesquisa sobre a Síndrome
de Down. Sua prescrição clínica objetiva sobre a doença possibilitou que outros
cientistas através de estudos e pesquisas, encontrassem uma anomalia no
cromossomo 21 que deveria ter um par tem um extra, conforme pode ser observado
na figura 1 abaixo.
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Figura 1 - Cromossomo 21
Fonte: Site Andréia Batista – Terapeuta da Fala, 29 jun. 2014
1.1. Síndrome de Donw e suas peculiaridades
Segundo Araújo (2007), a criança com Síndrome de Down, assim como
qualquer outra, é apta a aprender. O que a difere é o atraso do desenvolvimento
motor. Desta forma, pode usar como estratégia para ampliar as funções motoras o
brincar, visto que a brincadeira cria uma zona de desenvolvimento que amplia as
funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de
desenvolvimento. Conforme pode ser observado no figura 2.
14
Figura 2 – O brincar como forma de estímulo
Fonte: Site Mães Amigas, 29 jun. 2014
Nos primeiros anos de vida aconselha-se a estimulação e exercícios
psicomotores. Sendo a Síndrome de Down classificada como uma deficiência mental
não estabelece limites quanto à aprendizagem, o que leva a crer que o
desenvolvimento cognitivo depende dos estímulos e exercícios motores. Logo, um
ambiente que permite a criança ter uma estimulação mais intensa torna-se um lugar
melhor para vida desta criança.
O cérebro de uma criança recém-nascida possui capacidades de aprendizagem, no entanto, estas serão desenvolvidas por intermédio da internalização de estímulos, dando-se por meio da aprendizagem, que está intimamente associada aos fatores biológicos, ambientais e sociais (ALVES, 2011, P.43).
Ainda segundo Araújo (2007), no primeiro estágio de vida da criança, Piaget
denomina como Sensório-motor, o qual corresponde a idade entre zero e dois anos.
Esta fase é quando a inteligência é empírica, exploratória. Em que a criança aprende
através da experiência, da vivência daquilo que experimenta. Assim, essa criança
adquire conhecimentos e estabelece uma relação social. Entretanto, essa fase para
as crianças com Síndrome de Down se difere na questão em que sua formação não
permite que haja resposta semelhante quanto aos estímulos motores e sociais.
Pode-se tomar como exemplo,
“[...]os recém-nascidos apresentam a falta de habilidade em sugar o seio materno, pois sua formação consiste numa fraqueza no tônus muscular (hipotonia) que os impede de exercer as funções de sugar
15
ou deglutir como acontece normalmente nas crianças dessa faixa etária (ARAÚJO, 2007).
Devido a redução da capacidade intelectual do indivíduo com Síndrome de
Down, o processo cognitivo varia de pessoa para pessoa. Segundo Piaget, a criança
é um ser dinâmico que interage a todo momento com a realidade, e essa interação
se constrói através das estruturas mentais por meio de organização interna e a
adaptação com o meio ao longo da vida. Tal adaptação ocorre pelo desenvolvimento
da inteligência, no momento em acontece assimilação e acomodação.
Gomes (2009), ao citar Piaget, afirma que a assimilação irá se modificando
através dos estágios de desenvolvimento, assim isso vai depender de uma
maturação (crescimentos biológicos dos órgãos). O que implica na formação de
hábitos e de uma aprendizagem social (aquisição de valores, linguagem, costumes e
padrões culturas e sociais) e de uma equilibração, assim é um processo interno de
regulação do organismo perante uma situação.
Para as pessoas que sofrem dessa síndrome o processo irá ocorrer de
forma mais lenta e precisará de reforço constante. Assim, o processo se dará
através de um processo dinâmico. Deve-se levar em conta que o desenvolvimento
das ocorrem de forma diferente, variando de cada indivíduo. Independendo se a
criança é portadora de alguma síndrome.
Pesquisadores franceses mostraram a seguinte evolução da criança quanto aos estágios descritos por Piaget:
Do nascimento até cinco ou seis meses, a criança está nos estágios I e II e ainda não sabe brincar com os objetos.
Dos 12 aos 24 meses, a criança está no estágio IV e percebe que um objeto pode ser posto dentro de outro; sabe juntar objetos e colocar dentro de alguma coisa.
Dos 24 meses aos três anos, a criança começa a combinar os objetos juntando os parecidos, distribuindo-os em coleções, o que mostra que ela está no estágio V.
Depois dos três anos, ela entra no estágio VI e, além de colecionar os objetos semelhantes, faz correspondências, agrupa-os, dividindo-os como grandes e pequenos. (ALVES, 2011, p.50)
A criança com Síndrome de Donw apresenta um atraso no desenvolvimento
da fala e consequentemente no processo de comunicação. A fala é um dos maiores
problemas que os pais pode enfrentar. Portanto profissionais do campo de
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fonoaudiologia devem ser contratado para auxiliar e constatar as dificuldades da
criança.
Os fatores orgânicos, ambientais e psicológicos também precisam ser levados
em considerado, já que são imprescindíveis para o decorrer do todo o
desenvolvimento da fala e do processo de comunicação.
A estimulação no ambiente familiar é de grande importância, já que a mesma
passa a maior parte do tempo em casa com seus familiares. Os familiares podem
estimular essas crianças brincando, oferecendo estímulos visuais e auditivos.
Para estimular o desenvolvimento neurológico os pais podem fazer alguns
exercícios específicos indicados por profissionais da área. No que tange a vida
social dessas crianças os pais podem ajudar fazendo com que tenha uma vida social
ativa, se possível fazendo com que estas convivam com outras crianças, o que
auxiliará em seu desenvolvimento emocional.
O desenvolvimento da criança com Síndrome de Down, como visto na conceitualização, é bastante semelhante com as demais crianças "ditas normais", apesar das peculiaridades que diferem umas das outras, o desenvolvimento cognitivo e afetivo encontram se respaldados através da relação do sujeito com o meio, pois para Galvão (1995), os aspectos físicos, dos espaços, as pessoas próximas, a linguagem e os conhecimentos próprios a cada cultura formam o contexto do desenvolvimento (ARAÙJO, 2007).
É importante notar que somente a exploração e as experiências de vida não
é o suficiente para alterar os padrões de aprendizagens da criança com Síndrome
de Down. É necessário que haja intervenção familiar e também de profissionais de
diversas áreas – fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia,
psicopedagogia entre outros – para que o desenvolvimento das capacidades
intelectuais e motoras possa ser ampliado.
Existem técnicas de intervenção e estimulação precoce 2que pode melhorar
o desenvolvimento sensório motor. Para que a criança possa atingir uma
determinada fase do desenvolvimento, ela precisa ser estimulada. A estimulação
procura oferecer condições para que ela possa desenvolver suas capacidades
desde o nascimento. Isto se aplica a todas as crianças, com ou sem síndrome de
Down. Essa estimulação segundo o Movimento Down deve ser realizada nos
2 A fase de estimulação deve ser realizada no primeiro ano de vida do bebê. Sendo esta
subdividida nas fases: 1ª de 0 a 3 meses; 2ª de 3 a 6 meses; 3ª de 6 a 9 meses e 4ª de 9 a 12 meses.
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primeiros anos de vida. Pois desta forma, pode proporcionar melhor
desenvolvimento das pessoas com Síndrome de Down, tanto em aspectos de
desenvolvimento motor e comunicação.
Araújo (2007), citando Piaget, afirmas que essas estimulações
[...] são reflexos neurológicos básicos, ou seja, é quando o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio, este contato é direto e imediato, sem representação ou pensamento. Nas crianças normais isso segue uma seqüência relativamente típica: primeiro levanta a cabeça quando de buço, rolar, senta-se, engatinhar, ficar de pé e anda. Já na perspectiva waloniana, esse fase se caracteriza como estágio Impulsivo Emocional, no qual ainda há uma inaptidão para a criança de agir diretamente sobre a realidade exterior. Neste estágio tanto o bebê com síndrome quanto o sem síndrome são necessários cuidados especiais, pois a afetividade é uma linguagem que ratifica a relação entre o sujeito e o meio. Mas vale ressaltar que quando a crianças possui síndrome há uma tendência de estender essa fase para idade 12 aos 24 meses, pois ela se organiza muito precariamente sua relação com ambiente no qual a criança se mantém excessivamente ligada à mãe (ARAÚJO, 2007).
Os indivíduos com Síndrome de Down apresentam doenças ao longo de sua
vida. As quais em sua maioria se apresentam como problemas cardíacos ou
malformações congênitas, infecções respiratórias associas a outras doenças.
Acompanhamento médico torna-se eficaz ao lingo do desenvolvimento, inclusive na
face adulta.
Na figura 3, é possível identificar várias doenças e também os cuidados
necessários para cada qual.
18
Figura 3 - Cuidados Especiais
Fonte: Site ABC da Saúde Informações Médicas Ltda, 29 jun. 2014
Mediante o fato que para o desenvolvimento do indivíduo com Síndrome de
Down é necessário que o mesmo seja estimulado, a psicomotricidade pode e deve
ser empregada para que a criança com SD (Síndrome de Down) ao ser estimulado
com as técnicas psicomotoras possa ter seu desenvolvimento social, motor e
funcional ampliados.
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CAPÍTULO II
PSICOMOTRICIDADE
A história da psicomotricidade perpassa no tempo, resgatando as diferentes
formas de como o corpo foi sendo retratado. Essa forma pode ser descrita como um
corpo que se movimenta e possui um cérebro, com diferentes olhares e objetivos.
No decorrer dos séculos algumas áreas como a neurologia, a psicologia e a
psicanálise foram de suma importância para se entender o cérebro e seus distúrbios.
Segundo Costa (2012), ao final do século XVIII o corpo era visto por um
ângulo filosófico, sendo só a partir do séc. XIX que o corpo foi objeto de estudos e
experimentações através da ciência. Os primeiros estudos foram feitos para
compreender como o cérebro funcionava e o que poderia ser conceituado como
cérebro. Dessa forma, a neuropsicologia e neurologia deram os primeiros passos
para fechar essas lacunas. Mais tarde, a fim de compreender melhor os distúrbios, o
processo evolutivo da inteligência a psicologia e psicanálise se juntaram a este
grupo de pesquisa.
Ainda no séc. XIX, por volta de 1870, além dos estudos cerebrais,
psiquiátricos e alguns fatores patológicos, surge pela primeira vez a palavra
Psicomotricidade, sendo esta criada por Dupré, em 1909. É então que o psicomotor
começa a ser estudado pela área de neurologia.
No campo patológico destaca-se a figura de Dupré (1909), neuropsiquiatra, de fundamental importância para o âmbito psicomotor, já que é ele quem afirma a independência da debilidade motora (antecedente do sintoma psicomotor) de um possível correlato neurológico e o termo ‘’Psicomotricidade’’, quando introduz os primeiros estudos sobre a debilidade motora nos débeis mentais (JOBIM; ASSIS, 2008).
Pode-se entender a psicomotricidade como sendo a ciência que estuda o
comportamento do ser humano, mediante as ações do corpo e interações com o
ambiente. E por meio da psicomotricidade é possível promover o desenvolvimento
do indivíduo, de forma que possa ampliar suas capacidades motoras, funcionais,
cognitivas, afetivas, entre outras.
20
Desta forma, segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP),
citada pelo Blog Profissionais Psicomotricidade (2007), pode-se definir a
psicomotricidade como,
É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.
Segundo Fonseca (2004), citado por Ferreira (2012),
A psicomotricidade compreende, no fundo, uma mediatização corporal e expressiva, na qual o reeducador, o professor especializado ou terapeuta estudam e compensam condutas inadequadas e inadaptadas em diversas situações, geralmente ligadas a problemas de desenvolvimento e maturação psicomotora, de aprendizagem, comportamento ou de âmbito psicoafetivo (FONSECA, 2004, apud FERREIRA 2012).
2.1. Principais Contribuições da Psicomotricidade
Alguns estudiosos tiveram grande importância para educação e sobre tudo
para a psicomotricidade. Sendo os principais autores Jean Piaget, Henri Paul
Hyacinthe Wallon, Julian de Ajuriaguerra, André de Lapierre e Bernard Aucouturier.
Para Piaget, aprendizagem é um processo construído internamente, depende
do nível de desenvolvimento do sujeito e é um processo de reorganização cognitiva.
E é importante destacar que os conflitos cognitivos são importantes para o
desenvolvimento da aprendizagem.
Segundo Piaget, o conhecimento tem origem ou se estrutura a partir de uma
ação ou modelo associada a uma percepção onde será recriada.
Na Teoria de Wallon citado por Gomes (2009), o desenvolvimento cognitivo é
focado na psicogênese da pessoa integral e seus estudos foram construídos no
pensar do desenvolvimento humano e estudado por meio do desenvolvimento
psiquiátrico infantil. Ele afirmava que o desenvolvimento da criança aparece
descontínuo, marcado por contradições e conflitos resultados da maturação e das
21
condições ambientais, provocando alterações qualitativas no seu comportamento
geral. O aspecto afetivo e emocional tem caráter importante e decisivo em relação a
qualquer comportamento.
Desta forma, Wallon apud Fonseca (2008), estabelece que o processo de
desenvolvimento do indivíduo está entrelaçado nos processos funcionais cognitivos,
afetivos e motor, como pode ser observado na Figura 4.
Fonte: FONSECA, Vitor. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Acesso em 21 jul. 2014.
É importante ressaltar que para o desenvolvimento psicomotor é necessário
que haja a estimulação do indivíduo nas fases inicias do seu ciclo de vida. Visto que
cada fase pode-se trabalhar o desenvolvimento práxico, conforme observados na
figura 5.
Figura 4 - Processos sistêmicos Funcionais
22
Fonte: FONSECA, Vitor. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Acesso em 21 jul. 2014.
Já Julian de Ajuriaguerra, citado por Jobim e Assis (2008), psiquiatra
precursor da escola de psicomotricidade enfatiza que os transtornos psicomotores
efetivamente oscilam entre os neurológicos e psiquiátricos.
A partir desta nova descoberta a psicomotricidade adquire um novo papel e
sua própria autonomia. Sendo considerada científica, provocando uma nova história
da psicomotricidade. Assim, criam-se as primeiras técnicas de reeducação aliada
aos distúrbios psicomotores.
Segundo o blog Psicomotricidade (2010), na década de 1970, alguns autores
definem psicomotricidade como a motricidade de relação ela se se dividindo entre:
reeducativa e terapêutica. Assim, passa-se a preocupar-se como o “corpo de um
sujeito”, a relação da afetividade e ao emocional.
O francês André de Lapierre, considerado pai da psicomotricidade relacional,
estudou uma prática preventiva e terapêutica. Permitiu crianças, adolescentes e
adultos, expressarem seus conflitos relacionais, superando-os através do brincar, do
jogo simbólico.
Ainda segundo Lapierre, citado por Sampaio (2014), o objetivo principal da
psicomotricidade relacional é atuar sobre os fatores psico-afetivos relacionais
Figura 5 - Desenvolvimento Psicomotor
23
adquiridos na infância que estão diretamente ligadas as dificuldades de adaptação
no cotidiano e no convívio social.
Por fim, Bernard Aucouturier tinha grande interesse pelos trabalhos de Pierre
Vayer e de André de Lapierre, pois, achava a educação física muito mecanicista e
por outro lado a pedagogia do movimentava um sentimento muito bom sobre ele.
Assim, Aucouturier começa a estabelece e constrói práticas voltadas ao
campo educativo e terapêutico. Ele é considerado fundador da prática psicomotora
educativa e preventiva, bem como a prática de ajuda psicomotora terapêutica.
Sendo assim, é possível observar o quanto os educadores apresentam
contribuições para enriquecer e disseminar a psicomotricidade, ajudando assim os
indivíduos que necessitam de sua contribuição.
24
CAPÍTULO III
PSICOMOTRICIDADE APLICADA A SÍNDROME DE DOWN
A psicomotricidade tem como principal foco buscar intervenções terapêuticas
através do corpo. Corpo o qual é motivado por emoções e interações sociais e
físicas com o meio. Desta forma, a psicomotricidade pode proporcionar as crianças
com Síndrome de Down expectativas melhores para que possam atingir ao seu
máximo potencial.
Desenvolver as características motoras e psíquicas é importante para que
haja uma melhora na qualidade de vida do indivíduo com Síndrome de Down.
Estimular esse desenvolvimento nas etapas iniciais da vida da criança torna o
prospecto mais amplo, visto que possibilita que o indivíduo Down seja estimulado
em todas as etapas de sua vida. O que por sua vez, proporciona a ampliação das
habilidades cognitivas, sociais, comportamental, motora e aptidões.
Os profissionais que fazem a interação com a criança com Síndrome de
Down, deve possibilitar a esta, todas as oportunidades de atividades que envolvam
os sentidos ou corpo. Também é importante destacar que o apoio familiar é
indispensável, partindo do ponto que estes são a referência da criança e, devem ser
os principais envolvidos no processo de desenvolvimento do Down.
É importante estimular a criança com Síndrome de Down desde os primeiros
meses de vida. Para que a lentidão ocasionada pelo atraso motor seja suprida por
meio de atividades físicas (rolar, virar, colocar a criança em pé, engatinhar, empilhar
objetos, entre outras).
A intervenção precoce melhora o desenvolvimento sensorial-motor e social.
Atividades como jogar bola, nadar, correr, acompanhamento de diversos ritmo e
movimentos contribui para que o corpo se beneficie e promova experiências futuras
mais prazerosas (leitura, escrita, atividades rotineiras como, calçar-se, vestir-se,
alimentar-se e realizar sua higiene pessoal). Essas atividades ajudam na construção
do emocional e do intelectual.
A psicomotricidade tem por finalidade trabalhar a percepção corporal das
crianças com Síndrome de Down. A interpretação da identificação das partes do seu
corpo e de seus movimentos, assim como reconhecer as partes do corpo do outro.
25
Tal reconhecimento faz-se através da estimulação de atividades lúdicas, específicas
e desafiadoras (cabra-cega, brincar com bonecos, morto-vivo, pular cordas e outras).
As atividades lúdicas (blocos lógicos, dobradura, palitos para colagem,
movimentos alternados entre outras), que envolvem a lateralidade, domínio manual,
ocular e pedal, são realizadas mesmo com dificuldade devidos a complexidade da
deficiência intelectual. Porém, tais atividades deverem ser contínuas, para que a
evolução destas características possa ter impacto na melhora do dia a dia do Down.
O desenvolvimento do trabalho de psicomotricidade inclui movimento
corporal, sentimento, emoções, ou seja, sua aplicação está sempre voltada as
atividades corporais ligadas ao estado emocional. E esse corpo permitirá que o
psicomotricista verifique o estado emocional ajudando caso necessário a sua
reconstrução.
A conscientização do esquema corporal desenvolve o psicomotor como
também a linguagem das crianças com Síndrome de Down. No momento que a
criança com Síndrome de Down passa a dominar seu próprio corpo, reconhecendo-
o, essa passa a sentir-se segura e começa a integrar melhor o seu ambiente, se
reconhecendo em um determinado espaço. Esse espaço é uma estruturação mental
que acontece a partir de movimentos em relação a um determinado objeto inserido
em um meio, para isso a criança deve ter uma boa imagem corporal.
Não é fácil para uma criança que tem deficiência intelectual coordenar espaço
e, por conseguinte o tempo, visto que o espaço será coordenado por movimentos
através de um determinado tempo.
A orientação temporal é uma das grandes dificuldades da criança com
Síndrome de Down, localizar os acontecimentos de ontem hoje e se projetar par ao
futuro é uma representação mental que deverá também ser trada no ambiente
escolar.
Os movimentos serão trabalhados através da velocidade desse corpo em
determinado espaço-temporal respeitando a velocidade do corpo. Para que seja
trabalhada a orientação temporal é oportuno focar no ritmo. O ritmo é a expressão
do corpo em movimento e toda criança tem seu ritmo natural, ele está ligado ao
movimento do organismo de cada um.
A importância da psicomotricidade na intervenção com crianças com
Síndrome de Down na faixa etária de 4 anos à 7anos é de grande relevância. Pois, a
partir dessa organização de reconhecimento do corpo, espaço, orientação temporal,
26
ritmo, é que será explorado o ritmo auditivo e visual, o qual ajuda na sua vida
escolar. Observa-se que a escrita, à leitura são consequências de uma boa
habilidade rítmica, uma vez que o ensino da escrita depende de uma coordenação
global, do controle dos movimentos finos e uma lateralidade definida. E esta etapa
da vida da criança, representa as descobertas, a introdução à aprendizagem e
desenvolvimento do cógnito e da linguagem.
A criança com Síndrome de Down apresenta dificuldade com a fala, assim,
associar os movimentos com a música e a dança a atividades da terapia
psicomotora auxilia o desenvolvimento da fala, desta forma, um trabalho
multidisciplinar começa a ser necessário, visto que áreas como a psicomotricidade
devem dialogar com a fonoaudiologia, para que a criança possa ser instigada da
melhor forma a ampliar suas habilidades natas e inaptas.
A música é uma forma de desenvolver a linguagem e as habilidades motoras
finas. E atividade que pode ser coletiva, ajuda na autoestima, convívio social,
expressão criativa, desenvolvimento tones muscular, coordenação e é um meio de
extravasar emoções. E quando a música é trabalhada com as crianças com
Síndrome de Down, é possível extrair destas suas habilidades rítmicas.
Os benefícios proporcionados pela psicomotricidade através do brincar para
as crianças com Síndrome de Down, principalmente no período de 4 a 7 anos de
idade, é a socialização. Mediante o fato que a forma de socializar-se através das
brincadeiras de jogos ensina a respeitar as regras, a viver em sociedade e a
respeitar o outro, o que influência no amadurecimento e auxilia a criar novas
experiências.
3.1. A psicomotricidade como meio de desenvolvimento das habilidades
Para fomento das ideias apresentadas neste trabalho, foi elaborado um
questionário – Anexo A – em que o intuito era obter características que possam ser
estabelecidas na relação entre a psicomotricidade e as habilidades que podem ser
desenvolvidas por meio da estimulação.
Este questionário foi aplicado em uma instituição para apoio aos portadores
de necessidades especiais, déficit intelectual e outros transtornos. O questionário foi
respondido por seis profissionais de áreas distintas – psicopedagogia,
30
A importância das atividades que envolvam o corpo para promover a
interação é principalmente envolver a criança Down – principalmente na fase entre 4
e 7 anos, que é quando essa criança começa a ter seu envolvimento com o mundo
além do convívio familiar – provocar sua participação, organização, desenvolvimento
da aprendizagem por meio do lúdico, autoconhecimento corporal, trabalhando as
questões de autoimagem, o equilíbrio, postura, o movimento e socialização no meio
em que vive. Assim, a psicomotricidade possibilita que a criança com Síndrome de
Down tenha suas habilidades ampliadas, o seu fortalecimento das características
físicas, a diminuição das limitações cognitivas, o que por fim resulta em uma melhora
significativa para a qualidade de vida dessa criança.
O sócio afetivo pode ser estimulado por meio da interação e intervenção da
família. De forma que a criança possa desenvolver suas habilidades relativas ao
convívio, e posteriormente essas podem ser incitadas com maior dinamismo por
profissionais que estejam envolvidos com crianças portadoras de necessidades
especiais. Ainda é possível destacar que o brincar é uma ferramenta que pode ser
amplamente utilizada para estabelecer vínculos entre as crianças que participam
desta.
A linguagem pode ser estimulada por meio de atividades que evolvam
trabalhos com vídeos, teatro, jogos (quebra – cabeça, memória), músicas, o ato de
contar histórias e conversar com a criança Down, as quais estão presentes na
psicomotricidade. Também é importante que haja um trabalho contínuo de
fortalecimento muscular da face e da parte oral da criança, bem como a
coordenação da respiração, articulação dos sons, e o desenvolvimento da
linguagem oral e escrita.
Atividades que proporcionem as crianças com Síndrome de Down escolher o
que deve ser feito, ou mesmo aquelas escolhidas pela criança (atividades livres)
como forma de divertimento, auxiliam para que esta criança estimule sua confiança
e a tomada de decisão. O poder de decidir ajuda no seu desenvolvimento intelectual,
principalmente nas habilidades inatas, visto que quando feito parte de escolhas
sobre aquilo que se gosta, há ganho quanto ao comportamento, e a criança adquire
maior autonomia, interesse, percepção, orientação, organização, bem como estimula
sua interação social.
O lúdico é extremamente importante para o desenvolvimento da criança com
Síndrome de Down, principalmente na fase entre os 4 e 7 anos de idade, em que
31
nesta etapa esta pode ser induzida a brincar, e com essas brincadeiras é possível
motivar toda a parte motora, cognitiva e social da criança. Assim, a psicomotricidade
atua de forma ampla, podendo proporcionar ao Down que sua fantasia, criatividade,
cognição, organização espacial e temporal, atenção, linguagem, estruturação de
significados e representação de vivências podem ser amplificadas.
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo analisar as contribuições da
psicomotricidade de crianças com Síndrome de Down de 4 a 7 anos de idade. Em
que foi feita a utilização de bibliografia sobre o assunto, e consideradas atividades já
utilizadas rotineiramente por profissionais diversos, mas que de forma ampla
atendem aos conceitos envolvidos com a psicomotricidade.
Desta forma, este texto tenta auxiliar aos profissionais e familiares de crianças
com Síndrome de Down a proporcionarem o desenvolvimento desta por meio de
atividades como jogos, músicas, teatro, vídeos, conversas e quaisquer meios que
possam ser utilizados para que a criança tenha suas habilidades motoras, psíquicas,
cognitivas, emocionais e sociais ampliadas. Ressaltando a importância da
estimulação precoce, já nos primeiros meses de vida, e intensificando ao longo de
cada etapa, sem ser interrompida em alguma fase, visto que o indivíduo com
Síndrome de Down deve ser estimulado em todas as fases de sua vida.
É possível observar que existe a necessidade de um trabalho terapêutico
multidisciplinar. Isso para que todas as áreas – cognitivas, afetivas, sociais,
comportamentais e motoras – possam ser desenvolvidas. Pois essa interação entre
as diversas áreas é que proporcionam a ampliação das capacidades natas e inatas
do indivíduo, e permite que o Down possa lidar com questões corriqueiras de forma
natural.
A proposta desta pesquisa aponta para pontos importantes e necessários a
criança com Síndrome de Down, como a conscientização e noção do seu próprio
corpo. Como também aponta a necessidade de permitir que a criança passe por
atividades que requerem dela o ato de escolha, em que ela seja livre para decidir
qual atividade irá realizar, bem como o modo como esta será feita. Assim, são
reforçadas as características como autonomia e poder de decisão.
Outro aspecto importante é o fato que não basta que o profissional tenha
técnica, mas também é necessário a este que ele trabalhe as questões emocionais.
Visto que uma das habilidades a serem desenvolvidas com o Down são as noções
sociais e emocionais que podem ser estabelecidas entre cada qual. Assim, é
necessário que este profissional, seja dinâmico e criativo, que busque sempre o
novo como forma de aprimoramento. Também é necessário que haja
33
comprometimento, sendo este livre de qualquer preconceito, seja com a criança com
quem irá trabalhar ou com profissionais que possam o ajudar ampliar as habilidades
de uma criança portadora de necessidades especiais.
A psicomotricidade proporciona uma contribuição significativa no progresso
com crianças com Síndrome de Down nos aspectos cognitivo, expressão do ser,
motor, social e emocional. Desta forma, a psicomotricidade se firma como uma
ferramenta necessária e útil no desenvolvimento das habilidades natas e inatas do
indivíduo com Síndrome de Down.
Em suma, a psicomotricidade não irá sanar todos os problemas. Porém,
através do corpo, do movimento, das emoções, facilita na intervenção dos entraves
existentes com a criança com Síndrome de Down, e, utilizando recursos simples
concentrados nas dificuldades das crianças com Síndrome de Down é possível
promover a sua evolução. Sendo esse o desenvolvimento global (motor, cognitivo,
social e emocional), e possibilitando a este uma melhor qualidade de vida.
34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Fátima. Para entender: Síndrome de Down. Rio de Janeiro. Ed. Wak, 2ª ed. p. 109, 2011. ARAÚJO, Kátia Soane Santos. O desenvolvimento da criança de 0 a 6 anos com Síndrome de Down. 2007. Disponível em: <http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=19746>. Acesso em 20 jun. 2014. BENATTI, Aureni Martins et all. Síndrome de Down: estimulação e desenvolvimento da fala e linguagem. São Paulo. Projeto Down, p. 8, 1985. BLOG PSICOMOTRICIDADE. Histórico da Psicomotricidade. 2010. Disponível em: <http://psicomotricidadeeeducacao.blogspot.com.br/2010/03/historico-da-psicomotricidade.html>. Acesso em: 21 jul. 2014. COSTA, Auredite Cardoso. Psicopedagogia e Psicomotricidade: Pontos de Intersecção nas dificuldades de aprendizagem. 9 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. DICIONÁRIO AURÉLIO. Disponível em: <http://www.dicionariodoaurelio.com/Cognito.html>. Acesso em: 29 jun. 2014. FONSECA, Vítor da. 2004 apud FERREIRA, Bethânia Ribeiro. Psicomotricidade: instrumento facilitador para o desenvolvimento corporal em atletas de desportos de alto rendimento nas categorias de base com a faixa etária entre 15 a 18 anos. 2010. Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias _publicadas/T207623. pdf>. Acesso em 21 jul. 2014. GOMES, Morgana. Piaget. Rev. Coleção Educativa, ed. Minuano, p. 38-40, 2009. GOMES, Morgana. Wallon. Rev. Coleção Educativa, ed. Minuano, p. 38-40, 2009. JOBIM, Ana Paula; ASSIS, Ana Eleonora Sebrão. Psicomotricidade: Histórico e conceitos. 2008. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/58632765/2008-Psicomotricidade-historico-e-conceitos>. Acesso em: 21 jul. 2014. LAPIERRE, André de; apud SAMPAIO, Sonia. A Psicomotricidade Relacional. 2014. Disponível em: <http://www.psicomotricidaderelacional.com/a-psicomotricidade-relacional>. Acesso em: 21 jul. 2014. MOVIMENTO DOWN. Estatísticas. 2014. Disponível em: <http://www.movimentodown.org.br/2012/12/estatisticas/#sthash.Mh7Xqkwe.dpuf>. Acesso em: 29 jun. 2014.
35
SBP - Sociedade Brasileira de Psicomotricidade. In: Profissionais Psicomotricidade. Psicomotricidade. 2007. Disponível: <http://profissionaispsicomotricidade. blogspot.com.br/2007/07/segundo-sociedade-brasileira-de.html>. Acesso em: 15 jul. 2014. WERNECK, Claudia. Muito prazer, eu existo: um livro sobre o portador de síndrome de down. Rio de Janeiro. Ed. WVA, p. 232, 1992.
36
ANEXO A
QUESTIONÁRIO APLICADO EM ENTIDADES DE APOIO AOS
PORTADORES DE SÍNDROME DE DOWN
Este questionário tem fins meramente didáticos de pesquisa, o qual foi
elaborado, como fomento para trabalho de conclusão de curso de pós-graduação de
um (a) aluno (a) da AVM-Cândido Mendes.
Portanto, nas perguntas a seguir, assinale a alternativa que melhor represente a
realidade vivida e presenciada no cotidiano desta instituição. Peço total honestidade
nas respostas, uma vez que tanto o entrevistado, quanto a instituição permanecerão
no anonimato.
A SUA RESPOSTA É MUITO IMPORTANTE!
OBS: Caso necessário marque mais de uma opção.
1.Qual a importância da estimulação da criança com Síndrome de Down nos
primeiros meses de vida?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2.Marque os benefícios que podem ser notados quando uma criança com Síndrome
de Down é estimulada nos primeiros meses de vida.
Tônus muscular Aprender a rolar Sentar sozinha
Desenvolvimento emocional Desenvolvimento físico Percepção
Outras. Qual (s)? ___________________________________________________
3.Quando uma criança é diagnosticada com Síndrome de Down, qual a importância
do convício social estabelecido por parte da família?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
37
4.Qual a relação que se pode estabelecer entre o desenvolvimento da criança com
Síndrome de Down e as atividades que envolvem o corpo como forma de interação?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5.Marque as opções que melhor definem as características que são importantes aos
profissionais que atuam diretamente com crianças com Síndrome de Down?
Espírito investigativo Compreensivo Criativo
Perspicaz Observador Paciente
Humanizado Dinâmico Determinado
Outras. Qual (s)?___________________________________________________
___________________________________________________________________
6.A Síndrome de Down é umas das manifestações de déficit intelectual. É possível
classificar a Síndrome de Down em uma escala? Se sim, qual escala poderia ser
aplicada para essa classificação?
Sim. Qual (s)? _____________________________________________________
____________________________________________________________________
Não
7.Como uma criança com Síndrome de Down pode ser estimulada quanto as
características sócio afetivo?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
38
8.Quais as atividades podem ser desempenhadas para que haja desenvolvimento
da linguagem em crianças com Síndrome de Down?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
9. O lúdico é importante para o desenvolvimento da criança com Síndrome de
Down? Em caso afirmativo, elenque as principais características que são
desenvolvidas.
Sim. Qual (s)? _____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Não
10.Como a capacidade motora pode ser desenvolvida? E por meio de quais
atividades o sistema motor da criança com Síndrome de Down pode ser estimulado?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
11.A criança com Síndrome de Down deve ser estimulada em quais idades da vida?
De 0 à 6 meses De 6 à 12 meses De 2 à 5 anos De 12 à 24 meses
Até a fase adulta Em todas as idades
12.Como as atividades livres (atividade escolhida pela própria criança) podem
proporcionar a estimulação ou desenvolvimento da criança com Síndrome de Down?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
39
ANEXO B
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Cromossomo 21 ................................................................................................... 13
Figura 2 – O brincar como forma de estímulo ................................................................... 14
Figura 3 - Cuidados Especiais ............................................................................................. 18
Figura 4 - Processos sistêmicos Funcionais ..................................................................... 21
Figura 5 - Desenvolvimento Psicomotor ............................................................................ 22
40
ANEXO C
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Características necessárias ao profissional que interage com a criança
com S.D......................................................................................................................27
Gráfico 2 - Benefícios da estimulação nos primeiros meses de vida.........................28
Gráfico 3 - Fases necessárias de estimulação ao Down...........................................29
41
ÍNDICE
CAPA............................................................................................................................1
FOLHA DE ROSTO.....................................................................................................2
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 3
DEDICATÓRIA ............................................................................................................ 4
RESUMO..................................................................................................................... 5
METODOLOGIA .......................................................................................................... 6
SUMÁRIO.................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8
CAPÍTULO I .............................................................................................................. 11
SÍNDROME DE DOWN ............................................................................................. 11
1.1. Síndrome de Donw e suas peculiaridades .......................................................... 13
CAPÍTULO II ............................................................................................................. 19
PSICOMOTRICIDADE .............................................................................................. 19
2.1. Principais Contribuições da Psicomotricidade .................................................... 20
CAPÍTULO III ............................................................................................................ 24
PSICOMOTRICIDADE APLICADA A SÍNDROME DE DOWN .................................. 24
3.1. A psicomotricidade como meio de desenvolvimento das habilidades ................ 26
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 34
ANEXO A .................................................................................................................. 36
QUESTIONÁRIO APLICADO EM ENTIDADES DE APOIO AOS
PORTADORES DE SÍNDROME DE DOWN ............................................................. 36
ANEXO B .................................................................................................................. 39
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. 39
ANEXO C .................................................................................................................. 40
ÍNDICE ...................................................................................................................... 41